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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E
MANEJO DE RECURSOS NATURAIS
NEUZA TERESINHA BOUFLEUER
ASPECTOS ECOLÓGICOS DE ANDIROBA
(Carapa guianensis Aublet., MELIACEAE), COMO SUBSÍDIO
AO MANEJO E CONSERVAÇÃO
Rio BrancoAcre
2004
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NEUZA TERESINHA BOUFLEUER
ASPECTOS ECOLÓGICOS DE ANDIROBA
(Carapa guianensis Aublet., MELIACEAE), VISANDO SEU
MANEJO E CONSERVAÇÃO
Orientador: Dr. Paulo Y. Kageyama
Co-orientador(a): Dra. Ana Maria Alves de Oliveira
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ecologia e Manejo de Recursos
Naturais da Universidade Federal do Acre, como
requisito à obtenção do titulo de Mestre em
Ecologia e Manejo de Recursos Naturais.
Rio Branco – Acre
2004
ii
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BOUFLEUER, Neuza Terezinha. Aspectos ecológicos de
Andiroba (Carapa guianensis Aublet., Meliaceae), como subsídio
s
ao manejo e conservação. 2004. 84 folhas Dissertação (Mestrado
em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais) – Universidade
Federal do Acre. Rio Branco.
Orientador: Dr. Paulo Yoshio Kageyama
1. Andiroba, 2. Carapa guianensis, 3. Estrutura populacional, 4.
Fenologia, 5. Etnobotânica, 6. Etnoecologia, Distribuição geográfica.
CDU 582.752.3(811.2)
B757a
iii
NEUZA TERESINHA BOUFLEUER
ASPECTOS ECOLÓGICOS DA ANDIROBA
(Carapa guianensis Aublet., MELIACEAE), VISANDO SEU MANEJO E
CONSERVAÇÃO
________________________________________
Orientador: Dr. Paulo Y. Kageyama
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” –
Universidade de São Paulo ESALQ/USP - Piracicaba
______________________________________________
Dra. Izildinha de Sousa Miranda
Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA / PA
______________________________________________
Dr. Marcos Silveira
Universidade Federal do Acre -UFAC
______________________________________________
Drª. Nívia Maria de Paula Fernandes
Universidade Federal do Acre -UFAC
iv
A MINHA FAMÍLIA:
M
EUS PAIS: BRUNO E AGADA
M
EUS IRMÃOS: TITA, ANA, TITEU, TATA E BINHO
MEUS SOBRINHOS: KAKA, BRUNA, GÊ, GUGA E MINO
PELO CARINHO E COMPREENSÃO.
A DEUS PELA VIDA E
P
ELA FORÇA PARA VENCER MAIS ESTA ETAPA.
A
O MEU QUERIDO CARLOS EDEGARD E
P
ELO PRECIOSO PRESENTE DADO
C
ARLOS EDUARDO,
C
OM AMOR.
v
AGRADECIMENTOS
Dentre as pessoas, instituições e órgãos que diretamente e indiretamente
contribuíram para a realização deste trabalho:
A UFAC que possibilitou este curso.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Manejo de Recursos
Naturais pelo apoio recebido.
Ao Parque Zoobotânico pelo apoio.
Ao Governo do Estado do Acre pelo apoio financeiro e logístico para
realizar estudos sobre Carapa guianensis Aublet..
Ao prof. Paulo Yoshio Kageyama, pela amizade, pelos ensinamentos e por
ter aceitado me orientar neste trabalho.
À profa Ana Maria Alves de Oliveira, minha professora e amiga, pela
agradável convivência, pelo carinho, incentivo e orientação durante a execução
deste trabalho.
À profa. Nívia Maria de Paula Fernandes pela amizade, incentivo e
confiança ao me iniciar na vida científica.
Ao Prof. Elder Ferreira Morato pelo valioso auxílio na revisão do texto final.
Ao Prof. Marcos Silveira, pelo apoio e pelas dicas para conclusão deste
trabalho.
Aos Prof. Lucia e Paulo Wadt pelo apoio e incentivo.
Ao Projeto IPGRI pelo apoio da Infra-estrutura.
A todos os extrativistas que contribuíram para a realização deste trabalho,
em especial à comunidade do Seringal Caquetá.
vi
À Chica e ao Diogo que sempre me acolheram e me apoiaram nos
trabalhos de campo.
Aos meus colegas de mestrado.
A Christie Klimas pela contribuição na tradução do resumo.
Aos meus amigos pelo apoio e soliedaridade.
Uma deferência muito especial a minha amiga Cristina Maria Batista de
Lacerda, que esteve ao meu lado me incentivando e apoiando em todos os
momentos e ter sido uma pessoa fundamental para a conclusão deste trabalho.
Ao Edgar, que esteve sempre ao meu lado, mesmo quando estava no mais
longínquo seringal, me apoiando, incentivando, sendo carinhoso e compreensivo
à necessidade da minha ausência.
vii
RESUMO
A andiroba (Carapa guianensis Aublet.) vem sendo explorada na Amazônia para
extração de óleo que é amplamente utilizado como medicinal e na composição de
cosméticos. Os estudos foram realizados no Seringal Caquetá, Colocação
Limoeiro I, no município de Porto Acre-AC, e na na região do médio e alto rio
Gregório/Tarauacá. Teve como objetivo obter informações ecológicas sobre essa
espécie: descrição da ocorrência geográfica e identificação
etnobotânica/ecológica; densidade e distribuição em classes de diâmetro;
distribuição espacial; identificação de padrões fenológicos
(reprodutivo/vegetativo). O estudo sobre a ocorrência da espécie no Estado do
Acre foi através da literatura e observações de campo. Para o registro dos
aspectos etnobotânicos e etnoecologicos relativos ao conhecimento e uso da
espécie, foram aplicados questionários semi-estruturados. Para calcular a
densidade foram amostrados 5 transectos de 1000 x 10 m, classificando os
indivíduos em quatro classes de altura: plântula/J
I
(0,5 a 1,00 m), J
II
(1,00 a 2,00
m), J
III
(> 2,00 m não reprodutivos) e adultos (indivíduos reprodutivos). A
avaliação da abundância média foi realizada através da Amostragem Aglomerada
Adaptativa em 10 hectares (quatro parcelas de 250 x 100 m). Ambos os métodos
atingiram áreas sujeitas a inundações periódicas e em terra firme. As informações
fenológicas (floração, frutificação e mudança foliar) foram obtidas em 2000, 2001
e 2002 através de observações mensais em 45 indivíduos reprodutivos, anotadas
em ficha de campo. A espécie está presente em quatro das cinco regionais de
desenvolvimento do Estado do Acre (Juruá, Purus, Tarauacá/Envira e Baixo
Acre). Os extrativistas da região do médio e alto rio Gregório/Tarauacá
demonstraram conhecimento aprofundado sobre o tratamento usado na medicina
popular e demais usos dessa espécie. A densidade apresentada foi: plântulas/J
I
25,0; J
II
2,2; J
III
11,0 e adultos 8,2 ind./ha. A curva de distribuição diamétrica
apresentou-se na forma de um “J” invertido (maior número de indivíduos de uma
classe diamétrica em relação à classe posterior de maior diâmetro). A abundância
média (
) de C. guianensis em áreas sujeitas a inundações periódicas foi
x
viii
superior àquela encontrada em terra firme ( =0,51, =0; =0,17, =0,08
indivíduos por quadrado) nas parcelas 1, 2, 3 e 4, respectivamente. A distribuição
foi aglomerada em áreas sujeitas a inundações periódicas e aleatória em terra
firme. Os dados fenológicos revelaram que a espécie é sincrônica durante a
floração e frutificação, e perenifólia. O período de floração ocorreu entre julho e
novembro com pico em julho e agosto. A frutificação ocorreu entre outubro e
março, sendo janeiro e fevereiro o pico da queda dos frutos. Este estudo revelou
que C. guianensis apresenta estrutura ideal de uma população estável e auto-
sustentável, com potencial para a exploração de seus frutos (produção de óleo)
apresentando alta densidade de indivíduos reprodutivos e grande numero de
plântulas/J
x
x
x
x
I
. Este estudo agrupou informações sobre C. guianensis que permitirão
aplicá-las em um programa de manejo, para permitir uma exploração de forma
racional.
ix
ABSTRACT
Andiroba (Carapa guianensis Aublet.) is a tree species of economic importance in
the Amazon region due to the oil that is extracted from its seeds. This oil has both
medicinal and cosmetic uses. This study focused on obtaining ecological
information concerning andiroba in a 250-ha homestead within the rubber-tapping
community Caquetá and in the Alto Rio Gregório and Tarauacá regions. A
literature search was used to determine the geographic occurrence of C.
guianensis within the state of Acre. Semi-structured questionnaires were
conducted to determine ethnobotanical and ecological information, including major
seed predators, phenological knowledge, spatial distribution, preferred habitat
type, and regional uses for the oil. Density was determined using five 10 x 1000 m
transects. Individuals were classified into 4 height classes: seedling/J
I
(0.5 to 1.0
m), J
II
(1.0 to 2.0 m), J
III
(>2.0m with no seed production) and adults (reproducing
individuals). Mean abundance was determined using an adaptive cluster sampling
method in 4 plots measuring 100 x 250 m (10 hectares). Both methods included
periodically inundated areas and areas considered ´terra firme`. Phenology
information (appearance of flowers, seeds and new leaves/vegetative
reproduction) was recorded monthly for 45 reproductive adults during 2000-2002.
The species is present in 4 of the 5 targeted development regions in the state of
Acre, Brazil (Juruá, Purus, Tarauacá/Envira and Lower Acre). Extractivists in Alto
Rio Gregório/Tarauacá demonstrated an indepth knowledge of traditional
medicinal uses of C. guianensis, among others. Results indicated a density of 25
seedlings (J
I
) per hectare, 2.2 J
II
/hectare, 11 J
III
/hectare and 8.2 reproducing
x
adults/hectare. The diameter class data presented an inverted J distribution. The
mean abundance (
) of C. guianensis was greater in periodically inundated areas
than in terra firme (( = 0,51, =0; =0,17, =0,08 individuals per 25 m
x
x
x
x
x
2
) in plots
1, 2, 3 and 4, respectively. The species demonstrated a grouped distribution in
periodically inundated areas and a random distribution in terra firme areas. The
phenological data showed that the species has synchronized masting (flowering
and fruiting) and maintains its leaves throughout the year. Carapa guianensis
flowers between July and November with a peak in July and August. Fruits
appear between October and March, with peak fruitfall occurring in January and
February. In the study area, C. guianensis had a high density of reproductive
individuals and seedlings (J
I
) that demonstrates an area suitable for managed
resource use. The results from this study summarize information concerning C.
guianensis that can be used in the formation of management plans that encourage
sustainable resource use.
