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RUIMAR RUBENS DE GOUVEIA
A INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE INTERPASSE NA TENACIDADE DO
METAL DE SOLDA NA SOLDAGEM MULTIPASSE DO AÇO INOXIDÁVEL
MARTENSITICO CA6NM PELO PROCESSO TIG
CURITIBA
2008
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RUIMAR RUBENS DE GOUVEIA
A INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE INTERPASSE NA TENACIDADE DO
METAL DE SOLDA NA SOLDAGEM MULTIPASSE DO AÇO INOXIDÁVEL
MARTENSITICO CA6NM PELO PROCESSO TIG
Dissertação apresentada como requisito para
obtenção do grau de Mestre em Engenharia
Mecânica do Programa de Pós-Graduação de
Engenharia Mecânica da Universidade Federal
do Paraná, na área de concentração
Manufatura.
Orientador: Eng. Prof. Dr. Paulo César
Okimoto
CURITIBA
2008
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AGRADECIMENTOS
Ao orientador Professor Paulo César Okimoto pela orientação, estímulo e
apoio para a realização deste trabalho.
Ao Eng MSc. André Ricardo Capra e o Instituto de Tecnologia para o
Desenvolvimento, LACTEC, pela cooperação, utilização dos laboratórios e suporte
financeiro dado para a realização desta pesquisa.
Ao Programa de Pós Graduação de Engenharia Mecânica (PG-Mec), Setor de
Tecnologia da Universidade Federal do Paraná, nas pessoas de seus Professores
do Departamento de Engenharia Mecânica, funcionários e Coordenador do
Mestrado, pela oportunidade de realização desta pesquisa.
Aos amigos da Coordenação de Mecânica da UTFPR Campus Ponta Grossa.
Aos amigos Bernhard, Edson Hiromassa Takano e Edson Okimoto pela
amizade, apoio e pelos momentos de descontração.
Aos companheiros de viagem César e Anderson.
Aos amigos Joceli e Evandro que muito me ajudaram na realização deste
trabalho.
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para o
desenvolvimento deste trabalho.
À minha esposa, meu filho, e família, pelos incentivos em todos os momentos
deste trabalho.
RESUMO
Turbinas hidráulicas podem apresentar diversos problemas, porém, dois deles são
mais comuns e considerados críticos. Devido ao seu modo de funcionamento, estas
turbinas estão sujeitas à erosão por cavitação e ao trincamento em regiões de alta
concentração de tensões. Considerando as aplicações de reparo de turbinas
hidráulicas, há grande interesse em desenvolver procedimentos de soldagem que
evitem os tratamentos térmicos pós-soldagem (TTPS). O presente trabalho busca
analisar a influência da temperatura de interpasse na tenacidade do metal de solda
na soldagem multipasse do aço inoxidável martensitico CA6NM pelo processo TIG
utilizando varetas AWS 410NiMo. Os resultados mostram que existe uma influência
da temperatura de interpasse na tenacidade do metal de solda e os níveis de
temperatura de interpasse utilizados influenciaram significativamente as
propriedades das juntas soldadas.
Palavras-chave: CA6NM. Temperatura de interpasse. Tenacidade.
ABSTRACT
Hydraulic turbines can present diverse problems, however, two of them more
common and are considered critical. Due to its way of functioning, these turbines are
subjected to the erosion by cavitation and the cracking in regions of high
concentration of tensions. Considering the applications of repair of hydraulical
turbines, it has great interest in developing welding procedures that prevent the Post
Weld Heat Treatment (PWHT). The present work searchs to analyze the influence of
the temperature of interpasse in the tenacity of the weld metal in the welding
multipass of the martensitic stainless steel CA6NM for the process TIG using rods of
AWS410NiMo. The results show that an influence of the temperature exists of
interpasse in the tenacity of the weld metal and the levels of temperature of
interpasse used had significantly influenced the properties of the welded meetings.
Key-words: CA6NM. Temperature of interpasse. Tenacity.
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1. Área afetada por cavitação.......................................................................16
Figura 2.2. Trinca em turbina tipo Pelton....................................................................17
Figura 2.3. Diagramas de equilíbrio pseudo-binário Fe-Cr para diferentes percentuais
de carbono...................................................................................................................24
Figura 2.4. Diagrama de fases ferro-cromo-níquel, para razão cromo/níquel igual a
3:1................................................................................................................................25
Figura 2.5. Variação das temperaturas do eutetóide em função da concentração em
peso dos elementos de liga Ti, Mo, Si, W, Cr, Mn, Ni ................................................26
Figura 2.6. Diagrama TRC de um aço CA6NM, mostrando sua alta
temperabilidade...........................................................................................................27
Figura 2.7. Variação das temperaturas de transformação Ac1, Ac3 e Ms.................29
Figura 2.8. Influência da temperatura de revenimento na tensão de escoamento
(σ
0,2
), tensão máxima (σTS) e energia de impacto (EI) do aço martensítico macio
com 12Cr/6Ni/1,5Mo/0,04C.........................................................................................30
Figura 2.9. Dureza máxima do metal de solda na condição como soldado em função
do teor de C.................................................................................................................36
Figura 2.10. Região do arco na soldagem GTAW........................................................38
Figura 2.11. Comportamento das transformações durante o resfriamento da solda e
subseqüente tratamento térmico posterior. ................................................................39
Figura 3.1. Representação esquemática do planejamento experimental adotado no
trabalho........................................................................................................................42
Figura 3.2. Dimensões da junta utilizada em mm.......................................................46
Figura 3.3. Dispositivo para soldagem........................................................................46
Figura 3.4. Esquema do seccionamento dos corpos de prova para macro, e
metalografia e ensaio de tenacidade ao impacto dimensão em mm. ........................48
Figura 3.5. Regiões de medição da microdureza .......................................................49
Figura 4.1. Macrografias corpos de prova segundo a temperatura de interpasse.....51
Figura 4.2. Macro e micrografia da zona fundida segundo a temperatura de
interpasse de 80 °C.....................................................................................................53
Figura 4.3. Macro e micrografia da zona fundida segundo a temperatura de
interpasse de 150 °C...................................................................................................54
Figura 4.4. Efeito da sobreposição do último cordão na soldagem realizadas com
temperatura de interpasse de 80 e 150 °C.................................................................55
Figura 4.5. Tamanho comparativo dos grãos na região do corpo de prova de onde foi
retirada a amostra para ensaio Charpy
.
.....................................................................57
Figura 4.6. Macro e micrografia da zona fundida segundo a temperatura de
interpasse de 400 °C...................................................................................................58
Figura 4.7. Teste passe TIG. ......................................................................................59
Figura 4.8. Passe TIG energia de soldagem 0,93 KJ/mm..........................................62
Figura 4.9. Passe TIG energia de soldagem de 0,41 KJ/mm
.
....................................63
Figura 4.10. Perfil de dureza com diferentes níveis de aporte térmico sobre o corpos
de prova Charpy, da temperatura de interpasse de 400 °C. ......................................64
Figura 4.11. Localização da ferrita delta para a temperatura de interpasse de
80 °C............................................................................................................................66
Figura 4.12. Localização da ferrita delta para a temperatura de interpasse de
150 °C..........................................................................................................................67
Figura 4.13. Localização da ferrita delta para a temperatura de interpasse de
400 °C..........................................................................................................................68
Figura 4.14. Microdurezas para diferentes temperaturas de interpasse nas três
regiões dos corpos de prova.......................................................................................70
Figura 4.15. Microdureza média das temperaturas de interpasse .............................71
Figura 4.16. Macrografia e MEV da superfície de fratura das peças do ensaio Charpy
para as temperaturas de interpasse de 80, 150 e 400 °C..........................................73
Figura 4.17. Gráfico de tenacidade.............................................................................75
Figura 4.18. Gráfico ensaio charpy.............................................................................75
Figura 4.19. Faixa usual de valores de tenacidade ao impacto obtidos em ensaios de
Charpy com entalhe em V no aço inoxivel martensítico macio ASTM A 743
CA6NM. .......................................................................................................................77
Figura 4.20. Contração Lateral (%).............................................................................77
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Localização das turbinas fabricadas com o aço CA-6NM utilizadas pela
COPEL ........................................................................................................................12
Tabela 2.1. Composição Química...............................................................................21
Tabela 2.2. Propriedades propriedades físicas e mecânicas típicas do aço fundido
CA-6NM.......................................................................................................................21
Tabela 2.3. Propriedades mecânicas e teor de C do metal de solda, obtidos com o
arame ER 410NiMo com temperatura de interpasse de 130 °C ................................33
Tabela 3.1. Composição química do aço ASTM A 743 CA-6NM fornecido pela
VOITH..........................................................................................................................43
Tabela 3.2. Composição química da vareta ER 410NIMO.........................................43
Tabela 3.3. Temperaturas de pré-aquecimento e interpasse utilizadas...........................44
Tabela 3.4. Parâmetros de soldagem utilizados segundo as faixas de interpasse
utilizadas......................................................................................................................45
Tabela 3.5. Composição e condições de uso dos ataques químicos......................48
Tabela 4.1. Parâmetros adotados para reaquecimento TIG em Charpy a 400 °C ...59
Tabela
4.2
.
Valores
obtidos
através
dos
ensaios
de
tenacidade
ao
impacto
(Charpy
V)
dos corpos
de
prova
do
metal
de
solda
410NiMo
.................................72
Tabela 4.3. Composição química metal de solda.......................................................72
Tabela 4.4. Comparativo de tenacidades do metal de solda......................................76
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................11
1.1. OBJETIVO GERAL ..........................................................................................14
1.2. OBJETIVO ESPECÍFICO.................................................................................14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................15
2.1. TURBINAS HIDRÁULICAS..............................................................................15
2.2. DANOS OBSERVADOS NAS TURBINAS HIDRÁULICAS .............................15
2.2.1. DANOS PROVOCADOS PELA CAVITAÇÃO..............................................16
2.2.2. DANOS PROVOCADOS POR TRINCAS ....................................................17
2.3. MATERIAIS UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO .................................................17
2.4. PROCEDIMENTOS DE REPARO ...................................................................18
2.5. PREPARAÇÃO DA SUPERFÍCIE....................................................................20
2.6. AÇO ASTM A 743 – CA6NM ...........................................................................20
2.7. METALURGIA DA SOLDAGEM DE AÇOS INOXIDÁVEIS
MARTENSÍTICOS MACIOS CA6NM..........................................................................22
2.8. TRATAMENTO TÉRMICO...............................................................................29
2.9. SOLDABILIDADE DO AÇO CA6NM................................................................31
2.10. INTRODUÇÃO A SOLDAGEM POR FUSÃO ..............................................37
2.10.1. PROCESSOS DE SOLDAGEM A ARCO ....................................................37
2.10.1.1. O PROCESSO DE SOLDAGEM TIG (GTAW)........................................37
2.10.1.2. AS VARIÁVEIS DO PROCESSO DE SOLDAGEM..................................38
2.11. TEMPERATURA DE PRÉ-AQUECIMENTO E INTERPASSE ....................39
3. METODOLOGIA ..................................................................................................41
3.1. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL ...............................................................41
3.2. MATERIAIS ......................................................................................................43
3.2.1. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ..................................................................43
3.2.2. METAL DE BASE .........................................................................................43
3.2.3. METAL DE ADIÇÃO .....................................................................................43
3.3. SOLDAGEM DAS CHAPAS DE TESTE..........................................................44
3.4. ENSAIOS..........................................................................................................47
3.4.1.
ENSAIOS METALOGRÁFICOS
....................................................................47
3.4.1.1. MACROGRAFIA .......................................................................................47
3.4.1.2. METALOGRAFIA......................................................................................47
3.4.2.
