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Análise de blocos de concreto armado sobre duas
estacas com cálice totalmente embutido mediante
presença de viga de travamento
Rodrigo Barros
Dissertação apresentada à Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade
de São Paulo, como parte dos requisitos para
obtenção do Título de Mestre em Engenharia
de Estruturas
Orientador: José Samuel Giongo
São Carlos
2009
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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,
PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento
da Informação do Serviço de Biblioteca – EESC/USP
Barros, Rodrigo
B277a Análise de blocos de concreto armado sobre duas
estacas com cálices totalmente embutido mediante presença
de viga de travamento / Rodrigo Barros ; José Samuel
Giongo. –- São Carlos, 2009.
Dissertação (Mestrado-Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Estruturas) –- Escola de Engenharia de São
Carlos da Universidade de São Paulo, 2009.
1. Blocos sobre estacas. 2. Cálice de fundação
embutido. 3. Viga de travamento. 4. Bielas e tirantes.
I. Título.
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Aos meus pais, Denilde e
José, minhas irmãs Kátia,
Cássia e Claudia, com amor
e gratidão.
“Mais valem duas pedras no meio do
caminho, do que uma nos rins”
Marcondes Maia
Agradecimentos
Ao final de mais uma etapa da minha vida, agradeço primeiramente a Deus por ter
abençoado e me guiado nas minhas escolhas.
Aos meus pais: Denilde e José; minhas irmãs: Kátia, Cássia e Claudia e minha tia
Marisa, pelo apoio de sempre e por acreditarem e confiarem nas minhas decisões.
Aos meus grandes amigos da cidade de Natal: Arthunio, Morais, Thyago, Guru,
Moreno, Gustavo, Pablo, Iuri, Marcelão, André Felipe, Ianne, Stéphanie, Talita, Natália, entre
tantos outros que confiaram e acreditaram em mim, em especial aos Discípulos de Deda.
Aos amigos da UFRN: Tommy, Jocilene, Sarah, Rick, Marcelo Cortez, Diogo,
Mauricéa, Francisco, Vinícius, Rafael, Pânico e Marquito pelo incentivo e pelos bons
momentos que compartilhamos ao longo da graduação.
Aos professores da UFRN Roberto José de Medeiros, Joel Araújo, Pétrus da Nóbrega e
Selma da Nóbrega pelo incentivo ao ingresso na pós-graduação.
Aos amigos Raimundo, Jônatas, Vinicius e Wanderson, que me acolheram na sua
república nos primeiros dias em São Carlos.
A colônia “natalense” em São Carlos: Raimundo, Jônatas, Vinícius, Manoel Dênis,
Valmiro, Chris, Rodolfo, Hidelbrando, Osvaldo e Vagner, que de alguma maneira contribuem
para diminuir a distância da terra “Natal”.
Aos integrantes da república chiqueiro: Giovanni, Hugo e Wanderson (Mineiro),
“bacharéis” com os quais tenho a oportunidade de morar, e que tornam a estada em São
Carlos mais agradável. Sem dúvida, uma segunda família.
As amizades incondicionais de Renata, Cynthia e Ana Paula, pessoas sensacionais que
tive a oportunidade de conhecer e conviver, e que, apesar da distância, estarão sempre
presentes na minha vida.
A todos os colegas e amigos do departamento de estruturas: Aref, Dorival, Jesus 1 e 2,
Rodrigo “Slow”, Saulo, Érica, Baiano, Socorro, Marcela, Ísis, Denise, João César, Antônio,
Robenson, Ellen, Gabriela, Wagner, Carlos, Jônas, André, Fernando, Francisco, Mairal e
tantos outros colegas que sempre estiveram presentes nos momentos de estudo e de
descontração.
Ao Leonardo e Dani Bezerra, o casal mais “nota 10” que conheci em Sanca.
Ao pessoal do futebol e do vôlei, pelos momentos de descontração.
Ao Walter, Rômulo e Rodrigo Paccola pelo auxílio com o programa DIANA.
Ao professor José Samuel Giongo pela orientação, amizade, conselhos e por acreditar na
realização desse trabalho.
Aos Engenheiros Rodrigo Delalibera e Fernando Menezes pelas contribuições no
trabalho.
Ao cantor Falcão, pelo show realizado em São Carlos no baile brega 2008
Ao CNPq pela bolsa de mestrado concedida.
Aos funcionários e professores do Departamento de Engenharia de Estruturas da ESSC-
USP.
Resumo
BARROS, R. (2009). Análise de blocos de concreto armado sobre duas estacas com cálice
totalmente embutido mediante presença de viga de travamento. São Carlos, 2009. Dissertação
(Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
Esta pesquisa estuda o comportamento de blocos de concreto armado sobre duas estacas com
cálice totalmente embutido, utilizado na ligação pilar-fundação de estruturas de concreto pré-
moldado. Particularmente, foi avaliado o efeito que a viga de travamento provoca no bloco
quando apoiada nas paredes laterais do cálice. Foi desenvolvida análise numérica
tridimensional utilizando programa baseado no método dos elementos finitos (MEF), na qual
foi considerada a não-linearidade física dos materiais. Para avaliação do programa adotado,
realizou-se análise comparativa de resultados experimentais e numéricos obtidos por meio de
outro programa. Nos blocos estudados variou-se a espessura e o tipo de conformação das
paredes do cálice, o ângulo de inclinação da biela e a intensidade das ações na viga de
travamento. Os resultados indicam que a presença da viga de travamento não altera de modo
significativo o comportamento do bloco, e que a parede do cálice é capaz de transferir a força
proveniente da viga em direção às estacas de modo eficaz. Por meio das tensões nas barras da
armadura principal, foi possível obter a força no tirante e o ângulo de inclinação da biela antes
da ruína dos modelos. Constatou-se que os ângulos apresentaram maior inclinação do que as
utilizadas no dimensionamento, que por sua vez foi feito baseado nos modelos de bielas e
tirantes.
Palavras-chave: blocos sobre estacas; cálice de fundação embutido, viga de travamento,
modelo de bielas e tirantes.
Abstract
BARROS, R. (2009). Analysis of two pile caps reinforced concrete with embedded socket by
presence of locking beam. São Carlos, 2009. Dissertation (Master) – School of Engineering of
São Carlos, University of São Paulo.
The present research studies the behavior of two pile caps reinforced concrete with embedded
socked used in connections of pre-cast concrete structures. It was particularly evaluated the
effect provoked by the locking beam on the pile-caps when supported by the socket lateral
walls. Three-dimensional numerical analyses using software based on finite element method
(FEM) were developed considering the nonlinear physical behavior of the material. To
evaluate the adopted software, a comparative analysis was made using numerical and
experimental results obtained from other software. In the pile caps studied, it was noticed a
variation in the wall thickness, socket interface, strut angle inclination and action on beam.
The results show that the presence of beam does not change significantly the pile caps
behavior and that the socket wall is able to transfer effectively the force from the beam to the
pile caps. By the tensions on the bars of longitudinal reinforcement, it was possible to obtain
the force on the tie and the strut angle inclination before the collapse of models. It was found
that the angles present more inclinations than those used in the design, which was made based
on strut and tie model.
.
Keywords: pile caps; embedded socket foundation; locking beam; strut-and-tie model.
Lista de Figuras
Figura 1. 1- Perspectiva do bloco de fundações com cálice externo .................................................................... 26
Figura 1. 2- Perspectiva do bloco de fundações com cálice parcialmente embutido ........................................... 27
Figura 1. 3- Perspectiva do bloco de fundações com cálice totalmente embutido................................................ 27
Figura 2. 1 – Blocos sobre duas estacas, Blévot & Frémy (1967)........................................................................ 32
Figura 2. 2 – Blocos sobre três estacas, Blévot & Frémy (1967). ........................................................................33
Figura 2. 3 – Blocos sobre quatro estacas, Blévot & Frémy (1967).....................................................................35
Figura 2. 4 – Bloco ensaiado por Mautoni (1972)................................................................................................ 36
Figura 2. 5 – Propriedades geométricas de bloco com “armadura em bigode”, Mautoni (1972) ....................... 37
Figura 2. 6 – Detalhamento e ancoragem das barras, Taylor & Clarke (1976)................................................... 38
Figura 2. 7 – Configurações de ruína observadas por Taylor & Clarke (1976)................................................... 39
Figura 2. 8 – Blocos ensaiados por Adebar et al. (1990) ..................................................................................... 40
Figura 2. 9 – Modelo de Biela e Tirante sugerido por Adebar et al. (1990)......................................................... 42
Figura 2. 10 – Bloco sobre três estacas analisado por IYER e SAM (1991).........................................................43
Figura 2. 11 – Modelos de biela e tirante para blocos sobre duas estacas, Nori & Tharval (2007).................... 50
Figura 2. 12 – Geometria do cálice e forças transmitidas à fundação – adaptado de El Debs (2000) ................ 52
Figura 2. 13 – Transferência das ações no cálice de fundação com interface lisa – adaptado de El Debs (2000)
............................................................................................................................................................................... 53
Figura 2. 14 – Forças nas paredes do cálice com interface lisa e rugosa – adaptado de Leonhardt & Mönnig
(1978) .................................................................................................................................................................... 54
Figura 2. 15 – Transferência de esforços no colarinho segundo Leonhardt & Mönnig (1978) – adaptado de El
Debs (2000)........................................................................................................................................................... 55
Figura 2. 16 – Indicações de dimensionamento das paredes 3 e 4 como consolo curto – adaptado de El Debs
(2000) .................................................................................................................................................................... 57
Figura 2. 17 – Esquema das principais armaduras do cálice............................................................................... 58
Figura 2. 18 – Esquema de forças segundo Willert & Kesser (1983)................................................................... 60
Figura 2. 19 – Esquema de forças atuantes no pilar – Silva (1998) ..................................................................... 65
Figura 2. 20 – Modelo de cálculo para bloco com cálice embutido, sem considerar o atrito na junta pilar-bloco
– Silva (1998) ........................................................................................................................................................ 67
Figura 2. 21 – Forças atuantes no cálice de fundação, Canha (2004)................................................................. 69
Figura 3. 1 – Bloco padrão sobre duas estacas .................................................................................................... 74
Figura 3. 2 – Método da superposição, Schiel (1957) .......................................................................................... 75
Figura 3. 3 – Parâmetros de classificação do bloco............................................................................................. 77
Figura 3. 4 – Distância entre estaca e a face do bloco, Alonso (1983).................................................................80
Figura 3. 5 – Ligação estaca–bloco, Calavera (1991)..........................................................................................82
Figura 3. 6 – Comprimento de ancoragem em blocos sobre estacas, Calavera (1991)........................................85
Figura 3. 7 – Divisão de uma estrutura em regiões B e D, “Strut-and-Tie Resource Web Site”..........................90
Figura 3. 8 – Configurações da biela de compressão, “Strut-and-Tie Resource Web Site”.................................91
Figura 3. 9 – Aplicação do caminho de cargas em blocos sobre duas estacas, Munhoz (2004)...........................94
Figura 4. 1 – Energia de fraturamento na tração, Farias (2008) .......................................................................100
Figura 4. 2 – Modelos Constitutivos à tração pré-definidos, disponíveis em Diana (2005b) .............................104
Figura 4. 3 – Modelos Constitutivos à compressão pré-definidos, disponíveis em Diana (2005b) ....................104
Figura 4. 4 – Fator de redução devido a fissuração lateral, DIANA (2005b) ....................................................105
Figura 4. 5 – Interface gráfica do iDIANA..........................................................................................................107
Figura 4. 6 – Entrada de dados via script...........................................................................................................108
Figura 4. 7 – Curva força versus deslocamento, obtida com critério de comprimento de arco..........................111
Figura 4. 8 – DIANA, critério de convergência em energia................................................................................112
Figura 4. 9 – Elemento CHX60 com função aproximadora em deslocamentos ..................................................114
Figura 4. 10 – Influência do fator de retenção ao cisalhamento
.....................................................................119
Figura 4. 11 – Critérios de convergência............................................................................................................120
Figura 4. 12 – Modo de aplicação do carregamento ..........................................................................................121
Figura 4. 13 – “Fixed crack model “ versus “Rotating crack mcdel”................................................................122
Figura 4. 14 – Ação em forma de pressão e deslocamento imposto....................................................................123
Figura 4. 15 – Métodos de resolução do sistema de equações não-lineares.......................................................124
Figura 4. 16 – Modelo B35e0 calculado via “iteration based sizes”..................................................................125
Figura 4. 17 – B35E0, Influência do número de passos de carga.......................................................................126
Figura 4. 18 – Modelo B35E0 .............................................................................................................................128
Figura 4. 19 – Modelo B35ASW..........................................................................................................................128
Figura 4. 20 – Modelo B45E0 .............................................................................................................................128
Figura 4. 21 – ModeloB45ASW...........................................................................................................................129
Figura 4. 22 – Panorama de fissuração do bloco B35E0....................................................................................130
Figura 4. 23 – Tensões principais de compressão e tração no bloco B35E0......................................................130
Figura 4. 24 – Panorama de fissuração do bloco B35ASW ................................................................................131
Figura 4. 25 – Tensões principais de compressão e tração no bloco B35ASW...................................................132
Figura 4. 26 – Panorama de fissuração do bloco B45E0....................................................................................133
Figura 4. 27 – Tensões principais de compressão e tração no bloco B45E0......................................................133
Figura 4. 28 – Panorama de fissuração do bloco B45ASW ................................................................................134
Figura 4. 29 – Tensões principais de compressão e tração no bloco B45E0......................................................134
Figura 4. 30 – Tensões nas barras da armadura longitudinal dos modelos B35E0, B35ASW, B45E0 e B45ASW,
respectivamente ...................................................................................................................................................135
Figura 4. 31 – Curva força vs. deslocamentos dos modelos B35E0, B35ASW, B45E0 e B45ASW, respectivamente
.............................................................................................................................................................................137
Figura 5. 1 – Situação de projeto analisada ....................................................................................................... 141
Figura 5. 2 – Blocos em argamassa utilizados sobre a viga de travamento ....................................................... 143
Figura 5. 3 – Malha de elementos finitos dos BLH75A45_15_CV1 e BRH65A55_15........................................ 146
Figura 5. 4 – Modelo BLH75A45_15_cv1 com ações e condições de contorno ................................................. 146
Figura 5. 5 – Barras dos estribos verticais e armadura de costura; barras dos estribos horizontais e armadura
de punção, respectivamente................................................................................................................................. 147
Figura 5. 6 – Barras da armadura vertical principal e secundária; barras da armadura horizontal principal e
secundária, respectivamente ............................................................................................................................... 148
Figura 5. 7 – Barras da armadura da viga, pilar, estacas e armadura longitudinal; modelo com barras das
armaduras completas .......................................................................................................................................... 148
Figura 5. 8 – Elemento CQ48I, DIANA (2005a)................................................................................................. 149
Figura 5. 9 – Configuração da região de interface entre o pilar e o graute....................................................... 150
Figura 5. 10 – Modelo modificado de Mohr-Coulomb – Chen (1982)................................................................ 151
Figura 5. 11 – Bloco com parede rugosa............................................................................................................ 154
Figura 5. 12 – Bloco com parede lisa ................................................................................................................. 154
Figura 5. 13 – Blocos com espessura igual a 15 cm e 20 cm.............................................................................. 154
Figura 5. 14 – Bloco com inclinação igual a 45º................................................................................................ 155
Figura 5. 15 – Bloco com inclinação igual a 55º................................................................................................ 155
Figura 5. 16 – Comparação de blocos com e sem viga de travamento............................................................... 157
Figura 5. 17 – Blocos de parede rugosa com viga de travamento...................................................................... 157
Figura 5. 18 – Comparação de blocos com e sem viga de travamento............................................................... 158
Figura 5. 19 – Blocos de parede lisa com viga de travamento ........................................................................... 158
Figura 5. 20 – Comparação de blocos com e sem viga de travamento............................................................... 159
Figura 5. 21 – Blocos de parede rugosa com viga de travamento...................................................................... 159
Figura 5. 22 – Comparação de blocos com e sem viga de travamento............................................................... 160
Figura 5. 23 – Blocos de parede lisa com viga de travamento ........................................................................... 161
Figura 5. 24 – Fluxo de tensões nos modelos BLH75A45_15............................................................................. 162
Figura 5. 25 – Fluxo de tensões nos modelos BLH75A45_20............................................................................. 162
Figura 5. 26 – Fluxo de tensões nos modelos BLH75A55_15............................................................................. 162
Figura 5. 27 – Fluxo de tensões nos modelos BLH75A55_20............................................................................. 163
Figura 5. 28 – Fluxo de tensões nos modelos BRH65A45_15 ............................................................................ 163
Figura 5. 29 – Fluxo de tensões nos modelos BRH65A45_20 ............................................................................ 163
Figura 5. 30 – Fluxo de tensões nos modelos BRH65A55_15 ............................................................................ 163
Figura 5. 31 – Fluxo de tensões nos modelos BRH65A55_20 ............................................................................ 164
Figura 5. 32 – Tensões principais de compressão e tração nos modelos BLH75A45_15................................... 165
Figura 5. 33 – Tensões principais de compressão e tração nos modelos BLH75A45_20................................... 165
Figura 5. 34 – Tensões principais de compressão e tração nos modelos BLH75A55_15................................... 166
Figura 5. 35 – Tensões principais de compressão e tração nos modelos BLH75A55_20................................... 166
Figura 5. 36 – Tensões principais de compressão e tração nos modelos BRH65A45_15 .................................. 167
Figura 5. 37 –Tensões principais de compressão e tração nos modelos BRH65A45_20....................................167
Figura 5. 38 –Tensões principais de compressão e tração nos modelos BRH65A55_15....................................168
Figura 5. 39 –Tensões principais de compressão e tração nos modelos BRH65A55_20....................................168
Figura 5. 40 – BLH75A45_15_cv1......................................................................................................................170
Figura 5. 41 – BLH75A45_15_cv2......................................................................................................................170
Figura 5. 42 – BLH7545_20_cv1 ........................................................................................................................170
Figura 5. 43 – BLH75A45_20_cv2......................................................................................................................171
Figura 5. 44 – BLH75A55_15_cv1......................................................................................................................171
Figura 5. 45 – BLH75A55_15_cv2......................................................................................................................171
Figura 5. 46 – BLH75A55_20_cv1......................................................................................................................171
Figura 5. 47 – BLH75A55_20_cv2......................................................................................................................172
Figura 5. 48 – BRH65A45_15_cv1......................................................................................................................172
Figura 5. 49 – BRH65A45_15_cv2......................................................................................................................172
Figura 5. 50 – BRH65A45_20_cv1......................................................................................................................172
Figura 5. 51 – BRH65A45_20_cv2......................................................................................................................173
Figura 5. 52 – BRH65A55_15_cv1......................................................................................................................173
Figura 5. 53 – BRH65A55_15_cv2......................................................................................................................173
Figura 5. 54 – BRH65A55_20_cv1......................................................................................................................173
Figura 5. 55 – BRH65A55_20_cv2......................................................................................................................174
Figura 5. 56 – Barras da armadura principal do tirante ....................................................................................176
Figura 5. 57 – Polígono de forças.......................................................................................................................176
Figura 5. 58 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BLH75A45_15 .................................................177
Figura 5. 59 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BLH75A45_20 .................................................177
Figura 5. 60 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BLH75A55_15 .................................................177
Figura 5. 61 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BLH75A55_20 .................................................177
Figura 5. 62 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BRH65A45_15.................................................177
Figura 5. 63 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BRH65A45_20.................................................178
Figura 5. 64 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BRH65A55_15.................................................178
Figura 5. 65 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BRH65A55_20.................................................178
Sumário
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1.1. Considerações iniciais ..............................................................................................23
1.2. Objetivo ....................................................................................................................27
1.3. Justificativa...............................................................................................................28
1.4. Método......................................................................................................................29
1.5. Estrutura da dissertação............................................................................................29
CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Considerações iniciais ..............................................................................................31
2.2. Pesquisas com ênfase no bloco de fundação ............................................................31
2.2.1. Ensaios de Blévot (1967)..................................................................................31
2.2.2. Ensaios de Mautoni (1972)...............................................................................35
2.2.3. Ensaios de Taylor & Clarke (1976)..................................................................37
2.2.4. Ensaios de Adebar, Kuchma e Collins (1990)..................................................40
2.2.5. Outros ensaios relevantes .................................................................................42
2.3. Pesquisas com ênfase no cálice de fundação............................................................51
2.3.1. Modelo de Leonhardt & Mönnig (1978) e NBR 9062:1985............................51
2.3.2. Modelo de Willert & Kesser (1983).................................................................59
2.3.3. Outros estudos relevantes para cálice de fundações.........................................63
CAPÍTULO 3 – ASPECTOS DE PROJETO DE BLOCOS SOBRE ESTACAS
3.1. Procedimentos gerais................................................................................................73
3.2. Critérios de projeto...................................................................................................74
3.2.1. Cálculo das ações nas estacas...........................................................................74
3.2.2. Bloco rígido versus bloco flexível....................................................................76
3.2.3. Recomendações a respeito da altura do bloco..................................................78
3.2.4. Distância entre eixos de estacas....................................................................... 79
3.2.5. Distância entre eixo da estaca e a face do bloco.............................................. 80
3.2.6. Ligação estaca-bloco........................................................................................ 81
3.2.7. Excentricidades acidentais............................................................................... 82
3.2.8. Barras da armadura principal........................................................................... 82
3.2.9. Armadura secundária ....................................................................................... 86
3.3. Viga de travamento .................................................................................................. 87
3.4. Modelo de bielas e tirantes....................................................................................... 89
CAPÍTULO 4 – AVALIAÇÃO DOS MODELOS NUMÉRICOS
4.1. Considerações iniciais.............................................................................................. 97
4.2. Programa Diana........................................................................................................ 98
4.2.1. Introdução ........................................................................................................ 98
4.2.2. Modelos constitutivos ...................................................................................... 98
4.2.3. Modelos incrementais ou plásticos ................................................................ 102
4.2.4. Modelos “Total Strain”.................................................................................. 103
4.2.5. Modelagem das barras das armaduras ........................................................... 106
4.2.6. Pré e pós processadores.................................................................................. 107
4.2.7. Critérios de solução do sistema de equações não-lineares............................. 109
4.2.8. Elementos finitos utilizados........................................................................... 113
4.3. Modelos analisados................................................................................................ 114
4.4. Análise paramétrica................................................................................................ 118
4.5. Análise dos resultados............................................................................................ 127
4.5.1. Modelo B35E0............................................................................................... 129
4.5.2. Modelo B35ASW........................................................................................... 131
4.5.3. Modelo B45E0............................................................................................... 132
4.5.4. Modelo B45ASW........................................................................................... 133
4.6. Comentários finais ................................................................................................. 138
CAPÍTULO 5 – BLOCO SOBRE DUAS ESTACAS COM CÁLICE EMBUTIDO
5.1. Considerações iniciais............................................................................................ 139
5.2. Modelos analisados numericamente ...................................................................... 140
5.2.1. Parâmetros analisados ....................................................................................140
5.2.2. Nomenclatura dos modelos ............................................................................140
5.2.3. Apresentação dos modelos .............................................................................141
5.2.4. Geometria dos modelos e propriedades mecânicas........................................143
5.2.5. Elementos finitos utilizados ...........................................................................145
5.2.6. Modelos especiais...........................................................................................151
5.3. Apresentação e análise dos resultados....................................................................153
5.3.1. Blocos sem viga de travamento......................................................................153
5.3.2. Blocos com viga de travamento .....................................................................156
5.3.2.1. Blocos com parede rugosa, θ = 45º ...............................................................156
5.3.2.2. Blocos com parede lisa, θ = 45º.....................................................................157
5.3.2.3. Blocos com parede rugosa, θ = 55º ...............................................................158
5.3.2.4. Blocos com parede lisa, θ = 55º.....................................................................160
5.4. Fluxo de tensões nas bielas.....................................................................................161
5.5. Tensões principais ..................................................................................................164
5.6. Tensões nas barras das armaduras..........................................................................169
5.7. Resultados numéricos versus resultados analíticos ................................................174
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO
6.1. Comentários finais......................................................................................................183
6.2. Principais conclusões..................................................................................................184
6.3. Sugestões para trabalhos futuros ................................................................................186
Referências bibliográficas ..........................................................................................189
Introdução
Capítulo
1
1
1.1. Considerações iniciais
A escolha do tipo de fundação a ser utilizada numa obra depende essencialmente de
parâmetros técnicos e econômicos que devem ser avaliados pelo engenheiro responsável pelo
projeto. Diversos parâmetros a respeito do solo, tais como estratificação do terreno, situações
topográficas, intensidade das ações, disposição das edificações limítrofes, bem como os tipos
de fundação possíveis de serem realizados, são importantes para que se obtenha a melhor
solução em termos da fundação a ser adotada.
Quanto ao tipo de fundação, estas podem ser classificadas em fundação direta (ou
superficial) e fundação profunda. Fundação direta é aquela em que as camadas superiores do
terreno são capazes de absorver e dispersar as ações oriundas da superestrutura. Nesse tipo de
fundação, destaca-se o uso corrente de sapatas e blocos.
Quando as camadas superiores do terreno não são capazes de resistir às ações, é
necessário recorrer a camadas mais profundas do solo, realizando, portanto, o uso de
fundações profundas. Dentre as diversas soluções disponíveis, o uso de estacas de concreto
armado é uma das mais difundidas no meio técnico, podendo ser dimensionadas considerando
apenas sua resistência de ponta ou com o uso de atrito lateral, dependendo da situação. Porém,
o uso desse tipo de solução requer um novo elemento estrutural capaz de realizar a ligação
entre os pilares e as estacas. Tal elemento é conhecido como bloco de coroamento, bloco de
Introdução
24
fundação ou mesmo bloco sobre estacas. Segundo a ABNT NBR 6118:2003, “blocos são
estruturas de volume usadas para transmitir às estacas as cargas de fundação”.
Elementos de volume são aqueles em que as três dimensões possuem a mesma ordem de
grandeza, não sendo válida, portanto, a hipótese de Bernoulli. Por não serem suficientemente
longos para que se dissipem as tensões localizadas, as seções não permanecem planas após a
deformação, tornando complexa a análise estrutural. Ainda de acordo com a ABNT NBR
6118:2003, os blocos são classificados como rígidos ou flexíveis. No caso de blocos rígidos o
modelo estrutural adotado para cálculo e dimensionamento deve ser tridimensional, linear ou
não, ou modelo de biela-tirante tridimensional, sendo esse último recomendado por definir
melhor a distribuição de forças nas bielas e tirantes. No caso de blocos flexíveis,
recomendam-se verificações mais completas, desde a distribuição das ações nas estacas e nos
tirantes de tração, até a necessidade de verificação à punção.
O código americano ACI-318 (1994), o Inglês BS 8110 (1985) e o Indiano IS 2911
(1979) adotam hipóteses simplificadas com relação à geometria e as propriedades do material,
e realizam análise elástica das tensões, recomendando o uso da teoria da flexão para
dimensionamento do bloco sobre estacas. A norma espanhola EHE (2002), por sua vez,
fornece expressões que permitem determinar a área das barras de armadura para os casos mais
freqüentes de blocos sobre estacas, conforme o modelo de treliça adotado.
Os métodos usuais de dimensionamento de blocos sobre estacas utilizados no Brasil são
baseados no código modelo CEB-FIP, Boletim 73 (1970) e no Método das Bielas. O CEB-
FIP recomenda o uso da teoria da flexão para blocos cuja distância entre a face externa do
pilar e o eixo da estaca mais afastada esteja entre um terço e metade da altura do bloco. O
método sugere o cálculo à flexão numa seção de referência interna em relação ao pilar,
distante 0,15 vez a dimensão do pilar na direção considerada. Para verificações da capacidade
resistente à força cortante, define-se uma seção de referência externa distante da face do pilar
Introdução
25
de um comprimento igual à metade da altura do bloco, e no caso de blocos sobre estacas
vizinhas ao pilar a seção é considerada na própria face do pilar.
O método das bielas, por sua vez, foi desenvolvido baseado nos resultados
experimentais de Blévot & Frémy (1967), e considera a existência de uma treliça
tridimensional no interior do bloco, composta por barras comprimidas (bielas) e tracionadas
(tirantes). A força nas bielas é verificada pela resistência a compressão do concreto, enquanto
que a força nos tirantes deve ser absorvida pelas barras de aço da armadura. Recomenda-se
uma verificação das tensões nas regiões nodais, ou seja, no encontro pilar-bloco e bloco-
estaca.
O surgimento de novas tecnologias assim como o avanço na indústria da construção
civil atinge diretamente os processos construtivos no que diz respeito ao tempo de construção,
aumento da produtividade e redução de desperdício. Nesse cenário, o uso do concreto pré-
moldado se torna cada vez mais disseminado no meio técnico, por atender a essas novas
exigências.
Estrutura em concreto pré-moldado é aquela que foi moldada em parte ou no todo fora
do local definitivo de utilização. Diferencia-se de uma estrutura moldada in loco por
apresentar diversas fases transitórias como desforma, armazenamento, transporte e montagem.
Outro ponto importante no uso de estruturas pré-moldadas é o fato das peças serem fabricadas
separadamente, necessitando, portanto, de elementos capazes de realizar a ligação entre essas
peças.
A ligação se torna um ponto delicado e de grande importância na fase de projeto e
construção, pois, caso não seja bem planejada, pode comprometer a rapidez e agilidade do uso
de elementos pré-moldados, além de influenciar diretamente no comportamento estrutural
desses elementos.
Introdução
26
De um modo geral, o uso de ligações mais simples desfavorece a distribuição de
esforços, tornando alguns elementos mais solicitados a momentos fletores. Já as ligações que
tentam reproduzir um comportamento monolítico do concreto, ou seja, com a transmissão de
momentos entre os elementos, possuem um maior grau de dificuldade na sua execução,
dependendo assim do bom senso do projetista em cada situação.
Os blocos sobre estacas são peças importantes quando da ligação do pilar pré-moldado
com a fundação. Dentre as possíveis formas de ligação desses elementos, destaca-se o uso de
blocos de fundação com cálice ou colarinho por apresentarem relativa facilidade de
construção, possibilidade de ajuste e de transmissão de momentos dos pilares para as estacas.
