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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
TATIANE AKEMI JÓ
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE NANOESTRUTURAS A PARTIR DE
XILOGLUCANAS
CURITIBA
FEVEREIRO, 2009
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TATIANE AKEMI JÓ
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE NANOESTRUTURAS A PARTIR DE
XILOGLUCANAS
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Ciências - Bioquímica,
Departamento de Bioquímica e Biologia
Molecular, Setor de Ciências Biológicas,
Universidade Federal do Paraná, como parte das
exigências para obtenção do título de Mestre em
Ciências.
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Maria Rita Sierakowski
Co-orientador: Prof. Dr. Rilton Alves de Freitas
CURITIBA
FEVEREIRO, 2009
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Aos meus pais, Francisco e Marina, por sua
imensa dedicação e apoio incondicionais, e
minhas irmãs, Mayra e Juliana.
AGRADECIMENTOS
Agradeço profundamente aos meus pais, Francisco e Marina, por todos os
ensinamentos de vida, paciência e dedicação em todos os momentos. E às minhas
irmãs, Mayra e Juliana, por compartilharem muitos momentos juntas.
Aos meus tios, Jugo e Tereza, e primos, Mariana e Eduardo, por terem me
acolhido em Curitiba e adotado como filha e irmã.
Meu agradecimento mais que especial ao meu querido Diogo, por toda sua
ajuda e compreensão; antes, durante e depois deste trabalho, dentro e fora do
laboratório, seja de perto ou de longe quando esteve do outro lado do oceano. Muito
obrigada por tudo!
À minha querida orientadora, Prof.ª Dr
a
. Maria Rita Sierakowski, pessoa
admirável. Agradeço pela confiança, oportunidade e dedicação em me orientar
desde a iniciação científica e pelo incentivo e estímulos científicos; e também pelo
carinho que tem por toda a Família Biopol.
À Prof.ª Dr
a
. Denise F. S. Petri, pela enorme colaboração, a qual contribuiu
para a definição do desenvolvimento deste trabalho, e ainda, por sua compreensão
e extrema dedicação ao atender as minhas dúvidas e sempre que precisei. E pelos
agradáveis dias em seu laboratório na USP. Obrigada pelas conversas e cafés.
Agradeço também aos seus alunos pela receptividade.
À Prof.ª Dr
a
. Leila M. Beltramini por sua colaboração e orientação nos
experimentos de dicroísmo, e também pelo seu esforço em me auxiliar durante as
estadas em São Carlos. E também às técnicas do laboratório, Andressa e Bel.
Ao Prof. Dr. Rilton Alves de Freitas pelos seus ensinamentos e por me
conceder a oportunidade de iniciar no Biopol; e também pelas análises de
citotoxicidade. Agradeço também à Ana Paula, técnica do laboratório, da Univali.
Às ProfDr
a
. Maria Eugênia D. Noseda, Nadia Krieger, Agnes de P. Scheer e
Neoli Lucyszyn, por aceitarem o convite para a banca de mestrado e avaliarem o
meu trabalho contribuindo para melhorá-lo.
Aos inesquecíveis momentos científicos e de descontração com a Família
Biopol, a todos pela amizade, companhia e ajuda sempre que precisei. À Karolzinha
pelas grandes ajudas no reômetro, assim como a Íris que também ajudou nas
fluorescências e sempre me fazia rir. Ao Leandro que virou expert no tensiômetro, e
também me ajudou em muitos experimentos, e ainda por seu capricho no café. Ao
Clayton, sempre prestativo, por nossas discussões experimentais e ajuda na análise
dos (muitos) resultados. À Cris, pelas conversas e ajudas na bancada. À Milena que
nos deixou no Biopol, mas com certeza também fez parte de muitos acontecimentos
no laboratório. À Paulinha que entrou para o Biopol, pelos bons momentos no
laboratório e papos na hora do cafezinho. À Adriana (Lubambo), por trazer ao
laboratório sua alegria e animação, e ainda por compartilhar seus conhecimentos em
AFM.
À Fran pelas conversas, ajuda e companhia; e pela mãozinha e contribuição
valiosa quando estivemos na USP; e também à sua família, principalmente sua mãe,
Rosane, por abrirem sua casa quando fomos a Itajaí realizar parte dos
experimentos.
Meu agradecimento especial à Neoli, uma pessoa maravilhosa, exemplo de
pesquisadora e recentemente também como professora, alguém que com o passar
do tempo se tornou uma grande amiga. Obrigada pelas conversas, discussões
científicas e outras nem tanto, sugestões e por compartilhar sua experiência.
I would like to thank Dr. Prasad (Vadakkethonippurathu Sivankutty Nair
Prasad), from India, for the good and funny moments spent together at the lab. Also
for his effort on looking for TKP sample and sending it to our studies.
Às colegas que estiveram agitando o laboratório: Fran, Carlinha, Rosangela,
Manu e Prof.ª Dr
a
. Lucy Ono, pelos agradáveis momentos no Biopol.
Aos meus colegas da turma de mestrado pelos momentos de estudo, mas
também de descontração: Anelis, Arnaldo, Arquimedes, Carol, Dirce, Gustavo,
Juliana, Larry, Leandro, Michelle, Paulo, Ricardo, Tuca e Vivian.
Aos colegas e amigos da Bioquímica e da Química.
À Coordenação e ao Colegiado do curso de Pós-graduação em Bioquímica, e
à secretária, Marilza Doroti Lamour.
Ao Depto de Bioquímica e também ao Depto de Química da UFPR, e seus
professores, pela possibilidade de usufruir de seus equipamentos e estrutura.
Ao Depto de Física da UFPR, em especial ao Prof. Paulo César de Camargo
pelo acesso ao AFM, assim como aos demais professores do departamento.
À Central Analítica da USP pelas análises elementares.
Ao CME - Centro de Microscopia Eletrônica da UFPR.
Aos funcionários das Bibliotecas de Ciências Biológicas e Ciências Exatas e
Tecnologia.
Às grandes amizades de São Paulo e Curitiba que cultivo até hoje.
Ao CNPq, pela bolsa DTI e suporte financeiro através da REDE
NANOGLICOBIOTEC, os quais permitiram a aquisição dos equipamentos e o
desenvolvimento desse trabalho no BIOPOL; à CAPES e à Fundação Araucária pelo
apoio financeiro.
E, de modo geral, a todos que de maneira direta ou indireta me auxiliaram na
execução desta dissertação, meu sincero muito obrigada!
“Para nos tornarmos pessoas de mérito e de
valor, o que há de mais certo em nós é
confiarmos em nós mesmos."
(Michelangelo Buonarroti)
"Quero, um dia, dizer às pessoas que nada foi
em vão... Que o amor existe, que vale a pena
se doar às amizades e às pessoas, que a vida
é bela sim e que eu sempre dei o melhor de
mim... e que valeu a pena."
(Mário Quintana)
RESUMO
Xiloglucanas (XG) extraídas de sementes de Tamarindus indica (XGT) e Copaifera
langsdorffii (XGC) foram estudadas comparativamente a uma XG comercial de
sementes de tamarindo (TKP), com o objetivo de desenvolver materiais
nanoestruturados para a liberação prolongada de droga e a formação de filmes
finos. Análises de úcar total quantificaram 89,5, 90,5 e 84,6% para XGC, XGT e
TKP, respectivamente. As XG extraídas apresentaram menor teor de proteínas, de
0,12 (XGC) e 0,53% (XGT), do que a TKP (1,25%). A razão molar identificada entre
as unidades de Glc: Xyl: Gal foi de 2,4:2,1:1 (XGC); 2,8: 2,3: 1 (XGT) e 2,4: 2,3: 1
(TKP), que foi similar às análises de RMN
13
C e
1
H. Apenas o teor de açúcar,
proteínas e a composição monossacarídica foram realizadas para TKP. A análise
por GC-MS da XGT e XGC parcialmente metiladas mostrou características similares,
mas a XGC tem mais ramificações devido à presença de mais terminações β-
D
-Gal.
Derivados oxidados de XG foram produzidos pelo reagente TEMPO (2,2,6,6-
tetrametilpiperidina-1-oxil). A partir da oxidação completa (100%) foi possível obter
derivados parcialmente oxidados de 30 e 60% (Tod30 e Tod60, para XGT e Cod30 e
Cod60, para XGC), os quais foram confirmados por colorimetria, cromatografia em
camada delgada e RMN
13
C. Os polissacarídeos modificados Cod100 e Tod30 (~γ
71,3 e 69,7 mN/m, respectivamente) foram capazes de diminuir a tensão superficial
da água (γ= 72,7 mN/m) e, também, após a oxidação alteraram a conformação da
cadeia polissacarídica para Tod60, como visto por dicroísmo circular. As amostras
nativas foram estudadas por meio de cromatografia de permeação em gel (GPC), e
apenas XGT e TKP apresentaram homogeneidade e comportamento monodisperso,
com valores de M
w
calculados como 6,53x10
5
e 8,03x10
5
, respectivamente. Análises
reológicas demonstraram que a XGT apresentou maior viscosidade intrínseca em
solução tampão fosfato (PBS) (609,4 mL/g) que a TKP (359,8 mL/g); e os valores
das constantes de Huggins sugeriram que o PBS foi um bom solvente.
Concentrações críticas por reologia e por GPC ficaram entre 1,2 - 1,4 g/L, porém
foram muito superiores às observadas por espectroscopia de fluorescência,
utilizando pireno como marcador fluorescente. A última levou à concentração de
agregação crítica (cac), como segue: XGT< Cod60< XGC< TKP< Tod60. Os
derivados 60% oxidados apresentaram melhor desempenho que os outros indicando
que polímeros carregados podem apresentar comportamentos diversos.
Conhecendo a cac e as características do marcador foi possível utilizar as XG como
materiais de revestimento e protetores de drogas. Na cac as amostras foram
visualizadas por AFM como agregados esféricos de, aproximadamente, 14 nm. A
observação de nanoagreagados levou à investigação da formação de filmes finos
dos polissacarídeos por meio da elipsometria e AFM. As amostras nativas foram
depositadas sobre wafers de Si e as oxidadas sobre wafers de Si amino-
funcionalizados sobre os quais foram imobilizadas a albumina bovina, a
concanavalina A e/ou as partículas de vírus da dengue. As adsorções forneceram
informações importantes sobre interações na interface carboidrato-proteínas, e
indicam as XG como potenciais polímeros para o desenvolvimento de biomateriais,
design de biosensores e dispositivos biotecnológicos, como por exemplo, kits para
diagnóstico rápido.
Palavras-chave: Xiloglucana. Tamarindus indica. Copaifera langsdorffii. Liberação in
vitro. Filmes finos. Vírus da dengue.
ABSTRACT
Xyloglucans (XG) extracted from Tamarindus indica (XGT) and Copaifera langsdorffii
(XGC) seeds were studied comparatively to a commercially available XG from
tamarind seed (TKP) with the aim to develop nanostructured materials to longer drug
release and thin films formation. Total sugar analysis amounted 89.5; 90.5 and
84.6% to XGC, XGT and TKP, respectively. The extracted ones showed lower
protein content, 0.12 (XGC) and 0.53% (XGT) than TKP (1.25%). They presented
Glc:Xyl:Gal molar ratios of 2.4:2.1:1 (XGC); 2.8: 2.3: 1 (XGT) and 2.4: 2.3: 1 (TKP),
in accordance with
13
C and
1
H –NMR data. Only sugar and protein contents and
monosaccharide composition were performed to TKP. The GC-MS analysis of the
partially methylated XGT and XGC showed similar features, but XGC has more
branches due to more β-
D
-Gal ends. Oxidized XG derivatives were produced by the
reactant TEMPO (2,2,6,6-tetramethylpiperidine-1-oxyl). From the complete oxidation
(100%) it was possible to have the partially oxidized derivatives of 30 and 60%
(Tod30 and Tod60, for XGT and Cod30 and Cod 60, for XGC), which were confirmed
by colorimetric assay, thin layer chromatography and
13
C–NMR. The modified
polysaccharides Cod100 and Tod30 (~γ 71.3 and 69.7 mN/m, respectively) were able
to reduce the surface tension of water (γ=72.7 mN/m), and, also, to Tod changed the
polysaccharide chain conformation, as seen by circular dichroism. The native
samples were studied by means of gel permeation chromatography (GPC), only XGT
and TKP presented homogeneity and monodispersed behavior, with M
w
values
calculated as 6.53x10
5
and 8.03x10
5
, respectively. Rheological analysis
demonstrated that XGT presented higher intrinsic viscosity in phosphate buffer
solution (PBS) (609.4 mL/g) than TKP (359.8 mL/g), and the Huggins constant
values suggested that PBS was a good solvent. Rheological critical concentrations
and that determined by GPC were between 1.2-1.4 g/L, although were much higher
than those observed by fluorescence spectroscopy, using pyrene as fluorescent
probe. The last led to critical aggregation concentration (cac) as follow: XGT<
Cod60< XGC< TKP< Tod60. The 60% oxidized derivatives performed better than the
others denoting that charged polymers can present unlike behaviors. Knowing the
cac and the probe features it was possible to use this model applying the XG as
coating materials and drug protectors. At the cac the samples were visualized by
AFM, as spherical aggregates of about 14 nm. The nanoagregates observation led to
the investigation of thin films of polysaccharides by means of ellipsometry and AFM.
The native samples were deposited onto Si wafers and oxidized ones onto amino-
terminated Si wafers and onto them bovine serum albumin, concanavalin A and/or
dengue virus particles were immobilized. The adsorptions provided us valuable
informations about interaction on the carbohydrate-protein interface and indicated XG
as potential polymers for the development of biomaterials, biosensors design and
biotechnological devices, for example, diagnosis quick test kits.
Keywords: Xyloglucan. Tamarindus indica. Copaifera langsdorffii. In vitro release.
Thin films. Dengue Virus.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO OCTASSACARÍDEO
DE XILOGLUCANA........................................................................ 27
FIGURA 2 - Tamarindus indica: PARTES DA PLANTA (A), ÁRVORE E
TRONCO (B), FLORES (C) E VAGENS (D).... ............................. 28
FIGURA 3 - Copaifera langsdorffii: ARBUSTO (A), FLORES E FOLHAS (B),
MADEIRA E TRONCO (C E D), SEMENTES (E) E VAGENS (F) 28
FIGURA 4 - PERFIS PLASMÁTICOS EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE
ADMINISTRAÇÃO..........................................................................
32
FIGURA 5 - Camptotheca acuminata: ARBUSTO (A), FLORES E FOLHAS
(B) E SEMENTES (C).....................................................................
39
FIGURA 6 - ESTRUTURA QUÍMICA DA CAMPTOTECINA (CPT) EM SUAS
DUAS FORMAS DEPENDENTES DO pH, UMA FORMA
LACTÔNICA ATIVA EM pH ABAIXO DE 5 E UMA
CARBOXILADA INATIVA EM pH ALCALINO................................ 40
FIGURA 7 - ESTRUTURA DE ALGUNS DERIVADOS COMERCIALMENTE
DISPONÍVEIS OU AINDA EM FASE DE TESTES CLÍNICOS.
SÃO MOSTRADOS TAMBÉM A ESTRUTURA DA CPT
INDICANDO O SEU ESTEREOCENTRO 20-(S) E O
EQUILÍBRIO DINÂMICO ENTRE A FORMA LACTÔNICA E
CARBOXILÍCA............................................................................... 42
FIGURA 8 - EQULÍBRIO ENTRE O DNA E O COMPLEXO BINÁRIO DNA-
TOPOISOMERASE I (TOPO I); E ENTRE O COMPLEXO
BINÁRIO ENZIMA-DNA E O COMPLEXO TERNÁRIO
FORMADO COM A CAMPTOTECINA (CPT)................................ 43
FIGURA 9 - TOPOISOMERASE TIPO I “CORTA” UMA FITA DO DNA E A
TIPO II, A FITA DUPLA. A REAÇÃO CATALISADA POR AMBAS
ENVOLVE A QUEBRA TRANSITÓRIA DO DNA. DURANTE
ESTA REAÇÃO, A ENZIMA LIGA-SE COVALENTEMENTE AO
LOCAL DA QUEBRA POR LIGAÇÃO VIA FOSFOTIROSINA.......
43
FIGURA 10 - MODELO DE ELIPSÔMETRO MOSTRANDO O ESTADO DA
LUZ POLARIZADA SENDO REFLETIDA E DETECTADA PELO
DETECTOR.................................................................................... 47
FIGURA 11 - ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UM MICROSCÓPIO DE
FORÇA ATÔMICA E SEUS COMPONETES................................. 49
FIGURA 12 - RELAÇÃO DE FORÇAS QUE ATUAM ENTRE A AGULHA E
AMOSTRA, DE ACORDO COM AS DISTÂNCIAS QUE AS
SEPARAM...................................................................................... 50
FIGURA 13 - IMAGEM DE FITAS DE DNA QUE SERVEM DE REFERÊNCIA
PARA IMAGENS DE MOLÉCULAS BIOLÓGICAS. O
DIÂMETRO DO DNA É DE 2 nm. ESTA AMOSTRA É USADA
PARA CONFERIR O FUNCIONAMENTO ADEQUADO DO
EQUIPAMENTO E ESTABELACER A EFICIENCIA DA ANÁLISE
DE IMAGENS DE JANELAS DE ATÉ 1,2 x 1,2 µm
2
......................
52
FIGURA 14 - IMAGEM POR MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA DO
SISAL NÃO-TRATADO (ESQUERDA) E TRATADO ATRAVÉS
DE BENZILAÇÃO (DIREITA)......................................................... 54
FIGURA 15 - FILME LÍQUIDO ESTICADO EM UM ARAME, SOB ESTADO DE
TENSÃO......................................................................................... 55
FIGURA 16 - REPRESENTAÇÃO DA GOTA COM OS EIXOS DE
COORDENADAS............................................................................
57
FIGURA 17 - TENSÕES SUPERFICIAIS E DO ÂNGULO DE CONTATO
ENTRE UMA GOTA E UMA SUPERFÍCIE
SÓLIDA............................................ 58
FIGURA 18 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA DETECÇÃO POR
DICROISMO CIRCULAR DA GLUCOSE, UM AÇÚCAR
SIMPLES........................................................................................ 59
FIGURA 19 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA POLARIZAÇÃO DA
LUZ. (A) LUZ PLANO POLARIZADA; (B) LUZ
CIRCULARMENTE POLARIZADA E (C) LUZ ELIPTICAMENTE
POLARIZADA................................................................................. 59
FIGURA 20 -
(A) ESPECTRO DE DICROÍSMO DE ESTRUTURAS α-HÉLICE
(VERMELHO), FOLHA β (AZUL) E HÉLICE TIPO POLIPROLINA
(AMARELO). (B) ESPECTRO DE DICROÍSMO DE
CARRAGENANAS (3 g/L, EM KCl 0,01 M, pH 7): λ- (LINHA
PONTILHADA) QUE TEM CONFORMAÇÃO AO ACASO E ι-
(LINHA CONTÍNUA) QUE TEM ESTRUTURA HELICOIDAL, À
TEMPERATURA AMBIENTE........................................................ 60
FIGURA 21 -
ESTRUTURA SECUNDÁRIA DE PROTEÍNAS: TODA EM α-
HÉLICE, TODA EM FOLHAS β, ESTRUTURAS DO TIPO α E
α + β.......................................................................................................... 61
FIGURA 22 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA ESTRUTURA DE DOIS
POLISSACARÍDEOS DE DIFERENTES CONFORMAÇÕES. (A)
ESTRUTURA DA AMILOSE EM SUA CONFORMAÇÃO MAIS
ESTÁVEL TEM SUA CADEIA CURVADA DEVIDO ÀS
LIGAÇÕES DO TIPO α-(1→4) QUE INDUZEM SUA
ESTRUTURA HELICOIDAL FORTEMENTE ENOVELADA, AO
INVÉS DE LINEAR COMO DA CELULOSE MOSTRADA EM (B)
COM UNIDADES DE GLUCOSE LIGADAS β-(1→4) QUE
ORDENAM AS CADEIAS EM DOIS SEGMENTOS PARALELOS 61
FIGURA 23 -
ESPECTRO DE RMN
1
H E INTEGRAÇÃO DA REGIÃO
ANOMÉRICA DE XGC (A) E XGT (B) EM D
2
O, A 70ºC: (a) α-
Xylp SUBSTITUÍDA, (b) α-Xylp O SUBSTITUÍDA EM
TERMINAIS NÃO REDUTORES (c) SOBREPOSIÇÃO DE
TERMINAIS NÃO REDUTORES DE β-Galp E β-Glcp DA
CADEIA PRINCIPAL. DESLOCAMENTOS QUÍMICOS
EXPRESSOS EM ppm…….....................................................….. 89
FIGURA 24 -
ESPECTRO DE RMN (A):
13
C E (B):
1
H E INTEGRAÇÃO DA
REGIÃO ANOMÉRICA DA XILOGLUCANA COMERCIAL TKP,
EM D
2
O, A 70ºC. DESLOCAMENTOS QUÍMICOS
EXPRESSOS EM ppm.................................................................
90
FIGURA 25 -
ESPECTROS DE INFRAVERMELHO DURANTE
ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO DE METILAÇÃO DA
XGC. AMOSTRA NATIVA (A) E METILADA (B)…………………..
91
FIGURA 26 -
ESPECTROS DE INFRAVERMELHO DURANTE
ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO DE METILAÇÃO DE
XGT. AMOSTRA NATIVA (A) E METILADA (B)………………….. 91
FIGURA 27 -
ESQUEMA DA REAÇÃO DE OXIDAÇÃO COM O REATIVO
TEMPO SOBRE AS UNIDADES MONOSSACARÍDICAS DA
XILOGLUCANA DESTACADAS PELAS SETAS E CAIXAS EM
CINZA............................................................................................
93
FIGURA 28 -
FORMAS ESTRUTURAIS DO TEMPO (2,2,6,6-
TETRAMETILPIPERIDINA-1-OXIL): FORMA RADICALAR (1),
ÍON NITROSÔNIO (2) E FORMA REDUZIDA PARA UMA
HIDROXILAMINA (3).................................................................... 94
FIGURA 29 -
ETAPAS DA OXIDAÇÃO DE ÁLCOOL PRIMÁRIO COM
TEMPO, HIPOBROMITO E HIPOCLORITO DE SÓDIO.............. 94
FIGURA 30 -
VOLUME DA SOLUÇÃO (mL) DE NaOH (0,102 mol/L) EM
FUNÇÃO DO TEMPO DURANTE O PROCESSO DE
OXIDAÇÃO DE XGC (A) E XGT (B)............................................. 95
FIGURA 31 -
PERFIL DE ELUIÇÃO EM CROMATOGRAFIA EM CAMADA
DELGADA DAS AMOSTRAS PARCIALMENTE OXIDADAS
(60%) DE XG DE TAMARINDO (LINHA 3, TOD60) E
COPAIFERA (LINHA 4, COD60). PADRÕES NEUTROS (LINHA
1) E ÁCIDOS (LINHA 2) PARA
COMPARAÇÃO……...............................................……………….
96
FIGURA 32 -
ESPECTRO DE RMN
13
C DE XGC (C) E XGT (T) EM H
2
O:
D
2
O, A 70ºC. DESLOCAMENTOS QUÍMICOS EXPRESSOS
EM ppm......................................................................................... 97
FIGURA 33 ESPECTRO DE RMN
13
C DE XILOGLUCANAS OXIDADAS DE
SEMENTES DE C. langsdorffii, EM H
2
O: D
2
O, A 70ºC: (a)
OXIDAÇÃO DE 30%, COD30; (b) 60%, COD60; (c) 100%,
COD100. DESLOCAMENTOS QUÍMICOS EXPRESSOS EM
ppm…………………………………………………………………….
99
FIGURA 34 - ESPECTRO DE RMN
13
C DE XILOGLUCANAS OXIDADAS DE
SEMENTES DE T. indica, EM H
2
O: D
2
O, A 70ºC: (a)
OXIDAÇÃO DE 30%, TOD30; (b) 60%, TOD60 (c) 100%,
TOD100. DESLOCAMENTOS QUÍMICOS EXPRESSOS EM
ppm…………………………………………………………………….
100
FIGURA 35 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA DETERMINAÇÃO DA
VISCOSIDADE INTRÍNSECA [η], EM mL/g, PARA A XGT () E
TKP (▲), A 25ºC. AS AMOSTRAS FORAM SOLUBILIZADAS
EM SOLUÇÃO TAMPÃO FOSFATO (28 mM) CONTENDO
NaCl (123 mM), EM pH 7,4.......................................................... 102
FIGURA 36 - PERFIL CROMATOGRÁFICO DA XILOGLUCANA DE
SEMENTES DE C. langsdorffii (A), T. indica (B) e TKP (C) POR
DETECTORES DE ESPALHAMENTO DE LUZ A 90º (VERDE,
RALLS) E A (PRETO, LALLS), E ÍNDICE DE REFRAÇÃO
(VERMELHO), EM mV, EM FUNÇÃO DO VOLUME DE
RETENÇÃO, EM mL.................................................................... 104
FIGURA 37 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA DISTÂNCIA PONTA
A PONTA E RAIO DE GIRAÇÃO................................................. 106
FIGURA 38 - ESPECTRO DE EMISSÃO DE FLUORESCÊNCIA DO PIRENO
EM SOLUÇÃO TAMPÃO FOSFATO (28 mM) CONTENDO 123
mM DE NaCl, pH 7,4.................................................................... 107
FIGURA 39 - GRÁFICO DA RELAÇÃO ENTRE OS PICOS III/I DE EMISSÃO
DE FLUORESCÊNCIA EM FUNÇÃO DA CONCENTRAÇÃO
DA XGC, EM SOLUÇÃO TAMPÃO FOSFATO 28 mM
CONTENDO 123 mM DE NaCl, pH 7,4........................................
108
FIGURA 40 - GRÁFICO DA RELAÇÃO ENTRE OS PICOS III/I DE EMISSÃO
DE FLUORESCÊNCIA EM FUNÇÃO DO TEMPO. XG EM
SUAS CONCENTRAÇÕES CRÍTICAS DE AGREGAÇÃO, EM
SOLUÇÃO TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM
DE NaCl, pH 7,4: XGT (●), TOD60 (○), XGC (■), COD60 (□),
TKP (▲)........................................................................................ 110
FIGURA 41 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PERFIL CARACTERÍSTICO
DAS POSSÍVEIS ESTRUTURAS SECUNDÁRIAS
ANALISADAS POR DICROÍSMO CIRCULAR............................. 111
FIGURA 42 - GRÁFICO DE DICROÍSMO CIRCULAR DOS
POLISSACARÍDEOS, A 1 mg/mL EM TAMPÃO SALINO, A 5
(LINHA PONTILHADA), 25 (LINHA SÓLIDA) E 37ºC (LINHA
TRACEJADA). (A): XGC; (B): COD60; (C): XGT; (D):TOD60;
(E): TKP........................................................................................ 112
FIGURA 43 - GRÁFICO DA TENSÃO SUPERFICIAL EM FUNÇÃO DO
LOGARITMO DA CONCENTRAÇÃO DOS
POLISSACARÍDEOS (EM mg/mL), EM SOLUÇÃO TAMPÃO
FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE NaCl, pH 7,4. (A):
XGC(●), COD30(♦), COD60(∆), COD100(○) E (B): TKP(■),
XGT(●), TOD30(♦), TOD60(∆), TOD100(○)..................................
114
FIGURA 44 - IMAGEM E REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DA
TOPOGRAFIA DE XGC SOBRE SILÍCIO EM SUA
CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE NaCl,
pH 7,4........................................................................................... 117
FIGURA 45 - IMAGEM E REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DA
TOPOGRAFIA DE XGT SOBRE SILÍCIO EM SUA
CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE NaCl,
pH 7,4........................................................................................... 117
FIGURA 46 - IMAGEM E REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DA
TOPOGRAFIA DE TKP SOBRE SILÍCIO EM SUA
CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE NaCl,
pH 7,4........................................................................................... 118
FIGURA 47 - IMAGEM E REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DA
TOPOGRAFIA DE COD60 SOBRE SILÍCIO EM SUA
CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE NaCl,
pH 7,4........................................................................................... 118
FIGURA 48 - IMAGEM E REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DA
TOPOGRAFIA DE TOD60 SOBRE SILÍCIO EM SUA
CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE NaCl,
pH 7,4........................................................................................... 119
FIGURA 49 - IMAGENS POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE
TRANSMISSÃO. (A): XGT AUMENTO DE 150.000X, (B): XGT
AUMENTO DE 500000X, (C): TOD60 AUMENTO DE 150000X,
(D): TOD60 AUMENTO DE 500000X, (E): TKP AUMENTO DE
150000X E (F): TKP AUMENTO DE 500000X. XG EM SUA
CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE NaCl,
pH 7,4...........................................................................................
120
FIGURA 50 - IMAGENS POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE
TRANSMISSÃO. (A): XGC AUMENTO DE 150000X, (B):
COD60 AUMENTO DE 150000X E (C): COD60 AUMENTO DE
500000X. XG EM SUA CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE
AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO TAMPÃO FOSFATO 28 mM
CONTENDO 123 mM DE NaCl, pH 7,4....................................... 121
FIGURA 51 - VIABILIDADE DAS CÉLULAS L929 EM CONCENTRAÇÃO DE
0,5 mg/mL (A) E 1,0 mg/mL (B) EXPOSTAS POR 24 HORAS
ÀS XG, UTILIZANDO COMO CONTROLES NEGATIVO O
TAMPÃO FOSFATO SALINO (PBS, pH 7,4) (CN) E O
SOLVENTE (S) E COMO CONTROLE POSITIVO (CP)
DIMETILSULFÓXIDO (DMSO). GRÁFICO REPRESENTADO
POR MÉDIA ± DESVIO PADRÃO (N=4)…………………………..
122
FIGURA 52 - GRÁFICO DA EFICIÊNCIA DE ENCAPSULAMENTO DE
CAMPTOTECINA POR DIFERENTES XG: XGT (T. indica),
XGC (C. langsdorffii), TKP (COMERCIAL), TOD60 (XGT 60%
OXIDADA), COD60 (XGC 60% OXIDADA). VALORES DA
MÉDIA +
DESVIO PADRÃO (N=2)…………………………………
123
FIGURA 53 - ESQUEMA DAS INTERAÇÕES ENTRE A CAMPTOTECINA
(CPT) E AS CADEIAS DE O-CARBOXIMETILQUITOSANA
(OCMCS)...................................................................................... 124
FIGURA 54 - ESPECTRO DE EMISSÃO DE FLUORESCÊNCIA DA
CAMPTOTECINA (CPT) SOLUBILIZADA APENAS EM
PBS/NaCl (PRETO) E EM SOLUÇÕES CONTENDO AS
DIFERENTES XG: XGT (T. indica, AZUL), XGC (C. langsdorffii,
VERMELHO), TKP (COMERCIAL, LARANJA), TOD60 (XGT
60% OXIDADA, ROSA), COD60 (XGC 60% OXIDADA,
VERDE)........................................................................................ 125
FIGURA 55 - GRÁFICO DA LIBERAÇÃO IN VITRO DE CAMPTOTECINA
(CPT) SOLUÇÃO CONTENDO DIFERENTES XG: XGT (T.
indica), XGC (C. langsdorffii), TKP (COMERCIAL), TOD60
(XGT 60% OXIDADA), COD60 (XGC 60% OXIDADA); E
AINDA, APENAS EM PBS/NaCl, pH 7,4. VALORES DA MÉDIA
+
DESVIO PADRÃO (N=2)…………………………………………. 125
FIGURA 56 - VALORES MÉDIOS DA ESPESSURA (D) DETERMINADOS
PARA A CAMADA DE ADSORÇÃO DE (A) XGT (■), TKP (○) E
XGC (∆) SOBRE SILÍCIO, EM pH 7.4 E (B) TOD60 (□) SOBRE
SILÍCIO AMINO FUNCIONALIZADOS, EM pH 4. AS LINHAS
PONTILHADAS O GUIAS PARA VISUALIZAÇÃO.
VALORES DA MÉDIA +
DESVIO PADRÃO (N=2)......................
127
FIGURA 57 - IMAGENS DE AFM DOS FILMES DE XG ADSORVIDAS
SOBRE SILÍCIO, EM pH 7,4. TKP (A, B, C), XGT (D, E, F) E
XGC (G, H, I). IMAGENS DE FASE (ESQUERDA),
TOPOGRAFIA (CENTRO) E AS ANÁLISES
CORRESPONDENTES À SEÇÃO TRANSVERSAL (DIREITA),
ÁREAS DE VARIANDO DE 2,5 X 2,5 A 2 X 2 µm
2
......................
