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INTRODUÇÃO
O inusitado título de uma matéria, A dieta do pensamento (BUCHALLA,
2008), desperta o sonho de todo gordinho, para, logo em seguida, apresentar a
realidade do mundo das dietas e soluções prontas cujos resultados devastadores
são bastante conhecidos.
Você está pensando em internar-se num spa de emagrecimento? Então tenha
duas certezas: sim, você eliminará alguns quilos de sua silhueta. E, sim, você
engordará tudo (ou quase) de novo depois de voltar à rotina diária. Spas são
ilhas da fantasia: zero de stress, refeições em porções controladíssimas,
prescritas por nutricionistas, e uma intensa programação de atividade física.
Entre a lembrança de um bombom e a saudade do pudim da mamãe, há a opção
da massagem relaxante, do ofurô ou da conversa catártica com o gordinho ao
lado, que, assim como você, sua frio ao pensar numa torta de morango. No
mundo real, tudo conspira a favor do excesso de comida e do sedentarismo. É o
fast-food na hora do almoço, o biscoitinho na mesa do colega de trabalho, a
geladeira pronta para ser assaltada, o sofá aconchegante com a televisãozona na
frente. Como resistir? (BUCHALLA, 2008, p.151).
Apesar do alerta, milhares de pessoas vão anualmente buscar alternativas
imediatas para o excesso de peso, impulsionadas pela ameaça da gordura à saúde
da população e pela propaganda massiva que tem nesse filão uma gorda fatia de
investimento. Considerada por sua alta prevalência e pelo progressivo crescimento
na população mundial, as referências à obesidade como “a epidemia do século” e
“um grave problema de saúde pública” repetem-se no início de quase todos os
artigos e textos que abordam o tema.
Na continuidade, a matéria apresenta uma solução não menos pronta, mas
aparentemente mais simples do que a ida ao spa com sua dieta espartana e seu
treinamento rigoroso.
Você já tentou... pensar? Não, não se ofenda. É claro que você pensa, e às
vezes até em aspectos filosóficos da vida. Mas será que você pensa certo no que
se refere às suas formas? Ou melhor, será que você não está "pensando gordo"
em vez de "pensar magro"? Pensar magro (vamos abolir as aspas como um
excesso adiposo) significa, basicamente, reprogramar seu cérebro para que ele
passe a dominar a fome ou a simples gulodice até o ponto em que você possa
ignorar um prato de coxinhas da mesma maneira que despreza aquele ex-amigo
fofoqueiro. Reprogramar o cérebro não implica tomar choques elétricos ou aderir
ao zen-budismo. Requer enfrentar frituras, salgadinhos, doces e refrigerantes
sem subterfúgios – e, espera-se, com alguma altivez. Nada de tentar cancelar-
lhes a existência, porque, afinal de contas, o mundo não é um spa. (BUCHALLA,
2008, p.151).
Se a reprogramação cognitiva para fins de emagrecimento é possível, seria
ela eticamente aceitável? Ou nos faz lembrar algo do que Aldous Huxley antecipou,