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Sapopemas Carapa guianensis Aublet. 05
Figura 2 Individuo de Carapa guianensis Aublet. 05
Figura 3a
e b
Inflorescência e detalhe da flor de Carapa guianensis Aublet. 06
Figura 4 Frutos de Carapa guianensis Aublet. 06
Figura 5 Detalhe de uma valva do fruto de Carapa guianensis Aublet. 07
Figura 6 Detalhe das sementes de Carapa guianensis Aublet. 07
Figura 7 Produtos do óleo e bagaço de Carapa guianensis Aublet. 12
Figura 8a
e b
Localização das áreas de estudo no Estado do Acre: a) região do
médio e alto Rio Gregório-Tarauacá e b) Seringal Caquetá, Porto Acre
17
Figura 9 Simulação de uma Amostragem Aglomerada Adaptativa 23
Figura 10 Mapa de ocorrência de Carapa guianensis Aublet. no Estado do Acre 28
Figura 11 Banco de Plântulas de Carapa guianensis Aublet. 30
Figura 12 Distribuição da densidade de indivíduos de Carapa guianensis Aublet.
na Colocação Limoeiro I, Seringal Caquetá, Porto Acre/AC
33
Figura 13 Distribuição de freqüência de indivíduos de Carapa guianensis Aublet.
na Colocação Limoeiro I, Seringal Caquetá, Porto Acre/AC
35
Figura 14 Distribuição diamétrica por hectares de Carapa guianensis Aublet. na
Colocação Limoeiro I, Seringal Caquetá, Porto Acre/AC
37
Figura
15a, b e c
Representação gráfica das fenofases de floração, frutificação e
mudança foliar de Carapa guianensis Aublet. na Colocação Limoeiro I,
Seringal Caquetá, Porto Acre/AC e pluviosidade da região
49
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Nomes vulgares de Carapa guianensis Aublet. Por local de ocorrência 03
Tabela 2 Características físico-químicas e composição de ácidos graxos do óleo
de Andiroba.
11
Tabela 3 Classificação das espécies arbóreas tropicais quanto à raridade e
percentuais médios de suas freqüências.
16
Tabela 4 Dados da amostragem aglomerada adaptativa em quatro parcelas
(duas em ASIP e duas em TF) na Colocação Limoeiro I, Seringal
Caquetá.
41
xiii
SUMÁRIO
RESUMO viii
ABSTRACT x
LISTA DE FIGURAS xii
LISTA DE TABELAS xiii
1 INTRODUÇÃO 01
2 REVISÃO DE LITERATURA 03
2.1 A Espécie: Carapa guianensis Aublet 03
2.2 Uso medicinal e econômico 10
2.3 Estrutura de populacional 13
3 MATERIAL E MÉTODOS 17
3.1 Áreas de estudo 17
3.1.1 Região do médio e alto Rio Gregório-Tarauacá 18
3.1.2 Seringal Caquetá, Porto Acre 19
3.2 Métodos 21
3.2.1 Ocorrência, etnoecologia e etnobotânica de Carapa guianensis
Aublet.
21
3.2.2 Estrutura populacional e amostragem Aglomerada Adaptativa de
Carapa guianensis Aublet.
22
3.2.3 Comportamento fenológico de Carapa guianensis Aublet. 25
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 26
4.1 Ocorrência, etnoecologia e etnobotânica de Carapa guianensis Aublet. 26
4.2 Estrutura populacional 33
4.2.1 Densidade populacional e distribuição em classes de tamanho 33
4.2.2 Amostragem aglomerada adaptativa 39
4.3 Padrões de comportamento fenológico 43
4.3.1 Floração 43
4.3.2 Frutificação 45
4.3.3 Mudança Foliar 47
5
COMENTARIOS FINAIS E CONCLUSÕES
50
6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
53
ANEXOS
xiv
1 INTRODUÇÃO
As espécies florestais predominantes na Amazônia representam uma fonte
importante de recursos naturais para as populações tradicionais e para o
desenvolvimento da região. Entre esses recursos, há os produtos não-madeireiros
com potencial extrativista como o açaí (Euterpe precatoria Mart.- Rocha, 2002) e
a castanha (Bertholetia excelsa H.B.K - Pardo, 2001), amplamente encontrados
nas florestas tropicais e explorados por essas comunidades. Os usos das
espécies com potencial não-madeireiro distribuem-se em diferentes categorias:
alimentos, fibras, artesanatos, resinas, medicinais e ornamentais (Scarcello et al.,
1999).
No entanto, grande parte das florestas tropicais vem sofrendo uma
exploração predatória provocada pelas atividades do homem, que transforma e
fragmenta grandes áreas naturais em pequenas manchas de florestas. Essa
exploração predatória, aliada a inexistência de informações sobre o
comportamento ecológico e biológico de espécies vegetais e animais, tem
ameaçado muitas dessas espécies à extinção, como o caso da Swietenia
macrophyla King, que foi considerado uma espécie em perigo de extinção pelo
IBAMA (2004) (
www.ibama.gov.br).
Por outro lado, muitos esforços têm sido alocados em estudos sobre a
dinâmica florestal na zona tropical (Oliveira, 1997), visando fornecer dados e
tecnologias que possibilitem um manejo equilibrado e sustentável dos recursos
florestais, de forma a garantir que também estejam disponíveis para as futuras
gerações.
Neste contexto, inclui-se Carapa guianensis Aublet. (Meliaceae), a
andiroba, uma árvore cujo óleo, extraído da semente, possui propriedades
medicinais com potencial comercial e se destaca entre os óleos tradicionais no
norte do país. É uma árvore das mais cotadas em toda a Amazônia, devido à
eficácia do óleo contra edemas provocados por pancadas, uma vez que diminui
os inchaços do local atingido (Rodrigues, 1989). Na indústria, o óleo é utilizado
para manufatura de velas, xampus, sabonetes e repelentes.
Porém, a falta de estudos sobre aspectos botânicos e ecológicos de
Carapa guianensis, torna indispensável a obtenção e sistematização de
informações, para auxiliar na geração de estratégias adequadas para o seu
manejo.
Conseqüentemente, esta pesquisa teve como objetivo obter informações
ecológicas sobre a Carapa guianensis, contribuindo com alternativas que
estimulem um aproveitamento adequado da biodiversidade amazônica,
subsidiando o desenvolvimento da cadeia produtiva de produtos florestais não-
madeireiros na região do Estado do Acre.
Para tanto, as etapas do presente trabalho foram: (i) Descrever a
ocorrência geográfica da espécie no Estado do Acre; (ii) Registrar aspectos
etnobotânicos e etnoecologicos relativos ao conhecimento e uso da espécie no
Estado do Acre; (iii) Descrever a estrutura populacional (densidade e distribuição
em classes de diâmetro); (iv) Descrever a abundância média através da
amostragem aglomerada adaptativa; (v) Identificar os padrões de comportamento
fenológico reprodutivo e vegetativo.
2
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A Espécie: Carapa guianensis Aublet.
Carapa guianensis pertence à família Meliaceae, sendo conhecida
comumente como andiroba, uma denominação vulgar derivada das palavras
indígenas “nhandi” – óleo e “rob” – manteiga (Pesce, 1985 citado por Leite, 1997).
Na Tabela 1 estão representados outros nomes vulgares utilizados em referência
à espécie, em diferentes locais do mundo.
Tabela 1 – Nomes vulgares de Carapa guianensis Aublet. por local de ocorrência.
Nomes Localidades
Andiroba camacari, randiroba, andiroba de igapó, andiroba
vermelha, mandiroba, yandiroba, caropá, purga de santo
Inácio, carapa, comaçari.
Brasil
Mazabalo, guino, tángare Colômbia
Cedro macho Costa Rica
Figuraueroa, tángare Equador
Najeri Cuba
Crabbaum Alemanha
Crabwood Inglaterra
Crappo, crabwood Trinidad
Crabwood, empire andiroba Guiana
Bois caille, cahipon, carepa Guiana Francesa
Roba mahogany Estados Unidos
Cedro bateo Panamá
Andiroba Peru e Paraguai
Krappa Suriname
Cabirna de guayana República Dominicana
Carapa Venezuela
Fonte: Pio Corrêa, (1931), Carruyo (1972), Revilla (2000), Sampaio (2000).
A espécie tem ampla distribuição nos Neotrópicos e na África Tropical.
Ocorre no sul da América Central, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana
Francesa, Peru, Paraguai e Brasil. No Brasil, ocorre na bacia Amazônica,
principalmente nas várzeas próximas ao leito de rios e faixas alagáveis ao longo
3
dos cursos d'água, sendo encontrada também em terra firme. Tal estrutura é
extremamente importante para os indivíduos de Carapa guianensis que compõe
as populações das áreas inundáveis. A espécie ocupa o dossel e sub-dossel da
floresta, nos dois ambientes, podendo atingir até 30 m de altura e 1,20 m de
diâmetro. Possui ritidoma lenticelado, placas lenhosas proeminentes e irregulares
(Sampaio, 2000).
A andiroba é uma espécie bastante plástica, adaptada a ocupar diferentes
ambientes, o que lhe confere diferenças morfológicas, especialmente no lenho,
que pode ser vermelho ou branco, e na coloração e viscosidade do óleo. Nos
indivíduos que ocorrem em terra firme, o óleo é mais escuro e de rápido
escoamento, e naqueles da várzea o óleo é mais claro e viscoso (Leite, 1997).
A casca é grossa e amarga, se desprende facilmente em grandes placas.
No Estado do Acre foram observados muitos indivíduos apresentando raízes
tabulares (sapopemas) (Figura 1). Sua copa, bastante ramificada, apresenta
folhas grandes, escuras, alongadas, alternas e compostas, de 3 a 10 pares de
folíolos, coriáceos, glabros, com venação terciária micro-reticulada, textura macia
e superfície plana, podendo chegar até 60 cm de comprimento (Figura 2). O ápice
do folíolo é retuso com mucron espessado e ramos jovens lenticelados. Apresenta
catáfilos grossos e duros no ápice dos râmulos e entre os pecíolos. Esses
catáfilos são lenticelados e têm nectários extraflorais. Apresenta um apêndice no
ápice da raque, mas não tem crescimento indeterminado como outro gênero da
família, Guarea sp. A inflorescência é uma panícula axilar, localizada
principalmente na extremidade dos ramos (Figura 3a) e apresenta flores
unissexuais, muitas vezes sésseis, subsésseis, raramente com pedicelos curtos e
grossos, 4-meras predominantemente com 8 anteras, 1 ovário, 4-loculares e (2-) 3
4
- 4 (-6) óvulos por lóculo (Figura 3b). O fruto é uma cápsula globosa a subglobosa
(Figura 4), de fibra deiscente com 4 valvas que geralmente se separam quando
caem ao solo, liberando de 4 a 16 sementes por fruto, que pesam em média 21
gramas (Figura 5). As sementes apodrecem com facilidade, sendo necessário
conservá-las em água ou então fervê-las, secando em seguida (Figura 6). (Pio
Corrêa, 1931; Pinto, 1963; Carruyo, 1972; McHargue e Hartshorn, 1983; Lorenzi,
1992; SEBRAE-AC, 1998; Ribeiro et al, 1999; Sampaio, 2000).
