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PUCRS - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA
DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR
RESPOSTA IMUNE HUMORAL DE BOVINOS INFESTADOS
EXPERIMENTALMENTE CONTRA O CARRAPATO RHIPICEPHALUS
(BOOPHILUS) MICROPLUS
ANA PAULA ROTTINI CRUZ
Dissertação submetida ao Curso de
Pós-Graduação em Biologia
Molecular e Celular, pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande
do Sul.
Orientador: Dr. Carlos Alexandre
Sanchez Ferreira
Porto Alegre (RS)
2008
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Livros Grátis
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Milhares de livros grátis para download.
2
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Carlos Alexandre Sanchez Ferreira pela orientação, disposição e
oportunidade.
Ao Laboratório de Imunologia Aplicada a Sanidade Animal do Centro de
Biotecnologia da UFRGS, principalmente ao Dr. Itabajara da Silva Vaz Jr. e a Dr. Aoi
Masuda pela colaboração direta com o projeto.
Aos meus pais e irmão pelo enorme apoio e incentivo.
Ao meu esposo pela compreensão, paciência e grande incentivo.
A todos os colegas e amigos dos laboratórios de Imunologia e Microbiologia
da PUCRS e de Imunologia Aplicada a Sanidade Animal da UFRGS, pela amizade e
apoio.
Este trabalho foi realizado com apoio financeiro da CAPES, FAPERGS, CNPq
e CNPq/PRONEX-FAPERJ.
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3
SUMÁRIO
RESUMO......................................................................................................................4
ABSTRACT..................................................................................................................6
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................8
1.1 O carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus.................................................8
1.1.1 Classificação...............................................................................................8
1.1.2 Ciclo de vida................................................................................................9
1.1.3 Importância econômica ............................................................................11
1.2 Controle do carrapato...........................................................................................11
1.3.1 Controle químico ......................................................................................11
1.3.2 Controle biológico .....................................................................................12
1.3.3 Controle imunológico ................................................................................14
1.3.3.1 Antígenos expostos versos ocultos .............................................17
1.3 Relação Parasito-hospedeiro ..............................................................................18
1.2.1 Resposta imune contra o carrapato..........................................................18
1.2.2 Imunossupressão .....................................................................................22
1.2.3 Resistência dos bovinos ao carrapato .....................................................25
1.4 Objetivos .............................................................................................................28
2 ARTIGO CIENTÍFICO ...........................................................................................29
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................37
4 CONCLUSÕES .....................................................................................................45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................46
4
RESUMO
O carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus é um ectoparasito
hematófago de bovinos, amplamente distribuído nos rebanhos da América, Ásia,
África e Oceania. O uso de acaricidas é o principal método para o controle do
carrapato, porém o custo das drogas e da mão-de-obra requerida para aplicar o
tratamento, o aparecimento crescente de carrapatos resistentes a vários acaricidas,
a permanência de resíduos químicos nos alimentos e a poluição ambiental
decorrente do seu uso tornam importante o desenvolvimento de outras formas de
controle. O desenvolvimento de um método de controle imunológico como uma
alternativa para o controle químico depende da identificação de moléculas
antigênicas que geram uma resposta imune protetora. Como bovinos desenvolvem
resistência ao carrapato durante sucessivas infestações, a análise da resposta
imune desenvolvida por bovinos infestados pode tornar-se de grande importância na
busca por antígenos protetores. ELISA e Western Blot foram utilizados para
investigar o padrão de respostas de anticorpos de seis bovinos infestados doze
vezes com R. microplus (seis infestações pesadas seguidas por seis infestações
leves) contra extratos de glândula salivar, intestino e larva. Durante infestações
pesadas foram observados níveis maiores de IgGs reconhecendo extratos protéicos
de glândula salivar, intestino e larva, e uma diminuição no número e no peso de
carrapatos que completam o ciclo parasitário. O padrão mudou iniciando na sétima
infestação, mostrando uma diminuição nos níveis de IgG, e um aumento inicial
seguido por uma significante diminuição na proporção de carrapatos que completam
o ciclo parasitário. O número de moléculas reconhecidas em Western Blot foi maior
pelos soros das infestações pesadas do que das infestações leves, embora uma
5
grande variação nos perfis detectados pode ser visto entre os bovinos. Esses
resultados indicam que níveis de anticorpos contra o carrapato não estão
necessariamente relacionados de forma direta com níveis de resistência. Além disso,
infestações pesadas e leves parecem modular de forma diferente a magnitude da
resposta humoral e possivelmente os mecanismos imunes na aquisição natural de
resistência ao carrapato.
6
ABSTRACT
The tick Rhipicephalus (Boophilus) microplus is a hematophagous
ectoparasite of bovines, widely distributed in herds from America, Asia, Africa and
Oceania. The use of acaricides is the main method for tick control, however it may
become unfeasible due to the cost of drugs and labor required to apply the treatment,
as well as the increasing appearance of resistant ticks to various acaricides. In
addition, chemical residues in food and environmental pollution are major concerns
nowadays. The development of an immunological control method as an alternative
for the chemical control depends on finding out antigenic molecules that generate a
protective immune response. As bovines develop resistance to ticks during
successive infestations, the analysis of the immune responses developed by infested
bovines may become of great importance in the search for protective antigens.
ELISA and Western Blot were used to investigate the pattern of antibody responses
of six bovines infested twelve times with R. microplus (six heavy infestations followed
by six light infestations) against salivary gland, gut and larvae extracts. During heavy
infestations, bovine IgG levels were shown to be higher, and a decrease in the
number and weight of ticks that completed the parasitic cycle was observed. The
pattern changed starting from the seventh infestation, showing a decrease in IgG
levels, and an initial increase followed by a significant decrease in the proportion of
ticks that completed the parasitic cycle.. The number of molecules recognized by
Western Blot was higher from sera collected following heavy infestations than after
light infestations, although a great variation in the profiles detected could be seen
when the bovines were compared. These results indicate that IgG responses to
7
different tick antigens may not be generally associated with bovine resistance, and
that infestation levels modulate the magnitude of humoral responses and possibly the
immune mechanisms in the natural acquisition of tick resistance.
8
1 INTRODUÇÃO
1.1 O Carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus
O carrapato R. microplus é um ectoparasita hematófago de mamíferos
(família Ixodidae - carrapatos duros) que se constitui em um dos grandes problemas
para a criação extensiva de bovinos. Sua distribuição no mundo inclui os grandes
rebanhos comerciais da América, África, Ásia e Oceania, entre os paralelos 32 °N e
32 °S (Gonzales, 1995), sendo considerado o carrapato de maior significado
econômico e o principal alvo em programas de controle e erradicação nos rebanhos
da América do Sul (Nari, 1995). Além do bovino, o R. microplus pode eventualmente
completar seu ciclo em outros animais, como a ovelha, o cavalo, o búfalo e o veado
(Gonzales, 1995), sempre completando o seu desenvolvimento em apenas um
hospedeiro.
1.1.1 Classificação do R. microplus
De acordo com Flechtmann 1990, o R. microplus possui a seguinte
sistemática:
Filo – Arthropoda, Von Siebold & Slannius, 1845;
Subfilo – Chelicerata, Heymons, 1901;
Classe – Aracnida, Lamarck, 1802;
Subclasse – Acari, Leach, 1817;
Ordem – Parasitiformes, Renter, 1909;
Subordem – Metastigmata, Canestrini, 1891;
Ixodes, Leach, 1815;
9
Família – Ixodidae, Murray, 1887;
Gênero – Boophilus, Canestrini, 1887;
1.1.2 Ciclo de vida do R. microplus
O R. microplus é um parasita monoxeno, isto é, depende de apenas um
hospedeiro em seu ciclo de vida, preferencialmente os bovinos. Seu ciclo de vida
apresenta duas fases complementares (figura 1): a de vida livre e de vida parasitária.
A fase de vida livre sofre interferências climáticas, trazendo alterações nos
seus períodos, que são especialmente afetados pela umidade e temperatura. Por
outro lado, a fase de vida parasitária é praticamente constante em todas as regiões
(Gonzales, 1975).
O ciclo do R. microplus é assim descrito por Furlong (1993): na fase de vida
livre inicia-se com a queda de fêmeas ingurgitadas (teleóginas) e culmina quando as
larvas eclodidas encontram o hospedeiro. A teleógina ao desprender-se do animal
parasitado, cai no solo em geral na primeira metade da manhã, procurando locais
Fig. 1. Esquema simplificado do ciclo
de vida do carrapato R. microplus
Fase parasitária:
1- larva infectante realizando a fixação
no bovino;
2- ninfa;
3- teleógina em estágio final de
ingurgitamento.
Fase de vida livre:
4- teleógina logo após desprendimento,
em período de postura no solo;
5- ovos, no solo, em período de
incubação;
6- larva, no solo, em período de
incubação.
10
abrigados de incidência direta de luz solar para sua ovoposição. O período
compreendido entre a queda e o início da postura é chamado de pré-postura. Em
condições ideais de temperatura (em torno de 27ºC) a pré-postura leva cerca de três
dias. Em temperaturas entre 27 e 28ºC e com alta umidade (aproximadamente
80%), a postura ocorre em 3 a 6 semanas. A fêmea morre logo após a postura.
