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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
Atratividade Facial e Cirurgia
Ortognática: Aspectos Físicos e
Emocionais
Luciana Maria da Silva
Tese apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo, como parte
das exigências para obtenção do título de
Doutor em Ciências, Área de
Concentração: Psicobiologia.
Ribeirão Preto – SP
2009
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
Atratividade Facial e Cirurgia
Ortognática: Aspectos Físicos e
Emocionais
Luciana Maria da Silva
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Sheiji Fukusima
Tese apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo, como parte
das exigências para obtenção do título de
Doutor em Ciências, Área de
Concentração: Psicobiologia.
Ribeirão Preto – SP
2009
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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA,
DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRÁFICA
Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo
Silva, Luciana Maria da
Atratividade Facial e Cirurgia Ortognática: Aspectos
Físicos e Emocionais. Ribeirão Preto, 2009.
125 p.: fig. 30cm.
Tese apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo,
Departamento de Psicologia e Educação.
Área de concentração: Psicobiologia
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Sheiji Fukusima.
1. Atratividade Facial
2. Cirurgia Ortognática
3. Percepção de Faces
À Minha
MÃE
, que me ensinou a ser forte e
ao D
ÁRIO
, que divide sua força comigo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por abençoar minha vida, me conduzir nos seus braços e me
proporcionar conquistas como esta.
Aos meus queridos pais, Ana Maria, minha mãe que me fortalece a cada dia,
ensinando que a luta é grande, mas Deus é sempre maior e em memória de meu pai, Geraldo,
que dedicou sua vida a me ensinar que as maiores virtudes de uma pessoa de bem são
humildade, respeito e muito trabalho. Esta conquista também é de vocês!
Ao Dário, meu amado, companheiro de todas as horas, que me forças de superar
cada obstáculo e seguir em frente. Obrigada por compartilhar sua vida comigo e me
proporcionar crescimento a cada dia.
Ao Prof. Dr. rgio S. Fukusima pela atenção, paciência e orientação nestes quase dez
anos de trabalho conjunto.
Aos meus queridos sobrinhos, Gabi, que me socorre sempre nos assuntos da
informática e Léo, que me alegra com seu sorriso meigo, lindo e sua risada gostosa.
As minhas irmãs queridas, Bel, Fer e Drica, quase mães e que se dedicam em cuidar de
mim mesmo de longe.
Aos meus sogros, Sr. Edson e Vastir, pelo carinho, cuidado e amor de pais. Também a
extensão da família: Anne, Fabiano, Fabiola, Fabrizio, Fernando, Juninho e Carol, obrigada
pela força e carinho.
Ao CEDEFACE (Centro de Pesquisa e Tratamento das Deformidades Buco-Faciais),
principalmente ao psicólogo Ocimar Eiras e ao presidente Dr. Roberto Della Coleta, que
autorizaram o contato e a coleta de dados nesta séria e respeitável clínica da cidade de
Araraquara, SP.
As amigas e secretárias do CEDEFACE Bel, Denise e Graça. Vocês foram
fundamentais neste trabalho. Obrigada pelo carinho e dedicação.
Aos pacientes que, no seu anonimato e boa vontade, possibilitaram a realização deste
estudo e a todos aqueles que participaram como voluntários nos Experimentos.
A minha querida amiga Fabiola, que mesmo na distância não cansa de dizer que sua
amizade é sincera e leal. Esta irmã é do coração e pra sempre.
A Renata, secretária da psicobio, sobretudo pelo carinho, amizade, atenção e
dedicação em todos os momentos desta dura caminhada.
Ao pessoal do laboratório, os ‘antigos’: Ana Irene, Adriana Bacci, Adriana Panico,
Nelson, Kátia, Silvia e os ‘novatos’: Bruno, Léo, Lina e Cíntia. Agradeço a todos vocês por
dividir esta árdua tarefa de ser um pós-graduando, em todas as traduções que esta palavra
possa ter. Um abraço especial para Maria Amélia e Patrícia pelo carinho e amizade.
Aos amigos da Psicobio: Junior, Joseane, Kátia Maria, Claudinha, Milena, Maria
Cecília, Raquel, Júlia, Karina, Milene, Veridiana, Marcelo, Carlo, Lucas, Mikael, todos os
amigos que nunca vão sair da minha memória, pelos longos anos passados juntos. Um beijo
especial à Joseane, que ‘me carregou no colo’ no momento mais difícil da coleta de dados.
Ao Igor, técnico do laboratório, pela disponibilidade e boa vontade de sempre ajudar.
Ao Prof. Dr. Alexandre Elias Trivellato, Prof. Dr. Cássio Edvard Sverzut pelas
preciosas contribuições durante o exame de qualificação.
Ao Prof. Dr. Sebastião de Sousa Almeida, pelas contribuições durante estes quatro
anos de assessoria e também no exame de qualificação.
Aos professores que compõem esta banca de defesa de doutorado, pelos valiosos
aportes para meu crescimento pessoal e profissional.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela
concessão da bolsa de doutorado e pelo auxílio financeiro para realização desta pesquisa.
A perfeição é feita de pequenos detalhes
– não é apenas um detalhe.
(Michelangelo)
RESUMO
Silva, L. M. da. Atratividade Facial e Cirurgia Ortognática: Aspectos Físicos e
Emocionais. 2009. 126f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de
Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. 2009.
Pessoas que apresentam grandes deformidades dentofaciais podem ter prejuízos sociais,
pessoais e emocionais. A cirurgia ortognática é utilizada para correções dessas deformidades,
que consequentemente afeta as aparências das faces dos pacientes. Este estudo teve como
objetivos: 1) Avaliar amostras de faces da população de Ribeirão Preto, SP e as faces
prototípicas provenientes delas, consideradas sem deformidades; 2) Analisar a atratividade
facial de dez pacientes submetidos a cirurgias ortognáticas nas fases pré e pós-cirúrgicas; ao
relacionar suas atratividades aos parâmetros físicos alterados pela cirurgia; e também avaliar
as consequências na qualidade de vida, ansiedade e auto-estima destes pacientes. As análises
faciais foram frontais e obedeceram aos critérios preconizados na literatura de meios, terços e
quintos faciais. A coleta de dados com os pacientes foi feita no CEDEFACE (Centro de
Pesquisa e Tratamento das Deformidades Buco-Faciais). Foram obtidas fotografias nas fases
pré e pós-cirúrgicas; momentos em que também foram aplicadas escalas de qualidade de vida
(WHOQOL bref), de ansiedade (IDATE e Escala Analógica de Humor) e autoestima (Escala
de Autoestima de Rosenberg). Dois experimentos foram realizados. Um com as fotos das
faces pe pós-cirúrgicas a fim de avaliar a atratividade facial dos pacientes antes e depois
das cirurgias e outro para comparar a atratividade facial dos pacientes com a atratividade de
faces prototípicas relativas ao sexo e etnia correspondentes. Nesses experimentos os
julgamentos de atratividade foram provenientes de uma amostra de 40 participantes leigos. Os
resultados apontaram que: 1) As análises do banco de faces e protótipos apresentaram
parâmetros físicos faciais diferentes daqueles apontados na literatura, principalmente na
análise dos terços e quintos; 2) A cirurgia ortognática contribuiu para o aumento da
atratividade dos pacientes, embora estes ainda considerados menos atrativos que as faces
prototípicas. Também foram notadas melhoria na condição psicológica por meio do Whoqol
bref e diminuição da ansiedade por meio da Escala Analógica de Humor. Tais resultados
apontam para a importância de estudos sobre parâmetros físicos faciais relacionados à
melhoria de sua estética e que a cirurgia ortognática para o tratamento de deformidades
dentofaciais pode trazer benefícios estéticos e emocionais àqueles que a procuram.
Palavras-chave: Percepção de Faces, Atratividade Facial, Cirurgia Ortognática.
ABSTRACT
Silva, L. M. da. Facial Attractiveness and Orthognatic Surgery: Emotional and Physical
Aspects. 2009. 126f. Thesis (Doctoral) - Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão
Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. 2009.
People with salient dentofacial deformities can have social, personal and emotional injury.
The orthognathic surgery is used to correct these deformities, and consequently, it affects the
facial appearances of the patients. The general aims of this study were: 1) Evaluate samples of
faces from a population of Ribeirão Preto, SP and their prototypical faces considered as
without deformities; 2) Analyze the facial attractiveness of ten patients before and after being
submitted to orthognathic surgery; searching the relationship between the attractiveness and
physical parameters modified on the faces by the surgery; and also assessing the effects of this
surgery on the quality of life, the anxiety and the self-esteem of these patients. The facial
analyses were frontal and from the halves, the thirds and the fifths of the faces. The pictures
of faces before and after the orthognathic surgery were from voluntary patients from
CEDEFACE (Centro de Pesquisa e Tratamento das Deformidades Buco-Faciais) at
Araraquara, SP. Before and after the surgery, these patients also had their quality of life (by
WHOQOL bref scale), the anxiety (by IDATE and Escala Analógica de Humor) and the self-
esteem (by Escala de Auto-Estima de Rosenberg) evaluated. There were two experiments.
From an experiment, forty volunteers judged the attractiveness of the faces pictured before
and after the surgery. From the other experiment, the volunteers compared the attractiveness
of the patient faces with the attractiveness of the prototypical faces, respectively to their sex
and race. The results showed that: 1) The facial analyses of the faces from population sample
of Ribeirão Preto, SP, and their prototypical faces indicated physical parameters that differ
from the literature, mainly for the facial analyses of the thirds and the fifths 2) The
orthognathic surgery contributed to increase the facial attractiveness of the patients, although
they were still considered less attractive than the prototypical faces. Improvement in
psychological condition, assessed by the Whoqol bref, and anxiety decrement, assessed by the
Escala Analógica de Humor, were noticed. These results pointed out the importance to study
facial analyses related to the aesthetic improvement, and that the orthognathic surgery to treat
dentofacial deformities can bring aesthetic and emotional benefits to the patients.
Key-words: Face Perception, Facial Attractiveness, Orthognatic Surgery.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 12
2. OBJETIVOS GERAIS DO TRABALHO 29
3. MÉTODO 31
3.1) Análise Facial do Banco de Faces e Protótipos 31
Resultados 34
Faces Brancas 34
Faces Pretas 42
Faces Pardas 48
Discussão 54
3.2) Análise Facial dos Pacientes Submetidos à Cirurgia Ortognática
e Investigação da Atratividade dos Mesmos 62
3.2.1) Análise Facial 62
3.2.2) Experimento 1 68
Resultados 69
Discussão 75
3.2.3) Experimento 2 79
Resultados 81
Discussão 84
3.3) Investigação da Qualidade de Vida, Ansiedade e Autoestima
dos Pacientes Submetidos à Cirurgia Ortognática. 88
Resultados 93
Discussão 99
4. DISCUSSÃO GERAL 103
5. REFERÊNCIAS 106
6. ANEXOS 114
12
1) Introdução
A aparência física de um indivíduo é uma característica importante a considerar tanto
no contexto de relações interpessoais quanto no contexto evolutivo. A atratividade física
sinaliza boa saúde, qualidade genética e outros fatores que influenciam na evolução das
espécies, uma vez que aparência física ‘agradável’, harmoniosa indica que o organismo teve
um bom desenvolvimento fisiológico e orgânico, sendo sinal de saúde do mesmo (MILLER,
2000; FINK; PENTON-VOAK, 2002; PENTON-VOAK; PERRETT, 2000; SCAVONE
JUNIOR et al., 2006).
Traços físicos podem servir de indícios sobre a saúde, a qualidade genética, o estado
do sistema imunológico e outros fatores que influenciam na busca de parceiros saudáveis,
com fins de procriação e disseminação genética, nas mais diferentes espécies animais
(MILLER, 2000).
No campo cultural e social, principalmente no contexto de relações interpessoais, o
conceito de atratividade e de senso estético varia muito entre regiões e épocas distintas e tem
um cunho bastante subjetivo, fortemente influenciado pela sociedade, cultura e autoimagem
(BRUCE; YOUNG, 1998; ENLOW, 1993; HABBEMA, 2004; KERR; DORTH;
O’DONNELL, 1990; MILLER, 2000; ONG, 2004; PHILLIPS; PROFFIT, 2005).
Diante de diversos outros atributos físicos observáveis no corpo humano, a face
destaca-se por desempenhar um papel de ‘cartão de visita’ de quem se olha, sendo também
um importante canal de comunicação, tanto pela fala como também por sua expressividade
(OMOTE, 1994).
A noção de identidade esintimamente relacionada às características físicas faciais, e
a partir das diferentes variações entre os elementos faciais comuns (dois olhos, nariz, boca,
bochechas, testa, orelhas, formato do rosto), há a produção das mais diversas formas de rostos
que caracterizam cada ser humano como único (ENLOW, 1993).
13
A atratividade facial é um amplo campo de estudo dentro deste contexto, e as
diferentes combinações e harmonizações físicas dentro deste estímulo padrão produzem faces
medianas, agradáveis ou desagradáveis. Como consequência a percepção destas pequenas e
sutis diferenças individuais afetam o modo como as pessoas são julgadas, bem como os
relacionamentos interpessoais (FAURE; RIEFLE; MALTHA, 2002; OMOTE, 1994).
Muitas são as consequências sociais envolvidas na estética pessoal e facial. Pessoas
com alta atratividade tendem a serem percebidas como mais adequadas e competentes e serem
mais favorecidas que as de baixa atratividade (OMOTE, 1991). Pessoas com faces atraentes
são julgadas como mais inteligentes e com maior probabilidade de obterem sucesso do que as
não atrativas (FAURE; RIEFLE; MALTHA, 2002), além de serem mais preferidas em
escolhas sexuais (HENDERSON; ANGLIN, 2003; PERRETT et al., 1999). Chen, German e
Zaidel (1996) relataram que indivíduos atrativos normalmente recebem mais reações positivas
de outras pessoas que as menos atrativas.
No contexto evolutivo, a evolução sexual da espécie humana privilegiou traços físicos
faciais que mostram características potencialmente importantes para os indivíduos, como o
sucesso da reprodução e sobrevivência dos descendentes (ENQUIST et al., 2002; MEALEY;
BRIGSTOCK; TOWSEND, 1999). Estudos sobre psicologia evolutiva mostram que faces
atraentes são preferidas em escolhas sexuais a faces não atraentes (HENDERSON; ANGLIN,
2003; PERRETT et al., 1999).
Segundo Thornhill e Gangestad (1999) existem três grandes áreas de estudo sobre
atratividade facial: simetria (RHODES et al., 1998, 2001; SILVA, 2005; SWADDLE;
CUTHILL, 1995), proporções e harmonizações entre os elementos (FRIEDENBERG, 2001;
SUGUINO et al., 1996) e características sexuais secundárias, como textura e cor da pele
(JONES et al., 2004).
14
Alguns destes estudos dão indícios que tais atributos podem ser considerados como
possíveis indicadores de um ‘padrão’ de atratividade para a face humana, mas com algumas
restrições. Em estudos prévios foi verificado que a simetria isoladamente não pode ser
considerada como um fator preponderante na atratividade facial (SILVA; ALVES;
FUKUSIMA, 2004; SILVA, 2005). Foi demonstrado que a simetria deve ser considerada em
conjunto com manipulação de outros elementos faciais, como tonalidade e luminância da pele
e elementos faciais externos, para que uma face possa se tornar mais atrativa (KERR;
DORTH; O’DONNELL, 1990; SILVA; ALVES; FUKUSIMA, 2004; SILVA, 2005;
PROFFIT; SARVER, 2005).
Em outra teoria sobre atratividade facial relata-se que faces atrativas possuem
aparência próxima à média matemática das faces da população estudada, que seria uma face
prototípica (RHODES; TREMEWAN, 1996; RHODES; SUMICH; BYATT, 1999;
RHODES; SIMMONS; PETERS, 2005). Uma face será julgada como mais atraente quanto
mais ela tiver aparência próxima do protótipo de sua raça (LANGLOIS; ROGGMAN, 1990;
RHODES; TREMEWAN, 1996; RHODES; SUMICH; BYATT, 1999; O’TOOLE et al.,
1999).
Faces prototípicas são imagens faciais que representam a aparência típica de um grupo
de pessoas, podem ser representativas de categorias como sexo, raça ou idade. Por ser o
protótipo a média matemática dos valores dos traços de uma população, obtida pela
sobreposição de diferentes faces de uma mesma categoria, as análises faciais de protótipos
indicam a tendência de características físicas faciais daquela população (RHODES;
TREMEWAN, 1996; RHODES; SIMMONS; PETERS, 2005; RHODES; SUMICH; BYATT,
1999; RHODES, 2006; O’TOOLE et al., 1999).
Contudo, o conceito de atratividade e de senso estético vai além das características
físicas, é muito pessoal, subjetivo, com múltiplas influências no cotidiano. Da mesma maneira
15
que uma face atrativa pode ‘abrir portas’ a um indivíduo, o contrário pode se tornar um
empecilho na vida de alguém. Pessoas com grandes distorções faciais e por isso, pouco
atrativas são, até certo ponto, prejudicadas por sua aparência ‘fora do padrão’, no contexto
de relacionamentos interpessoais (NEWELL; MARKS, 2000; PROFFIT; WHITE JUNIOR,
2005; OMOTE, 1994).
Estudos sugerem que os efeitos da atratividade facial estão presentes desde muito cedo
no estágio do desenvolvimento infantil. Bebês de dois meses demonstram preferências para
faces consideradas atrativas por adultos (SAMUELS et al., 1994; LANGLOIS et al., 1997
apud RHODES et al., 1998). O comportamento de crianças pré-escolares (entre 3 a 6 anos)
parece ser também bastante influenciado pelos efeitos de uma face bela.
O desenvolvimento da interação social parece acontecer de maneira mais tranquila em
crianças que não apresentam nenhuma disfunção ou alteração em suas formas e funções
faciais (RUMSEY, 1983 apud NEWELL; MARKS, 2000). Crianças com algum problema
ortopédico ou ortodôntico, aliado a algum tipo de deformidade dentofacial, não costumam ser
tão populares, estimadas e benquistas por amigos, colegas quanto aquelas sem problemas
desta natureza.
Nesta perspectiva, pessoas que apresentam deformidades dentofaciais, seja em nível
estético ou estético/funcional, podem se defrontar com empecilhos no convívio e na interação
social; além de dificuldades em relação consigo mesma (NEWELL; MARKS, 2000;
PHILLIPS; PROFFIT, 2005). As deformidades dentofaciais são desvios nas proporções
faciais normais e relações dentárias que afetam em graus variáveis a função e/ou de
aceitabilidade social. Tais discrepâncias entre maxila e mandíbula não podem ser tratadas
apenas ortodonticamente, havendo necessidade de intervenções cirúrgicas (PROFFIT;
WHITE JUNIOR, 2005), denominadas cirurgias ortognáticas.
16
Os indivíduos que apresentam tais deformidades são afetados de dois modos:
comprometimento nas funções maxilomandibulares, o que gera dificuldades principalmente
na mastigação, dicção, respiração e comprometimento nas aparências dentária e facial, com
consequentes discriminações no âmbito social (PROFFIT; WHITE JUNIOR, 2005).
Procedimentos cirúrgicos nestes casos podem variar de pequenas movimentações de
grupos dentários até a movimentação completa da mandíbula e/ou maxila. Estas
movimentações vão depender do tipo de problema apresentado pelo paciente e do tipo de
planejamento traçado para melhorias estéticas e funcionais no mesmo (PROFFIT; TURVEY,
2005).
Como dito anteriormente cada ser humano é dotado de características únicas que lhe
conferem identidade e exclusividade facial. Contudo existem características semelhantes que
configuram as diferentes faces humanas, que servem para categorização e estudo das mesmas
(ENLOW, 1993). Mesmo com suas diferentes peculiaridades, os formatos da cabeça e da face
dependem crucialmente do tamanho e posição do cérebro bem como da maneira que o homem
evoluiu para andar, tornando-se ereto e bípede (BRUCE; YOUNG, 1998; ENLOW, 1993).
Por se um animal predominantemente visual, a configuração facial reflete adaptações
sensoriais, alimentares, linguísticas e sociais que a espécie humana sofreu ao longo do tempo
(BRUCE; YOUNG, 1998).
As diferenças de formatos e características faciais também dependem dos hormônios
masculinos e femininos, que configuram características marcantes nos homens e mulheres,
diferenciando-os. De uma maneira geral homens têm os narizes mais proeminentes que
tendem a voltar-se para baixo se comparados aos das mulheres; que por sua vez possuem
narizes arredondados, menos protrusivos e voltados para cima. A testa masculina tende a ser
mais inclinada e os olhos mais profundos, em contraste com a testa vertical da mulher e seus
olhos mais salientados. As bochechas femininas são aparentemente mais proeminentes do que
17
as dos homens devido aos formatos da testa e do nariz e o queixo é mais arredondado. A face
feminina tem características próximas a de um bebê, mais arredondada e curta no geral
(BRUCE; YOUNG, 1998; ENLOW, 1993).
Existem diferentes classificações a partir de estudos sobre a forma da cabeça e os tipos
faciais e oclusais. Na literatura relata-se que existem três tipos básicos de formas da cabeça:
1) Dolicocéfalo de forma ovalada, horizontalmente longa e relativamente estreita; 2)
Braquicéfalo forma arredondada, com características mais curtas e mais alargadas no
sentindo horizontal e 3) Mesocéfalo tipo médio que se encontra entre estas duas
classificações (ENLOW, 1993). Os diferentes tipos faciais e oclusais estão diretamente
relacionados com estas formas de cabeça.
As classificações segundo os perfis faciais são também três e são orientadas pelo
traçado de uma linha vertical que passe pela boca e queixo, perpendicular a uma linha
horizontal que se estende do centro da órbita: 1) Ortognata – denominado ‘queixo quadrado’ é
considerado um bom perfil, pois o ângulo facial é quase reto e a linha vertical toca o lábio
superior e o queixo; 2) Retrognata perfil de aparência convexa em que a linha vertical fica
na frente do queixo e o lábio superior é retrusivo (para trás) e 3) Prognata – perfil de
aparência côncava em que a ponta do queixo é para frente da linha vertical e o lábio inferior
está à frente do superior (ENLOW, 1993).
Com relação aos padrões oclusais existem as categorias, segundo Angle (1907, apud
ENLOW, 1998): Classe I (oclusão normal), Classe II (mandíbula retruída e/ou maxila
protruída), Classe III (maxila retruída e/ou mandíbula protruída). Estes problemas podem ser
piorados com assimetrias de mandíbula e/ou maxila, advém de padrões de crescimento
anormais ou acidentes (ENLOW, 1993; PROFFIT; TURVEY, 2005). Grandes assimetrias
faciais, da maxila e mandíbula, são facilmente observadas em exames clínicos e
18
frequentemente estão presentes em pacientes com deformidades dentofaciais (PROFFIT;
TURVEY, 2005).
Tais problemas, segundo Enlow (1993) podem advir de malformações (defeito
morfológico de um órgão, parte dele ou de partes do corpo por consequência de
desenvolvimento anormal embrionário fenda palatina, por exemplo), deformações (forma
ou posição anormal de uma região do corpo causada por forças mecânicas no período fetal
deformações da mandíbula, por exemplo) ou disrupções (defeito morfológico que resulta de
uma ruptura ou interferência no desenvolvimento fetal normal – ocorrência esporádica).
