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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
DESEMPENHO E COMPORTAMENTO INGESTIVO DE OVELHAS
NATIVAS DO SEMI-ÁRIDO NORDESTINO, EM CONFINAMENTO
CICÍLIA MARIA SILVA DE SOUZA
Zootecnista
AREIA – PB
FEVEREIRO - 2007
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ii
CICÍLIA MARIA SILVA DE SOUZA
DESEMPENHO E COMPORTAMENTO INGESTIVO DE OVELHAS
NATIVAS DO SEMI-ÁRIDO NORDESTINO, EM CONFINAMENTO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Zootecnia, do Centro
de Ciências Agrárias, da Universidade
Federal da Paraíba, como parte das
exigências para a obtenção do titulo de
Mestre em Zootecnia, Área de
concentração: Produção Animal.
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Ariosvaldo Nunes de Medeiros
Prof. Dr. Dermeval Araújo Furtado
Prof. Dr. Edgard Cavalcanti Pimenta Filho
AREIA-PB
FEVEREIRO – 2007
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iii
iv
Grande é a tarefa que nos espera:
“Para todos os seres humanos constitui quase um dever pensar que
o que já tiver sido realizado é sempre pouco em comparação com
o que resta por fazer.”
(João XXIII)
v
Ofereço
A todos os Zootecnistas e Criadores de Caprinos e Ovinos da região
Semi-árida nordestina brasileira.
Dedico
Aos meus amados pais
José Orlando Gomes de Souza e
Maria das Graças Silva de Souza,
Aos meus queridos irmãos
Hugo Leonardo e Íris Lidiane,
E a minha avó
Cecília Bezerra da Silva.
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ser pleno em minha vida; que me iluminou e me capacitou, dando-me
forças para que eu chegasse até aqui.
Aos meus Pais, pelo amor, educação, apoio e paciência recebidos ao longo de toda
a minha vida; aos meus irmãos pelo companheirismo; aos meus familiares pelo apoio, e em
especial minha querida prima Andressa Bianca por toda confiança, carinho e amizade.
A minha tia e “mãe torta”, Auristela Bezerra da Silva (in memórian), por todo amor
e carinho dedicados a mim até nos últimos momentos de sua vida.
Ao meu namorado e amigo Nerivaldo Farias pelo carinho, apoio e principalmente
paciência, tornando mais leve a ausência de minha família e por estar presente nos bons e
maus momentos.
Ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba (CCA/UFPB),
em especial, o Curso de Pós-Graduação em Zootecnia pela oportunidade de realização do
curso.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pela
concessão da bolsa de estudos e financiamento do Projeto, através do projeto
PADCT/CNPq.
Ao meu orientador Prof. Dr. Ariosvaldo Nunes de Medeiros, pela amizade e
confiança em mim depositada.
Ao Corpo Docente do Programa de Pós Graduação em Zootecnia, PPGZ/CCA
pelos conhecimentos repassados, pela compreensão e incentivo na superação das minhas
limitações.
Ao professores Dermeval Furtado e Edgard Pimenta pelo apoio na qualificação e
correções do trabalho.
Ao professor Walter Esfrain Pereira pela colaboração nas análises estatísticas.
vii
Aos funcionários do PPGZ/CCA, Maria das Graças S. C. Medeiros, Jacilene, D.
Carmem e S. Damião, e do Laboratório de Nutrição Animal, Zé Alves, Charles, Antônio
(Duelo) e Antônio Costa, pela atenção e dedicação que me foram prestadas.
A Estação Experimental de Pequenos Ruminantes do CCA/UFPB, pela concessão
das instalações para a realização do experimento, assim como, seus funcionários.
Ao produtor Manelito Vilar, pela concessão dos animais utilizados no experimento.
A grande família de São João do Cariri: Lígia, Regina, Araken, Severino, Tobyas,
Danúsio, Marcos Jácome, Jackson, Carlo, Jacira, Alexandre Braga e Alexandre Côrtez,
pelo auxílio, vivência e pelos momentos divertidos durante o trabalho de campo (ê
saudade!!!).
Aos amigos de Pós Graduação e também de longas datas Darklê, Marcelo, Valdi,
André, Cláudio, Josimar, Genildo e Fabiana; valeu a amizade, a convivência e os grandes
momentos divertidos que passamos juntos.
Aos companheiros de Pós Graduação; Julicelly, Emilson, Bárbara, Tiago, Ana
Cristina, Wllissis, Aurinês, Michelle, Delka, Aluska, Janaína, Helton, Emanuel, Emerson,
Juliana Nogueira, Carlos Alan, Verônica, Renata, Henrique, Ana Sancha, Rosilene, Jailma,
Fernanda, Mônica, Eliziete, Alessandra e muitos outros, pelo convívio e amizade ao longo
desta caminhada.
Aos colegas de graduação da UFPB; Juliana Maria, Sidney e Tiago pela amizade,
apoio e ajuda.
Aos amigos Luíza Fernandes, Ângelo Buttemiler, Adriana Peixoto e Ana Carina,
pelo apoio.
E finalmente, a todos aqueles que de uma forma ou de outra colaboraram para a
concretização de mais uma etapa em minha vida.
A vocês, Muito Obrigada!!!
viii
BIOGRAFIA DA AUTORA
Cicília Maria Silva de Souza, filha de José Orlando Gomes de Souza e Maria das
Graças Silva de Souza, nascida em 08 de Agosto de 1979, na cidade de Natal, Rio Grande
do Norte, onde concluiu o ensino médio em 1996. Em 1999 ingressou no curso de
Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Quando acadêmica
desenvolveu pesquisas utilizando a forrageira Atriplex nummularia Lindl. na alimentação
de caprinos e ovinos, dentre outras pesquisas, onde coletou dados para seu trabalho de
conclusão. Em 13 de Maio de 2004, formou-se em Zootecnia pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. Em Março de 2005 ingressou no Curso de Mestrado em Produção
Animal, pelo Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, no qual foi
bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES,
desenvolvendo sua pesquisa na área de Nutrição de Ruminantes, submetendo-se à defesa
da Dissertação em 14 de Fevereiro de 2007.
ix
SUMÁRIO
Páginas
Lista de Tabelas..........................................................................................................
xi
Lista de Figuras..........................................................................................................
xiii
Resumo Geral..............................................................................................................
xv
Abstract.......................................................................................................................
xvi
Capítulo I - Referencial Teórico................................................................................ 1
1. A ovinocultura no semi-árido nordestino................................................................ 3
2. Raças de ovinos nativos do semi-árido nordestino................................................. 4
3. Comportamento ingestivo....................................................................................... 5
3.1.Mastigação merícica............................................................................................. 7
4. Fatores que influenciam o consumo........................................................................ 10
5. Digestibilidade........................................................................................................ 12
5. Uso da palma forrageira em dietas para ruminantes.............................................. 13
Referências bibliográficas........................................................................................... 15
Capítulo II – Comportamento Ingestivo de Ovelhas Nativas em Confinamento no
Semi-árido Nordestino...... .........................................................................................
19
Resumo........................................................................................................................ 20
Abstract....................................................................................................................... 21
Introdução................................................................................................................... 22
Material e Métodos..................................................................................................... 24
Resultados e Discussão............................................................................................... 29
Conclusões.................................................................................................................. 39
Referências bibliográficas........................................................................................... 40
Capítulo III – Ovelhas Nativas Submetidas a Duas Estratégias de Alimentação no
Semi-árido Nordestino: Consumo e Digestibilidade Aparente...................................
43
Resumo........................................................................................................................ 44
Abstract....................................................................................................................... 45
Introdução................................................................................................................... 46
x
Material e Métodos..................................................................................................... 48
Resultados e Discussão............................................................................................... 53
Conclusões.................................................................................................................. 61
Referências bibliográficas........................................................................................... 62
xi
LISTA DE TABELAS
Capítulo II
Página
Tabela 1 - Composição química dos ingredientes da dieta experimental com base
na matéria seca.........................................................................................
26
Tabela 2 - Composição percentual e química da dieta experimental com base na
matéria seca.................................................................................................
27
Tabela 3 - Médias e coeficientes de variação (CV) dos tempos despendidos em
alimentação, ruminação e ócio em função dos genótipos de ovelhas
nativas e das estratégias de alimentação no semi-árido
paraibano...................................................................................................
30
Tabela 4 - Médias e coeficientes de variação (CV) dos consumos de matéria seca
(CMS), proteína bruta (CPB), fibra em detergente neutro (CFDN), da
eficiência de alimentação de matéria seca (EAL), eficiência de
ruminação de matéria seca (ERUms) e de fibra em detergente neutro
(ERUfdn), tempo de mastigação total (TMT), número de mastigação
merícica/dia (MMnd) e número de bolos ruminais (BOL), em função dos
genótipos de ovelhas nativas e das estratégias de alimentação no semi-
árido paraibano............................................................................................
33
Tabela 5 - Composição da dieta dos nutrientes matéria seca (MS), proteína bruta
(PB) e fibra em detergente neutro (FDN) efetivamente
consumida....................................................................................................
35
Tabela 6 - Médias e coeficientes de variação (CV) das variáveis fisiológicas, urina,
fezes e procura por água expressa em número de vezes por dia em
função dos genótipos de ovelhas nativas e das estratégias de alimentação
no semi-árido paraibano..............................................................................
36
xii
LISTA DE TABELAS
Capítulo III
Página
Tabela 1 - Composição química dos ingredientes da dieta experimental com base
na matéria seca.........................................................................................
49
Tabela 2 - Participação dos ingredientes e composição química da dieta
experimental com base na matéria seca......................................................
50
Tabela 3 - Médias e coeficientes de variação (CV) dos consumos de matéria seca
(CMS), matéria mineral (CMM), matéria orgânica (CMO), proteína
bruta (CPB), fibra em detergente neutro (CFDN), fibra em detergente
ácido (CFDA), extrato etéreo (CEE), carboidratos totais (CCHOT) e
carboidratos não estruturais (CCNE) em função dos genótipos de
ovelhas nativas e das estratégias de alimentação no semi-árido
paraibano .................................................................................................
54
Tabela 4 - Composição da dieta dos nutrientes matéria seca (MS), matéria mineral
(MM), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE),
carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não estruturais (CNE)
efetivamente consumida............................................................................
56
Tabela 5 - Médias e coeficientes de variação (CV) para digestibilidade aparente da
matéria seca (DAMS), matéria orgânica (DAMO), proteína bruta
(DAPB), fibra em detergente neutro (DAFDN), fibra em detergente
ácido (DAFDA), extrato etéreo (DAEE), carboidratos totais
(DACHOT) e nutrientes digestíveis totais (NDT) em função dos
genótipos de ovelhas nativas e das estratégias de alimentação no semi-
árido paraibano..........................................................................................
58
Tabela 6 - Médias e coeficientes de variação (CV) do peso médio inicial (PMI) e
final (PMF), ganho de peso total (GPT), ganho de peso diário (GPD) e
ganho de peso metabólico (GPM) em função dos genótipos de ovelhas
nativas e das estratégias de alimentação no semi-árido
paraibano...................................................................................................
60
xiii
LISTA DE FIGURAS
Capítulo I
Página
Figura 1 - Genótipos ovinos nativos...................................................................... 5
xiv
LISTA DE FIGURAS
Capítulo II
Página
Figura 1 - Distribuição dos animais.......................................................................
25
xv
DESEMPENHO E COMPORTAMENTO INGESTIVO DE OVELHAS NATIVAS
DO SEMI-ÁRIDO NORDESTINO, EM CONFINAMENTO
RESUMO - Com a realização deste trabalho, objetivou-se avaliar o desempenho e o
comportamento ingestivo de ovelhas nativas do semi-árido nordestino. Foram
quantificados o consumo dos nutrientes e a digestibilidade foi determinada utilizando a
fibra em detergente ácido indigestível como indicador. Foram utilizadas 40 fêmeas nativas,
dos genótipos Barriga Preta, Cara Curta, Cariri e Morada Nova, com peso inicial médio de
35 kg, distribuídas num delineamento inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 4x2
(quatro raças e duas formas de fornecimento da ração). As estratégias foram: ingredientes
separados: palma forrageira separada da mistura feno+concentrado e mistura completa:
palma+concentrado+feno. Para o comportamento ingestivo as observações foram
realizadas em quatro períodos de 24 horas, com intervalos de 15 dias. O ganho de peso
total foi influenciado pelos diferentes genótipos, mas não pela estratégia alimentar. Os
tempos de alimentação, ruminação e em ócio, consumo de matéria seca e proteína bruta,
eficiência de alimentação e ruminação, tempo de mastigação total, número de mastigação
merícica dia e bolos ruminais, foram influenciados (P>0,05) pela estratégia alimentar. Os
grupos genéticos de ovelhas nativas tem diferente potencial para o ganho de peso e
possuem comportamento alimentar semelhante.
