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JADSON JUSTI
A REPERCUSSÃO DA EQUOTERAPIA NA ESTIMULAÇÃO
DAS DIMENSÕES DA LINGUAGEM INFANTIL
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)
MESTRADO EM PSICOLOGIA
CAMPO GRANDE-MS
2009
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JADSON JUSTI
A REPERCUSSÃO DA EQUOTERAPIA NA ESTIMULAÇÃO
DAS DIMENSÕES DA LINGUAGEM INFANTIL
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Psicologia da Universidade
Católica Dom Bosco, como exigência parcial
para obtenção do título de Mestre em
Psicologia, área de concentração: Psicologia da
Saúde, sob a orientação da Profa. Dra. Heloisa
Bruna Grubits Freire.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)
MESTRADO EM PSICOLOGIA
CAMPO GRANDE-MS
2009
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Ficha Catalográfica
Justi, Jadson
J96r A repercussão da equoterapia na estimulação das dimensões da
linguagem infantil / Jadson Justi; orientação Heloisa Bruna Grubits Freire.
2009
176 f.
Dissertação (Mestrado em psicologia) – Universidade Católica Dom
Bosco. Campo Grande, 2009.
Inclui bibliografias
1. Crianças - Linguagem 2. Psicomotricidade 3. Equitação – Uso
terapêutico I. Moreno, Susana Elisa II. Título
CDD-155.4123
Bibliotecária responsável: Clélia T. Nakahata Bezerra CRB 1/757.
A dissertação apresentada por JADSON JUSTI, intitulada “A REPERCUSSÃO DA
EQUOTERAPIA NA ESTIMULAÇÃO DAS DIMENSÕES DA LINGUAGEM
INFANTIL”, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em PSICOLOGIA à
Banca Examinadora da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), foi
........................................... .
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Profa. Dra. Heloisa Bruna Grubits Freire
(orientadora/UCDB)
____________________________________________
Profa. Dra. Marilene Proença Rebello de Souza (USP)
____________________________________________
Profa. Dra. Lucy Nunes Ratier Martins (UCDB)
____________________________________________
Profa. Dra. Sonia Grubits (UCDB)
Campo Grande-MS, de de 2009.
A Deus, causa primária de todas as coisas do
universo.
Aos meus queridos docentes do Programa de
Pós-graduação em Psicologia da UCDB, pelo
qual luto para demonstrar o quanto posso
trazer benefícios para saúde através da
pesquisa científica e de atuação no
desenvolvimento humano.
A minha orientadora de dissertação, que exigiu
o máximo de mim para me tornar um grande
pesquisador.
A minha mãe, que sempre me incentivou a
seguir a carreira de pesquisador.
A minha avó, que esteve todo o tempo ao meu
lado na realização deste estudo.
A meu pai, pelo exemplo de determinação na
realização dos meus sonhos.
A meu irmão, que sempre acreditou em mim.
AGRADECIMENTOS
Estas primeiras páginas e últimas palavras escritas neste trabalho são para dedicar a
todos que colaboraram ao longo desta minha época especial de vida e de trabalho. Muito além
de palavras escritas, espero encontrar melhor forma e melhor momento para dizer-lhes o
quanto estou agradecido e o quanto sinto que, a todos, devo imensa gratidão.
A conclusão do Mestrado em Psicologia foi para mim um grande desafio que superei e
desenvolvi em prol do estudo e da pesquisa. Durante minha caminhada nesses anos, o auxílio
de algumas pessoas foi essencial e de grande relevância para a realização deste estudo.
Primeiramente, agradeço a Deus que me honrou com a vida, moldou meu caráter,
concedendo a oportunidade de vivenciar neste mundo sonhos e decepções, para que pudesse
compreender melhor a própria existência humana. Guarneou em mim tristezas e alegrias,
pousando sobre meus ombros vitórias e derrotas, fortalecendo-me mediante todas as
fraquezas. Meu mais cotejado e lisonjeiro obrigado, principalmente pela chance de ser um
instrumento de Sua magnificência, sobretudo pelas palavras de minha vida, as então ditas na
boca do profeta, os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como
águias; correrão, e não se cansarão; andarão, e não se fatigarão (Isaías 40:31).
À Profª. Drª. Heloisa Bruna Grubits Freire, orientadora querida, pela abertura de
espírito revelada desde a primeira ideia da realização deste estudo, acolhendo-me, auxiliando-
me no desenvolvimento da abordagem temática acondicionada; pela disponibilidade revelada
ao decorrer deste trabalho; e, principalmente, pelas críticas e sugestões fundamentalmente
relevantes durante a concretização das orientações. Uma amiga com quem, por longínquos
tempos, interagi e que me trouxe experiências e amadurecimento científico.
A Profª. Drª. Sonia Grubits, Coordenadora do Programa de Mestrado da Universidade
Católica Dom Bosco, por sempre acreditar na conclusão deste trabalho e aceitar em participar
da banca examinadora; por sempre ter se prontificado a auxiliar e criticar positivamente para
uma melhor qualidade desta pesquisa.
Não poderia deixar de registrar e destacar os meus sinceros agradecimentos à Profª.
Drª. Lucy Nunes Ratier Martins, da Universidade Católica Dom Bosco, e à Profª. Drª.
Marilene Proença Rebello de Souza, da Universidade de São Paulo, por me honrarem com o
aceite em participação da banca examinadora e contribuírem diretamente para o meu
aperfeiçoamento profissional.
À Coordenação das Clínicas Escola da Universidade Católica Dom Bosco, pelo
auxílio e presteza na concessão da realização desta pesquisa e pela permissão para realizar
este estudo no setor de linguagem.
A todos os professores, funcionários e alunos do Programa de Mestrado em Psicologia
da Universidade Católica Dom Bosco, e a todos aqueles que, direta ou indiretamente,
contribuíram com o desenvolver desta dissertação, dando-me força, incentivo e
principalmente acreditando ser possível trabalhar com saúde em linguagem, no Programa de
Equoterapia da UCDB.
À Universidade Católica Dom Bosco, na pessoa do Magnífico Reitor, Pe. José
Marinoni, do Pe. Dr. Gildásio Mendes (Pró-Reitor Acadêmico) e Ir. Raffaele Lochi (Pró-
Reitor Administrativo), pessoas de caráter ilibado, de uma ternura e apreço desmedido, que
sempre me possibilitaram evoluir não apenas como pessoa, mas também como profissional, e
me permitiram a conclusão deste curso de mestrado.
À Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado
de Mato Grosso do Sul, pelo apoio financeiro proporcionado por meio de bolsa de estudo,
destinado ao progresso da ciência e da pesquisa para profissionais de dedicação exclusiva a
estudos.
Especialmente, a minha mãe Marilene Justi e minha avó Cleides Freitas da Silva,
exemplos de coragem, amor, determinação, retidão e perseverança, pelo constante e abnegado
incentivo, sempre indicando a direção a ser tomada nos momentos de maior dificuldade;
sempre interessadas em participar de minhas inquietações; sempre prontas, atentas e
dedicadas; agradeço a presença constante em minha jornada, todo o carinho, sobretudo nos
momentos de maior aflição e sobrecarga, e, principalmente, pela reiterada confiança, mais
uma vez depositada, no meu trabalho de dissertação.
Ao meu pai, Sidnei Justi, um exemplo de amor, compreensão e companheirismo,
sempre confiante em meus sonhos, por me ensinar a acreditar que é possível realizá-los
mesmo que tortuosos, além de me mostrar que trabalho árduo, perseverança e honestidade são
as ferramentas ideais para alcançarmos nossas metas.
Ao meu irmão, Jamson Justi, e a sua esposa, Profª. M.Sc. Edrilene Barbosa Lima Justi,
dois presentes com que fui contemplado, muito mais que carne e sangue, pois, sabendo da
importância de meus objetivos, agraciaram-me com gestos de carinho, amor, compreensão e
incentivo para que nunca desistisse de meus ideais, por mais difícil e improvável que possam
aparentar, consolidando partes deste sonho, pois um sonho que se sonha só, é apenas um
sonho; um sonho que se sonha junto, é realidade.
Às minhas colegas e amigas do mestrado, Profª. Eloisa Aguiar Torres da Silveira e
Profª. Lídia de Souza Rocha Santos, pela excelente relação pessoal que criamos e pelos
insuperáveis momentos de dedicação e apreço direcionados ao desenvolvimento científico
multiprofissional. Verdadeiros tesouros que conquistei ao longo desta jornada. Nada seria
belo o bastante, se não houvesse pessoas como vocês para compartilhar o florescer de minha
conquista. Para completar, emociono-me quando Sêneca reconhece que: “Os verdadeiros
amigos são aqueles que nos tornam melhores do que somos”. E eu me curvo diante de tão
lúcida declaração, porque grande parte do que sou devo ao compartilhar constante e abnegado
dos amigos, que se colocaram ao meu lado, na minha árdua e veloz ânsia de caminhar.
Aos participantes desta pesquisa por terem oferecido a oportunidade da realização
deste estudo em prol do desenvolvimento em saúde e também pela confiança e disposição em
participar de todas as etapas propostas.
Jamais poderia deixar de externar meus lídimos agradecimentos pela oportunidade de
contar com animais queridos, em cujo dorso as crianças participantes deste estudo puderam
cavalgar em clima de segurança, tranquilidade, confiança, e meu profundo respeito ao
trabalho de equoterapia desenvolvido no Campus Lagoa da Cruz da Universidade Católica
Dom Bosco.
A todos, muito obrigado!
RESUMO
Introdução: A Equoterapia é um método terapêutico que apresenta o cavalo como principal
instrumento para habilitação e reabilitação em saúde e educação, utilizando-se de técnicas de
equitação para a reeducação motora e mental, atuando em âmbito terapêutico para superar ou
minimizar danos sensoriais, motores, cognitivos e comportamentais de seus praticantes. A
teoria da comunicação e o desenvolvimento humano em saúde podem ser sistematizados e
integrados de uma maneira metódica e, ao mesmo tempo, prática no cotidiano equoterápico.
A linguagem humana é o desenvolvimento conquistado ao longo da evolução dos seres
humanos, o qual permite a percepção de ações, comunicação, interação uns com os outros, a
aprendizagem de novos assuntos, o pensar e armazenar informações na mente. Objetivo:
Estimular processos dimensionais da Linguagem na associação de dois procedimentos
terapêuticos, Equoterapia e terapia fonoaudiológica, para crianças diagnosticadas com Atraso
de Linguagem. Casuística e método: Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso de
cunho hipotético-dedutivo sobre o atendimento equoterapêutico com crianças que apresentam
diagnóstico de Atraso de Linguagem. Utiliza-se de medidas de avaliação pré e pós-
intervenção equoterápica. O estudo foi realizado em dois locais: Clínica Escola da
Universidade Católica Dom Bosco, onde aconteceram as avaliações de linguagem pré e pós-
intervenção equoterápica, e no Instituto São Vicente, onde funciona o Programa de
Equoterapia. O material utilizado pré e pós-intervenção foi o protocolo de avaliação de
linguagem. Para coleta de dados, utilizou-se, durante as terapias, a ficha diária do Programa
de Equoterapia da Universidade Católica Dom Bosco. Participaram desta pesquisa duas
crianças do sexo masculino, ambas com idade de oito anos. Resultados: A avaliação pré-
intervenção terapêutica constatou prejuízos sintáticos, semânticos e pragmáticos dos
integrantes. Os dados coletados pós-intervenção demonstraram melhoras para os participantes
nas três dimensões estudadas. Os participantes deste estudo obtiveram crescente número de
palavras emitidas espontaneamente durante as terapias. Houve desenvolvimento em aspectos
psicomotores, perceptuais, cognitivos e de desenvolvimento verbal. Conclusão: A terapia
concomitante de linguagem e equoterapia pode ser satisfatória para a melhora da patologia de
Atraso de Linguagem. Ressalta-se que as melhoras na gama de itens avaliativos de linguagem
também foram promovidas por aspectos psicomotriciais proporcionados pela Equoterapia
para os dois casos estudados.
Palavras-chave: Equoterapia. Atraso de Linguagem. Fonoaudiologia.
ABSTRACT
Introduction: Equine therapy is a therapeutic method that uses horses as the main instrument
for habilitation and rehabilitation in the fields of health and education. By employing
horseback riding techniques to promote motor and mental re-education, the equine therapy is
used as a therapy to overcome or reduce sensory, motor, cognitive and behavioral
impairments. The communication theory and the human development in health can be
systematized and integrated in a methodic and practical manner into the equine therapy
practice. Human language is the development achieved throughout the evolution of human
beings, which makes people able to perceive actions, communicate, interact among
themselves, learn new subjects, think and store information in their minds. Objective: To
stimulate Language dimensional processes by associating two therapeutic procedures, namely
equine therapy and speech therapy, in the treatment of children diagnosed with Language
delay. Patients and method: This is a case study about the equine therapeutic care of
children with diagnosis of Language delay. The hypothetical-deductive method was used to
perform this research. Assessment measures were used before and after the equine therapeutic
intervention. This study was carried out in two different institutions: the Teaching Clinic of
Universidade Católica Dom Bosco, where the language evaluations were performed before
and after the equine therapeutic intervention, and Instituto São Vicente, where the Equine
Therapy Program is conducted. The language evaluation protocol constituted the material
used before and after intervention. For data collection, a daily report of the Programa de
Equoterapia da Universidade Católica Dom Bosco was filled out during therapy sessions.
Two male children, both aged 8 years old, participated in this study. Results: The assessment
carried out before the therapeutic intervention detected syntactic, semantic and pragmatic
impairments. Data collected after intervention demonstrated improvement in the three
dimensions studied. The participants acquired an increased number of words spontaneously
spoken during the therapeutic sessions. There was development regarding psychomotor,
perceptual, cognitive and verbal development aspects. Conclusion: The concomitant use of
language therapy and equine therapy can be satisfactory to improve the pathology of
Language delay. It is noteworthy that the improvements in the language items assessed in this
study were also promoted by psychomotor aspects provided by the equine therapy in both
cases.
Keywords: Equine Therapy. Language delay. Speech therapy.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Evolução verbal da quantidade de palavras verbalizadas
espontaneamente pelos participantes da pesquisa durante as sessões
terapêuticas. .................................................................................................... 114
FIGURA 2 - Participante Ax – ditado produzido pré-intervenção fonoaudiológica e
equoterápica. ................................................................................................... 151
FIGURA 3 - Participante Ax – ditado produzido pós-intervenção fonoaudiológica e
equoterápica. ................................................................................................... 151
FIGURA 4 - Participante Bx – ditado produzido pré-intervenção fonoaudiológica e
equoterápica. ................................................................................................... 152
FIGURA 5 - Participante Bx – ditado produzido pós-intervenção fonoaudiológica e
equoterápica. ................................................................................................... 152
FIGURA 6 - Participante Ax – desenho produzido pré-intervenção fonoaudiológica
e equoterápica. ................................................................................................ 153
FIGURA 7 - Participante Ax – desenho produzido pós-intervenção fonoaudiológica
e equoterápica. ................................................................................................ 153
FIGURA 8 - Participante Bx – desenho produzido pré-intervenção fonoaudiológica
e equoterápica. ................................................................................................ 154
FIGURA 9 - Participante Bx – desenho produzido pós-intervenção fonoaudiológica
e equoterápica. ................................................................................................ 154
FIGURA 10 - Participante Ax – foto ilustrativa.................................................................... 155
FIGURA 11 - Participante Bx – foto ilustrativa.................................................................... 155
LISTA DE SIGLAS
A.S. Assistência Social
ANDE Associação Nacional de Desporto para Deficientes
ANDE-Brasil Associação Nacional de Equoterapia
ANIRE Associazione Nazionale Italiana di Riabilitazione Eqestre
CEF Clínica Escola de Fonoaudiologia
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CFFª Conselho Federal de Fonoaudiologia
CFM Conselho Federal de Medicina
CFP Conselho Federal de Psicologia
CNS Conselho Nacional de Saúde
CONEP Comissão Nacional de Ética em pesquisa
CONFIAS Consciência Fonológica Instrumento de Avaliação Sequencial
DEL Desvio Específico de Linguagem
EUA Estados Unidos da América
FRDI Federation Riding Disabled International
HPQ História Pregressa da Queixa
INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial
LGG Linguagem
PROEQUO-UCDB Programa de Equoterapia da Universidade Católica Dom Bosco
SNC Sistema Nervoso Central
SUS Sistema Único de Saúde
TDAHI Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e impulsividade
UCDB Universidade Católica Dom Bosco
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................3
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 8
2.1 LINGUAGEM ................................................................................................................9
2.1.1 Conceito............................................................................................................... 9
2.1.2 A influência do meio na aquisição da linguagem.............................................. 12
2.1.3 Desenvolvimento normativo e patológico......................................................... 14
2.1.4 Relação verbal-escrita ....................................................................................... 25
2.1.5 Aquisição fonológica......................................................................................... 27
2.1.6 Neurofisiologia da linguagem ...........................................................................31
2.1.7 Considerações sobre cognição...........................................................................34
2.1.8 Dimensão semântica.......................................................................................... 37
2.1.9 Dimensão pragmática........................................................................................ 38
2.1.10 Dimensão sintática ............................................................................................ 40
2.2 EQUOTERAPIA .......................................................................................................... 41
2.2.1 História da prática equestre ............................................................................... 41
2.2.2 Conceito e objetivos .......................................................................................... 44
2.2.3 O cavalo como instrumento cinesioterapêutico................................................. 46
2.2.4 Psicomotricidade e benefícios equoterápicos....................................................50
2.2.5 Indicações e contra-indicações..........................................................................55
2.2.6 Área de aplicação e a equipe de Equoterapia.................................................... 57
2.2.7 Relação entre equitação terapêutica e linguagem.............................................. 57
3 OBJETIVOS....................................................................................................................... 59
3.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................................... 60
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 60
4 METODOLOGIA.............................................................................................................. 61
4.1 LOCAL ......................................................................................................................... 62
4.2 PARTICIPANTES........................................................................................................ 63
4.3 RECURSOS HUMANOS, MATERIAIS E EQUOTERÁPICOS ............................... 64
4.3.1 Recursos humanos.............................................................................................. 64
4.3.2 Recursos materiais e equoterápicos.................................................................... 65
4.4 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ........................................................................ 66
4.4.1 Protocolo de avaliação de linguagem................................................................. 66
4.4.2 Protocolo de anamnese....................................................................................... 67
4.4.3 Ficha diária do PROEQUO-UCDB.................................................................... 67
4.4.4 Avaliação audiológica........................................................................................ 68
4.5 PROCEDIMENTOS..................................................................................................... 68
4.6 REGISTRO E ANÁLISE DOS DADOS .....................................................................71
4.7 ASPECTOS ÉTICOS ...................................................................................................71
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................73
5.1 ANAMNESES.............................................................................................................. 74
5.2 COMPARATIVO DOS RESULTADOS OBTIDOS PRÉ E PÓS-
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA E EQUOTERÁPICA............................... 77
5.3 RESULTADOS OBTIDOS POR MEIO DO PROTOCOLO AVALIATIVO
DE LINGUAGEM PRÉ E PÓS-INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA E
EQUOTERÁPICA........................................................................................................80
5.4 RELATO DAS SESSÕES.......................................................................................... 101
5.5 FIGURA DEMONSTRATIVA DE EVOLUÇÃO VERBAL.................................... 114
6 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 116
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 120
APÊNDICES.........................................................................................................................137
ANEXOS ............................................................................................................................... 169
3
1 INTRODUÇÃO
4
O interesse pelo presente tema surgiu há alguns anos com a realização do estágio
proporcionado pelo Programa de Equoterapia da Universidade Católica Dom Bosco
(PROEQUO-UCDB). Este estágio é estendido a todos os acadêmicos da área da saúde. Desde
o primeiro semestre de graduação, o autor desta investigação teve contato com cavalos, bem
como com a terapêutica desenvolvida. Por vários anos durante a formação acadêmica em
Fonoaudiologia, teve a oportunidade de conhecer a Equoterapia, um método que utiliza o
cavalo em seus atendimentos e com o qual se identificou. Desde essa época, percebeu-se que
as estimulações realizadas na área de Linguagem (LGG) não eram profundamente estudadas e
exploradas pelo meio científico nas diversas atividades realizadas durante a montaria, razão
pela qual ao autor interessou aprofundar-se no assunto.
O PROEQUO-UCDB, local onde se desenvolveu este estudo, foi o primeiro Centro de
Equitação terapêutica do Brasil dentro de uma Universidade, teve sua inauguração em 1999 e
atualmente é conveniado à Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-Brasil), desde 2000.
Esse programa atende dezenas de crianças e adolescentes por ano, com a colaboração dos
acadêmicos dos cursos de Psicologia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia
(equipe multiprofissional em saúde), sob orientação e supervisão de uma Psicóloga e
Professora de Equitação, de um Fisioterapeuta e de uma Terapeuta Ocupacional.
A Equoterapia é um método educacional de habilitação e reabilitação humana,
utilizado em diversos quadros patológicos e funcionais, e tem o cavalo como eixo principal
dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação,
buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência e/ou com
necessidades especiais (FREIRE, H., 1999). Também é vista como uma atividade de padrão
físico ativo que apresenta uma intensa ligação com o cavalo e exige, de uma forma direta, o
policiamento da posição corporal para maior flexibilidade, conscientização do corpo e do
movimento (RODRIGUES, 2000).
A montaria é uma atividade de estimulação com a qual se obtém resultados múltiplos
na área psicológica, orgânica, postural entre outras. Nesta última abordagem, o sentido é de
interação e desinibição com o meio. Nos últimos anos, um grande fluxo de pessoas
acometidas com diversas patologias neurológicas e funcionais foi submetido à Equoterapia.
Na literatura atual, muito se comenta sobre a eficácia dessa terapia e seus aspectos
interdisciplinares. Em Equoterapia, um conjunto de profissionais trabalha de forma integrada
para a melhora das dificuldades apresentadas por seus praticantes. Essa integração, muitas
5
vezes, não é observada em outros programas terapêuticos. Assim pensa-se que, além da
interação com o cavalo, dos avanços alcançados pelos praticantes, essa intervenção também é
facilitada e auxiliada pelo relacionamento com profissionais. No entanto existe muito pouco
embasamento teórico sobre aspectos referentes à LGG humana desenvolvida
concomitantemente com o tratamento em Equoterapia. A literatura descreve sobre as
estimulações referentes às sensações produzidas pelo cavalo por intermédio da propriocepção.
A intensidade das sensações e das emoções provocadas pela interação com o cavalo
conduz o indivíduo a uma relação melhor com os que o cercam. Em terapia a cavalo, a
confiança que é obtida, permite acelerar o processo de desenvolvimento de potencialidades
diversas, responsável pela integração social e pessoal do portador de deficiências ou
dificuldades (FREIRE, H., 1999).
O tratamento terapêutico utilizando cavalos é de grande valia na melhora da qualidade
de vida (RIBEIRO, 2003). A Equoterapia proporciona estimulação direta dos órgãos da
audição, visão e tato (propriocepção). Percebe-se, em terapia a cavalo, que os sentidos
humanos são diretamente ativados durante atividades, e que a LGG humana é adquirida e
desenvolvida por intermédio dos sentidos humanos, suscitando uma possibilidade de
estimulação terapêutica para pessoas com patologias de LGG.
A LGG é o desenvolvimento que favorece a comunicação por intermédio de seus
aspectos de percepção sensório-motora, aquisição e desenvolvimento das funções
psicomotoras, aprimoramento das habilidades comunicativas e coordenação
pneumofonoarticulatória. O desenvolvimento linguístico é de extrema importância para o
crescimento da criança, pois subsidia o eficaz entendimento e interpretação do mundo que o
cerca. O seu desenvolvimento se dá pelas vias de aferência dos cinco sentidos humanos:
visão, audição, gustação, olfato e tato, além do contato com outras pessoas e com o meio.
A LGG é considerada uma forma de expressão de grande importância para a
comunicação dos seres humanos, porque torna possível a manifestação do pensar, por meio de
códigos linguísticos (ZORZI, 1994). É através do desenvolvimento da LGG que se constitui a
comunicação e a interação entre indivíduos. O ser humano possui uma atividade nervosa
complexa que permite a comunicação oral e escrita de seu estado psíquico pela materialização
de signos multimodais que simbolizam esses estados de acordo com uma convenção inerente
a uma comunidade linguística (ZORZI, 1994).
6
O Atraso de LGG é uma deficiência no processo evolutivo de decodificação
(entendimento) e ou na expressão (verbal, gestual e escrita) da informação. Suas
consequências trazem complicações diversas no sentido semântico (significado das palavras,
frases, textos), sintático (construção das palavras por meio da combinação de unidades),
pragmático (produção da fala, habilidades conversacionais, fluência) e de alterações
relacionadas à interpretação (contextos sociais).
A organização linguística (bagagem de informações mentais de sons e formas de se
comunicar) apresenta-se em caráter sistemático, ou seja, de forma gradual (por intermédio do
aprendizado), daí a noção do sistema linguístico ou mesmo de LGG; no entanto não é
suficiente para garantir a interpretação do que é dito. O trabalho interpretativo depende de
dois fatores inter-relacionados. Por um lado, de um domínio de interpretação que dá sentido
ao que é dito, pois nele se estabelecem as medidas das pessoas e das coisas, no tempo e no
espaço, dos processos e acontecimentos, do que pode e não pode ser dito; e, por outro lado,
das condições contextuais e sociais de um determinado enunciado, regras que regulamentam a
expressividade da LGG e que são sociais e partilhadas por uma determinada cultura (LURIA,
1987). O ato de se comunicar significa, etimologicamente, “pôr em comum”. Pode-se
entender que a comunicação simplificadamente está relacionada com troca de uma mensagem
entre um emissor e um receptor.
A teoria da comunicação e o desenvolvimento humano em saúde podem ser
sistematizados e integrados de uma maneira metódica e, ao mesmo tempo, prática no
cotidiano equoterápico. A partir do exposto, objetiva-se com este estudo estimular processos
dimensionais da LGG na associação de dois procedimentos terapêuticos, Equoterapia e
terapia fonoaudiológica, para crianças diagnosticadas com Atraso de LGG; caracterizar os
aspectos sociodemográficos, familiares e os diagnósticos dos participantes; avaliar a LGG pré
e pós-intervenção equoterápica e fonoaudiológica para identificar possíveis alterações;
verificar se houve evolução no repertório verbal durante as sessões terapêuticas; identificar
possíveis mudanças na LGG no sentido pragmático, sintático e semântico dos participantes
submetidos à terapia; avaliar possíveis benefícios psicomotriciais dos participantes durante as
sessões de Equoterapia e, após a intervenção em quatro meses de terapia a cavalo, por meio
do protocolo de avaliação de LGG.
Para tanto, no capítulo 2 será apresentado o referencial teórico em relação à LGG,
dividido didaticamente em dez partes: conceito, influência do meio na aquisição da LGG,
7
desenvolvimento normativo e patológico, relação verbal-escrita, aquisição fonológica,
neurofisiologia da linguagem, considerações sobre cognição, dimensão semântica, dimensão
pragmática e dimensão sintática. Ainda no mesmo capítulo, será apresentado o referencial
teórico sobre Equoterapia, didaticamente dividido em sete partes: história da prática equestre,
conceito e objetivos, o cavalo como instrumento cinesioterapêutico, psicomotricidade e
benefícios equoterápicos, indicações e contraindicações, a área de aplicação e a equipe de
Equoterapia, relação entre equitação terapêutica e LGG.
O capítulo 3 contém os objetivos gerais e específicos do estudo, e o capítulo 4
apresenta dados referente ao local da pesquisa, esclarece sobre a seleção dos participantes,
sobre os recursos utilizados e instrumentos de avaliação durante a execução da pesquisa. Esta
parte é concluída com esclarecimentos sobre procedimentos realizados, ilustração dos dados e
aspectos éticos.
No capítulo 5, apresentam-se as anamneses, os resultados junto com a discussão, o
relato das sessões terapêuticas e o quadro demonstrativo de evolução verbal e, finalmente no
capítulo 6, desenvolvem-se as conclusões e as considerações finais.
8
2 REFERENCIAL TEÓRICO
9
2.1 LINGUAGEM
2.1.1 Conceito
A LGG como forma de comunicação tem sido amplamente estudada em sua aquisição,
desenvolvimento e disfunções. Desde o princípio da humanidade, o homem utiliza-se de
formas gestuais, sons e outras formas de comunicação para expressar suas vontades, chegando
a desenvolver uma LGG altamente elaborada e rica em bagagem lexical, que hoje se constitui
a forma mais importante de interação entre os seres humanos (SANTAELLA, 2000). A LGG
é um conjunto de mecanismos intimamente ligado ao cognitivo e inseparável desde a
concepção intrauterina, no qual se considera um sistema de comunicação contendo diferentes
elementos, relativo à fonologia ou à estrutura do estímulo as quais são padrões linguísticos
(LANGACKER, 1977). É uma função inata que permite ao ser humano a simbolização do seu
pensamento e a decodificação do pensamento do outro (CORRÊA, 1997; CUPPELO, 1993).
Trata-se do aspecto mais relevante do desenvolvimento humano e fundamental para a
comunicação e interação social. Também é a LGG um canal de transmissão de informações
complexas de uma pessoa a outra, permitindo, ainda, a organização de experiências diárias,
integração e o aprendizado (GONÇALVES, 2005; FARACO, 2003). Ela possibilita a
integração do ser à sociedade e a expressão de seus pensamentos e de suas ações conscientes.
Desenvolvê-la é causa primária para o estabelecimento de relações sociais entre homens. É
através do domínio da LGG que o homem participa de forma ativa do mundo em que vive,
não ficando excluso frente às mudanças que ocorrem no meio social (JAKOBSON, 1995;
RECTOR; YUNES, 1980).
A LGG é conceitualizada como um complexo sistema de códigos que designam
objetos, características, ações e reações, um conjunto cuja função é codificar e decodificar
informação; é um sistema formado a partir das funções biológicas e fatores externos no qual a
palavra é a estrutura mais importante para que se possa designar o conceito de LGG. É a partir
da palavra que se chega a uma concordância conceitual de estruturação mental do conjunto de
mecanismos e ações que determina o sistema linguístico. Em um sentido ontogênico, a LGG é
em certa medida um avanço simpragmático da elaboração de um sistema desenvolvimental
complexo (LURIA, 1987). Segundo Morato e Koch (2003) e Gerber (1993), é um processo de
construção e necessita ser compreendido além dos mecanismos de fala. Faz-se necessária
10
também a compreensão de que ela se encontra ligada a aspectos de ordem psicológica,
linguística, histórica, política, entre outras. De acordo com Junqué, Bruna e Mataró (2001),
Fernandes, F. (1998) e Chapman (1996), a LGG caracteriza-se como instrumento que permite
categorizar, associar e sintetizar as informações em processo de geratividade do conhecimento
linguístico do mundo e de seu tempo. Consideram-na um sistema de comunicação natural,
humano, corporal, gestual e com reações internas características de cada ser.
A LGG não é apenas instrumento do pensamento, é também um meio que facilita e
aprimora a comunicação humana em seus sentidos diversos. É uma função desenvolvida e
relacionada com aspectos sociais e culturais. É o resultado de um longo desenvolvimento,
cujo processo separou-se do contexto simpráxico, transformando-se em um meio autônomo
de códigos (ZORZI, 1993; LURIA, 1987). Ela também é vista como processo encadeado de
imagens simbólicas, codificadas em palavras, que desfilam, sem interrupções, na mente
humana. É um instrumento que busca um equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, e
ainda assim pode conter traços do simbolismo lúdico ou da imitação (ZORZI, 1994;
VYGOTSKY, 1989).
Vista como um código de comunicações, a LGG consiste no uso de sinais, signos e
símbolos escolhidos para representar a interação, determinados por regras cognitivas
dependentes das funções cerebrais (MILLOY, 1997; LAUNAY; BOREL-MAISONNY,
1989). A LGG é composta por produções de sons e arranjos em sequência ordenada para
formar a palavras (junção de letras e sílabas). Utiliza as palavras (fala) em sequência ou séries
para expressar pensamentos, intenções, experiências e sentimentos (MARTINET, 1979).
Composta por componentes fonológicos, morfológicos e semânticos, ela formula dessa forma
uma estrutura simbólica vocal ou gráfica de ideias, de acordo com regras gramaticais para a
comunicação. Resulta da combinação entre dois elementos, conjunto de símbolos (códigos) e
um conjunto de procedimentos (regras), utilizados de forma coerente e coesa (NICOLA;
COZZI, 2004; VAN RIPE; EMERICK, 1997; NICOLOSI, HARRYMAN; KRESHECK,
1996).
A LGG é um sistema de princípios e regras que permite acontecer as informações
entre indivíduos: uma pessoa que codifique a mensagem e outra que decodifique o significado
proposto para o entendimento de ambos os lados. Permite relação entre a forma, o conteúdo e
o uso que englobam a gramática em um processo de inter-relação mútua (SOUZA, L., 2000;
BLOOM; LAHEY, 1978). A verbalização é uma forma privilegiada de comunicação pela
11
flexibilidade e capacidade geradora de comportamentos; outras formas de comunicação, como
a LGG brasileira de sinais, as expressões faciais e os gestos corporais não oferecem essa
flexibilidade (LURIA, 1987).
Muitas são as definições propostas para a descrição de LGG, e há muita convergência
quanto às comparações (POSSENTI, 1998). Sendo assim, ela constitui um sistema de ordem
cognitiva superior por meio do qual é possível o armazenamento das informações. Esta
estocagem de conteúdo mental só tem sentido quando destinada à comunicação. Esse
processo é dependente da codificação e decodificação das informações cerebrais
(BHATNAGAR, 2004; RUGG, 2000). A ausência da dimensão comunicativa torna
desnecessária a aprendizagem de termos verbais, cabendo apenas a forma de armazenamento
das experiências diárias (PENNA, 1999). É o principal meio e grande facilitador da
comunicação dos pensamentos. A LGG se traduz pela verbalização e pela organização mental
das ideias. Toda sociedade humana apresenta uma LGG cultural a qual não pode ser
comparada com a linguagem estabelecida entre o biológico e o meio social (BAKHTIN,
2004; SOUZA, S., 1997).
Observa-se também que a LGG não pode ser definida apenas como um sistema de
signos, pois envolve toda uma visão generalista em saúde comunicativa. É um complexo
processo elaborado pela evolução humana, exclusivo do homem (CHOMSKY, 1998).
Adquirir uma língua, portanto, não significa apenas adquirir um sistema de sinais para efeito
de se consumarem atos de comunicação. A LGG envolve a participação e a interação direta de
muitos componentes: fonologia (estudo dos sons), semântica (conteúdo e relações entre os
sinais e os seus referentes), morfologia (estrutura e classe das palavras) sintaxe (estruturação
entre palavras e ideias; as regras e a relação mantida entre os sinais) e pragmática (uso e
relações entre os sinais e as mensagens verbais e não-verbais). A aquisição e o
desenvolvimento desses componentes estão relacionados a capacidades internas do ser
humano e também a seu ambiente, que deve ser rico em estímulos e possibilitar diversas
experiências linguísticas. Qualquer comprometimento em um ou mais desses componentes
pode prejudicar o desenvolvimento da LGG infantil. (MORATO, 1996).
A conceitualização de comunicação e de LGG são distintas, vários elementos estão
envolvidos, sendo a efetividade comunicativa estabelecida na relação falante-ouvinte,
levando-se em conta tanto a verbalização do emissor, quanto a emissão verbal do receptor e as
trocas de papéis entre eles (POSSENTI, 1998; BAMFORD; SAUNDERS, 1991). A aquisição
12
de LGG é estabelecida entre estímulos e respostas, e o indivíduo tem a possibilidade de imitar
o que o meio lhe apresenta (GIBSON, 1974). A exposição da criança ao meio faz com que ela
desenvolva suas potencialidades funcionais por meio da imitação e do esforço em tentar
repeti-las múltiplas vezes (FARIA, 1997; LURIA et al., 1991).
Traduz-se ainda pelo comportamento funcional, multicausal, que é adquirido e
desenvolvido pelos efeitos do meio ambiente sobre as ações da criança ao meio e vice-versa
(CHALANGUIER, 1974; HAYAKAWA, 1972). A boa relação entre os aspectos biológicos e
o meio ambiente permite o seu desenvolvimento, bem como, o de suas dimensões. Nesse
sentido, o meio pode gerar consequências positivas ou negativas, aspecto que será abordado
com mais detalhes no item a seguir.
