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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
THIANE RISTOW CARDINAL
RELAÇÃO ENTRE O ÂNGULO DE FASE PADRONIZADO, MEDIDAS
ANTROPOMÉTRICAS E RISCO NUTRICIONAL NA AVALIAÇÃO DE PACIENTES
HOSPITALIZADOS
FLORIANÓPOLIS, 2008.
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2
THIANE RISTOW CARDINAL
RELAÇÃO ENTRE O ÂNGULO DE FASE PADRONIZADO, MEDIDAS
ANTROPOMÉTRICAS E RISCO NUTRICIONAL NA AVALIAÇÃO DE PACIENTES
HOSPITALIZADOS
Orientadora Prof
a
. Dr
a
. Elisabeth Wazlawik
FLORIANÓPOLIS, 2008.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Nutrição, Área de Concentração
em Metabolismo e Dietética, do Centro de
Ciências da Saúde, da Universidade Federal de
Santa Catarina, como requisito para a obtenção
do título de Mestre em Nutrição.
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3
THIANE RISTOW CARDINAL
RELAÇÃO ENTRE O ÂNGULO DE FASE PADRONIZADO, MEDIDAS
ANTROPOMÉTRICAS E RISCO NUTRICIONAL NA AVALIAÇÃO DE PACIENTES
HOSPITALIZADOS
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de MESTRE EM
NUTRIÇÃO e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em
Nutrição do Centro de Ciência da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, em 17 de Dezembro de 2008.
__________________________________________________
Rossana Pacheco da Costa Proença, Dr.
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Nutrição
Banca examinadora:
__________________________________________________
Elisabeth Wazlawik, DR.
NTR/CCS/UFSC – Presidente
__________________________________________________
Maria Cristina Gonzalez, Dr.
MED/CCVS/UCPel – Membro
__________________________________________________
Erasmo Benício Santos de Moraes Trindade, Dr.
NTR/CCS/UFSC – Membro
__________________________________________________
Dalton Francisco de Andrade, PhD.
INE/CTC/UFSC – Membro Suplente
4
Dedico este trabalho
À minha mãe, o apoio em todas as horas.
Pela mulher que és, pelas constantes lições de vida,
Por nunca ter me deixado desistir.
Ao meu pai, o alicerce da minha vida.
Pelo que és, pela luta, pelo apoio e compreensão.
Ao meu irmão, “maninho”.
Pela determinação e força que tens
Um exemplo de iro e amigo para mim.
Aos meus avós,
Pelos exemplos de vida, luta, amor e dedicação.
5
Agradecimentos
A Deus por esta vida, pelas oportunidades, por este particular momento.
A meus pais, Alfredo e Magaly, irmão, Thiago, pelo amor, respeito, amizade,
companheirismo e compreensão em todos os momentos.
A todos os meus familiares que me apoiaram, pelo carinho, pela atenção e
por terem compreendido minhas ausências.
A todos que tornaram minha estada mais agradável durante o mestrado, e
continuarão sempre em meu coração, em especial ao Fernando pelo apoio,
compreensão e companheirismo.
À orientadora Elisabeth Wazlawik, pela sua dedicação, paciência e
disponibilidade na elaboração desse trabalho.
Ao professor Dr. Francisco de Assis Guedes de Vasconcelos pelo empréstimo
do aparelho de Bioimpedância, sem o qual o teria sido possível a realização
desse trabalho.
Ao professor Mrs. João Luiz Bastos pela disponibilidade, colaboração, pela
análise dos dados e valiosas contribuições na elaboração do artigo.
Aos professores componentes da banca examinadora, Dra. Maria Cristina
Gonzalez, Dr. Erasmo Benício Santos de Moraes Trindade, Dr. Dalton Francisco de
Andrade, pelas valiosas contribuições nesta pesquisa e também a Dra Arlete
Catarina Tittoni Corso, pelas contribuições na qualificação deste trabalho.
Aos pacientes e servidores do Hospital Universitário da Universidade Federal
de Santa Catarina.
Ao Programa de s-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de
Santa Catarina, aos docentes e demais funcionários pela dedicão e apoio
fornecidos.
6
Ao Fundo de Incentivo a Pesquisa da Universidade Federal de Santa
Catarina - FUNPESQUISA. À Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e
Tecnológica do Estado de Santa Catarina - FAPESC (chamada pública
002/2008), pela concessão de bolsa de iniciação científica.
A todos os amigos, que me incentivaram e acompanharam essa fase tão
especial da minha vida, sempre dando força e ânimo para continuar.
A todos os colegas de mestrado, pela união, companheirismo, pelo “lanche
coletivo” (risos), pelo churras à gaúcha feito por catarina. Alguns continuarão
presentes, uns terei apenas notícias, outros nem notícias terei, mas com certeza
levarei todos no coração...saibam que vocês são muito importantes na minha vida.
Às amigas e colegas, Gabriele e Vanessa, pelas horas de descontração,
momentos inesquecíveis que vivemos e viveram nesses dois anos (muitos risos e
algumas festinhas...sempre com alguma história para contar) e também pelo apoio
em diversos momentos. A Raquel, pela amizade, horas de conversa e apoio. A
Cristine uma pessoa muito especial que encontrei nessa caminhada. A Claudia pela
amizade e apoio. Beijo no coração de todas vocês...
Às colegas de laboratório Lisiane e Lívia, pelo apoio na elaboração e
execução desse trabalho e pela amizade, a Jaqueline pelo coleguismo e amizade.
Às bolsistas Juliana e Letícia pela amizade e colaborações.
A todos que de uma forma ou de outra colaboraram e apoiaram durante o
mestrado.
7
“Certeza!
... De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
Portanto devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro...
Fernando Pessoa
8
RESUMO
CARDINAL, Thiane Ristow. Relação entre o ângulo de fase padronizado,
medidas antropométricas e risco nutricional na avaliação de pacientes
hospitalizados. Florianópolis, 2008. Dissertação - Mestrado em Nutrição
Programa de s-Graduação em Nutrição, Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 2008.
Palavras-chave: avaliação nutricional, bioimpedância, ângulo de fase,
antropometria, risco nutricional, pacientes hospitalizados.
O objetivo do estudo foi o de verificar a concordância entre o ângulo de fase
padronizado (AFP) com medidas antropométricas ou com o risco nutricional em
pacientes cirúrgicos. Avaliaram-se 126 pacientes adultos, de ambos os sexos, com
indicão de cirurgia eletiva gastrointestinal ou de hérnia, internados na Clínica
Cirúrgica I do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina no
período de janeiro a julho de 2008. Para avaliar o estado nutricional, utilizou-se:
dobra cutânea tricipital (DCT), circunferência braquial (CB), circunferência muscular
do braço (CMB), índice de massa corporal (IMC), percentagem de perda de peso
(%PP), rastreamento de risco nutricional 2002 (NRS 2002) e avaliação subjetiva
global (ASG), sendo, o parâmetro AFP obtido a partir da análise por impedância
bioelétrica. Para a análise estatística fez-se uso do teste exato de Fisher, o
coeficiente kappa e o teste t de Student. Verificaram-se diferenças, entre os
métodos, na avaliação do estado nutricional, sendo a desnutrição encontrada em
48,4% dos pacientes, quando avaliados pela DCT, seguido pela CB (20,6%), ASG
(17,5%), CMB (12,7%), AFP (11,1%) e IMC (2,4%), com diferença estatística
significativa para CB, CMB e ASG. A %PP foi significante ou grave em 29,4% dos
pacientes, e 19,8% apresentaram risco nutricional, segundo o NRS 2002. A
concordância no diagnóstico de desnutrição do AFP com os demais métodos de
avaliação nutricional foi de moderada para CB (0,42; 0,21-0,62; IC
95%
), a pobre para
a DCT (0,11; -0,01-0,22; IC
95%
). O AFP pode ser um indicativo do comprometimento
do estado nutricional dos pacientes avaliados. No entanto, não se obteve boa
concordância do AFP com os métodos utilizados.
9
ABSTRACT
CARDINAL, Thiane Ristow. Relation among standardized phase angle,
anthropometric measures and nutritional risk in the assessment of hospitalized
patients. Master Dissertation Nutrition Post-graduation Program - Federal
University of Santa Catarina. Florianópolis, 2008.
Key words: nutrition assessment, bioelectric impedance analysis, phase angle,
anthropometry, nutritional risk, hospitalized patients.
The objective of this study was to verify the agreement between standardized phase
angle (SPA) and anthropometric measures or nutritional risks in surgical patients.
The sample consisted of 126 male and female adult patients. They were admitted for
either elective gastrointestinal surgery or hernia surgery in the Surgical Clinic
University Hospital of Universidade Federal de Santa Catarina from January to July,
2008. For assessing the nutritional status, triceps skinfold thickness (TST), arm
circumference (AC), muscle arm circumference (MAC), body mass index (BMI),
percentage of weight loss (%WL), nutritional risk screening 2002 (NRS 2002) and
subjective global assessment (SGA) were observed. The parameter of phase angle
(PA) was obtained from bioelectric impedance analysis. The statistical analyses were
performed by using Fisher's exact test, Kappa coefficient and t-test. There have been
differences among the methods for nutritional status assessment. Malnutrition was
found in 48,4% of patients when assessed by TST, followed by (48.4%), AC (20,6%),
SGA (17,5%), MAC (12.7%), SPA (11,1%) and BMI (2.4%). There was significant
statistical difference for AC, MAC and SGA. The percentage of weight loss (%WL)
was significant or severe in 29.4% of patients and 19,8% of them presented
nutritional risk according to NRS 2002. Agreement in the diagnosis of malnutrition of
standardized phase angle with the other methods of nutrition assessment was weak
being higher for AC (0,42; 0,21-0,62; IC
95%
) and TST (0,11; -0,01-0,22; IC
95%
). The
SPA can be an indicative one of the compromise of the state nutritional of the
patients evaluated. However, not itself it obtained good agreement of the SPA with
the approaches utilized.
10
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
Figura 1.1 – Esquema geral da dissertação........................................................ 26
CAPÍTULO 3
Figura 3.1 – Delineamento do estudo .................................................................
71
11
LISTA DE QUADROS
CAPÍTULO 2
Quadro 2.1 - Prevalência de desnutrição hospitalar e fatores de risco
associados de acordo com alguns estudos.........................................................
31
Quadro 2.2 - Alguns estudos que relacionaram o IMC com outros métodos de
avaliação nutricional.............................................................................................
42
Quadro 2.3 - Estudos que avaliaram o ângulo de fase como indicador
progstico.......................................................................................................... 59
Quadro 2.4 - Estudos que avaliaram o ângulo de fase como indicador
nutricional.............................................................................................................
65
CAPÍTULO 3
Quadro 3.1 – Pontos de corte do Critério de Classificação Econômica Brasil ...
75
Quadro 3.2 Classificação e mensuração das variáveis independentes do
estudo ..................................................................................................................
88
Quadro 3.3 Classificação e mensuração das variáveis dependentes do
estudo...................................................................................................................
89
12
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 3
Tabela 3.1 – Significado da perda de peso em relação ao tempo ......................
77
Tabela 3.2 – Pontos de corte do índice de massa corporal ................................
78
Tabela 3.3 – Estado nutricional segundo a dobra cutânea tricipital.....................
80
Tabela 3.4 – Estado nutricional segundo a circunferência braquial.. ..................
81
Tabela 3.5 – Estado nutricional segundo a circunferência muscular do braço ...
82
13
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEPAssociação Brasileira de Empresas de Pesquisa;
ACT – Água Corporal Total;
AEC – Água Extracelular;
AF – Ângulo de Fase;
AF P – Ângulo de Fase Padronizado;
AIC – Água Intracelular;
ASG – Avaliação Subjetiva Global;
ASPEN American Society of Parenteral and Enteral Nutrition (Sociedade
Americana de Nutrição Parenteral e Enteral);
BIA – Bioelectrical Impedance Analysis (Análise por Impedância Bioelétrica);
CB – Circunferência Braquial;
CCI – Clínica Cirúrgica I;
CMB Circunferência Muscular do Braço;
DC - Dobra Cutânea;
DCT – Dobra Cutânea Tricipital;
DEXA – Dual energy x-ray absorptiometry (Densitometria Óssea);
DPE - Desnutrição Protéica Energética;
ELAN – Estudo Latino Americano de Nutrição;
GC – Gordura Corporal ou tecido adiposo;
%GC – Percentagem de Gordura Corporal;
HU – Hospital Universitário;
IBRANUTRI – Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar;
14
IMC – Índice de Massa Corporal;
MCC – Massa Celular Corporal;
MCM Massa Corporal Magra ou massa livre de gordura ou músculo;
MEC – Massa Extracelular Corporal;
MIC – Massa Intracelular Corporal;
NHANES I - National Health and Nutrition Examination Survey (Pesquisa Nacional
sobre saúde e exames nutricionais);
NIH – National Institutes of Health (Institutos Nacionais de Saúde);
NRS 2002 Nutritional Risk Screening 2002 (Rastreamento de Risco Nutricional
2002)
OMS – Organizão Mundial de Saúde (WHO World Health Organization);
%PP - Percentagem de Perda de Peso;
R – Resistência;
SBNPE – Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral;
SC – Santa Catarina;
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina;
Xc – Reatância;
Z – Impedância.
15
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO GERAL..............................................................
18
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................
19
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................
22
1.2 HIPÓTESE ....................................................................................................
24
1.3 OBJETIVOS...................................................................................................
25
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................
25
1.3.2 Objetivos Específicos .................................................................................
25
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO.................................................................
26
CAPÍTULO 2 - REVISÃO DE LITERATURA ......................................................
27
2.1 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL...................................................
28
2.1.1 Avaliação Antropométrica...........................................................................
35
2.1.1.1 Percentagem de Perda de Peso..............................................................
36
2.1.1.2 Índice de Massa Corporal........................................................................
38
2.1.1.3 Dobra Cutânea Tricipital...........................................................................
46
2.1.1.4 Circunferência do Braquial.......................................................................
47
2.1.1.5 Circunferência Muscular do Braço...........................................................
48
2.1.2 Avaliação Subjetiva Global .........................................................................
48
2.1.3 Rastreamento de Risco Nutricional 2002....................................................
51
2.1.4 Ângulo de Fase...........................................................................................
53
CAPÍTULO 3 - MÉTODO GERAL.......................................................................
70
3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO.....................................................................
71
3.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO...........................................................................
72
16
3.2.1 Amostra ......................................................................................................
72
3.3 PROTOCOLO DO ESTUDO..........................................................................
73
3.4 APRIMORAMENTO DOS INSTRUMENTOS DE COLETA DOS DADOS....
73
3.5 COLETA DOS DADOS .................................................................................
74
3.5.1 Caracterização do Paciente .......................................................................
74
3.5.2 Avaliação do Estado Nutricional .................................................................
75
3.5.2.1 Avaliação Antropométrica........................................................................
76
3.5.2.1.1 Percentagem de Perda de Peso...........................................................
76
3.5.2.1.2 Índice de Massa Corporal.....................................................................
77
3.5.2.1.3 Dobra Cutânea Tricipital........................................................................
79
3.5.2.1.4 Circunferência do Braquial....................................................................
80
3.5.2.1.5 Circunferência Muscular do Braço........................................................
81
3.5.2.2 Avaliação Subjetiva Global.......................................................................
82
3.5.2.3 Rastreamento de Risco Nutricional 2002.................................................
84
3.5.2.4 Ângulo de Fase........................................................................................
85
3.6 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................
87
3.6.1 Variáveis do Estudo ...................................................................................
87
3.6.2 Análise Estatística ......................................................................................
91
CAPÍTULO 4 ARTIGO ORIGINAL - RELAÇÃO DO ÂNGULO DE FASE
PADRONIZADOS COM MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO ESTADO
NUTRICIONAL EM PACIENTES HOSPITALIZADOS........................................
92
CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................
118
REFERÊNCIAS ...................................................................................................
120
APÊNDICES .......................................................................................................
133
Apêndice A – Termo de consentimento livre e esclarecido ................................
134
17
Apêndice B – Questionário de Caracterização do Paciente ...............................
135
Apêndice C Instrumento de Avaliação Antropométrica e Análise por
Impedância Bioelétrica ........................................................................................
136
ANEXOS .............................................................................................................
137
Anexo A – Percentis da dobra cutânea tricipital ................................................. 138
Anexo B – Percentis da circunferência braquial ................................................ 139
Anexo C Percentis da circunferência muscular do braço ................................ 140
Anexo D Avaliação Subjetiva Global.................................................................
141
Anexo E – Rastreamento de Risco Nutricional 2002...........................................
142
18
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO GERAL
19
1 INTRODUÇÃO
A desnutrição no ambiente hospitalar tem sido relatada entre 30% e 50% dos
pacientes, podendo variar de acordo com a população investigada e com os
diferentes critérios utilizados (WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001; CORREIA;
CAMPOS, 2003).
As conseqüências da desnutrição são bem descritas e reconhecidas, como o
aumento da morbidade e mortalidade, hospitalizão prolongada e, portanto,
aumento dos custos para o sistema de saúde (WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA,
2001).
Silva e Félix (1998) consideraram que, se soubermos diagnosticar a
desnutrição e identificar quem deva ser tratado, a intervenção, através da terapia
nutricional pode mudar o prognóstico de alguns pacientes de maneira favorável.
Assim, o reconhecimento precoce, com rápida intervenção no suporte nutricional,
permite minimizar o impacto, levando a benefícios clínicos. No entanto, os resultados
de alguns estudos demonstram que a avaliação do estado nutricional é a exceção e
não a regra no ambiente hospitalar (WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001).
Vários métodos de avaliação nutricional têm sido propostos (testes
bioquímicos, composição corporal, antropometria e clínicos), no entanto, nenhum
pode ser considerado único e suficiente para predizer o risco nutricional
isoladamente, pois apresentam limitações, podendo haver interferência de fatores
independentes do estado nutricional (TEIXEIRA, 2003). Até o momento, não um
método aceitável, universalmente, na definição de pacientes com desnutrição ou em
risco nutricional que seja considerado padrão-ouro.
20
Entre os métodos utilizados para avaliar o estado nutricional está a
antropometria, a qual possui limitações técnicas importantes ou deve ser
interpretada dentro de um contexto clínico muito específico (SILVA; FÉLIX, 1998).
De acordo com Kyle e colaboradores (2005), a utilização isolada de parâmetros
antropométricos pode subestimar o risco nutricional em pacientes hospitalizados.
A percentagem de perda de peso (%PP) pode refletir mudanças no equilíbrio
de energia e proteína, podendo ser relacionada ao mau prognóstico cnico (HILL,
1992; KLEIN, 1997). O índice de massa corporal (IMC) avalia, indiretamente, o
estado nutricional, já que é dependente das medidas de peso e altura (WAITZBERG;
CAIAFFA; CORREIA, 2001). As dobras cutâneas, por sua vez, são medidas que
podem indicar a quantidade de tecido adiposo, as reservas corporais de energia e o
estado nutricional atual (VASCONCELOS, 2007). As circunferências são
mensurações dos perímetros dos segmentos corporais, sendo a circunferência
braquial (CB) recomendada no diagnóstico de desnutrição atual de pré-escolares,
adultos e idosos (WHO, 1995). Na prática, estas medidas o o obtidas,
rotineiramente, nos hospitais (WAITZBERG; CORREIA, 2003).
