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fundamentado em Prado (2003), segundo o qual “sertão” é o nome dado à região mais seca da
Caatinga. Também Cortez-Almeida et al. (2007) consideram o Sertão como uma das regiões
que forma o bioma Caatinga.
Outra palavra que se refere ao clima é “calor”, que também foi uma das mais
evocadas. Porém, essa condição climática não impede que esse bioma seja rico em recursos
naturais, como podemos constatar na leitura dos autores descritos na fundamentação teórica.
A palavra “vegetação” pode ser agrupada com outras 11 palavras que foram menos
citadas, como plantas resistentes, macambira, palma, mata de madeira retorcida, cactos,
mandacaru, que refletem uma característica marcante da Caatinga, que parece ser o senso
comum e a mais destacada pela mídia, porém não indicam a possibilidade do desenvolvimento
sustentável para essa região.
Nesse grupo, “ervas medicinais” é a única palavra que pode sinalizar essa
possibilidade, mas foi citada uma só vez, demonstrando que talvez os licenciandos tenham
pouco conhecimento sobre a importância econômica dos recursos naturais da Caatinga. Sua
flora tem um grande potencial forrageiro, medicinal, frutífero e madeireiro, porém
infelizmente é usada de forma meramente extrativistas, o que impossibilita sua
sustentabilidade (DRUMOMD et al., 2000).
Outro ponto a ser destacado são as palavras sobre a Caatinga que se referem ao clima,
como altas temperaturas, área seca, calor, clima seco, chuva escassa, local árido, que dão a
idéia de uma visão reducionista de quem não conhece a potencialidade desse ambiente.
As palavras que se referem às características do solo, como solo seco, solo árido,
escassez, pouca diversidade, parecem ter conotação negativa. Em contra partida, as palavras
que indicam desenvolvimento e sustentabilidade, como diversidade, bioma único,
biodiversidade, foram citadas poucas vezes pelos licenciandos.
Leonardi (2001) pontua que a Educação Ambiental deve enfatizar que o conceito de
natureza deve incluir os seres humanos e o conceito de homem passou a incluir a natureza.
Através da análise das palavras mais evocadas dos licenciandos acima referidos, isso não
parece estar acontecendo, pois a dicotomia entre homem e natureza é evidente em grande
parte das palavras evocadas, como, por exemplo, seca, sertão e nordeste.
As definições dos licenciandos
Verificamos que a maioria dos licenciandos apresentou em sua definição enfoques
especiais voltados para a vegetação e o clima do bioma Caatinga. Essa foi uma das
características mais evidenciadas na questão anterior, já que as palavras seca, calor e
vegetação foram bastante evocadas pelos estudantes, demonstrando que para esse grupo essas
características são as mais importantes.
Cabe observar que muitos definiram a Caatinga como riqueza, diversidade e
características peculiares, o que, relacionando com a questão anterior, em que analisamos as
evocações dos licenciandos, não foi tão enfatizado.
Novamente a palavra “nordeste”, que foi uma das mais evocadas na questão anterior,
aparece nas definições, evidenciando que os licenciandos dão ênfase à área onde o bioma está
situado. De fato, o bioma Caatinga está em grande parte inserido no que politicamente se
conhece como nordeste.
Três licenciandos definiram a Caatinga como um bioma pouco estudado e valorizado.
Frente a essas colocações, talvez a falta de estudo e valorização, que foram aspectos citados na
fundamentação teórica, contribuam para que esse grupo de estudantes tenha a visão tão
marcante apenas das características do clima e da vegetação da Caatinga. Apenas um
estudante definiu a Caatinga como vegetação pouco diversificada, o que pode ser reflexo da
falta de estudo sobre esse bioma.