Normalmente uma teleógina coloca cerca de 3000 a 4000 ovos estando a
ovoposição concluída após aproximadamente 12 a 14 dias. De 22 a 30 dias para a
eclosão das larvas e de dois a três dias para o fortalecimento de suas cutículas,
quando se transformam em larvas infestantes. Na vegetação, as larvas ficam
agrupadas, evitando desse modo a perda de umidade e protegendo-se da incidência
direta dos raios solares, podendo permanecer nestes locais por mais de 8 meses ou
até o encontro com um hospedeiro. O período de atividade das larvas na vegetação,
ocorre nas primeiras horas da manhã e no final da tarde, quando a temperatura é
mais amena.
A fase parasitária começa com a subida da larva infestante no hospedeiro.
Após a fixação são denominadas larvas parasitárias”. Estas procuram uma área no
animal para a fixação, normalmente em locais abrigados das defesas mecânicas do
hospedeiro, tais como, base da cauda, barbela, peito e parte posterior das coxas.
Junto ao local de fixação aparecem zonas de hiperemia e inflamação. A larva após a
troca de cutícula (metalarva), dá origem a ninfa, por volta de 8 a 10 dias (Athanassof,
1953). Esta se alimenta de sangue, sofre uma muda (metaninfa) , ao redor do 15.º
dia e transforma-se em adulto imaturo, neandro (macho) e neógina (fêmea)
(Athanassof, 1953). A fêmea após o acasalamento, começa a alimentação até o
ingurgitamento total, que propicia sua queda ao solo. O ingurgitamento e queda da
fêmea do R. microplus são bastante rápidos e, em parte, fêmeas ingurgitadas de 4-6
11
mm (10-30 mg) podem ingurgitar rápido à noite, chegando a 8-11 mm (150-250 mg)
e se desprender do animal nas primeiras horas do dia. A fase parasitária de uma
fêmea dura em média de 18 a 26 dias (Furlong, 1993).
1.1.3 Importância econômica
O R. microplus causa, com sua distribuição em regiões tropicais e sub-
tropicais, os maiores impactos econômicos nos rebanhos bovinos da América do
Sul, América Central e Oceania (Cobon & Willadsen, 1990). Sua ão expoliativa,
que corresponde a perda pelo bovino de 2 a 3 ml de sangue por fêmea do carrapato
(Gonzales, 1995), causa queda na produção de leite e carne, com perda média
anual de 0,24 kg de peso vivo por carrapato (Sutherst et al, 1983). São também
transmissores dos protozoários Babesia bovis e B. bigemina e de riquétsias do
gênero Anaplasma, que são os agentes causadores da doença denominada tristeza
parasitária bovina (Horn & Arteche, 1985). Além disso, o R. microplus causa danos
ao couro dos bovinos pelas reações inflamatórias provocadas no local de fixação
(Seifert et al, 1968; Horn & Arteche, 1985).
1.2 Controle do carrapato
1.2.1 Controle químico
O método de controle para o carrapato que mais tem sido utilizado desde a
década de 50 é o uso de acaricidas (Pruett, 1999). Apesar de atualmente ser o único
método eficaz, é também dispendioso, além de poder causar danos ao meio
ambiente e à saúde pública, por meio da contaminação de rios e solos. Ao longo
destas décadas, foram utilizados, seqüencialmente, acaricidas baseados em
12
compostos arsenicais, organoclorados, organofosforados, carbamatos,
formamidinas e piretróides (Häujerman et al, 1992). A troca dos princípios ativos
tem sido uma necessidade devido ao surgimento de populações resistentes
(Crampton et al, 1993). A resistência para organofosforados tem sido reportada
desde 1963, quando foi descrito, na Austrália, um caso de resistência para dioxation,
carbofenothion, diazinom e carbamil, (Seddon, 1967).
1.2.2 Controle biológico
Fatores ambientais não favoráveis, principalmente com relação à
temperatura e à umidade relativa do ar, podem reduzir consideravelmente o número
de larvas viáveis e, conseqüentemente, os índices de infestação dos bovinos
(Gonzales, 1995).
O tipo de vegetação é um dos fatores importantes capazes de influenciar o
tamanho das populações de carrapatos. Pastagens nativas com vegetação arbustiva
proporcionam abrigo as fêmeas em postura, enquanto que algumas pastagens, por
serem tóxicas, repelentes ou por imobilizarem as larvas através de secreções ou
estruturas da planta, podem limitar bastante o número de carrapatos. Em especial, o
plantio de gramíneas do gênero Stylosanthes (Sutherst et al, 1982) e do capim
gordura (Melinis minutiflora) (Farias et al, 1986) podem contribuir consideravelmente
para o controle do carrapato. Uma estratégia que pode ser viável utilizando os
conhecimentos sobre o ciclo biológico do carrapato é a rotatividade de pastagens
(Norton et al, 1983). Elder et al (1980) concluíram que, apesar deste método ser
utilizado principalmente devido à necessidade do manejo do solo para atividades
agrícolas, pode também ser empregado com relativo sucesso nas práticas de
controle do parasita. Ribeiro et al (2007) mostraram a alta toxicidade de Hypericum
polyanthemum ao carrapato R. microplus.
13
Os carrapatos são alvos de uma série de predadores, dentre os quais se
devem salientar a garça vaqueira (Egretta ibis), a qual pode comer até 450 fêmeas
por dia (Alves-Branco et al, 1983) e formigas carnívoras que devoram fêmeas no
solo (Gonzales, 1995). Pequenos roedores também podem destruir ovos e larvas
nas pastagens (Holm & Wallace, 1989).
Espécies parasitas também podem contribuir para a manutenção de baixos
níveis populacionais de carrapatos. Bactérias, como Escherichia coli, Cedecea
lapagei e Enterobacter agglomerans são naturalmente encontradas no aparelho
reprodutor feminino do carrapato. Existem relatos de uma diminuição de até 47% na
quantidade de ovos postos quando fêmeas ingurgitadas de R. microplus foram
imersas em suspensão de C. lapagei (Brum, 1989). A utilização de fungos no
controle do carrapato tem sido muito estudada nos últimos anos, como o fungo
entomopatogênico Metarhizium anisopliae, altamente patogênico para o carrapato
Ixodes scapularis (Zhioua et al, 1997). Experimentos in vitro com 12 isolados de M.
anisopliae sobre fêmeas ingurgitadas de R. microplus mostram que, dependendo da
concentração de esporos na suspensão utilizada, alguns isolados de M. anisopliae
podem causar morte de até 100% dos carrapatos infectados (Frazzon et al, 2000).
Alonso-Dias et al (2007) testaram a eficácia de M. anisopliae no controle do R.
microplus em bovinos infestados naturalmente no México, resultados demonstram
uma alta eficiência no tratamento contra o carrapato. foram identificados isolados
de M. anisopliae ocorrentes no Brasil infestantes naturais de R. microplus (Da Costa
et al, 2002). Outros parasitos, tais como nematódeos, também têm sido avaliados
como ferramentas no controle biológico de carrapatos, já que têm se mostrado
eficientes no controle de insetos (Samish & Glazer, 2001).
Uma outra estratégia envolvendo controle biológico do carrapato é a utilização
14
de compostos naturais como pesticidas. Davey et al (2001) testaram em bovinos
diferentes concentrações de “spinosad”, um acaricida natural de Sacharopolyspora
spinosa (actinomiceto), advindo da mistura de dois metabólitos deste organismo,
espinosina A e D, obtidos sob condições de fermentação. Os resultados mostram
uma queda drástica no número de fêmeas ingurgitadas, na massa de ovos e no
índice de fecundidade.
1.2.3 Controle imunológico
O controle de ectoparasitas pela vacinação tem sido estudado nas últimas
cinco décadas. O desenvolvimento de vacinas anti-carrapato representa uma das
alternativas mais promissoras para o controle químico e possui vantagens como a
especificidade à espécie, segurança ambiental e para a saúde humana, fácil
administração e um custo menor. Para o desenvolvimento de uma vacina é
necessário, além da identificação de proteínas capazes de induzir uma resposta
imune protetora, o conhecimento dos mecanismos de resposta imunológica do
animal (Wikel, 1996).
A teoria dos antígenos ocultos”, aqueles o expostos ao sistema imune do
hospedeiro durante uma infestação natural, e a descoberta de uma proteína de
intestino (Bm86) com essa característica significaram um grande avanço no
desenvolvimento de vacinas contra R. microplus. A Bm86 induz resposta
imunológica em bovinos imunizados e é a base de duas vacinas comerciais
presentes no mercado: a TickGard, desenvolvida na Austrália pela Divisão de
Ciências Animais Tropicais do CSIRO, e a Gavac, desenvolvida no Centro de
Engenharia Genética e Biotecnologia de Cuba. A proteína da TickGard é obtida em
E. coli e a da Gavac em Pichia pastoris. Embora essas vacinas estejam
15
comercialmente disponíveis, elas não asseguram o grau de proteção necessário
para suprimir o uso de acaricidas (Willadsen et al, 1996).
Outro antígeno protetor isolado de R. microplus é a proteína Bm91. Esta
proteína é glicosilada e possui uma massa molecular aparente de 86 kDa sendo
encontrada em baixa concentração nas glândulas salivares e intestino de fêmeas
adultas. Seqüências parciais da proteína mostram uma similaridade considerável
com enzimas conversoras de angiotensina de mamíferos, sugerindo que ela tenha
função enzimática. Esta proteína não é reconhecida por soros de animais cuja
resistência foi adquirida por infestações sucessivas de carrapatos em condições
naturais, sugerindo que ela representa outro exemplo de “antígeno oculto” (Riding et
al, 1994). Willadsen et al (1996) demonstraram a capacidade da Bm91 recombinante
de aumentar a proteção induzida pela vacinação com a Bm86 recombinante. Apesar
deste aumento ter sido pequeno, observou-se que a resposta produzida contra a
Bm91 não interfere na resposta contra a Bm86, indicando a possibilidade do uso de
uma vacina poliantigênica.