Estudos nas áreas de ortodontia e cirurgia bucomaxilofacial (ortognática) buscam
trazer contribuições e soluções para se obter um maior equilíbrio estético e funcional na face,
ao corrigir problemas oclusais, de malformações e/ou deformações. As consequências destas
intervenções podem gerar melhorias na qualidade de vida e na qualidade das relações
interpessoais de quem sofre com tais problemas (LAUREANO FILHO et al., 2003). A
harmonia entre os diferentes elementos faciais é um dos pontos principais neste tipo de
cirurgia (SUGUINO et al., 1996) e, na grande maioria das vezes, o usadas relações
matemáticas para atingir objetivos de melhoria na estética facial.
O conceito de Beleza, segundo Eco (2004), remonta à percepção do que é bom e nos
agrada; aquilo que atrai o olhar e estimula o desejo. Na Grécia antiga ela estava associada a
outras qualidades como justiça e conveniência. A arte grega destacava a visão subjetiva na
avaliação da beleza e suas esculturas, baseadas em cânones de proporções de corpos e faces,
traduziam ideais da beleza psicofísica, com harmonização do corpo e da alma: a beleza das
formas e a bondade da alma.
Estas concepções de beleza clássica ainda hoje subjazem o imaginário coletivo e
influenciam os julgamentos em todo momento, relacionando o que é belo ao que é bom,
inclusive entre os seres humanos.
19
Com Pitágoras, uma visão estético-matemática do universo relaciona a beleza, a
harmonia e a simetria. Contudo foi percebido que a simetria sozinha não dava conta dos
fascínios que uma bela escultura poderia provocar. Dois séculos mais tarde, Policleto
enfatizou as proporções entre os elementos corpóreos ao produzir uma estátua chamada de
‘Cânone’, onde se colocaram todas as regras de uma justa proporção e não mais no equilíbrio
dos elementos iguais como na simetria (ECO, 2004).
Policleto é considerado o formulador da antropometria clássica grega. Ele determinou
proporções ‘objetivas’ e ‘orgânicas’ no corpo humano normal que levavam em consideração a
sua flexibilidade; sem predeterminar dimensões tecnicamente estabelecidas como na arte
estática dos egípcios, dominada por um código mecânico e estático (PANOFSKY, 1976).
As palavras de Cláudio Galeno (século II apud ECO, 2004, p. 75) traduzem o ideal de
beleza da época:
“(...) Beleza não reside nos elementos singulares, mas na harmoniosa proporção das
partes, na proporção de um dedo em relação ao outro, de todos os dedos em relação
à mão, do resto da mão em relação ao pulso, deste em relação ao antebraço, do
antebraço em relação a todo o braço. Enfim, de todas as partes em relação a todas as
outras, como está escrito no cânone de Policleto.”
Neste sentido, ainda hoje, as proporções entre os atributos físicos da face humana
também são utilizadas como parâmetro ‘ideal’ de beleza. Vários métodos, baseados em tais
relações matemáticas e em cânones neoclássicos, são utilizados para analisar faces no campo
ortodôntico e cirúrgico. Com a finalidade de planejar intervenções em pacientes com
problemas faciais estéticas ou funcionais as análises cefalométricas são um dos instrumentos
mais populares. Tais procedimentos padronizados têm a finalidade de coletar dados e obter
informações referentes à situação dos tecidos ósseos do paciente (LAUREANO FILHO et al.,
2003).
Villela (1998) relata que as análises de radiografias cefalométricas de perfil foram as
primeiras a serem utilizadas pelos ortodontistas neste campo, e foram consideradas suficientes
20
para estabelecer normas clínicas; no final da cada de 1960, com o desenvolvimento de
programas computadorizados para cefalometria e maior compreensão das mesmas, a análise
frontal – com o diagnóstico das assimetrias faciais – começou a ser valorizada.
Suguino et al. (1996) fizeram uma revisão dos métodos analisando aqueles destinados à
avaliação do tecido duro (radiografias cefalométricas) e do tecido mole, tanto de vista frontal
quanto lateral. Estes pesquisadores enfatizam que, na visão frontal, a face deve ser examinada
na avaliação da simetria bilateral, proporções de tamanho da linha mediana às estruturas
laterais e proporcionalidade vertical. O plano estético de Ricketts é um dos métodos mais
utilizados neste tipo de análise frontal e baseia-se, na medida de proporção áurea e descreve
uma estética facial excelente (SUGUINO et al., 1996).
A análise cefalométrica no plano frontal apresentada por Ricketts é capaz de estabelecer
padrões esqueléticos e dentários do paciente, através de distâncias lineares, leva em conta a
idade do mesmo e complementa a análise de perfil do paciente (VILLELA, 1998). Na análise
de Ricketts a face é analisada segundo padrões normativos em cinco campos diferentes:
Problema Dentário, Problema Esquelético, Dentoesquelético, Relação Craniofacial e
Estrutural Interno.
Outro método utilizado neste campo de exame facial frontal é a análise dos tecidos
moles da face. Gregoret et al. (1999) recomendam que este tipo de estudo seja feito com
fotografias que deverão estar em perfeita orientação da cabeça, com paralelismo ao solo.
Como na análise cefalométrica também são estudadas as simetrias da face, contudo em função
da configuração da face total e não somente em sua configuração óssea.
O estudo frontal fornece informações sobre as dimensões verticais, a linha média, níveis
faciais e contorno da face. Nesta análise, no sentido horizontal são considerados os terços:
superior, médio e inferior da face; e no sentido vertical é importante dividi-la em quintos
21
faciais, sendo estes importantes para o aprofundamento do estudo das assimetrias
(GREGORET et al., 1999). Estas relações são mostradas na Figura 1 (I a III).
Figura 1. Análises Faciais: I) Análise dos terços faciais, II) Análise dos quintos faciais, III) Linha média
facial, base para o estudo dos meios faciais (GREGORET et al., 1999)
Pacientes que passam por cirurgias ortognáticas têm seus traços e configurações faciais
modificadas, o que faz com que alterações na percepção desta ‘nova’ face sejam observadas
tanto o próprio paciente quanto para terceiros (SUGUINO et al., 1996). A análise facial é útil,
então, para poder verificar a situação atual e poder predizer as possíveis alterações faciais que
ocorrerão após cirurgia e visa a um correto plano de tratamento para o procedimento cirúrgico
(LAUREANO FILHO et al., 2003). Na Figura 2 mostra-se a face de uma paciente antes e
depois da cirurgia.
Figura 2. Exemplo de uma face de paciente antes (A) e depois (B) da cirurgia ortognática. Neste caso, na cirurgia
foi feito um avanço maxilar com melhora em sua oclusão e obtenção de ganhos estéticos consideráveis
(SUGUINO et al., 1996)
I II III
A
B
22
As diferenças entre o ‘antes’ e o ‘depois’ da cirurgia parece ter significado marcante
na vida do paciente, além de dar subsídios para uma análise funcional e estética desta
modificação. Neste sentido, faz-se importante analisar faces de pacientes antes e após o
procedimento cirúrgico, a fim de conhecer quais as alterações importantes feitas durante a
cirurgia.
Procedimentos cirúrgicos desta natureza, dependendo da magnitude da discrepância
facial, podem variar desde pequenas movimentações de grupos dentários até a movimentação
completa da mandíbula e/ou maxila. Laureano Filho et al. ( 2003) discutem que, ao se tratar
de pacientes com disfunções dentoesqueléticas, são necessárias equipes multidisciplinares,
coordenadas por ortodontistas e cirurgiões (bucomaxilofaciais e de cabeça e pescoço), além
de acompanhamentos psicológicos, fonoaudiológicos, de otorrinolaringologistas, etc., devido
à complexidade dos casos. O tratamento deste tipo de deformidades é constituído pela
ortodontia pré-cirúrgica, procedimento cirúrgico em si e ortodontia pós-cirúrgica.
O CEDEFACE (Centro de Pesquisa e Tratamento das Deformidades Buco-Faciais),
criado há treze anos, é um centro localizado na cidade de Araraquara que visa estudar,
diagnosticar e tratar pacientes portadores de deformidades dentofaciais, em uma abordagem
multidisciplinar. Este centro é constituído por uma equipe multiprofissional, que integra
dentistas, cirurgiões bucomaxilofaciais, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas,
otorrinolaringologistas, dentre outros profissionais. Estes profissionais realizam avaliações
dos pacientes em três fases do atendimento: inicial, no pré-operatório e pós-operatório. As
análises faciais são realizadas nestas três fases do tratamento: inicial para diagnóstico e
planejamento de intervenção, na fase pré-operatória com a análise de traçados cefalométricos
e predictivos e na fase pós-operatória com a análise final da face.
Além das análises faciais o julgamento estético também tem se mostrado muito válido
no planejamento de tratamento em cirurgia ortognática (SUGUINO et al., 1996). Alguns
23
estudos, como o de Kerr, Dorth e O’Donnell (1990), mostram que julgamentos de atratividade
de faces, antes e depois do tratamento ortodôntico, foram diferentes entre quatro diferentes
grupos: ortodontistas, estudantes de odontologia, estudantes de artes e parentes de crianças
que estavam em tratamento ortodôntico. Estudantes de artes e os parentes das crianças foram
menos críticos com relação à atratividade e menos sensíveis às mudanças ortodônticas
ocorridas na face do que os ortodontistas e os estudantes de odontologia.
Outro aspecto importante a ser estudado nesta área é como o paciente avalia o
resultado do tratamento, tanto em dimensões físicas e funcionais quanto em avaliações
psicológicas, com combinação de testes e/ou escalas psicológicas a entrevistas sobre
satisfação e percepção de resultados (FINLAY; ATKINSON; MOOS, 1995; PHILLIPS;
PROFFIT, 2005).
Tais avaliações são importantes principalmente para verificar o quanto este tipo de
cirurgia afeta o cotidiano destes pacientes. Estudos norteamericanos mostram que até metade
dos pacientes com deformidades maxilomandibulares apresentam nível elevado de angústia, o
que pode predizer problemas de relacionamento interpessoal que afetam a qualidade de vida
(PHILLIPS; BENNETT; BRODER, 1998). Cirurgias deste tipo podem, então, ser
enquadradas no paradigma da qualidade de vida, para um melhor o dia-a-dia destes
indivíduos. Estudos mostram que a grande maioria dos pacientes norteamericanos (82%) está
feliz com os resultados do tratamento entre 4 e 6 semanas após a cirurgia e este número sobe
para 90% após dois anos (PHILLIPS; BENNETT, 2000, apud PHILLIPS; PROFFIT, 2005).
A literatura aponta que, não somente curar e prevenir doenças, mas também melhorar
e manter aspectos de saúde são objetivos na busca da qualidade de vida. O alto nível de
satisfação dos pacientes submetidos a cirurgias ortognáticas pode ser interpretado como uma
melhoria na qualidade de vida, com obtenção de ganhos na saúde geral, no comportamento
emocional e nas dimensões psicossociais (BENNETT; PHILLIP, 1999).
24
Parece ser muito importante ter um amplo entendimento sobre os efeitos do tratamento
das deformidades dentofaciais na qualidade de vida e estados emocionais dos pacientes. Isto
pode permitir espaços de mudanças nas políticas públicas (e também privadas, com coberturas
nos planos de saúde) para possibilitar que os benefícios sejam estendidos à população, não
como um tratamento supérfluo, mas sim como uma questão de saúde pública.
Os instrumentos de avaliação são artefatos de grande valia nestes tipos de avaliações
que envolvem quadros clínicos complexos, em situações de julgamento do estado emocional
diante de cirurgias e/ou extensos tratamentos.
Sabe-se que todos os campos do saber científico são dependentes, em grande parte,
dos instrumentos de medidas. A evolução e aperfeiçoamento destes instrumentos possibilitam
avanços na ciência (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006). Os estudos na área de psicologia
tiveram um grande avanço com a evolução e aprimoramento das técnicas e instrumentos de
medidas.
Descobriu-se que o homem era um precioso e fidedigno instrumento de medida, e que
ele conseguia mensurar variáveis métricas e também as não métricas. Com desenvolvimento
dos testes psicológicos, com os primeiros de na área da inteligência, não somente o estudo das
diferentes habilidades cognitivas humanas foi possibilitado, mas também o entendimento de
variáveis que podem explicar comportamentos humanos e, até mesmo, prevê-los.
Os diferentes usos e aplicações de métodos de medidas nas ciências humanas são necessários
para a mensuração dos aspectos subjetivos, que antes não podiam ser expressos a não ser com
palavras. Este avanço permite uma melhoria nos cuidados de saúde em geral e possibilita mais
avanços científicos no campo da saúde em geral.
A psicometria é o campo de estudo da psicologia que possibilita a estruturação, avanço
e aprimoramento das técnicas utilizadas para o estudo das inúmeras características humanas.
Com o uso de escalas, questionários, testes, inventários, possibilidades de uma abordagem
25
científica para o estudo de fatores como: atitudes, interesses, traços de personalidade, diversas
experiências sensoriais, estados mentais, dentre diversos outros constructos subjetivos.
Por conta disto, por serem do campo da psicofísica, e apresentarem respostas
subjetivas, são observadas grande variabilidade, o que faz necessário a atenção na elaboração,
construção e aplicação de instrumentos para que tenham bons coeficientes de fidedignidade e
validade, ao medir exatamente aquilo que foi proposto em sua elaboração (PASQUALI,
2003).
Outras características importantes como: ser considerado fácil tanto na aplicação, na
pontuação e na interpretação, ser aplicado em um menor tempo possível, ser relevante e
apropriado para a amostra de interesse, etc. Tais qualidades devem ser levadas em conta para
que um instrumento possa ser considerado bom (DA SILVA; RIBEIRO-FILHO, 2006).
Muitos e diversificados são os instrumentos de medida em psicologia utilizados na
atualidade. Desde a obtenção de números que expressam a intensidade sonora de um ruído ou
o comprimento de uma simples linha até a avaliação de estados de dor, ansiedade, qualidade
de vida; o uso de escalas, questionários e testes padronizados possibilitam o inferir sobre o
mundo subjetivo.
Diferentes são as formas de aplicação destes instrumentos, como os preenchidos pelo
observador/pesquisador (que, de certo modo, podem esbarrar na falta de experiência do
observador e prejudicar os dados) ou os preenchidos pelo próprio sujeito, as de autoaplicação.
Estes últimos são fáceis de administrar; eficientes e econômicos na avaliação de grande
número de indivíduos (FREITAS; GORENSTEIN; APPOLINARIO, 2002), contudo
Guimarães (2000) aponta que as autoaplicáveis podem apresentar limitações por maior
dificuldade de compreensão, falsificação dos dados e maior necessidade de cooperação do
avaliado.
26
No uso ampliado dos instrumentos de avaliação de estados subjetivos podem ser
encontradas escalas de natureza discreta, em que os sujeitos devem assinalar ‘categorias’
intervalares ou não (pouco, mais ou menos, intensamente) ou analógica, as quais são
apresentadas em uma linha reta contínua que representa, supostamente, toda a gama daquela
situação a ser avaliada (GUIMARÃES, 2000).
Um exemplo dessa última, a Visual Analogue Scale (VAS) possui em suas
extremidades de sua linha, os limites, nimo e máximo identificados por categorias verbais,
para avaliar a experiência subjetiva. A tarefa do examinado ou participante é marcar na linha
um ponto correspondente daquele continuum que represente sua experiência subjetiva. A
distância marcada é medida por uma régua milimetrada e é atribuído um valor numérico
correspondente (HUSKISSON, 1983).
A escala analógica visual (EVA ou VAS) é empregada na avaliação de humor, dor,
ansiedade, além de servir para mensuração da atratividade, como no presente estudo. A
literatura alerta que as instruções e o treinamento prévio no preenchimento são fatores
importantes no emprego deste tipo de escalas, ademais alguns cuidados extras, como a análise
fatorial de respostas, podem torná-las mais sensíveis na detecção de experiências subjetivas
do que as de natureza discreta (GUIMARÃES 2000).
Huskinsson (1983) também apresenta algumas falhas que podem atrapalhar a
aplicação da VAS, como falhas no entendimento dos conceitos utilizados nas extremidades e
pequenas variações em reproduzir a experiência subjetiva ao longo da linha. Contudo ele
afirma que esta escala pode ser utilizada com confiança uma vez que é simples, confiável,
reproduzível e sensível; e por ter uma maior capacidade de transformar em resposta uma
experiência subjetiva do que uma escala verbal puramente descritiva ou categórica.
Nos estudos sobre ansiedade as escalas tentam garantir todos os diferentes aspectos de
sensações e sentimentos que envolvem o quadro, contudo a maioria enfatiza apenas um ou
27
outro (ANDRADE; GORENSTEIN, 2000). Além de sua utilização no contexto científico e
clínico, o uso de escalas no estudo da ansiedade também é útil para a distinção entre
ansiedade-traço e ansiedade-estado, tanto em pessoas normais quanto em pacientes. O
“IDATE Inventário de Ansiedade Traço-Estado” foi construído para tal distinção
(ANDRADE; GORENSTEIN, 2000).
Pesquisas com pacientes com deformidades dentofaciais apontam para o uso de
escalas no enfrentamento do problema e na avaliação dos resultados. Tais avaliações são
importantes principalmente para verificar o quanto este tipo de cirurgia afeta o cotidiano
emocional destes pacientes, sua qualidade de vida (BENNETT; PHILLIPS, 1999; NARDI et
al., 2003) e outras variáveis como autoestima (CUNNINGHAM; HUNT; FEINMANN, 1996;
LAZARIDOU-TERZOUDI et al., 2003; NICODEMO; PEREIRA; FERREIRA, 2008),
imagem corporal (LAZARIDOU-TERZOUDI et al., 2003), ansiedade (PHILLIPS;
BENNETT; BRODER, 1998), depressão (NICODEMO; PEREIRA; FERREIRA, 2008),
dificuldades sociais (NEWELL; MARKS, 2000; PHILLIPS; BENNET; BRODER, 1998),
dentre outras.
A área de estudo que abrange os indivíduos que sofrem com as deformidades
dentofaciais e suas implicações físicas e emocionais é bastante ampla. No entanto para que se
possibilite estudar faces com deformidades físicas tem-se que, primeiramente, estudar faces
sem grandes deformidades. E, além disto, verificar o quanto estas faces, sem grandes
distorções aparentes, são consideradas atrativas ou não. Também outro parâmetro
comparativo que serve de base tanto física quanto perceptiva (para julgamentos) é análise de
faces prototípicas.
Faces prototípicas sendo então imagens faciais que representam a aparência típica de
um grupo de pessoas, com o cômputo da média matemática dos valores dos traços de uma
população, indicam a tendência de características físicas faciais daquela população
28
(RHODES, 2006). Portanto, protótipos faciais têm sido utilizados para testar hipóteses em
reconhecimento de faces e também para elucidação de alguns tópicos em percepção de faces,
como atratividade.
Como visto na teoria sobre atratividade dos protótipos, faces atrativas possuem
aparência próxima aos protótipos de sua raça (RHODES; TREMEWAN, 1996; RHODES;
SIMMONS; PETERS, 2005; RHODES; SUMICH; BYATT, 1999; O’TOOLE et al., 1999).
O julgamento de atratividade de uma face prototípica tende a ser mediano,
independentemente da atratividade das faces da amostra que o compõe (LANGLOIS;
ROGGMAN, 1990). Assim, um protótipo construído por faces não atrativas terá níveis de
atratividade superior a elas; um protótipo gerado por faces muito atrativas, terá um nível
inferior de atratividade.
Além de estudos sobre atratividade, o protótipo, como representante da forma facial de
um determinado grupo, pode também ser utilizado como parâmetros físicos em cirurgias de
correção e reconstruções faciais.
No Brasil estudos sobre atratividade de faces humanas utilizaram fotografias
provenientes de banco de faces de outras culturas, outras etnias (SILVA, 2005). Neste estudo,
(em que foram utilizadas faces do banco pertence à Universidade de Stirling, na Escócia), os
baixos escores de atratividade evidenciaram uma aceitação das faces-estímulos, e por
consequência, a maioria dos participantes considerou as faces estímulo como ‘feias’.
Considera-se que o viés cultural ou étnico possa ter influencia e/ou prejudicado os
julgamentos das faces.
Estudos mostram que as diferenças étnicas devem ser levadas em consideração neste
tipo de análise (CHOE et al., 2004; ENLOW, 1993; REIS et al., 2006a, 2006b; SCAVONE
JUNIOR et al., 2006). Muitos outros estudos transculturais devem ser realizados a fim de
ampliar as possibilidades de análises faciais em diferentes grupos étnicos e raciais.
29
Ao tentar diminuir este viés, e com o interesse em estudar as características da
população brasileira em seus aspectos físicos e perceptivos, este estudo propõe a análise de
uma amostra de faces de voluntários provenientes da cidade de Ribeirão Preto, SP. Essa
amostra de faces pertence a um banco de imagens faciais do laboratório de Psicofísica e
Percepção do DPE-FFCLRP-USP, sob responsabilidade do Prof. Dr. Sérgio S. Fukusima, e
que fora construído pela Dra. Ana Irene Fonseca Mendes e Kátia Cruvinel Arrais.
As possibilidades de pesquisas em percepção facial na população brasileira cresceram
significativamente com a criação deste banco de faces e, também a partir dele, com a
confecção de protótipos da população por ele composta (Figuras 3 a 8). Têm-se, então, faces
das três etnias mais frequentes em nossa região, segundo o Censo do IBGE de 2000: brancos
(77%), pardos (16%) e pretos (6%). Os critérios para o enquadre das pessoas em uma destas
etnias consistiu na autodeclaração dentro das categorias definidas pelo IBGE (2000): branco,
preto, pardo, indígena e amarelo.
2) Objetivos Gerais do Trabalho:
Com base nestas informações, três objetivos gerais foram traçados para este estudo: 1)
Avaliar faces sem deformidades através da análise do banco de faces da população de
Ribeirão Preto, SP e seus respectivos protótipos a fim de que pudessem servir como
parâmetros físicos e perceptivos para análises de faces de pessoas com deformidades
dentofaciais que sofreram cirurgia ortognática; 2) Analisar a atratividade facial dos pacientes
submetidos a cirurgias ortognáticas, nas fases pré e pós-cirúrgicas, relacionando a atratividade
aos parâmetros físicos faciais alterados pela cirurgia e também avaliar as consequências
emocionais que abrangem qualidade de vida, ansiedade e autoestima nestes pacientes que
sofreram modificações estéticas e funcionais nas faces através da correção ortognática.
30
Figura 5. Protótipo da
população masculina preta.
Figura 6. Protótipo da
população feminina preta.
Figura 8. Protótipo da
população feminina parda.
Figura 7. Protótipo da
população masculina parda.
Figura 3. Protótipo da
população masculina branca.
Figura 4. Protótipo da
população feminina branca.
31
Faz-se importante este tipo de estudo em predizer quais os melhores parâmetros a
serem utilizados em tratamentos ortocirúrgicos que podem se correlacionar a melhorias da
estética facial e aos aspectos emocionais dos pacientes envolvidos.
3) Método
O estudo foi dividido em três fases:
1) Análise facial do banco de faces e protótipos;
2) Análise facial dos pacientes submetidos à cirurgia ortognática e investigação da
atratividade dos mesmos (Experimentos 1 e 2);
3) Investigação da qualidade de vida, ansiedade e autoestima dos pacientes
submetidos
à cirurgia ortognática.
