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COPPE/UFRJCOPPE/UFRJ
REMOÇÃO DE SO
X
E NO
X
NAS UNIDADES DE FCC: USO DE ADITIVOS A
BASE DE ESPINÉLIOS DE COBRE E MANGANÊS.
Ivone Sampaio Pereira
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Engenharia Química, COPPE, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em
Engenharia Química.
Orientadores: Victor Luis dos Santos Teixeira da Silva
Cristiane Assumpção Henriques
Rio de Janeiro
Maio de 2009
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REMOÇÃO DE SO
X
E NO
X
NAS UNIDADES DE FCC: USO DE ADITIVOS A
BASE DE ESPINÉLIOS DE COBRE E MANGANÊS
Ivone Sampaio Pereira
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO
LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA
(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA QUÍMICA.
Aprovada por:
________________________________________________
Prof. Victor Luis dos Santos Teixeira da Silva, D. Sc.
________________________________________________
Prof
a
. Cristiane Assumpção Henriques., D. Sc.
________________________________________________
Dr. Fabio Bellot Noronha D. Sc.
________________________________________________
Prof. Cristiano Piacsek Borges, D. Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
MAIO DE 2009
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iii
Pereira, Ivone Sampaio
Remoção de SO
x
e NO
x
nas unidades de FCC: uso de
aditivos a base de espinélios de cobre e manganês/ Ivone
Sampaio Pereira. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2009.
XV, 93 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Victor Luis dos Santos Teixeira da Silva
Cristiane Assumpção Henriques
Dissertação (mestrado) UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Química, 2009.
Referencias Bibliográficas: p. 89-93.
1. Aditivos para a Remoção de SO
x
e NO
x
2.
Hidrotalcitas 3. Craqueamento Catalítico em Leito
Fluidizado
I.
Silva, Victor Luis dos Santos Teixeira da et
al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,
Programa de Engenharia Química. III. Titulo.
iv
Aos meus avós que me proporcionaram os alicerces
necessários ao prosseguimento desta jornada, sem os
quais seria impossível continuar.
v
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Victor Luis dos Santos Teixeira da Silva, sem o qual a realização
deste trabalho não seria possível, pela riqueza de discussões que sempre resultaram em
novas idéias e perspectivas na pesquisa.
À minha orientadora Cristiane Assumpção Henriques, por me mostrar o caminho para a
elaboração deste trabalho, pela excelente orientação, conselhos e apoio.
À Maria Auxiliadora Scaramelo Baldanza, pelas discussões que ajudaram em muito o
desenvolvimento deste trabalho, pela preciosa ajuda na realização dos experimentos e
pelo companheirismo e amizade.
Ao Antonio José de Almeida (Macarrão) que me ajudou a resolver os problemas
encontrados no trabalho experimental.
Aos técnicos do NUCAT pela realização das análises que enriqueceram sobremaneira a
discussão deste trabalho.
À minha mãe, pelo colo nos momentos difíceis.
Aos meus avós, Antonio Wilberto Sampaio e Ivone Sampaio, em memória, pelo
carinho, educação e caráter que contribuíram na minha formação. “Combati o bom
combate, completei a carreira, guardei a fé” (II Tm 4:7).
Aos meus amigos Aline Melissa, Carolina Araújo, Daniele Pereira, Kelly Cristina, e
Marcos Farinha por disponibilizarem seu tempo, sua alegria, sua paciência, seus
conselhos, sua compreensão e seu afeto.
Aos novos amigos: Adit Miranda, Bianca Lira, Leandro Sousa, Priscila Mululo e
Rodrigo Costa pela força nos momentos de tensão.
Ao meu namorado, Riccardo, que entrou em minha vida quando eu menos esperava e
mais precisava. Por todo amor, atenção e carinho nos momentos difíceis e por toda
felicidade que vivemos juntos e que ainda viveremos mais, muito mais.
À CAPES pelo apoio financeiro.
À Deus por ter concluído mais uma etapa.
vi
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
REMOÇÃO DE SO
X
E NO
X
NAS UNIDADES DE FCC: USO DE ADITIVOS A
BASE DE ESPINÉLIOS DE COBRE E MANGANÊS
Ivone Sampaio Pereira
Maio/2009
Orientadores: Victor Luis dos Santos Teixeira da Silva
Cristiane Assumpção Henriques
Programa: Engenharia Química
As refinarias de petróleo são responsáveis por cerca de 17% do SO
x
e de 22% do
NO
x
emitidos na atmosfera. Estudos anteriores mostraram que compostos do tipo
hidrotalcitas (HTLCs) são efetivos na remoção de SO
x
e do NO
x
. Neste trabalho
diferentes óxidos mistos derivados de compostos tipo hidrotalcita parcialmente
substituídos por cobre e/ou manganês foram avaliados na remoção de SO
x
sendo que a
amostra contendo cobre e manganês, CuMn/HTLC, apresentou o melhor desempenho
em DeSO
x
. Resultados de DRX indicaram que após a etapa de adsorção oxidativa
houve um decréscimo da fase MgO-periclásio e a formação de MgSO
4
, sugerindo que o
SO
x
é preferencialmente adsorvido na fase MgO-periclásio. Estes mesmos materiais
também foram avaliados na remoção de NO
x
, dentre estes destacaram-se aqueles
contendo Cu e Mn na sua composição. Os difratogramas após a simulação do
regenerador indicam que os sítios ativos para esta remoção podem estar relacionados ao
cobre. Apesar da CuMn/HTLC ter apresentado a melhor performance em ambas as
avaliações, o aditivo contendo cobre foi o único capaz de preservar suas propriedades
DeNO
x
e DeSO
x
, se mostrando efetivo para a remoção simultânea.
vii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
REMOVAL OF SO
x
AND NO
x
FROM FCC: EVALUATION OF MAGNESIUM
ALUMINATE SPINEL CONTAINING COPPER AND MANGANESE
Ivone Sampaio Pereira
May/2009
Advisors: Victor Luis dos Santos Teixeira da Silva
Cristiane Assumpção Henriques
Department: Chemical Engineering
Oil refineries account for about 17% SO
x
and 22% NO
x
emitted into the
atmosphere. Previous studies showed that hydrotalcite like-compounds (HTLCs) are
effective for the SO
x
and NO
x
removal. In this study, several mixed oxides derived from
HTLCs and partially replaced by copper and / or manganese were evaluated for SO
x
removal. The sample containing copper and manganese presented the best performance.
XRD analyses of all samples after reaction showed the decrease of periclase phase and
formation of MgSO
4
, suggesting that SO
2
is preferentially adsorbed on the MgO phase.
These same materials were also evaluated in the removal of NO
x
, where the sample
containing copper and manganese in their composition was highlighted. The diffraction
patterns after the simulation indicate that the active sites in this removal may be related
to copper. Despite the fact that CuMn/HTLC has presented the best performance in both
evaluations, the sample containing copper was the only one capable of preserving their
properties (DeNO
x
and DeSO
x
) for simultaneous removal.
viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................
01
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................
05
2.1. O Processo de Craqueamento .....................................................................
05
2.2. Descrição Geral do Processo .......................................................................
06
2.3. Catalisadores de FCC ..................................................................................
08
2.3.1. As Faujasitas ou Zeólitas Y ........................................................................
09
2.3.2. A Matriz ......................................................................................................
11
2.4. Controle das Emissões dos Óxidos de Enxofre .......................................... 11
2.4.1. Reações Envolvidas na Transferência dos Óxidos de Enxofre ...................
12
2.4.2. Desenvolvimento dos Aditivos DeSO
x
.......................................................
14
2.5. Controle das Emissões dos Óxidos de Nitrogênio ...................................... 30
2.5.1. Mecanismo de Formação dos Óxidos de Nitrogênio .................................. 31
2.5.2. Desenvolvimento dos Aditivos DeNO
x
...................................................... 31
2.6. Controle Simultâneo das Emissões dos Óxidos de Enxofre e Nitrogênio .. 34
2.7. Compostos do Tipo Hidrotalcita ................................................................. 40
2.7.1. Métodos de Preparação de Compostos do Tipo Hidrotalcita ...................... 44
2.7.2. Decomposição Térmica ...............................................................................
46
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL ........................................................
48
3.1. Preparação dos Catalisadores ...................................................................... 48
3.1.1 Síntese dos Compostos do Tipo Hidrotalcita (HTLCs) .............................. 48
3.1.2 Obtenção dos Óxidos Mistos ...................................................................... 49
3.2. Caracterização Química, Físico-química e Textural .................................. 49
3.2.1. Fluorescência de Raios-X (FRX) ................................................................ 49
3.2.2. Difração de Raios-X (DRX) ....................................................................... 49
ix
3.2.3. Análise Textural .......................................................................................... 50
3.2.4. Análise Termodiferencial (ATD) e Análise Termogravimétrica (ATG) .... 50
3.2.5. Espectroscopia na Região do Ultravioleta Visível por Reflectância Difusa
(UV-vis DRS) .........................................................................................................
51
3.2.6. Redução à Temperatura Programada (TPR) ............................................... 51
3.3. Testes de Avaliação do Desempenho Catalítico ......................................... 51
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 55
4.1. Caracterização Físico-química dos Compostos Tipo Hidrotalcita
Precursores .............................................................................................................. 55
4.1.1. Fluorescência de Raios-X (FRX) ................................................................ 55
4.1.2. Difratometria de Raios-X (DRX) ................................................................ 56
4.1.3. Análise Termogravimétrica .........................................................................
57
4.1.4. Redução à Temperatura Programada (TPR) ............................................... 62
4.1.5. Espectroscopia de Reflectância Difusa (DRS) ............................................
64
4.2. Caracterização Físico-química dos Compostos Tipo Hidrotalcita Após o
Tratamento Térmico ................................................................................................
65
4.2.1. Difratometria de Raios-X (DRX) ................................................................ 65
4.2.2. Análise Textural .......................................................................................... 67
4.2.3. Espectroscopia de Reflectância Difusa (DRS) ............................................
68
4.3. Testes de Avaliação do Desempenho Catalítico ......................................... 69
4.3.1. Avaliação do Desempenho Simulando as Condições Presentes no
Regenerador Empregando Corrente de Entrada Contendo SO
2
e O
2
......................
70
4.3.2. Avaliação do Desempenho Simulando as Condições Presentes no
Regenerador Empregando Corrente de Entrada Contendo NO e CO .....................
74
4.3.3. Avaliação do Desempenho Simulando as Condições Presentes no
Regenerador Empregando Corrente de Entrada Contendo SO
2
, O
2,
NO e CO .......
77
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES ................................................................
87
x
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 89
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: Esquema básico do modelo PAC
RC
de um conversor de uma unidade
de craqueamento catalítico desenvolvido e patenteado pela PETROBRAS
(PATRÍCIO JUNIOR, 2004) .................................................................................. 06
Figura 2.2: Esquema de uma unidade de craqueamento catalítico .........................
08
Figura 2.3: Composição média dos materiais constituintes de um catalisador de
FCC (PEREIRA, 2007) ...........................................................................................
09
Figura 2.4 : Estrutura da zeólita Y (GUISNET & RIBEIRO, 2004) ......................
09
Figura 2.5: Faixas de temperatura para a redução dos sulfatos sob atmosfera de
hidrogênio (A) e para a decomposição sob vácuo (B) (WAQIF et al., 1991) ........
17
Figura 2.6: Esquema reacional proposto por WANG et al. (1999), onde: ( )
vacância de oxigênio; ( M ) íon Al
3+
ou Mg
2+
; ( ) oxigênio adsorvido ...............
23
Figura 2.7: Mecanismo de adsorção oxidativa de SO
2
e redução do sulfato no
catalisador MgAl
2-x
Fe
x
O
4
(WANG et al., 1999) ………………………………….
24
Figura 2.8: Capacidade de adsorção de SO
2
, área superficial e basicidade em
função da fração molar de alumina (WANG et al., 2003) ……...…....................... 27
Figura 2.9: Isoterma de adsorção de SO
2
para as amostras de cobre, magnésio e
alumínio (PERATHONER & CENTI, 2007) ………………………………....…. 28
Figura 2.10: Esquema dos possíveis mecanismos envolvidos na remoção de SO
2
segundo PERATHONER & CENTI (2007) ……………………………………... 28
Figura 2.11: Atividade das amostra Co-AlHT (Co/Al=2,2) e Co-ZSM-5 em
função da temperatura (ARMOR et al., 1996) ……………………………………
32
Figura 2.12: Evolução dinâmica da conversão de NO
x
durante os setes ciclos a
100
o
C da amostra 1%V-Co/Mg/Al-HT (PALOMARES et al, 2008) .................... 34
Figura 2.13: Perfil das reações de decomposição de NO (
) e da remoção de SO
2
(
) a 750
o
C (CORMA et al., 1997) ………………………………………………. 35
Figura 2.14: Conversão de NO utilizando 300-400 ppm de NO a 750
o
C
(PALOMARES et al., 1999) ……………………………………………………... 36
Figura 2.15: Conversão de SO
x
empregando corrente contendo 1400 ppm de
SO
2
, 3% O
2
a 750º C (PALOMARES et al., 1999) ................................................ 37
Figura 2.16: Conversão de NO em função da temperatura (WEN et al., 2002a) ... 38
Figura 2.17: Isoterma de adsorção de SO
x
a 720
o
C (WEN et al. , 2002a) ……..... 39
Figura 2.18: Representação esquemática da unidade octaédrica (GOH et al.,
2008) ……………………………………………………………………………... 42
Figura 2.19: Representação esquemática da estrutura do LDH (GOH et al., 2008) 42
Figura 2.20: Esquema representando os possíveis politipos para os hidróxidos
duplos lamelares (CREPALDI & VALIM, 1998) ………………………………..
43
Figura 3.1: Representação esquemática da unidade de avaliação catalítica ........... 52
Figura 3.2: Representação esquemática de todas as etapas envolvidas nos testes
de desempenho catalítico ........................................................................................ 53
Figura 4.1: Difratogramas de raios-X das amostras HTLC, Cu/HTLC,
Mn/HTLC, CuMn/HTLC, onde os símbolos (#) e (*) correspondem à fase
hidrotalcita e bayerita, respectivamente .................................................................. 56
Figura 4.2: Termograma relativo à análise da amostra HTLC (A) e Perfil de
DTG da HTLC (B) ..................................................................................................
58
Figura 4.3: Termograma relativo à análise da amostra bayerita (Al(OH)
3
) (A) e
Perfil de DTG da fase bayerita (B) .........................................................................
58
Figura 4.4: Termograma relativo à análise da amostra Cu/HTLC (A) e Perfil de
DTG da Cu/HTLC (B) ............................................................................................
59
Figura 4.5: Termograma relativo à análise da amostra Mn/HTLC (A)e Perfil de
DTG da Mn/HTLC (B) ...........................................................................................
60
Figura 4.6: Termograma relativo à análise da amostra CuMn/HTLC (A) e Perfil
de DTG da CuMn/HTLC (B) ..................................................................................
61
Figura 4.7: Perfis de TPR dos precursores HTLC, Cu/HTLC, Mn/HTLC e
CuMn/HTLC ...........................................................................................................
63
Figura 4.8: Espectro na região do UV-visível das amostras precursoras ................
65
Figura 4.9: Difratograma de raios-X das amostras após tratamento térmico sob
fluxo de ar seco a 750°C. (#) óxido misto com estrutura tipo MgO-periclásio; (ο)
γ-Al
2
O
3
; (+) espinélio de Mg e Al; (*) espinélio de Mg, Mn e Al ..........................
66
Figura 4.10: Espectro na região do UV-visível das amostras após tratamento sob
fluxo de ar a 750
o
C .................................................................................................
68
Figura 4.11: Espectro na região do UV-visível da amostra Cu/HTLC antes e após
o tratamento térmico a 750
o
C .................................................................................
69
Figura 4.12: (A) Difratogramas de raios-X das amostras após tratamento térmico
xiii
sob fluxo de ar seco a 750
0
C e (B) Difratogramas de raios-X das amostras após
a etapa de adsorção oxidativa sob fluxo de 1630 ppm de SO
2
e 1,6% O
2
em He.
(#) óxido misto com estrutura tipo MgO-periclásio; (ο) γ-Al
2
O
3
; (+) espinélio de
Mg e Al; (*) espinélio de Mg, Mn e Al; (§) MgSO
4
; () Mg(Cu,Mn,Al)O-
periclásio ................................................................................................................
72
Figura 4.13: Perfil de conversão de NO para a amostra Cu/HTLC ........................ 74
Figura 4.14: Perfil da conversão de NO para a amostra Mn/HTLC ....................... 75
Figura 4.15: Perfil de conversão de NO para a amostra CuMn/HTLC ...................
75
Figura 4.16: (A) Difratograma de raios-X das amostras após tratamento térmico
sob fluxo de ar seco a 750
0
C e (B) Difratograma de raios-X das amostras após a
etapa representativa do regenerador sob fluxo de 2630 ppm de NO e 5% CO em
He. (#) óxido misto com estrutura tipo MgO-periclásio; (ο) γ-Al
2
O
3
; (+)
espinélio de Mg e Al; (*) espinélio de Mg, Mn e Al; () espinélio de Cu e Al ..... 77
Figura 4.17: Perfil de conversão de NO e seletividade aos produtos formados
para a amostra Cu/HTLC ........................................................................................
78
Figura 4.18: Perfil de conversão de NO e seletividade aos produtos formados
para a amostra Mn/HTLC .......................................................................................
79
Figura 4.19: Perfil de conversão e seletividade aos produtos formados para a
amostra CuMn/HTLC .............................................................................................
79
Figura 4.20: (A) Difratograma de raios-X das amostras após tratamento térmico
sob fluxo de ar seco a 750
0
C e (B) Difratograma da amostra CuMn/HTLC após
a etapa representativa do regenerador sob fluxo de 2630 ppm de NO, 5% CO,
1630 ppm de SO
2
e 1,6% O
2
em He. (#) óxido misto com estrutura tipo MgO-
periclásio; (ο) γ-Al
2
O
3
; (+) espinélio de Mg e Al; (*) espinélio de Mg, Mn e Al;
() espinélio de Cu e Al; () CuSO
4
; (§) MgSO
4
................................................... 85
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1: Limites estabelecidos por lei no Brasil para emissão de SO
x
e NO
x
em unidades de FCC ............................................................................................... 02
Tabela 2.1: Resultados da adsorção e liberação de enxofre nos ciclos de reação-
regeneração da amostra CeO
2
/MgAl
2
O
5
(Bhattacharyya et al., 1988) …………... 16
Tabela 2.2: Análise Termogravimétrica (YOO et al., 1992a) …………………….
18
Tabela 2.3: Capacidade de adsorção de SO
x
dos diversos catalisadores com
diferentes teores de cobre (CORMA et al., 1994) ..................................................
20
Tabela 2.4: Propriedades dos catalisadores, desempenho dos catalisadores nos
testes de TPR e ATG (KIM & JUSKELIS, 1996) ………………………………..
21
Tabela 2.5: Atividades De-SO
2
dos 10 ciclos de adsorção e redução das espécies
de enxofre formadas nos diferentes espinélios de magnésio e alumínio (WANG
et al. , 2003) …………………………………………….................................…... 25
Tabela 2.6: Dados da adsorção oxidativa e redução das espécies de enxofre
formada nos diferentes catalisadores obtidos, utilizando análise
termogravimétrica (WANG et al., 2003) ………………………………………… 26
Tabela 2.7: Efeito da razão Co/Al na decomposição utilizando um catalisador de
Co em hidrotalcita calcinado a 500
o
C (ARMOR et al. 1996) ................................ 32
Tabela 2.8: Conversão de CO e NO sob diferentes condições reacionais (WEN et
al., 2002b) ………………………………………………………………………... 33
Tabela 2.9: Combinações de cátions divalentes com cátions trivalentes que
produzem HDLs (CREPALDI & VALIM, 1997) ……………………………….. 41
Tabela 2.10: Algumas argilas aniônicas naturais, com sistema cristalino e o
grupo espacial a que pertencem especificados (CREPALDI & VALIM, 1998) … 43
Tabela 4.1: Caracterização físico-química dos compostos tipo hidrotalcita
precursores .............................................................................................................. 55
Tabela 4.2: Tamanho do cristalito das amostras precursoras...................................
57
Tabela 4.3: Análise termogravimétrica das amostras hidrotalcitas precursoras...... 62
Tabela 4.4: Grau de redução das amostras precursoras .......................................... 64
Tabela 4.5: Tamanho do cristalito das amostras após tratamento térmico a 750
o
C
67
Tabela 4.6: Análise textural dos compostos hidrotalcita ........................................ 67
Tabela 4.7: Quantidade de SO
2
removido por g de catalisador em 10 min de
xv
reação ...................................................................................................................... 71
Tabela 4.8: Comparação entre o desempenho dos aditivos estudados na etapa
representativa do regenerador após a reação a 720º C com carga contendo SO
2
e
O
2
nas diferentes condições adotadas na simulação do riser .................................. 73
Tabela 4.9: Consumo de NO e formação de N
2
e N
2
O em µmol/gcat ....................
76
Tabela 4.10: Consumo de NO e SO
2
e formação de N
2
e N
2
O (µmol/g
cat
)durante
a etapa representativa do regenerador com corrente de entrada contendo CO,
NO, SO
2
e O
2
.......................................................................................................... 80
Tabela 4.11: Quantidade de SO
2
removido por g de catalisador em 10 min de
reação ...................................................................................................................... 80
Tabela 4.12: Comparação entre o desempenho dos aditivos estudados na etapa
representativa do regenerador após a reação a 720º C com carga contendo SO
2
,
O
2
, NO e CO nas diferentes condições adotadas na simulação do riser ................. 86
1
1. INTRODUÇÃO
As crescentes inovações tecnológicas induziram o uso cada vez mais intenso de
recursos materiais e energia de tal forma que a atividade antrópica intensificou o
lançamento de grandes quantidades de substâncias poluentes, comprometendo os
mecanismos auto-regulatórios da atmosfera.
A introdução de qualquer matéria ou energia que conduza à alterações das
propriedades da atmosfera, afetando o bem-estar das espécies animais ou vegetais que
dependem e têm contato com a mesma e provocando modificações físico-químicas
nestas, caracteriza a poluição atmosférica.
Os óxidos de enxofre e nitrogênio provêm de fontes naturais, tais como a
atividade vulcânica, a queima da biomassa e a atividade bacteriana. No entanto, estes
óxidos também resultam de processos industriais de combustão. Embora a contribuição
relativa às refinarias frente ao total emitido seja pequena, cerca de 6-10 %, em áreas
saturadas ou complexos industriais, este é um fato que não pode ser desprezado.
A emissão de gases tóxicos no meio ambiente é um agravante aos danos
causados à atmosfera pelo homem. A recente e intensa mudança climática global é, em
grande parte, decorrente do expressivo aumento da poluição do ar. Os principais
fenômenos atualmente observados decorrentes do aumento dos níveis de
contaminantes atmosféricos são o efeito estufa, a chuva ácida e o “smog” fotoquímico
que aumentarão, a dio e longo prazos, o nível dos oceanos, provocando o
alagamento de ilhas e cidades litorâneas. Com isso, muitas espécies animais poderão
ser extintas e tufões e maremotos poderão ocorrer com maior freqüência.
As fontes de contaminantes atmosféricos são inúmeras, bem como as formas de
impedir ou aliviar a poluição. A legislação ambiental brasileira é rica em detalhes que
abrangem dois grandes ramos: o controle das emissões e a qualidade do ar, ambos
regulamentados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Assim, têm-
se feito muitos esforços no sentido de redução das emissões gasosas, devido aos efeitos
causados e à legislação em vigor. No Brasil, três estados possuem uma regulamentação
específica para o NO
x
e SO
x
(Tabela 1.1) provenientes de unidades de FCC.
2
Tabela 1.1: Limites estabelecidos por lei no Brasil para emissão de SO
x
e NO
x
em
unidades de FCC.
Estado Resolução SO
x
NO
x
MG
Deliberação normativa
COPAM 001/1992
1800 mg/Nm
3
ou 630
ppmv SO
2
a 8% de O
2
600 mg/Nm
3
ou 292
ppmv SO
2
a 8% de O
2
RJ
DZ-FEEMA 1800 mg/Nm
3
ou 630
ppmv SO
2
-
PR
SEMA 41 1700 mg/Nm
3
ou 595
ppmv SO
2
700 mg/Nm
3
ou 341
ppmv SO
2
O craqueamento catalítico em leito fluidizado (FCC) é um processo do refino
que consiste essencialmente em dois processos reacionais: o craqueamento das frações
pesadas de hidrocarbonetos (520-530ºC), que ocorre no reator de leito de arraste
denominado riser, e a regeneração contínua do catalisador coqueificado, no reator de
leito fluidizado denominado regenerador, através da queima do coque com ar a
temperaturas elevadas (680-730ºC). A unidade de FCC (UFCC) é a maior fonte
individual de emissão de SO
x
e NO
x
numa refinaria de petróleo. Levantamento feito na
PETROBRAS mostrou que cerca de 17% do SOx e 22% do NOx emitidos numa
refinaria são oriundos do processo de FCC (GILBERT & RONCOLATTO, 2005).