Foi demonstrado que o nível de anticorpos contra antígenos de intestino,
induzidos por imunização artificial, era significativamente maior em animais
protegidos que os encontrados em animais não protegidos (Opdebeeck et al, 1988).
Entretanto, Johnston et al (1986) não conseguiram correlacionar, por
radioimunoensaios, as respostas humorais com proteção e Jackson & Opdebeeck
(1995), estudando o efeito de vários adjuvantes nas respostas imunes humorais
contra antígenos de membrana de intestino, concluíram que a relação entre os
níveis de anticorpos contra o carrapato e a proteção induzida não parece ser de
causa e efeito. Imunizações com antígenos de membrana de ovos de R. microplus
não resultaram em proteção significativa de bovinos ao desafio, apesar de induzirem
16
altos níveis de anticorpos nos animais vacinados e destes reconhecerem antígenos
de membrana do intestino (Kimaro & Opdebeeck, 1994).
Inoculações com antígenos de membrana extraídos do intestino de R.
microplus induziram uma proteção média de 91 %, calculada pelo peso médio dos
ovos dos carrapatos de animais vacinados e o peso médio dos ovos dos carrapatos
de animais controles (Opdebeeck et al, 1988). Porém, a imunização de gado
Hereford com antígenos de carrapatos adultos e larvas de R. microplus, purificados
por cromatrografia de imunoafinidade utilizando como ligantes de imunoglobulinas
geradas por imunização de bovinos com antígenos de intestino, resultou em uma
proteção menor, correspondente a 83 % e 85 %, respectivamente (Opdebeeck et al,
1989). A partir destes resultados Opdebeeck et al (1989) sugerem que os antígenos
protetores podem estar presentes no carrapato em vários estágios de
desenvolvimento e/ou que haja epitopos comuns entre proteínas larvais e de
carrapatos adultos.
Antígenos de glândula salivar de Dermacentor andersoni foram utilizados para
imunizar cobaias por diferentes vias, com ou sem adjuvantes, induzindo um
considerável grau de resistência, o qual foi expresso com uma diminuição do número
e peso dos carrapatos ingurgitados (Wikel, 1981). Cobaias imunizadas com glândula
salivar e cemento de Amblyomma americanum apresentaram um grau de
resistência, quando desafiadas, similar à obtida por cobaios infestados
repetidamente. Foi sugerido que uma proteína de 20 kDa presente na glândula
salivar seria a responsável pela maior parte desta proteção (Brown et al, 1984).
Outros antígenos têm sido estudados, identificados e caracterizados quanto a
suas potencialidades de induzirem proteção, tendo sido descritos uma provável
aspartato-endopeptidase (BYC-“Boophilus Yolk Cathepsin”; Logullo et al, 1998; Da
17
Silva Vaz et al, 1998); uma cisteína –endopeptidase (Renard et al, 2000); uma
proteína semelhante a mucina de vertebrados (Mckenna et al, 1998); a vitelina, uma
proteína de reserva do ovo (Tellam et al, 2002); a 64P, proteína componente de
cemento (Trimmel et al, 2002; Trimmel et al, 2005); a p29, uma proteína de matriz
extracelular da glândula salivar (Mulenga et al, 1999); um inibidor de serina protease
(Serpina, Imamura et al, 2005); uma nucleotidase (4F8), a proteína subolesina e a
proteína 4E6, de função desconhecida (Almazán et al, 2003; Almazán et al, 2005); a
proteína Voraxina, um fator de ingurgitamento de machos (Weiss & Kaufman, 2004);
e uma metaloprotease (Metis 1, Decrem et al, 2008) .
1.2.3.1 Antígenos expostos versos antígenos ocultos
Em geral, dois tipos distintos de alvos antigênicos têm sido explorados para o
desenvolvimento de vacinas. O primeiro é o convencional antígeno secretado na
saliva durante a fixação e alimentação do carrapato no hospedeiro, o então
chamado antígeno exposto. Usualmente eles são proteínas ou peptídeos
sintetizados na glândula salivar (Nuttall et al, 2006). Antígenos expostos são levados
do sítio de alimentação do carrapato pelas células dendríticas (CDs), que processam
e apresentam esses antígenos para os linfócitos T, iniciando uma resposta imune
celular ou mediada por anticorpos (Allen et al, 1979; Larregina & Falo, 2005). Por
outro lado, antígenos ocultos normalmente não estão em contato com os
mecanismos imunes do hospedeiro (Willadsen & Kemp, 1988). Antígenos ocultos
típicos são aqueles encontrados na parede do intestino e interagem com
imunoglobulinas específicas levados na refeição de sangue (Nuttall et al, 2006). Os
candidatos em potencial para compor uma vacina são os antígenos que: (1)
encontram imunoglobulinas na hemolinfa ou no intestino e (2) estão associados com
18
alguma função vital do carrapato (De La Fuente & Kocan, 2006).
Os resultados da vacinação com antígenos expostos ou ocultos são similares,
incluindo números reduzidos de carrapatos ingurgitados, aumento de mortalidade e
redução no peso de fêmeas ingurgitadas, que reduz o número de ovos (Nuttall et al,
2006). No entanto, o modo de ação das vacinas baseadas em antígenos ocultos
difere das vacinas baseadas em antígenos expostos (Willadsen, 2006). Embora
antígenos ocultos não sejam capazes de induzir uma resposta imune durante a
fixação e alimentação do carrapato, eles são imunogênicos quando preparados
como extratos de tecidos do carrapato ou como proteínas recombinantes e, então,
inoculados artificialmente para dentro do animal (De La Fuente & Kocan, 2006).
vacinas baseadas em antígenos expostos normalmente não induzem uma resposta
imune suficiente para induzir proteção ao hospedeiro, especialmente quando
somente um antígeno é utilizado. Este fato é decorrente da farmacopéia de
moléculas que são secretadas na saliva pelo carrapato e que atuam de forma
redundante na modulação dos mecanismos hemostático, inflamatório e imune do
hospedeiro (Nuttall et al, 2006).
1.3 Relação parasita-hospedeiro
1.3.1 Resposta imune contra o carrapato
A alimentação do carrapato induz uma ordem complexa de respostas imunes
nos hospedeiros envolvendo a apresentação de antígenos via células
apresentadoras de antígenos (APCs), células-T, células-B, anticorpos, citocinas,
sistema complemento, basófilos, eosinófilos e uma variedade grande de moléculas
bioativas (revisada em Wikel, 1996; Brossard & Wikel, 2004). Essas interações
19
complexas podem ser consideradas como uma balança entre defesas do hospedeiro
contra estratégias de invasão do carrapato, facilitando a alimentação e a
transmissão de patógenos.
Os carrapatos possivelmente sofreram pressão evolutiva para que a sua
composição pudesse inibir a resposta imune cutânea de seus muitos hospedeiros
comuns (Ribeiro, 1987). Como as respostas imunes cutâneas, incluindo a produção
de anticorpos, diferem entre espécies, existe a possibilidade de que, quando um
carrapato se alimenta em hospedeiros não usuais, poderá ser gerada uma resposta
imune cutânea que pode incluir anticorpos, histamina, serotonina, complemento e/ou
linfocinas, levando a rejeição do carrapato (Steen et al, 2006). Em alguns casos a
primeira exposição do hospedeiro a um carrapato pode não levar a rejeição, mas sim
após exposições subseqüentes, constituindo-se na resistência adquirida ao
carrapato (Wikel, 1996). Um estudo comparando reações imunológicas entre
cobaios e cães infestados com R. sanguineus, mostrou que cobaios, que não são os
hospedeiros usuais, podem adquirir resistência ao carrapato, com uma resposta de
hipersensibilidade mediada por células tardia (DTH) envolvendo basófilos e células
Th1. Por outro lado, cães, seus hospedeiros usuais, apresentaram uma
imunossupressão durante o período de fixação do carrapato, prejudicando, assim,
respostas mediadas por células T e reações DTH contra antígenos do carrapato
(Ferreira et al, 2003). Em bovinos e outros animais de laboratório, foi mostrado
que a reação de hipersensibilidade tardia mediada por células Th1 cutâneas no sítio
de fixação do carrapato induziu imunidade adquirida contendo infiltrados de basófilos
e eosinófilos (Allen, 1973; Allen et al, 1977; Brossard & Fivaz, 1982). Vários estudos
têm revelado que linfócitos T e citocinas fazem um papel crucial na determinação do
resultado de infecções parasitárias em termos de imunidade protetora (Ferreira &
20
Silva, 1999). Citocinas medeiam a diferenciação ou a ativação de linfócitos e outras
células, montando assim, respostas imunes adaptativas e inatas. Por exemplo,
células Th1 produzem interleucina-2 (IL-2) e interferon-γ (IFN-γ), enquanto lulas
Th2 produzem IL-4, IL-5, IL-6, IL-10 e IL-13 (Mosmann & Sad, 1996). Células Th1
conduzem a ativação de macrófagos e têm sido associadas com hipersensibilidade
do tipo tardio. Por outro lado, células Th2 aumentam a eosinofilia e número de
mastócitos, e melhoram a síntese de anticorpos. Macrófagos também participam
produzindo IL-12, o fator de crescimento transformante-β (TGF-β), e prostaglandina
E
2
(PGE
2
) (Mosmann & Moore, 1991). Infestações repetidas com R. sanguineus
promoveu um perfil de citocinas Th2 em camundongos C3H/HeJ (Ferreira & Silva,
1999). Também em infestações repetidas com ninfas de I. scapularis livre de
patógenos em camundongos BALB/C and C3H/HeJ, resultaram na polarização da
resposta imune do hospedeiro para um padrão Th2 com a supressão de respostas
Th1(Schoeler et al, 1999).
