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Desenvolvimento de cnica de manejo, sem uso de
agentes químicos, no controle da espécie invasora
Melinis minutiflora Beauv. (capim-gordura) para aplicação
em áreas de campo sujo.
Felipe Salvo Aires
Brasília
Maio de 2009
Universidade de Brasília
Instituto de Ciências Biológicas
Departamento de Ecologia
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Universidade de Brasília
Instituto de Ciências Biológicas
Departamento de Ecologia
Desenvolvimento de cnica de manejo, sem uso de
agentes químicos, no controle da espécie invasora
Melinis minutiflora Beauv. (capim-gordura) para aplicação
em áreas de campo sujo.
Felipe Salvo Aires
Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação
do Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de
Ecologia da Universidade de Brasília, como requisito
para obtenção do título de Mestre em Ecologia.
Brasília
Maio de 2009
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Felipe Salvo Aires
Desenvolvimento de técnica de manejo sem o uso de agentes químicos, no
controle da espécie invasora Melinis minutiflora Beauv. (capim-gordura)
para a aplicação em áreas de campo sujo.
Dissertação aprovada junto ao Programa de Pós Graduação em Ecologia da
Universidade de Brasília como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em
Ecologia.
Banca examinadora:
__________________________________
Profa. Heloisa Sinatora Miranda
Orientador – UnB
__________________________________
Drª. Margarete Naomi Sato
UnB
__________________________________
Drº. Carlos Romero Martins
IBAMA
i
Índice
Lista de figuras .................................................................................................................. ii
Agradecimentos ................................................................................................................ vi
Abstract .......................................................................................................................... viii
Resumo ............................................................................................................................. ix
1. Introdução ...................................................................................................................... 1
1.1. Fenologia ................................................................................................................ 2
1.2. Sementes e germinabilidade .................................................................................... 6
1. 3. Objetivos ................................................................................................................ 9
2. Material e métodos ....................................................................................................... 11
2.1. Espécie estudada Melinis minutiflora .................................................................. 11
2.1.1. Histórico ......................................................................................................... 11
2.1.2. Características gerais ...................................................................................... 13
2.1.3. Biomassa de Melinis minutiflora ..................................................................... 14
2.2. Área de estudo ....................................................................................................... 16
2.3. Corte ..................................................................................................................... 17
2.4. Biomassa do estrato rasteiro .................................................................................. 18
2.5. Cobertura vegetal do estrato rasteiro ...................................................................... 19
2.6. Banco de sementes ................................................................................................ 20
2.7. Coquetel de sementes e semeadura ........................................................................ 22
2.8. Contagem de plântulas em campo .......................................................................... 23
3. Resultados e discussão ................................................................................................. 25
3.1. Biomassa aérea das parcelas invadidas .................................................................. 25
3.2. Cobertura Vegetal ................................................................................................. 29
3.3. Banco de sementes ................................................................................................ 37
3.3.1. O banco total de sementes germinadas ............................................................ 37
3.3.2. O banco de sementes de Melinis minutiflora ................................................... 39
3.3.3. O banco de sementes das gramíneas nativas .................................................... 41
3.3.4. O banco de sementes das dicotiledôneas ......................................................... 48
3.4. Coquetel de sementes e a semeadura ..................................................................... 51
3.5. Emergência de plântulas em campo ....................................................................... 53
4. Considerações Finais .................................................................................................... 61
5. Refencias bibliográficas ............................................................................................ 63
ii
Lista de figuras
Figura 1. Principais rotas do tráfico negreiro e difusão da granea Melinis minutiflora no
continente americano (Martins 2006)........................................................................ 12
Figura 2. Unidade de dispersão de Melinis minutiflora . Foto: Stefano S. Aires. .............. 14
Figura 3. Desenho esquemático da Parcela “Corte Anual”, situada na Reserva Ecológica do
IBGE, Brasília DF, onde as áreas de semeadura têm 5 m x 5 m, e os quadrats de
contagem e controle 50 cm x 50 cm. ......................................................................... 24
Figura 4. Composição da biomassa, em setembro de 2007, antes do corte, em uma área de
campo sujo invadido por Melinis minutiflora na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília
DF. S = parcela sem tratamento de corte, CA = parcela com tratamento de corte anual.
................................................................................................................................. 25
Figura 5. Composição da biomassa, em junho de 2008, oito meses apem uma área de
campo sujo invadido por Melinis minutiflora na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília
DF. S = parcela sem tratamento de corte, CA = parcela com tratamento de corte anual.
................................................................................................................................. 27
Figura 6. Dados mensais do total pluviométrico na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília
DF, no período de junho de 2007 a setembro de 2008. .............................................. 28
Figura 7. Representação esquemática da cobertura vegetal de cada componente, nas
parcelas “S” (sem tratamento) e CA (parcela com tratamento de corte anual), em
agosto de 2007, em campo sujo invadido por Melinis minutiflora na Reserva
Ecológica do IBGE, Brasília DF. A = Capim- gordura, B = gramíneas nativas e C =
Dicotiledôneas. ......................................................................................................... 30
Figura 8. Representação esquemática da cobertura vegetal de cada componente, nas
parcelas “S” (sem tratamento) e CA (parcela com tratamento de corte anual), em maio
de 2008, em campo sujo invadido por Melinis minutiflora na Reserva Ecológica do
IBGE, Brasília DF. A = Capim- gordura, B = gramíneas nativas e C = Dicotiledôneas.
................................................................................................................................. 32
Figura 9. Representação esquemática da cobertura vegetal de cada componente, nas
parcelas “S” (sem tratamento) e CA (parcela com tratamento de corte anual), em
agosto de 2007, e maio de 2008, em campo sujo invadido por capim-gordura na
Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF. A = Capim- gordura, B = gramíneas nativas
e C = Dicotiledôneas. ............................................................................................... 34
iii
Figura 10. Cobertura vegetal das parcelas “Sem tratamento(A) e “Corte Anual” (B), em
campo sujo invadido por Melinis minutiflora, na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília
DF. ........................................................................................................................... 35
Figura 11. Associações entre (a) M. minutiflora e Echinolaena inflexa (b) M. minutiflora e
Axonopus sp. (c) M. minutiflora e Papaspalum sp. (d) M. minutiflora e dicotiledôneas,
em área de campo sujo invadida por M. minutiflora na Reserva Ecológica do IBGE,
Brasília DF. .............................................................................................................. 36
Figura 12. Total de sementes germiveis nas parcelas S (I)(Sem tratamento) e CA
(II)(Corte anual com semeadura de coquetel de sementes de gramíneas nativas) em
setembro de 2007 e junho de 2008 localizadas em uma área de campo sujo invadida
por Melinis minutiflora, na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF. Letras diferentes
indicam diferenças estatisticamente significativas..................................................... 38
Figura 13. Total de sementes de M. minutiflora, germináveis nas parcelas S (I)(Sem
tratamento) e CA (II)(Corte anual com semeadura de coquetel de sementes de
gramíneas nativas) em setembro de 2007 e junho de 2008, localizadas em uma área de
campo sujo invadida por M. minutiflora, na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF.
Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significativas. ......................... 39
Figura 14. Total de sementes de gramíneas nativas germináveis nas parcelas S (I)(Sem
tratamento) e CA (II)(Corte anual com semeadura de coquetel de sementes de
gramíneas nativas) em setembro de 2007 e junho de 2008, localizadas em uma área de
campo sujo invadida por M. minutiflora, na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF.
Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significativas. ......................... 42
Figura 15. Total de sementes de dicotiledôneas germináveis/m² nas parcelas S (I)(Sem
tratamento) e CA (II)(Corte anual com semeadura de coquetel de sementes de
gramíneas nativas) em setembro de 2007 e junho de 2008, localizadas em uma área de
campo sujo invadida por M. minutiflora, na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF.
Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significativas. ......................... 49
Figura 16. mero mediano de plântulas para as áreas de semeadura (a) e controle (b),
localizadas dentro da parcela CA (Corte anual com semeadura de coquetel de
sementes de gramíneas nativas), em uma área de campo sujo invadida por M.
minutiflora na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF. .......................................... 55
iv
Figura 17. Dados quinzenais do total pluviométrico no período de janeiro de 2008 a agosto
de 2008. (Estação meteorológica do IBGE) .............................................................. 56
Figura 18. Número mediano de plântulas/para as áreas de semeadura localizadas dentro
da parcela CA (Corte anual com semeadura de coquetel de sementes de gramíneas
nativas), em uma área de campo sujo invadida por M. minutiflora na Reserva
Ecológica do IBGE, Brasília DF. = gramíneas nativas, = Melinis minutiflora. .... 56
Figura 19. mero mediano de plântulas/m² para as áreas controle localizadas dentro da
parcela S (Corte anual com semeadura de coquetel de sementes de gramíneas
nativas), em uma área de campo sujo invadida por M. minutiflora na Reserva
Ecológica do IBGE, Brasília DF. = gramíneas nativas, = Melinis minutiflora. .... 58
v
Lista de tabelas
Tabela 1. Espécies de gramíneas nativas em floração em área de campo sujo invadida por
Melinis minutiflora, na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília, DF. ........................... 46
Tabela 2. Espécies utilizadas no coquetel de sementes de gramíneas nativas, para
semeadura de áreas invadidas por Melinis minutiflora na Reserva Ecológica do IBGE,
Brasília DF, em dezembro de 2007. .......................................................................... 52
vi
Agradecimentos
A PETROBRAS, pelo apoio financeiro através da Rede Temática Conservação e
Recuperação de Ecossistemas e Remediação de Áreas Impactadas”, conforme a resolução
ANP nº 33, de 24.11.2005.
A professora Heloisa S. Miranda, por ser muito mais do que somente orientadora e
me ensinar a ser uma pessoa melhor em todos os aspectos da vida.
Aos meus pais e meu irmão que sempre seguraram a barra e me apoiaram nos
momentos de crise.
A Naomi, por me agüentar no laboratório, ajudar sempre que foi preciso, e me
ensinar.
Ao Carlos Romero, por toda ajuda durante a elaboração deste trabalho, na
identificação das gramíneas e pelas dicas científicas.
A Universidade de Brasília, por ser um lar durante todos estes anos.
A Reserva Ecológica IBGE e toda a sua equipe por conceder a oportunidade de
realizar este trabalho.
Aos queridos amigos do laboratório: Noel, Gabriel, Carol Musso, Gabi, Walter,
Valter, Cenira, Vinicinho, Renato, Aninha e Saulão. Obrigado por toda ajuda,
compreensão, risadas, discussões e trabalhos que fizemos juntos. Em especial ao Noel e a
Gabi, pelas infinitas idas ao campo e por toda a ajuda no cortiço.
Aos técnicos do laboratório, Glaucinha, Tales, Rochinha, Mara, Anastácio e
Gumiero.
Aos meus mais lindos amigos: Marina Japa, Simão, Bel e Diogo. Por existirem.
Aos amigos que fiz no programa de s-graduação, por me ajudarem nos estudos,
pelas horas conversando sobre pesquisas, pelas noites viradas fazendo alguns
trabalhos...enfim, por terem sido uma parte importante desta etapa.
Aos tantos outros grandes amigos da Bio UnB, que formariam uma lista da qual eu
iria certamente esquecer de alguém, obrigado por todo o apoio, horas de diversão e ócio
criativo e por tornarem minha vida mais feliz e interessante.
Um especial ao Rafa Maia, pela ajuda com as análises estatísticas.
Outro especial à Karen, pela ajuda com a formatação e um montão de outras coisas.
vii
Aos amigos que moram longe, e que proporcionaram os momentos mais hilários da
minha vida nos últimos dois anos, por me ensinarem a ser um melhor pesquisador e saber
que em qualquer destes lugares sempre teremos um quartinho onde ficar. Obrigado:
- UFRJ: Alonso, Tio Chico, Elias, Jaspion, lia, Picles, Gisa, Diogo, Bani, André,
Daniel e Bigo.
- USP: Fefê e Robertinha.
- UFMG: Hugo.
- USP-Ribeirão: Xirra e Gabi.
- UNESP-Rio Claro: Flatu e Guima.
- ESALQ: Pexe.
A VodkaBlush, todos os seus jeejays, e ao Nagasaki. Pelas noites de diversão, que
foram fundamentais pra descansar o cérebro, apesar de cansarem o corpo muito mais do
que deviam.
Agradeço demais aos que eu esqueci. Esses provavelmente me ajudaram por demais
em algum momento crítico.
Aos que duvidaram.
Muito obrigado!
viii
Abstract
The conversion of native forests and savanna ecosystems into pastures represents a
growing and significant part of land use change, modifying plant cover, diversity and
biogeochemical cycles. These pastures were formed by using mostly African grasses that
invaded natural areas. The Melinis minutiflora P. Beauv. (molasses) are one of the greatest
threat to the biodiversity of the Cerrados. M. minutiflora is not resistant to intensive
browsing, indicating that the removal of the aerial part, in opposite to native species that
abundantly blossom after being cut down, will have a negative effect. Therefore, the
successive cutting down in areas invaded with molasses could be a management tool in the
controlling this invasive grass. This study was carried out from August 2007 to August
2008 in two sites of “campo sujo invaded by M. minutiflora in the Ecological Reserve of
IBGE, Brasilia (DF). The first site was the control area, with no treatment (S), in second
one the aerial biomass was cut down (CA) in September 2007 and July 2008 and sewed
with a mixture of native grasses’ seeds. Aerial biomass and plant cover of the herbaceous
layer, the density of seeds of the bank seed in the ground and the seedlings in the sowing
areas, were determined. Site S did not present significant alterations in relation to the
biomass and the plant cover. However, the total bank seed presented reduction of
77%:1863 seeds/m² in September 2007 and 425 seeds/m² in June 2008. In 2007, the seeds
of M. minutiflora represented 87% of the seeds in the bank and in 2008 registered a
significant reduction for this component (188 germinated seeds/m²). The dicots seeds
presented the same pattern between September 2007 (200 germinated seeds/m²) and June
2008 (100 germinated seeds/m²). The native grasses were the only to present a significant
increase between the two collections: 63 germinated seeds/m² in 2007 and 113 germinated
seeds/in 2008. The cut down was carried out in the site CA in September 2007 and, 8
months later the aerial biomass only recovered 37% of the initial value (7.1 ± 2,6 Mg/ha).
However, it did not present significant alteration in the total plant cover ratio. The total
bank seed presented a reduction of 54%: 863 seeds/m² for 2007 and 400 seeds/for 2008.
There was a significant decrease in the density of molasses’ seeds between the two
collections: from 525 in 2007 to 213 germinated seeds/m² in 2008. The dicots did not
present reduction between September 2007 (175 germinated seeds/m²) and (100 germinated
seeds/m²) in June 2008. Besides the low amount of biomass, the number of seeds of native
grasses did not present significant alterations between 2007 (75 germinated seeds/m²) and
2008 (38 germinated seeds/m²). The sowing areas did not present significant differences in
the total number of seedlings/m² in relation to the control one. However, the grass density
of native seedlings/m² in the sowing areas was significantly greater than seedlings of
molasses between 8
o
and 11
o
15-day period. The presence of Gymnopogon spicatus
(Spreng.) Kuntze registered in the sowing areas, indicated the efficiency of mixture of
seeds, since this grass where not present in site CA at the beginning of the work. The
cutting treatment, associate to the sowing of the mixture of native grasses’ seeds has shown
to be efficient in halting the invasive process by M. minutiflora, since it hindered the
entrance of new seeds of the invasive species, besides stimulating the budding of native
grasses and dicots in the herbaceous layer, and increasing the species richness.
ix
Resumo
A conversão de florestas nativas e ecossistemas savânicos em pastagens representa
uma parcela cada vez maior e significativa do uso da terra, alterando a cobertura vegetal, a
diversidade e os ciclos biogeoquímicos. Para a formação destas pastagens utilizou-se, em
sua maioria, gramíneas de origem africana que invadiram áreas naturais. Uma das
graneas invasoras que tem causado grande impacto na biodiversidade do Cerrado é
Melinis minutiflora P. Beauv. (capim-gordura). M. minutiflora não é resistente ao pastejo
intensivo, indicando que a remoção da parte aérea produziefeito contrário ao esperado
para as espécies nativas, que tendem à florescer abundantemente após eventos de corte.