Com relação às emissões gasosas nas refinarias, o limite de emissão para o SO
2
e o NO
2
em fontes estacionárias, estabelecido pela Resolução CONAMA 382 de
26/12/2006, é de 420 e 290 ppm, respectivamente, na saída do regenerador, em
unidades que operam com combustão total, ou a jusante da caldeira de CO, nas
unidades em regime de combustão parcial. Embora, atualmente, a PETROBRAS esteja
dentro dos limites de emissão, a prospecção dentro de um futuro próximo é que a
legislação se torne mais restritiva; visto que, alguns estados americanos possuem
limites para as unidades de craqueamento catalítico (FCC) de 30 ppm para o SO
x
e 20
ppm para o NO
x
. As limitações podem ser ainda maiores, considerando-se que os
petróleos processados no futuro, por serem mais pesados, têm a tendência de possuir
maiores teores de enxofre e nitrogênio.
A maior consciência com relação às questões ambientais, que se traduz sob a
forma de regulamentações cada vez mais rigorosas, tem direcionado muitas pesquisas
para a redução das emissões de óxidos de enxofre (SO
x
) e de nitrogênio (NO
x
),
3
acompanhado da redução na emissão de CO na corrente de efluentes gasosos da
unidade de FCC.
Atualmente, verifica-se a existência de uma série de estudos envolvendo
diferentes tipos de aditivos para serem incorporados ao catalisador de FCC e as mais
diversificadas técnicas de avaliação do desempenho catalítico dos mesmos. De forma
geral, os materiais derivados de compostos do tipo hidrotalcitas são os mais aceitos
como promissores na captura de SO
x
e na promoção da redução do NO
x
. Porém, a
comparação entre os vários trabalhos existentes na literatura é dificultada pelas grandes
diferenças nos procedimentos experimentais adotados em cada um. Outro aspecto
importante é o reduzido conhecimento sobre o papel desempenhado pelos diferentes
metais de transição incorporados aos óxidos mistos de magnésio e alumínio na
remoção simultânea destes poluentes.
Os resultados obtidos por POLATO (2005) mostraram que os aditivos à base de
óxidos mistos/espinélios derivados de compostos tipo hidrotalcita contendo apenas Mg
e Al na sua composição foram muito pouco ativos, sendo fundamental a presença de
um terceiro metal com características redox para garantir uma performance adequada,
o que foi conseguido pela impregnação com CeO
2
ou pela incorporação de um metal de
transição durante a etapa de síntese. Com relação ao efeito da relação M
3+
/(M
2+
+ M
3+
),
a melhor performance foi apresentada para o aditivo com Al
3+
/(Mg
2+
+ Al
3+
) = 0,50, no
qual coexistem as fases Mg(Al)O-periclásio e o espinélio de Mg e Al. No caso da
introdução do metal com propriedades redox na etapa de síntese das hidrotalcitas
(precursores dos catalisadores), a incorporação do cobre ou do manganês levou a
formulações com bons desempenhos para a remoção do SO
2
. Quando avaliado o efeito
da presença de outros poluentes (como o CO e o NO), os resultados mostram que, o
aditivo contendo cobre perdeu sua atividade DeSOx, mas mostrou alta eficiência para
remoção do NO, enquanto que aquele contendo manganês, preservou sua atividade
DeSO
x
, mas foi pouco ativo para a remoção dos outros poluentes.
Assim, o principal objetivo deste trabalho foi o de avaliar a atividade de óxidos
mistos derivados de compostos do tipo hidrotalcita na remoção simultânea dos óxidos
de nitrogênio e enxofre, NO
x
e SO
x
, respectivamente e, desta forma verificar o seu
potencial como aditivos de catalisadores de FCC. Nos compostos utilizados e com
razão Al/(Al+Mg+M)=0,5, o Mg foi parcialmente substituído por Cu e/ou Mn.
4
A etapa representativa da reação que ocorre no regenerador foi conduzida a
720º C por 10 minutos. Em seguida, a etapa associada à redução dos sulfatos formados
que acontece no riser foi simulada. Neste estágio foram empregados dois conjuntos de
condições experimentais de modo a compreender o efeito da temperatura sobre a
redução dos sulfatos previamente formados. A primeira, a 650º C durante 5 minutos,
visava reproduzir a temperatura da base do riser. Na outra condição o aditivo era
exposto a uma temperatura de 530º C, usualmente praticada no topo do riser, durante
30 minutos. Particularmente, o aditivo contendo cobre destacou-se pelo melhor
desempenho na remoção simultânea de SO
x
e NO
x
.
Finalmente, buscou-se correlacionar as propriedades físico-químicas destes
compostos com suas atividades catalíticas a fim de compreender melhor o papel do
metal de transição empregado; visto que os óxidos mistos de magnésio e alumínio são
pouco ativos neste tipo de sistema reacional (POLATO, 2005), sendo fundamental a
presença de um terceiro metal com características redox para garantir uma performance
adequada. Desta forma, foram realizadas caracterizações específicas nas diferentes
etapas do processo, que se mostraram de fundamental importância no entendimento de
como o metal de transição atua nesta reação.
5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este capítulo aborda a revisão bibliográfica do tema estudado. Desta forma,
serão apresentadas as características e propriedades dos compostos do tipo hidrotalcita
e sua utilização como aditivo ao catalisador empregado na remoção do NO
x
e SO
x
na
corrente de efluentes do conversor das unidades de craqueamento catalítico.
2.1. O Processo de Craqueamento
O refino do petróleo consiste no processamento dos óleos crus de forma que
estes se tornem produtos comercializáveis de elevado valor agregado. A princípio, o
refino envolvia somente a separação por destilação, que compreende as operações
unitárias de escoamento de fluidos, transferência de calor e destilação. Entretanto, a
necessidade de estudar os aspectos correlatos ao processamento do petróleo estimulou
o desenvolvimento dessa área.
Assim, estas separações puramente físicas foram sendo substituídas pelas
conversões químicas no refino dos produtos do petróleo. O grande estímulo ao
emprego das modificações químicas na fabricação dos produtos petrolíferos veio do
crescente consumo de gasolina, que superou a oferta proveniente da destilação
separativa. Esta situação, que se desenvolveu após 1912, tornou obrigatória a pirólise
dos produtos de petróleo. Por este processo, conhecido industrialmente como
craqueamento, as moléculas longas são quebradas em mais curtas.
O craqueamento pode ser de dois tipos: térmico e catalítico. O primeiro utiliza
temperatura e pressões elevadas, cerca de 482-593º C e 41-68 atm, respectivamente.
Por outro lado, o craqueamento catalítico ocorre a pressão baixa, envolvendo um custo
comparativamente menor que o térmico. O craqueamento catalítico tem as seguintes
vantagens sobre o térmico (SHREVE, 1980):
a) Craqueamento mais seletivo;
b) Maior isomerização de olefinas, não das ligações duplas, mas também da
cadeia carbônica;
c) Maior controle da saturação das duplas ligações;
d) Maior produção de aromáticos;
e) Menor produção de diolefinas;
6
f) Maior tolerância a cargas com maior teor de enxofre.
O processo de craqueamento catalítico emprega como catalisador uma zeólita
Y, ou faujasita, dispersa em uma matriz óxida inorgânica. Este possibilita a ruptura das
moléculas pesadas, presentes nos gasóleos e resíduos, com elevada seletividade à
formação de moléculas leves, contendo principalmente compostos com 3 a 12 átomos
de carbono, faixa que inclui o gás liquefeito de petróleo (GLP) e a gasolina. Entretanto,
são também formadas nestas reações, em menor escala, gases leves com 1 ou 2 átomos
de carbonos e gasóleos leve e pesado.
2.2. Descrição Geral do Processo
Apesar de existirem diversas configurações de unidades de craqueamento
catalítico, pois, em geral, cada empresa tem sua própria patente, o princípio de
funcionamento de todas é bem semelhante. Na Figura 2.1, é mostrado um exemplo de
um conversor desenvolvido e patenteado pela PETROBRAS.
Figura 2.1: Esquema básico do modelo PAC
RC
de um conversor de uma unidade
de craqueamento catalítico desenvolvido e patenteado pela PETROBRAS
(PATRÍCIO JUNIOR, 2004).
O gasóleo ou os resíduos provenientes da destilação a vácuo ou atmosférica são
aquecidos previamente e entram no conversor pela base do riser. Neste ponto, o
7
catalisador quente proveniente do regenerador é misturado à carga e ambos seguem
pelo riser, onde efetivamente ocorrem as reações de craqueamento. O tempo de reação
no riser é de cerca de 1 a 3 segundos sendo a temperatura média na base de
aproximadamente 650
o
C e, como a reação de craqueamento catalítico é endotérmica, a
temperatura dos gases no topo do riser situa-se entre 510 e 570
o
C (ABADIE, 1999).
Em seguida, os produtos partem em direção ao vaso separador, onde são
separados do catalisador. O catalisador coqueificado depositado no fundo do vaso
separador ainda possui vapores de hidrocarbonetos adsorvidos em seus poros ou nos
espaços entre as suas partículas e com a finalidade de recuperar estes produtos, é
transferido por gravidade para o retificador (stripper). O vapor d’água que faz a
operação de retificação se junta aos gases gerados no craqueamento no vaso de
separação, evitando a queima destes no regenerador.
O catalisador coqueificado é transferido para o retificador por meio de um duto
de grande porte, denominado stand-pipe, seguindo, posteriormente, para o regenerador,
onde, por intermédio de uma injeção de ar e elevadas temperaturas, ocorre a queima do
coque. Assim, com sua atividade restabelecida, o catalisador é novamente enviado à
base do riser. O conjunto riser-vaso separador-regenerador é denominado conversor.
Os gases de combustão, que na saída do regenerador estão a aproximadamente
710
o
C, resultantes da combustão parcial do coque são direcionados para a caldeira de
CO, onde o monóxido de carbono contido nesta corrente é queimado, sendo os gases
resultantes resfriados com água, gerando vapor d’água a elevadas pressões.
Os produtos do craqueamento, efluentes do vaso separador, são enviados à
fracionadora principal da área quente, onde é realizada a separação primária dos cortes
obtidos. Pelo fundo da torre produz-se um óleo pesado, bastante denso, denominado de
resíduo de craqueamento ou borra. Esta corrente também é chamada de óleo decantado
ou óleo clarificado. A fracionadora produz, como corte lateral, um óleo leve de faixa
de ebulição semelhante ao diesel, conhecido como óleo leve de reciclo (Light Cycle Oil
LCO). Pelo topo da torre sai uma corrente gasosa composta da nafta de
craqueamento (C5-C12) e hidrocarbonetos leves (C1-C4), que é enviada à seção de
recuperação de gases.
A finalidade da seção de recuperação de gases é, através de operações de
compressão, absorção, retificação e destilação, processar a corrente separando-a em
8
três frações distintas: o gás combustível (C1 e C2), o gás liquefeito de petróleo (GLP
C3 e C4) e a nafta de craqueamento (C5 C12). A Figura 2.2 mostra, de forma
resumida, todas as interligações das várias seções de uma unidade de craqueamento
típica.
Figura 2.2: Esquema de uma unidade de craqueamento catalítico.
2.3. Catalisadores de FCC
Os catalisadores utilizados no processo de craqueamento catalítico apresentam-
se sob a forma de microesferas de 60 µm de diâmetro sendo constituídos por uma
zeólita Y misturada a uma matriz formada por uma fração não zeolítica, um diluente e
um ligante que mantêm a coesão dos diferentes elementos. Outrossim, uma série de
aditivos com diferentes finalidades são acrescentados ao catalisador de forma a
conferir propriedades interessantes ao processo, tais como: aumentar o índice de
octano na gasolina e a formação de olefinas leves, craquear seletivamente os
hidrocarbonetos pesados, passivar os venenos metálicos, Ni e V, presentes nas cargas,
obter uma combustão total do coque e reduzir as emissões de SO
x
(GUISNET &
RIBEIRO, 2004). O desenvolvimento deste último tipo de aditivo é um dos focos deste
trabalho, bem como sua utilização na redução das emissões de NO
x
. A Figura 2.3
mostra a composição média dos catalisadores utilizados pela PETROBRAS
(PEREIRA, 2007).
C
C
a
a
r
r
g
g
a
a
F
P
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q
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V
V
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p
o
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r
r
9
alumina
(matriz ativa)
20%
zeólita
(componente ativo)
35%
caolim
(matriz inerte)
25%
outros aditivos
5%
aditivos para remoção
de SOX
3%
lica
(matriz sintética)
12%
Figura 2.3: Composição média dos materiais constituintes de um catalisador de
FCC (PEREIRA, 2007).
2.3.1. As faujasitas ou zeólitas Y
A forma ácida das zeólitas Y empregadas no craqueamento catalítico é obtida
pelo tratamento da forma sódica, Na
58
Al
58
Si
134
O
384
.240H
2
O, por troca iônica dos
cátions de sódio por cátions de terras raras, RE
3+
, por NH
4
+
, ou por ambos,
acompanhada de tratamento hidrotérmico (steaming) no qual alguns átomos de
alumínio são extraídos da rede, tornando o material mais estável química e
termicamente.
A estrutura das faujasitas pode ser descrita como uma combinação de anéis
duplos de 6 membros, D6R, e octaedros truncados, cavidade β, dispostos de forma
tetraédrica conforme apresentado na Figura 2.4.
Figura 2.4 : Estrutura da zeólita Y (GUISNET & RIBEIRO, 2004).
10
A disposição espacial dos poros da faujasita é formada por dois sistemas de
canais tridimensionais. O primeiro consiste de cavidades α ou supercavidades de 13 Å
de diâmetro que se ligam a quatro outras supercavidades por janelas circulares de cerca
de 7,4 Å de diâmetro. O segundo é composto por cavidades β (sodalita) e α alternadas,
separadas por aberturas de 2,2 Å. Este sistema de canais possui orifícios estreitos, não
permitindo o acesso das moléculas de interesse usual. Isto faz com que a grande
maioria das reações sejam realizadas sobre os centros ácidos das supercavidades; visto
que a superfície externa dos cristais da zeólita é desprezível (menor que 2%) em
relação à superfície dos poros.
A natureza ácida da faujasita está relacionada à razão Si/Al na estrutura, pois o
número total de centros ácidos protônicos, que são considerados os sítios ativos, é igual
ao número de átomos de alumínio da estrutura zeólitica. Assim, quanto maior for a
razão Si/Al, menor será a densidade dos sítios ácidos. Contudo, a força ácida aumenta
com o aumento da relação Si/Al, alcançando seu máximo quando os sítios protônicos
estão isolados. As zeólitas Y que realizaram troca iônica com terras raras também
apresentam sítios protônicos. Estes sítios, responsáveis pela sua atividade no
craqueamento, resultam da hidrólise parcial dos cátions trivalentes de terras raras, cuja
carga não é perfeitamente neutralizada:
RE
3+
Z
3-
+ H
2
O [RE(OH)]
2+
Z
2-
+ H
+
Z (2.1)
[RE(OH)]
2+
Z
2-
+ H
2
O [RE(OH)
2
]
+
Z + H
+
Z (2.2)
A razão Si/Al da estrutura e a presença de terras raras têm uma influência
determinante sobre o rendimento em gasolina e seu índice de octanagem. Quanto maior
for a razão Si/Al, menor será o rendimento a gasolina, havendo o favorecimento ao
craqueamento com a formação de olefinas leves; entretanto, o índice de octanagem
será maior e a formação de coque menor. O aumento do teor em terras raras tem efeito
inverso sobre o rendimento na produção de gasolina e sobre seu índice de octanagem.
Por conseguinte, algumas refinarias que se propõem a produzir gasolina com melhor
octanagem substituíram em seu processo o uso de zeólitas com terras raras por zeólitas
desaluminizadas (GUISNET & RIBEIRO, 2004).
Conforme abordado anteriormente, a regeneração é realizada em temperaturas
elevadas e a combustão do coque libera vapor d’água. Estas condições drásticas
11
favorecem a eliminação de alumínio estrutural e formação de espécies de alumínio
extra-rede sendo estes efeitos tão mais pronunciados quanto maior for a temperatura e
a concentração de vapor d’água. Os dois tipos de zeólitas citadas anteriormente
possuem uma boa estabilidade hidrotérmica, resistindo bem ao tratamento severo que
lhes é imposto na regeneração.
2.3.2. A Matriz
A matriz pode desempenhar um papel catalítico importante. Para tal, esta deve
primeiramente cumprir vários requisitos físicos:
a) Conferir resistência ao atrito;
b) Permitir a diluição das partículas da zeólita no interior de partículas de tamanho
e forma convenientes para a fluidização;
c) Agir como transportador de calor entre o regenerador e o reator;
d) Permitir ou impedir a difusão das moléculas de reagente para os poros da
zeólita.
A fração catalíticamente ativa da matriz é constituída, geralmente por uma
alumina ou sílico-alumina mesoporosa (d
P
> 10 nm) com baixa acidez. Estes
mesoporos permitem a circulação das moléculas asfaltênicas mais pesadas e o seu
craqueamento nos sítios ácidos. O teor dos componentes ativos deve ser
cuidadosamente escolhido, visto que um teor muito elevado pode induzir ao aumento
da produção de coque e gás.
A quantidade de coque depositado sobre o catalisador, bem como o teor de
enxofre e nitrogênio presente na carga influenciam diretamente a formação dos óxidos
destes elementos no final da etapa de regeneração. Assim, faz-se necessário acrescentar
aditivos ao catalisador de FCC de forma a minimizar a emissão de tais poluentes na
atmosfera.
2.4. Controle das Emissões dos Óxidos de Enxofre
Os óxidos de enxofre são os principais poluentes atmosféricos e precursores da
chuva ácida. Nos EUA, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) possui
regulamentação para o controle destes óxidos em plantas industriais e de geração de
energia desde 1984. Essa regulamentação limita a emissão de SO
x
, em uma unidade de
12
craqueamento catalítico (FCC), a 9,8 kg por tonelada de coque queimado ou,
aproximadamente, 30 ppm em volume (CHENG et al., 1998). Não existe ainda, no
Brasil, uma regulamentação específica para este tipo de emissão.
Vários processos foram desenvolvidos para diminuir as emissões dos óxidos de
enxofre provenientes de estações geradoras de energia. Contudo, esses processos não
são adequados às unidades de craqueamento catalítico devido, principalmente, às
elevadas temperaturas operacionais. No FCC, cerca de 45 a 55% do enxofre presente
na alimentação, principalmente em compostos não-tiofênicos, é convertido em H
2
S e
este é posteriormente tratado em uma planta Claus. Geralmente, de 35 a 45% do
enxofre presente na carga permanece sob a forma de compostos de enxofre. Apenas
uma pequena fração do enxofre presente na carga, aproximadamente 5%, fica retido no
catalisador como parte do coque e a sua queima no regenerador resulta em 90% de SO
2
e 10% de SO
3
(CORMA et al., 1997). A quantidade de SO
x
emitido na unidade de
craqueamento catalítico depende do teor de enxofre presente na carga, da conversão e
da quantidade de coque depositado no catalisador (BHATTACHARYYA, 1988).
Quanto maior for a quantidade de enxofre tiofênico na alimentação, maior a
percentagem de enxofre presente no coque (CHENG et al., 1998).
As opções para o controle da emissão dos óxidos de enxofre na FCC incluem:
(a) tratamento para reduzir o enxofre depositado sobre o catalisador, isto é, a
hidrodessulfurização da carga; (b) tratamento ao final do processo, tal como a lavagem
da corrente gasosa ou (c) a introdução de aditivos ao catalisador de FCC que
promovam a transferência do enxofre presente nos SO
x
para a forma de H
2
S no riser. A
primeira opção requer uma hidrodessulfurização prévia da carga. As opções (a) e (b)
exigem um investimento significativo. A última opção quase não requer capital, exceto
pelo custo do sistema e pela viabilidade de uma planta Claus.
2.4.1. Reações Envolvidas na Transferência dos Óxidos de Enxofre
O aditivo utilizado na transferência dos óxidos de enxofre deve possuir diversas
características que permitam a captura do SO
x
gerado no regenerador pela queima do
coque e, o transformem, posteriormente, em H
2
S no riser da unidade FCC. Um dos
grandes desafios para este material é se adequar à condição operacional do sistema
visto que, as circunstâncias em que ocorrem as reações de craqueamento catalítico, a
queima do coque e a regeneração do catalisador são pré-estabelecidas, não sendo
13
possível ajustá-las de forma a obter um melhor desempenho na redução das emissões
do SO
x
. Além disso, os choques térmicos a que as partículas são submetidas geram um
grande estresse mecânico. Assim, os aditivos adicionados devem apresentar
propriedades físicas compatíveis com a dos catalisadores de craqueamento de forma a
resistir a esses choques, isto é, possuir índice de atrito semelhante
(BHATTACHARYYA, 1988).
Para que seu uso seja justificado, o aditivo deve ser capaz de promover:
(i) Oxidação do SO
2
a SO
3
: Após a queima do coque no regenerador ocorre a
liberação do SO
2
em ambiente levemente oxidante a uma temperatura entre 700 e
730
o
C sendo que nas condições do regenerador o SO
2
é favorecido em relação ao SO
3
.
Como a remoção do SO
3
é mais fácil do que a do SO
2
, o aditivo deve promover a
reação:
SO
2 (g)
+ ½ O
2
(g)
SO
3 (g)
(2.2)
(ii) Liberação do enxofre por redução dos sulfatos a H
2
S.
SO
3 (g)
+ M
x
O
(s)
M
x
SO
4 (s)
(2.3)
onde M é um metal, na forma óxida, presente no aditivo.
(iii) Quimissorção e estocagem do SO
3
na forma de sulfato: Ainda no regenerador,
o aditivo deve conter óxidos metálicos que possuam uma grande capacidade de
adsorção do SO
3
para formar sulfatos metálicos moderadamente estáveis.
M
x
SO
4 (s)
+ 4 H
2
(g)
M
x
O
(s)
+ H
2
S
(g)
+ 3 H
2
O
(g)
(2.4)
Esta reação pode, em alguns casos, formar sulfetos metálicos, conforme a
reação a seguir:
M
x
SO
4 (s)
+ 4 H
2
(g)
M
x
S
(s)
+ 4 H
2
O
(g)
(2.5)
No entanto, este sulfeto metálico formado pode reagir com o vapor d’água presente no
retificador, regenerando o óxido metálico original:
M
x
S
(s)
+ H
2
O
(v)
M
x
O
(s)
+ H
2
S
(g)
(2.6)
14
Anteriormente, acreditava-se que apenas o hidrogênio molecular era
responsável pela redução dos óxidos metálicos no ambiente redutor do riser.
Entretanto, mais recentemente (CHENG et al., 1998) foi proposto que os
hidrocarbonetos presentes no riser também são capazes de fornecer hidrogênio de
acordo com a seguinte reação:
M
x
SO
4 (s)
+ HCs
(g)
M
x
O
(s)
+ H
2
S
(g)
+ 3 H
2
O
(g)
+ (HCs-8H)
(g)
(2.7)
As três reações ocorrem em paralelo e, portanto, o desempenho da transferência
do SO
x
pode ser limitado por qualquer uma delas. As reações envolvidas em cada uma
das etapas da remoção dos SO
x
são termodinamicamente favorecidas (G < 0), porém
o catalisador garante uma melhor transferência destes óxidos (KIM & JUSKELIS,
1996). A performance da redução dos óxidos de enxofre depende das condições de
operação. A eficiência melhora com o aumento da taxa de circulação do catalisador,
com o aumento da pressão parcial de oxigênio, com uma melhor homogeneização do
catalisador e em elevadas concentrações de SO
2
.
2.4.2. Desenvolvimento dos Aditivos DeSO
x
Dois grandes desafios estão relacionados ao desenvolvimento de aditivos que
possibilitem o controle da emissão de óxidos de enxofre. O primeiro relaciona-se ao
fato de que a maioria dos metais utilizados nas reações de oxidação ou redução são
venenos para o processo de craqueamento catalítico. O outro aspecto é proveniente dos
choques térmicos a que são submetidas as partículas na unidade de FCC, ocasionando
um grande estresse mecânico.
