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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
SIMULAÇÃO DE ESCOAMENTOS VISCOELÁSTICOS:
DESENVOLVIMENTO DE UMA METODOLOGIA DE ANÁLISE
UTILIZANDO O SOFTWARE OpenFOAM E EQUAÇÕES
CONSTITUTIVAS DIFERENCIAIS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
JOVANI LUIZ FAVERO
PORTO ALEGRE, RS
2009
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
SIMULAÇÃO DE ESCOAMENTOS VISCOELÁSTICOS:
DESENVOLVIMENTO DE UMA METODOLOGIA DE ANÁLISE
UTILIZANDO O SOFTWARE OpenFOAM E EQUAÇÕES
CONSTITUTIVAS DIFERENCIAIS
JOVANI LUIZ FAVERO
Dissertação de Mestrado apresentada como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em
Engenharia.
Área de Concentração: Pesquisa e Desenvolvimento
de Processos
Orientadores:
Prof. Argimiro Resende Secchi, D.Sc.
Prof. Nilo Sérgio Medeiros Cardozo, D.Sc.
Co-Orientador:
Prof. Hrvoje Jasak, D.Sc.
PORTO ALEGRE, RS
2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação Simulação de Escoa-
mentos Viscoelásticos: Desenvolvimento de uma Metodologia de Análise utilizando o Software
OpenFOAM e Equações Constitutivas Diferenciais, elaborada por Jovani Luiz Favero
como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia.
Comissão Examinadora:
iii
iv
Uma vez tendo experimentado voar, caminharás para sempre sobre a Terra de
olhos postos no Céu, pois é para lá que tencionas voltar.
Leonardo da Vinci
v
vi
Agradecimentos
À Deus que me deu forças e coragem durante todo esse tempo.
Aos professores Argimiro Resende Secchi, Nilo Sérgio Medeiros Cardozo e
Hrvoje Jasak pela valiosa e indispensável orientação e incentivo que possibilitou o
desenvolvimento deste trabalho.
À minha família que sempre esteve presente em minha vida mesmo com a distância
geográfica.
À Cristina pelas longas e animadas conversas que ajudaram a descontrair.
Ao Professor André Rodrigues Muniz pela ajuda e troca de idéias.
Aos colegas de mestrado e de sala que deram sinceras mostras de companheirismo
e contribuíram para o aprendizado durante todo esse tempo.
À CAPES pelo apoio financeiro durante o desenvolvimento deste trabalho.
vii
viii
Resumo
A necessidade cada vez maior do uso de produtos poliméricos sintéticos, como para
produção de embalagens, partes de eletrodomésticos, eletroeletrônicos, automóveis,
etc., tem levado a indústria de polímeros a buscar cada vez mais a diminuição do
desperdício e aumento da qualidade dos produtos. Para isso tem-se buscado entender
melhor como as propriedades reológicas dos polímeros afetam seu processamento e
a qualidade final dos produtos. Com o intuito de se obter resultados mais rápidos e
com menor custo recorre-se cada vez mais a estudos de modelagem e simulação de
processos de transformação de polímeros. Neste trabalho é apresentada uma nova fer-
ramenta de CFD para simulações de escoamentos envolvendo fluidos viscoelásticos, o
viscoelasticFluidFoam solver. A implementação do módulo foi feita no pacote de CFD
OpenFOAM devido principalmente às vantagens oferecidas por esse software, como
por exemplo, possibilidade de uso de geometrias complexas, malhas não-estruturadas,
técnicas multigrid e paralelização do processamento de dados, além de ser um software
gratuito e de código aberto. Foi feita a implementação do modelo de Maxwell, UCM,
Oldroyd-B, Giesekus, FENE-P, FENE-CR, PTT na forma linear e exponencial, e DCPP,
todos na forma multimodo. Dentre as várias metodologias disponíveis para resolver o
problema da obtenção de soluções estáveis a altos valores de W eissenberg foi escolhida
a DEVSS devido a sua estabilidade e aplicação a modelos complexos. Para se fazer a
validação do solver desenvolvido foi feito a comparação com resultados numéricos e
experimentais obtidos da literatura. É mostrada uma comparação entre vários modelos
para obtenção da velocidade e diferença de tensões normais para um escoamento em
uma contração plana abrupta 4:1. Os resultados obtidos foram satisfatórios sendo
possível dar credibilidade ao solver implementado e garantir a disponibilidade de uma
boa ferramenta para estudo de fluidos viscoelásticos para ser usada tanto no meio
acadêmico como no setor industrial.
Palavras-chave: Polímeros, fluidos viscoelásticos, simulação numérica, CFD, Open-
FOAM.
ix
x
Abstract
Synthetic polymer products are of great importance in several industrial sectors, such
as for production of packaging, parts of appliances, electronics, and cars. Due to the
increasing demand for this kind of material, reduction of waste and increase of quality
has become a key issue in polymer industry. In this sense modeling and simulation of
processing operations appears as a fundamental tool, leading to better understanding
of how the rheological properties of polymers affect their processability and final
product quality, and reducing time and costs related to the development of processes
and products. This work presents a new Computational Fluid Dynamics (CFD) tool
for the simulation of viscoelastic fluid flows, called viscoelasticFluidFoam solver,
which consists of a viscoelastic fluid module to be used OpenFOAM CFD package.
The advantages of using OpenFOAM as development platform include its charac-
teristics with relation to flexibility to deal with complex geometries, unstructured
and non orthogonal meshes, moving meshes, large variety of interpolation schemes
and solvers for the linear discretized system, and the possibility of data processing
parallelization. Linear Maxwell, Oldroyd-B, Giesekus, Phan-Thien-Tanner (PTT), the
Finitely Extensible Nonlinear Elastic (FENE-P and FENE-CR), and DCPP constitutive
equations have been implemented, in single and the multimode form. Among the
various available methodologies to solve the problem of obtaining stable solutions to
high W eissenberg values, the DEVSS was chosen due to its stability and application
to complex models. The viscoelasticFluidFoam solver was tested by comparing its
predictions with experimental and numerical data from literature for the analysis of a
planar 4:1 contraction flow. These tests have shown the great potential of this solver
for application both in academia and in industry.
Key-words: Polymers, viscoelastic fluids, numeric simulation, CFD, OpenFOAM.
xi
xii
Sumário
Lista de Figuras xix
Lista de Tabelas xxi
Lista de Símbolos xxvii
Lista de Códigos xxix
1 Introdução 1
1.1 Motivação do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Estrutura da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2 Modelos Constitutivos e Propriedades de Fluidos Poliméricos 5
2.1 Comportamento reológico de materiais poliméricos . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Números Adimensionais importantes para Escoamentos de Fluidos Vis-
coelásticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3 Funções Materiais para Fluidos Poliméricos . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.4 Modelagem Matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.4.1 Equações Governantes para Fluidos Newtonianos . . . . . . . . . 17
2.4.2 Formulação do Modelo Matemático para Fluidos Poliméricos . . 18
2.5 Equações Constitutivas para Fluidos Poliméricos . . . . . . . . . . . . . . 19
xiii
2.5.1 Fluido Newtoniano Generalizado (FNG) . . . . . . . . . . . . . . 19
2.5.2 Fluido Viscoelástico Linear (FVL) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.5.3 Fluido Viscoelástico Não-Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.5.3.1 Modelos de Oldroyd-B, UCM e White-Metzner (WM) . 24
2.5.3.2 Modelos de Giesekus e Leonov . . . . . . . . . . . . . . 27
2.5.3.3 Modelos do tipo FENE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.5.3.4 Modelos de Phan-Thien-Tanner (PTT) e Feta-PTT . . . . 29
2.5.3.5 Modelos de Pom-Pom (PP), SXPP, DXPP e DCPP . . . . 31
3 Resolução Numérica de Escoamentos de Fluidos Viscoelásticos 37
3.1 Métodos Numéricos para Resolver um Problema de CFD . . . . . . . . . 37
3.2 Método de Volumes Finitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.2.1 Tipo de arranjo utilizado para as variáveis . . . . . . . . . . . . . 40
3.2.2 Esquemas de Interpolação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.2.3 Solução das Equações Discretizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3 Metodologia para Resolver Escoamentos com Elevados valores de We . 43
3.3.1 Formulação Viscosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.3.2 Formulação EVSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.3.3 Formulação DEVSS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.3.4 Formulação AVSS, DAVSS e derivações destas Metodologias . . . 46
4 Apresentação do Pacote de CFD OpenFOAM 49
4.1 O OpenFOAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.2 O OpenFOAM a nível de Usuário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.2.1 Estrutura Necessária para Efetuar uma Simulação no OpenFOAM
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.2.2 Pré-Processamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
xiv
4.2.3 Etapa de Resolução Numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.2.4 Pós-Processamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.3 O OpenFOAM a nível de Usuário Desenvolvedor . . . . . . . . . . . . . 56
4.3.1 Orientação a Objetos e C++ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.3.2 Linguagem do OpenFOAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.3.3 Definição e nomenclatura dos operadores diferencias no Open-
FOAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.3.3.1 Avaliação do Operador Gradiente . . . . . . . . . . . . . 61
4.3.3.2 Avaliação do Operador Divergente . . . . . . . . . . . . 62
4.3.3.3 Avaliação do Operador Laplaciano . . . . . . . . . . . . 63
4.3.3.4 Esquemas de Interpolação para Avaliação Temporal . . 63
4.3.4 Outros Operadores auxiliares no OpenFOAM . . . . . . . . . . . 64
4.3.5 Definição e nomenclatura dos esquemas de interpolação no Open-
FOAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.3.6 Solvers para Solução do Sistema Linear de Equações . . . . . . . 68
4.3.7 Opções para Condições de Contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
5 Desenvolvimento do Solver para fluidos viscoelásticos: viscoelasticFluid-
Foam 71
5.1 Escolha de uma Equação Constitutiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5.2 Escolha de uma Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
5.3 Algoritmo para Resolução de Escoamento de Fluido Viscoelástico . 73
5.4 Detalhamento da implementação do solver viscoelasticFluidFoam . . . 74
5.4.1 Código principal do solver viscoelasticFluidFoam . . . . . . . . . 74
5.4.2 A biblioteca createFields.H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
5.4.3 Implementação do modelo Phan-Thien-Tanner linear . . . . . . . 83
5.5 Estudos de validação do código implementado . . . . . . . . . . . . . . . 88
xv
5.5.1 Escolha de uma geometria representativa . . . . . . . . . . . . . . 88
5.5.2 Parâmetros utilizados nos testes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
6 Resultados: Validação do Solver Desenvolvido 91
6.1 Validação da implementação da estrutura básica do solver utilizando o
modelo de Giesekus com um único modo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.1.1 Estudo de Convergência de Malha . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6.1.2 Teste de Esquemas de Interpolação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
6.1.3 Comparação das predições com dados Numéricos e Experimentais 98
6.1.3.1 Dinâmica na seção anterior a contração . . . . . . . . . . 101
6.1.3.2 Dinâmica na seção posterior a contração . . . . . . . . . 103
6.1.3.3 Efeito do valor de Deborah . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
6.2 Modelo de Giesekus na forma multimodo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
6.3 Avaliação da implementação do modelo DCPP . . . . . . . . . . . . . . . 108
6.4 Avaliação da Implementação de outros Modelos Constitutivos . . . . . . 110
6.4.1 Teste da implementação dos modelos LPTTS e FENE-P . . . . . . 111
6.4.2 Teste da implementação dos modelos EPTTS e FENE-CR . . . . . 113
6.4.3 Teste da implementação dos modelos Maxwell linear
e Oldroyd-B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
7 Conclusões 117
Referências Bibliográficas 127
xvi
Lista de Figuras
2.1 Representação do efeito de inchamento de extrudado (die swell) para um
fluido newtoniano (esquerda) e um fluido polimérico (direita). . . . . . . 9
2.2 Experimento "rod-climbing". A esquerda pode-se ver o comportamento
de um fluido newtoniano e a direita o de um fluido polimérico. . . . . . 10
2.3 Curvas típicas da viscosidade não-newtoniana para o polietileno de
baixa densidade em função da taxa de deformação, sob diferentes tem-
peraturas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.4 Viscosidade elongacional e viscosidade não-newtoniana para uma mis-
tura de poliestireno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.5 Modelo físico mola-amortecedor, representando o modelo viscoelástico
linear de Maxwell. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.6 Representação de uma macromolécula de polímero como um "dumbbell". 25
2.7 Estrutura esquemática da molécula do modelo Pom-Pom. . . . . . . . . 32
3.1 Volume de controle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.1 Estrutura de diretórios e arquivos necessários para uma simulação com
o OpenFOAM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.2 Parâmetros em uma discretização por volumes finitos. . . . . . . . . . . 60
5.1 Esboço da geometria utilizada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
6.1 Malha computacional (Malha 2). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6.2 Perfis de velocidade U em um corte transversal na seção anterior a
contração usando as malhas 1, 2 e 3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
xvii
6.3 Perfis de tensão de cisalhamento τ
xy
em um corte transversal na seção
anterior a contração usando as malhas 1, 2 e 3. . . . . . . . . . . . . . . . 93
6.4 Perfis da primeira diferença de tensões normais N
1
em um corte trans-
versal na seção anterior a contração usando as malhas 1, 2 e 3. . . . . . . 94
6.5 Perfis de tensão de cisalhamento τ
xy
na seção anterior a contração para
alguns esquemas de interpolação (esquerda). Ampliação da região em
destaque (direita). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
6.6 Perfis da primeira diferença de tensões normais N
1
na seção anterior a
contração para alguns esquemas de interpolação (esquerda). Ampliação
da região 2 em destaque (direita). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
6.7 Representação das oscilações na região compreendida entre 0,4 à 0,7 na
Figura 6.6 à esquerda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
6.8 Campo de pressão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
6.9 Campo velocidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
6.10 Campo de tensão τ
xx
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
6.11 Campo de tensão τ
xy
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
6.12 Campo de tensão τ
yy
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
6.13 Linhas de corrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
6.14 Perfis de velocidade Ux em cortes transversais (esquerda) e paralelos
(direita) ao escoamento na seção anterior a contração. . . . . . . . . . . . 101
6.15 Perfis para a componente da tensão τ
xy
em cortes transversais (esquerda)
e paralelos (direita) ao escoamento na seção anterior a contração. . . . . 101
6.16 Perfis para a primeira diferença de tensões normais (N
1
) em cortes
transversais (esquerda) e paralelos (direita) ao escoamento na seção
anterior a contração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
6.17 Perfis de velocidade Ux em um corte transversal ao escoamento na seção
posterior a contração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
6.18 Perfis para a componente da tensão τ
xy
em cortes transversais (esquerda)
e paralelos (direita) ao escoamento na seção posterior a contração. . . . . 104
6.19 Perfis para a primeira diferença de tensões normais (N
1
) em cortes
transversais (esquerda) e paralelos (direita) ao escoamento na seção
posterior a contração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
xviii
6.20 Perfis para a velocidade (esquerda) e primeira diferença de tensões nor-
mais (N
1
) (direita) na linha central do escoamento e quando submetidos
a diferentes valores de Deborah. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
6.21 Perfis para a primeira diferença de tensões normais (N
1
) em um corte
lateral (esquerda) e na linha de simetria (direita) ao escoamento na seção
posterior a contração usando o modelo de Giesekus 4-modos. . . . . . . 107
6.22 Perfis para a velocidade usando o modelo DCPP. Literatura (esquerda)
e este trabalho (direita). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
6.23 Perfis para a PSD usando o modelo DCPP. Literatura (esquerda) e este
trabalho (direita). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
6.24 Perfis de velocidade Ux em um corte transversal ao escoamento compa-
rando os modelos Giesekus, FENE-P e LPTTS. . . . . . . . . . . . . . . . 112
6.25 Perfis para a componente da tensão τ
xy
em um corte transversal (es-
querda) e paralelo (direita) ao escoamento comparando os modelos
Giesekus, FENE-P e LPTTS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
6.26 Perfis para a primeira diferença de tensões normais N
1
em um corte
transversal (esquerda) e paralelo (direita) ao escoamento comparando
os modelos Giesekus, FENE-P e LPTTS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
6.27 Perfis de velocidade Ux em um corte transversal ao escoamento compa-
rando os modelos Giesekus, FENE-CR e EPTTS. . . . . . . . . . . . . . . 114
6.28 Perfis para a componente da tensão τ
xy
em um corte transversal (es-
querda) e paralelo (direita) ao escoamento comparando os modelos
Giesekus, FENE-CR e EPTTS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
6.29 Perfis para a primeira diferença de tensões normais N
1
em um corte
transversal (esquerda) e paralelo (direita) ao escoamento comparando
os modelos Giesekus, FENE-CR e EPTTS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
6.30 Perfis de velocidade Ux em um corte transversal ao escoamento compa-
rando os modelos Giesekus, Maxwell linear e Oldroyd-B. . . . . . . . . . 116
6.31 Perfis para τ
xy
em um corte transversal (esquerda) e paralelo (direita)
ao escoamento comparando os modelos Giesekus, Maxwell linear e
Oldroyd-B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
6.32 Perfis para N
1
em um corte transversal (esquerda) e paralelo (direita)
ao escoamento comparando os modelos Giesekus, Maxwell linear e
Oldroyd-B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
xix
xx
Lista de Tabelas
4.1 Principais palavras chaves usadas no arquivo fvSchemes. . . . . . . . . 60
4.2 Esquemas de discretização possíveis em gradSchemes. . . . . . . . . . 62
4.3 Esquemas de discretização disponíveis em ddtSchemes. . . . . . . . . . 64
4.4 Alguns dos esquemas de interpolação presentes no OpenFOAM. . . . . 66
4.5 Comportamento dos esquemas de interpolação usados em divSchemes. 67
4.6 Solvers para o sistema linear. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.7 Opções de pré-condicionadores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.8 Especificações primitivas para os contornos. . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5.1 Representação de operadores matemáticos usando a linguagem do Open-
FOAM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
5.2 Condições do escoamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
6.1 Características da malha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6.2 Erro relativo, em percentual, das malhas 1 e 2 em relação a malha 3 para
as curvas referenciadas com a letra "a" nas Figuras 6.2 - 6.4. . . . . . . . 94
6.3 Erro relativo máximo e erro relativo médio, em percentual, do esquema
upwind em relação ao Gamma 1 para a curva "a". . . . . . . . . . . . . . . 97
6.4 Parâmetros para o modelo de Giesekus 4-modos. . . . . . . . . . . . . . . 106
6.5 Parâmetros para o modelo DCPP 4-modos. . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
6.6 Parâmetros dos modelos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
xxi
xxii
Lista de Símbolos
Co Número de Courant
D Tensor taxa de deformação s
1
De Número de Deborah
II
D
Segundo invariante do tensor taxa de deformação s
1
II
τ
Segundo invariante da tensão kg
2
.m
2
.s
4
I
τ
Primeiro invariante da tensão kg.m
1
.s
2
L
2
Extensibilidade adimensional das moléculas
L
c
Comprimento característico m
N
1
Primeira diferença de tensões normais kg.m
1
.s
2
N
2
Segunda diferença de tensões normais kg.m
1
.s
2
Re Número de Reynolds
S Tensor orientação
S
f
vetor que contem a área da face. m
2
U Vetor velocidade m.s
1
U
c
Velocidade característica m.s
1
V Volume m
3
W e Número de Weissenberg
U Velocidade média m.s
1
d Vetor de P até N m
g
b
Condição de contorno para a condição fixed Gradient
p Pressão kg.m
1
.s
2
xxiii
q Quantidade de ramos existentes desde o começo até o fim da espinha
dorsal do tubo
t Tempo s
t
c
Tempo característico do escoamento s
Letras Gregas
α Fator de mobilidade
δ Tensor identidade
˙γ Taxa de deformação s
1
˙ε Taxa de elongação s
1
η( ˙γ) Viscosidade não-newtoniana kg.m
1
.s
1
η Viscosidade newtoniana kg.m
1
.s
1
η
0
Viscosidade a taxa de deformação nula kg.m
1
.s
1
γ
c
Taxa de deformação característica s
1
λ
OB
K
Tempo de relaxação para a orientação da espinha dorsal do tubo s
λ
OS
K
Tempo de relaxação para o estiramento s
Λ Estiramento dorsal da molécula
λ Tempo de relaxação s
η Viscosidade elongacional kg.m
1
.s
1
η
1
Primeira função viscosidade elongacional kg.m
1
.s
1
η
2
Segunda função viscosidade elongacional kg.m
1
.s
1
φ
f
Variável arbitrária analisada na face da célula
Ψ
1
Primeiro coeficiente de tensões normais kg.m
1
Ψ
2
Segundo coeficiente de tensões normais kg.m
1
ρ Massa específica kg.m
3
τ Tensor das tensões kg.m
1
.s
2
τ
E
Parcela elástica da tensão polimérica kg.m
1
.s
2
τ
P
Tensor tensão para a contribuição polimérica kg.m
1
.s
2
xxiv
τ
S
Tensor tensão para a contribuição do solvente kg.m
1
.s
2
τ
V
Parcela viscosa da tensão polimérica kg.m
1
.s
2
τ
xx
Tensões normais xx kg.m
1
.s
2
τ
yx
Tensão de cisalhamento kg.m
1
.s
2
τ
yy
Tensões normais yy kg.m
1
.s
2
τ
zz
Tensões normais zz kg.m
1
.s
2
ε Parâmetro não linear do modelo PTT
ξ Parâmetro não linear que relaciona as diferenças de tensões normais
Sobrescritos
q
n
Valor de uma variável q em um nível de tempo posterior
q
o
Valor de uma variável q em um nível de tempo anterior
q
oo
Valor de uma variável q em dois níveis de tempo anteriores
Subescritos
f Face de comunicação entre as duas células
K Índice para cada modo da formulação multimodo
P Corresponde a contribuição polimérica
S Corresponde a contribuição do solvente
Outros Símbolos
t Intervalo de tempo
x Variação de espaço
τ Derivada de Gordon-Schowalter
τ Derivada convectiva inferior no tempo do tensor das tensões
τ Derivada convectiva superior no tempo do tensor das tensões
xxv
Siglas
AV SS Adaptive Viscosity Stress Splitting Scheme
CAD Computer-Aided Design
CDS Central Differencing Scheme
CF D Computational Fluid Dynamics
CG Conjugate Gradient
CUBIST A Convergent and Universally Bounded Interpolation Scheme for the
Treatment of Advection
DCP P Double Convected Pom-Pom
DEV SS Discrete Elastic Viscous Split-Stress
DIC Diagonal incomplete-Cholesky
DILU Diagonal incomplete-LU
DXP P Double equation eXtended Pom-Pom
EEME Explicitly Elliptic Momentum Equation
EP T T Exponential Phan-Thien-Tanner
EV SS Elastic Viscous Split-Stress
F EM Finite Element Method
F ENE Finitely Extensible Nonlinear Elastic
F ENE CR Finitely Extensible Nonlinear Elastic-Chilcott and Rallison
F ENE P Finitely Extensible Nonlinear Elastic-Peterlin
F eta P T T Fixed eta Phan-Thien-Tanner
F IB Flow-Induced Birefringence
F NG Fluido Newtoniano Generalizado
F V L Fluido Viscoelástico Linear
F V M Finite Volume Method
GAMG Generalised geometric-algebraic multi-grid
GLP Gnu Public License
GMRES Generalized Minimal Residual
xxvi
HDS Hybrid Differencing Scheme
HRS High Resolution Schemes
HW NP High Weissenberg Number Problem
LDV Laser-Doppler Velocimetry
LP T T Linear Phan-Thien-Tanner
OpenF OAM Open Source Field Operation and Manipulation
P IB Poli-IsoButileno
P ISO Pressure Implicit Splitting of Operators
P OO Programação Orientada a Objeto
P P Pom-Pom
P SD Principal Stress Difference
SIMP LE Semi-Implicit Method for Pressure Linked Equations
SXP P Single equation eXtended Pom-Pom
UCM Upper Convected Maxwell
UDS Upwind Differencing Scheme
W ENO Weighted Essentially Non-Oscillatory
xxvii
xxviii
Lista de Códigos
5.1 Solver viscoelasticFluidFoam (arquivo viscoelasticFluidFoam.C). 75
5.2 Biblioteca createFields.H do Solver viscoelasticFluidFoam. . . . . . 82
5.3 Conteúdo do arquivo LPTT.C do Solver viscoelasticFluidFoam. . . . . . 84
xxix
xxx
Capítulo 1
Introdução
O uso de produtos de origem polimérica é uma necessidade da sociedade moderna e basta
olharmos a nossa volta para vermos o quanto eles estão presentes em nossas vidas. Como
exemplos, podem-se citar a maioria das embalagens para produtos alimentares, de limpeza,
de beleza e de uso doméstico, peças para a indústria automobilística, de eletrodomésticos e
eletroeletrônicos, produção de órgãos artificiais e artefatos para a indústria aeroespacial onde
se requer materiais com alta qualidade, entre uma infinidade de outros exemplos que se poderia
citar. Para se conseguir melhorar a qualidade dos produtos, diminuir o desperdício e conseguir
as propriedades desejadas opta-se cada vez mais pelas simulações computacionais antes da
execução de um projeto ou para melhorias dos existentes ao invés de se usar os antigos
protótipos de bancada que consomem mais tempo e envolvem maiores custos. Assim, não restam
dúvidas da forte tendência de se usar cada vez mais a mecânica de fluidos computacional nas
indústrias de processamento de polímeros.
1.1 Motivação do Trabalho
A existência de softwares para resolução de problemas envolvendo escoamento de
fluidos poliméricos é ainda muito limitada sendo que a maioria deles não chegam às
indústrias, ou seja, são utilizados quase que exclusivamente no meio acadêmico.
1
2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Dentre os poucos softwares comerciais que apresentam modelos constitutivos
para fluidos poliméricos, podem-se citar:
Polyflow: é um módulo da ANSYS Inc. e possui alguns modelos para
fluidos viscoelásticos implementados;
Flow 2000: bastante usado na indústria de polímeros para simular extrusão,
contendo apenas modelos não-Newtonianos puramente viscosos e é comer-
cializado pela Compuplast Inc.;
Phoenics CFD: permite algumas implementações de modelos e é comercia-
lizado pela CHAM Ltd.;
Moldex3d: bastante usado na indústria de polímeros para simular injeção
usando modelos não-Newtonianos puramente viscosos e comercializado
pela CoreTech System;
Moldflow Plastics Insight: usado para simular injeção usando modelos
não-Newtonianos puramente viscosos e é comercializado pela Autodesk
Inc.;
No entanto os softwares comerciais apresentam a desvantagem de possuírem
custos elevados com obtenção e manutenção de licença e apresentam suas rotinas de
cálculo escondidas, privando o usuário de saber quais as técnicas e artifícios numéricos
que realmente são usados pelo software.
No ramo acadêmico geralmente são desenvolvidos softwares que visam resolver
problemas bem específicos, sendo que a parte mais explorada é a questão numérica.
