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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE VETERINÁRIA
ASSOCIAÇÕES ENTRE CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS
E CINEMÁTICAS DE EQÜINOS DA RAÇA CAMPOLINA
Mitzem Sathler Bretas
Belo Horizonte
Minas Gerais
Escola de Veterinária / UFMG
2006
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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE VETERINÁRIA
ASSOCIAÇÕES ENTRE CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS
E CINEMÁTICAS DE EQÜINOS DA RAÇA CAMPOLINA
Mitzem Sathler Bretas
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Minas
Gerais, como requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Zootecnia
Área: Genética e Melhoramento Animal
Orientador: Prof. Dr. José Aurélio Garcia Bergmann
Belo Horizonte
Minas Gerais
Escola de Veterinária / UFMG
2006
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2
B844a Bretas, Mitzem Sathler, 1978-
Associações entre características morfométricas e cinemáticas de eqüinos da raça Campolina /
Mitzem Sathler Bretas. 2006.
70 p. : il.
Orientador: José Aurélio Garcia Bergmann
Dissertação (mastrado) Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária
Inclui bibliografia
1. Cavalo Campolina Passos, andamento, etc. Teses. 2. Biomecânica Teses.
3. Locomoção animal Teses. I. Bergmann, José Aurélio Garcia. II. Universidade Federal de
Minas Gerais. Escola de Veterinária. III. Título.
CDD 636.108 88
3
Dissertação defendida e aprovada em 06 de Fevereiro de 2006, pela Comissão Examinadora
constituída por:
_______________________________________
Prof. Dr. José Aurélio Garcia Bergmann
Orientador
_______________________________________
Profa. Dra. Maristela Silveira Palhares
_______________________________________
Prof. Dr. Alessandro Moreira Procópio
4
DEDICATÓRIA
À minha mãe Vera e à minha irmã Layla pela confiança.
À minha Tia Lela e Sylvio pelo apoio e carinho.
À minha Tia Célia e primos pelo estímulo.
À meu Tio Martinho e Beia pelo incentivo e exemplo.
À Carol pelo carinho e atenção.
E em especial à Vó Ruth por todo o carinho.
EPÍGRAFE
“Despertar a curiosidade, inata ao homem e
vivacíssima no menino, eis o primeiro empenho
do professor, num método racional. Da
curiosidade nasce a atenção; da atenção a
percepção e a memória inteligente”.
Rui Barbosa
5
AGRADECIMENTOS
Ao Professor José Aurélio, pela atenção, paciência, dedicação e ensinamentos, desde os tempos
de iniciação científica.
Ao Professor Hans, pela colaboração, amizade e ensinamentos de biomecânica.
Ao amigo e Professor Alessandro, pelo exemplo de dedicação às pesquisas com o andamento
dos eqüinos e colaboração nas pesquisas.
À Professora Adalgiza, pela confiança e amizade, e pelas oportunidades, desde, também, os
tempos de iniciação científica.
Aos colegas da Medicina Veterinária e da Educação Física / UFMG: Ceará, Otávio, Ricardo,
Carlos, Layla e Ernane. André, Juliana Herr, Cíntia, Wolfgann, Gustavo, Adriana e Cristiane.
Em especial, a amiga Flávia, pela ajuda durante as filmagens, e também à Patrícia, Natália e
Dani.
Aos criadores do cavalo Campolina, pelo empréstimo dos animais, aos colegas árbitros e
técnicos, e aos funcionários da ABCCC que colaboraram para as pesquisas.
Para toda a minha família pela ajuda e paciência.
E, em especial à Carol, por todo o apoio.
6
SUMÁRIO
Página
RESUMO / ABSTRACT............................................................................................................
10
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 12
2. REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................................. 12
2.1. Histórico da raça Campolina........................................................................................................ 12
2.2. Biomecânica e andamento dos eqüinos........................................................................................ 14
2.3. Possibilidades de apoios e contatos do membro do eqüino com o solo....................................... 16
2.4. Terminologias sobre os andamentos dos eqüinos........................................................................ 18
2.4.1. Passo, andadura, marcha, trote e galope...................................................................................... 18
2.4.2. A marcha, segundo a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo
Campolina ABCCC...................................................................................................................
20
2.4.3. Transições dos andamentos e velocidade das passadas................................................................ 20
2.5. Morfometria e o andamento dos eqüinos...................................................................................... 21
3. MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................................... 24
3.1. Animais do estudo........................................................................................................................ 24
3.2. Ambiente de filmagens................................................................................................................. 25
3.3. Captura das imagens e repetições................................................................................................ 26
3.4. Pontos anatômicos para colocação de marcadores reflexivos..................................................... 26
3.5. Análises das imagens................................................................................................................... 28
3.6. Morfometria - medidas lineares.................................................................................................... 29
3.7. Análises estatísticas...................................................................................................................... 31
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................................ 31
4.1. Análises do Andamento................................................................................................................ 31
4.1.1. Análises descritivas das avaliações cinemáticas.......................................................................... 31
4.1.2. Análises descritivas das proporções dos apoios........................................................................... 33
4.1.3. Análises da velocidade, do comprimento e da freqüência das passadas..................................... 34
4.1.4. Análises dos andamentos: passo curto, médio e alongado e marcha curta, média e alongada..... 35
4.1.5. Análises descritivas das proporções dos apoios nos andamentos................................................. 42
4.2. Morfometria - medidas lineares.................................................................................................... 45
4.3. Correlações................................................................................................................................... 47
4.3.1. Correlações entre as medidas lineares.......................................................................................... 47
4.3.2. Correlações entre os resultados das análises cinemáticas e as medidas lineares......................... 51
4.4. Equações de regressão.................................................................................................................. 53
5. CONCLUSÕES .......................................................................................................................... 61
6. SUGESTÕES............................................................................................................................... 62
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 63
8. APÊNDICES .............................................................................................................................. 66
7
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1:
Diferentes tipos de andamentos e suas respectivas velocidades, comprimento
e freqüência das passadas, em animais de competição da Federação Eqüestre
Internacional (FEI)............................................................................................
21
Tabela 2:
Exemplo de contabilização da proporção de tempo em % para cada
possibilidade de combinação de apoio ou contato em relação ao tempo da
passada total......................................................................................................
28
Tabela 3:
Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de
variação (CV %) da porcentagem de tempo em apoio para as possibilidades
de apoios, em relação às passadas totais, das 55 repetições na marcha de
apresentação....................................................................................................... 32
Tabela 4:
Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de
variação (CV %) da porcentagem de tempo em apoio em cada tipo de apoio,
em relação às passadas totais, das 55 repetições na marcha de
apresentação....................................................................................................... 33
Tabela 5:
Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de
variação (CV %) da porcentagem de tempo em apoio, em relação às
passadas totais, das 55 repetições na marcha de apresentação......................... 33
Tabela 6:
Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de
variação (CV %), da velocidade, proporção de lateral, proporção de
diagonal, lateralização/diagonalização e diagonalização/lateralização das 55
repetições na marcha de apresentação............................................................... 34
Tabela 7:
Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de
variação (CV %), da velocidade, comprimento, freqüência e tempo das
passadas das 55 repetições na marcha de apresentação..................................... 34
Tabela 8:
Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficiente de
variação (CV %), das velocidades e da porcentagem de tempo em apoio para
as possibilidades de apoios, em relação às passadas totais das 24 repetições
analisadas no passo............................................................................................ 36
Tabela 9:
Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de
variação (CV %), das velocidades e das da porcentagem de tempo em apoio
para as possibilidades de apoios, em relação às passadas totais das 24
repetições analisadas na marcha........................................................................ 38
Tabela 10:
Média, desvio-padrão, mínimo, máximo e coeficiente de variação (CV %),
das velocidades e das porcentagens de apoios em relação à passada total das
24 repetições analisadas..................................................................................... 39
Tabela 11:
Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de
variação (CV %), das velocidades e das porcentagens de apoios em relação
às passadas totais das 24 repetições analisadas................................................ 41
Tabela 12:
Comparação das médias das velocidades e das porcentagens dos tríplices,
bipedais laterais, diagonais e monopedais, para os
andamentos........................................................................................................ 41
Tabela 13:
Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de
variação (CV %), da velocidade, proporção de lateral, proporção de
diagonal, lateralização/diagonalização e diagonalização/lateralização das 24
repetições avaliadas........................................................................................... 43
8
Tabela 14:
Comparação das médias das velocidades e da proporção de lateral, diagonal,
relação lateralização/diagonalização e diagonalização/lateralização para os
andamentos........................................................................................................