Materiais que promovessem a remoção do SO
x
vinham sendo estudados desde
o início da década de 80. Entretanto, antes de 1985, a tecnologia de controle da
emissão de óxidos de enxofre estava diretamente ligada à adsorção oxidativa do SO
2
.
Acreditava-se que os sulfatos poderiam se decompor termicamente, regenerando o
aditivo. Segundo CHENG (1998) entre 1977 e 1986, houve considerável número de
patentes e publicações provenientes da indústria petrolífera que avaliaram diversos
materiais como aditivos. Os aditivos mais importantes eram à base de MgO e óxidos de
terras raras suportados em alumina. Os aditivos baseados em espinélio (MgAl
2
O
4
) e
espinélio com excesso de MgO também foram considerados eficazes na oxidação do
SO
2
. De forma geral, os metais do grupo da platina, os óxidos de terras raras e quase
15
todos os óxidos de metais de transição possuíam características adequadas e
necessárias ao papel de promotores da oxidação do SO
2
a SO
3
.
Em 1986, foi lançado o catalisador comercial DESOX
TM
KD-310, capaz de
promover a transferência dos óxidos de enxofre e possuía em sua composição um
espinélio não-estequiométrico, MgAl
2
O
4
, com um excesso molar de MgO e vanádio. O
pentóxido de vanádio é um excelente catalisador de oxidação e é especialmente útil
para a oxidação do SO
2
a SO
3
. Contudo, o V
2
O
5
não pode ser usado na unidade de
craqueamento catalítico porque pode reagir com a zeólita presente no catalisador
(BHATTACHARYYA, 1988), formando um ácido capaz de destruir a estrutura da
mesma.
BHATTACHARYYA et al. (1988) avaliaram o desempenho do espinélio de
magnésio e alumínio na remoção do SO
x
. Para tal, a atmosfera presente no regenerador
foi simulada através de uma corrente contendo 0,32% SO
2
e 2,00% O
2
em N
2
a 700
o
C
durante 35 minutos. As condições do riser foram reproduzidas sob fluxo de H
2
por 20
minutos. A quantidade de enxofre capturado e liberado foi determinada por análise
termogravimétrica. Um dos catalisadores testados por estes autores foi a γ-alumina
impregnada pelo dióxido de cério com a justificativa de que o CeO
2
promoveria a
oxidação do SO
2
a SO
3
, sendo rapidamente recuperado em presença de oxigênio,
segundo:
2 CeO
2 (s)
+ SO
2 (g)
SO
3 (g)
+ Ce
2
O
3 (s)
Ce
2
O
3 (g)
+ ½ O
2 (g)
2 CeO
2 (s)
(2.8)
Entretanto, essa amostra foi pouco efetiva na captura do SO
3
e, além disto, o
sulfato de alumínio formado é termicamente instável nas condições operacionais.
Assim, foi estudada a substituição da alumina por um óxido com propriedades básicas,
o MgO sendo que a amostra CeO
2
/MgO apresentou uma elevada capacidade de
adsorção, mas o sulfato formado é estável em temperaturas inferiores a 780
o
C.
Os autores perceberam que se fazia necessário empregar óxidos metálicos com
grande capacidade de adsorção e que formassem sulfatos moderadamente estáveis.
Desta forma, o espinélio não-estequiométrico, MgAl
2
O
5
, foi utilizado de forma a
conjugar as propriedades da γ-Al
2
O
3
e do MgO, revelando um bom potencial na
remoção do SO
x
, pois apresentou capacidade de adsorção similar ao do MgO. Além
16
disso, o espinélio MgAl
2
O
5
agrupa em sua estrutura dois materiais com características
opostas, pois a γ-Al
2
O
3
é um material que resiste muito bem ao atrito e o MgO se
quebra facilmente em pequenas partículas em um curto intervalo de tempo, o que o
torna ideal para utilização no FCC. Observou-se que qualquer um dos sulfatos
formados conseguia ser decomposto mediante as condições presentes no regenerador,
isto porque o fragmento estrutural do MgO no espinélio é mais favorecido
termodinamicamente do que o próprio óxido de magnésio.
A amostra CeO
2
/MgAl
2
O
5
foi avaliada quanto aos vários ciclos de reação-
regeneração, onde foi observado que sua desativação foi muito pequena, apresentando
regeneração total, como é possível notar na Tabela 2.1.
Tabela 2.1: Resultados da adsorção e liberação de enxofre nos ciclos de reação-
regeneração da amostra CeO
2
/MgAl
2
O
5
(Bhattacharyya et al., 1988).
N
0
do ciclo S removido (mg) S liberado (mg)
1 44 45
2 42 44
3 39 39
4 37 37
5 38 40
6 37 -
WAQIF et al. (1991) estudaram as espécies MgO, ZrO
2
, TiO
2
, Al
2
O
3
e
MgAl
2
O
4
por espectroscopia de infravermelho e análise gravimétrica usando
microbalança. Desta forma, os autores concluíram que o espinélio é um catalisador de
transferência superior, pois possui uma elevada capacidade de adsorção devido à
captura do enxofre sob a forma de sulfato mássico. Embora espécies de sulfato mássico
possam ser encontradas no MgO, são mais facilmente redutíveis no espinélio do que
neste óxido, conforme é possível notar na Figura 2.5. É interessante notar que apesar
da Al
2
O
3
possuir estabilidade térmica comparável à do espinélio e de que seu sulfato
pode ser reduzido em temperatura levemente menor, sua capacidade de adsorção é
inferior à do espinélio, pois o sulfato de alumínio formado é muito instável
termicamente nas condições usuais do regenerador. O espinélio, depois de sulfatado, é
facilmente regenerado pelo H
2
a temperaturas moderadamente baixas e, por isso, pode
ser considerado como o catalisador mais adequado dentre os demais óxidos estudados.
17
Figura 2.5: Faixas de temperatura para a redução dos sulfatos sob atmosfera de
hidrogênio (A) e para a decomposição sob vácuo (B) (WAQIF et al., 1991).
YOO e colaboradores (1992a, 1992b) estudaram soluções sólidas do tipo
espinélio nas quais o ferro substituiu parcialmente os átomos de alumínio da estrutura,
impregnadas ou não com cério e vanádio, na oxidação do SO
2
a SO
3
e a posterior
redução do sulfato. Para tal, foram realizados testes de desempenho catalítico
simulando-se a etapa de adsorção oxidativa com uma corrente contendo 1,5% SO
2
e
5,9% O
2
em N
2
durante 15 minutos; enquanto que, a redução foi realizada com H
2
puro
durante 5 min, sendo ambas as etapas realizadas a 732
o
C.
YOO et al. (1992b) observaram que as amostras onde o alumínio foi
parcialmente substituído pelo ferro apresentaram melhor atividade na remoção de SO
x
quando comparadas ao espinélio não estequiométrico correspondente. A partir destes
resultados, os autores resolveram estudar o efeito do teor de ferro sobre a eficiência de
remoção de SO
x
e verificaram que a atividade aumentava com o acréscimo da fração
de ferro na amostra MgAl
2-x
Fe
x
O
4
•MgO, para valores de x até 0,4. Desta forma, é
necessário considerar que teores elevados de ferro possuem efeito adverso sobre a
reação de craqueamento devido à formação de coque e que por isso, sua aplicação
comercial deve ser limitada a valores de x situados entre 0,03 e 0,4. Por outro lado, a
incorporação de ferro melhora as propriedades mecânicas do catalisador.
Em continuidade ao trabalho anteriormente descrito, os mesmos autores (YOO
et al., 1992a) realizaram análises termogravimétricas após a captura de SO
x
e
18
observaram que o Fe
2
(SO
4
)
3
é instável nas condições do regenerador da unidade de
FCC. A análise de difração de raios-X também foi empregada não tendo sido detectada
a presença da fase Ce
2
(SO
4
)
3
. Segundo este trabalho, a incorporação de ferro ou
vanádio é benéfica, pois aumenta a taxa na qual o sulfato pode ser reduzido, conforme
indicado na Tabela 2.2.
Tabela 2.2: Análise Termogravimétrica (YOO et al., 1992a).
Amostra
S inicial
(%)
T inicial
(
o
C)
Taxa máxima de perda
de massa (mg/min)
Ce/MgAl
2
O
4
5,0 652 3,8
Ce/MgO•MgAl
2
O
4
4,8 677 3,0
Ce/V/MgO•MgAl
2
O
4
5,0 665 9,2
Ce/MgO•MgAl
1.6
Fe
0,4
O
4
5,2 635 4,2
Ce (10%)/MgO (impregnado) 5,0 661 6,5
Condições da etapa de adsorção oxidativa de SO
2
: 1,5% SO
2
, 5,9% O
2
em N
2
por 15 minutos a
732º C, onde T
inicial
é a temperatura onde começa a redução do sulfato formado.
A redução sob atmosfera de hidrogênio revelou que os espinélios que
continham ferro em sua composição apresentaram temperatura inicial de redução do
sulfato bem menor do que aquela encontrada para o espinélio de magnésio e alumínio
impregnado com cério. Decréscimo similar foi observado para a amostra impregnada
com vanádio, porém menos significativo.
CORMA et al. (1994) sintetizaram uma série de hidrotalcitas com diferentes
razões Al/(Al + Mg). Os experimentos ocorreram em duas etapas. Na adsorção
oxidativa foi utilizada uma corrente, com vazão igual a 700 mL/min, contendo 1400
ppm de SO
2
e 3% O
2
em balanço de N
2
a 750
o
C. Esta etapa era interrompida
quando a quantidade a jusante continha 50% da concentração a montante. Em seguida,
o reator era resfriado sob atmosfera de N
2
até 530
o
C. Nesta temperatura, a amostra era
regenerada por 2 h a uma vazão de 800 mL/min de H
2
puro. Os autores não
observaram relação entre a área específica e a capacidade de adsorção dos compostos
estudados. Todavia, a quantidade de SO
2
adsorvido é incrementada com o acréscimo
do conteúdo de magnésio, pois a captura é favorecida pela basicidade da amostra.
Entretanto, a regeneração é facilitada pelo aumento do teor de alumínio. Este fato foi
explicado pela instabilidade térmica do sulfato de alumínio e pela estabilidade térmica
do sulfato de magnésio, o que foi elucidado pelas análises de DRX (antes e após a
19
reação), onde foi possível observar somente a formação do segundo composto
anteriormente mencionado. Através da mesma técnica notou-se que a fase relativa ao
óxido de cério permaneceu praticamente inalterada, indicando que os sítios ativos para
a remoção de SO
x
devem-se apenas à fase MgO.
O espinélio não estequiométrico impregnado com 1% p/p de diversos óxidos de
metais de transição, tais como Co, Cu, Zn, Ni, Fe, Cr, V ou Ti, foi avaliado nesse
mesmo trabalho. Os resultados mostraram que a capacidade de adsorção decresce
discretamente para os catalisadores impregnados com V, Co, Ni, Zn, Cr, Cu e Ti,
enquanto que com o ferro se mantém praticamente constante. Embora, Ni, Zn, Co e Cr
apresentem excelentes características de oxirredução, não foram efetivos, pois formam
sulfetos nas condições presentes no regenerador, conforme as reações a seguir:
3 NiSO
4
+ 10 H
2
Ni
3
S
2
+ SO
2
+ 10 H
2
O
(2.9)
2 ZnSO
4
+ 5 H
2
ZnO + ZnS
+ SO
2
+ 5 H
2
O (2.10)
9 CoSO
4
+ 34 H
2
Co
9
S
8
+ SO
2
+ 34 H
2
O (2.11)
3 Cr
2
(SO
4
)
3
+ 34 H
2
2 CrS
+ 2 Cr
2
S
3
+ SO
2
+ 34 H
2
O (2.12)
No caso do cobre, vanádio e ferro, os sulfatos correspondentes não foram
observados, pois se decompõem em temperaturas inferiores a 700
o
C. Assim, a
princípio, qualquer um dos três metais poderia ser utilizado como co-catalisador para a
redução dos sulfatos. Contudo, V e Fe podem causar problemas quando empregados
como aditivos aos catalisadores de FCC. Por isto e pelo fato de que o cobre pode
catalisar a decomposição e redução de NO
x
, este foi aplicado nesse estudo. Desta
forma, amostras, nas quais o Mg foi parcialmente substituído por Cu foram sintetizadas
com diferentes razões Al/(Al + Mg + Cu). Os resultados mostraram que o aumento do
teor de cobre fez com que a capacidade de adsorção de SOx diminuísse enquanto que a
capacidade de regeneração aumentou. A análise do difratograma de raios-X após a
reação indicou uma diminuição da fase periclase, sendo que as fases espinélio e CuO
permanecem inalteradas, sugerindo que o SO
x
é adsorvido preferencialmente pelo
MgO.
Os resultados apresentados na Tabela 2.3 mostram que a capacidade inicial de
captura de SO
x
é maior para a amostra que não contém cobre. Entretanto, já no
20
primeiro ciclo de regeneração, as amostras contendo cobre são capazes de capturar
maiores quantidades de SO
x
. Além disso, um aumento no teor de cobre não altera de
forma significativa a capacidade de adsorção de SO
x
após o primeiro ciclo de
regeneração.
Tabela 2.3: Capacidade de adsorção de SO
x
dos diversos catalisadores com
diferentes teores de cobre (CORMA et al., 1994).
SO
x
adsorvido (g SO
2
/g cat)
Catalisador
Inicial
Após uma
regeneração
Após duas
regenerações
Após três
regenerações
Mg/Al/Cu =75/25/0
41
10
4,8
-
Mg/Al/Cu =70/20/10
21
17,6
17,7
17,7
Mg/Al/Cu =75/20/5
32
17
18
15
Os autores observaram que a temperatura de regeneração possui um impacto
importante sobre a adsorção de SO
x
. Quando esta teve seu valor aumentado de 530
para 620
o
C, a quantidade de SO
2
removido ficou próxima do valor obtido no primeiro
ciclo de reação-regeneração. Isto foi atribuído pelos mesmos à redução incompleta do
sulfato formado em temperaturas mais baixas.
KIM & JUSKELIS (1996) realizaram um estudo no qual a técnica de reação à
temperatura programada foi empregada (TPRe). Uma corrente contendo 9,5% O
2
e
0,6% SO
2
em balanço de N
2
com vazão igual a 126 mL/min a 704
o
C foi empregada
para simular as condições presentes no regenerador. A redução realizada no riser da
unidade de craqueamento catalítico foi reproduzida mediante três condições diferentes:
a primeira continha propano puro a uma vazão de 14,2 mL/min; a segunda utilizava
uma corrente contendo metano puro (14 mL/min); e, finalmente, na última condição
5% H
2
/Ar (50 mL/min) ou H
2
puro era empregado. Em todas as condições
anteriormente descritas, foram feitos experimentos de TPRe a uma taxa de
aquecimento de 20
0
C/min.
Foram testados aditivos à base de um material constituído por 37,4% de MgO,
18,9% La
2
O
3
e 42,8% Al
2
O
3
, o qual foi submetido à impregnação úmida dos metais V,
Cr, Fe e Ce. Baseando-se apenas na temperatura em que se iniciou a liberação de H
2
S,
a seguinte ordem de eficiência foi encontrada: V > Ce > Fe > Cr. Entretanto, a
21
eficiência na remoção de SO
2
, medida por análise termogravimétrica, apresentou outra
ordem, que foi: Ce > Cr > V > Fe. Estes resultados podem ser examinados na tabela a
seguir:
Tabela 2.4: Propriedades dos catalisadores, desempenho dos catalisadores nos
testes de TPR e ATG (KIM & JUSKELIS, 1996).
Óxido
metálico
Teor (%)
Área superficial
(m
2
/g)
T inicial
(
0
C)
Quantidade de
H
2
S liberado
(µ
µµ
µmol)
Ganho de
massa (%)
Nenhum 0 151 600 118 3,0
V
2
O
5
2,49 167 460 235 5,3
Cr
2
O
3
2,14 193 580 212 9,8
Fe
2
O
3
2,13 186 520 171 4,5
CeO
2
4,22 186 500 229 11,3
Nesse mesmo trabalho foram realizados alguns testes com o catalisador
comercial DESO
X
TM
o qual é constituído por óxidos de Ce e V suportados em
(MgO)
2
Al
2
O
3
. A temperatura na qual ocorreu o início da liberação de H
2
S foi de
aproximadamente 450
o
C nos testes com propano. No entanto, quando o propano foi
substituído por H
2
ou metano, a produção do ácido sulfídrico começou a 580
o
C. Esses
dados sugerem que o propano proporciona a geração de hidrogênio ativo in situ, o que
aumenta a redução do sulfato formado, isto é, eleva a taxa de liberação do H
2
S. A
formação desta espécie na presença de C
3
H
8
envolve, em uma primeira etapa, a
redução de S
+6
a S
+4
e, em outro estágio, de S
+4
a S
-2
, onde esta última seria
relativamente mais lenta.
WANG e colaboradores (1999) empregaram a amostra MgAl
2-x
Fe
x
O
4
(x = 0,2)
como aditivo ao catalisador de FCC. Uma mistura contendo 90 mg do aditivo e 3 g do
catalisador foi aquecida até 700
o
C sob fluxo de N
2
por 20 minutos e, em seguida, uma
corrente contendo 5% O
2
em N
2
foi admitida ao reator por 5 minutos. Posteriormente,
uma mistura gasosa composta por 1,5% SO
2
e 5% O
2
em N
2
foi alimentada ao reator.
Na etapa de redução, foi utilizada uma mistura de 30% H
2
/N
2
a 500
o
C.
Durante as etapas de adsorção e de regeneração foram realizadas medidas de
condutividade elétrica do aditivo. Os resultados mostraram um aumento da
condutividade elétrica com a elevação da pressão parcial de SO
2
, devido à ocorrência
da reação:
22
SO
2 (g)
+ O
2-
(rede)
=
SO
3 (ads)
+ e
-
(2.13)
De acordo com a equação acima, o oxigênio da rede do catalisador adsorve a
molécula de SO
2
. O aumento da pressão parcial de SO
2
conduz a um deslocamento do
equilíbrio aumentando os elétrons de condução disponíveis e, dessa forma,
proporcionando a elevação da condutividade elétrica. Assim, os autores propuseram
que os sítios de adsorção de SO
2
seriam as vacâncias de O
2-
presentes na estrutura do
MgAl
1,8
Fe
0,2
O
4
. As equações a seguir descrevem este fenômeno, onde V
O
’’
e V
O
representam, respectivamente, as vacâncias de oxigênio com um e com dois elétrons.
½ O
2 (g)
+ V
O
’’
=
O
-
(ads)
+ V
O
(2.14)
O
-
(ads)
+ V
O
=
O
2-
(rede)
(ads)
(2.15)
Para identificar as espécies presentes na superfície durante a adsorção de SO
2
,
oxidativa ou não, foi empregada como técnica de caracterização, a espectrometria na
região do infravermelho in situ. No caso da adsorção, 500 Torr de SO
2
foram
admitidos no sistema; enquanto que, no caso da adsorção oxidativa, utilizou-se uma
mistura de 500 Torr de SO
2
e 100 Torr de O
2
. As medidas foram tomadas a diferentes
temperaturas, de 50 a 550
o
C. No espectro de adsorção na ausência de O
2
foram
observadas três bandas localizadas, respectivamente, a 850, 910 e 1340 cm
-1
, que
foram atribuídas ao SO
2
fracamente adsorvido e a espécies superficiais do tipo sulfito.
A adsorção oxidativa apresentou quatro bandas, a 910, 1070, 1200 e 1400 cm
-1
sendo
que as duas últimas foram correlacionadas às freqüências de estiramento assimétrico e
simétrico do íon sulfato, respectivamente. Os autores sugeriram que as bandas
encontradas fossem características de complexos resultantes da forte quimissorção ou
reação do SO
2
com os sítios ativos tendo proposto na Figura 2.6.
23
Figura 2.6: Esquema reacional proposto por WANG et al. (1999), onde: ( )
vacância de oxigênio; ( M ) íon Al
3+
ou Mg
2+
; ( ) oxigênio adsorvido.
Na decomposição do sulfato, durante os primeiros 5 minutos de redução a 500
o
C, uma grande quantidade de H
2
S e uma pequena quantidade de SO
2
foram produzidas.
Quando a temperatura de sulfatação foi aumentada de 500 para 700
o
C, sendo a
amostra posteriormente reduzida a 500
o
C, a concentração de SO
2
nos produtos de
redução caiu de 6 para 1%.
Durante o processo de redução, o H
2
atacaria, provavelmente, a ligação S-O-Fe,
capturando o íon oxigênio, resultando na ruptura da ligação entre os íons Fe e S,
formando uma vacância de oxigênio e reduzindo as espécies de ferro. Em seguida, a
densidade eletrônica ao redor do enxofre seria redistribuída tornando a ligação entre S
e O instável de tal modo que a continuação da redução com H
2
uma grande quantidade
de H
2
S seria produzida.
A espectroscopia Mössbauer foi utilizada para analisar as valências químicas e
os ambientes de coordenação durante os processos de oxidação e redução. A amostra
foi tratada com uma mistura de SO
2
e O
2
a 700
o
C durante 20 min, sendo
posteriormente reduzida com H
2
durante um mesmo intervalo de tempo a 500
o
C. Foi
possível observar a presença de Fe
3+
, Fe
2+
em sítios de coordenação tetraédrica
(espinélio FeAl
2
O
4
também identificado por DRX), Fe
2,5+
que é conseqüência da
existência do Fe
3
O
4
e α−Fe
0
.
Quando a amostra foi reduzida pelo H
2
a 500
0
C por 30 min sem adsorção
prévia de SO
2
, foram encontradas as bandas relativas aos íons Fe
3+
octaédricos, Fe
2+
em sítios tetraédricos e α−Fe
0
. Entretanto, a fase Fe
3
O
4
o foi encontrada. Como
discutido previamente, as vacâncias de oxigênio são os sítios de adsorção, onde os íons
24
de oxigênio adsorvidos reagem com as espécies do tipo sulfito adsorvidas formando
sulfato. Portanto, a fase Fe
3
O
4
aparenta ser a espécie ativa durante a adsorção oxidativa
de SO
2
na amostra sulfatada e reduzida. Com base nestes resultados, os autores
propuseram o seguinte mecanismo:
Figura 2.7: Mecanismo de adsorção oxidativa de SO
2
e redução do sulfato no
catalisador MgAl
2-x
Fe
x
O
4
(WANG et al., 1999).
Em um outro estudo, WANG et al. (2003) avaliaram uma série de materiais
formados por óxidos de magnésio e alumínio variando-se a composição dos mesmos.
As amostras foram submetidas a dez ciclos de reação-regeneração e monitoradas com
o auxílio de uma microbalança. Este material era composto por 1g do catalisador de
FCC e 3% em peso do aditivo DeSO
x
. Foi aplicada uma relação de X
Al
que está
relacionada à estrutura e composição da amostra Mg
x
Al
(8-2x)/3
O
4
, como sendo a fração
de Al
2
O
3
, onde X
Al
= (8-2x)/(8+4x). Na etapa de adsorção, 100 mL/min de uma
mistura contendo 1,5% SO
2
, 5% O
2
em N
2
foi utilizada por 30 min a 700
o
C. A redução
foi realizada a 500
o
C, empregando-se uma corrente de 50 mL/min com 30% H
2
em
balanço de N
2
. Os resultados dos ciclos para as amostras com relações X
Al
de 0,33, 0,5
e 0,8 são apresentadas na Tabela 2.5.
25
Tabela 2.5: Atividades De-SO
2
dos 10 ciclos de adsorção e redução das espécies de
enxofre formadas nos diferentes espinélios de magnésio e alumínio (WANG et al.,
2003).
SO
2
capturado (%)
Número do ciclo de
redução-oxidação
X
Al
= 0,33 X
Al
= 0,5 X
Al
= 0,8
1 74,3 71,7 61,3
2 70,8 68,2 57,4
3 70,2 68,7 60,2
4 69,3 69,1 56,3
5 70,8 67,4 55,9
6 68,8 66,0 57,6
7 68,4 68,2 58,0
8 70,5 65,1 56,4
9 70,4 63,1 56,1
10 71,5 62,9 55,8
No teste com ciclos de reação-regeneração observou-se que a amostra X
Al
=0,33
obteve os melhores resultados. As espécies mais ricas em alumínio apresentam, em
geral, pior desempenho na remoção de SO
2
o que está associado ao fato da estabilidade
do sulfato de alumínio ser baixa nas condições da adsorção oxidativa. De forma geral,
todas as amostras exibiram elevadas atividades iniciais. Entretanto, após o primeiro
ciclo, as atividades das amostras diminuam, possivelmente, devido a sulfatos não
reduzidos.
