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ADALTO DE FARIAS
ANÁLISE DA TENSÃO RESIDUAL E INTEGRIDADE SUPERFICIAL NO
PROCESSO DE TORNEAMENTO EM MATERIAL ENDURECIDO DO
AÇO ABNT 8620 CEMENTADO
Dissertação apresentada à Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo para obtenção
do título de Mestre em Engenharia Mecânica
São Paulo
2009
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ADALTO DE FARIAS
ANÁLISE DA TENSÃO RESIDUAL E INTEGRIDADE SUPERFICIAL NO
PROCESSO DE TORNEAMENTO EM MATERIAL ENDURECIDO DO
AÇO ABNT 8620 CEMENTADO
Dissertação apresentada à Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo para obtenção
do título de Mestre em Engenharia Mecânica
Área de concentração:
Engenharia Mecânica de Projeto e
Fabricação
Orientador: Prof. Dr. Gilmar Ferreira Batalha
São Paulo
2009
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Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob responsabilidade única do
autor e com anuência de seu orientador.
São Paulo, 06 de maio de 2009.
Assinatura do autor:
Assinatura do orientador:
FICHA CATALOGRÁFICA
Farias, Adalto de
Análise da tensão residual e integridade superficial no
processo de torneamento em material endurecido do aço ABNT
8620 cementado / A. de Farias. -- São Paulo, 2009.
191 p.
Edição Revisada de Dissertação (Mestrado) – Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de
Engenharia Mecatrônica e de sistemas Mecânicos.
1.Usinagem 2.Torneamento 3.Difração por raios-X 4.Tensão
Residual 5.Acabamento de superfícies I. Universidade de São
Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia
Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos II. t.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha esposa Evelin e
minhas filhas Alice e Eliza pelo apoio,
paciência e compreensão nos momentos de
ausência.
Ao meu pai Américo (in memorian), que
estaria orgulhoso pelo meu esforço.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Gilmar Ferreira Batalha, pela brilhante orientação, pela constante
dedicação e amizade durante todo o trabalho.
Ao Prof. Dr. Sérgio Delijaicov, pela co-orientação deste trabalho, pela
competente ajuda nos momentos de dúvidas e sua grande amizade.
Aos meus sogros Carlos e Neide pelo apoio, estímulo e dedicação à minha
família.
À minha mãe Ana e meu irmão Adriano pelo apoio e estímulo.
À empresa Polimold Ind. S/A, pela grande oportunidade de executar este
trabalho, por todo o suporte dado tanto em material quanto em tempo.
Ao Sr. Ruy Korbivcher e Sr. José Carlos Felipe Fischer pelo apoio e amizade
durante todos estes anos de trabalho.
Ao engenheiro Anderson Cleber N. Silva e o gerente Jacques W. Mazo da
empresa Seco Tools Brasil, pelo fornecimento das ferramentas e apoio nas
usinagens dos corpos de prova.
Ao Prof. Dr. Daniel Biasoli de Melo, pela ajuda e ensinamentos sobre medições
de topografias superficiais.
Aos alunos Felipe e Karina do laboratório de materiais da UNIFEI pela grande
ajuda nas medições das tensões residuais no método do furo cego e preparação
das amostras metalográficas.
Ao Prof. Dr. Nelson Batista e Renê do IPEN pelas medições de tensão residual
com raios-X.
A todos os colegas que direta ou indiretamente contribuíram para realização
deste trabalho, e, especialmente a Deus por mais esta realização.
Se eu vi mais longe, foi por estar
de pé sobre ombros de gigantes
(Isaac Newton)
RESUMO
Este trabalho tem a intenção de contribuir com informações sobre a integridade
superficial resultante do processo de torneamento em material endurecido de
componentes mecânicos fabricados em aço cementado ABNT 8620 (DIN 21 NiCrMo
2). A análise das tensões residuais do corpo de prova foi experimentalmente
conduzida pelo Método do Furo Cego Incremental, no qual um pequeno furo é
introduzido na superfície do componente e a deformação aliviada é registrada por
meio de extensômetros especiais, e também, pelo método da difração de raios-X. A
superfície foi analisada através de parâmetros obtidos do mapeamento
tridimensional da topografia superficial com instrumento de interferometria laser. Os
parâmetros de rugosidade, selecionados para medição, visaram uma caracterização
funcional das superfícies obtidas, tais como capacidade de carga, capacidade de
retenção de fluidos lubrificantes e resistência ao desgaste. Também foram
executados ensaios metalográficos para avaliar a existência de camadas de material
alteradas abaixo da superfície. Os resultados indicaram que o torneamento em
material endurecido foi capaz de produzir uma superfície resultante com boa área de
contato, boa capacidade de carregamento e razoável capacidade de retenção de
fluidos uma vez que nem todos os parâmetros se encontraram na faixa funcional
ideal. O torneamento em material endurecido induziu tensão de compressão nas
camadas das amostras cementadas, cuja condição original era tensão residual de
tração. Não foram detectadas alterações expressivas na camada cementada,
principalmente na região limítrofe da área transversal com a superfície devido ao
aquecimento e rápido resfriamento imposto pelo processo de usinagem.
Palavras-chave: Usinagem, integridade superficial, aço cementado, rugosidade 3-D,
camada branca, tensão residual, difração de raios-X, método do furo cego.
ABSTRACT
The aim of the present work is to provide relevant information regarding the
obtained surface integrity during hard turning process of mechanical components
manufactured from case hardened steel ABNT 8620 (DIN 21 NiCrMo 2). The sample
residual stress analysis has been experimentally conducted by the incremental Blind
Hole method, in which a small hole is machined on the surface of the component and
the relieved deformation is recorded through special strain gages, and by the X-ray
diffraction technique. The surface was examined by parameters obtained from the
surface topography three-dimensional mapping with a laser interferometer
instrument. The selected roughness parameters analysis intends to have a functional
characterization such as bearing capacity, fluid and lubricants retention ability and
contact wear resistance. In the search for altered material layers beneath the surface,
metallographic studies were carried out. The functional bearing area curve analysis
parameters indicated that the resulting surface has a good area contact, good
bearing capacity and reasonable ability to fluid retention as the reduced valley depth
parameter did not produced negative values for all conditions tested. The hard turnig
process was able to add compression residual stress condition at the surface, and no
significant changes were found at the case hardened layer due to rapid heating and
cooling imposed by the hard turning process.
Keywords: Surface integrity, hard turning, case hardened steel, 3-D roughness,
white layers, residual stress, X-ray diffraction, blind hole method.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Definições de Integridade Superficial........................................................31
Figura 2. Influências na geração de uma Integridade Superficial.............................33
Figura 3. As cinco classes de processos arquétipos de usinagem...........................34
Figura 4. Relações entre desgaste de flanco (VBc) e forças de corte......................35
Figura 5. Seção esquemática de uma superfície em aço usinada. ........................ 36
Figura 6. Camada branca com espessura média de 7µm gerada por retificação em
condição severa..........................................................................................37
Figura 7. A influência do processo de usinagem na fadiga.....................................38
Figura 8. Comparação da vida útil em teste de rolamento de contato para aço
ABNT 52100.............................................................................................39
Figura 9. Perfil de durezas em camadas subsuperficiais........................................41
Figura 10. Zona de deformação plástica localizada em subsuperficie usinada......42
Figura 11. Micrografia MEV da zona de deformação plástica localizada em
subsuperficie usinada....................................................................................42
Figura 12. Seção radial por um furo em cobre (a) e sua tensão associada (b).......43
Figura 13. Zona deformada em camada subsuperficial de um aço inoxidável (a)
secção transversal, e (b) secção paralela ao eixo do furo.........................44
Figura 14. Secção mostrando uma camada branca produzida por torneamento em
condição severa.........................................................................................45
Figura 15. Aumento da dureza produzido por diferentes tratamentos....................45
Figura 16. Formaçao de rebarbas sem a presença de desgaste (a) e na presença
de desgaste de ferramenta (b)..................................................................46
Figura 17. Trinca por deformação plástica em aço temperado e revenido............47
Figura 18. Fluxo lateral de material........................................................................48
Figura 19. Arranque de material na camada branca superficial em processo de
retificação em condição severa.................................................................48
Figura 20. Grão de ferrita depositado em uma superfície de ferro fundido............49
Figura 21. Desgaste da ferramenta com o tempo e a relação às condições de
usinagem...................................................................................................50
Figura 22. A influência do desgaste em ferramenta de torno sobre o fluxo de calor
nas interfaces cavaco/ferramenta e peça/ferrament..................................52
Figura 23. A influência da zona desgastada em ferramenta de torno sobre o fluxo
de calor e a profundidade de deformação plástica.......................................52
Figura 24. Diagrama de equilíbrio Fe-C.....................................................................56
Figura 25. Concentração de carbono na superfície para o aço ABNT 8620.............58
Figura 26. Efeito do tempo e temperatura na profundidade da camada
cementada....................................................................................................58
Figura 27. Relação entre tempo e temperatura na cementação do aço ABNT 8620
para uma mesma camada efetiva de 1,5mm...............................................59
Figura 28. Distribuição esquematizada da profundidade da concentração de carbono
e da dureza em uma peça cementada.........................................................59
Figura 29. Perfil de tensão residual de superfície após processo de cementação..60
Figura 30. Relação entre ponto de orvalho e potencial de carbono para (a) gás
metano e (b) gás propano...........................................................................62
Figura 31. Relação entre CO
2
e potencial de carbono para (a) gás metano e (b) gás
propano..........................................................................................................63
Figura 32. Diagrama de resfriamento contínuo para o aço ABNT 8630
cementado..................................................................................................66
Figura 33. Diagrama de revenimento para aço com 0,82% de C e 0,75% Mn........68
Figura 34. A correlação entre porcentagem de carbono e porcentagem de austenita
para componentes cementados......................................................................70
Figura 35. Distribuição esquematizada da profundidade da concentração de
carbono e da dureza em uma peça cementada.........................................71
Figura 36. Geometria do corte ortogonal.................................................................74
Figura 37. Geometria do corte oblíquo....................................................................74
Figura 38. Zonas de deformação por cisalhamento................................................75
Figura 39. Arranque de cavaco na usinagem de torneamento oblíquo...................76
Figura 40. Diagrama de forças no corte ortogonal..................................................77
Figura 41. Formato deixado pela usinagem em torneamento.................................80
Figura 42. Imagem óptica da superfície usinada em torneamento.........................80
Figura 43. Ponta com geometria convencional(a) e multi-raio wiper (b).................81
Figura 44. Acúmulo de material com ferramenta de ângulo de saída de -70º.........82
Figura 45. Efeito do ângulo de saída na força de corte para vários materiais.........83
Figura 46. Forças no corte ortogonal em funçao do tempo, ferramenta em cBN,
V
c
=145 m/min e a
p
=0.2 mm........................................................................83
Figura 47. Efeito da velocidade de corte e do desgaste de flanco nas componentes
da força de usinagem (a) V
c
=100m/min, (b) V
c
=145m/min e (c)
V
c
220m/min.................................................................................................84
Figura 48. Formação do cavaco no torneamento de materiais endurecidos............85
Figura 49. Formação do cavaco em perfil dente de serra........................................86
Figura 50. Modelo em elementos finitos da geração de cavacos e temperaturas. (a)
Comparação com micrografia experimental, (b) valores de
temperaturas...............................................................................................87
Figura 51. (a)Modelo em elementos finitos da geração de cavacos e temperaturas
para profundidade de corte de 60µm. (b) Micrografia experimental...........87
Figura 52. (a)Modelo em elementos finitos da geração de cavacos e temperaturas
para profundidade de corte de 90µm. (b) Micrografia experimental...........88
Figura 53. Pó de Nitreto de Boro hexagonal............................................................89
Figura 54. Grãos de cBN sinterizados......................................................................89
Figura 55. Exemplos de insertos cBN: (a) cBN ponta brasada diretamente no
inserto de carboneto,(b) inserto multiplo, (c) inserto cBN com trava de
fixação mecânica e cantos sólidos brasados em posição afastada do
contato cavaco-ponta, (d) inserto cBN com quebra-cavaco e (e) inserto
de cBN sólido com cobertura total (TiC)......................................................89
Figura 56. Variação da dureza com a temperatura para diferentes materiais de
ferramenta...................................................................................................91
Figura 57. Modos de desgaste de ferramenta (a) Desgaste de flanco (VB), (b)
desgaste de cratera.....................................................................................92
Figura 58. Modos de falha da ferramenta em funçao da condição de usinagem....93
Figura 59. Topografia da superfície (a) torneada e (b) polida..................................94
Figura 60. Relações entre um modelamento de superfície......................................95
Figura 61. Procedimento geral para avaliação de topografia superficial 3-D...........96
Figura 62. Sistema de coordenadas para representação de topografia
superficial.......................................................................................................96
Figura 63. Classificação de instrumentos de medição topográfica baseados em seu
princípio de aquisição de dados....................................................................97
Figura 64. Interferômetro a laser..............................................................................98
Figura 65. Perfilômetro apalpador............................................................................98
Figura 66. Perfilômetro de câmera...........................................................................99
Figura 67. Análise de rugosidades com diferentes áreas de avaliação de uma
mesma superfície.......................................................................................103
Figura 68. Classificação de valores para Assimetria da Distribuição das Alturas..105
Figura 69. Classificação de valores para Curtose da Distribuição das Alturas.......106
Figura 70. Distribuição de picos e vales e Parâmetros Funcionais Baseados na
curva de Abbott-Firestone ou Curva da Área de Carregamento................106
Figura 71. Tensão residual em vários processos para o aço AISI 4340 temperado
e revenido com 510 HV (50 HRC).............................................................111
Figura 72. Distribuição da tensão residual em sub-camadas obtida por
torneamento duro com CBN seguido de retificação com cinta de lixa......112
Figura 73. Tensão residual e resistência à fadiga...................................................112
Figura 74. Preparação de aresta (a) chanfro simples e (b) chanfro........................114
Figura 75. Preparação de aresta com chanfro e raio..............................................114
Figura 76. Extensômetro Roseta (strain gage) para medição do processo de furo
cego...........................................................................................................117
Figura 77. Detalhes do dispositivo para furação.....................................................117
Figura 78. Relação entre dimensões do extensômetro e as dimensões do furo....118
Figura 79. Difração de raios-X em cristais simples carregados e descarregados..120
Figura 80. Estado plano de tensões........................................................................122
Figura 81. Elipsóide das deformações....................................................................122
Figura 82. Gráfico (2θ - sen
2
ψ)...............................................................................124
Figura 83. Representação simplificada do corpo de prova utilizado no experimento
de torneamento endurecido.......................................................................125
Figura 84. Ferramenta montada na torre de ferramentas do torno.........................126
Figura 85. Centro CNC de torneamento marca INDEX MC400..............................127
Figura 86. Fixação do corpo de prova.....................................................................128
Figura 87. Usinagem de um corpo de prova sem fluido de refrigeração ou corte..128
Figura 88. Dispositivo para usinagem do furo para alívio de deformações.............129
Figura 89. Sequência para brasagem dos fios do extensômetro............................131
Figura 90. Corpo de prova instrumentado com roseta e respectivos terminais para
instrumentação...........................................................................................131
Figura 91. Brasagem dos cabos no terminal...........................................................131
Figura 92. Fixação do corpo de prova e dispositivo com resina plástica.................132
Figura 93. Indicador e gravador de microdeformações modelo P3-Vishay.............133
Figura 94. Detalhe da fresa executando o furo........................................................134
Figura 95. Montagem utilizada para usinagem do furo e coleta dos valores de
deformação.................................................................................................135
Figura 96. Indicação dos sentidos de leitura da tensões.......................................136
Figura 97. Difratômetro de Raios-X, marca RIGAKU – DMAX Rint 2000.............137
Figura 98. Equipamento de Interferometria laser utilizado para a medição de
topografia 3-D...........................................................................................138
Figura 99. Interferômetro laser utilizado para a medição de topografia 3-D..........138
Figura 100. Medição de um corpo de prova com interferômetro laser...................139
Figura 101. Software de aquisição de dados acoplado ao Interferômetro laser
utilizado para a medição de topografia 3-D...............................................139
Figura 102. Fluxo do tratamento efetuado em cada topografia 3-D antes de tomada
de valores..................................................................................................140
Figura 103. Tela do software Mountains Map versão 3.1.9 (versão Demo)- empresa
Digital Surf................................................................................................140
Figura 104. Amostras embutidas em baquelite, a) Somente polida, b) Com ataque
nital de 3%................................................................................................141
Figura 105. Microscópio eletrônico de varredura LEO 440....................................142
Figura 106. Amostras embutidas em baquelite preparadas para o MEV...............142
Figura 107. Microdurômetro HMV – Shimadzu HVM-2 344...................................143
Figura 108. Medição de dureza efetuada nas amostras........................................143
Figura 109. Perfil de Tensão Residual Axial..........................................................144
Figura 110. Perfil de Tensão Residual Circunferencial..........................................145
Figura 111. Perfil de Tensão Residual Axial da amostra cementada....................146
Figura 112. Perfil de Tensão Residual Circunferencial da amostra cementada....146
Figura 113. Perfil de Tensão Residual Axial da amostra retificada.......................147
Figura 114. Perfil de Tensão Residual Circunferencial da amostra retificada.......147
Figura 115. Tensão Residual Circunferencial na superfície das amostras............148
Figura 116. Topografia da superfície usinada com Velocidade de Corte 180 m/min e
Avanço 0,05 mm/rot...................................................................................149
Figura 117. Topografia da superfície usinada com Velocidade de Corte 180 m/min e
Avanço 0,08 mm/rot...................................................................................149
Figura 118. Topografia da superfície usinada com Velocidade de Corte 180 m/min e
Avanço 0,12 mm/rot...................................................................................150
Figura 119. Topografia da superfície usinada com Velocidade de Corte 200 m/min e
Avanço 0,05 mm/rot...................................................................................150
Figura 120. Topografia da superfície usinada com Velocidade de Corte 200 m/min e
Avanço 0,08 mm/rot...................................................................................150
Figura 121. Topografia da superfície usinada com Velocidade de Corte 200 m/min e
Avanço 0,12 mm/rot...................................................................................151
Figura 122. Topografia da superfície Retificada em condições convencionais.......151
Figura 123. Desvio Médio Aritmético da Superfície - S
a
.........................................152
Figura 124. Desvio Médio Quadrático da Superfície - S
q
.........................................152
Figura 125. Assimetria da Distribuição das Alturas S
sk
............................................153
Figura 126. Curtose da Distribuição das Alturas S
ku
................................................153
Figura 127. Altura Reduzida do Pico S
pk
.................................................................154
Figura 128. Profundidade da Rugosidade do Núcleo S
k
..........................................154
Figura 129. Profundidade reduzida do Vale S
vk
.......................................................155
Figura 130. Porção do Material da Superfície M
r1
....................................................155
Figura 131. Porção do Material da Superfície M
r2
....................................................156
Figura 132. Amostra com V
c
=180 m/min e f=0.05 mm/rot ......................................156
Figura 133. Amostra com V
c
=180 m/min e f=0.08 mm/rot ......................................157
Figura 134. Amostra com V
c
=180 m/min e f=0.12 mm/rot ......................................157
Figura 135. Amostra com V
c
=200 m/min e f=0.05 mm/rot.......................................157
Figura 136. Amostra com V
c
=200 m/min e f=0.08 mm/rot ......................................157
Figura 137. Amostra com V
c
=200 m/min e f=0.12 mm/rot ......................................157
Figura 138. Amostra MEV com V
c
=200 m/min e f=0.05 mm/rot .............................158
Figura 139. Amostra MEV com V
c
=200 m/min e f=0.12 mm/rot .............................158
Figura 140. Endentações para medição em Vickers (a) Inicio da camada, (b) meio da
camada e (c) fim da camada......................................................................159
Figura 141. Curva de dureza da camada cementada após o torneamento
endurecido, carga de 0,49N (0,05kg)........................................................159
Figura 142. Gráfico tridimensional da Tensão Residual em função Velocidade de
Corte e Avanço.........................................................................................161
Figura 143. Rugosidade média aritmética em função da Velocidade de Corte e
Avanço..........................................................................................................165
Figura 144. Rugosidade média quadrática em função da Velocidade de Corte e
Avanço..........................................................................................................165
Figura 145. Curtose da Distribuição da rugosidade em função da Velocidade de
Corte e Avanço...........................................................................................166
Figura 146. Assimetria da Distribuição da rugosidade em função da Velocidade de
Corte e Avanço...........................................................................................166
Figura 147. Altura reduzida dos picos em função da Velocidade de Corte e
Avanço..........................................................................................................167
Figura 148. Rugosidade do núcleo em função da Velocidade de Corte e
Avanço..........................................................................................................167
Figura 149. Profundidade reduzida dos vales em função da Velocidade de Corte e
Avanço.......................................................................................................168
Figura 150. Comparação dos valores de S
a
para Torneamento duro e Retificação
Convencional................................................................................................169
Figura 151. Comparação dos valores de S
ku
para Torneamento duro e Retificação
Convencional ...............................................................................................169
Figura 152. Comparação dos valores de S
sk
para Torneamento duro e Retificação
Convencional ...............................................................................................170
Figura 153. Gráficos de análise de resíduos...........................................................187
Figura 154. Gráficos de análise das medições de tensão encontradas na
Superfície..................................................................................................188
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Condições de usinagem para o aço ABNT 52100.....................................39
Tabela 2. Relação entre classes de processos, características subsuperficiais e
condições de operação................................................................................53
Tabela 3. Influência das características subsuperficiais nas situações funcionais...53
Tabela 4. Valores da função erro...............................................................................65
Tabela 5. Efeito da austenita retida segundo vários pesquisadores........................70
Tabela 6. Tipos de cBN e suas características..........................................................90
Tabela 7. Significado funcional dos parâmetros de rugosidade..............................104
Tabela 8. Referência funcional dos parâmetros de rugosidade..............................107
Tabela 9. Tensão residual produzidas por processos de usinagem típicos............112
Tabela 10. Composição química em %peso conforme Norma SAE - J404...........126
Tabela 11. Normas de equivalências do aço ABNT 8620.......................................126
Tabela 12. Dados de corte da usinagem.................................................................127
Tabela 13. Resultados ANOVA para Tensão Residual superficial..........................161
Tabela 14. Resultados ANOVA para topografia superficial.....................................162
Tabela 15. Resultados obtidos para torneamento duro e retificação.......................163
Tabela 16. Resultados obtidos para torneamento duro e torneamento duro seguido
de superacabamento (Torn. + SA).............................................................164
Tabela 17. Parâmetros de corte tabelados e associados........................................183
Tabela 18. Resultados de medição de tensão residual com o método de furo
cego............................................................................................................184
Tabela 19. Resultados de Tensão Residual Superficial no sentido
circunferencial............................................................................................185
Tabela 20. Resultados da medição topográfica 3-D................................................189
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AFNOR Association Française de Normalisation
AISI American Iron and Steel Institute
ASM American Society of Materials
ASTM American Society for Testing Materials
BS British Standard
CCC Cúbico de corpo centrado
CMA Camadas de Material Alteradas
CMQA Camada de material quimicamente alterada
CMMA Camada de material mecanicamente alterada
CMTA Camada de material termicamente
CMAT Camada de material alterada por tensões
CB Camada Branca
cBN Nitreto de Boro cúbico
DIN Deutsches Institut fuer Normung
ISO International Standart Organization
IS Integridade Superficial
IT6 Qualidade grupo 6 na tabela ISO
JIS Japanese Industrial Standards
MNR Martensita não revenida
MSR Martensita sobre revenida
MEV Microscópio eletrônico de varredura
SAE Society of Automotive Engineers
TCC Tetragonal de corpo centrado
W Nr Werkstoffnummer
3-D Três dimensões
2-D Duas dimensões
LISTA DE SÍMBOLOS
Símbolo
Descrição Unidade
a
p
Profundidade de Corte mm
A
s
Área do plano de cisalhamento mm
2
b Largura de corte de cavaco mm
C
Teor de carbono no núcleo do material %
C
S
Concentração de carbono junto a superfície %
C
x
Concentração de carbono na posição “x” %
d Parâmetro do reticulado
D Coeficiente de difusão m
2
/s
D
Constante de difusividade m
2
/s
erf(z) Função erro para a variável (z)
Eht Profundidade da camada cementada (Einsatzthärtungstief)
µm
E Módulo de elasticidade GPa
f Avanço mm/rot
F Força resultante N
F
p
Força de passiva N
F
c
Força de corte N
F
t
Força tangencial N
F
f
Força de avanço N
F
r
Força radial N
F
s
Força de cisalhamento N
F
n
Força normal no plano de cisalhamento terciário N
F
v
Força normal no plano de cisalhamento secundário N
F
u
Força de atrito N
Fe−γ Austenita
Fe-δ Ferrita
HV Dureza Vickers
HV1 Dureza Vickers com carga de 9.8 N
HRC Dureza Rockwell C
h Espessura de cavaco mm
i Ângulo de inclinação no corte oblíquo °
M
r1
Porção do Material da Superfície %
M
r2
Porção do Material da Superfície %
Nx Número de pontos na direção X
Ny Número de linhas direção Y
P’α
Potência por unidade de comprimento W/mm
P’’α
Potência por unidade de área kW/mm
2
Q Energia de ativação para difusão J/mol
R Constante dos gases perfeitos J/(mol.K)
rot Rotação RPM
r
ε
Raio de ponta mm
r
ε
1
, r
ε
2
Raio de curvatura Wiper mm
r
bo
Raio de alisamento mm
R
z
Altura do vale até o pico
µm
S
a
Desvio Médio Aritmético da Superfície µm
S
q
Desvio Médio Quadrático da Superfície µm
S
sk
Assimetria da Distribuição das Alturas da Topografia
S
ku
Curtose da Distribuição das Alturas da Topografia
S
pk
Altura Reduzida do Pico
µm
S
k
Profundidade da Rugosidade do Núcleo
µm
S
vk
Profundidade reduzida do Vale µm
T
a
Temperatura absoluta K
T
c
Temperatura na escala Celsius °C
t Tempo de processo s
VB Desgaste de Flanco mm
V
c
Velocidade de Corte m/min
x Distância no eixo das abscissas mm
X,Y
Direções ortogonais em um plano xy
β
α
Ângulo médio de atrito entre a face de saída da ferramenta e
o cavaco
°
γ
ρ
Ângulo de saída da ferramenta °
∆x Intervalo de amostragem na direção X mm
∆y Intervalo de amostragem na direção Y mm
ε
Deformação mm
θ
Ângulo de refração °
K
Fator constante para o plano de difração escolhido em
medições de tensão residual
MPa
λ
s
Ângulo de inclinação da ferramenta °
λ
Comprimento de onda dos raios-X
µm
µ
α
Constante de atrito
ν
Coeficiente de Poisson
σ
σ
Tensão normal MPa
σ
Tensão residual MPa
τ
σ
Tensão de cisalhamento MPa
φχ
Ângulo entre a direção da velocidade de corte e plano de
cisalhamento
°
ϕ Coeficiente angular da reta no método do sen
2
ψ
χ
r
Ângulo de posição da ferramenta °
ψ
Ângulo entre a reta normal da superfície da peça e a reta
normal ao plano de parâmetro d da lei de Braag
°
Diâmetro mm
φ
Diâmetro do furo de alívio de deformações mm
Ε
Diâmetro médio do extensômetro mm
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................25
1.1 Geral........................................................................................................25
1.2 Objetivo...................................................................................................26
1.3 Organização da Dissertação.................................................................27
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................28
2.1 Integridade Superficial..........................................................................28
2.1.1 Condições de Usinagem....................................................................29
2.1.2 O Evento Unitário do Processo de Usinagem..................................31
2.1.3 Camadas de Material Alteradas – CMA.............................................34
2.1.4 Martensita não Revenida – MNR e Camada Branca – CB...............35
2.1.5 Martensita SobreRevenida – MSR.....................................................37
2.1.6 Deformação Plástica...........................................................................39
2.1.7 Descontinuidades...............................................................................45
2.1.8 Camadas de Material Alterado e Evento Unitário de Usinagem.....47
2.1.9 Camadas de Material Alterado e a Temperatura..............................49
2.1.10 Camadas de Material Alterado e os Processos de Manufatura....50
2.1.11 A influência da Camada de material Alterado no Desempenho
Funcional............................................................................................51
2.2 Tratamento Termoquímico de Cementação........................................52
2.2.1 Processos de Cementação................................................................52
2.2.2 Aços para Cementação......................................................................57
2.2.3 Cementação Líquida...........................................................................58
2.2.4 Cementação Gasosa...........................................................................59
2.2.5 Difusão do Carbono............................................................................61
2.2.6 Tratamento Térmico após a Cementação.........................................64
2.2.6.1 Têmpera.......................................................................................................64
2.2.6.2 Revenimento...............................................................................................65
2.2.7 Austenita Retida..................................................................................67
2.2.8 Medição da Camada Cementada Endurecida....................................69
2.3 Torneamento de Materiais Endurecidos..............................................71
2.3.1 Mecânica do Corte na Usinagem Ortogonal.....................................71
2.3.2 Zonas de Cisalhamento......................................................................73
2.3.2.1 Zona de Cisalhamento Primária................................................................75
2.3.2.2 Zona de Cisalhamento Secundária...........................................................77
2.3.3 Geometria da Ponta da Ferramenta..................................................77
2.3.4 Fatores de Influência nas Forças de Usinagem...............................79
2.3.5 Formação do Cavaco na Usinagem de Material Endurecido..........83
2.3.6 Material da Ferramenta em cBN........................................................86
2.3.7 Propriedades da Ferramenta em cBN...............................................88
2.3.7.1 Dureza...............................................................................................88
2.3.7.2 Resistência Mecânica.................................................................................89
2.3.7.3 Resistência a Reações Químicas..............................................................90
2.3.8 Desgaste de Ferramenta....................................................................91
2.4 Rugosidade Superficial em Três Dimensões.......................................93
2.4.1 Aquisição dos Dados..........................................................................96
2.4.2 Pré-processamento.............................................................................98
2.4.3 Caracterização.....................................................................................99
2.4.4 Procedimentos de Amostragem........................................................99
2.4.5 Área de Amostragem e Área de Avaliação......................................100
2.4.6 Parâmetros de Caracterização da Topografia Superficial 3-D.......102
2.4.6.1 Parâmetros de Amplitude..........................................................................102
2.4.6.2 Parâmetros Funcionais.............................................................................103
2.4.6.3 Parâmetros Funcionais da Distribuição das Alturas Baseados na
Curva da Área de Carregamento..............................................................104
2.5 Tensão Residual....................................................................................108
2.5.1 Mecanismos de Geração de Tensão Residual.................................109
2.5.2 Influência dos Parâmetros de Torneamento na Tensão Residual.112
2.5.2.1 Preparação de Aresta................................................................................112
2.5.2.2 Velocidade de Corte, Avanço e Profundidade de Corte.........................114
2.5.3 Medição da Tensão Residual............................................................114
2.5.3.1 Método do Furo Cego Incremental.........................................................115
2.5.3.2 Método da Difração de Raios-X..............................................................118
2.5.3.3 Método do sen
2
ψ
ψψ
ψ......................................................................................120
3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL...............................................124
3.1 Corpos de Prova...................................................................................124
3.2 Ferramenta e Máquina.........................................................................125
3.2.1 Torneamento................................................................................................125
3.2.2 Retificação...................................................................................................128
3.3 Medição da Tensão Residual pelo Método do Furo Cego................128
3.3.1 Procedimento para Instrumentação dos Corpos de Prova para o
Método do Furo Cego......................................................................129
3.3.2 Montagem do Ensaio do Método do Furo Cego.............................131
3.3.3 Realização do Ensaio do Método do Furo Cego............................132
3.4 Tensão Residual Superficial por Difração de Raios-X......................135
3.5 Aquisição de Dados da Topografia Superficial 3-D..........................136
3.5.1 Procedimento do Mapeamento da Superfície 3-D..........................137
3.6 Preparação Metalográfica...................................................................140
3.7 Análise no Microscópio de Varredura Eletrônica MEV....................140
3.8 Análise de Dureza por Microendentação...........................................141
4 RESULTADOS DO EXPERIMENTO...............................................143
4.1 Caracterização do Perfil de Tensão Residual...................................143
4.2 Caracterização da Tensão Residual Superficial................................147
4.3 Caracterização da Topografia Superficial 3-D...................................148
4.4 Análise dos Parâmetros de Amplitude de Rugosidade.....................151
4.5 Análise dos Parâmetros Funcionais de Forma.................................152
4.6 Análise dos Parâmetros Funcionais da Distribuição das Alturas
Baseados na Curva da Área de Carregamento.................................153
4.7 Camada de Material Afetada................................................................155
4.7.1 Camada Branca..................................................................................155
4.7.2 Perfil de Dureza da Camada Cementada após Usinagem.............157
5 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS................................................159
5.1 Tensão Residual....................................................................................167
5.2 Rugosidade das Topografias...............................................................159
5.3 Comparação com a Condição Retificada............................................165
5.4 Camada de Material Afetada................................................................169
6 CONCLUSÕES................................................................................170
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..............................173
8 BIBLIOGRFIA..................................................................................174
9 ANEXOS...........................................................................................181
9.1 ANEXO – A: Condições do experimento de usinagem.....................181
9.2 ANEXO – B: Tensão Residual pelo método do furo cego................182
9.3 ANEXO – C: Tensão Residual por Difração de Raios-X na
superfície.............................................................................................183
9.4 ANEXO – D: Análise da variância dos Resultados de Tensão residual
com o software Minitab 15.................................................................184
9.5 ANEXO – E: Resultados da medição topográfica 3-D......................187
25
1 INTRODUÇÃO
Com a crescente demanda por inovações nos processos produtivos e o nível
atual de desenvolvimento das ferramentas de usinagem com novos materiais,
geometrias e coberturas, a usinagem de aço endurecido está assumindo um grande
destaque no meio acadêmico e industrial. Nas operações de acabamento em
produção seriada, o torneamento de peças em aço endurecido está se tornando uma
alternativa ao processo de retificação, reduzindo consideravelmente os tempos e os
custos de fabricação, possibilitando em alguns casos, uma redução de a 60%
(Momper, 2000). Além disso, o processo de torneamento em materiais endurecidos
induz tensões residuais de compressão em camadas superficiais e sub-superficiais
da peça, aumentando com isto, a sua resistência à fadiga (Matsumoto et al, 1999).