A impedância bioelétrica (BIA - Bioelectrical Impedance Analysis) é um
método de avaliação da composição corporal que apresenta a vantagem de ser não
invasivo, de uso e manejo rápido e relativamente simples. É biocompartimental,
baseado na condutividade de uma corrente elétrica de baixa amplitude e alta
freqüência através do corpo, mensurando os componentes primários Resistência
(R), Reactância (Xc) e Impedância (Z) (COPPINI et al., 1998).
Da mesma maneira, o ângulo de fase (AF) pode ser um importante
instrumento para avaliar efeitos clínicos ou para monitorar a progressão de doenças,
podendo ser superior a outro indicador nutricional bioquímico ou antropométrico
21
(BARBOSA-SILVA et al., 2005).
Am dos métodos apresentados anteriormente, a utilização de avaliações
subjetivas são importantes, assim, a avaliação subjetiva global (ASG) e o
rastreamento de isco nutricional 2002 (NRS 2002 - Nutritional Risk Screening 2002)
têm papel relevante na classificação do estado nutricional de pacientes
hospitalizados.
Neste contexto, o estudo propôs a avaliação nutricional de pacientes
hospitalizados, tendo por objetivo verificar a concordância entre o ângulo de fase
com medidas antropométricas e avaliação de risco nutricional em pacientes
hospitalizados.
22
1.1 JUSTIFICATIVA
Diferentes métodos, cnicas e procedimentos têm sido sugeridos para a
avaliação do estado nutricional, sendo que as definições dos mesmos necessitam
estar diretamente relacionadas aos objetivos específicos de cada estudo, ou seja,
devem-se eleger aqueles que melhor detectem o problema nutricional que se
pretende elucidar na população em estudo (GOUVEIA, 1999; SIGULEM et al., 2000).
Dessa forma, torna-se importante a utilização de um método que independa
de outras variáveis corporais, como, por exemplo, o peso e a altura para a avaliação
nutricional de pacientes hospitalizados, pois, muitas vezes, essas variáveis são de
difícil mensuração devido às condições motoras destes indivíduos. Cabe ressaltar
que, cada um dos inúmeros métodos utilizados, para acessar o estado nutricional de
pacientes possui características próprias que lhes conferem vantagens e/ ou
desvantagens (CORREIA, 1998); o que torna difícil a escolha de qualquer um deles
como um padrão-ouro de avaliação nutricional (WAITZBERG; CORREIA, 2003).
Através dos componentes de resistência e reatância da impedância bioelétrica
é possível fazer a análise do ângulo de fase, o qual independe de medidas como
peso e altura, podendo auxiliar na avaliação nutricional, principalmente, no caso em
que o indivíduo encontra-se acamado, quando a avaliação tradicional apresenta
limitações.
Dentre os pacientes que, eventualmente, podem se beneficiar com este tipo de
avaliação estão os transplantados; grandes queimados; com câncer, incluindo
aqueles recebendo radio ou quimioterapia; e pacientes em pré e pós-operatório
geral e cardiovascular, em especial, indivíduos de risco, portadores de necessidades
23
especiais, desnutridos e outros que requeiram um acompanhamento nutricional
adequado para aumentar a qualidade de vida, bem como diminuir e/ou minimizar os
riscos conseqüentes à desnutrição e síndromes consumptivas.
Com base no exposto, pode-se perceber a importância do diagnóstico e
registro do estado nutricional de pacientes hospitalizados, sendo a avaliação do
estado nutricional fundamental para manutenção da saúde e recuperação da doença
e/ou trauma.
O estudo relacionando à avaliação do estado nutricional, no nosso grupo de
pesquisa, iniciou com a dissertação da mestranda Lisiane Scheunemann, intitulado:
Relação do ângulo de fase com parâmetros de avaliação do estado nutricional de
pacientes cirúrgicos.
Justifica-se, assim, o interesse em verificar a concordância do ângulo de fase
com medidas objetivas ou subjetivas do estado nutricional. Espera-se com isto, uma
avaliação nutricional mais precisa e, conseqüentemente, uma adequada intervenção
nutricional.
.
24
1.2 HIPÓTESE
A hipótese do presente estudo é que haverá concordância entre o ângulo de
fase, com parâmetros antropométricos ou com parâmetros de risco nutricional, na
avaliação do estado nutricional de pacientes hospitalizados.
25
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Verificar a concordância entre o ângulo de fase padronizado com medidas
antropométricas ou com risco nutricional na avaliação de pacientes hospitalizados.
1.3.2 Objetivos Específicos
Identificar o estado nutricional segundo índice de massa corporal, dobra
cutânea tricipital, circunferência braquial e circunferência muscular do braço;
Verificar o risco nutricional pela avaliação subjetiva global, rastreamento de
risco nutricional 2002 e porcentagem de perda de peso;
Determinar o ângulo de fase padronizado.
26
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
CAPÍTULO 1
-
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 2 - REVISÃO DE LITERATURA
Avaliação do Estado Nutricional
CAPÍTULO 3 - MÉTODO GERAL
Delineamento
do estudo
População do
estudo
Protocolo do
estudo
Aprimoramento
dos
instrumentos de
coleta dos
dados
Coleta dos
dados
Análise dos
dados
RELAÇÃO DO ÂNGULO DE FASE PADRONIZADOS COM MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO
ESTADO NUTRICIONAL EM PACIENTES HOSPITALIZADOS.
CAPÍTULO 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CAPÍTULO 4 – ARTIGO ORIGINAL
Figura 1.1 – Esquema geral da dissertação
27
CAPÍTULO 2
REVISÃO DE LITERATURA
28
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL
O estado nutricional pode ser influenciado pelo consumo e utilizão de
nutrientes e identificada pela correlação de informações obtidas de estudos físicos,
bioquímicos, clínicos e dietéticos (CRISTAKIS, 1993).
Segundo a Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e Enteral (ASPEN,
2002), a avaliação do estado nutricional abrange a história clínica, nutricional e de
medicamentos, o exame físico, as medidas antropométricas e dados bioquímicos;
podendo, ainda, interferir, a organização, a avaliação das informões, bem como a
percepção do profissional envolvido com as mesmas.
Para a avaliação do estado nutricional, os estudos têm sugerido diferentes
métodos, técnicas e procedimentos, sendo que as definições dos mesmos
necessitam estar diretamente relacionadas aos objetivos específicos de cada estudo,
ou seja, deve-se eleger aqueles que melhor detectem o problema nutricional que se
pretende elucidar na população em estudo (GOUVEIA, 1999; SIGULEM et al., 2000).
Cabe, ainda, destacar que os diferentes métodos de avaliação nutricional podem ser
classificados em diretos ou indiretos. Os métodos diretos referem-se aos exames
antropométricos, laboratoriais e clínicos, enquanto que os indiretos estão
relacionados aos dados de estudos demográficos, inquéritos de consumo alimentar,
sócio-econômicos e culturais (VASCONCELOS, 1993; VASCONCELOS, 2007).
29
Na prática clínica, em especial em pacientes hospitalizados, a avaliação do
estado nutricional permite detectar a existência de um processo mórbido nutricional,
identificar as causas prováveis que o originaram e estabelecer condutas terapêuticas
adequadas (VASCONCELOS, 2007).
Além disso, o objetivo da avaliação nutricional, em hospitais, não é apenas o
diagnóstico, mas tamm a identificação de pacientes com maior risco de
complicações associadas ao estado nutricional durante sua internação (risco
nutricional). Sendo assim, a avaliação nutricional é tanto um instrumento diagnóstico,
quanto prognóstico (DETSKY et al., 1984; DETSKY, 1991).
A desnutrição hospitalar tem sido apontada como um problema importante de
Saúde Pública em todo o mundo. Nos últimos anos, muito se tem estudado sobre a
prevalência de desnutrição no ambiente hospitalar, e trabalhos têm mostrado que a
mesma varia de 30% a 50% em pacientes clínicos e cirúrgicos. Porém, verifica-se
que, nestes estudos, foram empregados métodos diversos para diagnóstico da
desnutrição hospitalar, possivelmente devido à inexistência de um parâmetro que
seja considerado mais apropriado à avaliação do estado nutricional (BARBOSA-
SILVA et al, 2003). Ou seja, não há um método que seja considerado pado ouro e
que avalie o estado nutricional, associando vários fatores (como idade, severidade e
tipo da doença entre outros) podendo ocorrer, desta forma, superestimação de
valores que podem predizer as variáveis nutricionais (BARBOSA-SILVA; BARROS,
2005).
A avaliação nutricional ideal, no paciente hospitalizado, deveria ter a
sensibilidade de detectar alterações funcionais orgânicas que ocorrem,
precocemente, no processo de desnutrição. Sob este enfoque, a desnutrição seria
identificada, previamente, ao aparecimento de alterações na composão corporal
30
associada à carência de nutrientes (BARBOSA SILVA; BARROS, 2002). Em
contrapartida, nenhuma medida nutricional isolada pode ser considerada totalmente
sensível e específica, porque respostas não nutricionais relacionados à doença
podem afetar os indicadores nutricionais (ROSENFELD, 1998).
A desnutrição é um estado mórbido (secundário a uma deficiência ou
excesso, relativo ou absoluto de um ou mais nutrientes essenciais) que se manifesta
clinicamente, ou é detectada por meio de testes bioquímicos, antropométricos,
fisiológicos, entre outros (SBNPE, 1997). No ambiente hospitalar, progride de forma
contínua, ocasionando alterações na composição corporal (JEEJEEBHOY, 2000)
que pode levar a alterações funcionais importantes (HILL,1992), entre elas, as
imunes, respiratórias e renais, além de estar associada à alta incidência de outras
complicações e mortalidade (BLACKBURN; THORNTON, 1979).
No ambiente hospitalar, a desnutrição, pode estar relacionada, ainda, a
recursos socioeconômicos limitados, à idade avançada, à doença por si só,
hospitalização prolongada, carência de informões clínicas, falta de
reconhecimento das necessidades nutricionais do paciente e escassas prescrições
para terapia nutricional adequada (WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001).
Em virtude da preocupação em investigar, de maneira acurada, sobre a
problemática da desnutrição em vel hospitalar, estudos têm sido realizados com o
objetivo de identificar a prevalência desta comorbidade em pacientes hospitalizados
(Quadro 2.1).
31
Quadro 2.1 - Estudos que relacionaram a prevalência de desnutrição hospitalar e os
fatores de risco associados.
Referência Data Local Amostra Prevalência de
desnutrição
(método utilizado)
Fatores de
risco para
desnutrição
EDINGTON
et al.
2000 Inglaterra 850 pacientes
hospitalizados
58,5 18,3
anos
(18 – 103 anos)
19,8% (IMC, DCT,
CMB)
Infecção
Hospitalização
prolongada
WAITZBERG;
CAIAFFA;
CORREIA
(IBRANUTRI)
a
2001 Brasil 4000 pacientes
hospitalizados
51,3 18,0
anos
(18 – 90 anos)
48,1% (ASG)
(12,6% grave)
Idade > 60 anos
Infecção
Câncer
Hospitalização
prolongada
CORREIA;
CAMPOS
(ELAN)
b
2003 América
Latina
9348 pacientes
hospitalizados
52,2 18,4
anos
50,2% (ASG)
(11,2% grave)
Idade > 60 anos
Infecção
Câncer
Pacientes de
clínica médica
Permanência
hospitalar
prolongada
anterior à
avaliação
nutricional
32
Continuação Quadro 2.1 - Estudos que relacionaram a prevalência de desnutrição
hospitalar e os fatores de risco associados.
Referência Data Local Amostra Prevalência de
desnutrição
(método utilizado)
Fatores de
risco para
desnutrição
WYSZYNSKI;
PERMAN;
CRIVELLI
(ELAN-
ARGENTINA)
2003 Argentina 1000 pacientes
hospitalizados
55,0 19,0
anos
47,3% (ASG)
(11,2% grave)
Idade > 71
anos
Infecção
Câncer
Hospitalização
prolongada
RASMUSSEN
et al.
2004 Dinamarca 590 pacientes
hospitalizados
71 anos
(média)
(18 – 102 anos)
39,9% (NRS)
BARRETO-
PENIÉ
(ELAN-CUBA)
2005 Cuba 1905 pacientes
hospitalizados
54 anos
(média)
(13 – 98 anos)
41,2% (ASG)
(11,1% grave)
Sexo
(masculino)
Idade > 60
anos
Escolaridade
primária
Infecção
Câncer
PIRLICH et al. 2006 Alemanha 1886 pacientes
hospitalizados
62,2 17,4
anos
27,4% (ASG)
(9,8% grave)
Idade > 65
anos
Câncer
Uso de vários
rmacos
33
Continuação Quadro 2.1 - Estudos que relacionaram a prevalência de desnutrição
hospitalar e os fatores de risco associados.
VIDAL et al. 2008 Espanha 189 pacientes
hospitalizados
64±18,8 anos
40,2% (ASG B)
15,3% (grave)
Doenças
crônicas
Câncer
Hospitalização
prolongada
a
IBRANUTRI – Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar
b
ELAN – Estudo Latino Americano de Nutrição
Através dos dados do ELAN, pode-se observar que apenas 23,1% dos
prontuários continham algum tipo de registro do estado nutricional, como “relata
perda de peso”,emagrecido” ou “desnutrido” (CORREIA; CAMPOS, 2003). No caso
do IBRANUTRI, foi possível verificar que, havia registros somente em 18,8% dos
casos (WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001).
Considerando a desnutrição relacionada à deficiência de nutrientes, tem sido
encontrada maior associação com desnutrição protéica energética (DPE), seguida
por carência de minerais. (BLACKBURN; THORNTON, 1979). Segundo Hill (1992), a
DPE é comum no ambiente hospitalar. Em seu estudo, um em cada cinco pacientes
cirúrgicos apresentou DPE. Quando o tempo de hospitalização foi prolongado, a
DPE apareceu em mais de 50% dos pacientes, surgindo complicações pós-
operatórias. No entanto, Vidal et al (2008) encontraram maior tempo de
hospitalização para os pacientes desnutridos, mas com taxas de mortalidade
similares em nutridos e desnutridos.
Os indivíduos submetidos à cirurgia gastrintestinal podem estar sob risco
particular de se tornarem desnutridos durante sua permanência no hospital, pois no
período pré-operatório, enquanto aguardam a cirurgia, podem apresentar sintomas
34
decorrentes da doença como náuseas, vômitos, apetite reduzido e absorção.
Além disso, no período pós-operatório, a motilidade e a capacidade gástrica ficam
reduzidas como resultado da anestesia, e o retorno da função intestinal normal estão
retardados, conseentemente, o restabelecimento de uma alimentação adequada é
lenta (FETTES et al., 2002).
A avaliação nutricional de pacientes pode ser realizada através da análise de
sua composição corporal (COPPINI et al, 1998). E pode ser definida como o estudo
da quantidade e da proporção dos principais componentes estruturais do organismo,
através do fracionamento do peso corporal. Esses componentes estruturais são
basicamente o tecido adiposo ou a gordura corporal (GC), os músculos ou a massa
livre de gordura ou a massa corporal magra (MCM) e os ossos (PETROSKI, 1999).
Os dados referentes à composição corporal podem ser obtidos por ts
procedimentos diferentes: a) determinação direta: são obtidas in loco dos
diferentes tecidos do corpo, através de dissecação macroscópica ou extração
lipídica; b) determinação indireta: são extraídas informões referentes às variáveis
de domínio sico e químico, como cnicas de densitometria, hidrometria,
espectrometria, dentre outros; c) determinão duplamente indireta: a bioimpedância
elétrica e a antropometria, neste caso, o os recursos mais comumente
empregados (GUEDES; GUEDES, 1998).
Estima-se que a GC corresponda a, aproximadamente, 10 a 25% do peso
corporal no sexo masculino, e de 18 a 30% no sexo feminino; enquanto que a MCM
varia de 75 a 85% do peso corporal em ambos os sexos (COPPINI et al, 1998).
A MCM, por sua vez, é constituída por massa celular corporal (MCC) que é o
compartimento metabolicamente ativo; e por massa extracelular corporal (MEC) que
é responsável pelo transporte e sustentação do organismo. Cabe destacar que a
35
MCM é formada por 73% de água corporal total (ACT), dividida em dois
compartimentos: água intracelular (AIC) e água extracelular (AEC) (HILL, 1992;
COPPINI et al., 1998; ELLIS, 2000).
2.1.1 Avaliação Antropométrica
Antropometria (antropo = “ser humano”, metria = medir”) é definida como
uma série de técnicas de mensuração sistematizadas que expressam
quantitativamente, as dimensões do corpo (MALINA, 1995; VANNUCCHI;
UNAMUNO; MARCHINI, 1996).
A antropometria constitui um dos métodos mais tradicionais de avaliação da
composição corporal, compreendendo uma série de medidas corporais (BARBOSA
et al, 2001). É um método aplicado, universalmente, não invasivo, relativamente
simples, de baixo custo, útil em estudos de campo e que permite a aplicação em um
número grande de indivíduos, com instrumentos portáteis, podendo ser utilizados em
qualquer ambiente (LOHMAN et al., 1992; MALINA, 1995; WHO, 1995; PETROSKI,
1995).
Embora não o precisa, a antropometria é, sem dúvida, o procedimento não
invasivo mais utilizado para caracterizar grupos (WHO, 1995). Inclui, basicamente,
as mensurações de dobras cutâneas, circunferências e diâmetros em vários
segmentos corporais (WHO, 1995; PETROSKI, 1995; VANNUCCHI; UNAMUNO;
MARCHINI, 1996; NAVARRO; MARCHINI, 2000), além de peso e altura (WHO,
1995). Os valores obtidos permitem calcular medidas secundárias como o IMC, a
36
circunferência muscular do braço (CMB) entre outras (WHO, 1995; VANNUCCHI;
UNAMUNO; MARCHINI, 1996; NAVARRO; MARCHINI, 2000). O IMC tem sido
bastante utilizado, apesar de não fazer a discriminação entre GC e MCM (BARBOSA
et al, 2001).
As medidas corporais podem ser utilizadas isoladamente e/ou a combinadas,
em equações de regressão para estimar a densidade corporal. Dessa forma, os
métodos antropométricos de diagnóstico nutricional escolhidos, para serem
relacionados com o ângulo de fase, serão descritos de acordo com o referencial
encontrado na literatura.
2.1.1.1 Percentagem de Perda de Peso
O peso é uma das medida antropométrica mais utilizadas, sendo um indicador
básico e importante na prática clínica (KLEIN, 1997; HILL, 1992; WAITZBERG;
FERRINI, 2002). Ele expressa a dimensão da massa ou volume corporal,
constituindo a somatória da massa orgânica e inorgânica existente nas células,
tecidos, órgãos, músculos, ossos, gordura, água, etc (JELLIFFE, 1968). A utilização
do peso apresenta limitações, pois mede todos os compartimentos corporais de uma
vez, não especificando qual deles está alterado (KLEIN, 1997; HILL, 1992;
WAITZBERG; FERRINI, 2002).