2.1.2 A influência do meio na aquisição da linguagem
Não só o ambiente influencia o desenvolvimento, mas as capacidades adquiridas
também refletem o meio. Muitas diferenças na capacidade linguística (bagagem de
informações mentais de sons e formas de se comunicar) que aparecem ao final do segundo
ano de vida podem ser consequência do que a criança ouve, sente e vê. A LGG, muitas vezes,
é vista como ato social que requer prática: quanto mais a família e outros adultos conversarem
com os bebês, mais cedo eles poderão obter melhores capacidades comunicacionais. Ao
interagirem verbalmente com os bebês, os adultos mostram como usar novas palavras,
estruturar expressões e estabelecer compromisso de fala (CHOMSKY, 2006; FERRARA;
FERRARA, 1986). Níveis socioculturais precários podem desencadear na criança formas de
comunicação linguística pobres e atrasadas devido ao feedback distorcido. Algumas vezes, o
ambiente familiar é pouco estimulante, e, mesmo que o nível sociocultural seja satisfatório
para um bom desenvolvimento, pode não haver melhoras (BORGES; SALOMÃO, 2003;
AZEVEDO; PEREIRA, 1997).
Crianças educadas em ambiente onde existe desvantagem sociocultural apresentam
maior probabilidade de sofrerem algum grau de alteração na LGG. Outro aspecto relevante
para sua estimulação é considerar os modelos linguísticos recebidos, muitas vezes
inadequados e impróprios (PAPALIA; OLDS, 2000). O meio em que há escassez ou exagero
de estímulos linguísticos, construções gramaticais errôneas e articulações muito infantis ou
por demais elaboradas, não favorece o desenvolvimento infantil (KOCH, 1984). Crianças de
13
grupos socioeconômicos inferiores têm, em grande parte das vezes, desempenho mais baixo
em testes de LGG em comparação a grupos de classe média. Circunstâncias de pobreza
acentuada ou uma combinação de fatores adversos podem minimizar, em crianças, efeitos
positivos linguísticos já adquiridos, porém é preciso cautela ao se associar o desenvolvimento
insatisfatório ao status socioeconômico. Mesmo quando a desvantagem pareça ser a causa
primária, tal fato é insuficiente para explanar as diferentes variações que podem ocorrer
durante a aquisição de LGG (BISHOP; MOGFORD, 2002; SANDERS; FREEMAN, 1998).
Pais de crianças com deficiência linguística mostram-se mais críticos e menos
persistentes nas atividades diárias com seus filhos do que pais de crianças sem problemas de
LGG. Observa-se também que a interação das mães com as crianças nem sempre ocorre de
forma eficiente. Algumas mães mencionam que, diante da falta de respostas aos estímulos
produzidos, sentem-se irritadas e apáticas à situação (FROMKIN; RODMAN, 1993;
MARCUSCHI, 1986). Em parte, há possibilidade de os pais serem causadores do
comportamento de seus filhos, bem como de suas vontades e transtornos em LGG. A pouca
responsabilidade sobre educação de filhos também pode influenciar negativamente a
comunicação e a fala da criança (CONNEL; STONE, 1992). No meio familiar, costumam
existir expectativas altas dos adultos em relação às habilidades gerais da criança, resultando
na utilização de um nível de LGG inadequado para com ela (DOLTO, 2002; CUPPELO,
1993). O atraso e/ou a falta de experiências sociais familiares estão associados a alterações de
LGG e podem resultar negativamente nas representações do desenvolvimento infantil sobre
objetos, eventos e cenários, afetando assim a compreensão, a aquisição e o uso da LGG. As
alterações podem ter frequência, variedades e intensidades diferentes de acordo com as
alterações sociais e biológicas do indivíduo.
A presença de mães superprotetoras, que não deixam seus filhos terem as frustrações
normais do dia-a-dia, pode acarretar transtornos afetivos e linguísticos (PINKER, 2002).
Bebês hospitalizados por um grande período têm grande probabilidade de apresentarem
quadros de atraso em aquisição, desenvolvimento e abrangência da LGG, porque a
estimulação eficiente é realizada mediante modelos, em ambientes que produzam interesse e
curiosidade. Ações como trocar uma fralda e, ao mesmo tempo, manter um diálogo podem
trazer grandes benefícios nas abrangências linguísticas (LAPIERRE; LAPIERRE, 2002). Os
modelos de comunicação verbal fornecidos pelo meio influenciam com sua quantidade e com
as emoções transmitidas e vividas pela criança (SABOYA; REICH, 2001; AUROUX, 1998;
ARIÉS, 1981; PIAGET, 1975). Quanto mais receptiva se apresenta aos estímulos familiares e
14
ambientais, menos desinteresse a criança provocará nos adultos. Por outro lado, crianças cujas
vocalizações são ignoradas ou mesmo reprimidas dificilmente aumentarão e diversificarão
suas emissões (POTTER; WETHERELL, 2002; DUCROT, 1972).
Existem três variáveis ambientais imprescindíveis para se estimular o
desenvolvimento da fala: a) uma ligação positiva, sob o ponto de vista emocional, com um
tutor que incentive as iniciativas de comunicação da criança; b) pelo menos um modelo de
fala (uma pessoa) que utilize padrões de LGG simples, porém bem articulados e claros; e c)
oportunidades para exploração e variação das experiências cotidianas que estimulem
necessidades verbais (WINNICOTT, 1983). As situações de interação estimulam o
conhecimento, estabelecendo condições que propiciam a aprendizagem, o diálogo e a
estimulação (JARDIM, 2002). A LGG apresenta forte relação com o cognitivo e o
desenvolvimento mental, refletindo o nível de raciocínio e conhecimento adquirido pela
criança. E, assim como as demais formas de conhecimento, apresenta um processo de
construção desde o momento em que a criança vem ao mundo, passando por diversas
modificações de sensação experimental empírica (VIGOTSKI, 1998; CORSARO, 1979). O
processo desenvolvimental da LGG bem como as características normativas e não-normativas
serão esclarecidas no item seguinte.
2.1.3 Desenvolvimento normativo e patológico
As primeiras tentativas de descrever o padrão e o curso do desenvolvimento
linguístico na criança foram realizadas por psicólogos que utilizaram medidas de senso
comum para registrar as modificações observáveis no comportamento linguístico. O processo
desenvolvimental da LGG pode ser afetado na infância com alterações ao nível de habilidades
e seleção de estímulos sonoros (CHAPMAN, 1996; ZORZI, 1993). A estruturação
psicológica junto com seu papel na comunicação e na formação da consciência é um dos mais
importantes assuntos relacionados à Psicologia. A formação desenvolvimental acontece
quando nela se incluem todos os meios indispensáveis para a designação do objeto e a
expressão da ideia (PEREIRA, 2001). Em um papel ontogenético no ser infantil, transcorre,
no processo de trabalho, assimilação das experiências e da comunicação com os adultos. O
início da exteriorização da LGG infantil está ligado à ação da comunicação com seu meio. Os
primeiros sons produzidos pela criança são apenas consequências da LGG criada antes da
produção vocal (CAMPOS, 2005).
15
O contexto desenvolvimental está inserido dentro de uma abrangência maior, que é a
sociedade. Mudanças e transformações profundas no sistema linguístico do convívio público
podem, de alguma forma, acarretar alterações positivas ou negativas (SACKS; SCHEGLOFF;
JEFFERSON, 2003; WINNICOTT, 1982a). A LGG se manifesta como parte de uma função
simbólica; o período sensório-motor (do nascimento até os dois anos de idade) é a base para a
evolução das condutas mais complexas, e todo este processo está ligado às características
físicas da criança, bem como ao seu sistema nervoso (ZORZI, 1994; GERBER, 1993). A
progressão no sentido evolutivo é facilitada ou não pelo fator biológico. Essa aquisição
acontece durante toda a infância e obedece a uma sequência de normalidade neuronal
(SOARES, A., 2001), que é idêntica para todos os seres humanos. Para a criança o surgimento
da LGG organizada coincide com a ampliação de suas relações, e assim se torna cada vez
mais um instrumento necessário para as trocas sociais; não é a criadora do pensamento, mas
sim a facilitadora para a organização mental. A compreensão verbal possui um papel
importante e sempre precede a expressão. Nas crianças o nível de compreensão das situações
diárias permite o surgimento das vocalizações. Sendo assim, a LGG emerge dessas situações
que exigem ação mental e motora para sua execução (BERGE, 1988). A evolução linguística
permite a compreensão da fala antes mesmo de expressá-la, através de códigos pré-
estabelecidos em sociedade (GARDNER, 1995; LEFÈVRE, 1976).
Os animais possuem capacidades especiais que lhes conferem vantagens ímpares na
luta pela reprodução e sobrevivência de sua espécie. Os pássaros apresentam capacidades de
cantar e voar que são talentos únicos. Nos seres humanos, pode-se destacar a capacidade de
postura ereta, o uso de instrumentos musicais e a LGG, que é a capacidade de se comunicar
com os demais por meio de palavras formadas por códigos pré-estabelecidos e um
componente poderoso da herança biológica humana. A função mais evidente é a de se
comunicar. A capacidade de interação é usada desde criança, para transmitir ideias e tecer
comentários sobre situações incômodas ou prazerosas. Ao início de sua aquisição, as crianças
voltam a atenção para diversos fatos que ocorrem a seu redor. Começa, dessa forma, a
observar e fazer relações entre os objetos e pessoas (“sapato papai’), e também certos eventos
(“au-au corre”). A capacidade de comunicar pensamentos tem muitos efeitos adicionais sobre
o funcionamento humano. Mesmo antes de haver escolas, livros ou jornais, o escutar os mais
velhos e colegas proporcionava conhecimento sobre sua cultura e sobre seu mundo
(NEWCOMBE, 1999; FREIRE, R., 1994; CONNEL, 1987).
16
O desenvolvimento infantil, embora não obedeça a uma ordem rígida de
acontecimentos, ocorre por etapas evolutivas que podem ser constatadas e avaliadas. Estas
etapas dividem-se em pré-linguística e linguística. Durante o período da etapa pré-linguística,
a criança usa sons inconsistentes, sem significado, os quais são sobretudo um exercício para
as pregas vocais. O bebê parece então brincar com seus lábios, sua língua e sua laringe assim
como brinca com os dedos de suas mãos e de seus pés. É muito importante a estimulação
externa e o reforço social dos pais durante os balbucios, pois a atenção dos pais ajuda a
criança a discriminar ou filtrar, dentre muitos, aqueles sons que fazem parte da língua materna
(LE HUCHE; ALLALI, 1999). Durante esse período, o desenvolvimento da LGG não
depende inteiramente de estimulação externa, pois, de acordo com Nicola e Cozzi (2004),
crianças com pouca ou muita estimulação têm o mesmo desempenho.
A LGG oral começa seu desenvolvimento a partir do momento do nascimento. Desde
esse momento, a criança já é munida de código oral e começa a familiarizar-se com os sons de
sua língua materna, produzindo-os funcionalmente (COUPLAND; NUSSBAUM;
COUPLAND, 1991; SAUSSURE, 1945). As primeiras vocalizações da criança são reforçadas
diferencialmente, de forma que a criança cada vez mais emite os sons da língua falada em sua
comunidade. As vocalizações dos pais, por associação com reforços positivos, tais como
comida, adquirem propriedades de reforçadores secundários. Ocorre, então, uma
generalização desse valor de reforçadores secundários das vocalizações dos pais para as
vocalizações do próprio bebê, as quais se tornam reforçadoras por si mesmas. Esse
autorreforço da criança leva à aquisição gradual de sons, sílabas e finalmente de palavras. Os
pais passam depois a exigir a perfeição articulatória e boa inteligibilidade. A palavra torna-se
a unidade usual, e a criança é reforçada por rotular corretamente os objetos do ambiente.
Além disso, estímulos internos, tais como os associados à fome ou sede, controlam o
comportamento verbal. Dessa forma, estímulos variados passam a controlar muitas respostas
verbais (LURIA; YUDOVICH, 1956).
No fluxo de normalidade desenvolvimental de LGG, é possível observar as
capacidades pragmáticas (RUBINO, 2003). Antes do início da verbalização ou mesmo
emissão de palavras, a criança é capaz de responder às iniciativas de pessoas que a cercam e,
já no primeiro mês de vida, demonstra alternância no momento comunicativo. As formas não
verbais são as primeiras a aparecerem e ativarem iniciativa de produção de outros
mecanismos de interações. Gradativamente vai-se aprimorando esse aspecto, fazendo a
criança cada vez mais ativa na socialização (COLE; COLE, 2004).
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De acordo com Saboya (1999b), a etapa pré-linguística apresenta duas fases. A
primeira é a do gorjeio, que ocorre por volta dos três a quatro meses, caracterizada por
vocalizações sem significado; são sons realizados por puro prazer que, em geral, são
manifestados quando a criança está sendo alimentada, tomando banho ou satisfeita por
alguma razão. Pais que correm entusiasmados quando a criança, na fase do gorjeio, começa
com seus ensaios de fala e a interrompem estão deixando de apreciar sua importância na
aprendizagem da fala. A criança tem de, simultaneamente, ouvir e sentir o som repetidas
vezes até que ele surja gradualmente (FERNANDES, F., 2003; RAPOSO, 1992). A segunda
fase é a do balbucio, que acontece em torno dos seis aos nove meses, e é quando a criança
começa a emitir sons tanto de consoantes, como de vogais. A criança produz esses sons com
mais frequência, repetindo para si própria sons que se assemelham a sílabas do tipo consoante
ou vogal. Para Schaf (1968), a imitação é essencialmente um meio de perpetuar um estímulo
contínuo para o aprendizado cerebral, e o balbucio é uma autoimitação autêntica. O autor
ainda relata que, quando o balbucio é interrompido ou atrasado devido a doenças, o
surgimento da fala, em geral, também se atrasa na mesma proporção.
A criança desenvolve naturalmente a LGG verbal durante o primeiro ano de vida
(BEFI-LOPES; RODRIGUES, 2001), dependendo da harmoniosa integração dos fatores
biológicos, afetivos e sociais. A evolução infantil depende também de características
individuais da criança, condições orgânicas e afetivas, e das características de seu meio
ambiente, que se referem a aspectos sócio-familiares e oportunidades de aprendizagem
(BEFI-LOPES; CÁCERES; ARAÚJO, 2007). Inadequações ou alterações desses aspectos
podem ocasionar atrasos no curso normal do desenvolvimento da criança (RUBINO, 2003;
ZORZI, 1993; PENNA, 1986; BROWN, 1973). O vocabulário admite um período pré-verbal
com a oralização de balbucios ou lalações. Esse período se estende até o fim do primeiro ano,
quando então começa a aquisição fonológica e a emissão de palavras. A extensão e a
assimilação do vocabulário continuarão a crescer velozmente conforme os modelos e
estímulos vivenciados. Em relação ao nível sintático, a criança emitirá primeiramente uma
única palavra, implicitamente já é uma estrutura para futuras construções de frases. A
produção de sentenças contendo duas ou mais palavras só ocorre após dois ou três anos
(GOLDFELD; CHIARI, 2003).
Diversos autores analisaram o curso de normalidade e anormalidade desenvolvimental
das ciências em saúde comunicacional e o trajeto normativo linguístico sob o ponto de vista
funcional e propuseram taxonomias para as pesquisas com as funções comunicativas. Issler
18
(1996) descreveu seis etapas a serem adotadas em uma perspectiva funcional, e o período pré-
linguístico, entre nove e dezoito meses:
a) Função instrumental: quando a criança usa a LGG para satisfazer suas necessidades
materiais;
b) Função regulatória: quando a criança usa a LGG para controlar o comportamento
do outro;
c) Função interacional: quando a criança usa a LGG para interagir com as pessoas;
d) Função pessoal: quando a criança usa a LGG para expressar sentimentos pessoais
em relação às pessoas ou ao ambiente;
e) Função heurística: quando a criança usa a LGG como instrumento para explorar o
ambiente na busca da identificação do nome de objetos e ações;
f) Função imaginativa: quando a criança usa a LGG de forma lúdica, criando ou
recriando o ambiente segundo sua imaginação.
Na etapa linguística, a criança passa a emitir sons que terão relação com a LGG que
será usada posteriormente. A criança brinca com os sons que produz, repetindo e tentando
emitir sons de outras pessoas. Tais emissões começam a adquirir algum significado, que a
criança já começa a perceber, geralmente, por volta de dez a doze meses. Essa etapa também
apresenta subdivisões: a dos primeiros vocábulos, que ocorre por volta dos doze meses e se
estende até mais ou menos os dezoito meses, quando a criança começa a usar suas primeiras
palavras. É a fase mais aguardada pelos pais. É comum estes não perceberem as palavras
iniciais por esperarem uma perfeição vocal que ainda não existe (WENGER, 1998;
BOUGNOUX, 1994). As palavras iniciais podem não parecer em nada com o que os pais
consideram palavras reais. Para a junção de sons ser considerada uma palavra não é
necessário que seja igual às palavras faladas pelos adultos, mas sim que a criança use esta
palavra consistentemente para se referir a algum objeto, ou seja, contendo um significado
(CASSIRER, 1985). A outra subdivisão é a das frases, que se inicia por volta dos dezoito a
vinte meses de idade e vai se desenvolvendo até chegar ao padrão de frases completas como
as do adulto (complexas). A criança inicialmente junta duas palavras de cada vez e vai
acrescentando vocábulos, partindo do mais concreto com a ação, isto é, nome ou objeto mais
19
o verbo, mais tarde objeto mais o pronome, para posteriormente ir introduzindo elementos
como artigos, preposições, conjunções e outros, desenvolvendo-se até chegar ao padrão adulto
(AIMARD, 1996).
A estruturação aquisitiva do progresso em habilidades cognitivas é definida como
conjunto de processos que permitem o exercício da LGG (FERNANDES, E., 2003). Revela-
se sua aquisição muito mais do que uma competência biogenética, favorecendo tal explicação
pelo estímulo provindo da comunidade vivida, na qual a criança, em etapas evolutivas,
progressivamente se integra. Todo esse caminho exprime a forma e as regras na produção das
estruturas verbais. A comunicação é estruturada gradativamente no período compreendido
entre dezoito e vinte e quatro meses. Alguns são os critérios a serem avaliados no processo de
aquisição: fonológico, aquisição do vocabulário, aquisições semânticas e aquisições sintáticas
(PSATHAS, 1995; LYONS, 1982).
Entre dezoito e vinte e quatro meses, surge uma nova função a ser avaliada: a função
informativa. Durante esse período, a criança usa a LGG para transmitir uma informação. Esta
é considerada a mais importante de todas, partindo do pressuposto de que envolve análise da
bagagem e internalizações de conceitos e aprimoramentos linguísticos (PSATHAS, 1995). A
partir dos dois anos de idade, acontece o aprendizado para a diferenciação de questionamentos
e também ela passa a ajustar suas respostas com mais precisão, e as primeiras respostas são
referenciadas às perguntas com entonação interrogativas (CAMERON et al., 1993; MAIA,
1985). No princípio aquisitivo de respostas, as crianças menores comumente apresentam
respostas semânticas e pragmáticas imaturas. Estas crianças usam forma entonativa para
produzirem suas respostas, a qual serve como pista para as respostas que desejam transmitir.
O aumento das palavras propicia a melhora na qualidade das respostas, o que beneficia nas
crianças, a partir dos três anos, a capacidade de apresentar distintas formas de feedbacks
(PENNA, 1986).
O cérebro se encontra pronto para receber estímulos durante a infância. O período
mais favorável para a estimulação da LGG está entre zero e três anos de idade, fase
considerada por estudiosos como a mais importante para o desenvolvimento global infantil
(MELO, 1981; GUYTON, 1977). No desenvolvimento normal de LGG, a compreensão dos
sons e palavras vai desde o nascimento até por volta dos cinco anos de idade, e, após este
período, haverá somente aprimoramento (EDWARDS, 2006). Nesse mesmo período, espera-
se que a criança passe fácil e de forma uniforme pela emissão de sons, de palavras isoladas, de
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combinações simples e sentenças complexas, até igualar-se ao padrão de fala de um adulto.
Tais fases de aquisição da LGG acontecem de forma progressiva, e as novas habilidades são
usadas para modificar e aperfeiçoar as habilidades já existentes, indispensáveis para a nova
aprendizagem (WENGER, 1998).
Para Cunha (1991), crianças ouvintes com desenvolvimento adequado apresentam
características prognósticas satisfatórias para serem comunicadores competentes em seu
idioma até os sete anos de idade. Esta faixa etária é considerada pelos estudiosos como crítica
em relação à LGG, justamente por ser um momento em que se devem apresentar todas as
habilidades para o progresso cognitivo e educacional. Entre cinco e sete anos, a criança inicia
o aprendizado formal da língua escrita na escola. Apesar das diferenças existenciais
intrínsecas entre essas duas modalidades de comunicação (oral e escrita), há pontos em
comum que se entrelaçam de acordo com forma de se expressar e que têm despertado o
interesse de muitos pesquisadores das diversas áreas do conhecimento (D’AZEVEDO, 1986).
Embasam-se, muitas das vezes, na afirmação de que a LGG escrita é uma consequência da
LGG oral, e muitos são os profissionais que podem lidar com elas, como fonoaudiólogo,
psicólogo, educador físico, médico, terapeuta ocupacional e fisioterapeuta (ZORZI, 1994).
Um dos pontos a serem observados no processo normativo desenvolvimental é a escrita.
Muitas vezes, parece que este desenvolvimento se dá naturalmente, seguindo um ritmo
previsto. Assim, o desenvolvimento da LGG escrita também sofre, desde o início, a influência
da vivência da criança no convívio familiar (ZORZI, 1994).
Dentre as capacidades que a criança apresenta para dominar a LGG oral, uma das mais
significativas e notáveis é a de narrar fatos. A partir do encadeamento de palavras e da
percepção dos eventos temporais, a criança começa a explorar o relato de suas próprias
experiências (CUNHA, 1991). Essa capacidade pode aprimorar-se a tal ponto que, tempos
depois, a criança não somente é capaz de relatar experiências vivenciadas, como também pode
recontar histórias e servir-se de sua imaginação criando cenários e personagens fictícios.
Esses contos são geralmente relatados para os pais e avós e posteriormente para amigos
(CAMERON et al., 1993). O pensamento e ideias não são originários da LGG; os dois se
desenvolvem como atividades distintas e independentes. A aproximação deles se completa
por volta dos sete anos (AJURIAGUERRA; MARCELLI, 1986). Ao se armazenarem
conteúdos na mente, sua utilização só se torna eficaz caso seu acesso seja permanente e no
momento oportuno (FERNANDES, E., 2003; DUCROT, 1988).
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Zorzi (1994) e Winnicott (1983), a partir de estudos realizados, sugeriram que, em
crianças com alterações no desenvolvimento da LGG, existe uma correlação entre a época do
diagnóstico e o desempenho apresentado, de forma que as crianças mais velhas apresentariam
nível expressivo pior que as crianças mais novas. Uma adequada interação entre os aspectos
pragmáticos, semânticos, morfossintáticos e fonológicos é necessária para a criança alcançar o
padrão adulto de oralização. Porém existem diferenças individuais no desenvolvimento da
LGG, tanto nos períodos nos quais determinadas características devem aparecer, como na
velocidade e na qualidade deste desenvolvimento. Segundo Papalia e Olds (2000), aos sete ou
oito anos de idade, a maior parte das crianças já aprendeu a se comunicar de forma adulta.
A aquisição normativa é estabelecida harmoniosamente, com a estimulação auditiva e
afetiva, para que, dessa forma, a interação comunicacional aconteça eficazmente (BRAZ;
SALOMÃO, 2002). Advém do processo de socialização do ser humano, em quem a
construção gradativa da expressão verbal precede o pensamento. Esse processo mantém um
sistema de significantes distintos, desde que tenha construção de códigos em sociedade
(FERNANDES, F., 2004; POPPER; ECCLES, 1992). A falta de conhecimento frente à
importância de boa aquisição desenvolvimental comunicativa, muitas vezes é negligenciada
(MATTOS; KABARITE, 2005; LOUDES, 1973). Isso é observado em situações lúdicas que
são de extrema importância para o desenvolvimento global infantil. As dimensões da LGG
apresentam traços semânticos, sintáticos e fonológicos que detêm características estruturais
gramaticais (QUIROS; SCHRAGEN, 1979; OSTROWER, 1977).
Estudos mostram que no diagnóstico de crianças com atraso de LGG, elas também
apresentam problemas atencionais no funcionamento motor (ALEXANDER, 1983) e no
desempenho escolar (FERNANDES, F., 1998; GNERRE, 1991). Além disso, quando
acompanhadas a partir de estudos longitudinais, observa-se que o perfil linguístico desses
sujeitos se modifica e transita entre os sistemas diversificados em sintaxe e semântica
(CAPELLINI et al., 2007). O desenvolvimento patológico geralmente é diagnosticado na
infância, porém as dificuldades advindas persistem por toda a vida se não tratadas
antecipadamente, como demonstram algumas pesquisas que avaliaram as habilidades
comunicativas, sociais, cognitivas, acadêmicas e comportamentais desses sujeitos. Embora
elas possam demorar a falar, a maioria das crianças com problemas no desenvolvimento da
LGG consegue adquirir algum recurso verbal; no entanto algumas não aprendem a falar e o
impacto pode ser extremamente negativo (FISBERG et al., 1997). As manifestações de
dificuldade em LGG encontradas são: simplificações fonológicas, vocabulário restrito,
22
estruturação gramatical simplificada e pouco variada e ordenação de palavras de forma não-
usual. Quando a compreensão está comprometida, observam-se dificuldades em entender
sentenças ou palavras em tempos diferentes, além da realização de comandos linguísticos de
forma incorreta (JAKOBSON, 1995; PINTO, 1977).
Orlandi (1993) descreve que, em crianças com atraso na aquisição de LGG, as
habilidades linguísticas demoram mais tempo para serem adquiridas, mas seguem a mesma
sequência do desenvolvimento normal, e o grau de alteração é similar entre os vários
subsistemas (fonologia, pragmática, semântica, morfologia, sintaxe). Para Gumperz (1982),
são consideradas características de alterações de desenvolvimento: as dificuldades dessas
crianças em converter em fala as informações linguísticas recebidas, isto é, a dificuldade
estaria no processo de output
1
, caracterizando assim uma desordem expressiva. Outra
descrição seria que as dificuldades estariam relacionadas às habilidades de percepção
auditiva, que influenciariam o curso de aquisição da LGG.
Na infância, a necessidade de se expor, sentir e transmitir é muito importante e faz
com que a criança sinta vontade de verbalizar em atividades empíricas (BEFI-LOPES;
RODRIGUES; ROCHA, 2004). O processo normativo da LGG apresenta duas funções
básicas: a de intercâmbio comunicativo e a de pensamento generalista. O sentido da evolução
emerge de fragmentos que são construídos a partir da incorporação do pensamento e do
raciocínio (VIGOTSKI, 1988). A habilidade para tecer comentários envolve uma sequência
interativa de atos de fala e é o resultado de intercâmbio uníssono ou mesmo grupal inserido
num contexto interacional (WINNICOTT, 1982b; JAMES, 1974). A relação sequencial exige
dos comunicadores a eficiência no cumprimento de regras estabelecidas como troca de
momentos de fala (turnos), compromisso com o tema abordado (garantindo assim um fluxo
com o mesmo tema), e a destreza ou mesmo adaptações a situações adversas. O domínio de
regras de conversação é aprendido através de observação e de prática. A necessidade de
incorporar o papel de emissor e ouvinte é imprescindível e extremamente necessária para
regras de educação (CUNHA, 1991; D’AZEVEDO, 1973).
A principal conquista com o processo desenvolvimental é a própria capacidade de o
homem manipular a comunicação. A aparição gradual sistêmica de códigos que designam
objetos ou ações, qualidades e relações, é fator que preconiza a aparição de uma nova
1
Saída; expressividade verbal; emissão de informação (através da fala) (DISAL, 2006).
23
dimensão da consciência (CHOMSKY, 1975; PIGNATARI, 1968). Esse processo é
caracterizado como simpráxico; e a organização mental de idéias, como um sistema
sinsemântico. Através do desenvolvimento humano encontram-se distintos processos
psíquicos, ou seja, com mudanças na LGG, muda não só a dimensão e estruturação semântica,
mas também sua estrutura sistêmica psicológica (KOCH, 1996). As interações de ordem
superior que, desde a fase intrauterina, começam a se formar entre a cognição e o processo
linguístico permitem gerar, assimilar, reter, recordar, organizar, controlar, responder e
aprender sobre o ambiente (BUCHOLTZ, 2000). Efetivamente o conhecimento só começa a
aparecer com o uso da LGG (BOURDIEU, 1998; CHAZAUD, 1976).
É sábia a expressão de que um adulto se expressa muito mais que a criança, mas não
basta que a mãe seja muito falante para que seu filho tenha uma boa LGG oral, o discurso
deve ser dirigido à criança. A relação adequada e afetiva com o ambiente em que a criança
interage é indispensável (SOUSA, 2007; BUCHOLTZ; HALL, 2005). A LGG falada é o meio
pelo qual a maioria das crianças se expressa e se faz compreender, sem precisar lançar mão de
outros comportamentos tais como chorar, gritar ou apontar para demonstrar os seus desejos,
vontades e até sentimentos. A partir daí, a criança determina modificações ao seu redor e
adquire valores culturais do meio em que vive (PAIN, 1985). Uma vez que a criança possua
um considerável repertório verbal de palavras, ela passa a interligá-las formando grupos de
duas ou mais palavras. Esse desenvolvimento não é função da maturação, mas do treinamento
que os pais espontaneamente fazem, expandindo as frases. Nesta fase, os pais exigem mais
que uma única palavra para dar o reforço, resultando assim em uma cobrança maior
(MORRIS, 1976). Há no desenvolvimento de vocabulário das crianças variações que estão
relacionadas, em parte, com o modo como muitos adultos falam com as crianças. As meninas
começam a falar mais cedo do que os meninos, diferença esta que desaparece após os dois
anos de idade. Este fato ainda não foi desvendado pelos estudiosos da temática
(NEWCOMBE, 1999; CHOMSKY, 1986).
As dificuldades linguísticas manifestadas pelas crianças com alterações de LGG
costumam estar relacionadas, principalmente, às áreas da fonologia, semântica e sintaxe, em
diversos níveis (LOMBROSO, 2004; LOVISARO, 1999). Ao longo do desenvolvimento e
com o auxílio da terapia fonoaudiológica, essas crianças costumam melhorar seu desempenho
nestas tarefas (CAMERON et al., 1993). Segundo o mesmo autor, é possível entender que
essas crianças apresentem dificuldades para compreender as relações estabelecidas entre
24
signos linguísticos e seus significados e para combinar estes elementos em códigos
linguísticos capazes de transmitir conhecimentos ainda mais abstratos.
Para Milloy (1997), os atrasos de LGG não têm todos a mesma origem, a mesma
evolução, a mesma importância. Misturam-se problemas muito diversos em sua expressão,
origem e gravidade. De acordo com Aimard (1996) e Bmaford e Saunders (1991), quando a
aquisição da LGG é perturbada por alguma doença ou mesmo por fatores adversos, o que
ocorre na maioria dos casos é que seu estabelecimento é tardio e os progressos seguem um
ritmo lento.
Para a aquisição linguística satisfatória, a criança precisa de pessoas que falem com
ela, que criem situações nas quais novas habilidades comunicativas sejam exigidas, que
invistam em seu crescimento e que sejam também capazes de compreender seus ensaios e
erros no campo da LGG (ARAÚJO, 2004; CHAPMAN, 1996). Para que o progresso ocorra
normalmente, são necessários os seguintes requisitos: maturação neuro-motora normal, saúde
emocional e física, sistema auditivo normal, capacidade intelectual e desenvolvimento
cognitivo e um ambiente estimulante e encorajador (MELLO, 1989; LAPIERRE, 1986;
MARCUSCHI, 1986).
Para Aimard (1996), às vezes, os problemas de LGG são consequência direta de uma
causa precisa. A etiologia de suas alterações, ou mesmo sua ausência, pode ser devida a:
a) Comprometimento na audição;
b) Déficits neurológicos provocados por lesões cerebrais;
c) Atrasos globais, chamados de retardo ou debilidade mental profunda ou média;
d) Problemas graves da personalidade vinculados a certas psicoses infantis.
Na literatura existem várias descrições de diagnósticos em LGG. Um diagnóstico que
é bastante complexo é chamado de Desvio Específico de Linguagem (DEL), que apresenta
característica de prejuízos linguísticos na ausência de patologia que desencadeie a alteração.
O desempenho de crianças com esta alteração é inferior ao de outras que não acometidas por
ela, e prejudica desde tarefas escolares até seu comportamento em ambiente familiar (DEL
RÉ, 2006). No entanto o desenvolvimento normal nem sempre ocorre e, não é raro, o
25
surgimento de alterações no desenvolvimento de LGG. Os DELs são quadros heterogêneos,
cujos critérios são mais bem definidos a partir da exclusão, quais sejam: ausência de
desordem mental, ausência de perda auditiva, ausência de retardo mental ou problemas
emocionais severos caracterizando problemas graves de compreensão e expressão de fala e
LGG (FREIRE, R., 1994).
Em um extremo, encontram-se os problemas mais leves, como atrasos simples da
LGG; no outro, problemas graves de crianças que não falam nada ou praticamente não
,;elaboram nenhuma nenhum tipo de comunicação. Entre esses dois extremos, encontra-se
uma graduação de problemas de LGG, nos quais se entrelaçam dois fatores predominantes:
importante atraso nas aquisições e elementos de disfunção da comunicação (SOLSO, 2004).
As preocupações dos especialistas da temática devem ser a de buscar sinais que lhes permitam
caracterizar as dificuldades de uma criança com atraso de aquisição e mencionar a
sintomatologia desse distúrbio muitas vezes chamado de disfasia (AIMARD, 1996). Dentre
todas as deficiências ou mesmo distúrbios, as alterações na comunicação são os mais
prevalentes nos Estados Unidos da América (EUA), e levantamentos em outros países relatam
dados de prevalência semelhantes (EDWARDS, 2006).
2.1.4 Relação verbal-escrita
O conhecimento sobre a evolução verbal tornou possível um esclarecimento
conclusivo sobre como as crianças constroem suas narrativas (ALMEIDA, 1997). Crianças
com distúrbio de LGG conseguem desenvolver narrativas; porém nem sempre esta capacidade
é suficientemente elaborada (coerência e coesão) e flexível (sintático) para as exigências do
aprendizado adequado da língua escrita. Geralmente, essas crianças apresentam mais
dificuldade em compreender textos e os papéis dos personagens (SALLES; PARENTE,
2007).
A criança não pode ser visualizada apenas como um ser que está aprendendo ou se
apropriando de uma língua, mas sim como indivíduo portador de capacidades múltiplas que
está aprimorando este aspecto (GRICE, 1982). A capacidade narrativa desenvolvida na LGG
oral torna-se gradativamente eficiente e passa a ser utilizada e elaborada, segundo esquemas
diferentes, na LGG escrita (MOTA; MELO FILHA; LASCH, 2007). De combinações de
letras sem sentido, o aprendizado da escrita pouco a pouco se concretiza e elaborações
26
coerentes e coesas dão forma aos sentimentos e ideias advindos da oralização. O
desenvolvimento da capacidade de narrar histórias por escrito relaciona-se a experiências
prévias com o modelo oral, e a estimulação desta capacidade pelo ensino da identificação de
categorias estruturais da história pode induzir mudanças no repertório da escrita (BERGÈS;
BOUNES, 1988).
Uma pesquisa realizada no Brasil com 236 crianças provenientes de escola particular
fez a relação entre a aquisição da verbalização e o desenvolvimento da escrita. O objetivo
desse estudo foi identificar fatores não-linguísticos envolvidos na aquisição fonológica e
descrever a relação da aquisição fonética com alterações de escrita. Os resultados
demonstraram que a quantidade de erros cometidos na avaliação da escrita aponta, como
causa, a dificuldade na oralização. Tal resultado é fator preditivo para alterações em graus
mais severos se não tratados por profissionais da fala e escrita (FRANCA et al., 2004).
Nessa mesma perspectiva sobre estudos a respeito das relações entre problemas de
aprendizagem e alterações de verbalização, Bishop e Mogford (2002) afirmaram que, tanto no
distúrbio de leitura (dislexia), como no distúrbio de aprendizagem, é frequente encontrar
alterações no desenvolvimento da LGG, seja em um único componente, como o fonológico,
seja em vários (fonológico, sintático, semântico e pragmático). A alteração do sistema
fonológico, em ambos os quadros, compromete a conversão grafema-fonema (escrita e som)
para as atividades relacionadas à leitura oral e escrita. A consciência fonológica, também
aponta relações entre alterações no desenvolvimento de LGG e dificuldades de alfabetização.