O cálice é a parte do bloco que recebe o pilar pré-moldado, funcionando como um
encaixe entre esses elementos, podendo ter as paredes lisas ou rugosas. O pilar fica em
contato com o cálice num trecho denominado comprimento de embutimento
emb
. Nesse tipo
de ligação, três situações de cálices são admitidas conforme Figuras 1.1, 1.2 e 1.3: totalmente
externo ao bloco, parcialmente embutido ou totalmente embutido no bloco.
Figura 1. 1- Perspectiva do bloco de fundações com cálice externo
Introdução
27
Figura 1. 2- Perspectiva do bloco de fundações com cálice parcialmente embutido
Figura 1. 3- Perspectiva do bloco de fundações com cálice totalmente embutido
Neste trabalho é dada ênfase ao bloco de fundação com cálice totalmente embutido.
Particularmente, é investigado o comportamento do bloco mediante presença de viga de
travamento vinculada à parede do bloco.
1.2. Objetivo
Os principais objetivos desse trabalho são:
- Estudar o comportamento de blocos sobre duas estacas com cálice totalmente
embutido, utilizado na ligação pilar–fundação.
Introdução
28
- Analisar a influência que a presença da viga de travamento provoca no bloco de
fundações com cálice embutido, verificando fluxo e distribuição de tensões principais,
bem como curvas do tipo força versus deslocamento.
- Avaliar a eficácia do programa computacional DIANA na simulação numérica de
modelos de blocos sobre duas estacas.
1.3. Justificativa
O uso cada vez mais freqüente de elementos pré-moldados em estruturas usuais exige
que os engenheiros tenham conhecimento técnico e prático a respeito do assunto. No caso de
elementos pré-moldados, existe ainda uma vasta lacuna a ser preenchida com base em
pesquisas e experimentos.
Diante desse cenário, o elemento bloco sobre estacas utilizado na ligação pilar-
fundação, ainda apresenta comportamento em parte desconhecido pelo meio técnico, que se
utiliza de recomendações práticas na sua construção, principalmente nos casos em que o
cálice se apresenta totalmente embutido no bloco. Pesquisas como as de Canha (2004),
Jaguaribe Jr. (2005) e Ebelling (2006) forneceram respostas a muitas dúvidas a respeito do
comportamento do pilar e da ligação pilar-fundação utilizando cálice totalmente externo.
Assim, em virtude da ausência de bibliografia específica a respeito de cálice totalmente
embutido, e, dando continuidade aos estudos a respeito de ligações em estruturas de concreto
pré-moldado realizadas pelo Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP,
justifica-se a realização desse trabalho.
Introdução
29
1.4. Método
Para as análises realizadas nesse trabalho, utilizaram-se resultados provenientes de
modelos teóricos e analíticos, assim como resultados obtidos por meio de modelos numéricos
utilizando o programa computacional DIANA baseado no método dos elementos finitos.
Nesses modelos foram consideradas as não linearidades físicas do concreto e das barras de
aço das armaduras.
Foi desenvolvida uma avaliação dos modelos numéricos do programa DIANA
utilizando resultados experimentais e numéricos de outros pesquisadores. Esses últimos foram
obtidos por meio do programa computacional ANSYS, bastante difundido no meio técnico.
Com essa avaliação, foi possível estabelecer um modelo numérico capaz de fornecer bons
resultados aos modelos de blocos sobre duas estacas com cálice totalmente embutido.
1.5. Estrutura da dissertação
A dissertação está dividida em seis capítulos, sendo que o primeiro apresenta as
considerações iniciais, os objetivos e as justificativas para realização do trabalho.
O capítulo dois apresenta a revisão bibliográfica, na qual é feito um apanhado geral dos
trabalhos desenvolvidos nessa área. Particularmente, a revisão encontra-se dividida em dois
aspectos, sendo que o primeiro engloba os trabalhos de blocos sobre estacas e o segundo os
trabalhos com ênfase no cálice de fundação.
O capítulo três faz uma revisão dos critérios de projetos usualmente utilizados no
dimensionamento de blocos sobre estacas. São apresentadas recomendações de códigos
normativos, bem como de pesquisadores renomados na área.
Introdução
30
O capítulo quatro apresenta informações a respeito da simulação numérica, na qual foi
utilizado o programa computacional DIANA. São feitos alguns comentários a respeito da
utilização do programa, modelos constitutivos, interface gráfica via pré e pós processadores e
ferramentas específicas do DIANA. Ao final, é apresentado um modelo numérico capaz de
representar o comportamento de blocos sobre duas estacas, obtido por meio de resultados
experimentais e numéricos de outros pesquisadores.
O capítulo cinco apresenta os modelos de blocos com cálice totalmente embutido
mediante presença da viga de travamento. São apresentados resultados referentes ao
comportamento do bloco, fluxo e distribuição de tensões principais, tensões nas barras das
armaduras e curvas do tipo força versus deslocamento.
O capítulo seis apresenta as principais conclusões obtidas no trabalho, bem como
algumas sugestões para trabalhos futuros.
Revisão Bibliográfica
Capítulo
2
2
2.1. Considerações iniciais
Neste capítulo é apresentado um resumo de diversas pesquisas feitas a respeito do
comportamento estrutural de blocos de fundação, bem como do comportamento do cálice de
fundação, necessário para a ligação com pilar pré-moldado. O texto encontra-se segmentado
em duas partes distintas: na primeira apresentam-se os trabalhos com ênfase no elemento
bloco de fundação, enquanto que na segunda encontram-se os trabalhos com ênfase no cálice
de fundação. Ao longo da revisão, sempre que necessário, é apresentada uma análise crítica
do material existente na literatura técnica.
2.2. Pesquisas com ênfase no bloco de fundação
2.2.1. Ensaios de Blévot (1967)
Buscando compreender o comportamento do método das bielas, os pesquisadores
franceses Blévot & Frémy (1967) realizaram ensaios em blocos sobre duas, três e quatro
estacas, submetidos à ação de força centrada. Em todas as situações foi analisado o
comportamento do bloco mediante diversos arranjos da armadura.
No caso dos blocos sobre duas estacas, foi adotada a largura do bloco de 40 cm, e
dimensões do pilar e das estacas de 30 cm. O arranjo das barras da armadura, por sua vez, foi
dividido em dois grupos: o primeiro com barras lisas dispostas sobre as estacas e com
Revisão Bibliográfica
32
ganchos nas extremidades; o segundo grupo era composto por barras com nervuras, porém
desprovidas de ganchos. Para ambos os modelos, a distância entre as estacas foi de quatro
vezes o diâmetro da mesma, e a biela de compressão se manteve sempre com uma inclinação
superior a 40º em relação à face inferior do bloco. A Figura 2.1 representa os modelos
ensaiados.
Figura 2. 1 – Blocos sobre duas estacas, Blévot & Frémy (1967).
Após os ensaios, Blévot & Frémy (1967) observaram a ocorrência de diversas fissuras
ao longo da face lateral do bloco e na face inferior, antes da ruína, que por sua vez aconteceu
de três modos: ruína por ruptura da biela de concreto próximo as estacas; ruptura da biela de
compressão próximo ao pilar; e ruptura da biela de compressão próximo às estacas e ao pilar
simultaneamente.
Verificou-se, também, que a tensão de compressão no concreto no encontro do pilar
com o bloco superou em cerca de 40% o valor da sua resistência característica f
ck
. Já nas
armaduras, constatou-se o escorregamento das barras com saliências e sem ganchos, o que
não ocorreu nos modelos de barras lisas.
Revisão Bibliográfica
33
Diante do exposto, Blévot & Frémy (1967) concluíram que os blocos sobre duas estacas
precisam ter a biela de compressão inclinada em relação a sua face inferior com ângulo dentro
do intervalo da expressão 2.1:
00
5545
(2.1)
Tratando dos blocos sobre três estacas, Blévot variou o arranjo das armaduras, dividindo
os blocos em cinco grupos: a) Barras dispostas segundo os lados do bloco; b) Barras em laço
contornando as estacas; c) Barras segundo as medianas do bloco; d) Barras combinadas
segundo os lados e as medianas; e) Barras dispostas em malha.
Figura 2. 2 – Blocos sobre três estacas, Blévot & Frémy (1967).
Os quatro primeiros modelos da Figura 2.2 apresentaram boa eficiência, sendo que no
modelo
d as barras segundo os lados deve ser preponderante em relação às barras das
medianas. Já o modelo
e apresentou força de ruína próxima de 50% em relação ao valor de
dimensionamento. Na maioria dos casos a ruína se deu por fendilhamento do concreto
próximo as estacas.
Segundo Leonhardt & Mönnig (1978), uma das justificativas para a ruína precoce dos
blocos com distribuição em malha é a falta de armadura de suspensão, pois
“em situações em
que a distância entre os eixos das estacas for maior que três vezes o diâmetro das mesmas,
faz-se necessário dispor, no banzo, armadura de suspensão”. Entretanto, essa não pode ser a
principal justificativa, uma vez que a geometria de todos os grupos de blocos é a mesma.
Revisão Bibliográfica
34
Os modelos dos grupos a e b apresentaram melhor comportamento em relação à
fissuração segundo os lados do bloco, porémo apresentaram um bom comportamento em
relação à face inferior do bloco, indicando a necessidade de se dispor de uma armadura
mínima para limitar as aberturas das fissuras proveniente das tensões de tração nessa região.
O comportamento do bloco em relação à punção também foi observado e constatou-se
que, mantendo a inclinação da biela superior a 40º, não existe o risco da ocorrência de
punção.
Nos modelos com ângulo de inclinação da biela entre 40º e 55º, a força de ruína obtida
nos ensaios foi superior ao previsto pela analogia das bielas. Entretanto, nos casos em que as
bielas se encontram com uma inclinação inferior a 40º, os fenômenos de ruptura ocorreram de
forma complexa e, no caso de inclinação superior a 55º, ocorreu deslizamento das bielas de
compressão, indicando um comportamento típico de consolo curto. Para as duas últimas
situações, os valores de ruína obtidos nos ensaios foram inferiores aos de dimensionamento
mostrando-se, portanto, contra a segurança.
Com exceção do modelo
e, todos os outros chegaram à ruína com ações superiores ao
previsto de acordo com o método das bielas, indicando que o método é confiável, e ocorreram
por escoamento da armadura principal. Em nenhum caso observou-se ruína por punção.
Recomenda-se, portanto, que a inclinação das bielas de compressão para blocos sobre
três estacas seja a mesma dos blocos sobre duas estacas.
Blévot & Frémy (1967) também realizaram ensaios em blocos sobre quatro estacas,
variando o arranjo das barras da armadura em cinco grupos: a) Barras dispostas segundo os
lados do bloco, sobre as estacas; b) Barras em laço contornando as estacas; c) Barras segundo
as diagonais do bloco, passando sobre a projeção do pilar; d) Barras combinadas segundo as
diagonais e em laço; e) Barras disposta em malha.
Revisão Bibliográfica
35
Figura 2. 3 – Blocos sobre quatro estacas, Blévot & Frémy (1967)
Os blocos com arranjo das armaduras nos casos a até d obtiveram bom comportamento
em relação à força de ruína. Entretanto, os blocos da situação
e (armadura em malha)
atingiram a ruptura com valores próximos a 80% em relação aos demais modelos.
Em termos de fissuração os blocos com barras da armadura dispostas sobre as diagonais
apresentaram intensa fissuração para pequenas intensidades de força. O modelo
b apresentou
fissuras com aberturas excessivas na parte inferior do bloco, indicando a necessidade de se
dispor de uma armadura mínima para limitar essas aberturas. O grupo
d obteve melhor
comportamento em relação à fissuração.
Em todos os modelos sobre quatro estacas observou-se que a ruína ocorreu a partir de
fissuras formadas no encontro estaca-bloco. Em nenhuma situação ocorreu ruína por punção.
Os resultados obtidos mostraram-se coerentes com os valores teóricos de dimensionamento,
baseados no método das bielas.
2.2.2. Ensaios de Mautoni (1972)
Mautoni (1972) realizou ensaios em blocos sobre duas estacas, com o intuito de analisar
os mecanismos de ruína e determinar a força última no bloco, em função da ruptura das bielas
de compressão. Para tanto, fez uso de uma expressão desenvolvida por ele, e que leva em
consideração a taxa crítica de armadura.
Revisão Bibliográfica
36
Os modelos ensaiados são representativos de blocos sobre duas estacas, bem como
podem ser utilizados para estudos de consolo sem armadura de costura. No total, foram
ensaiados vinte blocos com duas disposições das barras das armaduras: a) Barras da armadura
em laçada contínua na horizontal; b) “Barras da armadura em bigode” com ganchos na
extremidade.
Os blocos tiveram largura fixada em 15 cm, assim como a largura do pilar. As estacas
possuíam largura de 10 cm, e espaçamento entre eixos variando entre 30 cm e 45 cm. A altura
dos blocos teve valor mínimo de 25 cm, e também foi variada nos modelos. A
Figura 2.4
apresenta um dos blocos ensaiados por Mautoni (1972).
Figura 2. 4 – Bloco ensaiado por Mautoni (1972)
A armadura “em bigode” da Figura 2.5 possuía dois trechos semicirculares, melhorando
as condições de ancoragem, além de ter ganchos nas extremidades. As barras da armadura em
laçada contínua foram dispostas em camadas, sendo que suas extremidades eram
semicirculares e separadas por um trecho central retangular.
Durante a realização dos ensaios, Mautoni (1972) observou que as primeiras fissuras
ocorreram quando a força atingia cerca de 40% da força de ruína, e surgiam no meio do vão
na região inferior do bloco. Quando as forças atingiam por volta de 70% da força última, não
havia o surgimento de novas fissuras, ocorrendo apenas aumento das aberturas existentes.
Observou-se, também, que as fissuras ocorriam sempre paralelas às bielas de compressão.
Revisão Bibliográfica
37
A principal conclusão dos ensaios de Mautoni (1972) para blocos sobre duas estacas foi
o estabelecimento de um método capaz de determinar a força última no bloco, bem como os
mecanismos de ruína. A ruína ocorreu sempre por fendilhamento das bielas de compressão,
apresentando ruptura entre as faces interna da estaca e do pilar. Esse tipo de colapso não é o
ideal, por se tratar de ruptura frágil, sendo que a situação ideal é a de que ocorresse o prévio
escoamento das barras das armaduras, ocasionando assim uma ruptura dúctil.
Por fim, Mautoni (1972) relatou as desvantagens de cada tipo de armadura. A armadura
em laçada horizontal apresentou dificuldades de execução, e por se apresentar em diversas
camadas, provocou redução da altura útil dos blocos. Já a “armadura em bigode” apresentou
um grande consumo de aço, além de possuir inconvenientes na sua ancoragem. A
Figura 2.5
apresenta as propriedades geométricas de um bloco com “armadura em bigode”.
Figura 2. 5 – Propriedades geométricas de bloco com “armadura em bigode”, Mautoni (1972)
2.2.3. Ensaios de Taylor & Clarke (1976)
Taylor & Clarke (1976) apresentaram resultados de ensaios experimentais realizados em
blocos sobre quatro estacas. O principal objetivo foi analisar a influência das disposições das
armaduras. Para tanto, foram estudados três distribuições de barras da armadura e quatro
diferentes tipos de ancoragem.
Revisão Bibliográfica
38
A distribuição das barras das armaduras foi feita em três grupos: a) Barras da armadura
distribuída em malha; b) Barras da armadura segundo os lados; c) Barras da armadura
segundo as diagonais do bloco. Os quatro tipos de ancoragem usados foram: 1) Ancoragem
reta; 2) Ancoragem com gancho; 3) Ancoragem com gancho prolongado até a face superior
do bloco; 4) Ancoragem até a face superior do bloco, com gancho na extremidade.
A altura dos blocos foi fixada em 45 cm. O diâmetro das estacas bem como a dimensão
do pilar, possuía 20 cm, e o espaçamento entre estacas adotado foi de duas vezes o diâmetro.
Foram ensaiados blocos quadrados com larguras de 75 cm e de 95 cm. Essas dimensões
indicam que a biela de compressão possuía uma inclinação superior a 60º, diferente, portanto,
das recomendações de Blévot.
Figura 2. 6 – Detalhamento e ancoragem das barras, Taylor & Clarke (1976)
Revisão Bibliográfica
39
Durante a realização dos ensaios, todos os blocos tiveram praticamente o mesmo
comportamento. Primeiramente, surgiram fissuras verticais nas linhas entre estacas nas quatro
faces do bloco. A ruína se deu por fendilhamento, em virtude das fissuras inclinadas que
surgiram de maneira brusca e paralelas à biela de compressão. Foram observadas duas formas
diferentes de ruptura por fendilhamento. A primeira delas é própria da ruptura por
cisalhamento em vigas, e pode ser vista na
Figura 7-a, enquanto que a segunda pode ser
observada na
Figura 7-b.
Figura 2. 7 – Configurações de ruína observadas por Taylor & Clarke (1976)
A respeito do comportamento das ancoragens das barras, observou-se que as do tipo 1 e
2, combinadas com barras distribuídas segundo os lados, obtiveram uma força de ruína cerca
de 15% superior às demais combinações. As armaduras com distribuição em malha e segundo
as diagonais tiveram praticamente a mesma força de ruína.
No caso de armadura distribuída em malha, verificou-se uma maior influência do tipo de
ancoragem. Nesse caso, a ancoragem do tipo
3 forneceu uma força última cerca de 30% maior
do que as do tipo
1 e 2. Segundo Taylor & Clarke (1976), isso se deve ao fato de que quando
as barras da armadura são detalhadas com prolongamento vertical, a mesma funciona como
armadura de suspensão, além de aumentar a capacidade resistente do bloco à força cortante.
Revisão Bibliográfica
40
Em relação ao tipo de ancoragem 4, nenhum aumento significativo da força de ruína foi
registrado.
2.2.4. Ensaios de Adebar, Kuchma e Collins (1990)
Adebar et al. (1990) realizaram ensaios em blocos de concreto armado sobre quatro e
seis estacas, com o intuito de verificar a viabilidade do modelo tridimensional para o método
de bielas e tirantes.
Foram observadas relações do tipo força versus deslocamento, valores de forças de
reação nas estacas, deformações nas barras da armadura longitudinal bem como valores de
forças que provocaram fissuração e ruína dos modelos.
A respeito da geometria dos blocos, os mesmos possuíam estacas com 20 cm de
diâmetro e a força era aplicada numa área de 30 cm x 30 cm, sendo que todos os modelos
tinham altura útil em torno de 60 cm. Os diversos modelos bem como a distribuição das
barras das armaduras podem ser verificados na
Figura 2.8.
Figura 2. 8 – Blocos ensaiados por Adebar et al. (1990)
Revisão Bibliográfica
41
Os blocos foram dimensionados segundo os critérios do ACI 318 (1983) e algumas
recomendações do método de bielas e tirantes, sendo que sua principal diferença era o arranjo
das armaduras. O Modelo A foi dimensionado segundo critérios do ACI 318 (1983) e era o
modelo que possuía a menor área de barras da armadura longitudinal. Os modelos B, C e D
foram dimensionados segundo o método de bielas e tirantes, sendo que o modelo D possuía o
dobro da área das barras da armadura do modelo B. O modelo E tinha as mesmas
propriedades do modelo D, porém possuía a armadura de distribuição segundo critérios do
ACI 318 (1983). O último modelo foi construído para investigar uma hipótese do ACI 318
(1983) na qual o bloco tinha arranjo de armadura idêntico ao do modelo D, porém possuía
reentrância nos quatro lados. De acordo com o ACI 318 (1983), esse modelo deve ter a força
de ruína inferior ao modelo D, enquanto que no método de bielas e tirantes, a força de ruína
deve ser a mesma para os dois modelos.
As principais conclusões obtidas por Adebar
et al. (1990) indicam que o código do ACI
318 (1983) não se mostrou compatível com os resultados experimentais. Resultados melhores
foram obtidos de acordo com o método de bielas e tirantes. O modelo A apresentou força de
ruína cerca de 83% do valor esperado, enquanto que o modelo B teve força de ruína cerca de
10% superior ao valor de dimensionamento.
Segundo os pesquisadores, os resultados do modelo A não foram compatíveis pelo fato
do ACI 318 (1983) não considerar a altura do bloco no modelo de cálculo, e desprezar a
influência da quantidade e da distribuição das barras da armadura longitudinal no bloco. Os
blocos de grandes alturas, por suas vezes, sofreram grandes deformações antes da ruína, pois
não foram flexíveis o suficiente para redistribuir os esforços solicitantes. Além disso, os
pesquisadores concluíram que o comportamento estrutural dos blocos foi bem diferente do
comportamento de uma viga. Apenas o modelo F se comportou como duas vigas
interceptadas ortogonalmente, comprovando a hipótese do ACI 318 (1983).
Revisão Bibliográfica
42
Quanto à ruína dos modelos, os mesmos romperam por fendilhamento da biela de
compressão, e não por esmagamento das mesmas. O fendilhamento ocorre em virtude da
expansão das tensões de compressão, provocando tração na direção perpendicular as bielas. O
modelo F, que teve comportamento de viga, apresentou ruína por cisalhamento da viga mais
curta, e não houve escoamento das barras da armadura longitudinal.
Com base nos resultados experimentais e em modelos numéricos baseados no método
dos elementos finitos, Adebar
et al. (1990) sugeriram um modelo refinado de biela e tirantes
para dimensionamento de blocos sobre estacas. De acordo com a
Figura 2.9, nota-se a
expansão das tensões de compressão na biela de concreto e o surgimento de tensões de tração
atravessando a biela. Assim, os pesquisadores sugeriram a existência de um tirante extra
perpendicular à biela, com o intuito de absorver essas tensões. O tirante pode ser de concreto,
desde que a resistência à tração do material seja respeitada.
Figura 2. 9 – Modelo de Biela e Tirante sugerido por Adebar et al. (1990)
2.2.5. Outros ensaios relevantes
Iyer & Sam (1991) conduziram análise elástica linear tridimensional em blocos sobre
três estacas. Foi apresentada uma solução para as equações da teoria da elasticidade, dadas em
termos do vetor de Galerkin, e as componentes desse vetor em termos de séries duplas de
Revisão Bibliográfica
43
Fourier. As distribuições de tensões foram obtidas em função das condições de contorno,
considerando a superposição dos efeitos de quatro soluções elásticas tridimensionais, para
bloco retangular submetidos a diversos carregamentos. O bloco analisado encontra-se na
Figura 2.10.
Figura 2. 10 – Bloco sobre três estacas analisado por IYER e SAM (1991)
Embora o bloco fosse de concreto armado, as análises feitas pelos pesquisadores
consideraram o material com comportamento elástico linear, homogêneo e isotrópico. Essas
análises indicaram uma solução inicial para a distribuição de tensões.
A análise indicou que as tensões máximas de tração na direção X ocorrem no plano YZ,
em uma seção posicionada entre as estacas 1 e 3, quando se tem uma relação entre altura do
bloco e espaçamento entre estacas igual à unidade. À medida que essa relação vai diminuindo,
percebe-se que a seção onde atuam as máximas tensões de tração se aproxima da seção que
contém o centro de gravidade do bloco. Com relação à direção Z, ocorre comportamento
semelhante, porém a seção com as máximas tensões de tração se situa no plano XY, entre a
face do pilar e a estaca 2.
Os pesquisadores concluíram que dos métodos existentes, tanto a analogia de treliça de
Blévot & Frémy (1967) como a teoria de flexão, que considera o bloco como uma viga
Revisão Bibliográfica
44
simplesmente apoiada nas estacas, apresentam resultados satisfatórios, mesmo não
apresentando posição e magnitude das tensões de tração com requerida precisão.
Iyer & Sam (1992) repetiram as mesmas análises feitas no ano anterior, porém
utilizando blocos sobre duas e quatro estacas.
Iyer & Sam (1995) realizaram uma análise numérica não-linear, via método dos
elementos finitos, para blocos sobre quatro estacas. O objetivo dessa análise era obter o
comportamento das tensões, deslocamentos, deformações nas barras das armaduras, panorama
de fissuração e a força de ruína.
Os modelos analisados tinham a mesma geometria, resistência do concreto e taxa
geométrica de armadura, sendo variado apenas o arranjo das mesmas. Para o bloco sobre
quatro estacas, foram consideradas três disposições para as barras das armaduras: barras
distribuídas em malha; barras sobre estacas e barras em diagonal passando pelas estacas e pela
projeção do pilar. Os modelos foram submetidos a diferentes carregamentos e, para
consideração da não linearidade foi adotado o comportamento multiaxial de compressão do
concreto incluindo deformações plásticas, fissuração do concreto e alteração do coeficiente de
Poisson.
Os resultados obtidos por meio da análise numérica foram bastante divergentes dos
resultados apresentados em outras pesquisas baseadas em ensaios experimentais. Segundo
Iyer & Sam (1995), o arranjo das barras das armaduras que resultou em maior força de ruína
foi o que possuía distribuição em malha, enquanto que o arranjo com distribuição sobre as
estacas obteve menor força última. O problema ocorreu, provavelmente, por causa do tipo de
elemento finito utilizado para representar o concreto e as barras das armaduras, que
provavelmente não conseguiu representar bem o comportamento existente entre esses
materiais.
Revisão Bibliográfica
45
Os pesquisadores perceberam ainda que, para pequenas intensidades de força, o
comportamento de viga foi predominante no bloco, enquanto que para maiores intensidades a
responsável pela resistência do bloco foi a diagonal comprimida.
Miguel (2000), em sua tese de doutorado, realizou ensaios experimentais e numéricos
em blocos sobre três estacas, verificando também a ocorrência de escorregamento de barras
com saliência. Entretanto, tal escorregamento só ocorreu após a ruptura da biela de
compressão.
A pesquisadora concluiu que o método das bielas sugerido por Blévot & Frémy (1967)
mostrou-se conservador em relação à força de ruína. Em todos os modelos, a ruptura ocorreu
por fendilhamento da diagonal comprimida, acompanhada do escoamento das barras da
armadura longitudinal.
Miguel (2000) propôs valores limites para as tensões normais nas regiões nodais do
bloco, isto é, no encontro pilar bloco e estaca bloco. Para a região nodal superior, a tensão
ficou limitada em 0,40
f
cm
independente do diâmetro da estaca. Na região nodal inferior, a
tensão foi limitada a 0,50
f
cm
para estacas com diâmetro de 20 cm, e 0,30f
cm
para estacas com
diâmetro de 30 cm.
É importante relatar que é consenso no meio técnico que os modelos de cálculo para
blocos sobre estacas baseados nos estudos de Blévot & Frémy (1967) devem possuir
limitações das tensões nas regiões nodais. Essa limitação é baseada na resistência
característica do concreto a compressão.
Munhoz (2004), em sua dissertação de mestrado, realizou um estudo comparativo por
meio de modelos analíticos e numéricos baseados no método dos elementos finitos. Nesse
estudo, foi considerada a ação de força centrada em blocos sobre uma, duas, três, quatro e
cinco estacas, e optou-se por variar as dimensões do diâmetro das estacas, bem como as da
seção transversal do pilar. A autora adotou o comportamento do material como elástico linear,
Revisão Bibliográfica
46
na qual não pôde ser considerado o efeito da perda de rigidez do bloco causada pela
fissuração, nem o escoamento das barras da armadura longitudinal.
Munhoz (2004) constatou diferenças entre os modelos analíticos e numéricos, bem
como no fluxo de tensões, quando da formação dos campos e trajetórias das mesmas.
Analisando as direções das tensões principais, a pesquisadora propôs um modelo mais
refinado de biela e tirante. Outra conclusão da pesquisadora foi que, no caso de blocos sobre
cinco estacas, a disposição das estacas segundo os vértices de um quadrado e uma estaca no
centro geométrico, não é a melhor alternativa a ser utilizada, visto que a estaca central recebe
a maior parte da força aplicada. Uma solução melhor seria a adoção de estacas dispostas nos
vértices de um pentágono regular.
Souza (2004) estudou elementos estruturais nos quais não é válida a hipótese de
Bernoulli de que seções planas permanecem planas após a deformação do elemento. Como
exemplos desses elementos, citam-se os dentes gerber, vigas-parede, consolos e blocos de
fundação. Esses elementos podem ser divididos em regiões B e D, ou seja, regiões de
Bernoulli e regiões de descontinuidade.
Para análise das regiões D, o pesquisador utilizou o método dos elementos finitos,
método de bielas e tirantes e método Corda-Painel. Destaca-se nesse trabalho a utilização do
programa DIANA, baseado no método dos elementos finitos, no qual o efeito da não-
linearidade física do concreto é melhor representado quando comparado a outros programas.
Souza (2004) simulou no programa DIANA blocos sobre duas estacas ensaiados por
Mautoni (1972). Os resultados obtidos por meio da análise não-linear indicaram uma grande
variação dos valores e, sua aplicabilidade nos escritórios de cálculo é questionada, haja vista o
tempo requerido para obtenção dos resultados. O autor recomenda que a analise não-linear
seja feita apenas para projeto de obras de grande porte, que necessitem de uma análise mais
criteriosa.
Revisão Bibliográfica
47
Delalibera & Giongo (2004 – a) simularam numericamente blocos sobre duas estacas,
com o intuito de investigar a influência das dimensões do pilar e das estacas no
comportamento estrutural do elemento bloco de fundação. Para tanto, foi considerado na
análise numérica o efeito da não-linearidade física e geométrica, bem como a aderência
perfeita entre aço e concreto. Os autores concluíram, por meio de uma análise estatística, que
o fator preponderante na determinação dos valores das tensões nas regiões nodal superior e
inferior, é a altura do bloco.
Delalibera & Giongo (2004 – b) simularam vinte e sete blocos sobre três estacas
alinhadas. Os blocos possuíam as mesmas propriedades geométricas, variando o ângulo de
inclinação da biela de compressão (30º, 45º e 60º), bem como as rigidezes de cada bloco, além
do tipo de solo que servia de apoio as estacas.
Por meio do critério ANOVA (análise de variância), os autores concluíram que a rigidez
do bloco, assim como a representação do solo como contínuo, têm importância relevante na
distribuição de forças na cabeça das estacas. Em situações que a interação estaca-solo pode
ser desconsiderada, o fator de maior relevância é o ângulo de inclinação da biela de
compressão.