Desta forma, o corte sucessivo em áreas invadidas com capim-gordura poderia ser uma
ferramenta de manejo no controle desta invasora. Este estudo foi conduzido em duas
parcelas de campo sujo invadidas por M. minutiflora na Reserva Ecológica do IBGE,
Brasília (DF), entre agosto de 2007 e agosto de 2008. Na primeira parcela não foi aplicado
nenhum tratamento (S), e na segunda foi realizado o corte da biomassa aérea (CA) em
setembro de 2007 e em julho de 2008, além de semeadura com um coquetel de sementes de
graneas nativas. Foram determinados: a biomassa aérea e a cobertura vegetal do estrato
rasteiro, a densidade de sementes no banco de sementes do solo, e a emergência de
plântulas nas áreas de semeadura. A parcela S o apresentou alterações significativas em
relação à biomassa e a cobertura vegetal. Entretanto, o banco total de sementes apresentou
diminuição de 77%: 1863 sementes/m² em setembro de 2007 e 425 sementes/m² em junho
de 2008. Em 2007, as sementes de M. minutiflora representavam 87% das sementes
presentes no banco e em 2008 foi registrada uma diminuição significativa para este
componente (188 sementes germinadas/m²). As sementes de dicotiledônea apresentaram o
mesmo padrão entre setembro de 2007 (200 sementes de germinadas/m²) e junho de 2008
(100 sementes germinadas/m²). Somente as graneas nativas apresentaram um aumento
significativo entre as duas coletas: 63 sementes germinadas/m² em 2007 e 113 sementes
germinadas/em 2008. O corte em CA foi realizado em setembro de 2007 e, 8 meses
após o tratamento, a biomassa aérea recuperou somente 37% do valor inicial (7,1 ± 2,6
Mg/ha). Entretanto, não houve alteração significativa na proporção de cobertura vegetal
total. O banco de sementes total apresentou uma diminuição de 54%: 863 sementes/m² para
2007 para 400 sementes/m² em 2008. A densidade de sementes de capim-gordura diminuiu
significativamente entre as duas coletas: de 525 em 2007 para 213 sementes germinadas/m²
em 2008. As dicotiledôneas o apresentaram diminuição entre setembro de 2007
(175 sementes germinadas/m²) e junho de 2008 (100 sementes germinadas/m²). Apesar da
baixa quantidade de biomassa, o mero de sementes de gramíneas nativas não apresentou
alterações significativas entre 2007 (75 sementes germinadas/m²) e 2008 (38 sementes
germinadas/m²). As áreas de semeadura não apresentaram diferenças significativas no
número total de plântulas emergidas/m² em relação às áreas controle. Entretanto, a
densidade de plântulas de graneas nativas/m² nas áreas semeadas foi significativamente
maior do que a de plântulas de capim-gordura entre e a 11ª quinzena de observação. Foi
registrada a presença de Gymnopogon spicatus (Spreng.) Kuntze nas áreas de semeadura,
indicando a eficiência do coquetel, já que esta gramínea não existia na parcela CA no início
do trabalho. O tratamento de corte, associado à semeadura com o coquetel de sementes de
graneas nativas, tem se mostrado eficiente em combater o processo de invasão por M.
minutiflora, visto que impediu a entrada de novas sementes da espécie invasora, além de
estimular a floração de gramíneas nativas e de dicotiledôneas presentes no estrato rasteiro, e
aumentar a riqueza de espécies.
1
1. Introdução
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro cobrindo cerca de 2 milhões de km
2
e é composto por varias fitofisionomias que vão desde ambientes campestres até florestais
(Ribeiro & Walter 1998). O Bioma Cerrado é considerado um “hotspot” pelos
conservacionistas, tendo em vista que este possui uma das maiores biodiversidades do
mundo, com um grande número de espécies endêmicas sob grande pressão antrópica
(Myers et al. 2000, Silva & Baetas 2002). Nos últimos 35 anos, mais da metade dos 2
milhões de k da área ocupada pelo Cerrado foram transformados principalmente em
áreas de pastagens plantadas, em sua maioria com espécies exóticas, que já ocupam
aproximadamente 65.874.145 ha, com possibilidade de aumentarem consideravelmente nos
próximos anos devido à alta taxa de desmatamento e a expansão das fronteiras agrícolas
(Klink & Machado 2005).
Do total de graneas presentes no Cerrado, 36% das espécies ocorrem em cerrado
sensu stricto, campo sujo e campo limpo (Filgueiras 1991). As fitofisionomias de campo
limpo e campo sujo são ocupadas em sua maioria por gramíneas. No entanto, diferem entre
si no que diz respeito à presença de espécies lenhosas e arbustivas (Ribeiro & Walter 1998).
Filgueiras (1991) e Proença et al. (2001) reportam cerca de 305 espécies de gramíneas
descritas para o Distrito Federal, sendo que aproximadamente 96 destas, são espécies
exóticas. Estas gramíneas se espalharam a partir de pastagens cultivadas e áreas de
revegetação para áreas naturais com taxas de expansão alarmantes. A incursão das africanas
dentro de áreas naturais alterou os regimes de fogo e produziu mudanças significativas no
balanço de energia, nutrientes e água dentro destes ecossistemas (D’antonio & Vitousek
1992, Berardi 1994, Baruch & Gomes 1996, Mack & D'Antonio 1998, Pivello et al.
2
1999a,b, Williams & Baruch 2000, Klink & Moreira 2002, Seabloom et al. 2003, Martins
et al. 2004).
Filgueiras (1992) e Almeida (1995) reportam a baixa produção científica acerca de
espécies de gramíneas nativas. Estudos sobre a ecologia e fisiologia são ainda mais
escassos, gerando assim mau uso destas espécies para fins de manejo. Mesmo assim,
Martins (1996) demonstra a possibilidade de recuperação de áreas degradadas através do
manejo com gramíneas nativas em detrimento de espécies exóticas, devido à rapidez de
desenvolvimento, adaptação e manutenção das condições ambientais locais.
1.1. Fenologia
O estudo dos padrões fenológicos de graneas é básico tanto para compreender
suas respostas funcionais às condições impostas pelo ambiente como para que possa ser
efetuado o manejo das diferentes espécies (Almeida 1995). Em ambientes savânicos, a
influência de fatores abióticos como precipitação, vento, temperatura e fotoperíodo
exercem forte pressão nos ciclos fenológicos das graneas, e estas, por sua vez, parecem
adaptar seu ciclo às variações no regime hídrico provocadas pela sazonalidade e flutuação
na média de precipitação em diferentes anos (Veenendaal et al. 1996a,b, Abrahamson 1999,
Munhoz & Felfili 2005). Estes fatores influenciam os ciclos fenológicos de forma
semelhante. A sincronização com os eventos estacionais é vital para as espécies do
Cerrado. A dispersão dos propágulos é um exemplo deste mecanismo, a maior parte das
graneas possui dispersão anemorica que ocorre justamente no fim das secas (Oliveira
1998) onde foi constatada maior intensidade e velocidade do vento (Almeida 1995).
A reprodução de gramíneas pode se dar tanto sexuadamente, através de sementes,
como assexuadamente através de rizomas ou estolões (Carmona et al. 1999). Entretanto, a
resiliência das espécies e a manutenção da biodiversidade em savanas estacionais depende
3
diretamente dos grupos fenológicos das espécies que as compõem. Para as espécies de ciclo
anual, a dependência está diretamente relacionada ao recrutamento e sobrevivência das
plântulas e, para espécies perenes, da reprodução vegetativa, ou de um balanço entre os
dois tipos de reprodução no caso de espécies que podem adotar ambas estratégias
dependendo das condições em que se encontram (Veenedaal et al. 1999b).
Almeida (1995) verificou que a fenologia reprodutiva de 29 espécies de gramíneas
perenes, em uma área de cerrado, ocorreu de forma escalonada, ou seja, as espécies não
floresceram todas ao mesmo tempo. Nesse estudo, a autora identificou padrões que
permitiram alocar as gramíneas em três grandes grupos fenológicos distintos com base no
início da época de floração. Martins & Leite (1997) também identificaram padrões
semelhantes de agrupamento para o início da floração de 60 espécies, no Parque Nacional
de Brasília.
De acordo com o proposto por Almeida (1995) foram determinados três grupos
fenológicos distintos para gramíneas perenes ocorrentes em cerrado:
- Gramíneas precoces de ciclo curto (PCC): florescem, frutificam e dispersam as
sementes no início da estação chuvosa. O ciclo reprodutivo tem duração de 1 a 3
meses, geralmente entre novembro e janeiro, e não apresentam regularidade de
ciclos anuais na floração.
- Gramíneas precoces de ciclo longo (PCL): o ciclo reprodutivo ocorre durante todo
o período chuvoso, com duração variando entre 5 e 10 meses, geralmente florescem
entre novembro e dezembro e concluem o ciclo com a dispersão dos propágulos
entre maio e agosto.
4
- Graneas tardias (TAR): florescem após a metade da estação chuvosa e
dispersam os propágulos no início da seca, a duração é intermediária entre o
primeiro (PCC) e o segundo (PCL) grupo, variando entre 3 e 6 meses, e parecem ser
o grupo que apresenta a maior quantidade de espécies para Almeida (1995) e
Martins & Leite (1997).
A diversidade fenológica e a adaptação das diferentes épocas fenológicas (floração,
frutificação, dispersão) através de mecanismos como maturação de frutos e dormência de
sementes possibilitam a germinação e recrutamento em um período mais adequado para o
estabelecimento das gramíneas (Oliveira 1998). A proporção total de recursos de um
organismo que é alocada para a reprodução pode ser determinante no sucesso de um grupo
de indivíduos em garantir a manutenção de uma população (Veenendaal et al. 1996a,
Miranda 1997). Sendo assim, é importante conhecer os padrões fenológicos das gramíneas
nativas e como estes podem ser afetados, pois este conhecimento fornece subsídio para que
possam ser traçadas estratégias de manejo a fim de recuperar áreas degradadas ou invadidas
por gramíneas exóticas.
Muitos trabalhos indicam que a floração de gramíneas do cerrado esta diretamente
relacionada com o ambiente onde se encontram, podendo assim ser alterada pelos eventos
que ocorrem no local como, por exemplo, as queimadas, o pastejo e as variações climáticas
(Meguro 1969, Coutinho 1976, César 1980, Haddad & Valio 1993, Miranda 1997, Parron
& Hay 1997, Munhoz & Felfili 2005,2006). Para espécies invasoras Klink (1994) relata
que diversos autores têm como hipótese que as gramíneas africanas seriam mais tolerantes
à desfolhação. Assim, as espécies africanas produziriam maior quantidade de perfilhos
como resposta à desfolhação. No entanto, Klink (1994) mostra em um estudo com cinco
5
graneas nativas e quatro invasoras de diferentes morfologias, que tal hipótese deveria ser
reformulada. Em seu estudo, todas as espécies foram tratadas com um corte realizado a 10
cm de altura acima do solo. As cinco espécies nativas apresentaram tolerância a
desfolhação, enquanto as espécies exóticas Melinis minutiflora e Brachiaria decumbens
responderam negativamente ao tratamento produzindo menor quantidade de perfilhos.
Caro-Costas et al. (1960), Caro-Costas & Vicente-Chandler (1961), Paula et al. (1967),
Paula et al. (1969), Macedo & Escuder (1980), Scowcroft & Hobdy (1987) e Williams &
Baruch (2000), também relatam a baixa tolerância de M. minutiflora ao corte e/ou pastejo.
Coutinho (1977,1980) realizou estudos em áreas de campo sujo e de cerrado sensu
stricto e mostrou que a ação do fogo sobre a vegetação exerce efeito de poda, acelera o
processo de ciclagem de nutrientes e promove intensa floração dos componentes do estrato
rasteiro. O estimulo à floração após eventos de fogo pode indicar que estas plantas são
pirófilas (Coutinho 1977). O mesmo parece ocorrer em áreas sujeitas ao tratamento com
corte da vegetação e, em locais onde não ocorrem queimadas, as mesmas espécies não se
reproduzem sexuadamente ou o fazem em menores escalas (Silva & Nogueira 1999,
Munhoz & Felfilli 2005,2006).
Silva & Raventós (1999) afirmam que o crescimento de perfilhos e a floração são
fortemente afetados pela ocorrência de queimadas, e que estas produzem dois efeitos
antagônicos nas populações de gramíneas: afetando diretamente a mortalidade, matando
perfilhos, meristemas e plantas pequenas, por outro lado promovem o crescimento e a
floração subseqüente. O fogo age sobre a vegetação savânica como um agente desfolhante,
e uma das possíveis respostas a queimadas pode ser um efeito compensatório semelhante à
herbivoria (MacNaughton 1983).
6
Almeida (1995) e Veenendaal et al. (1996b) sugerem que pertencer a um grupo
fenológico e a um tipo estrutural implica em adotar estratégias distintas de exploração do
espaço. Como exemplo, podemos citar os grupos fenológicos das graneas presentes em
uma savana na Botswana, que apresentam relação entre a estratégia de colonização de áreas
desocupadas de acordo com a estrutura dos ramos e raízes, produção de flores e sementes, a
quantidade e época de dispersão (Veenendaal et al. 1996a). As espécies Schizachyrium
tenerum e Echinolaena inflexa, ambas nativas do Cerrado, possuem tipos de crescimento
distintos. Schizachyrium tenerum é uma gramínea perene cespitosa que apresenta uma
alocação de recursos maior na parte aérea, com ramos mais compridos e mais biomassa que
E. inflexa, uma espécie decumbente e rizomatosa. Embora diferentes, essas estratégias
permitem a ambas espécies uma rápida colonização de áreas degradadas ou alteradas por
queimadas. Echinolaena inflexa apresenta ainda uma tendência de aumento no número de
folhas e biomassa de acordo com a variação de pluviosidade (Silva & Klink 1997).
1.2. Sementes e germinabilidade
Veenendaal et al. (1996a,b) relatam que a produção, a dispersão e a qualidade das
sementes estão relacionadas com fatores abióticos e sujeitas a sazonalidade climática
encontrada nos ambientes savânicos. A combinação entre as flutuações climáticas sazonais,
as características físico-químicas dos solos e a ocorrência de queimadas determinam a
distribuição, a estrutura e o funcionamento das diferentes formações vegetais dentro do
Cerrado (Eiten 1972).
Wetzel (1997) verificou que sementes de espécies lenhosas de cerrado coletadas na
estação chuvosa apresentavam maior massa do que as coletadas na estação seca e de acordo
7
com Veenendaal et al. (1996b) plântulas oriundas de sementes de maior massa possuem
maior chance de germinar e se estabelecer.