Desta forma, a medida do peso isolada pode ser de pouca valia na avaliação
do estado nutricional (WAITZBERG; FERRINI, 2002). O peso atual, quando
comparado com o peso habitual, permite a avaliação da percentagem de perda de
37
peso (%PP) e, assim, é possível obter-se uma idéia mais rigorosa do estado de
nutrição do indivíduo, pois pode refletir mudanças no equilíbrio de energia e
proteína. A perda de peso involunria constitui uma importante informação, devido à
sua elevada correlação com mau prognóstico clínico (HILL, 1992; KLEIN, 1997).
Outrossim, em função do tempo em que ocorreu, pode levar a diferentes
interpretações. Por exemplo, uma perda de peso de 10%, em menos de duas
semanas, com ausência de infeão, provavelmente, é um problema de balanço
hídrico e não a reflexão da perda de GC ou MCM. Por outro lado, uma perda de
peso similar, em 1 ou 3 meses, pode ser indicativa de perda de GC e MCM,
sugerindo o desenvolvimento de desnutrição protéico energética (DPE). Quanto
maior for a percentagem de perda de massa magra, mais severa é a DPE. No
entanto, de forma geral, esse pressuposto é válido para perda de peso involuntária e
não para redução de peso por regime alimentar (BLACKBURN; THORNTON, 1979).
Ainda que a perda de peso involuntária seja motivo de freqüentes queixas,
seu diagnóstico pode ser difícil (BILBAO-GARAY et al. 2002). Pois, mais
informações a respeito da composição sico-química da perda de peso corporal são
necessárias, uma vez que a perda de MCM é de maior interesse para o estado
fisiológico e patológico, do que uma igual redução de GC (BLACKBURN;
THORNTON, 1979). Diversos fatores parecem estar envolvidos com a perda de
peso como: a ingestão calórica diminuída, alterações no metabolismo energético, ou
perda de calorias através da urina ou fezes, alterações no paladar ou no olfato,
anorexia, odinofagia, náusea, percepção alterada da saciedade, secreções e
contrações gastrointestinais anormais e demanda metabólica aumentada. Todavia, a
perda de peso involuntária pode ocorrer pela presença de tumor maligno, doenças
endócrinas, neurológicas, causas sociais ou psicológicas (REIFE, 1995).
38
Tanto a perda de peso involuntária quanto o baixo peso corporal parecem
estar relacionados à maior morbimortalidade (KNUDTSON et al., 2005). A perda de
peso é bastante observada na presença de doença oncológica, podendo ter impacto
negativo na evolão da mesma. Em um estudo onde foi avaliada a perda de peso
involuntária, observou-se que dentre os pacientes que apresentavam neoplasia (n=
104), apenas 8,7% sobreviveram por mais de um ano, nos demais (n= 158), com
outras causas para a perda de peso, a sobrevida maior de um ano foi de 86% dos
pacientes. (HERNANDEZ et al, 2003).
Vidal e colaboradores (2008) encontraram uma perda de peso de 6,4% nos
pacientes desnutridos, sendo a maioria homens (70,7%) com câncer e apresentando
anorexia.
2.1.1.2 Índice de Massa Corporal
O IMC ou índice de Quetelet constitui um procedimento de diagnóstico
antropométrico, no qual, o peso, em quilogramas, é dividido pelo quadrado da
estatura, em metros (peso/altura
2
) (WHO, 1995).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o IMC é o método mais
utilizado para o diagnóstico individual de obesidade a fim de estimar a prevalência
da mesma em populações, apesar de não demonstrar a quantidade e a distribuição
de GC. Além disso, pode não haver relação do risco de morbidade entre diferentes
indivíduos com semelhantes valores de IMC (WHO, 1998)
39
Gamba e Barros (1999) enfatizaram que, apesar de existirem restrições ao
uso do IMC, este índice tem sido utilizado para estudar a prevalência da desnutrição
e da obesidade e as suas relações com a morbimortalidade.
O IMC não diferencia o excesso de GC do excesso de MCM ou o edema.
Todavia, apresenta forte associação com a incidência de rias patologias (WHO,
1995), como o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, hipertensão,
aumento de lipoproteínas de baixa densidade, aumento da concentração de
triglicérides no sangue, diabetes (KUBENA et al., 1991) e algumas formas de câncer
(WHO, 1995).
Entre as suas limitações, destacam-se: a) proporcionalidade do corpo
(pessoas com as pernas curtas para a sua estatura terão IMC aumentado); b) a
relação com a MCM (especialmente em homens, pois atletas e indivíduos
musculosos podem ter IMC na faixa da obesidade); c) a relação com a estatura
(apesar de baixa, pode ser significativa, especialmente em menores de 15 anos)
(HEYWARD; STOLARCZYK, 2000; WAITZBERG; FERRINI, 2000).
Sendo assim, o IMC pode ser influenciado por MCM, órgãos, estrutura óssea
e ainda pela GC. Isto é, um indivíduo com uma quantidade considerável de MCM
pode apresentar um IMC de obeso mesmo sem ter excesso de GC; ou ainda,
indivíduos com uma pequena estrutura óssea ou com baixa quantidade de MCM
relativa ao seu peso, ou seja, grande quantidade de GC poderiam ter a sua
classificação subestimada, considerados, então, eutróficos (LOHMAN et al., 1992).
Segundo Heyward e Stolarczik (2000), o uso do IMC reforça o conceito
errôneo de que o peso corporal é mais importante que a GC. Por exemplo,
indivíduos magros, com pouca GC, podem pesar mais que o ideal, de acordo com as
tabelas de peso e estatura, devido ao aumento de MCM e óssea e, da mesma
40
forma, indivíduos podem ter excesso de GC ou serem obesos sem, contudo,
apresentarem excesso de peso na avaliação através do IMC.
No estudo de Bedogni et al. (2001), o IMC foi considerado um razoável
preditor de GC e, Barbosa e colaboradores (2001) corroboraram com estes autores,
considerando o IMC um razoável indicador de massa corporal em adultos. É um
índice prático, que utiliza somente as variáveis, peso e estatura e pode ser
facilmente aplicado em grandes populações. Porém, foi destacado que, como este
índice não faz a discriminação entre GC e MCM, pode acarretar erros de
diagnóstico, principalmente quando relacionado à população idosa.
Os valores de IMC recomendados, atualmente, são decorrentes das
alterações feitas em 1995 e 1998 por Comitês de Especialistas da OMS, os quais
propuseram modificações nos pontos de corte para emagrecimento e obesidade
(WHO, 1995; 1998).
Convém ressaltar que, na prática clínica, muitas vezes não é possível avaliar
o estado nutricional dos pacientes com base no IMC, pois pode haver
impossibilidade de se obter o peso de pacientes, especialmente no caso dos
hospitalizados e gravemente enfermos e/ou nos que não conseguem ficar em
(SILVA; FÉLIX, 1998).
No caso de pacientes hospitalizados, o peso atual e outras medidas
antropométricas podem não ser um indicador satisfatório no tocante à desnutrição,
uma vez que estes indivíduos estão sujeitos à perda de peso significativa durante a
hospitalização, e o IMC, por si só, não considera a perda de peso, podendo indicar
uma classificação dentro da faixa de normalidade e assim haver uma suposição de
que estes pacientes não estão em risco, mesmo que, sabidamente, possam estar
nessa condição em função da perda de peso apresentada (FETTES et al., 2002).
41
Deve ser enfatizado que, mesmo as medidas de peso e altura, que são fáceis
de serem obtidas, não são aferidas, rotineiramente, nos hospitais (WAITZBERG;
CORREIA, 2003). Esta afirmação pode ser corroborada pelas pesquisas ELAN e
IBRANUTRI, realizadas em hospitais públicos da América Latina e Brasil
respectivamente. No ELAN, verificou-se que o número de pacientes pesados e
medidos, na admissão, foi extremamente baixo, apesar da disponibilidade de
balanças próximas ao leito dos pacientes (CORREIA; CAMPOS, 2003). O
IBRANUTRI, por sua vez, evidenciou que, embora houvesse balanças disponíveis a
50 metros dos leitos, na maioria dos casos, a altura foi reportada em apenas 20,3%
dos prontuários (WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001).
Mesmo assim, m sido propostas as avaliações do estado nutricional de
indivíduos com base em medidas antropométricas, e muitos estudos
epidemiológicos e clínicos associam-nas com outros parâmetros de avaliação do
estado nutricional (FETTES et al., 2002).
Considerando-se o que foi exposto, pode-se dizer que a utilizão isolada de
parâmetros antropométricos pode subestimar o risco nutricional, principalmente em
pacientes hospitalizados (KYLE; GENTON; PICHARD, 2005). Desta maneira,
recomenda-se a associação do IMC a outros indicadores do estado nutricional
(Quadro 2.2).
42
Quadro 2.2 - Alguns estudos que relacionaram o IMC a outros métodos de avaliação nutricional.
Referência Local/Data
publicação
Amostra Objetivo IMC
correlacionado
com:
Resultados
MALINA;
KATZMARZYK
Áustria
1999
1570
adolescentes
9 a 19 anos
Verificar sensibilidade e especificidade
do IMC como um indicador de risco de
obesidade e da presença de obesidade
em 6 grupos de adolescentes,
abrangendo vários grupos étnicos.
DC
1
%GC
2
(equação
de Siri)
O IMC teve melhor correlação com a dobra
cutânea torácica, quando foram controlado
as variáveis estatísticas essa correlação não
era mais significativa.
FETTES et al. Ucrânia
2002
200 pacientes
cirurgia
gastrointestinal
18 a 80 anos
Avaliar o estado nutricional de
pacientes hospitalizados admitidos para
cirurgia gastrointestinal, bem como, a
observância das mudanças do estado
nutricional durante a permanência
hospitalar.
Peso
Altura
DCT
3
CB
4
Dinamometria
Na admissão hospitalar foi mais freqüente a
obesidade do que a desnutrição. No entanto,
durante a permanência hospitalar houve
perda de peso significante em 34% dos
pacientes.
43
Continuação Quadro 2.2 - Alguns estudos que relacionaram o IMC a outros métodos de avaliação nutricional.
Referência Local/Data
publicação
Amostra Objetivo IMC
correlacionado
com:
Resultados
GARÓFOLO et
al.,
o Paulo
(Brasil)
2005
127 crianças e
adolescentes
com câncer
1 a 24 anos
Avaliar diferenças entre medidas
antropométricas e de composição
corporal em crianças e adolescentes
com câncer.
DCT
3
CB
4
CMB
5
P/E
6
Pacientes com tumores sólidos
apresentaram maior prevalência de
desnutrição, sendo que as medidas de
composição corporal por meio da dobra
cutânea tricipital (DCT) e circunferência do
braço (CB) detectaram mais indivíduos
desnutridos do que o Peso/Estatura e o IMC
HOLLANDER et
al
2005 35 adultos
com fibrose
cística
18 a 46 anos
Investigar se o IMC e a %GC (dobras
cutâneas) ou BIA o bons indicadores
do estado nutricional em adultos com
fibrose stica. A %CG verificada pela
BIA foi utilizada como método de
referência
DCT
3
DCB
7
BIA
8
Foi detectado que o simples cálculo do IMC é
adequado para o diagnóstico nutricional
desse grupo e a análise por impedância
bioelétrica é necessária quando a terapia
nutricional é específica e focada na massa
corporal
44
Continuação Quadro 2.2 - Alguns estudos que relacionaram o IMC a outros métodos de avaliação nutricional.
Referência Local/Data
publicação
Amostra Objetivo IMC
correlacionado
com:
Resultados
AMANI Ahvaz
(sudoeste
do Iran)
2006
637 mulheres
saudáveis de
18 a 40 anos
Determinar o predomínio de obesidade
e excesso de peso em mulheres
casadas usando IMC e métodos de BIA;
avaliar a correlação entre estes
métodos; e comparar os graus de
obesidade das mulheres de acordo com
seus níveis educacionais.
BIA
8
BIA e IMC foram similares em detectar
eutrofia ou obesidade em mulheres, mas
diferentes na determinação do baixo peso.
WILLETT et al EUA
2006
+ de 12.000
homens e
mulheres
(NHANES III)
Homens:
44,1±18,1anos
Mulheres:
43,9±17,5anos
Determinar a validade relativa da
análise de BIA em equações de
predição e do IMC com marcadores
progstico fisiológico de obesidade.
BIA
8
Marcadores
bioquímicos de
adiposidade
(níveis
sanguíneos de
glicose, HDL -
colesterol e
triglicerídeo)
A porcentagem de gordura corporal estimada
calculada por meio da BIA era preditiva dos
marcadores fisiológicos independente do
IMC.
45
Continuação Quadro 2.2 - Alguns estudos que relacionaram o IMC a outros métodos de avaliação nutricional.
Referência Local/Data
publicação
Amostra Objetivo IMC
correlacionado
com:
Resultados
BOZKIRLI et al Turquia
2007
909 pacientes
adultos (249
homens, 660
mulheres)
40,5 ± 14,1
anos
Determinar a relação entre a
porcentagem de gordura corporal e o
índice de massa de corporal (IMC).
BIA
8
DEXA
9
(randonizado
em 30
pacientes)
Correlação positiva entre percentagem de
gordura corporal e IMC para os dois métodos
(p<0.001).
1
Dobra Cutânea
2
% Gordura Corporal
3
Dobra cutânea tricipital
4
Circunferência braquial
5
Circunferência muscular do braço
6
Peso/Estatura
7
Dobra cutânea bicipital
8
Impedância bioelétrica
9
Dual energy x-ray absorptiometry, ou radioabsorciometria de feixes duplos
46
2.1.1.3 Dobra Cutânea Tricipital
As dobras cutâneas avaliam a espessura do tecido adiposo subcutâneo,
podendo predizer a quantidade de GC, as reservas corporais de energia e o estado
nutricional atual (JELLIFE, 1968; BLACKBURN; THORNTON, 1979; HEYWARD;
STOLARCZYK, 2000; ZAMBON et al., 2003). Esta medida é muito utilizada em
estudos epidemiológicos, por ser um método barato e não invasivo (JELLIFE, 1966).
No entanto, algumas limitações aparecem no uso de dobras cutâneas, tanto
na prática clínica quanto em estudos populacionais, dentre as quais se pode citar: 1)
alterações na quantidade e distribuição da GC de acordo com a idade, sexo,
genética, doença, etnia e atividade física; 2) variações inter e intra-avaliadores na
execução da medição, requerendo assim treinamento dos avaliadores; 3) precisão
dos instrumentos de coleta; 4) inexistência de padrões de referências locais
(JELLIFFE, 1968; LOHMAN, 1992; SICHIERI, et al., 1999).
Várias dobras cutâneas podem ser utilizadas separadamente ou em conjunto.
Pode-se citar a dobra cutânea tricipital (DCT), bicipital e da panturrilha, como
indicadoras da gordura periférica, e a subescapular e suprailíaca, indicadoras de
gordura central. A DCT é uma medida bastante utilizada, por ser de fácil localização
e apresentar forte correlação com o percentual total de GC (PETROSKI, 1999),
sendo recomendada pela OMS (WHO, 1995) como índice isolado ou associado a
outros índices antropométricos, na avaliação de crianças, adolescentes, adultos e
idosos.
47
2.1.1.4 Circunferência Braquial
As circunferências, no geral, são mensurações dos perímetros dos segmentos
corporais e podem contribuir com o estudo da composição corporal de indivíduos
jovens, idosos e crianças (PETROSKI, 1999).
A CB representa a soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseo,
muscular e gorduroso do braço. Esta medida tem a vantagem de ser simples, cil,
de pida utilização, de baixo custo e imediata e prática interpretão do resultado
(WHO, 1995).
No entanto, por mais que não requeira a utilização de equipamentos
sofisticados, se não for coletada por avaliadores bem treinados, poderá apresentar
grande variabilidade, comprometendo sua confiabilidade. Além do mais, apresenta
algumas limitações que dizem respeito aos padrões de referência e pontos de corte
específicos e sensíveis para os diferentes grupos etários e de sexo (WHO, 1995). É
recomendada no diagnóstico de desnutrição atual de pré-escolares, adultos e idosos
(WHO, 1995), podendo apresentar boa correlação com a massa corporal e ser um
bom indicativo do estado nutricional (JELLIFE, 1968).
Na literatura, não há consenso quanto aos pontos de corte para CB na
avaliação nutricional, tendo sido utilizado distintas referências e procedimentos,
entre eles, para a população adulta, o parâmetro de Frisancho (1981) que distribui a
CB (cm) em percentis de acordo com a idade (1 a 74,9 anos) e sexo
(VASCONCELOS, 2007). A adequação da CB para pacientes hospitalizados pode
seguir os pontos de corte recomendados por Blackburn e Thornton (1979) os quais
propuseram uma avaliação nutricional específica para estes indivíduos.
48
2.1.1.5 Circunferência Muscular do Braço
Uma das formas utilizadas para avaliar o estado nutricional é estimar os
estoques de proteína através, de medidas de massa muscular (BLACKBURN;
THORNTON, 1979). Na prática clínica, é utilizado um grupo muscular específico
para estimar a MCM total, que, geralmente, é da extremidade superior por ser de
fácil acesso e livre de edema. Assim, a CB juntamente com a DCT são utilizadas na
avaliação nutricional como componente de fórmula que avalia a massa muscular do
braço, denominada circunferência muscular do braço (CMB) (TEIXEIRA, 2003).
A CMB considera a reserva de tecido muscular sem correção da massa
óssea, podendo ser relacionada à massa muscular corporal total, sendo indicada
apenas para a avaliação do estado nutricional de adultos (WHO, 1995).
2.1.2 Avaliação Subjetiva Global
Em 1987, Detsky et al. padronizaram a ASG como um método clínico que
avalia o estado nutricional baseado em características da história e exame físico do
paciente. A ASG é um método subjetivo, que pode ser aplicado por qualquer
profissional de saúde, que considera: história clínica (perda de peso nos últimos seis
meses, alterações na ingestão alimentar, presença de sintomas gastrointestinais,
alterações da capacidade funcional e o diagnóstico principal e a sua relação com as
necessidades nutricionais); exame sico (perda de gordura subcutânea, depleção
49
muscular e a presença de edema); e, a escolha do diagnóstico nutricional. Com os
dados da história clínica sendo somado ao exame físico, o indivíduo é classificado
em bem nutrido (ASG A), suspeita de desnutrição ou moderadamente desnutrido
(ASG B) e desnutrido (ASG C).
A ASG é um método simples, não-invasivo, de baixo custo (DETSKY et al.,
1987; WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001; DUERKSEN, 2002; BARBOSA-
SILVA et al., 2003; CORREIA; WAITZBERG, 2003; BARBOSA-SILVA; BARROS,
2006), de fácil execução e pode ser aplicado à beira do leito (BARBOSA-SILVA;
BARROS, 2002a; 2002b).
Atualmente, é recomendada pela ASPEN (American Society of Parenteral and
Enteral Nutrition) para a avaliação nutricional de pacientes hospitalizados (VALERO
et al., 2005).
