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O segundo momento em que a obra Infância começou a ser pensada foi
em 28 de janeiro de 1936, como podemos constatar nas linhas de uma carta
escrita por Graciliano para sua esposa, Heloísa:
Um dia destes, no banheiro, veio-me de repente uma ótima
idéia para um livro. Ficou-me logo a coisa pronta na cabeça, e
até me apareceram os títulos dos capítulos que escrevi
quando saí do banheiro, para não esquecê-los. Aqui vão eles:
Sombras, O Inferno, José, As Almas, Letras, Meu Avô, Emília,
Os Astrônomos, Caveira, Fernando, Samuel Smiles.
Provavelmente me virão idéias para novos capítulos, mas o
que há dá para um livro. Vou ver se consigo escrevê-lo depois
de terminado o Angústia (RAMOS, 1982, p.161).
No entanto, ela só começou a ser escrita em 1938, no mesmo ano da
publicação de Vidas Secas. Pois, apesar de o livro citado ter tido excelente
acolhida, os problemas financeiros do autor continuaram. Por isso, no dia 18 de
outubro de 1938, ele publicou no jornal O Diário de Notícias, um conto com o
título “Samuel Smiles”. No mesmo jornal e no mesmo mês, no dia 21, sai
“Astrônomos”. E em O Jornal, a 15 de novembro, aparece “O menino da mata e
o seu cão piloto”.
O quarto conto da série, ‘Um cinturão’, só foi escrito em primeiro de maio
de 1939 e, a partir daí, os outros contos serão escritos esporadicamente.
Assim, o livro Infância, que é a reunião desta série de contos, só foi concluído e
lançado no ano de 1945, demorando, portanto, quase seis anos para ser
finalizado.
Em relação ao momento literário, a obra de Graciliano começou a ser
conhecida na segunda fase do Modernismo, com a Geração de 30, que na
verdade teve início em 1928, com A Bagaceira, de José Américo de Almeida.
Da produção da geração também parte O Quinze (1930), de Rachel de
Queiroz, Menino de Engenho (1932), de José Lins do Rego, Cacau (1933), de
Jorge Amado e Caetés (1933), o primeiro livro de Graciliano. Além desses
nomes outros autores também integraram a geração. Como Infância começou