43
Tabela 15:
Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de
variação (CV %), da velocidade, comprimento, freqüência e tempo das
passadas para as variações dos andamentos das 24 repetições
analisadas........................................................................................................... 45
Tabela 16:
Comparação das médias das velocidades e comprimento, freqüência e tempo
das passadas para os andamentos...................................................................... 45
Tabela 17:
Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de
variação (CV %) das medidas lineares.............................................................. 46
Tabela 18:
Correlações entre as medidas lineares (Apêndice III)....................................... 71
Tabela 19:
Correlações entre as medidas lineares de altura ............................................... 48
Tabela 20:
Correlações entre as medidas lineares de altura e comprimento com as
medidas de comprimento................................................................................... 49
Tabela 21:
Correlações entre as medidas de altura, de comprimento e de perímetro e de
largura, com as medidas de perímetro e de largura...........................................
50
Tabela 22:
Correlações entre as análises cinemáticas e as medidas lineares de
altura.................................................................................................................. 51
Tabela 23:
Correlações entre as análises cinemáticas e as medidas lineares de
comprimento...................................................................................................... 51
Tabela 24:
Correlações entre a velocidade, comprimento, freqüência e tempo das
passadas e as medidas lineares de altura........................................................... 52
Tabela 25:
Correlações entre a velocidade, comprimento, freqüência e tempo das
passadas e as medidas lineares.......................................................................... 52
Tabela 26:
Correlações entre as tipos de apoios e a velocidade, comprimento, freqüência
e tempo das passadas.........................................................................................
53
Tabela 27:
Equações para regressão linear simples das características
identificadas....................................................................................................... 54
9
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1: Possibilidades de apoios dos membros do eqüino..................................
17
Figura 2: Representação do diagrama de marcha em oito seqüências de apoios... 19
Figura 3: Visão esquemática do local de filmagem ............................................... 25
Figura 4: Representação dos 19 marcadores reflexivos......................................... 27
Figura 5: Representação do diagrama de marcha do animal da Tabela 2.............. 28
Figura 6: Exemplo de mensuração de comprimento da passada em metros, de
2,36 m e tempo da passada com Frame de 130 e tempo total da
passada de 0,520 segundos, entre dois apoios consecutivos do
membro anterior esquerdo......................................................................
29
Figura 7: Regressão do percentual de tríplices apoios sobre altura da cernelha
de animais da raça Campolina................................................................
56
Figura 8: Regressão do percentual de tríplices apoios sobre o comprimento da
canela anterior de animais da raça Campolina........................................ 57
Figura 9: Regressão do percentual de tríplices apoios sobre a velocidade de
animais da raça Campolina.....................................................................
57
Figura 10: Regressão do percentual de apoios monopedais sobre a altura do
membro posterior de animais da raça Campolina................................... 58
Figura 11: Regressão do percentual de apoios monopedais sobre a velocidade de
animais da raça Campolina..................................................................... 58
Figura 12: Regressão do percentual de apoios bipedais diagonais sobre a altura
da cernelha de animais da raça Campolina.............................................
59
Figura 13: Regressão do percentual de apoios bipedais diagonais sobre o
comprimento da canela anterior de animais da raça Campolina............. 59
Figura 14: Regressão do percentual de apoios bipedais laterais sobre a altura da
garupa de animais da raça Campolina....................................................
60
Figura 15: Regressão do comprimento das passadas sobre o comprimento do
corpo de animais da raça Campolina...................................................... 60
Figura 16: Regressão da freqüência das passadas sobre o comprimento do corpo
de animais da raça Campolina................................................................ 61
Apêndice I:
Padrão Racial Campolina..................................................................... 66
Apêndice II:
Ficha de mensuração dos animais........................................................... 69
Apêndice III:
Tabela 18: Correlações entre as medidas lineares.................................. 70
10
RESUMO
Por meio de filmagem padronizada com câmera de alta velocidade acoplada a computador,
realizaram-se, capturas de imagens a 250 hertz e coletas de 28 medidas morfométricas, de 20
animais adultos da raça Campolina, com idade média de 84 meses, todos premiados no quesito
andamento, e escolhidos pelo CETERC Centro de Treinamentos e Estudos da Raça
Campolina, durante a XXIV Semana Nacional do Cavalo Campolina, realizada nos dias cinco a
dez de Setembro de 2004, no Parque de Exposições Bolívar de Andrade, em Belo Horizonte,
Minas Gerais. 18 animais foram filmados nas suas respectivas marchas de apresentação
totalizando, nesta etapa, 55 repetições. Dois animais escolhidos, foram filmados, nas variações
dos andamentos: passo curto, passo médio, passo alongado, marcha curta, marcha média e
marcha alongada, totalizando 24 repetições. Não se verificou efeitos de sexo e idade sobre todas
as variáveis do andamento e as medidas morfométricas. Foram calculadas estatísticas
descritivas, médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de variação,
para todas as variáveis e realizou-se teste de comparação de médias, para os tipos de
andamentos, realizou-se estudo de correlações entre todas as medidas lineares, e das medidas
lineares com as análises cinemáticas do andamento. Efetuaram-se análises de regressão linear
simples para algumas variáveis que apresentaram estatística significativa. Houve ausência de
momentos de apoio quadrupedal, de bipedal anterior e de bipedal posterior e de suspensão das
repetições analisadas no passo e na marcha. O passo apresentou diagrama de apoios diferente da
marcha, e da transição do passo para marcha nota-se aumento inicial do comprimento da
passada e posterior aumento da freqüência da passada. No passo, houve maior proporção de
lateral do que diagonal, maior relação de lateralização/diagonalização, e menor relação de
diagonalização/lateralização. Na marcha, ocorreu maior proporção de diagonal do que lateral,
maior relação diagonalização/lateralização, e menor relação lateralização/diagonalização. A
velocidade média de apresentação foi de 13,83 quilômetros por hora, apresentado diagrama de
marcha, com momentos de bipedais diagonais e laterais, tríplices e monopedais. O comprimento
médio da passada foi de 2,09 metros, da freqüência de 1,84 passadas pos segundo e o tempo de
0,55 segundos. As medidas lineares de altura apresentam correlações positivas entre si, variando
de moderadas a altas. As medidas de comprimento, perímetros e largura, apresentam menores
possibilidades de correlações quando comparadas as medidas de altura, e variam de pequenas a
altas. Existem correlações entre as análises cinemáticas e as medidas lineares, indicando
redução da porcentagem dos tríplices com o aumento da altura da cernelha, do membro
posterior e do comprimento da canela anterior. O aumento da velocidade reduz as porcentagens
dos tríplices apoios e a dissociação dos membros, alterando o diagrama de marcha, reduzindo os
apoios bipedais laterais e aumentando os apoios bipedais diagonais e os apoios monopedais.
Palavras-chave: Biomecânica, morfometria, marcha e cavalos.