No entanto, a sua precisão diagstica depende da experiência do
observador, sendo esta a sua principal desvantagem (BARBOSA-SILVA; BARROS,
2002a), pois, está sujeito à capacidade do observador em coletar as informões do
paciente ou de membros de sua família, interpretar os dados e classificar o indivíduo
corretamente (WAITZBERG; CORREIA, 2003). Além disso, pode apresentar
limitações para o acompanhamento nutricional, por ser baseada, exclusivamente,
em critérios qualitativos e pequenas alterações do estado nutricional podem não ser
detectadas (BARBOSA-SILVA; BARROS, 2002a).
Outra limitação da ASG é a de não permitir a categorização da desnutrição
leve e focalizar mudanças nutricionais crônicas ao invés de agudas; desta forma,
pacientes com desnutrição clinicamente importante, em particular desnutrição
recente e aguda, podem não ser reconhecidos através da ASG (SUNGURTEKIN et
al., 2004).
50
Originalmente, a ASG foi desenvolvida e validada para pacientes cirúrgicos,
obtendo grande aceitação na prática clínica, sendo, atualmente, utilizada tanto em
pacientes cirúrgicos, quanto em várias outras situações clínicas na sua forma
original ou após adaptações, com diversos objetivos (BARBOSA-SILVA; BARROS,
2002a; 2002b; BARBOSA-SILVA; BARROS, 2006).
Alguns autores utilizaram a ASG com o objetivo de avaliar o estado nutricional
de pacientes hospitalizados (PIRLICH et al., 2005) e determinar a prevalência de
desnutrição (WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001; CORREIA; CAMPOS, 2003;
WYSZYNSKI; PERMAN; CRIVELLI, 2003; BARRETO-PENIÉ, 2005; PIRLICH et al.,
2006); predizer complicações relacionadas ao estado nutricional, incluindo o de
pacientes cirúrgicos (DETSKY et al., 1984; DETSKY et al., 1987; NABER et al.,
1997; CORREIA; CAIAFFA; WAITZBERG, 1998; KUZU et al., 2006); e verificar a
validade convergente de alguns parâmetros (MOURÃO et al., 2004; STRATTON et
al., 2004; SUNGURTEKIN et al., 2004).
De acordo com Detsky et al. (1987) e Correia e Waitzberg (2003), a ASG,
quando usada apropriadamente por equipes treinadas, pode ser uma ferramenta
confiável para acessar o estado nutricional, além de predizer a morbidade,
mortalidade e hospitalização prolongada.
Por tais motivos, embora não exista um padrão-ouro, a ASG tem sido utilizada
como tal no desenvolvimento de algumas ferramentas de avaliação nutricional
(FERGUSON et al., 1999).
51
2.1.3 Rastreamento de Risco Nutricional 2002
O Rastreamento de Risco Nutricional 2002 (NRS 2002 - Nutritional Risk
Screening 2002) foi desenvolvido pela Sociedade Dinamarquesa de Nutrição
Parenteral e Enteral, com a finalidade de avaliar o potencial risco de depleção
nutricional na admissão dos pacientes ou durante sua internação hospitalar
(KONDRUP et al, 2003a). A sua finalidade é a de prever um melhor ou pior
progstico, levando em consideração os fatores de risco nutricional e, assim,
verificar se o tratamento é capaz de influenciar o prognóstico (KONDRUP et al,
2003b).
Baseia-se no conceito de que o suporte nutricional está indicado nos
pacientes que estão gravemente doentes, com necessidades nutricionais
aumentadas, ou que estão gravemente desnutridos, ou que têm determinados graus
de severidade da doença em combinação com determinados graus de desnutrição
(FERGUSON et al., 1999; KONDRUP et al, 2003a). É pressuposto que o método
ideal de avaliação do estado nutricional, para ter importância clínica, deva ser capaz
de predizer a ocorrência de complicões associadas a ele (JEEJEEBHOY, 2000).
O risco nutricional, de uma forma geral, corresponde à identificação da
desnutrição, previamente, ao aparecimento de alterações na composição corporal
(DETSKY et al., 1994). Desta forma, mais importante do que o diagnóstico de
desnutrição é a avaliação do risco de deterioração nutricional naqueles pacientes em
situações que possam estar associadas a problemas nutricionais (McCLAVE et al.,
1999).
52
A avaliação de risco nutricional é uma ferramenta simples, de baixo custo,
com boa reprodutibilidade, que pode ser aplicada por enfermeiros, médicos e
nutricionistas na detecção e tratamento da doença ou na depleção do estado
nutricional (REILLY et al., 1995; FERGUSON et al., 1999).
As ferramentas de rastreamento nutricional podem apresentar algumas
limitações, como: a não eficácia estabelecida, em termos de sensibilidade,
especificidade, validação, confiabilidade e relação custo-benefício; utilização de
parâmetros clínicos e intuição que não sejam práticos e disponíveis; serem
desenvolvidas para populações específicas; o não fornecimento de informações
práticas sobre sua implementação; o uso de parâmetros nutricionais que não são
rotineiramente utilizados (FERGUSON et al., 1999).
A desnutrição, no NRS, é estimada, utilizando-se três variáveis: IMC, %PP
recente e mudança na ingestão alimentar, sendo, a classificação feita através de
escores (KONDRUP et al, 2003a).
Kyle e colaboradores (2006) avaliaram 995 pacientes na admissão hospitalar,
verificando que, aqueles que foram classificados como desnutridos ou estavam em
risco de desnutrição pela ASG e NRS 2002, apresentaram maior tempo de
internação hospitalar do que os avaliados como de baixo risco, observando-se,
assim, uma associação entre o tempo de hospitalização e o aumento do risco
nutricional. Por outro lado, no estudo de Martins et al (2005) o tempo de
permanência hospitalar foi independente para os pacientes que apresentaram um
maior risco nutricional.
53
2.1.4 Ângulo de Fase
Dentre os métodos utilizados para a avaliação da composição corporal, a BIA
é um método comumente utilizado por ser considerado o invasivo, rápido,
sensível, indolor, relativamente preciso (COPPINI et al, 1998; GUPTA et al., 2004a;
2004b; KYLE et al., 2004b; MIKA et al., 2004; BARBOSA-SILVA; BARROS, 2005a;
BARBOSA-SILVA et al., 2005), seguro, relativamente barato, portátil (podendo ser
utilizado à beira do leito) (TOSO et al., 2000; KYLE et al, 2004b), além de ser de fácil
operação (para uma revisão ver ELLIS, 2000). Este método tem demonstrado
eficiência na aferição dos compartimentos corporais em diversas situações clínicas
como desnutrição, traumas, pré e pós-operatório, doenças hepáticas, insuficiência
renal, gestação e em crianças e atletas (KAMIMURA et al., 2004).
A avaliação da composição corporal, através da BIA, é baseada em equações
de regressão que usam a R e a Xc como parâmetros para avaliar a ACT, MCM,
MCC e GC (MAGGIORI et al, 1996; PICOLLI et al, 2002; BARBOSA-SILVA;
BARROS, 2005a).
A BIA baseia-se na inserção de corrente elétrica ao longo do corpo, corrente
esta com baixa amplitude (500 a 800mA) e alta freqüência (50 kHz), aquém da
capacidade de perceão do corpo humano (KHALED et al., 1988; DEURENBERG,
1996; KOTLER et al., 1996; PICCOLI et al, 2002), de onde são obtidos seus
componentes primários: R, Xc e Z (HEYMSFIELD,1991; DEURENBERG, 1996;
COPPINI et al, 1998).
Quando a corrente elétrica é aplicada, fluindo no corpo humano através dos
íons, ocorre uma oposição ao fluxo, denominada R, sendo esta, inversamente,
54
relacionada à condutividade ou condutância. Em corpos homogêneos, a oposição é
somente resistiva, mas se houver capacitores (condensadores) haverá também
outra forma de oposição, a Xc (MÁTTAR, 1996; TOSO et al., 2000; ELLIS, 2000;
KYLE et al., 2004a).
Importante ressaltar que o corpo humano é um sistema condutor formado por
fluídos, no qual os tecidos magros são bons condutores de corrente elétrica devido à
presença de água e eletrólitos, ou seja, caracterizam-se por baixa resistência; já, o
tecido adiposo e ossos, por sua vez, oferecem uma maior R à passagem de corrente
elétrica (TAYLOR, 1997; COPPINI et al., 1998; ELLIS, 2000).
A Xc está relacionada à estrutura e função das membranas celulares
(BAUMGARTNER; CHUMLEA; ROCHE, 1988; TTAR, 1996). Na teoria, é a
quantidade de carga elétrica estocada no corpo e esta é um indicador de MCM e
massa intracelular corporal (MIC), estando relacionada ao balanço hídrico (COPPINI
et al, 1998). Em outras palavras, a Xc é o efeito resistivo devido à capacitância
produzida pelas interfaces teciduais e membranas celulares (TOSO et al., 2000;
PICCOLI et al, 2002; GUPTA et al., 2004b), ou seja, reflete a habilidade das
membranas de atuar como capacitores imperfeitos (SCHWENK et al., 2000).
Capacitores ou condensadores, por sua vez, são estruturas que limitam um meio
não condutor com a finalidade de concentrar elétrons (COPPINI et al, 1998).
Valores de Xc são baixos na desnutrição e em pacientes críticos com retenção de
líquido extracelular (DEURENBERG, 1996; COPPINI et al, 1998).
Quanto à R, pode-se dizer que é a restrição pura ao fluxo de uma corrente
elétrica alternada através do corpo (TOSO et al., 2000), sendo, inversamente,
proporcional à quantidade de líquidos e eletrólitos do organismo (BAUMGARTNER
et al, 1988; TAYLOR, 1997; COPPINI et al., 1998), podendo ser utilizada como um
55
indicativo do balanço hídrico, tanto na monitoração de processos dialíticos, quanto
na ão de drogas e substâncias que alteram o equilíbrio nos diferentes
compartimentos corporais. Quando os valores de R apresentam-se baixos, podem
ser indicativos de hiper-hidratação, insuficiência renal, ascite, insuficncia cardíaca
entre outros (COPPINI et al, 1998).
Assim, a corrente elétrica, quando aplicada no corpo humano, gera uma
oposição por R e Xc, originando uma resultante, a Z (COPPINI et al, 1998; KYLE et
al., 2004a; BARBOSA-SILVA; BARROS, 2005a).
Coppini (1997) com o intuito de validar os princípios físicos da BIA na
mensuração e avaliação do estado nutricional, em comparação a métodos
considerados padrão ouro de aferição da composição corpórea, tais como:
densitometria óssea (DEXA), tomografia computadorizada, análise de ativação de
nêutrons, diluição isotópica, ressonância magnética e pesagem hidrostática, apontou
resultados excelentes em relação aos valores de correlação entre as medidas
obtidas por BIA e os métodos padrões de avaliação da composição corpórea.
Em outro trabalho de avaliação da composição corporal, realizado por
Deurenberg (1996) com 661 pessoas com diferentes pesos e IMC, observou-se que
as diferenças da MCM e da GC foram maiores em pessoas com IMC<18kg/m
2
e
>34kg/m
2
, quando estimadas pelo DEXA e BIA. Nestes casos, a BIA demonstrou
uma superestimativa da MCM, tanto em grandes obesos como em pessoas de baixo
peso e subestimou a GC em grandes obesos.
O AF, por sua vez, é um parâmetro obtido diretamente dos valores de R e Xc,
relacionado com a MCC. Desta forma, modificações na MCC ou defeitos funcionais
das membranas celulares podem resultar em mudanças no AF (BARBOSA-SILVA et
56
al., 2003). Assim, é esperado que ocorram mudanças em seus valores de acordo
com o sexo e envelhecimento (BARBOSA-SILVA; BARROS, 2005a).
A grande vantagem desse parâmetro é que é independente de equações de
regressão (NAGANO et al, 2000); e pode ser realizado mesmo em situações, nas
quais as concepções da BIA não são válidas para estimar a composição corporal e
os compartimentos líquidos corporais (BARBOSA-SILVA; BARROS, 2005a);
eliminando uma enorme fonte de erro casual (BARBOSA-SILVA et al., 2003; GUPTA
et al., 2004a; 2004b; MIKA et al., 2004). E pode, inclusive, ser utilizado mesmo em
pacientes nos quais o peso atual e a altura não podem ser mensurados (ELLIS et
al., 1999; BARBOSA-SILVA et al., 2003).
O AF é calculado pela rmula do arco tangente R/Xc e obtido em graus
(BAUMGARTNER; CHUMLEA; ROCHE, 1988; MÁTTAR, 1996; NAGANO et al,
2000; SELBERG; SELBERG, 2002; MUSHNICK et al., 2003; KYLLE et al, 2004a).
Os valores de AF aumentados estão relacionados com adequado estado de
saúde e, quando diminuídos, podem ser associados à existência ou agravamento de
doença, estando relacionado com baixa Xc e morte celular (COPPINI et al, 1998;
SELBERG; SELBERG, 2002).
Este parâmetro tem sido usado em estudos para avaliar a composição
corporal em diversas situações clínicas (PICCOLI et al, 1996, PICOLLI, 1998). Em
pacientes renais, por exemplo, o AF a 50kHz foi, tipicamente <5°, e pode ser
interpretado como um indicador de expansão de água para o espaço extracelular,
reduzindo a água intracelular (ELLIS, 2000).
Alguns estudos têm considerado o AF como um indicador prognóstico em
situações clínicas (TOSO et al., 2000), pois pode indicar alterações funcionais na
57
membrana celular (SCHWENK et al., 2000); e alterações no balanço fluído (GUPTA
et al., 2004a; 2004b), como demonstrado no Quadro 2.3.
Barbosa-Silva e Barros (2005) verificaram que o AF parece ser um importante
fator prognóstico de complicações pós-operatórias, depois de ajustados os fatores
de confusão, demonstrando que o método é útil na identificação de pacientes que
necessitam de terapia nutricional.
Por outro lado, o AF também tem sido utilizado como um indicador do estado
nutricional (NAGANO; SUITA; FUKUOKA, 2000) (Quadro 2.4). Especula-se que seja
um marcador de desnutrição relevante, clinicamente, que possa caracterizar o
acréscimo de massa extracelular corporal (MEC) e o decréscimo de MCC;
provavelmente, por uma perda de função (SELBERG; SELBERG, 2002).
Sua pouca utilização na prática clínica e em situações epidemiológicas, deve-
se ao fato da carência de valores de referência para a população. Destaca-se que,
tais valores são necessários para avaliar, corretamente, desvios individuais em
relação à média populacional e para analisar a influência do AF em vários resultados
dentro de estudos epidemiológicos (BARBOSA-SILVA et al., 2005).
A confirmação da relevância de AF baixos na predição de sobrevivência em
grandes populações é necessária (KYLE et al., 2004b). Pois, não se tem a certeza
de que valores baixos possam ser interpretados como desnutrição, definidos como
MCC diminuída; e, se o AF pode ser uma ferramenta sensível para avaliar a
efetividade de intervenções nutricionais. Como a literatura é controversa sobre a
relação entre o AF e marcadores nutricionais (BARBOSA-SILVA; BARROS, 2005a),
o necessários mais estudos que o correlacionem com medidas de avaliação do
estado nutricional conhecidas, como, por exemplo, as antropométricas e de risco
58
nutricional, para que se possa verificar a acurácea dos métodos em diferentes
populações e situações clínicas.
59
Quando 2.3 – Estudos que avaliaram o ângulo de fase como indicador prognóstico.
Referência Data Amostra Objetivo Resultados
SCHWENK
et al.
2000 337 pacientes HIV +
40 anos em média
Determinar a habilidade prognóstica do AF,
com outros marcadores de referência e as
suas variações durante o tratamento anti-
retroviral.
Forte habilidade do AF em predizer sobrevivência e progressão
clínica independente do grau de imunodeficiência e viremia.
Um aumento de 1 grau no AF pode representar um aumento
de 29% na taxa de sobrevivência. Correlação entre a
contagem de CD4+, carga viral, Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida prévia e o AF.
TOSO et
al.
2000 33 pacientes com
câncer de pulmão
em estágio IIIB e 30
em estágio IV
67,0 5,0 anos e
64,0 7,0 anos
Comparar a distribuição dos vetores de
impedância com os de indivíduos saudáveis
e avaliar a sua associação com a
sobrevivência.
A posição vetorial média diferiu entre os pacientes com câncer
e controles, devido à reatância reduzida (menor AF) com a
resistência preservada nos dois grupos com ncer. Os
pacientes com um AF menor do que 4,5° tiveram menor tempo
de sobrevivência.
SELBERG;
SELBERG
2002 360 pacientes com
cirrose
18 a 70 anos
Correlacionar dados primários de impedância
com parâmetros físicos, nutricionais e
prognósticos de indivíduos saudáveis e
hospitalizados; sugerindo valores de
referência para o AF.
AF baixos foram associados com reduzido tempo de
sobrevivência nos cirróticos. AF maior nos controles saudáveis
do que nos pacientes hospitalizados (6,6 ± 0,6° e 4,9 ± 1,2°,
respectivamente). Os cirróticos com AF menor ou igual a 5,4°
tiveram menor tempo de sobrevivência.
60
Continuação Quando 2.3 – Estudos que avaliaram o ângulo de fase como indicador prognóstico.
Referência Data Amostra Objetivo Resultados
MUSHNICK
et al.
2003 48 pacientes em
diálise peritoneal
51 15 anos
Examinar a relação entre os parâmetros de
BIA com os laboratoriais do estado nutricional
e a sua associação com a sobrevivência.
A resistência estava correlacionada com o peso corporal, IMC
e MCC, mas não com os marcadores nutricionais ricos. A
reatância estava correlacionada com a pré-albumina e
albumina; já, o AF estava correlacionado com a MCC, pré-
albumina e albumina. O AF foi o único preditor independente
de mais de dois anos de sobrevivência.
GUPTA
et al.
2004a 52 pacientes com
câncer colo-retal
estágio IV
29 a 79 anos
Avaliar a associação do AF com a
sobrevivência.
O AF foi um forte preditor de sobrevivência, seguido pela idade
dos pacientes no diagnóstico; enquanto que a graduação do
tumor, albumina, transferrina, pré-albumina, peso, MCM e ASG
não foram associados.
GUPTA
et al.
2004b 58 pacientes com
câncer pancreático
estágio IV
32 a 82 anos
Investigar se o AF pode fornecer informação
prognóstica e a sua relação com indicadores
do estado nutricional.
O AF foi mais eficaz em predizer a sobrevivência em relação
aos índices nutricionais habituais. O AF foi seguido pela pré-
albumina sérica, sendo que os outros indicadores nutricionais
como a albumina, transferrina e ASG não apresentaram
associação com o tempo de sobrevivência. Não houve
correlação entre o AF e a transferrina, e entre o AF e a ASG.
61
Continuação Quando 2.3 – Estudos que avaliaram o ângulo de fase como indicador prognóstico.
Referência Data Amostra Objetivo Resultados
PUPIM
et al.
2004 194 pacientes em
hemodiálise
55,7 15,4 anos
Verificar a relação entre a desnutrição
urêmica, inflamação crônica e suas
habilidades para predizer a mortalidade.
