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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DAS CIÊNCIAS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES E
LICENCIANDOS EM BIOLOGIA SOBRE O BIOMA
CAATINGA
Erika de Albuquerque Maciel
RECIFE
2009
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DAS CIÊNCIAS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES E
LICENCIANDOS EM BIOLOGIA SOBRE O BIOMA
CAATINGA
Dissertação de Mestrado
apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ensino das Ciências
(PPGEC) da Universidade Federal
Rural de Pernambuco, como parte
dos requisitos para a obtenção do
título de Mestre em Ensino das
Ciências.
Orientanda: Erika de Albuquerque Maciel
Orientador: Prof. Dr. Severino Mendes de Azevedo Júnior
Co-orientador: Profa. Dra. Heloisa Flora Brasil Nóbrega Bastos
RECIFE, 2009
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Erika de Albuquerque Maciel
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES E
LICENCIANDOS EM BIOLOGIA SOBRE O BIOMA
CAATINGA
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Prof. Dr. Severino Mendes de Azevedo Júnior
Presidente
___________________________________________________
Profa. Dra. Heloisa Flora Brasil Nóbrega Basto - UFRPE
____________________________________________________
Profa. Dra. Maria Marly de Oliveira - UFRPE
__________________________________________________
Profa. Dra. Ana Carla Asfora El-Deir
Dissertação aprovada em 16 de fevereiro de 2009.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus por minha vida e pela oportunidade de realizar este trabalho.
Aos meus pais por tornarem possível essa encarnação, especialmente a minha mãe pelo apoio,
incentivo, cuidado e carinho nesta caminhada.
A minha irmã pela compreensão e apoio.
Ao meu orientador, Professor Severino Mendes Júnior pela confiança depositada em minha
pessoa como estudante e profissional.
A minha co-orientadora, Professora Heloisa Flora Brasil Nóbrega Bastos, pelas orientações,
amizade, encaminhamentos, palavras de apoio e incentivo.
Aos professores do curso de Mestrado em Ensino das Ciências pela aprendizagem.
Aos meus colegas de turma do Mestrado em Ensino das Ciências.
Aos professores do curso de Licenciatura em Biologia da Universidade Federal Rural de
Pernambuco e alunos desse curso que participaram desta pesquisa.
Obrigada.
5
SUMÁRIO
Agradecimentos................................................................ 4
Sumário.............................................................................. 5
Resumo......................................................................................... 8
Abstract........................................................................................ 9
Lista de tabelas.............................................................................. 10
1. INTRODUÇÃO........................................................................ 11
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................... 15
2.1 Representações Sociais........................................................... 15
2.2 Aspectos gerais da Caatinga................................................... 17
2.3 Desenvolvimento sustentável................................................. 24
2.4 Educação Ambiental.............................................................. 28
3. METODOLOGIA..................................................................... 31
3.1 Caracterização da pesquisa.................................................... 31
3.2 Sujeitos da pesquisa................................................................ 32
3.3 Instrumentos da pesquisa........................................................ 32
3.4 Coleta de dados...................................................................... 34
4. ANÁLISE DOS DADOS....................................................... 35
4.1 Categorias de análise.............................................................. 36
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................ 39
5.1
Análise das respostas dos licenciandos ........................................ 39
5.1.1
As evocações dos licenciandos
............................................... 39
5.1.2 As definições dos licenciamdos......................................... 43
5.1.3
Participação dos licenciandos em atividades referentes à Caatinga. 45
6
5.1.4 Contato dos estudantes com a região de Caatinga.......................... 47
5.1.5 Benefícios do bioma Caatinga........................................................... 48
5.1.6 Temas sugeridos pelos licenciandos................................................. 49
5.1.7 Ações sugeridas pelos licenciandos.................................................. 51
5.2 Análise das respostas dos professores................................................ 52
5.2.1 Caracterização dos professores ...................................................... 53
5.2.2 Evocações dos professores.............................................................. 55
5.2.3 Definições dos professores.............................................................. 58
5.2.4 Realização de atividades referentes à Caatinga............................... 60
5.2.5 Contato dos professores com a região de Caatinga........................ 62
5.2.6 Benefícios do bioma Caatinga.......................................................... 63
5.2.7 Conhecimentos sobre a Caatinga ..................................................... 64
5.2.8 Ações propostas pelos professores................................................... 65
5.2.9 Propostas de ações........................................................................... 67
5.2.10 Análise dos programas curriculares ................................. ............ 68
Conclusões................................................................................................. 75
REFERÊNCIAS........................................................................... ......
77
APÊNDICE 1- Questionário dos licenciandos............................. .... 80
APÊNDICE 2- Questionário dos professores............................... ... 81
ANEXO 1- Programa curricular de Botânica Econômica................ 82
ANEXO 2- Programa curricular de Morfologia de Fanerógamos...... 83
ANEXO 3-Programa curricular de Sistemática de Fanerógamos....... 85
ANEXO 4- Programa curricular de Sistemática de Criptógamos....... 86
ANEXO 5- Programa curricular de Fisiologia Vegetal.................... 88
ANEXO 6- Programa curricular de Ecologia Geral........................ 91
ANEXO 7- Programa curricular de Educação Ambiental................ 92
ANEXO 8- Programa curricular de Geologia Geral........................ 93
7
ANEXO 9- Programa curricular de Entomologia Geral.................. 94
ANEXO 10- Programa curricular de Zoologia III.......................... 95
ANEXO 11- Programa curricular de Conservação dos Recursos Naturais....
................................................................................................. 95
ANEXO12- Programa curricular de Biogeografia............................ 96
ANEXO13- Programa curricular de Bioclimatologia e Edafologia...... 97
ANEXO 14-Programa curricular de Zoologia C................................ 98
ANEXO 15- Programa curricular de Zoologia D............................ 99
ANEXO 16- Programa curricular de Entomologia I......................... 100
ANEXO 17- Programa curricular de Entomologia II.................................... .
101
8
RESUMO
Este estudo teve como objetivo a análise das representações sociais de professores
e licenciandos em Biologia, sobre o bioma Caatinga, para verificar se elas contêm
subsídios que poderão contribuir para a conservação e sustentabilidade desse
bioma. Além disso, analisamos se esses aspectos estão contemplados nos
currículos dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas da
Universidade Federal Rural de Pernambuco. Para atingir os objetivos propostos,
adotamos uma abordagem qualitativa, tendo como sujeitos vinte licenciandos e oito
professores desses cursos. Utilizamos como referencial metodológico a técnica de
evocação, para identificar as representações sociais, através de questionário. A
análise dos resultados permitiu verificar que as representações sociais dos
professores e licenciandos estão centradas nas características do clima e da
vegetação da Caatinga. Faltam os aspectos sociais, econômicos e éticos do bioma
Caatinga, que poderiam apontar para a conservação e a sustentabilidade dessa
região. Concluímos que os aspectos encontrados nessas representações refletem os
conteúdos dos programas curriculares do curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas, que citam muito superficialmente temas referentes a esse bioma. Dessa
forma, sugerimos a reformulação dos programas curriculares das disciplinas e a
realização de novas pesquisas sobre as características físicas, biológicas, sociais,
econômicas e éticas do bioma Caatinga, a fim contribuir para a conservação e
sustentabilidade desse bioma único no mundo.
Palavras-chave: Representações Sociais; Bioma; Caatinga; Biologia.
9
ABSTRACT
That’s hard knowledge hás got as objective to represent social beffaviors of teachers
and Biology’s students. Talking abguf the Caatinga’s biom, to know what’s the real
subsidies we’ve got (possible) to maintain biom to survive it.
Beyond, that we’ve research if our biological science universitiy (UFRPE) curriculum,
it’s talking about that to Licenciatures and Bacheroletes, courses.
To obten it’s objectives, we have got some qualitatives propositions. Collecting some
information about it. With twenty pupils and eight biologys theachers, as na interview.
We made questionary where we can observe questions about evocation techinic,
methodologies, to identify the social representations though that. The conclusions
that we have was licenciatures and thechers have center of matter objectives of
Caatinga’s climates and vegetations characteristics. And where’s economics, etinics,
and social characters? That’s our biological science studies about it region. It’s so
superficial tems are approached biom. So that, we’ve intend to ask new knowledges
to reforce our questions about Caatingas phisycal, etinics, economics and socials
behaviors that’s our suggestions in order to contribuition and conservation to it’s onhy
one biom in the world.
Palavras –chave: Represent Social, biom Caatinga, biology.
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Freqüência das palavras evocadas pelos licenciandos............................. 43
Tabela 2- Representações dos licenciandos X frequência....................................... 44
Tabela 3- Definições da Caatinga pelos licenciandos............................................. 47
Tabela 4- Participação dos licenciandos em atividades sobre a Caatinga............... 49
Tabela 5- Licenciandos que foram à Caatinga........................................................ 51
Tabela 6- Benefícios da Caatinga citados pelos licenciaqndos................................ 52
Tabela 7- Temas sugeridos pelos licenciandos........................................................ 52
Tabela 8- Ações sugeridas pelos licenciandos......................................................... 54
Tabela 9- Freqüência das palavras evocadas pelos professores............................ 55
Tabela 10- Palavras mais evocadas pelos professores X freqüência...................... 59
Tabela 11- Definições de Caatinga pelos professores............................................. 60
Tabela 12- Participação dos professores em atividades sobre a Caatinga............... 64
Tabela 13- Professores que foram à Caatinga.......................................................... 66
Tabela 14- Benefícios da caatinga citado pelos professores.................................... 67
Tabela 15- Ações propostas pelos professores........................................................ 69
Tabela 16- Conhecimentos sobre a Caatinga........................................................... 70
Tabela 17- Ações sugeridas pelos professores....................................................... 72
11
1. INTRODUÇÃO
A Caatinga é um bioma que tem suas dimensões totalmente restritas ao Brasil, possui várias
espécies endêmicas, isto é, que só ocorrem nesta região, portanto, é muito importante do ponto
de vista ecológico. Além disso, a Caatinga é uma região que possui grande potencial
socioeconômico (PRADO, 2003).
Mesmo sendo uma região tão importante segundo Tabarelli e Silva (2003) a Caatinga está
passando por um processo de alteração e deterioração ambiental provocado pelo uso
insustentável dos seus recursos naturais, o que está levando à rápida perda de espécies únicas,
à eliminação de processos ecológicos-chave e à formação de extensos núcleos de
desertificação.
Apesar dessa problemática a Caatinga é a região menos estudada pelos cientistas entre as
regiões naturais brasileiras, mesmo sendo a única região natural brasileira cujos limites estão
restritos ao território nacional, como tem sido proposto por alguns autores (CASTELLETTI et
al.; 2003. PRADO, 2003.; TABARELLI e SILVA, 2003).
Vale a pena olhar com mais atenção para esse bioma, pois ele tem um enorme potencial
econômico ainda pouco explorado, o que gera muitos problemas para a população dessa
região. Portanto, é de suma importância o estudo desse bioma nas universidades brasileiras,
principalmente naquelas que são formadoras de professores, para que, conseqüentemente, por
parte dos alunos das escolas de Ensino Fundamental e Médio tenham acesso a uma Educação
Ambiental escolar que possa contribuir para melhores condições no referido bioma.
Os temas ambientais foram introduzidos no currículo escolar brasileiro na década de 70,
através de uma proposta que representou um retrocesso, dada a abordagem reducionista, na
qual a educação ambiental ficaria acondicionada dentro das Ciências Biológicas, sem
considerar os demais aspectos da questão ambiental como o social, cultural, econômico, ético
e político (DIAS, 2003). na década de 90 foi sancionada a Lei 9.795/99 sobre a Política
Nacional de Educação Ambiental, que define a obrigatoriedade da Educação Ambiental de
forma integrada e interdisciplinar, sem a criação de uma disciplina específica. Essa lei define
os princípios básicos da Educação Ambiental com o enfoque humanista, holístico,
democrático e participativo, a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas
12
sociais e o reconhecimento da pluralidade e a diversidade individual e cultural (BRASIL,
1998).
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a Educação Ambiental está inserida como um
tema transversal - Meio Ambiente - que deve ser tratado através de questões sociais que, junto
ao currículo, irão compor um conjunto articulado e aberto às características locais.
Ainda de acordo com os PCN:
O aluno deve atribuir significado àquilo que aprende sobre a questão
ambiental. E, esse significado é resultado da ligação que o aluno
estabelece entre o que aprende e a sua realidade cotidiana... A perspectiva
ambiental oferece instrumentos para que o aluno possa compreender
problemas que afetam a sua vida, a de sua comunidade, a de seus país e a
do planeta (BRASIL, 1997, p. 15).
Conforme Reigota (2001), a Educação Ambiental escolar deve enfatizar o estudo do meio
ambiente em que vive o aluno, procurando levantar os principais problemas da comunidade,
assim como as contribuições da ciência, os conhecimentos necessários e as possibilidades
concretas para sua solução. Esse autor relaciona a Teoria das Representações Sociais à
educação ambiental. Outros estudos relacionam a Teoria das Representações Sociais à
natureza, ao meio ambiente, ao manguezal e a temas ambientais (TOMANIK, 2007;
TREVISOL, 2007; BARCELLOS, 2004; RIBEIRO, 2005). No entanto, não constatamos
nenhum estudo relacionando o tema ambiental “Caatinga” à Teoria das Representações
Sociais. Portanto em nosso estudo, relacionamos a Teoria das Representações Sociais
especificamente à Caatinga.
Dentre os paradigmas que vêm sendo formulados nas últimas décadas, a Teoria das
Representações Sociais, uma vertente da Psicologia Social, desponta como uma nova maneira
de interpretar o comportamento dos indivíduos e dos grupos sociais (BARCELLOS, 2004).
Nesse sentido, segundo Delizoicov (2002), os sujeitos vão construindo idéias, às vezes
conceitos, às vezes um conjunto mais difuso de pensamento. Em algumas circunstâncias, essa
construção ocorre mediante relações gicas explícitas; em outras, em um emaranhado que os
sujeitos não sabem exatamente justificar, mas que conduz sua ação sobre o mundo. Esse
conjunto simbólico tem sido denominado, de forma diferente por vários autores, como cultura
da tradição, senso comum, cultura primeira, concepções prévias ou alternativas,
13
representações sociais, mundo vivido, entre outros, conforme as intenções dos estudos
realizados.
Diante do exposto, justifica-se o estudo das representações sociais de professores e
licenciandos de Biologia sobre o bioma Caatinga, a fim de contribuirmos para a formação de
cidadãos participativos na conservação do referido ambiente e no uso sustentável de seus
recursos naturais, com o objetivo de promover melhores condições de vida para as pessoas
que moram nessa região.
A escolha do bioma Caatinga foi por ser de exclusividade nacional e que antes mesmo de
serem conhecidas todas as suas características está em vias de extinção (DRUMOND et al.,
2004). Em função desse contexto, entendemos que o tema caatinga deve fazer parte do
currículo das universidades, principalmente nos cursos de Licenciatura em Biologia, cujos
alunos poderão lecionar nas escolas brasileiras, particularmente poderão ensinar nas regiões
onde esse bioma está situado. Nesse contexto foi mais relevante escolher os licenciandos do
último semestre do curso de Licenciatura em Biologia pois eles estão próximos de exercer a
docência.
Segundo Leonardi (2001), a universidade tem um papel importante na formação ambiental dos
profissionais que estão colocando no mercado. Ela precisa incorporar a dimensão ambiental
nos seus objetos, conteúdos e metodologias, mas raramente o faz.
Nesse sentido, Guimarães (2004) também pontua que de um modo geral, os professores não
tiveram em sua formação a discussão da inserção da dimensão ambiental no processo
educacional. Também não participaram dessa discussão na sociedade, porque essa discussão
se dá em fóruns ainda muito restritos.
Este estudo foi realizado na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), pois se
presumia que existiam professores especialistas em temas referentes ao bioma Caatinga e que
existiam muitos alunos de cidades em que esse bioma está situado.
Embora os meios de comunicação tenham difundido informações sobre o tema Caatinga,
acreditamos que a escola ainda não vem desenvolvendo uma educação ambiental eficaz, pois
é dada uma grande importância somente aos fatores físicos e biológicos dos temas ambientais,
14
de forma descontextualizada, fragmentada e memorizada. Podemos considerar que se também
os fatores históricos, sociais, políticos e econômicos forem discutidos com os alunos estes
terão uma visão mais ampliada das questões ambientais, possibilitando sua preservação e o
uso sustentável de seus recursos naturais.
Frente a todo esse exposto, neste trabalho procuramos responder à seguinte questão: as
representações sociais de professores e licenciandos de Biologia contêm aspectos que possam
contribuir para a conservação e uso sustentável do bioma Caatinga?
Nesse contexto, definimos como objetivo geral: analisar se as representações sociais de
professores e licenciandos em Biologia sobre o bioma Caatinga contêm subsídios que poderão
contribuir para a conservação desse bioma e para o uso sustentável dos seus recursos naturais
dessa região e se esses aspectos estão contemplados nos currículos dos cursos de Licenciatura
e Bacharelado da UFRPE.
Definimos como objetivos específicos:
- Identificar as representações sociais apresentadas por professores e licenciandos do curso de
Licenciatura em Biologia sobre o bioma Caatinga.
- Analisar essas representações sociais com relação à presença ou não de aspectos ligados à
conservação e ao uso sustentável do bioma Caatinga.
- Comparar as representações sociais dos professores com as dos licenciandos em biologia
com relação ao bioma Caatinga.
- Identificar se os aspectos encontrados nas representações sociais dos professores e
licenciandos estão contemplados nos currículos de Licenciatura e Bacharelado em Biologia
da UFRPE.
Esta dissertação está estruturada em seis partes. Na primeira, apresentamos o problema, o
objetivo geral e os específicos e a pertinência do estudo. A segunda parte corresponde à
fundamentação teórica. A terceira parte corresponde aos procedimentos metodológicos. A
quarta parte refere-se aos resultados e discussões que têm por base as idéias dos autores
descritos na fundamentação teórica. Na quinta parte apresentamos a análise dos programas
curriculares e na sexta e última parte as conclusões.
15
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesse capitulo, descreveremos as principais considerações dos teóricos que fundamentam este
trabalho.
2.1 Representações Sociais
Nas Ciências Sociais, o estudo das representações sociais remonta ao culo passado, tendo
como um de seus marcos fundamentais o trabalho de Durkheim. Esse autor procurou discutir a
importância das representações dentro de uma coletividade e como elas influenciam nas
decisões que os seres humanos tomam individualmente. Contemporaneamente, o primeiro
cientista social a utilizar o conceito de representações sociais foi Moscovici. Para ele, o caráter
social das representações transparece na função específica que elas desempenham na
sociedade, qual seja a de contribuir para os processos de formação de condutas e de orientação
das comunidades sociais (REIGOTA 2001).
Segundo Moscovici (2003), uma representação social é o senso comum que se tem sobre um
determinado tema, em que se incluem também os preconceitos, ideologias e características
específicas das atividades cotidianas (sociais e profissionais) das pessoas.
Para Gilly (2001), as representações sociais estabelecem um novo caminho para explicar
como os fatores sociais agem no processo educativo e afetam seus resultados. Jodelet (2001)
acrescenta que, com as representações sociais, tratamos de fenômenos observáveis
diretamente ou reconstruídos por um trabalho científico.
Nas áreas de interface com a Psicologia Social, dentre os estudos brasileiros que no período de
1988 a 1997 utilizaram como suporte teórico-metodológico a Teoria das Representações
Sociais, 45% se situavam no campo da educação (SÁ, 2000). Esta apropriação das
representações sociais mostra uma insatisfação crescente com as pesquisas com enfoques
reducionistas e com as contraposições simplificadoras entre a metodologia quantitativa e
qualitativa.
O interesse pela Teoria das Representações Sociais nas pesquisas educacionais vem a
propósito de desvendar o conjunto de significações sociais envolvidas no processo educativo.
16
Os fatores sociais agem no espaço e afetam seus resultados. Por exemplo: a representação
social dos alunos sobre o conceito de boa escola pode se contrapor aos interesses dos fatores
de educação. Neste sentido, a educação torna-se um campo privilegiado para o estudo de
como as representações sociais são construídas; como estas representações se modificam em
grupos sociais fechados e como estes sujeitos se relacionam com o objeto de sua
representação (GILLY, 2001).
Para Wagner (2000), deve-se levar em conta a sócio-gênese das representações sociais. Para
isso estabelece os critérios de consenso funcional, relevância social, critério de prática, de
holomorfose e o critério de afiliação. Fazendo um breve relato de cada um, temos:
-o consenso funcional diz respeito ao fato que uma representação social não será
compartilhada pela totalidade dos sujeitos de um grupo, sendo um consenso funcional pelo
fato de manter o grupo como uma unidade reflexiva.
- o critério de relevância social sugere que o objeto em análise possa ser socialmente
relevante, quando modificar o padrão de comportamento dos sujeitos. Cabe ao pesquisador
reconhecer, criticamente, quais as implicações para a transformação do conhecimento e que
relevância social esta transformação terá.
- o critério da prática coloca que uma representação social estaria presente quando as ações
práticas da rotina diária de um grupo fossem modificadas com a formação dessa
representação.
- o critério de holomorfose se refere ao fato de que cada sujeito tem uma representação tem
uma idéia do comportamento dos parceiros com relação a esta representação e esta conterá
informações sobre sua referência no grupo.
- o critério de afiliação corresponde ao lado objetivo do critério holomórfico. Seria a
delimitação da comunidade reflexiva,em que a representação social forma uma parte válida do
senso comum, permitindo avaliar a correlação da meta-informação de uma representação.
Existem diferentes abordagens das representações sociais, mas é possível extrair de todas elas
que, como percepções construídas sobre a realidade, essas afetam a dinâmica de
17
funcionamento dos grupos sociais, merecendo lugar de destaque nas pesquisas das ciências
sociais. Como sistema de acomodação e de transformação, as representações sociais podem
ser analisadas como categorias que se aportam de modo diferente em diferentes grupos
sociais. Os estudos em representações sociais na área de educação são usados como
instrumento de compreensão dos atores sociais envolvidos na prática educativa. É uma
ferramenta adicional para os pesquisadores da educação.
Nesse sentido, Jodelet (2001, p. 22) afirma que a
Teoria das Representações Sociais pode ajudar os pesquisadores em
educação, que as representações sociais podem ser caracterizadas
como uma forma de conhecimento, socialmente elaborado e
partilhado, com um objetivo prático, e que contribui para a construção
de uma realidade comum a um grupo socia.
2.2 Aspectos Gerais da Caatinga
A origem do nome Caatinga é indígena (Tupi) e significa mata branca (CORTEZ-ALMEIDA
et al., 2007).
Possivelmente a Caatinga é o mais desvalorizado e negligenciado dos biomas brasileiros e
também um dos mais degradados pelas centenas de uso inadequado e insustentável dos seus
recursos naturais. São fatores que contribuem para a pequena importância dada a esse bioma:
a visão de que a Caatinga resulta de uma formação modificada de outro bioma e que se trata
de um ambiente pobre, seco e desprovido de biodiversidade (CORTEZ-ALMEIDA et al.,
2007).
O termo “Caatingas” é usado por Andrade-Lima (1966) para denominar a vegetação
encontrada na região por ele chamada de “província das Caatingas” que inclui várias
fisionomias diferentes de vegetação inclusive a vegetação de Caatinga. Esse autor dividiu a
região das Caatingas em unidades fitogeográficas baseadas nas espécies vegetais mais
representativas de cada comunidade. Ele foi o primeiro a chamar atenção para a riqueza da
vegetação da Caatinga e para sua ecologia.
Vasconcelos (1982) utiliza os termos (semi-árido e sertão) para designar o que hoje, autores
mais recentes chamam de bioma Caatinga. Esta denominação está relacionada não às
18
características vegetais e climáticas, mas também a todas as características biológicas (como a
fauna e os habitantes dessa região) e físicas (como o solo) da Caatinga.
Agreste e sertão são dois termos ligados ao conceito geográfico da Caatinga. Agreste é o
nome dado à estreita faixa de vegetação e que apresenta um regime de chuva até 1000
mm/ano. Sertão é o nome dado às regiões mais secas da Caatinga com um regime de chuva
abaixo de 1000 mm/ano (PRADO, 2003). As regiões agreste e sertão formam o semi-árido do
nordeste brasileiro.
Cortez-Almeida et al. (2007) consideram a Caatinga como um bioma, e que é formado por
regiões naturais conhecidas como Sertão, Seridó, Curimataú, Caatinga e Carrasco. As
diferenças entre cada uma dessas regiões são dadas pelo volume e variabilidade das chuvas,
assim como também pela maior ou menor fertilidade dos solos, tipos de rochas e relevo do
terreno.
Neste trabalho, fundamentado em diversos autores como Cortez-Almeida et al. (2007),
Castelletti et al. (2003), Drumond et al. (2004), Tabarelli e Silva (2003), o termo “Caatinga” é
usado como bioma. Sendo bioma:
O conjunto de vida (vegetal e animal) definida pelo agrupamento de tipos
de vegetação contínuos e identificáveis em escala regional, com
condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudança,
resultando em uma diversidade biológica própria (IBGE, 1993).
É importante ressaltar que os autores acima referidos consideram o fato de bioma Caatinga ser
exclusivo do Brasil como uma característica muito importante, pois o torna único, portanto
merece ser mais valorizado.
Ainda de acordo com Drumond et al. (2004), a Caatinga é extremamente importante de ponto
de vista biológico e tem sua distribuição totalmente restrita ao Brasil. Esse patrimônio
encontra-se ameaçado. A exploração feita de forma extrativista pela população local, tem
levado a uma rápida degradação ambiental. Segundo estimativas, cerca de 70% desse bioma
se encontram alterados pelo homem e somente 2% de sua área se encontram protegidos em
unidades e parques de conservação.
19
A dimensão do bioma Caatinga não é um consenso entre os pesquisadores. Fundamentamos
essa questão em Drumond et al. (2004), para quem o bioma Caatinga ocupa cerca de 11% do
território nacional, medindo aproximadamente 800.000 Km2, abrangendo os Estados da
Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e a região
norte de Minas Gerais.
Muitos autores como, por exemplo: Cortez-Almeida et al. (2007), Rodal e Sampaio (2002),
diferem quanto à área ocupada pela Caatinga. Essa divergência entre vários autores se deve ao
fato de que eles adotam critérios distintos para incluir ou não determinada área.
Segundo Prado (2003), como resultado da origem do substrato da Caatinga, os solos são
pedregosos e rasos, com a rocha-mãe escassamente decomposta, a profundidades exíguas e
muito afloramento de rochas maciças. Afloramentos extensivos de rochas atuam
ecologicamente como meio desértico e como local onde plantas suculentas, isto é, que
retêm água em suas folhas e caules, são encontradas. Locais cobertos por camadas mais ou
menos contínuas de pedras também são freqüentes.