Deste modo, esses códigos apresentam limitações para resolver os problemas com-
plexos que são encontrados nas indústrias.
1.2. OBJETIVO 3
1.2 Objetivo
A proposta deste trabalho é a implementação e a validação de um módulo contendo
modelos constitutivos para fluidos poliméricos em um pacote de CFD (Computational
Fluid Dynamics) conhecido, confiável e de código aberto. O módulo poderá posterior-
mente ser usado tanto em estudos acadêmicos como dentro das indústrias para ajudar
na implementação de novos projetos e na otimização de processos.
Visando atacar os dois problemas citados na Seção 1.1, o módulo para fluidos
poliméricos será de código aberto e permitirá o uso de recursos avançados de CFD,
como por exemplo, a possibilidade de uso de geometrias complexas, malhas móveis
e não-estruturadas, correções para malhas não-ortogonais, diferentes esquemas de
interpolação, bons solvers para o sistema linear de equações discretizado, possibilidade
de paralelização do processamento de dados entre outras vantagens que um bom
pacote de CFD fornece.
Para atingir esses objetivos fez-se uma busca por um software que fosse o mais
adequado possível. O software a ser usado deveria conduzir a soluções precisas,
consumindo tempo e recursos computacionais não proibitivos. Além disso, teria que
ser robusto e versátil. Por fim, o software deveria ter o melhor balanço possível entre
estas propriedades e estar de acordo com os objetivos a serem alcançados pelo seu
uso. O pacote de CFD que melhor atendeu os objetivos foi o OpenFOAM (Open Source
Field Operation and Manipulation) (OPENFOAM, 2008), que além de ter seu código aberto
permite o uso de muitos recursos avançados de CFD.
1.3 Estrutura da Dissertação
No Capítulo 2 serão apresentados aspectos referentes à reologia, à modelagem mate-
mática e à simulação de fluidos viscoelásticos. Será feito uma descrição das caracterís-
4 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
ticas dos fluidos viscoelásticos e serão apresentadas as principais funções materiais
usadas para tratar o problema do escoamento desse tipo de fluido. Serão apresentadas
as formulações matemáticas para fluidos newtonianos e fluidos viscoelásticos com o
objetivo de mostrar as diferenças entre elas e também serão apresentados os modelos
constitutivos usados para representação do comportamento de fluidos poliméricos.
No Capítulo 3 é feita uma descrição das metodologias numéricas que são usadas
para resolver escoamentos envolvendo fluidos viscoelásticos, pois devido às dificul-
dades de se resolver este tipo de escoamento, várias metodologias têm sido propostas
na tentativa de contorná-las.
O Capítulo 4 tem como objetivos justificar o porquê da escolha do software Open-
FOAM (OPENFOAM, 2008) e também detalhar seu funcionamento como ferramenta de
CFD. Será feita uma descrição do OpenFOAM, da sua estrutura e do procedimento
básico para se fazer a simulação de um caso usando este software. Serão apresentados
também os diferentes solvers disponíveis, esquemas de interpolação, etc., que o usuário
pode escolher para simular um problema. Serão discutidos também aspectos relativos
à implementação de novos solvers, linguagem de programação C++ e descrição de
algumas classes importantes do software
No Capítulo 5 será detalhado o algoritmo e a implementação do módulo vis-
coelasticFluidFoam feita durante a realização deste trabalho.
No Capítulo 6 são apresentados resultados obtidos com o solver desenvolvido.
Os resultados obtidos são comparados com dados numéricos e experimentais obtidos
da literatura e são usados para validação do solver. É feita também a avaliação da
implementação de vários modelos constitutivos e o uso de modelos com multimodos.
Por fim, no Capítulo 7, são apresentadas as conclusões e algumas sugestões para
trabalhos futuros.
Capítulo 2
Modelos Constitutivos e Propriedades
de Fluidos Poliméricos
Neste capítulo serão apresentados aspectos referentes à reologia, modelagem matemática e
simulação de fluidos viscoelásticos.
Primeiramente será feita uma descrição dos fluidos poliméricos e serão apresentadas as
principais funções materiais usadas para tratar o problema de escoamento desse tipo de fluido.
Após isso será tratada a modelagem matemática do problema. É apresentada a formulação
matemática para fluidos newtonianos e para fluidos viscoelásticos visando mostrar as diferenças
entre elas. Como existem diferentes teorias que são usadas para descrever o comportamento
reológico de um fluido viscoelástico, são apresentados os modelos correspondentes a cada uma
destas teorias.
2.1 Comportamento reológico de materiais poliméri-
cos
Como já comentado, é enorme o uso de produtos de origem polimérica pela sociedade
moderna e a tendência é que sua utilização cresça ainda mais; Isto por que os polímeros
sintéticos estão cada vez mais substituindo materiais convencionais como metais e
5
6
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
madeira, devido, principalmente, ao seu menor custo, facilidade de processamento e
propriedades físicas e mecânicas adequadas. Materiais bem distintos podem ser obti-
dos utilizando-se diferentes polímeros, por exemplo, o plástico utilizado na fabricação
de sacolas de supermercados e o plástico que reveste televisores, monitores de com-
putador ou os usados em automóveis. Para cada uma destas aplicações propriedades
específicas do material polimérico são requeridas.
Todo o contingente de produtos de origem polimérica passa anteriormente por
algum processo de transformação, ou seja, operações que transformam a matéria-
prima (resina virgem) em produtos finais para consumo. Como exemplos desses
processos de transformação têm-se a extrusão, moldagem por injeção, moldagem
por sopro, termomoldagem, entre muitos outros, sendo cada um destes processos
adequado à produção de um determinado tipo de produto . O que de comum
na grande maioria destes processos, é uma etapa na qual o material, originalmente
no estado sólido, é fundido possibilitando assim que tome uma nova forma desejada
(BRETAS; DAVILA, 2005).
Para o estudo, avaliação e entendimento de qualquer processo no qual o escoa-
mento deste tipo de fluido seja de fundamental importância, é necessário conhecer este
comportamento e em muitos casos, saber representá-lo de uma forma quantitativa,
por meio de equações matemáticas. Exemplos de situações onde isto ocorre é na
caracterização de polímeros pela obtenção de medidas reológicas e na modelagem,
simulação e otimização de processos que envolvam o escoamento de fluidos polimé-
ricos. Assim, um conhecimento das diferentes categorias de materiais que podemos
encontrar, do ponto de vista de comportamento reológico, é indispensável. De modo
geral, os diferentes tipos de comportamento reológico podem ser enquadrados em uma
das seguintes categorias:
Sólidos de Hooke: Sólidos, perfeitamente elásticos, que sofrem defor-
mações finitas sob ação de uma tensão, retomando sua forma original com
a remoção desta, sendo que a relação entre tensão e deformação é linear.
2.1. COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE MATERIAIS POLIMÉRICOS 7
A função material que caracteriza estes materiais é o módulo de Young
ou, simplesmente, módulo elástico, que define a proporcionalidade entre
tensão e deformação.
Fluidos Newtonianos: são fluidos puramente viscosos, ou seja, deformam-
se continuamente sob a ação de uma tensão de cisalhamento, que apresen-
tam relação linear entre tensão e taxa de deformação. A função material que
caracteriza estes materiais é a viscosidade, que define a proporcionalidade
entre tensão e taxa de deformação. Materiais compostos por moléculas de
baixa massa molar (menor que 1000, monômeros, N
2
, O
2
, H
2
O, etc.) são
exemplos típicos de materiais que apresentam comportamento de fluido
Newtoniano. A dinâmica dos fluidos newtonianos é representada pelas
equações de Navier-Stokes e pode-se dizer que seu comportamento é bem
entendido nos dias de hoje.
Fluidos puramente viscosos não-Newtonianos: são fluidos que apresen-
tam resposta puramente viscosa, mas que não apresentam uma relação
linear entre tensão e taxa de deformação. Enquadram-se nesta classificação
materiais que apresentam tensão mínima de escoamento e materiais com
viscosidade dependente do tempo e/ou da taxa de deformação. Para
descrever a dinâmica do escoamento deste tipo de material é necessária
uma equação constitutiva específica para viscosidade ou tensão, a qual é
geralmente explícita em termos de taxa de deformação, de maneira que o
número de incógnitas do problema não é alterado com relação ao necessário
para resolver o escoamento de um fluido Newtoniano.
Fluidos viscoelásticos: são materiais que podem apresentar as duas carac-
terísticas anteriores, ou seja, apresentar propriedades viscosas e elásticas
ao mesmo tempo. Estes materiais são constituídos por moléculas com-
plexas e de elevada massa molar (moléculas muito extensas e estruturadas),
como, por exemplo, soluções poliméricas ou polímeros fundidos, no qual
8
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
a dinâmica do escoamento não é descrita por completo pelas clássicas
equações de Navier-Stokes. Para descrever a dinâmica do escoamento
deste tipo de material é necessária uma equação constitutiva adicional
para o campo de tensões, sendo que as componentes de tensão aparecem
como incógnitas adicionais com relação àquelas consideradas na análise de
escoamentos de fluidos Newtonianos.
O estudo dos materiais que apresentam viscoelasticidade é cada vez mais neces-
sário e é de grande importância, não na indústria de processamento de artigos
plásticos em geral, mas também na indústria de produção de tintas, processamento
de alimentos, indústria de cosméticos, estudos sobre a eficiência de óleos lubrificantes,
o movimento de fluidos biológicos, como por exemplo, o sangue e a saliva, estudos de
moléculas biológicas complexas como as de DNA, entre outras. Como conseqüência,
tanto do ponto de vista experimental como teórico, o estudo deste tipo de fluido teve
um grande avanço a partir dos anos de 1950 e principalmente após os anos de 1970.
As características desse tipo de fluidos pode facilmente ser vista em experi-
mentos (BIRD et al., 1987). Um desses experimentos consiste em submeter um fluido
polimérico a uma taxa de deformação constante até o estado estacionário ser atingido,
e então, em um dado instante, cessar o movimento. A resposta obtida para fluidos
newtonianos é que a tensão cairia instantaneamente à zero. Porém, para fluidos
poliméricos observa-se que a tensão terá um valor finito e decairá exponencialmente
com o tempo, apresentando o que é conhecido como memória elástica. Esta tensão
residual é causada pelo estiramento e alinhamento das moléculas poliméricas pela
força de deformação aplicada. Assim, para fluidos poliméricos, o tempo necessário
para a tensão se dissipar é definido pelo tempo de relaxação das moléculas.
A Figura 2.1 mostra o efeito conhecido como inchamento do extrudado (die swell)
no qual a seção vertical do escoamento aumenta em tamanho após a saída da matriz,
devido à elasticidade do fluido (BIRD et al., 1987). No experimento ilustrado, considera-
2.1. COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE MATERIAIS POLIMÉRICOS 9
se um fluido que sai de um capilar com diâmetro D para o ar formando um jato com
diâmetro D
e
. Para fluidos newtonianos D
e
pode variar em 13 % para mais do diâmetro
D no caso de baixos números de Reynolds ou 13 % para menos do diâmetro do capilar
D quando se tem números de Reynolds maiores, porém ainda em escoamento laminar.
para o caso de fluidos poliméricos o valor de D
e
pode aumentar em mais de 300 %
o valor de D.
Figura 2.1: Representação do efeito de inchamento de extrudado (die swell) para um fluido
newtoniano (esquerda) e um fluido polimérico (direita) (Fonte: Bird et al. (1987)).
Outro efeito decorrente da viscoelasticidade é a presença de diferenças de ten-
sões normais em escoamentos por cisalhamento. Em adição às tensões de cisalhamento
estes fluidos apresentam tensões extras ao longo das linhas de corrente, que derivam
do estiramento e alinhamento das cadeias poliméricas ao longo das linhas de cor-
rente. O experimento clássico "rod-climbing" permite visualizar este comportamento
e consiste em submeter um fluido em um recipiente a uma agitação por meio de
um eixo rotatório imerso no fluido. No recipiente contendo fluido newtoniano se
formará uma depressão junto ao eixo do agitador. para um fluido polimérico, o
resultado é intuitivamente inesperado: o fluido sobe junto ao eixo do agitador. Nesse
experimento as linhas de corrente são círculos fechados e a tensão extra ao longo destas
linhas de corrente "estrangulam" o fluido e forçam-no para dentro em oposição a
força centrífuga e para cima em oposição à força gravitacional. Na Figura 2.2 pode-
se visualizar o experimento (BIRD et al., 1987).
10
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
O comportamento reológico dos fluidos poliméricos se deve basicamente à
sua constituição química. Estes materiais são constituídos por longas cadeias, que
podem ser lineares ou ramificadas, com massas molares típicas entre 1000 a 1000000
g/mol. Estas cadeias geralmente estão entrelaçadas, formando estruturas complexas,
que apresentam a capacidade de ser modificadas sob a ação de uma tensão, podendo
retomar uma posição atingida em um passado recente após a remoção desta.
Figura 2.2: Experimento "rod-climbing". A esquerda pode-se ver o comportamento de um fluido
newtoniano e a direita o de um fluido polimérico (Fonte: Bird et al. (1987)).
Além da viscoelasticidade, outra característica reológica dos fluidos poliméri-
cos, e talvez a mais conhecida, é possuir uma viscosidade dependente da taxa de
deformação aplicada sobre o material, também conhecida como viscosidade não-
newtoniana. Baseado no comportamento da dependência da viscosidade com a taxa
de deformação, os fluidos poliméricos na sua grande maioria são classificados como
fluidos pseudoplásticos (shear-thinning), nos quais a viscosidade diminui com a taxa de
deformação.
Muitos outros experimentos que demonstram o efeito da viscoelasticidade em
fluidos poliméricos podem ser encontrados em Bird et al. (1987), Macosko (1994) e
Larson (1988).
2.2. NÚMEROS ADIMENSIONAIS IMPORTANTES PARA ESCOAMENTOS DE FLUIDOS
VISCOELÁSTICOS 11
2.2 Números Adimensionais importantes para Escoa-
mentos de Fluidos Viscoelásticos
O processo transiente de relaxação das tensões possui um tempo característico conhe-
cido como tempo de relaxação. Do tempo de relaxação podemos obter um número adi-
mensional de fundamental importância no estudo de fluidos viscoelásticos, o número
de Deborah (De) (Equação 2.1) que é dado pela razão entre o tempo de relaxação λ e o
tempo característico do experimento, t
c
.
De =
λ
t
c
(2.1)
O número de Deborah nos fornece uma relação de quão pronunciado será o
efeito elástico, ou seja, valores altos deste número indicam que o efeito elástico é
maior, quando esses valores tenderem a zero teremos escoamento puramente viscoso
(LARSON, 1988; BIRD et al., 1987).
Na verdade, como a grande maioria dos polímeros comerciais se constitui por
cadeias moleculares de diferentes tamanhos (polidispersos), apresentando uma dis-
tribuição de massa molar, não existe um único tempo de relaxação, mas sim um
espectro de relaxação, constituído pelos tempos de relaxação individuais de cada
molécula. O tempo de relaxação usado para o cálculo do número de Deborah será
o que tiver maior importância dentro do espectro de relaxação.
Outro grupo adimensional utilizado para quantificar a importância dos efeitos
elásticos em escoamentos é o número de W eissenberg (W e) (Equação 2.2), que é
obtido quando é feito o adimensionamento das equações constitutivas para fluidos
viscoelásticos e define-se como:
W e = λ ˙γ
c
(2.2)
onde, ˙γ
c
é a taxa de deformação característica. Para um duto de seção circular ˙γ
c
=
U
c
/R, com U
c
sendo igual à velocidade característica e R o raio do duto.
12
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
Em geral os valores de De e We somente são coincidentes para o caso de
escoamentos estacionários, que neste caso costuma-se utilizar o recíproco da taxa
de deformação característica como tempo característico.
O número adimensional mais conhecido na área de CFD é o número de Reynolds
(Re) (Equação 2.3). Este número surge naturalmente quando se faz o adimensiona-
mento das equações de conservação de quantidade de movimento e serve para carac-
terizar um escoamento. Números baixos de Re indicam que o escoamento é laminar, ou
seja, não existe turbilhonamento. Números de Re elevados indicam que o escoamento
é turbulento e números intermediários caracterizam a zona de transição. Deve-se
lembrar que este número é dependente da geometria onde ocorre o escoamento e por
isso os valores que caracterizam cada regime de escoamento variam de acordo com a
geometria.
Re =
ρU
c
L
c
η
0
(2.3)
onde, L
c
é o comprimento característico, ρ a massa específica e η
0
a viscosidade
dinâmica a taxa de deformação nula.
Outro número importante em CFD é o número de Courant (Co). Este número
é utilizado como critério para garantir a estabilidade numérica de métodos explícitos
na resolução de processos transientes, ou seja, a partir desse número pode-se obter o
valor do passo de tempo que garanta soluções estáveis. O número de Courant médio
é dado pela relação entre a velocidade média U, o passo de tempo t e o tamanho da
célula de referência x como mostrado pela Equação 2.4.
Co =
U t
x
(2.4)
2.3 Funções Materiais para Fluidos Poliméricos
Para se poder representar o escoamento de um líquido polimérico é necessário conhe-
cer, não somente as propriedades físicas do fluido, mas também parâmetros relaciona-
2.3. FUNÇÕES MATERIAIS PARA FLUIDOS POLIMÉRICOS 13
dos com a geometria e às condições do escoamento, como condições de contorno.
Para fluidos newtonianos, as propriedades físicas podem ser representadas por
alguma constante material, como por exemplo, a viscosidade newtoniana η que é
medida em pressão e temperaturas fixas. Sua definição vem da lei da viscosidade
de Newton dada pela Equação 2.5:
τ
yx
= η ˙γ
yx
(2.5)
onde τ
yx
é a tensão de cisalhamento e ˙γ
yx
é a taxa de deformação. Os sub-índices
x e y, correspondem às direções características do escoamento, sendo x a direção do
escoamento e y a direção de variação do perfil de velocidade (BIRD et al., 1987).
Para o caso dos fluidos poliméricos, não se tem uma constante material, já que as
propriedades desses fluidos são funções da taxa de deformação, do tempo, etc. Assim,
para os fluidos poliméricos, ao invés de se usar constantes materiais, é mais correto
usar funções materiais.
As funções materiais para fluidos poliméricos podem ser classificadas em duas
grandes classes: funções materiais para escoamentos por cisalhamento e funções ma-
teriais para escoamentos livres de cisalhamento. Estas funções materiais podem ser
dependentes do tempo (em escoamentos transientes) ou não (em escoamentos esta-
cionários).
Segundo Bird et al. (1987) a tensão em estado estacionário para um escoamento
com cisalhamento puro depende somente da taxa de deformação. A viscosidade não-
newtoniana η( ˙γ) é definida analogamente à viscosidade newtoniana como mostrado
na Equação 2.6:
τ
yx
= η( ˙γ) ˙γ
yx
(2.6)
Para escoamentos por cisalhamento pode-se definir outras funções materiais
importantes, como os coeficientes de tensões normais Ψ
1
e Ψ
2
que relacionam as
14
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
diferenças de tensões normais N
1
(Equação 2.7) e N
2
(Equação 2.8) no escoamento com
a taxa de deformação:
N
1
= τ
xx
τ
yy
= Ψ
1
( ˙γ) ˙γ
2
yx
(2.7)
N
2
= τ
yy
τ
zz
= Ψ
2
( ˙γ) ˙γ
2
yx
(2.8)
É comum encontrar trabalhos que consideram N
1
= (τ
xx
τ
yy
) e N
2
= (τ
yy
τ
zz
). O primeiro coeficiente de tensões normais (Ψ
1
) tem o mesmo comportamento da
viscosidade frente à taxa de deformação, ou seja, geralmente diminui com o aumento
da taxa de deformação. Este parâmetro tem um valor sempre positivo, exceto raras
exceções. O segundo coeficiente de tensões normais (Ψ
2
) é mais difícil de ser medido
experimentalmente, e conhece-se pouco sobre valores experimentais deste parâmetro.
Sabe-se que o coeficiente Ψ
2
é menor que Ψ
1
em módulo (10 % do valor de Ψ
1
) e é
sempre negativo (BIRD et al., 1987). Deve-se lembrar que estes coeficientes são ambos
nulos para fluidos newtonianos sob cisalhamento puro.
Das três funções materiais apresentadas, a viscosidade é a mais conhecida pela
maior facilidade de ser determinada experimentalmente. Em baixas taxas de defor-
mação a tensão de cisalhamento é proporcional a taxa de deformação e a viscosidade
nesta região é constante, sendo chamada de viscosidade a deformação nula η
0
(zero-
shear-rate viscosity). Sob altas taxas de deformação a viscosidade diminui com o au-
mento da taxa de deformação para a maioria dos polímeros líquidos.
A viscosidade é uma propriedade muito importante no estudo de fluidos po-
liméricos, pois estes fluidos são geralmente pseudoplásticos, isto é, sua viscosidade
diminui com a taxa de deformação aplicada. Este comportamento pode ser visto nas
curvas típicas de viscosidade mostradas na Figura 2.3 para diferentes temperaturas,
sendo que a viscosidade diminui com o aumento de temperatura, analogamente ao
que ocorre com os fluidos de baixa massa molar no estado líquido em geral.
2.3. FUNÇÕES MATERIAIS PARA FLUIDOS POLIMÉRICOS 15
Figura 2.3: Curvas típicas da viscosidade não-newtoniana para o polietileno de baixa
densidade em função da taxa de deformação, sob diferentes temperaturas (Fonte: Bird et al.
(1987)).
Para escoamento em estado estacionário e para cisalhamento simples uma me-
dida da elasticidade de um fluido pode ser obtida pela razão das tensões (τ
xx
τ
yy
)
xy
.
Esta medida é zero para fluidos newtonianos e também para não-newtonianos quando
estão escoando a baixas taxas de deformação.
Em escoamentos livres de cisalhamento também podem ser definidas funções
materiais. Para escoamentos estacionários, definem-se duas funções viscosidade η
1
(Equação 2.9) e η
2
(Equação 2.10) que são relacionadas às diferenças de tensões nor-
mais.
τ
zz
τ
xx
= η
1
( ˙ε, b) ˙ε (2.9)
τ
yy
τ
xx
= η
2
( ˙ε, b) ˙ε (2.10)
onde ˙ε é a taxa de elongação e b é um parâmetro que define o tipo de escoamento. Para
o caso especial de escoamento livre de cisalhamento em estado estacionário b = 0 e
η
2
= 0 e η
1
é igual a viscosidade elongacional η como representado pela Equação 2.11.
η( ˙ε) = η
1
( ˙ε, 0) ˙ε; η
2
( ˙ε, 0) = 0 (2.11)
16
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
Para ˙ε > 0, η representa o fluxo elongacional, para ˙ε < 0 representa a
compressão biaxial. A viscosidade elongacional é também chamada algumas vezes
de "viscosidade de Trouton" ou "viscosidade extensional".
Em baixas taxas de elongação a viscosidade elongacional assume um valor
constante conhecido como viscosidade elongacional a taxa de elongação nula, que é
igual a três vezes a viscosidade de cisalhamento à taxa de deformação nula. Com o
aumento da taxa de elongação, esta viscosidade aumenta e depois diminui em altas
taxas de elongação, como mostrado na Figura 2.4. Este comportamento é observado
para a maioria dos polímeros, porém em alguns casos, se tem um comportamento
inverso, como por exemplo, o polietileno de alta densidade (BIRD et al., 1987).
Figura 2.4: Viscosidade elongacional e viscosidade não-newtoniana para uma mistura de
poliestireno (Fonte: Bird et al. (1987)).
2.4 Modelagem Matemática
Serão considerados neste estudo escoamentos incompressíveis e isotérmicos. Será
apresentada a formulação newtoniana e a usada para descrever o comportamento dos
fluidos viscoelásticos.
2.4. MODELAGEM MATEMÁTICA 17
2.4.1 Equações Governantes para Fluidos Newtonianos
Em geral qualquer problema de mecânica de fluidos tem que satisfazer as equações de
conservação de massa ou equação da continuidade, que para fluidos incompressíveis
assume a forma da
Equação 2.12:
· (U) = 0 (2.12)
e de quantidade de movimento (Equação 2.13):
(ρU)
t
+ · (ρUU) = −∇p + · τ (2.13)
onde ρ é a massa específica, U é o vetor velocidade, p é a pressão e τ é o tensor das
tensões. O termo referente a força gravitacional está incorporado no termo correspon-
dente ao gradiente de pressão (BIRD et al., 1987).
Para completar o sistema de equações para o modelo, necessita-se de uma equa-
ção constitutiva mecânica. Para fluidos newtonianos incompressíveis para qualquer
geometria tem-se a Equação 2.14:
τ = 2ηD (2.14)
onde η é o coeficiente de viscosidade newtoniana e D é o tensor taxa de deformação
dado pela Equação 2.15:
D =
1
2
(U + [U]
T
) (2.15)
Como esta equação constitutiva é explícita em termos de velocidade, ela pode
ser substituída na Equação 2.13, resultando na Equação 2.16:
(ρU)
t
+ · (ρUU) η
2
U = −∇p (2.16)
Assim, a análise de escoamentos de fluidos Newtonianos se resume à resolução
do sistema de equações diferenciais formado pelas Equações 2.12 e 2.16, tendo como
incógnitas a pressão e as componentes da velocidade.
18
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
2.4.2 Formulação do Modelo Matemático para Fluidos Poliméri-
cos
O ponto de partida para a análise de escoamentos incompressíveis de fluidos polimé-
ricos também é a equação da continuidade e a equação de balanço de quantidade de
movimento. No entanto, quando o interesse é resolver o problema de um escoamento
de fluido não-newtoniano surgem algumas dificuldades adicionais, pois equações
constitutivas mais complexas devem ser resolvidas simultaneamente às equações de
conservação de massa e quantidade de movimento.
A equação da continuidade não tem sua forma alterada em decorrência do tipo
de equação constitutiva mecânica utilizada, de maneira que a Equação 2.12 também é
utilizada na modelagem de escoamento de fluidos poliméricos.
no caso do balanço de quantidade de movimento, para fluidos viscoelás-
ticos, a Equação 2.13 costuma ser reescrita dividindo o termo de tensão em duas
contribuições (Equação 2.17):
(ρU)
t
+ · (ρUU) = −∇p + · τ
S
+ · τ
P
(2.17)
onde τ
S
é a contribuição do solvente para o tensor das tensões e τ
P
é a contribuição
polimérica para este tensor. Desta forma se considera que os polímeros podem ser
considerados como sendo uma mistura de um solvente e um soluto polimérico. O
solvente possui comportamento newtoniano (Equação 2.18) (BIRD et al., 1987):
τ
S
= 2η
S
D (2.18)
onde η
S
é a viscosidade dinâmica do solvente. O tensor das tensões adicionais τ
P
(tensões "elásticas" ou "poliméricas") na Equação 2.17 deve ser obtido através de
equações constitutivas provenientes de teorias sobre reologia de fluidos, como por
exemplo, a teoria cinética, a teoria de redes de soluções concentradas e polímeros
fundidos e a teoria da reptação (LARSON, 1988).