Crianças com atraso de aquisição de LGG são de risco para desenvolverem desordens
fonológicas e podem, dessa forma, desenvolver dificuldades de consciência fonêmica e
consequentemente apresentarem transtornos de aprendizado.
Algumas crianças, desde os primórdios de seu crescimento, apresentam atrasos ou
distúrbios desde as aquisições iniciais da língua. Essas alterações se manifestam nas diferentes
esferas da verbalização (FISBERG et al., 1997), cujos processamentos subjacentes, assim
como os déficits dos próprios elementos linguísticos, tendem a conduzir de forma semelhante
o aprendizado e o desempenho na leitura e na escrita (MANDEL, 2006). Os distúrbios de
leitura e escrita encontram-se, em grande parte dos casos, baseados em alterações do
desenvolvimento da oralidade e se caracterizam principalmente pelas alterações de
compreensão da leitura de palavras, frases e textos, ou pelas dificuldades de integrar
significados de palavras em sentenças e destes em textos (CUNHA, 1991; CAGLIARI, 1990).
27
As dificuldades na aquisição e/ou no desenvolvimento da escrita podem ser encontradas em
crianças que apresentam déficits tanto no processamento fonológico, quanto no de
compreensão da LGG oral/escrita (FRANCA et al., 2004; D’AZEVEDO, 1986).
Os escolares que apresentam dificuldades na LGG nos períodos iniciais do
desenvolvimento podem continuar a manifestar tais dificuldades em tarefas de escrita
narrativa (ZORZI, 1993). Crianças com e sem distúrbio de LGG produzem histórias, porém
não com a mesma habilidade. As narrativas orais de crianças pequenas não diferem com
relação à estrutura da história (começo, meio e fim) e ao uso de diferentes tempos verbais
(presente, passado e futuro), com exceção do tempo passado. Crianças com distúrbio de LGG
usam verbos no passado, com menor frequência (DOLTO, 2002).
Bernardino Júnior et al. (2006) submeteram quatro estudantes de nove anos com
dificuldades na aquisição de leitura e escrita a um programa de ensino para o
desenvolvimento de habilidades de consciência fonológica, com tarefas de identificação de
rima, análise e síntese silábica e fonêmica. Todos os participantes apresentaram baixos
escores no pré-teste da prova de Consciência Fonológica, mas concluíram o programa com
sucesso e apresentaram elevados escores no pós-teste. Tendo em vista o baixo repertório de
entrada dos participantes, mesmo após exposição prolongada ao ensino de leitura, esses
resultados sugeriram fortemente a importância de estratégias para promover o
desenvolvimento de habilidades de consciência fonológica antes ou simultaneamente ao
ensino de leitura e escrita. O assunto referente à aquisição fonológica será esclarecido no
tópico seguinte.
2.1.5 Aquisição fonológica
O domínio do sistema fonológico por uma criança envolve o desenvolvimento da
percepção e de produção fonética, bem como de regras gramaticais, o que corresponde às
regularidades que ocorrem em uma língua. As simplificações sistemáticas das regras
fonológicas que afetam uma classe ou sequências de sons recebem o nome de processos
fonológicos. Estes são esperados dentro do desenvolvimento típico, no entanto, à medida que
a criança cresce e se desenvolve, deixa de usá-los e adquire as regras do adulto (LOMBARD,
1999; ISSLER, 1996). A fonologia é descrita como um aspecto da LGG que se refere ao
modo como os sons se organizam e funcionam dentro de uma língua. As alterações de fala em
28
nível fonológico afetam a organização linguística destes sons, fazendo com que os fonemas
não sejam usados contrastivamente (MOTA; MELO FILHA; LASCH, 2007).
O distúrbio fonológico é definido como uma alteração de fala caracterizada pela
produção inadequada dos sons e uso inadequado das regras fonológicas da língua, com
relação à distribuição do som e ao tipo de sílaba, que resultam no colapso de contrastes
fonêmicos (diferentes sons agrupados em uma palavra), afetando o significado da mensagem.
A causa do distúrbio é desconhecida, e a gravidade e a inteligibilidade de fala são de graus
variados (SOUZA; MOTA, 2007). A fala requer habilidades conversacionais básicas, como a
capacidade para iniciar e interagir e para responder apropriadamente e manter a interação. O
conhecimento de alterações que ocorrem nas habilidades de memória e sua relação com o
grau de severidade do desvio fonológico é importante para delinear as origens processuais das
alterações que ocorrem no desenvolvimento da fala. As habilidades de interação verbal são o
centro das teorias de desenvolvimento de LGG no contexto social. Durante a interação social,
as crianças aprendem como usar a comunicação, verbal e não-verbal, e também como a
necessita socialmente (MEISEL, 1997).
Para o diagnóstico do distúrbio fonológico, além de se identificar a capacidade
fonética da criança, é necessário analisar as estruturas silábicas presentes na amostra de fala e
a distribuição dos sons nessas estruturas e nas palavras, para apontar as regras fonológicas que
a criança usa e os contrastes que ela mantém em sua fala. Esta alteração é um dos critérios a
se avaliar na suspeita de atraso de LGG. O distúrbio fonológico apresenta dois componentes
que podem estar alterados: o armazenamento do som na memória fonológica e a produção
verbal. Essa capacidade de armazenamento é frequentemente avaliada por tarefas de extensão
de palavras. A retenção de informações verbais na memória de trabalho é essencial para a
compreensão de orações (faladas e escritas) e para manipular os elementos das palavras
(BAKHTIN, 2000).
O desvio fonológico trata-se de um afastamento de regras, por envolver um dos
componentes fundamentais da LGG, o nível fonológico, e por comprometer o
desenvolvimento linguístico da criança, e não o desenvolvimento motor, físico e/ou mental
(ZORZI, 1994). A oralização, a maneira de comunicação mais efetiva em nossa sociedade, é
formada por aspectos como a compreensão oral e expressão oral, e o adequado
desenvolvimento da compreensão oral permite o desenvolvimento da expressão verbal
(BISHOP; MOGFORD, 2002; SOARES, M., 2000). Do ponto de vista linguístico, a literatura
29
aponta que as crianças com distúrbio fonológico têm características de fala muito parecidas,
tais como: sons reduzidos, estruturas silábicas simples, uso de um número limitado de
palavras entre outros (FERNANDES, F., 1998). Em relação ao efeito de extensão das
palavras, sabe-se que o tamanho das palavras influi no armazenamento de informações, pois
quanto mais extensa (maior número de sílabas e letras), mais difícil será o armazenamento da
palavra. Meisel (1997) menciona que a extensão delas pode variar em quantidade de letras,
fonemas ou sílabas. Nicola e Cozzi (2004) afirmam que as palavras mais longas são mais
difíceis de serem repetidas pelas crianças com alterações de LGG, de modo que isso repercute
em uma capacidade limitada do armazenamento do som na mente. As crianças com desvio
fonológico são sensíveis aos efeitos de extensão de palavras, apresentam desempenho inferior
de memória para lista de palavras.
Há um vínculo significativo entre a memória dos sons, a complexidade da produção da
fala e a escolha dos fonemas para a produção das palavras. Os erros que ocorrem na produção
dos fonemas são influenciados pelas características acústicas, por isso os fonemas
semelhantes são mais fáceis de serem substituídos. Assim, conhecer a relação entre a memória
e o desvio fonológico pode ajudar a compreender as alterações que ocorrem no
desenvolvimento da fala (MACHADO; PEREIRA, 1997; AIMARD, 1996). O processo pelo
qual o material verbal é codificado fonologicamente pode estar prejudicado em crianças com
alterações de fala, de forma que as representações sonoras não são suficientemente
discriminadas (GOLDSMITH, 1997). Isso mostra que alterações na memória fonológica
podem retardar indiretamente todos os aspectos do desenvolvimento da LGG. A memória de
curto prazo, que está envolvida no processamento temporário e na estocagem de informações,
caracteriza-se por ser um sistema de capacidade limitada, encarregada de armazenar
brevemente as informações em um código fonológico (CHAPMAN, 1996).
Em uma pesquisa realizada no Brasil por Mota, Melo Filha e Lasch (2007),
participaram nove sujeitos (quatro meninos e cinco meninas) com o objetivo de verificar a
correlação entre as habilidades de consciência fonológica e a escrita sob ditado de sujeitos que
apresentaram desvio fonológico após receberem alta do tratamento fonoterápico. Para avaliar
a consciência fonológica, foi aplicado um protocolo denominado: Consciência Fonológica
Instrumento de Avaliação Sequencial (CONFIAS). Os resultados demonstraram que existe
relação entre as habilidades de consciência fonológica e a escrita. Essa pesquisa salientou a
importância de estimular as habilidades em consciência fonológica não somente em crianças
30
na fase pré-escolar, mas principalmente em crianças com desvio fonológico, pois estas são
consideradas de risco para a presença de futuras dificuldades no desenvolvimento da LGG.
A aprendizagem de palavras novas é influenciada pela memória fonológica, na
possibilidade de construções gramaticais mais elaboradas e na compreensão da LGG, o que
motiva o repensar de casos e condutas clínicas no processo de reabilitação das crianças com
desvios fonológicos evolutivos ou com déficit específico de LGG. Deve-se considerar a
função cognitiva da memória, especificamente a memória fonológica, no momento da
avaliação, do diagnóstico e do planejamento terapêutico de crianças com alterações de LGG
(FREIRE, R., 1994).
Déficits na aquisição fonológica sugerem dificuldades potenciais em diversos níveis,
entre os quais discriminação fonética, reconhecimento de contrastes fonológicos e das
representações desses contrastes nas palavras, modificação dos sons padrões da fala com uso
inadequado das regras fonológicas e articulação imprecisa, entre outros fatores (NICOLOSI,
HARRYMAN; KRESHECK, 1996). O distúrbio fonológico pode ter como fatores causais:
histórico familiar positivo, problemas auditivos, otites com efusão e problemas pré-natais e
perinatais (MURDOCH, 1997; GERBER, 1993). Em crianças com desenvolvimento típico, os
processos fonológicos são suprimidos naturalmente, enquanto que, em crianças com
transtorno fonológico, torna-se necessária a intervenção clínica. Para tanto, uma avaliação
bem estruturada, com seleção e administração de testes apropriados torna-se imprescindível.
A terapia fonológica tem como objetivo melhorar a verbalização da criança facilitando a
reorganização do seu sistema verbal, sua principal função é a eficácia da comunicação
(JAKUBOVICZ, 1997).
Uma pesquisa realizada por Spíndola, Payao e Bandini (2007), verificou a evolução do
sistema fonológico de quatro crianças com desvio fonológico na faixa etária de cinco a oito
anos, estudantes de escola pública. Os resultados demonstraram que todos os pacientes
apresentaram evolução significativa após o término do programa, superando todos os
processos fonológicos presentes e adquirindo os traços que estavam ausentes. Os pacientes
ampliaram seu sistema fonológico à medida que melhoraram seu desempenho nas atividades
de consciência sonora. Daí concluir-se que a abordagem fonoaudiológica de desvio
fonológico baseada na consciência dos sons favoreceu a superação de processos alterados e a
evolução significativa do sistema verbais dos pacientes.
31
2.1.6 Neurofisiologia da linguagem
Todos os seres vivos são sistemas formados por moléculas e células (GUYTON,
1986). As interações internas ao corpo humano podem ser chamadas de cognitivas, desde que
envolvam informações. Esse processo acontece ao receber sinais do ambiente e produzir
comportamentos adequados (adaptação) ou no desenvolvimento da própria fisiologia ao longo
do tempo (ontogênese). Os seres humanos são os únicos animais quem verbalizam, é a única
espécie munida com um dos lados do encéfalo maior do que o outro, o que sugere mecanismo
orgânico inato para a LGG (AZEVEDO; PEREIRA, 1997).
Muitos neuropsicólogos do desenvolvimento acreditam que a aquisição de LGG,
assim como outros aspectos do desenvolvimento de ordem superior, aconteça gradativamente
e de forma a ser estimulada para que não ocorram desperdícios de capacidades intelectuais. É
provável que as crianças realmente tenham uma capacidade inata para adquirir a língua
verbal, a qual é então ativada e estimulada por maturação, desenvolvimento cognitivo e
experiências (JAKOBSON, 1995).
A LGG é uma função superior do cérebro cujo desenvolvimento se sustenta por uma
estrutura anatomofuncional geneticamente determinada e também por estímulos do meio.
Neurologicamente o termo LGG parece sinônimo de pensamento. No momento em que se
adquire uma nova palavra, ocorre um impacto no desenvolvimento cognitivo infantil, pois tal
acontecimento se converte em análise e síntese, o que capacita à compreensão do seu entorno
e à regulação do seu próprio significado. O desenvolvimento da LGG depende não somente
de uma reação percepto-motora, mas de um ato complexo que envolve a cognição. Portanto
pode-se descrever a LGG como um sistema de princípios e regras que permitem ao ser
humano codificar significados em sons e decodificar sons em significado. Esse sistema de
signos mentais possui a propriedade de ser infinitamente criativo, possibilitando ao falante e
ao ouvinte criar e entender um conjunto infinito de sentenças gramaticais. No decurso de
mecanismos intrínsecos é que se pode mencionar a LGG como instrumento de comunicação e
de organização do pensamento. Sua aquisição está intimamente relacionada com um sistema
arbitrário de sinais que representa a língua (AIMARD, 1996).
Existem várias áreas distribuídas sobre o córtex temporal e frontal que, se não
estimuladas, podem acarretar alterações no processamento linguístico humano
(BHATNAGAR, 2004; GUIMARÃES, 2001; BODY; PERKINS; MCDONALD, 1991).
32
Existem alguns aspectos que podem ser afetados diretamente: dificuldade de atenção,
percepção, memória, pensamento desorganizado, dificuldade de aprender novas informações,
comportamento social inapropriado, alterações na velocidade do processamento das
informações, inflexibilidade e dificuldade para recuperar as informações armazenadas
(BESCIANI FILHO; GONZALES, 2001; VYGOTSKY, 1994; BOONE; PLANTE, 1994). A
aquisição de LGG depende de fatores biológicos, como a integridade e a maturação do
Sistema Nervoso Central (SNC), e as funções cerebrais relacionadas à LGG ficam localizadas
principalmente no córtex cerebral (LEFÈVRE, 1976). O processamento das informações no
cérebro envolve o córtex auditivo primário, responsável pelo processamento auditivo inicial.
O córtex parieto-temporal é responsável pela codificação fonológica. O córtex frontal ântero-
inferior está relacionado com as associações semânticas. A área pré-motora, próxima à fissura
de Sylvius, é responsável tanto pela codificação articulatória como pela programação motora
da fala, e o córtex motor inferior está envolvido com a execução da verbalização (BRABYN,
1982).
As crianças com alterações de LGG podem apresentar quadros de disfunção cerebral
(DURO, 2003). Por isso é importante o conhecimento do processo normal da formação
cortical. A formação dentro dos padrões de normalidade envolve três etapas consideradas de
base: a proliferação e diferenciação das funções, a migração neuronal, e a organização
cortical, etapa final que originará outras camadas a serem distribuídas no córtex. Qualquer
desordem em uma ou mais dessas etapas poderá resultar em alterações macro ou
microscópicas da arquitetura cortical e/ou das relações entre o córtex cerebral e a substância
branca subcortical. As desordens na formação do córtex cerebral têm origem no período
embrionário, afirmação essa que levanta a suspeita de que interferências nocivas ao embrião
tenham aspectos determinantes na etiologia das dimensões linguísticas (BLOOM; LAHEY,
1978). Com o avanço dos exames de neuroimagem, a visualização de malformações corticais
tem sido mais bem visualizadas e tratadas de forma mais precisa. Dentre as alterações
estruturais mais frequentemente encontradas envolvidas com a LGG está a polimicrogiria,
uma malformação do desenvolvimento cortical decorrente de um defeito na organização
orgânica, caracterizado por múltiplos pequenos giros. Essa alteração pode apresentar-se em
graus diferentes de extensão e localização variáveis no córtex cerebral. Mas essa malformação
do desenvolvimento orgânico central também pode apresentar-se junto a manifestações
linguísticas que não caracterizam necessariamente alterações de LGG (BISHOP; MOGFORD,
2002).
33
A localização do córtex polimicrogírico na região da fissura de Sylvius, somado a
determinadas manifestações clínicas, caracteriza a Síndrome Perisylviana. Seu quadro clínico
caracteriza-se geralmente por sinais de alterações de LGG, epilepsia e déficit motor e, quando
de fundo congênito, expressa-se, muitas vezes, já ao nascimento com dificuldades nas funções
de sistema estomatognático. No lactente pode haver engasgo originário da sialorréia. Esta
característica pode acompanhar o paciente durante toda a sua vida. Intercorrências pré e
perinatais, como baixo peso e prematuridade, podem ser consideradas fatores de alto risco
para o desenvolvimento da LGG. Os sinais clínicos dessa Síndrome podem variar de paciente
para paciente. As manifestações são distúrbios de LGG, atraso leve do desenvolvimento,
hipotonia, artrogripose, tetraparesia, hemiparesia, paraparesia, micrognatia, ausência do
reflexo nauseoso, pés tortos, sindactilia (fusão dos dedos das mãos e pés) e displasia de
quadril (BHATNAGAR, 2004).
A natureza familiar do Atraso de LGG vem sendo bastante pesquisada e, na maioria
das vezes, confirmada quando, após avaliação funcional e de exames de neuroimagem, são
encontrados déficits residuais em grande proporção de crianças com alterações nas dimensões
desenvolvimentais humanas. Os genes estão sendo estudados com o objetivo de se
caracterizar se há ou não fatores genéticos envolvidos quanto a sua etiologia. A deficiência
pode ser herdada em razão de alterações neuroanatômicas encontradas nos pais das crianças
com o distúrbio em questão (ADAMS; VICTOR; ROPPER, 1997). Fatores genéticos têm sido
apontados como prováveis causas de alterações de LGG. Comprometimentos orgânicos ou
mesmo de falta de estimulação ambiental resultam em dificuldades pragmáticas, semânticas,
morfossintáticas e/ou fonológicas. Resultados de estudos indicam que, nas famílias com
crianças com alteração de LGG, houve maior ocorrência de algum tipo de desordem da
comunicação em membros da família do que nas famílias do grupo controle, sustentando a
hipótese de possível origem genética (HUTCHBY, 2005).
A neurologia voltada a ciências da comunicação e da linguística, a partir de estudos,
demonstra o interesse pragmático da análise do discurso consagrado aos processos
interacionais comunicativos (BERLINCK, 2000). A abordagem cognitiva na neurociência se
estabeleceu nos anos oitenta, com o aparecimento da área de ciências mentais, abrangendo a
psicologia cognitiva, psicolinguística e inteligência artificial (RUGG, 2000). As relações entre
os processos cognitivos e a LGG aparecem como condições evolutivas do homem. Os estudos
descritivos vinculados às zonas anatômicas do cérebro apresentam ampla relação com as
modalidades da LGG patológica. Isso torna possível uma articulação do tipo epistemológica
34
entre seu construto teórico e a interpretação linguística. Não há possibilidades de
funcionamento cognitivo integral na ausência da LGG, nem possibilidades integrais da LGG
fora dos processos interativos humanos (DAMÁSIO, 2004). As relações cognitivas com a
LGG serão descritas detalhadamente no tópico seguinte.
2.1.7 Considerações sobre cognição
Cognição é o fenômeno que ocorre no processamento simbólico e tem relação ampla
com a LGG (MORATO, 2000; ALVES, 1996). A dinâmica mental é o processo chamado de
cognição, cujo resultado é a produção de informação (WALLON, 1970). É uma função
superior observada em qualquer sistema que processa informões. Um ser humano captura e
processa as informações de outrem e, desse modo, acontece a dinâmica mental chamada de
cognição (GUIMARÃES, 2001). A cognição é descrita como complexa e de ligação direta
com a LGG (DAMÁSIO, 2000). Todos os símbolos são construídos (socialmente) por meio
de sistemas neurais (AJURIAGUERRA, 1983). O processo de desenvolvimento cognitivo é
amplo, dá-se durante toda a vida e resulta de experiências acumuladas e organizadas através
da ação do indivíduo sobre o meio e vice-versa (LURIA, 1990).
A cognição é um processo pelo qual o ser humano interage com os seus semelhantes e
com o meio em que vive, sem perder a sua identidade existencial. Ela começa com a captação
dos sentidos e, logo em seguida, ocorre a percepção (BOYESEN, 1988). É, portanto, um
processo de conhecimento que tem como material a informação do meio em que se vive e o
que já está registrado na memória (MORATO, 1996). A psicologia cognitiva afirma que é um
processo de grande influência no comportamento, além de ser esse fenômeno que favorece a
aprendizagem e o desenvolvimento da LGG. Toda informação vinda do meio, através da
captação dos sentidos, é adequada e convertida, tendo o seu efeito adaptado, para que possa
fazer parte dos parâmetros perceptuais de ambiente. O ser humano, sem a cognição, não
resistiria, por exemplo, às grandes perdas. A dor da perda é uma reação cognitiva intensa para
preservar e controlar os impulsos, a fim de que haja uma recuperação mais rápida. A relação
existencial é vinculada com a realidade interna e assim permite tomar decisões com base em
dados convertidos pela própria interpretação interna ou modelos da mente (PIAGET, 1972).
A tendência é considerar que os termos cognição e inteligência se voltem para o
mesmo significado e identificá-los como funcionamento mental (LOMBROSO, 2004).
35
Cognição é a capacidade de processar informações. É a capacidade de adaptação a situações
absolutamente diferentes em curto espaço de tempo. No entanto a adaptação humana, em seus
aspectos cognitivos, difere da adaptação biológica. Dizer que determinada espécie está
adaptada a uma determinada comunidade significa que ela sobrevive bem nesse ambiente;
afastada dele, entretanto, enfrentará sérias dificuldades de sobrevivência. É importante
ressaltar que os homens não desenvolveram, ao longo da evolução, apenas a capacidade de
adaptar-se a determinadas condições. Toda essa etapa foi garantida enfrentando limites e
buscando esforços (GABBARD, 1998). A cognição engloba LGG, memória e, sobretudo,
raciocínio lógico (PIAGET, 1977). Do ponto de vista psicológico, o conceito de cognição
abrange toda a capacidade de processar informações, de reagir ao que se percebe no mundo e
do próprio interior de cada pessoa (PENNA, 1999).
Uma pesquisa realizada por Morato (2000) descreve a relação entre LGG e cognição,
acerca das propriedades comunicacionais estudadas por Vigotski. Tal artigo menciona que a
função organizadora da LGG emerge, na relação entre a fala e a ação, no momento em que as
duas acontecem. Em conclusão, tratando-se da relação entre LGG, a cognição e a sociedade
favorecem a relação entre as palavras faladas e o pensamento humano.
As relações entre o discurso e a cognição tornaram-se, a partir das últimas décadas,
objetivo de estudo de várias disciplinas da Linguística. Os mais variados relatos teóricos
levam em consideração a epistemologia, a psicologia e a coerência cognitiva na tentativa de
descrever a LGG, investigando assim, os processos linguísticos cognitivos da atividade
discursiva do ser humano. A psicolinguística tem apreciado de forma teórica e
metodologicamente o debate que envolve as relações entre a verbalização e a cognição em
meio a um incessante confronto crítico e de interpretações. Sabe-se que o fenômeno mental
(cognitivo) tem sido primeiramente vinculado ao biológico, e interligado a LGG
(MIRANDA-SÁ JÚNIOR, 2001).
Para Ponty (1999) a maioria dos modelos informacionais do processo de cognição
caracteriza um sistema organizacional, incorporando as funções de receptor, processador e
emissor de informação. Essas funções compreendem:
a) sensação, entendida como um processo inicial através do qual o sistema receptor
recebe informações na forma de sinais e mensagens provenientes de emissores
externos através de canais ramificados de comunicação;
36
b) percepção, como um processo que envolve o tratamento da informação no qual o
receptor pode aceitar ou rejeitar o código, que provém do exterior na forma de
sinais e mensagens. Trata do modo como se reconhece aquilo que se encontra por
meio da visão, da fala e de outros tipos de reconhecimentos de padrões
interacionais existente na realidade exterior. Não é descrita apenas como o registro
de informação sensorial que chega pelos órgãos sensoriais, mas como organizador
das informações: visuais, auditivas, entre outras.
Estruturalmente, a percepção depende de práticas humanas estabelecidas por sistemas
de codificação usados como processamento da informação (HOCHBERG, 1966), mas
também influencia a decisão de situar os objetos percebidos em categorias apropriadas. A
atenção é considerada um tipo de percepção sistemática (ZORZI, 2003) e refere-se
usualmente à seleção de recursos informacionais que focalizam a percepção de determinados
objetos em detrimento de outros (CITOW; MACDONALD, 2004). Nessa perspectiva, o
processo de atenção se dá em duas fases: inicialmente ocorre a focalização nos estímulos e
caracterizam os elementos de informação do meio ambiente, surgindo posteriormente a
descrição de elementos na forma de um padrão de reconhecimento do objeto. Quanto mais
uma tarefa é praticada pelo indivíduo, menos atenção é requerida para ser executada
(PONTY, 1999).
A memória é estudada a partir de dois modos complementares: considerando-se a
forma como a informação entra e é codificada, e o modo como a informação é retida e
recuperada no sistema cognitivo (MENEZES; TAKIUCHI; BEFI-LOPES, 2007). No primeiro
caso, a informação proveniente do meio tende a permanecer transitoriamente na memória de
curta duração, delimitada capacidade de retenção, a qual deve ser trabalhada através dos
mecanismos de associação e de repetição envolvidos no processo de aprendizagem, para
posteriormente ser depositada na memória de longa duração (LURIA, 1992; ANDREASEN,
1989). As operações básicas que a memória apresenta, são codificação, armazenamento e
recuperação. A codificação é a transformação dos dados de entrada sensoriais em uma forma
de representação mental, que pode ser estocada; o armazenamento é a conservação da
informação codificada. A recuperação refere-se ao acesso e ao uso da informação
armazenada. Todos esses processos interagem entre si e são interdependentes (VERNON,
1974).
37
As primeiras tentativas descritivas dos processos mentais humanos como produtos da
evolução foram realizadas na segunda metade do século dezenove. As tentativas traçaram
caminhos pelos quais se desenvolvem a complexidade de atividade mental e determinaram os
elementos de adaptação biológica as condições ambientais que se tornam mais complexas ao
longo do processo evolutivo. A linha evolucionista teve grande influencia ao destacar a
possível evolução mental nos animais. Os estudiosos viram-se encurralados nas respostas
frente a indagações quanto às comparações com os animais irracionais (VIGOTSKI, 1998).
A aprendizagem de atividades complexas com objetos, corrigindo seu próprio
comportamento através de relações sociais e adquirindo sistemas linguísticos complexos são
adquiridas pelo desenvolvimento da cognição (VIGOTSKI, 1998; LURIA, 1987). E sempre é
levada, invariavelmente, a desenvolver novas motivações, criar novas formas de atividade
consciente e propor novos problemas. A criança substitui suas brincadeiras iniciais de
manipulação por outras que envolvem temas e papéis que apresentam regras socialmente
condicionadas para essas brincadeiras que se tornam regras do comportamento diário
(NUNES FILHO; BUENO; NARDI, 2000; VIGOTSKI, 1998).
A criança, desde sua relação prática com os objetos (brinquedos) e com as outras
pessoas, não apresenta apenas um fator de excitação, mas também um complexo jogo de
interpretações, capaz de estimular e se dirigir para as soluções de problemas, ou seja, o
pensamento encontra na interação verbal o seu conteúdo para seus aprimoramentos. A
capacidade de planejar organizar e estruturar as ações adquire flexibilidade pelo curso de
inúmeros processos discursivos, verbais e não verbais (PENNA, 1999). Durante os primeiros
estágios do desenvolvimento infantil as palavras que são de difíceis combinações são
deixadas de lado. Conforme seu desenvolvimento, as combinações mais complexas vão se
organizando gradativamente (VYGOTSKY, 1989; CABRAL, 1986). Esta capacidade de
organização das palavras está diretamente envolvida com as dimensões da LGG humana que
serão descritas nos próximos itens.
2.1.8 Dimensão semântica
O homem sempre se preocupou com a origem das línguas e com a relação entre as
palavras e as coisas que elas significam. Certas palavras desenvolvem um novo sentido
quando postas em um contexto diferente daquele em que costumavam ser empregada; esta
38
situação denota valor semantical. A semântica é a dimensão que se ocupa com o estudo do
significado. Muitas discussões científicas são realizadas entre linguistas sobre o ponto de vista
da semântica e gramática de forma a serem avaliadas independentemente uma da outra. A
estrutura gramatical da frase determinará as relações semânticas entre os elementos frasais
(BISHOP; MOGFORD, 2002).
O uso semântico das crianças está restringido por certas palavras que variam de acordo
com sua capacidade de armazená-las cognitivamente. Existem dois processos distintos de
compreensão da leitura: a compreensão lida oralmente e a lida visualmente (SOUZA, S.,
1997; CHAPMAN, 1996). Esta dimensão semântica gera e provoca aparição de uma série de
enlaces complementares como o entendimento acerca do ser humano. O valor semântico está
relacionado ao significado e a um sistema fundamental de códigos que garantem a passagem
do conhecimento do homem para o meio. A designação de um objeto expresso por meio da
palavra é determinada pelo sentido semântico. O principal objetivo é o de dar sentido através
de seu papel designativo, ou seja, a palavra designa o sentido de algo ou alguma coisa
(LURIA, 1987).
A LGG é um sistema sequencial significativo, característico da espécie humana, pois
compreende uma ordenação e uma relação de elementos vocais que se complementam
significamente. Se houver alternação da sequência das letras numa palavra, falada ou escrita,
altera-se o seu significado. A LGG vai muito além de um sistema de combinação; é, antes de
tudo, um sistema de relação que tem a sua origem na sociedade. É a combinação de elementos
fonéticos que em conjunto dão significado à palavra. As sílabas juntas não são sons quaisquer,
são sequências de sons que conferem um significado. O signo das palavras é o seu
componente indispensável, e essa unidade é basicamente uma sequência fonética ordenada,
estruturada e codificada socialmente. A competência linguística refere uma capacidade de
aplicação de regras, e volta a ser uma sequência significativa de unidades ordenadas
sistematicamente (RONCARATI; ALMEIDA, 2007; SOUZA, L., 2000).
2.1.9 Dimensão pragmática
É formada pela ação da mente e proporciona as atitudes verbais e de organização
mental dos seres humanos. Esta dimensão se desenvolve junto com o aprendizado
organizacional no cérebro (ZORZI, 1994). Estudos sobre o desenvolvimento das habilidades
39
pragmáticas são recentes quando comparados com os estudos do desenvolvimento
morfossintático, semântico e fonológico. Uma das principais contribuições da perspectiva
pragmática foi incluir, ao estudo da LGG infantil, a comunicação pré-verbal, na medida em
que é no período pré-linguístico que se inicia o uso da comunicação para interagir com as
pessoas e se estabelecerem as bases funcionais da comunicação (MEISEL, 1997).
A possibilidade de fazer escolhas entre ações e gostos são padrões estabelecidos
individualmente de acordo com a pragmática estabelecida e estimulada individualmente. A
pragmática é a materialização no estudo de línguas e na comunicação, e tem estabelecido a
forma verbal física articulatória e de interesse para um padrão correto pedagógico (JAMES,
1994). Os primeiros estudos nesse sentido foram descritos no final dos anos 1970 com o
aparecimento de uma perspectiva funcionalista sobre a LGG em contraposição à forte visão
estruturalista da época (ACOSTA et al., 2003).
Em pesquisas pragmáticas infantis, concentram-se basicamente dois aspectos: funções
comunicativas e habilidades conversacionais. As funções comunicativas são unidades
abstratas e amplas que refletem a intenção comunicativa do falante, envolve motivação e
metas e fins que se quer conseguir ao comunicar-se com o outro (KAJAGOPALAN, 2002).
Habilidades conversacionais referem-se à capacidade do sujeito em participar de uma
sequência interativa de atos de fala, tendo como objetivo um intercâmbio comunicativo. Esta
dimensão é observável em todos os contextos de fala. É o que acontece nos discursos
políticos, pedagógicos, religiosos e até nos discursos amorosos. Em todos esses casos, há uma
base afirmativa que, manipulada, serve aos objetivos do emissor. A diferença está no grau de
consciência quanto aos recursos utilizados para o convencimento. A LGG publicitária prima
na utilização desses recursos para mudar ou manter a opinião do público-alvo e assim
conseguir o objetivo persuasivo (ZORZI, 2003).
A função de maior importância para LGG é a comunicação, a qual, para ser eficaz,
exige não apenas conhecimento da regras de gramática (sintaxe) e do significado das palavras
(semântica), como também a capacidade de dizer conteúdos pertinentes no tempo e no lugar
apropriado. A competência conversacional requer muitas habilidades sociais da mesma forma
que requer habilidades de fala e de escuta (BERNARDES, 1995). Cada indivíduo reconhecer
que é a sua a própria vez de falar é uma capacidade com habilidades pragmáticas (ação).
Essas habilidades também envolvem conhecimento acerca do contexto social. Saber pedir
“por favor”, “dai-me licença” são exemplos de instrumentos provindos desta dimensão.
40
Crianças que querem um favor de seus pais adotam, muitas vezes, uma entonação de voz
diferente e um ritmo de enunciação particular em prol de seus interesses pessoais (CUNHA,
1991).
A pragmática ou a capacidade de se comunicar eficientemente vai além de
significados. Os valores que as crianças devem adquirir é relacionar as formas da língua ao
contexto físico e social em que são usadas. Mesmo crianças muitos jovens que estão
pronunciando enunciados de uma só palavra têm alvos pragmáticos diferentes. As habilidades
aumentam no decorrer da infância, havendo cada vez mais consciência do contexto social da
fala. A língua permite classificar os objetos em categorias simbólicas, linguísticas, que são
modos eficientes de representação. A palavra “árvore” não significa só um objeto particular
no quintal, ela se refere a uma variedade de formas botânicas que compartilham atributos
importantes para a natureza. Dessa forma, a língua capacita uma pessoa a categorizar diversos
eventos que compartilham características comuns, favorecendo a estimulação
desenvolvimental cognitiva (NEWCOMBE, 1999). A pragmática é a utilização da LGG, que
serve para ajudar as crianças a estabelecer e manter relacionamentos com os demais. Em
outras espécies, as ligações sociais são iniciadas e mantidas por meio de ações tais como:
danças de acasalamento, ou práticas de asseamento mútuo; e, entre os humanos, conversar à
mesa de jantar, assistir à televisão com a família entre outras atividades (ORLANDI, 1993).
2.1.10 Dimensão sintática
Esta dimensão apresenta competência organizacional mental e linguística. Existem
algumas diferenças existenciais entre a compreensão e a produção que são moduladas através
do desenvolvimento sintáxico. Não atender a ordem metodológica frasal ou de palavras, é
indício de fenômeno de alteração desenvolvimental linguística (CHAPMAN, 1996). A sintaxe
refere-se à estruturação de códigos (componentes) com objetivo de melhor entendimento da
mensagem. Estes devem se organizar hierarquicamente tanto para a fala, como para a escrita.
Para a maioria das pessoas, ordenar o conteúdo a ser expresso é fácil e eficaz para uma
satisfatória decodificação alheia. Quando isso não acontece com facilidade ou mesmo de
forma típica, considera-se alteração nesta dimensão. O conhecimento das pessoas se dá pelo
meio que as cerca, por fatores culturais e pelo gradual desenvolvimento natural da ordem
lógica (BOONE; PLANTE, 1994).
41
A sintaxe preocupa-se com a formulação de regras para descrição das formas pelas
quais diferentes partes do discurso podem ser combinadas para formar frases em uma língua
seja ela verbalizada ou não (BISHOP; MOGFORD, 2002), e nesta dimensão é que a LGG
estuda os processos generativos ou combinatórios das frases das línguas, tendo em vista a sua
estrutura (CALLOU et al., 1993). A aquisição de palavras é uma parte importante do
desenvolvimento da LGG, e a infinita produtividade e a flexibilidade comunicacional se
fundamentam em muito mais do que simplesmente palavras. Essas características se derivam
da capacidade que as pessoas possuem de combinar inúmeras palavras de maneiras variadas,
de acordo com as regras compreendidas por todos os usuários da língua, de forma a expressar
ideias novas e gradações sutis de significado. Essas regras são organizadas sintaticamente
(CHOMSKY, 1975).
