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Beatriz Cerisara Gil
REMÉMORATION ET HISTOIRE DANS LES
MÉMOIRES D’OUTRE-TOMBE DE F.-R. DE
CHATEAUBRIAND ET LEUR TRADUCTION EN
PORTUGAIS
Porto Alegre
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE LETRAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
ESTUDOS DE LITERATURA
LITERATURAS FRANCESA E FRANCÓFONAS
REMÉMORATION ET HISTOIRE DANS LES MOIRES
D’OUTRE-TOMBE DE F.-R. DE CHATEAUBRIAND ET LEUR
TRADUCTION EN PORTUGAIS
Beatriz Cerisara Gil
Prof. Dr. Robert Ponge
Orientador
Tese de Doutorado em Literaturas Francesa e Francófonas,
apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de
Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, dezembro de 2008.
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Ao Miguel, Pedro e Homero que foram
companheiros nas idas e vindas e que tiveram
paciência.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Robert Ponge, com quem tenho aprendido muito, pela
leitura cuidadosa e pela forte presença.
Ao setor de Francês do Instituto de Letras da UFRGS, especialmente à colega
Patrícia Reuillard, pelas liberações e pelo apoio ao longo de todo este trabalho.
À Prof. Maria Luíza Remédios pela permanente disposição em avaliar meus
projetos de pesquisa.
Aos que me ajudaram fora e aqui dentro: Alfredo Jr., Roneide, Sandra,
Fernando, Alfredo e Irene.
A Lúcia Mees, que esteve junto do início ao fim desta história.
Ao Prof. Stéphane Michaud pelo acolhimento e pela orientação de meus estudos
na Universidade Sorbonne Nouvelle.
Ao Prof. Jean-Claude Berchet, pelo grande trabalho que inspirou o meu e pela
receptividade.
Parte desta pesquisa se realizou junto à Universidade Sorbonne Nouvelle, Paris
3, no período de julho de 2005 a junho de 2006, graças à bolsa concedida pela
CAPES, sem a qual este trabalho não poderia ter se desenvolvido.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo o estudo da obra Mémoires d’outre-tombe, de
François-René de Chateaubriand. Para tal procedemos, inicialmente, à tradução de uma parte
da obra - seus cinco primeiros livros -, estando esta tradução precedida por uma síntese do
período histórico que serve de pano de fundo às Mémoires e também pela gênese da escrita
deste texto memorialístico, com ênfase nas alterações de seu processo de redação que durou
aproximadamente quarenta anos. A seguir, desenvolvemos uma análise centrada no corpus
traduzido, que nos permite conhecer a construção do sujeito autobiográfico da narrativa. O
estudo procura apresentar a particularidade deste sujeito que se forma a partir da dupla
necessidade de criar uma subjetividade autônoma, de um lado, e de manter fortes laços com
sua história, de outro. Investigamos as relações do texto com a herança dos gêneros que
chegava então a Chateaubriand, mais precisamente com o gênero das memórias e com o da
autobiografia, para estudarmos, a partir desta confluência de gêneros, aspectos da composição
narrativa que formam sua dimensão autobiográfica. Diante desses elementos, podemos,
enfim, detalhar as análises sobre o eu autobiográfico que resulta da articulação, feita pelo
narrador-protagonista, da perspectiva intimista e da perspectiva histórica.
ABSTRACT
The object of this study is Mémoires d'outre-tombe, by François-René de
Chateaubriand. For this purpose, we initially carried out a translation of a portion of the work,
the first five books, which are preceded by an historical overview that provides a background
for the Mémoires, and also by a treatment of the genesis of the text itself, with emphasis on
the alterations that took place in the projects conceived of by the author during the writing of
the work, which occupied a period of almost forty years. We then carried out an analysis
centred on the translated corpus, which permits an examination of the construction of the
autobiographical subject in the memoir narrative. The study aims to demonstrate the
particularity of this subject, formed under the double necessity of creating an autonomous
subject, on the one hand, and maintaining strong links with his history, on the other. We
investigated the relationships between the text and the genre traditions that had come down to
Chateaubriand, specifically the genres of the memoir and the autobiography. On the basis of
the confluence of these genres, we studied aspects pertinent to the narrative composition
which configure the autobiographical dimension. In view of these elements, we could then
deepen the analyses regarding the autobiographical I, which results from the articulation of
the confessional and historical perspectives, performed by the narrator-protagonist.
TABLE DES MATIÈRES
PARTIE I
INTRODUCTION
.......................................................................................................... 11
CHAPITRE 1
1. L’histoire de la France qui traverse la vie et les Mémoires de Chateaubriand
1.2 L’Ancien Régime
La société sous l’Ancien Régime .......................................................................................... 13
La complexité des rapports sociaux sous l’Ancien Régime ................................................. 16
Le malaise social en 1789 et la crise de l’Ancien Régime ................................................... 17
Le problème de la fiscalité et les conflits sociaux ................................................................. 18
1.2 La Révolution Française
Les révolutions dans la Révolution ........................................................................................ 20
La première phase de la Révolution : 1789 ........................................................................... 21
Deuxième moment, le sommet de la Révolution : les jacobins au pouvoir .......................... 24
Le régime du Directoire ......................................................................................................... 25
1.3 L’épopée napoléonienne
Napoléon Bonaparte : le régime du Consulat ....................................................................... 28
Les principales mesures du premier Consul ......................................................................... 30
L’Empire de Napoléon ......................................................................................................... 32
La chute de Napoléon Bonaparte et les Cents-jours ............................................................. 34
1.4 La monarchie constitutionnelle : la Restauration des Bourbons et la monarchie de
Juillet
La Restauration et la Charte .................................................................................................. 36
Charles X : le dernier roi de la Restauration ......................................................................... 39
La monarchie de Juillet (1830-1848) : la bourgeoisie commence à régner .......................... 42
La politique orléaniste ........................................................................................................... 45
L’écroulement du régime de 1830 ........................................................................................ 47
CHAPITRE 2
2. Les trajectoires de Chateaubriand et de ses Mémoires d’outre-tombe
2.1 Brève exposition du long parcours de l’écrivain
La jeunesse : entre la Bretagne et Paris ................................................................................. 50
Les voyages, l’exil et le début de sa carrière littéraire .......................................................... 52
Sur le champ de bataille : le retour en France et la vie politique et littéraire
jusqu’en 1815 ......................................................................................................................... 53
Chateaubriand pendant la Restauration des Bourbons et son abandon de la
politique en 1830 ................................................................................................................... 55
2.2 La genèse et les publications des Mémoires d’outre-tombe
Les origines du projet des Mémoires .................................................................................... 58
Mémoires de ma vie deviennent Mémoires d’outre-tombe ................................................... 59
Les trois étapes clés du processus de rédaction des Mémoires d’outre-tombe ..................... 61
La perspective funèbre des Mémoires rejoint le temps historique ........................................ 65
Transformer les manuscrits en livre : une brève histoire des publications ........................... 67
Les éditions des Mémoires d’outre-tombe ............................................................................ 68
PARTIE II
Une traduction en portugais des cinq premiers livres des Mémoires d’outre-tombe ........... 74
PARTIE III
CHAPITRE 3
3. Les mémoires, l’autobiographie et le croisement des genres dans les Mémoires d’outre-
tombe
3.1 Quelques aspects de l’évolution des mémoires et de l’autobiographie
Les mémoires au sein et en marge de l’histoire .................................................................. 446
L’évolution du genre des mémoires : effacement ou triomphe d’un moi ? ......................... 451
Les écritures de soi : les mémoires et l’autobiographie ...................................................... 453
Les enjeux théoriques de l’autobiographie ......................................................................... 455
3.2 L’architecture des Mémoires d’outre-tombe embrasse des formes diverses
Histoire et autobiographie chez Chateaubriand .................................................................. 460
Chateaubriand et le problème des genres ............................................................................ 463
Les microgenres dans les Mémoires ................................................................................... 466
CHAPITRE 4
4. Les Mémoires d’outre-tombe: une littérature autobiographique dans l’Histoire
4.1. L’écriture de la généalogie
L’histoire comme rupture .................................................................................................. 473
La composition du récit : la préhistoire du protagoniste ................................................... 475
La composition du récit : la fonction des preuves authentiques ........................................ 479
4.2 La formation d’une subjectivité autobiographique dans les Mémoires d’outre-tombe
Les images de la naissance ................................................................................................ 484
Entre la mélancolie et la révolte : une jeunesse en suspens .............................................. 487
Le tableau de l’enfance dans les Mémoires ....................................................................... 489
Une traversée individuelle : le protagoniste dans le château de Combourg ...................... 492
Les sylphides : une dimension psychologique formant le moi autobiographique ............. 497
4.3 Le moi autobiographique règle ses comptes avec l’histoire : la construction d’une
conscience réflexive sur soi et sur l’Histoire
Les premiers signes de la Révolution ................................................................................. 502
Une traversée historique : le protagoniste dans le théâtre de la Révolution ....................... 508
Dans la fracture de l’histoire : quelle est la place du poète ? ............................................. 512
Dans la fracture de l’histoire : quelle est la voix du poète ? ............................................... 515
Dans la fracture de l’histoire : transformation et discontinuité métaphorique
du sujet autobiographique .................................................................................................... 521
CONCLUSION
............................................................................................................. 524
BIBLIOGRAPHIE
...................................................................................................... 530
PARTIE I
INTRODUCTION
Au confluent de deux siècles, l’œuvre de Chateaubriand se caractérise par la
diversité. Bien que jusqu’à sa mort son prestige littéraire auprès de la génération romantique
tienne essentiellement à ses trois premiers ouvrages – Atala, René et le Génie du christianisme
, l’épopée, le roman, l’histoire, les mémoires, la philosophie politique forment aussi
quelques-uns des genres auxquels l’auteur s’est consacré pour traduire sa vision du monde.
Héritier de la philosophie des Lumières, le sens pédagogique et la politique sont à la base de
sa pensée. L’effort de comprendre son époque et de réfléchir sur les valeurs de la société
française, en transformation vertigineuse après la Révolution française, se fait voir dans les
projets, littéraires ou non, de l’écrivain.
Mais si cet intérêt par l’épopée de son temps fait partie des préoccupations du
Chateaubriand historien ou journaliste, une intention créatrice particulière se manifeste de
façon permanente dans l’ensemble de ses textes : dans son écriture, Chateaubriand est
toujours à la recherche d’une expression pour représenter le moi individuel inséré dans la vie
collective. Dans ce sens, les Mémoires d’outre-tombe deviennent un espace privilégié pour la
peinture des états d’âme, des idées, des rêves et des fantasmes de l’écrivain.
Ouvrage de toute une vie, les Mémoires d’outre-tombe ont é rédigés pendant la
première moitié du dix-neuvième siècle et sont formés par 42 livres dans lesquels le narrateur
reconstruit de différents niveaux d’expériences personnelles dans une période d’environ 60
ans d’histoire de la France.
Dans ce travail nous nous proposons d’aborder les Mémoires de deux manières
diverses mais non sans communication l’une avec l’autre : on présente ici une traduction et
une étude du texte. Cependant, l’extension de l’ouvrage et sa grande complexité discursive
nous amènent à limiter notre corpus aux cinq premiers livres dans ce double objectif de
traduire et d’analyser.
Pour atteindre ce but, nous avons divisé en trois parties cette étude. Dans le premier
chapitre, nous présentons le contexte historique qui se trouve dans les Mémoires d’outre-
tombe, contexte qui paraît en toile de fond ou comme objet premier du récit. Dans ce
panorama, nous montrons premièrement quelques aspects de l’ancienne société française sous
la monarchie des Bourbons avant la Révolution française, pour présenter ensuite l’avènement
de la Révolution avec les principaux changements sociaux et politiques du pays. Nous
présentons, après, la vie française sous l’Empire de Napoléon et les impasses du
gouvernement restaurateur des Bourbons entre 1815 et 1830, outre un aperçu de ce qu’a éte la
monarchie de Juillet en 1830.
Dans le deuxième chapitre, intitulé Les trajectoires de Chateaubriand et de ses
‘Mémoires d’outre-tombe’, on trouve l’exposition de deux parcours fondamentaux : celui de
l’auteur l’on peut trouver les principaux aspects politiques et littéraires définissant ses
différentes carrières, d’un côté, et la genèse de l’écriture des Mémoires ainsi que l’histoire des
publications de l’ouvrage, d’un autre côté. Aussi, nous y éclairons la question du choix de
l’édition qui se pose pour la traduction des Mémoires, étant donné que leur longue genèse et
les remaniements constants que Chateaubriand leur a fait subir jusqu’à sa mort, nous apporte
aujourd’hui des versions différentes selon le moment retenu pour le choix du texte de base.
Dans la deuxième partie du travail, c’est le moment de présenter la traduction de notre
corpus les cinq premiers livres des Mémoires , ayant pour base l’édition de 2003-2004
organisée par Jean-Claude Berchet.
Finalement, dans la troisième partie, nous proposons une étude dans la perspective de
la construction du moi autobiographique dans le récit. Pour bien mener cette étude, il a fallu la
diviser en deux chapitres. D’abord, il y a une discussion sur quelques éléments théoriques
concernant l’autobiographie et les mémoires, à partir de notre constat que les Mémoires
d’outre-tombe sont traversés par ces deux genres ; puis on vérifie les conditions qui
engendrent et qui placent ces deux genres dans le canon littéraire français ainsi que leur
rapport avec l’écriture des Mémoires d’outre-tombe.
Le quatrième chapitre est consacré à une analyse de la composition du récit afin de
comprendre la création et l’établissement d’un moi qui se mêle à la perspective historique. Il
s’agit d’examiner ici la manière dont cette littérature autobiographique, ayant la Révolution
de 1789 comme question centrale, établit une voix narrative qui problématise la position
singulière du mémorialiste plongé dans les épreuves de son temps ; on voit, par ailleurs,
comment cette voix structure, sur le plan compositionnel, un sujet scindé par ces deux temps
historiques, celui de la France ancienne et de la France nouvelle.
CHAPITRE I
1. L’HISTOIRE DE LA FRANCE QUI TRAVERSE LA VIE ET LES
MÉMOIRES DE CHATEAUBRIAND
Les années d’existence de Chateaubriand nous renvoient à une période longue et
mouvementée de l’histoire sociale et politique de la France. Cette étude va présenter cette
étape historique qui commence en 1768 et finit en 1848, dates respectives de la naissance et
de la mort de Chateaubriand. L’époque en question embrasse des événements capitaux
responsables de la construction de la moderne société française. Il nous intéresse ici de
présenter en grandes lignes le tournant historique à partir duquel les fondements de la vie
démocratique moderne et ses principales implications sociales s’établissent an France.
Autrement dit, il s’agit de mettre au point le passage vécu par Chateaubriand de l’ancien
ordre féodal au monde bourgeois capitaliste avec quelques-uns des enjeux politiques de la
période en question.
1.1 L’Ancien Régime
La société sous l’Ancien Régime
L’expression Ancien Régime nous renvoie à des aspects divers concernant les modes
de vie antérieurs à la Révolution française. Le terme apparaît aux environs de 1789 et se
rapporte donc à un système qui se démantelait face aux revendications sociales à cette époque.
On nomme aujourd’hui Ancien Régime l’organisation générale de la France précédant la
Révolution entre le 15
ème
et le 18
ème
siècles, organisation avec tous ses aspects politiques,
économiques, sociaux, administratifs et religieux. Cela correspond donc à une large durée de
temps qui débute avec la dynastie des Valois et finit avec celle des Bourbons.
Pour la France des 17
ème
et 18
ème
siècles particulièrement, nous présentons quelques
caractéristiques communément dégagées par les historiens.
Monarchie centralisée, le royaume de France est tout d’abord une société fortement
hiérarchisée et structurée. Il y a trois ordres sociaux - le clergé, la noblesse et le tiers état - et
cette société se lie à la fonction publique par la dignité attachée à cette fonction et par
l’hérédité et la vénalité des offices. C’est aussi une société seigneuriale, cela veut dire qu’en
principe toute terre avait un seigneur. Et c’est enfin une société en grande partie rurale, 80 %
de la population habitait les campagnes, et la majorité des citadins non pauvres possédait des
terres. Cette forme ancienne d’organisation se trouve profondément ancrée dans l’évolution
séculaire d’un système féodal dans lequel les seigneurs, en générale des nobles, affirment et
perpétuent leur pouvoir par la propriété de la terre et par la transmission filiale de leur
héritage patrimonial.
La France est alors fondée sur des lois fondamentales qui organisent hiérarchiquement
la vie en société : l’inégaliest une idée acceptée par l’ensemble des membres du royaume.
C’est la religion qui constitue le ciment de la vie sociale dans tous ses aspects. Le
catholicisme forme la chair et l’esprit qui organise les mœurs et les institutions de la société
d’avant 1789. La mentalité religieuse détermine aussi l’espace d’action et de liberté
individuelle.
Le droit et le devoir de gouverner étaient transmis au roi et il incombait aux vassaux la
reconnaissance et l’acceptation de leur place dans la hiérarchie sociale. On croyait que la
conformation traditionnelle de la société devait être permanente, sans chance de mobilité entre
les groupes sociaux.
Il y a dans cette société ancienne une relation stricte de subordination entre ses
membres. La chaîne des vassalités unit les français depuis le dernier vassal jusqu’au premier
des suzerains. Le réseau social s’établit à la fois par le devoir et par la dévotion. Voilà
l’essence du mécanisme : l’inférieur prête foi et hommage au supérieur et reçoit de lui le don
d’un fief.
Pierre Goubert souligne que dans le monde des gentilshommes une coutume a
longtemps survécu : chez les plus pauvres, il existait l’usage de se « recommander », de se
« donner » aux plus puissants : « Ceux-ci nourrissaient, logeaient et équipaient ceux-là, qui
étaient à leur disposition, épées, corps et biens. La plupart des révoltes nobiliaires ont tiré leur
force de ces subordinations, de ces clientèles, de ces fidélités. »
1
1
GOUBERT, Pierre, L’Ancien Régime, t.1, Collection U, Paris, Armand Colin, 1969, p.150.
Cette conception rigide de hiérarchie de base religieuse soutient de manière solide la
forme du gouvernement, le régime monarchique. La croyance au droit divin justifie
historiquement le pouvoir du roi et régit la vie en société : les affaires politiques et la pensée
religieuse se mêlent ainsi inextricablement.
Par ces principes, le clergé et la noblesse forment la classe dirigeante du royaume.
Outre la tâche d’entretenir la vie spirituelle du peuple, le cler s’insère dans toutes les
instances politiques et administratives à côté de l’aristocratie ; le pouvoir ecclésiastique
participe aux Conseils du roi, prend en charge des décisions politiques et interfère donc
directement dans les initiatives gouvernementales. La noblesse et le clerréunis ne font plus
de 3% de la population. Ils sont pourtant les seuls dirigeants de l’administration, soit sur le
plan des finances soit sur le terrain de la justice.
La fortune générale du clergé comprend environ 10% de l’ensemble des terres du
royaume et la dîme est l’imposition prélevée sur les sujets du roi. Les membres du clergé
bénéficient de nombreuses exemptions fiscales étant exempts de la taille, de la gabelle, du
logement des gens de guerre, de toutes servitudes personnelles, outre les privilèges
judiciaires.
2
En ce qui concerne la noblesse, on peut la définir par son antonyme, la roture ; elle se
distingue des roturiers par maints privilèges. La situation économique, les titres et les
fonctions spécifiquement attribuées aux gens de la noblesse établissent leur place dans
l’échelle sociale.
3
Les nobles se divisent en deux types : la noblesse d’épée, dite aussi de
race, qui s’impose par la tradition de ses ancêtres et la noblesse de robe, ou les bourgeois
anoblis.
Enfin le système de promotion sociale passe obligatoirement par la pratique de
l’anoblissement, ce qui se faisait par l’achat des charges et des offices. Il faut ajouter que
l’aristocratie entretenait sa position par une culture particulière à sa classe. Une manière de
vivre distinguée assurait aussi la légitimité sociale des nobles. C’est ainsi que les atours de la
noblesse, y compris le commerce social, l’érudition, la conversation, vont constituer
également l’ornement ultime de la bourgeoisie en ascendance. Vivre conformément au goût et
aux règles nobles était indispensable à la reconnaissance sociale pour un roturier réussi.
2
Jean de VIGUERIE, Histoire et dictionnaire du temps des Lumières, 1715-1789, Paris, Robert Laffont, 2003.
3
Contrairement à une croyance souvent répandue, quelques historiens (Pierre Goubert, par exemple) attirent
l’attention sur le fait qu’une partie significative de la noblesse participe de forme active aux activités du
commerce. On verra que le grand trafic maritime, colonial et grier aide la famille des Chateaubriand à se
redresser économiquement.
La complexité des rapports sociaux sous l’Ancien Régime
Il n’est pas simple de cerner la configuration sociale de la France prérévolutionnaire.
Bien que les conventions soient fort rigides et que les traditions de la vie politique semblent
inébranlables, les historiens identifient généralement l’existence d’une diversité sociale et
d’une forme de mobilité de type particulier. L’absence d’unité caractérise donc aussi l’Ancien
Régime ; le royaume n’est pas homogène. Cette variété se manifeste soit sur le plan de la
diversité des régions soit au niveau de la constitution même des classes sociales.
Les divers régions du territoire n’ont pas tous la même histoire et ne possèdent pas non
plus toujours les mêmes rapports avec le roi : « Certaines lois ne s’appliquaient qu’à certaines
régions ; les poids et les mesures variaient de nom et de valeur selon les lieux ; les impôts ne
pesaient pas de la même façon sur tous les Français ; dans les pays d’Etat les impôts directs
étaient répartis et levés par les Etats ailleurs ils l’étaient par les agents du roi. »
4
A la veille
de la Révolution, les Français du Midi étaient jugés d’après le droit romain écrit, la population
du Nord par contre suivait les plus de 300 coutumes, mises également par écrit.
Il y a d’autre part une hétérogénéité concernant les ordres, dans ce cas les ordres
supérieurs peuvent comprendre des hommes pauvres, tandis que le tiers état rassemble bien
des familles aisées commandées par des négociants ou des financiers réussis
économiquement. L’image de la pyramide traduisant officiellement la configuration des trois
ordres de la France ancienne ne correspond pas toujours à la réalité sociale. Quelques
déséquilibres à l’intérieur des ordres sont remarquables. Le haut clergé était noble et le bas
clergé était roturier, la petite noblesse de province pouvait être plus démunie que certains
roturiers et la bourgeoisie se détachait économiquement des artisans et des paysans au sein du
tiers état.
La société cléricale est fortement hiérarchisée. Mais autant que les autres ordres
sociaux le clergé n’est aucunement homogène. On distinguait le clergé régulier et le clergé
séculier. Le clerrégulier vivait la vie commune sous une règle et le clerséculier, formé
par les serveurs de l’Eglise, n’est pas astreint à cette vie commune, et exerce ses fonctions
dans le siècle. Une autre distinction importante à caractère plutôt social se fait entre le haut
clergé et le bas clergé. Recrutés uniquement dans la noblesse les premiers mènent une vie
aisée, les autres, sortis du Tiers État sont en général plus pauvres. Mais entre les riches et les
pauvres l’on trouve aussi une masse qui sans être fastueuse vit à l’aise.
4
MALET et ISAAC, L’histoire : les révolutions, 1789-1848, Paris, Hachette, 1960, p.11.
Le malaise social en 1789 et la crise de l’Ancien Régime
Dans ce cadre social apparemment inaltérable se réalise une mutation. Peu à peu la
richesse précipite des changements, et les rapports économiques font évoluer la société vers
une nouvelle forme d’ascension : de plus en plus, c’est l’argent qui règle l’évolution sociale
des familles. Et l’épuisement du modèle qui se perpétuait historiquement produit enfin le
tournant révolutionnaire de 1789.
En 1789, une grande partie des Français, même ceux des classes privilégiées, ne sont
pas satisfaits de leur régime. L’aristocratie veux un régime moins centralisateur dans lequel
elle pouvait avoir plus de voix et plus de pouvoir. D’autre part, le tiers ordre, la bourgeoisie
tout particulièrement, désire transformer le régime monarchique selon les idées exprimées par
les Lumières et amplement répandues par leurs Philosophes au long du 18
ème
siècle. Encore
que les contenus des revendications varient selon les intérêts en question, dans les premières
années après le déclenchement de la Révolution les Français défendent essentiellement la
substitution de l’absolutisme monarchique par une monarchie aristocratique.
Les contentements devant la situation se trouvaient partout. Une partie des nobles
s’étaient longtemps employés à attaquer le pouvoir central. Nombre de révoltes nobiliaires
sont provoquées par la crise entre la monarchie et les parlements aristocratiques.
5
Les conflits
se succèdent et même s’amplifient, car le goût des bourgeois rejoint la misère d’une partie
de population citadine et paysanne. La bourgeoisie formait depuis quelque temps le secteur
qui menait de façon hardie les initiatives commerciales. Elle faisait accroître vite ses négoces
en occupant les espaces dans les affaires économiques ceux-ci étant en grande partie interdits
aux nobles.
Enfin des groupes distincts de la société se rassemblaient contre le pouvoir central. Le
tiers état désirant augmenter sa représentation par le vote comptait faire de la convocation des
États généraux un moyen pour obtenir plus de force politique. Les bourgeois avec les moyens
de leur travail et leur culture accumulée se croyaient en pleine mesure d’accéder aux charges
principales de l’Etat ainsi que les nobles. Parallèlement aux mécontentements de la
bourgeoisie, une autre fraction du tiers état, les paysans, se déchaîne contre le gouvernement.
5
Déjà au milieu du XVIIe siècle, sous la régence d’Anne d’Autriche et de Mazarin, survient par exemple
l’épisode de la Fronde entre les années 1648 et 1653. Même sans avoir un programme commun ni un chef
unique, une opposition aristocratique mène toute une série de manifestations qui incluent les bourgeois et le
peuple.
Les paysans réclament alors l’acquisition des terres et mettent en cause le poids séculaire des
droits féodaux qui tombaient historiquement sur eux.
Les paysans vivent péniblement selon les résultats de leur production. La difficulté de
cultiver les champs était énorme. La grande majorité des paysans ne possédant pas de terres
doivent s’engager comme fermiers, métayers ou journaliers sur le domaine du seigneur. Ces
travailleurs payent au propriétaire un loyer en argent, ou rendent une partie de la récolte, ou
encore louent leur travail en tant qu’ouvriers de la terre.
Pour les paysans qui étaient des propriétaires les charges fiscales devenaient trop
lourdes et les difficultés techniques pour exécuter le travail se montraient excessivement
pesantes : « Ils devaient au roi des impôts directs (taille, capitation, vingtième) et les impôts
indirects (gabelles et aides) ; ils étaient seuls astreints au service militaire de la milice et à la
corvée royale pour la construction et l’entretien des routes. Ils devaient au curé la dîme et au
seigneur les droits féodaux. »
6
En somme, la crise de l’Ancien gime se déroule essentiellement sur deux plans. On
peut voir d’une part qu’il y a des contradictions internes dans lesquelles se localisent les
combats de l’aristocratie en générant des disputes féroces à l’intérieur même des institutions
établies, telles que l’Assemblée des notables et les Parlements. D’autre part, des attaques
extérieures ont aussi lieu. Dans ce cas-là, c’est la bourgeoisie et les groupes populaires exclus
des décisions politiques qui affrontent le régime établi. Les premiers, les membres de la
noblesse, s’attaquent à la structure d’un pouvoir monarchique qui leur avait historiquement
assuré une place de prestige dans la société soit par les bénéfices parasitant la Cour soit par le
système de la rente foncière. Les seconds, membres du tiers état, désirent entrer dans l’univers
politique, univers qui leur apparaît comme nécessaire à la prospérité de leur vie économique.
Le problème de la fiscalité et les conflits de sociaux
Lorsqu’on parle des raisons qui auraient déclenché la Révolution française, une
question se trouve toujours au centre de la discussion et se présente comme un problème
structural traversant le gouvernement des Bourbons : c’est le problème de la gestion fiscale.
7
L’Ancien Régime se débat toujours dans les difficultés financières et son incapacité à gérer
6
MALET et ISAAC, p.23.
7
Nous nous appuyons sur l’article de R. Ponge pour la question fiscale. PONGE R., “Os últimos anos do Antigo
Regime e as causas da Revolução Francesa”, Ciências e Letras, n°15, 1995.
l’argent est l’une des causes de son effondrement. Deux phrases de Colbert, l’homme des
Finances dans les années 1660, illustrent les rapports du roi aux affaires financières du
royaume : « L’administration des finances, qui consiste en un lourd tail, n’est point la
fonction naturelle et ordinaire des rois » ; et un peu plus tard il dira : « Votre Majesté n’a
jamais consulté ses finances pour résoudre ses dépenses »
8
.
Les deux côtés de ce processus d’administration deviennent l’un et l’autre explosifs
pour la société française. D’un côté, les dépenses ruineuses de l’Etat consacrées à entretenir
en permanence les guerres externes et les batailles internes et destinées en plus à combler la
cour et son entourage de luxe et à nourrir son fastueux style de vie. D’un autre côté, la source
de cette recette ne se montrait pas inépuisable ; l’insatisfaction des contribuables alors
s’accroissait.
Plusieurs tentatives de réforme fiscale ont été faites par le roi sans que la monarchie
réussisse à rétablir l’équilibre budgétaire. Le payement des impôts suivait la loi des privilèges.
La noblesse était en général exempte des impôts directs. La charge lourde de la responsabilité
fiscale tombait sur le tiers état. Le système ne permettait point d’augmenter encore plus
l’imposition fiscale. C’est pourquoi la suppression des privilèges financiers et l’égalité des
tous devant l’impôt s’imposaient comme solution pour résoudre cette comptabilité.
Cependant, toute hypothèse de transformer par la base le système de contribution fiscale
signifiait une atteinte grave contre des privilèges historiquement consacrés. Une
transformation dans ce sens consisterait à renverser la société elle-même. Ce serait mettre en
cause l’essence du système social. Et surtout, une autre donnée dans cette impasse, comment
un gouvernement sans autorité comme l’était celui de Louis XVI pourrait-il réaliser ce qui
serait une révolution sociale ?
Pendant plus d’un an la France a été la scène de combats découlant fondamentalement
de ce déséquilibre des finances de l’Etat. La noblesse associée à la bourgeoisie réclamait alors
la convocation des États Généraux et profitait de la fragilité de la monarchie pour insister sur
l’installation d’un régime moins centralisé.
8
Cit. par GOUBERT et ROCHE, Les Français et l’Ancien Régime : la société et l’état, vol.1, 2
ème
éd, Paris :
Armand Colin, 1991. p.334.
1.2 La Révolution française
Les révolutions dans la Révolution
Il est frappant de voir comment les événements autour de tels problèmes structuraux se
développent rapidement et atteignent profondément toute la société. Le point de départ que
nous venons de présenter brièvement ouvre le chemin à un processus révolutionnaire
complexe. La Révolution française est le grand événement à partir duquel découle toute la
conformation de l’histoire du 19
ème
siècle. Le bouleversement que fut 1789, par son ampleur,
par sa radicalité et par son retentissement non seulement en France mais partout dans le
monde va transformer la manière de concevoir les rapports politiques et d’organiser la vie en
société dans tous les niveaux, qu’ils soient, religieux, politiques, économiques ou sociaux.
En réalité, la Révolution embrasse dans son évolution un complexe de mouvements
survenus durant les dix années comprises entre 1789 et 1799. On y repère quelques phases
distinctes qui sont comme des révolutions formant la grande Révolution, chacune de ces
phases réalise un programme, atteint des résultats. Chaque moment « a aussi son personnel,
s’appuie sur une couche et laisse un héritage, des institutions, des procédés de gouvernement
qui concourent à la différencier des autres phases »
9
.
Mais dans ce travail il nous importe seulement de rendre le relief nécessaire à certains
aspects afin de dresser un petit panorama de la période. Pour le faire nous retracerons les
événements cruciaux da la Révolution en France et quelques uns de leurs retentissements.
Premièrement, il y a une forte opposition de l’aristocratie au pouvoir royal.
L’opposition se fait dans les Parlements, dans l’Assemblée des notables et dans les États
provinciaux. La cible de cette rébellion des privilégiés est l’absolutisme et ses agents locaux,
les intendants. Ensuite, nous avons un moment important de la Révolution lorsque
l’Assemblée nationale devient constituante et s’engage dans l’élaboration de la première
Constitution. D’autres couches sociales s’engagent alors plus fortement dans le mouvement
en altérant son déroulement. On considère que cette première phase révolutionnaire est plus
antinobiliaire qu’antimonarchique : elle vise à consommer la ruine de la féodalité, sans pour
autant mettre en cause le principe de la monarchie. Il s’agit en l’occurrence de concilier
9
Ibid., p. 150.
l’institution royale ritée du passé avec des mécanismes nouveaux redistribuant le pouvoir
politique.
D’autres événements inaugurent une deuxième phase de la Révolution. Le régime de
la Convention commence par la journée populaire du 10 août 1792, l’exécution du roi et la
proclamation de la République. Cette phase va beaucoup plus loin dans tous les domaines.
Les nouvelles forces en jeu souhaitent dépasser la vision individualiste bourgeoise et tentent
de mettre en place un projet plus égalitaire du point de vue social et plus démocratique du
point de vue politique. C’est un moment de recrudescence du processus le gouvernement
révolutionnaire a recours à la Terreur et où ses principaux agents sont surtout le peuple
parisien (les sans-culottes).
La dernière phase, c’est-à-dire de 1794 à 1799, se caractérise par l’installation de deux
régimes modérés de pouvoir, la Convention thermidorienne puis le Directoire qui vont dans le
sens d’une récupération du libéralisme individualiste refusé par les montagnards (les
républicains radicaux) à la tête du gouvernement précédent.
10
Finalement en 1799 la montée de Bonaparte marque le terme des dix années de
révolution qui ont forgé dans la vie politique du pays les idéaux de la démocratie et de la
république ; ces idéaux vont continuer à marquer par la suite les conflits dans la vie politique
française.
La première phase de la Révolution : 1789
La Révolution à ses débuts, c’est-à-dire jusqu’en 1791 se caractérise essentiellement
par des conflits nobiliaires et par l’établissement de transformations libérales dans le sens
d’écarter les obstacles structuraux du régime monarchique ainsi que du système agraire
seigneurial. Dans ce premier temps la Révolution tend vers la libéralisation de l’économie et
l’égalité civile des citoyens. C’est une perspective visant tout particulièrement l’égalité dans
un ordre de liberté bourgeoise. Ce premier mouvement de la Révolution se fait donc dans le
sens de la destruction des ordres sociaux de l’Ancien Régime, y compris l’abolition du
servage, d’une pratique économique plus libre et de la liberté d’expression.
10
Une partie de l’historiographie voit des ressemblances entre les deux Constitutions, celle de 1795 et de 1791,
bien que les expériences en termes de luttes sociales soient distinctes.
1789 était au départ la conséquence immédiate de l’insoluble question fiscale et des
divergences entre la noblesse et la monarchie à propos des solutions pour régler le problème.
Résoudre le déséquilibre des comptes du Trésor suivant les principes et les gles de l’ordre
ancien fondé sur l’inégalité et les privilèges se révèle une tâche impossible. D’ailleurs, toute
tentative de réforme du système budgétaire est bloquée par la noblesse qui protége ses
privilèges dans la structure ancienne immuable. En plus, le roi sans aucun crédit ne fait rien
bouger ; il ne se trouve pas en mesure de proposer une nouvelle base fiscale sans atteindre les
intérêts de l’aristocratie.
L’insatisfaction de la noblesse va ainsi se manifester par toute une série de réactions
violentes dans les Parlements et les Assemblées (Etats) provinciales. Le roi Louis XVI enfin
cède et fait la convocation des Etats généraux. Le changement souhaité par la noblesse
consistait à remplacer l’absolutisme monarchique par un gouvernement mixte une
constitution aristocratique limiterait les pouvoirs du roi et traduirait les volontés de la
noblesse.
Mais les nobles ne sont pas les seuls insatisfaits dans ce jeu et leur indignation, à
laquelle les États généraux répondent, ouvre la porte à d’autres groupes sociaux qui ne se
trouvent pas au sommet de la pyramide. Le processus de la Révolution s’élargit désormais ;
après la noblesse rebelle, se trouve le tiers état avec l’apport de ses revendications. C’est ainsi
qu’entre le 5 mai et le 7 juillet 1789 les événements prennent une nouvelle allure
révolutionnaire dirigée par le tiers état :
« Réunis le 5 mai 1789, les États généraux s’érigent en Assemblée nationale le 17
juin et en Assemblée nationale constituante le 7 juillet 1789. En deux mois le tiers
état s’est emparé du pouvoir législatif et s’est arrogé le droit de rédiger une
constitution, se mettant ainsi en position de définir et de restreindre les pouvoirs du
roi. L’insurrection parisienne des 13-14 juillet effraie le roi et le dissuade de
dissoudre par la force armée cette Assemblée devenue si puissante. »
11
Plusieurs émeutes et des insurrections paysannes éclatent dans la France. La Grande
Peur, une onde de panique, prend la population, et enfin les soulèvements populaires dans les
villes de province viennent aider à l’abolition des droits odaux dans la nuit du 4 août 1789.
La classe bourgeoise se croyait lésée à l’égard de sa représentation. Proportionnellement le
11
Histoire et dictionnaire de la Révolution française, 1789-1799, Paris, Robert Laffont, 1987, p. 540-541.
tiers état a moins de voix que le clergé et la noblesse. Dans les états généraux la question de la
représentation politique est donc immédiatement posée par la bourgeoisie, une grande
contribuable du Trésor public politiquement faible jusqu’alors. À partir de là, lorsque les États
généraux deviennent Assemblée nationale constituante, celle-ci commence l’élaboration de ce
qui sera la Constitution de 1791.
Dans ce contexte, un processus d’émancipation de l’individu devenant citoyen est en
cours. Seule une réforme des institutions pouvait matérialiser cette libération des les formes
anachroniques et inopérantes du passé. La Constitution sortie de cette première phase de la
Révolution contient à la lettre ce renouvellement. Le préambule de la Constitution
promulguée en septembre 1791 est la fameuse Déclaration des droits de l’homme et du
citoyen adoptée par l’Assemblée national au mois d’août 1789. L’unité de la nation, la
monarchie et les Français forment dorénavant la triade de la nouvelle France. Le loyalisme au
souverain donne place au sentiment d’appartenance à une nation. La souveraineté de la nation,
la patrie passe alors à constituer un axe de rassemblement de la société, et celle-ci se définit
non pas uniquement par son attachement au territoire, mais aussi par une fidélité symbolique.
La prise de la Bastille et les luttes sociales avaient enfin engendré une solidarité nationale de
type nouveau.
Mais toute la vigueur des manifestations populaires n’a pourtant pas une réponse
satisfaisante du roi. Louis XVI ne s’avère pas enclin à accomplir intégralement la Constitution
en 1791. Un sentiment fort de défiance à l’égard du roi se généralise alors. A partir de là, il
semble évident que la monarchie ne possède guère le propos de garantir en effet les
changements du système de gouvernement ainsi que les transformations vivement réclamées
par la société.
On a déjà dit que la Révolution ne se fit pas d’un seul coup. Elle a créé ses
programmes chemin faisant et s’est frayée ses propres voies au long même de son
apprentissage politique, par les prises de conscience sur le plan idéologique et par les
stratégies que les conditions généralement adverses lui offraient. Dans cette expérience
inédite la France passe à se voir elle-même sous une autre optique : un régime constitutionnel
est instauré et le peuple devient un fort protagoniste de sa propre histoire.
La Révolution à ses débuts marque ainsi de forme indélébile les dispositions et les
consciences et par la suite, au lendemain de 1789, elle va relancer le peuple encore plus loin
dans ce processus de transformation. Prenant en charge le devant du mouvement
révolutionnaire quelques groupes sociaux (les artisans, les paysans, les ouvriers, la petite et
moyenne bourgeoisie) jusqu’alors exclus des décisions et écartés des fruits de leur propre
travail font avancer les revendications. Le mouvement prend de la sorte un nouvel essor.
Deuxième moment, le sommet de la Révolution : les jacobins au pouvoir
Le terrain est propice à l’effervescence politique. D’une part la création des clubs (les
cordeliers, les jacobins, les feuillants) et l’épanouissement de la presse canalisent les débats
politiques et d’autre part, la misère d’une grande partie de la population. Entre 1792 et 1794,
face aux résistances du roi dans l’application du nouveau régime, les partisans du suffrage
universel et de la justice sociale se fortifient.
En 1792, les meneurs de la politique nationale sortent des deux principaux groupes
politiques, les girondins et les jacobins. Une Convention gouverne la France, et dans cette
Convention les deux courants s’alternent dans la direction du gouvernement, les girondins
des républicains modérés – entre septembre 1792-mai 1793, et les jacobins de juin 1793 à juin
1794. En 1794, la France vit la recrudescence du mouvement révolutionnaire. En 1794,
Robespierre est en tête des conventionnels. C’est le moment ce qu’on appelle la Grande
Terreur a lieu.
Le gouvernement révolutionnaire des jacobins s’installe au pouvoir au milieu de 1793.
C’est la période se réalisent, ou du moins s’annoncent, les initiatives les plus avancées
dans le sens d’inclure une partie majeure du peuple dans un projet nouveau de société.
Par ailleurs, il y a un facteur crucial caractérisant ce nouveau déploiement da la
Révolution. La France décide de déclarer la guerre au roi de Bohême et de Hongrie au mois
d’avril 1792. Avec cette mesure l’Assemblée législative change la direction en ce qui
concerne les rapports internationaux et il en survient de graves conséquences pour la France.
Les trônes étranges qui ne voyaient pas d’un bon œil les pressions internes contre la cour
française, qui maintenaient des communications avec Louis XVI et qui donnaient leur appui
aux royalistes français s’établissent dans l’objectif de renverser la situation en France et de
remettre le pouvoir à l’aristocratie contre-révolutionnaire dès que la guerre est déclarée.
Désormais le sort de la Révolution ne dépend pas que des décisions internes de ses
dirigeants ou de ses assemblées, mais de la marche incertaine de la guerre et du hasard des
combats. Cette perspective change de façon radicale la suite du mouvement : « Les conditions
d’exercice du pouvoir sont profondément modifiées, les garanties suspendues, les libertés
individuelles mises entre parenthèses. La Terreur sort de la guerre. »
12
La citation synthétise l’évaluation de certains historiens selon lesquels, dans cette
phase, la Révolution passe à constituer un pouvoir central autoritaire surtout en fonction de la
guerre.
Une recrudescence des guerres contre le gouvernement révolutionnaire se fait. Les
monarques étrangers avec les armées royalistes s’engagent dans d’innombrables batailles sur
les frontières dont la plus connue est celle de Valmy. Mais avec la participation acharnée du
peuple en armes et la levée en masse le gouvernement réussit à faire face aux armées
adversaires. La France sort en général fort victorieuse de tous ces combats. Il faut noter que
ces guerres apportent à la France non seulement de nouveaux territoires, mais qu’elles
fournissent en plus des ressources aidant à redresser la situation financière et économique du
pays.
Les vicissitudes de ces guerres aux étrangers contre-révolutionnaires alimentent
d’autre part une composante de nature idéologique très importante. Les citoyens en armes
passent à lutter contre les armées étrangères (et royalistes) afin de maintenir les conquêtes de
la Révolution. C’est dans ces conditions de menace aux acquis de la Révolution que l’idée
d’une nation unie et souveraine se forme. Et toujours au sein de ce déploiement à caractère
symbolique, il s’établit un lien de solidarité entre la Nation et la République. Et enfin la patrie
devient dans ce contexte la patrie républicaine.
Bref, 1792-1794 se caractérise par une confluence de circonstances et d’agents qui
conduit la Révolution à son niveau maximal de tension sociale et politique. La situation va se
détendre avec les succès militaires à l’extérieur et l’affaiblissement de l’autorité de
Robespierre internement.
Le 9 thermidor (27 juillet 1794) les girondins reprennent le gouvernement et imposent
une autre étape politique.
Le régime du Directoire
À partir de là on appelle Directoire la forme de gouvernement qui s’étend jusqu’au
coup d’Etat du 18 Brumaire (novembre 1799) mené par Napoléon Bonaparte. Le Directoire
12
Ibid., p.157.
de cinq membres continue en réalité la réaction thermidorienne. Il marque l’entrée dans la
phase de la galité constitutionnelle. Des hommes politiques expérimentés dominent alors le
Directoire : ce sont Sieyès, Talleyrand (modérés), Carnot, Barras (montagnards).
On peut dire que le Directoire est le régime du reflux par rapport aux audaces
politiques du gouvernement précédent. Et pour exprimer cette nouvelle configuration
politique une autre Constitution va entrer en vigueur en 1795. Contrairement à la Constitution
précédente, conçue sous le gouvernement de Robespierre, le texte constitutionnel de 1795
incarnant la réaction bourgeoise contre les épisodes antérieurs, est moins démocratique. Les
fondements constitutionnels abandonnent maintenant le suffrage universel en rétablissant le
suffrage censitaire, lequel restreint l’univers d’électeurs selon la contribution de chacun. Le
régime est beaucoup plus modéré en termes de réforme : il défend la propriété et s’appuie sur
les notables. Il se méfie à la fois des jacobins et du danger royaliste et réintroduit le principe
de la séparation des pouvoirs.
Mais le Directoire va vite se révéler un régime faible. Attaqué sans cesse sur sa droite
et sur sa gauche, il devra affronter des complots et faire face à une situation financière
désastreuse tout en poursuivant la guerre contre l’Autriche et l’Angleterre.
Aussitôt les oppositions renaissent et les Français, las des agitations et des souffrances,
se mettent en peu de temps à mépriser la politique du Directoire. La République pendant ces
quatre ans est un constant jeu de bascule. Au moins quatre tentatives de coups d’État se
succèdent sous le régime des directeurs. Ces bascules, tantôt sont provoquées par la pression
des conservateurs royalistes tantôt sont produites, à l’autre extrémité, par la menace du retour
des jacobins.
On tend généralement à distinguer quelques caractéristiques ayant trait aux modes de
vie de cette époque-là. La question financière concernant le flux de la richesse est l’un de ces
aspects. On voit la montée de quelques milliers de spéculateurs qui affichent une vie fastueuse
et un luxe scandaleux. Ces parvenus du négoce, de la finance, de la politique disposaient de la
richesse d’une manière particulière. Dans les grandes villes et à Paris, les gens sont assoiffés
de fêtes galantes, de théâtres, de restaurants, de salles de jeux. Une fureur de jouissance
effrénée va succéder à l’âpreté des derniers temps et faire en sorte que les Français s’écartent
des questions publiques et se réfugient dans le privé. La valeur de la monnaie et la paix
intéressent davantage en ce moment.
Et la crise financière reste toujours assez grave. La banqueroute est imminente. Une
mesure financière, l’assignat, adoptée il y avait quelques années, expire en 1796, et une
seconde tentative d’un nouveau papier-monnaie échoue peu de semaines après sa création. La
dépréciation des papiers dans les deux cas n’a servi qu’à dépouiller l’État de ses grands
domaines achetés à bas prix par les spéculateurs. Le gouvernement est discrédité et perd la
confiance du pays. Un autre chemin, toujours risqué, est la politique extérieure : le Directoire
se lance dans la conquête à l’étranger pour obtenir les ressources de guerre imposées aux pays
vaincus. Michel Vovelle estime à ce propos que « a crise financeira do Estado é o resultado da
recusa dos contribuintes de pagar os impostos, por sua vez expressão de uma crise de
autoridade cuja pior conseqüência será a crescente distorção da expansão revolucionaria. A
conquista tornar-se-á o melhor meio de encher os cofres, com um reforço da pressão do poder
militar sobre o poder civil, subordinado, para prejuízo das motivações ideológicas.»
13
Cet historien attire l’attention sur le résultat du jeu de forces qui se met alors en place :
« Embora sem a dimensão heróica dos seus predecessores, os homens do Diretório não são
fantoches : mas além de terem de lutar contra o declínio do empenho popular na Revolução,
têm de opor outros meios a uma contra-revolução agressiva e mesmo reforçada no decurso
dos acontecimentos. Repelido o apoio popular, que mais resta à classe política se não o
recurso a uma outra força agora consolidada, ou seja, o exército?
14
Après dix ans de révolution, la France, affaiblie, aspire à un gouvernement fort et
durable. Le pays se trouve alors plongé dans la misère et l’anarchie. D’un côté, les royalistes
soulèvent la Garonne et l’Ouest et des brigands agissent partout, pillant les foyers, torturant,
arrêtant les diligences. De l’autre côté, le commerce et l’industrie étaient presque
complètement ruinés. De cette situation ressortait une méfiance et même une apathie envers le
sort du pays. Voilà que le pouvoir de l’armée progresse alors dans le pays. À partir de là
l’armée se présente comme un pouvoir permanent d’intervention politique et devient dans la
pratique la seule force à pouvoir arbitrer tout genre de conflit. Peu à peu, les soldats de
l’armée française avec toute leur dévotion aux chefs militaires plutôt qu’aux gouverneurs du
Directoire se rendent compte de leur force et visent au pouvoir.
C’est au moment où la dégradation s’empare de presque tout dans tous les secteurs que
Napoléon s’impose. Financièrement, économiquement et politiquement la situation est de
profonde déchéance. La misère du peuple, les difficultés des récoltes et de la production
jointes à la faiblesse de la monnaie forment les problèmes chroniques qui s’aggravent à ce
moment-là face aux déroutes d’un gouvernement médiocre. Aucun projet politique global
efficace mené par le Directoire ne s’était déployé de forme satisfaisante.
13
VOVELLE M., Breve Historia da Revolução Francesa, trad. do italiano por Ana Falcão e Luis Leitão, Lisboa,
Presença, 1985, p. 40.
14
Ibid., p. 40.
Tout ce climat rend propice l’ascension des militaires en tant que force politique
nouvelle, et va permettre le succès de Napoléon Bonaparte à la tête du coup d’État du 18
Brumaire.
1.3 L’épopée napoléonienne
Napoléon Bonaparte : le régime du Consulat
Un nouveau régime baptisé le Consulat va remplacer le régime du Directoire survécu
jusqu’au bout de 1799. Le régime du Consulat s’étend jusqu’en 1804 lorsque Napoléon
proclame son Empire qui se termine en 1814.
La grande majorité des Français se résignent facilement face au coup d’État mené par
Napoléon. N’importe quel forme de gouvernement semblait acceptable au peuple à la
condition que les nouveaux dirigeants garantissent les acquis fondamentaux de la Révolution.
Ces acquis signifiaient la conservation de l’égalité devant la loi et devant l’impôt, la garantie
de la suppression des droits féodaux, de la possession des biens nationaux, de la paix et de la
sécurité.
Le nouveau chef doit être désormais sensible à la débilité des institutions politiques,
mais il doit également tenir compte de l’épuisement moral des agents politiques. Voici
quelques traits de ce moment fort difficile :
« En fait, le développement de la révolution populaire devait conduire la
bourgeoisie révolutionnaire à se replier sur des positions défensives, sur une
philosophie politique qui serait celle d’une classe seulement. Quel dessèchement,
de l’enthousiasme du tiers état de 1789 à proposer des solutions au nom de la
nation toute entière, à la dureté craintive des brumairiens de 1799 qui attendent
d’un pouvoir fort qu’il enraye définitivement les conséquences nuisibles du
mouvement révolutionnaire ! Les hommes de 1789 ne sont plus que des
révolutionnaires assagis, mais aussi affaiblis et limités dans leurs possibilités de
manœuvre politique par l’échec de l’entente qu’ils avaient toujours recherchée
avec les monarchistes modérés. Brisée en 1791-1792 par la fuite à Varennes et la
déchéance du roi, cette entente n’a pu se reconstituer sous le Directoire. La
bourgeoisie, qui a cessé d’être révolutionnaire, est dans l’attente de l’homme qui
saura enraciner les réformes et figer la Révolution. »
15
On voit bien dans l’extrait ci-dessus que les actions du nouveau gouvernement doivent
figer la Révolution et que cette demande apporte toujours beaucoup de difficultés. Dans ce
but, en partie, tout au long des quinze années comprenant le régime du Consulat et de
l’Empire, Napoléon Bonaparte va concentrer sur sa propre figure le travail de recomposition
des forces politiques. Et nous retenons les grandes lignes d’une réponse sur la question:
« Aux ‘factions’, Bonaparte oppose l’idéal d’une nation réunifiée autour de sa
personne, d’une nouvelle légitimité datant du coup d’Etat et s’exprimant par
l’allégeance individuelle ou par le ralliement massif des plébiscites. Ainsi, le
bonapartisme crée le pouvoir personnel, amalgame de tradition monarchique et de
simulacre démocratique. Le Premier consul gouverne et gne à la façon d’un
souverain éclairé qui concéderait au fait accompli de la Révolution de s’entourer
de formes républicaines. »
16
Bonaparte crée un système politique de formes grandioses qui renferme plusieurs
ambiguïtés et dans lequel l’empereur a le pouvoir de rassembler, d’écarter ou de faire taire les
factions en concurrence. Sa volonté de puissance, sa passion pour l’uniformité et sa ferveur
autoritaire marquent toute son œuvre politique.
Lors de son arrivée au pouvoir, il rédige une nouvelle constitution et s’emploie à
organiser l’administration. Différente des constitutions précédentes, celle de l’an VIII, fait des
concessions au suffrage universel mais créé à la fois des mécanismes qui suppriment toute
élection. Du point de vue des corps intermédiaires de pouvoir, le législatif, le sénat et le
Conseil s’établissent constitutionnellement mais n’ont guère pouvoir de décision. D’autre
part, le premier Consul, avec tout son prestige, met en place des mesures faisant rapidement
prospérer plusieurs secteurs de la vie du pays. Un relèvement général du pays dans la période
du Consulat est visible. En 1801, d’ailleurs la situation du pays se modifie déjà.
15
Histoire de la France de 1348 à 1852 sous la direction de Georges Duby, Paris, Larousse, coll. Références,
1989, p. 359.
16
Ibid, p. 361.
Les principales mesures du Premier Consul
Parmi les initiatives du gouvernement se trouvent le redressement des finances et la
restauration du crédit et de la monnaie. Une importante association entre le gouvernement et
le monde des affaires permet cette amélioration financière. Les banquiers et les capitalistes
avancent avec plus de confiance l’argent nécessaire. Par surcroît, la professionnalisation et le
perfectionnement de la bureaucratie de l’État produisent aussi la victoire administrative de
Bonaparte. Gaudin, le ministre des Finances et un technicien réputé, régularise la perception
des impôts avec la création de fonctionnaires chargés d’un contrôle administratif effectif sur
les contribuables et sur le recueillement de l’argent. Le budget de l’an X (1801) est enfin
équilibré. La France peut avoir une monnaie stable. Par une loi de mars 1803 le Consul créé le
franc-germinal, monnaie d’argent est maintenue stable jusqu’à la guerre de 1914.
La centralisation administrative est la marque de la gestion de Bonaparte : les préfets
et les conseillers des départements, les sous-préfets et les conseillers des arrondissements, les
maires et les conseillers des communes sont tous choisis par le gouvernement ou par les
préfets. Une réforme judiciaire a également lieu, des Tribunaux d’Appel sont institués ainsi
qu’une justice administrative pour les fonctionnaires.
Le Conseil d’Etat, semblable au Conseil du roi sous l’Ancien gime, constitue la
toute-puissance du gouvernement. Ses membres, formés au départ par Siéyes, Ducos et
Bonaparte, rédigeaient les projets de loi et pouvaient aussi les interpréter, ils constituaient en
outre la Cour suprême de justice administrative.
En mars 1804, Cambacérès à la tête d’une commission de juristes élabore le Code civil
pour la France. Le Code établit de forme précise et claire l’unification du droit français par les
2.281 articles qui réalisent enfin une synthèse entre l’héritage de l’Ancien gime et les
principes issus de la Révolution (le partage égal des successions, l’égalité de tous devant la
loi, par exemple). Le texte (qui reconnaît le principe de la libre entreprise, interdit les grèves
et garantit la propriété) est bien accueilli surtout par l’opinion bourgeoise.
17
On a vu plus haut combien de fissures politiques, venues surtout de l’histoire récente,
marquaient la vie du pays. Une caractéristique cruciale de Bonaparte est de travailler
17
Bonaparte pendant son gouvernement consolide une infrastructure institutionnelle inouïe atteignant tous les
niveaux de la vie des Français. Il est responsable de nombre de mécanismes sociaux, tantôt forgeant une élite
intellectuelle tantôt recréant une noblesse distinguée par des titres, etc. C’est le cas notamment de la création des
lycées (1803), de l’université d’Etat et de l’institution de la Légion d’honneur (1802). On verra que dans le
domaine de l’économie beaucoup d’initiatives pour organiser et régulariser la production seront prises.
intensément dans le sens de chercher l’apaisement et l’ordre. Il a soigneusement préparé sa
carte d’action politique en équilibrant les forces : « L’un garde ma gauche, l’autre ma droite.
J’ouvre une grande route tous peuvent aboutir. »
18
Il ne se posait pas comme homme de
parti, il prenait pour collaborateurs des modérés ou des régicides
19
. C’est Napoléon Bonaparte
lui-même le grand meneur des affaires de l’Etat et de toutes les négociations politiques. C’est
lui qui essaie de concilier d’abord pour ensuite, lorsqu’une entente pacifique ne se montre pas
faisable, chasser de manière féroce les adversaires réfractaires ou ceux qui ne se mettent point
au pas. Le Consul n’hésitait pas à éliminer brutalement les dissidences, qu’elles soient faites
par des royalistes ou des républicains. Par exemple, Bonaparte essaie d’intégrer
diplomatiquement les émigrés royalistes et les anciens contre-révolutionnaires, mais d’autre
par il se débarrasse de ses rivaux moyennant des tribunaux d’exception et des exécutions.
Sur le plan religieux, Bonaparte conserve l’orientation d’un républicain partisan de la
laïcité. Mais dans le but de se rapprocher des catholiques royalistes, il effectue en 1801 la
signature d’un Concordat. Dans ce traité entre l’Etat français et le Saint-Siège le Premier
Consul garantit le culte religieux des croyants, reconnaît le catholicisme comme la religion de
la grande majorité des Français et pose les églises à la disposition du clergé. Il va y avoir
dorénavant un grand remaniement des membres du clergé ; Bonaparte réorganise les diocèses
et redistribue les clercs selon leur fidélité au régime. Les mesures de négociation visent en
effet le contrôle des diverses tendances en jeu dans le tableau politique. Il reste à dire que le
clergé forme par là une classe de fonctionnaires de l’État, devant prêter un serment de fidélité
au gouvernement et recevant pour vivre un traitement de l’État : « L’Eglise catholique sortait
du Concordat uniformisée, hiérarchisée et centralisée ; le clerde France était devenu un
corps de fonctionnaires. »
20
En somme, le Consulat répond aux attentes des Français : une stabilisation générale du
pays et une amélioration des conditions de vie. Dans un sens autoritaire il réussit à fixer une
partie de l’héritage révolutionnaire, notamment celui de l’égalité civile et de la liberté
économique si chères à la bourgeoisie entreprenante. Mais il est clair qu’il va au-delà de ces
expectatives lorsqu’il imprime un ordre tout à fait nouveau avec ses méthodes particulières de
gouvernement centralisateur et surtout avec ses ambitions expansionnistes.
18
Isaac et Malet, p. 138.
19
Bien des administrateurs impériaux sont issus de l’Ancien Régime, c’est les cas des Ségur, La Rochefoucauld,
Cossé-Brissac.
20
Ibid. , p. 141.
L’Empire de Napoléon
Dans un premier temps, on l’a vu, Bonaparte obtient une popularité considérable et
devant l’approbation générale avec même certaines consultations populaires le premier
Consul concentre de plus en plus le pouvoir.
Dans la deuxième phase, celle de l’Empire, la tendance autoritaire du gime
s’intensifie. Bonaparte instaure un gouvernement dictatorial la politique extérieure joue un
rôle primordial. La France devient une machine de guerre. Contrastant avec les débuts de son
gouvernement quand en 1802 le traité d’Amiens assure un temps de pacification générale
surtout avec l’Angleterre, l’Empire napoléonien va se caractériser par une politique
d’expansion à l’étranger. Les initiatives gouvernementales consistent à stimuler toute
hiérarchie capable d’entretenir l’ordre intérieur et la compétence militaire. L’enrôlement en
masse et la formation d’une armée puissante deviennent les nouveaux paris du système
impérial qui se prépare pour franchir ses frontières.
L’activité économique, celle-ci prospère dès les débuts du Consulat, l’empereur
continue à créer des appuis pour l’agriculture et l’industrie. Les chambres d’agriculture et de
commerce ainsi que le code de commerce voient le jour. C’est le moment de grandes
expositions industrielles. L’empereur estime d’autre part que Paris doit détenir le monopole
des arts. La cour impériale encourage ainsi des mouvements artistiques en peinture et en
sculpture et crée un style Empire influencé par la mythologie et l’Antiquité.
Mais à ce moment-là l’intérêt de Bonaparte se dirige principalement vers l’étranger. Il
entreprend alors un grand projet de conquête territoriale. De 1805 à 1814 près de 1,5 million
de jeunes Français sont recrutés pour les batailles napoléoniennes. Les États conquis doivent
fournir des contingents pour l’armée française ce qui produit très vite l’internationalisation de
l’armée impériale. Après quelques années de guerre il remporte des victoires sur une grande
partie de l’Europe.
En 1805, l’armée française vainc les Autrichiens et les Russes à la bataille
d’Austerlitz. Cette bataille est certainement l’une des plus importantes. La victoire est
écrasante. Ses conséquences politiques sont décisives, puisqu’elle consolide de manière
durable le pouvoir de Bonaparte. Les invasions se succèdent et l’expansion française se
poursuit dans les années postérieures. En 1806, Napoléon contrôle l’Allemagne occidentale et
centrale, il crée la Confédération du Rhin. Le Würtemberg, la Bavière, et d’autres États
allemands deviennent ses alliés et, dans la même année, il dissout le Saint Empire romain
germanique après une existence de près d’un millénaire. L’empereur François II redevient
François I d’Autriche. L’Italie du Sud passe au contrôle français et au nord, la République
Batave devient royaume de Hollande sous le commandement du frère Louis Bonaparte. En
1812, l’Empire accumule sur le continent européen plusieurs annexions.
Dans la riode entre 1807 et 1812 se situe l’apogée du pouvoir de Napoléon. Une
partie de ses conquêtes est formée par l’Empire proprement dit, une seconde fraction était
composée des États vassaux de l’Empire et une dernière part comprenait enfin des États
alliés.
21
En 1812 surtout l’Angleterre et l’Empire russe formaient ostensiblement le groupe
des adversaires de Napoléon.
Pourquoi Bonaparte réussit à conduire aussi loin sa politique expansionniste ? C’est
une question qui mérite une réponse complexe dont nous ne prétendons évidemment pas
rendre compte ici. Mais chez les historiens il nous est possible de relever au moins une
tendance générale qui insiste sur les facteurs idéologiques et économiques du problème. Dans
la phase impériale l’augmentation des recettes et des richesses donne assez de munition à ces
guerres. De surcroît, l’inspiration nationaliste républicaine meut aussi le projet. Il ne s’agit pas
uniquement de dominer économiquement et politiquement toute l’Europe, mais d’étendre à
tous les pays du Grand Empire l’ordre social et l’organisation administrative que l’empereur a
crée pour la France.
Du reste, si l’on revient aux effets de la politique extérieure de Napoléon sur la France
elle-même, il faut signaler que pendant la formation du Grand Empire il y a une
recrudescence de l’autoritarisme dans la politique intérieure. Il en résulte que les corps
législatifs et intermédiaires sont affaiblis ou supprimés et que les institutions politiques
perdent leur pouvoir au détriment de la volonté souveraine de l’empereur.
22
21
L’Empire français comprenait au Nord la Hollande, les villes de Hambourg, Lubeck et Brême ; au Sud, le
Piémont, la Toscane, Gênes, la partie occidentale des États pontificaux, et de l’autre côté de la mer Adriatique,
les Provinces illyriennes ; la population comptait approximativement 44 millions d’habitants. D’autre part, avec
des degrés différents de dépendance envers Napoléon, les États vassaux rassemblaient la Confédération du Rhin
comprenant tous les États allemands à l’exception de la Prusse et le grand duché de Varsovie ; la Confédération
helvétique ; le royaume d’Italie. Outre ce dernier royaume gouverné par le beau-fils de Napoléon, deux autres
royaumes avaient également des membres de la famille napoléonienne à leur tête : le royaume de Naples de
Murat, et le royaume d’Espagne de Joseph. Ces États vassaux comptent environ 38 millions d’habitants.
22
Pour réaliser son ambition d’unification « Napoléon comptait surtout sur le Code civil. L’introduction du Code
devait entraîner la disparition du servage , de la féodalité et des privilèges, l’égalité civile et religieuse, la
diminution des grandes propriétés de l’aristocratie par le jeu des lois successorales, l’essor de la bourgeoisie et
du capitalisme, la sécularisation des biens du clergé. » Isaac et Malet, p.191.
La chute de Napoléon Bonaparte et les Cent-jours
À proportion que l’Empire s’accroît une crise de nature économique gagne forme. Les
scissions et les mécontentements augmentent en raison des impasses économiques provoquées
par les guerres. La production et le commerce sont sérieusement affectés par les conflits. Les
stratégies visant l’affaiblissement économique des adversaires, de l’Angleterre surtout, se
tournent contre le blocus continental impérial lui-même. Les Français commencent alors à se
détacher du régime et à rejeter la conscription à laquelle sont soumis les jeunes français. Les
catholiques condamnent la politique de Bonaparte envers le pape Pie VII. L’invasion des
territoires pontificaux provoque une crise violente. Le pape refuse le divorce de Napoléon et
l’arrêt du pape à Fontainebleau (1812-1814) agite l’opinion. Les accords avec le Saint Siège
s’effondrent.
Par ailleurs, les défaites militaires deviennent fréquentes et des mouvements nationaux
éclatent contre la France (Prusse, Tyrol, Westphalie). L’année 1813 est décisive, car une
nouvelle coalition se dresse contre la France. La Russie, la Prusse, l’Autriche, l’Angleterre et
la Suède font écrouler le Grand Empire. Au mois de janvier 1814 ces alliés envahissent la
France par la Lorraine, la Suisse et la Belgique. Paris est pris le 31 mars. En juin 1814
Bonaparte abdique officiellement.
Le comte d’Artois et le comte de Provence, les deux frères de Louis XVI, qui
entretenaient des relations avec des souverains étrangers et complotaient contre les régimes
révolutionnaires depuis longtemps profitent des nouvelles circonstances. Toujours attentifs
aux vulnérabilités du gouvernement établi, les monarchistes se préparent à nouveau à entrer
sur la scène politique. Et cette fois-ci ils parviennent en effet à récupérer le pouvoir et la
dynastie des bourbons reconquiert le commandement de la nation. Prenant l’espace ouvert par
ses alliés anglais et les autres, Louis XVIII réinstaure la monarchie des Bourbons écartée du
pouvoir depuis un quart de siècle.
Mais peu de mois suffisent pour faire renaître la colère de la population contre les
royalistes désireux de rétablir des pratiques conservatrices intolérables dans les circonstances
nouvelles de 1814. C’est ainsi que dans ce contexte règne l’insatisfaction de quelques
secteurs de la société, Bonaparte revient à Paris de l’Ile d’Elbe, en mars 1815, dans le but de
recouvrer le gouvernement de la nation.
23
Il n’a pas fallu un seul coup de fusil pour
23
Les non-catholiques ont été pris d’indignation contre les premiers signes en faveur de l’Eglise et une partie des
officiers, mise en retraite avec la moitié de solde -les demi-soldes. En plus, le retour d’une foule d’émigrés avec
reconquérir le trône, ce qui fait croire qu’une fraction significative de la population
désapprouvait Louis XVIII.
Cette dernière période que Napoléon demeure au pouvoir est appelée les Cent-jours.
Entretemps l’ancien empereur restauré soumet à un plébiscite de 1,5 million de citoyens
l’Acte additionnel aux institutions de l’Empire, une nouvelle constitution pour la France.
24
Mais sans obtenir le soutien international, cette dernière et audacieuse entreprise de
Napoléon n’est pas très durable. Son dernier acte se joue en Belgique, à Waterloo (18 juin
1815) où le prussien Blücher et le général anglais Wellington déjouent ses dernières stratégies
militaires et mettent l’armée française en déroute.
En ce qui concerne la sphère internationale, entre les années 1814-1815, les États
étrangers s’engagent politiquement et diplomatiquement dans des pactes conservateurs
contraires à tout signal révolutionnaire et à toute idée de république. Durant 25 ans l’Europe
avait été touchée par l’impact révolutionnaire de la France et à partir de là les idéaux d’égalité
et les idées nationalistes s’enracinaient un peu partout. C’est le temps pour les trônes étrangers
de rétablir la nouvelle carte de l’Europe, toute en redistribuant les territoires libérés de la
domination napoléonienne. Il commence une phase de traités divers et d’organisation de
congrès européens par lesquels les absolutismes plus ou moins ébranlés, ou mis en cause,
tentent de retrouver leurs voies de légitimation. C’est le cas notamment du Congrès de
Vienne
25
souhaitant réaffirmer la force et la légitimides monarchies européennes. Dans le
cadre de ce congrès les pays européens, y compris une représentation française, prônent
essentiellement la restauration royaliste. D’autres traités en 1815 sont signés dans le sens
d’assurer un équilibre entre les puissances d’Europe et un blocage effectif des dangers
révolutionnaires.
26
des prétentions quasi anachroniques et réclamant la restitution de leurs biens irritait le peuple en néral et les
révolutionnaires plus particulièrement dont les passions se redressaient encore.
24
L’Acte additionnel aux constitutions de l’Empire est l’œuvre du théoricien libéral Benjamin Constant.
25
De novembre 1814 à juin 1815.
26
Les membres intégrant ces accords sont la Prusse, la Russie, l’Autriche, l’Angleterre, pays qui ont également
formé les Alliances de 1815.
1.4 La monarchie constitutionnelle : la Restauration des Bourbons et
la monarchie de Juillet
La Restauration et la Charte
Après l’épopée des cent-jours Napoléon est définitivement confiné à Sainte-Hélène où
il reste jusqu’à sa mort en 1821, alors que Louis XVIII reprend la couronne pour diriger le
pays pendant presque dix ans. La monarchie des Bourbons gouverne la France de 1814 à
1830. D’abord Louis XVIII gne jusqu’en 1824 et ensuite Charles X jusqu’en 1830 quand la
Révolution de 1830 met fin à la Restauration.
La période politique appelé la Restauration ne signifie pourtant pas le rétablissement
de l’Ancien Régime dans tous ses aspects. Au contraire, le roi Louis XVIII savait bien que le
retour à la société d’avant 1789 était impraticable. L’expérience révolutionnaire et l’Empire
avaient créé de nouveaux rapports sociaux et bâti un horizon idéologique qui s’éloignait de
beaucoup du passé absolutiste et féodal. À contre-courant de ces bouleversants événements
donc, et occupée par les armées étrangères, la nation française réédite ce nouveau ancien
régime, sous le commandement de Talleyrand et de Fouché.
La monarchie restaurée sera soutenue institutionnellement par une Chambre des Pairs
héréditaire, nommée par le roi, et par une Chambre des députés, élue au suffrage censitaire.
Une Charte constitutionnelle promulguée en juin 1814 régit le pays. En dépit des rappels aux
anciens temps, la Charte confirme les acquisitions fondamentales de la France née en 1789.
Les libertés publiques, la propriété des acquéreurs de biens nationaux et l’égalité civile sont
reconnues et le Code Civil napoléonien est maintenu. Au long du gouvernement de Louis
XVIII, une pratique administrative moins interpersonnelle et plus fonctionnelle héritée de
l’Empire suit son cours, même si d’une manière irrégulière. La Charte établit enfin une
monarchie constitutionnelle.
Ce texte qui assure l’essence des acquis de la Révolution va toutefois provoquer des
disputes féroces entre les royalistes eux-mêmes en raison des impasses réelles qu’elle
renferme. La Charte est le résultat de l’évolution politique et sociale depuis 1789. Bien
qu’elle n’ait pas été élaborée par des mains républicaines, elle exprime dans sa lettre les
nouvelles conceptions idéologiques mises en place jusqu’alors. L’ensemble des royalistes, des
constitutionnels et des libéraux ne refuse pas intégralement le texte de la Charte en principe ;
car enfin elle a été rédigée en visant une réconciliation de la France libérale avec la monarchie
et l’aristocratie de l’Ancien Régime. Une expérience particulière de gouvernement
représentatif se développe à partir de là.
Il reste à noter que ce texte constitutionnel qui sera la base de la monarchie
constitutionnelle française jusqu’en 1848 était précaire et imprécis pour rendre compte des
rapports entre l’exécutif et le législatif. Les interprétations divergentes autour du texte se
succèdent suivant les vicissitudes et les intempéries d’un trône qui cherche constamment un
point d’équilibre entre les forces politiques. Dans la pratique, il arrivera que le pouvoir
législatif fût partagé entre le roi et les Chambres.
Dans un premier instant, la Restauration, cherche une alternative modérée avec le
ministre Décazes ; puis, dans les années 1820, Villèle, à la tête des ministères pendant six ans,
commande le tournant du gouvernement vers la droite, direction que la Restauration va
prendre jusqu’à ses derniers jours en 1830.
Lors de la suprématie de Décazes, entre 1816 et 1820, le gouvernement essaie de
mener une politique de tendance plus libérale. Dans cette étape, sous le règne de Louis XVIII,
on peut distinguer une culture politique particulière. C’est une phase de paix extérieure - le
recrutement pour l’armée devient moins sévère, la conscription étant supprimée - et de
redressement des finances. Le gouvernement prend ses mesures dans le sens d’apaiser les
rivalités politiques et de garantir un état minimum de gouvernabilité. Dans cet esprit de
conciliation, la pratique des cultes se fait librement et la liberté d’expression est assurée par
des lois plus libérales en 1819.
L’une des difficultés du trône est de négocier avec les tendances monarchiques variées
plus ou moins conservatrices en ce qui touche la récupération du passé et la récupération des
privilèges aristocratiques. D’un côté les ultraroyalistes défendent avec fanatisme un retour
aux modes de vie prérévolutionnaire, et de l’autre côté les modérés envisagent une monarchie
réglée par une Constitution.
27
27
Au départ, enragés contre les protagonistes de l’épisode des Cent-jours les royalistes prennent des mesures
dures pour écarter les contre-révolutionnaires : 1815 c’est le moment la fameuse « Chambre introuvable » est
élue et la Terreur blanche agit dans la France ; ensuite il s’établit une ligne plus modérée et tolérante de
gouvernement ; le roi Louis XVIII dissout « la Chambre introuvable » en septembre 1816 et il s’ensuit une série
des mesures avancées provoquant la fureur des ultraroyalistes ; mais après l’assassinat du duc de Berry et le
renvoi de Décazes, en 1820, une réaction conservatrice violente a lieu : le cler et les notables ruraux
soutenaient les chefs royalistes, et dans le Midi le petit peuple suivait les ultras qui formaient un réseau de
sociétés secrètes dont la plus importante s’appelle les Chevaliers de la foi masquée sous une association
religieuse, la Congrégation. Les persécutions des protestants se durcissent.
Après la mort de Louis XVIII en 1824, la Restauration prétend de plus en plus ressembler à la France de
l’Ancien gime et les fréquents recours à l’article 14 de la Charte permettant au roi de légiférer par
ordonnances et tenant à l’écart les Chambres va renforcer la tendance absolutiste du trône provoquant sa chute.
L’espace du pouvoir commandé par Louis XVIII embrasse ainsi une tendance plutôt
constitutionnelle ou libérale et une tendance plus conservatrice des ultraroyalistes, avec toutes
les nuances du spectre politique du moment. Pour les premiers, il est question de faire une
interprétation plus libérale de la Charte et pour les ultras, les actes du gouvernement doivent
avoir une vision moins constitutionnelle de la loi fondamentale puisqu’elle ouvrait le chemin
en effet vers quelques préceptes de l’Ancien Régime avec la figure restaurée du roi. Dans ce
dernier cas, on souhaite, par exemple, la restitution du rôle de l’Eglise dans la vie sociale et
dans l’Etat et l’indemnisation des immigrés.
En 1820, l’assassinat du duc de Berry, unique héritier du trône des Bourbons,
provoque la sortie de Decazes, qui s’annonçait d’ailleurs déjà en raison des mécontentements
des royalistes. Chateaubriand, alors membre de la Chambre des pairs de France, écrit ce qui
devient son fameux catéchisme constitutionnel, De la monarchie selon la charte. Dans un
post-scriptum du texte, il attaque le ministre Decazes et proteste contre la dissolution de la
chambre introuvable. En conséquence de cette protestation clôturant l’ouvrage, De la
Monarchie sera saisi et le nom de l’écrivain sera radié de la liste des ministres d’Etat.
A la fin de 1821, après le gouvernement du duc de Richelieu, Villèle assume le
ministère. A partir de on assiste à la recrudescence de la politique réactionnaire du
gouvernement. Membre de deux organisations secrètes, les Chevaliers de la foi et la
Congrégation, qui prônent le rétablissement du pouvoir de l’Église catholique, Villèle
représente la droite du pouvoir monarchique.
Quelques mesures sont prises pour arrêter la diffusion des idées libérales et pour
interdire la publication des journaux des libéraux. L’association du cléricalisme et de
l’enseignement est progressivement rétablie en même temps qu’on instaure la censure contre
les journalistes et les professeurs.
28
Mais les républicains, hors du pouvoir, font aussi bouger, dans un autre sens, le cadre
politique ; ils revivifient leurs manifestations en agissant de forme secrète. Inspirée des
actions des Carbonari italiens, la Charbonnerie, une grande association secrète, est fondée en
1821. Décidés à chasser les Bourbons du pouvoir et à rétablir la république, ses membres,
parmi lesquels se trouve La Fayette, organisent plusieurs conspirations militaires. Néanmoins,
toutes les tentatives de renverser les Bourbons échouent et trois ans après son apparition
l’association des Charbonniers disparaît.
29
28
Guizot notamment se trouve empêché d’enseigner à l’Université.
29
Ces militants étaient des intellectuels, des jeunes gens du commerce et des écoles et des militaires ;
l’organisation a eu près de 35 000 adhérents qui se partageaient entre des bonapartistes et des républicains.
Charles X : le dernier roi de la Restauration
30
Si le gouvernement du roi Louis XVIII prenait au fur et à mesure une direction plus
conservatrice et finissait par ouvrir ses rangs aux ultraroyalistes
31
, cette tendance va se
renforcer encore plus pendant le deuxième règne de la Restauration. Le nouveau roi, Charles
X, est un restaurateur plus convaincu, désirant rétablir promptement d’autres aspects du
système social de la France ancienne.
32
Il avait d’ailleurs des divergences publiques envers
son prédécesseur qui s’était engagé, même si de manière inefficace, à contourner les
demandes excessives des contre-révolutionnaires royalistes. Gouvernant entre 1824 et 1830 le
roi affirme ne pas avoir changé depuis 1789 et ses initiatives dans le gouvernement vont petit
à petit rappeler au peuple le retour au système ancien des privilèges.
C’est donc dans cette perspective que la couronne revêt officiellement la forme
religieuse en 1825 quand le sacre de Charles X a lieu. Avec le remariage entre le trône et
l’autel, le pouvoir monarchique essaie de regagner toute sa puissance et sa couleur de jadis.
Le roi réinstaure les rituels solennels qui entouraient la royauté, et le catholicisme redevient
religion d’État malgré les oppositions.
Dès 1825, le gouvernement tente d’imposer des mesures polémiques dont une partie
est violemment rejetée (même par la droite dans la Chambre des pairs). Parmi ces lois se
trouve celle de l’indemnisation des émigrés. Les émigrés revenus en masse de l’étranger lors
de l’avènement de la monarchie redeviennent une force dans le jeu politique. La question de
la perte des propriétés de l’aristocratie survenue pendant la Révolution renaît. Les anciens
30
Bien qu’il y ait évidemment cette propension restauratrice (ou dans certains cas compensatoire) dans la
politique du régime, les historiens font en général remarquer que la restauration est de nature plutôt symbolique
et que le gouvernement des monarques, même celui de Charles X, ne touche pas à l’œuvre essentielle de la
Révolution sur son plan structurel.
31
Il ne faut pas laisser de constater que certains historiens insistent sur les nuances dans la période. On attire
l’attention sur le fait qu’il n’existe pas alors une offensive toujours nette et homogène de la part des royalistes
dans le but de rétablir l’Ancien Régime et que les années précédant l’avènement de Charles X en 1824 se
caractérisaient me par une relative acceptation de la monarchie. Outre une stabilisation économique et une
effervescence culturelle, les Français ont du mal à discerner jusqu’à quel point les mesures du gouvernement
représentent une vraie réaction contre-révolutionnaire. « Les succès électoraux du pouvoir sont, naturellement, à
mettre au crédit de la loi électorale de 1820 ; et au bâillonnement de la presse d’opposition. Mais cette
explication demeure insuffisante ; car les ultras obtiennent aussi des résultats très importants au sein des collèges
électoraux d’arrondissement […]. Au fond, ce début des années 1820 semble favorable à la monarchie restaurée.
La naissance d’un prince héritier en 1820 détruit les chances de la famille d’Orléans […]. La France connaît
aussi cinq à six ans d’expansion économique […]. Par ailleurs, les indépendants (et républicains) ont inquiété
nombre d’électeurs par leur recours délibéré à l’action illégale (les complots), qui a choqué bien des modérés.
Enfin, la Chambre des pairs joue plutôt un le modérateur. » Il en découlerait donc une relative stabilisation
entre 1820 et 1824. » BARJOT, CHALINE, ENCREVE, p.160.
32
Charles X, le comte d’Artois, avait commandé l’armée des princes du Rhin, mouvement contre-
révolutionnaire appuyé par les étrangers, pendant la période révolutionnaire.
détenteurs de terres reçoivent finalement sous Charles X, avec la loi sur le milliard des
émigrés, une somme afin de compenser la perte de leurs biens d’autrefois.
Beaucoup se réveillent devant l’imminence de ce retour au passé menaçant l’œuvre de
la Révolution.
33
Les défections se font de plus en plus fréquentes même dans le parti des
royalistes.
34
L’opposition s’accroît, et les tentatives de faire taire la presse politique sont
reçues avec une forte indignation par l’opinion. Les réponses à cette renaissance du passé se
font entendre publiquement avec véhémence.
Dans ces manifestations la presse va jouer un rôle central. C’est le temps
l’effervescence des idées politiques gagne corps et mouvement par la presse écrite. Plusieurs
journaux et revues paraissent en ce moment.
35
Le Globe, comprenant dans sa rédaction des
hommes de lettres et des penseurs, est créé en 1824. Sans constituer exclusivement un journal
politique, il sera, pendant plusieurs années, l’organe et le directeur spirituel des jeunes
intellectuels, et son influence va s’étendre au-delà des frontières de la France. La presse en sa
grande majorité s’oppose alors au gouvernement. On compte 43 000 abonnés aux journaux
libéraux contre 14 000 aux journaux gouvernementaux et 6 000 à la presse de droite hostile à
Villèle.
36
Pendant le règne de Charles X l’opinion éclairée grossit les rangs des libéraux. Le
groupe des doctrinaires s’accroît de forme significative.
Le ministère Villèle riposte avec sévérité. Mais en 1826 et 1827 le gouvernement
accumule deux défaites, respectivement celle du droit d’aînesse privilégiant l’aîné dans la
succession des bien familiaux et celle qui prétend limiter les pouvoirs de la presse. Villèle doit
enfin démissionner en janvier 1828 à la suite de la défaite dans les élections législatives.
Charles X dans ses deux dernières années de gouvernement confie le pouvoir à Martignac et
finalement à Polignac, l’un des chefs des ultraroyalistes.
Dans ses dernières années, le régime s’écarte de l’opinion et n’arrive pas à rassembler
une majorité pour soutenir son gouvernement ; tout au contraire, la scission politique semble
33
Bien qu’il y ait évidemment cette propension restauratrice (ou dans certains cas compensatoire) dans la
politique du régime, les historiens font en général remarquer que la restauration est de nature plutôt symbolique
et que le gouvernement des monarques, même celui de Charles X, ne touche pas l’œuvre essentielle de la
Révolution sur son plan structurel.
34
À partir de ce moment Chateaubriand s’écarte du gouvernement. Plus tard viendra l’instant quelques
catholiques gallicans prendront leurs distances par rapport au gouvernement.
35
La presse d’alors ne véhiculait pas les informations du jour le jour, elle contenait surtout des articles littéraires
et politiques. Le Journal des débats et le Constitutionnel, forment les deux journaux les plus puissants de
l’époque. Le premier portant principalement sur la vie politique officielle et le deuxième, organe anticlérical et
libéral s’opposant au régime monarchique de la Restauration et devenant sous la monarchie de juillet l’organe du
centre gauche (Thiers). Le Conservateur et le National, journal libéral qui parait en janvier 1830, aident aussi à
amplifier la discussion et font circuler le bat autour des questions politiques. En 1826 la capitale compte
quatorze journaux politiques, au total 65 000 abonnés dans tous le pays.
36
Données retirées de Barjot, Chaline, Encrevé, p. 165.
être la règle et l’ambiance est de moins en moins propice à l’adoption de toute politique
cohérente. La Chambre se montre ingouvernable, « car elle est composée de trois minorités
juxtaposées, qui ne peuvent constituer que des majorités d’occasion. »
37
Enfin l’esprit du temps avait changé et la société n’était plus la même. Il fallait dans ce
contexte concilier les nouveaux enjeux idéologiques avec un gime périmé de plus en plus
obsolète et douteux aux yeux même de l’élite économique du royaume. Pendant la
Restauration, la France vit sous un régime représentatif et constitutionnel qui n’est pourtant
pas un régime parlementaire, les Chambres se trouvant excessivement dépendantes de
l’exécutif monarchique. La crise est surtout de nature politique. D’une part, la fragmentation
de l’élite aristocratique dirigeante et d’autre part l’écart de la bourgeoisie du pouvoir
s’associant de temps en temps aux mécontentements du peuple parisien ont fait
progressivement la ruine du gouvernement restaurateur. On l’a vu, l’élite a ses divergences et
se fragmente graduellement autour de l’interprétation de la Charte surtout en ce qui concerne
le rôle et le poids respectifs du législatif et de l’exécutif dans la conduction des affaires
politiques du royaume. Tantôt une tendance monarchique tantôt une vision parlementaire
prédominait. « On n’a pas tranché en 1814 quel est le véritable ‘sens du cens’ ; c’est-à-dire
quelle est la signification de l’introduction au sein des institutions monarchiques d’élections
de ‘députés des départements’, pour reprendre le texte de la Charte, au suffrage censitaire. »
38
D’autre part, sous la façade anachronique de la Restauration, la bourgeoisie agissante
continue à développer sa pratique économique dans le libre jeu des initiatives individuelles. À
côté de ses entreprises commerciales et industrielles, et à côté de la primauté de l’autonomie
individuelle sur le plan économique, toute une justification doctrinale du libéralisme se
développe. Cette doctrine est pénétrée « d’influences étrangères et protestantes que l’on
retrouve chez Guizot et chez Benjamin Constant : ‘Le but des Modernes écrit ce dernier en
1819 – est la sécurité dans les jouissances privées, et ils nomment liberté les garanties
accordées par les institutions à ces jouissances’ […]. » C’est Benjamin Constant qui a le
mieux exprimé « le caractère du juste-milieu en écrivant : ‘Par liberté, j’entend le triomphe de
l’individualisme, tant sur l’autorité qui voudrait gouverner par le despotisme, que sur les
masses qui réclament le droit d’asservir la minorité à la majorité.’ »
39
37
Ibid., p. 167.
38
Barjot D.,Chaline J.-P., Encrevé A., La France au XIXe siècle ,1814 -1914, Paris, Puf, coll. « Quadrige , 2005,
p. 171.
39
DUBY Georges (dir.), Histoire de la France dynasties et révolutions de 1348 à 1852, Paris, Larousse, 1989,
p. 408.
Bref, la Restauration a accepté l’égalité civile et a gardé la liberté des cultes
protestants ; elle a créé une vie parlementaire riche et le roi n’a pas demandé la restitution des
biens nationaux. Mais à la veille de 1830 le gime n’a pas évolué dans le sens d’intégrer la
bourgeoisie au pouvoir. L’aristocratie, qui incarnait aux yeux des français l’Ancien Régime,
formait toujours la base du gouvernement. La stabilisation du régime n’a pas été possible
puisque les dirigeants de la vie économique du pays ne trouvaient toujours pas les moyens
pour diriger la vie politique.
Enfin, si au départ les français n’avaient pas refusé avec véhémence le rétablissement
de la monarchie restaurée, certains signes de mécontentement du peuple par rapport au retour
des rois laissaient voir que la préservation des principes de 1789 était une question vivante,
surtout quand la cour faisait revivre tout son attachement envers les rituels ou les idées-
symboles de l’Ancien Régime.
La monarchie de Juillet (1830-1848) : la bourgeoisie commence à régner
C’est ainsi qu’en 1830, entre le 27 et 29 juillet, période baptisée les « Trois
Glorieuses », le peuple parisien s’attaque avec acharnement au système monarchique de
Charles X. Plusieurs révoltes et manifestations vont éclater à Paris. Les étudiants républicains
et les ouvriers font la résistance armée et les organisations populaires recouvrent leur élan
révolutionnaire. En outre, jouant un rôle prépondérant sous le commandement de Thiers, les
journalistes protestent contre les dernières mesures du roi et demandent la dissolution de la
nouvelle Chambre. La suspension de la liberté d’expression donne en particulier encore plus
de vigueur à cette réaction. On voit renaître de forme renouvelée par le truchement de la
Presse les manifestations en faveur d’une vie plus démocratique. Après trois jours
d’insurrection, les meneurs du mouvement renversent le gouvernement.
Mais en craignant les excès des républicains (y compris la revendication en faveur du
suffrage universel), les représentants des secteurs bourgeois favorables à une monarchie
constitutionnelle découvrent aussitôt une issue moins radicale. C’est ainsi que La Fayette,
Thiers et Talleyrand vont trouver dans la figure d’un prince réputé libéral le point d’équilibre
pour rétablir l’ordre social et politique. Avec Louis-Philippe, duc d’Orléans, d’une filiation
indirecte des Bourbons, la bourgeoisie libérale va prendre le pouvoir politique suivant la ligne
du juste milieu préconisée par Guizot.
40
Pour diriger le pays, le nouveau roi, dit le roi bourgeois, devra se soumettre
dorénavant à une Charte élaborée sans sa participation (l’ancienne Charte de la Restauration
révisée alors) au moment le drapeau tricolore redevient l’emblème national. Divisés entre
le parti du mouvement et le parti de la résistance, les orléanistes détruisent pratiquement tous
les signes de l’ancienne politique aristocratique. L’origine du pouvoir n’est plus la même : la
Charte ne s’ouvre plus à la possibilité de restauration de l’Ancien Régime. La censure est
abolie, la religion catholique n’est plus religion de l’État. Il ne reste que le roi comme ultime
ornement de l’Ancien Régime ; et l’importance de la figure royale va à partir de 1830
s’amenuiser dans la sphère institutionnelle. Jusqu’aux années 1848 le roi doit se mettre au
service de la nation représentée alors par les Chambres. Son rôle est celui d’un chef d’Etat qui
assure la continuité du pouvoir indépendamment de la majorité dans la Chambre. En ce sens,
le gouvernement de 1830 va vers une tendance libérale de la Charte en garantissant au
législatif sa prérogative de légiférer. Bien que l’organisation des pouvoirs subisse peu de
modifications
41
, les Chambres peuvent prendre l’initiative de faire les lois ayant plus de
pouvoir d’action. Il se développe de la sorte une étape importante d’apprentissage
parlementaire. Le corps d’électeurs s’amplifie, car le cens électoral et le cens d’éligibilité sont
abaissés. On assiste à une revitalisation de la vie politique locale et par conséquent la présence
des Français dans la vie politique s’amplifie.
Une question fondamentale dans ce processus est le problème du suffrage. Le degré de
participation populaire aux élections dépendait du payement d’un cens et maintes disputes
politiques avaient trait à ce point. Par principe les républicains prônaient l’ample participation
des Français dans le processus électoral : ils défendaient le suffrage universel. D’autre part,
leurs opposants, les orléanistes de toute nuance, n’envisageaient point l’universalisation du
vote comme une possibilité politique désirable, du moins à court terme.
40
On appelle juste milieu l’idée selon laquelle la primauté de la rationalité doit guider toute organisation de la
vie politique. Essayant d’échapper à la souveraineté du monarque d’un côté, et à la souveraineté du peuple d’un
autre côté, Guizot propose de fonder le gouvernement sur l’autorité de la raison. Pour le faire dans la pratique, il
faut reconnaître que les Chambres constituent l’expression de la raison politique, étant don qu’elles sont
formées par des hommes supérieurs intellectuellement élus par des citoyens moins riches mais également
éclairés et capables. Il découle de ce principe que le suffrage censitaire est défendu par cette nouvelle élite au
détriment du suffrage universel.
Pour Chateaubriand, éternel légitimiste, ce nouveau régime, ni républicain ni authentiquement monarchique, naît
déjà dégradé puisque commandé par Louis-Philippe, un usurpateur du trône.
41
La Chambre des pairs cesse d’être héréditaire.
Il est courant parmi les historiens d’ailleurs de grouper les étapes historiques de la Restauration et celle de la
Monarchie de juillet sous la même rubrique de Monarchie constitutionnelle.
La question du suffrage partage donc les deux tendances du pouvoir. Le parti du
mouvement, d’où sort Laffitte, le premier ministre du régime de 1830, perçoit le suffrage
censitaire comme un recours temporaire devant être remplacé par la pleine démocratisation de
la vie politique, alors que les membres de la résistance, partisans de l’élitisme du juste milieu,
le considèrent comme une forme efficace et juste d’exercer le pouvoir politique. Ce qui pour
les uns formait donc une stratégie transitoire, pour les autres constituait un projet de
gouvernement raisonné et opérant soutenu par une conviction de nature théorique.
42
Le débat
sur la question démocratique va alors se prolonger et les gouvernements vont se succéder.
Entre 1830 et 1848, la France comptera 17 ministères différents. Le plus long, celui de
Guizot, va durer près de 7 ans.
On peut dire que, du point de vue politique, la transformation n’est pas profonde, mais
la victoire de la classe moyenne, celle qui se voyait seule capable de faire l’alliance de la
richesse et de la liberté, se consolide au pouvoir. Avec la Révolution de Juillet, la
souveraineté nationale remporte sur le droit monarchique, et le triomphe de la bourgeoisie se
réalise contre l’aristocratie et le clergé. Certains historiens considèrent même que «1830 est
bien l’aboutissement de 1789. »
43
Sur le plan de l’œuvre politique de l’époque, on peut citer Lebrun et Carpentier pour
illustrer le bilan général que dressent quelques historiens sur la période de la monarchie
constitutionnelle, c’est-à-dire celle de la Restauration et de la monarchie de Juillet. Faisant la
part des distinctions entre la monarchie restaurée et la monarchie orléaniste, ils estiment que
pendant ces trente-trois ans une expérience durable de vie parlementaire se fait par « le
règlement du fonctionnement des Assemblées, les règles de l’établissement et le contrôle du
budget. » En plus, « la qualité des débats parlementaires, l’essor de la presse d’opinion, lieu et
enjeu des luttes politiques, attestent de la vitalité de la vie politique du temps. Mais celle-ci ne
concerne qu’une minorité : la France ne compte que 240 000 électeurs à la fin du régime de
Juillet, les journaux ont 200 000 abonnés. La France est entrée dans l’âge du libéralisme, non
dans celui de la démocratie. »
44
Cette dernière phrase sur la victoire du libéralisme, il faut le dire, s’applique
particulièrement à la révolution accomplie par la monarchie de Juillet. La principale
transformation apportée par ce mouvement historique consiste à écarter définitivement l’élite
42
Pendant les années 1830 éclatent nombre de mouvements révolutionnaires partout en Europe et les deux
groupes se divisaient aussi par rapport au parti à prendre face aux questions extérieures.
43
Carpentier Jean, Lebrun François (dir.), Histoire de la France, Paris, Seuil, 1987, p. 271.
44
Ibid., p. 272.
aristocratique du pouvoir central, substituée alors par la grande bourgeoisie dépositaire des
valeurs libérales.
Mais dans le champ complexe de ces rapports politiques, une fois cette nouvelle classe
ascendante au pouvoir, elle fait face aux positions politiques à sa gauche et à sa droite. Soient
les légitimistes soient les républicains, le spectre de l’opposition est varié et les nouveaux
dirigeants affrontent bien des difficultés à s’imposer, surtout dans les premières années de
gouvernement. Par ailleurs, il y a une question interne importante à gler : le programme des
vainqueurs de Juillet n’était absolument pas établi par avance et une dispute interne se déroule
donc autour de la définition d’un centre politique à guider le nouveau régime.
La politique orléaniste
L’installation du régime de Juillet ne se fait pas sans obstacles. Même après la défaite
de la dynastie des Bourbons, l’instabilité sociale se poursuit. À droite, les monarchistes
s’organisent et à gauche, les sociétés secrètes républicaines fleurissent. Le gouvernement met
du temps à consolider une ligne d’action, concentrant ses premières initiatives entre le choix
des noms et les aménagements dans la fonction publique. C’est ainsi que devant une espèce
de crise d’autorité, une onde de manifestations secoue le pays entre 1830 et 1834.
Les années 1832 et 1834 sont particulièrement difficiles pour le gouvernement. 1832
voit éclater les insurrections des 5 et 6 juin conduites par les républicains lors des funérailles
du général Lamarque à Paris. À la même année il y a des tentatives de soulèvements en
Provence et en Vendée ; c’est à ce moment-là que la duchesse de Berry tente secrètement de
soulever les paysans de l’Ouest en faveur de la cause légitimiste.
Il faut rappeler que d’autres rébellions manifestent les mécontentements de la société
déjà à la fin de 1831. À Lyon après le refus du patronat de concéder un salaire minimum, des
ouvriers et des artisans travaillant la soie - les canuts - organisent la fameuse et féroce émeute
qui sera violemment écrasée par le gouvernement. D’autre part, les milieux populaires déçus
par les mesures timides prises par le ministère de Casimir Perier
45
montraient leur
insatisfaction devant l’impossibilité d’un changement plus profond. Par surcroît,
parallèlement à la crise politique et sociale, en 1832, la population va être victime de la
grande épidémie de choléra qui fait 20 000 morts à Paris.
45
Issu de la résistance, C. Perier remplace en mars 1831 le banquier Laffitte du parti du mouvement.
En 1834, la tension reprend avec un deuxième soulèvement des canuts et avec des
insurrections à Paris. Plusieurs sociétés républicaines se réunissent autour de la Société des
droits de l’Homme qui avait à sa tête des bourgeois et des intellectuels. Parmi ses chefs se
trouvent Cavaignac, Garnier-Pagès, le médecin Raspail, les journalistes Armand Carrel et
Louis Blanc. Les républicains souhaitent étendre leur lutte et leur solidarité aux
révolutionnaires et aux peuples opprimés de l’étranger et diffusent, par le journal la Tribune,
un programme qui inclut entre autres l’instruction primaire gratuite, la liberté d’association et
les théories sociales de Robespierre. Mais pendant le gime de Juillet, les républicains ne
sont pas encore suffisamment nombreux et forts, et ils ne vont récupérer toute leur puissance
révolutionnaire qu’en 1847, peu avant l’instauration de la Seconde République.
Jusqu’à l’année 1840 l’ambiance est d’instabili politique et plusieurs crises
parlementaires surviennent
46
. Les rapports entre l’exécutif et la représentation législative pose
toujours des problèmes et le changement des règles du jeu électoral demeure au centre des
disputes. Mais à partir du ministère Soult-Guizot, avec la composition plus solide d’un
gouvernement conservateur et dévoué au roi, le régime retrouve sa stabilité. Dans les années
1840 ce gouvernement va bénéficier de la conjoncture économique et parier sur la paix dans
sa politique extérieur. En revanche, deux questions ne sont toujours point réglée :
premièrement, une opposition significative réclame l’élargissement du nombre d’électeurs,
elle veut notamment que la garde nationale, base d’appui du régime, puisse voter ;
deuxièmement, l’attribution de l’enseignement reste un sujet controversé et devient un point
de dispute brûlant. Sur cette dernière question, l’opposition catholique se charge de rouvrir le
débat : maintenant le libéralisme en religion va prôner la liberté dans l’enseignement tout en
défendant la création d’écoles secondaires et d’universités, par l’Église qui souhaite enfin
contrôler la formation des futurs cadres de la nation. C’est un problème épineux et les
tentatives de réponses officielles s’avèrent insuffisantes à tous les adversaires du
gouvernement.
Du point de vue économique et social, le gouvernement aboutit enfin à quelques
réalisations. La perspective libérale et entreprenante du gouvernement engendre une
prospérité économique. Les modifications concernant le travail des enfants et la création d’un
réseau de voies ferrées sont alors prévues par les lois. Toutefois les effets positifs de ces
mesures, loin d’altérer la conviction quasi-générale de la faiblesse du régime, vont disparaître
très prochainement devant la nouvelle crise qui s’annonce à la fin de 1846.
46
Broglie, Thiers, Molé, Guizot parmi d’autres.
L’écroulement du régime de 1830
La crise économique violente qui atteint toute la France s’aggrave au long de 1847. Ce
moment dramatique de l’économie française produit de sérieuses conséquences sociales et
agraires et ravive les inquiétudes de l’opposition qui remet en cause le système électoral.
Guizot reste inflexible même face au rassemblement d’une opposition hétérogène (les
légitimistes, la gauche dynastique, les libéraux progressistes, les républicains modérés, les
ouvriers socialistes, les indépendants, etc.). Cette opposition voit dans l’élargissement du droit
de vote le seul chemin pour assurer la légitimité du régime.
Le prochain pas de ce groupement qui n’a rien de révolutionnaire rejoint le
mécontentement populaire. On va lancer partout dans le pays la campagne des banquets. Ces
banquets ne s’ouvrant point au grand public fait résonner et déborder tout de même les
discours de leurs orateurs. Sans avoir à la tête des républicains radicaux, ces réunions vont
petit à petit enflammer les esprits, et les protestations qui s’y déroulent trouvent leur écho
dans les militants de gauche et dans l’opinion en général.
Dans ce moment troublé, qui précède la révolution de 1848, une longue chaîne des
faits produit un important déchirement de la société. Sur cette toile, il se dessine une
crise profonde : les problèmes de récoltes occasionnés par la sécheresse et par des
inondations, la mauvaise récolte qui perturbe le commerce, la déroute générale de la
population devant la pénurie et la peur de la disette, le déséquilibre de la balance
commerciale, la confusion financière et la crise industrielle. Et finalement, le chômage et les
faillites alourdissent aussi le cadre catastrophique.
Mais il faut souligner un autre aspect qui inaugure ce temps : il s’agit des
transformations dans le jeu de la production engendrées par cette phase particulière du
développement capitaliste. La base des rapports productifs se transforme, elle devient plus
complexe, et la crise des années 1840 révèle, selon certains spécialistes, tout un système
financier précaire ou peu adaptable aux nouveaux enjeux économiques de la société moderne :
« L’importance exceptionnelle des phénomènes de circulation (grains, numéraires ou
transports internationaux) fait apparaître la crise industrielle et financière de 1847 comme une
conséquence des transformations économiques et de l’entrée – partielle – de l’économie
française dans une nouvelle phase de l’évolution capitaliste. »
Et, dernière chose importante, cette déstabilisation économique en France se double
d’une crise morale et idéologique.
« L’accusation de spéculer ou d’accaparer pendant la crise économique jeta le
discrédit sur une bonne partie de la bourgeoisie d’affaires et fit entrer le terme de
‘capitalisme’ dans le vocabulaire de la polémique. Plusieurs scandales vinrent en
1847 déconsidérer les membres de la Chambre des pairs […]. L’affaiblissement de la
moralité touche toutes les classes, mais l’impression d’immoralité des classes
dirigeantes amène les notables à douter eux-mêmes de la légitimide leur pouvoir,
premier signe d’une démission, inséparable du déclin de leur prestige devant les
foules urbaines informées de ces incidents.[…]. Les transformations économiques
bouleversaient la hiérarchie des valeurs, ce qui provoquait aussi la confusion des
programmes politiques : l’opposition libérale prend la défense des principes
conservateurs qu’elle accuse le ministère de discréditer ; les légitimistes sont
déchirés dans des contradictions, les uns adhèrent au mouvement pour la liberté
d’enseignement qui les rapproche d’une large fraction des conservateurs, tandis que
d’autres rejoignent les radicaux et admettent le suffrage universel. »
47
On voit qu’à ce moment-là en France un profond malaise atteint sous des formes
diverses l’élite politique. Les agitations dans les rues vont enfin traduire cet état de trouble.
Au début de 1848, les barricades provoquent la démission de Guizot le 23 février. L’autorité
du roi se désintègre. À ses côtés il n’y a plus de forts défenseurs du régime. La crainte
exprimée par Tocqueville peu de temps avant à la Chambre se matérialise : « Le sentiment de
l’instabilité, ce sentiment précurseur des révolutions, existe à un degré très redoutable dans ce
pays. »
48
La monarchie de Juillet n’arrive pas à fêter ses 18 ans.
47
André-Jean Tudesq dans l’Histoire de la France de 1348 à 1852, p. 444-445.
48
Ibid., p. 445.
CHAPITRE 2
2. LES TRAJECTOIRES DE CHATEAUBRIAND ET DE SES
MÉMOIRES D’OUTRE-TOMBE
2.1 Brève exposition du long parcours de l’écrivain
La France de Louis XV a été le berceau de François-René de Chateaubriand. Fils cadet
d’une famille de l’aristocratie bretonne, il naît à Saint-Malo, village de vie marine, et vit
ensuite dans d’autres villes de la Bretagne en raison des nécessités familiales et aussi pour
développer ses études. Il va passer alors par Plancouët, Dol, Brest, Dinan et Rennes. Bien des
aspects physiques, géographiques et culturels de cette région vont jouer un rôle
important dans la vie du futur écrivain. Les brouillards, l’océan, les rochers, tout un paysage
imposant et violent, une nature indomptable formeront l’imaginaire du jeune chevalier et, plus
tard, le discours du poète.
Chateaubriand a une vie longue et tumultueuse. Eminence littéraire, homme public,
journaliste, publiciste, son existence s’étend de 1768 à 1848. Il a cu de manière passionnée
toutes les tempêtes historiques qui traversent son pays en ce temps-là. La trajectoire de
Chateaubriand devient une sorte de monument historique dont la richesse il va exprimer dans
ses Mémoires d’outre-tombe. L’histoire de sa vie est inextricablement liée à celle de la
France. Homme de son temps, tous ses écrits deviennent une forme d’intervention dans la vie
politique française. Enraciné par sa naissance dans les formes féodales de vie typiques de la
Bretagne d’avant 1789, Chateaubriand va être le témoin des grands événements qui vont faire
s’écrouler l’Ancien Régime. Au long de son existence il va assister à la convocation des États
généraux et à la chute de Louis XVI ; il survit à la Révolution française et voit le
établissement et l’écroulement de l’Empire napoléonien ; il participe en homme d’Etat à la
Restauration monarchique en 1815 et traverse encore les dix-huit années de la monarchie de
Louis-Philippe. Il meurt au mois de juillet 1848, à l’aube d’une nouvelle révolution.
La jeunesse : entre la Bretagne et Paris
L’histoire de la famille de Chateaubriand a été marquée par les oscillations de la vie
économique qui caractérisaient la fin de l’Ancien Régime. Son père, René-Auguste, fut
infatigable dans le but d’améliorer la position sociale de sa famille.
C’est ainsi qu’en 1777, la famille du futur écrivain se rend au château de Combourg,
possession que son père acquiert avec le ferme propos de rétablir la fortune et les privilèges
familiaux nobiliaires perdus autrefois. L’acquisition du château représente la réussite du
patriarche dans ses efforts pour reconstituer la lignée familiale dont la souche principale avait
disparu au moins deux fois depuis son existence, premièrement au XIVe siècle et, plus tard,
dans le cours du XVIIe siècle.
À Combourg, Chateaubriand vit une période importante de sa jeunesse. Il y éprouve
des moments singuliers qu’il va considérer comme ses années de délire et de folie (1784-
1786). Expérimentant son humble et précaire situation de cadet de six frères au sein d’une
famille aristocratique de province, François-René se renferme dans ses méditations et se replie
sur soi-même. Toute la base fantasmatique d’une imagination sensuelle et éthérée se fait dans
l'atmosphère du château et de ses alentours deviendra matériau artistique pour le futur
écrivain. Les formes sombres et les couleurs sinistres ainsi que l’ambiance grisâtre de la
région seront dépeintes littérairement et constituent aujourd’hui quelques-uns des passages
célèbres des Mémoires d’outre-tombe.
Toutes les régions de province n’étaient pas identiques du point de vue social et
politique. Bien que l’aristocratie bretonne bénéficie de privilèges typiques de l’ancien ordre
social, il est assez connu le fait que cette aristocratie a traditionnellement une position
singulière par rapport au pouvoir monarchique central. Un esprit d’indépendance caractérise
la noblesse bretonne, celle-ci orgueilleuse et très encline à combattre l’absolutisme
monarchique du roi. La mentalité politique de Chateaubriand se forme dans ce contexte.
Maintes fois il entendit son père médire la politique du gouvernement central. Mais avant de
pouvoir exercer son esprit indépendant de Breton frondeur à l’occasion les agitations autour
de la convocation des États généraux, il expérimente par exemple une phase d’incertitude par
rapport au métier à suivre. C’est dans cette période qu’il renonce à l’état ecclésiastique et
ensuite à la carrière d’officier de marine.
Ayant vécu près de vingt ans dans son canton, Chateaubriand part pour Paris l’année
de la Révolution ; dans la capitale, il est peu à peu introduit dans le monde parisien par ses
sœurs Lucile et Julie il a alors ses premiers contacts avec l’éclat de la vie sociale et
littéraire des salons aristocratiques. Il fait connaissance avec des écrivains et des poètes parmi
lesquels se trouvent Parny, Chamfort, Fontanes, La Harpe, Delisle de Sales, Flins, Lebrun,
Ginguené
49
. C’est un monde érudit, formé par une génération d’intellectuels héritière de la
philosophie des Lumières, génération qui reprend à sa façon, suivant le nouvel esprit du
temps, la pensée de Voltaire et de Rousseau par exemple.
Les premières tentatives de publier quelques poèmes datent de cette période et il y
réussit en effet, en 1790, avec la parution de « l’Amour de la campagne » dans L’Almanach
des muses.
Peu de temps après, c’est le moment d’abandonner l’apprentissage des salons pour
fixer son attention sur l’agitation des espaces publics : les rues se transforment en plateau des
actions d’une société en profonde ébullition. Les émeutes se multiplient, les dissensions et les
disputes dans les parlements s’accentuent. François-René, se plaçant au départ dans
l’effervescence bornée de sa propre classe lors de la Convocation des États néraux,
accompagne à ce moment des révoltes qui s’éparpillent un peu partout, en tous les milieux
sociaux. Il assiste aux événements de 1789.
49
Fontanes (Louis de) (1757-1821) : un des plus fidèles amis de Chateaubriand, il fut poète, administrateur et
critique, fondateur de la revue Mercure et grand maître de l’Université sous l’Empire.
Chamfort (Nicolas de) (1741-1794) : conteur spirituel et caustique, maître de la maxime après La Rochefoucauld
fut l’auteur de fables, de poésies gères et d’épigrammes ; homme célébré par la société aristocratique, il arrive
à être sympathique à la Révolution à ses débuts. Se suicide après être emprisonné plusieurs fois.
Parny (Evariste de) (1753-1814) : grand poète élégiaque du XVIIIème siècle, Chateaubriand le considère dans
son Essai sur les révolutions comme « le seul poète élégiaque que la France ait encore produit » . Plus tard
l’auteur du Génie du christianisme refusera la visée anti-chrétienne de son épopée satirique La Guerre des Dieux
de 1799.
La Harpe (Jean-François) (1739-1803) : il est connu par son Cours de littérature ancienne et moderne (1799)
utilisé dans les collèges et universités jusqu’à la fin du XIXème siècle. Protégé de Voltaire, il écrira des pièces de
théâtre et des articles ; mis en prison sous la terreur, il se convertit et compose une épopée Le Triomphe de la
Religion ou le Roi Martyr (1814).Chateaubriand le fréquenta à son retour en France.
Ginguené (Pierre) (1748-1816) : il fait partie des Idéologues, groupe d’intellectuels issus du milieu des
Philosophes, de tendance politique républicaine, partisan de la laïcité. Incarcéré pendant la Terreur, il deviendra
directeur de l’instruction publique et ambassadeur ; en 1794 il fonde la Décade philosophique, revue qui
s’opposera à Napoléon et critiquera Chateaubriand, il fera une critique précise et dure au Génie du christianisme
dans trois grands articles dans la revue en 1802.
Sales (Delisle de) (1741-1816) : on sait que ce penseur modéré et élégant a bien influencé Chateaubriand, qui
pourtant le critiquera beaucoup et très cruellement. Certaines de ses idées même s’inspireront de ce grand
représentant de la pensée de la fin du siècle qui réalise une synthèse de la pensée des Lumières dans une
philosophie de la nature à la fois rationaliste et sentimentaliste. Son œuvre la plus connue, la Philosophie de la
Nature, est condamnée en 1776. Cette persécution lui assure la sympathie des Philosophes et la gloire auprès du
grand public.
Les voyages, l’exil et le début de sa carrière littéraire
En 1791, Chateaubriand entreprend pour la première fois un genre de projet qui lui
plaît beaucoup et auquel il se consacrera de temps en temps pendant sa vie : le voyage. Il
éprouve alors une sorte d’émancipation et de liberté en partant vers les terres neuves
américaines. Le projet du voyage est méticuleusement étudié avec l’aide de M. Malesherbes,
le beau-père de son frère Jean-Baptiste. Il s’embarque dans cette aventure en Amérique du
Nord en sachant déjà qu’il laisse derrière lui une France ébranlée et en voie de changement à
cause de la Révolution de 1789.
De l’autre côté de l’océan, il connaît la culture indigène américaine qui va lui fournir
beaucoup d’images et quelques intrigues à ses ouvrages futurs tels qu’Atala, Natchez et
Voyage en Amérique.
Deux ans après son voyage en Amérique, il prépare le plus long séjour hors de son
pays natal. Cette fois-ci il se rend en Angleterre afin d’abandonner le pays révolutionné ; il y
reste huit années au long desquelles il lui faut trouver ses propres moyens de vie. Plusieurs
occupations peu nobles assureront très modestement les ressources des leçons de fraais et
quelques traductions, par exemple. Rôdant dans les rues londoniennes, ce noble obscur
connaît l’anonymat et la famine. Il établit quelques contacts avec les immigrés français à
Londres, lesquels se renferment dans un monde particulier la noblesse parisienne conserve
toujours les usages et les habitudes de Paris. Diesbach nous rappelle que Chateaubriand
considère sa vie d’immigré comme une « des expériences les plus enrichissantes offertes à un
esprit curieux, dans la mesure où il est prêt à s’intégrer à la société britannique ou, du moins, à
la fréquenter »
50
. Ses premiers textes sont ancrés dans cette expérience de l’exil et de
l’éloignement de sa patrie. C’est dans l’exil britannique que sa carrière d’écrivain commence.
Sa production écrite dans ces terres étrangères se concentre plutôt sur des sujets
politiques. En 1797, Peltier, un actif entreprenant diffuseur des idées contre-révolutionnaires
des ultraroyalistes dans l’immigration, l’aide à mettre à jour son Essai historique sur les
révolutions. Ce livre volumineux
( qui a un titre également long, Essai historique politique et
moral sur les Révolutions anciennes et modernes considérées dans leurs rapports avec la
Révolution française de nos jours ou examen de ces questions) vise analyser les révolutions
antiques et anglaises, notamment celles de l’Antiquité pour expliquer la Révolution française.
50
Chateaubriand, Ghislain de Diesbach, éditions Perrin, collection tempus, Paris, 2004, p. 108.
51
L’œuvre ne sera pas bien accueillie ni par les partisans de la restauration de la monarchie,
ni par les défenseurs des idées plus libérales
52
. Il faut remarquer que la Révolution avait créé
pour tous, surtout pour les hommes politiques, le besoin urgent de réfléchir sur les
événements de l’histoire contemporaine. Chateaubriand accompagne son temps, il cherche
obstinément à comprendre le moment historique où il se trouve. Héritier de la tradition
rousseauiste d’un côté et des valeurs traditionnelles de la noblesse bretonne de l’autre, il s’agit
dans cette première œuvre, de comprendre la place de l’individu dans la société et de la
nouvelle collectiviqui semble s’annoncer à l’horizon historique. Pour le faire, il se lance
dans un bilan historique étendu. Suivant le modèle des traités historiques érudits du 18
ème
siècle, son Essai compare les pays, les époques et rapproche les modèles politiques pour faire
connaître les différents mouvements des peuples et pour élaborer une description de la
civilisation moderne. Il s’engage aussi dans une observation attentive et passionnée des
mondes nouveaux.
Enfin, s’étant marié peu avant de se rendre en Angleterre (Céleste de La Vigne est le
nom de son épouse française soigneusement choisie par sa sœur Lucile.), il ne lui est pas
permis de correspondre à une demande d’engagement faite par la famille d’une jeune fille de
la province anglaise.
Sur le champ de bataille : le retour en France et la vie politique et littéraire jusqu’en
1815
En 1800, quand Chateaubriand rentre en France après son exil, il est attiré par
l’aspect majestueux de la cour napoléonienne de Napoléon. Mais quelque temps plus tard, à
l’occasion de l’assassinat du duc d’Enghien, en 1804, il va rejoindre chœur des mécontents
envers certaines mesures de l’empereur. Ils se sont rarement rencontrés. L’hostilité n’est pas
toujours un trait du rapport entre les deux personnalités. Napoléon semble avoir tenté de
transformer Chateaubriand, écrivain déjà célèbre, en une figure décorative de son Empire, en
lui ouvrant les portes de l’Académie française lors de l’élection à la place de Marie-Joseph
51
La première œuvre de Chateaubriand qui n’obtient pas grand succès, Essai historique sur les révolutions,
date de 1797 lors de son exil qui dure environ 8 ans de 1792 à 1800 à Bruxelles et à Londres. A cette date elle
fut publiée à Londres et n’a été connue du public français qu’en 1826 au moment de la publication de ses
Œuvres complètes.
52
Henri GUILLEMIN définit le rôle de l’Essai à ce moment-là particulier de la vie de l’auteur : « Protégé, en
Angleterre, par Peltier, […] François-Reattend et guette, rédigeant cet Essai sur les révolutions qui voudrait
ne donner de gages à aucun parti et présenter son auteur comme intelligent, à la fois, éclairé et disponible. » cité
par l’Encyclopaedia Universalis, tome 4.
Chénier en 1811. Selon ses propres mots Chateaubriand admire Napoléon « plus que personne
en ce qu’il a d’admirable. » Mais estime aussi que « le tort que la vraie philosophie ne lui
pardonnera jamais, c’est d’avoir façonné la sociéà l’obéissance passive, repoussé le genre
humain vers les temps de dégradation politique et peut-être abâtardi les caractères, de manière
qu’il serait impossible de dire quand les cœurs recommenceront à palpiter de sentiments
généreux. »
53
L’une des accusations de Chateaubriand contre Napoléon a trait à la parfaite
réalisation de l’un des principes de la Révolution Française refusé par l’écrivain, à savoir le
privilège de l’égalité au détriment de la liberté. Pour lui le succès dans l’exécution du projet
napoléonien confirme un caractère propre aux Français qui est celui de l’obsession du droit
d’égalité.
Avec une énorme répercussion à l’époque, peu après sa rentrée de l’exil anglais, il
paraît le Génie du christianisme qui comprend alors deux autres titres publiés aussi
séparément, Atala et René
54
. Ici, d’après l’auteur, les hommes doivent faire la reconstitution
du lien religieux sans lequel toute tentative de transcender la sauvagerie morale est vaine.
Selon cette conception qui est la sienne, le christianisme favoriserait le génie, épurerait le
goût, développerait les passions vertueuses, donnerait de la vigueur à la pensée et offrirait des
formes nobles à l’écrivain et des moules parfaits à l’artiste. En soulignant le contenu
libérateur et rédempteur de la doctrine chrétienne, l’auteur fait l’éloge du christianisme
comme la seule valeur capable de discipliner moralement et positivement les arts et la pensée.
Rappelons que l’Eglise catholique et romaine vit en France une situation nouvelle
depuis la Révolution. C’est dans ce contexte que Chateaubriand fait renaître le goût pour le
sacré et, chemin faisant, insiste sur la mission historique et civilisatrice de l’Eglise et sur le
rôle émancipateur de sa doctrine. La publication du Génie du christianisme, le 14 avril 1802,
quatre jours avant le Concordat entre la France et le Vatican, acte qui marque le
rapprochement de Napoléon et du pape, attire la sympathie du Premier consul et conduit
ensuite l’écrivain au poste de premier secrétaire d’ambassade à Rome. Cependant il ne reste
pas longtemps dans cette fonction et l’instabilité sera d’ailleurs la règle dans la vie publique
de l’écrivain.
53
Lettre sur les fortifications, in M.-J.Durry, En marge des « Mémoires d’outre-tombe », Fragments inédits,
Paris, Le Divan, 1933, p. 136-137, cité par Jean-Paul Clément, Chateaubriand, biographie morale et
intellectuelle, Flammarion, 1998, p.243.
54
Atala avait déjà été publié un an auparavant, en 1801, avec grand succès et René sera publié ultérieurement en
1805, séparément.
Entre 1806 et 1807 il entreprend un voyage en Orient au cours duquel il connaît la
Grèce, l’Égypte, la Palestine, la Tunisie et visite l’Espagne. Ce pèlerinage est longuement
décrit dans L’Itinéraire de Paris à Jérusalem. D’autre part, Les Martyrs, épopée religieuse,
remaniée et augmentée jusqu’à sa parution en 1809, ont également bénéficié de ce nouvel
horizon d’expériences. Il est déjà installé dans une maison à la Vallée-aux-Loups (1807-1817)
au sud de Paris, quand il rédige Les Martyrs, l’Itinéraire et Les Aventures du dernier
Abencérage.
Bien que l’écrivain soit depuis 1801, à partir de la publication d’Atala, un homme
célèbre dans le champ littéraire, il est loin de faire l’unanimité en politique et, en 1811, il se
brouille de nouveau avec Napoléon. Ses divergences seront manifestées plus tard dans un
texte véhément intitulé De Buonaparte et des Bourbons (avril 1814). Il apprécie
l’indépendance intellectuelle et rejette toute possibilité de devenir un simple et docile
fonctionnaire jouant un rôle subalterne. Cette indépendance critique qui anime sa carrière
politique est bien traduite dans un passage sur ses positions à l’égard de Napoléon : « En
1814, j’ai peint Buonaparte et les Bourbons ; en 1827, j’ai tracé le parallèle de Washington et
de Buonaparte : mes deux plâtres de Napoléon se ressemblent ; mais l’un a été coulé sur la
vie, l’autre modelé sur la mort, et la mort est plus vraie que la vie. »
55
En 1814, survient la chute de l’Empire. Ce nouveau renversement historique, cette
fois-ci en faveur de l’ancienne aristocratie, a été pour Chateaubriand le début d’un temps
désiré: le retour du temps des rois.
Chateaubriand pendant la Restauration des Bourbons et son abandon de la politique en
1830
Sous la Restauration, quoique de forme intermittente, Chateaubriand mène une
carrière politique. C’est le moment propice pour matérialiser ses convictions royalistes : la
monarchie des Bourbons, dans une nouvelle phase, permettrait maintenant de conjuguer la
légitimité historique des rois et la liberté des temps nouveaux. Il serait alors possible de
rompre avec les vices d’un régime traditionnellement centralisé en ouvrant, de la sorte, le
chemin à un libéralisme constitutionnel.
55
CHATEAUBRIAND, De Buonaparte et des Bourbons, in Œuvres complètes, éd. Lavocat, t. XXIV, p. XIII-
XIV, Préface. Cité par J.-P. Clément, op.cit., p. 241.
En ce qui concerne la carrière d’homme d’État de Chateaubriand, c’est jusqu’en 1824,
pendant dix années à peu près, qu’il se consacre effectivement à la vie politique et occupe
quelques postes importants. Les dernières années de la monarchie de Louis XVIII, au début
des années 20 vont constituer l’apogée de sa carrière politique. C’est à cette époque que son
texte en hommage au duc de Berry lui vaut le poste prestigieux d’ambassadeur à Berlin
(janvier à avril 1821) et à Londres (avril à septembre 1822). Puis il représente la France au
congrès de Vérone en 1822 et, en décembre de la même année, il est nommé ministre des
Affaires étrangères (1822-1824). De mai à septembre 1823 il se trouve à la tête de
l’intervention militaire de la France pour secourir Ferdinand VII et rétablir l’ordre sur le
territoire espagnol ; il parlera avec orgueil de cette entreprise victorieuse que fut la guerre
d’Espagne.
Des historiens ont longuement écrit sur la carrière politique de Chateaubriand, sur son
rôle dans le déroulement des affaires de l’État ainsi que sur sa pensée politique en général.
56
Il n’est pas question ici de reconstituer tous les méandres de son insertion politique à cette
époque-là. Il faut souligner cependant les deux importants conflits qui mènent Chateaubriand
à s’éloigner du gouvernement. D’abord, en pair de France, sous le ministère Décazes, il est
renvoyé sans pension en 1816 par suite de la publication de la Monarchie selon la Charte.
La deuxième rupture arrive en 1824. Occupant le poste de ministre des Affaires
étrangères, il est renvoyé en raison des conflits avec le président du conseil des ministres du
roi, Villèle. Celui-ci comptant sur la confiance du roi devient un important rival de
Chateaubriand. Le désaccord par rapport au vote sur les lois des rentes et aussi sur
l’indemnisation aux immigrés a été décisif dans la scission. Après quitter le gouvernement
Chateaubriand va faire désormais une opposition ferme devant le gouvernement monarchique.
C’est le début de la fin de la carrière politique de l’écrivain.
Pendant la Restauration, on le voit, Chateaubriand assume une position de combat
permanent. Et outre l’action politique proprement, il se sert d’une autre forme d’intervention
pour influer sur la politique sous la Restauration. Ainsi, en 1818 il aide à fonder Le
Conservateur regroupant d’autres royalistes. Ses manifestations comme journaliste étaient
polémiques et contribuent à guider parfois l’opinion.
Enfin, dans un contexte chargé de conflits, sa posture critique et ses indisciplines
provoquent, au cours du trajet, de nombreuses disputes, l’amenant peu à peu à un écartement
définitif du gouvernement. Manœuvres, chicanes, renversements, toute une ambiance troublée
56
Voir les études de G. de Bertier de Sauvigny, de Bertrand Aureau, de Jean-Paul Clément.
font partie de cet itinéraire convulsif qui a été le sien.
57
C’est ainsi qu’avant même la
Révolution de 1830, ses divergences avec la monarchie restaurée l’éloignaient déjà du
pouvoir.
Dans le dernier événement politique de sa vie, en 1828-1829, au terme du
gouvernement de Charles X, Chateaubriand repart encore une fois à Rome pour la diplomatie,
démissionnant après la formation du ministère de Polignac.
À partir de 1830 Chateaubriand ne suit plus de carrière politique. Selon lui, le nouveau
régime de Juillet, ni républicain ni authentiquement monarchique, commandé par Louis-
Philippe, un usurpateur du trône, naît déjà dégradé. À cette époque-là, il réalise encore
quelques voyages et s’engage dans une mission en faveur de la duchesse de Berry afin de
rejoindre Charles X, le roi exilé, à Prague.
58
À part la publication des Études historiques (1831) et du Congrès de Vérone (1838),
dans les dix-huit ans qui lui restent, l’écrivain développe ses écrits en mémorialiste. Il se
consacre entièrement à rédiger son ouvrage le plus ambitieux, les Mémoires d’outre-tombe, et
un texte récemment redécouvert intitulé la Vie de Rancé (1844), celui-ci étant une sorte de
littérature biographique. L’écriture des Mémoires d’outre-tombe devient à partir de là l’espace
de création d’un écrivain qui cherche la meilleure perspective pour dépeindre la succession de
ses carrières, celle de soldat, de voyageur et d’employé de l’État.
57
A l’heure actuelle, par exemple, on se consacre toujours à interpréter l’étendue des offensives de
Chateaubriand contre quelques figures de la Restauration et son importance dans l’affaiblissement du
gouvernement jusqu’à la chute définitive des Bourbons en 1830.
58
Entre le burlesque et le tragique, cette entreprise sera racontée dans la dernière partie de ses Mémoires.
2.2 La genèse et les publications des moires d’outre-tombe
Les origines du projet des Mémoires
Il est difficile de préciser l’origine du projet autobiographique dans la trajectoire de
Chateaubriand. Si, parmi les œuvres de l’auteur, les Mémoires d’outre-tombe concentrent
tous ses efforts dans une perspective exclusivement mémorialiste et/ou autobiographique, il
convient de dire qu’on retrouve déjà dans ses premiers textes quelques éléments d’une
écriture personnelle. C’est pourquoi Dominique Rincé va chercher dans l’apparent désordre
d’ouvrages tels que Les Natchez, Atala, René, les Martyrs et la Vie de Rancé l’unité d’un Je
permanent qui traverse ces récits, encore que d’une manière inégale. Rincé propose de lire son
œuvre globalement comme un continuum, car le roman biographique, l’épopée ou les autres
récits révéleraient dans l’ensemble une sorte de prolongement textuel produit par une
subjectivité autobiographique implicite
59
Toutefois, dans un passage des Mémoires d’outre-tombe daté de 1838, Chateaubriand
lui-même affirme qu’il projeta d’écrire son histoire pour la première fois en 1803, à Rome,
quand il avait trente-cinq ans
60
. S’il est vrai qu’il nourrit à ce moment-là ce genre de projet, il
va cependant reporter à quelques années sa réalisation. Pour Jean-Claude Berchet, même les
funestes nouvelles de 1804 une démission et la mort de sa sœur Lucile - ne le détourneront
pas des Martyrs de Dioclétien, puisque c’est la fiction qui prend toujours en charge les
éléments autobiographiques
61
.
Le parcours entre la décision de Chateaubriand d’entreprendre ses Mémoires et
l’accomplissement effectif de la tâche ne se fait pas sans détours ni sans changement de
conception. Ce sont d’ailleurs les reculs, les doutes, les révisions qui marqueront la longue
période, presque quarante-cinq ans, de création et d’écriture de l’œuvre.
59
RINCÉ, Dominique. « Les premières œuvres de Chateaubriand : la genèse d’un projet autobiographique ». Revue
d’histoire littéraire de la France, vol 77, n° 1. Paris : Armand Colin, 1977.
60
« C’est aussi à Rome que je conçus, pour la première fois, d’écrire les Mémoires de ma vie ».
CHATEAUBRIAND, François-René. Mémoires d’outre-tombe. Tome 1, Paris, LGF, coll. « La Pochothèque »,
2003-2004. Livre XV, chap. 7, p.712.
61
BERCHET, Jean-Claude. « Préface ». In : CHATEAUBRIAND. Op. Cit. p. XIII.
Même si à un moment donné il est pris par la tentation autobiographique et décide de consacrer une œuvre à sa
vie, il ne laisse pas de contaminer ses autres textes par une perspective autobiographique. Après son périple de
1806 à 1807 en Orient, il va publier Les Martyrs en 1809 et achever son Itinéraire de Paris à Jérusalem en 1810.
Dans ses textes, surtout le dernier, pleins de références autobiographiques sans aucune médiation romanesque,
on voit clairement une écriture personnelle se dessiner sans que pour autant l’auteur les intitule de Mémoires.
Ainsi, s’il est difficile de fixer une date précise pour le début de la conception des
Mémoires, il faut, toutefois, reconnaître dans l’étape située entre 1807 et 1811 le moment
décisif l’initiative du projet déclenche. En juillet 1810, dans une lettre à Mme de Duras il
note le sens fondamental de l’acte autobiographique d’après lui : « Un homme qui écrit ses
mémoires a fini sa vie. » C’est le temps où il semble s’écarter définitivement de la littérature ;
il déclare son propos d’écrire une Histoire de la France et se consacre plutôt aux questions
politiques. Dans la préface des Mémoires d’outre-tombe, Berchet affirme à ce sujet :
« Histoire et autobiographie se définissent désormais par un refus de la ‘littérature’,
mais aussi par une exclusion mutuelle. Car la répartition de la matière entre elles
détermine chacune a contrario. C’est parce qu’il commence une Histoire de France,
et que dans ce domaine, le terrain est occupé, que Chateaubriand va pouvoir orienter
ses Mémoires dans un sens opposé, c’est-à-dire restituer à un espace privé le moi
aliéné sur la scène sociale. »
62
Mémoires de ma vie deviennent Mémoires d’outre-tombe
Au long de sa lente exécution, les Mémoires auront deux titres différents.
Chateaubriand écrit entre 1811 et 1822, sous un premier titre, les Mémoires de ma vie, une
autobiographie intimiste il raconte son enfance et sa jeunesse. Mais l’évolution de ce texte
liminaire, surtout au début des années 1830, aboutit à ce que le mémorialiste va appeler les
Mémoires d’outre-tombe.
63
Il est possible de voir aujourd’hui le premier comme une sorte de
chantier du second.
64
Entre les années 1811 et 1814 Chateaubriand rédige les premières pages
des Mémoires de ma vie, mais les abandonne ensuite pour s’occuper de ses activités politiques
sous le gouvernement de la Restauration.
65
Néanmoins, les engagements politiques ne durent
pas très longtemps et l’année de 1817 le voit retourner aux manuscrits des Mémoires.
62
Ibidem. p. XV.
63
Quand aux années 1830, plus précisément en 1832, la publication de l’œuvre devient un objectif central de ses
préoccupations, il substitue le titre : les Mémoires d’outre-tombe au lieu de Mémoires de ma vie.
64
Mais en effet les Mémoires de ma vie n’ont pas été qu’un ébauche d’écriture des Mémoires d’outre-tombe. Si
ce texte préliminaire a été radicalement modifié dans la version finale des MOT, Chateaubriand n’a pourtant
jamais voulu en détruire les trois premiers livres, ceux qui sont parvenus jusqu’à nous et qui forment un
intéressant tableau de jeunesse, toujours considérés comme un curieux modèle de texte autobiographique. Dans
le édition Garnier des Mémoires d’outre-tombe préparée par Berchet les Mémoires de ma vie sont placés dans le
premier volume avant le texte des MOT.
65
La division ne se faisait pas encore en chapitres.
L’écrivain se trouve à partir de fort attaché à ses mémoires qu’il a du mal à quitter
même dans l’apogée de sa carrière politique, au début des années 20. Bien qu’apparemment la
Poésie semble être, à ce moment-là, pour Chateaubriand, dépassée par l’Histoire, cette
entreprise, outre un espace d’introspection, devient parmi les projets intellectuels de l’écrivain
une possibilité de chercher la gloire par sa plume. De cette façon, en 1822, les premiers livres
forment déjà une importante introduction et il à cette année il aura fini son histoire qui
comprend l’enfance, la jeunesse et son voyage en Amérique jusqu’à l’année 1800, lors du
retour de l’exil en Grande-Bretagne.
Les Mémoires vont continuer à suivre leur cours, au souterrain même de la vie
publique de l’écrivain : c’est sous les lumières des disputes politiques que l’auteur va
rassembler de différents types de matériaux à être utilisés plus tard dans les Mémoires
d’outre-tombe. La réunion des notes, des lettres, des fragments de journaux et d’autres
registres qui seront placés à l’intérieur du récit donnant aux moires leur aspect hétérogène,
reçoivent à cette époque une attention particulière.
À partir de là, l’écrivain va rédiger ses Mémoires de façon intermittente jusqu’au
moment un nouveau tournant historique l’écarte en définitive de la vie politique et le
relance irrémédiablement à ses écrits autobiographiques. La Révolution de Juillet en 1830 est
le coup fatal qui marque sa retraite des affaires de l’État. Et de cette situation vient toute sa
disponibilité, voire sa nécessité, de se consacrer entièrement au texte qui devra contenir
l’essence de ses expériences, expériences qui seront désormais, du point de vue de l’écriture,
profondément ancrées dans l’histoire.
Il se met à réécrire la partie déjà rédigée, ajoutant des passages et modifiant des dates
la date de 1809 est remplacée par 1811 -, changeant la structure générale de l’œuvre. Une
division en quatre parties remplace celle en trois parties initialement prévue et renvoie le
lecteur à ses différentes carrières et à leurs étapes historiques correspondantes : la Révolution,
l’Empire, la Restauration et la Monarchie de Juillet. Au drame en trois actes mettant en scène
les carrières du voyageur, du littérateur et de l’homme d’État, il va ajouter après la chute de la
monarchie une quatrième carrière, mélange des trois précédentes.
À la rigueur, ce que Chateaubriand écrit jusqu’en 1834 ne représente que les deux axes
principaux du vaste édifice des Mémoires dont les constructions intermédiaires ne se
présentent encore que sous une forme assez précaire. En réalité, c’est seulement en 1839 que
l’auteur termine ce qui constitue le principal de son œuvre, et à ce texte il va encore ajouter
une conclusion rédigée en 1840-1841. Ensuite, face à la perspective imminente de publier les
Mémoires, l’auteur commence une dernière révision complète du texte et le soumet à
l’appréciation du cercle littéraire de Mme Récamier dans lequel se trouve Sainte-Beuve et
Edgard Quinet. Lus et relus, discutés, corrigés, modifiés, ces textes feront l’objet de la
curiosité et de l’attention de la petite société.
66
À cette occasion, à l’aide de la presse, l’œuvre
et les événements qui l’entourent auront d’ailleurs une énorme répercussion. Après ces
lectures privées et à la suite des réprobations et des suggestions de ce public, l’auteur
procédera encore à des suppressions : les 4.074 pages en deviendront 3.514, et voilà
finalement conclu le manuscrit de 1847-1848.
Dans la composition de cette entreprise d’une vie entière, Chateaubriand mène aux
dernières conséquences la conception esthétique qu’il a longuement mûrie. Le processus
d’écriture qui devait aboutir au texte achevé fut long : à un texte définitif succédait un
nouveau texte définitif et ainsi successivement jusqu’à la mort du mémorialiste, le 4 juillet
1848. L’ouvrage définitif ne pouvant pas être achevé du vivant de l’auteur, c’est forcément le
contretemps de sa mort qui l’a conclu.
Enfin, nous pouvons ainsi résumer le parcours des différentes versions des Mémoires
d’outre-tombe : il y a eu un texte définitif en 1841, puis en 1845, ensuite en 1846-1847. La
dernière copie officielle serait datée du mois d’avril 1847, mais Chateaubriand a vécu
jusqu’au mois de juillet 1848. Alors ce n’est pas le dernier état du texte, et nous avons encore
un dernier manuscrit trouvé au pied de son lit de mort, manuscrit qui n’a pas été
rigoureusement suivi dans l’édition originale de l’œuvre en 1848-1850 et qui doit attendre le
vingtième siècle pour recevoir une édition satisfaisante.
67
Les trois étapes clés du processus de rédaction des Mémoires d’outre-tombe
Nous souhaitons traiter maintenant d’une question qui touche au cerne du programme
des Mémoires d’outre-tombe. Il s’agit d’examiner le contexte de la transformation des
66
Maurice Levaillant décrit la scène suivante : « L’après-midi on disait alors ‘ la matinée’ - pendant trois
semaines, devant une assistance d’élite, restreinte et recueillie – quinze ou vingt représentants habilement choisis
des salons, de la politique et des Lettres, ne manquaient ni Sainte-Beuve, jeune puissance, ni Ballanche, vieil
ami – tandis que l’Homère de cette odyssée, assis au coin de la cheminée sous une simple branche de fraxinelle,
semble passer une revue mélancolique des fantômes ranimés par son verbe, écrasant parfois du doigt une larme
au bord de sa paupière, dix-huit livres, par les voix alternées de Charles Lenormant et d’Ampère, sont lentement,
solennellement déroulés. Douze correspondent à la première partie révisée et réécrite ; six relatent les deux
‘courses à Prague’ ». Les Mémoires d’outre-tombe, Chateaubriand – Le Livre du Centenaire, Paris, Flammarion,
1949, p. 302.
67
L’édition de la « Bibliothèque de la Pléiade » et celle du Centenaire, de 1947-1948, mais surtout l’édition
parue aux éditions Bordas, « Classiques Garnier », en 1989-1998, établie par Jean-Claude Berchet.
Mémoires de ma vie en Mémoires d’outre-tombe et de vérifier comment le développement des
perspectives du moi et de l’histoire vont progressivement former le récit du mémorialiste.
Pour faire une synthèse de l’évolution de la perspective du Chateaubriand
mémorialiste, il faut tout d’abord reconnaître le jeu de lumières et d’ombres lancé par
Rousseau sur la scène romantique dans les trois premières décennies du dix-neuvième siècle.
Les Confessions de Rousseau fut en même temps une inspiration et un obstacle pour
Chateaubriand. Les enjeux du philosophe créateur de l’Emile sont une référence permanente
dans la conception des Mémoires d’outre-tombe et ce dialogue avec Rousseau traverse les
trois phases décisives de l’itinéraire des Mémoires.
En 1803, la première fois que Chateaubriand projette d’écrire ses Mémoires, il veut
parler de ce qui est beau, exposer seulement les alisations et les sentiments qui honorent
l’homme. Il n’envisage pas à ce moment-là d’écrire sur des choses intimes, sur un univers qui,
d’après lui, ne doit pas être exposé par quelqu’un qui ne se fait pas piéger par la vanité et
l’amour-propre. Il refuse les excès d’une exposition crue, réaliste ; il défend une discrétion
totale envers soi-même et envers les autres. Les Mémoires vont donc éviter de scruter le fond
du cœur, fuyant la tentation rousseauiste du récit introspectif et de l’affirmation d’une
intériorité. La sincérité est une valeur secondaire dans ce cas-là.
Suivant cette vision, le projet ne doit pas destiner un espace à l’apprentissage des
premières années ou de la jeunesse ; par conséquent, la temporalité du récit n’embrasse pas
toute la suite d’expériences personnelles du mémorialiste. Chateaubriand justifie avec argutie
et fierté un projet supérieur : l’amour-propre est le fondement de la tentation
confessionnelle et la vraie confession ne se fait que devant Dieu, étant donné que la vérité
n’appartient qu’à la sphère religieuse. L’homme cherche en vain l’absolution chez ses pairs ; à
part le Tribunal divin, il ne pourra pas trouver d’autres formes possibles de réconciliation ou
d’apaisement spirituel.
68
Dans un premier instant, notre écrivain conçoit son ouvrage comme un moyen de
chercher la pérennité de ses beaux souvenirs, comme une forme de représentation classique
du beau, tout en écartant les faiblesses humaines de son horizon artistique. On voit ici alors
combien le programme de Chateaubriand s’éloigne de celui concrétisé par Rousseau dans ses
68
Berchet clarifie la dimension du problème chez Chateaubriand de la façon suivante : « À la rhétorique du
perpétuel aveu, il oppose un double refus. C’est, pour commencer, un critère mondain (la discrétion de la bonne
éducation, dans un monde où, loin de les publier, on se rend ses lettres) ; c’est ensuite un critère spirituel […]. La
sincérité ne représente donc ni un idéal littéraire ni un idéal moral […] ». BERCHET. « Préface ». Op. cit. p.
XII.
Confessions l’éloge de la sincérité suscite les confidences du cœur et les révélations des
passions avec une forte affirmation individualiste de son moi.
Plus tard, dans une deuxième période, vers 1811, peu après son voyage en Orient,
Chateaubriand a de nouvelles idées pour son projet des Mémoires ; il envisage d’écrire
« principalement pour rendre compte de moi à moi-même […] ». Et il expose de quelle
manière cette expérience inédite d’écriture lui permettrait de gager son histoire
individuelle :
« La plupart de mes sentiments sont restés ensevelis ou ne se sont montrés dans mes
ouvrages que comme appliqués à des êtres imaginaires. Aujourd’hui que je regrette
encore mes chimères sans les poursuivre […] je veux avant de mourir remonter vers
mes belles années, expliquer mon inexplicable cœur, voir enfin ce que je pourrai dire
lorsque ma plume sans contrainte s’abandonnera à tous mes souvenirs. »
69
C’est une deuxième étape importante : maintenant les Mémoires gagnent un poids
autobiographique. Au point de vue programmatique, du moins, l’intérêt pour le trajet
personnel s’accentue et promet une mise en relief de la perspective intimiste et subjective.
Force est de constater que le projet confessionnel rousseauiste devient à moment-là un
modèle. Dans cette deuxième étape le propos de Chateaubriand et l’héritage de Rousseau
se rapprochent, les Mémoires, intitulés encore Mémoires de ma vie, manifestent un retour à
Rousseau par « la brusque émergence dans le champ de conscience de ce qui avait été occulté
en 1803 : enfance, intériorité, authenticité du souvenir et de l’écriture. […] C’est poser le moi
comme énigme à résoudre, cœur à explorer ; jouissance inlassable du miroir, qui écarte, sur le
plan du récit, toute prolifération anecdotique. »
70
Dans les années 1830, on assiste à une troisième mutation essentielle dans l’évolution
du projet, mutation d’ailleurs qui s’annonçait déjà depuis les années 1820. À partir de là,
Chateaubriand va élargir le cadre de ses Mémoires : outre la perspective individuelle, le récit
doit désormais comprendre la perspective historique. Ainsi le texte ne cessera d’être
aménagée dans le but d’associer l’individu et son histoire. Et c’est ici que le texte va
progressivement recevoir une attention particulière sur son plan artistique.
Pour mieux situer cette transformation dans le projet des Mémoires, nous détaillons un
peu plus le contexte de la production de l’auteur dans les années 1820. C’est que ce troisième
69
Mémoires de ma vie se trouvent dans l’édition des Mémoires d’outre-tombe mentionnée ci-dessus, p.7.
70
BERCHET. « Préface ». Op. cit. p. XVI.
tournant a un rapport direct avec la publication de ses Œuvres complètes : cet important
changement dans la conception de ses Mémoires se produit au cours du long processus qu’est
l’entreprise de réorganisation et de publication des ouvrages qu’il a rédigés jusqu’à ce
moment là.
C’est en 1825 que Chateaubriand cide de préparer ses Œuvres complètes.
L’entreprise s’avère décisive pour dresser le bilan de sa carrière ainsi que pour redéfinir et
expliciter maints aspects de sa pensée politique et littéraire. Chateaubriand va y établir des
ponts entre ses divers textes et, chemin faisant, va recomposer l’ensemble de ses travaux.
L’importance de cette initiative réside surtout dans deux aspects.
Le premier est que dans ces Œuvres complètes, d’une part, l’auteur réunit de
nombreuses pièces qui n’avaient pas encore vu le jour : des articles littéraires, des brochures,
des essais et quelques discours politiques y gagnent leur espace. D’autre part, les œuvres
inédites ou inachevées sont inclues dans cette édition magistrale (c’est le cas des Natchez, des
Aventures du dernier Abencérage, des Voyages, des Études historiques, mais aussi de son
Essai sur les révolutions de 1797, édité en Angleterre qui n’avait pas été publié en France
jusqu’alors).
Le deuxième aspect à considérer, c’est l’étendue de l’apparat explicatif constitué par
les notes et les préfaces. Selon J.-C. Berchet, avec cette publication de ses ouvrages l’écrivain
prépare « un retour en force sur la scène littéraire, à laquelle il avait renoncé quinze ans plus
tôt, mais aussi une revendication de paternité envers le romantisme renaissant : le mirifique
contrat qu’il signe, au mois de mars 1826, avec le libraire-éditeur Lavocat, le consacre comme
le modèle envié de la gloire littéraire pour toute la génération des années 20. »
71
Mais les Œuvres ne se limitent pas à compiler des textes, son importance dépasse la
simple tâche de réunir et d’organiser les ouvrages éparpillés au long des trente dernières
années. Mis en évidence par ce mouvement publicitaire, l’auteur se voit comme un
représentant privilégié d’une conscience historique vivante et lance quelques lumières sur sa
propre perspective historique. D’autre part, cette grande édition reçoit dans ses préfaces
quelques pages qui faisaient partie des Mémoires, et le rapprochement des Œuvres et des
Mémoires manifeste enfin l’évolution théorique et programmatique du Chateaubriand
mémorialiste. Bref, une voie fertile s’ouvre. Portant la force du témoignage personnel ou d’un
projet autobiographique naissant, les Œuvres deviennent une espèce d’étude qui fonde une
nouvelle perspective poétique pour son auteur.
71
BERCHET. « Préface ». Op. cit. p. XIX.
Dans la « Préface nérale », en tête du tome XVI, publié en 1826, Chateaubriand
affirme que ses ouvrages « seront comme les preuves et les pièces justificatives de ces
Mémoires » ainsi qu’une « histoire fidèle des trente prodigieuses années qui viennent de
s’écouler »
72
inaugurées à partir de la Révolution. Ce texte représente donc une étape
importante dans la genèse des Mémoires, car la perspective historique qu’il propose annonce
déjà les éléments compositionnels qu’on pourra trouver plus tard dans les Mémoires d’outre-
tombe et qui seront théoriquement explicités dans sa « Préface testamentaire »
73
.
Enfin, après avoir voulu donner à la France une épopée moderne avec Les Martyrs, il
canalise ses forces sur le projet des Mémoires. Mais pour cela il va modifier un peu l’ampleur
du programme. Il ne va plus se limiter à écrire la confidence introspective de l’histoire de sa
vie, comme il avait projeté de le faire vingt ans plus tôt. À présent il lui faut, tout au contraire,
amplifier le récit pour y introduire l’Histoire.
