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JULIANA BARROSO ZIMMERMMANN
RESPOSTA IMUNE LOCAL ÀS LESÕES HPV INDUZIDAS
DO COLO UTERINO EM PACIENTES PORTADORAS E NÃO
PORTADORAS DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA
HUMANA
ORIENTADOR: PROF. DR. VICTOR HUGO DE MELO (UFMG)
CO-ORIENTADORA: PROF
A
DRA. HELENICE GOBBI (UFMG)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
BELO HORIZONTE – MG
2008
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JULIANA BARROSO ZIMMERMMANN
RESPOSTA IMUNE LOCAL ÀS LESÕES HPV INDUZIDAS
DO COLO UTERINO EM PACIENTES PORTADORAS E NÃO
PORTADORAS DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA
HUMANA
TESE DE DOUTORADO APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA MULHER DO DEPARTAMENTO DE
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, APROVADA EM DEFESA
DATADA DE 28/03/08, COMO REQUISITO PARCIAL À OBTENÇÃO DO
TÍTULO DE DOUTORA EM MEDICINA.
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PATOLOGIA GINECOLÓGICA E
REPRODUÇÃO.
BANCA EXAMINADORA: PROF
A
DRA. LUISA LINA VILLA, PROF. DR.
LUIZ MARTINS COLLAÇO, PROF. DR. AGNALDO LOPES DA
SILVA FILHO, PROF
A
DRA. ANNAMARIA RAVARA VAGO,
PROF.
DR. VICTOR HUGO DE MELO (ORIENTADOR), PROF
A
DRA. HELENICE
GOBBI (CO-ORIENTADORA)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
BELO HORIZONTE - MG
2008
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DEDICATÓRIA
Ao meu pai, Sebastião Zimmermmann, pelo carinho, amor,
dedicação e por ter conseguido transmitir para
mim o amor pela profissão;
À minha mãe, Jane, pelo carinho, coragem, constante incentivo,
sempre lutando para meu sucesso. Quando
pequena, lendo os textos de Geografia e História,
ajudando-me a estudar. A fase das maquetes do
colégio, a torcida pelo Vestibular, a tão sonhada
Residência Médica, o Mestrado e, hoje, o
Doutorado. Mãe, hoje você não mais os longos
textos de História e Geografia para mim, mas
aprendeu o que são as células Langerhans....
Ao meu marido, Lívio, amigo, companheiro, meu amor, meu
agradecimento eterno. Ao constante apoio nesta
incansável vida acadêmica. Sem vo teria sido
muito mais difícil, talvez até impossível!
À minha Júlia, que sempre foi minha torcedora oficial. Hoje
tenho certeza; está toda orgulhosa. Dizem por
que saudade diminui com tempo. Quanta
mentira!!! Saudade aumenta!!! Saudades
eternas, só compensadas pela certeza de que
você esteve e está comigo em todos os
momentos!!!
Ao meu Barroso, por nos ter ensinado que a maior riqueza de
um indivíduo é o seu conhecimento.
4
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Victor Hugo de Melo pelo carinho, dedicação e atenção nestes oito anos de
convivência. Obrigada pelo apoio nos momentos difíceis e por confiar em minha
capacidade.
À Prof
a
. Helenice Gobbi, que me recebeu de braços abertos, com carinho, dedicação
e muita paciência, porque soube não apenas me ensinar, mas muito mais que isso,
soube me entusiasmar com o mundo microscópico.
Ao colega Rafael Malagoli, quem me ajudou na primeira imuno-histoquímica que fiz,
ainda na fase de teste, quando eu ainda pensava que uma ginecologista tão
macroscópica não poderia se aventurar no campo microscópico.
Aos colegas do laboratório de Patologia Mamária, sempre prontos para ajudar com a
diluição de um anticorpo, com a confecção de um tampão, tirar uma dúvida. Vocês
fizeram os meus dias bem mais fáceis!
À minha colega patologista, Marília Sena Felipe pelo carinho e ajuda na interpretação
dos resultados.
Ao Prof. Márcio José Martins Alves pela ajuda na análise de inúmeros cálculos
transformando a complicada estatística em ferramenta agradável e produtiva.
Aos funcionários do CTR-DIP por terem me recebido com os braços abertos, sempre
dispostos a colaborar.
Às pacientes que autorizaram a realização deste trabalho. Minha gratidão por
entender que a pesquisa científica é base de toda a evolução da Medicina. Agradeço
especialmente às minhas pacientes da Faculdade de Medicina (UFMG), que com dor,
tristeza, amargura e até revolta me fizeram entender que muito mais importante que
curar é saber viver !!!
5
LISTAGEM DE TABELAS
Número Título
Tabela 1 Teste Kolmogorov-Smirnov
Tabela 2 Dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes estudadas de acordo
com os grupos e a comparação entre eles.
Tabela 3 Associação entre genótipos do HPV em pacientes soropositivas e soronegativas para o
HIV.
Tabela 4 Associação entre lesão intra-epitelial cervical de alto-grau e infecção pelo HIV.
Tabela 5 Associação entre genótipos do HPV e lesão intra-epitelial cervical de alto-grau.
Tabela 6 Comparação entre a contagem de células de Langerhans em pacientes soropositivas e
soronegativas para o HIV ao longo do epitélio cervical.
Tabela 7 Contagem das células de Langerhans ao longo do epitélio, considerando o marcador
CD1a e sua associação com os dados clínicos, demográficos e comportamentais das
pacientes estudadas.
Tabela 8 Modelo final da regressão linear para o número médio de células de Langerhans
marcadas com CD1a.
Tabela 9 Contagem das células de Langerhans ao longo do epitélio considerando o marcador
S100 e sua associação com os dados clínicos, demográficos e comportamentais das
pacientes estudadas.
Tabela 10 Modelo de regressão linear final para o número médio de células de Langerhans
considerando o marcador S100
Tabela 11 Contagem de células de Langerhans na área da lesão histopatológica em pacientes
soropositivas e soronegativas para o HIV.
Tabela 12 Contagem de células de Langerhans na área da lesão histopatológica e ao longo do
epitélio em pacientes soropositivas e soronegativas para o HIV.
Tabela 13 Contagem de células de Langerhans na área da lesão histopatológica, considerando o
marcador CD1a, e sua associação com os dados clínicos, demográficos e
comportamentais das pacientes estudadas.
Tabela 14 Modelo de regressão linear final para número médio de células de Langerhans na área
6
da lesão histopatológica marcadas com CD1a
Tabela 15 Contagem de células de Langerhans na área da lesão histopatológica, considerando o
marcador S100 e sua associação com os dados clínicos, demográficos e
comportamentais das pacientes estudadas.
Tabela 16 Modelo de regressão linear final para número médio de células de Langerhans na área
da lesão histopatológica marcadas com S100
Tabela 17 Associação entre contagem de células de Langerhans, linfócitos TCD4+ e carga viral do
HIV
Tabela 18 Expressão da E-caderina no epitélio cervical em pacientes soropositivas e soronegativas
para o HIV.
Tabela 19 Associação entre expressão da E-caderina e lesão intra-epitelial cervical de alto-grau.
Tabela 20 Associação entre expressão da E-caderina (após grupamento) e lesão intra-epitelial
cervical de alto-grau.
Tabela 21 Comparação dos dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes
estudadas com a marcação das células epiteliais cervicais com E-caderina
Tabela 22 Modelo de regressão logística final para a marcação com E-caderina
7
LISTAGEM
DE
FIGURAS
E
GRÁFICOS
Número Título
Figura 1
Etapas da Imuno-histoquímica
Figura 2
Identificação das células de Langerhans no epitélio cervical através da marcação com S100 e
CD1a
Figura 3
Expressão da E-caderina na membrana da célula epitelial
Figura 4
Marcação das células de Langerhans com CD1a e S100 em pacientes soropositivas
Figura 5
Marcação das células de Langerhans com CD1a e S100 em pacientes soronegativas
Figura 6
Expressão da E-caderina no epitélio cervical normal e alterado
Figura 7
Expressão da E-caderina na membrana da célula epitelial
Figura 8
Expressão da E-caderina na membrana da célula epitelial e comparação com o corte corado
com HE.
Gráfico 1
Comparação dos genótipos do HPV entre os dois grupos de pacientes avaliadas
(soropositivas e soronegativas para o HIV)
Gráfico 2
Comparação entre lesões do colo uterino diagnosticadas pela histopatologia em pacientes
soropositivas e soronegativas para o HIV
8
ABREVIATURAS
Abreviaturas Significado
CC Cervicite Crônica
CH Captura híbrida
DST Doença Sexualmente Transmissível
HAART Terapia antiretrovial de alta potência
HE Coloração com hemaroxilina-eosina
HIV Vírus da imunodeficiência humana
HG Examinador: Helenice Gobbi
HPV Papilomavírus humano
HI SIL Lesão intra-epitelial cervical de alto grau
IFN Interferon
JZ Examinador: Juliana Zimmermmann
Lo sil Lesão intra-epitelial cervical de baixo grau
MSF Patologista: Marília Sena Felipe
NIC Neoplasia intra-epitelial cervical
PCR Reação em cadeia de polimerase
SMF Sistema Mononuclear Fagocitário
TNF Fator de necrose tumoral
MHC Complexo de histocompatibilidade principal
TGF
DAB
Fator de crescimento tumoral
Diamino-benzidina (coloração)
9
EPÍGRAFE
“Insistir, insistir sempre, contra tudo e contra todos, desde que tenhamos certeza de que o
nosso ponto de vista está correto”.
(Grimaldo Carvalho)
10
SUMÁRIO
Resumo 12
Introdução e Revisão da Literatura 13
Objetivos 21
Pacientes e Métodos
a- Anamnese e Exame físico
b- Histopatologia
c- Imuno-Histoquímica
d- Contagem de leucócitos TCD4+ e carga viral para o HIV.
e- Técnica de detecção molecular do HPV
Método Estatístico
Método Bibliográfico
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25
32
32
32
35
Resultados 36
Discussão 66
Conclusões 73
Referências Bibliográficas 74
Anexos
a- Tabela 7a = Dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes
estudadas com p>0,25, não incluídos no modelo multivariado inicial,
considerando o marcador CD1a e a média da contagem de células de Langerhans
ao longo do epitélio.
b- Tabela 7b = Comparação das variáveis quantitativas com o número médio de
células de Langerhans, considerando o marcador CD1a, ao longo do epitélio.
c- Tabela 7c = Valores de p e ordem de retirada das variáveis do modelo
multivariado para o marcador CD1a ao longo do epitélio cervical
d- Tabela 9a = Dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes
estudadas com p>0,25, não incluídos no modelo multivariado inicial,
considerando o marcador S100 e a média da contagem de células de Langerhans
ao longo do epitélio.
e- Tabela 9b= Comparação das variáveis quantitativas e número médio de células
de Langerhans, considerando o marcador S100, ao longo do epitélio.
f- Tabela 9c = Valores de p e ordem de retirada das variáveis do modelo
multivariado para o marcador S100 ao longo do epitélio cervical.
g- Tabela 13a = Dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes
estudadas com p>0,25, não incluídos no modelo multivariado inicial,
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considerando o marcador CD1a e a média da contagem de células de Langerhans
na área da lesão.
h- Tabela 13b= Comparação das variáveis quantitativas com número médio de
células de Langerhans na área da lesão, considerando o marcador CD1a.
i- Tabela 13c = Valores de p e ordem de retirada das variáveis do modelo
multivariado para o marcador CD1a na área da lesão cervical.
j- Tabela 15a = Dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes
estudadas com p>0,25, não incluídos no modelo multivariado inicial,
considerando o marcador S100 e a média da contagem de células de Langerhans
na área da lesão.
k- Tabela 15b= Comparação das variáveis quantitativas com número médio de
células de Langerhans na área da lesão, considerando o marcador S100.
l- Tabela 15c = Valores de p e ordem de retirada das variáveis do modelo
multivariado para o marcador S100 na área da lesão cervical.
m- Tabela 21a = Dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes
estudadas com p>0,25, não incluídos no modelo multivariado inicial para a
marcação com E-caderina.
n- Tabela 21b= Comparação das variáveis quantitativas com a marcação pela E-
caderina.
o- Tabela 21c = Valores de p e ordem de retirada das variáveis do modelo
multivariado para a marcação com a E-caderina na área da lesão cervical,
considerando também a significância clínica.
p- Especificações dos anticorpos utilizados no estudo (CD1a, E-caderina e S100) e
especificação do sistema de detecção Novolink.
q- Aprovação do estudo nos comitês de ética: COEP e CEP-UNIPAC
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12
RESUMO/ABSTRACT
Objetivando avaliar a contagem de células de Langerhans na mucosa cervical de
pacientes soropositivas e soronegativas para o HIV foi realizado um estudo com 77
pacientes, sendo 40 soropositivas e 37 soronegativas para o HIV que foram
submetidas à colposcopia e biópsia de colo uterino. O material obtido através da
biópsia de colo uterino foi encaminhado para estudo histopatológico e imuno-
histoquímico, utilizando-se os anticorpos CD1a (1:200), S100 (1:1200) e E-
caderina (1:400), todos da marca DAKO. O sistema de detecção utilizado foi o
Novolink (Novocastra). Nas pacientes soropositivas para o HIV, considerando ao
longo do epitélio, a marcação pelo anticorpo CD1a, a média de células/campo foi de
0,80 + 0,7 células e pelo anticorpo S100 a média de células/campo foi de 1,3 + 1,0
células. Nas pacientes soronegativas para o HIV, considerando-se ao longo do
epitélio, pelo marcador CD1a, a média de células/campo foi de 2,6 + 1,6 células e
pelo marcador S100 verificou-se contagem de 3,6 + 1,7 células, o que determinou
para o CD1a (p<0,0001) e para S100 (p<0,0001). Entretanto, esta contagem não
se associou à carga viral, à contagem de linfócitos TCD4+ e nem ao genótipo do
papilomavírus humano (p>0,05). A análise multivariada identificou como
responsável pela redução do número de células de Langerhans apenas a infecção
pelo HIV. Conclui-se que as pacientes soropositivas apresentam menor quantidade
de células de Langerhans na mucosa cervical, quando comparadas com as
soronegativas, mas este efeito não está associado à contagem de linfócitos TCD4+
e a carga viral do HIV. (Palavras-chave: Langerhans, HIV, HPV, neoplasia cervical).
The objective of this study was to determine local immunity, by evaluating
Langerhans cell density in cervical biopsies of HIV-positive and HIV-negative
women. A cross-sectional study that included HIV-infected and HIV-non-infected
women. All patients had HPV-DNA in uterine cervix, detected by Polymerase Chain
Reaction or Hybrid Capture II, and their cervical biopsies were assessed for
Langerhans cell density and intraepithelial neoplasia (CIN). Langerhans cells were
idenfied by immunohistochemistry using CD1a and S100 antibodies. Associations
among cervical Langerhans cell density, cervical histology, TCD4+ cells count and
HIV viral load were analyzed by logistic regression (SPSS, version 12.0). 77 women
(40 seropositive and 37 seronegative) were enrolled. Langerhans cell density of
HIV-infected women was 0.80 ± 0.7 cells (antibody CD1a) and 1.3 ± 1.0 cells
(antibody S100), and in the HIV-non-infected women was 2.6 ± 1.6 cells (antibody
CD1a) and 3.6 + 1, 7 cells (antibody S100). Univariate analyses showed significant
differences between groups: CD1a (p < .0001) and S100 (p < .0001). There was
no association among Langerhans cell density and viral load, TCD4+ cells count or
human papillomavirus genotypes (p> .05). In a logistic regression model only HIV-
infection was independently associated to decrease in Langerhans cell density.
HIV-infection is an independent factor to explain the decrease of local immunity of
uterine cervix, allowing the development of cervical lesions. This effect is not
associated to TCD4+ cells count or HIV viral load. (Key words: Langerhans cell,
HIV, HPV, cervical neoplasia)
13
1.
INTRODUÇÃO
O conceito de imunidade pode ter existido muito tempo, conforme sugere o
antigo hábito chinês de tornar as crianças resistentes à varíola fazendo-as inalar pós que
eram obtidos de lesões cutâneas provenientes de pacientes em recuperação desta doença.
Desde então, tem havido notável transformação do nosso conhecimento sobre o sistema
imune e suas funções (ABBAS et al., 2000).
A resposta imune depende diretamente das lulas e de seus respectivos produtos
pertencentes ao sistema imune. Admite-se que todas as células sanguíneas originam-se de
uma única célula não diferenciada presente na medula óssea, das quais se originam lulas
progenitoras que constituem a base de diferentes linhagens celulares (CALICH; VAZ, 1988).
Todas as células sanguíneas originam-se de uma “célula-tronco”. Essa célula fica
comprometida a se diferenciar em linhagens particulares, isto é, eritróide, megacariocítica,
granulocítica, monocítica e linfocítica. A proliferação e maturação das células na medula
óssea são estimuladas por citocinas, também chamadas de fatores estimuladores de
colônias. Desse modo, a medula óssea, além de renovar as células progenitoras e sua
progênie diferenciada, contém numerosas células plasmáticas secretoras de anticorpos que
se desenvolvem em tecidos linfóides periféricos, como é o caso dos linfócitos B. Com isso, a
linhagem linfocítica, dependendo do órgão linfóide onde ocorrerá a maturação, originará os
linfócitos T ou B, as principais células efetoras da resposta imune (ABBAS et al., 2000).