Figura 1 – Sapopemas de Carapa guianensis Aublet.
Foto: Neuza Boufleue
r
Foto: Neuza Boufleuer
Figura 2 – Indivíduo de Carapa guianensis Aublet.
5
b
a
Foto: Neuza Boufleue
r
Figura 3a e b – Inflorescência e detalhe da flor de Carapa guianensis Aublet.
Foto: Neuza Boufleue
r
Figura 4 – Frutos de Carapa guianensis Aublet.
6
Foto: Neuza Boufleue
r
Figura 5 – Detalhe de uma valva do fruto de Carapa guianensis Aublet.
Foto: Neuza Boufleue
r
Figura 6 – Detalhe das sementes de Carapa guianensis Aublet.
7
Uma árvore de andiroba pode produzir de 50 a 200 kg de sementes/ano
(Shanley et al., 1998). Segundo Rizzini & Mors (1976), a produção de uma árvore
pode atingir de 180 a 200 kg de sementes/ano. As sementes possuem um
percentual de 88 a 94% de germinação quando semeadas logo após a dispersão.
O tempo de germinação varia de 6 a 10 dias após o plantio e se completa dentro
de 2 a 3 meses. As mudas são muito susceptíveis ao ataque pela Hypsiphylla sp.
(Lepidoptera: Pyralidae), conhecida como broca do ponteiro, que ataca, além da
andiroba, praticamente todas as espécies da família Meliaceae, principalmente
quando plantadas a pleno sol (Hall et al., 1994; Sampaio, 2000). O meristema
apical dos ramos é atacado pela broca e a planta cresce apenas pelas gemas
laterais, comprometendo o valor comercial de sua madeira (Carruyo, 1972). De
acordo com Ferraz & Sampaio (1996), as sementes quando acondicionadas em
sacos plásticos permanecem viáveis por um período de até 7 meses, desde que
armazenadas em câmara úmida (14
o
C e 80% de U.R.) ou câmara seca (12
o
C e
30% de U.R.).
Com relação à fenologia da espécie, Shanley et al. (1998), registraram que
a floração ocorreu entre os meses de agosto a outubro, e a frutificação de janeiro
a abril. Sampaio (2000) registrou a ocorrência de floração também no Pará,
durante a estação chuvosa (fevereiro e março). Em Manaus, Prance & Silva
(1975) registraram a ocorrência da floração no período de setembro a dezembro e
a maturação dos frutos de novembro a dezembro, enquanto que Alencar et al.
(1979) relataram, a floração, entre dezembro e março e frutificação, entre março e
abril.
Segundo McHargue e Hartshorn (1983), na Costa Rica, a andiroba
floresceu em setembro e produziu frutos maduros em maio do ano seguinte. Em
8
nota técnica do CATIE (1998) foi citado que a espécie floresceu de janeiro a
março e frutificou de maio a agosto, também na Costa Rica.
Leite (1997) considerou, em revisão sobre a espécie na Amazônia, que a
fenologia é variável ao longo de sua distribuição geográfica e em função do
habitat.
Através da morfologia da flor, Nascimento et al. (2001) indicaram que
abelhas e besouros são os possíveis polinizadores de Carapa guianensis. No
entanto, não foram confirmados os polinizadores efetivos, os eventuais ou
visitantes da espécie. Santos et al. (2004) citaram que a espécie é visitada pela
manhã por diversas espécies de insetos, principalmente abelhas sem ferrão.
A biologia floral da Carapa guianensis ainda é pouco conhecida. Segundo
Hall et al. (1994), em estudo realizado na Costa Rica, Carapa guianensis revelou
uma taxa de cruzamento de 0,967, indicando que a espécie apresenta
preferencialmente fecundação cruzada. Para estes autores, a alta densidade de
indivíduos e a sincronia no florescimento apresentada pela espécie contribuíram
para a elevada taxa de cruzamento. Altos níveis de fluxo gênico provavelmente
são mantidos pela dispersão das sementes através de rios e florestas inundadas.
Bawa (1990) e Reis (1995) citaram que a manutenção dos vetores associados à
polinização e à dispersão de sementes é imprescindível para que se mantenha a
dinâmica da movimentação dos alelos nas populações naturais. Segundo Maltez
(1997) a conservação e o manejo de espécies arbóreas tropicais exigem que
sejam mantidas não somente a estrutura demográfica das populações, o que é
essencial, mas também níveis adequados de variabilidade genética nos
indivíduos reprodutivos, para que haja possibilidade de geração de recombinantes
nas gerações posteriores. Isto é fundamental para a manutenção da integridade
9
genética e demográfica das espécies, e a perpetuação desse recurso em longo
prazo.
Pelas características genéticas citadas acima, Carapa guianensis foi
considerada por Hall et al. (1994) como uma espécie propícia para o manejo em
florestas naturais onde a mesma ocorre em alta densidade. Henriques & Souza
(1989) consideraram que a estrutura da população de Carapa guianensis
apresenta uma distribuição geográfica típica de espécies com regeneração de
sub-bosque. Segundo Peters (1996) essa estrutura populacional é característica
de espécies primárias tolerantes à sombra, sugerindo ser uma população estável
e auto-sustentável, conservando as populações naturais.
Com relação à dispersão dos frutos e das sementes de andiroba, os
estudos são escassos. Segundo Hall et al. (1994), após a queda dos frutos as
sementes são dispersas pela água e grandes roedores.
2.3 Uso medicinal e econômico
O óleo de andiroba é composto de oleína e palmitina e menores
proporções de glicerina. As amêndoas contêm: lipídios, fibras, minerais e ácidos
graxos do óleo. Revilla (2000) e Sampaio (2000) relataram a seguinte
composição: umidade 40,2%, proteína 6,2%, gordura 33,9%, fibra bruta 12,0%,
cinzas 1,8% e carboidratos 6,1%. O óleo de andiroba apresentou características
físico-químicas e composição de ácidos graxos que podem ser visualizadas na
Tabela 2.
10
Tabela 2 – Características físico-químicas e composição de ácidos graxos do óleo de
andiroba.
Características Pinto (1963) Amorin (1939)
Loureiro et al.
(1979)
Densidade a 15
o
C 0,923-0,934 - 0,923
Densidade a 25
o
C 0,930-0,941 - -
Ponto de fusão inicial 22 30 22
Ponto de fusão completo 43 - 28
Ponto de solidificação inicial 19 - 19
Ponto de solidificação completo 5 - 5
Índice de saponificação 195-205 197 205
Índice de iodo 58-76 66 33
Índice Reichert-Meissl 0,2-3,5 2,6 2,5
Indice de Polenske 0,3-3,0 0,4 0,30
Índice de acidez 10-20 18 81,9
Refração a 40
o
C 1,452-1,459 1,461 1,464
Insaponificáveis % 0,6-2,6 1,0 1,0
Ácidos voláteis (%) 0,8 0,7 -
Acido mirístico (%) 17,9-18,1 17,9 -
Acido palmítico (%) 9,3-12,4 12,4 -
Acido oléico (%) 56,4-59 58,4 -
Acido linoléico (%) 4,9-9,2 4,9
Fonte: Sampaio (2000)
A semente de andiroba produz um óleo com propriedades medicinais muito
comercializado na Amazônia. Sua industrialização teve origem na cidade de
Cametá-PA, sendo que na década de 70 teve demanda de até 350 toneladas/ano
para exportação entre a Europa e Estados Unidos (Shanley et al., 1998).
O óleo é usado pelos extrativistas, índios e ribeirinhos em picadas de
serpentes, escorpiões e abelhas, para combater vermes e protozoários, artrite,
tétano, reumatismo, infecção renal, hepatite, icterícia e outras infecções do fígado,
dispepsias, fadiga muscular, dores nos pés, resfriados, gripes, tosse, psoríase,
sarna, micose, lepra, malária, tétano, herpes e úlceras graves, e para curar
papeira. O óleo misturado com o corante de urucum (Bixa orellana L.) é usado
pelos indígenas por apresentar ação repelente contra insetos. Os índios
Mundurucus usavam o óleo para mumificar a cabeça dos inimigos. Os Wayãpi e
Palikur usam o óleo para remover carrapatos e piolhos. O chá da casca e das
11
flores é usado contra febre, vermes, bactérias, tumores, como antidiarréico,
antianêmico, contra bronquites e infecções das vias respiratórias, analgésico e
balsâmico. O extrato de andiroba misturado com outras plantas repelentes (nim,
eucalipto, citronela) é indicado para repelir formigas, cupins, aranhas, baratas e
traças. O cerne é usado como fungicida (Pio Correa, 1931; Prance & Silva, 1975;
Berg, 1982; Rodrigues, 1989; Shanley et al., 1998; NatuScience, 2000; Revilla,
2000; Sampaio, 2000).
A andiroba oferece ainda outras possibilidades de agregação de valor ao
seu produto básico como fabricação de sabonetes, xampus, velas e tochas
repelentes (Figura 7).
Foto: Neuza Boufleue
r
Figura 7 – Produtos do óleo e do bagaço de sementes de Carapa
guianensis Aublet.
12
A madeira de Carapa guianensis tem tonalidade castanho-vermelha
brilhante e é resistente ao ataque de insetos e de turus
1
. Por apresentar excelente
qualidade é muitas vezes comparada com o mogno, e por isso chamada de
mogno falso. A madeira tem alta demanda, sendo exportada para o exterior e
outros estados brasileiros, para utilização na construção civil (Carruyo, 1972;
Shanley et al, 1998; Sampaio, 2000; Silva, 2002).
2.3 Estrutura de populações
A estrutura populacional de uma espécie representa informações em
relação à comunidade vegetal e ao ambiente onde ela se apresenta.
Normalmente, a espécie é constituída por um conjunto de populações locais, que
varia em número de indivíduos e no padrão de distribuição espacial.
Segundo Pires-O´Brien & O´Brien (1995), dentre os indicadores que
definem a estrutura da população, dois são fundamentais para determinar como
as espécies se comportam no ecossistema de interesse, ou seja, na unidade de
ocorrência. O primeiro, é a Estrutura Horizontal, formada pela abundância,
medida por diversos parâmetros, sendo os principais a freqüência, a dominância
e a densidade.
A freqüência é definida como sendo a chance de encontrar um individuo de
determinada espécie numa amostragem qualquer. Já a soma da projeção vertical
do corpo das árvores no solo, isto é, a área que a espécie ocupa em relação à
área ocupada por todas as espécies é a dominância relativa. Enquanto que a
1
Turus – lombriga branco-leitosa de 30 a 40 cm de comprimento que ataca árvores de mangue quando caídas. Segundo o
cabloco bicho do mangue, bicho de pau (
www.tvliberal.com.br)
13
densidade é definida como sendo o número de indivíduos de uma população de
determinada espécie por unidade de área.