Palavras-chaves: ingredientes separados, mistura completa, raças nativas, ruminação,
Opuntia fícus
xvi
ABSTRACT
PERFORMANCE AND INGESTIVE BEHAVIOR OF NATIVE EWES FROM
SEMI-ARID REGION OF BRAZIL CONFINED
ABSTRACT - This research was carried out to evaluate ingestive behavior
parameters of native ewes from northeastern semi-arid – Brazil. The quantified the weight
gain and dry matter intake and digestibility was determined using the indigestible acid
detergent fiber as indicador. Forty native ewes of Barriga Preta, Cara Curta, Cariri and
Morada Nova breeds were used, with 35 kg average initial weight, allocated a randomized
design in factorial arrangement 4x2, (four breed and two supply form of the ration). The
ration was composed for spineless cacti, tifton hay and concentrated. The supply forms had
been: separate spineless cacti from hay+concentrated mixture and complete ration:
spineless cacti + hay+concentrated together. The total gain weight was influenced by the
different genotypes, but not of the feeding strategies. The recording of the behavior
variables was accomplished in a visually way, in five minutes intervals during 24 hours.
The feeding time, rumination and leisure time, intakes of dry matter (IDM) and crude
protein (ICP), feeding efficiency (FEF) and rumination efficiency (RUE), total chewing
time (TCT), number of rumination chews (NRCnd) and number of ruminal boli (BOL),
they were influenced (P<0,05) for the feeding strategies. The genetic groups of awes native
have different potential for the weight earnings and they possess similar alimentary
behavior.
Keywords: separated ingredients, total mixed ration, native breed, rumination, Opuntia
ficus
1
Capítulo I
Referencial Teórico
Desempenho e Comportamento Ingestivo de Ovelhas Nativas do Semi-
Árido Nordestino em Confinamento
2
Referencial Teórico
A região semi-árida nordestina é caracterizada por grande diversidade agro-
ecológica e socioeconômica representada por 110 diferentes unidades geo-ambientais,
com um nível de pluviosidade anual entre 250 e 700 mm, com um padrão irregular de
distribuição, tanto entre anos quanto entre meses dentro do mesmo ano (Guimarães
Filho et al., 2000).
A maioria da área utilizada para produção animal na região semi-árida do
Nordeste é constituída da vegetação típica da caatinga, com grande variedade de árvores
e arbustos e, em menor quantidade, por um estrato herbáceo constituído, principalmente
de espécies anuais. A composição botânica e as baixas precipitações pluviométricas
contribuem para baixas capacidades produtivas e extremas variações, tanto em
quantidade como em qualidade, das pastagens nativas em regiões semi-áridas (Oliveira,
1996).
Em função das condições edafo-climáticas, a pecuária tem se constituído, ao
longo do tempo, na atividade básica das populações rurais distribuídas nos 95 milhões
de hectares da região semi-árida, onde os ovinos, são enfatizados como fonte de
alimentos protéicos em regiões subdesenvolvidas e em desenvolvimento, tem sido
enfatizada ao longo das ultimas décadas (Leite & Vasconcelos, 2000).
O sistema de exploração predominante na pecuária do Nordeste brasileiro é o
extensivo ou semi-intensivo, com alta dependência da vegetação nativa e utilização de
raças nativas ou naturalizadas, apresentando crescimento positivo, pelo qual é baseado
na exploração de ovinos nativos.
3
1. A Ovinocultura no semi-árido nordestino
O rebanho ovino do Nordeste do Brasil é de 7,94 milhões de cabeças, o que
corresponde a 54,1% do efetivo do Brasil (Anuário da Pecuária Brasileira, 2003), e
desenvolve-se de maneira bastante acentuada, predominando os ovinos deslanados,
como Santa Inês e Morada Nova (Colodo et al., 2004).
A espécie ovina caracteriza-se pela extrema capacidade de adaptações ás mais
diversas condições ambientais, verificando-se a sua ocorrência em quase todas as
regiões do mundo. Isso decorre da facilidade do ovino em se adaptar a diferentes dietas,
associada à sua acentuada capacidade de aclimatação (Cunha et al., 1997).
Embora numericamente expressivos, os rebanhos de ovinos do semi-árido
apresentam níveis reduzidos de desempenho, condicionados pelo baixo nível
tecnológico que caracteriza seus sistemas de produção, onde predomina o sistema
extensivo, e que os animais são criados em pasto nativo e sem suplementação alimentar,
dificultando dessa forma as práticas de manejo, que são essenciais para melhor obtenção
de índices zootécnicos.
Por essas características, esse tipo de sistema não suporta animais altamente
especializados, que na época da escassez alimentar tem seus índices produtivos
reduzidos, e as raças nativas, que pela seleção natural a que foram submetidas, suportam
o rigor do clima e são adequados aos sistemas de produção predominantes da região.
Apesar da habilidade desse tipo de animal, para adaptar-se a essa região,
estudos mostram que o número de animais dos grupos nativos está diminuindo, devido
aos cruzamentos desordenados com raças de clima, vegetação e política agrícola
diferente da nossa, resultando num “pioramento” genético. (Ribeiro et al., 2004).
4
Segundo Oliveira et al. (2006) a caracterização racial é conhecida como sendo o
perfil fenotípico através de caracteres étnicos de um determinado local, assim como a
herança genética conhecida e que são marcantes no genótipo ou na raça, pelo qual
podem auxiliar na análise de uma situação de um determinado grupo genético ou raça,
definindo estratégias de conservação.
2. Raças de ovinos nativos do semi-árido nordestino
O genótipo Cariri, com aptidão dupla para carne e pele, é originária de
cruzamentos entre as raças Santa Inês, Morada Nova e Barriga Preta (Black-Belly).
Quanto as suas características, a pelagem é preta, com o ventre, membros e pescoço cor
baia, apresentando na cabeça uma linha lacrimal, desde as bordas oculares até as
narinas, também na cor baia. São animais rústicos e adaptados à zona semi-árida da
região Nordeste.
A Barriga Preta é um genótipo de exploração para carne e pele, portanto, acredita-
se que sua origem foi formada a partir das raças Santa Inês e Sulfock. Sua pelagem é
marrom claro com a barriga e membros pretos, com boa prolificidade e habilidade
materna.
A Cara Curta, com aptidão para carne e pele, é um animal deslanado e com
pelagens que variam do marrom escuro até o marrom claro e avermelhado. Seu porte é
considerado pequeno, mas com um corpo relativamente largo (compactado).
Já a Morada Nova, também com dupla aptidão para carne e pele, é um animal
deslanado com vários tipos de pelagens (vermelha, branca ou chitada) e o rabo com
ponta branca. Os machos adultos podem chegar em torno de 40 kg a 60 kg e as fêmeas
5
adultas de 30 kg a 50 kg, São animais férteis e prolíferos, apresentando excelente
habilidade materna.
Na figura 1 apresentam-se fotos dos exemplares dos grupos genéticos que foram
avaliados neste estudo.
Figura 1: Genótipos ovinos nativos
3. Comportamento ingestivo
As pessoas que lidam com animais cotidianamente têm a oportunidade de
aprender muito sobre o comportamento animal. Este conhecimento empírico permite
reconhecer as necessidades dos animais e antecipar suas reações frente à determinadas
situações, definindo-se uma forma biologicamente orientada de relacionamento com os
animais (Costa, 2005).
O acompanhamento das atividades individuais dos animais e dos ambiente físico e
social possibilita uma melhor compreensão dos fatores que norteiam as ações dos
6
animais e, assim, a implantação de sistemas de produção mais eficientes (Tavares et al.,
2005).
O estudo do comportamento ingestivo é uma ferramenta de grande importância na
avaliação das dietas, possibilitando ajustar o manejo alimentar dos animais para
obtenção de melhor desempenho produtivo, sendo constituído pelos tempos de
alimentação, ruminação, ócio, eficiência de alimentação e ruminação (Mendonça et al.,
2004). Uma das formas de se avaliar a dieta é o uso de estratégias alimentares (forma de
fornecimento), as quais possibilitam ao animal selecionar ingredientes da ração
aumentando, dessa forma, o nível de ingestão dos alimentos. Com isso, conhecer os
hábitos dos animais pode ser de grande utilidade nos sistemas de criação, pois quaisquer
alterações nos padrões comportamentais podem indicar problemas de manejo,
alimentação ou de saúde (Pires et al., 2001).
O comportamento ingestivo dos ruminantes pode ser caracterizado por
distribuição desuniforme de uma sucessão de períodos definidos e discretos de
atividades, comumente classificadas como ingestão, ruminação e repouso. Geralmente,
a ingestão ocorre de uma forma mais concentrada durante o dia, e a duração das
refeições é muito mais variável que a duração dos períodos de ruminação ou descanso
(Fisher et al., 2000).
Os objetivos de se estudar o comportamento ingestivo do animal são avaliar os
efeitos do arraçoamento ou a quantidade e qualidade nutritiva das forragens; estabelecer
a relação entre comportamento ingestivo e consumo voluntário; e averiguar o uso
potencial do conhecimento sobre o comportamento ingestivo para a melhoria do
desempenho animal (Lima et al., 2003).
Conforme Yrjänen et al. (2003) uma das vantagens do sistema alimentar baseado
em mistura completa é a possibilidade de se obter uma adequada sincronização entre o
7
suprimento de energia e nitrogênio para os microrganismos ruminais e, assim,
minimizar as flutuações no padrão de fermentação ruminal.
Pessoa et al. (2005) conduziram um experimento para investigar o efeito de
diferentes estratégias alimentares sobre o desempenho de vacas da raça Holandesa em
lactação, utilizando palma forrageira na dieta, concluiram que apesar da seleção de
alimentos, o consumo dos nutrientes e a produção de leite não foram alterados pelas
diferentes estratégias de fornecimento das dietas. Da mesma forma, os autores
verificaram que, na estratégia em que a silagem foi fornecida separadamente, os animais
permaneceram menos tempo mastigando e ruminando.
Damasceno et al. (1999) trabalhando com vacas holandesas coninadas recebendo
três refeições diárias, às 6, 12 e 17 horas, verificaram que os animais aparentemente não
apresentaram estímulos de interesse pela refeição fornecida às 12:00 horas,
coincidentemente no período em que a radiação solar é mais intensa.
Esse tipo de estudo ainda é principiante no Nordeste, principalmente quando se
trata de animais nativos, merecendo atenção por fornecer subsídios sobre as interações
entre as praticas de arraçoamento, manejo e as condições edafo-climáticas.
3.1. Mastigação merícica
O processo de ruminação nos ruminantes ocorre em duas etapas, à primeira
consiste em ingerir rapidamente o alimento com pouca mastigação, posteriormente, esse
alimento retorna de seus reservatórios gástricos para a boca para que possa ser feita a
segunda etapa da mastigação, mais lenta e elaborada, conhecida como mastigação
merícica. A ruminação ocorre durante os períodos em que o animal não está ingerindo
8
alimentos ativamente, geralmente durante os momentos de repouso, porém não nos
períodos de sono profundo.
Alimentos concentrados e fenos finamente triturados ou peletizados reduzem o
tempo de ruminação, enquanto volumosos com alto teor de parede celular tendem a
aumentar esse tempo.
Para Van Soest (1994) o tempo de ruminação é influenciado pela natureza da dieta
e tende a ser proporcional ao teor de parede celular dos alimentos volumosos.
Cunningham (2004) cita que esse mesmo tempo é influenciado pelo nível de ingestão de
alimento. Carvalho et al. (2004) afirmam que a forma física da dieta influencia
diretamente no tempo despendido nos processos de mastigação e ruminação.
A redução do desempenho animal em função da menor quantidade de fibra na
dieta é descrita através de uma serie de eventos que se iniciam pela redução da atividade
mastigatória, com conseqüente menor secreção de saliva, o que promove redução de pH
ruminal alterando o padrão de fermentação (Carvalho et al., 2004).