128
FIGURA 58 - IMAGENS DE AFM DO FILME DE TOD60 ADSORVIDA
SOBRE SILÍCIO AMINO-FUNCIONALIZADO, EM pH 4.
IMAGENS DE FASE (ESQUERDA), TOPOGRAFIA (CENTRO)
E AS ANÁLISES CORRESPONDENTES À SEÇÃO
TRANSVERSAL (DIREITA), ÁREA DE 2 X 2 µm
2
.
.......................
129
FIGURA 59 - ESPESSURA MÉDIA (D) DA SOLUÇÃO DE BSA ADSORVIDA
EM: (A) TPK (●) E XGT (■) RECOBRINDO SUPERFÍCIE DE
SILÍCIO, EM pH 7,4 E (B) TOD60 (▲) RECOBRINDO
SUPERFÍCIE DE SILÍCIO AMINO-FUNCIONALIZADO, EM pH
4. AS LINHAS PONTILHADAS SÃO GUIAS PARA
VISUALIZAÇÃO. VALORES DA MÉDIA +
DESVIO PADRÃO
(N=2).............................................................................................
130
FIGURA 60 - IMAGENS DE AFM DA ALBUMINA, EM pH 5, IMOBILIZADA
SOBRE SILÍCIO RECOBERTO COM FILMES DE XG, EM pH
7,4. XGT (A, B, C), TKP (D, E, F) E TOD60 (G, H, I). IMAGENS
DE FASE (ESQUERDA), TOPOGRAFIA (CENTRO) E AS
ANÁLISES CORRESPONDENTES À SEÇÃO TRANSVERSAL
(DIREITA), ÁREAS VARIANDO DE 2,2 X 2,2 A 2 X 2 µm
2
..........
132
FIGURA 61 - IMAGENS DE AFM DA CONCANAVALINA A (ConA), EM pH 5,
IMOBILIZADA SOBRE SILÍCIO RECOBERTO COM FILMES
DE XG, EM pH 7,4. XGT (A, B) E TKP (C,D). IMAGENS DE
TOPOGRAFIA E AS ANÁLISES CORRESPONDENTES À
SEÇÃO TRANSVERSAL, ÁREA DE 2 X 2 µm
2
...........................
133
FIGURA 62 - IMAGENS DE AFM DA CONCANAVALINA A (ConA), EM pH 5,
CONTENDO 50 mM DE MANOSE, IMOBILIZADA SOBRE
SILÍCIO RECOBERTO COM FILMES DE XG, EM pH 7,4. XGT
(A, B) E TKP (C, D). IMAGENS DE TOPOGRAFIA E AS
ANÁLISES CORRESPONDENTES À SEÇÃO TRANSVERSAL,
ÁREA DE 2 X 2 µm
2
.....................................................................
134
FIGURA 63 - ESPESSURA MÉDIA (D) DO FILME OBTIDO PARA
DIFERENTES SOROTIPOS DO VÍRUS DA DENGUE (DENV-
1, 2 E 3) SOBRE XG NATIVAS, XGT E TKP, ADSORVIDAS
SOBRE SILÍCIO, pH 7,4; E XG OXIDADA, TOD60,
ADSORVIDA SOBRE SILÍCIO AMINO-FUNCIONALIZADO, EM
pH 4. VALORES DA MÉDIA +
DESVIO PADRÃO (N=2)…....... 136
FIGURA 64 - IMAGENS DE AFM DO VÍRUS DA DENGUE (DENV-2), EM pH
7,2, ADSORVIDO SOBRE SILÍCIO RECOBERTO COM
FILMES DE XG, EM pH 7,4. XGT (A, B, C), TKP (D, E, F) E
TOD60 (G, H, I). IMAGENS DE FASE (ESQUERDA),
TOPOGRAFIA (CENTRO) E AS ANÁLISES
CORRESPONDENTES À SEÇÃO TRANSVERSAL (DIREITA),
ÁREA VARIANDO DE 2,5 X 2,5 A 2 X 2 µm
2
...............................
138
FIGURA 65 - IMAGENS DE AFM DO VÍRUS DA DENGUE (DENV-2), EM pH
7,2, ADSORVIDO SOBRE CONCANAVALINA A (ConA), EM
pH 5, IMOBILIZADA SOBRE FILME DE XG, EM pH 7,4. XGT
(A, B) E TKP (C, D). IMAGENS DE TOPOGRAFIA E AS
ANÁLISES CORRESPONDENTES À SEÇÃO TRANSVERSAL,
ÁREA DE 2 X 2 µm
2
..................................................................... 139
FIGURA 66 - ÂNGULO DE CONTATO (■) DA ÁGUA SOBRE FILME
OBTIDO PARA DIFERENTES XG COMPARADO À
ESPESSURA (∆) DO FILME FORMADO SOBRE SILÍCIO. XGT
(T. indica), XGC (C. langsdorffii), TKP (COMERCIAL)………….. 141
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - VANTAGENS DAS FORMAS DE LIBERAÇÃO PROLONGADA 33
TABELA 2 - CLASSIFICAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS…………………….. 37
TABELA 3 - DETERMINAÇÃO DE AÇÚCAR TOTAL, PROTEÍNAS E
UMIDADE DAS XILOGLUCANAS............................................... 87
TABELA 4 - COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS XILOGLUCANAS.. 88
TABELA 5 - ACETATO DE ALDITÓIS PARCIALMENTE METILADOS
DERIVADOS DAS XILOGLUCANAS EXTRAÍDAS DE
SEMENTES DE COPAIFERA (XGC) E TAMARINDO (XGT)..... 92
TABELA 6 - DETERMINAÇÃO DA PORCENTAGEM (m/m) DE OXIDAÇÃO
DAS XG POR MÉTODO COLORIMÉTRICO
COMPARATIVAMENTE À DETERMINAÇÃO
TITULOMÉTRICA.........................................................................
96
TABELA 7 - VALORES DE CONCENTRAÇÃO CRÍTICA (c*, g/L) PARA AS
AMOSTRAS DE XILOGLUCANA.................................................
101
TABELA 8 - VALORES DE MASSA MOLAR, POLIDISPERSÃO, RAIO DE
GIRO, RAIO HIDRODINÂMICO, VISCOSIDADE INTRÍNSECA
E CONSTANTE α DE MARK-HOUWINK PARA AS
AMOSTRAS DE XILOGLUCANAS
(1)
..........................................
105
TABELA 9 - VALORES DE CONCENTRAÇÃO DE AGREGAÇÃO CRÍTICA
(mg/mL) DAS XG E SEUS DERIVADOS OXIDADOS
DETERMINADOS POR ESPECTROSCOPIA DE
FLUORESCÊNCIA, EM SOLUÇÃO TAMPÃO FOSFATO (28
mM) CONTENDO NaCl (123 mM), EM pH 7,4........................... 109
TABELA 10 - VALORES DE LARGURA E ALTURA, EM nm, A PARTIR DE
IMAGENS DE MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA PARA
XG TESTADAS EM SUAS RESPECTIVAS
CONCENTRAÇÕES CRÍTICAS SOBRE SILÍCIO, EM
SOLUÇAO TAMPÃO FOSFATO (28 mM) CONTENDO NaCl
(123 mM), EM pH 7,4...................................................................
116
TABELA 11 - LIBERAÇÃO IN VITRO DE CAMPTOTECINA (CPT) POR
DIFERENTES XG: FRAÇÃO DE CPT APÓS 24 HORAS E
TEMPO PARA LIBERAÇÃO DE 50% DE CPT. VALORES DA
MÉDIA + DESVIO PADRÃO (N=2)………………………………... 126
TABELA 12 - VALORES DA ESPESSURA MÉDIA, EM nm,
DETERMINADOS POR ELIPSOMETRIA PARA A LECTINA
CONCANAVALINA A (ConA) SOBRE FILMES DE XG, E
TAMBÉM NA PRESENÇA DE MANOSE. VALORES DA
MÉDIA +
DESVIO PADRÃO (N=2)………………………………... 133
TABELA 13 - VALORES DA ESPESSURA MÉDIA DE ADSORÇÃO, EM nm,
DETERMINADOS POR ELIPSOMETRIA, PARA O VÍRUS DA
DENGUE (DENV-1, 2 E 3) SOBRE FILMES DE XG. VALORES
DA MÉDIA +
DESVIO PADRÃO (N=2)…………………………… 136
TABELA 14 - VALORES DA ESPESSURA MÉDIA DE ADSORÇÃO, EM nm,
DETERMINADOS POR ELIPSOMETRIA, PARA O VÍRUS DA
DENGUE (DENV-2) ADSORVIDO SOBRE CONCANAVALINA
A (ConA) IMOBILIZADA SOBRE FILME DE XG. VALORES DA
MÉDIA + DESVIO PADRÃO (N=4)……...................................... 139
LISTA DE SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIAÇÕES
α: constante α de Mark Houwink
α
20:
rotação da luz polarizada em graus, a 20°C
γ: tensão superficial
γ
lv
: tensão líquido-vapor
γ
sv
: tensão sólido-vapor
γ
sl
: tensão sólido-líquido
θ: ângulo de contato
η
rel
: viscosidade relativa
η
sp
: viscosidade específica
η
red
: viscosidade reduzida
[η]: viscosidade intrínseca
k
H
: constante de Huggins
AFM: microscopia de força atômica, do inglês Atomic Force Microscopy
APS: 3-aminopropiltrimetoxisilano
BSA: albumina bovina, do inglês Bovine Serum Albumin
c: concentração
cac: concentração de agregação crítica
CCD: cromatografia em camada delgada
CD: dicroísmo circular, do inglês Circular Dichroism
CG: Cromatografia gasosa
ConA: Concanavalina A
CPT: camptotecina
DENV-: Vírus da dengue
DMSO: dimetilsulfóxido
dn/dc: constante que relaciona o índice de refração em função da concentração
ELISA: Ensaio por enzima ligada a anticorpo imobilizado, do inglês Enzime-Linked
ImmunoSorbent Assay
GPC: cromatografia de permeação em gel, do inglês Gel Permeation
Chromatography
HAS: Hemaglutininas sedimentadas
HDL: Hidróxido duplo lamelar
L: comprimento do caminho óptico, em dm
LALLS: espalhamento de luz laser em baixo ângulo, do inglês Low angle laser light
scattering
MET: microscopia eletrônica de transmissão
MEV: SEM: microscopia eletrônica de varredura
Monossacarídeos: Ara: arabinose
Gal: galactose (L)
GalA: ácido galacturônico
Glc: glucose (G)
GlcA: ácido glucurônico
Xyl: xilose (X)
M
n
: massa molar numérica média
M
w
: massa molar ponderal média
MTT: brometo de 3-[4,5-dimetiltiazol-2-il]-2,5-difeniltetrazolio
NA: número de Avogadro (NA = 6,02x10
23
)
OCMCS: O-Carboximetilquitosana
PBS: solução tampão fosfato
PBS/NaCl: solução tampão fosfato contendo cloreto de sódio
RALLS: espalhamento de luz laser em ângulo reto, do inglês Right angle laser light
scattering
R
g
: raio de giro
R
h
: raio hidrodinâmico
RI: índice de refração, do inglês Refractive index
RMN: ressonância magnética nuclear
RT-PCR: reação em cadeia da polimerase em tempo real, do inglês Real-Time
Polimerase Chain Reaction
SDD: Sistema Drug Delivery
Si: lâminas de silício
SFB: Soro Fetal Bovino
SFM: Microscopia de varredura por força, do inglês Scanning Force Microscopy
SPM: Microscopia de varredura por sonda, do inglês Scanning Probe Microscopy
STM: Microscopia de varredura por tunelamento, do inglês Scanning Tunneling
Microscopy
TCA: ácido tricloroacético, do inglês Trichloroacetic acid
TEMPO: 2,2,6,6-tetrametilpiperidina-1-oxil
TFA: ácido trifluoracético, do inglês Trifluoracetic acid
TKP: pó de semente de tamarindo, do inglês Tamarind kernel powder
VI: viscosidade intrínseca
VDW: forças de van der Waals
XG: xiloglucana
XGC: xiloglucana de Copaifera langsdorffii
XGT: xiloglucana de Tamarindus indica
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................25
1.1 Polissacarídeos ...................................................................................................25
1.2 Xiloglucanas ........................................................................................................26
1.3 Sistemas de liberação de drogas.........................................................................30
1.4 Agentes antineoplásicos......................................................................................36
1.4.1 Alcalóides ........................................................................................................ 38
1.4.1.1 Camptotecina e seus derivados.................................................................... 39
1.4.1.1.1 Aplicações clínicas e efeitos adversos ...................................................... 44
1.5 Formação de filmes finos de polissacarídeos......................................................45
1.6 Técnicas diferenciais para análise de polissacarídeos........................................47
1.6.1 Elipsometria..................................................................................................... 47
1.6.2 Microscopia de força atômica .......................................................................... 48
1.6.2.1 Microscopia de força atômica em modo não-contato ................................... 51
1.6.2.2 Microscopia de força atômica em modo de contato intermitente.................. 52
1.6.2.3 Aplicações da microscopia de força atômica................................................ 53
1.6.2.3.1 Estudo de biomoléculas............................................................................. 53
1.6.2.3.1.1 Análise de um polímero natural .............................................................. 54
1.6.3 Tensiometria e fenômenos de superfície......................................................... 55
1.6.4 Dicroísmo circular............................................................................................ 58
2 OBJETIVOS ...........................................................................................................62
2.1 Objetivo geral ......................................................................................................62
2.2 Objetivos específicos...........................................................................................62
3 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................64
3.1 Materiais ..............................................................................................................64
3.1.1 Albumina bovina .............................................................................................. 64
3.1.2 Concanavalina A.............................................................................................. 64
3.1.3 Partículas virais da dengue ............................................................................. 64
3.1.4 Fontes dos polissacarídeos ............................................................................. 65
3.1.4.1 Extração das xiloglucanas ............................................................................ 65
3.2 Modificação química dos polissacarídeos: oxidação seletiva com TEMPO
(2,2,6,6-tetrametilpiperidina-1-oxil) ............................................................................66
3.3 Análises químicas das xiloglucanas ....................................................................67
3.3.1 Determinação de açúcar total e proteínas ....................................................... 67
3.3.2 Determinação de ácidos urônicos das amostras oxidadas.............................. 68
3.3.3 Determinação da composição monossacarídica ............................................. 68
3.3.3.1 Hidrólise com ácido trifluoracético ................................................................ 68
3.3.3.2 Redução, acetilação e análise por cromatografia gasosa ............................ 69
3.3.4 Metilação dos polissacarídeos......................................................................... 69
3.4 Métodos físico-químicos ......................................................................................70
3.4.1 Umidade .......................................................................................................... 70
3.4.2 Determinação da homogeneidade, massa molar e concentração crítica ........ 70
3.4.2.1 Refratometria diferencial............................................................................... 70
3.4.2.2 Cromatografia de permeação em gel ........................................................... 71
3.4.2.3 Determinação da concentração crítica por GPC/RI...................................... 71
3.4.3 Análises ópticas e espectroscópicas ............................................................... 72
3.4.3.1 Polarimetria................................................................................................... 72
3.4.3.2 Análise por espectrometria de infravermelho utilizando transformada de
Fourier ......................................................................................................... 72
3.4.3.3 Análise de ressonância magnética nuclear .................................................. 73
3.4.3.3.1 Análise de RMN de hidrogênio .................................................................. 73
3.4.3.3.2 Análise de RMN de carbono-13................................................................. 73
3.4.3.4 Análise por dicroísmo circular....................................................................... 74
3.4.3.5 Análise por espectrometria de fluorescência ................................................ 74
3.4.4 Análises de viscosidade .................................................................................. 75
3.4.4.1 Determinação da concentração crítica ......................................................... 75
3.4.4.2 Determinação da viscosidade intrínseca e da constante de Huggins........... 75
3.4.5 Análise de tensão superficial ........................................................................... 76
3.5 Métodos de imagem por microscopia ..................................................................77
3.5.1 Análise por microscopia de força atômica ....................................................... 77
3.5.2 Análises por microscopia de transmissão........................................................ 78
3.6 Ensaio bioquímico celular....................................................................................78
3.6.1 Análise de citotoxicidade dos polissacarídeos nativos e modificados ............. 78
3.6.1.1 Cultura de células......................................................................................... 78
3.6.1.2 Ensaio de citotoxicidade pelo teste MTT ...................................................... 79
3.7 Ensaio de liberação in vitro da droga...................................................................80
3.7.1 Preparo do complexo de encapsulamento polímero-droga ............................. 80
3.7.2 Análise de encapsulamento da droga.............................................................. 80
3.7.3 Liberação in vitro da camptotecina .................................................................. 81
3.8 Análise de adsorção de filmes de polissacarídeos sobre suporte sólido.............81
3.8.1 Elipsometria e análise dos filmes formados..................................................... 81
3.8.2 Preparo das lâminas de silício......................................................................... 82
3.8.3 Preparo dos filmes de polissacarídeo sobre lâminas de silício........................ 82
3.8.4 Preparo da solução de albumina sérica bovina ............................................... 83
3.8.5 Preparo da solução de partículas de vírus da dengue..................................... 83
3.8.6 Preparo da solução de lectina ......................................................................... 84
3.8.7 Interação de biomoléculas com os filmes de polissacarídeos ......................... 84
3.8.8 Ensaios de dessorção ..................................................................................... 85
3.8.9 Análise do ângulo de contato .......................................................................... 85
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................86
4.1 Obtenção das xiloglucanas nativas .....................................................................86
4.2 Caracterização química, físico-química e estrutural das xiloglucanas.................87
4.3 Modificação química da xiloglucana ....................................................................93
4.4 Análises reológicas das xiloglucanas ................................................................101
4.5 Análise de homogeneidade e da massa molar..................................................103
4.6 Análise de fluorescência....................................................................................107
4.7 Análise da conformação polimérica por dicroísmo circular................................110
4.8 Análise das xiloglucanas por tensão superficial ................................................113
4.9 Análises das partículas de xiloglucanas por técnicas de microscopia...............115
4.9.1 Análises por microscopia de força atômica ................................................... 115
4.9.2 Análises por microscopia eletrônica de transmissão ..................................... 119
4.10 Cultivo Celular .................................................................................................121
4.10.1 Avaliação da viabilidade celular................................................................... 121
4.11 Ensaio de liberação in vitro de camptotecina ..................................................123
4.12 Análise dos filmes de polissacarídeos por elipsometria e microscopia de força
atômica............................................................................................................127
4.13 Análise do ângulo de contato dos filmes .........................................................140
5 CONCLUSÕES ....................................................................................................142
REFERÊNCIAS.......................................................................................................143
ANEXOS .................................................................................................................175
25
1 INTRODUÇÃO
1.1 Polissacarídeos
Os polissacarídeos, biopolímeros naturais, têm sido apontados como uma das
mais importantes fontes renováveis de biomassa para uma ampla variedade de
avanços em materiais poliméricos, o que tem aumentado, na última década, o
interesse de cientistas, institutos de pesquisa e de indústrias (HEINZE et al., 2005).
São formados por ligações glicosídicas entre unidades monoméricas e podem ter
estrutura linear ou ramificada. Se for constituído de um único tipo de
monossacarídeo será um homopolissacarídeo; se dois ou mais tipos de
monossacarídeos o encontrados na composição, são chamados de
heteropolissacarídeos. Os polissacarídeos são, geralmente, compostos solúveis,
sem sabor e de alta massa molar (CONN; STUMPF, 1980).
Polissacarídeos endógenos de origem vegetal são reconhecidos como
ingredientes funcionais em alimentos (THARANATHAN et al., 1987;
THARANATHAN, 1995). Devido à sua variedade estrutural e diversidade constituem
um atrativo, seja em sua forma nativa ou modificada, em diversas áreas incluindo
aplicações em alimentos e outras (HEINZE et al., 2005), e são uma das mais
abundantes e diversificadas famílias de biopolímeros.
A sua estrutura primária varia em composição, seqüência, massa molar,
configuração anomérica, posição de ligações e densidade de carga, que podem dar
origem a infinitas formas de estruturas químicas e de conformação, as quais refletem
em variações de propriedades e de aplicações. As de interesse comercial são o
diversas quanto o são esses materiais, cobrindo o espectro de produtos químicos
corriqueiros até especialidades químicas lucrativas para usos médicos e de alta
tecnologia (YALPANI, 1988). Como exemplo, as galactomananas e as xiloglucanas,
também denominadas de hidrocolóides, ocorrem freqüentemente em muitas
espécies vegetais.
26
1.2 Xiloglucanas
As xiloglucanas (XG) são carboidratos vegetais de importante interesse
industrial, foram isoladas de azeitonas (VIERHUIS et al., 2001), farinha de soja
(HUISMAN et al., 2000), sementes de jojoba (HANTUS et al., 1997), maçã (LANG et
al.1992; RENARD; LEMUNIER; THIBAULDT, 1995; WATT et al., 1999;
THOMPSON; FRY, 2000), cotilédones de jatobá (KOOIMAN, 1960; LIMA et al.,
1993; BUCKERIDGE et al., 1997) copaífera (BUCKERIDGE et al., 1992; STUPP et
al., 2007) e tamarindo (RAO; SRIVASTAVA, 1973). Possuem função estrutural e de
reserva na parede celular e no endosperma de sementes de mono e dicotiledôneas
(HAYASHI et al.1987). Constituem cerca de 20-25% da parede celular primária de
angiospermas dicotiledôneas, 2-5% de gramíneas (angiosperma monocotiledônea)
e, aproximadamente, 10% da parede celular de cebolas (angiosperma
monocotiledônea) (HEINZE et al., 2005).
Em seu estado nativo, as XG estruturais estão fortemente associadas à
microfibrilas de celulose, principalmente através de ligações de hidrogênio, formando
uma rede de estrutura rígida (HAYASHI, 1989; 1994), sendo que essa capacidade
de associação com a celulose também pode ser afetada pelas unidades das
ramificações da cadeia (VINCKEN et al., 1995; LIMA; BUCKERIDGE, 2001),
contribuindo significativamente para a extensibilidade da parede celular primária
(BAUER et al., 1973; REID, 1985; HAYASHI et al., 1987; MACDOUGAL; FRY, 1991;
FEMENIA et al., 1999). Essa interação com a celulose pode estar relacionada às
unidades de fucose presentes na XG contribuindo para essa afinidade (MISHIMA et
al., 1998). Em estudos de modelagem molecular, Levy et al. (1991), sugeriram que a
presença de fucose nas XG de parede celular primária determina uma conformação
plana ao polímero, sendo responsável por esta capacidade de se ligar à celulose.
As xiloglucanas de sementes são compostas estruturalmente por uma cadeia
principal de glucana-β-(1→4) substituída em O-6 por unidades de α-
D-
xilose e por
unidades de β-
D
-galactose terminal na posição de O-2 das unidades de xilose
(ALBERSHEIM, 1976), como representado na figura 1. Arabinose é frequentemente
encontrada em xiloglucanas estruturais e de reserva (LIMA et al., 1995; YORK et al.,
1996; VINCKEN et al., 1997; WATT et al., 1999; BUSATO et al., 2001 JIA et al.,
2003; FREITAS et al., 2005). A composição monossacarídica e a proporção
27
monossacarídica, bem como o comportamento das XG, podem variar conforme a
espécie e a origem geográfica e sazonal do vegetal (FREITAS et al., 2005).
O
OH
O
OH
OH
O
O
OH
O
OH
O
O
O
H
O
OH
O
O
OH
OH
OH
OH
O
OH
OH
OH
O
OH
OH
OH
O
O
OH
OH
O
OH
OH
OH
OH
β
- (1-2)-
D
- Galp
α
- (1-6)-
D
- Xylp
β
- (1-4)-
D
- Glup
FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO OCTASSACARÍDEO DE XILOGLUCANA
Exceto pela ausência de unidades terminais α-(12)-Fucp ligadas aos
grupos β-
D
-galactosil, uma similaridade marcante entre XG de reserva em
sementes e as XG estruturais de paredes primárias de tecidos vegetais de
dicotiledôneas (HAYASHI, 1989). Foi observado por Reis et al. (1987) que as
xiloglucanas de sementes se acumulam de forma exclusiva e transitória nas paredes
dos tecidos dos cotilédones, protegidas por membranas finas, formando um
compartimento de reserva, fracamente associadas sendo, portanto, facilmente
extraídas com água.
As ramificações da cadeia desse polissacarídeo, provavelmente, contribuem
para a solubilização da cadeia principal e controlam, potencialmente, a sua
flexibilidade conformacional, o que é necessário para a ligação com a celulose. As
cadeias laterais também contribuem para a compreensão da estrutura e função das
xiloglucanas em parede celular primária (O’NEILL et al., 1989; HAYASHI et al.,
1994).
As XG, como polissacarídeos de reserva da parede celular, se acumulam,
predominantemente, nos tecidos dos cotilédones de algumas espécies como
tamarindo, Tamarindus indica (KOOIMAN, 1960), jatobá, Hymenaea courbaril
(BUCKERIDGE; DIETRICH, 1990), copaíba, Copaifera langsdorffii (BUCKERIDGE et
al., 1992), afzelia, Afzelia africana (REN, 2005) e jojoba, Simmondsia chinensis
(HANTUS et al., 1997).
A única fonte de xiloglucana explorada comercialmente é a de Tamarindus
indica (FIGURA 2), conhecido popularmente por tamarindo, é utilizada em alimentos
no Japão (REID; EDWARDS, 1995; SCHERBUKHIN; ANULOV, 1999). Sendo
28
também a mais estudada, seu uso regular iniciou-se em 1943 (RAO;
SRIVASTAVA, 1973), seguindo a seguinte classificação botânica:
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Gênero: Tamarindus
FIGURA 2 - Tamarindus indica: PARTES DA PLANTA (A), ÁRVORE E TRONCO (B), FLORES (C) E
VAGENS (D)
FONTE: RAINTREE (2007), ZCE (2007)
FIGURA 3 - Copaifera langsdorffii: ARBUSTO (A), FLORES E FOLHAS (B), MADEIRA E TRONCO
(C E D), SEMENTES (E) E VAGENS (F)
FONTE: RAINTREE (2007)
29
XG de sementes de Tamarindus indica (GIDLEY et al., 1991) podem ser
utilizadas principalmente nas indústrias têxteis e alimentícias e ainda como adesivo
e agente emulsificante, em cosméticos, para preparar emulsões de óleos essenciais,
cremes de barbear e dentifrícios, em produtos farmacêuticos, como ligantes em
comprimidos e drágeas, em inseticidas, para emulsificar princípios ativos e óleos
minerais. Por possuir muitas propriedades similares às das pectinas, é usada em
tratamento de colite, diarréia, disenteria e outras desordens intestinais (RAO;
SRIVASTAVA, 1973).
A XG de tamarindo apresenta praticamente o mesmo padrão de ligações
glicosídicas de Hymenaea courbaril, espécie na qual a XG foi detectada e estudada
pela primeira vez por Kooiman (1960) e por Buckeridge e Dietrich (1990).
A Copaifera langsdorffii (Desf.) Kuntze, conhecida também por copaíba ou
pau d’óleo (FERRI, 1969) é uma árvore tropical de até 35 metros de altura que
cresce abundantemente por todo território brasileiro, tanto em áreas de cerrado
aberto como em áreas de floresta (ALMEIDA et al., 1998) e distribui-se do nordeste
da Argentina até a Venezuela (MACHADO, 1990), essa espécie segue a seguinte
classificação botânica:
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Subfamília: Caesalpinioideae
Gênero: Copaifera
É um arbusto muito ramificado (FIGURA 3), apresenta folhas ovaladas, flor
pequena e pouco ramosa, tem fruto arredondado e achatado e semente de casca
preta e interior amarelado (FERRI, 1969).
A espécie de copaífera floresce durante o período de chuvas e dispersa suas
sementes na época seca (FREITAS; OLIVEIRA, 2002). As sementes de copaifera
são abundantemente produzidas (1 kg de frutos rende, aproximadamente, 1720
sementes, das quais a cada mil têm se 675,7 g com 10% de umidade) (GUERRA et
al., 2006). Mas, apesar disso, são pouco exploradas comercialmente e seus
30
constituintes, entre eles a xiloglucana, não são completamente descritos e
caracterizados (STUPP et al., 2007).
Em estudos de XG de sementes de copaifera crescidas em florestas e no
cerrado (BUCKERIDGE et al., 1992) encontraram-se importantes diferenças na
estrutura fina dos polissacarídeos dos dois biomas, propondo-se que essas
diferenças podem estar relacionadas aos possíveis efeitos ambientais durante a
biossíntese dos polissacarídeos. Os polissacarídeos das sementes de C. langsdorffii
crescidas em florestas contêm ligeiramente mais porções de galactose do que das
sementes colhidas do cerrado. Ambos, entretanto, dão origem a mais ramificações
de galactose do que XG de tamarindo, indicando diferenças significativas na
distribuição das unidades nas cadeias laterais e na distribuição das unidades
oligossacarídicas (BUCKERIDGE et al., 1992).
As xiloglucanas de sementes de T. indica e C. langsdorffii são compostas
pelas mesmas quatro unidades estruturais básicas XXXG, XLXG, XXLG e XLLG
(YORK et al., 1990; BUCKERIDGE et al., 1992; TINÉ et al., 2003).
As XG de sementes são freqüentemente empregadas para aumentar a
viscosidade das soluções, na formação de géis, na estabilização de emulsões ou
floculação de materiais dispersos, como quelantes, ligantes e impermeabilizantes.
Têm como características a biocompatibilidade, a biodegradabilidade, a capacidade
hidrofílica e a não toxicidade (SANDERSON, 1981; YALPANI,1987).
1.3 Sistemas de liberação de drogas
Estudos de liberação in vitro indicam que o polímero de XG é um promissor
veículo para administração por via oral de drogas irritantes ao trato gástrico, e
também considerado adequado para formulações mucoadesivas para obtenção de
melhor distribuição de drogas (COVIELLO et al., 2007).
Sistemas de liberação de drogas foram desenvolvidos para superar as
desvantagens das formas convencionais de administração. Os sistemas de liberação
modificados são principalmente usados para melhorar a eficácia dos fármacos e
para assegurar a adesão do paciente ao tratamento. O aumento da segurança e a
31
redução de efeitos adversos ajudaram a atingir esses objetivos (DESHPANDE et
al., 1996).
Para manter a droga na faixa terapêutica desejada com uma única
administração, sistemas de líberação modificada podem oferecer outros fatores
favoráveis, como distribuir a droga até locais específicos, estabilizar rapidamente o
metabolismo de drogas e aumentar o conforto para o paciente (JAIN, 2000; SINHA
et al., 2004). As principais vantagens dos dispositivos de liberação modificada
(sustentada, prolongada, controlada) consistem na tentativa da manutenção de
concentrações plasmáticas do fármaco em níveis terapêuticos, através de cinética
de liberação de ordem zero. Essas restringem as flutuações da dose administrada,
eliminando a necessidade das administrações frequentes (DÄR, 1981;
CAVALCANTI, 1999). Sistema de liberação prolongado é aquele que retarda e/ou
prolonga a liberação do fármaco e, portanto, seu efeito terapêutico. Liberação
controlada implica em predição e reprodutibilidade da cinética de liberação do
fármaco. Em outras palavras, formas de liberação prolongada disponibilizam o
fármaco por um longo tempo, enquanto que, sistemas de liberação controlados
tentam controlar as concentrações do fármaco, no tecido alvo (DESHPANDE et al.,
1996).
Segundo Veiga (1988), a terminologia dos medicamentos de liberação
controlada está cada vez mais ambígua e controversa, pois uma ampla variedade de
termos designa esses medicamentos. O termo liberação controlada denomina todas
as formas farmacêuticas que não liberam imediatamente o seu conteúdo, opondo-se
assim aos medicamentos clássicos ou convencionais de liberação rápida, conforme
a figura 4.
A forma farmacêutica clássica ou convencional (FIGURA 4, curva 1) destina-
se a liberar o fármaco no organismo, de modo que esse seja absorvido com rapidez
e completamente, caracterizado pelo aparecimento de um pico plasmático (VEIGA,
1988; ANSEL et al., 2000). Uma dose dupla (FIGURA 4, curva 2) representa um
perfil idêntico, mas com um pico mais elevado (VEIGA, 1988).