3.1)
A
NÁLISE
F
ACIAL DO
B
ANCO DE
F
ACES E
P
ROTÓTIPOS
.
Foram analisadas 390 imagens de faces frontais de adultos (18 a 30 anos), sendo: 192
fotografias femininas (64 brancas, 64 pretas e 64 pardas) e 192 fotografias masculinas (64
brancas, 64 pretas e 64 pardas) de pessoas provenientes da cidade de Ribeirão Preto, SP, que
se auto declararam brancas, pretas ou pardas, mais 6 protótipos faciais, 2 de cada gênero (2
masculinos e 2 femininos) e etnia (brancos, pretos e pardos). Estas faces compõem o ‘Banco
de imagens faciais’ pertencente ao Laboratório de Psicofísica e Percepção do DPE-FFCLRP-
USP, sob responsabilidade do Prof. Dr. Sérgio S. Fukusima.
Os protótipos foram confeccionados pela Dra. Ana Irene Fonseca Mendes e Kátia
Cruvinel Arrais, a partir das faces pertencentes ao banco de faces do laboratório de Psicofísica
e Percepção. A confecção dos mesmos ocorreu a partir das 64 fotografias analisadas para cada
gênero e etnia, por exemplo, o protótipo feminino preto foi confeccionado pelas 64 faces
femininas pretas que compõem esta amostra e assim sucessivamente para cada gênero e etnia.
32
As médias de idade em anos (e respectivos desvios padrões) de cada protótipo são: Masculino
Branco: 21.77 (D.P.: 2.86), Feminino Branco: 22.02 ( D.P.: 3.31), Masculino Preto: 22.95
(D.P.: 3.97), Feminino Preto: 23.03 (D.P.: 3.94), Masculino Pardo: 21.60 (D.P.: 3.24),
Feminino Pardo: 22.73 (D.P.: 3.90).
Procedimento:
Todas as imagens (faces e protótipos) foram editadas e medidas com o auxílio de um
editor de imagens. Todas as fotografias, antes de serem analisadas, foram submetidas a um
procedimento de padronização, o que permite uma uniformidade dos elementos e
características faciais externas (como cabelos, orelhas e pescoço). Para tanto as faces
receberam uma máscara correspondente ao protótipo de seu gênero e etnia. Por exemplo,
todas as faces brancas masculinas receberam a máscara com os cabelos, orelhas e pescoço do
protótipo branco masculino e assim sucessivamente com todas as etnias e gêneros.
Posteriormente realizou-se adaptação do tamanho, cores e contrastes da máscara para melhor
adequação à imagem facial original.
As análises tiveram seus critérios baseados nas proporções entre os terços, meios e
quintos faciais. Na análise dos terços a face é dividida em três partes praticamente iguais
(GREGORET et al., 1999): o terço superior (do tríquio à glabela), o terço médio (da glabela a
subnasal) e o terço inferior (da subnasal ao mentoniano) como na Figura 1 I.
Na análise dos meios (simetria facial) divide-se a face em hemiface direita e esquerda,
pela linha mediana traçada a partir do centro da glabela, equidistante a ambos os cantos
oculares internos (Figura 1 III). Quatro medidas são analisadas para cada hemiface: 1) da
mediana à base alar do nariz, 2) da mediana à comissura labial, 3) da mediana aos cantos
oculares externos e 4) da mediana às orelhas. A numeração 1, 2, 3 e 4 será utilizada para
nomear as medidas correspondentes a cada hemiface direita e esquerda. O esperado para uma
face simétrica é: 1d=1e; 2d=2e, 3d=3e e 4d=4e, segundo Gregoret et al. (1999).
33
Existem diferentes tipos de assimetrias, que podem englobar desde assimetria ocular,
os desvios nasais e do mento até o hipodesenvolvimento de uma hemiface, dentre outros.
Algumas assimetrias são quase imperceptíveis em um primeiro exame do paciente outras,
porém, podem ser muito severas, muitas relacionadas a síndromes genéticas ou formações
(GREGORET et al., 1999).
A análise dos quintos faciais aprofunda o estudo da simetria. Ela é realizada ao se
dividir a face em cinco partes, ao traçar linhas paralelas à linha mediana. Essas linhas passam
pelos cantos externos e internos dos olhos e pelos pontos mais externos à altura dos ossos
parietais. A saber: 1º.) medida da orelha direita ao canto ocular externo direito, 2º.) medida
do olho direito, 3º.) medida entre os cantos internos dos olhos, 4º.) medida do olho esquerdo,
5º.) medida do canto ocular externo esquerdo a orelha esquerda. Existe uma regra chamada
"regra dos quintos" que afirma que a largura total da face seria equivalente a cinco vezes a
largura dos olhos, num total de cinco partes praticamente iguais (GREGORET et al., 1999),
como visto na Figura 1 II.
Análise dos dados: Todas as imagens (faces e protótipos) foram medidas com o
auxílio de um software editor de imagens. As medidas reais em cada análise foram
transformadas em proporções para que as imagens pudessem ter uniformidade nas medidas.
Os softwares SPSS
versão 12.0 e BioEstat 5.0 foram utilizados para as análises estatísticas.
Testes de normalidade (Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk) foram aplicados aos
dados e testes não paramétricos utilizados, como Friedman (equivalente à ANOVA
paramétrica e compara a soma dos postos entre os diferentes tratamentos, de acordo com
DAWSON; TRAPP, 2003) e o teste de Wilcoxon (equivalente ao Teste T, de acordo com
DAWSON; TRAPP, 2003), pela característica de não normalidade dos dados analisados.
34
Resultados
Os dados das 390 imagens de faces frontais estão exibidos conforme a etnia das faces:
brancas, pretas e pardas, respectivamente.
Faces Brancas:
As análises faciais das 130 imagens brancas, sendo 128 fotos de faces (64 femininas e
64 masculinas), mais os protótipos de cada gênero (1 masculino e 1 feminino), indicaram
alguns resultados diferentes do preconizado pela literatura, tanto para os terços quanto para os
quintos faciais.
Ao analisar os terços (superior, médio e inferior), segundo (GREGORET et al., 1999),
divide-se a face em três partes praticamente iguais, sendo a proporção esperada para cada uma
igual a 0,33 (Figura 1 I).
Para as faces masculinas o teste de normalidade (Kolmogorov-Smirnov) mostrou que
os dados dos terços superior e médio não se distribuem normalmente e somente as medidas do
terço inferior se distribuem na curva normal. Portanto, optou-se pela utilização de testes não
paramétricos nas análises como o Teste de Friedman e o teste de Wilcoxon, (DAWSON;
TRAPP, 2003) para comparar os três terços analisados. Verificou-se que as proporções dos
três terços diferem entre si [Q (2,64) = 96,024; p<0,01], com medianas de 0,29 para o terço
superior, 0,33 para o médio e 0,38 para o inferior (Figura 9). O Teste de Wilcoxon foi
aplicado para verificar as diferenças entre as proporções de cada terço e a medida esperada
(0,33). O terço médio apresentou proporção igual ao esperado (p>0,01) e os terços superior e
inferior apresentaram diferenças estatisticamente significativas (p<0,01) entre as suas
proporções e a esperada.
Para as faces femininas o teste de normalidade (Kolmogorov-Smirnov) mostrou que os
dados dos terços superior e médio não se distribuem normalmente e somente as medidas do
35
terço inferior se encaixam na curva normal. O Teste de Friedman também foi aplicado para
comparações entre a soma dos postos dos três terços analisados. Verificou-se que as
proporções dos três terços diferem entre si [Q (2,64) = 77,200; p<0,01], com medianas de
0,30 para o terço superior, 0,34 para o médio e 0,36 para o inferior (Figura 9).
Houve um aumento de proporções de medidas no sentido vertical de cima para baixo
como nas faces masculinas. O Teste de Wilcoxon foi aplicado para verificar as diferenças
entre as medidas de cada terço e a medida esperada (0,33). Como para as faces masculinas,
houve diferenças significativas (p<0,01) entre as medidas dos terços superior e inferior
comparadas à medida esperada, contudo as medidas do terço médio não tiveram diferenças
estatisticamente significativas à esperada (p>0,01).
Figura 9. Análise facial dos terços das faces masculinas e femininas brancas (os dados são
representados como as proporções dos terços e ± E.P.M. ; * p<0,01 comparado com o
esperado 0,33 destacado pela linha)
Para o protótipo masculino as proporções foram: terço superior 0,28, terço médio 0,33 e
terço inferior 0,39, o que segue a mesma tendência de medidas das faces que o compuseram.
Para o protótipo feminino as medidas foram: terço superior 0,29, terço médio 0,34 e terço
*
*
*
*
36
inferior 0,36, também seguem a tendência de medidas das faces que o compuseram (Figura
10).
Para a análise dos quintos esperava-se a igualdade entre as medidas, pois segundo
Gregoret et al. (1999) a regra dos quintos afirma que a largura total da face seria equivalente a
cinco vezes a largura dos olhos, com cinco partes praticamente iguais. Ou seja, proporção de
0,20 para cada quinto facial. A saber, os quintos analisados foram: 1º.) medida da orelha
direita ao canto ocular externo direito, 2º.) medida do olho direito, 3º.) medida entre os cantos
internos dos olhos, 4º.) medida do olho esquerdo, 5º.) medida do canto ocular externo
esquerdo a orelha esquerda (Figura 11).
Figura 10. Análise facial dos terços dos protótipos brancos, masculinos e femininos (os dados
são representados como as proporções dos terços)
37
Figura 11. Exemplo de face feminina, com referência às medidas dos quintos
Para as faces masculinas o teste de normalidade indicou que os dados dos cinco quintos
não se distribuem normalmente, foi então aplicado o teste de Friedman para comparação entre
a soma dos postos das proporções dos quintos. Foram observadas diferenças significativas
entre as proporções dos quintos [Q(4,64) = 198,920; p<0,01], sendo que o 1
o
quinto
apresentou mediana de 0,24, o 2
o
quinto 0,17, o 3
o
quinto 0,20, o 4
o
quinto 0,17 e o 5
o
quinto
0,23. Diferenças significativas (p<0,05) foram observadas entre os pares de quintos: 1
o
e 2
o
,
1
o
e 3
o
, 1
o
e 4
o
, 2
o
e 3
o
, 2
o
e 5
o
, 3
o
e 4
o
, 3
o
e 5
o
, 4
o
e 5
o
. Entre os quintos 1
o
e 5
o
(medida da
orelha ao canto ocular externo direito e esquerdo, respectivamente), 2
o
e 4
o
(medidas do olho
esquerdo e direito, respectivamente) não foram verificadas diferenças significativas (p>0,05).
Para as faces femininas o teste de normalidade também indicou que os dados dos cinco
quintos não se distribuem normalmente, para tanto foi aplicado o teste não paramétrico de
Friedman para comparação entre a soma dos postos das proporções dos quintos. Foram
observadas diferenças significativas entre as proporções dos quintos [Q (4,64) = 219,321;
p<0,01], com o 1
o
quinto com mediana de 0,23, o 2
o
quinto 0,17, o 3
o
quinto 0,20, o 4
o
quinto
0,17 e o 5
o
quinto 0,23. Diferenças significativas (p<0,05) foram observadas entre os pares de
2
o
3
o
4
o
5
o
1
o
38
quintos: 1
o
e 2
o
, 1
o
e 3
o
, 1
o
e 4
o
, 2
o
e 3
o
, 2
o
e 5
o
, 3
o
e 4
o
, 3
o
e 5
o
, 4
o
e 5
o
. Entre os quintos 1
o
e 5
o
(medidas do canto externo dos olhos à orelha direita e esquerda, respectivamente), 2
o
e 4
o
(medidas do olho esquerdo e direito respectivamente) não foram verificadas diferenças
significativas (p>0,05).
O teste de Wilcoxon foi aplicado nas medidas dos quintos para faces masculinas e
femininas, a fim de comparar à medida esperada (0,20). Foram verificadas diferenças
significativas (p>0,01) entre a medida esperada e as medidas dos 1
o
, 2
o
, 4
o
e 5
o
quintos. Para a
medida do 3
o
quinto (distância intercantal) não houve diferença estatística (p<0,01) com
relação à medida esperada (Figura 12)
Figura 12. Análise facial dos quintos das faces masculinas e femininas brancas (os dados são
representados como as proporções dos quintos e ± E.P.M; * p<0,01 comparado com o
esperado 0,20 destacado pela linha)
Comparadas à proporção esperada houve um aumento nos 1
o
e 5
o
quintos e uma
diminuição nos 2
o
e 4
o
quintos, tanto para as faces femininas quanto para as masculinas
*
*
*
*
*
*
*
*
39
brancas. As proporções dos 3
os
quintos foram estatisticamente iguais a 0,20 para os dois sexos
das faces (p<0,01).
Para os protótipos, tanto masculino quanto feminino as proporções foram: 1
o
quinto
0,24, o 2
o
quinto 0,17, o 3
o
quinto 0,19, o 4
o
quinto 0,17 e o 5
o
quinto 0,24. Os aumentos de
proporções de medidas observados nos 1
o
e 5
o
quintos nas faces brancas foram também
observados nos protótipos como também as diminuições das proporções nos 2
o
e 4
o
quintos
(Figura 13).
Figura 13. Análise facial dos quintos dos protótipos brancos, masculino e feminino (os dados
são representados como as proporções dos quintos)
Para a análise dos meios faciais (simetria bilateral) dividiu-se a face hemiface direita e
esquerda, pela linha mediana traçada a partir do centro da glabela, equidistante a ambos os
cantos oculares internos. Quatro medidas são analisadas para cada hemiface: 1) da mediana à
base alar do nariz, 2) da mediana à comissura labial, 3) da mediana aos cantos oculares
externos e 4) da mediana às orelhas. A numeração 1, 2, 3 e 4 será utilizada para nomear as
40
medidas correspondentes a cada hemiface direita e esquerda. O esperado para uma face
simétrica é: 1d=1e; 2d=2e, 3d=3e e 4d=4e (Figura 14).
Para as faces masculinas o teste de normalidade indicou que os dados não se
distribuem normalmente, para tanto foi aplicado o teste de Wilcoxon (Dawson; Trapp, 2003)
para análise entre as proporções das hemifaces direita e esquerda. Os resultados apontaram
que as proporções são iguais estatisticamente (p>0,01) entre os dois lados das faces, sendo: 1d
e 1e = 0,11; 2d e 2e = 0,15; 3d e 3e = 0,26; 4d e 4e = 0,48 (Figura 15).
Figura 14. Exemplo de face masculina, com referência às medidas dos meios (simetria)
Também para as faces femininas o teste de normalidade indicou que os dados não se
distribuem normalmente, tendo sido aplicado o teste de Wilcoxon para análise entre as
proporções das hemifaces direita e esquerda. Os resultados apontaram que as medidas foram
estatisticamente iguais (p>0,01): 1d e 1e = 0,11; 2d e 2e = 0,15; 3d e 3e = 0,26; 4d e 4e = 0,48
(Figura 15). Estes dados mostram que tanto as faces masculinas quanto as femininas brancas
são simétricas.
41
Para o protótipo masculino as medidas foram: 1d e 1e = 0,11; 2d e 2e = 0,15; 3d =
0,26 e 3e = 0,25; 4d e 4e = 0,49 e para o protótipo feminino: 1d e 1e = 0,11; 2d e 2e = 0,15;
3d e 3e = 0,26; 4d e 4e = 0,49 (Figura 16). Tais medidas acompanham as medidas das faces
da amostra estudada, com uma pequena diferença (de 0,01) entre direita e esquerda na medida
3 (da linha mediana à extremidade dos olhos) para o protótipo masculino.
Figura 15. Análise facial dos meios (simetria) das faces masculinas e femininas brancas (os
dados são representados como as proporções dos meios e ± E.P.M)
Figura 16. Análise facial dos meios (simetria) dos protótipos brancos, masculino e feminino
(os dados são representados como as proporções dos meios)
42
Faces Pretas:
As análises faciais das 130 imagens pretas, destas 128 fotos eram de faces (64
femininas e 64 masculinas), mais os protótipos de cada gênero (1 masculino e 1 feminino),
também indicaram alguns resultados diferentes dos apontados na literatura, tanto para os
terços quanto para os quintos faciais.
Para as faces masculinas o teste de normalidade (Kolmogorov-Smirnov) mostrou que
os dados dos terços médio e inferior não se distribuem normalmente e somente as medidas do
terço superior se distribui na curva normal. O Teste de Friedman foi aplicado para
comparações entre a soma dos postos dos três terços analisados. Verificou-se que as
proporções dos três terços diferem entre si [Q (2,64) = 113,693; p<0,01], com medianas de
0,28 para o terço superior 0,34 para o médio e 0,39 para o inferior (Figura 17). O Teste de
Wilcoxon foi aplicado para verificar as diferenças entre as proporções de cada terço e a
esperada (0,33). Houve diferenças estatisticamente significativas (p<0,01) entre as medidas
dos terços superior e inferior com relação à esperada. A proporção do terço médio não se
diferenciou da esperada (p>0,01).
Para as faces femininas o teste de normalidade (Kolmogorov-Smirnov) mostrou que os
dados dos terços superior e médio não se distribuem normalmente e somente as medidas do
terço inferior se encaixam na curva normal. O Teste de Friedman também foi aplicado.
Verificou-se que as medidas dos três terços diferem entre si [Q (2,64) = 72,202; p<0,01], com
medianas de 0,28 para o terço superior, 0,35 para o médio e 0,37 para o inferior. (Figura 17).
O Teste de Wilcoxon foi aplicado para verificar as diferenças entre as medidas de cada terço e
a medida esperada (0,33). Para os três terços foram verificadas diferenças significativas
(p<0,01) entre as medidas comparadas à medida esperada.
43
Houve um aumento de proporções de medidas no sentido vertical de cima para baixo,
contudo com diferenças entre as faces masculinas e femininas nas medidas referentes ao terço
médio, sendo maior que 0,33 nas faces femininas.
Figura 17. Análise facial dos terços das faces masculinas e femininas pretas (os dados são
representados como as proporções dos terços e ± E.P.M.; * p<0,01 comparado com o
esperado, 0,33 destacado pela linha)
Para o protótipo masculino as proporções foram: terço superior 0,27, terço médio 0,35
e terço inferior 0,38. Para o protótipo feminino as proporções foram: terço superior 0,29, terço
médio 0,36 e terço inferior 0,36, nos dois neros seguem a tendência de medidas das faces
que o compuseram (Figura 18).
*
*
*
*
*
44
Figura 18. Análise facial dos terços dos protótipos pretos, masculino e feminino (os dados são
representados como as proporções dos terços)
Na análise dos quintos, para as faces masculinas, o teste de normalidade indicou que
os dados não se distribuem normalmente, aplicando-se então o teste não paramétrico de
Friedman para comparação entre a soma dos postos entre as medidas dos quintos. Foram
observadas diferenças significativas entre as proporções dos quintos [Q (4,64) = 159,216;
p<0,01]: o 1
o
quinto apresentou mediana de 0,22, o 2
o
de 0,17, o 3
o
de 0,21, o 4
o
de 0,18 e o
5
o
de 0,22. Diferenças significativas (p<0,05) foram observadas entre os pares de quintos: 1
o
e
2
o
, 1
o
e 4
o
, 2
o
e 3
o
, 2
o
e 5
o
, 3
o
e 4
o
, 4
o
e 5
o
. Entre os quintos 1
o
e 3
o
(medida da orelha direita ao
canto ocular externo direito e distância intercantal, respectivamente), 1
o
e 5
o
(medidas da
orelha ao canto ocular externo direito e esquerdo, respectivamente), 2
o
e 4
o
(medidas dos
olhos direito e esquerdo respectivamente) e 3
o
e 5
o
(distância intercantal e medida do canto
ocular externo esquerdo a orelha esquerda) não foram verificadas diferenças significativas
(p>0,05).
O teste de Wilcoxon foi aplicado às proporções dos quintos para comparações com a
proporção esperada (0,20). Foram verificadas diferenças significativas (p<0,01) entre a
medida esperada e as medidas de todos os quintos analisados (Figura 19).
45
Para as faces femininas o teste de normalidade também indicou que os dados dos cinco
quintos não se distribuem normalmente, tendo sido aplicado o teste não paramétrico de
Friedman para comparação entre a soma dos postos das medianas dos quintos. Foram
observadas diferenças significativas entre as proporções dos quintos [Q (4,64) = 166,331;
p<0,01] com o 1
o
quinto com mediana de 0,22, o 2
o
quinto 0,18, o 3
o
quinto 0,21, o 4
o
quinto
0,18 e o 5
o
quinto 0,22. Assim como para as faces masculinas, diferenças significativas
(p<0,05) foram observadas entre os pares de quintos: 1
o
e 2
o
, 1
o
e 4
o
, 2
o
e 3
o
, 2
o
e 5
o
, 3
o
e 4
o
,
4
o
e 5
o
. Entre os 1
o
e 3
o
quintos, 1
o
e 5
o
quintos, 2
o
e 4
o
quintos e 3
o
e 5
o
quintos não foram
verificadas diferenças significativas (p>0,05).
Figura 19. Análise facial dos quintos das faces masculinas e femininas pretas (os dados são
representados como as proporções dos terços e ± E.P.M; * p<0,01 comparado com o esperado
0,20 destacado pela linha)
Tanto as faces masculinas quanto as femininas não tiveram as proporções dos quintos
estatisticamente iguais à proporção esperada (0,20), com um aumento de proporções de
medidas no 1
o
e 3
o
e 5
o
quintos e uma diminuição das proporções nos 2
o
e 4
o
quintos.
*
*
*
*
*
* *
*
*
*
46
Para os protótipos as proporções dos quintos foram iguais nos dois gêneros (1
o
quinto
0,22, 3
o
quinto 0,20, o 4
o
quinto 0,18, 5
o
quinto 0,23), exceto no 2
o
quinto que apresentou 0,17
para o masculino e 0,18 para o feminino. Os aumentos de proporções de medidas observados
nos 1
o
e 5
o
quintos nas faces pretas foram observados tanto nos protótipos quanto nas faces da
amostra, como também as diminuições das proporções nos 2
o
e 4
o
quintos. Os 3
os
quintos dos
protótipos tiveram proporções iguais à medida esperada (0,20) apenas para os protótipos e não
para amostra estudada (Figura 20).
Figura 20. Análise facial dos quintos dos protótipos pretos, masculino e feminino (os dados
são representados como as proporções dos quintos)
Ao analisar os meios faciais (simetria) para as faces masculinas pretas masculinas o
teste de normalidade indicou que os dados não se distribuem normalmente, para tanto foi
aplicado o teste de Wilcoxon para análise entre as proporções das hemifaces direita e
esquerda Os resultados apontaram que as medidas não foram estatisticamente diferentes
(p>0,01): 1d e 1e = 0,13; 2d e 2e = 0,16; 3d e 3e = 0,25; 4d = 0,45 e 4e = 0,46 (Figura 21).
Também para as faces femininas o teste de normalidade indicou que as medidas não se
distribuem normalmente, o teste de Wilcoxon foi utilizado então para análise entre as medidas
47
das hemifaces direita e esquerda. Os resultados apontaram que as medidas foram
estatisticamente iguais (p>0,01): 1d e 1e = 0,12; 2d e 2e = 0,15; 3d e 3e = 0,26; 4d = 0,46 e 4e
= 0,47 (Figura 21). Estes dados mostram que tanto as faces masculinas quanto às femininas
pretas são simétricas.