O segundo, é a Estrutura Vertical – que trata do padrão do comportamento
da espécie em relação à altura da floresta.
Budowski (1965) e Harper (1977) relataram que a abundância, a
distribuição espacial e a estrutura genética de populações vegetais variam em
função da disponibilidade de ambientes favoráveis e da capacidade da espécie
em colonizar esses ambientes.
Estas informações são importantes porque auxiliam no planejamento do
uso sustentável das espécies através dos indivíduos a serem explorados,
minimizando os níveis de interferência, de danos e dos riscos de degradação
destas espécies e de suas áreas de ocorrência.
A busca de informações sobre a estrutura e a dinâmica de uma população
é considerada essencial para o entendimento dos processos que regulam uma
comunidade, bem como para o manejo e a conservação de uma espécie (Peters,
1996). Segundo Kageyama (1987) essas informações são valiosas quanto às
forças seletivas que atuam sobre os indivíduos de uma população, o que é
primordial para a compreensão dos padrões de regeneração e equilíbrio
populacional.
Para Denslow (1980), a partir da análise das classes de altura das
populações pode-se inferir sobre as estratégias de regeneração e recrutamento,
bem como as preferências ecológicas das espécies.
Segundo Reis (1995), a manutenção da estrutura populacional e dos níveis
de interação são formas de garantir dentro da floresta a sustentabilidade das
populações naturais de espécies manejáveis.
14
O estudo da estrutura de populações pode prover, ainda, informações
detalhadas sobre o comportamento das espécies assim como, por exemplo, se
uma espécie está regenerando in situ ou não, se o recrutamento é contínuo ou
descontínuo, se é uma espécie comum ou rara. Segundo Rankin-de Merona &
Ackerly (1987) a densidade populacional das árvores da Amazônia Central é
muito baixa com a maior parte das espécies acusando densidades inferiores a 1
árvore por hectare. Isso é reforçado por Hubbel & Foster (1983) que encontraram
na Ilha de Barro do Colorado que somente 33 espécies (18%) possuíam uma
densidade de mais de uma árvore por hectare. Kageyama & Lepsch-Cunha
(2001) relatam que esse baixo número de plantas por hectare mostra uma alta
incidência de espécies raras.
Por outro lado, nos estudos realizados com Carapa guianensis, Boufleuer
et al., (2001) encontraram uma média de 6 ind/ha na regional Tarauacá/Envira
(AC), Klimas (2002) estimou uma densidade entre 1,6 e 49,0 ind/ha em Porto
Acre-AC. Silva Costa et al. (2003), na Floresta Nacional de Caxiuanã – Belém/PA,
encontraram um total de 31,75 ind./ha. Com essas densidades atingindo valores
acima de um indivíduo por hectare, a espécie pode ser considerada como
comum, de acordo com Kageyama & Lepsch-Cunha (2001) que propõe um
detalhamento na classificação das espécies quanto à sua raridade.
A Tabela 3 a seguir mostra a classificação das espécies quanto à sua
raridade, com percentuais médios que esses grupos apresentam nas florestas.
15
Tabela 3 – Classificação das espécies arbóreas tropicais quanto à raridade e percentuais
médios de suas freqüências.
Grupo de especies Indivíduos por hectare Freqüência (%)
Muito comum Mais do que 20/ha 15
Comum 20/ha a 1/ha 35
Rara 1/ha a 1/10ha 35
Muito rara Menos do 1/ha 15
Fonte: Kageyama & Lepsch-Cunha (2001)
O entendimento sobre a complexidade dos ecossistemas e dos padrões de
comportamento das espécies, além de auxiliar na estimativa das densidades de
espécies florestais, busca, ainda, regras para manejar e conservar as muitas
espécies existentes nas florestas tropicais.
16
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Áreas de estudo
Rio Gregório
Seringal Caquetá
b
a
Figura 8 – Localização das áreas de estudo no Estado do Acre: a - região do Rio
Gregório - Tarauacá, b – Seringal Caquetá – Porto Acre
17
3.1.1 Região do médio e alto Rio Gregório - Tarauacá
O Rio Gregório está situado na regional do Tarauacá/Envira, a noroeste do
Estado do Acre (Figura 8a). O acesso a este rio, se dá pela rodovia BR 364,
sentido Tarauacá-Cruzeiro do Sul, apenas nos meses de junho a outubro, período
de pouca pluviosidade. No período chuvoso (dezembro a março) só é possível
chegar ao Rio Gregório por via aérea, com avião monomotor, que pousa na Terra
Indígena Katukina, onde há uma pista para pouso de aviões deste porte, ou pelo
próprio rio Gregório, vindo pelo rio Juruá, saindo de Cruzeiro do Sul-AC ou
Eirunepé-AM. Na região ocorrem precipitações anuais de 2191 a 2296 mm, com
temperatura média de 24,3
o
C a 24,5
o
C. Os solos predominantes são gleissolo e
argissolo amarelo. As Unidades de Paisagem que correspondem a essa região
são: Floresta Tropical Aberta de planícies inundáveis (Fap) e Floresta Tropical
Aberta de Terras baixas de relevo dissecado (Faa) (Brasil, 1976). A vegetação é
de Floresta Aberta com Bambu mais Floresta Aberta com Palmeiras. As árvores
que recobrem o relevo possuem raízes muito superficiais, de modo que o sistema
radicular não oferece boa estabilidade à vegetação ciliar, tombando sobre o leito
fluvial (Acre, 2000). Nesta região os estudos foram realizados em dois Seringais:
São Paulo (Colocação Mato Grosso, com 100 ha) e Seringal São Vicente
(Colocação
2
Morada Nova, também, com 100 ha). Nesta região foram realizados
os estudos de etnobotânica e etnoecologia.
18
3.1.2 Seringal Caquetá – Porto Acre
O Seringal Caquetá possui uma área de 28.686,00 ha (Montenegro, et al.,
1999; ACRE, 2000) cujos limites encontram-se entre as coordenadas geográficas:
Longitude – Wr de 67
o
19’40” a 67
o
32’20” e Latitude – S de 09
o
33’50” a 09
o
46’20” (Figura 8b). As principais vias de acesso à área são: rodovia AC 10,
rodovia BR 317 e Rio Acre. O Seringal Caquetá é dividido em áreas de
colonização e extrativistas. A Colocação
2
Limoeiro I - (S 09
o
37’483” W 067
o
27’427”) com área de 100 ha está inserida na área de extrativismo, onde foi
realizado o estudo de estrutura populacional e padrões fenológicos de Carapa
guianensis.
O Seringal Caquetá foi parte integrante do Seringal Bom Destino, situado
no município de Porto Acre, antigo Porto Alonso, berço da resistência contra a
ocupação boliviana, sendo hoje reconhecido como importante patrimônio histórico
e cultural do Acre (INCRA, 1997). A região é banhada pelo Rio Acre, Riozinho do
Rola e Rio Iquiri, sendo o Rio Acre o principal manancial de água.
Em relação ao clima da região, existem duas estações bem definidas:
período de estiagem (verão), entre abril e outubro, e período chuvoso (inverno),
entre novembro e março. A elevada pluviosidade é um dos fatores característicos
desta região, variando de 1877 mm a 1982 mm por ano. As temperaturas médias
anuais variam de 24,7
o
C a 24,9
o
C (ACRE, 2000). Durante o período seco, maio a
outubro, é freqüente a ocorrência de ondas frias no eixo sul-sudeste do Estado,
com duração de 3 a 8 dias, quando a temperatura pode diminuir bruscamente até
2
Colocação – unidade produtiva de um seringal, onde uma ou mais famílias manejam florestas
para sua subsistência.
19
4
o
C. O período mais quente fica compreendido entre os meses de agosto e
outubro (INCRA, 1995).
As Unidades de Paisagem (UP’s) que correspondem a essa região são:
Floresta Aberta de Palmeiras, Bambus e Cipós sobre Relevo Ondulado da
Formação Solimões e Solos Predominantemente Podzolicos Vermelho Amarelo
Álicos (Fao) e Floresta Aberta com Palmeiras em Relevo Plano dos Terraços
Altos (Etf1) da Planície Aluvial em Solos Hidromórficos Gleyzados Eutróficos e
Distróficos (Fac) (Brasil, 1976 e ACRE, 2000).
A vegetação apresenta espécies com potencial não-madeireiras como:
castanheira (Bertholletia excelsa H.B.K.), seringueira (Hevea brasiliensis M. Arg.),
palmeiras (Arecaceae), espécies de valor terapêutico como a andiroba (Carapa
guianensis Aublet.), copaíba (Copaifera sp.) entre outras e, ainda espécies
madeireiras como cedro (Cedrela odorata L.), amarelão (Aspidosperma vargasii
A. DC.), cumaru cetim (Apuleia leiocarpa (Vog.) Macbr.), cumaru ferro (Dipteryx
ferrea Ducke), entre outras (INCRA, 1995 e 1996).
20
3.2 Métodos
3.2.1 Ocorrência, etnoecologia e etnobotânica de Carapa guianensis
Aublet.
Na região amazônica são encontradas duas espécies de andiroba, Carapa
guianensis Aublet. e Carapa procera D.C. De ocorrência natural no Estado do
Acre, há registro apenas da Carapa guianensis, que é amplamente encontrada
desde a América Central até o Paraguai e ocorre em quatro das cinco regionais
de desenvolvimento do Estado.
Os dados de ocorrência de Carapa guianensis no Estado do Acre foram
obtidos através da análise de coleções botânicas depositadas no Herbário da
Universidade Federal do Acre; de consultas a Base de dados W
3
TROPICOS
Missouri Botanical Garden:
www.mobot.org; NYBG New York Botanical Garden:
www.nybg.org; International Plant Index Query: www.us.ipni.orgus.ipni.org; ao
Banco de dados da Flora Brasiliensis:
www.cria.org.br; Base de dados do
Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre; estudos realizados pelo Projeto
RADAMBRASIL (Brasil, 1976): outros estudos sobre espécies com potencial não
madeireiro realizados no Estado por Boufleuer (2000) e Boufleuer e Lacerda
(2002), Klimas et al. (2003), Barbosa (2003) e inventários florestais realizados
pela Funtac (1991), SOS Amazônia (1998), CTA (1998).
Para registro dos aspectos etnobotânicos e etnoecologicos relativos ao
conhecimento e uso da espécie no Estado do Acre foram aplicados 23
questionários semi-estruturados (ANEXO 2), sobre a espécie em estudo, para
seringueiros, ribeirinhos, colonos da região do médio e alto Rio
Gregório/Tarauacá-AC, com o objetivo de avaliar o conhecimento tradicional
21
sobre a ecologia/botânica (período de floração e frutificação, polinização,
dispersão, regeneração, habitat, distribuição espacial), manipulação, manejo e os
diversos usos da andiroba (medicinal, corantes).