As crianças iniciam a tarefa de adquirir sintaxe pelas relações comunicacionais
gradativas e em conjunto com outras pessoas. Elas progridem até adquirir satisfatórias
combinações verbais (NEWCOMBE, 1999). Geralmente aparece na metade do segundo ano,
quando as crianças começam a unir duas palavras e a falar suas primeiras frases. A variedade
de combinações de duas e três palavras aumenta gradativamente à medida que as crianças se
aproximam de seu segundo aniversário. Tipicamente, a fala infantil respeita a ordem de
palavras adequada para sua língua. As sentenças complexas (mais de um verbo na frase) só
vão ganhar eficiência após os quatro anos de idade. A capacidade sintática refere-se a uma
habilidade de reflexão e manipulação mental da estrutura gramatical e possui relação direta
com a articulação da LGG. E permite construir, a partir de diferentes combinações, infinitas
mensagens para terem sentido (ACOSTA et al., 2003).
2.2 EQUOTERAPIA
2.2.1 História da prática equestre
Conforme Cirillo (1992), Hipócrates de Loo (458-370 a.C.) sugeria, em seu livro Das
Dietas, a equitação para os transtornos de insônia, além de afirmar que a equitação melhora o
tônus de toda musculatura corporal. O autor ainda descreve que Asclepíades da Prússia (124-
40 a.C.), médico grego, indicava a montaria a cavalo para seus pacientes, epiléticos,
paralíticos, entre outros. Galeno (130-199 d.C.) era médico particular do imperador Marco
42
Aurélio (121-180 d.C.) e sugeriu a ele a prática de equitação, com a finalidade de ajudá-lo a
tomar decisões precisas e relevantes, dignas de seu trono.
De acordo com esse mesmo autor, o médico Merkurialis, em 1569, em sua obra
científica De arte gynmnastica, menciona sobre os diversos tipos de andadura do cavalo e
seus efeitos, além de descrever Galeno, que diz que a equitação, além de exercitar a mente, o
corpo, estimula os sentidos humanos.
Salienta ainda Cirillo (1992) que Thomas Sydenham (1624-1689) tinha o cargo de
capitão da cavalaria durante guerras e praticava regularmente a equitação por acreditar que
esta melhorava o corpo e a mente. Também orientava essa prática como tratamento de
diversas doenças: tuberculose, cólicas biliares e flatulência. Essa afirmação foi aceita por
George E. Stahl (1660-1734) pelo médico da imperatriz Maria Tereza da Áustria e, conforme
este último, essa atividade minimizava os episódios de hipocondria e de histeria.
E que o poeta alemão Göethe (1740-1832), até seu 55º ano de vida, cavalgava
diariamente e reconheceu o valor equoterápico em saúde através das oscilações do corpo,
acompanhando os movimentos do animal, bem como da coluna vertebral, proporcionado pela
posição do cavaleiro sobre a sela.
Os primeiros relatos sobre a terapia a cavalo foram descritos por volta de 1900 na
Alemanha. Muitos foram os pacientes atendidos e, entre os pacientes, encontrava-se Vladimir
Ilitch Lênin (1854-1924), um político russo, que se beneficiou da equoterapia para recuperar-
se de uma trombose cerebral (LERMONTOV, 2004).
Segundo Cirillo (1992), em 1901, na Inglaterra, foi construído o primeiro hospital
ortopédico do mundo e, em virtude das inúmeras e sucessivas guerras, o número de feridos
era muito alto. Uma dama inglesa decidiu levar os seus cavalos para os arredores do hospital,
a fim de quebrar a monotonia do tratamento dos militares mutilados. Esse foi o primeiro
registro de prática equestre ligada à pacientes hospitalizados. O autor ainda menciona que, no
ano de 1917, foi fundado o primeiro grupo de Equoterapia do Hospital Universitário de
Oxford, objetivando atender o grande número de feridos da 1ª Guerra Mundial, também com
o propósito de subsidiar o lazer e um tratamento menos monótono.
Na França, a reabilitação equoterápica nasceu em 1965. Por ser, nesse país, muito
difundido o amor pelo cavalo, rapidamente observou-se que seu uso era uma possibilidade
43
para a valorização das potencialidades do portador de deficiência. Nesse mesmo ano, a
Equoterapia se tornara uma disciplina a ser estudada em âmbito científico. O primeiro estudo
científico em equitação terapêutica foi apresentado no Centro Hospitalar de Patre Clair, em
1969 (NEVES; MALTA, 2002).
A primeira tese de doutoramento em Medicina com a temática Equoterapia data de
1972, cujo objeto de pesquisa foi a reeducação equestre, apresentada na Universidade de
Paris, em Val-de-Marme, pela Dra. Collette Picart Trintelin. Em 1974, foi efetuado o 1º
Congresso Internacional na França. Em Milão, Itália, no ano de 1985, foi criada a 1ª
Federation Riding Disabled International (FRDI), cuja sede está situada na Bélgica. Na Itália,
a terminologia utilizada é Terapia por Meio do Cavalo e também Reeducação Equestre. A
Associação Italiana chama-se Associazione Nazionale Italiana di Riabilitazione Equestre
(ANIRE), atende por volta de 1.000 crianças e adolescentes em tratamento e é auxiliada pelo
poder público e devidamente reconhecida pela presidência da República. A Universidade de
Medicina Pavia e o Centro de Psicologia do Esporte de Milão colaboram com a promoção de
cursos de aperfeiçoamento e capacitação de técnicos em equitação terapêutica, destinados aos
profissionais de saúde, e/ou interessados em reabilitação (CIRILLO, 1992). O autor ainda
acrescenta que o tratamento em Equoterapia na Itália é de fácil acesso a todas as classes
populacionais, o que se deve aos convênios com a previdência social.
No Canadá, em 1988, foi realizado o 7º Congresso Internacional, no qual foram
discutidas temáticas da relação terapêutica para benefícios do homem, e, em alguns países,
como Suécia, Suíça e Alemanha, a prática de equitação terapêutica é conhecida como
modalidade de tratamento. A Alemanha tem centros de Formação em Equoterapia em quatro
universidades (CIRILLO, 1992).
Em 1991 foi realizado o 1º Encontro Nacional de Equoterapia e o 1º Curso de
Extensão em equitação terapêutica (CIRILLO, 1998). O termo Equoterapia foi descrito pela
Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE), no Brasil em 1989, para
determinar o uso do cavalo como meio terapêutico de reabilitação equestre, objetivando a
habilitação ou educação de indivíduos com necessidades especiais. Essa terminologia
Equoterapia, específica do Brasil para conceitualizar esse modelo terapêutico, é discutida
amplamente em outros países, que não chegaram ainda a um consenso até os dias atuais. O
termo Equoterapia está devidamente registrado no Instituto Nacional da Propriedade
Industrial (INPI) que é um órgão do Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do
44
Comércio, com Certificado de Registro de Marca n. 819392529, de 26 de julho de 1999
(GOMES, 2004).
Para Gomes (2004), a equitação terapêutica foi devidamente descrita por três motivos
principais:
a) Fazer uma homenagem a Hipócrates por meio do termo terapia, que apresenta o
significado de cura para as ciências médicas;
b) Honrar a língua Latina, ao utilizar o radical inicial;
c) Necessidade de adotar uma palavra nova no dicionário brasileiro. Essa
nomenclatura é essencialmente brasileira e pode ter nome diferente no exterior.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu a Equoterapia como método
terapêutico no Brasil (Parecer n. 6, aprovado em sessão plenária de 9 de abril de 1997)
(MEDEIROS; DIAS, 2002).
Estudos realizados pela Dra. Heloisa Bruna Grubits Freire propiciaram a criação do
primeiro centro de Equoterapia no Brasil dentro de uma Instituição Universitária, no ano de
1999, em Campo Grande, MS. Isso possibilitou a publicação do primeiro livro sobre essa
temática e marcou o início das pesquisas de equitação terapêutica no Brasil. A partir de
experiência e pesquisas agregou-se uma gama de profissionais e acadêmicos de Educação
Física, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Psicologia, Terapia Ocupacional e
Zootecnia. A sigla do programa é PROEQUO-UCDB, que significa Programa de Equoterapia
da Universidade Católica Dom Bosco. O trabalho realizado envolve diversos cursos, com a
finalidade de disponibilizar a toda população atendimentos multidisciplinares associados à
Equoterapia e desenvolver ensino, pesquisa e extensão nessa área.
2.2.2 Conceito e objetivos
A Equoterapia é um método utilizado para fins educacionais e terapêuticos que utiliza
o cavalo e busca o desenvolvimento global de portadores de deficiência (MARCELINO;
MELO, 2006). É um método que reúne um conjunto de técnicas reeducativas para a melhora
de danos sensoriais junto com o auxílio de uma equipe interdisciplinar. Isso é possível devido
45
às atividades realizadas utilizando técnicas de equitação. A partir desse conceito, pode-se
definir também essa atividade como método terapêutico que pode proporcionar benefícios
através de motivação e auxiliar concomitantemente o físico e psicológico (SILVA, 2004;
CIRILLO, 1992).
Esta terapia que apresenta o cavalo como instrumento terapêutico principal utilizando
técnicas de equitação visando à reabilitação e reeducação motora e mental, também é
considerada um conjunto de técnicas reeducativas que atua em âmbito terapêutico para
superar ou minimizar danos sensoriais, motores, cognitivos e comportamentais por intermédio
do cavalo. Objetiva melhoras globais, tais como relaxamento, equilíbrio, atenção,
autoconfiança e autoestima. As atividades equestres desenvolvidas proporcionam ao
praticante benefícios físicos, sociais, educacionais e psicológicos. Sua abordagem é
interdisciplinar e atua nas áreas de Saúde, Educação e Equitação, buscando o
desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiências e/ou com necessidades
especiais (MEDEIROS; DIAS, 2002; F RODRIGUES, 2000; FREIRE, H., 1999).
Uzun (2005) define Equoterapia como uma atividade a cavalo, a qual se beneficia dos
múltiplos conhecimentos de profissionais de diversas áreas. Tal conjunto traz características
de melhoras globais para seu praticante. A ênfase em diversificar as atividades realizadas com
o cavaleiro demonstra a multiplicidade de técnicas utilizadas.
Terapia a cavalo é um método terapêutico que se enquadra como completo em relação
a seus benefícios, por abordar as áreas cognitivas, afetivas, sensoriais e motoras, além de
proporcionar ao praticante a percepção dos diversos movimentos e estímulos ambientais
necessários para o progresso terapêutico (RODRIGUES, 2000). É utilizado em várias partes
do mundo, pouco explorado cientificamente e permite trabalhar com o praticante de forma
terapêutica. Apresenta grande relevância para o praticante fortalecer suas potencialidades
residuais de acordo com o desenvolvimento orgânico-funcional humano (CIRILLO, 1992).
A terapia a cavalo visa também à estimulação de lateralidade, equilíbrio, consciência
postural, reeducação motora e mental, autoestima, autoconfiança, melhoras na verbalização,
na comunicação social, estímulos físicos, fobias em geral, entre outros. A utilização da terapia
equestre é também realizada para a superação de danos sensoriais, motores, comportamentais
e cognitivos (FREIRE, H., 1999). As atividades realizadas com os cavalos aumentam o
período de atenção estabelecido pelo organismo, possibilitando maior concentração e melhor
disciplina dos pacientes (LERMONTOV, 2004).
46
Essa terapia exige a participação física de todos os músculos e articulações corporais.
A Equoterapia tem também como objetivo desenvolver potencialidades de pessoas portadoras
de deficiências físicas ou mentais, cujas causas podem ser de origem neurológica central ou
periférica (RODRIGUES, 2000).
2.2.3 O cavalo como instrumento cinesioterapêutico
O cavalo é um animal irracional, quadrúpede, perissodátilo, solípede, da família dos
equinos, apresenta pescoço e cauda de cerdas longas e abundantes (WEISZFLOG, 1998), de
fácil relação com o homem e de grande serventia para a humanidade (FERREIRA NETO,
1999). Desde épocas remotas, servindo de montaria, na tração de diversas locomoções e nos
trabalhos agrícolas, este animal foi de fundamental relevância na história do homem e suas
conquistas; durante a período do Bronze e do Ferro foi essencial nas atividades de sacerdotes
nômades da Eurásia e acompanhou a evolução dos povos desde sua domesticação,
provavelmente em 3500 a.C. Antes da confecção em massa de armas de fogo, ele foi um
importante instrumento de guerra e, antes da máquina a vapor, era utilizado como meio de
transporte (BRÊTAS et al., 2005).
Há indicadores de que o cavalo tenha sido domesticado após o cão, a ovelha, a cabra e
a vaca, tudo devido à baixa adaptação de cavalos ao ambiente doméstico (SANTOS;
PASSOS; REZENDE, 2007). No continente africano, o asno, parente próximo ao cavalo, foi
domesticado antes dos cavalos. Desde a Idade da Pedra, a vontade era enorme de se
domesticar esse animal de grande velocidade e de capacidade para viagens longas. A
domesticação é o processo de passagem e de adaptação a ambientes domésticos. As
habilidades, bem como as técnicas de manuseio e relação com equinos, ficaram mais fáceis
após as modificações genéticas entre os equinos, o que permitiu uma melhora progressiva a
cada geração, tanto para o animal como para o homem (DOTTI, 2005).
Atualmente utilizado como agente cinesioterapêutico, o cavalo é considerado o eixo da
ligação entre o praticante e o terapeuta, proporcionando dessa forma um contato
socioterapêutico de grande e intenso trabalho (LERMONTOV, 2004; MEDEIROS; DIAS,
2002). Durante o período de adaptação entre o homem e o cavalo, houve as descobertas das
várias formas de marcha animal. Muitos autores consideram que as andaduras naturais são
aquelas que o cavalo executa instintivamente, descritas como passo, trote e galope. A
47
andadura do cavalo é determinante no ritmo dos exercícios na equitação terapêutica. Pode-se
descrever que o passo é a andadura ideal para relaxamento muscular. Os seus movimentos
naturais permitem múltiplas informações (cutâneas, visuais, auditivas, olfativas). Ao segurar
as rédeas, os estímulos promovidos acontecem através de exercícios de coordenação óculo-
manual, a sincronia do movimento resulta em um melhor controle postural (COPETTI et al.,
2007). A utilização de exercícios equestres com o objetivo de reeducação ou mesmo educação
não é descoberta recente. Essa prática é realizada há muitos anos, porém não foi descrita
desde os primórdios de sua origem (CIRILLO, 1992).
O ajuste tônico corporal é a primeira manifestação do corpo sob o dorso de um cavalo,
pois este nunca se encontra totalmente estático. Todo e qualquer movimento que o cavalo
faça, exige do cavaleiro um ajuste de seu tônus global para a adequação da musculatura para
evitar desequilíbrios provocados por movimentos diversos (RATTO, 1999). Quando está em
cima do cavalo, o paciente recebe informações físicas de estímulos ambientais e
proprioceptivos, diferentes de quando está com os pés no chão. Essas informações
proprioceptivas provêm das regiões articulares, musculares, periarticulares e musculares
globais permitindo assim experiência de estímulos de vários esquemas motores (SILVA,
2004).
O passo do cavalo se caracteriza pelo deslocamento gradual dos quatro membros
concomitantemente e de forma padronizada. A frequência da andadura está em função do
comprimento e da velocidade (MEDEIROS; DIAS, 2002). Ao descreverem o deslocamento
das patas de um cavalo, as autoras apontam que, ao término do primeiro minuto, será possível
obter uma quantidade de passadas que pode variar de 48 a 70 passadas. A adaptação ao ritmo
lento é favorecida pelo embalo, bem como pela inércia, o que facilita a diminuição do nível de
angústia e é importante para minimizar quadros psicológicos dos fenômenos de inibição
(LERMONTOV, 2004).
O passo é a andadura mais benéfica ao estabelecimento de uma LGG convencional
entre o cavalo e o cavaleiro, em virtude das compassadas reações que ela produz no assento
do praticante, permitindo-lhe assim uma melhor ligação com sua montaria e, portanto, em
condições de proporcionar maior precisão do movimento. Os estímulos exteroceptivos
ocorrem quando as nádegas do praticante estão diretamente em contato com o dorso do
cavalo. A recepção do estímulo é captada também pelos membros inferiores (UZUN, 2005;
MEDEIROS; DIAS, 2002). As vibrações nas regiões osteoarticulares produzidas pelos
48
deslocamentos da cintura pélvica são transmitidas ao cérebro, via medula. As atividades
periódicas sobre o cavalo alternadas de desequilíbrio e retomada de equilíbrio são ideais para
o aumento da tonicidade muscular (SANTOS; PASSOS; REZENDE, 2007; TRANCOZO et
al., 2002; RODRIGUES, 2000).
O deslocamento do cavalo ao passo torna o ajuste corporal automático, se adaptado ao
ritmo acentuado e organizado. O ritmo e a adaptação são duas conquistas promovidas pelo
tratamento e exposição do paciente em relação ao cavalo. A contração e descontração de
músculos de forma simultânea são necessárias para uma adaptação ao tratamento em
Equoterapia (NEGRELLO; ROTH, 2000). Essa atividade muscular é adquirida com o
processo terapêutico em andamento. O cavaleiro, mesmo que involuntariamente, realiza
movimentos tridimensionais horizontais, para direita, para esquerda, para frente, para trás,
verticais, para cima e para baixo (SILVA, 2004).
A característica de maior relevância para a Equoterapia é o passo que o cavalo
transmite ao cavaleiro, uma série sequenciada de movimentos realizados passo a passo de
forma simultânea e que resulta em movimento tridimensional (GARRIGUE, 1999). No plano
vertical, o movimento realizado é de cima e para baixo e/ou de baixo para cima, e, no plano
horizontal, o movimento acontece da direita para a esquerda e vice-versa. Tanto o eixo
transversal como o longitudinal produzem movimentos ímpares com pequenas torções da
bacia do praticante, provocadas pelas inflexões laterais do dorso do cavalo (WICKERT, 1999;
KLUWER, 1997).
Para Medeiros e Dias (2002), o ritmo do passo do cavalo pode variar de acordo com
sua andadura, classificada em: transpista, sobrepista e antepista:
a) transpista: o cavalo apresenta um comprimento de passo longo no qual sua pegada
ultrapassa a marca da pegada anterior (frequência baixa);
b) sobrepista: o cavalo possui uma frequência média, na qual sua pegada coincide com
a marca da pegada anterior;
c) antepista: o cavalo apresenta um comprimento de passo curto em que sua pegada
antecede a marca da pegada anterior (frequência alta).
49
O passo do animal é determinante no movimento tridimensional de seu dorso, sua
repetição contínua varia de 1 a 1,75 m por segundo, o que reflete no cavaleiro uma quantidade
de 1.800 a 2.250 ajustes tônicos em 30 minutos. O cavalo gera os movimentos tridimensionais
e os transmite ao cavaleiro. Apesar de os movimentos serem realizados de maneira rápida, o
cérebro humano é capaz de decodificá-lo independente da velocidade (WICKERT, 1999).
O peso corpóreo está relacionado ao conjunto de movimentos realizados durante a
marcha. Nesse sentido, a existência do centro de gravidade exige do praticante habilidade para
não cair, produzindo assim melhor equilíbrio (MEDEIROS; DIAS, 2002). A marcha que mais
se assemelha a do homem é a do cavalo. Os deslocamentos, as inclinações, a distância das
patas são similares à sincronia de movimentos realizados pelo homem ao caminhar
(COPETTI et al., 2007; NEGRELLO; ROTH, 2000).
Para Rodrigues (2000), a marcha do ser humano é dividida em três etapas
proprioceptivas: etapa de apoio, etapa de balanceio e etapa de duplo apoio. Na fase de apoio,
um dos membros se desloca para cima e o outro membro suporta parte ou todo o peso
corporal, momento em que o centro corpóreo está em constante atividade. Na fase de
balanceio, o peso é suportado pela região dorsal e o membro em questão é impulsionado e
balanceado para frente. Na fase de duplo apoio, um dos membros inferiores está em fase de
impulsão e o outro é influenciado por essa ação inicial. Os dois membros estão em contato
com o solo.
O termo propriocepção se refere ao uso do input
2
sensorial dos receptores
intramusculares, tendões e articulações corporais, para descrever a exata posição e movimento
articular. O controle, a direção, a velocidade e a amplitude também são aspectos relacionados
diretamente com percepção em cima do cavalo (TRANCOZO et al., 2002). As informações
proprioceptivas na posição sentada em cima do cavalo provêm de inúmeras regiões
musculares, articulares, periarticulares e tendinosas. Essa posição é bastante diferente se
comparada com a posição em pé. Todas as informações provindas da andadura, bem como
dos movimentos, permitem a elaboração de esquemas motores novos. A esse benefício dá-se
o nome de reeducação neuro-muscular (SILVA, 2004). Durante a infância, o SNC ainda é
capaz de criar e se beneficiar de novas sinapses, facilitando uma melhor posição ereta
corporal. O controle postural exige do paciente contrações e descontrações tanto de músculos
2
Entrada; percepção; sensações recebidas do corpo e do meio (DISAL, 2006).
50
agonistas, como de antagonistas, e essa exigência favorece o fortalecimento muscular
(LERMONTOV, 2004; CIRILLO, 1992).
A propriocepção é estimulada pela necessidade de equilíbrio, devido ao contato do
corpo com o cavalo: glúteos em contato com a sela ou sobre o dorso do cavalo, a face interna
das coxas e das panturrilhas, quando estão em contato com os flancos do cavalo, as mãos, no
contato com as rédeas, passam uma grande quantidade dessas informações externas e cutâneas
de origens diversas (LEITÃO, 2004). O paciente submetido a tratamento equoterapêutico é
também estimulado auditivamente através das vozes de outras pessoas presentes no local e
das batidas originadas dos cascos dos cavalos. As informações olfativas que chegam como
estímulo ao cérebro também promovem estímulo considerável ao organismo humano
(CIRILLO, 1992).
2.2.4 Psicomotricidade e benefícios equoterápicos
Psicomotricidade tem o homem como objeto de seu estudo, engloba várias outras
áreas: pedagógicas, educacionais e de saúde. Envolve-se com o desenvolvimento global e
harmônico do indivíduo desde o nascimento (BUENO, 2000). Portanto, é a ligação entre o
psiquismo e a motricidade humana. Motricidade apresenta o mesmo sentido de movimento,
motilidade, domínio do corpo, agilidade, destreza, locomoção, faculdade de mover-se
voluntariamente e possibilidade neurofisiológica de realizar movimentos (VECCHIATO,
1989). Esse termo evoluiu seguindo uma trajetória primeiramente teórica e depois prática, até
chegar a um meio-termo entre essas duas. Dentro da evolução da psicomotricidade, o foco
fixou-se, no início do século XXI, sobre o desenvolvimento motor da criança. Após essa
etapa, foi estudada a relação entre o atraso do desenvolvimento motor e o atraso intelectual da
criança. Seguiu-se então o estudo sobre o desenvolvimento da habilidade manual e de
aptidões motoras em função da idade até se chegar à posição atual da psicomotricidade. Nos
tempos mais atuais, o estudo evoluiu e ultrapassou os problemas motores, dando ênfase na
relação entre o gesto, a afetividade e a qualidade de comunicação (BRÊTAS et al., 2005).
Essa abordagem globalizante vem mostrando um caminho cada vez mais eficiente para os
profissionais de diversas áreas. Contudo exige-se uma dedicação muito grande de
profissionais ao assumir essa abordagem, visto que implica o estudo das áreas psicológica,
neurológica, social, emocional e motora (SANTOS; PASSOS; REZENDE, 2007).
51
O movimento é o principal elemento ativo no crescimento (VIEIRA; BATISTA;
LAPIERRE, 2005; FERREIRA, 2000; FONSECA, 1992; GUILLARME, 1984) e do
desenvolvimento infantil (FELDENKRAIS, 1984). Toda a ação requer um movimento e todo
ato motor tem uma ação e um significado. Segundo alguns autores, a ação de se movimentar é
vista como o facilitador de aquisições, como cognitivo, social, afetivo e relacional
(FONSECA, 1998b). A ação motora envolve o controle muscular, e a aprendizagem,
movimento, beneficiando os processos e operações mentais necessárias para o indivíduo
receber informações e armazená-las. A partir de experiências pessoais associadas ao
movimento, pode-se enfatizar a importância do ambiente da aprendizagem, podendo esse
indivíduo ser o próprio avaliador de seu movimento (BRÊTAS et al., 2005).
A psicomotricidade é uma ciência que tem como objetivo o estudo sistemático do
homem por meio de seu corpo em movimento nas relações com o seu mundo interno e
externo (SABOYA, 1999a; MARCUSCHI, 1986). Essa ciência considera o ser físico e social
em transformação permanente e em constante interação com o meio, modificando-o e
modificando-se (LE BOULCH, 1988). Na psicomotricidade, é trabalhada a globalidade do
indivíduo. É uma disciplina que se dedica à atividade corporal, ao desenvolvimento das
palavras e à interação entre os objetos e o meio para realizar uma atividade (GARRIGUE,
1999).
A psicologia relacionada à motricidade está interligada ao estudo do movimento, ao
mesmo tempo em que desenvolve a inteligência (FONSECA, 1998ª; PRISTA, 1994). Essa
relação se identifica bem, quando se refere como uma ação vivida no desenvolvimento ao
longo da vida. O desenvolvimento do ato motor implica um bom funcionamento fisiológico
(COSTE, 1978; COSTALLAT, 1971; BERTHERAT, 1970), mas se limita com ajustes
necessários frente a contrações musculares, pois constituem também a tomada de consciência
(LERMONTOV, 2004).
A psicomotricidade faz-se necessária tanto para a prevenção e tratamento das
dificuldades motoras (LAPIERRE, 1986) quanto para a exploração do potencial ativo
individual de cada um (LERMONTOV, 2004). A coordenação motora dinâmica é considerada
como a possibilidade de controle dos movimentos amplos do corpo e permite a possibilidade
de contrair grupos musculares diferentes, inibindo os movimentos sincinesistas (LAPIERRE;
AUCOUTURIER, 1977). Para que essa coordenação ocorra, é necessária uma perfeita
harmonia de grupos musculares colocados em movimento ou em repouso. Sua função é
52
permitir, de forma mais eficaz, os movimentos que interessam a vários seguimentos corporais
implicados em um gesto. Diversos autores relatam efeitos terapêuticos em comum, como
normalização do tônus muscular, melhora na coordenação motora, na organização espaço-
temporal, esquema corporal, orientação espacial (WALTER; VENDRAMINI, 2000).
A partir das primeiras experiências psicomotriciais é que a criança vai constituindo,
pouco a pouco, o seu modo pessoal de ser, sentir, agir e reagir diante dos outros, dos objetos e
do mundo afora (DEJOURS, 1988; GUILLARME, 1984; BERNARD, 1980). A qualidade da
relação que a criança estabelece com o meio é que lhe condicionará a saúde mental. Mediante
a relação com as pessoas e com os objetos, a criança se comunica e expressa suas
dificuldades, sejam elas de ordem motora, cognitiva ou emocional. O desenvolvimento
psicomotor acontece em um processo conjunto de todos os aspectos: motor, verbal,
intelectual, emocional e expressivo, dividindo-se em duas fases: primeira infância (0 a 3 anos)
e segunda infância (3 a 7 anos), completando-se maturacionalmente por volta dos 8 anos de
idade (NEVES; MALTA, 2002).
A criança interage com o mundo por meio de seus movimentos e dispõe para tal de
suas capacidades motoras, intelectuais e afetivas, estabelecendo a relação com o mundo
conforme sua carga tônica pessoal, a qual é construída no dia-a-dia com as estimulações e
limitações de que o meio e as pessoas dispõem. Desenvolve-se pelos movimentos como um
ser integral, único e social (FONSECA, 1976). As experiências precoces são de grande
importância, pois constroem a base para o indivíduo desenvolver sua independência e
autonomia corporal e sua maturidade socioemocional. O movimento é o elemento vital no
crescimento e desenvolvimento infantil (NEVES; MALTA, 2002).
Entende-se aqui por desenvolvimento humano o desenvolvimento integrado do
crescimento, da maturação, das experiências pela qual o indivíduo passa e a adaptação desse
corpo no ambiente (BRANDÃO, 1984; BUENO, 1998), respeitando-se as individualidades de
cada pessoa, sua herança genética, bem como as condições ambientais nas quais esse
indivíduo está inserido. Esse desenvolvimento inclui os aspectos físicos, afetivo-social e
cognitivo (SANTOS; PASSOS; REZENDE, 2007).
O progresso psicomotor caracteriza-se pelo desenvolvimento do ritmo, pela noção
espacial, pelo reconhecimento de objetos, das posições, pela imagem do corpo e pela palavra
(LE BOULCH, 1983; QUIROS; SCHRAGEN, 1979; FONSECA, 1976). A estimulação desse
desenvolvimento é fundamental para que haja consciência dos movimentos corporais
53
integrados com a emoção e expressados pela ação motora (AUCOUTURIER; DARRAULT;
EMPINET, 1986; FONSECA, 1983). A fase que apresenta um importante momento para a
estimulação de todos os aspectos do desenvolvimento (motor, intelectual e socioemocional) é
a de faixa etária do nascimento até completar oito anos aproximadamente. É nesse período
que se instalam as principais dificuldades em todas as áreas de relação com o meio no qual o
indivíduo está inserido e, se não forem exploradas e trabalhadas a tempo, certamente haverá
prejuízos como dificuldades na escrita, na leitura, na fala, na socialização e outros (LEVIN,
1995). Atividades de estimulação através da equitação terapêutica são indicadas para casos de
alterações motoras e cognitivas (FREIRE, H., 1999).
Essas atividades equestres contribuem para o desenvolvimento da força muscular
corporal, do tônus, para maior flexibilidade, relaxamento, conscientização do corpo em sua
totalidade física e para o aperfeiçoamento de coordenação motora. A mobilidade articular é
um grande exercício realizado amplamente pela Equoterapia e, muitas vezes, indicado como
tratamento primordial para a melhora física dessa condição orgânica. A Equoterapia tem
várias indicações por atuar na melhora de várias condições clínicas, como em área de
equilíbrio, controle postural, mobilidade articular, tônus muscular, coordenação e organização
espaço temporal, além dos benefícios no nível psicológico e social. O paciente sobre o dorso
do cavalo não vê o espaço e os objetos da mesma forma que o pedestre, seu corpo exige um
olhar mais equilibrado e atento ao meio e a si mesmo (RODRIGUES, 2000).
A interação com o cavalo promove o contato inicial de socialização com o ambiente.
A terapia a cavalo possui um aspecto específico de realização de gestos e movimentos
repetitivos sem estresse e prazerosos, o que acaba proporcionando uma melhora terapêutica
mais vantajosa (FREIRE, H., 1999). Outro aspecto importante é o impacto positivo sobre o
psiquismo do praticante em tratamento (KLUWER, 1997). Essa terapia pode ser aplicada e
integrada por um conjunto de profissionais com direcionamento para cura, educação e
progressão funcional, possibilidade essa que traz condições de saúde global. As atividades
terapêuticas estabelecidas em Equoterapia também auxiliam o paciente nos aspectos
referentes à melhora de autoconfiança, autoestima, fala, LGG, estimulação tátil, lateralidade,
reconhecimento de cores, organização e orientação espacial e temporal, memória, percepção
visual e auditiva, direção, ana´´alise e síntese e raciocínio (SILVA, 2004; CIRILLO, 1992). A
lateralização e o esquema corporal são benefícios alcançados pelo trabalho da equipe de
profissionais, o qual engloba espaço apropriado, tempo de terapia, entre outros
(LERMONTOV, 2004).
54
O cavalo é o instrumento intermediador entre o praticante e seu terapeuta. Muitas
experiências que o praticante não pode vivenciar em solo, ao montar o cavalo ele irá aprender,
integrando e utilizando a sua estrutura corporal em uma metodologia que tende a promover-
lhe a evolução necessária para melhora psicológica. Atividades a cavalo trazem benefícios
psicológicos, o paciente adquire uma melhor autoestima e pode promover uma maior
independência e autoconfiança. Uma das áreas que é estimulada e beneficiada sofrendo
grande impacto por meio da equitação terapêutica é a psicologia (FREIRE, H., 1999).
Para Garrigue (1999), os benefícios da terapia a cavalo são alcançados em quatro
ordens:
a) Efeitos na psicomotricidade: fortalecimento do tônus corporal; favorece o
conhecimento de posições do próprio corpo; maior mobilidade das articulações da
coluna e da bacia; favorece a capacidade de lateralização corporal; maior referência
de tempo e espaço; permite que se trabalhe a dissociação de movimentos bem como
seu controle; facilita a precisão do movimento; beneficia o controle do equilíbrio e
a postura do corpo ereto.
b) Efeitos da relação: a comunicação em todos os aspectos (verbal e gestual); maior
confiança em si próprio; uma maior capacidade de atenção; a valorização plena do
indivíduo a cavalo; maior controle emocional; a vigilância da relação.
c) Desenvolvimento da socialização: beneficia a integração de pacientes e/ou
praticantes com comprometimento cognitivos ou corporais com os demais
praticantes e com a equipe multidisciplinar atuante no ambiente de terapia
(picadeiro).
d) Benefícios de natureza técnica: aprendizado das técnicas utilizadas em equitação,
tais como condução do cavalo em distintas velocidades. Para se beneficiar desses
vários tipos de aprendizagens, é necessária a utilização de linguagem adequada à
capacidade individual de cada participante em entender as informações. O nível de
compreensão e de expressão do praticante, relacionado ao ritmo de cada um;
favorece o engramamento sobre cuidados com o animal cavalo (alimentação,
curativos, selar, estábulos, colocar rédeas, entre outros).
55
2.2.5 Indicações e contra-indicações
Todo tratamento em Equoterapia deve seguir um parâmetro metodológico-científico
para a execução de suas propostas terapêuticas. A prática de equitação terapêutica deve ter um
aval favorável por meio de avaliação médica, psicológica e fisioterápica (CIRILLO, 1992).
A Equoterapia deve ser indicada para crianças com funções motoras grossas alteradas,
especialmente no caminhar, correr e saltar. O tratamento em Equoterapia é planejado a partir
das necessidades e potencialidades do praticante. Dessa forma, podem-se incluir os objetivos
como as principais metas a serem alcançadas através de um conjunto de técnicas a serem
discutidas para cada caso (SILVA, 2004).
Segundo Lermontov (2004) e Freire, H. (1999), tendo em vista a eficácia em situações
patológicas e funcionais, a montaria é indicada principalmente nos seguintes casos: paralisia
cerebral, acidente vascular cerebral e traumatismo crânio-encefálico, sequelas de lesões
medulares como mielomeningocele, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, distúrbios
comportamentais como autismo, distúrbios visuais, distúrbios auditivos, sequelas de
patologias ortopédicas entre outras. O esquema corporal, que é de controle neurológico, se
estabelece e se normatiza pela simultaneidade das informações proprioceptivas e
exteroceptivas. Situar-se no espaço-tempo em equoterapia é estabelecer normas, limites,
conhecer suas capacidades físicas e mentais, utilizar pontos de referência, fazendo com que
ocorra o princípio da descoberta, etapa fundamental para o desenvolvimento humano por
meio da terapia.
A atividade de Equoterapia facilita o aprendizado pela necessidade própria de
concentração, disciplina e responsabilidade, fazendo com que se ultrapassem barreiras de
limitações intelectuais e mesmo corporais. Comprometimentos, como distúrbios de
comportamento, Síndrome de Down, autismo, esquizofrenia, psicoses, comprometimentos
emocionais, problemas escolares, distúrbio de atenção, percepção, fala, LGG, hiperatividade e
pessoas “saudáveis” que tenham problemas de postura, insônia e estresse, podem ser tratados
através de Equoterapia (CIRILLO, 1992).
Existem algumas alterações mais frequentes que podem ser indicadas para tratamento
em Equoterapia, como por exemplo: lesões centrais, sequelas de lesões medulares, distúrbios
audiológicos, hemiplegia, tetraplegia, paraplegia, maturação incompleta, distúrbios
56
comportamentais, distúrbios sensoriais, sequelas de patologias ortopédicas, psicoses infantis,
demências e ansiedade (SILVA, 2004; LERMONTOV, 2004; FREIRE, H., 1999). A
equitação terapêutica utiliza o animal cavalo para desenvolver os aspectos de coordenação
motora e normalizar os processos psicológicos (WALTER; VENDRAMINI, 2000; MALTA,
1999).
Muitos dos pacientes com patologias de cunho neurológico são beneficiados com
informações e novos estímulos provindos do cavalo (LERMONTOV, 2004). A Equoterapia é
capaz de diminuir a agressividade, tornar o paciente mais sociável, melhorar-lhe a autoestima,
construir amizades e treinar padrões de comportamento, como ajudar e ser ajudado, encaixar
as exigências do próprio indivíduo com as necessidades do grupo, aceitar as próprias
limitações e as limitações do outro e, de uma forma mais interacional, a troca mútua de ideias
(RODRIGUES, 2000).
