do seu currículo, não é isso? “O cara depois tem uma aqui, né? Tem uma recaída, vai
começar a tirar licença...não sei o que”... aí ele já prefere contratar o outro que disse que não
tem nada. Então, já existem grupos discutindo o direito do sobrevivente de câncer a ter um
tratamento igualitário, porque nem todo sobrevivente de câncer vai ter câncer de novo. Então,
tem essas todas discussões todas rolando. Aí eu entro, como profissional de educação e eu
acho que eu posso, né? ficar...não estou dizendo que eu não aprenda, né? num teatro, que eu
não aprenda com uma história, que eu não aprenda com uma atividade de música, de arte, não
estou dizendo isso...mas, essa coisa da escola, de tentar sistematizar o que na arte, o que na
música, o que na historinha, o que no teatro eu posso sistematizar como conhecimento, isso é
importante. Porque é onde a escola está falhando. A escola falha porque ela acha que ela tem
o conhecimento. Ela não tem o conhecimento. A escola existe para sistematizar o
conhecimento que a criança traz e o conhecimento que a criança traz é que é a base, e aí não
tem como acontecer mediação, não tem como ser sensível, não tem com ser flexível se eu não
sei o que a criança traz. Mas, a gente fala as palavras e: “não, é nesse esquema” porque eu
tenho um currículo a cumprir, mas você pode dar conta do currículo, né? enxertando todas
essas coisas. Porque, na realidade, o cotidiano... a gente tem... a gente criou também essa
separação entre o que é o comum e o erudito... não tem isso...né? se você for analisar, o que a
gente vê na academia, muitas coisas todas isoladas, o cara não parou pra olhar, mas, muitas
coisas ele, efetivamente...por exemplo: o Vigotski, ele não estava lá sentado na sala, isolado,
porque ele tinha tuberculose, escrevendo sobre aquilo...ele ia nas instituições, ele via, discutia,
ele fazia, né? contatos com outras pessoas...e aquilo foi construído, apesar da vida pública
dele... todas essas informações que agora, por conta da nossa estrutura política, e até própria
estrutura política a Rússia, a gente tem acesso, porque até há bem pouco tempo a gente não
tinha. Meus livros de história da educação não existe Paulo Freire, não existe Anísio Teixeira,
por quê? Porque quando eu estudei estava na época da ditadura, então essas profissões tinham
sido banidas. E, Walon existe o que? A imprensa escolar. Esse é Walon. Essa coisa de que
você tem direito e...por quê? Um momento histórico. A mesma coisa se a gente for analisar do
ponto de vista da pedagogia hospitalar...eu não estou dizendo que os profissionais de
educação, que fizeram formação de pedagogia, que atuam na área, tá? que vão...que atuaram
ou atuam como professores em escola, seja lá como for, que eles tenham...que sejam...as
pessoas mais adequadas, não estou dizendo isso, tem gente que atua, fez essa formação, mas,
efetivamente, gostaria de estar em outra coisa, né? Mas, seu pensar nos profissionais...existem
outros profissionais...por exemplo: um profissional que não é originariamente da área de
educação, mas que cai como uma luva na área de educação é o Ricardo Cessim, tá? É o cara
que ele é...enfermeiro sanitarista, formação de graduação, que fez um mestrado em educação
pré-escolar e fez o doutorado em psicologia clínica, fazendo uma proposta de integração
reversa, que é...ao invés de pegar a criança da escola especial e botar na escola pública, tá,
abrir vagas na escola especial pra criança da escola pública. Porque se você está falando de
um professor que tem que ser qualificado, dá a impressão que o professor da escola especial
não tem competência pra ensinar uma criança normal, então ele questiona isso, lá com
Foulcaut...e todos aqueles teóricos que ele usa. Então, é uma pessoa que atua na educação
com um olhar da educação, mas a gente tem outros profissionais...por exemplo: da formação
de psicologia, de formação da área administrativa de gestão que ele vê a escola como: “Como
eu ganho dinheiro?” E a escola não tem como...educação é um investimento caro, é um
investimento de risco e é um investimento de longo prazo. Então, a gente sabe que os
políticos não dão tanta atenção, só no discurso nas campanhas...porque, efetivamente, não tem
como se fazer educação barata e a gente não sabe qual o resultado...vai ter criança ali que vai
aprender, mas tem criança que vai querer virar bandido, vai ter criança ali que...entendeu?
independente da classe social que ele pertence, mas a gente só vê...é...criança né? a população
em geral na cadeia, mas, a gente tem uns grandes aí que também fazem tantas besteiras