Os autores concluíram que os blocos mais rígidos, isto é, de maior inclinação da
diagonal comprimida, apresentam uma melhor distribuição das forças na cabeça das estacas.
Souza & Bittencourt (2006) analisaram numericamente o comportamento de blocos
sobre estacas com o objetivo de discutir a classificação dos blocos em rígidos ou flexíveis,
propondo o Método das Bielas e o Modelo de Viga como soluções viáveis para o problema de
dimensionamento.
Os autores apresentam resultados de análises não-lineares, efetuadas para blocos rígidos
sobre quatro estacas com diferentes disposições para as barras de aço da armadura
longitudinal, com o objetivo de apresentar as potencialidades do Método dos Elementos
Revisão Bibliográfica
48
Finitos e dos modelos de fissuração distribuída em problemas de fraturamento
tridimensionais.
Após análise de vários ensaios experimentais relatados na literatura técnica, os
pesquisadores concluíram que a ruína dos modelos se deu por fendilhamento da diagonal
comprimida seguido do esmagamento da mesma junto às zonas nodais inferior e superior, ou
seja, no encontro pilar-bloco e estaca-bloco. Por fim, sugerem que se utilize uma malha na
face inferior do bloco com intuito de limitar as aberturas de fissuras e evitar a ruína prematura
dos blocos.
Delalibera (2006), em sua tese de doutorado, estudou numérica e experimentalmente
blocos sobre duas estacas submetidos à ação de força centrada e excêntrica. Inicialmente,
procedeu-se uma análise numérica tridimensional com a consideração da não-linearidade
física e geométrica, assim como o efeito da fissuração e do posicionamento das barras de aço
da armadura longitudinal.
O pesquisador constatou que a geometria da biela de compressão diverge dos modelos
usualmente sugeridos por outros autores. Por meio do critério ANOVA (análise de variância)
o autor verificou que as variáveis preponderantes são: o ângulo de inclinação da biela de
compressão, a área da seção transversal do pilar, e a posição da força de compressão.
Delalibera (2006) realizou ensaio experimental em quatorze blocos, com o intuito de
observar a geometria da biela de compressão, bem como verificar a eficiência dos ganchos
das barras da armadura longitudinal na ancoragem das mesmas.
O pesquisador constatou que, no caso de blocos rígidos, a deformação nos ganchos foi
próxima de zero. Comportamento similar foi observado por Adebar
et al. (1990) e Miguel
(2000). Tratando de blocos rígidos, a ABNT NBR 6118:2003 exige a presença desses
ganchos no detalhamento das barras da armadura principal de tração. O autor verificou
também que as deformações nas barras de aço não são constantes, sofrendo significativa
Revisão Bibliográfica
49
redução nas seções que atravessam a biela de compressão. Esse efeito ocorre em virtude do
confinamento que a biela comprimida provoca nas barras da armadura longitudinal,
principalmente na região sobre as estacas. Esses resultados foram confirmados por meio de
análise numérica não-linear e tridimensional, na qual foi considerado o fenômeno da
fissuração do concreto. Por fim, em função dos resultados obtidos, o autor propõe modelos de
bielas e tirantes aplicados a bloco sobre duas estacas.
Ramos (2007) realizou análise numérica em um bloco de fundação sobre dez estacas. O
objetivo da pesquisa foi estudar o comportamento das reações de apoio nas estacas do bloco
de fundação, quando da variação de alguns parâmetros. Nesse caso, variou-se a altura do
bloco, a intensidade das ações (força concentrada e momento) e o tipo de apoio proporcionado
pelo solo, sendo deformável ou indeformável.
O pesquisador concluiu que os resultados obtidos por meio da análise numérica
divergem dos obtidos com base nos critérios usuais de dimensionamento de blocos sobre
várias estacas, uma vez que esses critérios não levam em conta a altura do bloco nem o tipo de
vinculação empregado.
Ramos (2007) verificou ainda que, na pior situação, houve variação de mais de 200%
nas reações das estacas comparando com os valores obtidos analiticamente, e percebeu
também que as estacas mais próximas ao pilar recebem uma maior parcela da ação solicitante.
O autor verificou ainda que a resistência característica a compressão do concreto tem pouca
influência na determinação da rigidez dos blocos, sendo a altura dos blocos e o tipo de
vinculação fatores de maior relevância.
Nori & Tharval (2007) apresentam aplicações do método de bielas e tirantes para blocos
sobre duas, três e quatro estacas. Os pesquisadores comparam os valores das forças nos blocos
sobre estacas obtidos por meio do modelo de biela e tirante, com os obtidos levando-se em
Revisão Bibliográfica
50
conta o comportamento de viga, no qual são calculadas as forças numa seção de referência,
que é a face do pilar.
Os pesquisadores utilizaram espaçamento entre estacas de duas vezes e meia o diâmetro
da estaca e recomendam que, na utilização de bielas e tirantes, a altura do bloco não seja
inferior à metade do espaçamento entre as mesmas. A
Figura 2.11 apresenta a geometria e as
forças em dois diferentes modelos de biela e tirante para bloco sobre duas estacas.
A respeito do modelo, os pesquisadores afirmam que a posição das bielas e dos tirantes
depende não somente da estrutura, mas também do tipo de ação que atua sobre a mesma. Por
mais simples que seja uma estrutura, existem várias combinações de ações possíveis, o que
conduz a diversas configurações de bielas e tirantes. Os pesquisadores atentaram para o fato
de que as maiores forças nos tirantes ocorrem para as maiores reações nas estacas. Dentre as
várias configurações possíveis para o posicionamento das bielas e dos tirantes, é
recomendando utilizar o modelo em que exista o menor número de tirantes.
Figura 2. 11 – Modelos de biela e tirante para blocos sobre duas estacas, Nori & Tharval (2007)
Nori & Tharval (2007) sugerem verificar as tensões nas regiões nodais baseado nas
expressões do ACI 318:2005. Recomendam ainda que não se utilize ângulos pequenos entre
Revisão Bibliográfica
51
bielas e tirantes, devendo sempre que possível utilizar valores superiores a 45º, embora o ACI
318:2005 permita ângulos de até 25º.
Por fim, os pesquisadores concluem que o método de bielas e tirantes resulta em valores
confiáveis para dimensionamento do estado limite último, evitando colapso da estrutura.
Entretanto, recomenda-se dispor de armaduras adicionais, além das dos tirantes, que tenham
outras finalidades, como construtiva, e de evitar fissuração excessiva do bloco de fundação.
2.3. Pesquisas com ênfase no cálice de fundação
2.3.1. Modelo de Leonhardt & Mönnig (1978) e NBR 9062:1985
Os modelos de cálculo adotados para dimensionamento da ligação pilar-fundação por
meio de cálice externo baseiam-se nas recomendações feitas por Leonhardt & Mönnig (1978)
e pela ABNT NBR 9062:1985.
De um modo geral, os modelos de cálculo diferenciam-se de acordo com a
conformação da superfície da parede do cálice, podendo esta ser lisa ou rugosa. Para qualquer
dessas superfícies, tanto a ABNT NBR 9062:1985 como Leonhardt & Mönnig (1978)
recomendam que o trecho do pilar em contato com a parede do cálice tenha a mesma
conformação. A
Figura 2.12 reproduz um esquema geral da geometria e das forças
transmitidas à fundação.
Revisão Bibliográfica
52
Figura 2. 12 – Geometria do cálice e forças transmitidas à fundação – adaptado de El Debs (2000)
A espessura da parede deve ser igual a um terço da menor distância interna entre as
paredes do cálice, ou a 10 cm, utilizando sempre o maior desses valores. A distância entre o
fundo do cálice e o fundo da sapata deve ter um valor mínimo de 20 cm.
Para o caso de superfícies rugosas, recomenda-se que a superfície lateral do pilar e a
parede do cálice tenham nervuras ou mossas, que podem ser obtidas com a utilização de
fôrmas onduladas ou denteadas. Será considerada superfície rugosa aquela que possuir ao
menos 1 cm de saliência a cada 10 cm de profundidade da parede.
A ligação pilar-fundação está garantida quando do preenchimento do espaço entre as
paredes do cálice e do pilar. Esse espaço tem a finalidade de facilitar o posicionamento do
Revisão Bibliográfica
53
pilar em planta e em nível, por meio do uso de cunhas dispostas nas quatro paredes do cálice.
As cunhas têm a função de impedir o movimento lateral do pilar, e só serão removidas quando
do preenchimento desse espaço, que deve ser feito com graute ou concreto. O concreto de
preenchimento deve ter resistência igual ou superior a do pilar ou do colarinho e ser adensado
por meio de vibrador de agulha. Não se recomenda para essa distância valor inferior a 5 cm, a
menos do uso de graute auto adensável. A
Figura 2.13 ilustra o mecanismo de transferência
das forças atuantes para a base e para as paredes do cálice de fundação, com conformação da
parede lisa.
Figura 2. 13 – Transferência das ações no cálice de fundação com interface lisa – adaptado de El Debs
(2000)
A parcela do pilar que permanece em contato com o cálice é chamada de comprimento
de embutimento
emb
. Esse comprimento, por sua vez, é função da excentricidade do
Revisão Bibliográfica
54
carregamento, e da interface das paredes do cálice. A tabela a seguir contém os valores
sugeridos por Leonhardt & Mönnig (1978) e pela ABNT NBR 9062:1985.
Tabela 2.1 – Comprimento de embutimento do pilar segundo Leonhardt & Mönnig
(1978) e ABNT NBR 9062:1985
150,
hN
M
d
d
150,
hN
M
d
d
Interface
NBR
9062:1985
Leonhardt &
Mönnig (1978)
NBR
9062:1985
Leonhardt &
Mönnig (1978)
Lisa 1,50
.
h 1,68
.
h 2,00
.
h 2,80
.
h
Rugosa 1,20
.
h 1,20
.
h 1,60
.
h 2,00
.
h
Conforme a Figura 2.14, a resultante das tensões nas paredes do cálice também é
influenciada pela interface das mesmas. Quando se trata de parede rugosa, supõe-se que a
resultante horizontal
H
inf,d
é transmitida de forma concentrada para o fundo da parede
transversal 2, aumentando assim o braço de alavanca z e reduzindo a intensidade das tensões.
Figura 2. 14 – Forças nas paredes do cálice com interface lisa e rugosa – adaptado de Leonhardt &
Mönnig (1978)
Nesse aspecto, a ABNT NBR 9062:1985 diferencia-se do modelo proposto por
Leonhardt & Mönnig (1978) apenas na situação de interface rugosa, por considerar que a
Revisão Bibliográfica
55
força H
sup,d
atua na parede 1 à uma distância de 0,15
emb
e não à 0,167
emb
como proposto
pelos dois pesquisadores.
Tabela 2.2 – Valores e posições das forças horizontais – adaptados de El Debs (2000)
Interface Lisa Rugosa
H
sup,d
1, 5 1, 25
d
d
emb
M
V

1, 2 1, 2
d
d
emb
M
V

H
inf,d
1, 5 0, 25
d
d
emb
M
V

1, 2 0, 2
d
d
emb
M
V

y
emb
167,0
emb
150,0
z
emb
667,0
emb
833,0
A força H
sup,d
que solicita a parede 1, é transferida para as paredes longitudinais 3 e 4
que têm o comportamento de consolo engastado na fundação, e portanto, deverão ser
dimensionadas como tal. Esse esquema pode ser observado nas
Figuras 2.15-a e 2.15-b.
Figura 2. 15 – Transferência de esforços no colarinho segundo Leonhardt & Mönnig (1978) – adaptado de
El Debs (2000)
Revisão Bibliográfica
56
Como as paredes longitudinais 3 e 4 possuem uma elevada rigidez a flexão, e admiti-se
que a resultante das pressões na parede 2 atua diretamente na base da fundação, apenas a
parede 1 estará solicitada à flexão. Esse modelo foi baseado na antiga Norma Italiana CNR-
10025 (1984), e funciona apenas para cálice com conformação de parede lisa.
Recomendações de El Debs (2000) sugerem que a flexão na parede 1 desenvolve-se num
trecho de altura igual a um terço de
emb
a partir do topo do colarinho. Deve-se dispor de
armadura longitudinal para absorver as tensões de tração nesse trecho.
As paredes longitudinais 3 e 4, como dito anteriormente, devem ser dimensionadas
como consolo. Além disso, devem dispor de uma armadura horizontal principal A
shp
capaz de
absorver a força transmitida pela parede 1. Deve-se distribuir essa armadura numa altura de
2y a partir do topo do colarinho, sendo y a distância entre a força resultante H
sup,d
e o topo do
colarinho, conforme dito anteriormente. Essa armadura pode ser obtida, a partir da expressão:
yd
d
shp
f
H
A
2
sup,
(2.2)
A determinação das demais armaduras: armadura vertical principal A
svp
, armadura
vertical secundária A
svs
e armadura horizontal secundária A
shs
são obtidas a partir do modelo
de consolo mais adequado. Podem-se classificar os consolos em três tipos, de acordo com a
inclinação da biela de compressão. São eles:
- Consolo curto (1tg
β 0,5 ): Modelo de bielas e tirantes;
- Consolo muito curto ( tg
β 0,5): Modelo de atrito-cisalhamento;
- Consolo longo ( tg
β 1): Modelo da Teoria da Flexão
Como a maioria dos casos recai em consolo curto, será mostrado apenas esse modelo de
cálculo, conforme
Figura 2.16. Para os demais modelos, recomenda-se leitura do trabalho de
Canha (2004).
Revisão Bibliográfica
57
(lc - y)

(0,85.hext- h /2)
arctg
2
h
bie
ext
=0,15.h .sen
hbie
0,15 hext
hext
y
lc
dc
hc
Hsup,d /2
Ftir,d
tg
hsup,d
2
F
tir,d=
R
cd=
2.cos
hsup,d
Hsup,d /2
R
cd
Ftir,d
Figura 2. 16 – Indicações de dimensionamento das paredes 3 e 4 como consolo curto – adaptado de El
Debs (2000)
Pode-se determinar a armadura vertical principal A
svp
bem como a tensão de ruptura da
biela comprimida a partir das seguintes expressões:
yd
dtir
svp
f
F
A
,
(2.3)
cd
cbie
cd
cd
f
hh
R
85,0
(2.4)
As demais armaduras, vertical e horizontal secundárias funcionam como armaduras de
distribuição e de costura, e são obtidas a partir das expressões 2.5 e 2.6:
svpsvs
AA 4,0
(2.5)
svp
extc
shs
A
hh
A
2,0
%15,0
(2.6)
Revisão Bibliográfica
58
Essas armaduras também devem ser dispostas nas paredes transversais 1 e 2. A
distribuição das mesmas pode ser vista na
Figura 2.17, sugerida por Leonhardt & Mönnig
(1978) e adaptada por El Debs (2000).
(costura e distribuição)
(costura e distribuição)
(transmitir h
sup do consolo)
(tirante do consolo)
VISTA FRONTAL
- Armadura horizontal secundária
- Armadura vertical secundária
- Armadura horizontal principal
- Armadura de flexão da parede 1
(cálice de paredes lisas)
- Armadura vertical principal
Ashs
Asvs
Ashp
Ashft
Asvp
Ashp
Ashft
Ashs
Asvs
Ashp
Asvp
Hd
Md
Nd
Ashft
Asvs
Ashp
Asvp
PLANTA
Figura 2. 17 – Esquema das principais armaduras do cálice
Para os cálices com interface lisa e comprimento de embutimento inferiores a 2,00h,
permite-se fazer uma redução da força H
inf,d
na proporção
emb
/2,00h quando do
dimensionamento da armadura horizontal secundária. Entretanto, deve-se manter seu valor
total na verificação da biela comprimida.
No caso de interface lisa, deve-se garantir a ancoragem das barras da armadura
longitudinal do pilar, quando as mesmas estiverem solicitadas à tração. Leonhardt & Mönnig
Revisão Bibliográfica
59
(1978) sugerem que essa ancoragem tenha início a meia altura de
emb
. Ebeling (2006) sugere
que a ancoragem tenha início no ponto de aplicação da força horizontal H
sup,d
.
Nos casos em que a base da fundação for de pequena espessura, recomenda-se proceder
a uma verificação quanto à punção. No cálice de interface lisa, a seção de ruína tem início a
partir do pilar, enquanto que no cálice rugoso, admite-se que o conjunto pilar colarinho
funciona de forma integrada, estando a superfície de ruína de acordo com as dimensões
externas do colarinho.
2.3.2. Modelo de Willert & Kesser (1983)
Willert & Kesser (1983) ao realizarem pesquisas em cálice de fundação com colarinho
externo, propuseram a utilização de um coeficiente de atrito capaz de simular o atrito
existente entre as paredes do cálice e do pilar, aprimorando os modelos anteriores. Os autores
sugerem a utilização do coeficiente de atrito
32
para o cálice com interface de paredes
lisas, entretanto, pode-se calibrar esse fator para a formulação de cálice com a interface
rugosa.
As forças de atrito, por sua vez, só se manifestam quando da existência de forças
verticais em conjunto com forças horizontais, ou seja, quando o pilar estiver submetido à
flexo-compressão.
Quanto ao comprimento de embutimento do pilar
emb
, os autores recomendam que
estejam dentro do intervalo da expressão 2.7:
hh
emb
0,35,1
(2.7)
Ao contrário da formulação proposta por Leonhardt & Mönnig (1978), o comprimento
de embutimento do pilar
emb
não depende da interface da parede do cálice. A Figura 2.18
reproduz o esquema de forças sugerido pelos pesquisadores.
Revisão Bibliográfica
60
Rinf
Figura 2. 18 – Esquema de forças segundo Willert & Kesser (1983)
A partir das condições básicas de equilíbrio, ou seja, forças verticais, horizontais, e dos
momentos em torno do ponto O, têm-se as seguintes relações:
0
inf,,sup,,,
ddatdatdbfv
NFFNF
(2.8)
0
,,inf,sup,
ddbfatddh
VFHHF
(2.9)
0
623
2
6
5
inf,,sup,,
inf,
,,
d
embd
datdat
embd
embdbfat
o
M
V
hFF
H
F
M
(2.10)
Como complemento às expressões anteriores, utiliza-se as relações das forças de atrito
superior, inferior e na base, com as forças perpendiculares por meio do coeficiente de atrito
.
ddat
RF
inf,sup,,
(2.11)
ddat
HF
inf,inf,,
(2.12)
dbfdbfat
NF
,,,
(2.13)
Por fim, têm-se ainda as seguintes condições:
Revisão Bibliográfica
61
dbfatdd
FHR
,,inf,inf,
(2.14)
0
,
dbf
N
(2.15)
A partir da formulação proposta verifica-se que, para pequenas relações e/h, isto é,
pequenas excentricidades, a força de atrito na base do cálice F
at,bf,d
é muito maior do que a
força H
inf,d
ampliando, portanto, o braço de alavanca entre as forças H
sup,d
e R
inf,d.
Quando ocorrer uma situação oposta, isto é, aplicação de forças com grande
excentricidade ocorrerá que a força de atrito F
at,bf,d
será menor, quando comparada com a
força H
inf,d
de tal modo que o braço de alavanca entre as forças H
sup,d
e R
inf,d
diminua.
A partir dessas observações, Willert & Kesser (1983) desenvolveram uma expressão
exponencial que relaciona o braço de alavanca z com a excentricidade e/h a partir do
parâmetro
z
. A expressão obtida é a seguinte:
h
e
z
e
3
2
1
(2.16)
Para pequena excentricidade (e/h 1/6 ):
0
z
e
6
5
emb
z
(2.17)
Para média excentricidade (e/h = 1 ):
5,0
z
e
4
3
emb
z
(2.18)
Para grande excentricidade (e/h 6 ):
1
z
e
3
2
emb
z
(2.19)
Revisão Bibliográfica
62
Pode-se, portanto, escrever a expressão do braço de alavanca z em função de
z
e de
emb
, resultando na expressão 2.20.

6
5
zemb
z
(2.20)
Assim, da combinação das expressões de equilíbrio, obtêm-se o seguinte resultado para
a força cortante resultante R
inf,d
na base do pilar:

zzemb
embdd
d
h
VM
R
135
6
inf,
(2.21)
Para pequena excentricidade (e/h 1/6 e
z
=0) a expressão 2.21 resulta em:
h
VM
R
emb
embdd
d
35
6
inf,
(2.22)
Tomando-se o coeficiente de atrito
como nulo, obtemos a expressão 2.23, que é a
mesma obtida por Leonhardt & Mönnig (1978) na formulação de interface rugosa.
55
6
inf,
d
emb
d
d
VM
R
(2.23)
Para a situação de flexão pura ( N
d
=0, e/h =
z
=1) a expressão 2.21 se reduz na 2.24.
h
VM
R
emb
embdd
d
64
6
inf,
(2.24)
Tomando-se o coeficiente de atrito
como nulo, obtemos a mesma expressão obtida por
Leonhardt & Mönnig (1978) na formulação de interface lisa.
42
3
inf,
d
emb
d
d
VM
R
(2.25)
Revisão Bibliográfica
63
2.3.3. Outros estudos relevantes para cálice de fundações
Olin et al. (1985) propõem um modelo de cálculo diferente para análise da ligação entre
o cálice de fundação e o pilar. Segundo os pesquisadores, a capacidade da ligação é
amplamente maior do que as referenciadas na literatura técnica até então, em virtude da
existência de tensões de aderência entre esses elementos, e pela hipótese da reação vertical na
base do pilar se apresentar de forma excêntrica.
De acordo com os pesquisadores, ao atingir o estado limite último, o momento
resultante atuante na região do embutimento provoca o deslocamento da reação normal
atuante na base do pilar. Esse deslocamento depende de diversos fatores, como a intensidade
da ação e das dimensões do cálice. Os autores sugerem utilizar o valor de h/6 para esse
deslocamento, sendo h a maior dimensão da seção transversal do pilar.
Olin et al. (1985) não recomendam a existência da força de atrito na região inferior do
cálice, pois, segundo os pesquisadores, para que haja força de atrito é necessária a presença de
uma força de compressão perpendicular atuando nessa região e, no cálice de fundação, essa
força de compressão nem sempre se desenvolve de maneira plena. Os pesquisadores
recomendam utilizar o valor de 1,3
.
h para o comprimento de embutimento, e no caso das
interfaces do cálice, utilizar o coeficiente de atrito
=0,3 para interface lisa e
=0,6 para
interface rugosa.
Elliott (1996) apresentou dois modelos de cálculo em função dos esforços solicitantes
para a ligação pilar fundação por meio de cálice. Ambos os modelos consideram a existência
de uma força normal excêntrica atuando no pilar, porém se diferenciam pela existência ou não
de uma força horizontal V
d
no topo do colarinho, capaz de provocar força cortante no pilar.
Segundo o pesquisador, existem forças de atrito nas paredes transversais do cálice e na
base do pilar, porém essas forças foram desprezadas de tal maneira que a resultante de
Revisão Bibliográfica
64
compressão inferior se torna igual a resultante de compressão superior, para a situação sem a
força horizontal V
d
.
Elliott (1996) recomenda ainda que o comprimento de embutimento do pilar seja maior
ou igual a uma vez e meia a maior dimensão da seção transversal do pilar, e que a distância
entre o pilar e as paredes do cálice sejam superiores a 75 mm no topo do colarinho e 50 mm
na base do cálice. A tensão de contato deve ser limitada a 40% da resistência de cálculo a
compressão do concreto utilizado na junta.
Osanai et al. (1996) realizaram ensaio experimental em seis modelos de cálice de
fundação variando o comprimento de embutimento
emb
entre 1,0
.
h e 1,5
.
h, e a conformação
da superfície de contato entre o pilar e as paredes do cálice, rugosa ou lisa. No modelo
proposto pelos pesquisadores, surgem forças de atrito nas paredes laterais do cálice, bem
como na base do pilar. Além disso, propõem a existência de uma força normal excêntrica
atuando na base do pilar. O desenvolvimento do seu modelo se deu baseado no princípio da
superposição dos efeitos, na teoria da resistência dos materiais assim como nas hipóteses de
dimensionamento de estruturas de concreto armado.
Os pesquisadores concluíram que para o comprimento de embutimento
emb
igual a 1,5h
a ligação se comportou como rígida, inclusive para a situação de interface lisa. Melhorando a
condição de interface rugosa, esse comprimento pode ser reduzido sem haver perda de rigidez
da ligação, de tal modo que os modelos com interface rugosa e
emb
igual a 1,0h apresentaram
comportamento semelhante aos cálices com superfície lisa e
emb
igual a 1,5h, no qual o pilar
rompeu ao atingir sua força última. O cálice com interface lisa não apresentou rigidez
suficiente para
emb
menor que 1,25h.
Os resultados obtidos nos ensaios experimentais, quando comparados com os valores
teóricos, sugerem que os coeficientes de atrito podem ter os seguintes valores:
=1,0 quando
o comprimento de embutimento for maior que 1,25h para cálice com conformação de parede
Revisão Bibliográfica
65
rugosa ou igual a 1,5h quando da conformação de parece lisa;
=0,5 para comprimento de
embutimento igual a 1,0h no caso de parede com conformação rugosa. Nesse caso, o cálice
de paredes lisas não apresentou rigidez suficiente desde o início dos ensaios.
Os resultados do modelo proposto por Osanai et al. (1996) mostraram-se mais próximos
dos valores experimentais, do que os sugeridos pela norma alemã DIN 1045, utilizada na
época dos ensaios, considerando os mesmos coeficientes de atrito proposto pelos
pesquisadores.
Em Silva (1998), encontra-se um modelo de cálculo para blocos com e sem colarinho.
Segundo o autor, o comportamento das forças internas atuantes no pilar é o mesmo para cálice
externo ou embutido no bloco. Um dos modelos admite que a reação vertical da força normal
atuante no pilar, é transmitida para a sapata sem excentricidade. Essa reação, por sua vez, não
é transmitida diretamente à base, mas sim por meio de bielas inclinadas e tirantes horizontais
desenvolvidos no interior do pilar, conforme
Figura 2.19.
Figura 2. 19 – Esquema de forças atuantes no pilar – Silva (1998)
Revisão Bibliográfica
66
A força horizontal V
d
tem o mesmo valor da força cortante atuante no pilar, e como as
tensões de compressão devem ser limitadas a 0,6f
cd
, pode-se encontrar a altura da região
comprimida
v
a partir da expressão 2.26.
vcdd
bfV 6,0
(2.26)
Como existe uma excentricidade entre a reação V
d
e a força cortante atuante no pilar, há
um acréscimo no valor do momento, dado pela expressão 2.27:
2
'
v
d
VMM
(2.27)
O momento M’, por sua vez, é equilibrado pelo binário de forças de compressão F
c
no
topo e na base da parede do cálice, segundo a expressão 2.28:
xbfF
cdc
6,0
(2.28)
Igualando o momento M’ ao binário das forças de compressão, têm-se:
 
xxbfxFM
cdc
'6,0''
(2.29)
O valor de x pode ser obtido calculando-se as raízes da seguinte equação do segundo
grau:
0
6,0
'
'
2
cd
fb
M
xx
(2.30)
Na situação de cálice embutido, pode-se utilizar o modelo anterior para comportamento
das forças internas do pilar, considerando-se a força normal transmitida à base do bloco sem
excentricidade. Outra simplificação é admitir que a reação horizontal do terreno exista a partir
do topo do bloco, e que atue de modo colinear com as forças F
c
e V
d
. Esse procedimento
permite à simplificação do modelo, sendo facilmente determinadas as forças de tração nos
tirantes em função da geometria do bloco e das cargas atuantes, conforme
Figura 2.20.
Revisão Bibliográfica
67
Figura 2. 20 – Modelo de cálculo para bloco com cálice embutido, sem considerar o atrito na junta pilar-
bloco – Silva (1998)
Revisão Bibliográfica
68
A força F
c
+V
d
atua numa altura x’, dada pela soma dos valores de l
v
e x, calculados com
as expressões anteriores. Admite-se que essa força atua em
2'x , causando uma
excentricidade da reação N na base do bloco, dada pela expressão 2.31:
N
x
VM
e
2
'
(2.31)
A força F
c
+V
d
é equilibrada pela reação do terreno V
t
, pelo tirante horizontal T
1,
e pelas
forças de tração nos tirantes T
2
. No canto superior esquerdo do bloco, o tirante horizontal T
2
encontra com o tirante vertical T
3
e com uma biela inclinada que sai da face inferior do pilar.
O tirante T
3
se liga na face inferior do bloco com dois tirantes horizontais, T
4
e T
6
, e por uma
biela inclinada que também sai da extremidade inferior do pilar. A reação do terreno N,
concentrada a uma distância maior que 0,25
A do eixo do pilar, equilibra a biela proveniente
da face inferior do mesmo, e os tirantes horizontais T
4
e T
5
.
Canha (2004) realizou em sua tese de doutorado uma investigação experimental que é
considerada a mais completa no que diz respeito à ligação pilar fundação por meio de cálice
externo, com ênfase no colarinho. Foram ensaiados cinco modelos em escala real, variando a
conformação das paredes do cálice, sendo três com interface lisa e dois com interface rugosa.
Em apenas um modelo com interface lisa não foi aplicado desmoldante. Nos demais,
assim como nos de interface rugosa, o desmoldante serviu para simular melhor a situação de
projeto, já que não se pode garantir um perfeito contato entre as interfaces do pilar e do cálice.
Também no cálice com interface rugosa, foram testadas diferentes configurações de chave de
cisalhamento.
As propriedades geométricas dos modelos foram baseadas nas recomendações da ABNT
NBR 9062:1985 e de Leonhardt & Mönnig (1978). O comprimento de embutimento seguiu as
prescrições da ABNT NBR 9062:1985; a espessura das paredes do cálice foi o maior valor
Revisão Bibliográfica
69
entre 10 cm e 1/3 da menor distância interna entre paredes; a espessura utilizada para da base
foi de 35 cm, maior que a dimensão mínima de 20 cm recomendada pela norma; a espessura
da junta foi de 5 cm, possibilitando o uso de vibrador quando do adensamento do concreto da
junta.