As diferenças nos padrões fenológicos e na arquitetura das gramíneas levam estas a
produzirem uma grande gama de tipos de sementes que parecem estar dentro de um
gradiente, desde as mais leves que são dispersas pelo vento, possuem baixa viabilidade e
grande número de sementes vazias, normalmente produzidas pelas espécies perenes
estoloníferas ou rizomatosas, até as sementes maiores, que são mais resistentes devido à
grande quantidade de material de reserva e são dispersas somente em curtas distâncias,
normalmente produzidas por espécies anuais (Rice 1989, Almeida 1995, Veenendaal et al.
1996a,b, Carmona et al. 1998,1999). Além disso, Scheffer-Basso et al. (2007) afirmam que
um dos fatores que diminui a germinabilidade para a espécie Paspalum dilatatum, é a
grande heterogeneidade das sementes presentes no banco de sementes, pois dentro de um
mesmo período de floração e dispersão, temos sementes que foram geradas e dispersadas
no começo da estação reprodutiva até as que tiveram sua maturação somente no final desta
fase fenológica, gerando assim lotes de sementes heterogêneos. O mesmo pode ser aplicado
às demais espécies dentro dos três grupos fenológicos propostos por Almeida (1995).
Labouriau (1983) constatou que a germinação das sementes depende diretamente
da inflncia tanto de fatores abióticos (luz, água, temperatura) como de fatores espécie-
especificos e competição. Veenendal et al. (1996b) mostram em seu estudo que sementes
sujeitas às variações nos ciclos de chuva podem apresentar dormência a fim de evitar a sua
germinação e conseqüente morte devido a um evento isolado, sendo assim plantas de
ambientes savânicos devem apresentar este tipo de estratégia adaptativa que o padrão de
distribuição de chuvas é altamente sazonal.
8
Klink (1996) mostrou que a taxa de germinação pode ter alguma inflncia no
sucesso de estabelecimento das espécies. Para Andropogon gayanus, o autor reporta alta
taxa de germinação e baixa taxa de sobrevivência quando comparada com
Echinolaena inflexa, que apresentou germinação mais lenta e maior taxa de sobrevivência.
Estudos de estabelecimento para espécies de gramíneas demonstram que a mortalidade de
plântulas é diretamente proporcional ao tempo de permanência da mesma no ambiente após
a germinação (Klink 1996, Veenendaal et al. 1996b).
Oliveira (1998) relata que a diversidade das gramíneas e a adaptação das diferentes
fases fenológicas, através de mecanismos de proteção das sementes e maturação dos frutos,
fazem com que a germinação, o recrutamento e o estabelecimento ocorram em um período
mais ajustado, visando o sucesso reprodutivo. Estudos de germinação e estabelecimento de
graneas no Cerrado são importantes para que possamos utilizá-las em trabalhos de
recuperação de áreas degradadas. Entretanto, pouco se sabe sobre a produção de sementes e
taxas de germinação para as gramíneas nativas (Carmona et al. 1998,1999) quando
comparado com a invasora M. minutiflora (Martins 2006). Estudos, com resultados
promissores, visando recuperar áreas degradadas com uso de coquetel de sementes nativas
foram reportados por Moraes & Williams (1992), Teixeira & Fonseca (1992) e Martins &
Leite (1997).
A literatura sugere que a aplicação de um tratamento de corte na época de floração
do capim-gordura, associada com a semeadura de um coquetel de sementes de gramíneas
nativas pode ser uma alternativa viável de manejo, tanto do ponto de vista ecomico como
do ponto de vista ecológico. O tratamento de corte, além ser economicamente mais barato
do que os tratamentos que utilizam produtos químicos para combater as espécies invasoras,
poderia beneficiar as áreas invadidas da seguinte forma:
9
- impedindo a propagação da espécie invasora a partir das manchas onde se
encontra (Pivello et al. 1999a,b, Martins 2006);
- impedindo que a espécie invasora recarregue o banco de semente do solo (Martins
2006);
- provocando a morte de indivíduos da espécie invasora (Caro-Costas & Vicente-
Chandler 1961);
- diminuindo a cobertura vegetal de M. minutiflora e liberando espaço para a
recolonização pelas gramíneas nativas (Scowcroft & Hobdy 1987, Bakker & Wilson
2004);
- estimulando a floração de gramíneas nativas e um conseqüente aumento de
sementes destas espécies no banco de sementes do solo (Meguro 1969, Coutinho
1976, César 1980, Haddad & Valio 1993, Parron & Hay 1997, Miranda 1997,
Munhoz & Felifili 2005, 2006).
Associado ao corte, a semeadura de um coquetel de sementes de gramíneas nativas
garantiria que a área invadida pudesse ser recolonizada a partir de novos indivíduos,
podendo haver um incremento em termos de riqueza de espécies.
1. 3. Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral:
- Avaliar uma técnica de manejo de baixo custo e alta eficiência, no controle da
granea exótica M. minutiflora (capim-gordura) atingindo níveis onde o impacto causado
por esta invasora seja imperceptível dentro de unidades de conservação.
10
Objetivos específicos:
1 - Avaliar o efeito do corte da parte aérea e da semeadura, sobre a recuperação de
graneas nativas e do capim-gordura.
2 - Acompanhar a recuperação da cobertura vegetal de espécies nativas e da espécie
invasora na parcela submetida ao corte.
3 - Avaliar o efeito do corte da parte aérea sobre o banco de sementes de capim-
gordura e de espécies nativas.
4 - Avaliar em campo a germinação e estabelecimento das gramíneas nativas
presentes no coquetel de sementes.
11
2. Material e métodos
2.1. Espécie estudada Melinis minutiflora
2.1.1. Histórico
Palisot de Beuvois foi o primeiro pesquisador a descrever a espécie como Melinis
minutiflora. Depois da sua descrição, o nome da espécie sofreu diversas alterações. A
primeira, em 1819 para Swardia picta Schrank, PL., e Tristegis glutinosa Ness em 1820.
Em 1825, Palisot de Beuvois altera novamente o nome para Panicum minutiflorum, e em
1834, Trin a renomeia como Panicum melinis. Finalmente, em 1854 Steud passa a chamá-la
de Muehlenbergia brasiliensis (Bor 1960). Este autor descreveu Melinis minutiflora
(capim-gordura) de uma forma naturalista como sendo uma gramínea nativa da África,
porém introduzida em muitas regiões tropicais como forrageira. Em seu trabalho este autor
relata: “Esta gramínea apresenta um odor característico, e suas folhas e perfilhos são
recobertos por pêlos que secretam óleo viscoso com odor de cominho. A natureza viscosa
desta espécie faz com que ela seja pegajosa ao toque e seu odor é também repugnante para
algumas pessoas. Por outro lado o gado após um certo tempo de adaptação passa a se
alimentar desta espécie com avidez. Na Angola a presença do capim-gordura forma a
maioria dos pastos por ser uma das únicas gramíneas que conseguem permanecer verdes
em situações secas, abertas e com alta exposição ao sol. No Congo os nativos são
conscientes de suas qualidades como repelente, e a consideram um inseticida. Eles a usam
para construir camas, forrar ninhos de aves e também para seus cachorros darem à luz
aos seus filhotes”.
Esta descrição reforça o relato de que o capim-gordura pode ter sido introduzido
no Brasil com o tráfico negreiro, pois os escravos o utilizavam como camas no período
12
da colônia (Filgueiras 1990, Freitas & Pivello 2005). Por outro lado, alguns autores
argumentam que esta espécie foi introduzida na América do Sul e no Brasil com fins
forrageiros à época da expansão agrícola (Baruch et al. 1989, Baruch & Merida 1995,
Gomide 1995, Morosini & Klink 1997, Pivello et al. 1999a). Martins (2006) mostrou as
rotas do tráfico negreiro para o Brasil e a difusão do capim-gordura no continente norte
americano elucidando, uma questão importante sobre a origem e os centros de
desenvolvimento e dispersão desta espécie (Figura1).
0
Angola
0 Cuba (1917-a,1920-b)
0 Estados Unidos
(1889-a)
0 Venezuela
(1860-a, b-?)
Colômbia 0
(1906-a, b) 0
Gui
0
Costa do
Marfim
TFICO NEGREIRO (Séc. XVI-XIX)
Introdução de Melinis minutiflora no Brasil (ano - ?)
0 Rio de Janeiro
(1812)
0
Goiás
(1816-b)
0 Salvador
0 Recife
0 Porto Rico
(1912-a,1923-b)
0
Mambique
*Jamaica 0
(1921-a)
*Rep. Dominicana (1924-a)
0
0 Nigéria
(1910-b)
Peru 0
(1920-b)
0 Hawaii (1914-a)
culo 18 ?
(1924-b)
(1920-b)
Brasil
0 México
LEGENDA:
DISPERSÃO DO CAPIM-GORDURA
NO CONTINENTE AMERICANO
TFICO NEGREIRO
Figura 1. Principais rotas do tráfico negreiro e difusão da granea Melinis minutiflora no continente americano
(Martins 2006).
Segundo Saraiva et al. (1993) o capim-gordura é considerado uma espécie
naturalizada no Brasil. Espécies naturalizadas estabelecem populações auto-sustentáveis
sem a assistência do ser humano, e têm sido a causa, ou têm contribuído, para a extinção de
muitas espécies nativas (Sax et al. 2007). Entretanto, Gurevitch & Padilla (2004) propõem
13
que mesmo que competidores exóticos possam causar a extinção de populações em nível
local, estes não seriam capazes de extinguir completamente uma espécie.
2.1.2. Características gerais
M. minutiflora é uma granea de origem africana, perene, C4, e reproduz-se tanto
por semente como vegetativamente, podendo ser considerada atualmente como uma espécie
naturalizada. O capim-gordura pode formar densas touceiras que excluem espécies
herbáceas (Pivello et al. 1999a,b) e dificultam o estabelecimento de espécies lenhosas
(Morosini & Klink 1997, Hoffmann & Haridasan 2008). Portanto, áreas invadidas têm uma
riqueza e diversidade de espécies menor (Willians & Baruch 2000).
Os padrões fenológicos do capim-gordura contribuem para a sua alta agressividade
e capacidade de invasão. De acordo com Martins (2006), o capim-gordura, na região de
Brasília, floresce em maio, apresentando uma inflorescência do tipo panícula terminal de 10
a 30 cm de comprimento, arroxeada, com ramificações curtas. É uma granea apotica e
sua floração ocorre entre 166 a 202 dias depois de semeado. As sementes apresentam alto
poder de germinação e quase nenhuma dormência. Possui sementes pequenas, variando de
1,5 a 2,5 mm de comprimento. A cariopse tem 1,2 a 1,4 mm de comprimento e se apresenta
na forma elíptica ou fusiforme (Figura 2). Produz uma grande quantidade de sementes
(200-280 kg/ha), e em um quilograma ocorrem cerca de 13 a 15 milhões de sementes.
Martins (2006) reporta ainda uma segunda floração entre os meses de dezembro e janeiro,
que resulta em sementes com baixa viabilidade. Apesar da alta produção de sementes na
primeira florada, Barger et al. (2003) reportam que a germinação das sementes e o
estabelecimento de M. minutiflora o extremamente baixos, da ordem de 0,01%.
Entretanto, uma área invadida em estágio avançado produz aproximadamente entre 180.000
14
a 240.000 sementes/(m².ano). No seu trabalho, a autora relata que de um total de 80.000
sementes utilizadas no seu experimento somente 28 sobreviveram até o final. A
sobrevivência e estabelecimento de plântulas de M. minutiflora parecem variar amplamente
em relação ao ambiente onde se encontram. Martins (2006) reporta diferentes taxas de
sobrevivência de plântulas em áreas de campo sujo e invadidas por M. minutiflora no
Parque Nacional de Brasília. Áreas submetidas ao tratamento com queimadas prescritas em
maio e setembro e a área controle apresentaram taxas diferenciadas de sobrevivência de
plântulas (21%, 5% e 6%, respectivamente). Em uma área de mata no Parque Nacional dos
Vulcões, Kilauea, Havaí, D’Antonio et al. (2001) não encontraram nenhuma plântula viva
5 meses após seu estabelecimento, justificando a alta mortalidade como conseqüência do
estresse hídrico e do sombreamento do estrato rasteiro.
Figura 2. Unidade de dispersão de Melinis minutiflora . Foto: Stefano S. Aires.
2.1.3. Biomassa de Melinis minutiflora
Áreas invadidas por capim-gordura apresentam ampla variação de biomassa em
relação ao estágio em que a invasão se apresenta e ao local onde ela ocorre. A biomassa do
estrato herceo de uma área invadida por capim-gordura protegida do fogo por 15 anos,
localizada no Parque Nacional de Brasília, foi quantificada por Aires et al. (2005). A
biomassa atingiu 14,7 Mg/ha, onde a gramínea invasora contribuiu com 71% do total e o
15
restante da biomassa era composto por dicotiledôneas e graneas nativas. Martins (2006)
relata, para uma área no Parque Nacional de Brasília, que o índice de cobertura vegetal
inicial do estrato rasteiro protegido do fogo à 16 anos, ficou entre 90% e 94%, e que a
contribuição média do capim-gordura variou entre 42% e 68%. A biomassa total registrada
para estas áreas variou entre 6,7 e 8,9 Mg/ha, sendo a contribuição do capim-gordura entre
4,6 Mg/ha e 5,9 Mg/ha. Hoffmann & Haridasan (2008) relatam para uma área localizada na
Reserva Ecológica do IBGE em Brasília que parcelas densamente invadidas por capim-
gordura possuíam até 147% mais biomassa do que parcelas contendo somente graneas
nativas (5,16 Mg/ha). Entretanto, Silva & Haridasan (2007) observaram biomassa aérea
viva de M. minutiflora maiores que a biomassa aérea viva de graneas nativas somente na
época de sua floração, no período da seca e no início da estação chuvosa. Contudo, os
autores não registram diferenças significativas na quantidade de biomassa aérea morta em
entre M. minutiflora e gramíneas nativas em qualquer época do ano. Os autores afirmam
que não existe uma evidência de que a granea invasora acumula biomassa aérea em
quantidades superiores às das gramíneas nativas na fase vegetativa. Embora o valor de
biomassa de áreas invadidas possa ser considerado alto, para as fisionomias de campo
limpo e campo sujo a biomassa aérea varia entre 2,5 Mg/ha e 15 Mg/ha, dependendo do
período em que estão protegidas de queima e da composição de espécies (Neto et al. 1991,
Ottmar et al. 2001). A quantidade de biomassa das invasoras está diretamente relacionada
com o tempo em que o processo de invasão está instalado. Embora, a alteração provocada
pela bioinvasão no ecossistema possa não influenciar a quantidade de biomassa aérea
presente na área, as taxas de deposição e decomposição de serrapilheira, evapotranspiração,
e todos os processos ecológicos do local podem ser alterados pela sua presença.
16
2.2. Área de estudo
O trabalho foi realizado na Reserva Ecológica do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (RECOR). A RECOR possui uma área de 1.350 ha e está localizada a 25 km ao
sul da cidade de Brasília (15°6’41’’ S e 47°53’07’’ W) a uma altitude média de 1.100 m. O
clima é marcadamente sazonal, apresentando uma estação chuvosa bem definida (outubro a
abril) onde ocorre cerca de 90% da precipitação anual, 1.436 mm, em média. A temperatura
média anual é de 21°C. O solo predominante é o latossolo vermelho-amarelo (RECOR
2008). As principais formas fisiomicas do Cerrado estão representadas na RECOR
(Pereira et al. 1993) e, em algumas áreas, pode-se observar a invasão por Melinis
minutiflora (Berardi 1994, Castro Neves 2000, Hoffmam et al. 2004)
O estudo ocorreu em duas parcelas contíguas de campo sujo (50 m x 50 m cada),
protegidas de queimadas por dois anos, próximas a uma das estradas que cortam a reserva,
e que apresentava invasão por capim-gordura segundo o padrão reportado por Pivello et al.