Componentes de aço altamente solicitados, como por exemplo, engrenagens,
rolamentos, componentes de moldes e bases de estampo, são aplicações
apropriadas para o torneamento em material endurecido. A usinagem destes
componentes tem sido o domínio da retificação, porém recentemente, ferramentas
em cBN (Nitreto de Boro cúbico) provaram ser uma alternativa viável. Ferramentas
em cBN mostram bom desempenho durante a usinagem de materiais endurecidos
por causa de sua alta dureza, baixa solubilidade em ferro, e boa tenacidade à fratura
(Rech e Moisan, 2003). Alta flexibilidade e habilidade para manufaturar geometrias
de peças complexas, em uma preparação, representam a principal vantagem da
usinagem endurecida em comparação à retificação.
O presente projeto é uma ampliação de um trabalho de doutoramento
(Delijaicov, 2004) que abordou a “Modelagem das tensões residuais no processo de
torneamento duro de um aço 100CrMn6 e suas correlações com os esforços de
corte”. Nos ensaios de usinagem se usaram ferramentas de corte novas de Nitreto
de Boro cúbico (cBN), anéis de o DIN 100CrMn6, em processo de torneamento
em material endurecido. Seus resultados apresentados mostraram que: os
parâmetros avanço de corte (f) e a profundidade de penetração (a
p
) são os mais
significativos na geração das tensões residuais (σ
R
) e no valor da força de passiva
(F
p
). Em seu estudo Delijaicov (2004) mostou que o principal fator de influência nas
tensões residuais é a força de penetração, e estabeleceu-se uma correlação entre
ambas grandezas. Buscou-se confirmar neste trabalho, que uma execução
26
organizada da investigação acadêmica em temas tecnológicos em parceria com o
setor industrial, possibilita fornecer dados que permitam propor melhorias na
qualidade e na fabricação dos seus produtos.
O uso ou não do fluido de corte, influencia fortemente o desgaste da
ferramenta e a qualidade superficial das peças usinadas. O fluido age no sentido de
minimizar a carga térmica na interface peça e ferramenta, auxilia na eliminação de
cavacos, aumentando assim a vida da ferramenta, e consequentemente, a taxa de
produção, quando comparado com o corte a seco (Toenshoff et al, 2000). No
entanto, o uso de ferramentas em cBN e cerâmicas que possuem grande resistência
ao calor, têm permitido a usinagem a seco nos materiais endurecidos, reduzindo
consideravelmente os custos de compra, armazenamento e descarte do fluido de
refrigeração. Segundo Abrão et al (1996), as forças de corte na usinagem de
materiais endurecidos são 30% a 60% maiores do que aquelas desenvolvidas
quando se usina materiais de menor dureza, o que obriga uma escolha cuidadosa do
tipo da geometria da ferramenta de corte. A precisão geométrica nas tolerâncias de
usinagem para o torneamento em material endurecido ainda se mostram muito
dependentes da condição e estrutura da máquina empregada, porém de acordo com
Almeida e Abrão (2001) e Abrão (2005), a utilização de tornos com estruturas
convencionais possibilita o alcance de tolerâncias na faixa ISO IT6.
A ação da ponta da ferramenta contra a peça durante o torneamento gera
deformação plástica no material usinado na região de corte. Além do atrito nas
interfaces da ferramenta-cavaco e cavaco-peça, são geradas variações térmicas de
tal nível que provocam transformações metalúrgicas na superfície e sub-superfície
da peça usinada (Brinksmeier et al. 1992). Uma camada fina de martensita,
conhecida como camada branca, pode ser gerada pelas altas temperaturas e rápido
resfriamento na região de corte, causando uma sobre-têmpera do material da
superfície da peça (Toenshoff, 1994). O desgaste da ferramenta é um dos principais
fatores na formação desta microestrutura nos aços usinados, ao induzir o aumento
da temperatura na região de corte (Liu e Barash,1976 e Fleming et al, 1998).
Para quantificar a integridade superficial do componente após o torneamento
em material endurecido foram executadas investigações sobre tensões residuais,
zonas de camada alterada e rugosidade da superfície como uma função dos
parâmetros de usinagem. A caracterização funcional das superfícies obtidas, tais
como capacidade de carga e capacidade de retenção de fluídos lubrificantes foi
27
analisada através de parâmetros obtidos do mapeamento tridimensional da
superfície, e, comparadas com resultados de outros experimentos incluindo
experimentos com peças retificadas.
Atualmente dispomos de vários métodos para medir as tensões residuais, tais
como: difração de raios-X, ultra-som e eletromagnéticos, O mais usado nos meios
acadêmicos e industriais é a difração de raios-X, devido ao seu alto grau de
desenvolvimento tecnológico (Delijaicov, 2004). Outra técnica utilizada na análise de
tensões residuais é a extensometria via strain-gages (medidores de deformações)
através do Método do furo cego, que neste trabalho é utilizada por ser simples,
acessível e barata.
Fenômenos de superfície ocorrem em três dimensões (3-D). Por exemplo, a
interação entre duas superfícies em contato realiza-se no âmbito de toda a interface,
a interação entre uma superfície áspera e o fluxo de um fluído também ocorre
tridimensionalmente (Batalha e Stipkovic, 2001). Stout et al (1993), descreveram e
análise de superfícies baseadas em medição 3-D como abordagem mais realista e
eficaz para a compreensão de fenômenos superficiais. Uma medição por
perfilometria bi-dimensional (2-D) apresenta a rugosidade da superfície em um plano
somente, é eficiente onde a superfície é estritamente uniforme e os padrões são
perpendiculares ao plano de medição perfilométrico. Contudo tal suposição gera
duvidas, pois em um processo real de usinagem muitos são os parâmetros que
podem causar distorções na condição final da superfície. A perfilometria 2-D é útil,
por ser um método de aquisição de dados mais veloz, no caso em que já é
conhecido o comportamento da superfície, e o erro em função da generalização do
perfil obtido pela medição 2-D para todo o restante da superfície não causa perda de
desempenho no componente. Para este trabalho, visando obter uma caracterização
isenta de suposições e tendências, a medição da topografia 3-D da superfície foi
utilizada por ser a mais indicada para estudos científicos.
28
1.1 Objetivo
A intenção deste trabalho é contribuir com informações sobre a integridade
superficial resultante do torneamento de componentes mecânicos, fabricados em
aço ABNT 8620 cementados com camada média de 1.0 mm e posteriormente
temperados e revenidos para dureza de 660-760HV (aproximadamente 58-62HRC).
Para quantificar a integridade superficial do componente após o torneamento
em material endurecido serão executadas investigações sobre:
Tensões residuais, com o intuito de identificar grandezas e condição (tração
ou compressão) como função dos parâmetros de usinagem;
Caracterização funcional das superfícies obtidas, tais como capacidade de
carga e capacidade de retenção de fluídos lubrificantes que será analisada
através de parâmetros obtidos do mapeamento tridimensional da superfície;
Camada branca, sua existência e situação em função dos parâmetros de
usinagem;
Comparações com resultados de outros experimentos incluindo experimentos
com peças retificadas.
29
1.2 Organização da Dissertação
Visando uma melhor compreensão dos problemas discutidos durante o
desenvolvimento do experimento, esta dissertação foi dividida como segue:
No Capítulo 1, são apresentadas as motivações, os objetivos e a descrição
deste trabalho.
No Capítulo 2 é apresentada a Revisão Bibliográfica utilizada na pesquisa
deste trabalho abordando os seguintes conceitos:
Integridade superficial para peças usinadas;
Processo de cementação utilizado no tratamento de endurecimento das
amostras avaliadas;
Teoria da usinagem, formação de cavaco e desgaste da ferramenta no
processo de torneamento de materiais endurecidos;
Procedimentos de medição da topografia de superfície bem como toda
descrição dos parâmetros;
Processos de medição de tensão residual.
No Capítulo 3 são apresentados o Procedimentos executados no Experimento.
No Capítulo 4 são apresentados os Resultados obtidos.
No Capítulo 5 são apresentadas as Discussões sobre os resultados.
No Capítulo 6 são apresentadas as Conclusões relativas a este trabalho.
No Capítulo 7 são apresentadas as Sugestões para trabalhos futuros.
No Capítulo 8 são apresentadas as Referências Bibliográficas utilizadas neste
trabalho.
No Capítulo 9 são apresentados os Anexos utilizados no trabalho.
30
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Integridade Superficial
Um processo de manufatura produz uma superfície a ser caracterizada em
termos de topografia e material. Estas influenciam o desempenho funcional da
superfície. Se a superfície for de desbaste seu desempenho funcional
provavelmente será baixo. Se a condição de tensão residual não for de compressão
seu desempenho funcional também será baixo, como observado por vários autores
(Toenshoff et al, 2000, Guo e Barkey, 2004, Shaw, 2007, Rech et al, 2008, Grzesik,
2008).
Segundo Field e Kahles (1972), para especificar e manufaturar uma superfície
com um alto grau de integridade é necessário a aplicação interdisciplinar de tópicos
como a metalurgia, usinagem e testes mecânicos. A Integridade Superficial é obtida
pelo uso de processos de manufatura cuidadosamente selecionados e controlados
com base em avaliações de funcionalidade e necessidades específicas que a peça
usinada deve apresentar.
O termo Integridade Superficial, descreve a ligação entre os processos,
aspectos da superfície e desempenho. Este termo visa definir o estado da superfície
em função de seu provável desempenho em serviço. Segundo Griffiths (2001), o
termo Integridade Superficial (IS) foi descrito como o valor topológico, mecânico,
químico e metalúrgico de uma superfície usinada e seu o relacionamento ao
desempenho funcional.
O termo Integridade Superficial, ao contrário do termo Tecnologia de
Superfície, está ligado ao ambiente onde o componente será utilizado. Ele foi
proposto para ressaltar esta ligação entre o processo, desempenho e posteriormente
para dar uma indicação da provável confiabilidade e aspecto genuíno de uma
superfície manufaturada. O termo Integridade Superficial necessita de quantificação,
para isso, uma família de definições foi criada para descrevê-lo, e posteriormente,
associá-lo ao seu provável desempenho em serviço. A Figura 1 ilustra estas
definições.
31
Figura 1. Definições de Integridade Superficial (Griffiths, 2001).
2.1.1 Condições de Usinagem
As condições de usinagem como velocidade, avanço, profundidade de corte,
estado da ferramenta e lubrificação, empregadas no processo de usinagem podem
variar significativamente. Elas afetam não somente a taxa de produção, mas também
a integridade da superfície. Para ilustrar os extremos das taxas de produção usados
na indústria, palavras como Alta e Baixa são geralmente usadas. Para os extremos
da integridade superficial, as palavras relativas são Severa e Leve (Griffiths, 2001).
Condição de usinagem severa é aquela onde a taxa de produção é maximizada
e não existe controle das ferramentas e do lubrificante. Usinagem severa é
associada com:
Uso de altas velocidades de corte, avanço e profundidade de corte;
Uso de ferramentas que estão no fim de suas vidas, desgastadas e sem corte;
Lubrificação inadequada e/ou inapropriada, ou sem lubrificação;
Uso de máquinas ferramentas velhas, desgastadas e sem rigidez.
32
Portanto, usinagem severa gera calor, altas tensões e alta taxa de
carregamento na superfície. Em contrapartida, nas usinagens leves, um extremo
cuidado com as condições é tomado, produzindo pouca geração de calor e
alterações mínimas na superfície. Usinagem leve é associada com:
Uso de velocidades de corte, avanço e profundidades de corte que promovam
maior da vida da ferramenta;
Uso de ferramentas afiadas;
Lubrificação abundante e apropriada;
Máquinas ferramentas precisas e rígidas operando sem vibrações.
Portanto, usinagens leves geram pouco calor e produzem uma superfície com
menores valores de tensão de tração, ou totalmente isentas desta condição.
Uma camada termicamente afetada irá influenciar na fadiga, corrosão, corrosão
por tensão, resistência, desgastes e falha. Na maioria dos casos registrados na
literatura, a camada de material termicamente afetada (CMTA) exerce uma influência
negativa no desempenho funcional e geralmente são indesejáveis em questão de
integridade superficial (Griffiths, 2001).
Existe uma clara diferença entre condições de usinagem severa e leve, no
entanto, em alguns casos as diferenças são obscuras, pois é possível escolher
condições que combinam altas taxas de remoção com boa integridade superficial.
Rech e Moisan (2003) estudaram a influência das condições de usinagem em
engrenagens de aço cementado e observaram que existem determinadas condições
de corte que não devem ser empregadas para produção em larga escala.
Outro termo utilizado em condições de operação é usinagem Convencional
(Griffiths, 2001), que difere de ambas as condições, leve e severa. Leve e severa
referem-se aos dois extremos da usinagem, convencional refere-se às condições
normalmente utilizadas nos processos de manufatura onde as recomendações dos
fabricantes são seguidas e as condições de boas práticas durante a usinagem são
observadas. Espera-se que a integridade superficial do produto resultante de
usinagens em condições convencionais esteja sempre entre os dois extremos, leve e
severa, não necessariamente em processos que tendem a apresentar mecanismos
térmicos, como é o caso de usinagem na presença de desgaste da ferramenta.
Toenshoff et al (2000) apresentaram relações entre o aumento da área de contato
da ponta da ferramenta, devido ao desgaste, e a energia dissipada por unidade de
33
área, neste mesmo estudo é correlacionado o estado de tensão residual resultante
que tende à tensão de tração na presença da temperatura. Outros autores
(Poulachon et al, 2001, Pavel et al, 2005) estudaram os efeitos negativos do
desgaste da ferramenta na integridade superficial na forma de análise da
rugosidade.
2.1.2 O Evento Unitário do Processo de Usinagem
Todo o processo de usinagem remove camadas da superfície da peça de uma
forma ou de outra. Isto pode se dar na forma de remoção de um cavaco em fita da
superfície, como no caso do torneamento, na forma de pequenas remoções
individuais, no caso da eletro-erosão ou na forma de dissolução de toda a superfície
exposta, a usinagem química. Para qualquer processo de manufatura empregado, o
método de remoção irá consistir em um único Evento Unitário (Griffiths, 2001), o qual
possui seus próprios mecanismos que definem a Integridade Superficial (IS). O
Evento Unitário irá consistir de mecanismos químicos, mecânicos e térmicos que
separados ou combinados removem material e em função de vários parâmetros
inerentes ao processo gera uma integridade superficial, como mostra a Figura 2.
Figura 2. Influências na geração de uma Integridade Superficial (adaptado de Griffiths, 2001).
O evento unitário é composto de vários mecanismos geradores dentro do
processo de usinagem. A consideração do mecanismo do evento unitário irá
propiciar um entendimento de como é a superfície e o motivo que a faz ser assim.
Irá, também, permitir que as superfícies possam ser projetadas ou desenvolvidas
para apresentar desempenho ou características em particular.
34
Os mecanismos geradores do evento unitário podem ser divididos em três
tipos: mecânico, térmico e químico. Estes mecanismos estão sempre presentes, em
maior ou menor grau, em todos os processos de usinagem. Muitas vezes não existe
uma clara distinção entre eles.
A Figura 3 mostra as cinco classes em ordem crescente de densidade de
energia transferida à superfície. Quanto maior a densidade de energia transferida
para a superfície, maior a probabilidade de se obter integridade superficial de baixa
qualidade.
Um diagrama esquemático do balanço energético também é visto na Figura 3,
sendo possível notar que o processo químico ocorre em todas as classes em maior
ou menor proporção.
Química Mecânica Mecânica-Térmica Termo-mecânica Térmica
10
6
10
4
10
2
10
0
10
-2
Classes de
Evento Unitário
Densidade de Energia [W/mm
2
]
Balanço
Energético
Químico
Mecânico
Térmico
Figura 3. As cinco classes de processos arquétipos de usinagem (Griffiths, 2001).
Na Figura 4 Toenshoff et al (2000) apresentaram um diagrama correlacionando
o evento unitário do torneamento e as forças de corte envolvidas em função da vida
da ferramenta para o aço ABNT 5115 (16 MnCr 5) endurecido com 700 a 750 HV (60
a 62 HRC). A ferramenta utilizada foi uma SNG120416 de Al
2
O
3
/TiC com velocidade
de corte V
c
=145 m/min, avanço f= 0.1 mm/rot, profundidade de corte a
p
= 0.2 mm e
usinagem a seco.
35
Desgaste e Forças
500
Componente da for
ç
a
resultante F
p
F
c
F
t
[N]
400
300
200
100
0
200
160
120
80
40
0
Desgaste de flanco VB
c
[
µ
µ
µ
µm]
0 15 30 45 60
Tempo de corte [min]
VB
c
F
p
F
c
F
f
Desgaste e Forças
500
Componente da for
ç
a
resultante F
p
F
c
F
t
[N]
400
300
200
100
0
200
160
120
80
40
0
Desgaste de flanco VB
c
[
µ
µ
µ
µm]
0 15 30 45 60
Tempo de corte [min]
VB
c
F
p
F
c
F
f
Figura 4. Relações entre desgaste de flanco (VBc) e forças de corte (Toenshoff et al, 2000).
Na Figura 4 é possível perceber que as forças de corte, especialmente a força
passiva (F
p
) aumentam devido ao desgaste natural da ponta da ferramenta em
função do tempo de usinagem. É possível observar haverá uma mudança no
balanço energético do mecanismo de corte que na condição inicial é mecânica-
térmica para termo-mecânica (vide Figura 3) possibilitando o aparecimento de
integridade superficial de baixa qualidade.
2.1.3 Camadas de Material Alteradas - CMA
O evento unitário irá influenciar a superfície e a subsuperfície de várias
maneiras. As mudanças na subsuperfície irão gerar as Camadas de Material
Alteradas (CMA) que irão consistir em uma variedade de mudanças dependentes do
mecanismo de geração do evento unitário:
36
Camada de material quimicamente alterada (CMQA), que é causada por
mudanças químicas superficiais que fazem parte do processo de manufatura
do evento único ou aquelas causadas pela exposição ao ambiente/atmosfera;
Camada de material mecanicamente alterada (CMMA), que consiste em
deposições, ressaltos, riscos e deformação plástica;
Camada de material termicamente alterada (CMTA), que consiste em
transformações de fases, trincas e retempera;
Camada de material alterada por tensões (CMAT), que resultam das tensões
residuais da combinação de eventos térmicos e mecânicos da manufatura.
A CMA sofre influência provinda do evento unitário de usinagem e se encontra
imediatamente abaixo da superfície usinada. A Figura 5 apresenta um modelo
esquemático das três zonas mais distintas e comumente observadas nos aços.
REGIÃO 1:
Depósitos,
adsorção e óxidos
REGIÃO 2: Camada
de Material Alterada
subsuperficial
REGIÃO 3:
Núcleo do material
Camada branca
Camada escura
afetada
termicamente e/ou
plasticamente
transição 2
transição 1
transição 3
Características Externas:
-Química;
-Rugosidade;
-Ondulação;
-Forma;
-Textura;
-Riscos e Marcas;
-Ressaltos e Arestas;
Características Internas:
-Microestrutura;
-Dureza;
-Trincas;
-Tensão Residual;
-Transformações de fase;
-Deformações Plásticas;
-Camadas Brancas
REGIÃO 1:
Depósitos,
adsorção e óxidos
REGIÃO 2: Camada
de Material Alterada
subsuperficial
REGIÃO 3:
Núcleo do material
Camada branca
Camada escura
afetada
termicamente e/ou
plasticamente
transição 2
transição 1
transição 3
Características Externas:
-Química;
-Rugosidade;
-Ondulação;
-Forma;
-Textura;
-Riscos e Marcas;
-Ressaltos e Arestas;
Características Internas:
-Microestrutura;
-Dureza;
-Trincas;
-Tensão Residual;
-Transformações de fase;
-Deformações Plásticas;
-Camadas Brancas
Figura 5. Seção esquemática de uma superfície de aço usinada.
Em primeiro lugar está a Região 1, que está em contato e reage direto com o
ar. Logo abaixo está a Região 2 que foi alterada ou sofreu alguma influência
proveniente do evento unitário de usinagem e por terceira e última a Região 3 do
núcleo. Não existe uma linha divisória clara entre a Região 2 e Região 3 (vide linha
“transição 3” na Figura 5), esta se dá por uma transição gradual.
37
A CMA se caracteriza por mudanças de dureza, química, metalúrgica, condição
das tensões residuais e deformação plástica, e influenciam o desempenho funcional
do produto. Uma ou outra pode predominar em função do processo e condições
estabelecidas, melhorando ou piorando em função do grau de intensidade.
2.1.4 Martensita não Revenida – MNR e Camada Branca – CB
O termo Martensita não Revenida (MNR) refere-se às camadas endurecidas
criadas pelos processos de usinagem, que convertem a martensita para o estado de
não revenido (Field e Kahles, 1971). O termo Camada Branca (CB) é um termo
genérico e refere-se às camadas altamente endurecidas quando comparadas ao
núcleo do material. Seu aspecto é branco e sem características quando vistas ao
microscópio. Existem ao menos seis tipos de camadas brancas identificadas, que
dependem fortemente do balanço termo-mecânico e qmico do processo, taxa de
aquecimento/resfriamento e etc. Geralmente pode-se dizer que a CB é uma forma
particular de MNR.
Em eventos unitários puramente térmicos como a eletro-erosão em desbaste
ou acabamento, por exemplo, a CB é formada. Em processos de remoção de
material com ferramenta afiada existem algumas situações que podem gerar CB,
como a retificação por exemplo. A Figura 6 mostra uma típica CB/MNR produzida
por evento unitário de retificação em condição severa de aço-liga SAE H13 (Wnr
1.2344) nitretado.
Figura 6. Camada branca com espessura média de 7µm gerada por retificação em condição
severa (Farias, 2007).
38
A camada branca é associada ao processo de retificação muito tempo.
Sob condições severas de desbaste a queima da retificação produz CB e MNR
reduzindo o desempenho da peça quanto à resistência à fadiga. O fluxo de calor
para peça na retificação é muito maior quando comparada à usinagem com
ferramenta, o que aumenta a incidência de CB, ao contrário se diz da usinagem com
ferramenta, onde o fluxo de calor para peça é reduzido.
Hashimoto et al (2006) investigaram a resistência à fadiga do aço rolamento
ABNT 52100 endurecido por tempera e usinado em processos distintos de
retificação (R) e de torneamento (T) em material endurecido. A Figura 7 apresenta
seus resultados. A condição de torneamento apresentou o dobro de ciclos até a
fadiga mostrando que é possível melhorar o desempenho do componente com a
utilização do processo de torneamento em material endurecido.
T
R
Tipo de Superfície
Ciclos até a Fadiga [10
6
ciclos]
T- Torneamento
R- Retificação
T
R
Tipo de Superfície
Ciclos até a Fadiga [10
6
ciclos]
T
R
Tipo de Superfície
Ciclos até a Fadiga [10
6
ciclos]
T- Torneamento
R- Retificação
Figura 7. A influência do processo de usinagem na fadiga (Hashimoto et al, 2006).
A CB e MNR são geralmente prejudiciais à integridade superficial da peça.
Reduzem a resistência à fadiga e estão associados ao acúmulo de tensão residual
de tração na superfície da peça.
Schwach e Guo (2005) mostraram como camadas termicamente afetadas
podem influenciar o bom desempenho da vida útil de um componente (Figura 8). Em
seu estudo, relacionaram a queda da vida útil, no teste de contado de rolamento de
peças em aço ABNT 52100 nas seguintes condições apresentadas na Tabela 1:
39
Tabela 1. Condições de usinagem do aço ABNT 52100 (Schwach e Guo, 2005).
Condição
V
c
[m/min]
f [mm/rot]
a
p
[mm]
VB [mm]
CB
-
1
169,2 0,0254 0,254 0,7
CB
-
2
169,2 0,0254 0,254 0,4
SC
-
1
106,8 0,1020 0,254 0
SC
-
2
106,8 0,0254 0,254 0
Onde CB significa condição usinada com camada branca, SC significa
condição usinada sem camada branca e os índices 1 e 2 significam variação nas
condições de corte.
SC-2 SC-1 CB-2 CB-1
0
50
100
150
200
250
Ciclos até a Fadiga [10
6
ciclos]
Figura 8. Comparação da vida útil em teste de rolamento de contato para aço ABNT 52100
(Schwach e Guo, 2005).
Nota-se pela Figura 8 que as condições de torneamento sem camada branca
(SC-1 e SC-2) são melhores do que com camada branca. A variação dos dados de
corte (sem que haja o aparecimento de camada branca) influencia fortemente a
condição de resistência à fadiga, pois a condição sem camada branca (SC-2)
apresentou mais do que o dobro de ciclos até a fadiga. É importante observar que
determinadas condições de corte são inviáveis para produção em larga escala,
portanto o balanceamento entre um bom desempenho do componente e uma boa
condição de produção deve ser almejado.
40
2.1.5 Martensita Sobrerevenida - MSR
Em geral os aços são empregados na condição temperados e revenidos,
porém, se algum outro aquecimento exceder a temperatura de revenimento, o
material perderá dureza.
O processo de usinagem gera calor que é transmitido à peça, e a rápida
refrigeração que pode ocorrer no evento (por liquido refrigerante ou outro), provoca o
endurecimento da camada superficial (causando a MNR); no entanto a subcamada
superficial não é resfriada na mesma taxa, e portanto, são revenidos novamente
causando uma perda de dureza na camada subsuperficial. Esta camada é nomeada
Martensita Sobrerevenida (MSR).
Segundo Abrão e Aspinwall (1996), que executaram investigações de dureza
em camadas subsuperficiais de peças temperadas e usinadas em diversas
condições, foi identificada variação no perfil de dureza superficial nas amostras
usinadas pelo processo de torneamento endurecido. Notou-se que a uma
profundidade de aproximadamente 5 µm houve uma queda de dureza de até 200 HV
em relação à dureza nominal (aproximadamente 800 HV) anterior ao processo de
usinagem.
Eventos térmicos durante a usinagem criam três camadas distintas, a primeira
composta por MNR ou CB, a segunda composta por MSR ou Camada Escura (ver
Figura 5) e a terceira que é o cleo da peça em questão. A camada MNR é frágil e
susceptível a trincas, a camada MSR possui uma menor dureza e, portanto uma
menor resistência ao escoamento provocando sérias implicações quanto ao
desempenho do componente.
Schwach e Guo (2005) apresentaram em seus estudos os perfis de durezas
obtidos de ensaios com condições de presença de CB e ausência. A Figura 9
apresenta os resultados nas diversas condições, por eles avaliadas no aço ABNT
52100, as condições utilizadas encontram-se na Tabela 1, onde CB significa
condição usinada com camada branca, SC significa condição usinada sem camada
branca e os índices 1 e 2 significam variação nas condições de corte.
41
Nota-se que na profundidade de aproximadamente 7 µm para a condição com
camada branca (CB-1 e CB-2), houve uma variação de dureza de até 800 HV em
relação à condição sem camada branca (SC-1 e SC-2). Na Figura 9 estão
sinalizadas as regiões de camada branca com durezas de 1200 HV, camada escura
com durezas de 400 HV e núcleo com durezas de aproximadamente 900HV. Estas
regiões são distintas somente nos casos de condições com camada branca (CB-1 e
CB-2) devido à severidade da condição de corte imposta no processo de usinagem.
Profundidade abaixo da superfície [µ
µµ
µm]
Dureza Vickers [HV]
Camada Branca
Núcleo
Camada Escura
CB-2 CB-1 SC-2 SC-1
Profundidade abaixo da superfície [µ
µµ
µm]
Dureza Vickers [HV]
Camada Branca
Núcleo
Camada Escura
CB-2 CB-1 SC-2 SC-1
Figura 9. Perfil de durezas em camadas subsuperficiais (Schwach e Guo, 2005).
Como visto na Figura 8, podemos associar a queda no desempenho da
resistência à fadiga dos componentes com esta grande variação no gradiente de
durezas das amostras com camada branca (CB-1 e CB-2).
2.1.6
Deformação Plástica
A deformação plástica ocorre quando as forças do evento unitário da usinagem
excedem a tensão média de escoamento do material, de tal modo, que a estrutura
do material é deformada. Se a deformação de cisalhamento na superfície é severa
aos grãos adjacentes à superfície, nenhum tipo de estrutura pode ser definido. A isto
se o nome de camada branca de deformação plástica, Figura 10. Se o processo
de deformação for contínuo, trincas podem ocorrer.
42
Figura 10. Zona de deformação plástica localizada em subsuperficie usinada (Javidi et al, 2008).
Javidi et al (2008) analisou a estrutura do material ABNT 4340 tratado
termicamente para dureza de aproximadamente 350 HV e usinado no processo de
torneamento. A Figura 11 apresenta uma micrografia com microscopia eletrônica de
varredura (MEV) da área subsuperficial onde se pode observar a deformação
provocada pelo processo. A região A indica a área onde não é possível distinguir a
estrutura dos grãos originais, e logo abaixo é possível identificar a deformação
plástica sofrida pela estrutura da durante o processo.
AvançoAvanço
Figura 11. Micrografia MEV da zona de deformação plástica localizada em subsuperficie usinada
(Javidi et al, 2008).
43
Outro exemplo de deformação plástica típica é mostrado na Figura 12 (a), o
processo usado foi o de furação com broca rotativa, e a secção é transversal ao eixo
do furo. O grão distorcido próximo à superfície é evidente devido a uma severa
deformação causada pela broca. Próximo à superfície, os grãos alongados são
virtualmente paralelos à superfície indicando altos níveis de tensão Figura 12 (b).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60
Profundidade a partir da Superfície Furada (µm)
Tensão
(a) (b)
Tensão [Mpa]
Profundidade [µ
µµ
µm]
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 10 20 30 40 50 60
Profundidade a partir da Superfície Furada (µm)
Tensão
(a) (b)
Tensão [Mpa]
Profundidade [µ
µµ
µm]
Figura 12. Seção radial por um furo em cobre (a) e sua tensão associada (b) (Griffiths, 2001).
Tem-se discutido que em tais processos de deformação duas camadas são
evidentes (Turley et al, 1974 apud Griffiths, 2001). A primeira camada, adjacente à
superfície, foi altamente distorcida e muito pouco ou nenhuma estrutura de grãos
original permanece evidente, é chamada “camada fragmentada”. Abaixo desta
camada está a “camada deformada” que foi submetida à deformação plástica,
porém, a estrutura original ainda é evidente. Estas duas camadas juntas compõem a
CMA de deformação plástica. A profundidade da CMA é razoavelmente constante na
superfície durante um evento unitário de usinagem, entretanto, a distorção pode ser
tão extrema que a camada fragmentada aparece amorfa quando observada no
microscópio. Porém, na realidade, pode consistir de subgrãos altamente distorcidos.
Esta camada fina de material também pode ser chamada de CB, porém não deve
ser confundida com a camada branca térmica.
44
Detalhes de uma camada deformada causada pelo processo de torneamento
interno em um aço inoxidável estão ilustrados na Figura 13 (a) e (b). Na Figura 13
(a) a secção é transversal ao eixo do furo, e na Figura 13 (b) a secção é paralela ao
eixo do furo. A profundidade total da deformação plástica (fragmentada mais a
deformada) é aproximadamente 70µm.
55.0 µm
69.9 µm
55.0 µm
69.9 µm
Figura 13. Zona deformada em camada subsuperficial de um aço inoxidável (a) secção transversal,
e (b) secção paralela ao eixo do furo (Marin et al, 2003).
