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Nesse sentido, entra o papel da Igreja, não somente enquanto sacramento de salvação,
mas como instituição sociologicamente importante para a esperança da humanidade.
Se ao se desconstruirem os dogmas, as verdades da fé, a Igreja, pensam os pós-
modernos que vão libertar o homem de alguma dominação ou opressão, estão mesmo em um
impulso de morte, destruindo a esperança do povo pobre, humilde e desorientado, por falta de
tino sociológico. Essa tentativa de “desconstrução” da bíblia, da Igreja, dos dogmas, da
Tradição, possivelmente, é o instinto de morte, como mostra o psicanalista Joel Birman ao se
referir à filosofia da desconstrução.
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A liberdade tão almejada na modernidade está profundamente marcada pela
consciência deformada e suas conseqüências. A olho nu pode-se dizer que liberdade não
existe nos países com ou sem problemas econômicos graves, pois se não se é escravo do
desemprego e da pobreza se é escravo da violência, da droga, dos antidepressivos,
psicotrópicos, depressão e mal-estar, como no caso das classes médias e altas. Liberdade só
superficial.
Assim, como o problema está na consciência do homem pós-moderno, a solução
também está na própria consciência. Primeiro, o membro participante do clero precisa de
consciência crítica e não de “empolgação” com os tempos pós-modernos e suas filosofias.
Depois, essa consciência precisa ser retificada pela formação. Esta formação, por sua vez,
precisa atinar para o problema e ter noção de que a Igreja, enquanto Instituição sociológica e
mistérica, é uma esperança para os humildes do povo de Deus:
E se a exigência do absoluto transcendente estiver inscrita na própria essência e no
dinamismo mais profundo da razão? E se foi a implacável dialética dessa exigência,
desdobrando-se no terreno da teoria da representação, a levar a humanidade
moderna ocidental à dramática experiência do niilismo, reverso dialético perfeito da
experiência do Absoluto real, e a conviver com essas formas do não-sentido
absoluto da violência e da morte, presentes como símbolos de uma civilização em
crise, em todas as encruzilhadas do nosso tempo?
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Na verdade, há a necessidade de uma maior conscientização do que significa a
religião, as instituições sociais para o povo, para as sociedades e, ao mesmo tempo, há a
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Cf. BIRMAN, Joel. Arquivos do mal-estar e da resistência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006
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LIMA VAZ, Henrique, C. Escritos da filosofia III. Filosofia e Cultura. São Paulo: Loyola. 2002.p. 175.