2.5. EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA FLUIDOS POLIMÉRICOS 19
Como este tensor não pode, geralmente, ser escrito explicitamente em função
do gradiente de velocidades como no caso da contribuição Newtoniana, o sistema de
equações a ser analisado passa a ser composto pelas Equações 2.12 e 2.17, juntamente
como outra equação diferencial para a definição de τ
P
. Além disso, as componentes
de τ
P
passam também a ser incógnitas do problema, juntamente com a pressão e as
componentes da velocidade.
2.5 Equações Constitutivas para Fluidos Poliméricos
Existe um grande número de equações constitutivas, que buscam descrever o compor-
tamento reológico dos fluidos poliméricos. Estas equações podem ser enquadradas
em diferentes grupos, de acordo com a sua forma, sua natureza matemática e sua
capacidade de predição de funções materiais.
2.5.1 Fluido Newtoniano Generalizado (FNG)
Consiste na generalização do modelo de fluido newtoniano para fluidos nos quais a
viscosidade é uma função da magnitude do tensor taxa de deformação. Os modelos
de FNG consistem na primeira generalização da mecânica de fluidos clássica para a
mecânica dos fluidos não-newtonianos. Nesta situação os efeitos elásticos não são
preditos, uma vez que essa categoria de modelos ainda não considera o cálculo de τ
P
.
Esses modelos podem ser aplicados satisfatoriamente somente em casos onde ocorrem
escoamentos estacionários por cisalhamento puro e taxas de deformação elevadas.
Para FNG tem-se que substituir a Equação 2.19 na Equação 2.17:
τ
S
= 2η
S
( ˙γ)D, τ
P
= 0 (2.19)
onde a viscosidade η
S
é agora uma função de ˙γ que é igual ao segundo invariante
do tensor taxa de deformação D. Existem muitos modelos empíricos que fornecem
20
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
relações matemáticas para a viscosidade em função da taxa de deformação mas geral-
mente são válidos para determinados fluidos ou em determinadas regiões de apli-
cação (BIRD et al., 1987).
O modelo mais simples e mais conhecido para a viscosidade dependente da taxa
de deformação é a Lei da Potência (Equação 2.20) (OSTWALD, 1925; WAELE, 1923), dada
por:
η
S
( ˙γ) = K ˙γ
n1
(2.20)
onde K é um parâmetro de consistência e n é o expoente do modelo Lei da Potência.
Esses parâmetros são dependentes do fluido e são obtidos pelo ajuste de curvas a
dados experimentais. Este modelo, por ter uma forma simples, permite a obtenção de
soluções analíticas para uma grande variedade de escoamentos de fluidos. É possível
representar o efeito pseudoplástico (shear-thinning), tão comum nos materiais de uso
diário (por exemplo, a manteiga espalha-se mais facilmente quando a deformação
imposta pela faca aumenta).
Outro modelo muito usado é o de Carreau-Yasuda (Equação 2.21) (CARREAU,
1968; YASUDA, 1979), o qual descreve bem a viscosidade para uma ampla faixa de taxa
de deformação.
η
S
η
S
η
S
0
η
S
= [1 + (λ ˙γ)
a
]
n1
a
(2.21)
onde a viscosidade a baixas deformações η
S
0
, a viscosidade em altas taxas de defor-
mação η
S
, a constante de tempo λ e as constantes n e a são parâmetros característicos
do fluido. O modelo original de Carreau considera a = 2, sendo este parâmetro
introduzido na equação por Yasuda (BIRD et al., 1987).
O modelo de fluido newtoniano generalizado tem a deficiência de não predizer
os efeitos elásticos característicos dos fluidos poliméricos. Do ponto de vista numérico
o uso de FNG não apresenta dificuldades adicionais em comparação ao caso de fluido
newtoniano. Devido a estas características estes modelos são muito utilizados no
2.5. EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA FLUIDOS POLIMÉRICOS 21
estudo de aplicações industriais, como processos de extrusão e injeção, para predição
de algumas etapas ou características dos referidos processos que estão associadas so-
mente a fenômenos puramente viscosos e para os quais os efeitos da viscosidade não-
newtoniana têm grande importância. Pode-se citar como exemplo destas aplicações, o
cálculo de vazão em extrusoras de rosca simples e o cálculo de pressões e tempos para
preenchimento de moldes em processos de injeção.
2.5.2 Fluido Viscoelástico Linear (FVL)
O modelo mais simples para fluido viscoelástico, ou seja, que contempla o caráter vis-
coso e elástico de um fluido em uma única equação é o modelo para fluido viscoelástico
linear.
A primeira equação desenvolvida para descrever o comportamento viscoelás-
tico foi o modelo linear de Maxwell (MAXWELL, 1867), representado esquematicamente
na Figura 2.5. Este modelo pode ser encarado como uma combinação das equações
de Hooke para sólido elástico ˙τ
E
= G ˙γ
E
e de Newton para a viscosidade τ
V
= µ ˙γ
V
,
lembrando que ambas apresentam relação linear entre tensão e deformação ou taxa de
deformação.
Figura 2.5: Modelo físico mola-amortecedor, representando o modelo viscoelástico linear de
Maxwell.
22
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
Usando o modelo de Maxwell e considerando a Equação 2.17 temos:
τ
S
= 2η
S
D (2.22)
τ
P
K
+ λ
K
τ
P
K
t
= 2η
P
K
D, K = 1, 2, ..., N (2.23)
sendo
τ
P
=
N
K=1
τ
P
K
(2.24)
onde a Equação 2.23 é o modelo linear de Maxwell e N é o número de modos.
As constantes λ
K
e η
P
K
são o tempo de relaxação e a viscosidade polimérica a taxa
de deformação nula para cada modo de relaxação, respectivamente. Assim pode-
se resolver a Equação 2.23 para N modos (multimodo) de relaxação (espectro de
relaxação) e obter a tensão τ
P
pela superposição da tensão calculada para cada modo
individual, como representado na Equação 2.24.
A formulação multimodo será também usada para todos os modelos que serão
apresentados nos itens a seguir. O uso desta formulação torna possível a obtenção
de soluções mais realistas e condizentes com dados experimentais. A maioria dos
materiais poliméricos compõe-se de estruturas moleculares de diferentes tamanhos
(polidispersos) e conseqüentemente apresentam diferentes tempos de relaxação (es-
pectro de relaxação). O espectro de relaxação pode ser considerado desde um até um
número N de modos necessários para uma boa representação do fluido considerado.
Deve-se considerar que com o uso de multimodos é exigido um maior esforço
computacional, pois cada modo adicional envolve a resolução de uma equação consti-
tutiva a mais. Para se ter uma idéia do acréscimo do custo computacional considere
que se para um modelo com um modo levaria em torno de 3 unidades de CPU de
tempo de processamento o uso de 4 modos resultaria em um tempo computacional
de 8 unidades de CPU (AZAIEZ et al., 1996a). No passado era totalmente inviável
o uso de modelos na forma multimodo devido às restrições computacionais. No
2.5. EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA FLUIDOS POLIMÉRICOS 23
entanto, recentemente, com o avanço na área computacional, o uso de modelos na
forma multimodo é totalmente aceitável e vem sendo muito usado, conseguindo-se
uma representação muito mais adequada de dados experimentais.
2.5.3 Fluido Viscoelástico Não-Linear
Os modelos para fluido viscoelástico não-linear são mais complexos, contudo per-
mitem descrever, ao menos qualitativamente efeitos elásticos e características não-
lineares, como diferenças de tensões normais e viscosidade não-newtoniana e por isso
serão estudados neste trabalho. Existe uma grande variedade destes modelos, sendo
que cada um é capaz de predizer um determinado conjunto de fenômenos, podendo
apresentar deficiências em outros.
Os modelos diferenciais não lineares podem ser obtidos a partir do modelo
para fluido viscoelástico linear, na sua forma diferencial. As modificações realizadas
consistem na substituição das derivadas em relação ao tempo pela derivada convec-
tiva no tempo e/ou na inclusão de termos não-lineares e parâmetros nas equações.
Essa derivada surgiu pela necessidade de obrigar as equações de estado constitutivas
lineares a serem objetivas, isto é, a serem independentes do movimento dos eixos dos
sistemas de coordenadas utilizados (BIRD et al., 1987).
A relação que define a derivada convectiva superior no tempo do tensor das
tensões é dada por (Equação 2.25):
τ
P
K
=
D
Dt
τ
P
K
U
T
· τ
P
K
τ
P
K
· U
(2.25)
ou também, para tensores simétricos (Equação 2.26):
τ
P
K
=
D
Dt
τ
P
K
τ
P
K
· U
τ
P
K
· U
T
(2.26)
24
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
onde
D
Dt
τ
P
K
é a derivada material dada por (Equação 2.27):
D
Dt
τ
P
K
=
t
τ
P
K
+ U · τ
P
K
(2.27)
Estes modelos não estão limitados a pequenas deformações como é o caso do
modelo de fluido viscoelástico linear. São modelos mais realistas, que permitem
obter, no mínimo, informações qualitativas em relação a efeitos viscoelásticos lineares
e não-lineares em diversos escoamentos, dos mais simples aos mais complexos. A
escolha de uma equação constitutiva com um apropriado nível de sofisticação, para
um determinado escoamento, depende de muitos fatores e requer o balanço entre a
complexidade matemática, o número de parâmetros físicos adicionais a se estimar
e a necessidade de se descrever as propriedades das macromoléculas do polímero
(BIRD et al., 1987; LARSON, 1988; MACOSKO, 1994). Algumas vezes os modelos são
encontrados usando o tensor configuração, que possui relação com a configuração
espacial (extensão) das moléculas de polímero e pode ser facilmente relacionado com
o tensor das tensões. No entanto, apesar de se ter algumas vantagens em relação
a estabilidade, se tem algumas desvantagens com relação a maior quantidade de
memória computacional requerida (WAPPEROM; HULSEN, 1995).
2.5.3.1 Modelos de Oldroyd-B, UCM e White-Metzner (WM)
Um modelo muito conhecido é o de Oldroyd-B (OLDROYD, 1950). Este modelo deriva
da teoria cinética para soluções poliméricas concentradas e polímeros fundidos (BIRD
et al., 1987).
A cadeia polimérica é representada por um conjunto de duas esferas unidas por
uma mola como mostrado na Figura 2.6. Nesta configuração as esferas representam o
centro de massa do sistema e estão relacionadas com a interação hidrodinâmica entre
o solvente e as macromoléculas da solução polimérica (a força de arrasto viscoso do
solvente sobre as macromoléculas). As molas representam o efeito de elasticidade das
2.5. EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA FLUIDOS POLIMÉRICOS 25
macromoléculas ou o efeito restaurador do polímero. Esta configuração esfera/mola
denominada "dumbbell" é simplificada assumindo-se um comportamento de mola
linear ou mola de Hooke.
Figura 2.6: Representação de uma macromolécula de polímero como um "dumbbell".
A expressão matemática do modelo de Oldroyd-B é dado por (Equação 2.28):
τ
P
K
+ λ
K
τ
P
K
= 2η
P
K
D (2.28)
As constantes desta equação têm o mesmo significado do modelo linear descrito
anteriormente. Este modelo produz valores constantes da viscosidade de cisalhamento
em relação à taxa de deformação, estima a primeira diferença de tensões normais (N
1
)
como sendo uma função quadrática da taxa de cisalhamento e uma segunda diferença
de tensões normais (N
2
) nula. O modelo de Oldroyd-B consegue representar bem
certos tipos de fluidos que apresentam elasticidade ideal, também conhecidos como
fluidos de "Boger".
Para escoamentos extensionais o modelo de Oldroyd-B possui a deficiência de
calcular uma viscosidade extensional infinita para valores de taxa de deformação tais
que (2 ˙ελ) > 1, onde λ é o maior tempo de relaxação do espectro de relaxação.
Se tomarmos a viscosidade do solvente como sendo nula, ou seja, desprezarmos
a contribuição do solvente na Equação 2.17 o modelo de Oldroyd-B recai em um
modelo também muito conhecido na literatura chamado de UCM (Upper Convected
26
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
Maxwell). Este modelo é muito usado para testar metodologias numéricas, uma vez
que a ausência da parte correspondente a viscosidade do solvente torna mais crítica a
estabilidade numérica do problema.
Para se conseguir uma melhor representação dos dados obtidos experimental-
mente existe uma classe de modelos similares ao Oldroyd-B, mas que consideram que
η
P
K
e λ
K
são funções do segundo invariante do tensor taxa de deformação D dado por
II
D
= ˙γ =
2D : D. Neste caso a viscosidade η
P
K
(II
D
) e o tempo de relaxação λ
K
(II
D
)
podem ser representados por diferentes relações. Um modelo desse tipo que é muito
conhecido é o de White-Metzner (WM), que é dado por (Equação 2.29) (LARSON, 1988):
τ
P
K
+ λ
K
(II
D
)
τ
P
K
= 2η
P
K
(II
D
)D (2.29)
sendo que Larson (1988) apresenta as seguintes relações (Equação 2.30) de dependência
para viscosidade polimérica e tempo de relaxação em função de ˙γ:
η
P
K
(II
D
) =
η
0
K
1 +
0
K
II
D
; λ
K
(II
D
) =
λ
0
K
1 +
0
K
II
D
(2.30)
Os parâmetros η
0
K
e λ
0
K
são parâmetros lineares constantes obtidos do modelo
de Maxwell e a é um parâmetro que deve ser ajustado a dados experimentais e que
pode dar maior ou menor dependência entre a viscosidade polimérica e o tempo de
relaxação em relação ao segundo invariante do tensor taxa de deformação.
Outras relações encontradas na literatura são o modelo de Cross (Equação 2.31)
(KENNEDY, 1995):
η
P
K
(II
D
) =
η
0
K
1 + (kII
D
)
1m
; λ
K
(II
D
) =
λ
0
K
1 + (lII
D
)
1n
(2.31)
e também o modelo de Carreau-Yasuda (Equação 2.32) (CARREAU, 1968; YASUDA, 1979):
η
P
K
(II
D
) = η
0
K
[1 + (kII
D
)
a
]
m1
a
; λ
K
(II
D
) = λ
0
K
1 + (lII
D
)
b
n1
b
(2.32)
onde os parâmetros k, m, a, l, n e b são obtidos pelo ajuste de dados experimentais.
2.5. EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA FLUIDOS POLIMÉRICOS 27
Outras formulações podem ser encontradas na literatura, como por exemplo, a
adotada no trabalho de Zatloukal (2003).
2.5.3.2 Modelos de Giesekus e Leonov
Outro modelo muito conhecido é o modelo reológico desenvolvido por Giesekus
(1982). Este modelo também é baseado em considerações moleculares com sistemas
do tipo esfera/mola onde a mola segue a lei de Hooke. Diferentemente do modelo
de Oldroyd-B, no modelo de Giesekus foi introduzido um efeito de não-isotropia na
definição da força de arrasto sobre as esferas. Este modelo (Equação 2.33) resulta em
uma equação com forma ainda análoga às anteriores, porém contendo termos não
lineares dados pelos produtos entre o tensor das tensões.
τ
P
K
+ λ
K
τ
P
K
+ α
K
λ
K
η
P
K
(τ
P
K
. τ
P
K
) = 2η
P
K
D (2.33)
A constante α
K
é chamada de fator de mobilidade, e está associada com o
movimento Browniano anisotrópico ou ao arrasto hidrodinâmico anisotrópico das
moléculas de polímero no meio (BIRD et al., 1987). A inclusão do termo não-linear
produz uma variação das propriedades cisalhantes frente à taxa de deformação. Com
este modelo se obtém melhores resultados para escoamentos por cisalhamento quando
comparado ao modelo de Oldroyd-B, porém, não traz bons resultados em escoamentos
livres de cisalhamento (BIRD et al., 1987; MACOSKO, 1994; SCHLEINIGER; WEINACHT,
1991). Em um escoamento extensional uniaxial, o modelo de Giesekus mostra um
comportamento monotônico da evolução da viscosidade extensional em função do
tempo para altos valores da taxa de deformação, levando a patamares permanentes
e finitos da viscosidade extensional uma vez atingido o estado permanente. Pode-se
observar também que o modelo de Giesekus reduz-se ao modelo de Oldroyd-B no
limite de pequenas deformações, o que é equivalente a fazer α
K
= 0. Se α
K
= 0 e
0 α
K
2 este modelo conduz a uma primeira diferença de tensões normais (N
2
)
28
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
diferente de zero. No entanto, predições fisicamente coerentes são observadas com
0 α
K
1/2 (BIRD et al., 1987).
A equação constitutiva de Leonov para propriedades variáveis é dada pela
seguinte expressão (Equação 2.34) (LARSON, 1988):
τ
P
K
= σ
P
K
η
P
K
λ
K
δ (2.34)
onde σ
P
K
é obtido resolvendo-se a Equação 2.35:
σ
P
K
+
1
2η
P
K
σ
P
K
· σ
P
K
η
P
K
λ
K
2
δ
1
3
tr(σ
P
K
)
η
P
K
λ
K
2
tr(σ
1
P
K
)
σ
P
K
= 0 (2.35)
e δ é o tensor identidade, dado por (Equação 2.36):
δ =
1 0 0
0 1 0
0 0 1
(2.36)
Para deformações incompressíveis e planas a equação de Leonov pode ser sim-
plificada para a Equação 2.37:
τ
P
K
+ λ
K
τ
P
K
+
1
2
λ
K
η
P
K
(τ
P
K
. τ
P
K
) = 2η
P
K
D (2.37)
Esta equação corresponde a um caso particular da equação de Giesekus com
α
K
= 1/2 (LARSON, 1988).
2.5.3.3 Modelos do tipo FENE
O modelo de mola linear tem a deficiência da macromolécula se deformar indefinida-
mente sem qualquer restrição. Por este motivo muitos modelos constitutivos de fluidos
viscoelásticos passaram a se basear em descrições de molas não lineares nas quais
uma restrição de deformação máxima L
2
é imposta. Esses modelos são conhecidos
como "dumbbell-FENE" (Finitely Extensible Nonlinear Elastic) (WARNER, 1972). A partir
do modelo original conhecido como FENE diversas derivações foram apresentadas
2.5. EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA FLUIDOS POLIMÉRICOS 29
posteriormente, como por exemplo, o FENE-P, (Finitely Extensible Nonlinear Elastic-
Peterlin) (BIRD et al., 1980) e o FENE-CR (Finitely Extensible Nonlinear Elastic-Chilcott
and Rallison) (CHILCOTT; RALLISON, 1988) entre muitos outros que não serão discutidos
neste trabalho mas que o leitor pode encontrar na literatura, como em Lielens et al.
(1999).
O modelo FENE-P pode ser representado como sendo (Equação 2.38):
1 +
3
(13/L
2
K
)
+
λ
K
η
P
K
tr(τ
P
K
)
L
2
K
τ
P
K
+ λ
K
τ
P
K
= 2
1
(1 3/L
2
K
)
η
P
K
D (2.38)
e o modelo FENE-CR (Equação 2.39):
L
2
K
+
λ
K
η
P
K
tr(τ
P
K
)
L
2
K
3
τ
P
K
+ λ
K
τ
P
K
= 2
L
2
K
+
λ
K
η
P
K
tr(τ
P
K
)
L
2
K
3
η
P
K
D (2.39)
O parâmetro L
2
do modelo representa a extensibilidade adimensional das molé-
culas (máximo comprimento possível a dividir pelo comprimento de equilíbrio). Este
modelo reduz-se à conhecida equação de Oldroyd-B quando L
2
tende a infinito. Com-
parações entre diferentes versões de modelos do tipo FENE podem ser encontradas
nos trabalhos de
Herrchen e Öttinger (1997), Zhou e Akhavan (2003) e Lielens et al.
(1999).
2.5.3.4 Modelos de Phan-Thien-Tanner (PTT) e Feta-PTT
Um modelo muito usado em simulações numéricas de fluidos viscoelásticos é o de
Phan- Thien-Tanner (THIEN; TANNER, 1977), conhecido por PTT. Este modelo é derivado
da teoria de rede de soluções concentradas e polímeros fundidos (Network theory of
concentrated solutions and melts) (BIRD et al., 1987). O modelo PTT pode ser apresentado
de diferentes formas:
PTT linear (LPTT) (Equação 2.40):
1 +
ε
K
λ
K
η
P
K
tr(τ
P
K
)
τ
P
K
+ λ
K
τ
P
K
= 2η
P
K
D (2.40)
30
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
PTT exponencial (EPTT) (Equação 2.41):
exp
ε
K
λ
K
η
P
K
tr(τ
P
K
)
τ
P
K
+ λ
K
τ
P
K
= 2η
P
K
D (2.41)
com
τ
P
K
=
D
Dt
τ
P
K
[U
T
· τ
P
K
] [τ
P
K
· U] + ξ
K
(τ
P
K
· D + D · τ
P
K
) (2.42)
onde
τ
P
K
é a derivada de Gordon-Schowalter, tr(τ
P
K
) é o traço de τ
P
K
que leva em conta
a energia elástica da rede. Se ao invés da derivada de Gordon-Showalter fosse usada
a derivada convectiva superior teríamos os conhecidos modelos PTT simplificados,
também conhecidos como PTTS. Nestas expressões, ε
K
é um parâmetro do modelo
relacionado com as suas propriedades extensionais: quando um filamento de fluido é
estirado axialmente, a oposição ao estiramento é tanto maior quanto menor for ε
K
.
Em outras palavras, um ε
K
maior corresponde a um fluido com uma viscosidade
elongacional menor. Do ponto de vista numérico uma solução é mais facilmente
conseguida quando os fluidos apresentam um ε
K
maior, contudo ε
K
< 1. O parâmetro
ξ
K
relaciona as diferenças de tensões normais, e geralmente é usado um valor próximo
de 0,2 para este parâmetro.
Recentemente vem sendo proposta uma nova classe de modelos constitutivos
viscoelásticos que incorporam uma maior flexibilidade. Esses modelos fazem com que
a viscosidade η
P
K
e o tempo de relaxação λ
K
sejam função do tensor das tensões, assim
a viscosidade η
P
K
(τ) e o tempo de relaxação λ
K
(τ) são calculados por alguma função
que os relaciona ao tensor das tensões. Um modelo que usa essas idéias é o Feta-PTT
(Fixed eta Phan-Thien-Tanner). A expressão "Fixed eta" refere-se a viscosidade ser fixa
pela Equação 2.44 e assim não depender do parâmetro não-linear ε
K
. Este modelo é
similar ao PTT com a diferença que considera a viscosidade e o tempo de relaxação
dependentes da tensão (VERBEETEN et al., 2001). Assim tem-se (Equação 2.43):
1 +
ε
K
λ
K
(τ)
η
P
K
(τ)
tr(τ
P
K
)
τ
P
K
+ λ
K
(τ)
τ
P
K
= 2η
P
K
(τ)D (2.43)
2.5. EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA FLUIDOS POLIMÉRICOS 31
Onde η
P
K
(τ) e λ
K
(τ) são dados pelas equações 2.44 e 2.45:
η
P
K
(τ) =
η
0
K
1 + A
II
τ
λ
2
0
k
η
2
0
K
a
b
(2.44)
λ
K
(τ) =
λ
0
K
1 +
ε
K
λ
0
K
I
τ
η
0
K
(2.45)
Os termos I
τ
e II
τ
correspondem respectivamente ao primeiro e segundo inva-
riantes da tensão e são dados por 2.46 e 2.47:
I
τ
= tr(τ) (2.46)
II
τ
=
1
2
(I
2
τ
tr(τ · τ )) (2.47)
e η
0
K
e λ
0
k
são os parâmetros lineares obtidos do modelo de Maxwell e A, a, b
são parâmetros do modelo de Ellis (SCHOONEN, 1998). Neste modelo a viscosidade
elongacional é ligeiramente mais sensível às variações do parâmetro ε
K
se comparada
com o primeiro coeficiente de tensões normais. Como resultado, propriedades vis-
cosas e elongacionais podem ser controladas de forma mais independente. Maiores
informações sobre este modelo podem ser conseguidas em Verbeeten et al. (2001).
2.5.3.5 Modelos de Pom-Pom (PP), SXPP, DXPP e DCPP
O modelo Pom-Pom introduzido em 1998 por McLeish e Larson (1998) é considerado
um novo passo rumo ao entendimento dos fluidos viscoelásticos. Com esse modelo,
um comportamento não-linear coerente é conseguido ao mesmo tempo para fluxos
elongacionais e cisalhantes. Levando em conta que as propriedades reológicas dos
polímeros dependem da estrutura topológica das moléculas poliméricas, este modelo
é baseado na teoria de reptação e em uma topologia simplificada para as moléculas
ramificadas como esquematizado pela Figura 2.7.
32
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
Figura 2.7: Estrutura esquemática da molécula do modelo Pom-Pom (Fonte: Verbeeten et al.
(2001)).
O modelo consiste de duas equações desacopladas: uma para a orientação e
uma para o estiramento:
S
P
K
+ 2[D : S
P
K
]S
P
K
+
1
λ
OB
K
S
P
K
1
3
δ
= 0 (2.48)
D
Λ
P
K
Dt
= Λ
P
K
[D : S
P
K
] +
1
λ
S
K
Λ
P
K
1
, λ
S
K
= λ
OS
K
e
2
q
P
K
1)
, Λ
P
K
q (2.49)
τ
P
K
=
η
P
K
λ
OB
K
(3Λ
2
P
K
S
P
K
δ) (2.50)
A Equação 2.48 é a equação para o tensor orientação S
P
K
, a Equação 2.49 é
a equação para o estiramento dorsal da molécula Λ
P
K
e representa a razão entre o
comprimento do tubo e comprimento de equilíbrio e a Equação 2.50 retorna o valor
da tensão viscoelástica τ
P
K
. Nessas equações λ
OB
K
é o tempo de relaxação para
a orientação da espinha dorsal do tubo e é obtido do espectro linear de relaxação
através de medidas dinâmicas, λ
OS
K
é o tempo de relaxação para o estiramento e q
2.5. EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA FLUIDOS POLIMÉRICOS 33
é a quantidade de ramos existentes desde o começo até o fim da espinha dorsal do
tubo e representa a influência do meio sobre o tubo.
O modelo original de Pom-Pom apresenta três desvantagens principais:
apresenta solução descontínua para o estado estacionário quando submetido
a altas taxas de deformação.
a equação evolutiva para o tensor orientação não apresenta limites quando
submetida a altas taxas de elongação ( ˙ελ
OB
> 1), pois ele é do tipo UCM.
não prediz a segunda diferença de tensões normais N
2
que é responsável
por dar estabilidade ao sistema.