A micrografia da Figura 14 mostra um tipo diferente de CB produzida por
torneamento em condições severas “controladas”. Neste caso a CB possui uma
dureza de 1050HV em comparação ao núcleo com 330HV. A ferramenta utilizada
para produzir esta superfície era afiada, porém um desgaste artificial foi produzido
na face de saída da ferramenta, o que gerou um atrito na superfície da peça. Neste
caso o atrito provocou uma deformação plástica por tensão de compressão.
Este tipo de deformação plástica resulta em uma tensão residual de
compressão benéfica que aumenta o limite de fadiga e o desempenho da peça como
um todo. Processos como o jateamento com esferas, causam deformação plástica
na superfície que por sua vez causam tensão de compressão. Em adição a estes
processos que causam “modificações superficiais”, existem outros processos de
usinagem que também causam endurecimento superficial, como por exemplo,
furação, fresamento e torneamento, porém, somente em baixas velocidades de
corte, pois em altas velocidades o efeito térmico se torna dominante.
45
Figura 14. Secção mostrando uma camada branca produzida por torneamento em condição
severa (Griffiths, 2001).
Em eventos unitários de processos mecanicamente dominados, a dureza
aumenta constantemente do núcleo para a superfície, enquanto que em eventos
unitários de processos termicamente dominantes este não é necessariamente o
caso (Griffiths, 2001). A profundidade de endurecimento por tensão depende das
condições da operação e do estado da ferramenta. Quanto mais severa é a
condição maior será a profundidade endurecida.
Deformação plástica pode ocorrer como resultado de uma seqüência de
processos, por exemplo: torneamento seguido de polimento. A seqüência dos
processos é importante, pois afeta o estado final de tensão ou resistência. Os
diferentes tratamentos térmicos e usinagens produzem diferentes incrementos na
dureza como mostra a Figura 15, (Van Vlack, 1971).
Deformado a frio e Endurecido por
envelhecimento
Endurecido por envelhecimento e
deformado a frio
Deformação a frio somente
Endurecido por envelhecimento
somente
Recozido
Temperado
0
1
2
3
4
5
6
Aumento da dureza sobre o Recozido →
Figura 15. Aumento da dureza produzido por diferentes tratamentos (Van Vlack, 1971).
46
Uma série de defeitos ou irregularidades nas superfícies pode ser associada a
deformações plásticas:
Rebarbas
Deformações plásticas geram rebarbas nas arestas usinadas de superfícies,
que são consideradas como regiões propícias para início de trincas, portanto
produzem uma Integridade Superficial de baixa qualidade. É hábito no chão de
fábrica a remoção destas rebarbas devido à possibilidade da geração de trincas e
riscos de acidentes.
Metcut (1980) apresenta exemplos de rebarbas e trincas associadas em furos
de broca e alargadores e afirma que rebarbas produzem uma apreciável redução na
resistência à fadiga.
Pavel et al (2005) analisou a influencia do desgaste de ferramenta na
integridade superficial resultante no processo de torneamento em material
endurecido. Relacionou (Figura 16 (a) e (b)) o aparecimento de maiores rebarbas na
presença de desgaste de flanco (VB) na ferramenta.
Poucas rebarbas
Rebarbas maiores
comprometendo a
superfície
Poucas rebarbas
Rebarbas maiores
comprometendo a
superfície
Figura 16. Formação de rebarbas sem a presença de desgaste (a) e na presença de desgaste de
ferramenta (b) (Pavel et al, 2005).
Trincas
Trincas estão diretamente associadas a Integridades Superficiais baixas e são
causa de fadiga, corrosão, falhas de resistência e contato mecânico e quebras na
superfície (Metcut, 1980).
Trincas preferenciais podem ocorrer ao longo de contornos de grãos
enfraquecidos. A deformação plástica gera trincas e em condições severas as
47
deformações podem sobrecarregar a superfície causando trincas. É o caso onde a
superfície é polida por muito tempo. Em alguns casos extremos, uma sobrecarga
gera a separação da superfície deixando vazios entre as subsuperfícies conforme
mostra a Figura 17.
Figura 17. Trinca por deformação plástica em aço temperado e revenido (Metcut, 1980).
2.1.7 Descontinuidades
O acabamento em uma superfície usinada é geralmente diferente do teórico.
Por exemplo, uma ferramenta de torneamento deveria, teoricamente, deixar sua
forma exata na superfície usinada, esta é a base da teoria publicada por Metcut
(1980).
Em processos de corte, o desvio do teórico com o real é muito dependente da
velocidade de corte, devido aos efeitos térmicos que influenciam o evento primário
de cisalhamento. Descontinuidades como aresta postiça, fraturas e riscos estão
associados a baixas velocidades de corte e, por exemplo, fluxo lateral de material
estando associado a altas velocidades de corte. Ambos os casos se aplicam a
usinagem de material e são de interesse.
A Figura 18 apresenta uma condição de fluxo lateral de material associado a
uma condição de aresta de ferramenta com desgaste, uma parte do material foi
arrancado e outra parte foi comprimida (plungeada) contra a superfície devido a
perda de capacidade de arranque da área desgastada.
48
Figura 18. Fluxo lateral de material (Kishawy e Elbestawi, 1999).
Ressalto e riscos
Em baixas velocidades de corte, o defeito mais comum é o acabamento
grosseiro, causado pela presença de arestas postiças instáveis. Arestas postiças
causam sérias implicações na integridade superficial e precisão dimensional. Os
fragmentos ou escamas criados pelas arestas postiças são duros e frágeis e em
situações de atrito agem como abrasivos. Depósito de arestas postiças na superfície
é uma forma de ressalto adicionado na superfície. Um risco é o oposto, isto é, ocorre
uma remoção de material da superfície. Riscos ocorrem porque em alguns casos a
adesão entre a superfície e a ferramenta é o alta que uma parte da superfície é
arrancada fora. Isto causa uma depressão na superfície que distorce a topografia da
superfície como mostra a Figura 19. A este fato dá-se o nome de arranque, que é
um gerador de corrosão. No caso da Figura 19 o arranque aconteceu na camada
branca adjacente à superfície em processo de retificação com condições severas.
Figura 19. Arranque de material na camada branca superficial em processo de retificação em
condição severa (Farias, 2007).
49
Material redepositado ou refundido
Em alguns processos de remoção de material nem todo o material é totalmente
removido. No caso de eventos térmicos, uma parte do material é redepositada ou
refundida de volta na superfície, causando uma camada adicional.
O material também pode ser redepositado em processos de usinagem
convencional. Aresta postiça é uma forma de redeposito, causado pelo material
altamente endurecido soldado na ponta da ferramenta que se desprende, sendo
redepositado na superfície da peça.
Em retificação esta é maior causa de obtenção de superfícies com acabamento
pobre. O material removido da superfície fica impregnado nos grãos do rebolo na
primeira passada e na passada consecutiva este material se desprende e é
redepositado na superfície por atrito. A Figura 20 mostra uma deposição de um grão
de ferrita na superfície de uma peça de ferro fundido.
Figura 20. Grão de ferrita depositado em uma superfície de ferro fundido (Griffiths, 2001).
Durante a usinagem a ferramenta sofre um desgaste natural, as pequenas
partículas do desgaste podem ser depositadas na superfície da peça ou na região
inferior do cavaco. Tendo em mente a estabilidade de uma operação normal de
usinagem e os muitos metros usinados durante a vida da ferramenta, estes
depósitos serão poucos e estarão distantes entre si. No entanto existem exemplos
de grãos de metal duro encontrados encravados na superfície de materiais, estes
podem causar abrasão (Griffiths, 2001).
50
2.1.8 Camadas de Material Alterado e Evento Unitário de Usinagem
Os mecanismos geradores do evento unitário podem ser basicamente divididos
em três tipos: mecânico, rmico e químico, como descrito nos capítulos iniciais
(Figura 3). Estes mecanismos estão sempre presentes, em maior ou menor grau, em
todos os processos de usinagem e muitas vezes não existe uma clara distinção
entre eles. Além disso, de grande importância são as condições de operações do
processo; leve, convencional ou severa (Griffiths, 2001). Mesmo em condições de
operação leve, em termos de velocidade de corte e avanço, a operação como um
todo pode ser severa pelo fato da ferramenta estar desgastada. Poulachon et al
(2001) apresentam a Figura 21 onde mostram o comportamento do desgaste da
ferramenta em função do tempo na usinagem de um aço DIN 100Cr6 endurecido.
Pode-se observar três regiões distintas: desgaste inicial, desgaste controlado
(plástico) e falha de ferramenta associadas às condições de operação do processo
(leve, convencional ou severa).
LEVE
CONVENCIONAL
SEVERA
Vida da ferramenta [min]
Desgaste de cratera
Desgaste de flanco VB
Desgaste inicial Desgaste controlado
Falha da ferramenta
V
c
= 200 m/min
a
p
= 0.05 mm
f = 0.05 mm.rot
700 HV
Sem refrigeração
Desgaste de flanco [VB]
Vida da ferramenta [min]
Desgaste de cratera
Desgaste de flanco VB
Desgaste inicial Desgaste controlado
Falha da ferramenta
V
c
= 200 m/min
a
p
= 0.05 mm
f = 0.05 mm/rot
700 HV
Sem refrigeração
Desgaste de flanco [VB]
LEVE
CONVENCIONAL
SEVERA
LEVE
CONVENCIONAL
SEVERA
Vida da ferramenta [min]
Desgaste de cratera
Desgaste de flanco VB
Desgaste inicial Desgaste controlado
Falha da ferramenta
V
c
= 200 m/min
a
p
= 0.05 mm
f = 0.05 mm.rot
700 HV
Sem refrigeração
Desgaste de flanco [VB]
Vida da ferramenta [min]
Desgaste de cratera
Desgaste de flanco VB
Desgaste inicial Desgaste controlado
Falha da ferramenta
V
c
= 200 m/min
a
p
= 0.05 mm
f = 0.05 mm/rot
700 HV
Sem refrigeração
Desgaste de flanco [VB]
Vida da ferramenta [min]
Desgaste de cratera
Desgaste de flanco VB
Desgaste inicial Desgaste controlado
Falha da ferramenta
V
c
= 200 m/min
a
p
= 0.05 mm
f = 0.05 mm.rot
700 HV
Sem refrigeração
Desgaste de flanco [VB]
Vida da ferramenta [min]
Desgaste de cratera
Desgaste de flanco VB
Desgaste inicial Desgaste controlado
Falha da ferramenta
V
c
= 200 m/min
a
p
= 0.05 mm
f = 0.05 mm/rot
700 HV
Sem refrigeração
Desgaste de flanco [VB]
Figura 21. Desgaste da ferramenta com o tempo e a relação às condições de usinagem
(Poulachon et al, 2001).
51
O desgaste da ferramenta ou grão em função do tempo segue o formato
clássico do “S” entre as três fases. Na primeira fase, inicialmente o desgaste é
acentuado até que as condições se estabilizem. A seguir um regime de desgaste
constante representa a maior parte da vida da ferramenta. E por última fase o
desgaste cresce gradualmente até a eventual falha. Normalmente a operação é
interrompida antes da terceira fase, pois é nesta região que as condições se tornam
realmente severas. As regiões leve, convencional e severas relacionam-se à IS e
consecutivamente ao desempenho funcional. Razões pela qual a IS é reduzida na
região severa são altas temperaturas e altas deformações plásticas.
2.1.9 Camadas de Material Alterado e a Temperatura
Todo o aumento na temperatura do evento unitário da usinagem provavelmente
irá causar danos. Este será o caso com usinagem por corte utilizando ferramentas
desgastadas na terceira ou última região da Figura 21. Não somente a temperatura
gerada será alta, mas também o comprimento de contato para condução de calor
entre ferramenta/grão e peça será maior.
Recentemente, Grzesik (2008) apresentou seus resultados do torneamento em
um aço para rolamentos endurecido para 700HV correlacionando as temperaturas
na interface cavaco, ferramenta e peça com presença de desgaste de flanco (VB). A
Figura 22 apresenta os valores de temperatura máximos encontrados com a
utilização de um pirômetro.
Vários experimentos com desgaste foram simulados, produzindo-se
artificialmente zonas desgastadas nas faces de folga de ferramentas de
torneamento. Boothroyd et al apud Griffiths, 2001, mostram que o fluxo de calor para
a peça com uma de uma ferramenta com zona desgastada de 0,5mm é mais do que
o triplo quando comparado à uma ferramenta nova. Bailey et al apud Griffiths, 2001,
mostrou que a profundidade da camada afetada triplicou com o uso de uma
ferramenta com área desgastada de 0,5mm, em comparação a uma ferramenta
nova. Estes dois resultados podem ser vistos no gráfico da Figura 23.
52
Interface
cavaco/ferramenta
Interface
peça/ferramenta
Desgaste de Flanco VB [µ
µµ
µm]
Máxima Temperatura [°C]
Interface
cavaco/ferramenta
Interface
peça/ferramenta
Desgaste de Flanco VB [µ
µµ
µm]
Máxima Temperatura [°C]
Figura 22. A influência do desgaste em ferramenta de torno sobre o fluxo de calor nas interfaces
cavaco/ferramenta e peça/ferramenta (Grzesik, 2008).
Na Figura 23 pode-se verificar o aumento da temperatura na interface
peça/ferramenta em função do desgaste de flanco VB.
0
100
200
300
400
500
0 0.2 0.4 0.6 0.8
Comprimento da zona desgastada em ferramenta de torneamento
Aumento percentual sobre ferramenta nova
Profundidade de camada Afetada por Calor
(adaptado de Bailey et al, 1976)
Taxa do Fluxo de Calor para a Peça (adaptado
de Boothroyd et al, 1967)
Profundidade de camada
afetada por calor
Taxa do fluxo de calor para
peça
[mm]
0
100
200
300
400
500
0 0.2 0.4 0.6 0.8
Comprimento da zona desgastada em ferramenta de torneamento
Aumento percentual sobre ferramenta nova
Profundidade de camada Afetada por Calor
(adaptado de Bailey et al, 1976)
Taxa do Fluxo de Calor para a Peça (adaptado
de Boothroyd et al, 1967)
Profundidade de camada
afetada por calor
Taxa do fluxo de calor para
peça
[mm]
Figura 23. A influência da zona desgastada em ferramenta de torno sobre o fluxo de calor e a
profundidade de deformação plástica (Griffiths, 2001).
2.1.10 Camadas de Material Alterado e os Processos de Manufatura
A Tabela 2 relaciona classes de processos com características subsuperficiais.
A presença da característica é dependente da condição de operação usada, “L” para
condição leve e “S” para condição severa.
53
Tabela 2. Relação entre classes de processos, características subsuperficiais e condições de
operação (Griffiths, 2001).
Química Mecânica
Mecânica-
Térmica
Termo-
mecânica
Térmica
MNR S L & S L & S
MSR S L & S L & S
Austenita retida S L & S L & S
Ataque intergranular L & S
Deformação plástica L & S L & S
Rebarbas L & S L & S
Trincas L & S S S S S
Descontinuidades S S S S
Fragmentos de ferramenta L & S L & S L & S
Redeposição L & S L & S L & S L & S
Tensão residual L & S L & S L & S L & S
L: Leve S: Severa
Características Sub-Superficiais
Classe de Energia dos Processos de Manufatura
2.1.11 A influência da Camada de material Alterado no
Desempenho Funcional
A Tabela 3, proposta por Griffiths (2001), mostra que as características
superficiais e subsuperficiais exercem uma influência na desempenho em várias
situações de serviço. Um engenheiro, ao selecionar um processo de usinagem, deve
incluir integridade superficial como sendo um critério de seleção.
Tabela 3. Influência das características subsuperficiais nas situações funcionais
(Griffiths, 2001).
Tensão
MNR ou
CB
MSR
Austenitiza-
ção
Ataque
intergranular
CB
Deformação
Plástica
Rebarbas Trincas
Ressaltos
& Riscos
Fragmentos
de
Ferramentas
Redeposição
Tensão
Residual
Desgaste
Resistência
Ataque
Químico
Ө
Fadiga
Magnetismo
Capacidade
de carga
Ө
Vedação
Ө
Atrito
Ө
Adesão
Conformação
: Forte Influência, Ө: Pouca Influência,
: Possível Influência
Metalúrgico Deformação Depósitos
Integridade Superficial e Características Sub-Superficiais
54
A Tabela 3 não indica se o efeito da característica é bom ou ruim para o
desempenho. Em alguns casos a CMA influencia positivamente e em outros casos
negativamente Griffiths (2001). Por exemplo, em situações de desgaste, camadas de
MNR e camadas redepositadas aumentam o desgaste, pois estão endurecidas,
frágeis, instáveis, contendo tensão residual de tração e são susceptíveis ao
lascamento. Por outro lado tensão residual de compressão é benéfica para
aumentar a resistência à fadiga de componentes mecânicos.
55
2.2 Tratamento Termoquímico de Cementação
Carbonetação ou Cementação (termo mais difundido tecnicamente no Brasil) é
a adição de carbono à superfície de aços de baixo carbono em temperaturas
geralmente entre 850 e 950°C. A esta temperatura a austenita está estável em uma
estrutura cristalina com alta solubilidade em carbono (Lampman, 1991). Este
processo visa melhorar a temperabilidade na superfície do material, mantendo no
núcleo suas características originais.
2.2.1 Processos de Cementação
A cementação é um processo de difusão do carbono em uma camada
superficial do aço para produzir peças com elevada resistência ao desgaste após um
tratamento térmico de endurecimento. Qualquer operação de saturação de uma
superfície por difusão deve ser executada em meio externo que possa liberar o
elemento a ser difundido em um estado atômico (iônico). Deve haver o contato dos
átomos que serão difundidos com a superfície a ser tratada e a formação de ligações
químicas com os átomos da matriz metálica (absorção) e deve haver a difusão
propriamente dita que é penetração do soluto na matriz metálica (Baumgarten, 2003)
O processo de cementação do aço é uma função do tempo e dos recursos
disponíveis (potencial de carbono) na superfície. Quando o tempo é prolongado, são
obtidas grandes profundidades de penetração e um elevado potencial de carbono
produz uma superfície com grande conteúdo de carbono, podendo resultar em
excessiva quantidade de austenita retida ou grande quantidade de carbonetos livres.
Estes dois elementos microestruturais causam efeitos adversos sobre a distribuição
da tensão residual na peça cementada (Faria e Munhoz, 1990). Por conseguinte, um
elevado potencial de carbono pode ser adequado para curto ciclo de tratamento,
mas não para ciclos prolongados.
56
A principal finalidade da cementação é obter uma camada mais dura e
resistente ao desgaste na superfície da peça, portanto o processo de cementação
sempre é acompanhado de um posterior processo de tempera e revenimento que
visa auferir a superfície da peça uma dureza específica previamente selecionada.
Baumgarten, 2003, descreve a estrutura da camada cementada, para uma
condição de resfriamento lento com ajuda do diagrama de equilíbrio Fe-C, conforme
Figura 24.
Temperatura [°C]
Carbono [% peso]
Ferrita
+
Perlita
(α-Fe)
Ferrita
(γ
γγ
γ-Fe)
Austenita
Austenita
+
Cementita
Cementita
+
Perlita
T
c1
a
K
S
Austenita
+
Ferrita
P
T
c2
b
c
d
G
T
c3
e
E
Q
Temperatura [°C]
Carbono [% peso]
Ferrita
+
Perlita
(α-Fe)
Ferrita
(γ
γγ
γ-Fe)
Austenita
Austenita
+
Cementita
Cementita
+
Perlita
T
c1
a
K
S
Austenita
+
Ferrita
P
T
c2
b
c
d
G
T
c3
e
E
Q
Figura 24. Diagrama de equilíbrio Fe-C (ASM Handbook, 1991).
57
Se a carbonetação ocorre a uma temperatura T
c1
, abaixo da temperatura
eutetóide (linha A
1
), então uma solução sólida do carbono no ferro α é formada
primeiro. Quando a solução sólida é saturada com carbono, como determinado pela
linha PQ no diagrama de equilíbrio (ponto “a”) a cementita começa a se formar na
superfície. Então, neste caso, obtém-se uma camada de cementita na superfície do
aço, na zona de difusão. Inicialmente o carbono se difunde no ferro-α à temperatura
T
c2
, entre os pontos críticos A
1
e A
3
. Quando a saturação máxima for alcançada
(ponto b) uma solução sólida de carbono no ferro-γ (austenita) é formada. Quando a
máxima saturação da austenita for atingida, determinado pela linha SE do diagrama
(ponto d), a próxima fase estável nesta temperatura será formada, esta fase é a
cementita. Um resfriamento lento a partir da temperatura de cementação causará a
decomposição da austenita com a precipitação ou de cementita ou de ferrita,
dependendo da composição. No ponto crítico A
1
, a perlita é formada pela
transformação eutetóide. O excesso de cementita é precipitado durante o
resfriamento da solução sólida α existente na temperatura de cementação.
Finalmente, na temperatura de cementação T
c3
, acima do ponto crítico A
3
, o carbono
se difundirá no ferro-γ. Quando a saturação máxima (ponto e) é alcançada, a
camada de cementita será formada. A austenita se decomporá de acordo com o
diagrama de equilíbrio a partir da temperatura de cementação.
Na prática, o aço é cementado em uma faixa de 850 a 950°C, na qual o
carbono é difundido em ferro-γ. As discussões acima sobre a formação da camada
cementada referem-se a casos extremos. Em condições reais a formação de
camadas de cementita raramente é observada. Para se obter uma camada contínua
de cementita na zona de difusão, o aço deve ser cementado por um tempo longo em
um meio carbonetante ativo contendo uma quantidade considerável de carbono.
A camada cementada tem uma concentração variável de carbono ao longo da
profundidade, decrescendo a partir da superfície em direção ao núcleo com a
consequente mudança gradual na composição química da camada, conforme
podemos verificar na Figura 25 que apresenta a concentração de carbono na
superfície do aço ABNT 8620 cementado.
58
Distância da Superfície [mm]
Concentração de Carbono [%]
ABNT 8620
Distância da Superfície [mm]
Concentração de Carbono [%]
ABNT 8620
Figura 25. Concentração de carbono na superfície para o aço ABNT 8620 (ASM Handbook, 1991).
A profundidade da camada cementada na superfície depende da temperatura
do processo, do tempo de processo e da atividade do meio carbonetante que
fornece átomos de carbono para a camada cementada, a Figura 26 apresenta o
efeito do tempo e temperatura na profundidade da camada cementada (Harris, 1944
apud ASM Handbook, 1991).
Tempo [h]
Profundidade da camada [mm]
Tempo [h]
Profundidade da camada [mm]
Figura 26. Efeito do tempo e temperatura na profundidade da camada cementada
(Harris, 1944 apud ASM Handbook, 1991).
A Figura 27 apresenta relação de tempo e temperatura na cementação do aço
ABNT 8620 para uma mesma camada efetiva de 1,5mm. O correto teor de carbono
na superfície deve ser entre 0,8 e 1,0%. Altas concentrações de carbono levarão a
formação de carbonetos em rede (cementita). Esta rede dificilmente será eliminada
com tratamentos térmicos subsequentes e irá deteriorar a qualidade da camada.
59
Tempo de cementação [h]
900
925
955
980
1010
1035
Temperatura de cementação [°C]
Tempo de cementação [h]
900
925
955
980
1010
1035
Temperatura de cementação [°C]
Figura 27. Relação entre tempo e temperatura na cementação do aço ABNT 8620 para uma mesma
camada efetiva de 1,5mm (Shultz et al, 1989 apud ASM Handbook, 1991).
A cementação cria uma camada com dureza superficial de até 800 HV como
pode ser notado na Figura 28 que apresenta o perfil de dureza de uma barra de
diâmetro 16 mm em aço ABNT 8620 cementada em processo gasoso na
temperatura de 925°C.
Profundidade [mm]
Dureza [HV]
Dureza [HRC]
Profundidade [mm]
Dureza [HV]
Dureza [HRC]
Figura 28. Distribuição esquematizada da profundidade da concentração de carbono e da dureza em
uma peça cementada (Macherauch, 1992).
60
De acordo com Rech e Moisan, (2003) a cementação também modifica o perfil
de tensão residual da superfície e tensões de compressão são introduzidas, como
mostra a Figura 29.
Tensão Residual Tangencial [MPa]Tensão Residual Tangencial [MPa]
Profundidade abaixo da superfície [mm]
Figura 29. Perfil de tensão residual de superfície após processo de cementação (adaptado de
Rech e Moisan, 2003).
2.2.2 Aços para Cementação
O primeiro requisito é baixo teor de carbono, porque a difusão do carbono será
mais rápida e principalmente porque, com isso, o cleo de baixo carbono
apresentará tenacidade e resistência ao choque das peças. Contudo, em algumas
aplicações, prefere-se um núcleo de resistência mais elevada, correspondente à
estrutura martensita revenida, a qual pode ser obtida com carbono mais elevado (em
torno de 0,30%) e principalmente com os elementos de liga níquel (até 3,75%),
cromo (até 1,75%) e molibdênio (até 0,60%) (Lampman, 1991).
O aço ABNT 8620 é um aço muito utilizado para cementação. Após o tratamento
térmico de cementação o teor de carbono na região superficial da peça é aumentado
para aproximadamente 1.0% e sua tensão de escoamento na condição endurecida
pode chegar a 860 MPa, enquanto que em seu núcleo a tensão de escoamento é de
385 MPa (Ogata, 2003). no Metals Handbook (1998), encontra-se referências
que indicam que a tensão de escoamento na condição temperada e revenida pode
chegar a 965 MPa.
61
2.2.3 Cementação Líquida
No processo de cementação líquida as peças são mantidas a uma temperatura
acima da linha A
1
do diagrama Fe-C (Figura 24, por volta de 850°C) em um banho
de sal fundido (cianeto) que idifundir carbono na superfície da peça metálica. A
difusão do carbono a partir da superfície em direção ao núcleo produz uma camada
que pode ser endurecida, normalmente por resfriamento rápido em banho de óleo.
O carbono difunde-se a partir do banho para o metal e produz uma camada
comparável com a resultante da cementação a gás. No entanto, o fato da
cementação líquida envolver uma maior troca de calor efetiva (devido às
características das soluções em banho de sal resultarem em uma taxa de
transferência de calor superior), os tempos de ciclo na cementação líquida são mais
curtos do que os da cementação a gás (Godding, 1991).
A maioria dos líquidos utilizados nos banhos de cementação líquida contém
cianeto, que introduz tanto carbono quanto nitrogênio para a camada. Um tipo de
particular de banho líquido, porém, usa somente uma fonte de carbono. Este banho
produz um processo que contém apenas carbono como o agente de difusão.
Camadas produzidas por cementação líquida podem atingir profundidades de até
6,35 mm (Godding, 1991).
A reação química envolvida não é totalmente compreendida, mas envolve a
adsorção de monóxido de carbono, em partículas de carbono. O monóxido de
carbono é gerado pela reação entre o carbono e carbonatos, que são os
constituintes do banho de sal fundido. O monóxido de carbono adsorvido é reage
com as superfícies do aço como na cementação gasosa.
Segundo Baumgarten, 2003, atualmente a cementação líquida, em banho de
cianeto, representa 65% dos processos utilizados no mundo, sendo que no Brasil o
emprego do cianeto representa aproximadamente 85% dos processos comerciais.
Não há diferença no princípio de cementação entre a cementação por via
sólida e o processo por via gasosa (Ogata, 2003).
62
2.2.4 Cementação Gasosa
A cementação gasosa possui vantagens sobre os outros métodos, pois existe a
possibilidade de se obter um melhor controle de processo e de obtenção de uma
profundidade de camada mais precisa. É um processo mais seguro, limpo e menos
nocivo ao meio ambiente, quando comparado com os meios carbonetantes sólidos à
base de carbono ativados com cloretos e carbonatos e com os meios líquidos,
normalmente, à base de cianetos (Ogata, 2003).
Um processo de cementação gasosa depende, sobretudo, do controle efetivo
das três principais variáveis do processo: composição da atmosfera, tempo,
temperatura. Os gases comumente utilizados como gás de proteção e carbonetantes
são: o metano (CH
4
), propano (C
3
H
3
) e butano (C
4
H
10
).
As reações dos hidrocarbonetos dentro da câmara do forno aumentam o
potencial de carbono, além do carbono disponível para a cementação, pela redução
do ponto de orvalho (%H
2
O) e do teor de CO
2
. O potencial de carbono da atmosfera
pode ser rapidamente reduzido dentro da câmara de cementação pela injeção de
pequenas quantidades de ar, com o objetivo de aumentar o ponto de orvalho e o teor
de dióxido de carbono. A Figura 30 apresenta a relação entre o ponto de orvalho e o
potencial de carbono difundido no ferro para dois tipos de gás constituintes da
atmosfera.
Gás metano Gás propano
Carbono em ferro [%peso]
Carbono em ferro [%peso]
(b)
(a)
Ponto de Orvalho [°C] Ponto de Orvalho [°C]
Gás metano Gás propano
Carbono em ferro [%peso]
Carbono em ferro [%peso]
(b)
(a)
Ponto de Orvalho [°C] Ponto de Orvalho [°C]
Figura 30. Relação entre ponto de orvalho e potencial de carbono para (a) gás metano
e (b) gás propano (ASM Handbook, 1991).
63
A cementação gasosa é um processo nonequilibrium (Stickels, 1991), isto é, os
gases constituintes da atmosfera não estão em equilíbrio, a atmosfera não está em
equilíbrio com o aço sendo cementado. No entanto, várias abordagens de controle
do equilíbrio permitem previsões da taxa de cementação, a partir da composição da
atmosfera do forno. Assim, o mesmo gradiente de carbono difundido na camada
pode ser esperado, como mostra a Figura 31, a partir de diferentes fornos com
atmosferas de gases diferentes, quando determinados fatores são mantidos
constantes:
-Potencial de carbono, a partir de CO
2
(Figura 31) e H
2
O (Figura 30) ou medições do
potencial de oxigênio;
-Tempo da cementação;
-Temperatura do processo.
Gás metano
Gás propano
Carbono em ferro [%peso]
Carbono em ferro [%peso]
(b)
(a)
Gás metano
Gás propano
Carbono em ferro [%peso]
Carbono em ferro [%peso]
(b)
(a)
Figura 31. Relação entre CO
2
e potencial de carbono para (a) gás metano e (b) gás propano
(ASM Handbook, 1991).
2.2.5 Difusão do Carbono
O processo de cementação é controlado pela difusão do carbono através da
superfície do material, sendo este muito influenciado pela temperatura, potencial de
carbono do meio carbonetante e tempo de processo. A cinética de cementação pode
ser expressa através das Equações de Fick que definem o cálculo do Coeficiente de
64
Difusão (Equação 1) e a sua derivada de segunda ordem conhecida como Segunda
Lei de Fick que mostra o perfil de concentração de carbono em função da distância,
para um dado tempo de cementação (Equação 2) (Baumgarten, 2003)
(1)
(2)
Onde: D = coeficiente de difusão [m
2
/s]
D
0
= constante de difusividade [m
2
/s]
Q = energia de ativação para difusão [J/mol]
R = constante dos gases perfeitos [J/(mol.K)]
T
a
= temperatura absoluta [K]
A solução analítica da 2ª Lei de Fick para um sólido finito, aplicado ao processo
de cementação pode ser escrito conforme as Equações 3 e 4.
(3)
ou
(4)
Onde: C
x
= concentração de carbono na posição “x” [%]
C
0
= teor de carbono no núcleo do material [%]
C
S
= concentração de carbono na superfície [%]
x = distância [m]
D = coeficiente de difusão [m
2
/s]
t = tempo de processo [s]
erf(z) =função erro para a variável (z).
=
s
x
Dt
x
erf
CC
CC
0
0
2
1
1
=+
=
xs
CCCC
Dt
x
erfxC
00
2
1
1 )()(
=
dx
cd
D
dt
dc
2
2
=
RT
Q
Q
eDD
0
65
Para o cálculo do tempo de cementação utiliza-se o seguinte desenvolvimento
axiomático, observando as corretas unidades de medida. Empregando a solução da
2ª Lei de Fick (Equação 3.3), obtemos a Equação 4.
Aplicando a inversão da função erro na Equação 4 temos a Equação 5:
(5)
Portanto:
(6)
Para o cálculo da “função erro”, pode-se utilizar também a Equação 7 cujos
valores estão apresentados na Tabela 4 (Mel et al, 1988 apud Baumgarten, 2003).
(7)
Tabela 4. Valores da função erro (Mel et al,
1988, apud Baumgarten, 2003).