Células T são elementos chaves nas funções reguladoras e efetoras do
sistema imune, incluindo produção de anticorpos e imunidade mediada por células
(Brossard & Wikel, 2004). O papel de linfócitos na expressão de resistência
adquirida a larvas de D. andersoni foi demonstrada por transferência de células dos
linfonodos de cobaios resistentes para animais suscetíveis (Wikel & Allen, 1976a). O
envolvimento de células T foi também estabelecido por aplicar o imunosupressor
ciclosporina A em coelhos infestados com I. ricinus (Girardin & Brossard, 1990).
Linfócitos de bovinos infestados em laboratório realizaram blastogênese in vitro
quando cultivados na presença de extrato da glândula salivar de carrapato. A
reatividade é geralmente mais intensa com células obtidas depois de repetidas
infestações (George et al, 1985). Em camundongos BALC/c infestados
21
repetidamente com ninfas de I. ricinus, linfócitos drenados ao sítio de fixação do
carrapato produziram níveis significantemente maiores de TNF-α e monócitos e
aumentaram a produção do fator estimulador de colônias de granulócitos e
monócitos (GM-CSF), quando induzidos in vitro com concanavalina A (ConA) ou
anticorpos anti-CD3 (Guanapano et al, 1996). GM-CSF induz a maturação de células
de Langerhans (LCs) in vitro por manter sua viabilidade (Berthier et al, 2000).
Células de Langerhans são uma das primeiras células a serem expostas a
imunógenos do carrapato na pele, da qual essas células migram para os linfonodos
(Allen et al, 1979). Na área paracortical dos linfonodos as LCs se transformam em
DCs e é onde elas funcionam como APCs para os linfócitos T (Nithiuthai & Allen,
1984). LCs funcionais são necessárias para imunidade adaptativa inicial e para
estimular uma resposta imune secundária a carrapatos (revisado por Brossard &
Wikel, 2004).
Os hospedeiros produzem anticorpos contra elementos de carrapatos e estes
estão relacionados com a resistência ao parasito que é transmitida, mesmo que
fracamente, de forma passiva pelas vacas aos seus terneiros (Brossard & Giardin,
1979; Roberts & Kerr, 1976). Anticorpos não são os únicos elementos efetores do
sistema imune contribuindo para a resistência adquirida (Brossard & Wikel, 2004).
Infestações induzem a síntese de anticorpos reativos ao carrapato que se ligam a
receptores Fc em mastócitos e basófilos. Essas células são ativadas e liberam
moléculas bioativas, incluindo histamina, prostaglandinas e enzimas no local de
fixação do carrapato, o que contribui para o desenvolvimento da imunidade adquirida
(revisado por Wikel, 1996). Uma correlação positiva foi estabelecida entre a
concentração de histamina na pele e o grau de resistência adquirida por bovinos
contra R. microplus (Willadsen et al, 1979).
22
O sistema complemento também está envolvido na resposta contra carrapatos.
A resistência adquirida contra larvas do carrapato D. andersoni em cobaias foi
inibida dramaticamente pela depleção de C3 com fatores presentes em veneno de
cobra (Wikel & Allen, 1977). O extrato de glândula salivar de I. ricinus é capaz de
inibir a via alternativa do complemento (Lawrie et al, 1999) e o I. scapularis possui
um inibidor de C3 convertase, o que demonstra que a ativação do sistema
complemento é importante na aquisição de resistência pelo hospedeiro. A ativação
da cascata do complemento no local da fixação do parasito gera mediadores
inflamatórios, quimiotáticos e opsoninas que resultam na atração de leucócitos
(Allen, 1973; Brossard & Fivaz, 1982; Steeves & Allen, 1991).
1.3.2 Imunossupressão
Um tema comum em toda a relação parasito-hospedeiro parece ser a
habilidade do agente infeccioso em alterar as defesas imunes do hospedeiro
modulando várias vias reguladoras e/ou efetoras (Steen, 2006). Considerando-se o
tempo evolutivo, artrópodes que se alimentam de sangue provavelmente
desenvolveram estratégias de supressão das defesas do hospedeiro que afetam
diretamente a sobrevivência dos artrópodes. Moléculas imunossupressoras da
glândula salivar não estão limitadas a organismos que se alimentam de sangue por
longos períodos. Por exemplo, fatores capazes de modular a resposta imune do
hospedeiro aparecem nas glândulas salivares de Simulium vittatum (Cross et al,
1993) e Aedes aegypti (Bissonnette et al, 1993). A imunossupressão mediada pelo
vetor ajuda na aquisição da refeição de sangue, assim como, em uma transmissão
efetiva de patógenos. Além disso, as respostas a artrópodes e patógenos envolvem
23
elementos comuns do sistema imune (Wikel, 1996). Algumas das estratégias
imunomodulatórias empregadas incluem: inibir a função das células apresentadoras
de antígenos; reduzir a função dos linfócitos T; suprimir e desviar a produção e ação
das citocinas; diminuir as respostas de anticorpos; diminuir a clivagem enzimática de
imunoglobulinas; e bloquear a ativação do sistema complemento (revisado por
Wikel, 1999). Para poder alimentar-se por dias a até semanas o carrapato possui em
sua saliva componentes que suprimem estas respostas hemostáticas, inflamatórias
e imunes do hospedeiro. Estes componentes são encontrados em numerosas
formas incluindo enzimas, inibidores de enzimas, proteínas ligantes de
imunoglobulinas, lipocalinas (proteínas ligantes de histamina) e inibidores de
integrinas (revisado por Steen et al, 2006).
A supressão da função das APCs e linfócitos T reduz a habilidade de gerar e
expressar imunidade efetiva para qualquer tipo de imunógeno, incluindo aqueles
associados aos patógenos transmitidos pelo carrapato (Wikel, 1996).
A infestação por carrapatos é frequentemente caracterizada por uma redução
na resposta de linfócitos do hospedeiro à estimulação por Con A e fitoemaglutinina
(PHA), o que é geralmente interpretado como um fenômeno imunossupressivo
(Brossard & Wikel, 1977; Turni et al, 2007). Essa resposta reduzida poderia ser
resultado da produção diminuída da IL-2 causada por componentes da saliva do
carrapato como a PGE
2
(Ribeiro et al, 1985; Inokuma et al, 1994) ou proteínas
ligantes de IL-2 (Gillespie et al, 2001).
Infestações por D. andersoni reduzem a proliferação de linfócitos T in vitro
induzida por ConA (Wikel, 1982) e o desenvolvimento de uma resposta primária
humoral (Wikel, 1985). Uma proteína imunossupressora, Da-p36, massa molecular
de 36 kDa, presente na saliva e glândula salivar de D. andersoni, com atividades de
24
supressão na proliferação de linfócitos T e com propriedade de se ligar em
imunoglobulinas, foi encontrada em larvas logo após a sua fixação ao hospedeiro
aumentando sua quantidade de uma forma acentuada entre o e o dia de
alimentação (Bergman et al, 2000). Raças B. taurus e B. indicus não-infestados
apresentaram uma redução de linfócitos em resposta a ConA quando cultivados na
presença de extrato de glândula salivar (SGE) de D. andersoni (Ramachandra &
Wikel, 1995). Também quando estimulados com ConA, SGE e saliva de fêmeas de I.
ricinus inibiram a proliferação e a produção in vitro de IL-2 por linfócitos do baço de
camundongos BALB/c sem exposição prévia ao carrapato (Ganapano et al, 1996a;
Mejri et al, 2002).
A alimentação de carrapatos reduz a habilidade de cobaios de gerar resposta
de anticorpos a um imunógeno administrado durante o curso da infestação ou
inoculado vários dias depois do término da alimentação (Wikel, 1985). A imunização
de coelhos infestados com R. appendiculatus resulta em uma diminuída resposta de
anticorpos quando comparado com o grupo controle (Fivaz, 1989). Infestações
repetidas por ninfas de I. ricinus em camundongos BALB/c resultaram em supressão
de mitógenos (LPS e PWN), anticorpos totais e número de basófilos no local da
picada (Dusbábek, 1995).
Estudos in vitro mostraram que a saliva do carrapato R. sanguineus inibe a
quimiotaxia de DCs pela diminuição da expressão do receptor de quimiocina CCR5,
reduzindo a função quimiotática da proteína inflamatória de macrófagos MIP-1α.
DCs cultivadas com saliva do carrapato revelaram-se pobres estimuladores na
produção de citocinas por células T específicas (Oliveira et al, 2008). Além disso,
foram identificadas na saliva dessa espécie de carrapato, proteínas ligantes de
quimiocinas que apresentaram atividade antiinflamatória (Déruaz et al, 2008).
