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Citando estimativa da OIT, os autores informam que 4% do Produto Interno Bruto
– PIB – são perdidos por doenças e agravos profissionais, valor que pode chegar a 10%
do PIB no caso de países em desenvolvimento.
Usando como referência o PIB brasileiro em 2006, que foi de aproximadamente
R$ 2,33 bilhões (IBGE, 2008a), o custo com doenças e acidentes de trabalho oscilariam
entre R$ 93,3 milhões e R$ 233,3 milhões.
A queda do Boeing 737-800 da empresa GOL em 29 de setembro de 2006, com
154 pessoas a bordo exemplifica como um acidente pode afetar toda uma sociedade.
Este acidente, que até então era o mais grave da história da aviação civil do Brasil,
matou os 6 membros da tripulação e 148 passageiros. No entanto, seus efeitos não
cessaram com o sepultamento das vítimas, já que expôs os problemas do sistema de
controle de tráfico aéreo do nosso País. Ocorreu uma crise sem precedentes na aviação
civil nacional, que se estendeu por todo ano de 2007, com amotinamento de
controladores, agressões de usuários a trabalhadores das companhias aéreas em vários
aeroportos, atrasos e cancelamentos de voos em grande escala.
No entanto, em menos de 10 meses do pior acidente da aviação nacional a
sociedade brasileira observava incrédula e chocada uma nova tragédia, que interrompeu
prematuramente mais vidas ainda que o acidente da GOL.
O Airbus 320 da TAM, que não conseguiu parar na aterrissagem efetuada no
aeroporto de Congonhas na capital paulista na noite chuvosa de 17 de julho de 2007
chocou-se contra o prédio da TAM Express, localizado a alguns metros da cabeceira da
pista matando 199 pessoas, 187 delas que estavam no avião.
Infelizmente, só após esta segunda catástrofe, as autoridades competentes
começaram a esboçar um plano para gerenciar a crise aérea, com promessa de mudança
de toda malha aérea nacional, construção de novas pistas e aeroportos em São Paulo,
estudos para ampliação da pista de Gongonhas e modificações no uso deste aeroporto,
dentre outras medidas. No entanto, com o passar do tempo observamos que grande parte
das medidas preventivas anunciadas não foram implementadas.
Mesmo antes do acidente da TAM o quadro de deterioração do sistema aéreo
nacional, preocupando inclusive instituições internacionais que tratam da matéria, já
estava bem delimitado. Nos dias que se seguiram ao acidente com o Airbus, a mídia
escrita e televisiva muitas vezes referia-se ao acidente como a tragédia anunciada.