O tratamento de patologias de ordem ortopédicas congênitas ou adquiridas por
acidentes diversos e desordens sensório-motoras são objetivos da Equoterapia. Muitos autores
defendem como princípios a mobilização da articulação do quadril, da cintura pélvica e da
coluna lombar, o desenvolvimento da movimentação e o controle da musculatura envolvida,
um melhor equilíbrio da coluna, entre outros (NEVES; MALTA, 2002).
Crianças ou mesmo adultos não devem, sem prescrição médica, realizar o tratamento
equoterápico, de acordo com Santos (2005). Revelam-se também outras contraindicações,
como alterações urológicas, psiquiátricas, oncológicas, cardiovasculares, dermatológicas,
hidrocefalia, hidromielia, tumores cerebrais, epilepsia, aneurismas cerebrais sintomáticos e
esclerose múltipla (FREIRE, H., 1999).
Existem algumas contraindicações que se resumem às alterações da coluna vertebral,
tais qual hérnia de disco, esclerose evolutiva e também todas as afecções em fase aguda, como
cardiopatias agudas, excessiva lassidão ligamentosa das primeiras vértebras cervicais, devidas
à Síndrome de Down (SILVA, 2004).
Realizou-se um estudo para se verificar o efeito de um programa de Equoterapia no
comportamento angular do tornozelo e joelho de crianças com Síndrome de Down. Fizeram
parte do estudo três crianças do sexo masculino com média de sete anos de idade. As análises
foram realizadas intrassujeitos, sendo o pós-teste realizado após treze sessões de tratamento.
As intervenções com Equoterapia tiveram duração de cinquenta minutos, com intervalos de
57
sete dias. Após o término do tratamento, observaram-se alterações significativas para a
articulação do tornozelo para todos os sujeitos. A Equoterapia promoveu alterações positivas
no comportamento angular da articulação do tornozelo, com pouco efeito sobre o joelho
(COPETTI et al., 2007).
2.2.6 Área de aplicação e a equipe de Equoterapia
A Equoterapia é desenvolvida por uma equipe interdisciplinar composta, no mínimo,
por um psicólogo, um fisioterapeuta e um instrutor de equitação. O atendimento em
Equoterapia é planejado e estruturado em função das necessidades e potencialidades do
praticante, partindo-se de avaliação e dos objetivos a serem alcançados, planejados pela
equipe multidisciplinar que atuará no atendimento. O atendimento é precedido de avaliações e
diagnósticos, de indicação médica e avaliações de profissionais das áreas de saúde e
educação, com o objetivo de planejar o atendimento equoterápico individualizado. A prática
da Equoterapia é realizada por equipe multiprofissional que atua de forma interdisciplinar
com um objetivo único e genérico de melhora global funcional do paciente (FREIRE, H.,
1999).
A equipe que atua em Equoterapia deve ser a mais ampla possível. A agregação de
profissionais de conhecimentos distintos e especialidades múltiplas promove mais saúde em
âmbito mental e físico (RODRIGUES, 2000; CIRILLO, 1992). Os profissionais que podem
atuar diretamente com Equoterapia são: fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos,
professores de educação física, pedagogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais e outros. A
composição da equipe interdisciplinar deve levar em consideração o programa de Equoterapia
a ser executado, a sua finalidade e os objetivos a serem alcançados terapeuticamente com o
praticante (SILVA, 2004; WALTER; VENDRAMINI, 2000).
2.2.7 Relação entre equitação terapêutica e linguagem
A Equoterapia propicia aplicação de técnicas terapêuticas que podem ser utilizadas ao
mesmo tempo na terapia (RATTO, 1999). O terapeuta, em ambiente estimulador e munido de
materiais terapêuticos, pode estimular pacientes por meio de atividades lúdicas que irão
atingir níveis sensoriomotores e percepto-cognitivos, servindo como base do aprendizado no
58
qual o desenvolvimento cognitivo está presente e altamente atuante (SILVA, 2004). A
comunicação e a criatividade são objetivos da psicomotricidade, que auxilia no
desenvolvimento da LGG (QUIROS; SCHRAGEN, 1979), no desenvolvimento do
pensamento operativo, levando-se em conta o aspecto interativo do ser humano, do corpo e da
gestualidade (NEVES; MALTA, 2002).
A terapia a cavalo possui um aspecto específico e ímpar de realização de gestos e
movimentos repetidamente sem estresse e prazerosos, que acabam proporcionando um
conjunto de subsídios motriciais capazes de promover a construção da significação e
aprendizado (FREIRE, H., 1999), bem como possíveis benefícios de fala e LGG por meio da
psicomotricidade. A equitação terapêutica traz benefícios para os distúrbios da fala e LGG,
comunicação gestual e auxiliam na articulação de sons (RODRIGUES, 2000).
Para Leitão (2004), as relações psicoeducacionais são alcançadas satisfatoriamente
com o tratamento equoterápico. Uma pesquisa realizada com cinco crianças entre cinco e dez
anos, diagnosticadas com autismo, registrou melhorias ao nível do desenvolvimento
linguístico e do comportamento, com terapias realizadas quinzenalmente. Os resultados
mostraram melhorias do processo psicoeducacional e de LGG. Essas evidências propiciam
uma reflexão sobre a importância do papel do cavalo, que deve ser vista como de grande
relevância para o desenvolvimento infantil.
59
3 OBJETIVOS
60
3.1 OBJETIVO GERAL
Estimular processos dimensionais da LGG na associação de dois procedimentos
terapêuticos Equoterapia e terapia fonoaudiológica de crianças diagnosticadas com
Atraso de LGG.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Caracterizar os aspectos sociodemográficos, familiares e os diagnósticos dos
participantes.
Avaliar a LGG pré e pós-intervenção equoterápica e fonoaudiológica para identificar
possíveis alterações.
Verificar se houve evolução no repertório verbal durante as sessões terapêuticas.
Identificar possíveis mudanças na LGG no sentido pragmático, sintático e semântico
dos participantes submetidos à terapia.
Avaliar possíveis benefícios psicomotriciais dos participantes pré e pós sessões de
Equoterapia e após a intervenção de quatro meses de terapia a cavalo por intermédio do
protocolo de avaliação de LGG.
61
4 METODOLOGIA
62
Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso de cunho hipotético-dedutivo em
atendimento equoterapêutico com crianças que apresentam diagnóstico de Atraso de LGG.
Utiliza-se de medidas de avaliação pré e pós-intervenção equoterápica. Este estudo não adota
uma abordagem específica de um determinado autor ou linha de pensamento. Dessa forma,
esta pesquisa é descrita com recortes teóricos gerais de aspectos psicodinâmicos,
desenvolvimentais, cognitivistas e socioconstrutivistas. Buscou-se assim identificar avanços,
estagnações ou retrocessos nos aspectos dimensionais da LGG, independente de abordagem
teórica específica.
De acordo com Gil (1999), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo de
um ou vários objetivos, de maneira a explorar o conhecimento amplo e detalhado sobre o
objeto estudado. É um estudo que investiga fenômenos atuais dentro de seu contexto de
realidade. Esse autor conceitua o estudo de caso como uma caracterização abrangente para
designar uma diversidade de pesquisas que reúnem e registram dados de um caso particular
ou de vários casos para organizar um relatório crítico de uma experiência e/ou analisá-la.
De acordo com Santos (2005), a pesquisa hipotético-dedutiva é caracterizada por
hipóteses formuladas em que se deduzem consequências que devem ser testadas para se obter
explicações de um fenômeno. Oliveira (2007) descreve que esse método foi desenvolvimento
por Karl Popper, em 1975, a partir de críticas realizadas ao método de pesquisa dedutivo, o
qual parte de um problema da realidade empírica, levanta hipóteses que devem ser testadas
para que se chegue a uma conclusão.
Para Köche (2008), o método científico hipotético-dedutivo foi criado para auxiliar a
compreensão e a interpretação da ciência contemporânea. Essa frase é compreendida a partir
da explicação de que há necessidade de construir e testar respostas ou soluções para um
problema.
4.1 LOCAL
O presente estudo foi realizado em dois locais: Clínica Escola da UCDB, onde
aconteceram as avaliações pré e pós-intervenção equoterápica e no Instituto São Vicente –
Fazenda Escola da UCDB, onde funciona o PROEQUO-UCDB. O PROEQUO é um
programa que favoreceu a criação do primeiro centro de Equoterapia dentro de uma
63
instituição universitária e iniciou suas atividades no ano de 1999, atendendo crianças e
adolescentes portadores de diversas patologias ou distúrbios. O PROEQUO-UCDB também
oferece estágio e possibilita o desenvolvimento de pesquisas para cursos de graduação e pós-
graduação, funciona como projeto de extensão universitária para população carente de
recursos financeiros.
A Fazenda Escola da UCDB abrange cerca de 200 ha e conta com uma residência
(seminário) destinada a receber adolescentes para estudar e assim obter formação Salesiana.
Esse campus universitário também é destinado à prática das áreas agrárias. A área destinada
aos atendimentos de Equoterapia abrange um picadeiro de 40 x 20 m, em contato direto com a
natureza, em local arborizado e com um bosque para realização de trilhas ao redor de uma
lagoa. O programa funciona três tardes por semana para os atendimentos e beneficia cerca de
cinquenta praticantes semestralmente.
A UCDB conta em seu campus com uma clínica multidisciplinar, intitulada Clínica
Escola da UCDB, com profissionais docentes especialistas, mestres, doutores e pós-doutores.
Nesse espaço físico, são atendidas pessoas de todo o estado de Mato Grosso do Sul
encaminhadas do Sistema Único de Saúde (SUS) ou mesmo da rede particular. Os
atendimentos são realizados pelos estagiários de Fonoaudiologia, Psicologia, Nutrição,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional, devidamente orientados e monitorados por profissional
docente, específico de cada área.
4.2 PARTICIPANTES
Participaram desta pesquisa duas crianças do sexo masculino, ambas com idade de
oito anos, com Atraso de LGG. Os participantes foram selecionados a partir da lista de espera
de atendimento da Clínica Escola de Fonoaudiologia (CEF) da UCDB (APÊNDICE C,
FIGURAS 10-11). O diagnóstico de Atraso de LGG foi realizado pelo pesquisador após
avaliação em ambiente clínico.
Crianças nessa idade devem apresentar desenvolvimento fonológico completo em
nível expressível de todos os sons da língua portuguesa; devem conhecer todas as letras, bem
como o som de cada uma; devem estar alfabetizadas e possuírem capacidade de raciocinar
com bastante desenvoltura, além de serem capazes de conservar informações na memória,
articulando-as para solucionar problemas e questões.
64
Alguns critérios foram estabelecidos como padrão para a seleção dos participantes:
a) Crianças entre oito e nove anos com diagnóstico de Atraso de LGG;
b) Indivíduos independentemente de sexo, que estivessem cursando o ensino
fundamental e não possuíssem queixas de comprometimento visual, neurológico e
auditivo;
c) Não praticantes de qualquer atividade física regular ou terapêutica;
d) Crianças com antecedentes de patologia e/ou doenças que afetassem, direta ou
indiretamente, o desempenho neurológico e o quadro de desenvolvimento da
coordenação motora ou que impedissem a montaria.
A idade de oito e nove anos foi critério de seleção, pois, segundo Gesell (2002), nesta
idade as crianças são mais ativas, buscam alcançar êxitos na maioria das tarefas, têm
personalidade mais expressiva e sentem-se mais identificadas com as pessoas que os cercam.
4.3 RECURSOS HUMANOS, MATERIAIS E EQUOTERÁPICOS
Recursos humanos e materiais foram necessários para o desenvolvimento desta
pesquisa. Todos os materiais utilizados para avaliação e estimulação estão ilustrados no
APÊNDICE D deste estudo. As ilustrações estão em tamanhos reduzidos para uma melhor
visualização dos objetos e instrumentos gerais. O tamanho real de cada material criado e ou
adaptado pelo pesquisador é de 21 x 30 cm (largura x comprimento) para os Materiais 1, 2, 3,
4, 5, 6, 7; e de 15 x 21 cm para os Materiais 8, 9, 10, 11.
4.3.1 Recursos humanos
Esta pesquisa foi auxiliada pelos profissionais que atuam no PROEQUO-UCDB, um
psicólogo, um fisioterapeuta e um terapeuta ocupacional, e por cerca de cinco acadêmicos da
área de saúde (sendo dois do curso de Psicologia, um da Terapia Ocupacional e dois da
Fisioterapia) que voluntariamente se propuserem a contribuir para a realização deste estudo.
Os acadêmicos auxiliaram na condução do cavalo e realizaram o apoio lateral dos
65
participantes durante as três primeiras sessões de Equoterapia. Após esse período, verificou-se
que não havia necessidade de apoio lateral, pois os participantes adquiriram confiança na
montaria e habilidades de equilíbrio e conseguiram guiar o cavalo durante as sessões
equoterapêuticas. Os estagiários seguiram exatamente as orientações do pesquisador e não
realizaram quaisquer tipos de intervenções terapêuticas.
4.3.2 Recursos materiais e equoterápicos
Foram utilizados três cavalos do PROEQUO-UCDB, com idade superior a dez anos,
devidamente adestrados para Equoterapia.
Equipamento para montaria (selas, cilhões, cabeçada e cabresto), capacete de fibra de
vidro próprio para equitação, garantindo assim a integridade física dos participantes.
Os atendimentos equoterápicos com estimulação de LGG foram realizados
concomitantemente no picadeiro gramado da fazenda escola da UCDB.
Utilizou-se para ilustração de dados: máquina fotográfica Genius G-Shot para registro
de imagens estáticas (fotos dos participantes) para a apresentação nos apêndices; gravador
vocal digital Eco Mania para o registro da fala das crianças durante a montaria e posterior
construção de um quadro demonstrativo quantitativo do número de palavras verbalizadas
durante as terapias; câmera filmadora Sansung digital Cam para a coleta de imagens
dinâmicas (imagens em movimento) para sanar dúvidas que pudessem aparecer durante o
período de terapia.
O material utilizado, como bolas de tamanhos distintos, foi adaptado para Equoterapia.
Os outros materiais que serão apresentados a seguir foram elaborados (confeccionados e ou
adaptados) pelo autor desta pesquisa para estimulação da LGG dos participantes. Para cada
material terapêutico, no relato das sessões deste trabalho, item 5.4, há a descrição das formas
de aplicação e os objetivos a serem seguidos, didaticamente expostos.
Durante as sessões de equitação terapêutica e estimulação de LGG, foram utilizados
materiais desenvolvidos e ou adaptados, como listas de encontros fonêmicos para a oralização
e treino auditivo dos sons silábicos (APÊNDICE D, MATERIAL 1); letras do alfabeto
português para estimulação da oralização e de consciência fonológica (APÊNDICE D,
66
MATERIAL 2); listas de frases incompletas para serem devidamente completadas pelos
participantes para estimulação cognitiva e de criatividade (APÊNDICE D, MATERIAIS 3 e
4); palavras monossílabas, dissílabas, trissílabas e polissílabas para estimulação de fala
(APÊNDICE D, MATERIAL 5); lista contendo trinta e quatro frases para a estimulação da
dicção e fluxo verbal (APÊNDICE D, Material 6); palavras com sons da língua portuguesa
para avaliação dos aspectos articulatórios (APÊNDICE D, MATERIAL 7); numeração de
zero a nove para estimulação sequencial numérica ordinal e cardinal (APÊNDICE D,
MATERIAL 8); fichas coloridas em cores primárias e secundárias com os lados de um dado,
utilizadas para estimulação cognitiva e de percepção visual (APÊNDICE D, MATERIAL 9);
colunas de tamanhos diferentes em cores primárias para a percepção de espaço e
temporalidade (APÊNDICE D, MATERIAL 10); figuras com nomes foneticamente
balanceados para a produção de sentenças simples e complexas (APÊNDICE D, MATERIAL
11); bolas de diversos tamanhos que serviram para dar apoio nas atividades de estimulação
referente à lateralização (lado esquerdo, direito e diagonais bilateralmente) (APÊNDICE D,
MATERIAL 13).
4.4 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Utilizou-se para avaliação do presente estudo (pré-intervenção) o protocolo de
avaliação de LGG (ANEXO A), o protocolo de anamnese (APÊNDICE B), a avaliação
audiológica (APÊNDICE C); para a pré e pós-intervenção, o protocolo de avaliação de LGG;
para coleta de dados durante as terapias, a ficha diária do PROEQUO-UCDB (ANEXO B).
4.4.1 Protocolo de avaliação de linguagem
Para avaliação dos participantes, foi utilizado o protocolo de avaliação de LGG
estabelecido pela CEF-UCDB então aplicado pré e pós-intervenção terapêutica. O protocolo
de LGG foi criado pelos docentes da área de comunicação verbal e desenvolvimento infanto-
juvenil da UCDB para avaliação da LGG infantil. Este protocolo compreende os seguintes
aspectos: desenvolvimento da LGG (nível receptivo e expressivo), desenvolvimento
perceptivo (percepção auditiva, tátil, espacial, temporal), desenvolvimento da motricidade
global e de sistema estomatognático, hábitos de independência, esquema corporal,
67
coordenação manual, desenvolvimento e compreensão verbal, escrita, conceito numérico,
socialização e movimentos corporais. Nesta avaliação foi realizado também ditado e desenho
pré e pós-intervenção equoterápica. O desenho teve objetivo de avaliar função cognitiva de
memória; ditado, a LGG escrita. Os testes realizados não objetivaram avaliação psicológica.
4.4.2 Protocolo de anamnese
O protocolo de anamnese aplicado pré-intervenção equoterápica foi elaborado pelo
pesquisador, embasado na de Sanvito (2000), e contempla os seguintes aspectos: nome, idade,
data de nascimento, data de aplicação da anamnese, filiação, naturalidade, nacionalidade,
endereço, telefone fixo (residencial e ou comercial), telefone móvel (celular), profissão da
mãe, profissão do pai, sexo, escolaridade, turno em que estuda, informante, queixa(s), história
pregressa da queixa (HPQ), antecedentes pessoais, antecedentes clínicos familiares, saúde,
rotina escolar, comunicação atual (nível expressivo) comunicação atual (nível receptivo) e
comunicação atual (relação com outras pessoas) (APÊNDICE B).
4.4.3 Ficha diária do PROEQUO-UCDB
A ficha diária do PROEQUO-UCDB foi utilizada após cada atendimento e conta com
os seguintes itens: nome do praticante, a data (dia da sessão), o cavalo utilizado, o tipo de
andadura (passo, trote, galope), de montaria (manta, sela, pelo) e material utilizado para
terapia (ANEXO B). A ficha diária do PROEQUO-UCDB foi desenvolvida e adaptada da
ANDE-Brasil.
Quanto aos aspectos psicológicos, aborda-se o relacionamento do praticante com a
equipe, com o cavalo; o humor, a atenção, a disciplina e a verbalização dele. A ficha diária
abrange ainda observações relativas à pré-montaria, durante a montaria e pós-montaria para
observação das três etapas do atendimento, e sua conclusão verifica progresso, regresso e
estabilidade do praticante em determinada área além das observações gerais.
68
4.4.4 Avaliação audiológica
O exame audiológico compõe-se de três testes básicos: audiometria
3
,
logoaudiometria
4
e imitanciometria
5
, que juntos fornecem dados para a conclusão sobre o
nível auditivo.
Esses exames foram realizados como critério estabelecido para seleção dos
participantes, desde que o resultado fosse negativo para deficiência auditiva. Na audiometria,
foi realizado o exame de todas as frequências perceptíveis pela audição humana (250 a 8.000
kHz). Já no exame de logoaudiometria, verificou-se o nível de percepção auditiva verbal
comparando os resultados aos do exame audiométrico. Foi realizado também o exame de
imitanciometria, que verificou a integridade funcional da orelha média (APÊNDICE C).
4.5 PROCEDIMENTOS
Foi enviado um pedido de autorização para a direção da Clínica Escola da UCDB,
esclarecendo a necessidade de realização desta pesquisa com pessoas que estivessem na lista
de espera do setor de Fonoaudiologia na área de LGG. Após este procedimento, enviou-se
uma solicitação de declaração autorizando realizar este estudo em seu espaço físico.
Foram devidamente enviados todos os documentos necessários para o Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP) da UCDB, solicitando autorização para iniciar a pesquisa proposta de
acordo com as normas éticas em estudos com seres humanos. Após a autorização pela direção
de todos os locais necessários ao cumprimento das exigências pertinentes a este tipo de
estudo, foi iniciado o contato com os possíveis participantes da pesquisa.
O contato inicial com os possíveis participantes aconteceu via telefone, e as
informações foram fornecidas pelo setor de Assistência Social (A.S.) da Clínica Escola da
3
Audiometria é o exame em que se avalia a mínima capacidade de escutar em todas as frequências audíveis pela
audição humana (FROTA, 1998).
4
Logoaudiometria é o exame realizado como complemento da audiometria e visa à mensuração da capacidade
de detecção e discriminação das palavras através de porcentagens de acertos de repetição dos fonemas ouvidos
(FROTA; SAMPAIO, 1998).
5
Rossi (1998) descreve imitanciometria como exame audiológico objetivo que indica a transferência de energia
acústica. Este exame mede o nível de pressão sonora na orelha média.
69
UCDB. A diretoria da A.S. autorizou o acesso aos prontuários, bem como a coleta de
informações necessárias. As pessoas que estão na lista da CEF-UCDB ficam no aguardo do
contato de algum profissional ou acadêmico a ela vinculado para o agendamento de uma
consulta. O contato via telefone aconteceu diretamente com os responsáveis legais (pais dos
possíveis participantes). Após uma conversa prévia, foi marcada uma entrevista com o
pesquisador. Os responsáveis e juntamente o possível participante foram esclarecidos sobre a
importância desta pesquisa, e sanadas todas as dúvidas quanto a local, tipo de tratamento,
período de execução da terapia, ambiente, profissionais envolvidos, procedimentos com a
criança, expectativas quanto a melhoras no desenvolvimento da LGG o objetivo deste
estudo e toda segurança que, durante o tratamento, a criança teria com uso de materiais de
segurança. Após todos os esclarecimentos, foi fornecido o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, que contemplou aspectos relacionados ao sigilo de identidade, aceite por escrito
por meio de assinatura e os telefones para contato do CEP, que autorizou a realização do
estudo proposto (APÊNDICE A).
Após a realização desses procedimentos, marcou-se o início das avaliações na Clínica
Escola onde os participantes foram submetidos aos exames de audiometria, logoaudiometria e
imitanciometria para descartar possíveis comprometimentos auditivos em nível periférico e
possível alteração de processamento auditivo. Todos os integrantes passaram por avaliação
médica para descartar algum transtorno que, de alguma forma, pudesse impedir a montaria.
As crianças e seus responsáveis legais responderam ao questionário anamnésico.
Posteriormente, os dois participantes deste estudo passaram por avaliação fonoaudiológica
realizada pelo pesquisador, na área de LGG na CEF-UCDB, antes do início dos atendimentos.
Após essas etapas, os pacientes foram avaliados pelo protocolo de LGG estabelecido pela
CEF-UCDB, com observação criteriosa dos aspectos estruturais e funcionais dos órgãos
fonoarticulatórios e das dimensões da LGG: aspectos semânticos, sintáticos e pragmáticos.
Após a realização destas etapas criteriosas e essenciais pré-estabelecidas, foi iniciado o
atendimento no Instituto São Vicente – Campus UCDB. Durante as três primeiras sessões de
terapia, o cavalo foi conduzido por acadêmicos que voluntariamente se propuseram a auxiliar
dando apoio lateral e guiando os participantes. Após esse período, verificou-se que não havia
necessidade de apoio lateral, pois ambos adquiriram confiança na montaria e habilidades de
equilíbrio e conseguiram guiar o cavalo durante as sessões equoterapêuticas. Os estagiários
seguiram exatamente as orientações do pesquisador e não realizaram quaisquer tipos de
70
intervenções terapêuticas.
No decorrer das sessões, foram aplicadas atividades terapêuticas individuais com
todos os participantes. Isso englobou atividades de memória, imaginação, identificação
sonora, lexical (grafemas) e fonêmica (sons de letras), construção de frases simples (com um
único verbo) e complexas (com mais de um verbo), lateralização com as mãos segurando
bolas terapêuticas para os lados direito e esquerdo, para cima e para as diagonais. Foi também
realizada atividade de construção de histórias, diálogos de atividades diárias, identificação
numérica, emissão de sons (fonêmicos e silábicos), verbalização de palavras novas
estabelecidas pelo pesquisador e emissão de sons guturais. As atividades realizadas com os
participantes tiveram apoio de instrumentos criados e ou adaptados para a estimulação da
LGG deste estudo, elaborados pelo pesquisador e detalhadamente apresentados no item 4.3.2
(recursos materiais e equoterápicos). Foram gravadas imagens de todas as sessões terapêuticas
com câmera filmadora Sansung digital Cam, e toda verbalização, com gravador de voz digital
Eco Mania. Todas as fotos foram registradas por câmera fotográfica Genius G-Shot.
As gravações das imagens sempre eram realizadas por acadêmicos estagiários do
PROEQUO-UCDB. As gravações das vozes, bem como da fala dos integrantes, eram
realizadas pelo pesquisador, que ligava o gravador de voz e colocava-o no bolso da camisa ou
da calça. As imagens fotográficas foram registradas tanto por acadêmicos como pelo
pesquisador.
Antes de cada participante iniciar a sessão terapêutica foi realizada a aproximação
cavalo-cavaleiro para promover-lhes uma interação.
O tratamento concomitante de Equoterapia e estimulação de LGG foi realizado uma
vez por semana, durantede quatro meses (março a junho de 2008), totalizando quatorze
sessões terapêuticas cada um. Duas sessões foram suspensas devido à chuva. Os encontros
foram realizados às quartas-feiras, no período vespertino, pois as duas crianças estudavam no
período matutino. Após o período de tratamento, ambos foram novamente submetidos à
avaliação fonoaudiológica na área de LGG na CEF-UCDB, para que se pudesse fazer a
comparação com a avaliação inicial, e utilizou-se o protocolo avaliativo de LGG.
71
4.6 REGISTRO E ANÁLISE DOS DADOS
Os dados coletados por intermédio de filmagens, fotografias, gravações de fala
espontânea, registros diários das terapias de montaria, foram avaliados pelo pesquisador
durante todo o período de coleta de dados. As filmagens (imagens dinâmicas) foram utilizadas
para minimizar dúvidas que pudessem surgir sobre o desenvolvimento das sessões
terapêuticas. As fotos (imagens estáticas) serviram como registro e ilustrações dos
participantes. As gravações de fala espontânea auxiliaram na realização de um quadro
demonstrativo de evolução verbal. A ficha diária do PROEQUO-UCDB serviu para avaliar
possíveis progressos dos participantes quanto ao relacionamento com a equipe e com o
cavalo, ao estado de humor, atenção, verbalização, disciplina, atividades pré, durante e pós-
montaria, e para descrever atividades realizadas. A coleta de dados diários obtida por
intermédio da ficha diária do PROEQUO-UCDB está devidamente descrita no relato das
sessões (item 5.4). Com a finalização da coleta de dados obtidos com o protocolo de avaliação
de LGG, foram feitas as comparações das avaliações pré e pós-intervenção equoterápica e
fonoaudiológica. As comparações, bem como a evolução dos ganhos obtidos, estão descritas
no item 5.2 (quadro comparativo dos resultados pré e pós-intervenção terapêutica) e 5.3
(resultados obtidos por meio do protocolo avaliativo de LGG).
4.7 ASPECTOS ÉTICOS
Esta dissertação obedece a todas as normas preconizadas pelo Conselho Federal de
Psicologia (CFP) pela Resolução n. 016, de 20 de dezembro de 2000, do CNS para pesquisas
com seres humanos; pela Comissão Nacional de Ética em pesquisa (CONEP), estabelecida na
Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996; e pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia
(CFFª), por intermédio dos princípios legais do Decreto n. 87.218, de 31 de maio de 1982, e
Lei n. 6.965, de 9 de dezembro de 1981,
mencionados pelo código de ética em
Fonoaudiologia (BRASIL, 2000, 1996, 1982, 1981).
Explicações aos responsáveis legais e integrantes do estudo em relação a objetivos,
seleção dos participantes, sigilo, devolutiva da pesquisa e desistência, bem como
esclarecimentos de eventuais dúvidas, foram realizadas pelo pesquisador antes de qualquer
procedimento. Após isso, os responsáveis legais assinaram o Termo de Consentimento Livre e
72
Esclarecido que autorizou a realização da pesquisa e publicação científica dela resultante,
declarando assim consentir na divulgação das informações e imagens referentes aos
participantes, no meio científico, voltado ao ensino e à pesquisa, desde que respeitados os
princípios de sigilo referentes à identificação das crianças.
Esta pesquisa foi aprovada sem restrições pelo CEP-UCDB em 28 de fevereiro de
2008, Protocolo n. 062/2007 (ANEXO D). Todos integrantes deste estudo utilizaram cavalos
devidamente treinados e adestrados para a prática de Equoterapia. A prática de equitação
terapêutica foi munida de todos os equipamentos necessários, descritos no item 4.3.2, recursos
materiais, para preservar a integridade física dos participantes.
73
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
74
5.1 ANAMNESES
A seguir apresentam-se os dados da anamnese. Tanto para o participante Ax quanto
para Bx, a anamnese foi composta por duas fases. Na primeira, ambos (mãe e filho)
responderam às questões indagadas; na segunda, somente o filho respondeu às questões
levantadas. Os participantes deste estudo são do sexo masculino, Ax e Bx têm oito anos.
Participante Ax
A mãe é do lar, o pai é Gari, e vivem juntos. A mãe traz a queixa de que seu filho
apresenta “nervosismo” constante em casa e em ambientes sociais em geral, apresenta
dificuldade na escola, falta de concentração para as tarefas e leituras em sala de aula. A
família é de classe média baixa.
Crianças de grupos socioeconômicos inferiores, em grande parte das vezes,
apresentam desempenho mais baixo em testes de LGG (BISHOP; MOGFORD, 2002;
SANDERS; FREEMAN, 1998).
A mãe relata que a família não estimulou muito a criança como realmente precisava
(contar histórias e conversar o máximo possível com o filho). O problema de alteração de fala
(trocas de letras) foi percebido assim que a criança começou a verbalizar as primeiras
palavras, cerca de um ano e meio de idade. Relata também que, às vezes, batia na criança para
fazer seu filho falar de forma correta. A mãe define a criança como alegre, atrapalhado,
curioso, estressado, nervoso e agitado. Não utiliza nenhum medicamento, nem apresenta
quadro de alergia e problemas de coluna. Relata também que a criança já passou por
tratamento psicológico por seis meses, um ano antes de participar deste trabalho. Em relação à
saúde, informou que considera a criança com boa qualidade de vida, que esta não pratica
esportes e nunca praticou equitação, e, em relação à comunicação (nível expressivo), sua fala
é compreendida com dificuldades por estranhos e, muitas vezes, ininteligível.
As alterações da fala podem repercutir negativamente na vida de crianças que não são
tratadas terapeuticamente. As consequências podem variar de transtornos sociais até traumas
pela ausência ou dificuldade de comunicação (NICOLOSI; HARRYMAN; KRESHECK,
1996).
75
A mãe relata que a criança já reprovou uma vez (durante o primeiro ano), não lia, não
copiava nada que a professora pedia, só bagunçava e que não tem dificuldade na escrita.
Segundo Zorzi (2003), a dificuldade de leitura (dificuldade em decodificar a
sonorização dos grafemas e sílabas) e escrita (dificuldade na construção manuscrita de
grafemas e encontros silábicos) é um dos itens que indica possível diagnóstico de Atraso de
LGG.
A criança relatou que gosta de jogar videogame e a casa da avó é o lugar a que mais
gosta de ir. Ax estuda o segundo ano do ensino fundamental, no período vespertino. Relata
que reprovou o primeiro ano escolar porque não gostava da escola nem de estudar. e que
chorava bastante em sala. Não apresenta o hábito da leitura. Ax, quando indagado sobre sua
rotina diária, descreve seu dia da seguinte forma: no período matutino brinca, assiste à
televisão, faz tarefas escolares e lê (a mãe obriga). No turno vespertino, vai à escola e, à noite,
dorme. A criança relata que senta na primeira carteira em sala de aula. Não tem amigos e tira
notas razoáveis. A matéria de que mais gosta é ciências, sabe ler e escrever. Suas tarefas de
escola são realizadas na mesa (a mãe obriga), pois gosta de fazer no chão. Durante a
anamnese, o paciente mostrou-se desatento. O pesquisador necessitou refazer várias das
perguntas direcionadas à criança para que então a pudesse entender.
Participante Bx
A mãe é auxiliar de escritório, e o pai é pedreiro. A mãe descreve as queixas em
relação ao filho como alteração de fala, ansiedade e nervoso em casa (apenas com familiares).
A criança vive com os pais. A família é de classe média baixa.
Circunstâncias de pobreza acentuada podem favorecer o atraso de LGG infantil,
acarretando consequências de ordem cognitiva e prejuízos linguísticos (BISHOP;
MOGFORD, 2002).
A mãe relata que ela e o pai não estimularam muito a criança nos primeiros anos de
vida (passear, explorar ambientes e conversar o máximo de tempo com o filho). A mãe
percebeu que seu filho tinha dificuldade para falar assim que completou três anos de idade, e
relata também que essa dificuldade foi evoluindo gradativamente. A mãe não atribui o
problema a nada (não sabe sua etiologia). A única atitude da mãe frente à problemática de seu
filho é procurar questionar profissionais diversos em busca de orientações. A criança já
passou por tratamento psicológico durante dez meses, um ano antes da participação nesta
76
pesquisa. A única pessoa que apresenta o mesmo problema na família é o irmão mais velho,
de onze anos. A mãe considera Bx agitado, curioso, alegre, estressado, atrapalhado e nervoso.
Não utiliza nenhum medicamento, não apresenta quadro de alergia nem possui problemas de
coluna. Em relação à saúde, ela considera a criança com boa qualidade de vida e diz que esta
não pratica esportes e nunca praticou equitação. A mãe relata que a criança já reprovou o
segundo ano escolar, não lia, não copiava nada que a professora pedia, só bagunçava e
brigava com colegas. A direção da escola reclama constantemente do comportamento travesso
e da dificuldade de leitura e escrita da criança em ambiente escolar.
A escola ainda não responde, eficazmente, ao desafio de trabalhar com as necessidades
educacionais relacionadas às crianças com Atraso de LGG, especificamente, no que se refere
às alterações de leitura e escrita (ZORZI, 1998).
Em relação à comunicação (nível expressivo), sua fala é compreendida com
dificuldade por estranhos. Quando perguntada sobre a comunicação de seu filho, a mãe
descreve que pessoas conhecidas conseguem se comunicar com a criança e sua fala é muito
rápida.
A dificuldade na fala torna-se para muitas crianças um transtorno psicossocial, e essas
alterações causam dificuldades no convívio em grupo, principalmente na fase escolar. A
criança pode ser alvo de constrangimentos, pois pode ser percebida apenas pela sua
dificuldade, resultando em prejuízos no convívio social (PENNA, 1986).
A mãe ainda relata que seu filho atende ordens simples, é capaz de narrar fatos e
apresenta comportamento de imitação.
O participante relatou que comer, brincar e dormir é o que mais gosta de fazer. Gosta
de sair de casa e adora ir ao shopping. Bx cursa o segundo ano do ensino fundamental.
Descreveu seu dia da seguinte forma: no turno matutino estuda, no período vespertino e
noturno brinca. A criança senta em sala de aula na cadeira da frente (a professora obriga). A
matéria de que mais gosta é matemática. Não apresenta o hábito de ler. Tem muitos amigos.
Os deveres de casa são auxiliados por mãe, pai e irmão mais velho. As tarefas são realizadas
na mesa da cozinha (somente quando a mãe pede), mas gosta de fazê-la no chão. Quanto à
rotina escolar, o paciente respondeu que estuda, lancha e brinca, e diz que sabe ler e escrever,
porém, realiza-os com dificuldade. Durante a anamnese, o paciente mostrou-se comunicativo
e colaborou com as perguntas.
77
5.2 COMPARATIVO DOS RESULTADOS OBTIDOS PRÉ E PÓS-
INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA E EQUOTERÁPICA
Para melhor visualização dos dados obtidos na pesquisa, foi construído o Quadro 1
que demonstra os resultados identificados pré e pós-intervenção terapêutica. Os dados
descritos indicam resultados satisfatórios ou não para os itens mencionados no protocolo
avaliativo de linguagem. Os dados que serão apresentados, estão descritos detalhadamente no
item 5.3 dos resultados e discussão.