3.2.2 Estrutura populacional e amostragem aglomerada adaptativa
de Carapa guianensis Aublet.
Para a avaliação da densidade de Carapa guianensis foram instalados
cinco transectos de 1000 x 10 m, de maneira que atingisse áreas sujeitas a
inundações periódicas e de terra firme. Para a estrutura da população foram
consideradas quatro classes de altura: jovens (J) – plântulas/J
I
(0,5 a 1,00 m), J
II
(1,00 a 2,00 m), J
III
(>2,00 m – indivíduos não reprodutivos) e adultos (indivíduos
que apresentaram características reprodutivas). Todos os indivíduos foram
identificados com o auxílio de um paraflorestal
3
, plaqueteados e anotados dados
do número de indivíduos em cada classe de altura. Para os jovens III e adultos
foram tomados dados da circunferência a altura do peito (CAP) maior que 10 cm.
A densidade foi estimada dividindo o número total de indivíduos em cada classe
pela área total amostrada. A baixa densidade de indivíduos em alguns transectos
inviabilizou uma análise estatística.
Para avaliação da abundância média de Carapa guianensis foi utilizada a
Amostragem Aglomerada Adaptativa (Adaptive Cluster Sampling – Krebs, 1998),
que consistiu numa área amostral de 10 hectares, divididos em quatro parcelas de
250 x 100 m (duas em áreas sujeitas a inundações periódicas e duas em terra
firme), subdivididas em quadrados iguais de 5 x 5 m dos quais foram
3
Técnico de campo em identificação botânica
22
selecionados aleatoriamente 10 quadrados em cada parcela. Quando um
quadrado selecionado continha um ou mais indivíduos de interesse, todos os
quadrados vizinhos a ele, no sentido norte/sul e leste/oeste foram adicionados à
amostragem formando um aglomerado. O mesmo procedimento foi repetido
sucessivamente sempre que aparecia um novo indivíduo no quadrado (Figura 9).
Este método é ideal para populações em que os indivíduos de interesse se
encontram muito agrupados, pois uma amostragem aleatória, nesses casos,
resultaria em muitas parcelas sem nenhum indivíduo.
A1
A4 A A2
A3
B
Figura 9 – Simulação de uma Amostragem Aglomerada Adaptativa, segundo Krebs (1998).
23
Para o cálculo da abundância média dos indivíduos de Carapa guianensis
através do método da amostragem aglomerada adaptativa, foi calculada a
abundância média de cada aglomerado de quadrados (w
i
) da seguinte forma:
mi
yik
w
k
j
i
=
=
1
Em que: w
i
= abundância média do aglomerado i;
y
i
= número de indivíduos em cada k quadrado (5 x 5 m) do
aglomerado i;
m
i
= número de quadrados do aglomerado i.
Desses valores obteve a abundância média, como segue:
n
w
x
ii
=
em que:
x = estimativa da abundância média da amostragem aglomerada adaptativa;
n = número de unidades amostrais iniciais selecionada ao acaso.
E a variância mostrada por:
()
()
1
2
1
=
=
nNn
xwnN
xvâr
i
n
i
em que: N = número total de quadrados possíveis no universo amostral.
O limite de confiança para esta estimativa é dado por:
±
xvârx
t
α
24
3.2.3 Padrões do comportamento fenológico de Carapa guianensis
Aublet.
As informações sobre o comportamento fenológico foram coletadas em 45
indivíduos reprodutivos, através de visitas mensais estudadas no período de dois
anos para observação, quanto à mudança foliar, floração, (considerada como o
período compreendido entre o surgimento dos primeiros botões até à abertura das
flores) e frutificação (período considerado desde o aparecimento dos primeiros
frutos até a disseminação), levando em consideração a época e duração destes
três eventos que foram anotados em ficha de campo (ANEXO 1). Os dados
meteorológicos foram obtidos junto à Estação Meteorológica da UFAC, próxima a
área do Parque Zoobotânico. Através do programa Excel 2000, foram gerados
gráficos e tabelas para mostrar o padrão do comportamento reprodutivo e
vegetativo de Carapa guianensis.
Para identificação botânica da espécie foi coletado material fértil (flores e
frutos) e folhas (identificação n
o
.13761), o qual foi depositado no Herbário do
Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre.
25
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Ocorrência, etnoecologia e etnobotânica de Carapa guianensis Aublet.
O Estado do Acre, que apresenta uma extensão de 445 km no sentido
Norte-Sul e 809 entre Leste-Oeste, foi dividido em cinco regionais de
desenvolvimento, visando uma melhor gestão política. A Figura 10 mostra as
cinco regionais, sendo elas: Baixo Acre, Alto Acre, Purus, Tarauacá/Envira e
Juruá (Acre, 2000).
Das duas espécies de andiroba Carapa guianensis Aublet. e Carapa
procera D.C. encontradas na região amazônica, apenas a primeira ocorre
naturalmente no Estado, com presença nas quatro regionais de desenvolvimento
do Estado do Acre.
Pelos levantamentos realizados, somente não foi observada a presença de
Carapa guianensis na Regional do Alto Acre. Contudo, “Segundo Evandro
Ferreira (com pess.) é possível que haja ocorrência de Carapa guianensis, pois
pesquisadores peruanos afirmam que a mesma ocorre na região de fronteira do
Peru com a regional do Alto Acre/AC”. Para confirmação seria necessária uma
checagem in loco.
Em levantamentos de informações através do Projeto RADAMBRASIL
(Brasil, 1976) e de inventários florestais realizados pela Funtac (1991), SOS
Amazônia (1998) e CTA (1998) para elaboração do mapa de potencial não
madeireiro do Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Acre nas cinco
regionais de desenvolvimento do Estado, mostraram que Carapa guianensis
26
ocorreu nas seguintes regionais: Baixo Acre, Purus, Tarauacá/Envira e Juruá
(Figura. 10).
Segundo o Projeto RADAMBRASIL (Brasil, 1976), além da espécie
apresentar grande potencial não madeireiro em toda região do Estado do Acre, é
citada também como de valor madeireiro na região do Baixo Acre.
Com relação ao habitat onde ocorre Carapa guianensis, pode-se verificar
na Figura 10 que nas quatro regionais houve um ponto em comum, a ocorrência
em Floresta Tropical Aberta e Floresta Densa. A maior concentração da espécie
dá-se em áreas aluviais (sujeitas a inundações periódicas) ao longo dos principais
rios e seus afluentes. Apesar da espécie ocorrer preferencialmente em áreas
sujeitas a inundações, foi verificada sua ocorrência em vegetações de terra firme.
27
28
Figura 10 - Mapa de ocorrência de Carapa guianensis Aublet. no Estado do Acre.
29
A avaliação dos 23 questionários de etnobotânica e etnoecologia revelou
que 100% dos entrevistados conhecem a andiroba. Destes, 95,7% responderam
que tem andiroba em suas áreas e que a espécie ocorre de forma mais
abundante e aglomerada em áreas sujeitas a inundações periódicas e, menos
abundante e aleatória, em terra firme. Os entrevistados citaram que andiroba é
uma árvore alta, que apresenta folhas o ano inteiro, sendo que muitos
desconhecem o período e a extensão da fenofase de floração. Com relação à
frutificação, se mostraram bastante seguros ao afirmar que a mesma ocorre no
período chuvoso da região (compreendido entre os meses de outubro a abril). Em
relação aos dispersores/predadores, os animais mais observados pelos
extrativistas foram: paca (Agouti paca), cutia (Dasyprocta sp.), rato (Apodemus
sp.), porquinho do mato (Tayassu sp.), coelho (Oryctolagus sp.) e veado (Cervus
sp.). Segundo McHarque e Hartshorn (1983) as sementes de andiroba são
apreciadas e consideradas uma fonte de alimento primário por estes animais. A
semente depois de descascada e amassada é utilizada na pesca de tambaqui e
matrinxã. Os extrativistas citaram que os frutos caem embaixo da árvore-mãe,
espalhando suas sementes, e que são atacadas por larvas quando demoram a
germinar. Citaram, ainda, que logo após o período da queda dos frutos são
encontradas muitas plantas de andiroba sob a árvore-mãe e que nunca as viram
em clareiras.
Pelas entrevistas e observações realizadas nos levantamentos de campo,
pode-se concluir que a espécie desenvolve-se satisfatoriamente em plena
sombra, no estágio inicial, germinando logo após a dispersão.
Pelas características morfológicas, as sementes apresentam grandes
reservas nutricionais, dispersão barocórica/zoocórica e têm curta longevidade.
Sua regeneração natural ocorre a partir de banco de plântulas, ou da queda de
sementes em locais com condições propícias ao estabelecimento.
Carapa guianensis apresentou um grande número de plântulas/J
I
germinadas (Figura 11). Na fase inicial se desenvolve satisfatoriamente à plena
sombra, embora a luz favoreça o desenvolvimento rápido da espécie. Segundo
Carruyo (1972), nesta fase esta espécie não é exigente à luz. Vieira et al. (1996),
em extensos levantamentos botânicos realizados na região leste do Pará, citaram
que esta espécie nunca foi encontrada em floresta secundária.
30
Figura 11 – Banco de Plântulas/J
I
de Carapa guianensis Aublet.
Foto: Neuza Boufleue
r
Considerando as características anteriores e de acordo com a classificação
dos grupos ecológicos que Budowski (1965), Whitmore (1975), Piña-Rodrigues et
al. (1990) e Ferretti et al. (1995) que classificam as espécies florestais como
pioneiras, oportunistas e clímax, a andiroba é classificada como espécie clímax.
31
O grande potencial de uso desta espécie está em suas sementes, que
fornecem um óleo com numerosas propriedades medicinais e repelentes.
Preparado artesanalmente, o óleo de andiroba é comumente comercializado nos
mercados locais em pequenos frascos. Porém, tem potencial para extensão a
outros mercados.
Dentre os entrevistados, 39% já retiraram o óleo, no entanto, somente para
consumo próprio e 78,3% utilizaram-no pelas suas qualidades medicinais. As
indicações mais citadas foram: contra vermes, reumatismo, infecção renal,
hepatite e outras infecções do fígado, resfriados, gripes, febre, tosse, sarna, dores
de garganta, micose, lepra, diarréia, úlceras, dor muscular, golpes, dores nos pés,
contra picadas de cobras venenosas, escorpiões, abelhas, aranhas, piuns e
carrapatos. Além disso, o óleo é utilizado como repelente (principalmente para
espantar os mosquitos da malária e dengue). Dos entrevistados, 30,4%
fabricaram sabão com óleo de andiroba e 4,4% usaram para lubrificar armas e
como combustível em lamparinas para iluminação em seringais.
Em estudos realizados no Pará, Shanley et al. (1998) relataram que o óleo
de andiroba fornece um combustível que pode ser empregado para iluminação.
Apesar da inexpressiva comercialização da andiroba (IBGE, 2004), 15%
dos entrevistados comercializaram as suas sementes para uma usina de
beneficiamento de andiroba instalada na cidade de Tarauacá, que comercializa o
óleo com grandes centros, como para o Estado de São Paulo.