Por fim, baseado nos resultados teóricos e experimentais, Canha (2004) propôs um
modelo de projeto para o cálice com interface lisa, na qual é considerada a contribuição das
forças de atrito F
at,sup,d
, F
at,inf,d
e F
at,bf,d
e a existência da excentricidade e
nb
da força normal
atuante na base do cálice. O valor sugerido pela pesquisadora para a excentricidade e
nb
após a
aferição do modelo é de h/4, sendo h a menor dimensão da seção transversal do pilar. A
distribuição de pressões nas paredes 1 e 2 do cálice assumem uma distribuição triangular. O
valor do coeficiente de atrito
indicado é de 0,6. A Figura 2.21 ilustra o esquema de
representação das forças atuantes no cálice.
Os resultados para o cálice com conformação das paredes rugosas apresentaram um
comportamento próximo de uma ligação monolítica. Em função desse comportamento, Canha
(2004) recomenda que a armadura vertical das paredes do colarinho seja dimensionada
admitindo a transferência total das ações. Para as paredes longitudinais, podem-se considerar
as mesmas como consolos quando do dimensionamento.
Figura 2. 21 – Forças atuantes no cálice de fundação, Canha (2004)
Revisão Bibliográfica
70
Jaguaribe Júnior (2005) prosseguiu com os estudos em ligação pilar fundação por meio
de cálice externo, com enfoque no comprimento de embutimento do pilar. Foram estudados
dois protótipos, um com interface lisa e outro com interface rugosa, nos quais foi reduzido o
comprimento de embutimento. Os resultados experimentais foram comparados com os
obtidos por Canha (2004) e com outras recomendações da literatura técnica. O pesquisador
concluiu que ao se reduzir o comprimento de embutimento recomendado pela ABNT NBR
9062:1985, há incoerência entre o resultado teórico e experimental.
Ebeling (2006) realizou pesquisa experimental e numérica com o intuito de analisar a
base dos pilares na ligação com cálice de fundação. Foram analisados experimentalmente dois
modelos de cálice com conformação de paredes lisas. Um fato importante dessa pesquisa, é
que houve reaproveitamento de cálices usados em pesquisas anteriormente realizadas por
Jaguaribe Júnior (2005) e Canha (2004). Em função desse reaproveitamento, foi necessário
proceder a um reforço estrutural com fibra de carbono nas paredes do cálice.
Ebeling (2006) concluiu que a base dos pilares na ligação com cálice de fundação
apresenta boa segurança, visto que a ruína dos modelos ocorreu fora da região de
embutimento, por escoamento da armadura longitudinal tracionada das paredes do cálice.
Esse resultado pode ser confirmado nos modelos experimentais e numéricos. Verificou
também que a altura do colarinho influencia diretamente na rigidez do cálice, tendo em vista
que os menores deslocamentos no topo do colarinho foram obtidos nos cálices com maior
comprimento de embutimento
.
Outra observação importante é que a armadura transversal do cálice foi pouco solicitada,
provavelmente por conta do reforço em fibras de carbono realizado nos modelos. Por fim, o
pesquisador sugeriu um modelo de bielas e tirantes aplicado ao dimensionamento do cálice de
fundação.
Revisão Bibliográfica
71
Campos & Marcellino (2008) analisaram o comportamento de blocos de fundação sobre
duas estacas para estruturas pré-moldadas, utilizando cálice externo. Foi realizado ensaio em
três protótipos de blocos na escala 1:2 variando a altura do colarinho, nos quais o objetivo
principal era avaliar a influência que o comprimento de embutimento
emb
provoca na base do
bloco, bem como na formação da biela comprimida. Os resultados indicaram que o modelo
proposto por Melo (2004) é conservador em relação às forças últimas obtidas
experimentalmente.
Nunes (2009)
realizou pesquisa experimental na ligação pilar-fundação com cálice
externo, com ênfase nos esforços nas paredes transversais do cálice. O principal objetivo da
pesquisa era avançar no conhecimento desse tipo de ligação, dando prosseguimento aos
estudos iniciados por Canha (2004). Nesse aspecto, foram estudados dois protótipos de cálice
externo, sendo um com configuração da parede lisa e outro com configuração da parede
rugosa, nos quais foi avaliado o comportamento das armaduras verticais principais, situadas
no encontro das paredes transversais e longitudinais.
Os resultados obtidos experimentalmente foram comparados com o modelo de cálculo
proposto por Canha (2004), e indicaram que a parede transversal está submetida à flexo-
tração, na qual os valores teóricos de 15% de flexão e 85% de tração conduzem aos melhores
resultados. Constatou-se também que para o protótipo com configuração da parede lisa, as
armaduras principais contribuíram efetivamente para a resistência do modelo após o
desprendimento dos elementos da junta.
Revisão bibliográfica
1
DELALIBERA, R.G. Análise numérica e experimental de blocos sobre duas estacas com cálice embutido
utilizado na ligação pilar-fundação. Relatório de pós doutorado, 2009.
72
Delalibera (em fase de elaboração)
1
realizou simulações numéricas em blocos sobre
duas estacas com cálice totalmente embutido. O objetivo da análise era observar quais fatores
tinham maior importância no comportamento estrutural dos blocos e, de posse desses
parâmetros, proceder experimento em laboratório.
O pesquisador concluir que os fatores que mais influenciam no comportamento
estrutural do bloco com configuração da parede do cálice lisa são o comprimento de
embutimento do pilar
emb
e a distância entre o fundo do bloco e o fundo do cálice. Para o
bloco com configuração da parede rugosa, esses fatores não são relevantes como no bloco
com configuração lisa, em virtude da chave de cisalhamento conferir ao bloco um
comportamento de ligação monolítica.
Em função dos resultados numéricos, optou-se por realizar ensaio experimental em dois
modelos de blocos com cálice embutido, no qual a variável considerada será a configuração
das paredes do cálice. Os ensaios estão em andamento.
Aspectos de projeto de
blocos sobre estacas
Capítulo
3
3
3.1. Procedimentos gerais
A utilização de blocos sobre estacas ocorre quando as camadas superficiais do terreno
não são suficientemente resistentes para suportar as ações da superestrutura. Estacas são
elementos esbeltos cuja finalidade é transmitir as ações provenientes do bloco para as
camadas mais profundas do solo. Essa transmissão pode ser feita por meio da resistência de
ponta, do atrito lateral, ou da combinação dos dois efeitos.
Tratando de projetos de bloco sobre estacas, a primeira decisão do projetista é definir o
tipo de estaca a ser utilizada. Essa escolha é feita baseada na intensidade das ações, bem como
no tipo de solo que irá receber a fundação.
Definida o tipo da estaca, obtêm-se a quantidade de estacas a ser utilizada em cada
bloco, considerando-se a intensidade das ações: força vertical; força horizontal e momentos,
bem como a força resistente de cada estaca. Em situações onde a intensidade da força
horizontal for elevada, deve-se prever a utilização de estacas inclinadas, caso as camadas do
solo não sejam capazes de impedir o movimento lateral do conjunto estaca-bloco. É preciso
considerar também o efeito de grupo entre estacas vizinhas.
Em seguida é feita a distribuição em planta das estacas. Sempre que possível, faz-se
coincidir o centro do estaqueamento com o centro geométrico do pilar. A distribuição das
estacas deve ser feita de modo a obter o menor volume possível para o bloco.
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
74
A distribuição das estacas segue padrões adotados pelo meio técnico, respeitando-se o
espaçamento mínimo entre estacas, distância entre estacas e a face do bloco e altura do bloco.
A
Figura 3.1 representa o padrão de bloco sobre duas estacas.
Figura 3. 1 – Bloco padrão sobre duas estacas
3.2. Critérios de projeto
3.2.1. Cálculo das ações nas estacas
Em Schiel (1957) é encontrado um procedimento para cálculo das reações nas estacas
em blocos de fundação submetidos à ação de força centrada e momentos nas duas direções.
Para aplicação desse procedimento, é necessário cumprir algumas condições, entre elas
a de que as estacas sejam todas do mesmo tipo, mesmo comprimento e mesmo diâmetro. O
método não é valido caso alguma estaca seja inclinada, e o bloco deve ser necessariamente
rígido. A
Figura 3.2 indica a posição das ações e dos eixos considerados na expressão 3.1,
que devem coincidir com os eixos principais de inércia do bloco.
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
75
Figura 3. 2 – Método da superposição, Schiel (1957)
22
i
ix
i
iy
i
y
yM
x
xM
n
F
P
(3.1)
sendo que:
P
i
reação na estaca de coordenadas x
i
e y
i
;
F força vertical resultante (incluindo o peso próprio do bloco);
n número de estacas;
M
x
momento fletor em torno do eixo x;
M
y
momento fletor em torno do eixo y.
A expressão 3.1 nada mais é do que a formulação da flexão composta da Resistência dos
Materiais, em que as reações nas estacas são diretamente proporcionais aos seus respectivos
deslocamentos, tendo em vista que o bloco é considerado infinitamente rígido.
Quando a parcela do momento fletor estiver comprimindo uma estaca, a sua
contribuição é somada a parcela proveniente da força atuante; quando provocar tração, é então
subtraída da parcela da força atuante. O estaqueamento é resolvido por tentativa, tendo em
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
76
vista que as reações nas estacas devem obedecer aos valores resistentes de tração e
compressão.
3.2.2. Bloco rígido versus bloco flexível
Dependendo do valor adotado para altura, o bloco pode ser classificado como rígido ou
flexível.
Segundo a ABNT NBR 6118:2003, bloco rígido é aquele que têm comportamento
estrutural definido por flexão nas duas direções, mas com trações essencialmente
concentradas nas linhas sobre estacas. Além disso, não respeita a hipótese das seções planas.
Recomenda ainda que as barras da armadura principal sejam distribuídas em faixas de largura
igual a 1,2 vez o diâmetro da estaca. As forças são transmitidas do pilar para as estacas por
meio de bielas de compressão, cuja forma e dimensões são complexas. A expressão 3.2 define
a altura mínima para bloco rígido.
3
p
aa
h
(3.2)
sendo que:
a é a dimensão do bloco em uma determinada direção;
a
p
é
a dimensão do pilar na mesma direção;
h é a altura do bloco.
Blocos flexíveis são aqueles que têm comportamento semelhante ao de vigas, sendo o
dimensionamento feito baseado em seções de referência. A norma recomenda realizar uma
análise mais completa, desde a distribuição das ações nas estacas, dos tirantes de tração, até a
necessidade de verificação à punção.
O boletim 73 do CEB-FIP (1970) classifica o bloco em rígido ou flexível em função do
parâmetro
c
, que é a distância entre a face do pilar e o eixo da estaca mais afastada. O bloco é
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
77
dito rígido quando
c
for menor que uma vez e meia a altura h, enquanto que é considerado
flexível quando
c
for
maior ou igual a uma vez e meia a altura h.
O boletim 73 do CEB-FIP (1970) alerta ainda para que não se utilize blocos com altura
superior a duas vezes à distância
c,
evitando que o bloco tenha comportamento semelhante ao
de uma viga parede. As expressões 3.3 e 3.4
mostram a relação entre altura h e
c,
para bloco
rígido e flexível, respectivamente.
3
2
2
c
c
h
(3.3)
3
2
c
h
(3.4)
Figura 3. 3 – Parâmetros de classificação do bloco
Guerrin (1955) sugere que o bloco de fundação pode ser calculado tanto pelo método da
flexão, como pelo método das bielas. Porém, segundo o autor, naquela época os projetistas
não estavam mais utilizando o método da flexão, e ao adotarem altura maior que meia vez a
distância entre estacas, obtinham um bloco rígido.
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
78
Calavera (1991), assim como o boletim 73 do CEP-FIP (1970), classifica o bloco como
rígido quando a distância
c
for menor que uma vez e meia a altura h, porém difere na altura
máxima permitida, sendo esse valor igual a uma vez e meia a distância
c
. O bloco é dito
flexível quando atender a expressão 3.4 e rígido quando estiver no seguinte intervalo:
3
2
5,1
c
c
h
(3.5)
A norma espanhola EHE (2002), assim como Montoya (2000), recomendam que o bloco
seja considerado rígido quando atender a expressão 3.6, caso contrário, o bloco será dito
flexível, e deve ser calculado segundo a teoria geral da flexão, ou seja, com distribuição linear
das deformações.
2
c
h
(3.6)
Silva e Giongo (2000) fazem uma importante observação na análise de um modelo de
biela e tirante, constatando que o modelo adotado deve ser função da geometria e das ações
atuantes. Um mesmo elemento estrutural submetido a diferentes ações apresenta
comportamentos diferentes, ou seja, é inadequado utilizar apenas parâmetros geométricos
(relações
c
/h) na classificação desses modelos.
3.2.3. Recomendações a respeito da altura do bloco
O CEB-FIP (1970), como dito anteriormente, recomenda que os blocos sobre estacas
não tenham altura superior a duas vezes à distância
c
.
Calavera (1991) sugere que a altura máxima dos blocos seja igual a uma vez e meia a
distância
c
. Em relação à altura mínima recomenda que em hipótese alguma seja inferior a 40
cm ou uma vez e meia o diâmetro da estaca.
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
79
Montoya (2000) recomenda o cálculo da altura útil do bloco por meio da expressão 3.7,
em função da força normal atuante e da largura do bloco.
34,014,0
500
b
F
d
d
(3.7)
sendo que:
F
d
é a força normal de cálculo no bloco, em kN;
b é a largura do bloco, em metros;
d é a altura útil do bloco.
Essa formulação é recomendada para blocos de duas a seis estacas. Segundo o autor,
utilizando essa expressão, a seção transversal de concreto armado torna-se suficiente para
resistir à força cortante sem necessidade de armadura específica, tornando o bloco mais
econômico.
Munhoz (2004) percebeu que os valores obtidos para altura útil por meio da expressão
3.7 resultam alturas úteis muito grandes, sendo, portanto, necessário constatar se realmente há
economia ao não utilizar armadura para resistir à força cortante.
3.2.4. Distância entre eixos de estacas
A consideração de uma distância mínima entre eixos de estacas é necessária em virtude
do efeito de grupo das estacas. Entende-se por efeito de grupo de estacas o processo de
interação das diversas estacas que constituem uma fundação. Essa interação acarreta uma
superposição de tensões. O espaçamento mínimo deve ser respeitado não só entre estacas do
mesmo bloco, mas também entre estacas de blocos vizinhos.
Alonso (1983) sugere os mesmos valores adotados posteriormente pela ABNT NBR
6118:2003, sendo de duas vezes e meia o diâmetro da estaca para estaca pré-moldada, e de
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
80
três vezes para estacas moldadas in loco. O autor recomenda que em hipótese alguma seja
utilizado espaçamento inferior a 60 cm.
Calavera (1991) indica valores para distância entre eixos de estacas variando entre duas
a três vezes o diâmetro das mesmas.
Montoya (2000) sugere adotar o menor valor entre os seguintes: duas vezes o diâmetro
da estaca ou 75 cm. Nas situações em que forem adotadas estacas de seção quadrada, a
distância entre eixos não deve ser inferior a 1,75 vez a diagonal da seção da estaca.
A ABNT NBR 6118:2003 permite espaçamento entre estacas de duas vezes e meia a
três vezes o diâmetro da estaca, admitindo plana a distribuição de forças nas estacas. Ramos
(2007) verificou que essa distribuição plana não acontece em blocos sobre muitas estacas,
mesmo respeitando o espaçamento mínimo.
3.2.5. Distância entre eixo da estaca e a face do bloco
Alonso (1983) recomenda que a distância mínima entre o eixo de qualquer estaca e a
face externa do bloco atenda o maior valor dentre os da expressão 3.8.
Figura 3. 4 – Distância entre estaca e a face do bloco, Alonso (1983)
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
81
cr
cm
u
15
2
(3.8)
sendo que:
Φ é o diâmetro da armadura longitudinal;
é o diâmetro da estaca;
r é o raio de dobramento da armadura;
c é o cobrimento da armadura.
Calavera (1991) e Montoya (2000) sugerem que a distância entre o perímetro da estaca
e a borda do bloco seja superior ao raio da estaca ou 25 cm.
3.2.6. Ligação estaca-bloco
Calavera (1991) e Montoya (2000) consideram valores utilizados pelo meio técnico para
embutimento da estaca no bloco de fundação. Recomendam ainda que sob o bloco exista um
lastro de 10 cm de concreto. O topo da estaca, chamado de cota de arrasamento, deve estar
situado entre 10 cm e 15 cm sobre o lastro de concreto.
De acordo com a ABNT NBR 6122:1996, a ligação estaca bloco varia conforme o tipo
de estaca utilizado. Segundo a mesma norma, quando a estaca ficar acima da cota de
arrasamento recomendada em projeto, deverá ocorrer a demolição do excedente de tal
maneira que a seção resultante permaneça plana e perpendicular à estaca.
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
82
Figura 3. 5 – Ligação estaca–bloco, Calavera (1991)
3.2.7. Excentricidades acidentais
Por razões econômicas, em blocos de fundação é comum utilizar diâmetros maiores nas
estacas, de modo a diminuir o número de estacas no bloco.
Em blocos com poucas estacas, é recomendado considerar excentricidades acidentais em
virtude de possíveis deslocamentos do eixo da estaca durante o processo construtivo. Calavera
(1991) faz recomendações importantes para excentricidades acidentais em blocos sobre uma e
duas estacas, devendo ser considerada no projeto do bloco. Os valores sugeridos são os
seguintes:
e = 5 cm em obras com alto controle de execução;
e = 10 cm em obras com médio controle de execução;
e = 15 cm em obras com baixo controle de execução.
3.2.8. Barras da armadura principal
A ABNT NBR 6118:2003 aceita modelos tridimensionais lineares ou não e modelos de
biela e tirante tridimensionais, para definir as forças nos tirantes. No caso de blocos rígidos,
recomenda que as barras da armadura principal do bloco estejam concentradas sobre as
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
83
estacas, numa faixa de largura igual a 1,2 vez o diâmetro da estaca. As barras devem se
estender de face a face do bloco, e terminar em ganchos nas duas extremidades. No caso de
barras com diâmetro maior ou igual a 20 mm, devem ser utilizados ganchos com dobras de
135º ou 180º.
A ancoragem das barras da armadura deve ser garantida a partir da face da estaca, porém
a ABNT NBR 6118:2003 não especifica se é a face interna, externa ou a que engloba o centro
geométrico da estaca. Pode-se ainda considerar o efeito favorável sobre as barras da
armadura, decorrentes da compressão das bielas. Na expressão 3.9
são apresentados os
critérios de verificação de ancoragem das barras da armadura principal.
min,
,
,
, b
efs
calcs
bnecb
A
A
(3.9)
sendo que:
b,nec
é o comprimento de ancoragem necessário;
α=1 para barras sem gancho;
α=0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao do gancho
maior ou igual a três vezes o diâmetro da barra a ancorar;
b,min
comprimento de ancoragem mínimo, sendo o menor valor entre
mm
b
100
10
3,0
O valor do comprimento de ancoragem básico
b
pode ser calculado por meio da
expressão 3.10:
bd
yd
b
f
f
4
(3.10)
sendo que:
é o diâmetro da barra a ser ancorada;
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
84
f
yd
é a
resistência de cálculo ao escoamento da barra a ser ancorada, em MPa;
f
bd
é a
resistência de aderência, calculada pela expressão 3.11.
c
ctk
bd
f
f
inf,
321
(3.11)
sendo que:
1
= 2,25 para barras nervuradas;
2
= 1,0 para regiões de boa aderência;
3
= 1,0 para barras com diâmetro inferior a 32 mm;
c
é o coeficiente de segurança do concreto;
f
ctk,inf
é a resistência característica a tração direta, com seu valor inferior dado pela
expressão 3.12,
na qual f
ck
é a resistência característica do concreto a
compressão, expresso em MPa.
3
2
inf,
21,0
ckctk
ff
(3.12)
Delalibera (2006) verificou que os ganchos exigidos pela norma brasileira vigente de
estruturas de concreto armado, não apresentaram influência significativa no comportamento
estrutural do bloco, apresentando deformações praticamente nulas. Entretanto, faz-se
necessário verificar se ocorre comportamento semelhante, quando utilizado barras de
armadura com diâmetro inferior a 20 mm.
Calavera (1991) indica que o comprimento de ancoragem deve ser iniciado a partir da
seção que contém o eixo da estaca. Permite-se ainda diminuir o comprimento de ancoragem
em 20%, em virtude da boa condição de aderência das barras da armadura principal,
provocada pela força de reação das estacas e pelas bielas comprimidas. Conforme a
Figura
3.6, caso a ancoragem reta não seja suficiente, permite-se adotar ganchos de acordo com a
expressão 3.13, sempre que:
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
85
b
8,0
7,0
1
(3.13)
Ou ainda adotar prolongamento vertical
2
tal que:
7,0
8,0
1
2
b
(3.14)
Figura 3. 6 – Comprimento de ancoragem em blocos sobre estacas, Calavera (1991)
Calavera (1991) admite que se reduza o comprimento de ancoragem básico
b
em função
das áreas das barras das armaduras efetivas e necessárias, porém deve-se garantir que as
barras cheguem até a face do bloco, descontando o cobrimento. O comprimento
1
não deve
ser em hipótese alguma inferior a um terço de
b
, 15 cm ou dez vezes o diâmetro das barras a
ancorar.
Montoya (2000) recomenda que todas as barras da armadura principal sejam ancoradas
por prolongamento reto, ângulo reto ou barras soldadas na extremidade. A área das barras não
deve sofrer qualquer redução em virtude do efeito benéfico das tensões na biela de
compressão, porém, permite-se reduzir o comprimento de ancoragem também em 20%.
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
86
3.2.9. Armadura secundária
O boletim 73 do CEB-FIP (1970) recomenda o uso de barras de armadura secundária na
forma de estribos na direção transversal e longitudinal em blocos sobre estacas. Essas barras
são necessárias principalmente em blocos sobre duas estacas para resistir aos momentos
fletores provenientes de excentricidades construtivas, bem como para limitar a abertura de
fissuras.
A armadura longitudinal secundária é posicionada na parte superior ao longo de todo o
bloco, e deve ter uma área mínima igual a 10% da área das barras da armadura principal. Nas
faces laterais, deve-se considerar uma malha de armadura transversal cujo valor pode ser
obtido por meio da expressão 3.15.
hws
sbA 002,0
,
(3.15)
sendo que:
b é a largura do bloco, limitada a metade da altura do mesmo;
s
h
é o espaçamento das barras da malha.
Alonso (1983) recomenda utilizar armadura secundária nas faces laterais do bloco, e que
a área dessas barras não seja inferior a um oitavo da área das barras da armadura principal.
Calavera (1991) admite que o bloco sobre duas estacas possa ser submetido à ação de
um momento torçor ocasionado por excentricidades construtivas, de tal maneira que devem
ser previstas armaduras secundárias.
Calavera (1991) e Montoya (2000) adotam o mesmo valor de 10% da área das barras da
armadura principal para as barras da armadura longitudinal secundária, posicionada na parte
superior do bloco. Entretanto, nas faces laterais, a área das barras deve ser superior a 0,4% da
seção de concreto perpendicular a direção das barras.
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
87
A ABNT NBR 6118:2003 sugere que, para controle do efeito da fissuração, deve ser
prevista armadura adicional em malha uniformemente distribuída nas duas direções,
considerando esforços solicitantes da ordem de 20% dos esforços totais. Essa malha deve ser
calculada com uma resistência de cálculo de 80% da resistência à tração de cálculo das barras
de aço.
Em alguns casos, a ABNT NBR 6118:2003 recomenda utilizar armadura de suspensão.
Se for prevista armadura de distribuição em mais de 25% dos esforços totais ou se o
espaçamento entre estacas for maior do que três vezes o diâmetro das mesmas, deve ser
adotado armadura de suspensão. Segundo Leonhardt & Mönnig (1978), em situações nas
quais a armadura principal não estiver distribuída apenas sobre as estacas, existe o risco de
ruína prematura em virtude do surgimento de fissuras na região inferior do bloco, portanto,
nesses casos devem ser adotadas armaduras de suspensão.
3.3. Viga de travamento
A viga de travamento é um elemento estrutural utilizado entre elementos da fundação,
sejam blocos ou sapatas, cuja finalidade é absorver os esforços provenientes de recalques e
excentricidades construtivas, evitando assim que os mesmos atinjam a superestrutura. Em
algumas situações a viga de travamento pode ser utilizada como elemento de apoio para as
alvenarias do pavimento térreo de uma edificação, evitando assim a construção do baldrame.
Por essa razão, a viga de travamento é também chamada de viga baldrame.
O uso de vigas ou cintas de travamento entre as fundações está sempre presente em
debates e discussões no meio técnico. É quase que consenso da comunidade técnica que,
dispensar totalmente o uso dessas vigas, é ir contra as práticas da boa engenharia.
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
88
Recentemente em uma lista de discussão eletrônica surgiu o assunto sobre vigas de
travamento, na qual diversos engenheiros puderam opinar sobre a utilização de cintamento
entre fundações. O resultado dessa discussão gerou uma coletânea com quase quinze páginas
de informações técnicas e práticas a respeito da utilização do travamento entre fundações.
Algumas informações relevantes são apresentadas a seguir.
De acordo com Carnaúba et al. (2008), numa fundação com várias estacas, cada estaca
trabalha sozinha e independente das demais, estando as mesmas apoiadas em terrenos com
diferentes características. Dessa forma, cada estaca apresentará sua própria condição de
acomodação e deformação após a atuação das ações, que vêm gradualmente se instalando na
edificação. Como conseqüência, haverá recalques diferenciais entre as estacas, os quais são
difíceis de serem previstos. As vigas de travamento que unem os blocos têm por finalidade
absorver essas deformações que poderiam penalizar a superestrutura.
Outra consideração a respeito das estacas que trabalham ao atrito lateral é a de que esse
atrito só irá se manifestar a partir do instante em que houver recalque nas estacas. E, como
citado anteriormente, é muito provável que o recalque seja diferencial entre as estacas, o que
vem a justificar o uso de vigas de travamento entre os blocos.
Carnaúba et al. (2008) sugerem como dimensionar a viga de travamento entre blocos.
Alguns projetistas adotam a dimensão mínima para a seção da viga em função do vão da
mesma. Para a largura b
w
adota-se o maior valor entre 20 cm e /25, enquanto que para a
altura adota-se o maior valor entre 35 cm e /12. A armadura longitudinal da viga é obtida
segundo o dimensionamento de um pilar biapoiado submetido à compressão centrada,
recebendo uma ação igual a 10% da ação do pilar mais solicitado entre a viga. Recomenda-se
ainda que a face superior da viga de travamento coincida com a face superior do bloco ou da
sapata.
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
89
3.4. Modelo de bielas e tirantes
O modelo de bielas e tirantes baseia-se na analogia de treliça clássica introduzida no
início do século XX por Ritter & Mörsch, na qual a viga de concreto armado fissurada é
comparada a uma treliça de banzos paralelos. Após anos de estudos, o modelo evoluiu
obtendo-se então à treliça generalizada de Mörsch, na qual os banzos superior e inferior não
são paralelos, nem a inclinação das bielas é constante e igual a 45º ao longo de toda a viga.
Porém, a idéia básica da treliça clássica de que a viga se comporta como uma treliça continua
válida.
O método de bielas e tirantes também é conhecido como escoras e tirantes. A diferença
entre biela e escora é que a biela precisa necessariamente estar inclinada, enquanto que a
escora pode estar inclinada ou não em relação ao tirante.
Durante a fase de projeto, pode-se dividir uma estrutura em duas regiões conhecidas
como B e D. Nas regiões B, também chamadas regiões de Bernoulli, são válidas as hipóteses
de Bernoulli, isto é, o meio é considerado contínuo e a distribuição de tensões na seção
transversal tem comportamento linear. As regiões D, por suas vezes, são regiões de
descontinuidade nas quais as tensões obedecem a uma distribuição não-linear, produzidas por
descontinuidades estáticas ou geométricas. As descontinuidades estáticas surgem em virtude
da existência de forças concentradas, enquanto que as geométricas são conseqüências de
variações bruscas na geométrica da estrutura.
A
Figura 3.7, encontrada no “Strut-and-Tie Resource Web Site”, contempla a
distribuição de regiões B e D numa estrutura de ponte. Baseado no princípio de Saint-Venant,
a extensão de uma região D tem valor igual à altura das regiões B adjacentes, contadas a partir
da descontinuidade.
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
90
Figura 3. 7 – Divisão de uma estrutura em regiões B e D, “Strut-and-Tie Resource Web Site”
O modelo de bielas e tirantes é uma representação discreta do fluxo de tensões num
determinado elemento estrutural. A estrutura inicial é representada por uma estrutura
equivalente composta por barras comprimidas e tracionadas, interligadas por meio de nós. As
barras comprimidas recebem o nome de biela e devem absorver o fluxo de tensões de
compressão, sendo normalmente representadas por linhas contínuas. As barras tracionadas
recebem o nome de tirante, e devem absorver o fluxo de tensões de tração existentes no
elemento, sendo representadas por linhas tracejadas.
Em elementos de concreto armado, as bielas representam as regiões de concreto que
estão submetidas à compressão, enquanto que os tirantes representam as barras de aço
submetidas à tração. Eventualmente, podem ser previstos tirantes de concreto em alguns
elementos estruturais desde que a tensão máxima não ultrapasse a resistência a tração do
material.
Segundo Schlaich & Schäfer (1991), a biela de compressão pode apresentar diversas
configurações de distribuição de tensão. A
Figura 3.8-a indica uma distribuição paralela e
uniforme das tensões ao longo da biela, sem perturbações. Essa distribuição é típica de
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
91
regiões B. Na Figura 3.8-b percebe-se uma concentração de tensões, com aumento da área da
seção da biela. A distribuição dessas tensões provoca compressão biaxial e tração transversal
que, combinada com a compressão, pode provocar fissuras longitudinais. Por causa da
pequena resistência a tração do concreto, é preciso dispor de barras de aço na direção
transversal. A
Figura 3.8-c representa uma distribuição radial de tensões, na qual não surgem
tensões de tração transversais.
(a) (b) (c)
Figura 3. 8 – Configurações da biela de compressão, “Strut-and-Tie Resource Web Site”
As regiões nodais que interligam as bielas e os tirantes precisam ser verificadas quanto
às tensões nelas atuantes. A verificação desses nós é o que diferencia o modelo de bielas e
tirantes do modelo de bielas proposto por Blévot & Frémy (1967).