Os testes de desempenho contendo apenas um ciclo de reação-regeneração
mostraram que os aditivos com X
Al
= 0,33 tiveram os melhores desempenhos nas
etapas de adsorção e redução do aditivo, conforme mostra a Tabela 2.6.
26
Tabela 2.6: Dados da adsorção oxidativa e redução das espécies de enxofre
formada nos diferentes catalisadores obtidos, utilizando análise
termogravimétrica (WANG et al., 2003).
X
Al
W
i
(mg) W
a
(mg) W
r
(mg) W
r
/W
i
W/W
i
(mg/g)
0,86 11,44 12,38 11,25 0,983 82,5
0,70 10,11 11,04 9,87 0,976 92,0
0,50 17,80 16,25 14,34 0,969 98,0
0,33 10,05 11,30 9,97 0,992 124,4
0,20 12,39 13,73 12,94 0,958 108,2
onde: W
i
: massa inicial da amostra antes das etapas de adsorção e redução; W
a
: massa da amostra
sulfatada a 700
0
C; W
r
: massa da amostra reduzida a 500
0
C; W
r
/W
i
: fator de redução; W/W
i
:
capacidade de captura de SO
2
.
Verificou-se que em todas as amostras, o SO
2
é adsorvido em maior quantidade
do que se houvesse ocorrido a formação de apenas uma monocamada. Observou-se que
a concentração dos sulfatos se distribui de forma decrescente da superfície para o
interior do material. Assim, a maior parte dos sulfatos tende a se formar na superfície
do aditivo e apresenta a possibilidade de se reduzir a temperaturas em torno de 500
o
C.
Entretanto, os sulfatos localizados no interior da amostra oferecem resistência à
redução com H
2
, fazendo com que esta só ocorra em temperaturas superiores a 600
o
C.
A adsorção do SO
2
nos aditivos à base de compostos precursores do tipo
hidrotalcita possui algumas particularidades que são de fundamental importância na
compreensão deste mecanismo. A formação de multicamadas torna a caracterização da
superfície deste material essencial, pois sem esta não é possível saber se a
concentração dos sulfatos se reduz em direção ao bulk, ou se a redução destas espécies
é influenciada por diferentes íons sulfato formados, ou ainda, por efeitos difusionais
que dificultam a permeabilidade do gás hidrogênio.
Os autores avaliaram os diversos materiais sintetizados mediante a
caracterização de suas propriedades, tais como basicidade, área específica e capacidade
de adsorção de SO
2
, conforme pode ser observado na Figura 2.8. Através desse gráfico,
puderam notar que a basicidade segue uma tendência diferente da fração de Al
2
O
3
, X
Al
,
indicando que a adsorção oxidativa não é apenas uma reação ácido-base. Esses
resultados mostram que a capacidade de captura de SO
2
não é estritamente relacionada
à composição, como também com a área superficial.
27
Figura 2.8: Capacidade de adsorção de SO
2
, área superficial e basicidade em
função da fração molar de alumina (WANG et al., 2003).
RONCOLATTO et al. (2006) estudaram as principais causas da desativação
dos aditivos de FCC constituídos por óxidos mistos de Mg e Al, com razão atômica
igual a 0,5, contendo Ce e V. As amostras eram compostas por 0,2g de uma mistura de
3% do aditivo e 97% do catalisador de FCC. A adsorção oxidativa foi simulada por
uma corrente com fluxo de 250 mL/min constituída por 655 ppm de SO
2
e 1,3% O
2
em
He. Observou-se que o desempenho do aditivo foi prejudicado apenas pela migração
de silício do catalisador para o aditivo e pela formação de sulfatos estáveis. A migração
de Si ocorre quando o aditivo está sujeito às condições presentes no regenerador, onde
estas espécies são mais reativas. A reação do Si(OH)
4
com o aditivo contendo MgO,
produzindo fosforita é apresentada a seguir (reação 2.16). Todavia, o silício não
compõe a maior parte do catalisador e, por isso, este tipo de desativação não é
significativa. Desta forma, os autores atribuem a formação de sulfatos estáveis como
sendo a principal causa da desativação dos catalisadores de FCC.
2 MgO
(s)
+ Si(OH)
4 (g)
Mg
2
SiO
4
+ 2 H
2
O
(g)
(2.16)
PERATHONER e CENTI (2007) prepararam compostos do tipo hidrotalcita
parcialmente substituídos por cobre. As amostras foram avaliadas quanto ao seu
desempenho por análise termogravimétrica. Nos testes foi empregada uma corrente
com vazão de 30 L/h, cuja composição era de 20 ppm de SO
2
, 11 % CO
2
e 5% O
2
em
balanço de N
2
. A Figura 2.9 apresenta os resultados obtidos no estudo cinético da
adsorção de SO
2
a 500
0
C.
I
I
n
n
t
t
e
e
n
n
s
s
i
i
d
d
a
a
d
d
e
e
(
(
c
c
a
a
p
p
a
a
c
c
i
i
d
d
a
a
d
d
e
e
d
d
e
e
a
a
d
d
s
s
o
o
r
r
ç
ç
ã
ã
o
o
:
:
m
m
g
g
/
/
g
g
,
,
á
á
r
r
e
e
a
a
s
s
u
u
p
p
e
e
r
r
f
f
i
i
c
c
i
i
a
a
l
l
:
:
m
m
2
2
/
/
g
g
,
,
b
b
a
a
s
s
i
i
c
c
i
i
d
d
a
a
d
d
e
e
:
:
µ
µ
µ
µ
µ
µ
µ
µ
m
m
o
o
l
l
C
C
O
O
2
2
/
/
g
g
x
x
1
1
0
0
-
-
1
1
)
)
.
.
F
F
r
r
a
a
ç
ç
ã
ã
o
o
m
m
o
o
l
l
a
a
r
r
d
d
e
e
a
a
l
l
u
u
m
m
i
i
n
n
a
a
(
(
%
%
)
)
28
Figura 2.9: Isoterma de adsorção de SO
2
para as amostras de cobre, magnésio e
alumínio (PERATHONER & CENTI, 2007).
Enquanto que a primeira região linear está relacionada à adsorção de SO
2
, a
segunda está relacionada à difusão para o interior da partícula pelas espécies SO
x
. Os
autores concluíram que um incremento no teor de magnésio melhora o desempenho e a
resistência à desativação hidrotérmica. Segundo os mesmos, isto ocorre porque o
mecanismo envolvido na remoção do SO
x
é muito complexo e é formado, basicamente,
por duas rotas diferentes e que ocorrem simultaneamente. A primeira envolve a
quimissorção reversível e oxidação a SO
3
, seguido da reação com os sítios superficiais
de Brönsted, formando espécies sulfato. A outra inclui a reação direta do SO
2
com os
sítios superficiais de sulfito e sulfato, fazendo com que o enxofre presente na superfície
seja progressivamente difundido para o bulk. O esquema a seguir mostra as duas rotas
reacionais concorrentes.
Figura 2.10: Esquema dos possíveis mecanismos envolvidos na remoção de SO
2
segundo PERATHONER & CENTI (2007).
Tempo (h)
4
1
2
3
4
Cu/Mg/Al (1:1:2)
Cu/Mg/Al (1:2:1)
Cu/Al (1:2)
Cu/Al (1:3)
500
o
C
4
3
1
2
Ganho de massa (%)
25 20
15
10 5 0
200
180
160
140
120
100
29
POLATO (2005) estudou óxidos mistos de magnésio e alumínio derivados de
compostos do tipo hidrotalcita, com razões Al/(Al+Mg) = 0,25, 0,50 e 0,75,
impregnados com cério (17% p/p). Nos testes de desempenho, a etapa de adsorção
oxidativa foi simulada a 720
0
C com composição de entrada contendo 1630 ppm de
SO
2
+ 1,6 % O
2
em balanço de He. Na etapa de redução do sulfato formado foi
utilizada uma mistura de 30% H
2
em He a 530
0
C. Durante a etapa de regeneração
foram realizados testes de TPR/MS, com aquecimento contínuo de 10
0
C/min, de 530 a
800
0
C. O catalisador com razão igual a 0,50, constituído pelas fases Mg(Al)O
(periclásio) e MgAl
2
O
4
(espinélio) antes da sulfatação, apresentou o melhor
desempenho na captura de SO
x
e regeneração. Os resultados de Redução a
Temperatura Programada (TPR/MS) e Difração de Raios-X (DRX) indicaram a
existência de diferentes espécies nas amostras sulfatadas. A redução dessas espécies
resultou na liberação de SO
2
ou H
2
S e Mg(Al)O como produto sólido em alguns casos.
POLATO et al. (2005) estudaram as diferentes espécies de sulfato formadas em
condições similares às adotadas no regenerador da UFCC e sua posterior redução e
concluíram que os sulfatos resultantes do espinélio são mais facilmente redutíveis do
que aqueles provenientes da fase periclásio. Os autores também observaram que o
tamanho dos poros dos óxidos mistos derivados de compostos do tipo hidrotalcita se
modificaram durante a simulação das diferentes condições usualmente empregadas no
conversor da UFCC. Os pequenos mesoporos do óxido misto são destruídos durante o
crescimento do sulfato e após a regeneração, quando o sulfato é consumido, grandes
mesoporos são formados. Além disso, os autores observaram que a redução de S
6+
a S
2-
não é uma reação consecutiva.
PEREIRA (2007) estudou óxidos mistos de Mg e Al contendo Cu e/ou Mn,
impregnados com 17% p/p CeO
2
, com razão molar Al/(Al+Mg+M) igual a 0,5. Nesse
trabalho foram realizados 21 ciclos de reação-regeneração, onde a reação era simulada
por uma corrente composta por 1700 ppm de SO
2
e 1,5% O
2
em He com vazão total de
175 mL/min a 720
o
C. Em seguida, a etapa de regeneração era efetuada pela passagem
de 30% H
2
em He a 650
o
C (130 mL/min). O teste de TPR/GC foi realizado com taxa
de aquecimento de 6
o
C/min de 650 até 800
o
C, tendo o autor verificado que a
incorporação de CeO
2
não conduziu a melhoria significativa na performance dos
aditivos. Além disso, os resultados mostraram que a presença de cobre é importante
para aumentar a eficiência na redução do sulfato. Entretanto, não foram observados
30
efeitos sinérgicos entre o cobre e o manganês, pois as amostras apresentaram
desempenhos similares.
POLATO et al. (2008) estudaram compostos do tipo hidrotalcita de Mg e Al
com razão molar igual a 0,25, onde o magnésio ou alumínio foi parcialmente
substituído por Cu, Co, Cr ou Fe. Estes foram avaliados na remoção de SO
x
em
condições similares às encontradas no regenerador da unidade de craqueamento
catalítico. A seguinte ordem de atividade catalítica foi observada: Cu > Co > Fe > Cr.
Esse resultado mostra que tanto a estabilidade térmica quanto a redutibilidade dos
sulfatos são afetadas de forma significativa pelas propriedades redox do metal presente
no aditivo.
2.5. Controle das Emissões dos Óxidos de Nitrogênio
O NO
x
destaca-se por contribuir para a formação da chuva ácida, atacando
construções, aumentando a acidez dos solos e dos cursos d’água, além de provocar
também a fumaça urbana e ainda favorecer o efeito estufa. Desta forma, com o
aumento da regulamentação da emissão de NO
x
, as refinarias precisarão de uma
quantidade maior de tecnologias que permitam o controle destes óxidos que podem
estar associadas à otimização das condições de operação ou à utilização de aditivos no
catalisador de FCC. Dentre aquelas vinculadas ao processo estão inclusas as seguintes
opções: hidrodesnitrogenação da carga de alimentação, introdução de agentes redutores
tal como a amônia na carga de alimentação e a utilização de qualquer uma das
alternativas anteriores no final da unidade de craqueamento catalítico. Entretanto, todas
estas possuem custo elevado.
Os níveis de nitrogênio presentes na alimentação da unidade de craqueamento
catalítico variam de 0,05 a 0,5% em peso. No final deste mesmo processo, cerca de
50% do nitrogênio, no estado gasoso ou líquido, presente na alimentação é
transformado em produtos sob a forma líquida; ao mesmo tempo em que menos de
10% é convertido em amônia e o restante é adsorvido nos sítios ácidos do catalisador
de FCC, podendo ficar adsorvido no coque.
31
2.5.1. Mecanismo de Formação dos Óxidos de Nitrogênio
As emissões de NO
x
provenientes do regenerador podem ser formados por três
mecanismos: reação do nitrogênio com oxigênio presentes no ar (NO
x
térmico),
oxidação de compostos combustíveis contendo em sua composição nitrogênio (NO
x
combustível) e reação entre radicais na chama de combustão (NO
x
pronto). No
equilíbrio, as condições típicas do regenerador não favorecem, de forma significativa, a
formação de NO
x
pronto e térmico (menos de 10 ppm de NO).
O mecanismo pelo qual o nitrogênio ligado ao coque é convertido em
nitrogênio e óxidos de nitrogênio ainda não é bem compreendido. Durante a
combustão, o nitrogênio presente no combustível é transformado em HCN e NH
3
de
forma intermediária que, posteriormente, são convertidos em NO
x
, de acordo com o
esquema abaixo (CHENG et al., 1998).
2.5.2. Desenvolvimento dos Aditivos DeNO
x
ARMOR e colaboradores (1996) sintetizaram uma série de hidrotalcitas à base
de cobalto com razão Al/(Al+Mg+Co) igual a 0,25. A decomposição de N
2
O foi
investigada fazendo-se o uso de uma corrente contendo 985 ppm de N
2
O e balanço em
He com vazão total igual a 100 mL/min. Entretanto, o efluente gasoso admitido na
UFCC também contêm O
2
e H
2
O, que podem inibir a decomposição do N
2
O, que a
remoção dos óxidos de nitrogênio ocorre em atmosfera redutora. Assim, a estabilidade
hidrotérmica dos catalisadores foi avaliada em atmosfera oxidante, adicionando-se
2,5% O
2
e/ou 2% H
2
O. Os resultados mostraram que a conversão do N
2
O aumenta com
o acréscimo da temperatura reacional e da razão Co/Al, de acordo com a Tabela 2.7.
Nitrogênio ligado ao coque
Derivados da pirrolina
Derivados da piridina
Grupos amino
NH
3
HCN
H
2
NO, N
2
O, N
2
32
Tabela 2.7: Efeito da razão Co/Al na decomposição utilizando um catalisador de
Co em hidrotalcita calcinado a 500
o
C
a
(ARMOR et al. 1996).
Conversão de N
2
O (%)
Razão
Co/Al
Área BET
(m
2
/g)
300
o
C 350
o
C 400
o
C 450
o
C 500
o
C
1,1 164 8 12 22 45 79
2,0 9 17 36 68 93
2,55 16 27 49 81 (61
b
, 17
c
)
-
3,0 100 13 24 53 84 (67
b
, 25
c
)
-
3,55 10 18 49 82 (61
b
, 14
c
)
-
a
Condição reacional: 985 ppm de N
2
O em He; 0,1 g de amostra; vazão total = 100 mL/min
b
Com 2,5% O
2
c
Com 2,5% O
2
e 2% H
2
O
A Figura 2.11 ilustra a conversão de N
2
O em N
2
e O
2
em função da temperatura
para o catalisador de cobalto parcialmente substituído em hidrotalcita e para a zeólita
ZSM-5 nas formas extrudada e “trilobe” que realizaram troca iônica com uma solução
de cobalto. Os experimentos foram conduzidos utilizando uma corrente de alimentação
com 10% N
2
O, 2% H
2
O e 2% O
2
em N
2
, tendo sido possível observar que a
hidrotalcita apresentou um melhor desempenho do que a ZSM-5.
Figura 2.11: Atividade das amostra Co-AlHT (Co/Al=2,2) e Co-ZSM-5 em função
da temperatura (ARMOR et al., 1996).
WEN et al. (2002b) estudaram um sistema contendo cobre, promovido ou não
com cério, em catalisadores preparados a partir de óxidos mistos de Mg e Al derivados
de hidrotalcitas. As condições presentes na fase densa do regenerador foram simuladas
33
com vazão total de 400 mL/min sendo os resultados da conversão de NO e CO
apresentados na Tabela 2.8. Os autores observaram que a amostra contendo Cu e Ce
obteve uma elevada atividade quando comparada aos demais catalisadores e seu
desempenho não foi afetado pela presença de H
2
O na corrente de entrada.
Tabela 2.8: Conversão de CO e NO sob diferentes condições reacionais (WEN et
al., 2002b).
Conversão de NO (%)
a
250
o
C 300
o
C 550
o
C 720
o
C
Catalisador
1 2 1 2 1 2 1 2 3
Cu-cat
11,3 0 49,0 1,6 97,8 98,5 98,7 100 31,4
Ce-cat
0 0 0 0 51,6 52,1 100 100 16,2
CuCe-cat
50,8 100 86,9 100 100 100 100 100 100
Conversão de CO (%)
a
250
o
C 550
o
C 720
o
C
Catalisador
1 2 1 2 1 2 3
Cu-cat
60,9 30,8 75,7 93,7 75,7 95,3 74,4
Ce-cat
12,0 0 73,6 76,2 75,6 86,8 46,1
CuCe-cat
73,5 85,6 75,7 95,1 75,7 95,8 96,1
a
1: 600 ppm de NO + 1,4%CO + 0,5% O
2
; 2: 600 ppm de NO + 1,4%CO + 0,5% O
2
+ 1%
H
2
O; 3: 600 ppm de NO + 1,4%CO + 0,5% O
2
+ 1% H
2
O + 500 ppm de SO
2
. 1 e 2: após
alcançarem o estado estacionário; 3: após 40 min de reação.
A adsorção conjunta de NO e CO foi investigada por espectroscopia de
infravermelho a fim de identificar o efeito de cada espécie nesta reação. Assim, notou-
se que uma grande quantidade de íons Cu
+
, ativos para a adsorção de CO, são
formados durante a calcinação do CuCe-cat como resultado do forte efeito sinérgico
entre os íons cobre e cério. A presença de O
2
faz com que alguns íons Cu
+
se oxidem
para a forma Cu
2+
que são ativos apenas para a adsorção de NO.
Baseando-se nos trabalhos anteriormente citados (ARMOR et al., 1996 e WEN
et al., 2002), PALOMARES e colaboradores (2008) realizaram experimentos nos
quais foram reproduzidas as condições das emissões gasosas em fontes móveis, onde
sete ciclos alternaram uma atmosfera rica (120 segundos: 13% O
2
, 530 ppm de NO
x
e
50 ppm de C
3
H
8
em N
2
) e pobre em O
2
(60 segundos: 8% O
2
, 530 ppm de NO
x
e 700
ppm de C
3
H
8
em balanço de N
2
). Para tal, hidrotalcitas parcialmente substituídas por
34
cobalto ou cobre e impregnadas com 1% de Pt, Pd, Ru ou V foram preparadas. Os
resultados mostraram que a amostra 1% V-Co/Mg/Al-HT foi efetiva na redução e
oxidação simultâneas de NO
x
e CO, respectivamente. A partir da Figura 2.12, os
autores concluíram que este catalisador é muito estável e apresenta uma maior
atividade durante os ciclos redutores do que nos oxidantes, se tornando praticamente
constante após três ciclos.
Figura 2.12: Evolução dinâmica da conversão de NO
x
durante os setes ciclos a
100
o
C da amostra 1%V-Co/Mg/Al-HT (PALOMARES et al., 2008).
2.6. Simultâneo das Emissões dos Óxidos de Enxofre e Nitrogênio
A remoção simultânea dos óxidos de enxofre e de nitrogênio é um grande
desafio. Nesta, a presença de O
2
é de fundamental importância, pois a oxidação de SO
2
a SO
3
e sua posterior adsorção sob a forma de sulfato no aditivo ocorre em
atmosfera oxidante. Entretanto, em excesso de O
2
, a decomposição e redução de NO
x
é
inibida. Desta forma, faz-se necessário determinar a faixa de concentração de oxigênio
na qual a remoção de ambos os contaminantes acontece.
CORMA et al. (1997) avaliaram o desempenho de hidrotalcitas de Cu, Mg e Al
preparadas por coprecipitação, com razão Al/(Al+Mg+Cu) igual a 0,25, na remoção
simultânea de NO
x
e SO
x
. Para tal, os autores utilizaram uma mistura contendo 450
ppm de NO e 540 ppm de SO
2
em N
2
a 750
o
C com vazão total igual a 1600 mL/min.
Foram adicionadas diferentes quantidades de O
2
de forma a determinar a concentração
suficiente capaz de promover tais reações. A Figura 2.13 mostra o perfil das reações de
decomposição do NO e de remoção do SO
2
.
35
Figura 2.13: Perfil das reações de decomposição de NO (
) e da remoção de SO
2
(
) a 750
o
C (CORMA et al., 1997).
O NO foi decomposto completamente na ausência de oxigênio. Nessa condição,
assumindo que todo o oxigênio produzido pela decomposição de NO fosse consumido
na oxidação do SO
2
, a conversão máxima esperada seria de 83%. No entanto, a
conversão máxima foi alcançada nos primeiros segundos, indicando que ocorre outro
processo além da oxidação simples. Os autores atribuem este fato à eliminação do SO
2
através de um processo de oxirredução, conforme a reação abaixo:
2 Cu
0
+ SO
2
Cu
2
S + O
2
(2.12)
A atividade das espécies de cobre e enxofre na decomposição foi demonstrada
através de um experimento onde a amostra foi pré-sulfetada através de um fluxo de
H
2
S antes do início da reação de decomposição de NO. Nesse caso, foi observado que
as espécies de enxofre formadas são ativas na remoção de NO, alcançando conversões
similares às obtidas no estudo da performance catalítica dos aditivos não sulfetados na
presença de SO
2
nas mesmas condições. Isto indica que as espécies de cobre e enxofre
formadas são ativas para a decomposição de NO devido, provavelmente, à adequada
estabilização do estado de oxidação das espécies Cu
+
.
Na presença de 1,25% O
2
, o aditivo recupera a sua capacidade de remoção do
SO
2
. Ao mesmo tempo, a atividade para a decomposição do NO começa a diminuir,
mas sob estas condições reacionais ainda uma quantidade considerável de NO para
a
a
a
a
a
a
a
a
36
ser decomposto. Um novo acréscimo do teor de oxigênio resulta na completa
desativação do catalisador para a decomposição do NO. Entretanto, a remoção máxima
de SO
x
é obtida. Nota-se que a presença de SO
2
na corrente de entrada aumenta a
resistência do aditivo ao envenenamento por O
2
.
PALOMARES e colaboradores (1999) prepararam hidrotalcitas substituídas
parcialmente por Cu ou Co com razão molar Al/(Al+Mg+M) igual a 0,25. A
decomposição de NO foi simulada por 10 minutos utilizando uma vazão de 1700
mL/min de uma corrente contendo 300-400 ppm de NO a 750
o
C. A Figura 2.14
mostra a variação da conversão em função do tempo de corrida.
Figura 2.14: Conversão de NO utilizando 300-400 ppm de NO a 750
o
C
(PALOMARES et al., 1999).
A amostra Cu-HT apresentou uma atividade constante e próxima a 80%.
Entretanto, um decaimento abrupto pode ser observado para o catalisador de Co-HT
que, após cerca de 75 s, se tornou inativo para a decomposição de NO.
No estudo da remoção de SO
2
foi introduzida uma carga no sistema reacional a
750
o
C com 1400 ppm de SO
2
, 3% O
2
em balanço de N
2
(700 mL/min). Na Figura 2.15
estão dispostos os dados da conversão de SO
x
obtidos.
Tempo (s)
Conversão (%)
37
Figura 2.15: Conversão de SO
x
empregando corrente contendo 1400 ppm de SO
2
,
3% O
2
a 750º C (PALOMARES et al., 1999).
Os três catalisadores apresentaram atividade e estabilidade elevadas na remoção
de SO
x
. No entanto, a hidrotalcita à base de Mg e Al, contendo Ce, exibiu a melhor
atividade catalítica. Como o catalisador Ce-Ht se mostrou inativo na reação de
remoção de NO
x
, os autores afirmaram que a presença de cobre ou cobalto é
indispensável à remoção conjunta de NO
x
e SO
2
. Embora este trabalho tenha visado
estudar a remoção simultânea destes poluentes, nenhum teste combinando ambas as
cargas foi realizado.