La perspective funèbre des Mémoires rejoint le temps historique
Si Chateaubriand se trouve empêché d’influer sur l’histoire après la Révolution de
Juillet et l’avènement de Louis-Philippe
74
il ne renonce pas pour autant à l’écrire, c’est dans
ce contexte que la visée historique entre finalement comme apport vital dans les Mémoires et
c’est de même dans ces circonstances, en 1832, que les Mémoires de ma vie deviennent les
Mémoires d’outre-tombe.
Mais il faut observer que le changement de perspective, celle d’avoir un plan
historique solide à côté de l’univers personnel, n’équivaut pas tout simplement à une
migration d’ordre thématique. Ici la perspective devient plus compliquée, car l’histoire en
éliminant d’emblée l’hégémonie aristocratique et en cessant d’être de nouveau un espace
d’action pour Chateaubriand, va offrir désormais à cet homme public, qui se voit obligé à
quitter la scène politique, un futur dramatique plein d’incertitudes et de crise. Il en ressort une
vision problématisée de l’histoire, vision qui sera matérialisée par le texte des Mémoires.
72
La « Préface générale » se trouve dans l’édition des Mémoires d’outre-tombe dont la référence se trouve ci-
dessus, p. 1533-1537.
73
La « Préface testamentaire » est le principal texte programmatique des Mémoires d’outre-tombe ; écrit entre
1832 et 1833, il paraît pour la première fois dans la Revue des Deux Mondes, en mars 1843, et sert de préface
aux Mémoires jusqu’à son remplacement par un « Avant-propos » peu avant la mort de l’auteur. Elle se trouve
dans l’édition des moires d’outre-tombe mentionnée ci-dessus.
74
Chateaubriand est un critique implacable du roi bourgeois, Louis-Philippe, et rénonce définitivement à la vie
politique.
Pour représenter cette impasse, l’auteur-narrateur du récit se place au futur et se met à
parler d’un lieu invraisemblable : c’est ainsi qu’un auteur-défunt qui ne peut envisager son
avenir qu’au-delà de la tombe devient l’historien des Mémoires, situation qu’il appelle. Sur les
circonstances qui engendrent ce nouveau titre, Chateaubriand dit encore :
« J’éprouve maintenant de la joie, forçat libéré que je suis des galères du monde et de
la cour. […] Heureux de terminer une carrière politique qui m’était odieuse, je rentre
avec amour dans le repos.[...] Les heures de loisir sont propres aux récits : naufragé, je
continuerai de raconter mon naufrage. »
75
Que peut-on appréhender enfin de ce deuxième baptême des Mémoires?
On voit tout d’abord que cette transformation signale la maturation de l’œuvre. Les
Mémoires d’outre-tombe désignent une nouvelle forme d’envisager la perspective du temps
et aussi de l’espace et ce changement de dénomination correspond bien à une modification
dans la conception générale du récit.
D’une part, les Mémoires de ma vie prétend sans doute exposer les souvenirs clairs et
positifs d’un passé pleinement restituable, créant dans une position rétrospective, plus
linéaire, un encadrement moins problématisée du récit. Ma vie, expression forte, voire
colorée, informe avec toute transparence que l’écrivain se propose de révéler un parcours bien
cerné, illuminé par la clairvoyance de tout ce qui se trouve dans l’horizon du souvenu. Et par
surcroît, l’adjectif ma insiste sur la primauté du particulier, sur l’affirmation d’une
individualité qui doit être distinguée.
Les Mémoires d’outre-tombe proposent, en revanche, une formule symbolique
funèbre. Eliminant le ma indicateur de la personne (ma vie) du discours, le titre n’apporte
qu’un trait de l’énonciateur, celui qui correspond à sa finitude, à sa disparition. L’auteur n’y
affiche même pas sa mort, ma mort : au-delà de la vie, détaché de tout ce qui assure et conduit
les choses terrestres, d’une manière assez lugubre, il renvoie le lecteur à des souvenirs qui
sortent d’outre-tombe. Toute l’ambiguïté d’une voix sans les repères physiques de
l’énonciateur est mise en place, et la composition textuelle qui en ressort fait alors écho aux
75
CHATEAUBRIAND. Mémoires d’outre-tombe. Tome 2, Paris, LGF, coll. « La Pochothèque », 2003-2004, p.
490-491.
secousses et aux oscillations des temps révolutionnaires. Cette dernière tendance
s’accompagne d’une conscience de plus en plus aiguë de son historicité.
Voilà enfin à peu près quel est le pari du mémorialiste quand il rebaptise son œuvre,
deux ans après la chute de la monarchie restauratrice, en attribuant à son entreprise un timbre
qui porte le poids énigmatique du deuil.
Et après ce long processus d’élaboration du texte, nous avons une nouvelle histoire de
variations qui commence : celle de ses publications.
Transformer les manuscrits en livre : une brève histoire des publications des Mémoires
d’outre-tombe
L’histoire de la publication des Mémoires est aussi tumultueuse que l’histoire de la vie
de l’auteur elle-même. Si la genèse de son écriture représente bien les injonctions et les
impasses du parcours de l’auteur, l’histoire de sa publication n’est pas différente, et elle
continue la longue trame de son écriture.
La vente des Mémoires deviendra pour l’écrivain un moyen de subsistance et une
manière de régler ses dettes. Mais il va rencontrer bien des difficultés à mener ses affaires de
publication, étant donné que les éditeurs n’avaient pas de prévision de publication immédiate
des Mémoires, puisque le point final serait mis avec la mort de l’auteur et que Chateaubriand
ne désirait les publier qu’après sa disparition.
76
En fait, les Mémoires devraient naître pour le
public seulement après la mort de l’auteur.
On a vu combien Chateaubriand consacra sa vie à ce projet et, dans les dernières
années particulièrement, au ciselage de ses écrits autobiographiques. Toutefois, malgré ses
efforts, il ne réussit pas à faire établir tout de suite une édition à la hauteur de son travail
suivant sa dernière volonté. Le texte subit toute sorte de contretemps dans les mains de ses
nouveaux propriétaires.
Son projet de publication posthume ne se alise pas tel qu’il le voulait et, à sa grande
déception, un journal va diffuser sous forme de fascicules une partie de ses Mémoires en
1848. Puis, quelques fragments de l’œuvre reçoivent des publications éventuelles et, bien
avant qu’il le désire, il doit commencer à hypothéquer sa tombe.
76
Le propos d’une autobiographie dite d’outre-tombe signifie aussi une publication outre-tombe.
Pour des raisons économiques aussi, dans l’Essai sur la littérature anglaise, de 1836,
long texte en guise d’avant-propos pour sa traduction du Paradis perdu, il inclut nombre de
pages de ses Mémoires. Mais après la création d’une « Société propriétaire des Mémoires
d’outre-tombe », à partir de 1838, il obtient une rente permanente, la protection et le secret sur
ses écrits futurs et aussi la garantie que son manuscrit personnel est le seul texte légitime pour
une publication posthume.
Chateaubriand exige dans le contrat de vente des Mémoires une totale fidélité des
éditeurs à la version définitive du texte ; et en quoi consiste-elle cette version définitive ?
C’est toujours celle que l’auteur gardait pour les dernières corrections. Il y avait donc un
permanent décalage entre la copie rendue aux éditeurs et celle considérée comme
l’authentique, au pouvoir seul de l’auteur. C’est un peu comme si écriture et publication se
faisaient concurrence. L’auteur vit ainsi de ses Mémoires qui sont toujours en train de se faire,
tandis que les éditeurs passent à vivre de la promesse d’accomplissement de l’ouvrage. En
1844, devant la possibilité de sa diffusion en feuilleton, l’auteur se met immédiatement à
authentiquer chacun de ses derniers manuscrits, désireux d’annuler les précédents.
Selon les règles du contrat, le dernier manuscrit, celui de 1847-1848, s’était formé de
trois copies (auteur, éditeur et notaire). Mais il ne reste aujourd’hui que sept livres du
manuscrit autographe et une version complète, celle du notaire, presque sans corrections. On
ne connaît pas le destin de celle de l’éditeur.
Les éditions des Mémoires
Dès la mort de Chateaubriand les éditeurs Lenormant et Ampère font paraître en
octobre 1848 une publication en feuilleton, publication qui s’annonçait déjà depuis 1844 après
un contrat de vente de l’ouvrage. Pour ce faire, les éditeurs ne tiennent guère compte de
l’architecture générale du texte, le découpant en sections aléatoires et supprimant les livres et
les chapitres qui le structuraient.
Jacques Neefs examine remarquablement le long processus de révision des manuscrits
ainsi que le traitement donné par les éditeurs à ces textes. L’auteur décrit en détail l’infidélité
de cette première édition par rapport au dernier état du texte laissé par Chateaubriand:
« À la mort de Chateaubriand, le texte édité des Mémoires est doublement ‘infidèle’,
les imprimeurs utilisant les copies-témoins qui ne comportaient pas toutes les
corrections et révisions du manuscrit original, et les exécuteurs testamentaires qui
détenaient le manuscrit original tronquant certaines parties, supprimant les
développements de circonstance et les audaces stylistiques qui risquaient de rendre,
pensaient-ils, l’œuvre difficilement recevable en son temps. L’architecture ‘en
livres’, conçue par Chateaubriand, fut elle aussi défaite par la publication en
‘volume’ (unité strictement typographique) de la succession des brefs chapitres qui
composaient le texte des Mémoires. »
77
Comme les éditeurs avaient convenu que la publication en livre ne se ferait qu’après
l’accomplissement de son impression dans le journal, le premier et le second volumes tardent
un peu et vont paraître seulement en janvier 1849, chez Penaud frères. Suivant le rythme du
journal qui ne maintient pas une régularité, le dernier volume doit voir le jour seulement au
mois de décembre 1850. Le texte est difficile à établir. Cette édition originale présente
pourtant la même structure fractionnée du feuilleton, devant recevoir des ajouts, quelques
rectifications, voire des interprétations des éditeurs, afin de compenser les problèmes venus de
l’établissement du texte.
78
Ces solutions sont désastreuses pour la composition globale de
l’œuvre. De surcroît, la réception du public et de la critique n’a pas été très généreuse. Les
Mémoires vont alors tomber misérablement dans l’indifférence générale, situation aggravée
par l’image excentrique de l’auteur propagée publiquement. Loin d’être bien lus et évalués, on
ne tarde pas à les considérer comme le fruit tardif de l’égotisme sénile de l’auteur.
79
Il n’y a pas d’unanimité à propos des raisons de cette mauvaise réception des MOT.
Jean-Paul Clément ne considère pas cette déstructuration comme décisive pour expliquer la
médiocre réception de l’ouvrage. Il attribue les antipathies et les réticences des lecteurs plutôt
aux interruptions au long de sa publication.
80
Mais en tout cas, l’indifférence ou les hostilités
envers ce texte long, difficile, dépendant d’une organisation hiérarchique à mieux orienter le
lecteur, se prolongent longtemps, jusqu’au début du XXeme siècle.
C’est en fait la deuxième édition qui va diffuser les Mémoires à une importante
génération d’écrivains qui va vraiment lire et apprécier le texte. Proust, Gide et Claudel, par
exemple, entrent en contact avec le texte à travers cette deuxième édition organisée par
l’historien Edmond Biré, basée toujours sur le texte de Penaud. Publiée en 1898, par les
77
NEEFS J, « De main vive – trois versions de la transmission des textes », Littérature, décembre 1986, p. 36.
78
Ce texte apparaît en tranches mécaniques de 12 tomes, sans cohérence.
79
On trouve certaines exceptions, c’est le cas notamment de l’appréciation de P.-J. Hetzel écrite en 1859, citée
par Berchet : « Il ne mourra de Chateaubriand que la mode de son temps. Les Mémoires d’outre-tombe, mal
publiés, mal lus, mal jugés sont une oeuvre à se lécher le museau », Mémoires d’outre-tombe, XXXIII.
80
CLÉMENT J.-P., Chateaubriand, biographie morale et intellectuelle, Paris, Flammarion, 1998, p. 200-223.
éditions Garnier, elle fera alors partie des Œuvres complètes, celles-ci venant précédées d’une
étude de Sainte-Beuve. Cette riche édition, en préparation depuis les années 1859-1861,
informée par des appendices et des notes historiques, joue un rôle important dans la diffusion
et la redécouverte des Mémoires au long du siècle dernier. Cette même version sera encore
republiée dans la collection des Classiques Garnier, obtenant une préface et des notes
complémentaires de Pierre Moreau, en 1947.
À partir de là un vrai travail archéologique est mis en œuvre, et de ce travail découle la
découverte et l’étude postérieure de nombreux fragments et de pages des Mémoires. C’est le
cas notamment du « manuscrit de Genève » des années 1840-1843, par exemple, découvert en
1961.
Les recherches qui se sont développées après la découverte de ces documents ont
beaucoup bénéficié du travail de la Société Chateaubriand, institution créée en 1930 et qui
publie depuis 1957 les Bulletins de la Société. Ces Bulletins ont publié au long du vingtième
siècle, surtout entre les années 1940 et 1970, d’abondantes études sur les matériaux
retrouvés : des correspondances, des documents, des fragments de manuscrits perdus ; une
partie considérable du contexte familial et social de Chateaubriand a pu alors être révélée et
étudiée.
Cinquante ans après l’édition de E. Biré, il paraît l’édition et les études critiques de
Maurice Levaillant. Deux grands projets éditoriaux seront réalisés dans les années 1940. En
1948, la publication du Centenaire de la mort de Chateaubriand (Flammarion, 4 volumes ;
seconde édition 1949) coordonnée par Maurice Levaillant est préparée. Possédant tous les
éléments pour organiser une édition sûre, Levaillant décide de prendre comme base la version
de 1845
81
; cette version était celle qui précédait les retranchements et les modifications faites
par le mémorialiste après les objections et les commentaires du groupe de madame Récamier.
La solution de Levaillant ne tient pas en compte donc les révisions faites après les années
1830 et vise à restituer ce qui serait le vrai désir de Chateaubriand avant d’être contaminé par
les conseils de son entourage. Le problème principal qui se pose dans le rétablissement du
texte de 1848, c’est l’impossibilide le restituer dans son intégralité, étant donné que ladite
version complète n’existe plus. C’est ainsi que pour restituer à leur place supposée certains
passages retrouvés, l’éditeur va lui-même écrire des phrases ou sélectionner dans le Congrès
81
Maurice Levaillant (1883-1961) est le responsable de l’organisation et de la coordination des découvertes
partielles. Le professeur Lenormant lui communique les papiers de Madame Récamier et il consulte, d’autre part,
plusieurs manuscrits du collectionneur Edouard Champion, parmi lesquels se trouvent la copie de 1826 des
Mémoires de ma vie, le dossier du livre Récamier, la quatrième partie de la version de 1845 et sept livres du
manuscrit de 1848.
de Vérone la matière de deux livres : « Il finit par aboutir à une sorte de monstre philologique,
où des strates différentes du texte sont enchaînées, sur le même plan, dans un récit continu. »
82
Mais, il faut dire que cette édition, bénéficiant d’une énorme masse documentaire pour sa
réalisation, a longtemps servi de référence et que surtout la deuxième de ses éditions demeure
précieuse pour ses appendices documentaires ainsi que pour des notes.
Parallèlement à l’édition du Centenaire, Levaillant et Georges Moulinier
commencent à publier les Mémoires dans la « Bibliothèque de la Pléiade ». Le premier tirage
est de 1946, avec des retirages corrigés en 1951 et 1957. Pour la « Pléiade », les organisateurs
adoptent un autre système. Elle reproduit le texte corrigé de 1847-1848, avec les dernières
modifications entreprises par l’auteur, mais en compensation elle reçoit le livre sur Mme
Récamier retranché par l’auteur et présente les chapitres de conclusion dans un livre séparé.
On a alors ici un total de 44 livres, structure qui ne correspond à aucun manuscrit.
On arrive enfin à la dernière édition critique de l’ouvrage, établie par Jean-Claude
Berchet, parue entre 1989 et 1998 dans la collection « Classiques Garnier » chez Bordas, qui
s’appuie sur les acquis de la recherche historique et bibliographique des cinquante dernières
années. Suivant rigoureusement les trois derniers états du texte, la copie notariale (1847), le
manuscrit partiel de 1848, l’édition originale (1849-1850), elle évite l’alternative proposée par
M. Levaillant, lequel fixait sur le même plan textuel des strates de l’écriture qui
correspondaient en fait aux différents stades de l’évolution du texte. Cette édition est enfin
assez fidèle à la structure générale du texte et utilise la dernière version laissée par
Chateaubriand.
D’autre part, cette publication met à disposition du lecteur intéressé un double apparat
supplémentaire et critique : les textes supprimés sont regroupés en appendice, tandis que les
variantes de l’écriture proprement dites sont placées en bas de page. Les variantes utilisent
tous les manuscrits connus : le manuscrit dit « de Genève », le manuscrit de 1845 et l’édition
originale de 1848. À l’aide des notes explicatives préparées pour l’édition on peut enfin suivre
aisément la construction du texte.
Il faut dire finalement qu’en 2003-2004 la « Pochothèque » publie à nouveau ce texte
des « Classiques Garnier », établi et recorrigé par Berchet, qui nous fait voir toujours de
forme intelligible l’histoire et l’évolution de l’écriture des Mémoires d’outre-tombe avec son
champ précieux de variantes et des notes. On y trouve en plus une véritable documentation
82
BERCHET, Mémoires d’outre-tombe, op. cit., p. XXXV.
lexicale (histoire, sens et niveau de langue de tous les termes rares) et une recherche
importante des références des citations.
Bref, jusqu’à présent les Mémoires ont reçu quatre éditions différentes. La première,
après la mort de l’auteur, entre 1849-1850 chez Penaud qui fait suite à une publication en
feuilleton dans le journal La Presse. La deuxième, organisée par Edmond Biré, parait en 1898
et fait partie du projet de publication des Œuvres complètes de Chateaubriand qui débute dans
les années 1859-1861. La troisième édition, et la première du vingtième siècle, de Maurice
Levaillant, réalise en fait un double projet, d’un côté l’organisation du « Livre du Centenaire »
de la mort de l’auteur et, de l’autre, la publication du texte dans la « Bibliothèque de la
Pléiade » en 1947. L’édition la plus récente voit le jour entre 1989-1998 dans la collection
« Classiques Garnier » et reçoit une révision pour paraître ensuite dans la « Pochothèque »
sous la coordination de Jean-Claude Berchet.
Il reste à dire que c’est à partir du texte établi par « La Pochothèque » que nous avons
préparé la traduction que nous présentons tout de suite.
PARTIE II
AVANT-PROPOS
Paris, 14 avril 1846.
Revu le 28 juillet 1846.
Sicut nubes ... quasi naves ... velut umbra.
JOB.
Comme il m'est impossible de prévoir le moment de ma fin, comme à mon âge les
jours accordés à l'homme ne sont que des jours de grâce ou plutôt de rigueur, je vais
m'expliquer.
Le 4 septembre prochain, j'aurai atteint ma soixante- dix-huitième année : il est bien
ternps que je quitte un monde qui me quitte et que je ne regrette pas.
Les Mémoires à la tête desquels on lira cet avant-propos, suivents; dans leurs
divisions, les divisions naturelles de mes carrières.
La triste nécessité qui m'a toujours tenu le pied sur la gorge, m'a forcé de vendre mes
Mémoires. Personne ne peut savoir ce que j' ai souffert d' avoir été obligé d'hypothéquer ma
tombe; mais je devais ce dernier sacrifice à mes serments et à l'unité de ma conduite. Par un
attachement peut-être pusillanime, je regardais ces Mémoires comme des confidents dont je
ne m'aurais pas voulu séparer ; mon dessein était de les laisser à madame de Chateaubriand ;
elle les eût fait connaître à sa volonté, ou les aurait supprimés, ce que je désirerais plus que
jamais aujourd'hui.
Ah ! si, avant de quitter la terre, j'avais pu trouver quelqu'un d'assez riche, d'assez
confiant pour racheter les actions de la Société, et n'étant pas, comme cette Société, dans la
nécessité de mettre l' ouvrage sous presse sitôt que tintera mon glas ! Quelques-uns des
actionnaires sont mes amis ; plusieurs sont des personnes obligeantes qui ont cherché à m'être
utiles ; mais enfin les actions se seront peut-être vendues ; elles auront été transmises à des
tiers que je ne connais pas et dont les affaires de famille doivent passer en première ligne ; à
ceux-ci, il est naturel que mes jours, en se prolongeant, deviennent sinon une irnporrunité, du
moins un dommage. Enfin, si j'étais encore maître de ces Mémoires, ou je les garderais en
manuscrit ou j' en retarderais l' apparition de cinquante années.
PRÓLOGO
Paris, 14 de abril de 1846.
Revisto em 28 de julho de 1846.
Sicut nubes... quasi naves... velut umbra.
JÓ.
Como me é impossível prever o momento de meu fim, como em minha idade os dias
concedidos ao homem são apenas dias de graça ou, antes, de rigor, vou explicar-me.
No próximo dia 4 de setembro, terei atingido setenta e oito anos: é tempo de deixar
este mundo que me deixa, sem que eu o lamente.
As Memórias na abertura das quais se lerá este prólogo, acompanham, em suas
divisões, as divisões naturais de minhas carreiras.
A triste indigência que constantemente tem me afligido forçou-me a vender minhas
Memórias. Ninguém pode imaginar o que sofri por ter sido obrigado a hipotecar minha
tumba; mas eu devia este último sacrifício a meus juramentos e à coerência de minha conduta.
Talvez por um apego pusilânime eu tomasse por confidentes essas Memórias das quais não
desejava separar-me; meu intuito era o de entregá-las à senhora de Chateaubriand: ela as
divulgaria segundo sua vontade; ou as suprimiria, o que eu hoje desejaria mais do que nunca.
Ah! se antes de abandonar a terra pudesse encontrar alguém suficientemente rico e
confiável para resgatar as ações da Sociedade, sem que a esta Sociedade fosse necessário
proceder à impressão da obra assim que soar minha hora! Alguns dos acionários são meus
amigos; vários outros são pessoas obsequiosas que tentaram ser-me úteis; mas finalmente
parece que as ações serão vendidas; teriam sido transmitidas a terceiros que não conheço e
que farão prevalecer os interesses de família; para esses, é natural que meus dias, ao
prolongarem-se, tornem-se uma inconveniência ou pelo menos um prejuízo. Enfim se eu
ainda fosse senhor dessas Memórias eu as conservaria em manuscritos ou retardaria sua
aparição em cinqüenta anos.
Ces Mémoires ont été composés à différentes dates et en différents pays: de là, des
prologues obligés qui peignent les lieux que j'avais sous les yeux, les sentiments qui
m'occupaient au moment se renoue le fil de ma narration. Les formes changeantes de ma
vie sont ainsi entrées les unes dans les autres : il m'est arrivé que, dans mes instants de
prospérité, j'ai eu à parler de mes temps de misère ; dans mes jours de tribulation, à retracer
mes jours de bonheur. Ma jeunesse pénétrant dans ma vieillesse, la gravité de mes années
d'expérience attristant mes années légères, les rayons de mon soleil, depuis son aurore jusqu'.à
son couchant, se croisant et se confondant, ont produit dans mes récits une sorte de confusion,
ou, si l'on veut, une sorte d'unité indéfinissable ; mon berceau a de ma tombe ma tombe a de
mon berceau : mes souffrances deviennent des plaisirs, mes plaisirs des douleurs, et je ne sais
plus, en achevant de lire ces Mémoires, sils sont d'une tête brune ou chenue.
J'ignore si ce mélange, auquel je ne puis apporter remède, plaira ou déplaira ; il est le
fruit des inconstances de mon sort : les tempêtes ne m'ont laissé souvent de table pour écrire
que l'écueil de mon naufrage.
On m'a pressé de faire paraître de mon vivant quelques morceaux de ces Mémoires, je
préfère parler du fond de mon cercueil ; ma narration sera alors accompagnée de ces voix qui
ont quelque chose de sacré, parce qu’elles sortent du sépulcre ; c'est sans doute un bien petit
intérêt, mais je le lègue faute de mieux à l’orphelin « mes Mémoires » destià rester après
moi ici-bas . Si j’ai assez souffert en ce monde pour être dans l'autre une ombre heureuse, un
rayon échappé des Champs-Elysées répandra sur mes derniers tableaux une lumière
protectrice : la vie me sied mal ; la mort m'ira peut-être mieux.
Ces Mémoires ont été l'objet de ma prédilection : saint Bonaventure obtint du ciel la
permission de continuer les siens après sa mort ; je n'espère pas une telle faveur, mais je
désirerais ressusciter à l'heure des fantômes, pour corriger au moins les épreuves. Au sürplus,
quand l'Eternité m’aura de ses deux mains bouché les oreilles, dans la poudreuse famille des
sourds, je n' entendrai plus personne.
Si telle partie de ce travail m'a plus attaché que telle autre, c'est ce qui regarde ma
jeunesse, le coin le plus ignoré de ma vie. Là, j'ai eu à réveiller un monde qui n'était connu
que de moi; je n'ai rencontré, en errant dans cette société évanouie, que des souvenirs et le
silence ; de toutes les personnes que j'ai connues, combien en existe-t-il aujourd'hui ?
Essas Memórias foram compostas em diferentes datas, em diferentes países: daí os
forçosos prólogos que mostram os lugares que eu tinha diante dos olhos, os sentimentos de
que era tomado no momento em que se restabelecia o fio de minha narração. As formas
inconstantes de minha vida entraram, assim, umas nas outras: ocorreu-me que em instantes
de prosperidade, tive de falar de meus dias de miséria; em momentos de turbulência,
descrever meus dias de ventura. Minha juventude penetrando em minha velhice, a gravidade
de meus anos de experiência entristecendo meus anos mais agradáveis, os raios de meu sol,
desde sua aurora até seu ocaso, cruzando-se e confundindo-se produziram em minhas
narrativas uma espécie de confusão ou, se quisermos, uma espécie de unidade indefinível;
meu berço ganha minha tumba, minha tumba ganha meu berço: os sofrimentos tornaram-se
meus prazeres e os prazeres, minhas dores, e não sei mais, ao acabar de ler estas Memórias,
se elas são de uma cabeça morena ou grisalha.
Eu ignoro se essa mistura, para a qual não tenho remédio, agradará ou desagradará;
ela é fruto das inconstâncias de meu destino: as tempestades muitas vezes deixaram-me por
mesa de escrever apenas o despojo de meu naufrágio.
Apressaram-me em fazer aparecer ainda em vida alguns pedaços dessas Memórias;
eu prefiro falar do fundo de minha sepultura; minha narração será então acompanhada dessas
vozes que tem algo de sagrado porque saem do sepulcro. Se sofri suficientemente neste
mundo para ser no outro um espectro feliz, um raio fugido dos Campos Elíseos deitará sobre
meus últimos quadros uma luz protetora : a vida me cai mal, a morte me será talvez melhor.
Estas Memórias foram objeto de minha predileção: São Boaventura obteve dos céus a
permissão de continuar as suas após a morte; eu não espero tal favor, mas desejaria
ressuscitar à hora dos fantasmas para ao menos corrigir as provas. De resto, quando a
Eternidade com suas mãos tiver-me tapado os ouvidos, na empoeirada família dos surdos,
não escutarei mais ninguém.
Se alguma parte deste trabalho me agradou mais do que outra, esta foi a de minha
juventude, o recanto mais ignorado de minha vida. Ali eu tive que despertar um mundo que
somente eu conhecia; e tudo o que encontrei, errando por essa sociedade desvanecida, não
encontrei senão lembranças e silêncio; de todas as pessoas que conheci, quantas sobrevivem
hoje?
Les habitants de Saint-Malo s'adressèrent à moi le 25 août 1828, par l'entremise de
leur maire, au sujet d'un bassin à flot qu’ils désiraient établir. Je m'empressai de répondre,
sollicitant, en échange de bienveillance, une concession de quelques pieds de terre, pour mon
tombeau, sur le Grand-Bé: Cela souffrit des difficultés, à cause de l'opposition du génie
militaire. Je reçus enfin, le 27 octobre 1831, une lettre du maire, M. Hovius. Il me disait : «
Le lieu de repos que vous désirez au bord de la « mer, à quelques pas de votre berceau, sera
préparé par « la pitié filial e des Malouins. Une pensée triste se mêle « pourtant à ce soin.
Ah! puisse le monument rester « longtemps vide ! mais l' honneur et la gloire survivent à «
tout ce qui passe sur la terre. » Je cite avec reconnaissance ces belles paroles de M. Hovius :
il n'y a de trop que le mot gloire.
Je reposerai donc au bord de la mer que j' ai tant aimée. Si je décède hors de France,
je souhaite que mon corps ne soit rapporté dans ma patrie qu'après cinquante ans révolus
d'une première inhumation. Qu'on sauve mes restes d'une sacrilège autopsie ; qu'on s'épargne
le soin de chercher dans mon cerveau glacé et dans mon coeur éteint le mystère de mon être.
La mort ne révèle point les secrets de la vie. Un cadavre courant la poste me fait horreur ;
des os blanchis et légers se transportent facilement : ils seront moins fatigués dans ce dernier
voyage que quand je les traînais çà et là chargés de mes ennuis.
Os habitantes de Saint Malo se dirigiram a mim em 25 de agosto de 1828 por
intermédio de seu prefeito para tratar de uma doca flutuante que desejavam criar. Apressei-
me em responder, solicitando em troca do benefício a concessão de alguns pés de terra para
minha tumba no Grand-
83
. O trato sofreu alguns reveses por conta da oposição da
engenharia militar. Finalmente recebi em 27 de outubro de 1831, uma carta do prefeito,
senhor Hovius. Ele me dizia: “O lugar de repouso que o senhor deseja à beira-mar, a poucos
passos de seu berço, será preparado pela devoção filial dos moradores de Saint-Malo. Um
triste pensamento junta-se, no entanto, a estes cuidados. Ah! que este monumento fique
muito tempo vazio! mas a honra e a glória sobrevivem a tudo aquilo passa pela a terra.” Cito
com gratidão estas belas palavras do senhor Hovius: apenas há de mais a palavra glória.
Repousarei, portanto, à beira do mar que tanto amei. Se eu morrer fora da França,
desejo que meu corpo somente seja transportado à minha pátria após cinqüenta anos de uma
primeira inumação. Que livrem meus restos de uma autópsia sacrílega; poupem-se dos
cuidados de investigar em meu cérebro gélido, em meu coração apagado o mistério de meu
ser. A morte não revela os segredos da vida. Um cadáver andando rapidamente me
aterroriza; ossos leves e esbranquiçados são facilmente transportados: eles ficarão menos
cansados nesta última viagem do que quando eu os arrastava aqui e ali saturados de meus
dissabores.
83
N.A. Ilhota situada na baía de Saint Malo
LIVRE PREMIER
(1)
La Vallée-aux-Loups, près d'Aulnay, ce 4 octobre 1811.
Il y a quatre ans qu'à mon retour de la Terre-Sainte, j' achetai pràs du hameau
d'Aulnay, dans le voisinage de Sceaux et de Châtenay, une maison de jardinier, cachée parmi
des collines couvertes de bois. Le terrain inégal et sablonneux dépendant de cette maison,
n'était qu'un verger sauvage au bout duquel se trouvait une ravine et un taillis de
châtaigniers. Cet étroit espace me parut propre à renfermer mes longues espérances ; spatio
brevi spem longam reseces. Les arbres que j'y ai plantés prospèrent, ils sont encore si petits
que je leur donne de l'ombre quand je me place entre eux et le soleil. Un jour, en me rendant
cette ombre, ils protégeront mes vieux ans comme j 'ai protégé leur jeunesse. Je les ai choisis
autant que je l'ai pu des divers climats ou j' ai erré ; ils rappellent mes voyages et nourrissent
au fond de mon coeur d'autres illusions.
Si jamais les Bourbons remontent sur le trône, je ne leur demanderai, en récompense
de ma fidélité, que de me rendre assez riche pour joindre à mon héritage la lisière des bois
qui l’environnent : l' ambition m'est venue ; je voudrais accroître ma promenade de quelques
arpents : tout chevalier errant que je suis, j'ai les goûts sédentaires d'un moine : depuis que
j'habite cette retraite, je ne crois pas avoir mis trois fois les pieds hors de mon enclos. Mes
pins, mes sapins, mes mélèzes, mes dres tenant jamais ce qu'ils promettent, la Vallée-aux-
Loups deviendra une véritable chartreuse. Lorsque Voltaire naquit à Châtenay, le 20 février
1694, quel était l'aspect du coreau où se devait retirer, en 1807, l'auteur du Genie du
Christianisme ?
LIVRO PRIMEIRO
Capítulo 1
Vallée-aux-Loups, próximo a Aulnay, neste 4 de outubro de 1811.
Faz quatro anos que, em meu retorno da Terra Santa, comprei perto do vilarejo de
Aulnay, pelas imediações de Sceaux e de Chatenay, uma casa de jardineiro, escondida entre
colinas cobertas de bosques. O terreno irregular e arenoso pertencente à casa, era um simples
pomar selvagem em cuja extremidade havia um barranco e uma mata de castanheiros. Este
estreito espaço pareceu-me apropriado para recolher minhas longas esperanças; spatio brevi
spem longam reseces. As árvores que plantei cresceram, mas encontram-se tão pequenas que
eu ainda lhes faço sombra quando me ponho entre elas e o sol. Algum dia, devolvendo-me
esta sombra, elas protegerão meus velhos anos assim como protegi sua juventude. Eu as
escolhi, o quanto pude, nos diversos climas por onde errei; elas evocam minhas viagens e
nutrem no fundo de meu coração outras ilusões.
Se algum dia os Bourbons reconquistarem o trono, eu pedirei apenas, em recompensa
por minha fidelidade, suficiente riqueza para reunir à minha herança as zonas de bosques que
a circundam: esta é minha ambição; desejaria aumentar em alguns arpentos meu passeio: por
mais que seja um cavaleiro errante, tenho gostos sedentários de um monge: desde que me
encontro nesta morada, creio não ter posto os s três vezes fora de meu claustro. Meus
pinheiros, meus larícios, meus cedros mantendo o que prometem, a Vallée-aux-Loups se
tornará um verdadeiro retiro. Quando Voltaire nasceu em Chatenay, em 20 de fevereiro de
1694, qual seria o aspecto da encosta para onde deveria retirar-se, em 1807, o autor do Gênio
do Cristianismo?
Ce lieu me plaît ; il a remplacé pour moi les champs paternels ; je l'ai payé du produit
de mes rêves et de mes veilles ; c'est au grand désert d'Atala que je dois le petit désert
d'Aulnay ; et pour me créer ce refuge, je n'ai pas, comme le colon américain, dépouillé
l'Indien des Florides. Je suis attaché à mes arbres ; je leur ai adressé des élégies, des sonnets,
des odes. Il n'y a pas un seul d'entre eux que je n'aie soigné de mes propres mains, que je
n'aie délivré du ver attaché à sa racine, de la chenille collée à sa feuille ; je les connais tous
par leurs noms comme mes enfants: c'est ma famille, je n'en ai pas d'autre, j'espère mourir au
milieu d'elle.
Ici, j'ai écrit les Martyrs, les Abencerages, l'Itinéraire et Moïse ; que ferai-je
maintenant dans les soirées de cet automne ? Ce 4 octobre 1811, anniversaire de ma fête et
de mon entrée à Jérusalem, me tente à commencer l'histoire de ma vie. L'homme qui ne
donne aujourd'hui l' empire du monde à la France que pour la fouler à ses pieds, cet homme,
dont j'admire le génie et dont j'abhorre le despotisme, cet homme m'enveloppe de sa tyrannie
comme d'une autre solitude ; mais s’il écrase le présent, le passé le brave, et je reste libre
dans tout ce qui a précédé sa gloire.
La plupart de mes sentirnents sont demeurés au fond de mon âme, ou ne se sont
montrés dans mes ouvrages que comme appliqués à des êtres imaginaires. Aujourd'hui que je
regrette encore mes chimères sans les poursuivre, je veux remonter le penchant de mes belles
années: ces Mémoires seront un temple de la mort élevé à la clarté de mes souvenirs.
De la naissance de mon père et des épreuves de sa première position, se forma en lui
un des caractères les plus sombres qui aient été. Or, ce caractère a influé sur mes idées en
effrayant mon enfance, contristant ma jeunesse et décidant du genre de mon éducation.
Je suis gentilhomme. Selon moi, j'ai profité du hasard de mon berceau, j'ai gardé
cet amour plus ferme de la liberté qui appartient principalement à l'aristocratie dont la
dernière heure est sonnée. L'aristocratie a trois âges successifs : l'âge des supériorités, l'âge
des privilèges, l' âge des vanités : sortie du premier, elle dégénère dans le second et s' éteint
dans le dernier.
On peut s'enquêrir de ma famille, si l'envie en prend jamais, dans le dictionnaire de
Moréri, dans les diverses histoires de Bretagne de d'Argentré, de dom Lobineau, de dom
Morice, dans l'Histoire généalogique de plusieurs maisons illustres de Bretagne du P.
Dupaz, dans Toussaint Saint-Luc, Le Borgne, et enfin dans l' Histoire des grands officiers de
la Couronne du P. Anselme*.
Este lugar me agrada; substituiu para mim os campos paternos; paguei-o com o
produto de meus sonhos e de minhas vigílias; é ao grande deserto de Atala que devo o
pequeno deserto de Aulnay; e para cultivar este refúgio, não despojei os índios da Flórida
como o colono americano. Afeiçoei-me às minhas árvores; enderecei-lhes elegias, sonetos,
odes. Não uma única que não tenha sido cuidada com minhas próprias mãos, nenhuma de
cujas raízes eu não tenha arrancado verme, de cujas folhas não tenha tirado larva grudada; eu
conheço todas por seus nomes como filhos meus: esta é minha família, não tenho outra,
espero morrer junto a elas.
Aqui, escrevi os Mártires, os Abencerages, o Itinerário e Moisés; que farei agora nas
noites de outono? Neste 4 de outubro de 1811, festa de meu aniversário e de minha entrada
em Jerusalém, tento começar a história de minha vida. O homem que hoje o Império do
mundo à França apenas para espezinhá-la, este homem, cujo gênio admiro e cujo despotismo
deploro me envolve em sua tirania como se fosse outra solidão; mas, se ele destrói o presente,
o passado o desafia, e eu permaneço livre em tudo o que precedeu sua glória.
Grande parte de meus sentimentos permaneceu no fundo de minha alma, ou foram
aplicados a seres imaginários em minhas obras. Hoje lamentando ainda minhas quimeras sem
mais persegui-las, quero refazer o curso de meus melhores anos: estas Memórias serão um
templo da morte erguido à clareza de minhas lembranças.
O nascimento de meu pai e as provas por que passou em sua primeira posição
formaram nele um dos caracteres mais sombrios que já houve. Este caráter influenciou
minhas idéias aterrorizando minha infância, amargurando minha juventude e determinando o
gênero de minha educação.
Nasci gentil-homem. Creio que me beneficiei do acaso de minha origem, conservei
este amor sólido pela liberdade que é patrimônio, sobretudo, da aristocracia cujo fim foi
anunciado. A aristocracia conta com três eras sucessivas: a era das superioridades, a era dos
privilégios, a era das vaidades: saída da primeira, ela degenera na segunda e extingue-se na
última.
É possível informar-se sobre minha família, se alguém o desejar, no dicionário de Moréri, nas
diversas histórias da Bretanha de d'Argentré, de dom Lobineau, de dom Morice, na Historia
genealógica das várias casas ilustres da Bretanha, de P. Dupaz, em Toussaint Saint-Luc, Le Borgne,
e finalmente na História dos grandes oficiais da Coroa do Padre Anselme
84
.
84
Esta genealogia está resumida em História genealógica e heráldica dos Pares de França, dos grandes
dignatários da Coroa, pelo senhor cavaleiro de Courcelles.
Les preuves de ma descendance furent faites entre les mains de Chérin, pour
l'admission de ma soeur Lucile comme chanoinesse au chapitre de l' Argentière, d'ou elle
devait passer à celui de Remiremont ; elles furent reproduites pour ma présentation à Louis
XVI, reproduites pour mon affiliation à l'ordre de Malte et reproduites, une dernière fois,
quand mon frère fut présenté au même infortuné Louis XVI.
Mon nom s'est d'abord écrit Brien, ensuite Briant et Briand, par l'invasion de
l'orthographe française. Guillaume le Breton dit Castrum-Briani. Il n'y a pas un nom en
France qui ne présente ces variations de lettres. Quelle est l' orthographe de du Guesclin ?
Les Brien vers le commencement du onziéme siècle communiquèrent leur nom à un
château considérable de Bretagne, et ce château devint le chef-lieu de la baronnie de
Chateaubriand. Les armes des Chateaubriand étaient d' abord des pommes de pin avec la
devise : Je sème l'or. Geoffroy, baron de Chateaubriand, passa avec saint Louis en Terre-
Sainte. Fait prisonnier à la bataille de la Massoure, il revint, et sa femme Sybille mourut de
joie et de surprise en le revoyant. Saint Louis, pour récompenser ses services, lui concéda à
lui et à ses héritiers, en échange de ses anciennes armoiries, un écu de gueules, semé de
fleurs de lys d' or : Cui et ejus haeredibus, atteste un cartulaire du prieuré de Bérée, sanctus
Ludovicus tum Francorum rex, propter ejus probitatem in armis, flores lilii auri, loco
pomorum pini auri, contulit.
Les Chateaubriaod se partagèrent dès leur origine en trois branches : la premié, dite
barons de Chateaubriand, souche des deux autres et qui commença l’an 1000 dans la
personne de Thiern, fils de Brien, petit-fils d' Alain III, comte ou chef de Bretagne; la
seconde, surnommée seigneurs des Roches Baritaut, ou du Lion d'Angers ; la troisième
paraissant sous le titre de sires de Beaufort.
Lorsque la lignée des sires de Beaufort vint à s'éteindre dans la personne de Dame
Renée, un Christophe II, branche collatérale de cette lignée, eut en partage la terre de la
Guérande en Morbihan. A cette époque, vers le milieu du dix-septième siècle, une grande
confusion s'était répandue dans l'ordre de la noblesse, des titres et des noms avaient été
usurpés. Louis XIV prescrivit une enquête, afin de remettre chaecun dans son droit.
Christophe fut maintenu, sur preuve de sa noblesse d'ancienne extraction, dans son titre et
dans la possession de ses armes, par arrêt de la Chambre établie à Rennes pour la
réformation de la noblesse de Breragne. Cet arrêt fut rendu le 16 septembre 1669 ; en voici le
texte :
As provas de minha descendência foram feitas pelas mãos de Chérin, para admissão de
minha irmã enquanto cônega no Capítulo de l'Argentière, de onde ela passaria a seguir para o
de Remiremont; estas foram reproduzidas para minha apresentação à Luís XVI, reproduzidas
para minha filiação à Ordem de Malta e reproduzidas, uma última vez, quando meu irmão
fora apresentado ao desafortunado Luís XVI.
No princípio, meu nome escrevia-se Brien, a seguir Briant e Briand, por interferência
da ortografia francesa. Guillaume le Breton dito Castrum-Briani. Não um nome na
França que não apresente estas variações de letras. Qual é a ortografia de du Guesclin?
Pelo começo do século XI os Brien transmitiram seu nome a um prestigioso castelo da
Bretanha, e este castelo tornou-se a sede do baronato de Chateaubriand. As armas de
Chateaubriand no princípio eram pinhas com a divisa: Semeio ouro. Geoffroy, barão de
Chateaubriand, passou por Terra Santa com São Luís. Fez-se prisioneiro na Batalha de
Massoure e, em sua volta, sua mulher Sybille morreu de alegria e de surpresa ao vê-lo
retornar. Como recompensa de seus serviços, São Luís concedeu a ele e a seus herdeiros, em
troca de suas antigas armas, um escudo, adornado com flores de lis em ouro: Cui et ejus
haeredibus, atesta um catulário do priorado de Bérée, sanctus Ludovicus tum Francorum rex,
propter ejus probitatem in armis, flores lilii auri, loco pomorum pini auri, contulit.
Os Chateaubriand, desde sua origem, dividiram-se em três ramos: a primeira, dita
barões de Chateaubriand, tronco das duas outras que iniciou o ano 1000 na pessoa de Thiern,
filho de Brien, neto de Alain III, conde ou chefe de Bretanha; a segunda, de alcunha Senhores
de Rochers Baritaut, ou de Leão d' Angers; a terceira aparecendo sob o título de sires de
Beaufort.
Quando a linhagem dos sires de Beaufort veio a extinguir-se na pessoa de Dame de
Renée, um Christophe II, ramificação colateral desta linhagem, obteve por partilha a terra de
Guérande em Morbihan. Nesta época, em meados do século XVII, reinava uma grande
confusão na ordem da nobreza; títulos e nomes haviam sido usurpados. Luis XIV ordenou
uma investigação, a fim de restituir a cada um seus direitos. Christophe conservara, diante das
provas da antiga extração de sua nobreza, seu título e a possessão de suas armas, por sentença
da Câmara estabelecida em Rennes para reforma da nobreza de Bretanha. Essa sentença foi
pronunciada em 16 de setembro de 1669; eis aqui o texto:
« Arrêt de la Chambre établie par le Roi (Louis XIV) pour la réformation de la
noblesse en la province de Bretagne, rendu le 16 septembre 1669: Entre le procureur général
du roi, et M. Christophe de Chateaubriand, sieur de la Guérande : lequel déclare le dit
Christophe issu d'ancienne extraction noble, lui permet de prendre la qualité de chevalier, et
le maintient dans le droit de porter pour armes de gueules semé de fleurs de lys d'or sans
nombre, et ce aprés production par lui faite de ses titres authentiques, desquels il appert, etc.,
etc., ledit Arrêt signé Malescot. »
Cet arrêt constate que Christophe de Chateaubriand de la Guérande descendait
directement des Chateaubriand, sires de Beaufort ; les sires de Beaufort se rattachaient par
documents historiques aux premiers barons de Chateaubriand. Les Chateaubriand de
Villeneuve, du Plessis et de Combourg étaient cadets des Chateaubriand de la Guérande,
comme il est prouvé par la descendance d' Amaury, frère de Michel, lequel Michel était fils
de ce Christophe de la Guérande maintenu dans son extraction par l' arrêt ci-dessus rapporté
de la réformation de la noblesse, du 16 septembre 1669.
Après ma présentation à Louis XVI, mon frère songea à augmenter ma fortune de
cadet en me nantissant de quelques-uns de ces bénéfices appelés bénéfices simples. Il n'y
avait qu'un seul moyen praticable à cet effet, puisque j'étais laïque et militaire, c'était de
m'agréger à l'ordre de Malte. Mon frère envoya mes preuves à Malte, et bientôt après il
présenta requête en mon nom, au chapitre du grand-prieuré d' Aquitaine, tenu à Poitiers, aux
fins qu'il fût nommé des commissaires pour prononcer d'urgence. M. Pontois était alors
archiviste, vice-chancelier et généalogiste de l'ordre de Malte, au Prieuré.
Le président du chapitre était Louis-Joseph des Escotais, bailli, grand-prieur d'
Aquitaine, ayant avec lui le bailli de Freslon, le chevalier de La Laureneie, le chevalier de
Murat, le chevalier de Lanjamet, le chevalier de La Bourdonnaye-Montluc et le chevalier du
Bouëtiez. La requête fut admise les 9, 10 et 11 septembre 1789. Il est dit, dans les termes
d'admission du Mémorial, que je méritais à plus d'un titre la grâce que je sollicitais, et que
des considérations du plus grand poids me rendaient digne de la satisfaction que je
réclamais.
"Sentença da Câmara estabelecida pelo Rei (Ls XIV) para reforma da nobreza na
província de Bretanha, pronunciada em 16 de setembro de 1669: Entre o procurador geral do
rei e o senhor Christophe de Chateaubriand, senhor de La Guérande: o qual declara o referido
Christophe proveniente de antiga extração nobre, e permite-lhe assumir a condição de
cavaleiro, e mantendo-o no direito de portar armas adornadas de flores de lis em ouro sem
limite de número, e isto após produção feita por ele próprio de seus títulos autênticos, dos
quais torna manifesto, etc. etc., a referida Sentença assinada Malescot."
Essa sentença certifica que Christophe de Chateaubriand de la Guérande descendia
diretamente dos Chateaubriand, sires de Beaufort; os sires de Beaufort ligavam-se, segundo
documentos históricos, aos primeiros barões de Chateaubriand. Os Chateaubriand de
Villeneuve, de Plessis e de Combourg eram os cadetes
85
dos Chateaubriand de la Guérande,
conforme o prova a descendência de Amaury, irmão de Michel, sendo o tal Michel filho deste
Christophe de la Guérande mantido em sua extração pela sentença acima descrita da reforma
da nobreza, em 16 de setembro de 1669.
Depois de minha apresentação a Luís XVI, meu irmão pretendeu aumentar minha
fortuna de caçula provendo-me de alguns dos benefícios chamados benefícios simples. O
único meio para alcançar tal fim, sendo eu laico e militar, seria o de incorporar-me à Ordem
de Malta. Meu irmão enviou minhas provas a Malta e, logo depois, apresentou petição em
meu nome dirigida ao Capítulo do grande priorado da Aquitânia, reunido em Poitiers, a fim de
que fossem nomeados comissários para um pronunciamento de urgência. Senhor Pontois era
então o arquivista, vice-chanceler e genealogista da Ordem de Malta no Priorado.
O presidente do Capítulo era Louis-Joseph des Escotais, bailio, grande prior de
Aquitânia, estando acompanhado pelo bailio de Freslon, o cavaleiro de La Laurencie, o
cavaleiro de Murat, o cavaleiro de Lanjamet, o cavaleiro de La Bourdonnaye-Montluc e o
cavaleiro de Bouëtiez. A petição fora admitida em 9,10 e 11de setembro de 1789. Está dito,
nos termos da admissão do Memorial, que eu merecia por mais de uma razão o beneficio que
solicitava, e que considerações de grande peso tornavam-me digno de ter minha solicitação
acolhida.
85
Filhos não primogênitos de nobres.
Et tout cela avait lieu après la prise de la Bastille, après les scènes du 9 octobre 1789
et la translation de la famille royale à Paris ! Et dans la séance du 7 août de cette année 1789,
l'Assemblée nationale avait aboli les titres de noblesse ! Comment les chevaliers et les
examinateurs de mes preuves trouvaient-ils aussi que je méritais à plus d' un titre la grâce
que je sollicitais, etc., moi qui n' étais qu'un chétif sous-lieutenant d’infanterie, inconnu, sans
crédit, sans faveur et sans fortune ?
Le fils aîné de mon frère (j'ajoute ceci en 1831 à mon texte primitif écrit en 1811), le
comte Louis de Chateaubriand, a épousé mademoiselle d'Orglandes, dont il a eu cinq filles et
un garçon, celui-ci nommé Geoffroy. Christian, frére cadet de Louis, arrière-petit-fils et
filleul de M. de Malesherbes, et lui ressemblant d'une manière frappante, servit avec
distinction en Espagne comme capitaine dans les dragons de la garde, en 1823. Il s'est fait
jésuite à Rome. Les jésuites suppléent à la solitude à mesure que celle-ci s'efface de la terre.
Chrisrian vient de mourir à Chieri, près Turin : vieux et malade, je le devais devancer ; mais
ses vertus l'appelaient au ciel avant moi, qui ai encore bien des fautes à pleurer.
Dans la division du patrimoine de la famille, Christian avait eu la terre de
Malesherbes, et Louis la terre de Combourg. Christian ne regardant pas le partage égal
comme gitime, voulut, en quittant le monde, se dépouiller des biens qui ne lui
appartenaient pas et les rendre à son frère aîné.
A la vue de mes parchemins, il ne tiendrait qu'à moi, si j'héritais de l'infacuation de
mon père et de mon frère, de me croire cadet des ducs de Bretagne, venant de Thiern, petits-
fils d' Alain III.
Cesdits Chateaubriand auraient mêlé deux fois leur sang au sang des souverains
d'Angleterre, Geoffroy IV de Chateaubriand ayant épousé en secondes noces Agnès de
Laval, petite-fille du comte d'Anjou et de Mathilde, fille de Henri I; Marguerite de Lusignan,
veuve du roi d' Angleterre et petite-fille de Louis-le-Gros, s'étant mariée à Geoffroy V,
douzième baron de Chateaubriand. Sur la race royale d'Espagne, on trouverait Brien, frère
puîné du neuvième baron de Chateaubriand, qui se serait uni à Jeanne, fille d'Alphonse, roi
d'Aragon. Il faudrait croire encore, quant aux grandes familles de France, qu'Edouard de
Rohan prit à femme Marguerite de Chateaubriand ; il faudrait croire encore qu'un Croï
épousa Charlotte de Chateaubriand. Tinteniac, vainqueur au combat des Trente, du Guesclin
le connétable, auraient eu des alliances avec nous dans les trois branches.
E tudo isso acontecia após a tomada da Bastilha, e depois das cenas de 6 de outubro de
1789 e da transferência da família Real a Paris! E na sessão de 7 de agosto deste ano de 1789,
a Assembléia Nacional havia abolido os títulos de nobreza! Como então os cavaleiros e
examinadores de minhas provas julgavam que eu merecia por mais de uma razão o benefício
que eu solicitava, etc., eu que não passava de um pobre subtenente de infantaria,
desconhecido, sem crédito, sem favor e sem fortuna?
O primogênito de meu irmão (acrescento isso em 1831 a meu texto escrito em 1811),
conde Luís de Chateaubriand, desposou a senhorita d'Orglandes, de quem teve cinco filhas e
um menino, chamado Geoffroy. Christian, irmão caçula de Luís, bisneto e afilhado do senhor
Malesherbes, com quem se assemelhava de maneira espantosa, serviu com distinção na
Espanha como capitão dos dragões de guarda, em 1823. Tornou-se jesuíta em Roma. Os
jesuítas restauram a solidão à medida que esta desaparece da face da terra. Christian acaba de
morrer em Chieri, perto de Turim: velho e doente, eu devia precedê-lo; mas suas virtudes o
chamaram ao céu antes de mim, que tenho ainda alguns erros a lamentar.
Na divisão do patrimônio da família, Christian havia recebido as terras de
Malesherbes, e Luís as de Combourg. Christian, não tendo considerado legítima a repartição,
quis, ao deixar este mundo, despojar-se dos bens que não lhe pertenciam devolvendo-os a seu
irmão mais velho.
Em vista de meus pergaminhos, dependeria apenas de mim, se tivesse herdado a
fatuidade de meu pai e de meu irmão, crer-me cadete dos duques de Bretanha, descendente de
Thiern, neto de Alain III.
Esses mencionados Chateaubriand teriam mesclado duas vezes seu sangue com o
sangue dos soberanos da Inglaterra, ao casar Geoffroy IV de Chateaubriand em segundas
núpcias com Agnès de Laval, neta do conde de Anjou e de Mathilde, filha de Henrique Ier;
Marguerite de Lusignan, viúva do rei da Inglaterra e neta de Luis o Gordo, tendo casado com
Geoffroy V, décimo segundo barão de Chateaubriand. Na estirpe real de Espanha,
encontramos Brien, segundo irmão do nono barão de Chateaubriand, que se teria unido a
Jeanne, filha de Alphonse, rei de Aragão. Parece também, quanto às grandes famílias da
França, que Edouard de Rohan tomou por esposa Marguerite de Chateaubriand; e ainda que
um Croï desposou Charlotte de Chateaubriand. Titeniac, vencedor no combate dos Trinta e o
condestável de Guesclin teriam efetuado alianças conosco nos três ramos.
Tiphaine du Guesclin, petite-fille du frère de Bertrand, céda à Brien de
Chateaubriand, son cousin et son ritier, la propriété du Plessis-Bertrand. Dans les traités,
des Chateaubriand sont donnés pour caution de la paix aux rois de France, à Clisson, au
baron de Vitré. Les ducs de Bretagne envoient à des Chateaubriand copie de leurs assises.
Les Chateaubriand deviennent grands officiers de la couronne, et des illustres dans la cour
de Nantes ; ils reçoivent des commissions pour veiller à la sûreté de leur province contre les
Anglais. Brien I se trouve à la bataille d'Hastings : il était fils d'Eudon, comte de Penthièvre.
Guy de Chateaubriand est du nombre des seigneurs qu'Arthur de Bretagne donna à son fils
pour l' accompagner dans son ambassade de Rome, en 1309.
Je ne finirais pas si j 'achevais ce dont je n'ai voulu faire qu'un court résumé : la note
à laquelle je me suis enfin résolu*, en considération de mes deux neveux, qui ne font pas
sans doute aussi bon marché que moi de ces vieilles misères, remplacera ce que j'omets dans
ce texte. Toutefois, on passe aujourd'hui un peu la borne; il devient d'usage de déclarer que
l’on est de race corvéable, qu'on a l'honneur d'être fils d'un homme attaché à la glèbe. Ces
déclarations sont-elles aussi fières que philosophiques ? N'est-ce pas se ranger du parti du
plus fort ? Les marquis, les comtes, les barons de maintenant, n' ayant ni privilèges ni sillons,
les trois quarts mourant de faim, se dénigrant les uns les autres, ne voulant pas se
reconnaître, se contestant mutuellement leur naissance ; ces nobles, à qui l'on nie leur propre
nom, ou à qui on ne l'accorde que sous bénéfice d'inventaire, peuvent-ils inspirer quelque
crainte ? Au reste, qu'on me pardonne d’avoir été contraint de m' abaisser à ces puériles
récitations, afin de rendre compte de la passion dominante de mon père, passion qui fit le
noeud du drame de ma jeunesse. Quant à moi, je ne me glorifie ni ne me plains de l'ancienne
ou de la nouvelle société. Si, dans la première, j'étais le chevalier ou le vicomte de
Chateaubriand, dans la seconde je suis François de Chateaubriand ; je préfère mon nom à
mon titre.
Monsieur mon re aurait volontiers, comme un grand terrier du moyen âge, appelé
Dieu le Gentilhomme de là-haut, et surnommé Nicodème (le Nicodème de l'Évangile) un
saint gentiçhomme. Maintenant, en passant par mon géniteur, arrivons de Christophe,
seigneur suzerain de la Guérande, et descendant en ligne directe des barons de
Chateaubriand, jusqu'à moi, François, seigneur sans vassaux et sans argent de la Vallée-aux-
Loups.
Tiphaine du Guesclin, neta do irmão de Bertrand, cedeu a Brien de Chateaubriand, seu
primo e herdeiro, a propriedade de Plessis-Bertrand. Nos tratados, uns Chateaubriand são
oferecidos como fiadores da paz com os reis de França, em Clisson, ao barão de Vitré. Os
duques de Bretanha enviam aos Chateaubriand cópia de suas audiências. Os Chateaubriand
tornam-se grandes oficiais da Coroa, e ilustres na corte de Nantes; recebem a incumbência de
velar pela segurança de sua província contra os ingleses. Brien Ier toma parte na batalha de
Hastings: era filho de Eudon, conde de Penthièvre. Guy de Chateaubriand figura entre os
senhores designados por Arthur de Bretagne para acompanhar o filho em sua embaixada a
Roma, em 1309.
Eu não terminaria mais se me prolongasse ainda no que desejava que fosse apenas um
curto resumo: a nota sobre a qual finalmente me decidi, em consideração a meus dois
sobrinhos, que sem dúvida não fazem tanto caso quanto eu destas antigas misérias, suprirá o
que omito neste texto. Entretanto, passamos um pouco hoje dos limites; torna-se comum
declarar que se é de condição plebéia, que se tem a honra de ser filho de homem ligado à
gleba. Pretendem essas declarações serem tão altivas quanto filosóficas? Não seria isso
alinhar-se ao partido do mais forte? Os marqueses, os condes, os barões de agora, não tendo
nem privilégios nem lavouras, estando três quartos morrendo de fome, se difamam uns aos
outros, sem quererem reconhecer-se, contestando mutuamente seu nascimento; podem estes
nobres, cujo nome se nega ou se concede sob privilégio de inventário, inspirar algum temor?
De resto, que me perdoem o constrangimento de descer a estas pueris recitações, a fim de dar
conta da paixão dominante de meu pai, paixão que foi o do drama de minha juventude.
Quanto a mim, não me vanglorio nem me queixo da antiga ou da nova sociedade. Se, na
primeira, eu era o cavaleiro ou o visconde de Chateaubriand, na segunda sou François de
Chateaubriand; prefiro meu nome a meu título.
O senhor meu pai, de bom grado, como um grande feudatário da Idade Média, haveria
de chamar a Deus de nobre cavaleiro das alturas, e chamado Nicodème (o Nicodème do
Evangelho) um santo cavaleiro. Agora, deixando de lado o meu genitor, chegamos de
Christophe, senhor feudal da Guérande, e descendente em linha direta dos barões de
Chateaubriand, até mim, François, senhor sem vassalos e sem dinheiro da Vallée-aux-Loups.
En remontant la lignée des Chateaubriand, composée de trois branches, les deux
premières étant faillies, la troisième, celle des sires de Beaufort, prolongée par un rameau
(les Chateaubriand de la Guérande), s'appauvrit, effet inévitable de la loi du pays: les aînés
nobles emportaient les deux tiers des biens, en vertu de la coutume de Bretagne ; les cadets
divisaient entre eux tous un seul tiers de l'héritage paternel. La décomposition du chétif estoc
de ceux-ci s'opérait avec d' autant plus de rapidité, qu'ils se mariaient ; et comme la même
distribution des deux tiers au tiers existait aussi pour leurs enfants, ces cadets des cadets
arrivaient promptement au partage d'un pigeon, d'un lapin, d'une canardière et d'un chien de
chasse, bien qu'ils fussent toujours chevaliers hauts et puissants seigneurs d'un colombier,
d'une crapaudière et d'une garenne . On voit dans les anciennes familles nobles une quantité
de cadets ; on les suit pendant deux ou trois générations, puis ils disparaissent, redescendus
peu à peu à la charrue ou absorbés par les classes ouvrières, sans qu'on sache ce qu'ils sont
devenus.
Le chef de nom et d'armes de ma famille, était, vers le commencement du dix-
huitième siècle, Alexis de Chateaubriand, seigneur de la Guérande, fils de Michel, lequel
Micchel avait un frère, Amaury. Michel était le fils de ce Christophe, maintenu dans son
extraction des sires de Beaufort et des barons de Chateaubriand, par l'arrêt ci-dessus rappelé,
Alexis de la Guérande était veuf ; ivrogne décidé, il passait ses jours à boire, vivait dans le
désordre avec ses servantes, et mettait les plus beaux titres de sa maison à couvrir des pots de
beurre.
En même temps que ce chef de nom et d'armes, existait son cousin François, fils
d'Amaury, puîné de Michel. François, le 19 février 1683, possédait les petites seigneunes
des Touches et de la Villeneuve. Il avait épousé, le 27 août 1713, Pétronille-Claude Lamour,
dame de Lanjégu, dont il eut quatre fils : François-Henri, René (mon père), Pierre, seigneur
du Plessis, et Joseph, seigneur du Parc. Mon grand-père, François, mourut le 28 mars 1729 ;
ma grand-mère, je l' ai connue dans mon enfance avait encore un beau regard qui souriait
dans l’ombre de ses belles années. Elle habitait, au décès de son mari, le manoir de la
Villeneuve, dans les environs de Dinan. Toute la fortune de mon aïeule ne dépassait pas
5,000 livres de rente, dont l'aîné de ses fils emportait les deux tiers, 3 332 livres; restaient
1 668 livres de rente pour les trois cadets, sur laquelle somme l'aîné prélevait encore le
préciput .
Remontando à linhagem dos Chateaubriand, composta de três ramos, estando as duas
primeiras extintas a terceira, a dos sires de Beaufort, prolongada por um ramo (os
Chateaubriand de Guérande), empobrecera, efeito inevitável da lei do lugar: os filhos
primogênitos nobres levavam dois terços dos bens, em virtude dos costumes de Bretanha; os
mais novos dividiam entre si um único terço da herança paterna. A degradação do magro
patrimônio desses operava-se ainda com mais rapidez após o casamento; e como a mesma
distribuição dos dois terços do terço valia também para seus filhos, esses caçulas dos caçulas
chegavam rapidamente ao ponto de terem de partilhar um pombo, um coelho, um pântano
para caçar patos e um cão de caça, mesmo que fossem altos cavaleiros e poderosos senhores
de um pombal, de uma pocilga ou de uma reserva de caça. Vê-se nas antigas famílias nobres
um grande número de caçulas; podemos segui-los por duas ou três gerações, depois
desaparecem pouco a pouco entregues ao arado ou absorvidos pelas classes trabalhadoras sem
que saibamos no que se transformaram.
O chefe da linhagem e das armas de minha família, pelo início do século XVIII, era
Alexis de Chateaubriand, senhor de la Guérande, filho de Michel, que tinha um irmão,
Amaury. Michel era filho daquele Christophe mantido na extração dos sires de Beaufort e dos
Barões de Chateaubriand, pela sentença acima mencionada. Alexis de la Guérande era viúvo;
bêbado incorrigível, passava os dias a se embriagar, levava uma vida desregrada com as
criadas e esbanjava todos os seus maiores bens.
Na mesma época deste chefe de linhagem e de armas, havia seu primo François, filho
de Amaury, nascido depois de Michel. François, nascido em 19 de fevereiro de 1683, possuía
os pequenos domínios de Touches e de Villeneuve. Ele desposara, em 27 de agosto de 1713,
Pétronille- Claude Lamour, senhora de Lanjegu, que lhe deu quatro filhos: François-Henri,
René (meu pai), Pierre, senhor de Plessis, e Joseph, senhor de Parc. Meu avô, François,
morreu em 28 de março de 1729; minha avó, a quem conheci na infância, conservava um
bonito olhar sorridente como uma sombra de sua juventude. Ao falecer seu marido, habitava o
solar de Villeneuve, nos arredores de Dinan. Toda a fortuna de meu avô não excedia 5000
libras de renda, das quais o primogênito levava dois terços, 3 332 libras; restavam 1 668 libras
de renda para os três filhos mais novos, que ainda entregavam ao mais velho um quantia sobre
o feudo principal.
Pour comble de malheur, ma grand’mère fut contrariée dans ses desseins par le
caractère de ses fils: l'aîné, François-Henri, à qui le magnifique héritage de la seigneurie de la
Villeneuve était dévolu, refusa de se marier et se fit prêtre ; mais au lieu de quêter les
bénéfices que son nom lui aurait pu procurer et avec lesquels il aurait soutenu ses frères, il ne
sollicita rien par fieret par insouciance. Il s'ensevelit dans une cure de campagne et fut
successivement recteur de Saint-Launeuc et de Merdrignac, dans le diocèse de Saint-Malo. Il
avait la passion de la poésie ; j'ai vu bon nombre de ses vers. Le caractère joyeux de cette
espèce de noble Rabelais, le culte que ce prêtre chrétien avait voué aux Muses dans un
presbytère excitaient la curiosité. Il donnait tout ce qu'il avait et mourut insolvable.
Le quatrième frère de mon père, Joseph, se rendit à Paris et s'enferma dans une
bibliothéque : on lui envoyait tous les ans les 416 livres, son lopin de cadet. Il passa inconnu
au milieu des livres ; il s' occupait de recherches historiques. Pendant sa vie qui fut courte, il
écrivait chaque premier de janvier à sa mère, seul signe d'existence qu'il ait jamais donné.
Singulière destinée! Voilà mes deux oncles, l'un érudit et l'autre poëte ; mon frère aîné faisait
agréablement des vers ; une de mes soeurs, madame de Farcy, avait un vrai talent pour la
poésie ; une autre de mes soeurs, la comtesse Lucile, chanoinesse, pourrait être connue par
quelques pages admirables; moi, j'ai barbouillé force papier. Mon frère a péri sur l'échafaud,
mes deux soeurs ont quitté une vie de douleur après avoir langui dans les prisons ; mes deux
oncles ne laissèrent pas de quoi payer les quatre planches de leur cercueil ; les lettres ont
causé mes joies et mes peines, et je ne désespère pas, Dieu aidant, de mourir à l'hôpital.
Ma grand'mère s'étant épuisée pour faire quelque chose de son fils aîné et de son fils
cadet, ne pouvait plus rien pour les deux autres, René, mon père, et Pierre, mon oncle. Cette
famille, qui avait semé l'or, selon sa devise, voyait de sa gentilhommière les riches abbayes
qu'elle avait fondées et qui entombaient ses aïeux. Elle avait présidé les états de Bretagne,
comme possédant une des neuf baronnies ; elle avait signé au traité des souverains, servi de
caution à Clisson, et elle n' aurait pas eu le crédit d'obtenir une sous-lieutenance pour
l'héritier de son nom.
Il restait à la pauvre noblesse bretonne une ressource, la marine royale : on essaya d'en
profiter pour mon père ; mais il fallait d'abord se rendre à Brest, y vivre, payer les maîtres, acheter
l'uniforme, les armes, les livres, les instruments de mathématiques : comment subvenir à tous ces
frais ? Le brevet demandé au ministre de la marine n'arriva point, faute de protecteur pour en
solliciter l'expédition : la châtelaine de Villeneuve tomba malade de chagrin.
Para o cúmulo da infelicidade, o caráter de seus filhos contraria os projetos de minha
avó: o primogênito, François-Henri, a quem era atribuída a magnífica herança do senhorio de
Villeneuve, recusou-se a casar e tornou-se padre; mas ao invés de buscar as vantagens que seu
nome ter-lhe-ia proporcionado, e com os quais teria sustentado seus irmãos, não solicitou
nada por orgulho e indiferença. Enterrou-se em uma paróquia do campo e foi sucessivamente
reitor de Saint-Launeuc e de Merdrignac, na diocese de Saint-Malo. Era um apaixonado pela
poesia; vi bom número de seus versos. O temperamento alegre dessa espécie de nobre
Rabelais e o culto que este padre cristão votava às Musas dentro de um presbitério excitavam
a curiosidade. Ele deu tudo o que tinha e morreu insolvente.
O quarto irmão de meu pai, Joseph, dirigiu-se a Paris e encerrou-se numa biblioteca:
todos os anos lhe enviavam 416 libras, sua porção de caçula. Ele passou incógnito em meio
aos livros; ocupava-se de pesquisas históricas. Durante sua vida, que foi breve, ele escrevia a
cada primeiro de janeiro a sua mãe, único sinal de vida que sempre dera. Singular destino! Eis
meus dois tios, um erudito e outro poeta; meu irmão mais velho fazia versos aprazíveis.
Uma de minhas irmãs, senhora de Farcy, tinha um verdadeiro talento para a poesia; outra de
minhas irmãs, a condessa Lucile, cônega, podia ser conhecida por algumas páginas
admiráveis; eu rabisquei uma enorme quantidade de papel. Meu irmão pereceu no
cadafalso, minhas duas irmãs abandonaram uma vida de dor após terem definhado nas
prisões; meus dois tios não deixaram com o que pagar quatro pranchas de seu caixão; as
cartas têm motivado minhas alegrias e meus pesares, e eu não me perco a esperança, se Deus
ajudar, de morrer num asilo de pobres.
Minha avó, tendo esgotado seus esforços com seu filho mais velho e com o seu
caçula, não podia fazer mais nada pelos dois outros, René, meu pai, e Pierre, meu tio. Esta
família que havia semeado ouro, segundo sua divisa, via de seu castelo as ricas abadias que
havia fundado e que sepultavam seus antepassados. Ela presidira os estados de Bretanha,
como dona de um dos nove baronatos; firmara tratados com os soberanos, servira de fiadora
em Clisson, e não obtinha crédito para adquirir uma subtenência para o herdeiro de seu nome.
Restava à pobre nobreza Bretã um recurso, a marinha Real: tentou-se recorrer a isso
para meu pai; mas primeiro era necessário partir para viver em Brest, pagar os mestres,
comprar o uniforme, as armas, os livros, os instrumentos de matemática: como subvencionar
todos esses gastos? O diploma pedido ao ministro da marinha não chegou por falta de um
protetor para solicitar sua expedição: a castelã de Villeneuve acabou doente de desgosto.
Alors mon père donna la première marque du caractère décidé que je lui ai connu. Il
avait environ quinze ans : s'étant aperçu des inquiétudes de sa mère, il approcha du lit ou elle
était couchée et lui dit : « Je ne veux plus « être un fardeau pour vous. » Sur ce, ma
grand'mère se prit à pleurer (j'ai vingt fois entendu mon père raconter cette scêne). « René,
répondit-elle, que veux-tu faire ?
« Laboure ton champ. - Il ne peut pas nous nourrir ; laissez-moi partir. - Eh bien, dit la mère,
va done ou Dieu veut que tu ailles. » Elle embrassa l' enfant en sanglotant. Le soir même,
mon père quitta la ferme maternelle, arriva à Dinan, une de nos parentes lui donna une
lettre de recommandation pour un habitant de Saint-Malo. L'aventurier orphelin fut
embarqué, comme volontaire, sur une goëlette armée, qui mit à la voile quelques jours après.
La petite république malouine soutenait alors sur la mer l'honneur du pavillon
français. La goëlette rejoignit la flotte que le cardinal de Fleury envoyait au secours de
Stanislas, assiégé dans Dantzick par les Russes. Mon père mit pied à terre et se trouva au
mémorable combat que quinze cents Français, commandés par le brave Breton, de Bréhan
comte de Plélo, livrèrent, le 29 mai 1734, à quarante mille Moscovites, commandés par
Munich. De Bréhan, diplomate, guerrier et poëte, fut tué, et mon père blessé deux fois. Il
revint en France et se rembarqua. Naufra sur les cotês de l'Espagne, des voleurs
l'attaquèrent et le dépouillèrent dans les Galices ; il prit passage à Bayonne sur un vaisseau et
surgit encore au toit paternel. Son courage et son esprit d'ordre l'avaient fait connaître. II
passa aux IIes ; il s' enrichit dans la colonie et jeta les fondements de la nouvelle fourtune de
sa famille.
Ma grand'mère confia à son fils René, son fils Pierre, M. de. Chateaubriand du
Plessis, dont le fils, Armand de Chateaubriand, fut fusillé, par ordre de Bonaparte: le
Vendredi-Saint de l'année 1810. Ce fut un des derniers gentilshommes français morts pour la
cause ,de la monarchie*. Mon père se chargea du sort de son frère, quoiqu’il eût contracté,
par l'habitude de souffrir, un rigueur de caractère qu' il conserva toute sa vie ; le Non ignara
mali n'est pas toujours vrai : le malheur a ses duretés comme ses tendresses.
Foi então que meu pai deu o primeiro sinal do temperamento enérgico que conheci.
Ele tinha aproximadamente quinze anos: tendo notado as inquietações de sua mãe,
aproximou-se da cama onde ela se encontrava deitada e disse-lhe: “Não quero mais ser um
fardo para a senhora.” Minha avó pôs-se a chorar (vinte vezes ouvi meu pai contar esta
cena). “René, respondeu-lhe, o que quer fazer? Lavre teu campo. Ele não pode alimentar-
nos; deixe-me partir. – Está bem, disse a mãe, então vai para onde Deus quiser.” Aos soluços
ela abraçou seu filho. Na mesma noite, meu pai deixou a fazenda materna e chegou a Dinan,
onde um de nossos parentes lhe deu uma carta de recomendação para um habitante de Saint
Malo. O aventureiro órfão embarcou como voluntário numa escuna armada que iniciou
viagem alguns dias depois.
A pequena república da Saint-Malo defendia então a honra do pavilhão francês ao
mar. A escuna se uniu à frota que o cardeal de Fleury enviava em socorro de Stanislau,
sitiado em Danzig pelos russos. Meu pai pôs os pés em terra e fez parte do memorável
combate travado por mil e quinhentos franceses, comandados pelo valente bretão, De
Bréhan, o conde de Plélo, em 29 de maio de 1734, contra quarenta mil moscovitas
comandados por Munich. De Bréhan, diplomata, guerreiro e poeta foi morto, e meu pai, duas
vezes ferido. Ele retornou à França e embarcou novamente. Tendo naufragado na costa
espanhola, salteadores o atacaram e o despojaram na Galícia; tomou passagem por Bayonne,
de barco, e apareceu mais uma vez no lar paterno. Ficara conhecido pela coragem e pelo
espírito de ordem. Passou para as Ilhas; enriqueceu nas colônias e lançou os fundamentos da
nova fortuna de sua família.
Minha avó confiou a seu filho René seu outro filho, Pierre, senhor de Chateaubriand
du Plessis, cujo filho, Armand de Chateaubriand, foi fuzilado por ordem de Bonaparte, na
Sexta-feira Santa do ano de 1810. Este foi um dos últimos gentis-homens franceses mortos
pela causa monárquica.
86
Meu pai se encarregou da sorte de seu irmão, embora tenha
adquirido, com o hábito de sofrer, um rigor de temperamento que conservou durante toda a
vida; o Non ignara mali nem sempre é correto: a infelicidade tem seus rigores e suas
ternuras.
86
N.A. Isso foi escrito em 1811. (Nota de 1831, Genebra).
M. de Chateaubriand était grand et sec ; il avait le nez aquilin, les lèvres minces et
pâles, les yeux enfoncés, petits et pers ou glauques, comme ceux des lions ou des anciens
barbares. Je n'ai jamais vu un pareil regard : quand la colère y montait, la prunelle
étincelante semblait se détacher et venir vous frapper comme une balle.
Une seule passion domimait mon père, celle de son nom. Son état habituel était une
tristesse profonde que l' âge augmenta et un silence dont il ne sortait que par des
emportements. Avare dans l'espoir de rendre à sa famille son premier éclat, hautain aux états
de Bretagne avec les gentilshommes, dur avec ses vassaux à Combourg, taciturne,
despotique et menaçant dans son intérieur, ce qu'on sentait en le voyant était la crainte. S'il
eût vécu jusqu'à la Révolution et s'il eût été plus jeune, il aurait joué un rôle important, ou se
serait fait massacrer dans son château, Il avait certainement du génie : je ne doute pas qu'á la
tête des administrations ou des armées, il n'eût été un homme extraordinaire.
Ce fut en revenant d'Amérique qu'il songea à se marier. le 23 septembre 1718, il
épousa à trente-cinq ans, le 3 juillet 1753, Apolline-Jeanne-Suzanne de Bedée, née le 7 avril
1726, et fille de messire Ange-Annibal, comte de Bedée, chevalier seigneur de la
Bouëtardais. Il s'établit avec elle à Saint-Malo, dont l'un et l'autre étaient nés à sept ou huit
lieues, de sorte qu'ils apercevaient de leur demeure l'horizon sous lequel ils étaient venus au
monde. Mon aïeule maternelle, Marie-Anne de Ravenel de Boisteilleul, dame de Bedée, née
à Rennes, le 16 octobre 1698, avait été élevée à Saint-Cyr dans les dernières années de
madame de Maintenon : son éducation s' était répandue sur ses filles.
Ma mère, douée de beaucoup d'esprit et d'une imagination prodigieuse, avait été
formée à la lecture de Fénelon, de Racine, de madame de Sévigné, et nourrie des anecdotes
de la cour de Louis XIV; elle savait tout Cyrus par coeur. Apolline de Bedée, avec de grands
traits, était noire, petite et laide ; l' élégance de ses manières, l' allure vive de son humeur
contrastaient avec la rigidité et le calme de mon père. Aimant la société autant qu'il aimait la
solitude, aussi pétulante et animée qu'il était immobile et froid, elle n'avait pas un goût qui ne
fût opposé à ceux de son mari. La contrariété qu'elle éprouva la rendit mélancolique, de
légère et gaie qu'elle était. Obligée de se taire quand elle eût voulu parler, elle s'en
dédommageait par une espèce de tristesse bruyante entrecoupée de soupirs, qui
interrompaient seuls la tristesse muette de mon père. Pour la piété, ma mère était un ange.
Senhor de Chateaubriand era grande e seco; ele tinha nariz aquilino, lábios finos e
pálidos, olhos encovados, pequenos e azuis ou esverdeados, como os dos leões ou dos
antigos bárbaros. Nunca vi um olhar parecido: quando a cólera lhe assomava aos olhos a
pupila rutilante parecia despregar-se e querer atingir-nos como uma bala.
Uma única paixão dominava meu pai, a de seu nome. Seu estado habitual era o de
uma tristeza profunda agravada pela idade e o de um silêncio suspenso apenas por seus
arrebatamentos. Avaro na sua esperança de devolver à família seu antigo lustre, altivo nos
domínios de Bretanha com os nobres, duro com seus vassalos em Combourg, taciturno,
despótico e ameaçador em seu lar, tudo o que sentíamos ao vê-lo era temor. Se fosse mais
jovem e tivesse vivido até a Revolução, ele teria exercido um papel importante, ou haveria
de se deixar massacrar dentro de seu castelo. Certamente era homem de gênio: não tenho
dúvida de que à frente da administração ou do exército teria sido homem extraordinário.
Foi voltando da América que pensou em se casar. Nascido em 23 de setembro de
1718, se casou aos 35 anos, em 3 de julho de 1753, com Apolline-Jeanne-Suzanne de Bedée,
nascida em 7 de abril de 1726, e filha de Monsenhor Ange-Annibal, conde de Bedée, senhor
de La Bouëtardais. Estabeleceu-se com ela em Saint-Malo, tendo ambos nascido a sete ou
oito léguas dali, de modo que avistavam de sua moradia o horizonte sob o qual vieram ao
mundo. Minha avó materna, Marie-Anne de Ravenel de Boisteilleul, senhora de Bedée,
nascida à Rennes, em 16 de outubro de 1698, fora educada em Saint-Cyr nos últimos anos da
senhora de Maintenon: sua instrução estendera-se às filhas.
Minha mãe dotada de muito espírito e de uma imaginação prodigiosa, havia sido
formada pela leitura de Fénelon, de Racine, de Madame de Sevigné e alimentada pelas
anedotas da corte de Luís XIV; ela sabia de cor todo o Cyrus. Apolline de Bedée, de traços
largos, era escura, pequena e feia; a elegância de suas maneiras, a vivacidade de seu humor
contrastavam com a rigidez e a calma de meu pai. Amante da vida em sociedade tanto
quanto ele o era da solidão, tão petulante e animada quanto imóvel e frio ele era, ela não
possuía uma única inclinação que não fosse oposta à de seu marido. Graças aos sofrimentos
por que passara, de desembaraçada e alegre tornara-se melancólica. Obrigada a se calar
quando desejava falar, ela compensava por uma espécie de tristeza ruidosa entrecortada de
suspiros, que chegavam a interromper a tristeza muda de meu pai. Para a devoção, minha
mãe era um anjo.
(2)
La Vallée-aux-Loups, le 31 décembre 1811
NAISSANCE DE MES FRÈRES ET SOEURS. - JE VIENS AU
MONDE.
Ma mère accoucha à Saint-Malo d'un premier garçon qui mourut au berceau, et qui
fut nommé Geoffroy, comme presque tous les aînés de ma famille. Ce fils fut suivi d'un autre
et de deux filles qui ne vécurent que quelques mois.
Ces quatre enfants périrent d'un épanchement de sang au cerveau. Enfin, ma mère mit
au monde un troisième garçon qu'on appela Jean-Baptiste : c'est lui qui, dans la suite, devint
le petit-gendre de M. de Malesherbes. Après Jean-Baptiste, naquirent quatre filles : Marie-
Anne, Bénigne, Julie et Lucile, toutes quatre d'une rare beauté et dnt les deux aînées ont
seules survécu aux orages de la Révolution. La beauté, frivolité sérieuse, reste quand toutes
les autres sont passées. Je fus le dernier de ces dix enfants. Il est probable que mes quatre
soeurs durent leur existence au désir de mon père d'avoir son nom assuré par l' arrivée d'un
second garçon; je résistais, j' avais aversion pour la vie.
Voici mon extrait de baptême.
« Extrait des registres de l' état civil de la commune de Saint-Malo pour l' année
1768. François-René de Chateaubriand, fils de René de Chateaubriand et de Pauline-Jeanne
Suzanne de Bee, son épouse, le 4 septembre 1768, baptisé le jour suivant par nous,
Pierre-Henry Nouail, grand-vicaire de l'évêque de Saint-Malo. A été parrain Jean-Baptiste de
Chateaubriand, son frère, et marraine FrançoiseGertrude de Contades, qui signent et le père.
Ainsi signé au registre: Contades de Plouër, Jean-Baptiste deChateaubriand, Brignon de
Chateaubriand, de Chateaubriand et Nouail, vicaire-général. »
On voit que je m'étais trompé dans mes ouvrages : je me fais naître le 4 octobre et
non le 4 septembre; mes prénoms sont: François-René, et non pas François-Auguste*.
Capítulo 2
Vallée-aux-Loups, 31 de dezembro de 1811.
Nascimento de meus irmãos e irmãs. – Venho ao mundo.
Minha mãe deu à luz em Saint-Malo a um primeiro menino que morreu no berço, e
que foi chamado Geoffroy, como quase todos os primogênitos de minha família. A este filho
seguiu-se outro menino e duas meninas que viveram apenas alguns meses.
Essas quatro crianças sucumbiram a um derrame no cérebro. Finalmente minha mãe
pôs no mundo um terceiro menino que se chamou Jean-Baptiste: ele que viria, mais tarde, a
tornar-se o genro do senhor de Malesherbes. Depois de Jean-Baptiste, nasceram quatro
filhas: Marie-Anne, Bénigne, Julie e Lucile, todas as quatro de uma rara beleza, das quais
somente as duas mais velhas sobreviveram aos vendavais da Revolução. A beleza,
frivolidade séria, permanece, quando as demais passaram. Eu fui o último desses dez
filhos. É provável que minhas quatro irmãs devam sua existência ao desejo de meu pai de ter
seu nome afiançado pela chegada de um segundo menino; eu resistia, tinha aversão pela
vida.
Eis aqui minha certidão de batismo:
“Certidão dos registros de Estado civil da comuna de Saint-Malo para o ano de 1768.
“François-René de Chateaubriand, filho de René de Chateaubriand e de Pauline-
Jeanne Suzanne de Bedée, sua esposa, nascido em 4 de setembro de 1768, batizado no dia
seguinte por nós, Pierre-Henry Nouail, vigário-geral do bispo de Saint-Malo. Foi padrinho
Jean-Baptiste de Chateaubriand, seu irmão, e madrinha, Françoise-Gertrude de Contades,
abaixo firmados, e o pai. Assim consta no registro: Contades de Plouër, Jean-Baptiste de
Chateaubriand, Brignon de Chateaubriand, de Chateaubriand e Nouail, vigário-geral.”
Vê-se que me enganei em minhas obras: fiz-me nascer em 4 de outubro e não em 4
de setembro; meus prenomes são François-René, não François-Auguste.
87
87
N.A.Vinte dias antes de mim, em 15 de agosto de 1768, nascia em outra ilha, na outra extremidade da França,
o homem que pôs fim à antiga sociedade, Bonaparte.
La maison qu'habitaient alors mes parents est située dans une rue sombre et étroite de
Saint-Malo, appelée la rue des juifs : cette maison est aujourd'hui transformée en auberge. La
chambre où ma mère accoucha domine une partie déserte des murs de la ville, et à travers les
fenêtres de cette chambre on aperçoit une mer qui s'étend à perte de vue, en se brisant sur des
écueils. J'eus pour parrain, comme on le voit dans mon extrait de baptême, mon frère, et pour
marraine la comtesse de Plouër, fille du maréchal de Contades. J' étais presque mort quand je
vins au jour. Le mugissement des vagues, soulevées par une bourrasque annonçant
l'équinoxe d'automne, empêchait d'entendre mes cris : on m'a souvent conté ces détails; leur
tristesse ne s'est jamais effacée de ma mémoire. Il n'y a pas de jour où, rêvant à ce que j 'ai
été, je ne revoie en pensée le rocher sur lequel je suis né, la chambre ma mère m'infligea
la vie, la tempête dont le bruit berça mon premier sommeil, le frère infortuné qui me donna
un nom que j' ai presque toujours traîné dans le malheur. Le Ciel sembla réunir ces diverses
circonstances pour placer dans mon berceau une image de mes destinées.
(3)
Vallée-aux-Loups, janvier 1812.
PLANCOUËT. - VOEU. - COMBOURG. - PLAN DE MON PÈRE POUR MON
ÉDUCATION. - LA VILLENEUVE. -
LUCILE. - MESDEMOISELLES COUPPART. -
MAUVAIS ÉCOLIER QUE JE SUIS.
En sortant du sein de ma mère, je subis mon premier exil ; on me relégua à Plancouët,
joli village situé entre Dinan, Saint-Malo et Lamballe. L'unique frère de ma mère, le comte
de Bedée, avait bâti près de ce village le château de Monchoix. Les biens de mon aïeule
rnaternelle s'étendaient dans les environs jusqu'au bourg de Corseul, les Curiosolites des
Commentaires de César. Ma grand’mère, veuve depuis longtemps, habitait avec sa soeur,
mademoiselle de Boisteilleul, un hameau séparé de Plancouët par un pont, et qu'on appelait
l'Abbaye, à cause d'une abbaye de Bénédictins, consacrée à Notre-Damee de Nazareth.
A casa em que meus pais habitavam nesta época situava-se em uma rua sombria e estreita de
Saint-Malo, chamada Rua dos Judeus: esta morada é hoje uma hospedaria. O quarto em que
minha mãe deu à luz domina uma parte deserta dos fortes da cidade, e através das janelas
desse quarto avista-se um mar que se estende a perder de vista, arrebentando sobre os
escolhos. Recebi meu irmão por padrinho, como se em minha certidão de batismo, e por
madrinha a condessa de Plouër, filha do marechal de Contades. Estava quase morto quando
vim ao mundo. O bramido das vagas, revolvidas por uma borrasca que anunciava o equinócio
de outono, impedia que se ouvissem meus gritos: muitas vezes me contaram os detalhes; a
tristeza de seus rostos nunca mais se apagou de minha memória. Não dia em que
meditando sobre o que fui não reveja em pensamentos o rochedo sobre o qual nasci, o quarto
em que minha mãe infligiu-me a vida, a tempestade cujo barulho embalou meu primeiro
sono, o irmão desventurado que me deu um nome que arrastei à desgraça por quase toda
vida. O céu parece ter reunido estas diversas circunstâncias para colocar em meu berço uma
imagem de meu destino.
Capítulo 3
Vallée-aux-Loups, janeiro de 1812.
Plancouët. – Voto. – Combourg. – Plano de meu pai para minha educação. – Villeneuve. –
Lucile. – Senhoritas Couppart. – Sou um mau aluno.
Tão logo nasci, fui experimentar meu primeiro exílio; me relegaram a Plancouët, uma
bonita cidade situada entre Dinan, Saint-Malo e Lamballe. O único irmão de minha mãe, o
conde de Bedée, construíra perto deste vilarejo o castelo de Monchoix. Os domínios de
minha avó materna se estendiam por estas imediações até o burgo de Corseul, Curiosolites
dos Comentários de César. Minha avó, viúva muito tempo, morava com a irmã, senhorita
de Boisteilleul, num lugarejo separado de Plancouët por uma ponte, que chamávamos
l’Abbaye, por causa de uma abadia de Beneditinos, consagrada a Nossa Senhora de Nazaré.
Ma nourrice se trouva stérile ; une autre pauvre chrétienne me prit à son sein. Elle me
voua à la patronne du hameau, Notre-Dame de Nazareth, et lui promit que je porterais en son
honneur, le bleu et le blanc jusqu'à l'âge de sept ans. Je n'avais vécu que quelques heures, et
la pesanteur du temps était déjà marquée sur mon front. Que ne me laissait-on mourir ? Il
entrait dans les conseils de Dieu d'accorder au voeu de l'obscurité et de l'innocence la
conservation des jours qu'une vaine renommée menaçait d'atteindre.
Ce voeu de la paysanne bretonne n'est plus de ce siècle : c'était toutefois une chose
touchante que l' intervention d'une Mère divine placée entre l'enfant et le ciel, et partageant
les sollicitudes de la mère terrestre.
Au bout de trois ans on me ramena à Saint-Malo ; il y en avait déjà sept que mon père
avait recouvré la terre de Combourg. Il désirait rentrer dans les biens où ses ancêtres avaient
passé; ne pouvant traiter ni pour la seigneurie de Beaufort, échue à la famille de Goyon, ni
pour la baronnie de Chateaubriand, tombée dans la maison de Condé, il tourna les yeux sur
Combourg que Froissart écrit Combour : plusieues branches de ma famille l'avaient possédé
par des mariages avec les Coëtquen. Combourg défendait la Bretagne dans les marches
normande et anglaise : Junken, évêque de Dol, le bâtit en 1016 ; la grande tour date de 1100.
Le maréchal de Duras, qui tenait Combourg de sa femme, Maclovie de Coëtquen, née d'une
Chateaubriand, s'arrangea avec mon re. Le marquis du Hallay, officier aux grenadiers à
cheval de la garde royale, peut-être trop connu par sa bravoure, est le dernier des Coëtquen-
Chateaubriand : M. du Hallay a un frère. Le même maréchal, en qualité de notre allié, nous
présenta dans la suite à Louis XVI, mon frère et moi.
Je fus destiné à la marine royale : l'éloignement pour la cour était naturel à tout
Breton, et particulièrement à mon père. L’aristocratie de nos États fortifiait en lui ce
sentiment.
Quand je fus rapporté à Saint-Malo, mon père était à Cornbourg, mon frère au
collège de Saint-Brieuc ; mes quatre soeurs vivaient auprès de ma mère.
Minha ama-de-leite esgotou-se; outra pobre cristã tomou-me em seu seio. Ela me
votou à padroeira do lugar, Nossa Senhora de Nazaré, prometendo-lhe que eu usaria em sua
homenagem o azul e o branco até a idade de sete anos. Vivia eu há poucas horas, e a força do
tempo marcava minha fronte. Como não me deixavam morrer? Estava nos desígnios de
Deus conceder a esse voto de obscuridade e de inocência a preservação de uma vida que
ameaçava alcançar um inútil renome.
Esse voto da camponesa bretã não é mais deste século: entretanto era uma coisa
comovente a intervenção de uma Mãe divina posta entre a criança e o céu, partilhando as
solicitudes da mãe terrena.
Ao final de três anos me trouxeram de volta a Saint-Malo; e fazia sete que meu pai
havia recobrado a terra de Combourg. Ele desejava retornar às propriedades por onde seus
antepassados haviam passado; mas não podendo negociar nem o domínio senhorial de
Beaufort, destinado à família de Goyan, nem a baronia de Chateaubriand, ficando em poder
da casa de Condé, ele voltou os olhos para Combourg, que Froissart escreve Cambour:
vários ramos de minha família possuíram-na mediante os casamentos com os Coëtquen.
Combourg defendia a Bretanha contra as incursões normandas e inglesas: Junken, bispo de
Dol, construiu-o em 1016; a grande torre data de 1100. O Marechal de Duras, que possuía
Combourg por sua mulher, Maclovie de Coëtquen, nascida de uma Chateaubriand, chegou a
um acordo com meu pai. O marques de Hallay, oficial dos granadeiros da cavalaria da
guarda real, talvez demasiado conhecido por sua bravura, é o último dos Coëtquen-
Chateaubriand: o senhor du Hallay possui um irmão. Este mesmo marechal de Duras, na
qualidade de parente, apresentou-nos, depois, meu irmão e eu, a Luís XVI.
Destinaram-me à Marinha Real: o afastamento em nome da Corte era natural a todo
Bretão, e especialmente a meu pai. A aristocracia de nossos Estados fortalecia nele este
sentimento.
Quando retornei a Saint-Malo, meu pai estava em Combourg, meu irmão, no Colégio
de Saint-Brieuc; minhas quatro irmãs viviam junto de minha mãe.
Toutes les affections de celle-ci s'étaient concentrées dans son fils aîné ; non qu'elle
ne chérît ses autres enfants, mais elle témoignait une préférence aveugle au jeuoe comte de
Combourg. J'avais bien, il est vrai, comme garçon, comme le dernier venu, comme le
chevalier (ainsi m'appelait-on), quelques privilèges sur mes soeurs ; mais en définitive,
j'étais abandonné aux mains des gens. Ma re d'ailleurs, pleine d'esprit et de vertu , était
préoccupée par les soins de la société et les devoirs de la religion. La comtesse de Plouër, ma
marraine, était son intime amie ; elle voyait aussi les parents de Maupertuis et de l'abbé
Trublet. Elle aimait la politique , le bruit, le monde: car on faisait de la politique à
Saint-Malo, comme les moines de Saba dans la ravine de Cédron ; elle se jeta avec ardeur
dans l'affaire La Chalotais. Elle rapportait chez elle une humeur grondeuse, une imagination
distraite, un esprit de parcirmonie, qui nous empêchèrent d'abord de reconnaître ses
admirables qualités. Avec de l'ordre, ses enfants étaient tenus sans ordre ; avec de la
générosité, elle avait l’apparence de l’avarice ; avec de la douceur d'âme, elle grondait
toujours : mon père était la terreur des domestiques, ma mère le fléau.
De ce caractère de mes parents sont nés les premiers sentiments de ma vie. Je
m'attachai à la femme qui prit soin de moi, excellente créature appelée la Villeneuve, dont
j'écris le nom avec un mouvernent de reconnaissance et les larmes aux yeux. La Villeneuve
était une esèce de surintendante de la maison, me portant dans ses bras, me donnant, à la
dérobée, tout ce qu'elle pouvait trouver, essuyant mes pleurs, m'embrassant, me jetant dans
un coin, me reprenant et marmottant toujours : « C'est celui là, qui ne sera pas fier ! qui a
bon coeur ! qui ne rebute point les pauvres gens ! Tiens, petit garçon », et elle me bourrait de
vin et de sucre.
Mes sympathies d'enfant pour la Villeneuve furent bientôt dominées par une amitié
plus digne.
Todas as afeições desta concentravam-se em seu filho mais velho; não que deixasse
de acarinhar seus outros filhos, mas ela demonstrava uma preferência cega pelo jovem conde
de Combourg. É bem verdade que eu, como menino, como último chegado, como o
cavaleiro (assim chamavam-me), tinha certamente alguns privilégios sobre minhas irmãs;
mas encontrava-me definitivamente abandonado nas mãos de terceiros. Também, minha
mãe, de muita inteligência e virtude, dedicava-se a compromissos sociais e aos deveres da
religião. A condessa de Plouër, minha madrinha, era sua amiga íntima; ela via também os
parentes de Maupertuis e do abade Trublet. Ela apreciava a política, o barulho, o mundo:
pois se fazia política em Saint-Malo, como os monges de Saba nos barrancos de Cédron;
lançou-se com ardor no caso La Chalotais. Trazia consigo um temperamento irascível, uma
mente distraída, um espírito parcimonioso, que nos impediam de reconhecer num primeiro
momento suas admiráveis qualidades. Com ordem, seus filhos eram mantidos sem ordem;
com generosidade, ela aparentava avareza; com delicadeza de espírito ela repreendia sempre:
meu pai era o terror dos criados, minha mãe, o flagelo.
Desse temperamento de meus pais nasceram os primeiros sentimentos de minha vida.
Afeiçoei-me à mulher que assumiu meus cuidados, excelente criatura chamada Villeneuve,
cujo nome escrevo num gesto de reconhecimento e com lágrimas nos olhos. Villeneuve era
uma espécie de superintendente da casa, levando-me em seus braços, dando-me às
escondidas tudo o que podia encontrar, enxugando meu pranto, abraçando-me, largando-me
num canto, resgatando-me e sempre murmurando: “Este não será orgulhoso! Tem bom
coração! Não despreza os pobres! Tome, meu pequeno”, e me empanturrava de vinho e
açúcar.
Minhas simpatias de criança por Villeneuve foram logo suplantadas por uma amizade
mais digna.
Lucile, la quatrième de mes soeurs, avait deux ans de plus que moi. Cadette
délaissée, sa parure ne se composait que de la dépouille de ses soeurs. Qu'on se figure une
petice fille maigre, trop grande pour son âge, bras dégingandés, air timide, parlant avec
difficulté et ne pouvant rien apprendre; qu'on lui mette une robe empruntée à une autre taille
que la sienne ; renfermez sa poitrine dans un corps piqué dont les pointes lui faisaient des
plaies aux côtés ; soutenez son cou par un collier de fer garni de velours brun ; retroussez ses
cheveux sur le haut de sa tête, rattachez-les avec une toque d'étoffe noire; et vous verrez la
misérable créature qui me frappa en rentrant sous le toit paternel. Personne n'aurait
soupçonné dans la chétive Lucile, les talents et la beauté qui devaient un jour briller en elle.
Elle me fut livrée comme un jouet ; je n'abusai point de mon pouvoir ; au lieu de la
soumettre à mes volontés, je devins son défenseur. On me conduisait tous les matins avec
elle chez les soeurs Couppart, deux vieilles bossues habillées de noir, qui montraient à lire
aux enfants. Lucile lisait fort mal ; je lisais encore plus mal. On la grondait ; je griffais les
soeurs ; grandes plaintes portées à ma re. Je commençais à passer pour un vaurien, un
révolté, un paresseux, un âne enfin. Ces idées entraient dans la tête de mes parents : mon
père disait que tous les chevaliers de Chateaubriand avaient été des fouetteurs de lièvres, des
ivrognes et des querelleurs. Ma mère soupirait et grognait en voyant le désordre de ma
jaquette. Tout enfant que j'étais, le propos de mon père me révoltait ; quand ma mère
couronnait ses remontrances par l'éloge de mon frère qu'elle appelait un Caton, un héros, je
me sentais disposé à faire tout le mal qu'on semblait attendre de moi.
Mon maître d'écriture, M. Després, à perruque de matelot, n'était pas plus content de
moi que mes parents ; il me faisait copier éternellement, d'après un exemple de sa façon, ces
deux vers que j 'ai pris en horreur, non à cause de la faute de langue qui s'y trouve :
C'est à vous mon esprit à qui je veux parler:
Vous avez des défauts que je ne puis celer.
Lucile, a quarta de minhas irmãs, tinha dois anos a mais do que eu. Caçula
desamparada, seu vestuário compunha-se somente dos despojos das irmãs. Imagine-se uma
moça magra, muito grande para sua idade, braços desengonçados, ar tímido, falando com
dificuldade e nada aprendendo; ponha-lhe um vestido emprestado, de um tamanho que não o
seu; estreite-lhe o busto dentro de um corpete piquê cujas pontas criam-lhe feridas nas costas;
adorne-lhe o seu pescoço com um colar de ferro revestido de veludo escuro; suspenda-lhe os
cabelos no alto de sua cabeça, prendendo-os com um barrete de pano preto, e você tea
miserável criatura que me surpreendeu quando retornei à casa paterna. Ninguém poderia
suspeitar os talentos e a beleza que um dia deveriam germinar na frágil Lucile.
Ela me foi entregue como um brinquedo; eu o abusei de meu poder; ao invés de
submetê-la às minhas vontades, tornei-me seu defensor. Todas as manhãs nós éramos
conduzidos à residência das irmãs Couppart, duas velhas corcundas vestidas de preto, que
ensinavam as crianças a lerem. Lucile lia muito mal; eu lia ainda pior. Repreendiam-na; eu
arranhava as irmãs; muitas queixas encaminhadas à minha mãe. Começava a passar por
ordinário, revoltado, preguiçoso, um asno enfim. A cabeça de meus pais era tomada por
essas idéias: meu pai dizia que todos os cavaleiros de Chateaubriand haviam sido caçadores
de lebres, bêbados e brigões. Minha mãe suspirava e resmungava ao ver a desordem de
minha jaqueta. Mesmo ainda sendo muito criança, as palavras de meu pai me revoltavam;
quando minha mãe coroava suas censuras com elogio a meu irmão, chamando-o de Catão, de
herói, sentia-me disposto a fazer todo o mal que pareciam esperar de mim.
Meu mestre de escrita, senhor Després, com sua peruca de marujo não se mostrava
mais contente comigo do que meus pais; tomando um exemplo seu, fazia-me eternamente
copiar dois versos pelos quais tomei ódio, não por causa do erro gramatical que contém:
C’est à vous mon esprit à qui je veux parler:
Vous avez des défauts que je ne puis celer.
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Boileau: “É a vós minha alma a quem desejo dizer: vós tendes defeitos que não posso esconder.”
Il accompagnait ses réprimandes de coups de poing qu'il me donnait dans le cou, en
m’appelant tête d'achôcre ; voulait-il dire achore* ? Je ne sais pas ce que c'est qu'une tête
d'achôcre, mais je la tiens pour effroyable.
Saint-Malo n'est qu'un rocher. S'élevant autrefois au milieu d'un marais salant, il
devint une île par l'irruption de la mer qui, en 709, creusa le golfe et mit le mont
Saint-Michel au milieu des flots. Aujourd'hui, le rocher de Saint-Malo ne tient à la terre
ferme que par une chaussée appelée poétiquement le Sillon. Le Sillon est assailli d'un côté
par la pleine mer, de l'autre est lavé par le flux qui tourne pour entrer dans le port. Une
tempête le détruisit presque entièrement en 1730. Pendant les heures de reflux, le port reste à
sec, et à la bordure est et nord de la mer, se découvre une grève du plus beau sable. On peut
faire alors le tour de mon nid paternel. Auprès et au loin, sont semés des rochers, des forts,
des îlots inhabités : le Fort-Royal, la Conchée, Cézembre et le Grand-Bé, ou sera mon
tombeau ; j 'avais bien choisi sans le savoir : be, en breton, signifie tombe.
Au bout du Sillon, planté d'un calvaire, on trouve une butte de sable au bord de la
grande mer. Cette butte s'appelle la Hoguette; elle est surmontée d'un vieux gibet : les piliers
nous servaient à jouer aux quatre coins ; nous les disputions aux oiseaux de rivage. Ce n'était
cependant pas sans une sorte de terreur que nous nous arrêtions dans ce lieu.
Là, se rencontrent aussi les Miels, dunes où pâturaient les moutons ; à droite sont des
prairies au bas de Paramé, le chemin de poste de Saint-Servan, le cimetière neuf, un calvaire
et des moulins sur des buttes, comme ceux qui s' élèvent sur le tombeau d'Achille à l'entrée
de l'Hellespont.
Suas reprimendas eram acompanhadas de murros que me dava no pescoço,
chamando-me de cabeça de achôcre
8990
; pretendia ele dizer “achore”
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? Não sei o que évem
a ser uma cabeça de achôcre, mas a tomo por algo execrável.
Saint-Malo é somente um rochedo. Elevando-se antigamente no centro de uma
marinha de sal, tornou-se uma ilha após a irrupção do mar que, em 709, escavara o golfo e
colocara o monte Saint-Michel em meio às vagas. Hoje o rochedo de Saint-Malo une-se à
terra firme apenas por um aterro nomeado poeticamente de Sillon. O Sillon, de um lado, é
assaltado pelo alto mar e, de outro, é banhado pelo fluxo que volta para invadir o porto. Uma
tempestade quase o destruiu por inteiro em 1730. Nos momentos de refluxo, o porto seca, e
às costas leste e norte do mar se revela uma praia com a mais bonita areia. Podemos então
nos acercar de meu ninho paterno. Longe e perto espalham-se rochas, fortes e ilhotas
inabitadas: o Fort-Royal, a Conchée, Cézembre e o Grand-Bé, onde ficará meu túmulo; fiz
uma boa escolha sem sabê-lo: be, em bretão, significa tumba.
No extremo de Sillon, onde se eleva um calvário, encontra-se uma colina de areia à
beira do mar aberto. Esta colina chama-se la Hoguette e é dominada por um velho patíbulo :
as pilastras serviam para que brincássemos aos quatro cantos; nós as disputávamos com as
aves marinhas. Não era, entretanto, sem uma espécie de terror que parávamos neste lugar.
Também ali se encontravam os Miels, dunas onde pastavam os carneiros; à direita
estão as pradarias da parte baixa de Paramé, o caminho de posta Saint-Servan, o cemitério
novo, um calvário e os moinhos sobre as colinas, como aqueles que se elevam sobre a tumba
de Aquiles à entrada do Helesponto.
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Palavra grega : eczema
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Em bretão rude: desajeitado.
(4)
VIE DE MA GRAND'MÈRE MATERNELLE ET DE SA SOEUR,
A PLANCOUËT. - MON ONCLE LE COMTE DE BEDÉE,
A MONCHOIX. – RELÈVEMENT DU VOEU DE MA NOURRICE.
Je touchais à ma septièeme année ; ma mère me conduisit à Plancouët, afin d'être
relevé du voeu de ma nourrice ; nous descendîmes chez ma grand'mère. Si j'ai vu le bonheur,
c' était certainement dans cette maison.
Ma grand'mère occupait, dans la rue du Hameau de l'Abbaye, une maison dont les
jardins descendaient en terrasse sur un vallon, au fond duquel on trouvait une fontaine
entourée de saules. Madame de Bedée ne marchait plus, mais à cela près, elle n'avait aucun
des inconvénients de son âge : c'était une agréable vieille, grasse, blaoche, propre, l'air grand,
les manières belles et nobles, portant des robes à plis à l'antique et une coiffe noire de
dentelle, nouée sous le menton. Elle avait l'esprit orné, la conversation grave, l'humeur
sérieuse. Elle était soignée par sa soeur, mademoiselle de Boisteilleul, qui ne lui ressemblait
que par la bonté. Celle-ci était une petite personne maigre, enjouée, causeuse, railleuse. Elle
avait aimé un comte de Trémignon, lequel comte ayant l'épouser, avait ensuite violé sa
promesse. Ma tante s'était consolée en célébrant ses amours, car elle était poëte. Je me
souviens de lui avoir souvent entendu chantonner en nasillant, lunettes sur le nez, tandis
qu'elle brodait pour sa soeur des manchettes à deux rangs, un apologue qui comrnençait
ainsi :
Un épervier aimat une fauvette
Et, ce dit-on, il en était aimé.
ce qui m'a paru toujours singulier pour un épervier. La chanson finissait par ce refrain :
Ah ! Trémignon, la fable est-elle obscure ?
Ture lure.
Que de choses dans le monde finissent comme les amours de ma tante , ture lure !
Capítulo 4
Vida de minha avó materna e de sua irmã, em Plancouët. – Meu tio, o conde de Bedée, em
Monchoix. – Liberação do voto de minha ama-de-leite
Eu estava prestes a completar sete anos; minha mãe me levou a Plancouët, a fim de
ser liberado da promessa de minha ama-de-leite; rumamos para a casa de minha avó. Se
conheci a felicidade, sem dúvida foi nesta casa.
Minha avó ocupava, na Rua de Hameau de l’Abbaye, uma residência cujos jardins
desembocavam num terreno de um pequeno vale, no fundo do qual havia uma fonte cercada
de salgueiros. A senhora de Bedée não podia mais andar, mas, à exceção disso, não possuía
nenhum outro dos inconvenientes de sua idade: era uma velha afável, gorda, branca, asseada,
de aparência distinta, de belas e nobres maneiras, trajando vestido de pregas à antiga e uma
coifa escura de rendas, atada sob o queixo. Tinha espírito ilustrado, conversação grave e
humor austero. Era cuidada por sua irmã, senhorita de Boisteilleul, que assemelhava-se a
ela pela bondade. Esta era uma pessoa magra, engraçada, conversadeira, jocosa. Havia
amado um conde de Trémigon, o qual, tendo aceito desposá-la, violara depois sua promessa.
Minha tia se consolava celebrando seus amores, pois era poeta. Lembro-me de ter
seguidamente ouvido seu cantarolar nasalado, com os óculos sobre o nariz, enquanto
bordava para sua irmã pequenas mangas duplas, um apólogo que começava assim:
Um épervier aimait une fauvette
Et, ce dit-on, il en était aimé.
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o que sempre me pareceu singular para um gavião. A canção terminava com este estribilho:
Ah! Trémigon, la fable est-elle obscure?
Ture lure.
93
Quantas coisas neste mundo terminam como os amores de minha tia, lengalenga!
92
« Um gavião amava uma toutinegra e, pelo que dizem, ela o amava. »
93
« Ah ! Trémigon ! achas esta fábula obscura ? »
Ma grand-mère se reposait sur sa soeur des soins de la maison. Elle dînait à onze
heures du matin, faisait la sieste ; à une heure elle se réveillait ; on la portait au bas des
terrasses du jardin, sous les saules de la fontaine, elle tricotait, entourée de sa soeur, de ses
enfants et petits-enfants. En ce temps-là, la vieillesse était une dignité ; aujourd'hui elle est
une charge. A quatre heures, on reportait ma grand-mère dans son salon ; Pierre, le
domestique, mettait une table de jeu ; mademoiselle de Boisteilleul frappait avec les pincettes
contre la plaque de la cheminée, et quelques instants après, on voyait entrer trois autres
vieilles filles qui sortaient de la maison voisine à l'appel de ma tante. Ces trois soeurs se
nommaient les demoiselles Vildéneux ; filles d'un pauvre gentilhomme, au lieu de partager
son mince héritage, elles en avaient joui en commun, ne s'étaient jamais quittées, n'étaient
jamais sorties de leur village paternel. Liées depuis leur enfance avec ma grand-mère, elles
logeaient à sa porte et venaient tous les jours, au signal convenu dans la cheminée, faire la
partie de quadrille de leur amie. Le jeu commençait ; les bonnes dames se querellaient : c'était
le seul événement de leur vie, le seul moment l'égalité de leur humeur fût altérée. A huit
heures le souper ramenait la sérénité. Souvent mon oncle de Bedée avec son fils et ses trois
filles, assistait au souper de l'aïeule. Celle-ci faisait mille récits du vieux temps ; mon oncle à
son tour, racontait la bataille de Fontenoy, il s'était trouvé, et couronnait ses vanteries par
des histoires un peu franches qui faisaient pâmer de rire les honnêtes demoiselles. A neuf
heures, le souper fini, les domestiques entraient ; on se mettait à genoux, et mademoiselle de
Boisteilleul disait à haute voix la prière. A dix heures, tout dormait dans la maison, excepté
ma grand-mère, qui se faisait faire la lecture par sa femme de chambre jusqu'à une heure du
matin.
Cette société, que j'ai remarquée la première dans ma vie, est aussi la première qui ait
disparu à mes yeux. J'ai vu la mort entrer sous ce toit de paix et de bénédiction, le rendre peu
à peu solitaire, fermer une chambre et puis une autre qui ne se rouvrait plus. J'ai vu ma grand-
mère forcée de renoncer à sa quadrille, faute des partners accoutumés ; j'ai vu diminuer le
nombre de ces constantes amies, jusqu'au jour mon aïeule tomba la dernière. Elle et sa
soeur s'étaient promis de s'entre-appeler aussitôt que l'une aurait devancé l'autre ; elles se
tinrent parole, et madame de Bedée ne survécut que peu de mois à mademoiselle de
Boisteilleul.
Minha avó confiava à sua irmã os cuidados da casa. Ela almoçava às onze horas da
manhã, fazia a sesta; à uma hora levantava-se; era trazida para o terreno baixo do jardim, sob
os salgueiros da fonte, onde tricotava, rodeada pela irmã, pelos seus filhos e netos. Naquele
tempo, a velhice era uma dignidade; hoje ela é uma carga. Às quatro horas, faziam minha
avó retornar a seu salão; Pierre, o criado, colocava a mesa de jogo; a senhorita de Boisteilleul
batia as pinças contra a chapa da lareira, e alguns instantes depois, víamos entrar outras três
velhas solteironas que deixavam sua casa vizinha ao chamado de minha tia. Essas três irmãs
eram conhecidas como as senhoritas Vildéneux; filhas de um gentil-homem pobre, em vez
de dividirem a medíocre herança, elas a desfrutavam conjuntamente, jamais se abandonaram
nem deixaram o vilarejo paterno. Ligadas desde a infância à minha avó, elas alojavam-se à
sua porta e vinham todos os dias, após um sinal pela lareira, jogar a partida de quatrilho com
sua amiga. O jogo começava; as boas senhoras conversavam: este era o único evento de suas
vidas, o único momento em que a constância de seus humores via-se alterado. Às oito horas,
a ceia restabelecia a serenidade. Seguidamente meu tio de Bedée, com o filho e as três filhas,
participava da ceia com minha avó. Ela contava mil histórias dos velhos tempos; meu tio,
por sua vez, narrava a batalha de Fontenoy, de que tomara parte, e coroava suas poses com
histórias um pouco absurdas, fazendo aquelas decentes senhoritas morrerem de rir. Às nove
horas, terminada a ceia, os criados retiravam-se; todos punham-se de joelhos e a senhorita
Boisteilleul fazia em voz alta a oração. Às dez horas, toda a casa dormia, exceto minha avó,
para quem a criada de quarto ainda fazia a leitura até a uma hora da madrugada.
Esta sociedade, a primeira que pude observar em minha vida, foi também a primeira a
desaparecer de minha vista. Eu vi a morte entrar sob este teto de bênção e de paz, converter
tudo aos poucos em solidão, fechar um quarto depois do outro, sem que nunca mais de se
abrissem. À falta das habituais parceiras, vi minha avó ter de renunciar à seu quatrilho; vi
diminuir o número de suas amigas fiéis, até o dia em que, por último, minha avó sucumbiu.
Ela e sua irmã haviam feito a promessa de se chamarem tão logo uma precedesse a outra;
mantiveram a palavra, e a senhora de Bedée sobreviveria apenas poucos meses à senhorita de
Boisteilleul.
Je suis peut-être le seul homme au monde qui sache que ces personnes ont existé.
Vingt fois, depuis cette époque, j'ai fait la même observation ; vingt fois des sociétés se sont
formées et dissoutes autour de moi. Cette impossibilité de durée et de longueur dans les
liaisons humaines, cet oubli profond qui nous suit, cet invincible silence qui s'empare de notre
tombe et s'étend de sur notre maison, me ramènent sans cesse à la nécessité de l'isolement.
Toute main est bonne pour nous donner le verre d'eau dont nous pouvons avoir besoin dans la
fièvre de la mort. Ah ! qu'elle ne nous soit pas trop chère ! car comment abandonner sans
désespoir la main que l'on a couverte de baisers et que l'on voudrait tenir éternellement sur
son coeur ?
Le château du comte de Bedée était situé à une lieue de Plancouët, dans une position
élevée et riante. Tout y respirait la joie ; l'hilarité de mon oncle était inépuisable. Il avait trois
filles, Caroline, Marie et Flore, et un fils, le comte de La Bouëtardais, conseiller au Parlement,
qui partageaient son épanouissement de coeur. Monchoix était rempli des cousins du
voisinage ; on faisait de la musique, on dansait, on chassait, on était en liesse du matin au soir.
Ma tante, madame de Bedée, qui voyait mon oncle manger gaiement son fonds et son revenu,
se fâchait assez justement ; mais on ne l'écoutait pas, et sa mauvaise humeur augmentait la
bonne humeur de sa famille ; d'autant que ma tante était elle-même sujette à bien des manies :
elle avait toujours un grand chien de chasse hargneux couché dans son giron, et à sa suite un
sanglier privé qui remplissait le château de ses grognements. Quand j'arrivais de la maison
paternelle, si sombre et si silencieuse, à cette maison de fêtes et de bruit, je me trouvais dans
un véritable paradis. Ce contraste devint plus frappant, lorsque ma famille fut fixée à la
campagne : passer de Combourg à Monchoix, c'était passer du désert dans le monde, du
donjon d'un baron du moyen âge à la villa d'un prince romain.
Sou provavelmente o único homem no mundo que sabe da existência dessas pessoas.
À partir desta época, observei umas vinte vezes a mesma coisa; vinte vezes as sociedades se
formaram e se dissolveram em minha volta. Esta impossibilidade de permanência e de
constância nas relações humanas, este esquecimento profundo que nos segue, este invencível
silêncio que se apodera de nosso túmulo e estende-se dsobre nossa morada levam-me
sempre à necessidade de isolamento. Qualquer mão é boa para dar-nos o copo d’água de que
podemos precisar na febre da morte. Ah! que ela não nos seja demasiado cara! pois como
abandonar sem desespero a mão que cobrimos de beijos e que desejaríamos ter eternamente
sobre o coração?
O castelo do conde de Bedée situava-se a uma légua de Plancouët, numa posição
elevada e aprazível. Tudo respirava alegria; a hilaridade de meu tio era inesgotável. Ele tinha
três filhas, Carolina, Maria e Flore, e um filho, o conde de la Bouëtardais, conselheiro do
Parlamento, que partilhava com o pai o mesmo bom humor. Monchoix estava repleto de
primos em sua vizinhança; tocávamos música, dançávamos, caçávamos, estávamos em pleno
regozijo da manhã à noite. Minha tia, senhora de Bedée, zangava-se com toda razão ao ver
meu tio consumir alegremente suas terras e rendas; mas ninguém lhe dava ouvidos, e seu
mau humor aumentava o bom humor da família; além do mais, minha tia estava ela também
sujeita a algumas tantas manias: possuía sempre um grande e feroz cão de caça deitado em
seu colo, e ao seu encalço um javali doméstico que enchia o castelo com seus grunhidos.
Quando eu chegava de minha casa paterna, tão sombria e silenciosa, a esta casa de festas e
de barulho, supunha-me num verdadeiro paraíso. Esse contraste se tornou ainda mais
sensível quando minha família se estabeleceu no campo: passar de Combourg à Monchoix,
era passar do deserto para o mundo, do torreão de um barão da Idade Média para a vila de
um príncipe romano.
Le jour de l'Ascension de l'année 1775, je partis de chez ma grand-mère, avec ma
mère, ma tante de Boisteilleul, mon oncle de Bedée et ses enfants, ma nourrice et mon frère
de lait, pour Notre-Dame de Nazareth. J'avais une lévite blanche, des souliers, des gants, un
chapeau blanc, et une ceinture de soie bleue. Nous montâmes à l'Abbaye à dix heures du
matin. Le couvent, placé au bord du chemin, s'envieillissait d'un quinconce d'ormes du temps
de Jean V de Bretagne. Du quinconce on entrait dans le cimetière : le chrétien ne parvenait à
l'église qu'à travers la gion des sépulcres : c'est par la mort qu'on arrive à la présence de
Dieu.
Déjà les religieux occupaient les stalles ; l'autel était illuminé d'une multitude de
cierges ; des lampes descendaient des différentes voûtes : il y a dans les édifices gothiques des
lointains et comme des horizons successifs. Les massiers me vinnent prendre à la porte, en
cérémonie, et me conduisirent dans le choeur. On y avait préparé trois sièges : je me plaçai
dans celui du milieu ; ma nourrice se mit à ma gauche ; mon frère de lait à ma droite.
La messe commença : à l'offertoire, le célébrant se tourna vers moi et lut des prières ;
après quoi on m'ôta mes habits blancs, qui furent attachés en ex-voto au dessous d'une image
de la Vierge. On me revêtit d'un habit couleur violette. Le prieur prononça un discours sur
l'efficacité des voeux ; il rappela l'histoire du baron de Chateaubriand, passé dans l'orient avec
saint Louis ; il me dit que je visiterais peut-être aussi, dans la Palestine cette Vierge de
Nazareth, à qui je devais la vie par l'intercession des prières du pauvre, toujours puissantes
auprès de Dieu. Ce moine, qui me racontait l'histoire de ma famille, comme le grand-père de
Dante lui faisait l'histoire de ses aïeux, aurait pu aussi, comme Cacciaguida y joindre la
prédiction de mon exil.
No dia de Ascensão do ano de 1775, parti da residência de minha avó com minha
mãe, minha tia De Boisteilleul, meu tio De Bedée e seus filhos, minha ama-de-leite e meu
irmão de leite para Nossa Senhora de Nazaré. Eu usava um hábito branco, sapatos, luvas,
chapéu brancos e um cinto de seda azul. Nós subimos à Abadia às dez horas da manhã. O
convento, situado ao final do caminho, era embelezado por um quincunce de almas dos
tempos de Jean V de Bretanha. Pelo quincunce, entrava-se no cemitério: um cristão atingia a
igreja somente atravessando a região dos sepulcros: é pela morte que se chega à presença de
Deus.
Os religiosos ocupavam as estalas; o altar era iluminado por uma multidão de
círios; os candelabros desciam das diferentes abóbadas: existem longes nas edificações
góticas, como uma espécie de horizontes sucessivos. Os maceiros vieram, em cerimônia, me
pegar à porta e me conduziram até o coro. Havia três assentos preparados: coloquei-me ao
centro; minha ama-de-leite pôs-se à minha esquerda; meu irmão de leite, à minha direita.
A missa começou: no ofertório o celebrante voltou-a para mim e fez as orações;
depois, minhas vestes brancas foram-me retiradas e atadas em ex-voto abaixo de uma
imagem da Virgem. Vestiram-me com um hábito de cor violeta. O prior pronunciou um
discurso sobre a eficácia dos votos; recordou-nos a história do barão de Chateaubriand
passando pelo Oriente com São Luís; disse-me que talvez eu visitasse, da mesma maneira, na
Palestina, a Virgem de Nazaré a quem, pela intervenção das preces do pobre, sempre tão
poderosas junto a Deus, eu devia a vida. Este monge que me contava a história de minha
família, assim como o avô de Dante contava-lhe a de seus antepassados, poderia bem ter ali
acrescentado a ela, como Cacciaguida, a predição de meu exílio.
Tu proverai si come sa de sale
Il pane altrui, e com' è duro calle
Lo scendere e'l salir per l'altrui scale.
E quel che piu ti gravera le spalle,
Sarà la compagnie malvagia e scempia,
Con la qual tu cadrai in questa valle ;
Che tutta ingrata, tutta matta ed empia
Si farà contra te.
..............................................
Di sua bestialitate il suo processo
Sarà la pruova : si ch'a te sia bello
Averti fatta parte, per te stesso.
Tu sauras combien le pain d'autrui a le goût du sel, combien est dur le degré du monter
et du descendre de l'escalier d'autrui. Et ce qui pèsera encore davantage sur tes épaules, sera la
compagnie mauvaise et hérétique avec laquelle tu tomberas et qui toute ingrate, toute folle,
toute impie, se tournera contre toi. « (...) De sa stupidité sa conduite fera preuve ; tant qu'à toi
il sera beau de t'être fait un parti de toi-même. »
Depuis l'exhortation du Bénédictin, j'ai toujours rêvé le pèlerinage de Jérusalem, et j'ai
fini par l'accomplir.
J'ai été consacré à la religion, la dépouille de mon innocence a reposé sur ses autels :
ce ne sont pas mes vêtements qu'il faudrait suspendre aujourd'hui à ses temples, ce sont mes
misères.
Tu proverai si come sà di sale
Il pane altrui, e com' è duro calle
Lo scendere e'l salir per l'altrui scale.
E quel che più ti graverà le spalle,
Sarà la compagnia malvagia e scempia,
Con la qual tu cadrai in questa valle ;
Che tutta ingrata, tutta matta ed empia
Si farà contra te (...).
Di sua bestialitate il suo processo
Sarà la pruova : sì ch'a te sia bello
Averti fatta parte, per te stesso.
94
“Tu saberás como o pão alheio tem o gosto do sal, e como é duro descer e subir os
degraus da escada alheia. E o que irá te pesar ainda mais será a companhia maldosa e
herética que te levará em sua queda e que vai se voltar, ingrata, descontrolada e ímpia, contra
ti (...). De sua estupidez sua conduta será a maior prova; quanto a ti, farás bem em tomares,
tu mesmo, o teu próprio partido.”
Desde a exortação do beneditino, sempre sonhei com a peregrinação a Jerusalém, e
terminei por realizá-la.
Fui destinado à religião, o despojo de minha inocência repousou sobre seus altares:
não são minhas vestes que deveriam ser suspensas hoje em seus templos, mas minhas
misérias.
94
Paraíso, XVII.
On me ramena à Saint-Malo. Saint-Malo n'est point l'Aleth de la Notitia imperii :
Aleth était mieux placée par les Romains dans le faubourg Saint-Servan, au port militaire
appelé Solidor, à l'embouchure de la Rance. En face d'Aleth, était un rocher, est in conspectu
Tenedos, non le refuge des perfides Grecs, mais la retraite de l'ermite Aaron, qui, l'an 507,
établit dans cette île sa demeure ; c'est la date de la victoire de Clovis sur Alaric ; l'un fonda
un petit couvent, l'autre une grande monarchie, édifices également tombés.
Malo en latin Malclovius, Macutus, Machutes, devenu en 541 évêque d'Aleth, attiré
qu'il fut par la renommée d'Aaron, le visita. Chapelain de l'oratoire de cet ermite, après la
mort du saint, il éleva une église cénobiale, in praedio Machutis. Ce nom de Malo se
communiqua à l'île, et ensuite à la ville, Malclovium, Maclopolis.
De saint Malo, premier évêque d'Aleth, au bienheureux Jean surnommé de la Grille,
sacré en 1140 et qui fit élever la cathédrale, on compte quarante-cinq évêques. Aleth ayant été
presque entièrement détruit en 1172, Jean de la Grille transféra le siège épiscopal de la ville
romaine dans la ville bretonne qui croissait sur le rocher d'Aaron.
Saint-Malo eut beaucoup à souffrir dans les guerres qui survinrent entre les rois de
France et d'Angleterre.
Le comte de Richement, depuis Henri VII d'Angleterre, en qui se terminèrent les
démêlés de la Rose blanche et de la Rose rouge, fut conduit à Saint-Malo. Livré par le duc de
Bretagne aux ambassadeurs de Richard, ceux-ci l'emmenaient à Londres pour le faire mourir.
Echappé à ses gardes, il se réfugia dans la cathédrale, Asylum quod in ea urbe est
inviolatissimum : ce droit d'asile Minihi remontait aux Druides, premiers prêtres de l'île
d'Aaron.
Levaram-me novamente a Saint-Malo. Saint-Malo não é a Aleth de notitia imperii:
Aleth achava-se em melhor posição à época dos Romanos no bairro de Saint-Servan, junto
ao porto militar chamado Solidor, no desaguadouro de Rance. Em frente ao Aleth, havia um
rochedo, est in conspectu Tenedos, não o refugio dos pérfidos gregos, mas o retiro do
eremita Aaron, que, no ano de 507, estabeleceu sua morada nesta ilha; esta é a data da vitória
de Clovis sobre Alaric; um fundou um pequeno convento, o outro, uma grande monarquia,
ambas edificações igualmente devastadas.
Malo, em latim Maclovius, Macutus, Machutes, sagrou-se bispo de Aleth em 541, e,
atraído pela reputação de Aaron, visitou-o. Capelão do oratório desse eremita, após a morte
do santo, ergueu uma igreja cenubial, in praedio Machutis. O nome Malo foi transmitido à
ilha e, a seguir, à cidade Maclovium, Maclopolis.
De São Malo, primeiro bispo de Aleth, ao bem-aventurado São João, sob a alcunha
de la Grille, sagrado em 1140 e que ergueu a catedral, contam-se quarenta e cinco bispos.
Quando Aleth encontrava-se quase inteiramente destruída em 1172, Jean de la Grille
transferiu a sede episcopal da cidade romana para a cidade bretã que crescia sobre o rochedo
d’Aaron.
Saint-Malo sofreu imensamente com as sucessivas guerras entre os reis da França e
da Inglaterra.
O conde de Richemont, mais tarde Henrique VII de Inglaterra, em cujo reino
encerraram-se os litígios entre a Rosa branca e a Rosa vermelha, fora conduzido a Saint-
Malo
95
. Entregue pelo duque de Bretanha aos embaixadores de Ricardo, foi por estes levado
a Londres para ser morto. Tendo-se evadido da vigilância dos guardas, refugiou-se na
catedral, Asylum quod in ea urbe et inviolatissimum: tal direito de asilo Minihi
96
remontava
aos Druidas, primeiros padres da ilha de Aaron.
95
Guerra civil de 1450 a 1485 entre os ramos de Plantageneta que disputavam a Coroa.
96
Expressão céltica: absolutamente inviolável; tal como o texto em latim.
Un évêque de Saint-Malo fut l'un des trois favoris (les deux autres étaient Arthur de
Montauban et Jean Hingaut) qui perdirent l'infortuné Gilles de Bretagne : c'est ce qu'on voit
dans l' Histoire lamentable de Gilles, seigneur de Chateaubriand et de Chantocé, prince du
sang de France et de Bretagne, étranglé en prison par les ministres du favori, le 24 avril
1450.
Il y a une belle capitulation entre Henri IV et Saint-Malo : la ville traite de puissance à
puissance, protège ceux qui se sont réfugiés dans ses murs, et demeure libre, par une
ordonnance de Philibert de La Guiche, grand-maître de l'artillerie de France, de faire fondre
cent pièces de canon. Rien ne ressemblait davantage à Venise (au soleil et aux arts près) que
cette petite république malouine par sa religion, ses richesses et sa chevalerie de mer. Elle
appuya l'expédition de Charles-Quint en Afrique et secourut Louis XIII devant La Rochelle.
Elle promenait son pavillon sur tous les flots, entretenait des relations avec Moka, Surate,
Pondichéry, et une compagnie formée dans son sein explorait la mer du Sud.
A compter du règne de Henri IV, ma ville natale se distingua par son dévouement et sa
fidélité à la France. Les Anglais la bombardèrent en 1693 ; ils y lancèrent, le 29 novembre de
cette année, une machine infernale, dans les débris de laquelle j'ai souvent joué avec mes
camarades. Ils la bombardèrent de nouveau en 1758.
Les Malouins prêtèrent des sommes considérables à Louis XIV pendant la guerre de
1701 : en reconnaissance de ce service, il leur confirma le privilège de se garder eux-mêmes ;
il voulut que l'équipage du premier vaisseau de la marine royale fût exclusivement composé
de matelots de Saint-Malo et de son territoire.
En 1771, les Malouins renouvelèrent leur sacrifice et prêtèrent trente millions à Louis
XV. Le fameux amiral Anson descendit à Cancale, en 1758, et brûla Saint-Servan. Dans le
château de Saint-Malo, La Chalotais écrivit sur du linge, avec un cure-dents, de l'eau et de la
suie, les mémoires qui firent tant de bruit et dont personne ne se souvient. Les événements
effacent les événements ; inscriptions gravées sur d'autres inscriptions, ils font des pages de
l'histoire des palimpsestes.
Um bispo de Saint-Malo foi um dos três favoritos (os dois outros eram Arthur de
Montauban e Jean Hingaut) que condenaram o infortunado Gilles de Bretanha: encontramos
isso na Triste história de Gilles, senhor de Chateaubriand e de Chantocé, príncipe de
sangue de França e de Bretanha, estrangulado na prisão pelos ministros do favorito, em 24
de abril de 1450.
um magnífico pacto entre Henrique IV e Saint-Malo: a cidade negocia de igual
para igual, protege os refugiados no interior de suas muralhas, e permanece livre, por
ordenança de Philibert de La Guiche, grão-mestre da artilharia de França, para fundir cem
peças de canhão. Não havia nada de mais parecido com Veneza exceção do sol e das
artes) do que esta pequena república de Saint-Malo, por sua religião, suas riquezas e sua
cavalaria de mar. Apoiou a expedição de Carlos V na África e socorreu Luís XIII em La
Rochelle. Passeava seu pavilhão sobre todos os mares, mantinha relações com Moka, Surate,
Pondichéry, e uma companhia formada em seu solo explorava os mares do Sul.
A contar do reinado de Henrique IV, minha cidade natal distinguiu-se por sua
devoção e fidelidade à França. Os ingleses bombardearam-na em 1693; em 29 de novembro
deste mesmo ano, lançaram sobre ela uma máquina infernal, sobre cujos destroços muitas
vezes brinquei com meus companheiros. Eles a bombardearam de novo em 1758.
Seus habitantes emprestaram somas consideráveis a Luís XIV durante a guerra de
1701: em reconhecimento ao serviço prestado, o rei confirmou o privilégio de se defenderem
a si próprios; desejou que a tripulação do primeiro navio da marinha Real fosse composta
exclusivamente por marinheiros de Saint-Malo e de seu território.
Em 1771, os habitantes de Saint-Malo renovaram seu sacrifício ao emprestar trinta
milhões a Luís XV. O famoso almirante Ansol invadiu Cancale, em 1758, e incendiou Saint-
Servan. No castelo de Saint-Malo, La Chalotais escreveu sobre as roupas, com um palito de
dentes, água e fuligem, as memórias que tanto barulho fizeram e das quais ninguém mais se
lembra. Os acontecimentos apagam os acontecimentos; inscrições gravadas sobre outras
inscrições, eles fazem as páginas da história dos palimpsestos.
Saint-Malo fournissait les meilleurs matelots de notre marine ; on peut en voir le rôle
général dans le volume in-fol. publié en 1682, sous ce titre : Rôle général des officiers,
mariniers et matelots de Saint-Malo. Il y a une Coutume de Saint-Malo, imprimée dans le
recueil du Coutumier général. Les archives de la ville sont assez riches en chartes utiles à
l'histoire et au droit maritime.
Saint-Malo est la patrie de Jacques Cartier, le Christophe Colomb de la France, qui
découvrit le Canada. Les Malouins ont encore signalé à l'autre extrémité de l'Amérique les
îles qui portent leur nom : les Iles Malouines.
Saint-Malo est la ville natale de Duguay-Trouin, l'un des plus grands hommes de mer
qui aient paru ; et de nos jours elle a donné à la France Surcouf. Le célèbre Mahé de La
Bourdonnais, gouverneur de l'Ile-de-France, naquit à Saint-Malo, de même que Lamettrie,
Maupertuis, l'abbé Trublet, dont Voltaire a ri : tout cela n'est pas trop mal pour une enceinte
qui n'égale pas celle du jardin des Tuileries.
L'abbé de Lamennais a laissé loin derrière lui ces petites illustrations littéraires de ma
patrie. Broussais est également à Saint-Malo, ainsi que mon noble ami, le comte de La
Ferronnays.
Enfin, pour ne rien omettre, je rappellerai les dogues qui formaient la garnison de
Saint-Malo : ils descendaient de ces chiens fameux, enfants de giment dans les Gaules, et
qui, selon Strabon, livraient avec leurs maîtres des batailles rangées aux Romains. Albert le
Grand, religieux de l'ordre de saint Dominique, auteur aussi grave que le géographe grec,
déclare qu'à Saint-Malo " la garde d'une place si importante était commise toutes les nuits à la
fidélité de certains dogues qui faisaient bonne et sûre patrouille. » Ils furent condamnés à la
peine capitale pour avoir eu le malheur de manger inconsidérément les jambes d'un
gentilhomme ; ce qui a donné lieu de nos jours à la chanson : Bon voyage. On se moque de
tout. On emprisonna les criminels ; l'un d'eux refusa de prendre la nourriture des mains de son
gardien qui pleurait ; le noble animal se laissa mourir de faim : les chiens, comme les
hommes, sont punis de leur fidélité. Au surplus, le Capitole était, de même que ma Délos,
gardé par des chiens, lesquels n'aboyaient pas lorsque Scipion l'Africain venait à l'aube faire
sa prière.
Saint-Malo fornecia os melhores marujos de nossa marinha; podemos ver seu
desempenho geral no volume in-fol., publicado em 1682, sob o título de Atribuição geral
dos oficiais, marinheiros e marujos de Saint-Malo. Existe um Costume de Saint-Malo
impresso na compilação de Costumes Gerais. Os arquivos da cidade são bastante ricos em
documentos úteis à história e ao direito marítimo.
Saint-Malo é a pátria de Jacques Cartier, o Cristóvão Colombo da França, que
descobriu o Canadá. Os malvinos também marcariam na outra extremidade da América as
ilhas que levam seu nome: Ilhas Malvinas.
Saint-Malo é a cidade natal de Duguay-Trouin, um dos grandes homens de mar que
existiram; e deu à França, em nossos dias, Surcouf. O célebre Mahé de La Bourdonnais,
governador de Île-de-France, nasceu em Saint-Malo, bem como Lamettrie, Malpertuis, o
abade de Trublet, de quem Voltaire zombou: isso tudo é bastante para um reduto que não se
equipara ao Jardim das Tulherias.
O abade de Lamennais deixara longe, atrás de si, as pequenas ilustrações literárias de
minha pátria. Broussais nascera também em Saint-Malo, assim como o meu nobre amigo, o
conde de La Ferronnays.
Finalmente, e para nada omitir, evoco os dogues que compunham a guarnição militar
de Saint-Malo: descendiam daqueles cachorros famosos, companheiros de regimento nas
Gálias e que, segundo Estrabão, travaram com seus donos batalhas campais contra os
romanos. Alberto, o Grande, religioso da ordem de São Dominique, autor tão rigoroso
quanto o geógrafo grego, declara que, em Saint-Malo, “a guarda de um lugar tão importante
era confiada todas as noites à fidelidade de certos dogues que faziam eficiente e sólido
patrulhamento”. Eles foram condenados à pena capital por terem tido a imprudência de
devorar as pernas de um gentil-homem; o acontecido gerou em nossos dias a canção: Boa
viagem. De tudo se faz chacota. Envenenaram-se os criminosos; um deles recusou-se a tomar
o alimento das mãos de seu guarda, que chorava; o nobre animal deixou-se morrer de fome:
assim como os homens, os cães são punidos por sua fidelidade. De resto, o Capitólio, assim
como minha Delos, era vigiado por cães que não latiam quando Cipião, o africano, vinha
fazer sua prece ao amanhecer.
Enclos de murs de diverses époques qui se divisent en grands et petits, et sur lesquels
on se promène, Saint-Malo est encore fendu par le château dont j'ai parlé, et qu'augmenta
de tours, de bastions et de fossés, la duchesse Anne. Vue du dehors, la cité insulaire ressemble
à une citadelle de granit.
C'est sur la grève de la pleine mer, entre le château et le Fort Royal, que se
rassemblent les enfants ; c'est que j'ai été élevé, compagnon des flots et des vents. Un des
premiers plaisirs que j'aie goûtés était de lutter contre les orages, de me jouer avec les vagues
qui se retiraient devant moi ou couraient après moi sur la rive. Un autre divertissement était de
construire, avec l'arène de la plage, des monuments que mes camarades appelaient des fours.
Depuis cette époque, j'ai souvent cru bâtir pour l'éternité des châteaux plus vite écroulés que
mes palais de sable.
Mon sort étant irrévocablement fixé, on me livra à une enfance oisive. Quelques
notions de dessin, de langue anglaise, d'hydrographie et de mathématiques, parurent plus que
suffisantes à l'éducation d'un garçonnet destiné d'avance à la rude vie d'un marin.
Je croissais sans étude dans ma famille ; nous n'habitions plus la maison j'étais :
ma mère occupait un hôtel, place Saint-Vincent, presque en face de la porte de la ville qui
communique au Sillon. Les polissons de la ville étaient devenus mes plus chers amis : j'en
remplissais la cour et les escaliers de la maison. Je leur ressemblais en tout ; je parlais leur
langage ; j'avais leur façon et leur allure ; j'étais vêtu comme eux, déboutonné et débraillé
comme eux ; mes chemises tombaient en loques ; je n'avais jamais une paire de bas qui ne fût
largement trouée ; je traînais de méchants soutiers éculés, qui sortaient à chaque pas de mes
pieds ; je perdais souvent mon chapeau et quelquefois mon habit. J'avais le visage barbouillé,
égratigné, meurtri, les mains noires. Ma figure était si étrange, que ma mère, au milieu de sa
colère, ne se pouvait empêcher de rire et de s'écrier : « Qu'il est laid ! »
J'aimais pourtant et j'ai toujours aimé la propreté, même l'élégance. La nuit, j'essayais
de raccommoder mes lambeaux ; la bonne Villeneuve et ma Lucile m'aidaient à réparer ma
toilette, afin de m'épargner des pénitences et des gronderies ; mais leur rapiécetage ne servait
qu'à rendre mon accoutrement plus bizarre. J'étais surtout désolé, quand je paraissais
déguenillé au milieu des enfants, fiers de leurs habits neufs et de leur braverie.
Cercado por muralhas de épocas diversas, dividindo-se em grandes e pequenas, e
sobre as quais se caminha, Saint-Malo encontra-se também protegido pelo castelo da que
falei, que teve incorporados, por iniciativa da duquesa Anne, torres, baluartes e fossos. Vista
de fora, a cidade insular assemelha-se a uma cidadela de granito.
Era na praia de mar aberto, entre o castelo e Fort Royal, que as crianças reuniam-se;
parceiro das ondas e dos ventos, lá é que fui educado. Um dos primeiros prazeres que
experimentei era o de lutar contra as tempestades, de brincar com as ondas que refluíam à
minha frente, ou que me seguiam por trás na orla. Outro divertimento era construir com o
areal da praia monumentos que meus camaradas chamavam de fours. A partir desta época,
acreditei, com freqüência, que construía para a eternidade castelos que viriam abaixo mais
rapidamente do que meus palácios de areia.
Estando meu destino irrevogavelmente firmado, trataram de me entregar a uma
infância ociosa. Algumas noções de desenho, de língua inglesa, de hidrografia e de
matemática pareceram mais do que suficiente à educação de um rapazote destinado de
antemão à rude vida de marinheiro.
Eu crescia sem estudo em minha família; nos não morávamos mais na casa onde eu
nascera: minha mãe ocupava um hotel à Praça Saint-Vicent, quase defronte à porta que se
comunica com o Sillon. Todos os malandros da cidade se tornaram meus melhores amigos:
tomávamos o pátio e as escadas da casa. Assemelhava-me a eles em tudo; eu falava sua
linguagem; possuía seus modos e estilo; andava vestido como eles, desabotoado e desleixado
como eles; minhas camisas transformavam-se em trapos; não tinha nunca um par de meias
que não estivesse completamente furado; arrastava horrendos sapatos surrados que a cada
passo caíam de meus pés; seguidamente perdia meu chapéu e às vezes minhas roupas. Tinha
o rosto imundo, esfolado, mortificado, as mãos pretas. Minha figura era tão estranha, que
minha mãe, em meio à cólera, não podia conter o riso e gritava: “Como está feio!”
Entretanto, eu gostava e sempre gostei de limpeza, até mesmo de elegância. À noite
tentava reparar meus farrapos; a boa Villeneuve e minha Lucile ajudavam-me a recompor o
toalete a fim de que fosse poupado dos castigos e reprimendas, mas seus remendos serviam
apenas para tornar minhas farpelas mais esquisitas. Eu ficava arrasado, sobretudo quando me
achava desgrenhado em meio às crianças orgulhosas em suas novas vestes e em sua pompa.
Mes compatriotes avaient quelque chose d'étranger, qui rappelait l'Espagne. Des
familles malouines étaient établies à Cadix ; des familles de Cadix résidaient à Saint-Malo. La
position insulaire, la chaussée, l'architecture, les maisons, les citernes, les murailles de granit
de Saint-Malo, lui donnent un air de ressemblance avec Cadix : quand j'ai vu la dernière ville,
je me suis souvenu de la première.
Enfermés le soir sous la même clef dans leur cité, les Malouins ne composaient qu'une
famille. Les moeurs étaient si candides que de jeunes femmes qui faisaient venir des rubans et
des gazes de Paris, passaient pour des mondaines dont leurs compagnes effarouchées se
séparaient. Une faiblesse était une chose inouïe : une comtesse d'Abbeville ayant été
soupçonnée, il en résulta une complainte que l'on chantait en se signant. Cependant le poète,
fidèle, malgré lui, aux traditions des troubadours, prenait parti contre le mari qu'il appelait un
monstre barbare.
Certains jours de l'année, les habitants de la ville et de la campagne se rencontraient à
des foires appelées assemblées, qui se tenaient dans les îles et sur des forts autour de Saint-
Malo ; ils s'y rendaient à pied quand la mer était basse, en bateau lorsqu'elle était haute. La
multitude de matelots et de paysans ; les charrettes entoilées ; les caravanes de chevaux,
d'ânes et de mulets ; le concours des marchands ; les tentes plantées sur le rivage ; les
processions de moines et de confréries qui serpentaient avec leurs bannières et leurs croix au
milieu de la foule ; les chaloupes allant et venant à la rame ou à la voile ; les vaisseaux entrant
au port, ou mouillant en rade ; les salves d'artillerie le branle des cloches, tout contribuait à
répandre dans ces réunions le bruit, le mouvement et la variété.
J'étais le seul témoin de ces fêtes qui n'en partageât pas la joie. J'y paraissais sans
argent pour acheter des jouets et des gâteaux. Evitant le mépris qui s'attache à la mauvaise
fortune, je m'asseyais loin de la foule, auprès de ces flaques d'eau que la mer entretient et
renouvelle dans les concavités des rochers. Là, je m'amusais à voir voler les pingouins et les
mouettes, à béer aux lointains bleuâtres, à ramasser des coquillages, à écouter le refrain des
vagues parmi les écueils. Le soir au logis, je n'étais guère plus heureux ; j'avais une
répugnance pour certains mets : on me forçait d'en manger. J'implorais les yeux de La France
qui m'enlevait adroitement mon assiette, quand mon père tournait la tête. Pour le feu même
rigueur : il ne m'était pas permis d'approcher de la cheminée. Il y a loin de ces parents sévères
aux gâte-enfants d'aujourd'hui.
Meus compatriotas tinham algo de estrangeiro, que lembrava a Espanha. Algumas
famílias malvinas haviam se estabelecido em Cadiz; famílias de Cadiz residiam em Saint-
Malo. A posição insular, o pavimento, a arquitetura, as casas, as cisternas, as muralhas de
granito de Saint-Malo davam-lhe uma aparência semelhante à de Cadiz: quando vi esta
última cidade, recordei-me da primeira.
À noite fechados em sua cidade com a mesma chave, os malvinos compunham uma
única família. Seus costumes eram tão cândidos que jovens mulheres eram vistas como
mundanas e abandonadas por suas companheiras estupefatas aos verem-nas trazerem de
Paris véus e fitas. Uma fraqueza era coisa inédita: uma suspeita recaída sobre uma certa
condessa de Abbeville produziu uma cantilena que era entoada com o sinal da cruz. No
entanto, o poeta, fiel, mesmo contra a vontade, às tradições trovadorescas tomava partido
contra o marido chamando-o de monstro bárbaro.