11
ABSTRACT
Using high speed camera at 250 frames per second, connected to a computer, images of gaited
horses of the Campolina breed were taken and analyzed. Data were collected from 20 awarded
animals, averaging 84 months, during the XXVI National Week of the Campolina Horse that
took place in 2004, in Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil. Images on 18 animals were
taken during the competition presentation, totalizing 55 repetitions with three strides each. Two
animals were chosen and images were taken to represent the following gaits: short, medium and
fast walks, and short, medium and fast paces (“marchas”). The effect of sex on the 28
morphometric measurements and on all gait parameters was not important. Descriptive statistics
were averages, standard deviations, range and coefficient of variation. Pearson correlations and
simple linear regression analyses were used to access the associations between morphometrical
traits with the gait cinematic traits. No four limbs stance phase, nor two anterior, or two
posterior, limbs stance phases, nor suspension stance phase were observed during all repetitions
of the walk and the “marcha”. The walk diagram was different from the “marcha”, and the
transition between the walk and the “marcha” was associated to an increase in the length and,
subsequently, in the frequency of the strides. During the walk it was observed a larger
proportion of lateralization rather than of diagonalization stance phases, and a larger
lateralization/diagonalization relationship. During the “marcha” it was observed a larger
proportion of diagonalization rather than of lateralization stance phases, and a larger
diagonalization/lateralization relationship. During the “marcha” presentation, the average speed
was 13.83 km/h, with diagonal and lateral two limbs stance phases, three limbs stance phase and
one limb stance phase. During the “marcha”, the average length of the stride was 2.09 m and the
frequency 1.84 strides/s. All linear measurements of height were positively associated among
themselves. The correlations between the cinematic parameters and the morphometrical
measurements indicated a reduction in the frequency of three limbs stance phase with an
increase of the height of the withers of the animals. In addition, the increase in the speed of the
“marcha” was associated to a reduction in the frequency of three limbs stance phase, with a
reduction of the frequency of lateral two limbs stance phase and an increase of the frequency of
diagonal two limbs stance phase and of monopedal contact.
Keywords: Biomechanics, morfometric traits, gait, horses
12
1. INTRODUÇÃO
As primeiras reintroduções dos cavalos na
América são atribuídas a Colombo em sua
segunda viagem, realizada em 1493, na Ilha
de Santo Domingo. Posteriormente foram
introduzidos cavalos de origem ibérica,
pelos colonizadores espanhóis e
portugueses, no restante do continente.
Em 1549, Thomé de Souza chegou à Bahia
com eqüinos oriundos de Cabo Verde
(Torres e Jardim, 1984). No ano de 1541, os
primeiros cavalos Andaluzes foram trazidos
ao Brasil pelos colonizadores portugueses.
Depois disso, por um longo período, não
foram encontrados registros sobre estes
cavalos no Brasil. Somente a partir de 1808,
foram trazidos os tradicionais cavalos
selecionados pela Real Coudelaria de Alter,
por D. João VI e pela Família Real, que se
transferiu para o Brasil devido às invasões
na Península Ibérica.
O cavalo tem sido utilizado no mundo para
diferentes finalidades, como a tração de
carruagens, o transporte de cargas, a lida
com o gado e para fins militares. Nos
esportes eqüestres sua utilização abrange as
mais diversas modalidades, como o salto, o
adestramento, o turfe, as provas de laço,
tambor e balizas, e as mais diversas
modalidades olímpicas, como o Concurso
Completo de Equitação. Nas ultimas
décadas, o cavalo vem sendo largamente
empregado nas atividades de lazer, com um
apelo ecológico, onde o homem buscando
uma forma de fugir do estresse da vida
urbana e retornar ao campo, retomando o
contato com o cavalo. O crescimento da
eqüinocultura nacional nesta área é
promissor, pois no Brasil se encontram as
melhores raças de eqüinos para estes fins, as
raças de cavalos marchadores.
Estudos têm buscado aprimorar as técnicas
de avaliação dos andamentos dos eqüinos,
pois muito do que tem sido feito resulta da
análise subjetiva do avaliador. As bases da
descrição biomecânica são a cinematografia
e a dinamografia, que são caracterizadas por
sua exatidão, diferenciação e se limitam
exclusivamente a descrição de fenômenos
(Menzel, 1999).
A evolução das raças de cavalos
marchadores no Brasil tem ocorrido com
base em observações quase sempre
empíricas de seus criadores, bem como de
técnicos e árbitros nos julgamentos das
exposições. Poucas são as pesquisas
científicas com o objetivo de auxiliar a
avaliação funcional objetiva e a seleção dos
animais, existindo, inclusive, certo
distanciamento entre criadores e
profissionais da área de melhoramento
animal. Há necessidade de maior atuação
nesse campo, bem como da aproximação
entre os diversos segmentos envolvidos no
desenvolvimento da eqüinocultura.
Devido ao grande número de
questionamentos e incertezas quanto às
particularidades da dinâmica da marcha, é
crescente a preocupação e o apoio de
criadores e associações de raças, na busca de
se conhecer esta importante característica. O
objetivo deste estudo, por meio das
filmagens e mensurações, foi realizar uma
análise cinemática para caracterizar a
locomoção dos animais e analisar
características morfométricas de eqüinos da
raça Campolina.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Histórico da raça Campolina
Na década de 1950, estudos referentes à
formação do Cavalo Campolina foram
conduzidos por Fontes (1957), em que se
definiu sua história, suas origens étnica e
geográfica. Cassiano Antônio da Silva
Campolina foi o pioneiro na formação da
raça. Cassiano Campolina, nascido em 10 de
julho de 1836, em São Brás de Suaçuí, ex-
distrito de Entre Rios de Minas, e falecido
na Fazenda do Tanque, de sua propriedade,
13
em 4 de julho de 1904, revelou o gosto pelo
cavalo ainda jovem, certamente,
influenciado pelas cavalhadas, que
representavam as disputas entre mouros e
cristãos, muito usuais naquela época.
Concentrou seu trabalho de seleção e
melhoramento genético para a obtenção de
animais de elevado porte, robustez,
resistência e de andamento cômodo, com
intuito de atender às longas cavalgadas que
predominavam no transporte daquela época,
além de perceber a existência de um
mercado interno também para as disputas,
para a montaria dos dragões da milícia real e
para as parelhas de cavalos e muares
(Resende, 1979). Assim, considera-se a
origem geográfica da raça Campolina a
Fazenda do Tanque, localizada no município
de Entre Rios de Minas, na região da Serra
da Mantiqueira, Minas Gerais (Berbari Neto,
2005).
Em 1870, na cidade de Entre Rios de Minas,
nasceu um potro, Monarca, filho de uma
égua nativa, Medéia, com um garanhão da
raça Andaluz. Monarca, que fora um potro
tordilho escuro, serviu por 25 anos como o
principal reprodutor da fazenda, sendo dele
originados os garanhões: Monarca II,
Monarca III, Leviano, Predileto, Pope e
Nobre, além de diversas reprodutrizes.
Monarca morrereu em 1898, aos 28 anos de
idade (Procópio, 2000). Considera-se este
animal o ponto de partida para a formação
da raça Campolina. Iniciou-se, então, um
processo de seleção e expansão da raça, com
a utilização de garanhões de diversas outras
raças. O objetivo foi desenvolver uma raça
de eqüinos de sela, possuindo como
principais características à marcha cômoda,
bem como um animal de porte avantajado.
Vários outros núcleos foram formados
próximos às cidades de Passa Tempo,
Barbacena, Oliveira e no Vale do
Jequitinhonha, em Minas Gerais e também
nos estados da Bahia e de Pernambuco, entre
outros. Em 1951 foi fundada, em Belo
Horizonte, a Associação Brasileira dos
Criadores do Cavalo Campolina, onde
permanece sediada (Fontes, 1957; ABCCC,
2005; Procópio, 2000).