=
x
y
dye
x
zerf
0
2
2
)(
)(
=
s
x
CC
CC
erfinvz
0
0
1
==
s
x
z
Dt
x
CC
CC
erfinv
0
0
2
1
1
66
2.2.6 Tratamento Térmico após a Cementação
2.2.6.1 Têmpera
As peças de aço cementado requerem um processo de endurecimento
(têmpera) após a carbonetação, seguido de alívio de tensões (revenimento). A
Figura 32 esquematiza a operação de têmpera para o aço ABNT 8630, os pontos A,
B, C e D indicam o início do resfriamento em função do tempo do tratamento.
A têmpera é um processo de tratamento térmico no qual o o é aquecido a
uma temperatura acima do ponto crítico, mantido nesta temperatura pelo tempo
necessário para uniformizar e completar as transformações de fases ao longo da
maior seção transversal da peça ou carga. Após uniformização é resfriado
rapidamente em óleo, água, sais fundidos ou polímeros.
Austenita→Ferrita
Austenita→Perlita
Austenita→Bainita
Austenita→Martensita
Posição
correspondente
no fim da
tempera da
amostra (M
f
)
Diagrama de transfor-
mação no resfriamento
Diagrama de transfor-
mação Isotérmico
Curva de resfriamento
Transformaçao
durante o
resfriamento
Temperatura [°C]
Tempo [s]
Austenita→Ferrita
Austenita→Perlita
Austenita→Bainita
Austenita→Martensita
Posição
correspondente
no fim da
tempera da
amostra (M
f
)
Diagrama de transfor-
mação no resfriamento
Diagrama de transfor-
mação Isotérmico
Curva de resfriamento
Transformaçao
durante o
resfriamento
Temperatura [°C]
Tempo [s]
Figura 32. Diagrama de resfriamento contínuo do aço ABNT 8630 cementado
(ASM Handbook, 1991).
67
A taxa de resfriamento deve ser suficientemente rápida para garantir que a
austenita seja super-resfriada até o ponto de transformação da martensita (solução
supersaturada de carbono no ferro-α). Para a maioria dos aços de médio e alto teor
de carbono, a martensita obtida após a têmpera tem rede cristalina no sistema
tetragonal de corpo centrado (ASM Handbook, 1991), tem característica acicular e
as suas principais características são alta dureza e baixa ductibilidade.
A martensita formada a partir da austenita é acompanhada por um acréscimo
de volume da ordem de 3% (Munhoz, 1983 apud Baumgarten, 2003). Esta é a
principal razão das altas tensões na peça após o tratamento térmico, que podem
causar deformações e trincas na peça tratada. Para se obter uma transformação
completa da martensita, o resfriamento do aço deverá ser continuado até a
temperatura martensitica final. Após a cementação, a peça pode ser considerada
como se tivesse dois materiais diferentes: um na camada cementada, que é um aço
eutetóide ou hipereutetóide, e o núcleo que é um aço hipoeutetóide, com a
composição original do aço.
Para se obter uma estrutura otimizada sem se lançar mão da operação de
dupla têmpera, que além de dispendiosa pode provocar uma descarbonetação ou
oxidação superficial nas peças, é utilizada a têmpera direta tanto para aços carbono
quanto para aços ligados. As temperaturas para a têmpera mais frequentemente
utilizadas em fornos de cementação gasosa variam entre 820°C e 860°C. A estrutura
da camada cementada e temperada apresentará estrutura predominantemente
martensitica com alguns carbonetos nodulares dispersos e algum teor de austenita
retida, provocada ou pelo excesso de carbono ou por uma velocidade de
resfriamento não adequada ao aço que está sendo processado. Esta austenita não
transformada recebe o nome de austenita retida e pode ser eliminada por uma
operação posterior a têmpera, denominada subzero, na qual se continua o
resfriamento da peça a temperaturas abaixo de zero.
2.2.6.2 Revenimento
O revenimento é um processo de aquecimento do aço temperado a uma
temperatura abaixo do ponto A
1
do diagrama Fe-C (Figura 24) e mantido por um
tempo adequado, com o objetivo básico do aumento da ductilidade e tenacidade do
68
aço temperado, eliminando, na medida do possível, os inconvenientes gerados pela
têmpera. Como mencionado acima, o aço cementado é constituído de duas
estruturas básicas, a martensita tetragonal e a austenita retida, sendo ambos
estáveis e que tendem a passar para um estado mais estável com o aquecimento.
Esta transformação do aço temperado para um estado mais estável se dá por
difusão, portanto, é determinada fundamentalmente pela temperatura de
aquecimento. A Figura 33 apresenta as várias possibilidades de temperatura de
revenimento para um aço com 0,82% de C e 0,75% Mn. Pode-se observar que a
temperatura e o tempo de permanência influem diretamente na dureza final da peça.
Tempo de permanência na temperatura [s]
Dureza na temperatura ambiente [HV]
970
830
700
595
515
445
395
345
300
Tempo de permanência na temperatura [s]
Dureza na temperatura ambiente [HV]
970
830
700
595
515
445
395
345
300
Figura 33. Diagrama de revenimento para aço com 0,82% de C e 0,75% Mn (ASM Handbook, 1991).
Para a faixa de temperatura entre 100ºC e 350ºC a martensita se decompõe
com a precipitação do carbono, na forma de partículas de carbonetos de ferro
dispersos (Munhoz, 1983, apud Baumgarten, 2003). Então, como um resultado do
revenimento à baixa temperatura têm-se duas soluções sólidas Fe-C: TCC/CCC, de
martensita além dos carbonetos, uma com baixo e outra com maior teor de carbono
(tetragonalidade da martensita). Durante o revenimento, a quantidade de solução
sólida Fe-C de maior concentração diminui, enquanto que a de baixa concentração
aumenta (Porter, 1981 apud Baumgarten, 2003).
69
2.2.7 Austenita Retida
Segundo Faria e Munhoz Junior (1990) o estudo do efeito da austenita retida
no comportamento mecânico de aços cementados tem sido alvo de muitas
discussões e controvérsias. No início, a linha de pensamento dominante entre os
pesquisadores conduzia às especificações de microestrutura de camada cementada
sem qualquer teor de austenita retida. Elevada dureza superticial e microestrutura
totalmente martensítica eram os objetivos, mesmo que para isso fosse necessário
tratamento de sub-zero. No entanto, principalmente nas décadas de 60 e 70,
alguns autores obtiveram resultados expressivos no efeito benéfico da austenita
retida, com casos de melhoria a vida em fadiga de contato com teores de 50% de
austenita retida. Atualmente, as discussões existentes visam esclarecer
mecanismos, teor ótimo e distribuição da austenita retida, como também os efeitos
positivos e negativos em diversos tipos de solicitação.
A resistência à fadiga de aços cementados tem sido estudada por muito tempo
como função de algumas variáveis. Nelas, pode-se incluir profundidade de camada,
propriedades e microestrutura do núcleo e da camada, além das tensões residuais.
Dessas variáveis, a microestrutura da camada tem sido extensamente estudada,
tendo como ênfase o comportamento desta em função dos ciclos de carregamento
em fadiga (Faria e Munhoz Junior, 1990).
Observa-se, na superfície de peças cementadas teores de austenita retida
inferiores, quando comparadas à reges abaixo desta. Esta afirmação pode ser vista
na Figura 34, para teores de austenita na superfície, e de 0,35 a 0,5 mm de
profundidade. O baixo teor de austenita na superfície é, geralmente, atribuído a outras
alterações na composição química superficial (descarbonetação, oxidação) ou a
redução de carbono da matriz devido à precipitação de carbonetos. No entanto, se
nenhum desses mecanismos atuarem, o teor de austenita retida será mais elevado
na superfície, conforme esperado teoricamente pelo maior teor de carbono.
Embora saturada em carbono, a austenita retida possui dureza relativamente
baixa e estando presente na camada cementada com martensita de alto carbono
(alta dureza) reduz a dureza na superfície do componente cementado.
70
Na profundidade
de 0,35 a 0,5 mm
Na superfície
0 10 20 30 40 50
Austenita [%]
1.0
0.9
0.8
0.7
0.6
0.5
Carbono [%]
Na profundidade
de 0,35 a 0,5 mm
Na superfície
0 10 20 30 40 50
Austenita [%]
1.0
0.9
0.8
0.7
0.6
0.5
Carbono [%]
Figura 34. A correlação entre porcentagem de carbono e porcentagem de austenita para
componentes cementados(ASM Handbook, 1980, apud Faria e Munhoz Junior, 1990).
Em seu trabalho Faria e Munhoz Junior (1990), tabelaram e compararam
resultados obtidos por outros pesquisadores que visaram definir o efeito da austenita
retida em aços temperados quando submetidos à fadiga. A Tabela 5 apresenta estas
comparações relacionando o efeito da austenita retida quando o material sofre
algum tipo de soliciatação (geralmente que induziu o material à fadiga). Nota-se na
Tabela 5 efeitos positivos e negativos da austenita retida, dependentes da condição
de solicitação e dos teores da austenita.
Tabela 5. Efeito da austenita retida segundo vários pesquisadores (Faria e Munhoz Junior, 1990).
Autor Tipo de solicitação Aço utilizado Efeito da austenita
Frankel (1959) Fadiga de contato AISI 4340 Negativo
Razim (1967) Fadiga de contato 16 MnCr 5 Positivo para teores de 50%
Iitri (1967) Fadiga de contato ABNT 8620 Nenhum
Kozyrev
(1973)
Fadiga por impacto
C:1,45% com Cr
1,15%
Positivo para altas cargas e
Negativo para baixas cargas
Richman
(1975)
Fadiga em tração e
compressão
AISI 4027 Positivo para teores de 20% a 30%
Krauss (1989) Fadiga por flexão C-Cr-Ni-Mo
Negativo em alto ciclo e Positivo
em baixo ciclo (teores acima de
15%)
71
2.2.8 Medição da Camada Cementada Endurecida
A camada endurecida efetiva deve ser controlada para assegurar que a dureza,
profundidade de camada e a estrutura final atendam às exigências especificadas
para as peças tratadas. Esta profundidade de camada é denominada, em inglês,
como “case depth” e em alemão como “Eht” (Einsatzthärtungstief).
Existem diferentes métodos para medir a profundidade da camada, na qual
ocorrem mudanças na composição química e propriedades mecânicas em função da
profundidade. Cada procedimento tem sua própria área da aplicação e a relação
entre a profundidade de camada e o método de medição pode variar bastante.
A profundidade efetiva da camada é a distância perpendicular à superfície ao
ponto mais distante, no qual o valor especificado da dureza é mantido. O critério do
limite da dureza é, de acordo com a norma DIN 50 190, de 550 HV1 (dureza de
acordo com o método Vickers com carga de 9,8 N) ou 50 HRC, ou equivalente,
quando se considera um teor de carbono de aproximadamente 0,50% neste ponto,
conforme apresenta a Figura 35.
Distância da superfície
Teor de carbono % peso
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
20,3
29,8
40,8
49,1
55,2
60,1
64
67
Dureza HRC
Gt- Profundidade total
Eht- Profundidade da Camada Cementada
At- Profundidade Carbonetada
Gt~Eht
% C
Dureza
Limite de Dureza
GtAt Eht
Limite do Teor
de Carbono
1
2
3
1-Dureza 100% Martensita (total)
2-Influência da temperatura
de revenido (180°)
3-Influência de Austenita retida
240
300
400
500
600
700
800
900
Dureza HV
1000
100
Gt = Profundidade total
Eht = Profundidade da camada cementada
At = Profundidade carbonetada
At ~ Eht
1 – Dureza totalmente martensítica
2 – Influência da temperatura de revenido
(até 180ºC)
3 – Influência da austenita retida
Distância da superfície
Teor de carbono % peso
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
20,3
29,8
40,8
49,1
55,2
60,1
64
67
Dureza HRC
Gt- Profundidade total
Eht- Profundidade da Camada Cementada
At- Profundidade Carbonetada
Gt~Eht
% C
Dureza
Limite de Dureza
GtAt Eht
Limite do Teor
de Carbono
1
2
3
1-Dureza 100% Martensita (total)
2-Influência da temperatura
de revenido (180°)
3-Influência de Austenita retida
240
300
400
500
600
700
800
900
Dureza HV
1000
100
Gt = Profundidade total
Eht = Profundidade da camada cementada
At = Profundidade carbonetada
At ~ Eht
1 – Dureza totalmente martensítica
2 – Influência da temperatura de revenido
(até 180ºC)
3 – Influência da austenita retida
Figura 35. Distribuição esquematizada da profundidade da concentração de carbono e da dureza em
uma peça cementada (Macherauch, 1992).
72
A medição deverá ser feita em corpos de prova com a mesma condição de
tratamento da peça ou diretamente na peça, sendo neste caso um exame destrutivo,
que consiste na medição de um perfil de dureza em um corte no sentido transversal
à peça (e à camada) ou corpo de prova. O corte deverá ser feito cuidadosamente a
fim de evitar o fenômeno do revenimento ou da retêmpera provocado por
incorreções no processo de corte. A preparação metalográfica do corpo de prova na
seção transversal deve ser feita de forma a não afetar a medição das impressões da
dureza, significando, assim, que quanto mais leve for a carga escolhida melhor
deverá ser a qualidade do polimento.
As impressões de dureza deverão ser feitas seguindo uma linha imaginária
perpendicular à superfície. A primeira endentação a ser feita a partir da superfície
deverá estar a uma distância tal, que assegure suporte metálico suficiente entre o
centro da impressão e a superfície. As impressões subseqüentes deverão estar
afastadas o suficiente para não afetar o valor da dureza subseqüente a ser medida.
Esta dimensão de acordo com a norma ASTM E18 deverá ser no mínimo de 2,5
vezes o diâmetro da endentação.
73
2.3 Torneamento de Materiais Endurecidos
O torneamento de materiais endurecidos, segundo Lima (2001), é um processo
de usinagem de materiais com dureza superior a 600 HV (55 HRC) com uso de
ferramentas monocortantes. Segundo Matsumoto e Diniz (1998), uma das principais
vantagens do torneamento de materiais endurecidos é poder-se obter dimensões
finais da peça, dispensando-se o processo da retificação, gerando com isto, um
baixo custo de produção e maior produtividade. Abrão (2005) afirma também a
vantagem de se eliminar o risco de distorções durante a etapa de tratamento térmico
e o subseqüente retrabalho. As forças de corte envolvidas no torneamento
endurecido segundo Abrão (2005) podem chegar a ser 80% superiores quando
comparadas ao torneamento de materiais não endurecidos.
2.3.1 Mecânica do Corte na Usinagem Ortogonal
Embora as operações mais comuns sejam as de usinagem em casos
geométricos tridimensionais ou condição de corte oblíqua, o estudo do caso simples
de duas dimensões ortogonais de corte é utilizado para explicar o mecanismo geral
da remoção de material em usinagem.
Altintas (2000) apresenta a uma abordagem do corte ortogonal onde o material
é removido por uma aresta de corte que está perpendicular à direção do movimento
relativo ferramenta-peça. A mecânica das operações com corte oblíquo é
normalmente avaliada pela transformação geométrica e cinemática de modelos
aplicados ao processo de corte ortogonal. Representações de processos de corte
ortogonal e oblíquo são apresentadas nas Figuras 36 e 37 respectivamente, ondeo
corte ortogonal se assemelha a um processo de moldagem com uma ferramenta reta
cuja ponta é perpendicular à velocidade de corte (V
c
). Um cavaco metálico com uma
largura de corte (b) e espessura (h) é cisalhado para fora da peça. No corte
ortogonal, o processo é presumido como uniforme ao longo da aresta de corte,
portanto é um processo plano de deformações, sem fluxo lateral de material. Por
este motivo as forças de c
corte (V
c
) e da espessura
tangencial (F
t
) e força de a
de corte é orientada com
agindo na direção radial (F
Figura
Figur
s de corte são aplicadas somente nas direções
ssura do cavaco ainda não cortado, que são c
a de avanço
ou passiva (F
f
). Contudo em
cort
a com um ângulo de inclinação (i) e existe u
dial (F
r
) Figura 37.
igura
36. Geometri
a do corte ortogonal (Altintas, 2000
Figura
37. Geometria do corte oblíquo
(Altintas, 2000)
74
reções da velocidade de
são chamadas de força
corte obliquo a aresta
xiste uma terceira força
000)
.
00)
.
75
2.3.2 Zonas de Cisalhamento
Segundo Griffiths (2001), Altintas (2000) e Toenshoff et al (2000) existem três
zonas de deformação por cisalhamento no processo de corte como apresenta a
Figura 38.
Figura 38. Zonas de deformação por cisalhamento (Altintas, 2000 e Griffiths, 2001).
O cisalhamento primário ocorre quando o material da peça é convertido em
cavaco, isto é, quando é deformado e cisalhado pelo material que se encontra em
contato com a face de saída da ferramenta. O cisalhamento secundário ocorre
quando a parte inferior do cavaco atrita com a face de saída da ferramenta durante a
passagem para fora da zona de corte. O cisalhamento terciário ocorre quando a
parte inferior da ferramenta (pela face de folga) atrita contra a nova superfície. Os
cisalhamentos primários e terciários afetam a superfície gerada da peça enquanto o
secundário não. O evento unitário no torneamento é, portanto a combinação dos
eventos unitários de cisalhamento primário e terciário.
Uma descrição do evento unitário do processo de corte é feita por Altintas
(2000) onde o cavaco inicialmente adere à face de saída da ferramenta, a tensão de
atrito é aproximadamente igual à tensão de escoamento do material na face de
Zona Secundária
Zona Primária
Zona Terciária
Peça
γ
γγ
γ
r
Ferramenta
Zona Secundária
Zona Primária
Zona Terciária
Peça
γ
γγ
γ
r
Ferramenta
76
saída onde o cavaco se move sobre o material aderido na face de saída. O cavaco
para de aderir e começa a deslizar sobre a face com um coeficiente constante de
atrito. O cavaco se solta da ferramenta perdendo o contato com a face de saída da
ferramenta, Figura 39.
Figura 39. Arranque de cavaco na usinagem de torneamento obliquo (Rech, 2005).
A Figura 40 apresenta um diagrama das forças de corte envolvidas no processo
ortogonal. Simplificando, assume-se que a aresta de corte é afiada, sem chanfro ou
raio de arrendondamento e a deformação ocorre em uma plano infinitesimalmente
fino (Altintas, 2000). O ângulo de cisalhamento φ
c
é definido como o ângulo entre a
direção da velocidade de corte (V
c
) e o plano de cisalhamento. Assume-se que a
tensão de cisalhamento (τ
s
) e a tensão normal (σ
s
) no plano de cisalhamento são
constantes.
A força resultante (F) no cavaco aplicada no plano de cisalhamento está em
equilibrio com a força aplicada a ferramenta sobre a zona de contato ferramenta-
cavaco na face de saída, e presume-se uma constante de atrito dia na zona de
contato cavaco-ferramenta. Do equilíbrio das forças, a força resultante (F) é
formada, então, pela força de avanço (F
f
) e força tangencial (F
t
), conforme Equação
8 (Altintas, 2000). Esta nomenclatura pode variar de acordo com sistema utilizado
pelo autor em questão. Em vários traballhos se encontra a nomenclatura de força de
77
passiva (F
p
) como força de avanço e força de corte (F
c
) como força tangencial. Nesta
discussão utilizaremos a definição de Altintas, 2000.
F
(8)
A força de avanço está na direção da espessura do cavaco não cortado e a
força tangencial está na direção da velocidade de corte. As forças de corte que
agem na ferramenta possuem a mesma amplitude mas direções opostas relativas às
forças que agem no plano de cisalhamento primário.
Figura 40. Diagrama de forças no corte ortogonal (Altintas, 2000).
2.3.2.1 Zona de Cisalhamento Primária
A força de cisalhamento (F
s
) Equação 9 principal força agindo no plano da zona
de cisalhamento primário e sua força normal (F
n
), Equação 10, são derivadas da
geometria da Figura 40:
F
f
F
v
F
n
F
F
u
F
t
F
s
h
V
h
c
γ
r
(β
a
-γ
r
)
φ
c
β
a
Ferramenta
Peça
Plano de
cisalhamento
78
F
s
= Fcos(
φ
c
+
β
a
-
γ
r
) (9)
F
n
= Fsen(
φ
c
+
β
a
-
γ
r
) (10)
Onde β
a
é o ângulo médio de atrito entre a face de saída da ferramenta e o
cavaco em movimento, φ
c
é definido como o ângulo entre a direção da velocidade de
corte (V
c
) e o plano de cisalhamento, e γ
r
é o ângulo de saída da ferramenta.
As forças de cisalhamento também podem ser expressas como função da força
tangencial (F
t
) e de penetração (F
f
) como mostram as Equações 11 e 12:
F
s
= F
t
cos
φ
c
– F
f
sen
φ
c
(11)
F
n
= F
t
sen
φ
c
– F
f
cos
φ
c
(12)
Assumindo distribuição uniforme de tensões no plano de cisalhamento, a
tensão de cisalhamento (τ
s
) e a tensão normal (σ
s
) podem ser descritas nas
Equações 12 e 13:
(13)
(14)
Onde a área do plano de cisalhamento (As) é definida como (Equação 15):
(15)
Sendo b a largura de corte, h espessura de corte do cavaco e φ
c
definido como
o ângulo entre a direção do velocidade de corte (V
c
) e o plano de cisalhamento.
τ
s
=
F
s
A
s
τ
s
=
F
s
A
s
σ
s
=
F
n
A
s
σ
s
=
F
n
A
s
A
s
=
b
h
sen
φ
c
A
s
=
b
h
sen
φ
c
79
2.3.2.2 Zona de Cisalhamento Secundária
Na zona de cisalhamento secundária existem duas componentes atuantes na
face de saída da ferramenta a força normal (F
v
) Equação 16, e a força de atrito (F
u
)
Equação 17:
F
v
= F
t
cos
γ
r
– F
f
sen
γ
r
(16)
F
u
= F
t
sen
γ
r
+ F
f
cos
γ
r
(17)
Nesta análise de corte ortogonal assume-se que o cavaco desliza sobre a face
de saída com uma constante de atrito µ
a
. Segundo Zorev, (1963 apud Altintas 2000)
o cavaco adere na superfície de saída por um curto período e então desliza sobre a
face de saída com este coeficiente de atrito µ
a
. A Equação 18 apresenta este
coeficiente com sendo:
(18)
Onde β
a
é designado como o ângulo de atrito e pode ser obtido como função
das forças tangencial e de penetração (Equação 19):
(19)
2.3.3 Geometria da Ponta da Ferramenta
O formato da ponta da ferramenta irá deixar uma topografia na superfície,
Figura 41. Este é um típico formato afiletado que se repete na frequência
correspondente ao avanço. Deformações subsuperficiais e transformações térmicas
dependem da deformação das zonas de cisalhamento primárias e terciárias
(Griffiths, 2001).
µ
a
=
tan
β
a
=
F
u
F
v
µ
a
=
tan
β
a
=
F
u
F
v
β
a
=
γ
r
+
tan
-1
F
f
F
t
β
a
=
γ
r
+
tan
-1
F
f
F
t
80
Figura 41. Formato deixado pela usinagem em torneamento (Griffiths, 2001).
Segundo Warren e Guo (2007), o torneamento produz um perfil de corte
uniforme, seu formato pode ser diretamente controlado pela geometria da
ferramenta, profundidade de corte e avanço da ferramenta. A Figura 42 apresenta
uma imagem óptica do resultado de torneamento em o endurecido ABNT 52100,
com V
c
= 119 m/min, f = 0.0508 mm/rot, a
p
= 0.254 mm e usinagem a seco.
Figura 42. Imagem óptica da superfície usinada em torneamento (Warren e Guo, 2007).
avanço
Espessura
do cavaco
Aresta de
corte
Superfície
usinada
X
X
Vista de
planta
Seção
X-X
Peça
Cavaco Ferramenta
Cisalhamento Primário
Cisalhamento Secundário
Cisalhamento Terciário
"Afiação Natural" raio típico
de ponta de 8
m
m
Desgaste da ponta
Desgaste de Flanco
Ângulo crítico de saída
Geral
Ferramenta Afiada
Ferramenta desgastada
Usinagem Leve
Usinagem Abusiva
Alta Baixa
Condições da Usinagem =
Integridade Superficial =
Material Removido
Material Deformado
Usinagem Severa
de aresta de 8 µm
avanço
Espessura
do cavaco
Aresta de
corte
Superfície
usinada
X
X
Vista de
planta
Seção
X-X
Peça
Cavaco Ferramenta
Cisalhamento Primário
Cisalhamento Secundário
Cisalhamento Terciário
"Afiação Natural" raio típico
de ponta de 8
m
m
Desgaste da ponta
Desgaste de Flanco
Ângulo crítico de saída
Geral
Ferramenta Afiada
Ferramenta desgastada
Usinagem Leve
Usinagem Abusiva
Alta Baixa
Condições da Usinagem =
Integridade Superficial =
Material Removido
Material Deformado
Usinagem Severa
de aresta de 8 µm
81
Mais recentemente, visando melhorar a condição de produtividade e qualidade
superficial das peças, os fabricantes de ferramentas tem investindo no
desenvolvimento de novas geometrias de corte, mais elaboradas e projetadas em
função de resultados específicos. A Figura 43 apresenta um destes exemplos,
conhecida comercialmente como geometria “Wiper”, tecnicamente chamada por
Grzesik (2008b) de multi-raio ou fase alisadora por Oezel et al (2007). Ela apresenta
uma ponta mais elaborada que possibilita uma redução de metade do valor nos
picos de rugosidade com mesmo avanço ou o dobro do avanço para a mesma
rugosidade obtida com ponta convencional (Oezel et al, 2007). Para o caso de
torneamento de material endurecido em substituição à retificação, se faz necessário
uma menor rugosidade superficial, portanto este tipo de ponta é o mais apropriado.
Figura 43. Ponta com geometria convencional(a) e multi-raio wiper (b). (Grzesik, 2008b).
Sendo:
f: avanço
a
p
: profundidade de corte
r
ε
: raio de ponta
r
ε1
e r
ε2
: raio de curvatura Wiper
r
bo
: raio de alisamento
Rz: altura do vale até o pico
2.3.4 Fatores de Influência nas Forças de Usinagem
O ângulo de saída exerce um papel importante, pois, quanto mais negativo,
mais o material adiante da ferramenta é forçado para frente sendo comprimido
contra a superfície. Quando o ângulo de saída atinge certo valor o evento unitário
82
muda de corte para conformação onde um acúmulo de material se forma na frente
da ferramenta. Com o corte o material é removido da peça em forma de cavaco que
escorrega sob a face de saída da ferramenta, mas sem o corte, o material é
empurrado na frente da ferramenta. Se não ocorrer o fluxo lateral, o acúmulo de
material irá continuar a crescer, eventualmente se formando instável e se tornando
um fragmento descontínuo.
A Figura 44 mostra uma fotomicrografia da formação de um acúmulo de
material, efetuado em experimento de parada rápida de torneamento usando uma
ferramenta com ângulo de saída γ = - 70º.
O efeito mecânico não é o único a fazer parte do evento unitário,
adicionalmente existe o efeito térmico. As temperaturas associadas ao corte de
material são variadas. Se a ferramenta é afiada, as temperaturas geradas serão
comparativamente baixas. No entanto, se existe desgaste de ferramenta, a
temperatura irá aumentar dramaticamente (Toenshoff et al, 2000). Temperaturas em
torno de 700ºC no flanco da ferramenta foram observadas em estudos anteriores.
Quando comparamos esta temperatura com a temperatura de transformação de fase
do aço (723ºC) podemos observar que facilmente podem ocorrer transformações
martensíticas nas camadas superficiais da peça (Griffiths, 2001).
Figura 44. Acúmulo de material com ferramenta de ângulo de saída de -70º
(Griffiths, 2001).
Segundo Qian e Hossan (2007) o ângulo de saída influencia levemente as
forças de usinagem, fato observado em seu estudo de torneamento em vários aços
como ABNT 52100, ABNT 4340 e SAE D2 com 700 a 750 HV de dureza (60 a 62
HRC aproximadamente) e SAE H13 com 600 HV de dureza (50 a 55HRC de dureza
aproximadamente). Verificaram que uma variação de 20° no ângulo de saída não
provovou uma significativa mudança no comportamento da força de corte, Figura 45.
Figura 45.
Efeito
Eredel (1998),
apud
torneamento do aço
ABN
dureza (60-62 HR
C aprox
tempo de corte, portanto e
Figura 46.
Forças no cort
a
p
=
Em relação às co
torneamento de materi
torneamento. Enquanto q
feito do ângulo de saída na força de corte para vário
(Quian e Hossan, 2007).
apud Grzesik (2008
a
) analisou as forças de c
ABNT
5115 (16 MnCr 5)
com dureza de
aproximadamente
) e relacionou suas grande
anto em
funçao da vida da ferramenta como m
corte ortogonal em funçao do tempo
,
ferramenta em
=0.2 mm
(Eredel, 1998 apud Grzesik, 2008a).
s componentes da força de usin
agem,
ateri
ais endurecidos
difere do processo
nto que no torneamento
de material não e
0 40 80 120 160
Tempo de corte [min]
F
t
F
f
Força de corte [N]
0 40 80 120 160
Tempo de corte [min]
F
t
F
f
Força de corte [N]
83
ários materiais
de corte envolvidas no
a de
700 a 750 HV de
randezas em função do
mo mostra a Figura
46.
em cBN,
V
c
=145 m/min e
gem, o processo de
esso convencional de
ão endurecido (dureza
84
abaixo de 600 HV ou 55 HRC) a relação F
t
/F
f
é maior do que um, no torneamento de
materiais endurecidos (dureza acima de 600 HV ou 55 HRC), essa relação é menor
do que um (Delijaicov, 2004).
A força de passiva (F
p
) é a maior das componentes dentre as demais forças no
processo de torneamento de materiais endurecidos, fato devido à geometria de
aresta negativa. Em decorrência deste fato, este esforço passa a ser um fator de
influência importante no nível de tensões residuais introduzidas na superfície e
subsuperfície da peça usinada. Por outro lado, o desgaste da ferramenta, durante a
operação de usinagem, provoca um aumento no valor das componentes da força
total de usinagem. Toenshoff et al (1994) apud Lima (2001) apresenta a influência
da velocidade de corte e do desgaste nas forças de usinagem, no torneamento do
aço ABNT 5115, com ferramentas cerâmicas com avanço de 0,1 mm/rot e
profundidade de penetração de 0,2 mm. A Figura 47 ilustra os resultados obtidos
pelos pesquisadores, que confirmam as afirmações anteriores quanto aos valores
das componentes do esforço total de usinagem. Afirmam, ainda, que o calor gerado
na zona de corte é suficiente para amolecer o material da peça, facilitando a
operação de corte e consequentemente diminuindo o respectivo esforço.
(a) (b) (c)
Figura 47. Efeito da velocidade de corte e do desgaste de flanco nas componentes da força de
usinagem (a) V
c
=100m/min, (b) V
c
=145m/min e (c) V
c
220m/min.
(Toenshoff et al, 1994 apud Lima, 2001).
Sendo (F
p
) como a força passiva e (F
c
) força tangencial, como se trata de um
estudo em condições obliquas a força lateral ou de avanço lateral é representada
por (F
r
).
Fr
Fr
Fr
Fr
Fr
Fr
2.3.5
Formação d
No processo de torn
compressão são introdu
ferramenta contra a superf
do avanço gera tensõe
s
Aspinwall et al(1995),
(aproximadamente
62 HR
esforços de usinage
m. C
forças de corte e avanç
convencional de torneam
respectivamente. Segund
compressão fazem com q
assim o cavaco Figura
48
Figura 48.
Formação do ca
Este mecanismo se
endurecido, após a ocorrê
deformação plástica do c
aquecendo a zona de con
ação do Cavaco na Usinagem de Materia
e torneamento de materiais endurecidos, ele
troduzidas na peça usinada devid
o
a aç
superfície de trabalho.
A ação conjunta da forç
s residuais na superfície e sub
superfície
tornearam peças em aço ABNT
521
2 HR
C) com ferramentas de c
BN, e medira
m. Constataram que as forças passiva
eram
avanço, fato que contrasta com os resulta
neamento onde a
s maiores forças são as d
egundo
Koeni
g et al (1990), estas eleva
com que a superfície da peça plastifique e
48
.
cavaco no
torneamento de materiais endurecidos (
o se dá pela liberação da energia armaze
ocorrência da fissura a partir da superfície da
do cavaco e seu
respectivo deslizamento,
e contacto metal ferramenta
Poulachon e Moi
85
aterial Endurecido
s, elevadas tensões de
a ação da ponta da
a força de penetração e
rfície da peça. Abrão
e
52100
com 750 HV
mediram os respectivos
eram maiores que as
esultados do processo
as de corte e avanço,
elevadas tensões de
ue e cisalhe, formando
os (
Koenig et al, 1990).
rmazenada no material
ie da peça. Segue
-se a
ento, gerando calor e
e Moisan (1998
). Assim
86
que essa quantidade de material for removida, o processo se repete e um cavaco
longo de perfil serrilhado se forma Figura 49.