A extração de sementes na região, tanto para comercialização como para
consumo próprio, é realizada de forma isolada, sem envolvimento comunitário, à
semelhança do que ocorre na região de Manaus (Leite, 1997), onde a extração é
realizada de acordo com a necessidade de utilização do óleo na medicina caseira.
32
Com relação ao beneficiamento do óleo de andiroba, os moradores
descreveram os seguintes métodos: após a colheita das sementes, é feito o seu
cozimento que, posteriormente, são guardadas em um saco por um período de 8
a 15 dias, favorecendo a sua deterioração (fermentação). Após este período, as
sementes são descascadas e a polpa é amassada com as mãos, que em seguida
é colocada sobre uma tábua ou vasilha levemente inclinada e levada ao sol para
escorrimento do óleo, conhecido como “Azeite de Sol”; outro método, conhecido
como “Azeite de Tábua”, que é feito na sombra, consiste em amassar a polpa
todos os dias, fazendo bolinhas e colocando-as no cocho feito de pedaço de
metal, canoa velha ou pedaços de madeira inclinada para o chão, para onde o
óleo irá escorrer. Segundo Shanley et al. (1998), estes processos de extração
também são utilizados na região do Pará.
Pode-se considerar que os entrevistados demonstraram amplo
conhecimento sobre essa espécie com respeito ao tratamento dado ao seu uso
na medicina popular. Ficou também comprovado seu uso no tratamento de
diversas enfermidades, pelas comunidades da região do rio Gregório, sendo
antigo o seu uso, costume passado de pai para filho, apesar do gradativo
desinteresse das novas gerações no aprendizado sobre o poder das plantas
medicinais.
4.2 Estrutura populacional
4.2.1 Densidade populacional e distribuição em classes de tamanho
Em uma área de 5 hectares, do Seringal Caquetá, na Colocação Limoeiro I,
encontrou-se para Carapa guianensis uma densidade media de 46,6
indivíduos/hectare (ind./ha), abrangendo áreas temporariamente inundáveis e de
terra firme. A densidade por classes de altura apresentada foi de: plântulas/J
I
25,0; J
II
2,2; J
III
11,0 e adultos (indivíduos reprodutivos) 8,2 ind./ha
-
(Figura 12).
0
10
20
30
40
50
Plântula/Jovem 1 Jovem 2 Jovem 3 Adulto
Classes de Altura
Densidade (Ind/ha)
Figura 12 - Distribuição de densidade de indivíduos de Carapa guianensis Aublet. em classes de
altura na Colocação Limoeiro I, Seringal Caquetá, Porto Acre/AC.
33
34
Em estudos realizados no município de Paragominas/PA, Francez et al.
(2004) relatou as seguintes densidades para Carapa guianensis: mudas (altura
30 cm e diâmetro, 2,5 cm) com 106,6 ind./ha; arvoretas (altura 5 cm DAP < 10
cm) com 2,5 ind./ha; varas (altura 2,55 cm DAP < 5 cm) não apresentou
indivíduos; indivíduos com DAP
45 cm, apresentou 0,4 ind./ha. Boufleuer et al.,
(2001) encontraram uma média de 6 ind. reprodutivos/ha na regional
Tarauacá/Envira (Acre), em transectos abrangendo terra firme e áreas inundáveis.
Em estudos no Seringal Caquetá, no município de Porto Acre-AC, Klimas (2002)
estimou uma densidade de 1,6 e 14,6 ind. reprodutivos/ha em área de terra firme
e várzea, respectivamente, numa área total de 28 ha, na Colocação Limoeiro I; e
17,2 e 49,0 ind. reprodutivos/ha respectivamente, em terra firme e várzea, em
uma área total de 8 ha, na Colocação Primeira Barraca. Silva Costa et al. (2003)
na Floresta Nacional de Caxiuanã – Belém/PA, encontraram um total de 31,75
ind./ha, numa área de 4 hectares (indivíduos <2 cm; >2<10 cm; >10<30 cm e,
>30cm). Hall et al. (1994) em estudos com populações de Carapa guianensis na
Costa Rica encontrou uma densidade de 15 indivíduos reprodutivos por hectares.
As observações de campo e registro de informações sobre os aspectos
etnoecologicos e etnobotânicos nas áreas do presente estudo, revelaram que a C.
guianensis ocorreu preferencialmente em áreas sujeitas a inundações periódicas,
evidenciando o mesmo comportamento nos estudos realizados por Klimas (2002),
Silva Costa et al. (2003) e Leite (1997).
Silva Costa et al. (2003) registram ainda a ocorrência de um maior número
de indivíduos em áreas de transição entre terra firme e/ou temporariamente
inundáveis, decrescendo a abundância, em direção à floresta de terra firme.
De acordo com a classificação de raridade das espécies proposto por
Kageyama & Lepsch-Cunha (2001), Carapa guianensis encontra-se no grupo das
espécies comuns, por apresentar mais de 1ind./ha.
A distribuição de densidade e freqüência de Carapa guianensis (Figura 12
e 13) apresentou uma tendência para forma de “J” invertido. A mesma tendência
foi encontrada em estudos realizados na Colônia Santa Luzia, Porto Acre
(Lacerda et al., 2003) e em duas colocações na região Tarauacá/Envira por
Boufleuer (2000).
Tal distribuição de “J” invertido, também foi encontrada em estudos
realizados em florestas tropicais com outras espécies vegetais: Phithecelobium
rancemosum, Leite et al. (1982), Aspidosperma polyneuron, Maltez (1997),
Euterpe edulis, (Fisch, 1998; Reis et al., 1996; Reis, 1995), Phytelephas seemanii,
Bernal (1998) e Euterpe precatoria, Rocha (2002).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
Plântula/Jovem 1 Jovem 2 Jovem 3 Adulto
Classes de altura
Número de indivíduos
Figura 13 - Distribuição de freqüência de indivíduos de Carapa guianensis
A
ublet. em
classes de altura na Colocação Limoeiro I, Seringal Caquetá, Porto Acre/AC.
35
36
Na Colocação Limoeiro I, a classe plântula/J
I
representou 53,6% J
II
4,7%;
J
III
24,0% e os adultos 17,6% da amostragem, o que demonstra que Carapa
guianensis apresentou um grande número de indivíduos na classe plântula/J
I
,. No
entanto, houve uma queda significativa na classe de J
II
mostrando que pode estar
havendo dificuldades para o estabelecimento dos indivíduos menores.
Silva Costa et al. (2003), citaram que a alta densidade de indivíduos não
produtivos, próximos aos adultos parentais, deve-se à dispersão barocórica e
provável ausência dos dispersores no momento da queda dos frutos e, ainda, que
as sementes apresentaram alto poder germinativo em condições favoráveis. O
mesmo foi levantada através de registro de informações e observações de campo
nas áreas do presente estudo.
A variação na curva de distribuição, encontrada em decorrência do baixo
percentual para J
II
, é relatada por Hall & Bawa (1993) para espécies de vida
longa, em que o recrutamento de novos indivíduos ocorre de forma distinta ao
longo do tempo.
Observou-se, ainda, uma tendência do aumento do número de indivíduos
da classe J
II
para J
III
na área do presente estudo, o que pode ser explicado pela
sobreposição de gerações. Esta mesma tendência foi observada por Boufleuer
(2000), em estudos na região de Tarauacá/Envira - Acre.
Com relação à curva de distribuição diamétrica, a espécie apresentou-se
na forma de um “J” invertido (Figura 14). Kageyama (1987) relatou que a
densidade de árvores por unidade de área ou regiões de clima temperado é a
metade da verificada nas florestas tropicais; a freqüência e árvores muito grandes
são bem menores nas florestas tropicais e a distribuição para as classes de
diâmetro é completamente distinta: aproximadamente normal na floresta
temperada e na forma de “J” invertido na florestal tropical.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
<10cm
10 -13cm
13-16cm
16-19cm
19-22cm
22-25cm
25-28c
m
28-31c
m
31-
34
cm
34-37cm
37-40cm
40-43cm
43-46cm
46-49cm
49-52cm
52-55cm
Classes de DAP
Número de Indivíduos
Figura 14 - Distribuição de freqüência diamétrica por hectare de Carapa guianensis Aublet. na
Colocação Limoeiro I, Seringal Caquetá, Porto Acre/AC.
37
Como se pode observar na Figura 14, a maioria dos indivíduos esta
concentrada nas menores classes de DAP, havendo uma diminuição, à medida
que aumenta o diâmetro, nas classes posteriores. Carvalho (1981), em estudo na
Floresta Nacional do Tapajós, avaliando a freqüência de árvores por classes de
diâmetro, encontrou para a espécie Carapa guianensis uma freqüência muito alta,
mostrando diminuição dos indivíduos à medida que a classe diamétrica
aumentava. Segundo Martins (1991) em uma comunidade climácica espera-se
encontrar uma série completa de classes de tamanho para cada uma das
38
espécies que compõem o ecossistema, posto que, para cada planta que morre ou
envelhece, uma outra, imediatamente mais nova deve estar disponível para
substituí-la. Quando uma série é interrompida ou truncada, o ciclo de vida não
está sendo completado e a espécie, geralmente, não pode ser considerada como
em equilíbrio no ambiente. Portanto, populações em equilíbrio deveriam
apresentar histogramas de freqüência de classe de diâmetro como uma série
geométrica decrescente.
Swaine et al. (1987) e Peters & Hammond (1990), citados por Rocha
(2002), relataram que neste tipo de estrutura populacional, a regeneração da
espécie é abundante, porém, a taxa de sobrevivência das plântulas é
extremamente baixa. Fatores como luz, nutrientes, disponibilidade de água,
herbivoria, danos físicos (queda de árvores ou galhos) e competição são os
responsáveis pela mortalidade dos indivíduos das menores classes de tamanho.
Como os indivíduos de Carapa guianensis estão representados nas várias
classes de diâmetro pode-se sugerir que esta população, nas condições atuais,
apresenta uma situação normal para a espécie e bom potencial de regeneração.
Este tipo de comportamento apresentado por Carapa guianensis é
característico de espécies tolerantes à sombra, as quais mantém uma taxa de
estabelecimento de plântulas mais ou menos constantes (Leite & Rankin, 1981;
Peters, 1996). Estrutura semelhante foi encontrada por Silva Costa et al. (2003)
na Floresta Nacional de Caxiuanã e por Boufleuer (2000) na região de
Tarauacá/Envira.
A estrutura aqui apresentada é ideal de uma população estável, auto-
regenerativa, auto-sustentável e com distribuição típica de espécies com
39
regeneração de sub-bosque, conforme Henriques & Souza (1989), Ramirez &
Arroyo (1990) e Peters (1996).