O código modelo do CEB-FIP (1990) sugere que as regiões nodais tenham geometria
bem definida, sendo possível realizar a verificação das tensões nessas regiões. Pesquisadores
como Schäfer & Schlaich (1988), Schlaich & Schäfer (1991) bem como o código modelo do
CEB-FIP (1990), a norma canadense CSA Standard A23.3-04 (2004) e o ACI 318-08 indicam
diferentes valores de tensão para as regiões nodais. A Tabela 3.1 mostra um resumo dos
valores sugeridos para regiões onde só existam bielas comprimidas, formando estado de
tensão biaxial ou triaxial (a), e regiões onde houver barras de armadura ancorada (b).
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
92
Tabela 3.1 – valores de verificação das tensões nas regiões nodais
Critérios Situação (a) Situação (b)
Schäfer & Schlaich (1988)
0,935f
cd
0,68f
cd
Schlaich & Schäfer (1991)
1,1f
cd
0,8f
cd
CEB-FIP (1990)
cd
ck
f
f
250
185,0
cd
ck
f
f
250
160,0
CSA-A23.3-04
'
85,0
cc
f
'
75,0
cc
f
ACI 318-08
'
8,0
c
f
'
6,0
c
f
sendo que:
f
ck
resistência característica à compressão do concreto, em MPa;
f
cd
resistência de cálculo à compressão do concreto;
c
fator de segurança do concreto, igual a 0,6;
f
c
resistência característica à compressão do concreto, definida a partir do quantil de 1%.
Nota-se claramente a divergência dos parâmetros de verificação das regiões nodais entre
pesquisadores e normas. Silva e Giongo (2000) recomendam utilizar os valores, dentre os
apresentados, propostos pelo CEB-FIP (1990). É interessante ressaltar que o ACI 318-08
permite que o ângulo formado entre bielas e tirantes seja igual ou superior a 25º, diferente das
recomendações dos demais códigos.
Para uma determinada estrutura existem diversas “estruturas equivalentes” formadas
por bielas e tirantes que satisfazem o equilíbrio entre forças externas e internas, de tal maneira
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
93
que a determinação do modelo ideal é de grande dificuldade e requer experiência do
projetista.
Schlaich et al. (1987) perceberam que as tensões tendem a utilizar o caminho das
mínimas forças e deformações. Matematicamente, pode-se formular esse critério por meio da
expressão 3.16.
n
i
miii
F
(3.16)
sendo que:
i é a biela ou tirante do modelo;
F
i
é a força no tirante ou biela i;
i
é o comprimento da biela ou tirante i;
mi
é a deformação específica média na biela ou tirante i;
n é o total de bielas e tirantes do modelo.
A formulação acima provém do princípio da energia de deformação mínima para
comportamento elástico-linear de bielas e tirantes após a fissuração. A deformação das bielas
pode ser omitida uma vez que, quando comparadas aos tirantes, as bielas apresentam
deformações muito menores. Sugere-se que, sempre que possível, seja utilizado o modelo
com menor número possível de tirantes.
Silva e Giongo (2000) sugerem que o modelo de bielas e tirantes possa ser obtido
utilizando o fluxo de tensões na estrutura, utilizando o processo do caminho de carga. Por
meio das tensões principais e suas direções obtidas de uma análise elástica, o modelo está
pronto para ser resolvido. Tjhin & Kuchma (2002) concluem que as trajetórias de tensões
principais obtidas da análise elásticas satisfazem os estado limites de serviço e último, mas
advertem para o fato de serem uma aproximação, uma vez que no estado limite último o fluxo
de tensões sofre mudanças significativas.
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
94
Em Munhoz (2004) é apresentada uma rotina de projeto utilizando o método de bielas e
tirantes aplicada e blocos de fundação. A seqüência é descrita a seguir.
1-) Definição e limites das regiões D: Nessa etapa divide-se a estrutura em questão em
regiões B e D, bem como são definidas as dimensões dessas regiões. A extensão de uma
região D pode ser tomada como sendo igual à altura das regiões B adjacentes, de acordo com
o princípio de Saint-Venant.
2-) Análise Estrutural: Para realizar a análise estrutural, e necessário separar as regiões
B e D. Inicialmente, obtém-se os esforços solicitantes das regiões B e, em seguida, por meio
desses esforços, determinam-se as forças atuantes no contorno das regiões D.
3-) Processo do caminho de carga: Após determinação das forças atuantes no
contorno, é possível determinar a posição das bielas e tirantes de acordo com o fluxo de
tensões no interior da estrutura, substituindo as tensões de compressão por bielas e as de
tração por tirantes. O processo de caminho de cargas deve seguir os seguintes passos: Forças
distribuídas no contorno devem ser substituídas por cargas concentradas equivalentes; Os
caminhos de cargas devem ser desenhados, alinhados e não podem se interceptar; Ações
opostas devem ser ligadas por caminhos de cargas os mais curtos possíveis; Linhas curvas
devem ser substituídas por linhas retas; Quando for necessário, bielas ou tirantes podem ser
adicionados para equilibrar os nós. A
Figura 3.9 mostra a seqüência de obtenção de bielas e
tirantes para um bloco sobre duas estacas, segundo Munhoz (2004).
Figura 3. 9 – Aplicação do caminho de cargas em blocos sobre duas estacas, Munhoz (2004)
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
95
4-) Escolha do melhor modelo: Como dito anteriormente, existem diversas “estruturas
equivalentes” formadas por bielas e tirantes que satisfazem o equilíbrio entre forças externas e
internas de uma estrutura. Nesse caso, deve seguir as recomendações de Schlaich et al. (1987)
e adotar o modelo cujos tirantes tenham o menor comprimento.
5-) Dimensionamento dos tirantes: As forças nos tirantes normalmente são absorvidas
pelas barras de aço, de modo que o eixo das barras das armaduras deve coincidir com o eixo
do tirante em questão. A área das barras é dimensionada para o estado limite último, por meio
da
expressão 3.17:
yd
stf
s
f
R
A
(3.17)
sendo que:
f
é o fator de majoração das solicitações;
R
st
é a resultante das tensões nas barras da armadura;
f
yd
é a resistência de cálculo ao escoamento do aço.
6-) Detalhamento das barras das armaduras: o detalhamento das barras das
armaduras requer bastante atenção, principalmente quando da ancoragem das mesmas. A
correta definição da ancoragem contribui para verificação das tensões nas bielas e nos nós. A
norma canadense CSA Standard A23.3-04 recomenda que seja adotada uma malha de
armadura nas faces do elemento estrutural para limitar as aberturas de fissuras. Essa malha
não deve ter área das barras inferior a 0,2% da área de concreto em cada face, e o
espaçamento não deve ser maior que 30 cm.
7-) Dimensionamento das bielas: O CEB-FIP (1990) recomenda que a tensão média
nas bielas de compressão não ultrapassem os valores das expressões 3.18 e 3.19
Aspectos de Projeto de blocos sobre estacas
96
cd
ck
f
f
250
185,0 para zonas não fissuradas
(3.18)
cd
ck
f
f
250
160,0 para zonas fissuradas
(3.19)
É interessante notar que os valores sugeridos pelo CEB-FIP (1990) para verificação da
tensão na biela de compressão, são os mesmos adotados pelo referido código, quando da
verificação das tensões nodais. As expressões 3.18 e 3.19 são válidas desde que a deformação
máxima no concreto não ultrapasse o valor da 3.20. O valor de f
ck
é dado em MPa.
100
002,0004,0
ck
cu
f
(3.20)
8-) Verificação das regiões nodais: A verificação das regiões nodais deve ser feita com
base nos valores da tabela 3.1 anteriormente apresentada. Dentre os valores apresentados,
recomendam-se os valores sugeridos pelo CEB-FIP (1990).
Avaliação dos modelos
numéricos
Capítulo
4
4
4.1. Considerações iniciais
As simulações numéricas propostas no presente trabalho foram feitas via Método dos
Elementos Finitos, por meio do programa computacional DIANA versão 9.2, registrada para o
Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia de São Carlos-USP.
Com o intuito de avaliar os modelos numéricos adotados nas simulações utilizando o
DIANA, foram feitas as análises de quatro modelos de bloco sobre duas estacas, os quais
foram estudados numérica e experimentalmente por Delalibera (2006). Esses quatro blocos
serviram de referência aos estudos paramétricos, podendo-se então aferir o modelo numérico
de tal maneira que os resultados obtidos fiquem respaldados por ensaios experimentais.
Inicialmente são apresentadas algumas informações pertinentes ao programa DIANA e
aos modelos constitutivos disponíveis para simulações de estruturas de concreto armado. Em
seguida, é feito um estudo paramétrico dos modelos de referência, a fim de se determinar a
influência de vários parâmetros no modelo numérico. Por fim, são apresentados resultados de
curvas do tipo força versus deslocamento por meio de comparações dos dados obtidos
experimentalmente, e com base nos programas computacionais DIANA 9.2 e ANSYS 9.0,
além de um modelo numérico final que servirá de base para as análises dos modelos de blocos
com cálice totalmente embutido.
Avaliação dos modelos numéricos
98
4.2. Programa Diana
4.2.1. Introdução
O pacote computacional DIANA é um programa de Elementos Finitos baseado no
método dos deslocamentos. Desenvolvido na Holanda desde 1972 por engenheiros civis da
TNO Building and Construction Research Company, o DIANA é considerado uma excelente
ferramenta para análises tridimensionais e não-lineares.
Outra propriedade desse programa é a possibilidade de considerar em suas análises
fenômenos complexos existentes em estruturas de concreto armado. Entre esses fenômenos,
podem-se citar: fissuração, plasticidade, fluência, cura, efeitos de temperatura e instabilidade,
todos eles aplicados em análises estáticas, não-linear, modal entre outras. Além disso, o
referido programa oferece grande variedade de elementos em sua biblioteca, tais como: vigas,
sólidos, membranas, placas, cascas, elementos de contato e de interface.
4.2.2. Modelos constitutivos
Em estruturas de concreto armado sabe-se que, atingida certa intensidade de solicitação,
ocorre uma redução da capacidade resistente com acréscimo significativo de deformação.
Esse comportamento existe em virtude de um efeito que ocorre no material, conhecido como
“strain softening”, também conhecido como amolecimento do material, e ocorre tanto no
comportamento à tração como na compressão.
Por causa desse efeito de amolecimento as deformações tendem a se apresentar de
maneira mais acentuada em certas regiões da estrutura, de modo que a discretização da malha
de elementos finitos nessas regiões passa a ser preponderante na qualidade dos resultados.
Uma discretização mais refinada nessas regiões geralmente aumenta o tempo computacional
Avaliação dos modelos numéricos
2
FEENSTRA, P. H.; BORST, R. (1993). Aspects of robust computational modeling for plain and
reinforced concrete. Heron, v.38, n.04, Delft, Netherlands.
99
da análise em questão. No DIANA um meio de superar essa dificuldade é fazer uso de
critérios da Mecânica da Fratura e da Mecânica do Dano.
Na simulação do efeito de fraturamento nas estruturas de concreto armado, o DIANA
dispõe de dois modelos distintos de fissuração: modelo de fissuração discreta (discrete crack
model) e o modelo de fissuração distribuída. (smeared crack model).
No modelo de fissuração discreta, a cada incremento de carregamento é gerada uma
nova malha de elementos finitos na região de propagação da fissura, de modo a tratar a fissura
de maneira mais próxima do real. Essa discretização eleva bastante o tempo computacional
das análises, principalmente em modelos tridimensionais. Já o modelo de fissuração
distribuída, considera o material danificado pela abertura de fissuras como meio contínuo
mantendo, portanto, a discretização original da malha de elementos finitos. Em função dessa
consideração, as tensões e deformações podem ser obtidas sem a necessidade de se construir
uma nova malha enquanto as fissuras se propagam.
Nas análises feitas no presente trabalho, optou-se por utilizar o modelo de fissuração
distribuída. Assim, os parâmetros da mecânica da fratura necessários para representação desse
modelo são a energia de fraturamento na tração e na compressão (G
f
e G
c
), as resistências à
tração e à compressão, o coeficiente de retenção ao cisalhamento , e o comprimento de
banda de fissuras (“crack band”). Feenstra & Borst (1993)
2
apud Souza (2006), indicam que
em ensaios experimentais, a energia de fraturamento na compressão, G
c,
apresenta valores
entre 50 e 100 vezes superiores à energia de fraturamento na tração, G
f
. Esses valores foram
confirmados nos ensaios realizados por Farias (2008)
A energia de fraturamento, tanto na tração como na compressão, pode ser entendida
como a energia necessária para causar um dano irreverssível no material. Uma maneira de se
Avaliação dos modelos numéricos
100
obter o valor do parâmetro G
f
é realizar um ensaio de deformação controlada e medir a área
do diagrama tensão versus abertura de fissuras, como mostra a
Figura 4.1
Figura 4. 1 – Energia de fraturamento na tração, Farias (2008)
A energia de fraturamento, por sua vez, pode ser definida como um parâmetro que
depende da resistência à compressão e do tamanho máximo do agregado. O CEB-FIP Model
Code (1990) permite calcular o valor de G
f
por meio das expressões 4.1 e 4.2:
0,7
cm0cmF0f
)/f(fGG
(4.1)
8ff
ckcm
(4.2)
sendo que:
G
f
é a energia de fraturamento na tração, dada em N.mm/mm²;
f
cm0
é igual a 10 N/mm²;
f
ck
é a resistência característica à compressão do concreto, em N/mm²;
G
f0
é um parâmetro que depende do tamanho máximo do agregado, conforme apresentado
na tabela 4.1.
Tabela 4.1 – Valores de G
F0
em função de d
máx
G
f0
(Nmm/mm²) d
máx
(mm)
0,025 8
0,030 16
0,058 32
Avaliação dos modelos numéricos
101
O coeficiente de retenção ao cisalhamento , por sua vez, é um parâmetro que permite
reduzir o valor do módulo de elasticidade transversal do material, após iniciada a fissuração,
sendo que essa redução pode se dar de maneira completa, constante ou variável. De acordo
com Farias (2008), a influência desse parâmetro é maior em problemas cuja ruína ocorre por
cisalhamento. Ainda nesse capítulo será mostrada a influência do coeficiente de retenção ao
cisalhamento nos modelos analisados.
Por fim, o comprimento de banda de fissuras é utilizado para suprir a dependência de
malha do modelo. Esse parâmetro pode ser fornecido pelo usuário, bem como calculado pelo
programa, em função do tipo de elemento finito utilizado. As expressões 4.3, 4.4 e 4.5
mostram como o comprimento de banda de fissura é calculado no DIANA para elementos
bidimensionais de ordem linear, bidimensionais de ordem quadrática e elementos
tridimensionais, respectivamente.
e
Ah
(4.3)
e
Ah 2
(4.4)
3
e
Vh
(4.5)
sendo que:
A
e
é a área do elemento finito adotado;
V
e
é o volume do elemento finito adotado;
h é o comprimento de banda de fissuras.
Com base nos valores de G
f
e de h, pode-se então calcular um parâmetro denominado g
f
que é o trabalho inelástico do material. Esse parâmetro representa a quantidade de energia
necessária a ser dissipada em um elemento da malha de elementos finitos, para que ocorra um
dano irreversível no material.
Avaliação dos modelos numéricos
102
O modelo de fissuração distribuida descrito anteriormente indica como o programa
computacional DIANA trata o efeito da fissuração em um determinado ponto da malha de
elementos finitos. Todavia, é preciso compreender como o programa trata a abertura e a
orientação dessas fissuras. Isso é feito por meio de dois modelos disponíveis no programa:
Modelos incrementais ou plásticos e Modelos “Total Strain”.
4.2.3. Modelos incrementais ou plásticos
Os modelos incrementais ou plásticos são representados no programa computacional
DIANA por meio do “Multi-Directional Crack Model”. Esse modelo recorre a conceitos da
teoria da plasticidade, e divide a deformação em duas parcelas: uma elástica e outra plástica,
sendo essa última irreverssível. A ruptura na tração ocorre quando em algum ponto do
material, a máxima tensão principal de tração ultrapassa a resistência do material, enquanto
que durante a compressão podem-se utilizar os modelos clássicos de ruptura de Tresca, Von
Mises, Mohr-Coulomb e Drucker-Prager.
O “Multi-Directional Crack Model” permite a abertura de várias fissuras em direções
diferentes num mesmo ponto da malha de elementos finitos, e apresenta vantagens no
tratamento de problemas bidimensionais. Entretanto, esse modelo só deve ser aplicado em
problemas que envolvam estado plano de tensão, estado plano de deformação e em elementos
axissimétricos, pois a sua formulação não está disponível para elementos sólidos. Na situação
de modelagens tridimensionais, o autor recomenda utilizar o “Modified Maekawa Concrete
Model”, que combina um modelo plástico multi-axial de dano com o efeito de esmagamento e
fissuração. Esse modelo não pôde ser utilizado nas análises do presente trabalho, uma vez que
o mesmo não está disponível na versão do programa computacional registrado em nome do
Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP.
Avaliação dos modelos numéricos
103
4.2.4. Modelos “Total Strain”
Os modelos “Total Strain” descrevem o comportamento do material na tração e na
compressão baseados apenas numa relação tensão-deformação. De acordo com DIANA
(2005b), esses modelos representam de maneira satisfatória os estado limites último e de
serviço de estruturas de concreto armado.
O programa computacional DIANA disponibliza dois modelos total strain: “Rotating
Crack Model” e “Fixed Crack Model”. O “Rotating Crack Model”, por sua vez, permite que a
abertura da fissura mude de direção enquanto a mesma se propaga no material. Já o “Fixed
Crack Model” mantém o mesmo ângulo da abertura da primeira fissura, permitindo que a
mesma mude de direção apenas nos casos em que a variação do ângulo da fissura seja igual a
90º em relação ao ângulo inicial.
A entrada de dados nos modelos “total strain” compreendem duas partes: na primeira
são definidos parâmetros básicos como o módulo de elasticidade longitudinal do material,
coeficiente de Poisson e resistência à tração e à compressão. Já na segunda etapa, são
definidos o comportamento do material na tração, na compressão e ao cisalhamento.
O programa computacional DIANA disponibiliza diversas leis constitutivas para o
comportamento dos materiais tanto à tração como à compressão. Essas leis são baseadas na
energia de fraturamento, anteriormente detalhada, e podem ser vistas nas
Figuras 4.2 e 4.3.
Avaliação dos modelos numéricos
104
Figura 4. 2 – Modelos Constitutivos à tração pré-definidos, disponíveis em Diana (2005b)
Figura 4. 3 – Modelos Constitutivos à compressão pré-definidos, disponíveis em Diana (2005b)
Em relação ao cisalhamento, em virtude do efeito da fissuração pode ocorrer uma
redução do módulo de elasticidade transversal do material. Essa redução é considerada por
meio do coeficiente de retenção ao cisalhamento, . O programa computacional DIANA
disponibiliza três modos para consideração desse efeito: retenção completa, retenção
constante e retenção variável.
Avaliação dos modelos numéricos
105
Na situação de retenção completa, o módulo de elasticidade transversal não sofre
redução alguma. Tratando-se de retenção constante, o usuário define um valor para o
parâmetro , anteriormente definido, que deve estar no intervalo entre 0 e 1. Em problemas
que o cisalhamento é importante no modo de ruptura da estrutura, o valor de deve ser
tomado próximo à zero, quando não, próximo à unidade. Por fim, na retenção variável o
parâmetro é calculado como uma função da deformação das fissuras.
O efeito lateral em virtude da fissuração e do confinamento do material também pode
ser considerado nos modelos “total strain”. Entretanto, não devem ser utilizados quando do
uso do diagrama multi-linear para o comportamento do material à compressão. O programa
computacional DIANA disponibiliza duas funções que simulam o comportamento da
fissuração lateral e do confinamento do material. São elas: REDCRV e CNFCRV,
respectivamente.
A função REDCRV permite que no concreto fissurado, grandes deformações
ocasionadas por tração perpendicular às direções principais de compressão, reduzam a
resistência à compressão do material. Para tanto, o modelo adotado no DIANA é o proposto
por Vecchio e Collins, descrito em DIANA (2005b). A
Figura 4.4 mostra como o programa
DIANA considera essa redução. Já o aumento da resistência a compressão do material é
considerado em virtude do confinamento lateral, por meio da função CNFCRV.
Figura 4. 4 – Fator de redução devido a fissuração lateral, DIANA (2005b)
Avaliação dos modelos numéricos
106
É importante destacar que esses efeitos só podem ser ativados via arquivo do tipo DAT
antes do processamento, não podendo ser ativado na interface gráfica via pré-processador.
Para tanto, para ativar a função REDCRV é preciso utilizar o comando VC1993 na guia
referente às propriedades dos materiais, assim como para ativar a função CNFCRV, deve-se
utilizar o comando VECCHI.
4.2.5. Modelagem das barras das armaduras
Atualmente existem três modos de se modelarem as barras das armaduras nos programas
de elementos finitos, são eles: barras de armaduras distribuídas, barras de armaduras
embutidas e barras de armaduras discretas.
As barras de armadura do tipo distribuída consideram uma valor de área de aço
distribuído numa determinada direção, ao longo dos elementos finitos que existem numa dada
região.
As barras de armaduras do tipo embutidas são conhecidas também como embedded ou
“incorporadas”. Nessa situação, considera-se que o deslocamento na barra da armadura é
igual ao do elemento finito na qual a barra se incorpora. Esses elementos são conhecido como
mother elements, e considera-se uma aderência perfeita entre as barras das armaduras e o
material que representa o concreto.
Já a representação das barras das armaduras do tipo discreta, são introduzidos elementos
finitos uniaxiais nas interfaces dos demais elementos, e têm-se a opção de simular a aderência
entre o concreto e o aço por meio de elementos de interface.
No programa computacional DIANA, as armaduras podem ser discretizadas dos dois
primeiros modos anteriormente descritos. Para tanto, existe no programa um elemento
conhecido como reinforcement. Para inserção desses elementos, é preciso conhecer apenas o
Avaliação dos modelos numéricos
107
ponto inicial e final da barra da armadura, independente se nesse ponto existe algum nó de um
elemento finito.
O modelo constitutivo adotado pelo meio técnico para as barras das armaduras de aço
geralmente é o elasto-plástico perfeito com critério de ruptura de Von Mises.
As curvas tensão
deformação são normalmente obtidas de ensaios uniaxiais e o comportamento adotado é igual
tanto na tração quanto na compressão.
4.2.6. Pré e pós processadores
Nesse item pretende-se explicar como o programa computacional DIANA funciona
desde a geração do modelo, passando por suas análises chegando por fim a interpretação dos
resultados. O pacote computacional DIANA conta com um pré-processador, na qual o usuário
define a geometria, os carregamentos, condições de contorno e propriedades físicas e
mecânicas dos materiais. Esse pré-processador é chamado de iDIANA, e ao iniciar um novo
arquivo, o usuário precisa definir as unidades as quais serão utilizadas pelo programa. A
interface gráfica do iDIANA pode ser vista na
Figura 4.5.
Figura 4. 5 – Interface gráfica do iDIANA
Avaliação dos modelos numéricos
4
O Anexo 1 será apresentado apenas no exemplar definitivo.
108
O iDIANA permite também que o usuário forneça um script contendo todos os
comandos necessários para a criação do modelo. O uso de scripts é bastante comum entre
usuários de programas de elementos finitos, uma vez que sua utilização acelera a criação do
modelo, bem como permite alterações de modo rápido por meio de linhas de comando.
Com o intuito de otimizar a criação dos diversos modelos de blocos sobre duas estacas,
foi criada uma rotina na qual o usuário fornece os dados geométricos do bloco, como altura,
largura e comprimento, bem como dimensões das estacas e do pilar. O usuário precisa
fornecer também dados relativos às propriedades físicas e mecânicas dos materiais, bem como
ações e condições de contorno. Por meio dessas informações, é gerado então um script que é
lido pelo iDIANA, e em pouco tempo têm-se o modelo pronto para ser processado.
Para elaboração dessa rotina, optou-se por utilizar uma planilha eletrônica por causa das
facilidades operacionais e experiência de outros usuários. Outra maneira de elaborar uma
rotina é utilizando linguagem de programação, como por exemplo, o FORTRAN. A
Figura
4.6 mostra algumas partes dessa rotina. Um exemplo completo é apresentado no Anexo I
4
.
Figura 4. 6 – Entrada de dados via script
Avaliação dos modelos numéricos
109
Em seguida, o usuário precisa criar o arquivo com todas as informações relativas ao
modelo e que vai ser lido pelo processador, que no caso se chama DIANA. No DIANA o
usuário fornece informações relativas ao tipo de análise a ser feito. O DIANA oferece a
possibilidade de realizar análises estáticas, análise não-linear física e geométrica, análise
modal, análise transiente, entre outras, cada uma dessas análises com suas particularidades.
No presente trabalho foi realizada análise estrutural com consideração do efeito de não
linearidade física dos materiais.
4.2.7. Critérios de solução do sistema de equações não-lineares
Ainda no programa DIANA, o usuário escolhe o método de resolução do sistema de
equações não-lineares, o número de incrementos de força, a intensidade máxima de cada
incremento bem como o critério de convergência a ser adotado.
O DIANA dispõe de diversos métodos que podem ser aplicados como estratégia na
resolução dos sistemas de equações não-lineares, dentre os quais destacam-se o método de
Newton-Raphson Regular, Newton-Raphson Modificado, Quasi-Newton (Método Secante) e
Método da Rigidez Linear.
A estratégia de Newton-Raphson é uma estratégia incremental-iterativa, na qual se
imagina que o resíduo gerado entre duas iterações consecutivas, possa ser considerado
contínuo na vizinha da solução. Assim, supõe-se que numa dada iteração r o resíduo em
relação à iteração r-1 seja nulo e, portanto, possa ser escritos em termos de série de Taylor.
Tomando-se a hipótese de que a “função resíduo” tenha uma variação suave, é possível
admiti-la até o termo de primeira ordem da série de Taylor. Nota-se que essa condição
considera que a força aplicada na estrutura não varia com os deslocamentos, o que é
condizente com a condição de forças conservativas. Além do uso de iterações, é comum em
uma análise não-linear dividir as ações em várias etapas de carga, de modo que para cada
Avaliação dos modelos numéricos
110
etapa são realizadas várias iterações até que haja convergência do problema, definindo,
portanto, uma estratégia incremental-iterativa.
A estratégia incremental-iterativa de Newton-Raphson busca calcular um incremento
nos deslocamentos em cada etapa de carga. Para tanto, a cada iteração é preciso atualizar a
matriz de rigidez, sendo nesse caso, denominada matriz de rigidez tangente. A utilização da
matriz tangente em cada iteração é o que define o método de Newton-Raphson Regular. Esse
método exige esforço computacional significativo, porém apresenta convergência com poucas
iterações.
Já na estratégia incremental-iterativa de Newton-Raphson Modificado, a matriz de
rigidez tangente é calculada apenas na primeira iteração de cada incremento de carregamento,
e mantida constante nas iterações seguintes. Assim, nos demais passos a matriz de rigidez
utilizada passa a ser uma matriz secante. Esse processo demanda um número maior de
iterações, e por isso, costuma convergir mais lentamente que o método de Newton-Raphson
regular.
O método secante ou Quasi-Newton, por sua vez, não necessita da atualização da matriz
de rigidez em cada iteração, utilizando também uma matriz de rigidez secante. Entretanto,
baseia-se na solução prévia dos vetores de forças não balanceados, para obter uma melhor
aproximação durante a aplicação dos incrementos de carregamento. A utilização do método
Quasi-Newton é recomendada quando as estratégias de Newton-Raphson não apresentarem
boas soluções. Por fim, o método da rigidez linear é recomendado apenas quando nenhum dos
métodos anteriores apresentarem boas soluções.
Na resolução de sistemas de equações não-lineares, é comum a ocorrência de problemas
que podem dificultar a convergência de determinadas soluções. Para suprir esse quesito, o
programa DIANA dispõe de alguns recursos como o critério de procura de linhas (“line
search”) e o critério de comprimento de arco (“arc length control”). O critério de “line search”
Avaliação dos modelos numéricos
111
busca um multiplicador ótimo para os incrementos de deslocamentos, de modo a acelerar a
convergência das soluções. Já o critério de comprimento de arco é extremamente útil na busca
do comportamento pós-pico das estruturas. Por meio desse critério, é possível descrever o
fenômenos como o snap-through em curvas força versus deslocamento, isto é, descrevem
equilíbrios estáveis e instáveis de algumas estruturas, conforme
Figura 4.7. Cabe ressaltar
que o programa DIANA não permite a utilização do critério de comprimento de arco quando
o carregamento aplicado for em controle de deslocamentos.
Figura 4. 7 – Curva força versus deslocamento, obtida com critério de comprimento de arco
Ainda no DIANA, é preciso optar pela forma como as ações são aplicadas na estrutura.
Para isso, o usuário pode optar em aplicar passos de carga pré-definidos, cuja intensidade do
passo é dada por uma porcentagem da carga total aplicada no modelo. Outra maneira de
aplicar o carregamento é utilizando um procedimento chamado de “iteration based sizes”.
Esse procedimento permite que o tamanho dos passos de carga seja variável ao longo da
análise, sendo assim, o usuário fornece o valor do passo de carga inicial, e valores para o
tamanho máximo e mínimo de cada passo no decorrer da análise. Esse procedimento permite
uma análise não-linear mais rápida, porém, ao descrever a trajetória de equilíbrio de uma
estrutura, a análise fornece poucos pontos, sendo questionável o comportamento de curvas
força versus deslocamento obtidas por meio desse tipo de análise.
Avaliação dos modelos numéricos
112
Em relação aos critérios de convergência, o DIANA dispõe de critérios baseados em
normas (módulo) de força, deslocamento, energia e resíduos, todos esses comparados com um
valor máximo de erro fornecido pelo usuário. Destaca-se nesse quesito o critério de
convergência baseado em norma de energia, utilizado nas análises do presente trabalho. Esse
critério é baseado no trabalho das forças internas presentes na estrutura, conforme a
expressão 4.6.


0int,1int,0
int,1int,
ffu
ffu
E
T
ii
T
i
(4.6)
É importante notar que no cálculo da norma em termos energéticos, são utilizadas forças
internas, e não forças externas. De acordo com Diana (2005b), o uso de forças externas
poderia conduzir a resultados incoerentes, quando do uso do critério de “line search”.