ENSAIO DE MICRODUREZA
.......................................................................49
3.4.3. ENSAIO DE TENACIDADE AO IMPACTO (CHARPY ENTALHE V) ..........50
4.
RESULTADOS
E
DISCUSSÃO
.............................................................................51
4.1. ANÁLISE METALOGRÁFICA DO METAL DEPOSITADO..............................51
4.1.1.
EFEITO DAS TEMPERATURAS DE INTERPASSE 80 E 150
°C................52
4.1.2.
TEMPERATURA DE INTERPASSE 400
°C .................................................58
4.1.3 PASSE TIG ........................................................................................................59
4.2. FERRITA DELTA .............................................................................................65
4.3. ENSAIOS MECÂNICOS ..................................................................................69
4.3.1. MICRODUREZA ...........................................................................................69
4.3.2. TENACIDADE AO IMPACTO (CHARPY ENTALHE V)...............................72
5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES ...........................................................................79
6. REFERÊNCIAS....................................................................................................80
11
1. INTRODUÇÃO
A produção de energia elétrica no Brasil possui uma predominância Hidráulica
(92%). O potencial hidráulico a ser explorado é de grande envergadura, em torno de
206.992 MW e nos últimos anos tem-se observado um crescimento médio da
demanda em torno de 5%, sendo que em algumas regiões este crescimento chega a
20%.
Para atender este aumento da demanda, as usinas instaladas têm operado
em seus limites máximos, o que tem contribuído para um incremento de ocorrência
de cavitação nas turbinas hidráulicas.
Levantamentos efetuados pelo CEPEL (Centro de Pesquisa de Energia
Elétrica da Eletrobrás) em 2006 , mostraram que os gastos com a recuperação das
turbinas hidráulicas no Brasil foram da ordem de US$ 13,000,000.00 (treze milhões
de dólares), isto considerando apenas despesas com mão-de-obra e materiais
empregados nos reparos.
Os danos causados pela cavitação em componentes de turbinas hidráulicas
tem envolvido não apenas custos elevados de reparo, mas considerável perda de
energia gerada por indisponibilidade das máquinas, limitação da flexibilidade
operacional do sistema e redução da vida útil dos equipamentos afetados.
Procurando a minimização deste problema, diversos estudos vêm sendo
realizados, nas áreas de desenvolvimento de novos materiais para a construção de
rotores e à recuperação de regiões cavitadas, além de processos de soldagem
adequados [1].
Com o desenvolvimento de materiais mais adequados, a partir da década de
80 as turbinas hidráulicas passaram a ser fabricadas, com o aço CA6NM. Este
material é classificado pela ASTM como um aço inoxidável martensítico macio e
possui propriedades mecânicas adequadas ao tipo de solicitação imposta às
turbinas, sendo atualmente o mais largamente utilizado na fabricação deste tipo de
equipamento. Atualmente a Companhia Paranaense de Energia (COPEL) possue as
seguintes Usinas Hidrelétricas equipadas com turbinas fabricadas com o aço
CA6NM listadas na Tabela 1.
12
Tabela 1. Localização das turbinas fabricadas com o aço CA-6NM utilizadas pela COPEL
Usina Hidrelétrica Ano de Construção Potência Número de
turbinas
Tipo
Governador José Richa 1999 1240 MW 4 Francis
Governador Parigot de Souza 1971 260 MW 4 Pelton
Chaminé 1930 18 MW 2 Pelton
Foz Chopim 1961 1,8 MW 2 Kaplan
Santa Clara 2005 118 MW 2 Francis
Fundão 2005 118MW 2 Francis
De um modo geral para a fabricação de turbinas utiliza-se os aços
martensíticos, com a adição de níquel melhorando assim a sua resistência a
corrosão e cavitação como também a dureza. Devido ao baixo teor de carbono tem-
se uma melhor resistência a trincas e uma boa soldabilidade.
Os aços inoxidáveis martensíticos possuem a tendência de formarem uma
martensita dura e frágil na zona termicamente afetada (ZTA) e no metal de solda que
os torna difíceis soldar com sucesso sem trincas frio. Para assegurar a mínima
tensão residual após a solda, é necessário realizar um pré-aquecimento e um
tratamento térmico posterior. As temperaturas de pré-aquecimento ficam em torno
de 200-320°C e esta temperatura deve ser mantida durante a soldagem. A
temperatura máxima para interpasse não deve exceder a 350°C devido ao risco de
fragilização que pode ocorrer entre 370-450°C. Mantendo-se a temperatura entre
150-200°C imediatamente após a soldagem evita-se a concentração de tensão na
soldagem facilitando a difusão do hidrogênio para fora da solda. O tratamento
térmico posterior deve ser realizado imediatamente depois que a solda atingir pelo
menos a temperatura de 150°C e para o alívio de tensões em 580-600°C e para o
recozimento pleno 840-900°C; em ambos os casos seguido de um resfriamento ao
ar a partir de 590°C.
Na recuperação por soldagem das pás, nas regiões com desgaste
ocasionado pelo fenômeno de cavitação ou pela presença de trincas, tais
tratamentos são de difícil realização no local [2].
A diferença entre os valores da tensão de escoamento e dureza entre o metal
de solda e o metal base pode gerar alterações no campo de tensões e de
deformação na ponta da trinca, se comparado com o caso de um material
homogêneo. Tal diferença entre as propriedades mecânicas do metal base e do
metal de solda pode causar uma elevação nas tensões ou deformações nas regiões
13
de menor tenacidade e diminuir a resistência à fadiga da junta soldada havendo a
fratura catastrófica dos rotores das turbinas [3].
O desenvolvimento de processos de soldagem sem tratamento térmico
posterior adequado é de extrema importância, visando à obtenção de valores de
tenacidade o mais próximo dos valores obtidos quando do tratamento térmico pós-
soldagem.
14
1.1. OBJETIVO GERAL
Desenvolver procedimentos que auxiliem no reparo de turbinas hidráulicas
que evitem os tratamentos térmicos pós-soldagem.
1.2. OBJETIVO ESPECÍFICO
Avaliar as propriedades mecânicas de tenacidade e microdureza do metal
depositado 410NiMo controlando as temperaturas de interpasse de 80, 150 e 400 ºC
no aço inoxidável martensítico macio ASTM A 743 CA6NM.
15
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. TURBINAS HIDRÁULICAS
As centrais hidrelétricas utilizam turbinas hidráulicas para gerar a eletricidade.
A energia da queda da água é convertida em energia mecânica útil enquanto flui
através da turbina. A rotação da turbina no eixo do rotor do gerador elétrico converte
a energia mecânica na energia elétrica, que é fornecida então aos consumidores. O
princípio e as características de funcionamento das turbinas são determinadas pela
forma e pelo arranjo da passagem do fluxo. A entrada do fluxo, a turbina, e o
mecanismo de descarga do fluxo são os três elementos principais na operação de
turbinas hidráulicas.
As turbinas hidráulicas podem ser divididas em dois tipos principais; turbinas
de reação e turbinas de impulso. As turbinas de reação são do tipo turbinas de
pressão que usam a diferença da pressão entre ambos os lados das lâminas da
turbina, e as turbinas de impulso usam os jatos de água de alta velocidade dirigidos
para as conchas encontradas no perímetro da turbina. As turbinas de reação
encontram-se geralmente submersas na água, enquanto que as turbinas de impulso
giram no ar. As turbinas de reação podem utilizar a energia da pressão da água que
corre através da turbina assim como sua energia cinética, as turbinas de impulso
podem somente utilizar a energia cinética [4].
2.2. DANOS OBSERVADOS NAS TURBINAS HIDRÁULICAS
Turbinas hidráulicas podem apresentar diversos problemas, porém, dois deles
são mais comuns e considerados críticos. Devido ao seu modo de funcionamento,
as turbinas hidráulicas estão sujeitas à erosão por cavitação e ao trincamento em
regiões de alta concentração de tensões. Tanto a cavitação quanto as trincas que
ocorrem nas turbinas devem ser reparadas, para evitar uma falha que poderia
danificá-las ou mesmo inutilizá-las.
o aparecimento de trincas em regiões da turbina onde há concentração de tensões.
16
2.2.1. DANOS PROVOCADOS PELA CAVITAÇÃO
Os danos cavitacionais são uma forma de degradação mecânica resultado da
exposição de um material à cavitação. Este dano pode incluir a perda de material, a
deformação da superfície, mudanças nas propriedades, e mudanças na aparência.
A cavitação é um dos problemas mais graves em uma turbina hidráulica
quando sujeita a exposição contínua à cavitação, resultando na perda progressiva
de material da superfície.
Quando uma turbina hidráulica é operada sob circunstâncias severas de cavitação,
as superfícies erodem-se rapidamente nos lugares onde as bolhas de gás colidem.
Trincas por fadiga podem aparecer em áreas microscopicamente pequenas
causadas pelo carregamento devido à sucessiva erosão do aço. Os esforços de
fadiga geram uma rede de trincas e estas pequenas partículas eventualmente unem-
se, aparecendo na superfície do metal na forma semelhante à de uma esponja ou
pits (Figura 2.1).
Em componentes simétricos como as turbinas, o padrão de dano pode repetir-
se em posições idênticas. As superfícies afetadas podem ser pontuais ou extensas,
dependendo da área afetada pela cavitação. A extensão do dano pode variar de
tamanho e é relativa, tanto pode aparecer em um curto período de tempo ou após
muitos anos de serviço.
Para reparar o dano da erosão causado pela cavitação nas turbinas, exigem-
se reparos freqüentes em intervalos regulares, utilizando-se o processo de
soldagem.
Figura 2.1. Área afetada por cavitação.
17
2.2.2. DANOS PROVOCADOS POR TRINCAS
As trincas normalmente aparecem nas regiões de engastamento das pás com
a coroa da turbina, podendo atingir vários centímetros, conforme mostrado na figura
2.2. Elas são extremamente perigosas, pois podem crescer de forma instável,
comprometendo a utilização do equipamento. Devem, portanto, ser reparadas assim
que identificadas para evitar falhas catastróficas que inviabilizem o funcionamento do
equipamento.
Figura 2.2.Trinca em turbina tipo Pelton.
2.3. MATERIAIS UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO
Os materiais comumente utilizados na fabricação de componentes são os
seguintes:
Aço ao carbono fundido pode ser usado para as turbinas, comportas, palhetas
reguladoras, os anéis de descarga e os anéis de fixação nas áreas de baixa
cavitação.
Aço inoxidável martensitico fundido é geralmente usado para fabricação de
turbinas e as palhetas reguladoras. Este material tem uma resistência à cavitação
que é comparável ao do aço inoxidável 304.
Aços inoxidáveis austeníticos são usados igualmente para a fabricação das
turbinas e as palhetas reguladoras. As peças fundidas podem ser facilmente
soldadas no local e possuem uma boa resistência a corrosão. Os aços
austeníticos podem custar mais que os martensíticos devido ao elevado teor de
níquel presente em sua composição.
18
Camadas de aço inoxidável austenítico 308 ou 309 (geralmente 3 milímetros de
espessura) depositados sobre o aço ao carbono nas áreas em que há elevado
dano provocado pela cavitação, podem fornecer resistência à cavitação
equivalente ao aço inoxidável fundido.
A seleção de materiais que resistam ao dano cavitacional exige
essencialmente que os mesmos possuam uma dureza elevada, ductilidade
adequada e boas propriedades de fadiga.
Os aços carbono podem ser revestidos com aços inoxidáveis e ter elevada a
sua resistência à cavitação e corrosão. Aços martensíticos endurecidos por
precipitação e os auteniticos oferecem a melhor combinação de propriedades. As
ligas de níquel tais como Monel e as ligas a base de cobalto tais como Stellite têm
uma excelente resistência à corrosão e a cavitação.