Para inscrição no registro genealógico foi
elaborado um padrão que enquadrasse os
animais da raça (Laat, 2001). A aparência
geral do animal foi definida como nobre,
altiva, linhas harmônicas e definidas, tendo
como qualidade constituição forte e vigorosa
estatura com musculatura proporcional,
ossatura seca e harmoniosa, pele e pêlos
finos e macios. Sua altura mínima na
cernelha aos 36 meses para macho é de 154
centímetros e 145 centímetros para fêmeas,
sendo a ideal de 162 centímetros para os
machos e 156 centímetros para as fêmeas. O
temperamento do animal foi definido como
ativo, dócil, sendo admitido todas as
pelagens e suas particularidades, com
exceção para os pontos desclassificatórios
dos animais para registro (ABCCC, 2005).
De sua origem até os dias de hoje, a raça
Campolina alcançou lugar de destaque na
competitiva eqüideocultura nacional.
Possuindo representantes em quase todo o
território nacional e tendo, hoje, mais de
setenta mil animais no Registro
Genealógico, é uma das raças mais
numerosas do país, despertando grande
interesse pela sua funcionalidade e beleza.
Procópio (2000) estudando a formação
demográfica da raça Campolina a partir de
informações de 71.991 animais, registrados
de 1951 até 2000, observou que 86,6% dos
animais pertenciam à região Sudeste. A
média anual do número de nascimentos de
1951 a 1998 foi de 1.159, com o maior
número de nascimentos (5.107) em 1991. A
média do coeficiente de endogamia
observado entre os animais foi de 6,13%,
com incremento de 1,88% por geração.
Estudo visando caracterizar a raça
Campolina imunogenéticamente indicou
haver grande semelhança entre as raças
Campolina e Andaluz, que participou do
início da sua formação. Ocorrem, ainda,
14
indícios de homozigose, em alguns locos
estudados pelo uso intenso de alguns
garanhões famosos (Nunes, 2003).
2.2. Biomecânica e andamento dos
eqüinos
A biomecânica é uma disciplina científica
que estuda os movimentos dos animais ou
atletas utilizando termos, métodos e leis da
mecânica (Menzel, 1999). Seu estudo
contribui para a definição de um tipo ideal
para cada trabalho ou esporte e se torna
extremante importante, para as raças eqüinas
nacionais, pois poucos são os estudos com
essa abordagem.
Em 1873, Marey, realizou os primeiros
testes para a análise do trote por meio do
desenvolvimento de um sistema com
censores ligados por fios e localizados nos
membros de cavalos, que resultava em
representação gráfica do apoio dos membros
quando esses tocavam o solo (Vilela Júnior,
2003).
Por meio da análise de vídeo, Smith (1996)
analisando vídeos determinou como
ocorriam as transições entre andamentos de
quatro para dois tempos, de dois para três
tempos e de velocidade lenta para rápida.
Husnni et al. (1996) ao analisarem 104
cavalos da raça Mangalarga Marchador
determinaram a interferência de
claudicações na dinâmica da locomoção. Ao
observarem fitas de vídeo, das imagens,
quadro a quadro, descreveram a seqüência
de apoios dos membros em duas passadas
completas. Os animais foram classificados
em oito grupos distintos, conforme a
caracterização de seus apoios. O trabalho
demonstrou a existência de variação no
andamento em relação à marcha ideal,
proposta pela respectiva associação de
criadores, com alterações variando entre o
trote e a andadura.
Utilizando filmadora de alta velocidade (500
hertz) e marcadores colados ao corpo do
animal, Barrey (1999) apresentou um
método de mensuração e suas aplicações
para a avaliação da locomoção eqüina e
algumas variáveis que deveriam ser levadas
em consideração. A locomoção foi definida
como a expressão mecânica da atividade
física. Para a realização da atividade física, o
organismo requer sinergia entre vários
sistemas funcionalmente interligados pelo
sistema nervoso. Na análise da locomoção
utiliza-se a cinética ou dinâmica, que é o
estudo da causa do movimento e está
relacionado à força aplicada ao corpo e sua
distribuição de massa e dimensões. A
cinética envolve aplicação de força,
aceleração, energia e trabalho e suas
relações com as variáveis da cinemática. A
cinemática estuda a mudança de posição dos
segmentos corporais durante um período de
tempo. Os movimentos são descritos
quantitativamente por variáveis temporais
lineares e angulares, como, por exemplo, o
deslocamento, a velocidade e a aceleração
(Barrey, 1999). Dentre algumas condições
para análise, Barrey (1999) destacou o
condicionamento do animal, a padronização
da pista, além da utilização de terminologia
padronizada na descrição dos movimentos.
Quando o cavalo se locomove, o centro de
gravidade sofre deslocamentos para frente,
para os lados e para cima. Para frente graças
à progressão do tronco; para os lados,
quando há mudança de apoio entre os
bípedes laterais; e para cima, por causa da
flexão e extensão propulsiva, acentuando-se
este, quando há momento de suspensão.
Neste caso, as reações são ásperas, ao
contrário, das reações suaves dos
andamentos marchados. A intensidade das
reações muito provavelmente é dependente
da capacidade amortecedora dos cascos, dos
ângulos articulares, das quartelas e das
escápulas, da resistência do solo e de outros
fatores inerentes ou não à organização
morfomecânica e morfofisiológica do cavalo
(Nascimento, 1999).
15
Nascimento (1999) destacou a necessidade
do aprimoramento das técnicas de avaliação
do andamento dos eqüinos, pois muito do
que tem sido feito resulta de análise
subjetiva do avaliador. Os métodos usados
para investigação da locomoção animal são
quase idênticos àqueles empregados no
estudo da fisiologia do esforço, como o
registro dos movimentos por meio de
câmeras cinematográficas especiais
acopladas à computadores e a
eletromiografia de grupos musculares
selecionados.
A avaliação dos eqüinos para a inclusão, ou
não, nos registros das associações de raças
passa pelo olhar experiente de um avaliador,
que analisa o andamento do animal
utilizando a mera observação sendo essa
avaliação, portanto, subjetiva (Clayton e
Schamhardt, 2001).
A aplicação de novas técnicas de avaliação
do andamento dos eqüinos está em franca
expansão, evoluindo para a área da análise
cinemática, da eletromiografia (EMG) e dos
modelos computadorizados. A utilização de
esteiras para a coleta de informações
consiste em moderna forma de avaliar o
andamento dos eqüinos. Assim, análises
quantitativas do andamento são aplicadas
com sucesso para o diagnóstico de
problemas locomotores nos eqüinos. Para
realização de análises cinemáticas estão
sendo utilizados videografias combinadas
com aplicativos computacionais e sistemas
optoeletrônicos que trabalham com emissão
de infravermelho. Para as análises
videográficas é necessária a colocação de
marcadores reflexivos, sendo a maioria dos
programas computacionais com
digitalização automática desses pontos.
Quando isto não é possível, os programas
permitem digitalização e a correção manual
(Clayton e Schamhardt, 2001).
As pesquisas atuais buscam identificar
pontos anatômicos de fácil identificação
para tomada de medidas lineares e angulares
e também pontos de colocação dos
marcadores adesivos reflexivos visando
análises biomecânicas (Bretas et al., 2003).
O uso destes marcadores pode gerar
pequenos erros na análise, pois os
marcadores são fixados na pele do animal, a
as vibrações, principalmente de animais com
acúmulo de gordura corporal, são captadas,
sendo necessário, nestes casos, o uso de
modelos estatísticos para correção dos dados
em análise (Van Weeren et al., 1992).
A análise cinemática pode ser feita em duas
ou três dimensões. Em duas dimensões são
avaliadas o comportamento dos segmentos
do corpo e suas angulações. Em três
dimensões, o procedimento é mais
complexo, necessitando da calibração
espacial do movimento (Clayton e
Schamhardt, 2001).
Muitos programas computacionais para
análises videográficas estão disponíveis para
análises cinemáticas. Dentre eles Clayton e
Schamhardt (2001) citam o Ariel
Performance Analysis System (Ariel
Dynamics Inc.,CA), o ExpertVision (Motion
Analysis Corp.CA) e o Peak Performance
System (Peak Performance Tecnologies
Inc.,CO).