Por causa destas desvantagens, várias formulações baseadas no modelo PP
foram posteriormente elaboradas. Todas mantendo as características originais do
modelo e tentando resolver os problemas comentados. Uma análise de estabilidade
do modelo PP é encontrada no trabalho de Lee et al. (2002).
O eXtended Pom-Pom foi um dos modelos propostos. Ele pode ser encontrado
na forma de duas equações (Double equation eXtended Pom-Pom - DXPP) como o caso do
modelo Pom-Pom e também na forma de uma única equação (Single equation eXtended
Pom-Pom - SXPP) para o tensor das tensões viscoelásticas (VERBEETEN, 2001). Abaixo
são representadas as duas formulações:
DXPP:
Evolução do tensor orientação:
S
P
K
+ 2[D : S
P
K
]S
P
K
+
1
λ
OB
K
Λ
2
P
K
3α
K
Λ
4
P
K
S
P
K
· S
P
K
+ (1 α
K
3α
K
Λ
4
P
K
I
S·S
)S
P
K
(1α
K
)
3
δ
= 0
(2.51)
34
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
Evolução do estiramento dorsal do tubo:
D
Λ
P
K
Dt
= Λ
P
K
[D : S
P
K
] +
1
λ
S
K
Λ
P
K
1
, λ
S
K
= λ
OS
K
e
2
q
P
K
1)
(2.52)
Tensão viscoelástica:
τ
P
K
=
η
P
K
λ
OB
K
(3Λ
2
P
K
S
P
K
δ) (2.53)
SXPP:
Tensão viscoelástica:
τ
P
K
+ λ(τ )
1
· τ
P
K
=
2η
P
K
D
λ
OB
K
(2.54)
Tensor tempo de relaxação:
λ(τ)
1
=
1
λ
OB
K
α
K
λ
OB
K
η
P
K
τ
P
K
+ f(τ)
1
δ +
λ
OB
K
η
P
K
(f(τ)
1
1)τ
1
P
K
(2.55)
Função extra:
1
λ
OB
K
f(τ)
1
=
2
λ
S
K
1
1
Λ
+
2
λ
OB
K
Λ
2
1
α
K
λ
2
OB
K
I
τ ·τ
3η
2
P
K
(2.56)
Estiramento dorsal e tempo de relaxação do estiramento:
Λ =
1 +
λ
OB
K
I
τ
3η
P
K
, λ
S
K
= λ
OS
K
e
2
q
1)
(2.57)
Devem-se ainda definir nesses modelos as seguintes grandezas:
I
S·S
= tr(S · S), I
τ
= tr(τ), I
τ ·τ
= tr(τ · τ ) (2.58)
Os parâmetros do modelo correspondem aos mesmos do modelo PP mais o
parâmetro adicional α
K
adicional. Se este parâmetro tem um valor não nulo ele confere
o cálculo de uma segunda diferença de tensões normais não nula. Nos trabalhos de
2.5. EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA FLUIDOS POLIMÉRICOS 35
Verbeeten et al. (2002), Bogaerds et al. (2002) e Aboubacar et al. (2005) são encontradas
simulações com este modelo. Contudo, como comentado por Clemeur et al. (2003), a
introdução deste parâmetro leva a singularidades analíticas. Da análise de soluções
semi-analíticas encontrou-se o surgimento de pontos de bifurcação e soluções múlti-
plas para a viscosidade elongacional em estado estacionário.
O modelo DXPP, apesar de consumir mais recursos computacionais com ar-
mazenamento de variáveis, é mais adequado que o SXPP uma vez que este último
gera problemas numéricos quando são obtidos valores de 1 +
λ
OB
I
τ
3η
P
0.
Clemeur et al. (2003) propuseram um novo modelo baseado no modelo de PP
e nas idéias que levaram Verbeeten et al. (2001) formularem o modelo DXPP. Eles
incluíram duas derivadas convectivas, a superior e a inferior. O modelo proposto foi
chamado de DCPP (Double Convected Pom-Pom) e sua formulação é dada por:

1
ξ
K
2
S
P
K
+
ξ
K
2
S
P
K
+ (1 ξ
K
)[2D : S
P
K
]S
P
K
+
1
λ
OB
K
Λ
2
P
K
S
P
K
δ
3
= 0 (2.59)
D
Λ
P
K
Dt
= Λ
P
K
[D : S
P
K
] +
1
λ
S
K
Λ
P
K
1
, λ
S
K
= λ
OS
K
e
2
q
P
K
1)
(2.60)
τ
P
K
=
η
P
K
(1 ξ
K
)λ
OB
K
(3Λ
2
P
K
S
P
K
δ) (2.61)
onde a derivada convectiva inferior é dada por (Equação 2.62):
S
P
K
=
D
Dt
S
P
K
+
U · S
P
K
+
S
P
K
· U
T
(2.62)
O parâmetro adicional ξ
K
controla a razão entre a primeira e a segunda diferença
de tensões normais e, por razões físicas, assume tipicamente um valor próximo a 0,2.
Maiores detalhes sobre este modelo podem ser encontrados em Clemeur et al. (2003).
Simulações com este modelo também podem ser encontradas no trabalho de Clemeur
et al. (2004).
36
CAPÍTULO 2. MODELOS CONSTITUTIVOS E PROPRIEDADES DE FLUIDOS
POLIMÉRICOS
Maiores informações sobre equações constitutivas e a teoria por trás desses
modelos pode ser encontrada principalmente em Bird et al. (1987), Larson (1988) e
Verbeeten (2001).
Capítulo 3
Resolução Numérica de Escoamentos
de Fluidos Viscoelásticos
Devido às dificuldades de se resolver escoamentos de fluidos viscoelásticos com altos valores de
Deborah, foram surgindo com o passar do tempo inúmeras metodologias que tentam contornar
este problema. Será feita uma descrição destas metodologias e serão discutidas algumas delas.
3.1 Métodos Numéricos para Resolver um Problema
de CFD
Como visto no capítulo anterior, a representação matemática de fluidos viscoelásticos
consiste nas equações de conservação de massa (Equação 2.12), de quantidade de
movimento (Equação 2.17) e equações constitutivas. Assim, deve ser resolvido um
sistema de equações diferenciais parciais não-lineares, tal que a solução satisfaça as
condições iniciais e de contorno impostas.
Como a obtenção de soluções analíticas para estas equações é na maioria dos
casos impossível ou impraticável, torna-se necessária a aplicação de um método nu-
mérico para a resolução das equações.
37
38
CAPÍTULO 3. RESOLUÇÃO NUMÉRICA DE ESCOAMENTOS DE FLUIDOS
VISCOELÁSTICOS
O procedimento de resolução numérica deste problema consiste na discretização
do domínio e das equações diferenciais parciais. Desse modo as equações diferenciais
parciais são aproximadas por um sistema de equações algébrico-diferenciais ordinárias
para um conjunto de pontos discretos no espaço (conhecido como método das linhas),
compondo o que se chama de malha computacional, ou por um sistema de equações
algébricas para um conjunto de pontos discretos no espaço e no tempo.
Os métodos numéricos mais utilizados para solução de escoamentos de fluidos
viscoelásticos são diferenças finitas, volumes finitos e elementos finitos. O método das
diferenças finitas foi o primeiro a ser empregado, nos trabalhos pioneiros de Crochet
e Pilate (1976) e Perera e Walters (1977). Este método continuou a ser explorado nos
anos seguintes, mas seu uso foi diminuindo, em favor do uso do método de elementos
e volumes finitos.
O método mais utilizado e mais explorado para a simulação de escoamentos
de fluidos viscoelásticos é sem dúvidas o método de elementos finitos. Encontram-
se muitos trabalhos na literatura usando este método e o desenvolvimento de novas
metodologias em elementos finitos é um assunto ainda muito explorado nos dias de
hoje.
Após o uso dos métodos de diferenças finitas e elementos finitos terem se
consolidado na área de simulação de escoamentos de fluidos viscoelásticos, uma
nova alternativa passou a ser usada no início da década de 90. Esta alternativa foi
o método dos volumes finitos, consagrado nesta época dentro da mecânica de
fluidos computacional para fluidos newtonianos. Esse novo método foi muito bem
aceito uma vez que trazia diversas vantagens se comparado aos demais, como uma
maior estabilidade numérica, menor quantidade de memória requerida e menor tempo
computacional para soluções com mesma qualidade (XUE et al., 1995; XUE et al., 1999;
LUO, 1996). Uma revisão detalhada de trabalhos envolvendo estes diferentes métodos
pode ser encontrada em Baaijens (1998).
3.2. MÉTODO DE VOLUMES FINITOS 39
3.2 Método de Volumes Finitos
O método de volumes finitos consiste em obter a aproximação numérica da equação
diferencial parcial a partir de sua integração no volume de controle elementar que está
representado na Figura 3.1. A discretização espacial é feita integrando todos os termos
da equação no espaço para cada volume de controle do domínio. O resultado final é a
equação discretizada para um grupo de pontos de uma malha.
Figura 3.1: Volume de controle (Adaptado de Jasak (1996)).
Como existe vasta literatura sobre o assunto, não serão apresentados neste
trabalho detalhes sobre os princípios básicos do método de volumes finitos, sugerindo-
se para o leitor interessado neste tópico específico a consulta às obras de Patankar
(1980), Maliska (2004), Ferziger e Peric (1999) e Jasak (1996), entre outros. A discussão
nesta seção será limitada às opções de metodologias propostas e utilizadas na literatura
para tratar passos ou problemas específicos na aplicação do método de volumes finitos.
40
CAPÍTULO 3. RESOLUÇÃO NUMÉRICA DE ESCOAMENTOS DE FLUIDOS
VISCOELÁSTICOS
3.2.1 Tipo de arranjo utilizado para as variáveis
Uma diferença muito comum encontrada em trabalhos que usam o método de volumes
finitos é o uso do arranjo desencontrado ou o co-localizado das variáveis. O arranjo co-
localizado armazena todas as variáveis do problema no centro dos volumes enquanto
o desencontrado, duas ou mais variáveis estão localizadas em posições diferentes
do volume. O arranjo desencontrado foi primeiramente o mais usado, contudo nos
dias de hoje o arranjo co-localizado é muito mais usado uma vez que diversas van-
tagens são conseguidas com este arranjo, como por exemplo, menor uso de memória
computacional e maior facilidade para se trabalhar com coordenadas generalizadas,
indispensáveis em problemas que envolvem geometrias complexas. Torna também
mais fácil a aplicação de condições de contorno, uma vez que não sobram "meios
volumes" próximos às fronteiras. Além disso, o emprego de técnicas de malhas múlti-
plas (multigrid) são viáveis usando este tipo de arranjo (PERIC et al., 1988). Deve-se
lembrar que o arranjo co-localizado introduz oscilações na pressão e faz-se necessário
usar o método de interpolação de momento também conhecido como método de
correção de Rhie-Chow (RHIE; CHOW, 1983) para resolver este problema. O método
de interpolação de momento consiste em fazer com que a velocidade nas interfaces,
necessárias para o cálculo dos fluxos advectivos, dependam das pressões nos volumes
vizinhos, "imitando" o arranjo desencontrado. Em problemas envolvendo fluidos
viscoelásticos o mesmo problema acontece com a tensão, sendo necessário usar do
mesmo artifício que o usado para a pressão para que não surjam oscilações na solução.
3.2.2 Esquemas de Interpolação
Uma questão importante a ser tratada no método de volumes finitos são as funções de
interpolações usadas. Maior precisão pode ser conseguida usando esquemas de alta
ordem mesmo usando malhas menos refinadas. Contudo, o aumento da ordem de in-
terpolação pode causar problemas de instabilidades numéricas e soluções fisicamente
3.2. MÉTODO DE VOLUMES FINITOS 41
irreais com o surgimento de oscilações. Os primeiros trabalhos e a grande maioria
dos trabalhos encontrados ainda hoje usam esquemas de 1
a
ordem UDS (Upwind
Differencing Scheme), 2
a
ordem CDS (Central Differencing Scheme) ou uma mistura desses
dois métodos gerando um esquema híbrido HDS (Hybrid Differencing Scheme - UDS +
CDS). Esquemas de alta ordem ou também os HRS (High Resolution Schemes), como
os usados no trabalho de Muniz et al. (2008), o MINMOD Harten (1983) e o esquema
CUBISTA (Convergent and Universally Bounded Interpolation Scheme for the Treatment of
Advection) introduzido por Alves et al. (2003b) também são alternativas. Contudo
deve-se ter muito cuidado na hora da escolha de um esquema de alta ordem, pois
podem ocorrer problemas de convergência e oscilações na solução. Apesar disso, sabe-
se que as oscilações podem ser eliminadas com o uso de combinações convexas de
diferentes esquemas de alta ordem, gerando os esquemas WENO (Weighted Essentially
Non-Oscillatory) (LIU et al., 1994).
3.2.3 Solução das Equações Discretizadas
Encontram-se na literatura trabalhos que usam a formulação de volumes finitos e
resolvem o sistema de equações totalmente acoplado (MUNIZ, 2003), ou seja, o sistema
de equações é resolvido simultaneamente, e trabalhos onde a resolução é feita de
forma segregada, onde nesse caso usa-se um método de correção de pressão, tal como
o SIMPLE (Semi-Implicit Method for Pressure Linked Equations) (PATANKAR; SPALDING,
1972) e o PISO (Pressure Implicit Splitting of Operators) (ISSA, 1986) entre outros.
Em qualquer destas metodologias, acoplada ou desacoplada, a resolução de
sistemas de equações não-lineares geralmente é feita de duas maneiras. Uma delas
é usar o método das substituições sucessivas com ou sem relaxação. A outra é usar o
método de Newton para resolver o sistema não-linear. Em cada iteração deste método
se torna necessário também resolver um sistema linear de equações algébricas.
42
CAPÍTULO 3. RESOLUÇÃO NUMÉRICA DE ESCOAMENTOS DE FLUIDOS
VISCOELÁSTICOS
Para resolver o sistema linear podem-se usar métodos diretos ou iterativos. Os
métodos diretos fazem a inversão completa da matriz. Como exemplos podem-se citar
a eliminação gaussiana e fatorizações (LU, Cholesky). Esses métodos possuem como
característica o elevado custo computacional. Os métodos iterativos são baseados
na transformação do sistema linear em um procedimento iterativo em que, a partir
de uma estimativa inicial, pode conduzir à solução desejada. Esses métodos geram
menor custo computacional, principalmente referente à memória necessária, e por isso
são muito mais usados em CFD. Exemplos são os métodos de Gauss-Seidel, métodos
de minimização, como o método dos resíduos generalizado (GMRES), método de CG
(Conjugate Gradient) e seus derivados e métodos de malhas múltiplas como o GAMG
(Generalised geometric-algebraic multi-grid), entre outros.
Outro ponto a se considerar para os métodos iterativos é o uso de alguns pré-
condicionadores na hora da resolução do sistema de equações, pois, dependendo do
procedimento iterativo aplicado, a matriz de iteração pode não ser diagonalmente
dominante, que é a condição necessária para a convergência do método. Alguns pre-
condicionadores como o DIC (Diagonal incomplete-Cholesky), DILU (Diagonal incomplete-
LU) e Bi-CGSTAB (Bi-Conjugate Gradient Stabilized) são bem conhecidos na literatura
(AJIZ; JENNINGS, 1984; LEE et al., 2003; JACOBS, 1980; VORST, 1992).
Deve-se ainda mencionar que o sistema de equações discretizado é caracterizado
por apresentar alto nível de esparsidade. Assim o uso de algoritmos que levam em
conta o fato dessas matrizes serem esparsas é indispensável para diminuir o custo
computacional.
3.3. METODOLOGIA PARA RESOLVER ESCOAMENTOS COM ELEVADOS VALORES DE
W e 43
3.3 Metodologia para Resolver Escoamentos com Ele-
vados valores de W e
Inúmeros trabalhos usando os modelos diferenciais não-lineares apresentados no Capí-
tulo 2 podem ser encontrados na literatura. Uma dificuldade presente em todos
estes trabalhos, independente do método de discretização (elementos finitos ou vo-
lumes finitos), esquemas de interpolação, método iterativo de solução das equações
ou equações constitutivas utilizadas, é o conhecido HWNP (High Weissenberg Number
Problem). Este problema consiste na dificuldade de se obter soluções em números de
W eissenberg (W e) ou Deborah (De) elevados.
Para contornar esse problema surgiram várias metodologias numéricas com
o passar do tempo. Essas metodologias caracterizam-se por usar algum artifício
para estabilizar os métodos numéricos. Algumas dessas metodologias estabilizam o
método numérico através do aumento do caráter elíptico da equação de movimento
pela introdução de um operador elíptico. Entre essas metodologia pode-se citar a
formulação viscosa (Viscous Formulation), a EVSS (Elastic Viscous Split-Stress) desen-
volvida primeiramente por Perera e Walters (1977) para o método das diferenças finitas
e posteriormente para o método de elementos finitos por Rajagopalan et al. (1990),
a DEVSS (Discrete Elastic Viscous Split-Stress) de Guénette e Fortin (1995), a AVSS
(Adaptive Viscosity Stress Splitting Scheme) de Sun et al. (1996) e a EEME (Explicitly
Elliptic Momentum Equation) de King et al. (1988), entre muitas outras derivações
destes métodos (MATALLAH et al., 1998). Nesse trabalho foram testadas algumas dessas
metodologias e a seguir é feito uma descrição mais detalhada sobre elas.
3.3.1 Formulação Viscosa
A formulação viscosa consiste em dividir a tensão em uma contribuição viscosa e uma
polimérica, onde a tensão viscosa é somente função da velocidade e a tensão polimérica
44
CAPÍTULO 3. RESOLUÇÃO NUMÉRICA DE ESCOAMENTOS DE FLUIDOS
VISCOELÁSTICOS
provém da equação constitutiva. Assim para a formulação viscosa temos a seguinte
equação de conservação de quantidade de movimento:
(ρU)
t
+ · (ρUU) η
S
· (U) = −∇p + · τ
P
(3.1)
Essa formulação é a opção natural, pois a contribuição viscosa, do solvente
ou também newtoniana da tensão entra diretamente na equação de conservação de
quantidade de movimento e pode ser encarada como a contribuição dos componentes
que possuem um tempo de relaxação desprezível perante os outros da mistura.
Sabe-se que a inclusão de um termo viscoso difusivo na Equação 3.1 é essencial
para a estabilidade numérica do problema e é perfeitamente aceitável do ponto de vista
teórico. Geralmente a viscosidade do solvente η
S
é menor que a viscosidade polimérica
η
P
. Essas medidas são obtidas a partir de dados experimentais, como em Quinzani et
al. (1994), ou também, no caso de estudos numéricos para testar novos esquemas de
interpolação ou novas metodologias numéricas, usa-se a razão de η
S
P
~1/9, pois
esse valor sugere que a viscosidade do solvente é pequena em relação à viscosidade
polimérica e, por outro lado, é suficiente para dar estabilidade ao problema (ALVES et
al., 2003a).
3.3.2 Formulação EVSS
A formulação EVSS considera o tensor total das tensões poliméricas como sendo uma
parcela viscosa e outra elástica (Equação 3.2):
τ
P
= τ
V
+ τ
E
(3.2)
onde,
τ
V
= 2η
a
D (3.3)
Substituindo τ
P
na equação de quantidade de movimento resulta em:
(ρU)
t
+ · (ρUU) (η
a
+ η
S
) · (U) = −∇p + · τ
E
(3.4)
3.3. METODOLOGIA PARA RESOLVER ESCOAMENTOS COM ELEVADOS VALORES DE
W e 45
onde o operador elíptico é proporcional à constante η
a
. No trabalho original de
Rajagopalan et al. (1990) seu valor foi considerado como sendo η
a
= 1, mas a forma
mais usada é dada por η
a
= η
P
. Esta alteração é responsável por aumentar o caráter
elíptico da equação da quantidade de movimento. Em termos matemáticos a inclusão
desse operador não introduz mudança alguma uma vez que somente foi feita uma
mudança de variável. Sendo assim, a mudança de variável deverá ser feita também na
equação constitutiva.
Como exemplo, será ilustrada a mudança para a Equação 2.40, equação de PTT
linear simplificada (LPTTS). Considerando η
a
= η
P
e introduzindo a mudança de
variável tem-se:
1 +
ε
K
λ
K
η
P
K
tr(τ
V
K
+ τ
E
K
)
(τ
V
K
+ τ
E
K
) + λ
K
(
τ
V
K
+
τ
E
K
) = 2η
P
K
D (3.5)
Definindo:
g =
1 +
ε
K
λ
K
η
P
K
tr(τ
V
K
+ τ
E
K
)
(3.6)
Assim,
g(τ
V
K
+ τ
E
K
) + λ
K
(
τ
V
K
+
τ
E
K
) = 2η
P
K
D (3.7)
gτ
E
K
+ λ
K
τ
E
K
= 2η
P
K
D gτ
V
K
λ
K
τ
V
K
(3.8)
Substituindo a Equação 3.3 na eq. Equação 3.8 obtêm-se:
gτ
E
K
+ λ
K
τ
E
K
= 2η
P
K
D 2η
P
K
gD 2η
P
K
λ
K
D (3.9)
gτ
E
K
+ λ
K
τ
E
K
= 2η
P
K
λ
K
D (g 1)2η
P
K
D (3.10)
A Equação 3.10 será a nova forma da equação constitutiva a ser resolvida.
Percebe-se que esta equação inclui a derivada convectiva superior do tensor taxa de
deformação e desse modo deverá ser resolvida também para esta variável.
46
CAPÍTULO 3. RESOLUÇÃO NUMÉRICA DE ESCOAMENTOS DE FLUIDOS
VISCOELÁSTICOS
Usando a formulação EVSS consegue-se soluções estáveis para números de W e
relativamente altos (MATALLAH et al., 1998). A principal desvantagem deste método é
que a mudança de variável pode ser complicada em equações complexas.
3.3.3 Formulação DEVSS
Nesse método é introduzido um termo difusivo adicional em cada lado da equação de
conservação de quantidade de movimento. A equação final assume a forma:
(ρU)
t
+ · (ρUU) (η
S
+ κ) · (U) = −∇p + · τ
P
κ · (U) (3.11)
onde κ é um número positivo. O valor de κ está relacionado com os parâmetros do
modelo constitutivo mas κ = η
P
tem se mostrado uma boa escolha (GUÉNETTE; FORTIN,
1995).
Percebe-se que a Equação 3.11 é idêntica a equação de movimento original, a
não ser quando está na forma discreta, pois, como é pratica em CFD, os termos que
estão do lado esquerdo da equação são resolvidos implicitamente e os do lado direito
da equação são resolvidos explicitamente. Esse método é algumas vezes encontrado
na literatura como BSD (Both Sides Diffusion).
Essa metodologia se mostrou muito atraente e vem sendo muito usada uma vez
que proporciona vantagens similares a metodologia EVSS e não requer mudanças de
variáveis nos modelos reológicos, sendo assim genérica e facilmente aplicável a todos
os modelos constitutivos.
3.3.4 Formulação AVSS, DAVSS e derivações destas Metodolo-
gias
Essa metodologia é uma derivação das metodologias EVSS e DEVSS, porém possui
uma característica distinta, pois considera a viscosidade variável. A metodologia AVSS
3.3. METODOLOGIA PARA RESOLVER ESCOAMENTOS COM ELEVADOS VALORES DE
W e 47
foi proposta por Sun et al. (1996) e a DAVSS mais tarde também por eles Sun et al.
(1999). A finalidade dessa metodologia é aumentar a estabilidade do sistema fazendo
com que a viscosidade seja um parâmetro dependente do escoamento. A Equação 3.12
mostra um exemplo desse tipo de metodologia conhecida na literatura como DAVSS-ω
(DOU; PHAN-THIEN, 1999):
(ρU)
t
+ · (ρUU) (ϕ + η
S
)
2
U = −∇p + · τ
P
+ ϕ × ω ϕ( · U) (3.12)
Onde se tem que:
2
U = −∇ × ω + ( · U) (3.13)
Sendo o tensor vorticidade, ω, dado por:
ω = × U (3.14)
A variável ϕ é definida como:
ϕ =
a + b/2
τ
2
ij
a + b/2
D
2
ij
(3.15)
onde os valores dos parâmetros a e b estão nos intervalos [0,1 1] e [0, 1], respectiva-
mente, como sugerido por Dou e Phan-Thien (1999). No caso particular em que ϕ = η
P
é obtida a metodologia conhecida como DEVSS-ω.
48
CAPÍTULO 3. RESOLUÇÃO NUMÉRICA DE ESCOAMENTOS DE FLUIDOS
VISCOELÁSTICOS
Capítulo 4
Apresentação do Pacote de CFD
OpenFOAM
Este capítulo tem como objetivos detalhar o funcionamento do software OpenFOAM como
ferramenta de CFD e também discutir aspectos relativos a implementação de novos solvers.
4.1 O OpenFOAM
O OpenFOAM surgiu em 1993, quando Henry Weller e Hrvoje Jasak uniram esforços
para a criação do FOAM (Field Operation and Manipulation). A finalidade era ter uma
ferramenta para se fazer operações com campos tensoriais. No ano de 2004 o FOAM
teve seu código liberado, se tornou domínio publico através da licença GLP (Gnu Public
License) e começou a se chamar OpenFOAM (Open Field Operation and Manipulation). A
partir deste momento houve um enorme crescimento de usuários que, além de poder
usar os muitos solvers padrões que o pacote já possuía para o caso dos problemas mais
gerais envolvendo fluidos newtonianos (escoamento compressível e incompressível,
escoamento laminar e turbulento, escoamentos multifásicos, etc.), podiam também
construírem solvers específicos para os seus problemas de interesse.
O OpenFOAM é hoje um conjunto eficiente e flexível de módulos escritos em
49
50 CAPÍTULO 4. APRESENTAÇÃO DO PACOTE DE CFD OpenFOAM
linguagem C++ que pode ser usado para construir: (i) solvers para resolver problemas
complexos de engenharia que envolvam operações e resoluções de campos tensoriais,
(ii) utilitários para pré e pós-processamento de dados, (iii) bibliotecas para serem
usadas pelos solvers e utilitários, tal como bibliotecas de modelos físicos.
Entre as principais vantagens que levaram a se escolher o OpenFOAM neste
trabalho e que vem dando ao software cada vez mais adeptos podem-se citar:
código aberto, que além de não envolver investimentos com a compra de
licenças de uso também permite ao usuário verificar, manipular e incremen-
tar o código.
escrito em linguagem C++. Como esta linguagem é orientada a objetos
torna-se muito mais fácil a criação de novos códigos, uma vez que pro-
priedades como abstração e encapsulamento de dados, herança, polimor-
fismo, etc., facilitam muito a expansão do software.
criador de malhas e visualizador de resultados incorporado ao software.
possibilita fazer grandes simulações usando processamento paralelo.
utilização de malhas móveis e não-ortogonais.
possibilidade de importação e exportação de dados. O software possui
ferramentas que possibilitam a importação de malhas estruturadas ou não-
estruturadas de diferentes softwares gratuitos ou comerciais e também per-
mite a exportação dos dados simulados para visualização em outros soft-
wares.
simplicidade de uso.
aplicação em uma ampla faixa de problemas de engenharia.
possui bons solvers para resolução de sistemas lineares de equações e
dispõem de uma grande variedade de esquemas de interpolação.