2.4. PROCEDIMENTOS DE REPARO
O reparo de danos causados pela erosão da cavitação é uma parte essencial
de um programa de manutenção de uma hidrelétrica . Se a inspeção e os reparos
necessários não são realizados em tempo oportuno, a taxa de dano cresce
rapidamente deteriorando a superfície do metal, tendo por resultado reparos mais
demorados e mais caros. Todas as peças que compõem a turbina devem ser
inspecionadas e uma decisão deve ser tomada a respeito da profundidade e
extensão da erosão por cavitação antes que os reparos sejam realizados. A
preparação de áreas danificadas é feita geralmente a pelo menos 3 mm de
profundidade, a máxima profundidade permitida para uma erosão por cavitação é de
10 mm que pode ser reparada com dois passes de solda [5]. Os reparos extensivos
nas lâminas da turbina podem causar distorção e acumulo de tensão, tendo como
resultado o aparecimento de trincas em áreas de elevado esforço. Se os reparos não
são realizados corretamente, danos induzidos pela cavitação podem ocorrer, e
possivelmente conduzir a uma redução na eficiência da turbina. A inspeção pode
identificar a causa do dano provocado pela cavitação e as etapas apropriadas
devem ser tomadas para abrandá-lo. Cada reparo deve ser avaliado de forma
individual e deve ser levado em conta fatores tais como da mão de obra, materiais,
secagem da unidade para obter o acesso à turbina, o rendimento perdido durante a
19
indisponibilidade e o período de tempo entre os reparos. Se uma decisão é tomada
para a realização dos reparos é necessário determinar a extensão destes.
Dependendo da extensão, vários métodos para reparo estão disponíveis e
incluem:
O uso de metal de solda para encher a área danificada. Este é geralmente o
método mais comum e o mais bem sucedido de reparo; entretanto, os reparos
repetidos que acumulam tensões residuais na turbina devem ser evitados.
Restauração da turbina deve ser realizado usando consumíveis de soldagem com
elevada resistência a cavitação.
Soldagem de placas sobre a área danificada. Geralmente, isto é somente
apropriado para as seções que estão sujeitas a um baixo esforço e onde
condições cíclicas mínimas de vibração. Este método não é recomendado para as
turbinas de aço inoxidável a menos que se desejem mudanças no perfil.
Cortar a área danificada e soldar uma nova seção. Este método deve somente
ser usado em estágios muito severos e avançado de dano causado pela
cavitação, como nos casos onde o dano esta localizado nas lâminas da turbina. A
penetração total da solda deve ser exigida, no caso dos aços inoxidáveis
martensíticos procura-se usar o tratamento térmico posterior. A inspeção é
imperativa durante estes reparos e deve ser tomada para evitar a distorção. Este
é o método o mais caro de reparo e nem sempre pode ser possível realiza-lo no
local.
Os reparos na turbina podem não ter sucesso a menos que a intensidade da
cavitação seja reduzida. A modificação do perfil pode ser um método pratico de
resolver problemas causados pela cavitação como uma alternativa a substituição da
turbina.
As modificações devem ser feitas com cuidado usando moldes para a verificação
dimensional porque toda mudança de perfil altera a característica de funcionamento
da turbina
As modificações podem incluir o seguinte:
Remodelação de arrasto da borda;
Modificação do perfil;
Provisão de aletas anti-cavitação.
20
2.5. PREPARAÇÃO DA SUPERFÍCIE
A preparação adequada da área danificada antes da soldagem é essencial a
fim de evitar a repetição futura deste reparo. A preparação de superfície deve ser
uniforme e estender-se até 13 milímetros além da região danificada. A área
preparada deve ser inspecionada visualmente a procura de defeitos, caso
necessário utilizar o ensaio de partículas magnéticas ou líquidos penetrantes.
2.6. AÇO ASTM A 743 – CA6NM
O aço CA-6NM foi desenvolvido na Suíça nos anos sessenta e continua
sendo aprimorado, para atender novas exigências nas propriedades mecânicas, ou
seja, aumentar a vida útil das peças em meios agressivos [6].
Este aço fundido é uma substituição para muitas aplicações da liga CA-15
(AISI 410). Ambas as ligas caracterizam-se por apresentarem uma estrutura
martensítica. Contudo, o CA-6NM apresenta propriedades de resistência à erosão
por cavitação, resistência à corrosão sob tensão em meios ácidos, soldabilidade
superior o que facilita os reparos em peças, reduzindo assim o custo final [3].
Os aços inoxidáveis fundidos são classificados pelo Alloy Casting Institute
(ACI) de acordo com sua utilização e composição química [7].
A primeira letra da denominação do aço CA-6NM refere-se a sua resistência
em meios corrosivos (C). A segunda letra indica nominalmente os teores de cromo e
níquel. Com o correspondente aumento do teor de níquel, a designação é alterada
de A a Z. Os números que seguem as duas primeiras letras indicam o teor máximo
de carbono (% x 100). Por último, as letras subseqüentes, correspondem à primeira
letra dos elementos de liga presentes no material, neste caso, níquel (N) e
molibdênio (M).
Segundo a norma ASTM A 743-93 [7], o aço CA6NM é um aço resistente à
corrosão com 13% de cromo, ligado ao níquel e molibdênio e contendo no máximo
0,06% de carbono. A Tabela 2.1 mostra as faixas permissíveis de composição
química para o aço CA-6NM de acordo com a norma ASTM A 743-98ª[7], enquanto
a Tabela 2.2 apresenta algumas propriedades físicas e mecânicas típicas deste aço,
o qual tem condutividade térmica cerca de 45% do aço carbono, coeficiente linear de
21
expansão térmica ligeiramente menor e resistividade elétrica em torno de cinco
vezes maior.
Tabela 2.1. Composição Química nominal segundo a norma ASTM A743-743M [7]
C
máx
Mn
máx
Si
máx
S
máx
P
máx
Ni Cr Mo
0,06 1,00 1,00 0,03 0,04 3,50 – 4,50 11,50 – 14,00 0,04 – 1,00
Tabela 2.2: Propriedades Propriedades Físicas e Mecânicas típicas do aço fundido CA-6NM
[8]
A dificuldade associada à fundição de turbinas hidráulicas em uma peça única
levou ao desenvolvimento de peças soldadas, como é o caso das pás que são
soldadas no rotor.
Os metais de adição utilizados na soldagem apresentam composição química
similar ao do material base, sendo que o procedimento de soldagem prevê um
preaquecimento a 150ºC da estrutura e temperatura interpasse de 180 ºC para
minimizar os problemas gerados pela solubilização de hidrogênio.
22
Um tratamento térmico pós-soldagem, TTPS, de revenimento é realizado com
temperaturas na faixa de 600 °C. Este tratamento térmico apresenta sérias
complicações quando aplicado na reparação da peça em campo quer seja após o
reparo por soldagem de áreas erodidas por cavitação, ou devido à formação de
trincas.
A peça não pode ser retirada para ser realizado tratamento térmico por horas
a 600°C, porém o pré-aquecimento a 150 °C pode ser realizado [9].
Destaca-se ainda a dificuldade de remoção de grandes componentes exigindo
procedimentos de soldagem adequados a fim de minimizar a introdução de tensões
residuais sobre estes.
2.7. METALURGIA DA SOLDAGEM DE AÇOS INOXIDÁVEIS MARTENSÍTICOS
MACIOS CA6NM
O aço CA-6NM é uma liga Fe-Cr-Ni-Mo com baixo teor de carbono, o que
ocasiona um estreitamento do campo austenítico, fazendo com que a ferrita delta,
que é prejudicial às propriedades mecânicas, seja estável em temperaturas mais
baixas. Esta estabilidade favorece uma maior fração de ferrita delta fique retida na
matriz martensita após têmpera [10]. O baixo teor de carbono aumenta a
soldabilidade e reduz a possibilidade de trincas.
A presença de Ni compensa o efeito do baixo teor de carbono, fazendo o
campo austenítico expandir novamente, melhorando substancialmente as
propriedades mecânicas e a resistência ao impacto [11].
As equações abaixo como sugeridas por Folkhard [23], para aços inoxidáveis
martensíticos macios, permitem estimar as temperaturas de início e final da
transformação martensítica Ms e Mf, em função dos elementos de liga Ni, Cr, C e
Mn.
(1) Ms = 492 – 12 x %C - 65,5x %Mn - 10x %C r- 29x %Ni
(2) Ms - Mf = 150 ºC
Nota-se pela equação (1) acima, a expressiva influência do carbono,
manganês e níquel na redução da temperatura Ms. Através da equação 2, pode-se
observar que o intervalo de temperatura inicial e final da transformação martensítica
é constante e igual a 150 ºC [12].
23
O molibdênio na liga aumenta o passivação, melhora a resistência em ácido
sulfúrico, sulfuroso, fosfórico e clorídrico [13]. Porém, é ferritizante e deve ser
compensado com a adição de elementos de liga austenitizantes para impedir a
estabilização da ferrita delta [14].
Esforços têm sido feitos para reduzir a quantidade de níquel e substituí-lo por
outros estabilizadores da austenita, como por exemplo, o nitrogênio que é mais
austenitizante do que o níquel e não diminui tanto as temperaturas Ms e Mf [13].
A figura 2.3 mostra a variação do diagrama de fases de uma liga Fe-Cr em
função do teor de carbono presente na mesma. À medida que o teor de carbono
cresce, o campo austenítico é expandido, permitindo um aumento no teor de cromo
(ferritizante) até um valor tal, que possa ocorrer a austenitização completa e
posteriormente a têmpera. A figura 2.3b mostra que para um teor de carbono de
0,1%, o cromo não pode exceder a 13% para que ocorra a austenitização e em
seguida a têmpera com a formação de martensita.
24
Figura 2.3. Diagramas de equilíbrio pseudo-binário Fe-Cr para diferentes percentuais de
carbono: [15] (a) 0,05%C (b) 0,1%C (c) 0,2%C (d) 0,4%C. Neste diagrama kc, k1 e k2 são
os carbonetos (Cr,Fe)3C, (Cr,Fe)23C6, e (Cr,Fe)7C3, respectivamente.
25
O efeito combinado de cromo e níquel na temperatura de transformação γ→α
em um sistema com razão entre Cr/Ni de 3:1, é observado na Figura 2.4.
Figura 2.4. Diagrama de fases ferro-cromo-níquel, para razão cromo/níquel igual a 3:1 [16].
Os aços inoxidáveis martensíticos macios solidificam a partir de cristais de
ferrita δ. A transformação de ferrita δ em austenita γ tem início próximo a 1300 ºC e
se completa por volta de 1200 ºC.
Devido às altas taxas de resfriamento que ocorrem durante as operações de
soldagem, pequenas quantidades de ferrita δ são super-resfriadas durante a
transformação de ferrita δ em austenita γ .
De forma similar, a transformação austenita γ em martensita leva a
microestrutura a apresentar pequena quantidade de austenita retida, entre 1 a 20%,
devido às taxas de resfriamento durante o processo de soldagem e a baixa
temperatura de transformação martensítica (Ms) (efeito da adição de níquel à liga),
entre 200 e 250 °C.
26
Portanto, as uniões soldadas de aços inoxidáveis martensíticos macios do
tipo CA6NM, na condição como soldada, apresentam estrutura martensítica macia
com pequenas quantidades de austenita retida e ferrita δ [9].
Comparativamente ao aço carbono, onde a ferrita delta é estável entre 1534 e
1390 ºC, aproximadamente [17], verifica-se que para a liga 13%Cr/4%Ni, o balanço
desta composição é tal que o efeito do cromo em abaixar o campo de temperatura
da ferrita delta é maior do que o do Ni em aumentá-lo.