Figura 49. Formação do cavaco em perfil dente de serra (Poulachon e Moisan, 1998 ).
Atualmente, com a utilização dos recursos de simulação em elementos finitos a
compreensão do fenômeno da geração do cavaco tem sido mais investigada.
Embora ainda não exista um modelo definitivo, vários modelos de plasticidade tem
sido empregados como observa Guo et al (2006).
Umbrello et al (2007) executaram modelos em elementos finitos para geração
do cavaco e temperaturas na condição de torneamento endurecido do aço AISI H13
na dureza de 500 HV (49 HRC). A Figura 50 (a) apresenta a malha de elementos
finitos deformada para um cavaco cisalhado localmente que se apresenta idêntico a
micrografia da seção do cavaco obtido na usinagem ortogonal experimental. O
ângulo de cisalhamento para esta condição foi de 50° e as temperaturas na zona de
cisalhamento atingiram valores entre 600 e 700°C como mostra a Figura 50 (b).
Aço 100Cr6
62HRC
V
c
=100 m/min
f= 0.1 mm/min
ap
= 1mm
A seco
Aço 100Cr6
62HRC
V
c
=100 m/min
f= 0.1 mm/min
ap
= 1mm
A seco
87
(a) (b)
Figura 50. Modelo em elementos finitos da geração de cavacos e temperaturas. (a) Comparação com
micrografia experimental, (b) valores de temperaturas. (Umbrello et al, 2007 e Oezel et al 2007).
Guo et al (2006) aplicaram modelos em elementos finitos para estudo do caso
de torneamento de aço ABNT 52100 com dureza de 700 a 750 HV (60 a 62 HRC)
com diferentes profundidades de corte. As Figuras 51 e 52 apresentam seus
resultados comparados ao cavaco obtido experimentalmente nas diferentes
condições de profundidade de corte.
(a) (b)
Figura 51. (a)Modelo em elementos finitos da geração de cavacos e temperaturas para profundidade
de corte de 60
µ
m. (b) Micrografia experimental. (Guo et al, 2006).
Profundidade
de corte: 60µm
Profundidade
de corte: 60µm
88
Figura 52. (a)Modelo em elementos finitos da geração de cavacos e temperaturas para profundidade
de corte de 90
µ
m. (b) Micrografia experimental. (Guo et al, 2006).
2.3.6 Material da Ferramenta em cBN
O Nitreto de Boro cúbico (cBN) é um policristal produzido artificialmente, não
sendo encontrado em forma natural. Possui propriedades únicas de grande dureza
inclusive em elevadas temperaturas, abaixo somente do diamante. Segundo (Rech e
Moisan, 2003 e Lin et al 2008) ferramentas em cBN provaram ser uma alternativa
viável, provendo benefícios em redução de custos. Ferramentas em cBN mostram
bom desempenho durante a usinagem de materiais endurecidos por causa de sua
alta dureza, baixa solubilidade em ferro, e boa tenacidade à fratura tornando-se ideal
para usinagem de materiais endurecidos e altamente abrasivos.
O policristal de cBN consiste de grãos selecionados e unidos com a utilização
de ligas de cerâmicas (usualmente Nitreto de Titânio – TiN ou Carboneto de Titânio -
TiC) sinterizadas visando formar um material homogêneo e uniforme. As ligas de
cerâmica, na composição do cBN, possuem uma função similar a do Cobalto, na
manufatura do carboneto de Tungstênio, agindo como um ligante e unindo os grãos
de cBN. O processo de manufatura do cBN começa com a sinterização do de
Nitreto de Boro hexagonal (Figura 53) que é submetido a uma pressão de 75 Kbar e
temperatura de 2000 K, sendo assim convertido em finas partículas de Nitreto de
Boro cúbico (cBN), Figura 54. Os grãos de cBN são então classificados pelo seu
tamanho e classe a ser produzida, misturados ao elemento de liga formando um
Profundidade
de corte: 90µm
Profundidade
de corte: 90µm
composto misto. O comp
temperatura
formando um
lapidação para formar o in
Figura
Figura
O inserto final pode
uma pequena peça (nor
carboneto, este tipo redu
apresenta os recentes ava
(a)
(b)
Figura 55.
Exemplos de insert
inserto multiplo, (c) inserto cBN
afastada do contato cavaco-
po
com cobertura total (TiC).(Grze
composto é
sinterizado novamente sob e
o um
disco que será
processado posteriomen
r o inserto final.
ura
53. Pó de Nitreto de Boro hexagonal (Seco,
2003)
Figura
54. Grãos de cBN sinterizados (Seco, 2003).
pode ter vários formatos e geralmente são e
(normalmente a ponta do inserto) brasada
reduz o custo total do inserto. Grzesik (20
es avanço
s em fabricação de inserto de cBN, F
(b)
(c) (d)
ertos cBN: (a) cBN ponta brasada diretamente no in
cBN com trava de fixação mecânica
e cantos sólidos
ponta, (d) inserto cBN com quebra
-
cavaco e (e)
rzesik, 2008a)
.
89
ob elevada pressão e
iomente por retificação e
03)
.
são encontrados como
rasada a um corpo de
ik (2008) em seu livro
BN, Figura
55.
(e)
o inserto de carboneto,(b)
idos brasados em posição
(e) inserto de cBN sólido
90
2.3.7 Propriedades da Ferramenta em cBN
2.3.7.1 Dureza
Na escala relativa Mohs o diamante monocristalino é o material mais duro com
o valor de 10. O óxido de alumínio tem o valor 9 e o monocristal de cBN situa-se
entre estes dois valores. A dureza Knoop foi construida em função do grau de
penetração de um material mole por outro mais duro. Um material com grande número
Knoop é mais duro que o material com número menor. O diamante tem por volta de 69
GPa (7000 kg/mm
2
) e o cBN fica em torno de 46 GPa (4700 kg/mm
2
) (Gardinier,
1988, apud Costa, 1993). Entretanto, a dureza dos insertos de cBN policristalino são
inferiores a do cBN monocristalino e varia conforme o conteúdo de cBN presente no
inserto (Costa, 1993).
A Tabela 6 apresenta alguns exemplos de composições e propriedades
segundo catálogo do fabricante de insertos Seco (2003).
Tabela 6. Tipos de cBN e suas características (Seco, 2003).
Microestrutura Produto
Volume de
cBN
(%aprox.)
Tamanho
médio de
grão [µ
µµ
µm]
Ligante
cerâmico
Dureza
Knoop
[GPa]
Condutividade
Térmica a
20°C
[Wm
-1
K
-1
]
CBN300 90 22 Al 30.4 130
CBN20 80 6 TiAl 29.1 99
CBN100
1
50 2 TiC 27.5 44
CBN10
1
50 2 TiC 27.5 44
CBN150 45 <1 TiN 24.2 34
Segundo Diniz e Oliveira (2008), ferramentas em cBN policristalino podem ser
separadas basicamente em duas classes: alto conteúdo de cBN (por volta de 90%) e
baixo conteúdo de cBN (por volta de 60%). Grzesik (2008a) indica que o cBN de
baixo conteúdo possui valores entre 45 e 60% em volume.
________________
1
A diferença entre os dois insertos esno formato como é disponibilizado:
CBN100 é uma pastilha
inteira e CBN10 é uma ponta ou face brasada em um corpo de metal duro.
91
A dureza a quente (aproximadamente 1000°C) dos insertos de cBN policristalino é
superior aos insertos cerâmicos comerciais, com podemos observar na Figura 56.
Nessa figura ainda estão incluídas as curvas (dureza x temperatura) para o diamante
policristalino, o metal duro, ligas fundidas, o rápido e aço ferramenta.
Figura 56. Variação da dureza com a temperatura para diferentes materiais de ferramenta
(Boehs, 1987, apud Costa 1991).
2.3.7.2 Resistência Mecânica
Segundo Costa (1993) valores de tenacidade da ordem de 10 Mpa.m
1/2
bem
pximos ao metal duro e superiores às cemicas m sido reportados para o
insertos Borazon com alto teor de cBN (90 a 95%). Borazon é o nome comercial do
cBN policristalino fabricado pela General Eletric, e para esse teor de cBN, ele é
sinterizado juntamente com um metal (cobalto).
Baseando-se em sua propriedade de condutividade térmica (Tabela 6) pode-se
dizer que a resistência ao choque térmico de materiais com maior teor de CBN é
200 600 1000 1400
5200
4800
4400
4000
3600
3200
2800
2400
2000
1600
1200
800
400
A
B
C
D
E
F
G
H
A – Diamante
B – cBN
C – Cerâmica Al
2
O
3
D – Cerâmica Si
3
N
4
E – Metal duro
F – Ligas fundidas
G – Aço rápido
H – Aço ferramenta
Temperatura [°C]
Dureza [HV]
200 600 1000 1400
5200
4800
4400
4000
3600
3200
2800
2400
2000
1600
1200
800
400
A
B
C
D
E
F
G
H
A – Diamante
B – cBN
C – Cerâmica Al
2
O
3
D – Cerâmica Si
3
N
4
E – Metal duro
F – Ligas fundidas
G – Aço rápido
H – Aço ferramenta
Temperatura [°C]
Dureza [HV]
92
consideravelmente alta. Porém, para insertos com alto teor de cerâmica (TiC ou
TiN) como segunda fase, espera-se uma resistência inferior. Pois a condutividade
térmica desses últimos é bem inferior a dos primeiros.
2.3.7.3 Resistência a Reações Químicas
As propriedades mecânicas e térmicas do diamante policristalino são bem
superiores as do cBN policristalino. Entretanto, quando se trata da usinagem de
materiais ferrosos, devido a alta temperatura envolvida, o diamante reage com o
ferro tornando inviável sua aplicação na usinagem de tais materiais. Por sua vez o
cBN não reage com o ferro. O Nitreto de Boro presente no cBN reage com o oxigênio
em altas temperaturas formando o óxido de boro, uma película protetora impedindo o
prosseguimento da reação (Gardinier, 1988, apud Costa, 1993).
2.3.8 Desgaste de Ferramenta
Basicamente estudam-se dois modos de desgaste de ferramenta quando
tratamos de usinagem em material endurecido devido as condições impostas de
temperatura e dureza do material. O desgaste de flanco (VB, Figura 57-a) que é o
desgaste que surge na ferramenta causada pelo atrito da face de folga da
ferramenta contra a superfície usinada, região da zona terciária (Figura 38). E o
desgaste de cratera (Figura 57-b) que é o desgaste que surge na ferramenta
causada pelo atrito da face inferior do cavaco que sai contra a face de saída da
ferramenta, região da zona secundária (Figura 38).
(a) (b)
Figura 57. Modos de desgaste de ferramenta (a) Desgaste de flanco (VB), (b) desgaste de
cratera (Poulachon et al, 2001).
VBVB
Desgaste de CrateraDesgaste de Cratera
A Figura 58
apresen
função da velocidade de
altas ou muito baixas pro
dados de corte existe um
corte (V
c
) e avanço
(f) ne
(uniforme e controlado).
Figura 58.
Modo
Poulachon et al
(20
diversas condições de
co
comportamento do desga
aço ABNT 52100
endurec
Desgaste Inicial, desga
ste
resenta o mapa de mecanismos de desgaste
e de corte e
avanço
. Podemos observar que
as provocam d
esgaste na ferramenta de co
te uma faixa chamada
Zona Segura, onde
o
(f) nesta região tende a provocar o modo de
do).
dos de falha da ferramenta em funçao da
condição
(ASM Handbook v18, 1991).
(2001), analisou modos de desgaste de
corte
. A Figura 21,
apresentada no capítu
desgaste da ferramenta em função do tempo
durecido
com 700HV. P
odemos observar três
ste controlado (ou plástico) e
f
alha da ferram
93
gaste de ferramenta em
ar que condições muito
de corte.
Ao selecionar
o par velocidade de
do de desgaste plástico
ão de
usinagem
te de ferramentas com
capítulo
2.1.8, mostra o
tempo na usinagem de
ar três regiõe
s distintas:
ferramenta.
94
2.4 Rugosidade Superficial em Três Dimensões
A superfície de um sólido é a parte que representa a fronteira entre o corpo
sólido e seu ambiente. Superfícies como entidades físicas possuem muitos atributos,
a geometria é um deles. A geometria de uma superfície é tridimensional por
natureza, e as características são denominadas de topografia.
Na prática, a noção de uma superfície estende-se à subcamadas além da
fronteira externa e a superfície interna assume certas características. Estas
características internas, por exemplo, dureza, tensão residual, composição química
mais suas reações e microestrutura, muitas vezes referem-se ao desempenho
funcional da superfície. Portanto, a topografia da superfície é importante para o
desempenho superfície, e a importância da medição da superfície como um meio de
análise funcional é incontestável (Stout et al, 1993).
A modificação da topografia da superfície é realizada por remoção de material,
tratamento térmico ou adição de coberturas. Na maioria das vezes uma combinação
de várias usinagens, tratamento térmico e operações de revestimento o utilizadas
para produzir superfícies com as características que são desejáveis para uma
determinada aplicação.
Grzesik et al (2006), estudaram os resultados da combinação de dois
processos de usinagem, torneamento em material endurecido com posterior
polimento com cinta de lixa. A Figura 59 apresenta a medição topográfica de uma
superfície fabricada.
(a) (b)
Figura 59. Topografia da superfície (a) torneada e (b) polida (Grzesik et al, 2006).
95
A topografia da superfície contém assinaturas do processo da geração de
superfície e, como tal, pode ser utilizado para diagnosticar, acompanhar e controlar o
processo de fabricação. A não observação de que cada processo cria uma superfície
distinta pode colocar em risco todo o desempenho funcional de uma peça
(Whitehouse, 1982).
Segundo Stout et al (1993), o objetivo final da medição topográfica da
superfície como um meio de controle e conhecimento, é estabelecer uma
correspondência entre um fenômeno de superfície de engenharia como, por
exemplo, desgaste e vibração, e as suas características topográficas (área de
carregamento, volume de retenção de óleo e ondulações). O relacionamento entre o
projeto da superfície, a função, a fabricação e avaliação são mostrados
esquematicamente na Figura 60.
Modelamento da Superfície
(Especificação dos requisitos)
Manufatura
(Criação da superfície)
Avaliação
(Medição e caracterização)
Função
(Desempenho da superfície)
Controle,
diagnóstico e
monitoramento
Análise e
predição
Modelamento da Superfície
(Especificação dos requisitos)
Manufatura
(Criação da superfície)
Avaliação
(Medição e caracterização)
Função
(Desempenho da superfície)
Controle,
diagnóstico e
monitoramento
Análise e
predição
Figura 60. Relações entre um modelamento de superfície (Stout et al, 1993).
As superfícies são por natureza entidades físicas em três dimensões (3-D) e,
por conseguinte, os fenômenos de superfície relacionados ocorrem em três
dimensões (Griffiths, 2001). Por exemplo, a interação entre duas superfícies em
contato realiza-se no âmbito de toda a interface (a interação entre uma superfície
áspera e o fluxo de um fluido também ocorre tri-dimensionalmente).
Portanto, a descrição e análise de superfícies baseado em medição 3-D
representa uma abordagem mais realista e eficaz para a compreensão de
fenômenos superficiais. Um procedimento geral de ciclo de medição de superfície
topográfica é mostrado na Figura 61. Fornecidos os requisitos e especificações de
96
medição, um típico processo de medição inclui os seguintes passos: aquisição dos
dados, pré-processamento e caracterização (Stout et al, 1993).
Caracterização
Pré-processamentoAquisição de dados da Superfície
Medição
(Superfície Real)
Preparação para
Medição
Sensor &
Transdutor
Condicionamento
do Sinal
Digitalização
Aquisição dos
dados
Manipulações
exemplo: rotação,
inversão, extração
de sub-área
Nivelamento &
Separação de forma
Filtragem
Caracterização
dos dados
Parâmetros
Funções baseadas
no modelo &
parâmetros
Visualização
Criação da
Superfície &
Preparação
Aplicações
funcionais e para
manufatura
Caracterização
Pré-processamentoAquisição de dados da Superfície
Medição
(Superfície Real)
Preparação para
Medição
Sensor &
Transdutor
Condicionamento
do Sinal
Digitalização
Aquisição dos
dados
Manipulações
exemplo: rotação,
inversão, extração
de sub-área
Nivelamento &
Separação de forma
Filtragem
Caracterização
dos dados
Parâmetros
Funções baseadas
no modelo &
parâmetros
Visualização
Criação da
Superfície &
Preparação
Aplicações
funcionais e para
manufatura
Figura 61. Procedimento geral para avaliação de topografia superficial 3-D (Stout et al, 1993).
Medição de superfície 3-D invariavelmente envolve o uso de computadores,
devido à grande quantidade de informação envolvida. Os computadores estão
envolvidos em diversas fases no processo de medição: controle da coleta de dados,
armazenamento de dados, processamento, análise e saída de resultados. Em um
sistema de coordenadas euclidiano, uma superfície física pode ser representada
como uma função contínua z(x, y), com duas variáveis independentes, x e y, como
mostrado na Figura 62.
Figura 62. Sistema de coordenadas para representação de topografia superficial
(Stout et al, 1993).
97
2.4.1 Aquisição dos Dados
Sistemas de medição e aquisição de dados para topografia de superfícies 3-D
são frequentemente classificados pelo princípio físico utilizado na interface
superfície-sensor. Stout et al (1993), apresentaram um sistema de classificação
baseado pelo princípio físico na Figura 63.
Figura 63. Classificação de instrumentos de medição topográfica baseados em seu princípio de
aquisição de dados (Stout et al, 1993).
Instrumentos de
Perfilometria 3-D
Instrumentos
Apalpadores
Instrumentos
Ópticos
Escaneamento
Microscópico
Detecção de
Foco
Interferômetria
Microscopia
Eletrônica
Microscopia com
Apalpador
Eletrônico
Detecção de
Intensidade
Detecção
Diferencial
Ângulo Crítico
Método
Astigmático
Método de
Focault
Método da
Deformação de
Feixe
Método de
Defeito de Foco
Método de
Confocal
Deslocamento
de Fase
Escaneamento
Diferencial
Microscópio de
Varredura
Eletrônica
Microscópio de
Força Atômica
Estéreo
Microscopia
Instrumentos de
Perfilometria 3-D
Instrumentos
Apalpadores
Instrumentos
Ópticos
Escaneamento
Microscópico
Detecção de
Foco
Interferômetria
Microscopia
Eletrônica
Microscopia com
Apalpador
Eletrônico
Detecção de
Intensidade
Detecção
Diferencial
Ângulo Crítico
Método
Astigmático
Método de
Focault
Método da
Deformação de
Feixe
Método de
Defeito de Foco
Método de
Confocal
Deslocamento
de Fase
Escaneamento
Diferencial
Microscópio de
Varredura
Eletrônica
Microscópio de
Força Atômica
Estéreo
Microscopia
Microscópio de
Escaneamento
Tunelar
Instrumentos de
Perfilometria 3-D
Instrumentos
Apalpadores
Instrumentos
Ópticos
Escaneamento
Microscópico
Detecção de
Foco
Interferômetria
Microscopia
Eletrônica
Microscopia com
Apalpador
Eletrônico
Detecção de
Intensidade
Detecção
Diferencial
Ângulo Crítico
Método
Astigmático
Método de
Focault
Método da
Deformação de
Feixe
Método de
Defeito de Foco
Método de
Confocal
Deslocamento
de Fase
Escaneamento
Diferencial
Microscópio de
Varredura
Eletrônica
Microscópio de
Força Atômica
Estéreo
Microscopia
Instrumentos de
Perfilometria 3-D
Instrumentos
Apalpadores
Instrumentos
Ópticos
Escaneamento
Microscópico
Detecção de
Foco
Interferômetria
Microscopia
Eletrônica
Microscopia com
Apalpador
Eletrônico
Detecção de
Intensidade
Detecção
Diferencial
Ângulo Crítico
Método
Astigmático
Método de
Focault
Método da
Deformação de
Feixe
Método de
Defeito de Foco
Método de
Confocal
Deslocamento
de Fase
Escaneamento
Diferencial
Microscópio de
Varredura
Eletrônica
Microscópio de
Força Atômica
Estéreo
Microscopia
Microscópio de
Escaneamento
Tunelar
98
Além do princípio de sensoriamento da superfície, informações relativas à suas
respectivas capacidades como tamanho de área de medição, resolução, adequação
quanto à aplicação, precisão nos dados e estratégia de digitalização são uma grande
preocupação em sistemas de aquisição de dados de superfície 3-D.
As Figuras 64 a 66 apresentam alguns instrumentos comercialmente utilizados
para aquisição de dados topográficos de superfícies tridimensionais.
Figura 64. Interferômetro a laser (Microfocus Expert IV, UBM Corporation, Sunnyvale, CA, USA).
Figura 65. Perfilômetro apalpador (Form Talysurf PGI 1240, Taylor Hobson Ltd-subsidiary of
AMETEK Inc, Paoli, Pennsylvania, USA).
99
Figura 66. Perfilômetro de câmera (Nanovea ST400, Micro Photonics Inc., Irvine, CA, EUA).
2.4.2 Pré-processamento
Após o armazenamento dos dados coletados, algumas operações de
aperfeiçoamento podem ser realizadas antes de uma análise mais aprofundada.
Referindo-se à Figura 61, o pré-tratamento inclui: nivelamento da superfície de
dados, remoção de forma, manipulações de dados (truncamento, rotação, inversão e
extração de sub-área) se necessário e filtragem.
Nivelamento de superfície refere-se à remoção de tendência linear dos dados
da superfície registrados devido ao desalinhamento da superfície nominal plana em
relação à digitalização dos dados. Além disso, diferentes convenções de
truncamento podem ser utilizados na codificação das alturas de superfície.
Remoção de forma é necessária quando a superfície é curva e a curvatura não
participa no fenômeno da superfície.
Nivelamento e remoção de forma são frequentemente realizadas por métodos
de mínimos quadrados e podem ser realizados em um único processo.
Filtragem refere-se à separação dos diferentes componentes de frequência na
superfície dados. Um filtro de superfície deve ter fase zero ou linear e uma boa
função de ponderação. Estas duas propriedades de um filtro de superfície irá ajudar
a preservar as características gerais da superfície. Um filtro Gaussiano satisfaz
100
ambos os critérios e pode ser convenientemente modelado. A princípio, em primeira
instância, a utilização de filtragem é por motivo funcional. A utilização de filtros é
particularmente censurável quando o significado funcional dos diferentes
componentes da frequência da rugosidade não é clara (Stout et al, 1993). Estas
operações de pré-tratamento visam transformar os dados coletados em base para
posterior caracterização.
2.4.3 Caracterização
A grandeza Topografia Superfícial é de complexa representação, ao contrário
de outras grandezas como comprimento, temperatura e força, sua representação
numérica é dificultosa. Representação por parâmetro é invariavelmente obtida por
fundamentos estatísticos e é eficaz do ponto de vista de engenharia quando a
informação reflete o princípio do significado funcional, ou seja, a representação do
fenômeno de engenharia da superfície.
Representações além da numérica tendem a ser mais estruturais, na medida
em que geram informações para interpretação humana ou de máquina, e, também
fornecer estruturas numéricas que correspondem de forma mais eficaz com a
topografia e características da superfície em questão (Stout et al, 1993).
2.4.4 Procedimentos de Amostragem
Na medição em 3-D de uma superfície cilíndrica ou plana, um determinado
número de perfis paralelos ao eixo principal da amostra deve ser recolhido. O
deslocamento sobre a superfície é executado em duas direções ortogonais: X e Y.
Na direção X os dados são recolhidos com um passo (intervalo) de amostragem ∆x
e um determinado número de pontos Nx, na direção Y as linhas são em um passo
(intervalo) de amostragem ∆y e existem Ny linhas. Os dados são armazenados em
disco na forma de um arquivo binário. Quando o procedimento de coleta de pontos
101
(sensoreamento da superfície) está finalizado, uma matriz que representa a
superfície constituída por Nx*Ny pontos, é obtida.
O número de pontos e sua separação influenciam vários fatores importantes
como, gama de frequências que podem ser identificadas, resolução e o tempo de
coleta destes pontos.
2.4.5 Área de Amostragem e Área de Avaliação
Em medições 2-D alguns termos são de extrema importância como, por
exemplo: “cut-off”, comprimento de amostragem e comprimento de avaliação. O cut-
off determina as características dos filtros eletrônicos (geralmente filtros de
frequência alta) dos instrumentos de medição topográfica. O comprimento de
amostragem é o comprimento físico de um perfil estudado. Os valores destes dois
parâmetros são iguais.
A fim de aumentar a confiabilidade estatística dos parâmetros de estimação em
2-D, são definidos um ou mais (geralmente 5) comprimentos de amostragem dentro
de um comprimento de avaliação, que usualmente o perfís consecutivos e
independentes nas estatísticas. Fisicamente, existem duas diferenças entre uma
área mapeada em 3-D e perfis mapeados em 2-D:
A área mapeada contém perfis paralelos que normalmente são obtidos em
digitalização por varredura, e as relações entre estes perfis paralelos devem ser
mantidas.
Por causa da segunda diferença, os filtros eletrônicos tradicionais utilizados
durante o processo de digitalização que filtram a frequência baixa não devem ser
utilizados em medição topográfica 3-D. Caso contrário, a informação espacial de
baixa freqüência, que constrói a relação entre os perfis iria desaparecer. Portanto, o
conceito tradicional de cut-off, definida em normas 2-D, não podem ser impostas em
medição 3-D. A frequência dos componentes envolvidos em uma superfície
mapeada deve ser determinada pelas características dos instrumentos utilizados, em
vez de serem especificados durante a digitalização. Em uma medição 3-D a filtragem
102
digital deve ser aplicada, sempre que necessário, depois de toda digitalização da
área em questão.
Segundo Stout et al (1993), parâmetros 2-D são avaliados no âmbito de
comprimento de avaliação, em vez do comprimento de amostragem. Para avaliação
3-D, o comprimento de amostragem e comprimento de avaliação é promovido para a
área de amostragem e área de avaliação. A inter-relação entre a área de
amostragem e de avaliação está ligada à independência dos perfis ou Motivos
2
isto
é, se mais perfis independentes estão contidos em uma área mapeada do que
aqueles contidos em uma área de avaliação. O tempo de aquisição dos dados
(tempo que leva a digitalização de uma superfície) define se os parâmetros 3-D
devem ser obtidos pela média das várias áreas de amostragem.
A Figura 67 apresenta duas superfícies digitalizadas de um mesmo material
com áreas diferentes (5mm
2
e 0.5mm
2
) onde são extraídos seus parâmetros de
rugosidade. Nota-se que quanto maior a área da superficie analisada maior a
quantidade de perfís ou motivos que se repetem, mais detalhes serão levados em
consideração no cálculo dos parâmetros, porém comparando-se os resultados de
ambas superfícies quanto aos parâmetros relacionados à distribuição média de
altura (S
a
, S
q
) nota-se pouca ou despresível variação. O contrário se verifica com os
parâmetros de forma da distribuição (S
sk
, S
ku
) onde se verifica uma influência do
maior número de motivos (independentes) encontrados na superfície de área maior
5mm
2
.
O tempo de medição da superfície (digitalização dos dados) é dependente do
instrumento de medição utilizado. Interferômetros ópticos, microscópios de varredura
tunelar e microscópios de força atômica, são suficientemente rápidos para mapear
uma área de 256x256 pontos em segundos. Porém, outros instrumentos de medição
comumente usados em aplicações de engenharia, ópticos ou mecânicos, podem
levar vários minutos ou horas para mapear uma área que inclui o mesmo número de
pontos. Se uma área de avaliação contém várias áreas de amostragem, o tempo
para digitalização dos dados usando instrumentos lentos é intolerável nas
aplicações práticas.
________________
2
Biasoli de Mello, J. D., UFU-MG, 2007: Termo utilizado
para caracterizar formas geométricas
(independentes ou não) encontradas ao longo de uma superfície digitalizada.
103
5 mm
5 mm
44.6mm
59.1mm
0.5 mm
0.5 mm
5 mm
5 mm
44.6mm
59.1mm
0.5 mm
0.5 mm
Figura 67. Análise de rugosidades com diferentes áreas de avaliação de uma mesma superfície
(Mountains Map, Digital Surf Sarl, Bensancon, França).
2.4.6 Parâmetros de Caracterização da Topografia Superficial 3-D
2.4.6.1 Parâmetros de Amplitude
Dois parâmetros básicos utilizados por muitos pesquisadores (Stout et al, 1993)
são os parâmetros de dispersão:
S
a
: Desvio Médio Aritmético da Superfície, que é definido como sendo a média
aritmética dos valores absolutos dos picos e vales da superfície partindo de um
plano médio dentro de uma área de amostragem.
104
S
q
: Desvio Médio Quadrático da Superfície é definido como sendo a média
quadrática dos valores absolutos dos picos e vales da superfície partindo de um
plano médio dentro de uma área de amostragem.
2.4.6.2 Parâmetros Funcionais
A busca de valores que indiquem a capacidade funcional da superfície o
deve se restringir a poucos parâmetros, como por exemplo, Desvio Médio Aritmético
da Superfície (S
a
) e Desvio Médio Quadrático da Superfície (S
q
), pois segundo
Waicar e Guo, (2008), ambos possuem forte correlação e apesar de seu uso geral
carecem de significado funcional, apresentando apenas significado estatístico. Deve-
se buscar todo um conjunto de informações que indiquem com segurança a
condição atual da superfície. A Tabela 7 apresenta o significado funcional dos
parâmetros de rugosidade segundo Stout et al (1993) e Griffiths (2001). Ainda hoje,
a normalização de determinados parâmetros de rugosidade não está totalmente
definida, especialmente rugosidade em medições 3-D, sendo ainda motivo de
controvérsia entre pesquisadores. A tabela abaixo apresenta os parâmetros mais
recorrentes em artigos e estudos.
Tabela 7. Significado funcional dos parâmetros de rugosidade (Stout et al, 1993).
Legenda:
: Forte Influência
: Pouca Influência
:Possível Influência
S
sk
, S
ku
S
pk
, S
k
, S
vk
Característica do
parâmetro
Forma da
distribuição
Funcionais
Função
Capacidade de carga
Vedação
Atrito
Rigidez em junções
Deslizamento
Contatos elétricos/térmicos
Desgaste
Adesão
Pintura
Conformação
Fadiga
Tensão & Fratura
Refletividade
Higiene
Parâmetros
105
A seguir a descrição dos parâmetros mencionados na Tabela 7:
S
sk
: Assimetria da Distribuição das Alturas da Topografia é definida como a
assimetria dos desvios da superfície sobre o plano dio, Figura 68. Este
parâmetro descreve efetivamente o formato da distribuição das alturas da
topografia. Para uma superfície com distribuição Gaussiana, que possui simetria
de distribuição, o parâmetro S
sk
é igual a zero. Para uma distribuição assimétrica
das alturas, seu valor pode ser negativo indicando a existência de mais vales ou
positivo indicando existência de mais picos. Um valor negativo na Assimetria da
Distribuição das Alturas da Topografia S
sk
indica uma melhor condição de
retenção de fluidos e melhor capacidade de carregamento, portanto melhor
desempenho.
S
sk
= 0
S
sk
< 0
S
sk
> 0
S
sk
= 0
S
sk
< 0
S
sk
> 0
Figura 68. Classificação de valores para Assimetria da Distribuição das Alturas (Freitas, 2006).
S
ku
: Curtose da Distribuição das Alturas da Topografia é a medida do grau de
afinamento ou achatamento da distribuição dos picos de alturas Figura 69. Uma
superfície com distribuição Gaussiana, caracterizada por sua simetria, o
parâmetro S
ku
é igual a três, para acumulo de alturas na localização central da
distribuição seu valor é maior do que três e para alturas largamente espalhadas
na distribuição o valor é menor do que três. Valores superiores a três na Curtose
indicam superfícies com picos mais finos, mais susceptíveis ao desgaste
prematuro, e valores inferiores a três indicam superfícies com menor tendência ao
desgaste prematuro.
106
S
ku
< 3
S
ku
= 3
S
ku
> 3
S
ku
< 3
S
ku
= 3
S
ku
> 3
Figura 69. Classificação de valores para Curtose da Distribuição das Alturas (Freitas, 2006).
2.4.6.3 Parâmetros Funcionais da Distribuição das Alturas Baseados na
Curva da Área de Carregamento
A norma ISO 13565-2 (1996) define cinco parâmetros baseados na Curva da
Área de Carregamento ou Curva Abbott-Firestone, onde estes parâmetros
expressam a composição da distribuição dos picos e vales na superfície. A Figura 70
apresenta a divisão das áreas na Curva da Área de Carregamento e o método para
extração dos parâmetros, baseados na plotagem de uma linha que abrange 40% da
fração do material central da curva.