WEN et al. (2002a) estudaram hidrotalcitas de magnésio e alumínio contendo
cobre e / ou cério. Os testes catalíticos foram realizados em duas condições diferentes.
Na primeira, introduziu-se uma corrente composta por 600 ppm de NO, 1,4% CO e
0,5% O
2
. A Figura 2.16 mostra o perfil de conversão de NO em função da temperatura.
Tempo (s)
Conversão (%)
38
Figura 2.16: Conversão de NO em função da temperatura (WEN et al., 2002a).
A representação gráfica da conversão de NO mostra que a amostra CuCe-cat
apresenta atividade superior àquela preparada apenas com cobre (Cu-cat) e esta
diferença se torna mais pronunciada com o aumento da temperatura. Outra informação
importante a ser destacada é que enquanto a presença de oxigênio aumenta a atividade
da amostra CuCe-cat o inverso ocorre para a Cu-cat. A presença de O
2
promove a
oxidação dos íons Cu
+
, fazendo com que estes sejam transformados em Cu
2+
que são
ativos para a adsorção de NO.
Nesse mesmo trabalho os autores também estudaram a captura de SO
x
comparando as diversas amostras sintetizadas com o aditivo comercial, SOXGT
(55,0% MgO, 21,1% Al
2
O
3
, 3,2% V
2
O
5
, 18,9% CeO
2
), por análise termogravimétrica
através de uma mistura com 0,5% SO
2
, 5% O
2
e balanço em Ar a 720
o
C (200
mL/min). Obtiveram a isoterma de adsorção de SO
x
a 720
o
C (Figura 2.17).
39
Figura 2.17:Isoterma de adsorção de SO
x
a 720
o
C (WEN et al. , 2002a).
As amostras preparadas apresentaram desempenho superior à do SOXGT pois,
provavelmente, o cobre e / ou cério promovem a formação do sulfato de magnésio
que é fato estabelecido que o desempenho dos catalisadores na remoção de SO
x
depende da sua capacidade de adsorção. Desta forma, a amostra contendo cobre e cério
simultaneamente foi imputada de ser o melhor aditivo para a remoção de NO
x
, SO
x
e
CO já que exibiu uma excelente performance nas condições reacionais empregadas.
POLATO (2005) testou hidrotalcitas parcialmente substituídas por diferentes
metais de transição (Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Zn) com razão Al
3+
/(Mg
2+
+ Al
3+
)=0,5 na
remoção do SO
2
na presença de outros poluentes, tais como o CO
2
e o NO. Os
resultados mostraram que hidrotalcitas a base de cobre ou de manganês são ativas na
remoção do SO
2
. Contudo, na avaliação do desempenho empregando corrente de
entrada contendo SO
2
, NO e CO, o aditivo contendo cobre perdeu sua atividade
DeSO
x
, mas mostrou alta eficiência para remoção do NO, enquanto que aquele
contendo manganês, preservou sua atividade DeSO
x
, mas foi pouco ativo para a
remoção dos outros poluentes. E, portanto, compostos do tipo hidrotalcitas contendo
cobre e manganês em sua composição seriam aditivos DeSO
x
e DeNO
x
promissores.
Nos trabalhos anteriormente citados, foram estudados somente os efeitos e
condições necessárias à remoção conjunta de NO
x
e SO
x
. Entretanto, esta não foi
realizada simultaneamente. Um outro aspecto que sobressai a tudo o que foi
apresentado é a utilização de óxidos mistos do tipo hidrotalcita como aditivo. Assim, é
de fundamental importância compreender a estrutura destes materiais.
Tempo (
min
)
Capacidade de adsorção de SO
x
(%)
40
2.7. Compostos do Tipo Hidrotalcita
As argilas aniônicas minerais são relativamente raras e estão associadas a
formações metamórficas e têm sido relatadas desde o início do século passado por
diversos mineralogistas. Esse tipo de argila foi, também, encontrado em depósitos
salinos, demonstrando que condições mais severas de pressão e temperatura não são
imprescindíveis à sua formação.
O termo “argilas aniônicas” é usado para designar hidróxidos duplos lamelares,
sintéticos ou naturais que contenham espécies aniônicas na região interlamelar. Esta
designação deve-se a um paralelo com o termo “argilas catiônicas” que é utilizado para
materiais que são constituídos de camadas negativamente carregadas de
aluminossilicatos que possuem cátions interlamelares neutralizando as cargas.
Os hidróxidos duplos lamelares, apesar de não serem abundantes na natureza,
podem ser sintetizados em laboratório a um custo relativamente baixo. Estes foram
primeiramente sintetizados por FEITKNECHT (1938) que reagiu soluções diluídas de
sais metálicos com bases.
Alguns hidróxidos duplos lamelares são precursores de uma família mais geral
de compostos, designados como estruturas lamelares pilarizadas, PLS (do inglês:
“pillared layered structures”). As PLS apresentam nanoestruturas constituídas pela
ligação química de moléculas de colóides em um hospedeiro lamelar.
A hidrotalcita é uma argila aniônica natural que contém ânions carbonato
intercalados entre lamelas de hidróxido duplo de magnésio e alumínio. Assim,
materiais derivados deste tipo de estrutura são comumente denominados de compostos
do tipo hidrotalcita, HTLC (do inglês: hydrotalcite-like compounds). Os HTLCs
podem ser representados pela fórmula geral [M
1-x
2+
M
x
3+
(OH)
2
]
x+
(A
n-
)
x/n
· m H
2
O, onde
M
2+
e M
3+
são os cátions divalentes e trivalentes, respectivamente; o valor de x é igual
à razão molar M
3+
/(M
2+
+ M
3+
) e A é o ânion de compensação de valência n. Existem
diversos materiais isoestruturais com propriedades físico-químicas variadas que podem
ser utilizadas como espécies M
2+
, M
3+
e A
n-
. A Tabela 2.9 exemplifica as diferentes
combinações entre os cátions divalentes e trivalentes mais comumente reportados na
literatura.
41
Tabela 2.9: Combinações de cátions divalentes com cátions trivalentes que
produzem HDLs (CREPALDI & VALIM, 1997).
A região interlamelar dos hidróxidos duplos lamelares é ocupada
essencialmente por moléculas de água e ânions. Um grande número de ânions, tanto
orgânicos como inorgânicos podem ocupar esta região. Diversos íons foram estudados
como ânions de compensação sendo os mais comumente utilizados os haletos (F
-
, Cl
-
,
Br
-
, I
-
), os oxo-ânions (CO
3
2-
, NO
3
2-
, SO
4
2-
, CrO
4
2-
) e os ânions complexos
([Fe(CN)
6
]
4-
, [NiCl
4
]
2-
). Estudos de difração de raios-X em monocristal e no pó,
Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e Espectroscopia de Absorção de Raios-X
(EXAFS) (VAYSSE, 2002) mostraram que esta região apresenta uma natureza
desordenada, o que pode ser confirmado pelas características físicas dos HTLCs, tais
como as propriedades de troca iônica, mudanças no estado de hidratação e
propriedades elétricas. Estas propriedades levam alguns autores a considerar a região
interlamelar como um estado quase líquido.
Os compostos do tipo hidrotalcita possuem camadas com estrutura do tipo
brucita (Mg(OH)
2
). As lamelas da brucita são neutras, com cátions magnésio
localizados no centro de octaedros, que possuem em seus vértices ânions hidroxila.
Estes octaedros compartilham arestas formando uma estrutura como a apresentada na
Figura 2.18. Através da substituição de cátions divalentes por trivalentes nestas
camadas, obtêm-se uma lamela positivamente carregada, mas com estrutura idêntica à
da lamela da brucita. Estas lamelas para serem estabilizadas necessitam da presença de
ânions interlamelares.
42
Figura 2.18: Representação esquemática da unidade octaédrica (GOH et al.,
2008).
A razão entre os cátions divalentes e trivalentes determina a densidade de carga
na lamela do HTLC, influenciando as propriedades do material. Esta razão pode variar
em uma faixa de 1 a 8, o que corresponde a uma faixa de x, na fórmula geral, de
0,5 > x > 0,14. Entretanto, muitos indícios de que as fases puras são formadas
apenas no intervalo 0,20 < x < 0,34 (VACCARI, 1998). BRINDLEY e KIKKAWA
(1979) estudaram um sistema contendo Mg/Al e relataram que para valores mais
elevados de x, o número de Al vizinhos na unidade octaédrica aumenta, levando à
formação do Al(OH)
3
. De forma análoga, valores baixos de x conduzem à uma elevada
densidade do Mg contido nas folhas do tipo brucita, com segregação do Mg(OH)
2
.
A estrutura formada pelo empilhamento de camadas positivamente carregadas,
com ânions ocupando a região interlamelar é comum a todos os hidróxidos duplos
lamelares, LDH (do inglês: “layered double hydroxide”). Uma visão esquemática desta
estrutura é mostrada na Figura 2.19.
Figura 2.19: Representação esquemática da estrutura do LDH (GOH et al., 2008).
A seqüência de empilhamento das lamelas faz com que os compostos do tipo
hidrotalcita sejam classificados em dois tipos de sistemas cristalinos: um sistema
romboédrico, com o parâmetro c da célula hexagonal sendo igual a três vezes o
espaçamento basal, pertencendo ao grupo espacial R3m, e um sistema hexagonal com
cátion metálico M
2+
ou M
3+
ânion OH
-
espaço basal (c’)
região interlamelar
ânions A
n-
molécula de água
folha do tipo brucita
43
c igual a duas vezes o espaçamento basal, pertencendo ao grupo espacial P6
3
mmc. Por
analogia com o CdI
2
utiliza-se a notação 3R e 2H, respectivamente para estes dois tipos
(CREPALDI & VALIM, 1998). Uma terceira seqüência de empilhamento, pertencente
ao sistema hexagonal, foi descrita na literatura (MALKI et al., 1993) e designada como
1H, relacionando-se de forma direta com uma variedade de HTLC altamente hidratado,
contendo sulfato. A Figura 2.20 ilustra a diferença entre os polítipos 3R, 2H e 1H. Na
Tabela 2.10 estão listadas algumas argilas aniônicas naturais, com as respectivas
composições e o nome dado ao mineral de acordo com cada tipo de simetria
encontrada.
Figura 2.20: Esquema representando os possíveis politipos para os hidróxidos
duplos lamelares (CREPALDI & VALIM, 1998).
Tabela 2.10: Algumas argilas aniônicas naturais, com sistema cristalino e o grupo
espacial a que pertencem especificados (CREPALDI & VALIM, 1998).
Composição Nome do mineral
M
II
M
III
A
m-
Romboédrico
3R, R3m
Hexagonal
(2H), P6
3
mmc
Mg Al CO
3
2-
Hidrotalcita Manasseita
Mg Cr CO
3
2-
Estictita Barbetonita
Mg Fe CO
3
2-
Piroaurita Esjogrenita
Ca Al OH
-
- Hidrocalumita
Ni Al CO
3
2-
- Tacovita
Ni Fe CO
3
2-
Reevesita -
Ni Fe SO
4
2-
Honessita -
44
2.7.1. Métodos de Preparação de Compostos do Tipo Hidrotalcita
Diversas técnicas são conhecidas na síntese das argilas aniônicas. Os
compostos do tipo hidrotalcita podem ser obtidos por coprecipitação em pH constante
ou variável, reações de deposição / precipitação, síntese hidrotérmica, troca iônica,
reconstrução da estrutura, métodos eletroquímicos ou reações de hidrólise. A utilização
de qualquer um desses métodos está diretamente correlacionada à composição do
material a ser sintetizado.
O método mais empregado na preparação de grandes quantidades dos HTLCs é
a coprecipitação ou método do sal-base. A coprecipitação pode ser conduzida a baixa
ou elevada supersaturação. A supersaturação elevada fornece materiais menos
cristalinos devido ao elevado número de núcleos de cristalização (VACCARI, 1998).
Existem relatos na literatura de duas formas de preparo, a coprecipitação em pH
constante e em pH variável. A reação química que ocorre quando se utiliza este método
é descrita a seguir (CREPALDI & VALIM, 1998):
(1-x) M
2+
(X
-
)
2
+ x M
3+
(X
-
)
3
+ 2 M
+
OH
-
+ (x/m) M
m
+
(A
m-
)
M
1-x
2+
M
x
3+
(OH)
2
(A
m-
)
x/m
· n H
2
O
+ (2 + x) M
+
X
(2.13)
onde M
+
é um cátion monovalente (Na
+
ou K
+
) e X
-
é um ânion (NO
3
-
, ClO
4
-
, Cl
-
).
O método de coprecipitação a pH variável consiste na adição de uma solução
contendo os sais dos cátions divalente e trivalente sobre uma solução contendo
hidróxido e o ânion a ser intercalado. Este método foi originalmente desenvolvido por
FEITKNECHT (1938), que utilizou soluções diluídas para preparar um HDL do
sistema [Mg-Cr-CO
3
]. Na síntese por coprecipitação a pH constante são adicionadas ao
mesmo tempo a solução dos sais dos cátions e a solução alcalina. Em relação à
coprecipitação a pH variável, este método tem como desvantagem o elevado custo do
aparato a ser utilizado, e como vantagem a maior homogeneidade dos materiais
obtidos.
As condições a serem controladas na síntese por coprecipitação são a
concentração das soluções, a velocidade da adição de uma solução sobre a outra, o pH
final da suspensão formada, o grau de agitação e a temperatura da mistura. A
precipitação em temperaturas mais baixas é necessária para prevenir a formação de
45
outras fases. Assim, normalmente se opta por uma precipitação a baixa temperatura
seguida de um tratamento hidrotérmico para a cristalização do material.
Um outro método empregado na síntese dos compostos do tipo hidrotalcita é o
método do sal-óxido. Este procedimento foi primeiramente descrito por BOEHM e
colaboradores (1977) para a síntese de um HDL do sistema [Zn-Cr-Cl]. O método do
sal-óxido consiste na reação entre uma solução do sal formado pelo cátion trivalente e
o ânion a ser intercalado. Assim, o HDL é obtido através da adição de uma
determinada alíquota da solução do metal trivalente sobre a suspensão do metal
divalente, aguardando-se um determinado tempo entre a adição das alíquotas, até que o
pH fique constante.
A literatura (CREPALDI & VALIM, 1998) relata a obtenção de ótimos
resultados na preparação de HDLs por este método. Entretanto, é importante ressaltar
os principais fatos que ocasionam a limitação da utilização do método sal-óxido.
Primeiramente, deve ser possível obter o óxido do metal trivalente, mas este não deve
reagir rapidamente com a água. Além disto, o metal trivalente deve formar um sal
solúvel com o ânion a ser intercalado.
Um método de síntese envolvendo etapas de nucleação e envelhecimento
separadas foi proposta por ZHAO et al. (2002). Os pontos-chaves deste método são a
mistura rápida e o processo de nucleação que ocorre no colóide. Quando comparado ao
processo convencional de coprecipitação, esse método origina um sólido com grau de
cristalinidade levemente menor, cristalitos pequenos e com uma distribuição estreita de
tamanho.
Um grande mero de estudos (COSTANTINO et al., 1998; OH et al., 2002)
foi realizado sobre o método de hidrólise da uréia. A uréia possui algumas
propriedades únicas, dentre elas sítios de Brönsted fracos, elevada solubilidade em
água e taxa de hidrólise facilmente controlável, o que a torna em um agente capaz de
precipitar vários íons metálicos como hidróxidos ou sais insolúveis na presença do
ânion adequado. As condições ótimas de preparo dos HDLs envolvem a dissolução da
uréia em uma solução de 0,5 M do cloreto metálico escolhido de forma a obter uma
razão molar entre a uréia e o íon metálico igual a 3,3. Os compostos preparados por
este método apresentam tamanho de cristalito homogêneo e partículas do tipo plaqueta
com formas hexagonais bem definidas.
46
Os HDLs podem ainda ser preparados pelo método de troca iônica. Esse
método é útil quando o método de coprecipitação não é aplicável, isto é, quando os
cátions metálicos divalentes ou trivalentes são instáveis em solução alcalina ou quando
a reação direta entre os íons metálicos e os ânions que irão lhes substituir é mais
favorável.
Outro método comum de produção dos HDLs é a rehidratação / reconstrução
utilizando o efeito memória estrutural. Esse método envolve a calcinação do HDL para
remover a água interlamelar, ânions de compensação e grupos hidroxilas, resultando
em uma mistura de óxidos. É interessante observar que os HDLs calcinados são
capazes de regenerar sua estrutura em camadas quando expostos a água e ânions. Além
disso, os ânions não precisam ser necessariamente os mesmos presentes originalmente
na região interlamelar dos HDLs não calcinados (GOH et al., 2008).
Dentre todos os métodos existentes, o hidrotérmico é geralmente empregado
quando as espécies orgânicas apresentam baixa afinidade com os LDHs e quando os
métodos de coprecipitação e troca iônica não são aplicáveis. Esse método é efetivo
porque somente os ânions orgânicos podem ocupar o espaço interlamelar desde que
sejam utilizados hidróxidos insolúveis de magnésio e alumínio e que outros ânions
estejam ausentes. As etapas chaves deste método são a homogeneização dos
precursores organometálicos na mistura metanol-tolueno, a hidrólise, a gelificação, o
tratamento térmico e a secagem supercrítica do solvente. Os LDHs resultantes
apresentam elevada área e tamanho de partícula pequeno (CARNES et al., 2002).
2.7.2. Decomposição Térmica
Diversos catalisadores comerciais derivam de materiais do tipo hidrotalcita,
como, por exemplo, os utilizados na oxidação parcial ou reforma de hidrocarbonetos,
na síntese do metanol ou álcoois mais pesados e na síntese de Fischer-Tropsch. Outras
aplicações incluem a reação de deslocamento gás-água, a produção de H
2
, a oxidação
parcial do metano, a redução do enxofre na gasolina, a remoção do NO
x
, a utilização
como aditivo em catalisadores de craqueamento e uma extensa variedade de usos em
outras reações catalíticas (CENTI & PERATHONER, 2008).
A decomposição térmica das argilas aniônicas origem a uma mistura de
óxidos e hidróxidos metálicos e é normalmente caracterizada por duas transições
47
endotérmicas. A primeira transição, entre 100 e 300
o
C, corresponde à perda de água
interlamelare a segunda, que ocorre em temperaturas mais elevadas (entre 300 e
500
o
C) deve-se à perda dos grupos hidroxila das folhas do tipo brucita e à
decomposição dos ânions. Um aquecimento posterior origina perdas de água adicionais
e conduz à formação de um óxido duplo e/ou espinélios. A seguir é apresentado um
esquema desta decomposição para a hidrotalcita (VACCARI, 1998, REICHLE, 1986):
(Mg
6
Al
2
(OH)
16
) (CO
3
).4H
2
O
-4H
2
O
< 473 K
(Mg
6
Al
2
(OH)
16
) (CO
3
)
> 473 K
-CO
2
-7H
2
O
Mg
6
Al
2
O
8
(OH )
2
- H
2
O
MgO, Al
2
O
3
, MgAl
2
O
4
(Mg
6
Al
2
(OH)
16
) (CO
3
).4H
2
O
-4H
2
O
< 473 K
(Mg
6
Al
2
(OH)
16
) (CO
3
)
> 473 K
-CO
2
-7H
2
O
Mg
6
Al
2
O
8
(OH )
2
- H
2
O
MgO, Al
2
O
3
, MgAl
2
O
4
Essas transições dependem qualitativamente e quantitativamente de muitos
fatores tais como a natureza e a quantidade relativa dos cátions, tipo dos ânions,
cristalinidade e atmosfera do aquecimento (VACCARI, 1998). As propriedades mais
interessantes dos óxidos mistos formados são as seguintes:
a) Elevada área específica (100 a 300 m
2
/g);
b) Interdispersão homogênea dos elementos termicamente estáveis mesmo em
condições redutoras, formando cristalitos muito pequenos e estáveis;
c) Efeito sinergético entre os elementos, devido à íntima interdispersão,
favorecendo, por exemplo, o desenvolvimento de propriedades básicas;
d) Efeito memória, o qual permite a reconstrução da estrutura original pelo
contato com soluções contendo vários ânions.
48
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Neste capítulo serão descritas as técnicas experimentais e os equipamentos
utilizados, incluindo, desta forma, os procedimentos de obtenção dos óxidos mistos e
sua caracterização físico-química e a unidade utilizada na avaliação catalítica.
3.1. Preparação dos catalisadores
3.1.1. Síntese dos Compostos do Tipo Hidrotalcita (HTLCs)
As amostras dos compostos do tipo hidrotalcita (HTLCs), que foram utilizados
como precursores dos óxidos mistos formados após a ativação, foram sintetizadas pelo
método de co-precipitação a temperatura ambiente. Esta preparação foi realizada em
condições de baixa saturação, de forma a possibilitar a formação de um material com
elevada cristalinidade. A composição do gel de síntese foi estabelecida a partir da
fórmula geral apresentada a seguir:
0,25 M(NO
3
)
2
: 1,25Mg(NO
3
)
2
: 1,5 Al(NO
3
)
3
: 2 Na
2
CO
3
: 7,5 NaOH
sendo a relação molar Al/(Al + Mg + M) igual a 0,5, o cátion M corresponde aos íons
de Cu e/ou Mn que substituem parcialmente o Mg ou o Al. No caso da amostra
contendo Cu e Mn, a relação entre estes foi 1 : 1.
Duas soluções A e B foram utilizadas no preparo das amostras. A solução A foi
preparada a partir da dissolução dos nitratos de Mg, Al e demais metais eventualmente
presentes no material em questão em água deionizada, de modo a se obter uma
concentração total de (Al + Mg + M) igual a 1,5 M e a relação Al/(Al + Mg + M)
desejada para o gel de síntese. A solução B contendo Na
2
CO
3
e NaOH foram
dissolvidos em água destilada, sob resfriamento, de modo a obter uma concentração de
carbonato igual a 1 M e quantidade de NaOH suficiente para manter o pH de
envelhecimento em 13.
No procedimento de síntese empregado, a solução B foi colocada em um reator
de teflon de 250 mL de capacidade e a solução A foi gradativamente adicionada a esta
solução através de uma bureta a uma taxa de 60 mL/min, sob agitação vigorosa. Ao
final da adição, o gel formado permaneceu sob vigorosa agitação por um período de
4h. O gel foi, então, envelhecido a pH constante por 18h a 60
0
C e, posteriormente,
filtrado e lavado com água destilada a quente, com temperatura entre 80 e 90
0
C, até
49
que a água de lavagem apresentasse pH neutro. Os compostos do tipo hidrotalcita
obtidos foram secos em estufa a 80
0
C por 12h. Eles foram denominados pela sigla M-
HT, onde M indica o metal que substitui parcialmente o Mg ou Al na estrutura do
composto do tipo hidrotalcita.
3.1.2. Obtenção dos Óxidos Mistos
A formação das espécies catalíticamente ativas foi obtida através de um
tratamento térmico, visando à alteração da estrutura cristalina com mudança de fase.
Assim, o material obtido segundo a metodologia descrita no item 3.1.1 foi aquecido
sob fluxo de ar, com vazão de 100 mL/min, da temperatura ambiente até 750
0
C a uma
taxa de 10
o
C/min por 2h.
3.2. Caracterização Química, Físico-química e Textural
3.2.1. Fluorescência de Raios-X (FRX)
A espectroscopia de fluorescência de raios-X foi utilizada a fim de determinar a
composição elementar quantitativa das amostras. As amostras foram empastilhadas
com uma força de 4000 Kgf em uma prensa Carver Laboratory Press (modelo C). As
medidas foram obtidas através de um espectrômetro Rigaku, modelo RIX 3100,
equipado com tubo gerador de raios-X de Rh com voltagem de 4 KW. Um detector
proporcional de fluxo foi usado na contagem dos pulsos.
3.2.2. Difração de raios-X (DRX)
A análise de difração de raios-X (DRX) foi empregada com o objetivo de
identificar a estrutura das fases sólidas presentes, bem como acompanhar a
transformação das fases após o tratamento térmico. Além disto, esta técnica permitiu
determinar o tamanho do cristalito. A determinação do diâmetro do cristalito foi feita
através da equação de Scherrer:
θβ
λ
cos
K
d
C
=
onde d
C
é o tamanho do cristalito; K é uma constante que depende da forma do cristal e
do método de medida de largura do pico;
λ
é o comprimento de onda da radiação
50
utilizada (Cu, K
α
= 1,54178 Å); β é a largura a meia altura do pico de maior
intensidade e θ é o ângulo de Bragg em graus.