(1999a) e Hoffman et al. (2004). O capim-gordura é capaz de invadir áreas destinadas à
conservação a partir da borda das estradas de maneira extremamente agressiva competindo,
com sucesso, com a flora nativa e é capaz de descaracterizar em poucos anos a fisionomia
da vegetação original (Filgueiras 1990, Pivello et al. 1999a, Hoffman et al. 2004).
As parcelas foram definidas de acordo com o objetivo estabelecido no início do
trabalho, isto é:
1 - Parcela Sem tratamento” (S): Teve como objetivo o acompanhamento do
processo de invasão por M. minutiflora sem nenhuma interferência de tratamento.
Para que este processo pudesse ser acompanhado, foram realizadas medidas de
cobertura vegetal do estrato rasteiro, medidas de biomassa do estrato rasteiro,
avaliação do banco de sementes do solo, acompanhamento das fases fenológicas das
17
graneas presentes na parcela e contagem do número de espiguetas/da espécie
invasora.
2 - Parcela Corte anual com semeadura de coquetel de sementes de gramíneas
nativas(CA): Esta parcela recebeu tratamento anual de corte da parte aérea da
vegetação no período de frutificação da espécie invasora (março-junho). O corte
visou controlar a espécie invasora através da diminuição da biomassa aérea e
mortalidade das touceiras provocadas pelo tratamento (Caro-Costas & Vicente-
Chandler 1961), além de evitar que esta espécie pudesse recarregar o banco de
sementes do solo. Associada ao corte, foi realizada semeadura com um coquetel
composto por sementes de gramíneas nativas (coletadas ao longo dos anos de 2006
e 2007) visando o incremento de sementes de gramíneas nativas no banco de
sementes e o aumento na quantidade de plântulas das espécies nativas. Para
acompanhar o efeito do tratamento de corte + semeadura, foram realizadas medidas
de cobertura vegetal do estrato rasteiro, medidas de biomassa do estrato rasteiro,
avaliação do banco de sementes do solo, acompanhamento das fases fenológicas das
graneas presentes na parcela e acompanhamento da germinação nas áreas de
semeadura.
2.3. Corte
O manejo da parcela CA foi realizado com corte da vegetação até uma altura de
7 cm acima do solo, tal como é descrito na literatura, visando a morte do capim-gordura
(Caro-Costas & Vicente-Chandler 1961), a sobrevivência e estimulo da floração de
espécies herbáceas nativas (Meguro 1969, Coutinho 1976, César 1980, Haddad & Valio
1993, Miranda 1997, Parron & Hay 1997, Munhoz & Felfili 2005, 2006).
18
Durante o período de estudo, o tratamento com corte foi aplicado duas vezes na
parcela CA (setembro de 2007 e junho de 2008). A aplicação do tratamento em 2007 foi
realizada após a época de dispersão do capim-gordura, portanto, este teve como principais
objetivos estimular a floração de gramíneas nativas, diminuir a competição provocada pelo
sombreamento causado pela espécie invasora e possivelmente matar touceiras de capim-
gordura. Em 2008, a fim de evitar a dispersão das sementes de M. minutiflora e a recarga
do banco de sementes pela espécie invasora, o corte da parcela CA foi realizado antes do
amadurecimento e dispersão de suas sementes. O manejo foi desenvolvido com o auxílio
máquinas roçadeiras costais e um microtrator (YANMAR AGRITECH. Modelo: TC-12).
2.4. Biomassa do estrato rasteiro
O estudo foi desenvolvido nas parcelas previamente estabelecidas, e realizado por
meio de corte rente ao solo de toda vegetação rasteira presente em um quadrado de
50 cm x 50 cm lançado aleatoriamente, como o realizado por Cardoso et al. (2000a,b).
Foram coletadas 20 amostras (5 m²) por parcela experimental. O material coletado foi
levado para laboratório onde foi separando em: gramínea nativa, capim-gordura e
dicotiledôneas. Todo material coletado foi acondicionado em sacos de papel e mantido em
estufa até obtenção de massa constante. Este processo foi realizado durante o
estabelecimento das parcelas experimentais (setembro de 2007) e logo antes do corte da
parcela CA (junho de 2008).
Para a análise estatística dos dados foi utilizado teste de Mann-Whitney (p = 0,05)
com auxílio do pacote estatístico BioEstat 3.5 (Ayres et al. 2001).
19
2.5. Cobertura vegetal do estrato rasteiro
A cobertura das parcelas foi realizada mensalmente pelo método de interceptação de
linhas (Kent & Coker 1992). O método de interceptação de linhas foi escolhido pois para a
situação de corte anual a vegetação pode não se recuperar atingindo 100% de cobertura da
área, deixando assim pequenas manchas de solo exposto. Neto et al. (1994) demonstraram
que áreas de campo sujo queimadas um ano recuperaram cerca de 70% de sua biomassa
e possivelmente, a recuperação da cobertura vegetal não atingiu 100%.
Cardoso et al. (2000a,b,2003), trabalhando em parcelas experimentais, de savana
graneo-lenhosa que sofreram queima, demonstraram que o tempo necessário para que a
vegetação recupere a cobertura vegetal inicial pode variar entre 4 e 8 meses . Sendo assim,
a determinação da cobertura vegetal através do todo de interceptação de linhas se faz
mais precisa para a situação de corte.
Em cada parcela experimental foram estabelecidos nove transectos de 50 m para
verificar a dinâmica da cobertura da vegetação do estrato rasteiro. Durante a obtenção dos
dados foram consideradas as seguintes categorias de vegetação que interceptaram a linha:
capim-gordura (G), gramínea nativa (N) e dicotiledôneas (D), assim como a combinação
destas categorias. Os dados de porcentagem de cobertura foram coletados pela mensuração
do comprimento do transecto interceptado pelas categorias presentes (Kent & Coker 1992).
A cobertura vegetal de cada componente (G, N e D), foi mapeada dentro da parcela
gerando assim três mapas por coleta. Cada quadrado deste mapa representa a porcentagem
de cobertura vegetal do respectivo componente dentro de 5 m contínuos dos transectos
previamente estabelecidos.
A cobertura vegetal da parcela S foi realizada no início (agosto de 2007), meio
(fevereiro de 2008) e fim (maio de 2008) deste estudo, visto que para esta parcela não
haveria grandes alterações, pois não foi aplicado nenhum tipo de tratamento. A parcela CA
20
foi verificada mensalmente de agosto de 2007 a maio de 2008 para que a dinâmica de
recuperação da cobertura após o corte pudesse ser acompanhada.
Para a área CA, as análises dos dados de cobertura vegetal do estrato rasteiro foram
realizadas visando responder a duas questões:
1 - Dentro de um mesmo mês existem diferenças significativas entre as coberturas
vegetais dos componentes avaliados?
2 - Oito meses após o corte da área, a cobertura vegetal de cada componente sofreu
alterações significativas?
Para responder à primeira questão, foram realizadas comparações entre os
componentes, G, N e D, para os meses anteriores a aplicação do tratamento de corte (agosto
de 2007 e maio de 2008). Posteriormente, foram realizados os mesmos testes para comparar
alterações na cobertura vegetal dos componentes, G, N e D, entre os meses de agosto de
2007 e maio de 2008, visando responder à segunda pergunta.
Pelo fato desta variável ser caracterizada por grande amplitude de variação, os
dados foram transformados em arcoseno √p/100, visando a homogeneidade da variância
(p = comprimento ocupado por cada categoria). A normalidade foi verificada analisando a
simetria e a curtose dos dados obtidos para cada classe, com auxílio do software R (ver.
2.5., R Development Core Team 2007). Os dados das classes G, N e D foram analisados
com a realização dos testes ANOVA de medidas repetidas e testes T pareados (p = 0,05),
com auxílio do software R (ver. 2.5.1; R Development Core Team 2007).
2.6. Banco de sementes
O acompanhamento do número de sementes viáveis presentes no solo é importante
para determinar o número de espécies, a quantidade relativa de cada espécie e a abundância
21
destas a diferentes profundidades no solo (Gross 1990). A necessidade de se investigar a
variação espacial e temporal da quantidade de sementes presentes no solo levou à
elaboração de diversas metodologias de coleta que visam obter um resultado mais próximo
da realidade. Para a avaliação dos bancos de sementes no solo das parcelas deste trabalho,
foi utilizada a metodologia de germinação direta proposta por Gross (1990). Este método
tem melhores resultados para avaliar a quantidade de sementes germiveis presentes no
solo no momento no qual foi realizada a coleta, excluindo assim o fator da variação
temporal. Segundo o autor, ele é capaz de prover uma lista mais completa das espécies
presentes na comunidade do que as listas que são geradas por outras metodologias de
coleta.
Dez amostras de solo foram coletadas imediatamente antes do tratamento de corte
(setembro de 2007 e junho de 2008). As amostras foram coletadas utilizando-se um
quadrado de ferro (20 cm x 20 cm x 2 cm), lançado ao acaso fora das áreas de semeadura.
A profundidade de 2 cm foi adotada uma vez que Martins (2006) mostrou que raramente
ocorre germinação das sementes de capim-gordura que se encontram abaixo desta
profundidade, e Andrade (2002) mostrou que 70% das sementes das espécies nativas se
localizam nos primeiros 0,5 cm e 90% no primeiro centímetro de profundidade. Cada
amostra de solo foi acondicionada em bandejas plásticas e posta em casa de vegetação. As
amostras foram irrigadas diariamente durante seis meses. A contagem de plântulas
emergidas foi realizada duas vezes por semana. A cada dois meses, o solo foi revolvido
para estimular novos fluxos de emergência de plântulas (Ikeda et al. 2008). Todas as
plântulas que emergiram foram arrancadas, contabilizadas e classificadas em uma das três
categorias: capim-gordura (G), gramíneas nativas (N) e dicotiledôneas (D).
22
Para cada amostra, o total de sementes foi obtido pela soma de todas as plântulas
emergidas, em cada amostra, durante esse período. Alguns indivíduos de cada morfoespécie
foram transplantados individualmente em sacos plásticos contendo solo preparado, 75% de
solo de cerrado coletado na Reserva do IBGE, e 25% de areia previamente seca em estufa a
70°C (Silva & Klink 1997). Tanto a areia como o solo coletado, antes de serem misturados,
foram peneirados em malhas de 2 mm e 1 mm a fim de retirar impurezas, raízes e sementes.
Os indivíduos plantados foram mantidos na casa de vegetação até a floração para que fosse
possível realizar a identificação da espécie. De acordo com o seu crescimento, as plantas
foram replantadas em recipientes cada vez maiores para que pudessem continuar a se
desenvolver de maneira adequada.
O efeito do corte na alteração do banco de sementes foi avaliado comparando-se o
número de plântulas que emergiram após os cortes de setembro de 2007 e junho de 2008.
Em função da alta heterogeneidade da distribuição de sementes, todos os valores do número
de sementes germinadas/são apresentados como valores medianos e foram comparados
utilizando-se o teste de Mann-Whitney (p = 0,05) com auxílio do pacote estatístico Bioestat
5.0 (Ayres et al. 2001).
2.7. Coquetel de sementes e semeadura
As coletas de sementes foram realizadas em áreas de campo sujo, na RECOR, de
acordo com a época de floração e disponibilidade das espécies (Almeida 1995, Martins
1996). Foram coletadas sementes de espécies pertencentes aos três grupos fenológicos
propostos por Almeida (1995). Durante a coleta foram estabelecidos transectos imaginários
(Filgueiras et al. 1994) que foram percorridos a fim de cobrir a maior área dentro dos tios
de coleta. As sementes foram coletadas aleatoriamente de indivíduos em fase de
dispersão (apresentando pelo menos a terça parte dos propágulos já dispersados) para evitar
23
a coleta de embriões imaturos. O material coletado foi acondicionado em sacos de papel e
levados ao laboratório onde recebeu o beneficiamento. Cada espécie foi beneficiada de
acordo com suas características. De forma geral, as sementes foram retiradas das
inflorescências manualmente e armazenadas em sacos de papel permeáveis até sua
utilização (Villela & Peres 2004). Em laboratório, com auxílio de um soprador, as sementes
coletadas foram triadas em semente cheias e vazias para que apenas as sementes cheias
fossem semeadas (somente no caso das sementes o palhentas). As sementes não
receberam nenhum tratamento prévio para quebra de dormência.
Após o corte, foram estabelecidas aleatoriamente dentro da parcela CA cinco áreas
de semeadura de 5 m x 5 m. Após o estabelecimento da estação chuvosa, as sementes
previamente coletadas foram semeadas, sendo lançadas aleatoriamente dentro das áreas,
visando o incremento de sementes de gramíneas nativas no banco de sementes e o aumento
na quantidade de plântulas das espécies nativas. O período de semeadura foi selecionado de
forma a evitar maior mortalidade das plântulas, por estresse hídrico devido à falta de
chuvas ou períodos de veranico, ou pelo oposto, por excesso de chuva, que poderia causar
eroo expondo as raízes (Frasier et al. 1984, Silva & Castro 1989, Veenendal 1996a,b).
2.8. Contagem de plântulas em campo
Após a semeadura do coquetel de sementes de gramíneas nativas, a germinação e o
estabelecimento de plântulas foram verificados quinzenalmente. Para realizar este
acompanhamento foram estabelecidos aleatoriamente cinco quadrados de contagem
(50 cm x 50 cm) dentro das áreas de semeadura e 5 quadrados controle (50 cm x 50 cm)
situados do lado de fora das áreas de semeadura (Figura 3). Todas as plântulas que se
estabeleceram dentro destes quadrados foram contabilizadas e classificadas em dois grupos:
plântulas de gramíneas nativas e plântulas de M. minutiflora. A contagem de plântulas foi
24
realizada até que fosse impossível identificar novos indivíduos ou até que se tornasse
impossível diferenciar os indivíduos mortos dos que entraram em dormência em
decorrência da estação seca.
Figura 3. Desenho esquemático da Parcela Corte Anual, situada na Reserva
Ecológica do IBGE, Brasília DF, onde as áreas de semeadura têm 5 m x 5 m, e os
quadrats de contagem e controle 50 cm x 50 cm.
Em função da alta heterogeneidade da distribuição da germinação das sementes,
todos os valores do número de sementes germinadas/são apresentados como valores
medianos. Para a comparação das medianas foi realizado o teste de Mann-Whitney
(p = 0,05) devido à distribuição não normal dos dados. Utilizou-se o pacote estatístico
Bioestat 5.0 (Ayres et al. 2001) para a realização das análises.
50 m
-
Áreas de semeadura
- Quadrados de contagem
- Quadrados controle
25
3. Resultados e discussão
3.1. Biomassa aérea das parcelas invadidas
A biomassa total do estrato rasteiro, das parcelas S (“Sem tratamento”) e
CA (Corte anual com semeadura de coquetel de sementes de gramíneas nativas”), foi
mensurada em setembro de 2007 e junho de 2008, sofrendo alterações significativas
somente na parcela CA devido ao tratamento de corte.