No que se refere ao clima, o mesmo autor afirma que, comparada com outras regiões
brasileiras, a região de Caatinga apresenta muitas características extremas dentre os
parâmetros meteorológicos a mais alta radiação solar, baixa nebulosidade, a mais alta
temperatura média anual, as baixas taxas de umidade relativa, evapotranspiração potencial
mais elevada, e, sobretudo, precipitações mais baixas e irregulares, limitadas, na maior parte
da área, a um período muito curto no ano.
O clima constitui a característica mais marcante do semi-árido brasileiro, principalmente
devido à ocorrência de secas estacionais e periódicas. As chuvas são imprevisíveis, torrenciais
e irregulares, no tempo e espaço. A precipitação média da caatinga está em torno de 500 mm.
A temperatura média anual varia de 22 a 32 graus. O semi-árido do nordeste brasileiro é uma
das regiões mais quentes do planeta. A amplitude térmica diária é relativamente baixa,
situando-se ao redor de 10 graus. A umidade relativa do ar é pequena, estando a média anual
próxima de 50%. A luminosidade na caatinga é muito elevada, ficando ao redor de 2.800
horas de luz solar por ano (PRADO, 2003).
20
O principal rio que corta a Caatinga é o São Francisco. Ele nasce na serra da Canastra, em
Minas Gerais, servindo, em grande parte de seu curso, de linha divisória entre os Estados de
Pernambuco e da Bahia. Em seguida, ele separa a Bahia e Sergipe de Alagoas, até desembocar
no oceano Atlântico (CORTEZ-ALMEIDA et al., 2007). O rio São Francisco é um dos mais
importantes do Brasil, pela sua extensão, sua vasta bacia e pela sua utilização, uma vez que é
navegável em várias porções de seu curso. Esse rio é muito utilizado, também, para irrigação e
para a produção hidrelétrica (ANDRADE, 2003).
Estima-se que até o presente momento foram registradas 932 espécies de plantas vasculares,
240 espécies de peixes, 154 de répteis e anfíbios, 510 de aves e 148 de mamíferos. Nesses
grupos de organismos, o nível de endemismo varia entre 4,3% no grupo das aves até 57% no
grupo dos peixes. Recentemente, a Caatinga foi reconhecida como uma das 37 grandes regiões
naturais do planeta. Portanto, a conservação da Caatinga é importante para a manutenção dos
padrões regionais e globais do clima, da disponibilidade de água potável, de solos
agricultáveis e de parte importante da biodiversidade do planeta. Infelizmente, a Caatinga
permanece como um dos biomas menos conhecidos do ponto de vista científico e possui um
número bastante reduzido de unidades de conservação (TABARELLI e SILVA, 2003).
Nessa fauna encontramos alguns comportamentos interessantes, como por exemplo: das 240
espécies de peixes identificadas, cerca de 25% conseguem adiar a postura dos ovos,
aguardando as chuvas. Várias espécies de formigas atuam como dispersoras de sementes,
algumas comem as polpas dos frutos e limpam as sementes, o que favorece a sua germinação
(CORTEZ-ALMEIDA et al., 2007).
As 240 espécies de peixes da Caatinga estão distribuídas em sete ordens. A ordem
Siluriformes apresentou a maior diversidade com 101 espécies, seguida da ordem
Characiformes com 89 espécies. Entretanto, muitas áreas da Caatinga, principalmente
aquelas afastadas do curso principal dos rios, carecem de levantamento da ictiofauna. Coletas
recentes revelaram a existência de espécies de peixes ainda desconhecidas. Apesar da falta de
dados mais completos, os resultados apontam que a bacia do São Francisco possui maior grau
de endemismo de peixes (ROSA et al., 2004).
Não há como caracterizar uma ictiofauna típica ou exclusiva da Caatinga, já que a distribuição
de muitas espécies nos rios que cortam esse bioma estendem-se para além de seus limites
21
atingindo outros ecossistemas. Além do mais a fauna de peixes desse bioma está muito mal
documentada (ROSA et al., 2004).
Algumas espécies de animais da Caatinga encontram-se ameaçadas ou em processo de
extinção como: os felinos (onças e gatos selvagens), os herbívoros de porte médio (veado-
catingueiro), a ararinha-azul, a pomba de arribação e as abelhas nativas (DRUMOND et al.,
2000).
Quanto à flora, Andrade-Lima (1966) propõe que existam cerca de 183 espécies endêmicas,
de um total de 437 espécies, o que representa um endemismo de cerca de 42% de espécies
suculentas e lenhosas da Caatinga. A vegetação da Caatinga pode ser caracterizada como de
florestas arbóreas ou arbustivas, compreendendo principalmente árvores e arbustos baixos,
muitos dos quais apresentam espinhos, microfilia (folhas pequenas) e algumas características
xerofíticas (caule adaptado para armazenar água, folhas mais gidas, geralmente cobertas por
uma camada de cera para diminuir a evaporação, e raízes longas). A suculência é
principalmente observada em Cactáceae e Bromeliaceae.
As espécies lenhosas mais típicas da região são: Amburana cearensis (imburana de cheiro);
Aspidosperma pyrifolium (pau-pereiro); Caesalpinia pyramidalis (catingueira); várias espécies
de Cróton (mameleiros e velames) e o gênero Mimosa (calumbíes e juremas); Myracrodruon
urundeuva (aroeira); Schinopsis brasiliensis (baraúna); entre outras. rios autores, dentre
eles: Luetzelburg (1923), Eiten (1974), Rizzini (1963), Veloso (1964), Schnell(1966), têm
tentado identificar, analisar e classificar as diferentes unidades de vegetação da Caatinga
(PRADO, 2003).
Essa flora tem um grande potencial forrageiro, medicinal, frutífero e madeireiro para a
caatinga, porém infelizmente é usada de forma meramente extrativistas. Entre as espécies
forrageiras destacam-se: o angico (Anadenanthera macrocarpa Benth), o pau-ferro
(Caesalpinia férrea Mart. Tul.), a catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tul.) e a jurema preta
(Mimosa tenuiflora (Willd.) Poiret). Entre as espécies frutíferas, merecem destaque: o umbu
(Spondias tuberosa Arruda-Anacardiacea) e a mangaba (Hancomia apeciosa Gómez-
Apocynaceae). Quanto às espécies madeireiras destacam-se: a aroeira (Myracrodruon
urudeuva Engl.) e a umburana (Commiplora leptophlocos Engl.). No que se refere às espécies
22
medicinais, destacam-se: a aroeira, o pau-ferro, o velame e o juazeiro (DRUMOND et al.,
2000).
Cortez-Almeida et al. (2007) pontuam outras espécies da flora da Caatinga com enorme
potencial econômico:
- Facheiro (Pilosocereus pachycladus): seus espinhos e ramos depois de queimados serem de
alimentação para bovinos; sua madeira branca e leve é usada na carpintaria; suas raízes são
aproveitadas na confecção de colheres de pau e seu fruto é comestível.
- Mandacaru (Cereus jamacaru): de seu tronco adulto retiram-se tábuas de até 30cm de
comprimento.
- Faveleira (Cnidoscolus phyllacanthus): seus frutos maduros e a casca verde sevem como
forrageira para bovinos, caprinos, ovinos e suínos. Suas sementes são fonte de alimento
humano e de outros animais e sua madeira é empregada na carpintaria.
Mesmo com esse potencial, a Caatinga enfrenta sérios problemas como a exploração
predatória madeireira para produção de lenha e carvão, a fim de suprir as indústrias
alimentares e de gesso, as cerâmicas, as olarias e os curtumes e a agricultura sem o manejo
adequado. Com relação à pecuária, existe hoje uma superpopulação de ovinos, caprinos e
bovinos além da capacidade do que a região pode oferecer em termos de alimentação para
esses animais (DRUMOND et al., 2000).
A Caatinga tem sido bastante modificada pelo homem, principalmente os solos que estão
sofrendo um processo intenso de desertificação devido à substituição da vegetação natural por
culturas. O desmatamento e as culturas de irrigação estão levando á salinização dos solos,
aumentando ainda mais a evaporação da água contida neles e acelerando o processo de
desertificação. Existe uma grande rede de estradas construídas, o que gerou diversos
problemas, por exemplo, modificações no comportamento dos animais, alterações na
vegetação, facilidade de propagação do fogo e modificações no uso humano da terra e água
(CASTELLETTI et al., 2003).
Pesquisadores como Vasconcelos (1982) chamava a atenção sobre os processos de
desertificação no nordeste do Brasil. Segundo ele, alguns efeitos da desertificação são:
destruição do solo, perda da água pelos solos, empobrecimento dos lençóis freáticos,
empobrecimento e fuga do homem, e ampliação do processo de desertificação para as áreas
23
vizinhas, pois este possui um dinamismo próprio. De acordo com esse autor, a desertificação é
o resultado da ação conjunta de fatores naturais e da ação do homem. Esta última se faz
presente em ações como: incompetência no manuseio do solo, lavouras itinerantes, criação
extensiva, queimadas, indústrias de cerâmica e mineração, entre outras.
As causas naturais da desertificação no nordeste podem ser resumidas em clima e solo. O
clima expressa-se através dos seguintes fatores: baixo índice e irregularidade das
precipitações, baixa umidade relativa do ar, alta temperatura, intensa luminosidade,
transpiração e evapotranspiração, balanço drico deficitário e variações climáticas globais
(VASCONCELOS, 1982).
Segundo Tabarelli e Silva (2003), para a conservação da biodiversidade do bioma Caatinga se
faz necessária a identificação das áreas e ações prioritárias para o referido bioma. Com esse
objetivo foi desenvolvido um subprojeto disponível através do site:
(www.biodiversitas.org/caatinga), no qual foram identificadas 82 áreas que variam de
tamanho e de grau de importância ecológica. O alto grau de áreas insuficientemente
conhecidas enfatiza a urgente necessidade de programas para o inventário biológico da
Caatinga. Essa identificação gerou uma grande quantidade de recomendações referentes a
estratégias para a conservação, uso sustentável dos recursos naturais e políticas públicas para a
Caatinga.
Foram identificadas quatro sub-regiões para a conservação da Caatinga concernente aos
fatores físicos: a primeira corresponde às margens do rio São Francisco, em que houve
extração de madeira para alimentar as caldeiras dos navios a vapor que faziam o transporte
fluvial nessa região. A segunda corresponde às áreas de aqüíferos subterrâneos em áreas
sedimentares, que são usados para o consumo humano e para a irrigação. A terceira
corresponde aos locais de extração de minério. A quarta são as áreas sujeitas a processos de
desertificação que se devem principalmente à exploração da vegetação nativa (SILVA,
TABARELLI; FONSECA, 2004).
Através da análise da literatura acima referida, podemos considerar que o bioma Caatinga, ao
contrário do que muitas pessoas pensam, apresenta uma rica biodiversidade com enorme
potencial econômico.
24
Em suma, é importante percebermos que a Caatinga não é um bioma que não deu certo,
degradado devido a desequilíbrios ambientais ou intervenções humanas. É um bioma
cuidadosamente adaptado às condições de semi-aridez. A diferença com outros biomas não é
um defeito, mas uma qualidade. Podemos tomar como exemplo dessa reflexão uma citação de
Vasconcelos Sobrinho que pontua: “O Nordeste não é uma região-problema. Problema é o
homem que o habita, que erradamente planeja, e insiste em ignorar as limitações ecológicas
dos seus recursos” (VASCONCELOS,1982).
2.3 Desenvolvimento Sustentável
A natureza é a base necessária e indispensável da economia moderna, bem como das vidas das
gerações presentes e futuras, desenvolvimento sustentável significa qualificar o crescimento e
reconciliar o desenvolvimento econômico com a necessidade de se preservar o ambiente.
que sem significa qualificar o crescimento e reconciliar o desenvolvimento econômico com a
necessidade de se preservar o ambiente. que sem matéria vinda de recursos naturais, nada
pode ser produzido. Descobrir meios para se perceber a idéia geral de um desenvolvimento
que seja sustentável, é um grande desafio (BINSWANGER, 2001).
Outra tentativa de definir desenvolvimento sustentável é feita por Binswanger ( 2001) que
aponta três definições para; a do biólogo aplicado, como sinônimo de rendimento sustentado;
a do ecólogo, como abundancia sustentada e diversidade genotípica de espécies e a do
economista, como o desenvolvimento sustentado sem comprometer os recursos destinados
para as gerações futuras. Esse autor afirma que essas definições são imprecisas.
Barbieri (2005) considera que o conceito de desenvolvimento sustentável sugere um legado
permanente de uma geração à outra, para que todas possam prover suas necessidades. E
também que ele não pode se limitar apenas à visão tradicional de estoque e fluxo de recursos
naturais e de capitais. É necessário considerar simultaneamente as seguintes questões:
- sustentabilidade social, a fim de garantir os direitos e as condições de vida das populações e
reduzir as diferenças entre os grupos sociais;
- sustentabilidade econômica, adquirida pela alocação e gestão dos recursos;
25
- sustentabilidade ecológica, envolvendo medidas que reduzam o consumo de recursos e a
produção de resíduos;
- sustentabilidade espacial, atende a uma configuração mais equilibrada da questão rural-
urbana e uma melhor distribuição do território;
- sustentabilidade cultural, a fim de se buscar concepções endógenas de desenvolvimento que
respeitem as particularidades de cada ecossistema, cultura e local.
Na época pré-industrial, a teoria econômica se baseava unicamente no uso de recursos
renováveis baseada praticamente em formas de produção como agricultura, silvicultura ou
pesca. Certamente, os resíduos que uma economia desse tipo produz serão renovados através
dos fluxos circulares da ecologia e convertido em novos recursos produzidos. A partir da
Segunda Guerra Mundial, teve início uma enorme e ruinosa intensificação do uso dos recursos
não-renováveis e a destruição de suas capacidades de regeneração.
Além disso, a produção crescente e intensificada passou a ser baseada na utilização de
recursos não renováveis, tais como óleo ou gás, urânio e outros, os quais quando usados para
objetivos produtivos, inevitavelmente se exaurem. Claramente, os resíduos e emissões
resultantes do uso de recursos não-renováveis o são regenerados e acumulam-se causando
destruição ambiental (BINSWANGER, 2001).
Na economia moderna, estamos sob o risco não somente de ameaçar o sistema de sustentação
da vida da geração presente, como também das gerações futuras.
Dentro dessa visão, segundo Reis (2005), a economia moderna deve ser baseada no uso
racional dos recursos renováveis, na reciclagem de materiais, na distribuição justa dos
recursos naturais e no respeito a todas as formas de vida, o que oferece uma boa solução para
o equilíbrio dinâmico e harmônico entre o homem e a natureza. Este é o novo paradigma, no
qual deverão ser estabelecidas estratégias e políticas energéticas para o desenvolvimento
sustentável.
Binswanger (2001) nos oferece algumas diretrizes para uma economia sustentável:
26
- o gerenciamento dos recursos renováveis, a fim de evitar seu uso destrutivo e salvaguardar
suas capacidades de regeneração. Somada a isso, a gestão dos recursos não-renováveis;
- prevenção da poluição, a redução do lixo e emissões. Além disso, tomar medidas a fim de
garantir os habitantes e a proteção da biodiversidade;
Para se tentar fazer a idéia de sustentabilidade operacional, devemos tentar encontrar um
conceito que ajude a definir uma combinação razoável entre o uso de recursos renováveis e
não renováveis. A sustentabilidade dos recursos naturais depende de como eles são explorados
que, por sua vez depende das condições econômicas, sociais e políticas. Ou seja, depende do
tipo de desenvolvimento praticado (BARBIERI, 2005).
O relatório Nosso Futuro Comum ou Brundthand (que é o relatório da Comissão Mundial para
o Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável publicado e 1987), como relata Barbieri
(2005), coloca quatro questões importantes para o entendimento da sustentabilidade. Primeiro,
os desgastes do meio ambiente estão interligados. Segundo, os desgastes ambientais e os
padrões de desenvolvimento econômico se interligam. Terceiro, os problemas econômicos e
ambientais estão ligados a vários fatores sociais e econômicos. E quarto, os ecossistemas
transpassam as fronteiras locais, regionais e nacionais. Por isso, não se pode ter um único
esquema para o desenvolvimento sustentável, já que os sistemas econômicos e sociais diferem
de uma região para outra.
Para Reis (2005), busca-se algumas décadas um modelo de desenvolvimento sustentável e
sua conseqüente implantação, alicerçado na visão crítica da organização da sociedade humana
e impulsionado por inúmeros problemas sociais e ambientais. É importante ressaltar o papel
importante da adoção de soluções locais para a questão da sustentabilidade, das ações
emanadas da sociedade civil organizada, baseadas na cidadania, na ética e na responsabilidade
do indivíduo social. Dessa forma, é importante o papel da educação em seu sentido mais
amplo.
No que se refere à economia da Caatinga, a vida das pessoas e a produção agropecuária são
altamente dependentes dos recursos vegetais da região. A vegetação da Caatinga é ainda uma
das principais fontes energéticas da região. A lenta regeneração das áreas desmatadas aliadas a
um esforço de exploração superior ao limite de sustentabilidade, ocasionam o
27
desaparecimento de espécies, sendo assim indispensáveis a adoção de técnicas de manejo
florestal e de sistemas agroflorestais para que isso não ocorra (DRUMOMD, 2000).
Um exemplo da falta de planejamento da agricultura no semi-árido é o desmatamento para o
cultivo do algodoeiro por ser uma lavoura que desprotege o solo. Suas raízes não possuem
rede de raízes secundarias suficientemente espessa, e as folhas caídas são poucas para
oferecerem cobertura ao solo. O algodoeiro é também uma planta exigente quanto a nutrientes
minerais. Foram áreas cultivadas ininterruptamente com o algodoeiro o que ocasionou o
surgimento de núcleos de desertificação (VASCONCELOS, 1982).
A Carta da Terra, que é a declaração dos princípios fundamentais para a construção de uma
sociedade global do c. XXI, propõe em seu princípio 1 que os seres humanos constituem o
centro das preocupações do desenvolvimento sustentável e que todos têm direito a uma vida
saudável e produtiva em harmonia com a natureza (SATO, 2003). O que não parece está
acontecendo com a sociedade mundial e muito menos com as comunidades onde o bioma
Caatinga está situado.
Estima-se que mais de 25 milhões de habitantes dessa região possuem condições inadequadas
de vida e acabam utilizando os recursos naturais de forma equivocada. Certamente a
porcentagem de alteração da vegetação original da Caatinga alterada pelas atividades humanas
é superior aos 28% estimados pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Geográfica (IBGE, 1993).
A densidade demográfica total dos municípios da área da Caatinga é de modo geral bastante
baixa. Na ausência de atividades rentáveis na região migram os mais aptos, permanecendo na
região os velhos e crianças dependentes em sua maioria de aposentadorias e pensões do
governo. A taxa de analfabetismo e mortalidade infantil é muito elevada (SAMPAIO et al.,
2004).
Em seu princípio 22, a Carta da Terra valoriza os conhecimentos e práticas das comunidades
locais, pois segundo este documento, estas comunidades desempenham papal crucial para o
desenvolvimento sustentável (SATO, 2003).
Sato (2003), também pontua o papel fundamental da adoção de soluções locais para a questão
da sustentabilidade. Soluções estas que, integradas por soluções regionais e globais, e
condicionadas pela forte interdependência dos diversos atores da teia da vida.
28
Frente ao exposto, podemos supor que os habitantes das comunidades onde o bioma Caatinga
está situado precisam ser mais valorizados, necessitam de mais apoio e atenção para que
tenham melhores condições de vida e que possam utilizar os recursos naturais da melhor
forma possível.
2.4 Educação Ambiental
Antes de refletirmos sobre a Educação Ambiental na formação dos professores e no currículo
das Universidades e escolas é necessário tentar conceituá-la. Existem diferentes formas de
conceituar a Educação Ambiental e esta muda de acordo com a formação profissional de
quem a formula. Exemplo: um biólogo ou ecólogo enfatiza o ambiente biológico; o sociólogo
o ambiente humano e o geógrafo o ambiente físico. Portanto não é fácil uma definição que
atenda a tantas diversidades (LEONARDI, 2001).
A Educação Ambiental atualmente tem sido bastante discutida em vários e diferentes
contextos. Do ponto de vista formal, é um tema relativamente novo, não como política
pública, mas também como preocupação de educadores, estudantes e profissionais de diversas
áreas. Porém a educação para o meio ambiente remonta da década de 60 (LEONARDI, 2001).
Na década de 80 ficou decidido pelo Conselho Federal de Educação Ambiental que esta não
deveria entrar no currículo escolar como disciplina (REIGOTA, 2001). Sendo assim o ensino
e aplicação da educação ambiental vão se valer dos conceitos e procedimentos de diversas
disciplinas.
Na década de 90 é instituída a lei 9.795, cujo artigo 10 do capítulo II, cita que a Educação
Ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no ensino formal. Entende-se
que o ensino formal abrange as instituições de ensino públicas e privadas, englobando: a
educação básica, a superior, a especial, a profissional e a de jovens e adultos. Ainda nessa
década, o MEC lança os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que coloca o Meio
Ambiente como tema transversal, tendo como pressuposto a adoção da interdisciplinaridade.
Também Guimarães (2004) pontua que a Educação Ambiental deve ter uma abordagem
interdisciplinar e que essa parecer ser uma proposta consensual entre os teóricos da Educação
29
Ambiental e até mesmo institucionalmente emplacada pelas políticas públicas, como, por
exemplo, na proposta da transversalidade do tema meio ambiente. Porém é muito comum
alguns professores nas escolas se identificares com a idéia da criação da disciplina de
Educação Ambiental e de sua incorporação ao currículo escolar.
Os currículos da educação formal em nosso país recebem como herança, a cultura de um
estudo fragmentado e especializado dos elementos do meio ambiente. A Educação Ambiental
para atingir seus objetivos precisa de uma profunda reflexão na concepção e na estruturação
dos conteúdos escolares. Outro problema é a falta de reflexão/teorização dos professores em
geral acerca da Educação Ambiental. Esse problema pode ser remetido à falta dessa discussão
quando de sua formação acadêmica e também pela ausência de oportunidade de participar
dessas discussões em fóruns na sociedade (GUIMARÃES, 2004).
Essa visão fragmentada potencializa o desenvolvimento de ações isoladas,
descontextualizadas da realidade socioambiental em que a escola está inserida. Essa prática é
muito comum de ser encontrada em nossas escolas. Diante dessa realidade, é necessário
refletir se essa prática se por falta de formação dos professores para a Educação Ambiental
ou por falta de fóruns de discussões sobre Educação Ambiental na sociedade, que possibilitem
uma formação continuada a esses educadores (GUIMARÃES, 2004).
Segundo Reigota (2001), a educação ambiental é uma educação política, fundamentada numa
filosofia política, da ciência e da educação antitotalitária e até mesmo utópica, no sentido de
exigir e chegar aos princípios básicos de justiça social.
Leonardi (2001) também acrescenta que a educação ambiental tem sido vinculada
constantemente à formação da cidadania e à reformulação de valores éticos e morais,
individuais e coletivos, necessários para uma vida melhor. O conceito de natureza passou a
incluir os seres humanos que são seres sociais e históricos, e o conceito de homem passou a
incluir a natureza biofísica. Outros componentes importantes que referenciam o trabalho de
educação ambiental são: o desenvolvimento sustentável, o respeito à diferença, a discussão
disciplinar, a interdisciplinaridade, entre outros.
Porém, mesmo com a conscientização de um certo número de pessoas acerca da importância
da preservação do meio ambiente, conscientização essa que se deve em parte ao trabalho de
30
alguns professores, não tem sido suficiente para reverter o processo de crescente degradação
ambiental. O melhor resultado que a Educação Ambiental conseguiu até hoje é a difusão de
informações sobre a importância da preservação da natureza. Isso é reflexo do Ensino
tradicional e conservador de nosso sistema de Ensino. Mas essas informações se revelam
insuficientes para o enfrentamento dos problemas ambientais (GUIMARÃES, 2004).
31
3. METODOLOGIA
Nesse capítulo apresentaremos o caminho metodológico no qual esta pesquisa foi
desenvolvida.
3.1 Caracterização da pesquisa
O presente estudo foi realizado na UFRPE, localizada no bairro de Dois Irmãos, em Recife,
Pernambuco. Privilegiou a abordagem qualitativa que se fundamenta em que uma relação
dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto,
um nculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito (CHIAZZOTTI,
1991).
Dentro da abordagem qualitativa podemos também chamar esta pesquisa de descritiva, cujo
termo reflete o objetivo de descrever um ambiente natural, de modo que se possa obter uma
melhor compreensão de uma pessoa ou grupo social (GILBERT E POPE, 1984).
A abordagem qualitativa parece encontrar melhor desenvolvimento, nas Ciências Sociais,
especificamente no campo educacional. Com a valorização das pesquisas qualitativas na
sociedade americana (nos anos setenta), a Teoria das Representações sociais, iniciada como a
pesquisa de Moscovici, no final dos anos cinqüenta, começou a tomar corpo e a ganhar
adeptos na Psicologia Social Francesa (SÀ. 2000).
Apesar das controvérsias e dos obstáculos, a Teoria das Representações Sociais penetrou no
Brasil com uma característica peculiar de ter sido apropriada por diversas áreas do
conhecimento, como a Saúde, a Educação, a Sociologia e a própria Psicologia Social (SÁ,
2000).
Na área da educação essa teoria fundamenta várias pesquisas na física e matemática, por
exemplo. A Teoria das Representações Sociais também tem sido relacionada a temas
referentes à educação ambiental como os estudos de Reigota (2001) e Ribeiro (2005). Em
nosso caso, relacionamos a Teoria das Representações Sociais especificamente ao estudo da
Caatinga.
32
3.2 Sujeitos da pesquisa
O presente estudo selecionou uma turma do último período do curso de Licenciatura em
Ciências Biológicas da (UFRPE), num total de 20 licenciandos. Essa escolha se deveu ao fato
de que eles já passaram por toda formação básica do curso de licenciatura, na qual através das
disciplinas cursadas, podem ter tido oportunidade de estudar temas referentes à Caatinga.
Além disso, é um momento interessante para refletir sobre os aspectos desse bioma tão
importante, pois esses licenciandos estão próximos de exercer a profissão de professor.
Também foram selecionados oito professores do curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas, da referida universidade, que ministram as disciplinas em que podem ser
contemplados temas referentes ao bioma Caatinga, sua conservação e uso sustentável de seus
recursos naturais, que são objetivos desta pesquisa. Por esse motivo, também analisamos os
programas curriculares das disciplinas (Botânica Econômica, Morfologia de Fanerógamos,
Sistemática de Fanerógamos, Sistemática de Criptógamos, Fisiologia Vegetal, Ecologia Geral,
Educação Ambiental, Geologia Geral, Entomologia, Zoologia III e Conservação dos recursos
naturais) com o objetivo de identificarmos se em suas ementas, conteúdos e bibliografias estão
citados assuntos referentes à Caatinga.