A albumina, pré-albumina, AF e peso pós-diálise foram
capazes de predizer as causas de mortalidade. Os pacientes
que morreram tiveram menor albumina, pré-albumina, AF e
peso corporal. A albumina e o AF foram os únicos capazes de
predizer a mortalidade cardiovascular, sendo o AF mais forte.
BARBOSA-
SILVA;
BARROS
2005b 225 pacientes de
cirurgia
gastrintestinal
eletiva
51,8 14,5 anos
18 a 80 anos
Analisar a função prognóstica de métodos
utilizados na avaliação de risco nutricional,
em predizer a ocorrência de complicações
pós-operatórias.
Todas as variáveis indicativas do estado nutricional (perda de
peso maior que 10%, ASG, avaliação da enfermagem, AF
baixo e razão MEC:MCC > 1,22) foram associadas com
complicações pós-operatórias. Após o ajuste para sexo,
idade, estado civil, presença de tumores e infecções pré-
operatórias, apenas o AF permaneceu como fator
prognóstico.
62
Continuação Quando 2.3 – Estudos que avaliaram o ângulo de fase como indicador prognóstico.
CIGARRAN
et al
2007 108 pacientes (73
em hemodiálise e
35 em diálise
peritoneal)
61,4 ± 15,6 anos
75 controles
Avaliar a relação entre os níveis de albumina
sérica, distribuição de água corporal e AF em
pacientes em hemodiálise e diálise peritoneal.
Encontraram forte correlação entre o AF e volume de líquidos
corporais (r
2
= 0,993, p<0,001) e menor entre o AF e a
concentração de albumina sérica (r = 0,386, p<0,001) e entre
a razão AIC/AEC e albumina sérica (r = 0,227, p<0,001).
Pacientes com albumina sérica <3,5 g/dl tiveram valores
menores de Xc, AF, MCC, volume de líquidos corporais e
razão AIC/AEC e um aumento na AEC, quando comparada
aos grupos com albumina sérica >3,5 g/dl.
ESPINOSA-
CUEVAS et
al
2007 439 sujeitos
18 a 82 anos
Construir o Vetor de Impedância Bioelétrica a
partir de variáveis ajustadas pela altura
As mulheres, em comparação com os homens, apresentaram
valores maiores de impedância e resistência, assim como
resistência e reatância ajustadas pela altura. A reatância
também foi maior entre as mulheres, porém sem significância
estatística. O AF foi maior nos homens do que nas mulheres,
com uma diferença significativa (7,33° ± 0,88 vs. 6,36°± 0,97;
p< 0,0001).
63
Continuação Quando 2.3 – Estudos que avaliaram o ângulo de fase como indicador prognóstico.
ANTAKI et
al
2008 20 pacientes em
estágio inicial e
avançado de
fibrose hepática
45,7 ± 9,8 anos
(estágio inicial)
52,2 ± 5,4 anos
(estágio avançado)
Avaliar se a BIA pode distinguir o estágio
inicial e avançado de fibrose hepática em
pacientes com hepatite C crônica.
Não foi encontrada diferença estatística significante para os
dois grupos em relação ao AF, R e Xc no corpo, como um
todo, no tronco e nos membros superiores. A média do AF, no
corpo inteiro, foi de 7.0 e 7.1 (P=0,9) nos grupos em estágio
inicial e avançado respectivamente.
GUIDA et al 2008 464 crianças
8 anos
Descrever a distribuição do vetor da
impedância bioelétrica em relação ao IMC em
uma população de crianças saudáveis.
O deslocamento médio do vetor seguiu um padrão definido; o
vetor encurtou, progressivamente, com o aumento do IMC ao
longo de um AF fixo. Este padrão indicou aumento na ACT,
devido ao aumento da MCM, com hidratação normal. Houve a
redução significante dos valores de MCC, mas não houve
diferenças significativas na CG e na DCT, respectivamente,
comparada ao vetor dentro da elipse de tolerância de 75%.
64
Continuação Quando 2.3 – Estudos que avaliaram o ângulo de fase como indicador prognóstico.
GUPTA et
al
2008 73 pacientes em
estágio III e IV de
câncer colorretal
29 a 82 anos
Investigar a associação entre AF e ASG em
estágio avançado de câncer colorretal
O AF médio foi maior para pacientes bem nutridos do que
para os desnutridos (6,12 e 5,18 respectivamente). O ponto
de corte 5,2° teve 51,7% de sensibilidade e 79,5% de
especificidade, para o ponto de corte 6,0° a sensibilidade foi
de 82,8% e a especificidade de 54,5%. O ponto de corte 5,9
demonstrou maior acurácea no diagnóstico de homens que
não tiveram bons resultados no primeiro tratamento para
câncer.
65
Quadro 2.4 – Estudos que avaliaram o ângulo de fase como indicador nutricional.
Referência Data Amostra Objetivo Resultados
MAGGIORI 1996 131 pacientes em
hemodiálise
Verificar se os valores da BIA (R,
Xc e AF) refletem o estado
nutricional na hemodiálise
A forte associação do AF com a sobrevivência do paciente
sugere que este parâmetro reflete alguma dimensão da
doença que não está plenamente identificável na avaliação
nutricional.
NAGANO; SUITA;
YAMANOUCHI
2000 81 crianças hospitalizadas
1 mês a 6 anos
Avaliar o uso do AF como
indicador do estado nutricional.
O AF foi correlacionado com o peso corporal e a
circunferência muscular do braço nos pacientes bem
nutridos, sendo menor nos desnutridos.
EDEFONTI
et al.
2001 18 crianças em diálise
peritoneal
8,7 4,7 anos
Avaliar a sensibilidade da
antropometria e da BIA em
detectar alterações na
composição corporal e determinar
o estado nutricional no início da
diálise e depois de um período
curto e longo.
Após 6 meses, mais valores de BIA do que
antropométricos estavam abaixo do percentil 3. Após 12
meses, a depleção moderada ou grave, de acordo com a
BIA e antropometria, permaneceu sem modificação. Após
24 meses, a porcentagem de pacientes com depleção
moderada, de acordo com os dois critérios, aumentou.
66
Continuação Quadro 2.4 Estudos que avaliaram o ângulo de fase como indicador nutricional.
Referência Data Amostra Objetivo Resultados
GUIDA et al. 2001 50 pacientes em
hemodiálise
62,8 9,2 anos
Verificar a relação do IMC com a
composição corporal.
Decréscimo do AF nos pacientes em hemodiálise com
sobrepeso e obesidade. A MCM, de acordo com a
antropometria e os marcadores creatinina e uréia,
correlacionou-se com o AF e MCC; o IMC esteve
correlacionado apenas com o AF.
BARBOSA-SILVA
et al.
2003 279 pacientes de cirurgia
gastrointestinal eletiva
18 a 80 anos
Comparar a desempenho da BIA
com a ASG.
Concordância moderada entre a ASG e o AF. Os
pacientes classificados como desnutridos graves, de
acordo com a ASG, tiveram menores valores de AF.
GLEW et al. 2003 340 crianças Fulani Avaliar o estado nutricional,
utilizando a antropometria e a BIA
para estimar a composição
corporal.
A incidência de baixo peso foi elevada (OMS). No entanto,
o AF foi comparável ao de crianças sauveis americanas.
Embora, uma grande parte das crianças apresentasse
raquitismo e baixo peso, o AF sugeriu que elas eram
relativamente saudáveis.
67
Continuação Quadro 2.4 Estudos que avaliaram o ângulo de fase como indicador nutricional.
Referência Data Amostra Objetivo Resultados
DE LUIS et al. 2004 100 homens HIV +
39,1 9,9 anos
Detectar parâmetros bioquímicos
e nutricionais que possam
influenciar o AF.
O peso corporal, IMC, transferrina e somatomedina C
foram maiores no grupo com AF 8,2 (AFdio).
MIKA et al. 2004 21 adolescentes com
anorexia nervosa
14,4 1,5 anos
Avaliar o estado nutricional e a
composição corporal durante um
tratamento dietoterápico
institucionalizado.
A Xc, o AF e o índice MEC/MCC aumentaram durante o
tratamento. O AF dos casos tornou-se similar ao do grupo
controle, após 15 semanas de terapia nutricional, mesmo
quando o IMC ainda estava abaixo dos valores normais.
BARBOSA-SILVA
et al.
2005 1967 americanos
saudáveis
18 a 94 anos
Entender a relação entre o AF e
variáveis como sexo, idade, raça
e indicadores de composição
corporal (IMC e %GC) e estimar
as médias populacionais e
desvios padrão do AF, para servir
como valores de referência.
Entre os resultados, o AF demonstrou correlação positiva
com o IMC.
68
Continuação Quadro 2.4 Estudos que avaliaram o ângulo de fase como indicador nutricional.
Referência Data Amostra Objetivo Resultados
BELLIZZI et al. 2006 84 pacientes com doença
renal crônica (DRC)
604 controles saudáveis
Identificar alterações na composição
corporal em indivíduos com DRC por
meio da BIA e marcadores
nutricionais na pré-diálise em
diferentes estágios da doença
Os pacientes com DRC apresentaram R mais baixa e
vetores bivariados anormais para R/altura e Xc/altura.
AF foi reduzido (-22%) em pacientes com diabetes.
Não foram observadas diferenças entre a BIA e os
marcadores nutricionais nos diferentes estágios de
DRC. Apesar da ausência de desnutrição evidente, os
pacientes com DRC apresentaram variações nos
valores de BIA na fase inicial da DRC.
NORMAN et al
2007 112 idosos residentes em
asilo
79,1 a 91,4 anos
Avaliar o uso do vetor de análise da
impedância bioelétrica em idosos
residentes em asilo.
Vinte e dois idosos foram classificados como bem
nutridos (Mini Nutritional Assessment - MNA I), 80
foram considerados em risco de desnutrição (MNA II)
e 10 foram classificados como desnutridos (MNAIII).
AF diminuiu significativamente com a MNAI (4.0, 3.8–
4.7°) MNA II (3.7, 3.3– 4.3°) e MNA III (2.9, 2.6 –3.5°).
69
Continuação Quadro 2.4 Estudos que avaliaram o ângulo de fase como indicador nutricional.
Referência Data Amostra Objetivo Resultados
HENGSTERMANN
et al
2007 484 pacientes com
multimorbidades
79,6 ± 7.6 anos
Comparar diferentes métodos de
avaliação do estado nutricional e
verificar sua utilização na rotina
clínica.
De acordo com a Mini Nutritional Assessment (MNA)
39,5% dos pacientes com úlcera de pressão (UP)
eram desnutridos e 2,5% bem nutridos. Em contraste,
16,6% dos pacientes que não apresentaram UP eram
desnutridos e 23,6% bem nutridos. IMC reduziu,
significativamente, nos pacientes com UP. A BIA não
apresentou resultados significantes para resistência e
reatância, mas o AF na UP.
COROAS et al 2007 18 pacientes após
transplante renal
Investigar a influência da recuperação
da função renal e da composição
corporal no primeiro período, após o
transplante renal, quando as doses
das drogas imunossupressoras
estavam altas. Analisar a diferença
entre homens e mulheres e comparar
com grupo controle.
Os pacientes do sexo masculino apresentaram
valores de R, Xc, água intracelular e MCC maiores
quando comparados aos homens saudáveis e a AEC
foi maior no período pré e pós-transplante. Nos meses
1 e 3 foram observado alterações na água corporal
total dos homens em relação a seus controles. As
mulheres não apresentaram diferenças nos
parâmetros da BIA, quando comparadas às controles
saudáveis, com exceção da reatância mais baixa no
mês 1.
70
CAPÍTULO 3
MÉTODO GERAL
71
3 MÉTODO
3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
O estudo caracteriza-se como transversal, no qual os indivíduos foram
observados, diretamente, e os dados coletados em uma única oportunidade;
analítico, de acordo com o propósito geral, pois a base de dados, formada durante o
período descritivo, foi utilizada para testar a hipótese (HLEIN; BLOCH, 2004;
PEREIRA, 2006).
Aprimoramento dos
instrumentos
Coleta dos dados
Instrumento de Identificação
Avaliação de Risco Nutricional
Avaliação Antropométrica
Análise por Impedância Bioelétrica – Ângulo de fase
Figura 3.1 – Delineamento do estudo
A coleta de dados foi realizada entre os meses de janeiro a julho de 2008, no
Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no
município de Florianópolis, estado de Santa Catarina (SC).
72
3.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO
A população do estudo compôs-se por pacientes admitidos na Clínica
Cirúrgica I (CCI) do HU – UFSC durante o período de realização do estudo.
3.2.1 Amostra
O estudo foi constituído por 126 pacientes de ambos os sexos, admitidos para
procedimento cirúrgico gastrointestinal e de hérnia, no Hospital Universitário da
Universidade Federal de Santa Catarina, localizado na cidade de Florianópolis, SC.
Critérios de inclusão:
- admissão para realização de cirurgia gastrointestinal e de hérnia;
- idade igual ou acima de 18 anos;
- assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (Andice A).
Critérios de exclusão:
- incapacidade de entendimento e comunicação;
- limitações que comprometessem a coleta dos dados antropométricos
(acamado, amputação de membros, portadores de paralisias motoras);
- internação para cirurgia bariátrica;
- portadores de marcapasso;
- gestantes e nutrizes;
- pacientes que utilizaram sonda para alimentação.
73
3.3 PROTOCOLO DO ESTUDO
A coleta de dados iniciou após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC sob o número 261/07, submetido de
acordo com as resoluções 196 e 251 do Conselho Nacional de Saúde.
As o esclarecimento sobre a pesquisa, o termo de consentimento livre e
esclarecido (Apêndice A) foi obtido de cada participante. O documento foi assinado
pelo paciente ou responsável, em duas vias, ficando uma cópia anexada à ficha de
protocolo do participante e a outra cópia do documento com o mesmo.
3.4 APRIMORAMENTO DOS INSTRUMENTOS DE COLETA DOS DADOS
O aprimoramento dos instrumentos de coleta dos dados à realidade da
pesquisa foi realizado no mês de janeiro de 2008. Na ocasião, o pesquisador
aprimorou as medições necessárias e detectou as possíveis dificuldades e
limitações na execução da pesquisa.
74
3.5 COLETA DOS DADOS
3.5.1 Caracterização do Paciente
Os dados de caracterização do paciente foram coletados através de um
questionário (Apêndice B): dados pessoais (nome, mero do prontuário, data de
nascimento, sexo, idade, estado civil, escolaridade, endereço e telefone para
contato), dados econômicos (classificação econômica) e dados clínicos (diagnóstico
principal).
A idade correspondeu aos anos completos do indivíduo na ocasião da coleta.
O estado civil foi dividido como solteiro, casado, separado, viúvo ou outro.
A escolaridade foi registrada em anos de estudo e agrupados em: analfabeto/
série fundamental, até série fundamental, fundamental completo, médio
completo, superior completo.
A classificação econômica baseou-se no Critério de Classificação Econômica
Brasil, desenvolvido pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa ABEP
(2008), que foi adaptado para o presente estudo através do agrupamento das
classes A1 e A2, B1 e B2, e C1 e C2 em A, B e C respectivamente. Para cada item,
o participante recebeu uma pontuação, sendo o escore final o somatório dos pontos
obtidos. Segundo o escore final, o participante foi enquadrado em uma das cinco
categorias apresentadas no Quadro 3.1.
75
Quadro 3.1 Pontos de corte do Critério de Classificão Econômica Brasil
Classe Pontos
A 35 – 46
B 23 – 34
C 14 – 22
D 8 – 14
E 0 – 7
Adaptado ABEP, 2008.
O diagnóstico principal foi verificado no prontuário do paciente.
3.5.2 Avaliação do Estado Nutricional
A avaliação do estado nutricional dos pacientes foi efetuada através da
avaliação antropométrica e avaliação de risco nutricional, para verificar a
concordância com a medida do ângulo de fase.
76
3.5.2.1 Avaliação Antropométrica
3.5.2.1.1 Percentagem de Perda de Peso
O peso corporal atual foi obtido, utilizando-se a balança eletrônica da marca
Welmy, modelo W300, capacidade máxima de 300 Kg e precisão de 50 g. Para a
verificação do peso, o indivíduo estava vestindo roupas leves, ou as disponibilizadas
pelo hospital, e descalço; permaneceu em , no centro da balança, com o peso
corporal igualmente distribuído em ambos os pés. O peso foi registrado, no
instrumento de avaliação antropométrica (Apêndice C), em quilogramas (Kg) (WHO,
1995).
O peso habitual, em quilogramas (Kg), bem como o período em que ocorreu a
alteração de peso (perda/aumento de peso), foi auto-referido pelo paciente no
momento da entrevista e registrado no instrumento de avaliação antropométrica
(Apêndice B).
A %PP foi calculada, como (Blackburn et al, 1977):
Depois de calculada, a %PP foi classificada de acordo com Blackburn et al,
(1977), como demonstrado na Tabela 3.1.
% PP = peso habitual – peso atual x 100
peso habitual
77
Peso (kg)
Altura² (m²)
Tabela 3.1 Significado da perda de peso em relação ao tempo
% Perda de peso
1 semana 1 mês 3 meses 6 meses
Significante 1-2% 5% 7,5% 10%
Grave >2% >5% >7,5% >10%
FONTE: BLACKBURN et al, 1977
Para a análise estatística os dados foram agrupados em perda de peso
significante e grave, e, os pacientes que não se enquadraram na mesma foram
dispostos em outro grupo.
3.5.2.1.2 Índice de Massa Corporal
O IMC é a medida de peso relativa à altura, calculado, segundo a OMS (WHO,
1995), como:
O peso foi mensurado como descrito, anteriormente, em quilogramas (Kg)
(WHO, 1995).
A altura (em metros) foi verificada, utilizando-se estadiômetro acoplado à
balança eletrônica da marca Welmy, modelo W300, comprimento de 205 cm e
escala de precisão de 1 cm. Para a obtenção da altura, o indivíduo estava descalço
ou com meias finas e vestindo roupas leves, ou as disponibilizadas pelo hospital,
permanecendo em sobre a plataforma, com os pés unidos, com o peso
igualmente distribuído em ambos os pés, os braços pendentes ao lado do corpo,
colocando as superfícies posteriores dos calcanhares, as nádegas e a região
78
occipital em contato com a escala de medida; a cabeça foi posicionada de modo que
a linha da visão ficasse perpendicular ao corpo (WHO, 1995), no plano horizontal de
Frankfurt (FRISANCHO, 1984). O indivíduo foi orientado a inspirar profundamente e
manter-se na posição, quando a régua móvel foi trazida até o ponto mais alto da
cabeça com uma preso suficiente para comprimir o cabelo (WHO, 1995). A altura
foi registrada no Apêndice C.