Para a coleta de 2007, a biomassa das parcelas S e CA não apresentou diferenças
estatisticamente significativas. A biomassa de S foi de 5,7 ± 2,0 Mg/ha e a de
CA 7,1 ± 2,6 Mg/ha (U=141, p = 0,11). A parcela S apresentou 10% de capim-gordura (G),
60% de graneas nativas (N) e 30% de dicotileneas (D). A proporção dos componentes
na parcela CA foi de 10% de capim-gordura, 74% de gramíneas nativas e 16% de
dicotiledôneas (Figura 4).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
M. minutiflora Gramíneas Nativas Dicotiledôneas
Componentes
Proporção (%)
S
CA
Figura 4. Composição da biomassa, em setembro de 2007, antes do
corte, em uma área de campo sujo invadido por Melinis minutiflora
na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF. S = parcela sem
tratamento de corte, CA = parcela com tratamento de corte anual.
O total de biomassa registrado para as parcelas S e CA em setembro de 2007, se
enquadra no range relatado para áreas invadidas por M. minutiflora, que pode variar entre
26
4,7 Mg/ha e 14,7 Mg/ha (Aires et al. 2005, Martins 2006, Silva & Haridasan 2007,
Hoffmann & Haridasan 2008). Entretanto, valores semelhantes são relatados também para
áreas de campo no bioma cerrado, com biomassa variando entre 2.5 Mg/ha até 15 Mg/ha
(Neto et al. 1991, Andrade 1998, Ottmar et al. 2001). Ambas as parcelas apresentavam
composição semelhante em setembro de 2007, com apenas 10% de M. minutiflora
representando a biomassa total. Sendo assim, em termos de biomassa, o processo de
invasão poderia ser considerado em estádio inicial, tendo em vista que a quantidade total de
biomassa registrada depende diretamente do tempo sem queima e da composição das
espécies.
A parcela S não apresentou grandes variações em termos de biomassa. Em junho de
2008 a biomassa total foi de 6,0 ± 4,0 Mg/ha. Este total não foi significativamente diferente
do encontrado para a coleta realizada em setembro de 2007 (U = 173,00, p = 0,8378).
Entretanto, em junho de 2008, a proporção registrada dos componentes da parcela S foi de
35% para G, 49% para N e 16% para D (Figura 5).
Oito meses após o corte, a parcela CA recuperou cerca de 38% do valor original da
biomassa, isto é, 2,7 ± 1,2 Mg/ha, da qual 20% eram representados por G, 54% por N e
26% por D (Figura 5).
O aumento na proporção do componente G na biomassa total de ambas as parcelas,
pode ser explicado pela floração do mesmo. Em junho de 2008, o capim-gordura
apresentava grande quantidade de inflorescências: 0 e 484 inflorescências/m², com valor
mediano de 14 inflorescências/m² em S, e entre 0 e 180 inflorescências/m² com valor
mediano de 32 inflorescências/ em CA. Martins (2006) e Silva & Haridasan (2007)
mostraram que em áreas invadidas, o capim-gordura contribui com maior porcentagem de
biomassa durante a época de floração.
27
0
10
20
30
40
50
60
M. minutiflora Gramíneas Nativas Dicotileneas
Componentes
Proporção (%)
S
CA
Figura 5. Composição da biomassa, em junho de 2008, oito meses
apem uma área de campo sujo invadido por Melinis minutiflora na
Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF. S = parcela sem tratamento
de corte, CA = parcela com tratamento de corte anual.
A baixa recuperação da biomassa total da parcela CA está em desacordo com os
dados de recuperação pós fogo apresentada por Andrade (1998), Neto et al. (1998) e
Cardoso et al. (2000a,b,2003). Neto et al. 1998, trabalhando em áreas campo sujo
queimadas bienalmente, encontraram o maior valor de biomassa total 10 meses após a
queima, cerca de 80% do valor pré-fogo (6.6 Mg/ha). Este pico de biomassa tendeu a
acompanhar a precipitação e ocorreu cerca de um mês após o maior pico de precipitação no
local. Cardoso et al. (2000a) encontraram padrão semelhante de recuperação da biomassa
em uma savana no Pantanal, e demonstraram que somente 10 meses após a queima a
vegetação atingiu o valor de biomassa viva registrado antes da queima (3,0 Mg/ha). O
incremento da biomassa viva ocorreu durante toda a estação chuvosa e se estabilizou
durante o período de baixa precipitão. Cardoso et al. (2003), trabalhando em parcelas
com predomincia da gramínea nativa Andropogon bicornis, na região de Nhecolândia,
no Pantanal, encontraram resultados semelhantes. Neste trabalho, a parcela submetida à
queima só atingiu valores de biomassa da parcela controle, 8 meses após a queimada, cerca
28
de 2,0 Mg/ha. Sendo assim, a recuperação da biomassa aérea da vegetação da parcela CA
pode ser considerada baixa em comparação com os trabalhos apresentados por Neto et al.
(1998) e Cardoso et al. (2000a,b, 2003), especialmente ao considerarmos que a estação
chuvosa teve início após o tratamento de corte ter sido aplicado na parcela (Figura 6).
0.0
50.0
100.0
150.0
200.0
250.0
300.0
350.0
400.0
J J A S O N D J F M A M J J A S
Tempo (mês)
Precipitação (mm)
Figura 6. Dados mensais do total pluviométrico na Reserva Ecológica do IBGE,
Brasília DF, no peodo de junho de 2007 a setembro de 2008.
Andrade (1998) ao comparar a recuperação do estrato rasteiro após queimadas
realizadas no final e início da estação chuvosa, demonstrou que as áreas queimadas no
início das chuvas se recuperaram de maneira mais eficiente. Entretanto, é sabido que o
rápido incremento de biomassa após uma queimada pode ser relacionado ao aporte de
cinzas carregadas de nutrientes que seriam disponibilizados rapidamente para a vegetação
(Coutinho 1980), o que não é verdadeiro para áreas que sofrem o efeito de corte. Após o
corte, a biomassa de gramíneas nativas que cai sobre o solo demora a se decompor.
Constantino (1988) apresenta a meia vida para decomposição de graneas do cerrado,
variando entre 278 e 525 dias. Além disso, a camada de palha que se forma sobre o solo
pode vir a impedir que a biomassa se regenere da mesma forma que em áreas que foram
Corte
Corte
29
queimadas, pois o sombreamento causado pela palhada impede que as novas folhas e
brotos, assim como as plântulas, tenham acesso à luz (Silva & Castro 1989,
Morosini & Klink 1997).
3.2. Cobertura Vegetal
Em agosto de 2007, a cobertura vegetal do estrato rasteiro das parcelas S e CA era
de 90% e 92% respectivamente, sendo distribuída de maneira heterogênea entre os três
componentes (F
2,178
= 68,894; p < 0,05 e F
2,178
= 54,127; p < 0,05, respectivamente).
Para a parcela S, em agosto de 2007, o capim-gordura ocupava cerca de 30% da
área coberta, sendo que somente 11% destes eram ocupados exclusivamente por
M. minutiflora. O restante representa associações entre a invasora e os outros dois
componentes. As gramíneas nativas estavam presentes em 80% da parcela S. Entretanto,
somente 46% deste valor eram ocupados exclusivamente por elas. Em relação às
dicotiledôneas, foi possível observar este componente em 30% da área coberta da parcela,
sendo somente 4% ocupados exclusivamente por este componente (Figura 7).
A parcela CA apresentou um total de 92% de cobertura. M. minutiflora ocupou 27%
deste total, sendo que 25% deste valor eram ocupados exclusivamente por esta espécie. As
graneas nativas apresentaram cobertura vegetal de 79% da área coberta de parcela, sendo
41% deste valor ocupado somente pelas gramíneas nativas. As dicotiledôneas
representaram 41% da cobertura da parcela e deste total somente 6% eram ocupados
exclusivamente por elas (Figura 7).
Em maio de 2008, a parcela S apresentou um total de 93% de cobertura vegetal que
se distribuiu de forma heterogênea (F
2,178
= 169,39; P<0,05). O capim-gordura contribuiu
com 41% deste total, sendo que somente 4% eram ocupados exclusivamente por M.
30
minutiflora. As gramíneas nativas estavam presentes em 88% do total de área coberta, com
42% dos 88% ocupados exclusivamente por elas. Para as dicotiledôneas, foram registrados
35% de cobertura vegetal, sendo somente 4% ocupados somente por elas.
Parcela S Parcela CA
% de
Cobertura
A)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
5 10
15
20
25
30
35
40
45
5 10
15
20
25
30
35
40
45
100
B)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
5 10
15
20
25
30
35
40
45
5 10
15
20
25
30
35
40
45
100
C)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
5 10
15
20
25
30
35
40
45
5 10
15
20
25
30
35
40
45
100
Figura 7. Representação esquemática da cobertura vegetal de cada componente, nas parcelas “S (sem
tratamento) e CA (parcela com tratamento de corte anual), em agosto de 2007, em campo sujo invadido por
Melinis minutiflora na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF. A = Capim- gordura, B = gramíneas nativas
e C = Dicotiledôneas.
31
A cobertura vegetal no mês de maio de 2008 para a parcela CA (Figura 8) foi de
83%, e continuou se apresentando de maneira heterogênea (F
2,178
= 59,972; p < 0,05).
Sendo assim, oito meses após o corte, a parcela CA apresentou 90% de recuperação em
termos de cobertura vegetal. Cardoso et al. (2000a) mostraram que a cobertura vegetal de
uma área de campo, no Pantanal, submetida à queimada só atingiu os níveis de cobertura da
área controle (80% de cobertura vegetal) após 8 meses de recuperação. Áreas dominadas
por Elyonurus muticus, no Pantanal, submetidas a queima anual, têm a cobertura vegetal do
solo consideravelmente reduzida após a queima, e levam de quatro a seis meses para
restabelecer o porcentual da área sem queima (Cardoso et al. 2000b). Para áreas dominadas
por Andropogon bicornis, no Pantanal, Cardoso et al. (2003) relatam que a queima reduz
expressivamente a cobertura vegetal do solo, favorecendo a erosão e a evapotranspiração,
restringindo a infiltração e o armazenamento de água e aumentando, conseqüentemente, a
vulnerabilidade das plantas à seca. Somente sete meses após a queimada a área atingiu
valores de cobertura semelhantes aos da área controle, cerca de 90%.
Em maio de 2008, na parcela CA, M. minutiflora representou 30% do total de
cobertura, sendo 20% de cobertura vegetal ocupados exclusivamente por esta espécie. As
graneas nativas contribuíram com 68% da cobertura, sendo 51% ocupados com
exclusividade. As dicotiledôneas ocuparam cerca de 29% da cobertura vegetal, com 11% de
exclusividade (Figura 8). A cobertura vegetal dos três componentes (G, N e D) da parcela S
se manteve de forma relativamente constante ao longo do tempo, não tendo demonstrado
sofrer alterações devido à estação seca. Cada componente foi analisado independentemente
e foram feitas comparações entre a cobertura vegetal de agosto de 2007 e maio de 2008.
Apenas as dicotiledôneas não apresentaram diferenças estatísticas significativas
(T
89
= -1,2436; p > 0,05). Melinis minutiflora e as gramíneas nativas apresentaram
32
diferenças significativas entre os dois períodos, registrando um incremento em termos de
cobertura vegetal para ambos os componentes (T
89
= -4,5712; p < 0,05 e T
89
= -3,9236; p <
0,05, respectivamente). Este incremento pode ter sido possibilitado pela expansão e
crescimento tanto das graneas nativas como do capim-gordura em função da temporada
de chuva (Figura 9).
Parcela S Parcela CA
% de
cobertura
A)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
5
10
15 20 25 30 35
40
45 5 10 15 20
25
30 35 40 45
100
B)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
5
10
15 20 25 30 35
40
45 5 10 15 20
25
30 35 40 45
100
C)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
5
10
15 20 25 30 35
40
45 5 10 15 20
25
30 35 40 45
100
Figura 8. Representação esquemática da cobertura vegetal de cada componente, nas parcelas
“S” (sem tratamento) e CA (parcela com tratamento de corte anual), em maio de 2008, em
campo sujo invadido por Melinis minutiflora na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF.
A = Capim- gordura, B = gramíneas nativas e C = Dicotiledôneas.
33
A parcela CA apresentou rebrota da vegetação de forma rápida e intensa após o
corte (Figura 10), com o incremento de cobertura vegetal acompanhando a temporada de
chuva e se estabilizando por volta do mês de janeiro de 2008, juntamente com o maior pico
de precipitação da temporada chuvosa. Entre agosto de 2007 e maio de 2008 não houve
diferenças significativas para a cobertura de capim-gordura e de dicotiledôneas
(T
89
= -1,155; p > 0,05 e T
89
= 2,5009; p > 0,05 respectivamente), indicando que oito meses
após o corte a recuperação da cobertura vegetal destes componentes não sofreu alteração.
Para as gramíneas nativas houve uma diminuição significativa da cobertura vegetal entre
agosto de 2007 e maio de 2008 (T
89
= 4,8986; p < 0,05).
Em termos de porcentagem, é possível observar que o padrão de incremento de
cobertura vegetação da parcela CA, ocorreu de forma semelhante para cada um dos
componentes. Para gramíneas nativas ocorreu uma rápida recuperação após o corte, e em
quatro meses após o tratamento, a cobertura vegetal teve uma recuperação de 87% do valor
inicial. Tanto as gramíneas nativas como as dicotiledôneas tenderam a estabilizar o
incremento em cobertura vegetal após janeiro de 2008.
O rápido incremento na cobertura vegetal de N e D, acompanhando a temporada de
chuvas, se assemelha ao padrão apresentado por Cardoso et al. (2000a,b,2003). Este padrão
de rápida recuperação da cobertura pode ser vantajoso para um manejo que visa à exclusão
de capim-gordura, pois além da rápida ocupação sica do espaço pelas gramíneas nativas,
aumentando assim sua capacidade competitiva. O estímulo da floração após poda (Meguro
1969, Coutinho 1976, César 1980, Haddad & Valio 1993, Miranda 1997, Parron & Hay
1997, Munhoz & Felfilli 2005,2006) faz com que a área receba uma nova chuva de
sementes, o que será importante, a longo prazo, para que haja o recrutamento de novos
indivíduos.
34
Parcela S Parcela CA % de
cobertura
5
10
15
20
25
30
35
40
45
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0
Agosto
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Maio
Parcela S
Parcela CA
5
10
15
20
25
30
35
40
45
5
10
15
20
25
30
35
40
4
5
0
Agosto
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Maio
Parcela S
Parcela CA
5
10
15
20
25
30
35
40
45
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0
Agosto
10
20
30
4
0
50
60
70
80
90
100
Maio
Figura 9. Representação esquemática da cobertura vegetal de cada componente, nas parcelas “S”
(sem tratamento) e CA (parcela com tratamento de corte anual), em agosto de 2007, e maio de
2008, em campo sujo invadido por capim-gordura na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF.
A = Capim- gordura, B = gramíneas nativas e C = Dicotiledôneas.
35
Tempo (Mês)
Ag Se No De Ja Fe Mr Ab Ma Ju Jl Ag.
0
20
40
60
80
100
Capim-gordura
Gramíneas Nativas
Dicotiledôneas
Tempo (Mês)
Ag Fe Ma
Cobertura Vegetal (%)
0
20
40
60
80
100
A) B)
Figura 10. Cobertura vegetal das parcelas “Sem tratamento” (A) e “Corte Anual” (B), em campo sujo
invadido por Melinis minutiflora, na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF.