Em alguns dias do ano, os moradores da cidade e do campo se encontravam nas
feiras chamadas assemblées, que aconteciam nas ilhas e nos fortes em torno de Saint-Malo;
eles chegavam até a quando a maré estava baixa e de barco quando estava alta. A
multidão de marujos e de camponeses; as carretas, as caravanas de cavalo, de asnos e de
mulas; a concorrência dos mercadores; as tendas plantadas à beira-mar; as procissões de
monges e de confrarias que serpenteavam com suas bandeiras e cruzes no meio da turba; as
chalupas indo e vindo a remo ou a vela, os barcos que entravam no porto, ou que se
banhavam ancorados; as salvas de artilharia, o dobre dos sinos, nessas reuniões tudo
contribuía para disseminar o barulho, o movimento e a variedade.
Eu era o único espectador dessas festas a não compartilhar a alegria. Não levava
dinheiro para comprar brinquedos e doces. Tentando evitar o desprezo que acompanha a
fortuna, colocava-me longe da turba, junto às poças d’água que o mar mantém e renova nas
concavidades dos rochedos. me divertia ao ver voar os papagaios-do-mar, as gaivotas, ao
apreciar embasbacado o horizonte azulado, ao recolher conchas e escutar o refrão das ondas
por entre os escolhos. À noite, alojado, não me achava muito mais feliz; tinha repugnância
por certas iguarias: forçavam-me a comê-las. Com os olhos, implorava a La France que
levasse discretamente meu prato quando meu pai virasse a cabeça. O mesmo rigor com o
fogo: não me era permitido aproximar-me da lareira. Esses severos pais estão muito longe
dos mima-crianças de hoje.
Mais si j'avais des peines qui sont inconnues de l'enfance nouvelle, j'avais aussi
quelques plaisirs qu'elle ignore.
On ne sait plus ce que c'est que ces solennités de religion et de famille la patrie
entière et le Dieu de cette patrie avaient l'air de se réjouir ; Noël, le premier de l'an, les Rois,
Pâques, la Pentecôte, la Saint-Jean étaient pour moi-même des jours de prospérité. Peut-être
l'influence de mon rocher natal a-t-elle agi sur mes sentiments et sur mes études. Dès l'année
1015, les Malouins firent voeu d'aller aider à bâtir de leurs mains et de leurs moyens les
clochers de la cathédrale de Chartres : n'ai-je pas aussi travaillé de mes mains à relever la
flèche abattue de la vieille basilique chrétienne ? « Le soleil, dit le père Maunoir, n'a jamais
éclairé canton ait paru une plus constante et invariable fidélité dans la vraie foi, que la
Bretagne. Il y a treize siècles, qu'aucune infidélité n'a souillé la langue qui a servi d'organe
pour prêcher Jésus-Christ, et il est à naître qui ait vu Breton bretonnant prêcher autre religion
que la catholique. »
Durant les jours de fête que je viens de rappeler, j'étais conduit en station avec mes
soeurs aux divers sanctuaires de la ville, à la chapelle de Saint-Aaron, au couvent de la
Victoire ; mon oreille était frappée de la douce voix de quelques femmes invisibles :
l'harmonie de leurs cantiques se mêlait aux mugissements des flots. Lorsque, dans l'hiver, à
l'heure du salut, la cathédrale se remplissait de la foule ; que de vieux matelots à genoux, de
jeunes femmes et des enfants lisaient, avec de petites bougies dans leurs Heures ; que la
multitude, au moment de la bénédiction, répétait en choeur le Tantum ergo ; que dans
l'intervalle de ces chants, les rafales de Noël frôlaient les vitraux de la basilique, ébranlaient
les voûtes de cette nef que fit résonner la mâle poitrine de Jacques Cartier et de Duguay-
Trouin, j'éprouvais un sentiment extraordinaire de religion. Je n'avais pas besoin que la
Villeneuve me dît de joindre les mains pour invoquer Dieu par tous les noms que ma mère
m'avait appris ; je voyais les cieux ouverts, les anges offrant notre encens et nos voeux, je
courbais mon front : il n'était point encore chargé de ces ennuis qui pèsent si horriblement sur
nous, qu'on est tenté de ne plus relever la tête lorsqu'on l'a inclinée au pied des autels.
Porém, se eu sofria castigos que são desconhecidos da infância de hoje, eu tinha
também alguns prazeres que ela ignora.
Estas solenidades de religião e de família em que a toda a pátria e o Deus dessa pátria
pareciam regozijar-se não são hoje mais conhecidas: Natal, o primeiro do ano, os Reis, a
Páscoa, Pentecostes, São João eram para mim dias de prosperidade. É possível que a força de
meu rochedo natal tenha influenciado meus sentimentos e meus estudos. Ainda no ano de
1015, os habitantes de Saint-Malo tomaram a decisão de ajudar a construir os campanários
da catedral de Chartres com as próprias mãos e recursos: também eu não trabalhei com
minhas mãos para reerguer a ponteira abatida da velha basílica cristã? “O sol, disse o padre
Maunoir, jamais iluminou cantão em que se manifestasse uma mais constante e invariável
fidelidade à verdadeira fé, como na Bretanha. treze séculos nenhuma infidelidade
maculou a língua que serviu de instrumento para celebrar Jesus Cristo, e está para nascer
aquele que tenha visto bretão celebrar outra religião que a católica.”
Nestes dias de festa que acabo de rememorar, eu era levado com minhas irmãs às
estações, em diversos santuários da cidade, à capela de Saint-Aaron, ao convento de
Victoire; meu ouvido era tocado pela voz doce de algumas mulheres invisíveis: a harmonia
de seus cânticos misturava-se aos bramidos das ondas. Quando, durante o inverno, à hora do
oficio, a catedral enchia-se de gente; quando velhos marujos de joelhos, mulheres jovens e
crianças liam, com pequenas velas nas mãos, seus livros de Horas; quando a multidão, no
momento da consagração, repetia em coro o Tantum ergo; quando no intervalo desses
cantos, as rajadas de vento de Natal roçavam os vitrais da basílica e faziam vibrar as
abóbadas da nave que fez ressoar o peito viril de Jacques Cartier e de Duguay-Trouin, eu
experimentava um extraordinário sentimento religioso. Não me era preciso que Villeneuve
pedisse-me para juntar as mãos a fim de invocar Deus com todos os nomes que minha mãe
havia-me ensinado; eu via o céu aberto, os anjos oferecendo nosso incenso e nossos votos;
eu inclinava minha fronte: ela ainda não se encontrava carregada dos desgostos que pesam
terrivelmente sobre nós, a ponto de sermos tentados a não mais reerguer a cabeça que já um
dia se inclinou ao pé dos altares.
Tel marin, au sortir de ces pompes, s'embarquait tout fortifié contre la nuit, tandis que
tel autre rentrait au port en se dirigeant sur le dôme éclairé de l'église : ainsi la religion et les
périls étaient continuellement en présence, et leurs images se présentaient inséparables à ma
pensée. A peine étais-je né, que j'ouïs parler de mourir : le soir, un homme allait avec une
sonnette de rue en rue, avertissant les chrétiens de prier pour un de leurs frères décédé.
Presque tous les ans, des vaisseaux se perdaient sous mes yeux, et, lorsque je m'ébattais le
long des grèves, la mer roulait à mes pieds les cadavres d'hommes étrangers, expirés loin de
leur patrie. Madame de Chateaubriand me disait comme sainte Monique disait à son fils :
Nihil longe est a Deo : « Rien n'est loin de Dieu. » On avait confié mon éducation à la
Providence : elle ne m'épargnait pas les leçons.
Voué à la Vierge, je connaissais et j'aimais ma protectrice que je confondais avec mon
ange gardien : son image, qui avait coûté un demi-sou à la bonne Villeneuve, était attachée,
avec quatre épingles, à la tête de mon lit. J'aurais vivre dans ces temps l'on disait à
Marie : « Doulce Dame du ciel et de la terre, mère de pitié, fontaine de tous biens, qui
portastes Jésus-Christ en vos prétieulx flancz, belle très-doulce Dame, je vous mercye et vous
prye. »
La première chose que j'ai sue par coeur est un cantique de matelot commençant ainsi :
Je mets ma confiance,
Vierge, en votre secours ;
Servez-moi de défense
Prenez soin de mes jours ;
Et quand ma dernière heure
Viendra finir mon sort,
Obtenez que je meure
De la plus sainte mort.
J'ai entendu depuis chanter ce cantique dans un naufrage. Je répète encore aujourd'hui
ces méchantes rimes avec autant de plaisir que des vers d'Homère ; une madone coiffée d'une
couronne gothique vêtue d'une robe de soie bleue, garnie d'une frange d'argent m'inspire plus
de dévotion qu'une Vierge de Raphaël.
Um marinheiro, ao abandonar essas pompas, embarcava fortalecido contra a noite,
enquanto outro retornava ao porto orientando-se pelo domo iluminado da igreja: assim a
religião e os perigos estavam continuamente presentes, e em meu pensamento suas imagens
mostravam-se inseparáveis. Logo que nascera ouvi falar de morte: à noite, um homem
andava com uma sineta de rua em rua, solicitando a prece dos cristãos em favor de um de
seus irmãos falecidos. Quase todos os anos, barcos desapareciam sob meu olhar e, enquanto
distraía-me ao longo das areias, o mar trazia a meus pés cadáveres de homens estrangeiros,
que expiravam longe de sua pátria. A senhora de Chateaubriand dizia-me, assim como Santa
Mônica dizia a seu filho: Nihil longe est a Deo: “Nada está longe de Deus.” Confiaram
minha educação à Providência: ela não me poupava suas lições.
Votado à Virgem, eu conhecia e amava minha protetora que eu confundia com meu
anjo da guarda: sua imagem que custara meio-soldo à boa Villeneuve estava pregada, com
quatro alfinetes, à cabeceira de minha cama. Eu deveria ter vivido nesses tempos em que se
dizia a Maria: “Suave Senhora do céu e da terra, mãe de piedade, fonte de todo o bem, que
levastes Jesus Cristo em vosso precioso seio, bela e muito doce Senhora, eu vos agradeço e
vos peço.”
A primeira coisa que eu soube de cor foi um cântico de marinheiro que iniciava dessa
forma:
Je mets ma confiance,
Vierge, en votre secours;
Servez-moi de défense,
Prenez soin de mes jours ;
Et quand ma dernière heure
Viendra finir mon sort,
Obtenez que je meure
De la plus sainte mort.
97
Eu ouvi, depois, este cântico ser entoado em um naufrágio. Repito ainda hoje essas
medíocres rimas com tanto prazer quanto os versos de Homero; uma madona com uma coroa
gótica na cabeça, portando um vestido de seda azul, adornada com uma franja prateada
inspira-me mais devoção do que uma virgem de Rafael.
97
“Deposito em vós, oh Virgem, minha confiança; sede minha protetora, velai por meus dias; e quando soar
minha última hora, fazei com que eu tenha uma santa morte.
Du moins, si cette pacifique Etoile des mers avait pu calmer les troubles de ma vie !
Mais je devais être agité, même dans mon enfance ; comme le dattier de l'Arabe, à peine ma
tige était sortie du rocher qu'elle fut battue du vent.
(5)
La Vallée-aux-Loups, juin 1812.
GERSIL. – HERVINE MAGON. –
COMBAT CONTRE LES DEUX MOUSSES.
J'ai dit que ma révolte prématurée contre les maîtresses de Lucile commença ma
mauvaise renommée ; un camarade l'acheva.
Mon oncle, M. de Chateaubriand du Plessis, établi à Saint-Malo comme son frère,
avait, comme lui, quatre filles et deux garçons. De mes deux cousins (Pierre et Armand), qui
formaient d'abord ma société, Pierre devint page de la Reine, Armand fut envoyé au collège
comme destiné à l'état ecclésiastique. Pierre au sortir des pages, entra dans la marine et se
noya à la côte d'Afrique. Armand, longtemps enfermé au collège, quitta la France en 1790,
servit pendant toute l'émigration, fit intrépidement dans une chaloupe vingt voyages à la côte
de Bretagne, et vint enfin mourir pour le Roi à la plaine de Grenelle, le vendredi saint de
l'année 1810, ainsi que je l'ai déjà dit, et que je le répéterai encore en racontant sa catastrophe.
Privé de la société de mes deux cousins, je la remplaçai par une liaison nouvelle.
Se ao menos esta pacífica Estrela dos mares tivesse apaziguado as turbulências de
minha vida! mas eu havia de ter sido sacudido, já em minha infância; assim como a
tamareira da Arábia, logo que brotou do rochedo, meu talo se viu abatido pelo vento.
Capítulo 5
Vallée-aux-Loups, junho de 1812.
Gesril. – Hervine Magon. – Combate entre dois grumetes.
Eu disse que minha revolta prematura contra as mestras de Lucile iniciou minha
reputação; um amigo completou-a.
Meu tio, senhor de Chateaubriand de Plessis, estabelecido, assim como seu irmão em
Saint-Malo, tinha também, como ele, quatro filhas e dois filhos. Dos meus dois primos que
inicialmente formavam minha sociedade, Pierre tornou-se pajem da Rainha, e Armand foi
enviado ao colégio a fim de seguir a carreira eclesiástica. Pierre, ao abandonar o serviço de
pajem, entrou para a marinha e afogou-se junto à costa da África. Armand, por muito tempo
encerrado no colégio, deixou a França em 1790, serviu durante toda a emigração, fez
intrepidamente vinte viagens à costa da Bretanha numa chalupa, e veio enfim a morrer pelo
Rei nas planícies de Grenelle, na Sexta-feira Santa do ano de 1810, tal como já antes relatei e
volto aqui a repetir a história desta catástrofe.
98
Privado da companhia de meus dois primos, a substituí
por uma nova relação.
98
N.A. Ele deixou um filho, Frédéric, que primeiramente introduzi na guarda do Senhor, estabelecendo-se
depois num regimento da cavalaria. Desposou, em Nancy, a senhorita de Gastaldi, de quem teve dois filhos, e
retirou-se do serviço. A irmais velha de Armandi, minha prima, é vários anos superiora das religiosas
trapistas. (Nota de 1831, Genebra)
Au second étage de l'hôtel que nous habitions, demeurait un gentilhomme nommé
Gesril : il avait un fils et deux filles. Ce fils était élevé autrement que moi ; enfant gâté, ce
qu'il faisait était trouvé charmant : il ne se plaisait qu'à se battre, et surtout qu'à exciter des
querelles dont il s'établissait le juge.
Jouant des tours perfides aux bonnes qui menaient promener les enfants il n'était bruit
que de ses espiègleries que l'on transformait en crimes noirs. Le père riait de tout, et Joson
n'en était que plus chéri. Gesril devint mon intime ami et prit sur moi un ascendant incroyable
: je profitai sous un tel maître quoique mon caractère fût entièrement l'opposé du sien. J'aimais
les jeux solitaires, je ne cherchais querelle à personne : Gesril était fou des plaisirs de cohue et
jubilait au milieu des bagarres d'enfants. Quand quelque polisson me parlait, Gesril me disait :
« Tu le souffres ? » A ce mot je croyais mon honneur compromis et je sautais aux yeux du
téméraire ; la taille et l'âge n'y faisaient rien. Spectateur du combat, mon ami applaudissait à
mon courage, mais ne faisait rien pour me servir. Quelquefois il levait une armée de tous les
sautereaux qu'il rencontrait, divisait ses conscrits en deux bandes, et nous escarmouchions sur
la plage à coups de pierres.
Un autre jeu, inventé par Gesril, paraissait encore plus dangereux : lorsque la mer était
haute et qu'il y avait tempête, la vague, fouettée au pied du château, du côté de la grande
grève, jaillissait jusqu'aux grandes tours. A vingt pieds d'élévation au-dessus de la base d'une
de ces tours, gnait un parapet en granit, étroit, glissant, incliné, par lequel on communiquait
au ravelin qui défendait le fossé : il s'agissait de saisir l'instant entre deux vagues, de franchir
l'endroit périlleux avant que le flot se brisât et couvrît la tour. Voici venir une montagne d'eau
qui s'avançait en mugissant et qui, si vous tardiez d'une minute, pouvait, ou vous entraîner, ou
vous écraser contre le mur. Pas un de nous ne se refusait à l'aventure, mais j'ai vu des enfants
pâlir avant de la tenter.
No segundo andar do palácio em que habitávamos, residia um gentil-homem chamado
Gesril: ele tinha um filho e duas filhas. Este rapaz recebera uma educação muito diferente da
minha; menino mimado, tudo o que fazia era visto com adoração: só em disputa ele se
divertia, e gostava, sobretudo, de estimular querelas para as quais se apresentava como juiz.
Aplicando golpes pérfidos às criadas que levavam as crianças para o passeio, se
tinha ouvidos para suas travessuras que eram transformadas em crimes negros. O pai ria de
tudo, y Joson era ainda mais querido por ele. Gesril veio a ser meu íntimo amigo e passou a
ter uma ascendência impressionante sobre mim: eu tirava proveito de tal mestre ainda que
meu temperamento fosse inteiramente oposto ao seu. Eu apreciava os jogos solitários, não
procurava contendas com ninguém: Gesril era louco por prazeres, por confusão, e rejubilava-
se em meio às brigas de meninos. Quando algum pilantra me dirigia a palavra, Gesril me
dizia: “Como pode agüentar isso?” Ao ouvi-lo, sentia comprometida a minha honra e lançava-
me sobre o audacioso; o tamanho ou a idade não faziam diferença. Espectador do combate,
meu amigo aplaudia minha coragem, mas nada fazia para me favorecer. Às vezes ele
recrutava um exército com todos os arruaceiros que encontrava, dividia seus conscritos em
dois bandos e íamo-nos à praia escaramuçar a pedradas.
Um outro jogo, inventado por Gesril, parecia ainda mais perigoso: quando a maré
estava alta e havia tempestade, as ondas, fustigando os pés ao castelo pelo lado da grande
praia, jorravam chegando até as grandes torres. A vinte pés de altura sobre a base de uma
dessas torres, divisava-se um parapeito em granito, estreito, escorregadio, inclinado, o qual
se ligava ao revelim que protegia o fosso: tratava-se de aproveitar o instante, entre uma vaga
e outra, a fim de percorrer o local perigoso antes que a onda se chocasse e cobrisse a torre. E
eis que uma montanha de água vinha e avançava bramindo, a qual poderia, se demorássemos
um instante, ou arrastar-nos, ou esmagar-nos contra os muros. Nenhum de nós recusava a
aventura, mas cheguei a ver alguns meninos empalidecerem antes de tentá-la.
Ce penchant à pousser les autres à des rencontres dont il restait spectateur, induirait à
penser que Gesril ne montra pas dans la suite un caractère fort généreux : c'est lui néanmoins
qui, sur un plus petit théâtre, a peut-être effacé l'héroïsme de gulus ; il n'a manqué à sa
gloire que Rome et Tite-Live. Devenu officier de marine il fut pris à l'affaire de Quiberon ;
l'action finie et les Anglais continuant de canonner l'armée républicaine, Gesril se jette à la
nage, s'approche des vaisseaux, dit aux Anglais de cesser le feu, leur annonce le malheur et la
capitulation des émigrés. On le voulut sauver, en lui filant une corde et le conjurant de monter
à bord : « Je suis prisonnier sur parole », s'écrie-t-il du milieu des flots et il retourne à terre à
la nage : il fut fusillé avec Sombreuil et ses compagnons.
Gesril a été mon premier ami ; tous deux mal jugés dans notre enfance, nous nous
liâmes par l'instinct de ce que nous pouvions valoir un jour.
Deux aventures mirent fin à cette première partie de mon histoire, et produisirent un
changement notable dans le système de mon éducation.
Nous étions un dimanche sur la grève, à l' éventail de la porte Saint-Thomas à l'heure
de la marée. Au pied du château et le long du Sillon, de gros pieux enfoncés dans le sable
protègent les murs contre la houle. Nous grimpions ordinairement au haut de ces pieux pour
voir passer au-dessous de nous les premières ondulations du flux. Les places étaient prises
comme de coutume ; plusieurs petites filles se mêlaient aux petits garçons. J'étais le plus en
pointe vers la mer, n'ayant devant moi qu'une jolie mignonne, Hervine Magon qui riait de
plaisir et pleurait de peur. Gesril se trouvait à l'autre bout du côté de la terre. Le flot arrivait, il
faisait du vent ; déjà les bonnes et les domestiques criaient : « Descendez, Mademoiselle !
descendez, Monsieur ! » Gesril attend une grosse lame : lorsqu'elle s'engouffre entre les
pilotis, il pousse l'enfant assis auprès de lui ; celui-là se renverse sur un autre ; celui-ci sur un
autre : toute la file s'abat comme des moines de cartes, mais chacun est retenu par son voisin ;
il n'y eut que la petite fille de l'extrémité de la ligne sur laquelle je chavirai qui, n'étant
appuyée par personne, tomba. Le jusant l'entraîne ; aussitôt mille cris, toutes les bonnes
retroussant leurs robes et tripotant dans la mer, chacune saisissant son magot et lui donnant
une tape.
Este pendor de incitar os outros a tais embates, nos quais ele se mantinha como
espectador, poderia levar-nos a crer que Gesril não mostraria ao longo da vida uma índole
muito generosa: foi ele, no entanto, que num teatro menor talvez tenha eclipsado o heroísmo
de Régulo; para sua glória faltou apenas Roma e Tito Lívio. Quando se tornou oficial da
marinha, foi feito prisioneiro no caso de Quiberon; a ação tendo terminado e os ingleses
ainda a canhonear o exército republicano, Gesril lança-se a nado, aproxima-se dos barcos,
comunica aos ingleses o cessar-fogo, anuncia-lhes a derrota e a capitulação dos emigrados.
Quiseram salvá-lo, estendendo-lhe uma corda e conclamando-o a subir a bordo: “Estou
prisioneiro sob juramento”, grita ele em meio às ondas, retornando à terra a nado: foi
fuzilado juntamente com Sombreuil e seus companheiros.
Gesril foi meu primeiro amigo; ambos com reputação durante a infância, nos
ligamos pelo instinto do que poderíamos um dia valer.
Duas aventuras colocaram fim a esta primeira parte de minha história, e produziram
uma mudança notável no sistema de minha educação.
Um domingo, estávamos à beira-mar, sob o leque da porta Saint-Thomas, à hora da
maré. Ao do castelo e ao longo do Sillon, grandes estacas cravadas na areia protegiam os
muros das ondas. De hábito escalávamos até o alto destas estacas para vermos passar abaixo
de nós as primeiras ondulações da maré. Os lugares estavam tomados como de costume;
vários meninos e meninas aglomeravam-se. Eu era o que estava mais próximo ao mar,
tendo diante de mim uma bela menina, Hervine Magon, que ria de prazer e chorava de medo.
Gesril encontrava-se na outra extremidade para os lados da terra. A onda vinha, havia vento;
as criadas e domésticas gritavam: “Desça, senhorita! Desça, senhor!” Gesril aguarda uma
imponente onda: quando ela se precipita por entre a estacaria, ele empurra o companheiro
mais próximo; este é jogado sobre o outro: toda a fila é abatida em efeito dominó, mas cada
um é retido por seu vizinho. Aconteceu que a menina da extremidade da linha sobre a qual
eu desabara, não sendo apoiada por ninguém, caiu. A maré a carrega; logo ouvem-se mil
gritos, todas as criadas arregaçam seus vestidos e, revolvendo dentro do mar, cada qual
captura seu pequeno dando-lhe uma palmada.
Hervine fut repêchée ; mais elle déclara que François l'avait jetée bas. Les bonnes
fondent sur moi ; je leur échappe ; je cours me barricader dans la cave de la maison : l'armée
femelle me pourchasse. Ma mère et mon père étaient heureusement sortis. La Villeneuve
défend vaillamment la porte et soufflette l'avant-garde ennemie. Le ritable auteur du mal,
Gesril, me prête secours : il monte chez lui, et avec ses deux soeurs jette par les fenêtres des
potées d'eau et des pommes cuites aux assaillantes. Elles levèrent le siège à l'entrée de la nuit ;
mais cette nouvelle se répandit dans la ville, et le chevalier de Chateaubriand, âgé de neuf ans,
passa pour un homme atroce, un reste de ces pirates dont saint Aaron avait purgé son rocher.
Voici l'autre aventure :
J'allais avec Gesril à Saint-Servan, faubourg séparé de Saint-Malo par le port
marchand. Pour y arriver à basse mer, on franchit des courants d'eau sur des ponts étroits de
pierres plates, que recouvre la marée montante. Les domestiques qui nous accompagnaient,
étaient restés assez loin derrière nous. Nous apercevons à l'extrémité d'un de ces ponts deux
mousses qui venaient à notre rencontre ; Gesril me dit : « Laisserons-nous passer ces gueux-
là? « et aussitôt il leur crie : « A l'eau, canards ! » Ceux-ci, en qualité de mousses, n'entendant
pas raillerie, avancent ; Gesril recule ; nous nous plaçons au bout du pont, et saisissant des
galets, nous les jetons à la tête des mousses. Ils fondent sur nous, nous obligent à cher pied,
s'arment eux-mêmes de cailloux, et nous mènent battant jusqu'à notre corps de réserve, c'est-
à-dire jusqu'à nos domestiques. Je ne fus pas, comme Horatius, frappé à l'oeil, mais à l'oreille
: une pierre m'atteignit si rudement que mon oreille gauche, à moitié détachée, tombait sur
mon épaule.
Je ne pensai point à mon mal, mais à mon retour. Quand mon ami rapportait de ses
courses un oeil poché un habit déchiré, il était plaint, caressé, choyé, rhabillé ; en pareil cas,
j'étais mis en pénitence. Le coup que j'avais reçu était dangereux, mais jamais La France ne
me put persuader de rentrer, tant j'étais effrayé. Je m'allai cacher au second étage de la
maison, chez Gesril qui m'entortilla la tête d'une serviette.
Hervine é recuperada; mas declara que François a tinha empurrado para baixo. As
criadas lançam-se em minha direção; eu escapo; corro trancafiando-me na adega da casa: o
exército feminino me persegue. Minha e e meu pai felizmente haviam saído. Villeneuve
protege valentemente a porta e repele a vanguarda inimiga. O verdadeiro autor do mal,
Gesril, presta-me socorro: ele sobe à sua casa e, com suas duas irmãs, lança pela janela
paneladas de água e maçãs cozidas sobre as sitiantes. Elas levantaram o cerco no início da
noite, mas a novidade espalhara-se pela cidade, e o cavaleiro de Chateaubriand, aos nove
anos, passava por um homem atroz, um remanescente daqueles piratas dos quais Saint Aaron
purgara seu rochedo.
Eis aqui a outra aventura:
Íamos, Gesril e eu, a Saint-Servan, bairro separado de Saint-Malo pelo porto
comercial. Para chegarmos até lá com maré baixa, transpúnhamos as correntes de água sobre
umas estreitas pontes de pedras lisas, que a maré alta recobre. As domésticas que nos
acompanhavam, haviam ficado muito longe atrás de nós. Reparamos que no extremo de uma
dessas pontes dois grumetes vinham a nosso encontro; Gesril me disse: “Vamos deixar
passar esses malditos?e imediatamente berra: “Pra água, patos!” Estes, sendo grumetes e
não admitindo zombaria, avançam; Gesril recua; nós nos instalamos no fim da ponte e,
apanhando pedras, alvejávamos a cabeça deles. Precipitaram-se em nossa direção, nos
obrigando a fugir, armaram-se, por sua vez, de cascalhos e fizeram-nos bater em retirada até
nosso corpo de reserva, ou seja, até nossas criadas. Não fui, como Horácio, ferido no olho:
uma pedra atingiu-me com tal violência que minha orelha esquerda, partida ao meio, caiu
sobre meu ombro.
Não pensei em minha dor, mas em meu retorno. Meu amigo, quando trazia de suas
andanças um olho roxo, uma roupa rasgada, era acolhido, lastimado, acarinhado,
recomposto: em semelhante caso, eu era submetido à penitência. O golpe que havia sofrido
era preocupante, mas La France não conseguia me persuadir a voltar para casa, tal era o
terror que eu sentia. Fui me esconder no segundo andar da residência de Gesril, que me
enrolou a cabeça com uma toalha.
Cette serviette le mit en train : elle lui représenta une mitre ; il me transforma en
évêque, et me fit chanter la grand-messe avec lui et ses soeurs jusqul'heure du souper. Le
pontife fut alors obligé de descendre : le coeur me battait. Surpris de ma figure débiffée et
barbouillée de sang, mon père ne dit pas un mot ; ma mère poussa un cri ; La France conta
mon cas piteux, en m'excusant ; je n'en fus pas moins rabroué. On pansa mon oreille, et
monsieur et madame de Chateaubriand résolurent de me séparer de Gesril le plus tôt possible.
Je ne sais si ce ne fut point cette année que le comte d'Artois vint à Saint-Malo : on lui
donna le spectacle d'un combat naval. Du haut du bastion de la poudrière je vis le jeune prince
dans la foule au bord de la mer ; dans son éclat et dans mon obscurité, que de destinées
inconnues ! Ainsi, sauf erreur de mémoire, Saint-Malo n'aurait vu que deux rois de France,
Charles IX et Charles X.
Voilà le tableau de ma première enfance. J'ignore si la dure éducation que je reçus est
bonne en principe, mais elle fut adoptée de mes proches sans dessein et par une suite naturelle
de leur humeur. Ce qu'il y a de sûr c'est qu'elle a rendu mes idées moins semblables à celles
des autres hommes ; ce qu'il y a de plus sûr encore, c'est qu'elle a imprimé à mes sentiments
un caractère de mélancolie née chez moi de l'habitude de souffrir à l'âge de la faiblesse, de
l'imprévoyance et de la joie.
Dira-t-on que cette manière de m'élever m'aurait pu conduire à détester les auteurs de
mes jours ? Nullement. le souvenir de leur rigueur m'est presque agréable ; j'estime et honore
leurs grandes qualités. Quand mon père mourut, mes camarades au régiment de Navarre
furent témoins de mes regrets. C'est de ma mère que je tiens la consolation de ma vie, puisque
c'est d'elle que je tiens ma religion ; je recueillais les vérités chrétiennes qui sortaient de sa
bouche, comme Pierre de Langres étudiait la nuit dans une église, à la lueur de la lampe qui
brûlait devant le Saint-Sacrement. Aurait-on mieux développé mon intelligence en me jetant
plus tôt dans l'étude ? J'en doute : ces flots, ces vents, cette solitude qui furent mes premiers
maîtres, convenaient peut-être mieux à mes dispositions natives ; peut-être dois-je à ces
instituteurs sauvages quelques vertus que j'aurais ignorées.
Essa toalha o estimulou: representava para ele uma mitra; transformou-me em bispo e
me fez celebrar a grande missa com ele e suas irmãs até a hora da ceia. Mas o pontífice foi
obrigado a descer: meu coração disparava. Surpreso com minha figura desalinhada e
manchada de sangue, meu pai não disse uma palavra; minha mãe soltou um grito; La
France contou minha triste história, desculpando-me; não fui por isso menos hostilizado.
Trataram minha orelha, e o senhor e a senhora de Chateaubriand resolveram separar-me de
Gesril o mais rapidamente possível.
99
Não sei se não foi nesse ano que o conde d’Artois veio a Saint-Malo: ofereceram-lhe o
espetáculo de um combate naval. Do alto do bastião do paiol, eu vi o jovem príncipe à beira-
mar em meio à multidão: em seu brilho e em minha obscuridade, que destinos desconhecidos!
Portanto, salvo erro de memória, Saint-Malo teria visto apenas dois reis de França, Carlos IX
e Carlos X.
Eis o quadro de minha primeira infância. Ignoro se a dura educação que recebi é boa
em princípio, mas ela fora adotada por meus familiares como conseqüência natural de seu
temperamento. O que parece certo é que ela tornou minhas idéias menos parecidas com as
dos outros homens; o que parece mais certo ainda é que ela imprimiu em meus sentimentos
um caráter melancólico nascido do hábito de sofrer à idade da fragilidade, da imprevidência
e da alegria.
Poder-se-á dizer que esta forma de me educar teria me feito detestar os autores de
meus dias? Em absoluto; a lembrança de seu rigor me é quase agradável; eu estimo e honro
suas grandes qualidades. Quando meu pai morreu, meus companheiros do regimento de
Navarra testemunharam minha desolação. É de minha mãe que tenho o consolo de minha
vida, pois é dela que tenho minha religião; recolhia as verdades cristãs que saíam de sua
boca, assim como Pierre de Langres estudava à noite em uma igreja sob a luz de uma
lamparina que ardia diante do Santo Sacramento. Teriam desenvolvido melhor minha
inteligência, iniciando-me mais cedo nos estudos? Duvido: essas ondas, esses ventos, esta
solidão que foram meus primeiros mestres, convinham talvez mais às minhas disposições
nativas; devo talvez a estes mestres selvagens algumas virtudes que teria ignorado sem eles.
99
N.A. Já havia falado de Gesril nas minhas obras. Uma de suas irmãs, Angélique Gesril de La Trochardais,
escreveu-me em 1818, solicitando-me que o nome de Gesril fosse colocado junto ao de seu marido e ao do
marido de sua irmã: fracassei em minha negociação. (nota de 1831, Genebra)
La vérité est qu'aucun système d'éducation n'est en soi préférable à un autre système :
les enfants aiment-ils mieux leurs parents aujourd'hui qu'ils les tutoient et ne les craignent plus
? Gesril était gâté dans la maison j'étais gourmandé : nous avons été tous deux d'honnêtes
gens et des fils tendres et respectueux. Telle chose que vous croyez mauvaise met en valeur
les talents de votre enfant ; telle chose qui vous semble bonne, étoufferait ces mêmes talents.
Dieu fait bien ce qu'il fait : c'est la Providence qui nous dirige, lorsqu'elle nous destine à jouer
un rôle sur la scène du monde.
(6)
Dieppe, septembre 1812.
BILLET DE M. PASQUIET. – DIEPPE. – CHANGEMENT DE MON
ÉDUCATION. – PRINTEMPS EN BRETAGNE. – FORÊT HISTORIQUE. –
CAMPAGNES PÉLAGIENNES. – COUCHER DE LA LUNE SUER LA MER.
Le 4 septembre 1812, j'ai reçu ce billet de M. Pasquier, préfet de police :
« Cabinet du préfet.
« M. le préfet de police invite M. de Chateaubriand à prendre la peine de passer à son
cabinet, soit aujourd'hui sur les quatre heures de l'après-midi, soit demain à neuf heures du
matin. »
A verdade é que nenhum sistema de educação é em si preferível a outro sistema: os
filhos amam mais seus pais hoje por poderem tratá-los por tu e por não temê-los mais? Gesril
era mimado em casa ao passo que eu era repreendido: ambos tínhamos sido pessoas honestas
e filhos ternos e respeitosos. Certa coisa que se crê nociva contribui para valorizar os talentos
de seu filho; uma outra coisa que lhe parece boa pode sufocar estes mesmos talentos. Está
bem feito o que Deus faz: é a Providência que nos dirige, quando nos destina a cumprir um
papel na cena do mundo.
Capítulo 6
Dieppe, setembro de 1812.
Bilhete do senhor Pasquier. – Dieppe. – Mudança em minha educação. – Primavera na
Bretanha. – Floresta histórica. – Campos pelágicos. – Pôr da lua sobre o mar.
Em 4 de setembro de 1812 recebi este bilhete do senhor Pasquier, prefeito de polícia:
Gabinete de Polícia.
“O Senhor Prefeito de polícia solicita ao senhor de Chateaubriand de fazer a gentileza
de passar em seu gabinete hoje às quatro horas da tarde ou amanhã às nove horas da manhã.”
C'était un ordre de m'éloigner de Paris que M. le préfet de police voulait me signifier.
Je me suis retiré à Dieppe, qui porta d'abord le nom de Bertheville, et fut ensuite appelé
Dieppe, il y a déjà plus de quatre cents ans, du mot anglais deep, profond (mouillage). En
1788, je tins garnison ici avec le second bataillon de mon régiment : habiter cette ville, de
brique dans ses maisons, d'ivoire dans ses boutiques, cette ville à rues propres et à belle
lumière, c'était me réfugier auprès de ma jeunesse. Quand je me promenais, je rencontrais les
ruines du château d'Arques, que mille débris accompagnent. On n'a point oublié que Dieppe
fut la patrie de Duquesne. Lorsque je restais chez moi, j'avais pour spectacle la mer ; de la
table j'étais assis, je contemplais cette mer qui m'a vu naître, et qui baigne les côtes de la
Grande-Bretagne, j'ai subi un si long exil : mes regards parcouraient les vagues qui me
portèrent en Amérique, me rejetèrent en Europe et me reportèrent aux rivages de l'Afrique et
de l'Asie. Salut, ô mer, mon berceau et mon image ! Je te veux raconter la suite de mon
histoire : si je mens, tes flots, mêlés à tous mes jours, m'accuseront d'imposture chez les
hommes à venir.
Ma mère n'avait cessé de désirer qu'on me donnât une éducation classique. L'état de
marin auquel on me destinait « ne serait peut-être pas de mon goût », disait-elle ; il lui
semblait bon à tout événement de me rendre capable de suivre une autre carrière. Sa piété la
portait à souhaiter que je me décidasse pour l'Eglise. Elle proposa donc de me mettre dans un
collège j'apprendrais les mathématiques, le dessin, les armes et la langue anglaise ; elle ne
parla point du grec et du latin, de peur d'effaroucher mon père ; mais elle me les comptait
faire enseigner, d'abord en secret, ensuite à découvert lorsque j'aurais fait des progrès. Mon
père agréa la proposition : il fut convenu que j'entrerais ad collège de Dol. Cette ville eut la
préférence parce qu'elle se trouvait sur la route de Saint-Malo à Combourg.
Pendant l'hiver très froid qui précéda ma réclusion scolaire, le feu prit à l'hôtel où nous
demeurions : je fus sauvé par ma soeur aînée, qui m'emporta à travers les flammes. M. de
Chateaubriand, retiré dans son château, appela sa femme auprès de lui : il le fallut rejoindre au
printemps.
Esta era uma notificação do senhor prefeito de polícia com ordem para afastar-me de
Paris. Retirei-me para Dieppe, que primeiro se chamou Bertheville e que foi depois
denominada Dieppe, há mais de quatrocentos anos, provinda do inglês deep, profundo
(ancoradouro). Em 1788, estabeleci aqui guarnição militar com o segundo batalhão de meu
regimento: viver nesta cidade, com casas de tijolo por dentro, com mármore em suas lojas,
nesta cidade de ruas limpas e de bela iluminação, significava refugiar-me em minha
juventude. Quando por passeava, encontrava ruínas do castelo de Arques acompanhadas
por mil destroços. Não podemos esquecer que Dieppe foi a pátria de Duquesne. Em alguns
momentos, em casa, tinha o mar como espetáculo; da mesa onde me instalava, podia
contemplar este mar que me viu nascer, e que banha a costa da Grã-Bretanha onde me
submeti a tão longo exílio: meus olhos percorriam as vagas que me conduziram à América,
me devolveram à Europa e me reconduziram às margens da África e da Ásia. Salve, oh mar,
meu berço e minha imagem! Quero ver-te contar a continuação de minha história: se eu
mentir, tuas ondas, misturadas a todos os meus dias, me acusarão de impostura aos homens
que virão.
Minha mãe continuava a desejar que me dessem uma educação clássica. O oficio de
marinheiro ao qual me destinavam “talvez não fosse de meu gosto”, dizia ela; seria
conveniente, em todo caso, que estivesse preparado para seguir outra carreira. Sua devoção
levava-a a desejar que eu me decidisse pela Igreja. Propôs então colocar-me num colégio em
que aprenderia a matemática, o desenho, o manejo de armas e a língua inglesa; não falava do
grego e do latim com medo de exasperar meu pai; mas ela pretendia ensinar-me, no início
em segredo, depois, às claras, quando eu já tivesse feito progressos. Meu pai admitiu a
proposta: ficou combinado que eu entraria para o colégio de Dol. Esta cidade tivera a
preferência porque se situava na estrada entre Saint-Malo e Comburg.
Durante o rigoroso inverno que precedeu minha reclusão escolar, o palácio em que
residíamos pegou fogo: fui salvo pela minha irmã mais velha que me carregou em meio às
chamas. O senhor de Chateaubriand, recolhido em seu castelo, chamou sua esposa para junto
de si: deveria encontrá-lo na primavera.
Le printemps, en Bretagne, est plus doux qu'aux environs de Paris, et fleurit trois
semaines plus tôt. Les cinq oiseaux qui l'annoncent, l'hirondelle, le loriot, le coucou, la caille
et le rossignol, arrivent avec des brises qui hébergent dans les golfes de la péninsule
armoricaine. La terre se couvre de marguerites, de pensées, de jonquilles, de narcisses,
d'hyacinthes, de renoncules, d'anémones, comme les espaces abandonnés qui environnent
Saint-Jean-de-Latran et Sainte-Croix-de-Jérusalem, à Rome. Des clairières se panachent
d'élégantes et hautes fougères ; des champs de genêts et d'ajoncs resplendissent de leurs fleurs
qu'on prendrait pour des papillons d'or. Les haies, au long desquelles abondent la fraise, la
framboise et la violette, sont décorées d'aubépines, de chèvrefeuille, de ronces dont les rejets
bruns et courbés portent des feuilles et des fruits magnifiques. Tout fourmille d'abeilles et
d'oiseaux. les essaims et les nids arrêtent les enfants à chaque pas. Dans certains abris, le
myrte et le laurier-rose croissent en pleine terre, comme en Grèce ; la figue mûrit comme en
Provence ; chaque pommier, avec ses fleurs carminées ressemble à un gros bouquet de fiancée
de village.
Au douzième siècle, les cantons de Fougères, Rennes, Bécherel, Dinan, Saint-Malo et
Dol, étaient occupés par la forêt de Brécheliant ; elle avait servi de champ de bataille aux
Francs et aux peuples de la Dommonée. Wace raconte qu'on y voyait l'homme sauvage, la
fontaine de Berenton et un bassin d'or. Un document historique du quinzième siècle, les
Usemens et coutumes de la forêt de Brécilien, confirme le roman de Rou : elle est, disent les
Usemens, de grande et spacieuse étendue. « Il y a quatre châteaux, fort grand nombre de
beaux étangs, belles chasses n'habitent aucunes bêtes vénéneuses, ni nulles mouches, deux
cents futaies, autant de fontaines, nommément la fontaine de Belenton , auprès de laquelle le
chevalier Pontus fit ses armes. »
Aujourd'hui, le pays conserve des traits de son origine : entrecoupé de fossés boisés, il
a de loin l'air d'une forêt et rappelle l'Angleterre : c'était le séjour des fées, et vous allez voir
qu'en effet j'y ai rencontré ma sylphide. Des vallons étroits sont arrosés par de petites rivières
non navigables. Ces vallons sont séparés par des landes et par des futaies à cépées de houx.
Sur les côtes, se succèdent phares, vigies, dolmens, constructions romaines, ruines de
châteaux du moyen-âge, clochers de la renaissance : la mer borde le tout. Pline dit de la
Bretagne : Péninsule spectatrice de l ' Océan..
A primavera na Bretanha é mais amena do que nos arredores de Paris e floresce três
semanas mais cedo. Os cinco pássaros que a anunciam, a andorinha, o verdelinho, o cuco, a
codorna e o rouxinol chegam com as brisas que se alojam nos golfos da península armórica.
A terra cobre-se de margaridas, de amores-perfeitos, de junquilhos, de narcisos, de jacintos,
de ranúnculos, de anêmonas, da mesma forma que os espaços abandonados que circundam
São-João-de-Latrão e São-João-de-Jerusalém, em Roma. As clareiras se empenacham de
elegantes e altas figueiteiras; campos de giesta e de juncos resplandecem com suas flores que
passariam por borboletas de ouro. As sebes, ao longo das quais abundam o morango, a
framboesa, a violeta, são decoradas pelos espinheiros, madressilvas e sarças, cujos brotos
escuros e curvados estão repletos de folhas e frutos magníficos. De toda parte, surgem
abelhas e pássaros; os enxames e ninhos paralisam as crianças a cada passo. Em certos
abrigos, a mirta e o loureiro-rosa crescem em plena terra, como na Grécia; o figo amadurece
como na Provence; cada pomar, com suas flores acarminadas, se assemelha a um grande
buquê de noiva da aldeia.
No século XII, os cantões de Fougères, Rennes, Bécherel, Dinan, Saint-Malo e Dol
eram ocupados pela floresta de Brécheliant; ela havia servido de campo de batalha aos
Francos e aos povos da Dommonée. Wace conta que havia o homem selvagem, a fonte de
Berenton e um lago dourado. Um documento histórico do século XV, Usos e costumes da
floresta de Brécilien, confirma o romance de Rou: ela possui, dizem os Usos, grandes e
amplas dimensões; “existem quatro castelos, um grande número de belas lagoas, bonitas
reservas de caça, onde não habitam animais venenosos nem moscas, duzentas gigantescas
árvores, igual número de fontes, por exemplo, a fonte de Belenton, junto à qual o cavaleiro
Pontus iniciara sua carreira.”
A região conserva hoje traços de sua origem: entrecortada de fossos arborizados, tem
de longe o ar de uma floresta e lembra-nos a Inglaterra: era o solo das fadas, e você verá que,
de fato, encontrei minha lfide. Valos estreitos são banhados por pequenos rios não
navegáveis. Esses vales estão separados dos rebentos de azevinho por charnecas e matagais.
Sobre a costa, sucedem-se faróis, vigias, dolmens, construções romanas, ruínas de castelos
da Idade Média, campanários da Renascença: tudo é contornado pelo mar. Disse Plínio sobre
a Bretanha: Península espectadora do oceano.
Entre la mer et la terre s'étendent des campagnes pélagiennes, frontières indécises des
deux éléments : l'alouette de champ y vole avec l'alouette marine ; la charrue et la barque à un
jet de pierre l'une de l'autre sillonnent la terre et l'eau. Le navigateur et le berger s'empruntent
mutuellement leur langue : le matelot dit les vagues moutonnent, le pâtre dit des flottes de
moutons. Des sables de diverses couleurs, des bancs variés de coquillages, des varechs, des
franges d'une écume argentée, dessinent la lisière blonde ou verte des blés. Je ne sais plus
dans quelle île de la Méditerranée, j'ai vu un bas-relief représentant les Néréides attachant des
festons au bas de la robe de Cérès.
Mais ce qu'il faut admirer en Bretagne, c'est la lune se levant sur la terre et se couchant
sur la mer.
Etablie par Dieu gouvernante de l'abîme, la lune a ses nuages, ses vapeurs, ses rayons,
ses ombres portées comme le soleil ; mais comme lui, elle ne se retire pas solitaire ; un
cortège d'étoiles l'accompagne. A mesure que sur mon rivage natal elle descend au bout du
ciel, elle accroît son silence qu'elle communique à la mer ; bientôt elle tombe à l'horizon,
l'intersecte, ne montre plus que la moitié de son front qui s'assoupit, s'incline et disparaît dans
la molle intumescence des vagues. Les astres voisins de leur reine, avant de plonger à sa suite,
semblent s'arrêter, suspendus à la cime des flots. La lune n'est pas plus tôt couchée, qu'un
souffle venant du large brise l'image des constellations, comme on éteint les flambeaux après
une solennité.
(7)
DÉPART POUR COMBOURG. – DESCRIPTION DU CHÂTEAU.
Je devais suivre mes soeurs jusqu'à Combourg : nous nous mîmes en route dans la
première quinzaine de mai. Nous sortîmes de Saint-Malo au lever du soleil, ma mère, mes
quatre soeurs et moi, dans une énorme berline à l'antique, panneaux surdorés, marchepieds en
dehors, glands de pourpre aux quatre coins de l'impériale. Huit chevaux parés comme les
mulets en Espagne, sonnettes au cou, grelots aux brides, housses et franges de laine de
diverses couleurs, nous traînaient.
Entre o mar e a terra se estendem os campos pelágicos, fronteiras indecisas entre os
dois elementos: a cotovia do campo voa com a cotovia do mar; a charrua e a barca, separadas
por um arremesso de pedra uma da outra, sulcam a terra e a água. O navegante e o pastor
servem-se mutuamente de suas línguas: o marujo diz as ondas encarneiram, o pastor diz as
ondulações de carneiros. As areias de diversas cores, os bancos variados de mariscos, os
sargaços, as franjas de uma espuma prateada desenham os contornos louros ou verdes dos
trigais. Não sei em que ilha do Mediterrâneo vi baixos-relevos que representavam as
nereidas amarrando festões sob o vestido de Ceres.
Mas o mais admirável na Bretanha é a lua levantando-se da terra e pondo-se no mar.
Nomeada por Deus governanta do abismo, a lua tem suas nuvens, seus vapores, seus
raios, suas sombras projetadas como o sol; e assim como ele, ela não se retira solitariamente;
um cortejo de estrelas a acompanha. Em minha costa natal, à medida que ela desce para o
extremo do céu, aumenta o silêncio que comunica ao mar; em seguida ela cai no horizonte,
cruzando-o, não mostra mais do que a metade de sua fronte que se consome, inclina-se e
desaparece na mole intumescência das ondas. Os astros vizinhos de sua rainha, antes de
mergulharem no seu encalço, parecem deter-se, suspensos sobre o cimo das ondas. Tão logo
a lua se e, sopra um vento que esconde a imagem das constelações, tal como archotes que
são apagados após uma solenidade.
Capítulo 7
Partida para Combourg. – Descrição do castelo.
Eu devia acompanhar minhas irmãs até Combourg: pusemo-nos a caminho durante a
primeira quinzena de maio. Saímos de Saint-Malo com o nascer do sol, minha mãe, minhas
quatro irmãs e eu, em uma enorme berlinda à antiga, com molduras sobredouradas, estribos
externos, borlas púrpuras nos quatro cantos da imperial. Éramos conduzidos por oito cavalos
paramentados como as mulas de Espanha, com sinetas ao pescoço, guizos nas bridas, xairel e
franjas de lã de diversas cores.
Tandis que ma mère soupirait, mes soeurs parlaient à perdre haleine, je regardais de
mes deux yeux, j'écoutais de mes deux oreilles, je m'émerveillais à chaque tour de roue :
premier pas d'un Juif errant qui ne se devait plus arrêter. Encore si l'homme ne faisait que
changer de lieux ! mais ses jours et son coeur changent.
Nos chevaux reposèrent à un village de pêcheurs sur la grève de Cancale. Nous
traversâmes ensuite les marais et la fiévreuse ville de Dol : passant devant la porte du collège
où j'allais bientôt revenir, nous nous enfonçâmes dans l'intérieur du pays.
Durant quatre mortelles lieues, nous n'aperçûmes que des bruyères guirlandées de
bois, des friches à peine écrêtées, des semailles de blé noir, court et pauvre, et d'indigentes
avénières. Des charbonniers conduisaient des files de petits chevaux à crinière pendante et
mêlée ; des paysans à sayons de peau de bique, à cheveux longs, pressaient des boeufs
maigres avec des cris aigus et marchaient à la queue d'une lourde charrue, comme des faunes
labourant. Enfin, nous découvrîmes une vallée au fond de laquelle s'élevait, non loin d'un
étang, la flèche de l'église d'une bourgade. A l'extrémité occidentale de cette bourgade, les
tours d'un château féodal montaient dans les arbres d'une futaie éclairée par le soleil couchant.
J'ai été obligé de m'arrêter : mon coeur battait au point de repousser la table sur
laquelle j'écris. Les souvenirs qui se réveillent dans ma mémoire m'accablent de leur force et
de leur multitude : et pourtant, que sont-ils pour le reste du monde ?
Descendus de la colline, nous guéâmes un ruisseau ; après avoir cheminé une demi-
heure, nous quittâmes la grande route, et la voiture roula au bord d'un quinconce, dans une
allée de charmilles dont les cimes s'entrelaçaient au-dessus de nos têtes : je me souviens
encore du moment où j'entrai sous cet ombrage et de la joie effrayée que j'éprouvai.
En sortant de l'obscurité du bois, nous franchîmes une avant-cour plantée de noyers,
attenante au jardin et à la maison du régisseur ; de nous débouchâmes par une porte bâtie
dans une cour de gazon, appelée la Cour Verte. A droite étaient de longues écuries et un
bouquet de marronniers ; à gauche, un autre bouquet de marronniers. Au fond de la cour, dont
le terrain s'élevait insensiblement, le château se montrait entre deux groupes d'arbres. Sa triste
et sévère façade présentait une courtine portant une galerie à mâchicoulis, denticulée et
couverte. Cette courtine liait ensemble deux tours inégales en âge, en matériaux, en hauteur et
en grosseur, lesquelles tours se terminaient par des créneaux surmontés d'un toit pointu,
comme un bonnet posé sur une couronne gothique.
Enquanto minha mãe suspirava, minhas irmãs falavam a perder o fôlego, eu olhava
com meus dois olhos, ouvia com meus dois ouvidos, maravilhava-me a cada giro da roda:
primeiro passo de um Judeu errante que não poderia mais se deter. Se o homem mudasse
apenas de lugar! mas seus dias e seu coração também mudam.
Nossos cavalos repousaram em um vilarejo de pescadores sobre a areia de Cancale.
Depois atravessamos os mangues e a efervescente cidade de Dol: passando diante da porta
do colégio para onde em breve eu retornaria, entramos no interior da região.
Ao longo de quatro léguas mortais, não avistamos senão charnecas coroadas de
ramagens, terrenos baldios, sementeiras de trigo negro, pequeno e pobre, e escassos avenais.
Carvoeiros conduziam filas de pequenos cavalos com crinas pendentes e mescladas;
camponeses com saios de pele de cabra e cabelos longos apressavam bois magros com gritos
agudos e caminhavam na rabeira de uma pesada charrua, como faunos labutando. Por fim,
descobrimos um vale ao fundo do qual se elevava, não longe de um lago, a ponteira da igreja
de uma aldeia. No extremo ocidente desta aldeia, as torres de um castelo feudal mostravam-
se em meio às arvores de um bosque iluminado pelo sol poente.
Fui obrigado a parar: meu coração batia ao ponto de estremecer a mesa sobre a qual
eu escrevo. As recordações que despertam em minha memória dilaceram-me pela sua força e
profusão: e, no entanto, o que são elas para o resto do mundo?
Tendo descido a colina, atravessamos um rio; depois de termos caminhado uma
meia-hora, deixamos a grande estrada e o carro pôs-se a rodar ao longo de um quincunce,
numa alameda de bordos, cujos cimos entrelaçavam-se acima de nossas cabeças: lembro-me
ainda do momento em que entrei sob esta sombra e do contentamento aflito que
experimentei.
Abandonando a obscuridade do bosque, percorremos um pátio, com nogueiras
plantadas, contíguo ao jardim e à casa do intendente; de atravessamos uma porta
construída na relva de um pátio, chamado de Pátio Verde. À direita encontravam-se longas
estrebarias e um bosque de castanheiras; à esquerda, outro bosque de castanheiras. Ao fundo
do pátio, cujo terreno elevava-se ligeiramente, o castelo aparecia entre dois grupos de
árvores. Sua triste e severa fachada exibia uma cortina contendo uma galeria de matacão,
denticulada e coberta. Essa cortina ligava duas torres desiguais em idade, em materiais, em
altura e espessura; essas torres eram arrematadas por seteiras dominadas por um telhado
pontiagudo, como uma touca posta sobre uma coroa gótica.
Quelques fenêtres grillées apparaissaient çà et sur la nudi des murs. Un large
perron, raide et droit, de vingt-deux marches, sans rampes, sans garde-fou, remplaçait sur les
fossés comblés l'ancien pont-levis ; il atteignait la porte du château, percée au milieu de la
courtine. Au-dessus de cette porte on voyait les armes des seigneurs de Combourg, et les
taillades à travers lesquelles sortaient jadis les bras et les chaînes du pont-levis.
La voiture s'arrêta au pied du perron ; mon père vint au-devant de nous. La réunion de
la famille adoucit si fort son humeur pour le moment, qu'il nous fit la mine la plus gracieuse.
Nous montâmes le perron ; nous pénétrâmes dans un vestibule sonore, à voûte ogive, et de ce
vestibule dans une petite cour intérieure.
De cette cour, nous entrâmes dans le bâtiment regardant au midi sur l'étang, et jointif
des deux petites tours. Le château entier avait la figure d'un char à quatre roues. Nous nous
trouvâmes de plain-pied dans une salle jadis appelée la salle des Gardes. Une fenêtre s'ouvrait
à chacune de ses extrémités, deux autres coupaient la ligne latérale. Pour agrandir ces quatre
fenêtres, il avait fallu excaver des murs de huit à dix pieds d'épaisseur. Deux corridors à plan
incliné, comme le corridor de la grande Pyramide, partaient des deux angles extérieurs de la
salle et conduisaient aux petites tours. Un escalier, serpentant dans l'une de ces tours,
établissait des relations entre la salle des Gardes et l'étage supérieur : tel était ce corps de
logis.
Celui de la façade de la grande et de la grosse tour, dominant le nord, du côté de la
Cour Verte, se composait d'une espèce de dortoir carré et sombre, qui servait de cuisine ; il
s'accroissait du vestibule, du perron et d'une chapelle. Au-dessus de ces pièces était le salon
des Archives, ou des Armoiries, ou des Oiseaux, ou des Chevaliers, ainsi nommé d'un plafond
semé d'écussons coloriés et d'oiseaux peints. Les embrasures des fenêtres étroites et trèflées
étaient si profondes, qu'elles formaient des cabinets autour desquels régnait un banc de granit.
Mêlez à cela, dans les diverses parties de l'édifice, des passages et des escaliers secrets, des
cachots et des donjons, un labyrinthe de galeries couvertes et découvertes, des souterrains
murés dont les ramifications étaient inconnues ; partout silence, obscurité et visage de pierre :
voilà le château de Combourg.
Un souper servi dans la salle des Gardes, et je mangeai sans contrainte, termina
pour moi la première journée heureuse de ma vie. Le vrai bonheur coûte peu ; s'il est cher, il
n'est pas d'une bonne espèce.
Algumas janelas gradeadas apareciam aqui ou ali sobre a nudez das paredes. Uma
longa escadaria, íngreme e reta, de vinte e dois degraus, sem corrimão e sem balaustrada,
substituía, sobre os fossos, a antiga ponte levadiça; ela alcançava a porta do castelo instalada
no centro da cortina. Acima desta porta, viam-se as armas dos senhores de Combourg, e os
talhos através dos quais outrora saíam os braços e as correntes da ponte levadiça.
O carro parou ao da escadaria; meu pai veio ao nosso encontro. A reunião em
família por um momento apaziguou tão fortemente seu espírito que ele chegou a mostrar-nos
o seu mais afável semblante. Nós subimos a escadaria, penetramos em um vestíbulo
ressonante, com abóbadas em ogivas, e deste vestíbulo para um pequeno pátio interno.
Desse pátio, nós entramos numa construção voltada para o sul, sobre o lago, unindo
as duas pequenas torres. O castelo inteiro tinha a forma de um carro de quatro rodas.
Encontramo-nos no mesmo nível em uma sala que no passado chamava-se sala dos
Guardas. Uma janela abria-se a cada uma de suas extremidades; duas outras cortavam a
linha lateral. Para aumentar essas quatro janelas, fora preciso escavar paredes de oito a dez
pés de espessura. Dois corredores em superfície inclinada, como o corredor da grande
Pirâmide, partiam dos dois ângulos externos da sala e conduziam às pequenas torres. Uma
escada, serpenteando uma destas torres, estabelecia ligação entre a sala dos Guardas e o
andar superior: este era o corpo central do edifício.
O da fachada da espessa e grande torre, dominando o norte para os lados do Pátio
Verde, compunha-se de uma espécie de dormitório quadrado e sóbrio, que servia de cozinha;
ele abarcava também o vestíbulo, a escadaria e uma capela. Acima dessas peças encontrava-
se o salão dos Arquivos, ou dos Brasões, ou dos Pássaros, ou dos Cavaleiros, o que
designava um teto semeado de escudos coloridos e pássaros pintados. Os postigos das
janelas estreitas e trifoliadas eram tão profundos que formavam gabinetes em torno dos quais
se distinguia um banco em granito. Acrescente-se a isso, nas diversas partes da edificação,
passagens e escadas secretas, calabouços e torreões, um labirinto de galerias cobertas e
descobertas, subterrâneos murados de ramificações misteriosas; em toda parte silêncio,
escuridão e fisionomias de pedra: eis o castelo de Combourg.
Uma ceia servida na sala dos Guardas, onde comi sem embaraço, encerrou para mim
a primeira etapa feliz de minha vida. A verdadeira felicidade custa pouco; se for cara ela não
é de boa espécie.
A peine fus-je réveillé le lendemain que j'allais visiter les dehors du château, et
célébrer mon avènement à la solitude. Le perron faisait face au nord-ouest. Quand on était
assis sur le diazome de ce perron, on avait devant soi la Cour Verte, et au delà de cette cour,
un potager étendu entre deux futaies : l'une, à droite (le quinconce par lequel nous étions
arrivés), s'appelait le petit Mail ; l'autre, à gauche, le grand Mail. Celle-ci était un bois de
chênes, de hêtres, de sycomores, d'ormes et de châtaigniers. Madame de Sévigné vantait de
son temps ces vieux ombrages ; depuis cette époque, cent quarante années avaient été ajoutées
à leur beauté.
Du côté opposé, au midi et à l'est, le paysage offrait un tout autre tableau : par les
fenêtres de la grand-salle on apercevait les maisons de Combourg, un étang, la chaussée de cet
étang sur laquelle passait le grand chemin de Rennes, un moulin à eau, une prairie couverte de
troupeaux de vaches et séparée de l'étang par la chaussée. Au bord de cette prairie s'allongeait
un hameau dépendant d'un prieuré fondé en 1149 par Rivallon, seigneur de Combourg, et
l'on voyait sa statue mortuaire couchée sur le dos en armure de chevalier. Depuis l'étang, le
terrain s'élevant par degrés, formait un amphithéâtre d'arbres, d'où sortaient des campaniles de
villages et des tourelles de gentilhommières. Sur un dernier plan de l'horizon, entre l'occident
et le midi, se profilaient les hauteurs de Bécherel. Une terrasse bordée de grands buis taillés
circulait au pied du château de ce côté, passait derrière les écuries et allait, à divers replis,
rejoindre le jardin des bains qui communiquait au grand Mail.
Si, d'après cette trop longue description, un peintre prenait son crayon, produirait-il
une esquisse ressemblant au château ? Je ne le crois pas ; et cependant ma mémoire voit
l'objet comme s'il était sous mes yeux ; telle est dans les choses matérielles l'impuissance de la
parole et la puissance du souvenir ! En commencant à parler de Combourg, je chante les
premiers couplets d'une complainte qui ne charmera que moi ; demandez au pâtre du Tyrol
pourquoi il se plaît aux trois ou quatre notes qu'il répète à ses chèvres, notes de montagne,
jetées d'écho en écho pour retentir du bord d'un torrent au bord opposé ?
Ma première apparition à Combourg fut de courte durée. Quinze jours s'étaient à peine
écoulés que je vis arriver l'abbé Porcher, principal du collège de Dol ; on me remit entre ses
mains et je le suivis malgré mes pleurs.
Mal havia despertado no dia seguinte, fui visitar o exterior do castelo e celebrar o
advento de minha solidão. A escadaria dava para o noroeste. Quando sentávamo-nos ao
patamar desta escadaria, tínhamos diante de nós o Pátio Verde, e adiante desse pátio, uma
horta estendida entre duas matas: uma, à direita (o quincunce pelo qual havíamos chegado),
chamava-se o pequeno Mail; a outra, à esquerda, o grande Mail: essa consistia num bosque
de carvalhos, faias, sicômoros, olmos e castanheiros. Madame de Sévigné elogiava em seu
tempo esses velhos arvoredos; desde essa época foram acrescentados cento e cinqüenta anos
à sua beleza.
Do lado oposto, ao sul e a leste, a paisagem oferecia-nos outro quadro: pelas janelas
da grande sala, avistavam-se as casas de Combourg, um lago com um pavimento sobre o
qual se atravessava a principal rota para Rennes, um moinho de água e uma pradaria com
rebanhos de vacas separada do lago pelo passeio. À margem desta pradaria estendia-se uma
aldeia que pertencia a um priorado fundado em 1149 por Rivallon, senhor de Combourg, e lá
via-se a sua estátua mortuária deitada de costas em armadura de cavaleiro. A partir do lago, o
terreno, elevando-se gradualmente formava um anfiteatro de árvores, de onde surgiam
campanários de vilarejos e torrezinhas das casas senhoriais. No último plano do horizonte,
entre o ocidente e o sul, perfilavam-se as colinas de Bécherel. Um terraço ladeado de
grandes buxos podados estendia-se ao do castelo deste lado, passava atrás das estrebarias
e, em diversos recantos, unia-se ao jardim dos banhos que se comunicava com o grande
Mail.
Se, após esta longuíssima descrição, um pintor pegasse seu lápis, conseguiria ele
reproduzir um esboço semelhante ao castelo? Creio que não; e, no entanto, minha memória
enxerga o objeto como se ele estivesse diante de meus olhos; assim é, para as coisas
materiais, a impotência da palavra e o poder da lembrança! Começando a falar de
Combourg, eu canto as primeiras estrofes de uma cantilena que cativará a mim mesmo;
pergunte ao pastor do Tirol por que ele se deslumbra com as três ou quatro notas que repete a
suas cabras, notas de montanhas, jogadas de eco em eco para ressoarem da margem de uma
torrente à sua margem oposta?
Minha primeira aparição em Combourg teve breve duração. Quinze dias apenas
haviam transcorrido quando vi chegar o abade Porcher, diretor do colégio de Dol; puseram-
me em suas mãos, e o segui, apesar de minhas lágrimas.
LIVRE DEUXIÈME
(1)
Dieppe, septembre 1812.
Revu en juin 1846.
COLLÉGE DE DOL. – MATHÉMATIQUES ET LENGUES. – TRAITS DE MA
MÉMOIRE.
Je n'étais pas tout à fait étranger à Dol ; mon père en était chanoine, comme
descendant et représentant de la maison de Guillaume de Chateaubriand, sire de Beaufort,
fondateur en 1529 d'une première stalle, dans le choeur de la cathédrale. L'évêque de Dol était
M. de Hercé, ami de ma famille, prélat d'une grande modération politique, qui, à genoux, le
crucifix à la main, fut fusillé avec son frère l'abbé de Hercé, à Quiberon, dans le Champ du
martyre. En arrivant au collège, je fus confié aux soins particuliers de M. l'abbé Leprince, qui
professait la rhétorique et possédait à fond la géométrie : c'était un homme d'esprit, d'une belle
figure, aimant les arts, peignant assez bien le portrait. Il se chargea de m'apprendre mon
Bezout ; l'abbé Egault régent de troisième, devint mon maître de latin ; j'étudiais les
mathématiques dans ma chambre, le latin dans la salle commune.
LIVRO II
Capítulo 1
Dieppe, setembro de 1812.
Revisto em junho de 1846.
Colégio de Dol. – Matemática e línguas. – Traços de minha memória.
Eu não era completamente estranho em Dol; meu pai era cônego do lugar, como
descendente e representante da casa de Guillaume de Chateaubriand, sire de Beaufort,
fundador, em 1529, de uma primeira estala, no coro da catedral. O bispo de Dol era o senhor
de Hercé, amigo de minha família, prelado de uma grande moderação política, que, de
joelhos, com o crucifixo à mão, fora fuzilado com seu irmão, o abade de Hercé, em
Quibéron, no Campo do martírio. Chegando ao colégio, fui confiado aos cuidados
particulares do senhor abade Leprince, que professava a retórica e dominava a fundo a
geometria: era um homem de espírito, de belo rosto, amante das artes, que pintava bons
retratos. Encarregou-se de ensinar meu Bezout; o abade Égault, regente do terceiro ano,
tornou-se meu professor de latim; eu estudava matemática no meu quarto, latim na sala
comum.
Il fallut quelque temps à un hibou de mon espèce pour s'accoutumer à la cage d'un
collège et régler sa volée au son d'une cloche. Je ne pouvais avoir ces prompts amis que donne
la fortune, car il n'y avait rien à gagner avec un pauvre polisson qui n'avait pas même d'argent
de semaine ; je ne m'enrôlai point non plus dans une clientèle car je hais les protecteurs. Dans
les jeux je ne prétendais mener personne, mais je ne voulais pas être mené : je n'étais bon ni
pour tyran ni pour esclave, et tel je suis demeuré.
Il arriva pourtant que je devins assez vite un centre de réunion ; j'exerçai dans la suite,
à mon régiment, la même puissance : simple sous-lieutenant que j'étais, les vieux officiers
passaient leurs soirées chez moi et préféraient mon appartement au café. Je ne sais d'où cela
venait, n'était peut-être de ma facilité à entrer dans l'esprit et à prendre les moeurs des autres.
J'aimais autant chasser et courir que lire et écrire. Il m'est encore indifférent de deviser des
choses les plus communes, ou de causer des sujets les plus relevés. Très-peu sensible à
l'esprit, il m'est presque antipathique, bien que je ne sois pas une bête. Aucun défaut ne me
choque, excepté la moquerie et la suffisance que j'ai grand-peine à ne pas morguer ; je trouve
que les autres ont toujours sur moi une supériorité quelconque, et si je me sens par hasard un
avantage, j'en suis tout embarrassé.
Des qualités que ma première éducation avait laissées dormir s'éveillèrent au collège.
Mon aptitude au travail était remarquable, ma mémoire extraordinaire. Je fis des progrès
rapides en mathématiques j'apportai une clarté de conception qui étonnait l'abbé Leprince.
Je montrai en même temps un goût décidé pour les langues. Le rudiment, supplice des
écoliers, ne me coûta rien à apprendre ; j'attendais l'heure des leçons de latin avec une sorte
d'impatience, comme un délassement de mes chiffres et de mes figures de géométrie. En
moins d'un an, je devins fort cinquième. Par une singularité, ma phrase latine se transformait
si naturellement en pentamètre que l'abbé Egault m'appelait l' Elégiaque, nom qui me pensa
rester parmi mes camarades.
Quant à ma mémoire en voici deux traits. J'appris par coeur mes tables de logarithmes
: c'est-à-dire qu'un nombre étant donné dans la proportion géométrique, je trouvais de
mémoire son exposant dans la proportion arithmétique, et vice versa.
Foi preciso algum tempo para que uma coruja de minha espécie se acostumasse à
gaiola de um colégio e regulasse seu vôo ao som de um sino. Não podia ter aqueles amigos
que a fortuna prontamente oferece, pois não havia nada a ganhar com um pobre menino
travesso que não possuía sequer o dinheiro da semana; não me filiei a nenhuma forma de
tutela, pois detesto os protetores. Durante os jogos, não pretendia conduzir ninguém, mas
não queria ser conduzido: não era bom nem para tirano nem para escravo, e como tal
permaneci.
Ocorreu, no entanto, de tornar-me rapidamente um centro de reunião; exerci, um
pouco mais tarde, em meu regimento, o mesmo poder: sendo um simples subtenente, os
velhos oficiais passavam noites em minha casa e preferiam meus aposentos ao café.
Desconheço a causa disso; não vinha provavelmente de minha facilidade em penetrar o
espírito e em adquirir os costumes dos outros. Gostava tanto de caçar e correr quanto de ler e
escrever. Ainda hoje me é indiferente falar sobre as coisas mais comuns, ou confabular sobre
assuntos mais elevados. Tão pouco sensível ao talento, este me é quase antipático, ainda que
não careça inteiramente dele. Nenhum defeito me choca, exceto a presunção e o escárnio,
que me são difíceis não desafiar; creio sempre que os outros têm sobre mim uma
superioridade qualquer, e se, por acaso, me encontro em vantagem, sinto-me em total
embaraço.
Certas qualidades que minha primeira educação deixaram adormecidas despertaram
no colégio. Minha aptidão para o trabalho era notável, minha memória extraordinária. Fiz
rápidos progressos em matemática demonstrando uma clareza de concepção que espantava o
abade Leprince. Ao mesmo tempo, manifestava um gosto decidido pelas línguas. O
rudimento
100
, suplício dos colegiais, não me era difícil aprender; eu esperava a hora das
lições de latim com impaciência, como um descanso de meus números e de minhas figuras
de geometria. Em menos de um ano, tornei-me aluno do quinto ano. Por uma singularidade,
minha frase latina transformava-se naturalmente em pentâmetro, a ponto de eu ser chamado
pelo abade Égault de o Elegíaco, nome que acredito ter ficado entre meus companheiros.
Quanto à minha memória, eis aqui dois de seus traços. Sabia de cor tábuas de
logarítmos: ou seja, eu encontrava de memória o expoente na proporção aritmética de um
número que me fora dado na proporção geométrica, e vice-versa.
100
Livro infantil para aprender os rudimentos de latim.
Après la prière du soir que l'on disait en commun à la chapelle du collège, le principal
faisait une lecture. Un des enfants, pris au hasard, était obligé d'en rendre compte. Nous
arrivions fatigués de jouer et mourant de sommeil à la prière ; nous nous jetions sur les bancs,
tâchant de nous enfoncer dans un coin obscur, pour n'être pas aperçus et conséquemment
interrogés. Il y avait surtout un confessionnal que nous nous disputions comme une retraite
assurée. Un soir, j'avais eu le bonheur de gagner ce port et je m'y croyais en sûreté contre le
principal ; malheureusement, il signala ma manoeuvre et résolut de faire un exemple. Il lut
donc lentement et longuement le second point d'un sermon ; chacun s'endormit. Je ne sais par
quel hasard je restai éveillé dans mon confessionnal. Le principal qui ne me voyait que le bout
des pieds, crut que je dodinais comme les autres, et tout à coup m'apostrophant, il me
demanda ce qu'il avait lu.
Le second point du sermon contenait une énumération des diverses manières dont on
peut offenser Dieu. Non seulement je dis le fond de la chose, mais je repris les divisions dans
leur ordre, et répétai presque mot à mot plusieurs pages d'une prose mystique, inintelligible
pour un enfant. Un murmure d'applaudissement s'éleva dans la chapelle : le principal
m'appela, me donna un petit coup sur la joue et me permit, en récompense, de ne me lever le
lendemain qu'à l'heure du déjeuner. Je me dérobai modestement à l'admiration de mes
camarades et je profitai bien de la grâce accordée. Cette mémoire des mots, qui ne m'est pas
entièrement restée, a fait place chez moi à une autre sorte de mémoire plus singulière, dont
j'aurai peut-être occasion de parler.
Une chose m'humilie : la mémoire est souvent la qualité de la sottise ; elle appartient
généralement aux esprits lourds, qu'elle rend plus pesants par le bagage dont elle les
surcharge. Et néanmoins, sans la mémoire, que serions-nous ? Nous oublierions nos amitiés,
nos amours, nos plaisirs, nos affaires ; le génie ne pourrait rassembler ses idées ; le coeur le
plus affectueux perdrait sa tendresse, s'il ne s'en souvenait plus ; notre existence se réduirait
aux moments successifs d'un présent qui s'écoule sans cesse ; il n'y aurait plus de passé. O
misère de nous ! notre vie est si vaine qu'elle n'est qu'un reflet de notre mémoire.
Depois da oração da noite que era feita em comum na capela do colégio, o diretor
fazia uma leitura. Um dos meninos, escolhido ao acaso, era obrigado a comentá-la.
Chegávamos à hora da reza cansados dos jogos, morrendo de sono; atirávamo-nos sobre os
bancos, tentando ocultar-nos em um canto obscuro, para não sermos percebidos e
interrogados. Havia principalmente um confessionário que disputávamos como se fosse um
recanto seguro. Certa noite eu tivera a felicidade de ganhar este porto, achando-me em
segurança contra o diretor; infelizmente ele notou minha manobra e resolveu dar uma lição.
Leu, então, lenta e longamente o segundo ponto de um sermão; todos adormeceram. Por um
acaso permaneci acordado em meu confessionário. O diretor, vendo apenas a ponta de meus
pés, pensava que eu havia cochilado como os outros, e, subitamente, apostrofando-me,
perguntou-me o que havia lido.
O segundo ponto continha uma enumeração das diversas maneiras pelas quais se
podiam ofender a Deus. Eu não apenas expus o assunto, mas retomei as divisões em sua
ordem e quase repeti palavra por palavra de várias páginas de uma prosa mística,
ininteligível para uma criança. Um murmúrio de aplausos alastrou-se dentro da capela: o
diretor me chamou, deu uma leve batida em meu rosto e permitiu-me, em recompensa,
levantar-me no dia seguinte apenas à hora do desjejum. Esquivei-me modestamente da
admiração de meus companheiros e fiz bom proveito da graça concedida. Esta capacidade de
memorizar palavras, que não conservei inteiramente, deu lugar a outro tipo de memória
singular, de que terei talvez oportunidade de falar.
Uma coisa me humilha: a memória é o atributo da tolice; ela pertence geralmente aos
espíritos enfadonhos, que se tornam ainda mais pesados com a bagagem de que ela os
sobrecarrega. E, no entanto, sem a memória, o que seríamos? Esqueceríamos nossas
amizades, nossos amores, nossos prazeres, nossos afazeres; a inteligência não poderia
conjugar suas idéias; o mais afetuoso coração perderia sua ternura se não mais se lembrasse;
nossa existência se reduziria aos momentos sucessivos de um presente que transcorre sem
cessar; não haveria mais passado. Que miseráveis somos nós! nossa vida é tão que não
passa de um reflexo de nossa memória.
(2)
Dieppe, octobre 1812.
VANCANCES À COMBOURG. – VIE DE CHATÊAU EN PROVINCE. –
MOEURS FÉODALES – HABITANTS DE COMBOURG.
J'allai passer le temps des vacances à Combourg. La vie de château aux environs de
Paris ne peut donner une idée de la vie de château dans une province reculée.
La terre de Combourg n'avait pour tout domaine que des landes, quelques moulins et
les deux forêts, Bourgouët et Tanoërn, dans un pays le bois est presque sans valeur. Mais
Combourg était riche en droits féodaux ; ces droits étaient de diverses sortes : les uns
déterminaient certaines redevances pour certaines concessions, ou fixaient des usages nés de
l'ancien ordre politique ; les autres ne semblaient avoir été dans l'origine que des
divertissements.
Mon père avait fait revivre quelques-uns de ces derniers droits, afin de prévenir la
prescription. Lorsque toute la famille était réunie, nous prenions part à ces amusements
gothiques : les trois principaux étaient le Saut des poissonniers, la Quintaine, et une foire
appelée l' Angevine. Des paysans en sabots et en braies, hommes d'une France qui n'est plus,
regardaient ces jeux d'une France qui n'était plus. Il y avait prix pour le vainqueur, amende
pour le vaincu.
La Quintaine conservait la tradition des tournois : elle avait sans doute quelque rapport
avec l'ancien service militaire des fiefs. Elle est très-bien décrite dans du Cange ( Voce
Quintana). On devait payer les amendes en ancienne monnaie de cuivre, jusqu'à la valeur de
deux moutons d ' or à la couronne de 25 sols parisis chacun..
Capítulo 2
Dieppe, outubro de 1812.
Férias em Combourg. – Vida de castelo na província. – Costumes feudais. –
Moradores de Combourg.
Fui passar os dias de férias em Combourg. A vida de castelo nos arredores de Paris
não pode dar uma idéia da vida de castelo numa província afastada.
As terras de Combourg tinham, em seu domínio, apenas os landes, alguns moinhos e
duas florestas, Bourgouët e Tanoërn, num lugar em que a madeira quase não possuía valor;
eram, porém, ricas em direitos feudais; esses direitos eram de diversos tipos: alguns
determinavam pagamentos para certas concessões, ou fixavam usufrutos nascidos da antiga
ordem política; outros, em sua origem, parecem ter servido somente para o divertimento.
Meu pai fizera reviver alguns destes últimos direitos, a fim de evitar sua prescrição.
Quando toda a família se reunia, tomávamos parte desses divertimentos góticos: os três
principais eram o Salto dos pescadores, o Estafermo e a feira chamada Angevine.
Camponeses de tamancos e calções, homens de uma França que não mais existe, apreciavam
os jogos de uma França que não existia mais. Havia prêmio para o vencedor, multas para o
vencido.
O Estafermo conservava a tradição dos torneios: sem dúvida ela possuía alguma
relação com o antigo serviço militar dos feudos. Ela é muito bem descrita em Du Cange
(Voce QUINTANA). Deviam-se pagar as multas em antiga moeda de cobre, até o valor de
dois carneiros de ouro a Coroa de 25 soldos parisino cada.
La foire appelée l' Angevine se tenait dans la prairie de l'étang, le 4 septembre de
chaque année, le jour de ma naissance. Les vassaux étaient obligés de prendre les armes, ils
venaient au château lever la bannière du seigneur ; de là ils se rendaient à la foire pour établir
l'ordre, et prêter force à la perception d'un péage aux comtes de Combourg par chaque
tête de bétail, espèce de droit régalien. A cette époque, mon père tenait table ouverte. On
ballait pendant trois jours : les maîtres, dans la grand-salle, au raclement d'un violon ; les
vassaux, dans la Cour Verte, au nasillement d'une musette. On chantait, on poussait des
huzzas on tirait des arquebusades. Ces bruits se mêlaient aux mugissements des troupeaux de
la foire ; la foule vaguait dans les jardins et les bois et du moins une fois l'an, on voyait à
Combourg quelque chose qui ressemblait à de la joie.
Ainsi, j'ai été placé assez singulièrement dans la vie pour avoir assisté aux courses de
la Quintaine et à la proclamation des Droits de l ' Homme ; pour avoir vu la milice
bourgeoise d'un village de Bretagne et la garde nationale de France, la bannière des
seigneurs de Combourg et le drapeau de la Révolution. Je suis comme le dernier témoin des
moeurs féodales.
Les visiteurs que l'on recevait au château se composaient des habitants de la bourgade
et de la noblesse de la banlieue : ces honnêtes gens furent mes premiers amis. Notre vanité
met trop d'importance au rôle que nous jouons dans le monde. Le bourgeois de Paris rit du
bourgeois d'une petite ville ; le noble de cour se moque du noble de province ; l'homme
connu dédaigne l'homme ignoré, sans songer que le temps fait également justice de leurs
prétentions et qu'ils sont tous également ridicules ou indifférents aux yeux des générations
qui se succèdent.
Le premier habitant du lieu était un M. Potelet, ancien capitaine de vaisseau de la
compagnie des Indes, qui redisait de grandes histoires de Pondichéry. Comme il les racontait
les coudes appuyés sur la table, mon père avait toujours envie de lui jeter son assiette au
visage. Venait ensuite l'entreposeur des tabacs, M. Launay de La Billardiète, père de famille
qui comptait douze enfants, comme Jacob, neuf filles et trois garçons, dont le plus jeune,
David, était mon camarade de jeux. Le bonhomme s'avisa de vouloir être noble en 1789 : il
prenait bien son temps !
A feira chamada Angevine realizava-se todo o ano na pradaria da Lagoa, em 4 de
setembro, dia de meu nascimento. Os vassalos eram obrigados a tomarem as armas e a irem
ao castelo para içar a bandeira de seu senhor
; de se dirigiam
à feira para restabelecerem
a ordem e prestarem ajuda na cobrança de um pedágio pago aos condes de Combourg por
cada cabeça de gado, como uma espécie de privilégio. Nesta época meu pai mantinha a mesa
aberta a todos. A gente bailava durante três dias: os senhores, na grande sala, ao som
arranhado de um violino; os vassalos, no Pátio Verde, ao ritmo de uma toada popular. Todos
cantavam, lançavam hurras, disparavam-se tiros de arcabuz. Esses barulhos misturavam-se
aos rugidos dos rebanhos das feiras; a multidão vagava pelos jardins e bosques e, ao menos
uma vez por ano, víamos em Combourg algo que se assemelhava à alegria.
Assim, estive situado muito singularmente na vida para ter assistido aos torneios de
Estafermo e à proclamação dos Direitos do Homem; para ter visto a milícia burguesa de um
vilarejo da Bretanha e a Guarda Nacional de França, o pavilhão dos senhores de Combourg e
a bandeira da Revolução. Sou a última testemunha dos costumes feudais.
Os visitantes recebidos no castelo eram formados por habitantes do pequeno burgo e
nobres dos arredores: esses homens honestos foram meus primeiros amigos. Nossa vaidade dá
excessiva importância ao papel que exercemos no mundo. O burguês de Paris ri do burguês de
uma cidade pequena; o nobre da Corte debocha do nobre de província; o homem conhecido
desdenha o homem ignorado, sem pensar que o tempo faz igualmente justiça a suas
pretensões e que eles são todos igualmente ridículos ou indiferentes aos olhos das gerações
que se sucedem.
O principal habitante do lugar era um tal senhor Potelet, antigo capitão de navio da
Companhia das Índias, que contava grandes histórias de Pondichéry. Como o fazia com o
cotovelo apoiado na mesa, meu pai teve sempre o desejo de jogar-lhe o prato na cara. Vinha, a
seguir, o armazenista de tabaco, senhor Launay de La Billardière, pai de família que tinha
doze filhos, assim como Jacob, com nove meninas e três meninos, dos quais o mais jovem,
David, era meu companheiro de jogo
101
. O homem atreveu-se a querer ser nobre em 1789:
ocupou-se bem de seu tempo!
101
N.A.Encontrei mais tarde meu amigo David: direi quando e como. (Nota de Genebra, 1832.)
Dans cette maison, il y avait force joie et beaucoup de dettes. Le sénéchal Gébert, le
procureur fiscal Petit, le receveur Corvaisier, le chapelain l'abbé Charmel, formaient la société
de Combourg. Je n'ai pas rencontré à Athènes des personnages plus célèbres.
MM. du Petit-Bois, de Château-d'Assie, de Tinténiac un ou deux autres
gentilshommes, venaient, le dimanche, entendre la messe à la paroisse, et dîner ensuite chez le
châtelain. Nous étions plus particulièrement liés avec la famille Trémaudan, composée du
mari, de la femme extrêmement belle, d'une soeur naturelle et de plusieurs enfants. Cette
famille habitait une métairie, qui n'attestait sa noblesse que par un colombier. Les Trémaudan
vivent encore. Plus sages et plus heureux que moi, ils n'ont point perdu de vue les tours du
château que j'ai quitté depuis trente ans ; ils font encore ce qu'ils faisaient lorsque j'allais
manger le pain bis à leur table ; ils ne sont point sortis du port dans lequel je ne rentrerai plus.
Peut-être parlent-ils de moi au moment même j'écris cette page : je me reproche de tirer
leur nom de sa protectrice obscurité. Ils ont douté longtemps que l'homme dont ils entendaient
parler fût le petit chevalier. Le recteur ou curé de Combourg l'abbé Sévin, celui-là même dont
j'écoutais le prône, a montré la même incrédulité ; il ne se pouvait persuader que le polisson,
camarade des paysans, fût le défenseur de la religion ; il a fini par le croire, et il me cite dans
ses sermons, après m'avoir tenu sur ses genoux. Ces dignes gens, qui ne mêlent à mon image
aucune idée étrangère, qui me voient tel que j'étais dans mon enfance et dans ma jeunesse, me
reconnaîtraient-ils aujourd'hui sous les travestissements du temps ? Je serais obligé de leur
dire mon nom, avant qu'ils me voulussent presser dans leurs bras.
Je porte malheur à mes amis. Un garde-chasse, appelé Raulx, qui s'était attaché à moi,
fut tué par un braconnier. Ce meurtre me fit une impression extraordinaire. Quel étrange
mystère dans le sacrifice humain ! Pourquoi faut-il que le plus grand crime et la plus grande
gloire soient de verser le sang de l'homme ? Mon imagination me représentait Raulx tenant
ses entrailles dans ses mains et se traînant à la chaumière il expira. Je conçus l'idée de la
vengeance ; je m'aurais voulu battre contre l'assassin. Sous ce rapport je suis singulièrement
: dans le premier moment d'une offense je la sens à peine ; mais elle se grave dans ma
mémoire. son souvenir, au lieu de décroître, s'augmente avec le temps ; il dort dans mon coeur
des mois, des années entières, puis il se réveille à la moindre circonstance avec une force
nouvelle, et ma blessure devient plus vive que le premier jour.
Nessa casa havia demasiada alegria e muitas dívidas. O senescal Gébert, o procurador
fiscal Petit, o receptor Corvaisier, o capelão abade Charmel formavam a sociedade de
Combourg. Não encontrei em Atenas personagens mais célebres.
Os senhores du Petit-Bois, de Château-d'Assie, de Tinténiac e um ou dois outros
gentis-homens vinham domingo assistir à missa na paróquia e jantar depois na residência do
castelão. Nós éramos especialmente ligados à família Trémaudan, formada pelo marido, pela
mulher, extremamente bela, por uma irmã natural e por vários filhos. Essa família morava
numa propriedade cuja nobreza era atestada somente por um columbário. Os Trémaudan
ainda vivem. Mais sábios e felizes que eu, eles não perderam de vista as torres do castelo que
abandonei trinta anos; eles fazem ainda o que faziam quando eu ia comer pão escuro à sua
mesa; eles não saíram do porto ao qual não voltarei mais. Talvez falem de mim no instante em
que escrevo esta página: reprovo-me em haver tirado o nome da família de sua protetora
obscuridade. Por muito tempo duvidaram que o homem de quem ouviam falar fosse o
pequeno cavaleiro. O reitor ou cura de Combourg, abade Sévin, cuja pregação eu ouvia,
mostrou a mesma incredulidade; não conseguia persuadir-se que o rapazote, amigo dos
camponeses, fosse o defensor da religião; ele terminou por acreditar e cita-me em seus
sermões, depois de ter-me pego no colo. Estas pessoas dignas, que não acrescentam em
minha imagem nenhuma idéia alheia a elas, que me vêem tal como eu era em minha infância
e juventude, poderiam me reconhecer hoje sob os disfarces do tempo? Veria-me obrigado a
lhes dizer meu nome antes que quisessem estreitar-me em seus braços.
Trago infelicidade a meus amigos. Um guarda-caça, chamado Raulx, apegado a mim,
foi morto por um caçador furtivo. Esse assassinato deixou-me uma terrível impressão. Que
estranho mistério no sacrifício humano! Por que o mais admirável crime e a mais admirável
glória consistem em derramar sangue do homem? Minha imaginação mostrava-me Raulx
segurando suas vísceras nas mãos e arrastando-se até a cabana onde expirou. Concebi a idéia
de vingança; desejaria lutar contra o assassino. Opera-se em mim algo de singular: no
primeiro momento apenas sinto a ofensa, que se grava em minha memória; sua lembrança, ao
invés de diminuir, aumenta com o tempo; ela dorme em meu coração durante meses, anos
inteiros, depois, numa mínima circunstância, desperta com força renovada, e minha ferida
torna-se mais viva do que no primeiro dia.
Mais si je ne pardonne point à mes ennemis, je ne leur fais aucun mal ; je suis
rancunier et ne suis point vindicatif. Ai-je la puissance de me venger, j'en perds l'envie ; je ne
serais dangereux que dans le malheur. Ceux qui m'ont cru faire céder en m'opprimant se sont
trompés ; l'adversité est pour moi ce qu'était la terre pour Antée ; je reprends des forces dans
le sein de ma mère. Si jamais le bonheur m'avait enlevé dans ses bras, il m'eût étouffé.
(3)
Dieppe, octobre 1812.
SECONDES VACANCES À COMBOURG. – RÉGIMENT DE CONTI . – CAMP À
SAINT-MALO. – UNE ABBAYE. – THEÂTRE. – MARIAGE DE MES DEUX SOEURS
AÎNÉES. – RETOUR AU COLLÈGE. – RÉVOLUTION COMMENCÉE DANS MES
IDÉES.
Je retournai à Dol, à mon grand regret. L'année suivante, il y eut un projet de descente
à Jersey, et un camp s'établit auprès de Saint-Malo. Des troupes furent cantonnées à
Combourg. M. de Chateaubriand donna, par courtoisie, successivement asile aux colonels des
régiments de Touraine et de Conti : l'un était le duc de Saint-Simon, et l'autre le marquis de
Causans. Vingt officiers étaient tous les jours invités à la table de mon père. Les plaisanteries
de ces étrangers me déplaisaient ; leurs promenades troublaient la paix de mes bois. C'est pour
avoir vu le colonel en second du giment de Conti, le marquis de Wignacourt, galoper sous
des arbres, que des idées de voyage me passèrent pour la première fois par la tête.
Quand j'entendais nos hôtes parler de Paris et de la cour, je devenais triste ; je
cherchais à deviner ce que c'était que la société : je découvrais quelque chose de confus et de
lointain ; mais bientôt je me troublais. Des tranquilles gions de l'innocence, en jetant les
yeux sur le monde, j'avais des vertiges, comme lorsqu'on regarde la terre du haut de ces tours
qui se perdent dans le ciel.
Contudo, se não perdôo a meus inimigos, também não lhes faço mal; sou rancoroso e
não vingativo. Se tenho o poder de me vingar, perco a vontade; eu seria apenas perigoso na
desgraça. Aqueles que acreditaram fazer-me ceder na opressão se equivocaram; a adversidade
é para mim o que a terra foi para Anteu: recobro as forças no seio de minha mãe. Se a
felicidade me tivesse estreitado em seus braços, me teria sufocado.
Capítulo 3
Dieppe, outubro de 1812.
Segundas férias em Combourg. – Regimento de Conti. – Acampamento em Saint-Malo. –
Uma abadia. – Teatro. – Casamento de minhas duas irmãs mais velhas. – Retorno ao colégio.
– Início de uma revolução em minhas idéias.
Retornei à Dol, para meu grande pesar. No ano seguinte houve um plano de
desembarque em Jersey, e estabeleceu-se um acampamento perto de Saint-Malo. As tropas
foram acantonadas em Combourg; por cortesia, o senhor de Chateaubriand concedeu asilo aos
coronéis dos regimentos de Touraine e de Conti, sucessivamente: um era o duque de Saint-
Simon, o outro o marquês de Causans. Todos os dias, vinte oficiais eram convidados à mesa
de meu pai. As piadas desses estrangeiros me desagradavam; seus passeios perturbavam o
sossego de meus bosques. Foi após ter visto o tenente coronel do regimento de Conti, marquês
de Wignacourt, galopar sob as árvores, que as primeiras idéias de viagem me vieram à cabeça.
Ficava triste quando ouvia nossos hóspedes falarem de Paris e da Corte; tentava
imaginar o que devia ser a sociedade: eu entrevia algo confuso e distante; e logo me sentia
perturbado. Das tranqüilas regiões da inocência, lançando os olhos sobre o mundo, sentia
vertigens, como quando contemplava a terra do alto dessas torres que se perdem no céu.
Une chose me charmait pourtant, la parade. Tous les jours, la garde montante défilait,
tambour et musique en tête, au pied du perron, dans la Cour Verte. M. de Causans proposa de
me montrer le camp de la côte : mon père y consentit.
Je fus conduit à Saint-Malo par M. de La Morandais, très-bon gentilhomme, mais que
la pauvreté avait réduit à être régisseur de la terre de Combourg. Il portait un habit de camelot
gris, avec un petit galon d'argent au collet, une têtière ou morion de feutre gris à oreilles, à
une seule corne en avant. Il me mit à califourchon derrière lui, sur la croupe de sa jument
Isabelle. Je me tenais au ceinturon de son couteau de chasse, attaché par-dessus son habit :
j'étais enchanté. Lorsque Claude de Bullion et le père du président de Lamoignon, enfants,
allaient en campagne, « on les portait tous les deux sur un même âne, dans des paniers, l'un
d'un côté, l'autre de l'autre, et l'on mettait un pain du côté de Lamoignon, parce qu'il était plus
léger que son camarade, pour faire le contre-poids. » (Mémoires du président de Lamoignon.)
M. de La Morandais prit des chemins de traverse :
Moult volontiers, de grand'manière,
Alloit en bois et en rivière ;
Car nulles gens ne vont en bois
Moult volontiers comme François.
Nous nous arrêtâmes pour dîner à une abbaye de Bénédictins, qui, faute d'un nombre
suffisant de moines, venait d'être réunie à un chef-lieu de l'ordre. Nous n'y trouvâmes que le
père procureur, chargé de la disposition des biens-meubles et de l'exploitation des futaies. Il
nous fit servir un excellent dîner maigre, à l'ancienne bibliothèque du prieur : nous
mangeâmes quantité d'oeufs frais, avec des carpes et des brochets énormes. A travers l'arcade
d'un cloître, je voyais de grands sycomores, qui bordaient un étang. La cognée les frappaient
au pied, leur cime tremblait dans l'air, et ils tombaient pour nous servir de spectacle. Des
charpentiers, venus de Saint-Malo, sciaient à terre des branches vertes, comme on coupe une
jeune chevelure, ou équarrissaient des troncs abattus. Mon coeur saignait à la vue de ces forêts
ébréchées et de ce monastère déshabité. Le sac général des maisons religieuses m'a rappelé
depuis le dépouillement de l'abbaye qui en fut pour moi le pronostic.
Uma coisa, no entanto, maravilhava-me, a parada militar. Todos os dias havia o desfile
da troca da guarda, com tambor e música à frente, no patamar externo do Pátio Verde. O
senhor de Causans propôs mostrar-me o acampamento da costa: meu pai consentiu.
Eu fui levado a Saint-Malo pelo senhor La Morandais, extraordinário gentil-homem,
reduzido pela pobreza a administrador das terras de Combourg. Ele portava vestes de
chamalote cinza, com uma pequena insígnia de prata no colarinho, uma testeira ou morrião de
feltro cinza às orelhas com uma ponta à frente. Montou-me atrás, na garupa de sua égua
Isabelle. Eu me segurava no cinturão de seu punhal de caça, preso em cima de sua roupa:
estava maravilhado. Quando Claude de Bullion e o pai do presidente de Lamoignon, ainda
crianças, iam ao campo, “ambos eram postos no mesmo burro, em cestos, um de cada lado, e
colocava-se um pedaço de pão junto à Lamoignon fazendo o contrapeso, porque este era mais
leve que o amigo.” (Memórias do presidente de Lamoignon.)
O senhor de La Morandais pegou alguns atalhos:
Moult volontiers, de grand'manière,
Alloit en bois et en rivière ;
Car nulles gens ne vont en bois
Moult volontiers comme François.
102
Nós paramos para almoçar numa abadia de Beneditinos, que, à falta de número
suficiente de monges, acabava de ser incorporada à sede principal da Ordem. Lá encontramos
somente o padre procurador, encarregado da administração dos bens móveis e da exploração
das matas. Ele fez-nos servir um excelente e frugal almoço na antiga biblioteca do prior:
comemos grande quantidade de ovos frescos, com carpas e lúcios enormes. Através da arcada
de um claustro, eu via grandes sicômoros que contornavam um lago. O machado acertava-lhes
na parte inferior, os cimos estremeciam no alto e eles caíam servindo-nos de espetáculo.
Carpinteiros, vindos de Saint-Malo, cerravam galhos verdes no chão, como se corta uma
jovem cabeleira, ou desbastavam os troncos abatidos. Eu sangrava ao ver estas florestas
dilaceradas e este monastério desabitado. A lembrança do despojamento desta abadia passou a
ser para mim o prenúncio do que viria a ser a pilhagem geral das casas religiosas.
102
“De bom grado e muito decidido ele ia ao bosque e ao rio; pois ninguém vai ao bosque de tão bom grado
como François.”
Arrivé à Saint-Malo, j'y trouvai le marquis de Causans ; je parcourus sous sa garde les
rues du camp. Les tentes, les faisceaux d'armes, les chevaux au piquet, formaient une belle
scène avec la mer, les vaisseaux, les murailles et les clochers lointains de la ville. Je vis
passer, en habit de hussard, au grand galop sur un barbe, un de ces hommes en qui finissait un
monde, le duc de Lauzun. Le prince de Carignan, venu au camp, épousa la fille de M. de
Boisgarin, un peu boiteuse, mais charmante : cela fit grand bruit, et donna matière à un procès
que plaide encore aujourd'hui M. Lacretelle l'aîné. Mais quel rapport ces choses ont-elles avec
ma vie ? « A mesure que la mémoire de mes privés amis », dit Montaigne, « leur fournit la
chose entière, ils reculent si arrière leur narration, que si le conte est bon, ils en étouffent la
bonté ; s'il ne l'est pas, vous êtes à maudire ou l'heur de leur mémoire ou le malheur de leur
jugement. J'ai vu des récits bien plaisants devenir très-ennuyeux en la bouche d'un seigneur. »
J'ai peur d'être ce seigneur.
Mon frère était à Saint-Malo, lorsque M. de La Morandais m'y déposa. Il me dit un
soir : « Je te mène au spectacle : prends ton chapeau. « Je perds la tête ; je descends droit à la
cave pour chercher mon chapeau qui était au grenier. Une troupe de comédiens ambulants
venait de débarquer. J'avais rencontré des marionnettes ; je supposais qu'on voyait au théâtre
des polichinelles beaucoup plus beaux que ceux de la rue.
J'arrive, le coeur palpitant, à une salle bâtie en bois dans une rue déserte de la ville.
J'entre par des corridors noirs, non sans un certain mouvement de frayeur. On ouvre une petite
porte, et me voilà avec mon frère dans une loge à moitié pleine.
Le rideau était levé, la pièce commencée : on jouait le Père de famille. J'aperçois deux
hommes qui se promenaient sur le théâtre en causant, et que tout le monde regardait. Je les
pris pour les directeurs des marionnettes, qui devisaient devant la cahute de madame Gigogne,
en attendant l'arrivée du public : j'étais seulement étonné qu'ils parlassent si haut de leurs
affaires et qu'on les écoutât en silence. Mon ébahissement redoubla lorsque d'autres
personnages, arrivant sur la scène, se mirent à faire de grands bras, à larmoyer, et lorsque
chacun se prit à pleurer par contagion. Le rideau tomba sans que j'eusse rien compris à tout
cela. Mon frère descendit au foyer entre les deux pièces. Demeuré dans la loge au milieu des
étrangers dont ma timidité me faisait un supplice, j'aurais voulu être au fond de mon collège.
Telle fut la première impression que je reçus de l'art de Sophocle et de Molière.
Chegando a Saint-Malo, encontrei-me com o marquês de Causans; percorri sob sua
proteção as ruas do acampamento. As tendas, os arsenais, os cavalos enlaçados formavam
uma bela cena com o mar, os barcos, as muralhas e os sinos distantes da cidade. Vi passar a
galope, num cavalo árabe, em uniforme de hussardo, um daqueles homens com quem morria
um mundo, o duque de Lauzun. O príncipe de Carignan, que estava no acampamento, casou-
se com a filha do senhor de Boisgarin, um pouco manca, mas atraente: a história causou um
grande rebuliço, e foi objeto de um processo ainda hoje mantido pelo senhor Lacretelle, o
primogênito. Mas que relação essas coisas têm com minha vida? “Para alguns de meus
amigos particulares, diz Montaigne, na medida em que a memória lhes fornece os detalhes de
um acontecimento, às vezes vejo que remetem sua narração a um passado tão remoto, que, se
a história é boa, eles sufocam toda sua beleza; e, se não o é, maldizemos a felicidade de sua
memória ou seu desafortunado juízo. Eu vi histórias interessantes se tornarem bastante
enfadonhas na boca de algum senhor.” Receio ser este senhor.
Meu irmão estava em Saint-Malo quando o senhor de La Morandais me trouxe de
volta. Certa noite ele me diz: “Vou te levar a um espetáculo: pega teu chapéu.” Enlouqueci;
fui direto ao porão procurar meu chapéu, que estava no sótão. Uma trupe de artistas
ambulantes acabava de desembarcar. Eu havia visto marionetes; supunha que no teatro os
polichinelos eram mais belos do que os das ruas.
Chego, com o coração palpitando, numa construção de madeira em uma rua deserta da
cidade. Entro pelos corredores escuros, não sem alguma agitação de pavor. Abrimos uma
portinhola, e me vejo, com meu irmão, num camarote mais ou menos cheio.
A cortina estava erguida, a peça tinha começado: encenava-se O Pai de família. Notei
que dois homens caminhavam, conversando pelo teatro, e que todos os olhavam. Imaginei
tratar-se dos diretores das marionetes que aguardavam a chegada do público confabulando
frente ao recanto da senhora Gigogne: mas fiquei espantado que falassem tão alto de seus
assuntos e que, em silêncio, todos os escutassem. Meu assombro redobrou quando outros
personagens, ao entrarem em cena, puseram-se a gesticular, a lacrimejar, e, quando todos,
contagiados, começaram a chorar. A cortina fechou sem que eu tivesse entendido o que se
passara. Meu irmão desceu ao foyer entre um e outro ato. Tendo permanecido no camarote
entre os estranhos, e, sofrendo por minha timidez, preferi naquele momento encontrar-me
fechado em meu colégio. Foi esta a primeira impressão que tive da arte de Sófocles e de
Molière.
La troisième année de mon séjour à Dol fut marquée par le mariage de mes deux
soeurs aînées : Marianne épousa le comte de Marigny, et Bénigne le comte de Québriac. Elles
suivirent leurs maris à Fougères : signal de la dispersion d'une famille dont les membres
devaient bientôt se séparer. Mes soeurs reçurent la bénédiction nuptiale à Combourg le même
jour, à la même heure, au même autel, dans la chapelle du château. Elles pleuraient, ma mère
pleurait ; je fus étonné de cette douleur : je la comprends aujourd'hui. Je n'assiste pas à un
baptême ou à un mariage sans sourire amèrement ou sans éprouver un serrement de coeur.
Après le malheur de naître, je n'en connais pas de plus grand que celui de donner le jour à un
homme.
Cette même année commença une révolution dans ma personne comme dans ma
famille. Le hasard fit tomber entre mes mains deux livres bien divers, un Horace non châtié et
une histoire des Confessions mal faites. Le bouleversement d'idées que ces deux livres me
causèrent est incroyable : un monde étrange s'éleva autour de moi. D'un côté, je soupçonnai
des secrets incompréhensibles à mon âge, une existence différente de la mienne, des plaisirs
au delà de mes jeux, des charmes d'une nature ignorée dans un sexe je n'avais vu qu'une
mère et des soeurs ; d'un autre côté, des spectres traînant des chaînes et vomissant des
flammes m'annonçaient les supplices éternels pour un seul péché dissimulé. Je perdis le
sommeil, la nuit, je croyais voir tour à tour des mains noires et des mains blanches passer à
travers mes rideaux : je vins à me figurer que ces dernières mains étaient maudites par la
religion, et cette idée accrut mon épouvante des ombres infernales. Je cherchais en vain dans
le ciel et dans l'enfer l'explication d'un double mystère. Frappé à la fois au moral et au
physique, je luttais encore avec mon innocence contre les orages d'une passion prématurée et
les terreurs de la superstition.
Dès lors je sentis s'échapper quelques étincelles de ce feu qui est la transmission de la
vie. J'expliquais le quatrième livre de 1' Enéide et lisais le Télémaque : tout à coup je
découvris dans Didon et dans Eucharis des beautés qui me ravirent ; je devins sensible à
l'harmonie de ces vers admirables et de cette prose antique. Je traduisis un jour à livre ouvert l'
Aeneadum genitrix, hominum divumque voluptas de Lucrèce avec tant de vivacité, que M.
Egault m'arracha le poème et me jeta dans les racines grecques.
O terceiro ano de minha estada em Dol foi marcado pelo casamento de minhas duas
irmãs mais velhas: Marianne desposou o conde de Marigny, e Bénigne, o conde de Québriac.
Elas seguiram para Fougères com seus maridos: sinal da dispersão de uma família cujos
membros em breve se separariam. Minhas irmãs receberam a bênção nupcial em Combourg,
no mesmo dia, à mesma hora, no mesmo altar, dentro da capela do castelo. Elas choravam,
minha mãe chorava; fiquei espantado com este sofrimento: hoje o compreendo. Não assisto a
um batizado ou a um casamento sem esboçar um sorriso amargo ou sem sentir meu coração
apertar. Depois da infelicidade de nascer, não conheço outra maior do que a de dar luz a um
homem.
Neste mesmo ano, começou uma revolução em minha pessoa e também em minha
família. O acaso me fez cair nas mãos dois livros bem diferentes, um Horácio não expurgado
e uma história das Confissões mal feitas. É inacreditável a reviravolta de idéias que esses dois
livros me causaram: um mundo estranho apareceu em minha frente. De um lado, reconheci os
segredos incompreensíveis à minha idade, uma existência distinta da minha, prazeres distantes
de meus jogos, os encantos de uma natureza ignorada em um sexo que me aparecia somente
sob a forma de mãe e irmãs; por outro lado, espectros arrastando correntes e vomitando
chamas me anunciavam os suplícios eternos por um único pecado dissimulado. Perdi o sono;
acreditava enxergar mãos negras, outras vezes, mãos brancas, à noite, atravessando minhas
cortinas: cheguei a imaginar que essas últimas mãos eram amaldiçoadas pela religião, idéia
que não fez senão aumentar meu pavor pelas sombras infernais. Eu procurava em vão no céu
e no inferno a explicação para um duplo mistério. Atingido moral e fisicamente, continuei a
lutar com minha inocência contra as tempestades de uma paixão prematura e contra os
terrores da superstição.
Desde então, senti que despontavam algumas centelhas deste fogo que é a transmissão
da vida. Eu estudava o quarto livro de Eneida e lia Telêmaco: descobri subitamente em Dido e
Eucaris encantos que me fascinaram; tornei-me sensível à harmonia destes versos admiráveis
e desta prosa antiga. Traduzi certo dia fluentemente e com tanta vivacidade o Aeneadum
genitrix, hominum divumque voluptas, de Lucrécio, que o senhor Égault tirou-me o poema e
me fez voltar às raízes gregas.
Je dérobai un Tibulle : quand j'arrivai au Quam iuvat immites ventos audire cubantem,
ces sentiments de volupté et de mélancolie semblèrent me révéler ma propre nature. Les
volumes de Massillon qui contenaient les sermons de la cheresse et de l' Enfant prodigue
ne me quittaient plus ; on me les laissait feuilleter car on ne se doutait guère de ce que j'y
trouvais. Je volais de petits bouts de cierges dans la chapelle pour lire la nuit ces descriptions
séduisantes des désordres de l'âme. Je m'endormais en balbutiant des phrases incohérentes,
je tâchais de mettre la douceur, le nombre et la grâce de l'écrivain qui a le mieux transporté
dans la prose l'euphonie racinienne.
Si j'ai, dans la suite, peint avec quelque vérité les entraînements du coeur mêlés aux
syndérèses chrétiennes, je suis persuadé que j'ai dû ce succès au hasard qui me fit connaître au
même moment deux empires ennemis. Les ravages que porta dans mon imagination un
mauvais livre, eurent leur correctif dans les frayeurs qu'un autre livre m'inspira, et celles-ci
furent comme alanguies par les molles pensées que m'avaient laissées des tableaux sans voile.
(4)
Dieppe, fin d'octobre 1812.
AVENTURE DE LA PIE. – TROISIÈMES VACANCES À COMBOURG.
- LE CHARLATAN. – RENTRÉE AU COLLÈGE.
Ce qu'on dit d'un malheur, qu'il n'arrive jamais seul, on le peut dire des passions : elles
viennent ensemble, comme les muses ou comme les furies. Avec le penchant qui commençait
à me tourmenter, naquit en moi l'honneur ; exaltation de l'âme, qui maintient le coeur
incorruptible au milieu de la corruption, sorte de principe réparateur placé auprès d'un
principe dévorant, comme la source inépuisable des prodiges que l'amour demande à la
jeunesse et des sacrifices qu'il impose.
Furtei um Tíbulo: quando cheguei em Quam juvat immites ventos audire cubantem,
tais sentimentos de volúpia e de melancolia pareceram revelar minha própria natureza. Os
volumes de Massillon que continham os sermões da Pecadora e do Filho pródigo não me
abandonavam mais. Deixavam-me folhear, pois não faziam idéia do que eu buscava lá. Eu ia
roubar pequenos tocos de vela para ler, à noite, as descrições sedutoras das desordens da
alma. Adormecia balbuciando frases incoerentes nas quais tentava pôr toda a doçura, o ritmo
e a graça do escritor que melhor transportou para a prosa a eufonia raciniana.
Se mais tarde consegui pintar com alguma verdade os enlevos do coração misturados
às sindéreses cristãs, estou convencido de que este sucesso deveu-se ao acaso de haver
conhecido dois impérios inimigos ao mesmo tempo. Os estragos que um mau livro produziu
em minha imaginação foram corrigidos pelos medos que um outro livro me inspirou, e estes
se desvaneceram pelos pensamentos frouxos que haviam deixado em mim certos quadros sem
véus.
Capítulo 4
Dieppe, fim de outubro de 1812.
Aventura de uma pega. – Terceiras férias em Combourg. – O charlatão. – Retorno ao
colégio.
O ditado que diz que a desgraça não chega nunca sozinha, pode também aplicar-se às
paixões: elas vêm juntas, como musas ou como fúrias. Com as disposições que começavam a
me atormentar, nasceu em mim a honra; exaltação da alma, que mantém o coração
incorruptível em meio à corrupção; espécie de princípio reparador posto ao lado de um
princípio devorador, como fonte inesgotável dos prodígios que o amor pede à juventude e dos
sacrifícios que ele impõe.
Lorsque le temps était beau les pensionnaires du collège sortaient le jeudi et le
dimanche. On nous menait souvent au Mont-Dol, au sommet duquel se trouvaient quelques
ruines gallo-romaines : du haut de ce tertre isolé, l'oeil plane sur la mer et sur des marais
voltigent pendant la nuit des feux follets, lumière des sorciers qui brûle aujourd'hui dans nos
lampes. Un autre but de nos promenades était les prés qui environnaient un séminaire d'
Eudistes, d'Eudes, frère de l'historien Mézerai, fondateur de leur congrégation.
Un jour du mois de mai, l'abbé Egault, préfet de semaine, nous avait conduits à ce
séminaire : on nous laissait une grande liberté de jeux, mais il était expressément défendu de
monter sur les arbres. Le régent après nous avoir établis dans un chemin herbu, s'éloigna pour
dire son bréviaire.
Des ormes bordaient le chemin : tout à la cime du plus grand, brillait un nid de pie :
nous voilà en admiration, nous montrant mutuellement la mère assise sur ses oeufs, et pressés
du plus vif désir de saisir cette superbe proie. Mais qui oserait tenter l'aventure ? L'ordre était
si sévère, le régent si près, l'arbre si haut ! Toutes les espérances se tournent vers moi ; je
grimpais comme un chat. J'hésite, puis la gloire l'emporte : je me dépouille de mon habit,
j'embrasse l'orme et je commence à monter. Le tronc était sans branches, excepté aux deux
tiers de sa crue, où se formait une fourche dont une des pointes portait le nid.
Mes camarades, assemblés sous l'arbre, applaudissent à mes efforts, me regardant,
regardant l'endroit d'où pouvait venir le préfet, trépignant de joie dans l'espoir des oeufs,
mourant de peur dans l'attente du châtiment. J'aborde au nid ; la pie s'envole ; je ravis les
oeufs, je les mets dans ma chemise et redescends. Malheureusement, je me laisse glisser entre
les tiges jumelles et j'y reste à califourchon. L'arbre étant élagué, je ne pouvais appuyer mes
pieds ni à droite ni à gauche pour me soulever et reprendre le limbe extérieur : je demeure
suspendu en l'air à cinquante pieds.
Quando o tempo ficava bom, aos internos do colégio era permitido sair nas quintas e
domingos. Éramos levados com freqüência ao Monte-Dol, em cujo topo encontravam-se
algumas ruínas galo-romanas: do alto deste monte isolado, o olhar paira sobre o mar e os
pântanos onde à noite se esvoaçam fogos-fátuos, luzes de feitiços que acendem hoje nossas
lamparinas. Outra meta de nossas excursões eram os prados que circundavam um seminário
de Eudistas, de Eudes, irmão do historiador Mézerai, fundador de sua congregação.
Certo dia do mês de maio, o abade Égault, o prefeito da semana, nos conduziu a este
seminário: davam-nos grande liberdade de ão, entretanto, proibiam-nos expressamente de
subir nas árvores. O regente, após ter-nos estabelecido em um local herboso, afastou-se para
ler seu breviário.
Os olmos flanqueavam o caminho; na copa mais alta de todas, brilhava um ninho de
pega: ficamos lá, admirados, sinalizando em direção à mãe, que estava sentada sobre os ovos,
e fomos completamente tomados pelo desejo de capturar aquela presa soberba. Mas quem
ousaria a aventura? O regente encontrava-se tão perto, a ordem era tão severa e a árvore tão
alta! Todas as esperanças se voltaram para mim; eu galgava como gato. Hesito um pouco, mas
a glória vence: tiro o casaco, abraço o olmo e começo a subir. O tronco não tinha galhos,
exceto nos dois terços de sua altura onde se formava uma das pontas da bifurcação sobre a
qual estava o ninho.
Meus colegas, reunidos sob a árvore, aplaudiam meus esforços, olhando-me e olhando
para o lugar de onde podia surgir o prefeito, trepidando de contentamento à espera dos ovos,
morrendo de medo com a expectativa de um castigo. Atinjo o ninho; a pega voa; eu roubo os
ovos, os guardo em minha camisa e desço. Infelizmente, deslizo entre dois galhos e fico
engarfado. Como a árvore estava podada, não pude apoiar meus pés nem à direita nem à
esquerda a fim de estender-me e de retomar a borda externa: permaneci suspenso no ar a
cinqüenta pés de altura.
Tout à coup un cri : « Voici le préfet ! » et je me vois incontinent abandonné de mes
amis, comme c'est l'usage. Un seul, appelé Le Gobbien, essaya de me porter secours, et fut tôt
obligé de renoncer à sa généreuse entreprise. Il n'y avait qu'un moyen de sortir de ma fâcheuse
position, c'était de me suspendre en dehors par les mains à l'une des deux dents de la fourche,
et de tâcher de saisir avec mes pieds le tronc de l'arbre au-dessous de sa bifurcation. J'exécutai
cette manoeuvre au péril de ma vie. Au milieu de mes tribulations, je n'avais pas lâché mon
trésor ; j'aurais pourtant mieux fait de le jeter, comme depuis j'en ai jeté tant d'autres. En
dévalant le tronc, je m'écorchai les mains, je m'éraillai les jambes et la poitrine, et j'écrasai les
oeufs : ce fut ce qui me perdit. Le préfet ne m'avait point vu sur l'orme ; je lui cachai assez
bien mon sang, mais il n'y eut pas moyen de lui dérober l'éclatante couleur d'or dont j'étais
barbouillé. « Allons, me dit-il, monsieur, vous aurez le fouet. »
Si cet homme m'eût annoncé qu'il commuait cette peine dans celle de mort, j'aurais
éprouvé un mouvement de joie. L'idée de la honte n'avait point approché de mon éducation
sauvage : à tous les âges de ma vie, il n'y a point de supplice que je n'eusse préféré à l'horreur
d'avoir à rougir devant une créature vivante. L'indignation s'éleva dans mon coeur, je répondis
à l'abbé Egault, avec l'accent non d'un enfant, mais d'un homme que jamais ni lui ni personne
ne lèverait la main sur moi. Cette réponse l'anima ; il m'appela rebelle et promit de faire un
exemple. « Nous verrons », répliquai-je, et je me mis à jouer à la balle avec un sang-froid qui
le confondit.
Nous retournâmes au collège ; le régent me fit entrer chez lui et m'ordonna de me
soumettre. Mes sentiments exaltés firent place à des torrents de larmes. Je représentai à l'abbé
Egault qu'il m'avait appris le latin ; que j'étais son écolier, son disciple, son enfant ; qu'il ne
voudrait pas déshonorer son élève, et me rendre la vue de mes compagnons insupportable,
qu'il pouvait me mettre en prison, au pain et à l'eau, me priver de mes récréations, me charger
de pensums ; que je lui saurais gré de cette clémence et l'en aimerais davantage. Je tombai à
ses genoux, je joignis les mains, je le suppliai par Jésus-Christ de m'épargner : il demeura
sourd à mes prières. Je me levai plein de rage, et lui lançai dans les jambes un coup de pied si
rude qu'il en poussa un cri. Il court en clochant à la porte de sa chambre, la ferme à double
tour et revient sur moi. Je me retranche derrière son lit, il m'allonge à travers le lit des coups
de férule. Je m'entortille dans la couverture, et, m'animant au combat, je m'écrie :
De repente ouço um grito: “Olha o prefeito!” No mesmo instante, me vejo abandonado
por meus amigos, como de costume. Apenas um, chamado Le Gobbien, tentou socorrer-me,
mas foi logo obrigado a desistir de seu generoso empreendimento. o havia senão um meio
de sair de minha desconfortável posição: era preciso estender-me para o lado de fora com as
mãos sobre um dos dentes do garfo e tentar encontrar com os pés o tronco da árvore sob a
bifurcação. Pondo em risco minha vida, executei a manobra. Em meio a esses reveses, não
havia abandonado meu tesouro; deveria, no entanto, tê-lo feito, assim como tantas vezes
depois, em que tive que me desprender de muitas outras coisas. Resvalando pelo tronco,
esfolei as mãos, feri as pernas e o peito e esmaguei os ovos: foi minha perdição. O prefeito
não me tinha visto sobre o olmo; ocultei muito bem meu sangue, mas não houve jeito de
esconder-lhe a evidente cor dourada da qual estava emporcalhado. “Vamos lá, disse-me ele, o
senhor terá o castigo.”
Se este homem tivesse anunciado que comutaria esta pena por uma pena de morte, eu
teria sentido uma grande alegria. A idéia da vergonha não fazia parte de minha educação
selvagem: em todas as fases de minha vida, não existiu suplício maior que o de sentir-me
enrubescer diante de uma criatura viva. Uma indignação dominou meu peito; respondi ao
abade Égault, não com a ênfase de uma criança, mas de um homem, que nem ele nem
ninguém jamais levantaria a mão para mim. Esta resposta o inflamou; chamou-me de rebelde
e prometeu impor-me um castigo exemplar. “Veremos”, repliquei, e me pus a jogar bola com
um sangue-frio que o desconcertou.
Retornamos ao colégio; o regente me fez entrar em sua residência e ordenou que me
submetesse. A exaltação de meus sentimentos cedeu lugar a torrentes de lágrimas. Tentei
fazer lembrar ao abade Égault que ele havia me ensinado o latim; que eu era seu aprendiz, seu
discípulo, seu filho; que ele não gostaria de desonrar seu aluno tornando-lhe intolerável o
olhar de seus companheiros; que ele podia me deixar a pão e água na prisão, me privar das
recreações, em encher de castigos; que eu lhe seria eternamente grato por esta clemência e
que o admiraria ainda mais. Ca seus pés, juntei as mãos e supliquei por Jesus Cristo para
que me poupasse: ele permaneceu surdo diante de meus pedidos. Levantei-me cheio de raiva e
desferi-lhe um chute tão violento nas pernas que lhe fiz soltar um urro. Ele corre coxeando em
direção à porta do quarto para trancá-la com duas voltas e retorna para mim. Protejo-me atrás
da cama; ele atinge-me por cima da cama com golpes de palmatória. Embrulho-me nas
cobertas e, animando-me com o combate, exclamo:
Macte animo, generose puer !
Cette érudition de grimaud fit rire malgré lui mon ennemi ; il parla d'armistice : nous
conclûmes un traité ; je convins de m'en rapporter à l'arbitrage du principal. Sans me donner
gain de cause, le principal me voulut bien soustraire à la punition que j'avais repoussée.
Quand l'excellent prêtre prononça mon acquittement, je baisai la manche de sa robe avec une
telle effusion de coeur et de reconnaissance, qu'il ne se put empêcher de me donner sa
bénédiction. Ainsi se termina le premier combat que me fit rendre cet honneur devenu l'idole
de ma vie et auquel j'ai tant de fois sacrifié repos, plaisir et fortune.
Les vacances où j'entrai dans ma douzième année furent tristes ; l'abbé Leprince
m'accompagna à Combourg. Je ne sortais qu'avec mon précepteur ; nous faisions au hasard de
longues promenades. Il se mourait de la poitrine, il était mélancolique et silencieux ; je n'étais
guère plus gai. Nous marchions des heures entières à la suite l'un de l'autre sans prononcer
une parole. Un jour, nous nous égarâmes dans les bois ; M. Leprince se tourna vers moi et me
dit : « Quel chemin faut-il prendre ? « je répondis sans hésiter : « Le soleil se couche ; il
frappe à présent la fenêtre de la grosse tour : marchons par là. » M. Leprince raconta le soir la
chose à mon père : le futur voyageur se montra dans ce jugement. Maintes fois, en voyant le
soleil se coucher dans les forêts de l'Amérique, je me suis rappelé les bois de Combourg : mes
souvenirs se font écho.
L'abbé Leprince désirait que l'on me donnât un cheval, mais dans les idées de mon
père, un officier de marine ne devait savoir manier que son vaisseau. J'étais réduit à monter à
la dérobée deux grosses juments de carrosse ou un grand cheval pie. La Pie n'était pas, comme
celle de Turenne, un de ces destriers nommés par les Romains desultorios equos, et façonnés
à secourir leur maître ; c'était un Pégase lunatique qui ferrait en trottant, et qui me mordait les
jambes quand je le forçais à sauter des fossés. Je ne me suis jamais beaucoup soucié de
chevaux, quoique j'aie mené la vie d'un Tartare, et contre l'effet que ma première éducation
aurait dû produire, je monte à cheval avec plus d'élégance que de solidité.
Macte animo, generose puer !
103
Esta erudição de um mau aprendiz provocou um riso involuntário em meu inimigo; ele
falou de armistício: concluímos um tratado; concordei em reportar-me à autoridade do diretor.
Sem me dar ganho de causa, desejou subtrair-me da punição a que tanto eu me furtava. Assim
que o magnífico padre pronunciou minha absolvição, eu beijei a manga de suas vestes com tal
efusão de reconhecimento e de afeto que sequer negou-se a me conceder a bênção. Desta
forma, terminou o primeiro combate que fez do sentido de honra o ídolo de minha vida e pelo
qual tantas vezes sacrifiquei repouso, prazer e fortuna.
As férias em que completei doze anos foram tristes; o abade Leprince me acompanhou
a Combourg. Eu saía apenas com meu preceptor; fazíamos longas caminhadas sem destino.
Ele sofria do peito; estava melancólico e silencioso; eu não me achava também muito mais
feliz. Nós caminhávamos horas inteiras, um atrás do outro, sem dizer uma palavra. Um dia
nos perdemos pelos bosques; o senhor Leprince voltou-se para mim e perguntou: “Qual
caminho devemos tomar?”, respondi sem hesitar: “O sol está se pondo; neste momento ele
está batendo à janela da grande torre: seguimos por ali.” À noite, o senhor Leprince contou a
coisa a meu pai: um futuro viajante já se manifestava neste julgamento. Muitas vezes, ao ver o
sol se pôr em meio às florestas da América, lembrei-me dos bosques de Combourg : minhas
lembranças se fazem eco.
Abade Leprince achava que eu devia ganhar um cavalo, mas, para meu pai, um oficial
da marinha necessitava saber manejar unicamente seu barco. Limitava-me a montar às
escondidas duas éguas enormes de coche ou um grande cavalo pigarço. O Pigarço
104
não era
como aquele de Turena, um daqueles corcéis chamados pelos Romanos de desultorios equos,
treinados para socorrer seu dono; era um Pégaso lunático que entrechocava os cascos ao trotar
e que me mordia as pernas quando eu o forçava a saltar os fossos. Nunca me interessei o
bastante por cavalos, ainda que tenha levado a vida de um Tártaro, e, ao contrário do resultado
que minha primeira educação poderia produzir, monto a cavalo com mais elegância do que
solidez.
103
« Coragem, filho nobre ! »
104
Nome do cavalo legendário de Turena.
La fièvre tierce, dont j'avais apporté le germe des marais de Dol, me débarrassa de M.
Leprince. Un marchand d'orviétan passa dans le village ; mon père, qui ne croyait point aux
médecins, croyait aux charlatans : il envoya chercher l'empirique, qui clara me guérir en
vingt-quatre heures. Il revint le lendemain, habit vert galonné d'or, large tignasse poudrée,
grandes manchettes de mousseline sale, faux brillants aux doigts, culotte de satin noir usé, bas
de soie d'un blanc bleuâtre, et souliers avec des boucles énormes.
Il ouvre mes rideaux, me tâte le pouls, me fait tirer la langue, baragouine avec un
accent italien quelques mots sur la nécessité de me purger, et me donne à manger un petit
morceau de caramel. Mon père approuvait l'affaire, car il prétendait que toute maladie venait
d'indigestion, et que pour toute espèce de maux, il fallait purger son homme jusqu'au sang.
Une demi-heure après avoir avalé le caramel, je fus pris de vomissements effroyables ;
on avertit M. de Chateaubriand, qui voulait faire sauter le pauvre diable par la fenêtre de la
tour. Celui-ci, épouvanté, met habit bas retrousse les manches de sa chemise en faisant les
gestes les plus grotesques. A chaque mouvement, sa perruque tournait en tous sens ; il répétait
mes cris et ajoutait après : Che ? monsou Lavandier ? Ce monsieur Lavandier était le
pharmacien du village, qu'on avait appelé au secours. Je ne savais, au milieu de mes douleurs,
si je mourrais des drogues de cet homme ou des éclats de rire qu'il m'arrachait.
On arrêta les effets de cette trop forte dose d'émétique, et je fus remis sur pied. Toute
notre vie se passe à errer autour de notre tombe ; nos diverses maladies sont des souffles qui
nous approchent plus ou moins du port. Le premier mort que j'aie vu, était un chanoine de
Saint-Malo ; il gisait expiré sur son lit, le visage distors par les dernières convulsions. La mort
est belle, elle est notre amie : néanmoins, nous ne la reconnaissons pas, parce qu'elle se
présente à nous masquée et que son masque nous épouvante.
On me renvoya au collège à la fin de l'automne.
Uma febre terçã, cujo germe eu havia trazido dos pântanos de Dol, afastou-me do
senhor Leprince. Passou pela aldeia um curandeiro; meu pai que não acreditava nos médicos,
acreditava nos charlatães: mandou chamar o empírico, que assegurou curar-me em vinte e
quatro horas. Ele voltou no dia seguinte com traje verde galonado a ouro, vasta cabeleira
empoada, grandes punhos de uma musselina sórdida, brilhantes falsos nos dedos, calção puído
de cetim escuro, meias de seda de um branco azulado e sapatos com enormes fivelas.
Ele abre minhas cortinas, me apalpa o pulso, me faz mostrar a língua, balbucia com
um sotaque italiano algumas palavras sobre a necessidade de me purgarem, e me oferece um
pedaço de caramelo. Meu pai aprovava a decisão, pois supunha que toda doença decorria de
indigestão e que, para todos os males, era preciso purgar o homem até em seu sangue.
Meia hora após ter engolido o caramelo, tive mitos horríveis; quando o senhor de
Chateaubriand foi advertido, quis arremessar o pobre diabo pela janela da torre. O homem,
apavorado, começou a despir-se, arregaçou as mangas da camisa e fazia gestos grotescos. A
cada movimento sua peruca revirava-se; ele repetia meus gritos e ainda acrescentava: Che?
Monsou Lavandier?” Este senhor Lavandier era o farmacêutico do lugar a quem haviam
pedido socorro. Eu não sabia mais, em meio a minhas dores, se morreria das drogas daquele
homem ou dos ataques de riso que ele me provocava.
Os efeitos desta forte dose de eméticos passaram, e me recompus. Toda nossa vida
passamos a vagar em torno de nosso túmulo; nossas diversas doenças são sopros que nos
aproximam mais ou menos do porto. O primeiro morto que vi era um cônego de Saint-Malo;
ele jazia inerte sobre a cama, o rosto contorcido pelas últimas convulsões. A morte é bela, é
nossa amiga, todavia, o a reconhecemos, porque ela apresenta-se mascarada e sua máscara
nos apavora.
Mandaram-me de volta para o colégio no fim do outono.
(5)
Vallée-aux-Loups, décembre 1813.
INVASION DE LA FRANCE. – JEUX. –
L’ABBÉ DE CHATEAUBRIAND.
De Dieppe où l'injonction de la police m'avait obligé de me réfugier, on m'a permis de
revenir à la Vallée-aux-Loups, je continue ma narration. La terre tremble sous les pas du
soldat étranger, qui dans ce moment même envahit ma patrie ; j'écris comme les derniers
Romains, au bruit de l'invasion des Barbares. Le jour je trace des pages aussi agitées que les
événements de ce jour; la nuit, tandis que le roulement du canon lointain expire dans mes
bois, je retourne au silence des années qui dorment dans la tombe, à la paix de mes plus
jeunes souvenirs. Que le passé d'un homme est étroit et court, à côté du vaste présent des
peuples et de leur avenir immense !
Les mathématiques, le grec et le latin occupèrent tout mon hiver au collège. Ce qui
n'était pas consacré à l'étude était donné à ces jeux du commencement de la vie, pareils en
tous lieux. Le petit Anglais, le petit Allemand, le petit Italien, le petit Espagnol, le petit
Iroquois, le petit Bédouin roulent le cerceau et lancent la balle. Frères d'une grande famille,
les enfants ne perdent leurs traits de ressemblance qu'en perdant l'innocence, la même partout.
Alors les passions modifiées par les climats, les gouvernements et les moeurs font les nations
diverses ; le genre humain cesse de s'entendre et de parler le même langage : c'est la société
qui est la véritable tour de Babel.
Capítulo 5
Vallée-aux-Loups, dezembro de 1813.
Invasão da França. – Jogos. – Abade de Chateaubriand.
De Dieppe, onde me havia refugiado por determinação da polícia, pude retornar a
Vallée-aux-Loups, onde continuo minha narração. A terra treme sob os passos do soldado
estrangeiro, que neste mesmo instante invade minha pátria; escrevo como os últimos romanos,
sob o rumor da invasão dos Bárbaros. Durante o dia traço páginas tão agitadas quanto os
acontecimentos deste dia
105
; à noite, quando os estrondos dos canhões se interrompem em
minhas florestas, eu retorno ao silêncio dos anos que adormecem na tumba, sob a paz de
minhas mais jovens lembranças. Como é estreito e breve o passado de um homem diante do
vasto presente dos povos e de seu futuro imenso!
A matemática, o grego e o latim ocuparam todo meu inverno no colégio. O tempo em
que não me dedicava aos estudos era aplicado a estes jogos do início da vida, semelhantes em
todos os lugares. O menino inglês, o menino alemão, o menino italiano, o menino espanhol, o
menino iroquês, o menino beduíno rodam o arco, jogam bola. Irmãs de uma grande família, as
crianças perdem seus traços de similitude somente ao perder a inocência, a mesma em toda
parte. Então paixões modificadas pelos climas, pelos governos e pelos costumes criam as
diversas nações; o gênero humano cessa de se ouvir e de falar a mesma linguagem: a
sociedade é a verdadeira torre de Babel.
105
N.A.De Bonaparte e dos Bourbons. (Nota de Genebra, 1831).
Un matin, j'étais très animé à une partie de barres dans la grande cour du collège ; on
me vint dire qu'on me demandait. Je suivis le domestique à la porte extérieure. Je trouve un
gros homme, rouge de visage, les manières brusques et impatientes, le ton farouche ; ayant un
bâton à la main, portant une perruque noire mal frisée, une soutane déchirée retroussée dans
ses poches, des souliers poudreux des bas percés au talon : « Petit polisson, « me dit-il,
« n'êtes-vous pas le chevalier de Chateaubriand de Combourg ? - Oui, monsieur », répondis-je
tout étourdi de l'apostrophe. « - Et moi, « reprit-il presque écumant, » je suis le dernier aîné de
votre famille, je suis l'abbé de Chateaubriand de la Guérande : regardez-moi bien. « Le fier
abbé met la main dans le gousset d'une vieille culotte de panne, prend un écu de six francs
moisi, enveloppé dans un papier crasseux, me le jette au nez et continue à pied son voyage en
marmottant ses matines d'un air furibond. J'ai su depuis que le prince de Condé avait fait offrir
à ce hobereau-vicaire le préceptorat du duc de Bourbon. Le prêtre outrecuidé répondit que le
prince, possesseur de la baronnie de Chateaubriand, devait savoir que les héritiers de cette
baronnie pouvaient avoir des précepteurs, mais n'étaient les précepteurs de personne. Cette
hauteur était le faut de ma famille ; elle était odieuse dans mon père ; mon frère la poussait
jusqu'au ridicule ; elle a un peu passé à son fils aîné. - Je ne suis pas bien sûr, malgré mes
inclinations républicaines de m'en être complètement affranchi, bien que je l'aie
soigneusement cachée.
(6)
PREMIÉRE COMMUNION. – JE QUITTE LE COLLÈGE DE DOL.
L'époque de ma première communion approchait, moment l'on décidait dans la
famille de l'état futur de l'enfant. Cette cérémonie religieuse remplaçait parmi les jeunes
chrétiens la prise de la robe virile chez les Romains. Madame de Chateaubriand était venue
assister à la première communion d'un fils qui, après s'être uni à son Dieu, allait se séparer de
sa mère.
Certa manhã, estava eu animado em uma partida de barra no pátio grande do colégio;
vieram dizer-me que alguém me procurava. Segui o empregado à porta externa. Avisto um
homem gordo, de cara vermelha, de modos bruscos e impacientes, de ares selvagens, tendo à
mão uma bengala, usando uma peruca negra mal encrespada, uma sotaina rasgada e
arregaçada nos bolsos, sapatos empoeirados, meias furadas nos calcanhares: “Menino
pilantra, disse-me ele, você não é o cavaleiro de Chateaubriand de Combourg? Sim,
senhor”, respondi-lhe, espantado com a súbita abordagem. “- E eu,” retomou quase
espumando, “ sou o último primogênito de sua família, eu sou o abade de Chateaubriand de la
Guérande; olhe-me bem.” O orgulhoso abade mete a mão no bolsinho de uma calça velha de
pelúcia, tira uma peça de seis francos, envolta num papel encardido, joga-me o dinheiro à cara
e continua sua viagem à pé, murmurando suas matinas com ar furibundo. Soube depois que o
príncipe de Condé havia oferecido a este fidalgote-vigário de província o preceptorado do
duque de Bourbon. Este padre presunçoso respondeu que o príncipe, possuidor da baronia de
Chateaubriand deveria saber que os herdeiros desta baronia podiam possuir preceptores, mas
que não eram eles preceptores de ninguém. Esta altivez era o defeito de minha família; ela era
odiosa em meu pai; meu irmão a levava ao ridículo; ela foi passada um pouco a seu filho mais
velho. Eu não tenho muita certeza, apesar de minhas inclinações republicanas, de tê-la
superado completamente, ainda que a tenha cuidadosamente ocultado.
Capítulo 6
Primeira comunhão. – Deixo o colégio de Dol.
A época de minha primeira comunhão aproximava-se, era o momento em que se
decidia, na família, o futuro do filho. Essa cerimônia religiosa equivalia, para os jovens
cristãos, ao momento da conquista da toga viril para os romanos. A senhora de Chateaubriand
tinha vindo assistir à primeira comunhão de um filho que, após unir-se a seu Deus, iria
separar-se da mãe.
Ma piété paraissait sincère ; j'édifiais tout le collège : mes regards étaient ardents ; mes
abstinences répétées allaient jusqu'à donner de l'inquiétude à mes maîtres ; on craignait l'excès
de ma dévotion ; une religion éclairée cherchait à tempérer ma ferveur.
J'avais pour confesseur le supérieur du séminaire des Eudistes homme de cinquante
ans, d'un aspect rigide. Toutes les fois que je me présentais au tribunal de la pénitence, il
m'interrogeait avec anxiété. Surpris de la légèreté de mes fautes, il ne savait comment
accorder mon trouble avec le peu d'importance des secrets que je déposais dans son sein. Plus
le jour de Pâques s'avoisinait, plus les questions du religieux étaient pressantes. « Ne me
cachez-vous rien ? « me disait-il. Je répondais : « Non, mon père. - N'avez-vous pas fait telle
faute ? - Non, mon père. « Et toujours : « Non, mon père. » Il me renvoyait en doutant, en
soupirant, en me regardant jusqu'au fond de l'âme, et moi, je sortais de sa présence, pâle et
défiguré comme un criminel.
Je devais recevoir l'absolution le mercredi saint. Je passai la nuit du mardi au mercredi
en prières, et à lire avec terreur, le livre des Confessions mal faites. Le mercredi, à trois heures
de l'après-midi, nous partîmes pour le séminaire ; nos parents nous accompagnaient. Tout le
vain bruit qui s'est depuis attaché à mon nom, n'aurait pas donné à madame de Chateaubriand
un seul instant de l'orgueil qu'elle éprouvait comme chrétienne et comme mère, en voyant son
fils prêt à participer au grand mystère de la religion.
En arrivant à l'église, je me prosternai devant le sanctuaire et j'y restai comme anéanti.
Lorsque je me levai pour me rendre à la sacristie m'attendait le supérieur, mes genoux
tremblaient sous moi. Je me jetai aux pieds du prêtre ; ce ne fut que de la voix la plus altérée
que je parvins à prononcer mon Confiteor. « Eh bien, n'avez-vous rien oublié ? » me dit
l'homme de Jésus-Christ. Je demeurai muet. Ses questions recommencèrent, et le fatal non,
mon père, sortit de ma bouche. Il se recueillit, il demanda des conseils à Celui qui conféra aux
apôtres le pouvoir de lier et de délier les âmes. Alors, faisant un effort, il se prépare à me
donner l'absolution.
La foudre que le ciel eût lancée sur moi, m'aurait causé moins d'épouvante je m'écriai :
« Je n'ai pas tout dit ! » Ce redoutable juge, ce délégué du souverain Arbitre, dont le visage
m'inspirait tant de crainte, devient le pasteur le plus tendre ; il m'embrasse et fond en larmes :
« Allons, me dit-il mon cher fils, du courage ! »
Minha devoção parecia sincera; eu enlevava a todos no colégio: meus olhares eram
ardentes; minhas abstinências insistentes chegavam a provocar apreensão em meus mestres;
temiam os excessos de minha devoção; uma religiosidade instruída temperava meu fervor.
Eu tinha por confessor o superior do seminário dos eudistas, homem de cinqüenta
anos, de aspecto severo. Todas as vezes que me apresentava para o tribunal da penitência, ele
interrogava-me com aflição. Surpreso com a superficialidade de minhas faltas, não sabia
como associar minha perturbação com a insignificância dos segredos que eu lhe entregava.
Quanto mais próximo o dia de Páscoa, mais contundentes se faziam as perguntas do religioso.
“Você não me esconde nada?” dizia-me ele. Eu respondia: “Não, meu padre Você não
cometeu aquele pecado? Não, meu padre.” E sempre: “Não, meu padre.” Mandava-me
embora meio reticente, suspirando e observando-me até o fundo da alma, e eu deixava sua
presença, pálido e desfigurado como um criminoso.
Iria receber a absolvição na Quarta-Feira Santa. Passei a noite de terça para quarta-
feira a orar e a ler, com terror, o livro das Confissões Mal Feitas. Na quarta, às três horas da
tarde, partimos para o seminário; nossos pais nos acompanhavam. Todo o rumor inútil que
mais tarde ligou-se a meu nome não daria o único instante de orgulho que a senhora de
Chateaubriand havia sentido, como cristã e como mãe, vendo seu filho disposto a participar
do grande mistério da religião.
Chegando à igreja, prosternei-me diante do santuário e permaneci, acabrunhado.
Quando me levantei para ir à sacristia onde o superior me esperava, senti que meus joelhos
tremiam. Eu me joguei aos pés do padre. Com a voz profundamente alterada consegui
pronunciar meu Confiteor. “E, então, não está esquecendo de nada?me diz o homem de
Jesus Cristo. Fiquei mudo. Suas perguntas recomeçaram, e saiu de minha boca o fatal não,
meu pai. Ele se recolheu e pediu conselhos Àquele que conferira aos apóstolos o poder de unir
e de desunir as almas. Fazendo, então, um esforço ele prepara-se para dar-me a absolvição.
Um raio que o céu tivesse lançado sobre mim, me teria causado menos terror, e eu
gritei: “Não disse tudo!” O terrível juiz, este delegado do soberano Árbitro, cujo rosto me
inspirava tanto receio, tornou-se o mais terno pastor; ele me abraçou e se desfez em lágrimas:
“Vamos, diz ele, tenha coragem, meu filho!”
Je n'aurai jamais un tel moment dans ma vie. Si l'on m'avait débarrassé du poids d'une
montagne, on ne m'eût pas plus soulagé : je sanglotais de bonheur. J'ose dire que c'est de ce
jour que j'ai été créé honnête homme ; je sentis que je ne survivrais jamais à un remords : quel
doit donc être celui du crime, si j'ai pu tant souffrir pour avoir tu les faiblesses d'un enfant !
Mais combien elle est divine cette religion qui se peut emparer ainsi de nos bonnes facultés !
Quels préceptes de morale suppléeront jamais à ces institutions chrétiennes ?
Le premier aveu fait, rien ne me coûta plus : mes puérilités cachées, et qui auraient fait
rire le monde, furent pesées au poids de la religion. Le supérieur se trouva fort embarrassé ; il
aurait voulu retarder ma communion, mais j'allais quitter le collège de Dol et bientôt entrer au
service dans la marine. Il découvrit avec une grande sagacité, dans le caractère même de mes
juvéniles, tout insignifiantes qu'elles étaient, la nature de mes penchants ; c'est le premier
homme qui ait pénétré le secret de ce que je pouvais être. Il devina mes futures passions ; il ne
me cacha pas ce qu'il croyait voir de bon en moi, mais il me prédit aussi mes maux à venir.
« Enfin, » ajouta-t-il « le temps manque à votre nitence ; mais vous êtes lavé de vos péchés
par un aveu courageux, quoique tardif. » Il prononça, en levant la main, la formule de
l'absolution. Cette seconde fois, ce bras foudroyant ne fit descendre sur ma tête que la rosée
céleste ; j'inclinai mon front pour la recevoir ; ce que je sentais participait de la félicité des
anges. Je m'allai précipiter dans le sein de ma mère qui m'attendait au pied de l'autel. Je ne
parus plus le même à mes maîtres et à mes camarades ; je marchais d'un pas léger, la tête
haute, l'air radieux, dans tout le triomphe du repentir.
Le lendemain, Jeudi-Saint, je fus admis à cette cérémonie touchante et sublime dont
j'ai vainement essayé de tracer le tableau dans le Génie du Christianisme . J'y aurais pu
retrouver mes petites humiliations accoutumées : mon bouquet et mes habits étaient moins
beaux que ceux de mes compagnons ; mais ce jour-là, tout fut à Dieu et pour Dieu. Je sais
parfaitement ce que c'est que la Foi : la présence réelle de la victime dans le saint sacrement
de l'autel m'était aussi sensible que la présence de ma mère à mes côtés. Quand l'hostie fut
déposée sur mes lèvres je me sentis comme tout éclairé en dedans. Je tremblais de respect, et
la seule chose matérielle qui m'occupât était la crainte de profaner le pain sacré.
Nunca vou ter na vida um momento igual a este. Se me tivessem livrado do peso de
uma montanha, não haveria de ficar mais aliviado: soluçava de felicidade. Ouso dizer que foi
neste dia que me fiz um homem honesto; senti que jamais poderia sobreviver a um remorso:
como, pois, não deveria ser o de um criminoso, se fui capaz de sofrer tanto por calar as
fraquezas de um menino! Mas como é divina esta religião que pode apoderar-se assim de
nossas melhores faculdades! Quais preceitos de moral poderão algum dia substituir os destas
instituições cristãs?
Feita a primeira confissão, nada mais me foi penoso: minhas puerilidades ocultas, e
que fariam o mundo rir, foram pesadas na balança da religião. O superior ficou muito
embaraçado; teria desejado retardar minha comunhão, mas eu ia deixar o colégio de Dol e
entrar em breve para o serviço da marinha. Com grande sagacidade, ele descobria, na natureza
de minhas juveniles
106
, por mais insignificantes que estas fossem, a essência de minhas
inclinações; foi o primeiro homem que penetrou o segredo daquilo que eu poderia ser. Ele
adivinhou minhas futuras paixões; não escondeu o que supunha ver de bom em mim, mas
pressagiou igualmente meus males futuros. “Enfim, acrescentou, falta tempo para sua
penitência; mas volavou-se dos pecados por uma confissão corajosa, ainda que tardia.”
Pronunciou, levantando a mão, a fórmula da absolvição. Nesta segunda vez, o braço,
fulminante, fez descer apenas a rosa celeste sobre minha cabeça; eu inclinei minha fronte para
recebê-la; o que experimentava correspondia ao júbilo dos anjos. Precipitei-me para os braços
de minha mãe, que me esperava no do altar. Não parecia mais o mesmo a meus amigos e
mestres; eu andava com passos leves, cabeça erguida, ar radiante, sob o triunfo completo do
arrependimento.
No dia seguinte, na Quinta-feira Santa, fui admitido na comovente e sublime
cerimônia, cuja pintura tentei em vão esboçar em o Gênio do Cristianismo. Poderia ter
encontrado minhas costumeiras humilhações: meu buquê e meus trajes não eram tão belos
quanto os de meus companheiros; mas neste dia tudo era de Deus e para Deus. Sei
perfeitamente o que é a Fé: a presença real da vítima
107
no Santo Sacramento do altar me era
tão perceptível quanto a presença de minha mãe a meu lado. Quando a hóstia foi posta em
meus lábios, senti-me iluminar por dentro. Estremecia de respeito, e a única coisa material de
que me ocupava era o temor de profanar o pão sagrado.
106
N.T. Refere-se aos pecados de juventude.
107
O corpo de Cristo.
Le pain que je vous propose
Sert aux anges d'aliment,
Dieu lui-même le compose
De la fleur de son froment.
Racine.
Je conçus encore le courage des martyrs ; j'aurais pu dans ce moment confesser le
Christ sur le chevalet ou au milieu des lions.
J'aime à rappeler ces félicités qui précédèrent de peu d'instants dans mon âme les
tribulations du monde. En comparant ces ardeurs aux transports que je vais peindre ; en
voyant le même coeur éprouver dans l'intervalle de trois ou quatre années, tout ce que
l'innocence et la religion ont de plus doux et de plus salutaire, et tout ce que les passions ont
de plus séduisant et de plus funeste on choisira des deux joies ; on verra de quel côté il faut
chercher le bonheur et surtout le repos.