A forma farmacêutica de liberação controlada (FIGURA 4, curva 3) possui
uma dose do fármaco em uma quantidade superior ao normal, visando liberá-lo
inicialmente em uma quantidade que tenha efeito farmacológico, e após isso, fazer
com que seja liberado de forma a permitir a manutenção da concentração
plasmática aproximadamente constante, em que a velocidade de absorção seja igual
32
a da eliminação (cinética de liberação de ordem zero) durante um período de
tempo (VEIGA, 1988; AIACHE, 1992; ANSEL et al., 2000).
As formas de liberação prolongada (FIGURA 4, curva 4) são constituídas de
duas doses de fármaco: a primeira, chamada de dose inicial de liberação imediata,
libera uma quantidade suficiente para gerar uma ação ou um excesso que não
chega a causar dano no organismo; a segunda, chamada dose de manutenção,
libera o fármaco a uma velocidade que nem sempre é igual à de eliminação (VEIGA,
1988; AIACHE, 1992; ANSEL et al., 2000).
FIGURA 4 - PERFIS PLASMÁTICOS EM DIFERENTES CONDIÇÔES DE ADMINISTRAÇÃO
FONTE: VEIGA (1988)
Outras formas farmacêuticas contêm na mesma unidade mais que uma dose,
que serão liberadas em tempos diferentes. Trata-se das formas de liberação
repetida, obtendo-se uma curva (5, na FIGURA 4) idêntica às resultantes da
administração de doses consecutivas de um medicamento convencional. A grande
questão que se levanta nessas formas é a da determinação do intervalo de tempo
entre as diferentes liberações (VEIGA, 1988).
Na forma farmacêutica oral retard, ou de ão tardia (FIGURA 4, curva 6), a
liberação do fármaco da forma farmacêutica é retardada intencionalmente por algum
motivo até que atinja o meio intestinal. Alguns dos motivos para o uso dessa forma
retard baseiam-se no fato do fármaco ser destruído pelo suco gástrico ou de ser
muito irritante para a mucosa estomacal ou causar náuseas, ou ainda, de ser melhor
absorvido no intestino do que no estômago. Assim, o termo retard o proporciona
necessariamente uma ação prolongada, sendo destinado às formas farmacêuticas
33
gastro-resistentes ou entéricas, em que a liberação não se processa em função
do tempo, mas sim em função do local de absorção (VEIGA, 1988; ANSEL et al.,
2000).
O interesse voltado para o desenvolvimento das formas farmacêuticas de
liberação modificada é justificado pelas vantagens biofarmacêuticas e
farmacocinéticas que apresentam em relação às formas farmacêuticas
convencionais, algumas das quais se encontram relacionadas na tabela 1
(LONGER; ROBINSON, 1987; VEIGA, 1988; ANSEL et al., 2000).
TABELA 1 - VANTAGENS DAS FORMAS DE LIBERAÇÃO PROLONGADA
Farmacológica - manutenção do nível plasmático sem oscilações bruscas;
- diminuição dos efeitos colaterais;
- manutenção do nível plasmático de produtos com tempo de
meia vida biológico relativamente curto;
- evita níveis sub-terapêuticos;
- menor acúmulo do fármaco no organismo;
- proteção do fármaco de uma eventual degradação.
Adesão do paciente ao
tratamento
- comodidade ao paciente pela diminuição do número de
administrações diárias;
- diminuição de falhas por esquecimento.
Econômica - diminuição do custo total do tratamento (menor quantidade de
fármaco utilizado);
- diminuição de custos com transporte e armazenamento.
FONTE: Adaptação de LONGER; ROBINSON (1987)
Além das vantagens dessas formas farmacêuticas, devem ser considerados e
ponderados os seguintes inconvenientes:
dificuldade ou impossibilidade de interromper rapidamente a ação
farmacológica do medicamento em caso de intoxicação grave ou de intolerância;
risco de acúmulo do fármaco se a velocidade de eliminação for lenta.
Além disso, a reprodutibilidade e a eficácia da ação dependem da velocidade
de esvaziamento gástrico e da capacidade de absorção da mucosa intestinal e a
cinética de liberação depende da integridade da forma farmacêutica, acrescido do
fato de seu custo ser geralmente mais elevado que o das formas convencionais
(VEIGA, 1988).
Dependendo da droga de escolha, diferentes órgãos e tecidos podem sofrer
irritação ou dano pela ão não-específica de agentes citotóxicos (POWIS, 1991;
TIPTON, 2003). A otimização da ação farmacológica e redução do nível de
34
toxicidade tornam-se possíveis através do controle preciso do nível da droga e
sua localização no corpo (LANGER, 2001).
Das diferentes formas de dosagens já reportadas, os sistemas de nano e
microesferas de carreamento de drogas alcançam grande importância devido à
propriedade injetável, que pode evitar intervenções cirúrgicas inconvenientes para a
inserção de implantes (JAIN, 2000; SINHA et al., 2004). Como exemplo, uma das
aplicações típicas das nano e microesferas é a distribuição local de drogas
anticâncer. Devido ao tamanho relativamente grande das microesferas é possível
direcioná-las até tecidos-alvos via circulação sistêmica ou através da membrana
mucosa. Nanoesferas podem ser usadas para direcionamento passivo por via
sistema retículo endotelial para o fígado e células fagociticamente ativas (CHAWLA;
AMIJI, 2002; LITTLE, 2004).
Os critérios para o desenvolvimento de sistemas de distribuição de drogas
são freqüentemente baseados nas características físico-químicas e propriedades
farmacocinéticas da droga. As metodologias amplamente usadas para a produção
de nano e microesferas de polímeros incluem precipitação, diálise, evaporação de
solvente da emulsão, coacervação, spray drying e expansão rápida de soluções
supercríticas (JAIN, 2000; BERKLAND, 2001; SINHA et al., 2004). Entretanto, essas
técnicas ainda sofrem limitações, em particular, pelo uso de solventes orgânicos. A
existência de solventes orgânicos pode levar a perda ou diminuição da bioatividade
de algumas drogas. Além disto, muitos solventes são tóxicos, e mesmo uma baixa
exposição a quantidades nimas pode levar a efeitos tóxicos residuais (LEES-
HALEY; WILLIAMS, 1997). Técnicas de formulação de nano e microesferas na
ausência de solventes orgânicos tóxicos são altamente desejáveis. Outras limitações
de algumas metodologias de preparo incluem o controle e distribuição do tamanho
das esferas e o rígido controle dos requisitos para as condições de preparo (JAIN,
2000; SINHA et al., 2004).
Estudos prévios sobre a liberação de drogas usando nanopartículas adotam
técnicas como espectrofotometria UV (GOVENDER et al., 1999; SOPPIMATH et al.,
2001; YANG et al., 2004) ou cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC, do inglês
High performance liquid chromatography) (MADELINE; PEPPAS, 1999; FOSS et al.,
2004) para monitorar a concentração de droga liberada. Todas essas técnicas
requerem o uso de membranas de diálise ou centrifugação para isolamento das
nanopartículas da droga livre a fim de quantificar a liberação do fármaco.
35
Alguns exemplos indicam o uso potencial de xiloglucanas para uma ampla
variedade de aplicações com inúmeras vantagens sobre outros sistemas
macromoleculares (COVIELLO et al., 2007).
Como exemplo de aplicação, a xiloglucana de tamarindo foi proposta como
matriz em formulação de supositório para a liberação sustentada (ou controlada) de
indometacina (MIYAZAKI et al., 1998), e também foi testada para administração
intraperitoneal (SUISHA et al., 1998). Comparada à gelana e ao alginato, a
xiloglucana apresentou melhor desempenho, via oral, na administração de
cimetidina (MIYAZAKI et al., 2001a). Também já se investigou a administração
ocular de pilocarpina e timolol (BURGALASSI et al., 2000; MIYAZAKI et al., 2001b)
em géis de xiloglucana parcialmente degradadas com β-galactosidase, os quais se
mostraram mais efetivos, pois previnem a perda da droga pela drenagem ocular
(COVIELLO et al., 2007).
As XG também foram usadas como veículos para a liberação controlada de
formulações percutâneas de drogas antiinflamatórias não-esteroidais (TAKAHASHI
et al., 2002). Testes in vivo indicaram biodisponibilidade similar entre sistemas
contendo xiloglucanas e suspensões comerciais de paracetamol (MIYAZAKI et al.,
2003) e teofilina (MIYAZAKI et al., 2001c).
Mais recentemente, a formação de filmes finos de polissacarídeos sobre
superfícies sólidas também tem relevância acadêmica e tecnológica como, por
exemplo, em processos de estabilização coloidal (NAPPER, 1983) e no
desenvolvimento de biossensores e imunoensaios (CHIBATA et al., 1978; EGGINS,
1997).
Estudos têm sido feitos para desenvolver mecanismos de liberação
controlada e para a distribuição de drogas que são rapidamente metabolizadas ou
de difícil administração (LOPEZ et al., 2005) que, em geral, são sensíveis ao
ambiente fisiológico e devem ser protegidas com um veículo, geralmente polimérico,
como as XG. Os sistemas de liberação baseados no swelling controlado de
nanopartículas, como os nanogéis, satisfazem tal requisito (LOWMAN et al., 1999;
HORAK et al., 2001; MORISHITA et al., 2002) como, por exemplo, na melhora da
forma de liberação de agentes antineoplásicos durante os longos períodos de
tratamento.
36
1.4 Agentes antineoplásicos
A maioria dos antineoplásicos atua sobre células que estão no ciclo celular
que compreende as fases G
1
(pré-sintética), S (síntese celular), G
2
(pós-síntese) e M
(mitose), precedidas da fase G
0
. agentes que atuam dependentemente desse
ciclo, necessitando de proliferação celular para exercer seus efeitos citotóxicos,
sendo que alguns têm ação preferencial em uma fase específica do ciclo celular, os
chamados agentes dependentes do ciclo fase-específicos e outros são citotóxicos
em qualquer ponto do ciclo celular, os agentes dependentes do ciclo fase-não
específicos. Há ainda fármacos independentes do ciclo celular que agem sobre
células que estão fora desse ciclo. As associações medicamentosas com agentes
que atuam em diferentes fases parecem ter ação sinérgica no combate ao
crescimento e desenvolvimento do tumor (ROITHMANN, 1998).
Até recentemente o tratamento medicamentoso do câncer baseava-se
exclusivamente em drogas citotóxicas. Atualmente, agentes que induzem
diferenciação celular tornaram-se disponíveis, os quais incluem fatores de
crescimento celular e de transmissão de sinais intracelulares (THE LANCET
ONCOLOGY, 2000).
alguns princípios básicos da quimioterapia antineoplásica, sendo o
primeiro relativo ao fato de que cada dose de citostático destrói certa fração de
células leucêmicas e não certo número dessas. Essa resposta é proporcional à
concentração do agente antineoplásico. Logo, a capacidade de cura de uma
neoplasia é inversamente proporcional ao volume do nódulo inicial. O segundo
princípio é de que, após quimioterapia, o crescimento das células tumorais se faz na
mesma taxa de antes do tratamento. Logo, a cura depende da concentração efetiva
do agente antitumoral e do tempo a que as células são expostas. Assim, para obter-
se a cura, são necessárias múltiplas injeções de quimioterápicos, em dose que
possibilite que a taxa de destruição celular seja maior do que a da "repopulação" do
tumor. O objetivo da quimioterapia do câncer é reduzir a zero o número de células
neoplásicas (ROITHMANN, 1998).
Agentes antineoplásicos classificam-se por mecanismo de ação citotóxica
(agentes alquilantes e antimetabólitos), ação fisiológica (hormônios) ou origem
(produtos naturais). Agentes que não se enquadram nessas categorias o
37
classificados como miscelânea. A classificação geral dos antineoplásicos pode ser
vista a seguir na tabela 2.
TABELA 2 - CLASSIFICAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS
Classe Tipo Droga
Mostardas nitrogenadas
Mecloretamina, Ciclofosfamida, Ifosfamida,
Melfalam, Clorambucil
Etileniminas e etilmelaminas
Tiotepa, Altretamina
Alquil sulfonato
Bussulfam
Nitrosuréias
Carmustina, Lomustina, Semustina,
Estreptozocina
Agentes
alquilantes
Triazenos
Dacarbazina, Temozolomida
Análogo do ácido fólico
Metotrexato
Antimetabólitos
Análogos das pirimidinas
5-Fluoruracil, Floxuridina, Idoxuridina,
Citarabina, Capecitabina, Azacitidina,
Gencitabina
Análogos das purinas
Mercaptopurina, Fludarabina, Tioguanina,
Pentostatina, Cladribina
Produtos
Naturais
Alcalóides da Vinca (antimitóticos)
Vincristina, Vimblastina, Vinorelbina, Vindesina
Taxanas (promovem micortúbulos) Paclitaxel, Docetaxel
Epipodofilotoxinas (complexação
com Topo II e DNA)
Etoposida, Teniposida
Análogos da camptotecina
(inibição de Topo I)
Irinotecan, Topotecan
Antibióticos Dactinomicina, Daunorubicina, Doxorubicina,
Valrubicina, Idarubicina, Epirubicina,
Mitoxantrona, Bleomicina, Mitomicina,
Plicamicina
Modificadores de resposta
biológica
Interferon-alfa, Interleucina-2
Enzimas L-asparaginase
Complexos de platina Cisplatina, Carboplatina, Oxaliplatin
Uréia substituída Hidroxiuréia
Derivado de metilidrazina Procarbazina
Supressor adrenocortical Mitotano (o,p’- DDD), Aminoglutetimida
Miscelânea
Inibidor da tirosina quinase Imatinib, Trastuzumab, Rituximab
FONTE: CALABRESI; CHABNER (2001)
Associação de múltiplos agentes antineoplásicos resulta em maior taxa de
resposta quando comparada a monoterapia. Para realizá-la, as drogas combinadas
devem ter (WANNMACHER, 2008):
38
atividade antitumoral demonstrada em monoterapia;
diferentes mecanismos de ação;
toxicidades diferentes sobre tecidos normais;
ausência de resistência cruzada.
Importante fator limitante da quimioterapia antineoplásica é a toxicidade das
drogas em tecidos sadios, especialmente os que têm taxa de proliferação rápida,
como medula óssea, epitélio gastrintestinal, folículos pilosos da pele e epitélio
germinativo. Assim, efeitos adversos mais freqüentes incluem mielossupressão,
náusea, vômito, diarréia, alopecia (queda de cabelos e pêlos) e diminuição da
fertilidade (WANNMACHER, 2008).
Dentre as classes de antineoplásicos a seguir é descrita a dos alcalóides, que
inclui a camptotecina e seus derivados.
1.4.1 Alcalóides
Alcalóides pertencem a um grupo diverso de moléculas de baixa massa molar
que contêm nitrogênio e são encontrados em, aproximadamente, 20% das espécies
de plantas. Muitos dos 16.000 alcalóides que têm estrutura descrita têm função de
defesa contra herbívoros, micróbios, vírus e plantas competidoras (WINK, 2003). A
potente atividade biológica de alguns alcalóides tem sido tradicionalmente explorada
pelo homem para caça, fins de guerra e tratamento de doenças (LORENCE;
NESSLER, 2004).
Alcalóides derivados de plantas atualmente em uso clínico incluem agentes
anticâncer como a camptotecina (CPT) e seus derivados, taxol, vincristina e
vinblastina, analgésicos como codeína e morfina, a colchicina para o tratamento de
gota, relaxante muscular como a (+)-tubocurarina, antiarrítmico ajmalicina, anti-
malárico quinina, potente emético emetina, antibiótico sanguinarina, sedativo
escopolamina, e como analgésico tópico a capsaicina (RASKIN et al., 2002). A
maioria dos alcalóides deriva dos aminoácidos fenilalanina, tirosina, triptofano lisina
e ornitina (LORENCE; NESSLER, 2004).
39
1.4.1.1 Camptotecina e seus derivados
O alcalóide pentacíclico altamente insaturado, 20-(S)-Camptotecina (CPT)
(FIGURA 6), foi isolado pela primeira vez por Monroe E. Wall e Mansukh C. Wani
(1966), a partir do extrato da Camptotheca acuminata (Xi Shuou árvore da alegria,
FIGURA 5) da família Nyssaceae, nativa da China e Tibet, onde é extensamente
utilizada na medicinal tradicional chinesa.
FIGURA 5 - Camptotheca acuminata: ARBUSTO (A), FLORES E FOLHAS (B) E SEMENTES (C).
FONTE: A, B- SEEDMAN (2008); C- SICHUAN (2008).
A camptotecina e seus análogos, coletivamente chamados de camptotecinas,
foram isolados de diversas espécies de plantas, como Camptotheca lowreyana e
Camptotheca yunnanensis (LI et al., 2002), Ervatamia heyneana (GUNASEKERA et
al., 1979), Nothapodytes foetida (AIYAMA et al., 1988), Merriliodendron megacarpum
(ARISAWA et al., 1981), Mostuea brunonis (DAI et al., 1999), Ophiorrhiza mungos
(TAFUR et al., 1976), Ophiorrhiza pumila (SAITO et al., 2001), Pyrenacantha
klaineana (ZHOU et al., 2000) e demonstram potente atividade antitumoral e
mecanismo único de ação por inibição da enzima DNA topoisomerase I (Topo I)
(CHAVAN et al., 2007). Os resultados promissores dos testes como agente
antitumoral em modelos animais levaram à avaliação clínica da camptotecina
(MOERTEL et al., 1972).
40
A molécula de CPT existe em duas formas dependendo do pH; uma forma
lactônica ativa (FIGURA 6, estrutura 1) em valores de pH abaixo de 5 e uma forma
carboxilada inativa em pH alcalino (FIGURA 6, estrutura 2) (FASSBERG; STELLA,
1992).
FIGURA 6 - ESTRUTURA QUÍMICA DA CAMPTOTECINA (CPT) EM SUAS DUAS FORMAS
DEPENDENTES DO pH, UMA FORMA LACTÔNICA ATIVA EM pH ABAIXO DE 5 E
UMA CARBOXILADA INATIVA EM pH ALCALINO
FONTE: Adaptado de LI et al. (2006)
Em pH fisiológico, a maior parte das moléculas de CPT existe em uma forma
carboxilada inativa, sendo a estabilidade da sua forma lactônica um fator crítico para
a atividade anticancerígena. Além disso, a abertura do anel E, em sua forma
carboxilada apresenta menor capacidade de difusão através da bicamada lipídica do
que a forma lactônica. Portanto, fatores que influenciam o deslocamento do
equilíbrio entre as forma lactônica-carboxilada da molécula de CPT são claramente
importantes para sua função (OPANASOPIT et al., 2006). Demonstrou-se que a
albumina rica humana (HSA, do inglês, Human serum albumin) liga-se
preferencialmente com a forma carboxilada resultando em maior rapidez no
deslocamento do equilíbrio favorecendo a abertura do anel lactônico (MI; BURKE,
1994).
A labilidade do anel lactônico e a sua baixa solubilidade aquosa apresentam
muitos desafios para o desenvolvimento de drogas e sistemas drug delivery (SDD).
Vários tipos de SDD têm sido desenvolvidos a fim de reduzir a toxicidade sistêmica e
melhorar o efeito antitumoral aprimorando sua farmacocinética. Em SDD,
carreadores coloidais têm sido propostos para a efetiva administração de drogas
com problemas de toxicidade, baixa biodisponibilidade ou baixa solubilidade em
água. Tendo em vista as limitações da droga, a nanotecnologia pode fornecer
inovações neste campo, como, por exemplo, no desenvolvimento de nanoemulsões
41
e nanopartículas (SONVICO et al., 2006). Nanosistemas poliméricos ou lipídicos,
em diversos casos, melhoram a biodisponibilidade da droga, modificam a
farmacocinética ou protegem a droga encapsulada de ataque enzimático. Diversos
sistemas lipossomais foram aprovados ou estão sendo avaliados para aplicações
clínicas, especialmente para o tratamento do câncer (TORCHILIN, 2005).
Estudos anteriores mostraram que o anel lactônico da CPT foi protegido por
incorporação da droga em estruturas de bicamada lipídica como lipossomas
(LUNDBERG, 1998; CHOW et al.,2000; LIU et al., 2002), microesferas (ERTL et
al.,1999; KUMAR et al., 2001; TONG et al., 2003), por conjugação à polímeros
sintéticos (CONOVER et al., 1999; SINGER et al., 2000; QIU et al., 2003; DHARAP
et al., 2005; PARANJPE et al., 2005), nanohíbridos (TYNER et al., 2004) e micelas
poliméricas (YOKOYAMA et al., 2004; OPANASOPIT et al., 2004; 2005; UM et al.,
2005; WATANABE et al., 2006).
Nos últimos 20 anos, micelas poliméricas têm atraído interesse por causa do
seu potencial para a utilização em sistemas carreadores de drogas. O núcleo (ou
core) hidrofóbico serve de reservatório para drogas hidrofóbicas, enquanto as partes
hidrofílicas servem de interface entre o ambiente da fase aquosa e o domínio
hidrofóbico. A “casca” externa (ou shell) altamente hidratada das micelas poliméricas
pode inibir a agregação intermicelar de seus núcleos hidrofóbicos internos.
Conseqüentemente, as micelas poliméricas mantêm estabilidade aquosa
satisfatória, independentemente do alto conteúdo incorporado da droga hidrofóbica
dentro do núcleo. Além disso, uma micela polimérica de tamanho menor que 200 nm
reduz a captura não seletiva do sistema retículo endotelial e aumenta os efeitos de
permeabilidade e retenção (o chamado EPR effect ou enahanced permeability and
retention effects) (GREISH et al., 2003), nos locais onde tumores sólidos são o alvo.
Descrições anteriores revelam que drogas anticâncer como a adriamicina
(YOKOYAMA et al., 1994,1999), KRN550 (MATSUMURA et al., 1999), camptotecina
(YOKOYAMA et al., 2004; OPANASOPIT et al., 2004), trans-ácido retinóico
(KAWAKAMI et al., 2005), taxol (MIWA et al., 1998) e paclitaxel (ZHANG et al.,
2004) foram incorporadas com sucesso em micelas poliméricas e demonstraram alta
seletividade de entrega da droga a tumores lidos. Nesse contexto, espera-se que
os SDD obtidos de biopolímeros apresentem vantagens quanto à biodegradação,
biocompatibilidade e não toxicidade (OPANASOPIT et al., 2006).
42
A descoberta de que o alvo celular primário da CPT é a enzima
topoisomerase I (Topo I) renovou os interesses nesse agente e levou à síntese de
análogos mais hidrossolúveis, pois a camptotecina apresenta baixa solubilidade
aquosa.
FIGURA 7 - ESTRUTURA DE ALGUNS DERIVADOS COMERCIALMENTE DISPONÍVEIS OU
AINDA EM FASE DE TESTES CLÍNICOS. SÃO MOSTRADOS TAMBÉM A
ESTRUTURA DA CPT INDICANDO O SEU ESTEREOCENTRO 20-(S) E O
EQUILÍBRIO DINÂMICO ENTRE A FORMA LACTÔNICA E CARBOXILÍCA
FONTE: Adaptado de LORENCE; NESSLER (2004)
Dois análogos denominados irinotecan (cloridrato, Camptosar
®
, Pfizer
Oncology) (NEGORO et al., 1991; KAWATO et al., 1991), para tratamento de
carcinoma colo-retal metastático, e topotecan (cloridrato, Hycamtin
®
,
GlaxoSmithKline) (KINGSBURY et al., 1991), para carcinoma ovariano metastático,
43
são comercializados como drogas anticâncer e outros estão sendo testados
(FIGURA 7).
A maioria dos derivados de CPT atualmente em desenvolvimento e em fase
de estudos clínicos são potentes inibidores de Topo I com exceção do irinotecan,
que é uma pró-droga que deve ser primeiramente convertida ao seu metabólito
ativo, o SN-38, por uma enzima conversora carboxiesterase (TAKIMOTO et al.,
1998).
Camptotecina (CPT) induz toxicidade celular por inibição da ntese de DNA e
RNA em células de mamíferos. Resumidamente, a inibição da síntese de RNA
resulta em cadeias de RNA mais curtas e é rapidamente reversível quando da
remoção da droga (ABELSON; PENMAN, 1972). A inibição da síntese de DNA, por
outro lado, é apenas parcialmente reversível após a remoção da droga. Outro efeito
proeminente é a fragmentação rápida e reversível do DNA celular em cultura de
células de mamíferos. Isso é realizado pela estabilização da ligação da Topo I ao
DNA, levando à fragmentação do DNA. A camptotecina liga-se ao complexo binário
DNA - Topo I e bloqueia especificamente a re-ligação da reação de quebra e re-
ligação da DNA Topo I de mamíferos (HATEFI; AMSDEN, 2002), constituindo o
complexo ternário mostrado na figura 8.
FIGURA 8 - EQULÍBRIO ENTRE O DNA E O COMPLEXO BINÁRIO DNA - TOPOISOMERASE I
(TOPO I); E ENTRE O COMPLEXO BINÁRIO ENZIMA-DNA E O COMPLEXO
TERNÁRIO FORMADO COM A CAMPTOTECINA (CPT)
FONTE: Adaptado de HORWITZ (1971); HERTZBERG (1989)
De acordo com o mecanismo de ação, CPT age ligando-se ao complexo DNA-
Topo I, levando a um acúmulo de quebras na fita de DNA durante a replicação,
finalmente causando morte da célula na fase S do ciclo celular. O complexo é
44
normalmente um intermediário transitório que está envolvido no relaxamento do
DNA durante um número crítico de processos celulares, incluindo a replicação,
transcrição, recombinação, reparo, constituição da cromatina e separação dos
cromossomos, processos geralmente rapidamente reversíveis na ausência de CPT
(HSIANG et al., 1985; 1989).
Estudos realizados apóiam a interpretação que a Topo I é o único alvo
intramolecular de CPT, e que a sensibilidade celular a esta droga é dependente de
altos níveis de Topo I. O mecanismo exato pelo qual CPT estabiliza o complexo
binário covalente DNA-Topo I não é completamente compreendido, pois a droga age
como inibidor não-competitivo e liga-se apenas ao complexo binário transitório
(HORWITZ, 1971; HERTZBERG, 1989). CPT apresenta fraca ligação ao B-DNA
normal em condições fisiológicas, porém não se liga a Topo I sozinha (FAN, 1998).
Apesar da aparente ausência de afinidade da CPT com o DNA ou Topo I
isoladamente, sugere-se que a ligação com o complexo binário seja responsável
pela estabilização observada. Mesmo sendo a formação de uma ligação covalente
transitória entre o anel E aberto da CPT e o complexo DNA-Topo I, não
evidências diretas da formação de uma ligação covalente. Então, CPT e seus
derivados ligam-se ao complexo binário covalente DNA-Topo I por processos não-
covalentes no local de clivagem do DNA ou próximo deste, indicando que
provavelmente ocorre a formação do complexo ternário (LI et al., 2006).
1.4.1.1.1 Aplicações clínicas e efeitos adversos
Além de agentes anticâncer, os inibidores de Topo I podem apresentar
atividade antiviral (TAKAHASHI et al., 1995). A atividade de Topo I está envolvida na
função de transcrição reversa do HIV. Priel et al.(1996) demonstraram que a inibição
da Topo I por CPT pode bloquear o desenvolvimento de malignidades retrovirais
induzidas em camundongos. Testes de atividade antitumoral e antiviral de
camptotecinas no tratamento de malignidades associadas ao HIV como o sarcoma
de Kaposi e linfoma estão em fase clínica. Vollmer-Haase et al. (1997) observaram
que em um paciente com leucoencefalopatia multifocal progressiva CPT demonstrou
atividade anti-infecciosa contra papovavírus JC. Em estudo de Clements et al.(1999)
45
foi demonstrado que a CPT não é capaz de inibir apenas o crescimento de células
endoteliais de maneira não-tóxica, mas que também pode inibir a angiogênese. Esta
observação demonstra que além de atividade tumoricida, CPT possivelmente tem
atividade antitumoral devido a sua atividade antiangiogênica, que pode apresentar
relevância clínica no tratamento de outras condições como a reestenose
a
e
psoríase
b
. A utilização de camptotecinas deve ser avaliada adicionalmente para o
tratamento de doenças não-malignas (TAKIMOTO et al., 1998).
Outra aplicação de CPT encapsulada em lipossomos foi recentemente
explorada (PROULX et al., 2001) contra a leishmaniose, que tem como principal
reservatório de parasitas os macrófagos do fígado e baço. Estes macrófagos têm
tendência de capturar os lipossomos, sendo esta então uma estratégia para o
acúmulo de drogas nestes tecidos para um tratamento mais eficiente.
Por causarem danos ao DNA, CPT e seus derivados são potencialmente
mutagênicos e podem induzir aberrações cromossômicas incluindo aumento na
troca das cromátides-irmãs, deleções e rearranjos gênicos (HASHIMOTO et al.,
1995). Sendo as camptotecinas associadas a um aumento no risco de malignidades
secundárias são necessários estudos contínuos, entretanto este risco não deve
deter o desenvolvimento e uso desta importante classe de agente antitumoral, sendo
indicado o cuidadoso monitoramento terapêutico dos pacientes quanto aos efeitos
adversos tardios das camptotecinas (TAKIMOTO et al., 1998).
1.5 Formação de filmes finos de polissacarídeos
Para a aplicação dos polissacarídeos no campo dos biomateriais, várias
estratégias são usadas para tornar o material utilizado biologicamente ativo. Um dos
métodos utilizado para a incorporação de biomoléculas em um biomaterial consiste
em direcioná-la diretamente na superfície de revestimento do material (CHLUBA et
al., 2001). A formação de filmes finos sobre superfícies sólidas tem grande
a
Reestenose: principal complicação cirúrgica após angioplastia que consiste em isquemia miocárdica
nos seis meses posteriores ao procedimento devido a redução igual ou maior que 50% da luz do vaso
sanguíneo (SANTOS FILHO et al., 2002).
b
Psoríase: erupção cutânea descamativa crônica caracterizada por hiperproliferação de
queratinócitos (GOODMAN et al., 1996)
46
importância tecnológica, como no desenvolvimento de biossensores (JELINEK;
KOLUSHEVA, 2004; DAVIS; HIGSON, 2005), imunoensaios (OSTROFF et al., 1998)
e em aplicações biomédicas, ao revestir e funcionalizar biomateriais, através da
deposição de proteínas (CARUSO et al., 1997), DNA ou outras nanopartículas no
filme fino formado (ZHANG et al., 2005). Filmes finos o importantes porque
permitem adsorver em seu interior moléculas de importância biológica, como
proteínas, peptídeos, lipopolissacarídeos e drogas.
Algumas estratégias para a obtenção de filmes finos podem ser adotadas,
sendo os exemplos mais conhecidos para a sua obtenção a deposição pelo princípio
de Langmuir-Blodgett (LB), a eletrodeposição e técnicas de automontagem (layer by
layer - LbL) (DECHER, 1997; DÚRAN; MATTOSO; MORAIS, 2006). Porém, podem-
se obter os filmes por simples imersão do suporte na solução de interesse, como no
caso deste trabalho. Assim como em todas as técnicas, uma etapa de lavagem é
necessária quando há deposição de soluções diferentes.
Proteínas podem integrar a arquitetura do filme sem haver necessariamente
uma ligação covalente com o polieletrólito. Um exemplo de proteína utilizada na
funcionalização desses filmes é a Concanavalina A (ConA). ConA é uma lectina
extraída de uma leguminosa de feijão de porco, com massa molar de
aproximadamente 100.000 Da, que apresenta 4 tios iguais de ligação com
açúcares, especificamente
D
-manose e
D
-glucose (MACIEL et al., 2007). Outro
exemplo de proteína utilizada na adsorção de filmes finos é a albumina
(YAMPOLSKAYA; PLATIKANOV, 2006). Albumina sérica é a proteína mais
abundante na circulação sanguínea. É uma proteína globular, formada por uma
cadeia de polipeptídeo, com 585 aminoácidos, sendo essencial para manter a
pressão osmótica, para transportar hormônios, ácidos graxos, drogas e compostos
hidrofóbicos. O seu estudo pode ser usado como uma base para pesquisa em filmes
finos de modelos contendo multicamadas com biomoléculas adsorvidas, o que
fornece informações de aplicação, estabilidade e funcionalização de um biossistema
(CARUSO; MÖHWALD, 1999).
O processo de deposição e adsorção de materiais sobre um determinado
suporte pode ser avaliado por medidas elipsométricas, na qual é possível medir a
espessura do filme formado e análise por microscopia de força atômica que fornece
informações topográficas, e ainda por medidas de ângulo de contato para análise da
interação das soluções com o suporte (PEREIRA et al., 2008).