Analisamos também os curriculos de algumas disciplinas relacionadas ao curso de
Bacharelado em Ciências Biológicas da UFRPE, com o objetivo de identificarmos se esses
programas contemplam temas sobre a Caatinga, pois existem disciplinas que não são comuns
aos dois cursos e professores, sujeitos desta pesquisa, que lecionam em ambos os cursos. As
disciplinas comuns aos cursos de Licenciatura e Bacharelado com o mesmo programa
curricular anteriormente analisadas são: Sistemática de Criptógamas, Morfologia de
Fanerógamas, Sistemática de Fanerógamas, Ecologia Geral, Botânica Econômica,
Conservação dos Recursos Naturais e Fisiologia Vegetal. As disciplinas que não são comuns
aos dois cursos que também analisamos foram (Biogeografia, Bioclimatologia e Edafologia,
Zoologia C e D, Entomologia I e II).
3.3 Instrumentos da pesquisa
Como instrumento para a coleta de dados foi utilizado um questionário com 7 questões abertas
para o grupo de 20 licenciandos (Questionário 1). Primeiramente esses estudantes
responderam algumas questões de identificação pessoal. A 1ª questão é a de evocação e
33
delineia suas representações sociais que é um dos objetivos desta pesquisa. A refere-se às
definições da Caatinga e a 3ª, 4ª, e questões à educação ambiental com relação à Caatinga.
As perguntas: 6ª e 7ª delineiam respectivamente importância econômica e o uso sustentável da
Caatinga.
Ao grupo dos 8 professores também foi aplicado um questionário com 8 questões abertas
(Questionário 2), com o objetivo de comparar suas respostas com as dos licenciandos. Esses
também primeiramente responderam algumas questões de identificação pessoal. Da mesma
forma que o Questionário 1, os professores responderam a questão, idênticas a dos
licenciandos, que delineia suas representações sociais e a 2ª as suas definições sobre a
Caatinga. A 3ª, e perguntas referem-se à educação ambienta com relação à Caatinga e a
e referem-se à conservação e ao uso sustentável da Caatinga que são objetivos deste
trabalho.
O questionário pode ser definido como uma técnica para obtenção de dados que o pesquisador
deseja registrar. Geralmente, os questionários têm como principal objetivo descrever as
características de uma pessoa ou grupo social (OLIVEIRA, 2007).
Utilizamos também como instrumento de pesquisa, os programas curriculares do curso de
licenciatura com suas respectivas bibliografias, propostas e conteúdos, a fim de mantermos
relações entre os questionários dos professores e licenciandos e os referidos programas. No
curso de bacharelado utilizamos como instrumento apenas os programas curriculares com suas
respectivas bibliografias, propostas e conteúdos, caracterizando uma pesquisa documental.
A Teoria das Representações Sociais não possui uma metodologia específica para a coleta de
dados. Portanto, nesta pesquisa, a identificação das representações sociais dos licenciandos e
professores sobre a Caatinga, utilizou a técnica da evocação. Essa técnica consiste em
apresentar uma palavra indutora aos indivíduos e solicitar que produzam todas as palavras,
expressões ou adjetivos que lhe vêm à mente (BARCELLOS, 2004). No nosso caso, foi
solicitado aos licenciandos e professores através dos Questionários 1 e 2 respectivamente, que
respondessem a seguinte indagação: “Quando falo (Caatinga) o que lhe vem em mente?
Relacione, rapidamente, 5 palavras ou fases, com o objetivo de definir a organização da
estrutura da representação e do conteúdo.
34
3.4 Coleta de dados
Quanto ao procedimento de coleta dos dados primeiramente, no mês de dezembro, do ano de
2007, o Questionário 1 foi respondido de forma individual pelo grupo de 20 licenciandos, na
sala de aula da referida universidade, em horário previamente agendado com o professor da
disciplina Educação Ambiental. Na ocasião, o pesquisador entregou o questionário aos
licenciandos que o responderam em cerca de 20 minutos, explicando apenas que se tratava de
uma pesquisa para o curso de mestrado da universidade.
O grupo de 8 professores respondeu o Questionário 2 de forma individual no período entre
dezembro de 2007 e maio de 2008. Nesses momentos, o pesquisador entregou o questionário
que foi recolhido posteriormente, em horário marcado. Para cada docente separadamente
apenas foi explicado pelo pesquisador que se tratava de uma pesquisa sua para o mestrado da
universidade com alguns professores do curso de Licenciatura em Biologia.
Os programas curriculares dos cursos de Licenciatura e Bacharelado foram coletados na
coordenação desses cursos. Tivemos como objetivo comparar os dois programas curriculares,
a fim de sabermos se esses programas contêm temas referentes ao bioma Caatinga. Apesar de
não ser o foco do nosso estudo, consideramos relevante analisar também o programa
curricular do curso de Bacharelado, pois supomos que nesse curso os aspectos da Caatinga
sejam mais discutidos do que no curso de licenciatura, que pode estar mais voltado aos
aspectos da docência.
35
4. ANÁLISE DOS DADOS
Os dados obtidos nos questionários 1 e 2 foram analisados separadamente, de duas maneiras: a
1ª questão dos dois questionários, que são idênticas, foram analisadas através dos dados
emitidos pelo programa EVOC (2000), que ênfase aos aspectos quantitativos. As respostas
desta questão foram relacionadas com os autores descritos na fundamentação teórica e foram
comparadas com os objetivos desta pesquisa. Posteriormente essas respostas foram
comparadas nos dois questionários, a fim de analisarmos semelhanças e diferenças entre as
representações dos professores e licenciandos.
Nos questionários 1 e 2, as questões 3 e 4 tiveram como objetivo apenas identificar se os
licenciandos e professores participaram ou realizaram respectivamente alguma atividade
referente à Caatinga ou se já estiveram em alguma região onde esse bioma está situado.
No questionário 1, a questão 2 teve como objetivo analisar a definição dos licenciandos sobre
a Caatinga. As questões 3 e 7 tiveram como finalidade analisar as representações dos
licenciandos sobre o desenvolvimento sustentável do bioma Caatinga e a questão 6 teve como
objetivo analisar suas representações sobre a educação ambiental com relação à Caatinga.
No questionário 2, a questão 2 teve como objetivo analisar a definição dos professores sobre o
bioma Caatinga. A questão 5, 6 7 e 8 tiveram como finalidade analisar as representações dos
professores sobre a educação ambiental com relação à Caatinga e ao seu desenvolvimento
sustentável.
As respostas dos dois questionários foram analisadas, relacionando-as, separadamente, com os
autores descritos na fundamentação teórica e foram comparadas com os objetivos desta
pesquisa. Categorizamos, então, as respostas dessas questões separadamente, levando em
consideração os aspectos qualitativos. Posteriormente, comparamos essas respostas entre os
dois questionários, a fim de analisarmos semelhanças e diferenças entre as representações dos
professores e licenciandos.
O EVOC (2000) é um programa de informática usado como instrumento de análise, elaborado
por Pierre Vergues e outros colaboradores, disponível gratuitamente pelo grupo de
representações sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), através do
36
site: www.pucsp.br/pos/ped/rsee/, que possui vários sub-programas que permitem a emissão
de dados estatísticos para uma posterior análise de evocações através da verificação das
freqüências das palavras evocadas. O principal motivo da escolha do programa EVOC, para
nossa pesquisa, deve-se ao fato deste já ser bastante utilizado na PUC-SP como instrumento
de análise das representações sociais.
No nosso caso, aplicamos separadamente o programa EVOC (2000) duas vezes, uma com o
grupo dos professores e outra com o grupo dos licenciandos. Para tanto, os dados coletados
pelos dois grupos foram codificados separadamente em uma planilha eletrônica, mediante o
uso do programa EXCEL contendo as palavras evocadas pelos professores e licenciandos.
Para cada conjunto de respostas dos dois grupos separadamente, o EVOC forneceu uma lista
de palavras com a sua respectiva freqüência.
4.1 Categorias de análise
Neste estudo, as categorias de análise das representações sociais sobre a Caatinga referentes a
questão dos Questionários 1 e 2 foram adaptadas das representações ambientais de uma
maneira geral, por não haver uma bibliografia específica voltada para o bioma Caatinga. Para
tanto as categorias de análise foram fundamentadas nas concepções de Sauvé et al. (2000),
apud Sato (2003) que classifica as representações sociais ambientais em sete categorias :
-como natureza ou naturalista: nessa categoria são considerados apenas os aspectos do meio
ambiente físico e biológico, não havendo a inclusão do homem neste contexto. É dada ênfase
aos elementos bucólicos, tais como plantas e animais.
-como recurso: é dada ênfase aos recursos naturais, como a água, a energia, a biodiversidade,
e outros exemplos de potencial econômico, tendo o homem como gestor destes recursos.
-como problema: são considerados os efeitos negativos causados pelo ser humano ao
ambiente, tais como as queimadas, buracos na camada de ozônio, desflorestamento. São
maneiras de chamar atenção para a resolução dos problemas ambientais.
37
-como sistema: é dada ênfase aos mapas, fotografias, etc., no qual o homem percebendo o
sistema fragmentado, acredita que o pensamento sistêmico poderá auxiliar na manutenção do
nosso planeta, principalmente através de tecnologias limpas, simulações e outros recursos de
informática.
-como meio de vida: as pessoas dessa categoria têm a concepção de que o homem percebe a
natureza como lugar que o cerca, no qual ele vive e onde pode usufruir de seus recursos.
-como biosfera: as pessoas dessa categoria herdaram suas concepções da Teoria Gaia. Essa
tese foi defendida e sustenta ser a Terra um ser vivo, e que a biosfera é capaz de gerar, manter
e regular as próprias condições de meio-ambiente. As pessoas dessa categoria chamam
atenção pela valorização da própria Terra.
-como projeto de vida: são aquelas que trazem a interdependência da sociedade com a
dimensão ambiental. É enfatizada a ética humana para o cuidado com a natureza, envolvendo
a participação como estratégia de ambientalismo, de identidade ecológica e dos compromissos
com o diálogo entre a cultura e a natureza.
É importante ressaltar que essa categorização o está concluída e que um pensamento pode
estar conectado com outro. São concepções sobre o mundo que podem ajudar a rever nossas
representações.
Para a identificação das palavras chaves que permeiam cada representação, os problemas
identificados, os objetivos da Educação ambiental e exemplos de estratégias para a Educação
Ambiental, foi utilizada a tabela de Sauvé et al. (2000, apud SATO, 2003, p.12), conforme o
quadro 1.
38
Quadro 1: Representações ambientais
Representações Palavras-chave Problemas
identificados
Objetivos da EA Exemplos de
estratégias
Natureza que
devemos apreciar e
respeitar
Preservação,
árvores, animais,
natureza
Ser humano
dissociado da
natureza (mero
observador)
Renovação dos laços com a
natureza, tornando-nos parte
dela e desenvolvendo a
sensibilidade para o
pertencimento
Imersão na
natureza,”aclimat
ação”, processos
de “admiração”
pelo meio
natural.
Recursos que
devemos gestionar
Água, resíduos
sólidos, energia,
biodiversidade
Ser humano
usando os
recursos naturais
de forma
irracional
Manejo e gestão ambiental
para um futuro sustentável
Campanhas,
economia de
energia,
reciclagem de
lixo e interface
com a agenda 21
Problemas que
devemos solucionar
Contaminação,
queimadas,
destruição, danos
ambientais
Ser humano tem
efeito negativo
no ambiente e a
vida está
ameaçada
Desenvolver competências e
ações para a resolução dos
problemas por meio de
comportamentos
responsáveis
Resolução de
problemas,
estudo de caso
Sistema que
devemos
compreender para as
tomadas de decisão
Ecossistema
desequilíbrio
ecológico,
relações
ecológicas
Ser humano
percebe o
sistema
fragmentado,
negligenciando
uma visão
global
Desenvolver pensamento
sistêmico (ambiente como
um grade sistema) para as
tomadas de decisões
Análise das
situações,
modelagem,
exercícios para
validação dos
conhecimentos e
busca de
decisões
Meio de vida que
devemos conhecer e
organizar
Tudo que nos
rodeia, “oikos”,
lugar de trabalho
e estudos, vida
quotidiana
Seres humanos
são habitantes
do ambiente sem
o sentido de
pertencimento
Redescobrir os próprios
meios de vida, despertando o
sentido de pertencimento
Itinerários de
interpretação,
trilhas da vida e
estudos sobre o
entorno
Biosfera que
vivemos juntos em
longo prazo
Planeta Terra
ambiente global,
cidadania
planetária, visão
espacial
Ser humano não
é solidário e a
cultura ocidental
não reconhece a
relação do ser
humano com a
Terra
Desenvolver uma visão
global do ambiente,
considerando as inter-
relações local e global, entre
o passado, presente e futuro
por intermédio do
pensamento cósmico
Valorização e
utilização das
narrativas e
lendas das
comunidades
autóctones,
discussões glo-
bais, enfoque da
Carta da Terra
Projeto comunitário
com
comprometimento
Responsabilidade
, projeto político,
transformações,
emancipação
Ser humano é
individualista e
faltam
compromissos
políticos com
sua própria
comunidade
Desenvolver a práxis, a
reflexão e a ação, por
intermédio do espírito crítico
e valorando o exercício da
democracia e do trabalho
coletivo
Fórum ambiental
com a
comunidade,
pesquisa-ação e
pedagogia de
projetos
39
5. RESULTADOS E DISCUSSÔES
Neste capítulo, a análise dos dados foi dividida em três partes: na primeira consideramos os
dados dos licenciandos, na segunda os dados dos professores e na terceira os programas
curriculares de algumas disciplinas dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Ciências
Biológicas.
5.1 Análise das respostas dos licenciandos em Ciências Biológicas da UFRPE, sobre o
bioma Caatinga.
Nesta seção, analisaremos as respostas dos licenciandos ao questionário 1 (ver apêndice 1),
traçando um paralelo com os programas curriculares do curso de Licenciatura e Bacharelado
em Ciências Biológicas, com o objetivo de compreender melhor suas concepções a respeito do
bioma Caatinga.
5.1.1As evocações dos licenciandos
Neste ponto, analisaremos a primeira questão do questionário (ver apêndice1) que identifica as
evocações ou as representações dos licenciandos pesquisados.
O software EVOC compôs vários arquivos de dados, para que a análise das representações dos
licenciandos pudesse ser realizada.
Cabe enfatizar que 20 licenciandos de uma mesma turma responderam o questionário,
ficando, de acordo com o programa EVOC (2000), um total de 71 palavras evocadas, ao invés
de 100, como esperado (20 licenciandos X 5 palavras cada um), pois alguns responderam com
menos do que cinco palavras e outros com mais.
Dentre as 71 palavras evocadas, 28 aparecem uma vez, 9 aparecem duas vezes, 2 aparecem
três vezes, 2 aparecem quatro vezes, 2 aparecem cinco vezes, e 1 aparece nove vezes.
As palavras evocadas são apresentadas na Tabela 2, a seguir, em ordem alfabética e ordem de
evocação.
40
Tabela 1:
Freqüência das palavras evocadas pelos 20 licenciandos da UFRPE.
Ordem das palavras evocadas Total Palavras evocadas
5º
Agreste 1 1
Altas temperaturas 1 1
Arbusto 1 1 2
Área seca 1 1
Arvores caducifólias 1 1
Biodiversidade 1 1
Bioma 1 1 2
Bioma único 1 1 2
Cactos 1 1 2
Calor 1 2 1 4
Cerca viva 1 1
Chuva escassa 1 1
Clima seco 1 1
Descaso 1 1
Desvalorização 1 1
Diversidade 3 3
Ervas medicinais 1 1
Escassez 1 1 2
Extinção 1 1
Falta de pesquisa 2 2
Local árido 1 1
Macambira 2 2
Mandacaru 1 1
Mata de madeira retorcida 1 1
Miséria 1 1
Nordeste 3 1 1 5
Palma 2 2
Plantas resistentes 1 1 2
Pobreza 1 1
Pouca água 1 1
Pouca diversidade 1 1
Seca 4 3 1 1 9
Semi-árido 1 1 1 3
Sertão 2 1 2 5
Solo árido 1 1
Solo cristalino 1 1
Solo seco 1 1 1
Único 1 1
Vegetação 2 2 4
Vegetação de pequeno porte 1 1
Vegetação rasteira 1 1
Vegetação seca 1 1
Xerófita 1 1
Xique-xique 1 1
As seis palavras mais centrais das representações dos licenciandos, que foram identificadas
pelo programa EVOC, a partir do critério mínimo de quatro evocações, estão listadas na
Tabela 3.
41
Tabela 2
Representações dos licenciandos X freqüência
Palavras Freqüência
Seca 9
Nordeste 5
Sertão 5
Calor 4
Vegetação 4
Podemos constatar que a palavra “seca”, mais evocada pelos licenciandos, reflete a
característica mais marcante da Caatinga, que se refere ao clima desse bioma, (PRADO,
2003). Porém, esperávamos que outros aspectos da Caatinga, como a biodiversidade, a
conservação e os problemas sociais dos habitantes desse bioma também fossem reconhecidos,
o que possibilitaria um enfoque mais amplo da questão ambiental.
Observamos que a palavra “seca” aparece 4 vezes como a primeira mais evocada e 3 vezes
como a segunda mais evocada, demonstrando realmente que é a representação mais marcante
que os licenciandos têm da Caatinga (Tabela 2).
Notamos também uma preocupação dos licenciandos com a área geográfica em que o bioma
Caatinga está situado, uma vez que a palavra “nordeste” está entre as mais citadas e também
aparece três vezes como a primeira mais evocada. Cabe salientar que na região nordeste
brasileira existem outros biomas além da Caatinga.
A dimensão geográfica do bioma Caatinga ainda não é um consenso entre os pesquisadores.
Nesta pesquisa optamos por fundamentar essa questão em Drumond et al. (2004), para quem o
bioma Caatinga mede aproximadamente 800.000 Km², ocupando também a região norte de
Minas Gerais (que se localiza na região sudeste).
A partir da tabela descrita por Sato (2003), podemos verificar que os termos “seca”,
“nordeste” e “sertão” podem estar ligados a uma representação voltada para a Biosfera que
vivemos juntos em longo prazo”. Nessa categoria, ainda segundo Sato (2003), o ser humano é
considerado não solidário e não reconhece sua relação com a Terra. Dessa forma, o referido
grupo de licenciandos parece necessitar desenvolver a concepção de pertencimento à natureza,
interdependência entre todos os seres vivos existentes e considerar as inter-relações entre as
42
realidades locais e globais para que possam desenvolver uma Educação Ambiental capaz de
promover a conservação da biosfera.
Ainda de acordo com a Tabela 1 (p.34), verificamos que os exemplos de estratégias para a
Educação Ambiental propostas ao grupo dessa categoria valorizam os conhecimentos das
comunidades autóctones, ou seja, das comunidades locais de cada região. A Carta da Terra,
em seu princípio 22, também valoriza as comunidades locais que, segundo esse documento,
desempenham papel importante para o desenvolvimento sustentável, devido aos seus
conhecimentos e suas práticas (SATO, 2003).
Nesse sentido, os licenciandos parecem não reconhecer a população da Caatinga, visto que as
palavras evocadas que poderiam ter essa conotação como “miséria” e pobreza” aparecem
apenas uma vez. Isso demonstra que o foco das representações dos licenciandos não está nas
pessoas que fazem parte desse meio ambiente. De acordo com o que foi discutido na
fundamentação teórica (IBGE,1993), boa parte dos habitantes da Caatinga possuem condições
inadequadas de vida, necessitando de mais apoio e atenção para que possam usar de forma
mais correta seus recursos naturais.
Cabe enfatizar que a utilização do termo “sertão”, por parte dos estudantes, refere-se à visão
do bioma Caatinga baseada apenas nas características do clima. Esse termo pode ser
fundamentado em Prado (2003), segundo o qual “sertão” é o nome dado à região mais seca da
Caatinga. Também Cortez-Almeida et al. (2007) consideram o Sertão como uma das regiões
que forma o bioma Caatinga.
Outra palavra que se refere ao clima é “calor”, que também foi uma das mais evocadas (citada
4 vezes). De acordo com Prado (2003), a temperatura média anual da Caatinga varia de 22 a
32 graus, sendo uma das regiões mais quentes do planeta. Porém, essa condição climática não
impede que esse bioma seja rico em recursos naturais, como podemos constatar na leitura dos
autores descritos na fundamentação teórica.
A palavra “vegetação” pode ser agrupada com outras 11 palavras que foram menos citadas,
como plantas resistentes, macambira, palma, mata de madeira retorcida, cactos, mandacaru,
que refletem uma característica marcante da Caatinga, que parece ser o senso comum e a mais
43
destacada pela mídia, porém não indicam a possibilidade do desenvolvimento sustentável para
essa região.
Nesse grupo, “ervas medicinais” é a única palavra que pode sinalizar essa possibilidade, mas
foi citada uma vez, demonstrando que talvez os licenciandos tenham pouco conhecimento
sobre a importância econômica dos recursos naturais da Caatinga. Sua flora tem um grande
potencial forrageiro, medicinal, frutífero e madeireiro, porém infelizmente é usada de forma
meramente extrativistas, o que impossibilita sua sustentabilidade (DRUMOMD et al., 2000).
Outro ponto a ser destacado são as palavras sobre a Caatinga que se referem ao clima, como
altas temperaturas, área seca, calor, clima seco, chuva escassa, local árido, que dão a idéia de
uma visão reducionista de quem não conhece a potencialidade desse ambiente.
As palavras que se referem às características do solo, como solo seco, solo árido, escassez,
pouca diversidade, parecem ter conotação negativa. Em contra partida, as palavras que
indicam desenvolvimento e sustentabilidade, como diversidade, bioma único, biodiversidade,
foram citadas poucas vezes pelos licenciandos.
Leonardi (2001) pontua que a Educação Ambiental deve enfatizar que o conceito de natureza
deve incluir os seres humanos e o conceito de homem passou a incluir a natureza. Através da
análise das palavras mais evocadas dos licenciandos acima referidos, isso não parece estar
acontecendo, pois a dicotomia entre homem e natureza é evidente em grande parte das
palavras evocadas, como, por exemplo, seca, sertão e nordeste.
5.1.2 As definições dos licenciandos
A seguir, analisaremos as definições sobre o bioma Caatinga apresentadas pelos licenciandos
pesquisados, em ordem decrescente do número de respostas, a fim compreendermos melhor as
concepções sobre esse bioma. Essas definições estão citadas na segunda questão do
questionário (ver apêndice 1).
44
Tabela 3
Aspectos encontrados nas definições do bioma Caatinga.
Categorias
Alunos que citaram
Clima e a vegetação 14
Diversidade e a riqueza. 7
Características peculiares. 6
Região Nordeste 5
Bioma exclusivo 4
Bioma pouco estudado e valorizado. 3
Vegetação pouco diversificada. 1
Em relação à definição do bioma Caatinga, percebemos que apesar da maioria ter citado o
termo bioma, isso não reflete necessariamente uma identificação da Caatinga como sendo um
bioma, mas uma simples repetição de uma informação dada na própria pergunta do
questionário.
É importante ressaltar que apenas quatro licenciandos responderam que a Caatinga é um
bioma exclusivo do Brasil. Autores mais recentes descritos na fundamentação teórica, como
por exemplo, Tabarelli e Silva (2003), e Cortez-Almeida et al. (2007), descrevem essa
característica como sendo uma das mais importantes, pois existem muitas espécies endêmicas,
o que confere grande importância econômica a essa região.
Outra observação é que a maioria dos licenciandos apresentou em sua definição enfoques
especiais voltados para a vegetação e o clima do bioma Caatinga. Essa foi uma das
características mais evidenciadas na questão anterior, que as palavras seca, calor e
vegetação foram bastante evocadas pelos estudantes, demonstrando que para esse grupo essas
características são as mais importantes.
Cabe observar que muitos definiram a Caatinga como riqueza, diversidade e características
peculiares, o que, relacionando com a questão anterior, em que analisamos as evocações dos
licenciandos, não foi tão enfatizado.
45
Novamente a palavra “nordeste”, que foi uma das mais evocadas na questão anterior, aparece
nas definições, evidenciando que os licenciandos dão ênfase à área onde o bioma está situado.
De fato, o bioma Caatinga está em grande parte inserido no que politicamente se conhece
como nordeste.
Cabe salientar que o nordeste do Brasil também é formado por regiões litorâneas, onde
encontramos outros biomas, como por exemplo, a Mata Atlântica, e que o bioma Caatinga
também está situado no norte de Minas Gerais, que não pertence à região nordeste.
Três licenciandos definiram a Caatinga como um bioma pouco estudado e valorizado. Frente a
essas colocações, talvez a falta de estudo e valorização, que foram aspectos citados na
fundamentação teórica, contribuam para que esse grupo de estudantes tenha a visão tão
marcante apenas das características do clima e da vegetação da Caatinga. Apenas um
estudante definiu a Caatinga como vegetação pouco diversificada, o que pode ser reflexo da
falta de estudo sobre esse bioma.
5.1.3 Participação dos licenciandos em atividades referentes à Caatinga.
Nesta seção, analisaremos a terceira questão do questionário 1, a fim de sabermos da
participação ou não dos licenciandos em atividades didáticas referentes ao bioma Caatinga e
em que disciplina. Essa análise tem com o objetivo de identificarmos se os professores da
universidade pesquisada têm realizado atividades que contribuam para o melhor conhecimento
desse bioma.
Tabela 4
Participação dos licenciandos em alguma atividade referente ao bioma Caatinga e em
qual
disciplina.
Nº de
respostas
Frequên-
cia
Disciplina/
Outra.
Nº de respostas
Freqüência %
Botânica Econômica 11 ?
Projeto em outra
universidade
1 ?
12
60
8 40 ----- ----- ------
20 100 ------ ----- -----
46
Analisando esse resultado, percebemos que 12 dos 20 licenciandos participaram de atividade
referente ao bioma Caatinga, dos quais 11 na disciplina Botânica Econômica. Nenhum
estudante citou outras disciplinas do curso. Outra observação é que o percentual de
licenciandos que não realizaram qualquer atividade referente à Caatinga é bastante
significativo, que se supõe que na UFRPE existam especialistas em questões ambientais,
principalmente referentes aos biomas de nossa região.
Cabe destacar que um licenciando afirmou ter realizado atividade sobre o bioma Caatinga,
que em outra universidade.