As análises foram realizadas em um difratômetro de raios-X modelo Miniflex
da marca Rigaku, utilizando-se radiação CuKα, com 30 kV de voltagem e corrente
igual a 15 mA. Os difratogramas foram registrados em ângulos de Bragg (2θ)
crescentes, partindo-se de 3
0
, com passos de 0,05
0
até 90
0
, sendo o tempo de contagem
fixo em 1s/passo.
3.2.3. Análise Textural
A análise textural dos óxidos mistos foi realizada a partir das medidas de
adsorção e dessorção de nitrogênio, a temperatura de -196º C, em uma aparelhagem
volumétrica do tipo ASAP (Accelerated Surface and Porosity), modelo 2020, da
Micromeritics. Para tal, a amostra era submetida a um pré-tratamento no próprio
equipamento, que consistia no aquecimento sob vácuo de cerca de 200 mg a 250º C
por uma noite.
As áreas específicas foram obtidas empregando-se o método de Brunauer-
Emmett-Teller (BET). A área e o volume de microporos foram determinados pelo
método t, usando a equação de Harkins e Jura. O método Barret-Joyner-Halenda (BJH)
foi utilizado para determinar a área, o volume e a distribuição de mesoporos.,
empregando-se os dados do ramo de adsorção.
3.2.4. Análise Termodiferencial (ATD) e Análise Termogravimétrica (ATG)
As amostras de hidrotalcitas sintetizadas foram submetidas às análises
termodiferencial e termogravimétrica com o objetivo de determinar a temperatura na
qual ocorrem as perdas de massa, relativas às etapas de desidratação e de
desidroxilação/descarbonatação, e quantificá-las.
As análises foram realizadas em uma termobalança Rigaku, modelo TG8120,
em atmosfera oxidante contendo uma mistura de N
2
e O
2
, com vazão igual a 60
mL/min e 8 mL/min, respectivamente, a uma taxa de aquecimento de 10
0
C/min até
800
0
C.
51
3.2.5. Espectroscopia na Região do Ultravioleta Visível por Refletância Difusa
(UV-vis DRS)
As amostras foram analisadas por espectroscopia por refletância difusa na
região do UV-visível para determinar a coordenação e a valência dos metais de
transição inseridos na HT (Cu e/ou Mn). A função Schuster-Kubelka-Munk foi
utilizada para expressar os resultados na forma de F(R).
A análise foi realizada em espectrômetro VARIAN, modelo 5000, equipado
com acessório de refletância difusa de geometria “Praying Mantis” (Harrick Sci) e
câmara de pré-tratamento modelo HVC-DR2.
3.2.6. Redução à Temperatura Programada (TPR)
As amostras previamente ativadas, isto é, na forma de uma mistura de óxidos
foram avaliadas quanto ao grau de redutibilidade das espécies presentes, bem como o
intervalo de temperatura no qual ocorre a redução das espécies.
Inicialmente, as amostras pesando cerca de 50 mg foram submetidas a um
tratamento térmico a 250º C por 30 min, sob fluxo de 30 mL/min de Ar, com taxa de
aquecimento de 10º C/min, a fim de eliminar a umidade e gases fisissorvidos presentes.
Em seguida, as amostras foram resfriadas até a temperatura ambiente. As reduções
foram efetuadas sob fluxo de uma mistura contendo 1,59 % H
2
/Ar com vazão de
30 mL/min a uma taxa de aquecimento de 10º C/min até 800º C. A variação da
concentração de H
2
do gás efluente do reator foi acompanhada por um detector de
condutividade térmica, cujo sinal era enviado para um sistema de aquisição de dados.
3.3. Testes de avaliação do desempenho catalítico
Os testes de avaliação do desempenho catalítico dos aditivos na remoção de
SO
x
e NO
x
foram realizados em uma unidade de testes que possui acoplado um
cromatógrafo a gás e um analisador de gases Testo 350 para acompanhamento da
composição da corrente de efluentes. O controle das vazões dos gases era realizado
através de controladores de vazão mássica (mass flow meters). A reação foi conduzida
em um micro-reator de quartzo sob pressão atmosférica. A representação esquemática
da unidade é mostrada na Figura 3.1.
52
1, 2, 3, 4 - Válvula de três vias
5, 6, 7, 8 - Válvula de duas vias
9, 10, 11, 12 – Controlador de vazão (mass flow meter)
13 – Válvula de quatro vias
14 – Saturador
15 – Válvula de quatro vias
16 – Válvula de seis vias
17 – Loop para calibração
18 – válvula de quatro vias
19 – Micro-reator de quartzo
20 – Forno
21 – Válvula de três vias
22, 23 – Válvula de duas vias
24 – Micro GC
25 – válvula de três vias
26 – Testo 350
Figura 3.1: Representação esquemática da unidade de avaliação catalítica.
SO
He
1% SO
2
5% O
2
20% CO
50% CO
2
H
2
N
2
ar
1
2
10
9
3
4
8
5 6 7
1
1
12
13
14
1
5
1
6
1
7
1
8
1
9
20
21
22
23
24
vent
vent
vent
He
He
1% NO
2
6
25
53
Para a realização destes testes, cerca de 40 mg amostra era submetida a um
tratamento térmico in situ de forma análoga à descrita no item 3.1.2. Na etapa
representativa do regenerador, onde ocorre a adsorção oxidativa do SO
2
e a redução do
NOx, a temperatura foi fixada em 720
0
C e o tempo em 10 min. Para a etapa de
redução do sulfato formado (regeneração), foram avaliadas duas condições distintas de
temperatura: 530°C, temperatura usualmente praticada no riser das unidades de FCC, e
650°C, temperatura pica da base do riser. A etapa de regeneração foi realizada a
750
0
C. A Figura 3.2 mostra a representação esquemática de todas as etapas envolvidas
nos testes de desempenho catalítico.
Figura 3.2: Representação esquemática de todas as etapas envolvidas nos testes de
desempenho catalítico.
As condições das correntes de entrada foram variadas de acordos com as etapas
de estudo. Na primeira etapa, foram utilizadas três composições distintas de correntes
de entrada: (1) 1630 ppm de SO
2
+ 1,6 % O
2
; (2) 2630 ppm de NO + 5,0 % CO; (3)
1630 ppm de SO
2
+ 1,6 % O
2
+ 5,0 % CO + 2630 ppm de NO, com balanço em He,
sendo a vazão total igual a 175 mL/min. Em seguida, era feito o resfriamento do reator
sob fluxo de He. Iniciava-se, então, a etapa de redução do aditivo pela passagem de
uma corrente gasosa contendo 30 % v/v de H
2
em He (130 mL/min). Em seguida, o
sistema reacional era aquecido a uma taxa de 10
0
C/min até 750
0
C. A regeneração era
realizada por um período de 5 min.
Em todas as etapas envolvidas nos testes catalíticos, os produtos de reação
foram analisados em linha seqüencialmente por cromatografia em fase gasosa, para
54
determinação das quantidades de N
2
, N
2
O e H
2
S presentes na corrente de efluentes, e
empregando-se o analisador de gases Testo 350, para determinação do SO
2
, O
2
, CO e
NO. O cromatógrafo a gás utilizado foi o Micro-GC - VARIAN, modelo CP-4900,
dotado de detector de condutividade térmica e colunas cromatográficas CP-Sil 5 CB de
25 m e Poraplot Q (PPQ) de 10 m. As condições empregadas nas análises
cromatográficas foram:
Temperatura da coluna = 70ºC (isotérmico);
Temperatura do detector = 40ºC;
Pressão na coluna = 15 psi.
55
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo, os resultados das caracterizações das amostras sintetizadas e seu
desempenho nos testes de avaliação catalítica serão apresentados e discutidos. Os
efeitos da substituição do magnésio pelo cobre e/ou manganês em óxidos mistos
derivados de compostos do tipo hidrotalcita serão avaliados na remoção conjunta dos
óxidos de enxofre e nitrogênio em condições que visam simular aquelas encontradas
nas unidades de craqueamento catalítico.
4.1. Caracterização Físico-Química dos Compostos Tipo Hidrotalcita
Precursores
4.1.1 Fluorescência de Raios-X (FRX)
A composição elementar quantitativa das amostras foi determinada por
espectroscopia de fluorescência de raios-X (FRX). A Tabela 4.1 apresenta os
resultados da caracterização química dos compostos tipo hidrotalcitas precursores.
Gel de síntese Amostra Sintetizada
Amostra
+
+
2
2
Mg
Cu
+
+
2
2
Mg
Mn
+
+
2
2
Mn
Cu
( )
++
+
+
32
3
AlM
Al
+
+
2
2
Mg
Cu
+
+
2
2
Mg
Mn
+
+
2
2
Mn
Cu
( )
++
+
+
32
3
AlM
Al
HTLC
- - - 0,50 - - - 0,48
Cu / HTLC
0,20 - - 0,50 0,25 - - 0,45
Mn / HTLC
- 0,20 - 0,50 - 0,26 - 0,46
CuMn / HTLC
0,10 0,10 1,00 0,50 0,13 0,16 0,81 0,46
Os resultados de FRX mostraram que as amostras sintetizadas possuíam
composição consistente com a dos géis de síntese correspondentes. Os valores da
relação M
3+
/(M
2+
+ M
3+
) indicam que a incorporação do alumínio foi levemente
inferior à desejada para todas as amostras preparadas e que a incorporação do
manganês na estrutura foi ligeiramente superior à do cobre, no caso da amostra
contendo os dois metais.
Tabela 4.1: Caracterização físico-química dos c
ompostos tipo hidrotalcita
precursores.
56
4.1.2. Difratometria de Raios-X (DRX)
A Figura 4.1 mostra os difratogramas dos compostos tipo hidrotalcita
preparados, onde se pode observar a presença das difrações características da fase
hidrotalcita na forma carbonato com estrutura lamelar (#) e outros picos referentes à
difração de uma fase identificada como hidróxido de alumínio, Al(OH)
3
-bayerita (*). A
justificativa para a presença desta fase baseia-se no fato que, na síntese de compostos
tipo hidrotalcita com razão Al/(Al+Mg) superior a 0,33, um aumento no número de
íons Al
3+
vizinhos na camada de hidróxido. Isto faz com que a repulsão das cargas
positivas, que determinaria seu afastamento, se torne maior, ocasionando o
aparecimento da fase bayerita (VACCARI, 1998). Além disto, foi possível observar
que não segregação das fases de óxido de cobre ou de manganês, indicando que
estes elementos foram incorporados à estrutura lamelar da hidrotalcita.
10 20 30 40 50 60 70 80 90
CuMn/HTLC
Mn/HTLC
Cu/HTLC
#
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
##
#
#
#
#
#
#
#
#
#
#
Intensidade (u.a.)
Ângulo de Difração (2θ
θθ
θ)
#
*
HTLC
Figura 4.1: Difratogramas de raios-X das amostras HTLC, Cu/HTLC,
Mn/HTLC, CuMn/HTLC, onde os símbolos (#) e (*) correspondem à fase
hidrotalcita e bayerita, respectivamente.
Segundo HAN et al. (1998) as forças eletrostáticas entre os ânions
interlamelares e as folhas do tipo brucita, o raio iônico e a carga metálica dos íons que
substituem o magnésio na estrutura do composto do tipo hidrotalcita influenciam o
volume das vacâncias, fazendo com que o tamanho médio do cristalito se modifique.
57
No caso das amostras estudadas no presente trabalho, o tamanho do cristalito
foi estimado através da equação de Scherrer sendo os resultados obtidos apresentados
na Tabela 4.2, onde é possível observar que o valor não se alterou de forma
significativa para a maior parte das amostras, exceto para aquela contendo cobre e
manganês.
Tabela 4.2: Tamanho do cristalito das amostras precursoras.
Amostras Tamanho do cristalito (Ǻ)
HTLC
94 ± 3
Cu/HTLC
92 ± 2
Mn/HTLC
92 ± 3
CuMn/HTLC
76 ± 2
4.1.3. Análise Termogravimétrica
A análise termogravimétrica do hidróxido duplo lamelar, contendo em sua
composição magnésio e alumínio (HTLC), revelou a presença de picos a 195, 262 e
394
o
C (Figura 4.2). De acordo com a literatura (FERNANDEZ et al. (1994), POLATO
(2005)), a primeira perda de massa pode ser associada à remoção da água interlamelar
e a terceira à desidroxilação e descarbonatação do composto tipo hidrotalcita. De modo
a se investigar a razão da perda de massa com máximo a 262°C, foi realizada a análise
termogravimétrica do Al(OH)
3
-bayerita, que as amostras sintetizadas possuem
relação Al/(Al + M
2+
) igual a 0,50 e, por isso, apresentam segregação desta fase, como
observado por DRX. Os perfis encontrados estão representados na Figura 4.3, onde se
pode observar que a temperatura na qual ocorre o máximo da perda de massa para a
decomposição da bayerita é idêntica à observada para as amostras sintetizadas.
58
-40
-30
-20
-10
0
100 200 300 400 500 600 700 800
-0,04
-0,02
0,00
0,02
0,04
DTG (%/s)
Temperatura (
o
C)
(B)
100 200 300 400 500 600 700 800
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
ATG (%)
(A)
ATD (
µ
V)
Figura 4.2: Termograma relativo à análise da amostra HTLC (A) e Perfil de DTG
da HTLC (B).
-80
-60
-40
-20
0
100 200 300 400 500 600 700
-0,03
-0,02
-0,01
0,00
0,01
DTG (%/s)
Temperatura (
o
C)
(B)
100 200 300 400 500 600
-1,5
-1,2
-0,9
-0,6
-0,3
0,0
ATG (%)
(A)
ATD (
µ
V)
Figura 4.3: Termograma relativo à análise da amostra bayerita (Al(OH)
3
) (A) e
Perfil de DTG da fase bayerita (B).
59
Desta forma, o pico observado a 262
o
C na Figura 4.2 corresponde efetivamente
à decomposição da fase bayerita, pois a perda de massa ocorre em um intervalo de
temperatura equivalente à do Al(OH)
3
. A HTLC perde 6,19% de sua massa inicial
devido à decomposição da fase bayerita. Este resultado indica que durante a síntese da
amostra HTLC houve segregação de aproximadamente 14,3% em massa desta fase.
A Figura 4.4 mostra o perfil da análise termogravimétrica da hidrotalcita na
qual o magnésio foi parcialmente substituído pelo cobre. A perda de água interlamelar
desta amostra ocorre a 195º C, enquanto que a desidroxilação e descarbonatação
ocorrem a 372
o
C. Novamente observa-se a presença de um máximo de perda de massa
a 252
o
C relativo à decomposição da fase bayerita, cuja quantificação corresponde a
uma segregação de 16%.
-50
-40
-30
-20
-10
0
100 200 300 400 500 600 700
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
DTG (%/s)
Temperatura (
o
C)
(B)
100 200 300 400 500 600
-5
-4
-3
-2
-1
0
ATG (%)
(A)
ATD (
µ
V)
Figura 4.4: Termograma relativo à análise da amostra Cu/HTLC (A) e Perfil de
DTG da Cu/HTLC (B).
Na Figura 4.5 está apresentado o termograma do composto do tipo hidrotalcita
contendo manganês, magnésio e alumínio. Também neste caso, um pico intenso e bem
definido a 252
o
C relativo à decomposição da fase bayerita foi observado. Além deste,
outros dois picos foram observados, um a 197
o
C e outro a 368
o
C que, como nos casos
60
anteriores correspondem às perdas de água interlamelar e à
desidroxilação/descarbonatação, respectivamente.
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
100 200 300 400 500 600 700
-0,045
-0,030
-0,015
0,000
0,015
0,030
0,045
DTG (%/s)
Temperatura (
o
C)
(B)
100 200 300 400 500 600
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
ATG (%)
(A)
ATD (
µ
V)
Figura 4.5: Termograma relativo à análise da amostra Mn/HTLC (A)e Perfil de
DTG da Mn/HTLC (B).
De forma similar aos outros termogramas mostrados anteriormente, na amostra
parcialmente substituída por cobre e manganês também foram observados três picos,
conforme pode ser observado na Figura 4.6. A CuMn/HTLC possui cerca de 18% em
massa constituída pela fase bayerita. Os picos com os máximos em temperatura, 188 e
368
o
C, referem-se à perda de água interlamelar e à desidroxilação/descarbonatação da
estrutura, respectivamente.
61
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
100 200 300 400 500 600 700
-0,030
-0,015
0,000
0,015
ATD (
µ
V)
DTG (%/s)
Temperatura (
o
C)
(B)
100 200 300 400 500 600
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
ATG (%)
(A)
Figura 4.6: Termograma relativo à análise da amostra CuMn/HTLC (A) e Perfil
de DTG da CuMn/HTLC (B).
A Tabela 4.3 apresenta os resultados obtidos a partir dos termogramas
representados anteriormente. Estes resultados permitem concluir que as diferenças na
composição química das diferentes amostras não tiveram efeito importante sobre a
perda de massa das mesmas. Além disso, a substituição do magnésio por cobre e/ou
manganês não influenciou a quantidade de bayerita formada, comprovando que a
relação Al/(Al+Mg+M) encontrada através da técnica de fluorescência de raios-X se
manteve praticamente constante em todas as amostras. A formação de uma fase de
bayerita segregada se deve à relação molar utilizada na preparação das hidrotalcitas
precursoras (0,50), já que a formação das fases puras se dá apenas no intervalo
0,20 < x < 0,34 (VACCARI, 1998). Com efeito, ao estudar a síntese de hidrotalcitas
com relação Al/(Al + Mg) > 0, 34, POLATO (2005) observou um máximo de perda de
massa na região de 252°C, que foi atribuído à decomposição da fase bayerita.
62
Tabela 4.3: Análise termogravimétrica das amostras hidrotalcitas precursoras.
1
a
perda de massa 2
a
perda de massa 3
a
perda de massa
Amostras
(%) T (
0
C) (%) T (
0
C) (%) T (
0
C)
Perda
total (%)
HTLC
14,31 195 6,19 262 22,78 394 43,28
Cu/HTLC
13,91 195 6,74 252 22,12 372 42,77
Mn/HTLC
13,05 197 7,67 252 20,06 368 40,78
CuMn/HTLC
13,50 188 7,52 247 19,76 368 40,78
Al(OH)
3
- - 32,00 258 - - 32,00
4.1.4. Redução à Temperatura Programada (TPR).
Os perfis de redução das hidrotalcitas precursoras, parcialmente substituídas ou
não por cobre e/ou manganês, são apresentados na Figura 4.7, onde é possível observar
que a hidrotalcita apresenta um pico de redução a aproximadamente 800
o
C. Tendo em
vista que a redução dos óxidos de magnésio e alumínio ocorre em temperaturas
superiores às empregadas, então pode-se supor que o pico observado não esteja
associado a nenhum processo redutivo, mas, antes sim, à provável liberação de CO
2
ocluído na
HTLC e que causou uma modificação deslocamento no sinal do detector de
condutividade térmica levando ao surgimento de um suposto pico de redução.
A amostra Mn/HTLC apresenta um pico máximo de redução claramente
definido e localizado em 558
o
C e um ombro em 348
o
C. a amostra contendo cobre
possui máximo de redução em uma temperatura inferior à observada para a amostra
Mn/HTLC, a 260
o
C. Entretanto, quando o manganês e o cobre foram simultaneamente
introduzidos na estrutura da hidrotalcita notou-se a presença de um pico máximo de
redução com máximo a 302
o
C, com um ombro a 254
o
C.
63
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
CuMn/HTLC
Cu/HTLC
Mn/HTLC
Consumo de H
2
(u.a.)
Temperatura (
0
C)
isotérmico
aaa
HTLC
Figura 4.7: Perfis de TPR dos precursores HTLC, Cu/HTLC, Mn/HTLC e
CuMn/HTLC.
FERRANDON et al.(1999) caracterizaram MnO
2
e CuO utilizando análises de
redução à temperatura programada, visando verificar qual o estado de oxidação destes
metais de transição. Observaram que a redução da amostra contendo apenas MnO
2
ocorre em duas etapas correspondendo às transformações MnO
2
Mn
2
O
3
MnO em
190 e 424
o
C, respectivamente,. Por outro lado, a redução do CuO acontece em apenas
um estágio, a 197
o
C, o que segundo os autores está associado à transformação
CuO Cu.
Assim, tomando-se como base o estudo realizado por FERRANDON et al.
(1999), é possível atribuir o pico da amostra Cu/HTLC à redução do CuO a Cu
metálico. Entretanto, o ombro observado a uma temperatura inferior deve-se,
provavelmente, à redução do cobre em um estado de oxidação menor (+1). Todavia, a
temperatura na qual esta transição ocorre é superior à descrita na literatura
(FERRANDON et al., 1999) e isto se deve, possivelmente, à maior dispersão das
espécies de cobre na estrutura lamelar, resultando em partículas de menor tamanho e,
portanto, com uma maior dificuldade de redução.
Na amostra Mn/HTLC foram observados dois picos e de acordo com a faixa de
temperatura na qual ocorrem, o primeiro foi relacionado à transformação
MnO
2
Mn
2
O
3
e, o segundo, à transformação Mn
2
O
3
MnO. De forma similar à
amostra Cu/HTLC, estas transformações aconteceram à temperaturas superiores às
relatadas por FERRANDON et al.(1999), o que pode estar associado ao fato desses
autores terem estudado a redução de óxidos de cobre e manganês mássicos e que,
64
portanto, por apresentarem um maior tamanho de partícula, apresentam menores
temperaturas de redução. No que pesem as diferentes procedências dos óxidos de Cu e
Mn estudados por FERRANDON et al. (1999) e os deste trabalho, em comum tem-se
um maior grau de redução do óxido de cobre.
O perfil da amostra contendo cobre e manganês mostra um pico com um ombro
em uma temperatura muito próxima da redução do Cu
2+
. O pico pode ser
correlacionado à redução do manganês que estaria ocorrendo a uma temperatura mais
baixa, sendo, provavelmente, ocasionado pelo “spillover” de H
2
no CuO.
A Tabela 4.4 mostra a quantidade molar de H
2
consumida na redução das
amostras, bem como o consumo teórico das mesmas. A partir da relação entre estes
parâmetros foi possível estimar o grau de redução de cada uma das amostras, sendo
que foram consideradas as seguintes transformações:
CuO + H
2
Cu
0
+ H
2
O
(4.1)
Mn
2
O
3
+ H
2
2 MnO + H
2
O (4.2)
MnO + H
2
Mn
0
+ H
2
O (4.3)
Tabela 4.4: Grau de redução das amostras precursoras.
Consumo de H
2
teóricomol)
Amostras
CuO
(1)
Mn
2
O
3
(2)
+ MnO
(3)
Consumo de H
2
observado mol)
Grau de
redução (%)
HTLC
0 0 29
(*)
-
Cu/HTLC
120 0 37 30,1
Mn
2
O
3
: 12 Mn
2
O
3
: 11
Mn/HTLC
0 115
MnO: 54 MnO: 48
CuO: 19
CuMn/HTLC
78 57 97
Mn
2
O
3
: 36
onde: (1), (2) e (3) se referem às reações (4.1), (4.2) e (4.3), respectivamente.
(*) Provavelmente devido ao deslocamento do sinal de TCD devido à liberação de carbonato.
4.1.5. Espectroscopia de Reflectância Difusa (DRS)
A Figura 4.8 apresenta os espectros de reflectância difusa na região do UV-
visível das amostras precursoras. A absorção da radiação visível excita os elétrons da
molécula, dando origem às transições eletrônicas de modo que os elétrons de valência
são promovidos do estado fundamental para estados de mais alta energia. Assim, esta
65
técnica permite a identificação e a quantificação dos estados de oxidação dos íons de
metais de transição (CIENFUEGOS & VAITSMAN, 2000).
200 300 400 500 600 700
0
2
4
6
F(R)
Comprimento de onda (nm)
HTLC
Mn/HTLC
Cu/HTLC
CuMn/HTLC
800
Figura 4.8: Espectro na região do UV-visível das amostras precursoras.
A amostra Cu/HTLC apresentou uma banda a 225 nm que pode ser atribuída a
transferência de carga O
2-
Cu
+
(CARVALHO et al., 2000), confirmando assim a
hipótese de que o ombro observado por TPR a 250°C está relacionado a espécies Cu
+
.