47
Algumas das técnicas utilizadas neste trabalho para o estudo dos
polissacarídeos são descritas a seguir.
1.6 Técnicas diferenciais para análise de polissacarídeos
1.6.1 Elipsometria
Elipsometria (AZZAM; BASHARA, 1987) consiste em medir a mudança do
estado de polarização da luz após a reflexão, a partir de uma superfície isotrópica
refletora. Um elipsômetro é um equipamento simples e sensível, que mede a
espessura de um filme fino a partir de uma única camada até várias camadas. Os
elipsômetros podem operar usando múltiplos ângulos e comprimentos de onda para
determinar a espessura do filme de uma maneira muito sensível, alcançando uma
escala de Ângstrons (Å).
FIGURA 10 - MODELO DE ELIPSÔMETRO MOSTRANDO O ESTADO DA LUZ POLARIZADA
SENDO REFLETIDA E DETECTADA PELO DETECTOR
FONTE: OSTROFF et al.(1998)
A figura 10 mostra os elementos básicos que compõem o elipsômetro: a luz
polarizada, dois polarizadores e um detector. A fonte de luz pode ser policromada
através de um filtro ou de um laser. A luz polarizada emitida interage com superfície
óptica e um deslocamento de fase de ambos os componentes; paralelo e
Analisador
48
perpendicular do plano de incidência. A quantidade refletida depende das
propriedades ópticas do material de base, bem como da espessura e do índice de
refração dos filmes (OSTROFF et al.,1998). Y
]As mudanças de fase () e de amplitude (ψ) da radiação após a reflexão são
medidas com relação à radiação incidente. Os parâmetros e ψ dependem do
comprimento de onda da radiação (λ), do ângulo de incidência (Φ), da espessura (d)
e do índice de refração (n) de um filme isotrópico e refletor, como mostra a equação
fundamental da elipsometria (AZZAM; BASHARA, 1987) (equação 1):
tan ψ e
i
= f (n,d, Φ e λ) (1)
Através da equação 1, das relações de Drude e Fresnel, de cálculos
interativos e matrizes de Jones (AZZAM; BASHARA, 1987) pode-se obter n e d
independentemente. Quando as espessuras das camadas são muito finas (~ 1 nm)
ou quando o contraste óptico não é suficiente para que d e n sejam obtidos
independentemente um do outro, então, usa-se o índice de refração fixo a partir de
dados da literatura ou do fabricante, e determina-se a espessura do filme (d
poli
).
1.6.2 Microscopia de força atômica
Microscopia de varredura por sonda (MVS ou SPM, do inglês Scanning Probe
Microscopy) é o nome genérico de uma família de microscópios que utiliza uma
sonda como forma de detecção de algumas grandezas físicas para estudar
propriedades de superfícies, sendo as principais a microscopia de varredura por
tunelamento (MVT ou STM, do inglês Scanning Tunneling Microscopy) através da
corrente de tunelamento (BINNIG et al., 1982) e os microscópios de varredura por
força (MVF ou SFM, do inglês Scanning Force Microscopy). O SFM pode ser usado
para medir muitos tipos de forças, incluindo as forças atrativas de van der Waals
(BINNIG et al., 1986; MCCLELLAND et al., 1987; MARTIN et al., 1987), forças
49
eletrostáticas (STERN et al., 1988; BUTT, 1991; BELAIDI et al., 1997), forças de
menisco (MATE et al., 1989; BINGGELI; MATE, 1995) e outras forças associadas
com forças friccionais, interfaciais de líquido/sólido ou líquido/gás (MATE et al.,
1987; BHUSHAN, 1995) ou forças de contato repulsivas (ALBRECHT; QUATE,
1987; GOODMAN; GARCIA, 1991). Cada uma dessas técnicas possui
características próprias para obtenção de imagens.
Assim como o STM, a microscopia de força atômica (MFA ou AFM, do inglês
Atomic Force Microscopy) é capaz de gerar imagens com resolução espacial
extremamente alta e nas três dimensões (FIGURA 11). Entretanto, o microscópio de
força atômica pode ser usado para estudar as superfícies de amostras, tanto a
eletricamente condutora como a não-condutora, não tendo, dessa forma, a limitação
do STM de obter imagens em superfícies condutoras ou semicondutoras
(HERRMANN, 1999).
FIGURA 11 - ILUSTRAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UM MICROSCÓPIO DE FORÇA ATÔMICA E SEUS
COMPONETES
FONTE: COSTA et al.(2002)
O microscópio de força atômica pode ser considerado como um brido entre
os equipamentos para medida da força em superfícies (SFA, do inglês Surface
Force Analysis) (ISRAELACHVILI, 1992) e um perfilômetro de superfície (TEAGUE
et al., 1982). O AFM pode operar no regime de trabalho conhecido como modo
contato, similar ao perfilômetro, mas com força de carga muito menor. Enquanto o
perfilômetro mede forças em torno de 10
-4
N, o microscópio de força atômica no
modo contato, possui uma faixa de medida que se estende de 10
-6
N a 10
-10
N e no
50
modo não-contato (modo este similar ao SFA) chega a medir forças da ordem de
10
-13
N (WEISENDANGER, 1994; FROMMER, 1996). O modo repulsivo propicia
imagens de maior resolução. O AFM pode obter imagem com uma resolução lateral
de 0,2 nm e uma resolução vertical menor que 0,01 nm. Além disso, o AFM atua em
uma ampla faixa de magnificação, que ultrapassa a 10
4
, isto é, partindo-se de uma
imagem atômica até o perfil de uma estrutura microscópica (ALBRECHT, 1989).
FIGURA 12 - RELAÇÃO DE FORÇAS QUE ATUAM ENTRE A AGULHA E AMOSTRA, DE ACORDO
COM AS DISTÂNCIAS QUE AS SEPARAM
FONTE: HERRMANN (1999)
Um dos pontos importantes da técnica de microscopia de força atômica é que
ela pode gerar imagens em diferentes condições, como amostra imersa em quidos
(MARTI et al., 1987; WEISENHORN et al., 1990; THOMSON et al., 1996), a vácuo
(MEYER; AMER, 1988; HOWALD et al., 1993), em baixas temperaturas (KIRK et al.,
1988; ALBRECHT et al., 1992) e principalmente nas condições ambientais. A
vantagem inerente de se trabalhar em diferentes condições é a de realizar estudos
das propriedades de diversos materiais nas condições ideais. Por exemplo,
operando em líquidos, pode-se observar a dinâmica de reações químicas e de
51
processos biológicos no espaço real e no tempo com resolução molecular
(DRAKE et al., 1989; SHAO; YANG, 1995).
Vários tipos de forças contribuem para a deflexão de uma haste em um
microscópio de força atômica. A figura 12 ilustra de forma simplificada as forças
envolvidas, de acordo com a distância que separa a agulha da amostra.
Para dois corpos eletricamente neutros e não-magnéticos separados por uma
ou várias dezenas de nanômetros, pode se dizer que as forças de van der Waals
(VDW) usualmente dominam a interação entre eles (WEISENDANGER, 1994).
Essas forças são atrativas diminuindo a distância de separação entre os dois corpos
para a casa de fração de Angstrons, as forças que irão dominar serão as forças
repulsivas.
1.6.2.1 Microscopia de força atômica em modo não-contato
A técnica de não-contato explora outros níveis de interação de força. O
método se baseia na separação entre a agulha e a amostra, em torno de 10 a 100
nm. Nessa situação, somente forças de longo alcance interagirão; no caso, forças de
VDW, eletrostática e força de dipolo magnético. O método para a medida da
interação de força, no modo não-contato com AFM, é usualmente diferente do modo
contato, no qual a agulha, localizada na extremidade da haste, faz o suave “contato
físico” em escala atômica com a amostra. Ao invés do contato da ponta com a
amostra, ela é colocada para vibrar próximo da sua freqüência de ressonância pelo
uso de um elemento piezoelétrico (BINNING et al., 1986), e assim mudanças no
valor da freqüência de ressonância serão devidos às alterações da força de
interação agulha-superfície. O uso da propriedade de resposta em freqüência da
haste faz com que a relação sinal/ruído melhore. A força total entre a agulha e a
amostra, no regime de modo não-contato, geralmente está em torno de 10
-12
N.
52
1.6.2.2 Microscopia de força atômica em modo de contato intermitente
O princípio de funcionamento do modo contato intermitente (“quasi non-
contact ou “tapping mode”) é similar ao sistema de trabalho do não-contato, isto é, a
haste vibra, por intermédio de um piezoelétrico, próxima a sua freqüência de
ressonância.
A haste, juntamente com a agulha, é colocada bem próxima à amostra, até
que o deslocamento contínuo e controlado do “scanner” piezo faça com que a
agulha toque levemente a amostra. A amplitude de vibração da haste varia entre 20
e 100 nm, mas somente por um breve período do tempo total de vibração a agulha
“bate” na amostra.
FIGURA 13 - IMAGEM DE FITAS DE DNA QUE SERVEM DE REFERÊNCIA PARA IMAGENS DE
MOLÉCULAS BIOLÓGICAS. O DIÂMETRO DO DNA É DE 2 nm. ESTA AMOSTRA É
USADA PARA CONFERIR O FUNCIONAMENTO ADEQUADO DO EQUIPAMENTO E
ESTABELACER A EFICIENCIA DA ANÁLISE DE IMAGENS DE JANELAS DE A
1,2x 1,2 µm
2
FONTE: WEST (2004)
Essa técnica de microscopia vem sendo aplicada com bons resultados em
alguns tipos de amostras consideradas macias, como por exemplo, materiais
biológicos (FIGURA 13) e polímeros, porque, ao contrário do modo contato, que
devido à força lateral pode danificar a amostra, o modo contato intermitente elimina
essa influência. Quando comparado ao modo não-contato, a mesma se torna mais
efetiva por realizar imagens de grandes áreas que podem incluir maiores variações
na topografia da amostra (HERRMANN, 1999).
53
1.6.2.3 Aplicações da microscopia de força atômica
1.6.2.3.1 Estudo de biomoléculas
A estrutura de biopolímeros, principalmente proteínas e ácidos nucléicos, e
seus complexos supramoleculares (vírus, complexos proteínas/ácidos nucléicos
envolvidos em transcrição, tradução entre outros) contêm a informação que os
pesquisadores de biotecnologia, eletrônica e nanotecnologia necessitam para
realizar trabalhos com alta eficiência na escala atômica e molecular. Dentre os
biopolímeros, as proteínas têm sido os mais estudados do ponto de vista estrutural,
pois têm estrutura tridimensional altamente definida e singular, o que leva à
necessidade da determinação da estrutura de cada uma individualmente
(HERRMANN, 1999).
As técnicas que podem associar rapidez e resolução estão associadas às
técnicas microscópicas de alta resolução, como a microscopia eletrônica de
varredura (MEV ou SEM, do inglês Scanning Electron Microscopy). Essa técnica
vem sendo usada nos estudos de algumas proteínas, principalmente as de grande
massa molar e as que apresentam estrutura quaternária. A principal dificuldade da
técnica SEM está na necessidade de recobrimento da amostra com material
condutor (CANTOR; SCHIMMEL, 1980; CAMPBELL; DWEK, 1984; HERRMANN et
al., 1997a). Com isso, o STM, e posteriormente o AFM, estão sendo usados no
estudo de proteínas. A principal vantagem do AFM sobre o STM é que pode ser
usado tanto em amostras condutoras quanto isolantes, como as proteínas
(HERRMANN, 1999).
Quando comparada às outras técnicas (microscopia eletrônica, difração de
raio X e espectrosocopia de RMN), a AFM permite explorar outras grandezas da
amostra, como topografia, rugosidade e dados tribológicos
c
(HERRMANN, 1999).
c
Tribologia: ramo da ciência e da tecnologia que estuda o atrito, o desgaste e a lubrificação.
54
1.6.2.3.1.1 Análise de um polímero natural
Técnicas da microscopia de varredura por força estão ajudando, através da
obtenção de imagens com alta resolução, a elucidar a estrutura das fibrilas e
microfibrilas em diferentes modos de tratamento químico (MATTOSO et al., 1999).
FIGURA 14 IMAGEM POR MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA DO SISAL NÃO-TRATADO
(ESQUERDA) E TRATADO ATRAVÉS DE BENZILAÇÃO (DIREITA)
FONTE: MATTOSO et al.(1999)
Por microscopia de força atômica, Mattoso et al. (1999) observaram que a
imagem da fibra não-tratada de sisal (FIGURA 14, à esquerda) consiste em um
pacote de fibrilas orientadas longitudinalmente em direção à formação da fibra,
enquanto que após a reação de benzilação, por 30 minutos, observaram que a
morfologia da superfície da fibra de sisal (FIGURA 14, à direita) apresentou uma
estrutura fibrilar diferenciada. Essa mesma imagem discrimina o enovelamento, que
se constitui de uma interconexão de arranjos com uma formação globular, com a
mesma forma das fibrilas e a mesma magnitude da fibra de sisal não-tratada.
55
1.6.3 Tensiometria e fenômenos de superfície
O princípio fundamental dos fenômenos de superfície está relacionado com a
tendência dos líquidos se contraírem para adquirir a menor área possível. Pode ser
interpretada como uma força por unidade de comprimento que se opõe ao aumento
da superfície. Esta tendência à redução da superfície, que é demonstrada na forma
esférica de pequenas gotas, pode ser avaliada por um parâmetro que fornece uma
medida quantitativa, a tensão superficial. Em todos os fluidos, as moléculas
possuem tamanhos e formas definidas, e são livres para se moverem uma em
relação à outra e nos líquidos são mantidas perto uma da outra pela força de coesão
existente entre elas (ADAM, 1941; NETZ; ORTEGA, 2002).
Moore (1976) afirma que, em um sistema de um líquido em contato com seu
vapor, para aumentar sua área de interface, é necessário trazer moléculas do seu
interior para a superfície, de modo que se deve realizar um trabalho contra as forças
coesivas do líquido. Segue-se daí que a energia livre molar na região da superfície
de um líquido é maior do que no interior deste. Então, deve-se fornecer energia a
uma molécula do interior quando levada até a superfície (CASTELLAN, 1986).
Sendo assim, em 1805, Thomas Young mostrou que as propriedades mecânicas da
superfície podiam ser relacionadas às de uma membrana hipotética esticada sobre
uma superfície, a qual se encontra sob estado de tensão, como demonstrado na
figura 15.
FIGURA 15 - FILME LÍQUIDO ESTICADO EM UM ARAME, SOB ESTADO DE TENSÃO
FONTE: Adaptado de CASTELLAN (1986)
Para aumentar a área do filme de uma quantidade dA, deve-se realizar uma
quantidade proporcional de trabalho. A energia de Gibbs do filme aumenta de γ dA,
onde γ é a energia de Gibbs superficial por unidade de área. O aumento da energia
56
de Gibbs indica que o movimento do arame, de comprimento l, sofre a oposição
de uma força f ; se o arame se move de uma distância dx , o trabalho realizado é f dx.
A força que atua no arame em contato com o filme é a tensão superficial do líquido
(CASTELLAN, 1986) e pode ser calculada como:
f dx = γ dA (2)
Com este conceito, Young, e mais tarde independentemente Laplace, foi
capaz de deduzir explicitamente as condições para o equilíbrio mecânico numa
superfície curva geral entre duas fases, propondo o equilíbrio entre a força
gravitacional e a tensão superficial do líquido.
γ = mg (2πrf)
-1
(3)
Onde:
γ = tensão superficial, em N/m
m = massa, em kg
g = aceleração da gravidade, em m/s
2
r = raio da calota esférica da gota, em m
f = fator de correção
Esta equação, chamada de equação de Young Laplace é o fundamento de
um dos métodos mais comuns para a determinação da tensão superficial, o método
da gota pendente (MOORE, 1976), muito utilizado, pois apresenta diversas
vantagens, tais como:
não ser um método de contato e por isso, ser mais preciso;
abranger uma ampla cobertura da superfície, a partir de vários segundos a
algumas horas, permitindo o estado de equilíbrio das camadas do material.
O perfil da gota é especificado em coordenadas X, Z, conforme se visualiza
na figura 16, sendo que uma deo-câmera é utilizada para fazer aquisição das
imagens que são transferidas a um computador para o cálculo do ângulo φ.
57
FIGURA 16 - REPRESENTAÇÃO DA GOTA COM OS EIXOS DE COORDENADAS
FONTE: ZHOLOB et al.(2007)
Outro método para analisar fenômenos de superfície é o método da gota
séssil, que mede o ângulo de contato entre uma gota de um líquido e uma superfície
sólida plana. O ângulo depende da relação entre as forças adesivas, que fariam a
gota se espalhar sobre a superfície, e as forças coesivas do quido que querem
contrair a gota em uma esfera minimizando sua superfície. A partir da medida do
ângulo de contato é possível quantificar essa força adesiva da superfície, através do
trabalho das forças adesivas por unidade de área que nada mais é que a energia
livre superficial do material, caracterizando a amostra quanto a sua hidrofobicidade.
A equação de Young determina a relação entre as tensões superficiais
existentes com o ângulo de contato, como indicado na equação 4 e figura 17:
γ
lv
cos θ = γ
sv
- γ
sl
(4)
Onde:
γ
lv
= tensãoquido-vapor
γ
sv
= tensão superfície sólida-vapor
γ
sl
= tensão superfície sólida-líquido
θ = ângulo de contato
A equação de Young é estritamente aplicada a superfícies completamente
uniformes e planas (BACHMANN, 2000).
58
FIGURA 17 - TENSÕES SUPERFICIAIS E DO ÂNGULO DE CONTATO ENTRE UMA GOTA E UMA
SUPERFÍCIE SÓLIDA
FONTE: BACHMANN (2000)
Se uma gota de água é colocada em uma superfície hidrofóbica ou
parcialmente hidrofílica, ela não expande completamente. Assume uma forma que
depende da relação entre a energia livre das três superfícies envolvidas. O ângulo
formado entre as três fases é chamado de molhabilidade ou ângulo de contato
(FIGURA 17). Para ângulos de contato maiores que 4 o material é aqui
classificado como hidrofóbico e para ângulos de contato menores que esse valor, o
material é então classificado como hidrofílico (ALMEIDA, 2005).
1.6.4 Dicroísmo circular
As diferentes técnicas espectroscópicas utilizadas em biofísica para a análise
de biopolímeros cobrem diferentes intervalos do amplo espectro da radiação
eletromagnética, desde os raios-X até as microondas. Ondas eletromagnéticas com
energias mais baixas que os raios-X, correspondentes a comprimentos de onda
entre 1.000 e 7.000 Å, compõem a região do ultravioleta e visível. Essa radiação
interage com os elétrons de átomos e moléculas, promovendo-os para estados
excitados formando a base para os métodos espectroscópicos no UV-visível:
absorção óptica, fluorescência e dicroísmo circular (ITO, 2004).
Dicroísmo circular (CD) é uma técnica que permite determinar estruturas e
monitorar mudanças estruturais de biomoléculas (VENYAMINOV; YAND,1996).
Proteínas, carboidratos e ácidos nucléicos são macromoléculas quirais, ou seja, o
possuem plano de simetria e um centro de inversão, e, portanto são compostos
opticamente ativos que exibem sinal de CD. Dois enantiômeros de uma molécula
quiral exibem a mesma alteração no plano de polarização, porém, em direções
59
opostas. O CD detecta essa alteração através da diferença da absorção da luz
circularmente polarizada (FIGURA 19,B) à direita ou à esquerda (FIGURA 18) após
incidir sobre a amostra.
A luz é dita circularmente polarizada quando duas ondas, elétrica e
magnética, de mesma amplitude e freqüência o sobrepostas, porém apresentam
um deslocamento de um quarto de comprimento de onda uma em relação à outra,
resultando em um vetor do campo elétrico que gira em torno de um círculo, tanto em
sentido horário quanto anti-horário. Quando a amplitude das duas ondas não é
exatamente igual, o vetor do campo elétrico gira em sentido horário e anti-horário em
uma elipse, obtendo-se então uma luz elipticamente polarizada (FIGURA 19,C).
FIGURA 18 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA DETECÇÃO POR DICROISMO CIRCULAR
DA GLUCOSE, UM AÇÚCAR SIMPLES
FONTE: Adaptado de ISA (2007)
FIGURA 19 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA POLARIZAÇÃO DA LUZ. (A) LUZ PLANO
POLARIZADA; (B) LUZ CIRCULARMENTE POLARIZADA E (C) LUZ
ELIPTICAMENTE POLARIZADA
FONTE: Adaptado de AUTSCHBACH (2007)
60
FIGURA 20 - (A) ESPECTRO DE DICROÍSMO DE ESTRUTURAS α-HÉLICE (VERMELHO), FOLHA
β (AZUL) E HÉLICE TIPO POLI-PROLINA (AMARELO). (B) ESPECTRO DE
DICROÍSMO DE CARRAGENANAS (3 g/L, EM KCl 0,01M, pH 7): λ- (LINHA
PONTILHADA) QUE TEM CONFORMAÇÃO AO ACASO E ι- (LINHA CONTÍNUA)
QUE TEM ESTRUTURA HELICOIDAL, À TEMPERATURA AMBIENTE
FONTE: Adaptado de A – MILLES; WALLACE (2006); B - SCHOELER et al.(2006)
O perfil do espectro de CD (FIGURA 20) depende do seu conteúdo de
estrutura secundária, permitindo que sejam determinadas as proporções de α-
hélices, estruturas β, α + β, α/β e estruturas aleatórias ou ao acaso (random coil)
(BRAHMS; BRAHMS, 1980), no caso de proteínas (FIGURA 21) ou no caso de
carboidratos (FIGURA 22) estruturas do tipo hélice, como a amilose que apresenta
cadeia helicoidal, ou a celulose que é similar às estruturas β, pois suas cadeias
organizam-se paralelamente como “folhas” ou camadas.
FIGURA 21 - ESTRUTURA SECUNDÁRIA DE PROTEÍNAS: TODA EM α-HÉLICE, TODA EM
FOLHAS β, ESTRUTURAS DO TIPO α/β E α + β
FONTE: LEHNINGER; NELSON; COX (2006)
61
FIGURA 22 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA ESTRUTURA DE DOIS POLISSACARÍDEOS
DE DIFERENTES CONFORMAÇÕES. (A) ESTRUTURA DA AMILOSE EM SUA
CONFORMAÇÃO MAIS ESTÁVEL TEM SUA CADEIA CURVADA DEVIDO ÀS
LIGAÇÕES DO TIPO α-(1→4) QUE INDUZEM SUA ESTRUTURA HELICOIDAL
FORTEMENTE ENOVELADA, AO INVÉS DE LINEAR COMO DA CELULOSE
MOSTRADA EM (B) COM UNIDADES DE GLUCOSE LIGADAS β-(1→4) QUE
ORDENAM AS CADEIAS EM DOIS SEGMENTOS PARALELOS
FONTE: LEHNINGER; NELSON; COX (2006)
Stevens (1996) definiu que a vantagem desta técnica para a análise de
carboidratos é a obtenção da conformação absoluta, pois:
distingue polímeros de cadeias desordenadas de hélices
distingue oligômeros flexíveis de rígidos
determina a distribuição da conformação das ligações
Informações importantes sobre o funcionamento de sistemas biológicos são
obtidas através da observação de fenômenos relacionados à mudança de estrutura
das macromoléculas e sua dinâmica conformacional através de espectroscopias de
absorção óptica, de fluorescência e o dicroísmo circular (ITO, 2004).
62
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho foi a caracterização química e físico-química
de xiloglucanas nativas e oxidadas de sementes de copaífera e tamarindo e de
amostra comercial (tamarindo) para o desenvolvimento de nanoestruturas aplicadas
no encapsulamento de camptotecina e sua liberação in vitro, e ainda como filmes
finos para imobilização de biomoléculas.
2.2 Objetivos específicos
A partir do objetivo geral foram estabelecidas as seguintes etapas para a
realização deste trabalho:
Extrair e purificar xiloglucanas de sementes de Tamarindus indica e Copaifera
langsdorffii e compará-las a uma xiloglucana comercial;
Caracterizar as xiloglucanas quanto à composição, homogeneidade,
dispersão, agregação, massa molar, tamanho, conformação e estrutura;
Modificar os polissacarídeos, por método químico como derivados oxidados;
Avaliar a citotoxicidade dos materiais nativos e modificados;
Caracterizar físico-quimicamente os polissacarídeos naturais e os modificados
por dicroísmo circular, polarimetria, tensão superficial, viscosidade intrínseca;
Analisar por técnicas de microscopia o melhor sistema avaliado por
espectrofotometria de fluorescência;
Desenvolver nanoesferas de polissacarídeos para o encapsulamento de
camptotecina;
Caracterizar as nanoesferas por microscopia de força atômica e eletrônica de
transmissão;
63
Comparar a eficiência dos sistemas testados em ensaio de liberação in
vitro;
Análisar os polissacarídeos quanto à formação de filmes finos sobre
superfície sólida por elipsometria e microscopia de força atômica;
Avaliar a alteração da superfície sólida recoberta com filme de polissacarídeo;
Avaliar a adsorção de biomoléculas sobre os filmes de polissacarídeos, tais
como proteínas (albumina sérica bovina e a lectina concanavalina A) e
partículas virais (dengue)
64
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Materiais
3.1.1 Albumina bovina
A albumina bovina (BSA) adquirida comercialmente da Sigma, com o código
A3803, apresenta massa molar especificada de 66.000 g/mol, aproximadamente.
3.1.2 Concanavalina A
A lectina Concanavalina A (Con A), tipo IV, de Concanavalina ensiformis foi
adquirida comercialmente da Sigma, com o código C2010, com massa molar
especificada de aproximadamente 25.583 g/mol e ponto isoelétrico de 4,5-5,6.
3.1.3 Partículas virais da dengue
Os rus da dengue foram cedidos pelo prof. Dr. Benedito A. L. Fonseca, do
Laboratório de Virologia Molecular, Departamento de Clínica Médica, Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto, USP - Ribeirão Preto, à Prof. Dr. Denise F. S. Petri do
Instituto de Química, USP - São Paulo, co-orientadora deste trabalho.
65
3.1.4 Fontes dos polissacarídeos
As xiloglucanas utilizadas foram extraídas dos cotilédones de sementes de
Tamarindus indica (denominada XGT), conhecido como tamarindo, proveniente do
comércio do Rio Grande do Norte, e de Copaifera langsdorffii (denominada XGC),
conhecida como copaifera, coletadas no Estado de São Paulo. Utilizou-se também
uma amostra comercial de de semente de tamarindo (TKP, do inglês Tamarind
kernel powder) cedido pela empresa Balasanka Mills da Índia.
3.1.4.1 Extração das xiloglucanas
As sementes selecionadas foram tratadas em água fervente para inativação
enzimática. Posteriormente procedeu-se a deslipidificação e despigmentação das
sementes descascadas que não estavam degradadas. Os lipídeos e pigmentos
foram removidos dos cotilédones por refluxo contínuo de éter etílico, em sistema
Soxhlet, por 6 horas, e mantidos a temperatura ambiente (25ºC) para evaporação do
solvente.
A obtenção das XG foi feita através de extração aquosa exaustiva a 25ºC a
partir das sementes previamente deslipidificadas e despigmentadas. Os cotilédones
foram triturados com água destilada, sob agitação mecânica. O extrato viscoso
resultante filtrado em malha dupla de nylon sendo, posteriormente, centrifugado a
7000 rpm, por 40 minutos, a 25ºC (Centrífuga 4K15C, Sigma). Ao material
sobrenadante adicionou-se 2 volumes de etanol 93,2ºGL para a precipitação da
xiloglucana que foi lavada com etanol, centrifugada e seca a 25ºC (FREITAS, 2003).
Executou-se a purificação dos polissacarídeos por duas maneiras para
posterior comparação de métodos. Primeiramente, a fim de obter amostras
clarificadas e translúcidas para realização de experimentos de RMN, as XG (1 g/L)
foram ressolubilizadas em água MilliQ (>18 m; Millipore) sob agitação magnética e
purificadas através de membranas filtrantes Millipore com poros de 3; 0,8 e 0,22 µm.
Após a filtração os polímeros foram precipitados com etanol 93,2°GL e secos em
estufa a 40ºC.
66
Outro procedimento de purificação, a fim de remover proteínas, baseia-se
na adição de ácido tricloroacético (TCA) e resfriamento a C. Para precipitação do
complexo proteína-TCA, a mistura foi mantida por, aproximadamente, 18 horas sob
refrigeração, em seguida, centrifugada a 7000 rpm, por 20 minutos, a 20ºC e o
sobrenadante neutralizado até pH 6. Após isso, foi executada a diálise, a
concentração em rotaevaporador e a posterior precipitação com, pelo menos, 2
volumes de etanol (STAUB, 1965; CORDEIRO et al., 2005; ONOE et al., 2007;
ONWELUZO et al., 2002).
O método de purificação mais adequado foi estabelecido baseado naquele
que proporcionava maior rendimento com menor quantidade de proteínas.
A fim de se obter uma fração mais pura da amostra comercial (TKP) esta foi
solubilizada em água MilliQ, centrifugada a 7000 rpm, por 20 minutos, a 20ºC
(Centrífuga 4K15C, Sigma) e o sobrenadante foi precipitado em 2 volumes de
etanol. O resíduo da centrifugação foi ressolubilizado em água por mais 2 vezes
para repetição da precipitação etanólica. Em seguida, foi analisada quanto ao teor
de açúcar total, proteínas, umidade e composição monossacarídica, por CG e RMN.
3.2 Modificação química dos polissacarídeos: oxidação seletiva com TEMPO
(2,2,6,6-tetrametilpiperidina-1-oxil)
Para a oxidação seletiva de álcool primário (CH
2
OH-6) a ácido, primeiramente
a amostra de xiloglucana de copaifera (7 g) foi solubilizada em 2 L de água
destilada. A solução foi resfriada a 3ºC sob agitação e atmosfera de nitrogênio. O
processo oxidativo foi realizado com a adição de 14,5 mL de hipoclorito de sódio
12% (v/v), 233 mg de brometo de sódio e 46,6 mg de reativo TEMPO (2,2,6,6-
tetrametilpiperidina-1-oxil). Durante o processo de oxidação, o tempo de reação e o
volume de solução aquosa de NaOH 0,1 M adicionados foram usados para
controlar o processo de derivatização. A adição da solução alcalina permitiu estimar,
por método titulométrico, a porcentagem de grupos ácidos formados e, também,
manter o pH do meio reacional próximo de 9,3. A reação foi interrompida pela adição
de NaBH
4
(16 mg por 0,1 mmol de OH primário), etanol e o pH ajustado para 8,0
com ácido clorídrico 2 M (DE NOOY et al., 1996; SIERAKOWSKI et al., 2000).
67
O produto da oxidação foi precipitado com 2 volumes de etanol 93,2 ºGL,
centrifugado e seco a 25ºC. Após secagem, as amostras (10 g/L) foram
ressolubilizadas em água Milli Q e dialisadas em sistema fechado contra água MilliQ
com sucessivas trocas, por 3 a 4 dias, a 20ºC. A diálise foi acompanhada por
condutivímetro (Analion modelo C 708).
A reação foi realizada da mesma maneira, seguindo as proporções, para a
xiloglucana de tamarindo. A partir da reação de oxidação total, estabeleceu-se os
volumes de solução de NaOH necessários para as oxidações parciais de 30 e 60%
das amostras de XG nativas.
3.3 Análises químicas das xiloglucanas
3.3.1 Determinação de açúcar total e proteínas
As determinações de açúcar total das xiloglucanas nativas foram realizadas
pelo método fenol-ácido sulfúrico segundo Dubois et al. (1956), utilizando-se o
espectrofotômetro Biospectro SP-220. As amostras foram solubilizadas em água
MilliQ, e foi utilizada como padrão uma solução de glucose, com leituras a 490 nm.
As proteínas foram determinadas pelo método de Bradford (1976), com
modificações. Para o preparo do reagente, diluiu-se o Coomassie Blue G (100 mg)
em 50 mL de etanol 93,2 ºGL. A essa solução adicionou-se ácido fosfórico 85% (100
ml) e completou-se o volume para 1 L com água MilliQ. Procedeu-se a leitura em
595 nm, 2 minutos após a mistura do reagente à solução de amostra, utilizando-se
um espectrofotômetro SHIMADZU, modelo UV-2401.