Concordamos com autores como Reigota (2001), Sato (2003) e Guimarães (2004), que
propõem que a Educação Ambiental deve ter uma abordagem interdisciplinar, em todos os
níveis de ensino. Podemos aceitar que ela não deve ter uma abordagem reducionista,
acondicionada em algumas disciplinas, para que todos os aspectos da questão ambiental sejam
considerados e discutidos. Isso não parece ser a realidade dos estudantes pesquisados, pois dos
doze licenciandos, que citaram ter participado de alguma atividade sobre a Caatinga, onze
referiram-se apenas a disciplina de Botânica Econômica.
Nesse sentido, ainda de acordo com Guimarães (2004), a visão fragmentada da Educação
Ambiental potencializa o desenvolvimento de ações isoladas, descontextualizadas da realidade
socioambiental em que o sujeito está inserido. Diante dessa realidade, é necessário refletir se
essa prática se dá por falta de formação dos professores para a Educação Ambiental.
Analisando os conteúdos curriculares da disciplina Ecologia Geral (ver anexo 6), observamos
em seu conteúdo prático a citação de excursões didáticas a ecossistemas terrestres, de forma
bastante genérica, porém podemos considerar que se alguma excursão ao bioma Caatinga foi
realizada pelos licenciandos não foi marcante, pois eles não a citaram em suas respostas.
Analisando o programa curricular da disciplina Botânica Econômica (ver anexo 1),
verificamos em sua bibliografia a citação de uma obra referente ao Simpósio sobre a Caatinga
e sua exploração racional. Podemos supor que nessa disciplina, a bibliografia serviu de base
para que os licenciandos pudessem conhecer melhor esse bioma, que 11 dos 20 alunos
pesquisados citaram ter participado de atividades referentes à Caatinga, nessa disciplina.
47
Talvez as atividades com os licenciandos referentes à Caatinga praticamente restritas à
disciplina de Botânica Econômica sejam o motivo de suas definições enfatizarem as
características vegetais desse bioma e a palavra “vegetação” tenha sido uma das mais
evocadas.
5.1.4 Contato dos estudantes com a região de Caatinga.
Este ponto tem como objetivo analisar se os licenciandos conhecem ou não alguma região
onde o bioma Caatinga está situado e corresponde à quarta questão do questionário (ver
apêndice 1).
Tabela 5
Licenciandos que já viram ou foram em uma região onde o bioma Caatinga está situado.
Porcen-
tagem %
Nº de vezes
citada
Local Nº de vezes
citado
Caruaru PE 10
Serra Talhada PE 2
Salgueiro PE 2
Mossoró RN 1
Interior de PE 1
Sim
75
15
Brejo da Madre Deus PE 2
Não 35 5
Frente a essas respostas, observamos que apesar desses licenciandos residirem e estudarem em
um Estado em que o bioma Caatinga está situado, o percentual de estudantes que nunca viram
esse bioma é bastante significativo. Percebemos que, de acordo com a identificação de suas
representações sociais, eles não se identificam com o contexto no qual estão inseridos. Assim
sendo, os licenciandos precisam conhecer de perto o bioma Caatinga e se identificarem como
inseridos nesse ambiente para que possam realizar ações em Educação Ambiental, voltadas
para sua conservação e desenvolvimento sustentável.
Analisando a ementa da disciplina Educação Ambiental do curso de Licenciatura (ver anexo
7), podemos considerar que os processos de interação Homem/Natureza e Natureza/Sociedade
referentes ao bioma Caatinga devam ser discutidos com os licenciandos desse curso.
48
Outra observação é que dos 15 licenciandos que foram ao bioma Caatinga, 10 citaram a região
de Caruaru, o que pode indicar que as atividades realizadas na disciplina Botânica Econômica,
citadas na questão anterior, ocorreram nessa região. Se outras disciplinas também tivessem
realizado atividades em locais onde a Caatinga está situada, possivelmente o resultado
apresentado nessa tabela seria outro, com muito mais licenciandos conhecendo outras regiões
de Caatinga.
5.1.5 Benefícios do bioma Caatinga.
Esta seção tem como objetivo identificar se os licenciandos têm conhecimento das
contribuições que a Caatinga pode trazer para nossa sociedade. Essas questões serão
analisadas através das respostas à quinta pergunta do questionário 1.
Tabela 6
Benefício que a Caatinga pode trazer para a sociedade.
Categorias Porcentagem %
Fabricação de remédio 35
Alimentação 10
Questão cultural, artesanato, domestico e industrial. 10
Não especificou qual contribuição 5
Responderam outras questões menos a contribuição. 20
Não responderam 20
Total 100
Percebemos que 40% dos licenciandos não respondeu ou respondeu com outros assuntos.
Sendo assim, boa parte desses estudantes parece não conhecer os benefícios que o bioma pode
trazer para nossa sociedade, para que possam reconhecer a importância desse ambiente e
realizar ações em Educação Ambiental voltadas para o uso sustentável da Caatinga.
Porém, percebemos que 35% dos licenciandos citaram a fabricação de remédios como um dos
principais benefícios que a Catinga pode oferecer para a sociedade. De fato, muitas
evidências de que a flora da Caatinga é bastante rica em plantas medicinais. Entretanto, o
valor farmacológico dessas plantas não tem sido avaliado de forma adequada (DRUMOND et
al., 2004). Além disso, a obtenção dessas plantas ocorre de forma extrativista, sem incentivo
ao plantio adequado, à pesquisa e ao desenvolvimento de programas de divulgação e de
conscientização para o uso racional dessas plantas (ibidem, 2004).
49
No sentido de melhorar o uso sustentável das plantas medicinais da Caatinga, Tabarelli e Silva
(2003) propõem as seguintes ações: elaborar programas de incentivo às pesquisas
farmacológicas de plantas medicinais; gerar banco de dados sobre seu uso; elaborar programas
de incentivo ao plantio dessas plantas; realizar levantamentos botânicos específicos para novas
plantas com potencial medicinal e resgatar o conhecimento popular sobre o uso de plantas
medicinais.
Através da análise do programa curricular da disciplina Botânica Econômica (ver anexo 1), do
curso de licenciatura pesquisado, verificamos que o estudo de plantas medicinais, da cultura
básica e de subsistência de várias espécies vegetais encontradas na Caatinga, foram citados.
Além disso, o estudo da industrialização da madeira, dando indícios de que está pode ser a
principal fonte de informações dos licenciandos, já que muitos citaram a alimentação, a
indústria e o artesanato, como benefícios que a Caatinga pode trazer para a sociedade.
Analisando a ementa da disciplina Sistemática de Fanerógamos (anexo 3), também
verificamos a citação da identificação dos principais representantes vegetais de interesse
econômico que ocorrem no Estado de Pernambuco. Isso pode indicar que o estudo do
desenvolvimento sustentável de regiões onde a Caatinga está situada seja contemplado.
Entretanto, observando a tabela 7, muitos licenciandos não responderam essa questão,
demonstrando que talvez essa disciplina não tenha contemplado o estudo do potencial
econômico da Caatinga.
5.1.6 Temas sugeridos pelos licenciandos.
A seguir, analisaremos as respostas dos licenciandos referentes à quinta questão do
questionário 1, que tem como objetivo identificar os assuntos que esses estudantes gostariam
que o professor trabalhasse sobre o bioma Caatinga.
50
Tabela 7
Temas que os licenciandos gostariam de trabalhar sobre o bioma Caatinga.
Categorias Quantidade de vezes citadas
Biodiversidade da Caatinga 12
Importância Econômica 6
Ação do homem na Caatinga 1
Regiões que delimitam a Caatinga 1
Disposição de água 1
Características sociais do bioma. 1
Bioma exclusivo do Brasil. 1
Clima 1
Observamos que o tema “biodiversidade” é o mais citado nesta questão. Dentre os
licenciandos que citaram a biodiversidade, seus interesses são: as riquezas dessa
biodiversidade, a fauna e suas relações, a flora (tipos e plantas resistentes) e espécies
endêmicas. Nesse sentido o licenciando A5 afirmou:
Gostaria de aprender mais se a fauna da Caatinga é rica, pois quando
falamos messe assunto temos a impressão de que é um ambiente com
poucos animais. Sei que não é, mas não sei muito sobre esse assunto.
De fato, a biodiversidade da Caatinga não é suficientemente estudada. O conhecimento
científico é uma condição essencial para o estabelecimento de políticas eficazes de
conservação. O conhecimento inadequado ou a falta de conhecimento são aliados perigosos
nas mãos de planejadores interessados em converter áreas naturais em pólos de
desenvolvimento econômico, sem a conservação dos recursos naturais (TABARELLI e
SILVA, 2003).
Diante do exposto, podemos supor que através do estudo da biodiversidade da Caatinga, os
licenciandos podem ajudar a contribuir para a conservação e para o uso sustentável desse
bioma.
51
Outro tema bastante citado foi a “importância econômica’. Dentre os estudantes que citaram
esse tema, seus interesses são: os recursos que a Caatinga oferece e como utilizá-los melhor,
sua sustentabilidade, sua importância e o benefício de sua vegetação. Segundo Drumond et al.
(2004) é fundamental que um programa de uso sustentável da biodiversidade da Caatinga
incorpore ações de educação ambiental. Nesse sentido, percebemos que os licenciandos
pesquisados têm interesse nesse tema.
Cabe ressaltar que os outros temas, especialmente a ação do homem na Caatinga, as
características sociais do bioma e a exclusividade brasileira do bioma Caatinga, embora
citados poucas vezes pelos licenciandos, precisam ser estudados, pois possibilitam a
conscientização da conservação e do desenvolvimento sustentável desse bioma.
5.1.7 Ações sugeridas pelos licenciandos.
Nesta seção, procuramos analisar as ações sugeridas pelos licenciandos que poderiam ajudar
na conservação e no desenvolvimento sustentável da Caatinga. Para tanto, utilizamos as
respostas à sexta pergunta do questionário (ver apêndice 1).
Tabela 8
Ações que poderiam ajudar na melhoria da conservação e do uso sustentável do bioma
Caatinga.
Categorias Quantidade de vezes citada
Educação Ambiental 15
Preservação 4
Pesquisa 3
Irrigação 2
outras 3
A Educação Ambiental é a ação mais citada, o que mostra que os estudantes têm consciência
de que é através da informação, capacitação e conscientização da sociedade que poderemos
contribuir para a conservação e a melhoria do uso sustentável de um ambiente. Quanto a esse
assunto o aluno A3 disse que:
Acho que é através da educação ambiental podemos conhecer melhor
a Caatinga para ajudarmos na sua conservação. Esse trabalho pode ser
feito em qualquer lugar.
52
Nesse sentido de uma Educação Ambiental voltada à Caatinga, Tabarelli e Silva (2003)
propõem as seguintes ações: desenvolver e implementar programas de educação ambiental,
integrando as escolas e as associações rurais; criar banco de dados sobre experiências de
educação ambiental na Caatinga; desenvolver campanhas amplas e permanentes de
conscientização e mobilização através da mídia, sobre a importância da conservação
ambiental e o uso sustentável de recursos naturais da Caatinga.
Percebemos, porém, que os licenciandos parecem utilizar a palavra “preservação” de forma
equivocada, visto que preservar significa não usar ou permitir qualquer intervenção humana
(BRASIL, 1997). Não é essa a idéia que os licenciandos demonstraram ter na questão anterior,
quando responderam ter interesse na Educação Ambiental voltada para a importância
econômica do bioma Caatinga. O termo mais correto seria conservação, que permite o uso
sustentável do ambiente, permitindo a sobrevivência de seus habitantes.
Observamos também que os licenciandos citam as pesquisas como uma das ações que podem
ajudar a caatinga. Através da literatura apresentada na fundamentação teórica, como por
exemplo, Castelletti et al., (2003); Drumond et al.(2004); Cortez-Almeida et al. (2007);
Tabarelli e Silva (2003), constatamos que a Caatinga é o bioma menos estudado pelos
cientistas, entre as regiões naturais brasileiras, mesmo sendo a única região natural cujos
limites estão restritos ao território nacional.
5.2 Análise das respostas dos professores sobre o bioma Caatinga.
Nesta seção, analisaremos as respostas dos professores ao questionário 2 (ver apêndice 2),
traçando um paralelo com os programas curriculares dos cursos de Licenciatura e Bacharelado
em ciências biológicas, com o objetivo de compreendemos melhor suas concepções sobre o
bioma Caatinga.
53
5.2.1 Caracterização dos professores do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas.
Antes de analisarmos o questionário dos professores, faz-se necessário traçarmos o perfil de
alguns professores que lecionam no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da
universidade pesquisada, para que possamos compreender melhor a formação dos
licenciandos desse curso. Esses 8 professores foram selecionados por ministram as disciplinas
em que podem ser contemplados temas referentes ao bioma Caatinga.
P1
- Formação profissional: Bacharelado em Ciências Biológicas.
- Disciplinas que leciona nesta universidade: Fisiologia Vegetal e Morfologia de
Fanerógamos.
- Tempo de atuação como professor: 5 anos
- Tempo que leciona nesta universidade: 2 anos.
P2
- Formação profissional: Bacharelado em Ciências Biológicas.
- Disciplina que leciona nesta universidade: Entomologia.
- Tempo de atuação como professor: 29 anos.
- Tempo que leciona nesta universidade: 22 anos.
P3
- Formação profissional: Bacharelado em Ciências biológicas.
- Disciplinas que leciona nesta universidade: Parasitologia e Zoologia III.
- Tempo de atuação como professora: 2 anos.
-Tempo que leciona nesta universidade: 1mês.
P4
- Formação profissional: Bacharelado em Ciências Biológicas.
- Disciplina que leciona nesta universidade: Botânica Econômica.
- Tempo de atuação como professor: 11 anos.
- Tempo que leciona nesta universidade: 6 anos.
54
P5
-Formação profissional: Bacharelado em Ciências Biológicas.
-Disciplinas que leciona nesta universidade: Sistemática de Criptógamos e Morfologia de
Fanerógamos.
- Tempo de atuação como professor: 13 anos.
- Tempo que leciona nesta universidade: 13 anos.
P6
- Formação profissional: biólogo.
- Disciplinas que leciona nesta universidade: Educação Ambiental, Ecologia e Conservação
dos Recursos Naturais.
- Tempo de atuação como professor: 9 anos.
- Tempo que leciona nesta universidade: 4 anos.
P7
- Formação profissional: Engenharia Agronômica.
- Disciplinas que leciona nesta universidade: Geologia Geral, Geologia e Mineralogia e
Geologia Aplicada à Pedologia.
- Tempo de atuação como professor: 3 anos.
- Tempo que leciona nesta universidade: 3 anos.
P8
- Formação profissional: Bacharelado em Ciências Biológicas.
- Disciplina que leciona: Fisiologia Vegetal.
- Tempo de atuação como professor: 18 anos.
- Tempo que leciona nesta universidade: 18 anos.
Analisando as características dos professores pesquisados, percebemos que em sua maioria
são formados em Bacharelado em Ciências Biológicas ou, no caso de P7, em Engenharia
Agronômica, demonstrando que eles não têm formação em licenciatura. Podemos então supor
que eles têm mais formação técnica nas áreas específicas da biologia do que nas áreas
pedagógicas.
55
5.2.2 Evocações dos professores.
Neste ponto, analisaremos a primeira questão do questionário (ver apêndice 2) que identifica
as evocações ou as representações dos professores pesquisados. Da mesma forma da análise
das evocações dos licenciandos, foi utilizado o software EVOC (2000).
Cabe enfatizar que 8 professores responderam o questionário, ficando, de acordo com o
programa EVOC (2000), um total de 30 palavras evocadas, ao invés de 40, como esperado (8
licenciandos X 5 palavras cada um), pois alguns responderam com menos do que cinco
palavras e outros com mais.
Dentre as 30 palavras evocadas, 25 aparecem uma vez, 3 aparecem duas vezes, 1 aparece
três vezes e 1 aparece quatro vezes.
As palavras evocadas são apresentadas na Tabela 10, a seguir, em ordem alfabética e ordem
de evocação.
Tabela 9
Freqüência das palavras evocadas pelos 8 professores pesquisados
Ordem das evocadas Total Palavras evocadas
Algaroba 1 1
Aridez 1 1 1 3
Arvores de pequeno porte 1 1
Baixa umidade 1 1
Biodiversidade 1 1
Calor 1 1
Cactácea 1 1 2
Conservação 1 1
Desertificação 1 1
Desvalorização 1 1
Diversidade de uso 1 1
Ecossistema 1 1
Espécies endêmicas 1 1
Emigração 1 1
Exclusivo 1 1
Extinção 1 1
Mandacaru 1 1
Maior extensão do Nordeste 1 1
miséria 1 1
56
Nordeste 1 1
Plantas xerófitas 1 1
Região geográfica 1 1
Sazonalidade climática 1 1
Seca 2 1 1 4
Semi-árido 1 1 2
Solo pedregoso 1 1
Vegetação 1 1 2
Vegetação arbustiva 1 1
Vegetação estacional 1 1
Xique-xique 1 1
As cinco palavras mais centrais das representações dos professores, que foram identificadas
pelo programa EVOC, a partir do critério mínimo de duas evocações, estão listadas a seguir na
Tabela 11.
Tabela 10
Palavras mais evocadas X freqüência.
Palavras Freqüência
Seca 4
Aridez 3
Vegetação 2
Semi-árido 2
Cactácea 2
A palavra “seca”, que foi a mais evocada pelos licenciandos, é também a mais citada pelos
professores, mostrando que as características físicas do bioma Caatinga, principalmente
referentes ao clima, são as mais enfocadas por esses grupos. “Seca” e “aridez” podem ser
agrupadas com outras três palavras evocadas, baixa umidade, calor e sazonalidade climática,
que parecem ter conotação negativa, visto que demonstram características desfavoráveis do
bioma Caatinga, o que pode indicar que nesse bioma não é possível o desenvolvimento
sustentável.
A partir da tabela descrita por Sato (2003) (Tabela 1), podemos verificar que os termos:
“seca” e “aridez” podem estar ligados a uma representação voltada para a “Biosfera que
vivemos juntos em longo prazo”. Nessa categoria, o ser humano é considerado não solidário e
57
não reconhece sua relação com a Terra. Podemos, então, supor que da mesma forma dos
licenciandos pesquisados, o referido grupo de professores tenha necessidade de se
considerarem pertencentes à natureza, numa relação de interdependência entre todos os seres
vivos.
Ainda de acordo com a tabela descrita por Sato (2003) ver (tabela 1), observamos que os
exemplos de estratégias para a Educação Ambiental propostas ao grupo dessa categoria
valorizam os conhecimentos das comunidades locais de cada região. Nesse sentido, um dos
princípios da Carta da Terra, descrita por Sato (2003), cita a valorização dos conhecimentos e
práticas das comunidades locais, pois segundo esse documento, essas comunidades
desempenham papel crucial para o desenvolvimento sustentável e a conservação de sua
região.
Nessa perspectiva, da mesma forma que os licenciandos, os professores parecem não
reconhecer e valorizar a população da Caatinga. As únicas palavras que parecem ter essa
conotação são “emigração” e “miséria”, citadas apenas uma vez cada.
Também Sato (2003) pontua o papel fundamental da adoção de soluções locais para a questão
da sustentabilidade, que, integradas por soluções regionais e globais, podem ajudar a
minimizar muitos problemas ambientais.
“Vegetação” é uma palavra que pode ser agrupada com outras oito evocadas, como: algaroba,
árvore de pequeno porte, cactácea, mandacaru, plantas xerófitas, vegetação arbustiva,
vegetação estacional e xique-xique. Essas palavras parecem o apontar a possibilidade do
desenvolvimento sustentável do bioma Caatinga, pois expressam apenas o nome de algumas
espécies vegetais e suas características. As únicas palavras que parecem sinalizar essa
possibilidade são: biodiversidade, diversidade de uso e conservação, porém elas foram citadas
uma vez cada, e em quarta ou quinta ordem de evocação. Isso demonstra que é necessário
conhecer melhor essas características para que o bioma possa ser conservado e desenvolvido
sustentavelmente.
A palavra “semi-árido” se refere à região formada pelo agreste e sertão, como pontua Prado
(2003) e pode ser agrupada com outras palavras como: nordeste, maior extensão do Nordeste e
região geográfica, que também se referem à região em que o bioma Caatinga está situado, o
que parece ser uma preocupação tanto dos licenciandos, quanto dos professores.
58
Diante do exposto, podemos supor que é dada grande importância aos fatores físicos e
biológicos do bioma Caatinga e que, se os fatores sociais, históricos, políticos e econômicos
também fossem considerados, teríamos maior possibilidade de sua conservação e do uso
sustentável de seus recursos naturais.
5.2.3 Definições dos professores.
A seguir, analisaremos as definições do bioma Caatinga apresentadas pelos professores
pesquisados, em ordem decrescente do número de respostas, a fim de compreendermos
melhor as concepções sobre esse bioma. Essas definições foram dadas na segunda questão do
questionário 2 (ver apêndice 2).
Tabela 11
Definição de Caatinga pelos professores pesquisados.
Vegetação e o clima P2, P3, P4, P5, P6,
P7, P8
Bioma exclusivo P1, P3, P4
Diversidade e a riqueza P1 e P8
Pouco estudada e valorizada. P1 e P8
Região nordeste P6
Poucos recursos P7
Percebemos que a maioria dos professores pesquisados deu ênfase às características da
vegetação e do clima da Caatinga, como podemos constatar não nas definições
apresentadas, como também nas palavras mais evocadas por esses professores (seca, aridez e
vegetação). Talvez essas sejam mesmo as características mais marcantes desse bioma, para a
maioria das pessoas, pois é a mais discutida pela mídia. Porém, podemos considerar, através
das discussões na fundamentação teórica, que o fato de ser um bioma exclusivo do Brasil é
uma característica muito importante. Mas, apenas três professores explicitaram esse fato em
suas definições.
Nesse aspecto o professor P5 afirmou que:
A Caatinga é uma região de clima muito quente, onde quase não
chove. Tem uma vegetação característica desse tipo de clima. Possui
plantas de pequeno porte, com folhas suculentas e espinhos.
59
Fazendo um paralelo com as definições apresentadas pelos licenciandos, verificamos que, da
mesma forma, a maioria dos professores também deu ênfase às características do clima e da
vegetação do bioma Caatinga, demonstrando que talvez o professor seja a principal fonte de
informação desses licenciandos.
Outra observação é que o professor P7, que leciona a disciplina Geologia Vegetal, respondeu
que a Caatinga é uma região com poucos recursos e condições climáticas desfavoráveis. Esse
mesmo professor afirmou conhecer a cidade de Tabira, no sertão de Pernambuco, reforçando o
que discutimos na questão anterior, que nem sempre visitar a região significa conhecer suas
características, seu potencial e ter consciência do seu papel enquanto professor formador de
outros professores, em relação aos problemas ambientais desse bioma tão importante que é a
Caatinga.
Fazendo uma relação com a formação do professor P7, percebemos que ele é graduado em
Engenharia Agronômica, que talvez seja um curso que não tem muita relação com as
características e os problemas biológicos, sociais, históricos e políticos do bioma Caatinga.
Analisando alguns conteúdos curriculares da disciplina Geologia Geral (ver anexo 8), que é
ministrada pelo professor P7, é possível considerar que o estudo de algum tema referente à
Caatinga, como a origem e as características do solo e das rochas, pode ser contemplado
através de citações como “o estudo da origem e classificação das rochas; formação do solo e
atividades geológicas”. Entretanto, apesar de os conteúdos curriculares possibilitarem uma
ligação com o bioma Caatinga, nada foi citado sobre a realização de alguma atividade
referente ao mesmo.
Cabe salientarmos que os professores P1 e P8 citaram características fundamentais, como a
diversidade e a riqueza do bioma Caatinga, e que se trata de uma região pouco estudada e
valorizada. Essas observações deveriam estar presentes na consciência das pessoas,
principalmente na dos professores, formadores de opinião, para que fosse reconhecida a real
importância desse bioma. Nesse sentido o professor P8 disse que:
60
A Caatinga é uma região muito rica e com muita diversidade ao
contrário do que muitas pessoas pensam. Também é uma região pouco
estudada. Portanto não é valorizada como deveria.
5.2.4 Realização de atividades referentes à Caatinga.
Nesta seção, analisaremos a terceira questão do questionário 2, a fim de sabermos se os
professores realizaram ou não atividades didáticas referentes ao bioma Caatinga. Essa análise
tem como objetivo identificar se os professores da universidade pesquisada têm realizado
atividades que possam contribuir para o melhor conhecimento desse bioma.
Tabela 12
Atividades que os professores realizaram na UFRPE, referentes ao bioma Caatinga.
Atividades Porcentagem
%
Atividades
P1: discussão sobre ecofisiologia da Caatinga.
P2: pesquisa sobre diversidade de coleópteros em
algarobeira
P4: projetos de pesquisa e extensão
P6: aulas
P8: trabalhos de ecofisiologia de flora.
Sim
62,5
Não 37,5 P3, P5 e P7
Frente a esse resultado, percebemos que a maioria relatou ter realizado alguma atividade
referente à Caatinga. Porém, os professores P3, P5 e P7 não disseram ter realizado nenhuma
atividade. Reportando-nos à caracterização desses professores, verificamos que eles ensinam
as disciplinas Zoologia III, Sistemática de Criptógamas e Geologia Geral, respectivamente,
que são disciplinas em que, através da análise de seus programas curriculares (anexos 10, 4 e
8), encontramos aspectos que podem ser relacionados ao bioma Caatinga. Entretanto,
ressaltamos que o professor P3 tem 1 mês de docência na universidade pesquisada e que,
talvez, a partir de sua participação nesta pesquisa, o mesmo desenvolva com seus alunos
estudos referentes à Caatinga.
O professor P1 leciona as disciplinas Fisiologia Vegetal e Morfologia de Fanerógamos e relata
que realizou discussões com seus alunos sobre a ecofisiologia da Caatinga. A ecofisiologia ou
61
fisiologia vegetal é uma área da biologia que estuda a adaptação da fisiologia dos vegetais às
condições ambientais. Reportando-nos às definições da Caatinga apresentadas pelos
licenciandos, verificamos e discutimos que eles enfatizaram bastante as características
vegetais e climáticas desse bioma, porém não citaram essas atividades em suas respostas.
Analisando os programas das disciplinas Fisiologia Vegetal e Morfologia de Fanerógamos
(ver anexos 5 e 2), não encontramos especificamente nenhum tema referente ao bioma
Caatinga. Entretanto, podemos supor que, através do estudo da fisiologia dos vegetais e da
anatomia dos vegetais fanerógamos algum tema referente à Caatinga seja contemplado, o que
parece não ter ocorrido.
A resposta do professor P2, que leciona a disciplina Entomologia e realizou pesquisas sobre
insetos encontrados em algarobeira, que é uma espécie vegetal da Caatinga, parece não ter
marcado tanto os licenciandos, que eles não citaram essa atividade em suas respostas.