A atividade da mastigação merícica tem sido utilizada para avaliar a efetividade
da fibra, por afetar diretamente a secreção da saliva, a trituração das partículas a
fermentação ruminal (pH e produção de ácidos graxos) e o consumo de matéria seca
(Morais, 2003).
O tempo gasto em ruminação é mais prolongado a noite, mas os períodos de
ruminação são ritmados também pelo fornecimento de alimento. No entanto, existe
diferença entre indivíduos quanto à duração e a repartição das atividades de ingestão e
ruminação, que parecem estar relacionados ao apetite dos animais, as diferenças
anatômicas e ao suprimento das exigências energéticas, influenciadas pela relação
volumoso:concentrado (Fisher et al., 1998).
9
Damasceno et al. (1999) verificaram que há uma preferência dos animais em
ruminar descansando, principalmente nos períodos fora das horas mais quentes do dia.
Sendo assim, as maiores freqüências de ruminação ocorrem entre 22 e 5 h e as maiores
freqüências de ócio ocorrem normalmente, entre 11 e 14 h, estabilizando- se das 22 às 7
h.
Silva et al. (2005) estudando o comportamento de novilhas mestiças de
holandês/zebu confinadas, concluíram que os tempos de mastigação total em min/dia
decresceram 819,4; 758,1; 666,3; e 602,5 à medida que os níveis de bagaço de
mandioca aumentaram 5%, 10%, 15% e 20%, respectivamente. Isso ocorreu
provavelmente pelo aumento dos níveis de carboidratos não fibrosos e a conseqüente
diminuição da fibra em detergente neutro da dieta, podendo ocasionar menores períodos
de alimentação e ruminação e, por conseqüência, elevar o tempo total diário do animal
em ócio.
Segundo Dulphy et al. (1980) a eficiência de ruminação aumenta quando o nível
de concentrado da dieta é aumentado. Tal fato foi verificado no trabalho de Bürger et al.
(2000) em que a eficiência de ruminação na matéria seca (ERUms) aumentou
linearmente, com a inclusão de concentrado nas dietas, enquanto a eficiencia de
ruminação para fibra em detergente neutro (ERUfdn) decresceu linearmente. Segundo
os autores, isso ocorreu, provavelmente, em virtude do declínio na atividade celulolítica
dos microrganismos ruminais, além de uma parte do concentrado ser regurgitada no
bolo durante a ruminação.
10
4. Fatores que influenciam o consumo
O consumo voluntário pode ser regulado por três mecanismos: o psicogênico, que
envolve comportamento do animal face aos fatores inibidores ou estimuladores
relacionados ao alimento ou ao ambiente; o fisiológico, em que a regulação é dada pelo
balanço nutricional; e o físico relacionado com a capacidade do animal de distensão do
rúmen (Mertens, 1994).
O consumo é o fator mais importante que determina a performance animal, pois é
o primeiro ponto determinante do ingresso de nutrientes, principalmente energia e
proteína, necessárias ao atendimento e exigências de mantença e produção animal
(Araújo et al., 2000), e que pode ser influenciado por fatores ligados aos alimentos,
como palatabilidade, textura, aparência visual e fatores ligados aos animais, como
estado emocional, interações e aprendizado (Mertens, 1994). Onde este controle do
consumo de alimentos está diretamente relacionado ao comportamento ingestivo,
compreendendo o número de refeições diárias, a sua duração e a taxa de ingestão.
De acordo com Van Soest (1994) os ruminantes, como outras espécies animais
ajustam o comportamento alimentar de acordo com suas necessidades nutricionais,
sobretudo de energia. Além disso, a fibra é um componente importantíssimo na dieta de
ruminantes, pois está associada ao estimulo da mastigação, motilidade ruminal,
manutenção da estabilidade ruminal, saúde do animal, consumo de matéria seca,
fornecimento de energia, entre outros (Morais, 2003).
Quando a densidade energética da ração é alta, com baixa concentração de fibra
em relação às exigências do animal, o consumo será limitado pela demanda energética.
Para as rações de densidade energética baixa, como alto teor de fibra, o consumo será
limitado pelo efeito do enchimento. Se houver disponibilidade limitada de alimentos, o
11
enchimento e a demanda de energia não seriam importantes para predizer o consumo,
comprometendo dessa forma o desempenho do animal (Oliveira et al., 2001).
Rações contendo alto teor de fibra em detergente neutro (FDN) promovem
redução do consumo de matéria seca (MS) total, devido à limitação provocada pela
repleção do rúmen-retículo; entretanto, por outro lado, rações contendo teores elevados
de concentrado e menores níveis de fibra também podem resultar em menor consumo de
MS, uma vez que as exigências energéticas dos ruminantes poderão ser atingidas com
menores níveis de consumo (Gonçalves et al., 2001).
De acordo com Hubner et al. (2005), dietas com alto teor de FDN diminuem a
eficiência de ruminação e mastigação em função da dificuldade de reduzir o tamanho de
partícula, reduzindo a ingestão e o desempenho animal.
Albright (1993) em experimento com vacas, relatou para três níveis de FDN nas
dietas de 26, 30 e 34%, resposta quadrática com valores máximos estimados,
respectivamente, dos tempos despendidos em ruminação e total de mastigação de 344 e
558; 403 e 651; 414 e 674 mim/dia.
Os ruminantes consomem por pequenos espaços de tempo, cada um destes
caracterizando uma refeição, sendo que o número de refeições diárias varia de espécie
para espécie e apresenta distribuição irregular ao longo das 24 h, havendo preferência
das espécies domésticas pela alimentação diurna (Silva et al., 2005).
Ruminantes mantidos em confinamento e com alimentação à vontade durante todo
o dia, apresentam um número entre 3 e 10 refeições durante o período diurno, com dois
picos de atividade: no inicio e no final deste período, entretanto, as atividades são
ritmadas pela distribuição da ração, que estimula o animal a comer (Fisher et al., 1998).
Em condições de frio, o consumo total dos alimentos e a taxa de consumo são
frequentemente aumentados, o que pode provocar redução do tempo total de ingestão.
12
Costa et al. (2003) estudando vacas Jersey em lactação durante a época quente e fria,
obteve resultados de tempos diários de ingestão e ruminação maiores durante a época
quente, o que foi relacionado com a maior temperatura ambiente, mas ainda na faixa de
conforto térmico dos animais, com o menor peso vivo dos animais e com o maior valor
numérico da produção de leite.
De acordo com Allen (1997) animais consomem menor quantidade de volumosos
quando fornecidos separadamente e, conseqüentemente, menos fibra efetiva, resultando
numa redução nos tempos de ruminação e mastigação, além da produção de saliva, o
que pode afetar as condições ruminais.
5. Digestibilidade
A digestibilidade do alimento é definida como o processo de conversão de
macromoléculas da dieta em compostos mais simples, que podem ser absorvidos a partir
do trato gastrintestinal, onde vários fatores podem influenciar a digestão dos alimentos,
como a composição dos alimentos e das dietas, efeito associativo entre alimentos,
preparo e forma de arraçoamento, taxa de degradabilidade, relação proteína:energia e
fatores inerentes ao animal (Van Soest, 1994). Essa conversão é expressa pelo
coeficiente de digestibilidade do nutriente em apreço e é uma característica do alimento
e não do animal.
Geralmente na avaliação de alimentos para ruminantes utiliza-se o coeficiente de
digestibilidade aparente, o qual é definido como a parte de um determinado nutriente do
alimento que não é excretada nas fezes, representado pela capacidade do animal em
utilizar seus nutrientes, em maior ou menor escala (Silva e Leão, 1979).
13
6. Uso de palma forrageira em dietas para ruminantes
Na vegetação típica da caatinga, a composição botânica e as baixas precipitações
pluviométricas contribuem para a baixa capacidade produtiva, tanto em quantidade
como em qualidade das pastagens nativas (Oliveira, 1996), inviabilizando os sistemas
tradicionais de produção, restando aos produtores à utilização de alimentos alternativos,
adaptados à região, como forma de suplementação nutricional desses animais,
objetivando melhorar os índices de produção.
Nesse contexto, a palma forrageira se apresenta como recurso alimentar de
extrema importância, pois adaptada às condições da região semi-árida, tem sido
utilizada com freqüência na alimentação de ruminantes, principalmente nos períodos de
estiagem prolongada.
Na prática, a forma mais comum de fornecimento de palma forrageira para
ruminantes é picada no cocho sem a mistura de qualquer outro alimento, enquanto o
concentrado, quando utilizado, deve ser oferecido no momento das ordenhas no caso de
animais leiteiros. Com o fornecimento dos alimentos em separado, nem sempre é
possível a obtenção de estimativa da ingestão real dos mesmos, principalmente quando
mais de um volumoso é consumido. Isso decorre da preferência por determinados
alimentos, tornando difícil o calculo do consumo médio individual e a caracterização da
dieta ingerida pelo animal (Ferreira, 2006). É importante ressaltar que, alimentos ricos
em carboidratos não fibrosos (CNF), como é o caso da palma forrageira, a produção de
gases no rúmen é constante, causando uma elevada taxa de fermentação.
Devido às suas características morfofisiológicas, a palma forrageira é uma cultura
bastante adaptada às condições adversas do semi-árido do Nordeste do Brasil,
principalmente no que concerne à distribuição irregular das chuvas. A palma deixou de
14
ser uma forrageira de uso alternativo para ter uso rotineiro durante o período da
estiagem nesta região, melhorando consideravelmente o aproveitamento da parte seca
da ração e proporcionando grande economia de água (Lima et al., 2003).
De acordo com Andrade et al. (2002) a palma forrageira, embora considerada um
volumoso, apresenta baixos níveis de carboidratos fibrosos (FDN e FDA) e altos teores
de carboidratos não-fibrosos caracterizando-se como um alimento energético, onde esse
aspecto que deve ser levado em consideração quando da utilização da palma na
alimentação de ruminantes, pois o seu uso de maneira indiscriminada tem provocado
vários problemas, como diarréias, queda no teor de gordura do leite, baixo consumo de
matéria seca e perda de peso.
A presença de uma reserva de cactáceas durante períodos de secas, pode ser
considerada como um “banco de água” e pode representar a diferença entre a vida e os
elevados índices de mortalidade registrados durante a ocorrência das secas (Oliveira,
1996).
15
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19
Capítulo II
Comportamento Ingestivo de Ovelhas Nativas em Confinamento no Semi-
Árido Nordestino
20
CAPÍTULO II
Comportamento Ingestivo de Ovelhas Nativas em Confinamento no Semi-
Árido Nordestino
RESUMO – Objetivou-se com este trabalho avaliar o comportamento ingestivo de
quatro genótipos de ovinos nativos no semi-árido paraibano. O experimento foi realizado
entre os meses de março e maio de 2005, sendo utilizadas 40 fêmeas nativas dos grupos
genéticos Barriga Preta, Cara Curta, Cariri e Morada Nova, com peso inicial médio de
36,76 kg, distribuídas num delineamento inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 4x2,
(quatro raças e duas estratégias de alimentação). As estratégias foram: ingredientes
separados (IS) - palma forrageira separada da mistura feno+concentrado (P/F+C); e
mistura completa (MC) - palma+concentrado+feno (P+F+C). O registro das variáveis
comportamentais foi realizado de forma visual, a intervalos de cinco minutos, em 24 horas.
Os tempos de alimentação, ruminação e em ócio, consumo de matéria seca e proteína
bruta, eficiência de alimentação e ruminação, tempo de mastigação total, número de
mastigação merícica por dia e bolos ruminais, foram influenciados (P<0,05) em função das
estratégias alimentares. Houve efeito (P<0,05) das atividades de defecação e procura por
água em função dos grupos genéticos de ovelhas e da estratégia de alimentação. Os grupos
genéticos de ovelhas nativas não influenciam nos parâmetros comportamentais.
Palavras-Chave - alimentação, manejo alimentar, opuntia, ovinos
21
Ingestive Behavior of Native Ewes From State Semiarid Region of Brazil in
Confinement
ABSTRACT It was aimed at with this work to evaluate the ingestive behavior of
four genotypes of native ewes from Paraiba state semiarid region of Brazil in confinement.