Os macrófagos são células que pertencem ao SMF (Sistema Mononuclear
Fagocitário), originando-se a partir de células medulares primitivas. Do sangue periférico, os
monócitos migram para os tecidos, diferenciando-se localmente em lulas de Langerhans
(mucosa), macrófago alveolar (pulmão), osteoclasto (ossos) etc. As principais funções
dessas células incluem a fagocitose de partículas e a apresentação de antígenos para os
linfócitos T e B. Estas células, após digerirem uma ampla variedade de partículas,
apresentam o antígeno para o sistema imune, favorecendo o seu reconhecimento pelas
células imunocompetentes (ABBAS et al., 2000). Na função de células apresentadoras de
antígenos, merecem especial atenção as células de Langerhans. Tais células apresentam
14
uma grande área de superfície celular, com processos celulares filamentosos que formam
uma verdadeira rede nestes locais. Nestas superfícies uma grande apreensão de
antígenos, podendo participar anticorpos e componente C3b do sistema do complemento
(CALICH; VAZ, 1988).
As células de Langerhans estão presentes na maioria dos órgãos não-linfóides,
incluindo o epitélio (epiderme e mucosa). Apresentam morfologia diversa de acordo com seu
estágio de maturação. As do tipo 1 caracterizam-se por apresentar forma irregular,
estrelada, exibindo numerosos prolongamentos citoplasmáticos longos e delgados que
partem do corpo celular seguindo direções variadas; por outro lado, as do tipo 2
apresentam-se com morfologia arredondada e prolongamentos citoplasmáticos curtos. Os
extensivos prolongamentos citoplasmáticos das células dendríticas, requeridos e adquiridos
morfologicamente em fase mais tardia, durante os processos de ativação e diferenciação
dessas, são responsáveis pela sua capacidade de interação celular. Encontram-se
distribuídas entre os ceratinócitos basais e supra-basais do epitélio escamoso da epiderme e
da mucosa, perfazendo cerca de 3% a 8% do total desse epitélio (LINS et al., 2003).
Quando um antígeno penetra no epitélio mucoso ele permeia a camada epitelial, onde se
encontram as células de Langerhans residentes que o captam e o endocitam em vesículas,
recebendo ação de citocinas. Perdendo sua aderência, estas células arredondam-se e migram
para vasos linfáticos dos linfonodos. Assim, a partir do momento em que essas células se
tornam residentes nos linfonodos, já se desenvolveram em potentes apresentadoras de
antígenos. Os linfócitos T virgens que circulam através dos linfonodos, ao encontrarem essas
células, dão início à resposta imune (LINS et al., 2003).
A identificação das lulas de Langerhans é realizada através da cnica de imuno-
histoquímica que detecta moléculas (antígenos) teciduais, sendo de grande valor nos
diagnósticos anatomopatológicos e na investigação científica. O mecanismo básico é o
reconhecimento do antígeno por um anticorpo primário associado a diversos tipos de
processos de visualização. Atualmente, disponibilidade de grande número de anticorpos
para uso em tecidos fixados em formol e incluídos em blocos de parafina, permitindo o
estudo de blocos arquivados por longos períodos. Para a identificação das lulas de
Langerhans utilizam-se, normalmente, os marcadores (anticorpos) S-100 e CD1a. Relatam
15
Difranco et al. (1985), Reichhardt et al. (1991) e Lombardi et al. (1993), que o marcador
que melhor identifica as células de Langerhans é a molécula de superfície glicoprotéica CD1,
em destaque CD1a (T6), que parece ser exclusiva das referidas células e suas precursoras. O
antígeno CD1 representa uma família de moléculas apresentadoras de antígenos, envolvidas
na apresentação de antígenos não protéicos aos linfócitos T (REIS e SOUSA et al., 1999). A
família do gene CD1 envolve, pelo menos, três produtos relativamente bem caracterizados:
CD1a, CD1b e CD1c, que apresentam similaridade com as moléculas do MHC de classe I e
são expressas pelos timócitos corticais, sendo considerados antígenos de diferenciação
timocítica. Deste modo, as células de Langerhans expressam CD1a e quantidades variáveis
de CD1c, enquanto o CD1b tem sido reportado nas células de Langerhans migratórias. Com
isso, relata-se que o CD1a constitui o mais importante marcador na identificação das células
de Langerhans no epitélio, e a expressão da molécula CD1a representa a primeira etapa da
transição de uma célula precursora para uma célula de Langerhans propriamente dita (LINS
et al., 2003).
A proteína S100 é ácida, ligada ao cálcio, descrita inicialmente como específica do
tecido neural. Entretanto, tem sido encontrada nos melanócitos basais e células de
Langerhans da epiderme humana normal (LINS et al., 2003).
Uma variação quantitativa ou qualitativa dessas células poderia determinar alteração
na resposta imunológica, independente da contagem de linfócitos TCD4+ nas pacientes
soropositivas para o HIV (LEVI et al., 2005; LINS et al., 2003; UCHIMURA et al., 2005;
UCHIMURA et al., 2004 a, b, c). Evidências de depressão imunológica, com diminuição no
número de células de Langerhans, têm sido associadas à progressão das lesões induzidas
pelo HPV, que o epitélio glandular da área que sofre metaplasia (área preferida pelo HPV)
pode inibir a migração das células de Langerhans, tornando essa área como de risco para o
desenvolvimento de neoplasia, não pelo fato de ser local de instabilidade tecidual, mas
também pela diminuição das células apresentadoras de antígenos (UCHIMURA et al., 2005;
UCHIMURA et al., 2004 a, b, c). Tais resultados são compatíveis com Palaoro et al. (2002)
que avaliaram a presença de células de Langerhans por meio do método imuno-histoquímico
(anticorpo S100) em 22 cortes histológicos do colo uterino, sendo oito com lesão intra-
epitelial de baixo grau, oito com lesão intra-epitelial de alto-grau e seis controles.
16
Observaram que o número de células de Langerhans decresceu à medida que aumentou o
grau da lesão histopatológica. Acredita-se que a iniciação e a progressão de lesões
determinadas pelo HPV estejam associadas com as alterações das lulas de Langerhans do
epitélio escamoso das mucosas e com a presença de menor quantidade dessas células na
zona da transformação do colo uterino (GIANNINI et al., 2002).
Entretanto, para que a resposta imunológica aconteça é necessária a interação das
células de Langerhans com o tecido epitelial. Essa interação é mediada por uma molécula de
adesão celular chamada E-caderina, dentre outras. As caderinas são proteínas
transmembranosas (BERX; VAN ROY, 2001; KNUDSEN; WHEELOCK, 2005), cálcio
dependentes (LODISH et al., 2000; MATOS et al., 2006), com função de promover adesão
intercelular (KNUDSEN; WHEELOCK, 2005). São moléculas que promovem a manutenção da
arquitetura tecidual normal (MATOS et al., 2006). Existem mais de 40 caderinas diferentes
conhecidas (LODISH et al., 2000). As caderinas mais estudadas são as caderinas E
(epitelial), P (placentária) e N (neural), conhecidas como caderinas clássicas (ROWLANDS et
al., 2000). Sabe-se que as lulas epiteliais normais expressam E-caderina, mas acredita-se
que células tumorais possam ter uma expressão inapropriada dessa proteína. A E-caderina,
como mediadora de adesão intercelular, impede que as células de um tumor primário se
soltem e invadam locais próximos ou distantes (KNUDSEN; WHEELOCK, 2005). Portanto, a
redução da expressão dessas moléculas é um fator facilitador da disseminação das células
tumorais (BRUNETTI et al., 2003; KNUDSEN; WHEELOCK, 2005). Baseando-se nisto, sugere-
se que a redução ou a ausência de expressão da E-caderina nos tumores possa servir como
um indicador de prognóstico ruim. No entanto, trabalhos publicados mostram que
divergências a respeito da expressão das E-caderinas como fator prognóstico (KNUDSEN;
WHEELOCK, 2005). A expressão dessa molécula é regulada positivamente pelo TGF
(“Transforming Growth Factor”) e, portanto, sua ausência torna as células de Langerhans
incapazes de fixar residência nos tecidos epiteliais. Acredita-se que o HPV seja o responsável
pela diminuição da expressão da E-caderina e, assim, nos tecidos com lesão intra-epitelial
escamosa e nos carcinomas escamosos a expressão da E-caderina é mais baixa do que nos
tecidos normais (HUBERT et al., 2005; KAPLANIS et al., 2005). Relatam ainda Branca et al.
17
(2006) que a expressão da E-caderina diminui inversa e proporcionalmente ao grau da
neoplasia intra-epitelial cervical (p=0,0001).
A inoculação do HPV ocorre durante a relação sexual com pessoas infectadas,
sendo que o vírus penetra no hospedeiro através de microtraumatismos. As células basais
tornam-se infectadas. O DNA do HPV se estabelece no núcleo da célula infectada, mas de
forma epissomal, ou seja, não integrado ao genoma do hospedeiro. Na camada basal da
mucosa são expressos os genes precoces do HPV; genes com baixo número de cópias virais.
À medida que progride a maturação celular, são expressos os genes precoces com grande
quantidade de cópias virais. Nas camadas superficiais da pele se expressam os genes tardios
que formam os vírions infectantes (STANLEY, 1998). Deste modo, na camada basal da
epiderme existe replicação mínima do HPV e, como não ocorre lise celular e nem inflamação
local, não estímulo do sistema imune mediado pelas lulas de Langerhans localizadas
preferencialmente na porção basal do epitélio. O atraso no reconhecimento do HPV é
também responsável pela natureza recalcitrante das lesões cervicais (COX et al., 2003;
PEREYRA et al., 2000; RIETHMULLER, 2006; RIETHMULLER et al., 2002).
O “gatilho” para o reconhecimento espontâneo do vírus pelo organismo não é
conhecido. Macrófagos e monócitos liberam citocinas como IFN (interferon) alfa, beta e
gama, TNF (fator de necrose tumoral) e várias interleucinas em resposta ao reconhecimento
do HPV. As citocinas também atuam como quimioatrativos. Deste modo, monócitos ativados
seguindo o gradiente de citocinas chegam ao local da infecção pelo HPV. Com isso, células
dendríticas (Langerhans) apresentam este antígeno na superfície. Após esta apresentação,
células T citotóxicas são ativadas, multiplicam-se e chegam ao local da infecção ocasionada
pelo HPV (COX et al., 2003; PEREYRA et al., 2000).
Nos últimos anos, a literatura mundial tem relatado uma incidência aumentada de
neoplasia cervical e anal em mulheres portadoras do HIV quando comparadas com a
população em geral. Estas estimativas sugerem que as mulheres portadoras do HIV têm 10
vezes mais chance de desenvolver este tipo de neoplasia do que aquelas soronegativas
(AHDIEH et al., 2001; DE SANJOSÉ; PALEFSKY, 2002; VERNON et al., 1993; WILLIAMS et
al., 1994; WRIGHT Jr. et al., 1994). Em estudo realizado na Universidade John Hopkins,
Estados Unidos, verificou-se que mulheres HIV positivas têm 1,8; 2,1 e 2,7 vezes mais
18
chances de ter HPV de alto, intermediário e baixo risco, respectivamente, quando
comparadas com mulheres soronegativas (AHDIEH et al., 2001).
A interação HIV/HPV é importante porque o vírus da imunodeficiência humana (HIV)
não infecta apenas as células do sistema imunológico, mas células que poderiam estar
infectadas também pelo HPV, como as dendríticas da mucosa genital. Com isso, poderiam
ser ativadas as proteínas E6 e E7 do HPV, determinando uma ação potencializadora na
progressão das neoplasias induzidas pelo HPV (VERNON et al., 1993). Outro estudo com
1587 pacientes HIV positivas observou que 200 (12,6%) apresentaram diagnóstico citológico
de lesão escamosa intra-epitelial ou carcinoma invasor. A progressão ocorreu em 39 casos,
sendo que em 24 (61,5%) o primeiro diagnóstico foi de alteração benigna e o segundo foi de
lesão intra-epitelial de baixo grau. Em 28,2% o primeiro diagnóstico foi de lesão intra-
epitelial de baixo-grau e o segundo foi de lesão intra-epitelial de alto-grau (CALORE et al.,
2001). Deste modo, acredita-se que a imunodepressão causada pelo vírus HIV facilite o
desenvolvimento de anormalidades epiteliais na presença de infecção pelo HPV, tanto
cervicais como anais (VOLTZ et al., 1999).
Estudo comparando pacientes soropositivas e negativas para o HIV, verificou que as
lesões intra-epiteliais cervicais eram significativamente mais freqüentes e agressivas nas
soropositivas (38%) que nas soronegativas (12%) (p<0,001) (SONCINI; CONDEMI, 2003).
Há ainda estudos que evidenciaram associação entre o grau da lesão intra-epitelial cervical e
a imunossupressão induzida pelo HIV, sugerindo que quanto menor for a contagem de
linfócitos TCD4+, maior o risco de ocorrer lesão intra-epitelial de alto grau (DUERR et al.,
2006; PALEFSKY, 2006; SONCINI; CODEMI, 2003). Entretanto, outros estudos não
demonstraram esta associação (COELHO et al., 2004; SOUZA et al., 2001). Estudo realizado
na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais verificou que a contagem
de linfócitos T CD4+ não se mostrou estatisticamente diferente, comparando-se mulheres
infectadas pelo HIV que apresentaram neoplasia intra-epitelial cervical de baixo ou alto grau,
com outro grupo sem lesão intra-epitelial cervical (p=0,98) (ZIMMERMMANN et al., 2006).
Entretanto, a carga viral do HIV maior que 400 cópias/ml demonstrou associação positiva,
com chance 3,2 vezes maior de desencadear lesão intra-epitelial cervical (ARAÚJO et al.,
2005).
19
Uma possível explicação para esses resultados aparentemente contraditórios pode
ser a utilização da HAART (medicação antiretroviral de alta potência) que, além de melhorar
a resposta imunológica, diminui a carga viral do HIV e, conseqüentemente, bloqueia o ciclo
do HPV nas células cervicais, facilitado pelo HIV (DELMAS et al., 2000; MAYAUD et al.,
2001). Embora existam resultados divergentes na literatura, atualmente a maioria dos
estudos aponta para a o associação entre o grau da neoplasia intra-epitelial cervical e a
imunossupressão, especialmente após o advento da HAART (ZIMMERMMANN et al., 2006).
Na França, estudo com 121 mulheres soropositivas para o HIV demonstrou que a HAART tem
efeito protetor para recorrência de neoplasia cervical (RR = 0,3; IC a 95%: 0,1-0,7),
inclusive para as lesões intra-epiteliais cervicais de alto grau (RR = 0,2; IC a 95%: 0,1-0,7)
(HEARD et al., 2005). Outros estudos envolvendo pacientes soropositivas para o HIV
também verificaram que a terapia anti-retroviral reduz o risco de neoplasia por restaurar a
imunidade, ou seja, por melhorar a resposta imunológica das pacientes (DELMAS et al.,
2000; MONINI et al., 2004). Entretanto, apesar de existirem evidências de que a HAART
diminui a incidência de lesão intra-epitelial cervical em pacientes soropositivas para o HIV, a
freqüência do câncer cervical não diminuiu desde o advento da HAART em 1996 (PIKETTY;
KAZATCHKINE, 2005).
Por isso, algumas respostas para a interação HIV e HPV, bem como a evolução e
progressão das neoplasias cervicais podem estar no efeito da imunidade local, mediada pelas
células de Langerhans. Prakash et al. (2004) suspeitaram que as células apresentadoras de
antígenos poderiam ser o alvo inicial do vírus da imunodeficiência humana durante a
transmissão heterossexual. Recente estudo realizado por Hayati e Zulkarnaen (2007)
verificou, através da marcação imuno-histoquímica para células de Langerhans com
anticorpos CD1a e CD83, que as células de Langerhans imaturas (CD1a) diminuem à medida
que progressão da gravidade da neoplasia cervical quando comparadas com o epitélio
normal. Por outro lado, as células de Langerhans maduras (CD83) aumentam na área
peritumoral, numa tentativa imunológica de controlar a neoplasia intra-epitelial cervical,
também quando comparadas com o epitélio escamoso normal. Entretanto, nos casos de
carcinoma escamoso, essa contagem diminui quando comparada com as neoplasias grau III,
o que sugere que apesar do organismo tentar lançar mão de mecanismos imunológicos de
20
proteção no controle das neoplasias intra-epiteliais cervicais, isso nem sempre é possível, o
que poderá determinar a progressão desta neoplasia. As alterações na contagem de células
de Langerhans também foram observadas em outros estudos (GONÇALVES et al., 2004;
WALKER et al., 2005).
Baseado no exposto, torna-se evidente a necessidade de pesquisas associando a
imunidade local às lesões induzidas pelo HPV em pacientes soropositivas e soronegativas
para o HIV. Por isso, nos propusemos a quantificar as células de Langerhans nas lesões do
colo uterino através da marcação com CD1a e S100 em pacientes portadoras e não-
portadoras do vírus da imunodeficiência humana.
21
2.
OBJETIVOS
Quantificar e comparar as células de Langerhans ao longo do epitélio do colo
uterino e na área da lesão histopatológica em pacientes soropositivas e
soronegativas para o HIV.
Avaliar a expressão da E-caderina na membrana da célula epitelial nos dois
grupos de pacientes.