Parece, também, que os estudantes das disciplinas ensinadas pelos professores P6 e P8,
Educação Ambiental, Ecologia, Conservação dos Recursos Naturais e Fisiologia Vegetal, não
tiveram sua atenção voltada para nenhuma atividade relativa ao bioma Caatinga, que tenha
sido realizada nessas disciplinas.
Através da análise do conteúdo prático da disciplina Ecologia Geral (ver anexo 6),
observamos a citação de excursões didáticas a ecossistemas terrestres. Essa citação, bastante
genérica, leva-nos a supor que, se alguma excursão ao bioma Caatinga foi realizada pelos
licenciandos nessa disciplina, não foi tão marcante, pois eles não a referiram em suas
respostas (ver tabela 5).
Em contrapartida, as atividades realizadas pelo professor P4, que leciona a disciplina Botânica
Econômica, foram citadas por boa parte dos licenciandos, o que parece indicar que o trabalho
sobre o bioma Caatinga com esses estudantes ocorreu de forma isolada nessa disciplina, sem
assumir um caráter interdisciplinar, conforme recomendam autores como Reigota (2001), Sato
(2003) e Guimarães (2004).
Guimarães (2004) diz que o professor, em geral, não teve uma boa formação com relação à
Educação Ambiental, o que talvez dificulte a realização de atividades nessa área. Isso aponta
62
para a necessidade de reverter esse quadro através da inclusão de atividades práticas nos
cursos de licenciatura, que possibilitem aplicar os conhecimentos teóricos na realidade.
5.2.5 Contato dos professores com a região de Caatinga.
Esta seção tem como objetivo analisar se os professores conhecem ou não alguma região onde
o bioma Caatinga está situado. As respostas a essa pergunta estão na quarta questão do
questionário 2 (ver apêndice 2).
Tabela 13
Professores que já foram a uma região de Caatinga.
Percentual
%
P1: Caruaru e Ibimirim PE.
P2 e P6: interior de PE.
P3: Paraíba.
P4: Agreste e Sertão de PE e PB.
P5: Serra Talhada.
P7: Tabira- Sertão de PE.
Sim
100
P8: PE, Fortaleza, Natal e Paraíba.
Analisando essas respostas, observamos que todos os professores foram a alguma região onde
o bioma Caatinga está situado. Isso não significa que eles conhecem bem esse bioma, pois
podem ter ido a essas regiões realizar outras atividades e não atividades de estudo.
Os professores P3, P5 e P7, que relatam terem ido a regiões onde o bioma Caatinga está
situado, disseram não ter realizado qualquer atividade com seus alunos referente à Caatinga.
Isso demonstra que ter ido ao lugar não é suficiente para que o indivíduo seja consciente da
importância desse ambiente e de seu papel na conservação dos recursos naturais e no
desenvolvimento sustentável da sociedade.
Reportando-nos às definições do bioma Caatinga apresentadas pelos professores, destacamos
que o professor P5 enfatizou as características vegetais e do clima desse bioma, o que tem
relação com as palavras mais evocadas pelos professores. Isso parece mesmo demonstrar que
as características da vegetação e do clima da Caatinga fazem parte do senso comum.
63
5.2.6 Benefícios do bioma Caatinga.
Nesta seção iremos identificar se os professores têm conhecimento das contribuições que a
Caatinga pode trazer para nossa sociedade. Essas questões serão analisadas através das
respostas à quinta pergunta do questionário 2.
Tabela 14
Benefícios que a Caatinga pode trazer para a sociedade.
Percentua
l
%
P1: utilização de espécies voltadas para a economia da
região.
P2: a biodiversidade da mesma deve ser preservada.
P3: sua vegetação tem importância econômica.
P4: espécies de valor medicinal e alimentício.
P5: produção primária, de alimentos e biodiversidade.
P6: oferece diversos produtos para as comunidades que
vivem na área.
Sim
87,5
P8: espécies com valor medicinal, forrageiro, paisagístico,
etc...
Não 12,5 P7: não
Através dessas respostas, percebemos que a maioria dos professores tem consciência do
potencial econômico que o bioma Caatinga representa para a sociedade. Porém, não foi o que
observamos em suas palavras evocadas, que tinham conotações negativas e não apontavam
para a importância econômica e o desenvolvimento sustentável desse bioma. Nesse aspecto o
professor P1 afirma que:
Sei que a região da Caatinga pode trazer muitos benefícios para a
sociedade. Trata-se de um ambiente que tem grande importância
econômica.
Analisando a resposta do professor P5, observamos que ele relata que a Caatinga tem
condições de produzir alimentos e que sua biodiversidade tem potencial econômico.
Reportando-nos às atividades realizadas por esses professores, constatamos que o professor P5
afirmou não ter realizado qualquer atividade nesse sentido. Então, perguntamos, o que falta
para isso acontecer?
64
Concordamos com Guimarães (2004), descrito na fundamentação teórica, quando pontua que
o professor geralmente não teve em sua formação uma boa base com relação à Educação
Ambiental, o que justifica falta de segurança em relacionar os conteúdos de sua disciplina com
as questões ambientais.
5.2.7 Ações propostas pelos professores.
A seguir, analisaremos a sexta questão do questionário 2 (ver apêndice 2), em que
identificamos as ações propostas pelos professores para serem trabalhas sobre o bioma
Caatinga.
Tabela 15
Ações que o professor propõe para se trabalhar o tema Caatinga
P1:- Discussão sobre o manejo, a biodiversidade e conservação da biodiversidade.
-Capacitar segmentos das comunidades das áreas de Caatingas, para participar de
atividades econômicas e educativas a partir do conhecimento da biodiversidade local.
-Elaborar cartilhas educativas com ajuda dos alunos da licenciatura.
P2: temas diversos ligados a ações sociais e desenvolvimento sustentável.
P3: - levantamento faunístico;
-estudo da ação do homem sob este bioma;
-medidas de conservação ambiental.
P4: ações educativas em especial no ensino médio e fundamental visando desmistificar
a idéia preconceituosa de um ambiente pobre.
P5: educação de populações que vivem nesta região para o uso racional dos recursos
animais e vegetais da região.
P6: visitas às áreas de caatinga conservada e degradada. Entrevistas com a população
que vive na área. Estudo de espécies endêmicas.
P7: pesquisar e aplicar atividades capazes de se desenvolver utilizando a
potencialidade da caatinga.
P8: depende do projeto do trabalho.
Destacamos as ações propostas pelos professores que se referem à Educação Ambiental da
população que vive nas regiões onde o bioma Caatinga está situado. De fato, segundo o IBGE
(1993) muitos habitantes dessas regiões vivem em condições inadequadas de vida, o que
acaba provocando a utilização dos recursos naturais de forma equivocada. Nesse aspecto o
professor P5 afirma que:
65
Seria importante que fossem feitos trabalhos de educação com a
população que vive nesta região para a melhoria do uso racional dos
recursos animais e vegetais da região.
Nesse sentido, segundo Barbieni (2005), descrito na fundamentação teórica, o paradigma da
sustentabilidade social é oferecer melhores condições de vida para a população e reduzir as
diferenças entre as classes sociais. Podemos considerar que a Educação Ambiental é um dos
principais caminhos para alcançar esse objetivo e isso pode ser feito dentro das universidades
e das escolas pelos professores de ensino fundamental e médio.
Nessa perspectiva, a universidade tem papel importante, principalmente aquelas que formam
professores, como destaca Leonard (2001). Para que a Educação Ambiental chegue até as
comunidades que vivem em regiões de Caatinga, é importante que as universidades,
principalmente aquelas que formam professores, preparem profissionais conscientes de sua
tarefa na sociedade.
Fazendo um paralelo com as ações proposta pelos licenciandos, percebemos que Educação
Ambiental é a ação mais citada, o que demonstra que os estudantes têm consciência de que
essa é uma das ações mais importantes para ajudar na conservação e no desenvolvimento
sustentável de uma região.
Observamos que a maioria dos professores propõe ações que envolvem questões éticas e
sociais, todavia não é o que observamos em suas evocações e definições sobre o bioma e nem
nas atividades realizadas por eles.
5.2.8 Conhecimentos sobre a Caatinga.
Nesse ponto, analisaremos a sétima pergunta do questionário 2 , em que os professores
propõem conteúdos que os licenciandos deveriam aprender sobre o bioma Caatinga.
66
Tabela 16
Conhecimentos sobre a Caatinga que os licenciandos deveriam ter.
P1: conhecimento sobre a comunidade vegetal, animal e microbiótica; bem como a
ecofisiologia de espécies com potencial econômico, de forma a ajudar no manejo
consciente
P2: conhecimentos básicos sobre o bioma e aulas práticas com viagens ao local para
observar e coleta de informações.
P3: conhecimentos profundos sobre a flora e fauna, assim como, o impacto de ações
extrativistas sobre os mesmos
P4: as peculiaridades ecológicas e sociais desse ecossistema único.
P5: biodiversidade e sobre condições climáticas da região.
P6: diversidade biológica, problemas ambientais causados pelo homem na região e
problemas sociais.
P7: explorar a caatinga dentro de sua potencialidade.
P8: conhecer sua diversidade e importância das espécies para o homem.
Analisando as respostas dos professores P3, P4, e P6, observamos a citação de conhecimento
sobre a ação extrativista, as peculiaridades sociais, problemas sociais, respectivamente,
demonstrando que os alunos devem ter esses conhecimentos sobre o bioma Caatinga. Porém,
o professor P3 afirmou que não realizou atividades sobre essas questões e os licenciandos em
suas respostas (ver tabela 5) não citaram nenhuma atividade com esses professores.
Nessa perspectiva o professor P4 afirmou:
É importante que os licenciandos aprendam sobre as características
principais desse bioma único e sobre suas peculiaridades ecológicas e
sociais.
Os professores P1 e P3 citaram o conhecimento sobre a comunidade animal ou sobre a fauna,
porém percebemos que os animais não foram mencionados nas palavras evocadas pelos
professores nem pelos licenciandos. Podemos supor, portanto, que exista entre esses grupos
pesquisados, a idéia da falta de diversidade animal do bioma Caatinga. Talvez seja essa a idéia
que a maioria das pessoas tem, o que justifica a pouca quantidade de estudos sobre a fauna da
Caatinga, discutida na fundamentação teórica.
Destacamos, também, que o professor P7, em sua resposta, afirma que os licenciandos
deveriam saber como explorar a Caatinga dentro de sua potencialidade. Tal resposta indica
que esse professor, apesar de não ter identificado muitos recursos nesse bioma (ver tabela 12)
67
e não ter realizado atividades envolvendo a Caatinga (ver tabela 14), reconhece que é
importante para os alunos saber mais sobre como explorar o potencial desse bioma.
Percebemos que a maioria das respostas dos professores a essa pergunta, parece não manter
muita relação com suas palavras mais evocadas, que não encontramos entre elas palavras
como, sustentabilidade, animais, fauna, população, sociedade, potencial econômico,
conservação, que dão indícios da possibilidade de desenvolvimento sustentável e de outras
características que não sejam o clima e a vegetação.
Traçando um paralelo com os temas que os licenciandos gostariam de estudar sobre a
caatinga, observamos que eles relataram a biodiversidade e a importância econômica desse
bioma, o que está em conformidade com as respostas apresentadas pelos professores a esta
questão. Assim, identificamos o interesse dos alunos, sendo necessário aprofundar os estudos
para compreender porque isso não acontece.
5.2.9 Propostas de ações.
Analisaremos as propostas de ações feitas pelos professores, que possam ajudar na
conservação e no uso sustentável do bioma Caatinga, apresentadas nas respostas à oitava
pergunta do questionário 2 (ver apêndice 2).
Tabela 17
Propostas de ações para ajudar na conservação e uso sustentável da Caatinga.
P1: estudo e monitoramento da biodiversidade e sobre a valorização econômica desta
biodiversidade
P2: ações políticas que incentivem pesquisas e possibilitem a permanência do homem
no local de origem.
P3: trabalho de educação ambiental visando a importância da caatinga.
P4: Científicas: fortalecimento dos estudos sobre a biodiversidade local e o seu
aproveitamento por comunidades rurais, indígenas e quilombolas
Social: avaliação das alternativas para melhoria da qualidade de vida das pessoas que
dependem dos recursos da Caatinga para sua sobrevivência
P5: Não respondeu.
P6: controle da desertificação através de práticas agrícolas mais adequadas e controle
dos rebanhos animais
P7: desenvolver atividades econômicas utilizando animais e plantas adaptadas
P8: diagnosticar a relação do homem com os recursos locais; educação ambiental
fazendo com que o homem do campo seja um importante ator social na conservação
do ambiente.
68
Percebemos que a importância econômica da Caatinga foi a ação mais proposta pelos
professores P1, P4 e P7, demonstrando que eles têm consciência de que essa característica é
fundamental para a valorização desse bioma.
Os professores P3 e P8 citaram a Educação Ambiental como proposta de ação para ajudar na
conservação e no uso sustentável da Caatinga. Discutimos anteriormente que essa questão é
muito importante para a conservação e para o desenvolvimento sustentável desse bioma e que
essa ação deve fazer parte do trabalho das universidades, principalmente daquelas formadoras
de professores.
Observamos na resposta do professor P6, que ele fala em desertificação, que, apesar de ser um
sério problema da Caatinga, não foi citado em nenhuma das respostas às perguntas anteriores,
nem por parte dos professores, nem por parte dos licenciandos. De acordo com Vasconcelos
(1982), a desertificação era um problema sério da Caatinga naquela época, sendo resultado
da ação conjunta de fatores naturais e da ação do homem. Podemos supor que essa questão,
apesar de não ter sido tão lembrada pelos sujeitos pesquisados, deva fazer parte de seus
estudos, a fim de que esse quadro possa ser revertido.
Analisando a maioria das ações propostas pelos professores, percebemos uma preocupação
com os problemas políticos e sociais das pessoas que vivem nas comunidades onde o bioma
Caatinga está situado. Dessa forma, consideramos relevante estudar e discutir essas questões.
5.2.10.1 Análise dos programas curriculares de Licenciatura em Ciências Biológicas da
UFRPE.
Nesta seção analisaremos as ementas, os conteúdos curriculares e as bibliografias de algumas
disciplinas, com o objetivo de estabelecer relações entre essas propostas curriculares e as
respostas dos questionários dos professores e licenciandos. O objetivo dessa análise também é
possibilitar que futuras explorações desses conteúdos sejam feitas, a fim de conhecermos
melhor o bioma Caatinga.
69
- Botânica Econômica.
Encontramos citado em seus conteúdos curriculares, nos tópicos 01 e 02, o estudo de fibras
vegetais de plantas encontradas na Caatinga, como: sisal, juta e o algodão.
Também observamos o estudo, nos pontos 05 e 13, de culturas básicas e de subsistência de
milho, inhame e batata doce, por exemplo, que também são espécies cultivadas na Caatinga.
Nos tópicos 07, 12 e 14, encontramos a citação dos conteúdos: industrialização da madeira, de
frutas nativas e plantas medicinais, que podem contemplar assuntos referentes à Caatinga.
Destacamos, especialmente, o conteúdo referente às plantas: “Forrageiras: herbáceas
(gramíneas e leguminosas); arbóreas (leguminosas) e forrageiras alternativas para o semi-
árido nordestino”. Dessa forma, estão contemplados nesta disciplina conteúdos referentes à
Caatinga, já que a palavra “semi-árido”, referente a uma característica do clima desse bioma, é
utilizada nesse momento para designar, de maneira semelhante àquela empregada por autores
como Vasconcelos (1982), o próprio bioma
Outra observação especial se refere à bibliografia dessa disciplina, em que encontramos citado
“simpósio sobre a Caatinga e sua exploração racional”, estudo realizado pela EMBRAPA
(Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias).
- Morfologia de Fanerógamas.
No programa desta disciplina, não observamos qualquer tema referente especificamente à
Caatinga. Entretanto podemos considerar que através do estudo da anatomia dos vegetais
fanerógamos, citado em seu conteúdo curricular, representantes de plantas da Caatinga
também sejam estudadas e discutidas, a fim de contribuir para a conservação e o uso
sustentável desse bioma.
- Sistemática de Fanerógamos.
Pela análise da ementa, ressaltamos que a citação “Identificação dos principais representantes
de interesse científico e econômico que ocorrem no Estado de Pernambuco (Brasil)”, pode
contemplar o estudo de espécies vegetais da Caatinga, uma vez que esse bioma também é
encontrado no Estado de Pernambuco.
70
No conteúdo curricular desta disciplina, percebemos a citação, nos tópicos 7 e 16, dos gêneros
Cactaceae Palmae, respectivamente, por exemplo, que são vegetais encontrados na Caatinga.
- Sistemática de Criptógamos
Destacamos na ementa desta disciplina:
“Sistemas de classificação. Grupos taxonômicos. Tipos de
nomenclatura. Origem e evolução das Cryptogamae. Reconhecimento,
dentro desta, dos principais representantes de interesse científico e
econômico de ocorrência no Estado de Pernambuco” (anexo 4).
Podemos concluir, através desta citação, que a conservação, a origem, a evolução e a
importância econômica de representantes vegetais da Caatinga sejam discutidas nesta
disciplina. Também podemos considerar que seja estudado o desenvolvimento sustentável
deste bioma.
- Fisiologia Vegetal.
Analisando o programa da disciplina, não observamos nenhum conteúdo referente
especificamente à Caatinga. Porém, verificando os tópicos 2, 3, 4, 5 e 7 de seus conteúdos
curriculares, encontramos assuntos, como: “suprimento hídrico dos vegetais; nutrição mineral;
respiração; fotossíntese e fisiologia do crescimento dos vegetais”. Dessa forma, é possível que
representantes vegetais da Caatinga tenham sido estudados pelos licenciandos.
Ecologia Geral.
Dentre os conteúdos curriculares desta disciplina, destacamos os tópicos 2 e 3, referentes à
“Natureza dos ecossistemas (conceitos e estruturas dos ecossistemas) e dinâmica dos
ecossistemas (a energia nos ecossistemas, relações entre alimentação e a produtividade e
consumo energético humano)” em que podemos considerar que o estudo sobre o bioma ou
ecossistema Caatinga seja contemplado.
Além disso, verificamos também o conteúdo prático desta disciplina, referente às “Excursões
didáticas a Ecossistemas terrestres””, em que podemos considerar que excursões ao bioma
Caatinga sejam realizadas com os licenciandos.
71
-Educação Ambiental.
Ressaltamos em sua ementa:
“Abordagem de conceitos ecológicos e educacionais dentro de uma
visão ecossociológica. Discussão sobre o processo de interação
Homem/Natureza e Natureza/Sociedade. A dimensão do ambiente e a
transformação do espaço. Análise e discussão da problemática
ambiental. Educação ambiental como prática da cidadania”.
Analisando essa citação, podemos supor que também sejam discutidos com os licenciandos os
processos de interação Homem/Natureza e Natureza/Sociedade referentes ao bioma Caatinga.
Segundo Leonardi (2001), o conceito de natureza passou a incluir os seres humanos, que são
seres sociais e históricos, e o conceito de homem passou a incluir a natureza biofísica.
Podemos, também, considerar que o estudo da problemática ambiental da Caatinga seja
contemplado nesta disciplina, pois em seu conteúdo programático encontramos um tópico
(3.1), referente à “questão da conservação e preservação nos principais ecossistemas
brasileiros”.
- Geologia Geral.
É possível considerarmos, através da análise dos pontos 3, 4 e 5 dessa disciplina, por exemplo,
em que encontramos: “o estudo dos minerais; origem e classificação das rochas; formação do
solo e atividades geológicas”, que algum aspecto da Caatinga tenha sido discutido, mesmo que
não esteja citado especificamente.
- Entomologia Geral.
Em sua ementa observamos que através do estudo dos insetos, sua importância econômica,
distribuição geográfica, sua anatomia e fisiologia, podem estar contemplados alguns aspectos
referentes à Caatinga.
- Zoologia III.
Através da análise do programa desta disciplina o encontramos qualquer tópico referente
especificamente à Caatinga. Mas podemos considerar que a partir dos tópicos 3.4, 3.5, 3.6 e
3.7, das classes de animais como Amphibia, Reptilia, Aves e Mamalia, respectivamente,
representantes da Caatinga tenham sido estudados pelos licenciandos nesta disciplina.
72
- Conservação dos Recursos Naturais
Não encontramos em seu programa curricular tópicos referentes à Catinga. Destacamos,
entretanto, em seu conteúdo curricular, o tópico 1, “recursos naturais e biologia da
conservação, biodiversidade, economia ambiental e a disponibilidade de recursos naturais e
condição cio-econômica da população”, como indício de possíveis discussões sobre a
conservação e o uso sustentável dos recursos naturais dos ecossistemas, inclusive do bioma
Caatinga.
5.2.10.2 Análise dos programas curriculares de Bacharelado em Ciências Biológicas da
UFRPE.
- Biogeografia.
Destacamos na ementa desta disciplina a citação referente ao estudo da “biogeografia do
estado de Pernambuco”. No conteúdo prático, temos o tópico 1.3, que se refere “às aulas de
campo para observação das comunidades das regiões do Agreste e Sertão”. Na fundamentação
teórica, vimos que os termos Agreste e Sertão estão ligados ao conceito fitogeográfico da
Caatinga (PRADO, 2003). Dessa forma, podemos supor que os aspectos biológicos,
geográficos e sociais do bioma Caatinga sejam estudados nesta disciplina.
-Bioclimatologia e Edafologia
Ressaltamos no conteúdo curricular dessa disciplina, os tópicos 3, 8 referentes ao estudo dos
“climas do Brasil, da região nordestina”. Em suas atividades interdisciplinares destacamos os
tópicos 1.1 e 1.2 que citam “excursões didáticas a regiões fisiográficas do Estado de
Pernambuco e Ceará”. Através dessas citações podemos supor que o clima e a geografia da
Caatinga sejam estudados nesta disciplina e visitas didáticas a esse bioma sejam realizadas.
- Zoologia C
No programa curricular desta disciplina não encontramos qualquer referência ao bioma
Caatinga. Contudo, podemos considerar que com o estudo da anatomia, fisiologia, morfologia
e ecologia dos artrópodes, algum representante da Caatinga seja ressaltado.
73
- Zoologia D
Destacamos no conteúdo prático desta disciplina a citação de “pesquisas com grupos de
animais nos vários ecossistemas do estado de Pernambuco”, em que podemos considerar que
o estudo de animais pertencentes à Caatinga seja contemplado.
-Entomologia I e II
Nos programas destas disciplinas não percebemos nenhuma referência ao bioma Caatinga.
Porém, podemos supor que insetos que vivem na Caatinga sejam também contemplados, o que
pode levar a outras questões relativas a esse bioma.
Em síntese, nos programas do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, de modo geral,
as referências ao bioma Caatinga são feitas de maneira implícita, através de algumas citações
de representantes da flora e da fauna existentes nesse bioma, ou a características desse bioma,
sem uma referência direta ao nome do bioma.
Um exemplo de referência implícita ao nome do bioma foi detectado no programa da
disciplina Botânica Econômica, em que o termo “semi-árido nordestino” foi utilizado no lugar
de “Caatinga”. A única referência direta ao nome do bioma ocorre nesse mesmo programa, no
tópico “bibliografia” que cita o “simpósio sobre a Caatinga e sua exploração racional”, estudo
realizado pela EMBRAPA. Talvez essas indicações contidas no programa dessa disciplina
tenham ajudado o professor a conhecer melhor o bioma e a desenvolver estudos e atividades
com seus alunos referentes à Caatinga, que dos 12 licenciandos, que afirmaram ter
participado de atividades envolvendo esse bioma, 11 citaram a disciplina de Botânica
Econômica (ver tabela 5).
Podemos, então, supor que, a falta de referências mais explícitas ao bioma Caatinga nos
programas das outras disciplinas, fez com que os estudos realizados nessas disciplinas não
fossem contextualizados, o que teve como conseqüência um empobrecimento das concepções
construídas sobre esse bioma.
Para efeito de comparação, nos programas das disciplinas Biogeografia (ver anexo 12) e
Bioclimatologia/Edafologia (ver anexo 13), que fazem parte do curso de Bacharelado em
Ciências Biológicas da UFRPE, encontramos um tópico ligado de forma implícita ao bioma
Caatinga, referente às “aulas de campo para observação das comunidades das regiões do
74
Agreste e Sertão”, Nesse caso, a ênfase é dada a duas regiões geográficas e não ao bioma.
Caatinga. Nas demais disciplinas do curso de Licenciatura nem citações implícitas existiram.
75
CONCLUSÕES
Com relação ao primeiro objetivo específico, verificamos que as representações sociais dos
professores e licenciandos investigados neste estudo estão centradas nas características do
clima e da vegetação da Caatinga. Outros aspectos desse bioma, como a população, a fauna, a
conservação e sua sustentabilidade, não foram destacados nessas representações. Dessa forma,
com relação ao segundo objetivo específico, constatamos que faltam aspectos sociais,
econômicos e éticos do bioma Caatinga, que poderiam apontar para a conservação e o
desenvolvimento sustentável desse bioma.
Comparando as definições e representações dos licenciandos e dos professores, o que se refere
ao terceiro objetivo específico, encontramos muitas semelhanças, o que pode indicar que os
professores constituem a principal fonte de informação desses estudantes.
No quarto objetivo específico, observamos que os aspectos encontrados nas representações
sociais dos professores e licenciandos sobre o bioma Caatinga não estão explicitamente
contemplados nos programas curriculares dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em
ciências Biológicas, que tratam muito implicitamente de temas referentes a esse bioma.
Como resposta à nossa questão de pesquisa, concluímos que essas representações não contêm
aspectos que possam contribuir para a conservação e uso sustentável do bioma Caatinga, visto
que elas dão mais ênfase ao clima e a vegetação desse bioma. Os aspectos sociais, econômicos
e éticos da Caatinga não foram destaque nessas representações.
Quanto às atividades realizadas pelos professores do curso de Licenciatura em Biologia,
referentes ao bioma Caatinga, percebemos que elas parecem ocorrer de forma pontual em uma
única disciplina. Nesse sentido é importante lembrar que os licenciandos precisam vivenciar
trabalhos em Educação Ambiental voltados para esse bioma, em sua formação, para poderem
utilizar esses conhecimentos em suas práticas docentes.
Os resultados deste trabalho apontam que os licenciandos têm interesse sobre os temas
referentes ao bioma Caatinga, assim como têm consciência que é através da informação e da
pesquisa que se pode contribuir para a conservação e o uso sustentável de uma região.
76
Apontam também que os professores propõem adequadamente os assuntos que os
licenciandos deveriam saber sobre o bioma Caatinga e as ações para serem trabalhadas sobre
esse bioma.
Concluirmos que os professores e licenciandos demonstram conhecimento superficial sobre os
benefícios que o bioma Caatinga pode trazer para a sociedade, visto que, eles apresentaram os
benefícios de forma muito genérica.