Figura 21. Análise facial dos meios (simetria) das faces masculinas e femininas pretas (os
dados são representados como as proporções dos meios faciais e ± E.P.M.)
Figura 22. Análise facial dos meios (simetria) dos protótipos pretos, masculino e feminino (os
dados são representados como as proporções dos meios faciais)
48
Para o protótipo masculino as medidas foram: 1d e 1e = 0,13; 2d e 2e = 0,16; 3d = 3e
= 0,25; 4d e 4e = 0,46 (Figura 22). Para o protótipo feminino houve uma mínima diferença de
0,01 entre as hemifaces esquerda e direita para a medida 4 (da linha mediana à extremidade
das orelhas) assim como verificada para a amostra feminina preta: 1d e 1e = 0,12; 2d e 2e =
0,16; 3d e 3e = 0,26; 4d = 0,46 e 4e = 0,47 (Figura 22).
As medidas dos protótipos seguem a tendência das medidas das faces que o
compuseram com uma pequena diferença (de 0,01) entre direita e esquerda na medida 4 para
o protótipo feminino.
Faces Pardas:
As análises faciais das 130 imagens pardas, com 128 fotos de faces (64 femininas e 64
masculinas), mais os protótipos de cada nero (1 masculino e 1 feminino), também
indicaram alguns resultados diferentes dos apontados na literatura, tanto para os terços quanto
para os quintos faciais.
Na análise dos terços, para as faces masculinas o teste de normalidade (Kolmogorov-
Smirnov) mostrou que, apesar das medidas dos terços médio e inferior se distribuírem na
curva normal, os dados do terço superior não são seguem a normalidade, portanto testes não
paramétricos foram utilizados para as análises. O Teste de Friedman, demonstrou que as
proporções dos três terços diferem entre si [Q (2,64) = 104,903; p<0,01], com medianas de
0,28 para o terço superior, 0,34 para o médio e 0,39 para o inferior (Figura 23). Foi verificado
com o Teste de Wilcoxon, aplicado as entre as proporções de cada terço e a medida esperada
(0,33), que proporção do terço médio foi igual à esperada (p>0,01) e o terço superior e
inferior apresentaram diferenças estatisticamente significativas (p<0,01) entre as suas
proporções e a esperada.
49
Para as faces femininas o teste de normalidade mostrou que os dados dos três terços
não se distribuem normalmente. O Teste de Friedman também foi aplicado e visto que são
diferentes entre si [Q (2,64) = 86,03; p<0,01], com medianas de 0,30 para o terço superior,
0,35 para o médio e 0,36 para o inferior. (Figura 23). O Teste de Wilcoxon aplicado entre as
medidas de cada terço e a medida esperada (0,33) demonstrou que houve diferenças
significativas (p<0,01) entre as três medidas dos terços superior e inferior comparadas à
medida esperada.
Figura 23. Análise facial dos terços das faces masculinas e femininas pardas (os dados são
representados como as proporções dos terços; ± E.P.M.; * p<0,01 comparado com o esperado
0,33 destacado pela linha)
Para o protótipo masculino pardo as proporções foram: terço superior 0,28, terço
médio 0,33 e terço inferior 0,39. Para o protótipo feminino as proporções foram: terço
superior 0,29, terço médio 0,34 e terço inferior 0,36 (Figura 24).
*
*
*
*
*
50
Figura 24. Análise facial dos terços dos protótipos pardos, masculino e feminino (os dados
são representados como as proporções dos terços)
Na análise dos quintos para as faces masculinas o teste de normalidade (Kolmogorov-
Smirnov) indicou que os dados não se distribuem normalmente, aplicando-se então o teste de
Friedman para comparação entre a soma dos postos das medidas dos quintos. Foram
observadas diferenças significativas entre as proporções dos quintos [Q (4,64) = 201,46;
p<0,01]: o 1
o
quinto apresentou mediana de 0,23, o 2
o
de 0,17, o 3
o
de 0,20, o 4
o
de 0,17 e o
5
o
de 0,23. Diferenças significativas (p<0,05) foram observadas entre os pares de quintos: 1
o
e
2
o
, 1
o
e 3
o
, 1
o
e 4
o
, 2
o
e 3
o
, 2
o
e 5
o
, 3
o
e 4
o
, 3
o
e 5
o
, 4
o
e 5
o
Entre os quintos 1
o
e 5
o
(medidas da
orelha ao canto ocular externo direito e esquerdo, respectivamente) e 2
o
e 4
o
(medidas dos
olhos direito e esquerdo respectivamente) não foram verificadas diferenças significativas
(p>0,05).
O teste de Wilcoxon demonstrou diferenças significativas (p<0,01) entre a medida
esperada (0,20) e as medidas dos 1
o
, 2
o
, 4
o
e 5
o
quintos. o 3
o
quinto teve medida igual à
esperada (Figura 25).
Para as faces femininas o teste de normalidade também indicou que os dados dos cinco
quintos não se distribuem normalmente, sendo então aplicado o teste de Friedman. Foram
51
observadas diferenças significativas entre as proporções dos quintos [Q (4,64) = 163,91;
p<0,01], com o 1
o
quinto com mediana de 0,23, o 2
o
quinto 0,17, o 3
o
quinto 0,21, o 4
o
quinto
0,18 e o 5
o
quinto 0,22. Assim como para as faces masculinas, diferenças significativas
(p<0,05) foram observadas entre os pares de quintos: 1
o
e 2
o
, 1
o
e 4
o
, 2
o
e 3
o
, 2
o
e 5
o
, 2
o
e 4
o
,
4
o
e 5
o
. Entre os 1
o
e 3
o
quintos, 1
o
e 5
o
quintos, 2
o
e 4
o
quintos e 3
o
e 5
o
quintos não foram
verificadas diferenças significativas (p>0,05). O teste de Wilcoxon foi aplicado nas
proporções dos quintos para comparações à proporção esperada (0,20). Foram verificadas
diferenças significativas (p<0,01) entre a medida esperada e as medidas de todos os quintos
analisados (Figura 25).
Figura 25. Análise facial dos quintos das faces masculinas e femininas pardas (os dados são
representados como as proporções dos terços e ± E.P.M.; * p<0,01 comparado com o
esperado 0,20 destacado pela linha)
Para as faces pardas houve um aumento de proporções de medidas no 1
o
e 3
o
e 5
o
quintos e uma diminuição das proporções nos 2
o
e 4
o
quintos. Somente o 3
o
quinto apresentou
proporção estatisticamente igual à proporção esperada nas faces masculinas (0,20).
Para o protótipo masculino as proporções dos quintos foram: 1
o
quinto 0,24, o 2
o
quinto 0,16, o 3
o
quinto 0,19, o 4
o
quinto 0,18 e o 5
o
quinto 0,24. Para o protótipo feminino as
*
*
*
*
*
*
*
*
*
52
proporções foram: 1
o
quinto 0,22, o 2
o
quinto 0,18, o 3
o
quinto 0,20, o 4
o
quinto 0,18 e o 5
o
quinto 0,23 (Figura 26). As proporções apresentaram aumentos com relação à esperada (0,20)
nos 1
o
e 5
o
quintos e diminuição dos 3
o
e 4
o
quintos nos dois sexos de protótipos, sendo o 2º
quinto maior no masculino e igual à esperada no feminino.
Figura 26. Análise facial dos quintos dos protótipos pardos, masculino e feminino (os dados
são representados como as proporções dos quintos)
O teste de normalidade indicou que os dados da análise dos meios (simetria) para as
faces masculinas pardas não se distribuem normalmente, então foi aplicado o teste de
Wilcoxon para análise entre as proporções das hemifaces direita e esquerda. Os resultados
apontaram que as medidas não foram estatisticamente diferentes (p>0,01): 1d e 1e = 0,12; 2d
e 2e = 0,15; 3d e 3e = 0,25; 4d = 0,46 e 4e = 0,45 (Figura 27).
53
Também para as faces femininas o teste de normalidade indicou que as medidas
também não se distribuem normalmente, utilizando o teste de Wilcoxon para análise entre as
medidas das hemifaces direita e esquerda. Os resultados apontaram que as medidas foram
estatisticamente iguais (p>0,01): 1d e 1e = 0,12; 2d e 2e = 0,15; 3d e 3e = 0,26; 4d e 4e = 0,47
(Figura 27). Estes dados mostram que tanto as faces masculinas quanto às femininas pardas
são simétricas.
Figura 27. Análise facial dos meios (simetria) das faces masculinas e femininas pardas (os
dados são representados como as proporções dos meios faciais e ± E.P.M.)
Para o protótipo masculino as medidas foram: 1d = 0,11 e 1e = 0,12; 2d = 0,16 e 2e =
0,15; 3d = 0,26 e 3e = 0,25; 4d e 4e = 0,48. Para o protótipo feminino foi verificado: 1d =
0,12 e 1e = 0,11; 2d e 2e = 0,15; 3d = 0,25 e 3e = 0,26; 4d e 4e = 0,48 (Figura 28). As
proporções dos meios nos protótipos apresentaram diferenças de 0,01 entre as medidas 1, 2 e
3 no masculino e nas medidas 1 e 3 no feminino.
54
Figura 28. Análise facial dos meios (simetria) dos protótipos pardos, masculino e feminino
(os dados são representados como as proporções dos meios faciais)
Discussão
A análise das faces brancas revelou que, para a população de Ribeirão Preto/SP, as
medidas dos terços superior e inferior não correspondem à medida preconizada pela literatura
(GREGORET et al., 1999; PROFFIT; WHITE JUNIOR; SARVER, 2005) para faces
harmônicas (0,33), em que os três terços faciais teriam medidas proporcionais praticamente
iguais. Somente o terço médio, tanto para as faces masculinas quanto para as femininas,
apresentou a medida esperada. O aumento das proporções de medidas no sentido vertical, de
cima para baixo (terço superior menor que o médio e este menor que o inferior) foi observado
tanto para as faces masculinas quanto para as femininas.
Um estudo sobre perfis faciais de brasileiros com faces equilibradas (Classe I de
Angle) encontrou que os terços inferiores de faces de indivíduos brancos são ligeiramente
maiores que os terços médios (REIS et al., 2006a), sem que isto afete o equilíbrio facial dos
mesmos. Também foi demonstrado por Reis et al. (2006a) que os terços inferiores de homens
são um pouco maiores que os das mulheres, como observado no presente estudo. Apesar de
55
haver diferenças entre análises faciais frontais e de perfil estes dois dados podem ser
complementares e indicar um possível padrão facial da população branca brasileira.
Arnett e McLaughlin (2004) discutem que raramente os terços médios e inferiores das
faces são iguais e que o mais importante seria analisar as estruturas dentro do terço inferior e
não somente as proporções entre ele e o médio. Epker, Stella e Fish (1994) descrevem que
uma face de um indivíduo atrativo tem as proporções de 0,30 para o terço superior, 0,35 para
o médio e 0,35 para o inferior; proporções estas bem próximas às encontradas no presente
estudo.
Com relação às medidas dos quintos faciais nas faces brancas masculinas e femininas
houve um aumento de proporções de medidas nos 1
o
e 5
o
quintos e uma diminuição das
proporções nos 2
o
e 4
o
quintos quando comparadas à medida esperada para faces harmônicas
(0,20), segundo a literatura da área (GREGORET et al., 1999; PROFFIT; WHITE JUNIOR;
SARVER, 2005). Apenas as medidas do 3
o
quinto igualaram-se à medida esperada (0,20),
para ambos os sexos. Quanto à análise dos meios pode-se perceber que as faces brancas
femininas e masculinas são simétricas, ou seja, não apresentam grandes desvios entre as
hemifaces direita e esquerda, como visto na literatura em faces equilibradas (EPKER;
STELLA; FISH, 1994; GREGORET et al., 1999, PROFFIT; WHITE JUNIOR; SARVER,
2005; SUGUINO et al., 1996).
Para os protótipos brancos, tanto o masculino quanto o feminino, as medidas dos
terços seguiram a mesma tendência daquelas das faces que os compuseram, o que revelou
para o masculino serem os terços superiores e inferiores diferentes da medida esperada (0,33)
e para o feminino os três terços diferentes da medida esperada (0,33). Quanto aos quintos
houve aumentos nas medidas observados nos 1
o
e 5
o
quintos como também as diminuições
das proporções nos 2
o
e 4
o
quintos, como na amostra. Apenas a medida do 3
o
quinto no
protótipo branco foi diferente da amostra que o compôs (0,19), não se igualando à medida
56
0,20 esperada. O protótipo branco feminino mostrou simetria entre as hemifaces direita e
esquerda, já o masculino apresentou pequena diferença de 0,01 na medida 3 (da linha mediana
aos cantos oculares externos), fato que não prejudica a percepção da simetria do mesmo.
Para as faces pretas também foi verificado o aumento de proporções de medidas dos
terços no sentido vertical, de cima para baixo (terço superior menor que o médio e este menor
que o inferior), com medidas diferentes daquelas indicadas para faces harmônicas (0,33,
segundo GREGORET et al., 1999; PROFFIT; WHITE JUNIOR; SARVER, 2005). Houve
diferenças entre os gêneros para as medidas referentes ao terço médio, em que foi igual a 0,33
para as faces masculinas, e maior que 0,33 para as femininas. As faces masculinas seguiram a
tendência das faces brancas em geral e as faces femininas apresentaram as maiores diferenças
nos terços dentro da amostra da população preta da cidade de Ribeirão Preto/SP.
Um estudo feito nos EUA, ao comparar faces de mulheres pretas americanas com
faces de mulheres brancas americanas, coma utilização dos parâmetros neoclássicos de
análise facial (incluindo a igualdade dos terços faciais), indicou que perfis de faces de
mulheres pretas e brancas apresentaram terços superior e inferior com proporções
praticamente iguais e terço médio com proporção menor (PORTER; OLSON, 2001). Tais
medidas verticais não apresentaram diferenças entre as etnias estudadas, tanto nos EUA
quanto no Brasil no presente estudo, com a diferença de que na amostra brasileira os terços
superiores e inferiores não se mostraram iguais.
As faces pretas masculinas e femininas não tiveram as medidas dos quintos
estatisticamente iguais à medida esperada (0,20), com um aumento de proporções de medidas
no 1
o
e 3
o
e 5
o
quintos e uma diminuição das proporções nos 2
o
e 4
o
quintos. Resultados
diferentes do que diz a literatura em que faces equilibradas possuem cinco vezes o tamanho
do olho, no sentido horizontal (GREGORET et al, 1999; PROFFIT; WHITE JUNIOR;
SARVER, 2005). Todas as faces pretas apresentaram simetria bilateral pela análise dos meios,
57
como preconiza a literatura para faces harmônicas (EPKER; STELLA; FISH, 1994;
GREGORET et al., 1999; SUGUINO et al., 1996).
As medidas dos protótipos pretos, masculino e feminino, seguiram a mesma tendência
de medidas das faces que o compuseram para os terços, e também não apresentaram medidas
iguais às preconizadas na literatura. Quanto às medidas dos quintos, os protótipos pretos
apresentaram aumento nas proporções dos 1
o
e 5
o
quintos e diminuição das proporções nos 2
o
e 4
o
quintos. Para os 3
os
quintos os protótipos tiveram proporções iguais à medida esperada
(0,20), medida diferente daquela vista na amostra e igual à preconizada na literatura
(GREGORET et al., 1999; POWEL; HUMPHRIES, 1984 apud EDLER; ORTH, 2001). Os
protótipos mostraram-se simétricos assim como a amostra que os compuseram.
Estes dados corroboram a literatura que diz serem as faces prototípicas imagens faciais
que representam a aparência típica de um grupo de pessoas e podem ser representativas de
categorias como sexo, raça ou idade, além de serem compostas pela média matemática dos
valores dos traços da amostra que os compuseram, ao suprimir as variações da mesma
(RHODES, 2006).
A análise das faces pardas masculinas revelou que, as medidas dos terços superior e
inferior não correspondem à medida preconizada (0,33) (GREGORET et al., 1999; PROFFIT;
WHITE JUNIOR; SARVER, 2005). Somente o terço médio, tanto para as faces masculinas
quanto para as femininas, apresentou a medida esperada. Para as faces femininas nenhum
terço correspondeu estatisticamente ao valor 0,33. Nos dois gêneros o aumento das
proporções de medidas foi no sentido vertical, de cima para baixo como visto nos brancos e
pretos. Este dado foi uma tendência nas faces brasileiras estudadas, independente da etnia as
proporções faciais mostraram o terço superior menor que o médio e este menor que o inferior.
Choe et al. (2004) mostraram, em um estudo comparativo entre faces de mulheres
americanas coreanas e brancas, que também para as coreanas os padrões neoclássicos
58
estipulados pela literatura não se encaixam nas análises faciais. Além de que diferenças
entre as medidas das faces de mulheres brancas e de coreanas.
Com relação às medidas dos quintos faciais nas faces pardas masculinas e femininas
houve um aumento de proporções de medidas nos 1
o
e 5
o
quintos e uma diminuição das
proporções nos 2
o
e 4
o
quintos quando comparadas à medida esperada (0,20), segundo
Gregoret et al. (1999) e Proffit, White Junior e Sarver (2005). As medidas do 3
o
quinto
igualaram-se à medida esperada (0,20) para as faces masculinas e não para as femininas.
Quanto à análise dos meios as faces pardas femininas e masculinas são simétricas, ou seja,
não apresentam grandes desvios entre as hemifaces direita e esquerda como visto na literatura
(EPKER; STELLA; FISH, 1994; GREGORET et al., 1999; SUGUINO et al., 1996).
As medidas faciais dos terços para protótipos pardos, tanto o masculino quanto o
feminino, seguiram a mesma tendência daquelas das faces que os compuseram, ao mostrar
que para o masculino serem os terços superiores e inferiores diferentes da medida esperada
(0,33) e para o feminino os três terços diferentes da medida esperada (0,33). Quanto aos
quintos houve aumentos nas medidas observados nos 1
o
e 5
o
quintos como também as
diminuições das proporções nos 2
o
e 4
o
quintos, como na amostra. A medida do 3
o
quinto no
protótipo masculino (0,19) foi diferente da amostra que o compôs. Com relação à medida dos
meios os protótipos pardos feminino e masculino mostraram pequenas variações (0,01) nas
medidas 1 (da mediana à base alar do nariz), 2 (da mediana à comissura labial) e 3 (da
mediana aos cantos oculares externos) entre as hemifaces direita e esquerda. Somente as
medidas 4 (da mediana às orelhas) houve igualdade nas medidas. Contudo, tais variações são
insignificantes para a percepção da simetria dos mesmos e são normais graus moderados de
assimetrias na população em geral (PROFFIT; TURVEY, 2005).
As medidas dos protótipos das três etnias seguiram a tendência das medidas das faces
que os compuseram. Pequenas diferenças (0,01) encontradas tanto nas faces da amostra
59
quanto nos protótipos não interferiram estatisticamente na análise global. Pequenas
assimetrias corpóreas são encontradas em todos os animais e, de alguma maneira, foram
selecionados evolutivamente e hoje são vistas como parte do desenvolvimento e das
diferenças individuais de cada ser (ENQUIST et al., 2002; EPKER; STELLA; FISH, 1994).
Estes resultados mostraram que no geral, apesar da simetria estar presente em todas as
faces do banco de faces da população de Ribeirão Preto/SP, estas facest não apresentaram
medidas de terços e quintos iguais às indicadas na literatura como padrões de faces
harmônicas (EPKER; STELLA; FISH, 1994; GREGORET et al., 1999, PROFFIT; WHITE
JUNIOR; SARVER, 2005;
SUGUINO et al., 1996).
Isto demonstra que a amostra estudada possa ter um padrão facial diferente daquele
preconizado na literatura, com medidas que seguem normas com padrões estrangeiros
(europeus ou norte americanos). Talvez tais normas não possam ser generalizadas para a
população brasileira, tão miscigenada e ímpar em suas características físicas. Reis et al.
(2006a) discutem tal questão ao proporem normas de medidas nacionais para análises de
perfis na população brasileira.
Estudos mostram que as diferenças étnicas devem ser levadas em consideração neste
tipo de análise (CHOE et al., 2004; ENLOW, 1993; REIS et al., 2006a, 2006b; SCAVONE
JUNIOR et al., 2006), ainda mais quando se fala de população com múltiplas raízes raciais
como a brasileira. Muitos outros estudos transculturais devem ser realizados a fim de ampliar
as possibilidades de análises faciais em diferentes grupos étnicos e raciais.
Esta é uma importante questão a ser investigada no país, com a possibilidade de
abranger outras amostras regionais, a fim de ampliar o estudo facial no Brasil e encontrar
parâmetros nacionais de análises a serem adotados em cirurgias faciais estéticas e/ou
funcionais tanto em normas frontais quanto de perfis.
60
Estudos sobre percepção de faces podem auxiliar nesta investigação da análise facial.
Cruzamentos de dados sicos e subjetivos devem trazer luz aos aspectos físicos normativos
para a população. Reis et al. (2006b) propuseram a ‘Análise Facial Subjetiva’ como mais um
critério diagnóstico na atividade clínica em pacientes odontológicos. Por meio dessa análise
os indivíduos são classificados de acordo com a agradabilidade estética em três níveis:
esteticamente agradável, esteticamente aceitável e esteticamente desagradável. Tal
nomenclatura foi anteriormente utilizada por Neger e Newark (1959, apud REIS et al., 2006b)
que afirmaram ser a maioria da população composta por indivíduos esteticamente aceitáveis.
O estudo (REIS et al., 2006b) avaliou a distribuição dos brasileiros brancos, adultos,
normais (face equilibrada), com idades entre 18 a 36 anos, segundo tais critérios de
agradabilidade. Os resultados da avaliação de faces perfil mostraram que 89% dos indivíduos
foram classificados como esteticamente aceitáveis, 3% agradáveis e 8% desagradáveis, o que
comprova a tese de que a maioria da população é esteticamente aceitável (Neger; Newark,
1959, apud REIS et al., 2006b) e salientam a excepcionalidade da face agradável (apenas 3%).
Estes dados mostram a importância de uma análise multifatorial na avaliação facial de um
indivíduo, com parâmetros subjetivos e morfológicos envolvidos.
Um primeiro estudo realizado por Arrais (2007) sobre atratividade do banco de faces
da população de Ribeirão Preto e seus respectivos protótipos indicou que todas as faces foram
consideradas pouco atraentes no geral, com notas baixas. As faces brancas foram
consideradas mais atraentes que as faces pardas e não houve diferença significativa entre as
faces brancas e pretas e nem entre as faces pretas e pardas.
Neste mesmo estudo a atratividade dos protótipos foi mediana, contudo suas médias
de julgamentos foram superiores às das faces da amostra (ARRAIS, 2007). Isto corrobora os
dados da literatura que dizem que um protótipo construído por faces não atrativas terá níveis
de atratividade superior a elas; já um protótipo gerado por faces muito atrativas, terá um nível
61
inferior de atratividade que foi também verificado neste estudo (LANGLOIS; ROGGMAN,
1990).
Frequentemente os protótipos faciais são julgados com aparências mais jovens e com
maior atratividade do que as imagens faciais que lhe deram origem. O aumento na
atratividade tem sido atribuído à forma média do composto (LANGLOIS; ROGGMAN, 1990)
e um nivelamento ou uma suavização do tom da pele (BENSON; PERRETT, 1991). Tais
características, ademais sua atratividade mediana faz dos protótipos bons parâmetros
comparativos em estudos com faces com grandes desvios na harmonia.