Figura 70. Distribuição de picos e vales e Parâmetros Funcionais Baseados na curva de Abbott-
Firestone ou Curva da Área de Carregamento (Mummery, 1992).
107
S
pk
: Altura Reduzida do Pico e é definida na norma ISO 13565-2 (1996) como a
altura média dos picos acima do perfil da rugosidade do núcleo. Ela representa a
porção da superfície que sofrerá desgaste prematuro. Processos que produzam
baixos valores para este parâmetro são ideais para onde a geometria do produto
deva ser mantida após o início de operação do componente.
S
k
: Profundidade da Rugosidade do Núcleo e é definida na norma ISO 13565-2
(1996) como a profundidade da rugosidade do núcleo do perfil. Ela caracteriza o
desgaste em longo prazo da superfície, que vai influenciar o desempenho
operacional da superfície. Valores baixos para este parâmetro indicam maior
capacidade de carga durante operações de contato.
S
vk
: Profundidade reduzida do Vale e é definida na norma ISO 13565-2 (1996)
como a profundidade média do perfil dos vales projetados além do perfil da
rugosidade do núcleo. Ele caracteriza a capacidade de retenção de fluidos dos
vales da superfície. Valores altos indicam maior capacidade de retenção de
fluidos lubrificantes.
M
r1
e M
r2
: Porções do Material da Superfície: definidas na norma ISO 13565-2
(1996) como a porção do material determinado pela intersecção da linha que
separa as alturas dos picos do perfil da rugosidade do núcleo e a porção do
material determinado pela intersecção da linha que separa o perfil dos vales
projetados além do perfil da rugosidade do núcleo. Com estes dois parâmetros
indicam-se a porcentagem de superfície que se encontra na área de picos, área
do núcleo e na área de vales.
Segundo Stout et al (1993), a importância da medição da superfície como um
meio de análise funcional é incontestável. Deve-se associar a superfície uma
grandeza funcional e não somente um valor numérico.
Whitehouse (1982), conclui em seu artigo que medições de rugosidade devem
ser executadas de forma cautelosa, pois a funcionalidade de uma superfície está
atrelada ao seu processo de fabricação. Interpretações baseadas em valores de
parâmetros podem muitas vezes levar a enganos. Uma mudança de processo pode
não causar grandes alterações em um determinado parâmetro, mas pode afetar
108
fortemente outros parâmetros funcionais que irão causar a perda de desempenho ou
rendimento quando a superfície for posta em trabalho.
De acordo com as descrições de cada parâmetro, a Tabela 8 apresenta uma
síntese dos valores ótimos para sua melhor condição funcional.
Tabela 8. Referência funcional dos parâmetros de rugosidade.
Descrição do Parâmetro
Referência Funcional
para melhor condição
S
a
[µ
µµ
µm]
Desvio Médio Aritmético da Superfície -
S
q
[µ
µµ
µm]
Desvio Médio Quadrático da
Superfície
-
S
sk
Assimetria da Distribuição das Alturas
da Topografia
Valor < 0
S
ku
Curtose da Distribuição das Alturas da
Topografia
Valor < 3
S
pk
[µ
µµ
µm]
Altura Reduzida do Pico Valores Baixos
S
k
[µ
µµ
µm]
Profundidade da Rugosidade do
Núcleo
Valores Baixos
S
vk
[µ
µµ
µm]
Profundidade reduzida do Vale Valores Altos
109
2.5 Tensão Residual
Muitas vezes, como resultado do mecanismo do evento unitário de usinagem, a
superfície pode ser deixada em um estado de tensão após a usinagem. Mesmo
sendo superficiais e limitadas a uma fina camada superficial, esta tensão pode ter
uma influência significativa no desempenho funcional da peça. Geralmente tensão
residual de compressão é preferida, pois tende a diminuir as tensões de tração
externamente aplicadas e tendem a fechar trincas superficiais. As tensões residuais
superficiais são balanceadas com as tensões residuais do núcleo de sinais inversos.
A tensão residual varia entre processos e no processo, no último caso devido a
diferentes condições de operação. A tensão residual pode ser alta ou baixa, positiva
ou negativa e profunda ou não profunda.
Estas tensões são originadas sempre que o componente sofre deformação
plástica localizada ou deformação elástica não-homogênea. Elas podem ser
classificadas como macro ou microtensões residuais, em função da escala na qual
se distribuem e seus efeitos podem ser benéficos ou prejudiciais ao componente,
dependendo do sinal, magnitude e distribuição destas tensões (Fry, 2000 apud
Martins et al, 2004). As tensões residuais podem melhorar o desempenho dos
materiais frente às agressividades do meio externo e reduzir as falha por fadiga.
Porém numa linha de manufatura, as tensões residuais podem gerar distorções no
componente, tornando necessária à introdução de uma etapa posterior de
processamento da peça no estado endurecido, encarecendo o processo. Assim,
para se alcançar uma melhoria significativa no processo, design, controle de produto
e desempenho de componentes mecânicos é necessário incorporar informações a
respeito das tensões residuais e desenvolver métodos confiáveis para a sua
determinação (Lu, 1996 apud Martins et al, 2004).
110
2.5.1 Mecanismos de Geração de Tensão Residual
Segundo Griffiths (2001), os mecanismos de geração de tensão residual
podem ser representados por três modelos: transformação de fase térmica,
deformação termo/plástica e deformação plástica mecânica.
No primeiro modelo (transformação de fase térmica) a tensão residual é
causada por uma mudança de volume de estrutura. Se a mudança causa uma
diminuição de volume, a superfície irá contrair, porém o núcleo irá resistir. O
resultado neste caso é tensão residual de tração. Se a transformação de fase
térmica causa uma expansão, o resultado é de tensão residual de compressão. No
segundo modelo (deformação termo/plástica) o evento de aquecimento causa
expansão da superfície e esta expansão é aliviada (enquanto o calor é mantido) pelo
fluxo plástico, que é restrito à camada superficial. No terceiro modelo (deformação
plástica mecânica), a tensão residual é de compressão por causa da compactação
superficial exercida por alguma forma de ação mecânica, não existem efeitos
térmicos. Em processos que consistem somente de eventos unitários químicos a
tensão residual é zero.
A Figura 71, para o aço AISI 4340, mostra que tratamentos térmicos
convencionais produzem tensão residual de compressão devido à expansão de
volume, este é um exemplo do primeiro modelo. Quando esta superfície é jateada
com esferas a tensão residual é de compressão devido aos “impactos”, este é um
exemplo do terceiro modelo. Retificação produz tensões residuais variáveis. Em
condições severas de operação, eventos térmicos dominam e a tensão residual é de
tração. Este é um exemplo do segundo modelo. Em eventos unitários de operação
leve a refrigeração é melhorada e o atrito diminuído, por conta do uso de fluidos
refrigerantes, o evento unitário se torna mecânico e a tensão residual resultante é de
compressão. Em condições convencionais são produzidas tensões residuais que
são tão elevadas quanto às obtidas em condições abusivas moderadas, novamente
por causa da tendência do evento ser predominantemente térmico (Field e Kahles,
1972). Por conta desta similaridade nos picos de tensão residual, o limite de
resistência à fadiga é praticamente o mesmo.
111
0 50 100 150 200 250
Profundidade (
m
m)
Tensão Residual (MPa)
0
172.5
345.0
517.5
690.0
862.5
-172.5
-345.0
-517.5
-690.0
Jateamento com Esferas
Retificação Leve
Tratamento Térmico
Retificação Convencional
Retificação Abusiva
Severa
0 50 100 150 200 250
Profundidade (
m
m)
Tensão Residual (MPa)
0
172.5
345.0
517.5
690.0
862.5
-172.5
-345.0
-517.5
-690.0
Jateamento com Esferas
Retificação Leve
Tratamento Térmico
Retificação Convencional
Retificação Abusiva
Severa
Figura 71. Tensão residual em vários processos para o aço AISI 4340 temperado e revenido com
510 HV (50 HRC) (Field e Kahles, 1972).
Se uma superfície é produzida por uma série de operações sequenciais, a
tensão residual final é diferente da tensão residual produzida por uma operação
somente. Isto se devido a superposição das tensões individuais dos processos.
Por exemplo, se uma superfície retificada convencionalmente (tensão de tração) é
jateada com esferas (tensão de compressão) o padrão de tensão final será a
superposição das duas tensões individuais. Assumindo que os dois padrões de
tensão da Figura 71 possam ser combinados o pico de tensão residual será próximo
de zero. No entanto se a seqüência do processo for invertida a tensão residual final
não será a mesma. Isto se por causa da remoção de material executada pela
retificação que irá remover a camada atacada com as esferas. Portanto a magnitude
e sinal do padrão de tensão, tal como a sequência dos processos irão influenciar a
tensão residual final.
A Figura 72 apresenta a distribuição das tensões residuais ao longo da
subcamada geradas por torneamento duro seguido de retificação com cinta de lixa
em aço para rolamento com 700 HV (60HRC). Grzesik et al (2006) apresenta na
Figura 72, que a combinação de dois processos, torneamento duro seguido
Condições da retificaç
ão
Leve Convencional Severa
Rebolo: A46HV A46KV A46MV
V
c
[m/min]: 610 1830 1830
f [mm/passe]: faiscar 0.025 0.050
Refrigeração: sim sim não
112
retificação com cinta de lixa, gerou maior valor em módulo de tensão de compressão
na superfície do material do que somente o processo de torneamento duro.
-1400
-1200
-1000
-800
-600
-400
-200
0
200
400
600
0 10 20 30 40 50 60
Distância a partir da Superfície (µm)
Tensão residual (Mpa)
torneamento duro+retificação com cinta
torneamento duro
Figura 72. Distribuição da tensão residual em sub-camadas obtida por torneamento duro com
CBN seguido de retificação com cinta de lixa (Grzesik et al, 2006).
A magnitude e o sinal da tensão residual terão um efeito significante no
desempenho funcional. Por exemplo, considerando resistência à fadiga, se a tensão
é de compressão, a vida da peça será maior do que se a tensão fosse de tração.
Metcut (1980) mostrou que existe uma relação inversa entre resistência à fadiga e
pico de tensão residual para retificação, Figura 73.
300
400
500
600
700
800
900
-300 -150 0 150 300 450 600 750 900 1050 1200
Resistência à fadiga (MPa)
Pico da tensão residual (MPa)
Figura 73. Tensão residual e resistência à fadiga (Metcut, 1980).
113
Matsumoto et al (1999), relacionaram o efeito das tensões residuais no
desempenho da resistência à fadiga de materiais submetidos a processos de
usinagem de torneamento e retificação de material endurecido. Em seu estudo foi
demonstrado que a resistência à fadiga de uma peça com níveis maiores de tensão
compressiva obtidas no processo de torneamento é superior quando comparado
com a condição de retificação.
A Tabela 9 mostra a faixa de tensão residual produzida por uma gama de
processos de manufatura. Em geral processos que possuem predominância em
eventos unitários mecânicos tendem a produzir tensão de compressão, e processos
termicamente dominantes tendem a produzir tensão de tração.
Tabela 9. Tensão residual produzidas por alguns processos de usinagem (Griffiths, 2001).
Tensão
residual
Processo de manufatura
Tração
Torneamento, Fresamento de topo, Fresamento discordante, Retificação abusiva
com óxido de alumínio e emulsão, Retificação convencional com óxido de
alumínio e emulsão, Eletro-erosão.
Zero Usinagem química, Usinagem eletro-química.
Compressão
Esferoidização, Jateamento com areia, Usinagem com jato abrasivo,
Tamboreamento, Polimento, Brunimento, Fresamento concordante, Retificação
leve com óxido de alumínio e emulsão, Retificação com CBN, Tratamento
térmico, Cementação, Nitretação.
2.5.2 Influência dos Parâmetros de Torneamento na Tensão
Residual
2.5.2.1 Preparação de Aresta
Segundo Brinksmeier et al. (1982), os processos mecânicos de transformação
geram tensões residuais por deformação plástica ou por transformação de
microestrutura. A ação da ponta da ferramenta contra a peça durante o torneamento,
gera deformação plástica no material usinado na região de corte, assim como os
114
atritos entre a ferramenta e o cavaco e o cavaco e a peça geram variações térmicas
que provocam transformações. Segundo Matsumoto et al (1999) e Guo e Wen
(2004), o torneamento em material endurecido possui a capacidade de gerar tensões
residuais de compressão em maiores profundidades quando comparado ao
processo de retificação.
O estudo de Thiele e Melkote (1999), Matsumoto et al (1999) e mais
recentemente Hua et al (2006) e Javidi et al (2008), mostram que a geometria da
aresta da ferramenta exerce grande influência na geração de tensão residual. Em
geral arestas arredondadas ou chanfradas são as mais indicadas Figuras 74(a),
74(b) e 75. Hua et al (2006) ressaltam ainda que a preparação com chanfro mais
raio de arredondamento, Figura 75, é a melhor condição de ferramenta para geração
de tensão residual de compressão.
(a) (b)
Figura 74. Preparação de aresta (a) chanfro simples e (b) chanfro duplo (Matsumoto et al, 1999).
Figura 75. Preparação de aresta com chanfro e raio (Gunnberg et al, 2006).
115
2.5.2.2 Velocidade de Corte, Avanço e Profundidade de Corte
Diversos autores, (Thiele e Melkote, 1999, Matsumoto et al, 1999, Delijaicov,
2004, Abrão, 2005, Hua et al, 2006, Javidi et al, 2008) apresentam em seus
trabalhos constatações que o avanço (f) exerce forte influência na geração de
tensões residuais de compressão, sendo o principal parâmetro associado e esta
condição.
a profundidade de corte (a
p
) e a velocidade de corte (V
c
) causam
discordância entre os resultados de pesquisadores, não revelando uma clara
correlação na geração das tensões residuais e não podendo ser afirmado como
fatores preponderantes. Segundo Matsumoto et al (1999) e Dahlman et al (2004) o
parâmetro a
p
o influencia a condição de tensão residual final da peça usinada.
as conclusões de Delijaicov, (2004) e Bordinassi (2006) indicam que a variação da
profundidade de corte (a
p
) pode influenciar a condição de tensão residual.
Gunnberg et al (2006) menciona que em um dos seus experimentos a V
c
influenciou negativamente gerando tensões residuais de tração. E segundo Rech e
Moisan (2003) a V
c
exerce forte influência na condição final da tensão residual de
compressão.
2.5.3 Medição da Tensão Residual
Segundo Martins et al (2004), até o momento não existe um método universal
de medida das tensões residuais capaz de resolver todos os problemas, a baixo
custo, da melhor maneira possível. A técnica a ser utilizada deve ser selecionada
com base numa série de parâmetros influenciados pelas características do
componente e o tipo de medida a ser efetuada. Segundo os estudos de Martins et al
(2004), a escolha do método mais apropriado está baseado:
116
Na natureza do componente;
No tipo de tensões residuais presentes no componente;
No gradiente de tensões residuais;
Na geometria do componente;
Em onde a medida será realizada (em campo ou no laboratório);
No tipo de intervenção (método destrutivo ou não–destrutivo);
No tempo disponível para a medida e apresentação dos resultados;
Na precisão e a repetibilidade do método;
No custo final da medida (Lu, 1996 apud Martins et al, 2004).
Existem diversas formas de se obter os valores de tensão residual. Ya et al
(2003) citam o método dos furos de alívio de deformação, interferometria laser,
interferometria holográfica e a interferometria de Moiré utilizadas em seu trabalho.
Brinksmeier et al (1982) citam vários métodos, como extensômetros, métodos
magnéticos, eletromagnéticos e ultrassônicos. Lindgen e Lepisto (2003) apud
Bordinassi (2006) citam que atualmente os dois todos mais utilizados o o dos
furos e por difração de raios-X, sendo este último o mais utilizado. Martins et al (2004)
citam que o método por difração de raios-X apresenta os melhores resultados,
quando comparado com o método micromagnético e método do furo cego
incremental.
Os métodos utilizados neste trabalho foram: Método do furo cego incremental e
método da difração de raios-X que são discutidos adiante.
2.5.3.1 Método do Furo Cego Incremental
O método de medição das tensões residuais pela técnica do furo cego para
alívio das tensões é uma das técnicas modernas mais utilizadas atualmente. O
procedimento de medição é relativamente simples e foi padronizado em um método
padrão de testes pela ASTM e recebeu o número ASTM E837. Com a utilização de
equipamentos comercialmente disponíveis (Figura 76 e 77) e das recomendações da
norma, o método do furo pôde ser aplicado rotineiramente.
117
O método é muito versátil, podendo ser aplicado em qualquer laboratório ou no
campo sobre corpos de prova ou peças com grande variedade de tamanho e forma.
Figura 76. Extensômetro Roseta (strain gage) para medição do processo de furo cego
(Vishay-Measurements Group, 2007).
Figura 77. Detalhes do dispositivo para furação (Vishay-Measurements Group, 2007).
A técnica é referida frequentemente como “semidestrutiva” uma vez que o
pequeno furo mostrado na Figura 78 não irá, em muitos casos, provocar danos
significativos na integridade estrutural do objeto que está sendo testado. O furo
118
possui tipicamente diâmetro de 0,8 a 4,8 mm e profundidade igual a 20% superior ao
diâmetro para campos de tensão uniformes e 50% superior para campos de tensão
não uniformes.
Ø
E
Ø
f
Profundidade
Ø
E
Ø
f
Profundidade
Figura 78. Relação entre as dimensões do extensômetro e as dimensões do furo
(Martins et al, 2004).
Sendo: Ø
f
é o diâmetro do furo;
Ø
E
é o diâmetro médio do extensômetro.
A introdução de um furo, mesmo de diâmetro pequeno, em um corpo com
tensões residuais relaxa a tensão naquela localização. Isto ocorre porque a
perpendicular a uma superfície livre é, necessariamente, um eixo principal no qual as
tensões de cisalhamento e normal são zero.
Neste caso o eixo está representado pelo furo na superfície. A eliminação
destas deformações, na superfície do furo, muda as tensões na região ao redor do
furo, causando a correspondente mudança nas deformações locais na superfície do
objeto testado. Esse é o princípio para esse método.
Na maioria das aplicações práticas do método, o furo não é passante, isto é,
não atravessa a espessura da parede do objeto, denominando-se de técnica do “furo
cego”, com uma profundidade aproximadamente igual ao diâmetro que deverá ser
muito pequena comparada com a espessura do objeto testado. Como a geometria
do furo cego, em função dos efeitos de borda e deformação, é muito complexa, não
um cálculo direto para determinação da tensão residual a partir da teoria da
elasticidade, exceto pela introdução de coeficientes empíricos. A solução, entretanto,
pode ser obtida para o caso simples de um furo passante em uma chapa fina, na
qual a tensão residual é uniformemente distribuída através de sua espessura, e
119
estendida subsequentemente para aplicações técnicas do furo cego. Toda a teoria
foi desenvolvida para uma placa larga, plana e sujeita a um plano de tensões
estáveis e está longe dos objetos típicos da prática. Como as peças de máquinas e
estruturais que são submetidas à análise de tensão residual podem ser de todos os
tamanhos e formas (raramente são finas ou planas), a técnica do furo cego será
utilizada na maioria das aplicações.
Quantitativamente, o método do furo cego apresenta ótimo desempenho
quando comparado com outras técnicas. A incerteza de medição deste método,
considerando o uso em campos de tensão uniformes e empregos de técnicas de
medição adequadas, está entre 10 e 20% do valor medido ou 10% da tensão de
escoamento (Prevey, 1996)
Como a formulação clássica considera a existência de campos de tensões
residuais uniformes, nos casos em que a tensão varia com a profundidade, a tensão
calculada é sempre menor do que a tensão máxima. Para avaliar a uniformidade da
tensão ao longo da espessura e garantir o uso correto dos coeficientes de calibração
é recomendada a realização da furação de maneira incremental, registrando-se as
deformações ou deslocamentos bem como a respectiva profundidade.
2.5.3.2 Método da Difração de Raios-X
Através da técnica de difração de raios-X, a deformação causada na superfície é
obtida pela razão da variação da distância interplanar pela distância interplanar livre
de deformação, convertida em tensão, segundo equações derivadas da teoria da
elasticidade (Lima, 1991), ou seja, a variação no retículo cristalino induzida pela
presença de tensões, é medida com base na lei de Bragg e as tensões são
calculadas assumindo-se que a distorção ocorre no regime linear estico. É uma
técnica não destrutiva, que devido à forte absorção dos raios-x pela matéria, é
limitada às camadas superficiais onde estes percorrem distâncias da ordem de 10 µm
(Martins et al, 2004).
O método por dífratometria de raios-X mede o parâmetro "d" do reticulado do
corpo de prova e calcula as respectivas deformões existentes. A Figura 79
ilustra esta condão. Desta forma, somente a parte elástica do campo de
deformações é medida, uma vez que a deformação plástica não afeta os parâmetros
120
cristalinos.
Figura 79. Difração de raios-X em cristais simples carregados e descarregados
(Brinksmeier et al, 1982).
Bragg descreve a difração de raios-X como uma reflexão seletiva segundo
certos planos cristalográficos, (Barralis e Maeder ,1982), Figura 79, de acordo com a
seguinte lei:
(20)
Onde d é um parâmetro do reticulado,
θ
é o ângulo de refração e λ é o
comprimento de onda dos raios-X.
121
A derivada da expressão de Bragg indica que:
(21)
(22)
θ
=
θ
com tensão
-
θ
sem tensão
(23)
Medindo-se
∆θ
pode-se calcular a deformação
ε
,
e consequentemente a
respectiva tensão residual
σ
.
Vários métodos são propostos para determinação das deformações
ε
segundo
a difração de raios–X (Damasceno, 1999, Brinksmeier et al, 1982):
- Método do sen
2
ψ
- Método de Glocker ou método do 0° – 45°
- Método de Schall ou método da única incidência de 45°
- Método
θ
- 2
θ
- Método
θ
ou método do eixo fixo
Não faz parte dos objetivos deste trabalho o detalhamento de todos os
possíveis métodos existentes, portanto somente o método do sen
2
ψ será estudado
por ser utilizado na parte experimental.
2.5.3.3 Método do sen
2
ψ
ψψ
ψ
Na Figura 80 pode-se observar os princípios do método do sen
2
ψ (ψ é o ângulo
entre a reta normal à superfície da peça e a reta normal ao plano de parâmetro "d").
Para cada orientação ψ, certos planos cristalográficos se colocam em posição de
difração, conforme se observa através das Figuras 80 e 81. A penetração dos raios-X
é extremamente rasa (<10 µm), portanto a condição de estado plano de tensões é
assumida na camada da superfície de difração (Prevéy, 1996).
122
Segundo Guimarães (1990) apud Bordinassi (2006), esta cnica é utilizada e
recomendada quando se deseja grande exatidão nas medidas e quando a amostra
apresenta certo grau de textura.
Figura 80. Estado plano de tensões (Prevéy, 1996).
Figura 81. Elipsóide das deformações (Prevéy, 1996).
As direções principais das figuras anteriores podem ser dadas pelas Equações de 24
a 26:
(24)
(25)
(26)
123
A lei da transformação do tensor das deformações em relação às direções
principais é escrita como:
(27)
Sabendo que:
(28)
Para i,j,k = 1,2,3
Após transformação obtemos:
(29)
Onde:
(30)
Derivando-se a expressão de
ε
em relação a sen
2
ψ
, obtem-se:
(31)
E substituindo com a Lei de Bragg:
(32)
124
Ou ainda:
ϕ
(33)
Onde:
ϕ
(34)
Sendo
K
um fator constante tabelado para o plano de difração escolhido em
função do material do corpo de prova, que no caso deste trabalho para o aço ABNT
8620 vale -30.33 MPa.
E
ϕ
é o coeficiente angular da reta (2θ - sen
2
ψ), obtida pela plotagem das
variações dos ângulos de difração 2θ com as variações dos ângulos de incidência
dos raios-X (Figura 82).
O método consiste em variar o ângulo ψ de - 6
a + 60°, em incrementos de
10°, obter os respectivos ângulos de difração e traçar uma reta por regressão, pelo
método os mínimos quadrados, através destes pontos.
Compressão
Tensão Nula
Tração
sen
2
ψ
ψψ
ψ
2θ
θθ
θ
Compressão
Tensão Nula
Tração
sen
2
ψ
ψψ
ψ
2θ
θθ
θ
Figura 82. Gráfico (2
θ
- sen
2
ψ
) (Prevéy, 1996).
125
3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Foram investigados 36 corpos de prova, sendo 6 réplicas para cada
combinação de velocidade de corte e avanço, retirados de peças industriais como
mostra a Figura 83, (Polimold, 2008), torneadas em condições convencionais para
produção em massa. Não foi possível utilizar um estudo fatorial devido a restrições e
necessidades das empresas que auxiliaram nos testes de usinagem, porém os
dados de interesse foram agrupados e analisados convenientemente de forma
estatística. Adicionalmente, foram executadas análises em três corpos de prova,
idênticos aos utilizados no torneamento, obtidos pelo processo de retificação em
condições convencionais para produção com o intuito de apresentar uma
comparação básica entre os dois processos.
3.1 Corpos de Prova
Figura 83. Representação simplificada do corpo de prova utilizado no experimento de
torneamento endurecido.
O material dos corpos de prova é o aço ABNT 8620, cuja composição química
é apresentada na Tabela 10 e equivalências entre normas na Tabela 11, é
amplamente utilizado na fabricação de engrenagens, pinos e peças onde
exigência de dureza superficial (resistência ao desgaste) conciliada a uma
tenacidade no núcleo.
126
O material foi cementado em banho de sal (cementação líquida) e após o
tratamento térmico de cementação o teor de carbono na região superficial da peça
foi aumentado para aproximadamente 1,0%. Posteriormente o material foi
temperado e revenido para a dureza de 660 a 750 HV (58 a 62HRC), onde sua
tensão de escoamento na condição temperada e revenida pode chegar a 965 MPa
(Metals Handbook, 1998).
Tabela 10. Composição química em %peso conforme Norma SAE - J404.
ABNT
C Mn P máx.
S máx.
Si Ni Cr Mo
8620
0,18-0,23
0,70-0,90
0,035 0,040 0,15-0,35
0,40-0,70
0,40-0,60
0,15-0,25
Tabela 11. Normas de equivalências do aço ABNT 8620.
ABNT/SAE/AISI DIN JIS BS AFNOR
8620
21Ni Cr Mo 2 SNCM 21 805 M 20 20 NCD 2
3.2 Ferramenta e Máquina
3.2.1 Torneamento
Dados da ferramenta utilizada, Figura 84:
Inserto de cBN com 50% de volume em matriz de liga TiC: TNGX110308S-
WZ, CBN100; Raio de ponta 0.8mm, geometria Wiper, Fabricante Seco Tools Brasil;
Suporte: CTJNL2525M11, Fabricante Seco Tools Brasil;
Ângulos de ferramenta: Ângulo de posição da ferramenta χ
r
= 93º; Ângulo de
inclinação da ferramenta λ
s
= -6º; Ângulo de saída da ferramenta γ
r
= -6º;
Figura 84. Ferramenta montada na torre de ferramentas do torno.
127
A máquina ferramenta utilizada foi um centro de torneamento computadorizado
marca INDEX modelo MC400, Figura 85. Os parâmetros de corte utilizados são
apresentados na Tabela 12:
Tabela 12. Dados de corte da usinagem.
V
c
f
a
p
[m/min] [mm/rot] [mm]
Condição 1 180 0.05 0.18
Condição 2 180 0.08 0.18
Condição 3 180 0.12 0.18
Condição 4 200 0.05 0.18
Condição 5 200 0.08 0.18
Condição 6 200 0.12 0.18
Sendo V
c
: Velocidade de Corte em [m/min];
f: Avanço em [mm/rot];
a
p
: Profundidade de Corte em [mm];
Para cada mudança no par velocidade de corte (V
c
) e avanço (f) a ponta do
inserto foi trocada, portanto para todas as análises não foi considerado o desgaste
da ferramenta. A usinagem dos corpos de prova foi conduzida a seco.
Figura 85. Centro de torneamento computadorizado marca INDEX MC400.
128
O corpo de prova foi fixado através de uma placa de três castanhas e apoiado
com um contraponto giratório no mangote da máquina, como mostra a Figura 86.
Figura 86. Fixação do corpo de prova.
Os testes foram conduzidos sem o uso de fluidos de corte ou refrigeração
como mostra a Figura 87.
Figura 87. Usinagem de um corpo de prova sem fluido de refrigeração ou corte.
Após a usinagem, cada corpo de prova foi identificado com uma numeração e
seus parâmetros de corte registrados em uma planilha conforme Anexo-A. Óleo
protetor foi aplicado visando evitar oxidações posteriores que possam comprometer
as análises.
129
3.2.1 Retificação
Adicionalmente três peças usinadas em condições convencionais de retificação
(processo original utilizado para usinagem de acabamento deste componente) foram
preparadas para levantamento de comparações entre os processos, uma vez que
este trabalho tem como finalidade a verificação da viabilidade técnica em substituir
um processo já estabelecido.
As condições utilizadas para retificação foram:
Rebolo de óxido de alumínio;
Granulometria do rebolo de 100 µm;
Fixação entre centros;
Velocidade de corte 45 m/s (2.700 m/min);
Taxa de avanço de 400 mm/min;
Profundidade de corte de 5 µm por passada;
Três passes para faiscamento com taxa de avanço de 600 mm/min.
3.3 Medição da Tensão Residual pelo Método do Furo Cego
As tensões residuais experimentais foram levantadas por meio do método do
furo cego incremental utilizando o equipamento RS-200 Milling Guide, da Vishay
Micro-Measurements Group (Figura 88), com avanço incremental manual para a
aquisição dos valores de deformação a cada passo nas três direções conhecidas.
Figura 88. Dispositivo para usinagem do furo para alívio de deformações.
130
A Figura 88 apresenta o sistema de fixação para usinagem do furo utilizado no
experimento (Vishay Micro-Measurements Group, 2007). Os valores das
deformações foram tratados e analisados com o auxílio do software H-Drill pelo
método integral (Calle, 2004). Para análise das tensões residuais foi utilizada uma
amostra para cada condição de torneamento em material endurecido efetuada,
portanto seis amostras usinadas foram analisadas. Visando obter um melhor
entendimento da condição das tensões residuais nas peças torneadas em material
endurecido executaram-se adicionalmente análises de tensões residuais em mais
dois corpos de prova: um na condição anterior à usinagem (condição cementada) e
outro corpo de prova sujeito à usinagem por retificação.
3.3.1 Procedimento para Instrumentação dos Corpos de Prova para o
Método do Furo Cego
Por se tratar de um material de alta dureza, foram adotados os seguintes
procedimentos visando obter bons resultados experimentais:
Selecionar a região onde irá ser colado o extensômetro levando em
consideração as dimensões do mesmo (Extensômetro PA-06-062RE-120L,
Exel Sensors);
Lixar com a lixa de granulometria G80 com o auxílio do condicionador
(Condicionador, Exel Sensors);
Com a mesma lixa de granulometria G80 fazer ranhuras a 45 graus na região
a ser instrumentada com auxilio do condicionador;
Traçar as linhas para o posicionamento do extensômetro com o auxílio do
traçador de altura;
Neutralizar a superfície com uma gaze embebida em neutralizador
(Neutralizador, Exel Sensors) até a gaze ficar completamente limpa;
Posicionar o extensômetro próximo ao corpo de prova com sua face voltada
para baixo;
Passar o ativador (Ativador–7452, Loctite) e aguardar por um minuto;
Passar a cola (Cola-756, Loctite) e posicionar o extensômetro no corpo de
prova;
131
Pressionar a região do extensômetro colado com o dedo por 2 minutos a uma
pressão moderada.
Brasagem dos fios:
Brasar os fios do extensômetro no terminal (Terminal L-60, Exel Sensors)
conforme a sequência ilustrada nas Figuras 89 e 90;
Figura 89. Sequência para brasagem dos fios do extensômetro.
Figura 90. Corpo de prova instrumentado com roseta e respectivos terminais para instrumentação.
Brasar o cabo 3 x 26 AWG (Cabo Sparflex colado Sn, Metalúrgica Spar) no
terminal Figura 91;
Figura 91. Brasagem dos cabos no terminal.
132
Isolamento da instrumentação afim de que o fluido de corte não influencie na
leitura das deformações:
Passar a resina de silicone (RK, Exel Sensors) sobre o extensômetro, fios e
terminal. Esperar a cura completa da resina que leva duas horas;
Colocar uma quantidade generosa de parafina sobre o extremo do cabo
soldado ao terminal, com o auxilio de um soprador térmico para que o mesmo
modele a parafina sobre a região, afim de que o fluido de corte não influencie
na leitura das deformações.
3.3.2 Montagem do Ensaio do Método do Furo Cego
Colar com resina plástica o dispositivo de fixação do corpo de prova em uma
placa base e fixar o tripé do equipamento de furação (RS-200, Vishay), Figura
92;
Figura 92. Fixação do corpo de prova e dispositivo com resina plástica.
