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CORTEZ, Mariana. Por linhas e palavras: o projeto gráfico do livro infantil
contemporâneo em Portugal e no Brasil. São Paulo, 2008. 407 f. Tese (Doutorado
em Estudos Comparados de Literaturas em Língua Portuguesa) - Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
RESUMO
O trabalho que se apresenta tem por objetivo investigar a composição gráfica dos
livros infantis. O corpus da pesquisa compreende as décadas de 1980 e 1990 e os
primeiros anos do século XXI, em Portugal e no Brasil, a partir da seleção dos
autores Manuela Bacelar (Portugal) e Roger Mello (Brasil). A escolha do corpus se
justifica, pois ambos são, inicialmente, ilustradores para, em seguida, tornarem-se
autores com dupla vocação, isto é, produtores de textos verbais e visuais. Além
dessa característica, ambos desenvolveram uma produção literária voltada ao
público infantil em que impera a diversidade de estratégias e relações entre
sistemas semióticos, por exemplo: autores de livros de imagens, autores-
ilustradores de livros ilustrados e autores de livros-álbum. Essa última modalidade,
em que há a integração dos textos verbal e visual, está no centro das discussões. A
reflexão sobre o desenvolvimento desse gênero de texto à luz da Semiótica
discursiva de linha francesa, a qual também fundamentará todas análises
realizadas, compõe o primeiro capítulo deste trabalho de tese. Em seguida, abrem-
se as portas para os livros infantis portugueses e o desenvolvimento do livro-álbum
em Portugal, bem como serão realizadas análises minuciosas de três obras de
Manuela Bacelar, a saber: O dinossauro (1990), A sereiazinha (1995) e Sebastião
(2004). Cada uma das obras será abordada tendo em vista as diferentes relações
entre palavra e imagem e a composição final em um projeto gráfico que deveria
constituir um todo de sentido. Assim, as obras se diferenciam, pois O dinossauro é
um livro-álbum, em que Bacelar é autora de dupla vocação; A sereiazinha é um
livro-ilustrado, em que a autora portuguesa ilustra o clássico de Hans Christian
Andersen e Sebastião exemplifica aquele gênero, em que, por meio de imagens, a
artista plástica conta a história. No terceiro capítulo, o contexto brasileiro é colocado
em foco e surge o trabalho em equipe, ou seja, uma equipe de profissionais é
formada para criar o objeto-livro, e essa transforma-se em uma característica
fundamental para a história do gênero livro-álbum no Brasil. Roger Mello é um autor
bastante representativo dessa “corrente artística” e suas obras eleitas para análise
se destacam pela produção em equipe e pela constituição de diferentes relações (ou
grau de relações) entre palavra e imagem na composição do projeto gráfico. As
seguintes obras serão analisadas com mais atenção: Jardins (2001) e Desertos
(2006), texto verbal de Roseana Murray; Fita verde no cabelo: nova velha história
(1992), em que Mello ilustra o conto de Guimarães Rosa e Vizinho, vizinha (2002),
obra composta por uma equipe formada pelos artistas Mariana Massarani, Graça
Lima e Roger Mello, e o último assina como autor do texto verbal. Finalmente, no
quarto capítulo, é possível fazer um paralelo entre o contexto do livro-álbum e suas
características nos cenários português e brasileiro, chegando a algumas invariantes,
como a tendência ao traço pictórico em Portugal e ao grafismo no Brasil. Com isso,
a partir de dois contextos particulares, vislumbra-se a importância do livro-álbum
como um gênero cada vez mais presente no panorama da Literatura Infantil.
Palavras-chave: Literatura Infantil; Livro-álbum; Semiótica discursiva; Portugal;
Brasil.