Pesquisas recentes têm utilizado o Simi
Motion (2006) (Simi Motion Corp.EN).
Com módulos cinemáticos de duas ou três
dimensões, o aplicativo suporta acoplagem
com câmeras de alta velocidade, eletrodos
para eletromiografia (EMG), plataformas de
força, mensurações isoladas e outros
serviços. O aplicativo possibilita a
compreensão da funcionalidade da
locomoção animal, sendo importante
ferramenta para a análise do movimento na
medicina veterinária e em pesquisas de
biomecânica.
Para as mensurações da velocidade dos
animais são utilizados fotocélulas acopladas
ao computador, ou o próprio programa,
como o Simi Motion (Procópio, 2004), que
16
permite essa mensuração por meio de
gráficos de deslocamento em função do
tempo.
As avaliações com uso de câmeras de alta
velocidade simplificam o processo da
análise quantitativa da locomoção dos
eqüinos. Câmeras que filmam com
resoluções de 250 a 1.000 Hertz (imagens
por segundo) estão sendo consideradas
necessárias para quantificar eventos de curta
duração nos animais (Linford, 1994). Já a
eletromiografia detecta atividades associadas
à contração muscular e busca determinar a
atividade presente durante diferentes
atividades físicas (Clayton e Schamhardt,
2001).
Pesquisas sobre a fisiologia do exercício e a
biomecânica da locomoção eqüina têm
recebido atenção dos pesquisadores, fato
atribuído ao crescimento dos esportes
eqüestres que exigem constante
aprimoramento do desempenho dos animais.
O emprego da eletromiografia de superfície
possibilita relacionar a atividade elétrica
muscular com os diferentes tipos de solo
onde o animal se locomove (Perrelli, 2001).
O uso de esteiras para análise da locomoção
tem permitido a descrição da locomoção dos
eqüinos em diferentes velocidades, e pode
contribuir para a descrição do andamento
das raças eqüinas nacionais.
O uso de equipamentos de alta resolução,
como câmeras de filmagem e plataformas de
força, aliado ao treinamento dos animais em
esteiras para melhor acuidade dos resultados
possibilita estudos visando a determinação
do centro de gravidade e os parâmetros
biomecânicos da locomoção (Buchner,
2000).
As pesquisas sobre o andamento dos
eqüídeos provêem, em quase sua totalidade,
de raças estrangeiras, com características
distintas das observadas nas raças
marchadoras nacionais. Observa-se grande
variação dos atributos da marcha nestas
raças, tornando-se, hoje, um foco de
discussão. Desta forma, existe uma lacuna
no que diz respeito ao conhecimento e à
caracterização do andamento marchado dos
eqüinos nacionais, a avaliação dos
mecanismos envolvidos e sua herança. O
Brasil constitui-se no principal detentor do
patrimônio genético da marcha eqüina,
sendo de fundamental importância a busca
do conhecimento à cerca dela (Procópio,
2004).
Lage (2001) estudou características
morfométricas e padrão de deslocamento de
animais da raça Mangalarga Marchador e
suas associações com a qualidade da
marcha, utilizando equipamento de vídeo
VHS (16Hz) e analisando imagens quadro a
quadro. Em suas conclusões, a autora cita
que a análise das imagens digitalizadas
indicou que a cinematografia da
movimentação dos animais pode também
servir como método de julgamento da
marcha. Além disso, estas análises
permitiram estabelecer os parâmetros
biomecânicos do andamento dos cavalos que
são úteis na prévia escolha de animais.
Avaliações cinemáticas, utilizando câmera
de alta resolução (250 imagens por segundo
ou 250 hertz) e o programa computacional
Simi Motion, foram realizadas em animais
da raça Mangalarga Marchador por Procópio
(2004), abrindo uma linha de estudos que
contribui para a descrição dos tipos de
andamento encontrados nos animais e,
futuramente, com desdobramentos para a
implantação de programas de melhoramento
para a característica marcha.
2.3. Possibilidades de apoios e contatos do
membro do eqüino com o solo
De acordo com terminologia utilizada por
Procópio (2004), tem-se que o apoio ou fase
de apoio compreende o período no qual o
membro se firma sobre o solo, suportando o
17
peso do animal. Já o contato é o instante no
qual o casco toca o solo.
As diversas possibilidades de apoio ou
contato dos eqüinos estão representados na
Figura 1, de acordo com o modelo proposto
por Hussni et al (1996), acrescentando as
possibilidades de apoios bipedais dos
membros posteriores e anteriores.
Figura 1: Possibilidades de apoios dos membros dos eqüinos. Adaptado de Hussni et al., (1996).
AD: Anterior Direito; AE: Anterior Esquerdo; PD: Posterior Direito; PE: Posterior Esquerdo
SUS Suspensão ou ausência de apoios ou contato
QUA Quadrupedal
TAD Tríplice Anterior Direito
TAE Tríplice Anterior Esquerdo
TPD Tríplice Posterior Direito
TPE Tríplice Posterior Esquerdo
BDD Bipedal Diagonal Anterior Direito
BDE Bipedal Diagonal Anterior Esquerdo
BLD Bipedal Lateral Direito
BLE Bipedal Lateral Esquerdo
MAD Monopedal Anterior Direito
MAE Monopedal Anterior Esquerdo
MPD Monopedal Posterior Direito
MPE Monopedal Posterior Esquerdo
BPO Bipedal Posterior
BAN Bipedal Anterior
18
2.4. Terminologias sobre os andamentos
dos eqüinos
Os andamentos encontrados nas diversas
raças de eqüinos são o passo, a andadura, o
trote, a marcha e o galope (Stashak, 1994;
Hussni et. al. , 1996; Nascimento, 1999). A
naturalidade do andamento refere-se à
execução natural do andamento, desde o seu
nascimento. Já o andamento artificial ocorre
quando o animal é condicionado a
determinado tipo de andamento. Em termos
gerais, a naturalidade da marcha é
extremamente valorizada pelos criadores da
raça Campolina.
Os diferentes tipos de andamento são
classificados como marchados, quando não
há perda de contato com o solo, ao contrário
do andamento saltado onde ocorrem perdas
de contato do casco do animal com o solo. A
simetria do andamento é representada pela
regularidade na repetição dos tipos de apoios
e na seqüência de suas ocorrências
(Hildelbrand, 1965).
As batidas são os ruídos produzidos pelo
casco quando o membro toca o solo e o
tempo pode ser definido como o número de
batidas em uma passada completa. A
passada é caracterizada por um ciclo
completo de séries repetidas, compreende a
seqüência de apoios entre dois momentos
idênticos de apoios sucessivos do mesmo
membro (Procópio, 2004; Lage, 2001).
A passada completa compreende o
ciclo completo de séries repetidas dos
movimentos do membro que caracterizam
um andamento particular. É a seqüência de
apoios compreendida entre dois momentos
idênticos de apoio sucessivos do mesmo
membro (Procópio, 2004). Para sua
identificação é comum definir um dos
membros anteriores como referência,
dependendo do plano de filmagens. O
comprimento da passada, expresso em
centímetros ou metros, corresponde ao
deslocamento efetuado pelo membro de
escolha em uma passada completa.
A freqüência da passada, expresso
em passadas por segundo ou hertz, ou,
ainda, em passadas por minuto, corresponde
ao número de passadas completas por
unidade de tempo (Procópio, 2004).