Com o auxílio de um microscópio de posicionamento (RS-200, Vishay)
localizar o centro da roseta. Deslocar com os parafusos laterais a lente do
microscópio até que os eixos graduados do microscópio coincidam com o
centro da roseta;
Resina Plástica
133
Retirar o microscópio e posicionar a turbina pneumática de alta rotação (RS-
200 / Vishay) com uma fresa de diâmetro 1,8 mm (FG 39, KG Sorensen,
metal duro (Wc-Co) sinterizado) no suporte tripé do equipamento.
3.3.3 Realização do Ensaio do Método do Furo Cego
Configurando o medidor de deformação (P3, Vishay):
Selecionar os canais a serem utilizados;
Ligar os cabos em um quarto de ponte conforme ilustração do equipamento
Figura 93;
Figura 93. Indicador e gravador de microdeformações modelo P3-Vishay.
Configurar o equipamento para a leitura de um quarto de ponte de cada canal;
Configurar o equipamento para realizar as leituras em micro-deformação.
Zerar todos os canais (Auto-Balance);
Fazer o posicionamento final da broca sobre o centro da roseta com a turbina
em movimento, Figura 94;
134
Figura 94. Detalhe da fresa (broca) executando o furo.
Utilizando um micrômetro e controlando a profundidade de corte, aproximar a
broca até a superfície do extensômetro;
Quando atingir a película do extensômetro parar a turbina e zerar todos os
canais do medidor de deformação novamente;
O ajuste do zero é executado aproximadamente em 20µm abaixo do ponto
mais alto da peça. Por se tratar de peça cilíndrica, devemos garantir que a
face frontal da broca estará toda em contato e usinando de forma
homogênea. Para isto executamos o primeiro toque e descemos 20µm
fazemos uma leitura para conferência e zeramos as deformações para dar
inicio ao procedimento.
Furar lentamente controlando a profundidade pelo micrômetro a uma
velocidade de penetração de aproximadamente 4 micrometros por minuto (1/5
de linha);
Realizar o furo aplicando um fluido de corte (Unicort, Unichemicals) com um
pincel, fazendo que o ar comprimido espalhe o fluido de corte na região de
furação em cada penetração da fresa;
Controlar a penetração a cada 20 µm e anotar os valores de deformação,
mostrados no medidor de deformação criando uma planilha dos resultados
encontrados;
135
Realizar o ciclo acima a cada 20 µm e continuar a furação até a profundidade
de 0,2 mm.
A Figura 95 apresenta a visão geral do equipamento utilizado para usinagem
do furo e coleta dos valores de deformação.
Figura 95. Montagem utilizada para usinagem do furo e coleta dos valores de deformação.
Os dados de deformação da planilha foram então inseridos no software H-Drill
(Vishay), para analise por meio do método integral que resultou nos gráficos de
tensão para o sentido circunferencial e axial Figura 96.
136
Figura 96. Indicação dos sentidos de leitura da tensões.
3.4 Tensão Residual Superficial por Difração de Raios-X
Devido ao fato do procedimento do todo do furo cego não apresentar boa
resolução nas leituras imediatamente superficiais à amostra (fato observado no
procedimento de zeramento do equipamento, vide procedimento no item 3.3.3),
adotou-se analisar as tensões superficiais pelo método da difração de raios-X.
Para levantamento das tensões residuais superficiais foi utilizado um
Difratômetro de Raios-X, marca RIGAKU – DMAX Rint 2000. O método utilizado nas
medições foi o do sen² ψ com variação do ψ de -60° a +60°, de 10 em 10°, Tubo de
Cr, medição na fase Fe alfa e nos planos cristalográficos (2 1 1). Como constantes
elásticas de material foram utilizadas E=210.000 MPa e ν=0,29. As tensões foram
medidas no sentido circunferencial, isto é na direção tangencial à força de corte. A
Figura 97 apresenta o equipamento utilizado.
137
Figura 97. Difratômetro de Raios-X, marca RIGAKU – DMAX Rint 2000.
Para análise das tensões residuais foi utilizada uma amostra para cada
condição de torneamento em material endurecido efetuada, portanto seis amostras
usinadas foram analisadas. Em cada amostra foram efetuadas três medições
visando trabalhar com a média dos valores encontrados e assim minimizar erros de
leituras.
3.5 Aquisição de Dados da Topografia Superficial 3-D
Para aquisição dos dados da topografia superficial 3-D foi empregado um
interferômetro laser Microfocus Expert IV, da UBM Corporation, Figura 98 e Figura
99.
138
Figura 98. Equipamento de Interferometria laser utilizado para a medição de topografia 3-D.
Figura 99. Interferômetro laser utilizado para a medição de topografia 3-D.
3.5.1 Procedimento do Mapeamento da Superfície 3-D
As peças foram apoiadas na mesa do equipamento por um bloco em “V” e
fixadas com fita adesiva para evitar vibrações decorrentes das movimentações da
mesa do equipamento, como evidenciado na Figura 100.
139
Para o mapeamento da área da superfície foram adotados os seguintes
parâmetros para a taxa de deslocamento da mesa controlada, esta taxa reflete a
quantidade de pontos adquiridos para composição da superfície 3-D:
Taxa de movimento/aquisição no sentido do eixo X: 1000 pontos por milímetro;
Taxa de movimento/aquisição no sentido do eixo Y: 50 linhas por milímetro;
Figura 100. Medição de um corpo de prova com interferômetro laser.
Os dados foram processados e armazenados pelo software residente do
equipamento para posterior análise, Figura 101.
Figura 101. Software de aquisição de dados acoplado ao Interferômetro laser utilizado para a
medição de topografia 3-D (UBM Measurement and Analysis System).
140
Após a aquisição dos dados das topografias 3-D de todas as amostras estas
foram pós-processados e analisados com o auxílio do software Mountains Map
Universal versão 3.1.9 (versão Demo) da empresa Digital Surf. A Figura 102
apresenta um fluxo do tratamento dado a todos os dados antes de ser efetuada a
leitura dos valores dos parâmetros de superfície em questão.
Figura 102. Fluxo do tratamento efetuado em cada topografia 3-D antes de tomada de valores.
A Figura 103 apresenta a tela do programa Mountains Map executando a
análise em uma das amostras torneadas, os dados assim obtidos foram digitados
em planilha que se encontram no Anexo-E.
Figura 103. Tela do software
Mountains Map versão 3.1.9 (versão Demo)- empresa Digital Surf.
141
3.6 Preparação Metalográfica
Para as análises metalográficas dos corpos de prova foram preparadas seis
amostras embutidas em baquelite, Figura 104. Um corte transversal no sentido radial
do corpo de provas foi executado, e uma amostra da região limítrofe da camada
superficial foi destacada para análise. A Figura 104 (a) apresenta uma amostra
somente polida e a Figura 104 (b) apresenta uma amostra com ataque nital de 3%.
a) b)
Figura 104. Amostras embutidas em baquelite, a) Somente polida, b) Com ataque nital de 3%.
3.7 Análise no Microscópio de Varredura Eletrônica MEV
Para análise no Microscópio eletrônico de varredura (MEV) as amostras foram
embutidas em baquelite e juntamente com um calço de material qualquer visando
prover um melhor apoio no momento do polimento. Este procedimento evita o
arredondamento das bordas externas do corpo de prova.
O equipamento utilizado foi o Microscópio eletrônico de varredura Stereoscan
LEO 440, Figura 105, com detectores de elétrons secundários e retroespalhados,
catodoluminescência e corrente de amostra. Acoplado a sistemas de microanalise
química por EDS e WDS, OXFORD Isis (EDS) integrado com Microspec 600i (WDS).
Para obter condutividade no material em análise uma fita de carbono foi colada na
região do material a ser analisado como mostra a Figura 106.
142
Figura 105. Microscópio eletrônico de varredura LEO 440.
Figura 106. Amostras embutidas em baquelite preparadas para o MEV.
3.8 Análise de Dureza por Microendentação
As medições de microdureza foram executadas com um microdurômetro HMV–
Shimadzu (HVM-2 344-04152-02 - Figura 107), utilizando carga de 0,49 N (0,05 kgf)
durante 15s em todas as medições. As medições foram executadas na escala
Vickers (HV).
143
As medições se iniciaram na interface corpo de prova/baquelite e progrediram
em direção ao centro do corpo de prova, visando a obtenção de um perfil de dureza.
Figura 107. Micro-durômetro HMV – Shimadzu HVM-2 344.
Um espaçamento de 40µm foi utilizado entre cada endentação de medição,
visando não causar erros de sobreposições. Para obter um perfil mais preciso, foi
executada uma segunda medição defasada lateralmente de 40µm no sentido vertical
e 20µm no sentido horizontal, gerando assim leituras de dureza a cada 20µm de
profundidade conforme mostra a Figura 108.
Figura 108. Medição de dureza efetuada nas amostras.
144
4 RESULTADOS DO EXPERIMENTO
4.1 Caracterização do Perfil de Tensão Residual
As Figuras 109 e 110 apresentam respectivamente o resultado gráfico da
análise do perfil de tensão residual axial e circunferencial obtidos em função da
combinação da velocidade de corte e avanços utilizados no experimento. O
levantamento do perfil de tensões residuais foi executado com o método do furo
cego. Para cada condição de velocidade de corte e avanço um corpo de prova foi
analisado. O resultado foi registrado em planilha que se encontra no Anexo-B.
-700
-600
-500
-400
-300
-200
-100
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
Tensão Residual Axial [MPa]
Profundidade [µ
µµ
µm]
Vc180 m/min - f 0.05 mm/rot
Vc180 m/min - f 0.08 mm/rot
Vc180 m/min - f 0.12 mm/rot
Vc200 m/min - f 0.05 mm/rot
Vc200 m/min - f 0.08 mm/rot
Vc200 m/min - f 0.12 mm/rot
Figura 109. Perfil de Tensão Residual Axial para condição de torneamento em material
endurecido.
.
145
-500
-400
-300
-200
-100
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
Tensão Residual Circunferencial [MPa]
Profundidade [µ
µµ
µm]
Vc180 m/min - f 0.05 mm/rot
Vc180 m/min - f 0.08 mm/rot
Vc180 m/min - f 0.12 mm/rot
Vc200 m/min - f 0.05 mm/rot
Vc200 m/min - f 0.08 mm/rot
Vc200 m/min - f 0.12 mm/rot
Figura 110. Perfil de Tensão Residual Circunferencial para condição de torneamento em
material endurecido.
Nota-se grande dispersão nos resultados apresentados nas Figuras 109 e 110,
porém todos os valores encontrados são de tensão residual de compressão.
Uma possível causa para esta dispersão é que a energia envolvida no
processo devido ao calor e deformação, gerados pelo par velocidade de corte e
avanço, não são dimensionadas neste trabalho.
A medição de tensões residuais pelo método do furo cego, em materiais
endurecidos, é muito dependente da execução correta e criteriosa dos
procedimentos de preparação do equipamento e execução do furo. Uma vez que
estamos lidando com um material que possui uma dureza próxima da dureza da
broca utilizada no equipamento, a usinagem do furo se torna de difícil execução. É
importante que seja executada sempre pela mesma pessoa, visando minimizar que
os erros de procedimentos sejam somados aos resultados.
Deve ser notado também que as leituras são apresentadas partindo da
profundidade de 10 µm, pois o método exige o zeramento do equipamento na face
da peça, os valores encontrados nesta região não são confiáveis devendo ser
descartados.
146
Para verificação da quantidade de tensão induzida pelo evento de torneamento
endurecido, uma amostra na condição prévia ao torneamento foi analisada pelo
mesmo método do furo cego, a peça encontrava-se na condição cementada,
temperada e revenida. A Figura 111 e Figura 112 apresentam o perfil de tensão
residual encontrado para esta condição.
Observa-se nas Figuras 111 e 112 que a superfície do material encontrava-se
com tensão residual de tração e após o torneamento esta tensão se converteu para
o estado de tensão residual de compressão.
-600
-500
-400
-300
-200
-100
0
100
200
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
Teno Residual Axial [MPa]
Profundidade [µ
µµ
µm]
Cementado
Figura 111. Perfil de Tensão Residual Axial da amostra cementada.
-500
-400
-300
-200
-100
0
100
200
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
Tensão Residual Circunferencial [MPa]
Profundidade [µ
µµ
µm]
Cementado
Figura 112. Perfil de Tensão Residual Circunferencial da amostra cementada.
147
Adicionalmente uma peça usinada em condições convencionais de retificação
(processo original utilizado para usinagem de acabamento deste componente)
também foi analisada, Figura 113 e Figura 114, para levantamento de comparações
entre os processos. Embora a condição de tensão residual seja de compressão seu
valor é menor quando comparado ao processo de torneamento. Outras amostras
com condições de retificação diferenciadas não foram exploradas, pois a amostra
analisada foi retificada em condições já aprovadas para sua produção pelo processo
de retificação (isto inclui outros aspectos como rugosidade superficial).
-500
-400
-300
-200
-100
0
100
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
Tensão Residual Axial [MPa]
Profundidade [µ
µµ
µm]
Retificado
Figura 113. Perfil de Tensão Residual Axial da amostra retificada.
-500
-400
-300
-200
-100
0
100
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
Tensão Residual Circunferencial [MPa]
Profundidade [µ
µµ
µm]
Retificado
Figura 114. Perfil de Tensão Residual Circunferencial da amostra retificada.
148
4.2 Caracterização da Tensão Residual Superficial
A Figura 115 apresenta o resultado gráfico da análise da tensão residual
circunferencial superficial, obtido em função do par Velocidade de corte e avanço
utilizados no experimento. Para cada condição de velocidade de corte e avanço um
corpo de prova foi analisado, e cada análise constituiu-se de medição em três
regiões distintas, a Figura 115 apresenta a média dos resultados para cada corpo de
prova. A planilha com os valores encontram-se no Anexo-C.
Nota-se uma grande dispersão para os resultados, apresentada pelas barras
de intervalo de confiança a 95%. A medição por raios-X é sensível à condição de
textura da superfície, ou seja, a rugosidade pode ser uma fonte de erros e de
dispersão observados nos resultados. Outro fato a ser observado, é que a medição
foi executada somente no sentido circunferencial, a medição do sentido axial poderia
apresentar outros valores que ajudariam a entender melhor os resultados.
Apesar da dispersão observada todos os valores se encontram na faixa de
tensão residual de compressão.
VC [m/min]
f [mm/rot]
200180
0.120.080.050.120.080.05
0
-100
-200
-300
-400
-500
-600
Tensão Residual [MPa]
Tensão Residual Superficial Circunferencial
95% de IC para média nas barras
Figura 115. Tensão Residual Circunferencial na superfície das amostras.
149
4.3 Caracterização da Topografia Superficial 3-D
As topografias 3-D das peças usinadas nas condições do ensaio são
apresentadas nas Figuras 116 a 121. O mapeamento 3-D das superfícies revela
uma natureza anisotrópica comum para o processo de torneamento. Devido à
característica do corte com aresta única, a superfície é composta por picos e vales
bem definidos.
Figura 116. Topografia da superfície usinada com Velocidade de Corte 180 m/min e Avanço 0,05
mm/rot.
Figura 117. Topografia da superfície usinada com Velocidade de Corte 180 m/min e Avanço 0,08
mm/rot.
150
Figura 118. Topografia da superfície usinada com Velocidade de Corte 180 m/min e Avanço 0,12
mm/rot.
Figura 119. Topografia da superfície usinada com Velocidade de Corte 200 m/min e Avanço 0,05
mm/rot.
Figura 120. Topografia da superfície usinada com Velocidade de Corte 200 m/min e Avanço 0,08
mm/rot.
151
Figura 121. Topografia da superfície usinada com Velocidade de Corte 200 m/min e Avanço 0,12
mm/rot.
A Figura 122 apresenta a topografia 3-D do corpo de prova retificado em uma
retificadora cilíndrica com condições convencionais, é notada uma maior isotropia da
superfície, pois a ferramenta rebolo utilizada consiste de inúmeras arestas de corte
(grãos do rebolo) que provocam o arranque de material ao mesmo tempo. Ainda é
verificado um alinhamento (anisotropia) devido à característica do giro do corpo de
prova no sentido radial durante o contato com o rebolo, característico do processo
de retificação cilíndrica.
Figura 122. Topografia da superfície Retificada em condições convencionais.
Em comparação com a superfície retificada, as superfícies geradas pelo
torneamento apresentam uma maior regularidade e previsibilidade, ou seja, pode-se
esperar aproximadamente a mesma superfície em todas as regiões da peça. O
contrário se nota na retificação que apresenta uma topografia mais irregular
demonstrando menor previsibilidade.
152
4.4 Análise dos Parâmetros de Amplitude de Rugosidade
A Figura 123 e Figura 124 apresentam valores das rugosidades: média
aritmética S
a
e média quadrática S
q
. Ambas obtidas em função do par velocidade de
corte e avanço utilizados no experimento, as barras indicam o desvio padrão.
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.05 0.08 0.12
Avanço f [mm/rot]
Desvio Médio Aritmético da
Superfície - Sa [µm]
Vc=180m/min
Vc=200m/min
Figura 123. Desvio Médio Aritmético da Superfície - S
a
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.05 0.08 0.12
Avanço f [mm/rot]
Desviodio Quadrático da
Superfície - Sq [µm]
Vc=180m/min
Vc=200m/min
Figura 124. Desvio Médio Quadrático da Superfície - S
q
Observando as Figuras 123 e 124, verifica-se baixos valores de rugosidades
médias atribuído para o torneamento com pastilhas multiraio (wiper).
153
4.5 Análise dos Parâmetros Funcionais de Forma
As Figuras 125 e 126 apresentam os valores das rugosidades assimetria da
distribuição das alturas S
sk
e Curtose da Distribuição das Alturas S
ku
, obtidas em
função do par velocidade de corte e avanço utilizados no experimento, junto aos
valores estão indicados pelas barras o desvio padrão.
-0.5
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.05 0.08 0.12
Avanço f [mm/rot]
Assimetria da Distrib. das Alturas - Ssk
Vc=180m/min
Vc=200m/min
Figura 125. Assimetria da Distribuição das Alturas S
sk
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5
0.05 0.08 0.12
Avanço f [mm/rot]
Curtose da Distrib. das Alturas - Sku
Vc=180m/min
Vc=200m/min
Figura 126. Curtose da Distribuição das Alturas S
ku
Analisando as Figuras 125 e 126, verificamos que a superfície apresenta
simetria de distribuição entre picos e vales (S
ku
~=3), possui distribuição de picos
aleatória (S
sk
~=0), apresenta boa capacidade de carregamento e resistência ao
desgaste prematuro e razoável capacidade de retenção de fluidos.
154
4.6 Análise dos Parâmetros Funcionais da Distribuição das
Alturas Baseados na Curva da Área de Carregamento
As Figuras 127 a 131 apresentam os valores para as rugosidades S
pk
(Altura
Reduzida do Pico), S
k
(Profundidade da Rugosidade do Núcleo), S
vk
(Profundidade
reduzida do Vale) e as porção de material da superfície M
r1
e M
r2
, obtidas em função
do par Velocidade de corte e avanço utilizados no experimento, junto aos valores
estão indicados pelas barras o desvio padrão.
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
0.4
0.05 0.08 0.12
Avanço f [mm/rot]
Altura Reduzida do Pico - Spk [µm]
Vc=180m/min
Vc=200m/min
Figura 127. Altura Reduzida do Pico S
pk
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
0.05 0.08 0.12
Avanço f [mm/rot]
Profund. da Rugosidade do Núcleo -Sk [µm]
Vc=180m/min
Vc=200m/min
Figura 128. Profundidade da Rugosidade do Núcleo S
k
155
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
0.05 0.08 0.12
Avanço f [mm/rot]
Profund. Reduzida do vale - Svk [µm]
Vc=180m/min
Vc=200m/min
Figura 129. Profundidade reduzida do Vale S
vk
Analisando a superfície com os parâmetros da curva de área de carregamento
pode-se verificar razoável resistência ao desgaste prematuro, razoável capacidade
de carregamento e baixa capacidade de retenção de fluídos devido aos baixos
valores encontrados na rugosidade S
vk
. É possível verificar que a variação dos
dados de corte pode influenciar a condição funcional resultante, pois observa-se nas
Figuras 127, 128 e 129 uma alteração nos resultados em função do avanço utilizado
na usinagem.
0
5
10
15
0.05 0.08 0.12
Avanço f [mm/rot]
Porção do Material da Superfície Mr1 [ % ]
Vc=180m/min
Vc=200m/min
Figura 130. Porção do Material da Superfície M
r1
156
80
82
84
86
88
90
92
94
96
98
100
0.05 0.08 0.12
Avanço f [mm/rot]
Porção do Material da Superfície Mr2 [ % ]
Vc=180m/min
Vc=200m/min
Figura 131. Porção do Material da Superfície M
r2
A maior parte da superfície encontra-se na região central da curva de área de
carregamento, indicando que a capacidade de carregamento é predominante.
4.7 Camada de Material Afetada
4.7.1 Camada Branca
Para análise da CB e CMA foram executadas metalografias ópticas para
visualização de possíveis mudanças na estrutura interna da camada cementada. As
Figuras 132 a 137 apresentam as metalografias ópticas das amostras analisadas.
Figura 132. Amostra com V
c
=180 m/min e f=0.05 mm/rot.
157
Figura 133. Amostra com V
c
=180 m/min e f=0.08 mm/rot.
Figura 134. Amostra com V
c
=180 m/min e f=0.12 mm/rot.
Figura 135. Amostra com V
c
=200 m/min e f=0.05 mm/rot.
Figura 136. Amostra com V
c
=200 m/min e f=0.08 mm/rot.
Figura 137. Amostra com V
c
=200 m/min e f=0.12 mm/rot.
158
Adicionalmente duas amostras na maior condição de velocidade de corte (V
c
=
200 m/min) foram analisadas com o auxilio do microscópio eletrônico de varredura
(MEV), visando uma melhor visualização das possíveis camadas afetadas pela
usinagem, Figura 138 e Figura 139.
Figura 138. Amostra MEV com V
c
=200 m/min e f=0.05 mm/rot.
Figura 139. Amostra MEV com V
c
=200 m/min e f=0.12 mm/rot.
4.7.2 Perfil de Dureza da Camada Cementada após Usinagem
A Figura 140 apresenta micrografias MEV das endentações executadas para
medição da dureza da camada. A Figura 141 apresenta o resultado das curvas de
durezas da camada cementada após o torneamento endurecido. A linha que cruza o
valor de 550 HV indica, de acordo com a norma DIN 50 190, o fim da camada
cementada. De acordo com a Figura 141 não foram detectadas modificações
expressivas na dureza da camada principalmente na região limítrofe da área
transversal com a superfície.
159
(a)
(b)
(c)
Figura 140. Endentações para medição em Vickers (a) Inicio da camada, (b) meio da camada e
(c) fim da camada.
500
550
600
650
700
750
800
850
900
0
0.03
0.05
0.07
0.09
0.11
0.13
0.15
0.17
0.19
0.21
0.23
0.25
0.27
0.29
0.31
0.33
0.35
0.37
0.39
0.47
0.55
0.63
0.71
0.79
0.87
0.95
1.03
Dureza [HV]
Profundidade [mm]
VC 180m/min & f 0.05mm/rot
VC 180m/min & f 0.08mm/rot
VC 180m/min & f 0.12mm/rot
VC 200m/min & f 0.05mm/rot
VC 200m/min & f 0.08mm/rot
VC 200m/min & f 0.12mm/rot
Fim da camada
cementada
Eht 550HV
Figura 141. Curva de dureza da camada cementada após o torneamento endurecido, carga de
0,49N (0,05kg).
160
5 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS
5.1 Tensão Residual
A medição de tensão residual, pelo método do furo cego, possibilitou o
levantamento de um perfil de tensões induzidas no sentido axial e circunferencial
das peças, indicando que o ponto de máximo valor compressivo foi atingido na
profundidade média de 70µm (σ=5µm) para o sentido axial e circunferencial.
De acordo com a análise efetuada em uma peça no estado anterior à usinagem
(cementado), as tensões próximas à região superficial encontravam-se na faixa da
tensão de tração até uma profundidade entre 40 e 50µm. O torneamento em material
endurecido induziu tensão de compressão nesta região, observou-se uma grande
variação nos perfis de tensão, porém, o perfil de todas as amostras usinadas se
encontrou na faixa de tensão de compressão.
Comparativamente ao perfil de tensão da condição retificada, o torneamento
em material endurecido tem a capacidade de induzir maiores intensidades de tensão
de compressão, pois como pôde ser observado o valor máximo de tensão
(compressiva) atingido com o processo de retificação situou-se na faixa de -111 MPa
enquanto que no torneado o valor máximo chegou a aproximadamente -595 MPa.
A tensão residual na superfície, obtida com o método da difração de raios-X,
apresentou-se compressiva em todos os casos analisados. Foram encontrados
valores médios de -150 MPa a -520 MPa. A medição da tensão com raios-X
apresentou grande dispersão nos resultados de algumas amostras, a mais
significativa foi na amostra com parâmetros de usinagem: velocidade de corte
V
c
=200m/min e avanço f= 0,12mm/rot.
A análise de variância (ANOVA) da tensão residual nas amostras indicou uma
significante interação com a variável avanço (f), e também se mostra significativa a
interação entre as duas variáveis conjuntas velocidade de corte (V
c
) e avanço (f). A
Tabela 13 apresenta o resultado do teste de variância ANOVA com 95% de nível de
confiança.
161
Tabela 13. Resultados ANOVA para Tensão Residual superficial.
Referência
P≤ 0.05
Variável SS df MS F valor-P
V
c
1431 1 1431 0.08 0.7840
f 280268 2 140134 7.49 0.0020
V
c
& f
395315 2 197657 10.56 0.0000
A Figura 142 apresenta o gráfico tridimensional da tensão residual
circunferencial, em função dos parâmetros velocidade de corte (V
c
-m/min) e avanço
(f-mm/rot). Os círculos plotados indicam a média e o desvio padrão dos valores
medidos. Nesta visualização é possível verificar a influência de cada um dos
parâmetros de corte no resultado da tensão residual.
-600
-400
-200
0.05
.05
0.08
-200
0
180
0.12
190
200
Tensão [MPa]
VC [m/min]
f [mm/rot]
Figura 142. Gráfico tridimensional da Tensão Residual em função da Velocidade de Corte e
Avanço.
5.2 Rugosidade das Topografias
A Tabela 14 apresenta os resultados da análise de variância (ANOVA) na
medição topográfica superficial em função da variável Avanço (f em mm/rot),
Velocidade de corte (V
c
em m/min) e a interação dos dois parâmetros.
162
Tabela 14. Resultados ANOVA para topografia superficial.
Referência
P≤ 0.05
Variável SS df MS F valor-P
f 0.0817 2 0.0409 69.2815 0.0000
V
c
0.0040 1 0.0040 6.7062 0.0147
f & V
c
0.0074 2 0.0037 6.2466 0.0054
Variável SS df MS F valor-P
f 0.1088 2 0.0544 71.6062 0.0000
V
c
0.0048 1 0.0048 6.3665 0.0172
f & V
c
0.0138 2 0.0069 9.1087 0.0008
Variável SS df MS F valor-P
f 3.1252 2 1.5626 6.0076 0.0064
V
c
0.0196 1 0.0196 0.0754 0.7856
f & V
c
2.3346 2 1.1673 4.4878 0.0197
Variável SS df MS F valor-P
f 0.2064 2 0.1032 3.8590 0.0323
V
c
0.0426 1 0.0426 1.5915 0.2168
f & V
c
0.1872 2 0.0936 3.5002 0.0430
Variável SS df MS F valor-P
f 0.0386 2 0.0193 7.0719 0.0030
V
c
0.0071 1 0.0071 2.6071 0.1169
f & V
c
0.0311 2 0.0155 5.6979 0.0080
S
a
: Desvio Médio Aritmético da Superfície
S
pk
: Altura Reduzida do Pico
S
sk
: Assimetria da Distribuição das Alturas da Topografia
S
ku
: Curtose da Distribuição das Alturas da Topografia
S
q
: Desvio Médio Quadrático da Superfície
Variável SS df MS F valor-P
f 0.0388 2 0.0194 8.7375 0.0010
V
c
0.0000 1 0.0000 0.0145 0.9048
f & V
c
0.0204 2 0.0102 4.6010 0.0181
Variável SS df MS F valor-P
f 1.0063 2 0.5032 88.4461 0.0000
V
c
0.0605 1 0.0605 10.6373 0.0028
f & V
c
0.0925 2 0.0462 8.1295 0.0015
S
k
: Profundidade da Rugosidade do Núcleo
S
vk
: Profundidade reduzida do Vale
163
Para a análise da influência dos parâmetros (hipótese alternativa), utilizou-se o
processo do valor da probabilidade (valor-P) do teste, que diz:
a) Se o valor-P é menor ou igual a um determinado nível de significância (nível
α), a hipótese de nulidade é rejeitada e a hipótese alternativa é apoiada.
b) Se o valor-P é maior que o nível α, a hipótese de nulidade não pode ser
rejeitada e a hipótese alternativa não tem apoio.
O teste de variância (ANOVA), com 95% de nível de confiança, indicou que o
avanço f é a variável mais significativa entre as interações com os parâmetros:
Rugosidade Média - S
a
, Rugosidade Média Quadrática - S
q
, Altura Reduzida de Pico
- S
pk
, Profundidade Reduzida de Vale S
vk
, Profundidade da Rugosidade do Núcleo -
S
k
, Curtose - S
ku
e Assimetria - S
sk
. Em segundo lugar a interação entre as duas
variáveis V
c
e f também mostraram significância com todos os parâmetros de
rugosidades. A velocidade de corte V
c
se apresenta significativa nos parâmetros S
a
,
S
q
e S
k
, não mostrando significância para os demais.
Os resultados obtidos na medição das rugosidades superficiais apresentam
coerência com resultados de outros autores (Grzesik et al, 2007 e Waikar e Guo,
2008), isto afirma a técnica de torneamento em material endurecido capaz de
produzir superfícies com funcionalidade e qualidade. As Tabelas 15 e 16,
apresentam comparações entre os resultados de outros autores que também
estudaram a integridade superficial, no processo de torneamento em material
endurecido utilizando parâmetros funcionais. o apresentados também os valores
de referência para cada parâmetro apresentado. Como o avanço é a variável mais
significativa, nas Tabelas 15 e 16 utilizou-se a média entre os valores encontrados
para as duas condições de velocidade de corte.
Tabela 15. Resultados obtidos para torneamento duro e retificação
(adaptado de Waikar e Guo, 2008).
Parâmetros
Torneamento Retificação
f =0.05
mm/rot
f =0.08
mm/rot
f =0.12
mm/rot
S
a
(µm)
0.229 0.158
0.64
0.09 0.19 0.19
-
S
q
(µm)
0.28 0.196
0.84
0.12 0.23 0.23
-
S
sk
0.53 -0.127
-0.51
0 -0.1 0.09
Valor < 0
S
ku
2.88 2.79
4.85
3.4 2.7 2.8
Valor < 3
Waikar e Guo (2008)
Experimento Torneamento Duro
Amostra
Retificada
Convencional
Referência para
melhor condição
funcional
164
Tabela 16. Resultados obtidos para torneamento duro e torneamento duro seguido de
superacabamento (Torn. + SA) (adaptado de Grzesik et al, 2007).
Parâmetros
Torneamento Torn. + SA
f =0.05
mm/rot
f =0.08
mm/rot
f =0.12
mm/rot
S
pk
(µm)
0.78 0.25
0.75
0.12 0.16 0.24
Valores Baixos
S
k
(µm)
0.6 0.29
1.90
0.29 0.66 0.65
Valores Baixos
S
vk
(µm)
0.19 0.26
1.18
0.12 0.19 0.18
Valores Altos
M
r1
(%)
16.4 13.5
9.05
9.5 6.5 8.7
-
M
r2
(%)
87.9 84.9
87.47
90 91 93
-
Grzesik et al (2007)
Experimento Torneamento Duro
Amostra
Retificada
Convencional
Referência para
melhor condição
funcional
A análise dos parâmetros funcionais, da curva da área de carregamento, indica
que a superfície resultante possui boa área de contato, boa capacidade de
carregamento e razoável capacidade de retenção de fluídos, uma vez que o valor do
parâmetro S
vk
não apresentou valores altos para todas as condições testadas. O
valor do parâmetro assimetria das alturas S
sk
,
não se apresentou negativo em todas
as condições testadas indicando que a superfície não possui boa capacidade de
retenção de fluídos. O uso de inserto de geometria “wiper” pode ter influenciado os
resultados. Uma análise com geometria convencional pode ser executada para
averiguação da significância da influencia da geometria de ponta nos resultados da
rugosidade superficial.