Realizou-se também análise elementar do tipo CHN em analisador modelo
2400CHN (Perkin Elmer), na qual se tem o percentual de carbono, hidrogênio e
nitrogênio, este último que pode ser convertido para a determinação do teor de
proteínas. Esta análise foi realizada na Central Analítica, no Instituto de Química da
Universidade de São Paulo (USP - São Paulo).
68
3.3.2 Determinação de ácidos urônicos das amostras oxidadas
Os ácidos urônicos produzidos na reação de oxidação das XG nativas foram
determinados pelo método do m-hidroxibifenil (BLUMENKRANTZ; ASBOE-HANSEN,
1973) comparativamente à curva-padrão de ácido galacturônico, a 520 nm, em
espectrofotômetro Biospectro SP-220.
A presença das unidades ácidas, ácido glucurônico e galacturônico, foi
detectada por cromatografia em camada delgada (CCD). Os derivados (1 mg/mL)
foram hidrolisados com ácido trifluoracético (TFA) 2 M, a 100ºC por 2 horas, e então
secos em rotaevaporador. Os hidrolisados foram analisados por CCD em lica gel
(Merck), cuja fase móvel era constituída por acetato de etila: n-propanol: ácido
acético: água (4: 2: 2: 1, v/v). Os açúcares foram corados com orcinol- H
2
SO
4
[orcinol 0,5% (m/v) em etanol: H
2
SO
4
(19:1)] e então as placas foram aquecidas a
100ºC por 2 minutos, aproximadamente. Padrões de hexoses (glucose/Glc e
galactose/Gal) bem como de pentose (xilose/Xyl) e também ácidos urônicos (ácido
glucurônico/GlcA e galacturônico/GalA) foram eluídos paralelamente às amostras. A
análise por CCD foi realizada no Laboratório de Carboidratos de Algas Marinhas
(Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular/UFPR).
3.3.3 Determinação da composição monossacarídica
3.3.3.1 Hidrólise com ácido trifluoracético
Os polissacarídeos nativos (5 mg) foram solubilizados em 0,5 mL de água
MilliQ. Após a solubilização completa adicionou-se o mesmo volume de TFA 2 M
(ALBERSHEIM et al., 1967; SELVENDRAN; MARCH; RING, 1979; HARRIS et al.,
1995). Em seguida, as soluções foram mantidas a 100ºC por 5 horas. O ácido foi,
então, evaporado e o material lavado com água.
69
3.3.3.2 Redução, acetilação e análise por cromatografia gasosa
Os monossacarídeos resultantes da hidrólise foram reduzidos na presença de
boroidreto de sódio (NaBH
4
), à temperatura de 50ºC, por 12 horas. A reação foi
neutralizada pela adição de ácido acético diluído, e o excesso de íons sódio
retirados pela adição de resina catiônica (H
+
), seguida por filtração e secagem em
rotaevaporador. O resíduo foi então lavado com metanol, formando borato de
trimetila, que é co-evaporado com o metanol em excesso. Os alditóis secos foram
então acetilados em presença de piridina-anidrido acético (1:1, v/v), a 25ºC por
período de, aproximadamente 18 horas. A reação foi interrompida pela adição de
gelo, e a piridina residual retirada pela adição de sulfato de cobre e os acetato de
alditóis extraídos com clorofórmio (1 mL). Os produtos foram analisados por
cromatografia gasosa (CG ou GC, do inglês Gas Chromatography) (WOLFROM;
THOMPSON, 1963), em cromatógrafo Trace GC Ultra (Thermo Electron Corp.) com
detector de ionização em chama (250ºC) e injetor (280ºC), utilizando coluna capilar
OV-225 (0,25 µm) e nitrogênio como gás de arraste. As análises foram realizadas
inicialmente a 100ºC com um aumento de 60ºC/min até 220ºC, no Departamento de
Bioquímica e Biologia Molecular/UFPR.
3.3.4 Metilação dos polissacarídeos
Os polissacarídeos nativos foram metilados segundo o método de Ciucanu e
Kerek (1984). As amostras (20 mg) foram solubilizadas em 2 mL de DMSO, às quais
foram acrescentados 20 mg de NaOH em pó, seguido de agitação e posterior adição
de 0,1 mL de iodeto de metila, continuando-se a agitação. O processo descrito
acima foi repetido 3 vezes. Após, os sistemas foram neutralizados com ácido
acético e os polissacarídeos parcialmente metilados foram dialisados por 12 horas
contra água destilada. Todo o procedimento acima foi repetido até o
desaparecimento da banda de –OH em 3.400 cm
-1
, verificado por infravermelho. As
amostras parcialmente metiladas foram hidrolisadas com ácido sulfúrico 72%
(BOUVENG; LINDBERG, 1965; SELVENDRAN; MARCH; RING, 1979), reduzidas
70
com boroidreto de sódio deuterado (NaBD
4
), acetiladas e analisadas em
cromatógrafo gasoso VARIAN, modelo Saturn 2000R, 3800, acoplado a um
espectrômetro de massa VARIAN, modelo 2000R (tipo “ion trap”), utilizando coluna
capilar DB-23, marca J & W Scientific, inicialmente a temperatura de 50ºC, com
aumento de 40ºC/min até 210ºC, mantendo-se constante a partir desse valor,
utilizando hélio como gás de arraste. Análise realizada no Departamento de
Bioquímica e Biologia Molecular/UFPR.
3.4 Métodos físico-químicos
3.4.1 Umidade
O teor de umidade foi determinado em estufa a 105°C (ADOLFO LUTZ,
1985), no qual a perda de água foi avaliada de acordo com a perda de massa a
partir do material nativo em pó.
3.4.2 Determinação da homogeneidade, massa molar e concentração crítica
3.4.2.1 Refratometria diferencial
A análise do índice de refração (RI, do inglês Refractive Index) em função da
concentração fornece uma constante para cada polissacarídeo em estudo, o dn/dc,
uma constante que é utilizada no cálculo da massa molar.
O índice de refração foi determinado em refratômetro Viscotek (Malvern Co.,
Estados Unidos), modelo VE3580, utilizando-se concentrações entre 1,0 e 0,2
mg/mL de amostras solubilizadas em água MilliQ, filtradas em membranas com poro
de 0,45 e posteriormente 0,22 µm (Millipore). Foram injetados 100 µl de solução da
amostra a um fluxo de 0,6 ml/min tendo água MilliQ como fase móvel.
71
3.4.2.2 Cromatografia de permeação em gel
Seqüencialmente à extração, as soluções aquosas dos polissacarídeos a 1,0
mg/mL em água MilliQ foram filtradas através de membranas de acetato de celulose
com diâmetro médio dos poros de 0,45 e 0,22 µm (Millipore).
Foram injetados 100 µL de solução da amostra para cromatografia de
permeação em gel (GPC, do inglês Gel Permeation Chromatography), também
conhecida por cromatografia de exclusão por tamanho (SEC, do inglês Size
Exclusion Chromatography), em cromatógrafo contendo colunas de polimetacrilato
PWxl (Tosoh, Japão) 6000, 4000 e 2500 conectadas em série com limites de
exclusão de 8 . 10
6
, 3 . 10
5
e 3 . 10
3
Da, respectivamente. As colunas encontravam-
se acopladas a um refratômetro diferencial Viscotek, modelo VE3580, e um detector
de espalhamento de luz laser, modelo 270 Dual Detector (Viscotek), baixo ângulo, a
(LALLS, do inglês Low Angle Laser Light Scattering) e ângulo reto, a 90º (RALLS,
do inglês Right Angle Laser Light Scattering) a 632,8 nm, como eluente foi utilizado
água MilliQ, com fluxo controlado de 1,0 mL/min. Utilizaram-se padrões de óxido de
polietileno (22K) e dextrana (70K) recém-preparados em água, ambos fornecidos
pela Viscotek. Os parâmetros foram calculados no software OmniSec que
acompanha o equipamento.
3.4.2.3 Determinação da concentração crítica por GPC/RI
A determinação da concentração crítica, referente ao limite de concentração
entre o regime semi - diluído e diluído, foi realizada utilizando-se parâmetros
determinados por GPC/RI, conforme a seguinte equação:
M
w
c*
=
4
/
3
π . NA . R
g
3
(5)
Onde:
M
w
= massa molar ponderal media, em g/mol
72
NA = número de Avogadro (NA = 6,02 . 10
23
)
R
g
= raio de giro, em cm
3.4.3 Análises ópticas e espectroscópicas
3.4.3.1 Polarimetria
A rotação óptica específica das XG nativas foi determinada após solubilização
do polissacarídeo a 0,2% (2 g/L)
em solução tampão fosfato (28mM) contendo NaCl
(123mM). As análises foram realizadas em aparelho AUTOPOL III (Rudolf Research)
do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR.
A rotação óptica específica é dada pela equação (EWING, 1982):
[α]
D
20
= α
20
. 100/ L . c (6)
Onde:
α
20
= rotação da luz polarizada a 20°C, em graus
L = comprimento do caminho óptico, em dm (L = 1 dm)
c = concentração da solução, em g%
3.4.3.2 Análise por espectrometria de infravermelho utilizando transformada de
Fourier
As amostras de polissacarídeos (1 mg) nativos e parcialmente metilados
foram analisadas por FT-IR, em um espectrômetro BioRad Excalibur series
(Departamento de Química, UFPR) utilizando pastilha de KBr (150 mg), na região
espectral de 4000 a 400 cm
-1
, com resolução de 2 cm
-1
utilizando Transformada de
Fourier.
73
3.4.3.3 Análise de ressonância magnética nuclear
As análises estruturais dos polissacarídeos nativos e oxidados por RMN de
hidogênio (
1
H) e carbono-13 (
13
C) foram realizadas em equipamento da marca
BRUKER, modelo DRX-400, série AVANCE, em tubo de 5 mm de diâmetro, em
água deuterada (D
2
O, 99,9%, Cambridge Isotope Laboratories Inc.). Todas as
análises foram realizadas a 70ºC e os deslocamentos químicos baseados no da
acetona, utilizada como padrão interno tanto para as análises de
13
C (δ 30,20 ppm)
quanto de
1
H (δ 2,224 ppm).
Estes experimentos foram realizados no Departamento de Bioquímica e
Biologia Molecular da UFPR, e os dados obtidos foram analisados utilizando o
software que acompanha o equipamento ou MestReC versão 4.1.1.0.
3.4.3.3.1 Análise de RMN de hidrogênio
Para as análises de hidrogênio (RMN
1
H) promoveu-se a troca de hidrogênios
das hidroxilas por deutério e remoção das moléculas de água presente através da
solubilização das amostras em D
2
O, congelamento e liofilização. Este processo foi
repetido, no mínimo, 3 vezes.
Os espectros foram obtidos na freqüência base de 400,13 MHz, janela
espectral de 8250,8 Hz, intervalo de aquisição de 4 s, intervalo entre os pulsos de 1
s, sendo realizadas nonimo 16 aquisições, com espectro de resolução de 16 K.
3.4.3.3.2 Análise de RMN de carbono-13
Para essas análises, as amostras foram solubilizadas em uma mistura H
2
O:
D
2
O (8: 2). Os espectros de carbono-13 (RMN
13
C), desacoplados de
1
H, foram
obtidos na freqüência base de 100,61 MHz, janela espectral de 31750 Hz, intervalo
74
de aquisição de 0,6 s, intervalo entre os pulsos de 0,1 s, sendo realizadas no
mínimo 2000 aquisições, com espectros de resolução de 32 K.
3.4.3.4 Análise por dicroísmo circular
Os experimentos de dicroísmo circular (CD, do inglês Circular Dichroism)
foram realizados na faixa de 250-190 nm em espectropolarímetro Jasco J-815
(Jasco Instruments, Tokyo, Japão) com 16 médias de varreduras (TRINDADE et al.,
2006) utilizando cubeta de quartzo retangular de 1 mm de caminho óptico. As XG (1
mg/mL) foram solubilizadas em solução tampão salina (PBS/NaCl), pH 7,4
(FERRALI et al., 1997; CICCOLI et al., 1994) e analisadas a 5, 25 e 37ºC usando
banho termocirculante modelo TC-100 (Jasco), em modo contínuo. O espectro de
CD foi obtido em miligraus (MOREIRA et al., 1998; CAMPANA et al., 2002) e
utilizou-se o software do próprio equipamento e Origin 7.5 para o tratamento dos
dados.
Os ensaios foram efetuados no Instituto de Física da Universidade de o
Paulo - São Carlos (IF-USP/SC), com a colaboração e orientação da Prof
ª
. Leila M.
Beltramini.
3.4.3.5 Análise por espectrometria de fluorescência
Para análise comparativa entre a capacidade de encapsulamento (AMIJI,
1995), os polissacarídeos nativos e os modificados foram solubilizados em
concentrações de 2,0 a 1x10
-3
mg/mL em solução de tampão fosfato (28 mM) com
123 mM de NaCl, pH 7,4 (CICCOLI et al., 1994; FERRALI et al., 1997). As diluições
foram analisadas em espectrofotômetro de fluorescência HITACHI F4500
(Departamento de Química, UFPR) utilizando-se pireno como marcador (2 µM) em
metanol com cubeta de quartzo própria para fluorescência. O comprimento de onda
de excitação utilizado foi de 343 nm com varredura da emissão de 360 nm até 430
nm (AMIJI, 1995; MARTIN, 1999), a uma velocidade de 60 nm/min. A relação da
75
intensidade do pico III pelo pico I mostrou o efeito de agregação e/ou
encapsulamento do marcador e também pode determinar a concentração micelar
crítica e/ou concentração de agregação crítica (KALYANASUNDARAM; THOMAS,
1977; DUALEH; STEINER, 1990; AMIJI, 1995; AIPING et al., 2006).
3.4.4 Análises de viscosidade
3.4.4.1 Determinação da concentração crítica
A concentração crítica foi obtida graficamente através da relação do logaritmo
da viscosidade específica (η
sp
) versus o logaritmo da concentração multiplicado pelo
parâmetro de recobrimento ([η]). Através da intersecção obtida entre as retas foi
possível identificar a transição do regime semi-diluído para diluído (WANG et
al.,1997).
3.4.4.2 Determinação da viscosidade intrínseca e da constante de Huggins
Para as análises reológicas, as XG nativas e modificadas foram solubilizadas
em concentração de 2 g/L, pernoite em tampão fosfato (28mM) contendo NaCl
(123m mM), pH 7,4 (CICCOLI et al., 1994; FERRALI et al., 1997). As análises foram
realizadas em reômetro Haake, modelo RheoStress 1 com sensor DG 43, com
manutenção da temperatura (25ºC) utilizando um banho termocirculante modelo DC
30 e um dispositivo de termostatização UTC, Thermo Electron Corporation, com
diluições nas concentrações de 80, 60, 40, 20 e 10% (DANIELS et al., 1970).
Primeiramente, a viscosidade relativa (equação 7) da amostra é obtida
comparativamente ao solvente, de acordo com a equação:
Viscosidade relativa: η
rel
= η
sol
/ η
0
(7)
76
onde η
0
é a viscosidade absoluta observada para a solução contendo a amostra.
Seguindo o cálculo obtem-se a viscosidade específica (equação 8):
Viscosidade específica: η
sp
= (η
sol
- η
0
) / η
0
= η
rel
- 1 (8)
η
sp
é adimensional e depende da concentração da amostra (c
0
).
Viscosidade reduzida: η
red
= η
sp
/ c
0
(9)
A unidade da viscosidade reduzida é dada em cm
3
/g (CGI) ou m
3
/Kg (SI),
sendo mL/g e dL/g também muito difundidas na literatura.
Através do gráfico que representa a equação de Huggins (equação 10) foi
possível obter a viscosidade intrínseca [η] pela extrapolação da viscosidade reduzida
(η
red
) a uma concentração limite, tendendo a zero (c0) (HUGGINS, 1942;
DANIELS, 1970).
Equação de Huggins: η
red
= [η] + k
H
[η]
2
c (10)
A constante de Huggins (k
H
) foi determinada através do coeficiente angular
que representa k
H
. [η]
2
.
3.4.5 Análise de tensão superficial
A análise da tensão superficial das XG foi feita utilizando tensiômetro
Dataphysics GmbH (Alemanha), modelo OCA 15+. Procedeu-se o método da gota
pendente e aproximações matemáticas de Laplace-Young (SONG; SPRINGER,
1996a; 1996b) calculadas pelo software SCA20 do próprio equipamento. Soluções
das amostras foram aspiradas com uma seringa de 500 µL (Hamilton, Suíça) e
gotejadas com um dispensador automático a fim de se determinar a forma da gota,
utilizando para isso o processamento computacional das imagens. Para a medida da
77
tensão interfacial quido-vapor (γ
lv
) utilizou-se agulha de 38,1 mm de
comprimento, 1,65 e 1,37 mm de diâmetro externo e interno, respectivamente. Os
resultados foram obtidos pela média de três medições.
3.5 Métodos de imagem por microscopia
3.5.1 Análise por microscopia de força atômica
Através das análises de AFM as soluções de XG consideradas como sendo o
melhor sistema de encapsulamento foram comparadas entre si. Cada polissacarídeo
foi solubilizado em solução tampão de acordo com a sua concentração crítica,
determinada por espectrometria de fluorescência. A solução foi depositada sobre
silício (100) mantendo-se o substrato imerso por 24 horas, a 20ºC e 40% de
umidade relativa do ar, de modo a formar uma fina camada de material disperso
para que fosse possível medir o tamanho das partículas. Foi utilizada a técnica de
modo dinâmico ou contato intermitente (“tapping mode) em microscópio SPM
9500J3, SHIMADZU Corp. (Kyoto, Japão) a fim de observar a homogeneidade, o
tamanho das partículas, a presença de agregados e o valor da raiz quadrada média
da rugosidade da superfície (rms, do inglês root mean square roughness) a partir da
obtenção de dados topográficos. Foram obtidas ainda imagens de contraste de
fases e/ou amplitude com auxílio do software do próprio equipamento, SPM, modo
offline. A área de análise variou de 8 x 8 a 2 x 2 µm
2
.
Esta análise foi realizada no Departamento de Física da UFPR com a
colaboração do Prof. Paulo César de Camargo e da Dr
a
. Adriana F. Lubambo.
78
3.5.2 Análises por microscopia de transmissão
Depois de estabelecido o melhor sistema polissacarídico de encapsulamento
foi realizada análise por microscopia eletrônica de transmissão (MET ou TEM, do
inglês, Transmission Electron Microscopy).
As soluções de XG foram preparadas em sua cac em solução tampão fosfato
salina. Após a deposição da amostra sobre telas de parlódio essas foram secas em
condições controladas de temperatura (20ºC) e umidade (40%).
Foi utilizado um microscópio eletrônico de transmissão JEOL-1200EX-II de
100 kV com capacidade de aumento de até 600 mil vezes associado a uma câmera
tipo CCD para a coleta das imagens. As análises foram realizadas no Centro de
Microscopia Eletrônica da UFPR.
3.6 Ensaio bioquímico celular
3.6.1 Análise de citotoxicidade dos polissacarídeos nativos e modificados
3.6.1.1 Cultura de células
As células utilizadas foram adquiridas do banco de células da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (BCRJ- RJCB Collection). As células de fibroblasto L929
(linhagem não tumorogênica) são culturas secundárias extraídas do tecido conectivo
de adipócitos de camundongos (Mus musculus C3H/NA) machos com 100 dias de
vida (BCRJ CR020/ATCC CCL1).
As células foram crescidas em meio essencial de Eagle modificado por
Dulbecco (DMEM), suplementado com 10% de soro fetal bovino (Sigma), 2 mM de
L-glutamina (Ajinomoto), 1% de aminoácidos não essenciais, 100 µg/mL de
penicilina e 100 µg/mL de estreptomicina (Roche), em estufa a 37ºC, com 5% de
CO
2
e
95% ar. O pH do meio foi mantido em 7,4. As amostras foram solubilizadas
79
em meio de cultura DMEM suplementado com L-glutamina e esterilizadas por
filtração em membranas (0,22 µm).
3.6.1.2 Ensaio de citotoxicidade pelo teste MTT
A citotoxicidade nas células foi determinada pelo teste MTT (3-[4,5-
dimetiltiazol-2-il]-2,5-difeniltetrazolio brometo) (Sigma). O MTT (sal de tetrazólio) é
convertido em sal de formazan pelas células vivas, formando uma coloração azulada
(MOSMANN, 1983).
As células L929 foram plaqueadas, em placas de 96 poços, a 2.10
4
células/poço e incubadas com 300 µL de meio DMEM suplementado com soro fetal
bovino a 10% (SFB) por 24 horas a 37ºC em 5% CO
2
. A fim de manter todas as
células em um mesmo estágio da divisão celular (G
0
), o meio DMEM com SFB foi
substituído por 180 µL de meio DMEM sem SFB e incubado por 1 hora a 37ºC em
5% CO
2
. Posteriormente, foram adicionados 20 µL das amostras autoclavadas
solubilizadas em água (1,0 e 0,5 mg/mL), do controle positivo (dimetilsulfóxido,
DMSO) e do controle negativo (PBS); que foram incubados por 24 horas a 37ºC em
5% CO
2
. Também foi realizado um controle adicional com o solvente (S) utilizado
para solubilizar as amostras (água). Após este tempo, retirou-se o meio e adicionou-
se 180 µl de DMEM sem SFB e 20 µL de MTT (5 mg/mL) estéril, em PBS, pH 7,4 a
fim de obter-se uma concentração final de 0,5 mg MTT/mL. Após 4 horas, o corante
não reativo foi removido por inversão e os cristais de formazan insolúveis formados
dissolvidos em 200 µL/poço de DMSO. A quantificação celular foi realizada a 570 nm
(INVITTOX/ERGATT/FRAME, 1990) em leitor de microplacas Asys Hitech (Reino
Unido). Os testes foram realizados em quadruplicatas. A viabilidade relativa das
células relacionadas ao controle sem as substâncias testes foi calculada como
absorbância da amostra teste/absorbância do controle negativo x 100 (BUSKÜHL,
2007) e expressa pela média +
desvio padrão. Esses experimentos foram efetuados
no Laboratório de Farmacologia in vitro da UNIVALI, com a colaboração com o Prof.
Rilton A. de Freitas.
80
3.7 Ensaio de liberação in vitro da droga
3.7.1 Preparo do complexo de encapsulamento polímero-droga
As soluções de XG foram preparadas, em duplicata, em concentração 25%
acima da cac correspondente, de acordo com observações experimentais de Aiping
et al.(2006), em PBS/NaCl, pH 7,4.
Após a solubilização da XG por período de 18 horas, sob agitação magnética,
adicionou-se 40% (m/m) de camptotecina (CPT) em relação à massa de XG contida
na solução, baseado em observações de Opanosopit (2006) e Watanabe (2006). A
mistura XG-CPT foi mantida sob agitação magnética por 48 horas e após,
centrifugada a 6000 rpm por 30 min, a 25ºC.
3.7.2 Análise de encapsulamento da droga
Após centrifugação, a solução foi analisada comparativamente a uma curva-
padrão de CPT solubilizada no mesmo solvente (PBS/NaCl) e diluída em solução
NaOH 1 M para dosagem do encapsulamento de CPT que foi realizada utilizando-se
o espectrofotômetro Biospectro SP-220 a 369 nm, em cubeta de quartzo com 1 cm
de caminho óptico.
Procedeu-se também análise de fluorescência para verificar o
encapsulamento da CPT nas cadeias da XG em espectrofotômetro de fluorescência
HITACHI F4500 (Departamento de Química, UFPR) em cubeta de quartzo (1 cm
de caminho óptico) própria para fluorescência. O comprimento de onda de excitação
utilizado foi de 369 nm com varredura da emissão de 375 nm até 600 nm (LIU,
2005), a uma velocidade de 60 nm/min.
81
3.7.3 Liberação in vitro da camptotecina
O estudo de liberação in vitro foi realizado de acordo com o método de Xiong
et al. (2005) com adaptações de Aiping et al. (2006). Resumidamente, a solução de
XG-CPT (5 ml) foi colocada em membrana de diálise Inlab (Alamar Tecno Científica
Ltda, Diadema, SP), com limite de exclusão de 12000 a 16000 Da e porosidade
média de 2,5 nm (25 Å). A membrana vedada foi imersa em solução de tampão
fosfato (28 mM) com NaCl 123 mM em pH 7,4 (CICCOLI et al., 1994; FERRALI et
al., 1997). O sistema foi mantido sob agitação magnética, em banho-maria para
manutenção da temperatura a 37ºC. Em intervalos consecutivos de tempo pré-
determinados até 8h30 e por fim, após 24 horas do início do ensaio, volumes de
solução (3 mL) de fora da membrana foram coletados e analisados por
espectrofotometria UV-Vis a 369 nm, comparativamente à solução PBS/NaCl
(branco). O mesmo volume retirado foi reposto a fim de manter constante o volume
de solução do sistema e considerado no cálculo para a determinação da
porcentagem de liberação da droga, sendo o total de CPT encapsulada considerada
como 100% e as quantidades liberadas determinadas pela equação da reta obtida
da curva padrão.
3.8 Análise de adsorção de filmes de polissacarídeos sobre suporte sólido
3.8.1 Elipsometria e análise dos filmes formados
Para a análise da espessura dos filmes formados pelas XG nativas e
oxidadas testadas foram usados os seguintes índices de refração: Si n = 3,88
(BRANDRUP; IMMERGUT, 1996); SiO
2
n = 1,462 (BRANDRUP; IMMERGUT, 1996);
APS n = 1,424 (Fluka); BSA n = 1,52 (CARTER; HO, 1994). As medidas
elipsométricas foram realizadas em elipsômetro DRE-ELX02 (Ratzeburg, Alemanha)
equipado com um laser He-Ne (λ = 632,8nm), com ângulo de incidência ajustado em
70°. Tanto o preparo como as medidas por elipsometria e microscopia de força
82
atômica dos filmes foram efetuados no Instituto de Química da USP, em São
Paulo (IQ-USP/SP) sob co-orientação e colaboração da Profª. Denise F. S. Petri.
3.8.2 Preparo das lâminas de silício
Utilizou-se lâminas de silício (Si) recobertas com uma camada de SiO
2
nativo
fornecidas pela SiliconQuest (Estados Unidos), para a reação de silanização foi
utilizado 3-aminopropiltrimetoxisilano (APS) fornecido pela Fluka (Basel, Suíça).
Para adsorção dos polissacarídeos nativos foi utilizado silício puro recoberto
com SiO
2
e para as amostras oxidadas foram utilizadas lâminas de Si silanizadas.
As superfícies amino-funcionalizadas são obtidas a partir da reação de silanização
das lâminas de Si com APS (PETRI et al., 1999), sendo que primeiramente as
lâminas de silício foram limpas imergindo-as em uma mistura oxidativa contendo
H
2
O
2
: NH
3
: H
2
O, na proporção de 1: 1: 4 (v/v) a temperatura de 75ºC, durante 20
min. Depois desse período retirou-se as lâminas da mistura, lavando-as em água
destilada e secando-as com jatos de N
2
. Após serem limpas, as lâminas foram
mergulhadas em uma solução de APS em tolueno (1%, v/v) a 60ºC durante 20
segundos, sendo lavadas em seguida com tolueno puro, e secas com jatos de N
2
.
Através deste método, obteve-se uma monocamada amino-funcionalizada
homogênea covalentemente ligada à lâmina e silício (PETRI et al., 1999).
3.8.3 Preparo dos filmes de polissacarídeo sobre lâminas de silício
Foram preparadas soluções de XG em solução tampão salina (PBS/NaCl), pH
7,4 (CICCOLI et al., 1994; FERRALI et al., 1997) para ensaio de isoterma variando-
se a concentração de 0,05 a 2,0 mg/mL. Os filmes foram obtidos por imersão das
lâminas de silício, previamente lavadas e funcionalizadas, por período de 18 horas, à
temperatura ambiente (25ºC). Após incubação, as lâminas foram lavadas com água
e secas com jatos de nitrogênio e analisadas em elipsômetro e também por AFM.
83
Através da isoterma foi possível definir como sendo 1 mg/mL a
concentração para revestimento da superfície para posterior adsorção das
biomoléculas estudadas neste trabalho, como proteínas, lectinas e partículas virais.
3.8.4 Preparo da solução de albumina sérica bovina
A BSA (1 mg/mL) foi solubilizada em solução contendo NaCl 10 mM e variou-
se o pH (4,0; 4,5; 5,0; 5,2; 5,5; 6,0 e 7,4) para verificar qual a melhor condição para
adsorção sobre o filme de polissacarídeo.
3.8.5 Preparo da solução de partículas de vírus da dengue
Vírus como os da dengue, que tem sua via de transmissão e infecção limitada
pelo vetor o classificados como agentes de risco nível 2 de acordo com a
Instrução Normativa CTNBio nº 7, de 06.06.97, que também recomenda o manuseio
desses agentes em cabines de segurança biológica classes II A, II B 1, II B 2 ou II B
3 (BRASIL, 1997); sendo assim, os vírus atenuados foram preparados no
Laboratório de Virologia Molecular, da Universidade de São Paulo, em Ribeirão
Preto, que possui certificação de qualidade em biossegurança nível 2, sob o registro
CTNBio nº
003097, publicado em 11/11/1997.
Os vírus foram preparados, sob supervisão do Prof. Benedito A. L. Fonseca,
da seguinte maneira: Vírus da dengue tipo 1 (DENV-1; cepa Mochizuki), Vírus da
dengue tipo 2 (DENV-2; cepa New Guinea) e Vírus da dengue tipo 3 (DENV-3; cepa
H87) foram crescidos em células C6/36, cultivadas em meio L15 Leibowitz,
suplementado com 2% de soro bovino termo-inativado e com antibióticos (PEREIRA
et al., 2008). Os vírus foram adicionados para infectar as monocamadas de células e
foram incubados por uma hora a 28ºC, sendo agitados a cada 15 min. Os
sobrenadantes das culturas de células infectadas foram coletados após sete dias da
infecção, centrifugados, separados em várias alíquotas e congelados a -80ºC. Então,
a infecção viral foi determinada através de RT-PCR (do inglês, Real-time Polimerase
84
chain reaction), usando iniciadores sorotipos específicos (DE PAULA et al., 2002).
Para preparar altos tulos de vírus da dengue, o sobrenadante das culturas
infectadas foi concentrado no filtro de 100 kDa centrifugador Millipore Centricon®
(Amicon; Millipore).
As dispersões virais foram preparadas em uma concentração de 4 mg/mL, em
tampão fosfato, pH 7,2.
3.8.6 Preparo da solução de lectina
Concanavalina A (ConA) foi dissolvida em solução de NaCl 0,15 M, na
presença de MnCl
2
0,01 M e Cacl
2
0,01 M, sendo a concentração final de lectina de
0,2 mg/mL. O pH do meio foi ajustado para 5,0 pela adição de HCl 0,1 M.
3.8.7 Interação de biomoléculas com os filmes de polissacarídeos
Foi testada a capacidade de adsorção dos polissacarídeos sobre seu
respectivo substrato, silanizado no caso das amostras oxidadas, e sobre as XG
foram testadas a adsorção de BSA (18 horas, 25ºC), ConA (3 horas, 25ºC) e vírus
da dengue tipos 1, 2 e 3 (3 horas, 36ºC em estufa) para verificar afinidade entre as
interfaces XG-proteína, XG-lectina e XG-vírus; e nesta última, ainda para verificar se
especificidade na adsorção dos diferentes sorotipos. Foi testada ainda a
adsorção da lectina e do vírus na presença de manose 50 mM, em solução, para
verificar a ligação entre o monossacarídeo e a lectina e, consequentemente, a
inibição da adsorção sobre o filme de xiloglucanas. Após as análises por
elipsometria, os filmes foram analisados por AFM em microscópio modelo PICO
SPM-LE (IQ-USP/SP) em modo dinâmico a fim de verificar a topografia e
homogeneidade do recobrimento do substrato (FUJIMOTO et al., 2002).
85
3.8.8 Ensaios de dessorção
Experimentos de dessorção foram feitos imergindo-se os substratos contendo
os polissacarídeos adsorvidos em água por 24 horas. Após este período, as
amostras foram retiradas da solução, lavadas com água, secas com jatos de N
2
e
caracterizadas por elipsometria comparativamente ao filme formado anteriormente.
3.8.9 Análise do ângulo de contato
A análise do ângulo de contato da interface líquido-sólido foi realizada
gotejando-se água MilliQ com um dispensador automático sobre silício recoberto por
filmes de XG de espessura previamente determinada por elipsometria.
Utilizou-se o tensiômetro Dataphysics GmbH (Filderstadt, Alemanha), modelo
OCA 15+ e seringa Hamilton de 500 µL com agulha de diâmetro interno 1,37 mm,
externo 1,65 mm e 38,1 mm de comprimento, à temperatura de aproximadamente
25ºC
Procedeu-se o método da gota séssil para a análise da interface líquido
(água) sólido (Si e Si recoberto com XG). Uma deo-câmera foi utilizada para fazer
aquisição de imagens, que foram transferidas a um computador, onde o próprio
software do equipamento calcula o valor do ângulo. Os valores da espessura do
filme e do ângulo de contato foram plotados utilizando o programa Origin 7.5.
86
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Obtenção das xiloglucanas nativas
Após a extração e purificação por centrifugação, obteve-se, em relação às
sementes totais, um rendimento de 47 e 22% (m/m) para o polissacarídeo de
copaífera (XGC) e tamarindo (XGT), respectivamente. O baixo rendimento para a
XGT ocorreu devido à presença de sementes degradadas. Em geral, o rendimento é
de, aproximadamente, 51% (m/m) a partir das sementes (RAO; SRIVASTAVA,
1973), e em comparação com outras xiloglucanas de sementes, para a de
Hymenaea courbaril sem purificação obteve-se 42-45% (m/m) (LIMA, 1993 e
SOUZA-LIMA, 1997) e, aproximadamente, 17% (m/m) após a filtração (FREITAS,
2003); para Copaifera langsdorffii após filtração de 47% (m/m) (STUPP et al., 2008)
sendo, portanto, um bom rendimento o obtido para a XGC.
Após a purificação com TCA, obtiveram-se rendimentos de 36,6 e 17,1%
(m/m), em relação à massa de sementes, que foram maiores que com a filtração
consecutiva por membranas Millipore (poros 3; 0,8 e 0,22 µm), quando se obteve
24,8 e 6,6% (m/m), em relação à massa de sementes, respectivamente para XG de
copaifera e tamarindo, sendo a precipitação com TCA o método escolhido para a
remoção das proteínas. Após solubilização e precipitação com etanol a amostra de
tamarindo comercial (TKP) apresentou rendimento de 51% (m/m), em relação à
massa de pó de endosperma de semente de tamarindo moída.
As XG obtidas de sementes de diferentes espécies coletadas no Brasil,
denominadas XGC e XGT, foram comparadas entre si e, também, em relação à uma
obtida comercialmente, originária da Índia, referida como TKP, quanto a
composição química e em termos estruturais e físico-químicos, na tentativa de se
analisar a influência de diferenças em suas propriedades macromoleculares, bem
como quando em solução ou sobre suporte sólido.
87
4.2 Caracterização química, físico-química e estrutural das xiloglucanas
Nas dosagens de proteínas das amostras foram observadas porcentagens em
torno de 2% (m/m), o que levou à purificação das amostras com TCA. Na tabela 3
são apresentados o conteúdo de açúcar total, proteínas, umidade e rotação óptica
para as xiloglucanas de sementes de C. langsdorffii (XGC) e T. indica (XGT), após a
purificação por precipitação com TCA e, também, de TKP, após precipitação
etanólica. Todas apresentaram altos teores de açúcar total, mesmo antes do
tratamento com TCA (80,8 para XGC e 87,8% para XGT) e em torno de 89-90%
após o procedimento. Resultados similares foram obtidos para a XG de H. courbaril
estudada por Freitas (2003). Baixas porcentagens de proteínas, após precipitação,
foram observadas com ácido (TCA) ou com solvente orgânico (etanol). E valores
muito similares de umidade foram obtidos, sendo que a amostra comercial
apresentou maior teor (10,3%) em relação à massa seca de fibras após extração e
secagem em temperatura ambiente (25ºC), quando comparada às XG extraídas em
laboratório, quando se obteve 9,2 e 9,8% para copaífera e tamarindo,
respectivamente. Esses valores foram similares ao relatado por Guerra et al .(2006)
e menores do que o obtido por Martin (2003) (~15%) para a XG de jatobá (H.
courbaril).
TABELA 3 - DETERMINAÇÃO DE AÇÚCAR TOTAL, PROTEÍNAS E UMIDADE DAS
XILOGLUCANAS
%(m/m)
Amostras
Açúcar total
a
Proteínas
b
Umidade
c
[α
αα
α]
D
20
XGC Copaifera 89,5 0,12 9,2 +50,2
XGT Tamarindo
90,5 0,53 9,8 +61,3
TKP Comercial 84,6 1,25 10,3 n.a.
a
– Método de DUBOIS et al.(1956)
b
– Método de BRADFORD (1976)
c
– Método de ADOLFO LUTZ (1985)
n.a.: não analisado
Os valores de rotação óptica observados na tabela 3 foram baixos se
comparados aos obtidos para a XG de H. courbaril de +78 a +98 em análises
88
efetuadas por Freitas (2003). Os baixos valores indicaram uma menor exposição
das ligações α, pois provavelmente a solução tamponada utilizada favoreceu uma
conformação na qual essas ligações ficaram menos expostas na molécula.
Comparativamente a dosagem de proteínas pelo método de Bradford (1976),
verificou-se, por análise elementar do tipo CHN, que o percentual de nitrogênio (%N)
diminuiu após o tratamento com TCA em ambos os casos, passando de 1,55 para
0,75 no caso da XGT, de 1,6 para 0,36 na XGC, e para TKP precipitada em etanol
passou de 3 para 0,98, indicando, portanto uma diminuição no teor protéico. Mas é
possível que outros compostos com nitrogênio em sua estrutura também estivessem
presentes como contaminantes. Um exemplo disso ocorre nas cumarinas, que foram
relatadas no óleo extraído das sementes de copaíba (STUPP et al., 2008).
A composição monossacarídica foi obtida após hidrólise, redução e acetilação
das amostras, como mostrado na tabela 4. Os monossacarídeos presentes foram os
mesmos, porém com maiores conteúdo de arabinose na amostra de tamarindo e
maior grau de substituição por galactose em copaifera. Assim, observou-se uma
proporção monossacarídica para Glc: Xyl: Gal de, respectivamente, 2,4: 2,1: 1 para
XGC e 2,8: 2,3: 1 para XGT, enquanto que a amostra comercial, TKP, apresentou
relação 2,4: 2,3: 1. Observe-se que as unidades de Ara presentes como
contaminantes, provavelmente de resíduos da casca (ZAWADZKI-BAGGIO et al.,
1992), não foram consideradas para o cálculo da proporção monossacarídica do
polissacarídeo do endosperma.
TABELA 4 - COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS XILOGLUCANAS
Monossacarídeos (mol%)*
Amostras
Glc Xyl Gal Ara
XGC 43,2 38,3 17,8 0,7
XGT 44,1 36,8 15,9 3,3
TKP 39,6 37,4 13,0 6,6
* por GC, coluna OV-225, a 220ºC.
A análise de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (FIGURA 23) da
XGT e XGC permitiu confirmar a relação monossacarídica observada após a análise
dos derivados alditóis acetatos detectados por cromatografia gasosa.
89
Na região α-anomérica (δ 4,8 a 5,3 ppm) do espectro de hidrogênio
(FIGURA 23), foi possível observar dois sinais correspondentes a unidades α-
D
-
xilose substituída em δ 5,13 e de unidades terminais não redutoras em δ 4,94. Em
campo mais alto na região β-anomérica (δ 4,5 a 4,7), apareceram sobrepostos os
deslocamentos químicos de β-Galp e de β-Glcp da cadeia principal em δ 4,56 e
4,57, respectivamente. Deslocamentos similares foram observados para XG de
sementes de Hymenaea courbaril (LIMA et al., 1995; RECHIA et al., 1998) e
Tamarindus indica (YORK et al., 1993).
FIGURA 23 - ESPECTRO DE RMN
1
H E INTEGRAÇÃO DA REGIÃO ANOMÉRICA DE XGC (A) E
XGT (B) EM D
2
O, A 70ºC: (a) α-Xylp SUBSTITUÍDA, (b) α-Xylp NÃO SUBSTITUÍDA
EM TERMINAIS NÃO REDUTORES (c) SOBREPOSIÇÃO DE TERMINAIS NÃO
REDUTORES DE β-Galp E β-Glcp DA CADEIA PRINCIPAL. DESLOCAMENTOS
QUÍMICOS EXPRESSOS EM ppm
Realizou-se também a análise por RMN
13
C da amostra de XG comercial, na
qual foi possível observar os deslocamentos dos carbonos anoméricos (FIGURA
24,A) dos três monossacarídeos presentes na estrutura, cujos sinais aparecem em δ
104,3 (C-1 Galp), δ 102,3 (C-1 Glcp) e δ 98,8 (C-1 Xylp). Além disso, o espectro de
hidrogênio (FIGURA 24,B) apresentou os sinais referentes às unidades α-
D
-xilose
substituída (δ 5,14) e unidades de xilose terminais não redutoras (δ 4,95), e na
90
região β-anomérica, em δ 4,57, apareceram sobrepostos os deslocamentos
químicos de β-Galp substituinte e o de β-
D
-Glcp da cadeia principal.
A diferença na proporção monossacarídica Glc: Xyl: Gal encontrada na
análise dos alditóis acetato (2,4: 2,3: 1) e por RMN (1,8: 2: 1) pode estar relacionada
ao fato da derivatização a compostos acetilados ser uma cnica destrutiva,
enquanto que a análise por RMN apresenta natureza não-invasiva mantendo o
material intacto (AGRAWAL, 1992).
(A)
(B)
FIGURA 24 - ESPECTRO DE RMN (A):
13
C E (B):
1
H E INTEGRAÇÃO DA REGIÃO ANOMÉRICA DA
XILOGLUCANA COMERCIAL TKP, EM D
2
O, A 70ºC. DESLOCAMENTOS QUÍMICOS
EXPRESSOS EM ppm
As observações das análises por cromatografia gasosa e ressonância
magnética foram complementadas com as informações da análise por metilação, a
91
fim de melhor compreender as diferenças estruturais das xiloglucanas em relação
ao padrão de ligação e de substituição das unidades constituíntes.
O processo de metilação foi acompanhado por análises por infravermelho, e
os espectros são apresentados nas figuras 25 e 26.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
ν
OH livre 3650-3584
ν
OH ligado 3550- 3200
%T
Número de onda (cm
-1
)
(A)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
δ
CH
3
1450-1378
Número de onda (cm
-1
)
% T
(B)
ν
CH
3
2962-2872
FIGURA 25 - ESPECTROS DE INFRAVERMELHO DURANTE ACOMPANHAMENTO DO
PROCESSO DE METILAÇÃO DA XGC. AMOSTRA NATIVA (A) E METILADA (B)
Com o processo de metilação observou-se que ocorreu aumento relativo do
estiramento axial de CH
3
próximo de 2962-2872 cm
-1
e deformação angular em
1450-1378 cm
-1
, em relação à banda de OH, por volta de 3400 cm
-1
.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
ν
OH livre 3650-3584
ν
OH ligado 3550- 3200
Número de onda (cm
-1
)
%T
(A)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
δ
CH
3
1450-1378
ν
CH
3
2962-2872
Número de onda (cm
-1
)
% T
(B)
FIGURA 26 - ESPECTROS DE INFRAVERMELHO DURANTE ACOMPANHAMENTO DO
PROCESSO DE METILAÇÃO DE XGT. AMOSTRA NATIVA (A) E METILADA (B)
A análise dos acetatos de alditóis parcialmente metilados por cromatografia
gasosa acoplada à detecção por espectrometria de massas é apresentada na tabela
5. Pelos derivados metilados e acetilados observou-se que ambas as XG
apresentaram uma cadeia principal celulósica constituída de unidades de glucose
ligadas (1→4), algumas das quais são substituídas em C-6 por unidades de xilose
92
que, por sua vez, podem estar ramificadas em C-2 por unidades terminais de
galactose.
TABELA 5 - ACETATO DE ALDITÓIS PARCIALMENTE METILADOS DERIVADOS DAS
XILOGLUCANAS EXTRAÍDAS DE SEMENTES DE COPAIFERA (XGC) E
TAMARINDO (XGT)
Amostras
(mol%)
O-metil
alditol*
Ligação Principais fragmentos (m/z)
XGC XGT
2,3,4-Me
3
-Xyl
(Xylp)1
87,88,101,118,161 15,9 20,5
3,4-Me
2
-Xyl
2(Xylp)1
85,87,99,101,117,129,159,189 15,9 15,0
2,3,4,6-Me
4
-Gal
(Galp)1
87,89,101,113,118,129,145,161,
205
16,3 12,0
2,3,4,6-Me
4
-Glc
(Glcp)1
87,89,101,113,118,145,161,205 - 2,0
2,3,6 e/ou
2,3,4-Me
3
-Glc
4(Glcp)1
e/ou
6(Glcp)1
87,99,101,117,118,129,131,161,
189
13,5 7,3
2,3-Me
2
-Glc
4(Glcp)1
6
85,101,118,127,159,201 33,4 40,2
2,3,5-Me
3
-Ara
(Arap)1
87,101,118,129,161 5,1 3,2
* por GC-MS, coluna DB-23, a 210ºC
Analisando a tabela 5 foi possível observar uma pequena diferença na
quantificação da galactose, que substitui as ramificações de xilose, indicando que a
XGC é mais ramificada por apresentar mais terminais de Galp. Tipicamente, as XG
compreendem esqueletos de glucose β-
D
-(1→4)-ligadas com substituições a cada
três ou quatro unidades por xilopiranoses α-
D
-(1→6)- ligadas fornecendo a estrutura
tetrassacarídica fundamental para as xiloglucanas, XXXG, ou Xyl-Xyl-Xyl-Glc.
93
4.3 Modificação química da xiloglucana
A obtenção de derivados urônicos de XGC e XGT foi realizada de acordo com
a metodologia de oxidação com o reativo TEMPO (2,2,6,6-tetrametilpiperidina-1-
oxil). A reação ocorre seletivamente em CH
2
OH-6 das cadeias polissacarídicas,
transformando esse álcool primário em ácido carboxílico (COOH) e foi descrita
como muito eficiente na oxidação de diferentes polissacarídeos (DE NOOY;
BESEMER; VAN BEKKUM, 1994; 1995; DE NOOY; BESEMER; VAN BEKKUM;
VAN DIJK; SMIT, 1996; RINAUDO; ROURE; MILAS; FROLLINI, 1998;
MUZZARELLI; MUZZARELLI; COSANI; TERBOJEVICH, 1999). Dessa forma, nos
polissacarídeos podem ocorrer, durante a reação, derivatizações no C-6 da
galactose e, também, no C-6 da glucose não substituída da cadeia celulósica
(FIGURA 27). Mas para a curva de quantificação durante a reação, pelo consumo de
solução de hidróxido de sódio, foram utilizadas apenas as unidades de galactose
nos cálculos das porcentagens teóricas de oxidação.
FIGURA 27 – ESQUEMA DA REAÇÃO DE OXIDAÇÃO COM O REATIVO TEMPO SOBRE AS
UNIDADES MONOSSACARÍDICAS DA XILOGLUCANA DESTACADAS PELAS
SETAS E CAIXAS EM CINZA.
94
O processo de oxidação seletiva de C-6 (álcool primário) se devido à
formação do íon oxidante nitrosônio (FIGURA 28, estrutura 2) a partir do reagente
radicalar orgânico TEMPO (FIGURA 28, estrutura 1). Durante a oxidação, o íon
nitrosônio é reduzido para uma hidroxilamina (FIGURA 28, estrutura 3).
N
O
.
1
O
N
+
2
N
OH
3
FIGURA 28 - FORMAS ESTRUTURAIS DO TEMPO (2,2,6,6-TETRAMETILPIPERIDINA-1-OXIL):
FORMA RADICALAR (1), ÍON NITROSÔNIO (2) E FORMA REDUZIDA PARA UMA
HIDROXILAMINA (3)
FONTE: Adaptado de BRAGD et al.(2000)
FIGURA 29 - ETAPAS DA OXIDAÇÃO DE ÁLCOOL PRIMÁRIO COM TEMPO, HIPOBROMITO E
HIPOCLORITO DE SÓDIO
FONTE: Adaptado de BRAGD et al.(2000)
Durante o processo, se conduzido a pH menor que 9, pode ocorrer reação de
competição, devido à oxidação indesejada de grupos alcoólicos secundários pelo
hipoclorito e hipobromito (FIGURA 29). Utilizando valores mais altos de pH (9,2 a
9,5) e baixa temperatura, a seletividade é maior que 95% (DE NOOY; BESEMER;
BEKKUM, 1994; 1995).
A adição de NaOH foi utilizada para manter o pH do meio reacional em
aproximadamente 9,5, pH mais seletivo para a oxidação de álcoois primários, e
também para controlar o processo de derivatização. Na figura 30 tem-se a curva do
95
processo titulométrico em função do tempo de reação para a XG de copaifera
(FIGURA 30,A) e para a de tamarindo (FIGURA 30,B).
0 20 40 60 80 100 120
0
20
40
60
80
100
Volume de NaOH
(0,102 mol/L) (mL)
Tempo (minutos)
(A)
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
0
10
20
30
40
50
60
Volume de NaOH
(0,102 mol/L) (mL)
Tempo (minutos)
(B)
FIGURA 30 - VOLUME DA SOLUÇÃO (mL) DE NaOH (0,102 mol/L) EM FUNÇÃO DO TEMPO
DURANTE O PROCESSO DE OXIDAÇÃO DE XGC (A) E XGT(B)
Os rendimentos do processo de oxidação foram de 93,1 e 99,7% (m/m),
respectivamente, para XGC e XGT
.
Através dessas curvas de oxidação,
denominadas de total (Cod100 e Tod100), determinou-se então o volume de solução
de NaOH 0,1M a ser utilizado para obter oxidações parciais (30 e 60%, ex. Cod30 e
Cod60) das xiloglucanas.
O grau de oxidação também foi determinado por método colorimétrico
(BLUMENKRANTZ; ASBOE-HANSEN, 1973), utilizando para quantificação o ácido
galacturônico como padrão e amostras de XG nativas como controle, as quais
apresentaram percentagem zero nessa quantificação.
A análise do teor de ácidos urônico por método colorimétrico apresentada na
tabela 6 revelou que o grau de oxidação obtido é maior que os valores teóricos, das
curvas de titulação, indicando que a oxidação também ocorreu nas unidades de
glucose, no caso da XG de tamarindo, mesmo que a formação de ácido
galacturônico fosse mais favorecida, pelo fato que o C-6 das unidades de galactose
estariam mais expostas na cadeia polissacarídica. Sendo assim, mais acessíveis à
oxidação em relação às unidades de glucoses da cadeia principal (MARTIN, 2003).
As oxidações parciais de
C. langsdorffii
foram menos eficientes que o
esperado, visto que apresentaram grau de oxidação abaixo do cálculo teórico
(TABELA 6).
96
TABELA 6 - DETERMINAÇÃO DA PORCENTAGEM (m/m) DE OXIDAÇÃO DAS XG POR
MÉTODO COLORIMÉTRICO COMPARATIVAMENTE À DETERMINAÇÃO
TITULOMÉTRICA
Amostras
% (m/m) teórica
% (m/m) dosada*
Cod100
18,0 13,6
Cod60
10,8 12,4
Cod30
5,4 6,5
Tod100
14,0 23,9
Tod60
8,4 9,0
Tod30
4,2 5,5
* Método de BLUMENKRANTZ; ASBOE-HANSEN, 1973
Os produtos da reação de oxidação a 60% também foram analisados por
cromatografia em camada delgada (CCD, FIGURA 31). Essa metodologia utilizando
padrões de ácido glucurônico e galacturônico como referências, revelou que tanto as
unidades de galactose quanto as de glucose foram parcialmente convertidas em
seus respectivos derivados urônicos, gerando então, em relação às demais
unidades, pequenas porcentagens de galacturonato e glucuronato, respectivamente,
como observado em manchas claras que foram apenas levemente coradas.
FIGURA 31 - PERFIL DE ELUIÇÃO EM CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA DAS
AMOSTRAS PARCIALMENTE OXIDADAS (60%) DE XG DE TAMARINDO (LINHA 3,
TOD60) E COPAIFERA (LINHA 4, COD60). PADRÕES NEUTROS (LINHA 1) E
ÁCIDOS (LINHA 2) PARA COMPARAÇÃO
97
A fim de melhor compreender as alterações estruturais causadas pela
modificação química das XG, após a derivatização foram realizadas análises de
ressonância magnética nuclear de carbono-13.
As figuras 32, 33 e 34 representam os espectros de RMN-
13
C para as
amostras de XG nativas, copaifera oxidada e tamarindo oxidada, respectivamente.
Os deslocamentos químicos, segundo Freitas (2003), Martin (2003) e York (1993),
foram expressos em ppm baseados no da acetona
δ
30,2 utilizada como padrão
interno.
(C)
(T)
FIGURA 32 - ESPECTRO DE RMN
13
C DE XGC (C) E XGT (T) EM H
2
O: D
2
O, A 70ºC.
DESLOCAMENTOS QUÍMICOS EXPRESSOS EM ppm
98
No espectro mostrado na figura 32 das XG de copaifera (C) e tamarindo (T)
foi possível assinalar os deslocamentos da região dos C-anoméricos correspondente
a
β
-Gal
p
(
δ
104,3),
β
-Glc
p
da cadeia principal (
δ
102,3) e
α−
Xyl
p
(
δ
98,8). Na região
em campo mais alto, pode-se observar um sinal de intensidade muito baixa para
ambas XG em
δ
60,4 referente ao C-6 livre de
β
-D-Gal
p
e em
δ
66,7 e 66,4 sinais
correspondentes ao C-6 substituído das unidades de
β
-D-Glc
p
substituídas por
unidades de Xyl
p
e por Xyl
p
-Gal
p
, respectivamente. O deslocamento referente ao C-
6 livre das unidades de glucose não substituída (
δ
62) está sobreposto ao do C-5 de
xiloses substituídas (
δ
61,7), e os sinais de C-5 de xilose não substituídas
apareceram em
δ
61,3 e 61,1.
Observaram-se diferenças entre os espectros das XG nativas (FIGURA 32) e
suas diferentes porcentagens de oxidação: 30%, 60% ou 100% (FIGURA 33 e 34),
principalmente, em relação às unidades de galactose presentes no polímero.
Analisando os espectros das figuras 33 e 34 observou-se, com base nos
deslocamentos da XG nativa, a diminuição relativa da intensidade do sinal atribuído
às unidades de galactose (
δ
104,3;
δ
60,4) e, em alguns casos, também às de
glucose (
δ
102,2), em relação ao sinal de unidades de xilose (
δ
98,8;
δ
61,7;
δ
61,3;
δ
61,1. Isto pode ser evidenciado na região de C-1, onde o deslocamento em
δ
104,3
ppm referente ao C-1 de unidades de galactose nos derivados oxidados apresentou
uma diminuição da intensidade quando comparado ao da respectiva amostra nativa
(FIGURA 32). Pode-se observar, também, a redução da intensidade do sinal em
δ
60,4 referentes ao C-6 livre das unidades de
β
-
D
-Gal. A diminuição das intensidades
relativas, tanto em C-1 como em C-6 de galactose, principal unidade-alvo dessa
reação, foi maior nos derivados de maior oxidação, ou em ordem 100% > 60% >
30%; com diminuição significativa quando o derivado foi oxidado totalmente
(~100%).
99
(a)
(b)
(c)
FIGURA 33 - ESPECTRO DE RMN
13
C DE XILOGLUCANAS OXIDADAS DE SEMENTES DE C.
langsdorffii, EM H
2
O:D
2
O, A 70ºC: (a) OXIDAÇÃO DE 30%, COD30; (b) 60%, COD60;
(c) 100%, COD100. DESLOCAMENTOS QUÍMICOS EXPRESSOS EM ppm
100
(a)
(b)
(c)
FIGURA 34 - ESPECTRO DE RMN
13
C DE XILOGLUCANAS OXIDADAS DE SEMENTES DE T.
indica, EM H
2
O:D
2
O, A 70ºC: (a) OXIDAÇÃO DE 30%, TOD30; (b) 60%, TOD60 (c)
100%, TOD100. DESLOCAMENTOS QUÍMICOS EXPRESSOS EM ppm
Nos espectros dos derivados oxidados (FIGURAS 33 e 34) observou-se o
aparecimento de um novo sinal em
δ
103,5 que pode ser atribuído ao C-1 de
101
unidades de ácido urônico
β
(TEIXEIRA
et al.
, 2007) formados durante a reação,
tanto galacturonato quanto glucuronato. Não foi possível assinalar em campo mais
baixo, o deslocamento entre
δ
174-180 referente à C-6 carboxílico dos derivados
urônicos formados. Dessa forma, através das análises de dosagem colorimétrica,
CCD e RMN
13
C (respectivamente, TABELA 6, FIGURAS 31 e 32 a 34) foi possível
observar que a derivatização ocorreu efetivamente.
4.4 Análises reológicas das xiloglucanas
Para análise das XG em solução, primeiramente, foi determinada a
concentração crítica (c*) para analisá-las em solução diluída e sem a influência de
interações polímero-polímero.
Determinou-se a concentração crítica (c*) para que
fosse possível o estudo das XG em solução diluída, e assim analisá-las no intervalo
de concentração onde a influência da agregação do polímero fosse desprezível
(FREITAS, 2003). Através do gráfico que relaciona logaritmo de
η
sp
como uma
função do logaritmo de (C x [
η
]), ou parâmetro de recobrimento, foi possível
determinar a concentração crítica (TABELA 7) por reologia e, também, através do
cálculo (equação 5, página 71) utilizando valores de M
w
e R
g
.
TABELA 7 - VALORES DE CONCENTRAÇÃO CRÍTICA (c*, g/L) PARA AS AMOSTRAS DE
XILOGLUCANA
Método
Amostras
Cálculo com M
w
e R
g
(1)
Viscosimetria
(2)
XGT
1,38 1,3
TKP
1,48 1,2
(1)
-por GPC, Viscotek 270 Dual Detector
(2)
-em Reômetro Haake RS 1, sensor DG 43
Os valores encontrados por técnica reológica e por GPC (TABELA 7) foram
muito próximos, uma vez que a agregação macromolecular gerou uma menor
influência na viscosidade da solução pela técnica reológica, quando comparada à
técnica de GPC (WANG
et al.
, 2001). Uma vez tendo-se determinada a c*, fez-se a
determinação da viscosidade intrínseca ([
η
]) para as amostras, utilizando-se
102
concentrações até valores inferiores ao da c*. Na figura 35 tem–se a
representação gráfica da determinação da viscosidade intrínseca para as amostras
de XGT e TKP. Não foi possível determinar os parâmetros de c* e viscosidade
intrínseca para XGC, pois a amostra apresentou-se heterogênea, ou seja, possui
mais de uma família de macromoléculas com diferentes massas molares.
0,0004 0,0006 0,0008 0,0010 0,0012
300
400
500
600
700
800
η
red
(mL/g)
Concentração (g/mL)
FIGURA 35REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE INTRÍNSECA
[η], EM mL/g, PARA A XGT () E TKP (▲), A 25ºC. AS AMOSTRAS FORAM
SOLUBILIZADAS EM SOLUÇÃO TAMPÃO FOSFATO (28 mM) CONTENDO NaCl
(123mM), EM pH 7,4
Os valores encontrados para a viscosidade intrínseca foram de 609,4 e 359,8
mL/g para XGT e TKP, respectivamente. E foram inferiores aos relatados por Wang
et al.
(1996) para
Detarium
de 890 mL/g, mas similares aos observados por Freitas
(2003) em seu estudo com XG de
Hymenaea courbaril
e de
Tamarinrus indica
. A
amostra comercial, porém, apresentou valor inferior que pode ser decorrência de
processo de extração. Pelo cálculo dos valores das constantes de Huggins
(HUGGINS, 1942) como sendo 0,28 (XGT) e 0,51 (TKP) pode-se considerar que o
solvente utilizado é favorável à interação polímero-solvente, quando 0,8< k
H
< 0,3, e
não para polímero-polímero.
Quando uma molécula entra em movimento, em um fluxo laminar, devido à
uma velocidade de cisalhamento aplicada, os diferentes segmentos da molécula
movem-se com velocidades diferentes. Isto se deve ao gradiente de velocidade
causado pelo fluxo. Essa influência do gradiente de velocidade, com fluxos mais
rápidos e mais lentos causa a rotação da cadeia polimérica. Os movimentos
103
rotacionais e translacionais das cadeias moleculares causam atrito entre a
molécula e o solvente do sistema em estudo, e provocam o aumento da viscosidade
do solvente. A viscosidade intrínseca ([
η
]), que se refere à viscosidade em
concentração infinitamente diluída, tendendo a concentração nula, refere-se ao
movimento rotacional e translacional de apenas uma única molécula no sistema
(FREITAS, 2003).
4.5 Análise de homogeneidade e da massa molar
A caracterização macromolecular é importante para o estudo das aplicações
de polissacarídeos, e para isto a cromatografia de exclusão de tamanho acoplada a
detectores de espalhamento de luz apresenta-se como uma técnica adequada para
o seu estudo em solução, pois é rápida e exige pouca quantidade de amostra. A
incerteza considerada é de 3-5% para a determinação da massa molar ponderal
média (M
w
) e 5-10% para o raio de giro (R
g
). Uma outra grande vantagem deve-se
ao fato de se obter em um único ensaio a distribuição da massa molar completa
(ROGER; AXELOS; COLONNA, 2000). As amostras foram analisadas após a
ultrafiltração quanto a homogeneidade e seu grau de polidispersão (M
w
/M
n
) através
dos detectores de índice de refração e espalhamento de luz laser. Calculou-se
também as massas molares ponderal média (M
w
), baseada na fração em massa das
moléculas de determinada massa molar, e a numérica média (M
n
), baseada no
número de moléculas, a viscosidade intrínseca ([
η
]), os raios de giro (R
g
) e
hidrodinâmico (R
h
) e a constante
α
de Mark-Houwink. Primeiramente, calcularam-se
experimentalmente os valores de d
n
/d
c
para as amostras, sendo de 0,120 para XGC
e XGT e de 0,147 para TKP.
Todas as XG eluíram em volumes de retenção entre 9 e 12 mL (FIGURA 36).
A amostra XGC apresentou um pico largo pelo detector de índice de refração (em
vermelho, FIGURA 36, A) sendo possível observar a presença de dois picos, porém
com perfil mais homogêneo pela presença de um pico nos detectores RALLS e
LALLS (em verde e preto, respectivamente, FIGURA 36,A). Tal perfil por RI pode
sugerir, por exemplo, a presença de polissacarídeos e de complexos polissacarídeo-
104
proteína, fato observado para outros polímeros (TEIXEIRA et al., 2007;
IAGHER; REICHER; GANTER, 2002). As amostras XGT (FIGURA 36,B) e TKP
(FIGURA 36,C) apresentaram perfil homogêneo e polidisperso, sendo a
polidispersão mais acentuada para TKP (1,21) do que XGT (1,05). Esta
polidispersão pode interferir na discrepância dos valores de [
η
] encontrados por
técnica cromatográfica e por reologia.
FIGURA 36 - PERFIL CROMATOGRÁFICO DA XILOGLUCANA DE SEMENTES DE C. langsdorffii
(A), T. indica (B) e TKP (C) POR DETECTORES DE ESPALHAMENTO DE LUZ A 90º
(VERDE, RALLS) E A (PRETO, LALLS), E ÍNDICE DE REFRAÇÃO (VERMELHO),
EM mV, EM FUNÇÃO DO VOLUME DE RETENÇÃO, EM mL
Os cálculos dos dados foram realizados no
software
que acompanha o
equipamento e são mostrados na Tabela 8, onde são mostrados os valores de
massa molar ponderal média (M
w
); massa molar numérica média (M
n
); grau de
polidispersão (M
w
/M
n
); raio de giro (R
g
); raio hidrodinâmico (R
h
); viscosidade
intrínseca ([
η
]
d
) determinada pelo detector viscosimétrico acoplado ao sistema
cromatográfico, a viscosidade intrínseca reológica ([
η
]
r
) determinada
experimentalmente e a constante de Mark-Houwink (
α
). Esses dados foram obtidos
105
para as amostras de XG após a solubilização, por 18 horas em água, a 25ºC.
Durante a eluição, as colunas foram mantidas em forno a 30ºC.
TABELA 8 - VALORES DE MASSA MOLAR, POLIDISPERSÃO, RAIO DE GIRO, RAIO
HIDRODINAMICO, VISCOSIDADE INTRÍNSECA E CONSTANTE α DE MARK-
HOUWINK PARA AS AMOSTRAS DE XILOGLUCANA
(1)
Amostras
M
w
M
n
M
w
/ M
n
R
g
(2)
R
h
(2)
[η
ηη
η]
d
(3)
[η
ηη
η]
r
(3)
α
αα
α
(4)
(A,a)
1,98 . 10
6
1,96 . 10
6
1,01 96,48
60,26
707,4
n.c.
XGC
(A,b)
8,48 . 10
5
3,8 . 10
5
2,23 59,18
36,72
427,7
n.c.
n.c.
XGT
6,53 . 10
5
6,19 . 10
5
1,05 57,32
33,19
360,5
609,4
0,13
TKP
8,03 . 10
5
6,65 . 10
5
1,21 59,94
41,07
592,9
359,8
0,44
(1)
- por GPC Viscotek 270 Dual Detector, colunas PWxl 2500, 4000 e 6000, a 30ºC
(2)
- raio em nm
(3)
- viscosidade em mL/g
(4)
- constante α de Mark-Houwink
n.c.: não calculado
As amostras solubilizadas em água apresentaram altos valores de M
w
e M
n
, o
que é condizente com valores da literatura observados para XG de sementes de
H.
courbaril
(~1 . 10
6
) e
T. indica
(~1,1 . 10
6
) (FREITAS, 2003),
A. africana
(8,2 . 10
5
)
(REN
et al.
, 2005),
C. langsdorffii
(7,8 . 10
5
) (STUPP, 2007). Em seus estudos
Freitas (2003) observou que as dimensões de uma macromolécula em solução não
podem ser definidas de forma absoluta, porque a forma do novelo molecular altera-
se em função do tempo e das interações polímero e solvente. O tamanho molecular
varia de molécula para molécula, mesmo com estruturas e massas moleculares
idênticas. Portanto, pode ser definido somente em termos de propriedades dias
(ROBINSON; ROSS-MURPHY; MORRIS, 1982; GIDLEY
et al.
, 1991; ROGER,
AXELOS; COLONNA, 2000; LUCAS; SOARES; MONTEIRO, 2001; CHENG;
FRINGANT; RINAUDO, 2002). As dimensões de uma molécula enovelada em
solução dependerão das interações polímero-solvente. Quando existe uma boa
interação entre o polímero e o solvente, as moléculas de solvente penetram
facilmente no novelo polimérico, expandindo-o. Com isto, o tamanho molecular é
bem maior do que seria se o novelo estivesse encolhido. Por outro lado, se as
interações entre as moléculas do solvente e as do polímero o forem muito
eficientes, o novelo polimérico tende a ficar menor, porque a tendência das
moléculas do solvente em penetrar no novelo é menor (LUCAS; SOARES;
MONTEIRO, 2001).
106
FIGURA 37 REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA DISTÂNCIA PONTA A PONTA E RAIO DE
GIRAÇÃO
FONTE: LUCAS; SOARES; MONTEIRO (2001)
O tamanho que uma macromolécula assume em solução diluída é
denominado volume hidrodinâmico. Os principais parâmetros que definem o
tamanho molecular de uma macromolécula linear em solução são:
Distância ponta a ponta ou extremo a extremo quadrática média (r
2
): Ela
representa o módulo do vetor que conecta duas pontas de uma cadeia polimérica
(FIGURA 37) (PETKOWICZ, 1998). O termo r é definido como a distância entre as
extremidades da cadeia e é valido para macromoléculas lineares (LUCAS;
SOARES; MONTEIRO, 2001).
Raio de giro (s ou R
g
) corresponde a raiz quadrática média entre um
elemento do polímero e seu centro de gravidade (PETKOWICZ, 1998). Assim,
conforme observado na figura 37, o raio de giro (R
g
) corresponde à distância entre o
centro de gravidade (O) e os raios que encontram os fragmentos de massa da
macromolécula do novelo. O raio de giro fornece informações sobre as dimensões
globais da cadeia e depende da distância ponta a ponta. Macromoléculas
ramificadas apresentam várias extremidades de cadeia e, portanto, o seu tamanho
molecular pode ser definido pelo raio de giração (LUCAS; SOARES; MONTEIRO,
2001).
Exceto o primeiro pico a eluir de XGC (FIGURA 36,A,a), todas as XG
apresentaram valores próximos de R
g
(~58 nm) e R
h
(~36 nm) (TABELA 8),
indicando que o moléculas de dimensões semelhantes, apesar da XGC
apresentar-se heterogênea constituindo-se de duas famílias de macromoléculas. Em
107
geral, se 0<
α
< 0,5 considera-se a molécula uma esfera, valores de 0,5<
α
< 0,8
é encontrado para conformações de cadeias flexíveis de conformação ao acaso
(
random coil
), enquanto que 0,8<
α
< 1,0 para moléculas gidas em forma de bastão
ou alongadas (MOREIRA
et al.
, 2004; HARDING, 2005), portanto a XGT (0,13) pode
ser considerada uma esfera e a TKP (0,44), um polissacarídeo de cadeia flexível ao
acaso.
4.6 Análise de fluorescência
Sendo o pireno uma molécula hidrofóbica com baixa solubilidade em água
(aproximadamente 0,3
µ
M), espera-se, preferencialmente, sua localização em
domínios hidrofóbicos de moléculas anfipáticas (DOWLING; THOMAS, 1990).
Como o espectro de emissão de fluorescência do pireno é sensível à
polaridade do meio no qual está disperso, e sabendo-se que a banda I, em 373 nm,
tem a sua intensidade aumentada na presença de solventes polares e a banda III,
em 383 nm tem sua intensidade aumentada em solventes apolares, a relação das
intensidades de fluorescência de duas bandas vibracionais denominadas III e I pode
servir como um sensor de hidrofobicidade (FIGURA 38).
360 370 380 390 400 410 420 430
0
1
2
3
4
5
III
(I
383nm
)
Intensidade de Fluorescência
Comprimento de onda (nm)
I
(I
373nm
)
FIGURA 38 - ESPECTRO DE EMISSÃO DE FLUORESCÊNCIA DO PIRENO EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO (28 mM) CONTENDO 123 mM DE NaCl, pH 7,4
108
A relação entre essas duas bandas é alterada quando ocorrem mudanças na
polaridade do sistema onde a sonda está inserida, no caso de polímeros, podendo
indicar alterações conformacionais ocorridas na molécula. Dentre outros motivos,
essa metodologia tem sido empregada em estudos do comportamento polimérico
em solução (KALYANASUNDARAM; THOMAS, 1977; VIEIRA
et al.
, 2003).
Analisando a emissão de fluorescência da sonda de pireno, foi possível
construir um gráfico em função da concentração crescente do polímero (FIGURA 39)
onde se pode atribuir o valor da concentração crítica de agregação, chamada
cac
(AMIJI, 1995), como sendo a concentração onde a curva muda sua tendência linear.
0,01 0,1 1
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
Relação picos III/I
Concentração (mg/mL)
C= 0,068 mg/ml
FIGURA 39 - GRÁFICO DA RELAÇÃO ENTRE OS PICOS III/I DE EMISSÃO DE FLUORESCÊNCIA
EM FUNÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DA XGC, EM SOLUÇÃO TAMPÃO FOSFATO 28
mM CONTENDO 123 mM DE NaCl, pH 7,4
Construindo-se os gráficos de cada XG e seus derivados foi possível
determinar a
cac
, como mostrado na tabela 9. Analisando os valores obtidos
observa-se que os menores valores de
cac
correspondem as XG nativas na ordem:
XGT < XGC < TKP. Após a oxidação houve alteração no valor de
cac
indicando
alteração conformacional na cadeia ou ainda repulsão intercadeias devido a
derivatização a -COOH, o qual estará desprotonado em pH 7,4. Com a oxidação de
30% o valor de
cac
aumentou, diminuiu com a oxidação de 60% e aumentou
novamente com a oxidação total ou 100%, isso indica que, entre os derivados, o de
109
60% de oxidação é o mais indicado para processo de encapsulamento de
moléculas hidrofóbicas tais como o pireno.
TABELA 9 - VALORES DE CONCENTRAÇÃO DE AGREGAÇÃO CRÍTICA (mg/mL) DAS XG E
SEUS DERIVADOS OXIDADOS DETERMINADOS POR ESPECTROSCOPIA DE
FLUORESCÊNCIA, EM SOLUÇÃO TAMPÃO FOSFATO (28 mM) CONTENDO NaCl
(123 mM), EM pH 7,4
Amostras
Concentração crítica (mg/mL)
XGC
0,068
Cod30
0,113
Cod60
0,060
Cod100
0,383
XGT
0,038
Tod30
0,176
Tod60
0,162
Tod100
0,191
TKP
0,090
As amostras nativas e os derivados de 60% de oxidação foram testados ao
longo de 24 horas, medindo-se a emissão de fluorescência das soluções em tempos
determinados (FIGURA 40). Nos perfis obidos para as amostras apresentados na
figura 40, após 8 horas, a TKP apresentou um máximo de hidrofobicidade indicando
o tempo no qual houve máxima incorporação do pireno, enquanto que XGC
apresentou um máximo entre 6 e 8 horas; e as demais, XGT, Tod60 e Cod60,
apresentaram um máximo a partir de 4 horas mantendo-se estável até 8 horas, com
decaimento após 24 horas, quando a solução é mantida em repouso.
A partir do estudo da incorporação do pireno nas soluções poliméricas foi
possível estabelecer um modelo para a incorporação de drogas hidrofóbicas e
prosseguir os estudos de encapsulamento efetivo e de liberação
in vitro
segundo o
que foi proposto por Xiong
et al.
(2005).
110
0 5 10 15 20 25
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Tempo (horas)
Relação entre picos III/I
FIGURA 40 - GRÁFICO DA RELAÇÃO ENTRE OS PICOS III/I DE EMISSÃO DE FLUORESCÊNCIA
EM FUNÇÃO DO TEMPO. XG EM SUAS CONCENTRAÇÕES CRÍTICAS DE
AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE
NaCl, pH 7,4: XGT (●), TOD60 (○), XGC (■), COD60 (□), TKP (▲)
4.7 Análise da conformação polimérica por dicroísmo circular
Realizou-se então análise de dicroísmo circular (CD) para verificar se havia
alteração da conformação das cadeias das XG nativas após a oxidação,
especialmente a 60% por apresentar o menor valor de
cac
. Como mostrado na
figura 42 o espectro de CD foi analisado de 190- 250 nm, pois as bandas típicas de
polissacarídeos encontram-se na faixa de 194-240 nm (SYNYTSYA
et al.
, 2007).
Esta é uma técnica muito difundida para a análise de proteínas e estudos
quantitativos de suas estruturas secundárias, porém também foi utilizada para
estudos com carragenanas dos tipos
ι−
e
λ
- (SCHOELER
et al.
, 2006) e também
κ
-
(NICKERSON; PAULSON; HALLET, 2004) e ainda alginato (AL-KHOURI, 2003),
quitosana (SYNYTSYA
et al.
, 2007) e arabinogalactana-proteína de milho
(KILISZEWSKI
et al.
, 1992). Buffington
et al.
(1980) em estudos com
galactomananas, observaram que o espectro de CD demonstrou clara dependência
da razão Gal:Man. Os carboidratos, quando em solução, ao contrário das proteínas
que formam estruturas definidas, como
α
-hélice e folha
β
, freqüentemente existem
como cadeias desordenadas, tanto estendidas como colapsadas, estruturas em
hélice também podem ocorrer com um grande número de unidades ao longo do eixo
111
da hélice; os de cadeia curta podem ser flexíveis ou relativamente gidos
(STEVENS, 1996).
A figura 41 mostra o perfil característico de cada conformação que a molécula
pode apresentar em solução. O perfil de
α
-hélice apresenta máximo em,
aproximadamente 193 nm e mínimos em 208 e 223 nm, enquanto que estruturas em
folha
β
, se antiparalelas, tem máximo em 198 nm e mínimo em 215 nm e, se paralela
um máximo acentuado próximo de 205 nm com leve mínimo em 220 nm. As voltas,
ou
turns
, são caracterizadas por ampla abertura, de 200 a 220 nm, da banda positiva
com máximo em 210 nm e banda negativa na região abaixo de 190 nm. Estruturas
do tipo poli (L-prolina) e ao acaso (
random coil)
apresentam perfil bastante
semelhantes.
FIGURA 41 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PERFIL CARACTERÍSTICO DAS POSSÍVEIS
ESTRUTURAS SECUNDÁRIAS ANALISADAS POR DICROÍSMO CIRCULAR
FONTE: SANSOM (2002)
No presente trabalho, foram analisadas amostras purificadas a fim de reduzir
o efeito do teor de proteínas, pois estas podem influenciar o perfil do espectro. Os
resultados das análises são apresentados na figura 42 onde foi possível observar
pouca ou até nenhuma influência da temperatura na variação da conformação,
exceto na amostra XGT (FIGURA 42,C) que sofreu maiores alterações no espectro
na temperatura de 5ºC quando comparada a 25 e a 37ºC. Após a oxidação de 60%
(FIGURA 42,B), a amostra de XGC, que não apresentava perfil característico de
hélice ou folha, mantendo sua conformação ao acaso (
random coil
) como a amostra
nativa (FIGURA 42,A).
112
200 210 220 230 240
250
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
Comprimento de onda (nm)
CD (miligraus)
(A)
200 210 220 230 240 250
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
Comprimento de onda (nm)
CD (miligraus)
07/10/08
(B)
200 210 220 230 240 250
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
Comprimento de onda (nm)
CD (miligraus)
07/10/08
(C)
200 210 220 230 240 250
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
Comprimento de onda (nm)
CD (miligraus)
(D)
200 210 220 230 240 250
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
CD (miligraus)
Comprimento de onda (nm)
(E)
FIGURA 42 - GRÁFICO DE DICROÍSMO CIRCULAR DOS POLISSACARÍDEOS, A 1 mg/mL EM
TAMPÃO SALINO, A 5 (LINHA PONTILHADA), 25 (LINHA SÓLIDA) E 37ºC (LINHA
TRACEJADA). (A): XGC; (B): COD60; (C): XGT; (D):TOD60; (E): TKP.
A XGT nativa (FIGURA 42,C), a 5ºC, apresentou bandas diferenciadas em
relação às outras temperaturas, com máximo em 198 nm e mínimos em 208 e
aproximadamente, 220 nm, indicando a influência de estruturas em hélice, as quais
promovem máximos e mínimos típicos; porém a 25 e a 37ºC ocorreu um
deslocamento da região de máximo para ~202 nm e mínimo em 220 nm
113
correspondente à maior contribuição de estrutura ordenada do tipo folha
β
, em
maiores temperaturas, ou seja, indicando a extensão da cadeia. Após a oxidação
parcial (Tod60, FIGURA 42,D) essa estrutura se tornou fortemente distorcida por
estruturas
random coil
, em todas as temperaturas testadas, ou seja, não apresentou
perfil característico de nenhuma das conformações típicas.
A estrutura ordenada da XGT, que pode ter contribuições de hélice observada
a 5ºC e folha
β
a 25 e 37ºC, possivelmente influenciou a viscosidade em solução
(609,4 mL/g) que apresentou valor maior que a TKP (359,8 mL/g) que tem estrutura
ao acaso. Comportamento semelhante foi observado para outro carboidrato, as
carragenanas, que em solução (SCHOELER
et al.
, 2006) as da família
λ
-
apresentaram conformação ao acaso e não foram capazes de formar gel e as da
família
ι
- adotaram conformação em hélice, a temperatura ambiente, conferindo
uma alta viscosidade à solução aquosa.
Os resultados obtidos por CD estão de acordo com os observados por GPC.
Ambos indicaram que a XGT tem conformação ordenada e compacta, com
elementos em hélice e folhas
β
determinados por CD, e valor da constante
α
de
Mark-Houwink, sugerindo uma esfera. a TKP pôde ser definida como uma cadeia
flexível e de conformação ao acaso, tanto por CD como também por GPC.
4.8 Análise das xiloglucanas por tensão superficial
Visto que a análise conformacional dos polissacarídeos não demonstrou
alterações significativas entre as XG nativas e oxidadas, considerando a diferença
de valores de concentração de agregação critica determinados por fluorescência,
realizou-se estudo da alteração da tensão superficial, comparativamente a da água,
frente aos polímeros, para se verificar a influencia das cargas dos polieletrólitos
formados na oxidação.
114
0,01832 0,13534 1
71,5
72,0
72,5
73,0
XGC
Cod30
Cod60
Cod100
Concentração (mg/mL)
Tensão superficial,
γ
(mN/m)
γ
H
2
O= 72,7
(A)
0,01832 0,13534 1
69,5
70,0
70,5
71,0
71,5
72,0
72,5
73,0
(B)
TKP
XGT
Tod30
Tod60
Tod100
Tensão superficial,
γ
(mN/m)
Concentração (mg/mL)
γ
H
2
O= 72,7
FIGURA 43 - GRÁFICO DA TENSÃO SUPERFICIAL EM FUNÇÃO DO LOGARITMO DA
CONCENTRAÇÃO DOS POLISSACARÍDEOS (EM mg/mL), EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE NaCl, pH 7,4. (A): XGC(●),
COD30 (♦), COD60 (∆), COD100 (○) E (B): TKP (■), XGT (●), TOD30 (♦), TOD60
(∆), TOD100 (○)
Na figura 43 foi possível observar a influência do aumento da concentração
do polímero provocando uma leve diminuição da tensão superficial quando
comparada com o valor de referência de 72,7 mN/m da água. A dependência da
tensão superficial em função da concentração também foi observada para
polissacarídeos de gomas, como a de
A. tortuosa
e a arábica, as quais provocam
uma redução muito mais acentuada da tensão superficial, respectivamente 42,6 e
46,9 mN/m (MUÑOZ
et al.
, 2007; HUANG; KAKUDA; CUI, 2001). Gomas
alimentícias tendem a alterar a tensão superficial até valores entre 65 e 45 mN/m
(GARTI
et al.
, 1999).
115
Dentre as amostras de copaifera, a oxidação de 100% (Cod100) diminuiu
a tensão até 71, 3 mN/m, porém foi menos significativa que Tod30 que, a 2 mg/mL,
apresentou tensão de 69,7 mN/m (FIGURA 43).
A partir dessa análise foi possível afirmar que as cargas presentes nos
eletrólitos gerados pela reação química com TEMPO foram capazes de alterar a
tensão superficial do líquido, adicionalmente à modificação da conformação da
molécula, como no caso da XGT analisada por CD, indicando que ambos os efeitos
podem influenciar na organização da cadeia e na determinação da
cac
.
4.9 Análises das partículas de xiloglucanas por técnicas de microscopia
4.9.1 Análises por microscopia de força atômica
A partir da determinação da concentração de agregação crítica (
cac
) por
técnica de fluorescência (TABELA 9) procedeu-se a análise de microscopia de força
atômica em modo dinâmico (contato intermitente) utilizando silício como substrato
para visualização de partículas e/ou agregados e fibras numa área de 2 x 2
µ
m
2
,
como pode ser visto nas figuras 44 a 48, na seqüência XGC, XGT, TKP, Cod60 e
Tod60. Através do tratamento das imagens no próprio
software
do equipamento foi
possível determinar o tamanho aproximado (largura) de algumas partículas e sua
respectiva altura (TABELA 10). Obteve-se também o
rms
, que pode ser usado como
parâmetro de comparação da rugosidade da superfície.
As seções realizadas nas imagens obtidas indicaram que todas as amostras
formam nanopartículas ou nanoagregados, ou seja, pequenos corpos esféricos de
60 até 190 nm (TABELA 10). A largura média dessas partículas indicou que a XGC
tem capacidade de formar partículas de tamanhos mais distintos, variando de 60 a
190 nm e, portanto de alto
rms
(1,685), seguida de TKP (
rms
= 1,457 nm) e Cod60
(
rms
= 1,417 nm) que apresentaram tamanho médio de partículas muito próximo, 110
e 97,5, respectivamente. As amostras XGT e Tod60 apresentaram largura média de
96,7 e 75 nm, respectivamente.
116
TABELA 10 - VALORES DE LARGURA E ALTURA, EM nm, A PARTIR DE IMAGENS DE
MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA PARA XG TESTADAS EM SUAS
RESPECTIVAS CONCENTRAÇÕES CRÍTICAS SOBRE SILÍCIO, EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO (28 mM) CONTENDO NaCl (123mM), EM pH 7,4
Área: 2 x 2 µ
µµ
µm
2
rms (nm)
seção
Largura (nm)
Altura (nm)
TKP 1,457 A-B a
140 13,46
b
110 8,05
C-D a
80 3,61
XGC 1,685 A-B a
60 1,64
C-D a
100 4,54
b
110 4,30
E-F a
190 27,37
XGT 1,049 A-B a
80 2,75
b
140 13,41
C-D a
70 2,48
Cod60
1,417 A-B a
110 5,84
b
80 4,47
C-D a
60 2,29
b
140 14,67
Tod60
0,631 A-B a
90 6,00
C-D a
60 1,49
Os menores valores de
rms
indicaram uma superfície mais plana e lisa
(KOSAKA
et al.,
2005), sendo o
rms
, em ordem crescente: Tod60, XGT, Cod60, TKP
e XGC. Alturas de até, aproximadamente, 27 nm (TBAELA 10) foram observadas
para XGC (FIGURA 44) indicando partículas agregadas e, provavelmente,
sobrepostas, o que pode ser evidenciado também por análises de microscopia
eletrônica de transmissão (FIGURAS 49 e 50).
Analisando-se as imagens (FIGURAS 44 a 48) foi possível observar que a
morfologia das diferentes XG foram muito semelhante, sendo os polissacarídeos as
esferas mais claras em relação ao fundo da imagem.
117
FIGURA 44 - IMAGEM E REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DA TOPOGRAFIA DE XGC SOBRE
SILÍCIO EM SUA CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE NaCl, pH 7,4
FIGURA 45 - IMAGEM E REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DA TOPOGRAFIA DE XGT SOBRE
SILÍCIO EM SUA CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE NaCl, pH 7,4
E-F
[nm]
28.55
0.00
1.99 [um]
0.00
A-B
[nm]
3.21
0.00
2.00 [um]
0.00
C-D
[nm]
6.52
0.00
2.00 [um]
0.00
a
a
b
a
2.00 [um]
A-B
[nm]
15.89
0.00
1.99 [um]
0.00
C-D
[nm]
3.21
0.00
1.96 [um]
0.00
a
b
a
2.00 [um]
2.00 [um]
118
FIGURA 46 - IMAGEM E REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DA TOPOGRAFIA DE TKP SOBRE
SILÍCIO EM SUA CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE NaCl, pH 7,4
FIGURA 47 - IMAGEM E REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DA TOPOGRAFIA DE COD60 SOBRE
SILÍCIO EM SUA CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE NaCl, pH 7,4
A-B
[nm]
16.69
0.00
2.00 [um]
0.00
C-D
[nm]
4.70
0.00
1.99 [um]
0.00
a
b
a
2.00 [um]
C-D
[nm]
16.71
0.00
2.00 [um]
0.00
A-B
[nm]
8.34
0.00
2.00 [um]
0.00
a
b
b
a
119
FIGURA 48 - IMAGEM E REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DA TOPOGRAFIA DE TOD60 SOBRE
SILÍCIO EM SUA CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO
TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE NaCl, pH 7,4
4.9.2 Análises por microscopia eletrônica de transmissão
Realizou-se análise de microscopia eletrônica de transmissão para verificar a
morfologia das partículas de XG. A análise revelou partículas esféricas de tamanhos
variáveis de 14 a 50 nanômetros aglomerados em “cachos” de forma muito similar
para todas as XG (FIGURAS 49 e 50). A presença desses agregados complementou
os dados obtidos por AFM que evidenciaram pequenos corpos esféricos de
tamanhos variados e alturas que podem justificar a presença de moléculas
sobrepostas.
As imagens obtidas para as XG foram semelhantes às observadas por Ribeiro
et al.
(2008) em seus estudos com XG de sementes de jatobá, porém em um
sistema revestindo um nanocompósito contendo enalapril e composto inorgânico,
HDL (hidróxido duplo lamelar). Similarmente, observaram-se partículas em escala
nanométrica de tamanhos variados e heterogêneos.
C-D
[nm]
2.14
0.00
2.00 [um]
0.00
A-B
[nm]
6.55
0.00
1.98 [um]
0.00
a
a
2.00 [nm]
120
FIGURA 49 - IMAGENS POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO. (A): XGT
AUMENTO DE 150000X, (B): XGT AUMENTO DE 500000X, (C): TOD60 AUMENTO
DE 150000X, (D): TOD60 AUMENTO DE 500000X, (E): TKP AUMENTO DE 150000X
E (F): TKP AUMENTO DE 500000X. XG EM SUA CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE
AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE
NaCl, pH 7,4
121
FIGURA 50 - IMAGENS POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO. (A): XGC
AUMENTO DE 150000X, (B): COD60 AUMENTO DE 150000X E (C): COD60
AUMENTO DE 500000X. XG EM SUA CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE
AGREGAÇÃO, EM SOLUÇÃO TAMPÃO FOSFATO 28 mM CONTENDO 123 mM DE
NaCl, pH 7,4
4.10 Cultivo Celular
4.10.1 Avaliação da viabilidade celular
A avaliação da citotoxicidade foi realizada para relacionar as atividades
citotóxicas das XG nativas e modificadas em linhagens de células de fibroblasto de
tecido conjuntivo de adipócitos de origem não tumoral (L929). Nessa análise com
MTT o objetivo foi verificar se ocorreu morte celular após 24 horas de contato entre
células e amostra, comparativamente a um controle negativo (PBS) e a um controle
positivo (DMSO).
122
Como observado na figura 51, a amostra Tod60 apresentou maior
redução da viabilidade celular dentre todas as amostras, quando testadas a 0,5
mg/mL, porém de forma não estatisticamente significativa em relação ao PBS,
utilizado como controle negativo, ou seja, não interferiu na viabilidade das células e,
portanto, praticamente 100% das células permaneceram viáveis.
C
N
C
P
X
G
C
X
G
T
T
K
P
C
o
d
6
0
T
o
d
6
0
S
0
20
40
60
80
100
120
140
Amostras a 0,5 mg/mL
Viabilidade celular (%)
(A)
C
N
C
P
X
G
C
X
G
T
T
K
P
C
o
d
6
0
T
o
d
6
0
S
0
20
40
60
80
100
120
140
Amostras a 1,0 mg/mL
Viabilidade celular (%)
(B)
FIGURA 51 - VIABILIDADE DAS CÉLULAS L929 EM CONCENTRAÇÃO DE 0,5 mg/mL (A) E 1,0
mg/mL (B) EXPOSTAS POR 24 HORAS ÀS XG, UTILIZANDO COMO CONTROLES
NEGATIVO O TAMPÃO FOSFATO SALINO (PBS, pH 7,4) (CN) E O SOLVENTE (S) E
COMO CONTROLE POSITIVO (CP) DIMETILSULFÓXIDO (DMSO). GRÁFICO
REPRESENTADO POR MÉDIA ± DESVIO PADRÃO (N=4)
Todas as amostras apresentaram viabilidade igual ou superior ao próprio
solvente utilizado (água), assim como ausência de efeitos citotóxicos significativos
em ambas as concentrações, indicando baixa citotoxicidade aguda, com CL
50
(concentração letal de 50% das células em estudo) superior a 1 mg/mL. Os perfis de
citotoxicidade, em geral, foram semelhantes para as duas concentrações utilizadas,
estatisticamente semelhantes ao controle negativo e maior que a viabilidade celular
para o controle positivo.
Em estudos reportados na literatura, polissacarídeos de semente de
tamarindo foram demonstrados como não mutagênicos (SIVASWAMY
et al.,
1991) e
também não tóxicos ou carcinogênicos em camundongos (IIDA
et al
., 1978), e ainda,
a administração oral em ratos B6C3F
1
, tanto machos quanto fêmeas, revelou que
não houve alterações clínicas relacionadas ao tratamento, à taxa de sobrevivência,
ao consumo de água ou comida, dados hematológicos ou altertação de peso dos
órgãos, demonstrando que o polissacarídeo o é tóxico e nem carcinogênico em
dietas em longo prazo (SANO
et al
., 1996).
123
4.11 Ensaio de liberação in vitro de camptotecina
Após a derivatização das XG nativas (XGT e XGC) a polieletrólitos
parcialmente oxidados (Tod60 e Cod60), realizou-se ensaio de encapsulamento e
liberação
in vitro
da camptotecina (CPT) isolada, solubilizada apenas em solução
tampão salina (PBS/NaCl), e solubilizada em soluções contendo XG
comparativamente à XG comercial (TKP).
Primeiramente, as soluções de XG em solução tampão salina foram
preparadas, em seguida foi adicionado 40% (m/m) de camptotecina em relação à
quantidade de xiloglucana (OPANASOPIT, 2006; WATANABE, 2006).
Tam Cop TKP Tod60 Cod60
0
10
20
30
40
50
XGC
encapsulamento (%)
Amostras
XGT
FIGURA 52 - GRÁFICO DA EFICIÊNCIA DE ENCAPSULAMENTO DE CAMPTOTECINA POR
DIFERENTES XG: XGT (T. indica), XGC (C. langsdorffii), TKP (COMERCIAL),
TOD60 (XGT 60% OXIDADA), COD60 (XGC 60% OXIDADA). VALORES DA
MÉDIA +
DESVIO PADRÃO (N=2)
O sistema foi mantido sob agitação magnética por 48 horas, centrifugado e
dosou-se por UV-Vis a eficiência de encapsulamento para prosseguir a liberação
in vitro
. As XG apresentaram eficiência de encapsulamento entre 19 (Tod60) e
42% (XGT), como observado na figura 52.
Procedeu-se a liberação
in vitro
da camptotecina em solução tampão salina
e em soluções poliméricas contendo xiloglucanas em concentrações 25% acima
da sua concentração crítica de agregação (
cac
), estabelecida com base em
estudo de Aiping
et al.
(2006) que observaram que com O-carboximetilquitosana
(OCMCS) ocorreu maior eficiência de encapsulamento de camptotecina em
concentração um pouco maior que a
cac
encontrada para o polímero (FIGURA
124
53). Segundo o estudo, esse resultado se deve ao fato de que abaixo da
cac
,
embora não se formem agregados em solução, as interações hidrofóbicas e as
ligações de hidrogênio podem existir entre as cadeias poliméricas e a
camptotecina, devido ao caráter anfifílico do derivado OCMCS. Esse caráter
anfifílico pode ser encontrado também nos derivados oxidados da XG, e foi
reportado anteriormente por Nishinari e Takahashi (2003) que mesmo a XG nativa
de semente de tamarindo apresentava um balanço entre o caráter hidrofílico e
hidrofóbico facilitando as interações intermoleculares e, conseqüentemente,
possibilitando o encapsulamento de moléculas hidrofóbicas em seu interior ou
núcleo, também denominado
core
”. Aiping
et al .
(2006) justificaram que as
interações facilitaram a camptotecina a se dissolver na solução de OCMCS, e
ainda que, na
cac
, moléculas e drogas hidrofóbicas podem ser solubilizadas no
core
interno dos agregados. Entretanto, em concentrações muito acima da
cac
se formaram agregados muito mais compactos que captaram uma quantidade
muito menor da droga, demonstrando que não apenas os agregados, mas
também a cadeia isolada é capaz de aumentar a solubilidade da camptotecina,
uma molécula hidrofóbica.
FIGURA 53 - ESQUEMA DAS INTERAÇÕES ENTRE A CAMPTOTECINA (CPT) E AS CADEIAS
DE O-CARBOXIMETILQUITOSANA (OCMCS)
FONTE: adaptado de AIPING et al.(2006)
Para assegurar que as moléculas de camptotecina estavam realmente no
core
das cadeias de xiloglucana, determinou-se o espectro de emissão de
fluorescência com excitação a 369 nm comparativamente com a camptotecina
apenas em solução tampão salina e em soluções com xiloglucana. Pelos
resultados, mostrados na figura 54, observou-se um deslocamento do máximo da
emissão de fluorescência da solução de camptotecina apenas em solução tampão
salina e em soluções contendo as xiloglucanas. Este deslocamento da emissão
125
pode ser explicado pela mudança de ambiente do fluoróforo de hidrofílico para
hidrofóbico (LIU; LI, 2005; LAKOWICZ, 1999; AIPING
et al.