4.2. O OpenFOAM A NÍVEL DE USRIO 51
4.2 O OpenFOAM a nível de Usuário
Para os usuários comuns do OpenFOAM, ou seja, aqueles que usam os solvers que
estão implementados no software a simulação pode ser dividida em nas seguintes
etapas:
1. gerar a estrutura de diretórios necessária para efetuar a simulação.
2. pré-processamento: geração da geometria e da malha e definições de parâ-
metros da simulação.
3. solução numérica do problema: nesta etapa o modelo utilizado é resolvido
de acordo com as condições impostas.
4. pós-processamento: visualização dos resultados.
4.2.1 Estrutura Necessária para Efetuar uma Simulação no Open-
FOAM
Todos os solvers do OpenFOAM usam um conjunto de arquivos que armazenam as
informações necessárias para se resolver um caso. Cada caso deve seguir uma estru-
tura de diretórios que contém os arquivos que armazenam as informações necessárias
ao mesmo. Estes arquivos possuem as informações como a descrição da geometria,
detalhes da malha, condições de contorno, parâmetros para os métodos numéricos
e as propriedades físicas do problema. A estrutura de diretórios pode ser vista na
Figura 4.1, onde é representado um caso genérico (definido como <Nome do Caso>).
O diretório principal <Nome do Caso> é a "raiz" do caso e dentro deste estão
incluídos os outros diretórios e arquivos de configuração. Uma breve descrição sobre
o conteúdo destes diretórios é colocada na seqüência.
52 CAPÍTULO 4. APRESENTAÇÃO DO PACOTE DE CFD OpenFOAM
Figura 4.1: Estrutura de diretórios e arquivos necessários para uma simulação com o
OpenFOAM.
<Dir.de Tempo>: contém os arquivos individuais de dados para os cam-
pos das variáveis tratadas no caso (por exemplo, campo de velocidade,
pressao, tensão, etc.). O nome associado ao diretório <Dir.de Tempo>
refere-se ao instante simulado no qual os dados são escritos.
<system>: os arquivos contidos neste diretório estão associados ao pro-
cedimento de solução do caso. Devem existir pelo menos 3 arquivos neste
diretório: o controlDict, o fvSolution e o fvSchemes, discutidos a
seguir.
<constant>: deve conter os arquivos de propriedades físicas pertinentes
ao caso, por exemplo, transportProperties. A descrição completa
da geometria e da malha deve ser incluída no diretório polyMesh, nos
arquivos blockMeshDict e boundary.
O usuário pode alterar os dados diretamente nos arquivos de configuração
4.2. O OpenFOAM A NÍVEL DE USRIO 53
usando um editor de texto ou usar a ferramenta gráfica FoamX. O FoamX acessa os
arquivos de configuração alterando-os e organizando as informações pertinentes ao
caso.
4.2.2 Pré-Processamento
Uma etapa muito importante em CFD é a da criação da geometria e principalmente da
malha. A malha surge da discretização do domínio em uma quantidade definida de
subdomínios. As equações diferenciais parciais do modelo também são discretizadas e
após sua resolução será obtida a solução para os pontos discretos do domínio, ou seja,
para cada subdomínio da malha. Uma malha mais fina, ou seja, com maior quantidade
de subdomínios, produz resultados para uma maior quantidade de pontos do domínio
e também fornece maior precisão. Contudo, quanto maior a quantidade de células
maior será o problema a ser resolvido e maior o custo computacional. Assim deve-se
optar por malhas que forneçam resultados com precisão adequada e que exijam um
tempo de simulação aceitável.
O OpenFOAM não possui um editor CAD para construção da geometria do
problema. As informações sobre a geometria são armazenadas e podem ser editadas no
arquivo blockMeshDict. O comando blockMesh gera arquivos a partir do arquivo
blockMeshDict, criando e estruturando os dados da malha em pontos, faces e células
(arquivos points, faces e cells, respectivamente).
Para os casos em que se faz necessário o uso de malhas não-estruturadas pode-se
fazer a importação de geometrias e malhas geradas em outros softwares. Assim, pode-
se optar por softwares comerciais como ICEM e GAMBIT ou livres como NETGEN,
TETGEN, GMSH e SALOME. O OpenFOAM aceita diferentes tipos de geometrias para
as células, como hexaédrica, tetraédrica, prismática, piramidal, etc.
Além da definição da geometria e malha deve-se definir nos arquivos de con-
54 CAPÍTULO 4. APRESENTAÇÃO DO PACOTE DE CFD OpenFOAM
trole as condições da simulação no diretório <system> e as propriedades físicas e
modelos adicionais do problema no diretório <constant>. Os arquivos de controle
são:
controlDict: controla o tempo de simulação, passo de tempo, intervalo
de escrita de dados, etc.
fvSchemes: especifica os métodos para discretização dos termos deriva-
tivos das equações. O método de discretização padrão adotado pelo Open-
FOAM é a integração de Gauss para volumes finitos.
fvSolution: é definido os métodos de solução do sistema de equações li-
neares e suas respectivas tolerâncias, assim como alguns parâmetros para o
algoritmo de solução do campo de escoamento (correção pressão-velocidade
e ortogonalidade da malha).
Além desses três arquivos de controle de simulação, outros podem ser colocados
no diretório <system>. Um deles é o arquivo usado para simulações em paralelo
(decomposeParDict). O OpenFOAM usa a biblioteca de domínio público MPI (Mes-
sage Passage Interface) para a comunicação entre os computadores e a decomposição
do domínio pode ser feita por quatro métodos diferentes, onde o METIS se destaca
devido à grande eficiência no particionamento da malha. Outro ponto importante é a
especificação das condições iniciais e de contorno, que será feito em arquivos com o
mesmo nome da variável (por exemplo, U no caso da velocidade) dentro do diretório
de tempo (para o tempo inicial zero tem-se o diretório 0). Para condições iniciais o
OpenFOAM permite a entrada de um campo uniforme e não-uniforme. O OpenFOAM
apresenta implementadas as principais condições de contorno, como entrada de massa
(inlet), saída de massa (outlet), parede fixa ou móvel (wall), condição atmosférica
(atmospheric), simetria (simetry), entre outras. Porém nada impede ao usuário
para criar sua própria condição de contorno, caso seja necessário. As condições de
contorno também podem ser impostas como uniformes ou não-uniformes. Por fim,
4.2. O OpenFOAM A NÍVEL DE USRIO 55
devem-se definir as propriedades físicas e os modelos adicionais usados na simulação
em arquivos específicos para cada caso (ex. viscoelasticProperties).
4.2.3 Etapa de Resolução Numérica
Nesta etapa é feita a resolução numérica das equações do modelo. O OpenFOAM
utiliza arquivos executáveis chamados de solvers para realizar tal propósito. Os solvers
contêm os modelos para resolver o caso pretendido e as informações de todas as rotinas
de cálculo a serem executadas. Assim, quando eles são invocados acontece a leitura
de todos os parâmetros da simulação definidos nos arquivos do caso e especificados
na etapa de pré-processamento. Com estas informações o solver pode partir para a
resolução numérica do problema.
O OpenFOAM apresenta uma grande diversidade de solvers que vem com o
pacote original. Se o usuário pretender usar um modelo que não se encontra na versão
original é permitido a ele criar um novo solver para seu caso especifico.
4.2.4 Pós-Processamento
O OpenFOAM possui uma ferramenta para o pós-processamento dos resultados que
é denominada paraFoam, adaptada do software ParaView (
PARAVIEW, 2008), para
visualização científica e de código aberto.
As ferramentas básicas para visualização de resultados CFD estão incluídas no
paraFoam, como a criação de gráficos de contorno, vetores e linhas de fluxo. Ainda é
possível criar animações para analisar o transiente dos resultados. Outros softwares
de visualização com recursos mais avançados também podem ser usados, pois é
possível converter os resultados fornecidos pelo OpenFOAM para formatos lidos por
softwares como FLUENT, Fieldview, Ensight e Tecplot. Existe ainda uma ferramenta de
56 CAPÍTULO 4. APRESENTAÇÃO DO PACOTE DE CFD OpenFOAM
conversão dos resultados do OpenFOAM para o formato VTK possibilitando a leitura
dos dados em qualquer visualizador que use VTK.
4.3 O OpenFOAM a nível de Usuário Desenvolvedor
Os desenvolvedores necessitam ter conhecimento em linguagem C++ e um conheci-
mento básico do código do OpenFOAM, como os operadores, classes e funções im-
portantes. Um bom conhecimento em CFD também é indispensável. Para linguagem
C++ uma boa referencia é o trabalho de Yang (2001). As fontes sobre programação
no OpenFOAM são seus manuais (Users Guide e Programmers Guide) e fóruns de
internet (FORUM, 2008). Sobre CFD encontra-se vasta literatura, contudo uma boa
fonte é o trabalho de Jasak (1996) que apresenta detalhadamente vários aspectos
sobre a formulação numérica, incluindo a metodologia de discretização, condições
de contorno, etc., e a teoria dos algoritmos implementados no OpenFOAM, como o
acoplamento pressão-velocidade, correção dos fluxos em malhas não estruturadas,
etc..
4.3.1 Orientação a Objetos e C++
Para tentar solucionar o problema do baixo reaproveitamento de código, tomou corpo
a idéia da Programação Orientada a Objeto (POO). A POO não é nova, sua formulação
inicial data de 1960, porém, somente a partir dos anos 90 é que passou a ter seu uso
difundido. Hoje, todas as grandes empresas de desenvolvimento de programas têm
desenvolvido os seus softwares usando a programação orientada a objeto.
A programação orientada a objeto não é somente uma nova forma de programar
é uma nova forma de pensar um problema utilizando conceitos do mundo real e não
conceitos computacionais. Os conceitos de objetos devem acompanhar todo o ciclo de
4.3. O OpenFOAM A NÍVEL DE USRIO DESENV OLVEDOR 57
desenvolvimento de um software.
Descreve-se a seguir os conceitos básicos da análise orientada a objeto, isto é, a
abstração, o objeto, as classes, a herança e o polimorfismo.
Abstração: Para a análise orientada a objeto, a abstração é o processo de
identificação dos objetos e seus relacionamentos.
Objetos: São coisas do mundo real ou imaginário que podemos de alguma
forma identificar, como uma pedra, uma caneta, um copo. O objeto interage
com o meio e, em função de excitações que sofre, realiza determinadas ações
que alteram o seu estado.
Classe: A classe contém toda a descrição da forma do objeto, é um molde
para a criação do objeto, é uma matriz geradora de objetos.
Encapsulamento: Para a análise orientada a objeto, encapsulamento é o
ato de esconder do usuário informações que não são de seu interesse. O
objeto atua como uma caixa preta, que realiza determinada operação, mas
o usuário não sabe, e não precisa saber, exatamente como.
Herança: Na análise orientada a objeto, herança é o mecanismo em que uma
classe filha (subclasse) compartilha automaticamente todos os métodos e
atributos de sua classe pai (superclasse). A herança permite implementar
classes descendentes implementando os métodos e atributos que se dife-
renciam da classe pai.
Polimorfismo: O conceito de polimorfismo é fundamental para a análise
orientada a objeto; sua aplicação se fundamenta no uso de uma superclasse,
através do qual vamos desenvolver nossa hierarquia de classes.
A linguagem de programação C++ é uma linguagem que contempla todas essas
características de orientação a objetos. Seu surgimento data o ano de 1980, quando
58 CAPÍTULO 4. APRESENTAÇÃO DO PACOTE DE CFD OpenFOAM
Bjarne Stroustrup criou essa linguagem como um superconjunto da linguagem C sendo
inicialmente chamado C com classes (STROUSTRUP, 1999). Hoje em dia, grande parte
das empresas de desenvolvimento de softwares usam C++.
4.3.2 Linguagem do OpenFOAM
A técnica de orientação a objetos usada pelo OpenFOAM permitiu criar tipos de
dados muito próximos aos usados na mecânica do contínuo. A técnica de sobrecar-
regamento de operadores permitiu que a simbologia matemática usual fosse aplicada
para operações básicas. Assim as equações da mecânica do contínuo apresentadas
como equações diferenciais parciais e os conceitos de escalares, vetores, tensores e seus
respectivos campos, assim como a álgebra tensorial e sistemas de unidades podem ser
invocados no OpenFOAM usando uma sintaxe parecida com a notação matemática
usual. Isto, além de facilitar a implementação de novos solvers, também torna muito
mais ágil o desenvolvimento.
As classes implementadas no OpenFOAM declaram tipos e operações que fazem
parte da linguagem matemática utilizada na engenharia e no meio científico. O campo
de velocidades pode ser representado no código de programação pelo símbolo U e
a magnitude do campo de velocidade pode ser obtido com a operação mag(U). A
velocidade é um campo vetorial e, portanto, deve existir um código com orientação a
objetos para definir uma classe do tipo vectorField. Então, o campo de velocidade
pode ser visto como um objeto da classe vectorField.
A estrutura das classes restringe o desenvolvimento do código dentro das pró-
prias classes, tornando o código mais fácil de manipular. Novas classes podem herdar
propriedades de outras classes, por exemplo, um vectorField pode ser derivado de
uma classe vector e uma classe Field. O C++ fornece um mecanismo chamado de
classes template, de forma que a classe Field<Type> pode representar um campo
4.3. O OpenFOAM A NÍVEL DE USRIO DESENV OLVEDOR 59
de qualquer <Type>, como scalar, vector e tensor. As características gerais da
classe template são passadas para qualquer classe criada a partir deste template.
Os templates e a herança reduzem a duplicação de código e criam hierarquias de classe
que impõe uma estrutura ao código.
O OpenFOAM usa o método dos volumes finitos para discretizar os campos
geométricos e as bibliotecas fvm.H e fvc.H são responsáveis pelo processo de apro-
ximação dos termos derivativos das variáveis tensoriais calculadas. Cada termo nas
equações diferenciais parciais é representado individualmente no OpenFOAM usando
as classes finiteVolumeMethod e finiteVolumeCalculus, abreviado por fvm e fvc, respec-
tivamente. Tanto fvm como fvc contêm funções estáticas que representam os opera-
dores diferenciais, como gradiente, divergente e laplaciano. Apesar destas bibliotecas
possuírem o mesmo propósito, suas aplicações são diferentes.
A biblioteca fvm.H reúne funções para realizar operações implícitas de dis-
cretização pelo método dos volumes finitos e os resultados são armazenados em uma
matriz definida pela classe fvMatrix<Type>. Em outras palavras, a classe fvm
discretiza os termos que irão ser resolvidos na simulação e constrói um sistema de
equações lineares. A biblioteca fvm.H ainda é capaz de montar a matriz utilizando
termos fontes com discretização implícita ou explícita.
a biblioteca fvc.H agrupa funções para calcular operações explícitas de
discretização. Os termos discretizados por essa classe não são armazenados em uma
matriz, como no caso dos discretizados pela biblioteca fvm.H. Assim, as operações
realizadas com a classe fvc retornam explicitamente um campo geométrico (classe
geometricField<Type>). Por exemplo, essa biblioteca é particularmente útil na
solução do gradiente da pressão pelo fato do OpenFOAM não incluir a pressão na
matriz fvMatrix<Type>, que utiliza um método segregado de solução para o
acoplamento pressão-velocidade. Além das operações de discretização, essa biblioteca
possui classes para integração de um campo tensorial sobre um volume ou superfície.
60 CAPÍTULO 4. APRESENTAÇÃO DO PACOTE DE CFD OpenFOAM
4.3.3 Definição e nomenclatura dos operadores diferencias no
OpenFOAM
Os operadores diferenciais no OpenFOAM são definidos com base nas duas classes
mencionadas na seção anterior, fvm e fvc. Assim, o OpenFOAM possui uma lin-
guagem que imita a linguagem matemática. A Tabela 4.1 mostra alguns operadores
importantes em CFD e suas palavras chaves no OpenFOAM.
Tabela 4.1: Principais palavras chaves usadas no arquivo fvSchemes.
Palavra Chave Categoria do termo Matemático
snGradSchemes Componente do gradiente normal a face da célula
gradSchemes Gradiente
divSchemes Divergente ∇·
laplacianSchemes Laplaciano
2
timeSchemes Primeira e segunda derivada temporal /∂t,
2
/∂t
2
Na Figura 4.2 é mostrada uma célula típica resultante da discretização do domínio.
O ponto P corresponde à célula de interesse, o ponto N é uma célula vizinha, f é a face
de comunicação entre as duas células, d é o vetor de P até N e S
f
é um vetor que
contém a área da face.
Figura 4.2: Parâmetros em uma discretização por volumes finitos.
4.3. O OpenFOAM A NÍVEL DE USRIO DESENV OLVEDOR 61
4.3.3.1 Avaliação do Operador Gradiente
O termo gradiente é um termo explícito e pode ser avaliado de diversas formas:
Integração Gaussiana: é feita usando a função fvc::gGrad. A discretiza-
ção é obtida usando o método padrão de integração Gaussiana no volume
de controle.
V
φ dV =
S
dSφ =
f
S
f
φ
f
(4.1)
onde φ é uma variável arbitrária e o sub-índice f corresponde a face da
célula.
Método dos mínimos quadrados: é baseado nas seguintes idéias:
1. O valor no ponto P pode ser extrapolado para seu vizinho N
usando o gradiente no ponto P .
2. O valor extrapolado em N pode ser comparado com o valor atual
em N, a diferença é o erro.
3. Se for agora minimizada a soma dos erros quadrados de todos os
pontos vizinhos de P com respeito ao gradiente, esse terá uma
boa aproximação.
A aproximação por mínimos quadrados é feita usando uma função conhe-
cida como fvc::lsGrad. A discretização é feita calculando-se o valor do
tensor G em todos os pontos P pela soma dos vizinhos N:
G =
N
w
2
N
dd (4.2)
onde a função peso w
N
= 1/|d|. O gradiente pode ser avaliado como:
(φ)
P
=
N
w
2
N
G
1
· d(φ
N
φ
P
) (4.3)
Método do gradiente normal a superfície: tem-se que n
f
· (φ
f
) pode ser
avaliado nas faces das células usando o seguinte esquema:
(φ)
f
=
(φ
N
φ
P
)
|d|
(4.4)
62 CAPÍTULO 4. APRESENTAÇÃO DO PACOTE DE CFD OpenFOAM
Neste caso, o operador gradiente é chamado pela função fvc::snGrad.
Este termo é análogo ao da discretização do Laplaciano. Um termo de
correção para malhas não-ortogonais pode ser introduzido. Para usar o
termo de correção usa-se a função fvc::snGradCorrection.
Na Tabela 4.2 apresentam-se mais informações referentes à avaliação do opera-
dor gradiente.
Tabela 4.2: Esquemas de discretização possíveis em gradSchemes.
Esquemas de discretização Descrição
Gauss <interpolationScheme> Segunda ordem, integração Gaussiana
leastSquares Segunda ordem, mínimos quadrados
fourth Quarta ordem, mínimos quadrados
Limited <gradScheme> Versão com um limitador para
alguns dos casos acima
4.3.3.2 Avaliação do Operador Divergente
O operador divergente é um termo explícito. Sua integração no volume de controle e
linearização é feita conforme a Equação 4.5:
V
· φdV =
S
dS · φ =
f
S
f
·φ
f
(4.5)
o divergente convectivo é resolvido implicitamente, assim é integrado no
volume de controle e linearizado como mostrado na Equação 4.6:
V
· (ρUφ) dV =
S
dS · (ρUφ) =
f
S
f
·(ρU)
f
φ
f
=
f
F φ
f
(4.6)
O valor de φ
f
pode ser calculado usando uma variedade de esquemas de inter-
polação, os quais são apresentados na seção seguinte.
4.3. O OpenFOAM A NÍVEL DE USRIO DESENV OLVEDOR 63
4.3.3.3 Avaliação do Operador Laplaciano
O operador Laplaciano é integrado no volume de controle e linearizado como mostrado
a seguir:
V
· φ) dV =
S
dS · φ) =
f
Γ
f
S
f
·(φ)
f
(4.7)
A discretização do gradiente na face é implícita quando o comprimento d entre
o centro da célula de interesse P e o centro da célula vizinha N é ortogonal ao plano
da face, ou seja, paralelo a S
f
(Equação 4.8):
S
f
· (φ)
f
= |S
f
|
φ
N
φ
P
|d|
(4.8)
No caso de malhas não-ortogonais, um termo explicito adicional é introduzido,
o qual é calculado através de interpolação dos valores dos gradientes no centro das
células, usando diferenças centrais. No trabalho de Jasak (1996) está descrito mais
detalhadamente como isto é feito no OpenFOAM.
4.3.3.4 Esquemas de Interpolação para Avaliação Temporal
Para a derivada temporal de primeira ordem /∂t é feita a integração no volume de
controle da seguinte forma (Equação 4.9):
t
V
ρφ dV (4.9)
O termo é discretizado no tempo usando:
Valores novos: φ
n
φ(t + t) para o passo de tempo que está sendo
resolvido.
Valores do passo anterior: φ
o
φ(t) valor do passo de tempo anterior.
Valores de dois passos anteriores: φ
oo
φ(t t) valor do passo de tempo
anterior ao último passo de tempo.
64 CAPÍTULO 4. APRESENTAÇÃO DO PACOTE DE CFD OpenFOAM
Um dos dois esquemas de discretização abaixo, além do tradicional método de
Crank-Nicholson, pode ser usado na hora da resolução do transiente de um problema:
Esquema Euler implícito é de primeira ordem (Equação 4.10):
t
V
ρφ dV =
(ρ
P
φ
P
V )
n
(ρ
P
φ
P
V )
o
t
(4.10)
Esquema de diferenças Backward é de segunda ordem (Equação 4.11). Este
esquema usa dois passos de tempo anteriores ao passo atual para o cálculo e necessita
guardar uma maior quantidade de dados, se comparado com o método de Euler
implícito. Na Tabela 4.3 são apresentadas informações adicionais sobre cada um dos
métodos para resolução do termo temporal.
t
V
ρφ dV =
3 (ρ
P
φ
P
V )
n
4 (ρ
P
φ
P
V )
o
+ (ρ
P
φ
P
V )
oo
2∆t
(4.11)
Tabela 4.3: Esquemas de discretização disponíveis em ddtSchemes.
Esquema Descrição
Euler Primeira ordem, restrito, implícito
CrankNicholson Segunda ordem, restrito, implícito
backward Segunda ordem, implícito
steadyState Não resolve a derivada temporal
4.3.4 Outros Operadores auxiliares no OpenFOAM
Além dos operadores diferenciais comentados no item anterior existe ainda uma grande
diversidade de operadores auxiliares como, por exemplo:
Operador interpolationSchemes que é usado para realocar a posição
de um campo e tipicamente usado para interpolar valores do centro para a
face das células.
4.3. O OpenFOAM A NÍVEL DE USRIO DESENV OLVEDOR 65
Operador fluxRequired que gera um fluxo a partir de um campo. Esse
operador é necessário para gerar o fluxo após se resolver a equação da
pressão para ser posteriormente usado na continuidade por exemplo.
Operador surfaceIntegrate para calcular a integral sobre uma superfí-
cie, entre outros.
4.3.5 Definição e nomenclatura dos esquemas de interpolação no
OpenFOAM
Uma questão muito importante em CFD é a escolha de esquemas de interpolação
adequados. A Tabela 4.4 mostra alguns esquemas de interpolação disponíveis no
OpenFOAM.
Diferenças centrais (CD - Central differencing): é de segunda ordem de pre-
cisão, porém não é limitado, ou seja, dependendo das condições do escoamento pode
ocorrer o surgimento de oscilações espúrias na solução. É expressa como mostrado na
Equação 4.12:
φ
f
= f
x
φ
P
+ (1 f
x
)φ
N
(4.12)
onde f
x
= fN/P N, sendo fN a distância entre f e o centro da célula vizinha N e P N
a distância entre os centros das células N e P .
Diferenças upwind (UD - Upwind differencing): determina o valor da variável
na face (φ
f
) usando a direção do fluxo como mostrado pela Equação 4.13. É um
esquema limitado (não produz oscilações na solução) porém de primeira ordem de
precisão.
φ
f
=
φ
P
para F 0
φ
N
para F < 0
(4.13)
Diferenças mistas (BD - Blended differencing): esse esquema mistura o esquema
UD com o CD ou outro esquema de alta ordem proporcionando propriedades de um e
66 CAPÍTULO 4. APRESENTAÇÃO DO PACOTE DE CFD OpenFOAM
Tabela 4.4: Alguns dos esquemas de interpolação presentes no OpenFOAM.
Esquemas Centrados
Linear Interpolação linear (diferenças centrais)
cubicCorrection Esquema cúbico (correção cúbica)
midPoint Interpolação linear com pesos simétricos
Esquemas para advecção
(Upwinded convection schemes)
upwind Aproximação de um lado (upwind differencing)
linearUpwind Upwind linear
skewLinear Esquema linear com correção
QUICK Diferenças upwind quadráticas (Quadratic
Upwind Differencing)
Esquemas TVD
(Total Variation Diminishing)
limitedLinear Diferenças lineares com limitador
vanLeer Limitador van Leer
MUSCL Limitador MUSCL
limitedCubic Limitador cúbico
Esquemas NVD
(Normalised Variable Diagram)
SFCD Diferenças centrais com filtro
Gamma ψ Diferenças Gamma
do outro como pode ser observado na Equação 4.14.
φ
f
= φ
UD
+ γ[ φ
HO
φ
UD
] (4.14)
onde γ é o limitador, o subescrito HO corresponde a esquemas de alta ordem e UD
ao esquema upwind de baixa ordem. Para calcular os valores do limitador γ que
garanta a ordem elevada sem presença de oscilações na solução pode-se usar diferentes
esquemas limitadores de fluxo como van Leer, SUPERBEE, MINMOD, OSPRE, etc. A
idéia principal nos esquemas limitadores de fluxo é limitar as derivadas espaciais em
valores realistas. O limitador é uma função do valor de φ e seu valor pode ser medido
4.3. O OpenFOAM A NÍVEL DE USRIO DESENV OLVEDOR 67
por (SWEBY, 1984; LEER, 1974):
r =
φ
C
φ
U
φ
D
φ
C
(4.15)
onde
γ = γ(r) (4.16)
Os pontos U (up), C (center) e D (down) são selecionados de acordo com a direção
do fluxo na face f . As Equações 4.17, 4.18, 4.19 representadam, respectivamente, os
limitadores MINMOD, van Leer e SUPERBEE.
