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Axel e Buck revelaram que 3% dos nossos genes codificam os diferentes
receptores odorantes, que os sinais elétricos que carregam a informação
do odor (Ah, este é o cheiro de uma rosa) são enviados ao cérebro via
processos nervosos, e assim por diante – mas o que eles não apresentaram
foi a resposta à pergunta de Luca Turin: Como é que os receptores sabem
que é rosa em primeiro lugar? Onde é que está escrito “rosa” e como os
receptores lêem essa informação?
(...) Buck descobriu, metaforicamente, a fiação que faz o olfato funcionar
no corpo humano, mas a questão da Forma versus Vibração não é: “Onde
estão as conexões” e sim: “Ok, você descobriu as conexões, mas como é
que elas funcionam?”(2006, p. 8)
Chandler Burr segue os passos do biofísico Luca Turin desde que este começou
a desenvolver a teoria que desafia as áreas científica e financeira. Para problematizar o
mistério que envolve o sentido do olfato, Burr destaca que, por tudo que se sabe sobre a
evolução e a biologia molecular, o olfato realiza algo impossível. Para demonstrar tal
afirmação, Burr descreve o funcionamento de dois outros sistemas do corpo humano, o
sistema digestivo e o sistema imunológico. Por conta de tal descrição, apresentaremos uma
citação um pouco mais extensa:
Primeiro a digestão. Os seres humanos evoluíram ao longo dos anos
comendo certas moléculas – lipídios, carboidratos e proteínas, nas raízes,
frutinhas e nos vários infelizes animais em que pusemos as mãos. A
evolução projetou um sistema digestivo para o ser humano. A primeira
tarefa do sistema é reconhecer com qual combustível bruto está lidando,
de modo que possa enviar enzimas corretas para decompor o combustível,
processá-lo para nós.
Na verdade, o reconhecimento molecular é reconhecidamente o
mecanismo fundamental de toda a vida e baseia-se neste principio
fundamental: a Forma. As células receptoras desde sua cabeça até suas
glândulas e pele reconhecem enzimas, hormônios e neurotrasmissores
pelas suas formas moleculares. O importante das enzimas é que a
evolução aprendeu ao longo de milênios que precisamos digerir certas
coisas e não outras.
(...)Para fazer o contraste, tome-se o sistema imunológico. Os anticorpos
são projetados para se ligarem a coisas que NÃO existiam no tempo dos
nossos ancestrais: bactérias desconhecidas, parasitas estrangeiros, e, a
cada ano, novos vírus mais nocivos e com mutações, nunca antes vistos.
(...) Quando encontra um novo vírus, o sistema imunológico começa
rapidamente a reordenar os genes ao acaso, vomitando anticorpos até
descobrir um que se ajuste à forma do invasor, que se ligue a ele e o
destrua. (...) É por isso que se tem de ficar em casa por alguns dias com