A visualização dos dados plotados tridimensionalmente com todas três
variáveis envolvidas, também indica a influência que cada uma exerceu no resultado
dos parâmetros de rugosidade. O método de interpolação utilizado foi o método
polinomial de Akima. As Figuras 143 a 149 apresentam as superfícies de resposta
em função dos parâmetros Velocidade de Corte (V
c
em m/min) e Avanço (f em
mm/rot). Os círculos plotados indicam a média e o desvio padrão dos valores
medidos.
É importante observar que os gráficos abaixo não devem ser comparados entre
si, mas cada um representa uma função que pode ser agregada ao componente
usinado em questão. O que deve ser avaliado é o grau de atribuição da função ao
componente com base nos valores encontrados (por exemplo, maior ou menor
capacidade de retenção de fluídos).
165
1
200
0.10
90
0.15
0.20
0.05
0.25
0.08
180
0.12
Sa [µm]
VC [m/min]
f [mm/rot]
Sa [µm]
Figura 143. Rugosidade média aritmética em função da Velocidade de Corte e Avanço.
0.1
0.2
0.05
.05
0.08
0.3
190
200
180
0.12
Sq [µm]
VC [m/min]
f [mm/rot]
Sq [µm]
Figura 144. Rugosidade média quadrática em função da Velocidade de Corte e Avanço.
166
1
200
2
90
3
0.05
4
0.08
180
0.12
Sku
VC [m/min]
f [mm/r ot]
Sku
Figura 145. Curtose da Distribuição da rugosidade em função da Velocidade de Corte e
Avanço.
-0.4
-0.2
0.0
0.05
0.05
0.08
0.2
190
180
0.12
190
200
Ssk
VC [m/min]
f [ mm/rot]
Ssk
Figura 146. Assimetria da Distribuição da rugosidade em função da Velocidade de Corte e
Avanço.
167
As Figuras 147 a 149 apresentam a análise dos Parâmetros Funcionais da
Distribuição das Alturas Baseados na Curva da Área de Carregamento.
0.1
0.2
0.05
0.05
0.08
0.3
190
180
0.12
190
200
Spk [ µm]
VC [ m/min]
f [mm/rot]
Spk [µm]
Figura 147. Altura reduzida dos picos em função da Velocidade de Corte e Avanço.
1
200
0.2
90
0.4
0.6
0.05
0.8
0.08
180
0.12
Sk [µm]
VC [m/min]
f [mm/rot]
Sk [µm]
Figura 148. Rugosidade do núcleo em função da Velocidade de Corte e Avanço.
168
1
200
0.1
90
0.2
0.05
0.3
0.08
180
0.12
Svk [ µm]
VC [m/min]
f [mm/rot]
Svk [µm]
Figura 149. Profundidade reduzida dos vales em função da Velocidade de Corte e Avanço.
A analise gráfica, Figuras 116 a 121, da topologia é especialmente importante
nos casos onde o processo ou as características finais não são totalmente
conhecidos. Determinadas características são facilmente observadas visualizando-
se o padrão da superfície mapeada, ao invés, da abstração de um parâmetro
somente. Exemplo do pressuposto é a possibilidade de visualizar a influência do
avanço no número de picos/vales para a mesma área mapeada nas Figuras 116 a
121. Devido à característica do corte com aresta única do torneamento a superfície é
composta por picos e vales bem definidos.
5.3 Comparação com a Condição Retificada
As Figuras 150 a 152 fazem uma comparação, entre o processo de
torneamento de material endurecido em função do avanço e a retificação
convencional. O teste de variância (ANOVA) com 95% de nível de confiança, indicou
que o avanço é a variável mais significativa entre as interações com os parâmetros
de rugosidade obtidos no torneamento, por este motivo utilizou-se as médias dos
169
valores entre as velocidades de corte. Na Figura 150 é possível observar que os
valores da rugosidade média aritmética S
a
são menores do que a condição
retificada.
f 0.05 mm/rot
f 0.08 mm/rot
f 0.12 mm/rot
Retificado
Convencional
0.000
0.100
0.200
0.300
0.400
0.500
0.600
0.700
Desvio Médio Aritmético da Superfície - Sa [µm]
Figura 150. Comparação dos valores de S
a
para Torneamento duro e Retificação Convencional.
A rugosidade S
ku
(curtose) da condição retificada possui valor próximo a 5
enquanto que as condições torneadas possuem valores próximos a três (Figura
151). Valores superiores a três na curtose indicam superfícies com picos mais finos,
mais susceptíveis ao desgaste prematuro, e valores inferiores a três indicam
superfícies com menor tendência ao desgaste prematuro, portanto a superfície
torneada possui uma melhor resistência ao desgaste prematuro.
f 0.05 mm/rot
f 0.08 mm/rot
f 0.12 mm/rot
Retificado
Convencional
0.000
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
Curtose da Distribuição das Alturas - Sku
Figura 151. Comparação dos valores de S
ku
para Torneamento duro e Retificação Convencional.
170
A rugosidade S
sk
(assimetria da distribuição das alturas) da condição retificada
possui valor próximo a -0,5, enquanto que as condições torneadas possuem valores
próximos a zero (Figura 152). Um valor negativo, na assimetria da distribuição das
alturas, indica uma melhor condição de retenção de fluidos e melhor capacidade de
carregamento, portanto a condição torneada não possui um bom desempenho neste
aspecto. Porém, é importante observar que em uma das condições (f=0,08 mm/rot)
seu valor se tornou negativo, portanto se esta função é importante para o
desempenho da peça, os dados de usinagem podem ser trabalhados de forma
conveniente a induzir a superfície apresentar valores negativos para este parâmetro.
f 0.05 mm/rot
f 0.08 mm/rot
f 0.12 mm/rot
Retificado
Convencional
-0.700
-0.600
-0.500
-0.400
-0.300
-0.200
-0.100
0.000
0.100
0.200
0.300
Assimetria da Distribuição das Alturas - Ssk
Figura 152. Comparação dos valores de S
sk
para Torneamento duro e Retificação Convencional.
5.4 Camada de Material Afetada
O perfil de dureza e as metalografias, executadas na camada das amostras,
apresentam indícios da formação de CB ou alguma alteração de estrutura, devido ao
processo de torneamento endurecido. Três amostras (com dados de corte
V
c
=180m/min x f=0.05mm/rot, V
c
=180m/min x f=0.12mm/rot e V
c
=200m/min x
f=0.12mm/rot), apresentaram uma fina CB (aproximadamente 3 µm) que pode ser o
início da formação efetiva de uma CMA.
171
As análises executadas com o microscópio de varredura eletrônica não
levantaram indícios significativos de camadas subsuperficiais alteradas.
Não foram detectadas alterações expressivas na dureza da camada
subsuperficial, como mostra a Figura 141, o perfil de durezas levantado não
apresentou significativas alterações, principalmente na região limítrofe da área
transversal com a superfície.
É importante notar que, devido ao grau de aquecimento atingido na região
superficial, podemos incorrer em modificações expressivas na camada cementada,
que devem ser levadas em consideração para futuras análises com ferramentas
desgastadas.
172
6 CONCLUSÕES
A integridade superficial de componentes mecânicos fabricados em aço ABNT
8620 cementados, usinados com o processo de torneamento de material
endurecido, pôde ser classificada através da analise de sua topografia superficial
com análise dos parâmetros funcionais, medição das tensões residuais e análises de
metalografias das camadas subsuperficiais. As principais conclusões referentes a
este trabalho são apresentadas a seguir:
O torneamento em material endurecido induziu tensão de compressão nas
camadas das amostras cementadas, cuja condição original, era tensão
residual de tração.
Observou-se uma grande variação nos perfis de tensão residual após a
usinagem, porém, o perfil de todas as amostras usinadas se encontrou na
faixa de tensão de compressão.
O torneamento em material endurecido tem a capacidade de introduzir maiores
quantidades de tensão de compressão, seu valor máximo foi -595 MPa,
enquanto que na retificação foi -111 MPa.
A análise de variância da tensão residual nas amostras indicou uma
significante interação com a variável avanço (f), e também se mostra
significativa a interação entre as duas variáveis conjuntas (velocidade de corte
e avanço ).
O método do furo cego possibilitou o levantamento de um perfil de tensões
para o sentido axial e circunferencial das amostras, indicando que o ponto de
máximo valor compressivo foi atingido na profundidade média de 70µm
(σ=5µm).
173
A tensão residual na superfície, obtida com o método da difração de raios-X,
apresentou-se compressiva em todos os casos analisados com valores médios
de -150 MPa a -520 MPa para o sentido circunferencial. Foi observada grande
dispersão nos resultados de algumas amostras especialmente na amostra com
dados de corte V
c
=200m/min e f= 0,12mm/rot.
Em todos os casos de rugosidade estudados, os valores encontrados nas
condições de torneamento em material endurecido se apresentaram mais
baixos quando comparados com a situação de retificação.
Os parâmetros assimetria da distribuição das alturas S
sk
e os parâmetros da
curva da área de carregamento S
pk
, S
vk
, M
r1
e M
r2,
apresentaram grande
dispersão nos resultados. São parâmetros muitos sensíveis a qualquer
variação na condição da superfície e refletem isto em uma grande dispersão
quando dimensionados, provocando muitas vezes ambiguidade (Batalha e
Stipkovic, 2001) na correlação funcional de seus resultados.
A análise de variância indicou que o avanço (f) é, definitivamente, a variável
mais significativa entre as interações com todos os parâmetros de rugosidade
analisados.
A análise dos parâmetros funcionais da curva da área de carregamento indica
que a superfície resultante possui boa área de contato, boa capacidade de
carregamento e razoável capacidade de retenção de fluidos uma vez que o
valor do parâmetro S
sk
não apresentou valores negativos para todos os valores
testados.
Não foram detectadas alterações expressivas na camada cementada,
principalmente na região limítrofe da área transversal com a superfície devido
ao aquecimento e rápido resfriamento imposto pela usinagem.
174
A microscopia óptica possibilitou a visualização do início da formação de uma
CB de aproximadamente 3 µm nas amostras usinadas, porém, devido à baixa
espessura da camada e a resolução da lente óptica utilizada o apresentar
uma imagem clara em todas as amostras, não é possível afirmar a existência
da CB em toda superfície.
O perfil de durezas medido não apresentou significativas alterações,
principalmente na região limítrofe da área transversal com a superfície, região
crítica que sofre diretamente com o aquecimento e rápido resfriamento imposto
pela usinagem.
As metalografias obtidas pelo MEV não apresentaram indícios de grandes
deformações na camada subsuperficial, não foi possível observar, nas regiões
analisadas, nenhum tipo de CMMA ou CMTA.
Os resultados obtidos na medição das rugosidades superficiais, apresentam
coerência com os resultados de outros autores, isto indica que a técnica
empregada neste estudo foi executada de forma coerente e os valores
encontrados podem ser tomados como referência para futuras discussões.
175
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Investigar a correlação entre o desgaste da ferramenta de corte com a
ocorrência de CB na superfície, pois o desgaste da ferramenta aumenta a
temperatura no evento unitário do torneamento em material endurecido, o que
induz ao aparecimento de CB.
Estudar a influência de diferentes profundidades de corte (a
p
) nos resultados da
tensão residual, pois como visto na revisão bibliográfica ainda o existe um
consenso sobre sua influência nos valores encontrados.
Estudar a vida da ferramenta em material cBN como função dos parâmetros de
usinagem empregados visando a viabilização para produção de grandes lotes
de peças.
Estudar a influência na rugosidade de outras geometrias de corte de
ferramentas além da geometria multiraio wiper, pois funcionalmente nem
sempre uma baixa rugosidade é sinônimo de boa integridade superficial.
Modelar o perfil de tensão residual em materiais endurecidos sujeitos à
condição de torneamento. A compreensão do comportamento das tensões
residuais é importante para melhorar o desempenho em relação à fadiga dos
componentes torneados.
176
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183
9 ANEXOS
9.1 ANEXO – A: Condições do experimento de usinagem
Tabela 17. Parâmetros de corte tabelados e associados.
Amostra
VC m/min f mm/rot
Amostra
VC m/min f mm/rot
11 180 0.08 51 200 0.08
12
180 0.08
52
200 0.08
13 180 0.08 53 200 0.08
14 180 0.08 54 200 0.08
15
180 0.08
55
200 0.08
16
180 0.08
56
200 0.08
17 180 0.08 57 200 0.08
18 180 0.08 58 200 0.08
19
180 0.08
59
200 0.08
20
180 0.08
60
200 0.08
21 180 0.08 61 200 0.12
22 180 0.08 62 200 0.12
23
180 0.08
63
200 0.12
24 180 0.08 64 200 0.12
25 180 0.08 65 200 0.12
26 180 0.08 66 200 0.12
27
180 0.08
67
200 0.12
28 180 0.08 68 200 0.12
29 180 0.08 69 200 0.12
30
180 0.08
70
200 0.12
31
180 0.08
71
180 0.12
32 180 0.08 72 180 0.12
33 180 0.08 73 180 0.12
34
180 0.08
74
180 0.12
35
180 0.08
75
180 0.12
36 180 0.08 76 180 0.12
37 180 0.08 77 180 0.12
38
180 0.08
78
180 0.12
39 180 0.08 79 180 0.12
40 180 0.08 80 180 0.12
41 200 0.05 91 180 0.05
42
200 0.05
92
180 0.05
43 200 0.05 93 180 0.05
44 200 0.05 94 180 0.05
45
200 0.05
95
180 0.05
46
200 0.05
96
180 0.05
47 200 0.05 97 180 0.05
48 200 0.05 98 180 0.05
49
200 0.05
99
180 0.05
50
200 0.05
100
180 0.05
184
9.2 ANEXO – B:Tensão Residual pelo método do furo cego
Tabela 18. Resultados de medição de tensão residual com o método de furo cego.
VC180 m/min - f 0.05 mm/rot Metodo Integral de Tensão (X esta na direçao 1 do extensômetro)
Profundidade Tensão Max
Tensão Min
Max Cisalh beta Tensão X Tensão Y Cisalh XY
ı
m
MPa MPa MPa graus MPa MPa MPa
13 42 -375 208 -43 -150 -183 208
50 -63 -488 212 -38 -226 -325 207
70 -72 -501 215 -35 -211 -362 201
90 -59 -469 205 -32 -175 -352 185
110 -63 -423 180 -30 -151 -334 155
130 -49 -337 144 -26 -106 -280 114
153 -26 -242 108 -20 -51 -216 70
VC180 m/min - f 0.08 mm/rot Metodo Integral de Tensão (X esta na direçao 1 do extensômetro)
Profundidade Tensão Max
Tensão Min
Max Cisalh beta Tensão X Tensão Y Cisalh XY
ı
m
MPa MPa MPa degrees MPa MPa MPa
13 -84 -384 150 61 -313 -155 -128
50 -225 -346 61 42 -280 -291 -60
70 -223 -337 57 -2 -223 -337 5
90 -138 -309 85 -22 -163 -284 60
110 -24 -261 118 -34 -100 -185 111
VC180 m/min - f 0.12 mm/rot Metodo Integral de Tensão (X esta na direçao 1 do extensômetro)
Profundidade Tensão Max
Tensão Min
Max Cisalh beta Tensão X Tensão Y Cisalh XY
ı
m
MPa MPa MPa degrees MPa MPa MPa
13 -236 -330 47 -67 -315 -250 34
50 -391 -502 56 -63 -479 -415 46
70 -344 -484 70 -58 -444 -384 63
90 -179 -371 96 -53 -301 -248 92
110 -55 -323 134 -50 -211 -168 132
130 1 -341 171 -47 -185 -156 170
153 76 -310 193 -46 -124 -110 193
173 163 -257 210 -45 -46 -48 210
VC200 m/min - f 0.05 mm/rot Metodo Integral de Tensão (X esta na direçao 1 do extensômetro)
Profundidade Tensão Max
Tensão Min
Max Cisalh beta Tensão X Tensão Y Cisalh XY
ı
m
MPa MPa MPa degrees MPa MPa MPa
13 -153 -330 89 61 -279 -166 -75
50 -380 -747 184 55 -504 -362 -173
70 -450 -892 221 54 -595 -438 -210
90 -355 -696 170 56 -542 -388 -159
110 -226 -356 65 67 -440 -299 -46
130 -89 -199 55 -59 -366 -246 48
153 -11 -124 57 -49 -331 -230 56
173 -33 -49 8 13 -303 -225 -3
VC200 m/min - f 0.08 mm/rot Metodo Integral de Tensão (X esta na direçao 1 do extensômetro)
Profundidade Tensão Max
Tensão Min
Max Cisalh beta Tensão X Tensão Y Cisalh XY
ı
m
MPa MPa MPa degrees MPa MPa MPa
13 -50 -121 36 29 -67 -104 -30
50 -85 -217 66 37 -133 -169 -64
70 -82 -246 82 39 -147 -181 -80
90 -41 -190 74 39 -100 -131 -73
110 -2 -101 50 38 -39 -64 -48
130 21 -26 24 33 8 -12 -22
VC200 m/min - f 0.12 mm/rot Metodo Integral de Tensão (X esta na direçao 1 do extensômetro)
Profundidade Tensão Max
Tensão Min
Max Cisalh beta Tensão X Tensão Y Cisalh XY
ı
m
MPa MPa MPa degrees MPa MPa MPa
13 -102 -299 98 61 -253 -147 -83
50 -189 -397 104 66 -363 -223 -77
70 -217 -419 101 68 -390 -246 -71
90 -160 -318 79 63 -286 -192 -64
110 -47 -159 56 47 -107 -98 -56
185
9.3 ANEXO – C: Tensão Residual por Difração de Raios-X na
superfície
Tabela 19. Resultados de Tensão Residual Superficial no sentido circunferencial.
Tensão Residual
Circunferencial [MPa]
Amostra Ponto - ψ
VC180 m/min
f0,05 mm/rot
1 -334 -78
2 -308 0
3 -229 -31
VC180 m/min
f0,08 mm/rot
1 -508 -257
2 -508 -302
3 -492 -247
VC180 m/min
f0,12 mm/rot
1 -547 -513
2 -538 -512
3 -565 -474
VC200 m/min
f0,05 mm/rot
1 -534 -431
2 -509 -551
3 -503 -547
VC200 m/min
f0,08 mm/rot
1 -416 -257
2 -440 -194
3 -405 -133
VC200 m/min
f0,12 mm/rot
1 -295 0
2 -593 -21
3 -331 -56
186
9.4 ANEXO – D: Análise da variância dos Resultados de Tensão
residual com o software Minitab 15
Resultados para: ANOVA-TENSAO RESIDUAL.MTW
Modelo Linear Geral: RS versus VC; f
Factor Type Levels Values
VC fixed 2 180; 200
f fixed 3 0.05; 0.08; 0.12
Analysis of Variance for RS, using Adjusted SS for Tests
Source DF Seq SS Adj SS Adj MS F P
VC 1 1431 1431 1431 0.08 0.784
f 2 280268 280268 140134 7.49 0.002
VC*f 2 395315 395315 197657 10.56 0.000
Error 30 561501 561501 18717
Total 35 1238514
S = 136.809 R-Sq = 54.66% R-Sq(adj) = 47.11%
Unusual Observations for RS
Obs RS Fit SE Fit Residual St Resid
32 -593.000 -216.000 55.852 -377.000 -3.02 R
R denotes an observation with a large standardized residual.
Least Squares Means for RS
VC Mean SE Mean
180 -357.9 32.25
200 -345.3 32.25
f
0.05 -449.1 39.49
0.08 -235.4 39.49
0.12 -370.4 39.49
VC*f
180 0.05 -385.7 55.85
180 0.08 -163.3 55.85
180 0.12 -524.8 55.85
200 0.05 -512.5 55.85
200 0.08 -307.5 55.85
200 0.12 -216.0 55.85
ANOVA Dois parâmetros: RS versus VC; f
Source DF SS MS F P
VC 1 1431 1431 0.08 0.784
f 2 280268 140134 7.49 0.002
Interaction 2 395315 197657 10.56 0.000
Error 30 561500 18717
Total 35 1238514
S = 136.8 R-Sq = 54.66% R-Sq(adj) = 47.11%
187
Individual 95% CIs For Mean Based on
Pooled StDev
VC Mean ------+---------+---------+---------+---
180 -357.944 (----------------*---------------)
200 -345.333 (----------------*---------------)
------+---------+---------+---------+---
-400 -360 -320 -280
Individual 95% CIs For Mean Based on
Pooled StDev
f Mean ---+---------+---------+---------+------
0.05 -449.083 (-------*-------)
0.08 -235.417 (-------*--------)
0.12 -370.417 (-------*-------)
---+---------+---------+---------+------
-500 -400 -300 -200
Gráficos de análise de resíduos:
2000-200-400
99
90
50
10
1
Residual
Porcentual
-200-300-400-500
200
0
-200
-400
Valor Ajustado
Residual
1600-160-320
8
6
4
2
0
Residual
Frequência
35302520151051
200
0
-200
-400
Ordem de Observação
Residual
Plotagem da Probabilidade Normal Versus Fits
Histograma Versus Order
Gráficos de análise de resíduos para Tensão Residual
Figura 153. Gráficos de análise de resíduos.
188
VC
f
200180
0.120.080.050.120.080.05
0
-100
-200
-300
-400
-500
-600
Tensão [MPa]
Tensão Residual Superficial Circunferencial
Figura 154. Gráficos de análise das medições de tensão encontradas na superfície.
189
9.5 ANEXO – E: Resultados da medição topográfica 3-D
Tabela 20. Resultados da medição topográfica 3-D.
VC f 1 2 3 4 5 6 Média Desv Pad
180 0.05 Sa 0.0829 0.0832 0.0831 0.0928 0.098 0.0855 0.08758 0.006345 um
180 0.08 Sa 0.159 0.204 0.192 0.265 0.16 0.207 0.1978 0.0390 um
180 0.12 Sa 0.136 0.13 0.14 0.169 0.187 0.188 0.1583 0.0263 um
200 0.05 Sa 0.074 0.094 0.0926 0.0963 0.105 0.106 0.0947 0.0116 um
200 0.08 Sa 0.177 0.176 0.188 0.244 0.195 0.177 0.1928 0.0262 um
200 0.12 Sa 0.255 0.213 0.223 0.205 0.192 0.227 0.2192 0.0216 um
Retificado Sa 0.576 0.635 0.694 0.6350 0.0590 um
180 0.05 Sa1 3.76 4.58 3.74 4.93 5.67 3.76 4.4067 0.7976 um3/mm2
180 0.08 Sa1 11.2 5.72 5.83 3.38 8.3 4.98 6.5683 2.7714 um3/mm2
180 0.12 Sa1 3.54 7.11 6.06 12.1 11.2 9.45 8.2433 3.2633 um3/mm2
200 0.05 Sa1 3.56 5.78 6.05 8.41 9.25 9.19 7.0400 2.2831 um3/mm2
200 0.08 Sa1 2.07 6.17 5.87 3.82 6.4 1.14 4.2450 2.2602 um3/mm2
200 0.12 Sa1 13.6 2.89 1.16 11.1 14.6 8.28 8.6050 5.5733 um3/mm2
Retificado Sa1 39.9 46.4 25.2 37.1667 10.86109 um3/mm2
180 0.05 Sa2 4.92 5.43 5.47 5.18 4.9 6.61 5.4183 0.6319 um3/mm2
180 0.08 Sa2 9.51 11.3 8.81 24.2 4.02 11.9 11.6233 6.7608 um3/mm2
180 0.12 Sa2 2.73 2.85 3.06 5.03 4.93 9.53 4.6883 2.5878 um3/mm2
200 0.05 Sa2 4.32 5.49 5.27 6.99 5.58 6.66 5.7183 0.9728 um3/mm2
200 0.08 Sa2 6.8 7.87 7.18 1.62 7.06 4.25 5.7967 2.3938 um3/mm2
200 0.12 Sa2 14 12.1 4.61 11.6 10.5 3.43 9.3733 4.3146 um3/mm2
Retificado Sa2 64.2 76.3 81.9 74.1333 9.046731 um3/mm2
180 0.05 Sk 0.273 0.269 0.272 0.306 0.322 0.276 0.2863 0.0221 um
180 0.08 Sk 0.506 0.673 0.64 0.855 0.545 0.709 0.6547 0.1247 um
180 0.12 Sk 0.493 0.433 0.478 0.533 0.591 0.61 0.5230 0.0683 um
200 0.05 Sk 0.242 0.304 0.299 0.295 0.33 0.327 0.2995 0.0317 um
200 0.08 Sk 0.617 0.599 0.652 0.781 0.69 0.634 0.6622 0.0661 um
200 0.12 Sk 0.814 0.717 0.822 0.681 0.618 0.838 0.7483 0.0898 um
Retificado Sk 1.74 1.85 2.12 1.9033 0.1955 um
180 0.05 Sku 3.02 3.24 3 3.08 2.85 3.15 3.0567 0.1343 um
180 0.08 Sku 4.42 2.46 2.77 3.03 2.59 2.81 3.0133 0.7162 um
180 0.12 Sku 2.34 2.62 2.91 2.62 2.75 2.67 2.6517 0.1876 um
200 0.05 Sku 2.97 3.2 3.18 4.79 4.09 3.58 3.6350 0.6903 um
200 0.08 Sku 2.49 2.78 2.44 1.87 2.61 2.05 2.3733 0.3456 um
200 0.12 Sku 2.61 2.6 2.05 3.06 3.94 2.86 2.8533 0.6312 um
Retificado Sku 4.77 5.82 3.96 4.8500 0.9326 um
180 0.05 Spk 0.0842 0.0962 0.0861 0.109 0.111 0.079 0.0943 0.0134 um
180 0.08 Spk 0.232 0.181 0.177 0.16 0.16 0.162 0.1787 0.0277 um
180 0.12 Spk 0.105 0.131 0.118 0.182 0.171 0.196 0.1505 0.0374 um
200 0.05 Spk 0.0761 0.118 0.123 0.17 0.176 0.163 0.1377 0.0389 um
200 0.08 Spk 0.103 0.15 0.141 0.115 0.188 0.0733 0.1284 0.0401 um
200 0.12 Spk 0.265 0.141 0.0829 0.317 0.321 0.323 0.2417 0.1044 um
Retificado Spk 0.645 0.962 0.639 0.7487 0.1848 um
180 0.05 Sq 0.103 0.105 0.104 0.116 0.122 0.108 0.1097 0.0077 um
180 0.08 Sq 0.204 0.247 0.232 0.326 0.196 0.254 0.2432 0.0466 um
180 0.12 Sq 0.162 0.157 0.169 0.205 0.224 0.232 0.1915 0.033002 um
200 0.05 Sq 0.0922 0.119 0.117 0.127 0.135 0.136 0.12103 0.016164 um
200 0.08 Sq 0.208 0.217 0.229 0.255 0.237 0.206 0.22533 0.018833 um
200 0.12 Sq 0.315 0.255 0.259 0.257 0.246 0.273 0.2675 0.02485 um
Retificado Sq 0.757 0.858 0.893 0.8360 0.0706 um
180 0.05 Sr1 8.92 9.48 8.69 9.06 10.2 9.51 9.31 0.54037 %
180 0.08 Sr1 9.64 6.31 6.59 4.23 10.4 6.14 7.2183 2.3367 %
180 0.12 Sr1 6.78 10.8 10.3 13.3 13.2 9.63 10.6683 2.4366 %
200 0.05 Sr1 9.34 9.82 9.82 9.9 10.5 11.2 10.0967 0.6549 %
200 0.08 Sr1 4.03 8.23 8.31 6.63 6.81 3.1 6.1850 2.1655 %
200 0.12 Sr1 10.3 4.1 2.81 6.99 9.08 5.13 6.4017 2.9166 %
Retificado Sr1 9.59 9.65 7.9 9.0467 0.9935 %
180 0.05 Sr2 90.2 89.8 89.3 90.7 90.8 89.8 90.1000 0.5797 %
180 0.08 Sr2 90.4 88.5 90 86.2 93 90.7 89.8000 2.2847 %
180 0.12 Sr2 94.6 94.3 94 93.9 96.1 88.7 93.6 2.529822 %
200 0.05 Sr2 89.8 90.4 90.2 89.1 91.2 89.8 90.0833 0.705455 %
200 0.08 Sr2 91.9 91.3 91.8 97 92.2 93.5 92.95 2.11731 %
200 0.12 Sr2 88.5 89.8 94 89.6 90.8 95.4 91.35 2.731849 %
Retificado Sr2 88.1 87.4 86.9 87.4667 0.602771 %
180 0.05 Ssk -0.0999 -0.0653 -0.136 -0.0376 0.0447 -0.289 -0.0972 0.1123 um
180 0.08 Ssk 0.00199 -0.134 -0.0735 -0.523 0.194 -0.264 -0.1331 0.2441 um
180 0.12 Ssk 0.0627 0.219 0.168 0.209 0.0635 0.0653 0.1313 0.0758 um
200 0.05 Ssk -0.0833 0.0384 0.097 0.376 0.258 0.219 0.1509 0.1656 um
200 0.08 Ssk -0.174 -0.0867 -0.0408 0.0238 -0.00985 -0.131 -0.0698 0.0749 um
200 0.12 Ssk 0.00202 -0.301 -0.122 0.042 0.255 0.281 0.0262 0.2223 um
Retificado Ssk -0.582 -0.357 -0.597 -0.5120 0.1344 um
180 0.05 Svk 0.1 0.107 0.103 0.112 0.106 0.128 0.10933 0.009993 um
180 0.08 Svk 0.198 0.196 0.177 0.352 0.114 0.256 0.2155 0.080924 um
180 0.12 Svk 0.102 0.0999 0.102 0.165 0.25 0.169 0.1480 0.0595 um
200 0.05 Svk 0.085 0.115 0.107 0.128 0.127 0.131 0.1155 0.0175 um
200 0.08 Svk 0.168 0.18 0.175 0.107 0.181 0.131 0.1570 0.0307 um
200 0.12 Svk 0.244 0.237 0.153 0.224 0.23 0.148 0.2060 0.0435 um
Retificado Svk 1.08 1.21 1.25 1.1800 0.0889 um
Amostras
190
Trabalhos completos publicados em anais de congressos
Farias, A., Delijaicov, S., Biasoli de Mello, J. D., Stipkovic, M., Batalha, G., Análise da tensão
residual no processo de torneamento duro do aço AISI 8620 cementado através de
extensometria e a sua correlação com a integridade superficial., V Congresso Nacional de
Engenharia Mecânica - CONEM 2008, v. 1. p. 1-418.
Farias, A., Delijaicov, S., Biasoli de Mello, J. D., Stipkovic, M., Batalha, G., Surface integrity
and residual stresses analysis by strain gages after hard turning process of case hardened
steel AISI 8620., Advances in Materials and Processing Technologies (AMPT), 2008,
Manama, Kingdom of Bahrain, 2008.
Artigos aceitos para publicação
Farias, A., Delijaicov, S., Biasoli de Mello, J. D., Stipkovic, M., Batalha, G.,Surface Integrity
Functional Analysis in Hard Turning AISI 8620 Carburized Steel, Through Topographical
Measurement, 10
th
CIRP International Workshop on Modeling of Machining Operations,
2009.
Farias, A., Delijaicov, S., Biasoli de Mello, J. D., Stipkovic, M., Batalha, G., Análise funcional
da integridade superficial no processo de torneamento duro do aço ABNT 8620 cementado
através da sua medição topográfica superficial, V CONGRESSO BRASILEIRO DE
ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO – COBEF, 2009.
Farias, A., Delijaicov, S., Biasoli de Mello, J. D., Stipkovic, M., Batalha, G., Avaliação
experimental das tensões residuais em superfícies usinadas após torneamento de
componentes mecânicos fabricados com aço cementado DIN 21NiCrMo2 (AISI 8620), V
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO – COBEF, 2009.
Farias, A., Donato, G. H., Delijaicov, S., Batalha, G., Análise da tensão residual no processo
de torneamento duro do aço AISI 8620 cementado através de extensometria e a sua
correlação com a integridade superficial. Máquinas e Metais, 2009.
191
ADALTO DE FARIAS
Data de nascimento: 27/02/1976 – São Bernardo do Campo – S.P.
Experiência Acadêmica
Técnico em Desenho de Projetos de Mecânica
1990-1994 Escola secundária: Escola Técnica Estadual Lauro Gomes FEI – São
Bernardo do Campo – S.P.
Engenharia Mecânica Automobilística
1999-2004 Graduação: UNIFEI – Centro Universitário da FEI – São Bernardo do
Campo – S.P.
Mestrado em Engenharia Mecânica
2007-2009 Pós Graduação: EPUSP – Escola Politécnica da USP – São Paulo – S.P.
Experiência Profissional
1993-1995 Polimold Ind. S/A: Operador/Fresador CNC
1996-2000 Polimold Ind. S/A: Programador CNC
2000-2005 Polimold Ind. S/A: Técnico de Processos
2006-2009 Polimold Ind. S/A: Supervisor de Produção
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