Portanto, considera-se que a espécie apresenta potencial para a
exploração de suas sementes, por apresentar alta densidade de indivíduos
reprodutivos e alta capacidade regenerativa. Porém, como a espécie tem
propágulos dispersos por animais, é importante se considerar em um plano de
manejo o percentual de sementes a ser coletado, para garantir a sustentabilidade.
4.2.2 Amostragem Aglomerada Adaptativa
Segundo Krebs (1998), o propósito inicial do desenho da amostragem
aglomerada adaptativa é obter medidas mais precisas da abundância da
população. Considerou-se ainda que o levantamento dos dados na amostragem
aglomerada adaptativa é mais eficiente que na amostragem convencional, com
relação aos esforços de atividade de campo. Para Reis & Assunção (1998), em
situações onde o deslocamento e acesso à região de estudo são difíceis (áreas
alagáveis, matas fechadas, acidentes geográficos, entre outros) e houver razões
para se acreditar que a população estudada distribui-se de modo agregado, o
método da amostragem aglomerada é mais adequado. Nessa situação o uso
deste método pode-se traduzir numa redução do trabalho de campo sem prejuízo
da qualidade da estimativa dos dados.
Neste estudo, dentre os 1.000 quadrados determinados para cada uma das
parcelas amostradas em áreas sujeitas a inundações e terra firme, foram
determinados ao acaso 10 quadrados nos dois ambientes.
40
Na parcela 1, área sujeita a inundação, seis quadrados (medindo 25m
2
cada) continham indivíduos de Carapa guianensis. ocupados com um ou mais
indivíduos, que apresentou uma abundância média de 0,51 indivíduos por
quadrado e na parcela 2, terra firme, zero indivíduos amostrados (não se pode
afirmar categoricamente que a espécie não ocorreu, já que foi utilizada
amostragem e não um censo em toda a área).
Para a parcela 3, sujeito a inundações, foram encontrados quatro
quadrados com um ou mais indivíduos de Carapa guianensis contendo uma
abundância média de 0,17 indivíduos/por quadrado e na parcela 4, terra firme,
foram encontrados 2 quadrados apresentando um ou mais indivíduos, com
abundância média de 0,08 indivíduos/quadrado (área sujeita a inundações
periódicas e terra firme, respectivamente) (Tabela 4). Deve-se salientar,
entretanto, que para a amostragem aglomerada adaptativa foram contados sem
distinção os indivíduos de todas as classes de altura (plântulas/J
I
, J
II
, J
III
e
adultos).
Tabela 4. Dados da amostragem aglomerada adaptativa em quatro parcelas (duas em
ASIP e duas em TF) na Colocação Limoeiro I, Seringal Caquetá.
Parcela 1 Parcela 2 Parcela 3 Parcela 4
Amostra inicial
ASIP TF ASIP TF
y
1
(m
1
); w
1
16 (15);1,07 0 (1);0 0 (1);0 0 (1);0
y
2
(m
2
); w
2
0 (1);0 0 (1);0 0 (1);0 0 (1);0
y
3
(m
3
); w
3
13 (13);1 0 (1);0 0 (1);0 0 (1);0
y
4
(m
4
); w
4
0 (1);0 0 (1);0 16 (14);1,14 0 (1);0
y
5
(m
5
); w
5
0 (1);0 0 (1);0 0 (1);0 0 (1);0
y
6
(m
6
); w
6
0 (1);0 0 (1);0 0 (1);0 8 (13);0,62
y
7
(m
7
); w
7
6 (8);0,75 0 (1);0 1 (5);0,2 0 (1);0
y
8
(m
8
); w
8
16 (9);1,78 0 (1);0 0 (1);0 1 (5);0,2
y
9
(m
9
); w
9
3 (10);0,3 0 (1);0 1 (5);0,2 0 (1);0
Y
10
(m
10
); w
10
1 (5); 0,2 0 (1);0 1 (5);0,2 0 (1);0
Média da abundância ( )
x
0,51 0,0 0,17 0,08
Variância da média (var )
x
3,34 - 0,47 0,75
Limite de confiança (t
95%
)
0,51±4,13
-
0,17±1,55 0,08±1,96
ASIP – área sujeita a inundação periódica; TF – terra firme; y
j
-número de indivíduos no
aglomerado i; m
i
- número de quadrados no aglomerado i; w
i
- abundância média dos
aglomerados; t
95%
= 2,262.
Segundo Bianchini et al. (2003), a variação em um dos fatores do meio, por
exemplo, freqüência de inundações, pode resultar em alteração no
comportamento de determinadas populações, podendo a inundação ocorrer pelo
extravasamento do rio ou pela elevação do lençol freático. A correnteza do rio
pode retirar a serapilheira e o banco de sementes, bem como, arrancar plantas
jovens ou soterrá-las devido à deposição de sedimentos, o que tem forte
implicação na dinâmica da comunidade. Os autores ainda relataram que a
fisionomia, a composição especifica e a estrutura de uma formação vegetal são
41
42
potencialmente influenciadas e decorrentes de importantes mudanças temporais e
espaciais de qualquer condição ambiental.
Contudo, algumas espécies poderão se favorecer nesses microsítios
quanto à sua regeneração, estando o alagamento possivelmente envolvido na
definição destes sítios, o que está de acordo com as observações de Boufleuer
(presente estudo), quando comparou a abundância de Carapa guianensis, que se
apresentou maior em áreas sujeitas a inundações periódicas do que em terra
firme.
Os resultados aqui apresentados sugerem que Carapa guianensis
apresenta tolerância ecológica, ocorrendo tanto em áreas sujeitas a inundações
periódicas quanto em terra firme, porém, com preferência definida por áreas
sujeitas a inundações periódicas, e ocorre de forma aglomerada.
Forman & Hahn (1980) citados por Kageyama (1987), observaram em uma
floresta de uma ilha do Caribe que, 75% das espécies apresentaram distribuição
aglomerada, uma espécie com distribuição regular e as demais ao acaso. Em
outro estudo, Kageyama (1987) citou que, das 11 espécies mais freqüentes de
uma floresta na Amazônia, nove apresentaram distribuição espacial aglomerada.
Hubbel & Foster (1983), na floresta da Ilha de Barro Colorado – Panamá, também
encontraram resultados semelhantes, com três tipos reconhecíveis de padrões de
dispersão: a) espécie com dispersão próxima ao acaso; b) espécies agrupadas
segundo características topográficas e c) espécies agrupadas, mas sem
associação com a topografia do terreno. Carapa guianensis se insere no rol das
espécies agrupadas segundo características topográficas.
43
4.3 Padrões do Comportamento Fenológico
4.3.1 Floração
O detalhamento da fenofase de floração por indivíduo pode ser observado
no Anexo 3 e a representação gráfica dessa fenofase e sua associação com a
pluviosidade da região, na Figura 15a.
A época de florescimento da espécie estendeu-se de agosto a novembro
no ano 2000, ocorrendo em 68,8% dos espécimes estudados. Não foi observado
o fenômeno de floração em quatro indivíduos do transecto 1 e 5 e quatro do
transecto 5. Em 2001, a floração ocorreu de julho a novembro, em 73,3% dos
indivíduos e não foi observada em três indivíduos em cada um dos transectos 1 e
2; um em cada um dos transectos 3, 4 e 5. No ano de 2002 a floração ocorreu
em apenas 44,4% dos indivíduos, no período compreendido entre junho e
outubro. No transecto 1, seis dos 13 indivíduos floresceram. No transecto 2, nove
dos 17 indivíduos floresceram. No transecto 3, apenas 1 dos três indivíduos
analisados, um floresceu. Os dois indivíduos do transecto 4 floresceram e do
transecto 5, dos sete indivíduos, dois não floresceram.
Durante os três períodos de observação, apenas um individuo (2D) não
apresentou a fenofase de floração. Observou-se, ainda, que alguns indivíduos
não floresceram em um ano e floresceram em outro, como é o caso do 2G que
em 2000 e 2001 não floresceu, no entanto, floresceu em 2002. Os indivíduos 2A
do transecto 1 e 2A do transecto 2 não floresceram no ano de 2002. Ficou
definido que nas áreas de estudo a floração da espécie apresentou amplitude
compreendida entre os meses de julho e novembro, período que apresenta baixos
índices pluviométricos na região.
44
No presente estudo a abertura das flores ocorreu cerca de 15 dias após o
lançamento dos primeiros botões florais, que ocorreu em agosto, período de
menor pluviosidade (Figura 15a). Este fato corrobora resultados encontrados nos
estudos feitos com espécies florestais amazônicas, por Araújo (1970), Alencar et
al. (1979) e Pires-O’Brien (1993) que verificaram que o maior índice de floração
deu-se no período seco e de maior insolação do ano. Janzen (1980) relatou que
espécies de florestas tropicais de terras baixas também floresceram durante a
época seca. Ao que tudo indica, a floração no período de menor índice
pluviométrico evita a diluição do néctar (Pires-O’Brien & O’Brien, 1995). Os picos
de abertura das flores manifestaram-se um mês após o surgimento dos primeiros
botões.
No presente estudo foi verificado que aproximadamente 50% dos
indivíduos floresceram anualmente entre o período de junho a setembro,
apresentando florescimento curto e evidenciando sincronia regular dentro da
população. Contudo, Raposo et al. (2003) estudou a floração de andiroba na
região de Rio Branco e verificou que a mesma ocorreu no período de outubro a
dezembro, isto sugere que há uma assincronia entre estas duas populações. A
floração de Carapa guianensis também apresentou assincronia em outras regiões
(Leite, 1997), Costa Rica (CATIE 1998), Shanley et al. (1998), Sampaio (2000) e
Ferraz et al. (2002). A causa da sincronia, embora não sendo conhecida de forma
precisa, acredita-se ser resultado de uma série de fatores ambientais como
temperatura, pluviosidade e fotoperíodo (Ferri, 1979).
Associando-se as informações dos dois anos e quatro meses deste estudo
com os dados meteorológicos da região, constata-se que o baixo índice de
45
pluviosidade no período de floração pode ser um dos fatores relacionados a esta
fenofase.
Com relação à biologia floral de Carapa guianensis, através da morfologia
da flor que apresenta cor branca a creme e suave odor semelhante ao musgo,
Nascimento et al. (2001) indicaram que abelhas e besouros são os possíveis
polinizadores de Carapa guianensis. No entanto, não foram confirmados os
polinizadores efetivos, nem os eventuais ou os visitantes da espécie. Santos et al.
(2004) citaram que a espécie é visitada pela manhã por diversas espécies de
insetos, principalmente abelhas sem ferrão.
4.3.2 Frutificação
O detalhamento da fenofase de frutificação por indivíduo pode ser
observado no Anexo 4 e a representação gráfica dessa fenofase e sua
associação com a pluviosidade da região, na Figura 15b.