Nota-se também, através da Figura 2.3, a estreita faixa de solidificação
(Líquido + Fase δ) de aproximadamente 30 ºC, a qual, como mencionado
anteriormente, propicia menores defeitos provenientes da solidificação. As
temperaturas inicial (Ac3) e final (Ac1) da transformação austenitica ocorrem,
aproximadamente, a 720 e 630 ºC, respectivamente. Este abaixamento da
temperatura Ac1, em relação aos aços de baixo carbono, se deve à influência mais
significativa do Ni em abaixar Ac1 do que a do Cr em aumentá-lo, como observado
na figura 2.5 [18].
Figura 2.5. Variação das temperaturas do eutetóide em função da concentração em peso
dos elementos de liga Ti, Mo, Si, W, Cr, Mn, Ni [18].
27
O decréscimo contínuo da temperatura em condições de equilíbrio, a partir do
campo austenítico até a temperatura ambiente, resultará na formação de fase alfa.
Contudo, para se atingir as condições de equilíbrio, como pode ser observado pelo
diagrama TRC (transformação no resfriamento contínuo) da figura 2.6 [19], a
velocidade de resfriamento deve ser extremamente lenta, sendo que mesmo num
resfriamento de aproximadamente 26 horas, não há formação de outro
microconstituinte (ferrita, perlita, bainita), além de martensita.
Figura 2.6. Diagrama TRC de um aço CA6NM, mostrando sua alta temperabilidade [19].
A alta temperabilidade destes aços deve-se principalmente à presença de
níquel e cromo e permite que peças de grandes secções, de até 1,0 metro de
diâmetro, formem martensita em seu núcleo com resfriamento ao ar [19].
É importante ressaltar que a limitação do diagrama de equilíbrio
pseudobinário no uso direto para o aço CA6NM decorre de dois fatores. O primeiro
deve-se à exclusão de elementos como (C, Mo, P, S, Cu, N) do diagrama. Neste
28
caso, outras fases poderiam ser formadas, mesmo em pequenas porcentagens, e
exercer influências significativas nas propriedades mecânicas. Além disto, as
principais microestruturas após resfriamento do aço CA6NM também não são
observadas no diagrama de equilíbrio. Um exemplo claro é a martensita, que como
outras fases, como o M
23
C
6
, M
7
C
3
e M
2
C, podem ser previstas em diagrama de
transformações que inclua o tempo como variável, como os diagramas isotérmicos e
os de transformação em resfriamento contínuo. O segundo resulta das variações das
temperaturas de transformações de fases que também são afetadas pela presença
de outros elementos de liga. Esta influência, nos aços CA6NM, pode ser observada
tanto pela variação dos limites da faixa de temperatura onde a ferrita delta é estável,
quanto pela variação de Ac1 de Ac3. Quanto à primeira variação, verifica-se que a
adição de elementos de liga como o cromo, o silício e o molibdênio, faz com que
diminuam os limites da faixa de temperatura onde a ferrita delta é estável, ao passo
que elementos de liga como o Ni e Mn fazem com que estes aumentem. O balanço
destes elementos, nos aços CA6NM, é tal que, em condição de equilíbrio, o início e
término da transformação da ferrita δ austenita, se situe em aproximadamente
1300 e 1200 ºC, respectivamente [16]. A queda do campo da ferrita delta para
temperaturas mais baixas, e, sobretudo, devido à cinética de transformação
(principalmente dos elementos alfagênicos), propicia que maiores teores de ferrita
delta não se transformem em austenita e permaneçam retidas após resfriamento à
temperatura ambiente.
Quanto à variação de Ac1, o efeito de diversos elementos de liga pode ser
observado na figura 2.5 [16]. Além da composição química, estas variações também
são sentidas pela velocidade de aquecimento ou resfriamento à qual é submetida a
liga. Dong-Seok Lêem et al [20] em seu trabalho com aços inox martensíticos
verificaram grandes variações nas temperaturas Ac1 e Ac3 com a variação das
taxas de aquecimento até 10ºC/s, tornando-se quase constantes para taxas
superiores, figura 2.7 [20].
29
Figura 2.7. Variação das temperaturas de transformação Ac1, Ac3 e Ms [20].
Estas variações de temperatura de transformação, para o aço CA6NM,
podem atingir cerca de 100 ºC. As temperaturas Ac1 e Ac3 podem variar desde 630
e 720 ºC (figura 2.7) até 500 [13] e 820 ºC [19], respectivamente.
2.8. TRATAMENTO RMICO
O tratamento térmico aplicado na fabricação do aço CA-6NM é realizado da
seguinte maneira: primeiramente, aquecer até no mínimo a temperatura de 1010
°C[7], de forma a garantir uma maior resistência mecânica devido à dissolução de
carbonetos em temperaturas mais altas, eliminando uma microestrutura mais
grosseira, proveniente de um maior tamanho de grão [21]. Feito isto, resfriar ao ar
até 95 °C(Mf) [21] ou abaixo antes de qualquer revenimento intermediário opcional e
antes do revenimento final, o qual deve ser feito entre 565 °C e 620 °C[7],
temperaturas em torno da Ac1(580 °C) [21]. Este revenimento é justificado pelo fato
destes aços, apesar de possuírem um baixo teor de carbono, possuírem baixa
tenacidade na condição temperada (inferior a 35J na temperatura ambiente) [22]
[25]. Quando realizado nesta faixa de temperatura, garante a melhor tenacidade
mediante a formação de até 30% de austenita estável e finamente dispersa, a qual
durante o resfriamento não se transforma em martensita [21] [25].
Temperaturas de revenimento maiores provocam o surgimento de uma
austenita instável, que por sua vez transforma-se em martensita no resfriamento,
30
elevando os limites de resistência e de escoamento e piorando a tenacidade. A
Figura 2.8 ilustra esta relação, para o aço CA-6NM, entre o teor de austenita e as
propriedades mecânicas de limite de resistência (σr), escoamento (σe
0,2
) e
tenacidade ao impacto (E
abs
.) em função da temperatura de revenimento aplicada.
Figura 2.8. Influência da temperatura de revenimento na tensão de escoamento (σ
0,2
),
tensão máxima (σTS) e energia de impacto (EI) do aço martensítico macio com
12Cr/6Ni/1,5Mo/0,04C [23].
31
2.9. SOLDABILIDADE DO AÇO CA6NM
Considerando as aplicações de reparo de turbinas hidráulicas, há grande
interesse em desenvolver procedimentos de soldagem que evitem os tratamentos
térmicos pós-soldagem (TTPS), devido à dificuldade de sua execução em
equipamentos de porte. Os trabalhos de HENKE et al [25] e PEREIRA [24] merecem
destaque, por avaliar a técnica de soldagem sem tratamentos térmicos pós-
soldagem (TTPS).
HENKE et al [25] trabalhando com a técnica de HIGUCHI [26], verificou que o
aço CA6NM apresenta dificuldade para que se sirva da técnica da meia-camada, em
virtude da estreita faixa da zona revenida. Em função deste resultado, aplicou uma
seqüência de três passes TIG como uma alternativa para o passe de revenido, com
aportes de calor decrescentes, conseguindo uma redução da dureza da ZTA em
aproximadamente 30HV. Acarretando em uma melhor tenacidade junto à ZTA.
Através do ensaio Charpy sobre a linha de fusão HENKE [25], verificou que a
fratura ocorreu na zona fundida, na região amanteigada com eletrodo AWS E309L, e
não na ZAC. O valor obtido da tenacidade era muito inferior ao valor correspondente
deste consumível, justificado pela presença inclusões tipo óxidos alinhadas junto à
linha de fusão.
Trabalhando no desenvolvimento de procedimentos de soldagem de aços
inoxidáveis martensíticos sem tratamentos térmicos pós-soldagem (TTPS) PEREIRA
[24], utilizando a soldagem MIG Pulsado e arames sólido ER410NiMo e tubular
E410NiMoT2 similares aos metais de base os aços AISI 410 e CA6NM. Aplicando
também o teste de HIGUCHI [26], para o aço AISI 410, comprovou que a faixa de
revenido atingiu cerca de 50% da largura da ZAC, possibilitando desta maneira a
aplicação da técnica da dupla camada, atingindo valores de tenacidade
considerados satisfatórios.
Quanto ao aço CA6NM, PEREIRA [24], observou que a tenacidade deste
material base é fortemente afetada pelo teor de carbono do aço. Cita variações de
tenacidade Charpy de 63J para um teor de 0,035%C, e tenacidade de 130J para
teor de 0,021%C. Analisando as fraturas obtidas nos testes para medir a tenacidade
através de ensaio Charpy junto à linha de fusão, empregando um metal de adição
similar percebeu que a fratura se propagava através do metal de solda, resultado
similar ao obtido por HENKE [25]. Os arames tubulares em relação aos arames
32
sólidos obtiveram menores valores de tenacidade, devido à maior presença de
inclusões não metálicas no metal de solda. Em função da temperatura de interpasse
utilizada houve uma variação na tenacidade alcançada com os arames sólidos. Com
o uso de temperatura de interpasse inferior a 180°C, obteve 50J no ensaio sem
tecimento e 69J no ensaio com tecimento. Sem o controle da temperatura de
interpasse, a tenacidade caiu para 23J.
A baixa molhabilidade processo de soldagem MIG Pulsado com arames
sólidos dificulta a obtenção de juntas multipasse, devido à formação de defeitos do
tipo falta de fusão no pé do cordão. Com a utilização de arames tubulares obteve-se
cordões com melhor molhabilidade.
Trabalhando com eletrodos revestidos da classe AWS E309 de diferentes
marcas nacionais RODRIGUES et al [27] avaliaram a presença de inclusões e de
ferrita δ no metal de solda, verificaram que os diferentes eletrodos ocasionam
resultados diferenciados. A maioria das inclusões possuía dimensões entre 0,4 a
1,4μm e frações volumétricas entre 0,4 a 1,2%, identificadas como óxidos contendo
Si e Mn.
Algumas recomendações para a soldagem dos aços AIMM foram apontadas
por FOLKHARD [23], tais como:
a) Utilizar arames com teor de C abaixo de 0,04%, aproximadamente
12%Cr e 4 a 6%Ni, visando obter um máximo de 5% ferrita delta;
b) Controlar o conteúdo de Hidrogênio difusível no metal de solda
abaixo de 5ml/100g;
c) Peças de grande espessura devem ser pré-aquecidas acima de
100°C antes da soldagem;
d) Para se obter maior resistência ao trincamento, sugere-se controlar
a temperatura de interpasses entre 100 a 150 °C, visando
transformar o máximo de austenita em martensita, que seria
revenida nos passes subseqüentes;
e) Para requisitos de elevada tenacidade Charpy, recomenda-se
realizar tratamento térmico posterior de revenimento ou mesmo uma
reaustenitização seguida de revenimento;
33
f) Para aplicações com alta taxa de deposição (arco submerso ou
MIG/MAG) ou no reparo de peças fundidas e espessas, é prática
usual a utilização de temperatura de interpasse entre 250-300 °C,
que é superior ao Ms do aço. Neste caso é fundamental resfriar o
material abaixo de 100 °C, para transformar a austenita em
martensita, antes de fazer o revenido.
As propriedades mecânicas do metal de solda conseguidas com arame
ER410NiMo e temperatura de interpasse de 130 °C são mostradas na tabela 2.3
[23]. Nota-se que estas variam em função do processo de soldagem, da condição
final do metal de solda (como soldado ou com TTPS) e do teor de C do metal de
solda. A maior tenacidade foi alcançada com o processo TIG e aplicação de
tratamento térmico posterior (TTPS) a 600°C/2h, com teor de 0,018%C no metal de
solda. A menor tenacidade ocorreu no processo eletrodo revestido, na condição
como soldado, com 0,028%C no metal de solda.