QUADRO 1 - Resultados identificados pré e pós-intervenção terapêutica
Resultados
Ax Bx
Aspectos
pré-intervenção pós-intervenção pré-intervenção pós-intervenção
a) Aspectos físicos globais
a.1) posição estática
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatoriame
nte
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
a.2) posição dinâmica
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
parcialmente
b) Linguagem oral
b.1) nível receptível
resultado não
satisfatório
indicativo de
alteração
semântica
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
indicativo de
benefício
semântico
resultado não
satisfatório
indicativo de
alteração
semântica
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
indicativo de
benefício
semântico
b.2) nível expressivo
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
indicativo de
benefício
sintático e
pragmático
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
indicativo de
benefício
sintático e
pragmático
78
Resultados
Ax Bx
Aspectos
pré-intervenção pós-intervenção pré-intervenção pós-intervenção
c) Processos perceptuais
c.1) auditivos
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
indicativo de
benefício
semântico
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
parcialmente
indicativo de
benefício
semântico
c.2) visual
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
d) Funções cognitivas
d.1) memória
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
indicativo de
benefício
sintático
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
indicativo de
benefício
sintático
d.2) orientação
espacial e temporal
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
parcialmente
indicativo de
benefício
sintático e
semântico
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
indicativo de
benefício
sintático e
semântico
d.3) lateralidade
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
e) Aspectos fonoarticulatórios
e.1) aspectos vocais e
de fluência
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
parcialmente
indicativo de
benefício
pragmático
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
indicativo de
benefício
pragmático
e.2) aspectos
articulatórios
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
parcialmente
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
79
Resultados
Ax Bx
Aspectos
pré-intervenção pós-intervenção pré-intervenção pós-intervenção
indicativo de
benefício
pragmático
indicativo de
benefício
pragmático
f) Sistema motor oral
f.1) aspectos
anátomo-
morfológicos
não houve
alteração
não houve
alteração
não houve
alteração
não houve
alteração
f.2) aspectos
anátomo-funcionais
não houve
alteração
não houve
alteração
não houve
alteração
não houve
alteração
g) Funções estomatognáticas
g.1) respiração
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
indicativo de
benefício
pragmático
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
satisfatori-
amente
indicativo de
benefício
pragmático
g.2) mastigação
não houve
alteração
não houve
alteração
não houve
alteração
não houve
alteração
g.3) deglutição
não houve
alteração
não houve
alteração
não houve
alteração
não houve
alteração
g.4) sucção
não houve
alteração
não houve
alteração
não houve
alteração
não houve
alteração
h) Linguagem escrita
h.1) escrita
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
parcialmente
indicativo de
benefício
sintático
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
parcialmente
indicativo de
benefício
sintático
h.2) recepção
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
parcialmente
indicativo de
benefício
semântico
resultado não
satisfatório
benefícios
alcançados
parcialmente
indicativo de
benefício
semântico
i) Processamento auditivo
não houve
alteração
não houve
alteração
não houve
alteração
não houve
alteração
80
5.3 RESULTADOS OBTIDOS POR MEIO DO PROTOCOLO
AVALIATIVO DE LINGUAGEM PRÉ E PÓS-INTERVENÇÃO
FONOAUDIOLÓGICA E EQUOTERÁPICA
A seguir serão apresentados os resultados obtidos por meio do protocolo avaliativo de
LGG pré e pós-intervenção e juntamente com uma breve explicação de cada prova realizada:
a) Aspectos físicos globais do paciente:
a.1) Posição estática. Pediu-se para o participante ficar em pé e fechar os olhos,
levantar os braços e mantê-los erguidos, abrir os braços e mantê-los lateralizados e apoiar-se
em um pé só (lado direito e esquerdo).
Avaliação pré-intervenção
Participante Ax – neste aspecto não conseguiu manter-se equilibrado com
apenas um pé (tanto lado direito como o esquerdo).
Participante Bx – os resultados demonstraram que, ao fechar os olhos
(mantendo-se em pé), apresenta leves movimentos ondulatórios para a direita.
Não consegue manter-se sobre o pé esquerdo sem apoio.
Avaliação pós-intervenção
Participante Ax e Bx – os participantes não apresentaram alterações neste
aspecto.
Ambos os participantes (Ax e Bx) apresentaram resultados não satisfatórios para o item
avaliado na pré-intervenção equoterápica. No entanto, pós-intervenção, obtiveram benefícios
alcançados em sua totalidade para as provas aplicadas neste item.
A dinâmica corporal tem por objetivo a observação do equilíbrio, da coordenação do
corpo em situação de ausência ou não de movimento, coordenação viso-motriz, destreza,
agilidade e persistência motora de base. A coordenação geral apresenta dois aspectos
diferentes, a coordenação estática e a dinâmica, ou seja, quando a coordenação encontra-se
em repouso ou em movimento. A coordenação estática do equilíbrio entre a ação dos grupos
81
musculares antagonistas estabelece uma função do tônus e permite a conservação voluntária
das atitudes, enquanto a coordenação dinâmica é a colocação em ação simultânea de grupos
musculares diferentes, com vistas à execução de movimentos voluntários complexos
(FONSECA, 1998a).
a.2) Posição dinâmica. Nesta avaliação, pediu-se para o participante caminhar a uma
distância de três metros em linha reta, com os olhos fechados, pular e girar com apoio de um
pé só (pé direito e esquerdo), pular três vezes para frente e para trás, caminhar três metros
para trás, andar três metros para o lado (direito e esquerdo) e caminhar nas pontas dos pés.
Avaliação pré-intervenção
Participante Ax – durante a avaliação, foi constatado que o participante não
consegue caminhar em linha reta com olhos fechados, apresenta dificuldade de
senso geral de direção.
Participante Bx – neste aspecto, o paciente não conseguiu caminhar nas pontas
dos pés. Apresentou dificuldade em andar para trás. Não consegue pular e girar
em cima de um pé.
Avaliação pós-intervenção
Participante Ax – os resultados não demonstraram alterações neste aspecto.
Participante Bx – em relação à primeira avaliação, o participante apresentou
apenas dificuldade para pular e girar em cima de um pé.
Os participantes Ax e Bx apresentaram resultados não satisfatórios para o item avaliado
na pré-intervenção equoterápica. Para tanto, pós-intervenção, Ax obteve benefícios alcançados
em sua totalidade para as seis provas aplicadas neste item; e Bx, alcançados parcialmente, não
conseguindo apenas realizar uma das provas solicitadas.
O movimento realizado pelo corpo (dinâmica corporal) é alcançado com estímulos
proprioceptivos e reflexos, desenvolvimento maturacional encefálico e medular, controle
motor, ritmo, espaço (GUIMARÃES, 2001). A organização e hierarquização psicomotora
estão envolvidas nos processos desenvolvimentais da infância. A relação da criança com o
meio ambiente proporciona a vivência de toda gama de relações que resultam em explorações
82
sensório-motoras, coordenação viso-motora, espaço perceptivo-motor, equilíbrio, tempo,
ritmo, LGG e esquema corporal (FONSECA, 1998a).
Toda criança é dotada de capacidade sensorial e motora, que conduz a informação
perceptiva, por meio das vias motoras, ao cérebro e ao cerebelo, onde são decodificadas e
consequentemente retornadas pelo sistema de resposta. Essa ação tem grande importância no
desenvolvimento da psicomotricidade da criança (FERREIRA NETO, 1999).
Ao relacionar aspectos psicomotriciais com a Equoterapia, percebe-se que o cavalo,
por meio de movimentos sequencializados através de sua andadura, proporciona a quem está
montado sensações sinestésicas por todo o corpo. Isso colabora com o desenvolvimento
psicomotor (FREIRE, H., 1999). Sendo assim a equitação exerce importante influência na
consciência do movimento do corpo e na disciplina imposta na postura do cavaleiro
(LICART, 1988).
b) Linguagem oral:
b.1) Nível receptivo. Na avaliação deste aspecto, foram dadas ordens simples ao
participante. Pediu-se para a criança abrir e fechar a porta, e também, ordens em que a criança
teve de realizar duas ou mais funções sucessivas. Exemplo: feche a porta, abra a janela e sente
na cadeira.
Avaliação pré-intervenção
Participante Ax – apresentou dificuldade em entender as ordens sucessivas.
Realizou apenas as duas primeiras ordens.
Participante Bx – apresentou dificuldade em entender as ordens sucessivas.
Realizou apenas a primeira ordem.
Avaliação pós-intervenção
Participante Ax – o participante demonstrou-se muito atento e conseguiu realizar
todas as ordens sucessivas impostas.
Participante Bx – o participante não demonstrou dificuldade para realizar as
ordens sucessivas solicitadas.
83
Ax e Bx apresentaram resultados não satisfatórios para o item avaliado na pré-
intervenção de Equoterapia. Os resultados que foram identificados na pré-intervenção indicam
alteração na dimensão semântica dos participantes. Na pós-intervenção de terapia a cavalo,
obtiveram benefícios alcançados em sua totalidade para as provas aplicadas neste item. Tais
resultados são indicativos de benefícios semânticos (decodificação das sentenças). A falta de
estímulos ambientais ou mesmo de familiares podem trazer prejuízos na recepção das
informações do meio. Estes podem ser caracterizados como: sons diferentes percebidos pela
criança (em intensidades sonoras distintas), maior número possível de contato com outras
pessoas (além da família), comunicar-se e tentar interpretar a fala alheia (por intermédio de
rádio, televisão e outros meios eletrônicos) o máximo possível, entre outras.
Todo o sistema corporal humano apresenta papéis decisivos no entendimento e na
percepção ambiental. A possibilidade de entender as mensagens do meio ou mesmo de
receber as informações na íntegra está implicada na relação que o organismo estabelece com a
vida social (PAPALIA; OLDS, 2000). Em Equoterapia, todas as informações provindas da
andadura, bem como dos movimentos, permitem a elaboração de esquemas motores novos. A
este benefício dá-se o nome de reeducação neuromuscular (SILVA, 2004). Para a percepção
ambiental, o principal mecanismo ou órgão receptor é a audição humana, responsável pela
captação dos sons (BISHOP; MOGFORD, 2002).
O paciente submetido a tratamento equoterapêutico é também estimulado
auditivamente pelas vozes das outras pessoas presentes no local e pelas batidas originadas dos
cascos dos cavalos (CIRILLO, 1992).
b.2) Nível expressivo. Neste aspecto da avaliação, foram observados todos os
momentos de interação verbal, desde o momento na sala de espera até o da avaliação dentro
da sala terapêutica. Pediu-se para o participante relatar sobre o seu cotidiano (o que faz desde
que acorda até o momento em que vai dormir), caracterizar objetos em números ordinais (1º,
primeiro; 2º, segundo; 3º, terceiro ...) e contar uma história qualquer.
Avaliação pré-intervenção
Participante Ax – o paciente demonstrou pouca intenção comunicativa.
Verbalizou o necessário e apresentou distorções na fala (sons generalizados não
sistemáticos). Respondeu parte das questões indagadas e interagiu pouco com o
84
terapeuta e o ambiente. Utilizou-se, muitas vezes, de gestos para se comunicar
durante a avaliação.
Participante Bx - o participante apresentou dificuldade para relatar experiências
diárias, sequências de acontecimentos. Não conseguiu caracterizar a posição de
objetos: primeiro, segundo, terceiro e último. Apresentou intenção e interação
comunicativa. Respondeu a todas as questões indagadas, mesmo com alterações
na fala (descritas nos aspectos fonoarticulatórios).
Avaliação pós-intervenção
Participante Ax – os resultados demonstraram intenção comunicativa, e o
participante utilizou-se das palavras com mais precisão e clareza. Também
relatou sobre suas atividades diárias, diferenciando todos os períodos (matutino,
vespertino e noturno). No momento em que o terapeuta pediu para que contasse
uma história, Ax não lembrou nenhum conto ou acontecimento, preferiu inventar
uma na hora.
Participante Bx – diante os resultados, verificou-se maior habilidade
comunicativa, o participante conseguiu caracterizar objetos que variaram de
primeira a décima posição. Contou uma história sobre seu cachorro que havia
fugido e logo voltou com fome. Descreveu bem os acontecimentos de seu dia-a-
dia, bem como seus respectivos períodos (matutino, vespertino e noturno).
Para ambos os participantes (Ax e Bx) os resultados não foram satisfatórios para o item
avaliado na pré-intervenção de Equoterapia. Os resultados que foram identificados na pré-
intervenção indicam alteração na dimensão sintática e pragmática dos participantes. Na pós-
intervenção de terapia a cavalo, obtiveram benefícios alcançados em sua totalidade para as
provas aplicadas neste item. Os resultados indicam benefícios na dimensão sintática
(sequencialização numérica ou de períodos) e pragmática (melhor habilidade conversacional).
A criança, desde muito pequena, manipula a LGG tanto na forma como a produz como
na forma de compreender o que produziu, e isso se dá espontaneamente. Conforme vai se
desenvolvendo, ela começa a operar com consciência os aspectos linguísticos. A competência
linguística possui diferentes dimensões que podem envolver alguns aspectos linguísticos,
85
como fonemas, morfemas, palavras, sentenças, gramática, sintaxe, pragmática e semântica
(BOONE; PLANTE, 1994).
Muitos estudos demonstram como as crianças, desde pequenas, possuem
conhecimento a respeito do vocabulário, demonstrando que possuem as regras básicas
gramaticais e de conversação. Conforme vai se desenvolvendo, a criança não só melhora a
forma de comunicação com as pessoas, como também a forma de utilização da LGG para
representar a informação. E assim a criança aprimora a forma de pensar e refletir sobre a
natureza da LGG, ou seja, ela desenvolve a habilidade de direcionar a atenção sobre a LGG,
refletindo sobre suas funções e estruturas (CHAPMAN, 1996). Os modelos de comunicação
verbal fornecidos pelo meio influenciam por sua quantidade e pelas emoções transmitidas e
vividas pela criança (SABOYA; REICH, 2001; AUROUX, 1998; ARIÉS, 1981; PIAGET,
1975).
Segundo Garrigue (1999), a comunicação em todos os seus aspectos (verbal e gestual)
é estimulada na Equoterapia. Outro importante aspecto para a estrutura da LGG é a orientação
espacial e temporal, as quais, segundo Cirillo (1992) e Silva (2004), são estimuladas pela
Equoterapia.
c) Processos percentuais:
c.1) Auditivo.Na avaliação deste aspecto, foram aplicadas trinta e quatro frases para a
decodificação com competição sonora na mesma intensidade vocal do avaliador. Leram-se as
frases uma por uma, e o avaliado teve de relatar o que entendeu da sentença. A competição
sonora foi realizada por meio de um aparelho sonoro (rádio) da marca Philips. A intensidade
sonora do rádio e da voz de avaliador foi devidamente calibrada por um decibelímetro.
Avaliação pré-intervenção
Participante Ax – foi verificada alteração no nível de decodificação (recepção da
informação), refletindo prejuízos nos processos envolvidos com a aquisição de
conhecimentos pela habilidade de integrar auditivamente eventos sonoros, em
que predominaram tarefas envolvendo a modalidade auditiva associada com a
produção fonoarticulatória.
86
Participante Bx – apresentou déficits de decodificação auditiva (recepção da
informação), resultantes das seguintes funções alteradas: reconhecimento das
características acústicas dos sons, substituições fonêmicas, atenção seletiva e
consciência fonológica alterada.
Avaliação pós-intervenção
Participante Ax – os resultados demonstraram melhora na recepção auditiva das
sentenças aplicadas.
Participante Bx – essa avaliação demonstrou progresso do nível de
entendimento das palavras, persistindo ainda prejuízos na decodificação das
sentenças inteiras. O participante demonstrou atenção para todas as frases
apresentadas e satisfatória evolução fonológica.
Nesta prova, os resultados pré-intervenção equoterápica não foi satisfatório para os
participantes. Na avaliação pós-intervenção de terapia a cavalo, Ax apresentou resultados que
indicaram benefícios satisfatórios, que denotam melhoras na dimensão semântica
(decodificação das sentenças); Bx demostrou benefícios alcançados parcialmente com
indicação de melhoras na dimensão semântica (decodificação das palavras). Os benefícios de
decodificação auditiva favorecem estímulos ao SNC, bem como áreas encefálicas voltadas
para a LGG receptiva (entendimento das palavras, situações e conversações do dia-a-dia).
Crianças com alterações de LGG levam um tempo maior no reconhecimento,
recuperação, formulação e produção das palavras, devido à lentificação no processamento das
informações, que pode estar relacionada a falhas nas representações semânticas e na
organização cognitiva. Apresentam dificuldades em vários aspectos do processamento
auditivo linguístico e apresentam falhas cognitivas (CANTO; KNABBEN, 2002). É possível
que comprometimentos linguísticos ou cognitivos possam ser resultantes de problemas
perceptuais. Desordens em nível de decodificação auditiva vêm sendo correlacionadas aos
transtornos de aprendizagem, às alterações na aquisição, desenvolvimento e abrangência da
LGG, e ao transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e impulsividade (TDAHI), seja
como base, seja como comorbidade de outra alteração (GUMPERZ, 1982).
87
As atividades realizadas com os cavalos aumentam o período de atenção estabelecido
pelo organismo, possibilitando maior concentração e melhor disciplina dos pacientes
(LERMONTOV, 2004).
No estudo de Escobar (2008), com crianças com TDAHI, verificou-se que a
Equoterapia favorece a atenção e o aprendizado melhorando a comunicação e a socialização.
c.2) Visual. Na avaliação deste aspecto, foram colocados em cima de uma mesa vinte
objetos escolhidos aleatoriamente: lápis, caneta, caderno, borracha, celular, moeda, luva, carro
de brinquedo, régua, sulfite, molho de chaves, tesoura, cd, copo, xícara, clips, relógio, boné,
bola de napa e pente. Após, pediu-se para observar todos os objetos que estavam em cima da
mesa. Foi dado um tempo de sessenta segundos (um minuto) para que pudesse guardar o
máximo de informações sobre os objetos. Após isso, o paciente teve que fechar os olhos para
que se retirassem os objetos de seu foco visual. Ao término desse procedimento pediu-se para
lembrar os devidos objetos.
Avaliação pré-intervenção
Participante Ax – o participante conseguiu lembrar nove dos vinte objetos. Cito:
bola de napa, boné, celular, régua, molho de chaves, caderno, copo, pente e
xícara.
Participante Bx – o participante conseguiu lembrar sete dos vinte objetos. Cito:
clips, boné, caneta, celular, borracha, caderno e CD.
Avaliação pós-intervenção
Participante Ax – o participante conseguiu lembrar treze dos vinte objetos. Cito:
caneta, boné, relógio, tesoura, lápis, caderno, borracha, moeda, luva, pente, carro
de brinquedo sulfite e celular régua.
Participante Bx – o participante conseguiu lembrar doze dos vinte objetos. Cito:
lápis, tesoura, copo, xícara, sulfite, caneta, borracha, bola de napa, celular, boné,
moeda e régua.
Ambos os participantes (Ax e Bx) apresentaram resultados não satisfatórios para o item
avaliado na pré-intervenção de Equoterapia. A literatura compulsada não relata dados sobre a
88
quantidade correta de objetos que devem ser lembrados diante o número total de objetos
aplicados. O resultado é subjetivo diante a terapêutica avaliativa do pesquisador. Na pós-
intervenção de terapia a cavalo, os participantes obtiveram benefícios com maior quantidade
de itens memorizados.
O ambiente equoterápico é um grande estímulo que proporciona oportunidades de
experiências visuais e afetivas (FREIRE, H., 1999). O ambiente estimulador possibilita o
aprimoramento e exploração visual através do foco proporcionado pelo órgão da visão. Capta-
se a realidade que ao redor por meio dos sentidos, estando constantemente a receber sensações
diversas (VERNON, 1974).
Os benefícios proporcionados neste item envolvem diretamente a percepção visual e
está relacionada também com a atenção e a memória, que são fatores interligados no processo
desenvolvimental da capacidade perceptual.
A visão é o sentido que provê o maior volume de informações a serem processadas
pelo cérebro, estima-se que metade do potencial de processamento cerebral humano, seja
usada para lidar com informações visuais. O olho humano possui enormes quantidades de
sensores responsáveis pela captação da informação visual; e a decisão final acerca da análise
de uma cena bem como as atitudes que serão tomadas em função dessa análise são fruto de
um complexo processo que envolve os centros cerebrais. No entanto o cérebro pode errar em
sua interpretação e comandar atitudes equivocadas (GIBSON, 1974).
d) Funções cognitivas:
d.1) Memória. Na avaliação deste aspecto, foi dada uma sequência de seis números
aleatoriamente selecionados, para que os participantes pudessem apresentá-los na ordem
estipulada pelo pesquisador. Também foi dada a ordem para a realização de um desenho em
que deveria ter uma casa, a figura de um homem, um carro e árvores.
Avaliação pré-intervenção
Participante Ax – a criança conseguiu sequencializar três números seguidos
dentre os seis aplicados. O desenho realizado teve apenas a casa e a figura de um
homem (APÊNCIDE C, FIGURA 6).
89
Participante Bx – a criança conseguiu sequencializar quatro números seguidos
dentre os seis aplicados. O desenho realizado teve apenas a casa e um carro
(APÊNDICE C, FIGURA 8).
Avaliação pós-intervenção
Participante Ax – a criança conseguiu sequencializar todos os números
aplicados. O desenho realizado teve todos os itens solicitados (APÊNDICE C,
FIGURA 7).
Participante Bx – a criança conseguiu sequencializar todos os números
aplicados. O desenho realizado teve a casa, um carro e árvores (APÊNCIDE C,
FIGURA 9).
Os resultados pré-intervenção equoterápica não foram satisfatórios para ambos
participantes. Na avaliação pós-intervenção de terapia a cavalo, Ax e Bx apresentaram
resultados que indicam benefícios satisfatórios e denotam melhoras na dimensão
sintática (sequencialização mental numérica e de ordem para os desenhos).
A capacidade de aprender algo novo e então armazenar as informações na memória é
parte do desenvolvimento normal. A memória é conceituada como meio pelo qual se recorre
às experiências passadas a fim de usar essas informações no presente. Refere-se a um
processo de mecanismos dinâmicos associados à retenção e recuperação da informação
(ZORZI, 1994).
A atenção é um fator a ser estimulado em LGG, pois o bom desenvolvimento das
habilidades de recepção e expressão depende do armazenamento (memória) do conteúdo na
mente. Para Freire, H. (1999) essa função cognitiva é estimulada pela Equoterapia.
Dificuldades de memória podem prejudicar a aprendizagem e o desenvolvimento de
atividades mentais linguísticas (MELO, 1981). A memória é o suporte para todo
conhecimento, habilidades e planejamento, faz considerações do passado e situa o presente
(MENEZES; TAKIUCHI; BEFI-LOPES, 2007).
d.2) Orientação espacial e temporal. Para avaliar este aspecto, foi solicitado ao
participante descrever os dias da semana, meses e períodos do dia. Utilizou-se de
questionamentos quanto ao ano anterior, futuro e então atual. Indagou-se também sobre o
90
ontem, antes de ontem, hoje, amanhã e depois de amanhã, semana que vem e semana passada.
Foi também pedido que desse um passo para frente e descrevesse algo que estava ao seu lado
esquerdo e direito e assim sucessivamente para todos os lados.
Avaliação pré-intervenção
Participantes Ax e Bx – ambos os participantes mostraram- se confusos com
conceitos temporais e espaciais básicos de “ontem, hoje, amanhã, depois de
amanhã, ano passado, antes de ontem e ano que vem”. Apresentaram dificuldade
na prova em que lhes foi solicitado andar para frente e descrever objetos à sua
volta.
Avaliação pós-intervenção
Participante Ax – o participante se mostrou atento aos questionamentos do
terapeuta e descreveu com facilidade conceitos de tempo e espaço. Teve
dificuldade apenas nas perguntas que continham “antes de ontem”. Não
apresentou dificuldades na prova em que lhe foi solicitado andar para trás, lado
direito, esquerdo e descrever objetos à sua volta.
Participante Bx – o participante não apresentou nenhuma dificuldade nesta
avaliação.
Para Ax e Bx os resultados não foram satisfatórios para o item avaliado na pré-
intervenção de Equoterapia. Os resultados da pré-intervenção indicam alteração na dimensão
sintática e semântica dos participantes. Na pós-intervenção de terapia a cavalo, Ax obteve
benefícios parcialmente, e Bx apresentou benefícios satisfatórios. Os resultados indicam
benefícios na dimensão sintática (sequencialização temporal e organização espacial) e
semântica (melhor habilidade conversacional).
A adaptação espacial é a tomada de consciência da situação do próprio corpo em um
meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que se pode ter em relação às pessoas e às
coisas ou a possibilidade de o sujeito organizar-se perante o mundo que o cerca, de organizar
as coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de movimentá-las (ZORZI, 1994).
Garrigue (1999) descreve que um dos benefícios da Equoterapia é a maior referência
de tempo e espaço. Para Papalia e Olds (2000), a noção de temporalidade é adquirida de seis a
91
sete anos e exige capacidade de percepção dos acontecimentos. Está voltada para a avaliação
sobre se o paciente sabe o momento cronológico, a hora do dia, se é manhã, tarde ou noite, o
dia da semana, do mês, o mês do ano, a estação do ano e o ano. É uma função que exige um
desenvolvimento maior do indivíduo, exige a integração de estímulos ambientais de forma
mais elaborada. Por isso a orientação temporal é mais fácil e rapidamente prejudicada pelos
distúrbios mentais.
d.3) Lateralidade. Ao avaliar-se este aspecto, foi solicitado ao participante que
segurasse uma bola de napa e direcionasse-a para o lado direito, esquerdo, diagonal frontal
(direita e esquerda), diagonal dorsal (direita e esquerda).
Avaliação pré-intervenção
Participante Ax – foi solicitado ao participante segurar bolas de diversos
tamanhos e direcioná-las para o lado direito, esquerdo, diagonal frontal (direita e
esquerda), diagonal dorsal (direita e esquerda). Apresentou dificuldade em
diferenciar lado direito, esquerdo e diagonal bilateralmente.
Participante Bx – não difere os lados esquerdo, direito e diagonais
bilateralmente.
Avaliação pós-intervenção
Participantes Ax e Bx – ambos os pacientes não apresentaram nenhuma
dificuldade nesta avaliação.
Ax e Bx apresentaram resultados não satisfatórios para o item avaliado na pré-
intervenção de equitação terapêutica. Na pós-intervenção de terapia a cavalo, os participantes
demonstraram benefícios satisfatórios. Tais resultados indicam benefício de lateralidade.
A lateralidade é um dos aspectos ampliáveis mais relevantes para o desenvolvimento
das habilidades percepto-motoras, bem como da leitura. A sensação interna de que o corpo
possui dois lados é uma conquista que surge através de brincadeiras e atividades no período
da infância. Ser capaz de perceber a lateralidade revela a sensação de que os dois lados do
corpo não são exatamente os mesmos, que uma das mãos é usada mais facilmente que a outra:
é o início da discriminação entre o lado direito e esquerdo. O conhecimento estável da
esquerda e da direita só é possível entre seis e sete anos de idade, e a reversibilidade
92
(possibilidade de reconhecer a mão direita ou a mão esquerda de uma pessoa à sua frente) não
é possível antes dos seis anos de idade (FONSECA, 1998b).
O aprendizado em relação à lateralidade é adquirido com uma melhor integração dos
movimentos proporcionados pela Equoterapia (GARRIGUE, 1999). A lateralização é um dos
itens do desenvolvimento psicomotricial e também a capacidade que a criança tem de se
locomover para os lados, tanto para o esquerdo quanto para o direito. É o movimento que
permite à criança encontrar um conjunto de relações sujeito, objetos e espaço ,
necessárias a seu desenvolvimento motor, dando-lhe condição de aprender a perceber e a
observar o ambiente (FERREIRA NETO, 1999). A lateralidade é uma função cognitiva
beneficiada pela equitação terapêutica através de conhecimento de posições do corpo, bem
como de seu controle (GARRIGUE, 1999).
e) Aspectos fonoarticulatórios:
e.1) Aspectos vocais e de fluência. Nesta avaliação, foram observados todos os
momentos de interação verbal, bem como as características vocais desde o momento na sala
de espera até o da avaliação dentro da sala terapêutica..
Avaliação pré-intervenção
Participante Ax – demonstrou rouquidão e apresentou esforço laríngeo (tensão)
ao falar.
Participante Bx – apresentou fluxo de fala intermitente, com pausas em tempos
diferentes entre as palavras emitidas.
Avaliação pós-intervenção
Participante Ax – não apresentou rouquidão, apenas um leve esforço laríngeo ao
verbalizar.
Participante Bx – verbalizou com mais clareza e com bom fluxo de fala.
Os participantes (Ax e Bx) apresentaram resultados não satisfatórios para o item
avaliado na pré-intervenção de terapia a cavalo. Na pós-intervenção equoterápica, Ax
demonstrou benefícios alcançados parcialmente, e Bx apresentou melhora satisfatória. Tais
dados indicam favorecimento da dimensão pragmática, ou seja, melhor fluxo verbal.
93
Os aspectos de fluência estão envolvidos diretamente com a coordenação respiratória e
podem se agravar prejudicando a aprendizagem com consequências sociais, devido a estar
alterado ou mesmo ininteligível o aspecto de ritmo verbal. A voz produzida tanto pela criança,
como pelo adulto, deve ser clara e bem articulada para a decodificação do ouvinte. A
produção da voz depende da relação existente entre as forças exercidas pela musculatura da
laringe (mioelástica) e pela pressão do ar que vem dos pulmões (aerodinâmica). O menor
desequilíbrio dessas forças pode resultar na alteração da qualidade da voz produzida (LE
HUCHE; ALLALI, 1999). O movimento encadeado do cavalo e a adequada postura dos
pacientes em terapia provavelmente colaboraram para uma melhora na respiração e
consequentemente uma adequada oralização.
Os pacientes, após as sessões de Equoterapia e fonoaudiologia, apresentaram melhoras
nos aspectos pragmáticos (melhoras em habilidades vocais e de fluência).
e.2) Aspectos articulatórios (quadro fonêmico). Pediu-se para o participante repetir
uma lista de palavras que contém todos os sons produzidos pela língua portuguesa
(APÊNDICE D, MATERIAL 7).
Avaliação pré-intervenção
Participante Ax – durante a avaliação, observou-se substituição sistemática dos
fonemas /d/ por /t/ (ao invés de falar dado, fala tato), e substituição assistemática
dos fonemas /g/ por /k/ (ao invés de falar gato, fala cato). Apresentou
substituição sistemática do fonema /r/ por /l/ quando nos encontros consonantais
acompanhados posteriormente de /p/ (ao invés de falar prato, fala plato).
Participante Bx – neste caso, houve substituição assistemática dos fonemas /f/
por /v/ (ao invés de falar faca, fala vaca) e distorção dos sons de /آ/ (mesmo som
do começo da palavra xícara; chave; chuva entre outras).
Avaliação pós-intervenção
Participante Ax – os resultados demonstraram desenvolvimento da capacidade
articulatória. A substituição dos fonemas /d por /t/ tornaram-se assistemáticas.
Não houve substituição dos fonemas /g/ por /t/ e nem /r/ por /l/ nos encontros
consonantais.
94
Participante Bx – os resultados demonstraram desenvolvimento da capacidade
articulatória. Os resultados não demonstraram trocas articulatórias e nem
distorções em nenhum som produzido.
Ax e Bx demonstraram resultados não satisfatórios para o item avaliado na pré-
intervenção de Equoterapia. Na pós-intervenção equoterápica, Ax demonstrou benefícios
alcançados parcialmente, e Bx apresentou benefícios satisfatórios. Tais dados sugerem
favorecimento da dimensão pragmática, qual seja, melhor produção da fala.
Existem crianças que apresentam desvios na produção dos sons decorrentes de
patologias orgânicas detectáveis, mas também há aquelas crianças que demonstram alterações
no seu desenvolvimento fonológico sem apresentar causa aparente. Esses casos são
classificados como desvios fonológicos, pois decorrem de problemas organizacionais
envolvendo o sistema de fala. A produção de todos os sons da língua materna deve ocorrer em
perfeita produção até os quatro anos de idade. Até esse período o organismo está se
maturando, e as estruturas estão se adaptando para produzir os sons (SOUZA, L., 2000).
As atividades terapêuticas estabelecidas em Equoterapia também auxiliam o paciente
nos aspectos referentes à melhora de fala e LGG (SILVA, 2004; CIRILLO, 1992).
f) Sistema motor oral:
f.1) Aspecto anátomo-morfológico. Neste aspecto, foram observadas possíveis
alterações de ordem anatômica através de manipulação manual.
Avaliações pré e pós-intervenção
Participantea Ax e Bx – não houve alterações neste aspecto.
f.2) Aspectos anátomo-funcional. Neste aspecto, foram observadas possíveis
alterações anatômicas e de tono muscular através de manipulação manual.
Avaliações pré e pós-intervenção
Participantea Ax e Bx – não houve alterações neste aspecto.
95
g) Funções estomatognáticas:
g.1) Respiração. Este item foi observado durante todo o percurso da avaliação verbal
e de interação terapeuta-participante.
Avaliação pré-intervenção
Participante Ax – os resultados demonstraram respiração ofegante ao verbalizar.
Tais observações demonstraram irregularidade funcional entre respiração e fala.
Participante Bx – ao realizar exercícios verbais (construção e repetição de
frases), demonstrou respiração ofegante ao término das sentenças verbalizadas.
Tais observações demonstram irregularidade funcional entre respiração e fala.
Avaliação pós-intervenção
Participante Ax – demonstrou melhor capacidade verbal e não apresentou
alterações entre respiração e fala.
Participante Bx – demonstrou melhora na capacidade verbal e não apresentou
alterações no fluxo verbal-respiratório.
Ax e Bx demonstraram resultados não satisfatórios para o item avaliado na pré-
intervenção de equitação terapêutica. Na avaliação pós-intervenção equoterápica, ambos os
participantes demonstraram benefícios alcançados satisfatoriamente. A melhora na respiração
favorece a fala (comunicação verbal), de que resulta benefício para a dimensão pragmática
(melhor fluxo verbal).
O processo respiratório envolve todo um complexo de entrada e saída de ar, bem como
seu fluxo ritmado. A inspiração e expiração são processos que exigem coordenação
pneumofonoarticulatória para que haja um bom fluxo verbal. A verbalização só ocorre pela
expiração de ar pela cavidade oral. A voz só existe a partir do momento em que a expiração
pulmonar fornece uma pressão suficiente para fazer nascer e manter o som laríngeo (ISSLER,
1996).
As estimulações de fala que foram realizadas durante o tratamento, bem como as
estimulações proporcionadas pelo movimento e andadura do cavalo, indicam benefícios
conjuntos das terapias, já que houve melhoras significativas na respiração de ambos pacientes.
96
A respiração na ausência da fala difere da respiração na verbalização pela exigência
causada pelos órgãos fonoarticulatórios, que se movimentam para se adaptar ao que realmente
se deseja transmitir através da comunicação oral. Qualquer transtorno funcional
(incoordenação respiratória) durante o percurso do ar pulmonar pode provocar prejuízos para
a LGG oral (LE HUCHE; ALLALI, 1999).
g.2) Mastigação. Pediu-se para o paciente mastigar um pão de queijo e biscoitos de
água e sal para a observação de possíveis alterações mastigatórias.
Avaliações pré e pós-intervenção
Participantes Ax e Bx – não houve alterações neste aspecto.
g.3) Deglutição. Pediu-se para o paciente mastigar um pão de queijo e biscoitos de
água e sal para a observação de possíveis alterações na propulsão do bolo alimentar, bem
como, engasgos.
Avaliações pré e pós-intervenção
Participantes Ax e Bx – não houve alterações neste aspecto.
g.4) Sucção. Pediu-se para o paciente sugar 200 ml de água através de canudos de
diversos diâmetros para a verificação de possíveis alterações no processo de sucção.
Avaliações pré e pós-intervenção
Participantes Ax e Bx – não houve alterações neste aspecto.
h) Linguagem escrita:
h.1) Emissão. Para avaliação neste aspecto, aplicou-se ditado contendo trinta e duas
palavras (ANEXO C).
Avaliação pré-intervenção
Participante Ax – apresenta pouca linearidade na escrita (inversões de direção),
confusão de ordem de grafemas, tamanho irregular da reprodução das formas
gráficas (APÊNDICE C, FIGURA 2). Não conseguiu construir narrativa escrita.
97
Ao término do ditado, foi-lhe pedido que lesse a própria produção, o que ele não
conseguiu (decodificá-la): relatou que não sabia ler o que estava escrito.
