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A natureza, muitas vezes não se mostra tão prodigiosa com respeito a sua
casa, daí surgem os problemas, como as catástrofes ambientais com inúmeras
vítimas e prejuízos dimensões múltiplas, sejam ambientais, econômicas e sociais.
Ás vezes Gaia mostra-se também um tanto desleixada, deixando
um dos quartos sem arrumar-la vem à enxurrada, o rio transborda seu leito,
o barranco despenca, levando consigo sua porção de floresta, árvores,
húmus e tudo - a morada ficou alterada! Mas isso é apenas um detalhe:
considerado em seu conjunto em seu conjunto, o equilíbrio se mantém
intacto, pois, logo mais adiante, as águas depositam o sedimento, novas
barranco se ergue nova mata se inicia. Quando ameaça um desequilíbrio,
trata-se de uma coisa fugaz: uma banal flutuação, um passageiro desvio da
normalidade. Como se sabe, há anos de muito pernilongo, de muita mosca
e até ocasiões em que nuvens de gafanhotos acabam com toda uma safra.
(KLOETZEL, op. cit. p.17-18).
Diante disso, Cavalcanti (1994), afirma que nem a natureza, nem as
sociedades são estáveis e sim frutos de perturbações provenientes de agentes
naturais e culturais. A sucessão não leva a um padrão único, previsível, ou
duradouro. Contrariamente, as comunidades se transformam continuamente, os
indivíduos fazem alianças temporárias e a sucessão caminha para diferentes
direções. Os desequilíbrios naturais são passageiros e de duração curta, contudo
seus efeitos e marcas permanecem por gerações e que somente no longo prazo é
possível de contornar restabelecimento do equilíbrio.
Decorrido o transtorno, frequentemente causado por alterações
meteorológicas, o equilíbrio logo se restabelece. No longo prazo, o equilíbrio
é uma ilusão: existe, por exemplo, uma clara evidência de que na última era
glacial, de 20 mil a 12 mil anos atrás, a Amazônia não consistia em florestas
úmidas, mas em caatinga ou campos abertos, aqui e ali interrompidos por
ilhotas de vegetação mais rica. Concluí-se, é claro, que também o meio
ambiente só é eterno enquanto dura. No curto prazo, o equilíbrio da
natureza é admirável. Vez por outra, a cadeia alimentar é perturbada,
escasseiam-se algumas algas, cai o número de peixes até as gaivotas vem
a sofrer. Trata-se de uma mera flutuação, logo volta ao normal (KLOETZEL,
op. cit. p.19).
Desta forma é que funciona o equilíbrio e desequilíbrio da natureza na
Amazônia, com seus altos e baixos, entretanto o movimento é de constante
revolução no meio ambiente, desprezando seu horror à estagnação. Entretanto, com
a chegada do homem, as mudanças ambientais se aceleraram, uma vez que, ele
inventou a poluição, a transformação dos relevos terrestres, ampliou a degradação
ambiental e a extinção das espécies. Com a chegada do homem “moderno” na
Amazônia, segundo Kloetzel (1994), tem uma pergunta que não deixa calar: - O
equilíbrio ainda poderá ser instituído? Acredita ele que seja pouco provável, pois o