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do Exército - realizado no período de 23 a 25 de maio de 2006, apresenta, entre outros
tópicos, a visão do Ministério da Defesa sobre o tema em tela, onde verifica-se a falta
de uma doutrina de emprego das FFAA no combate ao terrorismo, posicionamentos
claros na legislação brasileira acerca da participação das FFAA nestas situações,
mecanismos eficientes de Inteligência e Segurança, bem como a falta de integração
entre as mais diversas instituições brasileiras que podem ser empregadas na prevenção
e combate às ameaças terroristas, como observa-se na passagem abaixo.
Segundo o Glossário das FFAA, em elaboração, “terrorismo é a
forma de ação que consiste no emprego da violência física ou
psicológica, de forma premeditada, por indivíduos ou grupos
adversos, apoiados ou não por estados, com o intuito de coagir um
governo, uma autoridade, um indivíduo, um grupo ou mesmo toda a
população a adotar determinado comportamento, e pode ser
motivado por razões políticas, ideológicas, econômicas, ambientais,
religiosas ou psicossociais”.
Apesar de tal conceito, o MD não se sente confortável quanto à
estruturação da doutrina sobre o tema, pois, no nível político
nacional, ainda não houve posicionamento definitivo. Preceitos
constitucionais, leis complementares e a Política de Defesa Nacional
(PDN) impõem às FA obrigações de segurança, mesmo aquelas
ordinariamente destinadas aos Órgãos Policiais, situação-limite a que
pode ser levada a questão de terrorismo. A PDN expõe que, no
ambiente internacional, há atores não-estatais, novas ameaças e
manifestações de nacionalismos que permeiam as relações
internacionais, e que delitos transnacionais e o terrorismo
internacional são ameaças à paz, à segurança e à ordem democrática.
Para enfrentar os desafios desse ambiente, em particular do
terrorismo, o Estado brasileiro precisa dispor de mecanismos de
Inteligência e de Segurança, sob pena de graves riscos à paz
internacional e à própria existência. O cenário prospectivo mais
provável para 2015-2025, elaborado para fundamentar a Política
Militar de Defesa (PMD), trabalha com a probabilidade de que o
terrorismo internacional continuará ativo. Ora, a PMD prescreve que
as FA devem “contribuir com os órgãos de Segurança Pública na
prevenção e repressão de atos terroristas, quando indicado o emprego
localizado e temporário da Força Militar”. Esta atribuição implica
coordenação do MD com as FA e demais órgãos competentes no
trato do assunto, quanto à Inteligência, à Polícia Judiciária, ao
controle de atividades financeiras e à repressão à criminalidade
associadas a delitos transnacionais. (o destaque é nosso)
Dentro deste cenário, o posicionamento prospectivo do Ministério da Defesa em
relação ao terrorismo resume-se em:
- Não se descarta a possibilidade de ataques terroristas no
Brasil em função de fatores como a imprevisibilidade da ação, o
crescente protagonismo do País no cenário internacional, a presença
de representações diplomáticas e de empresas estrangeiras no País,