25
Peterková et al (2008) descreveram um arsenal de moléculas salivares
imunomodulatórias com atividade anti-quimiocinas presentes em ninfas de D.
reticulatus, I. ricinus e A. variegatum.
A saliva de I. dammini inibiu a ligação de componentes do complemento C3b e
C5b em superfícies onde C3b poderia contribuir para a iniciação e ativação
seqüencial dos componentes da via alternativa da ativação do complemento, assim
como melhorar a fagocitose de substâncias ligadas a essas moléculas (Ribeiro,
1987). Uma proteína salivar, a Salp20 identificada em I. scapularis, inibiu a via
alternativa do complemento dissociando os componentes da C3 convertase (Tyson
et al, 2007). Além disso, a saliva desta espécie de ixodídeo inibiu a produção da
anafilatoxina C3a, que é importante na liberação de mediadores de mastócitos e
basófilos (Ribeiro, 1987).
1.3.3 Resistência dos bovinos ao carrapato
Os bovinos são hospedeiros naturais do carrapato R. microplus e constituem o
único modelo no qual é possível examinar, numa mesma espécie, os desfechos
distintos de resistência e susceptibilidade das infestações com esse parasita. Ainda
existem dúvidas sobre quais seriam os mecanismos responsáveis por esses
desfechos distintos, mas a composição da saliva dos carrapatos indica que a
resposta imune é um deles. Ainda em relação a bovinos, a maioria dos estudos
sobre aquisição de resistência avalia o fenômeno em raças taurinas que, embora
desenvolvam imunidade, não controlam as infestações com a mesma eficiência das
raças zebuínas (Mattioli & Cassma, 1995; Wambura et al, 1998; Mattioli et al, 2000).
É conhecido que a resistência ao carrapato em bovinos é adquirida durante as
sucessivas infestações pelo parasito (Allen, 1994). Uma das diferenças entre os
26
animais quanto à resistência ao carrapato é, portanto, ao nível da resposta imune, a
qual é mais eficaz no B. indicus do que no Bos taurus, sendo que componentes da
saliva são os prováveis alvos desta resposta. Níveis e sub-classes de IgG anti-
glândula salivar correlacionam-se com a resistência naturalmente adquirida (Kashino
et al, 2005). Grande parte desta resistência se manifesta durante as primeiras 24
horas de fixação das larvas no hospedeiro (Roberts, 1968). Animais muito
resistentes rejeitam 99% das larvas (Allen, 1994), enquanto que animais suscetíveis
rejeitam somente entre 80% e 85% (Tatchell, 1987).
A resistência adquirida ao carrapato normalmente é expressa pela redução do
volume da refeição de sangue, redução do peso final do carrapato ingurgitado,
diminuição no número de ovos na postura, redução da viabilidade dos ovos e a
morte de carrapatos ingurgitados (Wikel, 1996).
Essa resistência dita “natural” foi inicialmente especulada como decorrente de
um mecanismo fisiológico inato, como secreções sebáceas repelentes, tipos de pele
e pelos e/ou substratos não compatíveis com enzimas digestivas dos carrapatos
(Roberts, 1968a). Entretanto vários experimentos comprovaram que esta resistência
envolve reações imunológicas. Foi observado por Trager (1939) que cobaias e
coelhos infestados com o carrapato D. variabilis adquiriram resistência, e que esta
era parcialmente transferível com a inoculação do soro de animais resistentes em
animais suscetíveis. Já a transferência de células de linfonodos de cobaias, tornadas
resistentes por repetidas infestações com D. andersoni, para cobaias suscetíveis,
produziu uma resistência significativamente maior do que a inoculação do soro,
levando a conclusão que, além da resposta humoral, a resposta celular também está
presente e aparentemente é mais eficiente (Wikel & Allen, 1976a). Também foi
demonstrado que a resistência pode ser eliminada com o uso do imunossupressor
27
ciclofosfamida (Wikel & Allen, 1976b). Parte desta resistência também é perdida em
cobaios utilizando-se o fator de veneno de cobra, indicando novamente o
envolvimento do sistema complemento na resposta contra o carrapato (Wikel &
Allen, 1977). Com relação a bovinos, a resistência ao R. microplus foi inicialmente
indicada como decorrente de reações imunológicas por Roberts (1968b).
Posteriormente foi comprovado que tanto o B. taurus como o B. indicus, não
previamente expostos ao carrapato, eram igualmente suscetíveis na primeira
infestação (Wagland, 1975). Uma das diferenças entre estes animais quanto à
resistência ao carrapato é, portanto, ao nível da resposta imunológica, a qual é mais
eficaz no B. indicus do que no B. taurus.
Estudos sobre a diferença de resistência das raças bovinas européias,
nacionais e zebuínas ao R. microplus demonstraram que o primeiro grupo é mais
susceptível que os demais, inclusive havendo diferença entre a susceptibilidade de
cada raça dentro dos grupos, assim como diferenças individuais dentro da mesma
raça. Os critérios de comparação utilizados foram o número e tamanho dos
carrapatos, acima de 4,0 mm, ou seja, contaram-se apenas as fêmeas totalmente
ingurgitadas (Villares, 1941).
A resistência não afeta apenas a contagem de carrapatos. As fêmeas
totalmente ingurgitadas produzidas por bovinos da raça Santa Gertrudis
apresentavam dimensões (comprimento, largura e altura) e peso menores que
aquelas produzidas em animais da raça Aberdeen Angus (Maraday & Gonzales,
1984).
Comparando-se a resistência das raças Canchim e Nelore, através de
infestação artificial e infestação natural, Oliveira et al (1990) demonstraram que
efeito significativo na interação entre a raça e a estação. Guaragna et al (1992)
28
também observaram os efeitos de ano, estação e raça, estudando infestações
artificiais em touros holandeses e mantiqueiros, de 1 e 2 anos, sendo os primeiros
considerados menos resistentes, apesar das duas raças serem consideradas
suscetíveis.
1.4 Objetivos
Este trabalho teve como objetivo geral descrever a análise da resposta imune
humoral de bovinos repetidamente infestados com R. microplus, e a possível
correlação com resistência desenvolvida pelos bovinos sob infestações pesadas e
leves. Os objetivos específicos constituíram-se em:
1. Comparação da resposta imune humoral de bovinos infestados com
carrapatos ao longo de infestações sucessivas;
2. Comparação do perfil de reconhecimento de moléculas antigênicas
após as infestações;
3. Avaliar os índices de número e peso médio de carrapatos que
completam o ciclo parasitário durante infestações pesadas e leves;
4. Análise da resposta imune humoral contra extratos protéicos de
glândula salivar, intestino e larva do carrapato;
5. Analisar o reconhecimento de moléculas ao longo das infestações.
29
2 ARTIGO CIENTÍFICO
Artigo aceito para publicação no periódico Veterinary Parasitology.
“Comparative IgG recognition of tick extracts by sera of experimentally
infested bovines”.
Cruz, A.P.R.
(1,2) +
; Silva, S.S.
(3) +
; Mattos, R.T.
(1,2)
; Da Silva Vaz Jr., I.
(2)
; Masuda, A.
(2)
;
Ferreira, C.A.S.
(1) *
.
1
Laboratório de Imunologia e Microbiologia, Faculdade de Biociências, PUCRS;
2
Laboratório de Imunologia Aplicada a Sanidade Animal, Centro de Biotecnologia,
UFRGS.
3
Departamento de Veterinária Preventiva, UFPel.
30
Comparative IgG recognition of tick extracts by sera of experimentally
infested bovines
Cruz, A.P.R.
(1,2) +
; Silva, S.S.
(3) +
; Mattos, R.T.
(1,2)
; Da Silva Vaz Jr., I.
(2)
; Masuda, A.
(2)
;
Ferreira, C.A.S.
(1) *
.
1
Laboratório de Imunologia e Microbiologia, Faculdade de Biociências, PUCRS;
2
Laboratório de Imunologia Aplicada a Sanidade Animal, Centro de Biotecnologia, UFRGS.
3
Departamento de Veterinária Preventiva, UFPel.
+
Both authors contributed equally to this work.
*Corresponding author: Carlos Alexandre Sanchez Ferreira
Av. Ipiranga, 6681 – prédio 12- CEP 90619900 – Porto Alegre- RS – Brazil
Phone: 55 51 3320-3545 – Fax: 55 51 3320-3612
Abstract
Enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) and Western Blot were used to
investigate the pattern of antibody responses of six bovines infested twelve times with
Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Canestrini, 1887) (Acari: Ixodidae) (six heavy
infestations followed by six light infestations) against salivary gland, gut and larvae extracts.
During heavy infestations, bovine IgG levels were shown to be higher, and a decrease in the
number and weight of ticks that completed the parasitic cycle was observed. The pattern
changed starting from the seventh infestation, showing a decrease in IgG levels. An initial
increase followed by a significant decrease in the proportion of ticks that completed the
parasitic cycle was also observed from the seventh infestation. The number of molecules
31
recognized by Western Blot was higher from sera collected following heavy infestations than
after light infestations, although a great variation in the profiles detected could be seen when
the bovines were compared. These results indicate that IgG responses to different tick
antigens may not be generally associated with bovine resistance, and that infestation levels
modulate the magnitude of humoral responses and possibly the immune mechanisms in the
natural acquisition of tick resistance.