2.4.1. Passo, andadura, marcha, trote e
galope
O passo compreende um andamento natural,
marchado, simétrico, lateral e diagonal a
quatro tempos. Seus movimentos e apoios
são bipedais laterais e diagonais,
intercalados por apoios tripedais. Suas
reações são suaves, com deslocamento
moderado do centro de gravidade,
principalmente na vertical. A extensão da
passada é, aproximadamente igual a altura
do animal, e a velocidade entre 6 e 7
quilômetros por hora para um cavalo de 160
cm de altura na cernelha. Sua principal
utilização está no serviço de tração pesada
(Nascimento, 1999), servindo também para
os treinamentos dos mais variados
exercícios.
A andadura é um andamento natural ou
artificial, marchado, simétrico, lateral a dois
tempos. Seus movimentos e apoios são
bipedais laterais, com instantâneo apoio
quadrupedal na troca dos bípedes. Suas
reações são suaves, com centro de gravidade
apresentando maior deslocamento em lateral
do que na vertical, prejudicando o equilíbrio.
Sua passada apresenta aproximadamente
180 cm de comprimento e sua velocidade é
próxima de 8,5 quilômetros por hora. Este
compreende um andamento de função
indefinida, sendo apreciado por equitadores
inexperientes (Nascimento, 1999). Em
corridas de Pace existe uma variação da
andadura em alta velocidade, onde as
passadas podem chegar a 6 metros de
comprimento, alcançando mais de 50
19
quilômetros por hora, sendo neste
andamento observado períodos de suspensão
(Barrey, 2001 ).
O trote é um andamento natural, saltado,
simétrico, diagonal, a dois tempos. Seus
movimentos e apoios são diagonais
intercalados com momentos de suspensão
nas trocas dos bípedes. Suas reações são
ásperas devido ao grande deslocamento
vertical do centro de gravidade, sendo
mínimo o deslocamento deste na lateral, o
que confere grande equilíbrio ao animal.
Apresenta 240 cm de comprimento de
passada e velocidade próxima dos 12
quilômetros por hora. Existem algumas
variações do trote, como o trote de corrida a
quatro tempos, com passadas longas de
cerca de 6 metros de comprimento e 40
quilômetros por hora de velocidade. Este
andamento é utilizado para serviços de sela,
tração leve e esportes (Nascimento, 1999).
A marcha apresenta algumas variações em
sua descrição, sendo algumas, até
conflitantes de acordo com Procópio (2004).
A marcha é um andamento natural, podendo
também ser artificial, marchado, simétrico
quando de boa qualidade, lateral e diagonal
a quatro tempos. Seus movimentos e apoios
são dos bípedes laterais e diagonais,
intercalados por tripedais, devido à
dissociação dos membros, conforme
diagrama apresentado na Figura 2, sendo
está descrição clássica, não encontrada por
Procópio (2004). Suas reações são suaves
com pouco deslocamento de centro de
gravidade. O comprimento da sua passada
está próximo a 2 metros e a velocidade entre
12 e 14 quilômetros por hora (Nascimento,
1999). Existem grandes variações neste
complexo andamento, que podem ser
simplificadas com a definição de marcha
picada ou lateralizada, onde os membros se
movimentam predominantemente com os
bípedes em laterais, aproximando-se em
extremos à andadura. A marcha batida, por
outro lado, apresenta predomínio dos
bípedes em diagonal, com seus extremos
aproximando-se do trote. É sempre
importante que o animal esteja
permanentemente em contato com o solo,
pois este se torna pré-requisito para a
classificação do andamento marchado. Isto
se faz com pelo menos o contato de um dos
cascos do animal com o solo, caracterizando
os contatos monopedais, considerados
indesejáveis para a marcha (Lage, 2001;
Procópio, 2004).
Adaptado de Hussni et al., (1996).
Figura 2: Representação do diagrama de marcha em oito seqüências de apoios.
TAD Tríplice Anterior Direito;
BDD Bipedal Diagonal Anterior Direito;
TPE Tríplice Posterior Esquerdo;
BLE Bipedal Lateral Esquerdo;
TAE Tríplice Anterior Esquerdo;
BDE Bipedal Diagonal Anterior Esquerdo;
TPD Tríplice Posterior Direito;
BLD Bipedal Lateral Direito.
20
O galope é um andamento natural, saltado,
assimétrico, diagonal a três tempos. O
animal locomove-se com os bípedes em
diagonal, com os membros pélvicos
movimentando-se pouco antes dos torácicos.
Os apoios são monopedais, bipedais.
tripedais e, ainda, com momentos de
suspensão. Os deslocamentos do centro de
gravidade são amplos, exceto os laterais.
Todavia, as reações são relativamente
suaves, graças à velocidade e à única
projeção do corpo em cada passada
(Nascimento, 1999). O galope normal
apresenta passada com 3,70 metros de
comprimento e velocidade de,
aproximadamente, 20 quilômetros por hora.
Grandes variações ocorrem também no
galope, sendo as principais o galope curto e
o galope alongado. Existe, ainda, o galope
de corridas, que ocorre a quatro tempos,
atingindo aproximadamente 70 quilômetros
por hora e passadas de sete metros de
comprimento. Este andamento é utilizado
para fins esportivo e viagens curtas
(Procópio, 2004).
2.4.2. A marcha, segundo a Associação
Brasileira dos Criadores do Cavalo
Campolina - ABCCC
De acordo com o Padrão Racial do Cavalo
Campolina (Apêndice I), da Associação
Brasileira dos Criadores do Cavalo
Campolina (ABCCC, 2005) a marcha é um
andamento natural de tríplices apoios,
cômodo, elegante, desenvolta e regular.
Os animais deverão ser julgados, obrigatória
e preliminarmente, quanto à naturalidade de
sua marcha, com tríplices apoios definidos,
para poderem ser avaliados quanto aos
quesitos de qualidade de seu andamento
marchado. Durante o concurso, os árbitros
deverão levar em conta, pela ordem, os
quesitos e pesos:
I - Dissociação - É a movimentação dos
quatro membros em momentos diferentes,
de forma rítmica e cadenciada, resultando na
ocorrência dos diferentes apoios laterais,
diagonais e tríplices, permitindo a
manutenção do animal sempre em contato
com o solo durante sua locomoção, condição
básica para que ocorram os tríplices apoios.
Peso 20 (vinte);
II - Comodidade - É a qualidade do
andamento pela qual os movimentos do
animal não transmitem atritos e abalos ao
cavaleiro. Peso 30 (trinta);
III - Estilo - É o conjunto formado pela
postura, equilíbrio, harmonia, elegância e
energia dos movimentos do animal. Peso 20
(vinte);
IV - Regularidade - É a manutenção do
mesmo tipo de marcha durante o
deslocamento, conservando-a sempre bem
definida e estável, no mesmo ritmo e
cadência. Peso 15 (quinze);
V - Desenvolvimento - É a resultante de
passadas amplas, elásticas, desenvoltas e
equilibradas, de modo a cobrir maior
distancia com menor número de passadas,
em marcha natural e velocidade regular, sem
prejuízo da dissociação e comodidade de sua
marcha. Peso 15 (quinze) (ABCCC, 2006).
2.4.3. Transições dos andamentos e
velocidade das passadas
Chieffi (1946,1949) estudou cavalos
marchadores observando a importância dos
momentos de transição dos andamentos.
Para conseguir aumentar a velocidade, o
cavalo pode alterar seu andamento do passo
para a marcha ou o trote, e destes para o
galope reunido e alongando ainda este
andamento.
Cada andamento pode ser estendido pela
mudança das características espaciais e
temporais da passada, sendo esta mudança
relacionada principalmente a dois fatores. O
primeiro é o custo metabólico ótimo em que
21
o animal utiliza um padrão de movimentos
que lhe proporcione menor consumo de
energia de acordo com a velocidade
empregada. Por isto, em velocidades lentas,
os cavalos vão ao passo, em velocidades
medianas utilizam a marcha ou o trote e em
velocidades mais altas utilizam o galope. O
outro fator que leva à alteração do
andamento está relacionado ao pico de força
de reação no solo, também relacionado à
velocidade (Procópio, 2004).