As o cálculo do IMC, o estado nutricional dos pacientes foi classificado de
acordo com a adaptação dos pontos de corte recomendados pela OMS (WHO, 1995;
1998) (Tabela 3.2):
Tabela 3.2 Pontos de corte do Índice de Massa Corporal
Classificação IMC (Kg/m
2
)
Desnutrição grau III < 16,0
Desnutrição grau II 16,0 – 16,99
Desnutrição grau I 17,0 – 18,49
Eutrofia 18,5 – 24,99
Pré-obesidade 25,0 – 29,99
Obesidade classe I 30,0 – 34,99
Obesidade classe II 35,0 – 39,99
Obesidade classe III
40,0
WHO, 1995; 1998
Os dados foram agrupados para análise estatística em: desnutridos
(IMC<18,5kg/m
2
), eutróficos (IMC entre 18,5kg/m
2
e 25,0kg/m
2
) e com sobrepeso ou
obesidade (IMC > 25,0kg/m
2
).
79
3.5.2.1.3 Dobra Cutânea Tricipital
A DCT foi mensurada no ponto médio da parte superior do braço direito, no
músculo tríceps braquial, localizado entre o acrômio e o olecrano (WHO, 1995).
O ponto médio foi determinado pela medida da distância entre a projeção
lateral do processo acromial da escápula e a borda inferior do olecrano da ulna,
através de uma trena flexível e inelástica, em aço plano (Cescorf), com tolerância de
0,1mm em 1m, estando o cotovelo flexionado a 90°. O ponto médio foi marcado na
parte lateral do braço sobre o músculo tríceps (WHO, 1995).
Para a medição, o paciente ficou em com o braço paralelo ao tronco e
relaxado. Segurou-se a prega formada pela pele e pelo tecido adiposo com os dedos
polegar e indicador da mão esquerda a 1 cm do ponto marcado; a prega foi pinçada
com o adipômetro, exatamente, no local marcado e mantida entre os dedos ao
término da aferição (WHO, 1995).
Para a medida das dobras cutâneas, foi utilizado um adipômetro científico da
marca Sanny (American Medical do Brasil Ltda.), com pressão de trabalho de ± 9,8
g/mm
2
na superfície de contato e precisão de 0,5 mm, com escala de 0-78 mm, que
mede a espessura do tecido adiposo subcutâneo. O valor anotado foi a média de 3
medidas, desde que não ocorresse variação importante entre elas.
O valor obtido da DCT foi classificado em percentil (Anexo A) de acordo com
os padrões de Frisancho (1990), e sua adequação calculada pela fórmula a seguir
(BLACKBURN; THORNTON, 1979):
DCT (%) = DCT obtida (mm) x 100
DCT percentil 50
80
O estado nutricional obtido através da DCT foi classificado de acordo com
Blackburn e Thornton (1979), Tabela 3.3:
Tabela 3.3 Estado nutricional segundo a dobra cunea tricipital
Classificação DCT (%)
Desnutrição grave <70%
Desnutrição moderada 70 – 80%
Desnutrição leve 80 – 90%
Eutrofia 90 – 110%
Sobrepeso 110 – 120%
Obesidade >120%
FONTE: BLACKBURN e THORNTON, 1979
O valor da DCT foi registrado no Apêndice C.
Para análise estatística os indivíduos foram considerados desnutridos (<90%),
eutróficos (90 - 110%) e com sobrepeso ou obesidade (>110%)
3.5.2.1.4 Circunferência Braquial
Esta medida foi efetuada no ponto médio, entre a projeção lateral do processo
acromial da escápula e a margem inferior da ulna, por uma fita métrica, estando o
cotovelo flexionado a 90°. O ponto médio foi marcado na parte lateral do braço, no
qual foi posicionada a trena, em aço plano (Cescorf), com comprimento de 2m,
tolerância de, aproximadamente, 0,10mm em 1m, estando o braço estendido ao
longo do corpo, com a palma da mão voltada para a coxa, tomando-se o devido
cuidado para evitar compressão da pele ou folga (FRISANCHO, 1974; WHO, 1995).
81
O valor obtido de CB foi comparado aos valores encontrados pela NHANES I
(National Health and Nutrition Examination Survey) demonstrada por Frisancho
(1990) (Anexo B). A adequação da CB foi determinada pela equação abaixo e
classificada de acordo com Blackburn e Thornton (1979), Tabela 3.4.
Tabela 3.4 Estado nutricional segundo a circunferência braquial
Classificação CB (%)
Desnutrição grave <70%
Desnutrição moderada 70 – 80%
Desnutrição leve 80 – 90%
Eutrofia 90 – 110%
Sobrepeso 110 – 120%
Obesidade >120%
FONTE: BLACKBURN e THORNTON, 1979
A altura foi registrada no Apêndice C.
Para análise estatística os indivíduos foram considerados desnutridos (<90%),
eutróficos (90 - 110%) e com sobrepeso ou obesidade (>110%)
3.5.2.1.5 Circunferência Muscular do Braço
A CMB foi obtida pela combinação das medidas da CB e da DCT, já descritas
anteriormente e calculada pela fórmula a seguir: (FRISANCHO, 1974; BLACKBURN;
THORNTON, 1979):
CB (%) = CB obtida (cm) x 100
CB percentil 50
CMB (cm) = CB (cm)
π
x [ DCT (mm) / 10]
82
A CMB obtida foi registrada no Apêndice C, e o valor do percentil 50 foi
retirado da tabela de Frisancho (1990) (Anexo C) e sua adequação calculada pela
fórmula (BLACKBURN; THORNTON, 1979):
O estado nutricional foi classificado de acordo com Blackburn e Thornton
(1979), Tabela 3.5.
Tabela 3.5 Estado nutricional segundo a circunferência muscular do braço
Classificação CMB (%)
Desnutrição grave <70%
Desnutrição moderada 70 – 80%
Desnutrição leve 80 – 90%
Eutrofia >90%
FONTE: BLACKBURN e THORNTON, 1979
Para análise estatística os indiduos foram considerados desnutridos (<90%)
e eutróficos (>90%).
3.5.2.2 Avaliação Subjetiva Global
A ASG foi realizada de acordo com a técnica desenvolvida por Detsky e
colaboradores (1987) que considera características específicas da história e exame
físico (Anexo D).
Durante a entrevista, cinco características da história foram obtidas: perda de
peso nos últimos 6 meses, alteração na ingestão alimentar, presença de sintomas
CMB (%) = CMB obtida (cm) x 100
CMB percentil 50
83
gastrointestinais, alteração da capacidade funcional e diagnóstico principal e sua
relação com as necessidades nutricionais.
A %PP foi calculada e classificada como descrita anteriormente. A perda de
peso, nos últimos 6 meses, foi expressa tanto em quilogramas quanto em perda
proporcional. Considerou-se uma perda menor que 5% como “pequena”; entre 5 e
10% como uma perda “significativa” e maior que 10% como uma perda “importante”.
Além disso, foi verificado o padrão de perda, questionando-se recente estabilizão
ou ganho de peso nas últimas 2 semanas.
A ingestão alimentar foi avaliada em relação ao padrão usual do paciente. Os
participantes foram classificados, primeiramente, como tendo uma ingestão normal
ou alterada. Em seguida, a duração e o grau de ingestão alterada também foram
registrados (dieta sólida em menor quantidade, dieta líquida completa, dieta líquida
restrita e jejum).
A presença de sintomas gastrointestinais (náusea, vômitos, diarréia e
anorexia) foi considerada significativa quando tenham persistido, diariamente, por
um período maior que 2 semanas. Diarréia de curta duração ou vômitos
intermitentes não foram considerados significativos.
A capacidade funcional dos pacientes foi classificada entre capacidade
completa a acamado. À demanda metabólica da doença de base do paciente foi
atribuída a um nível de estresse.
Em relação ao exame físico, três características foram observadas: perda de
gordura subcutânea (tríceps, tórax), depleção muscular (quadríceps, deltóide) e
presença de edema (no tornozelo, sacral e ascite). Cada item foi registrado através
de um valor numérico como: normal (0), leve (1+), moderado (2+) ou grave (3+).
84
A partir dos componentes da história e exame físico, identificou-se um
vel de ASG que indicou o estado nutricional do paciente. Estas categorias foram:
nutrido (A), moderadamente desnutrido ou suspeita de desnutrição (B) e gravemente
desnutrido (C). Para a análise estatística, os pacientes foram agrupados em:
nutridos (A) e desnutridos (B e C).
Destaca-se que o instrumento utilizado neste estudo foi aplicado no Brasil
(CORREIA; CAIAFFA; WAITZBERG, 1998), durante a realização do IBRANUTRI,
maior estudo brasileiro sobre o estado nutricional de pacientes hospitalizados
(WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001).
3.5.2.3 Rastreamento de Risco Nutricional 2002
Na avaliação pelo Rastreamento de Risco Nutricional 2002 (NRS 2002 -
Nutritional Risk Screening 2002), inicialmente, foram feitas quatro questões de
classificação simples, à confirmação de o indivíduo apresentar alguma chance de ter
o seu estado nutricional comprometido: (1) o IMC era < 20,5?; (2) a ingestão foi
reduzida durante a última semana?; (3) houve uma perda de peso recente? e (4) o
paciente era gravemente doente?. Se a resposta fosse “sim” a alguma destas quatro
perguntas, a classificação formal seria então realizada.
O NRS 2002, que considera características específicas do estado nutricional
e características da doença, foi aplicado de acordo com a técnica desenvolvida por
Kondrup et al. (2003a).
85
Os pacientes receberam uma pontuação em cada um dos dois componentes:
(1) desnutrição e (2) gravidade da doença, de acordo com o que apresentavam:
ausente, leve, moderado ou grave, resultando em um escore total: 0-6. Caso o
paciente tivesse mais de 70 anos, mais 1 ponto seria somado. Os pacientes com um
escore total 3 foram classificados como em risco nutricional (Anexo E).
No diagnóstico do estado nutricional foram levados em consideração: a %PP,
o IMC e a ingestão alimentar do paciente, sendo pontuado em escore que varia de
0-3. A %PP foi calculada e classificada de acordo com Blackburn et al (1977), e o
IMC calculado e classificado de acordo com a OMS (WHO, 1995; 1998), já descritos
anteriormente.
3.5.2.4 Ângulo de Fase
O AF é a medida derivada da relação entre a R e a Xc, calculado como
(BAUMGARTNER; CHUMLEA; ROCHE, 1988):
Para que os resultados sejam apresentados em graus, Xc/R é multiplicado
pelo valor obtido por (180/), ou por 57,296 (BAUMGARTNER; CHUMLEA; ROCHE,
1988).
Diversos autores reportaram à literatura a utilizão desta fórmula para o
lculo do ângulo de fase (NAGANO et al, 2000; SCHWENK et al., 2000; SELBERG;
Arco tangente = Xc x 180
R
86
SELBERG, 2002; BARBOSA-SILVA et al., 2003; GUPTA et al., 2004b; BARBOSA-
SILVA; BARROS, 2005a).
Os valores de R e Xc foram obtidos através de análise por BIA, utilizando-se o
equipamento portátil da marca Biodynamics, modelo 310, que aplica uma corrente
de 800 A com freqüência simples de 50 kHz. Inicialmente, foi efetuada a limpeza da
pele com álcool nos locais onde os eletrodos foram aplicados; procedendo a
colocação de dois eletrodos distais sobre a superfície dorsal da mão e do pé,
próximos das articulações falange-metacarpo e falange-metatarso, respectivamente;
e dois eletrodos sobre a proeminência do pulso e entre o maléolo medial e lateral do
tornozelo; finalmente foram incluídos no aparelho os dados de sexo, idade, peso e
altura do participante. As medidas diretas de R e Xc foram registradas no
instrumento de análise por BIA, em Ohms (NIH, 1996) (Apêndice C).
A padronização do AF foi realizada, utilizando-se os valores de referência
para sexo e idade da população americana (BARBOSA-SILVA et al., 2005), uma vez
que ainda não dispomos desses dados para a população brasileira. O AF
padronizado (AFP) foi calculado através da equação: [(AF observado AF médio
para sexo e idade) / Desvio padrão do AF para sexo e idade], onde um AF
padronizado < -2 foi considerado desnutrição.
As variáveis que afetam a validade, reprodutibilidade e precisão das medidas
foram controladas de acordo com os critérios do National Institutes of Health NIH
(1996): posição corporal, estado de hidratação, consumo de alimentos e bebidas,
temperatura ambiente e corporal, atividade física recente e condutância da superfície
de exame.
87
O indivíduo foi posicionado em decúbito dorsal com os membros inferiores e
superiores afastados do tronco, em um ângulo de 30 – 45. Além disso, foi verificado
o tempo que o indivíduo permaneceu deitado antes da realização do exame.
O consumo de alimentos e bebidas foi evitado por um período de, no mínimo,
4 horas antes da realização do exame.
Ressalta-se ainda, que a BIA não deve ser efetuada após algumas horas de
exercícios moderados ou intensos e que a desidratação associada à atividade física
deve ser completamente corrigida antes de as medidas serem coletadas, o que não
ocorreu no presente estudo, devido à condição de repouso relativo, na qual os
pacientes se encontravam.
3.6 ANÁLISE DOS DADOS
3.6.1 Variáveis do Estudo
As variáveis independentes, presentes no estudo foram: sexo, idade, estado
civil, escolaridade, classe econômica e diagnóstico principal; e encontram-se
classificadas no Quadro 3.2.
88
Quadro 3.2 Classificação e mensuração das variáveis independentes do estudo
Variável Tipo/ Categoria Mensuração
Sexo
Qualitativa nominal
dicotômica
Masculino
Feminino
Idade
1
Quantitativa discreta em anos
Estado civil
2
Qualitativa nominal
politômica
Solteiro
Casado
Separado
Viúvo
Outro
Escolaridade
3
Qualitativa ordinal
politômica
Analfabeto/ primário incompleto
Primário completo/ ginasial incompleto
Ginasial completo/ colegial incompleto
Colegial completo/ superior incompleto
Superior completo
Classe econômica
Qualitativa ordinal
politômica
A
B
C
D
E
Diagnóstico principal
4
Qualitativa nominal
politômica
De acordo com o paciente
Para realização da análise estatística, as variáveis foram agrupadas em:
1
< 60 anos e 60 anos;
2
possui companheiro e não possui companheiro;
3
> 4 anos e 4 anos;
4
câncer, doenças de vias biliares e gastrointestinal, hérnia abdominal;
89
As variáveis dependentes, avaliadas no estudo foram: percentagem de perda
de peso, índice de massa corporal, dobra cutânea tricipital, circunferência do braço,
circunferência muscular do braço, avaliação subjetiva global, rastreamento de risco
nutricional e ângulo de fase; e estão classificadas no Quadro 3.3.
Quadro 3.3 Classificação e mensuração das variáveis dependentes do
estudo
Variável Tipo/ Categoria Mensuração
%PP
1
Qualitativa ordinal
dicotômica
Significante
Grave
IMC
2
Qualitativa ordinal
politômica
Magreza grau III
Magreza grau II
Magreza grau I
Eutrofia
Pré-obesidade
Obesidade classe I
Obesidade classe II
Obesidade classe III
DCT
3
Qualitativa ordinal
politômica
Desnutrição grave
Desnutrição Moderada
Desnutrição Leve
Eutrofia
Sobrepeso
Obesidade
90
Continuação Quadro 3.3 Classificação e mensuração das variáveis
dependentes do estudo
Variável
Tipo/ Categoria Mensuração
CB
3
Qualitativa ordinal
politômica
Desnutrição grave
Desnutrição Moderada
Desnutrição Leve
Eutrofia
Sobrepeso
Obesidade
CMB
4
Qualitativa ordinal
politômica
Desnutrição grave
Desnutrição Moderada
Desnutrição Leve
Eutrofia
ASG
5
Qualitativa ordinal
politômica
Nutrido
Moderadamente desnutrido ou
suspeita de desnutrição
Gravemente desnutrido
NRS 2002
6
Qualitativa ordinal
dicotômico
Sem risco
Com risco
AFP
7
Qualitativa ordinal
dicotômica
Desnutrição
Eutrofia
Para realização da análise estatística, as variáveis foram agrupadas em:
1
Perda significante e grave, perda insignificante ou sem perda de peso;
2
Desnutridos (IMC<18,5kg/m
2
), eutróficos (IMC entre 18,5kg/m
2
e 25,0kg/m
2
) e sobrepeso ou obesidade (IMC >
25,0kg/m
2
), para a concordância com o AFP utilizou-se IMC<18,5kg/m
2
e IMC≥18,5kg/m
2
;
3
Desnutridos (<90%), eutróficos (90 - 110%) e com sobrepeso ou obesidade (>110%), para a concordância com
o AFP utilizou-se <90% e ≥90%;
4
Desnutridos (<90%), eutróficos (>90%);
5
Nutridos (ASG A) e desnutridos (ASG B e C);
6
Escore total <3 sem risco nutricional e 3 risco nutricional;
7
AFP < -2 desnutrição e -2 bem nutrido.
91
3.6.2 Análise Estatística
Os dados coletados foram organizados através de um banco de dados com
dupla entrada no programa Excel 2000.
As análises estatísticas foram realizadas por meio do programa Stata, versão
9 para Windows. A descrição da amostra foi feita através de percentagem, média e
desvio-padrão das medidas de avaliação nutricional observadas, bem como das
características sócio-demográficas dos participantes do estudo. Os valores do AFP
foram descritos em média e desvio padrão, a comparação de suas médias conforme
as categorias dos demais métodos de avaliação nutricional foram realizadas por
meio do teste t de Student. O teste exato de Fisher foi utilizado para testar a
associação das variáveis de avaliação nutricional com o sexo.
Para a análise da concordância com o AF padronizado, os demais métodos
foram dicotomizados da seguinte forma: DCT, CB e CMB (<90% e >90%), IMC
(<18,5kg/m
2
e 18,5kg/m
2
), %PP (significante ou grave e insignificante ou sem perda
ou sem aumento de peso), NRS 2002 (escore total<3 e 3), ASG (A e B+C). O
coeficiente kappa foi utilizado para testar o grau de concordância (confiabilidade e
precisão) no diagnóstico de desnutrição do ângulo de fase padronizado com os
demais métodos de avaliação nutricional com intervalos de confiança de 95%. Os
seguintes cririos na interpretação dos valores de kappa foram utilizados: k 0,20
(concordância pobre); 0,21 k 0,40 (concordância fraca); 0,41 k 0,60
(concordância moderada); 0,61 k 0,80 (concordância boa); k > 0,80
(concordância muito boa) (PETRIE; SABIN, 2000). O nível de significância estatística
adotado foi de p<0,05.
92
CAPÍTULO 4
ARTIGO ORIGINAL
RELAÇÃO DO ÂNGULO DE FASE PADRONIZADOS COM
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL EM
PACIENTES HOSPITALIZADOS
93
RELAÇÃO DO ÂNGULO DE FASE PADRONIZADOS COM MÉTODOS DE
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL EM PACIENTES HOSPITALIZADOS
Thiane Ristow Cardinal
1
, João Luiz Bastos
2
, Elisabeth Wazlawik
1
,
Lisiane
Scheunemann
3
, Lívia Mayumi Nakazora
1
.
1
Programa de Pós-Graduação em Nutrão, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, SC, Brasil.
2
Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Universidade Federal de Pelotas,
Pelotas, RS, Brasil.
3
Nutricionista, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Nutrão, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.