Tabela 2.3. Propriedades mecânicas e teor de C do metal de solda, obtidos com o arame
ER410NiMo com temperatura de interpasse de 130 °C [23]
Propriedades mecânicas
Processo de
soldagem
Condição de
tratamento térmico
σ
E
0,2%
[Mpa]
σ
t
[Mpa]
Along.
[%]
E
absorvida
Charpy [J]
%C no
metal de
solda
MIG/MAG Revenido a
600°C/2h
775 885 18,9 88 0,022
TIG Revenido a
600°C/2h
742 855 21,7 132 0,018
Como soldado 834 1062 12,8 31
Revenido a
600°C/2h
621 879 18,0 58
Eletrodo
Revestido
950°C/1h - resfr. ao
ar + revenido a
600°C/2h
637 825 20,8 68
0,028
34
Utilizando arames tubulares de composição similar ao CA6NM, BILMES et al
[16] avaliaram as propriedades mecânicas do metal de solda. Investigando a origem
da elevada tenacidade quando os cordões são tratados termicamente. Notaram que
a austenita formada durante o revenido é termicamente estável, porém sugerem que
a mesma pode se transformar em martensita devido à deformação plástica sofrida
durante o ensaio Charpy, o que absorve energia, resultando em elevada tenacidade.
A tenacidade obtida depende fortemente da condição final do cordão (como soldado
ou com TTPS). Para temperaturas de interpasse abaixo de 120 °C, com 0,028%C no
metal de solda obtiveram valores de 73J na condição como soldado. Com
tratamento térmico posterior de têmpera a partir de 950°C, seguido de duplo
revenido foram obtidos valores de até 150J.
Utilizando a medição da tenacidade por Integral J, NOVICKI [28], utilizando
um metal de adição E410NiMoT1 – arame tubular analisou a tenacidade do aço
CA6NM no estado temperado e revenido, e na linha de fusão de juntas soldadas
sem tratamentos térmicos pós-soldagem (TTPS). O aço CA6NM no estado
temperado e revenido apresentou uma tenacidade elevada (aproximadamente
340kJ/m
2
), enquanto que na linha de fusão devido à presença de inclusões a fratura
se desviou para o metal de solda provocando valores muito baixos
(aproximadamente 55kJ/m
2
). PUKASIEWICZ [29] desenvolveu trabalho referente ao
comportamento e crescimento de trincas por fadiga da junta soldada do aço
martensítico macio CA6NM. Foi estudada a condição como soldado em corpo de
prova compacto, CT, com a finalidade de disponibilizar dados que possibilitem a
caracterização das diferentes regiões da estrutura soldada, determinando a situação
mais desfavorável para cálculos de projetos de vida residual que utilizem este
material.
Para o estudo do comportamento à propagação de trincas por fadiga da junta
soldada, confeccionaram-se corpos de prova soldados de aço CA6NM por processo
MIG.
Corpos de prova das diferentes regiões da estrutura soldada foram retirados e
ensaiados numa máquina de ensaio universal hidráulica servo-controlada com
amplitude de carga constante, analisando-se posteriormente a superfície da fratura
em MEV.
Os ensaios de velocidade de crescimento de trinca por fadiga determinaram
que as constantes C e m da Lei de Paris do metal base são 1,224.10-8 e 2,63, para
35
a ZTA 7,837.10-11 e 3,82 e para o metal de solda 3,809.10-11 e 3,67,
respectivamente, com
Δ
K medido em MPam e da/dN em mm/ciclo. Os mecanismos
de fratura observados durante o crescimento de trinca por fadiga do metal base
foram intergranular, quasi-clivagem para baixo
Δ
K, estrias de fadiga para valores
intermediários de
Δ
K e estrias de fadiga e coalescimento de alvéolos para valores
elevados de
Δ
K. O mecanismo de fratura nas amostras na ZTA foi por estrias de
fadiga e no metal de solda ocorreu a formação de fratura apresentando planos de
propagação por fadiga e coalescimento de alvéolos.
Trabalhando com os processos de soldagem Eletrodo Revestido e TIG na
procura de obter cordões de solda com durezas próximas a 250HV, para aplicações
em ambientes contendo H
2
S, GOOCH [8], utilizando consumíveis de diferentes
teores de C e de composição similar ao do aço CA6NM, mostrou que a dureza
obtida é afetada pelo tratamento térmico e pelo teor de C. A dureza obtida na
condição como soldado, com pré-aquecimento e interpasse entre 100 a 150 °C,
dependia diretamente do teor de C. Esta relação é mostrada na Figura 2.9, que
indica a dureza máxima obtida para 2 condições de energia de soldagem e
diferentes teores de C.
A dureza de 250HV desejada por GOOCH [8] não foi possível obter mesmo
utilizando-se diferentes tratamentos térmicos, com diferentes ciclos térmicos, sendo
o melhor resultado conseguido uma dureza de 275HV, através do controle da
composição química do metal de solda (principalmente teor de C) combinado com o
uso de tratamentos térmicos com duplo revenido.
36
Figura 2.9. Dureza máxima do metal de solda na condição como soldado em função do teor
de C [8].
PRADO [30] avaliou a influência das variáveis do processo MIG/MAG
Convencional e MIG Pulsado nas propriedades mecânicas de juntas soldadas com
arame sólido ER410NiMo, verificando que misturas gás de proteção contendo
maiores teores CO
2
afetam a presença de inclusões no processo MIG Convencional,
enquanto que na soldagem com MIG Pulsado utilizando-se de misturas Ar-4%CO
2
e
Ar-18%He-1%CO
2
pouco influenciaram na presença de inclusões. Apesar de ter-se
obtido maior tenacidade para a mistura Ar-18%He-1%CO
2
, este comportamento não
é absoluto em relação à mistura Ar-4%CO
2
, havendo neste caso a influência da
microestrutura do metal de solda. Quanto à pulsação, apesar de observadas
diferenças os dados não convergem tendenciosamente. Neste caso, devido a
pequena quantidade de experimentos realizados para obtenção da tenacidade
Charpy.
37
2.10. INTRODUÇÃO A SOLDAGEM POR FUSÃO
Existe um grande número de processos por fusão que podem ser separados
em sub-grupos, por exemplo, de acordo com o tipo de fonte de energia usada para
fundir as peças. Dentre estes, os processos de soldagem a arco (fonte de energia:
arco elétrico) são os de maior importância industrial na atualidade. Devido à
tendência de reação do material fundido com os gases da atmosfera, a maioria dos
processos de soldagem por fusão utiliza algum meio de proteção para minimizar
estas reações.
2.10.1. PROCESSOS DE SOLDAGEM A ARCO
Embora existam numerosos sistemas de soldagem a arco, a sua configuração
geral permanece a mesma. Uma fonte de energia gera um arco entre um elétrodo e
a peça de trabalho, criando uma temperatura que em algumas regiões é superior a
10.000°C. Todos os processos da soldagem de arco usam um sistema de proteção
para proteger o metal de solda derretido do ar.
2.10.1.1. O PROCESSO DE SOLDAGEM TIG (GTAW)
Este processo, usa elétrodos não consumíveis feitos de ligas de tungstênio
por causa de sua elevada temperatura de fusão (~ 3000 °C). O material de
enchimento é fornecido por uma vareta ou por um arame, que derrete enquanto é
alimentado perto da ponta de elétrodo. A poça de solda é protegida por um gás
inerte, tipicamente argônio,hélio ou uma mistura destes, conduzido em torno do
elétrodo. O processo do TIG geralmente gera soldas limpas com alto padrão de
qualidade em todas as posições de soldagem sendo possível também a sua
automatização Um diagrama esquemático do processo TIG e seus componentes é
mostrado na figura 2.10.
38
Figura 2.10. Região do arco na soldagem GTAW [32].
2.10.1.2. AS VARIÁVEIS DO PROCESSO DE SOLDAGEM
As variáveis mais importantes do processo são: composição química do metal
de solda, energia de soldagem, a temperatura de pré-aquecimento, temperatura de
interpasse, e do tratamento térmico dado após a soldagem. O tipo de junta e a
espessura do material são parâmetros igualmente importantes.
Em todo o processo de soldagem, o ciclo térmico da solda é composto de um
rápido aquecimento a uma alta temperatura seguido de um rápido resfriamento. O
aquecimento e a taxa de resfriamento são governados pela quantidade de energia
de soldagem (E), definida como:
1000.
.
.60.
v
VI
E
η
=
Onde I é a corrente em Ampères, V é a tensão aplicada entre o terminal da
fonte de energia e o elétrodo expresso em volts, v é a velocidade de soldagem em m
s1 e η a eficiência térmica. Na maioria dos processos de soldagem a arco
a eficiência está entre 0.6 e 0.99 [37].
39
2.11. TEMPERATURA DE PRÉ-AQUECIMENTO E INTERPASSE
O controle da temperatura de pré-aquecimento e interpasse é similar ao
requerido pelos dos aços estruturais, para evitar a fragilização induzida pelo
hidrogênio. Aços inoxidáveis martensíticos que contenham teores de 0,6 %C (como
o 410NiMo, CA-6NM) requerem um controle especial de pré-aquecimento ou
interpasse para seções finas, no caso de secções acima de 12 mm de espessura
recomenda-se a temperatura de 120
°C.
Em secções mais espessas, a temperatura de pré-aquecimento e interpasse
deve estar acima de Ms para prevenir possíveis trincas durante a fabricação. Após a
soldagem o material deve ser resfriado lentamente até a temperatura ambiente
seguido de um tempo adequado para permitir a difusão do hidrogênio durante o
processo de transformação.
O controle da temperatura pré-aquecimento e interpasse deve ser de tal
forma que evite ou promova a transformação para martensita durante o resfriamento
da solda. Similar aos aços estruturais, recomenda-se precauções com qualquer
umidade na superfície. Para muito dos aços inoxidáveis martensíticos, o nível de
temperatura de pré-aquecimento e interpasse também permitirá a transformação
total para martensita durante o resfriamento da solda, como mostra a situação A na
figura 2.11.
Figura 2.11. Comportamento das transformações durante o resfriamento da solda e
subseqüente tratamento térmico posterior [10].
40
Se o pré-aquecimento e a temperatura de interpasse são mantidos abaixo de
Mf (situação A Figura 2.11) o metal de solda se transformara em martensita durante
o processo de soldagem. Esta martensita será revenida pelos passes subseqüentes.
Se a temperatura de interpasse está entre Ms e Mf (situação B Figura 2.11), alguma
fração de austenita ficará retida na microestrutura e será reaquecida até a
temperatura de revenido, que resulta na formação de uma martensita não revenida.
Soldagem com temperaturas de interpasse acima de Ms (situação C Figura
2.11) impedem a transformação da martensita durante a soldagem e evita
fragilização pelo hidrogênio. Após o resfriamento da solda toda estrutura formada
abaixo de Mf será revenida.
41
3. METODOLOGIA
Este trabalho tem como objetivo avaliar a tenacidade e a dureza do metal de
solda ER 410NiMo depositado pelo processo TIG, controlando as temperaturas de
interpasse de 80 , 150 e 400
°C no aço inoxidável martensítico macio ASTM A 743
CA-6NM.
As propriedades mecânicas foram avaliadas através de ensaio de impacto,
microdureza e microestrutura através de caracterização metalográfica por meio de
microscopia ótica e eletrônica de varredura.
3.1. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL
As propriedades mecânicas estudadas da junta soldada foram: dureza e
tenacidade. A variável considerada como de influencia neste trabalho foi
temperatura de interpasse (Ti), em três níveis, testada para o arame utilizado.
Para determinar o número de juntas a soldar por cada condição do
experimento, necessárias para avaliação do estudo, foi tomada como referência
o número de réplicas necessárias para avaliar cada ensaio.