Keywords: Rhipicephalus (Boophilus) microplus; IgG; Naturally acquired tick resistance
1. Introduction
The tick Rhipicephalus (Boophilus) microplus is a hematophagous ectoparasite of
bovines, and constitutes a major health concern as a debilitating parasite and vector of a great
variety of diseases, such as bovine babesiosis and anaplasmosis (Ribeiro et al., 2007).
Currently, the control strategies against tick infestation are almost exclusively focused
on synthetic chemicals applied during its parasitic phase. Control of ticks by vaccination
offers a number of advantages, like cost-effectiveness, reduced environmental contamination,
and the prevention of the selection of drug-resistant ticks that result from repeated acaricide
application (Barros and Evans, 1989; Gomes et al., 1999; Willadsen, 2006). But the
development of an immunological control strategy depends on the identification of tick
immunogenic molecules able to induce a host’s protective immune response. Concerning
potential antigens, two kinds of molecules are described: (i) “exposed” antigens, which are
naturally in contact with the host immune system during tick infestation, such as those
secreted in the saliva during attachment and feeding on a host; (ii) and “concealed” antigens,
which are not naturally exposed (or recognized by) to the host’s immune system (Nuttall et
al., 2006; de la Fuente and Kocan, 2006). In addition, development of vaccines using multiple
32
antigens that could target a broad range of tick species and further prevent or reduce
transmission of pathogens would become a great advancement in veterinary sanitation (da
Silva Vaz et al., 2004; de la Fuente et al., 2007).
Cattle acquire resistance to a variety of tick species with repeated exposure (Wikel and
Whelen, 1986). The host’s immune response causes premature detachment, reduced
engorgement size, increased mortality, decreased fecundity and diminished hatching of ticks
(Barriga et al., 1993). Therefore the analysis of the immune responses developed by infested
bovines may become of great importance in the identification of the characteristics of this
resistance. Here we reported the analysis of the IgG response of bovines repeatedly infested
with R. microplus and the development of resistance by hosts under heavy and light
infestations.
2. Material and methods
2.1. Infestation
Six male Bos taurus taurus Hereford calves of about 6 months of age were purchased
from an area free of R. microplus. Heavy infestations were performed with each calf being
infested once a month for 6 months with 18000 R. microplus larvae along the back. Light
infestation ensued, with each calf being infested once a month for more 6 months with 800 R.
microplus larvae. The ticks used were of the Bagé strain (Barriga et al., 1995), and the
proportion of females was considered as 50% (da Silva et al., 2007).
2.2. Antigen preparation
33
Antigens were obtained from twelve-day old larvae, partially- and fully-engorged
female ticks according to da Silva Vaz et al. (1994). Briefly, the dorsal surface was dissected
and gut and salivary glands were separated and washed in PBS. The tissues were sonicated
and solubilized in a medium containing 0.5% sodium deoxycolate, 0.1% pepstatin A, 0.1%
leupeptin and 0.1 mM N-tosyl-L-phenylalanine chloromethyl ketone (TPCK) in 10 mM tris
buffer (pH 8.2). The material was centrifuged and the supernatants were stored at – 70ºC. The
protein concentration was measured according to Bradford (1976).
2.3. Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ELISA)
Microtitration plates were coated with 3 µg per well of antigen in 20 mM carbonate
buffer (pH 9.6) by incubation overnight (Harlow and Lane, 1988). Plates were blocked with
5% nonfat dry cow milk-PBS (blotto), and incubated with sera diluted 1:50. Rabbit anti-
bovine IgG-peroxidase conjugate (diluted 1:6000 in blotto 5%) was then used, and chromogen
and substrate were added (3.4 mg o-phenylenediamine, l H
2
O
2
in 0.1 M citrate-phosphate
buffer, pH 5.0). The reaction was stopped with 12.5% H
2
SO
4
and the optical density (OD)
was determined at 492 nm. Sera from the six bovines collected after each infestation were
tested six times against R. microplus tissue on three different microplates.
2.4 Western blot
For the Western-blot analysis, tissue extracts were separated by SDS-PAGE 10% gel
electrophoresis under denaturing conditions and transferred to nitrocellulose in 12 mM
carbonate buffer pH 9.9 (Dunn, 1986). The strips were blocked with 5% blotto and the test
sera were diluted 1/50 in 5% blotto and incubated overnight. Membranes were incubated with
34
rabbit anti-bovine IgG antibody conjugated to alkaline phosphatase (Sigma) diluted 1/10000
in blotto and stained with 5-bromo-4-chloro-3-indolylphosphate (BCIP) and nitroblue
tetrazolium (NBT). All Western-blot analyses were performed using the pre-imune bovine
sera or incubations with secondary antibody alone
as negative controls.
2.5. Statistical analyses
The variance analysis was used to compare the percentile of tick recovery, after
transformation in logarithmic scale, in function of the successive infestations. The Tukey’s
test was used to reveal the significance order (Statistix®.v8.0, 2003. Tallahassee, FL:
Analytical Software). For the comparison of the mean weights of detached engorged females
the test used was of Kruskal-Wallis. The values were considered different to the level of P
<0.05.
3. Results
3.1 Total numbers and mean weights of detached female ticks during infestations
The mean percentiles of detached adult female ticks throughout infestations are shown
in figure 1 (Table 1, available online as additional information, shows the total numbers of
detached female ticks after each infestation in the six bovines). The percentile of recovered
ticks after infestation 7 was higher, which was significantly different from most of the other
infestations, except for infestations 1, 8 and 9 (P<0.05). Infestation 12 presented the smallest
recovery of ticks, significantly different from the recovery rate observed for infestations 1 to
9.
35
The mean weights of detached females (Fig. 2) produced during infestation 6 were
significantly lower than those of all other infestations. Also, the values obtained in infestation
1 decreased following the remaining heavy infestations, but they were shown to be similar of
those from infestations 7 and 8, within the beginning of light infestations.
3.2. Variations in the IgG levels and profiles of antigen recognition during infestations and
between bovines
ELISA was used to compare the IgG levels developed against R. microplus salivary
gland, gut and larvae protein extracts of sera from six bovines submitted to heavy and light
infestations (Fig. 3). Figure 3A shows that the means of salivary gland antigens recognition
presented a major increase in infestation 2, after which a decrease was seen. A major increase
in IgG levels against gut antigens (Fig. 3B) could be detected in the sera collected after
infestations 3 and 6, which then decreased and stabilized until the last infestation. Similarly,
anti-larvae IgG levels (Fig. 3C) presented a peak in sera from infestation 3, after which a
decrease occurred, with stabilization in infestations 9 to 12.
The antigen recognition profiles of salivary gland, gut and larvae protein extracts by
sera of the infested bovines are shown in Fig. 4. A considerable variation was observed
between individuals. Fig. 4A shows that greater numbers of salivary antigens were recognized
by the sera from infestations 2 to 8, though this recognition diminished from infestations 10 to
12. Bands of 130 kDa, 97.6 kDa and 86 kDa were recognized by all bovine sera in all
infestations. Two bands of 20 kDa and 35 kDa were detected in sera from bovines 1, 5 and 6
in the last infestations.
The recognition of gut antigens was shown to be greater from infestations 2 to 8, as
compared to sera collected in the last infestations (Fig. 4B). A 103.6-kDa antigen was
36
recognized by bovines 1 and 5, mainly in the sera from the last infestations, and bovine 6
recognized this antigen only in infestation 12. All bovines recognized a 125.6-kDa antigen in
the first infestations. Bovine 1 generated a profile with the highest number of recognized
molecules, some of which were recognized exclusively by this individual, such as antigens of
85.4, 69.8, 25 and 19.3 kDa.
The recognition profiles against the larvae extract (Fig. 4C) showed a considerable
number of antigens recognized in the sera collected from infestations 2 to 6, which decreased
in the following infestations. Low-molecular mass antigens presented higher reactivity mainly
against the sera from the first infestations: 33.6 kDa and 25.1 kDa were detected by sera from
infestations 2 to 6 of bovines 1, 3 and 5; bovine 2 recognized a 25.1-kDa antigen only in the
serum from infestation 4; bovines 2 and 6 recognized a 15.5 kDa in sera obtained after
infestations 2 to 6.
37
Figure 1: Mean SE) percentiles of number of detached adult female ticks of 6
bovines infested successively for 12 months with R. microplus larvae (infestations from 1 to 6
with 18000 larvae and from 7 to 12 with 800 larvae).
Figure 2: Mean SE) of individual weight of detached engorged females (mg) of 6
bovines infested successively for 12 months.
38
Figure 3: IgG levels of infested bovine to R. microplus antigens measured by ELISA. Extract
of salivary gland (A), gut (B) and larvae (C) were used as antigens. The upper box represents
the means (± SE) of the sera for six infested bovine.
39
Figure 4: Western blot analyses of R. microplus antigens recognized by pre-infestation (0)
and post-infestation (2 to 12) sera collected after experimental infestations. Extracts from (A)
salivary glands, (B) guts, and (C) larvae were used as antigen.
