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portáteis e uma oferta mais expressiva dessa tecnologia para comercialização que a
prática de registrar momentos e de “congelar o passado” se tornou uma cultura
imagética mais abrangente, vindo a tornar-se mais tarde acessível aos demais
segmentos da sociedade. Na seqüência, a fala de Kleyton Marinho ajuda a
compreender um pouco sobre a tecnologia da época:
Da década de 70 pra cá é que os filmes vieram aparecer em uma
caixinha de ferro, antes a maioria dos filmes era enrolado em papel,
a pessoa tinham que ter técnica pra colocar na máquina que era
filmes de 6 por 6, de 6 por 9. É da década de 70 pra cá que vem
surgir o filme de 35 dentro de uma caixinha de ferro, que ali qualquer
amador podia colocar na máquina, inclusive veio surgir máquina
compacta... num esquema comercial, as primeiras que surgiram
aqui no Piauí eram da Kodak, Stamak uma máquinazinha compacta,
ela vinha numa caixinha de papel, você comprava e ela vinha com
um fleche de quatro lados, duas pilhas e o filme, ali você ganhava,
dava de presente, as vezes um filme de 24 poses, de 12 poses,
botava ali na máquina e tá tá tá e aí que veio surgir o amador, ficou
mais barato, na época as casa de fotografia raramente recebiam
filmes de fotógrafos para revelar, porque não existia amador, eles
revelavam seus filmes, que eles faziam na rua, ou faziam em
estúdio, raramente eles recebiam filmes, porque praticamente não
existia venda (MARINHO, 2007).
Mesmo não tendo ocorrido em Teresina nenhum movimento nos moldes
de um fotoclube, aconteceram outros e de outra natureza, como por exemplo, o
cinema. Em Teresina, do final da década de 1960 para o início de 1970, houve uma
movimentação intensa entorno da figura de Torquato Neto, por conta de suas
produções poéticas e cinematográficas de Super-8. Nesse cenário, ele era um
agitador cultural e agregava a sua volta um grupo de jovens envolvidos com as
atividades culturais da cidade. Dessa efervescência cultural, começou a surgir
fotógrafos amadores que se envolviam no campo cultural, trabalhando como
fotógrafos dos filmes de Super-8 produzidos por Torquato Neto e seu grupo, além de
registrarem a vida cultural e a própria cidade. Que segundo Kleyton Marinho
quase todo mundo conhecia o Torquato, era praticamente uma
turma só, todo mundo se conhecia. A cidade sempre girou em torno
da Praça Pedro II, onde se fomentava cultura, se fazia cultura 24
horas, tinha o famoso BBC, o Art Bar, tinha a Galeria, o Bar do
Cuspe, lá se fazia teatro, música, greve, todo mundo ia lá. A cultura
acontecia em torno da Praça Pedro II, inclusive todos os laboratórios
de fotografia ficavam lá, salvo exceção, os que revelavam as
fotografias em casa, como o José da Providência, o Nonatinho, o