Thiane Ristow Cardinal concepção e desenho do estudo; coleta, análise e
interpretação dos dados, elaboração da primeira versão do manuscrito.
João Luiz Bastos – análise e interpretação dos dados, revisão do manuscrito e
aprovação de sua versão final.
Elisabeth Wazlawik concepção e desenho do estudo, análise e interpretação dos
dados, revisão do manuscrito e aprovação de sua versão final.
Lisiane Scheunemann concepção e desenho do estudo, revisão do manuscrito e
aprovação de sua versão final.
via Mayumi Nakazora – revisão do manuscrito e aprovação de sua versão final.
94
Autor para correspondência:
Thiane Ristow Cardinal
Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Centro de Ciências da Saúde,
Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Universitário, Trindade,
Florianópolis, SC, Brasil. CEP: 88040-900
Fone: (48) 3721-5138, Fax: (48) 3721-9542
95
Agradecimento
Ao Professor Doutor Francisco de Assis Guedes de Vasconcelos, pelo empréstimo
do aparelho de Impedância Bioelétrica e ao Programa de Pós-Graduão em
Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina. Aos pacientes e servidores do
Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina. Ao Fundo de
Incentivo a Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina FUNPESQUISA
e a Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa
Catarina - FAPESC (chamada pública 002/2008), pela concessão de bolsa de
iniciação científica.
96
Resumo
Introdução e objetivo: O objetivo do presente trabalho foi verificar a concordância e
a associação entre o ângulo de fase padronizado (AFP) e métodos que avaliam a
desnutrição a partir de alterações metabólicas, funcionais e de composição corporal.
Métodos: Foram avaliados 126 pacientes com indicação de cirurgia eletiva
gastrointestinal ou de hérnia. Para avaliação nutricional, foram estimados: dobra
cutânea tricipital (DCT), circunferência braquial (CB), circunferência muscular do
braço (CMB), índice de massa corporal (IMC), percentagem de perda de peso
(%PP), rastreamento de risco nutricional 2002 (NRS 2002), avaliação subjetiva
global (ASG) e AFP. A concordância entre os métodos de avaliação nutricional foi
verificada com a estatística kappa e a associação pelo teste t de Student.
Resultados: Na identificação da desnutrição, a concorncia do AFP com os
demais métodos de avaliação nutricional foi moderada para CB (0,42; IC
95%
0,21-
0,62), fraca para CMB (0,40; IC
95%
0,15-0,64), ASG (0,36; IC
95%
0,14-0,58) e NRS
2002 (0,31; IC
95%
0,10-0,52) e pobre para IMC (0,20; IC
95%
-0,05-0,46), %PP (0,14;
IC
95%
-0,03-0,30) e DCT (0,11; IC
95%
-0,01-0,22).
Conclusão: O AFP pode ser um indicativo do comprometimento do estado
nutricional dos pacientes avaliados. No entanto, não foi observada boa concordância
do AFP com os métodos utilizados.
Palavras-chave: avaliação do estado nutricional, ângulo de fase padronizado,
antropometria, rastreamento de risco nutricional 2002, avaliação subjetiva global.
97
Introdução
A avaliação nutricional hospitalar não objetiva apenas o diagnóstico, mas
tamm a identificação de pacientes com maior risco de complicações associadas
ao estado nutricional durante a internação hospitalar
1,2,3
. O método ideal para avaliar
o estado nutricional deve considerar a ingestão de nutrientes, as necessidades
fisiológicas, o estado funcional e a composição corporal (CC) do paciente
3
. Como
não há nenhum método que incorpore todas essas características, a desnutrição
pode ser definida em diferentes níveis, usando distintos marcadores, que podem ser
mais ou menos sensíveis conforme o que está sendo medido
4
.
A antropometria constitui um dos métodos mais tradicionais de avaliação da
CC
5
e inclui, basicamente, as mensurações de peso e altura, além de dobras
cutâneas, circunferências e diâmetros de vários segmentos corporais
6
. É útil na
avaliação crônica da desnutrição, pois revela as alterações da CC que ocorrem
durante o processo de desnutrição
4
. Os valores obtidos na avaliação antropométrica
permitem calcular medidas secundárias
6
como, por exemplo: circunferência
muscular do braço (CMB), índice de massa corporal (IMC) e percentagem de perda
de peso (%PP).
A piora na evolução clínica de um paciente pode ocorrer em decorrência de
alterações metabólicas e funcionais, mesmo quando não há alterações na CC
4
. Para
tanto, pode ser utilizado o rastreamento de risco nutricional 2002 (Nutritional Risk
Screening NRS 2002)
7
, que reflete as alterações metabólicas
4
e considera as
características específicas do estado nutricional e da doença
7
. Por sua vez, a
avaliação subjetiva global (ASG) destaca características da hisria e exame físico
8
,
avaliando as alterações funcionais
4
.
98
A Análise por Impedância Bioelétrica (Bioelectrical Impedance Analysis - BIA)
é um método não invasivo, rápido, sensível, indolor, relativamente preciso
9,10,11,12,13
,
seguro, relativamente de baixo custo, portátil e que pode ser utilizado próximo ao
leito
12
. A partir de equações de regressão, que utilizam a resistência (R) e a
reatância (Xc), entre outros parâmetros como sexo, peso, altura, permite determinar
a água corporal total (ACT), massa corporal magra (MCM), massa celular corporal
(MCC) e a GC
13
. o ângulo de fase (AF) é um parâmetro obtido diretamente dos
valores de R e Xc e utilizado como indicador da MCC
10,11,14
.
Tendo em vista que o AF independe de varveis corporais, como peso e
altura, torna-se pertinente testar a sua concordância com medidas de avaliação
nutricional conhecidas e que avaliam o estado nutricional em diferentes níveis de
desnutrição. Assim, o objetivo do presente trabalho foi verificar a concordância e a
associação entre o AF padronizado (AFP) com métodos que avaliam o estado
nutricional a partir de alterações metabólicas, funcionais e de composição corporal.
99
Métodos
O presente trabalho incluiu 126 indivíduos, de ambos os sexos, idade igual ou
superior a 18 anos e com indicação de cirurgia eletiva gastrointestinal ou de hérnia.
Os pacientes estavam internados na Clínica Cirúrgica I do Hospital Universitário da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no período de janeiro a julho de
2008, no município de Florianópolis, estado de Santa Catarina, Sul do Brasil. O
projeto foi aprovado pelo Comi de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
UFSC e, previamente à coleta de dados, obteve-se a assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido de todos os participantes.
Os critérios de exclusão adotados foram: incapacidade de entendimento e
comunicação, limitações que comprometessem a coleta dos dados antropométricos
(impossibilidade de sair do leito, amputação de membros ou paralisias motoras),
internação para cirurgia bariátrica.
Os dados de caracterização da amostra foram sexo, idade, estado civil,
escolaridade, diagnóstico principal de internação e classificação econômica (Critério
de Classificação Econômica Brasil – ABEP
15
, adaptado para o presente estudo
através do agrupamento nas categorias A1 e A2, B1 e B2, e C1 e C2 em A, B e C
respectivamente).
A antropometria foi realizada com: adipômetro científico (Sanny, São Paulo,
BR), balança eletrônica (Welmy - W300, São Paulo, BR), antropômetro acoplado a
balança eletrônica e fita métrica em o plano (Cescorf, Rio grande do Sul, BR).
Foram analisados DCT
16
, CB
6,17
, CMB
16,17
, IMC
6
e %PP
18
, NRS 2002
7
e ASG
8
. O
parâmetro AF foi obtido a partir da BIA.
100
Para o cálculo da adequão da DCT, da CB e da CMB foram utilizados os
percentis 50 para sexo e idade do National Health and Nutrition Examination Survey
(NHANES I), demonstrados em tabelas de Frisancho
19
e classificados conforme
Blackburn e Thornton
16
. De acordo com a adequação da DCT e da CB, os
indivíduos foram considerados desnutridos (<90%), eutróficos (90 - 110%) e com
sobrepeso ou obesidade (>110%), enquanto que, pelo parâmetro CMB, foram
considerados desnutridos (<90%) e eutróficos (>90%). As aferições foram
desenvolvidas por um único avaliador, por três vezes consecutivas e a sua média
aritmética correspondeu ao valor adotado nas análises do presente estudo.
O peso e a altura foram aferidos de acordo com a Organização Mundial de
Saúde (World Health Organization - WHO)
6
. O IMC foi calculado e classificado
conforme recomendados pela WHO
6,20
, sendo os pacientes agrupados em
desnutridos (<18,5kg/m
2
), eutróficos (18,5kg/m
2
a 25,0kg/m
2
) e com sobrepeso ou
obesidade (> 25,0kg/m
2
).
A %PP foi calculada e classificada, de acordo com Blackburn e
colaboradores
18
, em perda de peso significante e grave e os pacientes que não se
enquadraram na mesma foram dispostos no grupo sem perda de peso.
Para o NRS 2002, os pacientes receberam uma pontuação em cada item, de
acordo com as características que apresentavam em relação ao estado nutricional e
à gravidade da doença como: ausente, leve, moderado ou grave, convertidos em um
escore numérico, resultando em um total de 0 a 6 (para idade 70 anos, foi somado
mais 1 ponto ao escore total), onde um escore total 3 foi considerado risco
nutricional
7
.
A partir da história e exame físico do paciente, identificou-se um nível de ASG
que caracterizou o estado nutricional em: nutrido (A), moderadamente desnutrido ou
101
com suspeita de desnutrição (B) e gravemente desnutrido (C)
8
. Sendo os pacientes
agrupados em nutridos (A) e desnutridos (B e C).
A BIA foi realizada com o aparelho da marca Biodynamics BIA 310e (Seattle,
USA), que aplica uma corrente alternada de baixa freqüência e alta voltagem (800
µA e 50 kHz respectivamente). A partir da BIA, obtiveram-se as medidas de
reatância (Xc) e resistência (R) em Ohms. O AF foi calculado como: AF = [(arco
tangente Xc/R) x (180/π)]
21
. As variáveis que afetam a validade, reprodutibilidade e
precisão das medidas foram controladas de acordo com os critérios do National
Institutes of Health (NIH)
22
.
A padronização do AF foi efetuada, utilizando-se os valores de referência para
sexo e idade da população norte-americana
9
, uma vez que ainda não se dispõe
desses dados para a população brasileira. O AF padronizado (AFP) foi calculado
pela equação: [(AF observado AF médio para sexo e idade) / Desvio padrão do AF
para sexo e idade], onde um AFP< -2 foi considerado desnutrição.
Para a análise da concorncia com o AFP, os demais métodos foram
dicotomizados da seguinte forma: adequação da DCT, CB e CMB (<90% e >90%),
IMC (<18,5kg/m
2
e 18,5kg/m
2
), %PP (significante ou grave e sem perda de peso),
NRS 2002 (escore total<3 e 3), ASG (A e B+C).
As análises estatísticas foram realizadas por meio do programa Stata 9.0
(Stata Corporation, College Station, TX)
23
. A descrição da amostra foi feita através
de percentagem, média e desvio-padrão das medidas de avaliação nutricional
observadas, bem como das características sócio-demográficas dos participantes do
estudo. Os valores do AFP foram descritos em média e desvio-padrão, a
comparação de suas médias conforme as categorias dos demais métodos de
avaliação nutricional foi realizada por meio do teste t de Student. O teste exato de
102
Fisher foi utilizado para testar a associação das variáveis de avaliação nutricional
com o sexo. Para testar o grau de concordância no diagnóstico de desnutrição do
AFP com os demais métodos de avaliação nutricional foi utilizado o coeficiente
kappa com grau de confiança de 95%. Os seguintes critérios de interpretação do
coeficiente kappa foram utilizados: k 0,20 (concordância pobre); 0,21 k 0,40
(concordância fraca); 0,41 k 0,60 (concordância moderada); 0,61 k 0,80
(concordância boa); k > 0,80 (concordância muito boa)
24
. O nível de significância
estatística adotado foi de p<0,05.
103
Resultados
Entre os 126 pacientes que integraram a amostra deste estudo, foi observado
que 54,0% eram do sexo feminino. A idade da amostra variou de 18 a 94 anos (50,3
± 15,5 anos); entre os homens, a média de idade foi de 51,1 ± 16,1 anos e, entre as
mulheres de 49,4 ± 15,0 anos.
A maior parte dos pacientes avaliados, de ambos os sexos, apresentou
menos de 60 anos, tinham companheiro(a), tempo de estudo inferior a quatro anos,
pertencia à classe econômica C, D ou E e apresentou doenças de vias biliares ou
gastrointestinais (Tabela 1).
A Tabela 2 apresenta a classificação nutricional dos pacientes, conforme
critérios de avaliação. A menor proporção de pacientes diagnosticados como
desnutridos foi obtida através do IMC (2,4%) e a maior pela DCT (48,4%). Observa-
se que, para a maioria dos métodos, com exceção da DCT, há mais homens
desnutridos do que mulheres, com diferença significativa para CB, CMB, NRS 2002
e ASG. Na classificação do NRS, a maioria dos pacientes (80,2%) não apresentou
risco nutricional. E, em relação à ASG, 82,5% dos indivíduos avaliados apresentava-
se bem nutrida.
A concordância no diagnóstico de desnutrição do AFP com os demais
métodos de avaliação nutricional (Tabela 3) foi moderada para CB (0,42; IC
95%
0,21-
0,62), fraca para CMB (0,40; IC
95%
0,15-0,64), ASG (0,36; IC
95%
0,14-0,58) e NRS
2002 (0,31; IC
95%
0,10-0,52) e pobre para IMC (0,20; IC
95%
-0,05-0,46), %PP (0,14;
IC
95%
-0,03-0,30), sendo a menor para a DCT (0,11; IC
95%
-0,01-0,22).
A tabela 4 apresenta os valores médios e os respectivos erros-padrão do
AFP, conforme as categorias dos métodos de avaliação nutricional para a amostra
104
como um todo e estratificados por sexo. Onde encontramos associação significativa
entre o AFP e a CB, CMB, NRS 2002 e ASG no diagnóstico de desnutrição.
105
Discussão
Para a avaliação nutricional é recomendada a escolha de cnicas de
execução simples e rápida, que possam ser reprodutíveis e que proporcionem o
maior número de informações sobre o problema nutricional investigado
25
. Dessa
forma, o desafio es em determinar o melhor método para avaliar o estado
nutricional frente às doenças com distintos graus de agressão
26
.
Em nosso estudo, a desnutrição foi apontada em 11,1% dos pacientes
avaliados pelo AFP (Tabela 2), valor este muito inferior ao encontrado em outro
estudo no qual 41,4% dos pacientes eram desnutridos, considerando o ponto de
corte de -0,8dp
26
. Destaca-se que dificuldade para se avaliar os indivíduos a
partir do AFP devido à carência de valores de referência
9
, pois, em cada estudo, o
ponto de corte do AF tem levado em consideração a sensibilidade e especificidade
do método para a população estudada.
Entre os métodos que avaliam a composição corporal
4
, o diagnóstico de
desnutrição variou de 48,4% por meio da DCT a 2,4% pelo IMC (Tabela 2). Com
relação ao IMC, houve maior porcentagem de excesso de peso, que também foi
verificada no estudo de Fettes et al
27
, no qual 57,0% dos pacientes de cirurgia
gastrintestinal apresentaram sobrepeso. Uma vez que o IMC o relaciona a perda
de peso, deve ser enfatizado que esta, quando recente e significativa, poderá
acarretar prejuízo funcional e metabólico no paciente, com risco de desnutrição,
mesmo que não haja alterações detecveis através do IMC.
Segundo alguns autores
1,8
, a ASG é a melhor técnica para avaliar o risco
nutricional em diversas populações, inclusive cirúrgicas, pois, permite detectar as
alterações funcionais
4
. A taxa de desnutrição observada através da ASG foi baixa
(17,5%) (Tabela 2), quando comparada a outros estudos realizados no Brasil
26, 28,29
e
106
na América Latina
30
. Levando em consideração as alterações metabólicas
4
,
verificou-se que 19,8% dos pacientes apresentaram risco nutricional (NRS 2002)
(Tabela 2), que também foi inferior ao verificado em um estudo multicêntrico,
realizado na Dinamarca, no qual a mesma condição atingiu 39,9% dos pacientes
hospitalizados e em clínicas de cirurgia strica (57,0%)
31
. Deve ser destacado que
estas variações nos resultados podem estar relacionadas à idade, às peculiaridades
das enfermidades e às características da população estudada e ao tempo após a
admissão hospitalar em que o paciente foi avaliado.
No diagnóstico de desnutrição, houve diferença estatisticamente significativa
entre os sexos para a CB, ASG e NRS 2002, sendo a de maior magnitude para
CMB. Em geral, a prevalência de desnutrição foi maior no sexo masculino,
especialmente quando a CMB foi considerada (Tabela 2).
A concordância entre o AFP e os demais métodos variou, sendo moderada
para a CB, que avalia a CC, fraca para CMB, ASG e NRS 2002, que sugerem
alterações na CC, funcionais e metabólicas, respectivamente. No entanto, os demais
métodos que avaliam a CC tiveram concordâncias pobres com o AFP (Tabela 3).
A BIA é considerada mais sensível do que a antropometria em detectar
alterações na CC
32
e, desta forma, os casos de desnutrição poderiam ser
identificados em um estágio prévio. Para Barbosa-Silva
26
, a utilização da BIA pode
superar as limitações apresentadas pelos demais métodos, por incorporar tanto a
avaliação funcional como a morfológica. No entanto, encontramos a melhor e a pior
concordância do AFP com métodos antropométricos sendo que, a menor
concordância ocorreu para a DCT, que foi o método que diagnosticou mais casos de
desnutrição.
107
Devido à amostra ter apenas três pacientes com IMC<18,0kg/m
2
, a
concordância deste com o AFP ficou prejudicada, não se podendo inferir em nosso
estudo qualquer informão a respeito desse indicador nutricional.
Tem sido questionado se a ASG e o AF são indicadores de gravidade da
doença por estarem relacionados à desnutrição
2,33
. Em nosso estudo a concordância
entre ASG e AFP foi fraca [0,36 (0,14-0,58)], resultado este semelhante ao verificado
por Barbosa-Silva et al.
28
[0,39 (0,26-0,51)], que considerou como ponto de corte
AF<5º. No entanto, quando analisados os valores médios, podem-se observar
valores menores do AFP, quando os demais métodos avaliados identificaram a
desnutrição, independente do sexo (Tabela 4).
Dessa forma, sugere-se que valores mais baixos de AFP sejam preditivos de
um comprometimento do estado nutricional dos pacientes. De acordo com Maggiore
e colaboradores
33
, os parâmetros de BIA, incluindo o AF, tendem a ser alterados na
presença de desnutrição grave devido à gravidade da doença. Estudos vêm
corroborar com esta idéia, onde o AF foi maior nos controles saudáveis do que nos
pacientes hospitalizados com cirrose
14
. E, em pacientes cirúrgicos
33
e em estágio
avançado de câncer colorretal
10,34
, tamm foram encontrados valores menores de
AF para os pacientes desnutridos.