Para o ensaio de tenacidade a norma AWS D1.1 (2004) no item 4.1.1.3.:
Impact Test Requirements, determina um número de 3 réplicas por condição. A
norma em menção, não faz referência às réplicas necessárias para os ensaios de
dureza, porém, considerou-se que os corpos de prova para estes ensaios
foram retirados das mesmas juntas utilizadas para o outro ensaio. Desta forma,
optando pelo número menor de réplicas que é de 3, e considerando 3 condições
experimentais, totalizam-se 9 juntas soldadas. A
Figura 3.1 ilustra o planejamento
experimental adotado.
42
Figura 3.1. Representação esquemática do planejamento experimental adotado no trabalho.
Objeto de estudo
Propriedades Mecânicas
Tenacidade
Microdureza
AÇO ASTM A 743 – CA6NM
Junta em U
Soldagem
TIG
80 ºC 150 ºC 400 ºC
43
3.2. MATERIAIS
3.2.1. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS
Para a elaboração dos cordões de solda nos corpos de prova utilizou-se os
seguintes equipamentos e consumíveis:
Central de soldagem multiprocesso modelo MTE Digitec 450;
Gás de proteção Argônio vazão 17 l/min;
Eletrodo de Tungstênio 2% Tório 2,4 mm;
Termômetro infravermelho, marca Fluke, modelo 574;
Lápis térmico 100 e 250 ºC.
3.2.2. METAL DE BASE
O material estudado foi o aço inoxidável martensítico fundido ASTM A
743 CA-6NM, fornecido pela empresa Voith, sendo a sua fundição realizada num
forno convencional a arco elétrico, com refino num forno AOD (Argon oxygen
decarburization) e vazado em molde de areia em forma de bloco de tamanho
240x190x30mm. A sua composição química é apresentada na tabela
3.1.
TABELA
3.1
.
Composição
quím
ica
do
Aço
ASTM A 743 CA-6NM fornecido pela Voith
C Mn Si S P Ni Cr Mo
0,024 1,00 1,00 0,03 0,04 3,9 13,7 0,36
3.2.3. METAL DE ADIÇÃO
A seleção da vareta AWS ER410NiMo
2,4mm como metal de adição para
soldagem TIG baseou-se, principalmente, na semelhança de composição
química com o material de base, nas propriedades mecânicas oferecidas no
certificado do fabricante do arame e no diâmetro do mesmo. A sua composição
química é apresentada na tabela
3.2
TABELA
3.2.
Composição Química da vareta AWS ER 410NiMo fornecida pela Sandvik
C Mn Si S P Ni Cr Mo Cu O N
0,017 0,42 0,53 0,001 0,023 4,35 12,09 0,49 0,08 0,002 0,016
44
3.3. SOLDAGEM DAS CHAPAS DE TESTE
A soldagem dos corpos de prova (Figura 3.2) foi realizada manualmente por
um soldador qualificado. Conforme descrito a seguir, para posicionamento dos
corpos de prova foi construído um dispositivo de fixação mostrado na Figura 3.3, o
qual foi preso a mesa de soldagem .
Foram utilizadas duas temperaturas de pré-aquecimento e três de interpasse
para a realização dos experimentos, como mostra a tabela 3.3 abaixo.
Tabela 3.3. Temperaturas de pré-aquecimento e interpasse utilizadas
Temperatura de pré-aquecimento Temperatura de interpasse
80 °C 80 °C
150 °C
150 °C
400 °C
Com o auxilio de um termômetro infravermelho e lápis térmicos, monitorava-
se o aquecimento do corpo de prova até atingir a temperatura de ensaio. Então se
dava início ao primeiro cordão de solda. Após o término de cada cordão de solda
procedia-se, então à limpeza do corpo de prova com uma escova de aço inox para
eliminar óxidos superficiais e começar o cordão seguinte monitorando-se a
temperatura até que atingisse a de interpasse estabelecida para o ensaio. Então se
dava início o próximo cordão. Durante a soldagem, entre um cordão e outro,
procedia-se a verificação das condições do eletrodo de tungstênio, quando
necessário era feita a sua afiação. Estes procedimentos de limpeza e monitoramento
de temperatura foram feitos até a execução do último cordão.
Como a soldagem foi feita manualmente para determinação da velocidade de
soldagem foi necessário a cronometragem do tempo que o soldador levava para a
execução de cada cordão.
Os parâmetros de soldagem utilizados estão descritos na tabela 3.4 abaixo.
45
Tabela 3.4. Parâmetros de soldagem utilizados segundo as faixas de interpasse utilizadas
Ti (º C) V (V) I (A) v (mm/min) E (KJ/mm) Gás Vazão
80 °C
45,49
3,5
150 °C
15,6
3,1
400 °C
16,2
170
50,93
3,2
Ar 17 l/min
Ti - Temperatura de interpasse,
V- Tensão,
I – Corrente,
v - Velocidade de soldagem,
E - Energia de soldagem,
Gás - Gás de proteção,
Vazão - Vazão do gás.
46
Figura 3.2. Dimensões da junta utilizada em mm
Figura 3.3. Dispositivo para soldagem
47
3.4. ENSAIOS
3.4.1.
ENSAIOS METALOGRÁFICOS
Na retirada dos corpos de prova para análise metalográfica, tomou-se sempre
o cuidado de retirá-los da mesma região para que se obtivesse uma homogeneidade
dos resultados. Para tanto foram feitos ensaios de macrografia, microdureza e
microestrutura, sendo que os mesmos estão descritos a seguir.
3.4.1.1. MACROGRAFIA
Os cortes para a retirada das amostras, para que fosse possível a realização da
análise macrográfica, foram realizados em uma serra tipo “cut-off”.
Após o corte, cada corpo de prova foi preparado metalograficamente, através
de lixamento, com lixas de granulometrias gradativamente menores
(120,220,320,400,600, e 800 mesh) nesta ordem e polimento com alumina 1m. O
ataque após o polimento foi realizado com o reagente Villela, sendo em seguida as
amostras lavadas com álcool e secas, utilizando-se ar quente. As amostras assim
preparadas foram levadas a um estereoscópio, para a análise macrográfica.
3.4.1.2. METALOGRAFIA
Objetivando verificar a estrutura obtida no metal de solda e verificar a influência
da temperatura de interpasse foi realizada a metalografia sendo o corpo de prova
dividido em duas regiões A e B mostrado esquematicamente na Figura 3.4.
Região A destinou-se a ensaio de macrografia e metalografia.
Região B foi utilizada para a confecção dos corpos de prova para o ensaio de
impacto, mostrando o sentido de obtenção dos mesmos e detalhe de localização do
entalhe.
48
Figura 3.4. Esquema do seccionamento dos corpos de prova para macro, e metalografia e
ensaio de tenacidade ao impacto dimensão em mm.
Para a análise metalográfica, as amostras foram lixadas com granulometria
variando de 120 a 800, e polidas com alumina granulação 1
μm. Para revelar as
microestrutura foram empregados os ataques descritos na tabela 3.5.
Estas microestruturas foram analisadas em um microscópio ótico.
Tabela 3.5. Composição e condições de uso dos ataques químicos
Nome Composição Procedimento Especificação
Villela 1 g C
6
H
3
OH(NO
2
)
3
5 ml HCl
100 ml C
2
H
6
OH
Imersão da amostra
por 20 a 30 s.
Revela a martensita
Sulfúrico 20 ml H
2
SO
4
0,01g NH
4
CNS
80 ml H
2
O
Imersão da amostra
e ataque eletrolítico
com 4V por 1 min
Revela Ferrita-δ mas
não a martensita
49
3.4.2.
ENSAIO DE MICRODUREZA
Para medição da microdureza foi utilizada a norma ASTM E384 – 72 [33],
sendo que a mesma especifica os limites de carga entre 1 a 1000 gf. Na medição de
microdureza foi utilizado um microdurômetro TUKON, Modelo MO.
Para uma melhor análise, a região do metal de solda dos corpos de prova foi dividida
em três regiões ( superior centro e inferior ) como mostra a Figura 3.5, sendo
estipulado o lado direito do corpo de prova como ponto inicial (zero) das medições o
metal de base. A partir deste ponto mediu-se a microdureza com o mesmo
espaçamento para todos os corpos de prova. Durante a medição da microdureza foi
utilizada uma carga de 300 gramas, aplicada por 30 segundos. Para que houvesse
uma diminuição dos erros de cada resultado, foram executados três medições
paralelas entre si com espaçamento de 0,25 mm para cada região, obtendo-se três
resultados de microdureza. Após este procedimento, foi calculado a média destes
valores, obtendo-se a média final da microdureza de cada região.
Foi escolhida uma área de cada região e nela efetuada a medição da
microdureza e adotada a seguinte notação
M
édia
MinMax
HV, sendo que:
Max - indica o maior valor de microdureza obtida;
Min - indica o menor valor de microdureza
Média - a média dos valores de microdureza.
E nas regiões onde há refinamento o valor do tamanho de grão “TG” foi
estimado, a fim de verificar o efeito dos ciclos térmicos.
Figura 3.5. Regiões de medição da microdureza
Su
p
erio
r
Centro
Inferio
r
50
3.4.3. ENSAIO DE TENACIDADE AO IMPACTO (CHARPY ENTALHE V)
Para determinar as dimensões e tolerâncias dos corpos de prova para o
ensaio de impacto Charpy, foi utilizada a norma ASTM E-23 (1999)[34].
Primeiramente, o corpo de prova obtido da junta foi cortado com um comprimento de
aproximadamente 75 mm, posteriormente foi usinado nas quatro faces até obter as
dimensões especificadas de 10 x 10 mm representados na Figura 3.4. A localização
do entalhe para o ensaio metal de solda foi determinada por meio de ataque
macrográfico para identificação das zonas, seguindo as recomendações da norma
AWS D1.1 (2004, p. 314)[35]. Depois da localização do entalhe, o corpo de prova foi
cortado com disco para obter sua dimensão final de comprimento de 55 mm. A
Figura 3.4 representa onde foram localizados os entalhes.
As indicações para determinar a temperatura para realizar o ensaio de
impacto Charpy aparecem na norma AWS D1.1 (2004, p. 270)[35]. Estas
indicações descrevem que a
temperatura depende do nível mínimo de operação do
equipamento e são próprias para cada
projeto. No caso deste estudo, optou-se pelo
valor de 20 °C.
51
4.
RESULTADOS
E
DISCUSSÃO
4.1. ANÁLISE METALOGRÁFICA DO METAL DEPOSITADO
A Figura 4.1 apresenta as macrografias dos corpos de prova número 1
segundo as temperaturas de interpasse de 80, 150 e 400
°C utilizadas neste
trabalho
.
80
°C
150
°C
400
°C
Figura 4.1. Macrografias corpos de prova segundo a temperatura de interpasse.
Numa pré-análise constatou-se que para as temperaturas de interpasse de
80 e 150
°C há a formação de linhas em forma de colar que separam as ZTAs e
camadas de solda depositadas. Devido aos ciclos térmicos nota-se ainda uma
heterogeneidade na região de solda pela formação de áreas escuras e claras, que
podem estar associadas ao aspecto final da microestrutura formada.
Para a temperatura de 400
°C há uma homogeneidade na região de solda
não sendo perceptível a formação de linhas que separem os cordões depositados.
52
Não foi constatado nenhum defeito de soldagem como falta de fusão,
inclusões, poros ou trincas durante as fases de soldagem e análise metalográfica.
4.1.1. EFEITO DAS TEMPERATURAS DE INTERPASSE 80 E 150
°C
Através da análise das Figuras 4.2 e 4.3, pode-se verificar a existência de
uma variação microestrutural significativa ao longo da seção transversal dos corpos
de prova devido à soldagem multipasse. A microestrutura é formada por grãos
refinados e grãos grosseiros. Sendo que os grãos grosseiros estão presentes na
região superior aonde estão localizados os últimos cordões, e em alguns pontos da
região de solda, onde não houve a sobreposição do cordões de solda.