Este primeiro estudo sobre a atratividade facial deste banco de faces mostrou que,
apesar de serem simétricas, pequenas diferenças entre os terços e quintos faciais podem ter
comprometido a harmonia facial. Isto pode ter influenciado os julgamentos de atratividade das
amostras nas três etnias, consideradas pouco atrativas em média.
O fato dos julgamentos das faces brancas serem maiores que os julgamentos das
pardas pode estar fundamentado não somente na forma física da face (uma vez que as análises
físicas faciais destas duas etnias mostraram-se bastante semelhantes em medianas), mas
também em outras variáveis, como cor e manchas de pele, cor dos olhos, formatos do nariz e
boca, dentre outras. Esta complexidade sempre estará presente em julgamentos estéticos
influenciando-os (JONES et al., 2004). Outros estudos devem ser realizados com este banco
de faces, com maior rigor no controles de variáveis e tentando correlacionar parâmetros
físicos e subjetivos para um melhor entendimento de medidas que subjazem os parâmetros
nacionais de análise e estudo facial.
62
3.2)
A
NÁLISE FACIAL DOS PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA ORTOGNÁTICA E
INVESTIGAÇÃO DA ATRATIVIDADE DOS MESMOS
(E
XPERIMENTOS
1
E
2).
3.2.1) Análise Facial:
Foram analisadas 23 imagens coloridas, recortadas em molduras ovais, de maneira que
os elementos faciais externos (orelhas, pescoço e cabelos) fossem suprimidos. Foram 20
fotografias frontais de 10 pacientes (5 homens e 5 mulheres), com expressão facial neutra, nas
fases pré o pós-operatórias, submetidos à cirurgias ortognáticas junto ao CEDEFACE (Centro
de Pesquisa e Tratamento das Deformidades Buco-Faciais), localizado na cidade de
Araraquara, SP e 3 protótipos faciais da população brasileira (masculinos branco e preto e
feminino branco). As etnias e gêneros dos protótipos utilizados corresponderam às etnias e
gêneros dos pacientes. Tais protótipos tinham sido analisados na fase 1 deste estudo,
contudo com as alterações da moldura elíptica, foram reanalisados para comparação com as
faces dos pacientes.
As idades dos pacientes variaram entre 20 e 40 anos (média de 26,9 anos) e todos
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que autoriza a manipulação e
utilização de suas imagens (Anexo A), aprovado pelo Comitê de Ética da FFCLRP-USP
(Anexo B). As análises tiveram seus critérios baseados nas proporções entre os terços, meios
e quintos faciais, demonstradas anteriormente, segundo Gregoret et al. (1999).
As faces dos pacientes foram numeradas de 1 a 5, divididas em dois gêneros, feminino
(F) e masculino (M) e receberam as letras de identificação (A) para antes e (D) para depois da
cirurgia (Figura 29).
63
Figura 29. Faces antes (A) e depois (D) da cirurgia dos dez pacientes submetidos à cirurgia
ortognática
64
Dos 10 pacientes avaliados, com idades entre 20 e 40 anos, 80% tinham dores na fase
pré-cirúrgica, 30% estalos na ATM (articulação temporomandibular), 100% dificuldades ao
falar e/ou mastigar e/ou respirar e 80% tinham a queixa estética como ponto importante para a
busca da cirurgia. Com relação às deformidades esqueléticas 60% pertenciam à denominada
Classe III, 30% à Classe II e 10% à Classe I. Tais deformidades resultaram em 30% de
cirurgias combinadas de maxila, mandíbula e mento, 20% de cirurgias combinadas de maxila
e mandíbula, 20% de maxila, 20% de mandíbula e 10% de maxila e mento como visto nas
Tabelas 1 e 2.
Tabela 1- Descrição dos pacientes segundo idade e queixa
Tabela 2- Descrição dos pacientes segundo deformidades e cirurgias realizadas
Paciente
Idade
Queixa
F1 20 Dores: frontal e temporal/ estalos na ATM
F2 24 Dores ATM (D)/ dificuldades ao falar, comer, respirar
F3 28 Estética, dores ATM (D +)/ bruxismo/ dificuldades ao respirar
F4 20
Dificuldades em respirar/ lábios entreabertos/
estética.
F5 30
Estética/ dores na ATM, ao mastigar, cefaleia/
dificuldades ao respirar
M1 32
Dificuldades ao mastigar e respirar/
dores de estômago/ estalos na ATM/ estética
M2 21
Estética/ cefaleia/ morde bochechas/ tensão nas costas/dificuldades ao
respirar e falar
M3 32 Dificuldades ao falar e comer/ sem dores / estética
M4 22 Estética/ dores na mandíbula/ bruxismo
M5 40
Estética/ dores de ouvido, na ATM, cefaleia/
fadiga ao mastigar/dificuldade ao respirar/ estalos bilaterais.
Paciente
Deformidade Cirurgia
F1
Classe III/ assimetria de
bochechas (E + vol)/ mordida
aberta posterior D, mordida
cruzada lateral E
Maxila (MX): avanço 6 mm
Mento: recuo 2mm e intrusão de 4mm com
redução vertical
F2
Classe II / assimetria de
bochechas (E + vol)
Mandíbula (MD): avanço 4mm com correção
de assimetria
continua
65
conclusão
Tabela 2- Descrição dos pacientes segundo deformidades e cirurgias realizadas.
*Inibição do crescimento da maxila.
As entrevistas realizadas puderam contemplar que o grau de expectativa dos pacientes
diante da proximidade da cirurgia foi alto e a maioria deles tinha como certeza a melhoria
estética das faces. Grande parte dos pacientes relatou ser a cirurgia um dos eventos mais
aguardados e importantes em suas vidas. Também foi verificado que a maioria tinha
expectativa realista com relação aos resultados da cirurgia, e consideraram inclusive as
possibilidades de intercorrências em sua saúde após as mesmas (como perda da sensibilidade
nos lábios e no queixo por um período, dentre outras).
F3
Classe I/ protrusão de
mandíbula/ Assimetria de
bochechas (D vol)
Combinada: MX: avanço com intrusão de
2mm/
MD: avanço anti-horário/
Mento: redução vertical
F4
Classe II/ assimetria de
bochechas (E+ vol)
Combinada: MX: avanço de 3mm com
intrusão de 6mm/
MD: avanço 8mm
M2
Classe III / assimetria de
bochechas, mordida aberta
anterior
Combinada - Mx: avanço 9 mm,
reposicionamento inferior 2mm/
MD: recuo 6mm, giro anti-horário 5mm/
Mento: enxerto
M3
Classe III / assimetria de
bochechas (E + vol)/ mordida
cruzada lateral D, /mandíbula
protrusa e lateralizada para D.
Maxila: Avanço 8mm
M4
Classe III / desvio de
mandíbula na linha média /
assimetria de bochechas
(desvio p/ E)
Combinada: MX: avanço 5mm, intrusão
1mm/
MD: recuo 2mm + giro anti-horário 3mm
M5
Classe III / assimetria de
bochechas (E+vol; D
hipotônica)
Maxila: avanço 9mm
66
Todos eles passaram por avaliações psicológicas na fase inicial do tratamento
ortodôntico pré-cirúrgico e na fase pré-cirúrgica. Foi relatado que estes encontros com os
psicólogos da equipe do CEDEFACE foram muito importantes no preparo dos pacientes, uma
vez que, detectado alguma dúvida ou tipo de medo e/ou comorbidades psíquicas mais sérias,
havia tempo de um melhor e maior preparo psicológico até a data da cirurgia sendo que a
mesma poderia até ser adiada por falta de condições do paciente em lidar com tamanhas
mudanças em suas vidas.
Nas entrevistas pós-cirúrgicas foi percebido que quase na totalidade dos casos (90%)
os resultados estéticos foram aprovados pelos pacientes. Apenas a paciente F2 não ficou
satisfeita com os resultados da cirurgia e não faria o procedimento novamente, pois não viu
diferença entre o antes e o depois em sua face. O ganho não fora apenas estético, segundo os
pacientes satisfeitos, mas também sociais com melhorias nos relacionamentos interpessoais,
alguns com possibilidades novas de emprego e/ou novos relacionamentos amorosos.
Todos relataram as dificuldades em lidar com os edemas e inchaços no pós-cirúrgico
imediato, alguns ainda apresentavam parestesias (sensações na pele como formigamentos,
pressões, calor, frio, dentre outras, vivenciadas espontaneamente, na ausência de estimulação
no local) ou falta de sensibilidade nos lábios inferiores e/ou queixo.
Contudo todas as dificuldades relatadas não foram motivo para o arrependimento de
ter passado pelo procedimento cirúrgico e fariam tudo novamente. Uma das únicas queixas no
pós-cirúrgico unânime aos pacientes foi o longo tempo de tratamento enfrentado por todos.
No mínimo três anos de ortodontia pré-cirúrgica e mais um longo período pós-cirúrgico ainda
desconhecido no momento das entrevistas.
Com relação às análises físicas das faces, nas Tabelas 3, 4, 5 e 6 são dadas as
diferenças entre as medidas faciais das faces pré e pós-cirúrgicas dos pacientes acima
descritos, segundo as medidas dos terços, quintos e meios faciais.
67
Tabela 3- Diferenças entre as medidas pré e pós-cirúrgicas de terços e quintos faciais das
faces femininas
Faces
1/3
superior
1/3
médio
1/3
inferior
quinto
quinto
quinto
Quinto
quinto
F1
0.01 0.01 0.02 0.04 0.01 0.03 0.00 0.00
F2
0.02 0.01 0.03 0.03 0.01 0.00 0.01 0.05
F3
0.00 0.00 0.00 0.02 0.01 0.01 0.01 0.01
F4
0.00 0.00 0.00 0.03 0.01 0.01 0.02 0.02
F5
0.02 0.01 0.02 0.01 0.00 0.00 0.00 0.02
Tabela 4- Diferenças entre as medidas pré e pós-cirúrgicas dos meios faciais das faces
femininas
Face 1d 2d 3d 4d 1e 2e 3e 4e
F1
0.00 0.00 0.02 0.03 0.02 0.01 0.01 0.02
F2
0.01 0.01 0.04 0.02 0.01 0.01 0.03 0.03
F3
0.00 0.01 0.01 0.01 0.02 0.00 0.00 0.01
F4
0.00 0.01 0.00 0.02 0.01 0.00 0.01 0.00
F5
0.00 0.01 0.00 0.02 0.00 0.01 0.00 0.01
Tabela 5- Diferenças entre as medidas pré e pós-cirúrgicas de terços e quintos faciais das
faces masculinas
Tabela 6- Diferenças entre as medidas pré e pós-cirúrgicas dos meios faciais das faces
masculinas
Faces 1d 2d 3d 4d 1e 2e 3e 4e
M1
0.02 0.00 0.00 0.02 0.01 0.01 0.01 0.01
M2
0.01 0.00 0.01 0.01 0.01 0.02 0.01 0.02
M3
0.01 0.01 0.01 0.02 0.00 0.02 0.01 0.01
M4
0.01 0.00 0.00 0.01 0.00 0.02 0.01 0.00
M5
0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Faces
1/3
superior
1/3
médio
1/3
inferior
quinto
quinto
quinto
quinto
quinto
M1
0.05 0.01 0.06 0.01 0.02 0.00 0.00 0.01
M2
0.00 0.00 0.01 0.02 0.01 0.01 0.00 0.01
M3
0.00 0.03 0.03 0.01 0.01 0.01 0.00 0.00
M4
0.02 0.02 0.00 0.01 0.01 0.00 0.02 0.02
M5
0.01 0.00 0.01 0.00 0.00 0.01 0.00 0.00
68
3.2.2) Experimento I:
O objetivo deste primeiro experimento foi investigar a atratividade facial de pacientes
antes de depois da cirurgia ortognática.
Participantes: 40 voluntários (21 mulheres e 19 homens), com idades entre 20 e 53
anos. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a participação na
pesquisa (Anexo C), aprovado pelo Comitê de Ética da FFCLRP-USP. Os voluntários
participaram dos dois Experimentos.
Materiais: Os estímulos visuais foram as 20 fotografias frontais de 10 pacientes nas
fases pré e pós-operatórias analisadas. Um microcomputador Pentium IV, 992 MB RAM,
com placa de vídeo SiS 661FX, true color (24 bits), 1024 x 768 pixels, frequência de
atualização da tela 100Hz, acoplado a um monitor LG Flatron ez T910B Plus (19”), com
sistema Windows XP Professional
versão 2002 e o software Super Lab Pro -
Experimental Lab, versão 2.0.
Folhas de registros, compostas por 40 linhas, para o julgamento das magnitudes de
atratividade de cada fotografia pela escala VAS (Visual Analogue Scale) foram utilizadas. Tal
escala consistia em uma linha, de 10 cm de comprimento, em que a extremidade esquerda
significava ‘N
ADA
A
TRATIVO
e a extremidade direita ‘E
XTREMAMENTE
A
TRATIVO
’. A
distância marcada na linha foi medida por uma régua milimetrada e atribuído um valor
numérico correspondente entre 0 e 10.
Procedimento: As 20 fotografias dos pacientes, nas condições pré (10 faces) e pós-
-cirúrgicas (10 faces), foram apresentadas pareadas na tela do monitor. Cada dupla foi
observada e julgada quatro vezes em cada sessão experimental, alternando-se a posição das
faces pré e pós-cirúrgicas, direita e esquerda, na tela. As fotografias mediam 12,5 cm de
largura e 18,5cm de altura e a distância entre elas era de 3 cm.
69
Após a assinatura do termo de compromisso e a leitura das instruções, as sessões
experimentais duraram entre 5 e 15 min e a tarefa do participante era observar a dupla de
faces, escolher a face que mais lhe parecia atrativa e estimar o grau de atratividade da face
escolhida na VAS. A ordem de apresentação das duplas foi aleatória para cada participante. O
tempo de exposição de cada dupla foi livre e a distância entre o centro da tela ao olho do
observador foi de aproximadamente 60 cm.
Análise dos dados: Todas as imagens foram medidas com o auxílio de um editor de
imagens As medidas reais em cada análise foram transformadas em proporções, depois foram
feitas as diferenças entre as proporções das medidas faciais, para terços, quintos e meios, entre
as faces pré e pós-cirúrgicas para cada paciente.
Os dados de cada paciente segundo idade, queixas, deformidades dentofaciais e tipos
de cirurgias ortognáticas a que foram submetidos também compõe a análise dos dados.
Os escores de atratividade por meio da VAS foram mensurados em relação ao tamanho
total da linha, transformados em valores numéricos (entre 0 e 10) e computados para cada
imagem julgada. Foram somadas as frequências das escolhas entre faces pré ou pós-cirúrgicas
e dos protótipos. Os softwares SPSS
versão 12.0 e BioEstat 5.0 foram utilizados para análise
dos dados.
Resultados
Os testes de normalidade Shapiro-Wilk e Kolmogorov-Smirnov indicaram que os
julgamentos de atratividade das faces dos pacientes não se distribuem em uma curva normal.
Portanto para as análises estatísticas de comparações entre os julgamentos de atratividade
foram utilizados testes não paramétricos como Friedman para amostras relacionadas
70
(DAWSON; TRAPP, 2003), que compara a soma dos postos entre as fases antes e depois da
cirurgia.
As análises a partir do teste de Friedman mostraram que faces pós-cirúrgicas foram
julgadas como mais atrativas que as faces pré-cirúrgicas [Q (1, 400) = 8,42; p<0,0001] nos
julgamentos gerais de atratividade para toda a amostra. A mediana para as faces pré-cirúrgicas
foi 0,00 (zero; Quartil: 0,00; Quartil: 2,24) e para as pós-cirúrgicas foi de 2,13 (1º
Quartil: 0,71; 3º Quartil: 3,54).
Ao separar os gêneros das faces, tanto nas femininas [Q (1, 200) = 7,58; p<0,01]
quanto nas masculinas [Q (1, 200) = 4,01; p<0,01] as faces pós-cirúrgicas foram consideradas
mais atrativas que as pré-cirúrgicas. A mediana para as faces pré-cirúrgicas femininas foi de
0,00 (zero; Quartil: 0,00; Quartil: 2,34) e masculinas também de 0,00 (zero; Quartil:
0,00; Quartil: 1,91). Para as pós-cirúrgicas a mediana para as femininas foi de 2,98 (1º
Quartil: 1,51; Quartil: 4,24) e para as masculinas de 1,55 (1º Quartil: 1,91; Quartil:
2,60).
Todas as faces tiveram julgamentos medianos inferiores a 5 (cinco), sendo as faces
masculinas consideradas menos atrativas que as femininas. Ao analisar separadamente face a
face pelo teste de Friedman, foi verificado que para as faces femininas três faces pós-
-cirúrgicas foram julgadas como mais atrativas que as pré-cirúrgicas, a saber: Face F1 [Q (1,
40) = 28,44; p<0,0001], Face F3 [Q (1, 40) = 11,11; p<0,0001], Face F4 [Q (1, 40) = 28,44;
p<0,0001]. As faces 2 e 5 não tiveram diferenças significativas p>0,05) entre pré e pós-
-cirúrgicas em seus julgamentos de atratividade, como mostra a Figura 30.
71
Figura 30. Julgamentos de atratividade das faces de pacientes femininos (F) antes (A) e depois
(D) da cirurgia ortognática no Experimento I. Os dados são representados como médias e ± 1
E.P.M. (*p<0,01 entre as faces antes e depois)
Para as faces masculinas o teste de Friedman indicou que duas faces pós-cirúrgicas
foram julgadas como mais atrativas que as pré-cirúrgicas, a saber: Face M1 [Q (1, 40) =
25,66; p<0,0001], Face M4 [Q (1, 40) = 30,63; p<0,0001]. Para a Face M5 a face pré-
-cirúrgica foi considerada mais atrativa que a pós-cirúrgica [Q (1, 40) = 8,10; p<0,0001]. As
medianas de julgamentos de atratividade não se diferiram estatisticamente (p>0,05) entre
antes e depois da cirurgia para as faces M2 e M3, como visto na Figura 31.
72
Figura 31. Julgamentos de atratividade das faces de pacientes masculinos (M) antes (A) e
depois (D) da cirurgia ortognática no Experimento I. Os dados são representados como
médias e ± E.P.M. (*p<0,01 entre as faces antes e depois)
As Tabelas 7 e 8 mostram as frequências de escolhas para a amostra total das faces
femininas e masculinas. As faces F1, F3 e F4 pós-cirúrgicas foram estatisticamente (p<0,001)
escolhidas como mais atrativas que suas correspondentes pré-cirúrgicas. Para as faces F2 e F5
não houve diferenças significativas entre as duas condições. As faces pós-cirúrgicas M1, M2 e
M4 foram preferidas às suas correspondentes pós-cirúrgicas, com diferenças estatisticamente
significativas (p<0,001). Para as faces M3 e M5 houve diferenças significativas a 5% entre as
escolhas pré e pós, com preferência para as faces pré-cirúrgicas, nos dois casos.
Tabela 7- Frequências de escolhas das faces femininas pré (A) e pós-cirúrgicas(D)
Escolhas F1A F1D* F2A F2D F3A F3D* F4A F4D* F5A F5D
TOTAL
6 154 89 71 27 133 20 140 72 88
%
4% 96% 56% 44% 17% 83% 13% 87% 45% 55%
* p<0,01 comparadas com pré (A)
73
Tabela 8- Frequências de escolhas das faces masculinas pré (A) e pós-cirúrgicas(D)
Escolhas
M1A
M1D*
M2A
M2D*
M3A
#
M3D
M4A
M4D*
M5A
#
M5D
TOTAL 16 144 46 114 103 57 10 150 107 53
% 10% 90% 29% 71% 64% 36% 6% 94% 67% 33%
* p<0,01 comparadas com pré (A);
#
p<0,05 comparadas com pós (D)
Ao comparar dados dos julgamentos dos participantes femininos e masculinos o teste
de Friedman mostrou uma tendência semelhante aos julgamentos da amostra geral para as
faces femininas, das quais três pós-cirúrgicas foram julgadas mais atrativas que as pré-
-cirúrgicas tanto para o gênero feminino: F1 [Q (19, 21) = 4,01; p<0,01], F3 [Q (19, 21) =
3,67; p<0,01], e F4 [Q (19, 21) = 3,98; p<0,01], quanto para o gênero masculino: F1 [Q (19,
21) = 3,70; p<0,01], F3 [Q (19, 21) = 2,70; p<0,05] e F4[Q (19, 21) = 3,70; p<0,01] (Figura
32).
Figura 32. Julgamentos de atratividade das faces de pacientes femininos antes (FA) e depois
(FD) da cirurgia ortognática no Experimento I, realizados por participantes femininos e
masculinos. Os dados são representados como médias e ± E.P.M. (* p<0,01 para participantes
femininos; + p<0,01 para particpantes masculinos; # p<0,05 para participantes masculinos)
74
Para as faces masculinas o teste de Friedman mostrou que os julgamentos de
participantes femininos e masculinos, separadamente, apresentaram algumas diferenças da
amostra geral, com três faces pós-cirúrgicas consideradas mais atrativas que as pré-cirúrgicas:
M1, M2 e M4 (na amostra geral foram duas, M1 e M4) e duas faces pré-cirúrgicas
consideradas mais atrativas que as pós-cirúrgicas: M3 e M5 (na amostra geral foi apenas uma,
M5). As análises estatísticas para os julgamentos femininos foram: M1 [Q (19, 21) = 2,83;
p<0,01], M3 [Q (19, 21) = 1,72; p<0,05], M4 [Q (19, 21) = 3,63; p<0,01] e M5 [Q (19, 21) =
2,69; p<0,05], e para os masculinos: M1 [Q (19, 19) = 3,57; p<0,01], M2 [Q (19, 19) = 2,33;
p<0,05], M4 [Q (19, 19) = 3,72; p<0,01] (Figura 33).
Figura 33. Julgamentos de atratividade das faces de pacientes masculinos antes (A) e depois
(D) da cirurgia ortognática no Experimento I, realizados por participantes femininos e
masculinos. Os dados são representados como médias e ± E.P.M. (*p<0,01 para participantes
femininos; +p<0,01 para participantes masculinos; **p<0,05 para participantes femininos;
#p<0,05 para participantes masculinos)
75
Discussão
Os resultados obtidos mostram que a cirurgia ortognática melhorou a estética facial de
pacientes portadores de deformidades dentofaciais uma vez que as faces pós-cirúrgicas foram
consideradas mais atrativas que as pré-cirúrgicas de uma maneira geral, corroborando os
dados da literatura (KERR; DORTH; O’DONNELL, 1990; ONG, 2004; PHILLIPS;
PROFFIT, 2005). Ademais a avaliação dos pacientes foi 90% positiva com relação aos
resultados da mesma, como mostra estudos na área (PHILLIPS; BENNETT, 2000 apud
PHILLIPS; PROFFIT, 2005).
No presente Experimento, três faces femininas (F1, F3, F4) e duas faces masculinas
(M1 e M4) pós-cirúrgicas foram consideradas mais atrativas que as pré-cirúrgicas. Para uma
face masculina (M5) houve um resultado diferente daquele apontado na literatura (KERR;
DORTH; O’DONNELL, 1990; ONG, 2004; PHILLIPS; PROFFIT, 2005), pois sua versão
pré-cirúrgica foi considerada mais atrativa que a pós-cirúrgica. A análise das escolhas
corroborou os dados mostrados pela VAS para as faces femininas e incluiu uma face
masculina (M2) pós-cirúrgica no rol das faces pós-cirúrgicas como mais atrativas. Também na
análise da preferência a face pré-cirúrgica masculina M5 foi considerada mais atrativa que a
pós, acompanhada pela face M3.
