Tabela 5 – Transformações nos subcampos pentecostal e neopentecostal e emergência dos seus
agentes no campo político (1964-2006)
Anos de 1960 Anos de 1970 até 1985 De 1986 a 2006
Igrejas pentecostais e protestantes
alarmadas com as mobilizações
populares fazem vigílias de oração e
sermões pela Pátria.
Igrejas pentecostais convivem de
forma tranqüila com a ditadura
militar.
O movimento pentecostal e
neopentecostal (MPN) se adapta ao
processo de democratização e busca
reconhecimento no espaço público.
Dirigentes pentecostais professam o
anticomunismo em contexto de
delação (*) e definem o catolicismo
como heresia ou falso cristianismo.
O MPN mantém o anticomunismo
como parte da definição de identidade
e assume o antipetismo, por
identificar esse partido (o PT) como
agente do comunismo.
O MPN persiste na identificação do
catolicismo como inimigo.
Verifica-se um arrefecimento do
anticomunismo e antipetismo, no
MPN, mas persiste o anticatolicismo.
Líderes pentecostais são cooptados
pelo regime militar. Algumas
lideranças cursaram a Escola Superior
de Guerra.
Algumas lideranças pentecostais
transformam suas igrejas em curral
eleitoral de candidatos do regime
militar.
Lideranças pentecostais e
neopentecostais investem o capital
religioso de suas denominações em
candidatos próprios. Cria-se a figura
do “candidato oficial” dessas igrejas.
Igrejas e políticos pentecostais e
neopentecostais revelam pragmatismo
político, em alianças casuísticas com
governos estaduais e federal.
Os pentecostais são sistematicamente
marginalizados pelos protestantes
históricos
Neste período, surgem e se
desenvolvem movimentos
neopentecostais. Estes declaram
guerra espiritual contra religiões
afrobrasileiras e atacam a Igreja
Católica por causa do uso de imagens
(ícones dos santos). Também adotam
a teologia da prosperidade e a
batalha espiritual, com suas
respectivas promessas de felicidade
imediata e retiradas de encosto,
descarregos e correlatos.
No neopentecostalismo, continua a
guerra espiritual expressa na
agressividade contra religiões
afrobrasileiras e contra as imagens do
panteão católico. Continua a pregação
da teologia da prosperidade e os
exorcismos, sendo estes realizados
como performances teatrais.
Neste período, os pentecostais ainda
eram pouco representativos no
conjunto dos evangélicos.
Pentecostais e neopentecostais
experimentam grande expansão
material e promovem manifestações
de ufanismo e triunfalismo, durante o
período.
O crescimento do MPN torna-se
preocupação para os protestantes
históricos.
Ocorrem dissidências em
denominações protestantes e partes
delas se pentecostalizam.
Pentecostais e neopentecostais obtêm
concessões públicas de rádio e
televisão.
Igrejas neopentecostais fazem ampla
utilização da mídia para conquistar
adeptos.
Igrejas protestantes tentam imitar o
estilo neopentecostal em suas práticas
e celebrações.
A música gospel invade as liturgias
dessas igrejas.
(*) Houve líderes protestantes no período militar (1964-85) que delataram seus parceiros, principalmente na
Igreja Presbiteriana do Brasil. (Cf. CAMPOS, 2002, p. 83-140).
O ingresso dos pentecostais e neopentecostais na política brasileira indica ampliação
do processo democrático, apesar dos limites e vícios de suas práticas, apresentados na
pesquisa e nestas considerações conclusivas. Suas lideranças têm enorme capacidade