The experiment was carried between the months of March and May of 2005, Forty native
ewes of Barriga Preta, Cara Curta, Cariri and Morada Nova breeds were used, with 36,76
verage initial weight, allocated in a randomized design in factorial arrangement 4x2 (four
breed and two strategies of feeding). The strategies were: separated ingredients (SI) -
separate spineless cacti from hay+concentrated mixture (SC/H+C); and total mixed ration
(TMR) - spineless cacti+hay+concentrated (SC+H+C). The recording of the behavior
variables was accomplished in a visually way, in five minutes intervals during 24 hours.
The feeding time, rumination and leisure time, intakes of dry matter and crude protein,
feeding efficiency and rumination efficiency, total chewing time, number of rumination
chews and number of ruminal boli, they were influenced (P<0,05) in function of the
feeding strategies. There was effect (P<0,05) of the defecation activities and it seeks for
water in function of the genetic groups of ewes of the feeding strategies. The ewes native
didn't influence in the behavior parameters.
.
Keywords - feeding, feeding management, opuntia ficus indica, sheep
22
Introdução
Em função das condições edafo-climáticas, a pecuária tem se constituído, ao longo
do tempo, na atividade básica das populações rurais, estando presente nos 95 milhões de
hectares da região semi-árida brasileira (Araújo, 2002). A Região Nordeste possui uma
população ovina de 7,94 milhões de cabeças, correspondendo a 54,1% do efetivo do Brasil
(Barros et al., 2004), tendo-se desenvolvido de maneira bastante acentuada (Colodo et al.,
2004).
Dentre os recursos genéticos disponíveis na região semi-árida nordestina, enfatiza-se
o potencial de utilização de grupos genéticos nativos que, a partir da seleção natural, se
direcionaram para um elevado valor adaptativo em relação ao ambiente (Cunha et al.,
1997), com expectativa de maior eficiência na produção animal. Apresentam
características comuns como pequeno e médio porte, pêlo curto, orelhas proporcionais ao
tamanho da cabeça, diferenciando-se quase tão somente pela cor da pelagem, onde a
maioria é constituída pelas raças Cariri e Morada Nova, existindo uma lacuna no
conhecimento das raças ovinas nativas do semi-árido, incluindo-se nesse aspecto, dados
sobre o comportamento ingestivo e produtivo.
O estudo do comportamento ingestivo, é constituído pelos tempos de alimentação,
ruminação, ócio, eficiência de alimentação e ruminação, sendo uma ferramenta de grande
importância na avaliação de dietas, possibilitando ajustar o manejo alimentar dos animais
para obtenção de melhor desempenho produtivo (Mendonça et al., 2004).
Segundo Lima et al. (2003) os objetivos de se estudar o comportamento ingestivo
dos animais são avaliar os efeitos do arraçoamento ou a quantidade e qualidade nutritiva
das forragens; estabelecer a relação entre comportamento ingestivo e consumo voluntário e
23
averiguar o uso potencial do conhecimento sobre o comportamento ingestivo para a
melhoria do desempenho animal.
De acordo com Allen (1997) animais consomem menores quantidades de volumosos
quando fornecidos separadamente e, conseqüentemente, menos fibra efetiva, resultando
numa redução nos tempos de ruminação e mastigação, além da produção de saliva, o que
pode afetar as condições ruminais.
Segundo Cardoso et al. (2006) os ruminantes adaptam-se às mais diversas condições
de alimentação, manejo e ambiente, modificando seus parâmetros de comportamento
ingestivo para alcançar e manter determinado nível de consumo, compatível com as
exigências nutricionais, pelo qual depende de outras variáveis, como a qualidade dos
ingredientes da ração, em particular as forragens envolvendo teores de fibra, pelo qual está
associada ao estímulo da mastigação, produção de saliva, motilidade do rúmen e
manutenção ruminal (Silanikove, 1992).
De acordo com Dewysen et al. (1993) são observadas diferenças quanto à duração e
a repartição das atividades de ingestão e ruminação entre indivíduos e estas parecem estar
associadas às diferenças anatômicas e ao apetite dos animais. O nível de ingestão de
alimento também influencia o tempo de ruminação, com as grandes ingestões estimulando
um aumento na ruminação (Cunningham, 2004).
Os animais consomem por pequenos espaços de tempo, cada um destes
caracterizando uma refeição, sendo que o número de refeições diárias varia de espécie para
espécie e apresenta distribuição irregular ao longo das 24 h, havendo preferência das
espécies domésticas pela alimentação diurna (Silva et al., 2005a). De acordo com Fisher et
al. (2000) geralmente a duração das refeições é muito mais variável que a duração dos
períodos de ruminação ou descanso.
24
A palma forrageira por suas características morfofisiológicas, é uma cultura bastante
adaptada às condições adversas do semi-árido do Nordeste do Brasil, principalmente no
que concerne à distribuição irregular das chuvas. A palma deixou de ser uma forrageira de
uso alternativo para ter uso rotineiro durante o período da estiagem nesta região,
melhorando consideravelmente o aproveitamento da parte seca da ração e proporcionando
grande economia de água (Lima et al., 2003).
Segundo Andrade et al. (2002) a palma forrageira, embora seja considerada um
volumoso, apresenta baixos níveis de carboidratos fibrosos (FDN - Fibra em Detergente
Neutro e FDA - Fibra em Detergente Ácido) e altos teores de carboidratos não-fibrosos,
caracterizando-se como um alimento energético, devendo ser associado a fontes adequadas
de fibra e obedecer a determinadas proporções na dieta, pois o seu uso de maneira
indiscriminada tem provocado vários problemas, como diarréias, queda no teor de gordura
do leite, baixo consumo de matéria seca e perda de peso.
Diante do exposto, este trabalho foi conduzido com o intuito de avaliar parâmetros
do comportamento ingestivo em ovelhas nativas em confinamento, na região semi-árida
paraibana, sob o efeito de duas estratégias de alimentação à base de palma forrageira.
Material e Métodos
Este experimento foi conduzido na Unidade de Pesquisa em Pequenos Ruminantes,
do Departamento de Zootecnia, do Centro de Ciências Agrárias da UFPB, localizada no
município de São João do Cariri, PB, com duração de 64 dias, sendo 18 dias de adaptação
e 46 de colheita de dados, ocorridos entre 20 de março a 22 de maio de 2005. A
precipitação média nos meses do experimento, foi de 95 mm e as temperaturas médias das
máximas e das mínimas foram de 31,3 e 22,9 °C, respectivamente.
25
Foram utilizadas 40 ovelhas adultas, de quatro grupos genéticos nativos: Cariri,
Barriga Preta, Cara Curta e Morada Nova, com peso médio inicial de 37,23; 40,57; 35,88 e
33,29, respectivamente; everminadas, distribuídas aleatoriamente por genótipo e alojadas
em baias individuais com 3,75 m
2
de área, cobertas com telhas cerâmicas, piso de chão
batido, providas de comedouro e bebedouro, posicionadas uma de frente para outra.
Figura 1- Distribuição dos animais
A ração fornecida aos animais era composta por palma forrageira, feno de tifton e
concentrado à base de farelo de milho, farelo de soja, farelo de algodão e o suplemento
mineral.
O feno de tifton foi moído em uma máquina tipo “DMP” (desintegrador, moedor e
picador), utilizando-se peneira de 10 mm, para em seguida ser misturado aos outros
ingredientes da ração experimental. A palma foi passada na forrageira e, em seguida,
misturada, quando necessário à ração.
26
A composição química dos ingredientes está apresentada na Tabela 1 e as
composições percentuais e químicas da dieta experimental encontram-se na Tabela 2. A
dieta foi formulada com base no NRC (1985) para atender ovelhas em produção com peso
vivo de 50 kg, com um ganho de peso, consumo de matéria seca e proteína bruta de 0,100;
1,6; e 0,150 kg/dia, respectivamente.
Tabela 1 - Composição química dos ingredientes da dieta experimental com base na
matéria seca
Ingredientes MS MO MM PB FDN FDA EE CHOT CNE
Farelo de Milho 84,5 96,37 3,63 11,4 56,47 5,96 11,49 73,54 17,06
Farelo de soja 84,8 93,42 6,58 46,9 39,83 9,24 2,13 44,35 4,53
Farelo de algodão 83,4 95,16 4,84 25,0 63,18 37,23 1,72 64,60 1,43
Suplemento mineral 97,1 -- 86,08 -- -- -- -- -- --
Palma forrageira 10,0 85,78 14,22 3,0 26,0 20,0 0,5 82,53 27,87
Feno de tifton 90,0 93,29 6,71 7,0 70,0 45,0 1,5 83,62 4,13
O arraçoamento dos animais foi realizado a vontade duas vezes ao dia, às 7 horas e
às 15 horas. A relação volumoso:concentrado utilizada foi de 50:50, considerando-se a
palma e o feno como volumosos. A quantidade de ração fornecida diariamente foi ajustada
de acordo com o consumo do dia anterior de modo que houvesse sobras em torno de 20%
do total fornecido a fim de proporcionar ingestão à vontade.
27
Tabela 2 – Participação dos ingredientes e composição química da dieta experimental com
base na matéria seca
Ingredientes (%)
Farelo de soja 16,45
Farelo de milho 16,24
Farelo boiadeiro 15,06
Suplemento mineral 2,25
Feno de Tifton 40,0
Palma Forrageira 10,0
Composição Química (%) (%)
Matéria seca 49,13
Matéria orgânica 91,56
Matéria mineral 8,44
Proteína bruta 16,43
Extrato etéreo 2,47
Carboidratos totais 70,66
Carboidratos não estruturais 8,17
Fibra em detergente neutro 55,80
Fibra em detergente ácido 28,09
As estratégias de alimentação utilizadas foram: ingredientes separados (IS) - palma
forrageira separada da mistura feno+concentrado (P/F+C); e mistura completa (MC) -
palma+concentrado+feno (P+F+C).
A composição da dieta efetivamente consumida pelos animais foi calculada a partir
do consumo voluntário de cada nutriente da dieta, dividido pela MS consumida e
multiplicado por 100.
As observações referentes ao comportamento ingestivo dos animais foram realizadas
entre 18 horas do primeiro dia de colheita até 18 horas do dia seguinte, de forma visual,
pelo método de varredura instantânea, a intervalos de cinco minutos, por quatro períodos
integrais de 24 horas, e registradas em formulários previamente elaborados. As variáveis
comportamentais observadas e registradas foram: ócio em pé (OEP), ócio deitado (OD),
28
em pé comendo (EPC), em pé bebendo (EPB), em pé ruminando (EPR) e deitado
ruminando (DR). Analisaram-se, a partir desses dados, os tempos médios em ócio,
ruminação e em alimentação, observando-se também de forma contínua, o número de
vezes em que o animal defecou, urinou e procurou água. A procura pela água foi registrada
como sendo o número de vezes que o animal procurava o bebedouro e bebia água.
Para a avaliação da mastigação merícica foram utilizados dois animais de cada raça,
procedendo-se um rodízio nos blocos a cada observação, avaliando dois tempos ruminais;
22 às 24 horas e das 4 às 6 horas, determinando-se o número de mastigações merícicas e o
tempo despendido na ruminação de cada bolo ruminal (segundos/bolo), com a utilização de
cronômetro digital. Essa mastigação foi calculada através de três tempos de 15 segundos,
obtendo-se a média, que foi multiplicada por quatro, obtendo-se dessa forma, o tempo de
mastigação/minuto.
Para se avaliar as estimativas de consumo de matéria seca, proteína bruta e da fibra
em detergente neutro, as sobras foram amostradas três dias antes de cada período de
observação por baia experimental, feita uma amostra composta e conservadas a – 10 °C,
visando sua conservação, para posterior secagem em estufa com ventilação forçada a 55 °C
por 72 h e moídas em moinho de facas tipo Wiley, para posteriores determinações dos
teores de nutrientes de acordo com a metodologia descrita por Silva & Queiroz (2002).
Foi calculada a eficiência de alimentação (EAL
MS
, g MS/h) como sendo a divisão do
consumo de MS pelo tempo de alimentação (CMS/TAL); a eficiência de ruminação em
função do consumo de MS (ERU
CMS
, g MS/h) como sendo a relação entre o consumo de
MS e o tempo de ruminação (CMS/TRU); a eficiência de ruminação em função do
consumo de FDN (ERU
FDN
, g FDN/h) como sendo a relação entre consumo de FDN e o
tempo de ruminação (CFDN/TRU); e o tempo de mastigação total (TMT, h/dia) como
sendo o somatório do tempo de alimentação e ruminação (TAL + TRU) (Bürguer et al.,
29
2000); e número de bolos ruminais por dia (BOL, nº/dia) como sendo a relação entre o
tempo de ruminação e tempo de mastigações merícicas por bolo ruminal (TRU/MMtb);
número de mastigação merícica (MMnd), como sendo a multiplicação entre o número de
bolos ruminais e o número de mastigações merícicas por bolo (BOL x MMnb), segundo
Polli et al. (1996).