Pode-se observar que as microestruturas da região inferior dos corpos de
prova mostram-se mais refinadas e possuem aparentemente o mesmo tamanho,
para as temperaturas de interpasse de 80 e 150
°C.
53
Microdureza
404
382423
HV
Microdureza
352
266423
HV TG
10
μ
m
Microdureza
331
256373
HV TG
5
μ
m
Figura 4.2. Macro e micrografia da zona fundida segundo a temperatura de interpasse de
80
°C.
Superior
Centro
Inferior
54
Microdureza
409
347446
HV
Microdureza
347
324392
HV TG
10
μ
m
Microdureza
381
347423
HV TG
7
μ
m
Figura 4.3. Macro e micrografia da zona fundida segundo a temperatura de interpasse de
150
°C.
Superior
Centro
Inferior
55
Observando a região superior dos corpos de prova de temperatura de
interpasse de 80
°C e 150 °C, onde ficam localizados os últimos cordões de solda,
os grãos possuem uma estrutura mais grosseira com dimensões muito superiores às
encontradas nas outras regiões. Analisando-se esta região em detalhe através da
figura 4.4, observa-se o efeito da sobreposição do último cordão no penúltimo
cordão de solda.
A energia de soldagem de 3,5 KJ/mm utilizada para a deposições dos
cordões promove uma zona de refino de grão que extende-se a uma distância de
aproximadamente 1,5 mm sobre o penúltimo cordão depositado para a temperatura
de interpasse de 80
°C. Para a temperatura de interpasse de 150 °C onde a energia
de soldagem foi de 3,12 KJ/mm esta distância é de 1,7 mm, estas distâncias podem
modificar-se dependendo da geometria do cordão depositado.
Figura 4.4. Efeito da sobreposição do último cordão na soldagem realizadas com temperatura
de interpasse de 80 e 150
°C.
Último passe
Penúltimo passe
Região de refino
Penúltimo passe
Último passe
Região de refino
80 °C
150 °C
56
Pode-se notar que a deposição do último cordão recobre 50% do cordão
anterior para a temperatura de 80
°C, e na temperatura de 150 °C a percentagem de
recobrimento chega a ser menor ainda. Para se obter um melhor resultado, aonde se
obtenha a última camada com estrutura formada por grãos refinados, é necessário
um procedimento de soldagem que preveja um controle mais adequado da
deposição e geometria dos cordões desde o seu início até o seu final.
Nas outras regiões há uma predominância de um maior refinamento da
estrutura martensitica do metal fundido.
Analisando-se a região central do corpo de prova, local de retirada das
amostras para ensaio Charpy, nota-se que existe uma diferença de tamanho entre
os grãos, que pode ser observado na figura 4.5. Para a temperatura de 80
°C
encontra-se grãos refinados com valor estimado de TG
5 μm e para a temperatura
150
°C este refinamento tem um valor estimado de TG
7 μm. Já em relação à
temperatura de 400
°C, apresenta uma estrutura de grãos grosseiros com
dimensões muito superiores as encontradas nas outras temperaturas de interpasse.
Foi observado que, a taxa de resfriamento mais alta provoca um refinamento
maior da microestrutura.
Este refino da microestrutura representa a única possibilidade de aumento
simultâneo de resistência e tenacidade, situação interessante em relação à
proporção inversa normal que ocorre entre essas propriedades mecânicas. Outro
benefício do refino de grão é a redução na temperatura de transição dúctil-frágil.
57
80
°C
TG
5
μ
m
150
°C
TG
7
μ
m
400
°C
Figura 4.5. Tamanho comparativo dos grãos na região do corpo de prova de onde foi retirada
a amostra para ensaio Charpy.
Como o desenvolvimento da soldagem dos corpos de prova foi através da
deposição de cordões em camadas, pode-se associar que as variações de
microestrutura e microdureza observados possam estar associadas ao passe de
revenido.
58
4.1.2. TEMPERATURA DE INTERPASSE 400
°C
No corpo de prova que recebeu o interpasse de 400 °C, mostrado na Figura
4.6, a microestrutura formada é predominantemente de grãos grosseiros, possuindo
aparentemente o mesmo tamanho, não importando a região escolhida para
observação. Na macrografia as linhas na forma de colar entre os sucessívos passes
de solda não são evidentes.
Microdureza
453
423470
HV
Microdureza
451
423497
HV
Microdureza
402
382446
HV
Figura 4.6. Macro e micrografia da zona fundida segundo a temperatura de interpasse de
400
°C.
Superior
Centro
Inferior
59
A estrutura obtida neste caso é uma martensita temperada, formada devido à
utilização de uma temperatura de interpasse e execução da soldagem na região
austenitica acima do Ms do metal de solda.
4.1.3 PASSE TIG
Baseando-se no teste realizado por HIGUCHI e que foi repetido por HENKE e
PEREIRA, foi realizado um teste com a utilização de somente um passe TIG com o
intuito de comprovar que o refino é fruto de um reaquecimento realizado em baixa
temperatura de interpasse. (Figura 4.7)
Figura 4.7. Teste passe TIG.
Utilizando-se para isso de corpos de prova Charpy com dimensões 10x10x55
mm, da temperatura de interpasse de 400
°C, que possui uma estrutura homogênea
formada de martensita não revenida.
Para a realização do experimento foram utilizados dois níveis de energia de
soldagem que foram obtidos variando-se a tensão (V), corrente (I) e velocidade de
soldagem (v) conforme mostrado na Tabela 4.1. A extensão da zona revenida foi
avaliada mediante análise metalográfica e microdureza, efetuadas sobre corpos de
prova seccionados transversalmente sobre os cordões.
Tabela 4.1. Parâmetros adotados para reaquecimento TIG em charpy a 400 °C.
Corpo de prova V (V) I (A) v (mm/min) E (kJ/mm) Gás Vazão Ângulo da tocha
1 14,2 165 150 0,93
2 12 174 300 0,41
Ar 12 l/min
90
60
Em seguida as etapas de preparação metalográfica, cada corpo de prova foi
atacado com o reagente Villela para revelar a microestrutura do material. Nas figuras
4.7 e 4.8 observa-se as macrografias e micrografias obtidas.
Verifica-se que há uma distinção no aspecto das regiões formadas, conforme
o nível de energia utilizado no passe TIG.
Na Figura 4.8 é mostrado o corpo de prova aonde foi imposta a energia de
soldagem de 0,93 KJ/mm, onde pode-se observar a formação de 4 regiões:
Região A: Grãos grosseiros penetração de 2,3 mm; que representa a região que
sofreu refusão
Região B: Grãos refinados, penetração de 2,4 mm;
Região C: Grãos refinados TG
10 μm estimado, extensão de 5,3 mm;
Região D: Grãos refinados TG
5 μm estimado, extensão de aproximadamente 2,3
mm.
NA Figura 4.9 aonde foi imposta a energia de soldagem de 0,41 KJ/mm
observamos também a formação de 4 regiões com extensões diferentes da anterior:
Região A: Grãos grosseiros, penetração de 1,0 mm;
Região B: Grãos parcialmente refinados, penetração de 0,4 mm;
Região C: Grãos refinados TG
4 μm estimado, extensão de 2,0 mm;
Região D: Grãos grosseiros, metal de solda está região não foi modificada durante a
execução do passe TIG.
A figura 4.10 apresenta os perfis de dureza resultantes da aplicação do passe
TIG sobre o metal de solda com dureza
451
423497
HV. Percebe-se nestas figuras uma
queda de dureza com relação à dureza inicial que também foi constatado nos
trabalhos de HENKE, PEREIRA, NOVICKI, PUKASIEWICZ e PRADO.
Comparando com HENKE e PEREIRA, obteve-se os mesmos resultados em
relação ao tamanho da faixa revenida, que é muito estreita comparada com a zona
endurecida. Segundo HENKE, isso se deve à elevada resistência por parte dos aços
inoxidáveis martensíticos macios e a baixa temperatura Ac1 (620
°C) do aço
CA-6NM, a qual impede que temperaturas mais altas proporcionem uma ação mais
efetiva com relação à redução da dureza devido à austenitização parcial acima de
Ac1.
Constatatou-se na região C próximo à linha de fusão um refino na granulação
ao invés do seu crescimento. Segundo PEREIRA, isto deve-se ao fato dos aços
61
inoxidáveis martensíticos macios, apresentarem uma temperatura Ac4 mais baixa
(1200
°C) que a dos aços ferriticos, permitindo que ocorra transformação
δ
α
numa faixa mais larga durante o ciclo de soldagem.
Como estes corpos de prova são resultados de uma soldagem multipasse o
aumento significativo da dureza com uso de energia de 0,93 kJ/mm pode estar
associado ao endurecimento secundário que, segundo PEREIRA, deve-se ao
percentual de Molibdênio que produz uma fina precipitação de carboneto de
molibdênio (Mo
2
C) não sendo detectado por microscopia ótica.
Os resultados mostram que a aplicação de um passe TIG é capaz de
modificar a microestrutura do metal de solda, sendo que a extensão dos grãos
refinados será maior quanto maior for a energia de soldagem empregada, além de
promover uma redução na dureza de aproximadamente 75 HV em uma pequena
região da ZTA.
62
Figura 4.8. Passe TIG energia de soldagem 0,93 KJ/mm.
TG
10
μ
m
TG
10
μ
m
TG
5
μ
m
63
Figura 4.9. Passe TIG energia de soldagem de 0,41 KJ/mm.
TG
4
μ
m
TG
12
μ
m
64
0,93 kJ/mm
310
330
350
370
390
410
00,511,522,533,544,555,566,577,588,599,510
Distância em mm
Microdureza Vickers 0,3 Kg
0,41 kJ/mm
310
330
350
370
390
410
00,511,522,533,544,5
Distância em mm
Microdureza Vickers 0,3 kg
Figura 4.10. Perfil de dureza com diferentes níveis de aporte térmico sobre o corpos de
prova Charpy, da temperatura de interpasse de 400 °C.
Zonas Revenidas
Zonas Revenida
1
2
1
2
Direção medição microdureza
1
1
Direção medição microdureza
65
4.2. FERRITA DELTA
Foi possível a constatação da ferrita δ , mas não a sua quantificação. Sabe-se
que ela tem um efeito na tenacidade do material em estudo, reduzindo-a quanto
maior for sua fração volumétrica.
Durante o aquecimento, há o crescimento incompleto da fase ferrita-δ, que é
nucleada a partir dos contornos de grão da austenita prévia e ocorre
intergranularmente na faixa de temperatura Ac4-Ac5. O mecanismo da formação da
ferrita é através da difusão. Conseqüentemente, na região parcialmente ferritica, a
extensão da dissolução da ferrita-δ é determinada pela quantidade de cromo e de
molibdênio e da taxa de arrefecimento. Taxas de arrefecimento rápidas conduzem à
retenção da ferrita, taxas de arrefecimento lentas permitem a dissolução
intragranular da ferrita-δ [31].
Para as temperaturas de 80 e 150
°C elas concentram-se na ZTA do cordão
de solda quando este é depositado como visto nas figuras 4.11 e 4.12.
Na temperatura de 400
°C a ferrita delta remanescente na região da solda,
aparece dispersa na matriz (figura 4.13).