Sugerimos aos professores pesquisados que procurem relacionar os conteúdos de suas
disciplinas com as questões ambientais do bioma Caatinga. Isso pode ocorrer através de uma
reformulação dos programas curriculares das disciplinas do curso de Licenciatura Biologia, a
fim de que possam contribuir para a conservação desse bioma.
A partir do que concluímos com a disciplina Botânica Econômica, novos estudos poderão
identificar a influência da citação explícita de temas referentes à Caatinga nos programas
curriculares das disciplinas do curso pesquisado ou em outros cursos.
Sugerimos ainda que novas pesquisas sejam realizadas sobre as características físicas,
biológicas, sociais, econômicas e éticas do bioma Caatinga, que possam contribuir para a
conservação e para o desenvolvimento sustentável desse bioma único.
77
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VASCONCELOS, João de S. Processos de desertificação ocorrentes no Nordeste do
Brasil: sua gênese e sua contenção. Recife: SUDENE-DDL, 1982.
80
APÊNDICE1
QUESTIONÁRIO DOS ALUNOS
Nome: _______________________________________________
Período: __________________ Idade: ____________
Tempo que estuda nesta Universidade: ___________________
Local onde mora: __________________________
1ª- Quando falo “Caatinga”, o que vem em sua mente? Relacione, rapidamente, 5 palavras (
ou frases): __________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
2ª- Para você o que é Caatinga? ________________________________________
_____________________________________________________________
______________________________________________________________
3ª- Já participou nesta Universidade de alguma atividade referente ao bioma Caatinga?Em
qual disciplina?
___________________________________________________________________________
__________________________________________________
_______________________________________________________________
4ª- Já viu e/ou foi em uma região de Caatinga? Qual?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________
5ª- Conhece algum benefício que a Caatinga pode trazer para a sociedade?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________
6ª- Cite alguns temas que gostaria que os professores trabalhassem sobre o bioma
Caatinga?________________________________________________
7ª- Cite algumas ações que poderiam melhorar o uso sustentável do bioma
Caatinga?___________________________________________________________________
___________________________________________________
81
APÊNDICE 2
QUESTIONÁRIO DOS PROFESSORES
Nome:______________________________________________________
Formação Profissional:__________________________________________
Disciplina (s) que leciona nesta Universidade:_________________________
_______________________________________________________________
Tempo de atuação como professor: ____________________________
Tempo de atuação nesta Universidade:_____________________________
1ª-Quando falo “Caatinga”, o que vem em sua mente? Relacione rapidamente, 5 palavras ou
frases: ________________________________________________
_______________________________________________________________
2ª-Para você o que é a Caatinga?___________________________________
_______________________________________________________________
3ª-Realiza ou realizou, nesta Universidade, alguma atividade com o tema “Caatinga”?
Qual? _______________________________________________
______________________________________________________________
4ª- Já viu e/ou foi em uma região de Caatinga? Qual?
_______________________________________________________________
5ª-Conhece algum benefício que a Caatinga pode trazer para a sociedade?
_______________________________________________________________
6ª- Quais ações você poderia propor para se trabalhar o tema Caatinga?
_______________________________________________________________
7ª- Que conhecimentos sobre a Caatinga os licenciandos deveriam ter que poderiam ajudar na
conservação e uso sustentável desse bioma?__________
_______________________________________________________________
8ª- Cite algumas ações que poderiam ajudar na conservação e no uso sustentável do bioma
Caatinga. ______________________________________
82
ANEXO 1
PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA: BOTÂNICA ECONÔMICA CÓDICO: 02103
DEPARTAMENTO: BIOLOGIA ÁREA: BOTÂNICA
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 h/a NÚMERO DE CRÉDITOS:
CARGA HORÁRIA SEMANAL - TEÓRICAS: 4 PRÁTICAS: TOTAL: 4
CURSO: Bacharelado em Ciências Biológicas
e Lic. em Ciências Biológicas
ANO DE APLICAÇÃO: a partir de 1994.
EMENTA
Fibras vegetais, oleaginosas, cana-de-
açúcar, fermentações,
industrialização, forrageiras, madeiras de lei, Culturas
sicas e
de subsistência, plantas medicinais e ornamentais.
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
01. Fibras vegetais: sisal, caro
, juta, linho, algodão, rami,
linho de nova zelândia.
02. Oleaginosas: côco, algodão, soja, amendoim, babaçu, gi
rassol,
arroz, mamona.
03. Cana
de açúcar: produtos e subprodutos, alternativas para a
indústria açucareira, monocultura e seus problemas.
04. Indústrias de bebidas e fermentações: cevada (cerveja), cana
de açúcar (aguardente), uva (vinho).
05. Milho e mandioca: cultura e subprodutos, fubá
, maisena,
farinha, goma e polvilho.
06. Forrageiras: herbáceas (gramineas e leguminosas); arbó
reas
(leguminosas) e forrageiras alternativas para o semi-
árido
nordestino.
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n. - Dois Irmãos 52171-900 Recife - PE
Fone: 0xx-81-3302-1000 www.ufrpe.br
83
ANEXO 2
PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA: MORFOLOGIA DE FANERÓGAMOS
CÓDICO: 02156
DEPARTAMENTO: BIOLOGIA ÁREA: BOTÂNICA
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 h/a NÚMERO DE CRÉDITOS:
CARGA HORÁRIA SEMANAL: TEÓRICAS:2 PRÁTICAS: 2 TOTAL: 4
CURSOS:
Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas, Agronomia e Eng. Florestal
ANO DE APLICAÇÃO:
a partir do 2
O
. semestre de 1998
EMENTA
Conceito e divisão da Botânica. Célula vegetal. Sistemas de
tecidos vegetais. Organografia e
anatomia dos vegetais
fanerogâmicos.
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
1 Botânica: conceito, importância, divisão e ciências auxiliares.
2 Célula Vegetal:
2.1 Plastos: origem e tipos.
2.2 Parede celular: função, origem, composição química, estrutura
e propriedades.
3 Sistemas de Tecidos Vegetais:
3.1 Conceito e classificação.
3.2 Meristemas: localização, origem, características
celulares, funções e classificação.
3.3 Parênquimas: localização, origem, características
celulares, funções e classificação.
3.4 Tecidos protetores: epiderme e periderme (localização,
origem, características celulares).
3.5 Tecidos de sustentação: colênquima e esclerênquima
(localização, origem, características celulares).
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n. - Dois Irmãos 52171-900 Recife - PE
Fone: 0xx-81-3302-1000 www.ufrpe.br
Continuação
MORFOLOGIA DE FANERÓGAMOS
CÓDICO: 02156
3.6 Tecidos de condução: xilema e floema (localização, origem, características celulares).
3.7 Estruturas de secreção e excreção (localização e características celulares).
84
4 Organografia dos Fanerógamos:
4.1 Órgãos vegetativos: raiz, caule, folha (origem, classificação e adaptações).
4.2 Órgãos reprodutores: flor, fruto e semente (origem, classificação e adaptações).
5 Anatomia dos Fanerógamos:
5.1 Raiz: estrutura primária e secundária.
5.2 Caule: estrutura primária e secundária; tipos de estelos.
5.3 Folha: tipos de mesofilo: relações com o meio ambiente.
5.4 Flor: verticilios protetores e reprodutores.
5.5 Fruto: parênquimas e inclusões.
5.6 Semente: tegumentos, amêndoas e inclusões.
BILIOGRAFIA
CUTTER, E. – Anatomia Vegetal. Vols. 1 e 2, Ed. Roca. 1986.
ESAU, K. – Anatomia das Plantas com Sementes. Ed. Blucher. 1974.
FAHN, A. – Anatomia Vegetal. H. Blume Ediciones. 1974.
FERRI, M. G.; MENES, N.L. & MONTEIRO-SCANAVACCA, W.R. Glossário Ilustrado de
Botânica. EDUSP. 1978.
FERRI, M. G. - Botânica, Morfologia Externa dos Vegetais (Organografia). Ed. Melhoramentos.
1978.
FERRI, M. G. - Botânica, Morfologia Interna dos Vegetais (Anatomia). Ed. Melhoramentos. 1978.
RAVEN, P. H.; EVERT, R.F. & CURTIS, H. - Biologia Vegetal. Ed. Guanabara Dois. 1978.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
DAMIÃO FILHO, C. F. – Morfologia Vegetal. FUNEP/UNESP. 1993.
Emissão
85
ANEXO 3
PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA: SISTEMÁTICA
DE
FANERÓGAMOS
CÓDICO: 02157
DEPARTAMENTO: BIOLOGIA ÁREA: BOTÂNICA
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 h/a NÚMERO DE CRÉDITOS:
CARGA HORÁRIA SEMANAL: TEÓRICAS: 2 PRÁTICAS: 2 TOTAL: 4
CURSOS:
Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas, Eng. Florestal e Agronomia
ANO DE APLICAÇÃO:
a partir de 1994
EMENTA
Sistemas de Classificação binominal. Identificação dos principais
representantes de interesse científico e econômico que ocorrem no
Estado de Pernambuco (Brasil).
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
1 Visão geral das divisões do reino vegetal.
2 Grupos taxonômicos. Tipos nomenclaturais. Herborização.
3
Divisão Gymnospermae: Evolução. Caracteres gerais. Ciclos de
vida. Critérios taxonômicos de classes.
4
Divisão angyospermae: Evolução. Caracteres gerais. Ciclos de
vida. Critérios taxonômicos de classes.
5 Leguminosae: Hábito. Habitat. Morfologia ext
erna. Taxonomia.
Importância econômica. Identificação através de chaves dos
principais gêneros.
6
Malvaceae: Hábito. Habitat. Morfologia externa. Taxonomia.
Importância econômi
ca. Identificação através de chaves dos
principais gêneros.
7 Cactaceae: Hábito.
Habitat. Morfologia externa. Taxonomia.
Importância eco
nômica. Identificação através de chaves dos
principais gêneros.
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86
ANEXO 4
PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA: SISTEMÁTICA
DE
CRIPTÓGAMOS
CÓDICO: 02158
DEPARTAMENTO: BIOLOGIA ÁREA: BOTÂNICA
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 h/a NÚMERO DE CRÉDITOS:
CARGA HORÁRIA SEMANAL: TEÓRICAS: 2 PRÁTICAS: 2 TOTAL: 4
CURSOS: : Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas
ANO DE APLICAÇÃO: a partir do 2
o
. semestre de 1998
EMENTA
Sistemas de classificação. Grupos taxonômicos. Tipos nomenclaturais. Origem e evolução das
Cryptogamae. Reconhecimento, dentro destas, dos principais representantes de interesse científico
e econômico de ocorrência no Estado de Pernambuco.
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
1 Principais sistemas de classificação vegetal.
2 Sistema binominal. Grupos taxonômicos. Tipos nomenclaturais.
3 Caracterização das Divisões do Reino Vegetal.
4 Cryptogamae: conceituação, origem e evolução.
5 Técnicas de coleta e herborização. Herbário.
6 Divisão Cyanophyta: habitat, hábito, caracteres gerais, reprodução, taxonomia, importância
econômica, identificação dos principais gêneros.
7 Divisão Euglenophyta: habitat, hábito, caracteres gerais, reprodução, taxonomia.
8 Divisão Pyrrophyta: habitat, hábito, caracteres gerais, reprodução, taxonomia.
9 Divisão Chrysophyta: habitat, hábito, caracteres gerais, reprodução, taxonomia, importância
econômica, identificação dos principais gêneros.
87
Continuação
DISCIPLINA: SISTEMÁTICA
DE
CRIPTÓGAMOS
CÓDICO: 02158
UNIDADES E ASSUNTOS
10 Divisão Chlorophyta: habitat, hábito, caracteres gerais, reprodução, ciclos de vida, taxonomia,
importância econômica, identificação dos principais gêneros.
11 Divisão Phaeophyta: habitat, hábito, caracteres gerais, reprodução, ciclos de vida, taxonomia,
importância econômica, identificação dos principais gêneros.
12 Divisão Licchenes: habitat, hábito, caracteres gerais, reprodução, taxonomia, importância
econômica, identificação dos principais gêneros.
13 Divisão Bryophyta: habitat, hábito, caracteres gerais, reprodução, ciclos de vida, taxonomia,
importância econômica, identificação dos principais gêneros.
14 Divisão Pteridophyta: habitat, hábito, caracteres gerais, reprodução, ciclos de vida, taxonomia,
importância econômica, identificação dos principais gêneros.
Metodologia
Aulas expositivas com utilização de dispositivos e transparências.
Aulas de laboratório.
Aulas de campo.
BIBLIOGRAFIA
BARROS, G. M. 1978 Sistemática de Angiospermas do Brasil, Vol. 1 XII + 253 P.
LTC/EDUSP. Rio de Janeiro e São Paulo.
BICUDO, C. E. M. e BICUDO, R. M. T. - 1970 - Algas de Águas Continentais Brasileiras. 228 P.
Fund. Bras. Desenvolvimento Ensino. Ciências. São Paulo.
JOLY, A. B. 1967 - Gêneros de Algas Marinhas da Costa Atlântica Latino-Americana. 461 P.
EDUSP. São Paulo.
JOLY, A. B. 1979 Botânica Introdução a taxonomia vegetal, 777 p, 5a. edição, Companhia Ed.
Nacional – São Paulo.
LAWRENCE, G. H. M. - 1961 – Taxonomia das plantas vasculares, vol. I. Trad. M. S. Telles
Antunes. Fund. Calouste Gulbekian Lisboa.
Continuação
DISCIPLINA: SISTEMÁTICA
DE
CRIPTÓGAMOS
CÓDICO: 02158
BIBLIOGRAFIA
EMITH, G. M. – 1995 – Botânica Criptogâmica, vols 1 e 2. Fund. Calouste Gulbehian.
Emissão
Data: Responsável:
88
ANEXO 5
PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA
: Fisiologia Vegetal
CÓDIGO:
02106
DEPARTAMENTO Biologia
ÁREA
: Botânica
CARGA HORÁRIA TOTAL:
60h
NÚMERO DE CRÉDITOS:
04
CARGA HORÁRIA SEMANAL
: 04
TEÓRICAS: 40 PRÁTICAS: 20 TOTAL: 60
CURSO (s)
: Licenciatura em Biologia e Licenciatura em Ciências Biológica
s
ANO DE APLICAÇÃO: 2007
EMENTA
Suprimento hídrico dos vegetais superiores. Nutrição mineral. Respiração. Fotossíntese. Translocação.
Fisiologia do crescimento. Fisiologia da reprodução.
OBJETIVOS
A disciplina visa apresentar e discutir temas básicos relativos à fisiologia do crescimento e do
desenvolvimento vegetal, realizando práticas que auxiliem na fixação dos conteúdos.
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
TEÓRICO
1. O suprimento hídrico dos vegetais superiores:
1.l. O suprimento hídrico do solo.
1.2. O suprimento hídrico nas plantas.
1.3. Absorção, movimento e perda de água.
1.4. Fatores que afetam a dinâmica da água nas plantas
02. Nutrição mineral:
2.1. Histórico da nutrição mineral
2.2. Elementos essenciais e suas funções.
2.3. Mecanismos de absorção e redistribuição dos minerais.
2.4. Método experimental na nutrição mineral dos vegetais.
2.5. Fatores que afetam a nutrição mineral.
03
. Respiração:
3.1. Histórico.
3.2. Energia e a respiração.
3.3. Vias metabólicas da respiração.
3.4. Fatores q
ue influenciam a respiração.
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89
Vento: características; erosão, transporte e deposição.
Gelo: características; erosão, transporte e deposição.
Mar: características; erosão, transporte e deposição.
Organismos: organismos como agente geológico.
8
o
Ponto - Vulcanismo e Terremoto
Vulcanismo: forma; tipos e atividades dos vulcões; produtos vulcânicos: atividades
pós-vulcânicas; distribuição geográfica e geocronológica dos vulcões.
Terremoto: generalidades; efeitos geológicos; causas e distribuição mundial dos
terremotos.
9
o
Ponto - Epirogênese: Generalidades, evidências e teorias.
10
o
Ponto - Origem das Montanhas: Generalidades; tipos de montanhas: de origem vulcânicas,
produzidas por dissecação erosiva do planalto, produzida por falhamentos e produzidas
por orogênese.
Geossiclinais.
PARTE PRÁTICA:
1
o
) Uso da bússola
2
o
) Tabela do tempo geológico
3
o
) Determinação das propriedades físicas dos minerais
4
o
) Identificação dos principais minerais formadores de rocha
5
o
) Identificação macroscópica das rochas ígneas
6
o
) Identificação macroscópica das rochas metamórficas
7
o
) Identificação macroscópica das rochas sedimentares
8
o
) Mapas geológicos
9
o
) Distribuição geográfica dos vulcões e terremotos
10
o
) Cinturões orogenéticos
BIBLIOGRAFIA
BÁSICA:
Teixeira, Wilson; et al. Decifrando a Terra. São Paulo, Oficina de Textos, 2000. 559 p.
Leinz, Viktor & Amaral, Sergio Estanislau do. Geologia Geral São Paulo, Companhia Ed.
Nacional, 2001. 399p.
Popp, José Henrique - Geologia Geral Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos Editora
S.A., 1999. 376 p.
Leinz, Viktor & Campos, João E. de S. Guia para Determinação de Minerais - Companhia
Editora Nacional S.A.
Dana, James A. Manual de Mineralogia - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. 1979.
COMPLEMENTAR:
Guerra, Antônio Teixeira & Guerra, Antônio Jo Teixeira - 1997– Novo Dicionário
Geológico-Geomorfológico. Ed Bertrand Brasil
Guerra, A.J.T. & Cunha, S.B.. Geomorfologia e Meio Ambiente. Ed. Bertrand Brasil, 2003
Guerra, A.J.T. & Cunha, S.B.. Geomorfologia: uma atualização das bases e conceitos. Ed.
Bertrand Brasil, 2001
Brady, N.C. Natureza e Propriedades dos Solos. Livraria Freitas Bastos, 7 Ed., 1989.
90
Resende, M.; Curi, N.; Resende, S.B.de; Corrêa, G.F. Pedologia: Base para distinção de
ambientes. Viçosa, NEPUT, 2002. 338 p.
Kenitiro S. 2003. Geologia Sedimentar. Ed Edgard Blucher Ltda.
IBGE. Glossário Geológico. 1999.
91
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PROGRAMA DA DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA : Ecologia Geral CÓDIGO: 02213
Departamento : Biologia Área: Ecologia
Carga Horária total : 60 horas
Número de créditos: 03
Carga Horária semanal: 30 horas teóricas / 30 horas práticas
Curso: Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas e Engenharia Agrícola
EMENTA
Introdução: conceitos, sub-divisão,relações com outras ciências. Princípios e conceitos
relativos aos ecossistemas. Transferência de Matéria e Energia nos Ecossistemas:
ciclos biogeoquímicos, cadeias alimentares. Fatores ecológicos. Dinâmica de
Populações. Ecologia de Comunidades: sucessão ecológica. Modelos Matemáticos.
CONTEÚDO
UNIDADES E ASSUNTOS
CONTEÚDO TEÓRICO
1.0 - INTRODUÇÃO
1.1 - Conceitos
1.2 - Sub-divisão :
1.2.1- Auto-ecologia
1.2.2- Sinecologia
1.3 -Relações com outras ciências
1.3.1- A Ecologia como ciência multidisciplinar
2.0-PRINCIPIOS E CONCEITOS RELATIVOS AOS ECOSSISTEMAS
2.1- Conceito e Estrutura
2.2- Ecossistemas naturais :
2.2.1- Terrestres
2.2.2- Aquáticos
2.3- Ecossistemas culturais
2.3.1- Ecossistema urbano
2.3.2- Ecossistema agrícola
2.3.3-Açudes e represas :alterações hidrológicas,geológicas,climáticas
3.0-TRANSFERENCIA DE MATERIA E ENERGIA NOS ECOSSISTEMAS
3.1-Ciclos biogeoquímicos e as mudanças globais
3.1.1 - Ciclo da água
3.1.2 - Ciclo do Carbono
3.1.3 - Ciclo do Oxigênio
92
PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL CÓDIGO: 02258
DEPARTAMENTO: DE BIOLOGIA ÁREA: DE ECOLOGIA
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 HORAS NÚMERO DE CRÉDITOS: 04
CARGA HORÁRIA SEMANAL: TEÓRICAS: 04 PRÁTICAS: 00 TOTAL: 04 HORAS
CURSO: LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ANO DE APLICAÇÃO: A PARTIR DE 1994
EMENTA
Abordagem de conceitos ecológicos e educacionais dentro de uma visão ecossociológica.
Discussão sobre o processo de interação Homem/Natureza e Natureza/Sociedade. A dimensão
do ambiente e a transformação do espaço. Análise e discussão da problemática ambiental e das
diversas teorias da Educação. A Educação Ambiental como prática de cidadania. Política e
legislação ambiental.
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
CONTEÚDO
01. BASES CONCEITUAIS:
1.1. Principais conceitos em ecologia e em educação.
1.2. A singularidade das ciências naturais e sociais: Ecologia e educação.
1.3. A origem da Educação Ambiental e o elo entre ciências sociais e naturais.
1.4. Consciência ingênua e consciência crítica: o papel na Ecologia e na educação.
02. O PROCESSO DE INTERAÇÃO DO HOMEM COM OUTROS ELEMENTOS DA
NATUREZA:
2.1. A análise da primeira e segunda natureza no homem.
2.2. A evolução histórica do processo de interação homem/elemento da natureza.
2.3. A construção do ambiente humano.
2.4. A nova dimensão ecológica.
03. A QUESTÃO ECOLÓGICA:
3.1. Raízes da problemática ambiental.
3.2. Conservação e preservação: A questão nos principais ecossistemas brasileiros.
3.3. Impacto ambiental: origem e responsabilidade.
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93
PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA: GEOLOGIA GERAL CÓDIGO: 01326
DEPARTAMENTO: AGRONOMIA ÁREA: SOLOS
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 horas NÚMERO DE CRÉDITOS:
CARGA HORÁRIA SEMANAL: TEÓRICAS: 2 PRÁTICAS: 2 TOTAL: 4 horas
PRÉ-REQUISITOS: : Nenhum
CO-REQUISITOS: : Nenhum
CURSOS: Licenciatura em Ciências Biológicas e Bacharelado em Ciências Biológicas.
EMENTA
Conceituação de Geologia; generalidades sobre a Terra; noções de Mineralogia; noções de Petrografia;
intemperismo; águas continentais de superfície e sub-superfície; atividades geológicas do vento, gelo, mar e
organismos; vulcanismo; terremoto; epirogênese; origem das montanhas.
OBJETIVOS
Gerais: Fornecer aos estudantes de Ciências Biológicas informações básicas sobre o planeta em que vivemos.
Específicos: Familiarizar o aprendiz com as diferentes camadas que constituem a Terra, uma vez que o meio
ambiente é produto da interação entre estas. Estudar os processos associados aos fenômenos geológicos internos e
externos responsáveis pelas modificações da Terra durante o decorrer de sua história geológica. Estudar a origem e
composição dos minerais que compõem as rochas da crosta terrestre.
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
1
o
Ponto - Geologia: Histórico; conceito, relação com as outras ciências e subdivisão.
2
o
Ponto - A Terra: Origem e posição no sistema solar; forma; densidade; massa; volume; temperatura no interior;
magnetismo; gravidade e isostasia; idade; constituição. Deriva continental.
3
o
Ponto - Noções de Mineralogia: Propriedades físicas e químicas dos minerais.
Mineralogia sistemática; elementos nativos, óxidos, sulfatos, carbonatos, fosfatos, halogenetos,
silicatos, etc.
4
o
Ponto - Noções de Petrografia e de Perturbação das rochas:
Rochas ígneas: origem e classificação.
Rochas metamórficas: origem e classificação.
Rochas sedimentares: origem e classificação.
5
o
Ponto - Intemperismo: Tipos (físico, químico e biológico). Formação do solo.
6
o
Ponto - Água continental de superfície e de sub-superfície:
Superfície: ciclo hidrológico; rios (generalidades: fases de um rio, cachoeiras, etc); erosão (formas
erosivas, denudação); transporte e sedimentação fluvial (delta).
Sub-superfície: água subterrânea (origem, composição química, circulação e aproveitamento);
fontes (géiseres); cavernas; dolinas; soliflução.
7
o
Ponto - Atividades geológicas do vento, do gelo, do mar e dos organismos:
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94
PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA: ENTOMOLOGIA GERAL CÓDICO: 02449
DEPARTAMENTO: BIOLOGIA ÁREA: ENTOMOLOGIA
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 h/a NÚMERO DE CRÉDITOS:
CARGA HORÁRIA SEMANAL: TEÓRICAS: 2 PRÁTICAS: 2 TOTAL: 4
CURSOS:
Licenciatura em Ciências Biológicas
ANO DE APLICAÇÃO:
a partir de 1994
PRÉ-REQUISITOS:
Zoologia II
EMENTA
Estudo dos insetos. Histórico. Distribuição geográfica. Im-
portância econômica. Morfologia. Aspectos gerais de anatomia e
fisiologia. Reprodução. Desenvolvimento. Principais ordens.
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
CONTEÚDO TEÓRICO
01. Entomologia - Definições: Divisões. Histórico. Caracte
res
gerais dos insetos. Importância econômica dos insetos.
02. Exoesqueleto. Processos tegumentares. Endoesqueleto.
03. Cabeça -
Segmentação e apêndices. Antenas: constituição,
funções, tipos. Aparelho bucal: constituição, funções, tipos.
04. Tórax -
Segmentação e apêndices. Pernas: constituição, função,
tipos. Asas: constituição, funções, tipos.
05. Abdome - Segmentação e apêndices, tipos de abdome.
06. Aparelhos: digestivo, circulatório e respiratório; cons-
tituição, funções e localização.
07. Sistema nervoso e órgãos dos sentidos dos insetos; cons-
tituição, funções e localização.
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95
PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA: CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS
CÓDIGO: 02210
DEPARTAMENTO: DE BIOLOGIA AREA:
DE ECOLOGIA
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 HORAS NÚMERO DE CRÉDITOS:
04
CARGA HORÁRIA SEMANAL: TEÓRICAS: 02 PRÁTICAS: 02 TOTAL:
04 HORAS
CURSOS: BACHARELADO E LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ANO DE APLICAÇÃO: A PARTIR DE 2004
EMENTA
Recursos Naturais e Biologia da Conservação. O solo como recurso natural. A água como
recurso natural. A atmosfera como recurso natural. A vegetação e a Fauna como recursos
naturais. Unidades de Conservação Ambiental. Legislação Ambiental.