O primeiro período de observação da fenofase de frutificação de Carapa
guianensis teve início em outubro de 2000 e estendeu-se até fevereiro de 2001,
ocorrendo em 46,6% dos indivíduos. Em 2001, o surgimento dos primeiros frutos
se deu, também, em outubro, no entanto, se estendeu ate o mês de março do ano
seguinte, e ocorreu em 68,8% dos indivíduos. Em três indivíduos do transecto 1,
quatro do transecto 2 e um individuo em cada um dos transectos 3, 4 e 5 não foi
observado o fenômeno de frutificação. No ano de 2002 a frutificação ocorreu em
apenas 31,1% dos indivíduos, no período de setembro a novembro. No transecto
1, dos 13 indivíduos somente cinco frutificaram. Dos 17 indivíduos do transecto 2,
46
apenas cinco apresentaram o fenômeno e nos transectos 3 e 4 apenas um
individuo frutificou em cada um. No transecto 5 dos sete indivíduos, apenas dois
apresentaram o fenômeno.
Comparando-se os três períodos de reprodução, somente no ano de 2001
foi observada alta produção de frutos. Para os anos de 2000 e 2002, foram
observados poucos indivíduos com frutos, sendo considerados os anos de baixa
produção na área de estudo. No ano de 2002, além da baixa produção, a
frutificação teve um período mais curto, observando-se que todos os indivíduos
iniciaram e cessaram a queda de seus frutos em novembro. A espécie apresentou
uma amplitude compreendida entre junho e abril.
A disseminação das sementes ocorreu a partir do mês de janeiro no ano de
2000; em 2001 e 2002 em novembro. Apesar da grande produção de flores no
ano de 2000, a produção de frutos foi menor e ocorreu por um período mais curto,
evidenciando possivelmente abscisão de flores e/ou aborto de frutos.
Com a queda dos frutos e dispersão das sementes ocorrendo no período
chuvoso, pode-se supor que a germinação das sementes e o estabelecimento das
plântulas sejam beneficiados pela água e nutrientes liberados pela decomposição
da matéria orgânica, acumulada durante o período seco (Morellato et al., 1989).
O período chuvoso também facilita a disseminação das sementes, que são
carregadas até os rios e igarapés, propiciando a colonização de novas áreas.
Segundo McHargue & Hartshorn (1983) e Hall et al. (1994), após a queda dos
frutos, as sementes de andiroba são disseminadas pela água, ficando submersas.
Através de observações de campo e aplicação de questionários com
extrativistas verificou-se que andiroba apresenta três tipos de dispersão. O
primeiro tipo é pela ação da gravidade (barocórica), sendo considerado como
47
dispersão primária. Os outros dois, pelos animais (zoocórica) e pela água
(hidrocórica), são considerados secundários.
Com relação aos resultados obtidos das avaliações das fenofases de
floração e frutificação, foi verificado que a espécie apresenta alta produção de
frutos em um ano e baixa no outro. Isso pode ser observado nas figuras 13 e 14
em que grande parte dos indivíduos não floresceu nem frutificou nos anos de
2000 e 2002 e evidenciando um alto número de indivíduos florescendo (73,3%) e
frutificando (68,8%) no ano de 2001. Além da alta e baixa produção, foi observada
a queda de muitos frutos imaturos, concordando com Raposo et al. (2003) que
relatou também a perda de frutos imaturos. Segundo Leite (1997), a produção de
Carapa guianensis é marcada por diferenças anuais das safras (anos com mais e
menos produção de frutos – safra e contra safra).
4.3.3 Mudança foliar
O detalhamento da fenofase de mudança foliar por indivíduo pode ser
observado no Anexo 5 e a representação gráfica dessa fenofase e sua
associação com a pluviosidade da região, na Figura 15c.
Pôde-se observar, durante todo o período, o brotamento de folhas novas e
a queda de folhas velhas, ainda que menos abundantes, em 100% dos indivíduos
observados (n=45). Assim, Carapa guianensis pode ser considerada perenifólia,
apresentando folhas ao longo de todo o ano.
A oferta ou escassez de água aparentemente não determina uma alteração
mais intensa na mudança foliar da espécie. É possível que a espécie apresente
48
pulsos curtos de renovação foliar independente da estação, não seguindo um
padrão sazonal. Os indivíduos desta espécie, tanto os de áreas de terra firme
quanto os áreas sujeitas a inundações permaneceram sempre verdes, brotando
ao mesmo tempo em que perdiam as folhas velhas.
De acordo com Jackson (1978), citado por Ferraz et al. (1999), a estratégia
de reposição de folhas mais vantajosa, numa planta perene, seria a retenção e
manutenção da atividade fotossintética das folhas velhas até o crescimento da
folhas novas. Essa estratégia resulta em perda contínua de folhas se o
brotamento for contínuo, como ocorreu com a espécie em estudo.
Frutificação
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Meses
% de Indiduos
0
50
100
150
200
250
300
350
400
F.imaturos F. maduros Pluviosidade
Floração
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Meses
% de Indivíduos
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Pluviosidade (mm)
Botões Flores Pluviosidade
Mudança Foliar
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Meses
% de Indivíduos
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Pluviosidade (mm)
a
b
c
Figura 15 - Representação gráfica das fenofases de Carapa guianensis Aublet.: a - floração, b -
frutificação e c - mudança foliar, no Seringal Caquetá, município de Porto Acre-AC
49
50
5 COMENTÁRIOS FINAIS E CONCLUSÕES
Pode-se sugerir que a população estudada de Carapa guianensis, nas condições
atuais, apresenta bom potencial de regeneração, estando apta para a exploração
de suas sementes com fim comercial, uma vez que a espécie apresenta alta
densidade de indivíduos reprodutivos e por estarem representados nas várias
classes de diâmetro. No entanto, devem ser tomadas algumas precauções no
manejo sustentado da espécie como: tratos silviculturais (limpeza de cipós ou
outras plantas que competem com indivíduos que estão em regeneração) e
cuidado para não pisotear indivíduos jovens durante o manejo da espécie.
A população de Carapa guianensis da Colocação Limoeiro I apresentou maior
densidade em áreas sujeitas a inundações periódicas indicando preferência por
tipo de ambiente. Este resultado auxilia na escolha de áreas, identificação e
mapeamento de manchas da espécie para o manejo.
Embora, com algumas exceções a ocorrência de floração em Carapa guianensis
durante o período de estudo foi considerada um fenômeno sincrônico já que a
maioria dos indivíduos apresentou esta fenofase entre julho a novembro, período
de baixo índice pluviométrico da região. O conhecimento do período da safra é
imprescindível para a exploração racional da andiroba.
A Colocação Limoeiro I apresenta potencial para exploração das sementes de
Carapa guianensis com fim comercial. O óleo extraído das sementes da espécie é
51
muito procurado para o uso medicinal e cosmético. Portanto, a extração é cada
vez mais promissora e inevitável, podendo ser futuramente ainda mais
intensificada. Porém recomenda-se que sejam levados em consideração níveis
máximos de extração de sementes, deixando propágulos suficientes para
dispersão da espécie.
As informações obtidas neste estudo fornecem base para a tomada de decisão
sobre o manejo da espécie. Contudo é importante o monitoramento no decorrer
da exploração para avaliar se há necessidade de reposição dos indivíduos da
espécie ou interrupção do processo de extração. Além disso, deve ser avaliado o
impacto na estrutura florística e na fauna local.
Espera-se que os resultados deste trabalho possam contribuir na implementação
de políticas públicas para a proteção e uso sustentável das florestas amazônicas,
particularmente de exploração sustentável das sementes de Carapa guianensis.
Estas informações podem subsidiar ainda os órgãos ambientais do Estado do
Acre na definição de parâmetros e procedimentos para o licenciamento ambiental
e, quando disponibilizadas em cartilha didática, orientar as comunidades que
vivem na floresta sobre a forma mais adequada e sustentável de uso do recurso
andiroba.
A extração de qualquer produto florestal ainda é um grande desafio. Realizando o
manejo sustentado desta espécie pode ser tanto uma alternativa de renda para as
52
populações que vivem de produtos florestais, como garantia para preservação e
manutenção do ecossistema na qual está inserido, a Amazônia.
Por fim, em função da ocorrência da espécie no Estado do Acre, da alta
densidade com que a espécie ocorre em alguns ecossistemas, por ser espécie
comum, de alta capacidade de regeneração, apresentar estrutura diamétrica em
forma de J invertido e alta qualidade da madeira, pode-se também pensar no
manejo sustentável de indivíduos senis ou de baixa produção de frutos, para
exploração da madeira por pequenos produtores.
53
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ANEXOS
ANEXO 1
Ficha de campo utilizada para avaliações fenológicas
Indivíduo
Floração Frutificação Mudança Foliar
Observações
CÓDIGOS DE OCORRÊNCIAS
FLORAÇÃO FRUTIFICAÇÃO MUNDANÇA FOLIAR
1 – arvore com botões florais 1 – Frutos imaturos 1 – Copa com folhas novas
2 – Árvore florada 2 – Frutos maduros 2 – Copa com folhas velhas
3 – Frutos caindo 3 – Copa com desfolhamento
ESCALA DE VALORES
A –Manifestação pequena do fenômeno
B – Manifestação parcial do fenômeno
C – Manifestação total do fenômeno
69
ANEXO 2
Q
UESTIONÁRIO ETNOBOTÂNICO/ETNOECOLÓGICO
Local: Tipo de casa:
Proprietário: Data:
Quantas pessoas há na casa? Equipe:
1. Tem muita andiroba na mata? Onde ela se encontra mais, em terra firme ou
no baixio?
2. As árvores estão perto uma das outras?
3. Tem outro tipo de andiroba?
4. Qual é a época de floração?
5. Quanto tempo leva a floração? As flores têm cheiro?
6. Os indivíduos florescem de forma sincrônica? Florescem todo ano?
7. A espécie floresce quantas vezes por ano? Qual o tempo entre uma floração e
outra?
8. No período de floração qual o inseto que visita a espécie?
9. Qual é a época da frutificação?
10. Quanto tempo leva para formar o fruto?
11. Quanto tempo leva para todos os frutos/sementes caírem? Ela germina logo
que cai?
12. Qual é o animal que visita a espécie no período da queda do fruto?
13. O que o bicho faz com a semente?
14. Tem algum bicho que ataca a planta? Caso sim, em que fase: adulta, jovem
ou de plântulas?
70
15. Quais as plântulas que melhor se estabelecem e crescem: as próximas a mãe
ou as que ficam distante?
16. A espécie é usada para algum fim? Por exemplo, medicinal.
17. O que é usado da planta? Fruto, semente, casca, folha, raiz ou tronco?
18. Como é usado e de que forma é processado o produto?
19. Fazem a extração do óleo? O produto é só para uso da comunidade ou
também para comercialização?
20. Qual a quantidade de frutos ou sementes que são extraídos? Como é feita a
coleta: mais de uma vez, se derruba da árvore ou espera certa quantidade de
queda?
21. Pra quem é vendido o produto?
22. Tem alguma crendice?
23. Que outros produtos não-madeireiros têm?
71
72
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