66
Figura 4.11. Localização da ferrita delta para a temperatura de interpasse de 80 °C.
ferrita δ
67
Figura 4.12. Localização da ferrita delta para a temperatura de interpasse de 150 °C.
ferrita δ
68
Figura 4.13. Localização da ferrita delta para a temperatura de interpasse de 400 °C.
ferrita δ
69
4.3. ENSAIOS MECÂNICOS
4.3.1. MICRODUREZA
Os resultados obtidos da microdureza mostrados na figura 4.14 revelaram
que, embora tenham ocorrido variações nos valores de microdureza, estes estão
dentro da faixa da martensita para este aço segundo o teor de carbono. Foi
constatada, através da distribuição das microdurezas e análise visual com o
miscrocópio ótico, a ocorrência de regiões bem definidas durante as medições
(metal de solda, zona termicamente afetada e metal de base).
Pode-se observar no corpo de prova de interpasse de 80
°C que existe uma
variação na microdureza entre as regiões do metal de solda estudadas. Na superior
encontram-se os maiores valores que variam de
356
311394
HV enquanto que na inferior
encontram-se os menores valores que variam de
330
311356
HV.
No corpo de prova de interpasse de 150
°C encontram-se variações similares
de microdureza do metal de solda, na região superior os valores de microdureza
variam de
370
356384
HV, e na região inferior
325
291340
HV.
Já os valores encontrados de microdureza na região do metal de base e ZTA
são maiores e mais próximos quando se utiliza uma temperatura de interpasse de
400
°C, que fica na fase austenítica acima do Ms. Conforme mostrado na figura
4.14, a microdureza mantem-se com valores altos nas três regiões.
70
Figura 4.14. Microdurezas para diferentes temperaturas de interpasse nas três regiões dos
corpos de prova.
71
Analisando-se a média das microdurezas no metal de solda, ZTA e metal de
base, verifica-se que não mostram uma variação significativa, mas são nitidamente
inferiores à temperatura de interpasse de 400
°C, como pode ser observado na
Figura 4.15.
Figura 4.15. Microdureza média das temperaturas de interpasse
Para as temperaturas de interpasse de 80 e 150
°C verifica-se que há
influencia dos vários ciclos térmicos dos passes subseqüentes, nos valores de
microdureza associada à interface entre os passes anteriores. Nos passes
superiores aonde o efeito do ciclo térmico não esta associado obtemos os maiores
valores de microdureza. À medida que os cordões de solda são afetados por um ou
mais ciclos térmicos os valores de microdureza diminuem.
O valor elevado da microdureza para a temperatura de interpasse de 400
°C,
deve-se a soldagem na fase austenitica que fica acima de Ms, e após o resfriamento
da solda abaixo de Mf, transformou-se em uma estrutura martensitica temperada.
72
4.3.2. TENACIDADE AO IMPACTO (CHARPY ENTALHE V)
Os
resultados
dos
ensaios
de
tenacidade
ao
impacto
Charpy
com
entalhe
em
V, realizados
nos
corpos
de
prova
do
metal de solda depositado 410NiMo
de
acordo
com
os
procedimentos estabelecidos
pelas
normas
ASTM
A
781-00
e
ASTM
A
370-03a
são
apresentados na
Tabela
4.2
.
A localização da região de onde foi retirado o corpo de prova para ensaio
Charpy pode ser visto na Figura 3.4, ou seja, os corpos de prova não foram
retirados da região de menor dureza.
Tabela
4.2
.
Valores
obtidos
através
dos
ensaios
de
tenacidade
ao
impacto
(Charpy
V)
dos
corpos
de
prova
do
metal
de
solda
410NiMo
Tenacidade ao impacto (J)
Amostras
Temperatura
de pré-
aquecimento
(°C)
Temperatur
a de
interpasse
(°C)
Corpos
de Prova
Temperatura
de ensaio
(°C)
1 2 3
Média
1 162 159 142 154
80 °C 80 °C
2 160 199 170 176
1 139 103 140 127
150 °C
2 134 72,5 122 128
150 °C
400 °C
1
17
27,9 23,5 29,3 27
Para efetuar a comparação de tenacidade com outros trabalhos, foi
determinado a composição química do metal de solda, que são apresentados na
Tabela 4.3.
Tabela 4.3. Composição química metal de solda.
Composição Química %
Temperatura de interpasse
C Ni Cr Mo Ti
80 °C
4,4 13,7 0,50 0,01
150 °C
0,021
4,6 13,5 0,54 0,01
A Figura 4.16 mostram macrografia e fotos tiradas através de um microscópio
eletrônico de varredura (MEV) da superfície fraturada dos corpo de prova Charpy
das temperatura de interpasse 80, 150 e 400
°C.
73
80
°C
150
°C
400 °C
Figura 4.16. Macrografia e MEV da superfície de fratura das peças do ensaio Charpy para
as temperaturas de interpasse de 80, 150 e 400 °C.
74
Observou-se que o micromecanismo de fratura predominante foi do tipo
alveolar ou dimples para as temperaturas de interpasse de 80 e 150
°C,
evidenciando o caráter dútil da fratura.
O micromecanismo de fratura por clivagem representa o comportamento frágil
da fratura, o qual denota a baixa energia de impacto que absorve o corpo de prova
de temperatura de interpasse de 400
°C durante o ensaio. A morfologia da superfície
de fratura é caracterizada por facetas planas e por padrões de rios que indicam os
locais de nucleação e propagação da trinca.
Apesar da dispersão dos resultados, os corpos de prova com temperaturas de
interpasse de 80 e 150
°C apresentaram micromecanismos de fratura diferentes em
relação a de 400
°C e são bem característicos, comprovando a existência de
diferenças de tenacidade.
Na análise feita através do MEV, nota-se que, as inclusões presentes no
fundo dos alvéolos são muito pequenas se comparado aos obtidos por HENKE [25],
que usou eletrodo revestido, e PEREIRA e PRADO, que utilizaram arame sólido. Isto
indica que há influencia do processo de soldagem utilizado na formação e dimensão
das inclusões. Neste caso, o processo TIG teria favorecido a ocorrência de menores
inclusões em comparação aos processos de soldagem com eletrodo revestido,
MIG/MAG com eletrodo tubular e MIG/MAG com eletrodo sólido.
Podemos observar na Figura 4.17 os gráficos de tenacidade obtidos.
Observa-se
um
aumento nos
valores
obtidos
no
ensaio
de
tenacidade
ao
impacto
Charpy
com
entalhe
em V, a medida que a temperatura de interpasse diminui. Tal
resultado estaria relacionado as variações
microestruturais
sofridas
pelo
material
de solda,
como conseqüência
dos ciclos térmicos impostos pela soldagem
multipasse.
Soldando acima de Ms (
400 °C) tem-se uma fase austenitica que quando
resfriada transforma-se em martensita temperada, apresentando uma estrutura
homogênea formada por grãos grosseiros. Soldando-se entre Ms e Mf (150
°C) tem-
se uma fase parcialmente transformada em martensita durante a soldagem. Na
soldagem abaixo de Mf (80
°C) tem-se uma estrutura totalmente martensitica
revenida.
75
Ensaio Charpy Metal de Solda 410NiMo
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
123
Amostras
Energia Absorvida (J)
CDP1 80C
CDP2 80C
CDP1 150C
CDP2 150C
CDP1 400C
Figura 4.17. Gráfico de tenacidade
Os valores da tenacidade média obtidas neste trabalho, sem a necessidade
de um tratamento térmico posterior, foram muito elevados em comparação aos
resultados de BILMES (1999, 2000), PEREIRA (2000), PRADO (2004) e
FOLKHARD (1984). Um comparativo pode ser visto na tabela 4.4 e figura 4.18.
Figura 4.18. Gráfico ensaio charpy.
76
Analisando os valores obtidos por FOLKHARD (1984), verifica-se que o valor
obtido de 132 J, usando o processo TIG, só foi alcançado após um tratamento
térmico de revenimento a 600
°C/2h após a soldagem.
Pode-se apontar como possíveis causas para este comportamento o refino de
grão promovido na microestrutura pela soldagem multipasse. Outros fatores que
poderiam influenciar como dureza, %C e faixa de extensão do revenido são
semelhantes aos encontrados em outros trabalhos.
Evidencia-se também a grande influência exercida pela temperatura de
interpasse na tenacidade do metal de solda na condição como soldado. De maneira
geral, observa-se que quanto menor a temperatura de interpasse, maior a
tenacidade obtida, em função de se aumentar a fração de martensita revenida na
soldagem multipasses.
Tabela 4.4. Comparativo de tenacidades do metal de solda.
Autor Temperatura de
interpasse (
°
C)
Tenacidade
Charpy (J)
Processo de
Soldagem Aplicado
%C no metal
de solda
Bilmes
Abaixo de 120
°C
73 Arame tubular 0,028
Folkhard
Aproximadamente
130
°C
132 TIG 0,018
50 MIG/MAG arame
sólido
0,036
Pereira
Abaixo de 180
°C
34 Arame Tubular o
determinado
Prado
Entre 200 e 250
°C
27 a 42 MIG/MAG arame
sólido
Não
determinado
80
°C
165
150
°C
128
0,021
Presente
Trabalho
400
°C
27
TIG
Não
determinado
Como os ensaios de tenacidade ao impacto não são obrigatórios para este
aço conforme as normas aplicáveis [7], não existem valores mínimos exigidos. No
entanto, os resultados obtidos encontram-se em concordância com os citados na
literatura [36] como usuais para esta propriedade, como é mostrado no gráfico da
figura 4.19.
77
Figura 4.19. Faixa usual de valores de tenacidade ao impacto obtidos em ensaios de Charpy
com entalhe em V no aço inoxidável martensítico macio ASTM A 743 CA6NM [36].
A Figura 4.20 representa a superfície fraturada e a contração lateral dos
corpos de prova observadas ao estereoscópio
80°C
6,8%
150°C
2,3%
400°C
0,2%
Figura 4.20. Contração Lateral (%).
78
Através dos resultados de tenacidade e dos valores obtidos da contração
lateral das amostras comprovam-se o comportamento dúctil para as temperaturas de
interpasse de 80 e 150
°C e frágil para a de 400 °C.
Apresentando uma relação para a liga 410NiMo para as condições avaliadas,
quanto menor a temperatura de interpasse, maior a tenacidade ao impacto do metal
depositado.
79
5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES
A partir dos resultados obtidos foi possível concluir:
Existe uma influência da temperatura de interpasse na tenacidade do metal de
solda ER 410NiMo na soldagem multipasse do aço inoxidável martensitico
CA6NM pelo processo TIG;
Maiores tenacidades foram obtidas com menores temperaturas de interpasse.
Possivelmente isto se deve ao fato ter mantido a temperatura de interpasse
abaixo de Mf, que resulta em uma microestrutura martensitica revenida após o
resfriamento.
Foi observado que é possível refinar a microestrutura da zona fundida através
de passes subseqüentes. Isto permite obter camadas soldadas, com pequeno
tamanho de grão. Com um controle mais adequado da deposição e geometria dos
cordões pode-se obter uma soldagem sem a necessidade de um tratamento
térmico posterior;
O passe TIG sobre uma microestrutura de martensita não revenida permitiu
refinar o tamanho de grão. Quanto maior o aporte térmico, maior a extensão do
refino.
Sugere-se a realização de ensaios similares aos executados durante este
trabalho, utilizando o processo TIG Pulsado em corpos de prova de aço fundido
CA-6NM, normalmente empregado como metal de base na construção de
componentes de turbinas hidráulicas, com o objetivo de se ter informações
necessárias à realização de estudos comparativos.
Apesar de apresentar resultados satisfatórios, sugere-se a aplicação da liga
410NiMo no reparo de rotores de turbinas hidráulicas sem aplicação de
tratamento térmico após soldagem para avaliação do desempenho destes
equipamentos sob condições reais com o objetivo de consolidar os resultados
obtidos neste trabalho.
Estudar a relação entre a velocidade de resfriamento e o volume de ferrita-δ
retido.
.
80
6. REFERÊNCIAS
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( http://www.livrosgratis.com.br )
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