Segundo Souza (2006), o critério de convergência baseado em energia é mais interessante,
pois considera simultaneamente o efeito das forças e dos deslocamentos. O autor conseguiu
bons resultados em suas análises adotando tolerância de 10
-2
em termos energéticos. A Figura
4.8
indica o uso de critério de convergência baseado em energia.
Figura 4. 8 – DIANA, critério de convergência em energia.
Avaliação dos modelos numéricos
113
Por fim, o usuário pode configurar a saída de dados do programa, por meio de arquivos
tabulados, ou arquivos do tipo
femview. Os arquivos tabulados são de grande utilidade, uma
vez que com eles podem-se solicitar apenas dados específicos, como por exemplo,
deslocamentos ou tensões em determinados pontos da estrutura. Para tanto, é preciso que o
usuário defina um
set, que nada mais é do que um agrupamento de entidades geométricas,
podendo ser composta de pontos, linhas ou
bodys. Os resultados de modo tabulado só podem
ser fornecidos em relação a determinado
set. Já os resultados em modo femview, por suas
vezes, podem ser visualizados no iDIANA. É nesse tipo de arquivo que podem ser obtidas
imagens dos panoramas de fissuração, distribuição de tensões e deformações, campos de
deslocamentos, entre outros.
4.2.8. Elementos finitos utilizados
Os elementos finitos utilizados na simulação numérica estão disponíveis na biblioteca de
elementos do DIANA. Para a modelagem do concreto das estacas, do pilar e do bloco, foi
utilizado elemento sólido. A princípio, optou-se por utilizar o elemento HX24L, que é um
elemento finito isoparamétrico com 8 nós e aproximação linear para os deslocamentos. Os
graus de liberdade em cada nó desse elemento são os deslocamentos nas direções x, y e z. Por
se tratar de um elemento com aproximação linear para os deslocamentos, seria necessária uma
maior discretização da malha de elementos finitos. Entretanto, verificou-se em DIANA
(2005a) que, em análises não-lineares, não se recomenda a utilização de elementos com
função aproximadora linear. Por esse motivo, optou-se por utilizar o elemento CHX60.
O elemento finito CHX60 é um elemento isoparamétrico com 20 nós, e função
aproximadora quadrática para os deslocamentos. Cada nó apresenta três graus de liberdade,
que são os deslocamentos nas direções x, y e z. A
Figura 4.9 apresenta o elemento CHX60 e
a função aproximadora para os deslocamentos.
Avaliação dos modelos numéricos
114
Figura 4. 9 – Elemento CHX60 com função aproximadora em deslocamentos
Para modelagem das barras de aço das armaduras foram utilizados elementos chamados
de
reinforcements. Esses elementos não possuem nós, e funcionam como enrijecedores dos
elementos finitos aos quais estão conectados, também conhecidos como
mother elements. Os
reinforcements não possuem graus de liberdade, porém têm seu comportamento habilitado na
direção axial da barra. Nessa situação, a aderência entre o aço e o concreto é considerada
perfeita.
A influência da malha de elementos finitos foi estudada previamente nas análises
elásticas, e percebeu-se que, para elementos com aproximação quadrática, melhores
resultados foram obtidos com distância máxima entre nós da ordem de 5 cm.
4.3. Modelos analisados
Nesse item são apresentados os quatro modelos de blocos sobre duas estacas analisados
com o programa computacional DIANA, com o intuito de verificar se o modelo numérico
fornece bons resultados. Os elementos finitos adotados foram apresentados em 4.2.8, e as
condições de contorno tentaram representar com bom grau de realidade as condições adotadas
nos ensaios experimentais.
Avaliação dos modelos numéricos
115
Os blocos foram analisados por Delalibera (2006), e os dimensionamentos seguiram as
recomendações de Blévot & Frémy (1967) e da ABNT NBR 6118:2003, no que diz respeito
ao arranjo das barras das armaduras. Como o objetivo dos ensaios era estudar a ruína dos
modelos por fendilhamento das bielas, as barras das armaduras principais do tirante foram
dimensionadas para não escoarem. Além disso, para impedir as ruínas dos pilares ou das
estacas dos modelos, utilizaram-se nesses elementos concretos com resistência à compressão
maior do que as resistências do concreto dos blocos.
Os modelos escolhidos para análises foram de blocos sobre duas estacas, com força
vertical centrada, altura de 35 cm e 45 cm, com ou sem presença de armadura secundária. A
tabela 4.2 apresenta as propriedades geométricas dos modelos analisados, assim como as
tabelas 4.3 e 4.4 apresentam os valores das áreas das barras das armaduras principal e
secundária dos blocos, bem como as armaduras das estacas e dos pilares.
Tabela 4.2 – Propriedades geométricas dos modelos analisados
Blocos
Dimensão
da estaca
(cm)
Dimensão
do pilar
(cm)
B
Lx
(cm)
B
Ly
(cm)
e
adot
(cm)
h
(cm)
(graus)
A
sw
B35E0 25x25 25x25 117,5 25 0 35 45 0
B35ASW 25x25 25x25 117,5 25 0 35 54,5 =0
B45E0 25x25 25x25 117,5 25 0 45 45 0
B45ASW 25x25 25x25 117,5 25 0 45 54,5 =0
Tabela 4.3 – Barras das armaduras dos blocos
Blocos
Armadura
Principal
Armadura
Superior
Estribo Vertical Estribo Horizontal
B35E0 5Ø20 mm 3Ø8 mm Ø5 mm c/30 3Ø8 mm
B35ASW 5Ø20 mm - - -
B45E0 5Ø20 mm 3Ø8 mm Ø5 mm c/30 3Ø8 mm
B45ASW 5Ø20 mm - - -
Avaliação dos modelos numéricos
116
Tabela 4.4 – Barras das armaduras dos pilares e estacas
Blocos
Armadura
das Estacas
Estribo das
Estacas
Armadura
do Pilar
Estribo do
Pilar
B35E0 4Ø10 mm Ø6,3 mm c/10 8Ø10 mm Ø6,3 mm c/2,5
B35ASW 4Ø10 mm Ø6,3 mm c/10 14Ø12,5 mm Ø6,3 mm c/2,5
B45E0 4Ø12,5 mm Ø6,3 mm c/10 8Ø10 mm Ø6,3 mm c/2,5
B45ASW 4Ø12,5 mm Ø6,3 mm c/10 14Ø12,5 mm Ø6,3 mm c/2,5
Notas: na tabela 4.2, B
Lx
e B
Ly
são os comprimentos dos blocos nas direções x e y, respectivamente, e A
sw
é
a armadura secundária.
A resistência característica à compressão adotada para os modelos foi de 25 MPa para os
blocos e 50 MPa para estacas e pilares. Após a concretagem dos modelos, procederam-se
ensaios em laboratório para análise das resistências dos materiais. As tabelas 4.5, 4.6 e 4.7
apresentam os valores médios das resistências à compressão, à tração e do módulo de
elasticidade longitudinal para os concretos dos blocos, pilares e estacas, respectivamente, e
utilizados na simulação numérica. Outras informações sobre esses ensaios podem ser obtidas
em Delalibera (2006).
Tabela 4.5 – Propriedades mecânicas do concreto dos blocos
Blocos
E
ci,m,exp
(MPa)
f
tm,exp
(MPa)
f
cm
(MPa)
B35E0 30203 3,2 40,6
B35ASW 37737 2,9 32,8
B45E0 27490 2,9 31
B45ASW 27500 2,3 32,4
Avaliação dos modelos numéricos
117
Tabela 4.6 – Propriedades mecânicas do concreto dos pilares
Blocos
E
ci,m,exp
(MPa)
f
tm,exp
(MPa)
f
cm
(MPa)
B35E0 50970 3,8 72,3
B35ASW 38250 3,9 51,8
B45E0 36397 3 55,2
B45ASW 31003 3,3 51,2
Tabela 4.7 – Propriedades mecânicas do concreto das estacas
Blocos
E
ci,m,exp
(MPa)
f
tm,exp
(MPa)
f
cm
(MPa)
B35E0 41060 4,6 73,3
B35ASW 42223 5,2 71,6
B45E0 38250 3,9 51,8
B45ASW 34937 2,9 55
As barras de aço das armaduras também foram analisadas por meio de ensaios em
laboratório, e foram medidos os valores da resistência ao escoamento, bem como o módulo de
elasticidade longitudinal de cada barra. Os ensaios seguiram recomendações da ABNT NBR
6152:1992. Todas as barras apresentaram resistências ao escoamento superiores a 500 MPa, e
o módulo de elasticidade longitudinal ficou em torno dos 200 GPa. A resistência ao
escoamento de cada barra está apresentada na tabela 4.8
Os blocos foram ensaiados no Laboratório de Estruturas da Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo. A tabela 4.9 apresenta os valores das forças últimas
calculadas analiticamente, e comparadas com os resultados dos ensaios em laboratório. Além
disso, é apresentado o deslocamento máximo medido na região central da face inferior de
Avaliação dos modelos numéricos
118
cada bloco. Esses dados são utilizados na construção da curva força versus deslocamento de
cada bloco.
Tabela 4.8 – Resistência ao escoamento das barras de aço
Barra de
Aço
f
y,m
(MPa)
Ø 5,0 mm 681
Ø 6,3 mm 597
Ø 8,0 mm 581
Ø 10,0 mm 549
Ø 12,5 mm 578
Ø 20,0 mm 550
Tabela 4.9 – Valores de forças últimas e deslocamentos máximos obtidos nos ensaios
Blocos F
d
(kN) F
u
(kN) F
d
/F
u
δ
T1
(mm)
B35E0
1776 1821 0,98 3,16
B35ASW
1435 1406 1,02 2,42
B45E0
1796 2276 0,79 3,27
B45ASW
1877 2090 0,90 2,49
4.4. Análise paramétrica
Visando compreender a influência dos diversos parâmetros existentes numa simulação
numérica, procedeu-se à várias simulações numéricas a fim de se determinar um modelo
capaz de representar de maneira satisfatória os resultados obtidos experimentalmente nos
blocos anteriormente apresentados. Em todas as análises, exceto quando da análise desses
fatores, foram utilizados o método de Newton-Raphson Regular, coeficiente de retenção ao
Avaliação dos modelos numéricos
119
cisalhamento igual a 0,99, critério de convergência em energia, ação em forma de pressão e
modelo de fissuração “total strain” com “Fixed Crack Model”. Em todas as análises foram
ativados os recurso de “line search” e critério de comprimento de arco, bem como a
consideração da influência lateral.
Primeiramente, estudou-se a influência do fator de retenção ao cisalhamento
. Foram
adotados quatro valores para esse coeficiente: 0,01; 0,25; 0,50 e 0,99. O coeficiente de
retenção ao cisalhamento apresentou a mesma tendência de influência nos quatro modelos
analisados. Observa-se por meio dos gráficos das
Figuras 4.10-a, 4.10-b, 4.10-c e 4.10-d que
um valor muito pequeno para
faz com que a curva força versus deslocamento apresente
comportamento diferente, atingindo um valor de força última muito inferior às demais curvas.
Esses resultados diferem dos apresentados em Souza (2006), onde nenhuma diferença foi
percebida para um modelo de blocos sobre duas estacas, utilizando-se
igual a 0,001 e 0,99.
B35E0, INFLUÊNCIA DO BETA
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
deslocamentos (mm)
Força (kN)
beta 0,01 beta0,99 beta 0,50 beta 0,25
(a)
B35ASW, INFLUÊNCIA DO BETA
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
deslocamentos (mm)
Força (kN)
beta 0,01 beta0,99 beta 0,50 beta 0,25
(b)
B45E0, INFLUÊNCIA DO BETA
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
beta 0,01 beta0,99 beta 0,50 beta 0,25
(c)
B45ASW, INFLUÊNCIA DO BETA
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
beta 0,01 beta0,99 beta 0,50 beta 0,25
(d)
Figura 4. 10 – Influência do fator de retenção ao cisalhamento
Avaliação dos modelos numéricos
120
Em seguida, procurou-se avaliar a influência do tipo de critério de convergência a ser
adotado. Para tanto, foi considerado dois tipos de critérios de convergência: critério de
convergência em norma de deslocamentos e critério de convergência em norma de energia.
Para ambos os casos, foi adotada tolerância de 1%.
Como pode ser observado nos gráficos da
Figura 4.11, o critério de convergência em
deslocamentos apresentou o comportamento semelhante ao critério em energia para o modelo
B35E0, entretanto apresentou problemas nos modelos B35ASW, B45E0 e B45ASW, parando
nos passos de carga 19, 24 e 17, respectivamente. Utilizando o critério em energia, o modelo
B45ASW apresentou significativa perda de resistência para uma força próxima de 1500 kN,
na qual percebe-se uma diminuição dos deslocamentos. Entretanto, o bloco voltou a ganhar
capacidade resistente e aumentar os deslocamentos. Como esse comportamento não foi
observado nos demais modelos, acredita-se que esse comportamento tenha causa numérica.
B35E0, CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
Energia deslocamento
(a)
B35ASW, CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
Energia deslocamento
(b)
B45E0,CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
Energia deslocamento
(c)
B45ASW, CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
Energia deslocamento
(d)
Figura 4. 11 – Critérios de convergência
Avaliação dos modelos numéricos
121
Outra variável analisada foi o modo como a ação pode ser aplicada no modelo.
Inicialmente, aplicou-se uma pressão de 1 MPa no topo do Pilar, e ao longo de 50 passos, foi
feito um incremento no mesmo valor da pressão, enquanto o modelo permitiu. Quando
necessário, o próprio programa corrigia o valor do incremento. Em seguida, aplicou-se num
novo modelo uma pressão cujo valor é igual ao registrado na última etapa de carregamento da
primeira análise, de tal maneira que cada etapa de carregamento corresponderia a 2% da carga
total aplicada, completando assim os 100% do carregamento. A primeira análise recebeu o
nome de “carga crescente”, enquanto que a segunda foi chamada de “% de carga”.
A princípio, era esperado que os resultados das análises fossem semelhantes, entretanto
verificou-se nos quatro modelos um comportamento diferente do esperado. Nos modelos
analisados, a curva “% de carga” apresentou carga última inferior quando comparada à curva
“carga crescente”. Essa tendência de comportamento foi verificada nos quatro modelos, e
pode ser observada nas
Figuras 4.12-a, 4.12-b, 4.12-c e 4.12-d.
B35E0, B=0,99, ENERGIA
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
foa (kN)
carga crescente % carga
(a)
B35ASW, B=0,99, ENERGIA
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
carga crescente % carga
(b)
B45E0, B=0,99, ENERGIA
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
carga crescente % carga
(c)
B45ASW, B=0,99, ENERGIA
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
carga crescente % carga
(d)
Figura 4. 12 – Modo de aplicação do carregamento
Avaliação dos modelos numéricos
122
Desta forma, entende-se que o melhor modo de aplicar o carregamento é partindo de
uma pressão inicial de 1 MPa, aumentando esse valor por meio de incrementos de
carregamento, e não partindo do valor máximo suportado pelo modelo.
Outra verificação feita foi em relação ao modelo de fissuração adotado para o concreto.
Foram estudados dois modelos “total strain”, sendo eles o “Fixed Crack Model” e o “Rotating
Crack Model”. O modelo “Fixed Crack Model” apresentou um comportamento mais rígido do
que o “Rotating Crack Model”, que por sua vez não teve uma boa representação do modelo
B35E0, conforme
Figura 4.13.
Esse resultado era esperado, uma vez que a própria descrição do modelo relata que seu
uso conduz a cargas últimas menores do que as reais. Apesar do conhecimento dessa
informação, optou-se por realizar esse teste, pois Souza (2006), analisando bloco sobre duas
estacas, encontrou força última maior utilizando o “Rotating Crack Model”.
B35E0, MODELOS TOTAL STRAIN
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
fixed crack rotating crack
Figura 4. 13 – “Fixed crack model “ versus “Rotating crack model”
Outro parâmetro avaliado foi o tipo de ação aplicada. No modelo B35E0, aplicou-se no
topo do pilar de concreto armado ação em forma de pressão, e em outro modelo aplicou-se
deslocamento imposto. Para essa análise, variou-se tamm o tipo de critério de convergência.
Observa-se por meio da
Figura 4.14-a que o modelo com ação em forma de deslocamento
imposto apresenta-se mais rígido quando comparado ao modelo com ação em forma de
pressão, para critério de convergência em deslocamentos. Entretanto, a ação em forma de
Avaliação dos modelos numéricos
123
deslocamento imposto apresentou problemas de convergência, e parou no 15º incremento de
carga.
Visando esclarecer um pouco mais a diferença entre deslocamento imposto e pressão,
foi analisado novamente o modelo B35E0, porém com critério de convergência em energia.
Nessa situação, observa-se que a ação em forma de deslocamento imposto apresentou uma
força última muito superior a obtida em laboratório. Observa-se que para um deslocamento no
meio do bloco em torno de 0,4 mm a força se mantém constante em torno de 2400 kN, porém
logo em seguida o bloco volta a ganhar resistência, e atinge seu pico próximo aos 3600 kN,
com deslocamento de 0,95 mm. Entende-se, portanto, que para o modelo analisado, a ação em
forma de pressão resulta num comportamento mais próximo do real.
B35E0, CONVERGÊNCIA EM DESLOCAMENTO
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
PRESSÃO DESLOCAMENTO
(a)
B35E0, CONVERGÊNCIA EM ENERGIA, b=0,99
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
PRESSÃO DESLOCAMENTO
(b)
Figura 4. 14 – Ação em forma de pressão e deslocamento imposto
Finalmente, decidiu-se verificar a influência dos métodos de resolução do sistema de
equações não-lineares disponíveis no DIANA. Foram analisados os métodos de Newton-
Raphson Regular, Newton-Raphson Modificado, Método da Rigidez Linear e Método
Secante.
Observa-se para o modelo B35E0 que os diversos métodos de resolução apresentaram
praticamente o mesmo comportamento na determinação da curva força versus deslocamento.
No modelo B35ASW o método da Rigidez Linear apresentou vários pontos com diminuição
Avaliação dos modelos numéricos
124
da capacidade resistente do bloco. Para os modelos B45E0 e B45ASW os diversos métodos
apresentaram uma divergência mais acentuada, principalmente no último modelo, na qual o
Método Secante apresentou problemas de convergência no 22º incremento de carga.
Os métodos de Newton-Raphson Regular e Newton-Raphson Modificado apresentaram
a mesma tendência de comportamento nos quatro modelos estudados, a menos do modelo
B45ASW, na qual o método de Newton-Raphson Regular mostrou-se mais rígido, como pode
ser observado nos gráficos da
Figura 4.15.
B35E0, MÉTODOS DE RESOLUÇÃO
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
NREG NMODIF LINEAR SECANTE
(a)
B35ASW, MÉTODOS DE RESOLUÇÃO
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
NREG NMODIF LINEAR SECANTE
(b)
B45E0, MÉTODOS DE RESOLUÇÃO
0
500
1000
1500
2000
2500
00,20,40,60,81
deslocamentos (mm)
força (kN)
NREG NMODIF LINEAR SECANTE
(c)
B45ASW, MÉTODOS DE RESOLUÇÃO
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
NREG NMODIF LINEAR SECANTE
(d)
Figura 4. 15 – Métodos de resolução do sistema de equações não-lineares
Conforme dito anteriormente, o DIANA apresenta um procedimento chamado “iteration
based sizes”, que permite que o tamanho dos incrementos de pressão sejam variados ao longo
da análise, mediante fornecimento dos valores inicial, máximo e mínimo de incrementos no
decorrer da análise.
Avaliação dos modelos numéricos
125
Inicialmente, foram verificados diversos valores de incremento máximo de pressão,
variando-se também o valor do coeficiente de retenção ao cisalhamento para o modelo
B35E0. Por meio da
Figura 4.16-a e 4.16-b percebe-se como o tamanho máximo do
incremento de pressão modifica completamente o comportamento da curva força versus
deslocamento. Entre todos os valores testados, a curva que mais se aproximou do resultado
experimental foi aquela cujo valor máximo do incremento é igual a 50 N/mm². Em relação ao
coeficiente de retenção ao cisalhamento, mais uma vez o valor de 0,99 apresentou um melhor
resultado quando comparado ao valor de 0,01. Nas
Figuras 4.16-c e 4.16-d variaram-se os
métodos de resolução do sistema de equações não lineares, para o modelo B35E0 com
incremento máximo de 50 N/mm² e critério de convergência em energia. Observa-se,
portanto, que a curva força versus deslocamento com comportamento mais próximo do
modelo experimental foi a que utilizou o método de Newton-Raphson Regular.
PASSOS MÁXIMOS, ENERGIA, B=0,01
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
deslocamentos (mm)
força (kN)
PM_10 PM_20 PM_30 PM_40 PM_50
(a)
PASSOS MÁXIMOS, ENERGIA, B=0,99
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
deslocamentos (mm)
força (kN)
PM_10 PM_20 PM_30 PM_40 PM_50
(b)
MÉTODOS DE RESOLUÇÃO, ENERGIA, B=0,01
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
deslocamentos (mm)
força (kN)
NMODIF LINEAR SECANTE NREG
(c)
MÉTODOS DE RESOLUÇÃO, ENERGIA, B=0,99
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
deslocamentos (mm)
força (kN)
NMODIF SECANTE LINEAR NREG
(d)
Figura 4. 16 – Modelo B35e0 calculado via “iteration based sizes”
Avaliação dos modelos numéricos
126
Outra análise feita foi em relação ao número total de incrementos de força utilizado. É
comum em análises numéricas utilizar um número muito grande de incrementos de carga.
Utilizando o programa computacional DIANA, observou-se que nem sempre um número
grande de incrementos fornece melhores resultados. Em algumas análises, verificou-se que à
medida que se amplia o número de incrementos, o modelo não atende aos critérios de
convergência para um valor de força inferior ao da força última obtida em laboratório.
Em outros modelos, nota-se pouca diferença no comportamento da curva força versus
deslocamento, independente do número de incrementos aplicado no modelo, como ocorreu
com o modelo B35E0. A
Figura 4.17 mostra a curva força versus deslocamento para a
aplicação de 50 e de 300 incrementos de força. Observa-se que as curvas ficaram
praticamente sobrepostas uma em relação à outra.
B35E0, NÚMERO DE PASSOS DE CARGA
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40
deslocamentos (mm)
força (kN)
300 passos 50 passos
Figura 4. 17 – B35E0, Influência do número de passos de carga
Com base nos resultados apresentados anteriormente, foram feitas algumas análises de
modo a se obter os parâmetros necessários para uma simulação eficiente de blocos sobre duas
estacas, utilizando o programa computacional DIANA.
Em virtude da grande variabilidade dos resultados, optou-se por não utilizar o
procedimento “iteration based sizes”. Utilizando esse procedimento, o tempo de
processamento foi reduzido consideravelmente, entretanto, o traçado da curva força versus
deslocamento ficou comprometido por causa da pequena quantidade de pontos obtidos na
Avaliação dos modelos numéricos
127
análise. Reduzindo o tamanho do incremento máximo de carga, observou-se que a força
última ficou muito distante do valor obtido experimentalmente.
Em relação aos métodos de resolução do sistema de equações não-lineares, optou-se por
utilizar o método de Newton-Raphson Regular, pois este método apresentou melhor resultado
para os modelos analisados.
Verificou-se também que em relação ao modo de aplicação da ação, os melhores
resultados foram obtidos com ação em forma de pressão, e não em forma de deslocamento
imposto. Para o critério de convergência, será utilizado o critério em norma de energia, por
causa dos diversos problemas encontrados utilizando o critério de convergência em
deslocamentos.
Quanto ao modelo de fissuração do concreto, verificou-se que o “Fixed Crack Model”
apresentou melhores resultados, quando comparados com o “Rotating Crack Model”. Em
relação ao coeficiente de retenção ao cisalhamento, os melhores resultados foram obtidos para
o valor de
igual a 0,99.
4.5. Análise dos resultados
Com base nos parâmetros estudados anteriormente, procedeu-se à simulação numérica
de quatro modelos de blocos sobre duas estacas, descritos detalhadamente no item 4.3. Os
resultados obtidos com o programa computacional DIANA são comparados com os resultados
de ensaios experimentais e numéricos, sendo que na análise numérica foi utilizado o programa
computacional ANSYS 9.0. As
Figuras 4.18; 4.19; 4.20 e 4.21 apresentam a malha de
elementos finitos com o carregamento e as condições de contorno, bem como a discretização
das barras das armaduras no DIANA para os quatro modelos analisados.
Avaliação dos modelos numéricos
128
(a)
(b)
Figura 4. 18 – Modelo B35E0
(a)
(b)
Figura 4. 19 – Modelo B35ASW
(a)
(b)
Figura 4. 20 – Modelo B45E0
Avaliação dos modelos numéricos
129
(a)
(b)
Figura 4. 21 – ModeloB45ASW
4.5.1. Modelo B35E0
O modelo B35E0 possuía 35 cm de altura, e as seções das estacas e do pilar eram
quadradas com largura de 25 cm. No ensaio experimental, o bloco apresentou força última
igual a 1821 kN, e a tensão máxima registrada nas barras da armadura longitudinal foi de 392
MPa. Na simulação numérica, por sua vez, a força última obtida foi de 2009 kN, e a tensão
nas barras da armadura longitudinal foi de 397 MPa.
Observa-se também que o processo de fissuração do concreto teve início na região
inferior do bloco, e que as tensões máximas de tração estavam limitadas ao valor de f
tm
apresentados na tabela 4.5. Na
Figura 4.22 pode-se acompanhar o panorama de fissuração
para 25%, 50%, 75% e 100% da força última. Observa-se que com 75% da carga última, a
estaca encontra-se fissurada na região interna dos apoios, indicando que a distribuição de
tensões não é constante na seção das estacas. Essa distribuição de tensões também foi
observada por Delalibera (2006).
Na
Figura 4.23 observa-se a distribuição de tensões principais de compressão e tração
no bloco B35E0, na qual é possível perceber a configuração das bielas.
Avaliação dos modelos numéricos
130
25% F
u
50% F
u
75% F
u
100% F
u
Figura 4. 22 – Panorama de fissuração do bloco B35E0
(a)
(b)
Figura 4. 23 – Tensões principais de compressão e tração no bloco B35E0
Avaliação dos modelos numéricos
131
4.5.2. Modelo B35ASW
O Modelo B35ASW também possuía 35 cm de altura, e as seções das estacas e pilares
eram quadradas com largura de 25 cm, porém não apresentava armadura secundária. No
ensaio experimental, o bloco apresentou força última de 1406 kN e a tensão máxima nas
barras da armadura longitudinal foi de 340 MPa. Na simulação numérica a força última foi de
1684 kN e a tensão máxima nas barras da armadura longitudinal foi de 456 MPa. A
Figura
4.24 apresenta o panorama de fissuração do concreto enquanto que na Figura 4.25 pode-se
observar a distribuição das tensões principais nesse modelo.
25% F
u
50% F
u
75% F
u
100% F
u
Figura 4. 24 – Panorama de fissuração do bloco B35ASW
Avaliação dos modelos numéricos
132
(a)
(b)
Figura 4. 25 – Tensões principais de compressão e tração no bloco B35ASW
4.5.3. Modelo B45E0
O Modelo B45E0 tinha 45 cm de altura, e as seções das estacas e pilares eram quadradas
com largura de 25 cm. No ensaio experimental, o bloco apresentou força última de 2276 kN e
a tensão máxima nas barras da armadura longitudinal foi de 590 MPa. Na simulação
numérica a força última obtida foi de 2120 kN e a tensão máxima nas barras da armadura
longitudinal foi de 462 MPa.. A
Figura 4.26 apresenta o panorama de fissuração do concreto
enquanto que na
Figura 4.27 pode-se observar a distribuição das tensões principais nesse
modelo.
25% F
u
50% F
u
Avaliação dos modelos numéricos
133
75% F
u
100% F
u
Figura 4. 26 – Panorama de fissuração do bloco B45E0
(a)
(b)
Figura 4. 27 – Tensões principais de compressão e tração no bloco B45E0
4.5.4. Modelo B45ASW
O Modelo B45ASW também tinha 45 cm de altura, e as seções das estacas e pilares
eram quadradas com largura de 25 cm, porém não apresentava armadura secundária. No
ensaio experimental, o bloco apresentou força última de 2090 kN e a tensão máxima nas
barras da armadura longitudinal foi de 380 MPa. Na simulação numérica a força última obtida
foi de 2146 kN e a tensão máxima nas barras da armadura longitudinal foi de 598 MPa. A
Figura 4.28 apresenta o panorama de fissuração do concreto enquanto que na Figura 4.29
pode-se observar a distribuição das tensões principais nesse modelo.
Avaliação dos modelos numéricos
134
25% F
u
50% F
u
75% F
u
100% F
u
Figura 4. 28 – Panorama de fissuração do bloco B45ASW
(a)
(b)
Figura 4. 29 – Tensões principais de compressão e tração no bloco B45E0
Avaliação dos modelos numéricos
135
Observa-se nos quatro modelos estudados que o valor encontrado para a tensão máxima
nas barras da armadura longitudinal não apresentou bons resultados, a menos do modelo
B45E0. Acredita-se que esse resultado seja proveniente do modo como o programa
computacional DIANA considera os elementos do tipo
reinforcements. As Figuras 4.30-a,
4.30-b, 4.30-c e 4.30-d mostram a distribuição de tensões nas barras da armadura longitudinal
dos quatro modelos analisados, e a tabela 4.10 os resultados das tensões máximas obtidas
experimentalmente, e com dois pacotes computacionais, DIANA e ANSYS. Verifica-se que
os melhores resultados foram obtidos para as tensões nas barras da armadura longitudinal
utilizando o ANSYS, uma vez que nesse programa as barras das armaduras são modeladas
com um elemento finito diferente dos
embedded reinforcements utilizados no DIANA.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 4. 30 – Tensões nas barras da armadura longitudinal dos modelos B35E0, B35ASW, B45E0 e
B45ASW, respectivamente
Avaliação dos modelos numéricos
136
Tabela 4.10 – Tensão máxima nas barras da armadura longitudinal
Blocos
y,exp
(MPa)
y,num
(DIANA)
(MPa)
y,num
(ANSYS)
(MPa)
y,exp
/
y,num
(DIANA)
y,exp
/
y,num
(ANSYS)
B35E0 392 397 413 0,99 0,96
B35ASW 340 456 390 0,75 0,87
B45E0 590 462 505 1,28 1,17
B45ASW 380 598 353 0,65 1,08
A relação força versus deslocamentos também foi analisada para os quatro modelos em
questão. O deslocamento analisado foi medido na parte inferior do bloco, e os resultados
encontram-se nos gráficos da
Figura 4.31. De uma maneira geral, os modelos numéricos
apresentam-se mais rígidos do que os modelos experimentais, e pode-se afirmar que os
modelos analisados por meio dos programas computacionais DIANA e ANSYS apresentaram
comportamentos semelhantes.