Para aumentar a velocidade de um
andamento em particular, a amplitude da
passada torna-se maior e a duração do ciclo
é diminuída de forma a repetir os
movimentos mais freqüentemente. A
freqüência da passada e a amplitude da
passada são os dois principais componentes
da velocidade. A velocidade média pode ser
estimada pelo produto da freqüência pela
amplitude da passada.
Barrey (2001) revelou que nos animais de
trote, o comprimento da passada aumentava
linearmente com a velocidade do andamento
e que a freqüência da passada aumentava de
forma não linear e mais lentamente. Deuel e
Lawrence (1987) citados por Barrey (2001)
observaram que quando o equitador
estimulava o cavalo com a espora, existia
uma redução do comprimento e um aumento
da freqüência da passada correspondendo à
uma diminuição do tempo de apoio dos
anteriores. Entretanto, neste caso, não
ocorria mudança significativa da velocidade.
A Tabela 1 nos mostra as variações da
velocidade, do comprimento e da freqüência
das passadas de cavalos em provas de
adestramento, onde se nota para as variações
de andamento um aumento das três variáveis
(velocidade, comprimento e freqüência).
.
Tabela 1: Diferentes tipos de andamentos e suas respectivas velocidades, comprimento e freqüência das
passadas, em animais de competição da Federação Eqüestre Internacional (FEI)
Tipo de andamento Velocidade
(km/h)
Comprimento
(m)
Freqüência
(passadas/s)
Passo reunido
5,04 1,57 0,87
Passo médio
6,12 1,87 0,92
Passo alongado
6,48 1,93 0,93
Trote reunido
11,5 2,5 1,28
Trote médio
16,09 3,26 1,37
Trote alongado
17,75 3,55 1,38
Fonte: (Clayton, 1995; Adaptado de Procópio, 2004).
2.5. Morfometria e o andamento dos
eqüinos
O estudo das mensurações das regiões do
corpo dos animais, pode ser definida como
biometria e também como morfometria,
envolvendo aspectos importantes das regiões
anatômicas e compreendem parte importante
dos estudos de biomecânica, pois muitas
vezes os resultados cinemáticos podem estar
associados às características facilmente
mensuráveis nos animais.
Lage (2001) relatou que animais de sela
podem enquadrar os de corrida, salto, pólo,
passeio ou serviço. Assim sendo, poucas são
as literaturas científicas com estudos
descrevendo critérios objetivos para o
julgamento da conformação dos cavalos
marchadores, sendo, portanto, empregadas
22
terminologias, conceitos e descrições sem
paralelo quantitativo.
Nos estudos da locomoção, a cabeça
desempenha uma função essencial que é a de
funcionar como um pêndulo. Deve haver
uma boa proporcionalidade entre o tamanho
da cabeça e o comprimento e volume do
pescoço, além de guardar proporções
próprias entre largura, profundidade e
comprimento. Uma cabeça muito volumosa,
ligada a um pescoço longo, dificulta a
manutenção do equilíbrio dinâmico,
deslocando o centro de gravidade para
frente, dificultando manobras e o próprio
andamento (Inglês et al.,2004; Berbari Neto,
2005).
A cabeça deve ser de comprimento mediano.
Se excessivamente curta, torna-se móvel e
facilita o movimento dos anteriores, porém
ao deslocar o centro de gravidade para trás
predisporá a movimentos improgressivos. A
fronte deve ser larga, simétrica e plana, para
proporcionar um indicativo de amplo espaço
cefálico e implicando em bom
desenvolvimento dos seios frontais, além de
denotar um amplo campo visual (Vale,
1984).
Se o pescoço apresenta limitação de
comprimento, o alcance dos membros
anteriores será restringido, afetando
negativamente a amplitude das passadas.
Um cavalo de pescoço curto terá um
deslocamento curto dos membros anteriores.
Já nos animais de pescoço excessivamente
longo, os músculos tendem ao
subdesenvolvimento, estando, desta forma,
mais propensos à fadiga (Berbari Neto,
2005). Os movimentos do pescoço devem
ser amplos e fáceis, para deslocar oportuna e
convenientemente o centro de gravidade do
corpo e manter com segurança o equilíbrio
do animal, tanto durante o deslocamento
como quando em estação (Torres e Jardim,
1984).
O peito do Campolina deve ser amplo e
musculoso para que haja uma boa
sustentação, afastamento e flexionamento
dos membros anteriores. Com relação à
altura da cernelha e a altura de garupa deve
ser de igualdade tendo em vista que um
cavalo menso (com garupa mais alta que a
cernelha) tem os apoios dos seus anteriores
no solo mais contundentes, o que se traduz
em sensível desconforto ao cavaleiro (Inglês
et al., 2004). Nos bons cavalos de sela, a
relação entre a altura do costado e o vazio
sub-esternal não deve ser inferior a 0,80,
sendo ideal a relação de 0,85 (Torres e
Jardim, 1984).
Para um cavalo ser bem proporcionado é
necessário que o dorso-lombo seja
relativamente curto, enquanto a espádua e a
garupa sejam longas. Quando a espádua é
curta e a garupa breve, o dorso-lombo tende
a ser comprido e defeituoso, o que torna o
animal impróprio para qualquer gênero de
serviço (Santos, 1981).
A garupa deve ser ampla, longa,
proporcional e coberta por musculatura
sólida e bem desenvolvida. O comprimento
da garupa está relacionado à impulsão e
velocidade do cavalo. A garupa deve igualar
seu comprimento e largura, porém não deve
exceder certo limite, pois o excessivo
afastamento das articulações coxo-femorais
torna a marcha oscilante. A garupa estreita é
um defeito porque implica em fraco
desenvolvimento muscular, restringindo a
amplitude dos posteriores (Vale, 1984).
As espáduas, devido à influência positiva ou
negativa que podem exercer sobre as
diversas fases da locomoção, merecem
atenção especial. Elas devem ser longas,
oblíquas, bem definidas, musculosas e de
amplos movimentos. Esta morfologia
favorece a amplitude das passadas dos
membros anteriores. Espáduas curtas
restringem a amplitude da passada (Inglês et
al., 2004).
23
A largura da canela é dada não só pelo
volume do osso, mas também pelos tendões,
que devem ser firmes e bem implantados, o
que garante bom desenvolvimento dos
músculos e garantia de solidez desta região
zootécnica (Vale,1984; Barbosa,1993).
Jordão e Camargo (1950) determinaram as
medidas lineares de animais que
compunham o rebanho eqüino Mangalarga
da Coudelaria Paulista, de 1937 a 1949. Os
animais foram mensurados do nascimento
aos 60 meses de idade, sendo estas medidas
comparadas com as de diversas raças
estrangeiras e com a média de produtos
Mangalarga obtida por Raythe (1938), tanto
em termos de valores absolutos quanto em
índices de proporções.
Fontes (1957) em estudo realizado sobre a
biometria do cavalo Campolina, compilou as
medidas lineares dos animais registrados na
ABCCC, desde 1951 à 1956. Naquela época,
observou-se para os animais adultos, acima
de cinco anos de idade, as seguintes medidas
para machos e fêmeas, respectivamente:
altura da cernelha de 154,8 ± 0,58
centímetros e 149,2 ± 0,26 centímetros;
comprimento do corpo de 159,3 ± 1,08
centímetros e 155,3 ± 0,62 centímetros;
perímetro torácico de 180,2 ± 0,69
centímetros e 175,8 ± 0,58 centímetros e
perímetro de canela de 19,7 ± 0,14
centímetros e 17,9 ± 0,07 centímetros. O
estudo apontou a tendência de a raça atingir
a altura de cernelha ideal, segundo os
padrões da época, que eram de 155
centímetros e 150 centímetros para machos e
fêmeas, respectivamente. Porém, este autor
afirmou que não se poderia proceder a uma
discussão sobre as demais medidas tomadas
isoladamente, uma vez que faltavam
elementos para comparação dentro da raça.