γ
mm
(r) = max[ 0, min(1, r) ], lim
r→∞
γ
mm
(r) = 1 (4.17)
γ
vl
(r) =
r + |r|
1 + |r|
, lim
r→∞
γ
vl
(r) = 2 (4.18)
γ
sb
(r) = max[ 0, min(2r, 1), min(r, 2) ], lim
r→∞
γ
sb
(r) = 2 (4.19)
A Tabela 4.5 traz algumas informações sobre alguns esquemas de interpolação.
Tabela 4.5: Comportamento dos esquemas de interpolação usados em divSchemes.
Esquema Comportamento numérico
linear Segunda ordem, sem limitador de fluxo
skewLinear Segunda ordem, sem limitador e com correção
cubicCorrected Quarta ordem, sem limitador e com correção
upwind Primeira ordem, limitado
linearUpwind Primeira/Segunda ordem, limitado
QUICK Primeira/Segunda ordem, limitado
Esquemas TVD Primeira/Segunda ordem, com limitador
SFCD Segunda ordem, com limitador
Esquemas NVD Primeira/Segunda ordem, com limitador
68 CAPÍTULO 4. APRESENTAÇÃO DO PACOTE DE CFD OpenFOAM
4.3.6 Solvers para Solução do Sistema Linear de Equações
O OpenFOAM possui diversos solvers para resolver o sistema linear discretizado. A
Tabela 4.6 apresenta alguns deles.
Tabela 4.6: Solvers para o sistema linear.
Solver Palavra chave
Gradiente (bi-)conjugado com pré-condicionamento PCG/PBiCG
Gradiente (bi-)conjugado estabilizado BiCGStab
Solver usando um smoother smoothsolver
Multi-grid generalizado GAMG
PCG para matrizes simétricas, PBiCG para assimétricas
Em relação ao emprego de pré-condicionadores, as opções disponíveis atual-
mente no OpenFOAM são apresentadas na Tabela 4.7.
Tabela 4.7: Opções de pré-condicionadores.
Pré-condicionadores Palavra chave
Diagonal incomplete-Cholesky (simétrico) DIC
Cholesky Cholesky
Faster diagonal incomplete-Cholesky (DIC com caching) FDIC
Diagonal incomplete-LU (assimétrico) DILU
Diagonal diagonal
Geometric-algebraic multi-grid GAMG
Sem pré-condicionador none
4.3.7 Opções para Condições de Contorno
As condições de contorno podem ser divididas em dois tipos:
4.3. O OpenFOAM A NÍVEL DE USRIO DESENV OLVEDOR 69
Dirichlet onde é dado o valor da variável no contorno. O valor dado no
contorno é chamado no OpenFOAM de fixed value.
Neumann onde é fornecido o gradiente da variável dependente na superfície do
contorno. Esse valor é chamado de fixed gradient.
Fixed Value é especificado o valor na fronteira φ
b
.
1. Pode-se simplesmente substituir a valor de φ
b
no local onde a discretização
necessita do seu valor na face do contorno φ
f
. Este caso é típico do termo
advectivo.
2. Em termos como o Laplaciano, nos quais sua discretização requer o valor do
gradiente na face (φ)
f
, este pode ser calculado usando o valor na fronteira
e o valor do centro da célula.
S
f
· (φ)
f
= |S
f
|
φ
b
φ
P
|d|
(4.20)
Fixed Gradient é a condição de contorno onde o valor do gradiente g
b
é especi-
ficado na fronteira. g
b
é o produto escalar entre o gradiente e a unidade normal a
fronteira.
g
b
=
S
|S|
· φ
f
(4.21)
1. Quando a discretização requer o valor de φ
f
no contorno este pode ser
interpolado dos valores do centro da célula da seguinte forma:
φ
f
= φ
P
+ d · (φ)
f
= φ
P
+ d · g
b
(4.22)
2. g
b
pode ser substituído diretamente em casos onde a discretização requer o
gradiente na face.
S
f
· (φ)
f
= |S
f
|g
b
(4.23)
70 CAPÍTULO 4. APRESENTAÇÃO DO PACOTE DE CFD OpenFOAM
Na Tabela 4.8 são listadas as condições de contorno primitivas. Existem também
diversas condições de contorno que derivam destas, sendo chamadas no OpenFOAM
de condições de contorno derivadas. Não serão apresentadas as condições de contorno
derivadas, contudo o leitor interessado pode consultar o Users e Programers Guide e
trabalhos como os de Jasak (1996) e Rusche (2002) para maiores informações.
Tabela 4.8: Especificações primitivas para os contornos.
Tipo Descrição da Condição Dados especificados
fixedValue Valor de φ especificado Valor dado
fixedGradient Gradiente normal de φ especificado Gradiente dado
zeroGradient Gradiente normal de φ é zero —–
calculated Valor de φ é calculado —–
mixed Condição mista de fixedValue e Valor de referência
fixedGradient
directionMixed Condição mista entre a direção normal Valor de referência
ao contorno e a direção tangencial
Capítulo 5
Desenvolvimento do Solver para
fluidos viscoelásticos:
viscoelasticFluidFoam
Neste capítulo será apresentada a metodologia usada no desenvolvimento do solver para
resolver escoamentos de fluidos viscoelásticos no OpenFOAM, que foi denominado de vis-
coelasticFluidFoam. Também será discutida a implementação feita durante a realização deste
trabalho.
5.1 Escolha de uma Equação Constitutiva
Como visto na Subseção 2.5.3 existe uma grande variedade de equações constitutivas
para fluidos poliméricos. Desde as mais simples até as mais complexas se deve sempre
fazer uma análise a respeito de sua aplicabilidade a um determinado problema. Ainda
não existe uma equação que seja universal e consiga representar todos os escoamentos
de fluidos poliméricos com precisão adequada. Um modelo pode conseguir repre-
sentar bem um tipo de fluido e não ser bom para representar outro (RENARDY, 2005).
No geral os modelos não-lineares conseguem ser mais adequados para representar
fluidos complexos, porém são mais difíceis de serem resolvidos, uma vez que são mais
71
72
CAPÍTULO 5. DESENVOLVIMENTO DO SOLVER PARA FLUIDOS VISCOELÁSTICOS:
viscoelasticFluidFoam
complexos e às vezes possuem parâmetros difíceis de serem obtidos. Uma comparação
para soluções poliméricas em escoamento extensional uniaxial usando alguns dos
modelos não-lineares apresentados pode ser encontrada no trabalho de Tirtaatmadja e
Sridhar (1995).
O ideal então é ter conhecimento das equações existentes e suas aplicações para
que então se possa escolher a que melhor se adapte. O conhecimento do tipo de fluido
a ser simulado também é indispensável.
Para dar flexibilidade ao solver desenvolvido em termos de opções de equações
constitutivas, foi feito a implementação de todas as equações constitutivas apresen-
tadas na Subseção 2.5.3. No entanto, por questões de dimensão do documento, neste
trabalho são apresentados resultados para os modelos Maxwell linear, Oldroyd-B,
Giesekus, PTT linear e exponencial, FENE-P e FENE-CR e o modelo DCPP. Com o
uso desses modelos serão apresentados resultados para as três teorias para fluidos
viscoelásticos, a teoria cinética, a teoria de redes e a de reptação.
5.2 Escolha de uma Metodologia
Após a análise das formulações descritas na Seção 3.3 escolheu-se a que seria usada
neste trabalho.
A formulação viscosa é a mais indicada quando se deseja obter soluções tran-
sientes precisas, pois não é feito alteração alguma na equação original. Contudo está
formulação é estável somente para baixos valores de números de Deborah (XUE et al.,
2004).
Em uma etapa preliminar do presente trabalho foram feitas algumas compara-
ções para alguns modelos usando a formulação EVSS e DEVSS. Chegou-se a conclusão,
5.3. ALGORITMO PARA RESOLUÇÃO DE ESCOAMENTO DE FLUIDO
VISCOELÁSTICO 73
para os casos analisados, que a metodologia DEVSS devolve resultados iguais ou
melhores que as da metodologia EVSS, sem requerer mudanças de variáveis e sendo,
assim, facilmente aplicável a todos os modelos constitutivos (GUÉNETTE; FORTIN, 1995).
Por estes motivos, a DEVSS foi a metodologia escolhida para ser utilizada neste
trabalho.
Cabe ainda salientar que a metodologia AVSS e suas derivações não foram
testadas neste trabalho, em conseqüência dos resultados preliminares satisfatórios
obtidos com a metodologia DEVSS e à limitação de tempo para completar a disser-
tação. No entanto, seria relevante testá-la em um trabalho futuro e comparar seu
desempenho com o da DEVSS.
5.3 Algoritmo para Resolução de Escoamento de
Fluido Viscoelástico
O procedimento usado para resolver o problema de escoamentos de fluidos viscoelás-
ticos no solver viscoelasticFluidFoam pode ser resumido em 4 passos:
1. Considerando campos conhecidos de velocidade U, pressão p e tensão τ a
equação de quantidade de movimento é resolvida implicitamente para cada
componente do vetor velocidade, obtendo-se U
. O gradiente da pressão e
o divergente da tensão são calculados explicitamente usando os valores do
passo anterior.
2. Com os novos valores de velocidade U
calcula-se o novo campo de pressão
p
e posteriormente corrige-se a velocidade resultando em U
∗∗
que satisfaz
a equação da continuidade. Este procedimento de cálculo para o campo de
pressão e a correção da velocidade é feito usando o algoritmo PISO.
3. É feito o cálculo de cada componente do tensor das tensões τ
usando uma
equação constitutiva.
74
CAPÍTULO 5. DESENVOLVIMENTO DO SOLVER PARA FLUIDOS VISCOELÁSTICOS:
viscoelasticFluidFoam
4. Para soluções mais precisas em escoamentos transientes pode-se iterar al-
gumas vezes os passos 1, 2 e 3 dentro de um mesmo instante de tempo,
sendo que para isto os valores de U, p e τ são atualizados com os valores de
U
∗∗
, pressão p
e tensão τ
.
5.4 Detalhamento da implementação do solver viscoelas-
ticFluidFoam
5.4.1 Código principal do solver viscoelasticFluidFoam
Nesta Seção é feito o detalhamento da implementação do solver viscoelasticFluid-
Foam, mostrando-se aspectos básicos do código computacional desenvolvido. Este
detalhamento será feito tomando como base, a título de exemplo, um dos casos imple-
mentados que consiste na aplicação da metodologia DEVSS e na utilização do modelo
constitutivo LPTT. Procedimentos similares foram utilizados para os demais modelos
constitutivos apresentados na Subseção 2.5.3.
O equacionamento é dado pela equação da continuidade (Equação 2.12 da Sub-
seção 2.4.1), conservação de quantidade de movimento usando a formulação DEVSS
(Equação 3.11 da Subseção 3.3.3) e a equação constitutiva LPTT (Equação 2.40 da
Subsubseção 2.5.3.4).
Para fim de implementação a equação de conservação de quantidade de movi-
mento foi deixada da seguinte forma:
U
t
+ · (UU)
η
S
+ η
P
ρ
· (U) = −∇
p
ρ
+ ·
τ
P
ρ
η
P
ρ
· (U) (5.1)
O código fonte em C++ para resolver esse problema está no arquivo principal
viscoelasticFluidFoam.C dado pelo Código 5.1, no arquivo contendo o modelo
constitutivo ilustrado no Código 5.3 e alguns arquivos auxiliares. Na seqüência será
5.4. DETALHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO solver viscoelasticFluidFoam 75
apresentado e discutido o arquivo principal viscoelasticFluidFoam.C.
Código 5.1: Solver viscoelasticFluidFoam (arquivo viscoelasticFluidFoam.C).
2 // Description
3 // Transient solver for incompressible, laminar flow of viscoelastic
fluids.
5 \
*
---------------------------------------------------------------------------
*
/
7 #include "fvCFD.H"
8 #include "viscoelasticModel.H"
10 //
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
//
12 int main(int argc, char
*
argv[])
13 {
15 # include "setRootCase.H"
17 # include "createTime.H"
18 # include "createMesh.H"
19 # include "createFields.H"
20 # include "initContinuityErrs.H"
22 //
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
//
24 Info<< "\nStarting time loop\n" << endl;
26 while (runTime.run())
27 {
29 # include "readPISOControls.H"
30 # include "readTimeControls.H"
31 # include "CourantNo.H"
32 # include "setDeltaT.H"
34 runTime++;
36 Info<< "Time = " << runTime.timeName() << nl << endl;
38 // Pressure-velocity PISO corrector loop
39 for (int corr = 0; corr < nCorr; corr++)
40 {
41 // Momentum predictor
42 tmp<fvVectorMatrix> UEqn
43 (
44 fvm::ddt(U)
45 + fvm::div(phi, U)
46 - visco.divTau(U)
47 );
49 UEqn().relax();
76
CAPÍTULO 5. DESENVOLVIMENTO DO SOLVER PARA FLUIDOS VISCOELÁSTICOS:
viscoelasticFluidFoam
51 solve(UEqn() == -fvc::grad(p));
53 p.boundaryField().updateCoeffs();
54 volScalarField rUA = 1.0/UEqn().A();
55 U = rUA
*
UEqn().H();
56 UEqn.clear();
57 phi = fvc::interpolate(U) & mesh.Sf();
58 adjustPhi(phi, U, p);
60 // Store pressure for under-relaxation
61 p.storePrevIter();
63 // Non-orthogonal pressure corrector loop
64 for (int nonOrth=0; nonOrth<=nNonOrthCorr; nonOrth++)
65 {
66 fvScalarMatrix pEqn
67 (
68 fvm::laplacian(rUA, p) == fvc::div(phi)
69 );
71 pEqn.setReference(pRefCell, pRefValue);
72 pEqn.solve();
74 if (nonOrth == nNonOrthCorr)
75 {
76 phi -= pEqn.flux();
77 }
78 }
80 # include "continuityErrs.H"
82 // Explicitly relax pressure for momentum corrector
83 p.relax();
85 // Momentum corrector
86 U -= rUA
*
fvc::grad(p);
87 U.correctBoundaryConditions();
89 visco.correct();
90 }
92 runTime.write();
94 Info<< "ExecutionTime = "
95 << runTime.elapsedCpuTime()
96 << " s\n\n" << endl;
97 }
99 Info<< "End\n" << endl;
101 return(0);
102 }
104 //
*********************************************************************
//
5.4. DETALHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO solver viscoelasticFluidFoam 77
A primeira linha do código declara a biblioteca fvCFD.H que é a principal
biblioteca do OpenFOAM e que permite acesso a todas as classes. Essa biblioteca é
necessária em todos os solvers. Na segunda linha é declarada a biblioteca denominada
viscoelasticModel.H e necessária para a escolha e a construção dos modelos
constitutivos. Essa biblioteca armazena instruções para a troca de dados entre o
arquivo principal do solver e os arquivos que definem os modelos constitutivos.
A função main engloba o código fonte principal e possui dois argumentos de
entrada: o argc e o argv. Estes parâmetros armazenam informações a respeito das
condições da simulação, como por exemplo, o diretório e o nome do caso estudado.
O programa estes argumentos através da linha de comando usada na execução do
solver.
A biblioteca setRootCase.H é usada para testar a validade dos argumentos
argc e argv da simulação.
As bibliotecas createTimes.H e createMesh.H são responsáveis pelo ar-
mazenamento das informações do caso simulado e informações sobre a malha, respec-
tivamente. Assim, a primeira permite acessar dados relativos ao tempo inicial, passo
de tempo, tempo final da simulação entre outros e a segunda possui informações a
respeito de volumes de controle, condições de contorno, etc. Essas duas bibliotecas são
gerais no OpenFOAM e podem ser usadas por qualquer solver.
a biblioteca createFields.H é usada para leitura e criação de campos
iniciais para as variáveis do problema e propriedades físicas pertinentes ao caso e é
específica para cada solver. Essa biblioteca deve ser criada pelo programador para
atender as necessidades de cada solver. Assim, dentre as bibliotecas mencionadas nesta
seção, esta é a única que é específica do solver viscoelasticFluidFoam, por este motivo,
ela será discutida de forma mais detalhada na Subseção 5.4.2.
Seguindo em diante encontramos a biblioteca initContinuityErrs.H que é
78
CAPÍTULO 5. DESENVOLVIMENTO DO SOLVER PARA FLUIDOS VISCOELÁSTICOS:
viscoelasticFluidFoam
responsável por inicializar e armazenar o erro relativo da equação da continuidade.
Em seguida é iniciado o laço do tempo em que se resolve a dinâmica do pro-
blema. A biblioteca readPISOControls.H é responsável pela leitura do número
de iterações para o método de correção pressão-velocidade (PISO) e dos parâmetros
de não-ortogonalidade da malha. O OpenFOAM usa o método PISO para problemas
transientes pois esse gera uma solução mais precisa que o SIMPLE.
No solver viscoelasticFluidFoam é usado o comando while(runTime.run()),
ou seja, enquanto não chegar o tempo final da simulação esta não será interrompida a
não ser por um erro ou pelo usuário. Em alguns solvers esse comando é definido como
for(runTime++; !runTime.end(); runtime++) em que, neste caso, é definido
e fixado o incremento no tempo a ser usado. O comando while(runTime.run())
não requer o fornecimento do incremento de tempo para cada vez que o laço é execu-
tado. Esse incremento é calculado automaticamente com base no valor de Courant
(Co) máximo aceitável. Para que isso seja possível devemos usar 3 bibliotecas: a
biblioteca readTimeControls.H que informações a respeito do uso de passo de
tempo ajustável, qual o valor máximo de Co e do passo de tempo máximo especificado
pelo usuário para a simulação. A biblioteca CourantNo.H que calcula o número de
Co médio e máximo no domínio e a biblioteca setDeltaT.H que faz o cálculo de qual
o valor do incremento no tempo que satisfaça o valor máximo de Co definido pelo
usuário. Uma vez calculado o valor do passo de tempo o comando runTime++ se
encarrega de incrementar esse valor. Caso o valor desse passo de tempo seja maior que
o passo de tempo máximo definido pelo usuário, o incremento é controlado pelo valor
máximo de passo de tempo e não pelo Co.
Na seqüência inicia-se o laço para correção pressão-velocidade PISO. O laço será
repetido até ser atingido o número de correções especificado pelo usuário em nCorr.
Logo no início deste laço é feito o armazenamento de todos os termos discretiza-
5.4. DETALHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO solver viscoelasticFluidFoam 79
dos da equação de conservação de quantidade de movimento na matriz UEqn (classe
fvVectorMatrix) menos o termo da pressão. O comando visco.divTau(U) pos-
sui embutido todas as parcelas referentes aos termos viscosos e elásticos da tensão e
seu conteúdo é obtido do arquivo que contém os modelos constitutivos e que será
apresentado posteriormente. Neste instante basta aceitar que o conteúdo da ma-
triz UEqn é toda a equação de conservação de quantidade de movimento menos o
termo da pressão. O comando UEqn().relax() faz uma relaxação explicita base-
ado em valores de relaxação fornecidos pelo usuário. Ao igualar UEqn ao negativo
do gradiente da pressão (discretizado explicitamente pela classe fvc), a equação
de conservação de quantidade de movimento é resolvida posteriormente com o co-
mando solve(UEqn()==-fvc::grad(p)) e essa é a primeira etapa do algoritmo
de acoplamento pressão-velocidade PISO, ou seja, a etapa conhecida como momentum
preditor de U (ISSA, 1986). Esta etapa também corresponde ao item 1 do procedimento
apresentado na Seção 5.3. O PISO parte de uma forma discretizada da equação de con-
servação de quantidade de movimento, podendo ser representada pela Equação 5.2:
a
P
U
P
= H(U) p U
P
=
H(U)
a
P
p
a
P
(5.2)
O termo H(U) armazena parcelas referentes ao transporte nas células vizinhas,
o termo transiente e os termos fontes (B), como mostrado na Equação 5.3.
H(U) =
N
a
N
U
N
+
U
o
t
+ B (5.3)
Até esse momento os valores do campo de velocidade foram calculados tendo
como base somente a equação de conservação de quantidade de movimento sem se
preocupar em satisfazer a equação da continuidade.
Na seqüência temos a atualização das condições de contorno para a pressão
com o comando p.boundaryField().updateCoeffs(). com o comando rUA
= 1.0/UEqn().A() é calculado o valor de 1 dividido pelos coeficientes a
P
que serão
armazenados na variável rUA do tipo volScalarField.
80
CAPÍTULO 5. DESENVOLVIMENTO DO SOLVER PARA FLUIDOS VISCOELÁSTICOS:
viscoelasticFluidFoam
No próximo comando U = rUA
*
UEqn().H() é feito o cálculo simplificado dos
valores de U necessários para a equação da pressão. Para criar a equação para a pressão
toma-se o divergente na Equação 5.2. Com isso obtêm-se a seguinte equação:
· (U
P
) = · (U
P
) ·
1
a
P
p
(5.4)
Onde os valores de U
P
são os valores calculados pelo comando anterior U =
rUA
*
UEqn().H().
Para o caso de escoamentos incompressíveis a parcela da esquerda da Equa-
ção 5.4 é zero (continuidade) e podemos reescrever a equação como sendo:
· (U
P
) = ·
1
a
P
p
(5.5)
A parcela da esquerda é calculada explicitamente e é feito o cálculo da pressão
que satisfaça a relação. A velocidade U
P
é substituída pelo fluxo phi, uma vez que é
necessária a velocidade nas faces das células. O fluxo é calculado pelos seguintes co-
mandos: phi = fvc::interpolate(U) & mesh.Sf() e adjustPhi(phi, U,
p).
O comando p.storePrevIter() é usado para guardar os valores de pressão
calculados na iteração anterior uma vez que esses valores serão necessários para fazer
a relaxação da pressão.
No laço que segue é feita a definição e o cálculo da pressão baseado na Equa-
ção 5.5, assim como as correções do fluxo para malhas não-ortogonais. O comando
pEqn.setReference(pRefCell, pRefValue) utiliza os valores de pRefCell e
pRefValue para setar os valores de referência para a pressão. Com o uso do comando
pEqn.solve() se resolve a equação da pressão e posteriormente é feita sua correção
com o comando phi -= pEqn.flux().
A biblioteca continuityErrs.H faz o cálculo dos erros associados a equa-
5.4. DETALHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO solver viscoelasticFluidFoam 81
ção da continuidade. O comando p.relax() realiza um relaxamento explícito da
pressão para ser usada na etapa momentum corretor do algoritmo PISO e o comando
U -= rUA
*
fvc::grad(p) aplica a correção da velocidade. Esta etapa de cálculo da
pressão e correção da velocidade corresponde ao passo 2 do procedimento apresentado
na Seção 5.3. Por fim o comando U.correctBoundaryConditions() corrige as
condições de contorno para a velocidade.
Ainda dentro do laço PISO faz-se o cálculo das tensões usando um modelo
viscoelástico definido pelo usuário. O comando visco.correct() é responsável
por resolver a equação constitutiva e assim atualizar os valores das tensões para
serem usados na equação de conservação de quantidade de movimento (passo 3 do
procedimento apresentado na Seção 5.3). A função correct() está definida no
arquivo que contém informações referentes ao modelo viscoelástico e será discutida na
Subseção 5.4.3. Para se conseguir uma solução transiente de melhor precisão podem-se
repetir os passos correspondentes as etapas de predição e correção do algoritmo PISO
por algumas vezes (passo 4 do procedimento apresentado na Seção 5.3).
Por fim, é feita a saída de resultados em arquivos utilizando-se o comando
runTime.write() e o comando runTime.elapsedCpuTime() retorna o tempo de
simulação.
Recomenda-se que o leitor interessado em desenvolver códigos no OpenFOAM
estude a fundo o trabalho de Jasak (1996) onde são apresentados detalhadamente
vários aspectos sobre a formulação numérica, incluindo a metodologia de discretiza-
ção, condições de contorno, etc., e a teoria dos algoritmos implementados, como o
acoplamento pressão-velocidade, correção dos fluxos em malhas não-ortogonais, etc.,
implementados no OpenFOAM.
82
CAPÍTULO 5. DESENVOLVIMENTO DO SOLVER PARA FLUIDOS VISCOELÁSTICOS:
viscoelasticFluidFoam
5.4.2 A biblioteca createFields.H
O conteúdo desta biblioteca para o solver viscoelasticFluidFoam está mostrado no
código Código 5.2.
Código 5.2: Biblioteca createFields.H do Solver viscoelasticFluidFoam.
2 Info << "Reading field p\n" << endl;
3 volScalarField p
4 (
5 IOobject
6 (
7 "p",
8 runTime.timeName(),
9 mesh,
10 IOobject::MUST_READ,
11 IOobject::AUTO_WRITE
12 ),
13 mesh
14 );
16 Info << "Reading field U\n" << endl;
17 volVectorField U
18 (
19 IOobject
20 (
21 "U",
22 runTime.timeName(),
23 mesh,
24 IOobject::MUST_READ,
25 IOobject::AUTO_WRITE
26 ),
27 mesh
28 );
30 # include "createPhi.H"
32 label pRefCell = 0;
33 scalar pRefValue = 0.0;
34 setRefCell(p, mesh.solutionDict().subDict("PISO"), pRefCell, pRefValue)
;
36 // Create viscoelastic model
37 viscoelasticModel visco(U, phi);
A classe volScalarField constrói um campo escalar para variáveis escalares
como a pressão (p) e a classe volVectorField constrói um campo vetorial para
vetores como a velocidade (U). A criação desses campos depende de dois parâmetros
5.4. DETALHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO solver viscoelasticFluidFoam 83
de entrada, as classes IOobject e mesh. A classe IOobject constrói o objeto,
armazena o registro das informações contidas em runTime, define o nome da variável
e o arquivo em que se encontra. As informações de entrada e saída especificam que
estes devem ser obrigatoriamente lidos (MUST_READ) e são automaticamente gravados
ao longo do tempo (AUTO_WRITE). a classe definida como mesh é necessária para
obter informações sobre onde o campo será alocado e inserido.
A biblioteca createPhi.H é responsável por ler e criar um campo escalar phi
(surfaceScalarField) de fluxo normal a superfície das células.
Os comandos que seguem (pRefCell, pRefValue e setRefCell) servem
para tomar o valor da pressão de uma célula como referência (pressão relativa) e buscar
no sub-dicionário PISO seus valores. Um dicionário no OpenFOAM é um arquivo
com dados sobre alguma etapa da simulação. Um dicionário pode conter muitas
informações divididas entre vários sub-dicionários que armazenam informações sobre
algum assunto mais específico.
O último comando viscoelasticModel visco(U, phi) serve para a cria-
ção do modelo viscoelástico e para a troca de informações entre a função principal e a
função que contém os modelos constitutivos. A criação de visco(U, phi) do tipo
viscoelasticModel dentro da função principal (main()) permitirá que todos os
modelos constitutivos sejam chamados, executados, e ainda, que o resultado de tudo
isto esteja disponível para ser usado dentro da função principal. Portanto, este será o
link para a função principal ter acesso aos modelos constitutivos.