Participante Bx – apresentou linearidade (látero-lateral), porém sua escrita se
mostrou descendente (APÊNDICE C, FIGURA 4). Não conseguiu construir
narrativa escrita. Ao término do ditado, foi pedido ao participante ler a própria
produção, e ele não conseguiu ler com fluência (decodificá-la); apresentou
leitura silábica.
Avaliação pós-intervenção
Participante Ax – apresentou confusão de ordem de grafemas, tamanho irregular
da reprodução das formas gráficas; porém a escrita teve linearidade durante todo
o percurso manuscrito. A escrita apresentou maior variedade de grafemas
(APÊNDICE C, FIGURA 3).
Participante Bx – apresentou melhor linearidade (APÊNDICE C, FIGURA 5).
Não conseguiu construir narrativa escrita. Ao término do ditado, foi-lhe pedido
que lesse a própria produção, e o participante não conseguiu ler com fluência
(decodificá-la); apresentou leitura silábica.
Os participantes (Ax e Bx) apresentaram resultados não satisfatórios para o item
avaliado pré-intervenção de equitação terapêutica. Na pós-intervenção da terapia a cavalo,
obtiveram benefícios parcialmente para as provas aplicadas neste item. Tais resultados são
indicativos de benefícios na expressividade manual e dimensão sintática (construção das
palavras por meio da combinação de unidades).
O alfabeto é considerado um sistema fonográfico, uma vez que, para escrever, exige-se
conhecimento de sons vocálicos e consonantais. Para aprender a escrever, a criança necessita
viver em uma sociedade letrada ou, mais especificamente, fazer parte de algum seguimento da
sociedade que tenha acesso ao letramento, que é, segundo Soares (2002), a condição adquirida
pelo indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita. Escrever não se limita a
traçar letras que representam sons e palavras, tampouco a leitura restrita a decodificar os sons
que as letras representam (MORAES, 2003).
98
Ler e escrever são habilidades que se integram e ao mesmo tempo compõem o que se
designa como a consciência linguística. Esse processo se desenvolve à medida que o leitor
reflete sobre a língua, entendendo o objeto de análise e manipulando o código linguístico
falado. O primeiro passo para o desenvolvimento da consciência linguística é a consciência
fonológica, que constitui um elemento indispensável para a expressão da escrita (LYONS,
1982).
A leitura é uma tarefa linguística formal que, para ser aprendida, exige da criança o
domínio das estruturas linguísticas que contribuem para a expressão do seu pensamento. Essa
habilidade requer esforço do leitor aprendiz, para que este possa colocar em ação as
capacidades de controle intencional dos tratamentos linguísticos, requeridos para a
aprendizagem da escrita (BOSCAINI, 1998).
As atividades terapêuticas estabelecidas em Equoterapia também auxiliam o paciente
nos aspectos referentes à estimulação tátil, lateralidade, organização e orientação espacial,
temporal e raciocínio que são essenciais para a LGG escrita (SILVA, 2004; CIRILLO, 1992).
h.2) Recepção. Foi dado ao participante um texto, sugerido por Jakubovicz (1997),
para ser lido (ANEXO C).
Avaliação pré-intervenção
Participante Ax – apresentou dificuldade para decodificar construções silábicas e
interpretação de textos prejudicada (não conseguiu ler).
Participante Bx – demonstrou dificuldade em todos os aspectos relacionados à
leitura receptiva; apresentou leitura silábica; não conseguiu interpretar o texto
aplicado.
Avaliação pós-intervenção
Participante Ax – apresentou melhora na decodificação silábica simples (aquela
que contém duas sílabas), demonstrou dificuldade de decodificação nas sílabas
do tipo consoante-consoante-vogal ou consoante-vogal-consoante e
interpretação de texto prejudicada, por não conseguir efetuar leitura.
99
Participante Bx – demonstrou melhora na fluência da leitura, porém a
interpretação ficou restrita a pequenas partes isoladas.
Os resultados demonstraram benefícios na dimensão semântica para ambos os
participantes no que se refere à recepção da escrita. Ax teve melhoras em decodificação de
sílabas, e o paciente Bx, na interpretação de pequenas partes do texto. Tais resultados sugerem
que o tratamento concomitante de Equoterapia e fonoterapia seja realizado em um período
maior de sessões terapêuticas para se obter ganhos satisfatórios melhores neste item de LGG.
Para compreender a aquisição do código alfabético, pode-se considerar o
desenvolvimento fonológico da criança. Quando uma criança inicia o processo de
aprendizagem da leitura e da escrita, é importante que se aprenda associar letras e
representações conscientes de fonemas. Pode-se dizer que existe um componente comum
entre a percepção da fala e a aprendizagem do código alfabético chamado de fonema. Sem
receber instruções a respeito do código alfabético, a aluno não é capaz de adquirir leitura
(CAMPOS, 2005).
A compreensão da LGG escrita é resultante de duas capacidades: a capacidade de
reconhecimento das palavras escritas e a capacidade de compreensão da LGG falada. Quando
ocorrem dificuldades ou deficiências para compreender a LGG escrita, estas podem estar
relacionadas a uma ou outra capacidade ou ainda, a ambas (PENNA, 1986).
O processo de aquisição da escrita difere-se muito da aprendizagem da LGG oral, pois
para aprender a falar e a compreender a oralidade sem o conhecimento da estrutura formal de
uma língua, basta apenas permanecer em contato com a LGG do seu ambiente. A habilidade
de escrita não se restringe apenas à instalação das capacidades linguísticas, mas também a
conhecimentos fonológicos, morfológicos e sintáticos (DEL RÉ, 2006).
h.3) Processamento auditivo: Para esta avaliação, foi realizado teste de localização
sonora (participante fecha os olhos e dirige sua atenção para a fonte sonora) para ser
identificada a direção do som. Com os olhos vedados, o paciente ouviu os sons de diversos
instrumentos, como de sino, guizo, molho de chaves, balão estourando, passos fortes, palmas,
estalos de dedo e folha sendo amassada. Após escutar os sons, ele teve de identificar um por
um. Iniciou-se com um som de cada vez, depois dois e assim sucessivamente.
100
Avaliação pré-intervenção
Participantes Ax e Bx – ambos não apresentaram alterações de processamento
auditivo, apenas funções alteradas isoladamente (descritas nos processos
percentuais de audibilização).
Avaliação pós-intervenção
Participantes Ax e Bx – ambos não apresentaram alterações de processamento
auditivo.
i) Observações e conclusões clínicas:
i.1) Pré-intervenção. Os pacientes Ax e Bx foram avaliados pela área de LGG em
seus aspectos físicos, cognitivos, comunicativos, fonoarticulatórios, sistema motor oral,
funções estomatognáticas, percepção visual, percepção auditiva e escrita. Para ambos os
participantes houve comprometimento nas dimensões da LGG: semântica (significado das
palavras, frases, textos), sintática (construção das palavras por meio da combinação de
unidades verbais e escrita), pragmática (produção da fala, habilidades conversacionais,
fluência). Frente aos dados dimensionais da LGG alterados, pôde-se concluir o diagnóstico de
Atraso de LGG. Destacou-se também, pobreza de vocabulário e de escrita, alteração na
percepção auditiva fonológica, pouca criatividade e percepções ambientais alteradas
(acontecimentos), aspectos motores comprometidos funcionalmente para os participantes.
Diante de tais resultados, houve indicação concomitante de fonoterapia e Equoterapia para as
crianças participantes deste trabalho.
i.2) Pós-intervenção. Após a intervenção terapêutica, pôde-se observar melhora nas
dimensões da LGG, bem como dos aspectos psicomotores dos participantes. As crianças
obtiveram vantagens na LGG concomitantemente ao desenvolvimento psicomotor.
Durante o desenvolvimento infantil, a criança passa por experiências sensório-motoras
e ambientais que facilitam a aquisição e o refinamento de padrões motores e cognitivos. Essas
experiências acontecem e são enriquecidas devido à variabilidade e à complexidade de
estímulos provindos do ambiente (GESELL, 2002). O desenvolvimento nos itens avaliativos
da LGG se embasa na probabilidade de a Equoterapia ter proporcionado uma grande gama de
101
estímulos (ambientais e motores), e a fonoterapia favorecido estímulos linguísticos e de
experiências comunicacionais que propiciaram o desenvolvimento de Ax e Bx.
5.4 RELATO DAS SESSÕES
Para ambos os participantes foram realizadas atividades de estimulação fonoterápica
na área de LGG com lista de encontros fonêmicos; letras do alfabeto português; listas de
frases incompletas, palavras monossílabas, dissílabas, trissílabas e polissílabas; lista contendo
trinta e quatro frases; numeração de zero a nove; fichas coloridas em cores primárias e
secundárias; colunas de tamanhos diferentes em cores primárias; figuras com nomes
foneticamente balanceados; bolas de diversos tamanhos. As estimulações por intermédio dos
materiais produzidos e ou adaptados pelo pesquisador foram realizadas concomitantemente
com a terapia a cavalo (a criança montava no dorso do cavalo e as estimulações eram
realizadas durante a montaria com o terapeuta acompanhando ao lado).
Didaticamente foram descritos os objetivos de cada material de estimulação na
metodologia da pesquisa e as formas de aplicação dos materiais (durante as sessões)
terapêuticos a seguir:
Lista de encontros fonêmicos (APÊNDICE D, MATERIAL 1)
O terapeuta (de posse do material) lia os encontros fonêmicos e pedia para o
participante repetir bem articulado e em intensidade normal de fala o mesmo som produzido
pelo pesquisador. Utilizou-se de repetição silábica de todos os sons grafêmicos apresentados
na lista, obedecendo à ordem descrita na listagem. Os sons mais complexos eram repetidos
várias vezes (bombardeio auditivo) para a decodificação da sonorização. Segundo Faria
(1997) e Luria et al. (1991), a exposição da criança ao meio terapêutico faz com que ela
desenvolva suas potencialidades funcionais por meio da imitação e do esforço em tentar
repeti-las múltiplas vezes.
Letras do alfabeto português (APÊNDICE D, MATERIAL 2)
Mostravam-se as letras (uma de cada vez) ao participante que teve de identificar e
verbalizar o som de cada grafema (letra) do alfabeto. Com cada letra apresentada, a criança
102
teve de verbalizar de três a quatro palavras que começassem com a mesma letra mostrada.
Utilizou-se também dos sons de cada ficha para etimir, por intermédio oral, sonoridades
guturais. Exemplo: “zzzzzzzzz” (prolongamento oral do fonema /z/) som da abelha,
“sssssssss” (prolongamento oral do fonema /s/) som do pneu furado entre outros. Para Jardim
(2002), situações de interação estimulam o conhecimento, estabelecendo condições que
propiciam a aprendizagem, o diálogo e a estimulação.
Listas de frases incompletas (APÊNDICE D, MATERIAL 3 e 4)
O pesquisador leu as frases (uma de cada vez) e a criança teve de completá-las com
palavras pertinentes ao contexto da sentença. Foram aplicadas todas as frases seguindo
rigorosamente a ordem da listagem (lista “A” e “B”). As respostas não pertinentes eram
comentadas pelo terapeuta, e repetia-se novamente a sentença para a criação de uma nova
resposta da criança. Amorim; Rossetti-Ferreira (2008) mencionam que a interação terapêutica
é usada para estimular o pensamento e a resposta da criança, buscando-se, dessa forma, a
transmissão de idéias, comentários e desenvolvimento cognitivo.
Palavras monossílabas, dissílabas, trissílabas e polissílabas (APÊNDICE D,
MATERIAL 5)
O terapeuta lia as palavras, e o participante tinha de repeti-las seguindo a ordem
estabelecida. Com cada palavra, criavam-se frases ou mesmo histórias e acontecimentos. Este
material possibilitou verbalização de palavras de diversos tamanhos, desde monossílabas
(com uma sílaba única) até polissílabas (com quatro ou mais sílabas). De acordo com Gibson
(1974), a aquisição de LGG é estabelacida entre estímulos e respostas, e o indivíduo tem a
possibilidade de imitar o que o meio lhe apresenta.
Lista contendo trinta e quatro frases (APÊNDICE D, MATERIAL 6)
Este material foi lido à criança que teve de repetir as frases em velocidades diferentes
(lenta, normal e rápida). As frases eram também repetidas com entonações distintas
(perguntando e afirmando). Foram também utilizadas diversas expressões faciais (bravo,
triste, alegre, tímido e desconfiado) concomitante com as verbalizações. Schaf (1968)
descreve que crianças apresentam atenção para diversos fatos que ocorrem ao seu redor. A
imitação é uma atividade estimulante e essencialmente capaz de perpetuar estímulos
contínuos para o aprendizado cerebral.
103
Numeração de zero a nove (APÊNDICE D, MATERIAL 8)
O terapeuta apresentou as numerações ao participante, que teve que dizer qual número
estava representado na ficha (numeração cardinal). Antes tinha de dizer em que ordem era
representada cada figura numérica (numeração ordinal). O espaço físico utilizado durante a
terapia a cavalo também foi explorado no sentido de contagem (cardinal e ordinal) de quantas
árvores havia ao redor, tambores no centro do picadeiro, cavalos, acadêmicos entre outros.
Para Coste (1978), atividades de estimulação de LGG por intermédio de organização de
objetos, imagens, números e cores são possíveis serem aplicadas quando a estimulação é
sucessiva e dinâmica.
Fichas coloridas em cores primárias e secundárias (APÊNDICE D, MATERIAL
9)
Apresentaram-se todos os lados dos dados (fichas) para os participantes, bem como
suas respectivas cores (diferenciando cores primárias e secundárias) antes de qualquer
procedimento terapêutico. Mostrou-se o material a criança que teve de dizer a cor e a devida
numeração dos lados do dado representada por círculos coloridos. Com a numeração
apresentada, a criança teve de identificar algo no ambiente terapêutico que tivesse a mesma
quantidade numérica apresentada pela respectiva ficha. A cor também foi explorada no
sentido do participante ter de dizer o nome de objetos que tivessem a mesma cor apresentada.
Para Razuck, Tacca e Tunes (2007), a LGG é altamente estimulada com terapias que
envolvam numerais e sequências ordenadas de caracteres aplicados com intuito terapêutico.
Atividades que envolvam a exploração do meio favorecem o conhecimento, bem como a
relação entre o obervador e o ambiente.
Colunas de tamanhos diferentes em cores primárias (APÊNDICE D,
MATERIAL 10)
Mostraram-se ao participante todas as colunas, bem como suas respectivas alturas. Ele
teve de identificar a cor e descrever o tamanho dos objetos apresentados na ficha (tamanho
pequeno, médio e grande) em ordens diferentes. Costallat (1971) menciona que a aplicação de
materais terapêuticos com tamanhos distintos, ou mesmo a descrição e diferenciação de altura
e largura, possibilita a organização de lateralidade por intermédio da percepção visual. De
acordo com Amorim e Rossetti-Ferreira (2008), a exploração de objetos, formas, cores,
104
numeração e figuras geométricas são estímulos visuais que refletem na organização da LGG
em todas suas dimensões (semântica, sintática e pragmática).
Figuras com nomes foneticamente balanceados (APÊNDICE D, MATERIAL 11)
Foram apresentadas ao participante todas as figuras coloridas, bem como seus devidos
nomes. A criança teve de descrever os objetos apresentados (nome, cor, tamanho, função,
quantidade, objetos semelhantes e características particulares de cada desenho apresentado).
Para cada ficha foi-lhe pedido que criasse uma história relacionando-a com sua família,
escola, esporte, entre outros. O terapeuta criou várias histórias com os objetos apresentados e,
após o conto, o participante teve de interpretar o que lhe foi contado. Para Cunha (1991),
dentre as capacidades que a criança apresenta para dominar a LGG oral, uma das mais
significativas e notáveis é a de narrar fatos. A partir do encadeamento de palavras e da
percepção dos eventos temporais, a criança começa a explorar o relato de suas próprias
experiências. Canto e Knabben (2002) descrevem que escutar contos (histórias), bem como
criar fábulas, favorece estímulos processuais auditivos (decodificação) beneficiando
terapeuticamente a dimensão semântica.
Bolas de diversos tamanhos (APÊNDICE D, MATERIAL 13)
Foram dadas bolas (uma de cada vez) de tamanhos distintos (pequena, média e grande)
ao participante que teve de direcioná-la para cima, para baixo, para o lado direito, lado
esquerdo, diagonais frontais e dorsais. Pediu-se também para a criança apontar, com a bola na
mão, objetos a sua volta. A direção era comandada verbalmente pelo pesquisador que ora
pedia para serem apontadas com uma das mãos, ora com a outra. De acordo com Bueno
(2000), a educação psicomotora deve apresentar técnicar e objetivos de orientação quanto à
consciência de lateralidade (discriminação direita-esquerda, conhecimento do próprio corpo,
apontar objetos com precisão entre outros).
Em cada sessão terapêutica será descrita a quantidade exata de palavras que foram
verbalizadas espontaneamente durante as terapias. Para melhor visualização dessa quantidade,
foi construído um quadro de linhas (item 5.5) que demonstra o número de verbalizações de Ax
e Bx. Para ambas as crianças foram realizadas as mesmas atividades. Ao final de cada relato
diário das terapias (coletado por intermédio da ficha diária do PROEQUO-UCDB) (ANEXO
B), serão mencionadas as devidas atividades realizadas para os dois participantes do estudo. A
105
descrição das atividades não segue a mesma ordem em todos os relatos diários. Foram
descritas de adordo com a ordem aplicada diariamente aos participantes.
Para ambas as crianças a montaria foi realizada com manta e cilhão durante todas as
sessões terapêuticas:
Primeira sessão
Ax e Bx vieram devidamente acompanhados por seus responsáveis. Este primeiro
contato foi dedicado às crianças, bem como a seus pais para conhecerem o ambiente de
tratamento em Equoterapia. Conheceram, então, o picadeiro gramado, a responsável técnica
do local, o lago ao lado do estacionamento, o Instituto São Vicente, o bosque e os cavalos que
iriam ser utilizados para as sessões. Os cavalos foram vistos de longe, porque estavam sendo
alimentados. Foi muito agradável a interação das crianças e dos responsáveis com o local, a
que descreveram como ambiente de muita beleza e tranquilidade.
Segunda sessão
Os participantes começaram a ter os primeiros contatos de conversação um com o
outro. Ax e Bx fizeram amizade apesar de Bx ter ficado um pouco isolado. Este ficou ao lado
de seus pais (parte do tempo), sentados enquanto esperavam o atendimento. O pesquisador
chamou os dois integrantes da pesquisa para fazer o primeiro contato efetivo com o cavalo.
Ambos puderam passar a mão nos animais (relação cavalo-cavaleiro) e saber o nome do
cavalo que iria montar. Foi explicado sobre as partes do cavalo. Mostrou-se a crina, as
orelhas, as patas, a cabeça, o dorso entre outras. Explicou-se também sobre a postura
necessária na montaria, acento correto e onde iriam colocar as mãos (rédeas). A princípio, os
participantes tiveram vontade de cavalgar. Ax ficou com um pouco de receio. Bx queria
montar o mais rápido possível. Bx perguntou a Ax se ele aceitaria jogar par ou ímpar, quem
vencesse seria o primeiro a iniciar a montaria. Ax começou a verbalizar tentando dizer que
aceitava a proposta. Mas Bx não entendeu quase nada do que outro participante tinha dito
(pela dificuldade articulatória apresentada) e ficou várias vezes perguntando o que ele tinha
dito. Neste momento, Ax perguntou se ele poderia ser o primeiro. Então foi explicado para
ambos os participantes que seria feito um revezamento. Ou seja, cada semana a montaria iria
ser iniciada por um. E assim, de forma justa, os atendimentos aconteceriam.
106
Ax iniciou a montaria com receio, porém, ao longo da terapia, foi interagindo
verbalmente e mostrou-se muito atento aos movimentos e direções tomadas pelo cavalo,
orientado (direção) pelo acadêmico que o guiava. O humor de Ax estava bom, e a atenção às
ordens do pesquisador esteve esporádica, por ser a primeira vez a cavalgar. Seu
relacionamento com a equipe foi de adaptação e, em relação ao cavalo, ganhou confiança ao
final da sessão terapêutica. Sua disciplina foi melhorando gradualmente devido a estar sua
atenção voltada aos movimentos proporcionados pelo cavalo. Durante o atendimento, Ax
verbalizou 114 palavras espontâneas.
Bx relatou que estava ansioso para montar o cavalo e que queria “gritar que nem o
Tarzan da selva”. O participante foi orientado a não gritar para evitar assustar o cavalo.
Durante o percurso, mostrou-se muito curioso a tudo que estava a sua volta: cavalos,
terapeutas, local, entre outros. Em relação ao humor, estava este bom, e sua atenção,
constante. Seu relacionamento com a equipe e com o cavalo foi positivo. A disciplina esteve
constante a maioria do tempo. Durante o atendimento, Bx verbalizou 173 palavras
espontâneas.
Atividades: fichas coloridas em cores primárias e secundárias; colunas de tamanhos
diferentes em cores primárias; letras do alfabeto português; bolas de diversos tamanhos.
Terceira sessão
Ax veio acompanhado de seu pai e de seu irmão mais novo. Não lembrava como pegar
corretamente as rédeas. Foi-lhe novamente ensinado esse processo, e houve o atendimento
terapêutico. Durante o início do percurso, o participante teve pouca intenção comunicativa.
Foi então pedido que contasse uma história qualquer. O participante contou uma pequena
história dramática: Dois tomates andavam pela rua e um deles falou “cuidado, o carro!”; o
outro respondeu perguntando: “onde?” Não houve mais resposta, pois os dois foram
atropelados. Neste dia seu humor estava regular, sua atenção, esporádica nos vinte primeiros
minutos de terapia, e após esse período sua atenção tornou-se constante. Seu relacionamento
com a equipe e com o cavalo esteve bom. A disciplina do participante manteve-se constante.
Durante o atendimento, Ax verbalizou 120 palavras espontâneas.
Bx mostrou-se animado para iniciar a terapia. Passou a mão na crina do cavalo e
perguntou o nome do animal para um dos estagiários que estava auxiliando. Após montar o
107
animal, ao invés de levemente impulsionar os pés contra o corpo do cavalo para começar a
cavalgar, pediu educadamente: “cavalo, por favor, comece a andar”. Seu humor estava bom;
sua atenção, esporádica. Seu relacionamento com a equipe e com o cavalo esteve satisfatório.
Sua disciplina manteve-se constante. Durante o atendimento, Bx verbalizou 145 palavras
espontâneas.
Atividades: palavras monossílabas, dissílabas, trissílabas e polissílabas; bolas de
diversos tamanhos; listas de frases incompletas; figuras com nomes foneticamente
balanceados.
Quarta sessão
Ax não se mostrou muito seguro no início da terapia. Após os vinte minutos iniciais,
começou a colaborar melhor com as atividades propostas. Apresentou esporádicas apreensões
de fala (interrupções do fluxo verbal). Entre uma pergunta vinda do pesquisador e a resposta
do participante, aconteceram muitas pausas de aproximadamente dez segundos. Verbalizou
pouco, mas apresentou intenção de se comunicar. Seu humor estava instável, sua atenção
esteve esporádica ao longo da terapia. Seu relacionamento com a equipe e com o cavalo
estava bom. A disciplina no participante manteve-se constante. Durante o atendimento, Ax
verbalizou 140 palavras espontâneas.
Bx estava calado desde que chegou para o atendimento. Não cumprimentou o colega
de terapia. A mãe pediu para que o filho respondesse “boa tarde” aos demais, porém ele não
deu indício algum de boa vontade. Só começou a interagir no momento em que o pesquisador
o chamou para cuidar os capacetes de segurança que não iriam ser utilizados enquanto não
começasse a terapia. Durante o percurso, contou histórias que aconteceram com ele durante a
semana e que tinha ido a um parque de diversão. Interagiu bastante durante o atendimento e
falou de forma mais inteligível. Seu humor estava regular antes da terapia, durante o
tratamento seu temperamento melhorou. A atenção foi constante durante o percurso
terapêutico. Seu relacionamento com a equipe e com o cavalo esteve positivo. A disciplina do
participante manteve-se constante. Durante o atendimento, Bx verbalizou 160 palavras
espontâneas.
Atividades: listas de encontros fonêmicos; lista contendo trinta e quatro frases; listas
de frases incompletas; numeração de zero a nove.
108
Quinta sessão
Ax chegou e tentou conversar com o colega, convidando-o para passearem. Bx, mesmo
não entendendo na íntegra o que o colega estava dizendo, gostou da ideia e saíram andando e
comentando sobre os cavalos que estavam próximos. Os dois chegaram próximo aos animais
e ficaram escolhendo qual gostariam de ter em casa. As mães gostaram de ver as crianças
interagindo uma com a outra. Logo começou a disputa sobre quem iria ser o primeiro a
cavalgar, porém a escolha já estava feita pelo pesquisador. Ax, durante a terapia, passou a mão
nas orelhas do cavalo e perguntou o que iria acontecer se ele puxasse o rabo do animal.
Verbalizou com mais precisão, clareza e manteve postura adequada durante todo o percurso
realizado no picadeiro gramado. Seu estado de humor estava regular, sua atenção esteve
constante durante a terapia. Seu relacionamento com a equipe e com o cavalo estava bom. A
disciplina do participante manteve-se constante. Durante o atendimento, Ax verbalizou 182
palavras espontâneas.
Bx, durante a espera, ficou sentado olhando os atendimentos que aconteciam sempre
antes (com pacientes neurológicos) de ele ser atendido. Questionou aos estagiários por que
aquelas crianças eram diferentes. A mãe comentou com o pesquisador que, na escola, a
professora sempre reclamava que ele não tinha curiosidade de nada e que estava surpresa com
essa atitude do filho. Durante o atendimento equoterápico, se policiou para ter boa postura e
mostrou-se atento às atividades realizadas. Seu humor estava bom, sua atenção esteve
constante durante a terapia. O relacionamento com a equipe e com o cavalo estava agradável.
A disciplina do participante manteve-se constante a maioria do tempo. Durante o
atendimento, Bx verbalizou 191 palavras espontâneas.
Atividades: figuras com nomes foneticamente balanceados; fichas coloridas em cores
primárias e secundárias; letras do alfabeto português; colunas de tamanhos diferentes em
cores primárias.
Sexta sessão
Durante a terapia, o participante Ax mandou beijo para sua mãe que estava sentada,
eaguardando-o. Com a outra mão ele segurou forte a rédea para demonstrar que estava
controlando o animal. Apresentou um pouco de preguiça durante o percurso, mas manteve-se
atento e participativo. Durante a atividade de completar frases, teve muita criatividade. Seu
109
humor estava bom, sua atenção esteve intermitente durante a terapia. O relacionamento com a
equipe e com o cavalo estava agradável. A disciplina do participante manteve-se constante.
Durante o atendimento, Ax verbalizou 181 palavras espontâneas.
Bx iniciou sua montaria com bastante entusiasmo. Passou parte da terapia passando a
mão na crina no cavalo. O participante relatou que queria ter um cavalo em casa para poder
montar a qualquer momento e ir para a escola. Durante o percurso, queria mostrar que já sabia
diferenciar o lado direito do esquerdo. Seu humor estava agradável e sua atenção, constante
durante todo o tempo de terapia. O relacionamento com a equipe e com o cavalo ocorreu de
forma positiva. A disciplina do participante foi constante. Durante o atendimento, Bx
verbalizou 201 palavras espontâneas.
Atividades: listas de encontros fonêmicos; palavras monossílabas, dissílabas,
trissílabas e polissílabas; numeração de zero a nove; bolas de diversos tamanhos.
Sétima sessão
Ax veio acompanhado de sua tia, aparentou estar muito feliz. Logo foi ao encontro de
Bx, começaram a correr em volta do picadeiro e brincar de corrida. Sua tia ficou
impressionada com a extroversão do sobrinho. Relatou que na escola e em casa ele não se
relacionava dessa forma. Antes de iniciar a terapia, ele quis escolher o cavalo a montar (teve
três opções). Durante a montaria, apresentou bons resultados nas tarefas de lateralização e de
consciência fonológica. Durante o percurso, queria mostrar que já sabia diferenciar o lado
direito do esquerdo. Seu humor estava bom, e sua atenção foi constante. O relacionamento
com a equipe e com o cavalo foi positivo. A disciplina do participante foi constante. Durante
o atendimento, Ax verbalizou 205 palavras espontâneas.
Neste dia, o primeiro a realizar Equoterapia foi Ax. Bx ficou o tempo todo aguardando
de pé a sua vez de montar (estava ansioso). Ele ficou contando o tempo em seu relógio de
pulso. Quando faltavam cinco minutos para o término da sessão, ele avisou de longe que
estava acabando o tempo. Logo correu e colocou seu capacete de proteção. Durante a
montaria, sua fala e respiração tiveram melhor sincronia resultando satisfatoriamente nos
aspectos articulatórios e de dicção. Sua atenção esteve constante durante todo o tempo de
terapia, e seu humor estava bom. Em relação à equipe e ao cavalo, o participante teve boa
interação e manteve constante disciplina às ordens do pesquisador. Durante o atendimento, Bx
verbalizou 195 palavras espontâneas.
110
Atividades: lista contendo trinta e quatro frases; listas de encontros fonêmicos; fichas
coloridas em cores primárias e secundárias; bolas de diversos tamanhos.
Oitava sessão
Antes de iniciar a montaria, Ax disse que queria subir no cavalo sozinho e que queria
treinar para competir nas olimpíadas. Na atividade em que teve que relatar o que fez desde
quando acordou até o então presente momento, relatou, de forma rica e coerente, todos os
acontecimentos daquele dia. Acordou, escovou os dentes, foi à padaria com sua mãe, tomou o
café da manhã, foi para escola, estudou matemática, comeu lanche na escola, voltou para casa,
almoçou com seus pais, dormiu um pouco, sua mãe o acordou para ir para Equoterapia,
pegaram o ônibus e chegaram até o local em que estavam naquela ocasião. Durante a terapia,
seu humor esteve bom e sua atenção, constante durante todo o percurso realizado no
picadeiro. O relacionamento com a equipe e com o cavalo estava positivo. A disciplina de Ax
foi constante. Durante o atendimento, Ax verbalizou 228 palavras espontâneas.
Bx manteve postura durante a sessão, ficou todo o tempo com as mãos nas rédeas e
disciplinado em todo o tempo de montaria. Na atividade em que o pesquisador contou uma
história infantil, o paciente questionou as ações dos personagens. Assimilou e fixou todo o
conteúdo da história. Ao término de cinquenta minutos de terapia, o participante queria mais,
achou que o tempo passou muito rápido. Seu humor estava regular no início da sessão
equoterápica, gradualmente foi evoluindo para bom estado de temperamento. A atenção e
disciplina foram constantes. O relacionamento com a equipe e com o cavalo foi positivo.
Durante o atendimento, Bx verbalizou 213 palavras espontâneas.
Atividades: listas de frases incompletas; bolas de diversos tamanhos; colunas de
tamanhos diferentes em cores primárias; numeração de zero a nove; figuras com nomes
foneticamente balanceados.
Nona sessão
Ax trouxe nas costas uma mochila cheia de grama. Relatou para o terapeuta que iria
alimentar os cavalos da terapia. Disse que, enquanto fosse esperar, ele poderia ficar
oferecendo esse alimento para os animais. Ax chamou Bx e foram colher mais gramas. Logo
veio o momento terapêutico e Ax acabou esquecendo as gramíneas. Durante a Equoterapia,
mostrou-se atento aos próprios erros cometidos na fala. Assim que verbalizava, percebia o
111
erro e repetia a respectiva palavra ou mesmo a sonorização do fonema. Sua atenção e humor
foram constantes em terapia. O pesquisador percebeu um bom relacionamento com a equipe e
com o cavalo. Durante o atendimento, Ax verbalizou 251 palavras espontâneas.
Bx ficou parte do tempo de espera com Ax, que o convidou para andar em volta do
picadeiro para colher grama. No momento em que Ax foi para terapia, Bx ficou com a mochila
do colega e derrubou tudo o que colheram, logo começou a rir, deixando Ax um pouco irritado
após ter visto o acontecido. Bx estava muito eufórico neste dia. Só se acalmou quando iniciou
o tratamento equoterapêutico. Durante as sessões, manteve postura adequada durante todo o
percurso. Verbalizou com precisão e realizou todas as atividades (disciplina constante). Seu
humor estava bom e sua atenção esteve constante às ordens do pesquisador, bem como aos
acontecimentos a sua volta (exemplo: um pássaro que cantava, entre outros). O
relacionamento com o cavalo e com a equipe foi positivo. Durante o atendimento, Bx
verbalizou 233 palavras espontâneas.
Atividades: palavras monossílabas, dissílabas, trissílabas e polissílabas; letras do
alfabeto português; fichas coloridas em cores primárias e secundárias; colunas de tamanhos
diferentes em cores primárias.
Décima sessão
Ax, ao entrar em terapia, segurou as rédeas, guiou o cavalo na direção correta do
picadeiro. Na atividade de frases incompletas, respondeu rápido e com pertinência. Ao
término, disse que iria inverter os papéis: começou a criar frases incompletas para o terapeuta
completar adequadamente. Esta atitude demonstrou alta habilidade de criatividade e expansão
de vocabulário. Durante o atendimento, Ax verbalizou 315 palavras espontâneas.
Bx cumprimentou o cavalo antes de montar e disse que, na noite anterior, tinha
sonhado com ele voando. Nas atividades realizadas, obteve bons resultados e não apresentou
nenhuma troca fonêmica na fala. Mostrou-se bem à vontade e relatou que sua professora da
escola o elogiou por estar falando melhor e melhorando nas disciplinas. Durante o
atendimento, Bx verbalizou 274 palavras espontâneas.
Atividades: lista contendo trinta e quatro frases; listas de encontros fonêmicos; fichas
coloridas em cores primárias e secundárias; listas de frases incompletas.
112
Décima primeira sessão
Durante a sessão terapêutica, foram realizados exercícios com o cavalo ao passo,
contornando tambores de plástico ao meio do picadeiro gramado para ambos os participantes.
Os pacientes guiaram o cavalo todo o tempo de terapia. Pôde-se notar maior habilidade em
realizar dois comandos ao mesmo tempo: guiar o cavalo e realizar exercícios estimuladores de
LGG, propostos pelo pesquisador tanto para Ax quanto para Bx. A atenção e a disciplina de
ambos estiveram constantes, o humor estava bom. A relação com a equipe e com o cavalo foi
satisfatória. Durante o atendimento, Ax verbalizou 322 palavras espontâneas, e Bx, 305.
Atividades: numeração de zero a nove; letras do alfabeto português; listas de encontros
fonêmicos; colunas de tamanhos diferentes em cores primárias.
Décima segunda sessão
Ax, ao realizar exercícios vocais e de LGG com repetição de sentenças, demonstrou
sua fala mais inteligível. Conseguiu decodificar as frases utilizando seus próprios argumentos.
Na atividade com colunas, descreveu as cores primárias e seus respectivos tamanhos
(pequeno, médio e grande) de forma correta e com precisão verbal (ausência de erros na fala).
Durante o atendimento, Ax verbalizou 329 palavras espontâneas.
Bx chegou para o atendimento dizendo que estava com preguiça. Logo ao montar o
cavalo, ficou entusiasmado e perguntou quais seriam as atividades do dia. No exercício
terapêutico com bolas, lateralizou-as da direita para esquerda, da esquerda para direita, direita
para cima, de cima para esquerda entre outras. Em nenhum momento, as bolas caíram, e ele
soube todas as direções solicitadas. As atividades realizadas pelo paciente foram satisfatórias,
demonstrando evolução psicomotora. O humor e o relacionamento com a equipe e com o
cavalo estavam positivos tanto para Ax, como para Bx. A disciplina e atenção estiveram
constantes. Durante o atendimento, Bx verbalizou 314 palavras espontâneas.
Atividades: bolas de diversos tamanhos; fichas coloridas em cores primárias e
secundárias; listas de frases incompletas; colunas de tamanhos diferentes em cores primárias;
lista contendo trinta e quatro frases.
113
Décima terceira sessão
Tanto para Ax como para Bx, o humor estava bom e a atenção manteve-se constante
durante a terapia. As crianças mantiveram bom relacionamento com a equipe e com o cavalo.
A disciplina dos pacientes manteve-se constante a maioria do tempo. As atividades
terapêuticas foram realizadas em círculo no picadeiro gramado. Durante o atendimento, Ax
verbalizou 367 palavras espontâneas, e Bx, um total de 307.
Atividades: figuras com nomes foneticamente balanceados; palavras monossílabas,
dissílabas, trissílabas e polissílabas; lista contendo trinta e quatro frases; listas de frases
incompletas.
