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também com a comunidade italiana que se fixou na capital do Paraná, Curitiba. Das
memórias de Giuseppe Martini, um dos pioneiros da já citada colônia de Santa
Felicidade, apreende-se que a língua falada em casa era o dialeto vêneto junto à língua
portuguesa, que começava a fazer o papel de segunda língua (L2). No momento em
que chegaram ao país de adoção, pois, os emigrantes tiveram de aprender rapidamente
a língua desse país para poder dialogar com os proprietários dos terrenos, receber o
pagamento, obter os documentos necessários para se tratar ou os bens de primeira
necessidade. O dialeto sobrevivia no interior das comunidades de italianos que
estavam próximas, era usado como registro informal e representava os vínculos de
solidariedade entre os indivíduos.
Os segundos emigrantes, que constituem a maioria dos imigrantes italianos
ainda vivos, além do dialeto, que falavam sobretudo em casa e em determinadas
situações, já eram capazes de usar a língua italiana que haviam estudado na escola e
com a qual começavam a se familiarizar. Quando chegaram aos países anfitriões,
continuaram a usar, durante um certo período, o dialeto enquanto cada vez mais
substituíam o italiano pelo português, que se tornou para eles a nova língua-mãe e que
começaram a ensinar até mesmo para os seus filhos. O conhecimento e o uso da nova
língua logo se impuseram como condição necessária não apenas para a plena
participação na vida civil, mas também, como já acontecera com os pioneiros, para
encontrar trabalho e sobreviver dignamente.
Além disso, é necessário ressaltar que os segundos, diferentemente dos primeiros, não
se dirigiram às colônias, onde havia outros membros da mesma comunidade que
falavam a mesma língua, mas se fixaram em diversos bairros da cidade, chegando a
confundir-se com os nativos e sendo, assim, obrigados a se expressar na língua
portuguesa.
De acordo com o que se depreender das entrevistas feitas com os emigrantes
italianos que chegaram à capital paranaense entre o fim da Segunda Guerra Mundial e
o início dos anos 70, pode-se afirmar que a sua língua oral, em relação às palavras de
uso mais frequente, é similar àquela de seus conterrâneos residentes na Itália.
Naturalmente, não tendo acompanhado a evolução da língua-mãe, é preciso pesquisar
as diferenças, por exemplo, nos neologismos e no número e tipo de palavras menos