Trois semaines après ma première communion, je quittai le collège de Dol. Il me reste
de cette maison un agréable souvenir : notre enfance laisse quelque chose d'elle-même aux
lieux embellis par elle, comme une fleur communique son parfum aux objets qu'elle a
touchés. Je m'attendris encore aujourd'hui en songeant à la dispersion de mes premiers
camarades et de mes premiers maîtres. L'abbé Leprince, nommé à un bénéfice auprès de
Rouen, vécut peu ; l'abbé Egault obtint une cure dans le diocèse de Rennes, et j'ai vu mourir le
bon principal, l'abbé Porcher, au commencement de la Révolution : il était instruit, doux et
simple de coeur. La mémoire de cet obscur Rollin me sera toujours chère et vénérable.
Le pain que je vous propose
Sert aux anges d'aliment,
Dieu lui-même le compose
De la fleur de son froment.
108
RACINE.
Compreendi ainda mais a coragem dos mártires; neste momento eu poderia ter
proclamado minha fé em Cristo sobre o cavalete ou em meio aos leões.
Apraz-me lembrar estas felicidades de minha alma que antecederam um tanto as
atribulações do mundo. Comparando estes ardores com as exaltações que vou descrever;
vendo o mesmo coração experimentar, no intervalo de três ou quatro anos, tudo o que a
inocência e a religião têm de mais terno e salutar, e tudo o que as paixões têm de mais sedutor
e de mais funesto, de se escolher uma das duas alegrias; veremos de que lado se deve
procurar a felicidade e, sobretudo, o repouso.
Três semanas depois de minha primeira comunhão, abandonei o colégio de Dol.
Ficou-me uma agradável lembrança desta casa: nossa infância deixa alguma coisa dela mesma
nos lugares que embeleza, assim como uma flor transmite seu perfume aos objetos que toca.
Enterneço-me ainda hoje ao lembrar o afastamento de meus primeiros amigos e de meus
primeiros mestres. O abade Leprince, nomeado para um benefício nas proximidades de
Rouen, viveu pouco; o abade Égault obteve uma cura na diocese de Rennes, e vi morrer o
bom diretor, abade Porcher, no início da Revolução: ele era instruído, afável e simples de
coração. A memória daquele obscuro Rollin me será sempre cara e venerável.
108
Cantigas Espirituais: “O pão que vos proponho serve aos anjos de alimento, Deus o fez ele mesmo da flor de
seu frumento.”
(7)
Vallée-aux-Loups, fin de décembre 1813.
MISSION Á COMBOURG. – COLLÉGE DE RENNES. –
JE RETROUVE GESRIL. – MOREAU. – LIMOELAN. –
MARIAGE DE MA TROISIÈME SOEUR.
Je trouvai à Combourg de quoi nourrir ma piété, une mission ; j'en suivis les exercices.
Je reçus la confirmation sur le perron du manoir, avec les paysans et les paysannes, de la main
de l'évêque de Saint-Malo. Après cela, on érigea une croix ; j'aidai à la soutenir, tandis qu'on
la fixait sur sa base. Elle existe encore : elle s'élève devant la tour est mort mon père.
Depuis trente années elle n'a vu paraître personne aux fenêtres de cette tour ; elle n'est plus
saluée des enfants du château ; chaque printemps elle les attend en vain ; elle ne voit revenir
que les hirondelles, compagnes de mon enfance, plus fidèles à leur nid que l'homme à sa
maison. Heureux si ma vie s'était écoulée au pied de la croix de la mission, si mes cheveux
n'eussent été blanchis que par le temps qui a couvert de mousse les branches de cette croix !
Je ne tardai pas à partir pour Rennes : j'y devais continuer mes études et clore mon
cours de mathématiques, afin de subir ensuite à Brest l'examen de garde-marine.
M. de Fayolle était principal du collège de Rennes. On comptait dans ce Juilly de la
Bretagne trois professeurs distingués, l'abbé de Chateaugiron pour la seconde, l'abbé Germé
pour la rhétorique, l'abbé Marchand pour la physique. Le pensionnat et les externes étaient
nombreux, les classes fortes. Dans les derniers temps, Geoffroy et Ginguené, sortis de ce
collège, auraient fait honneur à Sainte-Barbe et au Plessis. Le chevalier de Parny avait aussi
étudié à Rennes ; j'héritai de son lit dans la chambre qui me fut assignée.
Rennes me semblait une Babylone, le collège un monde. La multitude des maîtres et
des écoliers, la grandeur des bâtiments, du jardin et des cours, me paraissaient démesurées : je
m'y habituai cependant. A la fête du Principal, nous avions des jours de congé ; nous
chantions à tue-tête à sa louange de superbes couplets de notre façon, où nous disions :
Capítulo 7
Vallée-aux-Loups, fim de dezembro de 1813.
Missão em Combourg. – Colégio de Rennes. – Reencontro Gesril. – Moreau. – Limoëlan. –
Casamento de minha terceira irmã.
Em Combourg achei com o que alimentar minha religiosidade, uma missão; segui os
exercícios. Recebi a confirmação nas escadarias do solar senhorial, junto com os camponeses
e camponesas, das mãos do bispo de Saint-Malo. Depois disso, uma cruz foi erguida; eu
ajudei a segurá-la enquanto fixavam sua base. Ela ainda existe: está erguida diante da torre em
que meu pai morreu. trinta anos ela não vê ninguém aparecer às janelas desta torre; não é
mais saudada pelas crianças do castelo; ela as espera em vão a cada primavera; apenas o
retorno das andorinhas, companheiras de minha infância, mais fiéis a seus ninhos do que o
homem à sua casa. Feliz teria sido se minha vida tivesse transcorrido aos pés da cruz nesta
missão, se meus cabelos tivessem embranquecido apenas pelo tempo que fez cobrir de musgo
os braços desta cruz!
Não tardei em partir para Rennes. Deveria continuar meus estudos e concluir meu
curso de matemática a fim de me submeter, depois, ao exame de guarda-marinha em Brest.
O senhor de Fayolle era o diretor do colégio de Rennes. Este Juilly
109
de Bretanha
contava com três professores distintos: o abade de Chateaugiron para o segundo ano, o abade
Germé para a retórica, o abade Marchand para a física. Os internos e os externos eram
numerosos, as aulas eram difíceis. Nos últimos tempos, Geoffroy e Ginguené, saídos deste
colégio, honraram Sainte-Barbe e Plessis. O cavaleiro de Parny também havia estudado em
Rennes; herdei sua cama no quarto que me foi designado.
Rennes pareceu-me uma Babilônia; o colégio, um mundo. A multidão de professores e
de alunos, a imponência das construções, do jardim e dos pátios me pareceram desmesuradas:
no entanto, acabei me acostumando. Na festa santa do diretor, tínhamos dias de feriado;
cantávamos aos gritos em seu louvor soberbas cantigas de nossa lavra, em que dizíamos:
109
N.T. Colégio de Juilly.
O Terpsichore, ô Polymnie,
Venez, venez remplir nos voeux ;
La raison même vous convie.
Je pris sur mes nouveaux camarades l'ascendant que j'avais eu à Dol sur mes anciens
compagnons : il m'en coûta quelques horions. Les babouins bretons sont d'une humeur
hargneuse ; on s'envoyait des cartels pour les jours de promenade, dans les bosquets du jardin
des Bénédictins, appelé le Thabor : nous nous servions de compas de mathématiques attachés
au bout d'une canne, ou nous en venions à une lutte corps à corps plus ou moins félonne ou
courtoise, selon la gravité du défi. Il y avait des juges du camp qui décidaient s'il échéait gage,
et de quelle manière les champions mèneraient des mains. Le combat ne cessait que quand
une des deux parties s'avouait vaincue. Je retrouvai au collège mon ami Gesril, qui présidait
comme à Saint-Malo, à ces engagements. Il voulait être mon second dans une affaire que j'eus
avec Saint-Riveul, jeune gentilhomme qui devint la première victime de la Révolution. Je
tombai sous mon adversaire, refusai de me rendre et payai cher ma superbe. Je disais, comme
Jean Desmarest allant à l'échafaud : « Je ne crie merci qu'à Dieu. »
Je rencontrai à ce collège deux hommes devenus depuis différemment célèbres :
Moreau le général, et Limoëlan, auteur de la machine infernale, aujourd'hui prêtre en
Amérique. Il n'existe qu'un portrait de Lucile, et cette méchante miniature a été faite par
Limoëlan, devenu peintre pendant les détresses révolutionnaires. Moreau était externe,
Limoëlan pensionnaire. On a rarement trouvé à la même époque, dans une même province,
dans une même petite ville, dans une même maison d'éducation, des destinées aussi
singulières. Je ne puis m'empêcher de raconter un tour d'écolier que joua au préfet de semaine
mon camarade Limoëlan.
O Terpsichore, ô Polymnie,
Venez, venez remplir nos voeux ;
La raison même vous convie.
110
Adquiri sobre meus novos companheiros a mesma ascendência que havia exercido
sobre meus antigos camaradas em Dol: isso me custou alguns sopapos. Esses pequenos
babuínos bretões eram de temperamento difícil; lançavam-se desafios para os dias de passeios
nos arvoredos do jardim dos Beneditinos, chamado de o Thabor: utilizávamos o compasso de
matemática fixado à ponta de uma vara, ou nos precipitávamos em uma luta corpo-a-corpo
mais ou menos cortês ou desleal, conforme a gravidade do desafio. Havia juízes de campo que
decidiam sobre as prendas a pagar e sobre o modo pelo qual os campeões manejariam as
mãos. O combate terminava somente quando uma das duas partes se dava por vencida.
Reencontrei no colégio meu amigo Gesril, que presidia, assim como em Saint-Malo, a todos
esses jogos. Quis ser meu padrinho num enfrentamento que tive com Saint-Riveul, jovem
nobre e primeira vítima da Revolução. Sucumbi a meu adversário, mas não quis render-me e
paguei caro minha soberba. Eu dizia, assim como Jean Desmarest, indo para o cadafalso:
“Peço misericórdia só a Deus.”
Encontrei neste colégio dois homens que, por razões distintas, se tornaram célebres:
Moreau, o general, e Limoëlan, o autor da máquina infernal, hoje padre na América. Existe
hoje apenas um retrato de Lucile, e esta horrenda miniatura foi feita por Limoëlan, que virou
pintor durante os conflitos revolucionários. Moreau era externo, Limoëlan, interno.
Raramente, numa mesma época, numa mesma província, numa mesma pequena cidade, num
mesmo estabelecimento de educação, foram vistos destinos tão singulares. Não posso deixar
de contar uma peça que meu camarada Limoëlan pregou no prefeito da semana.
110
Ô Terpsicore, ô Polimnia, venha, venha, satisfazer nossos desejos; é a própria razão que lhes convida.
Le préfet avait coutume de faire sa ronde dans les corridors, après la retraite, pour voir
si tout était bien : il regardait à cet effet par un trou pratiqué dans chaque porte. Limoëlan,
Gesril, Saint-Riveul et moi nous couchions dans la même chambre :
D'animaux malfaisants c'était un fort bon plat.
Vainement avions-nous plusieurs fois bouché le trou avec du papier ; le préfet poussait
le papier et nous surprenait sautant sur nos lits et cassant nos chaises.
Un soir Limoëlan, sans nous communiquer son projet nous engage à nous coucher et à
éteindre la lumière. Bientôt nous l'entendons se lever, aller à la porte, et puis se remettre au lit.
Un quart d'heure après, voici venir le préfet sur la pointe du pied. Comme avec raison nous lui
étions suspects, il s'arrête à notre porte, écoute, regarde, n'aperçoit point de lumière.
« Qui est-ce qui a fait cela ? » s'écrie-t-il en se précipitant dans la chambre. Limoëlan
d'étouffer de rire et Gesril de dire en nasillant, avec son air moitié niais, moitié goguenard :
« Qu'est-ce donc, monsieur le préfet ? » Voilà Saint-Riveul et moi à rire comme Limoëlan et à
nous cacher sous nos couvertures.
On ne put rien tirer de nous : nous fûmes héroïques. Nous fûmes mis tous quatre en
prison au caveau : Saint-Riveul fouilla la terre sous une porte qui communiquait à la basse-
cour ; il engagea sa tête dans cette taupinière, un porc accourut et lui pensa manger la cervelle
; Gesril se glissa dans les caves du collège et mit couler un tonneau de vin. Limoëlan démolit
un mur et moi, nouveau Perrin Dandin, grimpant dans un soupirail, j'ameutai la canaille de la
rue par mes harangues. Le terrible auteur de la machine infernale, jouant cette niche de
polisson à un préfet de collège, rappelle en petit Cromwell barbouillant d'encre la figure d'un
autre régicide, qui signait après lui l'arrêt de mort de Charles Ier.
Após nos recolhermos, o prefeito costumava fazer sua ronda pelos corredores para ver
se tudo estava em ordem: para isso, examinava através de um buraco feito em todas as portas.
Limoëlan, Gesril, Saint-Riveul e eu dormíamos no mesmo quarto:
D’animaux malfaisants c’était un fort bon plat.
111
Tentamos, muitas vezes, em vão, tapar o buraco com papel; o prefeito empurrava o
papel e nos surpreendia saltando sobre as camas e quebrando as cadeiras.
Uma noite, sem nos comunicar seu projeto, Limoëlan nos instigou a deitar e a apagar
as luzes. Pouco depois, nós o ouvimos levantar-se, ir à porta e retornar, em seguida, à cama.
Passados quinze minutos, eis que o prefeito aproxima-se na ponta dos pés. E como, por bons
motivos, nós lhe éramos suspeitos, ele pára diante de nossa porta, escuta, olha e não percebe
luz.
“Quem fez isso?”, grita ele, precipitando-se para dentro do quarto. Limoëlan afogava-
se de rir e Gesril dizia, com voz fanha, com ar meio abestalhado e meio galhofeiro: “Mas o
que houve, senhor prefeito?” Como Limoëlan, Saint-Riveul e eu nos púnhamos a rir,
escondendo-nos sob os cobertores.
Não conseguiram nos arrancar nada : fomos heróicos. Fomos todos os quatro presos
na cripta: Saint-Riveul escavou a terra sob a porta que se comunicava com o curral; meteu a
cabeça nesse montículo, e um porco arremeteu querendo devorar-lhe o cérebro; Gesril
percorreu as adegas da escola esvaziando um tonel de vinho; Limoëlan demoliu uma parede, e
eu, um novo Perrin Dandin,
112
escalando pelo respiradouro, exortava a gentalha da rua com
minhas arengas. O terrível autor da máquina infernal, fazendo essas molecagens a um prefeito
de colégio, lembra o pequeno Cromwell, borrando de tinta a cara de um outro regicida, que
assinava depois dele a sentença de morte de Carlos I.
111
« Era uma boa porção de animais cruéis », La Fontaine, Fables : « Le singe et le chat ».
112
Juiz burlesco de Plaideurs, de Racine.
Quoique l'éducation fût très religieuse au collège de Rennes, ma ferveur se ralentit : le
grand nombre de mes maîtres et de mes camarades multipliait les occasions de distraction.
J'avançai dans l'étude des langues ; je devins fort en mathématiques, pour lesquelles j'ai
toujours eu un penchant décidé : j'aurais fait un bon officier de marine ou de génie. En tout
j'étais né avec des dispositions faciles : sensible aux choses sérieuses comme aux choses
agréables, j'ai commencé par la poésie, avant d'en venir à la prose, les arts me transportaient ;
j'ai passionnément aimé la musique et l'architecture. Quoique prompt à m'ennuyer de tout,
j'étais capable des plus petits détails ; étant doué d'une patience à toute épreuve, quoique
fatigué de l'objet qui m'occupait, mon obstination était plus forte que mon dégoût. Je n'ai
jamais abandonné une affaire quand elle a valu la peine d'être achevée ; il y a telle chose que
j'ai poursuivie quinze et vingt ans de ma vie, aussi plein d'ardeur le dernier jour que le
premier.
Cette souplesse de mon intelligence se retrouvait dans les choses secondaires. J'étais
habile aux échecs, adroit au billard à la chasse, au maniement des armes ; je dessinais
passablement ; j'aurais bien chanté, si l'on eût pris soin de ma voix. Tout cela, joint au genre
de mon éducation, à une vie de soldat et de voyageur, fait que je n'ai point senti mon pédant,
que je n'ai jamais eu l'air hébété ou suffisant, la gaucherie, les habitudes crasseuses des
hommes de lettres d'autrefois, encore moins la morgue et l'assurance, l'envie et la vanité
fanfaronne des nouveaux auteurs.
Je passai deux ans au collège de Rennes ; Gesril le quitta dix-huit mois avant moi. Il
entra dans la marine. Julie, ma troisième soeur, se maria dans le cours de ces deux années :
elle épousa le comte de Farcy, capitaine au régiment de Condé, et s'établit avec son mari à
Fougères, déjà habitaient mes deux soeurs aînées, mesdames de Marigny et de Québriac.
Le mariage de Julie eut lieu à Combourg, et j'assistai à la noce. J'y rencontrai cette comtesse
de Tronjoli qui se fit remarquer par son intrépidité à l'échafaud : cousine et intime amie du
marquis de La Rouërie, elle fut mêlée à sa conspiration.
Ainda que a educação no colégio de Rennes fosse bastante religiosa, meu fervor
arrefecia: o grande número de professores e de colegas multiplicava as oportunidades de
distração. Progredi nos estudos de línguas; tornei-me mais forte em matemática, para a qual
sempre tive uma decidida inclinação: teria dado um bom oficial de marinha ou de engenharia.
Havia nascido com fáceis disposições para tudo: sensível tanto para as coisas sérias como
para as coisas agradáveis, comecei pela poesia antes de me dedicar à prosa; as artes me
arrebatavam; apaixonei-me pela musica e pela arquitetura. Mesmo estando prestes a
aborrecer-me de tudo, permanecia atento aos menores detalhes; dotado de uma paciência a
toda prova, ainda que cansado do objeto de que me ocupava, minha obstinação conservava-se
mais forte do que minha repulsa. Nunca abandonei tarefa que valesse a pena ser cumprida;
coisas que persegui por quinze ou vinte anos, mantendo, no último dia, o mesmo entusiasmo
que no primeiro.
Esta vivacidade de minha inteligência encontrava-se também nas coisas secundárias.
Eu era hábil no xadrez, desenvolto no bilhar, na caça, no manejo das armas; desenhava
razoavelmente; teria cantado bem se me tivessem educado a voz. Tudo isso somado ao tipo de
educação que recebi, à minha vida de soldado e de viajante, fez com que não me tivesse
tornado pedante, ou que apresentasse um aspecto abestalhado ou presunçoso, o acanhamento,
os costumes torpes dos homens de letras de outros tempos, e menos ainda a insolência e a
segurança, a inveja e a vaidade bravateira dos novos autores.
Passei dois anos no colégio de Rennes ; Gesril o deixou dezoito meses antes de mim.
Ele entrou para a marinha. Julie, minha terceira irmã, casou-se no curso destes dois anos: ela
desposou o conde de Farcy, capitão do regimento de Condé, e se estabeleceu com o marido
em Fougères, onde residiam as minhas duas irmãs mais velhas, as senhoras de Marigny e
de Québriac. O matrimônio de Julie foi celebrado em Combourg, eu assisti à cerimônia. Vi a
tal condessa de Tronjoli, que se notabilizou pela ousadia diante do cadafalso: prima e amiga
íntima do marquês de La Rouërie, acabou envolvida em sua conspiração.
Je n'avais encore vu la beauté qu'au milieu de ma famille ; je restai confondu en
l'apercevant sur le visage d'une femme étrangère. Chaque pas dans la vie m'ouvrait une
nouvelle perspective ; j'entendais la voix lointaine et séduisante des passions qui venaient à
moi ; je me précipitais au-devant de ces sirènes, attiré par une harmonie inconnue. Il se trouva
que, comme le grand prêtre d'Eleusis, j'avais des encens divers pour chaque divinité. Mais les
hymnes que je chantais, en brûlant ces encens pouvaient-ils s'appeler baumes, ainsi que les
poésies de l'hiérophante ?
(8)
La Vallée-aux-Loups, janvier 1814.
JE SUIS ENVOYÉ À BREST POUR SUBIR L’EXAMEN DE GARDE DE
MARINE. – LE PORT DE BREST. – JE REROUVE ENCORE GESRIL. – LA PÉROUSE. –
JE REVIENS À COMBOURG.
Après le mariage de Julie, je partis pour Brest. En quittant le grand collège de Rennes,
je ne sentis point le regret que j'éprouvai en sortant du petit collège de Dol ; peut-être n'avais-
je plus cette innocence qui nous fait un charme de tout : ma jeunesse n'était plus enveloppée
dans sa fleur, le temps commençait à la clore. J'eus pour mentor dans ma nouvelle position
un de mes oncles maternels, le comte Ravenel de Boisteilleul, chef d'escadre, dont un des fils,
officier très distingué d'artillerie dans les armées Bonaparte, a épousé la fille unique de ma
soeur la comtesse de Farcy.
Arrivé à Brest, je ne trouvai point mon brevet d'aspirant ; je ne sais quel accident
l'avait retardé. Je restai ce qu'on appelait soupirant, et comme tel, exempt d'études régulières.
Mon oncle me mit en pension dans la rue de Siam, à une table d'hôte d'aspirants, et me
présenta au commandant de la marine, le comte Hector.
Abandonné à moi-même pour la première fois, au lieu de me lier avec mes futurs
camarades, je me renfermai dans mon instinct solitaire. Ma société habituelle se réduisit à mes
maîtres d'escrime, de dessin et de mathématiques.
Não havia ainda visto a beleza senão dentro de minha família; fiquei desconcertado ao
percebê-la no rosto de uma mulher estranha. Cada passo na vida abria-me uma nova
perspectiva; eu ouvia a voz distante e sedutora das paixões que chegavam a mim; precipitava-
me ao encontro dessas sereias, atraído por uma harmonia desconhecida. Aconteceu que, como
o grande sacerdote de Elêusis, eu tinha um incenso diferente para cada divindade. Mas os
hinos que eu cantava, ao queimar estes incensos, podiam ser chamados de bálsamos, assim
como as poesias de hierofante?
113
Capítulo 8
Vallée-aux-Loups, janeiro de 1814.
Sou enviado à Brest para me submeter ao exame de guarda-marinha. – O porto de Brest. –
Reencontro Gesril. – A Pérouse. – Retorno a Combourg.
Depois do casamento de Julie, parti para Brest. Ao deixar o grande colégio de Rennes
não experimentei o mesmo pesar que tive quando saí do pequeno colégio de Dol; talvez já não
tivesse mais aquela inocência que torna tudo encantador: minha juventude não estava mais
encoberta por sua flor, o tempo começava a abri-la. Em minha nova situação tive por mentor
um de meus tios maternos, o conde Ravenel de Boisteilleul, chefe de esquadra, que tivera
entre seus filhos um distinto oficial de artilharia dos exércitos de Bonaparte, que casou com a
filha única de minha irmã, a condessa de Farcy.
Ao chegar a Brest não encontrei meu brevê de aspirante; algum imprevisto o havia
atrasado. Permaneci na posição de pretendente, e, como tal, isento dos estudos regulares. Meu
tio colocou-me como pensionista à Rua de Siam, numa mesa fixa de refeições para aspirantes,
e me apresentou ao comandante da marinha, o conde Hector.
Pela primeira vez abandonado à minha própria sorte, ao invés de me juntar aos futuros
colegas, me trancafiei em meu instinto solitário. Minha convivência habitual se reduzia a
meus mestres de esgrima, de desenho e de matemática.
113
O hierofante era o grande sacerdote dos mistérios de Elêusis.
Cette mer que je devais rencontrer sur tant de rivages baignait à Brest l'extrémité de la
péninsule Armoricaine : après ce cap avancé, il n'y avait plus rien qu'un océan sans bornes et
des mondes inconnus ; mon imagination se jouait dans ces espaces. Souvent, assis sur quelque
mât qui gisait le long du quai de Recouvrance, je regardais les mouvements de la foule :
constructeurs, matelots militaires, douaniers, forçats, passaient et repassaient devant moi. Des
voyageurs débarquaient et s'embarquaient, des pilotes commandaient la manoeuvre, des
charpentiers équarrissaient des pièces de bois, des cordiers filaient des câbles, des mousses
allumaient des feux sous des chaudières d'où sortaient une épaisse fumée et la saine odeur du
goudron. On portait, on reportait, on roulait de la marine aux magasins, et des magasins à la
marine des ballots de marchandises, des sacs de vivres, des trains d'artillerie. Ici des charrettes
s'avançaient dans l'eau à reculons pour recevoir des chargements ; là, des palans enlevaient
des fardeaux, tandis que des grues descendaient des pierres, et que des cure-môles creusaient
des atterrissements. Des forts répétaient des signaux, des chaloupes allaient et venaient, des
vaisseaux appareillaient ou rentraient dans les bassins.
Mon esprit se remplissait d'idées vagues sur la société, sur ses biens et ses maux. Je ne
sais quelle tristesse me gagnait. Je quittais le mât sur lequel j'étais assis ; je remontais le
Penfeld, qui se jette dans le port ; j'arrivais à un coude ce port disparaissait. Là, ne voyant
plus rien qu'une vallée tourbeuse, mais entendant encore le murmure confus de la mer et la
voix des hommes, je me couchais au bord de la petite rivière. Tantôt regardant couler l'eau,
tantôt suivant des yeux le vol de la corneille marine, jouissant du silence autour de moi, ou
prêtant l'oreille aux coups de marteau du calfat, je tombais dans la plus profonde rêverie. Au
milieu de cette rêverie, si le vent m'apportait le son du canon d'un vaisseau qui mettait à la
voile, je tressaillais et des larmes mouillaient mes yeux.
Un jour, j'avais dirigé ma promenade vers l'extrémité extérieure du port du côté de la
mer : il faisait chaud, je m'étendis sur la grève et m'endormis. Tout à coup, je suis réveillé par
un bruit magnifique ; j'ouvre les yeux, comme Auguste pour voir les trirèmes dans les
mouillages de la Sicile, après la victoire sur Sextus Pompée ; les détonations de l'artillerie se
succédaient ; la rade était semée de navires : la grande escadre française rentrait après la
signature de la paix.
Este mar, que eu haveria de reencontrar em tantas outras costas, banhava, em Brest, a
extremidade da península armórica: por detrás deste prolongamento de terra não havia nada
além de um oceano sem limites e de mundos desconhecidos; minha imaginação se deleitava
nesses espaços. Muitas vezes, sentado sobre um mastro que jazia ao longo do cais de
Recouvrance, eu observava o movimento de toda a gente: construtores, marinheiros, militares,
aduaneiros, degredados passavam de um lado a outro à minha frente. Viajantes
desembarcavam e embarcavam, pilotos comandavam a manobra, carpinteiros retalhavam
peças de madeira, cordoeiros arriavam os cabos, grumetes acendiam fogos embaixo das
caldeiras de onde saía uma espessa fumaça e o odor forte do alcatrão. Levava-se, trazia-se,
circulavam da marina aos armazéns e dos armazéns à marina embrulhos de mercadorias,
sacos de víveres, provisões de artilharia. Aqui, avançavam carretas sobre as águas para
recuarem e depois receberem seus carregamentos; lá, as talhas retiravam as cargas, enquanto
as gruas desciam pedras e dragas escavavam aterros. Os fortes emitiam repetidos sinais, as
chalupas iam e vinham, nos diques, os barcos aparelhavam ou aportavam.
Minha mente se enchia de vagas idéias sobre a sociedade, sobre seus bens e seus
males. Uma espécie de tristeza me tomava; eu deixava o mastro em que me achava sentado;
retomava o Penfeld, que desemboca no porto; atingia uma curvatura onde este porto
desaparecia. Lá, sem enxergar nada além de um vale turfoso, mas ainda ouvindo o murmúrio
confuso do mar e a voz dos homens, deitava-me à margem do pequeno rio. Ora observando a
água correr, ora seguindo com o olhar o vôo da gralha marinha, desfrutando o silêncio que me
envolvia, ou prestando atenção às batidas de martelo do calafate, eu caía no mais profundo
devaneio. Se, no meio deste devaneio, o vento trouxesse até mim o som do canhão de um
navio que iniciava viagem eu estremecia e enchia os olhos de lágrimas.
Um dia fiz meu passeio rumo à extremidade externa do porto, do lado do mar: estava
quente, estendi-me sobre as areias e adormeci. De súbito, fui despertado por um
extraordinário ruído: abro os olhos, como Augusto para ver as trirremes nos ancoradouros da
Sicília, após a vitória sobre Sexto Pompeu; as detonações da artilharia se sucediam; a rada
estava coberta de navios: a grande esquadra francesa retornava após a assinatura de paz.
114
114
Tratado de Versalhes é assinado em 1783.
Les vaisseaux manoeuvraient sous voile, se couvraient de feux, arboraient des
pavillons, présentaient la poupe, la proue, le flanc, s'arrêtaient en jetant l'ancre au milieu de
leur course, ou continuaient à voltiger sur les flots. Rien ne m'a jamais donné une plus haute
idée de l'esprit humain ; l'homme semblait emprunter dans ce moment quelque chose de Celui
qui a dit à la mer : « Tu n'iras pas plus loin. Non procedes amplius. »
Tout Brest accourut. Des chaloupes se détachent de la flotte et abordent au Môle. Les
officiers dont elles étaient remplies, le visage brûlé par le soleil, avaient cet air étranger qu'on
apporte d'une autre hémisphère, et je ne sais quoi de gai, de fier, de hardi, comme des
hommes qui venaient de rétablir l'honneur du pavillon national. Ce corps de la marine, si
méritant, si illustre ces compagnons des Suffren, des Lamothe-Piquet, des du Couëdic, des
d'Estaing, échappés aux coups de l'ennemi, devaient tomber sous ceux des Français !
Je regardais défiler la valeureuse troupe, lorsqu'un des officiers se détache de ses
camarades et me saute au cou : c'était Gesril. Il me parut grandi, mais faible et languissant
d'un coup d'épée qu'il avait reçu dans la poitrine. Il quitta Brest le soir même pour se rendre
dans sa famille. Je ne l'ai vu qu'une fois depuis, peu de temps avant sa mort héroïque ; je dirai
plus tard en quelle occasion. L'apparition et le départ subit de Gesril, me firent prendre une
résolution qui a changé le cours de ma vie : il était écrit que ce jeune homme aurait un empire
absolu sur ma destinée.
On voit comment mon caractère se formait, quel tour prenaient mes idées, quelles
furent les premières atteintes de mon génie, car j'en puis parler comme d'un mal quel qu'ait été
ce génie, rare ou vulgaire, méritant ou ne méritant pas le nom que je lui donne, faute d'un
autre mot pour mieux m'exprimer. Plus semblable au reste des hommes, j'eusse été plus
heureux : celui qui, sans m'ôter l'esprit, fût parvenu à tuer ce qu'on appelle mon talent,
m'aurait traité en ami.
Lorsque le comte de Boisteilleul me conduisait chez M. Hector, j'entendais les jeunes
et les vieux marins raconter leurs campagnes, et causer des pays qu'ils avaient parcourus : l'un
arrivait de l'Inde, l'autre de l'Amérique ; celui-là devait appareiller pour faire le tour du
monde, celui-ci allait rejoindre la station de la Méditerranée, visiter les côtes de la Grèce.
Os barcos manobravam a vela, cobriam-se de fogos, ostentavam os pavilhões,
apresentavam a popa, a proa, o flanco, detinham-se no meio do trajeto jogando as âncoras, ou
continuavam volteando sobre as águas. Nada jamais me ofereceu uma mais alta idéia sobre o
espírito humano; o homem parecia emprestar neste momento qualquer coisa Daquele que
disse para o mar: “Tu não poderás ir além. Non procedes amplius.”
115
Brest inteiro acorreu. Algumas chalupas se destacam da frota e abordam no Môle. Os
oficiais que as ocupam, com os rostos queimados de sol, tinham o aspecto estrangeiro que se
traz de um outro hemisfério, e um não sei quê de alegria, de orgulho, de altivez, como homens
que acabavam de restabelecer a honra ao pavilhão nacional. Este corpo da marinha, tão
merecedor, tão ilustre, estes companheiros dos Suffren, dos Lamothe-Piquet, dos Du Couëdic,
dos d’Estaing, inatingidos pelo golpe do inimigo, deveriam tombar sob o dos franceses!
Estava observando o desfile da valorosa tropa quando um dos oficiais afasta-se dos
seus companheiros e salta-me ao pescoço: era Gesril. Ele me pareceu mais alto, porém mais
fraco e abatido por causa de uma estocada que havia recebido no peito. Deixou Brest nesta
mesma noite para encontrar sua família. Desde então, o vi apenas uma única vez, pouco
tempo antes de sua morte heróica; direi mais tarde em que circunstâncias. A aparição e a
súbita partida de Gesril fizeram-me tomar uma decisão que mudou o curso de minha vida:
estava escrito que este jovem rapaz havia de ter um poder absoluto sobre o meu destino.
É possível ver como meu caráter ia se formando, que curso tomavam minhas idéias,
quais
foram as primeiras conquistas
de meu gênio, pois posso falar dele como de um
mal, qualquer que tenha sido este gênio, raro ou vulgar, merecendo ou não o nome que lhe
dou, à falta de um termo para melhor expressar-me. Se tivesse parecido mais com os outros
homens, teria sido mais feliz: qualquer um que, sem me subtrair o espírito, tivesse conseguido
matar aquilo que consideram meu talento, teria agido como um amigo.
Enquanto o conde de Boisteilleul conduzia-me à casa do senhor Hector, escutava os
jovens e velhos marujos narrar suas campanhas e falar dos países que haviam percorrido: um
chegava da Índia, outro da América; aquele devia aparelhar para fazer a volta ao mundo, este
rumava para estação do Mediterrâneo, a fim de visitar a costa da Grécia.
115
Jó, 38, II.
Mon oncle me montra La Pérouse dans la foule, nouveau Cook dont la mort est le
secret des tempêtes. J'écoutais tout, je regardais tout, sans dire une parole ; mais la nuit
suivante, plus de sommeil : je la passais à livrer en imagination des combats, ou à découvrir
des terres immenses.
Quoi qu'il en soit, en voyant Gesril retourner chez ses parents, je pensai que rien ne
m'empêchait d'aller rejoindre les miens. J'aurais beaucoup aimé le service de la marine, si
mon esprit d'indépendance ne m'eût éloigné de tous les genres de service : j'ai en moi une
impossibilité d'obéir. Les voyages me tentaient, mais je sentais que je ne les aimerais que seul,
en suivant ma volonté. Enfin, donnant la première preuve de mon inconstance, sans en avertir
mon oncle Ravenel, sans écrire à mes parents, sans en demander permission à personne, sans
attendre mon brevet d'aspirant, je partis un matin pour Combourg je tombai comme des
nues.
Je m'étonne encore aujourd'hui qu'avec la frayeur que m'inspirait mon père, j'eusse osé
prendre une pareille résolution, et ce qu'il y a d'aussi étonnant, c'est la manière dont je fus
reçu. Je devais m'attendre aux transports de la plus vive colère, je fus accueilli doucement.
Mon père se contenta de secouer la tête comme pour dire : « Voilà une belle équipée ! » Ma
mère m'embrassa de tout son coeur en grognant, et ma Lucile, avec un ravissement de joie.
(9)
Montboissier, juillet 1817.
PROMENADE. - APPARITION DE COMBOURG.
Depuis la dernière date de ces Mémoires, Valléeaux-Loups, janvier 1814, jusqu'à la
date d'aujourd'hui, Montboissier, juillet 1817, trois ans et six mois se sont passés. Avez-vous
entendu tomber l'Empire ? Non : rien n'a troublé le repos de ces lieux. L'Empire s'est abimé
pourtant ; l'immense ruine s'est écroulée dans ma vie, comme ces débris romains renversés
dans le cours d'un ruisseau ignoré. Mais à qui ne les compte pas, peu important les
événements: quelques années échappées des mains de l'Eternel feront justice de tous ces
bruirs par un silence sans fin.
Meu tio mostrou-me La Pérouse no meio da multidão, novo Cook cuja morte é
segredo dos temporais. Eu escutava tudo, olhava tudo, sem dizer uma só palavra; mas na noite
seguinte não podia dormir: eu passava a travar combates em minha imaginação, ou a
descobrir terras imensas.
De qualquer modo, ao ver Gesril retornar à casa de seus pais, pensei que nada me
impedia de ir ao encontro dos meus. Eu teria apreciado bastante o serviço da marinha, se meu
espírito de independência não me distanciasse de todo o tipo de ofício: trago em mim uma
impossibilidade de obedecer. As viagens me tentavam, porém sentia que as apreciaria estando
sozinho e seguindo minha própria vontade. Dando, enfim, a primeira prova de minha
inconstância, sem advertir meu tio Ravanel, sem escrever a meus pais, sem pedir permissão a
ninguém, sem aguardar minha carta de aspirante, parti certa manhã para Combourg, onde
cheguei como se tivesse caído das nuvens.
Espanta-me ainda hoje que, com o medo que meu pai me inspirava, eu tivesse ousado
tomar semelhante decisão, e é também surpreendente a maneira pela qual fui recebido. Eu
esperava os arroubos da mais viva cólera, mas fui ternamente acolhido. Meu pai contentou-se
em sacudir a cabeça, como
se dissesse “Temos
uma bela escapulida!” Minha mãe,
resmungando, abraçou-me com todo o coração, e minha Lucile, com um arrebatamento de
felicidade.
Capítulo 9
Montboissier, julho de 1817.
Passeio. – Aparição de Combourg.
Desde a última data destas Memórias, Vallée-aux-Loups, janeiro de 1814, até a data de
hoje, Montboissier, julho de 1817, passaram-se três anos e seis meses. Puderam ouvir a queda
de um Império? Não: nada perturbou o repouso destes lugares. No entanto, o Império
desmantelou-se; esta imensa ruína abateu-se sobre minha vida, como os destroços romanos
jogados no curso de um rio ignorado. Mas àqueles não atingidos pelos fatos pouco interessam
esses eventos: alguns anos salvos pelas mãos do Pai Eterno farão justiça a todo este barulho
por meio de um silêncio sem fim.
Le livre précédent fut écrit sous la tyrannie expirante de Bonaparte et à la lueur des
derniers éclairs de sa gloire : je commence le livre actuel sous le règne de Louis XVIII. J'ai vu
de près les rois, et mes illusions politiques se sont évanouies , comme ces chimères plus
douces dont je connnue le récit. Disons d’abord ce qui me fait reprendre la plume : le coeur
humain est le jouer de tout, et l'on ne saurait prévoir quelle circonstance frivole cause ses joies
et ses douleurs. Montaigne l’a remarqué: « Il ne faut point de cause, dit-il, pour agiter notre
âme : une resverie sans corps et sans subject la régente et l’agite. »
Je suis maintenant à Montboissier , sur les confins de la Beauce et du Perche. Le
château de certe terre appartenant à madame la comtesse de Colbert-Montboissier, a été vendu
et démoli pendam la révolution : il ne reste qu deux pavillons, séparés par une grille et
formant autrefois le logement du concierge. Le parc, maintenant à l’anglaise, conserve des
traces de son ancienne régularité française : des allées droites, des taillis encadrés dans des
charmilles, lui donnent un air sérieux; il plait comme une ruine.
Hier au soir je me promenais seul ; le ciel ressemblait à un ciel d'automne ; un vent
froid soufflait par intervalles. A la percée d’un fourré, je m'arrêtai pour regarder le soleil : il
s’enfonçait dans des nuages au-dessus de la tour d'Alluye, d'où Gabrielle, habitante de cette
tour, avait vu comme moi le soleil se coucher il y a deux cents ans. Que sont devenus Henri et
Gabrielle ? Ce que je serai devenu quand ces Mémoires seront publiés.
Je fus tiré de mes réflexions par le gazouillement d'une grive perchée sur la plus haute
branche d'un bouleau. A l'instant, ce son magique fit reparaître à mes yeux le domaine
paternel ; j’oubliai les catastrophes dont je venais d’être le temoin, et, transporté subitement
dans le passé, je revis ces campagnes où j'entendis si souvenr siffler la grive.
O livro precedente foi escrito quando expirava a tirania de Bonaparte, sob o luar dos
últimos sinais da sua glória: inicio o livro atual sob o reinado de Luís XVIII. Eu vi de perto os
reis, e minhas ilusões políticas se esvaeceram, assim como as mais doces quimeras cujo relato
aqui prossigo. Digamos imediatamente o que me faz retomar a pena: o coração humano é o
joguete de tudo e não podemos prever quais frívolas circunstâncias causam suas alegrias e
suas dores. Montaigne bem o notou: “Não é preciso uma causa, diz-ele, que agite nossa alma:
qualquer devaneio sem corpo nem objeto a subjuga e a agita.”
116
Estou agora em Montboissier, pelos confins da Beauce e de Perche. O castelo destas
terras, de propriedade da senhora condessa de Colbert-Montboissier, foi vendido e demolido
durante a revolução: restaram apenas duas construções, separadas por grades tendo sido em
outros tempos a moradia do guardião. O parque, hoje ao estilo inglês, conserva traços de sua
antiga regularidade francesa: as alamedas retas, as árvores enquadradas em aléias davam-lhe
um aspecto sisudo; era agradável feito uma ruína.
Ontem ao entardecer eu caminhava só; o céu lembrava um céu de outono; um vento
frio soprava intermitente. Parei em uma clareira na mata espessa para olhar o sol: ele se
enfiava nas nuvens por cima da torre de Alluye, de onde Gabrielle, habitante da torre, havia
visto como eu o sol se pôr duzentos anos atrás.
117
No que se transformaram Henrique e
Gabrielle? Naquilo que serei quando estas Memórias estiverem publicadas.
Fui tirado de minhas reflexões pelo gorjeio de um tordo, empoleirado no galho mais
alto de uma bétula. Naquele mesmo instante, este som mágico fez-me reaparecer diante dos
olhos minha casa paterna; esqueci as catástrofes as quais acabara de testemunhar, e, sendo
subitamente transportado ao passado, revi os campos onde ouvia tão seguido o chilreio do
tordo.
116
Ensaios, III, 4, “Da diversão”.
117
Gabrielle d’Estrées, amante de Henrique IV.
Quand je l'écoutais alors, j'étais triste de même qu'aujourd'hui ; mais cette premiére
tristesse était celle qui naît d'un désir vague de bonheur, lorsqu'on est sans expérience ; la
tristesse que j' éprouve actuellement vient de la connaissance des choses appréciées et jugées.
Le chant de l'oiseau dans les bois de Combourg m’entretenait d'une félicité que je croyais
atteindre ; le même chant dans le parc de Montboissier me rappelait des jours perdus à la
poursuite de cette félicité insaisissable. Je n'ai plus rien à apprendre ; j'ai marché plus vite
qu'un autre, et j'ai fait le tour de la vie. Les heures fuient et m'entraînent ; je n'ai pas même la
certitude de pouvoir aehever ces Mémoires. Dans combien de lieux ai-je déjà commencé à les
écrire, et dans quel lieu les finirai-je ? Combien de temps me promenerai-je au bord des bois ?
Mettons à profit le peu d'instants qui me restent ; hâtons-nous de peindre ma jeunesse, tandis
que j'y touche encore : le navigateur, abandonnant pour jamais un rivage enehanté, écrit son
journal à la vue de la terre qui s' éloigne, et qui va bientôt disparaitre.
(10)
COLLEGE DE DINAN. - BROUSSAIS. JE REVIENS CHEZ MES PARENTS.
J'ai dit mon retour à Combourg, et comment je fus aceueilli par mon père, ma mére et
ma soeur Lucile.
On n'a peut-être pas oublié que mes trois autres soeurs s'étaient mariées, et qu' elles
vivaient dans les terres de leurs nouvel1es familles, aux environs de Fougères. Mon frère,
dont l'ambition commençait à se développer, était plus souvent à Paris quRennes. Il acheta
d'abord une charge de maître des requêtes qu'il revendit afin d' entrer dans la carrière
militaire. Il entra dans le régiment de Royal-Cavalerie; il s' attacha au corps diplomatique et
suivit le comte de La Luzerne à Londres, il se rencontra avec André Chénier: il était sur le
point d'obtenir l'ambassade de Vienne, lorsque nos troubles éclatèrent ; il sollicita celle de
Constantinople : mais il eut un concurrent redoutable, Mirabeau, à qui cette ambassade fut
promise pour prix de sa réunion au parti de la cour. Mon frère avait donc à peu près quitté
Combourg au mornent où je vins l'habiter.
Quando eu o escutava, me achava triste como hoje; mas aquela primeira tristeza é a
que nasce de um vago desejo de felicidade, quando não se tem experiência; a tristeza que
sinto atualmente vem do conhecimento das coisas apreciadas e julgadas. O canto do pássaro
nos bosques de Combourg me alimentava de uma felicidade que eu supunha um dia atingir; o
mesmo canto no parque de Montboissier recorda-me os dias perdidos na busca desta
felicidade inalcançável. Não tenho mais nada a aprender; andei mais rápido do que outros, e
fiz a volta completa da vida. As horas correm e me arrastam; nem tenho mesmo a certeza de
poder acabar estas Memórias. Em quantos lugares comecei a escrevê-las e em que lugar
vou terminá-las? Por quanto tempo vou passear à beira dos bosques? Aproveitemos o pouco
tempo que me resta; apressemo-nos em pintar minha juventude, enquanto ainda consigo tocá-
la: o navegador, abandonando para sempre uma margem deslumbrante, escreve seu diário
vendo a terra que se afasta, e que vai logo desaparecer.
Capítulo 10
Colégio de Dinan. – Broussais. – Retorno a meus pais.
Falei de meu retorno a Combourg, e de como fui acolhido por meu pai minha mãe e
minha irmã Lucile.
Talvez não se tenha esquecido que minhas três outras irmãs estavam casadas e que
viviam nas terras de suas novas famílias nos arredores de Fougères. Meu irmão, cuja ambição
começava a se revelar, encontrava-se com mais freqüência em Paris do que em Rennes.
Primeiro comprou um título de referendário que revendeu para ingressar na carreira militar.
Entrou para o regimento de Royal-Cavalerie; ligou-se ao corpo diplomático e seguiu o conde
de La Luzerne em Londres, onde se encontrou com André Chénier: ele estava a ponto de
obter a embaixada de Viena, quando explodiram os distúrbios; solicitou a de Constantinopla;
mas teve um concorrente difícil, Mirabeau, a quem a embaixada foi prometida pelo preço de
sua adesão ao partido da Corte. Meu irmão tinha, portanto, quase deixado Combourg quando
aí me instalei.
Cantonné dans sa seigneurie, mon père n'en sortait plus, pas même pendant la tenue
des Etats. Ma mère allait tous les ans passer six semaines à Saint-Malo, au temps de Pâques ;
elle attendait ce moment comme celui de sa délivrance, car elle détestait Combourg. Un mois
avant ce voyage, on en parlait comme d'une entreprise hasardeuse ; on faisait des préparatifs ;
on laissait reposer les chevaux. La veille du départ, on se couchait à sept heures du soir, pour
se lever à deux heures du matin. Ma mère, à sa grande satisfaction, se mettait en route à trois
heures, et employait toute la journée pour faire douze lieues.
Lucile, reçu chanoinesse au chapitre de l'Argentière, devait passer dans celui de
Remiremont : en attendant ce changement, elle restait ensevelie à la campagne.
Pour moi, je déclarai, après mon escapade de Brest, ma volonté ferme d'embrasser
l'état ecclésiastique : la vérité est que je ne cherchais qugagner du temps, car j'ignorais ce
que je voulais. On m'envoya au collège de Dinan achever mes humanités. Je savais mieux le
latin que mes maîtres ; mais je commençai à apprendre l'hébreu. L'abbé de Rouillac était
principal du collège, et l'abbé Duhamel mon professeur.
Dinan, orné de vieux arbres, remparé de vieilles tours, est bâti dans un site pittoresque,
sur une haute colline au pied de laquelle coule la Rance, que remonte la mer ; il domine des
vallées à pentes agréablement boisées. Les eaux minérales de Dinan ont quelque renom. Cette
ville, toute historique, et qui a donné le jour à Duclos, montrait parmi ses antiquités le coeur
de du Gueselin : poussière héroïque qui, dérobée pendant la révolution, fut au moment d'être
broyée par un vitrier pour servir à faire de la peinture ; la destinait-on aux tableaux des
victoires remportées sur les ennemis de la patrie ?
M. Broussais, mon compatriote, étudiait avec moi à Dinan ; on menait les écoliers
baigner tous les jeudis, comme les clercs sous le pape Adrien ler, ou tous les dimanches,
comme les prisonniers sous l'empereur Honorius. Une fois, je pensai me noyer ; une autre
fois, M. Broussais fut mordu par d'ingrates sangsues, imprévoyantes de l'avenir. Dinan était à
égale distance de Combourg et de Plancouët. J’allais tour à tour voir mon oncle de Bedée à
Monchoix, et ma famille à Combourg. M. de Chateaubriand, qui trouvait économie à me
garder, ma mère qui désirait ma persistance dans la vocation religieuse, mais qui se serait fait
scrupule de me presser, n’insistèrent plus sur ma résidence au collège, et je me trouvai
insensiblement fixé au foyer paternel.
Retirado em seu domínio, meu pai não saía de nem mesmo durante a convocação
dos Estados. Minha mãe ia todos os anos passar seis semanas em Saint-Malo, na época de
Páscoa; ela esperava por este momento como se fosse o de sua libertação, pois detestava
Combourg. Um mês antes da viagem, falávamos disso como de um empreendimento arrojado;
faziam-se os preparativos; deixavam-se os cavalos descansarem. Às vésperas da partida,
íamos deitar às sete horas da noite, para nos levantarmos às duas horas da madrugada. Com
grande satisfação, minha mãe punha-se a caminho às três horas, e empenhava-se durante todo
o dia em percorrer as doze léguas.
Lucile, aceita por cônega no Capítulo de Argentière, deveria passar pelo de
Remiremont: à espera dessa mudança, permanecia enterrada no campo.
Quanto a mim, depois de minha escapada de Brest, declarei meu firme propósito de
abraçar a carreira eclesiástica: a verdade é que tentava apenas ganhar tempo, pois ignorava o
que queria. Enviaram-me ao colégio de Dinan para que concluísse as humanidades. Eu sabia
mais o latim do que meus mestres; mas comecei a aprender o hebreu. O padre de Rouillac era
o diretor do colégio, e o abade Duhamel, meu professor.
Dinan, adornado por velhas árvores, protegido por antigas torres, está construído num
local pitoresco, sobre uma alta colina, ao da qual corre a Rance, indo em direção ao mar;
ele domina vales com suas encostas deliciosamente arborizadas. As águas minerais de Dinan
gozam de algum renome. Esta cidade, de tanta história, e que viu nascer Duclos, exibia, em
meio a suas antigüidades, o coração de Du Guesclin: poeira heróica que, furtada durante a
revolução, esteve a ponto de ser triturada por um vidraceiro para servir de tinta; estaria sendo
destinada aos quadros das vitórias obtidas sobre os inimigos da pátria?
O senhor Broussais, meu compatriota, estudava comigo em Dinan; os alunos eram
levados para se banharem todas as quintas-feiras, como os clérigos sob o papa Adriano I, ou
todos os domingos, como os prisioneiros sob o Imperador Honório. Certa vez, senti que ia me
afogar; outra vez, sanguessugas ingratas, que não previam seu futuro, morderam o senhor
Broussais. Dinan encontrava-se à mesma distância de Combourg e de Plancouët. Revezava
minhas visitas entre meu tio de Bedée em Monchoix e minha família em Combourg. O senhor
de Chateaubriand, que achava mais vantajoso ter-me em casa, e minha mãe, desejando que eu
persistisse na vocação religiosa mas cheia de escrúpulos em me constranger, desistiram de
minha residência no colégio, e vi-me então, pouco a pouco, de volta, estabelecido no lar
paterno.
Je me complairais encore à rappeler les moeurs de mes parents, ne me fussent-elles
qu'un touchant souvenir ; mais j'en reproduirai d’autant plus volontiers le tableau qu'il
semblera calqué sur les vignettes des manuscrits du moyen âge: du temps présent au temps
que je vais peindre, il y a des siècles.
Muito me agradaria ainda continuar lembrando os costumes de meus pais, mesmo que
sejam para mim apenas uma recordação enternecedora; mas reproduziria com mais
naturalidade este quadro se os calcasse sobre as vinhetas dos manuscritos da Idade Média:
entre o tempo presente e o tempo que vou descrever existem séculos.
LIVRE TROISIÈME
(1)
Montboissier, juillet 1817.
Revu en décembre 1846.
VIE À COMBOURG. – JOURNÉES ET SOIRÉES.
A mon retour de Brest, quatre maîtres (mon père, ma mère, ma soeur et moi)
habitaient le château de Combourg. Une cuisinière, une femme de chambre, deux laquais et
un cocher composaient tout le domestique : un chien de chasse et deux vieilles juments étaient
retranchés dans un coin de l'écurie. Ces douze êtres vivants disparaissaient dans un manoir où
l'on aurait à peine aperçu cent chevaliers, leurs dames, leurs écuyers, leurs varlets, les
destriers et la meute du roi Dagobert.
Dans tout le cours de l'année aucun étranger ne se présentait au château, hormis
quelques gentilshommes, le marquis de Monlouet, le comte de Goyon-Beaufort qui
demandaient l'hospitalité en allant plaider au Parlement. Ils arrivaient l'hiver, à cheval,
pistolets aux arçons, couteau de chasse au côté, et suivis d'un valet également à cheval, ayant
en croupe un gros porte-manteau de livrée.
LIVRO TERCEIRO
Capítulo 1
Montboissier, julho de 1817.
Revisto em dezembro de 1846.
Vida em Combourg. – Dias e noites.
Com o meu retorno de Brest, quatro senhores (meu pai, minha mãe, minha irmã e eu)
habitavam o castelo de Combourg. Uma cozinheira, uma dama de quarto, dois lacaios e um
cocheiro formavam toda a criadagem: um cão de caça e duas velhas éguas ficavam isolados
num canto da estrebaria. Esses doze seres vivos sumiam numa casa senhorial onde cem
cavaleiros, suas senhoras, seus escudeiros, seus valetes, os corcéis e a matilha do rei
Dagoberto seria dificilmente achada.
Ao longo do ano, nenhum estranho se apresentava ao castelo, à exceção de alguns
nobres, o marquês de Monlouet, o conde de Goyon-Beaufort, que desejavam hospedagem,
tendo ido pedi-la ao Parlamento. Chegavam durante o inverno, a cavalo, com as pistolas
nos arções, as facas de caça à cintura, acompanhados por um criado também a cavalo tendo
uma grande mala na garupa.
Mon père, toujours très cérémonieux, les recevait tête nue sur le perron, au milieu de
la pluie et du vent. Les campagnards introduits racontaient leurs guerres de Hanovre, les
affaires de leur famille et l'histoire de leurs procès. Le soir, on les conduisait dans la tour du
nord, à l'appartement de la reine Christine, chambre d'honneur occupée par un lit de sept pieds
en tout sens, à doubles rideaux de gaze verte et de soie cramoisie, et soutenu par quatre
amours dorés. Le lendemain matin, lorsque je descendais dans la grand'salle, et qu'à travers
les fenêtres je regardais la campagne inondée ou couverte de frimas, je n'apercevais que deux
ou trois voyageurs sur la chaussée solitaire de l'étang : c'étaient nos tes chevauchant vers
Rennes.
Ces étrangers ne connaissaient pas beaucoup les choses de la vie ; cependant notre vue
s'étendait par eux à quelques lieues au-delà de l'horizon de nos bois. Aussitôt qu'ils étaient
partis, nous étions réduits, les jours ouvrables au tête-à-tête de famille, le dimanche à la
société des bourgeois du village et des gentilshommes voisins.
Le dimanche, quand il faisait beau, ma mère, Lucile et moi, nous nous rendions à la
paroisse à travers le petit Mail, le long d'un chemin champêtre ; lorsqu'il pleuvait, nous
suivions l'abominable rue de Combourg. Nous n'étions pas traînés, comme l'abbé de Marolles,
dans un chariot léger que menaient quatre chevaux blancs, pris sur les Turcs en Hongrie. Mon
père ne descendait qu'une fois l'an à la paroisse pour faire ses Pâques ; le reste de l'année, il
entendait la messe à la chapelle du château. Placés dans le banc du seigneur, nous recevions
l'encens et les prières en face du sépulcre de marbre noir de Renée de Rohan, attenant à l'autel
: image des honneurs de l'homme ; quelques grains d'encens devant un cercueil !
Meu pai, sempre muito cerimonioso, os recebia sem chapéu, na escadaria, no meio da
chuva e do vento. Estes homens de província que recebíamos falavam de suas guerras de
Hanover, dos assuntos de família e da história de seus processos. À tarde, eram encaminhados
à torre norte, aos aposentos da rainha Christine, um quarto de honra composto por um leito de
sete pés quadrados, com cortinas duplas de gaze verde e de seda carmesim, e sustentado por
quatro anjos dourados. Na manhã seguinte, quando eu descia para a grande sala e enxergava
pela janela os campos encharcados ou cobertos de geada, eu vislumbrava apenas dois ou três
viajantes que seguiam pela estrada solitária da lagoa: eram nossos hóspedes cavalgando para
Rennes.
Esses estrangeiros não conheciam tanto as coisas da vida; porém, graças a eles, nossa
visão estendia-se algumas léguas além do horizonte de nossos bosques. Assim que partiam,
nos dias de semana, ficávamos reduzidos às conversas em família, e, nos domingos, ao
contato com os burgueses do vilarejo e com os vizinhos nobres.
Aos domingos, quando fazia bom tempo, minha mãe, Lucile e eu íamos à paróquia
seguindo o pequeno Mail, ao longo de um caminho campestre; quando chovia, percorríamos a
abominável rua de Combourg. Não éramos levados, como o abade de Marolles, num elegante
carro conduzido por quatro cavalos brancos tomados dos turcos na Hungria. Apenas uma vez
por ano, na celebração da Páscoa, meu pai dirigia-se à paróquia; o resto do ano ele
freqüentava a missa na capela do castelo. Sentados no banco do senhor, recebíamos o incenso
e as orações diante do sepulcro de mármore escuro de Renée de Rohan contíguo ao altar:
imagem das honras do homem; alguns poucos grãos de incenso diante de uma sepultura!
Les distractions du dimanche expiraient avec la journée ; elles n'étaient pas même
régulières. Pendant la mauvaise saison, des mois entiers s'écoulaient sans qu'aucune créature
humaine frappât à la porte de notre forteresse. Si la tristesse était grande sur les bruyères de
Combourg, elle était encore plus grande au château : on éprouvait, en pénétrant sous ses
voûtes, la même sensation qu'en entrant à la chartreuse de Grenoble. Lorsque je visitai celle-ci
en 1805, je traversai un désert, lequel allait toujours croissant ; je crus qu'il se terminerait au
monastère ; mais on me montra, dans les murs mêmes du couvent, les jardins des Chartreux
encore plus abandonnés que les bois. Enfin, au centre du monument, je trouvai enveloppé
dans les replis de toutes ces solitudes, l'ancien cimetière des cénobites ; sanctuaire d'où le
silence éternel, divinité du lieu, étendait sa puissance sur les montagnes et dans les forêts
d'alentour.
Le calme morne du château de Combourg était augmenté par l'humeur taciturne et
insociable de mon père. Au lieu de resserrer sa famille et ses gens autour de lui, il les avait
dispersés à toutes les aires de vent de l'édifice. Sa chambre à coucher était placée dans la
petite tour de l'est, et son cabinet dans la petite tour de l'ouest.
Les meubles de ce cabinet consistaient en trois chaises de cuir noir et une table
couverte de titres et de parchemins. Un arbre généalogique de la famille des Chateaubriand
tapissait le manteau de la cheminée, et dans l'embrasure d'une fenêtre on voyait toutes sortes
d'armes depuis le pistolet jusqu'à l'espingole. L'appartement de ma mère régnait au-dessus de
la grand'salle, entre les deux petites tours : il était parqueté et orné de glaces de Venise à
facettes. Ma soeur habitait un cabinet dépendant de l'appartement de ma mère. La femme de
chambre couchait loin de là, dans le corps de logis des grandes tours. Moi, j'étais niché dans
une espèce de cellule isolée, au haut de la tourelle de l'escalier qui communiquait de la cour
intérieure aux diverses parties du château. Au bas de cet escalier, le valet de chambre de mon
père et le domestique gisaient dans des caveaux voûtés, et la cuisinière tenait garnison dans la
grosse tour de l'ouest.
Mon père se levait à quatre heures du matin, hiver comme été : il venait dans la cour
intérieure appeler et éveiller son valet de chambre, à l'entrée de l'escalier de la tourelle. On lui
apportait un peu de café à cinq heures ; il travaillait ensuite dans son cabinet jusqu'à midi. Ma
mère et ma soeur déjeunaient chacune dans leur chambre, à huit heures du matin. Je n'avais
aucune heure fixe, ni pour me lever, ni pour déjeuner ; j'étais censé étudier jusqu'à midi : la
plupart du temps je ne faisais rien.
As distrações do domingo terminavam com o dia; e não eram sequer regulares.
Durante a estação, passavam-se meses inteiros sem que alguma criatura humana batesse à
porta de nossa fortaleza. Se a tristeza era grande nas charnecas de Combourg, ela era maior
ainda no castelo: passando sob suas abóbadas tínhamos a mesma sensação de entrarmos no
convento de Grenoble. Na ocasião em que o visitei, em 1805, atravessei um deserto, que ia
gradativamente aumentando; imaginei que terminasse no monastério; mas, dentro dos limites
mesmo do convento, apresentaram-me os jardins de Chartreux mais abandonados ainda do
que os bosques. Enfim, no meio do monumento, descobri, envolvido pela sinuosidade de
todas estas solidões, o antigo cemitério dos cenobitas; santuário de onde o silêncio eterno,
divindade do lugar, estendia seu poder às montanhas e às florestas vizinhas.
A calma morna do castelo de Combourg aumentava com o espírito taciturno e
insociável de meu pai. Ao invés de agregar a família e os seus em torno de si, ele os
dispersava aos quatro cantos do edifício. Seu quarto de dormir ficava na pequena torre do
leste, e seu gabinete na pequena torre do oeste.
Os móveis deste gabinete consistiam em três cadeiras de couro escuro e uma mesa
coberta de documentos e de pergaminhos. Uma árvore genealógica da família dos
Chateaubriand revestia a saída da lareira, e pelo vão de uma janela via-se toda a sorte de
armas, da pistola ao bacamarte. O aposento de minha mãe estendia-se em cima da grande sala,
entre as duas pequenas torres: ele era assoalhado e adornado de cristais lapidados de Veneza.
Minha irmã residia num gabinete dependente do apartamento de minha mãe. A criada de
quarto dormia longe dali, no centro das grandes torres. Eu me escondia num tipo de cela
isolada, no alto da torrezinha da escada que comunicava, pelo pátio interno, com os diversos
lados do castelo. Embaixo desta escada, o criado de quarto de meu pai e o empregado
dormiam nas caves abobadadas, e a cozinheira recebia abrigo no torreão oeste.
Meu pai se levantava às quatro horas da manhã, tanto no inverno como no verão: ele
se dirigia ao pátio interno para chamar e despertar seu criado de quarto na entrada da escada
da torre. Levavam-lhe um pouco de café às cinco horas; depois, ele trabalhava em seu
gabinete até o meio-dia. Minha mãe e minha irmã faziam seu desjejum cada uma em seu
quarto, às oito horas da manhã. Eu não tinha hora fixa para nada, nem para me levantar, nem
para o desjejum; supunham que eu estudava até o meio-dia: a maior parte do tempo, não fazia
nada.
A onze heures et demie, on sonnait le dîner que l'on servait à midi. La grand'salle était
à la fois salle à manger et salon : on dînait et l'on soupait à l'une de ses extrémités du côté de
l'est ; après les repas, on se venait placer à l'autre extrémité du côté de l'ouest, devant une
énorme cheminée. La grand'salle était boisée, peinte en gris blanc et ornée de vieux portraits
depuis le règne de François Ier jusqu'à celui de Louis XIV ; parmi ces portraits, on distinguait
ceux de Condé et de Turenne : un tableau représentant Hector tué par Achille sous les murs de
Troie, était suspendu au-dessus de la cheminée.
Le dîner fait, on restait ensemble jusqu'à deux heures. Alors, si l'été, mon père prenait
le divertissement de la pêche, visitait ses potagers, se promenait dans l'étendue du vol du
chapon ; si l'automne et l'hiver, il partait pour la chasse, ma mère se retirait dans la chapelle,
elle passait quelques heures en prières. Cette chapelle était un oratoire sombre, embelli de
bons tableaux des plus grands maîtres, qu'on se s'attendait guère à trouver dans un château
féodal, au fond de la Bretagne. J'ai aujourd'hui, en ma possession, une Sainte Famille de
l'Albane, peinte sur cuivre, tirée de cette chapelle : c'est tout ce qui me reste de Combourg.
Mon père parti et ma mère en prières, Lucile s'enfermait dans sa chambre ; je
regagnais ma cellule, ou j'allais courir les champs.
A huit heures, la cloche annonçait le souper. Après le souper, dans les beaux jours, on
s'asseyait sur le perron. Mon père, armé de son fusil, tirait les chouettes qui sortaient des
créneaux à l'entrée de la nuit. Ma mère, Lucile et moi, nous regardions le ciel, les bois, les
derniers rayons du soleil, les premières étoiles. A dix heures, on rentrait et l'on se couchait.
Les soirées d'automne et d'hiver étaient d'une autre nature. Le souper fini et les quatre
convives revenus de la table à la cheminée, ma mère se jetait, en soupirant, sur un vieux lit de
jour de siamoise flambée ; on mettait devant elle un guéridon avec une bougie. Je m'asseyais
auprès du feu avec Lucile ; les domestiques enlevaient le couvert et se retiraient. Mon père
commençait alors une promenade, qui ne cessait qu'à l'heure de son coucher.
Às onze e meia chamavam para o jantar que era servido ao meio-dia. A grande sala era
a sala de refeições e a sala de estar: almoçávamos e jantávamos em uma das extremidades ao
lado leste; após as refeições, colocávamo-nos na outra extremidade do lado oeste, em frente a
uma enorme lareira. A grande sala era revestida de madeira, pintada de cinza claro e adornada
de antigos retratos desde o reinado de Francisco I até o de Luís XIV; em meio a estes retratos
distinguiam-se os de Condé e de Turenne: um quadro que exibia Heitor morto por Aquiles sob
os muros de Tróia encontrava-se pendurado sobre a lareira.
Terminado o almoço, ficávamos juntos até as duas horas. Assim, no verão, meu pai
entretinha-se com a pesca, visitava suas hortas, passeava por seus domínios; no outono ou no
inverno, ele ia caçar, minha mãe recolhia-se à capela onde passava algumas horas rezando.
A capela era um oratório sombrio, ornamentado por bonitos quadros de grandes
mestres que não se espera achar num castelo feudal, num canto perdido da Bretanha. Tenho
ainda em minha posse uma Santa Família de Albane pintada sobre cobre, retirada desta
capela: isso é tudo o que me resta de Combourg.
Estando meu pai fora e minha mãe em suas orações, Lucile encerrava-se no quarto; eu
reconquistava minha cela ou ia percorrer os campos.
Às oito horas, o sino anunciava o jantar. Após a ceia, nos dias bonitos, sentávamo-nos
na escadaria. Meu pai, armado de seu fuzil, atirava nas corujas que abandonavam as seteiras
com a chegada da noite. Minha mãe, Lucile e eu contemplávamos o céu, o bosque, os últimos
raios de sol, as primeiras estrelas. Às dez horas, nós entrávamos e íamos dormir.
As noites de outono e de inverno eram de outra natureza. Tendo acabado o jantar e os
quatro convivas passado da mesa para a lareira, minha mãe, suspirando, jogava-se num velho
leito de descanso de siamesas floreadas; diante dela era colocada uma mesinha com uma vela.
Eu me sentava perto do fogo com Lucile; os criados tiravam a mesa e saíam. Meu pai
iniciava, então, uma caminhada que só iria cessar quando se recolhia para dormir.
Il était vêtu d'une robe de ratine blanche, ou plutôt d'une espèce de manteau que je n'ai
vu qu'à lui. Sa tête, demi-chauve, était couverte d'un grand bonnet blanc qui se tenait tout
droit. Lorsqu'en se promenant, il s'éloignait du foyer, la vaste salle était si peu éclairée par une
seule bougie qu'on ne le voyait plus ; on l'entendait seulement encore marcher dans les
ténèbres : puis il revenait lentement vers la lumière et émergeait peu à peu de l'obscurité,
comme un spectre, avec sa robe blanche, son bonnet blanc, sa figure longue et pâle. Lucile et
moi, nous échangions quelques mots à voix basse, quand il était à l'autre bout de la salle ;
nous nous taisions quand il se rapprochait de nous. Il nous disait, en passant : « De quoi
parliez-vous ? » Saisis de terreur, nous ne répondions rien ; il continuait sa marche. Le reste
de la soirée, l'oreille n'était plus frappée que du bruit mesuré de ses pas, des soupirs de ma
mère et du murmure du vent.
Dix heures sonnaient à l'horloge du château : mon père s'arrêtait ; le même ressort, qui
avait soulevé le marteau de l'horloge, semblait avoir suspendu ses pas. Il tirait sa montre, la
montait, prenait un grand flambeau d'argent surmonté d'une grande bougie, entrait un moment
dans la petite tour de l'ouest, puis revenait, son flambeau à la main, et s'avançait vers sa
chambre à coucher, dépendante de la petite tour de l'est. Lucile et moi, nous nous tenions sur
son passage ; nous l'embrassions en lui souhaitant une bonne nuit. Il penchait vers nous sa
joue sèche et creuse sans nous répondre, continuait sa route et se retirait au fond de la tour,
dont nous entendions les portes se refermer sur lui.
Le talisman était brisé ; ma mère, ma soeur et moi transformés en statues par la
présence de mon père, nous recouvrions les fonctions de la vie. Le premier effet de notre
désenchantement se manifestait par un débordement de paroles : si le silence nous avait
opprimés, il nous le payait cher.
Ce torrent de paroles écoulé, j'appelais la femme de chambre, et je reconduisais ma
mère et ma soeur à leur appartement. Avant de me retirer, elles me faisaient regarder sous les
lits, dans les cheminées, derrière les portes, visiter les escaliers, les passages et les corridors
voisins. Toutes les traditions du château, voleurs et spectres, leur revenaient en mémoire. Les
gens étaient persuadés qu'un certain comte de Combourg, à jambe de bois, mort depuis trois
siècles, apparaissait à certaines époques, et qu'on l'avait rencontré dans le grand escalier de la
tourelle ; sa jambe de bois se promenait aussi quelquefois seule avec un chat noir.
Ele usava uma veste de ratina branca, ou, preferencialmente, uma espécie de capa que
vi apenas nele. A cabeça , meio calva, era coberta por uma grande touca branca que se
mantinha sempre direita. Quando, ao caminhar, ele se distanciava do fogo, a vasta sala tão
pouco iluminada com uma única vela não nos permitia mais vê-lo; escutávamos apenas seus
passos nas trevas; em seguida ele voltava lentamente em direção à luz e emergia pouco a
pouco da escuridão, como um espectro, com sua veste branca, sua touca branca, sua figura
comprida e pálida. Lucile e eu trocávamos algumas palavras em voz baixa, quando ele estava
do outro lado da sala; nos calávamos quando ele se aproximava. Passando por nós, dizia-nos:
“De que estavam falando?Tomados de pavor, não respondíamos nada; ele continuava sua
caminhada. No resto da noite, não se ouvia nada além do que o barulho compassado de seus
passos, os suspiros de minha mãe e o murmúrio do vento.
Soavam dez horas no relógio do castelo: meu pai parava; a mola que erguia o badalo
do relógio parecia ser a mesma que detinha seus passos. Ele pegava seu relógio, dava-lhe
corda, tomava um grande castiçal de prata com uma grande vela, entrava por instantes na torre
do oeste, em seguida voltava com o castiçal a mão e dirigia-se para o quarto de dormir,
contíguo à pequena torre do leste. Lucile e eu o abordávamos em seu trajeto; dávamos-lhe um
beijo, desejando boa noite. Ele inclinava para nós seu rosto encovado e rude sem nos
responder, continuava seu caminho e se retirava para o fundo da torre, cujas portas ouvíamos
bater atrás dele.
Quebrava-se o talismã ; minha mãe, minha irmã e eu, transformados em estátuas pela
presença de meu pai, recobrávamos as funções vitais. O primeiro efeito de nosso
desencantamento manifestava-se por uma profusão de palavras: se o silêncio nos havia
oprimido, agora ele pagava caro.
Uma vez interrompida a torrente de palavras, eu chamava a criada de quarto e
conduzia minha mãe e minha irmã a seus aposentos. Antes de me recolher, elas me pediam
para examinar sob as camas, dentro das lareiras, atrás das portas, para visitar as escadas, as
passagens e os corredores adjacentes. Todas as tradições do castelo, ladrões e espectros, lhes
vinham à memória. Estavam todos persuadidos que um certo conde de Combourg, com perna
de pau, morto três séculos, reaparecia em certas épocas, e que ele havia sido visto na
grande escadaria da pequena torre; sua perna de pau também às vezes passeava sozinha junto
com um gato preto
(2)
Montboissier, août 1817.
MON DONJON.
Ces récits occupaient tout le temps du coucher de ma mère et de ma soeur : elles se
mettaient au lit mourantes de peur ; je me retirais au haut de ma tourelle ; la cuisinière rentrait
dans la grosse tour, et les domestiques descendaient dans leur souterrain.
La fenêtre de mon donjon s'ouvrait sur la cour intérieure ; le jour, j'avais en
perspective les créneaux de la courtine opposée, où végétaient des scolopendres et croissait un
prunier sauvage. Quelques martinets qui, durant l'été, s'enfonçaient en criant dans les trous des
murs, étaient mes seuls compagnons. La nuit, je n'apercevais qu'un petit morceau du ciel et
quelques étoiles. Lorsque la lune brillait et qu'elle s'abaissait à l'occident, j'en étais averti par
ses rayons, qui venaient à mon lit au travers des carreaux losangés de la fenêtre. Des
chouettes, voletant d'une tour à l'autre, passant et repassant entre la lune et moi, dessinaient
sur mes rideaux l'ombre mobile de leurs ailes. Relégué dans l'endroit le plus désert, à
l'ouverture des galeries, je ne perdais pas un murmure des ténèbres. Quelquefois, le vent
semblait courir à pas légers ; quelquefois il laissait échapper des plaintes ; tout à coup, ma
porte était ébranlée avec violence, les souterrains poussaient des mugissements, puis ces
bruits expiraient pour recommencer encore. A quatre heures du matin, la voix du maître du
château, appelant le valet de chambre à l'entrée des voûtes culaires, se faisait entendre
comme la voix du dernier fantôme de la nuit. Cette voix remplaçait pour moi la douce
harmonie au son de laquelle le père de Montaigne éveillait son fils.
Capítulo 2
Montboissier, agosto de 1817.
Minha torre.
Estas histórias ocupavam todo o tempo de minha mãe e de minha irmã, ao deitar: elas
iam para a cama morrendo de medo; eu me recolhia no alto de minha torrezinha; a cozinheira
voltava para a grande torre e os criados desciam para o seu subterrâneo.
A janela de minha torre abria-se para o pátio interno; durante o dia eu tinha a
perspectiva das seteiras do muro oposto, onde vegetavam lacraias e crescia uma ameixeira
selvagem. Os martinetes que, durante o verão, iam esconder-se, gritando nos buracos dos
muros, eram meus únicos companheiros. À noite eu entrevia apenas uma faixa de céu e
algumas estrelas. Quando a lua brilhava e se punha no ocidente, eu era avisado do evento por
seus raios que chegavam até minha cama através das vidraças da janela em losangos. As
corujas, esvoaçando de uma torre a outra, passando e repassando entre mim e a lua,
desenhavam em minhas cortinas a sombra móvel de suas asas. Relegado ao local mais
deserto, à entrada das galerias, eu não perdia um murmúrio das trevas. Algumas vezes, o
vento parecia correr a passos largos; outras vezes, deixava escapar seus cantos; de repente,
minha porta era sacudida com violência, os subterrâneos soltavam seus bramidos, depois,
esses ruídos se extinguiam para recomeçarem outra vez. Às quatro horas da manhã, a voz do
senhor do castelo, convocando o criado de quarto pela entrada das abóbadas seculares,
ressoava como a voz do último fantasma da noite. Esta voz tinha para mim o lugar da
harmonia delicada, sob cujo som o pai de Montaigne despertava seu filho.
L'entêtement du comte de Chateaubriand à faire coucher un enfant seul au haut d'une
tour pouvait avoir quelque inconvénient ; mais il tourna à mon avantage. Cette manière
violente de me traiter me laissa le courage d'un homme, sans m'ôter cette sensibilité
d'imagination dont on voudrait aujourd'hui priver la jeunesse. Au lieu de chercher à me
convaincre qu'il n'y avait point de revenants, on me força de les braver. Lorsque mon père me
disait avec un sourire ironique : « Monsieur le chevalier aurait-il peur ? » il m'eût fait coucher
avec un mort. Lorsque mon excellente mère me disait : « Mon enfant, tout n'arrive que par la
permission de Dieu ; vous n'avez rien à craindre des mauvais esprits, tant que vous serez bon
chrétien »; j'étais mieux rassuré que par tous les arguments de la philosophie. Mon succès fut
si complet que les vents de la nuit, dans ma tour déshabitée, ne servaient que de jouets à mes
caprices et d'ailes à mes songes. Mon imagination allumée, se propageant sur tous les objets,
ne trouvait nulle part assez de nourriture et aurait dévoré la terre et le ciel. C'est cet état moral
qu'il faut maintenant décrire. Replondans ma jeunesse, je vais essayer de me saisir dans le
passé, de me montrer tel que j'étais, tel peut-être que je regrette de n'être plus, malgré les
tourments que j'ai endurés.
(3)
PASSAGE DE L’ENFANCE À L’HOMME.
A peine étais-je revenu de Brest à Combourg, qu'il se fit dans mon existence une
révolution. L'enfant disparut et l'homme se montra avec ses joies qui passent et ses chagrins
qui restent.
D'abord tout devint passion chez moi, en attendant les passions mêmes. Lorsque après
un dîner silencieux je n'avais osé ni parler ni manger, je parvenais à m'échapper, mes
transports étaient incroyables ; je ne pouvais descendre le perron d'une seule traite : je me
serais précipité.
A obstinação do conde de Chateaubriand em colocar no alto da torre uma criança
sozinha para dormir poderia ter tido algum inconveniente; porém, isso acabou vindo em meu
favor. Este modo violento de me tratar deu-me a coragem de um homem, sem me subtrair esta
sensibilidade de imaginação da qual se quer hoje privar a juventude. Em vez de eu tentar
convencer a mim de que as assombrações não existiam, fui obrigado a enfrentá-las. Quando
meu pai dizia com sorriso irônico: “O senhor cavaleiro por acaso estaria com medo?” eu seria
capaz de dormir com um morto. Quando minha mãe extremosa dizia: “Meu filho, nada
acontece sem o
consentimento de Deus: não deve temer os maus espíritos
enquanto for um bom cristão”, eu ficava, assim, mais tranqüilo do que com
todos os argumentos
da filosofia. Tão completo foi o meu sucesso que, em minha torre
desabitada, os ventos da noite passaram a servir de joguetes a meus caprichos e de asas a
meus sonhos. Minha imaginação inflamada, propagando-se para todos os objetos, sem
encontrar alimento suficiente em parte alguma, seria capaz de devorar o céu e a terra. Este
estado moral é que preciso agora descrever. Imerso em minha juventude, vou procurar ver-me
no passado, mostrar-me tal como era, tal como provavelmente lamento não mais sê-lo, a
despeito dos tormentos que suportei.
Capítulo 3
Passagem do menino ao homem.
Logo que voltei de Brest a Combourg, uma revolução se fez em minha existência; o
menino desapareceu e o homem se impôs com todas as alegrias que passam e mágoas que
ficam.
No início, tudo em mim se converteu em paixão, à espera das paixões de fato. Quando,
após um almoço silencioso, em que não havia ousado falar nem comer, eu conseguia escapar-
me, sentia meus arrebatamentos fabulosos; eu não podia descer as escadas de um golpe:
teria caído.
J'étais obligé de m'asseoir sur une marche pour laisser se calmer mon agitation ; mais
aussitôt que j'avais atteint la Cour Verte et les bois, je me mettais à courir, à sauter, à bondir, à
fringuer, à m'éjouir jusqu'à ce que je tombasse épuisé de forces palpitant, enivré de folâtreries
et de liberté.
Mon père me menait quant à lui à la chasse. Le goût de la chasse me saisit et je le
portai jusqu'à la fureur ; je vois encore le champ j'ai tué mon premier lièvre. Il m'est
souvent arrivé en automne de demeurer quatre ou cinq heures dans l'eau jusqu'à la ceinture,
pour attendre au bord d'un étang des canards sauvages ; même aujourd'hui, je ne suis pas de
sang-froid lorsqu'un chien tombe en arrêt. Toutefois, dans ma première ardeur pour la chasse,
il entrait un fond d'indépendance ; franchir les fossés, arpenter les champs, les marais, les
bruyères, me trouver avec un fusil dans un lieu désert, ayant puissance et solitude, c'était ma
façon d'être naturelle. Dans mes courses, je pointais si loin que, ne pouvant plus marcher, les
gardes étaient obligés de me rapporter sur des branches entrelacées.
Cependant le plaisir de la chasse ne me suffisait plus ; j'étais agité d'un désir de
bonheur que je ne pouvais ni régler, ni comprendre ; mon esprit et mon coeur s'achevaient de
former comme deux temples vides, sans autels et sans sacrifices ; on ne savait encore quel
Dieu y serait adoré. Je croissais auprès de ma soeur Lucile, notre amitié était toute notre vie.
(4)
LUCILE.
Lucile était grande et d'une beauté remarquable, mais sérieuse. Son visage pâle était
accompagné de longs cheveux noirs ; elle attachait souvent au ciel ou promenait autour d'elle
des regards pleins de tristesse ou de feu. Sa démarche, sa voix, son sourire, sa physionomie
avaient quelque chose de rêveur et de souffrant.
Lucile et moi nous nous étions inutiles. Quand nous parlions du monde, c'était de celui
que nous portions au dedans de nous et qui ressemblait bien peu au monde véritable.
Era obrigado a me sentar num degrau para deixar minha agitação passar; mas tão logo
atingia o Pátio Verde e os bosques, me punha a saltar, a correr, a rodopiar, a fazer loucuras, a
regozijar-me até cair exausto, sem forças, palpitante, exaltado pelo desvario e pela liberdade.
Meu pai levava-me junto para caçar. Eu tinha o gosto pela caça e a desfrutava com
todo furor; ainda lembro o campo onde abati minha primeira lebre. Aconteceu-me
seguidamente de permanecer quatro ou cinco horas com água até a cintura, durante o outono,
esperando por patos selvagens à beira de um lago; mesmo hoje não fico indiferente quando
um cão fareja a caça. Entretanto, nesse primeiro entusiasmo pela caça, havia um fundo de
independência; ultrapassar as fossas, percorrer os campos, os pântanos, as charnecas, de posse
de um fuzil num lugar deserto, experimentando poder e solidão era minha maneira de ser
natural. Nas minhas incursões eu ia tão longe que, sem mais poder andar, os guardas se viam
obrigados a me trazerem sobre galhos entrelaçados.
Contudo, o prazer pela caça não me era mais suficiente; sentia-me agitado por um
desejo de felicidade que não conseguia nem controlar, nem compreender; meu espírito e
coração consumavam-se enfim sob a forma de dois templos vazios, sem altares e sem
sacrifícios; não conhecia ainda o Deus que seria adorado. Eu crescia ao lado de minha
irmã Lucile; nossa amizade era toda nossa vida.
Capítulo 4
Lucile.
Lucile era alta e de uma beleza notável, porém séria. Seu rosto pálido contrastava com
seus longos cabelos escuros; muitas vezes ela dirigia aos céus ou lançava a seu redor olhares
cheios de tristeza ou de fogo. Seu caminhar, sua voz, seu sorriso, sua fisionomia tinham algo
de sofrido e de sonhador.
Lucile e eu éramos inúteis. Quando falávamos do mundo, referíamos àquele que
trazíamos dentro de nós mesmos e que bem pouco se assemelhava ao mundo verdadeiro.
Elle voyait en moi son protecteur, je voyais en elle mon amie. Il lui prenait des accès
de pensées noires que j'avais peine à dissiper : à dix-sept ans, elle déplorait la perte de ses
jeunes années ; elle se voulait ensevelir dans un cloître. Tout lui était souci, chagrin, blessure :
une expression qu'elle cherchait, une chimère qu'elle s'était faite, la tourmentaient des mois
entiers. Je l'ai souvent vue, un bras jeté sur sa te, rêver immobile et inanimée ; retirée vers
son coeur, sa vie cessait de paraître au dehors ; son sein même ne se soulevait plus. Par son
attitude, sa mélancolie, sa vénusté, elle ressemblait à un Génie funèbre. J'essayais alors de la
consoler, et l'instant d'après je m'abîmais dans des désespoirs inexplicables.
Lucile aimait à faire seule vers le soir, quelque lecture pieuse : son oratoire de
prédilection était l'embranchement de deux routes champêtres, marqué par une croix de pierre
et par un peuplier dont le long style s'élevait dans le ciel comme un pinceau. Ma dévote mère
toute charmée, disait que sa fille lui représentait une chrétienne de la primitive Eglise, priant à
ces stations appelées Laures .
De la concentration de l'âme naissaient chez ma soeur des effets d'esprit
extraordinaires : endormie, elle avait des songes prophétiques ; éveillée, elle semblait lire dans
l'avenir. Sur un palier de l'escalier de la grande tour battait une pendule qui sonnait le temps
au silence ; Lucile, dans ses insomnies, s'allait asseoir sur une marche, en face de cette
pendule : elle regardait le cadran à la lueur de sa lampe posée à terre. Lorsque les deux
aiguilles unies à minuit enfantaient dans leur conjonction formidable l'heure des désordres et
des crimes, Lucile entendait des bruits qui lui révélaient des trépas lointains. Se trouvant à
Paris quelques jours avant le 10 août, et demeurant avec mes autres soeurs dans le voisinage
du couvent des Carmes, elle jette les yeux sur une glace pousse un cri et dit : « Je viens de
voir entrer la mort. » Dans les bruyères de la Calédonie, Lucile eût été une femme céleste de
Walter Scott, douée de la seconde vue ; dans les bruyères armoricaines, elle n'était qu'une
solitaire avantagée de beauté, de génie et de malheur.
Ela via em mim o seu protetor, eu via nela a minha amiga. Deixava-se arrebatar por
maus pensamentos que me eram difíceis de dissipar: aos dezessete anos, ela deplorava a perda
de seus anos de juventude; desejava encerrar-se num claustro. Tudo lhe era preocupação,
mágoa, dor: uma forma que procurava, uma quimera que houvesse criado a atormentava por
meses inteiros. Muitas vezes a vi, com um braço sobre a cabeça, sonhar imóvel e inanimada;
recolhida sobre seu próprio coração, sua vida cessava de se manifestar para os outros; nem
mesmo seu seio palpitava mais. Por sua atitude, sua melancolia, sua formosura, ela se
assemelhava a um Gênio fúnebre. Eu tentava, então, consolá-la e, momentos depois, eu
afundava em desesperos inexplicáveis.
Lucile apreciava fazer sozinha, à tarde, alguma leitura religiosa: seu oratório de
predileção se situava no cruzamento entre dois caminhos campestres, sinalizado por uma cruz
de pedra e por um álamo longo que se elevava para o alto como um pincel. Minha devota
mãe, maravilhada, dizia que a filha lhe lembrava uma cristã da Igreja primitiva, orando
naquelas estações chamadas Laures.
Desta concentração de alma se originavam, em minha irmã, efeitos espirituais
extraordinários: adormecida, ela tinha sonhos proféticos; acordada, ela parecia ler o futuro.
Sobre um patamar da escada da grande torre, batia um pêndulo que anunciava o momento do
silêncio; Lucile, em suas insônias, sentava-se num degrau, em frente a este pêndulo: ela
enxergava o quadrante à luz de sua lâmpada posta no chão. Quando as duas agulhas unidas, à
meia-noite, engendravam em sua formidável conjunção a hora das desordens e dos crimes,
Lucile ouvia ruídos que lhe revelavam trespasses distantes.Encontrando-se em Paris alguns
dias antes do 10 de agosto, e estando com minhas outras irmãs nos arredores do convento das
Carmelitas, ela põe os olhos num espelho, solta um grito e diz: “Acabo de ver entrar a morte.”
Nas landes da Caledônia, Lucile teria sido uma mulher celestial de Walter Scott, dotada de
uma segunda visão; nas landes armoricanas, ela era apenas uma mulher solitária, privilegiada
na beleza, no gênio e na desventura.
(5)
PREMIER SOUFFLE DE LA MUSE.
La vie que nous menions à Combourg, ma soeur et moi, augmentait l'exaltation de
notre âge et de notre caractère. Notre principal désennui consistait à nous promener côte à
côte dans le grand Mail, au printemps sur un tapis de primevères, en automne sur un lit de
feuilles séchées, en hiver sur une nappe de neige que brodait la trace des oiseaux, des
écureuils et des hermines. Jeunes comme les primevères, tristes comme la feuille séchée, purs
comme la neige nouvelle, il y avait harmonie entre nos récréations et nous.
Ce fut dans une de ces promenades, que Lucile, m'entendant parler avec ravissement
de la solitude, me dit : « Tu devrais peindre tout cela. » Ce mot me révéla la muse, un souffle
divin passa sur moi. Je me mis à bégayer des vers, comme si c'eût été ma langue naturelle ;
jour et nuit je chantais mes plaisirs, c'est-à-dire mes bois et mes vallons ; je composais une
foule de petites idylles ou tableaux de la nature. J'ai écrit longtemps en vers avant d'écrire en
prose : M. de Fontanes prétendait que j'avais reçu les deux instruments.
Ce talent que me promettait l'amitié s'est-il jamais levé pour moi ? Que de choses j'ai
vainement attendues ! Un esclave, dans l' Agamemnon d'Eschyle, est placé en sentinelle au
haut du palais d'Argos ; ses yeux cherchent à découvrir le signal convenu du retour des
vaisseaux ; il chante pour solacier ses veilles, mais les heures s'envolent et les astres se
couchent, et le flambeau ne brille pas. Lorsque, après maintes années, sa lumière tardive
apparaît sur les flots, l'esclave est courbé sous le poids du temps ; il ne lui reste plus qu
recueillir des malheurs, et le choeur lui dit : « qu'un vieillard est une ombre » errante à la
clarté du jour. Onar hmerojanton alainei .
Capítulo 5
Primeiro sopro da musa.
A vida que levávamos em Combourg, minha irmã e eu, aumentava a exaltação de
nossa idade e de nosso caráter. Nossa principal distração consistia em passearmos lado a lado
no grande Mail, durante a primavera sobre um tapete de prímulas, durante o outono sobre um
leito de folhas secas, durante o inverno, sobre uma camada de neve que bordava o rastro dos
pássaros, dos esquilos e dos arminhos. Jovens como as prímulas, tristes como a folha seca,
puros como a neve renovada, havia harmonia entre nossas recreações e nós.
Foi num desses passeios que Lucile, ao ouvir-me falar com deslumbramento da
solidão, me disse: “Você deveria pintar isso tudo.Esta frase revelou-me a Musa; um sopro
divino passou por mim. Pus-me a balbuciar versos como se fosse minha língua natural; dia e
noite eu cantava meus prazeres, isto é, meus bosques e meus vales; compunha um amontoado
de pequenos idílios ou quadros da natureza. Por muito tempo escrevi em verso antes de
escrever em prosa: o senhor Fontanes me considerava munido dos dois instrumentos.
Nasceu em mim alguma vez este talento que a amizade me prometia? Quantas coisas
esperei em vão! Um escravo, no Agamêmnon de Esquilo, é posto de sentinela no alto do
palácio de Argos; seus olhos buscam encontrar o sinal combinado do retorno dos barcos; ele
canta para suavizar suas vigílias, mas as horas voam e os astros se põem, e as tochas não
brilham mais. Quando, após muitos anos, sua luz tardia aparece sobre as águas, o escravo
encontra-se encurvado sob o peso do tempo; resta-lhe apenas colher as desventuras, e o coro
lhe diz: “que um velho é uma sombra errante à luz do dia.” Onar hmerojanton alainei.
(6)
MANUSCRIT DE LUCILE .
Dans les premiers enchantements de l'inspiration, j'invitai Lucile à m'imiter. Nous
passions des jours à nous consulter mutuellement, à nous communiquer ce que nous avions
fait, ce que nous comptions faire. Nous entreprenions des ouvrages en commun ; guidés par
notre instinct, nous traduisîmes les plus beaux et les plus tristes passages de Job et de Lucrèce
sur la vie : le Taedet animam meam vitae meae , l' Homo natus de muliere , le Tum porro
puer, ut saevis projectus ab undis navita , etc. Les pensées de Lucile n'étaient que des
sentiments ; elles sortaient avec difficulté de son âme ; mais quand elle parvenait à les
exprimer, il n'y avait rien au-dessus. Elle a laissé une trentaine de pages manuscrites ; il est
impossible de les lire sans être profondément ému. L'élégance, la suavité, la rêverie, la
sensibilité passionnée de ces pages offrent un mélange du génie grec et du génie germanique.
L’AURORE.
« Quelle douce clarté vient éclairer l'Orient ! Est-ce la jeune aurore qui entrouvre au
monde ses beaux yeux chargés des langueurs du sommeil ? Déesse charmante, hâte-toi !
quitte la couche nuptiale, prends la robe de pourpre ; qu'une ceinture moelleuse la retienne
dans ses noeuds ; que nulle chaussure ne presse tes pieds délicats ; qu'aucun ornement ne
profane tes belles mains faites pour entrouvrir les portes du jour. Mais tu te lèves déjà sur la
colline ombreuse. Tes cheveux d'or tombent en boucles humides sur ton col de rose. De ta
bouche s'exhale un souffle pur et parfumé. Tendre déité, toute la nature sourit à ta présence ;
toi seule verses des larmes, et les fleurs naissent. »
Capítulo 6
Manuscrito de Lucile.
Em meio aos primeiros enlevos da inspiração, convidei Lucile a me acompanhar.
Passávamos os dias a consultar-nos mutuamente, a trocar o que havíamos feito, o que
pretendíamos fazer. Empreendíamos obras em comum; guiados por nosso instinto,
traduzíamos as mais belas e as mais tristes passagens de e de Lucrécio sobre a vida: le
Taedet animam meam vitae meae , l' Homo natus de muliere , le Tum porro puer, ut saevis
projectus ab undis navita , etc. Os pensamentos de Lucile eram sempre sentimentos; eles
saíam com dificuldade de sua alma; mas quando ela conseguia expressá-los, nada a eles se
comparava. Ela deixou umas trinta páginas manuscritas, é impossível lê-las sem emocionar-se
profundamente. A elegância, a suavidade, o devaneio, a sensibilidade apaixonada destas
páginas oferecem uma mistura de gênio grego e de gênio germânico.
AURORA
“Que suave luz vem iluminar o Oriente! Seria a jovem aurora entreabrindo ao mundo
seus belos olhos cheios de langores do sono! Deusa encantadora, apressa-te! Abandona o leito
nupcial, veste o traje de púrpura; que uma cinta macia o sustente em seus laços; que nenhum
sapato aperte teus pés delicados; que nenhum adorno profane tuas lindas mãos feitas para
entreabrir as portas do dia. Mas tu surges sobre a colina sombria. Teus cabelos dourados
caem em cachos úmidos sobre teu colo de rosas. De tua boca exala um sopro puro e
perfumado. Terna divindade, toda a natureza sorri na tua presença; somente tu vertes
lágrimas, e as flores nascem.”
A LA LUNE .
« Chaste déesse ! déesse si pure, que jamais même les roses de la pudeur ne se mêlent
à tes tendres clartés, j'ose te prendre pour confidente de mes sentiments. Je n’ai point, non
plus que toi, à rougir de mon propre coeur. Mais quelquefois le souvenir du jugement
injuuste et aveugle des hommes couvre mon front de nuages, ainsi que le tien. Comme toi, les
erreurs et les misères de ce monde inspirent mes rêveries. Mais plus heureuse que moi,
citoyenne des cieux, tu conserves toujours la sérénité ; les tempêtes et les orages qui s'élèvent
de notre globe glissent sur ton disque paisible. Déesse aimable à ma tristesse, verse ton froid
repos dans mon âme. »
L’INNOCENCE .
« Fille du ciel, aimable innocence, si j'osais de quelques-uns de tes traits essayer une
faible peinture, je dirais 0que tu tiens lieu de vertu à l'enfance, de sagesse au printemps de la
vie, de beauté à la vieillesse et de bonheur à l'infortune ; qu'étrangère à nos erreurs, tu ne
verses que des larmes pures, et que ton sourire n'a rien que de céleste. Belle innocence ! mais
quoi, les dangers t'environnent, l'envie t'adresse tous ses traits : ttrembleras-tu, modeste
innocence ? chercheras-tu à te dérober aux périls qui te menacent ? Non, je te vois debout,
endormie, la tête appuyée sur un autel. »
Mon frère accordait quelquefois de courts instants aux ermites de Combourg : il avait coutume
d'amener avec lui un jeune conseiller au parlement de Bretagne, M. de Malfilâtre, cousin de l'infortuné
poète de ce nom. Je crois que Lucile, à son insu, avait ressenti une passion secrète pour cet ami de
mon frère et que cette passion étouffée était au fond de la
mélancolie de ma soeur. Elle avait
d'ailleurs la manie de Rousseau sans en avoir l'orgueil : elle croyait que tout le monde était
conjuré contre elle.
À LUA
« Casta deusa ! deusa tão pura, que nem mesmo as rosas do pudor interferem em tuas
ternas claridades, ouso tomar-te por confidente de meus sentimentos. Assim como tu, não
devo enrubescer do meu próprio coração. Mas, certas vezes, a lembrança do julgamento
injusto e cego dos homens cobre minha fronte de nuvens, assim como a tua. Como para ti, os
erros e as misérias deste mundo inspiram meus devaneios. Porém, sendo mais venturosa,
cidadã dos us, tu conservas sempre a serenidade; as tempestades e os temporais, que se
lançam de nosso globo, escorregam sobre teu manso disco. Amável Deusa de minha tristeza,
verte teu frio repouso em minha alma.”
A INOCÊNCIA
« Filha do céu, amável inocência, se eu ousasse tentar um pálido retrato de alguns de
teus traços, diria que possuis o lugar da virtude na infância, da sabedoria na primavera da
vida, da beleza na velhice e da felicidade no infortúnio; que alheia a nossos erros, derramas
somente lágrimas puras, e que teu sorriso em tudo é celestial. Bela inocência! Mas os perigos
te cercam, a inveja te lança todas as suas flechas: te abalarás modesta inocência? Vais querer
te furtar aos perigos que te ameaçam? Não, vejo-te em pé, adormecida, com a cabeça
recostada num altar.”
Meu irmão concedia, às vezes, uns breves momentos aos eremitas de Combourg: ele
costumava vir acompanhado de um jovem conselheiro do parlamento de Bretanha, o senhor
de Malfilâtre, primo do desafortunado poeta de mesmo nome. Creio que Lucile, sem o
perceber alimentara uma paixão secreta por este amigo de meu irmão e que esta paixão
sufocada estava na origem da melancolia de minha irmã. Aliás ela tinha a mania de Rousseau,
sem possuir, porém, o mesmo orgulho: pensava que todos conjuravam contra ela.
Elle vint à Paris en 1789, accompagnée de cette soeur Julie dont elle a déploré la perte
avec une tendresse empreinte de sublime. Quiconque la connut, l'admira depuis M. de
Malesherbes jusqu'à Chamfort. Jetée clans les cryptes révolutionnaires à Rennes, elle fut au
moment d'être renfermée au château de Combourg devenu cachot pendant la Terreur.
Délivrée de prison, elle se maria à M. de Caud, qui la laissa veuve au bout d'un an. Au retour
de mon émigration, je revis l'amie de mon enfance : je dirai comment elle disparut, quand il
plut à Dieu de m'affliger.
(7)
Vallée-aux-Loups, novembre 1817.
DERNIÈRES LIGNES ÉCRITES À LA VALLÉ-AUX-LOUPS. – RÉVÉLATION
SUR LE MISTÈRE DE MA VIE.
Revenu de Montboissier, voici les dernières lignes que je trace dans mon ermitage ; il
le faut abandonner tout rempli des beaux adolescents qui déjà dans leurs rangs pressés
cachaient et couronnaient leur père. Je ne verrai plus le magnolia qui promettait sa rose à la
tombe de ma Floridienne, le pin de Jérusalem et le cèdre du Liban consacrés à la mémoire de
Jérôme, le laurier de Grenade, le platane de la Grèce, le chêne de l'Armorique, au pied
desquels je peignis Blanca, chantai Cymodocée, inventai Velléda. Ces arbres naquirent et
crûrent avec mes rêveries ; elles en étaient les Hamadryades. Ils vont passer sous un autre
empire : leur nouveau maître les aimera-t-il comme je les aimais ? Il les laissera dépérir, il les
abattra peut-être : je ne dois rien conserver sur la terre. C'est en disant adieu aux bois d'Aulnay
que je vais rappeler l'adieu que je dis autrefois aux bois de Combourg : tous mes jours sont
des adieux.
Le goût que Lucile m'avait inspiré pour la poésie, fut de l'huile jetée sur le feu. Mes
sentiments prirent un nouveau deg de force ; il me passa par l'esprit des vanités de
renommée ; je crus un moment à mon talent, mais bientôt, revenu à une juste défiance de moi-
même, je me mis à douter de ce talent, ainsi que j'en ai toujours douté.
Chegou a Paris em 1789, acompanhada da irmã Julie, cuja perda lamentou com uma
grande ternura impregnada de sublime. Todos que a conheceram a admiravam, desde o senhor
de Malesherbes até Chamfort. Lançada nas criptas revolucionárias em Rennes, esteve prestes
a ser enclausurada no castelo de Combourg, convertido em cárcere, calabouço durante o
Terror. Liberada da prisão, casou-se com o senhor de Caud, que a deixou viúva ao cabo de um
ano. Quando retornei de minha emigração, reencontrei a amiga de minha infância: contarei
sobre seu desaparecimento, quando Deus quis me afligir.
Capítulo 7
Vallée-aux-Loups, novembro de 1817.
Últimas linhas escritas em Vallée-aux-Loups. – Revelação sobre o mistério de minha vida.
Tendo retornado de Montboissier, eis aqui as últimas linhas que traço em meu
ermitário; eu devo abandoná-lo cheio de belos adolescentes que, apertados em suas fileiras,
ocultam e coroam seu pai. Não verei mais a magnólia que prometia sua rosa à tumba de
minha Floridiana, o pinheiro de Jerusalém e o cedro do Líbano dedicados à memória de
Jerônimo, o loureiro de Granada, o plátano da Grécia, o carvalho de Armórica, ao dos
quais pintei Blanca, cantei Cymodocée, inventei Velléda. Essas árvores nasceram e cresceram
com meus sonhos; eram suas hamadríadas. Elas passarão a um outro império: seu novo dono
as amará como eu as amei? Ele as deixará perecer, ele as abaterá talvez: não devo conservar
nada sobre a terra. É dando adeus aos bosques de Aulnay que vou me lembrar do adeus que
dei, no passado, aos bosques de Combourg: todos os meus dias são de adeus.
O gosto que Lucile me havia inspirado pela poesia foi como óleo jogado sobre o fogo.
Meus sentimentos tomaram um novo fôlego; passaram-me pela mente as vaidades da
nomeada; acreditei por um momento em meu talento, mas tão logo tendo atingido a justa
desconfiança sobre mim mesmo, pus-me a duvidar deste talento, assim como tenho sempre
duvidado.
Je regardai mon travail comme une mauvaise tentation ; j'en voulus à Lucile d'avoir
fait naître en moi un penchant malheureux : je cessai d'écrire, et je me pris à pleurer ma gloire
à venir, comme on pleurerait sa gloire passée.
Rentré dans ma première oisiveté, je sentis davantage ce qui manquait à ma jeunesse :
je m'étais un mystère. Je ne pouvais voir une femme sans être troublé ; je rougissais si elle
m'adressait la parole. Ma timidité déjà excessive avec tout le monde, était si grande avec une
femme que j'aurais préféré je ne sais quel tourment à celui de demeurer seul avec cette femme
: elle n'était pas plus tôt partie, que je la rappelais de tous mes voeux. Les peintures de Virgile,
de Tibulle et de Massillon, se présentaient bien à ma mémoire : mais l'image de ma mère et de
ma soeur, couvrant tout de sa pureté, épaississait les voiles que la nature cherchait à soulever ;
la tendresse filiale et fraternelle me trompait sur une tendresse moins désintéressée. Quand on
m'aurait livré les plus belles esclaves du sérail, je n'aurais su que leur demander : le hasard
m'éclaira.
Un voisin de la terre de Combourg était venu passer quelques jours au château avec sa
femme, fort jolie. Je ne sais ce qui advint dans le village ; on courut à l'une des fenêtres de la
grand'salle pour regarder. J'y arrivai le premier, l'étrangère se précipitait sur mes pas, je
voulus lui der la place et je me tournai vers elle ; elle me barra involontairement le chemin,
et je me sentis pressé entre elle et la fenêtre. Je ne sus plus ce qui se passa autour de moi.
Dès ce moment, j'entrevis que d'aimer et d'être aimé d'une manière qui m'était
inconnue, devait être la félicité suprême. Si j'avais fait ce que font les autres hommes, j'aurais
bientôt appris les peines et les plaisirs de la passion dont je portais le germe ; mais tout prenait
en moi un caractère extraordinaire. L'ardeur de mon imagination, ma timidité, la solitude
firent qu'au lieu de me jeter au dehors, je me repliai sur moi-même ; faute d'objet réel,
j'évoquai par la puissance de mes vagues désirs un fantôme qui ne me quitta plus. Je ne sais si
l'histoire du coeur humain offre un autre exemple de cette nature.
Considerei meu trabalho como uma espécie de tentação nociva; encolerizei-me contra
Lucile por ter feito nascer em mim uma vocação desafortunada: parei de escrever, passei a
lamentar minha glória futura, tal como se lamentaria a glória passada.
De volta a meu ócio inicial, pude sentir melhor o que faltava em minha juventude: eu
era um mistério para mim. Não podia olhar uma mulher sem ficar perturbado; eu enrubescia
se ela me dirigisse a palavra. Minha timidez, excessiva com todo mundo, tornava-se tão
grande com uma mulher que eu preferia qualquer outro tormento a permanecer sozinho com
ela: mas tão cedo partia, eu começava a chamá-la com todas as minhas forças. As pinturas de
Virgilio, de Tibulo e de Massillon estavam claras na minha memória; mas a imagem de minha
mãe e de minha irmã, encobrindo tudo com sua inocência, adensava os véus que a natureza
teimava em erguer; a ternura filial e fraternal me confundia diante de uma ternura menos
desinteressada. Se me tivessem oferecido as mais belas escravas do harém, não saberia o que
lhes pedir: o acaso me iluminou.
Um vizinho das terras de Combourg viera passar alguns dias no castelo com sua
mulher, muito bela. Não sei o que acontecia pelo vilarejo; corremos em direção a uma das
janelas da grande sala para olhar. Cheguei primeiro, a estrangeira precipitou-se atrás de mim,
quis ceder-lhe o lugar e me virei para ela; ela barrou-me involuntariamente o caminho e me vi
prensado entre ela e a janela. Não percebi mais o que se passou a meu redor.
A partir deste momento, suspeitei que amar e ser amado, de um modo que me era
estranho, devia ser a felicidade suprema. Se eu tivesse feito o que fazem os outros homens,
teria desvendado imediatamente as penas e os prazeres da paixão cujo germe eu trazia; no
entanto, em mim, tudo adquiria um caráter extraordinário. O ardor de minha imaginação,
minha timidez, a solidão fizeram com que eu me fechasse em mim mesmo em vez de me
lançar para fora; à falta de objeto real, eu evoquei, pela força de meus desejos vagos, um
fantasma que não mais me abandonou. Não sei se a história do coração dos homens oferece
outro exemplo desta natureza.
(8)
FANTÔME D’AMOUR.
Je me composai donc une femme de toutes les femmes que j'avais vues : elle avait la
taille, les cheveux et le sourire de l'étrangère qui m'avait pressé contre son sein ; je lui donnai
les yeux de telle jeune fille du village, la fraîcheur de telle autre. Les portraits des grandes
dames du temps de François Ier, de Henri IV et de Louis XIV, dont le salon était orné,
m'avaient fourni d'autres traits, et j'avais dérobé des grâces jusqu'aux tableaux des Vierges
suspendues dans les églises.
Cette charmeresse me suivait partout invisible ; je m'entretenais avec elle, comme avec
un être réel ; elle variait au gré de ma folie : Aphrodite sans voile, Diane vêtue d'azur et de
rosée, Thalie au masque riant, Hébé à la coupe de la jeunesse, souvent elle devenait une fée
qui me soumettait la nature. Sans cesse, je retouchais ma toile ; j'enlevais un appas à ma
beauté pour le remplacer par un autre. Je changeais aussi ses parures ; j'en empruntais à tous
les pays, à tous les siècles, à tous les arts, à toutes les religions. Puis, quand j'avais fait un
chef-d'oeuvre, j'éparpillais de nouveau mes dessins et mes couleurs ; ma femme unique se
transformait en une multitude de femmes, dans lesquelles j'idolâtrais séparément les charmes
que j'avais adorés réunis.
Pygmalion fut moins amoureux de sa statue : mon embarras était de plaire à la mienne.
Ne me reconnaissant rien de ce qu'il fallait pour être aimé, je me prodiguais ce qui me
manquait. Je montais à cheval comme Castor et Pollux ; je jouais de la lyre comme Apollon ;
Mars maniait ses armes avec moins de force et d'adresse : héros de roman ou d'histoire, que
d'aventures fictives j'entassais sur des fictions ! Les ombres des filles de Morven, les sultanes
de Bagdad et de Grenade, les châtelaines des vieux manoirs ; bains, parfums, danses, délices
de l'Asie, tout m'était approprié par une baguette magique.
Capítulo 8
Fantasma de amor.
Compus para mim, então, uma mulher feita de todas as mulheres que havia visto:
ela tinha a altura, os cabelos e o sorriso da estrangeira que me tinha apertado contra seu seio;
eu emprestava-lhe os olhos de uma jovem da cidade, o frescor de uma outra. Os retratos das
grandes damas do tempo de Francisco I, de Henrique IV e de Luís XIV, com o salão
adornado, me forneciam outros traços, e eu capturava graças até mesmo dos quadros das
Virgens expostos nas igrejas.
Esta feiticeira me seguia invisível em todos os lugares; entretinha-me com ela como se
fosse um ser real; ela mudava ao sabor de minhas loucuras: Afrodite sem véus, Diana vestida
de azul e de rosa, Tália de máscara sorridente, Hebe com um penteado juvenil, seguidamente
ela se transformava numa fada que submetia minha natureza. Eu retocava meu quadro sem
parar; removia um atrativo de minha beldade para substituí-lo por outro. Mudava também
seus adereços; emprestava-lhes de todos os países, de todos os séculos, de todas as artes, de
todas as religes. Depois, quando terminava a obra-prima, desfazia de novo meus desenhos e
minhas cores; minha mulher única se transformava em múltiplas mulheres, nas quais eu
idolatrava separadamente os encantos cuja fusão havia antes venerado.
Pigmaleão não amou sua estátua mais do que eu: meu desafio era o de agradá-la. Não
enxergando em mim nada daquilo que precisaria para ser amado, eu prodigalizava o que me
faltava. Eu montava a cavalo como Castor e Polux; tocava a lira como Apolo; Marte
manejava suas armas com menos força e destreza: herói de romance ou da história, quantas
aventuras fictícias eu acumulava sobre ficções! As sombras das filhas de Morven, as sultanas
de Bagdad e de Granada, as castelãs das velhas casas senhoriais; banhos, perfumes, danças,
delícias da Ásia, tudo me era dado por uma varinha mágica.
Voici venir une jeune reine, ornée de diamants et de fleurs (c'était toujours ma
sylphide) ; elle me cherche à minuit, au travers des jardins d'orangers, dans les galeries d'un
palais baigné des flots de la mer, au rivage embaumé de Naples ou de Messine, sous un ciel
d'amour que l'astre d'Endymion pénètre de sa lumière ; elle s'avance, statue animée de
Praxitèle, au milieu des statues immobiles, des pâles tableaux et des fresques silencieusement
blanchies par les rayons de la lune : le bruit léger de sa course sur les mosaïques des marbres
se mêle au murmure insensible de la vague. La jalousie royale nous environne. Je tombe aux
genoux de la souveraine des campagnes d'Enna ; les ondes de soie de son diadème dénoué
viennent caresser mon front lorsqu'elle penche sur mon visage sa tête de seize années, et que
ses mains s'appuient sur mon sein palpitant de respect et de volupté.
Au sortir de ces rêves, quand je me retrouvais un pauvre petit Breton obscur, sans
gloire, sans beauté, sans talents, qui n'attirerait les regards de personne, qui passerait ignoré,
qu'aucune femme n'aimerait jamais, le désespoir s'emparait de moi : je n'osais plus lever les
yeux sur l'image brillante que j'avais attachée à mes pas.
(9)
DEUX ANNÉES DE DÉLIRE. – OCCUPATIONS ET CHIMÈRES.
Ce délire dura deux années entières, pendant lesquelles les facultés de mon âme
arrivèrent au plus haut point d'exaltation. Je parlais peu, je ne parlai plus ; j'étudiais encore, je
jetai les livres ; mon goût pour solitude redoubla. J'avais tous les symptômes d'une
passion violente ; mes yeux se creusaient ; je maigrissais ; je ne dormais plus ; j'étais distrait,
triste, ardent, farouche. Mes jours s'écoulaient d'une manière sauvage, bizarre, insensée, et
pourtant pleins de délices.
Eis que chega de uma jovem rainha, adornada de diamantes e de flores era ainda
minha lfide; ela me busca à meia-noite, por entre os jardins de laranjeiras, nas galerias de
um palácio banhado pelas águas do mar, à margem perfumada de Nápoles ou de Messina, sob
um céu de amor onde o astro Endimion penetra com sua luz; ela avança, estátua animada de
Praxíteles, no meio das estátuas imóveis, quadros pálidos e afrescos silenciosamente
embranquecidos pelos raios da lua: o ruído leve de sua corrida sobre os mosaicos dos
mármores mistura-se ao murmúrio insensível da onda. O ciúme real nos cerca. Ponho-me de
joelhos diante da soberana dos campos de Ena; as ondas da seda de seu diadema desatado
vêm acariciar minha fronte quando ela inclina sobre meu rosto a sua face de dezesseis anos e
quando suas mãos apóiam-se em meu peito palpitante de respeito e de volúpia.
Ao acordar desses sonhos, quando eu reencontrava o pobre mísero bretão obscuro,
sem glória, sem beleza, sem talentos, que não atrairia os olhares de ninguém, que passaria
ignorado, que nunca seria amado por nenhuma mulher, o desespero tomava conta de mim:
não me atrevia mais a levantar os olhos para a imagem fascinante que agora seguia meus
passos.
Capítulo 9
Dois anos de delírio. – Ocupações e quimeras.
Este delírio durou dois anos inteiros, durante os quais as faculdades de minha alma
atingiram o ponto máximo de exaltação. Eu falava pouco e passei a não falar mais; estudava
um tanto e depois jogava fora os livros; meu gosto pela solidão redobrou. Possuía todos os
sintomas de uma paixão violenta; meus olhos afundavam; eu emagrecia; não dormia mais;
encontrava-me distraído, triste, inflamado, arredio. Meus dias transcorriam de modo
selvagem, estranho, insensato, e contudo cheios de delícias.
Au nord du château s'étendait une lande semée de pierres druidiques ; j'allais m'asseoir
sur une de ces pierres au soleil couchant. La cime dorée des bois, la splendeur de la terre,
l'étoile du soir scintillant à travers les nuages de rose, me ramenaient à mes songes : j'aurais
voulu jouir de ce spectacle avec l'idéal objet de mes désirs. Je suivais en pensée l'astre du jour,
je lui donnais ma beauté à conduire afin qu'il la présentât radieuse avec lui aux hommages de
l'univers. Le vent du soir qui brisait les réseaux tendus par l'insecte sur la pointe des herbes,
l'alouette de bruyère qui se posait sur un caillou, me rappelaient à la réalité : je reprenais le
chemin du manoir, le coeur serré, le visage abattu.
Les jours d'orage en été, je montais au haut de la grosse tour de l'ouest. Le roulement
du tonnerre sous les combles du château, les torrents de pluie qui tombaient en grondant sur le
toit pyramidal des tours, l'éclair qui sillonnait la nue et marquait d'une flamme électrique les
girouettes d'airain, excitaient mon enthousiasme : comme Ismen sur les remparts de
Jérusalem, j'appelais la foudre ; j'espérais qu'elle m'apporterait Armide.
Le ciel était-il serein ? je traversais le grand Mail, autour duquel étaient des prairies
divisées par des haies plantées de saules. J'avais établi un siège, comme un nid, dans un de ces
saules : isolé entre le ciel et la terre, je passais des heures avec les fauvettes ; ma nymphe
était à mes côtés. J'associais également son image à la beauté de ces nuits de printemps toutes
remplies de la fraîcheur de la rosée, des soupirs du rossignol et du murmure des brises.
D'autres fois, je suivais un chemin abandonné, une onde ornée de ses plantes rivulaires
; j'écoutais les bruits qui sortent des lieux infréquentés ; je prêtais l'oreille à chaque arbre. Je
croyais entendre la clarté de la lune chanter dans les bois : je voulais redire ces plaisirs et les
paroles expiraient sur mes lèvres. Je ne sais comment je retrouvais encore ma déesse dans les
accents d'une voix, dans les frémissements d'une harpe, dans les sons veloutés ou liquides
d'un cor ou d'un harmonica.
Ao norte do castelo se estendia uma lande semeada de pedras druídicas; ia me sentar
sobre uma dessas pedras ao sol poente. A copa dourada dos bosques, o esplendor da terra, a
estrela vespertina cintilando através das nuvens rosadas, devolviam-me a meus sonhos:
adoraria poder gozar este espetáculo com o objeto ideal de meus desejos. Seguia em
pensamento o astro do dia; deixava que conduzisse minha beldade a fim de que ela aparecesse
radiante a seu lado para as homenagens do universo. O vento do entardecer que rompia as
teias estendidas pelo inseto na borda da relva, a cotovia das ericáceas que pousava num seixo
me traziam de volta à realidade: eu retomava o caminho da casa, com o coração apertado, o
rosto abatido.
Nos dias de tempestade, no verão, eu subia ao alto da grande torre do oeste. O
estampido do trovão, sob a cobertura do castelo, a torrente das chuvas que caíam com
estrondo, no telhado piramidal das torres, o raio que rasgava a nuvem e marcava com uma
flama elétrica os cata-ventos de bronze, excitavam meu entusiasmo: como Ismeno nas
muralhas de Jerusalém, eu invocava os raios; esperava que me trouxessem Armida.
O céu estava sereno? Eu atravessava o grande Mail, em volta do qual estavam as
pradarias divididas por sebes compostas de salgueiros. Havia fixado um assento, como um
ninho, num desses salgueiros: isolado entre o céu e a terra, eu passava horas com as
toutinegras; minha ninfa ficava a meu lado. Associava igualmente sua imagem à beleza
daquelas noites de primavera, muito cheias do frescor do orvalho, dos suspiros do rouxinol e
do murmúrio das brisas.
Outras vezes, eu seguia um caminho abandonado, uma onda ornada com suas plantas
ribeirinhas, escutava os ruídos que saem dos lugares ermos; prestava ouvidos a cada árvore.
Pensava ouvir o clarão da lua cantar nos bosques: eu desejava falar desses prazeres e as
palavras expiravam em meus lábios. Não sei de que modo redescobria novamente minha
deusa nas inflexões de uma voz, no sussurro de uma harpa, nos sons aveludados ou líquidos
de um corne ou de uma harmônica.
Il serait trop long de raconter les beaux voyages que je faisais avec ma fleur d'amour ;
comment main en main nous visitions les ruines célèbres, Venise, Rome, Athènes Jérusalem,
Memphis, Carthage ; comment nous franchissions les mers ; comment nous demandions le
bonheur aux palmiers d'Otahiti, aux bosquets embaumés d'Amboine et de Tidor. Comment au
sommet de l'Himalaya nous allions réveiller l'aurore ; comment nous descendions les fleuves
saints dont les vagues épandues entourent les pagodes aux boules d'or ; comment nous
dormions aux rives du Gange, tandis que le bengali, perché sur le mât d'une nacelle de
bambou, chantait sa barcarolle indienne.
La terre et le ciel ne m'étaient plus rien ; j'oubliais surtout le dernier : mais si je ne lui
adressais plus mes voeux, il écoutait la voix de ma secrète misère : car je souffrais, et les
souffrances prient.
(10)
MES JOIES DE L’AUTOMNE.
Plus la saison était triste, plus elle était en rapport avec moi : le temps des frimas, en
rendant les communications moins faciles, isole les habitants des campagnes : on se sent
mieux à l'abri des hommes.
Un caractère moral s'attache aux scènes de l'automne : ces feuilles qui tombent comme
nos ans, ces fleurs qui se fanent comme nos heures, ces nuages qui fuient comme nos
illusions, cette lumière qui s'affaiblit comme notre intelligence, ce soleil qui se refroidit
comme nos amours, ces fleuves qui se glacent comme notre vie, ont des rapports secrets avec
nos destinées.
Eu levaria muito tempo para contar as belas viagens que fazia com minha flor de
amor; como visitávamos de mãos dadas as ruínas célebres, Veneza, Roma, Atenas, Jerusalém,
Mênfis, Cartago; como atravessávamos os mares; como reivindicávamos a felicidade às
palmeiras do Taiti, aos bosques perfumados de Amboine e de Tidor; como no topo do
Himalaia íamos despertar a aurora; como descíamos os rios sagrados cujas correntes
derramadas cercam os pagodes de bolas de ouro; como dormíamos às margens do Ganges,
enquanto o bengali, empoleirado na haste de uma canoa de bambu, cantava sua barcarola
indiana.
A terra e o céu não me diziam mais nada, eu esquecia sobretudo este último: mas se eu
não mais lhe dirigia meus pedidos, ele escutava a voz de minha miséria secreta, pois eu
sofria, e as dores suplicam.
Capítulo 10
Minhas alegrias de outono.
Quanto mais triste era a estação, mais ela estava de acordo comigo: a época dos
nevoeiros, tornando as comunicações menos fáceis, isola os habitantes dos campos: nos
sentimos melhor ao abrigo dos homens.
Um caráter moral corresponde aos cenários do outono: essas folhas que caem como
nossos anos, essas flores que fenecem como nossas horas, essas nuvens que fogem como
nossas ilusões, essa luz que enfraquece como nossa inteligência, esse sol que esfria como
nossos amores, esses rios que congelam como nossa vida têm comunicação secreta com
nossos destinos.
Je voyais avec un plaisir indicible le retour de la saison des tempêtes, le passage des
cygnes et des ramiers, le rassemblement des corneilles dans la prairie de l'étang, et leur
perchée à l'entrée de la nuit sur les plus hauts chênes du grand Mail. Lorsque le soir élevait
une vapeur bleuâtre au carrefour des forêts, que les complaintes ou les lais du vent
gémissaient dans les mousses flétries, j'entrais en pleine possession des sympathies de ma
nature. Rencontrais-je quelque laboureur au bout d'un guéret ? je m'arrêtais pour regarder cet
homme germé à l'ombre des épis parmi lesquels il devait être moissonné, et qui retournant la
terre de sa tombe avec le soc de la charrue, mêlait ses sueurs brûlantes aux pluies glacées de
l'automne : le sillon qu'il creusait était le monument destiné à lui survivre. Que faisait à cela
mon élégante démone ? Par sa magie, elle me transportait au bord du Nil, me montrait la
pyramide égyptienne noyée dans le sable, comme un jour le sillon armoricain caché sous la
bruyère : je m'applaudissais d'avoir placé les fables de ma félicité hors du cercle des réalités
humaines.
Le soir je m'embarquais sur l'étang, conduisant seul mon bateau au milieu des joncs et
des larges feuilles flottantes du nénuphar. Là, se réunissaient les hirondelles prêtes à quitter
nos climats. Je ne perdais pas un seul de leurs gazouillis : Tavernier enfant était moins attentif
au récit d'un voyageur. Elles se jouaient sur l'eau au tomber du soleil, poursuivaient les
insectes, s'élançaient ensemble dans les airs, comme pour éprouver leurs ailes, se rabattaient à
la surface du lac, puis se venaient suspendre aux roseaux que leur poids courbait à peine, et
qu'elles remplissaient de leur ramage confus.
Eu observava com um prazer indizível o retorno da estação das tempestades, a
passagem dos cisnes e das pombas, a reunião das gralhas na pradaria do lago e seu
ajuntamento, com a chegada da noite, nos carvalhos mais altos do grande Mail. Quando a
noite soltava um vapor azulado na confluência dos bosques, quando as queixas ou os lais do
vento se faziam sentir nos musgos ressecados eu me apoderava plenamente, das simpatias de
minha natureza. Se eu avistasse um lavrador num canto de uma seara? Eu me detinha a fim de
olhar o homem germinado à sombra das espigas no meio das quais ele seria colhido, e,
revolvendo a terra de seu túmulo com a relha do arado, misturaria seus suores quentes, com as
chuvas gélidas do outono: o sulco que escavava era o monumento destinado a sobreviver-lhe.
Que fazia então meu elegante demônio? Mediante sua magia, ela me transportava à beira do
Nilo, me mostrando sua pirâmide egípcia enterrada na areia, assim como um dia o sulco
armoricano esteve escondido sob as charnecas: me congratulava por haver situado as fábulas
de minha felicidade fora do círculo das realidades humanas.
Ao entardecer, eu embarcava pelo lago, conduzindo sozinho meu barco no meio dos
juncos e das largas folhas flutuantes do nenúfar. As andorinhas se reuniam, prontas a
abandonarem nossos climas. Eu não perdia sequer um de seus gorgeios: Tavernier, menino,
era menos atento ao conto de um viajante. Elas se jogavam sobre a água ao cair da tarde,
perseguiam os insetos, lançavam-se junto pelos ares, como se testassem suas asas, desciam à
superfície do lago, depois se penduravam aos juncos que vergavam ligeiramente com seu
peso, e que espalhavam seu confuso gorjeio.
(11)
INCANTATION.
La nuit descendait ; les roseaux agitaient leurs champs de quenouilles et de glaives,
parmi lesquels la caravane emplumée, poules d'eau, sarcelles, martins-pêcheurs, bécassines,
se taisait ; le lac battait ses bords ; les grandes voix de l'automne sortaient des marais et des
bois : j'échouais mon bateau au rivage et retournais au château. Dix heures sonnaient. A peine
retiré dans ma chambre, ouvrant mes fenêtres, fixant mes regards au ciel, je commençais une
incantation. Je montais avec ma magicienne sur les nuages : roulé dans ses cheveux et dans
ses voiles, j'allais, au gré des tempêtes, agiter la cime des forêts, ébranler le sommet des
montagnes, ou tourbillonner sur les mers. Plongeant dans l'espace descendant du trône de
Dieu aux portes de l'abîme, les mondes étaient livrés à la puissance de mes amours. Au milieu
du désordre des éléments, je mariais avec ivresse la pensée du danger à celle du plaisir. Les
souffles de l'aquilon ne m'apportaient que les soupirs de la volupté ; le murmure de la pluie
m'invitait au sommeil sur le sein d'une femme. Les paroles que j'adressais à cette femme
auraient rendu des sens à la vieillesse, et réchauffé le marbre des tombeaux. Ignorant tout,
sachant tout, à la fois vierge et amante, Eve innocente, Eve tombée, l'enchanteresse par qui
me venait ma folie était un mélange de mystères et de passions : je la plaçais sur un autel et je
l'adorais. L'orgueil d'être aimé d'elle augmentait encore mon amour. Marchait-elle ? Je me
prosternais pour être foulé sous ses pieds, ou pour en baiser la trace. Je me troublais à son
sourire ; je tremblais au son de sa voix ; je frémissais de désir, si je touchais ce qu'elle avait
touché. L'air exhalé de sa bouche humide pénétrait dans la moelle de mes os, coulait dans mes
veines au lieu de sang. Un seul de ses regards m'eût fait voler au bout de la terre, quel désert
ne m'eût suffi avec elle ! A ses côtés, l'antre des lions se fût changé en palais, et des millions
de siècles eussent été trop courts pour épuiser les feux dont je me sentais embrasé.
A cette fureur se joignait une idolâtrie morale : par un autre jeu de mon imagination,
cette Phryné qui m'enlaçait dans ses bras, était aussi pour moi la gloire et surtout l'honneur, la
vertu, lorsqu'elle accomplit ses plus nobles sacrifices, le génie, lorsqu'il enfante la pensée la
plus rare, donneraient à peine une idée de cette autre sorte de bonheur.
Capítulo 11
Encantamento.
A noite caía; os caniçais agitavam suas extensões de gládios, em meio as quais
silenciavam a caravana emplumada, galinhas d’água, cercetas, martins-pescadores, narcejas; o
lago atingia a beirada; dos pântanos e dos bosques saíam as grandes vozes do outono: eu
ancorava meu barco na margem e voltava ao castelo. Soavam dez horas. Tão logo tendo me
retirado ao quarto, abria minhas janelas, fixava meu olhar no céu e iniciava um encantamento.
Eu montava nas nuvens com minha feiticeira: enrolando-me nos seus cabelos e seus véus, me
punha, à mercê das tempestades, a agitar as copas das florestas, a sacudir o topo das
montanhas, ou a revolver os mares. Ao mergulhar no espaço, ao descer do trono de Deus para
as portas do abismo, os mundos estavam entregues ao domínio de meus amores. Em meio à
desordem dos elementos, eu conjugava, com embriaguez, a idéia do perigo à do prazer. Os
sopros do aquilão não me traziam outra coisa senão os suspiros da voluptuosidade; o
murmúrio da chuva me convidava ao sono sobre o seio de uma mulher. As palavras que eu
endereçava a esta mulher fariam a velhice recobrar seus sentidos, e os mármores das tumbas
aquecerem-se. Tudo ignorando, tudo sabendo, ao mesmo tempo virgem e amante, Eva
inocente, Eva decaída, a feiticeira causadora de minha loucura era uma mistura de mistérios e
paixões: eu a colocava sobre um altar e a venerava. O orgulho de ser por ela amado fazia
aumentar ainda mais meu amor. Ela estava caminhando? Prosternava-me para ser pisado por
seus pés, ou para beijar seus rastros. Eu tremia diante de seu sorriso; vibrava ao som de sua
voz; estremecia de desejo se tocasse no que ela havia tocado. O ar exalado por sua boca
úmida penetrava na medula de meus ossos, corria em minhas veias no lugar do sangue.
Apenas um de seus olhares me faria voar até a outra extremidade da terra; com ela qualquer
deserto me bastaria! A seu lado, um antro de leões se transformaria em palácio, e milhões de
séculos seriam pouco para extinguir os fogos que me faziam arder.
A todo esse furor acrescentava-se uma idolatria moral: por um outro jogo de minha
imaginação, esta Friné que me estreitava em seus braços era para mim também a glória e,
sobretudo, a honra; a virtude, quando empreendia seus mais nobres sacrifícios, o gênio,
quando concebia o mais raro dos pensamentos, dariam apenas uma idéia deste outro tipo de
felicidade.
Je trouvais à la fois dans ma création merveilleuse toutes les blandices des sens et
toutes les jouissances de l'âme. Accablé et comme submergé de ces doubles délices, je ne
savais plus quelle était ma véritable existence ; j'étais homme et n'étais pas homme ; je
devenais le nuage, le vent, le bruit ; j'étais un pur esprit, un être aérien, chantant la souveraine
félicité. Je me dépouillais de ma nature pour me fondre avec la fille de mes désirs, pour me
transformer en elle, pour toucher plus intimement la beauté, pour être à la fois la passion
reçue et donnée, l'amour et l'objet de l'amour.
Tout à coup, frappé de ma folie, je me précipitais sur ma couche, je me roulais dans
ma douleur ; j'arrosais mon lit de larmes cuisantes que personne ne voyait et qui coulaient
misérables, pour un néant.
(12)
TENTATION.
Bientôt, ne pouvant plus rester dans ma tour, je descendais à travers les ténèbres,
j'ouvrais furtivement la porte du perron comme un meurtrier et j'allais errer dans le grand bois.
Après avoir marché à l'aventure, agitant mes mains embrassant les vents qui
m'échappaient ainsi que l'ombre objets de mes poursuites, je m'appuyais contre le tronc d'un
hêtre ; je regardais les corbeaux que je faisais envoler d'un arbre pour se poser sur un autre, ou
la lune se traînant sur la cime dépouillée de la futaie : j'aurais voulu habiter ce monde mort,
qui réfléchissait la pâleur du sépulcre. Je ne sentais ni le froid, ni l'humidité de la nuit ;
l'haleine glaciale de l'aube ne m'aurait pas même tidu fond de mes pensées, si à cette heure
la cloche du village ne s'était fait entendre.
Dans la plupart des villages de la Bretagne, c'est ordinairement à la pointe du jour que
l'on sonne pour les trépassés. Cette sonnerie compose, de trois notes répétées, un petit air
monotone, mélancolique et champêtre.
Eu encontrava, ao mesmo tempo, em minha maravilhosa criação todas as blandícias
dos sentidos e todos os gozos da alma. Sufocado e como que submerso por esse duplo deleite,
eu não sabia mais qual era minha verdadeira existência; eu era homem e não era homem; eu
me convertia em nuvem, em vento, em ruído; eu era um puro espírito, um ser aéreo que
cantava a felicidade soberana. Despojava-me de minha natureza para me fundir com a jovem
de meus desejos, para me transformar nela, para tocar mais intimamente a beleza, para ser, a
uma só vez, a paixão recebida e dada, o amor e o objeto do amor.
De repente, tomado por minha loucura, precipitava-me sobre o leito; contorcia-me em
minha dor; banhava minha cama com lágrimas ardentes que ninguém via e que corriam
miseráveis, por um nada.
Capítulo 12
Tentação.
Logo depois, sem conseguir permanecer em minha torre, eu descia atravessando as
trevas, abria furtivamente a porta das escadas e, feito um condenado, me punha a errar pelo
grande bosque.
Após caminhar a esmo, agitando minhas mãos, abraçando os ventos que iam
escapando-me feito uma sombra, objetos de minhas buscas, eu apoiava-me contra o tronco de
uma faia; observava os corvos que, com minha presença, esvoaçavam de uma árvore para
irem pousar em outra, ou a lua que se arrastava pelo topo das grandes árvores podadas: eu
desejava habitar este mundo morto, que refletia a palidez do sepulcro. Não sentia nem o frio,
nem a umidade da noite; a brisa glacial da madrugada, não me teria removido do fundo de
meus pensamentos, se, neste mesmo instante, o sino da aldeia não houvesse dado seu sinal.
Na maior parte dos vilarejos da Bretanha, é com o raiar do dia que normalmente
tocam-se os sinos para os mortos. Esse toque, com base em três notas repetidas, compunha
uma breve canção monótona, melancólica e campestre.
Rien ne convenait mieux à mon âme malade et blessée, que d'être rendue aux
tribulations de l'existence par la cloche qui en annonçait la fin. Je me représentais le pâtre
expiré dans sa cabane inconnue, ensuite déposé dans un cimetière non moins ignoré. Qu'était-
il venu faire sur la terre ? moi-même, que faisais-je dans ce monde ? Puisqu'enfin je devais
passer, ne valait-il pas mieux partir à la fraîcheur du matin, arriver de bonne heure que
d'achever le voyage sous le poids et pendant la chaleur du jour ? Le rouge du désir me montait
au visage. l'idée de n'être plus me saisissait le coeur à la façon d'une joie subite. Au temps des
erreurs de ma jeunesse, j'ai souvent souhaité ne pas survivre au bonheur : il y avait dans le
premier succès un degré de félicité qui me faisait aspirer à la destruction.
De plus en plus garrotté à mon fantôme, ne pouvant jouir de ce qui n'existait pas,
j'étais comme ces hommes mutilés qui rêvent des béatitudes pour eux insaisissables, et qui se
créent un songe dont les plaisirs égalent les tortures de l'enfer. J'avais en outre le
pressentiment des misères de mes futures destinées : ingénieux à me forger des souffrances, je
m'étais placé entre deux désespoirs ; quelquefois je ne me croyais qu'un être nul, incapable de
s'élever au-dessus du vulgaire ; quelquefois il me semblait sentir en moi des qualités qui ne
seraient jamais appréciées. Un secret instinct m'avertissait qu'en avançant dans le monde, je
ne trouverais rien de ce que je cherchais.
Tout nourrissait l'amertume de mes dégoûts : Lucile était malheureuse ; ma mère ne
me consolait pas ; mon père me faisait éprouver les affres de la vie. Sa morosité augmentait
avec l'âge ; la vieillesse raidissait son âme comme son corps ; il m'épiait sans cesse pour me
gourmander. Lorsque je revenais de mes courses sauvages et que je l'apercevais assis sur le
perron, on m'aurait plutôt tué que de me faire rentrer au château. Ce n'était néanmoins que
différer mon supplice : obligé de paraître au souper, je m'asseyais tout interdit sur le coin de
ma chaise, mes joues battues de la pluie, ma chevelure en désordre. Sous les regards de mon
père, je demeurais immobile et la sueur couvrait mon front : la dernière lueur de la raison
m'échappa.
Me voici arri à un moment j'ai besoin de quelque force pour confesser ma
faiblesse. L'homme qui attente à ses jours montre moins la vigueur de son âme que la
défaillance de sa nature.
Nada convinha mais a minha alma doente e ferida do que ser devolvido às atribulações
da existência por este mesmo sinal que anunciava seu fim. Imaginava o pastor expirando na
sua obscura cabana, sendo posto depois num cemitério não menos ignorado. O que viera ele
fazer sobre a terra? Eu mesmo o que fazia neste mundo? que, enfim, eu devia passar, não
seria preferível partir com o frescor da manhã, chegar mais cedo do que terminar a viagem
sob o peso e durante o calor do dia? O rubor do desejo me subia à face; a idéia de não mais
existir, subitamente, me tomava o espírito de um modo alegre. Na época dos erros de minha
juventude, muitas vezes desejei não sobreviver à felicidade: havia nos primeiros sucessos um
grau de felicidade que me fazia aspirar à destruição.
Cada vez mais garroteado em meu fantasma, não podendo, desfrutar aquilo que não
existia, encontrava-me como estes homens mutilados que sonham com beatitudes
inalcançáveis ao criarem para eles uma ilusão cujos prazeres equivalem às torturas do inferno.
Eu tinha, além do mais, o pressentimento das misérias de minha sorte futura: engenhoso para
me forjar sofrimentos, eu me colocava entre dois desesperos; às vezes me via como um ser
nulo, incapaz de elevar-me acima do vulgar; outras vezes, percebia em mim qualidades que
nunca seriam apreciadas. Um secreto instinto me advertia de que ao avançar pelo mundo não
encontraria nada do que buscava.
Tudo alimentava o amargor em meus desgosto: Lucile estava infeliz ; minha mãe não
me consolava; meu pai me fazia experimentar os horrores da vida. Sua morosidade aumentava
com a idade; a velhice enrijecia tanto sua alma como seu corpo; ele me espreitava sempre a
fim de me repreender. Quando eu retornava de minhas correrias selvagens e o via sentado à
escadaria, seria mais fácil matar-me do que fazer-me entrar no castelo. Mas isso significava
apenas adiar meu suplício: sendo obrigado a comparecer para o jantar, confuso, sentava-me
num canto da cadeira, com as faces fustigadas pela chuva, a cabeleira em desordem. Diante
dos olhares de meu pai, permanecia imóvel e o suor cobria minha fronte: a última luz da razão
me fugia.
Eis-me aqui chegado a um momento em que necessito de algumas forças para
confessar minha fraqueza. O homem que atenta contra a própria vida mostra menos o vigor de
sua alma que a debilidade de sua natureza.
Je possédais un fusil de chasse dont la détente usée partait souvent au repos. Je
chargeai ce fusil de trois balles, et je me rendis dans un endroit écarté du grand Mail. J'armai
le fusil, j'introduisis le bout du canon dans ma bouche, je frappai la crosse contre terre ; je
réitérai plusieurs fois l'épreuve : le coup ne partit pas ; l'apparition d'un garde suspendit ma
résolution. Fataliste sans le vouloir et sans le savoir, je supposai que mon heure n'était pas
arrivée, et je remis à un autre jour l'exécution de mon projet. Si je m'étais tué, tout ce que j'ai
été s'ensevelissait avec moi ; on ne saurait rien de l'histoire qui m'aurait conduit à ma
catastrophe ; j'aurais grossi la foule des infortunés sans nom, je ne me serais pas fait suivre à
la trace de mes chagrins comme un blessé à la trace de son sang.
Ceux qui seraient troublés par ces peintures et tentés d'imiter ces folies, ceux qui
s'attacheraient à ma mémoire par mes chimères, se doivent souvenir qu'ils n'entendent que la
voix d'un mort. Lecteur, que je ne connaîtrai jamais, rien n'est demeuré : il ne reste de moi que
ce que je suis entre les mains du Dieu vivant qui m'a jugé.
(13)
MALADIE. – JE CRAINS ET REFUSE DE M’ENGAGER DANS L’ÉTAT
ECCLÉSIASTIQUE. – PROJET DE PASSAGE AUX INDES.
Une maladie, fruit de cette vie désordonnée, mit fin aux tourments par qui
m'arrivèrent les premières inspirations de la muse et les premières attaques des passions. Ces
passions dont mon âme était surmenée, ces passions vagues encore, ressemblaient aux
tempêtes de mer qui affluent de tous les points de l'horizon : pilote sans expérience, je ne
savais de quel côté présenter la voile à des vents indécis. Ma poitrine se gonfla, la fièvre me
saisit ; on envoya chercher à Bazouches petite ville éloignée de Combourg de cinq ou six
lieues, un excellent médecin nommé Cheftel, dont le fils a joué un rôle dans l'affaire du
marquis de La Rouërie. Il m'examina attentivement, ordonna des remèdes et déclara qu'il était
surtout nécessaire de m'arracher à mon genre de vie.
Eu possuía um fuzil de caça cujo gatilho gasto às vezes disparava por conta própria.
Carreguei este fuzil com três balas, e parti para um lugar afastado no grande Mail. Armei o
fuzil, coloquei a extremidade do cano na boca, bati a coronha contra o chão; repeti várias
vezes a mesma tentativa: o tiro não disparou; o surgimento de um guarda suspendeu minha
decisão. Fatalista sem o querer e sem o saber, supus que minha hora não havia chegado, e
adiei para um outro dia a execução de meu projeto. Se tivesse me matado, tudo o que fui teria
sido enterrado comigo; nada se saberia sobre a história que iria me conduzir à minha
catástrofe; teria engrossado a massa dos infortunados sem nome, não teria feito com que
acompanhassem as marcas de minhas tristezas como um ferido a procura de seu sangue.
Aqueles que ficarem tocados por essas cenas e tentados a imitar tais loucuras, aqueles
que se afeiçoarem a minha memória pelas minhas quimeras, devem lembrar de que ouvem
tão-somente a voz de um morto. Leitor, que jamais conhecerei, nada ficou: de mim resta
apenas o que sou entre as mãos do Deus vivo que me tem julgado.
Capítulo 13
Doença. – Temo e recuso a carreira na ordem eclesiástica. – Projeto de passagem para as
Índias.
Uma doença, fruto dessa vida desordenada, pôs fim aos tormentos por que passei
durante as primeiras inspirações da musa e os primeiros acessos de paixões. As paixões de
que minha alma estava carregada, essas paixões vagas ainda, assemelhavam-se às tempestades
do mar que afluem de todos os pontos do horizonte: piloto sem experiência, não sabia de que
lado apresentar a vela a ventos indecisos.
118
Meu peito se dilatava, fui tomado pela febre;
foram buscar em Bazouches, pequena cidade distando cinco ou seis léguas de Combourg, um
excelente médico chamado Cheftel, cujo filho participou do caso do Marquês de la Rouërie.
Ele examinou-me atentamente, receitou remédios e anunciou, sobretudo, a necessidade de me
afastarem do tipo de vida que levava.
118
N.A. À medida que avanço em minha vida, reencontro personagens de minhas Memórias : a viúva do filho do
médico Cheftel acaba de ser acolhida pela enfermaria de Maria-Teresa: este é mais um testemunho de minha
veracidade. (Nota de Paris, 1834).
Je fus six semaines en péril. Ma mère vint un matin s'asseoir au bord de mon lit, et me
dit : « Il est temps de vous décider ; votre frère est à même de vous obtenir un bénéfice ; mais
avant d'entrer au séminaire, il faut vous bien consulter, car si je désire que vous embrassiez
l'état ecclésiastique, j'aime encore mieux vous voir homme du monde que prêtre scandaleux. »
D'après ce qu'on vient de lire, on peut juger si la proposition de ma pieuse mère
tombait à propos. Dans les événements majeurs de ma vie, j'ai toujours su promptement ce
que je devais éviter ; un mouvement d'honneur me pousse. Abbé ? je me parus ridicule.
Evêque ? la majesté du sacerdoce m'imposait et je reculais avec respect devant l'autel. Ferais-
je comme évêque des efforts afin d'acquérir des vertus, ou me contenterais-je de cacher mes
vices ? Je me sentais trop faible pour le premier parti, trop franc pour le second. Ceux qui me
traitent d'hypocrite et d'ambitieux me connaissent peu : je ne réussirai jamais dans le monde,
précisément parce qu'il me manque une passion et un vice, l'ambition et l'hypocrisie. La
première serait tout au plus chez moi de l'amour-propre piqué ; je pourrais désirer quelquefois
être ministre ou roi pour me rire de mes ennemis, mais au bout de vingt-quatre heures je
jetterais mon portefeuille et ma couronne par la fenêtre.
Je dis donc à ma mère que je n'étais pas assez fortement appelé à l'état ecclésiastique.
Je variais pour la seconde fois dans mes projets : je n'avais point voulu me faire marin, je ne
voulais plus être prêtre. Restait la carrière militaire ; je l'aimais : mais comment supporter la
perte de mon indépendance et la contrainte de la discipline européenne ? Je m'avisai d'une
chose saugrenue : je déclarai que j'irais au Canada défricher des forêts ou aux Indes chercher
du service dans les armées des princes de ce pays.
Par un de ces contrastes qu'on remarque chez tous les hommes, mon père, si
raisonnable d'ailleurs, n'était jamais trop choqué d'un projet aventureux. Il gronda ma mère de
mes tergiversations, mais il se décida à me faire passer aux Indes. On m'envoya à Saint-Malo ;
on y préparait un armement pour Pondichéry.
Estive seis semanas em risco de vida. Certa manhã, minha mãe veio sentar-se à beira
de minha cama e disse: “ É hora de você decidir, seu irmão está em condições de lhe obter um
beneficio; mas antes de fazer você entrar no seminário, devo fazer uma consulta, afinal
mesmo querendo vê-lo seguir a carreira eclesiástica, prefiro ainda vê-lo homem do mundo a
padre escandaloso.”
Pelo que acabamos de ler, pode-se julgar o quanto à proposta de minha carinhosa mãe
me era oportuna. Nos acontecimentos mais importantes de minha vida, eu sempre soube
prontamente o que devia evitar; sou compelido por um impulso de honra. Abade? Parecia-me
ridículo. Bispo? A majestade do sacerdócio se impunha e eu, respeitosamente, recuava diante
do altar. Como bispo, faria eu esforços com a finalidade de adquirir virtudes, ou me
contentaria em esconder meus vícios? Sentia-me muito fraco para o primeiro partido, muito
franco para o segundo. Os que me tacham de hipócrita e de ambicioso me conhecem pouco:
nunca terei êxito no mundo, exatamente porque me faltam uma paixão e um vício, a ambição
e a hipocrisia. A primeira teria sido em mim, no máximo, amor-próprio ferido; eu poderia
desejar, em certos momentos, ser ministro ou rei para rir de meus inimigos; contudo, depois
de vinte e quatro horas teria jogado pela janela minha carteira e minha coroa.
Disse, então, à minha mãe que não me achava fortemente atraído pela carreira
eclesiástica. Eu mudava pela segunda vez meus projetos: não desejava tornar-me marinheiro,
e não mais queria ser padre. Restava a carreira militar; eu a apreciava: mas como suportar a
perda de minha independência e a pressão da disciplina européia? Arrisquei algo disparatado:
declarei que iria para o Canadá desbravar florestas ou às Índias buscar serviço nos exércitos
dos príncipes deste país.
Por um destes contrastes que observamos em todos os homens, meu pai, sempre tão
razoável, nunca ficava muito chocado com um projeto aventureiro. Irou-se com minha mãe, a
propósito de minhas tergiversações, mas decidiu mandar-me para as Índias. Fui enviado a
Saint-Malo; preparavam ali uma tripulação para Pondichéry.
(14)
UN MOMENT DANS MA VILLE NATALE. – SOUVENIR DE LA VILLENEUVE
ET DES TRIBULATIONS DE MON ENFANCE. – JE SUIS RAPPELÉ À COMBOURG. –
DERNIÈRE ENTREVEUE AVEC MON PÈRE. – J’ENTRE AU SERVICE. – ADIEUX À
COMBOURG.
Deux mois s'écoulèrent : je me retrouvai seul dans mon île maternelle ; la Villeneuve y
venait de mourir. En allant la pleurer au bord du lit vide et pauvre elle expira, j'aperçus le
petit chariot d'osier dans lequel j'avais appris à me tenir debout sur ce triste globe. Je me
représentais ma vieille bonne, attachant du fond de sa couche ses regards affaiblis sur cette
corbeille roulante : ce premier monument de ma vie en face du dernier monument de la vie de
ma seconde mère, l'idée des souhaits de bonheur que la bonne Villeneuve adressait au ciel
pour son nourrisson en quittant le monde, cette preuve d'un attachement si constant, si
désintéressé, si pur, me brisaient le coeur de tendresse, de regrets et de reconnaissance.
Du reste, rien de mon passé à Saint-Malo : dans le port je cherchais en vain les navires
aux cordes desquels je me jouais ; ils étaient partis ou dépecés ; dans la ville, l'hôtel j'étais
avait été transformé en auberge. Je touchais presque à mon berceau et déjà tout un monde
s'était écoulé. Etranger aux lieux de mon enfance, en me rencontrant on demandait qui j'étais,
par l'unique raison que ma tête s'élevait de quelques lignes de plus au-dessus du sol vers
lequel elle s'inclinera de nouveau dans peu d'années. Combien rapidement et que de fois nous
changeons d'existence et de chimère ! Des amis nous quittent, d'autres leur succèdent ; nos
liaisons varient : il y a toujours un temps où nous ne possédions rien de ce que nous
possédons, un temps nous n'avons rien de ce que nous eûmes. L'homme n'a pas une seule
et même vie ; il en a plusieurs mises bout à bout, et c'est sa misère.
Désormais sans compagnon, j'explorais l'arène qui vit mes châteaux de sable : campos
ubi Troja fuit . Je marchais sur la plage désertée de la mer. Les grèves abandonnées du flux
m'offraient l'image de ces espaces désolés que les illusions laissent autour de nous lorsqu'elles
se retirent. Mon compatriote Abailard regardait comme moi ces flots, il y a huit cents ans,
avec le souvenir de son Héloïse ; comme moi il voyait fuir quelque vaisseau (ad horizontis
undas) , et son oreille était bercée ainsi que la mienne de l'unisonance des vagues.
Capítulo 14
Um tempo em minha cidade natal. – Recordação de Villeneuve e das agruras de minha
infância. – Sou chamado a Combourg. – Último encontro com meu pai. – Entro para o
serviço. – Adeus a Combourg.
Dois meses se passaram: achava-me sozinho em minha ilha materna; Villeneuve
acabava de morrer. Indo pranteá-la à beira da cama vazia e pobre onde ela expirou, avistei o
andador de vime em que aprendi a ficar de sobre este triste globo. Eu imaginava minha
velha criada, deitando seu olhar abatido sobre a corbelha rolante: esse primeiro monumento
de minha vida em face do último monumento da vida de minha segunda mãe, a idéia dos
votos de felicidade que a criada Villeneuve dirigia ao céu pelo seu bebê ao deixar o mundo,
esta prova de dedicação tão constante, tão desinteressada, tão pura, me partia o coração de
enternecimento, de saudade, e de gratidão.
De resto, nada mais havia do meu passado em Saint-Malo: no porto eu procurava em
vão os navios de cujas cordas eu me lançava; estavam quebrados ou deteriorados; na cidade, o
palácio em que havia nascido transformara-se numa hospedaria. Eu mal tocava meu berço e
todo um mundo se encontrava arruinado. Estranho aos lugares de minha infância, ao me
reverem, perguntavam quem eu era, pela única razão de elevar a cabeça algumas linhas acima
do solo para onde ela deverá inclinar-se de novo dentro de poucos anos. Quantas vezes e com
que rapidez nós trocamos de existência e de quimera! Amigos nos deixam, outros os sucedem;
nossas ligações variam: sempre um tempo em que não possuíamos nada daquilo que
possuímos, um tempo em que não temos nada daquilo que havíamos tido. O homem não tem
uma mesma e única vida; ele possui várias, dispostas lado a lado, e esta é sua miséria.
Desde então sem companheiro, eu explorava a praia que vira meus castelos de areia:
campos ubi Troja fuit. Caminhava pela praia tornada deserta pelo mar. As areias abandonadas
pela maré me ofereciam a imagem daqueles espaços devastados que as ilusões deixam em
nosso redor quando se retiram. Meu compatriota Abelardo observava, como eu, essas ondas,
oitocentos anos, com a lembrança de sua Heloisa; como eu, ele via fugir algum barco (ad
horizontis undas), e seu ouvido era embalado, assim como o meu, pela unissonância das
vagas.
Je m'exposais au brisement de la lame en me livrant aux imaginations funestes que
j'avais apportées des bois de Combourg. Un cap, nomLavarde, servait de terme à mes
courses : assis sur la pointe de ce cap, dans les pensées les plus amères, je me souvenais que
ces mêmes rochers servaient à me cacher dans mon enfance, à l'époque des fêtes ; j'y dévorais
mes larmes, et mes camarades s'enivraient de joie. Je ne me sentais ni plus aimé, ni plus
heureux. Bientôt j'allais quitter ma patrie pour émietter mes jours en divers climats. Ces
réflexions me navraient à mort et j'étais tenté de me laisser tomber dans les flots.
Une lettre me rappelle à Combourg : j'arrive, je soupe avec ma famille ; monsieur mon
père ne me dit pas un mot, ma mère soupire, Lucile paraît consternée ; à dix heures on se
retire. J'interroge ma soeur ; elle ne savait rien. Le lendemain à huit heures du matin on
m'envoie chercher. Je descends : mon père m'attendait dans son cabinet.
« Monsieur le chevalier, me dit-il, il faut renoncer à vos folies. Votre frère a obtenu
pour vous un brevet de sous-lieutenant au régiment de Navarre. Vous allez partir pour
Rennes, et de là pour Cambrai. Voilà cent louis ; ménagez-les. Je suis vieux et malade ; je n'ai
pas longtemps à vivre. Conduisez-vous en homme de bien et ne déshonorez jamais votre
nom. »
Il m'embrassa. Je sentis ce visage ridé et sévère se presser avec émotion contre le mien
: c'était pour moi le dernier embrassement paternel.
Le comte de Chateaubriand, homme si redoutable à mes yeux, ne me parut dans ce
moment que le père le plus digne de ma tendresse. Je me jetai sur sa main décharnée et
pleurai. Il commençait d'être attaqué d'une paralysie, elle le conduisit au tombeau, son bras
gauche avait un mouvement convulsif qu'il était obligé de contenir avec sa main droite. Ce fut
en retenant ainsi son bras et après m'avoir remis sa vieille épée, que sans me donner le temps
de me reconnaître, il me conduisit au cabriolet qui m'attendait dans la Cour Verte. Il m'y fit
monter devant lui. Le postillon partit, tandis que je saluais des yeux ma mère et ma soeur qui
fondaient en larmes sur le perron.
Expunha-me à arrebentação da onda, me entregando às meditações funestas que trazia
dos bosques de Combourg. Um cabo, chamado Lavarde, servia de limite a minhas
caminhadas: sentado à extremidade deste pontal, imerso nos mais amargos pensamentos,
lembrava-me que, durante minha infância, em época de festas, escondia-me atrás desses
mesmos rochedos; ali eu engolia minhas lágrimas, e meus companheiros exultavam de
alegria. Já não me sentia mais amado, nem mais feliz. Em breve, deixaria minha pátria para ir
moer meus dias em outros climas. Essas reflexões me afligiam mortalmente, e ficava tentado
a me deixar levar pelas ondas.
Uma carta me chama a Combourg: vou até lá, janto com minha família; o senhor meu
pai não me diz uma palavra, minha mãe suspira, Lucile parecia consternada; às dez horas
nos recolhemos. Faço perguntas a minha irmã; ela de nada sabia. No dia seguinte, às oito
horas da manhã, mandam-me buscar. Eu desço: meu pai esperava-me em seu gabinete.
“Senhor cavaleiro, diz-me, deve renunciar às suas loucuras. Seu irmão conseguiu-lhe
um título de subcomandante para o regimento de Navarra. Você vai embarcar para Rennes, e,
de lá, para Cambrai. Lhe dou cem luíses; empregue-os com parcimônia. Estou velho e doente;
não tenho muito tempo de vida. Comporte-se como um homem de bem e nunca desonre seu
nome.”
Ele abraçou-me. Senti aquele rosto enrugado e severo apertar o meu com emoção; este
era para mim o último abraço paterno.
O conde de Chateaubriand, homem tão temível a meus olhos, neste momento,
pareceu-me apenas o pai mais digno de minha ternura. Joguei-me em suas mãos descarnadas e
chorei. Ele começava a ser atingido por uma paralisia; ela o levou à tumba; seu braço
esquerdo tinha um movimento convulsivo que ele continha com a mão direita. Foi desta
forma, retendo seu braço, e, depois de entregar-me sua velha espada, sem dar tempo de
agradecer, que me conduziu ao cabriolé que me esperava dentro do Pátio Verde. Fez-me subir
diante dele no carro. O postilhão partiu, enquanto com o olhar eu me despedia de minha mãe e
de minha irmã, que se desmanchavam em lágrimas sobre as escadas.
Je remontai la chaussée de l'étang ; je vis les roseaux de mes hirondelles, le ruisseau
du moulin et la prairie ; je jetai un regard sur le château. Alors, comme Adam après son
péché, je m'avançai sur la terre inconnue : le monde était tout devant moi : and the world was
all before him.
Depuis cette époque, je n'ai revu Combourg que trois fois : après la mort de mon père,
nous nous y trouvâmes en deuil, pour partager notre héritage et nous dire adieu. Une autre fois
j'accompagnai ma mère à Combourg : elle s'occupait de l'ameublement du château ; elle
attendait mon frère, qui devait amener ma belle-soeur en Bretagne. Mon frère ne vint point ; il
eut bientôt avec sa jeune épouse, de la main du bourreau, un autre chevet que l'oreiller préparé
des mains de ma mère. Enfin, je traversai une troisième fois Combourg, en allant
m'embarquer à Saint-Malo pour l'Amérique. Le château était abandonné, je fus obli de
descendre chez le régisseur. Lorsque, en errant dans le grand Mail j'aperçus du fond d'une
allée obscure le perron désert, la porte et les enêtres fermées, je me trouvai mal. Je regagnai
avec peine le village ; j'envoyai chercher mes chevaux et je partis au milieu de la nuit.
Après quinze années d'absence, avant de quitter de nouveau la France et de passer en
Terre-Sainte, je courus embrasser à Fougères ce qui me restait de ma famille. Je n'eus pas le
courage d'entreprendre le pèlerinage des champs la plus vive partie de mon existence fut
attachée. C'est dans les bois de Combourg que je suis devenu ce que je suis, que j'ai
commencé à sentir la première atteinte de cet ennui que j'ai traîné toute ma vie, de cette
tristesse qui a fait mon tourment et ma félicité. Là, j'ai cherché un coeur qui pût entendre le
mien ; là, j'ai vu se réunir, puis se disperser ma famille. Mon père y rêva son nom rétabli, la
fortune de sa maison renouvelée : autre chimère que le temps et les révolutions ont dissipée.
De six enfants que nous étions, nous ne restons plus que trois : mon frère, Julie et Lucile ne
sont plus, ma mère est morte de douleur, les cendres de mon père ont été arrachées de son
tombeau.
Tomei o caminho do lago, vi o caniçal de minhas andorinhas, o riacho do moinho e a
pradaria; dei uma olhada para o castelo. Então, assim como Adão após seu pecado, avancei
sobre a terra desconhecida: o mundo encontrava-se todo diante de mim: and the world was all
before him.
119
Desde esta época revi Combourg apenas três vezes: depois da morte de meu pai, em
luto, nos reencontramos para partilhar nossa herança e dar-nos adeus. Uma outra vez,
acompanhei minha mãe a Combourg: ela ocupava-se do mobiliário do castelo; esperava meu
irmão que deveria trazer minha cunhada à Bretanha. Meu irmão não veio; não tardou em
obter, junto com sua esposa, da mão do carrasco, um outro travesseiro diferente da almofada
preparada pelas mãos de minha mãe. Atravessei, finalmente, Combourg uma terceira vez, ao
ir a Saint-Malo embarcar para a América. O castelo estava abandonado, me vi obrigado a
descer à residência do administrador. Quando, ao percorrer o grande Mail, notei ao fundo de
uma alameda escura a escadaria deserta, a porta e as janelas fechadas, me senti mal. Retornei
com pesar ao vilarejo; mandei buscarem meus cavalos e parti no meio da noite.
Após quinze anos de ausência, antes de abandonar novamente a França e de passar
pela Terra Santa, corri para abraçar em Fougères o que restava de minha família. Não tive a
coragem de realizar a peregrinação sobre os campos aos quais esteve ligada a parte mais viva
de minha existência. Foi nos bosques de Combourg que me tornei o que sou, que comecei a
sentir os primeiros sinais deste enfado que arrastei por toda minha vida, desta tristeza que foi
meu tormento e minha felicidade. Lá, busquei um coração que pudesse compreender o meu;
lá vi minha família se reunir e depois se dispersar. Meu pai sonhou aí com o restabelecimento
de seu nome, com a restauração da fortuna de seu lar: outra quimera que o tempo e as
revoluções dissiparam. Dos seis filhos que éramos, não restam mais que três: meu irmão, Julie
e Lucile não vivem mais, minha mãe morreu de desgosto, as cinzas de meu pai foram
arrancadas de sua sepultura.
119
Adaptação de uma passagem do final de Paraíso perdido, de John Milton.
Si mes ouvrages me survivent, si je dois laisser un nom, peut-être un jour, guidé par
ces Mémoires , quelque voyageur viendra visiter les lieux que j'ai peints. Il pourra reconnaître
le château ; mais il cherchera vainement le grand bois : le berceau de mes songes a disparu
comme les songes. Demeuré seul debout sur son rocher l'antique donjon pleure les chênes,
vieux compagnons qui l'environnaient et le protégeaient contre la tempête. Isolé comme lui,
j'ai vu comme lui tomber autour de moi la famille qui embellissait mes jours et me prêtait son
abri : heureusement ma vie n'est pas bâtie sur la terre aussi solidement que les tours j'ai
passé ma jeunesse et l'homme résiste moins aux orages que les monuments élevés par ses
mains.
Se minhas obras sobreviverem a mim, se deverei deixar um nome, talvez um dia,
guiado por essas Memórias, algum viajante venha visitar os lugares que pintei. Ele poderá
reconhecer o castelo; mas procurará em vão o grande bosque: o berço de meus sonhos
desapareceu como os sonhos. Sozinho, de sobre seu rochedo, o antigo torreão lamenta os
carvalhos, velhos companheiros que o cercavam e o protegiam contra a tempestade. Isolado
como ele, vi tombar assim como ele, em meu redor, a família que embelezava meus dias e que
me emprestava seu abrigo: felizmente minha vida não está fundada sobre a terra com tanta
solidez quanto as torres onde passei minha juventude, e o homem resiste menos aos temporais
do que os monumentos erguidos por suas mãos.
LIVRE QUATRIÈME
(1)
Berlin, mars 1821.
Revu en juillet 1846.
BERLIN. – POSTDAM. – FRÉDÉRIC.
Il y a loin de Combourg à Berlin, d'un jeune rêveur à un vieux ministre. Je retrouve
dans ce qui précède ces paroles : « Dans combien de lieux ai-je commencé à écrire ces
Mémoires , et dans quel lieu les finirai-je ? »
Près de quatre ans ont passé entre la date des faits que je viens de raconter et celle
je reprends ces Mémoires . Mille choses sont survenues ; un second homme s'est trouvé en
moi, l'homme politique : j'y suis fort peu attaché. J'ai défendu les libertés de la France, qui
seules peuvent faire durer le trône légitime. Avec le Conservateur j'ai mis M. de Villèle au
pouvoir ; j'ai vu mourir le duc de Berry et j'ai honoré sa mémoire. Afin de tout concilier, je me
suis éloigné ; j'ai accepté l'ambassade de Berlin.
LIVRO IV
Capítulo 1
Berlim, março de 1821.
Revisto em julho de 1846.
Berlim. – Potsdam. – Frederico.
uma longa distância entre Combourg e Berlim, entre um jovem sonhador e um
velho ministro.
120
Reencontro isso que precede nas seguintes palavras: “Em quantos lugares
comecei a escrever estas Memórias, e em que lugar as terminarei?
Passaram-se quase quatro anos entre a data dos fatos que acabo de contar e aquela em
que retomo estas Memórias. Mil coisas ocorreram; um segundo homem manifestou-se em
mim, o homem político: sinto pouco apego por ele. Defendi as liberdades da França, as únicas
que podem fazer perdurar o trono legítimo. Com o Conservador, coloquei o senhor Villèle no
poder; vi morrer o duque de Berry e honrei sua memória. A fim de tudo conciliar, tratei de
afastar-me; aceitei a embaixada de Berlim.
120
Chateaubriand é nomeado ministro plenipotenciário junto à corte da Prússia em 1820, aos 52 anos. Ele
ocupou seu posto em Berlim de 11 de janeiro a 19 de abril de 1821. Sobre sua embaixada ver livro XXVI.
J'étais hier à Potsdam, caserne ornée, aujourd'hui sans soldats : j'étudiais le faux Julien
dans sa fausse Athènes. On m'a montré à Sans-souci la table un grand monarque allemand
mettait en petits vers français les maximes encyclopédiques ; la chambre de Voltaire, décorée
de singes et de perroquets de bois, le moulin que se fit un jeu de respecter celui qui ravageait
des provinces, le tombeau du cheval César et des levrettes Diane , Amourette , Biche ,
Superbe et Pax . Le royal impie se plut à profaner même la religion des tombeaux, en élevant
des mausolées à ses chiens ; il avait marqué sa sépulture auprès d'eux, moins par mépris des
hommes que par ostentation du néant.
On m'a conduit au nouveau palais, déjà tombant. On respecte dans l'ancien château de
Potsdam les taches de tabac, les fauteuils déchirés et souillés, enfin toutes les traces de la
malpropreté du prince renégat. Ces lieux immortalisent à la fois la saleté du cynique,
l'impudence de l'athée, la tyrannie du despote et la gloire du soldat.
Une seule chose a attimon attention : l'aiguille d'une pendule fixée sur la minute
Frédéric expira ; j'étais trompé par l'immobilide l'image : les heures ne suspendent point
leur fuite ; ce n'est pas l'homme qui arrête le temps, c'est le temps qui arrête l'homme. Au
surplus, peu importe le rôle que nous avons joué dans la vie ; l'éclat ou l'obscurité de nos
doctrines, nos richesses ou nos misères, nos joies ou nos douleurs ne changent rien à la
mesure de nos jours. Que l'aiguille circule sur un cadran d'or ou de bois, que le cadran plus ou
moins large remplisse le chaton d'une bague ou la rosace d'une basilique, l'heure n'a que la
même durée.
Dans un caveau de l'église protestante, immédiatement au-dessous de la chaire du
schismatique défroqué, j'ai vu le cercueil du sophiste à couronne. Ce cercueil est de bronze ;
quand on le frappe, il retentit. Le gendarme qui dort dans ce lit d'airain, ne serait pas même
arraché à son sommeil par le bruit de sa renommée ; il ne se réveillera qu'au son de la
trompette, lorsqu'elle l'appellera sur son dernier champ de bataille, en face du Dieu des
armées.
Ontem estava em Potsdam, uma ornada caserna, hoje sem soldados: eu estudava o
falso Juliano em sua falsa Atenas. Mostraram-me em Sans-Souci a mesa em que um grande
monarca alemão compunha em pequenos versos as máximas enciclopédicas; o quarto de
Voltaire, decorado com macacos e papagaios de madeira, o moinho, que aquele que devastava
províncias regozijou-se em respeitar, a tumba do cavalo César e das galgas Diane, Amourette,
Biche, Superbe e Pax. A realeza ímpia se comprazia em profanar até mesmo a religião das
tumbas, erguendo mausoléus a seus cachorros; havia fixado sua sepultura próxima a eles,
menos por desprezo aos homens do que por ostentação do nada.
Conduziram-me ao novo palácio, já em ruínas. No antigo castelo de Potsdam, as
manchas de tabaco, as poltronas rasgadas e sujas, enfim, todas as marcas da imundície do
príncipe renegado são respeitadas. Esses lugares imortalizam, ao mesmo tempo, a sujeira do
cínico, a impudência do ateu, a tirania do déspota e a glória do soldado.
Uma coisa me chamou a atenção: a agulha de um pêndulo parada no minuto em que
Frederico expirou; fui iludido pela imobilidade da imagem: as horas não suspendem sua
corrida; não é o homem que detém o tempo, é o tempo que detém o homem. Além do mais,
pouco importa o papel que cumprimos na vida; o brilho ou a obscuridade de nossas doutrinas,
nossas riquezas ou nossas misérias, nossas alegrias ou nossas dores não mudam em nada a
medida de nossos dias. Que a agulha gire sobre um quadrante de ouro ou de madeira, que o
quadrante mais ou menos largo receba em seu engaste um anel ou a rosácea de uma basílica, a
hora terá sempre a mesma duração.
Numa cripta da igreja protestante, imediatamente abaixo do púlpito do cismático
desenclausurado vi o túmulo do sofista de coroa
121
. O túmulo é de bronze; quando se bate
nele, ressoa. O gendarme que dorme nesse leito de bronze, não poderia ser arrebatado de seu
sono pelo barulho de sua fama; ele despertaria somente ao som da trombeta, quando esta o
chamasse a seu último campo de batalha ante o Deus dos exércitos.
121
Referências a Martim Lutero e a Frederico II, respectivamente.
J'avais un tel besoin de changer d'impression que j'ai trouvé du soulagement à visiter la
Maison-de-Marbre. Le roi qui la fit construire m'adressa autrefois quelques paroles
honorables, quand, pauvre officier, je traversai son armée. Du moins, ce roi partagea les
faiblesses ordinaires des hommes ; vulgaire comme eux, il se réfugia dans les plaisirs. Les
deux squelettes se mettent-ils en peine aujourd'hui de la différence qui fut entre eux jadis
lorsque l'un était le grand Frédéric et l'autre Frédéric-Guillaume ? Sans-Souci et la Maison-de-
Marbre sont également des ruines sans maître.
A tout prendre, bien que l'énormité des événements de nos jours ait rapetissé les
événements passés, bien que Rosbach, Lissa, Liegnitz, Torgau, etc., etc., ne soient plus que
des escarmouches auprès des batailles de Marengo, d'Austerlitz, d'Iéna, de la Moskowa,
Frédéric souffre moins que d'autres personnages de la comparaison avec le géant enchaîné à
Sainte-Hélène. Le roi de Prusse et Voltaire sont deux figures bizarrement groupées qui
vivront : le second détruisait une société avec la philosophie qui servait au premier à fonder
un royaume.
Les soirées sont longues à Berlin. J'habite un hôtel appartenant à madame la duchesse
de Dino. Dès l'entrée de la nuit, mes secrétaires m'abandonnent. Quand il n'y a pas de fête à la
cour pour le mariage du grand-duc et de la grande-duchesse Nicolas , je reste chez moi.
Enfermé seul auprès d'un poêle à figure morne, je n'entends que le cri de la sentinelle de la
porte de Brandebourg, et les pas sur la neige de l'homme qui siffle les heures. A quoi passerai-
je mon temps ? Des livres ? je n'en ai guère : si je continuais mes Mémoires ?
Vous m'avez laissé sur le chemin de Combourg à Rennes : je débarquai dans cette
dernière ville chez un de mes parents. Il m'annonça tout joyeux, qu'une dame de sa
connaissance, allant à Paris, avait une place à donner dans sa voiture, et qu'il se faisait fort de
déterminer cette dame à me prendre avec elle. J'acceptai, en maudissant la courtoisie de mon
parent. Il conclut l'affaire et me présenta bientôt à ma compagne de voyage, marchande de
modes, leste et désinvolte, qui se prit à rire en me regardant. A minuit les chevaux arrivèrent
et nous partîmes.
Minha necessidade de mudar de impressão era tanta que senti um alívio ao visitar a
Maison-de-Marbre. O rei que a construiu me havia dirigido, no passado, algumas palavras
honrosas quando, ainda sendo um pobre oficial, cruzei com seu exército. Este rei ao menos
partilhou as fraquezas comuns dos homens; vulgar como eles, refugiou-se nos prazeres. Por
acaso, os dois esqueletos se preocupam hoje com a diferença que houve entre eles
antigamente, quando um era o grande Frederico, e o outro, Frederico-Gulherme? Sans-Souci e
Maison-de-Marbre, ambas são igualmente ruínas sem dono.
Pensando bem, ainda que a enormidade dos eventos de nossos dias tenha diminuído os
eventos passados, ainda que Rosbach, Lissa, Liegnitz, Torgau, etc., etc., sejam apenas
escaramuças perto das batalhas de Marengo, d’Austelitz, d’Iena, de la Moskowa, Frederico
sofre menos que outros personagens a comparação com o gigante acorrentado em Santa
Helena. O rei da Prússia e Voltaire são duas figuras curiosamente próximas que sobreviverão:
o segundo destruía uma sociedade com a filosofia que servia ao primeiro para fundar um
reino.
As noites são longas em Berlim. Moro num palacete que pertence à senhora duquesa
de Dino. Tão logo chega a noite, meus secretários me deixam. Quando não festa na Corte
pelo casamento do grande duque e da grande duquesa Nicolas
122
, fico em casa. Fechado
sozinho junto a uma estufa de aspecto estranho, ouço apenas o grito da sentinela da Porta de
Brandeburgo, e os passos sobre a neve do homem que, apitando, anuncia as horas. Como vou
fazer passar meu tempo? Com os livros? Quase não os tenho: e se eu continuasse minhas
Memórias?
Você tinha me deixado no meio do caminho de Combourg a Rennes: desembarquei
nesta última me estabelecendo na casa de um de meus parentes. Ele anunciou-me muito feliz
que uma senhora de seu conhecimento, tendo ido a Paris, poderia me conceder um lugar em
seu carro, e que ele se empenharia para que esta senhora me levasse junto. Eu aceitei,
maldizendo a cortesia de meu parente. Ele concluiu o negócio e apresentou-me, a seguir, a
minha companheira de viagem, comerciante de modas, lépida e desenvolta, que se pôs a rir
examinando-me. À meia-noite, os cavalos chegaram e nós partimos.
122
N.A..Hoje Imperador e Imperatriz da Rússia. (Paris, nota de 1832).
Me voilà dans une chaise de poste, seul avec une femme, au milieu de la nuit. Moi, qui
de ma vie n'avais regardé une femme sans rougir, comment descendre de la hauteur de mes
songes à cette effrayante vérité ? Je ne savais j'étais ; je me collais dans l'angle de la
voiture de peur de toucher la robe de madame Rose. Lorsqu'elle me parlait, je balbutiais sans
lui pouvoir répondre. Elle fut obligée de payer le postillon, de se charger de tout, car je n'étais
capable de rien. Au lever du jour, elle regarda avec un nouvel ébahissement ce nigaud dont
elle regrettait de s'être emberloquée.
Dès que l'aspect du paysage commença de changer et que je ne reconnus plus
l'habillement et l'accent des paysans bretons, je tombai dans un abattement profond ce qui
augmenta le mépris que madame Rose avait de moi. Je m'aperçus du sentiment que j'inspirais,
et je reçus de ce premier essai du monde une impression que le temps n'a pas complètement
effacée. J'étais né sauvage et non vergogneux ; j'avais la modestie de mes années je n'en avais
pas l'embarras. Quand je devinai que j'étais ridicule par mon bon côté, ma sauvagerie se
changea en une timidité insurmontable. Je ne pouvais plus dire un mot : je sentais que j'avais
quelque chose à cacher, et que ce quelque chose était une vertu ; je pris le parti de me cacher
moi-même pour porter en paix mon innocence.
Nous avancions vers Paris. A la descente de Saint-Cyr, je fus frappé de la grandeur des
chemins et de la gularité des plantations. Bientôt nous atteignîmes Versailles : l'orangerie et
ses escaliers de marbre m'émerveillèrent. Les succès de la guerre d'Amérique avaient ramené
des triomphes au château de Louis XIV ; la Reine y régnait dans l'éclat de la jeunesse et de la
beauté ; le trône, si près de sa chute, semblait n'avoir jamais été plus solide. Et moi, passant
obscur, je devais survivre à cette pompe, je devais demeurer pour voir les bois de Trianon
aussi déserts que ceux dont je sortais alors.
Enfin, nous entrâmes dans Paris. Je trouvais à tous les visages un air goguenard :
comme le gentilhomme périgourdin, je croyais qu'on me regardait pour se moquer de moi.
Madame Rose se fit conduire rue du Mail à l' Hôtel de l ' Europe , et s'empressa de se
débarrasser de son imbécile. A peine étais-je descendu de voiture qu'elle dit au portier : «
Donnez une chambre à ce monsieur. - Votre servante », ajouta-t-elle, en me faisant une
révérence courte. Je n'ai de mes jours revu madame Rose.
Eis-me aqui numa sege de posta, sozinho com uma mulher, no meio da noite. Eu, que
em minha vida não havia olhado para uma mulher sem enrubescer, como poderia descer das
alturas de meus sonhos em direção a esta verdade amedrontadora? Eu não sabia onde estava;
grudei-me no canto do coche com medo de tocar o vestido da senhora Rose. Quando ela
falava comigo, eu balbuciava sem poder responder-lhe. Ela viu-se obrigada a pagar o
postilhão, a encarregar-se de tudo, que eu de nada era capaz. Com o raiar do dia, ela
observou com renovada estupefação aquele tolo com quem lamentava ter de ficar
embaraçada.
Quando os traços da paisagem começaram a mudar e não reconheci mais as
vestimentas e o sotaque dos camponeses bretões, caí em profundo abatimento, o que fez
aumentar o desprezo que a senhora Rose tinha por mim. Eu notei o sentimento que inspirava e
obtive desta primeira amostra do mundo uma impressão que o tempo nunca apagou
completamente. Nasci selvagem e não envergonhado, eu tinha a modéstia de minha idade,
mas não o embaraço. Quando intuí que eu era ridículo pelo meu lado bom, minha selvageria
se transformou numa timidez insuperável. Não conseguia dizer uma palavra sequer: sentia que
tinha algo a esconder e que este algo era uma virtude; decidi esconder a mim mesmo, a fim de
carregar em paz minha inocência.
Nós avançávamos rumo a Paris. Na descida de Saint-Cyr, fiquei surpreso com a
grandiosidade dos caminhos e a regularidade das plantações. Logo alcançamos Versailles: a
Orangerie e suas escadas de mármore me deixaram encantado. Os sucessos da guerra da
América haviam trazido triunfos ao castelo de Luís XIV; a rainha reinava sob o brilho da
juventude e da beleza; o trono, tão próximo de sua queda, parecia jamais ter sido tão sólido. E
eu, passante obscuro, deveria sobreviver a esta pompa, deveria ficar para ver os bosques do
Trianon tão desertos quanto aqueles que eu então havia deixado.
Enfim, entramos em Paris. Vislumbrava em todos os rostos um ar galhofeiro: como o
nobre de Perigord, eu pensava que me olhavam para rirem de mim. A senhora Rose se fez
conduzir à rua du Mail, no Hôtel de l’Europe, apressando-se em se desvencilhar de seu
imbecil. Quando eu mal havia descido do coche, ela disse ao porteiro: “Dê um quarto a este
senhor. Sua criada”, acrescentou fazendo-me uma breve reverência. Nunca mais revi a
senhora Rose.
(2)
Berlin, mars 1821.
MON FRÈRE. – MON COUSIN MOREAU. –
MA SOEUR LA COMTESSE DE FARCY.
Une femme monta devant moi un escalier noir et raide, tenant une clef étiquetée à la
main ; un Savoyard me suivit portant ma petite malle. Arrivée au troisième étage, la servante
ouvrit une chambre ; le Savoyard posa la malle en travers sur les bras d'un fauteuil. La
servante me dit : « Monsieur veut-il quelque chose ? » - Je répondis : « Non. » Trois coups de
sifflet partirent ; la servante cria : « on y va ! », sortit brusquement, ferma la porte et
dégringola l'escalier avec le Savoyard. Quand je me vis seul enfermé, mon coeur se serra
d'une si étrange sorte qu'il s'en fallut peu que je ne reprisse le chemin de la Bretagne. Tout ce
que j'avais entendu dire de Paris me revenait dans l'esprit ; j'étais embarrassé de cent
manières. Je m'aurais voulu coucher et le lit n'était point fait ; j'avais faim et je ne savais
comment dîner. Je craignais de manquer aux usages : fallait-il appeler les gens de l'hôtel ?
fallait-il descendre ? à qui m'adresser ? Je me hasardai à mettre la tête à la fenêtre : je
n'aperçus qu'une petite cour intérieure profonde comme un puits, passaient et repassaient
des gens qui ne songeraient de leur vie au prisonnier du troisième étage. Je vins me rasseoir
auprès de la sale alcôve ou je me devais coucher, réduit à contempler les personnages du
papier peint qui en tapissait l'intérieur. Un bruit lointain de voix se fait entendre, augmente,
approche ; ma porte s'ouvre : entrent mon frère et un de mes cousins, fils d'une soeur de ma
mère qui avait fait un assez mauvais mariage. Madame Rose avait pourtant eu pitié du benêt,
elle avait fait dire à mon frère, dont elle avait su l'adresse à Rennes, que j'étais arrivé à Paris.
Mon frère m'embrassa. Mon cousin Moreau était un grand et gros homme, tout barbouillé de
tabac, mangeant comme un ogre, parlant beaucoup, toujours trottant, soufflant, étouffant, la
bouche entrouverte, la langue à moitié tirée, connaissant toute la terre, vivant dans les tripots,
les antichambres et les salons. « Allons, chevalier, s'écria-il, vous voilà à Paris ; je vais vous
mener chez madame de Chastenay ? » Qu'était-ce que cette femme dont j'entendais prononcer
le nom pour la première fois ? Cette proposition me révolta contre mon cousin Moreau. « Le
chevalier a sans doute besoin de repos, » dit mon frère ; « nous irons voir madame de Farcy,
puis il reviendra dîner et se coucher. »
Capítulo 2
Berlim, março de 1821.
Meu irmão. – Meu primo Moreau. – Minha irmã, a condessa de Farcy.
Uma mulher subiu à minha frente uma escada escura e alta, trazendo à mão uma chave
etiquetada; um saboiano me seguia carregando minha pequena mala. Chegando ao terceiro
andar, a criada abriu um quarto; o saboiano colocou a mala atravessada sobre os braços de
uma poltrona. A criada disse-me: “O senhor deseja alguma coisa? Respondi: “Não”.
Ouviram-se três toadas de apito; a criada berrou: “Estou indo!”, saiu bruscamente, fechou a
porta e precipitou-se escada abaixo com o saboiano. Quando me vi só, trancado, meu coração
apertou-se de forma tão estranha que por pouco não retomei o caminho para a Bretanha. Tudo
o que havia escutado a respeito de Paris me vinha ao pensamento; sentia-me embaraçado de
mil maneiras. Eu desejava deitar-me e a cama não estava feita; tinha fome e não sabia de que
modo comer. Eu temia faltar com os costumes: devia chamar as pessoas da hospedaria? Era
necessário descer? A quem me dirigir? Arrisquei pôr minha cabeça à janela: não vi nada além
de um pátio interno profundo como um poço por onde iam e vinham pessoas que em suas
vidas jamais pensariam no prisioneiro do terceiro andar. Vim sentar-me junto à alcova imunda
onde deitaria, limitando-me a contemplar os personagens de papel pintado que revestia o
interior do quarto. Ouve-se um barulho distante de vozes, aumenta, aproxima-se; minha porta
se abre: entram meu irmão e um de meus primos, filho de uma irmã de minha mãe, que havia
feito um péssimo casamento. A senhora Rose, entretanto, tivera piedade do pateta, ela
conseguira comunicar a meu irmão, obtendo em Rennes seu endereço, que eu havia chegado
em Paris. Meu irmão abraçou-me. Meu primo Moreau era um homem alto e gordo, todo
coberto de manchas de tabaco, comia como um glutão, falava muito, estava sempre saltitante,
ofegante, resfolegante, com a boca entreaberta, a ngua meio para fora, conhecia todo o
mundo, vivia enfurnado nas casas de jogos, nas ante-salas e nos salões. “Vamos, cavaleiro,
exclamava ele, o senhor está em Paris; vou levá-lo à casa da senhora de Chastenay!” Quem
seria esta senhora cujo nome eu ouvia pronunciarem pela primeira vez? Esta proposta
indispôs-me contra meu primo Moreau. “O cavaleiro, sem dúvida, precisa de repouso,” disse
meu irmão; “nós iremos ver a senhora de Farcy, depois ele voltará para almoçar e deitar-se.”
Un sentiment de joie entra dans mon coeur : le souvenir de ma famille au milieu d'un
monde indifférent me fut un baume. Nous sortîmes. Le cousin Moreau tempêta au sujet de ma
mauvaise chambre, et enjoignit à mon hôte de me faire descendre au moins d'un étage. Nous
montâmes dans la voiture de mon frère, et nous nous rendîmes au couvent qu'habitait madame
de Farcy.
Julie se trouvait depuis quelque temps à Paris pour consulter les médecins. Sa
charmante figure, son élégance et son esprit l'avaient bientôt fait rechercher. J'ai déjà dit
qu'elle était née avec un vrai talent pour la poésie. Elle est devenue une sainte, après avoir été
une des femmes les plus agréables de son siècle : l'abbé Carron a écrit sa vie. Ces apôtres qui
vont partout à la recherche des âmes, ressentent pour elles l'amour qu'un Père de l'Eglise
attribue au Créateur : « Quand une âme arrive au ciel », dit ce Père, avec la simplicité de
coeur d'un chrétien primitif, et la naïveté du génie grec, « Dieu la prend sur ses genoux et
l'appelle sa fille. »
Lucile a laissé une poignante lamentation : A la soeur que je n 'ai plus . L'admiration
de l'abbé Carron pour Julie explique et justifie les paroles de Lucile. Le récit du saint prêtre
montre aussi que j'ai dit vrai dans la préface du Génie du Christianisme , et sert de preuve à
quelques parties de mes Mémoires .
Julie innocente se livra aux mains du repentir ; elle consacra les trésors de ses
austérités au rachat de ses frères ; et à l'exemple de l'illustre Africaine sa patronne, elle se fit
martyre.
L'abbé Carron, l'auteur de la Vie des Justes , est cet ecclésiastique mon compatriote, le
François de Paule de l'exil, dont la renommée, révélée par les affligés, perça même à travers la
renommée de Bonaparte. La voix d'un pauvre vicaire proscrit n'a point été étouffée par les
retentissements d'une révolution qui bouleversait la société ; il parut être revenu tout exprès de
la terre étrangère pour écrire les vertus de ma soeur : il a cherché parmi nos ruines, il a
découvert une victime et une tombe oubliées.
Um sentimento de alegria invadiu meu espírito: a lembrança de minha família, em
meio a um mundo indiferente, foi um bálsamo. Saímos. O primo Moreau ficou enfurecido
com o meu horrendo quarto, e ordenou a meu hospedeiro que me fizesse descer pelo menos
um andar. Subimos no coche de meu irmão, e nos encaminhamos para o convento em que
vivia a senhora Farcy.
Julie encontrava-se algum tempo em Paris para consultar os médicos. Sua
encantadora figura, sua elegância e seu espírito fizeram com que, em pouco tempo, fosse
bastante requestada. mencionei que ela havia nascido com verdadeiro talento para a poesia.
Ela tornou-se uma santa após ter sido uma das mulheres mais fascinantes de seu século: o
abade Carron contou sua vida.
123
Estes apóstolos que andam por todos os lugares em busca
das almas, sentem por elas o amor que um Pai da Igreja atribui ao Criador: “Quando uma
alma chega ao Céu,” diz o Pai, com a simplicidade de coração de um cristão primitivo, e a
candura de um gênio grego, “Deus a toma em seus braços e a chama de sua filha.”
Lucile deixou-nos uma pungente lamentação: À irmã que não mais possuo. A
admiração do abade Carron por Julie explica e justifica as palavras de Lucile. O relato do
santo padre também mostra que eu disse a verdade no prefácio de O Gênio do Cristianismo, e
serve de prova a algumas partes de minhas Memórias.
Julie inocente entregou-se às mãos do arrependimento; ela dedicou o tesouro de suas
austeridades à redenção de seus irmãos; e, a exemplo de sua ilustre padroeira africana, ela se
fez mártir.
O abade Carron, autor de Vida dos Justos, é o eclesiástico meu compatriota, o
Francisco de Paula do exílio, cujo renome revelado pelos aflitos, manifestou-se mesmo em
meio ao renome de Bonaparte. A voz de um pobre vigário proscrito não foi abafada pela
repercussão de uma revolução que transformava a sociedade; ele parecia ter voltado da terra
estrangeira expressamente para descrever as virtudes de minha irmã: ele rastreou no meio de
nossas ruínas, ele descobriu uma vítima e um túmulo esquecidos.
123
Apresentei a vida de minha irmã Julie na parte suplementar destas Memórias. (N.A.)
Lorsque le nouvel hagiographe fait la peinture des religieuses cruautés de Julie, on
croit entendre Bossuet dans le sermon sur la profession de foi de mademoiselle de Lavallière.
« Osera-t-elle toucher à ce corps si tendre, si chéri, si ménagé ? N'aura-t-on point pitié
de cette complexion délicate ? Au contraire ! c'est à lui principalement que l'âme s'en prend
comme à son plus dangereux séducteur ; elle se met des bornes ; resserrée de toutes parts, elle
ne peut plus respirer que du côté du Ciel. »
Je ne puis me fendre d'une certaine confusion en retrouvant mon nom dans les
dernières lignes tracées par la main du vénérable historien de Julie. Qu'ai-je à faire avec mes
faiblesses auprès de si hautes perfections ? Ai-je tenu tout ce que le billet de ma soeur m'avait
fait promettre, lorsque je le reçus pendant mon émigration à Londres ? Un livre suffit-il à
Dieu ? n'est-ce pas ma vie que je devrais lui présenter ? or, cette vie est-elle conforme au
Génie du Christianisme ? Qu'importe que j'aie tracé des images plus ou moins brillantes de la
religion, si mes passions jettent une ombre sur ma foi ! Je n'ai pas été jusqu'au bout ; je n'ai
pas endossé le cilice : cette tunique de mon viatique aurait bu et séché mes sueurs. Mais,
voyageur lassé, je me suis assis au bord du chemin : fatigué ou non, il faudra bien que je me
relève, que j'arrive où ma soeur est arrivée.
Il ne manque rien à la gloire de Julie : l'abbé Carron a écrit sa vie ; Lucile a pleuré sa
mort.
(3)
Berlin, 30 mars 1821.
JULIE MONDAINE. – DINER. – POMMEREUL. –
MADAME DE CHASTENAY.
Quand je retrouvai Julie à Paris, elle était dans la pompe de la mondani; elle se
montrait couverte de ces fleurs, parce de ces colliers, voilée de ces tissus parfumés que saint
Clément défend aux premières chrétiennes. Saint Basile veut que le milieu de la nuit soit pour
le solitaire, ce que le matin est pour les autres afin de profiter du silence de la nature. Ce
milieu de la nuit était l'heure Julie allait à des fêtes dont ses vers, accentués par elle avec
une merveilleuse euphonie, faisaient la principale séduction.
Quando o novo hagiógrafo faz o retrato dos rigores religiosos de Julie, tem-se a
impressão de ouvir Bossuet no sermão sobre a profissão de fé da senhorita de Lavallière.
“Haverá ela de ousar tocar neste corpo tão terno, tão querido, tão protegido? Não
haverá de se ter piedade desta delicada compleição? Pelo contrário! É contra ele
principalmente que a alma investe como sendo sua mais perigosa tentação; ela se impõe
limites; contida de todos os lados, somente em direção ao Céu ela ainda consegue respirar.”
Não posso evitar um certo incômodo ao ver meu nome nas últimas linhas escritas pela
mão do venerável historiador de Julie. O que posso eu fazer com minhas fraquezas diante de
tão altiva perfeição? Pude cumprir tudo aquilo que o bilhete de minha irmã me havia feito
prometer, quando o recebi durante minha emigração em Londres? Um livro é suficiente para
Deus? Não é por acaso minha vida que devia apresentar a Ele? Pois bem, essa vida está
conforme com O Gênio do Cristianismo? Que importa que eu tenha traçado imagens mais ou
menos brilhantes da religião, se minhas paixões lançam uma sombra sobre minha fé! Eu não
fui ao limite; eu não vesti o cilício: esta túnica de meu viático teria bebido e enxugado meus
suores. Porém, viajante cansado sentei-me à beira do caminho: fatigado ou não, vai ser
preciso que eu me levante, que chegue aonde minha irmã chegou.
Nada falta à glória de Julie: o abade Carron escreveu sua vida; Lucile chorou sua
morte.
Capítulo 3
Berlim, 30 de março de 1821.
Julie mundana. – Almoço. – Pommereul. – Senhora de Chastenay.
Quando revi Julie em Paris, ela se encontrava em meio à pompa da mundanidade; se
apresentava coberta de flores, paramentada de colares, velada por aqueles tecidos perfumados
que São Clemente proíbe às primeiras cristãs. São Basílio quer que o meio da noite seja para o
solitário, o que a manhã é para os outros, a fim de que se aproveite o silêncio da natureza.
Este meio de noite era o momento em que Julie ia às festas, onde seus versos, realçados em
sua leitura por uma maravilhosa eufonia, eram o principal atrativo.
Julie était infiniment plus jolie que Lucile ; elle avait des yeux bleus caressants et des
cheveux bruns à gaufrures ou à grandes ondes. Ses mains et ses bras, modèles de blancheur et
de forme, ajoutaient par leurs mouvements gracieux quelque chose de plus charmant encore à
sa taille charmante. Elle était brillante, animée, riait beaucoup sans affectation, et montrait en
riant des dents perlées. Une foule de portraits de femmes du temps de Louis XIV
ressemblaient à Julie, entre autres ceux des trois Mortemart ; mais elle avait plus d'élégance
que madame de Montespan.
Julie me reçut avec cette tendresse qui n'appartient qu'à une soeur. Je me sentis protégé
en étant serré dans ses bras, ses rubans, son bouquet de roses et ses dentelles. Rien ne
remplace l'attachement, la délicatesse et le dévouement d'une femme ; on est oublié de ses
frères et de ses amis ; on est méconnu de ses compagnons : on ne l'est jamais de sa mère, de sa
soeur ou de sa femme. Quand Harold fut tué à la bataille d'Hastings, personne ne le pouvait
indiquer dans la foule des morts ; il fallut avoir recours à une jeune fille, sa bien-aimée. Elle
vint, et l'infortuné prince fut retrouvé par Edith au cou de cygne : « Editha swanes-hales,
quod sonat collum cycni . »
Mon frère me ramena à mon hôtel ; il donna des ordres pour mon dîner et me quitta. Je
dînai solitaire, je me couchai triste. Je passai ma première nuit à Paris à regretter mes bruyères
et à trembler devant l'obscurité de mon avenir.
A huit heures, le lendemain matin, mon gros cousin arriva. Il était déjà à sa cinquième
ou sixième course. « Eh bien ! chevalier, nous allions déjeuner ; nous dînerons avec
Pommereul, et ce soir, je vous mène chez madame de Chastenay. » Ceci me parut un sort, et
je me résignai. Tout se passa comme le cousin l'avait voulu. Après déjeuner, il prétendit me
montrer Paris, et me traîna dans les rues les plus sales des environs du Palais Royal, me
racontant les dangers auxquels était exposé un jeune homme. Nous fûmes ponctuels au
rendez-vous du dîner, chez le restaurateur. Tout ce qu'on servit me parut mauvais. La
conversation et les convives me montrèrent un autre monde. Il fut question de la cour, des
projets de finances, des séances de l'Académie, des femmes et des intrigues du jour, de la
pièce nouvelle, des succès des acteurs, des actrices et des auteurs.
Julie era infinitamente mais bela que Lucile; ela tinha olhos azuis delicados e cabelos
escuros encrespados ou com grandes ondas. Seus braços e mãos, modelos de brancura e de
forma, com seus movimentos graciosos, acresciam algo ainda mais encantador a sua silhueta
encantadora. Ela era brilhante, animada, ria muito, sem afetação, e, ao rir, mostrava seus
dentes perolados. Uma multidão de retratos de mulheres do tempo de Luís XIV assemelha-se
a Julie, dentre os quais os dos três Mortemart; mas ela possuía mais elegância que a senhora
de Montespan.
Julie recebeu-me com aquela ternura que somente uma irmã possui. Senti-me
protegido, ao ser estreitado em seus braços, fitas, buquê de rosas e rendas. Nada substitui a
estima, a delicadeza e a devoção de uma mulher; podemos ser esquecidos por nossos irmãos e
amigos, ignorados pelos companheiros; mas nunca o somos pela mãe, irmã ou esposa.
Quando Harold perdeu a vida na batalha d’Hastings, ninguém conseguia identificá-lo em
meio à multidão de mortos; foi necessário recorrer a uma jovem moça, sua bem-amada. Ela
compareceu, e o infortunado príncipe foi encontrado por Edith, a de pescoço de cisne: “Editha
swanes-hales, quod sonat collum cycni.”
Meu irmão devolveu-me ao hotel; ele ordenou meu almoço e deixou-me. Almocei
sozinho, me deitei triste. Passei minha primeira noite em Paris a lamentar minhas charnecas e
a tremer diante da incerteza de meu futuro.
Às oito horas da manhã do dia seguinte, chegou meu corpulento primo; esta era a
quinta ou sexta saída que dava. “Então, cavaleiro, vamos tomar o desjejum: nós almoçaremos
com Pommereul, e, esta noite, eu te levo à casa da senhora Chastenay.” Isso me pareceu um
sortilégio, e me resignei. Tudo se passou como meu primo desejara. Após o desjejum, quis
mostrar-me Paris, e arrastou-me pelas ruas mais sujas das cercanias do Palais-Royal,
explicando-me os perigos a que estava sujeito um jovem rapaz. Fomos pontuais para o
encontro do almoço na hospedaria. Tudo o que foi servido pareceu-me ruim. A conversação e
os convivas me mostraram um outro mundo. Trataram da Corte, dos projetos de finanças, das
sessões da academia, das mulheres e das intrigas do dia, da nova peça, dos sucessos dos
atores, das atrizes e dos autores.
Plusieurs Bretons étaient au nombre des convives entre autres le chevalier de Guer et
Pommereul. Celui-ci était un beau parleur, lequel a écrit quelques campagnes de Bonaparte, et
que j'étais destiné à retrouver à la tête de la librairie.
Pommereul, sous l'empire, a joui d'une sorte de renom par sa haine pour la noblesse.
Quand un gentilhomme s'était fait chambellan, il s'écriait plein de joie : « Encore un pot de
chambre sur la tête de ces nobles ! » Et pourtant Pommereul prétendait, et avec raison, être
gentilhomme. Il signait Pommereux , se faisant descendre de la famille Pommereux des lettres
de madame de Sévigné.
Mon frère, après le dîner, voulut me mener au spectacle, mais mon cousin me réclama
pour madame de Chastenay, et j'allai avec lui chez ma destinée.
Je vis une belle femme qui n'était plus de la première jeunesse, mais qui pouvait
encore inspirer un attachement. Elle me reçut bien, tâcha de me mettre à l'aise, me questionna
sur ma province et sur mon régiment. Je fus gauche et embarrassé ; je faisais des signes à mon
cousin pour abréger la visite. Mais lui, sans me regarder, ne tarissait point sur mes mérites,
affirmant que j'avais fait des vers dans le sein de ma mère, et m'invitant à célébrer madame de
Chastenay. Elle me débarrassa de cette situation pénible, me demanda pardon d'être obligée
de sortir, et m'invita à revenir la voir le lendemain matin, avec un son de voix si doux que je
promis involontairement d'obéir.
Je revins le lendemain seul chez elle : je la trouvai couchée dans une chambre
élégamment arrangée. Elle me dit qu'elle était un peu souffrante, et qu'elle avait la mauvaise
habitude de se lever tard. Je me trouvais pour la première fois au bord du lit d'une femme qui
n'était ni ma mère ni ma soeur. Elle avait remarqla veille ma timidité elle la vainquit au
point que j'osai m'exprimer avec une sorte d'abandon. J'ai oublié ce que je lui dis ; mais il me
semble que je vois encore son air étonné. Elle me tendit un bras demi-nu et la plus belle main
du monde en me disant avec un sourire : « Nous vous apprivoiserons. » Je ne baisai pas
même cette belle main. je me retirai tout troublé. Je partis le lendemain pour Cambrai. Qui
était cette dame de Chastenay ? Je n'en sais rien : elle a passé comme une ombre charmante
dans ma vie.
Havia vários bretões em meio aos convivas, entre eles o cavaleiro de Guer e
Pommereul. Este era um grande conversador, que narrou algumas campanhas de Bonaparte, e
a quem eu estava destinado a rever na direção geral da livraria.
Pommereul, sob o Império, obteve uma espécie de renome por seu ódio contra a
nobreza. Quando um nobre tornava-se camareiro, ele bradava, cheio de alegria: “Mais um
penico na cabeça desses nobres!” E, no entanto, Pommereul afirmava, e com razão, ser nobre.
Ele assinava Pommereux, fazendo-se descendente da família Pommereux das cartas de
madame de Sévigné.
Meu irmão, depois do almoço, quis me levar ao espetáculo, mas meu primo solicitou-
me para a senhora de Chastenay, e segui com ele meu destino.
Conheci uma bela mulher que não se encontrava mais em sua primeira juventude, mas
que ainda podia inspirar interesse. Ela acolheu-me bem, tentou deixar-me à vontade, quis
saber sobre minha província e sobre meu regimento. Fiquei acanhado e sem jeito; eu fazia
sinais a meu primo para abreviar a visita. Porém, sem me olhar, ele não cessava de exaltar
meus méritos, afirmando que eu havia composto versos ainda junto à minha mãe, e
convidando-me a celebrar a senhora de Chastenay. Ela me livrou dessa situação penosa,
desculpou-se por ser obrigada a sair, e convidou-me a voltar a vê-la na manhã seguinte, com
um tom de voz tão doce que prometi, involuntariamente, obedecer.
Retornei a sua casa, sozinho, no dia seguinte: fui achá-la recostada em um aposento
elegantemente arranjado. Disse-me que estava um pouco indisposta, e que tinha o péssimo
hábito de se levantar tarde. Encontrei-me pela primeira vez à beira de uma cama de mulher
que não era nem minha mãe, nem minha irmã. Ela havia notado minha timidez na véspera,
vencida depois a tal ponto que ousei me expressar com uma espécie de abandono. Esqueci o
que lhe disse; mas tenho a impressão de ver ainda seu ar de espanto. Ela me estendeu um
braço seminu e a mais bela mão do mundo, dizendo-me, com um sorriso: “Nós civilizaremos
o senhor.” Eu sequer beijei aquela bonita mão; retirei-me completamente perturbado. Parti no
dia seguinte para Cambrai. Quem era aquela dama de Chastenay? Não faço a menor idéia; ela
passou como uma sombra encantadora por minha vida.
(4)
Berlin, mars 1821.
CAMBRAI. – LE RÉGIMENT DE NAVARRE. – LA MARTINIÈRE.
Le courrier de la malle me conduisit à ma garnison. Un de mes beaux-frères, le
vicomte de Châteaubourg (il avait épousé ma soeur Bénigne, restée veuve du comte de
Québriac) m'avait donné des lettres de recommandation pour des officiers de mon régiment.
Le chevalier de Guénan, homme de fort bonne compagnie, me fit admettre à une table
mangeaient des officiers distingués par leurs talents, MM. Achard, des Mahis, La Martinière.
Le marquis de Mortemart était colonel du régiment, le comte d'Andrezel, major : j'étais
particulièrement placé sous la tutelle de celui-ci. Je les ai retrouvés tous deux dans la suite :
l'un est devenu mon collègue à la chambre des pairs, l'autre s'est adressé à moi pour quelques
services que j'ai été heureux de lui rendre. Il y a un plaisir triste à rencontrer des personnes
que l'on a connues à diverses époques de la vie, et à considérer le changement opéré dans leur
existence et dans la nôtre. Comme des jalons laissés en arrière, ils nous tracent le chemin que
nous avons suivi dans le désert du passé.
Arrivé en habit bourgeois au régiment, vingt-quatre heures après j'avais pris l'habit de
soldat ; il me semblait l'avoir toujours porté. Mon uniforme était bleu et blanc comme jadis la
jaquette de mes voeux : j'ai marché sous les mêmes couleurs, jeune homme et enfant. Je ne
subis aucune des épreuves à travers lesquelles les sous-lieutenants étaient dans l'usage de faire
passer un nouveau venu ; je ne sais pourquoi on n'osa se livrer avec moi à ces enfantillages
militaires. Il n'y avait pas quinze jours que j'étais au corps qu'on me traitait comme un ancien .
J'appris facilement le maniement des armes et la théorie ; je franchis mes grades de caporal et
de sergent aux applaudissements de mes instructeurs. Ma chambre devint le rendez-vous des
vieux capitaines comme des jeunes sous-lieutenants : les premiers me faisaient faire leurs
campagnes, les autres me confiaient leurs amours.
Capítulo 4
Berlim, março de 1821.
Cambrai. – O regimento de Navarra. – La Martinière
A carruagem de correio conduziu-me à guarnição. Um de meus cunhados, o visconde
de Châteaubourg, (casado com minha irmã Bénigne, que ficara viúva do conde de Québriac)
me havia dado cartas de recomendação para os oficiais de meu regimento. O cavaleiro de
Guénan, homem de excelente companhia, fez me receberem a uma mesa em que ceavam
oficiais distintos por seus talentos, os senhores Achard, des Mahis, La Martinière. O marquês
de Mortemart era coronel do regimento, o conde d’Andrezel, major: eu estava particularmente
sob a tutela deste. Eu reencontrei ambos pouco tempo depois: um tornou-se meu colega na
Câmara dos Pares, o outro se endereçou a mim para alguns favores que fiquei feliz em
prestar-lhe. Há um triste prazer em rever pessoas que conhecemos em diversas épocas da vida
e em constatar a transformação operada na existência delas e na nossa. Como balizas deixadas
atrás, elas traçam o caminho que seguimos no deserto do passado.
Chegado em traje civil ao regimento, vinte e quatro horas depois, eu vestia o uniforme
de soldado; tive a sensação de sempre tê-lo usado. Meu uniforme era azul e branco, assim
como foi antigamente a túnica de meus votos: jovem rapaz e criança, andei com as mesmas
cores. Não fui submetido a nenhuma das provas pelas quais os subtenentes costumam fazer
passar um recém-chegado; não sei por que não se atreveram a aplicarem essas infantilidades
militares comigo. Não fazia sequer quinze dias que me encontrava na corporação e me
tratavam como um veterano. Aprendi facilmente o manejo das armas e a teoria; passei os
graus de cabo e de sargento sob aplausos de meus instrutores. Meu quarto se converteu no
lugar de encontro dos velhos capitães e dos jovens subtenentes: os primeiros contavam suas
campanhas, os outros me confiavam seus amores.
La Martinière me venait chercher pour passer avec lui devant la porte d'une belle
Cambrésienne qu'il adorait ; cela nous arrivait cinq à six fois le jour. Il était très laid et avait le
visage labouré par la petite-vérole. Il me racontait sa passion en buvant de grands verres d'eau
de groseille, que je payais quelquefois.
Tout aurait été à merveille sans ma folle ardeur pour la toilette ; on affectait alors le
rigorisme de la tenue prussienne : petit chapeau, petites boucles serrées à la tête, queue
attachée raide, habit strictement agrafé. Cela me déplaisait fort ; je me soumettais le matin à
ces entraves, mais le soir, quand j'espérais n'être pas vu des chefs, je m'affublais d'un plus
grand chapeau ; le barbier descendait les boucles de mes cheveux et desserrait ma queue ; je
déboutonnais et croisais les revers de mon habit ; dans ce tendre négligé, j'allais faire ma cour
pour La Martinière, sous la fenêtre de sa cruelle Flamande. Voilà qu'un jour je me rencontre
nez à nez avec M. d'Andrezel : « Qu'est-ce cela, monsieur ? » me dit le terrible major : « vous
garderez trois jours les arrêts. » Je fus un peu humilié ; mais je reconnus la vérité du proverbe,
qu'à quelque chose malheur est bon ; il me délivra des amours de mon camarade.
Auprès du tombeau de Fénelon, je relus Télémaque : je n'étais pas trop en train de
l'historiette philanthropique de la vache et du prélat.
Le début de ma carrière amuse mes ressouvenirs. En traversant Cambrai avec le Roi,
après les Cent-Jours, je cherchai la maison que j'avais habitée et le café que je fréquentais : je
ne les pus retrouver ; tout avait disparu, hommes et monuments.
(5)
MORT DE MON PÈRE.
L'année même je faisais à Cambrai mes premières armes, on apprit la mort de
Frédéric II : je suis ambassadeur auprès du neveu de ce grand roi, et j'écris à Berlin cette
partie de mes Mémoires . A cette nouvelle importante pour le public, succéda une autre
nouvelle, douloureuse pour moi : Lucile m'annonça que mon père avait été emporté d'une
attaque d'apoplexie, le surlendemain de cette fête de l'Angevine, une des joies de mon
enfance.
La Martinière vinha buscar-me para que passássemos juntos em frente à porta de uma
bela cambresiana que ele adorava; fazíamos isso cinco ou seis vezes por dia. Ele era muito
feio e possuía o rosto marcado pela varíola. Contava-me sua paixão enquanto bebia enormes
copos de refresco de groselha, que às vezes eu pagava.
Tudo teria transcorrido às mil maravilhas se não fosse meu louco entusiasmo com o
toalete; à época, adotava-se a austeridade do traje prussiano: chapéu pequeno, pequenas
mechas coladas à cabeça, rabo-de-cavalo muito apertado, roupas bem afiveladas. Isso tudo me
desagradava bastante; pela manhã me submetia a esses incômodos, mas ao entardecer, quando
esperava não mais ser visto pelos chefes, eu me equipava com um enorme chapéu; o barbeiro
soltava-me as mechas de cabelo e afrouxava-me o rabo-de-cavalo; desabotoava e cruzava a
lapela de minha veste; neste sutil desalinho, ia fazer a corte para La Martinière, sob a janela
de sua cruel flamenga. Mas eis que um dia encontro-me cara a cara com o senhor d’Andrezel:
“O que é isso, senhor?diz o terrível major: “o senhor ficará três dias detido.” Senti-me um
pouco humilhado; mas reconheci a verdade do provérbio que diz que todo mal traz algo de
bom; isto me livrou dos amores de meu camarada.
Ao lado da tumba de Fénelon, reli Telêmaco : não estava com muita disposição para a
historieta filantrópica da vaca e do prelado.
O início de minha carreira alegra minhas recordações. Atravessando Cambrai com o
rei, após os Cem Dias, procurei a casa em que tinha vivido e o caque freqüentara: não
consegui achá-los; tudo havia desaparecido, homens e monumentos.
Capítulo 5
Morte de meu pai.
No mesmo ano em que iniciava minha carreira militar, em Cambrai, tivemos notícia
da morte de Frederico II: sou embaixador junto ao sobrinho deste grande rei, e escrevo em
Berlim esta parte de minhas Memórias. A essa importante notícia para o público, sucedeu
uma outra, dolorosa para mim: Lucile me comunicou que meu pai havia sofrido um ataque de
apoplexia dois dias depois da festa de Angevine, uma das alegrias de minha infância.
Parmi les pièces authentiques qui me servent de guide, je trouve les actes de décès de
mes parents. Ces actes marquant aussi d'une façon particulière le décès du siècle , je les
consigne ici comme une page d'histoire.
« Extrait du registre de décès de la paroisse de Combourg, pour 1786, est écrit ce
qui suit, folio 8, verso :
« Le corps de haut et puissant messire René de Chateaubriand, chevalier, comte de
Combourg, seigneur de Gaugres, le Plessis-l'Epine, Boulet, Malestroit en Dol et autres lieux,
époux de haute et puissante dame Apolline-Jeanne-Suzanne de Bedée de La Bouëtardais,
dame comtesse de Combourg, â de soixante-neuf ans environ, mort en son château de
Combourg, le six septembre, environ les huit heures du soir, a été inhule huit, dans le
caveau de ladite seigneurie placé dans le chasseau de notre église de Combourg, en présence
de messieurs les gentilshommes, de messieurs les officiers de la juridiction et autres notables
bourgeois soussignants. Signé au registre : le comte du Petitbois de Monlouët, de
Chateaudassy, Delaunay, Morault, Noury de Mauny, avocat ; Hermer, procureur ; Petit,
avocat et procureur fiscal ; Robiou, Portal, Le Douarin de Trevelec, recteur doyen de Dingé ;
Sévin, recteur. »
Dans le collationné délivré en 1812 par M. Lodin, maire de Combourg, les dix-neuf
mots portant titres : haut et puissant messire , etc., sont biffés.
« Extrait du registre des décès de la ville de Saint-Servan, premier arrondissement du
département d'Ille-et-Vilaine, pour l'an VI de la République, folio 35, recto, où est écrit ce qui
suit :
« Le douze prairial, an six de la République française devant moi, Jacques Bourdasse,
officier municipal de la commune de Saint-Servan élu officier public le quatre floréal dernier,
sont comparus Jean Baslé, jardinier, et Joseph Boulin, journalier, lesquels m'ont déclaré
qu'Apolline-Jeanne-Suzanne de Bedée, veuve de René-Auguste de Chateaubriand, est
décédée au domicile de la citoyenne Gouyon, situé à La Ballue, en cette commune, ce jour, à
une heure après midi. D'après cette déclaration, dont je me suis assuré de la vérité, j'ai rédigé
le présent acte, que Jean Baslé a seul signé avec moi, Joseph Boulin ayant déclaré ne le savoir
faire, de ce interpellé.
Fait en la maison commune lesdits jour et an. Signé : Jean Baslé et Bourdasse. »
Entre os documentos autênticos que me servem de guia, encontro a certidão de óbito
de meus pais. Essas certidões também marcam de modo particular o óbito do século, eu as
transcrevo aqui como uma página de história.
“Extrato do registro de óbito da paróquia de Combourg, para o ano de 1786, onde se
o que se segue:
“O corpo do alto e poderoso, senhor René de Chateaubriand, cavaleiro, conde de
Combourg, senhor de Gaugres, le Plessis-l'Épine, Boulet, Malestroit en Dol e outros lugares,
esposo da alta e poderosa senhora Apolline-Jeanne-Suzanne de Bedée de La Bouëtardais,
senhora condessa de Combourg, com idade aproximada de sessenta e nove anos, morto em
seu castelo de Combourg, em 6 de setembro, por volta das 8 horas da noite, foi inumado no
dia 8, na sepultura da dita senhoria, situada na rota de nossa igreja de Combourg, em presença
dos senhores gentis-homens, dos senhores oficiais da jurisdição e outros notáveis burgueses
que subscrevem. Firmado no registro: o conde du Petitbois de Monlouët, de Chateaudassy,
Delaunay, Morault, Noury de Mauny, advogado ; Hermer, procurador; Petit, advogado e
procurador fiscal; Robiou, Portal, Le Douarin de Trevelec, reitor deão de Dingé; Sévin,
reitor."
Na cópia entregue em 1812 pelo senhor Lodin, administrador de Combourg, as
dezenove palavras trazendo os títulos: alto e poderoso senhor, etc., são riscadas.
“Extrato de registro dos óbitos da cidade de Saint-Servan, primeiro distrito do
departamento d’Ille-et-Vilaine, para o ano VI da Républica, folio 35, frente, onde lê-se o que
se segue:
“Em doze prairal, ano sexto da Républica Francesa, em minha presença, Jacques
Bourdasse, oficial municipal da comuna de Saint-Servan, eleito oficial público em quatro
floreal último, compareceram Jean Baslé, jardineiro, e Joseph Boulin, jornaleiro, os quais
declararam que Apolline-Jeanne-Suzanne de Bedée, viúva de René-Auguste de
Chateaubriand, faleceu no domicilio da cidadã Gouyon, situado em La Ballue, nesta comuna,
neste dia, à uma hora da tarde. De acordo com esta declaração, cuja veracidade me foi
assegurada, redigi a presente ata que apenas Jean Baslé subscreveu comigo, tendo Joseph
Boulin, ao ser interpelado para tal, declarado não saber fazê-lo.
Estabelecido na casa comunal nos referidos dia e ano. Assinado Jean Baslé e
Bourdasse.”
Dans le premier extrait, l'ancienne société subsiste : M. de Chateaubriand est un haut
et puissant seigneur , etc. etc. ; les témoins sont des gentilshommes et de notables bourgeois ;
je rencontre parmi les signataires ce marquis de Monlouët qui s'arrêtait l'hiver au château de
Combourg, le curé Sévin, qui eut tant de peine à me croire l'auteur du nie du
Christianisme, hôtes fidèles de mon père jusqu'à sa dernière demeure. Mais mon père ne
coucha pas longtemps dans son linceul : il en fut jeté hors quand on jeta la vieille France à la
voirie.
Dans l'extrait mortuaire de ma mère, la terre roule sur d'autres pôles : nouveau monde,
nouvelle ère ; le comput des années et les noms mêmes des mois sont changés. Madame de
Chateaubriand n'est plus qu'une pauvre femme qui obite au domicile de la citoyenne Gouyon ;
un jardinier, et un journalier qui ne sait pas signer, attestent seuls la mort de ma mère : de
parents et d'amis, point ; nulle pompe funèbre ; pour tout assistant, la Révolution.
(6)
Berlin, mars 1821.
REGRETS. – MON PÈRE M’EÛT-IL APPRÉCIÉ ?
Je pleurai M. de Chateaubriand : sa mort me montra mieux ce qu'il valait ; je ne me
souvins ni de ses rigueurs ni de ses faiblesses. Je croyais encore le voir se promener le soir
dans la salle de Combourg ; je m'attendrissais à la pensée de ces scènes de famille. Si
l'affection de mon père pour moi se ressentait de la sévérité du caractère, au fond elle n'en
était pas moins vive. Le farouche maréchal de Montluc qui, rendu camard par des blessures
effrayantes, était réduit à cacher, sous un morceau de suaire, l'horreur de sa gloire, cet homme
de carnage se reproche sa dureté envers un fils qu'il venait de perdre.
Na primeira certidão, a antiga sociedade subsiste: senhor de Chateaubriand é um alto e
poderoso senhor, etc., etc.; os testemunhos são gentis-homens e notáveis burgueses; eu
encontro entre as assinaturas esse marquês de Monlouët, que, no inverno, abrigava-se no
castelo de Combourg, o cura Sévin, que tanto custou a acreditar-me autor do Gênio do
Cristianismo, hóspedes fiéis de meu pai até sua última morada. Mas meu pai não repousou
muito tempo em seu sudário. Ele foi jogado fora, quando se jogou a velha França na lixeira.
Na certidão de morte de minha mãe, a terra roda sobre outros pólos: novo mundo,
nova era; o cômputo dos anos e até os nomes dos meses estão mudados. A senhora de
Chateaubriand não é mais que uma pobre mulher que falece no domicílio da cidadã Gouyon;
um jardineiro e um jornaleiro que não sabe assinar são os únicos a atestarem a morte de minha
mãe: parentes e amigos, não há; nenhuma pompa fúnebre; por único assistente, a
Revolução.
124
Capítulo 6
Berlim, março de 1821.
Saudades. – Teria meu pai me admirado?
Eu chorei pelo senhor de Chateaubriand: sua morte mostrou-me melhor o que ele
valia; não me recordei nem de seus rigores nem de suas fraquezas. Parecia vê-lo ainda passear
à noite na sala de Combourg; me enternecia ao pensar nessas cenas de família. Se o afeto de
meu pai por mim se ressentia pela severidade de caráter, no fundo este sentimento não era
menos vivo. O feroz marechal de Montluc que, de nariz achatado por causa de pavorosas
feridas, estava condenado a ter de ocultar, sob um pedaço de suário, o horror de sua glória,
este homem acostumado com carnificina, censura-se pela severidade, para com um filho que
ele acabava de perder.
124
N.A. Meu sobrinho, à moda da Bretanha, Frédéric de Chateaubriand, filho de meu primo Armand, comprou
La Ballue, onde morreu minha mãe.
« Ce pauvre garçon, disait-il, n'a rien veu de moy qu'une contenance refroignée et
pleine de mespris ; il a emporté cette créance, que je n'ay sceu n'y l'aymer n'y l'estimer selon
son mérite. A qui garday-je à descouvrir cette singulière affection que je luy portay dans mon
âme ? Estait-ce pas luy qui en devait avoir tout le plaisir et toute l'obligation ? Je me suis
contraint et gehenné pour maintenir ce vain masque, et y ay perdu le plaisir de sa
conversation, et sa volonté, quant et quant, qu'il ne me peut avoir portée autre que bien froide,
n'ayant jamais receu de moy que rudesse, n'y senti qu'une façon tyrannique. »
Ma volonté ne fut point portée bien froide envers mon père, et je ne doute point que,
malgré sa façon tyrannique , il ne m'aimât tendrement : il m'eût j'en suis sûr, regretté, la
Providence m'appelant avant lui. Mais lui, restant sur la terre avec moi, eût-il été sensible au
bruit qui s'est élevé de ma vie ? Une renommée littéraire aurait blessé sa gentilhommerie ; il
n'aurait vu dans les aptitudes de son fils qu'une dégénération ; l'ambassade même de Berlin,
conquête de la plume, non de l'épée, l'eût médiocrement satisfait. Son sang breton le rendait
d'ailleurs frondeur en politique, grand opposant des taxes et violent ennemi de la cour. Il lisait
la Gazette de Leyde , le Journal de Francfort , le Mercure de France et l' Histoire
philosophique des deux Indes , dont les déclamations le charmaient, il appelait l'abbé Raynal
un maître homme . En diplomatie il était anti-musulman ; il affirmait que quarante mille
polissons russes passeraient sur le ventre des janissaires et prendraient Constantinople. Bien
que turcophage, mon père avait nonobstant rancune au coeur contre les polissons russes , à
cause de ses rencontres à Dantzick.
Je partage le sentiment de M. de Chateaubriand sur les réputations littéraires ou autres,
mais par des raisons différentes des siennes. Je ne sache pas dans l'histoire une renommée qui
me tente : fallût-il me baisser pour ramasser à mes pieds et à mon profit la plus grande gloire
du monde, je ne m'en donnerais pas la fatigue. Si j'avais pétri mon limon, peut-être me fussé-
je créé femme, en passion d'elles ; ou si je m'étais fait homme, je me serais octroyé d'abord la
beauté ; ensuite, par précaution contre l'ennui mon ennemi acharné, il m'eût assez convenu
d'être un artiste supérieur, mais inconnu, et n'usant de mon talent qu'au bénéfice de ma
solitude. Dans la vie pesée à son poids léger, aunée à sa courte mesure, dégagée de toute
piperie, il n'est que deux choses vraies : la religion avec l'intelligence, l'amour avec la
jeunesse, c'est-à-dire l'avenir et le présent : le reste n'en vaut pas la peine.
“Aquele pobre rapaz, dizia ele, nunca viu em mim nada além de uma aparência
carrancuda e cheia de desprezo; levou consigo a crença de que eu não soube nem amá-lo nem
estimá-lo conforme merecia. Por que calei em meu coração este afeto singular que tinha por
ele? Não era a ele que cabia o prazer e o benefício de receber este afeto? Refreei-me e sofri
muito para conservar esta máscara vã, perdi o prazer de sua conversa, e também, em seu
coração, deve ter levado de mim tão somente a frieza, que, de minha parte, obtivera apenas
rudeza e um tratamento tirânico.”
Em meu coração não levei somente frieza para com meu pai, e não tenho dúvida de
que, mesmo sob seu tratamento tirânico, ele me tenha amado com ternura: ele teria,
seguramente, lastimado se a Providência me tivesse chamado para si antes dele. Mas, caso
permanecesse sobre a terra comigo, seria ele sensível ao ruído que minha vida tem gerado?
Uma reputação literária haveria de atingir sua fidalguia; ele não teria visto nas aptidões de seu
filho mais do que uma degeneração; mesmo a embaixada de Berlim, conquista da pena, e não
da espada, o teria modestamente satisfeito. Seu sangue bretão o havia convertido, aliás, num
frondista em política, era um grande adversário dos impostos e inimigo ferrenho da corte. Lia
a Gazette de Leyde, o Journal de Francfort, o Mercure de France e a Histoire philosophique
des deux Indes, cuja eloqüência o encantava: ele considerava o abade Raynal como um senhor
homem. Em diplomacia, era antimuçulmano; dizia que quarenta mil russos safados passariam
por sobre o fígado dos janízaros e tomariam Constantinopla. Ainda que turcófago, meu pai
trazia no peito um rancor contra os russos safados, devido a seus embates em Danzig.
Eu compartilho o sentimento do senhor Chateaubriand sobre as reputações literárias
ou outras, mas por razões diferentes das suas. Não conheço na história nenhum tipo de
renome que me tente: seria preciso abaixar-se para apanhar a meus pés e em meu proveito a
mais imensa glória do mundo, não me daria a este trabalho. Se pudesse modelar meu próprio
barro, talvez me tivesse feito mulher, por meu amor a elas; ou, se me fizesse homem, haveria
de me conceder a beleza primeiramente; depois, por precaução contra o tédio, meu inimigo
visceral, me seria bastante conveniente ser um artista superior, mas desconhecido, usando
meu talento em favor de minha solidão. A vida, pesada em seu peso leve, medida em seu
curto tamanho, livre de todo engano, traz apenas duas coisas verdadeiras: a religião com a
inteligência, o amor com a juventude, ou seja, o futuro e o presente: o resto não vale a pena.
Avec mon père finissait le premier acte de ma vie : les foyers paternels devenaient
vides ; je les plaignais, comme s'ils eussent été capables de sentir l'abandon et la solitude.
Désormais j'étais sans maître et jouissant de ma fortune : cette liberté m'effraya. Qu'en allais-
je faire ? A qui la donnerais-je ? Je me défiais de ma force ; je reculais devant moi.
(7)
Berlin, mars 1821.
RETOUR EN BRETAGNE. – SÉJOUR CHEZ MA SOEUR AINÉE. –
MON FRÈRE M’APPELLE À PARIS.
J'obtins, un congé. M. d'Andrezel, nommé lieutenant-colonel du régiment de Picardie,
quittait Cambrai : je lui servis de courrier. Je traversai Paris, je ne voulus pas m'arrêter un
quart d'heure. Je revis les landes de ma Bretagne avec plus de joie qu'un Napolitain banni
dans nos climats ne reverrait les rives de Portici, les campagnes de Sorrente. Ma famille se
rassembla à Combourg ; on régla les partages ; cela fait, nous nous dispersâmes, comme des
oiseaux s'envolent du nid paternel. Mon frère arrivé de Paris y retourna ; ma mère se fixa à
Saint-Malo. Lucile suivit Julie ; je passai une partie de mon temps chez mesdames de
Marigny, de Châteaubourg et de Farcy. Marigny, château de ma soeur aînée, à trois lieues de
Fougères, était agréablement situé entre deux étangs parmi des bois des rochers et des
prairies. J'y demeurai quelques mois tranquille ; une lettre de Paris vint troubler mon repos.
Com meu pai, terminava o primeiro ato de minha vida: o lar paterno tornava-se vazio;
eu o lamentava como se o lugar fosse capaz de sentir o abandono e a solidão. A partir de
então, me encontrava sem mestre, desfrutando minha fortuna: esta liberdade me amedrontava.
Que faria com ela? A quem a concederia? Eu desconfiava de minhas forças; recuava diante de
mim mesmo.
Capítulo 7
125
Berlim, março de 1821.
Retorno à Bretanha. – Estadia na casa de minha irmã mais velha. – Meu irmão me chama a
Paris.
Obtive uma licença. O senhor d’Andrezel, nomeado tenente-coronel do regimento da
Picardia, estava deixando Cambrai: servi-lhe de correio. Atravessei Paris, onde não desejei
ficar sequer quinze minutos ; revi as landes de minha Bretanha com mais alegria que um
napolitano banido em nossos climas veria as margens de Portici, os campos de Sorrento.
Minha família reuniu-se em Combourg; realizamos a partilha; feito isso isso, nos dispersamos
feito pássaros voando do ninho paterno. Meu irmão, vindo de Paris, para retornou; minha
mãe se instalou em Saint-Malo; Lucile seguiu Julie; eu passei uma parte de meu tempo na
casa das senhoras de Marigny, de Chateaubourg e de Farcy. Marigny, o castelo de minha irmã
mais velha, a três léguas de Fougères, estava deliciosamente situado entre dois lagos em meio
aos bosques, rochedos e pradarias. permaneci tranqüilo por alguns meses; uma carta de
Paris veio atrapalhar meu repouso.
125
A partir deste capítulo até o final do Livro quinto, Chateaubriand vive uma carreira militar intermitente
(Cambrai, Dieppe) e passa alguns períodos “inativo” entre Paris e Bretanha (Fougères, Rennes, Saint-Malo). Os
eventos aí narrados terão primordialmente uma natureza temática; o narrador vai relatar os episódios mais
significativos de sua vida, tornando menos rigorosa a linearidade cronológica do texto.
Au moment d'entrer au service et d'épouser mademoiselle de Rosambo, mon frère
n'avait pourtant point encore quitté la robe ; par cette raison il ne pouvait monter dans les
carrosses. Son ambition pressée lui suggéra l'idée de me faire jouir des honneurs de la cour
afin de mieux préparer les voies à son élévation. Les preuves de noblesse avaient été faites
pour Lucile lorsqu'elle fut reçue au chapitre de l'Argentière ; de sorte que tout était prêt : le
maréchal de Duras devait être mon patron. Mon frère m'annonçait que j'entrais dans la route
de la fortune ; que déjà j'obtenais le rang de capitaine de cavalerie, rang honorifique et de
courtoisie ; qu'il serait ensuite aisé de m'attacher à l'ordre de Malte, au moyen de quoi je
jouirais de gros bénéfices.
Cette lettre me frappa comme un coup de foudre : retourner à Paris, être présenté à la
cour, - et je me trouvais presque mal quand je rencontrais trois ou quatre personnes inconnues
dans un salon ! Me faire comprendre l'ambition, à moi qui ne rêvais que de vivre oublié !
Mon premier mouvement fut de répondre à mon frère qu'étant l'aîné, c'était à lui de
soutenir son nom ; que, quant à moi, obscur cadet de Bretagne, je ne me retirerais pas du
service, parce qu'il y avait des chances de guerre, mais que si le Roi avait besoin d'un soldat
dans son armée, il n'avait pas besoin d'un pauvre gentilhomme à sa cour.
Je m'empressai de lire cette réponse romanesque à madame de Marigny, qui jeta les
hauts cris ; on appela madame de Farcy, qui se moqua de moi ; Lucile m'aurait bien voulu
soutenir, mais elle n'osait combattre ses soeurs. On m'arracha ma lettre, et toujours faible
quand il s'agit de moi, je mandai à mon frère que j'allais partir.
Je partis en effet ; je partis pour être présenté à la première cour de l'Europe, pour
débuter dans la vie de la manière la plus brillante, et j'avais l'air d'un homme que l'on traîne
aux galères, ou sur lequel on va prononcer une sentence de mort.
No momento de entrar para o serviço e de desposar a senhorita de Rosambo, meu
irmão não havia ainda abandonado a toga; por este motivo ele não podia subir em carruagens.
Sua ambição impaciente sugeriu-lhe a idéia de fazer-me usufruir as honras da Corte, a fim de
preparar melhor o caminho de sua ascensão. As provas de nobreza haviam sido feitas para
Lucile ser aceita no Capítulo de Argentière; de modo que tudo estava preparado: o marechal
de Duras seria meu padrinho. Meu irmão anunciava que eu estava entrando para o caminho da
fortuna; que eu obteria imediatamente o posto de capitão de cavalaria, posto honorífico e de
cortesia; que seria muito fácil, logo a seguir, vincular-me à Ordem de Malta mediante a qual
receberia fartos benefícios.
Esta carta atingiu-me como um raio: retornar a Paris, ser apresentado à Corte, - eu que
me via mal quando me encontrava com três ou quatro pessoas desconhecidas num salão!
Fazer-me compreender a ambição, a mim que só sonhava em viver esquecido!
Meu primeiro movimento foi de responder a meu irmão que ele sendo o primogênito,
caberia a ele perpetuar seu nome; que, quanto a mim, um obscuro caçula da Bretanha, não me
retiraria do serviço, pois havia possibilidades de guerra; mas que, se o Rei precisasse de um
soldado em seu exército, não havia de precisar de um pobre gentil-homem em sua Corte.
Apressei-me em ler esta resposta romanesca à senhora de Marigny, que soltou gritos;
chamou-se a senhora de Farcy, que zombou de mim; Lucile teria desejado prestar-me apoio,
mas não ousava combater suas irmãs. Arrancaram-me a carta, e, sempre fraco em se tratando
de mim mesmo, comuniquei a meu irmão que estava partindo.
Com efeito, parti; parti para ser apresentado à primeira Corte da Europa, para iniciar-
me na vida da maneira mais ilustre possível, e tinha o aspecto de um homem que era arrastado
para as galés, ou sobre o qual se pronunciava uma sentença de morte.
(8)
Berlin, mars 1821.
MA VIE SOLITAIRE À PARIS
J'entrai dans Paris par le chemin que j'avais suivi la première fois ; j'allai descendre au
même hôtel, rue du Mail : je ne connaissais que cela. Je fus logé à la porte de mon ancienne
chambre, mais dans un appartement un peu plus grand et donnant sur la rue.
Mon frère, soit qu'il fût embarrassé de mes manières, soit qu'il eût pitié de ma timidité,
ne me mena point dans le monde et ne me fit faire connaissance avec personne. Il demeurait
rue des Fossés-Montmartre ; j'allais tous les jours dîner chez lui à trois heures ; nous nous
quittions ensuite, et nous ne nous revoyions que le lendemain. Mon gros cousin Moreau n'était
plus à Paris. Je passai deux ou trois fois devant l'hôtel de madame de Chastenay, sans oser
demander au suisse ce qu'elle était devenue.
L'automne commençait. Je me levais à six heures ; je passais au manège ; je déjeunais.
J'avais heureusement alors la rage du grec : je traduisais l' Odyssée et la Cyropédie jusqu'à
deux heures, en entremêlant mon travail d'études historiques. A deux heures je m'habillais, je
me rendais chez mon frère ; il me demandait ce que j'avais fait, ce que j'avais vu ; je répondais
: « Rien. » Il haussait les épaules et me tournait le dos.
Un jour, on entend du bruit au dehors ; mon frère court à la fenêtre et m'appelle : je ne
voulus jamais quitter le fauteuil dans lequel j'étais étendu au fond de la chambre. Mon pauvre
frère me prédit que je mourrais inconnu, inutile à moi et à ma famille.
Capítulo 8
Berlim, março de 1821.
Minha vida solitária em Paris.
Entrei em Paris pelo caminho que havia tomado pela primeira vez; desci na mesma
hospedaria, na rua du Mail: conhecia apenas esta. Fui alojado próximo a meu antigo quarto,
porém, num aposento um pouco maior e que dava para a rua.
Meu irmão, por ter ficado embaraçado com meus modos, ou por se ter condoído de
minha timidez, não me levou para a vida mundana e não me apresentou a ninguém. Ele
permanecia na rua de Fossés-Montmartre; eu ia todos os dias almoçar em sua casa às três
horas; depois, nós nos deixávamos, e íamos nos rever somente no dia seguinte. Moreau, meu
gordo primo, não se encontrava mais em Paris. Passei duas ou três vezes em frente à
residência da senhora de Chastenay, sem me atrever a perguntar ao porteiro a seu respeito.
Principiava o outono. Levantava-me às seis horas; ia ao picadeiro, tomava o desjejum.
Felizmente, então, estudava com afinco o grego: traduzia a Odisséia e a Ciropédia até as duas
horas, entremeando com meu trabalho sobre estudos históricos. Às duas horas eu me vestia, e
encaminhava-me à casa de meu irmão; ele interrogava-me sobre o que eu havia feito e visto;
eu respondia: “Nada.” Ele dava de ombros e me virava as costas.
Um dia ouvimos um barulho que vinha de fora; meu irmão correu à janela e me
chamou: eu não quis de jeito nenhum abandonar a poltrona na qual me achava estendido no
fundo do quarto. Meu pobre irmão predisse que eu morreria desconhecido, inútil a mim e à
minha família.
A quatre heures, je rentrais chez moi ; je m'asseyais derrière ma croisée. Deux jeunes
personnes de quinze ou seize ans, venaient à cette heure dessiner à la fenêtre d'un hôtel bâti en
face, de l'autre côté de la rue. Elles s'étaient aperçues de ma gularité, comme moi de la leur.
De temps en temps, elles levaient la tête pour regarder leur voisin ; je leur savais un gré infini
de cette marque d'attention : elles étaient ma seule société à Paris.
Quand la nuit approchait, j'allais à quelque spectacle ; le désert de la foule me plaisait,
quoiqu'il m'en coûtât toujours un peu de prendre mon billet à la porte et de me mêler aux
hommes. Je rectifiai les idées que je m'étais formées du théâtre à Saint-Malo. Je vis madame
Saint-Hubert dans le rôle d'Amide ; je sentis qu'il avait manqué quelque chose à la magicienne
de ma création. Lorsque je ne m'emprisonnais pas dans la salle de l'opéra ou des Français, je
me promenais de rue en rue ou le long des quais, jusqu'à dix et onze heures du soir. Je
n'aperçois pas encore aujourd'hui la file des réverbères de la place Louis XV à la barrière des
Bons-Hommes, sans me souvenir des angoisses dans lesquelles j'étais, quand je suivis cette
route pour me rendre à Versailles lors de ma présentation.
Rentré au logis, je demeurais une partie de la nuit la tête penchée sur mon feu qui ne
me disait rien : je n'avais pas, comme les Persans, l'imagination assez riche pour me figurer
que la flamme ressemblait à l'anémone, et la braise à la grenade. J'écoutais les voitures allant,
venant, se croisant. Leur roulement lointain imitait le murmure de la mer sur les grèves de ma
Bretagne, ou du vent dans mes bois de Combourg. Ces bruits du monde qui rappelaient ceux
de la solitude réveillaient mes regrets ; j'évoquais mon ancien mal, ou bien mon imagination
inventait l'histoire des personnages que ces chars emportaient : j'apercevais des salons
radieux, des bals, des amours, des conquêtes. Bientôt, retombé sur moi-même, je me
retrouvais, délaissé dans une hôtellerie, voyant le monde par la fenêtre et l'entendant aux
échos de mon foyer.
Às quatro horas, voltei para casa; estava sentado atrás da janela. Duas pessoas jovens,
de quinze ou dezesseis anos vinham desenhar, a esta hora, à janela de um albergue em frente,
do outro lado da rua. Elas haviam notado minha regularidade, assim como eu a delas. De vez
em quando, elas erguiam a cabeça para olhar seu vizinho; eu lhes era infinitamente grato por
este sinal de atenção: elas formavam minha única sociedade em Paris.
Quando chegava a noite, eu saía para algum espetáculo; o deserto da multidão me
agradava, ainda que sempre me custasse um pouco conseguir meu bilhete à entrada e
misturar-me aos homens. Retifiquei as idéias que havia formado sobre o teatro em Saint-
Malo. Vi a senhora Saint-Huberti o papel de Armide; senti que algo faltava à feiticeira de
minha própria criação. Quando eu não me recolhia à sala do Ópera ou dos Franceses, punha-
me a passear de rua em rua, ao longo do cais, até as dez ou onze horas da noite. Ainda hoje
não posso avistar a fila de lanternas da praça Luís XV próximo à barreira dos Bons-Homens,
sem me recordar das angústias em que me achava quando segui por este caminho para dar em
Versailles por ocasião de minha apresentação.
Ao chegar à hospedaria, uma parte da noite, eu me punha com a cabeça inclinada
sobre meu fogo, que nada me dizia: não possuía, como os persas, uma imaginação
suficientemente rica para conceber a idéia de que a flama assemelhava-se a uma anêmona, e a
brasa a uma granada. Eu ouvia as carruagens indo, vindo, cruzando-se ; seu andar distante
imitava o murmúrio do mar sobre as areias de minha Bretanha, ou do vento, nos bosques de
Combourg. Esses ruídos do mundo, que lembravam os da solidão, despertavam a saudade; eu
evocava meus antigos sofrimentos, ou minha imaginação inventava então a história dos
personagens que esses carros conduziam: eu vislumbrava salões radiantes, bailes, amores,
conquistas. Logo depois, caía em mim mesmo, desamparado numa hospedaria, enxergando o
mundo pela janela e o escutando através dos ecos de meu quarto.
Rousseau croit devoir à sa sincérité, comme à l'enseignement des hommes, la
confession des voluptés suspectes de sa vie ; il suppose même qu'on l'interroge gravement et
qu'on lui demande compte de ses péchés avec les donne pericolanti de Venise. Si je m'étais
prostitué aux courtisanes de Paris, je ne me croirais pas obligé d'en instruire la postérité ; mais
j'étais trop timide d'un côté, trop exalté de l'autre, pour me laisser séduire à des filles de joie.
Quand je traversais les troupeaux de ces malheureuses attaquant les passants pour les hisser à
leurs entresols, comme les cochers de Saint-Cloud pour faire monter les voyageurs dans leurs
voitures, j'étais saisi de dégoût et d'horreur. Les plaisirs d'aventure ne m'auraient convenu
qu'aux temps passés.
Dans les XIVe, XVe, XVIe et XVIIe siècles, la civilisation imparfaite, les croyances
superstitieuses, les usages étrangers et demi-barbares, mêlaient le roman partout : les
caractères étaient forts, l'imagination puissante, l'existence mystérieuse et cachée. La nuit,
autour des hauts murs des cimetières et des couvents, sous les remparts déserts de la ville, le
long des chaînes et des fossés, des marchés, à l'orée des quartiers clos, dans les rues étroites et
sans réverbères, des voleurs et des assassins se tenaient embusqués, des rencontres
avaient lieu tantôt à la lumière des flambeaux, tantôt dans l'épaisseur des ténèbres, c'était au
péril de sa tête qu'on cherchait le rendez-vous donné par quelque Héloïse. Pour se livrer au
désordre, il fallait aimer véritablement ; pour violer les moeurs générales, il fallait faire de
grands sacrifices. Non-seulement il s'agissait d'affronter des dangers fortuits et de braver le
glaive des lois, mais on était obligé de vaincre en soi l'empire des habitudes régulières,
l'autorité de la famille, la tyrannie des coutumes domestiques, l'opposition de la conscience,
les terreurs et les devoirs du chrétien. Toutes ces entraves doublaient l'énergie des passions.
Je n'aurais pas suivi en 1788 une misérable affamée qui m'eût entraîné dans son bouge
sous la surveillance de la police ; mais il est probable que j'eusse mis à fin, en 1606, une
aventure du genre de celle qu'a si bien racontée Bassompierre.
Rousseau acredita ser um dever para com a sua sinceridade, assim como para o
ensinamento dos homens, a confissão das volúpias suspeitas de sua vida; ele supõe inclusive
que o interrogam seriamente e que o intimam a prestar contas sobre seus pecados com as
donne pericolanti de Veneza. Se eu tivesse freqüentado as cortesãs de Paris, não me veria
obrigado a instruir a posteridade a esse respeito; mas, por um lado, eu era muito tímido e, por
outro, demasiadamente exaltado, para me deixar seduzir pelas damas da vida. Quando passava
por esses bandos de infortunadas, que atacavam os transeuntes a fim de içá-los a seus
cômodos, como os cocheiros de Saint-Cloud fazendo subir os viajantes em seus coches,
sentia-me tomado de nojo e de horror. Os prazeres da aventura me teriam sido
convenientes em outros tempos.
Durante os séculos XIV, XV, XVI e XVII, a civilização imperfeita, as superstições, os
costumes estranhos e semibárbaros punham o romanesco em toda parte: os caracteres eram
fortes, a imaginação poderosa, a existência misteriosa e dissimulada. À noite, em volta das
paredes altas dos cemitérios e dos conventos, sob as muralhas desertas do vilarejo, ao longo
das correntes e das fossas dos mercados, à entrada dos bairros cercados, nas ruas estreitas e
sem candeeiros onde os ladrões e assassinos preparavam a emboscada, onde os encontros
aconteciam sob a luz dos archotes ou na densa escuridão, era colocando em risco o próprio
pescoço que se buscava um encontro concedido por alguma Heloísa. Para entregar-se à
desregramento era preciso amar verdadeiramente; para violar os costumes de todos, era
preciso grandes sacrifícios. Não se tratava somente de enfrentar perigos fortuitos e de lutar
contra o gládio das leis, mas era-se obrigado a vencer dentro de si mesmo o império dos
hábitos regulares, a autoridade da família, a tirania dos costumes domésticos, a oposição da
consciência, os terrores e os deveres do cristão. Todos esses entraves redobravam a energia
das paixões.
Em 1788, eu não teria seguido uma miserável faminta que me houvesse arrastado para
sua espelunca sob a vigilância da polícia; mas é provável que tivesse experimentado, em
1606, uma aventura como aquela que Bassompierre narra tão bem.
« Il y avait cinq ou six mois, dit le maréchal, que toutes les fois que je passais sur le
Petit-Pont (car en ce temps-là le Pont-Neuf n'était point bâti), une belle femme, lingère à
l'enseigne des Deux-Anges , me faisait de grandes révérences et m'accompagnait de la vue tant
qu'elle pouvait ; et comme j'eus pris garde à son action je la regardais aussi et la saluais avec
plus de soin.
Il advint que lorsque j'arrivai de Fontainebleau à Paris, passant sur le Petit-Pont, dès
qu'elle m'aperçut venir, elle se mit sur l'entrée de sa boutique et me dit comme je passais : -
Monsieur, je suis votre servante. Je lui rendis son salut, et me retournant de temps en temps, je
vis qu'elle me suivait de la vue aussi longtemps qu'elle pouvait. »
Bassompierre obtient un rendez-vous : « Je trouvai, dit-il, une très belle femme, âgée
de vingt ans, qui était coiffée de nuit, n'ayant qu'une très fine chemise sur elle et une petite
jupe de revesche verte, et des mules aux pieds, avec un peignoir sur elle. Elle me plut bien
fort. Je lui demandai si je ne pourrais pas la voir encore une autre fois. - Si vous voulez me
voir une autre fois, me répondit-elle, ce sera chez une de mes tantes, qui se tient en la rue
Bourg-l'Abbé, proche des Halles, auprès de la rue aux ours, à la troisième porte du côté de la
rue Saint-Martin ; je vous y attendrai depuis dix heures jusques à minuit, et plus tard encore ;
je laisserai la porte ouverte. A l'entrée, il y a une petite allée que vous passerez vite, car la
porte de la chambre de ma tante y répond, et trouverez un degré qui vous mènera à ce second
étage. Je vins à dix heures, et trouvai la porte qu'elle m'avait marquée, et de la lumière bien
grande, non seulement au second étage, mais au troisième et au premier encore ; mais la porte
était fermée. Je frappai pour avertir de ma venue ; mais j'ouïs une voix d'homme qui me
demanda qui j'étais. Je m'en retournai à la rue aux ours, et étant retourné pour la deuxième
fois, ayant trouvé la porte ouverte, j'entrai jusques au second étage, je trouvai que cette
lumière était la paille du lit que l'on y brûlait, et deux corps nus étendus sur la table de la
chambre. Alors, je me retirai bien étonné et en sortant je rencontrai des corbeaux (enterreurs
de morts) qui me demandèrent ce que je cherchais ; et moi, pour les faire écarter, mis l'épée à
la main et passai outre, m'en revenant à mon logis, un peu ému de ce spectacle inopiné. »
Havia cinco ou seis meses, disse o marechal, que todas as vezes que eu passava pela
Petit-Pont (pois nesse tempo a Pont-Neuf ainda não havia sido construída), uma bela mulher,
empregada da loja Deux-Anges, me fazia grandes reverências e acompanhava-me com o olhar
até onde podia; tendo observado sua atitude, eu também passei a fitá-la, saudando-a com mais
desvelo.
Ocorreu que, ao chegar de Fontainebleau a Paris, passando pela Petit-Pont, logo que
ela notou que me aproximava, postou-se à entrada de sua butique e disse-me enquanto eu
passava: “Senhor, sou sua criada.” Devolvi-lhe o cumprimento, e, retornando-me de vez em
quando, vi que ela me seguia com o olhar tanto quanto podia.”
Bassompierre obteve um encontro : «Deparei-me, disse ele, com uma belíssima
mulher, de vinte anos, com a cabeça coberta, vestindo apenas uma camisa muito fina e uma
pequena saia de verde, com chinelos nos pés, coberta por um penhoar. Gostei muito dela.
Perguntei-lhe se não poderia vê-la novamente. « Se o senhor deseja ver-me de novo,
respondeu-me, deverá ser na casa de uma de minhas tias, que fica na rua Bourg-l’Abbé, perto
dos Halles, junto à rua aux Ours, na terceira porta do ladoda rua Saint-Martin; estarei
esperando entre dez horas e meia-noite, ou um pouco mais; deixarei a porta aberta. Na
entrada, uma pequena alameda que você atravessará rapidamente, pois a porta da casa de
minha tia é logo depois, e então verá uma escada que vai conduzi-lo ao segundo andar.”
Cheguei às dez horas, e encontrei a porta que ela me havia indicado, e com uma farta
iluminação, não somente no segundo andar, mas também no terceiro e no primeiro; mas a
porta encontrava-se fechada. Bati para avisar de minha chegada; mas ouvi uma voz de homem
que perguntou quem eu era. Retornei à rua aux Ours e, como retornava pela segunda vez e via
a porta aberta, subi até o segundo andar, de onde percebi que aquela luz era a palha da cama
sendo queimada, e dois corpos nus estavam estendidos sobre a mesa do quarto. Então, retirei-
me bastante espantado, e, ao sair defrontei com uns corvos (enterradores de mortos) que me
perguntaram o que eu procurava; e eu, para dispersá-los, pus a mão na espada e segui em
frente, de volta a minha casa, um tanto pasmo com este espetáculo inesperado.”
Je suis allé, à mon tour, à la découverte, avec l'adresse donnée, il y a deux cent
quarante ans, par Bassompierre. J'ai traversé le Petit-Pont, passé les Halles, et suivi la rue
Saint-Denis jusqu'à la rue aux ours, à main droite ; la première rue à main gauche, aboutissant
rue aux ours, est la rue Bourg-l'Abbé. Son inscription, enfumée comme par le temps et un
incendie, m'a donné bonne espérance. J'ai retrouvé la troisième petite porte du côté de la rue
Saint-Martin, tant les renseignements de l'historien sont fidèles. Là, malheureusement, les
deux siècles et demi que j'avais cru d'abord restés dans la rue, ont disparu. La façade de la
maison est moderne ; aucune clarté ne sortait ni du premier, ni du second, ni du troisième
étage. Aux fenêtres de l'attique, sous le toit, régnait une guirlande de capucines et de pois de
senteur ; au rez-de-chaussée, une boutique de coiffeur offrait une multitude de tours de
cheveux accrochés derrière les vitres.
Tout déconvenu, je suis entré dans ce musée des Eponine : depuis la conquête des
Romains, les Gauloises ont toujours vendu leurs tresses blondes à des fronts moins parés ;
mes compatriotes bretonnes se font tondre encore à certains jours de foire, et troquent le voile
naturel de leur tête pour un mouchoir des Indes. M'adressant à un merlan, qui filait une
perruque sur un peigne de fer : « Monsieur, n'auriez-vous pas acheté les cheveux d'une jeune
lingère, qui demeurait à l'enseigne des Deux-Anges , près du Petit-Pont ? » Il est resté sous le
coup, ne pouvant dire ni oui, ni non. Je me suis retiré, avec mille excuses, à travers un
labyrinthe de toupets.
J'ai ensuite erré de porte en porte : point de lingère de vingt ans, me faisant de grandes
révérences ; point de jeune femme franche, désintéressée, passionnée, coiffée de nuit, n ' ayant
qu ' une très fine chemise, une petite jupe de revesche verte, et des mules aux pieds, avec un
peignoir sur elle . Une vieille grognon, prête à rejoindre ses dents dans la tombe, m'a pensé
battre avec sa béquille : c'était peut-être la tante du rendez-vous.
Eu, por minha vez, de posse do endereço dado cento e quarenta anos por
Bassompierre, parti para a expedição. Atravessei a Petit-Pont, passei pelos Halles, e tomei a
Saint-Denis até a rua aux Ours, à mão direita; a primeira rua, à mão esquerda, chegando à rua
aux Ours, é a Bourg-l’Abbé. Sua inscrição, parecendo enfumaçada pelo tempo ou por um
incêndio, deu-me alguma esperança. Avistei a terceira portinhola do lado da rua Saint-
Martin, a tal ponto eram fiéis as informações do historiador. Infelizmente, ali, os dois séculos
e meio que acreditei no início terem se conservado na rua, haviam desaparecido. A fachada da
casa era moderna; nenhuma claridade saía nem do primeiro, nem do segundo, nem do terceiro
andar. Nas janelas de ático, sob o telhado, reinava uma guirlanda de capuchinhas e de
ervilhas-de-cheiro; ao rés do chão, uma loja de perucas oferecia uma enorme coleção de
formas de cabelos presas atrás dos vidros.
Muito desiludido, entrei naquele museu das Eponinas: desde a conquista dos romanos,
os gauleses sempre vendem suas tranças loiras a cabeças menos adornadas; meus
compatriotas bretões se deixam ainda tosar o cabelo em certos dias de feira, e trocam o véu
natural de suas cabeças por um lenço das Índias. Dirigi-me a um peruqueiro, que alisava uma
peruca com um pente de ferro: “O senhor por acaso não teria comprado os cabelos de uma
jovem costureira, que trabalhava na butique de Deux-Anges, perto da Petit-Pont?Ele ficou
surpreso, sem poder dizer nem sim nem não. Eu me retirei, pedindo mil desculpas,
atravessando o labirinto de topetes.
Eu, logo depois, andei de porta em porta: nada de costureira de vinte anos me fazendo
grandes reverências; nada de jovem sincera, desinteressada, apaixonada, de cabeça coberta,
vestindo apenas uma camisa muito fina e uma pequena saia de verde, com chinelos nos
pés, coberta por um penhoar. Uma velha rabugenta, prestes a juntar seus dentes na tumba,
quis bater-me com sua muleta: talvez fosse a tia do rendez-vous.
Quelle belle histoire que cette histoire de Bassompierre ! Il faut comprendre une des
raisons pour laquelle il avait été si résolument aimé. A cette époque, les Français se séparaient
encore en deux classes distinctes, l'une dominante, l'autre demi-serve. La lingère pressait
Bassompierre dans ses bras, comme un demi-dieu descendu au sein d'une esclave : il lui
faisait l'illusion de la gloire, et les Françaises, seules de toutes les femmes, sont capables de
s'enivrer de cette illusion.
Mais qui nous révélera les causes inconnues de la catastrophe ? Etait-ce la gentille
grisette des Deux-Anges dont le corps gisait sur la table avec un autre corps ? Quel était l'autre
corps ? Celui du mari, ou de l'homme dont Bassompierre entendit la voix ? La peste (car il y
avait peste à Paris) ou la jalousie étaient-elles accourues dans la rue Bourg-l'Abbé avant
l'amour ? L'imagination se peut exercer à l'aise sur un tel sujet. Mêlez aux inventions du poète
le choeur populaire, les fossoyeurs arrivant, les corbeaux et l'épée de Bassompierre, un
superbe mélodrame sortira de l'aventure.
Vous admirerez aussi la chasteté et la retenue de ma jeunesse à Paris : dans cette
capitale, il m'était loisible de me livrer à tous mes caprices, comme dans l'abbaye de Thélème
chacun agissait à sa volonté ; je n'abusai pas néanmoins de mon indépendance : je n'avais
de commerce qu'avec une courtisane âgée de deux cent seize ans, jadis éprise d'un maréchal
de France rival du Béarnais auprès de mademoiselle de Montmorency, et amant de
mademoiselle d'Entragues, soeur de la marquise de Verneuil, qui parle si mal de Henri IV.
Louis XVI, que j'allais voir, ne se doutait pas de mes rapports secrets avec sa famille.
(9)
Berlin, mars 1821.
PRÉSENTATION À VERSAILLES. – CHASSE AVEC LE ROI.
Le jour fatal arriva ; il fallut partir pour Versailles plus mort que vif. Mon frère m'y
conduisit la veille de ma présentation et me mena chez le maréchal de Duras, galant homme
dont l'esprit était si commun qu'il réfléchissait quelque chose de bourgeois sur ses belles
manières : ce bon maréchal me fit pourtant une peur horrible.
Que bela história, esta de Bassompierre! É preciso entender um dos motivos pelos
quais ele fora amado de forma tão resoluta. Nesta época, os franceses dividiam-se ainda em
duas classes distintas, uma dominante, a outra, semi-serva. A empregada tomava
Bassompierre em seus braços como um semideus caído no seio de uma escrava: ele lhe dava a
ilusão de glória, e as francesas são as únicas dentre todas as mulheres capazes de se
extasiarem com essa ilusão.
Mas quem vai nos revelar as causas desconhecidas da catástrofe ? Seria a gentil
costureirinha de Deux-Anges, cujo corpo jazia em cima da mesa com o outro corpo? De quem
era o outro corpo? Que outro corpo era aquele? Do marido, ou do sujeito de quem
Bassompierre escutara a voz? A peste (pois havia peste em Paris) ou o ciúme teriam chegado
à rua Bourg-l’Abbé antes do amor? A imaginação pode ser exercida à vontade sobre tal caso.
Às invenções do poeta junte-se o coro popular, a chegada dos coveiros, os corvos e a espada
de Bassompierre, e um soberbo melodrama nascerá da aventura.
Você vai admirar a castidade e a moderação de minha juventude em Paris: nessa
capital me seria permitido livrar-me a todos os meus caprichos, como na abadia de Thélème
onde cada um agia seguindo sua vontade; entretanto, não abusei de minha independência:
mantinha comércio apenas com uma cortesã de duzentos e dezesseis anos, enamorada outrora
de um marechal de França rival de Béarnais junto à senhorita de Montmorency, e amante da
senhorita d’Entragues, irmã da marquesa de Verneuil, que tanto fala mal de Henrique IV. Luís
XVI, que eu ia ver, não suspeitava de minhas relações secretas com sua família.
Capítulo 9
Berlim, abril de 1821.
Apresentação à Versalhes. – Caçada com o rei.
O dia fatal chegou; foi preciso partir para Versalhes mais morto do que vivo. Na
véspera de minha apresentação, meu irmão levou-me até e deixou-me na casa do marechal
de Duras, homem galante de espírito tão vulgar e óbvio que sugeria algo de burguês em seus
bons modos: entretanto, este bom marechal me causou um medo horrível.
Le lendemain matin, je me rendis seul au château. On n'a rien vu quand on n'a pas vu
la pompe de Versailles, même après le licenciement de l'ancienne maison du Roi : Louis XIV
était toujours là.
La chose alla bien tant que je n'eus qu'à traverser les salles des gardes : l'appareil
militaire m'a toujours plu et ne m'a jamais imposé. Mais quand j'entrai dans l'oeil-de-boeuf et
que je me trouvai au milieu des courtisans, alors commença ma détresse. On me regardait ;
j'entendais demander qui j'étais. Il se faut souvenir de l'ancien prestige de la royauté pour se
pénétrer de l'importance dont était alors une Présentation. Une destinée mystérieuse s'attachait
au débutant ; on lui épargnait l'air protecteur méprisant qui composait, avec l'extrême
politesse, les manières inimitables du grand seigneur. Qui sait si ce débutant ne deviendra pas
le favori du maître ? on respectait en lui la domesticité future dont il pouvait être honoré.
Aujourd'hui, nous nous précipitons dans le palais avec encore plus d'empressement
qu'autrefois et, ce qu'il y a d'étrange, sans illusion : un courtisan réduit à se nourrir de vérités
est bien près de mourir de faim.
Lorsqu'on annonça le lever du Roi, les personnes non présentées se retirèrent ; je sentis
un mouvement de vanité : je n'étais pas fier de rester, j'aurais été humil de sortir. La
chambre à coucher du Roi s'ouvrit : je vis le Roi, selon l'usage achever sa toilette, c'est-à-dire
prendre son chapeau de la main du premier gentilhomme de service.
Le Roi s'avança allant à la messe ; je m'inclinai ; le maréchal de Duras me nomma :
« Sire, le chevalier de Chateaubriand. » Le Roi me regarda, me rendit mon salut, hésita, eut
l'air de vouloir s'arrêter pour m'adresser la parole. J'aurais répondu d'une contenance assurée :
ma timidité s'était évanouie. Parler au général de l'armée au chef de l'Etat, me paraissait tout
simple sans que je me rendisse compte de ce que j'éprouvais. Le Roi plus embarrassé que moi,
ne trouvant rien à me dire, passa outre.
Na manhã seguinte, me dirigi sozinho ao castelo. Nada vimos enquanto não
conhecemos a pompa de Versalhes, mesmo após a mudança da antiga casa do Rei: Luís XIV
continuava ali presente.
A coisa foi bem enquanto não tive que atravessar as salas dos guardas: o aparato
militar sempre me agradou e nunca me constrangeu. Mas quando entrei no Olho-de-Boi e
achei-me em meio aos cortesãos, então começou minha angústia. Os outros olhavam-me;
escutava perguntarem quem eu era. É conveniente lembrar o antigo prestígio que possuía a
monarquia para apreender a importância do ato de apresentação naquele tempo. Um destino
misterioso era atribuído ao iniciante; poupavam-lhe do ar protetor e depreciativo que formava,
junto com a excessiva polidez, os modos inimitáveis do grande senhor. Quem sabe se este
iniciante não se tornaria o favorito do senhor? Respeitavam nele a domesticidade futura com a
qual ele poderia ser honrado. Hoje, nos precipitamos para dentro do palácio com ainda mais
pressa que no passado e, o que é mais estranho, sem ilusão: um cortesão, limitado a alimentar-
se de verdades, estaria prestes a morrer de fome.
No momento em que anunciaram que o Rei se levantava, as pessoas não apresentadas
retiraram-se; senti um despertar de vaidade: não estava orgulhoso em permanecer, mas teria
me sentido humilhado em sair. A alcova do Rei abriu-se: vi o Rei, conforme o costume,
terminar sua toalete, isto é, tomar seu chapéu da mão do primeiro gentil-homem de serviço.
O Rei avançava para a missa; eu me inclinei; o marechal de Duras nomeou-me:
“Senhor, o cavaleiro de Chateaubriand”. O Rei me olhou e me dirigiu seu cumprimento,
hesitou parecendo querer se deter para me endereçar a palavra. Eu teria sido capaz de lhe
responder de maneira muito firme: minha timidez dissipou-se. Falar com o general do
exército, com o chefe de Estado, me parecia de tal forma simples que sequer sentia o peso do
que experimentava, me parecia algo muito simples, sem dar-me conta do que acontecia. O
Rei, mais embaraçado que eu, sem ter o que me dizer, seguiu em frente.
Vanité des destinées humaines ! ce souverain que je voyais pour la première fois ; ce
monarque si puissant était Louis XVI à six ans de son échafaud ! Et ce nouveau courtisan qu'il
regardait à peine, chargé de démêler les ossements parmi des ossements, après avoir été sur
preuves de noblesse présenté aux grandeurs du fils de saint Louis, le serait un jour à sa
poussière sur preuves de fidélité ! double tribut de respect à la double royauté du sceptre et de
la palme ! Louis XVI pouvait répondre à ses juges comme le Christ aux Juifs : « Je vous ai
fait voir beaucoup de bonnes oeuvres ; pour laquelle me lapidez-vous ? »
Nous courûmes à la galerie pour nous trouver sur le passage de la Reine lorsqu'elle
reviendrait de la chapelle. Elle se montra bientôt entourée d'un radieux et nombreux cortège ;
elle nous fit une noble révérence ; elle semblait enchantée de la vie. Et ces belles mains qui
soutenaient alors avec tant de grâce le sceptre de tant de rois, devaient, avant d'être liées par le
bourreau, ravauder les haillons de la veuve, prisonnière à la Conciergerie !
Si mon frère avait obtenu de moi un sacrifice, il ne dépendait pas de lui de me le faire
pousser plus loin. Vainement il me supplia de rester à Versailles, afin d'assister le soir au jeu
de la Reine : « Tu seras, me disait-il, nommé à la Reine, et le Roi te parlera. » Il ne me
pouvait pas donner de meilleures raisons pour m'enfuir. Je me hâtai de venir cacher ma gloire
dans mon hôtel garni, heureux d'être échappé à la Cour, mais voyant encore devant moi la
terrible journée des carrosses, du 19 février 1787.
Le duc de Coigny me fit prévenir que je chasserais avec le Roi dans la forêt de Saint-
Germain. Je m'acheminai de grand matin vers mon supplice, en uniforme de débutant , habit
gris, veste et culotte rouges, manchettes de bottes, bottes à l'écuyère, couteau de chasse au
côté, petit chapeau français à galon d'or.
Vaidade dos destinos humanos! Este soberano que eu via pela primeira vez, este
monarca tão poderoso era Luís XVI, a seis anos de seu cadafalso! E este novo cortesão a
quem ele lançara um singelo olhar, encarregado de identificar ossadas em meio a ossadas,
após ter sido exposto, sob provas de nobreza, às magnificências do filho de São Luís, haveria
de ser um dia apresentado a seu sob provas de fidelidade!
126
Duplo tributo de respeito à
dupla realeza do cetro e da palma! Luís XVI poderia responder a seus juízes como Cristo aos
judeus: “Eu vos entreguei muitas boas obras, por qual delas me lapidais?
Corremos à galeria para ficarmos no caminho da Rainha no momento em que ela
voltasse da capela. Ela se apresentou em seguida cercada por um numeroso e radiante cortejo;
fez-nos uma nobre reverência; parecia fascinada com a vida. E aquelas belas mãos que, então,
sustentavam com tanta graça o cetro de tantos reis haveriam de remendar, antes de serem
atadas pelo carrasco, os farrapos da viúva, prisioneira na Conciergerie!
Se meu irmão obtivera de mim um sacrifício, não haveria de ter ele o poder de levá-lo
mais longe. Suplicou-me em vão para que ficasse em Versalhes, a fim de assistir, à noite, ao
jogo da Rainha: “Vão referir teu nome à Rainha, e o Rei falará contigo.” Não me podia dar
melhores razões, para fugir. Apressei-me a ir esconder minha glória dentro de meu alojamento
protegido, feliz de ter escapado à Corte, porém vendo ainda à minha frente a terrível jornada
dos coches de 19 de fevereiro de 1787.
O duque de Coigny mandou avisar-me que eu iria caçar com o Rei na floresta de
Saint-Germain. De manhã cedo, rumei em direção a meu suplício, com uniforme de iniciante,
traje cinza, casaco e calças vermelhas, botas de montar, faca de caça, chapéu francês pequeno
com galão de ouro.
126
Foi membro de uma comissão encarregada de reconhecer os restos mortais do rei e da rainha, por ocasião de
sua exumação em 1815.
Nous nous trouvâmes quatre débutants au château de Versailles, moi, les deux
messieurs de Saint-Marsault et le comte d'Hautefeuille. Le duc de Coigny nous donna nos
instructions : il nous avisa de ne pas couper la chasse, le Roi s'emportant lorsqu'on passait
entre lui et la bête. Le duc de Coigny portait un nom fatal à la Reine. Le rendez-vous était au
Val, dans la forêt de Saint-Germain, domaine engagé par la couronne au maréchal de
Beauvau. L'usage voulait que les chevaux de la première chasse à laquelle assistaient les
hommes présentés fussent fournis des écuries du Roi .
On bat aux champs : mouvement d'armes, voix de commandement. On crie : le Roi !
Le Roi sort, monte dans son carrosse : nous roulons dans les carrosses à la suite. Il y avait loin
de cette course et de cette chasse avec le roi de France à mes courses et à mes chasses dans les
landes de la Bretagne ; et plus loin encore, à mes courses et à mes chasses avec les sauvages
de l'Amérique : ma vie devait être remplie de ces contrastes.
Nous arrivâmes au point de ralliement où de nombreux chevaux de selle tenus en main
sous les arbres, témoignaient leur impatience. Les carrosses arrêtés dans la forêt avec les
gardes ; les groupes d'hommes et de femmes ; les meutes à peine contenues par les piqueurs ;
les aboiements des chiens, le hennissement des chevaux, le bruit des cors, formaient une scène
très animée. Les chasses de nos rois rappelaient à la fois les anciennes et les nouvelles moeurs
de la monarchie, les rudes passe-temps de Clodion, de Chilpéric, de Dagobert, la galanterie de
François Ier, de Henri IV et de Louis XIV.
J'étais trop plein de mes lectures pour ne pas voir partout des comtesses de
Chateaubriand, des duchesses d'Etampes, des Gabrielle d'Estrées, des La Vallière, des
Montespan. Mon imagination prit cette chasse historiquement, et je me sentis à l'aise : j'étais
d'ailleurs dans une forêt, j'étais chez moi.
Encontramo-nos os quatro iniciantes no palácio de Versalhes, eu, os dois senhores de
Saint-Marsault e o conde d’Hautefeuille.
127
O duque de Coigny nos deu as instruções:
advertiu-nos para que não interceptássemos a caça, pois o Rei ficava furioso quando alguém
se interpunha entre o animal e ele. O duque de Coigny não possuía um bom renome junto à
Rainha. O encontro era em Val, na floresta de Saint-Germain, num domínio arrendado pela
Coroa ao marechal de Beauvau. O costume determinava que os cavalos de uma primeira
partida de caça da qual participavam os homens apresentados fossem fornecidos pelas
cavalariças do Rei.
128
Batemos continência: movimento de armas, voz de comando. Grita-se: o Rei! O Rei
sai, sobe em sua carruagem: seguimos nas carruagens em comitiva. Havia uma grande
distância entre tal expedição e a tal caçada com o rei de França e minhas expedições e minhas
caçadas pelos landes da Bretanha; e, mais distante ainda, de minhas expedições e de minhas
caçadas com os selvagens da América: minha vida haveria de estar cheia desses contrastes.
Chegamos ao ponto de reunião, onde numerosos cavalos de sela, presos por rédeas sob
as árvores, davam sinais de impaciência. As carruagens mantidas no bosque com os guardas;
os grupos de homens e de mulheres; as matilhas contidas pelos montadores; os latidos dos
cães, o relincho dos cavalos, o rumor das trombetas de caça formavam uma cena muito
animada. As caçadas de nossos reis lembravam, ao mesmo tempo, os antigos e os novos
hábitos da monarquia, os rudes passatempos de Clodion, de Chilpéric, de Dagobert, a
galanteria de Francisco I, de Henrique IV e de Luís XIV.
Eu estava demasiadamente tomado por minhas leituras para deixar de ver em todos os
lugares condessas de Chateaubriand, duquesas d’Etampes, Gabrielles d’Estrées, La Vallières,
Montespans. Minha imaginação conferiu a esta caçada um sentido histórico, e me senti à
vontade: achava-me, ademais, numa floresta, estava em casa.
127
N.A. Reencontrei o senhor conde d’Hautefeuille ; ele cuidou da tradução de trechos escolhidos de Byron; a
senhora condessa d’Hautefeuille é a autora, cheia de talento, de l’Âme exilée [Alma exilada], etc., etc.
128
N.A. Na Gazette de France da terça-feira de 27 de fevereiro de 1787, lemos o que se segue: “O conde Charles
d’Hautefeuille, o barão de Saint-Marsault, o barão de Saint-Marsault-Chatelaillon e o cavaleiro de
Chateaubriand, que, primeiramente, haviam tido a honra de serem apresentados ao Rei, no dia 19, tiveram a de
subir nos carros de Sua Majestade, e de acompanhá-la à caça.”
Au descendu des carrosses, je présentai mon billet aux piqueurs. On m'avait destiné une
jument appelée l ' Heureuse, bête légère, mais sans bouche, ombrageuse et pleine de caprices ;
assez vive image de ma fortune, qui chauvit sans cesse des oreilles. Le Roi mis en selle partit ;
la chasse le suivit, prenant diverses routes. Je restai derrière à me débattre avec l ' Heureuse ,
qui ne voulait pas se laisser enfourcher par son nouveau maître ; je finis cependant par
m'élancer sur son dos : la chasse était déjà loin.
Je maîtrisai d'abord assez bien l ' Heureuse ; forcée de raccourcir son galop, elle
baissait le cou, secouait le mors blanchi d'écume, s'avançait de travers à petits bonds ; mais
lorsqu'elle approcha du lieu de l'action, il n'y eut plus moyen de la retenir. Elle allonge le
chanfrein, m'abat la main sur le garrot, vient au grand galop donner dans une troupe de
chasseurs, écartant tout sur son passage, ne s'arrêtant qu'au heurt du cheval d'une femme
qu'elle faillit culbuter, au milieu des éclats de rire des uns, des cris de frayeur des autres. Je
fais aujourd'hui d'inutiles efforts pour me rappeler le nom de cette femme, qui reçut poliment
mes excuses. Il ne fut plus question que de l' aventure du débutant.
Je n'étais pas au bout de mes épreuves. Environ une demi-heure après ma déconvenue,
je chevauchais dans une longue percée à travers des parties de bois désertes ; un pavillon
s'élevait au bout : voilà que je me mis à songer à ces palais répandus dans les forêts de la
couronne, en souvenir de l'origine des rois chevelus et de leurs mystérieux plaisirs : un coup
de fusil part ; l ' Heureuse tourne court, brosse tête baissée dans le fourré et me porte juste à
l'endroit où le chevreuil venait d'être abattu : le Roi paraît.
Je me souvins alors, mais trop tard, des injonctions du duc de Coigny : la maudite l'
Heureuse avait tout fait. Je saute à terre, d'une main poussant en arrière ma cavale de l'autre
tenant mon chapeau bas. Le Roi regarde, et ne voit qu'un débutant arrivé avant lui aux fus de
la bête ; il avait besoin de parler ; au lieu de s'emporter, il me dit avec un ton de bonhomie et
un gros rire : « Il n'a pas tenu longtemps. » C'est le seul mot que j'aie jamais obtenu de Louis
XVI. On vint de toutes parts ; on fut étonné de me trouver causant avec le Roi. Le débutant
Chateaubriand fit du bruit par ses deux aventures ; mais, comme il lui est toujours arrivé
depuis, il ne sut profiter ni de la bonne ni de la mauvaise fortune.
Le Roi força trois autres chevreuils. Les débutants ne pouvant courre que la première
bête, j'allai attendre au Val avec mes compagnons le retour de la chasse.
Ao descermos das carruagens, apresentei meu bilhete aos montadores. Haviam-me
destinado uma égua chamada Heureuse, animal veloz, mas sem freio de boca, arredia e cheia
de caprichos; imagem viva de minha fortuna, que agitava os orelhas sem cessar. O Rei,
montado, partiu; o grupo de caçadores o acompanhou, tomando caminhos diversos. Eu fiquei
para trás a me debater com a Heureuse, que não queria se deixar montar por seu novo mestre;
terminei, contudo, por saltar sobre seu lombo: a caçada já ia longe.
No início governei muito bem a Heureuse; forçada a encurtar seu galope, ela baixava
o pescoço, sacudia o freio embranquecido de espuma, avançava enviesada em pequenos
saltos; quando, porém, ela chegou perto do lugar da ação, não houve mais jeito de retê-la. Ela
joga a testeira, desloca minha mão para o garrote, dispara a galope até dar num grupo de
caçadores, removendo tudo o que se encontrava pelo caminho, e se detém apenas ao chocar-se
com o cavalo de uma mulher que quase é lançada por terra, em meio às gargalhadas de alguns
e aos gritos de terror de outros. Hoje faço inúteis esforços para recordar o nome desta mulher,
que aceitou educadamente os meus pedidos de desculpas. Não se comentou outra coisa que
não fosse a aventura do principiante.
Eu não havia chegado ao fim de minhas provas. Uma meia-hora depois de minha
desventura, eu cavalgava por uma longa clareira atravessando partes desertas de bosques; ao
fundo erguia-se um pavilhão: aqui me pus então a pensar naqueles palácios esparramados
pelos bosques da Coroa, em memória da origem dos reis de grandes cabeleiras e de seus
misteriosos prazeres: dispara um tiro de fuzil; a Heureuse muda a direção, corre
desenfreadamente para o matagal, e me leva para o local exato em que o cabrito acabara de
ser abatido: surge o Rei.
Lembrei-me então, tarde demais, das injunções do duque de Coigny: a maldita
Heureuse cuidou de tudo. Salto ao chão, com uma mão empurrando minha égua, com a outra
segurando o chapéu. O Rei examina; queria dizer alguma coisa; em vez de enfurecer-se, ele
me diz, num tom de bonomia e com uma gargalhada: “Não agüentou muito tempo.” Foi a
única frase que obtive de Luís XVI. Veio gente de todos os lados; ficaram espantados ao me
encontrarem conversando com o Rei. O iniciante Chateaubriand fez barulho com suas duas
aventuras; mas, como tudo o que lhe sucedeu desde então, ele não soube tirar proveito nem da
boa nem da má fortuna.
O Rei abateu três outros cabritos. Como os iniciantes participavam somente da caça ao
primeiro animal, fui esperar em Val, junto com meus companheiros, o final da caçada.
Le Roi revint au Val ; il était gai et contait les accidents de la chasse. On reprit le
chemin de Versailles. Nouveau désappointement pour mon frère : au lieu d'aller m'habiller
pour me trouver au débotté, moment de triomphe et de faveur, je me jetai au fond de ma
voiture et rentrai dans Paris plein de joie d'être délivré de mes honneurs et de mes maux. Je
déclarai à mon frère que j'étais déterminé à retourner en Bretagne.
Content d'avoir fait connaître son nom, espérant amener un jour à maturité, par sa
présentation, ce qu'il y avait d'avorté dans la mienne, il ne s'opposa pas au départ d'un frère
d'un esprit aussi biscornu .
Telle fut ma première vue de la ville et de la cour. La société me parut plus odieuse
encore que je ne l'avais imaginé ; mais si elle m'effraya, elle ne me découragea pas ; je sentis
confusément que j'étais supérieur à ce que j'avais aperçu. Je pris pour la cour un goût
invincible ; ce dégoût, ou plutôt ce mépris que je n'ai pu cacher, m'empêchera de réussir, ou
me fera tomber du plus haut point de ma carrière.
Au reste, si je jugeais le monde sans le connaître, le monde, à son tour, m'ignorait.
Personne ne devina à mon début ce que je pouvais valoir, et quand je revins à Paris, on ne le
devina pas davantage. Depuis ma triste célébrité, beaucoup de personnes m'ont dit : « Comme
nous vous eussions remarqué, si nous vous avions rencontré dans votre jeunesse ! » Cette
obligeante prétention n'est que l'illusion d'une renommée déjà faite. Les hommes se
ressemblent à l'extérieur : en vain Rousseau nous dit qu'il possédait deux petits yeux tout
charmants : il n'en est pas moins certain, témoin ses portraits, qu'il avait l'air d'un maître
d'école ou d'un cordonnier grognon.
Pour en finir avec la cour, je dirai qu'après avoir revu la Bretagne et m'être venu fixer à
Paris avec mes soeurs cadettes, Lucile et Julie, je m'enfonçai plus que jamais dans mes
habitudes solitaires. On me demandera ce que devint l'histoire de ma présentation. Elle resta
là. - Vous ne chassâtes donc plus avec le Roi ? - Pas plus qu'avec l'empereur de la Chine. -
Vous ne retournâtes donc plus à Versailles ? - J'allai deux fois jusqu'à Sèvres ; le coeur me
faillit, et je revins à Paris.
O Rei voltou a Val; ele estava alegre e contava os incidentes da caçada. Retomamos o
caminho de Versalhes. Outro desapontamento para meu irmão: em vez de ir-me trajar para
assistir ao ato de descalçamento, momento de triunfo e de privilégio, precipitei-me para
dentro de meu carro e regressei a Paris cheio de contentamento por estar livre de minhas
honras e de minhas aflições. Declarei a meu irmão que estava determinado a retornar à
Bretanha.
Contente de haver promovido seu nome, que esperava levar algum dia à maturidade
por sua apresentação, que a minha havia falhado, ele não se opôs à partida de um irmão de
espírito tão extravagante.
129
Esta foi minha primeira visão da cidade e da Corte. A vida da sociedade pareceu-me
ainda mais odiosa do que havia imaginado; no entanto, se ela me aterrorizou, ela não me
desencorajou; senti, de um jeito confuso, que eu era superior àquilo que havia enxergado.
Passei a sentir uma aversão insuperável pela Corte; essa aversão, ou melhor, esse desprezo,
que não pude ocultar, me impedirá de obter sucesso, ou me fará cair do ponto mais elevado de
minha carreira.
Além do mais, se eu julgava o mundo sem conhecê-lo, o mundo, por sua vez, me
ignorava. Ninguém suspeitou, nos meus primeiros anos de vida o que eu podia valer, e
tampouco o suspeitaram quando voltei a Paris. Depois de conquistada minha triste reputação,
muitas pessoas me disseram: “Como o teríamos reparado, se o tivéssemos conhecido na
juventude!” Tal obsequiosa presunção é apenas a ilusão de um renome feito. Os homens se
assemelham em seu exterior: em vão Rousseau nos disse que possuía um par de pequenos
olhos muito admiráveis: não era menos certo, como testemunham seus retratos, que ele tinha
o aspecto de um mestre de escola ou de um sapateiro resmungão.
Para terminar com a Corte, direi que após ter revisto a Bretanha e ter vindo fixar-me
em Paris com minhas irmãs mais moças, Lucile e Julie, encerrei-me mais do que nunca em
meus hábitos solitários. Perguntar-me-ão sobre o fim da história de minha apresentação. Ela
termina aí. O senhor, portanto, não caçou mais com o Rei? Não mais do que com o
Imperador da China. Portanto, o senhor não retornou mais a Versalhes? Fui duas vezes até
Sèvres; faltou-me ânimo para continuar e voltei a Paris.
129
N.A. O Memorial histórico da Nobreza publicou um documento inédito anotado de próprio punho pelo rei,
extraído dos Arquivos do Reino, sessão histórica, registro M 813 e pasta M 814, que contém as Entradas. Vê-se
ali meu nome e o de meu irmão: prova de que minha memória me fornecera as datas corretas. (Notas de Paris,
1840.)
- Vous ne tirâtes donc aucun parti de votre position ? - Aucun. - Que faisiez-vous donc ? - Je
m'ennuyais. - Ainsi, vous ne vous sentiez aucune ambition ? - Si fait : à force d'intrigues et de
soucis, j'arrivai à la gloire d'insérer dans 1' Almanach des Muses une idylle dont l'apparition
me pensa tuer d'espérance et de crainte. J'aurais donné tous les carrosses du Roi pour avoir
composé la romance : O ma tendre musette ! ou : De mon berger volage .
Propre à tout pour les autres, bon à rien pour moi : me voilà.
(10)
Paris, juin 1821.
PASSAGE EN BRETAGNE. – GARNISON À DIEPPE. –
RETOUR À PARIS AVEC LUCILE ET JULIE.
Tout ce qu'on vient de lire de ce livre quatrième a été écrit à Berlin. Je suis revenu à
Paris pour le baptême du duc de Bordeaux, et j'ai donné la démission de mon ambassade par
fidélité politique à M. de Villèle sorti du ministère. Rendu à mes loisirs, écrivons. A mesure
que ces Mémoires se remplissent de mes années écoulées, ils me représentent le globe
inférieur d'un sablier constatant ce qu'il y a de poussière tombée de ma vie : quand tout le
sable sera passé, je ne retournerais pas mon horloge de verre, Dieu m'en eût-il donné la
puissance.
La nouvelle solitude dans laquelle j'entrai en Bretagne après ma présentation, n'était
plus celle de Combourg ; elle n'était ni aussi entière, ni aussi sérieuse, et pour tout dire, ni
aussi forcée : il m'était loisible de la quitter ; elle perdait de sa valeur.Une vieille châtelaine
armoriée, un vieux baron blasonné gardant dans un manoir féodal leur dernière fille et leur
dernier fils, offraient ce que les Anglais appellent des caractères : rien de provincial, de
rétréci dans cette vie, parce qu'elle n'était pas la vie commune.
O senhor não tirou, pois, nenhum partido de sua posição? – Nenhum. O que ficou
fazendo, então? – Eu me entediava. – Desta forma, o senhor não alimentava nenhuma
ambição? – Mas sim, à força de intrigas e de inquietação, atingi a glória de inserir no
Almanach des Muses um idílio cuja publicação pensei que fosse me matar de esperança e de
medo. Teria dado todas as carruagens do Rei para ter composto o romance: O ma tendre
musette! ou: De mon Berger volage.
Prontamente capaz de tudo para os outros, sem préstimo nenhum para mim mesmo:
este sou eu.
Capítulo 10
Paris, junho de 1821.
Passagem pela Bretanha. – Guarnição em Dieppe. – Retorno a Paris com Lucile e Julie.
Tudo o que acabamos de ler no livro precedente foi escrito em Berlim. Voltei a Paris
para o batismo do duque de Bordeaux, e ped demissão de minha embaixada por lealdade
política ao senhor de Villèle, demitido do ministério. Entregue a meus lazeres, escrevamos. À
medida que essas Memórias se enchem com meus anos transcorridos, elas me aparecem como
o globo inferior de uma ampulheta atestando o que de caído de minha vida: quando
toda a areia tiver passado, não virarei meu relógio de vidro, ainda que Deus me forças para
fazê-lo.
A nova solidão, para a qual voltei na Bretanha depois de minha apresentação, não era
mais a mesma de Combourg; não era nem tão inteira, nem tão grave, e, afinal de contas, nem
tão inelutável: me era possível abandoná-la; ela começava a perder seu valor. Uma velha
castelã armoriada, um velho barão brasonado guardando num casarão feudal sua última filha e
seu último filho, ofereciam aquilo que os ingleses chamam de caracteres: nada de
provinciano, nada de acanhado, nesta vida, pois ela não era uma vida comum.
Chez mes soeurs, la province se retrouvait au milieu des champs : on allait dansant de
voisins en voisins, jouant la comédie dont j'étais quelquefois un mauvais acteur. L'hiver, il
fallait subir à Fougères la société d'une petite ville, les bals, les assemblées, les dîners, et je ne
pouvais pas, comme à Paris, être oublié.
D'un autre côté, je n'avais pas vu l'armée, la cour, sans qu'un changement se fût opéré
dans mes idées : en dépit de mes goûts naturels, je ne sais quoi se débattant en moi contre
l'obscurité me demandait de sortir de l'ombre. Julie avait la province en détestation ; l'instinct
du génie et de la beauté poussait Lucile sur un plus grand théâtre.
Je sentais donc dans mon existence un malaise par qui j'étais averti que cette existence
n'était pas ma destinée.
Cependant, j'aimais toujours la campagne, et celle de Marigny était charmante. Mon
régiment avait changé de résidence : le premier bataillon tenait garnison au Havre, le second à
Dieppe ; je rejoignis celui-ci : ma présentation faisait de moi un personnage. Je pris goût à
mon métier ; je travaillais à la manoeuvre ; on me confia des recrues que j'exerçais sur les
galets au bord de la mer : cette mer a formé le fond du tableau dans presque toutes les scènes
de ma vie.
La Martinière ne s'occupait à Dieppe ni de son homonyme Lamartinière , ni du P.
Simon, lequel écrivait contre Bossuet, Port-Royal et les Bénédictins, ni de l'anatomiste
Pecquet, que madame de Sévigné appelle le petit Pecquet ; mais La Martinière était amoureux
à Dieppe comme à Cambrai : il dépérissait aux pieds d'une forte Cauchoise, dont la coiffe et le
toupet avaient une demi-toise de haut. Elle n'était pas jeune : par un singulier hasard, elle
s'appelait Cauchie, petite-fille apparemment de cette Dieppoise, Anne Cauchie, qui en 1645
était âgée de cent cinquante ans.
C'était en 1647 qu'Anne d'Autriche, voyant comme moi la mer par les fenêtres de sa
chambre, s'amusait à regarder les brûlots se consumer pour la divertir. Elle laissait les peuples
qui avaient été fidèles à Henri IV garder le jeune Louis XIV ; elle donnait à ces peuples des
bénédictions infinies, malgré leur vilain langage normand .
On retrouvait à Dieppe quelques redevances féodales que j'avais vu payer à Combourg
: il était au bourgeois Vauquelin trois têtes de porcs ayant chacun une orange entre les
dents, et trois sous marqués de la plus ancienne monnaie connue.
Na casa das minhas irmãs, a província estava no meio dos campos: íamos dançar num
ou noutro vizinho, fazíamos teatro, em que eu era, às vezes, um péssimo ator. Durante o
inverno, era preciso suportar em Fougères o convívio de uma pequena cidade, os bailes, as
reuniões, os jantares, e eu não podia, como em Paris, ser esquecido.
Por outro lado, eu não havia visto o exército, a Corte, sem que se operasse uma
mudança em minhas idéias: a despeito de meus pendores naturais, algo em mim se revoltava
contra a obscuridade, me dizendo para sair da sombra. Julie detestava a vida provinciana; o
instinto do gênio e da beleza incitavam Lucile a procurar um teatro maior.
Sentia, pois, em minha existência um mal-estar que me advertia de que esta existência
não coincidia com meu destino.
Todavia, eu continuava a gostar do campo, e os domínios de Marigny eram
encantadores.
130
Meu regimento havia mudado de quartel: o primeiro batalhão tinha a
guarnição no Havre, o segundo em Dieppe; dirigi-me a este último: minha apresentação fazia
de mim um personagem. Tomei gosto por meu oficio; trabalhava com as manobras;
confiaram-me recrutas que eu treinava à beira do mar sobre a praia seixosa: este mar esteve
no fundo da paisagem de quase todas as cenas da minha vida.
La Martinière não se ocupava em Dieppe nem de seu homônimo Lamartinière, nem do
padre Simon, que escrevia contra Bossuet, Port-Royal e os Beneditinos, nem do anatomista
Pecquet, que Madame de Sévigné chama de o pequeno Pecquet; mas La Martinière estava
amando em Dieppe assim como esteve em Cambrai: ele definhava aos pés de uma robusta
cauchoise, cuja touca e topete possuíam uma meia-toesa de altura. Ela não era jovem: por um
singular acaso, ela se chamava Cauchie, neta, ao que parece, daquela Dieppoise, Anne
Cauchie, que em 1645, tinha a idade de cento e cinqüenta anos.
Foi em 1647 que Anne d’Autriche, contemplando, como eu, o mar pelas janelas de seu
quarto, divertia-se ao ver os brulotes
131
se consumirem em chamas para entretê-la. Ela deixava
aos povos que haviam sido fiéis a Henrique IV a tutela do jovem Luís XIV; concedia a esses
povos infinitas bênçãos, apesar de sua linguagem plebéia e normanda.
Havia, em Dieppe, certos tipos de censos feudais que eu tinha visto serem pagos em
Combourg: deviam ao burguês Vauquelin três cabeças de porcos, tendo cada uma delas uma
laranja entre os dentes, e três soldos cunhados da mais antiga moeda conhecida.
130
Marigny mudou muito desde a época em que minha irmã lá vivia. Foi vendido, e pertence hoje aos senhores
de Pommereul, que refizeram as construções e as embelezaram muito.
131
Tipo de navio incendiário.
Je revins passer un semestre à Fougères. gnait une fille noble, appelée
mademoiselle de La Belinaye, tante de cette comtesse de Tronjoli, dont j'ai déjà parlé. Une
agréable laide, soeur d'un officier au régiment de Condé, attira mes admirations : je n'aurais
pas été assez téméraire pour élever mes voeux jusqu'à la beauté ; ce n'est qu'à la faveur des
imperfections d'une femme que j'osais risquer un respectueux hommage.
Madame de Farcy, toujours souffrante, prit enfin la résolution d'abandonner la
Bretagne. Elle détermina Lucile à la suivre ; Lucile, à son tour, vainquit mes répugnances :
nous prîmes la route de Paris ; douce association des trois plus jeunes oiseaux de la couvée.
Mon frère était marié ; il demeurait chez son beau-père, le président de Rosambo, rue
de Bondy. Nous convînmes de nous placer dans son voisinage : par l'entremise de M. Delisle
de Sales, logé dans les pavillons de Saint-Lazare, au haut du faubourg Saint-Denis, nous
arretâmes un appartement dans ces mêmes pavillons.
(11)
Paris, juin 1821.
DELISLE DE SALES. – FLINS. – VIE D’UN HOMME DE LETTRES.
Madame de Farcy s'était accointée, je ne sais comment, avec Delisle de Sales, lequel
avait été mis jadis à Vincennes pour des niaiseries philosophiques. A cette époque, on
devenait un personnage quand on avait barbouillé quelques lignes de prose ou inséré un
quatrain dans l' Almanach des Muses . Delisle de Sales, très brave homme, très cordialement
médiocre, avait un grand relâchement d'esprit, et laissait aller sous lui ses années ; ce vieillard
s'était composé une belle bibliothèque avec ses ouvrages, qu'il brocantait à l'étranger et que
personne ne lisait à Paris. Chaque année, au printemps, il faisait ses remontes d'idées en
Allemagne. Gras et débraillé, il portait un rouleau de papier crasseux que l'on voyait sortir de
sa poche ; il y consignait au coin des rues sa pensée du moment. Sur le piédestal de son buste
en marbre, il avait tracé de sa main cette inscription, empruntée au buste de Buffon : Dieu, l '
homme, la nature, il a tout expliqué .
Retornei a Fougères para passar um semestre. Reinava ali uma jovem nobre, chamada
senhorita de La Belinaye, tia daquela condessa de Tronjoli, de que falei. Uma feia
charmosa, irmã de um oficial do regimento de Condé, atraiu minha atenção: eu não teria sido
temerário o suficiente para estender minhas apostas até a beleza; foi graças às imperfeições de
uma mulher que ousei arriscar uma respeitosa homenagem.
A senhora de Farcy, sempre indisposta tomou a decisão de abandonar a Bretanha. Ela
encorajou Lucile a segui-la; Lucile, por sua vez, fez-me superar minha repulsa: tomamos o
caminho de Paris; terna ligação dos três pássaros mais jovens da ninhada.
Meu irmão estava casado; ele residia na casa de seu sogro, o presidente de Rosambo, à
rua de Bondy. Combinamos de nos estabelecer em sua vizinhança: por intermédio do senhor
Delisle de Sales, habitando os pavilhões de Saint-Lazare, na parte alta do bairro Saint-Denis,
nos instalamos num aposento dentro desses mesmos pavilhões.
Capítulo 11
Paris, junho de 1821.
Delisle de Sales. – Flins. – Vida de um homem de Letras.
A senhora de Farcy tinha se aproximado, não sei como, de Delisle de Sales, que havia
sido mandado a Vincennes por causa de ninharias filosóficas. Por esta época, um homem
tornava-se um personagem importante quando havia rabiscado algumas linhas de prosa ou
incluído um quarteto no Almanach des Muses. Delisle de Sales, tão honrado homem, tão
cordialmente medíocre, padecia de uma forte negligência de espírito, e deixava passar os
anos; este velho homem formara uma bela biblioteca com suas obras, que revendia no exterior
e que ninguém lia em Paris. Todo ano, na primavera, ele se reequipava de idéias na
Alemanha. Gordo e desalinhado, carregava um rolo de papel imundo que assistíamos ele tirar
do bolso; ali anotava, nas esquinas das ruas, seus pensamentos do momento. Sobre o pedestal
de seu busto de mármore, havia escrito de seu próprio punho a seguinte inscrição, tomada do
busto de Buffon: Deus, o homem, a natureza, ele tudo explicou.
Delisle de Sales tout expliqué ! Ces orgueils sont bien plaisants, mais bien
décourageants. Qui se peut flatter d'avoir un talent véritable ? Ne pouvons-nous pas être, tous
tant que nous sommes, sous l'empire d'une illusion semblable à celle de Delisle de Sales ? Je
parierais que tel auteur qui lit cette phrase, se croit un écrivain de génie, et n'est pourtant qu'un
sot.
Si je me suis trop longuement étendu sur le compte du digne homme des pavillons de
Saint-Lazare, c'est qu'il fut le premier littérateur que je rencontrai : il m'introduisit dans la
société des autres.
La présence de mes deux soeurs me rendit le séjour de Paris moins insupportable ;
mon penchant pour l'étude affaiblit encore mes dégoûts. Delisle de Sales me semblait un
aigle. Je vis chez lui Carbon Flins des Oliviers, qui tomba amoureux de madame de Farcy.
Elle s'en moquait ; il prenait bien la chose, car il se piquait d'être de bonne compagnie. Flins
me fit connaître Fontanes, son ami, qui est devenu le mien.
Fils d'un maître des eaux et forêts de Reims, Flins avait reçu une éducation négligée ;
au demeurant, homme d'esprit et parfois de talent. On ne pouvait voir quelque chose de plus
laid : court et bouffi, de gros yeux saillants, des cheveux hérissés, des dents sales, et malgré
cela l'air pas trop ignoble. Son genre de vie, qui était celui de presque tous les gens de lettres
de Paris à cette époque, mérite d'être raconté.
Flins occupait un appartement rue Mazarine, assez près de Laharpe, qui demeurait rue
Guénégaud. Deux Savoyards, travestis en laquais par la vertu d'une casaque de livrée, le
servaient ; le soir, ils le suivaient, et introduisaient les visites chez lui le matin. Flins allait
régulièrement au Théâtre-Français, alors placé à l'Odéon, et excellent surtout dans la comédie.
Brizard venait à peine de finir ; Talma commençait ; Larive, Saint-Phal, Fleury, Molé,
Dazincourt, Dugazon, Grandmesnil, mesdames Contat, Saint-Val, Desgarcins, Olivier, étaient
dans toute la force du talent, en attendant mademoiselle Mars, fille de Monvel, prête à débuter
au théâtre Montansier. Les actrices protégeaient les auteurs et devenaient quelquefois
l'occasion de leur fortune.
Flins, qui n'avait qu'une petite pension de sa famille, vivait de crédit. Vers les vacances
du Parlement, il mettait en gage les livrées de ses Savoyards, ses deux montres, ses bagues et
son linge, payait avec le prêt ce qu'il devait, partait pour Reims, y passait trois mois, revenait
à Paris, retirait au moyen de l'argent que lui donnait son père, ce qu'il avait déposé au Mont-
de-Piété, et recommençait le cercle de cette vie, toujours gai et bien reçu.
Delisle de Sales tudo explicou! Essas pretensões são bem divertidas, mas bem
desalentadoras. Quem pode se orgulhar de ter um talento verdadeiro? Não podemos estar nós
todos, sem exceção, sob o império de uma ilusão semelhante a esta de Delisle de Sales? Eu
aposto que entre os que lêem esta frase deve haver alguém que se crê um escritor de gênio,
quando, na verdade, é apenas um tolo.
Se por acaso me estendi tão longamente sobre a conta do digno homem dos pavilhões
de Saint-Lazare, é porque ele foi o primeiro literato que encontrei: ele me introduziu na
sociedade dos demais escritores.
A presença de minhas duas irmãs tornou minha estadia em Paris menos insuportável; a
inclinação que tinha para o estudo também abrandava meus desconfortos. Delisle de Sales me
parecia uma águia. Vi na sua casa Carbon Flins des Oliviers, que se apaixonou pela senhora
de Farcy. Ela zombava dele ; ele suportava bem a coisa, dizendo ser de boa educação. Flins
me fez conhecer Fontanes, seu amigo, que também tornou-se meu.
Filho de um diretor da Administração das Águas e Florestas de Reims, Flins havia
recebido uma educação descurada; de resto, era um homem de espírito e, às vezes, de talento.
Não podia haver algo mais feio: baixo e inchado, com olhos enormes e saltados, cabelos
arrepiados, dentes sujos, e, apesar disso, com um aspecto até que não tanto idiota. Seu tipo de
vida, que era o de quase todos os homens de letras de Paris nesta época, merece ser contado.
Flins ocupava uma residência na rua Mazarine, bem perto de Laharpe, que morava na
rua Guénégaud. Dois saboianos, convertidos em lacaios graças a uma casaca de libré, o
serviam; à noite, eles o acompanhavam, e traziam as visitas até ele de manhã. Flins ia
regularmente ao Teatro Francês, que ficava então no Odeon, e era sobretudo excelente na
comédia. Brizard acabava de sair de cena; Talma estava começando, Larive, Saint-Phal,
Fleury, Molé, Dazincourt, Dugazon, Grandmesnil, as senhoras Contat, Saint-Val, Desgarcins,
Olivier estavam em plena força de seu talento, à espera da senhorita Mars, filha de Monvel,
prestes a iniciar no teatro Montansier. As atrizes protegiam os autores e se convertiam, às
vezes, na razão de seu sucesso.
Flins, que não tinha mais que uma pequena pensão de sua família, vivia de empréstimos. Perto
do período de rias do Parlamento, empenhava as librés de seus saboianos, seus dois relógios, seus
anéis e sua roupa, pagava com o empréstimo aquilo que devia, ia embora para Reims, onde passava
três meses, retornava a Paris, retirava, com o dinheiro que lhe dava seu pai, aquilo que tinha
depositado em Mont-de Piété, e recomeçava o círculo desta vida, sempre alegre e bem recebido.
(12)
Paris, juin 1821.
GENS DE LETTRES. – PORTRAITS.
Dans le cours des deux années qui s'écoulèrent depuis mon établissement à Paris
jusqu'à l'ouverture des Etats-Généraux, cette société s'élargit. Je savais par coeur les élégies
du chevalier de Parny, et je les sais encore. Je lui écrivis pour lui demander la permission de
voir un poète dont les ouvrages faisaient mes délices ; il me répondit poliment : je me rendis
chez lui rue de Cléry.
Je trouvai un homme assez jeune encore, de très bon ton, grand, maigre, le visage
marqué de petite-vérole. Il me rendit ma visite ; je le présentai à mes soeurs. Il aimait peu la
société et il en fut bientôt chassé par la politique : il était alors du vieux parti.Je n'ai point
connu d'écrivain qui fût plus semblable à ses ouvrages : poète et créole, il ne lui fallait que le
ciel de l'Inde, une fontaine, un palmier et une femme. Il redoutait le bruit, cherchait à glisser
dans la vie sans être aperçu, sacrifiait tout à sa paresse, et n'était trahi dans son obscurité, que
par ses plaisirs qui touchaient en passant sa lyre :
Que notre vie heureuse et fortunée
Coule en secret, sous l'aile des amours,
Comme un ruisseau qui, murmurant à peine,
Et dans son lit resserrant tous ses flots
Cherche avec soin l'ombre des arbrisseaux,
Et n'ose pas se montrer dans la plaine.
Capítulo 12
132
Paris, junho de 1821.
Homens de letras. – Retratos.
No curso dos dois anos que transcorreram desde meu estabelecimento em Paris até a
abertura dos Estados-Gerais, esta sociedade ampliou-se. Eu sabia de cor as elegias do
cavaleiro de Parny, e ainda as sei. Escrevi-lhe para solicitar a permissão de ver um poeta cujas
obras me proporcionavam um grande deleite; ele respondeu-me educadamente: fui à casa dele
na rua Cléry.
Encontrei um homem ainda bastante jovem, de muito boas maneiras, alto, magro, com
o rosto marcado pela varíola. Ele retribuiu minha visita; apresentei-o a minhas irmãs. Não
gostava muito do convívio social e foi logo afastado de qualquer convívio pela política: ele
era então do velho partido. Não conheci escritor que se parecesse mais com suas próprias
obras: poeta e crioulo, necessitava somente do céu da Índia, duma fonte, duma palmeira e
duma mulher. Repelia o barulho, tentava deslizar pela vida sem ser notado, sacrificava tudo
em favor da preguiça, e traía sua obscuridade quando seus prazeres en passant, faziam-no
tocar a lira:
Que notre vie heureuse et fortunée
Coule, en secret, sous l'aile des amours,
Comme un ruisseau qui, murmurant à peine
Et dans son lit resserrant tous ses flots,
Cherche avec soin l'ombre des arbrisseaux,
Et n'ose pas se montrer dans la plaine.
133
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Para informações sobre algumas das personalidades apresentadas aqui, ver nota do capítulo 2 deste trabalho.
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Poésies érotiques (1778), livre II, « Le Racommodement » : “Que feliz e afortunada nossa vida passe, em
segredo, sob as asas dos amores, como um rio que, apenas murmurando e, encerrando em seu leito todas suas
águas, busque com cuidado a sombra dos arbustos, sem ousar mostrar-se na planície.”
C'est cette impossibilité de se soustraire à son indolence qui de furieux aristocrate,
rendit le chevalier de Parny misérable révolutionnaire, attaquant la religion persécutée et les
prêtres à l'échafaud, achetant son repos à tout prix, et prêtant à la muse qui chanta Eléonore le
langage de ces lieux où Camille Desmoulins allait marchander ses amours.
L'auteur de l' Histoire de la littérature italienne , qui s'insinua dans la Révolution à la
suite de Chamfort, nous arriva par ce cousinage que tous les Bretons ont entre eux. Ginguené
vivait dans le monde sur la réputation d'une pièce de vers assez gracieuse, la Confession de
Zulmé, qui lui valut une chétive place dans les bureaux de M. de Necker ; de sa pièce sur
son entrée au contrôle général. Je ne sais qui disputait à Ginguené son titre de gloire, la
Confession de Zulmé ; mais dans le fait il lui appartenait.
Le poète rennais savait bien la musique et composait des romances. D'humble qu'il
était, nous vîmes croître son orgueil, à mesure qu'il s'accrochait à quelqu'un de connu. Vers le
temps de la convocation des Etats-Généraux, Chamfort l'employa à barbouiller des articles
pour des journaux et des discours pour des clubs : il se fit superbe. A la première fédération il
disait : « Voilà une belle fête ! on devrait pour mieux l'éclairer brûler quatre aristocrates aux
quatre coins de l'autel. »Il n'avait pas l'initiative de ces voeux ; longtemps avant lui, le ligueur
Louis Dorléans avait écrit dans son Banquet du comte d ' Arête : « u'il fallait attacher en guise
de fagots les ministres protestants à l'arbre du feu de Saint-Jean et mettre le roy Henry IV
dans le muids où l'on mettait les chats. »
Ginguené eut une connaissance anticipée des meurtres révolutionnaires. Madame
Ginguené prévint mes soeurs et ma femme du massacre qui devait avoir lieu aux Carmes et
leur donna asile : elles demeuraient cul-de-sac Férou, dans le voisinage du lieu l'on devait
égorger.
Foi esta impossibilidade de subtrair-se à indolência que fez o cavaleiro de Parny, de
furioso aristocrata, se converter num miserável revolucionário, atacando a religião perseguida
e os padres condenados ao cadafalso, comprando seu repouso a qualquer preço, e
emprestando à musa que cantou Eleonora a linguagem daqueles lugares em que Camille
Desmoulins ia negociar seus amores.
O autor da Histoire de la Littérature Italienne, que entrou para a Revolução seguindo
Chamfort, chegou até nós por esse parentesco que todos os bretões têm entre si. Ginguené
vivia sob a reputação de uma peça teatral em verso muito simpática, a Confession de Zulmé,
que lhe valeu um acanhado lugar nos gabinetes do senhor de Necker; vem daí sua peça sobre
seu ingresso no Controle Geral de Finanças. Não sei quem disputava com Ginguené seu título
de glória, a Confession de Zulmé; mas, de fato, ela lhe pertencia.
O poeta de Rennes conhecia música muito bem e compunha romances. De humilde
que era, vimos seu orgulho aumentar à medida que se ligava a alguém reconhecido. Pela
época da convocação dos Estdos-Gerais, Chamfort dedicou-se a escrevinhar artigos para os
jornais e discursos para os clubes: mostrou-se soberbo. Na primeira Federação, ele dizia:
“Temos uma grande festa! Para iluminá-la melhor dever-se-ia queimar quatro aristocratas
nos quatro cantos do altar.” Não foi dele a iniciativa de expressar tais votos; muito tempo
antes, o membro da Santa Liga, Louis Dorléans, havia escrito em seu Banquet du comte
d’Arête: “que era preciso amarrar como um feixe de lenha os ministros protestantes à árvore
da fogueira de São João e colocar o rei Henrique IV no tonel onde se colocavam os gatos.”
Ginguené teve conhecimento antecipado dos assassinatos revolucionários. A senhora
Ginguené preveniu minhas irmãs e minha mulher do massacre que estava para acontecer nas
Carmelitas e lhes deu asilo: elas ficaram no beco Férou, muito próximo do local em que
seriam feitas as degolas.
Après la Terreur, Ginguené devint quasi chef de l'instruction publique. Ce fut alors
qu'il chanta l ' Arbre de la liberté au Cadran-Bleu, sur l'air : Je l ' ai planté, je l ' ai vu naître .
On le jugea assez béat de philosophie pour une ambassade auprès d'un de ces rois qu'on
découronnait. Il écrivait de Turin à M. de Talleyrand qu'il avait vaincu un préjugé : il avait
fait recevoir sa femme en pet-en-l'air à la cour. Tombé de la médiocrité dans l'importance, de
l'importance dans la niaiserie, et de la niaiserie dans le ridicule, il a fini ses jours littérateur
distingué comme critique, et, ce qu'il y a de mieux, écrivain indépendant dans la Décade : la
nature l'avait remis à la place d'où la société l'avait mal à propos tiré. Son savoir est de
seconde main, sa prose lourde, sa poésie correcte et quelquefois agréable.
Ginguené avait un ami, le poète Lebrun. Ginguené protégeait Lebrun, comme un
homme de talent, qui connaît le monde, protège la simplicité d'un homme de génie ; Lebrun, à
son tour, répandait ses rayons sur les hauteurs de Ginguené. Rien n'était plus comique que le
rôle de ces deux compères, se rendant, par un doux commerce, tous les services que se
peuvent rendre deux hommes supérieurs dans des genres divers.
Lebrun était tout bonnement un faux monsieur de l'Empyrée ; sa verve était aussi
froide que ses transports étaient glacés. Son Parnasse, chambre haute dans la rue Montmartre,
offrait pour tout meuble des livres entassés pêle-mêle sur le plancher, un lit de sangle dont les
rideaux, formés de deux serviettes sales, pendillaient sur une tringle de fer rouillé, et la moitié
d'un pot à l'eau accotée contre un fauteuil dépaillé. Ce n'est pas que Lebrun ne fût à son aise,
mais il était avare et adonné à des femmes de mauvaise vie.
Au souper antique de M. de Vaudreuil, il joua le personnage de Pindare. Parmi ses
poésies lyriques, on trouve des strophes énergiques ou élégantes, comme dans l'ode sur le
vaisseau le Vengeur et dans l'ode sur les Environs de Paris. Ses élégies sortent de sa tête,
rarement de son âme ; il a l'originalité recherchée, non l'originalité naturelle ; il ne crée rien
qu'à force d'art ; il se fatigue à pervertir le sens des mots et à les conjoindre par des alliances
monstrueuses. Lebrun n'avait de vrai talent que pour la satire ; son épître sur la bonne et la
mauvaise plaisanterie a joui d'un renom mérité. Quelques-unes de ses épigrammes sont à
mettre auprès de celles de J.-B. Rousseau ; Laharpe surtout l'inspirait. Il faut encore lui rendre
une autre justice : il fut indépendant sous Bonaparte, et il reste de lui, contre l'oppresseur de
nos libertés, des vers sanglants.
Depois do Terror, Ginguené se tornou um quase-chefe da Instrução Pública. Foi então
que cantou l’Arbre de la liberté no Cadran-Bleu, sobre a melodia: Je l’ai planté, je l’ai vu
naître. Ele foi considerado demasiadamente devoto de filosofia para obter uma embaixada
junto a um desses reis que estavam sendo descoroados. Escrevia de Turim ao senhor de
Talleyrand dizendo que tinha vencido um preconceito: a mulher dele havia sido recebida na
Corte com uma veste curta. Saído da mediocridade para a notoriedade, da notoriedade para a
insignificância, e da insignificância para o ridículo, terminou seus dias de literato distinto
como crítico, e, o que é ainda melhor, escritor independente na Décade: a natureza o havia
restituído ao lugar de onde a sociedade o tinha tirado. Seu saber era de segunda mão, sua
prosa pesada, sua poesia correta e, por vezes, agradável.
Ginguené tinha um amigo, o poeta Lebrun. Ginguené protegia Lebrun, como um
homem de talento, que conhece o mundo, protege a simplicidade de um homem de gênio;
Lebrun, por sua vez, propagava seus raios sobre as alturas de Ginguené. Nada era mais
cômico do que a situação desses dois compadres, prestando, por um sensível comércio, todos
os favores que se podem trocar reciprocamente dois homens superiores nas mais diversas
atividades.
Lebrun era simplesmente um falso senhor do Império; sua verve era tão fria quanto
gélidos eram seus êxtases. Seu Parnaso, um quarto nas alturas da rua Montmartre, tinha por
móveis apenas livros empilhados desordenadamente sobre o chão, uma cama de tiras de lona,
cujas cortinas, feitas de duas toalhas sujas, pendiam de um varão de ferro enferrujado, e
metade de um jarro de água apoiado contra uma poltrona desempalhada. Isso não significa
que Lebrun não tivesse meios, mas ele era avaro e dado a relações com mulheres da vida.
Na ceia à antiga do senhor de Vaudreuil, ele representou o personagem de Píndaro.
Em meio a suas poesias líricas, encontramos estrofes enérgicas ou elegantes, como na ode ao
barco le Vengeur e na ode les Environs de Paris. Suas elegias saem de seu cérebro, raramente
de sua alma; ele possui uma originalidade rebuscada, não uma originalidade natural; tudo o
que cria sai artificioso; empenha-se em perverter o sentido das palavras e em recompô-las
fazendo alianças monstruosas. Lebrun tinha verdadeiro talento para a sátira; sua epistola
sobre la bonne et la mauvaise plaisanterie obteve uma reputação merecida. Alguns de seus
epigramas são comparáveis aos de J.-B. Rousseau; era Laharpe, principalmente, que o
inspirava. É preciso ainda lhe render justiça em outra coisa; manteve a sua independência sob
Bonaparte, e deixou versos cruéis contra o opressor de nossas liberdades.
Mais, sans contredit, le plus bilieux des gens de lettres que je connus à Paris à cette
époque était Chamfort ; atteint de la maladie qui a fait les Jacobins, il ne pouvait pardonner
aux hommes le hasard de sa naissance. Il trahissait la confiance des maisons où il était admis ;
il prenait le cynisme de son langage pour la peinture des moeurs de la cour. On ne pouvait lui
contester de l'esprit et du talent mais de cet esprit et de ce talent qui n'atteignent point la
postérité. Quand il vit que sous la Révolution il n'arrivait à rien, il tourna contre lui-même les
mains qu'il avait levées sur la société. Le bonnet rouge ne parut plus à son orgueil qu'une autre
espèce de couronne, le sans-culottisme qu'une sorte de noblesse, dont les Marat et les
Robespierre étaient les grands seigneurs. Furieux de retrouver l'inégalité des rangs jusque
dans le monde des douleurs et des larmes, condamné à n'être encore qu'un vilain dans la
féodalité des bourreaux, il se voulut tuer pour échapper aux supériorités du crime ; il se
manqua : la mort se rit de ceux qui l'appellent et qui la confondent avec le néant.
Je n'ai connu l'abbé Delille qu'en 1798 à Londres et n'ai vu ni Rulhière, qui vit par
madame d'Egmont et qui la fait vivre, ni Palissot, ni Beaumarchais, ni Marmontel. Il en est
ainsi de Chénier que je n'ai jamais rencontré, qui m'a beaucoup attaqué, auquel je n'ai jamais
répondu, et dont la place à l'Institut devait produire une des crises de ma vie.
Lorsque je relis la plupart des écrivains du dix-huitième siècle, je suis confondu et du
bruit qu'ils ont fait et de mes anciennes admirations. Soit que la langue ait avancé, soit qu'elle
ait rétrogradé, soit que nous ayons marché vers la civilisation, ou battu en retraite vers la
barbarie, il est certain que je trouve quelque chose d'usé, de passé, de grisaillé, d'inanimé, de
froid dans les auteurs qui firent les délices de ma jeunesse. Je trouve même dans les plus
grands écrivains de l'âge voltairien des choses pauvres de sentiment de pensée et de style.
A qui m'en prendre de mon mécompte ? J'ai peur d'avoir été le premier coupable :
novateur né, j'aurai peut-être communiqué aux générations nouvelles la maladie dont j'étais
atteint. Epouvanté, j'ai beau crier à mes enfants : « N’oubliez pas le français ! » Ils me
répondent comme le Limousin à Pantagruel : « qu'ils viennent de l'alme, inclyte et célèbre
académie que l'on vocite Lutèce. »
Mas, sem dúvida, o mais bilioso dos homens de letras que conheci em Paris nesta
época era Chamfort; atingido pela doença que deu origem aos Jacobinos, não podia perdoar
aos homens o acaso de seu nascimento. Ele traía a confiança das casas em que era recebido;
tomava o cinismo de sua linguagem pela pintura dos hábitos da Corte. Não podemos
contestar-lhe o espírito e o talento, mas um tipo de espírito e de talento que não atingem a
posteridade. Quando viu que sob a Revolução não chegaria a lugar nenhum, dirigiu contra si-
mesmo as mãos que havia levantado contra a sociedade. O bonnet rouge não representou para
seu orgulho mais do que uma outra forma de coroa, o sans-culottisme era apenas uma espécie
de nobreza, em que os Marat e os Robespierre eram os grandes senhores. Furioso para
encontrar a desigualdade das classes até mesmo no mundo das dores e das lágrimas,
condenado a ser tão-somente um vilão no meio do feudalismo dos carrascos, tentou matar-se
para escapar à superioridade do crime; não conseguiu: a morte zomba daqueles que a
chamam, e que a confundem com o nada.
Conheci o abade apenas em 1798, em Londres e não vi nem Rulhière que viveu da
senhora d’Egmont e que a fez viver, nem Palissot, nem Beaumarchais, nem Marmontel. Do
mesmo modo, nunca encontrei Chénier, que muito me atacou, mas a quem nunca respondi; a
disputa por sua cadeira no Instituto provocou uma das crises de minha vida.
Quando reli a maior parte dos escritores do século XVIII, fiquei perplexo com a
repercussão que tiveram e com as minhas antigas admirações. Seja porque a língua tenha
avançado, seja porque ela tenha retrocedido, seja porque tenhamos caminhado rumo à
civilização, ou batido em retirada em direção à barbárie, o certo é que vejo alguma coisa de
gasto, de passado, de cinzento, de inanimado, de frio nos autores que fizeram as delícias de
minha juventude. Eu encontro, mesmo entre os maiores escritores do século de Voltaire,
coisas pobres de sentimento, de pensamento e de estilo.
A quem culpar o meu desengano? Receio ter sido o primeiro culpado: inovador nato
talvez eu tenha contagiado as novas gerações com a doença pela qual estava tomado.
Assustado, gritei em vão a meus filhos: “Não esqueçam o francês!” Como Limousin a
Pantagruel, eles me responderam: “que venham da ínclita e célebre academia à qual chamam
de Lutécia.”
Cette manie de gréciser et de latiniser notre langue n'est pas nouvelle, comme on le
voit : Rabelais la guérit elle reparut dans Ronsard. Boileau l'attaqua. De nos jours elle a
ressuscité par la science. Nos révolutionnaires grands Grecs par nature, ont obligé nos
marchands et nos paysans à apprendre les hectares, les hectolitres les kilomètres, les
millimètres, les décagrammes : la politique a ronsardisé .
J’aurais pu parler ici de M. de Laharpe, que je connus alors et sur lequel je reviendrai ;
j'aurais pu ajouter à la galerie de mes portraits celui de Fontanes ; mais bien que mes relations
avec cet excellent homme prissent naissance en 1789, ce ne fut qu'en Angleterre que je me liai
avec lui d'une amitié toujours accrue par la mauvaise fortune jamais diminuée par la bonne ;
je vous en entretiendrai plus tard dans toute l'effusion de mon coeur, je n'aurai à peindre que
des talents qui ne consolent plus la terre. La mort de mon ami est survenue au moment où mes
souvenirs me conduisaient à retracer le commencement de sa vie. Notre existence est d'une
telle fuite, que si nous n'écrivons pas le soir l'événement du matin, le travail nous encombre et
nous n'avons plus le temps de le mettre à jour. Cela ne nous empêche pas de gaspiller nos
années, de jeter au vent ces heures qui sont pour l'homme les semences de l'éternité.
(13)
Paris, juin 1821.
FAMILLE ROSANBO. – M. DE MALESHERBES : SA PRÉDILECTION
POUR LUCILE. – APPARITION ET CHANGEMENT DE MA
SYLPHIDE.
Si mon inclination et celle de mes deux soeurs m'avaient jeté dans cette société
littéraire, notre position nous forçait d'en fréquenter une autre ; la famille de la femme de mon
frère fut naturellement pour nous le centre de cette dernière société.
Esta mania de grecizar e de latinizar nossa língua não é nova, como se vê: Rabelais
curou-a, ela reapareceu em Ronsard. Boileau a atacou. Em nossos dias ela ressuscitou pela
ciência; nossos revolucionários, grandes gregos por natureza, obrigaram nossos comerciantes
e nossos camponeses a aprenderem os hectares, os hectolitros, os quilômetros, os milímetros,
os decagramas: a política ronsardizou.
Eu poderia falar aqui também do senhor de Laharpe, que conheci por esta época, mas
contarei sobre ele mais adiante; poderia acrescentar à minha galeria de retratos o de Fontanes,
mas ainda que minhas relações com este excelente homem tenham nascido em 1789, foi
somente na Inglaterra que me uni a ele por uma amizade que aos poucos se fortaleceu devido
às nossos infortúnios, e que jamais diminuiu com nossas venturas; sobre eles eu lhes
informarei mais tarde com toda a efusão de meus sentimentos. Devo evocar aí então apenas os
talentos que não consolam mais a terra. A morte de meu amigo adveio no momento em que
minhas recordações me levavam a contar o inicio de sua vida. Nossa existência é tão fugaz
que, se não escrevermos à noite o acontecido pela manhã, o trabalho nos absorve, sem que
tenhamos tempo de colocá-lo em dia. Nada disso nos impede de dissipar nossos anos, de jogar
ao vento essas horas que são, para o homem, as sementes da eternidade.
Capítulo 13
Paris, junho de 1821.
Família Rosanbo. – Senhor de Malesherbes: sua predileção por Lucile. – Aparição e
transformação de minha sílfide.
Se minha inclinação e a de minhas duas irmãs me haviam inserido neste círculo
literário, nossa posição obrigava-nos a freqüentar ainda um outro; a família da mulher de meu
irmão foi, naturalmente para nós, o centro deste segundo convívio.
Le président Le Pelletier de Rosambo, mort depuis avec tant de courage, était, quand
j'arrivai à Paris, un modèle de légèreté. A cette époque, tout était dérangé dans les esprits et
dans les moeurs, symptôme d'une volution prochaine. Les magistrats rougissaient de porter
la robe et tournaient en moquerie la gravité de leurs pères. Les Lamoignon, les Molé, les
Séguier, les d'Aguesseau voulaient combattre et ne voulaient plus juger. Les présidentes,
cessant d'être de vénérables mères de famille, sortaient de leurs sombres hôtels pour devenir
femmes à brillantes aventures. Le prêtre, en chaire, évitait le nom de Jésus-Christ et ne parlait
que du législateur des chrétiens ; les ministres tombaient les uns sur les autres ; le pouvoir
glissait de toutes les mains. Le suprême bon ton était d'être Américain à la ville, Anglais à la
cour, Prussien à l'armée ; d'être tout, excepté Français. Ce que l'on faisait, ce que l'on disait,
n'était qu'une suite d'inconséquences. On prétendait garder des abbés commandataires, et l'on
ne voulait point de religion ; nul ne pouvait être officier s'il n'était gentilhomme, et l'on
déblatérait contre la noblesse ; on introduisait l'égalité dans les salons et les coups de bâton
dans les camps.
M. de Malesherbes avait trois filles, mesdames de Rosambo, d'Aulnay, de
Montboissier : il aimait de préférence madame de Rosambo, à cause de la ressemblance de ses
opinions avec les siennes. Le président de Rosambo avait également trois filles, mesdames de
Chateaubriand, d'Aulnay, de Tocqueville, et un fils dont l'esprit brillant s'est recouvert de la
perfection chrétienne. M. de Malesherbes se plaisait au milieu de ses enfants, petits-enfants et
arrière-petits-enfants. Mainte fois, au commencement de la Révolution, je l'ai vu arriver chez
madame de Rosambo, tout échauffé de politique, jeter sa perruque, se coucher sur le tapis de
la chambre de ma belle-soeur, et se laisser lutiner avec un tapage affreux par les enfants
ameutés. Ç'aurait été du reste un homme assez vulgaire dans ses manières, s'il n'eût eu
certaine brusquerie qui le sauvait de l'air commun : à la première phrase qui sortait de sa
bouche, on sentait l'homme d'un vieux nom et le magistrat supérieur. Ses vertus naturelles
s'étaient un peu entachées d'affectation par la philosophie qu'il y mêlait. Il était plein de
science, de probité et de courage ; mais bouillant, passionné au point qu'il me disait un jour en
parlant de Condorcet : « Cet homme a été mon ami ; aujourd'hui, je ne me ferais aucun
scrupule de le tuer comme un chien. » Les flots de la Révolution le débordèrent, et sa mort a
fait sa gloire. Ce grand homme serait demeuré caché dans ses rites, si le malheur ne l'eût
décelé à la terre. Un noble Vénitien perdit la vie en retrouvant ses titres dans l'éboulement
d'un vieux palais.
O presidente Le Pelletier de Rosanbo, que morreu pouco depois, com tanta coragem,
era, quando cheguei a Paris, um modelo de leveza. Nessa época, tudo estava baralhado nos
espíritos e nos costumes, sintoma de uma revolução próxima. Os magistrados enrubesciam ao
ter que vestir a toga e faziam chacota da seriedade de seus pais. Os Lamoignon, os Molé, os
Séguier, os d’Aguesseau pretendiam combater e não queriam mais julgar. As presidentes,
deixando de serem veneráveis mães de família, saíam de seus sombrios palacetes para se
tornarem mulheres de brilhantes aventuras. O sacerdote, no púlpito, evitava o nome de Jesus
Cristo e falava somente do legislador dos cristãos; um atrás do outro, os ministros caíam; o
poder escorria de todas as mãos. O supremo bom tom consistia em ser americano na cidade,
inglês na Corte, prussiano no exército; em ser qualquer coisa, menos francês. O que se fazia, o
que se dizia, não passava de um amontoado de inconseqüências. Pretendia-se manter os
abades comendatários, e não se queria a religião; ninguém podia ser oficial se não fosse
nobre, e deblaterava-se contra a nobreza; introduzia-se a igualdade dentro dos salões e
pauladas nos acampamentos.
O senhor de Malesherbes tinha três filhas, as senhoras de Rosanbo, d’Aulnay, de
Montboissier: ele gostava mais da senhora de Rosanbo, por causa da afinidade das opiniões
dela com as suas. O presidente de Rosanbo também tinha três filhas, senhoras de
Chateaubriand, d’Aulnay, de Tocqueville, e um filho, cujo brilhante espírito recobriu-se com
a perfeição cristã. O senhor de Malesherbes divertia-se junto a seus filhos, netos e bisnetos.
No início da Revolução, muitas vezes o vi chegar à casa da senhora de Rosanbo, encharcado
de política, jogar a peruca, deitar-se sobre o tapete do quarto de minha cunhada, e entregar-se,
num alvoroço infernal, às travessuras das crianças em polvorosa. Seria, de resto, um homem
de maneiras muito vulgares, não fosse uma certa intempestividade de gênio que o livrava de
uma aparência comum: na primeira frase que deixava escapar da boca entrevíamos um
homem de velho nome, o magistrado superior. Suas virtudes naturais eram um pouco
contaminadas pela afetação da filosofia que se insinuava. Ele estava cheio de saber, de
probidade e de coragem; mas transbordava, apaixonado, a ponto de me dizer, certo dia, a
propósito de Condorcet: “Este homem foi meu amigo; hoje, não teria nenhum escrúpulo em
matá-lo como a um cachorro.” O fluxo da Revolução o fez exceder-se, e sua morte produziu a
sua glória. Este grandioso homem teria seus méritos ocultados, se o infortúnio não o tivesse
revelado ao mundo. Um nobre veneziano perdeu a vida ao reencontrar seus títulos de nobreza
no desmoronamento de um velho palácio.
Les franches façons de M. de Malesherbes m'ôtèrent toute contrainte. Il me trouva
quelque instruction ; nous nous touchâmes par ce premier point : nous parlions de botanique
et de géographie, sujets favoris de ses conversations. C'est en m'entretenant avec lui que je
conçus l'idée de faire un voyage dans l'Amérique du Nord pour découvrir la mer vue par
Hearne et depuis par Mackenzie . Nous nous entendions aussi en politique : les sentiments
généreux du fond de nos premiers troubles allaient à l'indépendance de mon caractère ;
l'antipathie naturelle que je ressentais pour la cour ajoutait force à ce penchant. J'étais du côté
de M. de Malesherbes et de madame de Rosambo, contre M. de Rosambo et contre mon frère,
à qui l'on donna le surnom de l' enragé Chateaubriand. La Révolution m'aurait entraîné, si elle
n'eût débuté par des crimes : je vis la première tête portée au bout d'une pique, et je reculai.
Jamais le meurtre ne sera à mes yeux un objet d'admiration et un argument de liberté ; je ne
connais rien de plus servile, de plus méprisable, de plus lâche, de plus borné qu'un terroriste.
N'ai-je pas rencontré en France toute cette race de Brutus au service de César et de sa police ?
Les niveleurs, régénérateurs, égorgeurs, étaient transformés en valets, espions, sycophantes, et
moins naturellement encore en ducs, comtes et barons : quel moyen âge !
Enfin, ce qui m'attacha davantage à l'illustre vieillard, ce fut sa prédilection pour ma
soeur : malgré la timidité de la comtesse Lucile, on parvint, à l'aide d'un peu de vin de
Champagne, à lui faire jouer un rôle dans une petite pièce, à l'occasion de la fête de M. de
Malesherbes ; elle se montra si touchante que le bon et grand homme en avait la tête tournée.
Il poussait plus que mon frère même à sa translation du chapitre d'Argentière à celui de
Remiremont, l'on exigeait les preuves rigoureuses et difficiles des seize quartiers . Tout
philosophe qu'il était, M. de Malesherbes avait à un haut degré les principes de la naissance.
Il faut étendre dans l'espace d'environ deux années cette peinture des hommes et de la
société à mon apparition dans le monde, entre la clôture de la première assemblée des
Notables, le 25 mai 1787, et l'ouverture des Etats-Généraux, le 5 mai 1789. Pendant ces deux
années, mes soeurs et moi, nous n'habitâmes constamment ni Paris, ni le même lieu dans
Paris. Je vais maintenant rétrograder et ramener mes lecteurs en Bretagne.
Os modos sinceros do senhor de Malesherbes me fizeram perder toda a inibição. Ele
viu em mim alguma instrução; tivemos afinidade num primeiro ponto: falávamos de botânica
e de geografia, assuntos favoritos de suas conversas. Foi confabulando com ele que nasceu a
idéia de fazer uma viagem à América do Norte para descobrir o mar visto por Hearne e,
depois, por Mackenzie.
134
Nós nos entendemos também em política: os sentimentos
generosos vindos do fundo de nossas primeiras agitações iam ao encontro da independência
de meu caráter; a antipatia natural que tinha pela Corte fortalecia esta propensão. Encontrava-
me do lado do senhor de Malesherbes e da senhora de Rosanbo, contra o senhor Rosanbo e
contra meu irmão que foi apelidado de furioso Chateaubriand. A Revolução me teria arrastado
se não tivesse iniciado por crimes: vi a primeira cabeça sendo levada num pique, e recuei. O
homicídio nunca será, a meu ver, um objeto de admiração e um argumento de liberdade; não
conheço nada de mais servil, de mais desprezível, de mais covarde, de mais limitado que um
terrorista. Pois na França, não me deparei com toda essa raça de Brutus a serviço de César e
de sua polícia? Os niveladores, os regeneradores, os degoladores haviam sido transformados
em lacaios, espiões, sicofantas, e, de forma menos natural, em duques, condes, barões: que
Idade Média!
Finalmente, o que fez ligar-me ainda mais e este ilustre ancião foi a predileção que
teve por minha irmã: malgrado a timidez da condessa Lucile, com a ajuda de um pouco de
vinho da Champagne, conseguimos fazê-la representar um papel numa singela peça, por
ocasião da festa do senhor Malesherbes; ela se mostrou tão encantadora que virou a cabeça
daquele grande e bom homem. Ele se mexeu mais que meu irmão em seu translado do
Capítulo d’Argentière para o de Remiremont, em que se exigiam as difíceis e rigorosas provas
dos dezesseis quartéis. Por mais filósofo que fosse, o senhor de Malesherbes tinha em alta
conta os princípios de sua origem.
É preciso alongar o tempo em aproximadamente dois anos entre esta descrição dos
homens e da sociedade até a minha entrada no mundo, entre o fechamento da primeira
Assembléia de Notáveis, em 25 de maio de 1787, e a abertura dos Estados Gerais, em 5 de
maio de 1789. Durante esses dois anos, eu e minhas irmãs não moramos de forma permanente
nem em Paris, nem no mesmo lugar dentro de Paris. Vou agora retroceder e levar meus
leitores de volta à Bretanha.
134
N.A. Nesses últimos anos, navegado pelo capitão Franklin e pelo capitão Parry. (Nota de Genebra, 1831.)
Du reste, j'étais toujours affolé de mes illusions ; si mes bois me manquaient, les temps
passés, au défaut des lieux lointains, m'avaient ouvert une autre solitude. Dans le vieux Paris,
dans les enceintes de Saint-Germain-des-Prés, dans les cloîtres des couvents, dans les caveaux
de Saint-Denis, dans la Sainte-Chapelle, dans Notre-Dame, dans les petites rues de la Cité, à
la porte obscure d'Héloïse, je revoyais mon enchanteresse ; mais elle avait pris, sous les
arches gothiques et parmi les tombeaux, quelque chose de la mort : elle était pâle, elle me
regardait avec des yeux tristes ; ce n'était plus que l'ombre ou les mânes du rêve que j'avais
aimé.
De resto, eu continuava enlouquecido com minhas ilusões; ainda que sentisse falta de
meus bosques, os tempos vividos, à falta dos lugares distantes, me haviam oferecido uma
outra solidão. Na velha Paris, dentro das muralhas de Saint-Germain-des-Près, dentro das
clausuras dos conventos, nas criptas de Saint-Denis, na Sainte-Chapelle, dentro da Notre-
Dame, nas pequenas ruas da Cité, frente à obscura porta de Heloísa, eu revia minha feiticeira;
porém, ela havia assumido, sob os arcos góticos e em meio às tumbas, algo da morte: ela
estava pálida, contemplava-me com olhos tristes; não era mais do que a sombra ou os manes
do sonho que eu havia adorado.
135
135
N.A. Revisto em dezembro de 1846.
LIVRE CINQUÈME
(1)
Paris, septembre 1821.
Revu en décembre 1846.
PREMIERS MOUVEMENTS POLITIQUES EN BRETAGNE. –
COUP D’OEIL SUR L’HISTOIRE DE LA MONARCHIE
Mes différentes résidences en Bretagne, dans les années 1787 et 1788, commencèrent
mon éducation politique. On retrouvait dans les Etats de province le modèle des Etats-
Généraux : aussi les troubles particuliers qui annoncèrent ceux de la nation éclatèrent-ils dans
deux pays d'Etats, la Bretagne et le Dauphiné.
La transformation qui se développait depuis deux cents ans touchait à son terme : la
France passée de la monarchie féodale à la monarchie des Etats-Généraux, de la monarchie
des Etats-Généraux à la monarchie des parlements, de la monarchie des parlements à la
monarchie absolue, tendait à la monarchie représentative, à travers la lutte de la magistrature
contre la puissance royal.
LIVRO QUINTO
Capítulo 1
Paris, setembro de 1821.
Revisto em dezembro de 1846.
Primeiros movimentos políticos na Bretanha. – Uma apanhado da história da monarquia
Minhas diversas residências na Bretanha, nos anos de 1787 e 1788, deram início a
minha educação política. Os Estados de Província eram vistos como um modelo de Estados-
Gerais: os tumultos locais que anunciaram os de toda a nação eclodiram igualmente em dois
Estados Provinciais, a Bretanha e a Dauphiné
136
.
A transformação que vinha se desenvolvendo duzentos anos chegava a seu termo: a
França, que passara da monarquia feudal à monarquia dos Estados-Gerais, da monarquia dos
Estados-Gerais à monarquia dos parlamentos, da monarquia dos parlamentos à monarquia
absoluta, tendia à monarquia representativa com a luta da magistratura contra o poder Real.
136
Os pays d’états designam as províncias que mantiveram seus Estados Provinciais, ou seja, as que possuíam
assembléias representativas das três ordens – clero, nobreza e terceiro estado – e que deliberavam com mais
autonomia sobre as questões relativas aos Impostos. Estas províncias se caracterizaram, sobretudo um pouco
antes da Revolução Francesa, pelos embates contra o poder central devido aos assuntos de tributação.
Le parlement Maupeou, l'établissement des assemblées provinciales, avec le vote par
tête, la première et la seconde assemblées des Notables, la Cour plénière, la formation des
grands bailliages, la réintégration civile des protestants, l'abolition partielle de la torture, celle
des corvées, l'égale répartition du payement de l'impôt, étaient des preuves successives de la
révolution qui s'opérait. Mais alors, on ne voyait pas l'ensemble des faits : chaque événement
paraissait un accident isolé. A toutes les périodes historiques, il existe un esprit-principe. En
ne regardant qu'un point, on n'aperçoit pas les rayons convergeant au centre de tous les autres
points ; on ne remonte pas jusqu'à l'agent caché qui donne la vie et le mouvement général,
comme l'eau ou le feu dans les machines : c'est pourquoi, au début des révolutions, tant de
personnes croient qu'il suffirait de briser telle roue pour empêcher le torrent de couler ou la
vapeur de faire explosion.
Le dix-huitième siècle, siècle d'action intellectuelle, non d'action matérielle, n'aurait
pas réussi à changer si promptement les lois, s'il n'eût rencontré son véhicule : les parlements,
et notamment le parlement de Paris, devinrent les instruments du système philosophique.
Toute opinion meurt impuissante ou frénétique, si elle n'est logée dans une assemblée qui la
rend pouvoir, la munit d'une volonté, lui attache une langue et des bras. C'est et ce sera
toujours par des corps légaux ou illégaux qu'arrivent et arriveront les révolutions.
Les parlements avaient leur cause à venger : la monarchie absolue leur avait ravi une
autorité usurpée sur les Etats-Généraux. Les enregistrements forcés, les lits de justice, les
exils, en rendant les magistrats populaires, les poussaient à demander des libertés dont au fond
ils n'étaient pas sincères partisans. Ils réclamaient les Etats-Généraux, n'osant avouer qu'ils
désiraient pour eux-mêmes la puissance législative et politique ; ils hâtaient de la sorte la
résurrection d'un corps dont ils avaient recueilli l'héritage, lequel, en reprenant la vie, les
réduirait tout d'abord à leur propre spécialité, la justice. Les hommes se trompent presque
toujours dans leur intérêt, qu'ils se meuvent par sagesse ou passion : Louis XVI rétablit les
parlements qui le forcèrent à appeler les Etats-Généraux ; les Etats-Généraux, transformés en
Assemblée nationale et bientôt en Convention, détruisirent le trône et les parlements,
envoyèrent à la mort et les juges et le monarque de qui émanait la justice. Mais Louis XVI et
les parlements en agirent de la sorte, parce qu'ils étaient, sans le savoir, les moyens d'une
révolution sociale.
O Parlamento Maupeau, o estabelecimento das Assembléias Provinciais, com o voto
por cabeça, a primeira e a segunda Assembléia de Notáveis, a Corte Plenária, a formação dos
grandes bailiados, a reintegração civil dos protestantes, a abolição parcial da tortura e das
corvéias, o pagamento equânime dos impostos eram as sucessivas provas da revolução que se
operava. Mas não era possível ver, então, o conjunto dos fatos: cada evento parecia ser um
acidente isolado. Em todos os períodos históricos existe um espírito-princípio. Ao nos
fixarmos num único ponto, não percebemos os raios convergentes que estão no centro de
todos os outros pontos; não conseguimos recuar até o agente oculto que lhe dá vida e
movimento geral, assim como a água ou o fogo para as máquinas: esta é a razão pela qual, no
início das revoluções, tantas pessoas acreditam que basta quebrar uma das rodas para impedir
que a torrente vaze ou que o vapor provoque a explosão.
O século XVIII, século de ação intelectual, não de ação material, nunca haveria de
mudar as leis tão prontamente, se não tivesse achado seu veículo: os parlamentos, e
notadamente o parlamento de Paris, se converteram em instrumentos do sistema filosófico.
Toda opinião morre impotente ou convulsa caso não seja acolhida por uma assembléia que lhe
poder, lhe dote de vontade, lhe atribua braços e língua. É e sempre será por meio desses
corpos legais ou ilegais que chegam e que chegarão as revoluções.
Os parlamentos tinham sua causa para vingar: a monarquia absoluta lhes havia
arrebatado uma autoridade usurpada dos Estados-Gerais. Os registros obrigatórios,
137
a
tribuna real no Parlamento, os exílios, ao tornarem populares os magistrados, levavam-nos a
pedirem liberdades das quais no fundo não eram sinceros partidários. Eles exigiam os
Estados-Gerais, sem a audácia de confessarem que queriam o poder legislativo e político para
si mesmos; deste modo, eles apressavam a ressurreição de um corpo cuja herança haviam
recolhido e que, ao readquirir vida, haveria de reduzi-los imediatamente a sua própria
especialidade, a justiça. Os homens quase sempre se enganam sobre seus próprios interesses,
sejam eles movidos pela sabedoria ou pela paixão: Luís XVI restabeleceu os parlamentos que
o forçaram a convocar os Estados-Gerais; os Estados-Gerais, transformados em Assembléia
Nacional, e, logo após, em Convenção, destruíram o trono e os parlamentos, levando à morte
os juízes e o monarca, de quem emanava a justiça. Porém, Luís XVI e os parlamentos agiram
desta forma, por serem parte, mesmo sem o saber, dos meios de uma revolução social.
137
Votação sem discussão dos projetos apresentados pelo rei.
L'idée des Etats-Généraux était donc dans toutes les têtes, seulement on ne voyait pas
où cela allait. Il était question, pour la foule, de combler un déficit que le moindre banquier
aujourd'hui se chargerait de faire disparaître. Un remède si violent, appliqué à un mal si léger,
prouve qu'on était emporté vers des régions politiques inconnues. Pour l'année 1786, seule
année dont l'état financier soit bien avéré, la recette était de 412 924 000 livres, la dépense de
593 542 000 livres ; déficit 180 618 000 livres, réduit à 140 millions, par 40 618 000 livres
d'économie. Dans ce budget, la maison du Roi est portée à l'immense somme de 37 200 000
livres : les dettes des princes, les acquisitions de châteaux et les déprédations de la cour
étaient la cause de cette surcharge.
On voulait avoir les Etats-Généraux dans leur forme de 1614. Les historiens citent
toujours cette forme, comme si, depuis 1614, on n'avait jamais ouï parler des Etats-Généraux,
ni réclamé leur convocation. Cependant, en 1651, les ordres de la noblesse et du clergé, réunis
à Paris, demandèrent les Etats-Généraux. Il existe un gros recueil des actes et des discours
faits et prononcés alors. Le parlement de Paris, tout-puissant à cette époque, loin de seconder
le voeu des deux premiers ordres, cassa leurs assemblées comme illégales ; ce qui était vrai.
Et puisque je suis sur ce chapitre, je veux noter un autre fait grave, échappé à ceux qui
se sont mêlés et qui se mêlent d'écrire l'histoire de France, sans la savoir. On parle des trois
ordres, comme constituant essentiellement les Etats dits généraux. Eh bien, il arrivait souvent
que des bailliages ne nommaient des députés que pour un ou deux ordres. En 1614, le
bailliage d'Amboise n'en nomma ni pour le clergé, ni pour la noblesse ; le bailliage de
Châteauneuf-en-Thimerais n'en envoya ni pour le clergé, ni pour le tiers-état ; Le Puy, La
Rochelle, le Lauraguais, Calais, la Haute-Marche Châtellerault firent défaut pour le clergé, et
Montdidier et Roye pour la noblesse. Néanmoins, les Etats de 1614 furent appelés Etats-
Généraux . Aussi les anciennes chroniques, s'exprimant d'une manière plus correcte, disent,
en parlant de nos assemblées nationales, ou les trois Etats , ou les notables bourgeois , ou les
barons et les évêques , selon l'occurrence, et elles attribuent à ces assemblées ainsi composées
la même force législative.
A idéia dos Estados-Gerais estava, assim, em todas as mentes apenas não era possível
perceber aonde isso ia dar. O problema, para a maioria, consistia em equilibrar um déficit, que
um simples banqueiro, hoje, se encarregaria de fazer desaparecer. Um remédio tão violento
aplicado a uma dificuldade tão superficial prova que estávamos sendo arrastados para zonas
políticas desconhecidas. Para o ano de 1786, único ano cuja situação financeira fora realmente
averiguada, a receita era de 412, 924, 000 libras, a despesa de 593, 542, 000 libras; déficit
180, 618, 000 libras, reduzido a 140 milhões, fazendo-se 40 milhões e 610 mil libras de
economia. Nesse orçamento, a casa do Rei gastou a imensa quantia de 37 milhões e 200 mil
libras: as dívidas dos príncipes, as aquisições de castelos e as malversações da Corte estavam
na origem desta sobrecarga.
Pretendia-se conferir aos Estados-Gerais a mesma forma que tiveram em 1614. Os
historiadores citam sempre esta forma, como se, a partir de 1614, não tivéssemos ouvido falar
de Estados-Gerais, nem exigido sua convocação. No entanto, em 1651, as ordens da nobreza e
do clero, reunidas em Paris, solicitaram os Estados-Gerais. Existe uma volumosa compilação
de atos e de discursos então realizados e pronunciados. O Parlamento de Paris, todo-poderoso
nesta época, longe de secundar o desejo das duas primeiras ordens, dissolveu suas assembléias
considerando-as ilegais; o que era verdadeiro.
E uma vez me encontrando nesse capítulo, quero assinalar um outro fato grave,
ignorado por aqueles que se ocuparam e que se ocupam de escrever a história da França sem
conhecê-la. Fala-se das três ordens, como se elas constituíssem essencialmente os Estados
ditos Gerais. Contudo, ocorria freqüentemente que os bailiados nomeavam deputados somente
para uma ou duas ordens. Em 1614, o bailiado de Amboise não nomeou nem para o clero,
nem para a nobreza; o bailiado de Chateauneuf-en-Thimerais não enviou nem para o clero,
nem para o terceiro-estado; Le Puy, La Rochelle, le Lauraguais, Calais, la Haute-Marche,
Châtellerault deixaram de nomear para o clero, e Montdidier e Roye para a nobreza. Todavia,
os Estados de 1614 foram chamados de Estados-Gerais. Também as antigas crônicas,
exprimindo-se mais corretamente, referem-se, ao referirem nossas Assembléias Nacionais, ou
aos três Estados, ou aos notáveis burgueses, ou aos barões e os bispos, conforme o caso, e
elas atribuem a essas Assembléias assim compostas uma idêntica força legislativa.
Dans les diverses provinces, souvent le tiers, tout convoqué qu'il était, ne députait pas,
et cela par une raison inaperçue, mais fort naturelle. Le tiers s'était emparé de la magistrature ;
il en avait chassé les gens d'épée ; il y régnait d'une manière absolue, excepté dans quelques
parlements nobles, comme juge, avocat, procureur, greffier, clerc, etc. ; il faisait les lois
civiles et criminelles, et, à l'aide de l'usurpation parlementaire, il exerçait même le pouvoir
politique. La fortune, l'honneur et la vie des citoyens relevaient de lui : tout obéissait à ses
arrêts, toute tête tombait sous le glaive de ses justices. Quand donc il jouissait isolément d'une
puissance sans bornes, qu'avait-il besoin d'aller chercher une faible portion de cette puissance
dans des assemblées où il n'avait paru qu'à genoux ?
Le peuple, métamorphosé en moine, s'était réfugié dans les cloîtres, et gouvernait la
société par l'opinion religieuse ; le peuple métamorphosé en collecteur et en banquier, s'était
réfugié dans la finance, et gouvernait la société par l'argent ; le peuple, métamorphosé en
magistrat, s'était réfugié dans les tribunaux, et gouvernait la société par la loi. Ce grand
royaume de France, aristocrate dans ses parties ou ses provinces, était démocrate dans son
ensemble sous la direction de son roi. avec lequel il s'entendait à merveille et marchait
presque toujours d'accord. C'est ce qui explique sa longue existence. Il y a toute une nouvelle
histoire de France à faire ou plutôt l'histoire de France n'est pas faite.
Toutes les grandes questions mentionnées ci-dessus étaient particulièrement agitées
dans les années 1786, 1787 et 1788. Les têtes de mes compatriotes trouvaient dans leur
vivacité naturelle, dans les privilèges de la province, du clergé et de la noblesse, dans les
collisions du parlement et des Etats, abondante matière d'inflammation. M. de Calonne, un
moment intendant de la Bretagne, avait augmenté les divisions en favorisant la cause du tiers-
état. M. de Montmorin et M. de Thiard étaient des commandants trop faibles pour faire
dominer le parti de la cour. La noblesse se coalisait avec le parlement, qui était noble ; tantôt
elle résistait à M. Necker, à M. de Calonne, à l'archevêque de Sens ; tantôt elle repoussait le
mouvement populaire, que sa résistance première avait favorisé. Elle s'assemblait, délibérait,
protestait ; les communes ou municipalités s'assemblaient, délibéraient, protestaient en sens
contraire. L'affaire particulière du fouage , en se mêlant aux affaires générales, avait accru les
inimitiés. Pour comprendre ceci, il est nécessaire d'expliquer la constitution du duché de
Bretagne.
Em diversas províncias, muitas vezes o terceiro-estado, mesmo tendo sido convocado,
não deputava, e isso por uma razão pouco aparente, mas bastante natural. O terceiro-estado
havia dominado a magistratura; ele havia afastado desse domínio as gens d’épée, nobreza de
espada; reinava ali de forma absoluta, exceto em alguns parlamentos nobres, como juiz,
advogado, procurador, escrivão, notário, etc.; ele elaborava as leis civis e criminais, e, com o
auxílio da usurpação parlamentar, exercia inclusive o poder político. A fortuna, a honra e a
vida dos cidadãos dependiam dele: todos obedeciam às suas sentenças, toda cabeça baixava
sob a espada de sua justiça. Se ele usufruía sozinho, portanto, de um poder sem limites, por
que motivo necessitaria buscar uma pequena porção desse poder nas Assembléia onde havia
estado sempre de joelhos?
O povo, metamorfoseado em monge, refugiara-se nos claustros, e governava a
sociedade pela opinião religiosa; o povo, metamorfoseado em arrecadador e em banqueiro,
refugiara-se nas finanças, e governava a sociedade pelo dinheiro; o povo, metamorfoseado em
magistrado, refugiara-se nos tribunais, e governava a sociedade pela lei. Este grande reino de
França, aristocrata em suas partes ou províncias, era democrata em seu conjunto, sob a
direção de seu Rei, com quem se entendia muito bem e concordava quase sempre. Isso é o que
explica sua longa existência. toda uma nova historia da França a fazer, ou, mais
precisamente, a história da França não está feita.
138
Todas as grandes questões mencionadas acima eram particularmente discutidas nos
anos de 1786, 1787 e 1788. As cabeças de meus compatriotas encontravam na sua vitalidade
natural, nos privilégios da província, do clero e da nobreza, nos embates do parlamento e dos
Estados, matéria inflamável em abundância. O senhor de Calonne, por um momento
intendente da Bretanha, havia aprofundado as divisões, favorecendo a causa do Terceiro-
Estado. O senhor de Montmorin e o senhor de Thiard eram comandantes demasiadamente
fracos para que o partido da Corte pudesse dominar. A nobreza se coligava com o Parlamento,
que era nobre; ora ela resistia ao senhor Necker, ao senhor de Calonne, ao arcebispo de Sens;
ora ela rechaçava o movimento popular, que sua resistência primeira havia favorecido.
Reunia-se, deliberava, protestava; as comunas ou municipalidades se reuniam, deliberavam,
protestavam em sentido contrário. O assunto particular do tributo feudal (fouage), misturando-
se com os assuntos gerais, fez aumentar as inimizades. Para compreender isso, é necessário
explicar a constituição do ducado da Bretanha.
138
Esta idéia de que a revolução burguesa se iniciava largamente em 1789 será retomada e sistematizada por
Tocqueville.
(2)
Paris, septembre 1821.
CONSTITUTION DES ÉTATS DE BRETAGNE. –
TENUE DES ÉTATS.
Les Etats de Bretagne ont plus ou moins varié dans leur forme comme tous les Etats de
l'Europe féodale, auxquels ils ressemblaient. Les rois de France furent substitués aux droits
des ducs de Bretagne. Le contrat de mariage de la duchesse Anne, de l'an 1491, n'apporta pas
seulement la Bretagne en dot à la couronne de Charles VIII et de Louis XII mais il stipula une
transaction, en vertu de laquelle fut terminé un différend qui remontait à Charles de Blois et
au comte de Montfort. La Bretagne prétendait que les filles héritaient au duché ; la France
soutenait que la succession n'avait lieu qu'en ligne masculine ; que celle-ci venant de
s'éteindre, la Bretagne, comme grand fief faisait retour à la couronne. Charles VIII et Anne,
ensuite Anne et Louis XII, se cédèrent mutuellement leurs droits ou prétentions. Claude, fille
d'Anne et de Louis XII, qui devint femme de François ler, laissa en mourant le duché de
Bretagne à son mari. François Ier, d'après la prière des Etats assemblés à Vannes unit, par édit
publié à Nantes en 1532, le duché de Bretagne à la couronne de France, garantissant à ce
duché ses libertés et privilèges.
A cette époque les Etats de Bretagne étaient réunis tous les ans : mais en 1630, la
réunion devint bisannuelle. Le gouverneur proclamait l'ouverture des Etats. Les trois ordres
s'assemblaient, selon les lieux, dans une église ou dans les salles d'un couvent. Chaque ordre
délibérait à part : c'étaient trois assemblées particulières avec leurs diverses tempêtes, qui se
convertissaient en ouragan général quand le clergé, la noblesse et le tiers venaient à se réunir.
La cour soufflait la discorde, et dans ce champ resserré, comme dans une plus vaste arène, les
talents, les vanités et les ambitions étaient en jeu.
Capítulo 2
Paris, setembro de 1821.
Constituição dos Estados da Bretanha. – Convocação dos Estados.
Os Estados da Bretanha variavam mais ou menos em sua forma, assim como todos os
Estados da Europa feudal, aos quais se assemelhavam. Os reis de França tomaram para si os
direitos dos duques de Bretanha. O contrato de matrimônio da duquesa Anne, do ano de 1491,
não trouxe somente a Bretanha como dote para a Coroa de Carlos VIII e de Luís XII, mas
estipulou também uma transação, mediante a qual se pôs fim a uma contenda que remontava a
Charles de Blois e ao conde de Montfort. A Bretanha pretendia que as filhas herdassem o
ducado; a França sustentava que a sucessão poderia ocorrer pela linhagem masculina; que,
caso esta se extinguisse, a Bretanha, como grande feudo, retornaria à Coroa. Carlos VIII e
Anne, depois Anne e Luís XII cederam mutuamente seus direitos ou pretensões. Claude, filha
de Anne e de Luís XII, que se tornou esposa de Francisco I, deixou, ao morrer, o ducado de
Bretanha a seu marido. Francisco I, de acordo com a petição dos Estados reunidos em
Vannes, uniu, pelo édito publicado em Nantes em 1532, o ducado de Bretanha à Coroa da
França, garantindo a este ducado suas liberdades e privilégios.
Naquela época, os Estados da Bretanha reuniam-se todos os anos; mas em 1630 a
reunião tornou-se bianual. O governador proclamava a abertura dos Estados. As três ordens se
reuniam, dependendo do lugar, numa igreja ou nas salas de um convento. Cada ordem
deliberava separadamente: eram três assembléias particulares com suas diversas intempéries,
que se convertiam num furacão geral quando o clero, a nobreza e o terceiro-estado se
reuniam. A Corte insuflava a discórdia, e nesse território limitado, como numa arena maior,
estavam em jogo os talentos, as vaidades e as ambições.
Le père Grégoire de Rostrenen, capucin, dans la dédicace de son Dictionnaire
français-breton , parle de la sorte à nos seigneurs les Etats de Bretagne :
« S'il ne convenait qu'à l'orateur romain de louer dignement l'auguste assemblée du
sénat de Rome, me convenait-il de hasarder l'éloge de votre auguste assemblée qui nous
retrace si dignement l'idée de ce que l'ancienne et la nouvelle Rome avaient de majestueux et
de respectable ? »
Rostrenen prouve que le celtique est une de ces langues primitives que Gomer, fils
aîné de Japhet, apporta en Europe, et que les Bas-Bretons, malgré leur taille, descendent des
géants. Malheureusement, les enfants bretons de Gomer, longtemps séparés de la France, ont
laissé dépérir une partie de leurs vieux titres : leurs chartes, auxquelles ils ne mettaient pas
une assez grande importance comme les liant à l'histoire générale, manquent trop souvent de
cette authenticité à laquelle les déchiffreurs de diplômes attachent de leur côté beaucoup trop
de prix.
Le temps de la tenue des Etats en Bretagne était un temps de galas et de bals : on
mangeait chez M. le commandant, on mangeait chez M. le président de la noblesse, on
mangeait chez M. le président du clergé, on mangeait chez M. le trésorier des Etats, on
mangeait chez M. l'intendant de la province, on mangeait chez M. le président du parlement ;
on mangeait partout : et l'on buvait ! A de longues tables de réfectoire se voyaient assis des du
Guesclin laboureurs, des Duguay-Trouin matelots portant au côté leur épée de fer à vieille
garde ou leur petit sabre d'abordage. Tous les gentilshommes assistant aux Etats en personne
ne ressemblaient pas mal à une diète de Pologne, de la Pologne à pied, non à cheval, diète de
Scythes, non de Sarmates.
Malheureusement, on jouait trop. Les bals ne discontinuaient. Les Bretons sont
remarquables par leurs danses et par les airs de ces danses. Madame de Sévigné a peint nos
ripailles politiques au milieu des landes comme ces festins des fées et des sorciers qui avaient
lieu la nuit sur les bruyères :
O padre Grégoire de Rostrenen, capuchinho, na dedicatória de seu Dictionnaire
français-breton, fala do seguinte modo a nossos senhores dos Estados de Bretanha:
“Se convinha apenas ao orador romano fazer dignamente o elogio da augusta
assembléia do Senado de Roma, conviria a mim aventurar-me a fazer o elogio de vossa
augusta assembléia que tão dignamente nos restitui a idéia daquilo que a antiga e a nova
Roma possuíam de majestoso e de respeitável?”
Rostrenen prova que o celta é uma dessas línguas primitivas que Gomer, filho
primogênito de Japhet, traz para a Europa, e que, os baixos bretões, apesar de sua estatura,
descendem de gigantes.Infelizmente, os filhos bretões de Gomer, por muito tempo separados
da França, deixaram perder-se uma parte de seus velhos títulos: suas constituições, às quais
não davam tanta importância sem ligar à historia geral, carecem, muitas vezes, da
autenticidade à qual os decifradores de documentos, de sua parte, atribuem um demasiado
valor.
O período de reunião dos Estados na Bretanha era um período de festas de gala e de
bailes: comia-se na casa do senhor comandante, comia-se na casa do senhor presidente da
nobreza, comia-se na casa do senhor presidente do clero, comia-se na casa do senhor
tesoureiro dos Estados, comia-se na casa do senhor intendente da província, comia-se na casa
do senhor presidente do Parlamento; comia-se em todos lugares: e bebia-se! Em compridas
mesas de refeitório se viam sentados os Du Guesclin lavradores, os Duguay-Trouin
marinheiros trazendo consigo sua espada de ferro de antiga guarda ou seu pequeno sabre de
abordagem. Todos os gentis-homens que assistiam em pessoa aos Estados assemelhavam-se
bastante a uma dieta da Polônia, da Polônia a pé, não a cavalo, dieta de citas, não de sármatas.
Infelizmente jogava-se em excesso. Os bailes não cessavam. Os bretões são notáveis
por suas danças e pelas melodias dessas danças. Madame de Sévigné descreveu nossas
patuscadas políticas em meio às landes como aqueles festins de bruxas e de fadas que
aconteciam à noite pelas charnecas:
« Vous aurez maintenant, écrit-elle, des nouvelles de nos Etats pour votre peine d'être
Bretonne. M. de Chaulnes arriva dimanche au soir, au bruit de tout ce qui peut en faire à Vitré
: le lundi matin il m'écrivit une lettre ; j'y fis réponse par aller dîner avec lui. On mange à deux
tables dans le même lieu ; il y a quatorze couverts à chaque table. Monsieur en tient une et
Madame l'autre. La bonne chère est excessive, on remporte les plats de rôti tout entiers ; et
pour les pyramides de fruits il faut faire hausser les portes. Nos pères ne prévoyaient pas ces
sortes de machines puisque même ils ne comprenaient pas qu'il fallût qu'une porte fût plus
haute qu'eux... Après le dîner, MM. de Lomaria et Coëtlogon dansèrent avec deux Bretonnes
des passe-pieds merveilleux, et des menuets, d'un air que les courtisans n'ont pas à beaucoup
près : ils y font des pas de Bohémiens et de Bas-Bretons avec une délicatesse et une justesse
qui charment... C'est un jeu, une chère, une liberté jour et nuit qui attirent tout le monde.
Je n'avais jamais vu les Etats ; c'est une assez belle chose. Je ne crois pas qu'il y ait une
province rassemblée qui ait un aussi grand air que celle-ci ; elle doit être bien pleine, du
moins, car il n'y en a pas un seul à la guerre ni à la cour ; il n'y a que le petit guidon (M. de
Sévigné le fils) qui peut-être y reviendra un jour comme les autres... Une infinité de présents,
des pensions, des réparations de chemins et de villes, quinze ou vingt grandes tables, un jeu
continuel, des bals éternels, des comédies trois fois la semaine, une grande braverie : voilà les
Etats. J'oublie trois ou quatre cents pipes de vin qu'on y boit. »
Les Bretons ont de la peine à pardonner à madame de Sévigné ses moqueries. Je suis
moins rigoureux ; mais je n'aime pas qu'elle dise : « Vous me parlez bien plaisamment de nos
misères ; nous ne sommes plus si roués : un en huit jours seulement, pour entretenir la justice.
Il est vrai que la penderie me paraît maintenant un rafraîchissement. » C'est pousser trop loin
l'agréable langage de cour : Barrère parlait avec la même grâce de la guillotine. En 1793, les
noyades de Nantes s'appelaient des mariages républicains : le despotisme populaire
reproduisait l'aménité de style du despotisme royal.
“Recebes agora, escreve, as notícias de nossos Estados pagando o tributo de ser bretão. O
senhor de Chaulnes chegou domingo à noite, com a maior repercussão possível em Vitré: na
manhã de segunda ele me escreveu uma carta; respondi que iria almoçar com ele. Comemos
em duas mesas separadas na mesma sala; havia quatorze talheres para cada mesa. O senhor
possui uma e a senhora possui a outra. A maravilhosa comida é excessiva, devolvem-se pratos
inteiros de assados; e para as pirâmides de frutas, é preciso aumentar as portas. Nossos pais
não previam esse tipo de coisa, pois nem mesmo compreendiam a razão de uma porta ser mais
alta do que eles... Após a refeição, os senhores de Locmaria e Coëtlogon dançaram com duas
bretãs uns passe-pieds maravilhosos e uns minuetos, elas com tal destreza que os cortesãos
custarão a alcançar : os casais deram passos de boêmios e de baixos-bretões com tal
delicadeza e tal precisão que encantaram... Um jogo, uma comida, uma liberdade dia e noite
seduzem a todos.Eu nunca havia visto os Estados; é coisa muito bonita. Não creio que exista
uma outra província parecida, de uma aparência tão grandiosa como esta; deve estar bem
povoada, já que não há um único homem na guerra nem na Corte; apenas o pequeno guião
(senhor de Sévigné filho), que talvez um dia retornará como os outros... Uma infinidade de
presentes, pensões, reparações de caminhos e de cidades, quinze ou vinte grandes mesas, um
jogo contínuo, bailes eternos, comédias três vezes por semana, trajes esplendorosos: eis os
Estados. Estava esquecendo as trezentas ou quatrocentas pipas de vinho que ali se bebem.”
Os bretões não conseguem perdoar Madame de Sévigné por essas zombarias. Eu sou
menos rigoroso; mas não gosto quando diz: “Você me fala com tanta graça de nossas
misérias; nós não somos mais tão rodados
139
: apenas um a cada oito dias, para entreter a
justiça. A verdade é que a forca agora parece-me hoje um alívio.” Isso é levar longe demais a
gentil linguagem de corte: Barrière falava com a mesma graça da guilhotina. Em 1793, os
afogamentos de Nantes eram chamados de casamentos republicanos: o despotismo popular
reproduzia a amenidade de estilo do despotismo Real.
139
Submetidos ao suplício da roda.
Les fats de Paris, qui accompagnaient aux Etats messieurs les gens du Roi, racontaient
que nous autres hobereaux nous faisions doubler nos poches de fer-blanc, afin de porter à nos
femmes les fricassées de poulet de M. le commandant. On payait cher ces railleries. Un comte
de Sabran était naguère resté sur la place, en échange de ses mauvais propos. Ce descendant
des troubadours et des rois provençaux, grand comme un Suisse, se fit tuer par un petit
chasse-lièvre du Morbihan, de la hauteur d'un Lapon. Ce Ker ne le cédait point à son
adversaire en généalogie : si saint Elzéar de Sabran était proche parent de saint Louis, saint
Corentin, grand-oncle du très noble Ker , était évêque de Quimper sous le roi Gallon II, trois
cents ans avant Jésus-Christ.
(3)
REVENU DU ROI EN BRETAGNE. – REVENU PARTICULIER DE LA
PROVINCE. – LE FOUAGE. – J’ASSISTE POUR LA PREMIÈRE FOIS
À UNE RÉUNION POLITIQUE. – SCÈNE.
Le revenu du Roi, en Bretagne, consistait dans le don gratuit, variable selon les
besoins ; dans le produit du domaine de la couronne, qu'on pouvait évaluer de trois à quatre
cent mille francs ; dans la perception du timbre, etc.
La Bretagne avait ses revenus particuliers, qui lui servaient à faire face à ses charges :
le grand et le petit devoir , qui frappaient les liquides et le mouvement des liquides
fournissant deux millions annuels ; enfin, les sommes rentrant par le fouage . On ne se doute
guère de l'importance du fouage dans notre histoire ; cependant, il fut à la révolution de
France ce que fut le timbre à la révolution des Etats-Unis.
Os fátuos de Paris, que acompanhavam nos Estados a gente do Rei, contavam que,
nós, fidalgotes provincianos, forrávamos nossos bolsos com latas a fim de levar a nossas
mulheres os fricassês de frango do senhor comandante. Paga-se caro por essas chacotas. Um
conde de Sabran, pouco tempo atrás, pagou com a vida. Este descendente dos trovadores e
dos reis provençais, alto como um suíço, foi morto por um pequeno caçador de lebres do
Morbihan, da altura de um lapão. Este Ker não ficava devendo a seu adversário na genealogia:
se São Elzéar de Sabran era parente próximo de São Luís, São Corentino, tio-avô do muito
nobre Ker, era bispo de Quimper sob o Rei Gallon II, trezentos anos antes de Cristo.
Capítulo 3
Receita do Rei na Bretanha. – Receita particular da Província.. – O tributo feudal. – Assisto
pela primeira vez a uma reunião política. – Cena.
A receita do Rei na Bretanha consistia numa doação gratuita, variável segundo as
necessidades; no produto do domínio da Coroa, que podia ser avaliado de trezentos a
quatrocentos mil francos; no pagamento do selo, etc.
A Bretanha possuía suas receitas próprias, que lhe serviam para cobrir seus encargos:
o grande e o pequeno dever, que tocavam os valores líquidos e a movimentação dos valores
líquidos fornecendo dois milhões anuais; finalmente, os montantes vindo do fouage. Quase
não se percebe a importância do fouage em nossa história; contudo, ele foi para a revolução
da França aquilo que foi o selo para a revolução dos Estados Unidos.
Le fouage (census pro singulis focis exactus) était un cens, ou une espèce de taille,
exigé par chaque feu sur les biens roturiers. Avec le fouage graduellement augmenté se
payaient les dettes de la province. En temps de guerre les dépenses s'élevaient à plus de sept
millions d'une session à l'autre, somme qui primait la recette. On avait conçu le projet de créer
un capital des deniers provenus du fouage, et de le constituer en rentes au profit des fouagistes
: le fouage n'eût plus été alors qu'un emprunt. L'injustice (bien qu'injustice légale au terme du
droit coutumier) était de le faire porter sur la seule propriété roturière. Les communes ne
cessaient de réclamer ; la noblesse, qui tenait moins à son argent qu'à ses privilèges, ne voulait
pas entendre parler d'un impôt qui l'aurait rendue taillable. Telle était la question, quand se
réunirent les sanglants Etats de Bretagne du mois de décembre 1788.
Les esprits étaient alors agités par diverses causes : l'assemblée des Notables, l'impôt
territorial, le commerce des grains, la tenue prochaine des Etats-Généraux et l'affaire du
collier, la Cour plénière et le Mariage de Figaro , les grands bailliages et Cagliostro et
Mesmer, mille autres incidents graves ou futiles, étaient l'objet des controverses dans toutes
les familles.
La noblesse bretonne, de sa propre autorité, s'était convoquée à Rennes pour protester
contre l'établissement de la Cour plénière. Je me rendis à cette diète : c'est la première réunion
politique où je me sois trouvé de ma vie. J'étais étourdi et amusé des cris que j'entendais. On
montait sur les tables et sur les fauteuils ; on gesticulait, on parlait tous à la fois. Le marquis
de Trémargat, jambe de bois, disait d'une voix de Stentor : « Allons tous chez le commandant,
M. de Thiard ; nous lui dirons : La noblesse bretonne est à votre porte ; elle demande à vous
parler : le Roi même ne la refuserait pas ! « A ce trait d'éloquence les bravos ébranlaient les
voûtes de la salle. Il recommençait : » Le Roi même ne la refuserait pas ! " Les huchées et les
trépignements redoublaient. Nous allâmes chez M. le comte de Thiard homme de cour, poète
érotique, esprit doux et frivole, mortellement ennuyé de notre vacarme ; il nous regardait
comme des boubous, des sangliers, des bêtes fauves ; il brûlait d'être hors de notre Armorique
et n'avait nulle envie de nous refuser l'entrée de son hôtel.
O fouage (census pro singulis focis exactus) era um censo, ou uma espécie de talha,
exigido por cada domicilio, sobre os bens dos plebeus. Com o fouage, que era gradualmente
aumentado, pagavam-se as dívidas da província. Em tempos de guerra, as despesas se
elevavam acima de sete milhões, de uma sessão a outra, quantia que superava a receita.
Concebera-se o projeto que criava um capital dos ganhos provindos da fouage, constituindo-o
em rendas que beneficiavam os fouagistes: o fouage não passava, neste caso, então, de um
empréstimo. A injustiça (ainda que injustiça legal nos termos do direito consuetudinário)
estava em fazê-lo incidir somente sobre a propriedade plebéia. As comunas não paravam de
reclamar; a nobreza, menos apegada a seu dinheiro do que a seus privilégios, não queria ouvir
falar de um imposto que lhe tornasse tributária da talha. Tal era a questão no momento em que
se reuniram os cruentos Estados de Bretanha do mês de dezembro de 1788.
Os espíritos encontravam-se, então, animados por diversas causas: a Assembléia dos
Notáveis, o imposto territorial, o comércio dos grãos, a próxima convocação dos Estados-
Gerais e o caso do colar, a Corte plenária e o Mariage de Figaro, os grandes bailiados e
Cagliostro e Mesmer, mil outros incidentes graves ou fúteis eram objeto de controvérsia de
todas as famílias.
A nobreza bretã, valendo-se de sua própria autoridade, reunira-se em Rennes para
protestar contra o estabelecimento da Corte plenária.
140
Me dirigi a esta dieta: foi a primeira
reunião política em que estive na vida. Fiquei aturdido e bem-humorado com os gritos que
ouvia. Subia-se nas mesas e poltronas; gesticulava-se, falavam todos ao mesmo tempo. O
marquês de Trémargat, que tinha uma perna de pau, dizia com voz estentórea: Vamos todos
à casa do comandante, o senhor Thiard; nós lhe diremos: A nobreza bretã está a sua porta; e
deseja falar com o senhor: nem mesmo o Rei a recusaria!”
A este sinal de eloqüência os bravos sacudiam as abóbadas da sala. E recomeçavam:
“Nem mesmo o Rei a recusaria!” Redobravam os clamores e sapateados. Fomos à casa do
senhor conde de Thiard, homem de Corte, poeta erótico, de espírito agradável e frívolo,
mortalmente agastado com nossa baderna; olhava como se fôssemos corujas, javalis, bestas
selvagens; ardia de vontade de estar fora de nossa Armórica e não possuía nenhum desejo de
nos recusar a entrada em sua residência.
140
Esta Assembléia precedeu, em junho de 1789, a reunião oficial dos Estados. Um édito havia instituído uma
Corte plenária de justiça para substituir em maio do mesmo ano os parlamentos.
Notre orateur lui dit ce qu'il voulut, après quoi nous vînmes rédiger cette déclaration :
« Déclarons infâmes ceux qui pourraient accepter quelques places, soit dans l'administration
nouvelle de la justice, soit dans l'administration des Etats, qui ne seraient pas avoués par les
lois constitutives de la Bretagne. » Douze gentilshommes furent choisis pour porter cette
pièce au Roi : à leur arrivée à Paris, on les coffra à la Bastille, d'où ils sortirent bientôt en
façon de héros ; ils furent reçus à leur retour avec des branches de laurier. Nous portions des
habits avec de grands boutons de nacre semés d'hermine, autour desquels boutons était écrite
en latin cette devise : « Plutôt, mourir que de se déshonorer. » Nous triomphions de la cour
dont tout le monde triomphait, et nous tombions avec elle dans le même abîme.
(4)
Paris, octobre 1821.
MA MÈRE RETIRÉE À SAINT-MALO.
Ce fut à cette époque que mon frère, suivant toujours ses projets, prit le parti de me
faire agréger à l'ordre de Malte. Il fallait pour cela me faire entrer dans la cléricature : elle
pouvait m'être donnée par M. Courtois de Pressigny, évêque de Saint Malo. Je me rendis donc
dans ma ville natale, où mon excellente mère s'était retirée ; elle n'avait plus ses enfants avec
elle ; elle passait le jour à l'église, la soirée à tricoter. Ses distractions étaient inconcevables :
je la rencontrai un matin dans la rue, portant une de ses pantoufles sous son bras, en guise de
livre de prières. De fois à autre pénétraient dans sa retraite quelques vieux amis, et ils
parlaient du bon temps. Lorsque nous étions tête à tête, elle me faisait de beaux contes en
vers, qu'elle improvisait. Dans un de ces contes le diable emportait une cheminée avec un
mécréant, et le poète s'écriait :
Nosso orador lhe disse tudo o que quis, e após retornamos para redigir a seguinte
declaração: “Declaramos infames todos aqueles que possam aceitar algum posto, seja dentro
da nova administração da Justiça, seja dentro das administrações dos Estados, sem contar com
a aprovação das leis constitutivas da Bretanha.” Doze gentis-homens foram escolhidos para
entregar este documento ao Rei: quando chegaram a Paris, foram encarcerados na Bastilha, de
onde, pouco tempo depois, saíram como heróis; foram recebidos com louros em seu retorno.
Usávamos trajes com uns grandes botões de car feitos de arminho, em torno dos quais
estava escrito em latim a divisa: “Antes a morte que a desonra.”
141
Triunfávamos sobre a
Corte, sobre a qual todo mundo triunfava, e nos precipitávamos com ela no mesmo abismo.
Capítulo 4
Paris, outubro de 1821.
Minha mãe retirada em Saint-Malo.
Foi por esta época, que meu irmão, continuando com seus projetos, tomou a decisão
de me fazer ingressar na Ordem de Malta. Era preciso, para isso, me fazer entrar para o
clericato, que poderia ser-me concedido pelo senhor Courtois de Pressigny, bispo de Saint-
Malo. Dirigi-me, então, à minha cidade natal, para onde minha excelente mãe havia se
retirado; ela não tinha mais os filhos consigo; passava o dia na igreja, e à noite tricotava. Era
espantosamente distraída: encontrei-a certa man na rua, trazendo uma de suas pantufas
debaixo do braço, no lugar de seu livro de orações. De vez em quando, alguns velhos amigos
entravam em seu retiro e conversavam sobre os bons momentos. Quando estávamos sós, ela
me dizia bonitos contos em versos, que improvisava. Num desses contos o diabo trazia um
candeeiro com um descrente dentro, e o poeta exclamava:
141
Trata-se da divisa das armas da Bretanha.
Le diable en l'avenue
Chemina tant et tant,
Qu'on en perdit la vue
En moins d'une heur'de temps.
« Il me semble, dis-je, que le diable ne va pas bien vite. »
Mais madame de Chateaubriand me prouva que je n'y entendais rien : elle était
charmante, ma mère.
Elle avait une longue complainte sur le Récit véritable d ' une cane sauvage, en la ville
de Montfort-la-Cane-lez-Saint-Malo . Certain seigneur avait renfermé une jeune fille d'une
grande beauté dans le château de Montfort à dessein de lui ravir l'honneur. A travers une
lucarne elle apercevait l'église de Saint-Nicolas ; elle pria le saint avec des yeux pleins de
larmes, et elle fut miraculeusement transportée hors du château ; mais elle tomba entre les
mains des serviteurs du félon, qui voulurent en user avec elle comme ils supposaient qu'en
avait fait leur maître. La pauvre fille éperdue, regardant de tous côtés pour chercher quelques
secours, n'aperçut que des canes sauvages sur l'étang du château. Renouvelant sa prière à saint
Nicolas, elle le supplia de permettre à ces animaux d'être témoins de son innocence, afin que
si elle devait perdre la vie, et qu'elle ne pût accomplir les voeux qu'elle avait faits à saint
Nicolas, les oiseaux les remplissent eux-mêmes à leur façon, en son nom et pour sa personne.
La fille mourut dans l'année : voici qu'à la translation des os de saint Nicolas, le 9 de
mai, une cane sauvage, accompagnée de ses petits canetons, vint à l'église de Saint-Nicolas.
Elle y entra et voltigea devant l'image du bienheureux libérateur, pour lui applaudir par le
battement de ses ailes ; après quoi, elle retourna à l'étang ayant laissé un de ses petits en
offrande. Quelque temps après, le caneton s'en retourna sans qu'on s'en aperçût. Pendant deux
cents ans et plus, la cane, toujours la même cane est revenue, à jour fixe, avec sa couvée, dans
l'église du grand saint Nicolas, à Montfort. L'histoire en a été écrite et imprimée en 1652 :
l'auteur remarque fort justement : « que c'est une chose peu considérable devant les yeux de
Dieu, qu'une chétive cane sauvage ; que néanmoins elle tient sa partie pour rendre hommage à
sa grandeur ; que la cigale de saint François était encore moins prisable, et que pourtant ses
fredons charmaient le coeur d'un séraphin. »
Le diable en l'avenue
Chemina tant et tant,
Qu'on en perdit la vue
En moins d'une heur' de tems.
142
“Parece-me que o diabo, disse eu, não anda tão rápido quanto parece.”
Contudo, a senhora de Chateaubriand provou-me que eu não entendia nada: era uma
pessoa encantadora a minha mãe.
Ela conhecia uma longa cantiga sobre a Historia verdadeira de uma pata selvagem, na
cidade de Montfort-la-Cane-lez-Saint-Malo. Um senhor havia aprisionado uma jovem muito
bela dentro do castelo de Montfort com a intenção de desonrá-la. Através de uma lucarna, ela
avistou a igreja de São Nicolau; rezou ao santo com os olhos cheios de lágrimas, e viu-se
milagrosamente transportada para fora do castelo; mas caiu então nas mãos dos servos do
inclemente homem, que desejaram usá-la da mesma forma que supunham que seu senhor
havia feito. A pobre donzela, transtornada, procurando socorro por todos os lados, enxergou
apenas alguns patas selvagens no lago do castelo. Repetindo sua oração a São Nicolau,
suplicou-lhe que permitisse a esses animais serem testemunhas de sua inocência, a fim de que,
caso ela viesse a perder a vida sem poder cumprir os votos feitos a São Nicolau, pudessem as
aves confirmá-los a seu modo, em seu nome e em seu lugar.
A jovem morreu neste mesmo ano: e eis que durante o traslado dos ossos de São
Nicolau, em 9 de maio, uma pata selvagem, acompanhada de suas crias, aparece na igreja de
São Nicolau. Ela entra e põe-se a esvoaçar frente à imagem do bem-aventurado libertador,
para aplaudi-lo com o bater das asas; depois disso, retornou ao lago, deixando uma de suas
crias como oferenda. Após algum tempo, o pequenino foi-se sem ninguém perceber. Durante
mais de duzentos anos, a pata, sempre a mesma pata, retornou em dia fixo, com sua ninhada, à
igreja do grande São Nicolau, em Montfort. Essa historia foi escrita e impressa em 1652; o
autor observa com bastante justeza: “que é algo insignificante aos olhos de Deus esta pobre
pata selvagem; e que, todavia, ela faz sua parte em homenagem à sua grandeza; que a cigarra
de São Francisco era ainda menos estimável, e, no entanto, seus gorjeios seduziam o coração
de um Serafim.”
142
O diabo andou tão depressa pela avenida, que a gente o perdeu de vista em menos de uma hora.
Mais madame de Chateaubriand suivait une fausse tradition : dans sa complainte, la
fille renfermée à Montfort était une princesse, laquelle obtint d'être changée en cane, pour
échapper à la violence de son vainqueur. Je n'ai retenu que ces vers d'un couplet de la
romance de ma mère :
Cane la belle est devenue,
Cane la belle est devenue,
Et s'envola, par une grille,
Dans un étang plein de lentilles.
(5)
Paris, octobre 1821.
CLÉRICATURE. – ENVIRONS DE SAINT- MALO
Comme madame de Chateaubriand était une véritable sainte, elle obtint de l'évêque de
Saint Malo la promesse de me donner la cléricature ; il s'en faisait scrupule : la marque
ecclésiastique donnée à un laïque et à un militaire lui paraissait une profanation qui tenait de
la simonie. M. Courtois de Pressigny, aujourd'hui archevêque de Besançon et pair de France,
est un homme de bien et de mérite. Il était jeune alors, protégé de la Reine, et sur le chemin de
la fortune où il est arrivé plus tard par une meilleure voie : la persécution.
Mas a senhora de Chateaubriand seguia uma falsa tradição: em sua cantiga, a moça
encerrada em Montfort era uma princesa que obtivera fora transformada em pata para escapar
à violência de seu malfeitor. Não lembro mais que estes versos de uma estrofe da cantiga de
minha mãe:
Cane la belle est devenue,
Cane la belle est devenue,
Et s'envola, par une grille,
Dans un étang plein de lentilles.
143
Capítulo 5
Paris, outubro 1821.
Clericato. – Arredores de Saint-Malo.
Como a senhora de Chateaubriand era uma verdadeira santa, ela obteve do bispo de
Saint-Malo a promessa de me conceder o clericato; ele tinha seus escrúpulos quanto a isso: o
sinal eclesiástico concedido a um laico e militar parecia-lhe uma profanação que se
aparentava à simonia. O senhor Courtois de Pressigny, hoje arcebispo de Besançon e par de
França, é um homem de bem e de mérito. Ele era jovem à época, protegido da Rainha, e
encontrava-se no caminho da fortuna, à qual chegaria mais tarde por uma via melhor: a da
perseguição.
143
“A donzela converteu-se em pata, a donzela converteu-se em pata, e voou através das grades para um lago
repleto de lemnas aquáticas.”
Je me mets à genoux, en uniforme, l'épée au côté, aux pieds du prélat ; il me coupa
deux ou trois cheveux sur le sommet de la tête ; cela s'appela tonsure, de laquelle je reçus
lettres en bonnes formes. Avec ces lettres, 200 mille livres de rentes pouvaient m'échoir,
quand mes preuves de noblesse auraient été admises à Malte : abus, sans doute, dans l'ordre
ecclésiastique, mais chose utile dans l'ordre politique de l'ancienne constitution. Ne valait-il
pas mieux qu'une espèce de bénéfice militaire s'attachât à l'épée d'un soldat qu'à la mantille
d'un abbé, lequel aurait mangé sa grasse prieurée sur les pavés de Paris ?
La cléricature, à moi conférée pour les raisons précédentes, a fait dire, par des
biographes mal informés, que j'étais d'abord entré dans l'Eglise.
Ceci se passait en 1788. J'avais des chevaux, je parcourais la campagne, ou je galopais
le long des vagues, mes gémissantes et anciennes amies ; je descendais de cheval, et je me
jouais avec elles ; toute la famille aboyante de Scylla sautait à mes genoux pour me caresser :
Nunc vada latrantis Scyllae . Je suis allé bien loin admirer les scènes de la nature ; je m'aurais
pu contenter de celles que m'offrait mon pays natal.
Rien de plus charmant que les environs de Saint Malo, dans un rayon de cinq à six
lieues. Les bords de la Rance, en remontant cette rivière depuis son embouchure jusqu'à
Dinan, mériteraient seuls d'attirer les voyageurs ; mélange continuel de rochers et de verdure,
de grèves et de forêts, de criques et de hameaux, d'antiques manoirs de la Bretagne féodale et
d'habitations modernes de la Bretagne commerçante. Celles-ci ont été construites en un temps
où les négociants de Saint Malo étaient si riches que, dans leurs jours de goguettes, ils
fricassaient des piastres, et les jetaient toutes bouillantes au peuple par les fenêtres. Ces
habitations sont d'un grand luxe. Bonabant, château de MM. de Lasaudre, est en partie de
marbre apporté de Gênes, magnificence dont nous n'avons pas même l'idée à Paris. La
Brillantais, Le Beau, le Mont-Marin, La Ballue, le Colombier, sont ou étaient ornés
d'orangeries, d'eaux jaillissantes et de statues. Quelquefois les jardins descendent en pente au
rivage derrière les arcades d'un portique de tilleuls, à travers une colonnade de pins, au bout
d'une pelouse ; par-dessus les tulipes d'un parterre, la mer présente ses vaisseaux, son calme et
ses tempêtes.
Coloquei-me de joelhos, em uniforme, espada à cintura, aos pés do prelado; ele cortou
duas ou três mechas de cabelo no topo de minha cabeça; a isso se chama de tonsura, pela qual
recebi títulos conforme o previsto. Com esses títulos, 200 mil libras podiam me pertencer no
momento em que minhas provas de nobreza fossem admitidas em Malta: abuso sem dúvida
dentro da ordem eclesiástica, mas algo útil dentro da ordem política da antiga constituição.
Não era preferível que uma espécie de benefício militar servisse à espada de um soldado do
que à mantilha de um abade, que teria dilapidado seu farto priorado pelas ruas de Paris?
O clericato, a mim conferido pelas razões que acabo de expor, fez alguns biógrafos
mal informados dizerem que eu havia, primeiramente, entrado na Igreja.
Isto se passava em 1788. Eu possuía cavalos, eu percorria os campos, ou galopava ao
lado das vagas, minhas ruidosas e velhas amigas; eu descia do cavalo e brincava com elas;
toda a família ladradora de Cila saltava em minhas pernas a fim de me acariciar: Nunc vada
latrantis Scyllae. Tenho partido para bem longe para admirar as cenas da natureza; poderia
ter-me contentado com aquelas que minha região natal me oferecia.
Não nada de mais encantador do que os arredores de Saint-Malo, em um raio de
cinco a seis léguas. As margens do Rance, elevando-se este rio desde seu desaguadouro até
Dinan, mereceriam por si atrair a atenção dos viajantes; mescla continua de rochas e de
verdes, de praias e de florestas, de calhetas e de aldeias, de antigos solares senhoriais da
Bretanha feudal e de residências modernas da Bretanha mercantil. Estas foram construídas em
um tempo em que os negociantes de Saint-Malo eram tão ricos que, nos seus dias de farra,
eles fritavam as piastras, e as jogavam ao povo ainda ferventes pelas janelas. Essas
residências são de um grande luxo. Bonabant, castelo dos senhores de Lasaudre, é feito em
parte de mármore trazido de Gênova, magnificência de que não temos noção mesmo em Paris.
La Brillantais, Le Beau, le Mont-Marin, La Ballue, le Colombier eram ou são ornamentados
de pomares de laranjeiras, de águas e de estátuas. Algumas vezes os jardins descem em
declive em direção à margem por detrás das arcadas de um pórtico de tílias, através de uma
colunata de pinheiros num canto de relva; por cima das tulipas de um canteiro, o mar
apresenta seus barcos, sua calma e suas tempestades.
Chaque paysan, matelot et laboureur, est propriétaire d'une petite bastide blanche avec
un jardin : parmi les herbes potagères, les groseilliers, les rosiers, les iris, les soucis de ce
jardin, on trouve un plant de thé de Cayenne, un pied de tabac de Virginie, une fleur de la
Chine, enfin quelque souvenir d'une autre rive et d'un autre soleil : c'est l'itinéraire et la carte
du maître du lieu. Les tenanciers de la côte sont d'une belle race normande ; les femmes
grandes, minces, agiles, portent des corsets de laine grise, des jupons courts de callemandre et
de soie rayée, des bas blancs à coins de couleur. Leur front est ombragé d'une large coiffe de
basin ou de batiste, dont les pattes se relèvent en forme de béret, ou flottent en manière de
voile. Une chaîne d'argent à plusieurs branches pend à leur côté gauche. Tous les matins, au
printemps, ces filles du Nord, descendant de leurs barques, comme si elles venaient encore
envahir la contrée, apportent au marché des fruits dans des corbeilles, et des caillebottes dans
des coquilles : lorsqu'elles soutiennent d'une main sur leur tête des vases noirs remplis de lait
ou de fleurs, que les barbes de leurs cornettes blanches accompagnent leurs yeux bleus, leur
visage rose, leurs cheveux blonds emperlés de rosée, les Valkyries de l'Edda dont la plus
jeune est l' Avenir , ou les Canéphores d'Athènes n'avaient rien d'aussi gracieux. Ce tableau
ressemble-t-il encore ? Ces femmes, sans doute ne sont plus ; il n'en reste que mon souvenir.
(6)
Paris, octobre 1821.
LE REVENANT. – LE MALADE.
Je quittai ma mère, et j'allai voir mes soeur aînées aux environs de Fougères. Je
demeurai un mois chez madame de Châteaubourg. Ses deux maisons de campagne,
Lascardais et Le Plessis, près Saint-Aubin-du-Cormier, célèbre par sa tour et sa bataille,
étaient situées dans un pays de roches, de landes et de bois. Ma soeur avait pour régisseur M.
Livoret, jadis jésuite, auquel il était arrivé une étrange aventure.
Todo camponês, marinheiro ou lavrador é proprietário de uma pequena quinta branca
com um jardim: entre as hortaliças, as groselheiras, as roseiras, os lírios, as calêndulas deste
jardim, encontramos plantado algum chá de Caiena, um de tabaco da Virgínia, uma flor da
China, enfim, alguma recordação de uma outra paragem e de um outro sol: é o itinerário e o
mapa do proprietário do lugar. Os proprietários da costa são de uma bela raça normanda; as
mulheres altas, esguias, ágeis, vestem corpetes de cinza, saiotes curtos de durante e de seda
listrada, meias brancas com pontas de cor. O rosto delas é protegido por uma larga coifa de
bombazina ou de cambraia de linho, cujas presilhas elevam-se em forma de boina, ou flutuam
à maneira de um véu. Uma corrente de prata com várias pontas pende de seu lado esquerdo.
Todas as manhãs, na primavera, essas filhas do norte, ao descerem de suas barcas, como se
viessem de novo invadir o lugar, trazem, para o mercado, frutas em corbelhas, e coalhadas em
conchas: quando elas sustentam, com uma mão sobre a cabeça, os vasos negros cheios de leite
ou de flores, quando as rendas de suas toucas brancas seguem seus olhos azuis, sua face
rosada, seus cabelos loiros emperlados de orvalho, as valquírias de Edda, das quais a mais
jovem é o Porvir, ou as canéforas de Atenas, não possuíam tanta graça. Seria este quadro
ainda fiel? Estas mulheres, sem dúvida, não mais existem; restam delas somente minhas
recordações.
Capítulo 6
Paris, outubro de 1821.
O espectro. – O enfermo.
Deixei minha mãe, e fui ver minhas irmãs mais velhas nas cercanias de Fougères.
Permaneci um mês na casa da senhora de Chateaubourg. Suas duas casas de campo,
Lascardais e Le Plessis, perto de Saint-Aubin-du-Cormier, célebre por sua torre e sua batalha,
situavam-se em uma região de rochas, de landes e de bosques. Minha irmã tinha por
administrador o senhor Livorel, jesuíta em outros tempos, a quem sucedera uma estranha
aventura.
Quand il fut nommé régisseur à Lascardais, le comte de Châteaubourg, le père, venait
de mourir : M. Livoret qui ne l'avait pas connu, fut installé gardien du castel. La première nuit
qu'il y coucha seul, il vit entrer dans son appartement un vieillard pâle, en robe de chambre,
en bonnet de nuit, portant une petite lumière. L'apparition s'approche de l'âtre, pose son
bougeoir sur la cheminée, rallume le feu et s'assied dans un fauteuil. M. Livoret tremblait de
tout son corps. Après deux heures de silence, le vieillard se lève, reprend sa lumière et sort de
la chambre en fermant la porte.
Le lendemain, le régisseur conta son aventure aux fermiers, qui, sur la description de
la lémure, affirmèrent que c'était leur vieux maître. Tout ne finit pas là : si M. Livoret
regardait derrière lui dans une forêt il apercevait le fantôme ; s'il avait à franchir un échalier
dans un champ, l'ombre se mettait à califourchon sur l'échalier. Un jour, le misérable obsédé
s'étant hasardé à lui dire : « Monsieur de Châteaubourg, laissez-moi » ; le revenant répondit :
« Non ». M. Livoret, homme froid et positif, très peu brillant d'imaginative, racontait tant
qu'on voulait son histoire, toujours de la même manière et avec la même conviction.
Un peu plus tard, j'accompagnai en Normandie un brave officier atteint d'une fièvre
cérébrale. On nous logea dans une maison de paysan : une vieille tapisserie prêtée par le
seigneur du lieu, séparait mon lit de celui du malade. Derrière cette tapisserie on saignait le
patient ; en délassement de ses souffrances, on le plongeait dans des bains de glace. Il
grelottait dans cette torture, les ongles bleus, le visage violet et grincé, les dents serrées, la tête
chauve, une longue barbe descendant de son menton pointu et servant de vêtement à sa
poitrine nue maigre et mouillée.
Quand le malade s'attendrissait, il ouvrait un parapluie, croyant se mettre à l'abri de ses
larmes : si le moyen était sûr contre les pleurs, il faudrait élever une statue à l'auteur de la
découverte.
Mes seuls bons moments étaient ceux où je m'allais promener dans le cimetière de
l'église du hameau, bâtie sur un tertre. Mes compagnons étaient les morts, quelques oiseaux et
le soleil qui se couchait. Je rêvais à la société de Paris, à mes premières années, à mon
fantôme, à ces bois de Combourg dont j'étais si près par l'espace, si loin par le temps ; je
retournais à mon pauvre malade : c'était un aveugle conduisant un aveugle.
Na ocasião em que ele foi nomeado administrador em Lascardais, o conde de
Chateaubourg, pai, acabara de morrer: o senhor Livorel, que não o havia conhecido,
estabeleceu-se como guardião do castelo. Na primeira noite em que dormiu ali sozinho, viu
entrar na casa um homem velho pálido, de roupão e touca de dormir, trazendo um pequeno
candeeiro. A assombração se aproxima do átrio, deposita a vela sobre a lareira, acende o fogo
e se acomoda numa poltrona. O senhor Livorel tremia dos pés à cabeça. Após duas horas de
silêncio, o velho se levanta, retoma o candeeiro e sai do quarto, fechando a porta.
No dia seguinte, o administrador contou sua aventura aos moradores, que, diante da
descrição do fantasma, afirmaram que se tratava de seu antigo senhor. A coisa não parou aí:
se o senhor Livorel espreitasse atrás de si numa floresta via o fantasma; se tinha que subir
numa escada nos campos, a sombra metia-se escarrapachada sobre a escada. Um dia, o
miserável, acuado, atreveu-se a dizer: “Deixe-me, senhor de Chateaubourg”; a assombração
respondeu: “Não”.O senhor Livorel, homem frio e positivo, de imaginação pouco brilhante,
contou isso tantas vezes quantas lhe pediam, sempre do mesmo modo e com a mesma
convicção.
Pouco tempo depois, acompanhei, na Normandia, um bravo oficial atingido por uma
febre cerebral. Fomos hospedados em casa de um camponês: uma velha tapeçaria emprestada
pelo senhor do lugar, separava minha cama e a do enfermo. Por detrás dessa tapeçaria faziam
a sangria do paciente; para alívio de seus sofrimentos, davam-lhe banhos de água gelada. Ele
tiritava em meio a essa tortura, as unhas estavam azuis, a face arroxeada e crispada, os dentes
serrados, a cabeça calva, uma longa barba caía de seu queixo pontudo e servia como abrigo a
seu peito nu, magro e molhado.
Quando o enfermo se comovia, ele abria um guarda-chuva, imaginando colocar-se ao
abrigo de suas lágrimas: se o artifício fosse eficaz contra o pranto, haveria que se erguer uma
estátua ao autor da descoberta.
Meus únicos momentos bons eram aqueles em que ia passear pelo cemitério da igreja
da aldeia, construída sobre uma pequena colina. Meus companheiros eram os mortos, algumas
aves e o sol que se punha. Eu pensava na vida social de Paris, nos meus primeiros anos, nos
meus fantasmas, naqueles bosques de Combourg do qual me encontrava tão próximo pelo
espaço e tão longe pelo tempo; voltava para o meu pobre enfermo: era um cego guiando um
cego.
Hélas ! un coup, une chute, une peine morale raviront à Homère, à Newton, à Bossuet,
leur génie, et ces hommes divins, au lieu d'exciter une pitié profonde, un regret amer et
éternel, pourraient être l'objet d'un sourire ! Beaucoup de personnes que j'ai connues et aimées
ont vu se troubler leur raison auprès de moi, comme si je portais le germe de la contagion. Je
ne m'explique le chef-d'oeuvre de Cervantes et sa gaîté cruelle, que par une réflexion triste :
en considérant l'être entier, en pesant le bien et le mal, on serait tenté de désirer tout accident
qui porte à l'oubli, comme un moyen d'échapper à soi-même : un ivrogne joyeux est une
créature heureuse. Religion à part, le bonheur est de s'ignorer et d'arriver à la mort sans avoir
senti la vie.
Je ramenai mon compatriote parfaitement guéri.
(7)
Paris, octobre 1821.
ÉTAT DE BRETAGNE EN 1789. – INSURRECTION. –
SAINT-RIVEUL, MON CAMARADE DE COLLÈGE, EST TUÉ.
Madame Lucile et madame de Farcy, revenues avec moi en Bretagne, voulaient
retourner à Paris ; mais je fus retenu par les troubles de la province. Les Etats étaient
semoncés pour la fin de décembre (1788). La commune de Rennes, et après elle les autres
communes de Bretagne, avaient pris un arrêté qui défendait à leurs députés de s'occuper
d'aucune affaire avant que la question des fouages n'eût été réglée.
Le comte de Boisgelin, qui devait présider l'ordre de la noblesse, se hâta d'arriver à
Rennes. Les gentilshommes furent convoqués par lettres particulières, y compris ceux qui,
comme moi, étaient encore trop jeunes pour avoir voix délibérative. Nous pouvions être
attaqués, il fallait compter les bras autant que les suffrages : nous nous rendîmes à notre poste.
Desgraça! Um golpe, uma queda, um sofrimento moral arrebataram o gênio de
Homero, de Newton, de Bossuet, e esses homens divinos, em vez de despertarem uma
profunda piedade, um amargo e eterno lamento, poderiam provocar um sorriso! Muitas
pessoas que amei e conheci tiveram a razão obscurecida a meu lado, como se eu carregasse o
germe de um contágio. Não me é possível explicar a obra-prima de Cervantes e seu humor
cruel senão por uma triste reflexão: considerando o ser em sua inteireza, pesando o bem e o
mal, seríamos tentados a desejar todo o acidente que traga o esquecimento, como um meio de
escapar a si mesmo: um bêbado alegre é uma criatura feliz. Religião à parte, felicidade é
ignorar-se e chegar à morte sem que se tenha sentido a vida.
Voltei com meu compatriota perfeitamente curado.
Capítulo 7
Paris, outubro de 1821.
Estados de Bretanha em 1789. – Insurreição. – Saint-Riveul, meu companheiro de colégio, é
morto.
A Senhora Lucile e a senhora de Farcy, que haviam retornado comigo à Bretanha
quiseram voltar a Paris; mas fui detido pelos distúrbios da província. Os Estados haviam sido
convocados para o final de dezembro (1788). A comuna de Rennes e a seguir as outras
comunas da Bretanha, haviam tomado a resolução de proibir seus deputados de tratar de
qualquer assunto antes que a questão do fouage tivesse sido resolvida.
O conde de Boisgelin, que devia presidir a ordem da nobreza, se apressou em chegar a
Rennes. Os gentis-homens foram convocados mediante cartas particulares, inclusive aqueles
que, assim como eu, eram ainda muito jovens para terem voz deliberativa. Podíamos ser
atacados, era preciso contar com braços tanto quanto com sufrágios: dirigimo-nos a nossos
postos.
Plusieurs assemblées se tinrent chez M. de Boisgelin avant l'ouverture des Etats.
Toutes les scènes de confusion auxquelles j'avais assisté, se renouvelèrent. Le chevalier de
Guer, le marquis de Trémargat, mon oncle le comte de Bedée, qu'on appelait Bedée l '
artichaut, à cause de sa grosseur, par opposition à un autre Bedée, long et effilé, qu'on
nommait Bedée l ' asperge, cassèrent plusieurs chaises en grimpant dessus pour pérorer. Le
marquis de Trémargat, officier de marine à jambe de bois, faisait beaucoup d'ennemis à son
ordre : on parlait un jour d'établir une école militaire où seraient élevés les fils de la pauvre
noblesse ; un membre du tiers s'écria : « Et nos fils, qu'auront-ils ? - L'hôpital », répartit
Trémargat : mot qui, tombé dans la foule, germa promptement.
Je m'aperçus au milieu de ces réunions d'une disposition de mon caractère que j'ai
retrouvée depuis dans la politique et dans les armes : plus mes collègues ou mes camarades
s'échauffaient, plus je me refroidissais ; je voyais mettre le feu à la tribune ou au canon avec
indifférence : je n'ai jamais salué la parole ou le boulet.
Le résultat de nos délibérations fut que la noblesse traiterait d'abord des affaires
générales, et ne s'occuperait du fouage qu'après la solution des autres questions ; résolution
directement opposée à celle du tiers. Les gentilshommes n'avaient pas grande confiance dans
le clergé, qui les abandonnait souvent, surtout quand il était présidé par l'évêque de Rennes,
personnage patelin, mesuré, parlant avec un léger zézaiement qui n'était pas sans grâce, et se
ménageant des chances à la cour. Un journal, la Sentinelle du Peuple , rédigé à Rennes par un
écrivailleur arrivé de Paris, fomentait les haines.
Les Etats se tinrent dans le couvent des Jacobins sur la place du Palais. Nous entrâmes,
avec les dispositions qu'on vient de voir, dans la salle des séances ; nous n'y fûmes pas plus
tôt établis, que le peuple nous assiégea. Les 25, 26, 27 et 28 janvier 1789 furent des jours
malheureux. Le comte de Thiard avait peu de troupes ; chef indécis et sans vigueur, il se
remuait et n'agissait point. L'école de droit de Rennes, à la tête de laquelle était Moreau, avait
envoyé quérir les jeunes gens de Nantes ; ils arrivaient au nombre de quatre cents, et le
commandant, malgré ses prières, ne les put empêcher d'envahir la ville. Des assemblées, en
sens divers, au champ Montmorin et dans les cafés, en étaient venues à des collisions
sanglantes.
Antes da abertura dos Estados, foram feitas várias assembléias na casa do senhor de
Boisgelin. Todas as cenas de confusão, às quais eu havia assistido, recomeçaram.O cavaleiro
de Guer, o marquês de Trémargat, meu tio, o conde de Bedée, chamado de Bedée alcachofra,
por causa de sua gordura, em oposição a outro Bedée, alto e esguio, nomeado de Bedée
aspargo, quebraram muitas cadeiras nas quais subiam para perorar. O marquês de Trémargat,
oficial da marinha de perna de pau, conquista vários inimigos: falava-se em um dia criar uma
escola militar onde seriam educados os filhos da nobreza pobre; um membro do terceiro
Estado gritou: « E nossos filhos, o que vão ter? » «– O asilo de indigentes », retrucou
Trémargat: resposta que, ao cair sobre a multidão, repercutiu fortemente.
Em meio a essas reuniões, percebi em mim uma disposição de caráter que iria
reencontrar posteriormente na política a nas armas: quanto mais se acaloravam meus colegas e
companheiros, mais eu esfriava; via com indiferença atearem fogo na tribuna ou no canhão:
jamais saudei a palavra ou a bala.
O resultado de nossas deliberações foi que a nobreza devia tratar, em primeiro lugar,
dos assuntos gerais, para ocupar-se do fouage somente após a solução das outras questões;
resolução diretamente oposta àquela do terceiro estado. Os gentis-homens não possuíam
grande confiança no clero, que muitas vezes os abandonou, principalmente quando foi
presidido pelo bispo de Rennes, personagem bajulador, comedido, que falava com um leve
ceceio, embora não desprovido de alguma graça, e que fazia suas apostas na Corte. Um jornal,
a Sentinelle du peuple, redigido em Rennes por um escrevinhador chegado de Paris, começava
a fomentar ódios.
Os Estados se reuniram no convento dos Jacobinos à Praça do Palácio. Entramos, com as
disposições que acabamos de ver, à sala das sessões; tão mal acabamos de nos estabelecer ali,
o povo começou a sitiar-nos. 25, 26, 27 e 28 de janeiro de 1789 foram dias infelizes. O conde
de Thiard possuía poucas tropas; chefe indeciso e sem vigor, agitava-se bastante, mas não
agia. A escola de Direito de Rennes, em cujo comando estava Moreau, havia reclamado a
presença dos jovens de Nantes; contavam quatrocentos os que chegaram, e o comandante,
apesar dos pedidos, não pôde impedi-los de invadir a cidade. As assembléias, em sentidos
diversos, nos campos de Montmorin e nos cafés, haviam terminado em choques sangrentos.
Las d'être bloqués dans notre salle, nous prîmes la résolution de saillir dehors, l'épée à
la main ; ce fut un assez beau spectacle. Au signal de notre président, nous tirâmes nos épées
tous à la fois, au cri de : Vive la Bretagne ! et, comme une garnison sans ressources, nous
exécutâmes une furieuse sortie, pour passer sur le ventre des assiégeants. Le peuple nous reçut
avec des hurlements, des jets de pierres, des bourrades de bâtons ferrés et des coups de
pistolet. Nous fîmes une trouée dans la masse de ses flots qui se refermaient sur nous.
Plusieurs gentilshommes furent blessés, traînés, déchirés, chargés de meurtrissures et de
contusions. Parvenus à grande peine à nous dégager, chacun regagna son logis.
Des duels s'ensuivirent entre les gentilshommes, les écoliers de droit et leurs amis de
Nantes. Un de ces duels eut lieu publiquement sur la place Royale ; l'honneur en resta au
vieux Keralieu, officier de marine, attaqué, qui se battit avec une incroyable vigueur, aux
applaudissements de ses jeunes adversaires.
Un autre attroupement s'était formé. Le comte de Montboucher aperçut dans la foule
un étudiant nommé Ulliac, auquel il dit : « Monsieur, ceci nous regarde. » On se range en
cercle autour d'eux ; Montboucher fait sauter l'épée d'Ulliac et la lui rend : on s'embrasse et la
foule se disperse.
Du moins, la noblesse bretonne ne succomba pas sans honneur. Elle refusa de députer
aux Etats-Généraux, parce qu'elle n'était pas convoquée selon les lois fondamentales de la
constitution de la province ; elle alla rejoindre en grand nombre l'armée des Princes, se fit
décimer à l'armée de Condé, ou avec Charette dans les guerres vendéennes. Eût-elle changé
quelque chose à la majorité de l'Assemblée nationale, au cas de sa réunion à cette assemblée ?
Cela n'est guère probable : dans les grandes transformations sociales, les résistances
individuelles, honorables pour les caractères sont impuissantes contre les faits. Cependant, il
est difficile de dire ce qu'aurait pu produire un homme du génie de Mirabeau, mais d'une
opinion opposée, s'il s'était rencontré dans l'ordre de la noblesse bretonne.
Le jeune Boishue et Saint-Riveul, mon camarade de collège, avaient péri avant ces
rencontres, en se rendant à la chambre de la noblesse ; le premier fut en vain défendu par son
père, qui lui servit de second.
Cansados de ficarmos presos em nossa sala, tomamos a decisão de sair, com a espada
à mão; foi um admirável espetáculo. Após o sinal de nosso presidente, todos empunhamos as
espadas, bradando: Vive la Bretagne! e, como uma guarnição sem recursos, fizemos uma
saída furiosa, para passarmos sobre os corpos dos sitiantes. O povo recebeu-nos aos gritos,
com pedradas, golpes de bastões de ferro e tiros de pistola. Forçamos o caminho em meio à
multidão que se fechava atrás de nós. Vários gentis-homens foram feridos, arrastados,
dilacerados, e acabaram cheios de machucados e de contusões. Tendo nos desvencilhado
desses obstáculos todos, cada qual rumou para sua casa.
A isso se seguiram duelos entre os gentis-homens, os estudantes de Direito e seus
amigos de Nantes. Um desses duelos foi travado publicamente na Praça Royale; a glória
nesses embates ficou com o velho Keralieu, oficial da marinha, que ao ser atacado lutou com
um vigor extraordinário, sob os aplausos de seus jovens adversários.
Um outro tumulto se fez. O conde de Montboucher avistou no meio da multidão um
estudante de nome Ulliac, a quem disse: “Senhor, este assunto nos diz respeito”. As pessoas
os cercam; Montboucher faz saltar a espada de Ulliac e a devolve: abraçam-se e a multidão se
dispersa.
Pelo menos, a nobreza bretã não sucumbiu sem honra. Ela recusou-se a deputar nos
Estados-Gerais, porque não havia sido convocada de acordo com as leis fundamentais da
constituição da província; um grande número juntou-se ao exército dos Príncipes, viu-se
dizimado no exército de Condé, ou com Charette nas guerras da Vendéia. Alguma coisa teria
mudado na maioria da Assembléia Nacional, caso esta nobreza se reunisse a tal assembléia? É
pouco provável: nas grandes transformações sociais, as resistências individuais, honrosas para
as pessoas de caráter, são impotentes contra os fatos. Contudo, é difícil imaginar o que um
homem com o gênio de Mirabeau, mas de opinião contrária, poderia ter produzido, se se
encontrasse na ordem da nobreza bretã.
O jovem Boishue e Saint-Riveul, meu companheiro de colégio, havia perecido antes
destas reuniões, ao se dirigirem à Câmara da nobreza; o primeiro foi em vão defendido pelo
pai, que lhe servia de protetor.
Lecteur, je t'arrête : regarde couler les premières gouttes de sang que la Révolution
devait répandre. Le ciel a voulu qu'elles sortissent des veines d'un compagnon de mon
enfance. Supposons ma chute au lieu de celle de Saint-Riveul ; on eût dit de moi, en
changeant seulement le nom, ce que l'on dit de la victime par qui commence la grande
immolation : « Un gentilhomme, nommé Chateaubriand , fut tué en se rendant à la salle, des
Etats. » Ces deux mots auraient remplacé ma longue histoire. Saint-Riveul eût-il joué mon
rôle sur la terre ? était-il destiné au bruit ou au silence ?
Passe maintenant, lecteur ; franchis le fleuve de sang qui sépare à jamais le vieux
monde dont tu sors, du monde nouveau à l'entrée duquel tu mourras.
(8)
Paris, novembre 1821.
ANNÉE 1789. – VOYAGE DE BRETAGNE À PARIS. –
MOUVEMENT SUR LA ROUTE. – ASPECT DE PARIS. – RENVOI
DE M. NECKER. – VERSAILLES. – JOIE DE LA FAMILLE
ROYALE. – INSURRECTION GÉNÉRALE. – PRISE DE LA BASTILLE.
L'année 1789, si fameuse dans notre histoire et dans l'histoire de l'espèce humaine, me
trouva dans les landes de ma Bretagne ; je ne pus même quitter la province qu'assez tard, et
n'arrivai à Paris qu'après le pillage de la maison Réveillon, l'ouverture des Etats-Généraux, la
constitution du tiers-état en Assemblée nationale, le serment du Jeu-de-Paume, la séance
royale du 23 juin, et la réunion du clergé et de la noblesse au tiers-état.
Le mouvement était grand sur ma route : dans les villages, les paysans arrêtaient les
voitures, demandaient les passeports, interrogeaient les voyageurs. Plus on approchait de la
capitale, plus l'agitation croissait. En traversant Versailles, je vis des troupes casernées dans
l'orangerie ; des trains d'artillerie parqués dans les cours ; la salle provisoire de l'Assemblée
nationale élevée sur la place du palais, et des députés allant et venant parmi des curieux, des
gens du château et des soldats.
Leitor, aqui o interrompo: veja como correm as primeiras gotas de sangue que a
Revolução haveria de derramar. O céu quis que saíssem das veias de um companheiro de
minha infância. Imaginemos que eu sucumbisse no lugar de Saint-Riveul; haveriam de dizer
de mim, mudando tão-somente o nome, aquilo que se disse da vítima por quem se inicia a
grande imolação: “Um gentil-homem, chamado Chateaubriand, foi morto ao dirigir-se para a
sala dos Estados.” Essas poucas palavras teriam mudado minha longa história. Teria Saint-
Riveul desempenhado o meu papel sobre a terra? Ele estaria destinado ao ruído ou ao
silêncio?
Agora passe, leitor; atravesse o rio de sangue que divide para sempre o velho mundo
de que você sai, do mundo novo em cuja entrada você morrerá.
Capítulo 8
Paris, novembro de 1821.
Ano de 1789. – Viagem da Bretanha a Paris. – Movimento no caminho. – Aspecto de
Paris. – Demissão do senhor Necker. – Versalhes. – Alegria da família real. – Insurreição
geral. – Tomada da Bastilha.
O ano de 1789, tão famoso em nossa história e na história da espécie humana, colheu-
me nas landes de minha Bretanha; pude, na realidade, deixar a província bem mais tarde, e
cheguei a Paris somente depois da pilhagem da casa Réveillon, da abertura dos Estados
Gerais, da constituição do Terceiro Estado em Assembléia Nacional, do juramento do Jeu de
Paume, da sessão real de 23 de junho, e da reunião do clero e da nobreza com o terceiro
estado.
O movimento no caminho era grande: nos vilarejos, os camponeses interceptavam os
coches, pediam passaportes, interrogavam os viajantes. Quanto mais nos aproximávamos da
capital, mais crescia a agitação. Ao atravessar Versalhes, vi tropas aquarteladas na Orangerie;
trens de artilharia recolhidos dentro dos pátios; a sala provisória da Assembléia Nacional
erguida na praça do palácio, e deputados indo e vindo no meio dos curiosos, da gente do
castelo e dos soldados.
A Paris, les rues étaient encombrées d'une foule qui stationnait à la porte des
boulangers ; les passants discouraient au coin des bornes ; les marchands, sortis de leurs
boutiques, écoutaient et racontaient des nouvelles devant leurs portes ; au Palais-Royal
s'aggloméraient des agitateurs : Camille Desmoulins commençait à se distinguer dans les
groupes.
A peine fus-je descendu, avec madame de Farcy et madame Lucile, dans un hôtel
garni de la rue de Richelieu, qu'une insurrection éclate : le peuple se porte à l'Abbaye, pour
délivrer quelques gardes-françaises arrêtés par ordre de leurs chefs. Les sous-officiers d'un
régiment d'artillerie caserné aux Invalides se joignent au peuple. La défection commence dans
l'armée.
La cour tantôt cédant, tantôt voulant résister, mélange d'entêtement et de faiblesse, de
bravacherie et de peur, se laisse morguer par Mirabeau qui demande l'éloignement des
troupes, et elle ne consent pas à les éloigner : elle accepte l'affront et n'en détruit pas la cause.
A Paris, le bruit se répand qu'une armée arrive par l'égout Montmartre, que des dragons vont
forcer les barrières. On recommande de dépaver les rues, de monter les pavés au cinquième
étage, pour les jeter sur les satellites du tyran : chacun se met à l'oeuvre. Au milieu de ce
brouillement, M. Necker reçoit l'ordre de se retirer. Le ministère changé se compose de MM.
de Breteuil, de La Galaisière, du maréchal de Broglie, de La Vauguyon, de Laporte et de
Foulon. Ils remplaçaient MM. de Montmorin, de La Luzerne, de Saint-Priest et de Nivernais.
Un poète breton, nouvellement débarqué, m'avait prié de le mener à Versailles. Il y a
des gens qui visitent des jardins et des jets d'eau, au milieu du renversement des empires : les
barbouilleurs de papier ont surtout cette faculté de s'abstraire dans leur manie pendant les plus
grands événements ; leur phrase ou leur strophe leur tient lieu de tout.
Je menai mon Pindare à l'heure de la messe dans la galerie de Versailles. L'Oeil-de-
Boeuf était rayonnant : le renvoi de M. Necker avait exalté les esprits. On se croyait sûr de la
victoire : peut-être Sanson et Simon mêlés dans la foule, étaient spectateurs des joies de la
famille royale.
La Reine passa avec ses deux enfants ; leur chevelure blonde semblait attendre des
couronnes : madame la duchesse d'Angoulême âgée de onze ans, attirait les yeux par un
orgueil virginal ; belle de la noblesse du rang et de l'innocence de la jeune fille, elle semblait
dire comme la fleur d'oranger de Corneille, dans la Guirlande de Julie :
Em Paris as ruas estavam abarrotadas de grupos que paravam defronte às padarias; os
passantes discutiam nos cantos; os vendedores, do lado de fora de suas lojas, ouviam e
contavam as notícias em frente a suas portas; no Palais-Royal os agitadores se juntavam:
Camille Desmoulins começava a se destacar no interior dos grupos.
Tão logo me havia encaminhado, com a senhora de Farcy e a senhora Lucile, a uma
hospedaria na rua de Richelieu, uma inssurreição vem eclodir: o povo ia para Abbaye a fim de
libertar alguns guardas franceses detidos por ordem de seus chefes. Os suboficiais de um
regimento de artilharia aquartelado nos Invalides juntaram-se ao povo. Tem inicio a defecção
no exército.
A Corte, ora cedendo, ora desejando resistir, numa mistura de tenacidade e de
fraqueza, de bravata e de medo, deixa-se desdenhar por Mirabeau, que pede o afastamento das
tropas, ao que ela não consente: aceita o confronto sem destruir a origem. Em Paris espalha-se
o rumor de que um exército se pôs a caminho pelo esgoto de Montmartre, e que os dragões
deverão forçar as portas. Recomenda-se desempedrar as ruas, levar as pedras até o quinto
andar, a fim de jogá-las nos satélites do tirano: todos se põem ao trabalho. Em meio a toda
essa confusão, o senhor Necker recebe a ordem de demissão. O novo ministério passa a ser
formado pelos senhores de Breteuil, de la Galaisière, pelo marechal de Broglie, de La
Vauguyon, de Laporte e de Foulon. Estes substituíam os senhores de Montmorin, de La
Luzerne, de Saint-Priest et de Nivernais.
Um poeta bretão recém chegado me pediu para levá-lo a Versalhes. gente que se
dedica a visitar jardins e fontes em meio à derrocada dos impérios: os borra-papéis, sobretudo,
possuem tal capacidade de se abstraírem em sua própria mania durante os maiores
acontecimentos; uma frase ou estrofe toma para eles o lugar de tudo.
Conduzi meu Píndaro para a galeria de Versalhes à hora da missa. O Olho-de-Boi
resplandescia: a demissão do senhor Necker havia exaltado os ânimos; estavam todos certos
da vitória: é possível que Sanson e Simon, misturados com a multidão, fossem espectadores
das alegrias da família real.
144
A rainha passou com seus dois filhos; a cabeleira loira parecia estar à espera da coroa:
a senhora duquesa de Angoulême, com onze anos de idade, com seu orgulho virginal, atraía
os olhares; bela por seu nobre nascimento e por sua inocência de jovem donzela, ela parecia
falar como a flor de laranjeira de Corneille, na Grinalda de Julie:
144
Respectivamente, o carrasco de Luís XVI e o preceptor e tutor de Luís XVII.
J'ai la pompe de ma naissance.
Le petit Dauphin marchait sous la protection de sa soeur, et M. Du Touchet suivait son
élève. Il m'aperçut et me montra obligeamment à la Reine. Elle me fit en me jetant un regard
avec un sourire, ce salut gracieux qu'elle m'avait déjà fait le jour de ma présentation. Je
n'oublierai jamais ce regard qui devait s'éteindre sitôt. Marie-Antoinette, en souriant dessina si
bien la forme de sa bouche, que le souvenir de ce sourire (chose effroyable) me fit reconnaître
la mâchoire de la fille des rois, quand on découvrit la tête de l'infortunée dans les exhumations
de 1815.
Le contre-coup du coup porté dans Versailles retentit à Paris. A mon retour, je
rebroussai le cours d'une multitude qui portait les bustes de M. Necker et de M. le duc
d'Orléans, couverts de crêpes. On criait : « Vive Necker ! vive le duc d'Orléans ! », et parmi
ces cris on en entendait un plus hardi et plus imprévu : « Vive Louis XVII ! » Vive cet enfant
dont le nom même eût été oublié dans l'inscription funèbre de sa famille, si je ne l'avais
rappelé à la Chambre des pairs ! Louis XVI abdiquant, Louis XVII placé sur le trône, M. le
duc d'Orléans déclaré régent, que fût-il arrivé ?
Sur la place Louis XV, le prince de Lambesc, à la tête de Royal-Allemand , refoule le
peuple dans le jardin des Tuileries et blesse un vieillard : soudain le tocsin sonne. Les
boutiques des fourbisseurs sont enfoncées, et trente mille fusils enlevés aux Invalides. On se
pourvoit de piques, de bâtons, de fourches, de sabres, de pistolets. On pille Saint-Lazare, on
brûle les barrières. Les électeurs de Paris prennent en main le gouvernement de la capitale, et,
dans une nuit, soixante mille citoyens sont organisés, armés, équipés en gardes nationales.
J'ai la pompe de ma naissance.
145
O pequeno delfim andava sob a proteção de sua irmã, e o senhor Du Touchet seguia
seu aluno. Ele viu-me e, amavelmente, apontou-me à rainha. Lançando-me um olhar
sorridente, acenou-me com o mesmo gesto gracioso que me havia dirigido no dia de minha
apresentação. Nunca esquecerei este olhar que haveria de se apagar tão cedo. Maria
Antonieta, ao sorrir, desenhou tão bem a forma de sua boca, que a lembrança deste sorriso
(coisa apavorante!) permitiu-me reconhcer o maxilar da filha dos reis, quando a cabeça da
infortunada foi descoberta por ocasião das exumações de 1815.
A repercussão do golpe sofrido em Versalhes se fez ouvir em Paris. No meu retorno,
tive de recuar ante uma multidão que carregava os bustos do senhor Necker e do senhor duque
d’Orléans, coberto de crepe. Ouviam-se gritos: “Viva Necker! Viva o duque de Orléans!” e,
entre esses gritos, um era pronunciado com mais força e de forma um tanto imprevista: « Viva
Luís XVII ! » .Viva a criança cujo nome teria sido omitido na inscrição fúnebre de sua família
caso eu não o tivesse lembrado à Câmara dos Pares! O que teria acontecido se Luís XVI
abdicasse, Luís XVII assumisse o trono, declarando regente o senhor duque de Orléans?
Na Praça Luís XV, o príncipe de Lambesc, à frente do regimento Royal-Allemand, faz
o povo recuar até o jardim das Tulherias e fere um velho homem: de repente soa o alarme. As
lojas dos armeiros são arrombadas, e trinta mil fuzis retirados dos Invalides. Armam-se de
piques, bastões, forquilhas, sabres, pistolas; Saint-Lazare é saqueada, as portas são
incendiadas. Os eleitores de Paris assumem o governo da capital, e, numa mesma noite,
sessenta mil cidadãos são organizados, armados, equipados como guardas nacionais.
145
« Trago a pompa de meu nascimento. »
Le 14 juillet, prise de la Bastille. J'assistai, comme spectateur, à cet assaut contre
quelques invalides et un timide gouverneur : si l'on eût tenu les portes fermées, jamais le
peuple ne fût entré dans la forteresse. Je vis tirer deux ou trois coups de canon, non par les
invalides mais par des gardes-françaises, déjà montés sur les tours. De Launay, arraché de sa
cachette, après avoir subi mille outrages est assommé sur les marches de l'hôtel de Ville. Le
prévôt des marchands, Flesselles, a la tête cassée d'un coup de pistolet : c'est ce spectacle que
des béats sans coeur trouvaient si beau. Au milieu de ces meurtres on se livrait à des orgies,
comme dans les troubles de Rome, sous Othon et Vitellius. On promenait dans des fiacres les
Vainqueurs de la Bastille , ivrognes heureux déclarés conquérants au cabaret ; des prostituées
et des sans-culottes commençaient à régner, et leur faisaient escorte. Les passants se
découvraient, avec le respect de la peur, devant ces héros, dont quelques-uns moururent de
fatigue au milieu de leur triomphe. Les clefs de la Bastille se multiplièrent. On en envoya à
tous les niais d'importance dans les quatre parties du monde. Que de fois j'ai manqué ma
fortune ! Si, moi, spectateur, je me fusse inscrit sur le registre des vainqueurs, j'aurais une
pension aujourd'hui.
Les experts accoururent à l'autopsie de la Bastille. Des cafés provisoires s'établirent
sous des tentes. On s'y pressait, comme à la foire Saint-Germain ou à Longchamp ; de
nombreuses voitures défilaient ou s'arrêtaient au pied des tours, dont on précipitait les pierres
parmi des tourbillons de poussière. Des femmes élégamment parées, des jeunes gens à la
mode, placés sur différents degrés des décombres gothiques, se mêlaient aux ouvriers demi-
nus qui démolissaient les murs, aux acclamations de la foule. A ce rendez-vous se
rencontraient les orateurs les plus fameux, les gens de lettres les plus connus, les peintres les
plus célèbres, les acteurs et les actrices les plus renommés, les danseuses les plus en vogue,
les étrangers les plus illustres, les seigneurs de la cour et les ambassadeurs de l'Europe : la
vieille France était venue là pour finir, la nouvelle pour commencer.
Tout événement, si misérable ou si odieux qu'il soit en lui-même, lorsque les
circonstances en sont sérieuses et qu'il fait époque, ne doit pas être traité avec légèreté : ce
qu'il fallait voir dans la prise de la Bastille (et ce que l'on ne vit pas alors), c'était, non l'acte
violent de l'émancipation d'un peuple, mais l'émancipation même, résultat de cet acte.
Em 14 de julho, tomada da Bastilha. Assisti, como mero espectador, a este assalto
contra alguns inválidos e um governador tímido: se tivessem mantido as portas fechadas, o
povo jamais teria entrado na fortaleza. Eu vi dispararem dois ou três tiros de canhão, não
pelos inválidos, mas pelos guardas franceses que haviam subido às torres. De Launay
146
,
arrancado de seu esconderijo, é massacrado nas escadarias do Hotel de Ville, após ter sido
insultado; o administrador dos comerciantes, Flesselles, teve a cabeça mutilada com um tiro
de pistola: foi esse espetáculo que alguns desapiedados achavam tão bonito. Em meio a estes
assassinatos havia quem se entregasse a orgias, assim como nos distúrbios de Roma, sob Oton
e Vitellius. Desfilavam nos fiacres os vencedores da Bastilha, ébrios felizes, conquistadores
declarados nos cabarés; as prostitutas e os sans-culottes começavam seu reinado, e lhes
davam escolta. Pelo respeito ao medo, os passantes descobriam-se diante desses heróis, alguns
dos quais chegaram a morrer de cansaço em meio a seu triunfo. As chaves da Bastilha se
multiplicaram; foram enviadas a todos os néscios importantes nos quatro cantos do mundo.
Quantas vezes deixei de lograr minha fortuna! Se eu, espectador, tivesse me inscrito no
registro dos vencedores, hoje teria uma pensão.
Os especialistas acorreram para fazer a autópsia da Bastilha. Cafés improvisados
foram montados sob tendas; as pessoas se precipitavam para lá, bem como fazem na feira de
Saint-Germain ou em Longchamp; um grande número de coches desfilava ou se detinha ao pé
das torres, de onde se lançavam pedras em meio a redemoinhos de poeira. Mulheres
elegantemente trajadas, jovens à la mode, instalando-se sobre diferentes níveis dos escombros
góticos, misturavam-se aos operários seminus que demoliam os muros, diante da aclamação
do povo. Para este encontro estavam presentes os oradores mais famosos, os homens de letras
mais conhecidos, os pintores mais célebres, os atores e as atrizes mais renomadas, as
dançarinas mais em voga, os estrangeiros mais ilustres, os senhores da Corte e os
embaixadores da Europa: a velha França havia comparecido ali para findar, a nova para
começar.
Nenhum acontecimento, por mais odioso ou miserável que possa ser em si, quando faz
época e suas circunstâncias são sérias, pode ser tratado com leviandade: o que se deveria
enxergar na tomada da Bastilha (e que, então, não era visto), não era o ato violento da
emancipação de um povo, mas a própria emancipação, resultado deste ato.
146
Governador da Bastilha.
On admira ce qu'il fallait condamner, l'accident, et l'on n'alla pas chercher dans l'avenir
les destinées accomplies d'un peuple, le changement des moeurs, des idées, des pouvoirs
politques, une rénovation de l'espèce humaine, dont la prise de la Bastille ouvrait l'ère, comme
un sanglant jubilé. La colère brutale faisait des ruines et sous cette colère était cachée
l'intelligence qui jetait parmi ces ruines les fondements du nouvel édifice.
Mais la nation qui se trompa sur la grandeur du fait matériel, ne se trompa pas sur la
grandeur du fait moral : la Bastille était à ses yeux le trophée de sa servitude ; elle lui semblait
élevée à l'entrée de Paris, en face des seize piliers de Montfaucon, comme le gibet de ses
libertés. En rasant une forteresse d'Etat, le peuple crut briser le joug militaire, et prit
l'engagement tacite de remplacer l'armée qu'il licenciait : on sait quels prodiges enfanta le
peuple devenu soldat.
(9)
Paris, novembre 1821.
EFFET DE LA PRISE DE LA BASTILLE SUR LA COUR. –
TÊTES DE FOULON ET DE BERTHIER.
Réveillé au bruit de la chute de la Bastille comme au bruit avant-coureur de la chute
du trône, Versailles avait passé de la jactance à l'abattement. Le Roi accourt à l'Assemblée
nationale, prononce un discours dans le fauteuil même du président ; il annonce l'ordre donné
aux troupes de s'éloigner, et retourne à son palais au milieu des bénédictions ; parades inutiles
! les partis ne croient point à la conversion des partis contraires : la liberté qui capitule, ou le
pouvoir qui se dégrade, n'obtient point merci de ses ennemis.
Quatre-vingts députés partent de Versailles, pour annoncer la paix à la capitale ;
illuminations. M. Bailly est nommé maire de Paris, M. de La Fayette commandant de la garde
nationale : je n'ai connu le pauvre, mais respectable savant, que par ses malheurs. Les
révolutions ont des hommes pour toutes leurs périodes ; les uns suivent ces révolutions
jusqu'au bout, les autres les commencent, mais ne les achèvent pas.
Admirou-se o que havia de ser condenado, o acidental, e não se buscou vislumbrar em
direção ao futuro o destino realizado de um povo, a mudança dos costumes, das idéias, dos
poderes políticos, uma renovação da espécie humana, cuja era se iniciava com a tomada da
Bastilha, como um sangrento jubileu. A cólera brutal fazia suas ruínas, e sob essa cólera se
escondia a inteligência que disseminava, entre essas ruínas, os fundamentos da nova
construção.
Porém a nação, que se enganou acerca da grandeza do fato material, não se enganou
sobre a grandeza do fato moral: a seus olhos a Bastilha representava o troféu de sua servidão;
apresentava-se, erguida à entrada de Paris, de frente para os dezesseis pilares de Montfaucon,
como o cadafalso de suas liberdades.
147
Ao abater uma fortaleza de Estado, o povo acreditou
romper o jugo militar, assumiu tacitamente a tarefa de substituir o exército que expugnava:
conhecemos bem os prodígios que o povo engendrou ao tornar-se soldado.
Capítulo 9
Paris, novembro de 1821.
Efeito da tomada da Bastilha sobre a Corte. – Cabeças de Foulon e de Bertier.
Despertado ante o estrondo da queda da Bastilha, como um estrondo que pressagia a
queda do trono, Versalhes havia passado da arrogância ao abatimento. O Rei acorre à
Assembléia Nacional, pronuncia um discurso na mesma cadeira do presidente; anuncia a
ordem dada às tropas de se afastarem, e retorna a seu palácio em meio a bênçãos; exibições
inúteis! Os partidos não acreditam na conversão dos partidos adversários: a liberdade que
capitula, ou o poder que se degrada, não obtém clemência de seus inimigos.
Oitenta deputados partem de Versalhes para anunciar a paz na capital; comemorações.
148
O senhor Bailly é nomeado administrador de Paris; senhor La Fayette, comandante da
Guarda Nacional: não conheci o pobre, porém respeitável sábio, senão pelas suas desgraças.
As revoluções têm homens para todos os seus períodos; uns seguem estas revoluções até o
final, outros as iniciam, mas não as concluem.
147
N.A.Após cinqüenta e dois anos, elevaram-se quinze bastilhas para oprimir tal liberdade em nome da qual a
prmeira Bastilha foi destruída. (Paris, nota de 1841)
148
A capitulação do rei foi comemorada com festas em Paris e com fogos de artifícios nas províncias.
Tout se dispersa ; les courtisans partirent pour Bâle, Lausanne, Luxembourg et
Bruxelles. Madame de Polignac rencontra, en fuyant, M. Necker qui rentrait.Le comte
d'Artois, ses fils, les trois Condés, émigrèrent ; ils entraînèrent le haut clergé et une partie de
la noblesse. Les officiers, menacés par leurs soldats insurgés, cédèrent au torrent qui les
charriait hors. Louis XVI demeura seul devant la nation avec ses deux enfants et quelques
femmes, la Reine, Mesdames et Madame Elisabeth. Monsieur qui resta jusqu'à l'évasion de
Varennes, n'était pas d'un grand secours à son frère : bien que, en opinant dans l'assemblée
des Notables pour le vote par tête, il eût décidé le sort de la Révolution, la Révolution s'en
défiait ; lui, Monsieur , avait peu de goût pour le Roi, ne comprenait pas la Reine, et n'était
pas aimé d'eux.
Louis XVI vint à l'Hôtel de Ville le 17 : cent mille hommes, armés comme les moines
de la Ligue, le reçurent. Il est harangué par MM. Bailly, Moreau de Saint-Méry et Lally-
Tolendal, qui pleurèrent : le dernier est resté sujet aux larmes. Le Roi s'attendrit à son tour ; il
mit à son chapeau une énorme cocarde tricolore ; on le déclara, sur place, honnête homme,
père des Français, roi d ' un peuple libre , lequel peuple se préparait, en vertu de sa liberté, à
abattre la tête de cet honnête homme, son père et son roi.
Peu de jours après ce raccommodement, j'étais aux fenêtres de mon hôtel garni avec
mes soeurs et quelques Bretons. Nous entendons crier : « Fermez les portes ! fermez les portes
!. » Un groupe de déguenillés arrive par un des bouts de la rue. Du milieu de ce groupe
s'élevaient deux étendards que nous ne voyions pas bien de loin. Lorsqu'ils s'avancèrent, nous
distinguâmes deux têtes échevelées et défigurées, que les devanciers de Marat portaient
chacune au bout d'une pique : c'étaient les têtes de MM. Foulon et Berthier. Tout le monde se
retira des fenêtres ; j'y restai. Les assassins s'arrêtèrent devant moi, me tendirent les piques en
chantant, en faisant des gambades, en sautant pour approcher de mon visage les pâles effigies.
L'oeil d'une de ces têtes, sorti de son orbite, descendait sur le visage obscur du mort ; la pique
traversait la bouche ouverte dont les dents mordaient le fer : « Brigands ! » m'écriai-je, plein
d'une indignation que je ne pus contenir, « Est-ce comme cela que vous entendez la liberté ? »
Si j'avais eu un fusil, j'aurais tiré sur ces misérables comme sur des loups. Ils poussèrent des
hurlements, frappèrent à coups redoublés à la porte cochère pour l'enfoncer, et joindre ma tête
à celles de leurs victimes.
Tudo se dispersou; os cortesãos partiram para Basiléia, Lausanne, Luxemburgo et
Bruxelas. Senhora de Polignac encontrou, ao fugir, o senhor Necker que regressava. O conde
de Artois, seus filhos, os três Condés, emigraram; arrastaram com eles o alto clero e uma parte
da nobreza. Os oficiais, ameaçados pelos seus soldados amotinados, cederam à torrente que os
carregava. Luís XVI ficou sozinho frente à nação, com seus dois filhos e algumas mulheres, a
Rainha, Senhoras e Senhora Elisabeth. Monsieur,
149
que ficou até a fuga de Varennes, não era
de grande ajuda a seu irmão: ainda que, ao declarar-se a favor do voto por cabeça na
assembléia dos Notáveis, ele tenha decidido a sorte da Revolução, a Revolução desconfiava
dele; Monsieur gostava pouco do Rei, não compreendia a rainha, e não era apreciado por
ambos.
Luís XVI foi ao Hotel de Ville no dia 17: cem mil homens, armados como os monges
da Liga, os receberam. Ouviu as arengas dos senhores Bailly, Moreau de Saint-Méry e Lally-
Tolendal, que choraram: este último continua propenso às grimas. O Rei, por sua vez,
enterneceu-se; pôs em seu chapéu um enorme cocar tricolor; no próprio ato, foi declarado
homem honesto, pai dos franceses, rei de um povo livre, povo que se preparava, em virtude de
sua liberdade, para abater a cabeça desse homem honesto, seu pai e seu rei.
Poucos dias depois desta reconciliação, eu estava à janela de minha hospedaria junto
com minhas irmãs e alguns bretões; ouvimos gritos: “Fechem as portas! fechem as portas!”
Um grupo de maltrapilhos desponta de um dos lados da rua; do meio do grupo elevavam-se
dois estandartes que não víamos muito bem de longe. Quando avançaram mais, distinguimos
duas cabeças desgrenhadas e desfiguradas que os precursores de Marat levavam sobre ponta
de piques: eram as cabeças dos senhores Foulon e Bertier. Todos se retiraram das janelas; eu
continuei ali. Os assassinos pararam diante de mim, estenderam-me os piques, cantando,
fazendo cabriolas, saltando a fim de aproximar de meu rosto as pálidas efígies. O olho de uma
dessas cabeças, fora de sua órbita, caía por sobre a face obscurecida do morto; o pique
atravessava a boca aberta e os dentes mordiam o ferro: “ Bandidos!”, esbravejei eu, repleto de
uma indignação que não pude conter, “ então é desse modo que vocês entendem a liberdade?”
Se tivesse um fuzil em mãos, teria atirado sobre aqueles miseráveis como se fossem lobos.
Eles soltaram urros, bateram com golpes redobrados na porta-cocheira para arrombá-la, e
juntar a minha cabeça às de suas vítimas.
149
O futuro Luís XVIII, então conde de Provence.
Mes soeurs se trouvèrent mal. Les poltrons de l'hôtel m'accablèrent de reproches. Les
massacreurs, qu'on poursuivait, n'eurent pas le temps d'envahir la maison et s'éloignèrent. Ces
têtes, et d'autres que je rencontrai bientôt après, changèrent mes dispositions politiques ; j'eus
horreur des festins de cannibales et l'idée de quitter la France pour quelque pays lointain
germa dans mon esprit.
(10)
Paris, novembre 1821.
RAPPEL DE M. NECKER. – SÉANCE DU 4 AOÛT 1789. –
JOURNÉE DU 5 OCTOBRE. – LE ROI EST AMENÉ À PARIS.
Rappelé au ministère le 25 juillet, inauguré, accueilli par des têtes, M. Necker,
troisième successeur de Turgot, après Calonne et Taboureau, fut bientôt dépassé par les
événements, et tomba dans l'impopularité. C'est une des singularités du temps qu'un aussi
grave personnage eût été élevé au poste de ministre par le savoir-faire d'un homme aussi
médiocre et aussi léger que le marquis de Pezay. Le Compte-rendu , qui substitua en France le
système de l'emprunt à celui de l'impôt, remua les idées : les femmes discutaient de dépenses
et de recettes. Pour la première fois, on voyait ou l'on croyait voir quelque chose dans la
machine à chiffres. Ces calculs, peints d'une couleur à la Thomas, avaient établi la première
réputation du directeur-général des finances. Habile teneur de caisse, mais économiste sans
expédient ; écrivain noble, mais enflé ; honnête homme, mais sans haute vertu, le banquier
était un de ces anciens personnages d'avant-scène qui disparaissent au lever de la toile, après
avoir expliqué la pièce au public. M. Necker est le père de madame de Staël. Sa vanité ne lui
permettait guère de penser que son vrai titre au souvenir de la postérité serait la gloire de sa
fille.
Minhas irmãs passaram mal; os covardes da hospedaria encheram-me de reprimendas.
Os matadores, que estavam sendo perseguidos, não tiveram tempo de invadir a casa, e se
afastaram. Essas cabeças, e outras que encontrei logo depois, modificaram minhas disposições
políticas; senti horror dos festins de canibais, e a idéia de abandonar a França por algum país
distante germinou em meu espírito.
Capítulo 10
Paris, novembro de 1821.
Chamada do senhor Necker. – Sessão de 4 de agosto de 1789. – Jornada de 5 de outubro. – O
Rei é levado a Paris.
Chamado novamente ao ministério, em 25 de julho, inaugurado e acolhido com festas,
o senhor Necker, terceiro sucessor de Turgot, depois de Calonne e Taboureau, foi em pouco
tempo superado pelos acontecimentos, caindo na impopularidade. É uma das singularidades
deste tempo o fato de que uma figura tão séria fosse levada ao posto de ministro pelo juízo de
um homem tão medíocre e tão frívolo como o marquês de Pezay. O Relatório que, na França,
substituiu o sistema de empréstimo pelo do imposto, agitou as idéias; as mulheres discutiam
despesas e receitas; pela primeira vez, via-se ou acreditava-se ver alguma coisa na
engrenagem das cifras. Esses cálculos, pintados de uma cor à la Thomas, havia estabelecido a
primeira reputação do diretor-geral das finanças. Hábil contabilista, mas economista sem
recursos; escritor nobre, mas empolado; homem honesto, mas sem virtudes elevadas, o
banqueiro era um destes antigos personagens de proscênio que desaparecem quando as
cortinas se erguem, após terem explicado a peça ao público. O senhor Necker é o pai de
Madame de Staël; sua vaidade quase não lhe permitia imaginar que seu verdadeiro título na
memória da posteridade seria a glória de sua filha.
La monarchie fut démolie à l'instar de la Bastille, dans la séance du soir de
l'Assemblée nationale du 4 août. Ceux qui, par haine du passé, crient aujourd'hui contre la
noblesse, oublient que ce fut un membre de cette noblesse le vicomte de Noailles, soutenu par
le duc d'Aiguillon et par Matthieu de Montmorency, qui renversa l'édifice, objet des
préventions volutionnaires. Sur la motion du député féodal, les droits féodaux, les droits de
chasse, de colombier et de garenne, les dîmes et champarts, les privilèges des ordres, des
villes et des provinces, les servitudes personnelles, les justices seigneuriales, la vénalité des
offices furent abolis. Les plus grands coups portés à l'antique constitution de l'Etat le furent
par des gentilshommes. Les patriciens commencèrent la Révolution, les plébéiens l'achevèrent
: comme la vieille France avait sa gloire à la noblesse française, la jeune France lui doit sa
liberté, si liberté il y a pour la France.
Les troupes campées aux environs de Paris avaient été renvoyées, et par un de ces
conseils contradictoires qui tiraillaient la volonté du Roi, on appela le régiment de Flandre à
Versailles. Les gardes-du-corps donnèrent un repas aux officiers de ce régiment ; les têtes
s'échauffèrent ; la Reine parut au milieu du banquet avec le Dauphin ; on porta la santé de la
famille royale ; le Roi vint à son tour ; la musique militaire joue l'air touchant et favori : O
Richard, ô mon roi ! A peine cette nouvelle s'est-elle répandue à Paris, que l'opinion opposée
s'en empare ; on s'écrie que Louis refuse sa sanction à la déclaration des droits, pour s'enfuir à
Metz avec le comte d'Estaing ; Marat propage cette rumeur : il écrivait déjà l' Ami du peuple .
Le 5 octobre arrive. Je ne fus point témoin des événements de cette journée. Le récit
en parvint de bonne heure, le 6, dans la capitale. On nous annonce, en même temps, une visite
du Roi. Timide dans les salons, j'étais hardi sur les places publiques : je me sentais fait pour la
solitude ou pour le forum. Je courus aux Champs-Elysées : d'abord parurent des canons, sur
lesquels des harpies, des larronnesses, des filles de joie montées à califourchon, tenaient les
propos les plus obscènes et faisaient les gestes les plus immondes. Puis, au milieu d'une horde
de tout âge et de tout sexe, marchaient à pied les gardes-du-corps, ayant changé de chapeaux,
d'épées et de baudriers avec les gardes nationaux : chacun de leurs chevaux portait deux ou
trois poissardes, sales bacchantes ivres et débraillées.
A monarquia foi demolida a exemplo da Bastilha, na sessão da tarde da Assembléia
Nacional em 4 de agosto. Aqueles que, por ódio ao passado, hoje bradam contra a nobreza,
esquecem que foi um membro desta nobreza, o visconde de Noailles, apoiado pelo duque
d’Aiguillon e por Mathieu de Montmorency, que pôs abaixo a edificação, objeto das
antipatias revolucionárias. A partir da moção do deputado feudal, foram abolidos os direitos
feudais, os direitos de caça, de pombal e de tapada, os dízimos e os direitos sobre as colheitas,
os privilégios das ordens, das cidades e das províncias, a servidão pessoal, as justiças
senhoriais, a venalidade dos cargos. Os golpes mais duros contra a antiga constituição do
Estado foram dados pelos gentis-homens. Os patrícios começaram a Revolução, os plebeus a
terminaram: da mesma forma que a velha França devia sua glória à nobreza francesa, a jovem
França lhe deve sua liberdade, se alguma liberdade há para a França.
As tropas acampadas nas cercanias de Paris haviam sido retiradas, e por um destes
conselhos contraditórios que assediavam a vontade do Rei, o regimento de Flandres foi
chamado a Versalhes. A guarda real ofereceu uma refeição aos oficiais desse regimento; os
ânimos inflamaram-se; a Rainha apresentou-se durante o banquete com o Delfim; brindou-se
à saúde da família real; o Rei também mostrou-se; a banda militar tocou a emocionante e
favorita música: O Richard, ô mon roi! Mal se propagou tal notícia em Paris, e os partidários
da oposição tomaram-na para seus fins; alardeia-se que Luís nega sua sanção à declaração dos
direitos, partindo em fuga para Metz em companhia do conde d’Estaing; Marat espalha o
rumor: já escrevia o Ami du peuple.
Chega 5 de outubro. Não testemunhei os acontecimentos neste dia. O relato das
notícias chegaram na madrugada do dia 6 na capital. Ao mesmo tempo, uma visita do Rei nos
foi anunciada. Tímido nos salões, eu me mostrava ousado em praça pública: sentia que era
feito para a solidão ou para o foro. Corri aos Champs-Elysées: no início avistei canhões, sobre
os quais encontravam-se montadas harpias, ladras e mulheres da vida que proferiam as
maiores obscenidades e faziam gestos ainda mais imundos. Depois, em meio a uma horda de
todas as idades e sexos, marchavam a os soldados da guarda real, que haviam trocado os
chapéus, as espadas e os talabartes pelos da guarda nacional: cada um de seus cavalos levava
duas ou três regateiras, sujas bacantes bêbadas e desalinhadas.
Ensuite venait la députation de l'Assemblée nationale ; les voitures du Roi suivaient :
elles roulaient dans l'obscurité poudreuse d'une forêt de piques et de baïonnettes. Des
chiffonniers en lambeaux, des bouchers, tablier sanglant aux cuisses, couteaux nus à la
ceinture, manches de chemises retroussées, cheminaient aux portières ; d'autres égipans noirs
étaient grimpés sur l'impériale ; d'autres, accrochés au marchepied des laquais, au siège des
cochers. On tirait des coups de fusil et de pistolet ; on criait : Voici le boulanger, la
boulangère et le petit mitron ! Pour oriflamme devant le fils de saint Louis, des hallebardes
suisses élevaient en l'air deux têtes de gardes-du-corps, frisées et poudrées par un perruquier
de Sèvres.
L'astronome Bailly déclara à Louis XVI, dans l'Hôtel-de-Ville, que le peuple hautain,
respectueux et fidèle , venait de conquérir son roi, et le Roi de son côté, fort touché et fort
content , déclara qu'il était venu à Paris de son plein gré : indignes faussetés de la violence et
de la peur qui déshonoraient alors tous les partis et tous les hommes. Louis XVI n'était pas
faux : il était faible. La faiblesse n'est pas la fausseté, mais elle en tient lieu et elle en remplit
les fonctions ; le respect que doivent inspirer la vertu et le malheur du Roi saint et martyr rend
tout jugement humain presque sacrilège.
(11)
ASSEMBLÉ CONSTITUANTE.
Les députés quittèrent Versailles et tinrent leur première séance le 19 octobre dans une
des salles de l'archevêché. Le 9 novembre, ils se transportèrent dans l'enceinte du Manège,
près des Tuileries. Le reste de l'année 1789 vit les décrets qui dépouillèrent le cierge,
détruisirent l'ancienne magistrature et créèrent les assignats, l'arrêté de la commune de Paris
pour le premier comité des recherches, et le mandat des juges pour la poursuite du marquis de
Favras.
A seguir, vinham os deputados da Assembléia Nacional; os coches do Rei seguiam
atrás: rodavam na obscuridade poeirenta de uma floresta de piques e baionetas. Trapeiros em
farrapos, carniceiros com avental ensangüentado até as pernas, com facas desnudas aos cintos,
e mangas de camisas arregaçadas, passavam junto às portas das carruagens; outros sátiros
negros iam montados sobre a imperial do coche; outros iam agarrados aos estribos dos
lacaios, aos assentos dos cocheiros. Disparavam-se tiros de fuzil e de pistola; ouvia-se gritar:
Aqui estão o padeiro, a padeira e o aprendiz de padeiro! Por estandarte, diante dos filhos de
São Luís, umas alabardas suíças alçavam duas cabeças da guarda real, com cabelos
encaracolados e empoados por um peruqueiro de Sèvres.
O astrônomo Bailly declarou a Ls XVI, no Hotel de Ville, que o povo humano,
respeitoso e fiel, acabava de conquistar seu rei, e o Rei, de sua parte, muito emocionado e
contente, declarou que tinha vindo a Paris por sua própria vontade: indignas falsidades da
violência e do medo que então desonravam a todos os partidos e a todos os homens. Luís XVI
não era falso: ele era fraco; fraqueza não é falsidade, mas pode assumir lugar dela e cumprir
suas funções; o respeito que devem inspirar a virtude e o infortúnio do Rei santo e mártir
torna quase sacrílego todo o julgamento humano.
Capítulo 11
Assembléia Constituinte.
Os deputados deixaram Versalhes e tiveram sua primeira sessão em 19 de outubro, em
uma das salas do arcebispado. Em 9 de novembro, se transferiram para os recintos do
Manège, perto das Tulherias. O resto do ano de 1789 viu os decretos que despojaram o clero,
suprimiram a antiga magistratura e criaram os assinados, o decreto da comuna de Paris para o
primeiro comitê de investigação, e o mandato dos juízes para a ação judicial contra o marquês
de Favras.
L'Assemblée constituante, malgré ce qui peut lui être reproché, n'en reste pas moins la
plus illustre congrégation populaire qui jamais ait paru chez les nations, tant par la grandeur
de ses transactions, que par l'immensité de leurs résultats. Il n'y a si haute question politique
qu'elle n'ait touchée et convenablement résolue. Que serait-ce, si elle s'en fût tenue aux
cahiers des Etats-Généraux et n'eût pas essayé d'aller au-delà ! Tout ce que l'expérience et
l'intelligence humaine avaient conçu, découvert et élaboré pendant trois siècles, se trouve dans
ces cahiers. Les abus divers de l'ancienne monarchie y sont indiqués et les remèdes proposés ;
tous les genres de liberté sont réclamés, même la liberté de la presse ; toutes les améliorations
demandées, pour l'industrie, les manufactures, le commerce, les chemins, l'armée, l'impôt, les
finances, les écoles, l'éducation publique, etc. Nous avons traversé sans profit des abîmes de
crimes et des tas de gloire ; la République et l'empire n'ont servi à rien ; l'empire a seulement
réglé la force brutale des bras que la République avait mis en mouvement ; il nous a laissé la
centralisation, administration vigoureuse que je crois un mal, mais qui peut-être pouvait seule
remplacer les administrations locales alors qu'elles étaient détruites et que l'anarchie avec
l'ignorance étaient dans toutes les têtes. A cela près, nous n'avons pas fait un pas depuis
l'Assemblée constituante : ses travaux sont comme ceux du grand médecin de l'antiquité,
lesquels ont à la fois reculé et posé les bornes de la science. Parlons de quelques membres de
cette Assemblée, et arrêtons-nous à Mirabeau qui les résume et les domine tous.
(12)
Paris, novembre 1821.
MIRABEAU.
Mêlé
par les désordres et les hasards de sa vie aux plus grands événements et à l'existence des
repris de justice, des ravisseurs et des aventuriers, Mirabeau, tribun de l'aristocratie, député de la
démocratie, avait du Gracchus et du don Juan, du Catilina et du Gusman d'Alfarache, du cardinal de
Richelieu et du cardinal de Rets, du roué de la Régence et du sauvage de la Révolution ; il avait de
plus du Mirabeau , famille florentine exilée, qui gardait quelque chose de ces palais armés et de ces
grands factieux célébrés par Dante ; famille naturalisée française, où l'esprit républicain du moyen âge
de l'Italie et l'esprit féodal de notre moyen âge se trouvaient réunis dans une succession d'hommes
extraordinaires.
A Assembléia Constituinte, apesar das ressalvas que lhe podem ser feitas não deixa de
ser a mais ilustre assembléia popular que surgiu nas nações, tanto pela grandeza de suas
feitos quanto pela magnitude de seus resultados. Não questão política importante sobre a
qual ela não tenha interferido e resolvido convenientemente. O que haveria de acontecer se
tivesse se limitado aos contratos cahiers dos Estados Gerais sem pretender ir além! Tudo o
que a experiência e a inteligência humanas haviam concebido, descoberto e elaborado durante
três séculos encontra-
se nestes cahiers.
Os diversos abusos da antiga monarquia estão
neles apontados, assim como os remédios propostos; todos os tipos de liberdade são
requeridos, até mesmo a liberdade de imprensa; todas as melhorias solicitadas para a
indústria, as manufaturas, o comércio, as estradas, o exército, o imposto, as finanças, as
escolas, a educação pública, etc. Atravessamos abismos de crimes e montes de glórias sem
tirar proveito; a República e o Império de nada serviram: o Império apenas regulamentou a
força bruta dos braços que a República havia posto em movimento; ele nos deixou a
centralização, a administração vigorosa, que considero um mal mas que talvez fosse a única a
poder substituir as administrações locais, que ficaram destruídas, no momento em que a
anarquia e a ignorância tomavam conta de todos os ânimos. Afora isso, nós não demos um
passo sequer desde a Assembléia Constituinte: os seus trabalhos são como os do grande
médico da antigüidade
150
, os quais fizeram retroceder e, ao mesmo tempo, estabeleceram os
limites da ciência. Falemos de alguns membros dessa Assembléia, e detenhamo-nos em
Mirabeau, que os resume e os domina a todos.
Capítulo 12
Paris, novembro de 1821.
Mirabeau.
Enredando-se pelas desordens e acasos de sua vida com os mais relevantes acontecimentos e
com a vida de refratários de justiça, de ladrões e de aventureiros, Mirabeau, tribuno da aristocracia,
deputado da democracia, tinha algo de Graco e de Don Juan, de Catilina e de Gusman d’Alfarache, do
cardeal de Richelieu e do cardinal de Retz, do libertino da Regência e do selvagem da Revolução;
trazia, além disso, algo de Mirabeau, família florentina exilada, que conservava alguma coisa daqueles
palácios armados e daqueles grandes facciosos celebrados por Dante; família naturalizada francesa, em
que o espírito republicano da Idade Média da Itália e o espírito feudal de nossa Idade Média se
achavam reunidos numa sucessão de homens extraordinários.
150
Hipócrates.
La laideur de Mirabeau, appliquée sur le fond de beauté particulière à sa race,
produisait une sorte de puissante figure du Jugement dernier de Michel-Ange, compatriote
des Arrighetti . Les sillons creusés par la petite-vérole sur le visage de l'orateur, avaient plutôt
l'air d'escarres laissées par la flamme. La nature semblait avoir moulé sa tête pour l'empire ou
pour le gibet, taillé ses bras pour étreindre une nation ou pour enlever une femme. Quand il
secouait sa crinière en regardant le peuple, il l'arrêtait ; quand il levait sa patte et montrait ses
ongles, la plèbe courait furieuse. Au milieu de l'effroyable désordre d'une séance, je l'ai vu à
la tribune, sombre, laid et immobile : il rappelait le chaos de Milton, impassible et sans forme
au centre de sa confusion.
Mirabeau tenait de son père et de son oncle qui, comme Saint-Simon, écrivaient à la
diable des pages immortelles. On lui fournissait des discours pour la tribune : il en prenait ce
que son esprit pouvait amalgamer à sa propre substance. S'il les adoptait en entier, il les
débitait mal ; on s'apercevait qu'ils n'étaient pas de lui par des mots qu'il y mêlait d'aventure,
et qui le révélaient. Il tirait son énergie de ses vices ; ces vices ne naissaient pas d'un
tempérament frigide, ils portaient sur des passions profondes, brûlantes, orageuses. Le
cynisme des moeurs ramène dans la société, en annihilant le sens moral, une sorte de barbares
; ces barbares de la civilisation, propres à détruire comme les Goths, n'ont pas la puissance de
fonder comme eux : ceux-ci étaient les énormes enfants d'une nature vierge, ceux-là sont les
avortons monstrueux d'une nature dépravée.
Deux fois j'ai rencontré Mirabeau à un banquet, une fois chez la nièce de Voltaire, la
marquise de Villette, une autre fois au Palais-Royal, avec des députés de l'opposition que
Chapelier m'avait fait connaître : Chapelier est allé à l'échafaud, dans le même tombereau que
mon frère et M. de Malesherbes.
Mirabeau parla beaucoup, et surtout beaucoup de lui. Ce fils des lions, lion lui-même à
tête de chimère, cet homme si positif dans les faits, était tout roman, tout poésie, tout
enthousiasme par l'imagination et le langage ; on reconnaissait l'amant de Sophie, exalté dans
ses sentiments et capable de sacrifice. « Je la trouvai, » dit-il « cette femme adorable ;... je
sus ce qu'était son âme, cette âme formée des mains de la nature dans un moment de
magnificence. »
A feiúra de Mirabeau, aplicada sobre o fundo de beleza particular à sua raça, produzia
uma espécie de figura imponente do Julgamento Final de Michel Ângelo, compatriota dos
Arrighetti. As marcas deixadas pela varíola sobre o rosto do orador, assemelhavam-se mais a
cicatrizes provocadas por uma queimadura. A natureza parecia ter moldado sua cabeça para o
império ou para o cadafalso, talhado seus braços para estreitar uma nação ou para raptar uma
mulher. Quando sacudia sua juba olhando para o povo, ele o paralisava; quando levantava a
pata e mostrava as suas garras a plebe corria furiosa. Em meio à desordem alarmante de uma
sessão, o vi na tribuna, sombrio, feio e imóvel: lembrava o caos de Milton, impassível e
amorfo no centro de sua confusão.
Mirabeau era feito o pai e o tio, os quais, assim como Saint-Simon, escreviam com
desmazelo páginas imortais. Eram-lhe fornecidos discursos para a tribuna: ele aproveitava o
que seu espírito podia amalgamar sobre sua própria substância. Se os adotava por inteiro, os
pronunciava mal; era possível notar que não eram seus por causa das palavras que adicionava
de improviso, e que o denunciavam. Ele tirava sua energia de seus vícios; esses vícios não
nasciam de um temperamento gélido eles se ligavam a paixões profundas, ardentes,
atormentadas. O cinismo dos hábitos na vida social, ao aniquilar o sentido moral, traz consigo
uma espécie de rbaros; esses bárbaros da civilização, aptos a destruírem como os Godos,
não possuem, assim como eles, o poder de fundar: estes eram filhos imensos de uma natureza
virgem, aqueles são abortamentos monstruosos de uma natureza depravada..
Duas vezes encontrei Mirabeau em banquetes, uma vez na casa da sobrinha de
Voltaire, a marquesa de Villette, outra vez no Palais-Royal, com deputados da oposiçao que
Chapelier me havia apresentado: Chapelier foi para o cadafalso no mesmo carro que meu
irmão e o senhor de Malesherbes.
151
Mirabeau falou muito, e falou sobretudo de si mesmo. Este filho de leões, ele próprio
leão com a cabeça de quimera, este homem tão positivo nos fatos, era todo ele romance, todo
poesia, todo entusiasmo pela imaginação e linguagem; podia-se reconhcer o amante de
Sophie, exaltado nos seus sentimentos e capaz de sacrifício. “Eu encontrei, diz ele, esta
mulher adorável;...conheci o que era sua alma, uma alma feita pelas mãos da natureza em um
momento de magnificência.”
151
Abril de 1794.
Mirabeau m'enchanta de récits d'amour, de souhaits de retraite dont il bigarrait des
discussions arides. Il m'intéressait encore par un autre endroit : comme moi, il avait été traité
sévèrement par son père, lequel avait gardé, comme le mien, l'inflexible tradition de l'autorité
paternelle absolue.
Le grand convive s'étendit sur la politique étrangère, et ne dit presque rien de la
politique intérieure ; c'était pourtant ce qui l'occupait ; mais il laissa échapper quelques mots
d'un souverain mépris contre ces hommes se proclamant supérieurs, en raison de l'indifférence
qu'ils affectent pour les malheurs et les crimes. Mirabeau était né généreux, sensible à l'amitié,
facile à pardonner les offenses. Malgré son immoralité, il n'avait pu fausser sa conscience ; il
n'était corrompu que pour lui, son esprit droit et ferme ne faisait pas du meurtre une sublimité
de l'intelligence. Il n'avait aucune admiration pour des abattoirs et des voiries.
Cependant, Mirabeau ne manquait pas d'orgueil., il se vantait outrageusement bien
qu'il se fût constitué marchand de drap pour être élu par le tiers-état (l'ordre de la noblesse
ayant eu l'honorable folie de le rejeter), il était épris de sa naissance : oiseau hagard, dont le
nid fut entre quatre tourelles , dit son père. Il n'oubliait pas qu'il avait paru à la cour monté
dans les carrosses et chassé avec le Roi. Il exigeait qu'on le qualifiât du titre de comte. Il tenait
à ses couleurs, et couvrit ses gens de livrée quand tout le monde la quitta. Il citait à tout
propos et hors de propos son parent, l'amiral de Colin. Le Moniteur l'ayant appelé Riquet :
« Savez-vous », dit-il avec emportement au journaliste, « qu'avec votre Riquet, vous avez
désorienté l'Europe pendant trois jours ? » Il répétait cette plaisanterie impudente et si connue
: « Dans une autre famille, mon frère le vicomte serait l'homme d'esprit et le mauvais sujet.
Dans ma famille, c'est le sot et l'homme de bien. » Des biographes attribuent ce mot au
vicomte, se comparant avec humilité aux autres membres de la famille.
Le fond des sentiments de Mirabeau était monarchique. Il a prononcé ces belles
paroles : « J'ai voulu guérir les Français de la superstition de la monarchie et y substituer son
culte. » Dans une lettre, destinée à être mise sous les yeux de Louis XVI, il écrivait : « Je ne
voudrais pas avoir travaillé seulement à une vaste destruction. » C'est cependant ce qui lui est
arrivé : le ciel, pour nous punir de nos talents mal employés, nous donne le repentir de nos
succès.
Mirabeau me encantou com suas histórias de amor, com seus anseios de recolhimento,
em que mesclava com discussões áridas. Ele me interessava também por um outro aspecto:
assim como eu, ele havia sido severamente tratado por seu pai, o qual havia conservado, como
o meu, a inflexível tradição da autoridade paterna absoluta.
O grande conviva estendia-se longamente sobre a política estrangeira, e não dizia
quase nada sobre a política interna; era com esta no entanto que mais se ocupava; mas deixou
escapar algumas palavras de um soberano desprezo contra aqueles homens que se proclamam
superiores em razão da indiferença que ostentam para com as desgraças e os crimes. Mirabeau
nascera generoso, era sensível à amizade e perdoava facilmente as ofensas. Apesar de sua
imoralidade, não chegara a desfigurar sua consciência; era corrupto somente para si próprio,
seu espírito íntegro e firme não se permitia entender o assassinato como um ato sublime da
inteligência. Não possuía nenhuma admiração pelos matadouros e monturos
Contudo, a Mirabeau não faltava orgulho; vangloriava-se em demasia; ainda que tenha
se tornado comerciante de pano a fim de ser eleito pelo Terceiro Estado (a ordem da nobreza
tendo cometido a honrosa loucura de rejeitá-lo), estava impregnado de sua origem: pássaro
feroz, cujo ninho foi posto entre quatro torres, disse seu pai. Não podia esquecer que havia se
mostrado à Corte, montado nos carros do Rei e ido com ele à caça. Exigia que o qualificassem
pelo título de conde; tinha apego a suas cores, e cobriu seus criados de libré quando todos a
tinham abandonado. Ele citava a toda hora, e fora de hora, seu parente, o almirante de
Coligny. O Moniteur o havia chamado Riquet: “Saiba”, disse ele com veemência ao
jornalista, “que com o seu tal Riquet, o senhor desorientou a Europa durante três dias?” Ele
repetia essa pilhéria insolente e tão famosa: “Em outra família, meu irmão, o visconde, seria
um homem de talento e um mau sujeito; na minha família, ele é um tolo e um homem de
bem.” Certos biógrafos atribuem essa frase ao visconde, comparando-se com humildade aos
outros membros da família.
No fundo, os sentimentos de Mirabeau eram monárquicos. Ele pronunciou essas belas
palavras: “Eu desejei curar os franceses da superstição da monarquia e substituir seu culto.”
Numa carta, destinada a ser posta diante dos olhos de Luis XVI, ele escrevia: “Eu não gostaria
de haver trabalhado apenas para uma vasta destruição.” Foi, no entanto, justamente o que lhe
sucedeu: o céu, para nos punir do mau uso de nossos talentos, nos oferece o remorso por
nossos êxitos.
Mirabeau remuait l'opinion avec deux leviers : d'un coté, il prenait son point d'appui
dans les masses dont il s'était constitué le défenseur en les méprisant ; de l'autre, quoique
traître à son ordre, il en soutenait la sympathie par des affinités de caste et des intérêts
communs. Cela n'arriverait pas au plébéien, champion des classes privilégiées ; il serait
abandonné de son parti sans gagner l'aristocratie, de sa nature ingrate et ingagnable, quand on
n'est pas né dans ses rangs. L'aristocratie ne peut d'ailleurs improviser un noble, puisque la
noblesse est fille du temps.
Mirabeau a fait école. En s'affranchissant des liens moraux, on a rêvé qu'on se
transformait en homme d'Etat. Ces imitations n'ont produit que de petits pervers : tel qui se
flatte d'être corrompu et voleur n'est que débauché et fripon. Tel qui se croit vicieux n'est que
vil ; tel qui se vante d'être criminel n'est qu'infâme.
Trop tôt pour lui trop tard pour elle, Mirabeau se vendit à la cour, et la cour l'acheta. Il
mit en enjeu sa renommée devant une pension et une ambassade : Cromwell fut au moment de
troquer son avenir contre un titre et l'ordre de la Jarretière. Malgré sa superbe, Mirabeau ne
s'évaluait pas assez haut. Maintenant que l'abondance du numéraire et des places a élevé le
prix des consciences, il n'y a pas de sautereau dont l'acquêt ne coûte des centaines de mille
francs et les premiers honneurs de l'Etat. La tombe délia Mirabeau de ses promesses, et le mit
à l'abri des périls que vraisemblablement il n'aurait pu vaincre : sa vie eût montré sa faiblesse
dans le bien ; sa mort l'a laissé en possession de sa force dans le mal.
En sortant de notre dîner on discutait des ennemis de Mirabeau. Je me trouvais à côté
de lui et n'avais pas prononcé un mot. Il me regarda en face avec ses yeux d'orgueil, de vice et
de génie, et, m'appliquant sa main sur l'épaule, il me dit : « Ils ne me pardonneront jamais ma
supériorité ! » Je sens encore l'impression de cette main, comme si Satan m'eût touché de sa
griffe de feu.
Mirabeau agitava a opinião blica com duas alavancas: de um lado, tinha seu ponto
de apoio nas massas, das quais se havia erigido defensor ao mesmo tempo em que as
desprezava; de outro lado, tendo traído sua ordem, obtinha mesmo assim sua simpatia pelas
afinidades de casta e pelos interesses comuns. Isto não teria acontecido ao plebeu, campeão
das classes privilegiadas; ele seria abandonado por seu partido sem ascender à aristocracia, de
natureza ingrata e inalcançável, quando a ela não se pertence desde o nascimento. A
aristocracia não pode aliás improvisar um nobre, pois a nobreza é filha do tempo.
Mirabeau fez escola. Liberando-se do freio moral, muita gente supunha poder se
transformar em homem de Estado. Estas imitações produziram apenas ínfimos perversos:
aquele que se orgulha de ser corrupto e ladrão é apenas um libertino e velhaco; o que se julga
vicioso é apenas vil; o que se vangloria de ser criminoso é apenas um infame.
Cedo demais para ele, tarde demais para ela, Mirabeau se vendeu à Corte, e a Corte o
comprou. Pôs em jogo seu renome por uma pensão e uma embaixada. Cromwell esteve a
ponto de trocar seu futuro por um título e pela ordem da Jarreteira. Apesar de sua soberba,
Mirabeau não fazia tão alto juízo de si mesmo. Agora que a abundância do numerário e dos
cargos elevou o preço das consciências, não bugiganga cuja aquisição não custe centenas
de milhares de francos e as primeiras honras de Estado. A tumba isentou Mirabeau de suas
promessas, e o colocou ao abrigo dos perigos que provavelmente não haveria de conseguir
enfrentar: sua vida teria revelado sua fraqueza no bem; sua morte o deixou em possessão de
sua força no mal.
Ao terminarmos nossa refeição, discutia-se a respeito dos inimigos de Mirabeau; eu
me encontrava a seu lado e não havia pronunciado uma palavra. Ele encarou-me de frente
com o seus olhos de orgulho, de vício e de gênio, e, pousando a mão sobre meu ombro, falou-
me: “Eles jamais perdoarão minha superioridade!” Sinto ainda o efeito daquela mão, como se
Satã tivesse tocado em mim com sua garra de fogo.
Lorsque Mirabeau fixa ses regards sur le jeune muet eut-il un pressentiment de mes
futuritions ? Pensa-t-il qu'il comparaîtrait un jour devant mes souvenirs ? J'étais destiné à
devenir l'historien de hauts personnages : ils ont défilé devant moi, sans que je me sois
appendu à leur manteau pour me faire traîner avec eux à la postérité.
Mirabeau a déjà subi la métamorphose qui s'opère parmi ceux dont la mémoire doit
demeurer, porté du Panthéon à l'égout, et reporté de l'égout au Panthéon, il s'est élevé de toute
la hauteur du temps qui lui sert aujourd'hui de piédestal. On ne voit plus le Mirabeau réel,
mais le Mirabeau idéalisé le Mirabeau tel que le font les peintres, pour le rendre le symbole
ou le mythe de l'époque qu'il représente : il devient ainsi plus faux et plus vrai. De tant de
réputations, de tant d'acteurs, de tant d'événements, de tant de ruines, il ne restera que trois
hommes, chacun d'eux attaché à chacune des trois grandes époques révolutionnaires,
Mirabeau pour l'aristocratie, Robespierre pour la démocratie, Bonaparte pour le despotisme ;
la monarchie restaurée n'a rien : la France a payé cher trois renommées que ne peut avouer la
vertu.
(13)
Paris, décembre 1821.
SÉANCES DE L’ASSAMBLÉ NATIONALE. – ROBESPIERRE.
Les séances de l'Assemblée Nationale offraient un intérêt dont les séances de nos
chambres sont loin d'approcher. On se levait de bonne heure pour trouver place dans les
tribunes encombrées. Les députés arrivaient en mangeant, causant, gesticulant ; ils se
groupaient dans les diverses parties de la salle, selon leurs opinions. Lecture du procès-verbal
; après cette lecture, développement du sujet convenu, ou motion extraordinaire. Il ne
s'agissait pas de quelque article insipide de loi, rarement une destruction manquait d'être à
l'ordre du jour. On parlait pour ou contre ; tout le monde improvisait bien ou mal. Les débats
devenaient orageux ; les tribunes se mêlaient à la discussion, applaudissaient et glorifiaient,
sifflaient et huaient les orateurs.
Quando Mirabeau fixou seu olhar no jovem mudo teria tido ele algum pressentimento
de minhas possibilidades de realização? Pensava ele que iria comparecer um dia em minhas
lembranças? Eu estava destinado a me tornar o historiador dos altos personagens: eles
desfilaram diante de mim sem que me tivesse agarrado a seu manto para me fazer arrastar até
a posteridade junto a eles.
Mirabeau sofreu a metamorfose que se opera entre aqueles cuja memória deve
permanecer; levado do Panteon para os esgotos, e trazido de volta dos esgotos para o Panteon,
ele se elevou à altura máxima do tempo que lhe serve hoje de pedestal. Não vemos mais o
Mirabeau real, mas o Mirabeau idealizado, o Mirabeau tal como o fazem os pintores, para
convertê-lo em símbolo ou em mito da época que representa: ele torna-se assim mais falso e
mais verdadeiro. De tantas reputações, de tantos atores, de tantos eventos, de tantas ruínas,
restarão somente três homens, cada qual ligado a cada uma das três grandes épocas
revolucionárias, Mirabeau para a aristocracia, Robespierre para a democracia, Bonaparte para
o despotismo; a monarquia nada tem: a França pagou caro por três reputações que a virtude
não pode aprovar.
Capítulo 13
Paris, dezembro de 1821.
Sessões da Assembléia Nacional. – Robespierre.
As sessões da Assembléia Nacional criavam um interesse que as sessões de nossas Câmaras
estavam muito longe de alcançar. As pessoas levantavam-se cedo para achar lugar dentro das
tribunas abarrotadas. Os deputados chegavam comendo, conversando, gesticulando; eles se
agrupavam em diversos cantos da sala, conforme suas opiniões. Leitura da ata; após esta
leitura, desenvolvimento do assunto acordado, ou moção extraordinária. Não se tratava de
qualquer artigo de lei insípido, raramente uma demolição não estava na ordem do dia. Falava-
se contra ou a favor; bem ou mal, todo mundo improvisava. Os debates eram turbulentos; as
tribunas interferiam na discussão, aplaudiam e glorificavam, assobiavam e vaiavam os
oradores.
Le président agitait sa sonnette ; les députés s'apostrophaient d'un banc à l'autre.
Mirabeau le jeune prenait au collet son compétiteur ; Mirabeau l'aîné criait : « Silence aux
trente voix ! » . Un jour, j'étais placé derrière l'opposition royaliste ; j'avais devant moi un
gentilhomme dauphinois, noir de visage, petit de taille, qui sautait de fureur sur son siège, et
disait à ses amis : « Tombons, l'épée à la main, sur ces gueux-là. » Il montrait le côté de la
majorité. Les dames de la Halle, tricotant dans les tribunes, l'entendirent, se levèrent et
crièrent, toutes à la fois, leurs chausses à la main, l'écume à la bouche : « A la lanterne ! » . Le
vicomte de Mirabeau, Lautrec et quelques jeunes nobles voulaient donner l'assaut aux
tribunes.
Bientôt ce fracas était étouffé par un autre : des pétitionnaires, armés de piques,
paraissaient à la barre : « Le peuple meurt de faim, disaient-ils ; il est temps de prendre des
mesures contre les aristocrates et de s'élever à la hauteur des circonstances. » Le président
assurait ces citoyens de son respect : « On a l'oeil sur les traîtres, répondait-il, et l'Assemblée
fera justice. » Là-dessus, nouveau vacarme : les députés de droite s'écriaient qu'on allait à
l'anarchie ; les députés de gauche pliquaient que le peuple était libre d'exprimer sa volonté,
qu'il avait le droit de se plaindre des fauteurs du despotisme, assis jusque dans le sein de la
représentation nationale : ils désignaient ainsi leurs collègues à ce peuple souverain, qui les
attendait au réverbère.
Les séances du soir l'emportaient en scandale sur les séances du matin : on parle mieux
et plus hardiment à la lumière des lustres. La salle du Manège était alors une véritable salle de
spectacle, où se jouait un des plus grands drames du monde. Les premiers personnages
appartenaient encore à l'ancien ordre de choses ; leurs terribles remplaçants, cachés derrière
eux, parlaient peu ou point. A la fin d'une discussion violente, je vis monter à la tribune un
député d'un air commun, d'une figure grise et inanimée, régulièrement coiffé, proprement
habillé comme le régisseur d'une bonne maison, ou comme un notaire de village soigneux de
sa personne. Il lut un rapport long et ennuyeux ; on ne l'écouta pas. Je demandai son nom :
c'était Robespierre. Les gens à souliers étaient prêts à sortir des salons, et déjà les sabots
heurtaient à la porte.
O presidente tocava sua campainha; os deputados se insultavam de um banco ao outro.
Mirabeau jovem pegava seu rival pelo colarinho; Mirabeau mais velho gritava: “Façam
silêncio as trinta vozes!” Um dia, estava eu atrás da oposição monarquista; eu tinha à minha
frente um nobre delfinês, de rosto escuro, pequeno de estatura, que saltava sobre o assento de
tanta fúria, e dizia a seus amigos: “Vamos de espada na mão em cima destes indigentes.” Ele
apontava para o lado da maioria. As senhoras de Halle, que tricotavam nas tribunas, o
escutaram, ergueram-se e gritaram todas juntas, com as ceroulas tricotadas às mãos, e espuma
na boca: “À forca!” O visconde de Mirabeau, Lautrec e alguns jovens nobres queriam lançar-
se ao ataque contra as tribunas.
Esse alvoroço logo foi abafado por um outro: os peticionários, armados de piques,
apareciam diante da barreira: O povo está morrendo de fome, diziam eles; é hora de tomar
medidas contra os aristocratas e de elevar-se à altura das circunstâncias.” O presidente
garantia a estes cidadãos seu respeito: “Mantemos o olho sobre os traidores, respondia ele, e a
Assembléia fará justiça.” Depois disso, nova baderna: os deputados de direita exclamavam
que aquilo se encaminhava para a anarquia; os deputados de esquerda retorquiam que o povo
era livre para expressar sua vontade, e que ele possuía o direito de protestar contra os
promotores do despotismo, assentados até no seio da representação nacional: designavam
assim os seus colegas diante deste povo soberano que os aguardava sob o revérbero.
As sessões da tarde suplantavam em escândalo as sessões da manhã: fala-se melhor e
com mais ardor à luz dos lustres. A sala do Manège
152
era, naquele momento, uma verdadeira
sala de espetáculo, onde se representava um dos maiores dramas do mundo. Os primeiros
personagens pertenciam ainda à antiga ordem das coisas; seus terríveis substitutos, escondidos
atrás deles, falavam pouco ou nada. Ao fim de uma discussão violenta, vi subir à tribuna um
deputado de aspecto comum, de um rosto sombrio e inexpressivo, penteado de modo trivial,
corretamente vestido, como o administrador de uma casa elegante, ou como o tabelião de um
vilarejo, zeloso de sua imagem. Ele fez um relato longo e fastidioso; ninguém o escutou;
interroguei sobre seu nome: era Robespierre. Os homens de sapatos estavam prestes a
deixarem os salões, e já os de tamancos batiam às portas.
152
Local das primeiras assembléias revolucionárias até 1793; consistia num grande retângulo que dava para o
Jardim das Tulherias.
(14)
Paris, décembre 1821.
SOCIÉTÉ. – ASPECT DE PARIS.
Lorsqu'avant la Révolution, je lisais l'histoire des troubles publics chez divers peuples,
je ne concevais pas comment on avait pu vivre en ces temps-là ; je m'étonnais que Montaigne
écrivît si gaillardement dans un château dont il ne pouvait faire le tour sans courir le risque
d'être enlevé par des bandes de ligueurs ou de protestants.
La Révolution m'a fait comprendre cette possibilité d'existence. Les moments de crise
produisent un redoublement de vie chez les hommes. Dans une société qui se dissout et se
recompose, la lutte des deux génies, le choc du passé et de l'avenir, le mélange des moeurs
anciennes et des moeurs nouvelles, forment une combinaison transitoire qui ne laisse pas un
moment d'ennui. Les passions et les caractères en liberté, se montrent avec une énergie qu'ils
n'ont point dans la cité bien réglée. L'infraction des lois, l'affranchissement des devoirs, des
usages et des bienséances, les périls même ajoutent à l'intérêt de ce désordre. Le genre humain
en vacances se promène dans la rue, débarrassé de ses pédagogues rentré pour un moment
dans l'état de nature, et ne recommençant à sentir la nécessité du frein social, que lorsqu'il
porte le joug des nouveaux tyrans enfantés par la licence.
Je ne pourrais mieux peindre la société de 1789 et 1790 qu'en la comparant à
l'architecture du temps de Louis XII et de François Ier, lorsque les ordres grecs se vinrent
mêler au style gothique, ou plutôt en l'assimilant à la collection des ruines et des tombeaux de
tous les siècles, entassés pêle-mêle après la Terreur dans les cloîtres des Petits-Augustins :
seulement, les débris dont je parle étaient vivants et variaient sans cesse. Dans tous les coins
de Paris il y avait des réunions littéraires, des sociétés politiques et des spectacles. Les
renommées futures erraient dans la foule sans être connues, comme les âmes au bord du Léthé
avant d'avoir joui de la lumière. J'ai vu le maréchal Gouvion-Saint-Cyr remplir un rôle sur le
théâtre du Marais, dans la Altière coupable de Beaumarchais.
Capítulo 14
Paris, dezembro de 1821.
Sociedade. – Aspectos de Paris.
Quando, antes da Revolução, eu lia a história das desordens públicas de diversos
povos, não podia conceber a vida naqueles tempos; ficava impressionado que Montaigne
escrevesse tão galhardamente dentro de um castelo em torno do qual não podia dar a volta
sem correr o risco de ser capturado por bandos da Liga ou por protestantes.
A Revolução me fez compreender esta possibilidade de existência. Os momentos de
crise produzem um intensificação de vida nos homens. Numa sociedade que se dilui e se
recompõe, a luta entre dois gênios, o choque do passado com o futuro, a mistura de costumes
antigos e de costumes novos formam uma combinação transitória que não deixa um
instante de aborrecimento. As paixões e os temperamentos em liberdade mostram-se com uma
energia de que não dispõem na cidade bem regrada. A infração das leis, a abolição dos
deveres, dos usos e das conveniências, e até mesmo os perigos aumentam o interesse por toda
essa desordem. O gênero humano em rias passeia pelas ruas, liberado de seus pedagogos,
entregue por um momento ao estado de natureza, apenas começando a sentir outra vez a
necessidade do freio social, quando sofre o jugo de novos tiranos alimentados pela
licenciosidade.
Não poderia pintar melhor a sociedade de 1789 e 1790 senão a comparando com a
arquitetura dos tempos de Luís XII e Francisco I, ocasião em que as ordens gregas viram-se
misturadas ao estilo gótico, ou, melhor, assimilando-a à coleção de ruínas e de tumbas de
todos os séculos, desordenadamente empilhadas após o Terror nos claustros dos Petits-
Augustins: a única diferença é que os destroços dos quais falo eram vivos e variavam sem
cessar. Em todos os cantos de Paris havia reuniões literárias, sociedades políticas e
espetáculos; os futuros renomes erravam pelo meio da multidão sem serem conhecidos, como
as almas às margens do Letes antes de terem conhecido a luz. Vi o merechal Gouvion-Saint-
Cyr representar um papel, no teatro do Marais, em Mère Coupable, de Beaumarchais.
On se transportait du club des Feuillants au club des Jacobins, des bals et des maisons
de jeu aux groupes du Palais-Royal, de la tribune de l'Assemblée nationale à la tribune en
plein vent. Passaient et repassaient dans les rues des députations populaires, des piquets de
cavalerie, des patrouilles d'infanterie. Auprès d'un homme en habit français, tête poudrée,
épée au côté, chapeau sous le bras, escarpins et bas de soie, marchait un homme, cheveux
coupés et sans poudre, portant le frac anglais et la cravate américaine. Aux théâtres, les
acteurs publiaient les nouvelles, le parterre entonnait des couplets patriotiques. Des pièces de
circonstance attiraient la foule : un abbé paraissait sur la scène. Le peuple lui criait : « Calotin
! calotin ! » et l'abbé répondait : « Messieurs, vive la nation ! » ; on courait entendre chanter
Mandini et sa femme, Viganoni et Rovedino à l' Opéra Buffa , après avoir entendu hurler Ça
ira ; on allait admirer madame Dugazon, madame Saint-Aubin, Carline, la petite Olivier,
mademoiselle Contat, Molé, Fleury, Talma débutant, après avoir vu pendre Favras.
Les promenades au boulevard du Temple et à celui des Italiens, surnommé Coblentz ,
les allées du jardin des Tuileries étaient inondées de femmes pimpantes : trois jeunes filles de
Grétry y brillaient, blanches et roses comme leur parure : elles moururent bientôt toutes trois.
« Elle s'endormit pour jamais, dit Grétry en parlant de sa fille aînée, assise sur mes genoux,
aussi belle que pendant sa vie. » Une multitude de voitures sillonnaient les carrefours
barbotaient les sans-culottes et l'on trouvait la belle madame de Buffon, assise seule dans un
phaéton du duc d'Orléans, stationné à la porte de quelque club.
L'élégance et le goût de la société aristocratique se retrouvaient à l'hôtel de La Rochefoucauld,
aux soirées de mesdames de Poix, d'Hénin, de Simiane, de Vaudreuil, dans quelques salons de la haute
magistrature, restés ouverts. Chez M. Necker, chez M. le comte de Montmorin, chez les divers
ministres, se rencontraient (avec madame de Staël, la duchesse d'Aiguillon, mesdames de Beaumont et
de Sérilly) toutes les nouvelles illustrations de la France, et toutes les libertés des nouvelles moeurs. Le
cordonnier en uniforme d'officier de la garde nationale, prenait à genoux la mesure de votre pied ; le
moine, qui le vendredi traînait sa robe noire ou blanche, portait le dimanche le chapeau rond et l'habit
bourgeois ; le capucin, rasé, lisait le journal à la guinguette, et dans un cercle de femmes folles
paraissait une religieuse gravement assise : c'était une tante ou une soeur mise à la porte de son
monastère. La foule visitait ces couvents ouverts au monde, comme les voyageurs parcourent, à
Grenade, les salles abandonnées de l'Alhambra, ou comme ils s'arrêtent, à Tibur, sous les colonnes du
temple de la Sibylle.
Passava-se do clube de Feuillants ao clube dos Jacobinos, dos bailes e das casas de
jogos aos grupos do Palais-Royal, da tribuna da Assembléia Nacional às tribunas ao ar livre.
Iam e vinham pelas ruas as deputações populares, os piquetes de cavalaria, as patrulhas de
infantaria. Junto a um homem em traje ao estilo francês, cabeça empoada, espada à cintura,
chapéu embaixo do braço, escarpim e meias de seda, caminhava um homem, com cabelos
cortados e sem pó, vestindo o fraque inglês e a gravata americana. Nos teatros, os atores
tornavam públicas as notícias; a platéia entoava canções patrióticas. Peças de circunstância
atraíam a multidão: um abade aparecia em cena; o povo vociferava contra ele: “Sotaina!
Sotaina!” E o abade respondia: “Senhores, viva a Nação!” Todos corriam para ouvir Mandini
e sua mulher cantar o Viganoni e Rovedino na Opera-Buffa, após ouvirem bramir Ça ira; ia-
se admirar senhora Dugazon, senhora Saint-Aubin, Carline, a pequena Olivier, a senhorita
Contat, Molé, Fleury, a iniciante Talma depois de se ter visto enforcar Favras.
Os passeios no boulevar do Temple e no dos Italiens, chamado de Coblentz, as
alamedas dos jardins das Tuilherias estavam inundados de mulheres coquetes: três jovens
filhas de Grétry brilhavam ali, brancas e rosas tal como seu vestuário: as três morreram pouco
tempo depois. “Ela dormiu para sempre”, disse Grétry falando de sua filha mais velha,
“sentada em meu colo, tão bela quanto o foi durante toda sua vida.” Uma profusão de coches
sulcava os cruzamentos onde resmungavam os sans-culottes, e encontrávamos a bela madame
de Buffon, sentada sozinha dentro de um faeton do duque d’Orléans, estacionado diante da
porta de algum clube.
A elegância e o gosto da sociedade aristocrática podiam ser vistos no palacete de La
Rochefoucauld, nas noites de festas das madames de Poix, d’Hénin, de Simiane, de Vaudreuil, em
alguns salões da alta magistratura, que continuavam abertos. Na casa do senhor Necker, na casa do
senhor conde de Montmorin, na casa de diversos ministros, encontravam-se (com madame de Staël, a
duqueza d’Aguillon, as senhoras de Beaumont e de Sérilly) todas as novas figuras ilustres da França, e
todas as liberdades dos novos costumes. O sapateiro em uniforme de oficial da guarda nacional
tomava, de joelhos, a medida de seu pé; o monge que, na sexta-feira arrastava seu hábito negro ou
branco, no domingo portava o chapéu redondo e andava à paisana; o capuchinho, barbeado, lia o jornal
numa taberna, e em meio a um círculo de mulheres alegres via-se uma religiosa muito séria sentada:
era uma tia ou uma irbanida de seu monastério. A multidão visitava estes conventos abertos ao
mundo, assim como os viajantes percorrem, em Granada, as salas abandonadas de Alhambra, ou como
se detêm em Tibur sob as colunas do templo de Sibila.
Du reste force duels et amours, liaisons de prison et fraternité de politique, rendez-
vous mystérieux parmi des ruines, sous un ciel serein, au milieu de la paix et de la poésie de la
nature ; promenades écartées, silencieuses, solitaires, mêlées de serments éternels et de
tendresses indéfinissables, au sourd fracas d'un monde qui fuyait, au bruit lointain d'une
société croulante, qui menaçait de sa chute ces félicités placées au pied des événements.
Quand on s'était perdu de vue vingt-quatre heures, on n'était pas r de se retrouver jamais.
Les uns s'engageaient dans les routes révolutionnaires, les autres méditaient la guerre civile ;
les autres partaient pour l'Ohio, ils se faisaient précéder de plans de châteaux à bâtir chez
les Sauvages ; les autres allaient rejoindre les Princes : tout cela allègrement, sans avoir
souvent un sou dans sa poche : les royalistes affirmant que la chose finirait un de ces matins
par un arrêt du parlement ; les patriotes, tout aussi légers dans leurs espérances, annonçant le
règne de la paix et du bonheur avec celui de la liberté. On chantait :
La sainte chandelle d'Arras,
Le flambeau de la Provence,
S'ils ne nous éclairent pas,
Mettent le feu dans la France ;
On ne peut pas les toucher,
Mais on espère les moucher.
Et voilà comme on jugeait Robespierre et Mirabeau ! « Il est aussi peu en la
puissance de toute faculté terrienne, dit l'Estoile, d'engarder le peuple françois de parler, que
d'enfouir le soleil en terre ou l'enfermer dedans un trou. »
Havia, de resto, muitos duelos e amores, amizades de cárcere e fraternidade política,
encontros misteriosos entre as ruínas, sob um céu sereno, no meio da paz e da poesia da
natureza; passeios retirados, silenciosos, solitários, misturados de juramentos eternos e de
infindáveis ternuras, sob o surdo estampido de um mundo que desaparecia, sob o ruído
distante de uma sociedade que desmoronava, ameaçando com sua queda as felicidades que se
encontravam à sombra dos acontecimentos Quando se havia perdido alguém de vista durante
vinte e quatro horas, não se tinha mais a certeza de voltar a vê-lo algum dia. Uns tomavam o
caminho revolucionário, outros cogitavam a guerra civil; outros partiam para Ohio, munidos,
de projetos de castelos a serem erguidos entre os Selvagens; outros, ainda, iam se unir aos
príncipes: e tudo isso alegremente, sem geralmente ter um centavo no bolso: os realistas
afirmando que a coisa terminaria numa manhã qualquer com uma ordem de detenção do
parlamento, os patriotas, igualmente levianos nas suas esperanças, anunciando o reino da paz
e do júbilo com o da liberdade. Ouvíamos cantarem:
La sainte chandelle d'Arras,
Le flambeau de la Provence,
S'ils ne nous éclairent pas
Mettent le feu dans la France ;
On ne peut pas les toucher,
Mais on espère les moucher.
153
Eis então como se julgava Robespierre e Mirabeau! “É tão inconcebível para o
entendimento humano, diz Estoile, impedir o povo francês de falar como o é querer enterrar o
sol na terra ou encerrá-lo dentro de um buraco.”
153
O santo castiçal de Arras, o archote da Provence, se eles não nos iluminarem, incendeiam a França; não
podemos tocá-los, mas esperamos repreendê-los.” Canção monarquista; alusão a Robespierre e a Mirabeau.
Des milliers de brochures et de journaux pullulaient ; les satires et les poèmes, les
chansons des Actes des Apôtres , répondaient à l' Ami du peuple ou au Modérateur du club
monarchien, rédigé par Fontanes ; Mallet-Dupan, dans la partie politique du Mercure , était en
opposition avec Laharpe et Chamfort dans la partie littéraire du même journal. Champcenetz,
le marquis de Bonnay, Rivarol, Boniface, Mirabeau le cadet (le Holbein d'épée, qui leva sur le
Rhin la légion des hussards de la Mort), Honoré Mirabeau l'aîné, s'amusaient à faire, en
dînant, des caricatures et le Petit Almanach des grands hommes : Honoré allait ensuite
proposer la loi martiale ou la saisie des biens du clergé. Il passait la nuit chez madame Jay ,
après avoir déclaré qu'il ne sortirait de l'Assemblée nationale que par la puissance des
baïonnettes. Egalité consultait le diable dans les carrières de Montrouge, et revenait au jardin
de Monceaux présider les orgies dont Laclos était l'ordonnateur. Le futur régicide ne
dégénérait point de sa race : double prostitué, la débauche le livrait épuisé à l'ambition.
Lauzun, déjà fané, soupait dans sa petite maison à la barrière du Maine avec des danseuses de
l'opéra, entrecaressées de MM. de Noailles, de Dillon, de Choiseul, de Narbonne, de
Talleyrand, et de quelques autres élégances du jour dont il nous reste deux ou trois momies.
La plupart des courtisans, célèbres par leur immoralité, à la fin du règne de Louis XV
et pendant le règne de Louis XVI, étaient enrôlés sous le drapeau tricolore : presque tous
avaient fait la guerre d'Amérique et barbouillé leurs cordons des couleurs républicaines : la
Révolution les employa tant qu'elle se tint à une médiocre hauteur ; ils devinrent même les
premiers généraux de ses armées. Le duc de Lauzun, le romanesque amoureux de la princesse
Czartoriska, le coureur de femmes sur les grands chemins, le Lovelace qui avait celle-ci et
puis qui avait celle-là, selon noble et chaste jargon de la cour, le duc de Lauzun devenu duc
de Biron, commandant pour la Convention dans la Vendée : quelle pitié ! Le baron de
Bezonval, révélateur menteur et cynique des corruptions de la haute société, mouche du coche
des puérilités de la vieille monarchie expirante, ce lourd baron compromis dans l'affaire de la
Bastille, sauvé par M. Necker et par Mirabeau, uniquement parce qu'il était Suisse : quelle
misère ! Qu'avaient à faire de pareils hommes avec de pareils événements ? Quand la
Révolution eut grandi, elle abandonna avec dédain les frivoles apostats du trône : elle avait eu
besoin de leurs vices elle eut besoin de leurs têtes : elle ne méprisait aucun sang, pas même
celui de la du Barry.
Pululavam milhares de panfletos e jornais; as sátiras e os poemas, as canções de Actes
des Apôtres respondiam ao Ami du peuple ou ao Modérateur do clube monárquico, redigido
por Fontanes; Mallet-Dupan, na parte política do Mercur, se opunha a Laharpe e Chamfort na
parte literária do mesmo jornal, Champcenetz, o marquês de Bonnay, Rivarol, Boniface
Mirabeau o caçula (o Holbein de espada, que conduziu pelo Reno a legião dos hussardos da
Morte), Honoré Mirabeau o primogênito se divertiam, enquanto almoçavam, a fazer
caricaturas e o Petit Almanach des grands hommes: Honoré iria propor mais tarde a lei
marcial ou o confisco dos bens do clero. Passava a noite com a senhora Jay, após ter
declarado que não sairia mais da Assembléia Nacional senão pela força das baionetas. Égalité
154
consultava o diabo nas pedreiras de Montrouge, e retornava ao jardim de Monceaux para
presidir as orgias que Laclos organizava. O futuro regicida não desmerecia sua raça:
prostituído duplamente, o desregramento o entregava exausto à ambição. Lauzun, decaído,
ceava em sua pequena casa na barreira do Maine com umas dançarinas de l’Opéra, acariciadas
pelos senhores de Noailles, de Dillon, de Choiseul, de Narbonne, de Talleyrand e de alguns
outros elegantes do dia de que nos restam duas ou três múmias.
Uma grande parte dos cortesãos, célebres por sua imortalidade ao final do reinado de
Luís XV e durante o reinado de Luís XVI, arrolaram-se sob a bandeira tricolor: quase todos
haviam feito a guerra da América e mancharam seus cordões com as cores republicanas. A
Revolução se serviu deles enquanto se manteve num certo nível; eles chegaram mesmo a
tornarem-se os primeiros generais de seus exércitos. O duque de Lauzun, o romanesco
enamorado da princesa Czartoriska, o grande amante de aventuras amorosas, o Lovelace que
tinha esta e, logo depois, tinha aquela, segundo o nobre e casto jargão da Corte, o duque de
Lauzun convertido em duque de Biron, comandante para a Convenção na Vendéia: que
lástima! O barão de Bezenval, mentiroso e cínico revelador das corrupções da alta sociedade,
alardeador das futilidades da velha monarquia moribunda, aquele pesado barão comprometido
no caso da Bastilha, salvo pelo senhor Necker e por Mirabeau, por que era suíço: que
miséria! Que haveriam de fazer semelhantes homens com semelhantes fatos? Quando a
Revolução tomou vulto, ela abandonou com todo desdém os frívolos apóstatas do trono: ela
precisou de seus cios, e precisou de suas cabeças: não desprezava nenhum sangue, nem
mesmo o da Du Barry.
(15)
154
Louis-Philippe, o duque de Orléans.
Paris, décembre 1821.
CE QUE JE FAISAIS AU MILIEU DE TOUT CE BRUIT. – MES
JOURS SOLITAIRES. – MADEMOISELLE MONET. – J’ARRÊTE
AVEC M. DE MALESHERBES LE PLAN DE MON VOYAGE EN
AMÉRIQUE. – BONAPARTE ET MOI, SOUS-LIEUTENANTS
IGNORÉS. – LE MARQUIS DE LA ROUËRIE. – JE M’EMBARQUE
À SAINT-MALO. – DERNIÈRE PENSÉES EN QUITTANT LA TERRE
NATALE.
L'année 1790 compléta les mesures ébauchées de l'année 1789. Le bien de l'Eglise,
mis d'abord sous la main de la nation, fut confisqué, la constitution civile du clergé décrétée,
la noblesse abolie.
Je n'assistai pas à la Fédération de juillet 1790 : une indisposition assez grave me
retenait au lit ; mais je m'étais fort amusé auparavant aux brouettes du Champ-de-Mars.
Madame de Staël a merveilleusement crit cette scène. Je regretterai toujours de n'avoir pas
vu M. de Talleyrand dire la messe servie par l'abbé Louis, comme de ne l'avoir pas vu, le
sabre au côté, donner audience à l'ambassadeur du Grand-Turc.
Mirabeau déchut de sa popularité dans l'année 1790 ; ses liaisons avec la cour étaient
évidentes. M. Necker résigna le ministère et se retira, sans que personne eût envie de le
retenir. Mesdames, tantes du Roi, partirent pour Rome avec un passeport de l'Assemblée
nationale. Le duc d'Orléans, revenu d'Angleterre, se déclara le très-humble et très obéissant
serviteur du Roi. Les sociétés des Amis de la Constitution, multipliées sur le sol, se
rattachaient à Paris à la société mère, dont elles recevaient les inspirations et exécutaient les
ordres.
La vie publique rencontrait dans mon caractère des dispositions favorables : ce qui se
passait en commun m'attirait, parce que dans la foule je gardais ma solitude et n'avais point à
combattre ma timidité. Cependant les salons, participant du mouvement universel, étaient un
peu moins étrangers à mon allure, et j'avais, malgré moi, fait des connaissances nouvelles.
Capítulo 15
Paris, dezembro de 1821.
O que eu fazia no meio de todo este barulho. – Meus dias solitários. – Senhorita Monet. –
Estabeleço com o senhor de Malesherbes o plano de minha viagem à América. – Bonaparte e
eu, subtenentes ignorados. – O marquês de La Rouërie. – Embarco para Saint-Malo. –
Últimos pensamentos ao deixar a terra natal.
O ano de 1790 completou as medidas esboçadas no ano de 1789. Os bens da Igreja,
postos inicialmente nas mãos da nação, foram confiscados, a constituição civil do clero foi
decretada e a nobreza abolida.
Não assisti à Federação de julho de 1790: uma indisposição bastante séria impediu-me
de sair da cama; mas antes disso havia me divertido bastante com os carros de mão do
Champ-de-Mars. Madame de Staël descreveu maravilhosamente esta cena. Lamentarei para
sempre não ter visto o senhor Talleyrand dizer a missa servida pelo abade Louis, como
também de não tê-lo visto, com o sabre à cintura, conceder audiência ao embaixador do
Grande Turco.
Mirabeau perdeu sua popularidade no ano de 1790; suas ligações com a Corte eram
evidentes. O senhor Necker renunciou ao ministério e retirou-se, sem que ninguém tenha
desejado retê-lo. As senhoras, tias do Rei, partiram para Roma com um passaporte da
Assembléia Nacional. O duque d’Orléans, de volta, da Inglaterra, declarou-se muito humilde
e obediente servidor do Rei. As sociedades de Amigos da Constituição, que proliferavam em
solo nacional, ligavam-se à sociedade matriz de Paris, da qual recebiam inspiração e as ordens
a serem executadas.
A vida pública encontrava em meu caráter as disposições favoráveis: o que acontecia
coletivamente me seduzia, atraía, pois em meio à multidão eu resguardava minha solidão e
não precisava lutar contra minha timidez. Os salões, contudo, participando da movimentação
geral, eram um pouco menos estranhos a meu modo de ser, e eu havia estabelecido, mesmo a
contragosto, novas relações.
La marquise de Villette s'était trouvée sur mon chemin. Son mari, d'une réputation
calomniée, écrivait, avec Monsieur, frère du Roi, dans le Journal de Paris . Madame de
Villette, charmante encore, perdit une fille de seize ans, plus charmante que sa mère, et pour
laquelle le chevalier de Parny fit ces vers dignes de l' Anthologie :
Au ciel elle a rendu sa vie,
Et doucement s'est endormie
Sans murmurer contre ses lois :
Ainsi le sourire s'efface,
Ainsi meurt sans laisser de trace
Le chant d'un oiseau dans les bois.
Mon régiment, en garnison à Rouen, conserva sa discipline assez tard. Il eut un
engagement avec le peuple au sujet de l'exécution du comédien Bordier, qui subit le dernier
arrêt de la puissance parlementaire ; pendu la veille, héros le lendemain, s'il eût vécu vingt-
quatre heures de plus. Mais, enfin, l'insurrection se mit parmi les soldats de Navarre. Le
marquis de Mortemart émigra, les officiers le suivirent. Je n'avais ni adopté ni rejeté les
nouvelles opinions ; aussi peu disposé à les attaquer qu'à les servir, je ne voulus ni émigrer ni
continuer la carrière militaire : je me retirai.
Dégagé de tous liens, j'avais, d'une part, des disputes assez vives avec mon frère et le
président de Rosambo ; de l'autre, des discussions non moins aigres avec Ginguené, Laharpe
et Chamfort. Dès ma jeunesse, mon impartialité politique ne plaisait à personne. Au surplus,
je n'attachais d'importance aux questions soulevées alors, que par des idées générales de
liberté et de dignité humaines ; la politique personnelle m'ennuyait ; ma véritable vie était
dans des régions plus hautes.
A marquesa de Vilette havia cruzado por meu caminho. Seu marido, de uma
reputação manchada pela calúnia, escrevia com Monsieur, irmão do Rei, para o Jornal de
Paris. A senhora de Vilette, sempre encantadora, perdeu uma filha de dezesseis anos ainda
mais encantadora que a mãe e a quem o cavaleiro de Parny dedicou esses versos dignos da
Antologia.
Au ciel elle a rendu sa vie,
Et doucement s'est endormie,
Sans murmurer contre ses lois :
Ainsi le sourire s'efface,
Ainsi meurt sans laisser de trace
Le chant d'un oiseau dans les bois.
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Meu regimento, na guarnição em Rouen, manteve sua disciplina até bem tarde. Ele
teve um embate com o povo a propósito da execução do ator Bordier, que foi submetido à
última sentença do poder parlamentar; enforcado às vésperas, teria sido herói no dia seguinte,
se tivesse vivido vinte quatro horas a mais. Mas, enfim, a insurreição eclodiu entre os
soldados de Navarra. O marquês de Mortemert emigrou, os oficiais o seguiram. Eu não havia
adotado nem rejeitado as novas opiniões; menos ainda disposto a atacá-las quanto a servi-la,
não desejei nem emigrar nem continuar a carreira militar: retirei-me.
Livre de todo compromisso, eu tinha, de um lado, disputas bastante violentas com o
meu irmão e com o presidente de Rosambo; de outro, discussões não menos ásperas com
Ginguené, Laharpe e Chamfort. Desde minha juventude minha imparcialidade política não
agradava a ninguém. Além disso, não conferia importância às questões que eram então
tratadas, a não ser pelas idéias gerais de liberdade e dignidade humanas; a política pessoal me
aborrecia; minha verdadeira vida situava-se em regiões mais elevadas.
155
Ao céu ela entregou a sua vida, e adormeceu docemente, sem murmurar contra suas leis: assim se apaga
o sorriso, assim morre, sem deixar vestígio, o canto de um pássaro nos bosques.”
Les rues de Paris, jour et nuit encombrées de peuple, ne me permettaient plus mes
flâneries. Pour retrouver le désert, je me réfugiais au théâtre : je m'établissais au fond d'une
loge, et laissais errer ma pensée aux vers de Racine, à la musique de Sacchini, ou aux danses
de l'Opéra. Il faut que j'aie vu intrépidement vingt fois de suite, aux Italiens, la Barbe-bleue et
le Sabot perdu , m'ennuyant pour me désennuyer, comme un hibou dans un trou de mur.
Tandis que la monarchie tombait, je n'entendais ni le craquement des voûtes séculaires, ni les
miaulements du vaudeville, ni la voix tonnante de Mirabeau à la tribune, ni celle de Colin qui
chantait à Babet sur le théâtre.
Qu'il pleuve, qu'il vente ou qu'il neige,
Quand la nuit est longue, on l'abrège.
M. Monet, directeur des mines et sa jeune fille, envoyés par madame Ginguené,
venaient quelquefois troubler ma sauvagerie : mademoiselle Monet se plaçait sur le devant de
la loge ; je m'asseyais moitié content, moitié grognant, derrière elle. Je ne sais si elle me
plaisait, si je l'aimais, mais j'en avais bien peur. Quand elle était partie, je la regrettais, en
étant plein de joie de ne la voir plus. Cependant j'allais quelquefois, à la sueur de mon front, la
chercher chez elle, pour l'accompagner à la promenade : je lui donnais le bras, et je crois que
je serrais un peu le sien.
Une idée me dominait, l'idée de passer aux Etats-Unis : il fallait un but utile à mon
voyage ; je me proposais de découvrir (ainsi que je l'ai dit dans ces moires et dans
plusieurs de mes ouvrages) le passage au nord-ouest de l'Amérique. Ce projet n'était pas
dégagé de ma nature poétique. Personne ne s'occupait de moi ; j'étais alors, ainsi que
Bonaparte, un mince sous-lieutenant tout à fait inconnu ; nous partions, l'un et l'autre, de
l'obscurité à la même époque, moi pour chercher ma renommée dans la solitude, lui sa gloire
parmi les hommes. Or, ne m'étant attaché à aucune femme, ma sylphide obsédait encore mon
imagination. Je me faisais une félicité de aliser avec elle mes courses fantastiques dans les
forêts du Nouveau-Monde. Par l'influence d'une autre nature, ma fleur d'amour, mon fantôme
sans nom des bois de l'Armorique, est devenue Atala sous les ombrages de la Floride.
As ruas de Paris, dia e noite abarrotadas de gente, não mais permitiam minhas
andanças. Para reencontrar o deserto, refugiava-me no teatro: me instalava ao fundo de um
camarote, e deixava os pensamentos vagarem com os versos de Racine, a música de Sacchini,
ou as danças do Opéra. Assisti intrepidamente, pelo menos vinte vezes seguidas, ao Barbe-
bleue e ao Sabot perdu, nos Italiens, me aborrecendo para enfim me desaborrecer, feito uma
coruja em um buraco de parede; enquanto a monarquia desabava não ouvia nem os estalidos
das abóbadas seculares, nem os miados dos vaudeviles, nem a voz tonante de Mirabeau na
tribuna, nem a de Colin que cantava a Babet no teatro:
Qu'il pleuve, qu'il vente ou qu'il neige,
Quand la nuit est longue, on l'abrège.
156
O senhor Monet, diretor de Minas, e sua jovem filha, enviados pela senhora Ginguené,
vinham às vezes perturbar meu espírito arredio: a senhorita Monet ficava na parte da frente do
camarote; eu me sentava atrás dela entre contente e rabugento. Não sei se gostava dela, se a
amava; mas o certo é que me via amedrontado. Quando ela ia embora, eu lamentava e ao
mesmo tempo sentia-me muito alegre por não mais vê-la. Contudo, certas vezes eu fui à sua
casa, com o rosto suado, para acompanhá-la em seu passeio: oferecia-lhe meu braço e creio
que apertava demais o seu.
Uma idéia me dominava, a idéia de viajar aos Estados Unidos: precisava apenas de um
objetivo útil a minha viagem; me propus a descobrir (tal como disse nessas Memórias e em
outras obras) a passagem para o noroeste da América. Este projeto não estava dissociado de
minha natureza poética. Ninguém se ocupava de mim; eu era então, assim como Bonaparte,
um mísero subtenente completamente desconhecido; saíamos da obscuridade ambos pela
mesma época, eu para buscar minha notoriedade na solidão, ele para encontrar sua glória
entre os homens. Pois não estando unido a nenhuma mulher, minha sílfide continuava a
obsedar minha imaginação. Dava-me muita felicidade pensar em fazer com ela minhas
fantásticas incursões pelas florestas do Novo Mundo. Por uma influência de outra natureza,
minha flor de amor, meu fantasma sem nome dos bosques da Armórica, tornou-se Atala sob
as sombras da Flórida.
156
Que faça chuva, vento ou neve, quando a noite é longa, a abreviamos.
M. de Malesherbes me montait la tête sur ce voyage. J'allais le voir le matin. Le nez
collé sur des cartes, nous comparions les différents dessins de la coupole arctique ; nous
supputions les distances du détroit de Berhring au fond de la baie d'Hudson ; nous lisions les
divers récits des navigateurs et voyageurs anglais, hollandais, espagnols, français, russes,
suédois, danois ; nous nous enquérions des chemins à suivre par terre pour attaquer le rivage
de la mer polaire ; nous devisions des difficultés à surmonter, des précautions à prendre contre
la rigueur du climat, les assauts des bêtes et le manque de vivres. Cet homme illustre me disait
: « Si j'étais plus jeune, je partirais avec vous, je m'épargnerais le spectacle que m'offrent ici
tant de crimes, de lâchetés et de folies. Mais à mon âge il faut mourir l'on est. Ne manquez
pas de m'écrire par tous les vaisseaux, de me mander vos progrès et vos découvertes : je les
ferai valoir auprès des ministres. C'est bien dommage que vous ne sachiez pas la botanique ! »
Au sortir de ces conversations, je feuilletais Tournefort, Duhamel, Bernard de Jussieu, Grew,
Jacquin, le Dictionnaire de Rousseau, les Flores élémentaires ; je courais au Jardin du Roi, et
déjà je me croyais un Linné.
Enfin, au mois de janvier 1791, je pris sérieusement mon parti. Le chaos augmentait :
il suffisait de porter un nom aristocrate pour être exposé aux persécutions : plus votre opinion
était consciencieuse et modérée, plus elle était suspecte et poursuivie. Je résolus donc de lever
mes tentes : je laissai mon frère et mes soeurs à Paris et m'acheminai vers la Bretagne.
Je rencontrai, à Fougères, le marquis de La Rouërie : je lui demandai une lettre pour le
général Washington. Le colonel Armand (nom qu'on donnait au marquis, en Amérique) s'était
distingué dans la guerre de l'indépendance américaine. Il se rendit célèbre, en France, par la
conspiration royaliste qui fit des victimes si touchantes dans la famille des Désilles. Mort en
organisant cette conspiration, il fut exhumé, reconnu, et causa le malheur de ses hôtes et de
ses amis. Rival de La Fayette et de Lauzun, devancier de La Rochejaquelein, le marquis de La
Rouërie avait plus d'esprit qu'eux : il s'était plus souvent battu que le premier ; il avait enlevé
des actrices à l'Opéra, comme le second ; il serait devenu le compagnon d'armes du troisième.
Il fourrageait les bois, en Bretagne, avec un major américain, et accompagné d'un singe assis
sur la croupe de son cheval. Les écoliers de droit de Rennes l'aimaient, à cause de sa hardiesse
d'action et de sa liberté d'idées : il avait été un des douze gentilshommes bretons mis à la
Bastille. Il était élégant de taille et de manières, brave de mine, charmant de visage, et
ressemblait aux portraits des jeunes seigneurs de la Ligue.
O senhor de Malesherbes incitava-me a esta viagem. Ia vê-lo pela manhã: com o nariz
colado nos mapas, comparávamos os diferentes desenhos do Pólo Ártico; calculávamos as
distâncias do estreito de Bering até o interior da baía de Hudson; líamos as diversas histórias
de navegadores e viajantes ingleses, holandeses, franceses, russos, suecos, dinamarqueses; nos
instruíamos sobre os caminhos a serem seguidos por terra a fim de se chegar à margem do
mar polar; falávamos das dificuldades a enfrentar, das precauções a tomar contra os rigores do
clima, os ataques dos animais e a falta de víveres. O ilustre homem me dizia: “Se fosse mais
jovem, eu partiria com o senhor, me pouparia dos tantos crimes, covardias e loucuras que me
estão oferecendo aqui por espetáculo. Mas na minha idade deve-se morrer onde se está. Não
deixe de enviar-me notícias por todas as embarcações, de me contar sobre seus avanços e
descobertas: eu os farei valer junto aos ministros. E muita pena que o senhor não conheça a
botânica!” Depois dessas conversas, punha-me a folhear Tournefort, Duhamel, Bernard de
Jussieu, Grew, Jacquin, o Dictionnaire de Rousseau, os livros sobre flora elementar; corria
para o Jardim do Rei, e tão logo me sentia-me um Linné.
Finalmente, no mês de janeiro de 1791, assumi com seriedade minha decisão. O caos
aumentava: bastava possuir um nome aristocrático para estar exposto a perseguições: quanto
mais conscienciosa e moderada era sua opinião, mais suspeita e perseguida ela era. Decidi,
então, levantar acampamento: deixei meu irmão e minhas irmãs em Paris e rumei para a
Bretanha.
Em Fougères, encontrei-me com o marquês de La Rouërie: pedi-lhe uma carta para o
general Washington. O coronel Armand (nome que se dava ao marquês na América) havia se
destacado na Guerra da Independência americana. Ficou célebre na França pela conspiração
realista que vitimou pessoas tão estimadas da família de Désilles. Morto ao organizar esta
conspiração, ele foi exumado, reconhecido e causou o sofrimento de seus hóspedes e de seus
amigos. Rival de La Fayette e de Lauzun, predecessor de La Rochejaquelein, o marquês de La
Rouërie tinha mais talento do que eles: lutou muito mais vezes que o primeiro; havia seduzido
atrizes do Opéra como o segundo; tornou-se companheiro de armas do terceiro. Vasculhava
os bosques na Bretanha com um major americano, e em companhia de um macaco montado
na garupa de um cavalo. Os estudantes de Direito de Rennes o admiravam por causa de sua
intrepidez na ação e por sua liberdade de idéias: foi um dos doze nobres bretões colocados na
Bastilha. Era de talhe e de modos elegantes, de vigoroso aspecto, encantador de rosto, e
assemelhava-se aos retratos dos jovens senhores da Liga.
Je choisis Saint-Malo pour m'embarquer, afin d'embrasser ma mère. Je vous ai dit, au
troisième livre de ces Mémoires , comment je passai par Combourg, et quels sentiments
m'oppressèrent. Je demeurai deux mois à Saint-Malo, occupé des préparatifs de mon voyage,
comme jadis de mon départ projeté pour les Indes.
Je fis marché avec un capitaine, nommé Desjardins : il devait transporter, à Baltimore,
l'abbé Nagot, supérieur de séminaire de Saint-Sulpice, et plusieurs séminaristes, sous la
conduite de leur chef. Ces compagnons de voyage m'auraient mieux convenu quatre ans plus
tôt : de chrétien zélé que j'avais été, j'étais devenu un esprit fort, c'est-à-dire un esprit faible.
Ce changement, dans mes opinions religieuses, s'était opéré par la lecture des livres
philosophiques. Je croyais, de bonne foi, qu'un esprit religieux était paralysé d'un côté, qu'il y
avait des vérités qui ne pouvaient arriver jusqu'à lui, tout supérieur qu'il pût être d'ailleurs. Ce
benoît orgueil me faisait prendre le change ; je supposais dans l'esprit religieux cette absence
d'une faculté, qui se trouve précisément dans l'esprit philosophique : l'intelligence courte croit
tout voir, parce qu'elle reste les veux ouverts ; l'intelligence supérieure consent à fermer les
yeux, parce qu'elle aperçoit tout en dedans. Enfin, une chose m'achevait : le désespoir sans
cause que je portais au fond du coeur.
Une lettre de mon frère a fixé dans ma mémoire la date de mon départ : il écrivait de
Paris à ma mère, en lui annonçant la mort de Mirabeau. Trois jours après l'arrivée de cette
lettre, je rejoignis en rade le navire sur lequel mes bagages étaient chargés. On leva l'ancre,
moment solennel parmi les navigateurs. Le soleil se couchait quand le pilote côtier nous
quitta, après nous avoir mis hors des passes. Le temps était sombre, la brise molle, et la houle
battait lourdement les écueils à quelques encablures du vaisseau.
Mes regards restaient attachés sur Saint-Malo ; je venais d'y laisser ma mère toute en
larmes. J'apercevais les clochers et les dômes des églises j'avais prié avec Lucile, les murs,
les remparts, les forts, les tours, les grèves j'avais passé mon enfance avec Gesril et mes
camarades de jeux ; j'abandonnais ma patrie déchirée, lorsqu'elle perdait un homme que rien
ne pouvait remplacer. Je m'éloignais également incertain des destinées de mon pays et des
miennes : qui périrait de la France ou de moi ? Reverrais-je jamais cette France et ma famille?
Escolhi Saint-Malo para embarcar, a fim de ir abraçar minha mãe. Eu disse-lhe, no
terceiro livro destas Memórias, como passei por Combourg e que sentimentos me oprimiam.
Permaneci dois meses em Saint-Malo, ocupado com os preparativos de minha viagem, assim
como estive um tempo atrás ocupado com meu projeto de viagem para as Índias.
Fiz um acordo com um capitão, chamado Desjardins: ele deveria transportar para
Baltimore o abade Nagot, superior do seminário de Saint-Sulpice, e vários seminaristas sob a
direção de seu guia. Estes companheiros de viagem me teriam sido mais adequados quatro
anos antes: de zeloso cristão que havia sido, me transformei num espírito forte
157
, ou seja,
num espírito fraco. Essa mudança em minhas opiniões religiosas produziu-se com leitura dos
livros filosóficos. Eu acreditava de boa fé que um espírito religioso encontrava-se paralisado,
que existiam verdades inalcançáveis para ele, por mais que se mostrasse superior. Esse
bendito orgulho me levava a um engano: supunha no espírito religioso a ausência de uma
faculdade que se encontra precisamente no espírito filosófico; a inteligência estreita pensa que
tudo vê, porque fica de olhos abertos; a inteligência superior consente em fechar os olhos,
porque percebe no seu interior. Por fim, uma coisa me consumia: o desespero sem causa que
trazia no fundo do coração.
Uma carta de meu irmão deixou-me na memória a data de minha partida: ele escrevia
de Paris a minha mãe, anunciando-lhe a morte de Mirabeau. Três dias após a chegada dessa
carta, me desloquei até o porto onde estava o navio a que minhas bagagens haviam sido
confiadas. Levantaram âncora, momento solene para os navegadores. O sol se punha quando
o piloto costeiro nos deixou, depois de nos fazer passar pelo canal. O tempo estava escuro, a
brisa fraca, e a onda batia com força nos escolhos a algumas braças do navio.
Fiquei com os olhos presos em Saint-Malo; tinha acabado de deixar ali minha mãe em
prantos. Avistava os sinos e cúpulas das igrejas em que havia rezado com Lucile, as paredes,
as fortalezas, os fortes, as torres, as praias onde havia passado a infância com Gesril e meus
companheiros de jogos; abandonava minha pátria destroçada no momento em que ela perdia
um homem que ninguém poderia substituir. Ia embora igualmente inseguro quanto aos
destinos de meu país e aos meus próprios: quem iria perecer, a França ou eu? Chegaria a rever
algum dia esta França e minha família?
157
Incrédulo.
Le calme nous arrêta avec la nuit au débouquement de la rade ; les feux de la ville et
les phares s'allumèrent : ces lumières qui tremblaient sous mon toit paternel semblaient à la
fois me sourire et me dire adieu, en m'éclairant parmi les rochers, les ténèbres de la nuit et
l'obscurité des flots.
Je n'emportais que ma jeunesse et mes illusions ; je désertais un monde dont j'avais
foulé la poussière et compté les étoiles, pour un monde de qui la terre et le ciel m'étaient
inconnus. Que devait-il m'arriver si j'atteignais le but de mon voyage ? Egasur les rives
hyperboréennes, les années de discorde qui ont écrasé tant de générations avec tant de bruit,
seraient tombées en silence sur ma tête ; la société eût renouvelé sa face, moi absent. Il est
probable que je n'aurais jamais eu le malheur d'écrire ; mon nom serait demeuré ignoré, ou il
ne s'y fût attaché qu'une de ces renommées paisibles au-dessous de la gloire, dédaignées de
l'envie et laissées au bonheur. Qui sait si j'eusse repassé l'Atlantique, si je ne me serais point
fixé dans les solitudes, à mes risques et périls explorées et découvertes, comme un conquérant
au milieu de ses conquêtes !
Mais non ! je devais rentrer dans ma patrie pour y changer de misères, pour y être tout
autre chose que ce que j'avais été. Cette mer, au giron de laquelle j'étais né, allait devenir le
berceau de ma seconde vie ; j'étais porté par elle, dans mon premier voyage, comme dans le
sein de ma nourrice, dans les bras de la confidente de mes premiers pleurs et de mes premiers
plaisirs.
Le jusant, au défaut de la brise, nous entraîna au large, les lumières du rivage
diminuèrent peu à peu et disparurent. Epuisé de réflexions, de regrets vagues, d'espérances
plus vagues encore, je descendis à ma cabine : je me couchai, balancé dans mon hamac au
bruit de la lame qui caressait le flanc du vaisseau. Le vent se leva ; les voiles déferlées qui
coiffaient les mâts s'enflèrent, et quand je montai sur le tillac le lendemain matin, on ne voyait
plus la terre de France.
Ici changent mes destinées : Encore à la mer ! Again to sea ! (Byron).
A calma, caindo a noite, nos deteve à saída do porto; a iluminação da cidade e os
faróis se acenderam: essas luzes que tremeluziam sob o meu teto paterno pareciam ao mesmo
tempo sorrirem e dizerem adeus, iluminando-me em meio aos rochedos, às trevas da noite e à
escuridão das águas.
Não levava nada mais do que a minha juventude e minhas ilusões; eu desertava de um
mundo, em cuja poeira havia pisado e cujas estrelas havia contado, por um mundo de céus e
terras desconhecidos. O que haveria de me acontecer caso atingisse o objetivo de minha
viagem? Perdido nas margens hiperbóreas, os anos de discórdia que esmagaram tantas
gerações com tanto barulho, teriam caído em silêncio sobre mim; a sociedade teria
remodelado sua face, comigo ausente. É provável que nunca houvesse tido a infelicidade de
escrever; meu nome permaneceria ignorado, ou talvez então se encontrasse ligado a uma
dessas reputações tranqüilas abaixo da glória, desdenhadas pela inveja e entregues à
felicidade. Quem sabe se tivesse voltado a atravessar o Atlântico, não me teria estabelecido
nas solidões, exploradas e descobertas sob meus próprios riscos e perigos, feito um
conquistador em meio a suas conquistas!
Mas não! Eu deveria regressar a minha pátria apenas para substituir as misérias, para
vir a ser uma coisa distinta daquilo que havia sido. Este mar em cujo colo havia nascido, iria
se tornar o berço de minha segunda vida; na primeira viagem, fui posto nele da mesma forma
que fui posto no seio de minha ama-de-leite, nos braços da confidente de minhas primeiras
lágrimas e de meus primeiros prazeres.
À falta de brisa, a vazante nos arrastou para o largo, as luzes da orla diminuíram pouco
a pouco até desaparecerem. Abatido pelos pensamentos, por vagas lamentações e por
esperanças mais vagas ainda, desci a minha cabine: deitei-me embalado na minha maca pelo
rumor das ondas que batiam no costado do navio. Levantou o vento; as velas despegadas que
cobriam os mastros se inflavam, e quando subi para o convés, na manhã do dia seguinte,
não se viam mais as terras da França.
Aqui meu destino muda: “Mais uma vez no mar ! Again to sea!” (Byron).
PARTIE III
CHAPITRE 3
3. Les mémoires, l’autobiographie et le croisement des genres dans les
Mémoires d’outre-tombe
3.1 Quelques aspects de l’évolution des mémoires et de l’autobiographie
Nous voulons étudier dans ce chapitre quelques aspects concernant l’instance des
genres qu’implique l’écriture des MOT.
158
On va montrer les axes autour desquels tourne le
débat théorique qui met en relief la confluence de genres comme une clef pour mieux
comprendre notre texte. Confluence, transformation, dépassement, transfiguration : les termes
signalent la démarche des chercheurs pour saisir la concentration de formes que revêtit le récit
des Mémoires. Pour le faire, cette partie de notre recherche va se servir de certains travaux
théoriques afin de situer historiquement et de comprendre quelques uns des éléments globaux
de l’évolution des genres des mémoires et de l’autobiographie, genres qui se trouvent au
carrefour de la prose du Chateaubriand mémorialiste.
On est conscient qu’une approche visant purement les différents discours génériques
en concurrence dans les MOT ne répond point à tous les enjeux de la composition du récit.
Donc sans vouloir aller trop loin dans cette perspective d’analyse, apparemment inépuisable et
pleine de nuances, il nous faut pourtant dégager quelques caractéristiques de la formation
historique générale des mémoires et de l’autobiographie dans la mesure cette perspective
discursive des genres peut nous apporter les fondements du cadre littéraire de ce qu’on
appelle d’une manière générale les écritures du moi. Cette étude doit en outre préparer le
terrain pour nos prochaines considérations sur les questions poétiques et compositionnelles
des MOT qui auront plus d’espace dans le chapitre 4 de ce travail.
Pour le faire, il nous faut considérer que le contexte général des littératures du moi à
l’époque de Chateaubriand contient deux mouvements fondamentaux : en premier lieu, celui
qui comprend la longue tradition des mémoires en France, tradition dont les racines nous
158
MOT pour designer les Mémoires d’outre-tombe.
renvoient au quinzième siècle ; en second lieu, le mouvement autobiographique proprement
dit qui naît à la fin du dix-huitième siècle marqué par la publication des Confessions de
Rousseau en 1782. D’autre part, nous essayons de dégager une autre particularité de la
composition des MOT toujours à caractère générique mais qui se trouve dans un autre niveau
du texte : ce sont les microgenres qui forment l’hétérogénéité du récit et sur lesquels porteront
quelques unes des nos analyses dans le prochain chapitre.
Les mémoires au sein et en marge de l’histoire
La France a bien formé une tradition longue et prolifique de mémoires. Chateaubriand
dans le Génie du Christianisme remarquait déjà la forte tendance française à décrire avec
compétence le domaine des histoires partielles au détriment de la formulation une grande
Histoire. Dans un chapitre du Génie, intitulé « Pourquoi les Français n’ont que des
Mémoires ? », Chateaubriand informe au lecteur le rapport strict entre les caractéristiques de
la société française et sa pente pour ce « genre d’histoire ».
« Autre question qui regarde entièrement les Français : pourquoi n’avons-nous que
des mémoires au lieu d’histoire, et pourquoi ces mémoires sont-ils pour la plupart
excellents ?
Le Français a été dans tous les temps, même lorsqu’il était barbare, vain, léger et
sociable. Il réfléchit peu sur l’ensemble des objets ; mais il observe curieusement les
détails, et son coup d’œil est prompt, sûr et délié : il faut toujours qu’il soit en scène,
et il ne peut consentir, même comme historien, à disparaître tout à fait. Les mémoires
lui laissent la liberté de se livrer à son génie. Là, sans quitter le théâtre, il rapporte ses
observations, toujours fines, et quelquefois profondes. […] De plus, dans ce genre
d’histoire, il n’est pas obligé de renoncer à ses passions, dont il se détache avec
peine. Il s’enthousiasme pour telle ou telle cause, tel ou tel personnage ; et, tantôt
insultant le parti opposé, tantôt se raillant du sien, il exerce à la fois sa vengeance et
sa malice. »
159
159
Génie du christianisme, Gallimard, « Bibliothèque de la Pléiade », Paris, 1978, Troisième partie, livre III,
chapitre 4, p.838-839.
Dans la suite de ces écrits il va encore plus loin en disant que les Italiens avaient des
« véritables » historiens, capables de rivaliser avec les Anciens, alors que les Français
devaient se contenter des mémorialistes.
En effet, le développement des Mémoires en tant que genre a joué un rôle assez
important dans l’évolution de la prose française. Ces textes qui ne sont toujours pas uniformes
en leurs procédés narratifs ni sont absolument rigides par rapport à leurs inspirations ou
motivations présentent certains ressorts intéressant à observer. Ainsi, les conditions de
production et les caractéristiques de ces littératures gardent quelques particularités qu’il nous
faut ici éclairer.
Le genre des Mémoires est en France à la fin du quinzième siècle avec Philippe de
Commynes et il va se trouver assez bien formulé vers le milieu de seizième siècle. Avec la
parution des Mémoires de Retz le genre gagne prestige dans la littérature et dans l’histoire. Le
cardinal de Retz à la fin du dix-septième siècle serait le premier a faire exploser les limites
conventionnelles entre « l’essai politique, la réflexion sur l’action, la réflexion sur le destin du
royaume, la conversation au sommet et l’art du grand romancier »
160
. C’est lui qui va alors
préparer le terrain pour Saint-Simon et pour le marquis d’Argenson dans le siècle des
Lumières, par exemple.
Marc Fumaroli dans un article devenu célèbre scrute l’histoire des Mémoires dans la
vie littéraire française, en y distinguant la principale source des textes à la première
personne
161
. Il envisage essentiellement la fonction formatrice d’un genre qui se présente
comme alternative dans le vide laissé par l’Historiographie officielle d’une part, et par
l’épuisement formel de l’épopée, d’autre part. Les Mémoires issus également des milieux
aristocratiques s’étaient chargés d’une tâche particulière ; dans ce registre personnel et en
principe privé il s’établissait un dialogue entre le noble et le Roi, ou plus qu’un dialogue, il y
avait un règlement de comptes entre les guerriers et la Cour comme arrière-pensée. Cela veut
dire que la circulation des Mémoires avait comme but central l’exposition publique des
réalisations militaires de la noblesse d’armes.
L’horizon de ces écrits qui racontent et dramatisent l’histoire vécue était l’honneur des
nobles guerriers et la postérité, y compris bien sûr leur fortune. « Les Mémoires visent en
effet à transmettre la vertu gentilice le long de la lignée aristocratique. […] portraits à la fois
intimes et officiels, destinés à rappeler aux descendants non seulement les grandes charges et
160
FUMAROLI, « Histoire et Mémoires », Chateaubriand mémorialiste – Colloque du cent cinquantenaire
(1848-1998), Genève, Droz, 2000.
161
FUMAROLI, « Les Mémoires du dix-septième siècle au carrefour des genres en prose », Dix-septième siècle,
n° 94-95, 1971, p. 5-37.
les grands sacrifices de l’ancêtre, mais le génie d’une race qui s’est manifesté à travers
lui. »
162
Ainsi, le terrain vital de la production des Mémoires au long du dix-septième et dix-
huitième siècle est l’histoire. Ce sont les méandres de cette histoire avec le triomphe et les
défaites des actes guerriers qui produisent cette espèce de réseau d’écrits pour rendre compte
des dettes entre le Roi et la Noblesse. Il y a ici une relation directe entre les hauts faits de
guerre et la contrepartie du Roi, celle-ci étant la récompense de la Cour d’ailleurs
méticuleusement comptabilisée par ces guerriers devenus mémorialistes. C’est ainsi qu’à
partir du seizième siècle va se former un amas de textes d’aristocrates sirant faire le bilan
de leurs actes d’héroïsme. Les Commentaires de Blaise de Montluc de 1521-1576 et les
Mémoires de Seigneur de Tavannes, publiés en 1625 et puis en 1657, seront deux exemples
vifs de ce genre de récit ayant comme objectif le règlement des conflits. Ils présentaient la
facture avec les dettes que la monarchie avait contractées envers la classe et réclament son
payement ; en certains cas ces héros réels, aucunement romanesques, accusent la Cour
d’ingratitude et d’avarice. On peut apercevoir dans l’extrait suivant que cette dispute se trouve
au cerne de la problématique des Mémoires à cette époque-là :
« Les complots contre Richelieu, la Fronde, reposent en grande partie, pour ce qui
concerne la haute noblesse, sur le sentiment que le pacte de justice a été rompu, et
que le sacrifice du sang ne trouve plus à la Cour les récompenses qu’il est en droit
d’attendre. Les Mémoires sont donc à prendre dans un sens concret, celui de dossier
préparé devant le tribunal de la postérité, mais aussi celui de compte exact de la
balance pour ainsi dire des échanges entre une grande famille et la dynastie
régnante.
On comprend pourquoi la noblesse avait tant à cœur de prévenir les historiographes
royaux et de jeter sur eux mépris et discrédit : si la gloire et l’honneur consistent
essentiellement dans le fait d’être quittes, ou même en état de créance, vis-à-vis du
Roi, le témoignage direct sur ce que l’on a fait est préférable au récit apprêté, indirect
et injuste par principe, de l’historien de profession. »
163
Voilà comment la société du Grand siècle et les monarchies absolues de cette riode
se présentent comme un contexte fertile pour la prolifération des récits de ces mémorialistes.
162
Ibid., p.23.
163
Ibid., p.17-18.
Mais cette ambiance de règlement de compte ne s’installe pas seulement dans des litiges entre
Monarchie et Noblesse ou entre Monarchie et Parlements, nous la retrouvons aussi dans les
oppositions entre Catholiques et Protestants, entre factions littéraires divergentes, entre ordres
religieux rivaux, entre Gallicans et Ultramontains : la littérature des Mémoires va se
développer sur ces zones de conflit et une famille de mémorialistes discordants va naître sur
chacune de ces scissions.
D’autre part, sur le plan littéraire, dans l’univers intellectuel de l’Ancien régime, les
Mémoires se placent en marge de la littérature et de l’art officiels, une fois que du point de
vue social et artistique ils occupent un statut bien distinct de celui des genres épique et
historique. Vus comme un genre mineur, les Mémoires ne vont pas faire partie de la haute
sphère artistique de l’époque et ne se trouvent donc pas soumis aux gles traditionnelles des
genres officiellement reconnus. Les mémorialistes aristocrates cultivés n’avaient pas affaire
au monde savant des belles-lettres qui contrôlait l’esthétique artistique ou la rhétorique des
œuvres historiques ; de cette manière sans être visé par les autorités qui établissaient et qui
surveillaient les règles artistiques, le registre des mémorialistes ne devra pas répondre aux
codes qui structurent les formes littéraires tenues comme supérieurs. Et c’est précisément dans
ce manque de protection formelle réside l’une des particularités du genre : en marge des
voix officielles, ces récits ont pu largement prospérer en se servant d’une plasticité
significative de formes à l’intérieur d’un horizon dégagé des contraintes génériques. Bref, cet
univers d’écriture personnel va de plus en plus s’écarter des attentes intellectuelles inscrites
dans la tradition canonique des belles-lettres.
Les Mémoires aristocratiques forment alors dans leur ensemble un lieu de liberté de
voix où l’impératif du moi peut s’énoncer en dehors des canons ou des limites imposés par les
professionnels da la littérature. Ce registre bénéficiant de cette liberté formelle, éloigné du
poids de la tradition classique, pourra exprimer avec aisance une conversation entre ces divers
mémorialistes et pourra révéler et représenter par là de plusieurs niveaux d’expériences
sociales. Dans ce sens, il sera remarquable la fécondité du genre pour traduire la complexité
sociale et politique de l’époque ainsi que la variété des points de vue à l’égard des événements
historiques du moment. Sur ce point Fumaroli trouve que c’est « indéniable que la liberté de
ton, l’audace d’être soi-même caractérisent les Mémoires aristocratiques, et leur donnent plus
qu’aux autres familles du même genre, une chance de connaître un avenir littéraire. »
De la
sorte, ces récits n’érigeant qu’une version ou une vision particulière du monde parmi d’autres,
n’ambitionnent pas de rivaliser avec la vérité exemplaire et supérieure de la grande prose
historique. Cette représentation littéraire, partielle, libérée du grand style et des artifices de
l’éloquence de l’Histoire aura le mérite de se faire entendre et de servir à une « redistribution
moins ambitieuse des valeurs esthétiques. »
164
Enfin, le dramatisme politique de l’histoire française a favorisé la formation de cette
littérature polyphonique, sans prétention littéraire, que sont les Mémoires en incitant les
lecteurs de l’époque à confronter les divers témoignages et à se former dans un même
mouvement leurs idées concernant les questions historiques et les éléments d’une prose de
type singulier.
Voici alors quelques unes des caractéristiques des Mémoires devenus un genre assez
diffusé : la négation d’une histoire parfaite ou d’une histoire supérieure à toutes les autres, la
simplicité et le naturel du langage oral et une perspective individuelle promouvant une version
de l’histoire, celle vécue et racontée par ce mémorialiste-acteur des faits.
Dans une interprétation plus globale, Fumaroli dira que le genre des Mémoires va
intégrer de manière exemplaire ce grand organisme que formera l’esprit de conversation
typiquement aristocratique à l’époque classique. La multiplicité de ces discours privés
essayera de rendre compte d’une histoire brisée par des conflits historiques et tentera enfin de
donner quelques réponses aux interrogations sur les destins politiques du pays.
Le constat du manque en France d’une œuvre de l’Histoire grandiose, à la hauteur de
la puissance du pays, devient presque un sens commun. La grande rhétorique, suivant le
modèle des historiens de l’Antiquité, ne trouvait plus de terrain et ne semblait guère alors être
prise au sérieux. Les deux genres au sommet de la hiérarchie esthétique au dix-septième
siècle, l’Epopée et l’Histoire, se trouvaient d’ailleurs suffisamment établis en théorie, leur
doctrine ne réussissait pourtant pas à matérialiser par leurs œuvres toutes les demandes d’une
noblesse qui n’était pas homogène.
Il y a deux visions dominantes de la pensée historique en vigueur à l’époque. Les deux
visions principales qui s’établissent alors ont comme point de référence les historiens
antiques, celle des cicéroniens valorisant la narration et le style, et celle représentée par Jean
Bodin (1566) de l’humanisme anti-cicéronien du seizième siècle français. Cette dernière, tant
protestant que catholique, aurait « persuadé les ‘honnêtes gens’ que leur éducation politique
doit se faire dans les historiens anciens et, pour les temps modernes, dans les Mémoires écrits
par de grandes âmes indépendantes : il n’y a rien à attendre de solide des Histoires générales,
biaisées par la flatterie ou le pédantisme. »
165
164
Ibid., p. 23.
165
FUMAROLI M., « Histoire et Mémoires », op. cit., p.23.
On voit que l’essor des Mémoires à ce moment-là résulte aussi d’une conception
d’Histoire qui se construit dans l’espace alternatif à une vision idéalisée ou exemplaire de
l’Histoire. Enfin, les mémorialistes considèrent l’histoire concrète, ou leur expérience
historique particulière, comme une question trop sérieuse pour être prise en charge par des
historiens désignés exclusivement à cette tâche, des historiens qui ne se mêlent pas
directement à la vie guerrière. Lesdits Mémoires-récits et les Mémoires-recueils issus des
archives d’un personnage-héros réel vont-ils, par exemple, créer un fort esprit de controverse
et de débat publique. C’est ainsi que la croyance en la nécessité d’une confrontation des
témoignages de ceux qui participaient aux affaires militaires et politiques du royaume va
gagner corps, et c’est pourquoi au dix-septième siècle on va compter plus de deux cents et
cinquante œuvres de ce genre en France.
L’évolution du genre des mémoires : effacement ou triomphe du moi ?
Au fur et à mesure de son évolution, l’écriture des Mémoires va modifier sa
perspective. En grandes lignes, il est possible de diviser en deux les phases importantes de sa
longue trajectoire. Fumaroli indique une datte cruciale dans cette transformation : 1650.
Jusqu’à cette datte, la superbe de l’individualisme nourrie dans les champs de batailles et
« l’autonomie glorieuse du noble de nom et d’armes » dominaient l’horizon historique du
genre
166
. À partir du milieu du siècle ce sera la vie mondaine et le commerce du monde qui
passe à fournir du contenu à la prose mémorialiste. L’univers mondain, avec ses propres
échanges, renfermé sur soi-même fournira d’autres thèmes au genre. Ces intrigues donneront
de nouvelles couleurs à des récits naissants.
Deux facteurs sont déterminants dans cette métamorphose. Sous Louis XIV la victoire
de la monarchie absolue produit le déplacement de l’aristocratie en direction de l’univers
courtisan. Ce mouvement d’attirance vers la vie de Cour va changer considérablement la base
des récits. En outre, la traduction des Confessions de Saint Augustin par Arnauld d’Andilly,
en 1650, touche un grand public et devient une référence importante aux futurs
mémorialistes : Dieu va désormais devenir l’un des interlocuteurs des mémorialistes.
Fumaroli montre cette métamorphose dans le passage suivant :
166
Ibid., p.27.
« Ici, il ne s’agit plus de comparer les dettes et les créances, mais de compter les
dettes contractées envers la Grâce divine. L’exercice de mémoire […] est devenu
exercice spirituel. Il ne s’agit plus de disputer avec la Cour, mais de dialoguer
humblement avec Dieu, en lui rendant grâce pour sa Grâce. Du me coup,
l’intériorité du « Je » des Mémoires s’accroît : ce qu’il perd en vitalité vindicative, il
le gagne en nuances d’humilité, de reconnaissance, en attention aux petits faits
vrais.»
167
Dans ce cas, le mémorialiste insiste sur le besoin de ne pas oublier les manifestations
divines sur la terre. Si les hommes doivent mourir, il faut que la Grâce divine sur lui soit
célébrée. Les Mémoires deviennent de la sorte un exercice de souvenance de la part des
chrétiens mortels face à l’éphémère de la vie et à la promesse céleste du salut. Ces écrits
prendront maintenant en charge la description des sentiments, des visages, des souffrances ;
les signes du vécu reflètent les signes de la Providence et ritent donc d’y être gravés. Cette
transformation est essentielle, car elle révèle d’une façon différente la flexibilité du genre qui
passe à traduire un je avec des caractéristiques nouvelles.
Bien qu’on puisse remarquer d’autres petits détours dans l’histoire du genre, cette
phase particulière parait engendrer un mouvement significatif dans les littératures du moi : il
s’agit de rendre ici beaucoup plus d’épaisseur au moi autobiographe au sens moderne et de
problématiser, en même temps, le lieu de ce je, ou encore de problématiser les rapports entre
le je et le monde.
Dans ce changement la prose des Mémoires gagne encore plus de souplesse lorsqu’elle
entreprend de montrer le parcours d’une vie ordinaire avec ses faits banales qui n’aboutiront à
aucune gloire majeure. Sans l’extraordinaire de l’Epopée, sans l’attachement exclusif à la
grave vérité de l’Histoire, sans effets miraculeux, sans rhétorique ni ornements poétiques,
cette prose devient peut-être plus autonome en ce sens qu’un conflit interne du moi doit y être
étalé. C’est dans cette ligne que quelques mémorialistes vont thématise le décalage entre les
projets individuels et la réalité, entre les rêves héroïques et royaux et le cours de la vie
ordinaire, notamment. Cette différence ou soustraction entre désir de l’ordre épico-
romanesque et le réel vécu fait l’objet de quelques ouvrages qui devront d’ailleurs rejoindre
en partie les enjeux romanesques.
167
Ibid., p.29
« Les Mémoires des héros échappaient à la tentation romanesque : rien de plus
concret, de plus inscrit dans la réalité politique, militaire, et même financière que ces
comptes rendus d’une vie bien remplie dont il s’agit de prouver qu’elle l’a été à tous
égards. […] En se métamorphosant, en s’intériorisant, les Mémoires n’ont pas
renoncé à rester l’inscription de la vérité : sous l’influence augustinienne, cette vérité
devient maintenant celle de l’homme dans ses rapports avec son Dieu. Le « Je »
héroïque affirmait son droit à la face des hommes dans ses Mémoires, le « Je » des
Mémoires d’inspiration augustinienne n’affirme que son néant face à la plénitude
divine. »
168
En bref, vus longtemps comme des sources pour l’Histoire, les mémoires qui
s’attachent d’abord au mémoire à caractère documentaire évoluent vers l’expression d’une
subjectivité nouvelle. Dans ce mouvement, l’aspiration épique romanesque est supplantée par
le désenchantement des limites de la réalité concrète. Progressivement une dimension du récit
va effectuer la description d’un univers privé, formé de rêves ou de possibilités non abouties.
C’est ainsi que tout un travail de reconfiguration de valeurs, morales et esthétiques, va se
réaliser à l’intérieur même du cadre des Mémoires.
Les écritures de soi : les mémoires et l’autobiographie
Dans le siècle des Lumières, les mémoires aboutiront sur une œuvre capitale parmi les
écritures du moi, ce sont les Confessions, de Jean-Jacques Rousseau. Les littératures du moi
gagnent désormais un nouvel essor avec la création de cette écriture de type particulier : le
récit rétrospectif d’un auteur-narrateur centré sur sa propre biographie prend place. On
considère les Confessions comme l’ouvrage qui concentre le premier les virtualités du genre.
Au sens étroit, définie par opposition aux Mémoires et au roman, l’autobiographie serait « la
vie d’un individu racontée par lui-même ». On registre la parution du terme
autobiographie vers 1800 en Angleterre et en Allemagne. En France, il va apparaître dans le
vocabulaire de la critique littéraire vers 1830.
168
Ibid., p. 32.
Quoique que les études registrent l’existence d’une pratique autobiographique
consciente depuis au moins le dix-septième siècle et qu’on trouve en amont des œuvres
centrées sur la personnalité ou l’autoportrait comme en sont celles de Saint-Augustin et de
Montaigne, c’est à Jean-Jacques Rousseau que la théorie littéraire attribue la tâche d’avoir
dressé l’autobiographie à un plan de prestige
169
. En mettant au sein de son récit la
question « qui suis-je ? », doublée d’une autre question : « comment suis-je devenu moi ? »
cette œuvre de référence dans le cadre de la littérature occidentale produit une perspective
nouvelle dans la tradition des écritures du moi en particulier. Publiée après la mort de l’auteur,
l’autobiographie rousseauiste va suivre rigoureusement le fil d’une vie personnel, mettant
l’accent sur le problème de l’aveu et de la sincérité ainsi que sur l’évolution de l’itinéraire de
l’autobiographe. Ce faisant Jean-Jacques Rousseau lance les bases pour une littérature dite
autobiographique.
Bien que Rousseau affiche dans le titre du livre son projet d’aveu, bien que le lecteur
soit attiré par ses intentions purificatrices d’évocation confessionnelle apparemment
religieuse, les Confessions n’ont pas Dieu comme interlocuteur privilégié. Si c’est vrai que le
philosophe continue à entretenir en apparence le lien entre le faire autobiographique et le
geste confessionnel dans la lignée de Saint Augustin, son livre n’a toutefois point de
substance religieuse, tant s’en faut d’ailleurs. Ce sont le règlement de comptes avec les
contemporains, la sincérité et la transparence les ressorts de ce texte confessionnel innovateur.
Rousseau écrit une œuvre qui doit le justifier et l’expliquer. On peut dire en fait qu’un
dialogue contemporain et essentiellement terrain remplace le dialogue avec la Providence et
que, dans ce nouveau processus, l’emphase sur un moi sensible et temporel ( signes d’une
identité si chère au projet rousseauiste ) accomplit avec pertinence et beaucoup de
répercussion son projet pédagogique séculaire.
Cette intersection des perspectives confessionnelle et autobiographique chez
Rousseau, même si en trompe-l’œil, nous apparaît comme la marque du croisement des
écritures du moi au long de son évolution, en spéciale de ce que Jacques Borel, dans son
Propos sur l’autobiographie, considère comme l’inspiration chrétienne de l’aveu et de la
pratique confessionnelle pour l’autobiographie en général
170
.
Corollaire de la conscience chrétienne, une vaste littérature consacrée à l’aveu va enfin
se développer. Tout aveu demande un témoin qui puisse dissoudre le sentiment de culpabilité.
169
Le Dictionnaire du littéraire mentionne notamment Les aventures burlesques de Monsieur d’Assoucy,
d’Assoucy (1677) et Sa Vie à ses enfants, d’Agrippa d’Aubigné (1629). ARON, SAINT-JACQUES, VIALA,
Paris, PUF, 2002.
170
BOIREL, Seyssel, Champ Vallon, 1994.
Ainsi, ce besoin est-il repérable à l’intérieur du texte de confession à travers les registres d’un
je particulier: “Nul n’a plus besoin non plus que l’écrivain qui dit je de l’invisible lecteur
auquel il s’adresse, et nulle écriture ne fait un plus pressant appel à la lecture. Dire je, c’est
parler au lecteur, s’adresser directement à lui. C’est rêver d’une transparence de l’écriture à la
fois et de la conscience. »
171
L’oraison autobiographique dévoilerait les méandres
inévitablement religieux (re-ligere) de ce parcours. Pour Borel encore, les échos de cet
héritage chrétien sur la conscience occidentale demeure toujours vivant, héritage rendu
sensible par “une sorte de laïcisation nostalgique du sentiment de la faute et de l’aspiration à
l’expiation” qui provoquent la nécessité de la confession
172
. La tradition de la doctrine
chrétienne en Occident semble sous-tendre ainsi la tentation autobiographique en fondant
l’une de ses croyances essentielles, à savoir l’expiation des péchés par l’intermédiaire de la
contrition et de la confession, la pénitence étant par conséquent le terme plus ou moins obligé
de cette démarche. C’est dans cette tradition qu’on pourrait comprendre Saint-Augustin
lorsqu’il invoque Dieu et le prend directement comme témoin de ses déclarations dans les
Confessions.
Le rôle de la pensée chrétienne dans l’avènement de la littérature autobiographique est
également remarqué par George Gusdorf. La nouvelle anthropologie créée par ce dialogue
avec Dieu consisterait à rendre chacun responsable de sa propre existence. Il en coulerait
l’intérêt progressif pour les aspects de la vie de chacun : le caractère systématique et
obligatoire de l’examen de conscience venant ainsi de cette pratique de la confession
d’origine chrétienne et la réflexion sur le passé devenant par conséquent une perspective à
être explorée par l’autobiographe. Le cas de Rousseau est aussi exemplaire sur cet aspect, car
le philosophe puise en effet dans l’héritage chrétien l’inspiration pour réaliser, dans une
œuvre homonyme qui rappelle celle de Saint-Augustin, son geste autobiographique.
Les enjeux théoriques de l’autobiographie
Pour approfondir quelques éléments théoriques de l’autobiographie à partir du dix-
neuvième siècle, on est amené à relire quelques auteurs incontournables. Parmi les titres de
cette bibliographie théorique de plus en plus vaste deux travaux capitaux nous aident toujours
171
Ibid., p. 41.
à éclairer le champ autobiographique. George Gusdorf dans un article classique paru en 1956
pose la discussion sur un plan assez complexe contrariant la vision positiviste qui prédominait
jusqu’alors
173
; puis c’est Philippe Lejeune qui va élaborer, au début des années 1970, une
étude inédite il met en place les grandes questions de l’autobiographie en y soulevant les
jalons qui organisent le débat
174
.
Les études de Lejeune nous montrent comment le champ des littératures
autobiographiques a pris une nouvelle configuration à partir de la deuxième moitié du dix-
huitième siècle. En établissant premièrement une définition pour l’autobiographie, il
répertorie les ouvrages autobiographiques existants dans le but de rendre compte du genre
telle qu’il se présente pour nous aujourd’hui. Certains élargissent beaucoup plus les critères
pour qualifier le champ de l’autobiographie en étendant la dénomination du genre jusqu’à des
textes de l’Antiquité
175
; dans notre précis théorique, nous bornons certes ces critères afin
d’éviter un historique de l’autobiographie qui puisse devenir anachronique vis-à-vis de notre
objet d’étude ou inopérant pour notre analyse postérieure.
Nous souhaitons retenir des théories de Lejeune juste deux points principaux qui fixent
le concept de l’autobiographie en tant que genre : 1- la coïncidence entre auteur, narrateur et
personnage comme un aspect de distinction du genre ; 2- la vie individuelle ou l’histoire
d’une personnalité comme sujet principal du récit.
Les liens entre la vie sociale et la vie personnelle sont étroits dans l’autobiographie, et
pour Lejeune la proportion entre ces dimensions crée la condition nécessaire pour que le
genre autobiographique s’établisse. Dans la configuration narrative autobiographique la vie
173
James Olney remarque la coïncidence entre les étapes du développement des études sur l’autobiographie et
les trois ordres du mot autobiographie : le autos, le bios, la gra. Depuis Dilthey jusqu’aux années cinquante, il
y a une insistance sur le bios, le genre y étant vu comme la reconstruction d’une vie soumise aux autres
sources historiques ; dans ce cas-là, la comparaison et la fidélité aux faits sont à la base des préoccupations des
théoriciens. Ensuite G. Gusdorf déplacerait la théorie autobiographique vers le plan du autos dans la mesure
l’emphase tombe sur un autobiographe pour qui son expérience d’écriture devient elle-même expérience et
création ; c’est-à-dire la lecture de l’expérience devient aussi important pour la compréhension du moi que
l’expérience première elle-même. D’autres théoriciens tels que Weintraub, E. Bruss, Starobinski et Olney lui-
même ont largement contribué dans cette dernière perspective. Finalement, l’étape de la grafé représentée par De
Man et Derrida prône que l’écriture autobiographique constitue une forme textuelle identique à la structure de
toute connaissance, en nous apportant la structure réflexive, spéculaire et mutuelle, à travers laquelle les sujets se
déterminent.
Elisabeth Bruss examinant les règles constitutives de l’autobiographie estime qu’un texte tire sa force générique
du type d’action auquel il est censé se rapporter, du contexte qui l’entoure implicitement, de la nature des
éléments qui participent à sa transmission, et de la manière dont ces facteurs réagissent sur le statut de
l’information transmise ; elle établit une analogie entre la notion de genre littéraire et celle de « acte
illocutoire » en s’interrogeant sur la nature fonctionnelle du genre autobiographique qui se définirait donc par les
rôles qu’il joue et les emplois auxquels on l’associe.
174
LEJEUNE, Le Pacte autobiographique, Paris, Seuil, 1975.
175
C’est le cas du travail monumental fait par George Misch qui établit une longue histoire des écritures du moi
comprenant l’Antiquité et le Moyen Âge ; l’œuvre s’intitule Geschichte der Autobiographie, 1949-1967.
individuelle devra prévaloir comme sujet au détriment de la chronique sociale, d’après
l’auteur. La vigueur du récit autobiographique à la fin du dix-huitième siècle correspond non
seulement à la découverte de la valeur de la personne mais aussi à une conception de la
personne. Il s’ensuit une esthétique de l’autobiographie résumée en ces termes :
« La personne s’explique par son histoire et en particulier par sa genèse dans
l’enfance et l’adolescence. Ecrire son autobiographie, c’est essayer de saisir sa
personne dans sa totalité, dans un mouvement récapitulatif de synthèse du moi. Un
des moyens les plus sûrs pour reconnaître une autobiographie, c’est donc de regarder
si le récit d’enfance occupe une place significative, ou d’une manière plus générale si
le récit met l’accent sur la genèse de la personnalité. »
176
Dans cette quête de l’origine, le récit d’enfance représente pour l’individu ce que le
mythe est pour les civilisations. La sentence de Wordsworth : « The child is father to the
man », est le postulat de beaucoup d’autobiographes à commencer par Rousseau qui a bien
raconté les détails de son enfance. Le récit d’enfance forme ainsi en principe une partie vitale
du corps de toute autobiographie.
Mais il faut avertir d’ores et déjà que nous ne ferons pas ici de jugements ou
d’analyses selon les critères de l’histoire : de notre point de vue l’important est que
l’autobiographe vise authentiquement son passé dans la mesure tout en cherchant ce qu’il
fut, il établit un espace de langage particulier qui met à jour ce qu’il est. Sous ses différentes
formes, l’autobiographie se fonde sur une conception du sujet. Ce sujet serait en principe
autonome, consistant, capable de se connaître et de s’exprimer du seul fait qu’il dit je.
L’approche de Gusdorf signale la nouveauté culturelle que représente cette expérience
particulière d’écriture
177
. Il n’envisage pas l’écriture autobiographique comme un simple acte
de reconstruction des faits à partir d’une optique objectiviste de récupération historique du
passé. Pour lui, la littérature autobiographique résulte d’une manière spéciale de l’homme se
voir dans le monde et dans ses rapports aux autres. La création autobiographique a eu lieu
dans des conditions culturelles bien cernées et objectivement repérables. L’autobiographie en
tant que genre fermement établi n’est point un phénomène de tous les lieux et de tous les
temps ; l’intérêt à regarder le propre passé afin de l’écrire et de l’évaluer n’appartient pas
176
LEJEUNE, L’autobiographie en France, Paris, Armand Colin, 2003, 2
ème
édition, p.13-14.
177
GUSDORF, « Condiciones y limites de la autobiografia », La Autobiografia y sus problemas teoricos,
Estudios e investigacion documental, Anthropos, n°29, Barcelona, Editorial Anthropos, 1991, p.9-18.
depuis toujours à humanité en général. En fait, cet enjeu ne deviendra essentiel et effectif que
dans la culture occidentale moderne.
En ce qui concerne la perspective culturelle, civilisatrice et novatrice, Gusdorf situe le
phénomène autobiographique dans le carrefour d’une radicale transformation dans l’histoire
de l’humanité. La « posture » autobiographique devient possible parce que certains
présupposés socioculturels ont subi une profonde révolution culturelle. Ce renversement
consiste à abandonner le cadre mythique des savoirs traditionnels, celui des similitudes, pour
entrer dans l’ordre de l’histoire, « para entrar en el reino peligroso de la historia. »
Les sociétés primitives se caractérisaient essentiellement par la valorisation de ce qui
demeure et non pas de ce qui change. Le changement ne constituerait pas une dimension
importante dans les cultures traditionnelles, puisque le mouvement de retour éternel transmis
de génération en génération était le moteur des sociétés anciennes. N’ayant pas une fonction
préétablie à l’intérieur du groupe social, chacun ferait partie d’un ensemble sans chercher
dans sa propre personne un sens qui transcende la tradition. En revanche, la vision occidentale
qui entretient le regard autobiographique envisage chaque individu comme un centre
privilégié ayant une conscience unique à être valorisée et révélée. En prenant sa propre
existence pour un centre vital à l’intérieur du collectif, ce sujet perçoit son histoire comme un
phénomène important, souvent mystérieux, à être entendu et promu. Voicomment l’auteur
définit cette immersion dans la subjectivité moderne entreprise par l’effort autobiographique:
« El hombre que se toma el trabajo de contar su vida sabe que el presente difiere del
pasado y que no se repetira en el futuro; se ha hecho sensible a las diferencias mas
que a las similitudes; en su renovacion constante, en la incertidumbre de los
acontecimientos y de los hombres, cree que resulta útil y valioso fijar su propria
imagen, ya que, de outra manera, desaparecera como todo los demas de este mundo.
La historia quiere ser la memoria de una humanidad que marcha hacia destinos
imprevisibles; lucha contra la decomposicion de las formas y de los seres. Cada
hombre es importante para el mundo, cada vida y cada muerte; el testimonio que
cada uno da de si mismo enriquece el patrimonio comun de la cultura.”
178
Enfin, dans cette bataille silencieuse l’autobiographe ne veut pas réaliser la tâche
élémentaire de redresser un passé éloigné et achevé; il en va plus loin, il vise à un
178
Ibid., p.10.
« ordonnément » de l’identité individuelle et, ce faisant, attribue un statut inédit à l’écriture
personnel produisant de nouvelles connaissances du sujet sur lui-même. Cette expérience
l’historien prend soi-même comme objet devient alors le moment de prendre distance vis-à-
vis de ses expériences afin d’établir une unité identitaire cohérente et rationnelle dans le
temps. Dans la complexité de son geste, en envisageant son histoire biographique pour mieux
la comprendre, l’autobiographe entreprend aussi une prise de conscience de l’originalité de sa
propre vie. Selon cette perspective, tout être humain apporte une contribution propre à
l’histoire humaine, étant donné que les valeurs sociales ne s’établissent donc plus à partir de
la circularité d’un rituel, ni sur une tradition nécessaire qui se bâtit sur l’idée de répétition. La
lettre autobiographique moderne grave les questions d’un individu poursuivant les traces
d’une identité singulière qui n’est pourtant pas donnée et prête, qui est à construire.
La notion anthropologique sous-jacent au faire autobiographique chez Gusdorf est
pour nous précieuse dans la mesure elle identifie en particulier dans cet acte une
expérience cognitive à proprement parler. Le travail réflexif sur sa propre histoire et
l’engagement dans la narration de soi-même opère la démarche d’une conscience historique
inédite dans la construction de l’identité. Voilà pourquoi cette formule qui articule l’histoire,
le moi et le discours littéraire en réactualisant dans ce parcours les notions de représentation,
d’histoire, d’individu nous intéresse particulièrement dans ce travail. L’incessante mise à jour
du passé, ou la soumission permanente du passé au temps présent constitue l’un des enjeux
primordiaux des MOT. C’est ce qu’on verra ensuite.
3.2. L’architecture des Mémoires d’outre-tombe embrasse des formes
diverses
Histoire et autobiographie chez Chateaubriand
On a vu que l’attachement fondamental des mémoires à la tradition aristocratique
affirme un moi héroïque voué à faire l’histoire et à l’écrire. De ce fait ressort la suprématie
d’un personnage-auteur qui se voit comme témoin irrécusable de l’histoire. D’autre part, à la
différence des mémoires, dans l’autobiographie ce ne sont pas les versions de l’histoire qui
sont proprement en jeu. L’épanouissement de l’autobiographie se fait dans un contexte
l’expérience personnelle revêt d’une importance centrale ; en l’occurrence le moi de l’écriture
autobiographique envisage son existence passée soit pour y saisir une unité, soit pour mieux
s’approprier l’histoire, soit pour interpréter ou réfléchir sur le processus de transformation
individuel.
Dans l’horizon autobiographique ce qu’on considère parfois comme une aliénation du
moi par rapport à son milieu peut correspondre en réalité à un fort attachement à l’histoire. K.
Weintraub dans l’article Autobiografia y conciencia historica associe l’autobiographie à la
forme moderne de conscience historique, l’historicisme, seulement à partir de 1800.
179
Ici
lorsque l’homme occidental avait effectivement acquis une profonde compréhension
historique de son existence, le genre autobiographique, passant à assimiler cette vision, aurait
pris une forme plus définie et riche. Il n’est pas un hasard si les textes autobiographiques
prolifèrent dans un contexte où se produit un profond débat à l’égard du rôle de la subjectivité
dans l’historiographie. L’histoire (mouvante) est le lieu le sujet moderne puise ses repères
moraux et les modèles à être suivis ou récusés. L’individu va se trouver alors réinstallé au sein
du collectif tout en reconfigurant les espaces et les temps de l’humanité en sa faveur et se
réinscrit de cette manière dans l’histoire selon les besoins du présent.
Dans les années 1820, les travaux historiques de Herder, de Hegel, amené en France
par Cousin et Ballanche, sont au centre de ce sondage historique. Ces historiens qui
construisent des systèmes afin d’élucider les rapports entre l’histoire et le sujet se trouvent à la
base des débats auxquels participait Chateaubriand qui projetait lui aussi d’écrire une Histoire
de France. Les déclarations de Chateaubriand dans la préface de ses Études Historiques
préparant la Préface testamentaire, en 1832, méritent d’être rappelées. Les questions
179
WEINTRAUB, Anthropos, op. cit., p. 18.
théoriques y présentées distinguent les deux écoles qui partagent l’historiographie à l’époque.
D’un côté, les adeptes de la vision descriptive de l’histoire défendent que « l’Histoire doit être
écrite sans réflexion ; elle doit consister dans le simple narré des événements et dans la
peinture des mœurs ». D’un autre côté, les partisans d’une approche plus philosophique
croient qu’ « il faut raconter les faits généraux, en supprimant une partie des détails, substituer
l’histoire de l’espèce à celle des individus ».
Chateaubriand toutefois se refuse à trancher là-dessus et prône pour une
conciliation entre les deux systèmes: « L’histoire descriptive, poussée à ses dernières limites
ne rentre-t-elle pas trop dans la nature du Mémoire ? La pensée philosophique, employé avec
sobriété, n’est-elle pas nécessaire pour donner à l’Histoire sa gravité […] ? Au degré de
civilisation nous sommes arrivés, l’histoire de l’espèce peut-elle disparaître entièrement de
l’histoire de l’individu ? » L’écrivain estime qu’il n’est pas raisonnable d’abandonner l’un des
deux côtés, car enfin si un siècle influe sur un homme un homme peut par contre intervenir
dans son temps.
En quête d’une unité de l’Histoire, ces historiens ont bien cherché à établir des liens
entre les deux approches. Chateaubriand, pour sa part, essaye de résoudre cette articulation
entre l’événement et l’idée (et le sujet) par le truchement de la Poésie, plus particulièrement
de la poésie des Mémoires d’outre-tombe. Voilà alors le point de départ qui oriente la
question du faire autobiographique pour l’auteur des MOT : la réflexion historique, la
recherche générale sur l’homme historique ainsi que les possibilités de la représentation
artistique
180
.
Par ailleurs, du point de vue littéraire, Chateaubriand, homme érudit de son temps,
était bien sûr énormément familiarisé avec la tradition des Mémoires aristocratiques. Il a été
un lecteur attentif de la formidable éclosion de textes de ces mémorialistes classiques. Mais
entre les mémoires aristocratiques du grand siècle et l’imaginaire de l’homme expérimenté,
révolutionné, à l’aube du dix-neuvième siècle un profond écart se fait. Entre le cardinal Retz
ou Saint-Simon et lui se passe quelque chose. C’est d’ailleurs ce que Jean-Claude Berchet a
en vue lorsqu’il élucide le contexte de Chateaubriand : « Néanmoins, entre Saint-Simon et lui,
si j’ose dire, un double événement est venu rompre le fil de cette veine mémorialiste ‘à la
française’ : la publication des Confessions de Rousseau et la Révolution de 1789 qui, sur le
180
Jean-Christophe Cavallin étudiant l’œuvre de Chateaubriand dans la perspective d’une composition
mythographique décrit de manière très fine ce passage d’une problématique de la pensée historiographique chez
Chateaubriand à une conception autobiographique passant par l’armature théorique préparée dans le Génie du
Christianisme. Il situe dans le Génie l’équation principale de la poétique qui fonde la composition de ses
Mémoires. Chateaubriand mythographe, Paris, Honoré Champion, 2000.
plan littéraire comme sur le plan historique, ont renouvelé les formes traditionnelles de la
conscience de soi.»
181
Dans l’évolution littéraire en générale et autobiographique en particulier, après cette
double rupture que furent la parution des Confessions et la Révolution française, il s’ensuit,
selon Berchet « une réorganisation globale des hiérarchies littéraires et avec une redistribution
des rôles qui affectent toutes les rubriques du tableau des genres. » Il va encore plus loin dans
ses conclusions lorsqu’il constate que le romantisme en général se caractérise lui-même par
une crise de la codification générique. « La faillite des genres nobles (épopée, tragédie) va
entraîner une désagrégation du système dans son ensemble. »
182
Ce travail de recomposition
générique réélaborant les éléments du système rend aux expressions littéraires des contours
originaux et crée une ambiance tout à fait propice aux littératures intimistes.
183
C’est dans ce contexte que se pose de manière significative le problème de
l’affirmation du récit à la première personne pour Chateaubriand, contexte qu’il convient de
prendre en compte pour déchiffrer quelques uns des méandres du récit des MOT.
181
BERCHET J.-Cl., « Les Mémoires d’outre-tombe : une ‘autobiographie symbolique’ », Le Moi, l’histoire,
1789-1848. Textes réunis par Damien Zanone, Grenoble, Univ. Stendhal, Ellug, 2005, p.41.
182
Ibid., p. 41.
183
La gamme de questions concernant les problèmes théoriques des genres dans les MOT est large. Ce débat qui
commence par les limites entre les mémoires et l’autobiographie passe aussi par les enjeux du roman et le
fictionnel aboutissant enfin aux problèmes de l’épopée et de l’histoire. Dans une longue étude de René Démoris
consacrée au roman à la première personne nous pouvons apprendre par exemple les conséquences de la
tentation du roman à l’œuvre dans le genre des moires. Dans le but de présenter la néalogie du roman à la
première personne jusqu’au dix-huitième siècle, époque où la forme romanesque se trouve en plein essor,
l’auteur analyse de manière exhaustive le phénomène de la perturbation générique. C'est à dire qu’il examine les
glissements successifs par lesquels le roman et les mémoires se sont influencés réciproquement. Au long de cette
évolution, il distingue quatre étapes caractéristiques : celles ses Mémoires authentiques, des Mémoires ambigus,
des pseudo-Mémoires et des romans-mémoires (pour ce dernier, Prévost et Marivaux , notamment). Ces étapes
marqueraient le processus de fictionnalisation romanesque du récit de mémoires où ceux-ci adoptent
progressivement les recours du roman, sentimental ou picaresque. DEMORIS, Le roman à la première personne
– du Classicisme aux Lumières, Genève, Droz, 2002.
Chateaubriand et le problème des genres
184
Il nous semble clair que Chateaubriand ne refuse pas le legs des mémorialistes
classiques pour la construction de ses Mémoires d’outre-tombe. Bien que son projet ait
assumé de différents visages au long de sa réalisation conforme nous essayions de préciser
dans le chapitre 2, il est possible d’affirmer que la perspective générale des mémoires
prédomine dans l’ouvrage. L’auteur n’a jamais employé le mot autobiographie pour se
reporter à l’œuvre, et à ces écrits il réserve exclusivement le terme de moires. « Certaines
séquences des MOT sont de toute évidence faites pour nous rappeler que nous avons bien
affaire à une écriture de mémorialiste au sens le plus classique du terme. »
185
C’est de ce point de vue que Yves Coirault va dresser un paradigme des « journées
cardinales » à partir des ouvrages de Retz, de Saint-Simon et de Chateaubriand. Il rattache
certains passages des MOT à une très ancienne tradition issue des « Mémoires-Journaux »
ceux-ci ayant des relations aux troubles de la Ligue. Le récit de la révolution de Juillet faite
par Chateaubriand, par exemple, rejoint d’après Coirault cette tradition qui a eu son apogée
dans la génération de la Fronde, et a puis brillé sous la Régence
186
.
Mais si dans les andres du texte Chateaubriand suit cette veine traditionnelle des
mémorialistes, force est d’y reconnaître la manifestation réitérée d’une dimension à caractère
autobiographique, bien que cette dimension s’écarte essentiellement du modèle
184
Nous pourrions illustrer l’ampleur de cette discussion avec une étude qui porte sur le problème de la
confluence des genres et de ses résultats esthétiques et philosophiques. Zanone nous rappelle que Baktine
reconnaît dans le travail de stylisation des genres en général la marque d’une conservation de l’ancien canon.
on serait invité à lire les MOT alors comme une stylisation du genre des mémoires, stylisation qui se ferait par le
rattachement à un modèle plutôt épique et non romanesque. Les MOT n’accompagneraient donc pas la
« romanisation » des mémoires de l’époque, ils seraient au contraire le produit d’une résistance à cette tendance.
Ainsi, la perspective épique en œuvre chez Chateaubriand dresserait une alternative au roman. Il dit qu’au
moment ses contemporains laissent la forme des moires se fondre dans l’ensemble plus vaste de la prose
narrative, « Chateaubriand mène sur cette forme un véritable travail d’écrivain et s’applique à rehausser
poétiquement ses moires en tant que moires. […] Chateaubriand préserve le genre des Mémoires en tant
que tel, lui évite la dilution dans le roman et en même temps, arrête son évolution. »
184
On peut s’apercevoir
combien le genre des moires se transforme lentement et assume des méthodes compositionnelles et un
langage poétique propres en empruntant de nouvelles éléments aux formes littéraires diverses afin de mieux
traduire les différents niveaux d’expériences humaines individuel et collectif. Ces interférences sur le plan du
récit, ces dialogues des formes ont des implications profondes ; mais les implications théoriques, néralement
d’ordre artistique et philosophique, dont l’analyse ne peut pas être développée ici, nous intéressent pour insister
sur la pertinence de la perspective artistique sur un plan autobiographique pour analyser les Mémoires d’outre-
tombe. Zanone constate enfin qu’il ne s’agit pas d’envisager cette interpénétration des genres et les
transformations textuelles qui en adviennent dans la seule perspective d’une concession ou d’une perte des
mémoires, c’est-à-dire uniquement de la perspective historique.
184
Du point de vue poétique, au contraire, sur le
plan de la création littéraire un gain se fait dans les échanges pratiqués entre les compositions diverses.
ZANONE, « Les moires et la tentation du roman : l’exception épique des moires d’outre-tombe »
Chateaubriand mémorialiste, op. cit., p. 35-46
185
Y. Coirault, « De Retz à Chateaubriand : des Mémoires aristocratiques à l’autobiographique symbolique»,
Revue d’Histoire littéraire de la France, janv.-mars 1989, p. 63.
186
Les livres XXXII-XXXIII des MOT.
autobiographique conventionnel. Voyons la déclaration apologétique fameuse de
Chateaubriand : « Si j’étais destiné à vivre, je représenterais dans ma personne, représentée
dans mes mémoires, les principes, les idées, les événements, les catastrophes, l’épopée de
mon temps. »
187
On voit combien cette affirmation exprime une position forte en faveur du trait
autobiographique, position qui le détachera considérablement de ses prédécesseurs
mémorialistes. Il est vrai qu’il s’agit ici juste d’un projet théorique et on sait et on le verra –
que chez Chateaubriand cette zone est turbulente En tout cas, il nous parait évident que la
lente et réfléchie élaboration de l’œuvre chemine vers une négociation formelle entre le je et
« l’épopée du temps ». Et il s’engage en effet à faire de son activité de mémorialiste un
exercice autobiographique singulier cherchant à accomplir un travail d’édification d’une
forme particulière de je.
Il n’est pas rare que certains chercheurs voient une hétérogénéité générique dans le
récit. Il n’y a guère beaucoup de divergences lorsqu’il est question de placer les MOT à la fois
dans la lignée des mémoires et dans le chemin du renouvellement autobiographique. Quoique
de forme inégal ce texte amalgame incontestablement d’après nous l’histoire sociale et
l’histoire individuelle formant un mixte d’autobiographie et de mémoires. Les MOT sont vus,
suivant cette perspective, comme un texte hybride.
Mais il est vrai que cette hétérogénéité nous amène à quelques interrogations sur sa
textualité. De quelle manière ces deux dimensions seraient-elles présentes dans l’œuvre ? Et
suffirait-il de chercher dans leurs proportions ou dans la hiérarchie entre ces sphères, suivant
toujours les outils de Lejeune, la compréhension de cette articulation et les sultats littéraires
qui en découlent?
Une des caractéristiques apparemment paradoxale de l’autobiographie est le caractère
conventionnel de son langage ; c’est au moins ce qu’on peut conclure de l’étude
paradigmatique de J. Lecarme comparant les deux versions des Mémoires de Chateaubriand
(les versions des premiers livres que nous avons examiné dans le chapitre 2, Mémoires de ma
vie et Mémoires d’outre-tombe). La rhétorique de la mémoire, l’ordre imposé du récit
biographique, les modes classiques du récit à la première personne semblent laisser peu de
marge à l’innovation. De ce point de vue, l’autobiographie chateaubriandesque pour Jacques
Lecarme qui suit les points essentiels de la théorie de Lejeune se réaliserait mieux dans les
Mémoires de ma vie que dans les Mémoires d’outre-tombe. Sous le premier titre, Mémoires de
187
Préface testamentaire, dans les MOT, p. 1537.
ma vie, le texte garderait les caractéristiques les plus exemplaires du genre, à savoir une
crudité du style et la concentration intimiste rendant plus visible l’effet autobiographique
proprement dit. La composition des MOT, en revanche, s’éloignerait de ce qu’on tient pour
une conception autobiographique : ici la dimension autobiographique deviendrait plutôt le
travail d’un styliste. Par rapport au passage des moires de ma vie vers les Mémoires
d’outre-tombe et ses résultats stylistiques changeant la voie générique, Jacques Lacarme
écrit : « […] la prose française n’a sans doute jamais atteint à un tel génie musical et
poétique ; mais du point de vue de l’autobiographie, une certaine perte se fait sentir : on est
passé de l’ordre du cœur à l’ordre de la scène. Un récit personnel, le plus souvent retenu, se
trouve englobé dans une grande épopée, qui se trouve être d’ailleurs la seule grande épopée en
prose que connaisse la littérature française. »
L’auteur conclut que dans la modification des procédés narratifs de la première par
rapport à la dernière version il y a une subordination du projet autobiographique à une
entreprise historique et épique, ce qui va engendrer une héroïsation du protagoniste, ou « une
transfiguration par-delà la mort du héros tel qu’en lui-même enfin l’éternité le change. »
188
Et
là on pourrait voir une contradiction évidente entre une fidélité à Rousseau et une rupture avec
l’auteur d’Emile, mais ce serait une contradiction que « résout le grand style sur tous les
modes, narratif, lyrique, épique, démonstratif. » Dans ce cas, le registre autobiographique
serait un de ces modes du récit ; il se ne saurait être donc qu’une touche du clavier parmi
d’autres.
Outre Lecarme, l’identification de cette espèce de transfiguration du moi dans la scène
sociale majeure est faite aussi par Berchet. Pour celui-ci, la richesse de la représentation de
l’individu dans les MOT repose sur l’exceptionnelle alisation formelle du récit rendant
sensible un moi qui subit l’histoire mais qui n’est pas réductible à l’histoire. Cette conception
littéraire concrétisée dans les Mémoires, constitue, d’après Berchet, une représentation
singulière de la conscience historique du sujet autobiographe. Cette lecture le conduit à
envisager la question du genre du point de vue d’un dépassement générique. Sans que
Chateaubriand ait choisi entre une prose classique de mémoires ou une autobiographie sur le
mode de Rousseau, il aurait élaboré une troisième alternative : c’est ce que Berchet va
nommer une « autobiographie symbolique ». Eclairons un peu plus cette notion avec ses
propres mots :
188
LECARME J., L’autobiographie, Paris, Armand Colin, 2
ème
éd., 2004, p. 168
« Chateaubriand avait voulu réaliser une synthèse qui avait pour objectif principal de
ne pas se laisser enfermer dans le dilemme : histoire ou autobiographie. Cette
illusoire alternative ne faisait, en effet que reproduire une opposition thématique
chère au Romantisme : le moi/le monde ; intériorité/extériorité ; être/faire, etc. Loin
de vouloir entériner ce clivage idéaliste de la personnalité, Chateaubriand avait tenu
au contraire à préserver la complexité, la richesse, la totalité de la double postulation
[…] il avait donc cherché à sonder son « inexplicable cœur » et à représenter un
homme-histoire. »
189
Une question alors s’impose. Quelle est la signification de ce je singulier, « stylisé »
selon le terme de Lecarme, ou qui incarne une synthèse pour Berchet, et qui tend à jouer sur
la scène plutôt qu’à manifester de manière plus naturelle les ressorts « du cœur »? Avant de
tenter de répondre à cette question sur la forme du je autobiographique chez Chateaubriand,
nous ne pouvons ici nous dispenser de présenter de manière plus détaillée quelques aspects de
la configuration générale du récit afin de mieux connaître les enjeux génériques que
matérialise la complexe entreprise des Mémoires d’outre-tombe.
Les microgenres dans les Mémoires
On venait jusqu’ici traitant des mémoires et de l’autobiographie en tant que jalons
pour l’encadrement narratif des MOT. Mais la complexité du texte se manifeste bien
davantage lorsqu’on envisage de plus près la question des genres qui s’entrecroisent dans le
récit. Pour traverser les presque quatre-vingts ans d’histoire, Chateaubriand n’utilise pas
uniquement deux registres - celui d’une perspective personnelle pour dire le moi intime et
celui de la chronique pour mettre en lumière le tableau historique. Dans le but de dresser
l’homme-siècle et toute son épopée, d’autres modes de récit donnent du relief au raconté.
190
Les MOT peuvent bien apparaître comme une très riche anthologie des formes narratives. Le
texte forme une sorte de mosaïque qui juxtapose des genres variés : des portraits, des lettres,
189
BERCHET, « Les Mémoires d’outre-tombe : une ‘autobiographie symbolique’, Le moi, l’histoire-1789-1848,
textes réunis par D. Zanone, Grenoble, Univ. Stendhal, Ellug, 2005, p. 44.
190
Nous détachons là-desssus, le travail de Fabienne Bercegol, intitulé La poétique de Chateaubriand : Le
portrait dans les Mémoires d’outre-tombe, qui examine le rôle des portraits dans poétique des MOT; Antoine
Compagnon écrit un article sur l’économie citationnelle dans l’œuvre de Chateaubriand, et dans le même
ouvrage (Chateaubriandmorialiste) Pierre Riberette, responsable de très importantes publications sur la
correspondance de Chateaubriand, présente un article qui étudie l’impact de la présence des lettres dans les
MOT.
des journaux, des citations, de la chronique et des commentaires soutiennent l’édifice des
Mémoires.
Pour analyser cet espace littéraire de coexistence des formes, nous nous arrêtons un
peu sur quelques livres des MOT qui ne constituent pas notre corpus proprement mais qui
révèlent de façon plus vigoureuse l’étendue du projet compositionnel de l’auteur. Nous
analyserons brièvement quelques éléments de la dernière partie des Mémoires, car c’est
surtout à partir du livre 34 que la diversité de registres et l’effet de rupture dans la
composition de l’œuvre s’accentuent.
Les cinq premiers livres et puis le groupe des livres de la dernière partie du récit,
dessinant respectivement les débuts et le terme de la vie du protagoniste croisent les images
du récit de l’enfance avec celles de la vieillesse. Dans ce face-à-face il y a un dialogue entre
les images du passé et celles de la déchéance du temps présent. Dans la dernière partie du
texte il y a une irrégularité notable dans sa structure, et cette trouble textuelle se fait par le
moyen des microgenres qui émaillent le récit. Là le narrateur reconnaît ses «pages décousues,
jetées pêle-mêle sur la table » qui dressent tantôt une écriture diaristique tantôt une écriture
épistolaire pour rendre compte des événements si rapides « que nous ont si promptement
vieillis, que quand on nous rappelle nos gestes d’une époque passée, il nous semble que l’on
nous parle d’un autre homme que de nous : et puis avoir varié, c’est avoir fait comme tout le
monde. »
191
Du point de vue temporel le narrateur passe parfois d’un récit fondamentalement
rétrospectif au récit présent caractéristique des lettres et des journaux. Pour le narrateur
renonçant à suivre une ligne d’événements, une écriture au présent sera la bonne stratégie à
rendre compte des incertitudes qui se présentent particulièrement dans les années 1830, autour
desquelles tournent les épisodes finals du texte. Pour le faire, la narration plus ou moins
linéaire est abandonnée au profit d’un registre varié se servant d’une multiplicité de genres :
les lettres, les volumineuses citations et les journaux rendront voix au narrateur qui est en
train de clôturer ses Mémoires.
Le livre trente-quatrième est exemplaire de cette fragmentation narrative se
multiplient les instances discursives et les interventions du narrateur, ou les prises de parole.
Une thèse de H.-P. Lund soutien que le narrateur se pose constamment « ailleurs » dans le
récit, faute de pouvoir enregistrer une expérience historique d’engagement effectif. À propos
du renouement de la vieillesse avec la jeunesse établi dans la dernière partie des MOT, le
191
MOT, t. 2, p. 943.
narrateur lui-même nous fait remarquer le jeu de miroir à refléter le début de l’œuvre dans sa
fin. Chateaubriand annonce ce projet de retour à la jeunesse au début du livre trente-
quatrième : « Il ne tiendra qu’à moi de renouer les deux bouts de mon existence, de confondre
des époques éloignées, de mêler des illusions d’âges divers […] »
192
Mais la rencontre des temps de jeunesse et de vieillesse s’avère douteuse, précaire ;
c’est qu’en fait la réalité s’oppose à ce renouement et c’est pourquoi il va ensuite changer sa
perspective d’écriture qui prendra désormais une forme essentiellement diaristique composée
par un ensemble de pages de journaux pour plutôt traduire les événements que pour les
raconter. « Je continuerai donc d’écrire les choses au moment actuel de ma vie ; je ferai
connaître ces choses par les lettres qu’il m’arrivera d’écrire sur les chemins […], je lierai les
faits intermédiaires par un journal […] »
193
Le lecteur se rendra à un musée des formes. L’espace littéraire va dorénavant
rassembler les vestiges d’une histoire en ruines qui se montre par la « rêverie ambulatoire »
194
d’un narrateur renonçant à l’ancienne forme de narration, en soulignant les avantages et les
désavantages de la nouvelle :
« […] c’est l’inconvénient de tout journal : on y trouve des discussions animées
sur des sujets devenus indifférents ; le lecteur voit passer comme des ombres une
foule de personnages dont il ne retient pas même le nom : figurants muets qui
remplissent le fond de la scène. Toutefois c’est dans ces parties arides des chroniques
que l’on recueille les observations et les faits de l’histoire de l’homme et des
hommes. »
195
Dans dernière partie de l’ouvrage le narrateur travaille sensiblement sur le problème
du présent historique en poussant à l’extrême l’impasse envers ses attentes futures. Et le
lecteur peut reconnaître avec justesse que le deuil et le désarroi du narrateur-protagoniste dans
un monde devenu incertain percutent en toute sa profondeur dans l’agencement des formes
narratives.
Quand la voix narrative inclut dans la séquence compositionnelle des pages des
journaux du personnage, le besoin d’apporter au lecteur une voix nouvelle ou transfigurée
moyennant un récit journalier s’accomplit dans une certaine urgence narrative, car la vie
192
MOT, p. 491.
193
MOT, t. 2, p. 500.
194
Ibid., p.39.
195
MOT, t. 2, p. 517.
quotidienne narré dans ces pages est assez diverse de celle qui résulte de l’horizon
rétrospectif qui est au fond des Mémoires. Le procédé diaristique va produire un discours au
présent qui amène le lecteur à une autre forme de représentation laquelle introduit un présent
authentique d’écriture. Dans ce sens, la rupture avec un certain mode de narrer signale une
nouvelle façon de dire la réalité tout en révélant, à chaud, la répercussion des faits racontés, et
le narrateur trouve aussi un moyen de dévoiler toutes les nuances de l’histoire, histoire
grande et menue.
D’autre part, il faut bien remarquer que les jugements du narrateur, surtout dans la
Conclusion générale des MOT, laissent entièrement de côté les mémoires autobiographiques,
c'est-à-dire les mémoires et l’autobiographie. Les perspectives qui s’ouvrent ne le concernent
plus, « il est hors du coup »
196
, si l’on peut dire ; c’est pourquoi il change de genre, n’ayant
plus nécessité de parler de lui, et il ne fait plus que des commentaires ou des portraits. Notons
qu’une masse de portraits et d’analyses politiques achève le texte à la suite des lettres et des
pages de journaux.
Les genres qui y paraissent font alors essentiellement l’écriture d’une histoire au
présent. Le mélange des âges et des tons qui réunit les deux extrémités de l’existence du
protagoniste va ainsi caractériser la dernière partie de l’œuvre mettant en scène une sorte de
miroir éclaté de la première, comme un espace qui accueille les multiples échos de la
temporalité du défunt-narrateur. La multiplicité des thèmes présentés correspond également à
une diversité formelle. Ces contrastes sont décrits comme suit par l’auteur lui-même : « Tel
livre de mes Mémoires est un voyage, tel autre s’élève à la poésie, tel autre est une aventure
privée, tel autre un récit général, une correspondance intime, le détail d’un congrès ; le rendu-
compte d’une affaire d’État, une peinture de mœurs, une esquisse de salon, de clubs, de cour,
etc. Dans cette variété, un sujet fait passer l’autre. »
197
Cette hétérogénéité textuelle sert tantôt à problématiser l’histoire, tantôt à déceler le
moi autobiographique. L’intempestive intervention du discours épistolaire dans la séquence
narrative perturbant le fil continu du narré, met en cause la capacité d’un seul registre narrer
toute l’épopée que lui-même était censé représenter. Dans ce sens, l’insertion du moi dans
l’histoire et la possibilité d’une écriture autobiographique deviennent problématiques.
De cette manière, se transformant et arrivant transfiguré à son terme, le récit des MOT
nous ramène à notre question qui est celle de la relation du moi avec son histoire, et nous fait
songer à une histoire/Histoire qui devient presque inénarrable du point de vue particulier de ce
196
LUND, Chateaubriand, les ‘Mémoires d’outre-tombe’ 4
ème
partie, Paris, Sedes, 1990.
197
MOT, t. 2, p. 503.
narrateur-personnage qui témoigne le déclin d’un passé qui est celui de ses origines. Il s’agit
de trouver sur le plan du récit une stratégie formelle pour rendre consistance à l’expression
de cette expérience de la déchéance politique. « L’ailleurs de l’imagination l’emporte sur
l’historique qui avait constitué le fond des MOT, […] si bien que le genre même des MOT est
modifié et perd ses contours si clairs jusqu’ici. »
198
Le besoin d’exprimer l’impossibilité
politique qui se dessine après 1830 amène l’auteur à créer au terme de son œuvre une forme
composite dans laquelle H.-P. Lund saisit une logique de la rupture.
199
Si dans les Mémoires
un fil narratif plus ou moins linéaire prédomine, demeurant comme la base du récit, il n’en est
pas moins vrai que la narration se trouve sérieusement et dramatiquement problématisée.
Cette stratégie narrative du déséquilibre, (des)organisant textuellement le narré par
l’intermédiaire du jeu générique peut être envisagée dans ce cas comme une représentation
littéraire de l’échec politique et existentiel du personnage en toute sa profondeur.
Rappelons que la recomposition du texte créant cet effet de désintégration a été fait
par l’auteur lors de la révision de 1832 qui a quelque peu interrompu la linéarité textuelle.
Dans la quatrième partie des MOT, l’auteur approfondit la technique narrative accentuant les
effets de rupture (qui se montrent moins fort dans notre corpus), en utilisant des modes
génériques plus directs (la lettre, le journal, la citation) comme si à une histoire ou à une
existence problématique devait correspondre un récit plus décomposé.
198
Ibid., p. 76.
199
« Chateaubriand et les ailleurs de l’écriture », in Chateaubriand, Les Mémoires d’outre-tombe, 4
ème
partie, p.
47-79.
CHAPITRE 4
4. Les Mémoires d’outre-tombe: une littérature autobiographique dans
l’Histoire
Nous souhaitons analyser à présent les rapports entre le moi autobiographique et
l’histoire dans la composition de nos cinq premiers livres des Mémoires. Ce corpus qui
comporte une caractéristique particulière par rapport au reste du texte, présente la formation
religieuse et intellectuelle ainsi que l’affirmation du narrateur-protagoniste dans ses premiers
contacts avec le monde extérieur. Sans vouloir renfermer notre perspective d’étude dans un
cadre artificiel opposant la jeunesse à la vie adulte, il semble possible toutefois de constater
sans difficulté que ces livres portent une relative autonomie dans l’ensemble des MOT, dans
la mesure ils limitent un tableau initial temporel, voire géographique des expériences du
narrateur. Rappelons que notre corpus part de la naissance de Chateaubriand en 1768 et qu’il
se termine avec les épisodes de la Révolution française en 1791 lors du départ de
Chateaubriand pour l’Amérique du Nord, quand il a alors 22 ans. À partir du voyage en
Amérique à la fin du livre 5, Chateaubriand fait ses adieux à la famille et se lance dans le
monde. «Il faut étendre dans l’espace d’environ deux années cette peinture des hommes et de
la société à mon apparition dans le monde […] »
200
.
Mais dans cette autobiographie qui se déroule en principe comme un roman
conventionnel de formation, la Révolution devient une épreuve décisive dans l’existence du
personnage et la dimension autobiographique ne pourra se définir que par rapport à la crise
révolutionnaire, c’est-à-dire par rapport à l’histoire. Ici le vieux Chateaubriand mémorialiste
montre le jeune Chateaubriand entre le vieil ordre et les premiers signes de la France
nouvelle. Pour les effets de notre analyse nous considérons qu’un temps historique complet se
dessine au long de ces cinq premiers livres et qu’une traversée complète se fait : ce sera une
traversée du narrateur-protagoniste rendant visible les couches de l’histoire dans lesquelles il
se forme. Nos textes ont essentiellement trois axes thématiques : il y a le temps des morts
exprimé par un récit généalogique entremêlé d’un discours protocolaire, à l’entrée des
200
MOT, p. 266.
Mémoires ; ensuite le lecteur connaît l’enfance et la jeunesse du personnage ; et finalement, le
narrateur met en scène l’avènement de la Révolution française.
Nos livres peuvent bien être perçus comme un ensemble architectural ayant deux murs
solides et incontournables à chaque extrémité formés pas l’Histoire et au centre l’apparition et
la jeunesse du protagoniste. Ainsi, d’un côté, il y a les références à la généalogie de
Chateaubriand fondée dans l’Ancien gime la tradition et, à l’autre extrémité du corpus,
dans le cinquième livre, le déclenchement de la Révolution française ; au milieu de ces
événements, le récit de la naissance de François-René et des épisodes de sa vie familiale et
sociale. Il se forme un lieu de regard, comme un espace d’avant-démarrage le
protagoniste n’a toujours pas entamé les mouvements de l’homme mûr. l’écrivain
entreprend un voyage fait vers soi-même.
Ce lieu de mémoires, presque inactif du point de vue des interventions du
protagoniste, se différencie des livres postérieurs les actes du protagoniste vont rejoindre
les mouvements de l’histoire. Sur un fond ingouvernable, le protagoniste se meut parfois
comme une sorte de flâneur abasourdi, étouffé dans son propre cercle familial et social. Les
circonstances et les aventures qui précédent les actes de l’âge de la raison ont lieu dans son
pays natal : une Bretagne féodale se fait voir par ses antiques manoirs ainsi qu’une Bretagne
commerçante se montre à travers les habitations modernes. Saint-Malo, sa ville de naissance,
a eu un jour les plus attirantes femmes, des femmes grandes, minces, agiles, ces filles du Nord
qui descendaient de leurs barques, « comme si elles venaient encore envahir la contrée »
201
.
Une ambiance vivante et une atmosphère faite d’histoires individuelles et collectives se
dressent. Mais en même temps le narrateur lucide cherche sans cesse la compréhension de son
présent en nous rappelant toujours que ces femmes-là ne sont plus et qu’il n’en reste que ses
souvenirs. Tourné vers le monde extérieur le narrateur vaudra alors fixer un édifice de ces
souvenirs à la fois retrouvés et perdus.
Voilà les tonalités du premier monde du mémorialiste qu’on va examiner ensuite.
201
MOT, p. 280.
4.1. L’écriture de la généalogie
L’histoire comme rupture
Que représente l’histoire dans laquelle se situe notre personnage-narrateur?
L’histoire apparaît à Chateaubriand comme le lieu de rupture, par excellence. Sa
phrase qui synthétise cette situation de partage, de déchirure est fameuse : « Je me suis
rencontré entre deux siècles, comme au confluent de deux fleuves ; j’ai plongé dans leurs
eaux troublées, m’éloignant à regret du vieux rivage je suis né, nageant avec espérance
vers une rive inconnue. »
202
On sait combien l’histoire de Chateaubriand est directement
touchée par l’histoire de son pays et que c’est dans le passage de l’ancien ordre social à un
monde de nouvelles valeurs, donc dans des circonstances historiques très particulières,
s’inscrit son parcours de vie. Les événements de 1789 ont été cruciaux dans la vie du
protagoniste, et la rupture historique provoquée par la Révolution avec toutes ses
conséquences au long de la première moit du dix-neuvième siècle constitue la
problématique centrale des MOT.
Ce grand événement révolutionnaire traumatisant et essentiel pour le mémorialiste se
trouve donc à la base de ce récit qui retrace son itinéraire. Itinéraire de transition : c’est le
moins qu’on puisse dire. La trajectoire équivaut à un mouvement liant les deux côtés de
l’histoire, correspondant à la fois à une brisure et à une recomposition des parties dissociées.
Pour Chateaubriand, dans le cas particulier des MOT, cette rupture est de grand intérêt
esthétique. Quand il parle d’ailleurs des procédés qu’il a employés pour rendre forme à la
perspective de Martyrs, il montre assez clairement son point de vue sur la mutation des
civilisations et de ses virtualités poétiques, c’est-à-dire sur la question de la rupture historique
et de ses possibilités poétiques : « aujourd’hui que mes idées sont devenues vulgaires,
personne ne nie que les combats de deux religions, l’une finissant, l’autre commençant,
n’offrent aux Muses un des sujets les plus riches, les plus féconds et les plus dramatiques. »
203
Jean-Pierre Richard fait une admirable étude sur l’idée du choc des civilisations qui se
trouve dans les images et chez les personnages de Chateaubriand. Selon lui, ses personnages
romanesques les plus importants sont des figures syncrétiques, hybrides, qui symbolisent la
problématique culturelle d’une identité double. René, un occidental indianisé, Atala, une mi-
indienne et mi-espagnole et Eudore, un chrétien ayant connu le paganisme représentent dans
202
MOT, t.2, p. 1027.
203
MOT, 830.
les écrits de Chateaubriand la question sur l’adoption ou non des traits d’une nouvelle culture
dès que le sujet est mis dans un contexte étranger. Le thème problématise les différences
culturelles (soient-elles d’ordre religieuse, morale, sociale) et la possibilité (désirable ou non)
d’assimiler la culture d’en face au détriment de la culture de départ. Cette situation
particulière d’apprentissage des valeurs d’autrui et les différentes manières dont un individu
peut répondre à ce dilemme sont en effet au centre de beaucoup de textes de Chateaubriand.
C’est pourquoi J.-P. Richard s’interroge à propos de l’emploi du terme des civilisations au
pluriel au lieu d’une civilisation au singulier chez Chateaubriand.
Etabli sur une zone de frontière, la possibilité d’embrasser simultanément les deux
côtés est envisagée : en transformant la limite en une ligne de clivage, « on s’efforcerait enfin
de faire passer les unes dans les autres les principales qualités des deux civilisations rivales. »
De fait, Chateaubriand explore bien les potentialités romanesques du thème, et en ce qui
concerne l’aspect physique même de ses personnages la question aboutit au phénomène du
métissage ou à celui que J.-P. Richard considère comme le « thème caractériel du mixte ».
204
Telle nous semble être une formulation aussi adéquate au problème de l’histoire dans
les Mémoires. Il se peut certes établir un parallèle entre le choc des religions dont nous parle
Chateaubriand et la Révolution française, événement responsable de la rupture dont il s’agit
ici. Dans ce cas, les deux cultures seront formées par l’univers de l’Ancien Régime en voie de
disparition, d’un côté, et par la civilisation nouvelle qui surgit, de l’autre côté. Ainsi il serait
pertinent de poser quelques questions à propos du thème du double dans cette situation de
scission historique : Que faire devant un tel état de scission ? Franchir le seuil qui sépare les
deux cultures ? Adopter la culture de l’autre ou la culture naissante tout en abandonnant celle
des aïeux ?
Dans les MOT le cit expose nettement le combat entre l’ancien et le neuf, entre le
passé et le présent, mais cette dimension d’affrontement, de rupture est aussi une dimension
de rassemblement, car elle expose en fait des éléments contraires qui doivent coexister et se
mettre en rapport. Et cet espace de conflit sera récrée esthétiquement sous la plume du
mémorialiste. Les dégâts et les fragments de cette histoire fracturée sont mis en place dans la
perspective narrative du narrateur-témoin qui cherche enfin à maîtriser une Histoire en miettes
et à dresser ses morceaux comme des formes antithétiques dans le récit. « Cet équilibre,
204
RICHARD Jean-Pierre. « Chateaubriand, la civilisation, l’histoire », La Nouvelle revue française, août 1966,
n° 164, p. 299.
Chateaubriand pourra même l’imaginer comme un phénomène de résonance. Mettant en
contact en lui deux ensembles antithétiques. »
205
Enfin, placé dans cette mer moïséenne, considérée comme un lieu de vision
privilégiée, le narrateur fait de son récit une composition poétique de transition et module son
texte selon ces temps révolutionnaires. « Passe maintenant, lecteur ; franchis le fleuve de sang
qui sépare à jamais le vieux monde dont tu sors, du monde nouveau à l’entrée duquel tu
mourras. »
206
La composition du récit : la préhistoire du protagoniste
Les Mémoires d’outre-tombe s’ouvrent sur la description de la généalogie familiale de
François-René de Chateaubriand. Issu d’une famille appartenant à la vieille noblesse
française, le narrateur offre, tel qu’on faisait traditionnellement dans les mémoires
aristocratiques, les preuves formelles de son appartenance à la noblesse d’épée et présente les
particularités de son histoire familiale. Une écriture protocolaire, contenant la reproduction
fidèle des pièces documentaires de sa lignée aristocratique, retrace et authentifie la souche
généalogique des Chateaubriand. Le mémorialiste donne les références bibliographiques, des
dictionnaires et des ouvrages d’histoire de la Bretagne, où l’on peut « s’enquérir de sa
famille ».
Rappelons que le lien civil au monde ancien de la féodalité ainsi que ses témoignages
étaient la condition requise pour assurer et pour transmettre les positions sociales dans la
société ancienne. Voici Chateaubriand sur son cas particulier : « Les preuves de ma
descendance furent faites entre les mains de Chérin, pour l’admission de ma sœur Lucile
comme chanoinesse […] ; elles furent reproduites pour ma présentation à Louis XVI,
reproduites pour mon affiliation à l’ordre de Malte et reproduites, une dernière fois, quand
mon frère fut présenté au même infortuné Louis XVI.»
207
La source de la lignée des Chateaubriand se trouve dans un temps reculé à l’onzième
siècle, avec le baron Brien. À partir de vingt-trois générations se sont succédées jusqu’à
l’auteur des Mémoires d’outre-tombe. Cette aristocratie qui n’avait pas de liens directs avec la
Cour, formait une noblesse de province qui s’était même montrée à plusieurs reprises
205
Ibid., p. 300.
206
MOT, p. 286.
207
MOT, p. 117.
réfractaire à la politique du pouvoir central. Aux informations sur la constitution familiale
s’ajoutent des anecdotes familiales. Parfois la rapidité de la séquence narrative donne à ces
péripéties la caricature du romanesque et la description de ses ancêtres nobles devient source
d’humour. Voici un peu du ton narratif de la généalogie et du portrait familial :
« Les Brien vers le commencement du onzième siècle communiquèrent leur nom à
un château considérable de Bretagne, et ce château devint le chef-lieu de la baronnie
de Chateaubriand. Les armes des Chateaubriand étaient d’abord des pommes de pin
avec la devise : Je sème l’or . Geoffroy, baron de Chateaubriand passa avec saint
Louis en Terre-Sainte. Fait prisonnier à la bataille de la Massoure, il revint et sa
femme Sybille mourut de joie et de surprise en le voyant.»
208
L’histoire des Chateaubriand se confond avec les luttes de sa province et avec les
coutumes de transmission du pouvoir et de la fortune. Dans cette gion fort litigieuse, la
tradition déterminait que le fils aîné héritait les deux tiers de la fortune paternelle, outre le
domaine paternel entier, le reste étant divisé entre les autres enfants. De la sorte, nombre de
nobles cadets bretons deviennent de plus en plus démunis et la prolifération et l’errance de ces
familles changent progressivement la face du pays. Il leur faudra alors récupérer la richesse et
la propriété. George Painter décrit ainsi les tentatives d’ascension de ces nobles appauvris:
« Certains refaisaient fortune grâce à la guerre ou à un riche mariage, certains entraient dans
le clergé et mouraient donc sans descendance, certains s’abaissaient jusqu’à manier la charrue
et se fondaient dans la paysannerie ».
209
Le père de François-René, René-Auguste, était le cinquième enfant et le deuxième fils
et à la suite de la mort de son père il a gérer la chétive fortune de la famille.
210
Mais une
rupture dans la transmission des titres de noblesse amène René-Auguste à s’engager dans une
lutte personnelle pour reconquérir ces titres perdus autrefois - ce qu’il obtient plus tard grâce à
sa fortune commerciale. Entouré d’un côté par la Manche et baigné à l’ouest par l’océan
Atlantique, le territoire breton possédait une géographie naturelle privilégiée qui favorisait le
commerce maritime ; l’aristocrate va alors se consacrer à l’une des plus propices et
honorables activités dans de telles circonstances: la navigation. L’exploration maritime
208
MOT, p. 117.
209
PAINTER Georges, Chateaubriand, une biographie 1768-1793, Les orages désirés, trad. Suzanne
Nétillard, Paris, Gallimard, 1979, p. 16.
210
Dans ce cas-là, le mode de répartition des biens n’a pas suivi les coutumes des familles bretonnes : le fils aîné
a renoncé à son héritage et est entré dans les ordres, passant au frère, René-Auguste, la prise en charge de la
famille.
constitue une partie essentielle de sa carrière et il s’y lance à de différentes pratiques de
commerce. La pêche à la morue, la traite d’esclaves, le transport de marchandises variées et la
construction de navires formaient la plupart des entreprises économiques, dont les résultats
étaient très incertains, avec beaucoup de profits mais aussi avec beaucoup de pertes. Il
participe, par ailleurs, des campagnes de guerre, mais plusieurs années de batailles contre les
Anglais lui apportent autant de soucis que d’honneurs et de fortune.
211
La concurrence avec
les Anglais dans la zone de pêche et dans la dispute sur les colonies en Amérique ouvre
l’espace à des activités diverses, comme celles d’une piraterie légale dans la capture de
bâtiments anglais, par exemple. Il y avait énormément de risques dans de tels entreprises
commerciales et guerrières : les circonstances étaient bonnes tantôt pour la pêche, tantôt pour
le transport de marchandises, tantôt pour le commerce d’esclaves, tantôt pour les campagnes
militaires. Et quelquefois les résultats du bilan ne venaient pour les négociants que plusieurs
années après le terme de l'affaire.
Malgré l’intermittence des réussites dans ses affaires dans ce contexte turbulent du
commerce maritime au milieu du dix-huitième siècle, René-Auguste arrive avec beaucoup de
détermination à gagner une fortune importante qui lui permet d’acheter le château de
Combourg en 1761 et de récupérer, par conséquent, les titres de noblesse de sa famille.
Par rapport au centralisme monarchique de la France il va adopter les attitudes
typiques d’une part de la noblesse de province dont la particularité était de s’opposer aux
mesures gouvernementales, en particulier aux mesures économiques. Le père laissait assez
clair ses avis politiques concernant l’absolutisme du roi de France : « Son sang breton le
rendait d’ailleurs frondeur en politique, grand opposant des taxes et violent ennemi de la
cour. »
212
L’autorité paternelle est un sujet récurrent dans le texte. Le narrateur mentionne
maints fois l’influence et la force oppressive du caractère de son père sur lui. Il résume ainsi
cette question : « De la naissance de mon père et des épreuves de sa première position, se
forma en lui un des caractères les plus sombres qui aient été. Or, ce caractère a influé sur mes
idées en effrayant mon enfance, contristant ma jeunesse et cidant du genre de mon
éducation. »
213
211
La guerre de Sept Ans contre l’Angleterre eut lieu de juin 1756 à 1762.
212
MOT, p. 239.
Le tableau est complété par une présentation des problèmes économiques à l’ordre du jour concernant la dette
publique. Nous nous y trouvons face au problème très controversé du paiement des impôts par les ordres sociaux
– le clergé, la noblesse et le tiers-état –, conflit qui, sous différentes formes, durait depuis le siècle de Louis XIV.
213
MOT, p. 116.
L’histoire de François-René embrasse l’histoire du père et, d’après ce passage, il est
possible de mesurer la force accablante que son histoire familiale exerce sur lui. Il continue sa
réflexion : « Je suis gentilhomme. Selon moi, j’ai profité du hasard de mon berceau, j’ai
gardé cet amour plus ferme de la liberté qui appartient principalement à l’aristocratie dont la
dernière heure a sonné. »
214
Les deux extraits montrent en fait deux aspects différents, sinon
opposés, du legs paternel. Tristesse et liberté sont les deux traits essentiels qui appartiendront
à jamais au caractère du protagoniste des Mémoires. Observons que le narrateur cherche à
identifier l’origine de ses caractéristiques dans son passé en laissant plus ou moins clair au
lecteur qu’il ne se débarrassera totalement de cette histoire.
Mais ensuite, après l’exposition des lignées d’innombrables ducs, comtes, chevaliers,
descendant à son temps, il y a un nouveau rebondissement : Chateaubriand nous informe qu’il
ne révère pas tant de noblesse. S’il est gentilhomme l’histoire va se charger de forger les
transformations concernant son statut social, ainsi, le portait de soi qui dresse le narrateur
laisse une porte ouverte au renouvellement :
« […] Au reste, qu’on me pardonne d’avoir été contraint de m’abaisser à ces puériles
récitations, afin de rendre compte de la passion dominante de mon père, passion qui
fit le nœud du drame de ma jeunesse. Quant à moi, je ne me glorifie ni ne me plains
de l’ancienne ou de la nouvelle société. Si, dans la première, j’étais le chevalier ou le
vicomte de Chateaubriand, dans la seconde je suis François de Chateaubriand; je
préfère mon nom à mon titre ».
215
Voyons que le narrateur se met à mi-chemin des prérogatives du père ou du frère aîné,
celui-ci étant le premier héritier du patrimoine paternel. C’est-à-dire, François-René s’écarte
prudemment de tout attachement au passé ou à la gloire d’appartenir à la noblesse et refuse le
sentiment exagéré de fierté. Il est ici sur un bord, celui de l’ancienne société, mais il ne peut
pas s’empêcher de distinguer l’autre bord qu’impose le nouvel ordre des choses sur lequel se
constitue enfin son horizon d’écriture.
À d’autres moments il va manifester ce même écœurement qu’il exprime ci-dessus
devant l’infatuation du père et du frère. « Cette hauteur était le défaut de ma famille ; elle était
odieuse dans mon père ; mon frère la poussait jusqu’au ridicule ; elle a un peu passé à son fils
214
MOT, p. 117.
215
MOT, p. 121.
aîné. Je ne suis pas bien sûr, malgré mes inclinations républicaines, de m’en être
complètement affranchi, bien que je l’aie soigneusement cachée. »
216
Le dédain envers la passion de son père suggère sinon son mépris de l’origine au
moins son indifférence par rapport aux vanités liées à sa condition sociale. Chevalier ou
monsieur, ancienne ou nouvelle société, l’homme Chateaubriand n’aura-t-il pas survécu à tout
cela ?
On a dit que les références exhaustives aux titres familiaux étaient courantes dans la
tradition des mémoires aristocratiques, mais certes la perspective chateaubriandesque qui fait
preuve d’un ordre social la noblesse qui n’est plus le même et dans un contexte qui ne
demande plus ses preuves, suscite de l’intérêt. La réponse est donnée par le narrateur lui-
même : il les considère comme des « puériles récitations » afin de rendre compte de la passion
qui fait le nœud du drame de sa jeunesse.
On voit que le rapport envers son héritage matériel et symbolique est problématisé par
le discours du narrateur-protagoniste. Cette voix narrative qui s’efforce de détailler son
tableau généalogique et familial va ensuite actualiser la fonction de quelques aspects de cette
réalité et va faire représenter cette histoire personnelle dans la composition du récit. C’est ce
qu’on verra tout de suite.
La composition du récit : la fonction des preuves authentiques
La reproduction des extraits officiels de naissance, de mort et les preuves de la
généalogie jouent un rôle intéressant dans la représentation que fait Chateaubriand du
processus de transformation sociale da la France après la Révolution. Par ce recours le
narrateur tantôt se rapproche tantôt s’écarte de l’objet remémoré, en le mettant à jour et en le
jugeant. Il transmet par là les deux univers distincts qui sont à la base de l’expérience
historique du protagoniste. « Du temps présent au temps que je vais peindre, il y a des
siècles. »
217
Comment peindre ce tableau complexe des mœurs, des règles, du langage et des
croyances de deux mondes qui doivent s’opposer l’un à l’autre ?
Chateaubriand a beaucoup insisté sur l’impuissance des mots pour traduire toute la
radicalité de son expérience, et dans ce sens il parle d’une supériorité des souvenirs que la
216
MOT, p. 179.
217
MOT, p. 194.
parole est censée exprimer. C’est afin de compenser cette déficience descriptive de l’écriture
qu’il va utiliser certains procédés formés par des images empruntées au registre des beaux-
arts, par exemple. « Telle est dans les choses matérielles l’impuissance de la parole et la
puissance du souvenir ! »
218
Les Mémoires ne manquent pas de procédés picturaux pour
rendre sensible les images riches et variées qui se dressent partout dans le récit. Nous pensons
que d’un certain point de vue cette démarche vers une recherche de l’efficacité figurative du
tableau rejoint les objectifs de la forme générique variée dans texte.
219
Si on prend sérieusement en compte la composition artistique que forment les
Mémoires, il ne nous parait pas raisonnable d’envisager les pièces authentiques qui instruisent
le lecteur sur les aspects officiels de la naissance et de la mort des personnages uniquement
comme des rapports ou comme des sources d’information ou de preuves au service du narré.
Là une mise en relief d’un autre ordre s’établit. Dans le chapitre 5 du livre quatrième,
notamment, le narrateur-témoin va confronter les extraits du registre de décès de son père
survenu en 1786 et de sa mère, en 1798, pour montrer les différences fondamentales entre les
deux moments historiques, si proches chronologiquement mais si éloignés du point de vue du
rituel du langage que se prépare à chacun de ces événements. Après avoir affiché les actes
marquant d’une façon particulière chacun des décès ces actes qui le narrateur consigne
comme une page d’histoire –, il fait le commentaire comparatif qui nous dégageons ci-
dessous et qui sont les conclusions du chapitre.
« Dans le premier extrait, l’ancienne société subsiste : M. de Chateaubriand est un
haut et puissant seigneur […]. Dans l’extrait mortuaire de ma mère, la terre roule sur
d’autres pôles : nouveau monde, nouvelle ère […]. Madame de Chateaubriand n’est
plus qu’une pauvre femme qui obite au domicile de la citoyenne […] nulle pompe
funèbre ; pour tout assistant, la Révolution. »
220
Voilà comment l’avant et l’après-Révolution avec leurs univers d’éléments
antithétiques sont explorés ici sur l’aspect du langage changeant : lors de sa mort M. de
218
MOT, 160.
219
Il y a quelques travaux qui analysent comment la peinture intervient dans l’écriture des MOT : c’est le cas
notamment de l’article d’A. Verlet, « Images de la décomposition », Chateaubriand. Le tremblement du temps,
Toulouse, Presses universitaires du Mirail, 1994, p. 355-377, et d’un chapitre du livre de F. Bercegol intitulé La
Poétique de Chateaubriand : le portrait dans les ‘Mémoires d’outre-tombe’, Paris, Honoré Champion, 1997,
p.151-186.
220
MOT, p. 238.
Chateaubriand était un puissant seigneur, tandis que Mme. de Chateaubriand ayant l’infortune
de mourir après 1789 devient juste une citoyenne dans la Révolution.
Mais il vaut bien analyser dans tout son détail et dans toute son étendue les effets que
produit la reproduction de ces extraits. Voyons comment l’une de ces pièces est présentée au
début de l’ouvrage :
« […] Je fus le dernier de ces dix enfants. Il est probable que mes quatre sœurs
durent leur existence au désir de mon père d’avoir son nom assuré par l’arrivée d’un
second garçon ; je résistais, j’avais aversion pour la vie.
Voici mon extrait de baptême.
‘Extrait des registres de l’état civil de la commune de Saint-Malo pour
l’année 1768.
François-René de Chateaubriand, fils de René de Chateaubriand et de
Pauline-Jeanne Suzanne de Bee, son épouse, le 4 septembre 1768, baptisé le
jour suivant par nous […].’ »
221
Comment devons-nous interpréter cet expédient narratif ? Peut-il garder un rapport
aux stratégies génériques qu’on a vues plus haut, visant l’étrangement dans la composition
narrative ? Pour y répondre il convient de considérer l’extrait dans sa relation avec les autres
éléments du récit ; d’après nous, dans la perspective globale de l’ouvrage, le procédé constitue
l’un des premiers signes de la forme hybride des Mémoires. Mais quel est en réalité son rôle
dans le cadre de la transformation envisagée par le narrateur?
Le registre des extraits qui servirait à attester la véracité des faits se trouve
partiellement privé de sa fonction originelle dans le contexte narratif. Par contre, tout en
perdant ses fonctions de preuves il acquiert, en compensation, une valeur esthétique. Pour
décrire et prendre ses distances par rapport au passé, le narrateur-personnage utilise une forme
(apparemment) conventionnelle mais qu’il sait déjà morte. Voilà comment une contradiction
sous-tend cette écriture de l’ancienne société. L’exposition détaillée de l’arbre généalogique
va enfin devenir, dans la séquence narrative, une petite pièce rare, désuète, mettant en valeur
les procédés disparus des temps anciens. Et le récit devient de la sorte un espace littéraire
comportant cet anachronisme qui ressort du contraste entre les deux sociétés, contraste que le
récit promeut et qui va progressivement s’approfondir dans l’œuvre.
221
MOT, p. 127.
Cette formule contrastive sera d’ailleurs essentielle pour le dressement du musée de
formes que sont les Mémoires. Les mots et le poème à Madame Récamier autant que les
lettres à madame la duchesse de Berry transcrits dans le livre trente-quatrième, ou les
journaux de Paris à Prague du 14 au 24 mai 1833 aux côtés des extraits d’arrêts ou de
baptême qu’on a ici détachés formeront la symphonie des modes qui vont coexister dans « le
temple de la mort élevé à la clarté de ses souvenirs. »
222
Chateaubriand enterre ses objets et
passe à faire le deuil d’un monde dont la représentation se fait curieusement par
l’intermédiaire de cette sorte de stérilité des formes et des contours.
Mais un autre aspect dans composition du passage cité ci-dessus renforce encore plus
cet effet d’étrangeté : c’est le décalage entre le document devenu objet superflu de
démonstration et la réflexion du narrateur qui vient avec. Remarquons que l’encadrement de
la pièce officielle, plus précisément la phrase qui la précède expose une perspective
subjective, intime, d’une teneur un peu différente de celle du langage formel de l’extrait : elle
va révéler au lecteur le refus et l’aversion du protagoniste envers la vie. C’est déjà à l’aube de
ses jours qu’il se présente comme un étranger et aussi comme un être résistant au monde. Il
avertit que, malgré lui, il est né. Et dans ce même énoncé, sombre, le narrateur anticipe des
informations concernant les ravages que va produire dans sa famille la Révolution de 1789 :
de ses quatre sœurs les deux aînées ont seules survécu aux orages de la Révolution.
De cette forme, ce petit mouvement du récit présente une hétérogénéité de voix. L’acte
de l’état civil côtoie la voix grave et révélatrice du narrateur annonçant (le verbe à l’imparfait)
son sentiment envers sa propre existence : « je résistais, j’avais aversion pour la vie. »
Mais résistance et aversion sont aussi des états d’âme par lesquels commence la
définition de l’individualité du protagoniste. Et notons que, dès le début, elle se fait contre les
choses : François-René tourne le dos à la vie tout en créant sa perspective d’homme déjà
mort. La phrase semble en outre nous rendre la clef pour mieux connaître l’instance subjective
que le narrateur va développer : elle suggère par l’idée de résistance qu’une nature
psychologique va désormais prendre forme en créant une sorte de préhistoire de la
psychologie du protagoniste. Bref, si sa préhistoire (et son histoire) familiale et sociale suivait
normalement son cours dans la tradition aristocratique et féodale, le narrateur, pour sa part, va
créer un point de disjonction dans ce cours tout en faisant de sa propre naissance un
événement d’une solitude singulière : morbide et mélancolique mais aussi récalcitrante et
fière.
222
MOT, p. 116.
Enfin, s’il est certain que le passé imprime ses marques dans le moi du récit et qu’il
l’amène à quelque part, il faut reconnaître d’après ce qu’on a analysé qu’il y a en revanche
tout un homme encore à se faire, et à cet égard Chateaubriand explicite sa définition
d’intégrité du sujet comme suit : « Chaque homme renferme en soi un monde à part, étranger
aux lois et aux destinées générales des siècles. »
223
Alors, scrutons encore davantage la manière dont cet homme étranger, portant ses
propres énigmes, sera représenté par le narrateur des MOT.
4.2 Formation d’une subjectivité autobiographique dans les moires
d’outre-tombe
On a vu comment Chateaubriand a modifié son projet des Mémoires dans le sens
d’ouvrir le tableau d’événements pour y introduire d’abord sa jeunesse et puis l’histoire. Et de
la même manière que pour sa perspective historique, dans l’écriture de sa jeunesse l’auteur ne
se borne pas à décrire le tourbillon du monde extérieur. La période de l’enfance n’est pas
seulement le récit des souvenirs chers au protagoniste. Par delà la remémoration et la
restauration de l’ambiance familiale de province, toute une conception artistique qui cherche à
récréer un être naissant au milieu des agitations de l’histoire est matérialisée dans ce texte.
C’est un vrai travail d’enfantement.
Comment surgit-il ce garçon dont l’existence individuelle se transforme en un
parcours symbolique à relier Troie à Rome ? Quel doit être la nature du personnage qui doit
traverser les orages de la Révolution et en devenir le témoin ? Comment va se dessiner son
mouvement psychologique dans ses relations avec le monde extérieur ? Et finalement quelle
est la démarche narrative qui unit la subjectivité du protagoniste à la mobilité vertigineuse et
la plasticité de la transformation historique ?
On avance ici une première réponse : le mémorialiste est soucieux de montrer un
François-René scindé dès le début, et pour le faire il crée des stratégies poétiques qui
distinguent ce qui est de l’ordre de sa subjectivité elle-même et ce qui constitue « la force des
choses », ou le mouvement de l’histoire. Nous voyons que le Chateaubriand enfant et
adolescent porte depuis sa naissance une forte disposition à refuser le monde : un peu étranger
223
MOT, I, 706.
dans sa famille, ensuite à Paris, ou devant la cour à Versailles, François René va concentrer en
soi-même une résistance farouche envers les choses. Tout un univers métaphorique est mis
alors en corrélation étroite avec ses mouvements du cœur et de l’esprit produisant de la sorte
un jeu permanent de contradiction en plusieurs niveaux. Ces contradictions avec leurs images
antithétiques sont à la base de la création du portrait de soi que Chateaubriand dresse dans ses
Mémoires : son inconsistance, sa mobilité fuyante, son inexplicable cœur, ses rebellions au
sein da la famille et à l’école, puis la naissance de sa sexualité établissent les fondements de la
subjectivité du personnage-narrateur. Pour nous, le dessin de cette dimension subjective dont
l’autonomie est constamment soulignée par le narrateur constitue en partie l’essence de notre
sujet autobiographique. Par ailleurs, d’autres aspects concernant ce moi autobiographique
nous intéressent : on s’interroge aussi sur la solitude et la transformation en tant qu’éléments
internes propulsifs chez le personnage.
Les images de la naissance
En 1768, à Saint-Malo lorsque François-René, faible, presque mourant, vient au
monde, il est confié par sa mère aux soins de Villeneuve, la nourrice, durant ses sept
premières années de vie à Plancoët, village de la grand-mère maternelle. Au cours du récit le
narrateur revient plusieurs fois aux couleurs sombres du paysage breton sur lequel il ancre ses
premières années de vie. Dans le livre premier, à la fin du chapitre 2, on voit le narrateur
rapprocher la scène de sa naissance et la nature dure et impitoyable qui l’entoure : « Le
mugissements des vagues, soulevées par une bourrasque annonçant l’équinoxe d’automne,
empêchait d’entendre mes cris : on ma souvent conté ces détails ; leur tristesse ne s’est jamais
effacée de ma mémoire. » Le nouveau-né est accueilli par une bourrasque. Cet accident de la
nature devient l’un des symboles de la fatalité que fut son apparition au monde et du mauvais
destin du personnage.
« Il n’y a pas de jour vant à ce que j’ai été, je ne renvoie en pensée le rocher sur
lequel je suis né, la chambre la mère m’infligea la vie, la tempête dont le bruit
berça mon premier sommeil, le frère infortuné qui me donna un nom que j’ai presque
toujours traîné dans le malheur. Le Ciel sembla réunir ces diverses circonstances
pour placer dans mon berceau une image de mes destinées. »
224
L'arrivée de l’enfant et l’ambiance grisâtre et les intempéries de la nature, images
originelles du personnage, sont mises en correspondance pour signaler l’avenir bouleversant
et incertain du nouveau-né.
Ensuite, il faudra que l’enfant s’habille durant sept ans en bleu et blanc à la suite d’un
vœu pour assurer l’amélioration de son état de santé. Étant finalement relevé de son vœu à la
Vierge de Nazareth, il est rendu de nouveau à Saint-Malo auprès de ses parents. De nouveau
au sein de sa famille le petit garçon retrouve sa place en fils cadet et vit sormais auprès de
la mer tout en jouant sur les rochers et les bruyères il se livre en toute liberté dans cette
atmosphère qui de manière contradictoire lui inspirera de l’austérité, d’une part, et produira
les meilleures sensations d’indépendance et de souplesse d’esprit, d’une autre part. « Cette
butte s’appelle la Hoguette : […] les piliers nous servaient à jouer aux quatre coins ; nous les
disputions aux oiseaux de rivage. Ce n’était cependant pas sans une sorte de terreur que nous
nous arrêtions dans ce lieu. »
225
Le narrateur fait encore correspondre le rythme des phénomènes naturels et les
dispositions de son esprit. « J’en doute : ces flots, ces vents, cette solitude qui furent mes
premiers maîtres, convenait peut-être mieux à mes dispositions natives ».
226
La plasticité de cette nature mouvante typique de la Bretagne qui entoure le jeune
François-René rend forme ainsi à son univers intime qui apparaîtra souvent sous une forme
malléable. Se construirait-t-elle cette intériorité informe de l’enfant en vue d’une adaptation à
l’histoire que l’avenir lui prépare ?
Symbole d’agitation et d’inconstance la mer reflétera une image de l’imprécision de sa
figure, ou éventuellement une image imprécise de sa figure. « Salut, ô mer, mon berceau et
mon image ! » Et le narrateur continue : « Je te veux raconter la suite de mon histoire : si je
mens, tes flots, mêlés à tous mes jours, m’accuseront d’imposture chez les hommes à
venir. »
227
Voilà que le spectacle des eaux tumultueuses reflète ce qui deviendra le cours de
l’existence de Chateaubriand. Dans le dialogue avec la mer, son semblable, par une légère
raillerie il assure la bonne version de l’histoire aux générations futures, le personnage se fond
224
MOT, p. 128.
225
MOT, p. 132.
226
MOT, p. 151.
227
MOT, p. 152.
aux références marines et à la violence des vents. Mais les eaux qui traduisent les
mouvements du temps du narrateur-protagoniste inspirent aussi une rêverie sur son
tempérament et les impulsions du cœur ;
228
repères du monde réel, la mer lui permet de mêler
la géographie de la région à son histoire personnelle, mais lui permet surtout de décrire sa
propre position sur la terre, sur son lieu de naissance. Ici les nuances des couleurs de cet
univers sont importantes. Ces éléments du monde extérieur établissent un lien fondamental
entre l’être qui vient au monde et la particularité de sa scène originelle. Cette alliance
construite de manière à réunir les marques de son milieu a un rapport essentiel à son écriture,
étant donné que c’est par la singularité du tracé du paysage que l’écrivain va fabriquer l’image
de son existence individuelle et qu’il va organiser les références de ses propres signes et
symboles. De cette façon, le monde extérieur fournit très tôt un riche matériel qui sert à bâtir
l’autoportrait du mémorialiste, sans qu’il se dispense pour autant de redonner un sens à ses
images pérennes, qui sont depuis toujours, mais qui ne renaissent temporellement et
artistiquement qu’avec lui.
Ce sera enfin la conquête de l’espace brut selon le besoin de l’écrivain, travail qui
exprime par la force du cadre d’origine toute la vigueur et les nuances du personnage en train
de se faire. D’ailleurs, un autre énoncé de Chateaubriand peut être mis en rapport aux citations
que nous venons de présenter. Rappelons que dans une des Incidences des Mémoires abordant
les rapports entre la littérature et les langues, l’écrivain va soutenir que « le style n’est pas,
comme la pensée, cosmopolite : il a une terre natale, un ciel, un soleil à lui. »
229
Le
mémorialiste façonne enfin les figures d’un espace langagier propre, dans une terre natale qui
est la sienne et qui doit lui fournir les instruments d’une écriture singulière. Ses « instincts
primitifs » épousent les oscillations pures des phénomènes naturellement fluides du tableau et
ce jeu de miroir entre l’instance du moi et du milieu extérieur forme les signes de la voix
authentique, locale, si l’on peut dire, ainsi que les fuites rêveuses du protagoniste.
Le décentrement est tel dans ses métaphores vertigineuses et rapides que le narrateur
poursuivra cette idée de fusion jusqu’à la fin de ses Mémoires et il dira à ce propos que : « les
lieux semblent voyager avec moi, aussi mobiles, aussi fugitifs que ma vie ».
230
On verra
comment ces figures du changement et da la mobilité deviendront ensuite le langage
particulier, la langue elle-même de l’écrivain.
228
Jean-Claude Bonnet fait une analyse intéressante liant certaines métaphores fluviales à l’idée de la crise
révolutionnaire chez Chateaubriand. Mais ici nous voulons surtout vérifier le rapport entre ces mouvements de la
nature et les premières dispositions de l’esprit du protagoniste.
229
Dans le livre douzième, chapitre 3, MOT, p. 571.
230
MOT, t. 2, p. 618.
Entre la mélancolie et la révolte : une jeunesse en suspens
Le corollaire immédiat de la fatalité de la naissance et de l’âme malléable exposées
par les métaphores servant à expliquer le monde intérieur du protagoniste, c’est le
détachement vis-à-vis des certaines croyances et postures typiques de sa tradition familiale et
une sorte d’indépendance d’esprit qui réapparaîtra d’ailleurs mêlée à la solitude du
personnage de temps en temps.
Le jeune Chateaubriand, cadet, sans bénéficier de l’héritage paternel, mais sans être
soumis à une sévère surveillance paternelle va bientôt ressentir les effets d’une vie dégagée
des contraintes et des responsabilités familiales et sociales Cette situation qui lui permet
d’éprouver le goût d’une relative liberté et de prendre son temps sur les grèves et les rochers
de sa ville a ses contradictions. Oublié de ses parents, il sera relégué aux « mains des gens »,
quoiqu’il ait « comme garçon, comme le dernier venu, comme le chevalier quelques
privilèges sur ses sœurs […] »
231
.
Le chevalier, enclin dorénavant au désordre, va pourtant continuer à confondre à son
gré l’immensité de l’espace géographique de la ville natale avec les désordres de son âme.
Fuyant à toutes rigueurs de la discipline et de l’obéissance, Chateaubriand rejoint le camarade
Gesril et, avec lui, défie l’autorité familiale et transgresse les règles scolaires et sociales. Les
aventures des deux polissons consistaient souvent à braver les dangers de la nature. Voilà
comment les manifestations de son mauvais esprit étaient aperçues par la famille :
« Je commençais à passer pour un vaurien, un révolté, un paresseux, un âne
enfin. Ces idées entraient dans la tête de mes parents : mon père disait que tous les
chevaliers de Chateaubriand avaient été des fouetteurs de lièvres, des ivrognes et des
querelleurs. Ma mère soupirait et grognait en voyant le désordre de ma jaquette.[...]
je me sentais disposé à faire tout le mal qu’on semblait attendre de moi. »
232
« Le mal qu’on attendait de lui » revient avec force dans une sphère tout autre dans
laquelle se rencontrent la religion et une sexualité en ébullition.
C’est à Dol, en 1778, que Chateaubriand commence ses études. Très tôt il se détache
comme un bon écolier et suit des cours avec des jeunes prêtres cultivés dans les classes de
philosophie et de rhétorique. Jusqu’en 1780, il se relayait entre Dol, pour la période scolaire,
231
MOT, p. 130.
232
MOT, p. 131.
Saint-Malo, ville la famille prenait ses vacances et Combourg se trouvait la résidence
des Chateaubriand. En ce temps-là, le garçon va s’initier dans la vie religieuse, et les doctrines
et les rituels de la vie spirituelle vont se mêler à la pédagogie scolaire et aux changements de
l’adolescence.
Le jeune chrétien se voit alors partagé entre les passions de sa naissante virilité et le
respecte à Dieu. le lecteur connaît quelques unes de ses hésitations et craintes sultant de
ce conflit religieux : il raconte sa confession au père Delaunay lors de sa première communion
après avoir passé la veille à lire et relire avec terreur le livre interdit des Confessions mal
faites tout en faisant des prières désespérées : « C’est le premier homme qui ait pénétré le
secret de ce que je pouvais être. Il devina mes futures passions ; il ne me cacha pas ce qu’il
croyait voir de bon en moi, mais il me prédit aussi mes maux à venir. »
233
Après quoi le
prêtre, toujours perplexe, aurait prononcé la formule d’une absolution qu’il aurait préféré
différer.
Il se passera une séquence d’expériences troublantes dans lesquelles le sentiment
religieux se heurte avec les emportements venus des découvertes du corps et de l’imagination.
L’autobiographe rapporte, l’un après l’autre, les événements révélant les particularités de son
caractère et présente les différentes faces de ses premiers rapports avec le monde : soient les
affaires aux camarades, soit la perception intérieure des mouvements du corps, soit la révolte
contre les maîtres, soit le repli sur soi ; c’est tout un univers de scènes qui vont composer le
monde concret du Chateaubriand enfant en toute sa vivacité. Et c’est à ce monde, animé de
ces diverses anecdotes et des couleurs variées, qu’il va adresser ses premières réponses et
réactions, ses premiers signes de vie enfin qui malheureusement ne peuvent pas communiquer
la même fierté et gaieté des enfants du lieu. « J’étais le seul témoin de ces tes qui n’en
partageât pas la joie. »
234
La peinture du tableau de la première enfance amènera le narrateur à une réflexion sur
son éducation et sur les influences familiales, et il aboutit à une synthèse sur soi-même.
D’après ces conclusions, les humeurs et les rigueurs de ses parents ont rendu ses idées
« moins semblables à celles des autres hommes » et imprimé à ses sentiments « un caractère
de mélancolie née chez moi de l’habitude de souffrir à l’âge de la faiblesse, de
l’imprévoyance et de la joie. »
235
Voilà comment le personnage-narrateur se distingue de ses
233
MOT, p. 180.
234
MOT, p. 143.
235
MOT, p. 150.
pairs encore en bas âge et fonde peu à peu dans son récit autobiographique une image
d’homme étranger dans son propre milieu.
Après avoir éprouvé ces désaccords entre le corps et l’âme, puis entre lui et son cercle
familial, la mélancolie et l’écartement découlant de ces incompatibilités vont créer une
situation singulière et assez féconde du point de vue de l’imaginaire du Chateaubriand
adolescent. Ce penchant à la mélancolie et au sentiment d’étrangeté va faire évoluer la
dimension du moi autobiographique vers de nouvelles formes, mais toujours entérinant la
nature flexible ou inachevée du protagoniste.
Le tableau de l’enfance dans les Mémoires
À première vue, la construction du récit de l’enfance des Mémoires d’outre-tombe se
montre fidèle aux schèmes traditionnels. Pour Marc Fumaroli, en exposant d’abord sa
généalogie de noble d’épée et puis son enfance déréglée, Chateaubriand obéirait en principe à
la règle traditionnelle de la ‘seconde conversion’ : « son enfance est pieuse, sa jeunesse
vagabonde cesse de l’être, et il revient à la foi, sinon aux mœurs de son enfance, à l’âge de
trente et un ans. »
Cependant, ce serait une illusion de croire à la fidélité pleine aux modèles
traditionnels, car « l’ampleur et la splendeur de ses souvenirs d’enfance et de jeunesse sont
sans commune mesure avec ce qu’avait requis jusqu’alors le genre noble des Mémoires. » Et à
la différence de ses prédécesseurs, « qui passaient au plus vite sur la période informe de leur
vie pour dessiner les traits nets de leur caractère adulte, Chateaubriand s’attarde longuement
sur la genèse orageuse, dans ses ‘années profondes’, de son ‘inexplicable moi’. » La
particularité du tableau des premières années du mémorialiste confrontée à ce qui était les
procédés conventionnels de Mémoires des aristocrates contemporains à l’auteur serait
remarquable. Voilà ce que Fumaroli nous en dit : « Aussi les Mémoires que nous ont laissés
les nobles d’Ancien Régime passent-ils régulièrement de la généalogie de leur famille à leurs
débuts dans la vie adulte, sans s’attarder sur une enfance ni une adolescence par définition
non nobles, c’est-à-dire inconnues et indignes d’être publiées. »
236
L’approche de l’enfance et de la jeunesse à l’entrée des Mémoires et ses reflets dans
l’ensemble de l’œuvre a trait selon Fumaroli à la problématique de la re-création du royaume
236
FUMAROLI Marc, Chateaubriand, poésie et terreur, Paris, éditions de Fallois, 2003, p. 53.
perdu. Il souligne l’importance du mot « famille » dans le texte. Les enfants y
appartiendraient à « une famille universelle extra-historique qui, à chaque génération, perd
l’innocence en pénétrant dans le monde adulte, civil et historique des adultes », leur vie se
faisait plutôt auprès des camarades « à l’extérieur d’une ancienne famille d’adultes. »
237
Le
schème de cet univers correspondrait ainsi à cette mémoire du royaume et c’est surtout dans
cet aspect que Fumaroli voit la richesse du texte.
Suivant cette interprétation, Chateaubriand retrouverait dans sa jeunesse le monde
« dépositaire d’un mode supérieur du connaître en voie d’atrophie chez les Modernes »
238
et il
discernerait dans ce monde le principe de liberté de la noblesse humaine en voie de
disparition.
Fumaroli développe son analyse sur les traces de la mélancolie qui se retrouve un peu
partout dans le récit. Il la considère comme étant le résultat de la perte d’une vie printanière,
colorée et généreuse de l’ancien monde. Et toujours à propos de ces scènes de la vie enfantine
dépeintes par l’écrivain il ajoute une autre observation qui rejoint ce même esprit :
« Il marque sa préférence pour les troubles et les contradictions fécondes de cet état
inachevé de lui-même, et son sentiment d’être l’héritier fidèle, mais penchant sur le
déclin, de ces commencements mémorables pour lui seul. Les ‘ jeux interdits’ […]
préfigurent les courses, les aventures, les voyages de Chateaubriand adulte ne tenant
pas en place ; les orgies et les transports imaginaires auxquels il s’était livré,
adolescent épris d’indépendance et de solitude, […] laissent prévoir le talent maudit,
‘le mal sacré’ […]. Les chimères, les ‘ félicités d’imagination’, mais aussi les
souffrances du ‘coin de sa vie’ dont il reste le seul témoin, il ne les reniera jamais ;
bien au contraire, il mesurera toujours davantage combien elles sont supérieures aux
tristes et stériles ‘vérités’ que l’âge lui a fait découvrir. »
239
Il nous intéresse bien de souligner, dans notre perspective, ce dernier aspect
concernant la caractéristique du moi que Fumaroli d’une manière heureuse appelle d’
« inachevé » ; néanmoins dans notre lecture on n’apprécie pas cette subjectivité nostalgique
exactement de la même façon. Il est vrai que les marques de ce qu’on pourrait nommer de
« royaume perdu » sont récupérées et soigneusement mises en place dans le processus narratif
237
Ibid., p. 50-52.
238
Ibid., p. 204.
239
Ibid., p. 202.
des Mémoires et il semble plus évident encore que tout un discours mélancolique, ou d’ironie
mélancolique, s’étale dans le récit, mais nous n’estimons pas que ce regard envers ce qu’il fut
se pose exclusivement dans une perspective passéiste. Promouvoir le passé pour mieux
l’envisager semble être tout d’abord le propos de Chateaubriand.
Le narrateur nous laisse voir que deux rives trouvent lieu à l’intérieur du jeune
Chateaubriand depuis toujours. La complexité narrative ne laisse pas s’installer un sujet
monolithique issu uniquement de l’univers aristocratique traditionnel. Au contraire, le
narrateur nous apprend qu’il n’avait pas les outils nécessaires pour gouverner sa vie
conformément aux besoins et attentes de sa famille. Accusé d’indécis et d’homme faible dans
ses convictions, le personnage ne se montre pas suffisamment doué pour prendre le devant
dans les affaires familiales. En plus, ses intérêts et orientations individuels vont à l’encontre
de la fierté aristocratique. Ni ses aptitudes ni sa situation à l’intérieur de la famille n’étaient
pas favorables à un soutien plein des intérêts de son rang : peu de fortune, oubli affectif,
indifférence envers son titre. « Je ne sache pas dans l’histoire une renommée qui me
tente. »
240
Par ailleurs, les mouvements de révolte et d’opposition envers son milieu
renforcent la dimension particulière du caractère du protagoniste.
C’est un être scindé qui ressort en fait de cette écriture. Cet homme, en transformation
permanente, à la recherche d’une forme pour crire sa propre subjectivité trouvera plus tard
dans le paradoxe une définition de soi-même : « Dans l’existence intérieur et théorique, je suis
l’homme de tous les songes ; dans l’existence extérieur et pratique, l’homme des
réalités. Aventureux et ordonné, passionné et méthodique, il n’y a jamais eu d’être à la fois
plus chimérique et plus positif que moi, de plus ardent et de plus glacé ; androgyne bizarre,
pétri des sangs divers de ma mère et de mon père. »
241
Voici donc de quelle manière les relations entre les instances de l’histoire et du moi
autobiographique commencent à s’établir. Il y a un temps révolu inaugurant une histoire
personnelle qui se fait en société. Réunissant et recomposant les traces les plus profondes du
pays breton la voix autobiographique traduit le temps passé : elle est formée par la mémoire
des liens d’amitiés, de la famille, des mœurs locales, des tempêtes et des rochers, d’une
ambiance hostile et imposante. Dans ce sens, l’autobiographie n’est pas le résultat d’un
écartement culturel, puisqu’elle devient le réceptacle d’une histoire construite et
expérimentée. En contrepartie, nous avons insisté parallèlement jusqu’ici sur les images qui
rendent visible un type particulier d’écart social et d’isolement, écart fondé sur un degré
240
MOT, p. 240.
241
MOT, p. 534.
raisonnable d’autonomie et d’indépendance de ce même sujet autobiographique par rapport à
son milieu. Et c’est ce point que nous voulons développer un peu plus ensuite.
Une traversée individuelle : le protagoniste dans le château de Combourg
En 1781, Chateaubriand part pour Rennes et ensuite pour Brest il va demeurer
pendant deux ans afin de recevoir son brevet pour intégrer la marine Royale. Alors il se
produit une sorte de hiatus géographique et temporel. Le protagoniste, soucieux de son avenir,
tarde bien à prendre une décision sur sa carrière, décision particulièrement difficile dans une
phase de distension des évènements politiques et militaires.
242
Enfin, que reste-t-il au cadet,
sans un gros héritage à rapporter, libéré des regards des parents qui se sont même montrés
indulgents par rapport à l’indéfinition de sa carrière?
Accaparé par ses doutes, il flirte avec la possibilité de devenir prêtre, puis de suivre
l’armée ou la marine, ou encore d’entreprendre le voyage aux Indes (possibilité qui sera
envisagée par le père dans une finalité commerciale). Mais le jeune chevalier n’essayait en
fait que gagner du temps. « J’aurais beaucoup aimé le service de la marine si mon esprit
d’indépendance ne m’eût éloigné de tous les genres de services : j’ai en moi une impossibilité
d’obéir. »
243
Son sentiment le plus profond était sans doute la conscience qu’il ne s’était pas
encore trouvé lui-même, et qu’un rendez-vous avec ce moi inconnu l’attendait dans la solitude
de Combourg.
La question de l’embarras du choix à propos d’une carrière s’associe symboliquement
aux identifications spécifiques des univers des parents. Le carrefour qui comprend le foyer
paternel et la famille de la mère serait à la source des images représentant les chemins
possibles de Chateaubriand. Rappelons que les principaux repères des deux mondes distincts
se situent tantôt à Monchoix tantôt à Combourg. Le récit de la jeunesse de Chateaubriand
242
PAINTER G, op. cit., p. 81-82, Painter décrit de forme brillante ce moment d’attente:
« Le 17 juin 1783, François-René alla se promener sur le bord de la mer, et marcha vers l’ouest jusqu’à ce qu’il
aperçoive le large. Le soleil cuisait ; en songeant aux espaces infinis de l’océan et aux mondes inconnus qui
s’étendaient au-delà, il s’allongea sur le sable chaud et s’endormit. […]. L’escadre du marquis de Vaudreuil
rentrait triomphante des Antilles. La guerre avec l’Angleterre était finie. […]. Son brevet n’arriva jamais. Avec
la fin des hostilités, les besoins en hommes diminuaient, peu étaient acceptés, aucun ne pouvait espérer les
promotions rapides du temps de guerre. La France royale avait créé une vaste république au-delà des mers, et
n’en tira rien que la liberté de l’Amérique, la haine de l’Angleterre et les germes de sa propre révolution.
François-René sentait croître sa répugnance. Si la marine ne voulait pas de lui, pourquoi voudrait-il de la
marine ? Il aurait aimé se battre, mais les combats avaient cessé ; il désirait ardemment voyager, mais voyager
seul et à sa fantaisie. »
243
MOT, p. 190.
dans son ensemble présente les rapports sociaux et familiaux ayant comme fond ces deux
villages. Les deux côtés de l’univers parental sont dépeints par le narrateur : le côté paternel et
le côté maternel chacun clôturant ses caractéristiques diverses mais en communication vive
avec l’enfant.
La lignée paternelle était le château de Combourg plondans son ambiance féodale
et les inspirations mythiques de Brocéliande le petit chevalier cultivait l’esprit de solitude
et la mélancolie. La famille de la mère, d’autre part, comblée par les lectures de Fénelon,
représentait davantage la gaieté, la légèreté, la souplesse. Selon Fumaroli, Plancoët et
Monchoix signifient les atours des âges plus récents de la France royale, ambiance qui
reflétait l’esprit prospère et généreux du premier dix-huitième siècle. Un tel milieu paisible et
joyeux contrastera avec les profondeurs du passé lourd et profond de Combourg.
Chateaubriand envisage le contraste en ces termes : « Ce contraste devient plus frappant,
lorsqu ma famille fut fixée à la campagne : passer de Combourg à Monchoix, c’était passer du
désert dans le monde, du donjon d’un baron du moyen âge à la villa d’un prince romain. »
244
Voilà comment Fumaroli relève l’importance de ce carrefour dans le trajet du
personnage :
« Il aurait pu s’attacher de préférence à Monchoix, rompre avec Combourg, tout
quitter pour se faire marin et s’embarquer à Saint-Malo ou à Brest. Dans un geste de
retrait qui en préfigure tant d’autres, et qui dessine d’avance son destin, il a soudain
abandonné Brest, il s’apprêtait enfin pour lui un avenir dans la marine royale, il a
laissé en plan tous ces préparatifs et il a regagné le château paternel, où pendant deux
années de vacances sauvages, en compagnie de sa sœur Lucile, ‘il est devenu ce qu’il
est’. »
245
Au lieu d’accomplir ses humanités et de poursuivre ses études à Dinan pour entrer
dans les ordres, en 1784 il décide de rentrer à Combourg. À propos des expériences qui s’y
déroulent Chateaubriand se réfère à de tels jours comme étant « mes deux années de délire. »
C’est la période il rentre au foyer paternel et va se consacrer à ses rêveries d’amour.
246
Vivant sous le toit paternel, à côté de sa mère et de sa sœur Lucile, dans une espèce de
laxisme familial, notre protagoniste prend définitivement son temps afin d’explorer ses
244
MOT, p. 136.
245
Ibid., p. 52.
246
Ces passages se trouvent entre les chapitres 3 et 12 du livre troisième.
ressorts naturels et de se consacrer aux propres volontés et inclinations qu’il croyait voir un
jour révélées, et peut-être reconnues.
Toujours dans une situation limite, entre l’état mélancolique et le désir de mobilité, le
jeune homme se livre à une espèce de vie sauvage alternant le vague du sublime, la peur du
père et l’envie de liberté. Les mots qui décriront plus tard son égarement après la mort de son
père sont bien adéquats à présent liberté et solitude deviennent presque la même chose :
« Cette liberté m’effraya. Qu’en allais-je faire ? À qui la donnerais-je ? Je me défiais de ma
force ; je reculais devant moi. »
247
À côté de cette solitude, les effluves du pur désir, apparemment sans objet, font
manifester le goût de la poésie et de l’écriture. Mais la veine poétique devra à la fois exprimer
la mélancolie et s’inspirer de toute la solitude du poète recueilli et retiré au sein de sa petite
famille. « C’est dans les bois de Combourg que je suis devenu ce que je suis, que j’ai
commencé à sentir la première atteinte de cet ennui que j’ai traîné toute ma vie. »
248
Le calme
morne du château du Combourg va alors abriter l’expérience singulière du jeune en état
d’attente, en suspens ; ces expériences qui formeront la base de ses souvenirs de jeunesse sont
ainsi annoncées par le narrateur : « En commençant à parler de Combourg, je chante les
premier couplets d’une complainte qui ne charmera que moi ; […]. »
249
Dans cet ajournement dans la demeure paternelle il va entretenir un exercice incessant
de rêverie qui se mêle à la sexualité dans la puberté. Le symbole de cet univers ineffable est
l’image des sylphides, celles-ci transfigurées selon les inspirations du jeune chevalier qui se
livre aux jeux de ses chimères et des désirs incontrôlables du corps d’où il puisera d’ailleurs
son énergie poétique.
Du point de vue social le château de Combourg fut un achat capital pour la famille
Chateaubriand. Le père François-Auguste, comte de Combourg devient désormais un seigneur
du pays, possesseur d’une seigneurie avec tous les droits féodaux que ce domaine et cette
position lui assurent. Le seigneur du lieu veut bien contribuer à la vie idyllique de Combourg :
il fait ressusciter les divertissements villageois qui faisaient leurs racines au Moyen Âge. Le
lundi de Pâques, le mardi après la Pentecôte, la foire Angevine, ayant lieu une fois par an,
était l’occasion pour faire redresser les coutumes anciennes. Les jeux et les fêtes avec les
acrobaties, les chants, les danses et les nourritures dominaient les dispositions des gens du
247
MOT, p. 240.
248
MOT, p. 223.
249
MOT, p. 160.
village. « Du moins, une fois l’an, on voyait à Combourg quelque chose qui ressemblait à de
la joie. »
Hormis ces rares moments de souplesse, tout le reste portait la lourdeur des habitudes
quasi sinistres de la famille. Tout prenait un contour sombre dans cette ambiance médiévale :
les silences, les entêtements et l’humeur taciturne du père, les mouvements prévisibles, le
donjon isolé du garçon. Mais à force d’inspirer la peur et de stimuler la croyance aux
fantômes, le foyer familial a poussé le jeune chevalier à endurer les revenants, « on me força à
les braver. »
250
Ainsi, dans le récit du mémorialiste, le château fait figure d’un emblème annonçant
une transition, ou plutôt deux transitions, car il s’agit en réalité du début et de la fin de deux
parcours, celui de l’enfant et celui de l’histoire. Dans les domaines de Combourg le jeune
chevalier ressent le passage de son propre temps, le passage de l’enfant à l’homme, et c’est
aussi le narrateur va faire résonner métaphoriquement la fin du monde féodal et l’attente
d’un futur incertain. Ce n’est pas un hasard si les pas de son père gardent le rythme du
pendule du château. « Dix heures sonnaient à l’horloge du château : mon père s’arrêtait ; le
même ressort […] semblait avoir suspendu ses pas. »
251
C’est un sujet en crise, divisé ou en suspens, qui se prépare pour choisir, un sujet
fragilisé qui semble avoir pourtant plus d’outils pour affronter un monde changeant et pour
accompagner les oscillations de la démarche de l’histoire, de la force des choses. Enfin, si le
changement et la vulnérabilité deviennent son naturel, le narrateur-protagoniste peut se mettre
à la merci des temps. Les mots de Chateaubriand qui résument son trajet troublé sont
incontournables : « Tandis que ma mère soupirais, mes sœurs parlaient à perdre haleine, je
regardais de mes deux yeux, j’écoutais de mes deux oreilles, je m’émerveillais à chaque tour
de roue : premier pas d’un Juif errant qui ne se devait plus arrêter. Encore si l’homme ne
faisait que changer de lieux ! mais ses jours et son cœur changent. »
252
L’enchantement et la
curiosité du jeune homme lors du départ de Combourg se terminent sur la conclusion du
vieillard lui-même déjà transformé au présent.
On peut saisir dans le texte cette idée obsédante du changement dans laquelle le
narrateur synthétise toute son expérience, double et simultanée, du monde et de lui-même. La
transformation se trouve à l’intérieur et à l’extérieur du personnage, et elle est thème et forme
dans le récit. Dans une étude devenue une référence importante parmi les travaux sur
250
MOT, p. 201.
251
MOT, p. 199.
252
MOT, p. 156.
Chateaubriand, AndVial examine la notion de changement dans les MOT. Bien qu’il ne
s’agisse pas d’une analyse qui vise le plan de la subjectivité du personnage proprement, il est
pertinent d’ajouter à notre perspective cette analyse qui porte sur la problématique de la
temporalité et de la transformation comme catégories centrales de l’œuvre. La thèse est plus
ou moins simple : Chateaubriand aurait subsumé la totalité de l’expérience du monde et de
lui-même sous la catégorie du changement. Il faut, pour comprendre cela, discerner les
époques qui s’entremêlent dans la durée particulière du récit Vial saisit de différentes
formes d’articulation temporelles. Parmi ces formes d’association (du temps de l’événement à
celui de l’écriture), il est possible de distinguer : 1- le moment d’autrefois, remémoré au
moment le récit en atteint la date, - parfois plusieurs moments d’autrefois, l’un d’entre eux
étant déjà un moment où Chateaubriand se remémorait un moment plus ancien ; 2- le moment
Chateaubriand se remémore, qui est à la fois un moment de son existence et le moment
il écrit ; 3- le moment il relit, corrige, augmente, ce qui est vrai de toute la première partie,
récrite au lendemain de 1830.
253
Et il est bien possible de distinguer d’autres croisements,
croisements de lieux et de procédés, par exemple.
Vial propose une interprétation de cette opération colossale que fait le relais des
éléments épars du temps, des lieux et des images dans le récit : « Il n’accepte de ses souvenirs
que les symboles d’un état présent de sensibilité et de jugement qui s’est constitué en lui par
la vertu de toute une expérience. Et il les teinte selon que l’exige son besoin. ». C’est qu’un
fort sens de relativisme s’instaure dans la conscience angoissée par le changement et le
devenir. Et cette conscience qui va faire le bilan de ses morts successives ne fait pas
seulement le constat de son propre devenir, elle établit là-dessus, en plus, une « philosophie,
et une mélancolie, de la fragilité, de l’inanité et da la mort. »
254
Bref, cette esthétique du
changement dégage dans la superposition de plans une dimension narrative ayant la
transformation comme moteur.
Après ce petit détour qui amplifie un peu plus notre perspective, on revient à l’analyse
des changements concrets du cœur et du corps du protagoniste. Pour nous, la force de l’idée
da la mutation est également important dans la constitution du caractère de notre personnage,
et ce qu’on va analyser ensuite peut bien être vu comme une espèce de matrice de la
subjectivité autobiographique dans le texte, car ce qui va prendre corps ici c’est surtout l’idée
de fusion des contraires que doit représenter le protagoniste.
253
VIAL André, Chateaubriand et le temps perdu, devenir et conscience individuelle dans les ‘Mémoires
d’outre-tombe’, Paris, René Julliard, 1963, p. 110.
254
Ibid., p. 67-68.
Les sylphides : une dimension psychologique formant le moi autobiographique
Dans notre but d’analyser la structure de l’individualité formant la dimension
autobiographique, nous voulons dégager maintenant la fonction de la sylphide en tant qu’une
de ses figures essentielles. Cette composante narrative qui contribue à rendre forme à la
psychologie du protagoniste amplifie et revivifie son espace imaginaire.
Rappelons que la littérature romantique, dans son refus de la mythologie classique,
récupère et développe des mythes variés d’origines diverses : c’est le cas des sylphides
apparaissant dans la mythologie romantique comme une nouvelle source d’inspiration.
Jusqu’au dix-neuvième siècle cette ancienne figure de la mythologie celto-gauloise constituait
un mythe mineur. N’apparaissant au début que dans une version masculine, le sylphe doit
attendre l’année de 1670 pour recevoir son correspondant féminin par l’abbé Montfaucon de
Villars dont l’esprit cartésien a doté les corps élémentaires de la nature de son équivalent
féminin – la sylphide au sylphe, la Gnomide au gnome, etc.
Son ouvrage eut un grand succès.
255
Et à partir de là, la sylphide va petit à petit gagner de l’importance dans la littérature.
Le romantisme est l’âge d’or de la sylphide
256
. Hugo va écrire Le Sylphe en 1823 ;
mais c’est le ballet de Nourrit, reprenant quelques caractéristiques préexistantes de la
sylphide, de Montfaucon et de Trilby, par exemple, qui va fournir l’image visuelle saisissante
de la femme de rêve qui séduira les écrivains de cette époque. Roulin dit « qu’empruntant
l’image de la femme idéale à Montfaucon, il (le ballet) la met au goût du jour romantique en
la rendant inaccessible à l’homme. »
257
Sans m’attarder sur le contenu du mythe dans toute son évolution, il nous faut juste
retenir que la sylphide et le héros s’opposent par la beauté et par la pérennité des plaisirs
qu’elle offre. Certaines qualités du mythe se transforment mais il représente essentiellement la
beauté féminine idéale. Ainsi, la question de savoir si la sylphide est accessible aux hommes
ou dans quelles conditions cette relation peut-elle s’établir est une question persistante qui va
produire de différentes réponses.
255
Le livre de Villars est Le Comte de Gabalis ou entretiens sur les sciences secrètes.
Pour l’historique du mythe des sylphides on s’appuie sur le travail de Jean-Marie Roulin intitulé « La sylphide,
rêve romantique », Romantisme, n° 58, 1987.
Les Anglais et les Allemands, notamment W. Scott et Hoffmann, ne mettent en scène la figure de la sylphide
qu’à partir des traductions de Montfaucon et ils reprennent la figure des esprits élémentaires dans une direction
tout autre que les Français.
256
La première œuvre romantique consacrée à la sylphide date de 1832 : c’est le ballet de Nourrit. Le ballet,
développant le mythe, le renforce et marque les débuts de l’ère romantique de la sylphide.
257
Ibid., p. 29.
Chateaubriand se montrant frappé par le ballet qui est en plein essor aux années 1830,
semble avoir saisi le mot dans cette circonstance précise. On ne trouve pas encore dans le
« manuscrit de 1826 » le terme de sylphide. Si la figure de la femme idéale paraissait déjà
dans les Mémoires de ma vie, les études indiquent que cette créature imaginaire incarnant
l’amour sera baptisée après le spectacle La Sylphide. « Frappé par ce spectacle et par la
danseuse étoile, Chateaubriand en restera marqué bien plus que par ses lectures. »
258
La
première mention des sylphides chez Chateaubriand nous sera donné par Sainte-Beuve dans la
lecture publique des MOT qui eut lieu en 1834.
Mais essayons enfin de définir le rôle de la sylphide dans les Mémoires ainsi que sa
particularité dans la sphère psychologique du jeune Chateaubriand.
Qui est en fait la sylphide de Chateaubriand ? Contrairement à ce qu’elle représentait
dans son évolution jusqu’alors, la sylphide dans les MOT devient une « singulière création »,
mais avant tout une « création » : elle n’est plus un personnage imposé au narrateur, elle est
créée par lui. Et cette création se réalise selon les caprices du narrateur qui sont annoncés à
l’entrée du chapitre 8, du livre troisième: « Je me composai donc une femme de toutes les
femmes que j’avais vues. » Et il continue à décrire son processus de création : « Je changeais
aussi ses parures ; j’en empruntais à tous les pays, à tous les siècles, à tous les arts, à toutes les
religions. Puis, quand j’avais fait un chef-d’œuvre, j’éparpillais de nouveau mes dessins et
mes couleurs ; ma femme unique se transformais en une multitude de femmes, dans lesquelles
j’idolâtrais séparément des charmes que j’avais adorés réunis. »
259
Si la fabrication de la sylphide vient, « faute d’objet », remplir un espace vide en
représentant la femme idéale et la beauté sublime inaccessible aux mortels et si elle
correspond parfaitement aux désirs et plaisirs du personnage, elle n’a pas trait en revanche à
l’au-delà ou au surnaturel. Dans les Mémoires cette figure ne constitue jamais une dimension
surnaturelle. Elle vient précisément satisfaire les demandes de son créateur ; elle ne lui fait
pas d’exigences ni lui promet l’immortalité. Roulin estime que son sens réside plus dans la
connotation que dans la dénotation. La sylphide, qui n’arrive pas de l’extérieur, n’affirme
jamais ici sa pérennité ni garantit au héros qu’il connaîtra « une jouissance éternelle, toujours
nouvelle et parfaite » et que dans ses embrassements ses « vœux irréalisables deviendront à
jamais une réalité possible. » Il n’y a pas de recette comme celle donnée par le comte de
258
Ibid., p. 31.
259
MOT, p. 210.
Gabalis pour qu’elle apparaisse: « […] il suffit d’un tout petit effort de la part de l’homme
pour entrer en communication avec eux (les esprits élémentaires) »
260
.
Dans les MOT la sylphide n’a pas de voix : elle est imagination pure et se fond donc
entièrement avec le protagoniste. En outre, Chateaubriand ne mentionne pas son
appartenance à l’élément air, ni envisage la chasteté comme pré-condition pour mériter
l’amour de la sylphide. « Je me dépouillais de ma nature pour me fondre avec la fille de mes
désirs, pour me transformer en elle. »
Il est clair que l’apparition de la sylphide implique généralement pour le jeune
Chateaubriand un moment ou un lieu de solitude ; son évocation dispense la présence de la
femme réelle. Dans une certaine mesure on peut bien percevoir la sylphide, sa femme rêvée,
comme la dimension de l’Eternité en opposition à la femme réelle liée à la finitude ou au
Temps, selon nous suggère Roulin. Mais dans la négation de toute possibilité d’une vie après
la mort, ne nous serait-t-il pas possible d’interpréter le mythe de la sylphide de Chateaubriand
comme l’amour sous forme d’impasse ? Et dans ce cas-là, nous pourrions associer cette
situation limite du protagoniste aux autres contradictions nous jettent constamment les
embarras terrestres du narrateur (les figures des contrastes et les affrontements qu’on a vus
tout à l’heure, par exemple).
En ce qui concerne l’image de la sylphide comme aspiration à un idéal féminin,
voyons comment le narrateur explique lui-même les ressources de son tempérament soutenant
ces passions imaginaires : « Si j’avais fait ce que font les autres hommes, j’aurais bientôt
appris les peines et les plaisirs de la passion dont je portais le germe ; mais tout prenait en moi
un caractère extraordinaire. L’ardeur de mon imagination, ma timidité, la solitude firent qu’au
lieu de me jeter au dehors, je me repliai sur moi-même. »
261
Plutôt que de reconnaître dans les mouvements éthérés de son esprit une fuite vers
l’impossibilité de l’amour sublime ou vers l’exil de sa propre âme, nous trouvons plus
approprié de placer ces exaltations de la passion et du sexe à l’intérieur même d’une
subjectivité nécessaire en train d’être définie. La sylphide serait en l’occurrence l’une des
composantes à former et à entretenir le moi dans le récit. Le narrateur reconnaît en lui la
même passion de tous les hommes dont il « porte le germe », cependant d’autres traits
singuliers de son caractère vont déterminer son inclination à se laisser renfermer sur soi-
même. Œuvre de la solitude et d’un déchirement psychique douloureux, la sylphide devient,
sur le plan autobiographique, un élément vital dans la construction du narrateur-protagoniste
260
Ibid., p. 31.
261
MOT, p. 213.
qui, dans son trajet, ne se montre pas proprement un tributaire de l’évasion des choses
terrestres. C’est ainsi que la composition narrative des Mémoires va comporter cette strate
fondamentalement primaire en ce sens psychologique qui mêle le sexuel et l’imaginaire dans
la composition du personnage.
262
En outre, il est remarquable les formes métaphoriques que prend tout cet univers de la
masturbation chez le jeune homme. Outre le rôle de la sylphide qu’on vient d’évoquer, on
peut voir dans le passage suivant comment le narrateur concentre à merveille quelques unes
de ces métaphores, sans que pour autant le sujet soit moins explicite :
« Accablé et comme submergé de ces doubles délices, je ne savais plus quelle était
ma véritable existence ; j’étais homme et n’étais pas homme ; je devenais le nuage, le
vent, le bruit ; j’étais un pure esprit, un être aérien, chantant la souveraine félicité.
[…] Tout à coup, frappé de ma folie, je me précipitais sur ma couche ; je me roulais
dans ma douleur ; j’arrosais mon lit de larmes cuisantes que personne ne voyait et qui
coulaient misérables, pour un néant. »
263
Il y aura deux conséquences graves de cette jouissance et de ce dérèglement
psychique : la maladie et le vertige suicidaire. D’un œil clinique, Chateaubriand décrit les
manifestations de ce qu’il appelle lui-même sa folie, ou son délire : «J’avais tous les
symptômes d’une passion violente ; mes yeux se creusaient ; je maigrissais ; je ne dormais
plus ; j’étais distrait, triste, ardent, farouche. »
264
Ces événements arrachent définitivement
François-René à son adolescence. Mais il va avouer tout de suite ce qui fut en réalité son
pêché majeur sorti du désespoir moral et psychique: l’acte suicidaire. « De plus en plus
garrotté à mon fantôme, ne pouvant jouir de ce qui n’existait pas, j’étais comme ces hommes
mutilés qui rêvent des béatitudes pour eux insaisissables, et qui se créent un songe dont les
plaisirs égalent les tortures de l’enfer. […] Me voici arrivé à un moment j’ai besoin de
quelque force pour confesser ma faiblesse»
265
262
Il existe une étude opportune qui rapproche les expériences de l’onanisme dans les textes de Rousseau et de
Chateaubriand. BERCHET, « Le modèle rousseauiste dans les trois premiers livres des Mémoires-d’outre-
tombe », Société Chateaubriand, n° 30, 1987, p. 56-70.
«Quoiqu’il en soit, ce qui rapproche Chateaubriand de Rousseau, à cette époque, ne se manifeste pas que dans la
structure de leur désir (la relation à des objets imaginaires), mais aussi dans son mode de réalisation : un plaisir
solitaire, dans tous les sens du terme. » p. 68.
263
MOT, 215.
264
MOT, p. 211.
265
MOT, p. 217.
Voilà comment la sylphide joue un rôle déstabilisateur chez notre personnage. Elle
agit comme élément constitutif de l’imagination de Chateaubriand en le conduisant à un état
de folie et de désespoir absolus. Plongé dans une relation amoureuse sublimée, il s’approprie
poétiquement le mythe des sylphides lequel concentre les forces opposant le vouloir et le
pouvoir, forces qui vont progressivement prendre de nouveaux visages tout en se prolongeant
dans et par les souvenirs du mémorialiste. Ainsi, loin de concevoir la sylphide comme une
pure tentative d’évasion, comme une quête de la femme idéale, il convient de remarquer que
cette créature éthérée vient liée à d’autres éléments de ce qu’on peut considérer comme une
subjectivité autobiographique (l’inachèvement, les rébellions, la solitude, les délires, la
tristesse, le désir, puis le désespoir et la tentative de suicide), et elle va s’établir au corps et
devenir le centre même des métaphores dessinant l’imagination du jeune homme.
D’autre part, n’étant pas une figure de l’Eternité qui peut garantir l’immortalité du
héros, la sylphide ne correspond pas à une figure salvatrice ; elle n’assure donc aucun
réconfort au protagoniste : « Je reçus mal ma Sylphide généreusement accourue pour consoler
un infidèle. » Il n’existe pas dans ce sens, ni éloge ni apaisement : la fonction du mythe est
précisément de traduire le tourbillon qui fut l’apprentissage de l’amour, expérience que le
mémorialiste ne conseille pas au lecteur, « ceux qui s’attacheraient à ma mémoire par mes
chimères, se doivent souvenir qu’ils n’entendent que la voix d’un mort. » Voilà enfin
comment cet amour spiritualisé débouchant sur une liaison parfaite contribue à présenter, dans
les Mémoires, une subjectivité forte et nuancée de Chateaubriand.
En outre, remarquons le narrateur envisage ces expériences comme des symptômes,
comme des folies à être comprises et maîtrisées et il va en ressortir un mouvement réflexif
caractéristique de la composition du récit. Cette sphère donne une direction interprétative (ou
démonstrative) au texte et par il sera possible de percevoir le recul que prend la conscience
réflexive du mémorialiste : « j’étais comme ses hommes mutilés qui rêvent des béatitudes. »
Soit par la perplexité, soit par l’autodérision il va prendre ses précautions vis-à-vis de ses
propres illusions.
La non soumission absolue du protagoniste aux strictes conditions du monde extérieur
a été soulignée dans notre analyse du rapport de Chateaubriand avec sa généalogie et sa
tradition. Là on a vu qu’une relation ambiguë s’établit entre un sujet qui narre (et se construit)
et la scène d’où il sort. Il en reste encore à étudier la composition de la scène révolutionnaire
et à savoir comment cette subjectivité non univoque évolue dans le texte.
4.3 - Le moi autobiographique règle ses comptes avec l’histoire : la
construction d’une conscience réflexive sur soi et sur l’Histoire
À présent la question centrale est de comprendre comment notre narrateur-personnage
étale une conscience réflexive ponctuant le narré à partir sa position ambiguë. Nous croyons
que la caractéristique de la dualité elle-même s’ébauchant dès l’origine de la construction du
protagoniste forme une stratégie compositionnelle significative d’un personnage qui doit être
disponible psychologiquement aux vicissitudes du temps historique. En d’autres termes, la
conformation du récit moyennant la structure même du protagoniste s’ouvre aux possibilités
d’une nouvelle époque en même temps qu’elle préserve certaines qualités propres à la nature
ou au caractère du personnage.
De cette façon, le sujet autobiographique devenant en partie réceptacle d’un monde
changeable se définit aussi par les règles et par le rythme de l’histoire. Dans les MOT
l’histoire n’est pas menée par un biographe ou par un historien, il s’en faut de beaucoup ; là le
mémorialiste devient tout d’abord un interprète de son temps présent et sa perspective se
construit en fonction de cette adaptation nécessaire à un présent et au futur.
Passons alors à ce que nous considérons comme le problème de la constitution du sujet
autobiographique historicisé dans le texte ; voyons de quelle façon ce sujet singulier parfois
irréductible envisage l’histoire, précisément la Révolution française, et s’établit face à elle.
Les premiers signes de la Révolution
À côté des lois du moi autobiographique présentées jusqu’ici, il a été possible
d’apercevoir le montage narratif qui précède le cit des événements de 1789. Dans les livres
second, troisième et quatrième une succession d’épisodes familiales et de représentations du
moi, pour ainsi dire, ayant comme nœud les années de délire de la puberté du protagoniste
nous ont laissé entrevoir l’évolution et la construction de notre récit.
266
D’une façon générale, la Révolution française s’insère dans un tableau d’épisodes
organisé chronologiquement. Le récit des années 1788-1789, et précisément celui des
266
Berchet voit dans ce passage du récit de l’adolescence à la Révolution un processus de naturalisation de la
Révolution, comme « une étape biologique dans une crise de croissance ». « Le corps malade de la France :
nosographie de la Révolution dans les Mémoires d’outre-tombe », Bulletin Société Chateaubriand, n°32, 1989, p.
61-54.
événements de juillet de la Révolution française, se situent dans le livre cinquième. Du point
de vue du déroulement factuel, après le récit de la vie du narrateur à Combourg et des
premières études à Dol et à Rennes, nous prenons connaissance de son service militaire à
Cambrai et à Dieppe. Ensuite nous avons la présentation du jeune Chateaubriand à la Cour de
Versailles et de la vie solitaire et désenchantée qu’il mène à Paris en 1787. Après une brève
galerie de figures littéraires, l’auteur dessine le cadre prérévolutionnaire en présentant les
méandres des rapports politiques ainsi que la vulnérabilité des instances représentatives de
l’époque.
267
Chateaubriand avait environ vingt ans lorsque les premiers mouvements politiques qui
précipitent la formation des Etats Généraux en 1789 commencent. Il se trouvait en Bretagne
lorsque les premiers signes de la Révolution éclatèrent de fin 1788 à juin-juillet 1789.
L’agitation se manifestait par d’innombrables assemblées et débats sur les délibérations et
représentations. Chateaubriand nous fait voir ici son apprentissage politique : « Mes
différentes résidences en Bretagne, dans les années 1787 et 1788, commencèrent mon
éducation politique. On retrouvait dans les Etats de province le modèle des Etats-Généraux :
aussi les troubles particuliers qui annoncèrent ceux de la nation éclatèrent-ils dans deux pays
d’Etats, la Bretagne et le Dauphiné. »
268
L’extrait précise l’insertion du protagoniste dans l’horizon politique de la France à
l’époque : il signale que c’est précisément dans ce moment critique qu’il fait ses débuts dans
la vie politique et, plus important encore, le narrateur éclaire la situation de la Bretagne dans
le contexte politique national et son rôle partiel dans le déclenchement des épisodes
révolutionnaires.
269
Il est d’une formidable richesse les chapitres des MOT qui portent sur la Révolution
française. Un narrateur-protagoniste en suspens crée un mouvement de fusion et de refus à la
fois vis-à-vis de la réalité. Ce mouvement se bâtit littérairement tantôt à partir des métaphores
du texte, tantôt dans une composition qui privilégie la place du narrateur-témoin. Composition
mobile, mouvementée, dans laquelle une mosaïque sociale s’établit et s’impose. Des images
diverses représentant l’ancien et le neuf apparaissent dans cette écriture de la Révolution
l’éclat et la vigueur montrent la variété du tableau. Et le protagoniste définit comme suit,
encore une fois, son lieu : « Ainsi j’ai été plaassez singulièrement dans la vie pour avoir
267
À ce propos, Chateaubriand considère que les parlements, entre autres, servirent pour une large part
d’instrument au système philosophique du dix-huitième siècle : ils auraient permis à ces idées de gagner corps et
pouvoir.
268
MOT, p. 267.
269
Aussitôt après il va participer à la première réunion politique de sa vie lors de sa convocation à Rennes par la
noblesse bretonne qui proteste contre l’établissement de la cour plénière.
assisté aux courses de la Quintaine et à la proclamation des Droits de l’Homme ; pour avoir
vu la milice bourgeoise d’un village de Bretagne et la garde nationale de France, la bannière
des seigneurs de Combourg et le drapeau de la révolution. Je suis comme le dernier témoin
des mœurs féodales. »
270
Mais le témoin des mœurs féodales ne se borne plus à dépeindre le royaume perdu de
la féodalité, chose qu’il nous fait bien voir. Et le premier requis pour traverser ce chemin de
rupture consiste à se situer dans le présent. Il faut tout d’abord savoir où l’on en est dans le
présent. « Il faut dans la vie partir du point l’on est arrivé. Un fait est un fait. »
271
Et pour
ne pas obscurcir la vision du présent il est indispensable de chercher à chaque jour un
nouveau regard, une nouvelle perspective pour trouver enfin le sens historique du moment
présent. C’est pourquoi Chateaubriand va parfois examiner les faits du haut, en historien, pour
qui toute l’histoire, sans importer le sens qu’elle en prenne, doit être envisagée et prise en
charge.
« Le parlement Maupeou, l’établissement des assemblées provinciales, avec le vote
par tête, la première et la seconde assemblée des Notables, la Cour plénière, la
formation des grands bailliages, la réintégration civile des protestants, l’abolition
partielle de la torture, celle des corvées, l’égale répartition du payement de l’impôt,
étaient des preuves successives de la révolution qui s’opérait. Mais alors, on ne
voyait pas l’ensemble des faits : chaque événement paraissait un accident isolé.»
272
Dans cette introduction à la Révolution ouvrant le livre cinquième, le Chateaubriand
pédagogue décrit et évalue les nombreux signes avant-coureurs du mouvement
révolutionnaire. Les premiers mouvements politiques en France, le coup d’œil sur l’histoire
de la monarchie, la constitution des états de Bretagne, la tenue des états, les revenus du Roi et
de la province, les états de Bretagne en 1789 : ces chapitres apportent au lecteur un ensemble
de faits historiques pour mieux situer les épisodes traumatisants de 1789. Le narrateur voit
dans la synthèse révolutionnaire l’aboutissement inévitable du cours politique des dernières
années : « chaque événement paraissait un accident isolé. » Ce type de synthèse forme une
dimension analytique importante dans le récit ; sa teneur et son objectif interprétatifs
270
MOT, p. 165.
271
Réflexions politiques, dans Grands écrits politiques, éd. J. P. Clément, Imprimerie nationale, 1993, t.I, p. 215.
272
MOT, p. 267-268.
aboutissent d’ailleurs à des « Conclusions » fermant le livre quarantième-deuxième, le dernier
livre de l’œuvre.
Alors, comment Chateaubriand va-t-il en mémorialiste à l’essence de cette histoire ?
Comment dresser cette sphère discursive inédite qui place notre témoin « entre deux univers
pour en être le lien, pour consoler les derniers moments d’une société expirante, et soutenir les
premiers pas d’une société au berceau » ?
273
Il va tout de suite occuper son poste de mémorialiste-poète en quête d’un contour
narratif particulier pour rendre compte de tous les niveaux du désastre. Du répertoire global
des faits le mémorialiste descend aux incidents du quotidien révolutionnaire. Il fait un saut
narratif pour décrire les faits bouleversants qui auront lieu à Paris en 1789, y compris les
épisodes devenus symboles de la marche révolutionnaire.
Le narrateur-témoin passe en revue tous les coins de Paris : les tribunes, les lieux
publics, les théâtres. L’euphorie prenaient tous les esprits. Jour et nuit encombrées de peuple,
les rues ne lui permettaient plus ses flâneries et pour retrouver le désert il se réfugiait au
théâtre.
Les descriptions expriment à merveille la complexité du moment. Nous voyons dans le
détail Paris prise maintenant par le peuple et en proie aux agitations de juin et juillet 1789,
date à laquelle le protagoniste a rejoint la capitale. Il traverse du regard ce paysage troublé
régnaient les mutineries. L’esprit de rébellion générale paraissait stimuler les rencontres
privées et le monde artistique. Partout avaient lieu des spectacles, des réunions littéraires et
des rassemblements politiques. De futures célébrités erraient anonymement au milieu de la
foule. Des personnalités connues en ascension ou sur le déclin sont observées dans leurs
milieux respectifs et leur portrait nous est tracé : tels Mirabeau ou le ministre Necker, par
exemple. Toutes leurs qualités, faiblesses et ambiguïtés sont exposées. Le narrateur poursuit
toujours la profondeur des transformations dans les menus détails de la vie quotidienne. La
construction artistique expose les traits de la France nouvelle qui effacent ceux de la France
ancienne :
«Chez M. Necker, chez M. le comte de Montmorin, chez les divers ministres, se
rencontraient […] toutes les nouvelles illustrations de la France, et toutes les libertés
des nouvelles mœurs. […] Du reste, force duels et amours, liaisons de prison et
fraternité de politique, rendez-vous mystérieux parmi des ruines, sous un ciel serein,
273
MOT, p. 644-645.
au milieu de la paix et de la poésie de la nature ; promenades écartées, silencieuses,
solitaires, mêlées de serments éternels et de tendresses infinissables, au sourd fracas
d’un monde qui fuyait, au bruit lointain d’une société croulante, qui menaçait de sa
chute ces félicités placées au pied des événements. »
274
.
Ce temps et ce lieu de transition sont rapprochés de l’architecture du temps de Louis
XII et de François Ier les ordres grecs mêlés au style gothique, assimilaient à la fois les
ruines et les tombeaux des siècles passés. Sur cette expérience singulière, qui rejoint dans la
mémoire historique du narrateur une image architecturale qui mêle le classique au gothique, le
narrateur livre ses réflexions en ces termes :
« Les moments de crise produisent un redoublement de vie chez les hommes. Dans
une société qui se dissout et se recompose, la lutte des deux génies, le choc du passé et
de l’avenir, le mélange des mœurs anciennes et des mœurs nouvelles, forment une
combinaison transitoire qui ne laisse pas un moment d’ennui. Les passions et les
caractères en liberté se montrent avec une énergie qu’ils n’ont point dans la cité bien
réglée. L’infraction des lois, l’affranchissement des devoirs, des usages et des
bienséances, les périls même ajoutent à l’intérêt de ce désordre. Le genre humain en
vacances se promène dans la rue, débarrassé de ses pédagogues, rentré pour un
moment dans l’état de nature, et ne recommençant à sentir la nécessité du frein social
que lorsqu’il porte le joug des nouveaux tyrans enfantés par la licence».
Ainsi le livre cinquième des Mémoires reproduit l’instant les « gens à souliers
étaient prêts à sortir des salons, et déjà les sabots heurtaient à la porte »
275
, soit l’heure de la
révolte des pauvres.
Dorénavant, le narrateur ne peut plus en quelque sorte être le protagoniste de
l’Histoire, il n’est au contraire qu’un spectateur des événements. A peine avait-il été présenté
à la Cour, à peine se plaçait-il dans la société parisienne en établissant ses premiers liens, et
voilà qu’il se trouve doublement déplacé dans ce milieu par une profonde révolution sociale.
Le narrateur se retrouve comme suspendu, comme dans cette scène d’ailleurs exemplaire dans
laquelle avec ses sœurs et des amis il observe depuis la fenêtre de leur hôtel les rébellions qui
éclatent et les têtes que l’on emporte en guise de trophées dans les rues.
274
MOT, p. 304-305.
275
MOT, p. 302.
Il y a un autre aspect exemplaire concernant les contradictions dans la société française
qui révèle ce que le morialiste considère comme une perception tenant compte de « tant
d’idées, qui, par une gradation plus ou moins sensible, faisaient le passage de la société
antique à la société moderne »
276
Il est question de la prise de la Bastille et des
interprétations sur cet événement qui est devenu symbole du bouleversement social. Pour
Chateaubriand la Bastille réunit emblématiquement ce que la Révolution a de pire et ce
qu’elle peut apporter de meilleur, à savoir la violence et la rénovation de l’espèce humaine.
Toujours en spectateur des événements (« Si moi, spectateur […] ; j’assistai comme
spectateur »
277
, il raconte comment les gens accouraient à la Bastille avec le sentiment des
vainqueurs et constate qu’une vieille France y comparaissait pour s’éteindre et une nouvelle
pour y naître. Dans ce plateau tout est pêle-mêle, les passants et les héros volutionnaires
se croisent, les prostituées et des sans-culottes commencent à régner. À ce rendez-vous se
retrouvaient les orateurs les plus fameux, les gens de lettres, les peintres les plus connus, les
danseuses et les acteurs les plus célèbres. L’ambiance concentre une exubérance de vie et
place côte à côte les meurtres, les orgies et « le respect de la peur ». La retraite des
pédagogues laisse la route ouverte au peuple délesté des lois et des contraintes sociales, et le
mémorialiste ne laisse pas échapper cette matière vivante que sont les fragments libérés et
rivaux issus du choc révolutionnaire et qui étaient partout dans les rues. D’ailleurs, cette
plasticité narrative est la même qui empreint la peinture des petits détails du portrait de
Mirabeau dont les caractéristiques « appliquées sur le fond de beauté particulière à sa race,
produisait une sorte de puissante figure du Jugement dernier ».
278
De la peinture vive du tableau le narrateur passe à l’autre dimension qui entretient le
récit qu’est celle de la réflexion. La scène des créatures humaines en vacances un peu partout
égarées reçoit les lumières des commentaires du narrateur. En évaluant l’épisode de la Bastille
Chateaubriand ébauche une digression sur cette expérience sociale inoubliable. D’après lui un
événement, aussi odieux soit-il, si les circonstances sont sérieuses et ont marqué l’époque, ne
doit jamais être pris à la gère : « ce qu’il fallait voir dans le prise de la Bastille (et ce que
l’on ne vit pas alors), c’était non l’acte violent de l’émancipation d’un peuple, mais
l’émancipation même, résultat de cet acte. »
279
Il veut repérer dans cet événement symbolique
sa signification authentique et historiquement rénovatrice avec toutes les répercussions que
cette transformation entraînait dans les habitudes, les idées et les pouvoirs politiques. Il
276
MOT, p. 644.
277
MOT, p. 288-289.
278
MOT, p. 296.
279
MOT, p. 289.
condamne le fait que l’on apprécie brutalement le simple aspect accidentel et matériel de
l’événement au détriment de sa grandeur morale, plaçant ainsi au second plan le rôle de
l’intelligence qui avait lancé les fondements du nouvel édifice social.
Dans le récit, la distanciation et le rapprochement du narrateur-personnage par rapport
aux scènes et les images de la mosaïque du cadre se complètent. La singularité de la voix
narrative consiste à fixer une position d’étrangeté du narrateur devant l’histoire, narrateur qui
ne cache pas sa perplexini son entrain essayant toujours de placer de manière convenable
son regard en mouvement.
Voilà comment et pourquoi le récit de la Révolution suit dans une certaine mesure la
perspective qui est celle de l’immobilité ou du regard, perspective qui rejoint d’ailleurs celle
de la solitude et du détachement des premiers pas du jeune Chateaubriand en Bretagne.
Dans la traversée historique : le protagoniste dans le théâtre de la Révolution
La voix produite par un narrateur-personnage devenu spectateur peut aussi revêtir le
langage métaphorique du drame. Cet état contemplatif peut s’associer dans le cas de la
Révolution à un recours particulier : celui de la métaphore théâtrale. Il y a bien des
métamorphoses de la scène révolutionnaire qui évoquent la représentation théâtrale dans les
dernières séquences narratives de notre corpus. La métaphore du drame s’y trouve instaurée.
On sait bien que cette stratégie du drame n’a rien de nouveau dans les descriptions littéraires
faites sur la Révolution ; mais chez Chateaubriand ce procédé traduisant les effets de la
convulsion de 1789 nous semble ici spécialement pertinent puisqu’il sert à exposer le terrain
instable où se situe le protagoniste licencié par l’histoire.
Dans cette relation privilégiée qui s’établit entre la scène et la société Chateaubriand
révèle les masques, les couleurs, les mimiques, les illuminations différentes pour composer
l’explosion révolutionnaire dans toute son extension. Pour exemplifier les signes de cette
stratégie théâtrale nous saisissons la manière dont se fait la transition du chapitre 12 au
chapitre 13, du livre cinquième. Ici c’est Robespierre qui va monter sur les planches.
Comment? Son nom apparaît précisément dans le dernier paragraphe de tous ces deux
chapitres. À la fin du chapitre 12, il est brièvement annoncé, non sans amertume et ironie,
comme le représentant de la démocratie. Puis, il réapparaît dans le chapitre 13, quand les
séances de l’Assemblée nationale deviennent le lieu de la prochaine scène avec leurs tribunes
encombrées, leurs débats orageux, leurs apostrophes, leurs cris. « Les députés arrivaient en
mangeant, causant, gesticulant ; ils se groupaient dans les diverses parties selon leurs
opinions ». Dans ce lieu agité et un peu nébuleux, le protagoniste finalement interroge un
collègue sur le nom du député, une figure « grise » et « inanimé », qui montait à la tribune :
c’était Robespierre. Dans une ambiance où Chateaubriand avait du mal à discerner les acteurs,
dans un coup de théâtre, le révolutionnaire Robespierre reçoit sur lui les lumières du
spectacle. Le narrateur nous incite à voir le drame en train d’être représenté :
« Les séances du soir l’emportaient en scandale sur les séances du matin : on parle
mieux et plus hardiment à la lumière des lustres. La salle du Manège était alors une
véritable sale de spectacle, où se jouait un des plus grands drames du monde. Les
premiers personnages appartenaient encore à l’ancien ordre de choses ; leurs terribles
remplaçants, cachés derrière eux, parlaient peu ou point. »
280
Dans un article qui examine les procédés de Chateaubriand pour narrer la Révolution
dans le Mémoires, G. Gengembre analyse les effets narratifs du récit qui s’apparente à un
spectacle de théâtre. Il reconstitue les pièces qui dans son ensemble miment le phénomène
révolutionnaire ; Paris concentre la géographie complète de la Révolution : la transgression, la
décomposition, le désordre. « Tout devient spectacle, car tout se défait et se refait.
Métamorphose perpétuelle, Paris est une fête où la vieille France assiste à sa propre mort et la
nouvelle va se voir naître »
281
. Tous les éléments sont a priori préparés. La métaphore
théâtrale signale à la fois la distance entre le spectateur et le spectacle, et le rapport intime de
la fiction au réel, « rapport qui peut aller jusqu’à abolir la distance et les confondre. ».
Gengembre va encore plus loin dans son interprétation du déploiement narratif dans cette
esthétique du drame:
« Il décèle des tendances fortes de la société française, l’impact de l’événement
révolutionnaire, il met en évidence le rapport inédit entre l’accélération historique et
la métamorphose sociale, la déstructuration et les recompositions. Par le choix d’une
distinction opérée entre ancienne et nouvelle France, Chateaubriand fait de Paris, au
sens propre, un microcosme révolutionnaire, il dégage un principe de lisibilité »
282
.
280
MOT, p. 300-301.
281
GENGEMBRE Gérard, « Le Paris révolutionnaire des Mémoires d’outre-tombe ou la scène prodigieuse », in
Paris et la Révolution, Actes du Colloque de Paris I, n°22, Paris, Publications de la Sorbonne, p. 378.
282
Ibid. p. 384-385.
Dégager un principe de lisibilité ne signifie pas être le témoin oculaire des épisodes
narrés on sait d’ailleurs qu’en réalité Chateaubriand a vu peu de choses de ce qu’il nous
raconte ni équivaut à un témoignage véridique ; le principe de lisibilité signifie en fait la
construction d’une traduction essentielle, d’une interprétation authentique de la mutation
historique.
C’est vrai que le narrateur-spectateur du torrent révolutionnaire en devient aussi son
historien dans les MOT. Mais ici Chateaubriand n’est plus l’historien de l’Essai sur les
révolutions où il remonte le fil du temps en vrai historien et place la Révolution dans un temps
plus reculé au cours de l’histoire de l’humanité. Dans notre récit l’historien devient un
narrateur-témoin, c’est-à-dire qu’il s’installe et se dépeint au milieu de la tempête, et il veut
montrer au lecteur le cours précipité des faits et le spectacle de la brusque transformation des
temps. Il faut enfin que lui et la Révolution soient le matériel historique vivant des Mémoires.
Dans ce sens, dans la perspective de ce narrateur-témoin, la Révolution est le point noir du
récit, perspective difficile à saisir, lieu d’où tout ressort et vers tout s’abyme, et au milieu
duquel l’écriture du mémorialiste doit aussi créer son propre cours. La révolution est une
longue histoire au présent. Elle est le présent proprement en ce sens que le narrateur ne réussit
toujours pas à apercevoir complètement ni son étendue ni son terme.
Etant le phénomène de 1789 lui-même le nœud du cit et le sol du protagoniste
comment pourrait-il se placer narrativement par rapport au spectacle ? À quoi cela servirait de
se mettre à la loge du théâtre pour décrire la bourrasque ?
La Révolution ne se réduit pas seulement à l’apprentissage de nouvelles relations
sociales, elle ne s’exprime pas simplement par un savoir nouveau. La mise à distance
qu’implique le point de vue théâtral autant que d’autres métaphores du texte ne prétend pas
traduire le problème de façon théorique, objective ou extérieure. C’est que la réflexion du
témoin qui se veut représentant d’une conscience historique passe par un recul discursif vital
et stratégique. Et là nous pouvons dire, à l’aide de Berchet, qu’il s’agit d’engager un
imaginaire global qui se situe à « un niveau du discours la pensée politique est contrainte
de parler par métaphores pour pouvoir rendre intelligible la réalité sociale »
283
.
En ce qui concerne la perspective de l’observateur, éloigné, mais toujours concentré
sur la scène du drame, le chemin est double. On peut voir dans cette position non seulement
283
BERCHET, « Le corps malade de la France : nosographie de la révolution dans les Mémoires d’outre-
tombe », op. cit, p. 65.
une distanciation « thérapeutique » par rapport à la réalité, selon le terme de Berchet,
284
attitude d’ailleurs cohérente et qui préserverait l’unité de son caractère, mais on peut repérer
aussi un arrangement compositionnel propice à l’échange et à la réciprocité, le spectateur
étant en tout cas partie du processus de reconnaissance et d’exploration de la scène
révolutionnaire. Et voilà comment se réalise le mouvement du sujet de l’écriture
autobiographique par rapport à l’histoire : à côté et dans l’histoire. La tâche du narrateur ne
consiste pas à peindre la Révolution d’une seule et même distance mais de la recomposer en
ses plusieurs niveaux dans un encadrement complexe. Ainsi, pour aboutir à des perspectives
différentes et pouvoir représenter ce que la Révolution a été au quotidien sans perdre de vue le
cadre général, il a fallu déployer en toute son ampleur une voix autobiographique conçue
esthétiquement.
Par ailleurs, le lecteur a dès le début appris que celui qui parle est déjà le spectre d’un
narrateur-défunt qui préserve donc ses distances par rapport à la scène. Il faut bien réussir sa
mort pour continuer à vivre, nous dira Chateaubriand. Il s’agit là de cette façon d’une réponse
à une nécessité existentielle : dans la mesure du possible le narrateur formule, rationalise tout
ce qui a été vécu comme douleur, folie ou mort dans cette traversée. Les variations de
perspective et la superposition des dimensions du récit pourront enfin être surmontées par la
position posthume du narrateur.
Mais il ne suffit pas d’accepter la mort ou la métamorphose historique du sujet, choses
qui deviennent ici synonymes, il faut également rendre perceptible et acceptable la mort du
corps social afin d’en assurer la résurrection. Et le processus de la mort (et de la renaissance)
des sociétés suit le même trajet de celui des hommes. « Quand elle sera expiré, elle se
décomposera afin de se reproduire sous des formes nouvelles, mais il faut d’abord qu’elle
succombe ; la première nécessité pour les peuples, comme pour les hommes, est de
mourir.
285
» La Révolution deviendrait-elle une maladie nécessaire ?
Il ressortit bien sûr de cette idée une vision sur la Révolution mais aussi une posture
artistique de l’écrivain ; et c’est à partir de cette position, en narrateur-poète, que
Chateaubriand ira concevoir l’antagonisme social extérieur comme un phénomène intérieur de
résonance.
284
Ibid., p. 65.
285
MOT, p. 824.
Dans la fracture de l’historique : quel est la place du poète ?
Le problème de la contradiction entre le passé et le présent laisse percer dans les MOT
une quête de la synthèse. Les contrastes sur des plans divers tellement explorés indiquent la
recherche d’une forme de coexistence des deux univers contraires, l’ancien et le neuf.
286
Il
nous semble que la problématique identitaire essentielle réside dans le choix entre le principe
d’identité d’origine raciale, l’hérédité du Chateaubriand noble, et celui de la volonté
individuelle, ou d’une rationalité politique. Que faire pour demeurer fidèle à la complexité de
l’Histoire ? S’attacher à la royauté renversée, puis restaurée, ou adhérer au nouveau jeu
politique créé par la Révolution ? C’est-à-dire restituer les formes politiques et sociales
anciennes ou accepter les nouveaux chemins de la vie démocratique et républicaine?
À partir de 1804 l’alternative de Chateaubriand parait claire : le légitimisme. Il va
personnellement s’engager pour le retour de la monarchie des Bourbons, option où il retrouve
au moins l’intégrité et le respect de son passé. Mais le mouvement de retour vers le passé que
représentait cette fidélité envers ses aïeux avait des implications plus graves. Postuler en
faveur du gouvernement des Bourbons signifiait défendre le rétablissement d’un état de
choses qui arrêtait tout le mouvement vers le futur. Dans la France impériale et post-
révolutionnaire, restituer la monarchie traditionnelle impliquait la surrection d’idées
anachroniques, impopulaires, ainsi que la fense en principe d’une vision contre-
révolutionnaire dans tous les domaines.
Mais Chateaubriand aura en fait l’occasion d’être au pouvoir pendant la Restauration
désirée ; il met ses forces dans une conquête militaire réussie que fut l’expédition d’Espagne
en 1823 et lutte pour une monarchie libérale. Mais sa carrière d’ambassadeur et de ministre
d’Etat sera courte et difficile et elle va enfin s’avérer une expérience décevante pour le
Chateaubriand homme d’Etat
287
. Ainsi, quand il s’attaque au légitimisme restauré surtout
après 1824, ce sera principalement pour dénoncer sa stérilité et sa paralysie. « Ce fut à
l’infécondité de l’évêque d’Autun que les premières œuvres de la Restauration furent
confiées : il frappa cette Restauration de stérilité, et lui communiqua un germe de flétrissure et
286
Dans la préface qui ouvre la quatrième partie des MOT, J.-Cl. Berchet fait une brève analyse du
renouvellement du vocabulaire de Chateaubriand. Le thème du multiple particulièrement dans cette dernière
partie a des réflets sur le style de l’écrivain; “il convoque tous les registres, du plus noble au plus familier, du
plus poétique au plus technique; il mélange à plaisir les archaïsmes, les provincialismes, les néologismes même.”
Et il constate que presque tous les mots rares se concentrent dans la première et dans la quatrième partie de
l’oeuvre.
287
Une synthèse de cette démarche politique de Chateaubriand se trouve dans le deuxième chapitre de ce travail.
de mort. »
288
Dans les dernières années de la Restauration c’est le tour de Charles X, dernier
roi légitime qui fut également attaqué par Chateaubriand. Puis, il y a Louis-Philippe, en 1830,
ce « sergent de ville » qui peut se laisser cracher au visage par l’Europe.
289
se trouvait alors l’alternative politique ? Dans la Révolution qui tue le passé, mais
qui l’aurait quand même entraîné, « si elle n’eût débuté par des crimes »
290
? Dans la
Restauration qui fige le présent et empêche le futur ? Ou finalement dans l’Empire de
Napoléon qui, tantôt se précipitant vers l’avenir, tantôt reculant vers le passé, se termine sur
une catastrophe
291
?
Comment répondre au problème d’une option composite en politique tenant vraiment
en compte le présent, sans pour autant mourir déchiré entre le parti du progrès qui tire en
avant et le parti rétrograde qui tire en arrière. Le roi bourgeois, Louis-Philippe, loin de
représenter pour Chateaubriand le rassemblement entre le passé et le futur, ne fait que souiller
et détruire l’an et l’autre. Jugé fort sévèrement par le mémorialiste, ce régicide corrompu par
sa liaison avec les forces mercantiles de son temps devient une figure totalement négative qui
« conduit sa barque sur une boue liquide »
292
. Ce n’est donc pas ce dirigeant du juste milieu
qui va réunir les deux termes contradictoires du temps pour les surmonter.
Ecartés les rigueurs de la Révolution, la politique impériale et le faux roi bourgeois
des années 1830, le métissage historique dont nous parle J.-P. Richard ne peut se faire que par
l’intermédiaire du « parfait aristocrate révolutionnaire »
293
: Chateaubriand. Face à une double
impossibilité, celle du passé et de l’avenir, l’écrivain se voudra l’incarnation du paradoxe,
l’homme capable d’entretenir en lui la fidélité la plus complète à l’ancien et au nouveau. « Le
monde actuel, le monde sans autorité consacrée, semble placé entre deux impossibilités :
l’impossibilité du passé, l’impossibilité de l’avenir. »
294
Cette synthèse historique pourrait-elle seule assurer la retransmission historique et le
renouvellement de l’être ?
Sur ce point nous nous trouvons déjà sur le terrain de la représentation que l’écrivain
fait de lui-même. Il n’est plus question ici du Chateaubriand politique qui a touché les
288
MOT, p.1080.
289
Le portrait de Louis-Philippe se trouve dans le livre quarante-deuxième des MOT, p.941-948.
290
MOT, p. 265.
291
Rappelons qu’en 1804 l’exécution du duc d’Enghien par Napoléon est la cause d’une rupture irréparable entre
Chateaubriand et l’empereur.
292
MOT, t. 2, p. 942
293
RICHARD, « Chateaubriand, la civilisation, l’histoire », op. cit, p. 486. L’article de J.-P. Richard nous a
beaucoup aidé à élaborer la question historique concernant ces choix politiques de Chateaubriand. D’autres
textes sont importants là-dessus, j’en cite deux : AUREAU Bertrand, Chateaubriand, penseur de la révolution,
Paris Honoré Champion, 2001 ; J. –P. RICHARD, Paysage de Chateaubriand, Paris, Seuil, 1967.
294
MOT, t. 2, p. 1010.
méandres du pouvoir, qui a eu affaire aux grands dirigeants et aux hommes éminents de la
nation, ni du Chateaubriand qui fut le publiciste combattant : il ne s’agit pas enfin du
Chateaubriand des vérités de l’histoire. Sa conduite et son œuvre politiques, qui ont été
d’ailleurs assez bien étudiées par des historiens et des biographes, ne constituent pas notre
objet direct d’analyse, il va de soi. C’est de sa mythologie dont il est question ici.
Chateaubriand le mémorialiste invente et soutient esthétiquement et symboliquement
une image propre dans son texte autobiographie, image dont le fondement historique, on l’a
vu, ne cesse pas de donner place à la dimension du caractère ou de la psychologie du
personnage. De cette manière, les situations concrètes de sa vie et l’homme politique qu’il fut
ne correspondent pas nécessairement à l’historicité des Mémoires ni forcément à l’image de
soi que le narrateur bâtit dans le texte. Ce décalage serait pour H. P. Lund la différence
essentielle entre « le fait de vivre l’Histoire et le fait de l’écrire ».
295
Ce point concernant la distance entre la pensée du mémorialiste et celle de l’homme
vivant nous semble venir à la rencontre d’une fondation essentielle du moi autobiographique
historicisé qu’on tente de saisir dans ce travail. on peut rejoindre Vial pour qui, dans les
MOT, il s’agit d’une disposition de la conscience « qui admet dans la conscience ceci plutôt
que cela, qui l’y retient, qui le soumet au jugement, à la sublimation du mythe ». Nous lisons
ici non le journal de toute une vie, mais les mémoires qu’écrit ou récrit un vieillard : « Son
passé, cet homme l’a devant lui, - seule présence capable d’un conjurer une autre : ce qu’il lui
reste de vieillesse et la mort seule compensation d’une absence, l’avenir. Il n’accepte de ses
souvenirs que les symboles d’un état présent de sensibilité et de jugement qui s’est constitué
en lui par la vertu de toute une expérience. » Dans ce besoin, on décèlerait une volonté vitale,
« la volonté d’ordonner son destin à l’énorme autrui collectif de son temps (ce n’est affaire
que d’ambition spirituelle et d’orgueil) de tous les temps.»
296
.
Certes, la voix du narrateur investit sur les écarts entre l’homme de l’écriture et
l’homme politique qui traîne avec peine ses enseignements sur les réalités du monde. Telle
dualité produit un jeu de bascule entre le poète et l’acteur de la scène mondaine. L’écriture qui
ressort de cette idée réserve une place au poète autant qu’à l’homme public et met côte à côte
le songes et le savoir, le chimérique et les choses vues.
297
Enfin, n’a-t-il pas maintes fois lui-
même divisé le monde entre celui des songes et du réel ?
295
LUND Hans Peter, François-René de Chateaubriand., Mémoires d’outre-tombe, Paris, PUF, Études
littéraires, 1986, p. 63.
296
VIAL, Chateaubriand et le temps perdu, op. cit., p. 68.
297
Ibid., p. 63.
Suivons la base de cette formulation fictionnelle de soi dans deux citations curieuses
du poète : « Dès ma jeunesse, mon impartialité politique ne plaisait à personne […]; la
politique personnelle m’ennuyait ; ma véritable vie était dans des régions plus hautes. »
298
Ainsi, le lecteur apprend que dans l’esprit d’un grand combattant politique il y a un refus de
l’Histoire, un désir de pouvoir se passer d’elle ou alors de passer à côté d’elle. Et ce souhait
de se dispenser de l’histoire réapparaît à la fin des Mémoires, cette fois-ci pour se dispenser de
son histoire personnelle : « L’homme n’a pas besoin de voyager pour s’agrandir ; il porte avec
lui l’immensité. »
299
C’est frappant : le voyageur infatigable, « le juif errant » qui a éprouvé le
plus grand plaisir de connaître les plus variés coins du monde Je m’avançais vers Athènes
avec une espèce de plaisir qui m’ôtait le pouvoir de la réflexion. »), de s’être baigné dans
presque toutes les eaux fameuses («ainsi j’ai bu des eaux du Mississipi, de la Tamise, du
Rhin, du Pô, du Tibre, de l’Eurotas, du Céphise […] »)
300
, cet apprenti en errance
interminable défend après tout l’immobilité des sujets.
301
Ce chrétien qui se regarde toujours
comme un voyageur reconnaît dans une sorte de fixisme le cœur qui fait vivre toute la pensée.
Ce ne sont donc plus les repères du monde réel qui orientent l’esprit éclairé : « si dans l’oubli
profond de vous-même, dans votre immobilité, dans votre silence vous ne trouvez pas l’infini,
il est inutile de vous égarer aux rivages du Gange. »
302
Il semble évident que l’isolement vis-
à-vis du torrent des événements qui passent devant la porte importe au mémorialiste, et il n’en
est pas moins vrai que cela se fait dans les Mémoires par le détachement de la subjectivité
autobiographique engendrant sa propre autonomie et dynamique. On peut dire que le narrateur
des Mémoires correspond en grande partie à ce sujet d’une écriture libéré de la mêlée
politique qui veut s’éloigner fréquemment du monde concret.
303
Dans la fracture de l’histoire : quelle est la voix du poète ?
Nous avons beaucoup parlé de l’hétérogénéité narrative rendu par la diversité des
genres dans les Mémoires et on a vu comment cette stratégie opère dans la perspective du
298
MOT, p. 308.
299
MOT, t. 2, p. 1012.
300
Itinéraire de Paris à Jérusalem, Œuvres romanesques et voyages, Paris, Gallimard, « Bibliothèque de la
Pléiade », t.2, p.856-857.
301
J.-Cl. Berchet à ce propos constate que chez Chateaubriand « le désir du voyage repose sur cette homologie
du désir et du voyage ». Voir « Le voyageur et le poète, Chateaubriand et la découverte des deux mondes »,
Société Chateaubriand Bulletin, n°35, 1992, p.36.
302
MOT, t.2, p. 1012.
303
LUND, op. cit. p. 66.
narrateur par rapport à son expérience historique. Mais nous percevons une crispation
textuelle fort remarquable d’un autre type allant toujours dans le sens de cette formulation
d’un moi dans/à côté de l’histoire. Cette couche du récit qui nous semble assez intéressante à
décrypter forme la perspective textuelle des Mémoires que nous avons parfois ici nommée la
dimension réflexive ou les commentaires. Il nous faut développer davantage cette question,
car plus qu’un fil homogène du récit, plus qu’une strate d’ordre simplement conclusif ou
réflexif cette perspective revêt aussi une structure poétique par le moyen des métaphores
variées.
Le récit des Mémoires laisse percer tantôt des formes semblables, tantôt des formes
étranges au narrateur, ou il laisse entendre tantôt une voix fidèle, tantôt une voix
interprétée
304
. Ce narrateur-protagoniste qui n’est pas toujours en accord avec lui-même, qui
s’ennuie et qui doute, et qui a mis des années à faire et à refaire la monumentale image de cet
alter ego que fut ses Mémoires, il compose un moi qui cherche son historicité à un autre
niveau. Pour composer des médiations dans son écriture (médiation entre songe et alité,
passé et présent, intervention et renoncement, souvenir et disparition, vie et mort) il rend voix
à une conscience réflexive qui analyse, interprète, généralise et démontre
305
; mais pour cela il
ne repousse pas le travail poétique. Au contraire, c’est ici surtout que mémorialiste-poète
intervient en parfaisant la forme pour rendre sensible, si l’on peut dire, son esthétique du
paradoxe.
Ces médiations textuelles, qui se situent généralement à la fin de chaque chapitre
clôturant le raconté, ouvrent la voix narrative à un exercice de réflexion où la solitude résonne
comme lieu stratégique et la mélancolie se manifeste comme un état d’esprit récurrent du
narrateur. C’est le cas précisément de l’extrait suivant qui ferme le chapitre 1 du livre trente-
quatrième :
« Bénie soyez-vous, ô ma native et chère indépendance, âme de ma vie ! Venez,
rapportez-moi mes Mémoires, cet alter ego dont vous êtes la confidente, l’idole et la
muse. […] Le cercle de mes jours, qui se ferme, me ramène au point du départ.
[…]Qui sait ? peut-être retrouverai-je d’étape en étape les rêveries de ma jeunesse ?
J’appellerai beaucoup de songes à mon secours, pour me défendre contre cette horde
de vérités qui s’engendrent dans les vieux jours, comme des dragons se cachent dans
304
Pour employer les termes de Lund, qui conclut à ce sujet que le « Je-narrateur du texte se dissolve en une
série d’identités différentes ». Ibid., p.62.
305
Ce sont les conclusions, pour Lund, op. cit.
des ruines. Il ne tiendra qu’à moi de renouer les deux bouts de mon existence, de
confondre des époques éloignées, de mêler des illusions d’âges divers, puisque le
prince que je rencontrai exilé en sortant de mes foyers paternels, je le rencontre banni
en me rendant ma dernière demeure. »
306
.
Voilà une forme caractéristique par lesquels s’expriment les réflexions du narrateur.
On voit ici la bataille intime du protagoniste qui n’a des dettes qu’envers sa propre
l’indépendance. L’écrivain cherche du réconfort dans son écriture elle-même : il lui demande
de fournir à l’homme égaré dans ses propres souvenirs une image coïncidente entre le présent
du vieillard et le passé du jeune chevalier. Le mémorialiste fouille dans le passé les repères
d’une identité qui se trouve éparpillait. Mais au-delà d’une réciprocité entre le passé et le
présent, le narrateur, libre et voyageur, retourné maintenant à ses instincts primitifs, veut
fermer son cours comme il l’avait commencé, les deux bouts de son existence se
rencontreraient.
Mais une autre chose est encore plus frappante dans cette réflexion : il ne tient qu’à lui
de faire du renouement ; car si le monde, de l’extérieur, se charge de ronger son intégrité,
c’est l’homme des songes qui doit prendre en charge le travail de réintégration (appeler les
songes contre la horde de vérités). D’autre part, on sent percer de l’âme de sa vie, c’est-à-dire
de son indépendance, un immanquable sentiment de solitude et d’exil, sentiment de fragilité
dans ce processus perpétuel de recomposition de l’intégrité du sujet autobiographique. On voit
se dessiner alors dans cette tension persistante le conflit entre l’homme de réalités et le poète
des songes.
Ensuite, un mouvement plus accentué d’échec s’ébauche et voilà que le rassembleur
de souvenirs va enfin céder à l’autodérision, car le prince exilé ne peut trouver qu’un prince
banni, et de l’exil au bannissement les songes probablement s’avèreront aussi insuffisants ou
contraignants que les vérités.
Toute recomposition du moi se montre ainsi irréalisable puisque les souvenirs ne
coïncident plus les uns avec les autres, et l’autobiographe du présent se rend compte de cet
inutile voyage vers soi. « Ô misère de nous ! notre vie est si vaine qu’elle n’est qu’un reflet de
notre mémoire. »
307
C’est sûrement pour cela que le narrateur avait renoncé à son présent et
qu’il avait dès le début érigé ce moi dans une tombe. Le travail de la mémoire entraîne enfin
306
MOT, t. 2, p. 490-491.
307
MOT, p. 164.
un travail de destruction : la mémoire « oppose sans cesse mes voyages à mes voyages,
montagnes à montagnes, fleuves à fleuves, forêts à forêts, et ma vie détruit ma vie »
308
.
Aussitôt que chacune des images remémorées deviennent matière du langage poétique
un mouvement de chute se produit. Les lumières d’un esprit à la recherche du passé sont
soumises à l’ombre de leur propre finitude. « Les événements effacent les événements ;
inscriptions gravées sur d’autres inscriptions, ils font des pages de l’histoire des
palimpsestes. »
309
Il serait possible de multiplier les exemples de cette voix solitaire qui ambitionne
parfois de traverser toute entière la crudité et le réalisme des choses.
La mort du temps historique recouvre la mort de l’homme qui correspond aussi à la
mort des souvenirs eux-mêmes. La récupération des souvenirs par l’écriture, le seul recours
du poète, n’est pas susceptible d’assurer la solidité de l’esprit ni de fournir des repères pour
une interrogation essentielle qui se retrouve d’ailleurs partout dans le texte ; voilà sa
formulation : « Inconnus ce matin, plus inconnus ce soir, nous ne nous en persuadons pas
moins que nous effaçons ce qui nous précéda. Et toutefois, chaque minute, en fuyant, nous
demande : Qui es-tu ? et nous ne savons que répondre. »
310
Il est remarquable le passage d’un moi (« ma vie », « mon existence »,
« j’appellerai ») vers le « nous » dans ce dernier extrait. À proportion que le narrateur insiste
sur son désenchantement et sur sa mélancolie un rapport d’un autre type s’établit envers le
monde, cette fois-ci, envers ses congénères. Le pronom pluriel nous signale que cette
problématique concerne tous les êtres. En évoquant un destin qui dépasse la singularité du
narrateur le nous va produire une généralisation qui franchit le terrain individuel et embrasse
une contradiction existentielle censée être commune à tous les hommes.
Observons que dans cette fusion entre le moi et les autres le narrateur va ouvrir ses
réflexions vers d’autres directions ou identifications (d’autres renouements ?). Cet effet de
réverbération permet de mieux faire entendre la voix de ce narrateur-personnage « aveugle »
en train de construire un plan discursif plus large dans l’espace et dans le temps
311
. C’est ainsi
que la langue dans son fil syntagmatique va elle-même tâtonner à la recherche de ce sens
commun par ses anacoluthes. « Inconnus ce matin, » « et toutefois, », « chaque minute, »
« en fuyant, » : les termes interrompus, dans des phrases courtes presque allégoriques, exige
que le lecteur s’arrête dans la discontinuité du langage qui traduit dans le niveau syntaxique
308
MOT, t. 2, p. 603.
309
MOT, p. 140.
310
MOT, t.2, p. 998.
311
«C’était un aveugle conduisant un aveugle », MOT, p.282.
les disjonctions du parcours du protagoniste. Le rythme discontinu de l’énoncé (la présence
remarquable d’asyndètes et d’anacoluthes, par exemple) reflétant la rupture fondamentale du
mémorialiste forme d’ailleurs l’une des caractéristiques de la prose des MOT.
312
Dans le cas particulier de notre citation Chateaubriand se situe lui-même dans une
immensité, dans la grandeur de l’horizon il devient maître d’un temps et d’un espace sans
frontières. Mais, en revanche, à cette absence de limites, à cette extension indéfinie le récit est
contrecarré d’une discontinuité syntaxique et métaphorique. Bref, la dilatation de l’espace
créant une complicité des êtres, le nous, est en compensation énoncée par une structure
dilacérée, par un sujet qui recherche dans cette communion aux autres une correspondance
aux fractures irrésolues du moi dans l’écriture. Voilà comment dans la dimension
autobiographique peut s’installer « une voix qui chante » tout au long du processus narratif.
313
On vient de voir combien la conscience réflexive du narrateur est traversée par une
mélancolie qui découle de la perturbation entre le moi et l’histoire, entre le souvenir et la
disparition. Et il y a encore un point intéressant à expliciter là-dessus ; car Chateaubriand lui-
même ne s’est pas passé de théoriser ce problème. Ce fut dans un chapitre du Génie du
christianisme intitulé « Du vague des passions » qu’il a exposé avec beaucoup de netteté sa
vision sur cette disposition mélancolique comme caractéristique de l’homme moderne. La
mélancolie d’après lui est l’un état d’âme de ces hommes dont les facultés actives se trouvent
renfermées, sans but et sans objet.
Suivant son raisonnement, plus la civilisation avance, plus cet état du vague s’accroît.
Cet homme qui enrichit son esprit et nourrit son intelligence sans cesse devient un
connaisseur des sentiments humains sans qu’il ait vraiment une vie active correspondant à
cette capacité longuement mûri dans la solitude. La multitude d’exemples et de livres qui
traite de l’homme rend cet être habile sans expérience. un cœur plein habite un monde
vide. « On est détrompé sans avoir joui ; il reste encore des désirs, et l’on a plus d’illusions. »
L’imagination est alors abondante et merveilleuse, mais l’existence est « pauvre, sèche et
désenchantée. » Cet état d’âme répand une amertume impressionnante, puisque le ur se
retourne et se replie afin d’employer les forces qu’il ressent comme inutile.
L’un des soulagements pour ce mal est la religion ; « formée pour nos misères et pour
nos besoins », mais tout en créant le tableau des chagrins de la terre d’une part, et des joies
312
Il y a un ouvrage de Jean Mourot consacré exclusivement à l’étude du style (rythme et sonorité) chez
Chateaubriand ; bien que ce livre n’aille pas dans le même sens de notre travail l’étude se montre assez utile pour
connaître minutieusement les rapports de la prose de Chateaubriand avec les structures lyriques. Le Génie d’un
style – Chateaubriand, rythme et sonorité dans les‘ Mémoires d’outre-tombe’, Paris, Armand Colin, 1969.
313
MOT, p. 853. Chateaubriand à propos de Natchez parle d’une « voix qui chante et qui semble venir d’une
région inconnu ».
célestes d’une autre part, « elle fait dans le cœur une source de maux présents et d’espérances
lointaines, d’où découlent d’inépuisables rêveries. »
314
Mais lorsque ces âmes ne se rendent
pas aux monastères, elles demeurent égarées partout dans le monde sans pouvoir se livrer au
monde, dégoûtées par leur siècle. Devenant la proie des chimères, ces êtres voient naître une
« coupable mélancolie qui s’engendre au milieu des passions, lorsque ces passions, sans objet,
se consument d’elles-mêmes dans un cœur solitaire. »
315
Ce qui est déterminant dans cet état mélancolique, c’est le défaut de l’expérience :
cette maladie est la maladie de l’homme qui n’exerce pas ses facultés dans le monde. De quel
genre d’expérience s’agit-il ? Pour Chateaubriand l’exercice indispensable à l’intelligence est
essentiellement l’exercice politique. Avoir une vraie vie collective, créer une exubérante
existence politique, ce sont des conditions indispensables à tout homme. Une vie politique
pleine ne laisserait pas de place aux ennuis ou aux craintes sans objet. Donc, « habiter un
monde vide » signifie habiter un monde sans pouvoir établir des rapports politiques effectifs.
Faudrait-il dire encore plus là-dessus ? La correspondance entre ces idées et notre
question parait évidente. Chateaubriand a bien considéré son Génie, cet ouvrage paru peu
après la Révolution, comme un simple moment dans l’évolution de sa pensée, mais ce texte
conservateur que l’auteur n’aurait pas fait de la même façon plus tard nous semble élucider
une idée capitale dans notre analyse. La mélancolie disséminée dans notre texte ne trouve-t-
elle pas un rapport direct à l’isolement du Chateaubriand politique, à l’impossibilité enfin
d’intervenir dans le cours de l’histoire ? “Nous autres, vieux serviteurs de la gitimité, nous
aurons bientôt dépensé le petit fonds d’années qui nous reste, nous reposerons incessamment
dans notre tombe, endormis avec nos vieilles idées, comme les anciens chevaliers avec leurs
anciennes armures que la rouille et le temps ont rongées, armures qui ne se modèlent plus sur
la taille et ne s’adaptent plus aux usages des vivants. »
316
Chateaubriand élabore lui-même sa théorie du vide politique tout en associant
l’absence ou l’impuissance de l’action publique de l’homme politique aux ennuis du cœur. Et,
d’autre part, par rapport aux Mémoires il se peut constater que l’impossibilité d’agir et d’avoir
une place effective dans le cours de l’histoire constitue l’une des questions centrales du récit.
D’autant plus que cette impossibilité du présent se joint à une disparition totale du passé, y
compris le tableau originel et complet de ses souvenirs familiaux avec toutes ses traces. Il ne
314
Génie du christianisme, op. cit., chapitre intitulé « Du vague des passions », p. 714-716.
315
Ibid., p. 716.
316
MOT, t. 2, p. 811.
reste qu’un présent stérile et un passé mort, et un historiographe devenu la mémoire vivante et
vertigineuse de ces deux univers disparates.
Dans la fracture de l’histoire : transformation et discontinuité métaphorique du sujet
autobiographique
Nous continuons à examiner cette voix réflexive qui chante dans d’autres passages du
texte. Outre sa tonalité mélancolique exprimant le rapport du moi autobiographique et du
monde (dans le mouvement double de solitude et d’intégration qu’on examinait tout à l’heure,
par exemple), cette voix nous renvoie à la question du changement qui fut déjà soulevée dans
ce travail.
317
Pour fermer notre travail nous avons choisi quelques passages illustratifs de cette
idée de mutation dans le texte l’on verra s’associer admirablement la notion du
changement à l’univers métaphorique du récit.
Pour Chateaubriand la transformation est à la fois la nécessité et le malheur de tout
homme. Instance en mouvement, l’individu autant que l’histoire pourra bien être caractérisé
par la discontinuité: « L’homme n’a pas une seule et même vie ; il en a plusieurs mises bout à
bout, et c’est sa misère. »
318
Puis il dira : « Ce fut cette vie étrange qui me perdit. J’avais la
simplicité de rester tel que le ciel m’avait fait, et parce qu je n’avais envie de rien, on crut que
je voulais tout. Aujourd’hui, je conçois très bien que ma vie à part était une grande faute. »
319
Le discours du mémorialiste aborde directement les écarts que la transformation
produit dans le sujet historicisé. C’est « cette vie étrange » qui conduit Chateaubriand à suivre
la rigueur de ces temps traînant toutes les choses avec eux, c’est l’impondérable de cette
existence changeant qui le tire dans le tourbillon des faits. Par contre, il conçoit une vie à part.
D’ailleurs, la neutralité d’une vie parallèle apparaît en effet comme hypothèse ou comme
désir dans quelques unes de ses réflexions (S’il ne s’était pas marié… ; s’il était mort au lieu
du camarade Riveul…), mais il n’y a pas de choix possible à côté de l’histoire. Il a bien voulu
garder la « simplicité » de rester tel que le ciel l’avait fait, c’est dire qu’il a bien essa de
conserver son ennui dans l’immutabilité de son caractère, parce que je n’avais envie de
rien, on crut que je voulais tout »). Autrement dit, il voulait croire à la consistance et à la
constance de son refus du monde, il voulait donc croire à son âme indépendante.
317
Cette question nous avons présenté dans notre chapitre sur le château de Combourg.
318
MOT, p. 220.
319
MOT, t. 2, 124.
En plus, il a beau insisté sur la vanité des choses, question qui appartient d’ailleurs au
vaste répertoire d’idées du mémorialiste.
320
Mais le monde lui-même imposait ses exigences
et règles et Chateaubriand devra expliquer ce goût envers les choses qui a l’air d’être une
offense aux autres : « Nous ne voulons pas qu’un homme méprise ce que nous adorons, et
qu’il se croie en droit d’insulter à la médiocrité de notre vie. »
Et il en résulte l’instabilité, le changement « nécessaire » dans un même homme
l’on peut repérer plusieurs vies mises bout à bout, sans qu’il soit même pas possible d’y saisir
une cohérence. Il faudra à l’écrivain procéder au ramassage, à l’identification et à la
reconstitution des fragments qu’on voit en exécution précisément sur le plan métaphorique.
Dans le livre quatrième, en guise de réflexion conclusive, on voit réapparaître la
sylphide, cette image chère au jeune Chateaubriand qui a déjà fait ici l’objet de nos analyses.
Cette figure imaginaire liée aux rêveries et aux voluptés se présente ici sous une forme
nouvelle. Elle prend maintenant le visage de la mort : « je revoyais mon enchanteresse ; mais
elle avait pris, sous les arches gothiques et parmi les tombeaux, quelque chose de la mort : elle
était pâle, elle me regardait avec des yeux tristes ; ce n’était plus que l’ombre ou les mânes du
rêve que j’avais aimé. »
321
Ce qui était une création de l’adolescent et qui se liait à ses délires amoureux à
Combourg va rejoindre, quelques années plus tard, le jeune homme affolé de ses illusions en
pleine solitude dans le vieux Paris. Le nouveau décor parisien remplaçant les bois de la
Bretagne et les temps passés forme la toile de fond du fantôme. Le lecteur se trouve dans un
va-et-vient cinématographique, entre les souvenirs de la province et la nouvelle ambiance
parisienne où le jeune Chateaubriand éprouvait un profond malaise sans pouvoir cacher
complètement son ennui. Replié sur soi-même et transformé par ses nouvelles expériences
familiales et sociales (la famille Malesherbes et la petite société intellectuelle de Paris ; la
présentation à Versailles), il s’éloigne peu à peu de son passé et de sa ville natale. Dans cette
transition, il revoit l’image de ses désirs interdits portant un nouveau masque. Et voiqu’un
redoublement métaphorique se produit : la figure devient l’ombre de son passé, « ce n’était
plus que l’ombre ou les mânes du rêve ». Cette fois-ci la sylphide retourne sans forces,
chétive, métamorphosée devant les arches gothiques et les tombeaux parisiens. La figure se
détériore et la sylphide déformée prend enfin la place d’une composante vitale de la
subjectivité du protagoniste d’autrefois.
320
Bernard SÈVE examine la question de la vanité du monde, thème d’essence théologique, en ses rapports à la
mélancolie chez Chateaubriand. « Chateaubriand, la vanité du monde et la mélancolie », Romantisme, 23,
1979, p.31-42.
321
MOT, p. 266.
Les images du passé peuvent en quelque sorte fixer brièvement une perception sur le
présent, en mettant les sylphides en rapport avec la mort et les arches gothiques en rapports
avec les bois de Combourg. Mais un élément est constant et participe toujours à cette
traversée : la solitude ; c’est pourquoi dans le même paragraphe peu avant d’évoquer le retour
de la sylphide prenant « quelque chose de la mort », le narrateur déclare que « si mes bois me
manquaient, les temps passés, au défaut des lieux lointains, m’avaient ouvert une autre
solitude. »
322
(je souligne)
Cette recomposition constitue en fait l’expression de la quête d’une continuité
artistique qui résoudrait la discontinuité réelle et fondamentale du destin du protagoniste dans
l’idée même périodiquement reprise de la contradiction et du devenir universels.
323
De cette
manière, les formes changeantes de sa vie peuvent finalement « entrer les unes dans les autres.
[...] se croisant et se confondant », son berceau a de sa tombe, sa tombe a de son
berceau, et le narrateur lui même étourdi pourra avouer son vertige devant cette espèce
d’unité indéfinissable sans savoir plus « en achevant de lire ces Mémoires, s’ils sont d’une
tête brune ou chenue. »
324
.
Enfin, la littérature autobiographique de Chateaubriand se fonde en grande partie sur
la reproduction d’une discontinuité et expose une élaboration particulière par ses figures
métamorphosées.
322
Ibid.
323
BERCHET, Les Mémoires d’outre-tombe: une ‘autobiographie symbolique’, ibid., p. 53.
324
MOT, p. 111.
CONCLUSION
Connaître le sujet autobiographique des Mémoires d’outre-tombe a été notre objectif
dans ce travail.
Comment articuler la dynamique des événements (la perspective historique) et
l’invention d’une subjectivité propre (la perspective intimiste) ? Quel est le moi des
Mémoires d’outre tombe et quel est l’aspect que prend l’histoire racontée par ce moi ?
Comment le narrateur-protagoniste préserve-t-il son intégrité de sujet dans une histoire
devenue à la fois problématique et incontournable ? « Peut-on échapper au temps ? Faut-il
épouser son temps, ou bien, au contraire, lui résister ? »
325
Dans notre parcours il a fallu faire face à ces interrogations qui touchent la
composition poétique afin de mieux préciser le sens de la voix autobiographique dans le récit.
L’idée selon laquelle le narrateur-protagoniste ne se pense pas en dehors du champ historique
ou politique se trouve à la base de notre vision sur la constitution de ce sujet dans les
Mémoires. Ici, la vision autobiographique ne se fait pas sans la dimension historique.
L’ensemble des livres a présenté une caractéristique spéciale, dans ce propos, étant
donné qu’il comprend le début de la trajectoire du protagoniste révélant au lecteur la
naissance – et l’invention – d’une subjectivité dans ses premiers contacts avec le monde
extérieur.
Mais, d’après nous, la perspective autobiographique des Mémoires n’est pas constituée
simplement par la description d’une dimension privée. Nous ne nous sommes pas consacrés à
décrire les différents espaces du récit qui thématisent tantôt l’espace individuel tantôt l’espace
social, car il ne s’agissait pas de dresser une cartographie des Mémoires pour y distinguer,
d’une part, ce qui appartient à l’ordre du monde familial ou intime du personnage, et, d’autre
part, ce qui correspond à l’histoire sociale et politique. Autrement dit, ce n’est pas sur une
hiérarchie ou une proportion de base thématique concernant la présence du personnel et du
social que s’est situé notre problématique. Nous avons voulu poser la question incontournable
de la place du narrateur-mémorialiste dans et à côté d’une histoire qu’il est censé représenter
ainsi que la signification de l’insertion de cette voix individuelle dans le collectif.
Si court que puisse nous paraître l’espace que Chateaubriand consacre aux épisodes de
la Révolution dans les Mémoires, les événements révolutionnaires avec toutes leurs
325
BERCHET, « Les Mémoires d’outre-tombe : ‘une autobiographie symbolique’ », op. cit., p. 45.
conséquences n’y ont pas représenté moins un événement fondateur pour l’écrivain : à partir
de le sujet autobiographique ne peut plus se voir comme un individu pleinement autonome
ou immuable. Le débat et les dégâts de la crise révolutionnaire sont partout dans le texte. La
rupture provoquée par la Révolution forme la voix narrative des Mémoires et c’est au long de
ce trajet que le narrateur-personnage va puiser une conscience particulière du devenir. C’est
pour traduire cette expérience originale de ce deuil identitaire qu’il va fabriquer une
composition également singulière dans laquelle une réflexion dense à caractère
autobiographique est mise en place. Une écriture du moi, d’un seul individu insérée dans les
méandres du récit d’une révolution qui suit furieusement son cours est, d’après nous, l’une
des questions essentielles posées par le protagoniste : « Que le passé d’un homme est étroit et
court, à côté du vaste présent des peuples et de leur avenir immense ! »
326
Mais on sait que dans cette épopée moderne l’action politique devient pour
Chateaubriand de plus en plus improbable. La forme épique est en l’occurrence écartée, car
enfin la poésie épique ne s’accorde plus avec ces décors sociaux qui s’écroulent. Et face aux
nouveautés de cette histoire la poésie épique « ne peut rien faire des sociétés qui agonisent
dans la médiocrité ».
327
La posture énonciative du narrateur-personnage dans toute sa complexité devient ainsi
un enjeu dans l’écriture. J. M. Roulin à cet égard nous en propose une interprétation. Ici, le
narrateur, héritant des aspirations à la gloire dans un monde dont les accès sont fermés doit
recourir à un travail poétique pour pouvoir réaliser cette ambition. Mais calquer l’écriture
autobiographique sur l’histoire s’are une entreprise ardue pour le poète épique devenu
mémorialiste, d’autant plus que la gloire devra, dans ce cas, couronner non une figure de
l’Histoire, mais celle même de « l’écrivain sacré héros. »
328
À défaut d’une histoire d’allure
épique, dans la direction de la gloire héroïque, d’épée, Chateaubriand va ériger alors un
nouveau genre d’œuvre remplaçant la construction autobiographique ciselée au trophée de
l’héroïsme efficace. Acte que Roulin considère comme la « difficile épopée de l’homme de
326
MOT, p. 178.
327
Manuel de Diéguez dans un livre intitulé Chateaubriand ou le poète face à l’histoire voit dans la formulation
du refus du meurtre un élément qui conduit les réactions ultérieures de l’écrivain, mais il y aurait chez
Chateaubriand un conflit essentiel entre ce refus criminel et le besoin de la grandeur historique et cosmique
propre à l’épopée qui se construit en réalité sur l’acceptation du meurtre. Rappelons que Chateaubriand dans un
article lèbre paru dans le Mercure de France en 1807 et qui lui valut la disgrâce impériale affirme que « les
actions magnanimes sont celles dont le résultat prévu est le malheur et la mort. » Cité par André Wartelle,
« Chateaubriand et le rôle de l’historien », Société Chateaubriand, Bulletin n°41, 1998.
328
Paul Bénichou va parler du « sacre de l’écrivain » dans son livre intitulé Romantismes français I Le Sacre
de l’écrivain, le temps des prophètes, Paris, Gallimard, 2004.
lettres ».
329
Et c’est dans cet héroïsme virtuel que la conscience réflexive, toujours présente,
va dévoiler sous l’éclat héroïque « le vêtement d’Arlequin »
330
, et que le geste narratif va
reproduire les effets d’un miroir qui renvoie la vanité pour reflet à la gloire et à l’éphémère
comme écho à l’éternité.
Mais si les aventures de l’histoire moderne ne sont plus compatibles avec l’idéologie
des vertus aristocratiques et de l’héroïsme, elles ne vont pourtant pas empêcher le mouvement
autobiographique. Au contraire : quoique celui-ci constitue parfois une zone trouble du récit,
la relation entre le moi et le temps historique, (temps qui le mémorialiste témoigne et dans
lequel il se situe, ce vrai lieu de mémoires) devient en effet le matériau d’une écriture
personnelle.
Mais cette voix autobiographique des Mémoires, on l’a bien vu dans les observations
de J. Lecarme, n’est pas limpide, ni ne constitue ce qu’on tient en général pour une
autobiographie conventionnelle. Ainsi, dans notre perspective, sans prendre les moires
pour un texte pleinement autobiographique, nous avons suivi la construction du moi en ce
qu’il a de particulier. Et c’est dans ce sens qu’on a exploré le contour de la voix narrative et
que nous avons constaté que le moi comprend quelques éléments fondateurs d’une
subjectivité autobiographique ainsi qu’un mouvement réflexif qui vient avec. Nous avons
saisi fondamentalement deux aspects de ce moi : les caractéristiques d’une subjectivité du
personnage et sa couche réflexive, celle-ci concentrant les paradoxes du narrateur-
protagoniste en différents niveaux.
Une des fonctions de la voix narrative est de promouvoir les nuances de la subjectivité
et la vision du monde du protagoniste. Prenant souvent la forme de l’ironie, de la perplexité
ou de la mélancolie elle jouera plus d’un rôle dans le texte. Tantôt elle prétend mettre en
cause les circonstances insaisissables de l’histoire des hommes, tantôt elle essaie de formuler
des réponses pour l« avenir du monde »
331
ou des interprétations sur les sociétés nouvelles
en train de se former, tantôt elle narre le travail des ruines dans le récit. Ce moi narratif va se
définir selon un univers significatif d’images véhiculant tantôt une scission, tantôt une
étrangeté. Mais remarquons que là, dans ce rapport étroit entre le moi et l’histoire, tout n’est
pas assujettissement à la tradition aristocratique ou au monde nouveau révolutionné : le moi
cherche malgré tout à préserver une intériorité propre, à l’intérieur même du tourbillon de
l’histoire.
329
ROULIN J.M., « La difficile épopée de l’homme de Lettres - la vie d’Alfieri et les Mémoires d’outre-
tombe », Europe, n°775-776, nov.-déc. 1993, p. 93-107.
330
Ibid., p. 105.
331
« L’avenir » est le titre du chapitre 14 du livre quarante-deuxième des Mémoires.
Comment cette subjectivité autobiographique se présente-t-elle? Vidée et remplie à la
fois de tout contenu préétabli, du poids de toute définition reçue, de toute charge marquée ou
déterminée uniquement par la tradition, par l’idée clef de changement permanent qui porte le
récit, le personnage se trouvera en état de prendre en charge son histoire d’un mode critique,
et, plus que cela, il deviendra lui-même la conscience vivante de l’histoire en représentant
dans sa personne, représentée dans ses mémoires, les principes, les idées, les événements, les
catastrophes, enfin le mouvement complexe de son temps.
D’autre part, nous l’avons déjà mentionné, une sphère réflexive de cette voix narrative
concentre l’analyse des expériences du protagoniste, tout en transformant parfois le
mouvement réflexif en une sorte de rêverie transformée en littérature. Et là, les contradictions
qui meuvent le processus narratif sont encore plus visibles, car ces réflexions deviennent une
forme d’expression que choisit un homme détaché de l’histoire, homme solitaire en
transformation difficile et nécessaire: « Abandonnons-les, ces souvenirs ; les souvenirs
vieillissent et s’effacent comme les espérances. Ma vie va changer, elle va couler sous
d’autres cieux, dans d’autres vallées ».
332
Aussi, dans cette perspective d’une conscience réflexive on peut évaluer toute la
distance du narrateur par rapport à la grandeur épique ; plus la posture se fait contemplative,
plus l’œuvre parle sans pathétique ni fureur, « comme si le poète, sorte de rédempteur discret,
prenait à sa charge toute horreur du monde pour une manière de rachat ? »
333
Enfin, le déploiement du moi se fait sans se retenir, ce qui peut paraître inévitable dans
l’orientation naturellement rétrospective du mouvement autobiographique en principe tout
devient parole dans l’optique d’un auteur-narrateur-personnage. Chez Chateaubriand,
cependant, la voix individuelle possède un contenu saisissant et, de la même façon que chez
Rousseau d’ailleurs, une interrogation existentielle qui jalonne le texte. On retrouve
disséminée la question « qui suis-je? », ou encore : « […] ai-je une patrie ? Dans cette patrie
ai-je jamais goûté un moment de repos ? », « Dois-je continuer ces Mémoires ? »
334
Voilà que le lecteur retrouve sous différentes formes cette quête identitaire dont le
prolongement est l’interrogation sur son propre lieu : lieu individuel, lieu historique. Ces
questions qui circonscrivent les inquiétudes du narrateur, ce moi qui pose des questions sur
soi se retrouvent dans les séquences les plus inattendues du texte. Le personnage-témoin erre,
traverse les pays et les coins du monde, et porte une voix réflexive qui s’exprime dans tous les
332
MOT, p. 381.
333
DIEGUEZ, op.cit. p. 49.
334
MOT, t. 2, p. 938, 939.
lieux. À cet égard, on pourra alors dire que le souci de révéler son intérieur est indissociable
du besoin de vérifier le lieu de sa propre énonciation.
335
La définition de cette perspective énonciative apparaît déjà dès les premiers livres
une dualité se manifeste à partir des relations difficiles entre les deux pôles temporels, le
passé et le présent, et d’une tension importante entre ces univers qui s’opposent. L’esprit du
narrateur ne coïncide jamais ni avec le présent ni avec le passé de ses aïeux, situation de
laquelle va ressortir le dilemme de l’autobiographie dans l’histoire. Et l’écrivain pousse à la
limite cette situation de conflit. La conséquence esthétique significative en est le
renouvellement permanent de la voix narrative soutenant le narré. Sur le plan textuel ce lien
entre les limites du réel et la force créatrice du récit se voit dans les formes compositionnelles
que nous avons analysées.
Bref, nous synthétisons ainsi le point de vue qui a organisé notre étude : le narrateur-
protagoniste en rapport permanent à l’histoire établit une subjectivité autobiographique qui
conserve une autonomie relative par rapport à l’histoire. Et cela se réalise essentiellement par
la fondation d’un sujet qui garde une indépendance et qui veut prendre ses distances par
rapport à son histoire. Mais ce mouvement ne se réalise curieusement pas sans que le
narrateur ait d’abord assumé de la forme la plus radicale les effets de cette même histoire sur
soi.
Sur ce point, il faut dire que notre analyse rejoint une des conclusions de Jean Claude
Berchet pour qui le récit des Mémoires forme une « synthèse organique » il reconnaît un
fonctionnement dialectique des parts avec la totalité (entre individu et société, nature et
histoire, action et rêve, par exemple). Et cette relation dialectique du fragment avec la
totalité qui consisterait à reconstituer des « ensembles avec des parties » caractériserait la
démarche intellectuelle de ce qu’on pourrait appeler la crise des Lumières. Chateaubriand
aurait su alors « créer dans cette ‘autobiographie symbolique’ une unité formelle assez
productive pour exprimer la variété du réel. »
336
Quelle serait encore la réflexion possible concernant le rapport entre l’écriture des
Mémoires et le geste politique ? Serait-il possible de renouer ce dernier acte littéraire de
l’écrivain aux besoins d’une intervention de l’homme politique ? La fibre héroïsante se
trouverait-elle dans le travail du mémorialiste là l’on entrevoit les valeurs de l’engagement
335
BERCHET, op. cit., p. 48.
336
BERCHET, MOT, p. LXIII.
et du sacrifice de soi ? Cette fibre sera-elle responsable en partie de cette admiration du
narrateur-protagoniste pour l’exaltation subjective ?
337
Ce qui nous semble sûr, c’est qu’à côté de cette voix qui « chante » il y a une voix
forte qui parle. Le renoncement à la gloire ancienne, on l’a dit, ne signifie pas nécessairement
le renoncement complet à toute forme d’action et dans le cas des Mémoires celle-ci est au
moins mise en œuvre par la voix littéraire d’un moi puissant bien que divisé. Il nous semble
que ce moi ne se rend pas au nihilisme ni renonce entièrement à l’action, en ce sens que le
discours autobiographique, en tant qu’acte autobiographique, peut créer un langage propre
d’intervention sociale.
337
John JACKSON parle de ces valeurs aristocratiques, de cette « fibre héroïsante » afin de développer une
analyse qui va dans un autre sens. Mémoire et subjectivité romantiques (Rousseau, Hölderlin, Chateaubriand,
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