Não só durante as observações noturnas, mas em todo o experimento o ambiente foi
mantido com iluminação artificial.
O delineamento estatístico utilizado foi o Inteiramente Casualizado com arranjo
fatorial 4 x 2, (quatro genótipos e duas formas de fornecimento da ração), com 5
repetições. Os dados foram avaliados por meio de análise de variância e as médias
comparadas pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade pelo programa estatístico SAEG
5.0.
Resultados e Discussão
Na Tabela 3 estão apresentados os valores médios dos tempos despendidos em
alimentação, ruminação e ócio expressos em horas/dia, em função dos genótipos de
ovelhas nativas e das estratégias de alimentação, onde se observa que a análise estatística
não revelou efeito para as variáveis em função dos genótipos (P>0,05), contudo, revelou
efeito significativo (P<0,05) para essas mesmas variáveis em função das estratégias de
alimentação.
30
Tabela 3 - Médias e coeficientes de variação (CV) dos tempos despendidos em
alimentação, ruminação e ócio em função dos genótipos de ovelhas nativas e
das estratégias de alimentação no semi-árido paraibano
Atividades (h/dia) Cariri Barriga Preta Morada Nova Cara Curta Média CV (%)
Alimentação 4,13 3,96 3,45 3,93 3,86 16,40
Ócio 12,52 13,07 13,76 12,71 13,01 12,17
Ruminação 7,52 6,94 6,76 7,33 7,13 18,00
IS: (P/F+C) MC: (P+F+C) CV(%)
Alimentação
3,44b 4,30a
16,40
Ócio
13,6b 12,41a
12,17
Ruminação
6,94b 7,33a
18,00
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha são diferentes (P<0,05) pelo teste Tukey
IS: ingredientes separados - P/F+C
MC: mistura completa - P+F+
Esta ausência de significância entre os genótipos está relacionada às semelhantes
condições ambientais da região nas quais os genótipos evoluíram, assim como na
caracterização genética e fenotípica existente na formação dessas raças, após sofrerem
seleção natural no semi-árido nordestino. Além disso, as ovelhas estavam nas mesmas
condições ambientais, com as instalações muito próximas, não havendo diferença nos
índices climáticos, já que de acordo com Ribeiro (2006) a temperatura média nas
instalações foi de 27,8°C e a umidade relativa do ar de 67,5%, dentro da zona de conforto
térmico para ovinos adultos.
De certo modo, estes resultados corroboram com as afirmações de Silanikove (1992)
e Cardoso et al. (2006), de que os ruminantes podem adaptar-se às mais diversas condições
de alimentação, manejo e ambiente, ajustando seu comportamento ingestivo para alcançar
e manter determinado nível de consumo.
Ribeiro (2006) analisando o grau de adaptabilidade dos grupos genéticos de ovinos
Cariri, Morada Nova, Barriga Preta e Cara Curta na região semi-árida paraibana,
concluíram que não houve diferença estatística entre os grupos genéticos na temperatura
superficial média e no índice de tolerância ao calor, com valores de adaptação máximo ou
31
muito próximo a este, indicando que os animais encontram-se perfeitamente adaptados à
região.
Tavares et al. (2005) ao estudarem um nível de 45% de inclusão de feno na
alimentação de caprinos nativos a base de palma forrageira (37% de palma), obteve
resultados de 6,37 h/dia para o tempo despendido em ruminação, valor este inferior aos
encontrados neste estudo, e isto pode estar relacionado com o fato do feno ter sido
finamente triturado, facilitando seu consumo pelos animais.
Com relação às ovelhas submetidas a diferentes estratégias alimentares, os animais
que receberam a MC dedicaram maior tempo em alimentação do que as que receberam IS.
Quando os ingredientes são fornecidos juntos, reduz-se a possibilidade de seletividade na
alimentação, ou seja, aumenta-se a dificuldade em separar os ingredientes, acarretando um
menor estímulo ao consumo mais rápido da ração, provocando aumento no tempo
dedicado a alimentação. Como conseqüência natural, ocorre o inverso em relação ao tempo
despendido em ócio, ou seja, redução neste tempo. Já os animais que receberam alimento
na forma de IS, consumiram rapidamente a palma forrageira, por ser um alimento de alta
palatabilidade, facilitando seu consumo, e somente depois é que consumiram o feno com o
concentrado, ficando então com um maior tempo despendido em ócio.
Quando a palma foi oferecida separada do feno e do concentrado, as ovelhas
permaneceram menos tempo ruminando, do que quando oferecido em forma de MC. Isso
pode ser justificado devido às características morfofisiológicas da palma que, em razão do
elevado teor de água, pode promover maior digestibilidade, com menor tempo de
permanência do alimento no rúmen, levando dessa forma, a um menor tempo despendido
em ruminação.
Silva et al. (2005a) verificaram redução no tempo despendido em ruminação nos
animais arraçoados com palma e concentrado, comprometendo possivelmente a
32
digestibilidade e, consequentemente reduzir a capacidade de assimilação do alimento pelo
animal.
Os resultados referentes às médias dos consumos de matéria seca (CMS), proteína
bruta (PB) e fibra em detergente neutro (FDN), da eficiência de alimentação na matéria
seca (EAL), eficiência de ruminação na matéria seca (ERUms) e de fibra em detergente
neutro (ERUfdn), tempo de mastigação total (TMT), número de mastigação merícica/dia
(MMnd) e número de bolos ruminais (BOL), em função dos genótipos de ovelhas nativas e
das estratégias de alimentação no semi-árido paraibano, estão apresentados na Tabela 4,
onde se observa que as variáveis estudadas não sofreram influencia (P>0,05) em função
dos genótipos, no entanto, a estatística revelou influencia significativa (P<0,05) para todas
as variáveis quando as ovelhas foram submetidas a duas estratégias de alimentação.
Esta ausência de significância apresentada pelas variáveis em função dos genótipos
de ovelhas nativas, pode ser explicada da mesma maneira que foi descrita para justificar a
ausência de significância revelada para os tempos despendidos em alimentação, ócio e
ruminação, também em função dos diferentes genótipos representados na Tabela 3.
Todos os ingredientes da dieta foram fornecidos em um mesmo horário, duas vezes
ao dia, para ambas as estratégias alimentares, de forma que as ovelhas tivessem
disponibilidade dos ingredientes ao mesmo tempo, permitindo que o CMS, CPB e CFDN
fossem constantes, no entanto, observou-se que neste estudo, as ovelhas que receberam
MC tiveram uma elevação considerável para estes parâmetros em relação aos do IS.
33
Tabela 4 – Médias e coeficientes de variação (CV) dos consumos de matéria seca (CMS),
proteína bruta (CPB), fibra em detergente neutro (CFDN), da eficiência de
alimentação de matéria seca (EAL), eficiência de ruminação de matéria seca
(ERUms) e de fibra em detergente neutro (ERUfdn), tempo de mastigação total
(TMT), número de mastigação merícica/dia (MMnd) e número de bolos
ruminais (BOL), em função dos genótipos de ovelhas nativas e das estratégias
de alimentação no semi-árido paraibano
Variáveis Cariri Barriga Preta Morada Nova Cara Curta Média CV (%)
CMS (Kg/d) 2,03 2,14 2,02 1,82 2,00 32,54
CPB (Kg/d) 0,26 0,26 0,24 0,27 0,26 27,58
CFDN(Kg/d) 1,16 1,38 1,32 1,05 1,23 38,79
EAL(gMS/h) 505,84 539,21 620,58 485,91 537,88 34,01
ERUms(gMS/h) 270,56 313,57 311,33 255,38 287,70 35,76
ERUfdn(gFDN/h) 155,33 199,26 207,58 148,78 177,73 43,30
TMT(h/dia) 11,46 10,91 10,22 11,27 10,96 14,41
MMnd(nº/dia) 12251 12617 11250 13078 12299 23,52
BOL(nº/dia) 159,46 189,18 162,73 172,78 171,03 19,42
IS: (P/F+C) MC: (P+F+C) CV
(%)
CMS (Kg/d) 1,68b 2,32a 32,54
CPB (Kg/d) 0,23b 0,28a 27,58
CFDN(Kg/d) 0,85b 1,59a 38,79
EAL(gMS/h) 396,62b 679,14a 34,01
ERUms(gMS/h) 234,72b 340,68a 35,76
ERUfdn(gFDN/h) 119,68b 235,78a 43,30
TMT(h/dia) 10,36b 11,57a 14,41
MMnd(nº/dia) 11682,10b 12915,45a 23,52
BOL(nº/dia) 167,05b 175,01a 19,42
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha são diferentes (P<0,05) pelo teste Tukey
IS: ingredientes separados - P/F+C
MC: mistura completa - P+F+C
Neste estudo, com relação ao fornecimento em IS, no momento em que foi fornecido
o alimento, as ovelhas tiveram um comportamento seletivo comum pela palma, ingerindo
em grande quantidade e com maior rapidez, proporcionando aumento na taxa de
fermentação; e só posteriormente, ingeriram o feno juntamente com o concentrado, não
apresentando nenhum tipo de distúrbio metabólico, como por exemplo, diarréia.
34
De acordo com Allen (1997) animais consomem menor quantidade de volumosos
quando fornecidos separadamente e, conseqüentemente menos fibra efetiva, resultando
numa redução nos tempos de ruminação e mastigação, além da produção de saliva, o que
pode afetar as condições ruminais.
Segundo Merril & Taylor (1981) quando há redução na disponibilidade de alimentos
mais aceitos pelos animais, verifica-se que eles passam a ingerir quantidades significativas
de uma forragem antes rejeitada. Como conseqüência deste fato, a eficiência alimentar e a
eficiência de ruminação são reduzidos, concordando com Silva et al. (2005b), que
afirmaram que a eficiência de alimentação e ruminação é influenciada pela ingestão de MS
e FDN.
De acordo com Ramos et al. (2006) a necessidade de mastigação está relacionada
com a quantidade de material indigestível, ou pouco digestível consumido, e com a
resistência do material à redução do tamanho de partículas, pois alimentos com alto teor de
FDN necessitam ser mastigados e, principalmente, ruminados por um período mais longo.
O TMT, MMnd e BOL foram superiores para a estratégia de MC, provavelmente por
ter resultado do elevado consumo de MS, conforme relata Mertens (2001), onde o tempo
de mastigação está relacionado com o consumo de MS, concentração de FDN da dieta e
tamanho da partícula, os quais por sua vez, estão relacionados com a atividade de
mastigação e otimização da fermentação ruminal.
Melo et al. (2004) constataram que a adição de palma forrageira na dieta de vacas em
lactação não altera a ERU, em função da ingestão de MS, ao contrário do que foi
observado neste estudo.
Pessoa et al. (2005) também não observaram diferença de consumo de MS (kg/dia)
entre vacas holandesas recebendo a mistura completa em relação aos que receberam
ingredientes separados.
35
Na tabela 5 estão apresentados os percentuais da matéria seca (MS), proteína bruta
(PB) e a fibra em detergente neutro (FDN) da dieta efetivamente consumida pelos
genótipos de ovelhas nativas.
Em valores absolutos, os animais selecionaram uma dieta mais baixa em proteína
bruta do que o da dieta ofertada (16,43%), indicando a capacidade seletiva dos ovinos.
As estratégias de alimentação em IS e MC apresentaram percentuais de MS inferior
ao da dieta ofertada. Já a percentagem da FDN efetivamente consumida para a estratégia
alimentar na forma de MC, apresentou resultado superior ao da dieta oferecida (55,80%), e
este fato pode ser explicado pela seletividade das ovelhas, e por esta razão, o valor
nutritivo do alimento ingerido pelo animal normalmente é superior ao do alimento
ofertado.