5.4.3 Implementação do modelo Phan-Thien-Tanner linear
Será mostrado e discutido neste instante o arquivo que contém o modelo viscoelástico
implementado, o arquivo LPTT.C que está mostrado no Código 5.3.
84
CAPÍTULO 5. DESENVOLVIMENTO DO SOLVER PARA FLUIDOS VISCOELÁSTICOS:
viscoelasticFluidFoam
Código 5.3: Conteúdo do arquivo LPTT.C do Solver viscoelasticFluidFoam.
2 \
*
-----------------------------------------------------------------------
*
/
4 #include "LPTT.H"
5 #include "addToRunTimeSelectionTable.H"
7 //
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
//
9 namespace Foam
10 {
12 //
* * * * * * * * * * * * * *
Static Data Members
* * * * * * * * * * *
//
14 defineTypeNameAndDebug(LPTT, 0);
15 addToRunTimeSelectionTable(viscoelasticLaw, LPTT, dictionary);
17 //
* * * * * * * * * * * * * * * *
Constructors
* * * * * * * * * * * *
//
19 // from components
20 LPTT::LPTT
21 (
22 const word& name,
23 const volVectorField& U,
24 const surfaceScalarField& phi,
25 const dictionary& dict
26 )
27 :
28 viscoelasticLaw(name, U, phi),
29 tau_
30 (
31 IOobject
32 (
33 "tau" + name,
34 U.time().timeName(),
35 U.mesh(),
36 IOobject::MUST_READ,
37 IOobject::AUTO_WRITE
38 ),
39 U.mesh()
40 ),
41 rho_(dict.lookup("rho")),
42 etaS_(dict.lookup("etaS")),
43 etaP_(dict.lookup("etaP")),
44 epsilon_(dict.lookup("epsilon")),
45 lambda_(dict.lookup("lambda")),
46 zeta_(dict.lookup("zeta"))
47 {}
49 //
* * * * * * * * * * * * * * *
Member Functions
* * * * * * * * * * *
//
51 tmp<fvVectorMatrix> LPTT::divTau(volVectorField& U) const
52 {
54 dimensionedScalar etaPEff = etaP_;
5.4. DETALHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO solver viscoelasticFluidFoam 85
56 return
57 (
58 fvc::div(tau_/rho_, "div(tau)")
59 - fvc::laplacian(etaPEff/rho_, U, "laplacian(etaPEff,U)")
60 + fvm::laplacian( (etaPEff + etaS_)/rho_, U, "laplacian(etaPEff+etaS,
U)")
61 );
63 }
65 void LPTT::correct()
66 {
67 // Velocity gradient tensor
68 volTensorField L = fvc::grad( U() );
70 // Convected derivate term
71 volTensorField C = tau_ & L;
73 // Twice the rate of deformation tensor
74 volSymmTensorField twoD = twoSymm( L );
76 // Stress transport equation
77 tmp<fvSymmTensorMatrix> tauEqn
78 (
79 fvm::ddt(tau_)
80 + fvm::div(phi(), tau_)
81 ==
82 etaP_ / lambda_
*
twoD
83 + twoSymm( C )
84 - zeta_ / 2
*
( (tau_ & twoD) + (twoD & tau_) )
85 - fvm::Sp( epsilon_ / etaP_
*
tr(tau_) + 1/lambda_, tau_ )
86 );
88 tauEqn().relax();
89 solve(tauEqn);
91 }
93 //
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
//
95 } // End namespace Foam
97 //
*********************************************************************
//
A biblioteca LPTT.H é uma biblioteca exclusiva do modelo LPTT e contém
informações para a construção deste modelo. Neste arquivo é construída a classe
LPTT e são declarados todos os parâmetros e incógnitas pertinentes ao modelo LPTT,
como a incógnita τ e os parâmetros ρ, η
S
, η
P
, ε, λ e ξ. São declaradas também funções
86
CAPÍTULO 5. DESENVOLVIMENTO DO SOLVER PARA FLUIDOS VISCOELÁSTICOS:
viscoelasticFluidFoam
necessárias como a correct() e a divTau(volVectorField& U) por exemplo.
A biblioteca addToRunTimeSelectionTable.H possui macros para permitir
uma fácil inserção do tempo de execução dentro da classe.
Em seguida é construída a classe LPTT, e é criado o objeto tau sendo de leitura
obrigatória e salvamento automático. Também é feita a leitura do valor dos parâmetros
necessários ao modelo.
Após a criação da classe do modelo, segue-se a implementação da função dada
por divTau(volVectorField& U). Essa função tem o objetivo de retornar o valor
de ·τ, onde neste caso τ apresenta às parcelas correspondentes a tensão do solvente,
a tensão polimérica e também, neste caso, os termos referentes à formulação DEVSS.
A variável etaPEff neste caso serve para armazenar um valor que será usado pela
formulação DEVSS, ou seja, armazena o valor que será dado ao parâmetro κ na
Equação 5.1. Como foi comentado no item em que se falou sobre a formulação
DEVSS, este parâmetro pode assumir diferentes valores, contudo têm-se percebido que
a viscosidade polimérica η
P
é um bom valor para esse parâmetro e, desse modo, este
foi o valor adotado nesta implementação.
Assim a parte de código correspondente aos comandos:
1 fvc::div(tau_/rho_, "div(tau)")
2 - fvc::laplacian(etaPEff/rho_, U, "laplacian(etaPEff,U)")
3 + fvm::laplacian( (etaPEff + etaS_)/rho_, U, "laplacian(etaPEff+etaS,
U)")
retornam o valor de:
·
τ
P
ρ
η
P
ρ
· (U) +
η
S
+ η
P
ρ
· (U)
que são as parcelas correspondentes ao divergente da tensão polimérica calculada
explicitamente com o uso da classe fvc, mais a parcela correspondente ao Laplaciano
da velocidade multiplicado por η
P
, também calculado explicitamente, e o Laplaciano
5.4. DETALHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO solver viscoelasticFluidFoam 87
da velocidade multiplicado pela soma de η
S
com η
P
calculado implicitamente pela
classe fvm. A função divTau(volVectorField& U) será usada dentro da função
principal (main()). Assim, os dados de tensão calculados usando o modelo viscoelás-
tico são repassados para a equação de conservação de quantidade de movimento por
esta função.
Seguindo adiante no código encontramos a função correct() que é onde está
definido o modelo constitutivo. Para facilitar e tornar mais clara a implementação
e o entendimento do código foram declarados os parâmetros L, C e twoD. O parâ-
metro L armazena o valor do gradiente da velocidade calculado explicitamente. No
OpenFOAM o operador & é responsável por executar a operação produto escalar. O
parâmetro C armazena o valor do produto escalar entre L e tau, ou matematicamente
C = L · τ . Essa parcela entra no cálculo da derivada convectiva superior de τ.
o parâmetro twoD recebe a operação da função twoSymm() sobre o valor de L. Essa
função calcula o valor de twoD = 2D = 2(1/2)(L + L
T
). Na Tabela 5.1 é mostrada cada
parte do código com seu respectivo valor matemático no modelo LPTT.
Tabela 5.1: Representação de operadores matemáticos usando a linguagem do OpenFOAM.
Operação Matemática Linha de código para esta operação
D
Dt
τ
P
K
fvm::ddt(tau_)
+ fvm::div(phi(), tau_)
2
η
P
K
λ
K
D etaP_ / lambda_
*
twoD
τ
P
K
· U
+
τ
P
K
· U
T
= 2
1
2
(C + C
T
) twoSymm( C )
ξ
K
(τ
P
K
· D + D · τ
P
K
) zeta_ / 2
*
( (tau_ & twoD)
+ (twoD & tau_) )
ε
K
η
P
K
tr(τ
P
K
) +
1
λ
K
τ
P
K
fvm::Sp(epsilon_ / etaP_
*
tr(tau_)
+ 1/lambda_, tau_ )
88
CAPÍTULO 5. DESENVOLVIMENTO DO SOLVER PARA FLUIDOS VISCOELÁSTICOS:
viscoelasticFluidFoam
Por fim tem-se o comando tauEqn().relax() usado para fazer uma rela-
xação da variável tau e solve(tauEqn) para resolver o sistema discretizado contido
em tauEqn. Maiores informações a respeito de bibliotecas usadas e classes do Open-
FOAM podem ser consultadas no Programer‘s Guide e no próprio endereço eletrônico
do OpenFOAM.
5.5 Estudos de validação do código implementado
5.5.1 Escolha de uma geometria representativa
A geometria representada por uma contração plana foi adotada como padrão em 1987,
durante o quinto workshop internacional sobre métodos numéricos para fluidos não-
newtonianos (HASSAGER, 1988), para o caso específico de uma razão de contração
4:1. Desde então está geometria foi enormemente usada e a quantidade de dados de
literatura para essa geometria é imensa (ALVES et al., 2004). Essa geometria também
é padrão e de fundamental importância em medidas experimentais de propriedades
físicas. Consegue-se obter, para diferentes posições dessa geometria, diferentes con-
dições de escoamento, como escoamento por cisalhamento e escoamento elongacional
próximo a contração. Além disso, é possível fazer análises sobre o tamanho do vórtice
no canto lateral e reentrante da geometria (AZAIEZ et al., 1996b).
Escoamentos de fluidos viscoelásticos por uma contração são também muito
encontradas em indústrias, como no processo de moldagem e extrusão de polímeros.
Portanto, esta geometria foi escolhida para os estudos de validação do solver
implementado, tomando como base de comparação os resultados de (QUINZANI et al.,
1994) e de (AZAIEZ et al., 1996b).
Quinzani et al. (1994) realizaram experimentos em uma contração plana, com
5.5. ESTUDOS DE VALIDÃO DO CÓDIGO IMPLEMENTADO 89
seção anterior a contração possuindo largura de 2H = 0, 0254m e seção posterior
de 2h = 0, 0064m, conforme mostra a Figura 5.1. Conseqüentemente a razão da
contração é de 3,97:1. Nestes experimentos o fluido viscoelástico utilizado foi uma
solução polimérica de 5% em peso de poli-isobutileno (PIB) em tetradecano (C
14
) e
foram feitas medidas de campos de tensão e velocidade a partir de medidas com LDV
(Laser-Doppler Velocimetry) e FIB (Flow-Induced Birefringence).
Azaiez et al. (1996b) fizeram uma comparação entre resultados de simulações
numéricas usando o método de elementos finitos (FEM) e o modelo de Giesekus
(GIESEKUS, 1982) com os dados experimentais obtidos por Quinzani et al. (1994).
5.5.2 Parâmetros utilizados nos testes
Um estudo detalhado para o campo de velocidade e tensão é feito para uma única
condição de fluxo, correspondendo a corrida (5) do artigo de Quinzani et al. (1994). O
fluxo é caracterizado por dois números adimensionais, o número de Reynolds (Re) e o
número de Deborah (De) definidos na Equação 5.6.
Re
0
=
2ρUh
η
0
, De
0
=
λU
h
= λ˙γ (5.6)
onde se tem que U é a velocidade média no canal menor, η
0
é a soma entre a
viscosidade polimérica e do solvente η
0
= η
P
+ η
S
e ˙γ é a taxa de deformação
característica.
˙γ =
U
h
, U =
Q
2W h
(5.7)
com W = 0, 254m sendo a profundidade do canal e Q a vazão volumétrica. A Tabela 5.2
contém os dados referente a corrida 5 do trabalho de Quinzani et al. (1994). Na
Figura 5.1 o comprimento usado para L
1
foi de 80h e de 50h para L
2
. As condições
de contorno são de não escorregamento nas paredes (wall), ou seja, velocidade zero
e de simetria (symmetry) na linha central. Na entrada (inlet) será dada uma condição
uniforme de entrada de massa que corresponde a velocidade média no canal menor
90
CAPÍTULO 5. DESENVOLVIMENTO DO SOLVER PARA FLUIDOS VISCOELÁSTICOS:
viscoelasticFluidFoam
Figura 5.1: Esboço da geometria utilizada.
Tabela 5.2: Condições do escoamento.
Q[cm
3
s
1
] U[cms
1
] ˙γ[s
1
] Re
0
De
0
252 15, 5 48, 4 0, 56 1, 45
Quinzani et al. (1994) usaram o modelo UCM (Upper Convected Maxwell) para encontrar as propriedades viscoelásticas e
encontraram um tempo de relaxação λ = 0, 06s obtendo então um De
0
= 2, 90 (RYSSEL; BRUNN, 1999).
divida por quatro. Na saída (outlet) é usada a condição de Newmann, onde se tem que
o escoamento está plenamente desenvolvido.
Como condição inicial foi dado um valor igual a zero para todas as variáveis.
Foi utilizado Crank-Nicholson para o termo temporal. Como solvers para o sistema
linear discretizado usou-se CG com pré-condicionamento GAMG para a pressão. Para
a velocidade e a tensão usou-se BiCGSTAB com um pré-condicionamento Cholesky.
Serão mostrados resultados para a solução estacionária, ou seja, quando a variação da
solução entre 2 passos de tempo consecutivos está dentro de uma tolerância admitida.
A tolerância absoluta para a pressão foi de 1, 0
7
e para a velocidade e tensão 1, 0
6
dentro de um mesmo passo de tempo.
Capítulo 6
Resultados: Validação do Solver
Desenvolvido
Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos com o solver desenvolvido. É mostrada
uma comparação com dados numéricos e experimentais da literatura. É feita também uma
investigação da implementação para alguns dos modelos constitutivos implementados (Maxwell
linear, Oldroyd-B, Giesekus, e os do tipo PTT e FENE).
6.1 Validação da implementação da estrutura básica
do solver utilizando o modelo de Giesekus com
um único modo
A avaliação da implementação da estrutura básica do solver foi feita por meio de testes
de convergência de malha (
Subseção 6.1.1), análise do desempenho dos esquemas
de interpolação (Subseção 6.1.2) e comparação das predições do solver com dados
experimentais e numéricos apresentados nos trabalhos de Quinzani et al. (1994) e
Azaiez et al. (1996b), respectivamente, para uma contração plana 4:1 (Subseção 6.1.3).
Para isto foram utilizados o mesmo modelo constitutivo e os parâmetros empregados
por Azaiez et al. (1996b), ou seja, o modelo de Giesekus com o seguinte conjunto de
parâmetros: α = 0, 15, λ = 0, 03s, η
P
= 1, 422Pa.s e η
S
= 0, 002Pa.s. A massa específica
91
92 CAPÍTULO 6. RESULTADOS: VALIDAÇÃO DO Solver DESENVOLVIDO
usada foi ρ = 803, 87kg.m
3
.
6.1.1 Estudo de Convergência de Malha
Os testes de convergência de malha foram feitos com três diferentes malhas. As
informações a respeito das malhas estão descritas na Tabela 6.1. O refinamento foi feito
junto às paredes e próximo à contração, como mostrado na Figura 6.1. O refinamento
deve ser feito nestes locais porque é onde ocorrem os maiores gradientes das variáveis.
A malha usada foi toda hexaédrica.
Figura 6.1: Malha computacional (Malha 2).
Tabela 6.1: Características da malha.
Malha Número de CVs x
min
\h y
min
\h
1 9200 0,0098 0,026
2 20700 0,0065 0,017
3 36800 0,0049 0,013
Os valores x
min
/h e y
min
/h correspondem a medidas no menor volume de controle (CV)
próximo ao canto reentrante normalizado com o valor da metade da altura do canal na seção
posterior a contração.
De acordo com os resultados mostrados percebe-se que a velocidade quase não
6.1. VALIDAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRUTURA BÁSICA DO solver UTILIZANDO
O MODELO DE GIESEKUS COM UM ÚNICO MODO 93
apresenta variação entre as três malhas diferentes, conforme Figura 6.2. Para a tensão
de cisalhamento, Figura 6.3, e a primeira diferença de tensões normais, Figura 6.4,
são percebidas diferenças mais significativas, principalmente se comparado os valores
obtidos com a malha mais grossa e a mais fina. Contudo, não são percebidas diferenças
consideráveis entre a malha 2 e 3.
Figura 6.2: Perfis de velocidade U em um corte transversal na seção anterior a contração usando
as malhas 1, 2 e 3.
Figura 6.3: Perfis de tensão de cisalhamento τ
xy
em um corte transversal na seção anterior a
contração usando as malhas 1, 2 e 3.
A Tabela 6.2 traz uma comparação quantitativa de um erro relativo máximo, em
percentual, que os resultados das malhas 1 e 2 apresentam em relação a malha 3. O
94 CAPÍTULO 6. RESULTADOS: VALIDAÇÃO DO Solver DESENVOLVIDO
Figura 6.4: Perfis da primeira diferença de tensões normais N
1
em um corte transversal na
seção anterior a contração usando as malhas 1, 2 e 3.
corte analisado corresponde às curvas referenciadas com a letra "a" nas Figuras 6.2 -
6.4, pois foram as que mostraram as maiores diferenças.
Tabela 6.2: Erro relativo, em percentual, das malhas 1 e 2 em relação a malha 3 para as curvas
referenciadas com a letra "a" nas Figuras 6.2 - 6.4.
Malha Erro relativo máximo (%)
U τ
xy
N
1
1 2,034 3,068 6,329
2 0,729 1,054 2,118
O erro relativo máximo, em percentual, é dado por:
% ERMax = max
N
j=1
X
i
j
X
ref
j
max (|X
ref
|)
× 100 (6.1)
onde X
i
j
corresponde a pontos da curva "a", o índice i corresponde às malhas 1 ou 2
e j corresponde aos pontos da curva que vão de 1 a N. O termo X
ref
j
corresponde
a pontos da malha de referência, ou seja, a malha 3. O termo max
X
ref
retorna
o valor máximo do módulo de X
ref
e max
N
j=1
retorna o valor de desvio máximo que
ocorre dentre todos os pontos analisados.
6.1. VALIDAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRUTURA BÁSICA DO solver UTILIZANDO
O MODELO DE GIESEKUS COM UM ÚNICO MODO 95
Percebe-se que a variável que mais é afetada com a malha é a primeira diferença
de tensões normais. Tomando como padrão a malha 3 tem-se um erro absoluto
normalizado de mais de 6% para variável N
1
usando a malha 1. Para esta mesma
análise usando a malha 2 tem-se um erro relativo máximo de pouco mais de 2%. A
variação do menor volume de controle da malha 1 com a 2 é a mesma que a variação
do menor volume da malha 2 para a 3, contudo percebe-se que o desvio da malha 1 em
relação a 2 é de mais de 4% (6,329 - 2,118). Já a malha 2 em relação a 3 é de pouco mais
de 2% indicando que as soluções estão se tornando independente da malha. Com essas
informações pôde-se decidir em utilizar uma malha que garantisse a precisão desejada
com o menor custo computacional. Levando em consideração que a malha 3 contém
quase o dobro da quantidade de células da malha 2 e que, apesar disso, as diferenças
de predição entre a malha 2 e 3 estão dentro de uma tolerância aceitável, optou-se
pela utilização da malha 2 na obtenção do restante dos resultados apresentados neste
trabalho.
6.1.2 Teste de Esquemas de Interpolação
O termo mais crítico das equações constitutivas utilizadas com relação à estabilidade
numérica é o advectivo. Esse termo é responsável por introduzir instabilidades e
oscilações na solução se não for usado um esquema de interpolação adequado.
Foi feita uma comparação entre alguns esquemas para o termo advectivo:
upwind: primeira ordem (Equação 4.13).
MINMOD: esquema de alta resolução que combina diferenças centrais com
outros esquemas baseados em upwind de segunda ordem (HARTEN, 1983).
Gamma differencing: Esquema baseado em NVD (Normalised Variable Dia-
gram) e de primeira/segunda ordem (JASAK et al., 1999).
96 CAPÍTULO 6. RESULTADOS: VALIDAÇÃO DO Solver DESENVOLVIDO
SFCD (Self-Filtered Central Differencing): Esquema baseado em NVD de
segunda ordem (STAR-CD, 2002).
As Figuras 6.5 e 6.6 ilustram o efeito que o uso de diferentes esquemas de
interpolação causa na variável tensão de cisalhamento e primeira diferença de ten-
sões normais em diferentes regiões da geometria estudada. O campo de velocidade
praticamente não foi influenciado e assim não será mostrado.
Figura 6.5: Perfis de tensão de cisalhamento τ
xy
na seção anterior a contração para alguns
esquemas de interpolação (esquerda). Ampliação da região em destaque (direita).
Figura 6.6: Perfis da primeira diferença de tensões normais N
1
na seção anterior a contração
para alguns esquemas de interpolação (esquerda). Ampliação da região 2 em destaque (direita).
6.1. VALIDAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRUTURA BÁSICA DO solver UTILIZANDO
O MODELO DE GIESEKUS COM UM ÚNICO MODO 97
Pode-se perceber que os esquemas MINMOD, Gamma 1 e SFCD apresentam
resultados muito parecidos entre si. O esquema upwind difere destes principalmente
onde ocorrem as maiores taxas de deformação e, conseqüentemente, os picos de
tensões. Contudo, o upwind foi o único esquema totalmente livre de oscilações nos
locais de elevadas taxas de deformação. O esquema SFCD foi o que mais introduziu
oscilações nestas regiões. As oscilações podem melhor ser visualizadas na Figura 6.7
onde foi feito um aumento (zoom) na região compreendida entre 0,4 à 0,7 na Figura 6.6
da esquerda.
Figura 6.7: Representação das oscilações na região compreendida entre 0,4 à 0,7 na Figura 6.6
à esquerda.
A Tabela 6.3 mostra uma comparação numérica de um erro relativo máximo e
um erro relativo médio, em percentual, do esquema upwind em relação ao esquema
Gamma 1 para a curva "a" que apresenta os maiores desvios.
Tabela 6.3: Erro relativo máximo e erro relativo médio, em percentual, do esquema upwind em
relação ao Gamma 1 para a curva "a".
Esquema Erro Rel. Máx (%) Erro Rel. Médio (%)
τ
xy
N
1
τ
xy
N
1
upwind 4,441 6,922 0,741 1,143
98 CAPÍTULO 6. RESULTADOS: VALIDAÇÃO DO Solver DESENVOLVIDO
O erro relativo máximo foi calculado usando a Equação 6.1, onde X
i
j
corres-
ponde a pontos para a curva "a" e o esquema upwind e X
ref
corresponde a pontos
para esta mesma curva e o esquema Gamma 1. o erro relativo médio é calculado
segundo a Equação 6.2.
% ERMed =
N
j=1
|
X
i
j
X
ref
j
|
max
(|
X
ref
|)
N
× 100 (6.2)
Como pode ser observado o erro relativo máximo do esquema upwind em
relação aos esquemas de alta resolução é considerável. O erro relativo máximo é
maior para a primeira diferença de tensões normais chegando a quase 7%. Contudo,
apesar de se obter um erro relativo máximo elevado, o erro relativo médio possui
um valor aceitável sendo de pouco mais de 1%. Cabe mencionar que isto se deve
ao fato de que desvios elevados ocorrem somente em algumas regiões específicas
do escoamento sendo desprezível nas outras. Apesar de conseguir maior precisão
usando os esquemas Gamma 1 ou MINMOD optou-se por usar upwind uma vez que as
diferenças observadas não afetarão a análise feita neste trabalho. Assim, os resultados
mostrados nas seções seguintes foram obtidos usando o esquema upwind para os
termos advectivos.
6.1.3 Comparação das predições com dados Numéricos e Exper-
imentais
Nas Figuras 6.8 - 6.13 são ilustradas as superfícies de contorno para pressão, magnitude
da velocidade, componentes de tensões τ
xx
, τ
xy
, τ
yy
e as curvas de nível de linhas de
corrente. Ao contrário das tensões τ
xx
e τ
xy
, que apresentam valores significativos em
toda a seção posterior à contração, a tensão τ
yy
é principalmente percebida junto ao
canto reentrante. As linhas de corrente (Figura 6.13) mostram que surge um vórtice no
canto superior da geometria.
6.1. VALIDAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRUTURA BÁSICA DO solver UTILIZANDO
O MODELO DE GIESEKUS COM UM ÚNICO MODO 99
Figura 6.8: Campo de pressão.
Figura 6.9: Campo velocidade.
Figura 6.10: Campo de tensão τ
xx
.
100 CAPÍTULO 6. RESULTADOS: VALIDAÇÃO DO Solver DESENVOLVIDO
Figura 6.11: Campo de tensão τ
xy
.
Figura 6.12: Campo de tensão τ
yy
.
Figura 6.13: Linhas de corrente.
6.1. VALIDAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRUTURA BÁSICA DO solver UTILIZANDO
O MODELO DE GIESEKUS COM UM ÚNICO MODO 101
6.1.3.1 Dinâmica na seção anterior a contração
Na Figura 6.14 é feita uma comparação com os resultados obtidos por Quinzani et al.
(1994) e Azaiez et al. (1996b) para o perfil de velocidade Ux em cortes transversais e
paralelos ao escoamento na seção anterior a contração. A Figura 6.15 faz esta mesma
comparação para a componente τ
xy
da tensão e a Figura 6.16 para a primeira diferença
de tensões normais (N
1
= τ
xx
τ
yy
).
Figura 6.14: Perfis de velocidade Ux em cortes transversais (esquerda) e paralelos (direita) ao
escoamento na seção anterior a contração.
Figura 6.15: Perfis para a componente da tensão τ
xy
em cortes transversais (esquerda) e
paralelos (direita) ao escoamento na seção anterior a contração.
Percebe-se que os resultados obtidos para o perfil de velocidades são pratica-
102 CAPÍTULO 6. RESULTADOS: VALIDAÇÃO DO Solver DESENVOLVIDO
Figura 6.16: Perfis para a primeira diferença de tensões normais (N
1
) em cortes transversais
(esquerda) e paralelos (direita) ao escoamento na seção anterior a contração.
mente idênticos aos obtidos por Azaiez et al. (1996b) e que ambos apresentam boa
concordância com os dados experimentais. Como era de se esperar as maiores dife-
renças em relação aos dados experimentais ocorrem junto à contração, onde acontecem
os valores extremos dos gradientes.
Para a tensão τ
xy
na região próxima à contração obtiveram-se valores mais
elevados do que os obtidos experimentalmente. para regiões onde o escoamento
não sofre influência da contração houve uma concordância muito boa entre resultados
numéricos e experimentais.
A primeira diferença de tensões normais é a variável mais crítica do problema,
pois as elevadas taxas de elongação que ocorrem próximo à contração exigem da
equação constitutiva boa capacidade de predição para se conseguir bons resultados.
A
Figura 6.16 (direita) é a que apresenta um maior desvio entre resultados simulados
e experimentais, contudo deve-se levar em conta que nesses locais é onde existem
os maiores erros das medidas experimentais. Outro fator que pode influenciar nos
resultados simulados é o uso de um único modo de relaxação podendo ser insuficiente
para caracterizar bem a tensão em regiões onde existe uma elevada taxa de elongação.