A recuperação da cobertura vegetal de capim-gordura apresentou um padrão
crescente durante toda a estação chuvosa. Scowcroft & Hobdy (1987) avaliaram a
recuperação da cobertura vegetal em parcelas invadidas por M. minutiflora ao longo de
4 anos. Os autores observaram que os indivíduos de capim-gordura submetidos à herbivoria
o conseguiam se recuperar tão bem quanto nas áreas onde os herbívoros foram excluídos,
evitando assim a expansão do processo de invasão. Ainda em seu trabalho, os autores
relatam uma rápida taxa de expansão da cobertura vegetal de M. minutiflora nas parcelas de
exclusão de herbivoria, onde mais da metade da parcela foi dominada exclusivamente pela
granea invasora. Barbosa et al. (1990) reportam que a capacidade de expansão da
cobertura vegetal de uma área está intimamente ligada à quantidade de sementes produzidas
e à sua agressividade, embora outros fatores, como a expansão vegetativa, também atuem
na capacidade de ocupação do espaço. Apesar de o capim-gordura possuir alta taxa de
produção de sementes, baixa taxa de predação, e um banco de sementes com proporções
36
maiores do que os encontrados para espécies nativas (Martins 2006), esta espécie de
granea é sensível ao pastejo intensivo e ao corte (Caro-Costas et al. 1960, Williams &
Baruch 2000, Caro-Costas & Chandler 1961, Paula et al. 1967,1969) diferindo das
graneas nativas que estão adaptadas às queimadas e florescem após o corte (Meguro
1969, César 1980).
Durante todo o período de estudo a gramínea Melinis minutiflora foi observada
ocorrendo em diversas associações (Figura 11), não somente com Echinolaena inflexa
como o observado por Pivello et al. (1999a). Para as parcelas S e CA no ano de 2007 o
capim-gordura foi visto em associação com gramíneas nativas em 56% da cobertura de G
em S e 42% em CA. Em 2008, a porcentagem dessa associação continuou a ser de 56% em
S e diminuiu para 38% em CA. Isto pode ser um indicativo de como o processo de invasão
acontece, principalmente no que diz respeito à competição, visto que, a princípio, a
Figura 11. Associações entre (a) M. minutiflora e Echinolaena inflexa (b)
M. minutiflora e Axonopus sp. (c) M. minutiflora e Papaspalum sp. (d) M. minutiflora e
dicotiledôneas, em área de campo sujo invadida por M. minutiflora na Reserva
Ecológica do IBGE, Brasília DF.
a)
b)
c)
d)
37
exclusão das gramíneas nativas pelas espécies invasoras ainda é um processo pouco
conhecido. Talvez a associação entre Melinis minutiflora e nativas seja apenas um estádio
inicial do processo de invasão, pois em processos mais avançados é possível encontrar
grandes áreas onde esta invasora é monodominante. Entretanto, pode indicar que outras
espécies de gramíneas nativas apresentem relação positiva com a espécie invasora, visto
que Pivello et al. (1999a) também mostraram que a gramínea nativa Diandrostachya
chrysotrix Ness. também apresenta relação positiva com M. minutilfora.
3.3. Banco de sementes
3.3.1. O banco total de sementes germinadas
O mediana total de sementes germinadas/m² encontrado não variou entre as
parcelas, mas variou entre os anos. Para a coleta realizada em setembro 2007, foi
contabilizada na parcela S um total de 1863 sementes germinadas/m² e na parcela CA, 863.
Para a coleta de junho de 2008 foram observados valores totais de 425 sementes/para a
parcela S e 400 sementes germinadas/m² para a parcela CA (Figura 12). Não foram
identificadas diferenças significativas para o total de sementes germinadas/ entre as
parcelas S e CA em nenhuma das duas coletas (U = 48,5; p = 0,4549 e U = 42; p = 0,2727,
respectivamente).
O número de sementes presentes no banco de sementes do solo, pode variar tanto
espacialmente, como temporalmente (Martins 1996, Sassaki et al. 1999, Freitas & Pivello
2005, Martins 2006) dependendo da composição de espécies, das suas fenologias, e da
época de coleta. O total de sementes germinadas/m² em 2007 foi influenciado pela
38
dispersão do capim gordura em junho do mesmo ano e das gramíneas nativas classificadas
como precoces de ciclo longo e tardias (Almeida 1995), que dispersaram suas sementes
antes da coleta. A coleta de 2008 foi realizada após a estação chuvosa. Assim, as sementes
presentes nessa coleta fazem parte do estoque total de sementes presentes no solo que não
germinaram durante a temporada de chuvas. Sendo assim, era esperado que o resultado
obtido no ano de 2007 fosse maior que o encontrado para a coleta realizada em junho de
2008.
Tempo/semanas
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Sementes germinadas/m²
0
500
1000
1500
2000
Tempo/semanas
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
0
500
1000
1500
2000
2007
2008
II )I )
a
b
a
b
Figura 12. Total de sementes germináveis nas parcelas S (I)(Sem tratamento) e CA (II)(Corte anual com
semeadura de coquetel de sementes de gramíneas nativas) em setembro de 2007 e junho de 2008
localizadas em uma área de campo sujo invadida por Melinis minutiflora, na Reserva Ecológica do
IBGE, Brasília DF. Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significativas.
Em 2008, foi registrada diminuição significativa no número total de sementes
germinadas/m², da ordem de 77% para a parcela S e 54% para a parcela CA (U = 18,5;
p = 0,0086 e U = 14; p = 0,0033, respectivamente). Entretanto, a coleta de 2008 foi
realizada durante a fenofase reprodutiva do capim-gordura, logo antes do segundo corte ser
aplicado à parcela CA. Portanto as sementes desta espécie que foram contabilizadas para a
coleta de 2008 ainda pertenciam à dispersão dos anos anteriores.
39
3.3.2. O banco de sementes de Melinis minutiflora
Assim como para Freitas & Pivello (2005), o banco de sementes de M. minutiflora
representou a maior parte das sementes germinadas para ambas as parcelas em 2007 e em
2008. Para a coleta realizada em setembro de 2007, foram registrados valores medianos de
1638 sementes germinadas/para a parcela S e 525 para a parcela CA. Em 2008, foi
possível notar uma redução significativa no número de sementes de capim-gordura
germinadas/(Figura 13.), sendo encontrados valores de 188 sementes germinadas/² para
a parcela S e 213 para a parcela CA (U = 13; p = 0,0026 e U = 25,5; p = 0,0320,
respectivamente).
Tempo/semanas
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Sementes de germinadas/m
2
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Tempo/semanas
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2007
2008
I ) II )
a
b
a
b
Figura 13. Total de sementes de M. minutiflora, germináveis nas parcelas S (I)(Sem tratamento) e CA
(II)(Corte anual com semeadura de coquetel de sementes de gramíneas nativas) em setembro de 2007 e junho
de 2008, localizadas em uma área de campo sujo invadida por M. minutiflora, na Reserva Ecológica do IBGE,
Brasília DF. Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significativas.
A densidade de sementes germinadas/m² apresenta grande variação devido à
heterogeneidade espacial/temporal das espécies que se encontram no local de estudo.
Entretanto, áreas invadidas por gramíneas exóticas tendem a apresentar maior densidade de
sementes no banco, visto que as espécies exóticas normalmente às produzem em grande
quantidade, como por exemplo, o capim-gordura, que pode produzir de 200 a 280 kg de
sementes/ha, e cerca de 13 a 15 milhões de sementes/kg (Martins 2006).
40
As sementes de M. minutiflora apresentaram o mesmo padrão de germinação para
ambas as parcelas nas coletas de 2007 e 2008. Foi possível observar a germinação das
sementes a partir da primeira semana, o que pode refletir a maneira como esta gramínea
coloniza áreas perturbadas.
Ikeda et al. (2008) determinaram a densidade do banco de sementes de áreas de
Cerrado invadido por M. minutiflora e Andropogon gayanus em Planaltina, DF. Foram
obtidos valores de 134 sementes/m² para as áreas de cerrado queimado e de 534 para as
áreas de cerrado não queimado. Os autores argumentam, que a área de cerrado não
queimado apresentou sementes de M. minutiflora como o principal componente do banco
de sementes e justificam a ausência das sementes desta espécie na área de cerrado
queimado em função da queima, que poderia ter inviabilizado as sementes de capim-
gordura, contrapondo os resultados encontrados por Martins (2006). Estes valores são
inferiores aos apresentados neste trabalho. Entretanto, para áreas de pastagem a de
Brachiaria brizantha, na Embrapa Cerrados, Planaltina, DF, Ikeda et al. (2007) registraram
1322 sementes/m² presentes no banco de sementes no solo.
A densidade de sementes de capim-gordura e de outras espécies presentes no solo
de áreas invadidas, na reserva -de-gigante, no Parque Estadual da Vassununga, SP, foi
apresentada por Freitas & Pivello (2005). Ao longo de um ano, os autores registraram
variações na densidade de 1 a 337 sementes de M. minutiflora/m² e de zero a
104 sementes/m² para as outras espécies. Assim, a parcela de sementes da espécie invasora
no total do banco de sementes foi dominante durante todo o tempo do estudo. A
dominância do banco de sementes refletiu a proporção da cobertura vegetal da espécie
invasora nas parcelas, demonstrando seu potencial competitivo.
41
Martins (2006) avaliou o banco de sementes de M. minutiflora, em áreas submetidas
a queima em diferentes épocas (maio e setembro) dentro do Parque Nacional de Brasília, e
verificou que o tratamento com fogo não foi capaz de extinguir as sementes presentes no
solo em nenhuma das queimadas, apesar de haver diminuição na densidade de sementes de
capim-gordura. As áreas queimadas em maio possuíam densidade de
136 ± 62 sementes viáveis/m² e as áreas queimadas em setembro apresentaram
299 ± 146 sementes viáveis/m². Para ambas as áreas, dezenove meses após o início do
processo de recuperação da vegetação, a cobertura vegetal ocupou 94% da área fogo/maio
(26% de capim-gordura) e 90% da área fogo/setembro (22% de capim-gordura) e a
densidade de sementes no banco foi de 50 ± 99 sementes viáveis/m² para a área fogo/maio
e de 25 ± 50 sementes viáveis/m² para a área fogo/setembro.
A cobertura vegetal registrada nas parcelas S e CA após nove meses de recuperação
atingiu 93% (41% de capim-gordura) e 83% (30% de capim-gordura), respectivamente.
Entretanto, a densidade do banco de sementes diminuiu significativamente entre as coletas
de 2007 e 2008. Esta diminuição ocorreu principalmente por causa da germinação das
sementes durante a estação chuvosa. O corte continuado na parcela CA, pode impedir a
reposição de sementes de M. minutiflora, a ponto de que não existam mais sementes desta
espécie. A diminuição significativa na densidade de sementes de M. minutiflora pode ser
um resultado expressivo em relação ao manejo proposto neste trabalho, uma vez que, de
acordo com Martins (2006), após cerca de 19 meses sem uma nova chuva de sementes na
área ocorre a depleção total do banco de sementes desta espécie.
3.3.3. O banco de sementes das gramíneas nativas
No ano de 2007 a densidade de sementes de gramíneas nativas, registrada para a
parcela S foi de 63 sementes germinadas/m² e para a parcela CA foi de 75 sementes
42
germinadas/m². Não foram encontradas diferenças significativas no o número de sementes
germinadas/m² entre as parcelas (U = 42,5; p = 0,2854). Para a coleta realizada em junho de
2008 (Figura 14) os valores obtidos de sementes germinadas de gramíneas nativas, foram
de 113 sementes germinadas/ para a parcela S e 38 sementes germinadas/m² para a
parcela CA. Foi registrado um incremento significativo no número de sementes de
graneas nativas germinadas/m² entre as coletas na parcela S (U = 26,0, p = 0,0348) e não
foram encontradas diferenças significativas na germinação de gramíneas nativas entre os
anos para a parcela CA (U = 30,5; p = 0,0702 ).
Tempo/semanas
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Sementes germinadas/m²
0
20
40
60
80
100
120
Tempo/semanas
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
0
20
40
60
80
100
120
2007
2008
a
b
a
a
I )
II )
Figura 14. Total de sementes de gramíneas nativas germináveis nas parcelas S (I)(Sem tratamento) e CA
(II)(Corte anual com semeadura de coquetel de sementes de gramíneas nativas) em setembro de 2007 e junho
de 2008, localizadas em uma área de campo sujo invadida por M. minutiflora, na Reserva Ecológica do IBGE,
Brasília DF. Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significativas.
A semelhança estatística no número de sementes de gramíneas nativas germinadas
entre os anos de 2007 e 2008 na parcela submetida ao tratamento de corte pode ter se dado
em função do estimulo da floração provocada pela eliminação da biomassa, e à recarga do
banco com uma nova chuva de sementes pelas espécies que floresceram e dispersaram suas
sementes antes da coleta de 2008. Oito meses após o corte, a parcela CA recuperou 37,8%
do valor original da biomassa, isto é, 2,7 ± 1,2 Mg/ha, sendo que 54% eram representados
43
por gramíneas nativas. Considerando a baixa biomassa de gramíneas nativas em 2008 em
relação a 2007, e que não houve diferença no mero de sementes germinadas entre as
coletas, o estimulo à floração provocado pelo corte mostrou-se eficiente.
O incremento de 79% no número de sementes germinadas na parcela S pode estar
refletindo tanto a variação espacial do banco de sementes quanto uma recarga do banco de
sementes por parte das espécies precoces de ciclo curto e precoces de ciclo longo que
floresceram e dispersaram dentro da parcela estudada antes da coleta de junho de 2008.
A densidade de sementes germináveis/m² obtida nesse trabalho em ambas as
parcelas, para as duas coletas, está próxima ao descrito para bancos de semente no solo em
áreas de cerrado. Ikeda et al. (2008) avaliaram a densidade de sementes presentes no banco
de sementes do solo de áreas de cerrado não queimado e registraram densidade de
553 sementes/m², onde 41% eram representados por espécies nativas, que apresentaram o
maior índice de valor de importância. Andrade (2002) registrou a densidade de diásporos de
monocotiledôneas viáveis/m² em duas áreas de cerrado sensu stricto submetidas a regimes
de queima diferentes (bienal e protegida por 25 anos) na Reserva Ecológica do IBGE,
Brasília, DF. A área queimada bienalmente apresentou um total de 98 diásporos viáveis/m²
e a área protegida 23 diásporos viáveis/m². As queimadas de dois em dois anos
proporcionaram uma abertura do dossel e, conseqüentemente, um percentual maior de
cobertura vegetal por monocotiledôneas, além do estímulo de floração nas gramíneas
provocado pelo fogo. Sassaki et al. (1999) verificaram a densidade de sementes presentes
no banco de sementes do solo de áreas de cerradão e cerrado sensu stricto em duas épocas
distintas, estação seca e estação chuvosa. Durante a estação seca, nos cinco primeiros
centímetros de profundidade do solo, foram registradas 75 sementes de monocotiledôneas
viáveis/m² para áreas de cerradão e 125 sementes/m² para a área de cerrado. Para a estação
44
chuvosa foram registradas cerca de 25 sementes/m² na área de cerradão e 100 sementes/m²
na área de cerrado. Segundo os autores as diferenças observadas entre as estações se deram
porque a maior parte das gramíneas do local de estudo florescia durante a estação chuvosa e
dispersava durante a estação seca.
Apesar do primeiro corte ter sido aplicado em setembro, o tratamento de corte
realizado no mês de floração do capim gordura (maio/junho), pode prejudicar o banco de
sementes das espécies tardias, pois juntamente com o capim-gordura os indivíduos de
graneas nativas das espécies que estivessem na fenofase reprodutiva perderiam a sua
produção. No campo, foi possível observar que nem todos os indivíduos de uma mesma
espécie florescem ao mesmo tempo, um escalonamento na fenologia reprodutiva. Sendo
assim, mesmo com o potencial dano causado pelo corte às gramíneas nativas classificadas
como tardias, existe a possibilidade de que estes indivíduos floresçam após o corte, e
incorporem novas sementes ao banco sementes.