Apesar da diferença entre os modelos experimentais e numéricos, pode-se afirmar que
os resultados são proveitosos. Uma vez fundamentado na teoria da análise limite, que diz que
para fins de determinação da capacidade limite de carga de uma estrutura, é possível
dispensar uma análise evolutiva das tensões e das deformações, admitindo-se,
simplificadamente, que o material tenha comportamento elasto-plástico perfeito”
. Como o
modelo de bielas e tirantes é garantido pelo Teorema do Limite Inferior considera-se que, para
obtenção da distribuição do fluxo de tensões na iminência da ruína, os resultados são válidos.
Avaliação dos modelos numéricos
137
B35E0, FORÇA VS. DESLOCAMENTOS
0
500
1000
1500
2000
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
Experimental
Ansys
Diana
(a)
B35ASW, FORÇA VS. DESLOCAMENTOS
0
500
1000
1500
2000
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
Experimental
Ansys
Diana
(b)
B45E0, FORÇA VS. DESLOCAMENTOS
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
Experimental
Ansys
Diana
(c)
B45ASW, FORÇA VS. DESLOCAMENTOS
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
Experimental
Ansys
Diana
(d)
Figura 4. 31 – Curva força vs. deslocamentos dos modelos B35E0, B35ASW, B45E0 e B45ASW,
respectivamente
Tabela 4.11 – Força última obtida nos modelos
Blocos
F
u,exp
(kN)
F
u,num
(DIANA)
(kN)
F
u,num
(ANSYS)
(kN)
F
u,exp
/F
u,num
(DIANA)
F
u,exp
/F
u,num
(ANSYS)
B35E0 1821 2009 1971 0,91 0,92
B35ASW 1406 1684 1616 0,84 0,87
B45E0 2276 2120 2267 1,07 1,01
B45ASW 2090 2146 2100 0,97 0,99
Valores médios 0,9475 0,9475
De um modo geral, os modelos numéricos apresentaram-se mais rígidos do que os
modelos experimentais, e pode-se afirmar que, enquanto os resultados provenientes do
Avaliação dos modelos numéricos
138
programa Ansys apresentaram uma tendência de comportamento dividida em trechos lineares,
os resultados do programa Diana apresentam uma não-linearidade mais acentuada.
Em termos de deslocamento, observa-se que tanto o Ansys como o Diana, apresentam
resultados distantes do obtido experimentalmente. Todavia, essa diferença se justifica pela
dificuldade de simular numericamente o comportamento real do concreto. Desenvolver um
modelo capaz de representar o comportamento do concreto o mais próximo do real é um
desafio. O concreto armado é um material quase-frágil e tem diferentes comportamentos na
compressão e na tração. Verifica-se, portanto, a necessidade de melhorar os modelos
constitutivos para representação do material concreto nesses tipos de programa.
Outra dificuldade é captar diversos fatores que ocorrem nos ensaios laboratoriais, como
por exemplo a presença de pequena excentricidade na aplicação do carregamento, temperatura
e umidade ambiente, entre outros.
4.6. Comentários finais
Neste capítulo buscou-se aferir um modelo numérico utilizando o programa
computacional DIANA, procedendo a uma analise comparativa de quatro modelos de blocos
sobre duas estacas, estudados experimentalmente no Laboratório de Estruturas da Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
Por meio da análise paramétrica, verificou-se a influência dos diversos parâmetros
envolvidos na simulação numérica. Após varias análises, foi obtido um modelo numérico
capaz de representar de maneira satisfatória, em termos de força última, os quatro modelos
ensaiados experimentalmente, e que pode então ser estendido às análises propostas
inicialmente nesse trabalho.
Blocos sobre duas estacas
com cálice embutido
Capítulo
5
5
5.1. Considerações iniciais
Conforme foi apresentado no capítulo 4, as simulações numéricas foram feitas via
método dos elementos finitos, por meio do programa computacional DIANA, versão 9.2,
registrada para o Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia de São
Carlos – USP.
Foram estudados blocos sobre duas estacas com cálice totalmente embutido, utilizado na
ligação com pilar pré-moldado. As condições de contorno bem como as ações que incidem
sobre o bloco procuraram reproduzir uma situação próxima da real existente em projetos. As
propriedades mecânicas dos materiais utilizados nos modelos foram obtidas por meio das
normas ABNT NBR 6118:2003 e ABNT NBR 7480:2007.
A análise numérica teve por objetivo avaliar o comportamento do bloco sobre duas
estacas com cálice embutido, no que diz respeito à distribuição e fluxo de tensões principais,
tensões nas barras das armaduras dos tirantes e curvas do tipo força versus deslocamentos.
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
140
5.2. Modelos analisados numericamente
5.2.1. Parâmetros analisados
Os parâmetros escolhidos para serem analisados nas simulações numéricas foram os
seguintes: o ângulo de inclinação da biela comprimida, a espessura da parede lateral do cálice,
a conformação das paredes do cálice (lisa ou rugosa) e a presença ou não da viga de
travamento.
Os ângulos adotados para a biela de compressão foram iguais a 45º e 55º. A escolha
desses valores se deu em função das recomendações de Blévot & Frémy (1967).
Tratando da espessura das paredes laterais do cálice, foram adotados os valores de 15
cm e 20 cm. Por causa da ausência de bibliografia específica a respeito de cálice embutido,
optou-se por utilizar as recomendações de Leonhardt & Mönnig (1978) e da ABNT NBR
9062:1985 para cálice externo.
A conformação das paredes internas do cálice também foi considerada, sendo avaliados
cálices com paredes rugosas e lisas.
Em relação à viga de travamento, foi estudado o bloco com e sem a presença da viga.
Quando da presença da viga, foram utilizados dois valores distintos de ações, a fim de
verificar a sua influência no comportamento do bloco sobre duas estacas. No total foram
estudados vinte e quatro modelos de blocos sobre duas estacas com cálice totalmente
embutido.
5.2.2. Nomenclatura dos modelos
A nomenclatura adotada para os modelos foi idealizada a partir dos seguintes
parâmetros: conformação das paredes do cálice; altura total do bloco (função do comprimento
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
141
de embutimento,
emb
); ângulo de inclinação da biela comprimida; espessura da parede lateral
do cálice e tipo de solicitação na viga de travamento.
Para compreender melhor a nomenclatura adotada, utilizam-se os exemplos a seguir. O
modelo BLH75A45_15 representa o bloco com conformação das paredes lisa, altura do bloco
de 75 cm, ângulo de inclinação da biela igual a 45º, espessura da parede igual a 15 cm e sem
viga de travamento. Já o modelo BRH65A55_20_cv1 representa o bloco com conformação
das paredes rugosas, altura do bloco de 65 cm, ângulo de inclinação da biela igual a 55º,
espessura da parede igual a 20 cm e com ação do tipo 1 na viga de travamento.
5.2.3. Apresentação dos modelos
Os modelos estudados numericamente visaram simular uma situação bastante comum
em projetos de galpões pré-moldados. Uma seqüência de pilares pré-moldados alinhados e
conectados por meio de vigas de travamento. Sobre essas vigas, é possível ainda a construção
de paredes em alvenaria ou bloco, servindo, portanto, como viga baldrame. A
Figura 5.1
reproduz a situação anteriormente descrita.
Figura 5. 1 – Situação de projeto analisada
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
142
Para determinar os valores das ações nas vigas de travamento, foram idealizadas duas
situações. Na primeira delas, imaginou-se uma parede feita em blocos de argamassa, com
dimensões em centímetros de 14 x 19 x 29, revestimento em argamassa de cimento e areia e
5,00 m de altura. Na segunda situação, os blocos passaram a ter dimensões de 19x19x39, e
parede com altura de 6,00 m. A primeira situação, a qual será tratada como carregamento do
tipo 1 (cv1) resultou numa ação de 18,5 kN/m, enquanto que a segunda, chamada de
carregamento do tipo 2 (cv2) resultou em 29,4 kN/m. A
Figura 5.2 reproduz a geometria dos
blocos em argamassa. Apresentados os parâmetros que foram estudados nas simulações
numéricas, obtemos um total de vinte e quatro modelos apresentados na tabela 5.1.
Tabela 5.1 – Modelos analisados numericamente
Bloco Interface Ângulo Espessura Viga Solicitação
SEM -
COM cv1
15
COM cv2
SEM -
COM cv1
45º
20
COM cv2
SEM -
COM cv1
15
COM cv2
SEM -
COM cv1
BLH75 LISA
55º
20
COM cv2
SEM -
COM cv1
BRH65 RUGOSA 45º 15
COM cv2
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
143
Tabela 5.1 – Modelos analisados numericamente.(continuação)
Bloco Interface Ângulo Espessura Viga Solicitação
SEM -
COM cv1
45º 20
COM cv2
SEM -
COM cv1
15
COM cv2
SEM -
COM cv1
BRH65 RUGOSA
55º
20
COM cv2
Figura 5. 2 – Blocos em argamassa utilizados sobre a viga de travamento
5.2.4. Geometria dos modelos e propriedades mecânicas
Nesse item é apresentada a geometria dos modelos de blocos sobre duas estacas com
cálice embutido analisados numericamente por meio do programa DIANA, versão 9.2.
Os blocos foram dimensionados segundo recomendações de Blévot & Frémy (1967), da
ABNT NBR 9062:1985 e da ABNT NBR 6118:2003 na determinação do arranjo das barras
das armaduras. Como o objetivo da analise em questão é estudar o comportamento do bloco
com cálice embutido quando da presença da viga de travamento, optou-se em não variar a
geometria dos pilares, estacas e vigas nos modelos analisados.
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
144
A tabela 5.2 apresenta as propriedades geométricas dos quatro grupos de blocos
analisados. Os pilares e estacas são de seção quadrada com medida dos lados igual a 30 cm.
As paredes laterais possuem dois valores de espessura, 15 cm e 20 cm. Além disso, há uma
folga entre o pilar e o cálice de 5 cm em cada face, que posteriormente é ocupado pelo graute,
resultando assim nos valores de B
Ly
. A tabela 5.3 apresenta as propriedades mecânicas dos
concretos utilizados nos modelos.
Tabela 5.2 – Propriedades geométricas dos modelos analisados
Blocos
Dimensão
da estaca
(cm)
Dimensão
do pilar
(cm)
Dimensão
da viga
(cm)
B
Lx
(cm)
B
Ly
(cm)
emb
(cm)
Altura
(cm)
BLH75A45 30x30 30x30 20x40 205 70/80 45 75
BLH75A55 30x30 30x30 20x40 165 70/80 45 75
BRH65A45 30x30 30x30 20x40 185 70/80 35 65
BRH65A55 30x30 30x30 20x40 150 70/80 35 65
Tabela 5.3 – Propriedades mecânicas dos concretos
Propriedades
f
ck
(MPa)
f
ct,m
(MPa)
E
cs
(MPa)
Bloco
25 2,56 23800
Pilar
50 4,07 33658
Estaca
50 4,07 33658
Viga
25 2,56 23800
Graute
50 4,07 33658
Seguindo os mesmos princípios das análises feitas no capitulo 4, as barras das
armaduras principais do tirante foram dimensionadas para não escoarem, assim como os
pilares e estacas tiveram concretos com resistência a compressão maior do que as resistências
do concreto dos blocos e das vigas. Apesar de não ser um modo de dimensionamento dos
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
145
blocos, esse procedimento foi feito com o intuito de evitar a ruína dos modelos no pilar ou na
estaca. A tabela 5.4 apresenta a configuração das barras das armaduras adotadas nos modelos.
O valor da resistência ao escoamento utilizado foi igual a 500 MPa, enquanto que o módulo
de elasticidade foi igual a 210 GPa.
Tabela 5.4 – Barras de aço das armaduras dos modelos analisados.
Blocos BLH75A45 BLH75A55 BRH65A45 BRH65A55
Armadura Longitudinal 6Ø20 mm 6Ø20 mm 6Ø20 mm 6Ø20 mm
Estribo Vertical 6Ø6,3 c/10 6Ø6,3 c/11,5 6Ø6,3 c/13,5 6Ø6,3 c/15,5
Estribo Horizontal 4Ø6,3 c/15 4Ø6,3 c/15 4Ø6,3 c/15 4Ø6,3 c/15
Ashp 3Ø6,3 c/6 3Ø6,3 c/6 3Ø6,3 c/6 3Ø6,3 c/6
Ashs 4Ø6,3 c/10 4Ø6,3 c/10 4Ø6,3 c/10 4Ø6,3 c/10
Asvp 2Ø6,3 c/10 2Ø6,3 c/10 2Ø6,3 c/10 2Ø6,3 c/10
Asvs 4Ø6,3 c/8 4Ø6,3 c/8 4Ø6,3 c/8 4Ø6,3 c/8
Armadura de Punção 4Ø6,3 c/8 4Ø6,3 c/8 4Ø6,3 c/8 4Ø6,3 c/8
Armadura de Costura 6Ø6,3 c/10 6Ø6,3 c/11,5 6Ø6,3 c/13,5 6Ø6,3 c/15,5
Armadura do Pilar 12Ø12,5 mm 12Ø12,5 mm 12Ø12,5 mm 12Ø12,5 mm
Armadura da Estaca 8Ø12,5 mm 12,5 mm 8Ø12,5 mm 8Ø12,5 mm
5.2.5. Elementos finitos utilizados
Os elementos finitos utilizados na simulação numérica foram os mesmos apresentados
no capítulo 4, descritos detalhadamente no item 4.2.8 e disponíveis na biblioteca de elementos
do DIANA. Para a representação do concreto, bloco, pilar, estaca e viga foi utilizado o
elemento CHX60, enquanto que para a representação das barras das armaduras foram
utilizados elementos do tipo
reinforcement. As Figuras 5.3-a e 5.3-b apresentam os modelos
BLH75A45_15_cv1 e BRH65A55_15, respectivamente.
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
146
(a)
(b)
Figura 5. 3 – Malha de elementos finitos dos BLH75A45_15_CV1 e BRH65A55_15
Observa-se na figura anterior a presença de uma placa metálica sobre o pilar. Essa placa
apresenta rigidez elevada e foi utilizada com o intuito de evitar concentração de tensão no
topo do pilar.
As ações foram aplicadas no modelo por meio de pressão. As condições de contorno
adotadas nos modelos restringiam os deslocamentos das estacas nas direções x, y e z. Quando
da presença da viga de travamento, foi restringido os deslocamentos e as rotações na
extremidade da viga, simulando um engaste perfeito da viga com a estaca. As
Figuras 5.4-a e
5.4-b apresentam o modelo BLH75A45_15_cv1 com as ações e as condições de contorno,
respectivamente.
(a)
(b)
Figura 5. 4 – Modelo BLH75A45_15_cv1 com ações e condições de contorno
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
147
O uso de reinforcements para representação das barras das armaduras permitiu a
discretização de todas as armaduras presentes no bloco e no cálice. No bloco de fundação foi
utilizada armadura longitudinal principal, estribos horizontais e verticais, e armadura de
costura. No cálice propriamente dito, foi utilizada armadura vertical principal e secundária, e
armadura horizontal principal e secundária, sugerida por Leonhardt & Mönnig (1978) e
adaptada por El Debs (2000). Foi utilizada sob o cálice embutido uma armadura a fim de
evitar punção. Também foram modeladas as barras das armaduras inferior, superior e dos
estribos da viga, bem como as armaduras do pilar e das estacas.
As barras das armaduras anteriormente descritas foram dimensionadas e apresentadas na
tabela 5.4 As
Figuras 5.5-a; 5.5-b; 5.6-a; 5.6-b; 5.7-a e 5.7-b mostram separadamente como
as barras das armaduras foram utilizadas nos modelos, tomando como exemplo o modelo
BLH75A45_15_cv1.
(a)
(b)
Figura 5. 5 – Barras dos estribos verticais e armadura de costura; barras dos estribos horizontais e
armadura de punção, respectivamente
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
148
(a)
(b)
Figura 5. 6 – Barras da armadura vertical principal e secundária; barras da armadura horizontal
principal e secundária, respectivamente
(a)
(b)
Figura 5. 7 – Barras da armadura da viga, pilar, estacas e armadura longitudinal; modelo com barras das
armaduras completas
Na simulação do contato existente entre o pilar e o graute e o graute e o bloco,
primeiramente foi utilizado elementos de contato disponíveis na biblioteca do programa
DIANA. Entretanto, a utilização desses elementos não foi satisfatória, uma vez que os
resultados obtidos para dois modelos de blocos, sendo que em apenas um deles havia
elementos de contato, foram idênticos. O autor considera que os elementos de contato
disponíveis no programa DIANA devem ser utilizados para simular a não-linearidade de
contato, por exemplo, quando há alteração das condições de contorno de um modelo.
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
149
Diante dos resultados obtidos com o uso dos elementos de contato, optou-se por utilizar
novas estratégias para simular o comportamento existente entre o pilar e o graute e o graute e
o bloco, dentre as quais está o uso de elementos de interface.
Na maioria dos trabalhos consultados durante a revisão bibliográfica, constatou-se que o
uso de elementos de contato é mais utilizado do que os elementos de interface. Entretanto, o
elemento de interface é perfeitamente capaz de representar o comportamento existente entre
duas superfícies sujeitas a atrito. Bangash (2001) considera que os elementos de interface
apresentam um grande potencial nos problemas de interação solo-estrutura, discretização do
concreto com armadura, atrito em ligações de estruturas de concreto pré-moldado, entre
outras situações.
O elemento finito de interface utilizado foi o CQ48I, que é um elemento plano,
quadrilateral com função aproximadora quadrática em deslocamentos, recomendado em
análises tridimensionais. A escolha desse elemento se deu em função do elemento finito
CHX60 utilizado na modelagem do concreto, já que ambos possuem oito nós em cada face. A
Figura 5.8 apresenta o elemento CQ48I.
Figura 5. 8 – Elemento CQ48I, DIANA (2005a)
A utilização dos elementos de interface foi feita apenas nos blocos cujas paredes do
cálice apresentavam configuração lisa. Na situação de paredes rugosas, alguns pesquisadores
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
150
como Canha (2004) e Delalibera (2008) verificaram que, quando da ocorrência de chave de
cisalhamento, pode-se considerar que essa ligação apresente comportamento monolítico.
Nos cálices com parede lisa, há atrito entre o pilar e o graute e entre o graute e o bloco,
sendo necessária a utilização de duas superfícies de interface. Entretanto, nas primeiras
simulações, o programa DIANA não encontrava solução para o sistema de equações não-
lineares, acusando que o mesmo era singular e que as condições de apoio deveriam ser
checadas. Esse tipo de erro ocorre quando não existem condições de contorno do problema,
estando, portanto, em desacordo com a situação em questão.
Após entrar em contato com o suporte da TNO DIANA e enviar o
script do modelo com
duas superfícies de interface, não foi possível identificar a causa da mensagem de erro. Como
sugestão, os técnicos recomendaram modelar todo o graute como uma única superfície de
interface, com espessura equivalente a do graute. Seguindo essa sugestão, constatou-se um
aumento significativo no tempo de processamento do modelo, porém os resultados foram
idênticos ao de um modelo que apresentava apenas uma superfície de interface, no caso entre
o pilar e o graute, com espessura mínima entre as superfícies. Como esse último modelo
apresentou um tempo de processamento menor do que o do modelo sugerido pelo suporte,
optou-se por utilizar apenas uma superfície de interface nos modelos de blocos cujas paredes
do cálice apresentam configuração lisa. As
Figuras 5.9-a e 5.9-b mostram a região onde foi
utilizado os elementos de interface, bem como o tipo de material utilizado.
(a)
(b)
Figura 5. 9 – Configuração da região de interface entre o pilar e o graute
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
151
5.2.6. Modelos especiais
O programa DIANA dispõe de modelos especiais que simulam o comportamento do
material, quando da utilização de elementos de interface. Entre eles destacam-se os seguintes
modelos:
Elasticity, Cracking, Bond-slip, Friction e Combined Cracking-Shearing-Crushing.
O modelo escolhido para ser utilizado nas simulações do presente trabalho foi o modelo de
Fricção.
De acordo com o manual do DIANA, a interação entre duas interfaces de uma estrutura
pode ser descrito por um comportamento de fricção entre essas partes. O modelo de fricção de
Coulomb, semelhante ao modelo modificado de Mohr-Coulomb descrito em Chen (1982),
pode ser utilizado para descrever esse comportamento.
Segundo Chen (1982), o círculo de Mohr para um elemento submetido à compressão
simples e à tração simples é envolvido por dois segmentos de reta, conforme
Figura 5.10. Os
círculos interceptam horizontalmente a partir da origem os valores de resistência à
compressão e à tração do material. O critério de ruptura de Mohr-Coulomb modificado pode
ser dividido em duas partes: critério de deslizamento (
sliding criterion) e critério de separação
(
separation criterion), definidos pelas expressões 5.1 e 5.2, respectivamente.
Figura 5. 10 – Modelo modificado de Mohr-Coulomb – Chen (1982)
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
152
tan c
(5.1)
'
t
f
(5.2)
sendo que:
c é a coesão do material;
é a tensão normal;
é a tensão de cisalhamento;
é o ângulo interno de atrito;
f
t
é a resistência à tração do material;
f
c
é a resistência à compressão do material
Pode-se ainda escrever o critério de deslizamento em termos das tensões principais, de
tal modo que a expressão 5.1 divide-se em 5.3, 5.4, 5.5 e 5.6.
 
0cos1
2
1
1
2
1
31
csensen
(5.3)
'
31
2
c
fmcm
(5.4)


'
'
1
1
t
c
f
f
sen
sen
m
(5.5)

cos2
1
'
senf
c
c
(5.6)
De acordo com Chen (1982), valores usuais para
estão em torno de 37º,
correspondente à
m=4. Entretanto, utilizar valores de m=4 resulta em resistência à tração em
torno de 25% do valor da resistência à compressão, valor esse comprovadamente alto para os
concretos atuais. Dessa maneira, adotou-se um ângulo interno de atrito
igual a 31º, cuja
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
153
tangente resulta em 0,6 e o valor de f
t
foi considerado de acordo com as recomendações da
ABNT NBR 6118:2003 para resistência à tração do concreto. O valor da coesão foi calculado
pela expressão 5.6.
5.3. Apresentação e análise dos resultados.
Neste item são apresentadas as curvas força versus deslocamento para os modelos
analisados numericamente. Os resultados encontram-se divididos em blocos sem viga de
travamento e blocos com viga de travamento.
5.3.1. Blocos sem viga de travamento
Como esperado, os blocos com ângulo de inclinação das bielas igual a 55º
apresentaram maior rigidez quando comparados aos blocos com inclinação de 45º. Constatou-
se também que, de um modo geral, os blocos com inclinação igual a 55º apresentaram valor
de força última superior aos blocos de 45º, que por sua vez, apresentaram deslocamentos
maiores. Essa tendência de comportamento foi verificada tanto para os blocos com
conformação das paredes do cálice rugosa, como para os blocos com conformação das
paredes lisa, e pode ser verificado nas
Figuras 5.11 e 5.12 por meio das curvas força versus
deslocamento. Os deslocamentos máximos foram obtidos na região central da face inferior do
bloco.
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
154
BLOCO COM PAREDE RUGOSA, e=15 cm
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BRH65A45_15 BRH65A55_15
BLOCO COM PAREDE RUGOSA, e=20 cm
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BRH65A45_20 BRH65A55_20
Figura 5. 11 – Bloco com parede rugosa
BLOCO COM PAREDE LISA, e=15 cm
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A45_15 BLH75A55_15
BLOCO COM PAREDE LISA, e=20 cm
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A45_20 BLH75A55_20
Figura 5. 12 – Bloco com parede lisa
Observa-se ainda que, independente da conformação das paredes do cálice e sem
presença de viga de travamento, a força última foi superior nos blocos com espessura da
parede igual a 15 cm quando comparados aos blocos cuja espessura da parede era igual a 20
cm. Esse resultado mostra que nem sempre blocos com grandes dimensões implicam em
blocos com maior capacidade resistente, e podem ser visto na
Figura 5.13
BLOCOS COM PAREDE RUGOSA
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BRH65A45_15 BRH65A45_20 BRH65A55_15 BRH65A55_20
BLOCO COM PAREDE LISA
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A45_15 BLH75A45_20 BLH75A55_15 BLH75A55_20
Figura 5. 13 – Blocos com espessura igual a 15 cm e 20 cm
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
155
É possível ainda se obter algumas informações dos blocos sem a presença de viga de
travamento, comparando-se valores de força última para diferentes inclinações da biela.
Por meio da
Figura 5.14, é possível observar que, para o ângulo da biela igual a 45º, a
curva força versus deslocamento do bloco com conformação da parede lisa apresenta a mesma
tendência de comportamento do bloco com conformação da parede rugosa. Comportamento
semelhante é observado nos blocos com espessura da parede igual a 15 cm e 20 cm..
Quando a biela possui inclinação igual à 55º, observa-se que os blocos com
conformação da parede rugosa apresentam valores de força última superior aos blocos com
conformação da parede lisa, diferentemente do comportamento apresentado anteriormente nos
blocos com inclinação da biela igual a 45º. Esse comportamento também se repete
independente da espessura da parede do cálice, como pode ser observado na
Figura 5.15
BLOCO COM BIELA IGUAL À 45º
e=15 cm
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A45_15 BRH65A45_15
BLOCO COM BIELA IGUAL À 45º
e=20 cm
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A45_20 BRH65A45_20
Figura 5. 14 – Bloco com inclinação igual a 45º
BLOCO COM BIELA IGUAL À 55º
e=15 cm
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A55_15 BRH65A55_15
BLOCO COM BIELA IGUAL À 55º
e=20 cm
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A55_20 BRH65A55_20
Figura 5. 15 – Bloco com inclinação igual a 55º
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
156
5.3.2. Blocos com viga de travamento
5.3.2.1. Blocos com parede rugosa, θ = 45º
Nos modelos de blocos de parede rugosa com presença de viga de travamento, as curvas
força versus deslocamento apresentaram comportamento semelhante aos blocos sem presença
de viga. Constatou-se que a presença da viga de travamento não contribui de maneira
significativa na ruína dos blocos, já que a parede do cálice consegue transmitir de modo
satisfatório a força proveniente da viga em direção as estacas.
A
Figura 5.16-a apresenta as curvas força versus deslocamento de três modelos de
blocos com parede rugosa, espessura da parede igual a 15 cm e com dois tipos de solicitação
na viga de travamento. São eles: BRH65A45_15, BRH65A45_15_cv1 e BRH65A45_15_cv2.
A
Figura 5.16-b, por sua vez, apresenta a curva força versus deslocamento de modelos
semelhantes aos citados anteriormente, porém com espessura da parede do cálice igual a 20
cm.
Comparando os modelos com espessura da parede igual a 15 cm e 20 cm, observa-se
que, para uma mesma intensidade de solicitação na viga de travamento, os blocos com
espessura igual a 15 cm apresentaram força última superior aos blocos com espessura de 20
cm. As
Figuras 5.17-a e 5.17-b mostram as curvas força versus deslocamento para os
modelos com solicitação do tipo cv1 e cv2, respectivamente.
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
157
BLOCO COM PAREDE RUGOSA, 45º, e=15
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BRH65A45_15 BRH65A45_15_cv1 BRH65A45_15_cv2
(a)
BLOCO COM PAREDE RUGOSA, 45º, e=20
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BRH65A45_20 BRH65A45_20_cv1 BRH65A45_20_cv2
(b)
Figura 5. 16 – Comparação de blocos com e sem viga de travamento
BLOCO COM CÁLICE RUGOSO, 45º, cv1
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BRH65A45_15_cv1 BRH65A45_20_cv1
(a)
BLOCO COM CÁLICE RUGOSO, 45º, cv2
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BRH65A45_15_cv2 BRH65A45_20_cv2
(b)
Figura 5. 17 – Blocos de parede rugosa com viga de travamento
5.3.2.2. Blocos com parede lisa, θ = 45º
Assim como nos modelos de parede rugosa, a presença de viga de travamento não
influenciou no comportamento do bloco com conformação da parede lisa. Os resultados
obtidos para os modelos BLH75A45_15, BLH75A45_15_cv1 e BLH75A45_15_cv2 foram
semelhantes aos apresentados em 5.3.2.1, ou seja, independente da intensidade de solicitação
na viga, a curva força versus deslocamento apresentou a mesma tendência de comportamento
para os blocos com e sem viga de travamento, conforme
Figura 5.18-a e 5.18-b.
No que diz respeito ao comportamento dos blocos relativos à espessura da parede do
cálice, mais uma vez os blocos com espessura da parede igual a 15 cm apresentaram valor de
força última superior aos blocos com espessura igual a 20 cm. Esses resultados podem ser
observados nos gráficos das
Figuras 5.19-a e 5.19-b.
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
158
BLOCO COM PAREDE LISA, 45º, e=15
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A45_15 BLH75A45_15_cv1 BLH75A45_15_cv2
(a)
BLOCO COM PAREDE LISA, 45º, e=20
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A45_20 BLH75A45_20_cv1 BLH75A45_20_cv2
(b)
Figura 5. 18 – Comparação de blocos com e sem viga de travamento
BLOCO COM PAREDE LISA, 45º, cv1
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A45_15_cv1 BLH75A45_20_cv1
(a)
BLOCO COM PAREDE LISA, 45º, cv2
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A45_15_cv2 BLH75A45_20_cv2
(b)
Figura 5. 19 – Blocos de parede lisa com viga de travamento
5.3.2.3. Blocos com parede rugosa, θ = 55º
Diferente do que ocorreu nos blocos de parede rugosa com ângulo de inclinação das
bielas igual a 45º, os modelos com inclinação de 55º apresentaram diminuição na força última
mediante presença da viga de travamento.