Tabela 5 – Composição da dieta dos nutrientes matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e
fibra em detergente neutro (FDN) efetivamente consumida pelos genótipos de
ovelhas nativas
Variáveis (%) Cariri Barriga Preta Morada Nova Cara Curta CV (%)
MS
39,44 37,58 40,76 43,38 12,07
PB
14,84a 12,89ab 12,63b 14,84a 12,37
FDN
57,60 61,00 61,45 57,57 6,80
IS: (P/F+C) MC: (P+F+C) Média CV
(%)
MS
33,81b 46,77a 40,29 12,07
PB
14,01 12,85 12,85 12,37
FDN
50,9b 67,91a 67,91 6,80
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha são diferentes (P<0,05) pelo teste Tukey
IS: ingredientes separados - P/F+C
MC: mistura completa - P+F+C
Na Tabela 6 são apresentadas as médias das atividades fisiológicas do número de
vezes que o animal urinava, defecava e procurava água em função dos genótipos de
ovelhas nativas e das estratégias de alimentação no semi-árido paraibano. Observando-se
36
diferença significativa (P>0,05) para as freqüências de defecação e procura por água em
função dos diferentes genótipos, contudo, somente a freqüência de urina foi influenciada
pelas estratégias de alimentação.
Em função de haver diferenças quanto à duração e repartição das atividades de
ingestão entre indivíduos, assim como diferenças anatômicas (Dewysen et al., 1993), além
de o genótipo Cariri apresentar uma estatura física maior que os outros genótipos, poderá
acarretar uma maior freqüência de produção fecal nesses animais, que neste estudo foi
10,65 vezes/dia.
Já a Morada Nova e a Cara Curta, que possui uma estatura menor em relação aos
outros genótipos, ocorreram o inverso, apresentando uma freqüência de produção fecal de
7,09 e 7,73 vezes/dia, respectivamente.
Tabela 6 – Médias e coeficientes de variação (CV) das variáveis fisiológicas, urina, fezes e
procura por água expressa em número de vezes por dia em função dos
genótipos de ovelhas nativas e das estratégias de alimentação no semi-árido
paraibano
Atividades (nº ) Cariri Barriga Preta Morada Nova Cara Curta CV (%)
Urina 10,79 10,20 11,80 11,34 25,58
Fezes 10,65a 9,10ab 7,09b 7,73b 26,93
Água 1,08a 0,92ab 0,89ab 0,55b 41,46
IS: (P/F+C) MC: (P+F+C) Média CV
(%)
Urina 12,3a 9,75b 11,03 25,58
Fezes 8,5 8,8 8,63 26,93
Água 1,0 0,75 0,86 41,46
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha são diferentes (P<0,05) pelo teste Tukey
IS: ingredientes separados - P/F+C
MC: mistura completa - P+F+C
A freqüência da procura pela água dos grupos genéticos Cariri, Barriga Preta e
Morada Nova não diferiram estatisticamente, já a Cara Curta diferiu estatisticamente das
demais. Este fato, provavelmente, é atribuído tanto em função de sua estatura física com
uma área de superfície corpórea exposta bastante significativa (considerando o peso dos
37
animais), como também pela coloração escura de sua pelagem, que pode dificultar a
dissipação de calor, aquecendo mais o corpo do animal, e como conseqüência natural,
promover uma maior procura por água.
Como a Cara Curta é um animal de pequeno porte, porém compacto e com pelagem
variando do marrom claro ao escuro, a característica fenotípica que pode explicar a
redução na freqüência da procura pela água é a pelagem mais clara desses animais,
lembrando que neste estudo os exemplares da raça que participavam do experimento
apresentavam pelagem mais clara. Segundo Silva et al. (2006) pelagens mais claras têm
uma maior capacidade de dissipar calor por radiação, além de facilitar na reflexão do calor.
Um fator importante que também pode explicar essa diferença na freqüência de
procura por água levando a um equilíbrio de ganho ou perda de calor corporal, são os
índices de respostas fisiológicas como a temperatura retal e a freqüência respiratória.
Ribeiro (2006) avaliando índices fisiológicos temperatura retal e freqüência
respiratória em ovelhas nativas das raças Cariri, Barriga Preta, Morada Nova e Cara Curta,
observou que a Cariri apresentou maior temperatura retal (39º C) e freqüência respiratória
(47 mov./min), seguida das raças Barriga Preta e Cara Curta, enquanto que a Morada Nova
apresentou menores valores, 38,8º C e 45 mov./min, respectivamente, devendo-se estes
resultados estarem relacionados ao fato de que as raças Cariri, Barriga Preta e a Cara Curta
possuem um maior porte e pelagem mais escura, características que dificultam a dissipação
de calor.
Quando as ovelhas foram submetidas a estratégia de alimentação em IS, houve um
aumento na freqüência de urina, e certamente este fato ocorreu em função dos animais
terem ingerido primeiramente e em grande quantidade a palma, que apresenta em sua
composição química um alto teor de umidade (90%), e só depois a mistura feno e
concentrado no momento em que a ração era ofertada.
38
Esses resultados vão de acordo com os de Ben Salen et al. (1996), que observaram
redução e ausência na procura por água em ovelhas consumindo rações com níveis
crescentes de palma (Opuntia ficus indica vr. Inermis).
De forma geral, a redução na procura e no consumo voluntário de água, em dietas a
base de palma forrageira, pode ser explicada devido ao alto teor de umidade presente nesse
alimento (Tavares et al., 2005).
39
Conclusões
Os genótipos de ovelhas nativas não influenciaram nos parâmetros comportamentais
e nos consumos dos nutrientes.
A estratégia alimentar na forma de mistura completa em dietas a base de palma
forrageira associada ao feno de tifton e concentrado, influencia de forma positiva nos
tempos de alimentação e ruminação e nos consumos dos nutrientes.
40
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43
Capítulo III
Ovelhas Nativas Submetidas a Duas Estratégias de Alimentação no Semi-
Árido Nordestino: Consumo e Digestibilidade Aparente
44
CAPÍTULO III
Ovelhas Nativas Submetidas a Duas Estratégias de Alimentação no Semi-
Árido Nordestino: Consumo e Digestibilidade Aparente
RESUMO – O experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar o consumo e a
digestibilidade aparente dos nutrientes da dieta experimental em ovelhas nativas do semi-
árido nordestino, sob duas estratégias de alimentação, utilizando-se 40 fêmeas nativas das
raças Barriga Preta, Cara Curta, Cariri e Morada Nova, com peso inicial médio de 36,76
kg, distribuídas num delineamento inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 4x2,
(quatro raças e duas estratégias de alimentação). As estratégias foram: ingredientes
separados (IS) - palma forrageira separada da mistura feno+concentrado; e mistura
completa (MC) - palma+concentrado+feno. Os consumos médios da matéria seca, matéria
mineral, matéria orgânica, proteína bruta, extrato etéreo e carboidratos totais, não foram
influenciados (P>0,05) pelos diferentes genótipos nem pelas estratégias de alimentação. O
ganho de peso total foi influenciado pelos diferentes genótipos, contudo não foi em função
da estratégia alimentar. Foram observadas diferenças (P<0,05) entre os coeficientes de
digestibilidade aparente da matéria seca, matéria orgânica e proteína bruta em função da
estratégia alimentar. As estratégias de alimentação em dietas a base de palma forrageira,
influenciam de forma geral nos consumos e na digestibilidade dos nutrientes.
Palavras-chave: manejo alimentar, ovinos, raças nativas, semi-árido
45
Native Ewes from Semiarid Region of Brazil under two Feeding Strategies:
Intake and Apparent Digestibility
ABSTRACT – The experiment was conducted, with the objective of evaluating the
intake and the apparent digestibility of nutrients in native sheep beeds from Paraiba state in
semiarid region of Brazil, under two feeding strategies. Forty native ewes of Barriga Preta,
Cara Curta, Cariri and Morada Nova breeds were used, with 36,76 kg average initial
weight, allocated in a randomized design in factorial arrangement 4x2 (four breed and two
feeding strategies). The strategies were: separated ingredients (SI) - separate spineless cacti
from hay+concentrated mixture; and total mixed ration (TMR) - spineless
cacti+hay+concentrated. The dry matter intake, mineral matter, organic matter, crude
protein, ether extract and total carbohydrates intakes, were not affected (P>0,05) by the
different genotypes nor feeding strategie. The total gain weight was influenced by the
different genotypes, however it were not in function of the feeding strategies. It was
observed effect (P<0,05) for the apparent digestibility of dry matter, organic matter and
crude protein by feeding strategies. The feeding strategies with diets to base of opuntia
ficus, they influence in the consumptions and in the digestibility of the nutrients.
Keywords: nutricional husbandry, sheeps, native breed, semiarid
46
Introdução
A Região Nordeste possui uma população ovina de 7,94 milhões de cabeças,
correspondendo a 54,1% do efetivo do Brasil (Barros et al., 2004). Os ovinos caracterizam-
se pela extrema capacidade de adaptação às mais diversas condições ambientais e as suas
populações são formadas principalmente por animais do tipo nativo e sem padrão racial
definido, de notável rusticidade e produtividade (Oliveira et al., 2005).
As ovelhas nativas são animais rústicos e totalmente adaptados aos sistemas de
exploração extensivo e semi-extensivo, assim como ao clima da região semi-árida, sendo
caracterizadas como animais para carne e pele, além de possuírem um excelente
prolificidade e habilidade materna. No entanto, existe um conhecimento empírico sobre
esses animais no aspecto produtivo em sistema de confinamento, sendo necessário ser
avaliado e discutido.
A estratégia de alimentação baseada em mistura completa (MC), ingredientes
separados (IS) ou em formas intermediárias, continua sendo objeto de pesquisa dos
nutricionistas, considerando a variabilidade de alimentos disponíveis para a nutrição
animal. Conseqüentemente mantém-se a necessidade de determinar a melhor forma de
fornecê-los (Pessoa et al., 2005).
Embora uma das maneiras de se avaliar uma dieta seja fornecer ao animal
ingredientes separados, possibilitando a seleção de determinados ingredientes, Van Soest
(1994) relata que a utilização de volumosos junto ao concentrado, na forma de ração
completa, tem sido difundida como estratégia para regular a composição da dieta. Dessa
forma, teoricamente, os animais podem consumir de forma equilibrada todos os nutrientes,
atendendo seus requerimentos nutricionais, minimizando o efeito da seletividade do
animal. Yrjänen et al. (2003) citam que uma das vantagens do sistema alimentar baseado
47
em mistura completa é a possibilidade de se obter uma adequada sincronização entre o
suprimento de energia e nitrogênio para os microrganismos ruminais e, assim, minimizar
as flutuações no padrão de fermentação ruminal.
O consumo voluntário de matéria seca é um dos principais componentes do processo
produtivo, sendo considerado o principal determinante do consumo de nutrientes
digestíveis e da eficiência com que tais nutrientes são utilizados nos processos metabólicos
do animal, para o atendimento de seus requisitos de mantença e de produção, ou seja, é o
fator que mais influencia no desempenho animal (Valadares Filho et al., 2006).
De acordo com Oliveira et al. (2001) a ingestão de matéria seca depende de variáveis
como o peso vivo, condições ambientais, fatores psicogênicos e de manejo, alimentação,
condição corporal e qualidade de ingredientes da ração, particularmente forragens.
A palma forrageira é uma importante alternativa alimentar para o Nordeste brasileiro,
no entanto, devido aos seus altos teores de carboidratos não fibrosos (CNF) e baixos teores
de fibra em detergente neutro (FDN), tal alimento deve ser associado a fontes adequadas
de fibra e obedecer a determinadas proporções na dieta para que não haja interferência na
digestibilidade dos demais nutrientes (Andrade et al., 2002).
A taxa de passagem do alimento no rúmen é uma variável importante na regulação
do consumo e o maior ou menor tempo de retenção no retículo-rúmen influencia os
processos de digestão e de assimilação dos nutrientes (Soares et al., 2001). Forragens que
ocupam menor volume e retêm menos água são consumidas em maior quantidade devido,
possivelmente, ao aumento da taxa de passagem. Além disso, o tamanho da partícula
ingerida afeta o consumo, a taxa de degradação e o tempo de retenção da digesta no rúmen.
A digestibilidade do alimento representa a capacidade do animal em utilizar seus
nutrientes, em maior ou menor escala, expressa pelo coeficiente de digestibilidade do
nutriente, sendo uma característica do alimento e não do animal (Silva & Leão, 1979).