As faces pós-cirúrgicas que obtiveram maiores julgamentos de atratividade
apresentaram também as maiores diferenças nas medidas das análises faciais de terços,
quintos e meios. Faces F1, M1, M2, M3, M4 e M5 apresentaram diferenças nos terços, nos
meios e nos quintos faciais. Nas faces F3, F4 foram vistas diferenças nas análises dos meios e
dos quintos. A atratividade facial estaria, então, relacionada às diferenças físicas perceptíveis
com correções das desarmonias entre os elementos faciais como aponta a literatura (EDLER;
ORTH, 2001; ENLOW, 1993; KERR; DORTH; O’DONNELL, 1990; ONG, 2004; SARVER;
PROFFIT; ACKERMAN, 2005; SCAVONE JUNIOR et al., 2006).
76
Faces F1, M1, M2 apresentaram diferenças nos terços inferiores das faces, o que
condiz com os procedimentos cirúrgicos realizados nas mesmas: correções de Classe III
esquelética com avanços e reposicionamentos mandibulares, e/ou recuos e giros maxilares e
correções de movimentações ou enxertos nos mentos.
Nas faces F1, F3, F4, M1, M2, M4 foram vistas diferenças nas análises dos meios e
dos quintos o que pode significar que, apesar da cirurgia ortognática alterar medidas
localizadas no terço inferior da face, como avanços, recuos e reposicionamentos de maxilas,
mandíbulas e mentos, as alterações podem afetar toda a configuração facial, como preconizam
estudos sobre medidas e proporções faciais (ENLOW, 1993; SARVER; PROFFIT;
ACKERMAN, 2005).
Contudo nem todas as faces que apresentaram diferenças nas proporções faciais entre
antes e depois da cirurgia foram julgadas de maneira diferente, como ocorrido com as faces
F2 e F5. Estas diferenças entre o antes e depois da cirurgia também não foram percebidas pela
paciente F2, a qual relatou não ter gostado do resultado da cirurgia e até se arrependido de tê-
la feito. Nestes casos pode ser também que outras características faciais como olhos, cor de
pele, brilho da fotografia, dentre outras tenham influenciado nos julgamentos e tirado o foco
das diferenças físicas como visto nos estudos sobre julgamentos faciais (SILVA, 2005;
KERR; DORTH; O’DONNELL, 1990; PROFFIT; SARVER, 2005).
Outro viés a ser considerado é a maneira como os julgamentos de atratividade de o
realizados. Os participantes deste estudo não tinham a informação de que deveriam ‘procurar’
diferenças entre a dupla de faces observadas. Algumas diferenças foram perceptíveis, outras
não, sendo que alguns participantes perguntaram se as fotografias eram da mesma pessoa ou
não. Talvez os juízes tiveram um olhar menos crítico do que o olhar de um profissional da
área que, ao perceber mais as diferenças, julgaria de maneira diferente os mesmos pacientes
(KERR; DORTH; O’DONNELL, 1990).
77
Algo que pode ter influenciado nos julgamentos foi o fato das fotografias julgadas
serem frontais, o que pode fazer com que as deformidades faciais não fiquem tão aparentes,
ao ponto de mascarar as desproporções no terço inferior da face. Kerr, Dorth e O’Donnell
(1990) mostraram que fotografias frontais de pacientes Classe II e III tiveram julgamento de
atratividade maiores que suas fotografias de perfil. As duas faces pré-cirúrgicas masculinas
(M3 e M5) consideradas mais atrativas que as pós-cirúrgicas, ambas Classe III, talvez não
tiveram as diferenças das análises faciais evidenciadas provavelmente pela posição frontal da
cabeça, sendo então julgadas em outros aspectos faciais como os olhos que ganham destaque
nesta posição, o que pode desviar a atenção do observador ou compensar a desarmonia no
conjunto facial (KERR; DORTH; O’DONNELL, 1990).
A literatura aponta que a grande maioria dos pacientes que buscam cirurgias
ortognáticas pertence às Classes II e III esqueléticas (ONG, 2004), como foi visto neste
estudo em que 60% dos pacientes pertenciam à denominada Classe III, 30% à Classe II e 10%
à Classe I. Tais deformidades resultaram em 30% de cirurgias combinadas de maxila,
mandíbula e mento, 20% de cirurgias combinadas de maxila e mandíbula, 20% de maxila,
20% de mandíbula e 10% de maxila e mento.
Foi observado que os pacientes submetidos à cirurgia ortognática eram jovens (média
26,9 anos), e 80% tinham a queixa estética (além das funcionais) como pontos centrais na
busca de tratamento cirúrgico para suas deformidades dentofaciais. Estes mesmos resultados
foram encontrados na literatura (ONG, 2004) e podem descrever a motivação que pessoas
mais jovens têm para realizar uma cirurgia de correção física e vem confirmar o quanto a
aparência facial é importante e pode afetar o modo como pessoas são percebidas e julgadas
(OMOTE, 1994; CHEN; GERMAN; ZAIDEL, 1996; FAURE; RIEFFE; MALTHA, 2002;
PHILLIPS; PROFFIT, 2005).
78
Os escores gerais de atratividade facial foram baixos, que pode ter ocorrido devido às
faces de pacientes apresentarem desarmonias, desvios da normalidade que podem ter
comprometido a atratividade das mesmas (EDLER; ORTH, 2001). Segundo Neger e Newark
(1959, apud REIS et al., 2006b) as faces da maioria da população consideradas ‘normais’,
sem grandes desvios, são esteticamente aceitáveis. Contudo aqueles que possuem algum tipo
de deformidade a priori (mais comumente indivíduos Classe II e III esquelética) são
classificados como esteticamente desagradáveis por apresentarem discrepâncias esqueléticas,
as quais necessitam de tratamentos mais invasivos, como as cirurgias ortognáticas. A
expectativa do paciente e da equipe que o trata é de que ocorram melhorias estéticas, com a
preservação e acentuação das características de agradabilidade do mesmo. Contudo estas
faces podem não chegar a um nível de aceitação muito maior que o normal (médio), saindo da
zona de não agradabilidade estética para a de aceitação estética (REIS et al., 2006b).
Foi observado que as faces femininas tiveram medianas de julgamentos maiores que as
faces masculinas, o que corrobora estudos que mostram que as faces femininas costumam ser
avaliadas como mais atrativas que as masculinas (PENTON-VOAK; PERRETT, 2000). Um
estudo brasileiro feito com faces em perfil mostrou que faces femininas foram consideradas
6% esteticamente agradáveis, 90% esteticamente aceitáveis e 4% esteticamente
desagradáveis, comparando-se com o gênero masculino em que nenhum indivíduo foi
classificado como esteticamente agradável na avaliação do perfil, 88% foram classificados
esteticamente aceitáveis e 12% esteticamente desagradáveis (REIS et al., 2006b).
Os dados deste primeiro experimento levam a crer que a cirurgia ortognática, enquanto
tratamento de deformidades dentofaciais, pode trazer melhorias estéticas àqueles que a
procuram. Tal melhoria pode ser fundamental na vida de pessoas que sofrem com
dificuldades de relacionamento, podem encontrar empecilhos no convívio e na interação
79
social, além de dificuldades funcionais e na relação consigo mesmas, devido à suas
deformidades.
3.2.3) Experimento II:
O objetivo deste segundo experimento foi investigar a relação entre a atratividade de
faces de pacientes submetidos à cirurgia ortognática e a atratividade dos protótipos faciais.
Participantes: 40 voluntários (21 mulheres e 19 homens), com idades entre 20 e 53
anos. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a participação na
pesquisa (Anexo C), aprovado pelo Comitê de Ética da FFCLRP-USP. Os voluntários
participaram dos dois Experimentos.
Materiais: Os estímulos visuais foram as 23 imagens analisadas, sendo 20 fotografias
frontais de 10 pacientes nas fases pré o pós-operatórias e os 3 protótipos faciais da população
brasileira. Um microcomputador Pentium IV, 992 MB RAM, com placa de vídeo SiS 661FX,
true color (24 bits), 1024 x 768 pixels, frequência de atualização da tela 100Hz, acoplado a
um monitor LG Flatron ez T910B Plus (19”), com sistema Windows XP Professional
versão
2002 e o software Super Lab Pro - Experimental Lab, versão 2.0.
Folhas de registros, compostas por 40 linhas, para o julgamento das magnitudes de
atratividade de cada fotografia pela escala VAS (Visual Analogue Scale) foram utilizadas. Tal
escala consistia em uma linha, de 10 cm de comprimento, em que a extremidade esquerda
significava ‘N
ADA
A
TRATIVO
e a extremidade direita ‘E
XTREMAMENTE
A
TRATIVO
’. A
distância marcada na linha foi medida por uma régua milimetrada e atribuído um valor
numérico correspondente entre 0 e 10.
As 20 fotografias dos pacientes, nas condições pré e pós-cirúrgicas, foram pareadas
aos três protótipos faciais correspondentes a cada cor de pele e gênero da face: masculinos
branco e preto e feminino branco. Assim sendo 4 faces (8 fotografias) de pacientes
80
masculinos brancos foram pareados ao protótipo masculino branco; 5 faces (10 fotografias)
femininas brancas pareadas ao protótipo feminino branco; e uma face (duas fotografias)
masculina preta foi pareada ao protótipo masculino preto.
Antes de iniciar a sessão experimental era explicada, sucintamente, a cada participante
a teoria de atratividade dos protótipos faciais. Tal teoria diz que um protótipo facial, sendo
uma imagem representativa de uma dada população, tende a ter julgamentos de atratividade
medianos (LANGLOIS; ROGGMAN, 1990). Durante a explicação eram mostrados os
protótipos faciais representativos da população brasileira branca na tela do computador, os
quais foram testados em experimentos prévios e possuem graus de atratividade medianos. O
participante observava as duas faces pareadas, o protótipo e a face do paciente (já
familiarizada no Experimento I), sua tarefa era julgar a face do paciente, na VAS e considerar
que o protótipo tivesse atratividade mediana. Em cada VAS na folha de respostas havia uma
indicação, no meio da linha, escrito ‘MÉDIA’, que representava o julgamento dos protótipos.
Esta indicação serviu de ancoragem para o julgamento das outras faces, ao compará-las aos
protótipos correspondentes.
As sessões experimentais duraram entre 4 e 9 min. Cada dupla foi observada duas
vezes em cada sessão experimental, se alternado o lado da posição das faces na tela, ora no
lado direito, ora no esquerdo dos protótipos. As imagens tiveram as mesmas medidas do
Experimento I, também a ordem de apresentação dos estímulos foi aleatória e o tempo de
exposição livre.
Análise dos dados: Todas as 23 imagens foram medidas com o auxílio de um editor de
imagens As medidas reais em cada análise foram transformadas em proporções, depois foram
feitas as diferenças entre as proporções das medidas faciais, para terços, quintos e meios, entre
as faces pré e pós-cirúrgicas para cada paciente.
81
Os dados de cada paciente segundo idade, queixas, deformidades dentofaciais e tipos
de cirurgias ortognáticas a que foram submetidos também compõe a análise dos dados.
Os escores de atratividade por meio da VAS foram mensurados em relação ao tamanho
total da linha, transformados em valores numéricos (entre 0 e 10) e computados para cada
imagem julgada. Foram somadas as frequências das escolhas entre faces pré ou pós-cirúrgicas
e dos protótipos. Os softwares SPSS
versão 12.0 e BioEstat 5.0 foram utilizados para análise
dos dados.
Resultados
Os testes de normalidade Shapiro-Wilk e Kolmogorov-Smirnov indicaram que os
dados de atratividade das faces dos pacientes não se distribuem em uma curva normal.
Portanto, como no Exp.I, as análises estatísticas de comparações entre os julgamentos de
atratividade foram feitas com testes não paramétricos como Friedman, que comparou a soma
dos postos entre os julgamentos das faces antes e depois da cirurgia e também entre os Exp.I e
II. Os julgamentos de atratividade das faces pré e pós-cirúrgicas e dos protótipos foram
comparados pelo teste de Wilcoxon (DAWSON; TRAPP, 2003).
O Experimento II também mostrou que faces pós-cirúrgicas foram julgadas como mais
atrativas que as faces pré-cirúrgicas no geral [Q (1, 400) = 7,80; p<0,01], com medianas de
1,70 (1º Quartil: 0,95; Quartil: 2,75) para as pré-cirúrgicas e de 2,05 (1º Quartil: 1,10;
Quartil: 2,98) para as pós-cirúrgicas.
A análise dos gêneros separadamente mostrou que também para as faces femininas [Q
(1, 200) = 5,52; p<0,01] e masculinas [Q (1, 200) = 5,50; p<0,01], as pós-cirúrgicas foram
consideradas mais atrativas, com medianas de 2,18 (1º Quartil: 1,18; Quartil: 3,39) para as
femininas pré-cirúrgicas e de 2,54 (1º Quartil: 1,31; Quartil: 3,66) e medianas para as
82
masculinas de 1,35 (1º Quartil: 0,73; Quartil: 2,18) para as pré-cirúrgicas e de 1,85 (1º
Quartil: 0,95; 3º Quartil: 2,45) para as pós-cirúrgicas, como mostra a Figura 34.
Na comparação entre faces pré e pós-cirúrgicas e os protótipos faciais foi observado
na amostra total que todas as faces, masculinas e femininas, tiveram medianas de atratividade
significativamente menores que 5 [Q (20, 40) = 412,92; p<0,01], o qual foi o julgamento
ancorado para a atratividade dos protótipos durante o experimento (Figura 35).
Figura 34. Julgamentos de atratividade das faces de pacientes femininos (F) e masculinos (M)
antes (A) e depois (D) da cirurgia ortognática no Experimento II. Os dados são representados
como médias e ± E.P.M. (*p<0,01 entre as faces antes e depois)
Ao comparar os julgamentos de atratividade das faces entre os Experimentos I e II o
teste de Friedman apontou diferenças significativas para os julgamentos gerais [Q (39, 40) =
649,62; p<0,01] em que as faces pós-cirúrgicas obtiveram maiores escores de julgamentos no
Exp.I e as faces pré-cirúrgicas maiores escores no Exp.II. Para o Exp. I a mediana para as pré-
-cirúrgicas foi de 0,00 (1º Quartil: 0,00; Quartil: 2,24) e pós-cirúrgicas de 2,13 (1º Quartil:
83
0,71; Quartil: 3,54), quanto no Exp.II, a mediana para as pré-cirúrgicas foi de 1,70 (1º
Quartil: 0,95; 3º Quartil: 1,10) e pós-cirúrgicas de 2,05 (1º Quartil: 2,75; 3º Quartil: 2,98).
Ao comparar, pelo teste de Wilcoxon, as medianas dos julgamentos dos sexos das
faces separadamente notou-se que para as femininas houve diferenças significativas entre os
julgamentos do Exp.I e Exp.II, nas faces pré-cirúrgicas [Q (7, 196) = 6,64; p<0,01] e pós-
-cirúrgicas [Q (7, 200) = 6,09; p<0,01]. Para as faces masculinas o teste mostrou diferenças
entre os dois Experimentos apenas para as faces pré-cirúrgicas [Q F(7, 196) = 4,62; p<0,01],
como mostra a Tabela 9.
Figura 35. Julgamentos de atratividade das faces de pacientes femininos (F) e masculinos (M)
antes (A) e depois (D) da cirurgia ortognática no Experimento II. A linha destacada representa
o julgamento predeterminado dos protótipos faciais. Os dados são representados como médias
e ± E.P.M. (* p<0,01, comparado com os julgamentos dos protótipos faciais)
84
Tabela 9- Diferenças entre as medianas de julgamentos das faces femininas e masculinas nos
Experimentos I e II
Femininas
Antes
Exp.I
Femininas
Antes
Exp.II
Femininas
Depois
Exp.I
Femininas
Depois
Exp.II
Masculinas
Antes
Exp.I
Masculinas
Antes
Exp.II
Masculinas
Depois
Exp.I
Masculinas
Depois
Exp.II
MED 0,00 2,18* 2,98 2,54* 0,00 1,35* 1,55 1,82
1º Quartil 0,00 1,18 1,50 1,31 0,00 0,73 0,00 0,95
3º Quartil 2,34 3,39 4,24 3,66 1,91 2,18 2,60 2,45
(* p<0,01, comparado com Exp.I).
Para as faces femininas os julgamentos das faces pré-cirúrgicas foram maiores no
Exp.II, diferente das s-cirúrgicas, que foram maiores no Exp.I. Para as faces masculinas
pré-cirúrgicas houve maiores medianas no Exp.II e, apesar de não haver diferenças
significativas entre as pós-cirúrgicas, houve uma tendência das medianas serem maiores
também no Exp.II. Os protótipos faciais parecem ter influenciado de maneira diferente os
julgamentos dos dois sexos das faces.
Discussão
Os resultados obtidos também neste segundo Experimento mostram que a cirurgia
ortognática melhorou a estética facial de pacientes portadores de deformidades dentofaciais,
corroborando mais uma vez os dados da literatura (KERR; DORTH; O’DONNELL, 1990;
ONG, 2004; PHILLIPS; PROFFIT, 2005).
Nos dois Experimentos realizados os escores de atratividade facial foram baixos,
ocorrido provavelmente devido às desarmonias faciais dos pacientes, que comprometem a
atratividade das mesmas (EDLER; ORTH, 2001; NEGER; NEWARK, 1959, apud REIS et
al., 2006b). Mesmo quando a melhora estética com a cirurgia as faces provavelmente
85
continuaram como estímulos fora do padrão normativo, distante da média matemática das
faces da população a que pertencem, menos atrativas (O’TOOLE et al., 1999; RHODES;
TREMEWAN, 1996; RHODES; SIMMONS; PETTERS, 2005; RHODES; SUMICH;
BYATT, 1999).
Assim como mostrado na literatura por Penton-Voak e Perrett (2000) e Reis et al.
(2006b) em que as faces femininas costumam ser avaliadas como mais atrativas que as
masculinas, também foi observado nos dois Experimentos deste estudo; as faces femininas
tiveram medianas de julgamentos maiores que as faces masculinas.
Os julgamentos de participantes femininos tiveram a tendência de serem maiores que
os masculinos corroborando dados da literatura (PENTON-VOAK; PERRETT, 2000;
PERRETT; MAY; YOSHIKAWA, 1994; PERRETT et al., 1998). Estudos mostram que a
avaliação da atratividade facial depende de fatores biológicos que direcionam os julgamentos
a potenciais parceiros reprodutivos (LITTLE et al. 2008; THORNHILL; GANGESTAD,
1999). Também foi demonstrado, por meio de estudos com fMRI com pessoas hetero e
homossexuais, que as ativações neurais durante julgamentos de atratividade facial estão
relacionados ao sistema de recompensa, sendo moduladas pela preferência sexual, mesmo
quando não está diretamente relacionada a fins reprodutivos (ISHAI, 2007; KRANZ; ISHAI,
2006).
A tendência das diferenças entre os julgamentos dos participantes masculinos e
femininos pode demonstrar haver distinções de sexo nos julgamentos de atratividade facial
como mostra a literatura (ISHAI, 2007; KRANZ; ISHAI, 2006; LITTLE et al. 2008;
PENTON-VOAK; PERRETT, 2000; PERRETT; MAY; YOSHIKAWA, 1994; PERRETT et
al., 1998; THORNHILL; GANGESTAD, 1999). Parece ser mais fácil para as mulheres
julgarem faces como atrativas, independente do sexo da face, do que para os homens. Tal fato
pode passar pelo crivo social da explicitação e aceitação da beleza para homens e mulheres.
86
No Experimento II as faces dos pacientes foram consideradas significativamente
menos atrativas que as dos protótipos faciais, as quais tinham valores 5,00 de atratividade.
Frequentemente os protótipos faciais são julgados com aparências mais jovens e com maior
atratividade do que as imagens faciais que lhe deram origem. O aumento na atratividade tem
sido atribuído à forma média do composto (Langlois; Roggman 1990) e um nivelamento ou
uma suavização do tom da pele (BENSON; PERRETT 1991; JONES et al., 2004). Quanto
mais próxima for a aparência da face do protótipo de sua raça, maior será seu nível de
atratividade (LANGLOIS; ROGGMAN, 1990; RHODES; SUMICH; BYATT, 1999), além
do que resultados de testes de atratividade mostram que os protótipos têm médias de
julgamentos superiores às médias de julgamento das faces que os compuseram.
As faces pré-cirúrgicas, femininas e masculinas, tiveram escores de atratividade
maiores no Experimento II comparado ao Experimento I. Contudo, para as faces pós-
-cirúrgicas, houve decréscimo na atratividade das faces femininas, sem diferenças
significativas para as masculinas. Os protótipos faciais interferiram de maneira diferenciada
nos julgamentos dos dois gêneros de faces.
Protótipos faciais, sendo então representantes das formas físicas faciais de um
determinado grupo, podem ser utilizados como parâmetros físicos em cirurgias de correção
faciais (BASHOUR, 2006) e garantir bons resultados estéticos.
Os dados deste segundo Experimento também levam a compreender que a cirurgia
ortognática pode trazer melhorias estéticas àqueles que a procuram, na medida em que os
julgamentos de atratividade facial devem estar condicionados às regras de proporcionalidade,
harmonização e aspectos medianos da face humana, dentre outros aspectos como
subjetividade, cultura, etnia.
Desde a antiguidade clássica a humanidade tenta descrever relações matemáticas que
correspondam a um ideal de beleza e estética corporal e facial. Estudos como este corroboram
87
a tese de que, apesar da beleza estar nos olhos de quem vê, existem elementos físicos que
podem ser manipulados para melhorias estéticas faciais.
Faz-se importante este tipo de estudo no sentido de auxiliar os profissionais da área de
cirurgia ortognática em predizer quais parâmetros podem estar mais ou menos
correlacionados à melhoria da estética facial, principalmente na utilização de protótipos
faciais oriundos da população atendida. Muitas regras utilizadas no Brasil provêm de
normatizações internacionais, dados que podem não traduzir os parâmetros faciais aqui
encontrados. O estudo das características da população brasileira em seus aspectos físicos e
perceptivos, bem como o de seus protótipos, aumenta as possibilidades de pesquisas e
normatização em cirurgias ortognáticas e de correção estética.
88
3.3)
I
NVESTIGAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
,
ANSIEDADE E AUTOESTIMA DOS
PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA ORTOGNÁTICA
.
Esta fase consistiu na aplicação de quatro instrumentos de avaliação nos pacientes
submetidos à cirurgia ortognática (cujas faces foram analisadas na fase 2) a fim de verificar se
as alterações faciais no pós-cirúrgico afetaram sua qualidade de vida, sua ansiedade e
autoestima. As entrevistas para coleta de dados também avaliaram o grau de expectativa antes
da cirurgia e o grau de satisfação dos pacientes diante dos resultados obtidos.
As escalas foram aplicadas nos 10 pacientes nos contatos pré-cirúrgico (dias antes da
cirurgia) e pós-cirúrgico (após seis meses ou mais) no momento anterior à coleta das
fotografias. O período de seis meses no pós-cirúrgico foi respeitado, pois após este período a
face apresenta-se sem edemas e inchaços, o paciente já tem noção exata de como sua
aparência permanecerá e a avaliação emocional sobre as alterações decorrentes da cirurgia
podem estar mais consolidada.