Décima quarta sessão
Antes de iniciar os atendimentos em Equoterapia, foi explicado para as crianças, bem
como para seus responsáveis legais que, naquele dia, aconteceria a última sessão terapêutica.
Posteriormente foi marcada uma consulta com as famílias para dar a devolutiva das possíveis
melhoras dos participantes. Todos foram devidamente orientados, e cada responsável legal
recebeu laudo por escrito dos resultados obtidos.
Ambas as crianças responderam satisfatoriamente todas as atividades propostas para
esse dia. Mantiveram atenção constante; o humor esteve bom durante todo o percurso. O
relacionamento com a equipe e com o cavalo foi positivo. A disciplina dos participantes foi
constante. Ao término da terapia, Ax relatou que iria ter saudades dos cavalos e das atividades
realizadas semanalmente. Bx abraçou o pesquisador e a técnica do PROEQUO-UCDB e disse
muito obrigado. Durante o atendimento, Ax verbalizou 402 palavras espontâneas, e Bx, 329.
Atividades: numeração de zero a nove; letras do alfabeto português; palavras
monossílabas, dissílabas, trissílabas e polissílabas; figuras com nomes foneticamente
balanceados; listas de encontros fonêmicos.
Após esta última intervenção terapêutica, foi marcada nova avaliação a fim de
verificar os possíveis progressos da associação da terapia a cavalo e fonoterapia. Os dados
coletados estão descritos no quadro comparativo dos resultados obtidos pré e pós-intervenção
terapêutica (item 5.2) e nos resultados obtidos por meio do protocolo avaliativo de LGG (item
5.3).
114
5.5 FIGURA DEMONSTRATIVA DE EVOLUÇÃO VERBAL
Para melhor visualização dos resultados de verbalização (emissão de palavras), foi
construído um quadro de linhas. A Figura 1 apresenta a quantidade de palavras verbalizadas
espontaneamente pelos participantes da pesquisa durante treze sessões terapêuticas. A fala de
Ax e Bx foi escutada pelo pesquisador (após o término de cada terapia) e posteriormente
contada todas as palavras. Os dados foram registrados por um gravador vocal digital Eco
Mania.
Paci ente Bx
Paci ente Ax
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
2° 4° 5° 8° 10° 11° 1 1
Sessão
Palavras verbalizadas (n)
FIGURA 1 - Evolução verbal da quantidade de palavras verbalizadas espontaneamente pelos
participantes da pesquisa durante as sessões terapêuticas
.
No gráfico, a linha de cor marrom representa o participante Ax, e a linha de cor azul,
o participante Bx. Na segunda sessão terapêutica, Ax verbalizou 173 palavras e, na décima
quarta sessão, alcançou um total de 329 palavras. Bx, na segunda sessão terapêutica,
verbalizou 114 palavras e, na décima quarta sessão terapêutica, emitiu verbalmente a
quantidade de 402 palavras.
A estimulação da LGG com atividades psicomotriciais, sonoras e de lateralização é
fundamental para o desenvolvimento verbal, cognitivo e de criatividade. O número que
palavras novas no repertório infantil aumenta quanto mais estímulos ambientais a criança
115
receber (NEWCOMBE, 1999). O aumento do fluxo lexical (palavras) e a emissão desses sons
são os grandes itens que demonstram o desenvolvimento da LGG. As atividades que auxiliam
a criança no desenvolvimento da LGG devem favorecer a verbalização com situações
criativas e exercícios terapêuticos, respeitando-se a individualidade de cada uma das crianças.
O mais importante não é considerar apenas as atividades de estímulo proporcionadas, mas
conhecer o potencial e adequar novos objetivos a cada obstáculo sanado, adequando-os ao
próprio ritmo de crescimento infantil (GOLDFELD; CHIARI, 2003). A palavra (fala) é o
principal item que indica o desenvolvimento de LGG. A intenção oral, a interação
comunicativa, o bom fluxo de verbal, a emissão correta dos fonemas e o aumento da
quantidade de palavras são indícios que levam o terapeuta a suscitar aquisição da LGG
infantil. A quantidade crescente de palavras (maior fluxo verbal) emitidas espontaneamente
por Ax e Bx indica provável desenvolvimento da dimensão pragmática, bem como intenção e
interação comunicativa.
116
6 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
117
Ao finalizar esta pesquisa, pode-se afirmar que os objetivos propostos, geral e
específicos, foram atingidos de forma satisfatória. No que se refere à questão que norteou esta
investigação a hipótese de que a Equoterapia e a fonoterapia pudessem auxiliar o
desenvolvimento da LGG , múltiplos objetivos foram atingidos ao longo do trabalho: as
etapas propostas, os resultados satisfatórios para os dois casos atendidos e a finalização da
pesquisa.
Os participantes envolvidos neste estudo apresentam diagnóstico de Atraso de LGG e
foram submetidos à avaliação de LGG pré e pós-intervenção do tratamento concomitante de
Equoterapia e fonoterapia. Este estudo é pioneiro quanto a esta relação que associa dois
procedimentos terapêuticos que juntos apresentam objetivos de desenvolvimento motor,
cognitivo e de LGG. Pôde-se observar que na literatura não existem dados semelhantes aos
encontrados por não haver pesquisas com esta temática conjunta. Isso garante uma nova área
de estudo a ser explorada pelo meio científico.
A avaliação pré-intervenção terapêutica de Ax e Bx constatou prejuízos nas dimensões
sintática, semântica e pragmática. As considerações apresentadas a seguir indicam progressos
nas dimensões da LGG e sugerem que os procedimentos utilizados nas terapias foram
eficazes.
A avaliação final (pós-intervenção) realizada nas crianças participantes deste estudo
demonstrou melhoras em diferentes aspectos e proporções, e ambas obtiveram resultados
satisfatórios para grande parte dos itens avaliados por intermédio do protocolo de LGG. Os
dados coletados pós-intervenção demonstraram melhoras para os participantes nas três
dimensões da LGG. Ax e Bx apresentaram vantagens no nível de decodificação (entender o
que outra pessoa fala), maior número de palavras que entendem e utilizam, melhor significado
de frases e acontecimentos (semântica), estruturação das sentenças verbalizadas envolvidas
diretamente com a cognição, desenvolvimento na construção das palavras por meio da
combinação de unidades: fonemas e sílabas (sintática), melhor produção da fala, compromisso
conversacional e fluência (pragmática). Houve também desenvolvimento em aspectos
psicomotores, perceptuais e funções cognitivas. No item de LGG escrita, ambos os
participantes desenvolveram linearidade no ditado realizado. A melhora no aspecto de
memória foi também observada pela produção dos desenhos realizados por essas crianças.
118
Isso leva ao entendimento de que a terapia de estimulação de LGG associada à
Equoterapia pode ser satisfatória para a patologia de Atraso de LGG. Esta pesquisa pôde
ressaltar que as melhoras na gama de itens avaliativos de LGG foram também estimuladas
(desenvolvidas) por aspectos psicomotriciais proporcionados pela Equoterapia.
A avaliação de Ax demonstrou melhoras satisfatórias nos aspectos: físicos globais
(posição estática e dinâmica), LGG oral (nível receptível e expressivo), processos perceptuais
(auditivo e visual), funções cognitivas (memória, orientação espacial, temporal e lateralidade),
aspectos fonoarticulatórios (vocais, fluência e articulação). Vale ressaltar que, no aspecto de
LGG escrita (recepção e emissão), o participante obteve melhoras parciais; durante a
produção escrita, obteve maior variedade de grafemas o que caracteriza vantagem parcial.
Este resultado demonstra aprendizado de grafemas novos. No aspecto de recepção da escrita,
a vantagem obtida foi uma melhor decodificação de construção silábica.
Bx demonstrou melhoras satisfatórias nos mesmos aspectos expostos acima. Referente
ao aspecto de emissão da escrita, este participante demonstrou pouca evolução, porém sua
produção escrita pós-intervenção teve maior linearidade, o que sugere desenvolvimento de
coordenação motora fina. Já no aspecto receptivo da escrita, ele apresentou melhor
interpretação.
De acordo com os resultados, o estudo sugere que, para indivíduos com diagnóstico de
Atraso de LGG com dificuldade na escrita, seja aplicado um tempo maior de terapia (mais de
quatorze sessões terapêuticas) para se obter resultados satisfatórios na escrita (emissão e
recepção).
A partir da análise dos resultados relativos ao item de função motora dinâmica e
estática, concluiu-se que, após as sessões em equitação terapêutica, os participantes estudados
apresentaram um bom desenvolvimento da coordenação motora fina, bem como maior
mobilidade e equilíbrio. Ressalta-se que estas são funções psicomotriciais de extrema
importância, por serem requeridas nas tarefas diárias, como segurar colher e garfo, escrever,
cortar com tesoura, amarrar cadarço, vestir-se, alimentar-se, caminhar, correr, dentre outras.
Assim, a aquisição dessa função contribui para a qualidade do autocuidado, pois, quando isso
não é possível, as consequências sociais e psicológicas logo aparecem.
As sensações experimentadas e proporcionadas pela equitação terapêutica podem ter
influenciado diretamente as mudanças desenvolvimentais em LGG por intermédio da
119
psicomotricidade. A intensidade das sensações vivenciadas e percebidas pelos sentidos
humanos é favorecida e originada por estímulos externos e internos. O movimento ao passo
do cavalo favorece a estimulação sensorial e, consequentemente, os aspectos psicomotores. O
meio em que as crianças foram inseridas (ambiente terapêutico), chamado de picadeiro,
apresenta a seu redor árvores, bosque, plantas, cavalos, lago, patos, pássaros, mesas, flores e
campo de futebol gramado. Este ambiente, cujos aspectos foram explorados pelo pesquisador,
permitiu-lhe, durante as sessões terapêuticas, estimular a intenção, a interação e a evolução
verbal das crianças.
Em relação ao quadro demonstrativo de palavras verbalizadas pelos participantes, os
dados indicaram progresso na comunicação com o aumento das palavras durante as sessões de
Equoterapia. Com essa gama de melhoras psicomotriciais e cognitivas alcançadas pelos
participantes, pode-se sugerir que houve benefícios referentes à produção verbal e à LGG.
Ressalta-se que o material para avaliação e tratamento terapêutico estabelecido pelo
autor desta obra trouxe vantagens para o alcance dos objetivos propostos neste estudo. Isso
permitiu às crianças aumentar seu vocabulário, favoreceu-lhes o relacionamento social
(sociabilização), bem como estímulos múltiplos em nível aferente de percepções.
Diante do exposto, acredita-se que este estudo tenha fornecido dados relevantes para o
meio científico, os quais poderão contribuir para o entendimento da complexidade que
envolve a estimulação da LGG na Equoterapia. Parte-se do pressuposto de que ambos os
procedimentos caminharam concomitantemente, com intuito terapêutico, proporcionando
estímulos diferentes que podem ser aplicados valorizando a interdisciplinaridade e a
estimulação de crianças com Atraso de LGG. Espera-se que esses dados instiguem os
pesquisadores a realizarem novos estudos que ampliem o conhecimento nesta área.
120
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137
APÊNDICES
138
APÊNDICE A – Documentos utilizados na pesquisa
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Campo Grande, ....... de ........................ de 2008.
Gostaria de contar com sua colaboração para a realização da presente pesquisa “A
Repercussão da Equoterapia na Estimulação das Dimensões da Linguagem Infantil”, que
consiste em estimular processos dimensionais da LGG na associação de dois procedimentos
terapêuticos, Equoterapia e terapia fonoaudiológica, para crianças diagnosticadas com Atraso
de LGG. Se concordar, o participante pelo qual V.S. é responsável legal participará de uma
avaliação prévia na Clínica Escola de Fonoaudiologia da Universidade Católica Dom Bosco
(UCDB) na área de linguagem, se constatado atraso de linguagem, esse participante iniciará
um tratamento semanal equoterapêutico em conjunto com estimulação de linguagem no
Campus Lagoa da Cruz (UCDB). Após o período de 4 ou 5 meses em tratamento conjunto
equoterapêutico e fonoaudiológico, o(a) paciente irá passar por nova avaliação clínica na área
de linguagem, na mesma clínica supracitada. Este estudo será conduzido pelo pesquisador
mestrando Jadson Justi, e é pré-requisito para obtenção do grau de Mestre em Psicologia da
UCDB, sob orientação da Profª. Drª. Heloisa Bruna Grubits Freire. Os resultados da pesquisa
serão divulgados em revistas científicas e congressos.
Esteja seguro(a) da completa confidencialidade dos dados. Em nenhum momento será
declarado o nome do participante deste estudo, garantindo assim o anonimato e sigilo
absoluto do(a) paciente. A participação é voluntária e a recusa não envolve qualquer
penalidade. O(a) responsável e a criança poderão desistir de participar a qualquer momento.
Em qualquer momento e em qualquer instância, os participantes poderão solicitar a exclusão
das informações e imagens da referida pesquisa, referentes a eles.
Havendo alguma questão, sinta-se à vontade para me procurar e/ou o Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) da UCDB.
Jadson Justi – Fonoaudiólogo, mestrando em Psicologia, telefone (67) 9235-4272.
Dra. Heloísa Bruna Grubits Freire – Psicóloga, orientadora e docente do Mestrado em
Psicologia da UCDB, telefone (67) 3312-3605.
Comitê de Ética em Pesquisa da UCDB, telefone (67) 3312-3349.
Eu li as informações e sanei todas minhas dúvidas. Todos meus questionamentos foram
esclarecidos. Autorizo meu(a) filho(a), pelo qual sou responsável legal, a participar da
pesquisa.
Data: .............................................................................................................................................
Nome da criança:..........................................................................................................................
Nome do responsável: ..................................................................................................................
Assinatura e RG:...........................................................................................................................
139
DECLARAÇÃO DO CENTRO DE EQUOTERAPIA
Declaro, para os devidos fins, que Jadson Justi – Fonoaudiólogo, mestrando em Psicologia da
Universidade Católica Dom Bosco, está autorizado a realizar sua pesquisa “A Repercussão da
Equoterapia na Estimulação das Dimensões da Linguagem Infantil”, no Centro de
Equoterapia da UCDB – campus Lagoa da Cruz.
Por ser verdade firmo o presente.
Campo Grande, ....... de ........................ de 2008.
..................................................................................
Responsável pelo Centro de Equoterapia da UCDB
140
MODELO DE CARTA AO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA
Campo Grande, ....... de ........................ de 2008.
Prezados Senhores,
Na qualidade de mestrando, regularmente matriculado no curso de pós-graduação em
Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), sob a orientação da Profª. Drª.
Heloisa Bruna Grubits Freire, venho pelo presente solicitar autorização para realizar a
pesquisa intitulada “A Repercussão da Equoterapia na Estimulação das Dimensões da
Linguagem Infantil”. Outrossim, gostaria de informar que realizarei essa pesquisa, uma vez
autorizada por V.Sa. O objetivo dessa pesquisa científica é estimular processos dimensionais
da LGG na associação de dois procedimentos terapêuticos, Equoterapia e terapia
fonoaudiológica, para crianças diagnosticadas com Atraso de LGG; caracterizar os aspectos
sociodemográficos, familiares e os diagnósticos dos participantes; avaliar a LGG pré e pós-
intervenção equoterápica e fonoaudiológica para identificar possíveis alterações; verificar se
houve evolução no repertório verbal durante as sessões terapêuticas; identificar possíveis
mudanças na LGG no sentido pragmático, sintático e semântico dos participantes submetidos
à terapia; avaliar possíveis benefícios psicomotriciais dos participantes durante as sessões de
Equoterapia e, após a intervenção em quatro meses de terapia a cavalo, por meio do protocolo
de avaliação de LGG.
Informo aos que autorizarem sua realização que serão respeitados os princípios de
confidencialidade e privacidade nominal dos envolvidos, de justiça e equidade, dignidade,
respeito em sua autonomia e defesa em sua vulnerabilidade. Esclareço que os procedimentos
propostos no presente estudo não ocasionam nenhum tipo de agravo ou prejuízo atual ou
potencial à saúde física ou mental dos avaliados, sendo totalmente gratuito, sem interferência
no atendimento do centro de Equoterapia da UCDB.
Ao final do presente estudo, assumo o compromisso de comunicar os resultados obtidos ao
paciente e a esta instituição.
No aguardo de um pronunciamento de V. Sa., antecipamos nossos agradecimentos e
subscrevemo-nos.
Atenciosamente,
.......................................................... ..........................................................
Fgo. Jadson Justi Drª Heloisa Bruna Grubits Freire
Mestrando em Psicologia da UCDB Docente da Pós-Graduação em
Psicologia da UCDB
141
TERMO DE COMPROMISSO DO PESQUISADOR
Eu Jadson Justi, Pós-graduando em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco
(UCDB), pesquisador da dissertação intitulada “A Repercussão da Equoterapia na
Estimulação das Dimensões da Linguagem Infantil”, sob a orientação da Profª. Drª. Heloisa
Bruna Grubits Freire, comprometo-me a cumprir os termos da Resolução n. 196, de 10 de
outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde.
Por ser verdade, comprometo-me.
Campo Grande, MS, ....... de....................... de 2008.
..........................................................
Fgo. Jadson Justi
Mestrando em Psicologia da UCDB
142
DECLARAÇÃO SOBRE OS RESULTADOS DA PESQUISA
Declaro, para os devidos fins, que divulgarei e tornarei público os resultados da pesquisa
intitulada “A Repercussão da Equoterapia na Estimulação das Dimensões da Linguagem
Infantil” independentemente dos resultados serem favoráveis ou não.
Declaro também que sou o único responsável pela presente pesquisa, sob a orientação da
Profª. Drª. Heloisa Bruna Grubits Freire.
Por ser verdade firmo o presente.
Campo Grande, MS, ....... de....................... de 2008.
..........................................................
Fgo. Jadson Justi
Mestrando em Psicologia da UCDB
143
MODELO DA CARTA A CLÍNICA DE FONOAUDIOLOGIA DA UCDB
Campo Grande, MS, ....... de....................... de 2008.
À
CLÍNICA DE FONOAUDIOLOGIA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO.
Prezados Senhores,
Na qualidade de mestrando regularmente matriculado no curso de pós-graduação em
Psicologia da UCDB, venho pela presente solicitar autorização para, sob a coordenação da
Profª. Dra. Heloísa Bruna Grubits Freire, realizar esta pesquisa com pacientes desta clínica.
Outrossim gostaríamos de informar que, uma vez autorizada, eu serei o realizador dessa
pesquisa científica, cujo objetivo é o de avaliar dois pacientes em espera na lista de
atendimentos para avaliação em linguagem. Solicito a autorização de V. S. para a avaliação
destes pacientes no espaço físico da Clínica Escola de Fonoaudiologia e acredito que tal
pesquisa esclarecerá se a terapia fonoaudiológica em linguagem é eficaz ou não em
tratamento concomitante com a Equoterapia.
Os pacientes selecionados serão submetidos a uma séria de perguntas sob aspectos em
linguagem e serão submetidos à avaliações antes do tratamento em conjunto com a
Equoterapia e após esse tratamento, para a comparação dos resultados alcançados. Gostaria
também de informar que solicitarei o nome e o RG dos pais dos pacientes selecionados e
todos terão de assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido da referida pesquisa.
No aguardo de um pronunciamento de V. Sa., antecipadamente agradecemos e subscrevemo-
nos.
Atenciosamente,
.......................................................... ..........................................................
Fgo. Jadson Justi Drª Heloisa Bruna Grubits Freire
Mestrando em Psicologia da UCDB Docente da Pós-Graduação em
Psicologia da UCDB
144
APÊNDICE B – Instrumento de coleta de dados
ANAMNESE EM LINGUAGEM E EQUOTERAPIA
1. Dados de identificação
Nome:.......................................................................................................................................
Idade: .......................................................................................................................................
Data de nascimento:.................................................................................................................
Data de aplicação anamnese: ...................................................................................................
Filiação: ...................................................................................................................................
Naturalidade:............................................................................................................................
Nacionalidade: .........................................................................................................................
Endereço: .................................................................................................................................
Telefone fixo:...........................................................................................................................
Telefone móvel (celular):.........................................................................................................
Profissão da Mãe:.....................................................................................................................
Profissão do Pai: ......................................................................................................................
Sexo: [ ] feminino [ ] masculino
Escolaridade:............................................................................................................................
Turno:.......................................................................................................................................
Informante:...............................................................................................................................
2. Queixa (S):
.................................................................................................................................................
3. História Pregressa Da Queixa (HPQ)
Quando percebeu o problema? Foi de maneira brusca ou lenta? ............................................
A que atribui o problema? .......................................................................................................
O que você percebeu primeiro? ...............................................................................................
Como evoluiu (melhoras/pioras)?............................................................................................
Qual a atitude dos pais frente ao problema?............................................................................
145
4. Antecedentes pessoais
Fez tratamento:
Médico: [ ] sim [ ] não Há quanto tempo? .............................................
Especialidade:
Fonoaudiológico: [ ] sim [ ] não Há quanto tempo? .............................................
Psicológico: [ ] sim [ ] não Há quanto tempo? .............................................
Outros:.................................................................................................................................
Fez alguma cirurgia? [ ] sim [ ] não
Qual? ....................................................................................................
Teve algum tipo de intercorrência? .....................................................
Como foi o pré o pós-operatório?.........................................................
Faz tratamento medicamentoso? [ ] sim [ ] não
Especifique: .......................................................................
Possui problemas alérgicos? [ ] sim [ ] não
Especifico a que?......................................................................
Possui problemas de coluna? [ ] sim [ ] não
Em que região? ......................................................................
5. Antecedentes clínicos familiares
Alguém na família apresenta o mesmo problema? [ ] sim [ ] não
Grau de familiaridade: .............................................................................................................
Alguém na família apresenta alterações na comunicação?......................................................
A mãe apresenta alguns dos seguintes problemas:
[ ] hipertensão [ ] diabetes [ ] cardiopatias [ ] sífilis
[ ] toxoplasmose [ ] herpes [ ] rubéola [ ] citomegalovírus
[ ] nenhuma [ ] outras Qual? ...................................................................................
6. Saúde
Ouve bem? [ ] sim [ ] não
Dorme bem? [ ] sim [ ] não
Considera ter uma boa qualidade de vida? [ ] sim [ ] não
Por quê?............................................
Já praticou equitação? [ ] sim [ ] não
Há quanto tempo? .............................................................................
Pratica esportes? [ ] sim [ ] não
Qual? ...........................................................................................................
Quantas vezes por semana? ........................................................................
Possui algum hobby? [ ] sim [ ] não
Qual? ...................................................................................................
Quanto tempo dedica-se a este hobby? ................................................
146
Como você se definiria?
[ ] calma [ ] agitada [ ] organizada [ ] alegre [ ] triste
[ ] curiosa [ ] atrapalhada [ ] nervosa [ ] estressada [ ] determinada
Fale sobre sua rotina diária? ....................................................................................................
7. Rotina escolar
Em que local a criança senta-se na sala de aula? ....................................................................
Quais as matérias de que mais gosta?......................................................................................
Apresenta hábito de leitura? [ ] sim [ ] não
Com quais professores se dá melhor?......................................................................................
Já houve reprovação escolar? [ ] sim [ ] não
Quando e por quê? .................................................................
Alguém ajuda nas tarefas escolares? [ ] sim [ ] não
Onde ela faz as tarefas? ...........................................................................................................
O que a escola refere sobre o (a) aluno (a)? ...........................................................................
Qual a rotina escolar? ..............................................................................................................
Já sabe ler e escrever? [ ] sim [ ] não
Apresenta alguma dificuldade na escrita? [ ] sim [ ] não
8. Comunicação atual (nível expressivo)
Quanto à habilidade de se expressar:
[ ] Não consegue se comunicar
[ ] Não utiliza fala nem gestos para se comunicar
[ ] Sua fala é compreendida com dificuldade por estranhos
[ ] Sua fala é perfeitamente compreensível por todos
[ ] Utiliza-se da fala e apoia com gestos
[ ] Sua fala é compreendida por familiares e não por estranhos
[ ] Sua fala é incompreensível por todos
[ ] Utiliza-se apenas de gestos para se comunicar
9. Comunicação atual (nível receptivo)
Quanto à habilidade de recepção:
[ ] Não entende o que é dito
[ ] Entende muito pouco o que é dito
[ ] Entende o que é dito quando se fala e gesticula
[ ] Entende claramente tudo o que é dito
[ ] Entende o que é dito quando se fala em voz intensificada
147
10. Comunicação atual (relação com outras pessoas)
[ ] Não consegue se comunicar com crianças
[ ] Apenas a mãe consegue se comunicar com a criança
[ ] As pessoas conhecidas conseguem se comunicar com a criança
[ ] Aumentam a voz quando falam com a criança
[ ] Utilizam apenas gestos para se comunicar com a criança
[ ] Utilizam de voz e gestos para se comunicar com a criança
[ ] Exageram na articulação para serem compreendidas pela criança.
Atende ordens simples verbais e não verbais? [ ] sim [ ] não
Especifique: ...............................................
É capaz de narrar fatos? [ ] sim [ ] não
Especifique:...................................................................................
Apresenta comportamento de imitação? [ ] sim [ ] não
Especifique:.........................................................
A velocidade da fala é: [ ] aumentada [ ] normal [ ] diminuída
A criança mora com a mãe? [ ] sim [ ] não
Os pais vivem juntos? [ ] sim [ ] não
A mãe trabalha fora de casa? [ ] sim [ ] não
A criança gosta de sair de casa? [ ] sim [ ] não
Tem algum local de preferência? [ ] sim [ ] não
11. Diagnóstico e reabilitação
Exames anteriores? Onde? Resultados? Orientações? ..........................................................
...............................................................................................................................................
Evolução observada: .............................................................................................................
...............................................................................................................................................
12. Considerações finais da anamnese:
Observações do comportamento e durante a entrevista: .......................................................
...............................................................................................................................................
...............................................................................................................................................
...............................................................................................................................................
Campo Grande, MS, ....... de....................... de 2008.
..........................................................
Fgo. Jadson Justi
Mestrando em Psicologia da UCDB
148
APÊNDICE C – Resultados da pesquisa
LAUDOS AUDIOLÓGICOS DOS PARTICIPANTES
Participante: Ax
Idade: 8 anos
Data de nascimento: 20/1/2000
Data da avaliação: 29/2/2008
Data da aferição e calibração dos equipamentos: 11/12/2007
Equipamentos:
Audiômetro – Marca Interacoustics – Modelo: AD229
Imitanciômetro – Marca Grasson Stadler – Modelo: AC-33
O paciente compareceu à Clínica de Fonoaudiologia da UCDB para a realização de
avaliação audiológica, sendo submetido ao exame audiometria tonal liminar, acompanhado
de logoaudiometria e imitanciometria.
Audiometria tonal liminar:
Os achados audiométricos encontrados indicaram:
Na Orelha Direita: audição compatível com os padrões de normalidade para todas as
frequências testadas (250 a 8000 kHz).
Na Orelha Esquerda: audição compatível com os padrões de normalidade para todas as
frequências testadas (250 a 8000 kHz).
Limiares audiométricos OD Limiares audiométricos OE
Hz 25 50 1 2 3 4 6 8 dB Hz 25 50 1 2 3 4 6 8 dB
VA 5 5 10 5 10 5 5 5 dB VA 5 10 5 5 5 5 0 5 dB
VO - - - - - - - - - VO - - - - - - - - -
Legenda: orelha direita (OD); orelha esquerda (OE); hertz (Hz); decibel (dB); via aérea (VA); via óssea (VO).
Logoaudiometria:
A logoaudiometria confirmou os achados audiométricos em ambas as orelhas através dos
testes de Índice Percentual de Reconhecimento da Fala (IPRF)/Discriminação Vocal (DV) e
Speech Reception Threshold (SRT)/Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF), sendo
verificado um percentual de reconhecimento de fala de 100% (monossílabos) bilateralmente.
Imitanciometria:
Timpanometria: Os achados timpanométricos encontrados indicaram:
149
Na Orelha Direita: Curva do Tipo A, indicativo de normalidade do sistema
tímpano-ossicular.
Na Orelha Esquerda: Curva do Tipo A, indicativo de normalidade do sistema
tímpano-ossicular.
Pesquisa dos reflexos acústicos:
Os reflexos estapedianos (acústicos) contra-laterais e ipsi-laterais encontram-se presentes,
bilateralmente em todas as frequências, em valores absolutos normais.
...............................................
Fgo. Jadson Justi
CRFª 5221-MS
Participante: Bx
Idade: 8 anos
Data de nascimento: 2/2/2000
Data da avaliação: 29/2/2008
Data da aferição e calibração dos equipamentos: 11/12/2007
Equipamentos:
Audiômetro – Marca Interacoustics – Modelo: AD229
Imitanciômetro – Marca Grasson Stadler – Modelo: AC-33
O paciente compareceu a Clínica de Fonoaudiologia da UCDB para a realização de
avaliação audiológica, sendo submetido ao exame audiometria tonal liminar, acompanhado
de logoaudiometria e imitanciometria.
Audiometria tonal liminar:
Os achados audiométricos encontrados indicaram:
Na Orelha Direita: audição compatível com os padrões de normalidade para todas as
frequências testadas (250 a 8.000 kHz).
Na Orelha Esquerda: audição compatível com os padrões de normalidade para todas as
frequências testadas (250 a 8.000 kHz).
Limiares audiométricos OD Limiares audiométricos OE
Hz 25 50 1 2 3 4 6 8 dB Hz 25 50 1 2 3 4 6 8 dB
VA 0 0 5 0 5 5 5 0 dB VA 5 -5 0 0 5 5 5 0 dB
VO - - - - - - - - - VO - - - - - - - - -
Legenda: orelha direita (OD); orelha esquerda (OE); hertz (Hz); decibel (dB); via aérea (VA); via óssea (VO).
150
Logoaudiometria:
No exame logoaudiométrico não foi possível realizar os testes de Speech Reception Threshold
(SRT)/Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF) e Índice Percentual de Reconhecimento da
Fala (IPRF)/Discriminação vocal (DV) devido ao comprometimento articulatório do
paciente. Sendo assim, foi realizado o teste Limiar de Detecção de Voz (LDV)/Speech
Detection Threshold (SDT), o qual confirmou os achados audiométricos, bilateralmente.
Imitanciometria:
Timpanometria: Os achados timpanométricos encontrados indicaram:
Na Orelha Direita: Curva do Tipo A, indicativo de normalidade do sistema
tímpano-ossicular.
Na Orelha Esquerda: Curva do Tipo A, indicativo de normalidade do sistema
tímpano-ossicular.
Pesquisa dos reflexos acústicos:
Os reflexos estapedianos (acústicos) contra-laterais e ipsi-laterais encontram-se presentes,
bilateralmente em todas as frequências, em valores absolutos normais.
...............................................
Fgo. Jadson Justi
CRFª 5221-MS
151
DITADOS PRODUZIDOS PELOS PARTICIPANTES
FIGURA 2 - Participante Ax – ditado produzido pré-intervenção fonoaudiológica e equoterápica.
FIGURA 3 - Participante Ax – ditado produzido pós-intervenção fonoaudiológica e equoterápica.
152
FIGURA 4 - Participante Bx – ditado produzido pré-intervenção fonoaudiológica e equoterápica.
FIGURA 5 - Participante Bx – ditado produzido pós-intervenção fonoaudiológica e equoterápica.
153
DESENHOS PRODUZIDOS PELOS PARTICIPANTES
FIGURA 6 - Participante Ax – desenho produzido pré-intervenção fonoaudiológica e equoterápica.
FIGURA 7 - Participante Ax – desenho produzido pós-intervenção fonoaudiológica e equoterápica.
154
FIGURA 8 - Participante Bx – desenho produzido pré-intervenção fonoaudiológica e equoterápica.
FIGURA 9 - Participante Bx – desenho produzido pós-intervenção fonoaudiológica e equoterápica.
155
FOTOS ILUSTRATIVAS DOS PARTICIPANTES
FIGURA 10 - Participante Ax – foto ilustrativa.
FIGURA 11 - Participante Bx – foto ilustrativa.
156
APÊNDICE D – Materiais utilizados para avaliação e estimulação
Material 1 – Lista de encontros fonêmicos para estimulação oral o treino auditivo dos
sons silábicos
157
Material 2 – Fichas das letras do alfabeto da língua portuguesa para estimulação oral e
de consciência fonológica
158
Material 3 – Lista de frases incompletas para estimulação cognitiva e de criatividade
(Lista “A”)
159
Material 4 – Lista de frases incompletas para estimulação cognitiva e de criatividade
(Lista “B”)
160
Material 5 – Lista de palavras monossílabas, dissílabas, trissílabas e polissílabas para
estimulação de fala
161
Material 6 – Lista de frases para estimulação de dicção e também decodificação com
competição sonora para avaliação de processos perceptuais de audibilização
162
Material 7 – Lista de palavras que contém todos os sons da língua portuguesa para
avaliação dos aspectos articulatórios
163
Material 8 – Fichas dos números de zero a nove para estimulação sequencial numérica
ordinal e cardinal
164
Material 9 – Fichas de todos os lados de um Dado em cores primárias e secundárias para
estimulação cognitiva e de percepção visual
165
Material 10 – Fichas com colunas em tamanhos distintos em cores primárias para a
percepção de espaço e temporalidade
166
Material 11 – Fichas de figuras com nomes foneticamente balanceados para a produção
de sentenças simples e complexas
167
Material 12 – Fotos de objetos aplicados no tópico de percepção visual da avaliação de
linguagem
168
Material 13 – Fotos de bolas de diversos tamanhos utilizadas nas atividades de avaliação
e estimulação referente à lateralização
169
ANEXOS
170
ANEXO A – Protocolo de avaliação em linguagem
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO EM LINGUAGEM
(estabelecido como padrão avaliativo pelas Clínicas Escola UCDB)
Dados de identificação:
Nome:
Idade:
Data de nascimento:
Data de atendimento:
Tel. res.:
Tel. cel.:
Fonoaudiólogo:
I. Aspectos físicos globais do paciente
Estático:
Dinâmico:
II. Linguagem oral
Nível receptivo:
Sintático/semântico:
Fonético/fonológico:
Nível expressivo
Sintático/semântico:
Fonético/fonológico:
III. Processos percentuais
Auditivo:
Visual:
IV. Funções cognitivas
Memória:
Orientação espacial e temporal:
Lateralidade:
V. Aspectos fonoarticulatórios
Aspectos vocais e de fluência:
Aspectos articulatórios (quadro fonêmico):
VI. Sistema motor oral
Aspectos anátomo-morfológicos:
Aspectos anátomo-funcionais:
171
VII. Funções estomatognáticas
Respiração:
Mastigação:
Deglutição:
Sucção:
VIII. Linguagem escrita
Emissão:
Recepção:
IX. Processamento auditivo
X. Observações
XI. Diagnóstico
..........................................................
Fgo. Jadson Justi
CRFª 5221-MS
172
ANEXO B – Instrumento de coleta de dados
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO
PROEQUO – PROGRAMA DE EQUOTERAPIA
P
ro
e
q
u
o
FICHA DIÁRIA DO PROEQUO-UCDB
Nome: ...........................................................................................................................................
Data: ......../......../................
Equipe:..........................................................................................................................................
Nome do cavalo:...........................................................................................................................
Andadura: .....................................................................................................................................
Material de terapia:.......................................................................................................................
Tipo de montaria: [ ] sela [ ] manta [ ] pêlo
Relacionamentos:
Com a equipe: [ ] bom [ ] ruim [ ] regular [ ] indiferente [ ] instável
Como o cavalo: [ ] bom [ ] ruim [ ] regular [ ] indiferente [ ] instável
Tipo de aula: [ ] individual [ ] em grupo
Atividade:
Pré-montaria: ...........................................................................................................................
Durante-montaria:....................................................................................................................
Pós-montaria:...........................................................................................................................
Humor: [ ] bom [ ] ruim [ ] regular [ ] instável
Atenção: [ ] constante [ ] esporádica
Disciplina: [ ] constante [ ] esporádica
Verbalização:................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
Conclusão:
Progresso em determinada área: ..............................................................................................
.................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................
173
.................................................................................................................................................
Retrocesso em determinada área: ............................................................................................
.................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................
Estável:.....................................................................................................................................
.................................................................................................................................................
.................................................................................................................................................
Observações gerais:......................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................
...................................................
Assinatura do responsável
174
ANEXO C – Materiais utilizados para avaliação e estimulação
Lista de palavras para Ditado e Construção de Frases (avaliação 1º e 2º séries)
(estabelecido como padrão avaliativo e terapêutico pela Clínica Escola UCDB)
175
Texto para Avaliação de Linguagem
(sugerido por Jakubovicz, 1997)
176
ANEXO D – Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
Livros Grátis
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