48
O valor nutritivo de um alimento é determinado por interações entre os nutrientes e
os microrganismos do rúmen, nos processos de digestão, absorção, transporte e utilização
de metabólitos, onde grande parte dessas informações é obtida por meio de estudos de
digestibilidade (Andrade et al., 2002).
Segundo Bargo et al. (2002) deve-se salientar, a ausência na literatura de
informações relativas à digestibilidade da dieta em ensaios nos quais foram comparadas
diferentes estratégias de alimentação (MC e IS).
Este trabalho foi conduzido com o intuito de avaliar o consumo e digestibilidade
aparente dos nutrientes por ovelhas nativas do semi-árido nordestino, sob o efeito de duas
estratégias de alimentação, à base de palma forrageira.
Material e Métodos
Este experimento foi conduzido na Unidade de Pesquisa em Pequenos Ruminantes,
do Departamento de Zootecnia, do Centro de Ciências Agrárias da UFPB, localizada no
município de São João do Cariri, PB, com duração de 64 dias, sendo 18 dias de adaptação
e 46 de colheita de dados, ocorridos entre 20 de março a 22 de maio de 2005. A
precipitação média nos meses do experimento, foi de 95 mm e as temperaturas médias das
máximas e das mínimas foram de 33 C° e 20,8 °C, respectivamente.
Foram utilizadas 40 ovelhas adultas, de quatro grupos genéticos nativos: Cariri,
Barriga Preta, Cara Curta e Morada Nova, com peso médio inicial de 37,23; 40,57; 35,88 e
33,29, respectivamente; everminadas, distribuídas aleatoriamente por genótipo e alojadas
em baias individuais com 3,75 m
2
de área, cobertas com telhas cerâmicas, piso de chão
batido, providas de comedouro e bebedouro, posicionadas uma de frente para outra.
49
A ração fornecida aos animais era composta por palma forrageira, feno de tifton e
concentrado à base de farelo de milho, farelo de soja, farelo de algodão e o suplemento
mineral. O feno de tifton foi moído em uma maquina tipo “DMP” (desintegrador, moedor
e picador), utilizando-se peneira de 10 mm, para em seguida ser misturado aos outros
ingredientes da ração experimental. Com relação à palma, ela foi passada na forrageira e,
em seguida misturada, quando necessário à ração.
A composição química dos ingredientes está apresentada na Tabela 1 e as
composições percentuais e químicas da dieta experimental encontram-se na Tabela 2. A
dieta foi formulada com base no NRC (1985) para atender ovelhas em produção com peso
vivo de 50 kg, com um ganho de peso, consumo de matéria seca e proteína bruta de 0,100;
1,6; e 0,150 kg/dia, respectivamente, onde houve algumas parições após duas semanas de
experimento, e que até então não se conhecia quem e quantas ovelhas estavam prenhas
realmente.
Tabela 1 - Composição química dos ingredientes da dieta experimental com base na
matéria seca
Ingredientes MS MO MM PB FDN FDA EE CHOT CNE
Farelo de Milho 84,5 96,37 3,63 11,4 56,47 5,96 11,49 73,54 17,06
Farelo de soja 84,8 93,42 6,58 46,9 39,83 9,24 2,13 44,35 4,53
Farelo de algodão 83,4 95,16 4,84 25,0 63,18 37,23 1,72 64,60 1,43
Suplemento mineral 97,1 -- 86,08 -- -- -- -- -- --
Palma forrageira 10,0 85,78 14,22 3,0 26,0 20,0 0,5 82,53 27,87
Feno de tifton 90,0 93,29 6,71 7,0 70,0 45,0 1,5 83,62 4,13
50
Tabela 2 – Participação dos ingredientes e composição química da dieta experimental com
base na matéria seca
Ingredientes (%)
Farelo de soja 16,45
Farelo de milho 16,24
Farelo boiadeiro 15,06
Suplemento mineral 2,25
Feno de Tifton 40,0
Palma Forrageira 10,0
Composição Química (%) (%)
Matéria seca 49,13
Matéria orgânica 91,56
Matéria mineral 8,44
Proteína bruta 16,43
Extrato etéreo 2,47
Carboidratos totais 70,66
Carboidratos não estruturais 8,17
Fibra em detergente neutro 55,80
Fibra em detergente ácido 28,09
O arraçoamento dos animais foi realizado à vontade duas vezes ao dia, às 7 horas e
às 15 horas. A relação volumoso:concentrado utilizada foi de 50:50, considerando-se a
palma e o feno como volumosos. A quantidade de ração fornecida diariamente foi ajustada
de acordo com o consumo do dia anterior de modo que houvesse sobras em torno de 20%
do total fornecido a fim de proporcionar ingestão à vontade. As estratégias de alimentação
utilizadas foram: ingredientes separados (IS) - palma forrageira separada da mistura
feno+concentrado (P/F+C); e mistura completa (MC) - palma+concentrado+feno (P+F+C).
Para a estimativa dos consumos dos nutrientes de matéria seca (MS), matéria
orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), carboidratos totais (CHOT), extrato etéreo (EE) e
nutrientes digestíveis totais (NDT), a quantidade de ração oferecida foi pesada e registrada,
51
assim como as sobras. As sobras foram amostradas diariamente por baia experimental e
feita uma única amostra composta. Também foi feita colheita do material oferecido por
períodos de 15 dias e conservadas a -10 °C, visando sua conservação, para posterior
secagem em estufa com ventilação forçada a 55°C por 72 horas e moídas em moinho tipo
Wiley, para posteriores determinações dos teores de nutrientes de acordo com a
metodologia de Silva & Queiroz (2002).
As análises de MS, MO, PB, EE e MM, foram realizadas de acordo com a
metodologia de Silva & Queiroz (2002); FDN e FDA foram determinados utilizando o
aparelho Ankom
200
da Ankom Technology Corporation de acordo com o método de Van
Soest (1991); com modificação em relação aos sacos, onde, utilizou-se sacos de TNT
gramatura 100mm, confeccionados no Laboratório de Nutrição Animal; os CHOT’s,
CNF’s e NDT foram estimados segundo Sniffen et al. (1992).
CHOT = 100 – (%PB - %EE - %Cinzas)
CNF = 100 – (%FDN + %PB + %EE + %Cinzas)
NDT = PBD + CNFD + FDND + EED*2,25
As análises foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal e Avaliação de
Alimentos do CCA/UFPB.
A composição da dieta efetivamente consumida pelos animais foi calculada a partir
do consumo voluntário de cada nutriente da dieta, dividido pela MS consumida e
multiplicado por 100.
Para avaliar o desempenho dos animais em ganho de peso total, diário e metabólico,
as pesagens foram efetuadas no início de cada semana do período experimental, ou seja, a
cada oito dias.
Para a determinação dos coeficientes de digestibilidade da MS, MO, PB, EE, FDN,
FDA e CHOT, foram efetuadas colheitas de fezes dos animais, realizadas diretamente da
52
porção final do reto, sempre após a alimentação, durante cinco dias. As amostras de fezes
foram armazenadas a -10 °C e posteriormente, da mesma forma que os alimentos e sobras,
foram processados ao término do período experimental, quando então o material colhido
foi descongelado, homogeneizado, feita a composta por animal, secas em estufa com
ventilação forçada a 55 °C por 72 horas e moídas.
A estimativa da produção fecal foi efetuada utilizando-se a fibra em detergente ácido
indigestível (FDAi) como indicador interno. As amostras de fezes, alimentos e sobras
foram incubadas “in vitro” em sacos de tecido tipo TNT, por um período de 144 horas
segundo metodologia descrita por Berchielli et al. (2000). A quantidade da amostra
incubada foi de um grama para alimentos, sobras e fezes. O material remanescente da
incubação foi submetido à extração com detergente ácido e o resíduo considerado FDAi.
Para o cálculo de matéria seca fecal (MSF) utilizou-se a fórmula:
MSF (Kg) = (indicador consumido Kg / % do indicador nas fezes) * 100
O coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) foi calculado utilizando-se a
fórmula:
CDA = [Consumo de nutrientes (Kg) – nutriente excretado nas fezes (Kg)/ consumo
de nutrientes (Kg)] * 100
O delineamento estatístico utilizado foi o Inteiramente Casualizado com arranjo
fatorial 4 x 2, (quatro genótipos e duas formas de fornecimento da ração), com 5
repetições. Os dados foram avaliados por meio de análise de variância e as médias
comparadas pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade pelo programa estatístico SAEG
5.0.
53
Resultados e Discussão
Na Tabela 3 estão apresentados os valores médios dos consumos dos nutrientes em
função dos genótipos de ovelhas nativas e das estratégias de alimentação no semi-árido
paraibano. Os consumos de MS, MM, MO, PB, FDN, FDA, EE e CHOT, não diferiram
entre os genótipos (P>0,05) independentemente da forma expressa, exceto para o consumo
de CNE (P<0,05). Observando-se também nessa mesma tabela diferentes consumos para
FDN e FDA expressos em kg/dia em função das estratégias de alimentação.
Estes resultados, ou seja, os que não diferiram entre os genótipos, podem ser
atribuídos à semelhança genética e morfofisiológica na formação dos grupos genéticos,
provavelmente originados de troncos comuns, apesar de suas características fenotípicas
serem diferentes, pouco diferenciados pela pressão de seleção natural para semelhantes
respostas fisiológicas.
Dentre os grupos genéticos avaliados, a raça Cariri apresentou maior consumo dos
CNE, apresentando um consumo de 0,39 kg/dia. Este fato pode ter ocorrido em função da
sua maior estatura física e possível descendência com animais mestiços de Santa Inês.
Já o genótipo Morada Nova apresentou o menor dos consumos de CNE (0,21 kg/dia)
e este fato pode estar relacionado ao seu pequeno porte, associado a uma menor capacidade
física em distender o rúmen e também ao balanço nutricional, que são características
relacionadas ao animal (raça), influenciando diretamente no seu consumo voluntário.
54
Tabela 3 – Médias e coeficientes de variação (CV) dos consumos de matéria seca (CMS),
matéria mineral (CMM), matéria orgânica (CMO), proteína bruta (CPB), fibra
em detergente neutro (CFDN), fibra em detergente ácido (CFDA), extrato
etéreo (CEE), carboidratos totais (CCHOT) e carboidratos não estruturais
(CCNE) em função dos genótipos de ovelhas nativas e das estratégias de
alimentação no semi-árido paraibano
Variáveis Cariri Barriga Preta Morada Nova Cara Curta CV (%)
CMS (kg/d)) 2,11 2,27 1,61 1,94 29,07
CMS (%PV) 5,15 5,29 4,67 4,99 24,55
CMS (g/kg
0,75
) 130,3 135,3 113,0 124,4 25,25
CMM (kg/d) 0,18 0,18 0,13 0,17 27,13
CMO (Kg/d) 1,83 2,00 1,40 1,68 30,43
CPB(kg/d) 0,27 0,27 0,22 0,28 26,63
CFDN(kg/d) 1,22 1,47 1,00 1,13 34,71
CFDA(kg/d) 0,62 0,74 0,49 0,54 38,14
CEE(kg/d) 0,04 0,04 0,04 0,05 33,25
CCHOT(Kg/d) 1,61 1,76 1,21 1,43 30,84
CCNE(Kg/d) 0,39a 0,29ab 0,21b 0,29ab 44,79
IS: (P/F+C) MC: (P+F+C) Média CV (%)
CMS (kg/d) 1,68 2,29 1,98 29,07
CMS (%PV) 4,20 5,70 5,02 24,55
CMS (g/kg
0,75
) 107,0 144,5 125,8 25,25
CMM (kg/d) 0,14 0,20 0,17 27,13
CMO(kg/d) 1,37 2,08 1,73 30,43
CPB(kg/d) 0,23 0,29 0,26 26,63
CFDN(kg/d) 0,85b 1,55a 1,20 34,71
CFDA(kg/d) 0,38b 0,82a 0,60 38,14
CEE(Kg/d) 0,03 0,05 0,04 33,25
CCHOT(Kg/d) 1,25 1,73 1,50 30,84
CCNE(Kg/d) 0,41 0,17 0,30 44,79
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha são diferentes (P<0,05) pelo teste Tukey
IS: ingredientes separados - P/F+C
MC: mistura completa - P+F+C
Ao comparar as estratégias de alimentação, os animais que foram submetidos à MC,
apresentaram um consumo de FDN e FDA superior aos animais que foram submetidos aos
IS. Este resultado pode ser explicado pelo momento da oferta da ração, pelo qual foi
realizada no mesmo horário e tempo para os animais da mistura IS, proporcionando aos
55
mesmos selecionarem e ingerirem em quantidade elevada a palma, e só depois o feno junto
ao concentrado. Já a MC favoreceu aos animais um equilíbrio no suprimento dos
carboidratos fibrosos e não fibrosos, proporcionando dessa forma, a uniformização da
fermentação ruminal, principalmente a concentração de ácidos graxos voláteis.