, 2006) confirmando a
localização de camptotecina inserida nas cadeias das diferentes xiloglucanas.
400 450 500 550 600
Intensidade de fluorescência
Comprimento de onda (nm)
443,8 nm
440 nm
FIGURA 54 - ESPECTRO DE EMISSÃO DE FLUORESCÊNCIA DA CAMPTOTECINA (CPT)
SOLUBILIZADA APENAS EM PBS/NaCl (PRETO) E EM SOLUÇÕES
CONTENDO AS DIFERENTES XG: XGT (T. indica, AZUL), XGC (C. langsdorffii,
VERMELHO), TKP (COMERCIAL, LARANJA), TOD60 (XGT 60% OXIDADA,
ROSA), COD60 (XGC 60% OXIDADA, VERDE)
O ensaio de liberação
in vitro
demonstrou que, comparativamente a
camptotecina apenas em solução tampão salina, todos os sistemas contendo
xiloglucanas promoveram uma liberação mais lenta da droga de modo muito
semelhante (FIGURA 55).
0 100 200 300 400 500 600
0
20
40
60
80
100
PBS/NaCl
XGT
XGC
TKP
Tod60
Cod60
Liberação (%)
Tempo (min)
FIGURA 55 - GRÁFICO DA LIBERAÇÃO IN VITRO DE CAMPTOTECINA (CPT) SOLUÇÃO
CONTENDO DIFERENTES XG: XGT (T. indica), XGC (C. langsdorffii), TKP
(COMERCIAL), TOD60 (XGT 60% OXIDADA), COD60 (XGC 60% OXIDADA); E
AINDA, APENAS EM PBS/NaCl, pH 7,4. VALORES DA MÉDIA +
DESVIO
PADRÃO (N=2)
126
Na ausência de XG, a camptotecina foi rapidamente liberada, sendo
totalmente liberada (100%) após 210 minutos, ou seja, 3 horas e 30 minutos,
enquanto que as soluções contendo XG prosseguiram a liberação prolongada até
24 horas após o seu início (TABELA 11) quando ainda o havia sido liberada
toda a droga.
Analisando-se os dados da tabela 11, observou-se que aproximadamente
75% da droga foi liberada, mesmo após 24 horas de ensaio (FIGURA 55), sendo
que o tempo necessário para que metade de toda a droga encapsulada fosse
liberada era muito maior (pelo menos, 314 minutos) do que quando a camptotecina
foi solubilizada apenas no solvente (93 minutos).
TABELA 11 - LIBERAÇÃO IN VITRO DE CAMPTOTECINA (CPT) POR DIFERENTES XG:
FRAÇÃO DE CPT APÓS 24 HORAS E TEMPO PARA LIBERAÇÃO DE 50% DE
CPT. VALORES DA MÉDIA +
DESVIO PADRÃO (N=2)
CPT saturada em
F
24h
(%)
t
50%
(min)
PBS
100* 93
XGT
75,7 + 12,6 314
XGC
78,6 + 8,8 314
TKP
73,2 + 0,4 350
Tod60
74,3 + 6,0 357
Cod60
75,9 + 10,4 350
(*) ocorreu 100% de liberação após 210 minutos.
Em média, as soluções de XG testadas prolongaram a liberação em 244
minutos, ou seja, quase 4 horas. Todos os sistemas contendo XG puderam ser
considerados eficientes para a liberação prolongada de camptotecina, sendo o
melhor sistema aquele contendo XGT, pois apresentou maior eficiência de
encapsulamento (42%) e liberação lenta em relação ao controle de camptotecina
apenas em solução tampão salina.
127
4.12 Análise dos filmes de polissacarídeos por elipsometria e microscopia
de força atômica
Para avaliar a interação entre as XG e proteínas, estudou-se a interface entre
elas através da formação de filmes finos por meio da elipsometria e microscopia de
força atômica, sendo que foram realizados experimentos similares para as
xiloglucanas de copaífera (XGC), tamarindo (XGT), comercial (TKP) e a xiloglucana
de tamarindo 60% oxidada (Tod 60). As amostras XGC, XGT e TKP foram
solubilizadas em tampão fosfato 28 mM em pH 7,4 contendo NaCl 123 mM e
mantidas em contato com o silício puro por, aproximadamente, 18 horas. A amostra
Tod60, que apresentou os melhores resultados dentre os materiais oxidados, foi
solubilizada em HCl pH 4 em solução contendo NaCl 10 mM e depositada sobre
silício amino-funcionalizado com APS (3-aminopropiltrimetoxisilano).
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
0
1
2
3
4
5
(A)
D (nm)
Concentração (mg/mL)
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
0
1
2
3
(B)
D (nm)
Concentração (mg/mL)
FIGURA 56 - VALORES MÉDIOS DA ESPESSURA (D) DETERMINADOS PARA A CAMADA DE
ADSORÇÃO DE (A) XGT (■), TKP (○) E XGC (∆) SOBRE SILÍCIO, EM pH 7.4 E (B)
TOD60 (□) SOBRE SILÍCIO AMINO FUNCIONALIZADOS, EM pH 4. AS LINHAS
PONTILHADAS SÃO GUIAS PARA VISUALIZAÇÃO. VALORES DA MÉDIA +
DESVIO
PADRÃO (N=2)
O comportamento de adsorção das XG sobre superfície sólida (JO
et al.
,
2008) foi avaliado pela determinação da espessura (D) da camada adsorvida, por
elipsometria. A isoterma de adsorção desses polissacarídeos (FIGURA 56) mostrou
que a TKP foi a xiloglucana que apresentou uma maior adsorção no silício puro,
fornecendo a camada mais espessa (4,1 +
0,2 nm), quando comparada com as
outras XG, seus valores de espessura aumentaram continuamente em
concentrações crescentes do polissacarídeo, até 1,5 mg/mL, indicando a formação
128
de multicamadas ou adsorção de agregados. Assim como muitos outros
polissacarídeos, XG é hidrossolúvel, porém, individualmente, a macromolécula tende
a não se hidratar completamente, e conseqüentemente, agregados permanecem
presentes, mesmo em soluções muito diluídas (PICOUT
et al.
, 2003).
FIGURA 57 - IMAGENS DE AFM DOS FILMES DE XG ADSORVIDAS SOBRE SILÍCIO, EM pH 7,4.
TKP (A, B, C), XGT (D, E, F) E XGC (G, H, I). IMAGENS DE FASE (ESQUERDA),
TOPOGRAFIA (CENTRO) E AS ANÁLISES CORRESPONDENTES À SEÇÃO
TRANSVERSAL (DIREITA), ÁREAS VARIANDO DE 2,5 X 2,5 A 2 X 2 µm
2
A elipsometria fornece a espessura média dos filmes, mas não os detalhes
topográficos da camada adsorvida. Com isso a AFM se torna uma técnica
complementar ideal para a caracterização dos filmes formados.
129
As figuras 57A e B correspondem a imagens de fase e topografia,
respectivamente, obtidas para TKP adsorvida sobre silício e sua correspondente
análise da seção transversal (FIGURA 57C). A presença de grandes agregados
distribuídos sobre um filme homogêneo explica a tendência observada para o
crescente aumento da espessura (D) com a concentração de TKP. Tais agregados
podem estar presentes na solução em equilíbrio com cadeias livres. Imergindo o
substrato de silício dentro da solução de TKP, agregados e cadeias livres adsorvem
sobre a superfície. O valor médio da espessura para XGT e XGC sobre o silício
aumentou com a concentração de XG até um patamar de 1,5 +
0,3 nm e 0,8 + 0,2
nm, respectivamente. Para ambos o patamar encontrou-se em 1 mg/mL. As figuras
57D e G revelaram a presença de pequenos grupos e minúsculas fibras adsorvidas
sobre o silício. Ligações de hidrogênio entre a superfície dos grupos silanol e dos
grupos hidroxila das XG provavelmente direcionaram a adsorção de XGT, XGC e
TKP sobre o substrato de silício (SIERAKOWSKI, 2002; 2007).
Enquanto os detalhes topográficos de XGT (FIGURA 57E, F) mostraram uma
camada uniforme com agregados espalhados sobre a superfície, os de XGC
(FIGURA 57H, I) evidenciaram grandes agregados isolados bem como densas
fibras.
FIGURA 58 - IMAGENS DE AFM DO FILME DE TOD60 ADSORVIDA SOBRE SILÍCIO AMINO-
FUNCIONALIZADO, EM pH 4. IMAGENS DE FASE (ESQUERDA), TOPOGRAFIA
(CENTRO) E AS ANÁLISES CORRESPONDENTES À SEÇÃO TRANSVERSAL
(DIREITA), ÁREA DE 2 X 2 µm
2
Entre os derivados oxidados Tod60 foi escolhido para as etapas seguintes
devido à melhor deposição do filme e reprodutibilidade. A figura 56B mostra o valor
da espessura média (1,9 +
0,2 nm) determinada para a camada adsorvida sobre
substrato amino-funcionalizado, em pH 4 em função da concentração de Tod60. Por
130
AFM (FIGURA 58) observou-se a formação de uma camada muito mais
homogênea, constituída de esferas muito menores que as observadas no caso da
XG nativa (XGT, FIGURA 57D,E). Esses resultados, similarmente aos de XGT,
mostraram uma tendência de aumento contínuo da espessura com a concentração
da solução, indicando a agregação ou formação de multicamadas. Nesse caso,
interações eletrostáticas entre grupamentos amino da superfície, os quais estão
protonados em pH 4, e grupos carboxilatos pertencentes à cadeia de Tod60
puderam direcionar a adsorção (SIERAKOWSKI, 2002; 2007; FUJIMOTO, 2001;
MACIEL, 2007).
Pelo teste de dessorção, não ocorreu diminuição significativa na espessura do
filme, em análise por elipsômetro, portanto nenhuma das amostras dessorveu
quando em contato com água, por 24 horas, indicando que a adsorção das XG
sobre o silício foi irreversível.
Sendo os carboidratos uma parte essencial de sistemas de reconhecimento
biológico (JELINEK; KOLUSHEVA, 2004), testou-se a imobilização de proteínas, tais
como a BSA, a ConA e as presentes na superfície viral.
4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5
0
2
4
6
8
(A)
pH
D (nm)
4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5
0
2
4
6
(B)
D (nm)
pH
FIGURA 59 - ESPESSURA MÉDIA (D) DA SOLUÇÃO DE BSA ADSORVIDA EM: (A) TPK (●) E XGT
(■) RECOBRINDO SUPERFÍCIE DE SILÍCIO, EM pH 7,4 E (B) TOD60 (▲)
RECOBRINDO SUPERFÍCIE DE SILÍCIO AMINO-FUNCIONALIZADO, EM pH 4. AS
LINHAS PONTILHADAS SÃO GUIAS PARA VISUALIZAÇÃO. VALORES DA MÉDIA +
DESVIO PADRÃO (N=2)
Para a imobilização de BSA comparativamente a XG comercial (TKP)
escolheu-se a XGT e, dentre as amostras oxidadas, a Tod60. Para o teste de
imobilização de proteína sobre os filmes de polissacarídeo solubilizou-se a BSA em
água contendo NaCl 10 mM e variou-se o pH.
131
A imobilização de BSA (1 mg/mL) sobre a camada de XGT em função da
variação do pH foi comparada com as superfícies recobertas com TKP, em pH 7,4 e
24 + 1ºC, como mostrado na figura 59A. No caso da adsorção de BSA sobre a
superfície recoberta com TKP observou-se uma curva pica em forma de sino, com
máximo em pH 6. Geralmente o máximo coincide com o pI da proteína
(SIERAKOWSKI
et al.
, 2002), que, nesse caso, é 5,5 (CARTER; HO, 1994). Esses
resultados indicaram que a superfície de TKP induziu alterações no potencial de
superfície da BSA ou poderia estar contaminada com outros componentes, como por
exemplo, outras proteínas, as quais poderiam se ligar a BSA por forças não-
eletrostáticas. Um suave máximo de adsorção no pI da BSA foi observado quando
uma camada de XGT foi usada como suporte para a proteína. No pI da BSA a
somatória das cargas é zero e a adsorção sobre superfícies não carregadas foi
favorecida (NORDE, 1989).
Imagens de AFM obtidas para a BSA sobre camadas de XGT e TKP, em pH
7,4 (FIGURA 60A,B e D,E, respectivamente) apresentaram-se muito semelhantes
entre si e os valores da espessura dia por elipsometria e AFM mostraram-se
condizentes com as imagens que evidenciaram a presença de pequenos corpos
esféricos, os quais foram atribuídos à BSA, e o desaparecimento das pequenas
fibras previamente observadas na figura 57D, para XGT e dos grandes agregados
na figura 57A, para TKP. E ainda devido ao fato da superfície observada nas figuras
57D e E serem mais rugosas que aquela da figura 59 de acordo com valores de
rms
verificando-se que a adsorção da BSA sobre o filme de XGT provocou o
achatamento da superfície. As informações apenas da AFM não provaram que as
moléculas de BSA adsorveram sobre XG, mas complementaram os dados de
elipsometria que demonstraram um aumento na espessura da camada após a
adsorção da proteína (FIGURA 59).
A adsorção da BSA apresentou um comportamento muito peculiar quando
sobre filme de Tod60 (FIGURA 56G,H). A espessura de adsorção permaneceu
constante (D= 5,2 +
0,2 nm) na faixa de pH entre 4,0 e 5,2. Em pH maior que 5,2,
próximo do pI da BSA, a adsorção foi reprimida. Uma explicação razoável para esse
efeito considera a repulsão eletrostática entre os grupos carboxilatos presentes em
Tod60 e cargas negativas presentes na superfície da proteína, as quais resultaram
das condições de pH mais elevado.
132
FIGURA 60 - IMAGENS DE AFM DA ALBUMINA, EM pH 5, IMOBILIZADA SOBRE SILÍCIO
RECOBERTO COM FILMES DE XG, EM pH 7,4. XGT (A, B, C), TKP (D, E, F) E
TOD60 (G, H, I). IMAGENS DE FASE (ESQUERDA), TOPOGRAFIA (CENTRO) E
AS ANÁLISES CORRESPONDENTES À SEÇÃO TRANSVERSAL (DIREITA),
ÁREAS VARIANDO DE 2,2 X 2,2 A 2 X 2 µm
2
Além da BSA, foi testada também a adsorção de ConA (concanavalina A), em
solução contendo Ca
2+
e Mn
2+
, pH 5, sobre os filmes de XG de tamarindo nativo e
comercial. A ConA é uma lectina que tem afinidade de ligação com unidades de
α
-
D
-manose e
α
-
D
-glucose, sendo os íons Ca
2+
e Mn
2+
necessários para esta
atividade. A ConA se dissocia em dímeros em pH 5,6 ou abaixo desse valor,
enquanto existe como tetrâmero em pH entre 5,8 e 7 e, acima formam-se agregados
(Sigma Aldrich, 2008).
133
TABELA 12 - VALORES DA ESPESSURA MÉDIA, EM nm, DETERMINADOS POR
ELIPSOMETRIA PARA A LECTINA CONCANAVALINA A (ConA) SOBRE
FILMES DE XG, E TAMBÉM NA PRESENÇA DE MANOSE. VALORES DA
MÉDIA +
DESVIO PADRÃO (N=2)
XGT sobre Si, pH 7,4
TKP sobre Si, pH 7,4
0,73 + 0,01*
1,3 +
0,43*
ConA, pH 5
5,17 + 0,04 3,92 + 0,64
ConA, pH 5 + manose
4,12 + 0,3 4,89 + 0,49
*- espessura média dos filmes de polissacarídeo sobre silício (N=4)
Moléculas de ConA foram capazes de adsorver sobre filmes de XGT e TKP
(FIGURA 61) formando camadas de espessura média de 5,17 +
0,04 e 3,92 + 0,64
nm, respectivamente (TABELA 12), assim como já demonstrada a adsorção de
ConA e DAlt, lectina de
Dioclea altíssima
, sobre filmes de sistemas binários
contendo XG e alginato (PEREIRA
et al.
, 2008).
FIGURA 61 - IMAGENS DE AFM DA CONCANAVALINA A (ConA), EM pH 5, IMOBILIZADA SOBRE
SILÍCIO RECOBERTO COM FILMES DE XG, EM pH 7,4. XGT (A, B) E TKP (C,D).
IMAGENS DE TOPOGRAFIA E AS ANÁLISES CORRESPONDENTES À SEÇÃO
TRANSVERSAL, ÁREA DE 2 X 2 µm
2
As imagens e gráficos da topografia, por AFM, da camada adsorvida de ConA
sobre XGT (FIGURA 61A, B) e TKP (FIGURA 61C, D) mostraram que a superfície
134
ficou recoberta por pequenas esferas, em branco, com alturas de valores
próximos aos obtidos por elipsometria, de acordo com as seções transversais
(FIGURA 61B, D), evidenciando que os dímeros de ConA adsorveram sobre o
suporte de polissacarídeos, uma vez que suas dimensões corresponderam a 3,0 x
4,5 x 7,5 nm (REEKE
et al.
, 1975).
Para analisar a afinidade de ligação entre a lectina e XG pelo sítio de
reconhecimento de açúcares, testou-se a adsorção de ConA em solução com
manose (50 mM).
FIGURA 62 - IMAGENS DE AFM DA CONCANAVALINA A (ConA), EM pH 5, CONTENDO 50 mM
DE MANOSE, IMOBILIZADA SOBRE SILÍCIO RECOBERTO COM FILMES DE XG,
EM pH 7,4. XGT (A, B) E TKP (C, D). IMAGENS DE TOPOGRAFIA E AS ANÁLISES
CORRESPONDENTES À SEÇÃO TRANSVERSAL, ÁREA DE 2 X 2 µm
2
Verificou-se que o monossacarídeo o inibiu a adsorção sobre os filmes de
XGT e TKP (FIGURA 62) e, também não alterou significativamente a espessura da
camada adsorvida quando medida por elipsometria (TABELA 12), indicando que a
ligação lectina-XG ocorreu por sítio diferente daquele que tem afinidade por manose.
A elevada afinidade das lectinas a unidades de açúcares foi atribuída à organização
multivalente e espacial dos ligantes (MONSIGNY
et al.
, 2000).
135
Lectinas geralmente exibem forte ligação a carboidratos específicos
(glicanas) e essa propriedade tem sido amplamente explorada como base para o
design
de biosensores (JELINEK; KOLUSHEVA, 2004). Lectinas também exibem
elevado potencial em indústrias de biotecnologia, assim como na segurança de
alimentos, suas propriedades únicas de reconhecimento têm encontrado aplicações
promissoras na detecção de microorganismos e carboidratos como aditivos
alimentares. Dados já descritos sugeriram que o uso de algumas lectinas pode
fornercer um método alternativo simples e rápido para análise e
screening
de
bactérias (PATEL, 1992). Técnicas imunossupressoras baseadas em lectinas o
rotineiramente usadas para detectar patógenos e espécies virais que expressam
alguns carboidratos de superfície. Por exemplo, o método ELISA (do inglês,
enzime-
linked immunosorbent assay
) utilizando lectinas imobilizadas foi desenvolvido para a
detecção de vírus da imunodeficiência humana, o HIV (MAHMOOD; HAY, 1992).
A capacidade de adsorção de biomoléculas sobre os filmes de
polissacarídeos deste estudo motivou o teste de outras moléculas mais complexas,
como o vírus da dengue, estudado por Pereira
et al.
(2008) em sistemas
XG/alginato. A dengue é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de
pessoas se infectem anualmente, em mais de 100 países, de todos os continentes,
exceto na Europa. Cerca de 550 mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil
morrem em conseqüência da dengue (BRASIL, 2008). Então, devido a grande
importância em saúde pública, a busca de alternativas para o desenvolvimento de
kits de diagnóstico rápido para a dengue se torna uma interssante área de estudo.
Foram testados também três diferentes sorotipos do vírus da dengue (DENV-
1, 2 e 3), solubilizados em PBS pH 7,2, sobre filmes de XG, para verificar a afinidade
de algum dos sorotipos com os polissacarídeos ou a especificidade entre eles, e
ainda, testou-se a adsorção do vírus sobre a ConA imobilizada sobre as XG e sua
inibição na presença de manose (50 mM), pois a ConA tem afinidade de ligação por
açúcares e o vírus apresenta glicoproteínas (proteína E, do envelope viral) na sua
superfície. Os testes foram realizados em duplicata.
Os rus DENV-1, DENV-2 e DENV-3 adsorveram sobre os filmes de XGT e
TKP formando espessuras médias entre 0,65 +
0,14 e 4,66 + 0,42, sendo que o
DENV-3 foi o que apresentou a adesão mais fraca (0,9 nm)
136
XGT TKP TOD60
0
1
2
3
4
5
D (nm)
Amostras
DENV-1
DENV-2
DENV-3
FIGURA 63 - ESPESSURA MÉDIA (D) DO FILME OBTIDO PARA DIFERENTES SOROTIPOS DO
VÍRUS DA DENGUE (DENV-1, 2 E 3) SOBRE XG NATIVAS, XGT E TKP,
ADSORVIDAS SOBRE SILÍCIO, pH 7,4; E XG OXIDADA, TOD60, ADSORVIDA
SOBRE SILÍCIO AMINO-FUNCIONALIZADO, EM pH 4. VALORES DA MÉDIA +
DESVIO PADRÃO (N=2)
O gráfico da figura 63 mostrou que, os sorotipos 1 e 2 apresentaram maior
afinidade por dois dos polissacarídeos testados (TKP e XGT) quando comparados
com o polissacarídeo carregado negativamente, Tod60, que foi seletivo para o
sorotipo 2, pois apresentou espessura média negligenciável para o DENV-1 e nula
para DENV-3. Entretanto, de acordo com os valores apresentados na tabela 13,
houve maior afinidade entre o sorotipo 2 e TKP observando-se a formação de um
filme mais espesso, o que poderia ser esperado devido à formação de agregados de
TKP sobre o silício (FIGURA 57A) . As imagens de AFM do vírus da dengue sorotipo
2 sobre as XG nativa e oxidada são mostradas na figura 64.
TABELA 13 - VALORES DA ESPESSURA DIA DE ADSORÇÃO, EM nm, DETERMINADOS
POR ELIPSOMETRIA, PARA O VÍRUS DA DENGUE (DENV-1, 2 E 3) SOBRE
FILMES DE XG. VALORES DA MÉDIA +
DESVIO PADRÃO (N=2)
XGT em Si, pH 7,4
TKP em Si, pH 7,4
Tod60 em APS, pH 4
1,56 + 0,24*
2,0 +
0,56* 1,94 + 0,38*
DENV-1, pH 7,2
1,78 + 0,24 2,42 + 0,34 0
DENV-2, pH 7,2
3,2 + 0,09 4,66 + 0,42 2,42**
DENV-3, pH 7,2
0,65 + 0,14 1,31 + 0,02 0
*- espessura média dos filmes de polissacarídeo sobre Si ou Si-APS (N=6)
**- valor único (N=1)
Os agregados de XG sobre silício observados por AFM (FIGURA 57C, F)
apresentaram espessura que variavam entre 1 e 10 nm, aproximadamente, e após a
137
adsorção das partículas virais a espessura passou para valores entre 15 e 80
nm (FIGURA 64C,F), indicando sobreposição de mais de uma partícula viral, como
pode ser visto nas figuras 64A e D, onde a superfície foi completamente recoberta
por vírus.
Imagens de TEM obtidas para DENV-2 evidenciaram dois diâmetros típicos,
um de 50 nm, que compreende um centro mais eletrodenso de 30 nm e um
envelope lipídico, e outro de 14 nm, correspondentes à partícula viral e às partículas
de hemaglutinina sedimentadas (HAS), respespectivamente (LINDENBACH; RICE,
2003). Portanto, devem ser considerados vírus as partículas esféricas de diâmetro
próximo de 30 nm, que o envelope lipídico provavelmente colapsa durante a
secagem; e as estruturas menores, que variam de 10 a 15 nm, podem ser atribuídas
às partículas de hemaglutinina sedimentadas (PEREIRA
et al.
, 2008).
A especificidade de adsorção entre DENV-2 e Tod60 pode estar relacionada a
diferenças nas glicoproteínas E (envelope) e M (membrana) (BOCK; GOODE, 2006)
deste sorotipo com os outros, visto que a proteína E é constituída por 3 domínios,
dentre os quais existem dois tios potenciais para a ligação de carboidratos. Esses
resultados indicaram que a adesão das partículas de DENV-2 sobre Tod60 pode ser
mediada por (1) ligações de hidrogênio entre resíduos polares da proteína E e
grupos hidroxila presentes na cadeia da XG e (2) interações eletrostáticas entre
resíduos positivamente carregados da proteína E e grupos carboxílicos presentes no
derivado oxidado. O mesmo comportamento foi observado em interações entre
alginato e vírus da dengue (PEREIRA
et al.
, 2008), assim como polissacarídeos
negativamente carregados, como as carragenanas, podem formar superfícies
adequadas para a adsorção destes sorotipos, que inibem a multiplicação viral em
células de mamíferos através do bloqueio da fusão celular (TALARICO; DAMONTE,
2007).
138
FIGURA 64 - IMAGENS DE AFM DO VÍRUS DA DENGUE (DENV-2), EM pH 7,2, ADSORVIDO
SOBRE SILÍCIO RECOBERTO COM FILMES DE XG, EM pH 7,4. XGT (A, B, C), TKP
(D, E, F) E TOD60 (G, H, I). IMAGENS DE FASE (ESQUERDA), TOPOGRAFIA
(CENTRO) E AS ANÁLISES CORRESPONDENTES À SEÇÃO TRANSVERSAL
(DIREITA), ÁREA VARIANDO DE 2,5 X 2,5 A 2 X 2 µm
2
O sorotipo 2, que apresentou maior afinidade pelas XG, foi testado sobre
ConA imobilizada sobre filmes recobertos com XGT e TKP, sendo as espessuras
médias, por elipsometria, de 0,93 +
0,22 e 2,78 + 0,65, respectivamente (TABELA
14). As imagens topográficas obtidas para os vírus adsorvidos sobre ConA
imobilizadas sobre filmes de XG apresentaram aspecto semelhante, como visto na
figura 65. Foi possível observar estruturas grandes de 25 a 40 nm distribuídas sobre
a área analisada de 2 x 2
µ
m
2
.
139
TABELA 14 - VALORES DA ESPESSURA MÉDIA DE ADSORÇÃO, EM nm, DETERMINADOS
POR ELIPSOMETRIA, PARA O VÍRUS DA DENGUE (DENV-2) ADSORVIDO
SOBRE CONCANAVALINA A (ConA) IMOBILIZADA SOBRE FILME DE XG.
VALORES DA MÉDIA +
DESVIO PADRÃO (N=4)
ConA, pH 5, sobre filme de
XGT em Si, pH 7,4
TKP em Si, pH 7,4
4,17 + 0,76
4,07 + 0,96
DENV-2, pH 7,2
0,93 + 0,22 2,78 + 0,65
DENV-2, pH 7,2 + manose
0
1,22 +
0,37
FIGURA 65 - IMAGENS DE AFM DO VÍRUS DA DENGUE (DENV-2), EM pH 7,2, ADSORVIDO
SOBRE CONCANAVALINA A (ConA), EM pH 5, IMOBILIZADA SOBRE FILME DE
XG, EM pH 7,4. XGT (A, B) E TKP (C, D). IMAGENS DE TOPOGRAFIA E AS
ANÁLISES CORRESPONDENTES À SEÇÃO TRANSVERSAL, ÁREA DE 2 X 2 µm
2
Por sua conhecida especificidade de ligação com a manose (LIS; SHARON,
1998), a ConA foi testada juntamente com os rus e 50 mM de manose. Pelos
valores da tabela 14, foi possível concluir que essa concentração de manose pode
inibir a adsorção das partículas virais e até mesmo suprimir sua adesão ao filme,
sugerindo, então, que a interação rus-ConA provavelmente ocorreu pelo
reconhecimento do sítio manose-ligante. Quando os sítios de ligação da lectina
estavam ocupados por manose, as proteínas E não foram capazes de reconhecer
esses sítios na superfície e não ocorreu a adesão.
140
As proteínas E e M estão inseridas na membrana do vírus e nos estágios
iniciais da infecção, especialmente a proteína E tem função muito importante por
conter um sítio de ligação ao receptor celular. O processo inicial da adesão viral à
célula torna-se, então, alvo de estudos para o desenvolvimento de estratégias
diagnósticas e investigação de novos materiais.
O estudo da interface carboidrato-proteína possibilita maior conhecimento
desse tipo de interação como uma alternativa para futuras aplicações efetivas
desses polissacarídeos como materiais promissores, principalmente para o
desenvolvimento de biosensores.
4.13 Análise do ângulo contato dos filmes
Após a determinação da espessura dos filmes de polissacarídeo sobre silício,
por elipsometria, analisou-se a alteração da hidrofilicidade/hidrofobicidade do
substrato a partir da capacidade das XG de modificar a superfície recoberta. A
molhabilidade do silício utilizando a água MilliQ, testada como controle, gerou ângulo
de 5º. O ângulo de contato sobre o filme recoberto com XGC resultou em 38º, o
menor valor entre as XG testadas, e 45º para XGT; além da modificação da
superfície, a alteração do ângulo de contato pode estar relacionada à espesurra do
filme formado (D), pois no caso de TKP, que gerou a camada mais espessa, foi
observado o maior ângulo de contato, 5 (FIGURA 65). E a superfície pode ser
considerada hidrofóbica e, portanto, ocorre menor adesão da água na superfície do
filme. Dessa forma, a orientação que a macromolécula adotou durante o processo
da adsorção sobre o suporte silício gerou um filme com superfície externa exposta a
outros processos mais hidrofóbico para o caso da TPK. Para a XGC se observou
que a presença de mais unidades laterais de galactose na estrutura do
polissacarídeo, as quais o responsáveis pela solubilização da XG e sua interação
com a água, na adsorção ficaram expostas para o lado externo do filme gerando a
maior hidrofilicidade dessa superfície.
141
XGC XGT TKP
0
1
2
40
50
60
0
1
2
40
50
60
Espessura (nm)
Ângulo de
contato (º)
Amostras a 1 mg/mL em tampão
FIGURA 66 ÂNGULO DE CONTATO (■) DA ÁGUA SOBRE FILME OBTIDO PARA DIFERENTES
XG COMPARADO À ESPESSURA (∆) DO FILME FORMADO SOBRE SILÍCIO. XGT
(T. indica), XGC (C. langsdorffii), TKP (COMERCIAL).
142
5 CONCLUSÕES
A fim de desenvolver nanoestruturas para aplicações biotecnológicas, as
xiloglucanas de diferentes fontes foram caracterizadas química e físico-
químicamente para comparar a relação entre as estruturas e as aplicações. Com a
adição de função carboxílica, por modificação química, foi observada a capacidade
de alterar as características do sistema através de medidas por espectroscopia de
fluorescência, dicroísmo circular e tensão superficial. Conclui-se que as xiloglucanas
foram capazes de constituir nanoesferas que foram utilizadas para o
encapsulamento e para os ensaios de liberação
in vitro
da camptotecina, um
antineoplásico, sendo que o polissacarídeo extraído da semente de tamarindo foi
capaz de produzir um encapsulamento eficiente e de prolongar a liberação da droga.
Outra aplicação foi no desenvolvimento de filmes finos, na ordem de nanômetros,
recobrindo superfícies do silício. O recobrimento do substrato por xiloglucanas e
ainda a imobilização de albumina bovina, da concanavalina A e de partículas virais
ocorreu efetivamente, sendo que um dos tipos virais, DENV-2, apresentou maior
afinidade pelos nanofilmes de polissacarídeos neutros e especificidade pelo
derivado modificado por oxidação. Dessa forma, os resultados obtidos através da
interação na interface carboidrato-proteína sugeriram que esses biopolímeros
poderiam ser empregados como biomateriais, para o incremento de biosensores e
dispositivos biotecnológicos como, por exemplo, para a montagem de kits de
diagnóstico rápido para a dengue com custo reduzido.
143
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ANEXOS
Artigos
Tatiane A. Jó; Denise F. S. Petri, Francine Valenga, Neoli Lucyszyn, Maria
Rita Sierakowski. Thin Films of Xyloglucans for BSA adsorption.
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Edla M.A. Pereira, Maria Rita Sierakowski, Tatiane A. Jó, Renato A. Moreira,
Ana Cristina O. Monteiro-Moreira, Rafael F.O. França, Benedito A.L. Fonseca,
Denise F.S. Petri. Lectins and/or xyloglucans/alginate layers as supports for
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