As escalas utilizadas foram:
I) Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde,
versão breve e em português: WHOQOL-bref (OMS, 1998, Anexo D). Esta escala é uma
versão abreviada do WHOQOL-100 (que consta de 100 questões que avaliam 6 domínios:
Físico, Psicológico, Nível de Independência, Relações Sociais, Meioambiente e
Espiritualidade/Crenças Pessoais), composta pelas 26 questões que obtiveram os melhores
desempenhos psicométricos extraídas da versão original. Esta versão abreviada é composta
por 4 domínios: Físico, Psicológico, Relações Sociais e Meio Ambiente e foi desenvolvida
com a colaboração de 15 centros simultaneamente em diferentes culturas, pela necessidade de
elaboração de instrumentos curtos que demandem pouco tempo para seu preenchimento, mas
com características psicométricas satisfatórias (FLECK et al., 1999).
89
A definição de qualidade de vida pelo Grupo de Qualidade de Vida’ da divisão de
Saúde Mental da OMS baseia-se nos pressupostos de que qualidade de vida é um constructo
subjetivo e multidimensional e composto por dimensões positivas e negativas. Esta versão
breve do instrumento abrange tais questões tanto na forma psicométrica quanto conceitual e
preserva o caráter abrangente do instrumento original (FLECK et al., 2000).
A versão em português dos instrumentos WHOQOL foi desenvolvida no Centro
WHOQOL para o Brasil, no Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul sob a coordenação do Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck. Foi
realizada segundo a metodologia indicada para a versão do instrumento, preenchendo os
critérios das características psicométricas exigidas de consistência interna, validade
discriminante, validade convergente, validade de critério, fidedignidade de teste e reteste
(FLECK et al., 2000).
Os participantes devem responder às 26 questões e pontuar entre 1 a 5, de acordo com
uma escala tipo Likert, que varia de Nada (1) até Extremamente (5). O inventário pode ser
auto-aplicado ou auxiliado pelo avaliador e sua cotação é feita ao transformar os pontos das
questões em escalas de 0 a 100 para cada domínio estudado e para as questões 1 e 2
separadamente (as quais dizem respeito à qualidade de vida e saúde em geral), através de uma
sintaxe no software estatístico SPSS
. Quanto maior a pontuação, melhor o nível de qualidade
de vida do sujeito nos referidos domínios.
II) Inventário de Ansiedade Traço Estado, (IDATE) (Spielberg; Gorsuch; Lushene,
1979). O Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) é um dos instrumentos mais
utilizados para o estudo da ansiedade nas pesquisas sobre o tema. Desenvolvido nos EUA na
Universidade de Vanderbilt, por Spielberger em 1970 (Spildber et al., 1979) originalmente foi
planejado para investigar fenômenos de ansiedade em adultos sem perturbações psiquiátricas,
também se mostrou útil ao medir ansiedade em estudantes de e graus, em pacientes
90
neuropsiquiátricos, cirúrgicos e de clínica média. Foi traduzido e adaptado para o Brasil por
Biaggio (1979, apud SPIELBERGER; GORSUCH; LUSHENE, 1979) e é editado e
distribuído pelo CEPA – Centro Editor de Psicologia Aplicada Ltda.
A aplicação do IDATE é simples. O teste é composto por duas escalas de
autorrelatório, impressas em cadernos separados e elaboradas a partir de dois conceitos de
ansiedade: o estado de ansiedade (‘Ansiedade- Estado’) e o traço de ansiedade (‘Ansiedade-
Traço’). São escalas com variação de respostas entre 1 e 4.
A primeira, Ansiedade-Estado’ (A-estado), refere-se a um estado emocional
transitório que se caracteriza por sentimentos subjetivos de tensão que podem variar de
intensidade de acordo com o contexto. Ela é composta de 20 afirmações que questionam
como os participantes se sentem num determinado momento. As respostas possíveis são: 1)
Absolutamente Não; 2) Um Pouco; 3) Bastante; 4) Muitíssimo (Anexo E).
A escala Ansiedade-Traço’ (A-traço), também composta por 20 afirmações, refere-se
a diferenças individuais relativamente estáveis na tendência a reagir a situações percebidas
como ameaçadoras. Os participantes devem responder como geralmente se sentem diante das
situações cotidianas. As respostas possíveis são: 1) Quase Nunca; 2) Às Vezes; 3)
Frequentemente; 4) Quase Sempre (Anexo F).
Além dos diversos usos do IDATE como em pesquisas que selecionam indivíduos
com diferentes graus de reação às pressões psicológicas, ou ainda que determinam níveis de
intensidade de estados de ansiedade em situações experimentais, o inventário também se
mostra útil no trabalho clínico. A escala A-estado pode indicar níveis de ansiedade transitória
em pacientes em psicoterapia ou pacientes pré-cirúrgicos e pode também medir mudanças na
intensidade deste tipo de ansiedade no decorrer destas situações. Em contrapartida a A-traço
pode indicar os níveis de ansiedade que acometem geralmente aqueles indivíduos estudados
91
ao avaliar o grau de perturbação que a ansiedade gera em seu cotidiano (SPIELBERGER;
GORSUCH; LUSHENE, 1979).
A cotação do IDATE é feita pela soma dos pontos assinalados, considerando alguns
itens invertidos tanto na escala A-Estado quanto na A-Traço. Quanto maior os escores,
maiores os níveis de ansiedade do participante.
III) Escala Analógica de Humor (EAH) (NORRIS, 1971, versão traduzida por
ZUARDI; KARNIOL, 1981, Anexo G). Esta escala foi proposta originalmente por Norris
(1971) com o nome de “Visual Analogue Mood Scale” (VAMS), no estudo dos efeitos de
drogas sobre a ansiedade induzida experimentalmente em voluntários e tem sido bastante
aplicada no Brasil. É uma escala analógica, de autoavaliação, na qual a pessoa deve assinalar
seu estado subjetivo em uma linha reta contínua que supostamente representa toda a gama de
uma situação. A escala é constituída por 16 itens, cada um composto de uma linha reta de 10
cm que liga dois adjetivos de sentidos opostos (Guimarães, 2000). Os 16 itens foram
agrupados por Zuardi et al. (1993) em quatro fatores, de acordo com a nomenclatura original:
Ansiedade (itens 2, 8 e 10), Sedação Física (itens 3, 4, 5, 6, 9, 12, 16), Sedação Mental (itens
1 e 11) e Outros Sentimentos e Atitudes (itens 7, 13, 14 e 15).
Os participantes assinalam sua resposta no continuum com um traço vertical na linha.
Os escores são obtidos ao medir as linhas com uma gua milimetrada ou um paquímetro e
estas medidas representam os valores em uma escala de 0 a 100. Quanto maior o valor obtido
em cada item na escala, maior o grau de ansiedade do participante. Metade dos itens é direta
com adjetivos positivos na extremidade direita da linha e a outra metade é composta de itens
invertidos, ou seja, tem na extremidade direita da linha um adjetivo negativo. A
transformação destes últimos em escala de 0 a 100 deve ser feita ao subtrair o valor
mensurado de 100.
92
Este tipo de escalas, comparadas às de natureza discreta (usualmente mais
empregadas), apresentam vantagens em relação à sensibilidade de discriminação de
sensações, facilidade de preenchimento e maior possibilidade de uso de estatística paramétrica
no tratamento dos dados (GUIMARÃES, 2000).
IV) Escala de Auto-Estima de Rosenberg (Souza; Ferreira, 2005, Anexo H). Esse
instrumento é uma escala de autorrelato de sete pontos, que variam de Discordo Totalmente
(1) a Concordo Totalmente (7). É composta por dez itens que investigam aspectos globais da
autoestima; cinco itens que avaliam sentimentos positivos do indivíduo sobre si mesmo, e
outros cinco itens que avaliam sentimentos negativos. Os participantes devem indicar o grau
de concordância com o item descrito. Para a pontuação das respostas os cinco itens que
expressam sentimentos negativos têm valores invertidos, e então, estes valores são somados
aos dos outros itens positivos, totalizando um valor único para a escala, correspondente às
respostas dos 10 itens. Os valores podem variar de 10 a 70 e quanto maior o escore obtido,
maior a autoestima do participante (VARGAS, DANTAS; GOIS, 2005).
Esta escala é um dos instrumentos mais utilizados para a avaliação da autoestima
global e no Brasil tem sido amplamente utilizada em pesquisas em saúde. O conceito de
autoestima, segundo Rosenberg (1965, apud ROMANO; NEGREIROS; MARTINS, 2007),
refere-se à avaliação que a pessoa efetua e geralmente mantém em relação a si própria, o que
implica um sentimento de valor que engloba um componente afetivo, expressa numa atitude
de aprovação/desaprovação em relação a si mesma.
Os instrumentos foram cotados e os resultados foram analisados de acordo com os
critérios de cada um e posteriormente os resultados obtidos antes e depois da cirurgia foram
comparados com testes estatísticos, com auxílio dos softwares SPSS
versão 12.0 e BioEstat
5.0 para verificar possíveis alterações emocionais entre as duas condições de análise, antes e
após da cirurgia ortognática.
93
Resultados
Os resultados dos instrumentos de avaliação aplicados nos pacientes antes e após a
cirurgia ortognática serão apresentados separadamente:
I) WHOQOL- bref: Os dados coletados a partir do “Instrumento de Avaliação de
Qualidade de Vida” da Organização Mundial da Saúde, “WHOQOL-bref” (OMS, 1998)
foram cotados, transformados em escalas de 0 a 100 para cada domínio: 1) Físico, 2)
Psicológico, 3) Relações Sociais e 4) Meio Ambiente) e para as questões 1 e 2 separadamente
(relacionadas à qualidade de vida e de saúde em geral). Os dados das escalas foram
comparados para as situações pré e pós-cirúrgicas dos 10 pacientes analisados através do
Teste T pareado (considerando p<0,01).
Como visto nas Tabelas 10 e 11 os resultados mostraram que, apesar de todos os
domínios terem médias maiores na condição pós-cirúrgica, o teste estatístico apontou
diferença significativa [T (9, 10) = 3,74; p<0,01] apenas para o domínio ‘Psicológico’, com
maiores escores para a situação pós-cirúrgica.
Tabela 10- Escores obtidos nos domínios Físico, Psicológico e Relações Sociais no Whoqol-
bref, com respectivas médias e desvios padrões
Domínio Físico Domínio Psicológico Domínio Relações Sociais
Pacientes Pré Pós Pré Pós Pré Pós
F1
67,86 78,57 66,67 87,50 66,67 66,67
F2
42,86 46,43 33,33 33,33 66,67 58,33
F3
100,00 92,86 75,00 79,17 91,67 100,00
F4
75,00 78,57 66,67 83,33 58,33 83,33
F5
100,00 96,43 91,67 87,50 91,67 75,00
continua
94
conclusão
Tabela 10- Escores obtidos nos domínios Físico, Psicológico e Relações Sociais no Whoqol-
bref, com respectivas médias e desvios padrões
M1
53,57 78,57 54,17 83,33 66,67 58,33
M2
96,43 85,71 66,67 95,83 50,00 66,67
M3
92,86 100,00 79,17 87,50 75,00 83,33
M4
82,14 92,86 79,17 91,67 83,33 91,67
M5
78,57 85,71 66,67 91,67 58,33 66,67
Média
78,93
83,57
67,92
82,08*
70,83
75,00
Desvio
Padrão
19,67 15,17 15,84 17,79 14,30 14,16
* p<0,01 comparado com pré-cirúrgico.
Tabela 11- Escores obtidos nos domínio Meio Ambiente e nas Questões 1 e 2 no Whoqol-
bref, com respectivas médias e desvios padrões
Domínio Meio
Ambiente
Questão 1 Questão 2
Pacientes Pré Pré Pré Pós P Pós
F1
56,25 71,88 12,50 18,75 18,75 18,75
F2
40,63 50,00 12,50 12,50 12,50 12,50
F3
75,00 71,88 18,75 18,75 12,50 18,75
F4
65,63 71,88 18,75 18,75 25,00 18,75
F5
75,00 78,13 25,00 18,75 18,75 18,75
continua
95
conclusão
Tabela 11- Escores obtidos nos domínio Meio Ambiente e nas Questões 1 e 2 no Whoqol-
bref, com respectivas médias e desvios padrões
M1
71,88 71,88 12,50 18,75 18,75 25,00
M2
62,50 59,38 25,00 25,00 18,75 18,75
M3
50,00 71,88 18,75 18,75 25,00 25,00
M4
62,50 75,00 18,75 25,00 18,75 25,00
M5
68,75 62,50 25,00 18,75 18,75 18,75
Média
62,81
68,44
18,75
19,38
18,75
20,00
Desvio
Padrão
11,17 8,52 5,10 3,55 4,17 3,95
II) Inventário de Ansiedade Traço-Estado: Os escores coletados a partir do
“Inventário de Ansiedade Traço-Estado” (IDATE) (SPIELBERGER; GORSUCH;
LUSHENE, 1979) foram comparados entre as duas situações pré e pós-cirúrgicas através de
um teste não paramétrico (Wilcoxon), por ser esta uma escala de categorias. Os resultados
são mostrados na Tabela 12. Não foram encontradas diferenças significativas (p>0,01) entre
as medianas dos escores nas duas condições de análise, apesar de haver uma tendência das
medianas serem maiores na condição pré-cirúrgica para a Ansiedade-Estado e o inverso na
escala A-Traço.
96
Tabela 12- Escores obtidos no IDATE (A-Estado e A-Traço), com respectivas medianas e
desvios padrões
Ansiedade-Estado Ansiedade-Traço
Pacientes P Pós Pré Pós
F1
30,00 31,00 45,00 45,00
F2
50,00 49,00 52,00 67,00
F3
36,00 35,00 30,00 30,00
F4
37,00 38,00 42,00 41,00
F5
20,00 30,00 29,00 35,00
M1
25,00 30,00 47,00 35,00
M2
52,00 26,00 62,00 36,00
M3
40,00 28,00 31,00 27,00
M4
35,00 30,00 41,00 34,00
M5
35,00 29,00 42,00 32,00
Mediana
35,50
30,00
42,00
35,00
1º Quartil 31,25 29,25 33,50 32,50
3º Quartil 39,25 33,75 45,75 35,75
III) Escala Analógica de Humor (Norris, 1971, versão traduzida por ZUARDI;
KARNIOL, 1981): Os escores de cada item da “Escala Analógica de Humor” foram
mensurados e transformados em escala de 0 a 100. Os itens invertidos foram tiveram seus
escores subtraídos de 100 e foram somados aos itens diretos. Os 16 itens foram agrupados, de
97
acordo com Zuardi et al. (1993), em quatro fatores: Ansiedade (itens 2, 8 e 10), Sedação
Física (itens 3, 4, 5, 6, 9, 12, 16), Sedação Mental (itens 1 e 11) e Outros Sentimentos e
Atitudes (itens 7, 13, 14 e 15).
As médias dos escores para os quatro fatores nas condições pré e pós-cirúrgicas foram
comparadas pelo teste paramétrico de comparação de médias, Teste t, devido à sua natureza
contínua. Foi verificada diferença significativa para o fator ‘Ansiedade’ entre as médias das
duas condições [t(29, 30) = 2,84; p<0,01], com maior a ansiedade na condição pré-cirúrgica.
Os demais fatores não apresentaram diferenças significativas entre as médias das duas
condições analisadas (p>0,01). Os resultados estão na Tabela 13.
Tabela 13- Escores obtidos na Escala Analógica de Humor (EAH), com respectivas medianas
e desvios padrões
Fator
Ansiedade
Fator Sedação
Física
Fator Sedação
Mental
Fator Outros
Sentimentos e
Atitudes
Condição Pré Pós Pré Pós P Pré Pré Pós
Média
32,51*
17,57 24,18 25,12 15,53 8,89 19,88 24,24
Desvio Padrão
32,89 23,04 24,85 24,42 19,77 11,21 24,90 24,97
* p<0,01 comparado com pós-cirúrgico.
IV) Escala de Auto-Estima de Rosenberg (SOUZA; FERREIRA, 2005): Os escores da
“Escala de Auto-Estima de Rosenberg” estão descritos na Tabela 14. As comparações entre as
medianas foram feitas com o teste de Wilcoxon, pela natureza ordinal da escala e não foram
encontradas diferenças significativas (p>0,01) entre as condições pré e pós-cirúrgicas, apesar
da mediana da condição pós-cirúrgica ser um pouco maior que na condição pré-cirúrgica.
98
Tabela 14- Escores obtidos na Escala de Auto-Estima de Rosenberg, com respectivas
medianas e desvios padrões
Auto Estima
Paciente Pré Pós
F1
51,00 54,00
F2
32,00 38,00
F3
65,00 65,00
F4
50,00 58,00
F5
57,00 37,00
M1
43,00 63,00
M2
50,00 66,00
M3
65,00 70,00
M4
53,00 58,00
M5
53,00 56,00
Mediana 52,00 58,00
1º Quartil 50,00 54,50
3º Quartil 56,00 64,50
A aplicação de quatro instrumentos de avaliação foi realizada a fim de verificar se os
pacientes submetidos à cirurgia ortognática sofreram algum tipo de alterações emocionais no
pós-cirúrgico nos quesitos qualidade de vida, ansiedade e autoestima no período de seis meses
após a cirurgia. Tais avaliações foram importantes para verificar o quanto este tipo de cirurgia
afetou o cotidiano destes pacientes.
99
Discussão
Os resultados do Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida da Organização
Mundial da Saúde, WHOQOL-bref (OMS, 1998) apontaram diferenças significativas para o
“Domínio Psicológico”, com maiores medianas no pós-cirúrgico, o que indica que houve
melhoria neste quesito na qualidade de vida dos pacientes. Tal dado é importante, pois uma
vez que a cirurgia altera fisicamente e perceptivamente a face do paciente uma possível
alteração emocional que acompanha este fato. Pessoas que têm suas faces alteradas podem
não mais se reconhecer ao espelho ou ainda não serem mais reconhecidas por pessoas de seu
convívio social. Ademais o fato dos ganhos estéticos na face, com mudanças para melhor
como visto nos Experimentos, o nível de satisfação emocional aumenta, aumentando também
a qualidade de vida psíquica dos indivíduos. Melhorias nos relacionamentos interpessoais
foram relatadas pelos indivíduos durante nas entrevistas o que pode também explicar os
ganhos positivos para o domínio psicológico.
Os outros três domínios (Físico, Relações Sociais e Meio Ambiente) mais as questões
1 e 2 (relacionadas à qualidade de vida e de saúde em geral) tiveram maiores pontuações em
medianas para o pós-cirúrgico, apesar de não apresentarem diferenças estatísticas com relação
ao pré-cirúrgico. Tais dados levam a crer que os resultados satisfatórios provenientes da
cirurgia ortognática podem ter influenciado na qualidade de vida geral destes pacientes,
aumentando-a nos diferentes âmbitos do cotidiano. Cirurgias deste tipo podem, então, ser
enquadradas no paradigma da qualidade de vida, com melhorias no dia-a-dia destes
indivíduos. Estudos mostram que a grande maioria dos pacientes norteamericanos (82%) está
feliz com os resultados do tratamento entre 4 e 6 semanas após a cirurgia e este número sobe
para 90% após dois anos (PHILLIPS; BENNETT, 2000 apud PHILLIPS; PROFFIT, 2005).
Com relação à investigação sobre a ansiedade dos pacientes nos momentos pré e pós-
-cirúrgicos foi demonstrado que pelo Inventário de Ansiedade Traço – Estado, (IDATE)
100
(SPIELBERGER; GORSUCH; LUSHENE, 1979) não houve diferenças significativas entre
as medidas dos dois tipos de situações, apesar de haver uma tendência das medianas na
condição pré-cirúrgica para a Ansiedade-Estado serem maiores e para a escala A-Traço serem
maiores na pós-cirúrgica. Contudo na Escala Analógica de Humor (EAH) (Norris, 1971,
versão traduzida por ZUARDI; KARNIOL, 1981) houve diminuição da ansiedade na fase
pós-cirúrgica de avaliação. Tal divergência de resultados pode se apoiar no fato da EAH ser
uma escala que apresenta vantagem em relação à sensibilidade de discriminação de sensações,
facilidade de preenchimento e maior possibilidade de uso de estatística paramétrica no
tratamento dos dados (GUIMARÃES, 2000), o que leva a índices de ansiedade mais
fidedignos e seguros.
Foi verificado durante as entrevistas pré-cirúrgicas um alto grau de expectativa nos
pacientes pela iminência da cirurgia (o evento tão aguardado pela maioria deles), o que pode
ter afetado o nível de ansiedade dos pacientes nesta fase, que envolve expectativas e medos
sobre o procedimento cirúrgico e suas intercorrências.
A diminuição da ansiedade na fase pós-cirúrgica pode demonstrar tanto uma situação
de maior relaxamento pela familiaridade com o pesquisador e/ou instrumento ou também um
decréscimo de angústia cotidiana, com melhorias nas relações pessoais consigo e com
terceiros, corroborados pelo alto grau de satisfação dos pacientes observado nas entrevistas.
Estudos norteamericanos mostraram que até metade dos pacientes com deformidades
maxilomandibulares apresentam nível elevado de angústia, o que prediz problemas de
relacionamento interpessoal (PHILLIPS; BENNETT; BRODER, 1998). Tal fato deve ser
levado em consideração pelos profissionais que se dispõem a tratar pacientes com estes
problemas, o que reforça a necessidade da presença de um psicólogo no acompanhamento de
casos em tratamentos ortognáticos (Nardi et al., 2003; NEWELL; MARKS, 2000). E quando
não a possibilidade de muitos profissionais trabalharem em equipe, necessidade dos
101
ortodontistas e cirurgiões ficarem atentos aos sintomas psicológicos de angústia e aflição, ou a
qualquer outra dificuldade emocional muito comuns nestes tipos de pacientes (PHILLIPS;
BENNETT; BRODER, 1998).
As ansiedades relacionadas às deformidades dentárias parecem ser influenciadas pela
visão do paciente e pelas reações de terceiros. O sentimento de inferioridade aparece como
primeiro e principal efeito psicológico da deformidade dentofacial; e tal sentimento é um
estado emocional complexo e doloroso, e caracterizado por sensações de incompetência,
inadequação e depressão em vários âmbitos (HUNGERFORD, 2000, apud MORI, 2003). A
reversão destas deformidades resgata sentimentos positivos no indivíduo e pode até diminuir a
ansiedade em sua vida cotidiana. Tal impacto positivo reflete em suas atitudes pessoais,
sociais e comportamentais (NARDI et al., 2003).
Com relação à análise da autoestima alguns estudos apontam que pessoas com
problemas estéticos dentários têm tendência a baixa autoestima (com comportamentos de
cobrir a boca quando falam, ou moverem os lábios de forma artificial, ou ainda não gostar de
tirar fotografias, falar ou trabalhar com grande público) muitas vezes até com sintomas de
fobia social (NEWELL; MARKS, 2000). Contudo, Lazaridou-Terzoudi et al. (2003) não
encontraram diferenças significativas na autoestima e na imagem corporal entre grupos de
pacientes e não pacientes ortognáticos.