Pessoa et al. (2004) investigando os efeitos de diferentes estratégias alimentares (IS e
MC) em dietas à base de palma forrageira, sobre o desempenho de vacas leiteiras,
observaram que não houve diferenças para os consumos de MS, MO, EE e PB. Os autores
concluem que a estratégia alimentar baseada em ingredientes separados contribui para o
desbalanceamento da dieta, pois quando um ingrediente é oferecido separadamente o
animal tem a opção de seleção, a participação deste na dieta é comprometida, podendo
variar para mais ou para menos, e conseqüentemente, afetar a produtividade animal.
As diferenças no consumo de ingredientes e na proporção entre eles nas dietas,
resultam da preferência alimentar, capacidade de consumo e de sua apresentação aos
animais, seja ela na forma de mistura completa ou de ingredientes separados (Ostergaard et
al., 2000).
Na tabela 4 estão apresentados os percentuais da matéria seca (MS), matéria
mineral (MM), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CHOT) e
carboidratos não estruturais (CNE) da dieta efetivamente consumida. Observa-se que os
percentuais dos nutrientes da dieta efetivamente consumida pelos quatro genótipos não se
revelaram diferentes entre si, apresentando porcentagens bem próximas da ofertada
(Tabela 2), e este fato provavelmente ocorreu em função da seletividade da espécie ovina
por determinados ingredientes da dieta.
A estratégia alimentar na forma de MC obteve um percentual de MS e MO superior
ao da estratégia em IS, que por sua vez, foram inferiores ao da dieta ofertada (Tabela 2),
56
indicando mais uma vez a capacidade de seletividade dos ovinos por ingredientes
específicos da ração.
Tabela 4 – Composição da dieta dos nutrientes matéria seca (MS), matéria mineral (MM),
matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais
(CHOT) e carboidratos não estruturais (CNE) efetivamente consumida
Variáveis (%) Cariri Barriga Preta Morada Nova Cara Curta Média CV
(%)
MS 40,33 39,43 39,15 42,87 40,45 11,65
MM 8,82 8,29 8,54 9,06 8,68 9,43
MO 86,50 86,33 86,31 86,26 86,35 1,40
PB 13,19 12,76 13,98 14,48 13,60 11,65
FDN 57,81 60,8 59,91 57,92 59,11 6,53
FDA 28,82 29,52 29,36 27,60 28,83 7,11
EE 1,97 1,89 2,34 2,86 2,26 19,56
CHOT 76,00 77,05 75,12 73,58 75,44 2,11
CNE 18,18 16,24 15,20 15,66 16,32 25,73
IS: (P/F+C) MC: (P+F+C) CV (%)
MS 34,15b 46,73a 11,65
MM 8,26 9,10 9,43
MO 81,81b 90,89a 1,40
PB 14,01 13,19 11,65
FDN 50,09b 67,32a 6,53
FDA 22,09b 35,55a 7,11
EE 1,88 2,64 19,56
CHOT 75,83 75,04 2,11
CNE 24,9a 7,74b 25,73
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha são diferentes (P<0,05) pelo teste Tukey
IS: ingredientes separados - P/F+C
MC: mistura completa - P+F+C
Com relação aos percentuais de FDN e FDA, eles foram superiores para a estratégia
de alimentação na forma de MC, sendo também superiores às percentagens da dieta
ofertada. Tal fato, certamente pode ser explicado, pelo elevado teor de fibra presente na
57
dieta por parte dos ingredientes utilizados, e pela aderência da palma juntamente ao feno e
ao concentrado, dificultando a seleção dos ingredientes.
O percentual de CNE para a estratégia de alimentação em IS foi consideravelmente
mais elevado do que o da dieta ofertada. Provavelmente este fato ocorreu em função dos
animais selecionarem a palma e o concentrado, ambos os ingredientes ricos em
carboidratos não estruturais.
Os coeficientes de variação para digestibilidade aparente da matéria seca (DAMS),
matéria orgânica (DAMO), proteína bruta (DAPB), fibra em detergente neutro (DAFDN),
fibra em detergente ácido (DAFDA) extrato etéreo (DAEE), carboidratos totais
(DACHOT) e nutrientes digestíveis totais (NDT) em função dos genótipos de ovelhas
nativas e das estratégias de alimentação estão representados na Tabela 5, onde a análise
estatística revelou efeito significativo (P<0,05) para a digestibilidade dos nutrientes
digestíveis totais em função dos grupos genéticos e, com relação às estratégias alimentares,
é observado influencia significativa (P<0,05) para os coeficientes de digestibilidade dos
nutrientes MS, MO, PB e NDT.
As diferenças da digestibilidade do NDT em função dos genótipos ocorreram mesmo
quando os ingredientes foram fornecidos no mesmo horário, não permitindo variações na
participação dos ingredientes (palma, feno de tifton e concentrado) na dieta, nem
conseqüentes variações na digestibilidade dos nutrientes. Este fato certamente ocorreu em
função da especificidade de cada genótipo,ou seja,
O fato da digestibilidade aparente da MS e da MO obtida para o fornecimento em
ingredientes separados ter sido superior no da mistura completa, e a digestibilidade da PB
ter sido inferior, pode ser explicada pela maior ingestão dos carboidratos não-fibrosos
(CNF) em relação aos carboidratos estruturais (CE), uma vez que os CNF apresentam
58
digestibilidade aparente acima de 90% e os carboidratos estruturais próxima de 50%
(Alves et al., 2003).
Estes resultados diferem dos encontrados por Silva et al. (2005) que ao estudarem
estratégias alimentares para dietas baseadas em palma forrageira sobre a digestibilidade de
vacas em final de lactação, não observaram diferenças significativas para a digestibilidade
dos nutrientes.
Tabela 5 – Médias e coeficientes de variação (CV) para digestibilidade aparente da matéria
seca (DAMS), matéria orgânica (DAMO), proteína bruta (DAPB), fibra em
detergente neutro (DAFDN), fibra em detergente ácido (DAFDA), extrato
etéreo (DAEE), carboidratos totais (DACHOT) e nutrientes digestíveis totais
(NDT) em função dos genótipos de ovelhas nativas e das estratégias de
alimentação no semi-árido paraibano
Variáveis Cariri Barriga Preta Morada Nova Cara Curta CV (%)
DAMS 72,05 73,17 75,30 72,01 4,43
DAMO 72,71 73,72 75,70 72,76 4,26
DAPB 65,25 62,72 70,51 70,05 13,69
DAFDN 66,85 69,51 71,70 67,68 5,99
DAFDA 58,75 57,79 62,06 54,56 13,18
DAEE 72,12 78,27 82,97 77,50 14,49
DACHOT 98,34 98,50 98,65 97,93 1,07
NDT 61,13a 48,84b 53,41ab 56,51ab 15,21
IS: (P/F+C) MC: (P+F+C) Média CV
(%)
DAMS 79,23a 67,02b 73,13 4,43
DAMO 78,40a 69,03b 73,72 4,26
DAPB 61,39b 73,59a 67,13 13,69
DAFDN 71,80 66,06 68,93 5,99
DAFDA 56,28 60,29 58,29 13,18
DAEE 76,37 79,05 77,72 14,49
DACHOT 98,99 97,72 98,32 1,07
NDT 44,12b 65,67a 54,98 15,21
Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha são diferentes (P<0,05) pelo teste Tukey.
IS: ingredientes separados - P/F+C
MC: mistura completa - P+F+C
Com relação ao coeficiente de digestibilidade aparente da PB para o fornecimento
em mistura completa, o resultado obtido foi 73,59 %. Valor este, superior ao verificado
59
por Silva et al. (2005), avaliando também digestibilidade em estratégia alimentar para
dietas a base de palma forrageira, obteve resultado de 70% para mistura completa.
O coeficiente de digestibilidade do NDT obtido para a estratégia alimentar em MC
foi superior ao de IS. Isso, certamente ocorreu em conseqüência dos coeficientes de
digestibilidade da PB e dos CHOT terem sido mais elevados para a estratégia em MC, já
que para se calcular o NDT, é necessário à utilização da DAPB e a DACHOT.
Van Soest (1994) cita vários fatores que podem interferir na digestibilidade como,
tempo de fermentação e taxa de passagem, os quais são fortemente influenciados pela
natureza da dieta e proporção de ingredientes da mesma.
Na Tabela 6 estão representadas as médias do peso médio inicial (PMI) e final
(PMF), ganho de peso total (GPT), ganho de peso diário (GPD) e ganho de peso
metabólico (GPM) em função dos genótipos de ovelhas nativas e das estratégias
alimentares, observando-se diferença estatística (P<0,05) para todas essas variáveis em
função dos genótipos de ovelhas nativas.
Dentre os grupos genéticos estudados, a Cariri apresentou desempenho superior
apresentando ganhos de 4,49 kg e 16,26 PV
0,75
, para o GPT e GPM, respectivamente,
enquanto que a Morada Nova foi o genótipo que obteve menores desempenhos. Este fato
pode estar relacionado com o processo de formação das raças, tanto das suas origens
quanto do tempo sob seleção natural, onde normalmente uma população em que os
aspectos de sobrevivência e reprodução foram mais destacados, tem seu crescimento mais
lento e porte menor, como é o caso da Morada Nova. Assim, a Cariri sendo um animal de
maior porte, consumiu mais nutriente, obtendo um maior ganho de peso, enquanto que a
Morada Nova consumiu menos, obtendo assim um menor ganho de peso.
60
Tabela 6 – Médias e coeficientes de variação (CV) do peso médio inicial (PMI) e final
(PMF), ganho de peso total (GPT), ganho de peso diário (GPD) e ganho de peso
metabólico (GPM) em função dos genótipos de ovelhas nativas e das estratégias
de alimentação no semi-árido paraibano
Variáveis Cariri Barriga Preta Morada Nova Cara Curta CV (%)
PMI (kg) 37,23ab 40,57a 33,29b 35,88ab 13,78
PMF (kg) 46,19a 45,76a 36,26b 42,89ab 14,52
GPT (kg) 4,49a 2,23b 1,96b 3,16ab 59,77
GPD (kg/dia) 0,074a 0,037b 0,032b 0,052ab 59,77
GPM (PV
0,75
) 16,26a 16,66a 14,00b 15,54ab 9,90
IS: (P/F+C) MC: (P+F+C) Média CV
(%)
PMI (kg) 37,10 36,38 36,74 13,78
PMF (kg) 38,76 38,98 38,87 14,52
GPT (kg) 2,96 2,97 2,96 59,77
GPD (kg/dia) 0,049 0,049 0,049 59,77
GPM (PV
0,75
) 15,62 15,61 15,62 9,90
Não houve diferenças estatísticas significativas (P>0,05)
IS: ingredientes separados - P/F+C
MC: mistura completa - P+F+C
Apesar de a Cara Curta apresentar uma anatomia mandibular diferenciada das outras
raças, ou seja, um aparelho bucal menor, ela apresentou consumos semelhantes aos grupos
genéticos Cariri, Barriga Preta e Morada Nova, não comprometendo seu desempenho,
obtendo valores de ganho de peso total, diário e peso metabólico de 3,16 kg; 0,052 g/dia e
15,54 PV
0,75
, respectivamente.
Esse resultado pode ser atribuído à ingestão de matéria seca, que foi quantificado em
1,68 kg/dia quando os ingredientes estavam separados, e 2,29 kg/dia quando a mistura foi
fornecida em forma de mistura completa.
61
Conclusões
Os genótipos de ovelhas nativas influenciam no consumo dos carboidratos não
estruturais e no desempenho.
As estratégias de alimentação em dietas a base de palma forrageira, feno de
tifton e concentrado, influenciam nos consumos de FDN e FDA e nos coeficientes de
digestibilidade da MS, MO, e PB, quando são fornecidos no mesmo horário.
62
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