Deve-se lembrar que o uso de mais de um modo permite uma representação mais
realista do comportamento reológico de amostras de polímero, já que estas geralmente
6.1. VALIDAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRUTURA BÁSICA DO solver UTILIZANDO
O MODELO DE GIESEKUS COM UM ÚNICO MODO 103
apresentam mais de um tempo de relaxação característico devido à heterogeneidade
do tamanho de suas moléculas (distribuição de massa molar) e à possibilidade da
presença de diferentes mecanismos de relaxação. Assim, o uso do modelo em sua
versão multimodo pode ser importante para uma boa representação de regiões que
apresentam altas taxas de elongação. Esta última hipótese foi testada e confirmada por
Azaiez et al. (1996a). Assim, no presente trabalho também se efetuou a implementação
da versão multimodo das diferentes equações constitutivas utilizadas. Os resultados
relativos ao teste da versão multimodo do modelo de Giesekus para o caso de teste
aqui analisado é apresentado mais adiante na Seção 6.2.
6.1.3.2 Dinâmica na seção posterior a contração
Nas Figuras 6.17, 6.18 e 6.19 é apresentada a comparação entre as predições obtidas
neste trabalho e os dados de literatura para os perfis de velocidades, da componente
τ
xy
da tensão e da primeira diferença de tensões normais (N
1
), respectivamente.
Figura 6.17: Perfis de velocidade Ux em um corte transversal ao escoamento na seção posterior
a contração.
Na seção posterior à contração a taxa de deformação é maior e a diferença
entre resultados numéricos e experimentais tornam-se mais aparentes. Os resultados
numéricos apresentam boa concordância entre si e alguma diferença existente pode ser
104 CAPÍTULO 6. RESULTADOS: VALIDAÇÃO DO Solver DESENVOLVIDO
Figura 6.18: Perfis para a componente da tensão τ
xy
em cortes transversais (esquerda) e
paralelos (direita) ao escoamento na seção posterior a contração.
Figura 6.19: Perfis para a primeira diferença de tensões normais (N
1
) em cortes transversais
(esquerda) e paralelos (direita) ao escoamento na seção posterior a contração.
atribuída à diferença de malha e esquemas de interpolação usados. As predições de
velocidade concordam bem com os valores experimentais. Para a tensão foi encontrado
o mesmo problema que na seção anterior a contração, onde se obteve, para altas taxas
de deformação, valores super estimados.
A maior diferença entre os resultados numéricos e experimentais é observada
para a primeira diferença de tensões normais, para a qual se obteve resultados com
pouca concordância mesmo qualitativa para o corte transversal (Figura 6.19 (esquerda)).
Uma vez desconsiderado os erros das medidas experimentais, acredita-se que este pro-
blema possa ser solucionado usando os modelos na versão multimodo, pelas mesmas
6.1. VALIDAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRUTURA BÁSICA DO solver UTILIZANDO
O MODELO DE GIESEKUS COM UM ÚNICO MODO 105
razões discutidas na seção anterior.
6.1.3.3 Efeito do valor de Deborah
Os valores de Deborah afetam o escoamento principalmente quando estes valores são
elevados. Na Figura 6.20 é feita uma análise de como os valores de Deborah afetam
o perfil de velocidade e a primeira diferença de tensões normais na linha central do
escoamento.
Figura 6.20: Perfis para a velocidade (esquerda) e primeira diferença de tensões normais (N
1
)
(direita) na linha central do escoamento e quando submetidos a diferentes valores de Deborah.
O fluxo na linha do centro do escoamento tem uma natureza elongacional e
as propriedades elongacionais preditas pelos modelos reológicos representam uma
característica muito importante para a correta predição dos fenômenos que ocorrem
próximo ao canto reentrante. O modelo de Giesekus prediz um overshoot da veloci-
dade próximo ao canto reentrante para valores de Deborah elevados. Percebe-se que o
overshoot é tanto maior quanto maior for o valor de De.
A primeira diferença de tensões normais também tem seus valores aumentados
com o aumento do número de Deborah. Os maiores valores, como esperado,
acontecem próximos à contração. Estes resultados estão de acordo com os mostrados
106 CAPÍTULO 6. RESULTADOS: VALIDAÇÃO DO Solver DESENVOLVIDO
em Azaiez et al. (1996b).
6.2 Modelo de Giesekus na forma multimodo
Para testar a eficiência da estratégia utilizada na implementação da forma multimodo
dos modelos diferenciais foi feita uma nova análise do caso descrito na seção anterior
usando o modelo de Giesekus 4-modos. O conjunto de parâmetros utilizado nos testes
é apresentado na Tabela 6.4.
Tabela 6.4: Parâmetros para o modelo de Giesekus 4-modos (Fonte: Azaiez et al. (1996a)).
Modo α[] λ[s] η
P
[P a.s] η
S
[P a.s] De
1 0,5 0,6855 0,0400 0,002 15,94
2 0,2 0,1396 0,2324 0,002 3,25
3 0,3 0,0389 0,5664 0,002 0,90
4 0,2 0,0059 0,5850 0,002 0,14
Os valores obtidos usando o modelo de Giesekus 4-modos serão comparados
com os dados experimentais da corrida 3 do trabalho de Quinzani et al. (1994), cor-
respondendo a um valor de Reynolds igual a 0,27 e valores de Deborah listados na
Tabela 6.4. Como os maiores desvios são encontrados na seção posterior a contração e
próximo ao canto reentrante a análise será feita para esta região somente. Da mesma
forma, será considerada nesta análise somente a primeira diferença de tensões nor-
mais, que foi identificada como a variável mais crítica. Os resultados estão ilustrados
na Figura 6.21.
Os resultados mostram uma concordância muito boa entre os dados numéricos
obtidos da literatura e os obtidos neste trabalho, sendo que as diferenças podem ser
atribuídas ao uso de malhas e metodologias diferentes.
6.2. MODELO DE GIESEKUS NA FORMA MULTIMODO 107
Figura 6.21: Perfis para a primeira diferença de tensões normais (N
1
) em um corte lateral
(esquerda) e na linha de simetria (direita) ao escoamento na seção posterior a contração usando
o modelo de Giesekus 4-modos.
Como esperado os resultados obtidos na Figura 6.21 (direita) são muito melho-
res que os obtidos anteriormente usando o modelo de Giesekus com um único modo
para este mesmo corte. Essa comparação mostra que pelo menos qualitativamente
os resultados concordam muito bem com os dados experimentais, ao contrário do
que foi obtido usando um único modo Figura 6.19. Como os resultados de medidas
experimentais de tensões sempre carregam erros de medições, os resultados obtidos
com o modelo de Giesekus 4-modos são satisfatórios para representar o fluido aqui
analisado e fica justificado porque se obteve resultados pouco satisfatórios em relação
aos dados experimentais na Subsubseção 6.1.3.2.
Em relação ao custo computacional não se obteve um acréscimo muito grande
(pouco mais de 2 vezes superior, confirmando as estimativas de (AZAIEZ et al., 1996a))
de tempo de cômputo com relação ao referente ao uso do modelo com um único modo.
Isso pode ser explicado se considerado que o maior custo computacional está associado
à resolução da equação de quantidade de movimento e à etapa de correção pressão-
velocidade (PISO). Além do mais, os modos com baixos valores de De convergiram
rapidamente e assim desde cedo não envolviam mais etapas iterativas demoradas.
108 CAPÍTULO 6. RESULTADOS: VALIDAÇÃO DO Solver DESENVOLVIDO
6.3 Avaliação da implementação do modelo DCPP
Para testar a implementação do modelo DCPP foram usados os dados do trabalho de
Clemeur et al. (2004) como base de comparação. A geometria usada foi uma contração
plana abrupta similar a mostrada na Figura 5.1. As dimensões foram de 2H = 4, 10mm
e 2h = 1mm, dando uma contração de 4, 1 : 1. Tanto o canal anterior como o posterior
à contração possuem medidas de 80mm. A malha usada foi similar à Malha 2 da
Subseção 6.1.1. O número de volumes de controle total foi de 22500.
No trabalho de Clemeur et al. (2004) foram feitas simulações para três diferentes
taxas de deformações e algumas variações para os parâmetros não-lineares do modelo
DCPP também foram analisadas. Uma análise mais detalhada foi feita para a taxa de
deformação aparente ˙γ
a
= 12, 4s
1
e o caso denominado DCPP1, cujos parâmetros
são apresentados na Tabela 6.5. Assim serão feitas comparações para esta taxa de
deformação aparente e os parâmetros deste caso. Para se conseguir uma taxa aparente
igual a 12, 4s
1
no canal posterior à contração, usou-se um perfil uniforme com veloci-
dade U = 5, 04 × 10
4
m.s
1
na entrada. Para estes parâmetros e a taxa de deformação
aparente usada se obtém um valor de W eissenberg igual a 50, 0. Maiores informações
a respeito deste caso o leitor pode buscar diretamente do trabalho de Clemeur et al.
(2004).
Tabela 6.5: Parâmetros para o modelo DCPP 4-modos (Fonte: Clemeur et al. (2004)).
Modo λ
Ob
[s] λ
Os
[s] η
P
[P a.s] ξ[] q[]
1 0,02 0,01 1, 03 × 10
3
0,2 1,0
2 0,2 0,1 2, 22 × 10
3
0,2 1,0
3 2,0 1,0 4, 16 × 10
3
0,07 6,0
4 20,0 20,0 1, 322 × 10
3
0,05 18,0
Na Figura 6.22 é comparado o perfil de velocidade obtido neste trabalho com
o obtido na literatura. Na Figura 6.23 é feita esta mesma análise para a variável PSD
6.3. AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO DCPP 109
(Principal Stress Difference) definida na Equação 6.3.
P SD =
(τ
yy
τ
xx
)
2
+ 4τ
2
xy
(6.3)
Figura 6.22: Perfis para a velocidade usando o modelo DCPP. Literatura (esquerda) e este
trabalho (direita).
Figura 6.23: Perfis para a PSD usando o modelo DCPP. Literatura (esquerda) e este trabalho
(direita).
Tanto os resultados para a velocidade como os de PSD concordam muito bem
com os dados da literatura. Algumas diferenças podem ser atribuídas principalmente
às diferentes malhas e esquemas de interpolação usados. A resolução do modelo
DCPP é complicada uma vez que envolve tanto a derivada convectiva superior como
a inferior em sua formulação. Além disso, duas equações devem ser resolvidas para
posteriormente se obter a tensão viscoelástica, uma para o tensor orientação e outra
para o estiramento. Contudo, não foram encontradas dificuldades numéricas para este
110 CAPÍTULO 6. RESULTADOS: VALIDAÇÃO DO Solver DESENVOLVIDO
problema.
Com os resultados obtidos pode-se concluir que o modelo está corretamente
implementado e a metodologia usada é satisfatória.
6.4 Avaliação da Implementação de outros Modelos
Constitutivos
Nesta seção são descritos os resultados dos testes de validação da implementação dos
seguintes modelos constitutivos: LPTTS, FENE-P, EPTTS, FENE-CR, Maxwell linear
e Oldroyd- B. A geometria e as condições de escoamento são as mesmas que foram
apresentadas na Subseção 5.5.2 e utilizou-se como base de comparação os resultados
obtidos com o modelo de Giesekus com os parâmetros apresentados na Seção 6.1,
que tais resultados foram validados pela comparação com dados de literatura.
Os parâmetros para os modelos de LPTTS e FENE-P foram obtidos do trabalho
de Azaiez et al. (1996b). Para os outros modelos não se tinha em mãos os parâmetros
ajustados. No entanto, como a intenção principal é a avaliação da implementação
considerou-se os parâmetros para o modelo EPTTS iguais ao do modelo LPTTS, os do
modelo FENE-CR iguais ao do modelo FENE-P, apesar de que tal escolha não assegura
que as predições das funções materiais do fluido representado sejam iguais às do fluido
utilizado na Seção 6.1. Para os modelos de Maxwell linear e Oldroyd-B utilizou-se os
mesmos parâmetros do modelo de Giesekus. Para o modelo de Maxwell linear os
parâmetros lineares realmente correspondem aos do modelo de Giesekus, uma vez
que os parâmetros lineares foram obtidos pelo ajuste dos parâmetros do modelo de
Maxwell linear aos dados experimentais. Os parâmetros usados para cada modelo
estão descritos na Tabela 6.6. A análise dos modelos foi dividida em três grupos:
(i) avaliação dos modelos LPTTS e FENE-P no qual os parâmetros foram obtidos
diretamente do ajuste a dados experimentais, (ii) os modelos EPTTS e FENE-CR em
que foram usados os parâmetros dos modelos LPTTS e FENE-P, respectivamente
para as simulações, (iii) os modelos Maxwell linear e Oldroyd-B que não possuem
6.4. AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DE OUTROS MODELOS CONSTITUTIVOS 111
parâmetro não-linear adicional.
Tabela 6.6: Parâmetros dos modelos.
Modelo Parâmetro[] λ[s] η
P
[P a.s] η
S
[P a.s]
LPTTS 0,25 0,03 1,422 0,002
FENE-P 6,0 0,04 1,422 0,002
Oldroyd-B - 0,03 1,422 0,002
Maxwell linear - 0,03 1,422 0,002
EPTTS 0,25 0,03 1,422 0,002
FENE-CR 6,0 0,04 1,422 0,002
6.4.1 Teste da implementação dos modelos LPTTS e FENE-P
As Figuras de 6.24 à 6.26 trazem uma comparação entre as predições dos modelos
LPTTS, FENE-P e de Giesekus. Nas são percebidas grandes diferenças no perfil de
velocidade com o uso dos diferentes modelos analisados na Figura 6.24. Já a tensão τ
xy
é muito mais sensível à mudança de equação constitutiva como pode ser observado
na Figura 6.25. Nessa mesma figura percebe-se para o corte axial (esquerda) e a curva
"b" uma tendência nos resultados obtidos, onde o modelo de LPTTS prediz valores de
tensão maiores que o modelo de Giesekus e o modelo FENE-P prediz valores de tensão
maiores que o modelo de LPTTS. O modelo de Giesekus previu valores maiores que os
experimentais (Figura 6.15) para esta mesma análise e deste modo os modelos LPTTS
e FENE-P mostram erros ainda maiores em relação ao experimental.
Para a primeira diferença de tensões normais (Figura 6.26) percebe-se algo
parecido ao que aconteceu para a tensão τ
xy
. Os modelos de Giesekus e LPTTS
possuem resultados semelhantes na Figura 6.26 (esquerda). O modelo FENE-P é o
que mais difere dentre os modelos analisados e o que pior representaria os dados
experimentais. A curva "b" da Figura 6.26 (direita) ilustra bem o fato do modelo
FENE-P superestimar os valores de tensão em relação aos outros modelos. Contudo, o
modelo FENE-P apresenta resultados com uma boa concordância qualitativa.
112 CAPÍTULO 6. RESULTADOS: VALIDAÇÃO DO Solver DESENVOLVIDO
Figura 6.24: Perfis de velocidade Ux em um corte transversal ao escoamento comparando os
modelos Giesekus, FENE-P e LPTTS.
Figura 6.25: Perfis para a componente da tensão τ
xy
em um corte transversal (esquerda) e
paralelo (direita) ao escoamento comparando os modelos Giesekus, FENE-P e LPTTS.
Figura 6.26: Perfis para a primeira diferença de tensões normais N
1
em um corte transversal
(esquerda) e paralelo (direita) ao escoamento comparando os modelos Giesekus, FENE-P e
LPTTS.
6.4. AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DE OUTROS MODELOS CONSTITUTIVOS 113
6.4.2 Teste da implementação dos modelos EPTTS e FENE-CR
As Figuras de 6.27 à 6.29 trazem uma comparação entre as predições dos modelos
EPTTS, FENE-CR e de Giesekus.
O perfil de velocidades representado pela Figura 6.27 não foi severamente afe-
tado, porém teve maiores variações que a comparação feita usando os modelos da
Subseção 6.4.1.
O perfil de tensão τ
xy
(Figura 6.28) sofreu maiores variações principalmente
quando comparado o modelo de Giesekus com o modelo FENE-CR. Os modelos
Giesekus e EPTTS previram resultados muito parecidos para esta variável.
Para a primeira diferença de tensões normais (Figura 6.29) tem-se um resultado
similar ao obtido para a tensão τ
xy
. O modelo FENE-CR superestimou os resultados
em relação aos dois outros modelos analisados. Uma observação importante é que o
modelo EPTTS previu resultados melhores que os obtidos com o modelo de Giesekus
na comparação com os dados experimentais (Figura 6.16).
Em uma análise qualitativa todos os modelos analisados apresentam boa con-
cordância. O fato do modelo FENE-CR ter trazido resultados quantitativos ruins em
relação aos outros modelos pode ser atribuída ao parâmetro não-linear usado, pois
apesar dos parâmetros do modelo FENE-CR e FENE-P terem o mesmo significado, o
ajuste dos parâmetros dependem de cada modelo e o uso dos parâmetros obtidos para
o modelo FENE-P pode não ser adequado.
114 CAPÍTULO 6. RESULTADOS: VALIDAÇÃO DO Solver DESENVOLVIDO
Figura 6.27: Perfis de velocidade Ux em um corte transversal ao escoamento comparando os
modelos Giesekus, FENE-CR e EPTTS.
Figura 6.28: Perfis para a componente da tensão τ
xy
em um corte transversal (esquerda) e
paralelo (direita) ao escoamento comparando os modelos Giesekus, FENE-CR e EPTTS.
Figura 6.29: Perfis para a primeira diferença de tensões normais N
1
em um corte transversal
(esquerda) e paralelo (direita) ao escoamento comparando os modelos Giesekus, FENE-CR e
EPTTS.
6.4. AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DE OUTROS MODELOS CONSTITUTIVOS 115
6.4.3 Teste da implementação dos modelos Maxwell linear
e Oldroyd-B
Os modelos Maxwell linear e Oldroyd-B não apresentam parâmetros não-lineares. Os
únicos parâmetros necessários para estes modelos são a viscosidade polimérica e o
tempo de relaxação. Para esta análise usou-se os parâmetros obtidos para o modelo de
Giesekus.
Como era de se esperar os maiores desvios acontecem para o modelo de Ma-
xwell linear. Para o perfil de velocidade Figura 6.30 o modelo Maxwell linear previu
valores maiores que o modelo de Giesekus o modelo Oldroyd-B previu valores
menores. Para a tensão τ
xy
(Figura 6.31) os resultados apesar de ter uma resposta
qualitativa correta apresentam desvios muito grandes. Para a primeira diferença de
tensões normais (Figura 6.32) o mesmo é observado.
Cabe mencionar também que a introdução de um parâmetro não-linear no
modelo de Oldroyd-B, como ocorre para o modelo de Giesekus, produz resultados
mais precisos do ponto de vista da representação da física do problema. Fica nítida
a melhor qualidade preditiva do modelo de Giesekus em relação ao de Oldroyd-B
para representação dos dados experimentais. Assim, pode-se afirmar que os desvios
apresentados pelas predições dos modelos de Maxwell e Oldroyd-B com relação às do
modelo de Giesekus são conseqüência das limitações inerentes a estes dois modelos e
que suas implementações também estão corretas.
116 CAPÍTULO 6. RESULTADOS: VALIDAÇÃO DO Solver DESENVOLVIDO
Figura 6.30: Perfis de velocidade Ux em um corte transversal ao escoamento comparando os
modelos Giesekus, Maxwell linear e Oldroyd-B.
Figura 6.31: Perfis para τ
xy
em um corte transversal (esquerda) e paralelo (direita) ao
escoamento comparando os modelos Giesekus, Maxwell linear e Oldroyd-B.
Figura 6.32: Perfis para N
1
em um corte transversal (esquerda) e paralelo (direita) ao
escoamento comparando os modelos Giesekus, Maxwell linear e Oldroyd-B.
Capítulo 7
Conclusões
Foi proposto neste trabalho o desenvolvimento de um solver para fluidos viscoelásti-
cos no pacote de CFD OpenFOAM. Foram apresentadas as principais vantagens que
levaram a escolha deste pacote no qual foi feita a implementação do solver chamado
viscoelasticFluidFoam. Apresentou-se também a metodologia usada para se resolver
escoamentos com elevados valores de Deborah e foi feita uma revisão sobre as carac-
terísticas dos fluidos viscoelásticos, equações constitutivas para fluidos viscoelásticos
e uma breve descrição do software OpenFOAM.
Foram implementados os modelos Maxwell linear, UCM, Oldroyd-B, Giesekus,
LPTTS, EPTTS, FENE-P, FENE-CR, Pom-Pom, WM, XPP e DCPP todos na forma
multimodo. Para todos estes modelos foram apresentados resultados exceto para os
modelos de WM, Pom-Pom e XPP. A implementação foi detalhada somente para o
modelo constitutivo LPTT, porém pode-se tomar esta como base. O uso da linguagem
do OpenFOAM facilitou bastante na criação de um solver com um grande potencial de
aplicação.
No Capítulo 6 foram apresentadas comparações de simulações usando o solver
desenvolvido e dados numéricos e experimentais obtidos da literatura. Foi usada uma
geometria padrão conhecida como contração plana abrupta com razão 4:1 e buscou-se
117
118 CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES
utilizar uma malha fina o suficiente para se obter resultados com boa precisão. Foi
feito um elevado refinamento próximo ao canto reentrante para conseguir captar bem
os efeitos que ocorrem nesta região que também é a mais crítica para esta geometria.
As comparações feitas usando o modelo de Giesekus com apenas um modo de rela-
xação mostraram que o solver desenvolvido produz resultados satisfatórios quando
comparado com os dados numéricos e experimentais da literatura. Tanto os dados
numéricos da literatura quanto os simulados neste trabalho apresentam um desvio
em relação ao experimental. Para um caso apresentado o desvio foi significativo e
até mesmo uma concordância qualitativa foi percebida. Esse discordância pode
ser observada principalmente em locais sujeitos a elevadas taxas de elongação e a
explicação para isto pode ser em parte atribuída a erros de medidas experimentais e
também à própria capacidade preditiva do modelo de Giesekus com um único modo.
Para tentar melhorar os resultados numéricos em relação ao experimental foram
feitas novas simulações usando o modelo de Giesekus com 4-modos. Os resultados
obtidos tiveram uma melhora significativa sendo que somente algumas diferenças
quantitativas foram observadas. Assim, ficou comprovado que para uma boa represen-
tação de resultados experimentais é indispensável o uso de multimodos. A explicação
para se ter uma melhora nos resultados é evidente, uma vez que se consegue uma
representação mais realista do comportamento reológico de amostras de polímero,
que estas geralmente apresentam mais de um tempo de relaxação característico devido
à heterogeneidade do tamanho de suas moléculas (distribuição de massa molar) e à
possibilidade da presença de diferentes mecanismos de relaxação. O custo computa-
cional teve um incremento de pouco mais de 2 vezes quando comparado ao uso de um
único modo.
Uma avaliação da implementação de diferentes modelos também foi apresen-
tada. O modelo escolhido como referência foi o modelo de Giesekus. A avaliação
dos diferentes modelos mostrou que diferenças significativas podem ser obtidas. Os
modelos Maxwell linear, Oldroyd-B e FENE-CR foram os que mais se afastaram dos
119
resultados preditos pelo modelo de Giesekus. O modelo de Maxwell linear é limitado
a baixas taxas de deformação e não prediz fenômenos não-lineares. O modelo de
Oldroyd-B gera bons resultados para uma classe de fluidos conhecidos como "fluidos
de Boger", porém a falta de parâmetros adicionais o torna muito limitado. Assim
a obtenção de resultados piores em relação ao modelo de Giesekus é perfeitamente
justificável. O modelo FENE-CR costuma gerar bons resultados, porém não foi o que
foi visto neste trabalho. Provavelmente o parâmetro não-linear usado para este modelo
não tenha sido adequado. Como não se tinham os parâmetros ajustados para este
modelo foram usados os mesmos do modelo FENE-P. Acredita-se que tenha sido esta
a causa dos valores serem bastante diferentes para este modelo. os modelos FENE-P
e principalmente LPTTS e EPTTS mostraram resultados bastante próximos dos obtidos
pelo modelo Giesekus. O modelo EPTTS se destacou por predizer resultados melhores
que o modelo de Giesekus se comparado com os dados experimentais. Contudo, o
principal objetivo era a avaliação da implementação feita e com os resultados obtidos
pode-se garantir que os modelos estão corretamente implementados e a metodologia
usada é adequada.
O efeito do valor do número de Deborah sobre um escoamento é assunto de
muitos estudos. Foram feitas simulações usando o modelo de Giesekus sujeito a
diferentes valores de Deborah. Os resultados mostraram que a velocidade é afetada
com o surgimento de um overshoot próximo à contração. O overshoot se torna cada
vez maior com o acréscimo do valor de Deborah. A primeira diferença de tensões
normais também é afetada obtendo-se valores mais elevados com valores de Deborah
maiores.
Foi feito também uma análise usando o modelo DCPP 4-modos. Comparações
para o campo de velocidade e a principal diferença de tensões (PSD) foram feitas com
dados obtidos da literatura. O modelo DCPP é um modelo que envolve a resolução
de duas equações, uma para o tensor orientação e outra para o estiramento. Na
equação para o tensor orientação existem muitos termos não-lineares representados
120 CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES
pelas derivadas convectivas superior e inferior. Este modelo é um dos mais recentes
e existem grandes expectativas quanto ao seu uso. Os resultados simulados com este
modelo mostraram uma concordância muito boa e é possível validar a implementação
deste modelo e a metodologia utilizada.
Como conclusão geral pode-se afirmar que foi uma ótima escolha o uso do
software OpenFOAM para se fazer o presente trabalho com fluidos viscoelásticos.
O solver desenvolvido se mostrou muito eficiente e assim será disponibilizado na
próxima versão do software e estará disponível livremente para todos os interessados.
O código é aberto e os usuários poderão, além de executarem suas simulações, visu-
alizarem a implementação e toda a metodologia usada. Com o solver desenvolvido,
é possível a simulação de uma grande diversidade de problemas dentro da indústria
de processamento de polímeros e pode ser usado para outros fins, como simulação
de fluidos biológicos por exemplo. Com a inclusão de todos os modelos de fluidos
viscoelásticos apresentados o OpenFOAM passa a ser umas das melhores opções para
se estudar escoamentos desse tipo de fluido.
Uma sugestão para um trabalho futuro é testar também novas metodologias
como a DAVSS-ω, por exemplo, que parece ser muito boa. Outra sugestão é o desen-
volvimento de uma metodologia para resolver escoamentos com superfície livre. O
OpenFOAM já apresenta solvers para resolver superfície livre quando for usado fluido
newtoniano ou fluido newtoniano generalizado. Assim seria necessário incluir o uso
de modelos para fluidos viscoelásticos. Alguns testes preliminares neste sentido
foram feitos e os resultados foram satisfatórios. Com esta análise seria possível simular
o preenchimento de moldes que ocorrem em processos de injeção e extrusão e também
efeitos como o inchamento de extrudado, entre outros.
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