Entre as limitações do estudo estão, o pequeno tamanho da amostra e sua
heterogeneidade. Ressalta-se a falta de estudos de AF em obesos que estão em
situação crítica, como por exemplo aqueles com intensa perda de peso, situações
estas nas quais os indivíduos podem estar em risco nutricional.
Por ser o primeiro estudo que avalia a concordância entre o AFP com
marcadores dos três níveis de desnutrição, a comparação de nossos resultados com
outros estudos fica prejudicada. Ademais, para que houvesse uma boa
108
concordância, o valor de kappa deveria ter sido no mínimo 0,61
24
. Dessa forma, com
valores inferiores não se pode afirmar que o AFP concorde com os métodos de
avaliação nutricional utilizados. Destaca-se, ainda, a importância da utilização do
AFP para que os dados possam ser comparados com diferentes populações.
Além disso, o significado biológico do AF ainda não es totalmente
esclarecido
14,26,33
, sendo a literatura controversa sobre a relação entre o AF e
marcadores nutricionais.
109
Conclusão
Os resultados encontrados sugerem que o AFP possa ser um indicativo do
comprometimento do estado nutricional dos pacientes avaliados. No entanto, não
obteve-se boa concordância do AFP com os métodos utilizados, sendo sugerido a
utilização de outros parâmetros mais sensíveis na detecção da desnutrição para
verificar a concordância com o AFP.
110
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Tabela 1. Distribuição da amostra conforme características socioeconômicas e clínicas. Florianópolis,
Santa Catarina, 2008.
Homens Mulheres
Variável N (%)
N (%) N (%)
Valor-p
a
Idade (anos) 0,543
< 60 93 (73,8) 41 (70,7) 52 (76,5)
60 33 (26,2) 17 (29,3) 16 (23,5)
Estado civil 0,334
Com companheiro(a) 87 (69,0) 43 (74,1) 44 (64,7)
Sem companheiro(a) 39 (31,0) 15 (25,9) 24 (35,3)
Escolaridade (anos) 0,371
< 4 69 (54,8) 29 (50,0) 40 (58,8)
4 57 (45,2) 29 (50,0) 28 (41,2)
Classificação econômica
b
0,293
A e B 29 (23,0) 16 (27,6) 13 (19,1)
C, D e E 97 (77,0) 42 (72,4) 55 (80,9)
Diagnóstico principal <0,001
Doença das vias biliares ou
gastrointestinal
67 (53,2) 16 (27,6) 51 (75,0)
rnia 35 (27,8) 24 (41,4) 11 (16,2)
ncer 24 (19,0) 18 (31,0) 6 (8,8)
Total 126 (100,0) 58 (100,0) 68 (100,0) -
a
Teste exato de Fisher para associação com sexo
b
Critério de Classificação Econômica Brasil
115
Tabela 2. Classificação nutricional dos pacientes conforme critérios de avaliação nutricional, por sexo.
Florianópolis, Santa Catarina, 2008.
Homens Mulheres
Critério de avaliação nutricional N (%)
N (%) N (%)
Valor-p
a
DCT
b
0,380
<90% 61 (48,4) 27 (46,6) 34 (50,0)
90 – 110% 20 (15,9) 7 (12,1) 13 (19,1)
> 110% 45 (35,7) 24 (41,4) 21 (30,9)
CB
c
0,001
<90% 26 (20,6) 18 (31,0) 8 (11,8)
90 – 110% 68 (54,0) 33 (56,9) 35 (51,5)
> 110% 32 (25,4) 7 (12,1) 25 (36,8)
CMB
d
<0,001
<90% 16 (12,7) 15 (25,9) 1 (1,5)
>90% 110 (87,3) 43 (74,1) 67 (98,5)
IMC
e
(kg/m
2
) 0,155
< 18,5 3 (2,4) 3 (5,2) 0 (0,0)
18,5 – 24,99 48 (38,1) 26 (44,8) 22 (32,3)
> 25,0 75 (59,5) 29 (50,0) 46 (67,7)
%PP
f
0,327
S/G* 37 (29,4) 20 (34,5) 17 (25,0)
I** 89 (70,6) 38 (65,5) 51 (75,0)
NRS
g
0,006
Com risco 25 (19,8) 18 (31,0) 7 (10,3)
Sem risco 101 (80,2) 40 (69,0) 61 (89,7)
ASG
h
0,002
B + C 22 (17,5) 17 (29,3) 5 (7,4)
A 104 (82,5) 41 (70,7) 63 (92,7)
AFP
i
0,408
<-2 14 (11,1) 8 (13,8) 6 (8,8)
-2 112 (88,9) 50 (86,2) 62 (91,2)
a
Teste exato de Fisher para associação com sexo
b
Dobra cutânea triciptal
c
Circunferência braquial
d
Circunferência muscular do braço
e
Índice de massa corporal
f
% Perda de peso
* Significante ou grave
** Insignificante ou sem perda ou sem aumento de peso
g
Rastreamento de risco nutricional
h
Avaliação subjetiva global
i
Ângulo de fase padronizado
116
Tabela 3. Concordância no diagnóstico de desnutrição do ângulo de fase padronizado (eutrófico -2;
desnutrido <-2) com demais métodos de avaliação nutricional. Florianópolis, Santa Catarina, 2008.
Critério para desnutrição Coeficiente kappa (IC95%
a
)
DCT
b
0,11 (-0,01-0,22)
CB
c
0,42 (0,21-0,62)
CMB
d
0,40 (0,15-0,64)
IMC
e
0,20 (-0,05-0,46)
%PP
f
0,14 (-0,03-0,30)
NRS
g
0,31 (0,10-0,52)
ASG
h
0,36 (0,14-0,58)
a
Intervalo de confiança de 95%
b
Dobra cutânea triciptal
c
Circunferência braquial
d
Circunferência muscular do bro
e
Índice de massa corporal
f
% Perda de peso
g
Rastreamento de risco nutricional
h
Avaliação subjetiva global
117
Tabela 4. Valores médios e respectivos erros-padrão do ângulo de fase padronizado, conforme as
categorias dos métodos de avaliação nutricional e estratificados por sexo. Florianópolis, Santa
Catarina, 2008.
Método de
avaliação
nutricional
Ângulo de fase (toda a
amostra)
Ângulo de fase
(homens)
Ângulo de fase
(mulheres)
DCT
b
Média EP
a
Valor-p
i
Média EP
a
Valor-p
i
Média EP
a
Valor-p
i
<90% -0,6 0,2 0,057 -0,8 0,3 0,339 -0,4 0,2 0,060
>90% -0,2 0,1 -0,5 0,2 0,1 0,2
CB
c
<90% -1,5 0,2 <0,001 -1,7 0,3 <0,001 -1,1 0,3 0,012
>90% -0,1 0,1 -0,2 0,1 0,0 0,1
CMB
d
<90% -1,7 0,3 <0,001 -1,6 0,3 <0,001 -2,5 - -
>90% -0,2 0,1 -0,3 0,1 -0,1 0,1
IMC
e
< 18,5 -1,9 0,7 0,018 -1,9 0,7 0,047 - - -
18,5
-0,3 0,1 -0,6 0,2 - -
%PP
f
S/G* -0,7 0,2 0,027 -1,2 0,3 0,008 -0,2 0,3 0,866
I** -0,2 0,1 -0,3 0,2 -0,1 0,1
NRS
g
Com risco -1,5 0,2 <0,001 -1,5 0,3 <0,001 -1,4 0,3 <0,001
Sem risco -0,1 0,1 -0,2 0,1 0,0 0,1
ASG
h
B + C -1,5 0,3 <0,001 -1,6 1,4 <0,001 -1,5 0,4 0,003
A -0,1 0,1 -0,2 0,7 0,0 0,1
a
EP = erro-padrão
b
Dobra cutânea triciptal
c
Circunferência braquial
d
Circunferência muscular do bro
e
Índice de massa corporal
f
% Perda de peso
* Significante ou grave
** Insignificante ou sem perda ou sem aumento de peso
g
Rastreamento de risco nutricional
h
Avaliação subjetiva global
i
Teste t de Student
118
CAPÍTULO 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
119
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estado nutricional variou dependendo do método utilizado, sendo a
desnutrição diagnosticada em apenas 2,4% pelo IMC e até 48,4% pela DCT.
De acordo com o IMC, observamos uma maior prevalência de excesso de
peso do que de desnutrição, o que pode refletir a transição nutricional na população,
ou seja, um declínio na ocorrência da desnutrição em ritmo bem acelerado e um
aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade (Brasil, 2006). Além do mais, na
amostra avaliada, predominaram doenças de vias biliares ou gastrointestinais e
houve menos casos de câncer do que em outros estudos (BARBOSA-SILVA et al,
2003; BARBOSA-SILVA; BARROS, 2005b), sendo a prevalência maior no sexo
masculino.
A utilizão do AF parece ser importante na avaliação nutricional de pacientes
hospitalizados, não só pela facilidade de aplicação, mas tamm por identificar
pacientes desnutridos ou com risco de desnutrição antes dos demais métodos de
avaliação nutricional.
Os resultados encontrados sugerem que o AFP possa ser um indicativo do
comprometimento do estado nutricional dos pacientes avaliados. No entanto, não se
obteve boa concordância do AFP com os métodos utilizados, ou seja, o AFP não
verificou a desnutrição nos mesmos níveis dos outros métodos avaliados.
A continuidade de estudos que relacionem o AF com outros métodos de
identificação do estado nutricional, como, por exemplo, marcadores bioquímicos são
importantes para esclarecer o significado biológico do AF.
120
REFERÊNCIAS
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133
APÊNDICES
134
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
Resolução n. 196 de 10 de outubro de 1996, segundo o Conselho Nacional de Saúde
A Universidade Federal de Santa Catarina, através das pesquisadoras Elisabeth Wazlawik,
professora do Departamento de Nutrição, Thiane Ristow Cardinal, mestranda em Nutrição, está
desenvolvendo a pesquisa intitulada “Relação entre o ângulo de fase, medidas antropométricas e
risco nutricional na avaliação de pacientes hospitalizados”.
O objetivo deste estudo é verificar a concordância entre o ângulo de fase com medidas
antropométricas e de risco nutricional na avaliação de pacientes cirúrgicos. Será realizada a avaliação
antropométrica, através da verificação do peso, da estatura, dobra cutânea tricipital e análise por
impedância bioelétrica, além da aplicação da ferramenta NRS 2002. A análise por Impedância
Bioelétrica (BIA) é um método de avaliação da composição corporal simples, seguro, não-invasivo e
facilmente aplicado à beira do leito. Algumas informações relacionadas à história clínica e diagnóstico
de cada participante serão obtidas a partir de dados registrados no prontuário hospitalar.
As etapas e os procedimentos da pesquisa serão as seguintes:
1ª) - Verificação do peso corporal e altura;
2ª) - Aferição das dobras cutâneas: você ficará em pé, com os braços relaxados ao longo do
corpo, onde será pinçada a camada de gordura do braço;
3ª) - Exame por impedância bioelétrica: você ficará deitado numa posição confortável e
relaxado. Depois, quatro eletrodos serão posicionados na sua mão e direitos. Em seguida, o
aparelho de impedância bioelétrica introduzirá uma voltagem que não provocará dor e que é
considerada segura e específica.
O presente estudo não trará nenhum risco para sua integridade física ou moral. Através deste
estudo, espera-se a produção de conhecimentos que servirão como base para a elaboração de
programas de orientação nutricional e intervenções na área de saúde da população catarinense,
sendo possível contribuir para uma melhoria na qualidade de vida e para o desenvolvimento social do
Estado.
Garantimos que as informações fornecidas serão utilizadas neste trabalho sem a
identificação das participantes. Sua participação é voluntária, podendo desistir a qualquer momento
do estudo, sem qualquer conseqüência para você. Caso tenha alguma dúvida em relação ao estudo
ou não quiser mais fazer parte do mesmo, pode entrar em contato através dos telefones (48) 9167-
3501 ou 3721-9784 ou pelo e-mail th[email protected].br.
Eu,___________________________________________, fui esclarecido sobre a pesquisa “Relação
entre o ângulo de fase, medidas antropométricas e risco nutricional na avaliação de pacientes
hospitalizados” e aceito participar livremente da mesma.
Florianópolis, ___ de ______________ de 2008.
_________________________________ _________________________________
Assinatura do participante Assinatura do pesquisador
135
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO DO PACIENTE
DADOS PESSOAIS
Data da entrevista: ________/________/________
Nome: ________________________________________________________________________
N do prontuário: _____________________
Data de nascimento: ______/_____/______ Idade: ______ anos
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado ( ) separado ( ) viúvo ( ) ___________________
Escolaridade: ( ) analfabeto/ rie fundamental
( ) até 4ª série fundamental
( ) fundamental completo
( ) médio completo
( )superior completo.
Endereço: ______________________________________________________________________
Telefone: ____________________________
Diagnóstico principal: _____________________________________________________________
DADOS SOCIOECONÔMICOS
Posse de itens
Quantidade de itens
0 1 2 3 4 ou +
Televisão em cores
0 1 2 3 4
Rádio
0 1 2 3 4
Banheiro
0 4 5 6 7
Automóvel
0 4 7 9 9
Empregada mensalista
0 3 4 4 4
Máquina de lavar
0 2 2 2 2
Videocassete/DVD
0 2 2 2 2
Geladeira
0 4 4 4 4
Freezer (aparelho independente
ou parte da geladeira duplex)
0 2 2 2 2
Grau de instrução do chefe de família
Analfabeto/ 3ª série fundamental 0
Até 4ª série fundamental 1
Fundamental completo 2
Médio completo
4
Superior completo 8
Fonte: adaptado ABEP (2008).
136
APÊNDICE C - INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E DE
ANÁLISE POR IMPEDÂNCIA BIOELÉTRICA
Data:______/______/______
Nome:______________________________________________________________
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
Peso atual: ______ Kg Peso usual:______Kg
Altura: ______ m
%PP: _______ % Classificação:________________________________________
IMC: _______ Kg/ m
2
Classificação:________________________________________
DCT: _______mm Classificação:________________________________________
CB: _________cm Classificação:________________________________________
CMB:________cm Classificação:________________________________________
ANÁLISE POR IMPEDÂNCIA BIOELÉTRICA
Resistência: ______ Omhs
Reatância: ______ Omhs
Ângulo de fase: ______
137
ANEXOS
138
ANEXO A - PERCENTIS DA DOBRA CUTÂNEA TRICIPITAL (mm)
FONTE: Frisancho, 1990
139
ANEXO B - PERCENTIS DA CIRCUNFERÊNCIA DO BRAQUIAL (cm)
FONTE: Frisancho, 1990
140
ANEXO C - PERCENTIS DA CIRCUNFERÊNCIA MUSCULAR DO BRAÇO (cm)
FONTE: Frisancho, 1990
141
ANEXO D – AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL
AVALIAÇÃO SUBJETIVA
A - História
1. Peso
Peso habitual: ____,__ Kg (colocar 00,00 se desconhecer o peso habitual)
Perdeu peso nos últimos 6 meses: ______ (1 = sim; 2 = não; 3 = desconhece)
Quantidade perdida: ____,__ Kg Calcule a % perda em relação ao peso habitual: ______ %
Nas últimas 2 semanas: ______ (1 = continua perdendo; 2 = estável; 3 = engordou; 4 =
desconhece)
2. Ingestão alimentar em relação ao habitual
______ (1 = sem alteração; 2 = houve alterações)
Se houve, há quanto tempo: ______ dias
Se houve, para que tipo de dieta: ______ (1 = dieta sólida em quantidade menor; 2 = dieta líquida
completa; 3 = dieta líquida restrita; 4 = jejum)
3. Sintomas gastrointestinais presentes há mais de 15 dias
______ (1 = sim; 2 = não)
Se sim: Vômitos: _____ (1 = sim; 2 = não) Náuseas: _____ (1 = sim; 2 = não)
Diarréia (> de 3 evacuações líquidas): _____ (1 = sim; 2 = não) Falta de apetite: _____ (1 = sim;
2 = não)
4. Capacidade funcional
______ (1 = sem disfunção; 2 = disfunção)
Se disfunção, há quanto tempo: ______ dias
Que tipo: ______ (1 = trabalho subótimo; 2 = em tratamento ambulatorial; 3 = acamado)
5. Doença principal e sua relação com necessidades nutricionais
Diagnósticos principais: ________________________________________
________________________________________
________________________________________
Demanda metabólica: ______ (1 = baixo estresse; 2 = estresse moderado; 3 = estresse elevado)
B. Exame físico
(para cada item dê um valor: 0 = normal; 1 = perda leve; 2 = perda moderada; 3 = perda importante)
______ perda de gordura subcutânea (tríceps e tórax)
______ perda muscular (quadríceps e deltóide)
______ edema de tornozelo
______ edema sacral
______ ascite
C. Avaliação subjetiva
______ A = nutrido
______ B = moderadamente desnutrido ou suspeita de desnutrição
______ C = gravemente desnutrido
Fonte: CORREIA; CAIAFFA; WAITZBERG (1998), de acordo com DETSKY et al. (1987)
142
ANEXO E - RASTREAMENTO DE RISCO NUTRICIONAL 2002 – NRS 2002
Perguntas de rastreamento simples:
(1) o IMC é < 20,5?
(2) a ingestão foi reduzida durante a última semana?
(3) houve uma perda de peso recente? e
(4) o paciente é gravemente doente?
Se a resposta for sim a alguma destas quatro perguntas, o rastreamento formal é realizado:
Fonte: KONDRUP et al. (2003a)
Estado nutricional debilitado
Gravidade da doença ( metabolismo da doença)
Ausente
Escore 0
Estado nutricional normal
Ausente
Escore 0
Requerimentos nutricionais normais
Leve
Escore 1
Perda de peso > 5% em 3 meses
OU
Ingestão alimentar abaixo de 50 - 75% do
requerimento normal na semana anterior
Leve
Escore 1
Fratura de quadril
Pacientes crônicos, em particular com
complicações agudas: cirrose, DPOC
Hemodiálise crônica, diabetes, câncer
Moderado
Escore 2
Perda de peso > 5% em 2 meses
OU
IMC 18,5 - 20,5 + condição geral
debilitada
OU
Ingestão alimentar entre 25-50% do
requerimento normal na semana anterior
Moderado
Escore 2
Cirurgia abdominal grande. AVC
Pneumonia grave, câncer hematológico
Grave
Escore 3
Perda de peso > 5% em 1 mês ( > 15%
em 3 meses)
OU
IMC < 18,5 + condição geral debilitada
OU
Ingestão alimentar entre 0-25% do
requerimento normal na semana anterior
Grave
Escore 3
Traumatismo craniano
Transplante de medula óssea
Pacientes de terapia intensiva (APACHE
10)
Escore: +
Escore Total:
Calcule o escore total:
1. Encontre um escore (0 - 3) para Estado nutricional debilitado (somente um: escolha a variável com o escore
mais elevado) e Gravidade da doença ( metabolismo do estresse, isto é aumento nos requerimentos
nutricionais)
2. Some os dois escores ( escore total)
3. Se idade 70 anos: adicione 1 ao escore total para corrigir a fragilidade das pessoas idosas
4. Se o total com a idade corrigida 3: inicie o suporte nutricional
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