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
CONTEÚDO TEÓRICO - 30 horas
01. Recursos Naturais e Biologia da Conservação:
1.1. Conceitos e subdivisão.
1.2. Distribuição geográfica.
1.3. Relacionamento Homem /Natureza.
1.4. Explosão demográfica / Desenvolvimento econômico
1.5. Biodiversidade e Economia ambiental
1.6. Disponibilidade de recursos naturais e condição sócio-econômica da população
1.7. Biologia da Conservação: uma ciência multidisciplinar
02. O solo como recurso natural:
2.1. Características físicas e químicas do solo e sua capacidade de uso.
2.2. Usos do solo para fins: residencial, agropecuária, industrial e exploração de jazidas
minerais.
2.3. Crescimento demográfico e ocupação do solo.
2.4. Contaminação dos solos devido às atividades humanas.
2.5- Conseqüências da contaminação do solo para:
2.5.1. Saúde pública
2.5.2. Produtividade dos ecossistemas
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96
PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA: BIOGEOGRAFIA CÓDIGO: 02209
DEPARTAMENTO: DE BIOLOGIA ÁREA: DE ECOLOGIA
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 HORAS NÚMERO DE CRÉDITOS: 04
CARGA HORÁRIA SEMANAL: TEÓRICAS: 02 PRÁTICAS: 02 TOTAL: 04 HORAS
CURSO: BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ANO DE APLICAÇÃO: A PARTIR DE 1994
EMENTA
Biogeografia: conceito, definição, ciências afins, divisões e setores biogeográficos. As áreas de
distribuição. As causas e a evolução das áreas de distribuição. Distribuição das espécies animais
e vegetais no globo terrestre. Distribuição das Biocenoses terrestre e aquáticas. Biogeografia do
Estado de Pernambuco.
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
CONTEÚDO TEÓRICO - 30 HORAS
01. Biogeografia:
- Conceito, definição, ciências afins, divisões e setores biogeográficos.
02. As áreas de distribuição:
2.2. As áreas cosmopolitas.
2.2. As áreas circunterrestres.
2.3. As áreas disjuntas.
2.4. As áreas endêmicas.
03. As causas e a evolução das áreas de distribuição dos seres vivos:
3.1. Causas atuais e passadas:
3.2. Avanços e retrocessos das áreas de distribuição de animais e vegetais.
3.3. A disjunção das áreas de distribuição.
3.4. Os relictos animais e vegetais.
04. Distribuição das espécies animais e vegetais no globo terrestre:
4.1. Reino Holoártico.
4.2. Reino Paleotropical.
4.3. Reino Neotropical.
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97
PROGRAMA
DE
DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA:
BIOCLIMATOLOGIA
E
EDAFOLOGIA CÓDIGO:
02254
DEPARTAMENTO: DE BIOLOGIA ÁREA: DE ECOLOGIA
CARGA HORÁRIA TOTAL: 75 HORAS NÚMERO DE CRÉDITOS: 05
CARGA HORÁRIA SEMANAL: TEÓRICAS: 04 PRÁTICAS: 01 TOTAL: 05 HORAS
CURSO: BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ANO DE APLICAÇÃO:A PARTIR DE 1994
EMENTA
Bioclimatologia: conceito, importância e relações com as outras ciências. Radiação solar. Tem-
peratura do ar. Umidade atmosférica. Evaporação e Evaporatranspiração. Pressão atmosférica.
Ventos e massas de ar. Precipitações. Classificação climática. Introdução à Edafologia. Concei-
tuação de solo. Fatores da pedogênese. Classes de solo.
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
C
ONTEÚDO
T
EÓRICO
1 Bioclimatologia: conceito, importância e relações com outras ciências.
2 Radiação Solar. Efeitos sobre os seres vivos.
3 Temperatura do ar e suas variações. Efeitos no desenvolvimento dos seres vivos.
4 Umidade atmosférica. Nuvens.
5 Evaporação e evapotranspiração.
6 Circulação atmosférica. Efeitos da pressão atmosférica. Massas de ar.
7 Principais tipos de precipitação. Regimes pluviais.
8 Classificação climática de Koeppen. Climas do Brasil. Região Nordestina.
9 Edafologia: conceito e importância; relação com outras ciências.
10 Solo: conceituação e interações com os seres vivos.
11 Fatores de pedogênese.
12 Classificação dos solos.
P
ROCEDIMENTOS E
R
ECURSOS
D
IDÁTICOS
1 Aulas expositivas: uso de projetor de slides e retroprojetor.
2 Aulas práticas de campo:
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PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA: ZOOLOGIA "C" CÓDICO: 02653
DEPARTAMENTO: BIOLOGIA ÁREA: ZOOLOGIA
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 h/a NÚMERO DE CRÉDITOS:
CARGA HORÁRIA SEMANAL: TEÓRICAS: PRÁTICAS: TOTAL: 4
CURSO:
Bacharelado em Ciências Biológicas
ANO DE APLICAÇÃO:
a partir de 1994
EMENTA
Estudo da morfologia, anatomia, fisiologia, ecologia e sis
temática
dos artrópodes, equinodermos e protocordados (Hemicordad
os,
Urocordados e Cefalocordados).
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
TEÓRICO
01. ESTUDO DOS ARTRÓPODES:
1.1. Estudo dos Artrópodes:
- Caracteres gerais.
- Planos de organização morfológica e apêndices.
- Exo-esqueleto e muda.
- Fisiologia (nutrição, digestão, circulação, ex
creção,
respiração, osmorregulação e reprodução).
- Classificação.
1.2. Subfilo Crustacea:
- Caracteres morfo-fisiolóicos exclusivos.
- Classificação.
- Caracterização geral das classes e ordens.
- Importância.
1.3. Subfilo Chelicerata:
- Estudo dos Arachnida:
- Caracteres morfo-fisiológicos exclusivos.
- Classificação.
- Caracterização geral das classes.
- Importância.
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99
ANEXO 15
PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA: ZOOLOGIA "D" CÓDICO: 02667
DEPARTAMENTO: BIOLOGIA ÁREA: ZOOLOGIA
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 h/a NÚMERO DE CRÉDITOS:
CARGA HORÁRIA SEMANAL: TEÓRICAS: 2 h/a PRÁTICAS: 2 h/a TOTAL: 4 h/a
CURSO:
Bacharelado em Ciências Biológicas
ANO DE APLICAÇÃO:
a partir de 1994
EMENTA
Estudo da morfologia, anatomia, fisiologia, ecologia e sis
temática
dos acraniados (classe Cyclostomata) e craniados (Vertebrad
os):
classe osteichthyes, chondrichthyes, amphi
bia, reptilia, aves e
mammalia.
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
CONTEÚDO TEÓRICO
01. Estudo dos caracteres gerais e sistemática dos craniados.
02. Estudo dos AGNATHA:
2.1. Classe cyclostomata:
- Morfologia, fisiologia, ecologia, sistemática e importância.
03. Estudo dos GNATHOSTOMATA:
3.1. Classe chondrichthyes:
- Morfologia, fisiologia, ecologia, sistemática e importância.
3.2. Classe osteichthyes:
- Morfologia, fisiologia, ecologia, sistemática e importância.
3.3. Classe amphibia:
- Morfologia, fisiologia, ecologia, sistemática e importância.
3.4. Classe reptilia:
- Morfologia, fisiologia, ecologia, sistemática e importância.
3.5. Classe aves:
- Morfologia, fisiologia, ecologia, sistemática e importância.
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100
ANEXO 16
PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA: ENTOMOLOGIA I DICO: 02422
DEPARTAMENTO: BIOLOGIA ÁREA: ENTOMOLOGIA
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 h/a NÚMERO DE CRÉDITOS:
CARGA HORÁRIA SEMANAL: TEÓRICAS: 2 PRÁTICAS: 2 TOTAL: 4
CURSOS:
Bacharelado em Ciências Biológicas e Agronomia
ANO DE APLICAÇÃO:
a partir de 1994
EMENTA
Insetos: histórico, número, tamanho, distribuição geográfica,
importância econômica, dados ecológi
cos, morfologia geral,
anatomia, fisiologia, reprodução e desenvolvimento.
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
CONTEÚDO TEÓRICO
01. Definição de Entomologia. Histórico. Im
portância. Divisão em
diferentes Áreas. Posição da Classe Insecta no Phy
lum
Arthropoda. Caracteres gerais dos insetos.
02. Importância econômica dos insetos.
03. Entomologia ecológica - influência do meio sobre o in
seto.
Fatores ecológicos. Distribuição geográfica dos insetos.
04. Exoesqueleto. Processos tegumentares. Endoesqueleto.
05. Divisão do corpo dos insetos. Morfologia externa.
06. Cabeça segmentacão e apêndices. Antenas e aparelho bu
cal:
constituição, função e tipos.
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101
ANEXO 17
PROGRAMA DE DISCIPLINA
IDENTIFICAÇÃO
DISCIPLINA: ENTOMOLOGIA II CÓDICO: 02423
DEPARTAMENTO: BIOLOGIA ÁREA: ENTOMOLOGIA
CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 h/a NÚMERO DE CRÉDITOS:
CARGA HORÁRIA SEMANAL: TEÓRICAS: 2 PRÁTICAS: 2 TOTAL: 4
CURSOS:
Bacharelado em Ciências Biológicas
ANO DE APLICAÇÃO:
a partir de 1994
EMENTA
Classificação sistemática. Sistemas de classificação. Regras
internacionais de nomenclatura zoológica. Coleção entomológica,
organização e manutenção. Divisão da Classe Insecta. Classificação
das principais ordens.
CONTEÚDOS
UNIDADES E ASSUNTOS
TEÓRICO-PRÁTICO
01. Regras Internacionais de Nomenclatura Zoológica. Siste
mas de
classificação. Coleção entomológica, organização e manutenção.
02. Introdução … sistemática dos insetos. Divisão da Classe
Insecta. Caracteres de Apterygota (Apterygogenea) e Pterygota
(Pterygogenea). Variação do mero de ordens de acordo com o
conceito dos sistemas.
03. Caracteres. Importância econômica. Biologia e classifi
cação da
ordem Orthoptera. Uso de chaves para identificação.
04. Caracteres. Importância econômica. Biologia e Classifi
cação da
ordem Isoptera. Uso de chaves para identificação.
05. Caracteres. Importância econômica. Biologia e Classifi
cação da
ordem Hemiptera. Uso de chaves para identificação.
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102
APÊNDICE 1 – Artigo enviado à revista Ciência e Educação em 14/03/2009.
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (PUC)
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES E LICENCIANDOS EM
BIOLOGIA SOBRE O BIOMA CAATINGA.
THE SOCIALS REPRESENTATIONS OF TEACHERS AND STUDENTS ABOUT
CAATINGA´S BIOM.
Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar se as representações sociais de
professores e licenciandos em biologia contêm subsídios que podem contribuir para a
conservação e a sustentabilidade do bioma Caatinga. Trata-se de um estudo qualitativo
desenvolvido com 20 licenciandos e 8 professores de uma universidade em Recife/PE. O
questionário semi-estruturado foi o instrumento básico da pesquisa. Para procedermos à
análise tivemos o aporte teórico de Moscovici (2003), Reigota (2001), Tabarelli e silva
(2003), entre outros. O estudo aponta, por exemplo, que as representações dos sujeitos
pesquisados estão centradas apenas nas características do clima e da vegetação da Caatinga.
Palavras –chave: Representações Sociais; Bioma; Caatinga; Biologia.
Abstract: This article has life objective to analyse the socials representations if biology
students and teachers. Have subsidies able to conservation and to contribute to the Caatinga´s
biom. It´s a hard qualitative study. Between 20 (twenty) students and 8 (eight) teachers, from
an university in Recife-PE. The semi-strutured questionary was the basic material to analyse
it. According to the Moscovici (2003), Reigota (2001), Tabarelli and Silva (2003) and others.
The hard studies, we´re got we perceived that the social representations only have matter the
Caatinga´s vegetations and climates characteristics.
Key words: Represent Social, biom Caatinga, biology.
INTRODUÇÃO
A Caatinga é um bioma que tem suas dimensões totalmente restritas ao Brasil, possui
várias espécies endêmicas, portanto, é muito importante do ponto de vista ecológico e sócio-
econômico (PRADO, 2003).
Mesmo sendo uma região tão importante, a Caatinga está passando por um processo de
alteração e deterioração ambiental provocado, principalmente, pelo uso insustentável dos seus
recursos naturais (TABARELI E SILVA, 2003). Apesar dessa problemática a Caatinga é a
região menos estudada pelos cientistas entre as regiões naturais brasileiras (CASTELLETTI et
al.; 2003. PRADO, 2003).
103
Reigota (2001) relaciona a Teoria das Representações Sociais à educação ambiental.
Outros estudos relacionam a Teoria das Representações Sociais à natureza, ao meio ambiente,
ao manguezal e a temas ambientais (TOMANIK, 2007; TREVISOL, 2007; BARCELLOS,
2004; RIBEIRO, 2005). No entanto, não constatamos nenhum estudo relacionando o tema
ambiental “Caatinga” à Teoria das Representações Sociais. Portanto em nosso estudo,
relacionamos a Teoria das Representações Sociais especificamente à Caatinga.
Diante do exposto, justifica-se o estudo das representações sociais de professores e
licenciandos de Biologia sobre o bioma Caatinga, a fim de contribuirmos para a formação de
cidadãos participativos na conservação do referido ambiente e no uso sustentável de seus
recursos naturais, com o objetivo de promover melhores condições de vida para as pessoas
que moram nessa região.
Este estudo foi realizado na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE),
pois se presumia que existiam professores especialistas em temas referentes ao bioma
Caatinga e que existiam muitos alunos de cidades em que esse bioma está situado.
Frente a todo esse exposto, neste trabalho procuramos responder à seguinte questão: as
representações sociais de professores e licenciandos de Biologia contêm aspectos que possam
contribuir para a conservação e uso sustentável do bioma Caatinga?
Nesse contexto, definimos como objetivo geral: analisar se as representações sociais
de professores e licenciandos em Biologia sobre o bioma Caatinga contêm subsídios que
poderão contribuir para a conservação desse bioma e para o uso sustentável dos seus recursos
naturais dessa região e se esses aspectos estão contemplados nos currículos dos cursos de
Licenciatura e Bacharelado da UFRPE.
Definimos como objetivos específicos:
- Identificar as representações sociais apresentadas por professores e licenciandos do curso de
Licenciatura em Biologia sobre o bioma Caatinga.
- Analisar essas representações sociais com relação à presença ou não de aspectos ligados à
conservação e ao uso sustentável do bioma Caatinga.
- Comparar as representações sociais dos professores com as dos licenciandos em biologia
com relação ao bioma Caatinga.
- Identificar se os aspectos encontrados nas representações sociais dos professores e
licenciandos estão contemplados nos currículos de Licenciatura e Bacharelado em Biologia da
UFRPE.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Moscovici (2003) foi o primeiro cientista social a utilizar o conceito de representações
sociais foi. Para ele uma representação social é o senso comum que se tem sobre um
determinado tema, em que se incluem também os preconceitos, ideologias e características
específicas das atividades cotidianas (sociais e profissionais) das pessoas.
Para Gilly (2001), as representações sociais estabelecem um novo caminho para
explicar como os fatores sociais agem no processo educativo e afetam seus resultados. Jodelet
(2001) acrescenta que, com as representações sociais, tratamos de fenômenos observáveis
diretamente ou reconstruídos por um trabalho científico.
A apropriação da Teoria das Representações Sociais pelo campo da educação se deve a
uma insatisfação crescente com as pesquisas com enfoques reducionistas e com as
contraposições simplificadoras entre a metodologia quantitativa e qualitativa. Esse interesse
vem a propósito de desvendar o conjunto de significações sociais envolvidas no processo
educativo. Os fatores sociais agem no espaço e afetam seus resultadosção (GILLY, 2001).
Existem diferentes abordagens das representações sociais, mas é possível extrair de
todas elas que, como percepções construídas sobre a realidade, essas afetam a dinâmica de
104
funcionamento dos grupos sociais, merecendo lugar de destaque nas pesquisas das ciências
sociais. . Os estudos em representações sociais na área de educação são usados como
instrumento de compreensão dos atores sociais envolvidos na prática educativa. É uma
ferramenta adicional para os pesquisadores da educação.
ASPECTOS GERAIS DA CAATINGA
A denominação de Caatinga como sendo um bioma está relacionada não às
características vegetais e climáticas, mas também a todas as características biológicas (como a
fauna e os habitantes dessa região) e físicas (como o solo) da Caatinga.
Agreste e sertão são dois termos ligados ao conceito geográfico da Caatinga. Agreste é
o nome dado à estreita faixa de vegetação e que apresenta um regime de chuva até 1000
mm/ano. Sertão é o nome dado às regiões mais secas da Caatinga com um regime de chuva
abaixo de 1000 mm/ano (PRADO, 2003). As regiões agreste e sertão formam o semi-árido do
nordeste brasileiro.
Neste trabalho, fundamentado em diversos autores como Cortez-Almeida et al. (2007),
Castelletti et al. (2003), Drumond et al. (2004), Tabarelli e Silva (2003), o termo “Caatinga” é
usado como bioma.
De acordo com Drumond et al. (2004), a Caatinga encontra-se ameaçada
principalmente pela exploração feita de forma extrativista. Segundo estimativas, cerca de 70%
desse bioma se encontram alterados pelo homem e somente 2% de sua área se encontram
protegidos em unidades e parques de conservação.
A dimensão do bioma Caatinga não é um consenso entre os pesquisadores.
Fundamentamos essa questão em Drumond et al. (2004), para quem o bioma Caatinga ocupa
cerca de 11% do território nacional, medindo aproximadamente 800.000 Km2, abrangendo os
Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí
e a região norte de Minas Gerais.
No que se refere ao clima, Prado (2003) afirma que, a região de Caatinga apresenta
muitas características extremas dentre os parâmetros meteorológicos a mais alta radiação
solar, baixa nebulosidade, a mais alta temperatura média anual, as baixas taxas de umidade
relativa, evapotranspiração potencial mais elevada, e, sobretudo, precipitações mais baixas e
irregulares, limitadas, na maior parte da área, a um período muito curto no ano.
O principal rio que corta a Caatinga é o São Francisco. Ele é um dos mais importantes
do Brasil, pela sua extensão, sua vasta bacia e pela sua utilização, uma vez que é navegável
em várias porções de seu curso. Esse rio é muito utilizado, também, para irrigação e para a
produção hidrelétrica (ANDRADE, 2003).
Estima-se que até o presente momento foram registradas 932 espécies de plantas
vasculares, 240 espécies de peixes, 154 de répteis e anfíbios, 510 de aves e 148 de mamíferos.
Nesses grupos de organismos, o vel de endemismo varia entre 4,3% no grupo das aves até
57% no grupo dos peixes. Recentemente, a Caatinga foi reconhecida como uma das 37
grandes regiões naturais do planeta (TABARELLI e SILVA, 2003).
Algumas espécies de animais da Caatinga encontram-se ameaçadas ou em processo de
extinção como: os felinos (onças e gatos selvagens), os herbívoros de porte médio (veado-
catingueiro), a ararinha-azul, a pomba de arribação e as abelhas nativas (DRUMOND et al.,
2000).
A flora Caatinga pode ser caracterizada como de florestas arbóreas ou arbustivas,
compreendendo principalmente árvores e arbustos baixos, muitos dos quais apresentam
espinhos, microfilia (folhas pequenas) e algumas características xerofíticas (caule adaptado
para armazenar água, folhas mais rígidas, geralmente cobertas por uma camada de cera para
diminuir a evaporação, e raízes longas). Essa flora tem um grande potencial forrageiro,
105
medicinal, frutífero e madeireiro para a caatinga, porém infelizmente é usada de forma
meramente extrativistas.
Mesmo com esse potencial, a Caatinga enfrenta sérios problemas como a exploração
predatória madeireira para produção de lenha e carvão, a fim de suprir as indústrias
alimentares e de gesso, as cerâmicas, as olarias e os curtumes e a agricultura sem o manejo
adequado (DRUMOND et al., 2000).
A Caatinga tem sido bastante modificada pelo homem, principalmente os solos que
estão sofrendo um processo intenso de desertificação devido à substituição da vegetação
natural por culturas (CASTELLETTI et al., 2003).
Segundo Tabarelli e Silva (2003), para a conservação da biodiversidade do bioma
Caatinga se faz necessária a identificação das áreas e ações prioritárias para o referido bioma.
O alto grau de áreas insuficientemente conhecidas enfatiza a urgente necessidade de
programas para o inventário biológico da Caatinga. Essa identificação gerou uma grande
quantidade de recomendações referentes a estratégias para a conservação, uso sustentável dos
recursos naturais e políticas públicas para a Caatinga.
Em suma, é importante percebermos que a Caatinga não é um bioma que não deu
certo, degradado devido a desequilíbrios ambientais ou intervenções humanas. É um bioma
cuidadosamente adaptado às condições de semi-aridez. A diferença com outros biomas não é
um defeito, mas uma qualidade.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A natureza é a base necessária e indispensável da economia moderna, bem como das
vidas das gerações presentes e futuras, desenvolvimento sustentável significa qualificar o
crescimento e reconciliar o desenvolvimento econômico com a necessidade de se preservar o
ambiente. que sem matéria vinda de recursos naturais, nada pode ser produzido. Descobrir
meios para se perceber a idéia geral de um desenvolvimento que seja sustentável, é um grande
desafio (BINSWANGER, 2001).
Barbieri (2005) considera que o conceito de desenvolvimento sustentável sugere um
legado permanente de uma geração à outra, para que todas possam prover suas necessidades.
E também que ele não pode se limitar apenas à visão tradicional de estoque e fluxo de
recursos naturais e de capitais.
Para Reis (2005), busca-se algumas décadas um modelo de desenvolvimento
sustentável e sua conseqüente implantação, alicerçado na visão crítica da organização da
sociedade humana e impulsionado por inúmeros problemas sociais e ambientais. É importante
ressaltar o papel importante da adoção de soluções locais para a questão da sustentabilidade,
das ações emanadas da sociedade civil organizada, baseadas na cidadania, na ética e na
responsabilidade do indivíduo social.
No que se refere à economia da Caatinga, a vida das pessoas e a produção
agropecuária são altamente dependentes dos recursos vegetais da região. A vegetação da
Caatinga é ainda uma das principais fontes energéticas da região. A lenta regeneração das
áreas desmatadas aliadas a um esforço de exploração superior ao limite de sustentabilidade,
ocasionam o desaparecimento de espécies, sendo assim indispensáveis a adoção de técnicas de
manejo florestal e de sistemas agroflorestais para que isso não ocorra (DRUMOMD, 2000).
Estima-se que mais de 25 milhões de habitantes dessa região possuem condições
inadequadas de vida e acabam utilizando os recursos naturais de forma equivocada.
Certamente a porcentagem de alteração da vegetação original da Caatinga alterada pelas
atividades humanas é superior aos 28% estimados pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa
Geográfica (IBGE, 1993).
106
A densidade demográfica total dos municípios da área da Caatinga é de modo geral
bastante baixa. Na ausência de atividades rentáveis na região migram os mais aptos,
permanecendo na região os velhos e crianças dependentes em sua maioria de aposentadorias e
pensões do governo. A taxa de analfabetismo e mortalidade infantil é muito elevada
(SAMPAIO et al., 2004).
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Guimarães (2004) pontua que a Educação Ambiental deve ter uma abordagem
interdisciplinar e que essa parecer ser uma proposta consensual entre os teóricos da Educação
Ambiental e até mesmo institucionalmente emplacada pelas políticas públicas, como, por
exemplo, na proposta da transversalidade do tema meio ambiente.
A Educação Ambiental para atingir seus objetivos precisa de uma profunda reflexão na
concepção e na estruturação dos conteúdos. Esse problema pode ser remetido à falta dessa
discussão quando de sua formação acadêmica dos professores (GUIMARÃES, 2004).
A visão fragmentada da Educação Ambiental, potencializa o desenvolvimento de
ações isoladas, descontextualizadas da realidade socioambiental em que a escola está inserida.
Essa prática é muito comum de ser encontrada em nossas escolas. Diante dessa realidade, é
necessário refletir se essa prática se dá por falta de formação dos professores para a Educação
Ambiental (GUIMARÃES, 2004).
Leonardi (2001) acrescenta que o conceito de natureza passou a incluir os seres
humanos que são seres sociais e históricos, e o conceito de homem passou a incluir a natureza
biofísica. Outros componentes importantes que referenciam o trabalho de educação ambiental
são: o desenvolvimento sustentável, o respeito à diferença, a discussão disciplinar, a
interdisciplinaridade, entre outros.
Porém, mesmo com a conscientização de um certo número de pessoas acerca da
importância da preservação do meio ambiente, conscientização essa que se deve em parte ao
trabalho de alguns professores, não tem sido suficiente para reverter o processo de crescente
degradação ambiental. O melhor resultado que a Educação Ambiental conseguiu até hoje é a
difusão de informações sobre a importância da preservação da natureza. Isso é reflexo do
Ensino tradicional e conservador de nosso sistema de Ensino. Mas essas informações se
revelam insuficientes para o enfrentamento dos problemas ambientais (GUIMARÃES, 2004).
METODOLOGIA
Caracterização da pesquisa e sujeitos da pesquisa
O presente estudo foi realizado na UFRPE, em Recife, Pernambuco e privilegiou a
abordagem qualitativa que se fundamenta em que uma relação dinâmica entre o mundo real
e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto Dentro da abordagem
qualitativa podemos também chamar esta pesquisa de descritiva (CHIAZZOTTI, 1991). Os
sujeitos da pesquisa foram vinte licenciandos e oito professores do curso de Licenciatura em
Biologia da UFRPE.
Instrumentos da pesquisa
Foi utilizado um questionário com 7 questões abertas para o grupo de 20 licenciandos
(Questionário 1). Primeiramente esses estudantes responderam algumas questões de
identificação pessoal. A questão é a de evocação e delineia suas representações sociais e as
outras questões referem-se à educação ambiental, a conservação e ao uso sustentável da
Caatinga.
107
Ao grupo dos 8 professores também foi aplicado um questionário com 8 questões
abertas (Questionário 2), com o objetivo de comparar suas respostas com as dos licenciandos.
Esses também primeiramente responderam algumas questões de identificação pessoal. Da
mesma forma que o Questionário 1, os professores responderam a questão, idênticas a dos
licenciandos, que delineia suas representações sociais e as outras questões referem-se à
educação ambiental, conservação e ao uso sustentável da Caatinga.
Utilizamos os programas curriculares das disciplinas (Botânica Econômica,
Morfologia de Fanerógamos, Sistemática de Fanerógamos, Sistemática de Criptógamos,
Fisiologia Vegetal, Ecologia Geral, Educação Ambiental, Geologia Geral, Entomologia,
Zoologia III e Conservação dos recursos naturais), do curso de Licenciatura em Biologia da
(UFRPE) com o objetivo de identificarmos se em suas ementas, conteúdos e bibliografias
estão citados assuntos referentes à Caatinga.