No presente estudo não foram verificadas alterações na autoestima entre as fases pré e
pós-cirúrgicas pela Escala de Auto-Estima de Rosenberg (SOUZA; FERREIRA, 2005). Tais
dados corroboram os resultados de Cunningham, Hunt e Feinmann (1996) que, ao utilizar o
mesmo instrumento, mostraram não haver diferença na autoestima nos pacientes nas fases
antes e depois da cirurgia, apesar do alto grau de satisfação dos mesmos diante dos bons
resultados da cirurgia ortognática.
102
Embora os resultados não tenham demonstrado diferenças estatisticamente diferentes,
a fase pós-cirúrgica teve uma inclinação para maior mediana de autoestima. Nicodemo,
Pereira e Ferreira (2008) mostraram em um estudo com pacientes nas mesmas condições e
coma utilização da mesma escala de autoestima, que houve aumento da autoestima para os
pacientes femininos, mas não para os masculinos.
O conceito de autoestima, segundo Rosenberg (1965 apud ROMANO; NEGREIROS;
MARTINS, 2007), refere-se à avaliação que a pessoa efetua e geralmente mantém em relação
a si própria, o que implica um sentimento de valor que engloba um componente afetivo,
expressa numa atitude de aprovação/desaprovação em relação a si mesma. A falta de
segurança e baixa autoestima podem afetar a obtenção ou não de sucesso de muitas pessoas,
incluindo aquelas com deformidades dentofaciais. Tal depreciação pode atingir os aspectos
intelectuais e psicológicos, diminuir a autoestima, interferir na inserção da pessoa no mercado
de trabalho e dificultar relações pessoais e profissionais (NEWELL; MARKS, 2000;
OMOTE, 1994; PROFFIT; WHITE JUNIOR, 2005).
Quando a estética pode ser restabelecida em uma face deformada, tornando-a mais
harmônica, aproximando o aspecto físico dos resultados esperados pelos pacientes, muitos
ganhos psíquicos, emocionais e relacionais são obtidos pelos indivíduos. O que pode tornar
suas relações mais tranquilas, seu cotidiano menos doloroso e sua vida mais feliz. Tais
consequências parecem ser muito importantes para pacientes que se submetem a cirurgias
ortognáticas do ponto de vista emocional e social.
103
4) Discussão Geral
As análises faciais de amostras de imagens faciais de voluntários da cidade de
Ribeirão Preto, SP e seus respectivos protótipos mostraram resultados interessantes. A que diz
respeito aos aspectos físicos das faces, parâmetros diferentes daqueles apontados na literatura
foram observados nas três etnias, principalmente na análise dos terços e quintos faciais. Os
protótipos tiveram a mesma tendência nas medidas das amostras. Tais resultados apontam
para uma forte importância de estudos nacionais sobre parâmetros de análises faciais, tão
importantes nos planejamentos de tratamentos ortocirúrgicos para fins de melhorias estéticas e
correções funcionais.
Apesar de a amostra nacional apresentar-se simétrica, as diferenças entre os terços e
quintos faciais podem ter comprometido os julgamentos de atratividade das faces,
consideradas pouco atrativas na média geral (ARRAIS, 2007). Tal resultado corrobora o que
Reis et al. (2006b) discutem sobre a Análise Facial Subjetiva ao dizerem faces esteticamente
agradáveis são exceções. Os protótipos tiveram médias de atratividade maiores que das faces
que o compuseram, apesar destas serem medianas, o que corrobora dados da literatura.
Apesar dos protótipos apresentarem praticamente as mesmas medidas das faces que os
deram origem, eles foram considerados mais atrativos que elas. Este aumento na atratividade
tem sido atribuído à forma deste estímulo, composto pela média matemática dos valores dos
traços da amostra que os compuseram (LANGLOIS; ROGGMAN 1990; RHODES, 2006)
com suavizações de imperfeições e tons de pele (BENSON; PERRETT, 1991).
Estes resultados podem apontar que, mesmo com a mesma tendência de medidas, as
imagens tiveram julgamentos de atratividade diferenciados: menores para as amostras e
maiores para os protótipos, dados concordantes com a literatura da área.
104
Os protótipos, sendo representantes das faces da população brasileira, podem ser
utilizados em comparações com faces de pacientes que apresentam deformidades e desvios de
medidas faciais, sendo mais atrativos que esta amostra.
As faces analisadas mostraram-se simétricas assim como seus protótipos e passíveis
de serem utilizados como parâmetros de comparação com faces de pessoas que apresentam
grandes desvios de simetria, como é o caso de pacientes que necessitam de cirurgias
ortognáticas corretivas, estética ou funcional.
Foi visto também neste estudo que diferenças físicas faciais geram como consequência
alterações na percepção da atratividade, bem como alterações emocionais na vida de quem as
sofrem. Tantas mudanças importantes na vida dos pacientes devem ser acompanhadas de
perto por profissionais psicólogos de preferência nos dois momentos: antes da cirurgia (na
preparação dos pacientes para as mudanças físicas e emocionais) e após as mesmas (no
suporte de possíveis frustrações por expectativas não alcançadas e até mesmo ao dividir as
alegrias e poder aprender a lidar com boas novidades).
A estética facial tem uma importância muito grande na vida pessoal e profissional de
quem sofre com deformidades e deve ser um dos pontos cruciais em se considerar no
momento de diagnóstico e planejamento de cirurgias ortognáticas. As modificações podem
ser grandes ou pequenas, mas sempre estarão presentes e marcarão para sempre a vida destas
pessoas.
Os dados deste estudo levam a crer que a cirurgia ortognática, enquanto tratamento de
deformidades dentofaciais, pode trazer melhorias estéticas a aqueles que a procuram. Tal
melhoria pode ser fundamental na vida de pessoas que sofrem com dificuldades de
relacionamento e que encontram empecilhos no convívio e na interação social, além de
dificuldades funcionais e na relação consigo mesma, devido à suas deformidades.
105
Isto leva a compreender que os julgamentos de atratividade facial devem estar
condicionados às regras de proporcionalidade, harmonização e aspectos medianos da face
humana, dentre outros aspectos como subjetividade, cultura, etnia.
Desde a antiguidade clássica a humanidade tenta descrever relações matemáticas que
correspondam a um ideal de beleza e estética corporal e facial. Estudos como este corroboram
com a tese de que, apesar da beleza estar nos olhos de quem vê, existem elementos físicos que
podem ser manipulados para melhorias de estéticas faciais. E tais melhorias podem trazer
muitos benefícios físicos, funcionais e emocionais à vida de muitas pessoas que sofrem com
problemas de deformidades dentofaciais.
Faz-se importante este tipo de estudo no sentido de auxiliar os profissionais da área de
cirurgia ortognática em predizer parâmetros que podem estar mais ou menos correlacionados
à melhoria da estética facial, principalmente utilizando-se de medidas e proporções oriundas
da população atendida. Muitas regras utilizadas no Brasil provêm de normatizações
internacionais, dados que podem não traduzir os parâmetros faciais aqui encontrados. O
estudo das características da população brasileira em seus aspectos físicos e perceptivos, bem
como o de seus protótipos, aumenta as possibilidades de pesquisas e normatização em
cirurgias ortognáticas e de correção estética no Brasil.
106
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Eu ____________________________________________________________________
RG _____________________Estado Civil___________________ Idade ____________
Endereço ______________________________________________________________
Bairro_____________________ CEP _____________Cidade _____________ U.F. ___
Fone _______________________ Grau de Escolaridade _________________________
CONCORDO EM AUTORIZAR O USO DE QUALQUER INFORMAÇÃO OU IMAGEM RELACIONADA
AO TRATAMENTO DA DEFORMIDADE DENTOFACIAL, A SER REALIZADO NO CEDEFACE, QUE
SEJAM NECESSÁRIOS NO ESTUDO “AVALIAÇÃO DA ATRATIVIDADE FACIAL, QUALIDADE DE
VIDA, ANSIEDADE E AUTO-ESTIMA EM PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA ORTOGNÁTICA”.
ESTES DADOS SERÃO UTILIZADOS PARA DESENVOLVIMENTO DE TESE DE DOUTORADO NO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA DA FFCLRP-USP PELA PESQUISADORA
LUCIANA MARIA DA SILVA (RG 24163667-X).
Declaro ter sido esclarecido pela pesquisadora a respeito dos seguintes aspectos:
1) Meu nome será mantido em sigilo, assegurando assim, minha privacidade e se desejar deverei ser
informado sobre o uso dos dados relacionados ao meu tratamento.
2) Poderei me recusar ou mesmo retirar meu consentimento a qualquer momento do tratamento sem que
haja qualquer penalidade ou prejuízo.
3) Responderei a quatro escalas, de caráter psicológico, alguns dias antes da cirurgia e alguns meses
depois da cirurgia.
4) Não sofrerei nenhum prejuízo pessoal, moral ou social ao participar deste estudo e nem mesmo correrei
riscos físicos ou mentais.
5) A pesquisadora compromete-se em vir ao CEDEFACE, na cidade de Araraquara, nos dias em que eu
estiver presente neste centro para o levantamento dos dados, sem que eu seja prejudicado em meus
atendimentos corriqueiros e nem tenha gastos financeiros extras.
6) Tenho consciência que, ao autorizar o uso de informações relacionadas ao tratamento, estarei
contribuindo para o aperfeiçoamento das diversas etapas do tratamento ortodôntico-cirúrgico.
7) Declaro ter compreendido todas as informações citadas acima e que autorizo a utilização dos dados
referentes ao meu tratamento ortodôntico-cirúrgico realizado nesta instituição, para uso acadêmico e
científico, bem como para a publicação em revistas especializadas.
Diante dos esclarecimentos prestados, concordo sem restrições sobre as informações descritas acima.
Araraquara, ________ de ________ de ________
_________________________________
Assinatura do paciente
________________________________
Luciana Maria da Silva (pesquisadora)
ANEXO A
116
ANEXO B
117
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Esta pesquisa tem por objetivo investigar a atratividade facial em humanos. Os requisitos para você
participar desta pesquisa são: ter boa acuidade visual, ter instrução mínima secundária e que sua participação seja
voluntária.
A tarefa a ser realizada será estimar quão atrativas são algumas faces mostradas na tela de um
computador, atribuindo-lhes valores em duas escalas.
O experimento não apresenta riscos à integridade da sua saúde física e mental e durará entre 15 e 30
minutos aproximadamente.
É importante que você finalize a sessão experimental, porém, caso você deseje interrompê-la ou
encerrá-la, assim poderá proceder em qualquer momento.
Os dados gerados por esta pesquisa serão divulgados em reuniões e publicações científicas e as
identidades dos participantes serão mantidas em sigilo.
Declaro que estou ciente das informações acima e concordo participar da pesquisa.
Local e data:
Nome ____________________________________________________________________
RG _____________________Estado Civil___________________ Idade ____________
Endereço ______________________________________________________________
Bairro_____________________ CEP _____________Cidade _____________ U.F. ___
Fone _______________________ Grau de Escolaridade _________________________
________________________
Assinatura do voluntário
Pesquisadora: Luciana Maria da Silva, RG: 24163667-X, Av. dos Bandeirantes, 3900,
Departamento de Psicologia e Educação, Laboratório de Percepção e Psicofísica – FFCLRP- USP; Fone: 3602-
4448.
Orientador: Prof. Dr. Sérgio S. Fukusima.
_________________________
Luciana Maria da Silva
Pesquisadora
ANEXO C
118
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
DIVISÃO DE SAÚDE MENTAL
GRUPO WHOQOL
VERSÃO EM PORTUGUÊS DOS INSTRUMENTOS DE
AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA (WHOQOL)
1998
FICHA DE INFORMAÇÕES SOBRE O RESPONDENTE
SEXO Masculino (1)
Feminino (2)
IDADE (em anos completos) ___/___
DATA DE NASCIMENTO ____/____/____
d m a
RENDIMENTO ______ salários mínimos
NÍVEL EDUCACIONAL Analfabeto (1)
I grau incompleto (2)
I grau completo (3)
II grau incompleto (4)
II grau completo (5)
III grau incompleto (6)
III grau completo (7)
Pós-Graduação incompleto (8)
Pós-Graduação completo (9)
ESTADO CIVIL Solteiro (a) (1)
Casado (a) (2)
Vivendo como casado (a) (3)
Separado (a) (4)
Divorciado (a) (5)
Viúvo (a) (6)
COMO ESTÁ A SUA SAÚDE
muito ruim (1)
fraca (2)
nem ruim nem boa (3)
boa (4)
muito boa (5)
FORMA DE ADMINISTRAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
Auto-administrado (1)
Assistido pelo entrevistador (2)
Administrado pelo entrevistador (3)
PROBLEMA DE SAÚDE ATUAL/CONDIÇÃO PRESENTE (marcar somente uma
, que
é a mais relevante para a presente busca de um serviço de saúde)
ANEXO D
119
Nenhum problema 00
Problema de coração 01
Pressão alta 02
Artrite ou reumatismo 03
Câncer 04
Enfisema ou bronquite 05
Diabetes 06
Cata
rata 07
Derrame 08
Osso quebrado ou fraturado 09
Problema nervoso crônico
ou emocional 10
Problema crônico de pé
(joanete, unha encravada) 11
Hemorróidas ou sangramento
No ânus 12
Doença de Parkinson 13
Gravidez 14
Depressão 15
Doença de pele 16
Queimaduras 17
Problema de álcool ou drogas 18
Outros (especificar)...........
DIAGNÓSTICO (CID-10) (preenchido pelo entrevistador)
REGIME DE CUIDADOS DE SAÚDE
Sem tratamento (1)
Ambulatório (2)
Internação (3)
120
ESCALA DE QUALIDADE DE VIDA - OMS (WHOQoL-bref)
Nome: ____________________________________________________________________________ Data: ___/___/____
Instruções
Este questionário é sobre como você se sente a respeito da sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por
favor responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre
as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que você acha
de sua vida, tomando como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma
questão poderia ser:
nada
Muito pouco
Médio Muito Completamente
Você recebe dos outros o apoio de que necessita? 1
2 3 4 5
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de que necessita nestas
últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.
Nada
Muito pouco
Médio Muito Completamente
Você recebe dos outros o apoio de que necessita? 1
2 3
X
5
Você deve circular o número 1 se você não recebeu “nada” de apoio.
121
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número que lhe parece a melhor resposta.
Muito ruim Ruim Nem ruim
Nem boa
Boa Muito boa
1
(G1)
Como você avaliaria sua qualidade
de vida?
1 2 3 4 5
Muito
insatisfeito
Insatisfeito
Nem satisfeito
Nem insatisfeito
Satisfeito
Muito
Satisfeito
2
(G4)
Quão satisfeito(a) você está
com a sua saúde?
1 2 3 4 5
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.
Nada Muito
pouco
Mais ou
menos
Bastante Extremamente
3
(F1.4)
Em que medida você acha que sua
dor(física) impede você de fazer o que
você precisa?
1 2 3 4 5
4
(F11..3)
O quanto você precisa de algum
tratamento médico para levar sua vida
diária?
1 2 3 4 5
5
(F4.1)
O quanto você aproveita a sua vida? 1 2 3 4 5
6
(F24.2)
Em que medida você acha que sua vida
tem sentido?
1 2 3 4 5
7
(F5.3)
O quanto você consegue se
concentrar?
1 2 3 4 5
8
(F16.1)
Quão seguro(a) você se sente em sua
vida diária?
1 2 3 4 5
9
(F22.1)
Quão saudável é o seu ambiente físico
(clima, barulho, poluição, atrativos?)
1 2 3 4 5
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas
últimas duas semanas.
Nada Muito
pouco
Médio Muito Completamente
10
(F2.1)
Você tem energia suficiente para seu
dia-a-dia?
1 2 3 4 5
11(F7.1)
(F11..3)
Você é capaz de aceitar sua aparência
física?
1 2 3 4 5
12
(F18.1)
Você tem dinheiro suficiente para
satisfazer suas necessidades?
1 2 3 4 5
13
(F20.1)
Quão disponíveis para você estão as
informações que precisa no seu dia-a-
dia?
1 2 3 4 5
14
(F21.1)
Em que medida você tem oportunidade
de lazer?
1 2 3 4 5
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos de sua vida nas
últimas duas semanas.
122
Muito ruim Ruim Nem ruim
Nem bom
Bom Muito bom
15
(F9.1)
Quão bem você é capaz de se
locomover?
1 2 3 4 5
Muito
insatisfeito
Insatisfeito
Nem satisfeito
Nem insatisfeito
Satisfeito
Muito
Satisfeito
16
(F3.3)
Quão satisfeito(a) você está com o
seu sono
1 2 3 4 5
17
(F10.3)
Quão satisfeito(a) você está com a
sua capacidade de desempenhar as
atividades do seu dia-a-dia?
1 2 3 4 5
18
(F12.4)
Quão satisfeito(a) você está com
sua capacidade para o trabalho?
1 2 3 4 5
19
(F6.3)
Quão satisfeito(a) você está
consigo mesmo
1 2 3 4 5
20
(F13.3)
Quão satisfeito(a) você está com
suas relações pessoais (amigos,
parentes, conhecidos, colegas)?
1 2 3 4 5
21
(F15.3)
Quão satisfeito(a) você está com
sua vida sexual?
1 2 3 4 5
22
(F14.3)
Quão satisfeito(a) você está com o
apoio que recebe dos amigos?
1 2 3 4 5
23
(F17.3)
Quão satisfeito(a) você está com
as condições do local onde mora?
1
2
3
4 5
24
(F19.3)
Quão satisfeito(a) você está com o
seu acesso aos serviços de saúde?
1
2
3
4 5
25
(F23.3)
Quão satisfeito(a) você está com o
seu meio de transporte?
1
2
3
4 5
As questões seguintes referem-se a com que freqüência você se sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas semanas.
Nunca Algumas vezes Freqüentemente
Muito
freqüentemente
Sempre
26
(F8.1)
Com que freqüência você
tem sentimentos negativos
tais como mau humor,
desespero, ansiedade,
depressão
1 2 3 4 5
Alguém lhe ajudou a preencher este questionário?
........................................................................................
Quanto tempo você levou para preencher este questionário?
...............................................................................
123
IDATE – Parte I
Nome: _________________________________ Data: ____/____/____
Instruções: A seguir são dadas algumas afirmações que têm sido usadas para descrever sentimentos
pessoais. Leia cada uma e faça um círculo ao redor do número à direita da afirmação, que melhor lhe indicar
como você se sente agora, neste momento. Não há repostas certas ou erradas, não gaste muito tempo numa única
resposta, mas tente dar uma afirmação que mais se aproxime de como se sente no momento.
MUITÍSSIMO .......... 4 UM POUCO ................................ 2
BASTANTE ............. 3 ABSOLUTAMENTE NÃO ........ 1
01. Sinto-me calmo (a) ............................... 1 2 3 4
02. Sinto-me seguro (a) .............................. 1 2 3 4
03. Estou tenso (a) ...................................... 1 2 3 4
04. Estou arrependido ..... ........................... 1 2 3 4
05. Sinto-me à vontade (a) ......................... 1 2 3 4
06. Sinto-me perturbado (a) ....................... 1 2 3 4
07. Estou preocupado (a)
com possíveis infortúnios.......................... 1 2 3 4
08. Sinto-me descansado (a) ..................... 1 2 3 4
09. Sinto-me ansioso (a) ........................... 1 2 3 4
10. Sinto-me em casa ................................. 1 2 3 4
11. Sinto-me confiante .............................. 1 2 3 4
12. Sinto-me nervoso (a) ........................... 1 2 3 4
13. Estou agitado (a) .................................. 1 2 3 4
14. Sinto-me uma pilha de nervos ............. 1 2 3 4
15. Estou descontraído (a) ......................... 1 2 3 4
16. Sinto-me satisfeito (a) ........................ 1 2 3 4
17. Estou preocupado (a) .......................... 1 2 3 4
18. Sinto-me super-excitado (a)
e confuso (a). ............................................. 1 2 3 4
19. Sinto-me alegre ................................... 1 2 3 4
20. Sinto-me bem ..................................... 1 2 3 4
ANEXO E
124
IDATE – Parte II
Nome: _________________________________ Data: ____/____/____
Instruções: A seguir são dadas algumas afirmações que têm sido usadas para descrever sentimentos
pessoais. Leia cada uma e faça um círculo ao redor do número à direita, que melhor lhe indicar como você
geralmente se sente. Não repostas certas ou erradas, não gaste muito tempo numa única afirmação, mas tente
dar a resposta que mais se aproximar de como se sente geralmente.
QUASE SEMPRE ................... 4 ÀS VEZES ........................... 2
FREQUENTEMENTE ............ 3 QUASE NUNCA ................. 1
01. Sinto-me bem ....... ............................... 1 2 3 4
02. Canso-me facilmente ............................ 1 2 3 4
03. Tenho vontade de chorar........................ 1 2 3 4
04.Gostaria de poder ser tão feliz
quanto os outros parecem ser ................... 1 2 3 4
05. Perco oportunidade porque não
consigo tomar decisões rapidamente ........... 1 2 3 4
06. Sinto-me descansado (a) ....................... 1 2 3 4
07. Sou calmo (a), ponderado (a)
e senhor (a) de mim mesmo (a) ................... 1 2 3 4
08. Sinto que as dificuldade
estão se acumulando de tal forma
que não as consigo resolver ..................... 1 2 3 4
09. Preocupo-me demais
com coisas sem importância ........................ 1 2 3 4
10. Sou feliz ................................................ 1 2 3 4
11. Deixo-me afetar muito pelas coisas ...... 1 2 3 4
12. Não tenho muita
confiança em mim mesmo (a) ..................... 1 2 3 4
13. Sinto-me seguro (a) ............................... 1 2 3 4
14. Evito ter que enfrentar
crises ou problemas .................................... 1 2 3 4
15. Sinto-me deprimido (a) ......................... 1 2 3 4
16. Estou satisfeito (a) ................................. 1 2 3 4
17. Às vezes, idéias sem importância me
entram na cabeça e ficam
me preocupando .......................................... 1 2 3 4
18. Levo os desapontamentos tão a sério
que não consigo tirá-los da cabeça .............. 1 2 3 4
19. Sou uma pessoa estável ......................... 1 2 3 4
20. Fico tenso (a) e perturbado (a) quando
penso em meus problemas do momento ...... 1 2 3 4
ANEXO F
125
ANEXO G
126
ESCALA DE AUTO-ESTIMA DE ROSEMBERG
Analise cada uma das afirmativas que se seguem segundo a escala abaixo e responda-as de
acordo com a sua opinião sobre cada uma.
1 2 3 4 5 6 7
Discordo
Totalmente
Discordo Discordo em
parte
Não tenho
Opinião
Concordo em
parte
Concordo Concordo
Totalmente
___ Eu sinto que sou uma pessoa de valor, no mínimo tanto quanto as outras pessoas
____ Eu acho que eu tenho várias boas qualidades
____ Levando tudo em conta, eu penso que eu sou um fracasso
____ Eu acho que sou capaz de fazer as coisas tão bem quanto a maioria das pessoas
____ Eu acho que eu não tenho muito do que me orgulhar
____ Eu tenho uma atitude positiva com relação a mim mesmo
____ No conjunto, eu estou satisfeito comigo
____ Eu gostaria de poder ter mais respeito por mim mesmo
____ Às vezes eu me sinto inútil
_____ Às vezes eu acho que não presto para nada
ANEXO H
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
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Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
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Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
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Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
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Baixar livros de Serviço Social
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Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo