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precisa essa comparação, os homens desenvolveram o processo de medir
a área de uma superfície. A palavra Geometria, como se sabe, é
testemunha da importância que a operação de medir a terra tem na origem
do conhecimento científico. Na medição de área atribuiu-se um número a
cada superfície, ou seja, constrói-se uma função com valores numéricos,
de modo que comparar superfícies reduz-se a comparar números. Nesse
processo, uma etapa central é a escolha de uma superfície à qual se atribui
o valor 1, ou seja, é a seleção de uma superfície unitária ou unidade de
medida.
Quanto à aprendizagem do conceito de área, um dos resultados importantes é a
classificação das concepções de área em dois pólos, as concepções geométricas
4
e
as concepções numéricas
5
, proposta por Perrin-Glorian e Douady
6
(1988, apud
BELLEMAIN e LIMA, 2002) e por Balacheff
7
(1988, apud BELLEMAIN e LIMA,
2002). Perrin-Glorian e Douady afirmam que alguns alunos desenvolvem uma
concepção forma ou uma concepção número ou ambas, mas de forma isolada.
As concepções numéricas para Perrin-Glorian e Douady (1988, apud BELLEMAIN e
LIMA, 2002) seriam aquelas, segundo as quais, o aluno só considera os aspectos
pertinentes para o cálculo. Então, uma vez que ele considera que a área é um
número ou que focaliza apenas o aspecto numérico, alguns erros associados a esta
concepção podem ocorrer, como por exemplo: a omissão ou utilização inadequada
das unidades de medida trabalhadas.
Para Balacheff (1988, apud BELLEMAIN e LIMA, 2002), as concepções geométricas
caracterizam-se pela confusão entre área e superfície, perímetro e contorno. Então,
um dos erros associados a essa concepção é, por exemplo, a confusão entre área e
perímetro.
A partir da caracterização dessas concepções geométricas e numéricas e da
identificação de erros decorrentes dessas concepções, Douady e Perrin-Glorian
(1989) propõem que a abordagem do conceito de área enquanto grandeza favorece
a construção das relações necessárias entre os aspectos geométricos e numéricos.
4
Também indicadas pelo termo “concepção forma”
5
Também indicadas pelo termo “concepção número”
6
PERRIN-GLORIAN M.J., DOUADY R. Conceptions des élèves à propos d’aires de surfaces planes. In
Laborde C. (org.) Actes du premier colloque Franco-Allemand de Didactique de Mathématiques et de
l’informatique. Grenoble: La Pensée Sauvage, 1988. p.161-172
7
BALACHEFF, N. Processus de preuve chez des élèves de collège. 1988. Tese (doctorat d’état em Didactique
dês Mathématiques). Université Joseph Fourier, Grenoble.