Para a coleta realizada em setembro de 2007, as gramíneas nativas mostraram um
comportamento germinativo imediato em comparação ao ano de 2008 (Figura 14). Visto
que em 2007 a coleta foi realizada no final da estação seca, início da estação chuvosa, as
sementes provavelmente já haviam passado pelo tempo necessário para que dormência
fosse quebrada, possibilitando assim uma germinação imediata (Carmona et al. 1998).
Contudo, um atraso na germinação pode acarretar em uma desvantagem competitiva nos
processos iniciais de germinação e estabelecimento, visto que as sementes do capim-
gordura não tiveram alteração no tempo de germinação. Entretanto, uma vez que o banco
de sementes de M. minutiflora se extinga das parcelas por causa do tratamento de corte, a
competição por espaço passa a ser realizada somente pelas gramíneas nativas e
dicotiledôneas.
45
Tanto em 2007 como em 2008, o capim-gordura apresentou uma rápida germinação
das sementes (Figura 13), o que pode lhe conferir vantagem sobre as graneas nativas e
dicotiledôneas. Carmona et al. (1998) avaliaram o tempo médio de germinação de 22
espécies de gramíneas nativas em condições de laboratório e encontraram varião de 6 a
35 dias, sendo que a maior parte das espécies estudadas demorou cerca de duas semanas
para dar início ao processo de germinação. Laboriau (1983) constatou que a germinação das
sementes depende diretamente da influência tanto de fatores abióticos (luz, água,
temperatura) como de fatores espécies-especificos e competição. Veenendal et al. (1996b)
relatam que o tipo de estratégia de germinação adotada pelas gramíneas pode conferir
vantagem competitiva, ou seja, a rapidez com que as sementes germinam e a quantidade de
sementes que germinam a cada pulso de germinação são fatores importantes para a
colonização e ocupação do espaço das áreas.
Ao longo do período de estudo, todas as espécies que floresceram nas parcelas
experimentais foram coletadas e identificadas (Tabela 1). As primeiras espécies a
floresceram logo após o corte foram Elionurus muticus, Leptocoryphium lanatum,
Axonopus brasilienses e Paspalum gardnerianum, como o relatado por César (1980) e
Coutinho (1976) para áreas de cerrado queimado.
A espécie Leptocoryphium lanatum foi observada florescendo poucos dias após o
corte da parcela CA. Entretanto, Silva & Raventós (1999), o observaram esta espécie
florescer após o corte de áreas de savana venezuelana no final da estação seca. Entretanto,
esta espécie parece o possuir um ciclo reprodutivo anual (Silva & Ataroff 1985).
Munhoz & Felifili (2005) observaram a floração desta espécie após uma queimada em
áreas de campo sujo.
46
Tabela 1. Espécies de gramíneas nativas em floração em área de campo sujo invadida por Melinis minutiflora, na Reserva
Ecológica do IBGE, Brasília, DF.
Parcela experimental
Espécies
Sem tratamento
Corte Anual
Agenium goyazense
(Hack.) Clayton
X
X
Andropogon bicornis
L.
X
Andropogon leucho
stachius
Kunth
X
Aristida riparia
Trin.
X
X
Axonopus barbigerus
(Kunth) Hitchc.
X
Axonopus brasiliensis
(Spreng.) Kuhlm
X
Axonopus marginatus
Trin. (Chase)
X
Axonopus sp.
X
Digitaria sp.
X
Echinolaena inflexa
(Poir.) Chase
X
X
Elionurus mutic
us
(Spreng.) Kuntze
X
X
Gymnopogon foliosus
(Willd.) Nees
X
Ichinantus camporum
Swallen
X
Leptocoryphium lanatum
(Kunth) Nees
X
Panicum olyroides
Kunth
X
X
Panicum sp.
X
Paspalum erianthum
Nees
X
Pa
spalum gardnerianum
Nees
X
X
Paspalum geminif
lorum
Steud.
X
Paspalum pectinatum
Nee
s
X
X
Paspalum reduncum
Nees
X
Paspalum sp.
X
Paspalum splendens
Hack.
X
Paspalum stelatum
Humb. & Bonpl. in Flüggé
X
X
Paspalum trachycoleon
Steud.
X
Schizachyrium sanguineus
(Retz.) Alston
X
X
Schizachy
rium
microstachyum
(Desv.) Roseng., B.R. Arril. & Izag
X
Sorg
h
astrum sp.
X
X
Tristachya leiostachya
Nees
X
X
As espécies observadas classificadas como precoces de ciclo curto foram: Axonopus
brasiliensis, Elionurus muticus e Paspalum erianthum. Destas, Elionurus muticus, foi uma
das primeiras espécies a ser observada em floração após o corte. As espécies precoces de
ciclo curto, tendem a florescer no auge do período chuvoso, completando todo seu ciclo
reprodutivo entre novembro a janeiro (Almeida 1995). Apesar destas espécies terem
florescido no período adequado ao seu ciclo reprodutivo, o corte parece ter estimulado a
47
floração, de Axonopus brasiliensis e Paspalum erianthum, pois estas espécies foram
avistadas florescendo na parcela CA.
As espécies que parecem ter sido menos influenciadas pelo corte são as do grupo
das precoces de ciclo longo. Estas espécies têm o ciclo reprodutivo ocorrendo durante todo
o período chuvoso, com duração variando entre cinco e dez meses (Almeida 1995).
Geralmente florescem entre novembro e dezembro e concluem o ciclo com a dispersão dos
propágulos entre maio e agosto. O fato de florescerem durante o todo o período chuvoso,
faz com que seja mais difícil observar os efeitos do corte realizado em setembro.
Entretanto, somente Echinolaena inflexa e Tristachya leiostachya floresceram em ambas
as parcelas. Sendo assim, a floração de Andropogon bicornis, Andropogon leuchostachius,
Axonopus barbigerus e Ichinantus camporum, pode ter sido influenciada pelo corte.
Oito espécies apresentadas na Tabela 1 são classificadas como tardias por
Almeida (1995) ou por Martins & Leite (1997): Agenium goyazense, Axonopus marginatus,
Panicum olyroides, Paspalum gardnerianum, Paspalum pectinatum, Paspalum splendens,
Paspalum reduncum e Paspalum stellatum. Destas, somente Paspalum splendens o foi
observada em floração na parcela submetida ao tratamento de corte. As espécies tardias
apresentam fenofase reprodutiva tendo início em meados da estação chuvosa e dispersam
no início da estação seca. Entretanto, todas as espécies deste grupo fenológico identificadas
em floração na parcela CA entraram na fenofase reprodutiva logo após o corte de setembro
de 2007, o que pode indicar que o corte estimulou a floração destas espécies. Segundo
Martins & Leite (1997) as gramíneas nativas possuem plasticidade e heterogeneidade no
que diz respeito ao período de floração.
As diferenças observadas entre as coletas de setembro de 2007 e junho 2008 para as
parcelas S e CA podem estar contidas principalmente na composição das espécies que
48
dispersaram seus propágulos antes das coletas. Foram observadas floração e dispersão de
29 espécies na parcela CA contra apenas 12 na parcela S, o que reforça a hipótese de que o
corte assim como o fogo ou outros fatores ambientais tem um efeito estimulante na floração
de gramíneas no cerrado.
Após 1 ano, dentre as plântulas que foram transplantadas para que fosse possível
identificar as espécies presentes no banco de sementes, somente Echinolaena inflexa
floresceu. As demais plântulas transplantadas foram identificadas somente até gênero,
sendo que foi verificado a presença de pelo menos oito morfotipos diferentes dentro dos
gêneros Tristachya, Axonopus, Aristida e Paspalum.
3.3.4. O banco de sementes das dicotiledôneas
A densidade de sementes de dicotiledôneas germinadas/m² registrada para o ano de
2007 foi de 200 sementes germinadas/para a parcela S e 175 sementes germinadas/m²
para a parcela CA. Para a coleta realizada em junho de 2008, foram registradas
100 sementes germinadas/m² na parcela S e 100 sementes germinadas/na parcela CA
(Figura 15). Ambas as parcelas o apresentaram diferenças estatísticas entre si e entre os
anos (U = 46,0; p = 0,3812 para 2007 e U = 46,5; p = 0,3957 para 2008). A parcela CA não
apresentou diferenças significativas no número de sementes germinadas/m² entre os anos de
observação (U = 31,0; p = 0,0755). Entretanto, foram encontradas diferenças significativas
no número de sementes germinadas/ entre os anos para a parcela S (U =15,5;
p = 0,0046).
Assim como para as gramíneas nativas, as dicotileneas presentes na parcela S as
diferenças entre as coletas de 2007 e 2008 podem ter ocorrido principalmente pela
composição das espécies que dispersaram suas sementes antes das coletas. O corte da
49
parcela CA é capaz de estimular a floração tamm nas dicotiledôneas (César 1980,
Coutinho 1976, Haddad & Valio 1993), evitando que ocorra uma queda significativa na
quantidade de sementes germinadas entre os dois anos de coleta.
Tempo/semanas
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Sementes germinadas/m²
0
50
100
150
200
250
Tempo/semanas
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
0
50
100
150
200
250
2007
2008
I ) II )
a
b
a
a
Figura 15. Total de sementes de dicotiledôneas germináveis/m² nas parcelas S (I)(Sem tratamento) e CA
(II)(Corte anual com semeadura de coquetel de sementes de gramíneas nativas) em setembro de 2007 e
junho de 2008, localizadas em uma área de campo sujo invadida por M. minutiflora, na Reserva Ecológica
do IBGE, Brasília DF. Letras diferentes indicam diferenças estatisticamente significativas.
Para áreas de cerrado sensu stricto que sofreram queimadas, foi observado um
incremento de até quatro vezes no número de sementes de Miconia albicans presente no
solo (Andrade 2002). Entretanto, trabalhos que relacionam o tamanho do banco de
sementes de dicotiledôneas, principalmente as que se encontram presentes no estrato
herbáceo-subarbustivo, são raros. Munhoz & Felfilli (2006) sugerem que as espécies que
compõem o estrato herbáceo-subarbustivo podem apresentar mudaas na riqueza e na
estrutura florística em resposta a eventos como sazonalidade e fogo. Esta mudança na
composição e na riqueza das espécies pode também ser provocada pelo efeito do corte e ter
influência direta em quais e quantas sementes estariam recarregando o banco de sementes
no solo.
Os valores de densidade de sementes de dicotiledôneas no banco de sementes do
solo obtidos neste trabalho parecem se adequar ao descrito na literatura para áreas de
50
cerrado. Andrade (2002) registrou a densidade de diásporos de dicotiledôneas viáveis/m²
em duas áreas de cerrado sensu stricto submetidas à queima em períodos diferentes (bienal
e protegida por 25 anos) na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília, DF. A área queimada
bienalmente apresentou um total de 6 diásporos viáveis/m² e a área protegida 28 diásporos
viáveis/m². Ikeda et al. (2008) verificaram que as dicotiledôneas foram o principal
componente no banco de sementes presentes no solo de uma área de cerrado queimada,
apresentando uma densidade de 100 sementes/m². No mesmo trabalho os autores
apresentam a densidade de sementes de espécies nativas para áreas não queimadas, sendo
que das 553 sementes/m² presentes na área, 226 sementes/m² eram de plantas nativas,
representadas por 12 espécies de dicotiledôneas e 12 espécies de monocotiledôneas.
Sassaki et al. (1999) registraram 75 sementes de dicotiledôneas/m² para uma área de
cerradão na estação seca e 425 sementes/m² para uma área de cerrado sensu stricto na
mesma época. Durante a estação chuvosa foram registradas 150 sementes/m² para a área de
cerradão e 225 sementes/m² para a área de cerrado sensu stricto. Estas diferenças podem ter
ocorrido em função da composição das espécies. Entretanto, os autores argumentam que a
fenologia e a distribuição das chuvas são fatores que exercem forte influência na densidade
de sementes encontrada para cada área.
A variação temporal e sazonal no banco de sementes do solo de cerrado foi
apresentada por Andrade (2002). A autora argumenta que, de forma geral, o banco de
sementes é transiente, constituído principalmente por espécies que apresentam sementes
no banco de sementes do solo durante um período muito bem definido, ocorrendo
geralmente entre a época quente e seca (verão) e a época mais úmida (outono). Além disso,
a autora mostrou, trabalhando com o efeito do fogo sobre o banco de sementes de uma área
de cerrado sensu stricto, que foram encontrados padrões distintos na quantidade de
51
diásporos ao longo de um ano, tanto para monocotiledôneas quanto para dicotiledôneas, e
que estes padrões são condizentes com as informações existentes na literatura sobre
fenologia para estas espécies. Ainda em seu trabalho, ela reporta que somente Miconia
albicans (dicotiledônea) e Echinolaena inflexa (monocotiledônea) foram capazes de formar
bancos de sementes persistentes, e que houve recuperação do banco de sementes de
dicotiledôneas 10 meses após a passagem do fogo. Um resultado semelhante foi encontrado
para a parcela CA, onde nove meses após o tratamento de corte o número de sementes
presentes no solo não foi estatisticamente diferente do que o encontrado anteriormente ao
corte (175 sementes germinadas/m² para 2007 e 100 sementes germinadas/m² para 2008).
A partir dos dados obtidos, é possível observar que a dinâmica do banco de
sementes variou entre componentes G, N e D de forma que nem as gramíneas nativas nem
as dicotiledôneas demonstraram uma depleção significativa no número de sementes
germinadas entre os anos na parcela que recebeu o tratamento de corte. Este resultado pode
ser expressivo em relação ao manejo com o corte do capim-gordura, especialmente se não
ocorrer nova chuva de sementes da espécie invasora.
3.4. Coquetel de sementes e a semeadura
A coleta das sementes utilizadas no coquetel ocorreu em áreas de campo sujo e
cerrado sensu stricto, situadas nas parcelas do Projeto Fogo na Reserva Ecológica do IBGE,
após as queimadas prescritas realizadas em 2006. Estas áreas foram selecionadas pois
alguns trabalhos reportam a rápida recuperação da vegetação após eventos de fogo
(Batmanian & Haridasan 1985, Andrade 1998, Cardoso et al, 2003) com uma intensa
floração que ocorre alguns dias após a passagem do fogo (Meguro 1969, Coutinho 1976,
César 1980, Haddad & Valio 1993, Parron & Hay 1997, Miranda 1997, Munhoz &
Felfili 2005,2006).
52
As sementes coletadas foram das espécies mais abundantes de gramíneas nativas
encontradas na RECOR. Cada área de semeadura recebeu um total de 143,5 g de sementes
nativas e o coquetel de sementes foi composto de acordo com a Tabela 2.
Tabela 2. Espécies utilizadas no coquetel de sementes de
gramíneas nativas, para semeadura de áreas invadidas por
Melinis minutiflora na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília
DF, em dezembro de 2007.
Espécies
Peso (g)
Aristida palens 2,6
Aristida recurvata
7,1
Aristida riparia 5,7
Aristida setifolia 6,3
Axonopus aureus 1.0
Axonopus barbigerous 61.0
Echinolaena
inflexa 7,6
Gymnopogon spicatus 3.0
Paspalum gardnerianum 12,1
Paspalum reduncum 1,8
Paspalum sp. 15,3
Schizachyrium
microstachyum 13,4
Thrasya glasiovii 6,6
total 143,5
A biologia das sementes de algumas destas espécies foi estudada
(Martins et al. 1997, Carmona et al. 1998,1999, Klink 1996, Scheffer-Basso et al. 2007).
Entretanto, ainda existem lacunas na bibliografia para a grande maioria das 305 espécies de
graneas listadas por Filgueiras (1992) para o Distrito Federal.
Entre as espécies utilizadas no coquetel de sementes estão aquelas apresentadas por
Carmona et al. (1998,1999) como produzindo um grande número de sementes cheias e alta
taxa de germinação: Aristida recurvata (77% de germinação e 1835 sementes cheias/g),
Aristida setifolia (69% de germinação e 1505 sementes cheias/g) , Aristida torta (70% de
53
germinação e 1470 sementes cheias/g) e Schizachyrium microstachyum (97% de
germinação e 1475 sementes cheias/g). Outras como Paspalum reduncum apresentam
apenas 20 sementes cheias/g, porém possuem alta taxa de germinação (69%). Entretanto, o
coquetel utilizado neste trabalho visava além do aumento da densidade de sementes de
graneas nativas, o aumento da riqueza de espécies da área. Por isso foi importante
utilizar o máximo de espécies possíveis na elaboração do coquetel, com destaque para
Echinolaena inflexa e Gymnopogon spicatus. Echinolaena inflexa (capim-flexinha) foi
incluído por ser citado na literatura com uma correlação positiva com o capim-gordura
(Pivello et al. 1999b) e formar um banco de sementes permanente (Andrade 2002), apesar
de ter apresentado somente 8% de germinação em campo (Klink 1994). A escolha de
Gymnopogon spicatus foi por não ocorrer nas parcelas experimentais e atuar como
indicador da eficiência da semeadura.
3.5. Emergência de plântulas em campo
Após a semeadura com o coquetel de sementes de graneas nativas, realizada em
dezembro de 2007, o número de plântulas emergidas nas áreas de semeadura foi
acompanhado quinzenalmente até estação seca de 2008. De forma geral, as áreas de
semeadura apresentaram um mero maior de plântulas/m² do que o observado nas áreas
controle (Figura 16), sendo que na primeira quinzena de observação foi possível registrar
40 plântulas/m² nas áreas de semeadura. As áreas controle começaram a ser observadas
na terceira quinzena. A oitava quinzena representa o ponto médio das observações e, para
este período, foram registradas 64 plântulas/m² para as áreas de semeadura e
12 plântulas/m² para as áreas controle. Na última quinzena de observação (16ª), foram
registradas somente 4 plântulas/m² nas áreas de semeadura e 8 plântulas/para as áreas
controle, sendo que metade do valor observado nas áreas controle (4 plântulas/m²) era
54
composto por gramíneas nativas. Martins et al. (2001) realizaram a semeadura com um
coquetel de sementes nativas em uma área degradada. Após seis meses, os autores
registraram uma média de 11 indivíduos/m² nas parcelas que foram tratadas com calcário,
turfa + calcário e torta de mamona. Para as parcelas que receberam tratamentos de
adubação com turfa, torta + calcário e controle foi registrado uma média de 56, 29 e 26
indivíduos/m² respectivamente.
Tanto as áreas de semeadura como as áreas controle apresentaram o mesmo padrão
de emergência de plântulas (Figura 16) que acompanhou a precipitação (Figura 17). As
plântulas puderam ser observadas poucos dias após a semeadura e continuaram a germinar
até a 16ª quinzena de observação, no final de agosto de 2008. Após a 11ª quinzena, a
germinação das sementes diminuiu abruptamente, indicando que a camada superficial de
solo o possuía mais a quantidade de água necessária para dar início ao processo de
germinação e/ou que ocorreu a depleção total das sementes presentes no solo.
Apesar dos valores medianos dos totais de plântulas/m² apresentarem uma tendência
a serem maiores nas áreas de semeadura, não foram verificadas diferenças estatísticas em
nenhuma das observações. Os valores totais de plântulas/m² nas áreas de semeadura
sugerem um efeito positivo do tratamento que é reforçado pela presença de Gymnopogon
spicatus nas áreas semeadas.
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Plântulas/m²
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Tempo/quinzenas
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Plântulas/m²
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Tempo/quinzenas
Figura 16. Número mediano de plântulas para as áreas de semeadura (a) e controle (b), localizadas dentro da parcela
CA (Corte anual com semeadura de coquetel de sementes de gramíneas nativas), em uma área de campo sujo
invadida por M. minutiflora na Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF.
A grande variabilidade dos dados e a ausência de diferea estatística pode ter sido
causada por vários fatores:
1 presença de microsítios específicos onde as sementes germinam com maior
facilidade, sendo assim, existe uma distribuição heterogênea das plântulas pela área
de semeadura (Veenedal et al. 1996a,b).
2 remoção das sementes por predadores ou pela chuva (Klink 1996, Veenendal et
al. 1996a).
3 a não retirada do material morto pelo corte, sendo assim, a presença da
palhada” nas áreas de semeadura pode ter impedido que as sementes presentes no
coquetel alcançassem o solo, ou pode ter impedido o desenvolvimento das plântulas
devido ao sombreamento (Morosini & Klink 1997, Silva & Castro 1989).
4 pelo esforço amostral, sendo assim, um aumento no esforço amostral poderia
tornar as diferenças mais claras.
a)
b)
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Tempo/quinzena
Precipitação (mm)
Precipitação
Figura 17. Dados quinzenais do total pluviométrico
no período de janeiro de 2008 a agosto de 2008.
(Estação meteorológica do IBGE)
Para as áreas de semeadura, foi possível observar ao longo de todo o tempo do
experimento maiores valores medianos de plântulas de gramíneas nativas/m² (Figura 18),
corroborando assim a hipótese de que o coquetel de sementes representa uma estratégia
promissora para o recrutamento de novos indivíduos e recolonização de áreas invadidas por
capim-gordura.
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10
20
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Tempo/quinzenas
Plântulas/m²
Figura 18. Número mediano de plântulas/m² para as áreas de
semeadura localizadas dentro da parcela CA (Corte anual com
semeadura de coquetel de sementes de gramíneas nativas), em uma
área de campo sujo invadida por M. minutiflora na Reserva Ecológica
do IBGE, Brasília DF. ● = gramíneas nativas, ∆ = Melinis minutiflora.
57
Foram constatadas diferenças estatísticas entre o número de plântulas de graneas
nativas e plântulas de capim-gordura germinadas nas áreas de semeadura. Estas diferenças
puderam ser observadas na oitava quinzena (U = 4,50; p = 0,0473), na nona quinzena (U =
4,00; p = 0,0379), na décima quinzena (U = 4,00; p = 0,0379) e na 11ª quinzena (U = 4,50;
p = 0,0473). A diferença estatística observada no número de plântulas/pode ter sido
causada pela germinação mais abundante de sementes de gramíneas nativas presentes no
coquetel em função da chuva. As sementes utilizadas não germinam todas ao mesmo
tempo, pois cada espécie possui um processo germinativo distinto. Sendo assim, algumas
sementes necessitam de quantidades diferentes de recursos antes de iniciar o processo de
germinação (Veenedal et al. 1996a,b). A heterogeneidade das sementes coletadas em
campo faz com que a germinação não se apresente de forma uniforme
(Scheffer-Basso et al. 2007). A maior germinação das sementes de gramíneas nativas a
partir da oitava quinzena pode ser reflexo de alguma dormência que foi quebrada após
toda a estação chuvosa, pois depois da nona quinzena a precipitão diminuiu.
De forma geral, as áreas controle apresentaram valores medianos de plântulas/
menores do que os encontrados para as áreas de semeadura durante todo o período de
avaliação (Figura 19). Somente na nona quinzena foi possível observar diferenças
estatísticas significativas no número de plântulas/m² (U = 3,00; p = 0,0236).
A presença de um número maior de plântulas de graneas nativas é um bom
indicativo da eficiência do tratamento de semeadura. Dentre as plântulas observadas foi
possível identificar uma grande quantidade de indivíduos da espécie Gymnopogon spicatus.
Como nenhum indivíduo desta espécie foi registrado previamente nas parcelas, as plântulas
desta espécie atuam como um bom indicador da eficiência do coquetel. Foram observadas
sementes de E. inflexa sendo carregadas por formigas para fora das áreas de semeadura
58
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P
l
â
n
t
u
l
a
s
/
m
²
Tempo/quinzenas
Gramíneas nativas
Capim-gordura
Figura 19. Número mediano de plântulas/m² para as áreas
controle localizadas dentro da parcela S (Corte anual com
semeadura de coquetel de sementes de gramíneas nativas), em
uma área de campo sujo invadida por M. minutiflora na
Reserva Ecológica do IBGE, Brasília DF. = gramíneas
nativas, = Melinis minutiflora.
logo após o tratamento ser aplicado. Klink (1996) também observou que as sementes de E.
inflexa foram removidas de seus sítios experimentais por formigas e este pode ser um fator
importante na taxa de germinação desta espécie. Ainda em seu estudo, o pesquisador relata
que as taxas de germinação de E. inflexa em campo são de apenas 8,3%, contrastando com
o encontrado para o laboratório, cerca de 32%. Poucas plântulas de Echinolaena inflexa
foram observadas durante este estudo e nenhum indivíduo desta espécie esteve presente nas
últimas duas semanas de contagem. Para a espécie invasora M. minutiflora, foram
registradas altas taxas de mortalidade de plântulas. Barger et al. (2003), em um
experimento de campo no qual foram semeadas cerca de 80.000 sementes de capim-
gordura, constataram que somente 28 plântulas sobreviveram até o fim das observações, o
que representa uma mortalidade de mais de 99%.
Alguns estudos sobre o estabelecimento de espécies de gramíneas demonstram que
a mortalidade dos novos indivíduos é diretamente proporcional ao tempo de permanência
59
da plântula no ambiente após a germinação (Klink 1996, Veenendaal et al. 1996b). A alta
mortalidade de plântulas pode estar relacionada com a competição intra e interespecifica, e
também com a herbivoria e exposição dos indivíduos à patógenos (Silva & Castro 1989,
Melo & Neto 2004). Além dos fatores exógenos, a sobrevivência dos indivíduos e o seu
estabelecimento são altamente dependentes de fatores endógenos, principalmente no que
diz respeito à quantidade de reservas disponíveis e na massa das sementes (Melo & Neto
2004, Veenedaal et al. 1996b).
São raros os trabalhos que relatam a taxa de estabelecimento e sobrevincia de
plântulas gramíneas nativas em campo. Martins et al. (2001), utilizando um coquetel de
sementes, composto por 32 espécies de gramíneas nativas, visando recuperar a cobertura
vegetal de uma área degradada no Parque Nacional de Brasília (DF), registraram um
incremento de cobertura vegetal e riqueza nas parcelas onde a semeadura foi realizada. Das
32 espécies utilizadas no coquetel, 26 conseguiram se estabelecer ao longo de quatros anos
e meio, sendo que Aristida setifolia e Diectomis fastigata, mesmo apresentando um
pequeno porte, completaram o ciclo reprodutivo apenas seis meses após a semeadura.
Martins et al. (2004) relatam para as mesmas áreas, que após o recrutamento de espécies
nativas, a cobertura vegetal de capim-gordura tendeu a se expandir, provocando um
decréscimo na riqueza nas parcelas experimentais. Bakker & Wilson (2004), trabalhando
em áreas de campo no Canadá, utilizaram um coquetel de sementes nativas (de
metabolismo C3 e C4) na restauração de áreas invadidas pela gramínea invasora Agropyron
cristatum. Os autores obtiveram sucesso em impedir a expansão da cobertura vegetal da
espécie invasora nas áreas semeadas. Esses autores argumentaram que as gramíneas
pertencentes ao grupo funcional equivalente ao das invasoras (metabolismo C3) são mais
eficientes em impedir a colonização de novas áreas por A. cristatum. Entretanto, para áreas
60
de Cerrado invadido por M. minutiflora, já foi constatado que o capim-flexinha (E. inflexa),
uma granea C3, e a gramínea Dyandrostachya chrysostrix, de metabolismo C4, não são
excluídas (Pivello et al. 1999a). Sendo assim, o grupo funcional (em termos metabólicos)
ao qual pertencem as espécies que compuseram o coquetel semeado talvez não seja o fator
mais importante na competição com o capim-gordura. Visto que gramíneas pertencentes a
grupos metabólicos diferentes não são excluídas de áreas invadidas (Pivello et al. 1999a) e
que não existem diferenças significativas nas concentrações de nutrientes entre gramíneas
nativas e M. minutiflora (Silva & Haridassan 2007), talvez a arquitetura, a taxa de
crescimento e expansão foliar, além da reprodução vegetativa, sejam fatores mais
significativos em termos de competição.
A longo prazo, um tratamento de semeadura contínua, juntamente com o tratamento
de corte na época da floração de M. minutiflora, seria de extrema importância para o
manejo de parcelas invadidas, uma vez que o banco de sementes da espécie invasora se
extingue após cortes consecutivos como foi demonstrado neste trabalho ou em cerca de 19
meses, caso não haja uma nova entrada de sementes no solo (Martins, 2006).
A falta de conhecimentos neste campo dificulta a estratégias de manejo mais
precisas no que concerne as gramíneas. A utilização do coquetel de sementes associado ao
manejo com corte parece promissor para a recuperação de parcelas invadidas por Melinis
minutiflora, entretanto o necessários mais estudos, principalmente em relação aos
processos de estabelecimento, competição, sobrevivência de plântulas e do tempo em que
os novos indivíduos estariam aptos à reprodução.
61
4. Considerações Finais
As gramíneas nativas são um importante componente da biodiversidade do
Cerrado. Até o momento existem descritas 305 espécies para a região do Distrito
Federal, sendo que 209 são nativas. Poucos trabalhos descrevem a biologia e ecologia
de algumas destas espécies, e para a grande maioria ainda existe uma lacuna em relação
aos conhecimentos básicos. A bioinvasão provocada por espécies exóticas em unidades
de conservação e áreas preservadas tem causado a exclusão de populações de gramíneas
nativas. Uma das espécies exóticas que mais se destaca pela sua alta agressividade e
capacidade de invasão é o capim-gordura (Melinis minutiflora). Essa gramínea é
conhecida por produzir uma grande quantidade de sementes viáveis em comparação
com as espécies nativas, e esse parece ser um fator chave na dinâmica de invasão desta
espécie. Contudo, a literatura tem mostrado que o capim-gordura o é tolerante à
eventos de corte, ao contrário das espécies nativas que estão adaptadas à estas
condições e tem a sua floração estimulada por eles. Pesquisas realizadas para controlar
processos de bioinvasão em todo o mundo, tem sugerido que o manejo seja realizado
focando interromper uma etapa do ciclo de vida destas espécies. Este trabalho teve
como foco usar o corte para impedir que o banco de sementes da espécie invasora M.
minutiflora fosse recarregado, interrompendo assim o recrutamento de novos
indivíduos, e o coquetel de sementes para aumentar a densidade de sementes no banco e
a capacidade de competição das gramíneas nativas. Os resultados sugerem que o corte
diminui o banco de sementes da espécie invasora, e como previsto na literatura favorece
a floração das nativas e a recarga do banco de sementes. Entretanto, o manejo de áreas
invadidas utilizando novas metodologias ainda é pouco explorado no Brasil. O uso do
coquetel de sementes de graneas nativas associado ao tratamento de corte para
62
controlar áreas invadidas por M. minutiflora parece ser promissor, porém é necessário
que a pesquisa seja realizada por mais tempo, para que os resultados se confirmem e
possam ser reproduzidos em outras áreas.
63
5. Referências bibliográficas
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