Na amostra Mn/HTLC foi observada uma banda larga entre 250 e 400 nm,
possivelmente relacionada às diferentes transições de carga da espécie Mn
2+
(VELU et
al., 1999). Finalmente, a amostra contendo cobre e manganês apresentou duas bandas,
uma a 230 nm e outra localizada no intervalo entre 250 e 400 nm, que podem ser
atribuídas às espécies anteriormente analisadas (Cu
+
e Mn
2+
).
4.2. Caracterização Físico-Química dos Compostos Tipo Hidrotalcita Após o
Tratamento Térmico.
4.2.1 Difratometria de Raios-X (DRX)
Na Figura 4.9 estão apresentados os resultados de difratometria de raios-X
referentes às amostras obtidas após tratamento térmico dos precursores a 750
o
C sob
fluxo de ar, conforme foi descrito no item 3.1.2. O procedimento adotado na obtenção
das fases ativas para a remoção dos óxidos de nitrogênio e enxofre a partir de
66
compostos do tipo hidrotalcita ocasionou a destruição da sua estrutura lamelar, levando
à segregação de fases com baixa cristalinidade.
10 20 30 40 50 60 70 80 90
o
o
o
o
o
o
+
o
#
+
+
*
*
+
+
+
+
+
*
*
*
*
*
+
+
+
#
#
CuMn/HTLC
Mn/HTLC
Cu/HTLC
Intensidade (u.a.)
Ângulo de difração (2
θ
)
HTLC
*
#
+
o
Figura 4.9: Difratograma de raios-X das amostras após tratamento térmico sob
fluxo de ar seco a 750°C. (#) óxido misto com estrutura tipo MgO-periclásio; (ο
οο
ο)
γ-Al
2
O
3
; (+) espinélio de Mg e Al; (*) espinélio de Mg, Mn e Al.
Na amostra contendo apenas Mg e Al foram observadas duas fases: Mg(Al)O
de baixa cristalinidade, com estrutura do tipo periclásio (2θ = 35,70, 43,40 e 62,90
o
)
(ICDD PDF-2, 1998) e γ-Al
2
O
3
proveniente da decomposição térmica da bayerita.
na decomposição da amostra Cu/HTLC foram obtidos o espinélio MgAl
2
O
4
e
um óxido
misto de baixa cristalinidade (Mg(Cu,Al)O) com estrutura tipo MgO-periclásio, além
da γ-Al
2
O
3
. É importante notar que não foram observados picos relativos à segregação
do óxido de cobre, sugerindo que este esteja bem disperso na matriz de óxidos mistos.
O tratamento térmico da amostra Mn/HTLC resultou em duas fases que foram: a
γ-Al
2
O
3
e o espinélio de Mn, Mg e Al com estrutura cúbica e baixa cristalinidade.
Finalmente, a decomposição da amostra contendo cobre e manganês levou à
segregação de três fases: a γ-Al
2
O
3
, o espinélio de Mg e Al (MgAl
2
O
4
), também
identificado na amostra Cu/HTLC, e o espinélio de Mn, Mg e Al que foi encontrado,
da mesma forma, na amostra Mn/HTLC.
A Tabela 4.5 apresenta o tamanho do cristalito das amostras após tratamento
térmico sob fluxo de ar a 750
º
C. Observa-se que os valores desta grandeza são bastante
similares para todas as amostras. Entretanto, quando comparados aos valores obtidos às
mesmas amostras antes do tratamento térmico (Tabela 4.2), é possível notar uma
redução significativa no valor do tamanho de cristalito.
67
Tabela 4.5: Tamanho do cristalito das amostras após tratamento térmico a
750
o
C.
Amostras Tamanho do cristalito (Ǻ)
HTLC
40 ± 2
Cu/HTLC
31 ± 2
Mn/HTLC
33 ± 3
CuMn/HTLC
31 ± 3
Estes resultados estão de acordo com a literatura. Com efeito, REICHLE (1986)
estudou hidrotalcitas contendo Mg e Al e observou que estas apresentam baixa área
específica, em torno de 50 a 80 m
2
/g. Contudo, após o tratamento térmico, a área
específica dos materiais resultantes aumentou, para valores em torno de 200 m
2
/g, o
que sugere que a geração de mesoporos devida a descarboxilação/descarbonatação das
hidrotalcitas seja acompanhada de redução do tamanho do cristalito.
4.2.2. Análise textural
A Tabela 4.6 apresenta as principais características texturais dos compostos
obtidos após o tratamento térmico a 750º C por 2 h das hidrotalcitas precursoras
mostrando que as amostras resultantes apresentam elevada área específica. Quando os
resultados são comparados aos da amostra referência (HTLC), observa-se que a
redução do teor de magnésio ocasiona a diminuição da área específica e do volume de
mesoporos, sendo esse efeito mais significativo quando ocorreu a incorporação de
cobre à amostra.
Tabela 4.6: Análise textural dos compostos hidrotalcita.
Amostra S
BET
(m
2
/g) S
Externa
(m
2
/g)
a
V
meso
(cm
3
/g)
HTLC
259 265 0,567
Cu/HTLC
167 179 0,500
Mn/HTLC
222 195 0,594
CuMn/HTLC
159 148 0,485
a: calculado pelo método t-plot
68
4.2.3. Espectroscopia de Reflectância Difusa (DRS)
A Figura 4.10 mostra os espectros obtidos para as amostras após tratamento
térmico sob fluxo de ar a 750
o
C. De forma geral, foi possível observar que ocorreu
uma elevação da intensidade da função Schuster-Kubelka-Munk (F(R)), quando
comparada às amostras precursoras, o que pode ser explicado pela maior interação dos
átomos de oxigênio com o material o que foi proporcionado pela decomposição do
hidroxicarbonato presente nas hidrotalcitas precursoras.
200 300 400 500 600 700
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
800
F(R)
Comprimento de onda (nm)
Cu/HTLC
CuMn/HTLC
Mn/HTLC
HTLC
Após a calcinação houve, para a amostra Cu/HTLC, um deslocamento da banda
de transferência de carga para 240 nm fato que pode estar relacionado à oxidação do
Cu
+
para Cu
2+
, pois a mesma amostra apresentou uma banda a 690 nm que é relativa à
presença de Cu
2+
. A amostra Mn/HTLC apresentou duas bandas, uma a 255 nm que
corresponde a transferência de carga O
2-
Mn
2+
, referente à espécie Mn
2+
e outra a 485
nm, concernente à transição
5
E
g
5
T
2g
da espécie Mn
3+
. A amostra contendo cobre e
manganês apresentou espectro semelhante às amostras anteriormente citadas, onde foi
possível observar três bandas com os seguintes comprimentos de onda máximos: 240,
255 e 485 nm. Portanto, é possível assumir que após o tratamento rmico desta,
obtêm-se as espécies Cu
+
, Mn
2+
e Mn
3+
. Nota-se que o tratamento térmico foi capaz de
alterar o estado de oxidação dos íons presentes na amostra. O desempenho das
amostras na remoção de SO
x
e NO
x
se dá após este procedimento, por isto é importante
conhecer os diversos aspectos da superfície dos catalisadores, tais como as transições
Figura 4.10: Espectro na região do UV-visível das amostras após tratamento sob
fluxo de
ar a 750
o
C.
69
eletrônicas e a geometria dos ligantes ao redor do íon metálico como forma de se
entender e correlacionar estas características com a atividade apresentada pelos
materiais.
Assim, esta técnica também foi empregada a fim de determinar a coordenação
dos ligantes. No caso das espécies Cu
2+
, MENDES e SCHMAL (1997) utilizaram esta
análise de forma a caracterizar as amostras por eles sintetizadas. Os autores
relacionaram as bandas entre 600 e 900 nm à coordenação octaédrica e, as ocorridas no
intervalo entre 1300 e 1600 nm, à coordenação tetraédrica. Comparando-se os
espectros obtidos para a amostra Cu/HTLC precursora e calcinada, observou-se que
ambas apresentaram, principalmente, distribuição de carga com geometria octaédrica,
indicando que as alterações ocasionadas pelo tratamento térmico não modificaram a
forma espacial com que os ligantes do Cu
2+
estão organizados.
Figura 4.11: Espectro na região do UV-visível da amostra Cu/HTLC antes e após
o tratamento térmico a 750
o
C.
4.3. Testes de Avaliação do Desempenho Catalítico.
A avaliação das amostras Cu/HTLC, Mn/HTLC e CuMn/HTLC foi realizada a
fim de estudar a influência da presença simultânea de cobre e manganês sobre a
remoção dos óxidos de enxofre e nitrogênio e do potencial de uso destes compostos
como aditivos nos catalisadores de FCC. Assim, anteriormente à etapa de avaliação
propriamente dita, os óxidos mistos/espinélios foram obtidos pelo tratamento térmico
sob fluxo de ar sintético a 750
o
C in situ dos compostos tipo hidrotalcita precursores,
sendo, em seguida, testados como catalisadores para remoção de SO
x
e NO
x
600 800 1000 1200 1400 1600 1800
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
tetraédrico
F(R)
Comprimento de onda (nm)
octaédrico
Cu/HTLC calc.
Cu/HTLC
70
empregando-se três composições reacionais diferentes, visando a simular as condições
presentes no regenerador, isto é, a etapa de adsorção oxidativa dos óxidos de enxofre
e / ou a reação entre os óxidos de nitrogênio e o coque presentes no regenerador das
UFCC. A reação foi conduzida a 720
o
C por 10 minutos e as diferentes correntes de
entrada avaliadas foram:
(1) 1630 ppm de SO
2
+ 1,6% O
2
(balanço He);
(2) 2630 ppm de NO + 5,0% CO (balanço He);
(3) 1630 ppm de SO
2
+ 2630 ppm de NO + 1,6% O
2
+ 5,0% CO (balanço He).
Encerrada a etapa de reação a 720º C, simularam-se as reações que ocorrem no
riser, empregando-se para isso, temperaturas e tempos distintos. Na simulação do topo
do riser a temperatura foi mantida a 530º C durante 30 minutos, para representar a
base do riser a temperatura foi mantida a 650º C durante 5 minutos. Em ambos os
casos o gás passando pelo reator foi uma mistura 30%(v/v) H
2
/He. Após manutenção
do sistema na temperatura e tempo pré-fixados (30 min. a 530º C ou 5 min. a 650º C),
o sistema era aquecido a uma taxa de 10º C/min até 750º C, permanecendo por um
período de 5 min. quando era dado por encerrado.
4.3.1. Avaliação do Desempenho Simulando as Condições Presentes no
Regenerador Empregando Corrente de Entrada Contendo SO
2
e O
2
.
Os resultados da avaliação da adsorção oxidativa de SO
2
mostraram que o
desempenho das amostras Cu/HTLC e Mn/HTLC foi semelhante, já que os valores da
quantidade de enxofre removido e da eficiência de remoção foram similares para essas
amostras. Por outro lado, conforme mostra a Tabela 4.7, na amostra contendo cobre e
manganês obteve-se um valor para a eficiência de remoção de enxofre ligeiramente
inferior, indicando que a incorporação simultânea dos dois metais de transição na
síntese da hidrotalcita não conduziu ao aparecimento de efeitos sinérgicos na reação de
adsorção oxidativa.
Estes resultados indicam também que o metal de transição incorporado (Cu
e/ou Mn) efetivamente participou do processo de captura do SO
x
, uma vez que, ao se
empregarem óxidos mistos resultantes da decomposição da HTLC, não se observou
redução dos teores de SO
2
presente na carga durante a adsorção oxidativa.
71
Tabela 4.7: Quantidade de SO
2
removido por g de catalisador em 10 min de
reação.
Amostra Quantidade de S removido
mol SO
2
/gcat)
Eficiência de remoção (%)
a
Cu/HTLC 936 30,2
Mn/HTLC 852 27,4
CuMn/HTLC 779 25,1
a: [(quantidade de SO
2
capturada pelo catalisador)/3104] x 100, onde o valor 3104 µmol/gcat se
refere à quantidade total de SO
2
admitida no reator.
Após a etapa de adsorção oxidativa, as diferentes amostras tiveram a sua
temperatura reduzida para a ambiente sob fluxo de He e, em seguida caracterizadas por
DRX, de modo a se verificar se a etapa de reação conduziu a modificações da natureza
das fases e, em caso positivo, a que mudanças.
Na Figura 4.12 são apresentados os difratogramas das diversas amostras após
reação com a carga contendo SO
2
+ O
2
a 720º C / 10 minutos e, para fins de
comparação, são incluídos os difratogramas das amostras dos óxidos mistos.
A comparação dos difratogramas das diversas amostras antes e após a reação a
720º C com a carga contendo 1630 ppm de SO
2
+ 1,6% O
2
revela, de imediato, que em
todos os casos houve uma alteração no padrão de difração, sendo evidente a formação
de MgSO
4
e o desaparecimento da fase γ-Al
2
O
3
. Observa-se também, para todas as
amostras, que a etapa de reação parece não ter afetado as difrações do MgAl
2
O
4
,
indicando assim que o sítio ativo para a remoção do enxofre está relacionado ao
magnésio presente na fase periclásio, não havendo contribuição daquele associado ao
aluminato. A análise do difratograma da amostra Mn/HTLC mostra que a adsorção
oxidativa do SO
2
ocasionou o consumo do espinélio de Mg, Mn e Al, com a formação
da fase MgSO
4
e a segregação de uma nova fase correspondente ao espinélio de Mg e
Al.
Finalmente, a amostra CuMn/HTLC apresentou um comportamento similar ao
das amostras nas quais o cobre ou o manganês foram introduzidos isoladamente na
estrutura do composto do tipo hidrotalcita: também nesta amostra ocorreu o
desaparecimento do espinélio de Mn, Mg e Al; ao mesmo tempo em que, a fase
MgAl
2
O
4
aparentemente não sofreu alteração. Por outro lado, observou-se a formação
de MgSO
4
e a segregação de uma fase de óxido misto (Mg(Cu, Mn, Al)O) com
estrutura do tipo periclásio.
72
10 20 30 40 50 60 70 80 90
10 20 30 40 50 60 70 80 90
§
§
§
§
§
§
§
§
§
§
§
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
§
§
§
§
Intensidade (u.a.)
Ângulo de difração (2
θ
)
*
§
§
+
+
+
+
+
+
+
+
+
*
*
*
*
*
*
#
#
o
o
o
o
o
o
CuMn/HTLC
Mn/HTLC
Cu/HTLC
(B)
CuMn/HTLC
Mn/HTLC
Cu/HTLC
(A)
Figura 4.12: (A) Difratogramas de raios-X das amostras após tratamento térmico
sob fluxo de ar seco a 750
0
C e (B) Difratogramas de raios-X das amostras após a
etapa de adsorção oxidativa sob fluxo de 1630 ppm de SO
2
e 1,6% O
2
em He. (#)
óxido misto com estrutura tipo MgO-periclásio; (ο
οο
ο) γ-Al
2
O
3
; (+) espinélio de Mg e
Al; (*) espinélio de Mg, Mn e Al; (§) MgSO
4
; () Mg(Cu,Mn,Al)O-periclásio.
Imediatamente após a adsorção oxidativa, a temperatura do sistema era
reduzida ou para 530 ou para 650
o
C sob fluxo de hélio para, em seguida, se dar início
à etapa de redução, conforme representado esquematicamente na Figura 3.2.
Dependendo da temperatura empregada, o sistema aí permanecia por cinco (650º C) ou
trinta minutos (530º C) para, em seguida, a temperatura ser elevada a 750º C, a uma
taxa de 10
o
C/min, permanecendo por 5 min. A intervalos regulares, amostras do
efluente do reator foram analisadas por cromatografia gasosa visando determinar a sua
composição e, desta maneira, calcular os níveis de regeneração do catalisador e
identificar e quantificar os produtos da redução do sulfato (SO
2
, ou H
2
S).Os resultados
obtidos para cada um dos catalisadores em cada uma das temperaturas empregadas
visando a simulação da base ou do topo do riser são apresentados na Tabela 4.8, onde
são comparados os teores de SO
2
e H
2
S formados durante a etapa redutiva para cada
um dos catalisadores em cada uma das condições empregadas. Para fins de
comparação, os teores de enxofre “capturados” por cada uma das amostras durante a
adsorção oxidativa são incluídos sendo representados pelas linhas hachuradas.
73
Tabela 4.8: Comparação entre o desempenho dos aditivos estudados na etapa
representativa do regenerador após a reação a 720º C com carga contendo SO
2
e
O
2
nas diferentes condições adotadas na simulação do riser.
Amostra Cu/HTLC Mn/HTLC CuMn/HTLC
T
inicial
= 530º C
Remoção de SO
2
a
mol/gcat) 936 852 779
Liberação de SO
2
b
mol/gcat) 164 719 119
Liberação de H
2
S
b
mol/gcat) 410 70 609
Regeneração (%) 61 93 94
T
inicial
= 650º C
Remoção de SO
2
a
mol/gcat) 936 852 779
Liberação de SO
2
b
mol/gcat) 576 161 446
Liberação de H
2
S
b
mol/gcat) 350 84 333
Regeneração (%) 100 37 100
a: Durante a etapa representativa do regenerador a 720
o
C por 10 minutos.
b: Durante a etapa representativa do riser.
A análise dos resultados relativos à amostra Cu/HTLC revela que a elevação da
temperatura de tratamento de 530º C para 650º C conduziu a um aumento da
regeneração do catalisador, sendo que na temperatura mais alta todo o enxofre
capturado sob a forma de sulfato foi removido. Entretanto nesta maior temperatura,
cerca de 60% do enxofre originalmente capturado é liberado sob a forma de SO
2
,
indicando que ocorreu apenas uma redução parcial do sulfato formado. Já a formação
de H
2
S está associada à redução completa do sulfato, conforme proposto por WANG et
al. (1999).
Por outro lado, nos experimentos conduzidos na menor temperatura, o sistema
Cu/HTLC apresentou menor capacidade regenerativa, porém maior seletividade à
formação de H
2
S via redução do sulfato. Entretanto, como no riser a ascensão do
catalisador ocorre da maior (base) para a menor temperatura (topo) pode-se supor que a
maior parte do enxofre capturado durante a regeneração do catalisador seria liberado,
num maior percentual, sob a forma de SO
2
. Desta forma, a utilização do sistema
Cu/HTLC como aditivo de DeSOx provavelmente não conduziria a uma diminuição
acentuada das emissões de SO
2
.
Os resultados referentes à amostra Mn/HTLC mostram que em ambas as
temperaturas o enxofre previamente capturado durante a etapa de adsorção oxidativa é
liberado sob a forma de SO
2
, sugerindo uma baixa eficiência no uso deste catalisador
como aditivo para remoção de SOx. Por outro lado, este composto poderia ser
empregado como trapas para captura de SOx da corrente de gases de exaustão de
74
motores diesel ou a gasolina, com o objetivo de aumentar a vida útil dos catalisadores
(PALOMARES et al., 2008).
Apesar da amostra CuMn/HTLC ter apresentado a menor eficiência de
quimissorção e estocagem de SO
2
durante a etapa representativa do regenerador,
apresentou a maior seletividade à formação de H
2
S em ambas as temperaturas de
redução. Além disso, a ascensão do catalisador no riser possibilitaria uma maior
formação de H
2
S. Esses resultados sugerem que o composto tipo hidrotalcita
parcialmente substituído por cobre e manganês é eficiente na remoção dos óxidos de
enxofre na presença de oxigênio em excesso.
4.3.2. Avaliação do Desempenho Simulando as Condições Presentes no
Regenerador Empregando Corrente de Entrada Contendo NO e CO.
A reação entre os monóxidos de carbono e nitrogênio que se processa na fase
densa do regenerador foi simulada através de uma corrente contendo 2630 ppm de NO
e 5,0% CO em balanço de He. A amostra Cu/HTLC exibiu elevados valores de
conversão de NO, próximos à conversão total, conforme apresentado na Figura 4.13,
sendo possível obter a seletividade à formação de N
2
e CO
2
em determinados tempos
de reação através da análise da corrente efluente por cromatografia gasosa aliada à
detecção da composição da mesma pelo TESTO. A seletividade à formação destes
gases se manteve praticamente constante ao longo do tempo.
0
20
40
60
80
100
0 100 200 300 400 500 600
Seletividade (%)
Conversão (%)
Tempo (s)
N
2
N
2
O CO
2
N
2
N
2
O CO
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
N
2
N
2
O CO
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Figura 4.13: Perfil de conversão de NO para a amostra Cu/HTLC.
75
A Figura 4.14 mostra o perfil de conversão de NO em função do tempo para o
catalisador contendo manganês. Esta amostra exibiu menores valores de conversão de
NO do que a Cu/HTLC. Entretanto, estes valores ainda são bastante elevados. No
início da reação observou-se a formação de N
2
O. Contudo, com o passar do tempo,
este gás não é mais formado, observando-se apenas a formação de N
2
e CO
2
como
produtos.
0
20
40
60
80
100
0 100 200 300 400 500 600
Seletividade (%)
Conversão (%)
Tempo (s)
N
2
N
2
O CO
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
N
2
N
2
O CO
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Figura 4.14: Perfil da conversão de NO para a amostra Mn/HTLC.
O composto contendo cobre e manganês apresentou perfil similar a Cu/HTLC
com conversão próxima a 100% (Figura 4.15). Com este catalisador também foram
obtidos como produtos somente N
2
e CO
2
. Entretanto, a seletividade à formação de N
2
sofre um pequeno acréscimo ao longo do tempo reacional.
0
20
40
60
80
100
0 100 200 300 400 500 600
Seletividade (%)
Conversão (%)
Tempo (s)
N
2
N
2
O CO
2
N
2
N
2
O CO
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
N
2
N
2
O CO
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Figura 4.15: Perfil de conversão de NO para a amostra CuMn/HTLC.
76
Na avaliação do desempenho de todas as amostras não foi detectada a presença
de NO
2
. A Tabela 4.9 apresenta a quantificação dos produtos formados e o consumo do
reagente limitante nesta reação durante a avaliação do desempenho catalítico das
amostras estudadas. Os resultados mostraram que todas as amostras são ativas na
redução do NO, isto é, todos os aditivos promovem a seguinte reação:
NO + CO ½ N
2
+ CO
2
(4.1)
Entretanto, a Mn/HTLC foi a única amostra que possibilitou a formação, com
menor seletividade, de N
2
O, conforme a reação 4.2. Na amostra contendo cobre foi
verificada uma elevada conversão de NO. Entretanto, o aditivo que mostrou o melhor
desempenho é o parcialmente substituído por cobre e manganês, indicando que a
adição destes íons ocasiona um efeito sinérgico nesta reação, proporcionando uma
maior conversão de NO aliado à formação de N
2
de modo seletivo.
2 NO + CO N
2
O + CO
2
(4.2)
Tabela 4.9: Consumo de NO e formação de N
2
e N
2
O em µ
µµ
µmol/gcat.
Amostra Cu/HTLC Mn/HTLC CuMn/HTLC
Consumo de NO 2902 3063 3096
Formação de N
2
1287 1084 1525
Formação de N
2
O 0 402 0
As transformações ocorridas durante esta etapa foram identificadas através da
análise de difratometria de raios-X (Figura 4.16). Quando a amostra Cu/HTLC foi
submetida a um fluxo contendo monóxido de carbono e de nitrogênio, observou-se o
consumo da fase MgO-periclásio e da γ-Al
2
O
3
, juntamente com o aparecimento de uma
nova fase, o espinélio de Cu e Al.Todavia, na Mn/HTLC, não houve alteração na
composição das fases presentes na mesma. Na amostra contendo cobre e manganês
houve o aparecimento do espinélio de Cu e Al; no entanto, as fases anteriormente
presentes na amostra se mantiveram inalteradas. Esses resultados indicam que a reação
4.1 ocorre com a formação do espinélio de Cu e Al e que, portanto, os sítios ativos
podem estar relacionados ao cobre.
77
10 20 30 40 50 60 70 80 90
10 20 30 40 50 60 70 80 90
Cu/HTLC
*
o
*
*
*
+
+
+
+
+
+
+
+
Intensidade (u.a.)
Ângulo de difração (2
θ
)
*
CuMn/HTLC
Mn/HTLC
+
+
+
+
+
+
+
+
+
*
*
*
*
*
*
#
#
o
o
o
o
o
o
(B)
CuMn/HTLC
Mn/HTLC
Cu/HTLC
(A)
Figura 4.16: (A) Difratograma de raios-X das amostras após tratamento térmico
sob fluxo de ar seco a 750
0
C e (B) Difratograma de raios-X das amostras após a
etapa representativa do regenerador sob fluxo de 2630 ppm de NO e 5% CO em
He. (#) óxido misto com estrutura tipo MgO-periclásio; (ο
οο
ο) γ-Al
2
O
3
; (+) espinélio
de Mg e Al; (*) espinélio de Mg, Mn e Al; () espinélio de Cu e Al.