40
4. Discussion
The main purpose of the current investigation was to evaluate the profiles of humoral
antigenic recognition from salivary gland, larvae and gut extracts of R. microplus, as a result
of repeated exposure under high and low tick densities. The reactivity degrees detected by
ELISA and the profiles of molecules recognized by western blot observed indicate the
presence of individual variations between bovines, suggesting that humoral immune responses
against different molecules may account, if related, for the resistance to tick infestations. End-
point titration assays (Figs. 3A, 3B, and 3C) determined that the animals presented higher
levels of IgG against different antigens of R. microplus during heavy infestations as compared
to light infestations, suggesting that the variations in the IgG levels and profiles of antigenic
recognition may be modulated by tick infestation levels. These results are in agreement with
observations from sheep naturally exposed to the tick Ixodes ricinus, as the IgG responses to
salivary gland extract varied between seasons, which were higher in spring (heavy infestation
period) than in autumn of 1999 (low infestation period) (Ogden et al., 2002a).
Heavy infestations seem to have caused a decrease in the number and the mean weight
of ticks that completed the parasitic cycle (Fig. 1 and 2), and induced a higher level of IgG
response against all the extracts analyzed. Furthermore, infestation 6 showed a significant
decrease in the mean weight of recovered ticks, in comparison to all other infestations. This
reduction is consistent, at least partially, if taken as a consequence of the high levels of anti-
tick IgG developed. However, this effect was shown to be comparatively ineffective against
the first light infestations, showing an increase in the tick recovery index and in mean weight
of these ticks (infestations 7 and 8). This pattern was more similar to that seen in infestation 1,
when the bovines presumably did not possess any anti-tick adaptative immune response, as
compared to the patterns of any other infestation. The variation in the patterns of resistance
41
may indicate that the immune response developed against the tick after the six first heavy
infestations were not protective against the first light infestations.
On the other hand, the last infestations (10, 11 and 12) showed a significant decrease
in the proportion of ticks that completed the parasitic cycle, presenting simultaneously very
low levels of anti-tick IgG, although the mean weight of the recovered ticks did not reach the
values obtained in infestation 6. These results indicate two important points. First, light and
heavy consecutive infestations present differences in the expression of resistance. Similarly,
sheep infested with I. ricinus exhibit density-dependent intraspecific facilitation at different
infestation levels (Ogden et al., 2002b). As the lowest number of recovered ticks was obtained
after infestation 10, the second important point is that a different protective immune response
was developed against less intense infestations, with a different contribution of the IgG
response. Ogden et al., (2002a) observed similar results in sheep naturally exposed to I.
ricinus, as IgG levels against salivary gland extract vary inversely with resistance in the low
infestation period. It is well established that R. microplus infestation levels are intensively
influenced by seasonal factors (Brum et al., 1987; Furlong, 1993). Therefore, it may be
assumed that cattle herds also alter levels and/or mechanisms of anti-tick immune responses
during the year in response to different seasonal tick densities, as seen on the experimentally
infested bovines.
Higher anti-tick IgG levels and a major number of tick molecules were detected by
bovine sera when the salivary gland extract was analyzed by ELISA and Western blot. In
Western blot, a greater number of salivary gland antigens was recognized by the sera
collected after the first infestations of all bovines, corroborating the higher IgG levels detected
by ELISA. The profiles of the sera from the last infestations predominantly showed a lower
number of bands, in comparison to the higher infestation sera, but it could also be seen that
new molecules were recognized. For example, two bands, of 20 kDa and 35 kDa, were
42
detected from sera of bovines 1, 5 and 6 after the last infestations. A 20-kDa salivary protein
was identified by Brown et al. (1984) from Amblyomma americanum, which was thought to
be a component of tick cement and was immunogenic in guinea pigs and elicited protective
immunity in vaccine/challenge experiments (Brown and Askenase, 1986). A larval R.
microplus 19.1-kDa protein, possibly the same described by Willadsen and Ridding (1979) as
18.5 kDa, was shown to be recognized by infested cattle, and induced immediate-type
hypersensitivity responses (Pruett et al., 2006). Another 36-kDa salivary protein, identified
from Dermacentor andersoni, has been shown to inhibit T lymphocyte proliferation
(Bergman et al., 1995).
Using gut extract (Fig.4) as the antigenic source, the responses of the bovines showed
that the heavy molecules, of 125.6 kDa and 103.6 kDa, were recognized by most of the
bovines and in almost all infestations. These antigens are components most likely shared with
the salivary glands, although some controversy may arise concerning the possible
regurgitation of gut contents (Kemp et al., 1982; Brown, 1988). The low mass larvae antigens,
of 15.5 kDa, 25.1 kDa and 33.6 kDa, were detected with more intensity in the sera from the
first infestations, in most bovines. Future identification and cloning of these antigens may
contribute to the development of an anti-tick vaccine.
Acknowledgements
The authors are grateful to CAPES, FAPERGS, CNPq, and CNPq/PRONEX-FAPERJ
for their financial support to the present work, and Paula R.M. De Lisa who provided
excellent technical assistance.
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47
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O carrapato R. microplus passa 19-26 dias fixado no seu hospedeiro bovino
(Stewart & de Vos, 1984). Esse período de alimentação prolongado induz respostas
do hospedeiro, incluindo imunidade mediada por células e humoral (Wang et al,
2001). Esta resposta imune do hospedeiro pode causar desprendimento prematuro,
ingurgitamento reduzido, aumento da mortalidade e fecundidade diminuída dos
carrapatos (Barriga et al, 1993). Ainda durante o período de alimentação os
carrapatos ingerem uma grande quantidade de sangue do hospedeiro, tornando os
anticorpos candidatos lógicos para mediar a expressão de fenótipos distintos da
resistência a carrapatos (Kashino et al, 2005). Anticorpos podem conferir resistência
neutralizando a farmacopéia salivar que os carrapatos injetam dentro de seus
hospedeiros e, uma vez que o sangue do hospedeiro é ingerido, os sistemas
hemostático e imune seriam capazes de danificar os tecidos do parasito (Wikel,
1996; Casadevall & Profski, 2003).
A resistência de bovinos aos carrapatos consiste de componentes inatos e
adquiridos (de Castro & Newson, 1993). A resistência inata, a qual reflete-se
parcialmente na habilidade de montar uma resposta imune mais intensa às
infestações, parece estar relacionada a diferenças raciais na capacidade de
modulação de respostas imunes (Rechav, 1987). Raças de B. indicus são menos
suscetíveis e adquirem resistência a carrapatos mais eficazmente do que B. taurus
(Utech et al, 1978). Bovinos B. indicus exibem uma forte resistência inata (de Castro
& Newson, 1993; Strother et al, 1974). Em relação a resistência adquirida, medida
pela proliferação in vitro de linfócitos T e B a mitógenos, B. indicus teve uma
resposta imune intensificada a antígenos da glândula salivar quando comparada
48
com B. taurus (Ramachandra & Wikel, 1995). Além disso, está bem estabelecido que
bovinos adquirem resistência a uma variedade de espécies de carrapatos com
repetidas exposições (Wikel & Whelen, 1986; Allen, 1994).
Os níveis naturais de infestações com R. microplus são intensivamente
influenciados por fatores sazonais (Brum et al., 1987; Furlong, 1993). Desta forma,
as infestações neste trabalho assemelham-se a situação que bovinos sofrem
naturalmente durante o ano, pois os animais foram expostos a infestações
sucessivas com carrapatos, sendo as primeiras infestações pesadas seguidas de
infestações leves. A análise da resposta imune humoral dos bovinos após as
infestações foi realizada contra extratos protéicos de glândula salivar, intestino e
larva do carrapato R. microplus.
Soros de pré-exposição dos bovinos apresentaram anticorpos que ligaram a
moléculas de glândula salivar, intestino e larva do R. microplus. Isto poderia ser
indicativo de exposição anterior a outras espécies de ectoparasitas, ou organismos
que induziriam o desenvolvimento de anticorpos com reatividade cruzada, porém,
como os bovinos utilizados nos experimentos vieram de uma área livre do R.
microplus e as infestações foram realizadas com larvas livres de patógenos, todas
as respostas do hospedeiro geradas são indicativas de interações bovino-R.
microplus.
As glândulas salivares são as maiores glândulas e realizam várias funções
importantes na fisiologia do carrapato, tais como: absorção de vapor de água da
atmosfera; secreção do cemento para a fixação; secreção de citolisinas,
anticoagulantes e substâncias vasoativas; e excreção do excesso de fluído durante
a alimentação (Sonenshine, 1991; Kaufman, 1989; Sauer et al, 2000). Em
carrapatos ixodídeos, as glândulas salivares aumentam muito no tamanho total e no
49
conteúdo de proteínas durante o seu prolongado período de alimentação (Ribeiro,
1987). Neste trabalho, níveis maiores de IgG e um mero maior de moléculas
foram observados quando o extrato de glândula salivar foi usado como antígeno. Um
grande número de antígenos da glândula salivar foi reconhecido pelo soro de
infestações iniciais de todos os bovinos, corroborando os veis maiores de IgG
detectados por ELISA. Os soros das infestações finais mostraram
predominantemente níveis de IgG menores, assim como bandas menos intensas
comparando com soros de infestações mais densas. Entretanto pode ser visto o
reconhecimento de moléculas de baixo peso molecular diferentes pelo soro de
bovinos após as infestações finais. Várias proteínas salivares de carrapato foram
identificadas e caracterizadas apresentando funções importantes na fisiologia do
carrapato, sendo que algumas conferiram certo grau de imunidade aos hospedeiros
quando utilizadas como imunógenos. Por exemplo, uma proteína de A. americanum,
com peso molecular de 20 kDa, foi identificada por Brown et al (1984), a, qual
possivelmente corresponda a um componente do cemento do carrapato e que
conferiu imunidade protetora em experimentos de desafio/vacinação (Brown &
Askenase, 1986). A imunização com Salp 16, proteína identificada em I. scapularis,
induziu altos níveis de anticorpos em cobaios ( Das et al, 2000). Outra proteína de I.
scapularis, a Salp 15, foi mostrada como inibidora de células T CD4+ (Anguita et al,
2002). Além disso, uma proteína de 36 kDa na glândula salivar de fêmeas de D.
andersoni mostrou possuir função na inibição da proliferação de linfócitos T
(Bergman et al, 1998).