Analisamos também os curriculos de algumas disciplinas do curso de Bacharelado em
Biologia da UFRPE, pois existem disciplinas que não são comuns aos dois cursos e
professores, sujeitos desta pesquisa, que lecionam em ambos os cursos. As disciplinas que não
são comuns aos dois cursos que também analisamos foram (Biogeografia, Bioclimatologia e
Edafologia, Zoologia C e D, Entomologia I e II).
A Teoria das Representações Sociais não possui uma metodologia específica para a
coleta de dados. Portanto, nesta pesquisa, a identificação das representações sociais dos
licenciandos e professores sobre a Caatinga, utilizou a técnica da evocação. Essa técnica
consiste em apresentar uma palavra indutora aos indivíduos e solicitar que produzam todas as
palavras, expressões ou adjetivos que lhe vêm à mente (BARCELLOS, 2004).
No nosso caso, foi solicitado aos licenciandos e professores através dos Questionários
1 e 2 respectivamente, que respondessem a seguinte indagação: “Quando falo (Caatinga) o
que lhe vem em mente? Relacione, rapidamente, 5 palavras, com o objetivo de definir a
organização da estrutura da representação e do conteúdo.
Coleta de dados
Quanto ao procedimento de coleta dos dados primeiramente, o Questionário 1 foi
respondido de forma individual pelo grupo de 20 licenciandos. Na ocasião, o pesquisador
entregou o questionário aos licenciandos, explicando apenas que se tratava de uma pesquisa
para o curso de mestrado da universidade.
O grupo de 8 professores respondeu o Questionário 2 de forma individual. Para cada
docente separadamente apenas foi explicado pelo pesquisador que se tratava de uma pesquisa
sua para o mestrado da universidade.
Os programas curriculares dos cursos de Licenciatura e Bacharelado foram coletados
junto à coordenação desses cursos.
ANÁLISE DOS DADOS
Os dados obtidos nos questionários 1 e 2 foram analisados separadamente, de duas
maneiras: a questão dos dois questionários, que são idênticas, foram analisadas através dos
dados emitidos pelo programa EVOC (2000). Tanto as respostas desta primeira questão,
quanto as outras, foram relacionadas com os autores descritos na fundamentação teórica, com
os objetivos desta pesquisa e com os programas curriculares dos dois cursos pesquisados.
Essas respostas também foram comparadas nos dois questionários, a fim de analisarmos as
semelhanças e diferenças entre as representações dos professores e licenciandos.
No nosso caso, aplicamos separadamente o programa EVOC (2000) duas vezes, uma
com o grupo dos professores e outra com o grupo dos licenciandos. Para cada conjunto de
108
respostas dos dois grupos separadamente, o EVOC forneceu uma lista de palavras com a sua
respectiva freqüência.
Categorias de análise
Neste estudo, as categorias de análise das representações sociais sobre a Caatinga
referentes à questão dos Questionários 1 e 2 foram adaptadas das representações
ambientais de uma maneira geral, por não haver uma bibliografia específica voltada para o
bioma Caatinga. Para tanto as categorias de análise foram fundamentadas nas concepções de
Sauvé et al. (2000), apud Sato (2003) que classifica as representações sociais ambientais em
sete categorias.
RESULTADOS E DISCUSSÔES
Análise das respostas dos licenciandos sobre o bioma Caatinga.
As evocações dos licenciandos
As seis palavras mais centrais das representações dos licenciandos, que foram
identificadas pelo programa EVOC, a partir do critério mínimo de quatro evocações.
Representações dos licenciandos X freqüência
Palavras Freqüência
Seca 9
Nordeste 5
Sertão 5
Calor 4
Vegetação 4
Podemos constatar que a palavra “seca”, mais evocada pelos licenciandos, reflete a
característica mais marcante da Caatinga, que se refere ao clima desse bioma, (PRADO,
2003). Porém, esperávamos que outros aspectos da Caatinga, como a biodiversidade, a
conservação e os problemas sociais dos habitantes desse bioma também fossem reconhecidos,
o que possibilitaria um enfoque mais amplo da questão ambiental.
A partir da tabela descrita por Sato (2003), podemos verificar que os termos “seca”,
“nordeste” e “sertão” podem estar ligados a uma representação voltada para a “Biosfera que
vivemos juntos em longo prazo”. Nessa categoria, ainda segundo Sato (2003), o ser humano é
considerado não solidário e não reconhece sua relação com a Terra. Dessa forma, o referido
grupo de licenciandos parece necessitar desenvolver a concepção de pertencimento à natureza,
interdependência entre todos os seres vivos existentes e considerar as inter-relações entre as
realidades locais e globais para que possam desenvolver uma Educação Ambiental capaz de
promover a conservação da biosfera.
Verificamos que os exemplos de estratégias para a Educação Ambiental propostas ao
grupo dessa categoria valorizam os conhecimentos das comunidades autóctones, ou seja, das
comunidades locais de cada região. Nesse sentido, os licenciandos parecem não reconhecer a
população da Caatinga, visto que as palavras evocadas que poderiam ter essa conotação como
“miséria” e “pobreza” aparecem apenas uma vez. Isso demonstra que o foco das
representações dos licenciandos não está nas pessoas que fazem parte desse meio ambiente.
Cabe enfatizar que a utilização do termo “sertão”, por parte dos estudantes, refere-se à
visão do bioma Caatinga baseada apenas nas características do clima. Esse termo pode ser
109
fundamentado em Prado (2003), segundo o qual “sertão” é o nome dado à região mais seca da
Caatinga. Também Cortez-Almeida et al. (2007) consideram o Sertão como uma das regiões
que forma o bioma Caatinga.
Outra palavra que se refere ao clima é “calor”, que também foi uma das mais
evocadas. Porém, essa condição climática não impede que esse bioma seja rico em recursos
naturais, como podemos constatar na leitura dos autores descritos na fundamentação teórica.
A palavra “vegetação” pode ser agrupada com outras 11 palavras que foram menos
citadas, como plantas resistentes, macambira, palma, mata de madeira retorcida, cactos,
mandacaru, que refletem uma característica marcante da Caatinga, que parece ser o senso
comum e a mais destacada pela mídia, porém não indicam a possibilidade do desenvolvimento
sustentável para essa região.
Nesse grupo, “ervas medicinais é a única palavra que pode sinalizar essa
possibilidade, mas foi citada uma vez, demonstrando que talvez os licenciandos tenham
pouco conhecimento sobre a importância econômica dos recursos naturais da Caatinga. Sua
flora tem um grande potencial forrageiro, medicinal, frutífero e madeireiro, porém
infelizmente é usada de forma meramente extrativistas, o que impossibilita sua
sustentabilidade (DRUMOMD et al., 2000).
Outro ponto a ser destacado são as palavras sobre a Caatinga que se referem ao clima,
como altas temperaturas, área seca, calor, clima seco, chuva escassa, local árido, que dão a
idéia de uma visão reducionista de quem não conhece a potencialidade desse ambiente.
As palavras que se referem às características do solo, como solo seco, solo árido,
escassez, pouca diversidade, parecem ter conotação negativa. Em contra partida, as palavras
que indicam desenvolvimento e sustentabilidade, como diversidade, bioma único,
biodiversidade, foram citadas poucas vezes pelos licenciandos.
Leonardi (2001) pontua que a Educação Ambiental deve enfatizar que o conceito de
natureza deve incluir os seres humanos e o conceito de homem passou a incluir a natureza.
Através da análise das palavras mais evocadas dos licenciandos acima referidos, isso não
parece estar acontecendo, pois a dicotomia entre homem e natureza é evidente em grande
parte das palavras evocadas, como, por exemplo, seca, sertão e nordeste.
As definições dos licenciandos
Verificamos que a maioria dos licenciandos apresentou em sua definição enfoques
especiais voltados para a vegetação e o clima do bioma Caatinga. Essa foi uma das
características mais evidenciadas na questão anterior, que as palavras seca, calor e
vegetação foram bastante evocadas pelos estudantes, demonstrando que para esse grupo essas
características são as mais importantes.
Cabe observar que muitos definiram a Caatinga como riqueza, diversidade e
características peculiares, o que, relacionando com a questão anterior, em que analisamos as
evocações dos licenciandos, não foi tão enfatizado.
Novamente a palavra “nordeste”, que foi uma das mais evocadas na questão anterior,
aparece nas definições, evidenciando que os licenciandos dão ênfase à área onde o bioma está
situado. De fato, o bioma Caatinga está em grande parte inserido no que politicamente se
conhece como nordeste.
Três licenciandos definiram a Caatinga como um bioma pouco estudado e valorizado.
Frente a essas colocações, talvez a falta de estudo e valorização, que foram aspectos citados na
fundamentação teórica, contribuam para que esse grupo de estudantes tenha a visão tão
marcante apenas das características do clima e da vegetação da Caatinga. Apenas um
estudante definiu a Caatinga como vegetação pouco diversificada, o que pode ser reflexo da
falta de estudo sobre esse bioma.
110
Participação dos licenciandos em atividades referentes à Caatinga.
Percebemos que 12 dos 20 licenciandos participaram de atividade referente ao bioma
Caatinga, dos quais 11 na disciplina Botânica Econômica. Nenhum estudante citou outras
disciplinas do curso. Outra observação é que o percentual de licenciandos que não realizaram
qualquer atividade referente à Caatinga é bastante significativo, já que se supõe que na
UFRPE existam especialistas em questões ambientais, principalmente referentes aos biomas
de nossa região.
Concordamos com autores como Reigota (2001), Sato (2003) e Guimarães (2004), que
propõem que a Educação Ambiental deve ter uma abordagem interdisciplinar, em todos os
níveis de ensino. Podemos aceitar que ela não deve ter uma abordagem reducionista,
acondicionada em algumas disciplinas, para que todos os aspectos da questão ambiental sejam
considerados e discutidos. Isso não parece ser a realidade dos estudantes pesquisados, pois dos
doze licenciandos, que citaram ter participado de alguma atividade sobre a Caatinga, onze
referiram-se apenas a disciplina de Botânica Econômica.
Analisando o programa curricular da disciplina Botânica Econômica, verificamos em
sua bibliografia a citação de uma obra referente ao Simpósio sobre a Caatinga e sua
exploração racional. Podemos supor que nessa disciplina, a bibliografia serviu de base para
que os licenciandos pudessem conhecer melhor esse bioma, já que 11 dos 20 alunos
pesquisados citaram ter participado de atividades referentes à Caatinga, nessa disciplina.
Talvez as atividades com os licenciandos referentes à Caatinga praticamente restritas à
disciplina de Botânica Econômica sejam o motivo de suas definições enfatizarem as
características vegetais desse bioma e a palavra “vegetação” tenha sido uma das mais
evocadas.
Contato dos estudantes com a região de Caatinga.
Observamos que apesar desses licenciandos residirem e estudarem em um Estado em
que o bioma Caatinga está situado, o percentual de estudantes que nunca viram esse bioma é
bastante significativo. Percebemos que, de acordo com a identificação de suas representações
sociais, eles não se identificam com o contexto no qual estão inseridos. Assim sendo, os
licenciandos precisam conhecer de perto o bioma Caatinga e se identificarem como inseridos
nesse ambiente para que possam realizar ações em Educação Ambiental, voltadas para sua
conservação e desenvolvimento sustentável.
Outra observação é que dos 15 licenciandos que foram ao bioma Caatinga, 10 citaram
a região de Caruaru, o que pode indicar que as atividades realizadas na disciplina Botânica
Econômica, citadas na questão anterior, ocorreram nessa região. Se outras disciplinas também
tivessem realizado atividades em locais onde a Caatinga está situada, possivelmente o
resultado apresentado nessa tabela seria outro, com muito mais licenciandos conhecendo
outras regiões de Caatinga.
Benefícios do bioma Caatinga.
Percebemos que boa parte desses estudantes parece não conhecer os benefícios que o
bioma pode trazer para nossa sociedade, para que possam reconhecer a importância desse
ambiente e realizar ações em Educação Ambiental voltadas para o uso sustentável da
Caatinga.
Porém, verificamos que 35% dos licenciandos citaram a fabricação de remédios como
um dos principais benefícios que a Catinga pode oferecer para a sociedade. De fato, muitas
111
evidências de que a flora da Caatinga é bastante rica em plantas medicinais. Entretanto, o
valor farmacológico dessas plantas não tem sido avaliado de forma adequada (DRUMOND et
al., 2004). Além disso, a obtenção dessas plantas ocorre de forma extrativista, sem incentivo
ao plantio adequado, à pesquisa e ao desenvolvimento de programas de divulgação e de
conscientização para o uso racional dessas plantas (ibidem, 2004).
Através da análise do programa curricular da disciplina Botânica Econômica, do curso
de licenciatura pesquisado, verificamos que o estudo de plantas medicinais, da cultura básica e
de subsistência de várias espécies vegetais encontradas na Caatinga, foram citados. Além
disso, o estudo da industrialização da madeira, dando indícios de que está pode ser a principal
fonte de informações dos licenciandos, que muitos citaram a alimentação, a indústria e o
artesanato, como benefícios que a Caatinga pode trazer para a sociedade.
Temas sugeridos pelos licenciandos.
Observamos que o tema “biodiversidade” é o mais citado nesta questão. Dentre os
licenciandos que citaram a biodiversidade, seus interesses são: as riquezas dessa
biodiversidade, a fauna e suas relações, a flora (tipos e plantas resistentes) e espécies
endêmicas. Nesse sentido o licenciando A5 afirmou:
Gostaria de aprender mais se a fauna da Caatinga é rica, pois quando
falamos messe assunto temos a impressão de que é um ambiente com
poucos animais. Sei que não é, mas não sei muito sobre esse assunto.
Outro tema bastante citado foi a “importância econômica’. Dentre os estudantes que
citaram esse tema, seus interesses são: os recursos que a Caatinga oferece e como utilizá-los
melhor, sua sustentabilidade, sua importância e o benefício de sua vegetação. Segundo
Drumond et al. (2004) é fundamental que um programa de uso sustentável da biodiversidade
da Caatinga incorpore ações de educação ambiental. Nesse sentido, percebemos que os
licenciandos pesquisados têm interesse nesse tema.
Ações sugeridas pelos licenciandos.
A Educação Ambiental é a ação mais citada, o que mostra que os estudantes têm
consciência de que é através da informação, capacitação e conscientização da sociedade que
poderemos contribuir para a conservação e a melhoria do uso sustentável de um ambiente.
Quanto a esse assunto o aluno A3 disse que:
Acho que é através da educação ambiental podemos conhecer melhor
a Caatinga para ajudarmos na sua conservação. Esse trabalho pode ser
feito em qualquer lugar.
Observamos também que os licenciandos citam as pesquisas como uma das ações que
podem ajudar a caatinga. Através da literatura apresentada na fundamentação teórica, como
por exemplo, Castelletti et al., (2003); Drumond et al.(2004); Cortez-Almeida et al. (2007);
Tabarelli e Silva (2003), constatamos que a Caatinga é o bioma menos estudado pelos
cientistas, entre as regiões naturais brasileiras, mesmo sendo a única região natural cujos
limites estão restritos ao território nacional.
112
Análise das respostas dos professores sobre o bioma Caatinga.
Evocações dos professores.
As cinco palavras mais centrais das representações dos professores, que foram
identificadas pelo programa EVOC, a partir do critério mínimo de duas evocações.
Palavras mais evocadas X freqüência.
Palavras Freqüência
Seca 4
Aridez 3
Vegetação 2
Semi-árido 2
Cactácea 2
A palavra “seca”, que foi a mais evocada pelos licenciandos, é também a mais citada
pelos professores, mostrando que as características físicas do bioma Caatinga, principalmente
referentes ao clima, são as mais enfocadas por esses grupos. “Seca” e “aridez” podem ser
agrupadas com outras três palavras evocadas, baixa umidade, calor e sazonalidade climática,
que parecem ter conotação negativa, visto que demonstram características desfavoráveis do
bioma Caatinga, o que pode indicar que nesse bioma não é possível o desenvolvimento
sustentável.
A partir da tabela descrita por Sato (2003), podemos, então, supor que da mesma
forma dos licenciandos pesquisados, o referido grupo de professores tenha necessidade de se
considerarem pertencentes à natureza, numa relação de interdependência entre todos os seres
vivos.
Nessa perspectiva, da mesma forma que os licenciandos, os professores parecem não
reconhecer e valorizar a população da Caatinga. As únicas palavras que parecem ter essa
conotação são “emigração” e “miséria”, citadas apenas uma vez cada.
“Vegetação” é uma palavra que pode ser agrupada com outras oito evocadas, como:
algaroba, árvore de pequeno porte, cactácea, mandacaru, plantas xerófitas, vegetação
arbustiva, vegetação estacional e xique-xique. Essas palavras parecem não apontar a
possibilidade do desenvolvimento sustentável do bioma Caatinga, pois expressam apenas o
nome de algumas espécies vegetais e suas características. As únicas palavras que parecem
sinalizar essa possibilidade são: biodiversidade, diversidade de uso e conservação, porém elas
foram citadas uma só vez cada, e em quarta ou quinta ordem de evocação.
Definições dos professores.
Fazendo um paralelo com as definições apresentadas pelos licenciandos, verificamos
que, da mesma forma, a maioria dos professores também deu ênfase às características do
clima e da vegetação do bioma Caatinga, demonstrando que talvez o professor seja a principal
fonte de informação desses licenciandos.
Outra observação é que o professor P7, que leciona a disciplina Geologia Vegetal,
respondeu que a Caatinga é uma região com poucos recursos e condições climáticas
desfavoráveis. Esse mesmo professor afirmou conhecer a cidade de Tabira, no sertão de
Pernambuco, reforçando o que discutimos na questão anterior, que nem sempre visitar a
região significa conhecer suas características, seu potencial e ter consciência do seu papel
113
enquanto professor formador de outros professores, em relação aos problemas ambientais
desse bioma tão importante que é a Caatinga.
Analisando alguns conteúdos curriculares da disciplina Geologia Geral, que é
ministrada pelo professor P7, é possível considerar que o estudo de algum tema referente à
Caatinga, como a origem e as características do solo e das rochas, pode ser contemplado
através de citações como “o estudo da origem e classificação das rochas; formação do solo e
atividades geológicas”. Entretanto, apesar de os conteúdos curriculares possibilitarem uma
ligação com o bioma Caatinga, nada foi citado sobre a realização de alguma atividade
referente ao mesmo.
Realização de atividades referentes à Caatinga.
Percebemos que a maioria relatou ter realizado alguma atividade referente à Caatinga.
Porém, parece que essas atividades não foram o marcantes para os licenciandos que eles
citaram especificamente a atividade da disciplina Botânica Econômica. Isso parece indicar que
o trabalho sobre o bioma Caatinga com esses estudantes ocorreu de forma isolada nessa
disciplina, sem assumir um caráter interdisciplinar, conforme recomendam autores como
Reigota (2001), Sato (2003) e Guimarães (2004).
Contato dos professores com a região de Caatinga.
Observamos que todos os professores foram a alguma região onde o bioma Caatinga
está situado. Isso não significa que eles conhecem bem esse bioma, pois eles podem ter ido a
essas regiões realizar outras atividades e não atividades de estudo.
Os professores P3, P5 e P7, que relatam terem ido a regiões onde o bioma Caatinga
está situado, disseram não ter realizado qualquer atividade com seus alunos referente à
Caatinga. Isso demonstra que ter ido ao lugar não é suficiente para que o indivíduo seja
consciente da importância desse ambiente e de seu papel na conservação dos recursos naturais
e no desenvolvimento sustentável da sociedade.
Benefícios do bioma Caatinga.
Percebemos que os professores tratam esse aspecto de forma muito superficial. Um
exemplo disso é a citação do professor P1.
Sei que a região da Caatinga pode trazer muitos benefícios para a
sociedade. Trata-se de um ambiente que tem grande importância
econômica.
Concordamos com Guimarães (2004), descrito na fundamentação teórica, quando
pontua que o professor geralmente não teve em sua formação uma boa base com relação à
Educação Ambiental, o que justifica falta de segurança em relacionar os conteúdos de sua
disciplina com as questões ambientais.
114
Ações propostas pelos professores.
Destacamos que a maioria dos professores propõe ações que envolvem questões éticas
e sociais, todavia não é o que observamos em suas evocações e definições sobre o bioma e
nem nas atividades realizadas por eles.
Conhecimentos sobre a Caatinga.
Analisando as respostas dos professores P3, P4, e P6, observamos a citação de
conhecimento sobre a ação extrativista, as peculiaridades sociais, problemas sociais,
respectivamente, demonstrando que os alunos devem ter esses conhecimentos sobre o bioma
Caatinga. Porém, o professor P3 afirmou que não realizou atividades sobre essas questões e os
licenciandos em suas respostas não citaram nenhuma atividade com esses professores.
Os professores P1 e P3 citaram o conhecimento sobre a comunidade animal ou sobre a
fauna, porém percebemos que os animais não foram mencionados nas palavras evocadas pelos
professores nem pelos licenciandos. Podemos supor, portanto, que exista entre esses grupos
pesquisados, a idéia da falta de diversidade animal do bioma Caatinga. Talvez seja essa a idéia
que a maioria das pessoas tem, o que justifica a pouca quantidade de estudos sobre a fauna da
Caatinga, discutida na fundamentação teórica.
Percebemos que a maioria das respostas dos professores a essa pergunta, parece não
manter muita relação com suas palavras mais evocadas, que não encontramos entre elas
palavras como, sustentabilidade, animais, fauna, população, sociedade, potencial econômico,
conservação, que dão indícios da possibilidade de desenvolvimento sustentável e de outras
características que não sejam o clima e a vegetação.
Traçando um paralelo com os temas que os licenciandos gostariam de estudar sobre a
caatinga, observamos que eles relataram a biodiversidade e a importância econômica desse
bioma, o que está em conformidade com as respostas apresentadas pelos professores a esta
questão. Assim, identificamos o interesse dos alunos, sendo necessário aprofundar os estudos
para compreender porque isso não acontece.
Propostas de ações.
Analisando a maioria das ações propostas pelos professores, percebemos uma
preocupação com os problemas políticos e sociais das pessoas que vivem nas comunidades
onde o bioma Caatinga está situado. Dessa forma, consideramos relevante estudar e discutir
essas questões.
Análise dos programas curriculares de Licenciatura e Bacharelado.
Em síntese, nos programas do Curso de Licenciatura em Biologia, de modo geral, as
referências ao bioma Caatinga são feitas de maneira implícita, através de algumas citações de
representantes da flora e da fauna existentes nesse bioma, ou a características desse bioma,
sem uma referência direta ao nome do bioma.
Um exemplo de referência implícita ao nome do bioma foi detectado no programa da
disciplina Botânica Econômica, em que o termo semi-árido nordestino” foi utilizado no lugar
de “Caatinga”. A única referência direta ao nome do bioma ocorre nesse mesmo programa, no
tópico “bibliografia” que cita o “simpósio sobre a Caatinga e sua exploração racional”, estudo
realizado pela EMBRAPA. Talvez essas indicações contidas no programa dessa disciplina
tenham ajudado o professor a conhecer melhor o bioma e a desenvolver estudos e atividades
com seus alunos referentes à Caatinga, que dos 12 licenciandos, que afirmaram ter
115
participado de atividades envolvendo esse bioma, 11 citaram a disciplina de Botânica
Econômica.
Podemos, então, supor que, a falta de referências mais explícitas ao bioma Caatinga
nos programas das outras disciplinas, fez com que os estudos realizados nessas disciplinas não
fossem contextualizados, o que teve como conseqüência um empobrecimento das concepções
construídas sobre esse bioma.
Para efeito de comparação, nos programas das disciplinas Biogeografia e
Bioclimatologia/Edafologia, que fazem parte do curso de Bacharelado em Biologia,
encontramos um tópico ligado de forma implícita ao bioma Caatinga, referente às “aulas de
campo para observação das comunidades das regiões do Agreste e Sertão”, Nesse caso, a
ênfase é dada a duas regiões geográficas e não ao bioma. Caatinga. Nas demais disciplinas do
curso de Licenciatura nem citações implícitas existiram.
CONCLUSÕES
Com relação ao primeiro objetivo específico, verificamos que as representações sociais
dos professores e licenciandos investigados neste estudo estão centradas nas características do
clima e da vegetação da Caatinga. Outros aspectos desse bioma, como a população, a fauna, a
conservação e sua sustentabilidade, não foram destacados nessas representações. Dessa forma,
com relação ao segundo objetivo específico, constatamos que faltam aspectos sociais,
econômicos e éticos do bioma Caatinga, que poderiam apontar para a conservação e o
desenvolvimento sustentável desse bioma.
Comparando as definições e representações dos licenciandos e dos professores, o que
se refere ao terceiro objetivo específico, encontramos muitas semelhanças, o que pode indicar
que os professores constituem a principal fonte de informação desses estudantes.
No quarto objetivo específico, observamos que os aspectos encontrados nas
representações sociais dos professores e licenciandos sobre o bioma Caatinga não estão
explicitamente contemplados nos programas curriculares dos cursos de Licenciatura e
Bacharelado em Biologia, que tratam muito implicitamente de temas referentes a esse bioma.
Como resposta à nossa questão de pesquisa, concluímos que essas representações não
contêm aspectos que possam contribuir para a conservação e uso sustentável do bioma
Caatinga, visto que elas dão mais ênfase ao clima e a vegetação desse bioma. Os aspectos
sociais, econômicos e éticos da Caatinga não foram destaque nessas representações.
Quanto às atividades realizadas pelos professores do curso de Licenciatura em
Biologia, referentes ao bioma Caatinga, percebemos que elas parecem ocorrer de forma
pontual em uma única disciplina.
Os resultados deste trabalho apontam que os licenciandos têm interesse sobre os temas
referentes ao bioma Caatinga, assim como têm consciência que é através da informação e da
pesquisa que se pode contribuir para a conservação e o uso sustentável de uma região.
Apontam também que os professores propõem adequadamente os assuntos que os
licenciandos deveriam saber sobre o bioma Caatinga e as ações para serem trabalhadas sobre
esse bioma. Porém os professores e licenciandos demonstram um conhecimento superficial
sobre os benefícios que a Caatinga pode trazer para a sociedade.
Sugerimos aos professores pesquisados que procurem relacionar os conteúdos de suas
disciplinas com as questões ambientais do bioma Caatinga. Isso pode ocorrer através de uma
reformulação dos programas curriculares das disciplinas do curso de Licenciatura em
Biologia.
Sugerimos também outras pesquisas que identifiquem a influência da citação explícita
sobre o bioma Caatinga nos programas curriculares na pratica pedagógica dos professores.
116
Recomendamos ainda que novas pesquisas sejam realizadas sobre as características
físicas, biológicas, sociais, econômicas e éticas do bioma Caatinga, que possam contribuir
para a conservação e para o desenvolvimento sustentável desse bioma único.
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