22
3.
PACIENTES
E
MÉTODOS
Este projeto foi aprovado pelo COEP da Universidade Federal de Minas Gerais, pelo
CEP da Faculdade de Medicina da UNIPAC (Universidade Presidente Antônio Carlos), pela
Comissão de Ética do CTR DIP e pela Comissão de Ética da Prefeitura Municipal de Belo
Horizonte.
a. Cálculo amostral e a divisão em grupos
Para estimar o número de pacientes necessárias ao trabalho proposto foi realizada
revisão bibliográfica a fim de obter o percentual de células de Langerhans em pacientes
soropositivas e negativas para o HIV. Considerando a literatura consultada, a contagem de
células de Langerhans teve média de 2,0 células/campo em pacientes soropositivas para o
HIV, e nas pacientes soronegativas 4,0 células/campo, uma diferença média de 2,0
células/campo (LEVI et al., 2005). Para um poder de detecção de 80% e erro alfa de 5%, a
quantidade de pacientes necessárias para este estudo foi de 72 pacientes, sendo 36 em cada
grupo.
Foram, então, estudadas 77 pacientes com diagnóstico de infecção pelo HPV
diagnosticado pela biologia molecular, sendo 40 soropositivas para o vírus HIV (grupo 1) e
37 soronegativas para o HIV (grupo 2). Deste modo, todas as pacientes estudadas são
portadoras do HPV, sendo que o fator de exposição investigado foi a infecção pelo HIV.
b. Anamnese e exame físico
Todas foram submetidas a um questionário que faz parte do protocolo de
atendimento ginecológico e que inclui dados demográficos, uso de drogas, álcool, fumo e
número de parceiros sexuais. Após a anamnese, as pacientes foram submetidas a exame
ginecológico com realização de biópsia dirigida pela colposcopia, quando necessário, do
seguinte modo:
23
b.1. Inspeção da genitália externa e interna
Na realização do exame ginecológico foi feita a inspeção da genitália externa e,
após a colocação do espéculo vaginal, realizou-se a inspeção da genitália interna com coleta
do material para identificação da presença do HPV.
b.2. Colposcopia
Para a colposcopia foi utilizado o colposcópio da marca Leisegang, modelo padrão.
Inicialmente, o colo uterino foi focalizado sem aplicação de qualquer solução para se ter uma
visão panorâmica do colo e fórnices e surpreender anormalidades como as colorações
anormais, lacerações e tumorações.
A seguir, aplicou-se ácido acético a 3%, banhando-se o vestíbulo vaginal e os
fórnices. O excesso de líquido foi enxugado com chumaço de algodão e sem esfregar a
mucosa, evitando traumatismos. A mucosa cilíndrica do colo uterino apresentou-se róseo-
avermelhada e de tonalidade variável. O epitélio escamoso normal apresentou tonalidade
variando de róseo-pálida até róseo-avermelhada, quando normais à colposcopia. Nas áreas
suspeitas de NIC ocorreu o aparecimento de manchas brancacentas com certa opacidade,
bem delimitadas, denominadas de epitélio aceto-branco.
A seguir, iniciou-se a aplicação da solução de Schiller. Esta solução consta de iodo
metalóide, iodeto de potássio e água fervida. Fez-se a embrocação da mucosa cérvico-
vaginal de maneira generosa, objetivando-se detectar áreas da mucosa que não se coraram
com a solução iodeto-iodetada. Quando o epitélio não captou o iodo ou o fez debilmente, o
teste foi chamado de Schiller positivo, por outro lado, quando o epitélio escamoso se
impregnou pelo iodo foi chamado de Schiller negativo.
Após a aplicação da solução de Schiller, fez-se a remoção com a solução de
bissulfito a 5%. Este procedimento tornou as lesões mais evidentes, pois realçou a cor
brancacenta, branco-palha ou fosca do epitélio aceto-branco com muito mais intensidade do
que o produzido pelo ácido acético isoladamente. Deste modo, a colposcopia permitiu a
seleção da região onde seria realizada a biópsia.
24
b.3. Biópsia de colo uterino
A biópsia foi feita sob visão colposcópica, selecionando-se o local de maior suspeita
de neoplasias. Não utilizamos a pinça Pozzi para tracionamento do colo em função da maior
possibilidade de sangramentos. A biópsia foi realizada com a pinça de Gaylor e o local
escolhido para esta foi o de maior alteração colposcópica, representada pelo epitélio branco,
mosaico, pontilhados e vasos atípicos. O material biopsiado foi fixado em formol a 10% e
enviado aos Serviços de Patologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas
Gerais e da Faculdade de Medicina de Barbacena. Foi considerado um fragmento adequado
aquele que permitiu proporcionar tecido suficiente para o diagnóstico histopatológico.
c. Histopatologia
No laboratório de patologia, o material foi incluído em parafina e foram realizados
cortes para o estudo histopatológico e imuno-histoquímico. Para este estudo, foi realizada
uma reavaliação histopatológica por um mesmo patologista (MSF) com o objetivo de
padronização do laudo. Como cervicite crônica foram classificadas as lesões que
apresentavam importante infiltrado inflamatório mononuclear com tecido de granulação e
fibrose do estroma. Para as lesões intra-epiteliais cervicais, utilizou-se a classificação de
Richart (1973), do seguinte modo:
1. Neoplasia intra-epitelial cervical grau I (NIC I): Foram incluídas nesta categoria
aquelas amostras teciduais que apresentavam histologicamente uma perda de
polaridade celular, falta da normal estratificação epitelial, hiperplasia da
camada basal que não excedeu a 1/3 da espessura do epitélio.
2. Neoplasia intra-epitelial cervical grau II (NIC II): Nesta categoria, foram
incluídas aquelas amostras teciduais onde a perda de polaridade celular, falta
da normal estratificação epitelial e hiperplasia da camada basal não excedeu a
2/3 da espessura do epitélio.
25
3. Neoplasia intra-epitelial cervical grau III (NIC III): Foram classificadas nesta
categoria as lesões que apresentavam mais de 2/3 do epitélio acometido por
células com pleomorfismo acentuado, cromatina granulosa e nucleomegalia
acentuada. Neste grupo também foram incluídas as lesões que acometiam todo
o epitélio, porém sem sinais de invasão.
Para cálculos estatísticos, entretanto, utilizou-se a classificação modificada por Wright
(2002).
a) Lesão intra-epitelial cervical de baixo grau (Lo Sil): onde se incluíram as neoplasias
intra-epiteliais cervicais grau I e o efeito citopático produzido pelo HPV. Os critérios
para diagnóstico histopatológico da infecção pelo HPV sem neoplasia intra-epitelial
cervical foram: paraceratose, discariose, hiperceratose, núcleos atípicos bi e multi-
nucleação papilomatose e coilocitose.
b) Lesão intra-epitelial cervical de alto grau (Hi Sil): onde se incluíram as neoplasias
intra-epiteliais de graus II e III.
d. Imuno-histoquímica
Para o estudo imuno-histoquímico, os blocos de parafina foram encaminhados ao
Laboratório de Patologia Mamária para corte e montagem das lâminas silanizadas. Nesse
laboratório, as lâminas foram codificadas para que o observador não soubesse a origem das
pacientes, ou seja, se eram de pacientes soropositivas ou soronegativas para o HIV.
Utilizou-se o anticorpo CD1a (monoclonal mouse anti-human) marca DAKO, clone
010, em diluição de 1:200. A escolha desta diluição foi feita após testes prévios realizados
com diluições de 1:50, 1:100 e 1:200.
Em relação ao S100 (anticorpo policlonal), utilizou-se o da marca DAKO, diluição de
1:1200, após testes prévios realizados com diluições de 1:600; 1:800; 1:1200.
26
A E-caderina (monoclonal mouse anti-human) utilizada foi a da marca DAKO, clone
NHC-38, com diluição de 1:400, também após testes prévios com diluições de 1:100; 1:200;
1:400 e 1:600.
Como controle das reações utilizou-se cortes previamente corados pelos anticorpos,
oriundos de outros tecidos (mama, linfonodo e pele), bem como corte de colo uterino.
Para o processamento imuno-histoquímico foi utilizado o sistema de polímeros, não
biotinilados, Novolink (Novocastra). A técnica utilizada foi padronizada pelo laboratório de
Patologia Mamária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e
encontra-se descrita a seguir:
1. Preparação dos cortes histológicos: Este procedimento consiste na
desparafinização e hidratação que é feita utilizando o xilol e o etanol, com
lavagem em água corrente destilada. Inicialmente, as lâminas foram
desparafinizadas em estufa (60
o
C) por 25 minutos e, a seguir, mergulhadas
em xilol frio por também 25 minutos. Foram, então, imergidas em álcool
absoluto e realizados 3 banhos de 2 minutos cada. A seguir, as lâminas
foram lavadas em água corrente e mergulhadas em água destilada.
2. Recuperação ou Reativação antigênica: A escolha do método de
reativação antigênica seguiu as normas preconizadas pelo fabricante para os
anticorpos testados. Utilizou-se a panela a vapor (“steamer”) sendo as
lâminas incubadas em tampão citrato previamente aquecido em microondas
por 1 minuto. As lâminas foram levadas ao steamer por 25 minutos após
atingir a temperatura de 98
o
C. A seguir, as lâminas foram colocadas para
esfriar por mais 25 minutos e lavadas com água destilada.
3. Neutralização da peroxidase e da proteína endógenas: Foi realizada
utilizando o “peroxidase block”existente no kit de detecção da Novocastra.
O peroxidase block foi colocado sobre as lâminas por 5 minutos. A seguir,
lavou-se em tampão PBS 2x e incubou-se com a “protein block”, também do
kit da Novocastra por 5 minutos, seguidas de lavagem por tampão PBS por
2x.
27
4. Incubação com o anticorpo primário, anticorpo secundário e
polímero: A seguir, procedeu-se a incubação com anticorpo primário por 30
minutos, com as seguintes diluições: CD1a (1:200); E-caderina (1:400) e
S100 (1:1200). Procedeu-se, então, a lavagem em tampão PBS por 5 min
(3x) e a incubação com o anticorpo secundário (“post primary block”) por
também 30 minutos e nova lavagem em tampão PBS por 5 min (2x).
Finalmente, incubou-se com o polímero por 30 minutos e novamente lavou-
se com tampão PBS por 5 min (2x).
5. Revelação e montagem: A seguir, procedeu-se a revelação onde se utilizou
o DAB na concentração de 1 gota de cromógeno para cada ml de substrato.
O DAB foi aplicado por 5 minutos e, após, as lâminas foram mergulhadas em
água por 2 a 3 minutos. Fez-se a contra-coloração com hematoxilina de
Harris e lavou-se em água corrente por 7 minutos. A seguir, realizou-se a
desidratação em álcool e xilol, sendo 3 banhos de álcool e 2 de xilol. A
seguir, as lâminas foram montadas utilizando lamínula e Ethelan. As etapas
da imuno-histoquímica são apresentadas na FIG. 1.
28
FIGURA 1. Etapas da Imuno-histoquímica: Bloqueio da Peroxidase Endógena (A), Bloqueio
da Proteína Endógena (B), Incubação com anticorpo primário (C), Incubação com Polímero
(D), Coloração com DAB (E), Contra-coloração com Hematoxilina de Harris (F), Montagem
das lâminas (G), Avaliação Microscópica (H). O Kit de polímeros Novolink (I).
A
C
B
D
E
F
G
I
H
29
6. Avaliação das reações imuno-histoquímicas: A avaliação microscópica
foi realizada utilizando microscópio óptico, com aumento de 400x. Todas as
avaliações foram feitas por um único observador (JZ) e todos os casos
duvidosos foram reavaliados por outro examinador (HG), utilizando
microscópio de duas cabeças e análise simultânea por dois examinadores (JZ
e HG). Os critérios empregados seguiram aqueles aceitos pela literatura e
estão descritos a seguir:
a. Avaliação do CD1a e S100: Avaliou-se, inicialmente, a melhor área para o
estudo (“hot spot” = área com melhor marcação) e, a seguir, realizou-se a
contagem das células de Langerhans por 5 campos, preferencialmente
consecutivos. Entretanto, os campos ópticos que apresentavam áreas de
dobras ou artefatos de descolamento foram excluídos, continuando a
contagem no campo seguinte. Além disso, três biópsias tinham
fragmentos exíguos, não sendo possível a contagem de 5 campos. Nestes
casos, foi realizada contagem nos campos disponíveis. A média de campos
avaliados para o CD1a foi de 4,75 campos e para o S100 foi de 4,99
campos. A contagem foi realizada também na área da lesão identificada
pelo estudo histopatológico. Para a contagem das células de Langerhans
marcadas pelo CD1a e S100, utilizou-se como critério a presença de célula
marcada, cujo núcleo com prolongamentos ou parte do núcleo com
prolongamentos eram evidentes. Não se incluiu na contagem células onde
havia apenas prolongamentos corados e o núcleo não era visível ou núcleo
isolado, sem prolongamentos (FIG. 2).
b. Para a avaliação da E-caderina na membrana da célula epitelial foram
usados critérios propostos por DARAI et al. (2000), que utilizaram a
expressão da E-caderina de acordo com a área epitelial corada,
considerando os terços epiteliais marcados, conforme a FIG.3.
30
FIGURA 2. Identificação das células de Langerhans no epitélio cervical, através da marcação S100
(A,C) e CD1a (B,D), em 400x. Observam-se lulas de Langerhans com núcleo e prolongamentos,
sendo as células que foram incluídas na contagem.
A
C
B
D
31
FIGURA 3. Expressão da E-caderina na membrana da célula epitelial em 1/3 do epitélio cervical (A
100x), em 2/3 do epitélio cervical (B- 100x) e em toda a espessura do epitélio cervical (C
400x).
C
A
B
32
e. Contagem de leucócitos TCD4+ e carga viral para o HIV
A carga viral foi quantificada pelos testes Nuclisens HIV-1 RNA QT, tecnologia
NASBA, técnica que amplifica os ácidos nucléicos baseada em seqüência (Organon Teknika,
Turnhout, Belgium) e Quantiplex HIV RNA 3.0, tecnologia bDNA, técnica que utiliza
moléculas de DNA ramificadas (Bayer System 340 bDNA Analyser, New York, USA).
A contagem de linfócitos T CD4+ foi realizada pela citometria de fluxo, técnica que
utiliza anticorpos monoclonais e fornece a contagem absoluta pela emissão de luz (Becton
Dickinson, Immunocytometry Systems, San José, CA, USA).
Ambos os exames foram realizados pelo Laboratório Central do Hospital das Clínicas
da UFMG e foram utilizados os resultados mais próximos à realização da biópsia de colo
uterino (< 3 meses).
f. Técnica de detecção molecular do HPV
A identificação do HPV foi feita através da técnica de PCR ou Captura Híbrida II
(ZIMMERMMANN et al., 2002). As amostras sem qualidade foram excluídas e as amostras
positivas foram tipadas para os tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33 e 35, sendo que os genótipos 6 e
11 foram considerados de baixo risco e os demais foram considerados de alto risco. A
utilização de dois exames para a identificação do HPV não prejudicou o estudo, considerando
que apenas as pacientes positivas, ou seja, portadoras de HPV foram incluídas.
g. Método estatístico
As informações coletadas foram digitadas em um banco de dados desenvolvido no
Epi Info versão 6.04. Os resultados descritivos apresentados foram obtidos através da
listagem de freqüência das características das diversas variáveis e da obtenção de medidas
de tendência central (média e mediana) e medidas de dispersão (desvio-padrão).
Este estudo apresentou quatro variáveis-resposta quantitativas e foi verificado se a
distribuição das mesmas é normal ou não. No teste de Kolmogorov-Smirnov o valor-p acima
33
de 0,05 indica que a distribuição é normal. Isto foi observado na média de células de
Langerhans ao longo de 5 campos e na área da lesão utilizando-se o marcador S100. As
outras variáveis apresentaram distribuição não-gaussiana, conforme TAB.1
TABELA 1
Teste Kolmogorov-Smirnov
Variável Média de células de
Langerhans em cinco
campos
Número de células na área
da lesão
Marcador CD1a S100 CD1a S100
N 77 77 76 77
Paramêtros normais (a, b) Média 1,64 2,38 2,87 4,0
Desvio-padrão 1,46 1,83 2,90 3,2
Diferenças extremas Absolutos 0,16 ,130 ,175 ,137
Positivo 0,16 ,130 ,175 ,137
Negativo -0,13 -0,10 -0,16 -0,11
Kolmogorov-Smirnov Z 1,40 1,14 1,52 1,20
Valor-p (bi-caudal ,039 ,146 ,019 ,112
Conclusão (distribuição) NG Normal NG Normal
a- Distribuição do teste é normal; b- Obtidos a partir dos dados; NG = Não Gausiana
Uma quinta variável resposta “E-caderina” é categórica-ordinal e foi transformada em
dicotômica: presença da marcação somente no terço basal do epitélio x presença da
marcação no terço médio ou terço superior do epitélio. A comparação entre a E-caderina e as
outras variáveis categóricas foi realizada através de tabelas de contingência sendo utilizado o
do teste do qui-quadrado com correção de Yates (X
2
Yates) para comparação de proporções.
Quando uma das freqüências esperadas foi menor que cinco, utilizou-se o teste de Fisher.
A análise univariada foi feita através do software Epi Info versão 6.04. Quando foi
realizada a comparação entre as quatro variáveis-resposta quantitativas com as co-variáveis
categóricas foi utilizado um teste não paramétrico (Kruskal-Wallis) quando a distribuição não
foi simétrica ou o teste ANOVA quando a distribuição foi simétrica.
34
Na comparação das variáveis-resposta quantitativas com as co-variáveis
quantitativas (idade, menarca, carga viral do HIV, contagem de linfócitos TCD4+) foi
calculado o coeficiente de correlação de Pearson, que tem o símbolo r. Este coeficiente
fornece uma medida da força de relacionamento linear entre duas variáveis contínuas e varia
de –1 a +1 passando pelo zero.
Valores de r próximos de +1 indicam correlação positiva forte, que acontece
quando a correspondência entre os valores das variáveis é elevada e o
aumento dos valores de uma variável é acompanhado pelo aumento de outras
variáveis.
Valores de r próximos de –1 indicam correlação negativa forte onde também é
observada uma boa correspondência entre os valores das variáveis, mas
quando os valores de uma delas aumentam, os valores da outra variável
diminuem.
Valores de r próximos de zero indicam que os valores de uma variável não
apresentam correspondência com os valores de outras variáveis.
O coeficiente de determinação r2 indica que a porcentagem de variação de uma
variável pode ser explicada pela variação de outra variável (ou vice-versa). Para as quatro
variáveis-resposta quantitativas foi desenvolvido um modelo de regressão linear e para a
variável E-caderina um modelo de regressão logística. Nestes modelos foram incluídas todas
as variáveis com valor p 0,25, chamado de modelo inicial. Em seguida, as variáveis não
significativas (p>0,05) foram retiradas segundo o maior valor de p, considerando-se ainda a
significância clínica. Foi utilizado o pacote estatístico SPSS e adotado o nível de significância
estatística de 5%.
35
h. Método bibliográfico
A revisão bibliográfica foi realizada através da Medline, Lilacs e livros citados em
referências bibliográficas. Para a redação do texto foi consultado o Manual para Elaboração e
Apresentação de Dissertação e Teses do Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina
da Universidade Federal de Minas Gerais. A normalização bibliográfica foi realizada utilizando
as normas da ABNT (FRANÇA; VASCONCELLOS, 2007).
36
4.
RESULTADOS
4.1. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E CLÍNICOS DAS PACIENTES
ESTUDADAS
Das 77 pacientes estudadas, a média de idade foi de 31,0 + 8,7 anos, sendo que a
idade mínima foi de 17 anos e a idade máxima de 57 anos. Em relação à escolaridade,
verificou-se que 29 pacientes (37,7%) tinham até o ensino fundamental, 31 pacientes
(40,3%) o ensino médio e 17 pacientes (22,1%) tinham cursado o ensino superior. Não
houve nenhum caso de paciente cursando s-graduação. Identificou-se tabagismo em 16
pacientes (20,8%) e alcoolismo em duas pacientes (2,6%).
Em relação à vida sexual, 62 pacientes (80,5%) tinham vida sexual ativa e 15
pacientes (19,5%) estavam em abstinência sexual no momento. Em relação ao número de
parceiros sexuais ao longo da vida, observou-se que 65 pacientes (84,4%) tiveram de 1 a 4
parceiros sexuais, 6 pacientes (7,8%) tiveram de 5 a 9 parceiros sexuais e 6 pacientes
(7,8%) tiveram acima de nove parceiros sexuais.
Dentre os antecedentes relatados de DST, verificou-se, neste grupo: 7 pacientes
(9,1%) com histórico de infecção pelo HPV, representada pelo condiloma genital, 3 pacientes
(3,9%) com histórico de tratamento para gonorréia, 3 pacientes (3,9%) com antecedente de
sífilis, 1 paciente (1,3%) com histórico de pediculose e 3 pacientes (3,9%) relataram
antecedentes de outras DST’s, (Trichomoníase, Hepatite B); 40 pacientes (51,9%) eram
infectadas pelo HIV. Importante ressaltar que apenas 21 pacientes (27,3%) faziam uso de
condon regularmente, ou seja, em todas as suas relações sexuais.
A idade média da menarca foi de 13,0 + 1,4 anos, sendo que a idade mínima foi de
11 anos e a idade máxima de 19 anos. Entretanto, 64 pacientes (83,1%) relataram ciclo
menstrual regular e 13 (16,9%) relataram ciclo menstrual irregular.
Em relação aos motivadores da consulta em nosso serviço, verificou-se que os mais
freqüentes foram: exame de rotina (55,8%; n=43), fluxo genital (19,5%; n=15), dor pélvica
(6,5%; n=5) e outros (18,2%; n=14). Dentre outros motivos encontrou-se: prurido vulvar
37
ou vaginal, irregularidade menstrual, dor mamária, ardor vaginal e vulvar, disúria e
dispareunia.
Os dados clínicos, demográficos e comportamentais, considerando os grupos
individualmente, são apresentados com os respectivos testes utilizados e valores de p
(<0,05), conforme TAB. 2.
38
TABELA 2
Dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes estudadas de
acordo com os grupos e a comparação entre eles
Infecção pelo vírus da Imunodeficiência
humana
Variáveis
HIV+ HIV-
Valor de p
Motivo da Consulta
Exame de rotina
Fluxo genital
Dor pélvica
Outros
32,5% (n=13)
32,5% (n=13)
10,0% (n=4)
25% (n=10)
81,1% (n=30)
5,4% (n=2)
2,7% (n=1)
10,8% (n=4)
0,00026
Ciclo menstrual
regular
SIM
NÃO
72,5% (n=29)
27,5 (n=11)
94,6% (n=35)
5,4 (n=2)
0,02
Escolaridade
Nenhum + Fundamental
Médio + Superior
72,5% (n=29)
27,5 (n=11)
0% (n=0)
100% (n=37)
<0,001
Profissão
Do lar
Fora do lar + Estudante
52,5% (n=21)
47,5% (n=19)
13,5% (n=5)
86,5 (n=32)
0,0007
Vida sexual
(no momento atual)
Ativa
Inativa
67,5% (n=27)
32,5% (n=13)
94,6% (n=35)
5,4% (n=2)
0,0067
Tabagismo
Sim
Não
37,5% (n=15)
62,5% (n=25)
2,7% (n=1)
97,3% (n=36)
0,0005
Das pacientes soropositivas para o HIV, 32 (80%) faziam uso de alguma medicação
anti-retroviral em diferentes esquemas de combinação. Quando se avaliou o uso de condon
nas pacientes com vida sexual ativa, verificou-se que, atualmente, as pacientes soropositivas
39
utilizam condon com maior freqüência que as soronegativas (p=0,02; X
2
Yates= 5,56; OR=
4,31; IC=1,24-15,54).
4.2. GENOTIPAGEM
Todas as pacientes estudadas eram portadoras da infecção pelo HPV confirmado
através da biologia molecular (PCR ou pela captura híbrida II). Foram identificados 12 casos
de genótipos de baixo risco (15,6%), 51 casos de genótipos de alto risco (66,2%) e em 14
casos (18,2%) não foram identificados genótipos, apesar de o HPV ter sido detectado.
Quando comparamos os genótipos do HPV (que foram identificados) com a
presença ou ausência de infecção pelo HIV, verificamos que as freqüências de genótipos de
baixo e alto risco foram similares nos dois grupos (p=0,59; X
2
Yates = 0,29), conforme TAB.
3 e GRAF. 1.
TABELA 3
Associação entre genótipos do HPV em pacientes soropositivas e soronegativas
para o HIV
Genótipo do HPV Infecção pelo vírus da imunodeficiência
humana (HIV)
TOTAL
HIV+ HIV-
Baixo Risco 8 4 12
Alto Risco 27 24 51
TOTAL 35 28 63
p=0,59 ; X
2
Yates
=0,29; OR= 1,78 (0,41-8,6)
40
p=0,50
GRÁFICO 1. Comparação dos genótipos do HPV entre os dois grupos de pacientes
avaliadas (soropositivas e soronegativas para o HIV)
4.3. HISTOPATOLOGIA
As 77 biópsias de colo uterino diagnosticaram 51,9% (n=40) de lesão de baixo
grau, 39% (n=30) de lesão de alto grau e 9,1% (n=7) sem evidência de lesão intra-epitelial
cervical, apenas cervicite crônica.
Nas pacientes soropositivas para o HIV, das 40 biópsias realizadas encontraram-se
19 casos de lesão intra-epitelial de baixo grau (47,5%), 16 de lesão intra-epitelial de alto-
grau (40%) e 5 casos (12,5%) de cervicite crônica. Nas soronegativas, das 37 biópsias
realizadas, encontraram-se 21 casos de lesão intra-epitelial de baixo grau (56,8%), 14 casos
de lesão intra-epitelial de alto grau (37,8%) e 2 casos de cervicite crônica (5,4%).
Para a avaliação estatística, foram agrupados os casos de cervicite com lesão intra-
epitelial de baixo grau. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os tipos de
lesões encontrados nos dois grupos (p=0,96) (TAB. 4 e GRAF. 2).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Genótipo de Baixo
Risco
Genótipo de Alto
Risco
Detectado, o
genotipa do
HIV +
HIV -
41
TABELA 4
Associação entre lesão intra-epitelial cervical de alto-grau e infeção pelo HIV
Lesão intra-epitelial
cervical de alto grau
Infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana
TOTAL
HIV + HIV -
SIM 16 14 30
NÃO 24 23 47
TOTAL 40 37 77
p=0,96; X
2
=0,0; OR=1,1 (IC=0,4-3,0)
p=0,96
GRÁFICO 2. Comparação entre lesões do colo uterino diagnosticadas pela
histopatologia em pacientes soropositivas e soronegativas para o HIV
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Baixo Grau + Cervicite Alto Grau
HIV +
HIV -
42
4.4. GENÓTIPOS DO HPV E SUA ASSOCIAÇÃO COM O GRAU DAS
NEOPLASIAS INTRA-EPITELIAIS CERVICAIS
Para esta associação, excluíram-se os casos de genótipos do HPV que não foram
identificados. Os casos de cervicite crônica foram agrupados com os de lesão intra-epitelial
de baixo grau.
A associação entre genótipos detectados do HPV e lesão intra-epitelial cervical foi
considerada significativa, de forma que genótipos de baixo risco estavam associados à lesão
intra-epitelial de baixo grau (p=0,003), mas os genótipos de alto risco apresentaram
distribuição homogênea nas lesões de alto e baixo grau, conforme TAB. 5.
TABELA 5
Associação entre genótipos do HPV e lesão intra-epitelial cervical de alto-grau
Lesão intra-epitelial
cervical de alto grau
Genótipos do HPV TOTAL
Baixo Risco Alto Risco
SIM 0 22 22
NÃO 12 29 41
TOTAL 12 51 63
BR=Baixo Risco; AR=Alto Risco; p=0,003 (Fisher Exact); OR=Undefined
4.5. A CARGA VIRAL DO HIV E A CONTAGEM DE LINFÓCITOS TCD4+ E SUA
ASSOCIAÇÃO COM O GRAU DAS NEOPLASIAS CERVICAIS
Para a contagem de linfócitos TCD4+ foram obtidos 39 resultados, que uma
paciente não trouxe o resultado em tempo hábil. A média de TCD4+ foi de 306,8 + 250,8
células/mm
3
, sendo que os valores mínimo e máximo foram respectivamente de 7 cel/mm
3
e
1305 cel/mm
3
.
Selecionou-se a carga viral de 22 pacientes. As outras não foram incluídas por
estarem distantes da data da biópsia. Dos resultados obtidos, a mediana foi de 1450 cópias
43
virais, sendo os valores mínimo e máximo respectivamente de 80 cópias virais/ml e
2.600.000 cópias virais/ml.
A associação entre carga viral para o HIV e histopatologia não foi considerada
significativa (p= 0,92; Kruskal Wallis= 0,2), nem a associação entre contagem de linfócitos
TCD4+ e histopatologia (p=0,19; Kruskal Wallis= 3,3).
4.6. IMUNO-HISTOQUÍMICA
4.6.1. A CONTAGEM DAS CÉLULAS DE LANGERHANS AO LONGO DO
EPITÉLIO CERVICAL (CINCO CAMPOS CONSECUTIVOS)
A contagem média de células de Langerhans incluindo todas as pacientes (n=77)
foi de 1,64 + 1,45 células/campo considerando o marcador CD1a e para o marcador S100 foi
de 2,38 + 1,83 células/campo.
Nas pacientes soropositivas para o HIV, a média de células/campo marcadas pelo
CD1a foi de 0,80 + 0,7 células e pelo S100 a média de células/campo foi de 1,3 + 1,0
células. Nas pacientes soronegativas para o HIV, a média de células/campo marcadas pelo
CD1a foi de 2,6 + 1,6 células e pelo S100 foi de 3,6 + 1,7 células. A comparação entre os
dois grupos mostrou que as pacientes soropositivas apresentam menor quantidade de células
de Langerhans na mucosa cervical, quando comparadas com as soronegativas,
independentemente do marcador utilizado, seja CD1a (p=0,000000; Kruskal Wallis=26,66)
ou S100 (p=0,000000; Kruskal Wallis=31,56), conforme descrito na TAB. 6. A FIG. 4 e a
FIG. 5 mostram a contagem de células de Langerhans em pacientes soropositivas e
soronegativas para o HIV.
44
TABELA 6
Comparação entre a contagem de células de Langerhans em pacientes soropositivas e soronegativas para o HIV ao longo do epitélio
cervical
Contagem de células de Langerhans nos campos ópticos Marcadores
HIV CM C1 C2 C3 C4 C5
Langerhans/CD1a negativa
2,6 + 1,6 3,1 + 2,1 2,7 + 1,8 2,1 + 1,7
2,4+ 2,3 2,2 + 1,8
Langerhans/CD1a positiva
0,8 + 0,7 0,9 + 1,2 0,9 + 1,1 0,9 + 0,9
0,6+0,9 0,8+1,1
P 0,000000 0,000001 0,000003 0,002 0,0002 0,001
Langerhans/S100 negativa
3,6 + 1,7 4,5 + 2,8 3,6 + 2,1 3,5 + 2,3
3,4 + 2,4 3,0 + 1,8
Langerhans/S100 positiva
1,3 + 1,0 1,2 + 1,5 1,7 + 2,0 1,2 + 1,4
1,2 + 1,4 1,2+ 1,5
p 0,000000 0,000000 0,0002 0,000002 0,0002 0,000062
n=77 pacientes - C= campo óptico / CM = contagem média - Teste= Kruskal Wallis (equivalent to Chi Square)
45
FIGURA 4. Marcação de lulas de Langerhans com CD1a (A, C, E) e S100 (B, D, F), fotografadas em
aumento de 400x. Observa-se numerosas células de Langerhans em ambas as marcações,
característica das pacientes soronegativas para o HIV.
A
C
B
D
E
F
46
FiGURA 5. Marcação de células de Langerhans com CD1a (A, C, E) e S100 (B, D, F) fotografadas em
aumento de 400x. Observa-se poucas células de Langerhans em ambas as marcações, característica das
pacientes soropositivas para o HIV.
A
C
B
D
E
F
47
A fim de verificar outros fatores responsáveis pela redução do número de células de
Langerhans no epitélio cervical, além da infecção pelo HIV, os dados clínicos, demográficos e
comportamentais foram associados à contagem média das células de Langerhans marcadas
por CD1a e S100.
As análises univariadas realizadas verificaram que a contagem de células de
Langerhans, considerando o marcador CD1a, foi menor nas pacientes soropositivas para o
HIV, com menor escolaridade, etilistas e usuárias de anti-retrovirais e contraceptivo
(p<0,05). A fim de analisar a independência destas variáveis na redução da contagem de
células de Langerhans foi desenvolvido um modelo de regressão linear onde foram incluídas
todas as variáveis com valor p 0,25, descritas na TAB. 7, chamado de modelo inicial. Em
seguida, as variáveis não significativas (descritas na TAB. 7a e TAB. 7b, em anexos) foram
retiradas segundo o maior valor de p considerando-se ainda a significância clínica. A ordem
de retirada das variáveis pode ser observada na TAB. 7c (anexos). A única variável com
significância estatística foi a presença do HIV, sendo que as mulheres HIV soropositivas
apresentam em média 1,76 menos células marcadas com CD1a que as mulheres HIV
soronegativas. O modelo final pode ser observado na TAB. 8.
48
TABELA 7
Contagem das células de Langerhans ao longo do epitélio considerando o marcador
CD1a e sua associação com os dados clínicos, demográficos e comportamentais das
pacientes estudadas.
Variáveis Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana
HIV +
HIV –
Média Dp Mínimo Máximo p
Escolaridade
Nenhum + Fundamental
29 0 0,8 0,7 0,0 2,0
<0,001
Médio + Superior
11 37 2,1 1,6 0,0 6,0
Profissão
Fora do lar 21 5 1,1 1,2 0,0 4,2 0,01
Do lar 18 25 1,7 1,9 0,0 5,0
Estudante 1 7 3,1 1,9 0,6 6,0
Vida sexual
Ativa 27 35 1,8 1,5 0,0 6,0 0,21
Inativa 13 2 1,2 1,1 0,0 6,0
Preservativo
Sim 14 7 1,5 1,6 0,0 6,0 0,23
Não 26 30 1,7 1,4 0,0 5,0
Tabagismo
Sim 15 1 1,0 0,7 0,0 2,4 0,07
Não 25 36 1,8 1,6 0,0 6,0
Etilismo doença
Sim 2 0 0,2 0,0 0,2 0,2 <0,001
Não 38 37 1,7 1,5 0,0 6,0
Ciclo menstrual regular
Sim 29 35 1,8 1,5 0,0 4,2 0,06
Não 11 2 1,1 1,2 0,0 4,2
Anti-retrovirais
Sim 32 0 0,8 0,7 0,0 2,4 <0,001
Não 8 0 2,2 1,6 0,0 6,0
Contraceptivo
Nenhum 32 13 1,3 1,4 0,0 6,0 0,03
Hormonal 5 18 2,1 1,4 0,0 5,0
Outros 3 6 1,1 0,8 0,4 2,2
Motivo
Exame de rotina 13 30 2,0 1,6 0,0 6,0 0,08
Fluxo genital 13 2 0,9 0,8 0,0 2,4
Dor pélvica 4 1 1,2 0,6 0,6 2,0
Outros 10 4 1,5 1,5 0,0 4,2
Teste estatístico: Kruskal Wallis
49
TABELA 8
Modelo final de regressão linear para número médio de células de Langerhans
marcadas com CD1a.
IC95%
Beta Erro-padrão Valor-p Inferior
Superior
Constante 2,55 0,19 <0,001 2,17 2,94
HIV -1,76 0,27 <0,001 -2,29 -1,23
Os dados demográficos, clínicos e comportamentais das pacientes estudadas foram
também comparados com a contagem de células de Langerhans ao longo do epitélio
marcadas com S100. As análises univariadas realizadas para o marcador S100 determinaram
associação com a infecção pelo HIV, com a baixa escolaridade, vida sexual, tabagismo, uso
de anti-retroviral e motivo da consulta. A fim de analisar a independência destas variáveis na
redução da contagem de células de Langerhans, foi desenvolvido um modelo de regressão
linear onde foram incluídas todas as variáveis com valor p 0,25, chamado modelo inicial
(TAB. 9). Em seguida, as variáveis não significativas (descritas na TAB. 9a e TAB. 9b, em
anexos) foram retiradas segundo o maior valor de p considerando-se ainda a significância
clínica. A ordem de retirada das variáveis pode ser observada na TAB. 9c (anexos). A única
variável com significância estatística foi a presença do HIV, sendo que as mulheres HIV
positivas apresentam em média 2,3 células a menos que as mulheres HIV negativas, quando
marcadas por S100 (TAB. 10).
50
TABELA 9
Contagem das células de Langerhans ao longo do epitélio considerando o marcador
S100 e sua associação com os dados clínicos, demográficos e comportamentais das
pacientes estudadas.
HIV + HIV - Média Dp Mínimo Máximo Valor-p
Escolaridade
Nenhum +Fundamental 29 0 1,8 0,9 0,0 3,8 <0,001
Médio + Superior 11 37 3,1 1,9 0,0 7,5
Profissão
Fora do lar 21 5 1,9 1,5 0,2 7,0 0,04
Do lar 18 25 2,4 1,8 0,0 6,0
Estudante 1 7 3,8 2,3 0,0 7,5
Vida sexual
Ativa 27 35 2,6 1,9 0,0 7,5 0,04
Inativa 13 2 1,5 1,5 0,2 4,8
Ciclo menstrual
regular
Sim 29 35 2,6 1,9 0,0 7,5 0,06
Não 11 2 1,4 1,4 0,0 4,0
Anti-retrovirais
Sim 32 0 1,3 1,1 0,0 4,0 <0,001
Não 8 0 3,2 1,9 0,4 7,5
Tabagismo
Sim 15 1 1,4 1,0 0,6 4,0 0,02
Não 25 36 2,6 1,9 0,0 7,5
Etilismo doença
Sim 2 0 0,7 0,1 0,6 0,8 0,19
Não 38 37 2,4 1,8 0,0 7,5
Estado civil
Solteira 16 22 2,7 2,0 0,2 7,5 0,25
Casada + união estável 16 10 2,3 1,8 0,0 6,0
Outras 8 5 1,8 1,3 0,0 3,8
DST prévia
Sim 12 5 1,8 2,0 0,0 7,0 0,17
Não 28 32 2,5 1,8 0,0 7,5
Contraceptivo
Nenhum 32 13 2,1 2,0 0,0 7,5 0,16
Hormonal 5 18 3,0 1,5 0,6 5,6
Outros 3 6 2,0 0,4 1,6 2,6
Motivo
Exame de rotina 13 30 3,0 2,0 0,3 7,5 0,02
Fluxo genital 13 2 1,3 1,1 0,0 3,8
Dor pélvica 4 1 2,2 1,3 0,8 4,0
Outros 10 4 2,0 2,0 0,0 6,0
Teste estatístico: ANOVA
51
TABELA 10
Modelo de regressão linear final para número médio de células de Langerhans
usando marcador S100
IC95%
Beta Erro-padrão Valor-p Inferior Superior
Constante 3,59 0,23 <0,001 3,13 4,06
HIV -2,33 0,32 <0,001 -2,97 -1,70
52
4.6.2. A CONTAGEM DE CÉLULAS DE LANGERHANS NA ÁREA DA LESÃO
HISTOPATOLÓGICA
A contagem de células de Langerhans na área da lesão histopatológica foi realizada
em 77 lâminas, entretanto, em um caso, considerando o marcador CD1a, não se obteve na
lâmina a área da lesão identificada à histopatologia. Por isso, para o CD1a foram analisadas
76 lâminas e para o S100 foram 77 lâminas.
No grupo soronegativo para o HIV identificou-se média de 4,6 + 2,9 células/lesão
marcadas pelo CD1a, sendo o valor mínimo de 0 célula/lesão e o valor máximo de 13
células/lesão. Por outro lado, no grupo soropositivo para o HIV, verificou-se contagem média
de 1,2 + 1,8 células/lesão, marcadas pelo CD1a, sendo o valor mínimo de 0 célula/lesão e o
valor máximo de 7 células/lesão. A comparação dos grupos mostrou p=0,000000 (Kruskal
Wallis= 30,7), evidenciando que as pacientes soropositivas apresentam menor contagem de
células de Langerhans na área da lesão histopatológica.
No grupo soronegativo para o HIV identificou-se média de 5,7 + 3,2 células/lesão,
marcadas pelo S100, sendo o valor mínimo de 0 célula por lesão e o valor máximo de 12
células/lesão. Por outro lado, no grupo soropositivo para o HIV, verificou-se contagem média
de 2,4 + 2,3 células/lesão, marcadas pelo S100, sendo o valor mínimo de 0 célula/lesão e o
valor máximo de 7 células/lesão. A comparação dos grupos mostrou que as pacientes
soropositivas apresentam menor contagem de células de Langerhans na área da lesão
histopatológica (p=0,000001; F statistic= 28,1), conforme TAB. 11.
A TAB. 12 apresenta a contagem de células de Langerhans na área da lesão
histopatológica e ao longo do epitélio.
53
TABELA 11
Contagem de células de Langerhans na área da lesão histopatológica em pacientes soropositivas e soronegativas para o HIV
Marcadores Pacientes Contagem média na área da lesão
histopatológica
p
Langerhans/CD1a HIV + 1,2 + 1,8
Langerhans/CD1a HIV - 4,6 +2,9
p=0,000000
Kruskal Wallis= 30,7
Langerhans/S100 HIV + 2,4 + 2,3
Langerhans/S100 HIV - 5,7 + 3,2
p=0,000001
F statistic=28,1 (ANOVA)
54
TABELA 12
Contagem de células de Langerhans na área da lesão histopatológica e ao longo do epitélio em pacientes soropositivas e
soronegativas para o HIV
Marcadores Pacientes Média de Células de
Langerhans no epitélio
Média de Células de
Langerhans na área da
lesão
Regressão linear
r; (IC)
Langerhans CD1a HIV + 0,8 + 0,7 1,2 + 1,8
Langerhans CD1a HIV - 2,6 + 1,6 4,6 +2,9
r= 0,71; (IC= 0,31-0,65)
Langerhans S100 HIV + 1,3 + 1,0 2,4 + 2,3
Langerhans S100 HIV - 3,6 + 1,7 5,7 + 3,2
r=0,66; (IC= 0,23-0,60)
r= coeficiente de correlação; IC= intervalo de confiança
55
Conforme tabela anterior, quando a contagem de células de Langerhans na área da
lesão foi associada à contagem média de células de Langerhans ao longo do epitélio,
representadas pelos marcadores S100 e CD1a, verificou-se que a contagem na área da lesão
aumenta de forma diretamente proporcional ao aumento da quantidade de células de
Langerhans ao longo do epitélio.
A fim de verificar outros fatores responsáveis pela redução do número de células de
Langerhans na área da lesão histopatológica, os dados clínicos, demográficos e
comportamentais das pacientes estudadas foram associados à contagem de células de
Langerhans, considerando o marcador CD1a e S100 na área da lesão histopatológica. Para
analisar a independência destas variáveis foi desenvolvido um modelo de regressão linear
onde foram incluídas todas as variáveis com valor p 0,25, descritas na TAB. 13, chamado
de modelo inicial. Em seguida, as variáveis não significativas (descritas na TAB. 13a e TAB.
13b, em anexos) foram retiradas segundo o maior valor de p, considerando-se ainda a
significância clínica. A ordem de retirada das variáveis pode ser observada na TAB. 13c
(anexos).
A única variável com significância estatística foi a presença de HIV. Na TAB. 14
podemos observar que, em média, as mulheres apresentaram 6,38 lulas na área da lesão.
As mulheres HIV positivas apresentaram, em média, 3,4 células a menos quando marcadas
por CD1a.
56
TABELA 13
Contagem de células de Langerhans na área da lesão histopatológica, considerando
o marcador CD1a, e sua associação com os dados clínicos, demográficos e
comportamentais das pacientes estudadas.
Dados das pacientes Contagem de células de Langerhans na área da
lesão histopatológica
HIV + HIV - Média Dp Mínimo
Máximo
p
Escolaridade
Nenhum + Fundamental 27 0 1,3 1,9 0,0 7,0 <0,001
Médio + Superior 12 37 3,8 3,0 0,0 13,0
Profissão
Fora do lar 20 5 1,9 2,2 0,0 7,0 0,07
Do lar 18 25 2,8 2,5 0,0 8,0
Estudante 1 7 6,4 4,5 0,0 13,0
Vida sexual
Ativa 26 35 3,2 3,0 0,0 13,0 0,11
Inativa 13 2 1,7 2,0 0,0 7,0
Condon
Sim 13 7 2,5 3,4 0,0 10,0 0,22
Não 26 30 3,0 2,7 0,0 13,0
Tabagismo
Sim 14 1 1,6 1,7 0,0 5,0 0,08
Não 25 36 3,2 3,1 0,0 13,0
Etilismo doença
Sim 2 0 0,5 0,7 0,0 1,0 0,19
Não 37 37 2,9 2,9 0,0 13,0
Ciclo menstrual regular
Sim 28 35 3,2 2,9 0,0 13,0 0,01
Não 11 2 1,4 2,3 0,0 8,0
Anti-retrovirais
Sim 31 0 1,4 1,9 0,0 7,0 <0,001
Não 8 37 3,9 3,1 0,0 13,0
Contraceptivo
Nenhum 31 11 2,4 2,8 0,0 10,0 0,09
Hormonal 5 18 3,4 2,3 0,0 8,0
Outros 3 8 1,3 1,5 0,0 3,0
Motivo
Exame de rotina 13 30 3,8 3,2 0,0 13,0 0,02
Fluxo genital 13 2 1,3 1,8 0,0 5,0
Dor pélvica 4 1 2,0 1,0 1,0 3,0
Outros 10 4 1,9 2,2 0,0 6,0
Teste estatístico: Kruskal Wallis - N=76
57
TABELA 14
Modelo final de regressão linear para número médio de células de Langerhans na
área da lesão histopatológica marcadas com CD1a.
IC95%
Beta Erro-padrão Valor-p Inferior
Superior
Constante 6,375 0,765 <0,001 4,85 7,90
HIV -3,35 0,522 <0,001 -4,39 -2,31
Para o marcador S100, foram também comparados os dados clínicos,
comportamentais e demográficos com a contagem de células de Langerhans na área da
lesão histopatológica e descritos na TAB. 15. Foi também desenvolvido um modelo de
regressão linear onde foram incluídas todas as variáveis com valor p 0,25, chamado de
modelo inicial. Em seguida, as variáveis não significativas (p>0,25) foram retiradas segundo
o maior valor de p, considerando-se ainda a significância clínica (TAB. 15a e TAB. 15b, em
anexos). A ordem de retirada das variáveis pode ser observada na TAB. 15c, em anexos.
A variável com significância estatística foi a presença da infecção pelo HIV. Na TAB.
16 podemos observar que, em média, as mulheres apresentaram 7,47 células na área da
lesão marcadas com S100, entretanto, as mulheres HIV positivas apresentaram em média
3,4 células a menos.
58
TABELA 15
Contagem de células de Langerhans na área da lesão histopatológica, considerando
o marcador S100, e sua associação com os dados clínicos, demográficos e
comportamentais das pacientes estudadas.
Dados das pacientes Contagem das células de Langerhans na área da lesão
histopatológica
HIV + HIV - dia Dp Mínimo Máximo p
Escolaridade
Fundamental 29 0 2,2 2,3 0,0 7,0 <0,001
Médio + Superior 11 37 5,0 3,2 0,0 12,0
Profissão
Fora do lar 21 5 3,5 2,6 0,0 8,0 0,03
Do lar 18 25 3,8 3,3 0,0 10,0
Estudante 1 7 6,8 3,6 0,0 12,0
Vida sexual
Ativa 27 35 4,3 3,3 0,0 12,0 0,10
Inativa 13 2 2,8 2,6 0,0 7,0
Tabagismo
Sim 15 1 3,1 2,7 0,0 7,0 0,22
Não 25 36 4,2 3,3 0,0 12,0
Etilismo doença
Sim 2 0 0,5 0,7 0,0 1,0 0,12
Não 38 37 4,1 3,2 0,0 12,0
DST prévia
Sim 12 5 3,0 2,7 0,0 8,0 0,15
Não 28 32 4,3 3,3 0,0 12,0
Ciclo menstrual regular
Sim 29 35 4,3 3,3 0,0 12,0 0,07
Não 11 2 2,6 2,4 0,0 7,0
Anti-retrovirais
Sim 32 0 2,3 2,4 0,0 7,0 <0,001
Não 8 37 5,2 3,2 0,0 12,0
Contraceptivo
Nenhum 32 11 3,4 3,2 0,0 12,0 0,11
Hormonal 5 18 5,1 3,4 0,0 10,0
Outros 3 8 3,3 0,5 3,0 4,0
Motivo
Exame de rotina 13 30 4,8 3,2 0,0 12,0 0,06
Fluxo genital 13 2 2,7 2,9 0,0 10,0
Dor pélvica 4 1 4,8 2,4 4,0 7,0
Outros 10 4 2,8 3,2 0,0 10,0
Teste estatístico: ANOVA
59
TABELA 16
Modelo de regressão linear final para número médio de células de Langerhans na
área da lesão histopatológica marcadas por S 100.
IC95%
Beta Erro-padrão Valor-p Inferior
Superior
Constante 7,47 0,87 <0,001 5,73 9,21
HIV -3,36 0,61 <0,001 -4,58 -2,14
4.6.3. A CONTAGEM DE CÉLULAS DE LANGERHANS E SUA ASSOCIAÇÃO COM
A CARGA VIRAL PARA O HIV E CONTAGEM DE LINFÓCITOS TCD4+ EM
PACIENTES SOROPOSITIVAS PARA O HIV.
A contagem de células de Langerhans foi avaliada à carga viral para o HIV e à
contagem de linfócitos TCD4+, mas não houve associação estatística, considerando os dois
marcadores CD1a e S100 (p>0,05), conforme TAB. 17.
TABELA 17
Associação entre contagem de células de Langerhans, linfócitos TCD4+ e a carga
viral do HIV.
Langerhans ao longo do
epitélio
Valor de p
Langerhans na área da lesão
Valor de p
Marcador CD1a S100 CD1a S100
LCD4 0,18 0,38 0,62 0,93
LCarga viral 0,52 0,14 0,17 0,21
L= escala logarítmica
60
4.7. E-CADERINA
No grupo de pacientes soronegativas para o HIV, foram obtidas 37 lâminas dos 37
blocos para a marcação por E-caderina. Entretanto, 10 lâminas foram descartadas por
apresentarem artefatos, descolamento e inclinação ao corte tangencial que impediam a
avaliação adequada do material. Das 27 lâminas analisadas, verificou-se 59,3% (n=16), com
expressão em até 1/3 do epitélio, 11,1% (n= 3) com expressão em até 2/3 do epitélio e
29,6% (n=8) com expressão em até 3/3 do epitélio, ou seja, em toda a espessura do
epitélio.
No grupo de pacientes soropositivas para o HIV, foram realizadas 40 lâminas dos
40 blocos para a marcação pela E-caderina. Entretanto, 3 lâminas foram descartadas por
apresentarem artefatos, descolamento ao corte tangencial e inclinação que impediam a
avaliação adequada dos cortes. Das 37 lâminas analisadas, verificou-se 45,9% (n=17) com
expressão em até 1/3 do epitélio, 13,5% (n=5) com expressão até 2/3 do epitélio e 40,5%
(n=15) em até 3/3 do epitélio, ou seja, em toda a espessura do epitélio. A expressão da E-
caderina não foi diferente nos dois grupos (p=0,57), conforme TAB. 18. As FIG. 6, FIG. 7 e
FIG. 8 ilustram a marcação da E-caderina no epitélio cervical.
TABELA 18
Expressão da E-caderina no epitélio cervical em pacientes soropositivas e
soronegativas para o HIV
Portadora do HIV Total E-caderina
SIM (+) NÃO (-)
1/3 17 16 33
2/3 5 3 8
3/3 15 8 23
Total 37 27 64
p=0,57; X
2
=1,13
61
Embora não se tenha observado diferença na expressão da E-caderina nos dois
grupos (HIV soropositiva e HIV soronegativa), observou-se diferença em relação ao tipo de
lesão. No epitélio escamoso normal e nas lesões de baixo grau a expressão da E-caderina
ocorreu no terço basal do epitélio. A expressão da E-caderina ocorreu em 2/3 de toda a
espessura do epitélio nas lesões de alto-grau. (p=0,0000001; X
2
=36,6), conforme TAB. 19.
TABELA 19
Associação entre expressão da E-caderina e lesão intra-epitelial cervical de alto
grau.
Lesão Intra-epitelial Cervical de Alto
Grau
E- caderina
SIM (+) NÃO (-)
Total
1/3 2 31 33
2/3 6 2 8
3/3 19 4 23
Total 27 37 64
p = 0,0000001 ; X
2
= 36,6
Considerando que a marcação com E-caderina acompanha a gravidade
histopatológica, optamos por agrupar as marcações da E-caderina, conforme TAB. 20.
TABELA 20
Associação entre expressão da E-caderina (após grupamento) e lesão intra-epitelial
cervical de alto-grau.
Lesão Intra-epitelial Cervical de Alto Grau
E- caderina
SIM (+) NÃO (-)
Total
2/3 e 3/3 25 6 31
1/3 2 31 33
Total 27 37 64
p <0,0001 ; X
2
= 33,5; OR=64,6 (IC=10,3_538,4)
62
FIGURA 6. Expressão da E-caderina no epitélio cervical normal e alterado: Identificação
do epitélio escamoso normal com HE (A) e expressão da E-caderina no epitélio escamoso
normal (B). Identificação do epitélio glandular com HE (C) e expressão da E-caderina no
epitélio glandular normal (D). Identificação de lesão intra-epitelial cervical de alto-grau
no HE (E) e expressão da E-caderina nas lesões de alto-grau (F).
D
B
A
C
D
F
E
63
FIGURA 7. Expressão da E-caderina na membrana da célula epitelial em 1/3 do epitélio (A-
100x; B-400x), em 2/3 do epitélio (C-100x; D-400x) e em toda a espessura do epitélio (E-
400x).
B
A
C
D
E
64
FIGURA 8. Expressão da E-caderina na membrana da célula epitelial (B, D, F) e
comparação com o corte corado com HE (A, C, E). Em todos os casos identificou-se
lesão intra-epitelial de alto-grau (HE) e marcação da E-caderina em toda a
espessura do epitélio. Observa-se em (D) expressão da E-caderina também no
citoplasma da célula.
B
A
C
D
E
F
65
Os dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes estudadas foram
comparados com a expressão da E-caderina na membrana da célula epitelial e os resultados
com p < 0,25 foram apresentados na TAB. 21. Para isso, foi desenvolvido um modelo de
regressão logística onde foram incluídas todas as variáveis com valor p 0,25, chamado de
modelo inicial. Em seguida as variáveis não significativas (TAB. 21a e TAB. 21b, em anexos)
foram retiradas segundo o maior valor de p, considerando-se ainda a significância clínica. A
ordem de retirada das variáveis pode ser observada na TAB. 21c. O modelo final encontra-se
descrito na TAB. 22.
TABELA 21
Comparação dos dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes
estudadas com a marcação das células epiteliais cervicais com E-caderina
Marcação pela E-caderina
3/3 + 2/3 1/3 p OR IC
N % N %
Profissão
Fora do lar 8 25,8 15 45,5 0,19
Do lar 20 64,5 14 42,4
Estudante 3 9,7 4 12,1
Histopatologia
Alto Grau
Sim 25 80,6% 2 6,1% <0,001 64,6
10,3-538,4
Não 6 19,4% 31 93,9%
Preservativo
Sim 11 35,5 6 18,2 0,20 2,48
0,68 a 9,28
Não 20 64,5 27 81,8
TABELA 22
Modelo de regressão logística final para marcação com E-caderina
Valor-p OR IC95%
Não usar preservativo 0,05 6,97 1,0 a 47,6
Histopatologia de alto grau <0,001 143,6 14,2 a 1454,6
66
DISCUSSÃO
Os dados epidemiológicos das pacientes estudadas demonstram que em relação à
escolaridade, as pacientes HIV positivas eram as que tinham menor escolaridade. Esses
resultados são compatíveis com os citados na literatura sobre a infecção pelo HIV, já que no
Brasil são as pessoas mais carentes economicamente as que são também desprovidas de
educação formal, talvez pela dificuldade de acesso ao ensino público e gratuito. Neste
contexto, alguns autores relatam que nos últimos dez anos, a epidemia da AIDS no Brasil
vem se caracterizando pela pauperização, feminização e interiorização. Com isso, um
direcionamento da doença no país, com expansão do HIV/AIDS em municípios de pequeno
porte, no interior dos estados, em regiões que se caracterizam pela pobreza e escassez de
recursos e nosso serviço é referência na cidade e região para o atendimento destas
pacientes. Outros estudos também observaram que a epidemia de AIDS no Brasil se iniciou
nos estratos de maior escolaridade, mas, hoje, se distribui naqueles de menor escolaridade,
principalmente no sexo feminino, por meio de exposição heterossexual e uso de drogas
injetáveis (FONSECA et al., 2002; GUIMARÃES et al., 2007).
Em relação ao comportamento sexual, o uso de condon, número de parceiros
sexuais e antecedentes de DST não foram diferentes nos dois grupos, fato esperado
considerando que todas as pacientes contraíram pelo menos uma DST, que todas eram
portadoras do vírus HPV. Entretanto, estes resultados são preocupantes considerando que a
utilização de preservativo ainda não é uma prática rotineira, que 81,1% no grupo de
pacientes soronegativas para o HIV não utilizavam condon em suas relações sexuais.
Acreditamos que a visão equivocada do “sexo-seguro” seja um dos principais motivadores
para a não utilização de preservativo. Outros estudos também demonstraram baixa
utilização de condon na população feminina, com prática sexual desprotegida em até 77%,
principalmente para as casadas e com parceiros fixos por acreditarem que praticam sexo
seguro. Além disso, o uso de preservativo esteve atrelado ao tempo de relacionamento e ao
envolvimento emocional e, deste modo, a negociação do preservativo com os parceiros é
uma situação ainda difícil para as mulheres (TRINDADE; SCHIAVO, 2001). Com isso, relata-
se que nos relacionamentos heterossexuais, as mulheres, em sua maioria, tendem a manter
67
relações sexuais exclusivas com seus parceiros, embora a recíproca nem sempre seja
verdadeira. Chama a atenção o perigo dessa forma de se ver no relacionamento com o
parceiro, pois, por acreditar em sua exclusividade como parceira sexual, não o percebem
como risco para a infecção pelo HIV (PRAÇA; LATORRE, 2003). Entretanto, quando se
selecionou apenas as pacientes com vida sexual ativa, verificou-se que a utilização de
condon foi mais freqüente nas pacientes soropositivas para o HIV, o que sugere uma
mudança no comportamento sexual dessas pacientes após a aquisição da infecção pelo HIV.
O mesmo aconteceu em relação à abstinência sexual no momento, que foi maior no grupo
soropositivo. Entretanto, ainda se verifica que hoje existem mulheres desempenhando
comportamento sexual inseguro, o que poderá determinar futura infecção pelo HIV (GIR et
al., 2004).
O tabagismo foi mais freqüente no grupo soropositivo para o HIV, o que é
compatível com os dados citados na literatura em relação ao comportamento dessas
pacientes associado ao uso de drogas e tabagismo. Não houve diferença em relação ao
alcoolismo nos dois grupos. A irregularidade do ciclo menstrual foi mais comum no grupo
soropositivo para o HIV e acredita-se que possa estar associada ao uso da medicação anti-
retroviral (MELO et al., 2003; ZIMMERMMANN, 2002b; ZIMMERMMANN et al., 2006).
Em relação aos motivadores das consultas em nosso serviço, verificou-se que as
doenças ginecológicas foram mais freqüentes nas pacientes soropositivas para o HIV e, deste
modo, foram os motivadores dessas consultas. Tais resultados são compatíveis com os
citados em outros trabalhos, que verificaram que o principal motivo para uma mulher
infectada procurar assistência médica parece ser o desenvolvimento de infecção
ginecológica. Além disso, a candidíase recorrente, infecção genital crônica pelo vírus do
herpes simples, sífilis e doença inflamatória pélvica com incidência elevada de abscesso
tubo-ovariano podem ser manifestações iniciais de mulheres HIV soropositivas, que
justificam a pesquisa do vírus naquelas com status sorológico desconhecido (MELO et al.,
2003; SPINILLO et al., 2006; ZEGER; HOLT, 2003). Outro estudo, realizado a fim de verificar
a freqüência de infecções genitais em mulheres com HIV, constatou em 33 (73,3%) casos a
presença de microrganismos sugerindo infecção genital, com freqüência maior de Candida
68
em 17 casos (37,7%), seguido por Gardnerella vaginalis e Ureaplasma Urealyticum com 13
casos (28,8%) (HENRIQUES et al., 2007).
Em relação ao genótipo do HPV e o grau da lesão histopatológica, identificou-se que
o HPV de baixo risco esteve associado à lesão de baixo grau. Por outro lado, os genótipos de
alto risco encontram-se em qualquer tipo de lesão intra-epitelial cervical, fato comparável ao
citado na literatura médica (ARAÚJO et al., 2005; CAMPOS et al., 2005; ZIMMERMMANN,
2002 a, b).
Quando se avaliou a contagem de células de Langerhans nos dois grupos, verificou-
se que as pacientes soronegativas apresentaram ao longo do epitélio uma quantidade maior
dessas células quando comparadas com o grupo soropositivo. Estes resultados foram
evidenciados nas duas marcações realizadas (S100 e CD1a), sendo comparável a outros
estudos da literatura médica. Estudo realizado na Universidade de Pávia (Itália) verificou que
a contagem de células de Langerhans realizada por meio do marcador S100 era menor no
grupo soropositivo para o HIV (SPINILLO et al., 1993). Outro estudo verificou que a
contagem dia de células de Langerhans em pacientes soropositivas para o HIV com carga
viral detectável foi de 4 células por campo e nas pacientes com carga viral indetectável para
o HIV, a contagem de células de Langerhans foi de 1,9 células/campo, o que evidencia que a
infecção pelo HIV é um fator determinante na redução das células de Langerhans (LEVI et
al., 2005). Pesquisa recente realizada na vulva de pacientes soropositivas para o HIV
verificou que a contagem média de células de Langerhans identificada através do marcador
S100 foi de 5,82 no grupo soropositivo e de 9,86 no grupo soronegativo (p=0,0026) (TAUBE
et al., 2007). Esta redução poderia explicar a maior freqüência de neoplasia cervical nas
pacientes soropositivas para o HIV, já que se acredita que estas células migrem de área sem
neoplasia para área com neoplasia a fim de tentar controlá-la. Deste modo, a menor
quantidade destas células poderia não apenas determinar a neoplasia, mas até mesmo
permitir a sua progressão (CAMPANER et al., 2007).
Sikorski et al. (2005) relatam que a regressão da neoplasia cervical encontra-se
associada ao incremento da contagem das células de Langerhans. Em nosso estudo, a
quantidade de células de Langerhans existente na lesão foi diretamente proporcional à
quantidade dessas células ao longo do epitélio. Quanto maior quantidade de células de
69
Langerhans ao longo do epitélio, maior a quantidade de células que podem migrar para a
área da lesão. O esgotamento imunológico local determinaria a progressão das lesões
(CAMPANER et al., 2007; HAYATI; ZULKARNAEN, 2007; SIKORSKI et al., 2005). Deste
modo, quando comparamos a contagem de células de Langerhans marcadas por CD1a e
S100 nos dois grupos, a menor contagem no grupo soropositivo é inequívoca e compatível
com a literatura (WALKER et al., 2005).
Em nosso estudo, verificou-se que a contagem das células de Langerhans marcadas
por S100 foi maior que as marcadas pelo CD1a. Isto pode ser explicado considerando-se que
o anticorpo CD1a é um anticorpo monoclonal e identifica as células de Langerhans em seu
estágio inicial de maturação. Entretanto, quando a célula de Langerhans se transforma em
célula madura, ela passa a expressar em sua superfície o marcador CD83. Deste modo, o
CD1a marcaria apenas estas lulas em seu estágio de maturação inicial, enquanto que o
S100, anticorpo policlonal, marcaria toda e qualquer célula de Langerhans, determinando a
diferença quantitativa nestas duas contagens (HAYATI; ZULKARNAEN, 2007).
O HIV foi o único fator responsável pela redução das células de Langerhans no colo
uterino das pacientes estudadas, não havendo outro fator colaborador para esta redução.,
neste estudo. Entretanto, outros trabalhos verificaram que os HPV’s de alto risco inibem a
resposta imunológica local, já que suprimem a migração de células de Langerhans imaturas
para o local da neoplasia, facilitando a proliferação e perpetuação do HPV do trato genital
inferior (ARANY et al., 1998; GUESS; McCANCE, 2005; HERMAN et al., 2007). Entretanto, na
vigência de co-infecção com o HIV, este seria responsável pela redução da contagem destas
células, independente da presença do HPV (JIMENEZ FLORES et al., 2006; POPPE et al.,
1998). Estudo realizado por Sobhani et al. (2002) em mucosa anal corrobora com esta
observação, que verificou que o HIV foi o único fator de risco para a diminuição no
número de células de Langerhans (p<0,001), variando inclusive com a carga viral (p<0,03),
mas não com a contagem de linfócitos TCD4+. Com isso, acredita-se que o HPV aumente a
contagem de células de Langerhans na mucosa anal de pacientes soronegativas para o HIV,
mas, nas soropositivas, o HIV altera esse mecanismo, aumentando o risco de câncer anal.
Outra associação citada na literatura é o grau da lesão histopatológica e a
contagem de células de Langerhans. Pacientes com lesão intra-epitelial de alto grau teriam
menor número de células de Langerhans, quando comparadas com as pacientes com lesão
70
intra-epitelial de baixo grau (SPINILLO et al., 1993). Neste estudo, verificamos menor
contagem de células de Langerhans nas neoplasias intra-epiteliais de alto grau, porém sem
significância estatística. A utilização da medicação anti-retroviral por 80% das pacientes
soropositivas pode ter interferido no número de lulas de Langerhans presente nas lesões,
mas não temos como avaliar o tempo de uso da medicação anti-retroviral. A literatura relata
que esta medicação teria a capacidade de evitar a recidiva e, inclusive, atuar na regressão
de lesões HPV induzidas do colo uterino (ARAÚJO et al., 2005; DELMAS et al., 2000; HEARD
et al., 2005; MONINI et al., 2004; ZIMMERMMANN et al., 2006). O número de células de
Langerhans esteve, então, relacionado à presença do HIV, mas não em relação ao grau da
neoplasia (JIMENEZ FLORES et al., 2006; POPPE et al., 1998).
Alguns estudos citam diminuição na contagem de células de Langerhans em
pacientes tabagistas, o que poderia influenciar no determinismo das neoplasias intra-
epiteliais cervicais. Em nosso estudo, não verificamos esta associação (BARTON et al., 1998;
NADAIS et al., 2006; UCHIMURA et al., 2004 a, b, c).
A E-caderina é proteína relacionada à adesão célula-célula. A expressão da E-
caderina na membrana da célula epitelial tem sido considerada prognóstica. Foi observada
diminuição da expressão da E-caderina na membrana da célula epitelial à medida que o grau
da neoplasia aumenta (BRANCA et al., 2006; FALEIRO-RODRIGUES; LOPES, 2004;
KAPLANIS et al., 2005; RODRÍGUEZ-SASTRE et al., 2005). Entretanto, neste estudo,
verificou-se que a expressão da E-caderina foi observada até as camadas superficiais do
epitélio em lesões intra-epiteliais de alto grau. Ou seja, quando as lesões intra-epiteliais
cervicais eram leves ou ausentes (cervicite), a expressão na membrana da célula epitelial foi
freqüente no terço basal do epitélio. Nas lesões intra-epiteliais de alto grau, a expressão da
E-caderina atingiu o terço médio e superior do epitélio. Nossos achados são semelhantes ao
de Daraï et al. (2000), que descreveram a expressão da E-caderina na membrana da célula
epitelial. Estes autores verificaram que a expressão aumenta com o grau da neoplasia intra-
epitelial cervical, mas não com a infecção pelo HIV. Outro estudo verificou que a expressão
da E-caderina ocorreu na área da lesão displásica, havendo expressão em todas as camadas
nas lesões de alto grau (JEFFERS et al., 1997). Outros estudos verificaram a expressão da E-
caderina no citoplasma da célula e tal expressão esteve associada ao grau da neoplasia
cervical (VESSEY et al., 1995).
71
Acredita-se que a diferença de resultados obtidos nesses estudos possa estar
associada às mutações do complexo E-caderina-catenina. As caderinas compreendem uma
grande família de moléculas de adesão que estabelecem ligação entre as células por meio de
interações homofílicas proteína-proteína. As cateninas são proteínas, estão envolvidas de
forma direta ou indireta com a E-caderina e formam o complexo caderina-catenina. Este
complexo atua nos mecanismos de supressão da invasão e metástase e no controle da
proliferação celular. Muitos tumores (pele, cabeça, pescoço, pulmão, mama, tireóide,
estômago, cólon e ovário) apresentam redução da expressão de E-caderina quando
comparados com a expressão nos respectivos tecidos normais. A perda de expressão da E-
caderina é observada na maioria dos tumores gástricos de padrão difuso e nos tumores
lobulares de mama, entretanto, sua expressão é mantida nos tumores gástricos padrão
intestinal e nos tumores ductais de mama (FERREIRA, 2007). descrições da E-caderina
associadas ao câncer gástrico, que provavelmente afetaram a habilidade da E-caderina em
mediar a adesão célula-célula e suprimir a invasão celular (BROOKS-WILSON et al., 2004). O
mesmo pôde-se verificar nos carcinomas mamários. Estudo recente identificou expressão
aberrante da E-caderina nos carcinomas lobulares da mama, o que está associado à deleção
gênica (SILVA et al., 2007).
A expressão da E-caderina ainda é controversa em lesões intra-epiteliais cervicais.
Alguns estudos mostram aumento da expressão na membrana da célula epitelial
acompanhando o grau da neoplasia cervical, enquanto outros mostram diminuição,
principalmente redução associada ao carcinoma invasor e até mesmo incremento ou
diminuição de sua expressão no citoplasma. Os responsáveis por esta expressão aberrante
ainda precisam ser investigados (WILDING et al., 1996).
Quando iniciamos o estudo das neoplasias intra-epiteliais cervicais em pacientes
soropositivas para o HIV, a literatura afirmava que a imunidade sistêmica, representada pela
contagem de linfócitos TCD4+, era responsável pela freqüência e agressividade das lesões
intra-epiteliais cervicais neste grupo de pacientes. Nesta época, o carcinoma invasor de colo
uterino passou a fazer parte do diagnóstico de AIDS nas pacientes soropositivas para o HIV.
Sendo assim, acreditava-se que quanto menor fosse a contagem de linfócitos TCD4+, mais
grave seria a lesão cervical (VERNON et al., 1993; WILLIAMS et al., 1994; WRIGHT Jr. et al.,
1994). Estes resultados não foram reproduzidos em outros estudos realizados na Faculdade
72
de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (ARAÚJO et al., 2005; SOUZA et al.,
2001; ZIMMERMMANN et al., 2006). A resposta para esta divergência foi a utilização da
medicação anti-retroviral. Nesta época, vários trabalhos avaliaram a participação da HAART
como um importante fator para a regressão das neoplasias cervicais. A carga viral foi
também testada e citada como um fator de risco às neoplasias cervicais. Deste modo, com a
medicação anti-retroviral, melhorava-se a imunidade sistêmica e reduzia-se a carga viral do
HIV (AHDIEH et al., 2001; DE SANJOSÉ; PALEFSKY, 2002; SONCINI; CONDEMI, 2003).
Acreditamos, entretanto, que seria muito simplista pensar que a resposta
imunológica estaria atrelada apenas à contagem de linfócitos TCD4+. Por isso, optamos por
estudar alguns componentes da imunidade local e nossos resultados mostraram que a
infecção pelo HIV reduz o número de células de Langerhans no colo uterino, tanto na área da
neoplasia quanto ao longo do epitélio cervical. No entanto, a contagem das células de
Langerhans marcadas com CD1a e S100 não explica completamente a freqüência, regressão
e progressão das lesões intra-epiteliais cervicais nas pacientes soropositivas para o HIV,
considerando a complexidade da resposta imunológica. Por isso, estudos avaliando outros
componentes da resposta imunológica local e também fatores inerentes ao próprio HPV
devem ser realizados.
73
6.
CONCLUSÕES
1. As pacientes soropositivas para o HIV apresentaram menor contagem de células
de Langerhans quando comparadas com as soronegativas, tanto na área da
lesão intra-epitelial quanto ao longo do epitélio cervical, sendo a infecção pelo
HIV o fator responsável por esta redução, na amostra estudada.
2. A expressão membranácea da E-caderina não se associou à infecção pelo HIV,
mas é diretamente proporcional à gravidade da neoplasia cervical, na amostra
estudada.
74
7.
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87. ZIMMERMMANN, J.B. Prevalência dos genótipos do Papilomavírus humano em
pacientes infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana e sua associação com a
gravidade das lesões do colo uterino e a imunidade do hospedeiro. 2002. 146 fl.
Dissertação (Mestrado em Saúde da Mulher) - Faculdade de Medicina, Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2002a.
88. ZIMMERMMANN, J.B. Prevalência dos genótipos do Papilomavírus humano em
pacientes infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana e sua associação com o
grau das lesões do colo uterino. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v.24, n.6,
p.419, 2002b. Resumo.
89. ZIMMERMMANN, J.B.; MELO, V.H.; CASTRO, L.P.F. et al. Associação entre a contagem
de linfócitos T CD4+ e a gravidade da neoplasia intra-epitelial cervical diagnosticada
pela histopatologia em mulheres infectadas pelo HIV. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. Rio
de Janeiro, v.28, n.6, p.345-351, 2006.
81
8.
ANEXOS
TABELA 7a
Dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes estudadas com
p>0,25, não incluídos no modelo multivariado inicial, considerando o marcador
CD1a e a média da contagem de células de Langerhans ao longo do epitélio.
Variáveis N Média Dp nimo
Máximo
p
Histopatologia alto grau
Sim 30 1,8 1,6 0,0 5,0 0,66
Não 47 1,6 1,3 0,0 6,0
HPV
Baixo risco 12 1,3 1,3 0,0 3,8 0,68
Alto risco 51 1,6 1,4 0,0 6,0
Não identificado 14 1,9 1,7 0,0 4,2
Estado civil
Solteira 38 1,9 1,5 0,0 6,0 0,27
Casada + união estável 26 1,4 1,5 0,0 5,0
Desquitada + divorciada + viúva 13 1,4 1,1 0,0 3,6
DST prévia
Sim 17 1,5 1,4 0,0 4,6 0,77
Não 60 1,7 1,5 0,0 6,0
TABELA 7b
Comparação das variáveis quantitativas com o número dio de células de
Langerhans, considerando o marcador CD1a, ao longo do epitélio.
Variável r r
2
Valor-p
Idade 0,119 0,014 0,305
Menarca 0,037 0,001 0,749
82
TABELA 7c
Valores de p e ordem de retirada das variáveis do modelo multivariado para o marcador CD1a ao longo do epitélio cervical
Variável
Valor-p
Escolaridade 0,848
X X X X X X X X X X
Profissão 0,616
0,609
0,606 X X X X X X X X
Vida sexual 0,462
0,473
0,469 0,520 0,530 0,553 0,565 0,549 X X X
Preservativo 0,752
0,771
0,765 0,784 0,814 X X X X X X
Ciclo 0,666
0,673
0,671 0,686 0,662 0,644 X X X X X
HIV 0,024
0,008
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
Antiretroviral 0,978
0,980
X X X X X X X X X
Tabagismo 0,840
0,827
0,810 0,856 X X X X X X X
Etilismo 0,418
0,409
0,396 0,355 0,326 0,318 0,347 0,350 0,424 X X
Contraceptivo
0,702
0,682
0,678 0,585 0,562 0,450 0,465 0,420 0,345 0,370 X
Motivo 0,587
0,566
0,558 0,558 0,558 0,531 0,596 X X X X
83
TABELA 9a
Dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes estudadas com
p>0,25, não incluídos no modelo multivariado inicial, considerando o marcador
S100 e a média da contagem de células de Langerhans ao longo do epitélio.
Variáveis N dia Dp Mínimo
Máximo
p
Preservativo
Sim 21 2,4 2,4 0,0 7,5 0,97
Não 56 2,4 1,6 0,0 5,6
Parceiros sexuais
Menos de 5 65 2,4 1,8 0,0 7,5 0,98
Cinco ou mais 12 2,4 1,9 0,0 7,0
Histopatologia alto grau
Sim 30 2,6 1,8 0,0 7,0 0,50
Não 47 2,3 1,8 0,0 7,5
HPV
Baixo risco 12 2,0 1,8 0,0 5,2 0,45
Alto risco 51 2,3 1,8 0,0 7,5
Não identificado 14 2,9 1,9 0,2 7,0
TABELA 9b
Comparação das variáveis quantitativas e número médio de células de Langerhans,
considerando o marcador S100, ao longo do epitélio.
Variável R r
2
Valor-p
Idade 0,177 0,031 0,123
Menarca 0,223 0,050 0,051
84
TABELA 9c
Valores de p e ordem de retirada das variáveis do modelo multivariado para o marcador S100 ao longo do epitélio cervical.
Variáveis
Valor-p
Escolaridade 0,289
0,264
0,326
0,326
0,331 0,368 X X X X X X X X
Profissão 0,289
0,270
0,309
0,319
0,301 0,339 0,353 0,390 X X X X X X
Vida sexual 0,328
0,319
0,368
0,370
0,362 0,378 0,471 X X X X X X X
Ciclo 0,685
X X X X X X X X X X X X X
HIV 0,006
0,003
0,002
0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
Antiretroviral 0,676
0,687
0,682
0,721
X X X X X X X X X X
Tabagismo 0,616
0,660
0,801
X X X X X X X X X X
Etilismo 0,289
0,314
0,322
0,334
0,353 0,364 0,398 0,312 0,359 0,294 X X X X
Estado civil 0,172
0,184
0,230
0,237
0,223 0,239 0,297 0,365 0,355 0,240 0,326 X X X
Contraceptivo
0,115
0,118
0,129
0,126
0,113 0,094 0,100 0,130 0,161 0,136 0,165 0,189 X X
DST prévia 0,500
0,526
X X X X X X X X X X X X
Motivo 0,377
0,413
0,447
0,446
0,476 X X X X X X X X X
Idade 0,325
0,278
0,274
0,281
0,283 0,348 0,396 0,328 0,506 X X X X X
Menarca 0,198
0,177
0,131
0,111
0,114 0,105 0,103 0,126 0,092 x 0,085 0,089 0,126 X
85
TABELA 13a
Dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes estudadas com
p>0,25, não incluídos no modelo multivariado inicial, considerando o marcador
CD1a e a média da contagem de células de Langerhans na área da lesão.
N dia Dp Mínimo
Máximo
p
Parceiros sexuais
Menos de 5 64 2,8 2,7 0,0 10,0 0,76
Cinco ou mais 12 3,5 3,9 0,0 13,0
Histopatologia alto grau
Sim 30 2,5 2,9 0,0 13,0 0,28
Não 46 3,1 2,8 0,0 10,0
HPV
Baixo risco 12 2,5 2,8 0,0 8,0 0,86
Alto risco 50 3,0 3,0 0,0 13,0
Não identificado 14 2,7 2,6 0,0 8,0
Estado civil
Solteira 38 3,2 3,2 0,0 13,0 0,54
Casada + união estável 26 2,7 2,4 0,0 8,0
Desquitada + divorciada + viúva 12 2,3 2,9 0,0 8,0
DST prévia
Sim 17 2,4 2,4 0,0 8,0 0,52
Não 59 3,0 3,0 0,0 13,0
TABELA 13b
Comparação das variáveis quantitativas com número médio de células na área da
lesão, considerando o marcador CD1a.
Variável r r
2
Valor-p
Idade 0,172 0,030 0,138
Menarca 0,085 0,007 0,463
86
Tabela 13c
Valores de p e ordem de retirada das variáveis do modelo multivariado para o marcador CD1a na área da lesão cervical.
Variável
Modelos
Escolaridade 0,641
0,654
0,659 X X X X X X X X X X X
Profissão 0,753
X X X X X X X X X X X X X
Vida sexual 0,733
0,697
0,686 0,589
0,630 X X X X X X X X X
Preservativo 0,691
0,700
0,679 0,613
0,570 0,714 X X X X X X X X
Ciclo 0,449
0,424
0,433 0,404
0,443 0,409 0,388 0,366 X X X X X X
HIV 0,002
0,002
<0,001
0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
Antiretroviral 0,380
0,381
0,346 0,334
0,265 0,276 0,282 0,320 0,348 X X X X X
Tabagismo 0,696
0,665
0,657 0,654
0,550 0,609 0,656 X X X X X X X
Etilismo 0,631
0,652
0,660 0,670
X X X X X X X X X X
Contraceptivo
0,258
0,269
0,258 0,263
0,264 0,162 0,120 0,125 0,133 0,152 0,052 0,071 X X
Motivo 0,842
0,852
X X X X X X X X X X X X
Idade 0,175
0,167
0,166 0,182
0,166 0,186 0,190 0,174 0,134 0,128 0,104 0,077 0,310 X
87
TABELA 15a
Dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes estudadas com
p>0,25, não incluídos no modelo multivariado inicial, considerando o marcador
S100 e a média da contagem de células de Langerhans na área da lesão.
N Média Dp nimo
Máximo
p
Preservativo
Sim 21 3,8 3,5 0,0 12,0 0,69
Não 56 4,1 3,1 0,0 10,0
Parceiros sexuais
Menos de 5 65 4,1 3,2 0,0 12,0 0,70
Cinco ou mais 12 3,7 3,2 0,0 8,0
Histopatologia alto grau
Sim 30 3,8 3,0 0,0 10,0 0,61
Não 47 4,2 3,4 0,0 12,0
HPV
Baixo risco 12 3,5 2,5 0,0 6,0 0,70
Alto risco 51 3,9 3,4 0,0 12,0
Não identificado 14 4,6 3,2 0,0 10,0
Estado civil
Solteira 38 4,2 3,4 0,0 12,0 0,80
Casada + união estável 26 3,8 2,9 0,0 9,0
Desquitada + divorciada + viúva 13 3,6 3,3 0,0 10,0
TABELA 15b
Comparação das variáveis quantitativas com número médio de células, na área da
lesão, considerando o marcador S100.
Variável r r
2
Valor-p
Idade 0,131 0,017 0,256
Menarca 0,078 0,006 0,500
88
TABELA 15c
Valores de p e ordem de retirada das variáveis do modelo multivariado para o marcador S100 na área da lesão cervical.
Variável Modelos
Escolaridade 0,404
0,403
0,370
0,450
0,434
0,431
0,430
0,419
X X X X
Profissão 0,729
0,722
0,743
0,823
0,825
0,816
X X X X X X
Vida sexual 0,608
0,610
0,575
0,484
0,477
0,475
0,452
0,466
0,603 X X X
Ciclo 0,688
0,693
0,710
0,955
0,963
X X X X X X X
HIV 0,101
0,018
0,016
0,007
0,005
0,03 0,002
0,002
<0,001
<0,001
<0,001
<0,001
Antiretroviral 0,844
X X X X X X X X X X X
Tabagismo 0,530
0,471
0,414
0,471
0,469
0,458
0,426
0,416
0,355 0,365 0,297 X
Etilismo 0,436
0,447
0,440
0,454
0,452
0,447
0,458
0,445
0,420 0,489 X X
Contraceptivo
0,752
0,731
0,754
X X X X X X X X X
DST prévia 0,747
0,744
X X X X X X X X X X
Motivo 0,645
0,664
0,678
0,928
X X X X X X X X
Idade 0,691
0,697
0,689
0,571
0,573
0,550
0,578
X X X X X
89
TABELA 21a
Dados clínicos, demográficos e comportamentais das pacientes estudadas com
p>0,25, não incluídos no modelo multivariado inicial para a marcação com E-
caderina
Marcação pela E- caderina
3/3 + 2/3 1/3 p OR IC95%
N % N %
Escolaridade
Nenhuma + Fundamental 11 35,5 14 42,4 0,75 0,75 0,24 a 2,33
Médio + Superior 20 64,5 19 57,6 1,0
Vida sexual
Ativa 26 83,9 24 72,7 0,44 1,95 0,49 a 8,01
Inativa 5 16,1 9 27,3 1,0
Ciclo menstrual regular
Sim 27 87,1 27 81,8 0,74* 1,50 0,32 a 7,37
Não 4 12,9 6 18,2 1,0
Parceiros sexuais
Menos de 5 26 83,9 28 84,8 1,0* 0,93 0,20 a 4,34
Cinco ou mais 5 16,1 5 15,2 1,0
HIV
Positiva 20 64,5 17 51,5 0,42 1,71 0,55 a 5,34
Negativa 11 35,5 16 48,5 1,0
Anti-retrovirais
Sim 16 51,6 13 39,4 0,47 1,64 0,54 a 5,05
Não 15 48,4 20 60,6 1,0
Tabagismo
Sim 8 25,8 6 18,2 0,66 1,57 0,41 a 6,15
Não 23 74,2 27 81,0 1,0
Etilismo doença
Sim 0 0,0 2 6,1 0,50* 0,0 0,0 a 4,50
Não 31 100,0 31 93,9 1,0
Histopatologia alto grau
Sim 25 80,6 2 6,1 <0,001
64,6 10,1 a 546,3
Não 6 19,4 31 93,9 1,0
Estado civil
Solteira 14 45,2 17 51,5 0,33
Casada + união estável 10 32,3 13 39,4
Desquitada + divorciada + viúva 7 22,6 3 9,1
Contraceptivo
Nenhum 21 66,7 19 54,8 0,60
Hormonal 8 26,7 12 38,7
Outros 2 6,7 2 6,5
DST prévia
Sim 7 22,6 7 21,2 0,86 1,08 0,28 a 4,17
Não 24 77,4 26 78,8 1,0
90
TABELA 21b
Comparação das variáveis quantitativas com a marcação pela E-caderina
Marcação pela E-caderina
2/3 + 3/3 1/3
n Média Dp n Média Dp Valor-p
Idade atual 31 31,65 8,95 33 29,67 7,40 0,33
Idade menarca 31 13,0 1,18 33 13,0 1,39 0,97
TABELA 21c
Valores de p e ordem de retirada das variáveis do modelo multivariado para a
marcação com E-caderina na área da lesão cervical, considerando também a
significância clínica
Variável Modelos
Valor-p
Profissão 0,608 X
Condon 0,141 0,103 0,064 0,05
Histologia <0,001 <0,001 <0,001 <0,001
HPV 0,594 0,565 0,585 X
Motivo 0,626 0,835 X X
91
Especificações dos anticorpos utilizados no estudo (CD1a, E-caderina e
S100) e especificação do sistema de Detecção Novolink
Monoclonal Mouse - Anti-Human CD1a - Clone 010
ENGLISH
Code M3571
Intended use
For In Vitro Diagnostic Use.