Observou-se que para a condição reacional contendo NO e CO, todos os
reagentes e produtos foram consumidos e produzidos durante a etapa representativa do
regenerador, sendo, portanto, desprezível a quantidade verificada durante a etapa
representativa do riser. Isto porque a reação entre o monóxido de carbono e de
nitrogênio se de forma superficial sem nenhuma adsorção permanente destes gases
nos óxidos mistos provenientes de compostos do tipo hidrotalcita. Fato este que pode
ser comprovado pelo difratograma de raios-X obtido após a reação, pois as fases
presentes nas amostras não apresentam nitrogênio ou carbono.
4.3.3. Avaliação do Desempenho Simulando as Condições Presentes no
Regenerador Empregando Corrente de Entrada Contendo SO
2
, O
2
, NO e CO.
Nos testes de desempenho catalítico nos quais foi utilizada uma corrente
contendo 1630 ppm de SO
2
, 2630 ppm de NO, 1,6% O
2
e 5,0% CO observou-se que a
amostra Cu/HTLC apresentou um pior desempenho para remoção de NO quando
comparado ao observado para a corrente contendo apenas NO e CO. A conversão de
78
NO apresentou o perfil da Figura 4.17, onde nota-se que os mesmos produtos
continuaram a serem formados. Entretanto, a seletividade à formação de CO
2
é muito
superior à da reação entre o monóxido de carbono e o monóxido de nitrogênio.
0
20
40
60
80
100
0 100 200 300 400 500 600
Seletividade (%)
Conversão (%)
Tempo (s)
N
2
N
2
O CO
2
N
2
N
2
O CO
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
N
2
N
2
O CO
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Figura 4.17: Perfil de conversão de NO e seletividade aos produtos formados para
a amostra Cu/HTLC.
A amostra Mn/HTLC apresentou valores para a conversão de NO muito baixos,
onde se verificou, praticamente apenas, a formação de CO
2
.
A Figura 4.18 apresenta o
perfil de conversão de NO, onde é possível observar um decréscimo bastante
acentuado na dos valores obtidos ao longo do tempo, alcançando conversão nula.
Apesar desta amostra ter apresentado valores de conversão menores do que os
observados para a amostra Cu/HTLC na remoção do NO com o CO, não foi observado
perda da atividade catalítica ao longo da reação (Figura 4.18), contrariamente ao
observado durante a realização do experimento empregando carga contendo SO
2
, O
2
,
CO e NO.
79
0
20
40
60
80
100
0 100 200 300 400 500 600
Seletividade (%)
Conversão (%)
Tempo (s)
N
2
N
2
O CO
2
N
2
N
2
O CO
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
N
2
N
2
O CO
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Figura 4.18: Perfil de conversão de NO e seletividade aos produtos formados para
a amostra Mn/HTLC.
O composto contendo cobre e manganês foi capaz de remover o NO com
conversões elevadas, porém com seletividade apenas para a formação de N
2
O. A
Figura 4.19 mostra que uma formação acentuada de CO
2
não observado no caso da
carga contendo apenas CO e NO, bem como a formação de N
2
O outrora não
observado.
0
20
40
60
80
100
0 100 200 300 400 500 600
Seletividade (%)
Conversão (%)
Tempo (s)
N
2
N
2
O CO
2
N
2
N
2
O CO
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
N
2
N
2
O CO
2
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Figura 4.19: Perfil de conversão e seletividade aos produtos formados para a
amostra CuMn/HTLC.
A Tabela 4.10 apresenta os resultados do consumo de NO e SO
2
e a formação
de N
2
e N
2
O durante a reação a 720º C com carga contendo SO
2
, O
2
, NO e CO em
balanço de He.Observou-se que a Cu/HTLC teve seu desempenho como aditivo De-
80
NO
x
prejudicado em relação ao teste cuja corrente de entrada continha apenas NO e
CO. Apesar disso, ainda foi a amostra que apresentou o melhor desempenho como
aditivo De-NO
x
em presença de SO
2
e O
2
, visto que no caso das amostras contendo
manganês (Mn/HTLC e CuMnHTLC) a redução nos níveis de conversão de NO foram
muito mais significativas, além das mesmas terem se tornado pouco seletivas à
formação de N
2
. A amostra Mn/HTLC foi a que apresentou o pior desempenho para a
conversão de NO.
Tabela 4.10: Consumo de NO e SO
2
e formação de N
2
e N
2
O (µ
µµ
µmol/g
cat
)durante a
etapa representativa do regenerador com corrente de entrada contendo CO, NO,
SO
2
e O
2
.
Amostra Cu/HTLC Mn/HTLC CuMn/HTLC
Consumo de NO 1650 132 630
Consumo de SO
2
301 892 703
Formação de N
2
267 2 0
Formação de N
2
O 184 2 70
A Tabela 4.11 apresenta os resultados da adsorção oxidativa do SO
2
ocorrida
durante a reação. É possível observar que as amostras Mn/HTLC e CuMn/HTLC foram
eficientes na captura do SOx tal qual na reação com carga contendo apenas SO
2
e O
2
,
onde a amostra parcialmente substituída por cobre e manganês apresentou um valor
ligeiramente menor. Entretanto, a amostra contendo cobre teve sua capacidade de
quimissorção e estocagem de SO
2
reduzida em cerca de 70%, indicando que os sítios
ativos nos quais ocorrem as reações De-SO
x
e De-NO
x
são os mesmos, que,
comparativamente às outras amostras, a Cu/HTLC apresentou o melhor desempenho
na remoção do NO
x
.
Tabela 4.11: Quantidade de SO
2
removido por g de catalisador em 10 min de
reação.
Amostra Observado (µmol SO
2
/gcat) Eficiência de remoção (%)
a
Cu/HTLC 301 9,7
Mn/HTLC 892 28,7
CuMn/HTLC 703 22,6
a: [(quantidade de SO
2
capturada pelo catalisador)/3104] x 100, onde o valor 3104 se refere à
quantidade total de SO
2
admitida no reator.
A comparação dos dados referentes ao consumo de SO
2
quando os
catalisadores foram submetidos à corrente 1 (SO
2
+ O
2
) levou à suposição inicial de
que a amostra Cu/HTLC seria a mais eficiente no que diz respeito à captura de SO
x
.
81
Entretanto, quando a composição da corrente do regenerador tornou-se mais próxima
da condição real, observa-se que a presença de CO e NO na corrente de sulfatação,
altera de modo significativo a eficiência de remoção de SO
x
da amostra Cu/HTLC, que
decresce abruptamente para a corrente de sulfatação composta de SO
2
, CO, NO, e O
2
,
conforme mostrado na Tabela 4.11. Além disso, a eficiência para remoção do NO foi
também diminuída, como sugerem os resultados da mesma Tabela. Ao simular as
condições da fase densa do regenerador das unidades de FCC, onde a concentração de
CO é muito maior do que a concentração de O
2
, observa-se que uma competição
entre as reações de oxidação do SO
2
(reação 4.3) e do CO (reação 4.4). Dada a
quantidade insuficiente de oxigênio para a oxidação completa de ambos os reagentes,
propõe-se que a oxidação do CO tenha ocorrido preferencialmente sobre o catalisador
estudado, tendo em vista a elevada quantidade de CO
2
formada como produto da
reação. Além disso, parte do CO
2
detectado como produto poderia estar associada à
reação 4.5,como evidenciado pela presença de enxofre condensado na saída do reator.
SO
2
+ ½ O
2
SO
3
(4.3)
CO + ½ O
2
CO
2
(4.4)
CO + SO
2
S + CO
2
(4.5)
No caso da presença simultânea de SO
2
e NO, estes competiriam pelos mesmos
sítios ativos. Desta forma, poder-se-ia especular que, em presença de NO, a reação de
oxidação do SO
2
tenha ocorrido em menor extensão pelo fato dos sítios ativos
catalisarem preferencialmente as transformações do NO.
Assim, a amostra Cu/HTLC pareceu ser promissora para uso como aditivo
DeNO
x
para promover a reação entre NO
x
e CO ou coque (reação 4.1) na fase densa de
regenerador, sem contudo, ser muito ativa para a remoção de SO
x
. Estes resultados são
semelhantes aos relatados anteriormente por POLATO (2005), investigando o mesmo
sistema reacional. Por outro lado, eles diferem da recomendação feita por CORMA et
al (1997) ao avaliarem óxidos mistos derivados de Cu-HTLCs. Segundo estes autores,
as amostras contendo cobre seriam promissoras para a remoção combinada de SO
x
e
NO
x
. Entretanto, deve-se ressaltar que os autores (CORMA et al, 1997) não estudaram
a remoção simultânea destes poluentes atmosféricos. Como visto no presente trabalho,
a amostra Cu/HTLC poderia ter sido considerada o melhor aditivo para a remoção de
82
SO
x
, quando avaliada na presença de uma corrente composta apenas por SO
2
e O
2
.
Entretanto, estudos subseqüentes, nos quais a corrente do regenerador se fez mais
próxima daquela encontrada nas UFCC, indicaram que as considerações feitas por
CORMA et al (1997) não estariam corretas, pois a eficiência de remoção de SO
x
da
amostra contendo cobre é extremamente influenciada pela presença de CO e
principalmente de NO
x
.
WEN et al (2002) também avaliaram óxidos mistos derivados de HTLCs nos
quais o Mg foi substituído por Cu na remoção simultânea de SO
x
e NO
x
. Embora os
autores tenham empregado condições que simulam a fase densa dos regeneradores das
UFCC (corrente composta por SO
2
, NO, CO e O
2
), as condições de reação e as
técnicas empregadas para a avaliação do desempenho catalítico dos aditivos são
diferentes daquelas usadas no presente trabalho, de modo que os resultados obtidos não
podem ser diretamente comparados entre si.
Estudos termodinâmicos envolvendo as múltiplas reações associadas ao
processo de remoção catalítica do SOx (PEREIRA, 2007) indicaram que a redução do
CuO a Cu
2
O seria favorecida termodinamicamente mesmo em condições oxidantes.
Neste caso, o CuO desempenharia papel ativo na etapa de oxidação do SO
2
, como
sugerido a seguir:
2 CuO
(s)
+ SO
2(g)
Cu
2
O
(s)
+ SO
3(g)
(4.6)
Desta forma, no caso da corrente composta por SO
2
, NO, CO e O
2
, existiria
uma competição entre o SO
2
e o NO pelas espécies Cu
2+
, que seriam sítios ativos tanto
para a oxidação do SO
2
quanto para a quimissorção do NO a ser reduzido pelo CO.
Nas condições estudadas no presente trabalho, os resultados sugerem que a reação de
redução do NO ocorre preferencialmente à de oxidação do SO
2
.
Para a amostra Mn/HTLC, as alterações na composição da corrente de
sulfatação influenciaram de modo menos importante a remoção de SO
2
, como
mostrado na Tabela 4.11. Por outro lado, a reação entre o CO e o NO foi severamente
reprimida, como mostram os resultados da mesma Tabela. Tendo em vista a formação
importante de CO
2
como produto da reação, pode ser sugerido que este catalisador seja
ativo e altamente seletivo para reações de oxidação, como as do CO e do SO
2
, sendo,
porém, muito pouco ativo para catalisar reações envolvendo o CO e o NO. Cabe
ressaltar que a ocorrência da reação entre os CO e o SO
2
não pode ser descartada,
83
tendo em vista ter sido observada a formação de enxofre nas paredes próximas à saída
do reator.
No caso do aditivo contendo manganês, o estudo termodinâmico realizado por
PEREIRA et al.
(2007) previu que, a 720°C e em presença de atmosfera oxidante, o
MnO seria oxidado a Mn
2
O
3
, que, por sua vez, reagiria em grande extensão com o SO
2
formando o MnSO
4
:
2 MnO
(s)
+ ½ O
2 (g)
Mn
2
O
3 (s)
(4.7)
Mn
2
O
3 (s)
+ 2 SO
2 (g)
+ ½ O
2 (g)
2 MnSO
4 (s)
(4.8)
Muito embora a formação de MnSO
4
não tenha sido observada por difração de
raios-X no aditivo Mn/HTLC após a etapa de adsorção oxidativa, a formação desta
fase, possivelmente sob a forma de partículas muito pequenas, não detectáveis por
DRX, não pode ser descartada, uma vez que sua formação foi evidenciada por
POLATO (2005) e por PEREIRA (2007) trabalhando sob condições similares.
A coexistência das espécies Mn
3+
e Mn
2+
na amostra Mn/HTLC foi também
indicadas pelas análises por espectroscopia de reflectância difusa no UV-VIS (Figura
4.10) e por TPR (item 4.1.4). Deste modo, tendo o manganês um papel ativo na captura
do sulfato (não apenas como promotor de oxidação, mas também como sítio de fixação
do SO
3
), restariam poucos sítios disponíveis para promover a reação entre o CO e o
NO.
No caso da amostra CuMn/HTLC a presença de CO e NO na corrente de
sulfatação não influenciou de modo importante a remoção de SO
2
, como mostrado na
Tabela 4. Por outro lado, a presença do SO
2
e do O
2
prejudicaram de modo marcante a
reação entre o CO e o NO. Muito embora este efeito tenha sido menos significativo
que o observado para a amostra contendo apenas manganês (Mn/HTLC), a redução do
NO levou à formação apenes do N
2
O, o que é indesejável do ponto de vista ambiental.
Desta forma, conclui-se que o esperado o efeito sinérgico entre o cobre e o manganês
para promover a remoção simultânea dos óxidos de enxofre e nitrogênio na amostra
CuMn/HTLC não foi verificado.
Desta forma, não foi observado que o efeito sinérgico esperado na remoção
simultânea dos óxidos de enxofre e nitrogênio na amostra CuMn/HTLC, que sua
capacidade de remoção do NO
x
foi prejudicada pela adsorção oxidativa do SO
2
que,
84
provavelmente, ocorrem nos mesmos sítios ativos. Entretanto, a amostra contendo
cobre se mostrou um aditivo capaz de promover a redução do NO
x
embora com baixos
níveis de adsorção oxidativa do SO
2
.
As amostras após a reação a 720º C foram caracterizadas por difração de raios-
X (DRX) (Figura 4.20). Em todas as amostras observou-se o desaparecimento da fase
γ-Al
2
O
3
.Na amostra contendo cobre também foi observado o desaparecimento do
MgO-periclásio e do espinélio de Mg e Al. Entretanto, neste aditivo foram formadas as
fases relativas ao CuSO
4
e espinélio de Cu e Al. As condições empregadas nos testes
ocasionaram a formação da fase MgSO
4
e a segregação de uma nova fase
correspondente a um espinélio de Mg e Al na Mn/HTLC. Todavia, este aditivo
manteve a fase espinélio de Mn, Mg e Al presente anteriormente. Com o
desaparecimento do espinélio de Mg, Mn e Al, houve a formação da fase MgSO
4
na
CuMn/HTLC. Estes resultados mostraram que os aditivos após a reação com NO, CO,
SO
2
e O
2
apresentaram características intermediárias às observadas na redução do NO
e na adsorção oxidativa de SO
2
e que, portanto, os sítios ativos na remoção de SO
2
estão possivelmente relacionados ao cobre, pois a captura do SO
2
é acompanhada da
formação do espinélio de Cu e Al.
85
10 20 30 40 50 60 70 80 90
10 20 30 40 50 60 70 80 90
*
*
§
§
§
§
+
+
+
+
+
+
++
+
+
+
+
+
+
+
Intensidade (u.a.)
Ângulo de difração (2
θ
)
*
+
+
+
+
+
+
+
+
+
*
*
*
*
*
*
#
#
o
o
o
o
o
o
(B)
CuMn/HTLC
Mn/HTLC
Cu/HTLC
(A)
Figura 4.20: (A) Difratograma de raios-X das amostras após tratamento térmico
sob fluxo de ar seco a 750
0
C e (B) Difratograma da amostra CuMn/HTLC após a
etapa representativa do regenerador sob fluxo de 2630 ppm de NO, 5% CO, 1630
ppm de SO
2
e 1,6% O
2
em He. (#) óxido misto com estrutura tipo MgO-periclásio;
(ο
οο
ο) γ-Al
2
O
3
; (+) espinélio de Mg e Al; (*) espinélio de Mg, Mn e Al; () espinélio
de Cu e Al; () CuSO
4
; (§) MgSO
4
.
Após a realização da etapa representativa do regenerador, o riser foi simulado
empregando-se uma corrente contendo de 30% H
2
em balanço de He a 530 ou a 650º C
que são as temperaturas usualmente praticadas no topo e na base do riser. Em seguida,
o reator era aquecido a uma taxa de 10º C/min até 750º C, permanecendo nesta
temperatura durante 5 minutos (Figura 4.12). A técnica de cromatografia gasosa foi
utilizada a fim de determinar a composição dos efluentes gasosos, isto é, o teor de
enxofre removido ou sob a forma de SO
2
, ou sob a forma de H
2
S, que durante esta
etapa não formação de qualquer outro produto, isto porque as quantidades de NO e
CO observados são desprezíveis, pois de forma análoga a reação onde havia na
corrente de entrada NO e CO, não foram observadas nos difratogramas de raios-X
nenhuma fase contendo estes elementos, indicando, desta forma que não adsorção
permanente no catalisador. Os resultados obtidos para cada um dos catalisadores em
86
cada uma das temperaturas empregadas visando a simulação da base ou do topo do
riser são apresentadas na Tabela 4.12.
Tabela 4.12: Comparação entre o desempenho dos aditivos estudados na etapa
representativa do regenerador após a reação a 720º C com carga contendo SO
2
,
O
2
, NO e CO nas diferentes condições adotadas na simulação do riser.
Amostra Cu/HTLC Mn/HTLC CuMn/HTLC
T
inicial
= 530º C
Remoção de SO
2
a
mol/gcat) 301 892 703
Liberação de SO
2
b
mol/gcat) 65 0 0
Liberação de H
2
S
b
mol/gcat) 106 0 11
Regeneração (%) 57 0 2
T
inicial
= 650º C
Remoção de SO
2
a
mol/gcat) 301 892 703
Liberação de SO
2
b
mol/gcat) 0 285 0
Liberação de H
2
S
b
mol/gcat) 2 399 0
Regeneração (%) 1 77 0
a: Durante a etapa representativa do regenerador a 720
o
C por 10 minutos.
b: Durante a etapa representativa do riser.
A análise dos resultados mostra que a 530º C, temperatura na qual se encontra o
topo do riser, a Cu/HTLC é a única amostra capaz de regenerar o enxofre capturado na
etapa anterior, sendo favorecida a formação de H
2
S nestas condições. Os valores
obtidos durante a regeneração do enxofre sob a forma de SO
2
ou H
2
S para a Cu/HTLC
nas correntes 1 (SO
2
+ O
2
) e 3 (SO
2
+ O
2
+ NO + CO) são similares, isto é, não houve
alteração no desempenho desta amostra na redução a 530º C.
A etapa de redução dos sulfatos iniciada a 650º C revelou que apenas a amostra
contendo manganês obteve desempenho melhor do que a 530º C. Entretanto, a
Mn/HTLC apresentou um maior teor de enxofre regenerado do que na etapa de
redução desta mesma amostra após a adsorção oxidativa da carga contendo SO
2
e O
2
.
Além disso, foi observado que a redução após a admissão da carga contendo SO
2
, O
2
,
CO e NO foi mais seletiva à formação de H
2
S do que na corrente 1 (SO
2
+ O
2
).
A partir de todos os resultados apresentados anteriormente, foi possível
observar que a amostra CuMn/HTLC se mostrou ativa na remoção dos óxidos de
enxofre e de nitrogênio separadamente. Entretanto, na remoção simultânea, isto não
ocorreu. Todavia, a Cu/HTLC, apesar de apresentar a menor eficiência na remoção do
SO
x
, foi o único aditivo que preservou as propriedades DeNOx e DeSOx na redução
dos sulfatos formados na temperatura usualmente empregada no topo do riser das
unidades de craqueamento catalítico.
87
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Neste trabalho foram sintetizados compostos tipo de hidrotalcita de Mn/Mg/Al,
Cu/Mg/Al e Cu/Mn/Mg/Al com razão molar Al/(Al + Mg + M) = 0,50 e Mg/M = 5
(M = Mn e/ou Cu). Eles foram utilizados como precursores para obtenção de óxidos
misto/espinélios, cuja atividade na remoção dos óxidos de nitrogênio e enxofre,
isoladamente ou simultaneamente, foi avaliada de modo a verificar o seu potencial
como aditivos a serem incorporados aos catalisadores de FCC.
A caracterização físico-química dos catalisadores estudados indicou serem os
mesmos materiais mesoporosos. No caso dos catalisadores contendo manganês, as
análises por TPR e por DRS indicaram a coexistência de espécies de Mn nos estados
de oxidação +2 e +3, tanto no precursor com estrutura tipo hidrotalcita, como no
espinélio formado após o tratamento térmico a 750°C. Nas amostras contendo cobre,
foi identificado um predomínio das espécies Cu
2+
, embora tenha havido indícios da
presença de Cu
+
(análises por DRS).
A comparação da quantidade de SO
x
capturado pelos aditivos Cu/HTLC,
Mn/HTLC e CuMn/HTLC quando submetidos à corrente composta apenas por
SO
2
+ O
2
por 10 min, levou à suposição inicial de que a presença do cobre promoveria
a captura de SO
x
de modo mais eficiente que a presença do manganês ou dos dois
elementos juntos. Além disso, foi observado que o metal de transição incorporado (Cu
e/ou Mn) efetivamente participou do processo de captura do SOx, uma vez que, ao se
empregarem óxidos mistos resultantes da decomposição da Mg,Al-hidrotalcita, não se
observou redução dos teores de SO
2
presente na mistura reacional.
No caso da remoção do NO a partir da reação com CO, os resultados
mostraram que todas as amostras são ativas para a reação. As amostras contendo cobre
(Cu/HTLC e CuMn/HTLC) foram 100% seletivas à formação de N
2
como produto da
reação, mas, no caso da amostra Mn/HTLC, a presença de N
2
O foi também detectada.
Ao simular-se as condições da fase densa do regenerador das unidades de FCC,
(mistura reacional formada por SO
2
, O
2
, CO e NO), observou-se que ocorreu uma
redução no consumo de SO
2
e uma elevada formação de CO
2
, no caso da amostra
Cu/HTLC. Os resultados sugerem a existência de competição entre as reações de
oxidação do SO
2
e do CO, sendo que, em função da quantidade insuficiente de
oxigênio para a oxidação completa de ambos os reagentes, a oxidação do CO tenha
88
ocorrido preferencialmente sobre o catalisador estudado. Além disso, parte do
consumo de CO e do SO
2
poderia estar associado à reação: 2CO + SO
2
2CO
2
+ S,
como evidenciado pela presença de enxofre condensado na saída do reator.
Considerando-se que o NO e o SO
2
competiriam pelos mesmos sítios ativos, Cu
2+
, em
presença de NO, a reação de oxidação do SO
2
ocorreu em menor extensão pelo fato
dos sítios ativos catalisarem preferencialmente as transformações do NO.
Assim, óxidos mistos derivados de compostos tipo HTLCs contendo Cu, Mg e
Al em sua composição parecem ser aditivos DeNOx eficientes para catalisar a reação
entre NOx e CO ou coque (2NO + 2CO N
2
+ 2CO
2
) na fase densa de regenerador,
sem contudo serem muito ativos para a remoção de SOx.
Embora os catalisadores estudados tenham apresentados características
promissoras quanto à sua incorporação como aditivos aos catalisadores de FCC
visando reduzir as emissões de SOx e NOx, é fundamental a sua avaliação em
condições mais próximas às encontradas nos regeneradores das UFCC, particularmente
no que diz respeito aos efeitos da presença de vapor d’água no meio reacional. Assim,
visando dar continuidade às pesquisas no tema do presente trabalho, são apresentadas
as seguintes sugestões:
- avaliar o efeito do tratamento hidrotémico a 720
o
C sobre a performance dos aditivos
mais promissores;
- avaliar o desempenho de uma mistura formada pelo catalisador de equilíbrio e o
aditivo antes e após o tratamento hidrotérmico;
- avaliar o desempenho da mistura formada pelo catalisador de equilíbrio e o aditivo
frente a sucessivos ciclos de reação – regeneração – reação;
- investigar o efeito da relação Mn/Cu no desempenho do catalisador e da substituição
do Mn por de outro metal com características redox.
89
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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