Proteínas de intestino de massa molecular maior foram reconhecidas pela
maioria dos bovinos e pelos soros de quase todas as infestações. Algumas destas
proteínas também estão presentes em glândula salivar ou apresentaram reatividade
50
cruzada com proteínas salivares (Almeida et al, 1994; Parmar et al, 1995). A
identificação de proteínas intestinais que possuem reatividade cruzada com
proteínas salivares seria de grande importância na composição de uma vacina anti-
carrapato eficiente, pois a resposta imune a estes antígenos salivares ‘expostos’
reagiria cruzadamente com antígenos intestinais ‘ocultos’ do carrapato, portanto
proveriam uma ação dupla como vacina, combinando as vantagens de antígenos
expostos e ocultos (Trimmel et al, 2002; Trimmel et al, 2005). Antígenos protetores
foram localizados na membrana do intestino do carrapato e a vacinação dos bovinos
com estes antígenos diminuiu significantemente o número de carrapatos coletados
comparado com o grupo controle (Opdebeeck et al, 1988). Antígenos parcialmente
purificados do intestino e extratos protéicos do carrapato R. microplus adulto
obtiveram antígenos protetores (Wong & Opdebeeck, 1989; Willadsen et al, 1988).
Informações sobre proteínas específicas do estágio de larva de carrapatos
ixodídeos que induzam uma resposta imune no hospedeiro são bastante limitadas.
Willadsen e Riding (1979) isolaram uma proteína de massa molecular de 18,5 kDa
de extrato de larva do R. microplus que foi imunogênica e inibiu a atividade de
tripsina. Pruett et al (2006) identificaram uma proteína de 19,1 kDa de larvas de R.
microplus que apareceu ser alergênica por desenvolver resposta de
hipersensibilidade imediata em bovinos previamente expostos ao R. microplus.
Neste estudo, na maioria dos bovinos, antígenos larvais de massa molecular
pequena foram detectados com maior intensidade nos soros das primeiras
infestações. A clonagem, expressão e caracterização destas proteínas poderiam
ajudar no estudo de sua imunogenicidade e de seu potencial como antígeno protetor
para a possível composição de uma vacina anti-carrapato.
51
Os índices de carrapatos desprendidos e o peso médio dos carrapatos foram
observados para avaliar os possíveis efeitos da resistência induzida nos bovinos a
partir das infestações do carrapato. Com base nestes índices foi observado que os
bovinos desenvolveram respostas imunes diferentes comparando infestações
pesadas e leves. As respostas imunes geradas pelas infestações pesadas não foram
protetoras suficientemente para controlar as primeiras infestações leves, que desta
maneira, apresentaram uma recuperação significativa no número e no peso de
carrapatos que completaram o ciclo parasitário. Portanto, pode ser assumido que a
exposição dos bovinos a infestações pesadas e leves, ou seja, a inoculação nos
bovinos de quantidades grande ou pequena de saliva, tende a modificar níveis e/ou
mecanismos de resposta imune contra o carrapato.
Como revisado por Schoeler e Wikel (2001), um padrão geral que tem surgido
nas relações parasito-hospedeiro é a supressão de respostas Th1 e a polarização
para respostas Th2. Esta modulação ou alteração no padrão de citocinas produzidas
pelos linfócitos T pode reduzir as respostas imunes contra o carrapato e então
facilitar a transmissão ou o estabelecimento de microorganismos (Brossard & Wikel,
2004). Respostas Th1 a antígenos do carrapato o consideradas como aquelas
que frequentemente resultam no desenvolvimento da resistência anti-carrapato no
hospedeiro, com efeitos mais profundos na sua sobrevivência (Wikel, 1996). A
supressão da reatividade dos linfócitos Th1, mediada pelo carrapato, pode inibir a
expansão de clones de linfócitos T específicos ao antígeno, diferenciação de
linfócitos B, ativação de macrófagos, aumento da atividade das NKs, além de inibir
respostas de hipersensibilidade tardia (Brossard & Wikel, 2004). É possível que
alguns antígenos induzam respostas tipo Th1 e outros induzam respostas tipo Th2
no mesmo hospedeiro resistente e que a resposta humoral possa em parte ser
52
responsável pela resistência (Willadsen & Jongejan, 1999). Kashino et al (2005)
mostraram que bovinos de uma raça suscetível sofrendo infestações pesadas com
R. microplus apresentaram um perfil de resposta de isotipo IgG1, que é usualmente
associada com resposta tipo Th2 em bovinos. Sendo assim, uma possível hipótese
para a diferença no grau de expressão de resistência desenvolvida em infestações
pesadas e leves neste trabalho é que bovinos infestados com altos números de R.
microplus são capazes de montar respostas polarizadas Th2, resultando em níveis
menos protetores de resistência. Sob infestações com baixos números de
carrapatos, o que presumivelmente indica que uma menor dose de moléculas de
antígenos/imunossupressores são inoculados no bovino, as respostas são
polarizadas para um perfil Th1, resultando em uma resistência mais efetiva contra o
carrapato.
A saliva de carrapatos é um coquetel de potentes componentes
farmacologicamente ativos capazes de desarmar o sistema hemostático (Ribeiro,
1987, 1995) e alterar as respostas imunes do hospedeiro (Wikel, 1999; Gillespie et
al, 2000). Neste contexto, os carrapatos obtêm sua refeição diante de mecanismos
de vasoconstrição (redução do fluxo de sangue), agregação plaquetária (formação
de um tampão de plaquetas) e da cascata de coagulação do sangue (formação de
um coágulo). Para driblar todo este repertório do sistema hemostático o carrapato
possui moléculas salivares bioativas com atividades vasodilatatória, anti-plaquetária
e anti-coagulante (Valenzuela, 2004). Além disso, após danificar e injetar
componentes salivares na pele do hospedeiro, uma resposta inflamatória iniciará,
podendo prejudicar a alimentação e levar a rejeição do carrapato (Ribeiro, 1989). A
resposta inflamatória envolve neutrófilos, macrófagos, mastócitos, basófilos,
eosinófilos e linfócitos assim como, quimiocinas, enzimas do plasma, mediadores
53
inflamatórios lipídicos e citocinas (revisado por Valenzuela, 2004). Vários estudos
têm identificado inibidores chaves da atividade inflamatória na saliva de várias
espécies de carrapato, (Ribeiro et al, 1985; Ribeiro, 1987b; Ribeiro et al, 1990;
Paesen et al, 1999; Valenzuela et al, 2000; Hajnicka et al, 2001; Sangamnatdej et al,
2002). Sendo assim, anticorpos que neutralizem a atividade destas moléculas
podem constituir-se em parte da resistência dos hospedeiros.
Anticorpos IgG contra antígenos salivares induzidos pela infestação de
carrapatos são detectados em diferentes hospedeiros (Brossard, 1976; Brossard et
al, 1991; Wikel, 1996). Por transferência passiva de soro imune a animais de
laboratório não previamente infestados, mostrou-se que fatores humorais estão
envolvidos na aquisição de imunidade contra carrapatos (Brossard & Girardin, 1979).
Imunidade contra o R. microplus foi também transmitida passivamente, embora de
forma menos intensa, a bovinos (Roberts & Kerr, 1976). Anticorpos são parte da
expressão da resistência anti-carrapato. Entretanto, muitos anticorpos
provavelmente não reagem com moléculas envolvidas em processos que
influenciam de forma decisiva na fisiologia do parasito (Wikel, 1996). Desta forma, a
atenção deve ser também focalizada em imunógenos de origem na glândula salivar
que estimulem linfócitos T durante as infestações. A importância da modulação das
respostas imunes durante a aquisição e expressão da resistência, assim como a sua
relação com a quantidade de saliva inoculada, permanecem e necessitam ser
determinados.
54
4 CONCLUSÕES
1. Foram caracterizadas variações individuais entre os bovinos, nos níveis de IgG e
no perfil de reconhecimento de antígenos do R. microplus após as infestações
pesadas e leves;
2. Níveis maiores de IgG e números maiores de moléculas reconhecidas foram
observadas quando o extrato de glândula salivar foi usado como antígeno,
comparado com outros antígenos testados;
3. veis de IgG contra diferentes antígenos do carrapato foram maiores durante
infestações pesadas comparando-se com infestações leves;
4. Infestações pesadas causaram uma diminuição no peso médio de carrapatos que
completam o ciclo parasitário;
5. Nas primeiras infestações leves (infestações 7 e 8) observou-se número e peso
médio de carrapatos semelhantes aos da primeira infestação, portanto a resposta
imune desenvolvida após as infestações pesadas não foi protetora contra as
primeiras infestações leves;
6. As infestações 10, 11 e 12 apresentaram números significantemente menores de
carrapatos que completam o ciclo parasitário concomitantemente com os
menores níveis de IgG contra os extratos de carrapato testados.
55
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