Nessa ocasião, verifica-se que para os modelos com espessura da parede igual a 15 cm,
houve redução da carga última da ordem de 7% comparados com o modelo sem viga de
travamento, enquanto para os modelos com espessura da parede igual a 20 cm, a redução foi
da ordem de 14%.
Ainda no caso de paredes com espessura de 20 cm, verifica-se que a curva força versus
deslocamento do modelo BRH65A55_20 apresenta uma acomodação ao atingir uma força
próxima dos 2450 kN para um deslocamento de 1,2 mm. A partir de então a força mantém-se
próxima desse valor, e os deslocamentos seguem aumentando até atingir 1,5 mm, quando
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
159
então o modelo volta a ganhar capacidade resistente, atingindo o valor de força última
próximo dos 2800 kN.
A curva força versus deslocamento dos modelos com espessura da parede igual a 15 cm
podem ser observados na
Figura 5.20-a, enquanto que as do modelo com espessura igual a 20
cm aparecem na
Figura 5.20-b. Comparando apenas os modelos com a presença de viga,
mais uma vez os modelos com espessura da parede igual a 15 cm apresentaram valor de força
última superior aos modelos com espessura igual a 20 cm, e podem ser observados nas
Figuras 5.21-a e 5.21-b.
BLOCO COM PAREDE RUGOSA, 55º, e=15
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BRH65A55_15 BRH65A55_15_cv1 BRH65A55_15_cv2
(a)
BLOCO COM PAREDE RUGOSA, 55º, e=20
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BRH65A55_20 BRH65A55_20_cv1 BRH65A55_20_cv2
(b)
Figura 5. 20 – Comparação de blocos com e sem viga de travamento
BLOCO COM PAREDE RUGOSA, 55º, cv1
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BRH65A55_15_cv1 BRH65A55_20_cv1
(a)
BLOCO COM PAREDE RUGOSA, 55º, cv2
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BRH65A55_15_cv2 BRH65A55_20_cv2
(b)
Figura 5. 21 – Blocos de parede rugosa com viga de travamento
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
160
5.3.2.4. Blocos com parede lisa, θ = 55º
Os resultados dos modelos de blocos com parede lisa e ângulo de inclinação da biela
igual a 55º foram idênticos aos resultados obtidos para os modelos com inclinação da biela de
45º, e anteriormente apresentados em 5.3.2.2.
Os modelos BLH75A55_15, BLH75A55_15_cv1 e BLH75A55_15_cv2, assim como os
modelos BLH75A55_20, BLH75A55_20_cv1 e BLH75A55_20_cv2 apresentaram a mesma
tendência de comportamento na obtenção da curva força versus deslocamento. Ou seja, a viga
de travamento não alterou de modo significativo o comportamento do bloco sobre duas
estacas, conforme
Figuras 5.22-a e 5.22-b.
Em relação ao comportamento dos blocos mediante a presença da viga de travamento,
os modelos com espessura da parede igual a 15 cm apresentaram valor de força última
superior ao apresentado pelos modelos com espessura da parede igual a 20 cm. Esse
comportamento foi verificado em todas as situações estudadas em que houve a presença da
viga de travamento, e pode ser observado nas
Figuras 5.23-a e 5.23-b.
BLOCO COM PAREDE LISA, 55º, e=15
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A55_15 BLH75A55_15_cv1 BLH75A55_15_cv2
(a)
BLOCO COM PAREDE LISA, 55º, e=20
0
500
1000
1500
2000
2500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A55_20 BLH75A55_20_cv1 BLH75A55_20_cv2
(b)
Figura 5. 22 – Comparação de blocos com e sem viga de travamento
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
161
BLOCO COM PAREDE LISA, 55º, cv1
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A55_15_cv1 BLH75A55_20_cv1
(a)
BLOCO COM PAREDE LISA, 55º, cv2
0
700
1400
2100
2800
3500
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00
deslocamentos (mm)
força (kN)
BLH75A55_15_cv2 BLH75A55_20_cv2
(b)
Figura 5. 23 – Blocos de parede lisa com viga de travamento
5.4. Fluxo de tensões nas bielas
A distribuição do fluxo de tensões permitiu observar a geometria das bielas de
compressão. Constatou-se que nos blocos com configuração da parede lisa, assim como nos
blocos com parede rugosa, a formação da biela ocorre a partir do início do comprimento de
embutimento do pilar no bloco, sendo que nos modelos com parede rugosa, houve uma maior
distribuição das tensões de compressão na face superior do bloco. Essa diferença pode ser
atribuída ao uso dos elementos de interface apenas nos blocos com parede lisa.
Apesar de o resultado ter se repetido em todos os modelos avaliados, ainda é necessário
avançar nesse estudo. O ponto de início da biela existente entre o pilar e a estaca é ponto
chave no dimensionamento de blocos com cálice embutido. Recomenda-se em pesquisas
futuras a confirmação desses resultados por meio de ensaios em laboratório.
Outro aspecto constatado nas análises é que existe um grande fluxo de tensões de
compressão na região inferior do bloco em contato com o pilar. Esse fluxo comprova que essa
região está sujeita a ocorrência de punção, que por sua vez pode ocorrer caso não seja prevista
no dimensionamento do bloco, principalmente quando a distância entre o fundo do pilar e do
bloco for pequena. No presente trabalho essa distância foi mantida constante em todos os
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
162
modelos, e por isso a região não foi alvo de estudo minucioso, merecendo ser estudada com
mais atenção.
As
Figuras 5.24 à 5.27 mostram o fluxo de tensões de compressão nos modelos com
parede lisa, enquanto que as
Figuras 5.28 à 5.31 mostram o fluxo para os modelos com
parede rugosa. Os modelos estão apresentados na seguinte ordem: modelo sem viga de
travamento, com viga de travamento e ação do tipo cv1e com viga de travamento e ação do
tipo cv2.
Figura 5. 24 – Fluxo de tensões nos modelos BLH75A45_15
Figura 5. 25 – Fluxo de tensões nos modelos BLH75A45_20
Figura 5. 26 – Fluxo de tensões nos modelos BLH75A55_15
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
163
Figura 5. 27 – Fluxo de tensões nos modelos BLH75A55_20
Figura 5. 28 – Fluxo de tensões nos modelos BRH65A45_15
Figura 5. 29 – Fluxo de tensões nos modelos BRH65A45_20
Figura 5. 30 – Fluxo de tensões nos modelos BRH65A55_15
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
164
Figura 5. 31 – Fluxo de tensões nos modelos BRH65A55_20
5.5. Tensões principais
Neste item é apresentada a distribuição das tensões principais de tração e compressão
nos blocos estudados, obtidas por meio da análise numérica. Nos diversos modelos
analisados, é possível perceber a formação da biela de compressão a partir do encontro do
pilar com o bloco. Observa-se por meio das
Figuras 5.32 à 5.39 que a distribuição de tensões
nas estacas não
é uniforme, estando a biela localizada no meio da seção e atravessando a
estaca em direção a face mais externa da mesma.
Essa distribuição de tensões difere da observada por Delalibera (2006) em resultados
numéricos, na qual o autor constatou que os maiores valores de tensão de compressão
encontram-se na face interna da estaca, confirmando a hipóteses de que a força de reação não
está posicionada no centro geométrico da estaca. Naquela ocasião, o autor propôs que a força
na estaca seja aplicada a uma distância equivalente a um quarto de uma das faces da estaca.
Atribui-se a diferença encontrada na distribuição de tensões nas estacas às condições de
contorno adotadas nos modelos. Delalibera (2006) restringiu apenas as translações na direção
vertical do bloco. Em pesquisa de pós-doutorado, Delalibera (2009) passou a restringir as
translações nas direções x, y e z, restrições essas adotadas no presente trabalho. A unidade das
tensões das figuras a seguir é o Megapascal.
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
165
Figura 5. 32 – Tensões principais de compressão e tração nos modelos BLH75A45_15
Figura 5. 33 – Tensões principais de compressão e tração nos modelos BLH75A45_20
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
166
Figura 5. 34 – Tensões principais de compressão e tração nos modelos BLH75A55_15
Figura 5. 35 – Tensões principais de compressão e tração nos modelos BLH75A55_20
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
167
Figura 5. 36 – Tensões principais de compressão e tração nos modelos BRH65A45_15
Figura 5. 37 –Tensões principais de compressão e tração nos modelos BRH65A45_20
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
168
Figura 5. 38 –Tensões principais de compressão e tração nos modelos BRH65A55_15
Figura 5. 39 –Tensões principais de compressão e tração nos modelos BRH65A55_20
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
169
5.6. Tensões nas barras das armaduras
Neste item são apresentados os resultados de tensões em algumas barras das armaduras
dos modelos analisados. De um modo geral, os valores de tensões nas barras das armaduras
foram coerentes com os valores obtidos analiticamente. Observa-se também que algumas
barras apresentaram valor de tensão superior ao valor adotado para a resistência ao
escoamento do aço. Mesmo com inúmeras tentativas de solucionar esse problema, não foi
possível encontrar um modelo em que não houvesse pontos localizados com valor de tensão
superior à resistência ao escoamento. É possível que esse problema tenha ocorrido em virtude
do modo como o programa Diana trata os elementos do tipo
reinforcements.
Analisando as barras da armadura principal do tirante, observa-se que os maiores
valores de tensão ocorreram na seção do meio do bloco. Constata-se também que nas seções
próximas da estaca, houve uma redução significativa dos valores de tensão, fato provocado
pelo efeito benéfico da biela de compressão existente nessa região. Ainda em relação às barras
da armadura principal do tirante, observa-se que os valores de deformação foram
relativamente pequenos nas seções entre a face mais afastada da estaca e a face do bloco,
justificando assim a ausência dos ganchos nos modelos analisados. Resultados semelhantes
para as barras da armadura principal do tirante foram obtidos por Delalibera (2006).
Em relação à armadura de costura adotada no meio do bloco, observam-se valores de
tensões maiores na região que atravessa a biela comprimida. O mesmo ocorreu com os
estribos horizontais do bloco presente nessa região.
Em relação ao cálice, percebeu-se que as barras das armaduras horizontais principais e
secundárias foram bastante solicitadas, principalmente as secundárias quando da existência da
viga de travamento. Tratando das barras das armaduras verticais, observa-se que as barras das
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
170
armaduras secundárias auxiliaram na ancoragem da armadura da viga de travamento no bloco,
absorvendo boa parte das tensões provenientes da viga.
As
Figuras 5.40 a 5.55 mostram as tensões nas barras das armaduras no último
incremento de força dos modelos com presença de viga de travamento: BLH75A45_15,
BLH75A45_20, BLH75A55_15, BLH75A55_20, BRH65A45_15, BRH65A45_20,
BRH65A55_15 e BRH65A55_20. Por causa da grande quantidade de figuras, optou-se por
não mostrar as tensões nas barras das armaduras dos modelos sem viga de travamento,
podendo-se observar esses valores na tabela 5.5. A unidade das tensões é o Megapascal.
Figura 5. 40 – BLH75A45_15_cv1
Figura 5. 41 – BLH75A45_15_cv2
Figura 5. 42 – BLH7545_20_cv1
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
171
Figura 5. 43 – BLH75A45_20_cv2
Figura 5. 44 – BLH75A55_15_cv1
Figura 5. 45 – BLH75A55_15_cv2
Figura 5. 46 – BLH75A55_20_cv1
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
172
Figura 5. 47 – BLH75A55_20_cv2
Figura 5. 48 – BRH65A45_15_cv1
Figura 5. 49 – BRH65A45_15_cv2
Figura 5. 50 – BRH65A45_20_cv1
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
173
Figura 5. 51 – BRH65A45_20_cv2
Figura 5. 52 – BRH65A55_15_cv1
Figura 5. 53 – BRH65A55_15_cv2
Figura 5. 54 – BRH65A55_20_cv1
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
174
Figura 5. 55 – BRH65A55_20_cv2
5.7. Resultados numéricos versus resultados analíticos
Nesse item alguns resultados analíticos são comparados aos resultados obtidos por meio
do modelo numérico para a análise de blocos com cálice embutido. A tabela 5.5 apresenta o
valor de força atuante no pilar e na viga de travamento no último incremento de força, bem
como o valor da máxima tensão normal na armadura principal do tirante.
Tabela 5.5 – Força última nos blocos sobre duas estacas com cálice embutido
MODELO
Força última
no pilar (kN)
Força última
na viga (kN/m)
σ
máx
no tirante
(MPa)
BLH75A45_15 2429 - 539
BLH75A45_15_cv1 2458,8 16,83 545
BLH75A45_15_cv2 2495,7 26,34 544
BLH75A45_20 2253,6 - 531
BLH75A45_20_cv1 2347,2 16,07 466
BLH75A45_20_cv2 2357,1 24,88 509
BLH75A55_15 2880 - 434
BLH75A55_15_cv1 2892,6 19,8 441
BLH75A55_15_cv2 2495,7 31,32 426
BLH75A55_20 2396,7 - 543
BLH75A55_20_cv1 2370,6 16,23 539
BLH75A55_20_cv2 2298,6 24,26 507
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
175
Tabela 5.5 – Força última nos blocos sobre duas estacas com cálice embutido
(continuação)
MODELO
Força última
no pilar (kN)
Força última
na viga (kN/m)
σ
máx
no tirante
(MPa)
BRH65A45_15 2377,8 - 455
BRH65A45_15_cv1 2376,8 16,27 466
BRH65A45_15_cv2 2430 25,65 456
BRH65A45_20 2298 - 543
BRH65A45_20_cv1 2394 16,39 500
BRH65A45_20_cv2 2302 24,30 514
BRH65A55_15 3298 - 337
BRH65A55_15_cv1 3033 20,76 451
BRH65A55_15_cv2 3082 32,53 410
BRH65A55_20 2858 - 490
BRH65A55_20_cv1 2155 14,75 319
BRH65A55_20_cv2 2101 22,18 578
Como pode ser observado na tabela 5.5, alguns valores de tensão normal nas barras da
armadura principal do tirante foram superiores a tensão de escoamento igual a 500 MPa
adotada para as barras de armadura. Analisando um pouco mais os modelos, verificou-se que
esses valores eram pontuais, e por isso não devem ser tomados como representativos para
obtenção da força atuante no tirante R
st
.
Com o intuito de encontrar um valor representativo para a força atuante no tirante,
optou-se por verificar os valores de tensão em cada uma das seis barras utilizadas como
armadura principal na seção onde atua o maior valor de tensão, isto é, próximo ao meio do
bloco. As
Figuras 5.58 à 5.65 apresentam a distribuição de tensões normais nas seis barras da
armadura principal do tirante. Observa-se por meio dessa figuras que na seção próxima ao
meio do bloco, os maiores valores de tensão não ocorrem nas barras 3 e 4 no centro da seção,
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
176
mas sim nas barras intermediária (barra 2 e barra 5), conforme Figura 5.56. Esse
comportamento foi verificado em quase todos os modelos analisados, exceto para os modelos
BLH75A45_20_cv1, BRH65A45_20_cv1 e BRH65A55_15.
Figura 5. 56 – Barras da armadura principal do tirante
Com os valores de tensão normal em cada barra, é possível obter um valor médio para a
tensão nas barras da armadura principal do tirante, a partir do qual multiplicando pelo valor da
área dessas barras, pode-se encontrar o valor da força resultante R
st
atuante em cada um dos
modelos.
Com o valor da força R
st
e da força última atuante no pilar, por meio do polígono de
forças da
Figura 5.57 é possível encontrar o valor da força de compressão R
cb
atuante nas
bielas de compressão. É possível também encontrar o valor do ângulo de inclinação da biela
de cada um dos modelos estudados, e compará-los com os valores teóricos obtidos
analiticamente no dimensionamento dos blocos
Figura 5. 57 – Polígono de forças
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
177
SEÇÃO DO MODELO BLH75A45_15
234
539
477476
539
234
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BLH75A45_15_cv1
228
545
440
446
544
235
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BLH75A45_15_cv2
240
544
452
446
542
231
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
Figura 5. 58 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BLH75A45_15
SEÇÃO DO MODELO BLH75A45_20
285
531
477
476
531
285
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BLH75A45_20_cv1
296
467
510
511
466
299
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BLH75A45_20_cv2
261
509
500
500
500
258
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
Figura 5. 59 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BLH75A45_20
SEÇÃO DO MODELO BLH75A55_15
295
433
408
408
434
295
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BLH75A55_15_cv1
297
443
421
419
441
294
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BLH75A55_15_cv2
288
426
413
414
428
299
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
Figura 5. 60 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BLH75A55_15
SEÇÃO DO MODELO BLH75A55_20
203
543
386
386
543
203
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BLH75A55_20_cv1
204
541
396
395
539
210
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BLH75A55_20_cv2
205
507
388
388
507
190
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
Figura 5. 61 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BLH75A55_20
SEÇÃO DO MODELO BRH65A45_15
192
451
349
351
455
192
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BRH65A45_15_cv1
192
455
320
320
466
197
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BRH65A45_15_cv2
198
456
351
349
462
188
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
Figura 5. 62 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BRH65A45_15
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
178
SEÇÃO DO MODELO BRH65A45_20
336
543
500
500
543
336
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BRH65A45_20_cv1
338
500
548544
500
350
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BRH65A45_20_cv2
255
514
554
519
512
255
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
Figura 5. 63 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BRH65A45_20
SEÇÃO DO MODELO BRH65A55_15
203
338
359
359
337
201
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BRH65A55_15_cv1
253
451
381
381
451
253
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BRH65A55_15_cv2
227
410
358
358
411
230
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
Figura 5. 64 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BRH65A55_15
SEÇÃO DO MODELO BRH65A55_20
243
490
299
299
490
244
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BRH65A55_20_cv1
137
319
193192
319
141
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
SEÇÃO DO MODELO BRH65A55_20_cv2
311
578
494
508
581
285
barra 1 barra 2 barra 3 barra 4 barra 5 barra 6
tensão (MPa)
Figura 5. 65 – Tensão nas barras das armaduras dos modelos BRH65A55_20
Sabe-se que ao calcular o ângulo de inclinação da biela utilizando a força atuante no
pilar, não está sendo considerada a parcela de contribuição da ação proveniente da viga de
travamento. Entretanto, essa simplificação pode ser feita em virtude da ação atuante na viga
apresentar pouca intensidade comparada à ação proveniente do pilar.
A tabela 5.6 apresenta os valores das forças atuantes no tirante, na biela de compressão,
o valor do ângulo de inclinação da biela, bem como as tensões normais na região de encontro
do bloco com o pilar e do bloco com a estaca. A tabela 5.7, por sua vez, apresenta o valor das
tensões limites nas regiões nodais, obtidos por meio das expressões apresentadas no capítulo
3, tabela 3.1
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
179
Tabela 5.6 – Força última nos blocos sobre duas estacas com cálice embutido
MODELO
Força R
st
(kN)
Força R
cb
(kN)
Ângulo da
biela
cb,p
(MPa)
cb,e
(MPa)
BLH75A45_15 785 1446 57º 38,27 19,13
BLH75A45_15_cv1 812 1389 54º 38,05 19,02
BLH75A45_15_cv2 714 1607 64º 39,87 19,93
BLH75A45_20 711 1394 59º 36,01 18,01
BLH75A45_20_cv1 625 1343 62º 33,73 16,86
BLH75A45_20_cv2 866 1439 53º 40,05 20,03
BLH75A55_15 564 1743 71º 40,94 20,47
BLH75A55_15_cv1 648 1569 66º 38,30 19,15
BLH75A55_15_cv2 765 1448 58º 37,92 18,96
BLH75A55_20 800 1421 56º 38,22 19,11
BLH75A55_20_cv1 742 1452 59º 37,56 18,78
BLH75A55_20_cv2 794 1421 56º 38,08 19,04
BRH65A45_15 727 1619 63º 40,27 20,13
BRH65A45_15_cv1 717 1386 59º 36,00 18,00
BRH65A45_15_cv2 712 1646 64º 40,57 20,29
BRH65A45_20 686 1339 59º 34,65 17,33
BRH65A45_20_cv1 612 1337 63º 33,43 16,71
BRH65A45_20_cv2 873 1482 54º 40,76 20,38
BRH65A55_15 598 1354 64º 33,54 16,77
BRH65A55_15_cv1 819 1413 55º 38,55 19,27
BRH65A55_15_cv2 681 1663 66º 40,51 20,26
BRH65A55_20 408 1152 69º 27,39 13,69
BRH65A55_20_cv1 626 1663 68º 39,90 19,95
BRH65A55_20_cv2 866 1362 50º 39,21 19,61
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
180
Tabela 5.7 – Tensão nas regiões nodais segundo diferentes critérios
Critérios
cb,p
(MPa)
cb,e
(MPa)
Blévot & Frémy (1967) 35 25
Schäfer & Schlaich (1988) 16,70 12,14
Schlaich & Schäfer(1991) 19,64 14,29
CEB-FIP (1990) 13,66 9,64
CSA (2004) 12,75 11,25
ACI (2008) 20,00 15,00
De um modo geral, percebe-se que os ângulos de inclinação da biela apresentam valores
superiores aos ângulos teóricos utilizados no dimensionamento, exceto o do modelo
BRH65A55_20_cv2 que apresentou ângulo igual a 50º.
Para os modelos com ângulo teórico igual a 45º, observou-se que o menor valor de
ângulo de inclinação da biela foi de 53º e o maior foi de 64º, pertencentes aos modelos
BLH75A45_20_cv2 e BLH75A45_15_cv2, respectivamente.
Em relação aos modelos com ângulo teórico igual a 55º, observou-se que o menor valor
de ângulo de inclinação da biela foi de 50º e o maior foi de 71º, pertencentes aos modelos
BRH65A55_20_cv2 e BLH75A55_15, respectivamente. Como o modelo
BRH65A55_20_cv2 foi o único dos vinte e quatro modelos analisados a apresentar ângulo da
biela inferior ao teórico utilizado no dimensionamento, acredita-se que esse modelo tenha tido
algum problema numérico no seu processamento, o que ocasionou sua ruína precocemente.
Caso esse modelo seja desconsiderado, o menor valor de ângulo da biela passa a ser o dos
modelos BLH75A55_20_cv2 e BLH75A55_20, ambos com inclinação igual a 56º
Em relação às tensões nas regiões nodais, verifica-se de uma maneira geral que, de
acordo com os critérios de Blévot & Frémy (1967) utilizado para o dimensionamento dos
modelos, a ruína ocorre em virtude das tensões de compressão na região de encontro do pilar
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
181
com o bloco serem superior a tensão limite sugerida pelos pesquisadores, a menos do modelo
BRH65A55_20.
Comparando as tensões obtidas nos modelos numéricos com a tensão limite sugerida
pelos demais pesquisadores e códigos normativos, verifica-se que em todos os modelos as
tensões obtidas são muito superiores aos limites recomendados da tabela 5.7, tanto na região
de encontro do bloco com o pilar como no encontro do bloco com a estaca.
Esse resultado pode ser explicado pelo fato de, no ultimo incremento de carga, a força
atuante no modelo ser superior a força de projeto, e que deve ser utilizada na comparação dos
valores sugeridos pelos pesquisadores.
O fato da tensão nas regiões nodais no último incremento de carga serem maiores a
sugeridas pelos pesquisadores é favorável, e aponta que os modelos de calculo estão a favor
da segurança.
Blocos sobre duas estacas com cálice embutido
182
Conclusão
Capítulo
6
6
6.1. Comentários finais
O presente trabalho teve por objetivo principal avaliar o comportamento de blocos sobre
duas estacas com cálice totalmente embutido, utilizado na ligação pilar-fundação de estruturas
pré-moldadas, mediante presença de viga de travamento. Para avaliação desse
comportamento, foi proposta análise numérica utilizando o programa DIANA versão 9.2,
baseado no método dos elementos finitos.
O comportamento de blocos de fundação com cálice totalmente embutido é objeto de
muitas dúvidas no meio técnico, uma vez que na literatura existem poucos trabalhos que
abordam o assunto. Esse trabalho representa apenas um primeiro passo na tentativa de sanar
essas dúvidas.
Em relação à utilização de um programa de elementos finitos, sabe-se que os mesmos
são ferramentas poderosas e apresentam avanços significativos em diversas linhas de
pesquisas. Entretanto, a utilização desses programas requer do usuário atenção e cautela, de
modo que os aspectos de engenharia não fiquem comprometidos mediante o uso
indiscriminado desses programas. Entender o funcionamento dos mesmos, partindo de
problemas mais simples cuja solução já é conhecida, é uma boa alternativa para novos
usuários desse tipo de programa.
Conclusão
184
6.2. Principais conclusões
Uma das grandes dúvidas em relação aos blocos com cálice totalmente embutido é sobre
o início da formação da biela de compressão. Os resultados da distribuição do fluxo de
tensões principais, obtidos por meio da análise dos vinte e quatro modelos estudados,
indicaram que em todos os modelos a formação da biela se inicia a partir do encontro do pilar
com o bloco. Esse resultado ocorreu tanto para os cálices com configuração da parede rugosa,
como para os com configuração da parede lisa.
Outro aspecto importante do bloco sobre estacas com cálice totalmente embutido é o
comportamento da região compreendida entre o fundo do cálice e o fundo do bloco. Os
resultados indicaram que existe um grande fluxo de tensões nessa região, ocasionado pela
ação proveniente do pilar pré-moldado. Deve-se, portanto, atentar para a verificação dessa
região durante a fase de projeto, a fim de evitar a ruína do bloco por punção.
Verificou-se também que, de um modo geral, a presença da viga de travamento nos
modelos de blocos com cálice totalmente embutidos, não alterou de modo significativo o
comportamento do bloco. Ou seja, a parede do cálice consegue transmitir de modo eficaz as
ações provenientes da viga, sem comprometer o funcionamento do bloco. Esse resultado só
foi diferente para os blocos com configuração da parede rugosa e inclinação da biela igual a
55º, nos quais a presença da viga de travamento fez com que a força última dos blocos
diminuísse entre 7% e 14%. Com esses resultados, destaca-se a importância de se considerar a
presença das vigas de travamento nos projetos estruturais, uma vez que a mesma não
prejudica a utilização dos blocos.
Tratando-se dos blocos com cálice embutido e sem a presença de viga, verificou-se que
os blocos com inclinação da biela de compressão igual a 45º apresentaram a mesma tendência
de comportamento, independente da espessura e da configuração das paredes do cálice. Em
Conclusão
185
contra partida, os blocos com inclinação igual a 55º tiveram comportamento distintos em
relação à configuração e espessura das paredes do cálice. Os blocos com parede rugosa
apresentaram-se mais rígidos e tiveram força última superior do que a dos blocos com parede
lisa.
Em relação à espessura da parede do cálice, de um modo geral, os modelos com
espessura da parede igual a 15 cm apresentaram força última superior aos modelos cuja
espessura da parede era igual a 20 cm. Esse resultado se repetiu independente do ângulo da
inclinação da biela, do tipo de conformação das paredes do cálice, bem como da presença ou
não da viga de travamento. Um fator que pode ter contribuído para esse resultado pé a
discretização da malha de elementos finitos nessa região. Outra possível causa é o fato de que
os blocos com parede igual a 20 cm apresentavam uma distância entre a face do bloco e a face
da estaca maior do que a recomendada pelos critérios usuais de projeto.
Quanto à intensidade das ações nas vigas de travamento, verificou-se que os dois valores
utilizados na simulação numérica não alteraram o comportamento do bloco, apresentando
praticamente a mesma curva força versus deslocamento em todos os modelos estudados.
A distribuição de tensões principais nas estacas indica que essas tensões podem variar
de acordo com as condições de contorno empregadas nos modelos. Ao se restringir as
translações em todas as direções, os maiores valores de tensão são encontrados partindo da
parte superior da face interna da estaca em direção a parte inferior da face mais externa da
estaca.
Em relação às barras da armadura principal do tirante, constatou-se que a distribuição de
tensões não é uniforme, e, pôde-se construir um diagrama de tensões representando a seção
mais solicitada do bloco. Verificou-se, também, que as tensões e deformações nessas barras
diminuem consideravelmente na região sobre as estacas. Esse fenômeno ocorre em função do
efeito benéfico da biela de compressão proveniente do pilar.
Conclusão
186
Com os diagramas de tensões das barras da armadura principal, foi possível calcular a
força atuante no tirante. Combinando esse valor com a força proveniente do pilar, foi possível
calcular a força atuante na biela de compressão, bem como a inclinação efetiva das bielas de
compressão pouco antes da ruína do bloco. Verificou-se que, de um modo geral, o ângulo de
inclinação da biela foi maior do que o obtido analiticamente quando do dimensionamento.
Observou-se também que as barras das armaduras transversais que atravessam as bielas
apresentam maior intensidade de tensões. Esse fato foi constatado tanto para os estribos
verticais, como para as barras da armadura de costura utilizada no meio do bloco.
Em relação aos modelos constitutivos disponíveis nos programas baseados no método
dos elementos finitos, acredita-se, ser necessário melhorar esses modelos constitutivos para
representação do material concreto nesses tipos de programa.
6.3. Sugestões para trabalhos futuros
Com o intuito de contribuir nas pesquisas envolvendo a ligação pilar-fundação em
estruturas pré-moldadas, seguem as seguintes sugestões para pesquisas futuras:
- Analisar numericamente a influência que as condições de contorno provocam em
blocos sobre estacas;
- Analisar minuciosamente a região compreendia entre o fundo do cálice de fundação e
o fundo do bloco, variando essa distância;
- Fazer uso dos diversos modelos de interface disponíveis no programa DIANA,
analisando-os a fim de encontrar a melhor representação da interação existente entre o pilar e
o graute e o graute e o bloco;
- Avaliar o modelo constitutivo proposto por Maekawa
(Modified Maekawa Concrete
Model)
indicado para modelagens tridimensionais;
Conclusão
187
- Estudar numericamente outros modelos de blocos com cálice totalmente embutido
sobre várias estacas;
- Analisar experimentalmente o comportamento de blocos sobre estacas com cálice de
fundação totalmente externo, parcialmente embutido e totalmente embutido.
Conclusão
188
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