Monoclonal Mouse Anti-CD1a, clone 010 (Anti-CD1a, clone 010) is intended for laboratory use to identify
qualitatively by light microscopy
CD1a positive cells in normal and neoplastic tissues using immunohistochemical (IHC) test methods.
Positive results aid in the classification
of thymomas and malignancies of T-cell precursors and the diagnosis of Langerhans’ cell histiocytosis.
1
Differential identification is aided by
the results from a panel of antibodies. Interpretation must be made within the context of the patient’s
clinical history and other diagnostic
tests by a qualified pathologist.
Summary and explanation
CD1a, a member of the CD1 antigen family, is a non-polymorphic MHC class I-related cell surface
glycoprotein expressed in association with
Beta-2-microglobulin.
1,2
Refer to Dako’s General Instructions for Immunohistochemical Staining or the detection system
instructions of IHC procedures for:
1) Principle of Procedure, 2) Materials Required, Not Supplied, 3) Storage, 4) Specimen Preparation, 5)
Staining Procedure, 6) Quality
Control, 7) Troubleshooting, 8) Interpretation of Staining, 9) General Limitations.
Reagent provided
Anti-CD1a, clone 010 is provided in 1.0 mL size as a tissue culture supernatant (containing fetal bovine
serum) dialyzed against 0.05 mol/L
Tris-HCl, pH 7.2, and 0.015 mol/L sodium azide.
Clone: 010
1
Isotype: IgG
1
, kappa
Mouse lgG concentration mg/L: See label on vial.
M3571 may be used at a dilution of 1:50 when performing IHC using the LSAB2 detection system, Liquid
DAB. These are guidelines only.
Optimal antibody concentrations may vary depending on specimen and preparation method and should
be determined by each individual
laboratory.
Immunogen
Human thymus cells
Specificity
Monoclonal Anti-Human CD1a, clone 010 (anti-CD1a, clone 010) was classified as CD1a at the Fourth
International Workshop and
Conference on Human Leucocyte Differentiation Antigens.
2
Clone 010 has been shown to
immunoprecipitate labelled CD1a from thymus cell
lysate and from Langerhans’ cell-enriched epidermal cell lysate.
2
In the latter, the antibody strongly
precipitated the native CD1a molecule
(49 kD molecular weight) and Beta-2-microglobulin (12 kD molecular weight) but not the trypsin-
cleaved CD1a molecule (27 kD molecular
weight).
2
In immunohistochemistry, the antibody has been demonstrated to react with the CD1a cell
surface glycoprotein expressed on
cortical thymocytes, Langerhans’ cells, and interdigitating dendritic (reticulum) cells in frozen and
formalin-fixed, paraffin-embedded (FFPE)
tissues.
1,2
Materials required, but not supplied
Refer to Dako’s General Instructions for Immunohistochemical Staining and/or the detection system
instructions.
Suggested diluent for IHC procedures:
Antibody Diluent (code S0809)
The following negative control is recommended for IHC procedures:
Mouse IgG
1
(code X0931)
Precautions
1. For professional users.
2. This product contains sodium azide (NaN
3
), a chemical highly toxic in pure form. At product
concentrations, though not classified as
92
hazardous, NaN
3
may react with lead and copper plumbing to form highly explosive build-ups of metal
azides. Upon disposal, flush with
large volumes of water to prevent metal azide build-up in plumbing.
3
3. As with any product derived from biological sources, proper handling procedures should be used.
4. Wear appropriate Personal Protective Equipment to avoid contact with eyes and skin.
5. Unused reagents should be disposed of according to local, State, and Federal regulations.
Storage
Store at 2–8 °C. Do not use after expiration date stamped on vial. If reagents are stored under any
conditions other than those specified, the
conditions must be verified by the user. There are no obvious signs to indicate instability of this product.
Therefore, positive and negative
controls should be run simultaneously with patient specimens. If unexpected staining is observed which
cannot be explained by variations in
laboratory procedures and a problem with the antibody is suspected, contact Dako Technical Support.
(115011-001) 303743EFG_001 p. 2/7
Specimen preparation
Paraffin Sections
Anti-CD1a, clone 010 can be used on formalin-fixed, paraffin-embedded tissue sections. The
deparaffinized tissue sections must be treated
with heat prior to the IHC staining procedure. Target retrieval involves immersion of tissue sections in a
pre-heated buffer solution and
maintaining heat, either in a water bath (95–99 °C), a steamer (95–99 °C) or an autoclave (121 °C).
For greater adherence of tissue sections
to glass slides, the use of Silanized Slides (code S3003) is recommended. Target Retrieval Solution
(code S1700) or 10x Concentrate (code
S1699) is recommended using a 20-minute heating protocol.
Cryostat Sections and Cell Smears
Anti-CD1a, clone 010 can be used for labelling acetone-fixed cryostat sections or fixed cell smears.
Target or antigen retrieval is not
required.
Staining procedure
Follow the procedure for the detection system selected.
Staining interpretation
The cellular staining pattern for CD1a is membrane and weakly cytoplasmic.
1, 2, 4
Product specific limitations
For optimal staining and performance on paraffin-embedded tissues, use of DAB as a chromogen with
the LSAB2, HRP (Liquid DAB)
System is highly recommended.
Performance characteristics
Normal Tissues
Anti-CD1a, clone 010 has been shown to be immunoreactive with Langerhans’ cells and variably
immunoreactive with interdigitating
dendritic cells when tested on FFPE tonsil, and with Langerhans’ cells when tested on paraffin-embedded
skin.
1
Scattered immunoreactivity
has been observed in interdigitating dendritic cells and medullary thymocytes in thymic medulla.
1, 2
Abnormal Tissues
Anti-CD1a, clone 010 has demonstrated the following results on abnormal paraffin-embedded tissues
Polyclonal Rabbit - Anti-S100 - Code No./ Code/ Code-Nr. Z 0311
Edition/ Edition/ Ausgabe 13.08.03
Intended use
For in vitro diagnostic use.
Polyclonal Rabbit Anti-S100 is intended for use in immunocytochemistry. The antibody labels cells expressing S100 and
is a useful tool for the identification of S100-positive
neoplasms, such as malignant melanoma (1, 2), Langerhans' histiocytosis (3), chondroblastoma (4), and schwannoma
(5). For differential identification the use of a panel of
antibodies is mandatory. A panel of antibodies including Polyclonal Anti-S100, code No. Z 0311, has also been applied
by the International Lymphoma Study Group for the
classification of tumours of suspected histiocytic/dendritic cell type (6). Interpretation of results must be made within
the context of the patient’s clinical history and other
diagnostic tests by a certified professional.
Introduction
S100 is a multigene family of low molecular weight (Mr between 9 000 and 13 000) Ca2+-binding proteins. The family
comprises 19 members that are differentially expressed in
a large number of cell types. Thus, S100B (previously S100) is most abundant in glial cells of the central and
peripheral nervous system, in melano-cytes, chondrocytes, and
93
adipocytes, whereas S100A1 (previously S100A/S100) is most abundant in cardio-myocytes, slow twitch skeletal
muscle cells, salivary epithelial cells, and renal cells.
Additionally, S100B is found in tumour cells and subpopulations of neurons, while S100A1 has also been detected in
hippocampal neurons. S100A6 is expressed by fibroblasts
and smooth and heart muscle cells (5).
Members of the S100 family have been implicated in the Ca2+-dependent regulation of a variety of intracellular
activities, e.g. protein phosphorylation, cell proliferation (including
neoplastic transformation), and differentiation (7).
Reagent provided
Purified immunoglobulin fraction of rabbit antiserum provided in liquid form. In 0.1 mol/L NaCl, 15 mmol/L NaN3, pH
7.2.
Protein concentration g/L: See label on vial.
The antibody titre variation between different lots is less than 10% as measured by single radial immunodiffusion. This
is achieved by adjusting the titre of each individual lot to
match the titre of a reference preparation kept at -80 °C.
Immunogen
S100 isolated from cow brain.
Specificity
The antibody has been solid-phase absorbed with human plasma and cow serum proteins.
In crossed immunoelectrophoresis using 50 µL antibody per cm2 gel area, no reaction with 2 µL human plasma and 2 µL
cow serum is observed. The antibody shows one
distinct double peak (S100) with human and cow brain extracts. Staining: Coomassie Brilliant Blue.
In indirect ELISA, the antibody shows no reaction with human plasma and cow serum.
In Western blotting of purified human recombinant S100 proteins, the antibody labels S100B strongly, S100A1 weakly,
and S100A6 very weakly. No reaction was observed with
the other S100 proteins tested, S100A2, S100A3 and S100A4 (8).
As demonstrated by immunocytochemistry on formalin-fixed tissues, the antibody cross-reacts with the S100
equivalent protein in cat, horse, mouse, rat, and swine. Additionally
it reacts strongly with human and cow S100.
Precautions
1. For professional users.
2. This product contains sodium azide (NaN3), a chemical highly toxic in pure form. At product concentrations, though
not classified as hazardous, sodium azide may react with
lead and copper plumbing to form highly explosive build-ups of metal azides. Upon disposal, flush with large volumes of
water to prevent metal azide build-up in plumbing.
3. As with any product derived from biological sources, proper handling procedures should be used.
Storage
Store at 2-8 C. Do not use after expiration date stamped on vial. If reagents are stored under any conditions other
than those specified, the user must verify the conditions.
There are no obvious signs to indicate instability of this product. Therefore, positive and negative controls should be run
simultaneously with patient specimens. If unexpected
staining is observed which cannot be explained by variations in laboratory procedures and a problem with the antibody
is suspected, contact our Technical Services.
Specimen preparation
Paraffin sections: The antibody can be used for labelling paraffin-embedded tissue sections fixed in formalin. Heat-
induced epitope retrieval in DakoCytomation Target Retrieval
Solution, code No. S 1700, or 10 mmol/L citrate buffer, pH 6.0, is recommended. The tissue sections should not dry out
during the treatment or the following
immunocytochemical staining procedure.
Frozen sections and cell preparations: In frozen sections the highly soluble S100 molecule tends to show aberrant
distribution or elute from the tissue.
Staining procedure
Dilution: Polyclonal Rabbit Anti-S100, code No. Z 0311, may be used at a dilution of 1:400 when applied on formalin-
fixed, paraffin-embedded sections and using 20 minutes
heat-induced epitope retrieval in DakoCytomation Target Retrieval Solution, code No. S 1700, and 30 minutes
incubation at room temperature with the primary antibody.
Optimal conditions may vary depending on specimen and preparation method, and should be determined by each
individual laboratory. The recommended negative control is
DakoCytomation Rabbit Immunoglobulin Fraction (Solid-Phase Absorbed), code No. X 0936, diluted to the same protein
concentration as the primary antibody. Unless the
stability in the actual test system has been established, it is recommended to dilute the product immediately before use
or dilute in DakoCytomation Antibody Diluent, code No.
S 0809.
Visualization: DAKO LSAB™+/HRP kit, code No. K 0679, and DAKO EnVision™+ /HRP kits, code Nos. K 4008 and K
4010, are recommended.
Automation: The antibody is well suited for immunocytochemial staining using automated platforms, such as the
DakoCytomation Autostainer.
Performance characteristics
Cells labelled by the antibody display staining confined to the cytoplasm.
Normal tissues: Positive labelling with the antibody is observed in some Langerhans' cells and melanocytes of the skin,
interdigitating reticulum cells in lymph nodes, medullary epithelial
reticular cells in the thymus, chondrocytes in cartilagenous tissue, adipocytes in some, but not other biopsies,
myoepithelial cells in salivary glands and breast, folliculostellate cells of the
pituitary gland, and Schwann cells and glial cells of nervous tissue. Weak labelling is found in epithelial cells of the
mammary and sweat glands. A negative reaction with the antibody is
94
Monoclonal Mouse Anti-Human - E-cadherin - Clone: NCH-38
4
Synonyms: E-CD, uvomorulin, L-CAM, Arc-1, or cell-CAM 120/180
1-3
Immunogen: E-cadherin (uvomorulin) and GST recombinant protein
4
Isotype: IgG
1
, kappa
Code M3612
Mouse lgG concentration mg/L: See label on vial.
Intended use For In Vitro diagnostic use.
Monoclonal Mouse Anti-Human E-cadherin, clone NCH-38 (Anti-E-cadherin, NCH-38) is intended for
laboratory use to identify qualitatively by light microscopy E-cadherin positive cells in normal and
neoplastic
tissues using immunohistochemical (IHC) test methods.
Refer to the “General Instructions for Immunohistochemical Staining” or the Detection System
“Instructions”
of IHC procedures for: (1) Principle of Procedure, (2) Materials Required, Not Supplied, (3) Storage, (4)
Specimen Preparation, (5) Staining Procedure, (6) Quality Control, (7) Troubleshooting, (8)
Interpretation of
Staining, (9) General Limitations.
Summary
and explanation
Introduction
E-cadherin is a 120 kD transmembrane cell adhesion molecule. The gene has been localized on
chromosome
16q22.1. In its extracellular domain, E-cadherin is involved in cell-cell adhesion through calcium-
regulated
homophilic interactions, whereas in its intracellular domain, E-cadherin connects to the actin
cytoskeleton via
catenins. E-cadherin has a significant function in intercellular adhesion of epithelial cells, the
establishment of
epithelial polarization, glandular differentiation, and stratification. It is localized mainly in the adherens
junctions
and concentrates the urokinase plasminogen and the epidermal growth factor receptor to cell contact
sites.
5,6
Down-regulation of E-cadherin expression has been observed in a number of carcinomas and is usually
associated with advanced stage and progression.
5-8
Specificity
Anti-E-cadherin, NCH-38 recognizes the 120 kD mature form and 82 kD fragment of E-cadherin in
Western
blots of A431 cells lysates.
4
Reagent provided Anti-E-cadherin, NCH-38 is provided in 1.0 mL size as tissue culture supernatant
(containing fetal bovine
serum) dialyzed against 0.05 mol/L Tris-HCl, pH 7.2, and 0.015 mol/L sodium azide. Contains stabilizing
protein.
M3612 may be used at a dilution range of 1:50 to 1:100 when performing IHC using the LSAB2, HRP,
Liquid DAB detection system. These are guidelines only.
Optimal antibody concentrations may vary depending specimen and preparation method and should be
determined by each individual laboratory.
Materials required,
but not supplied
Refer to the “General Instructions for Immunohistochemical Staining” and/or the Detection System
“Instructions.” Suggested diluent for IHC procedures:
Antibody Diluent (code S0809)
The following negative control is recommended for IHC procedures:
Mouse IgG
1
(code X0931)
Precautions 1. For professional users.
2. This product contains sodium azide (NaN
3
), a chemical highly toxic in pure form. At product
concentrations,
though not classified as hazardous, build-ups of NaN
3
may react with lead and copper plumbing to form
highly explosive metal azides. Upon disposal, flush with large volumes of water to prevent azide build-up
in plumbing.
9
3. Minimize microbial contamination of reagents or increase in nonspecific staining may occur.
4. As with any product derived from biological sources, proper handling procedures should be used.
5. Safety Data Sheet available for professional users on request.
Storage Store at 2–8°C.
95
(105481-001)
Cryostat Sections and Cell Smears
Anti-E-cadherin, NCH-38 can be used for labeling acetone-fixed cryostat sections or fixed cell smears.
Target or antigen retrieval is not required.
Staining procedure Follow the procedure for the detection system selected.
Staining
Interpretation
The cellular staining pattern for anti-E-cadherin, NCH-38 is membrane and/or cytoplasmic.
96
Kit Novolink Novocastra
Vantagens do Sistema de detecção de polímeros
97
98
Livros Grátis
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