Carneiro et al. (1952) utilizaram dados de
252 animais constantes do Registro do
Mangalarga Marchador. Avaliaram a altura
da cernelha e da garupa, o comprimento do
corpo e da cabeça, a largura da cabeça e o
perímetro do tórax e da canela, em animais
com idade superior a cinco anos de idade.
Os autores observaram valores médios de
altura da cernelha para machos de 151
centímetros .
Barbosa (1993) realizou estudo
morfométrico na raça Mangalarga
Marchador e avaliou a conformação de
animais acima de 36 meses, com dados
referentes a, aproximadamente, 57% do total
de animais registrados em livros fechados da
raça, de 1988 até 1992. Seu estudo
encontrou, para 2806 machos e 16931
fêmeas, respectivamente, as seguintes
médias das medidas lineares: 1,50 metros e
1,46 metros para altura de cernelha, 1,49
metros e 1,46 metros para altura de garupa,
0,21 metros e 0,20 metros para largura de
cabeça, 0,50 metros e 0,50 metros para
largura de ancas, 1,74 metros e 1,72 metros
para perímetro de tórax, 0,18 metros e 0,17
metros para perímetro de canela, 0,58
metros e 0,57 metros para comprimento de
cabeça, 0,62 metros e 0,60 metros para
comprimento de pescoço, 0,51 metros e 0,53
metros para comprimento de dorso-lombo,
0,52 metros e 0,51 metros para comprimento
de garupa, 0,54 metros e 0,52 metros para
comprimento de espádua e 1,51 metros e
1,48 metros para comprimento de corpo.
Santos et al. (1993) analisaram medidas
lineares de animais registrados da raça
Pantaneira. As medidas encontradas para
machos adultos desta raça foram: altura de
cernelha de 1,42 metros, altura de garupa de
1,38 metros e comprimento de corpo de 1,46
metros.
Zamborlini (1996), utilizando as mesmas
medidas empregadas por Barbosa (1993),
realizou um estudo genético quantitativo das
medidas lineares da raça Mangalarga
Marchador, avaliando características de
12.524 registros obtidos dos Livros de
Registro Genealógico dos anos de 1989 a
1993. Em relação as características
morfológicas, o autor verificou que a altura
24
média na cernelha para os machos foi de
1,50 ± 0,024 metros e de 1,45 ± 0, 0032
metros para as fêmeas. O autor indicou que é
possível obterem-se respostas positivas à
seleção destas características, em função das
estimativas de herdabilidade para as medidas
corporais terem sido de valores médios a
altos.
Avaliando-se fatores genéticos e de
ambiente que interferem nas medidas
lineares dos pôneis da raça Brasileira, Costa
et al. (1998), utilizando dados da Associação
Brasileira dos Criadores de Cavalo Pônei,
que constavam de 7.723 animais acima de
36 meses, observaram a altura da cernelha e
da garupa, a largura da cabeça, da garupa e
do peito, e os comprimentos da cabeça, do
pescoço, do dorso-lombo, da garupa e do
corpo. Os autores verificaram os efeitos de
reprodutor, da idade, do ano e do mês de
registro, do tipo de registro (Aberto ou
Fechado), do sexo e da região de origem
foram causas importantes de variação em
todas as medidas analisadas. Os machos
registrados eram menores que as fêmeas em
todas as medidas, com exceção feita às
larguras do peito e cabeça, o que era
esperado, tendo-se em vista que o propósito
desta criação é o de redução de tamanho.
Lage (2001) realizou exame morfométrico
em animais da raça Mangalarga Marchador
avaliando também imagens digitalizadas do
andamento dos animais. O autor determinou
correlações entre as diversas características e
análises de regressão linear simples dos
atributos da marcha sobre os diagramas de
apoio. As associações entre os atributos para
a avaliação do andamento e os itens de
avaliação morfológica foram de pequena a
moderada magnitudes.
Pinto (2003) procedeu à mensuração de
animais da raça Mangalarga Marchador em
várias fases de vida. Nas éguas todos os
coeficientes de variação foram considerados
baixos, sendo o maior deles distância do
joelho ao boleto, que foi de 7,8%. Nos
garanhões, as medidas de comprimento do
casco posterior, perímetro do boleto e
largura do peito foram as que mais variaram,
com coeficientes de 7,8, 7,0 e 7,0%,
respectivamente.
Berbari Neto (2005) avaliando 3.882
garanhões da raça Campolina registrados de
1966 a 2002, identificou falta de proporção
entre comprimento de espádua e de dorso-
lombo, sendo o primeiro curto e o segundo
longo. O autor percebeu forte correlação
entre altura da cernelha, altura do dorso e da
altura da garupa, enquanto relações fracas do
comprimento do dorso-lombo com o
comprimento da garupa, largura da cabeça,
do peito e das ancas.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Animais do estudo
A pesquisa foi realizada com informações de
20 animais adultos da raça Campolina, nove
machos, sete fêmeas e quatro machos
castrados, com idades variando de 42 a 142
meses e média de 84 meses, todos
premiados no quesito andamento e
escolhidos pelo CETERC Centro de
Treinamentos e Estudos da Raça Campolina,
durante a XXIV Semana Nacional do
Cavalo Campolina, realizada nos dias 5 a 10
de Setembro de 2004, no Parque de
Exposições Bolívar de Andrade, em Belo
Horizonte, Minas Gerais.
Os animais do estudo foram selecionados
pela classificação dos árbitros, entre
primeiro e quarto lugares no quesito
andamento dos respectivos julgamentos,
baseada nas orientações do CETERC, da
Associação Brasileira dos Criadores do
Cavalo Campolina - ABCCC.
Realizou-se uma filmagem para a coleta de
imagens de 18 animais, sendo nove machos,
seis fêmeas e três castrados, das suas
respectivas marchas, em três repetições
25
cada, e em um dos machos realizou quatro
repetições, totalizando, nesta etapa, 55
repetições. Dos 20 animais iniciais, um
macho castrado e uma fêmea foram
escolhidos para serem filmados nas
variações dos andamentos: passo curto,
passo médio, passo alongado, marcha curta,
marcha média e marcha alongada, em duas
repetições para cada variação do andamento,
totalizando 24 repetições. Realizou-se,
ainda, de todos os animais, a coleta de 28
medidas lineares.
3.2. Ambiente de filmagens
Todos animais filmados foram montados
pelos seus respectivos cavaleiros ou por
cavaleiros de reconhecida habilidade em
equitação. A coleta de imagens foi realizada
de acordo com protocolo de filmagens
idealizado por Procópio (2004).
O local escolhido dentro do parque de
exposições, apresentava piso asfaltado,
escuro, firme e plano. Neste local foi
posicionado um fundo escuro, composto de
madeirite, pintado de cinza escuro, com seis
metros de comprimento e 2,4 metros de
altura e fixado em estrutura de madeira
verticalmente ao solo e paralelamente a
pista de filmagem (Figura 3).
Figura 3: Visão esquemática do local de filmagem (1. Fundo homogêneo de madeirite, 2. Pista de
filmagem com 1m largura e 15m de comprimento, 3. Filmadora fixada à um tripé à 15 m da pista em uma
perpendicular ao centro, 4. Computador, 5. Placa de identificação do animal e repetições, 6. Iluminação e
7. Régua de calibração 2m, em posição 7 horizontal e 7’ vertical).
26
As filmagens ocorreram no dia 9 de
setembro de 2004, entre as 19 e 23 horas,
utilizando câmera de alta resolução, Red
Lake Motionscope PCI 500, conectada a um
computador, com velocidade de filmagem
de 250 hertz ou quadros por segundo (Red
Lake, 2004). O posicionamento da câmera
deu-se de forma perpendicular ao plano de
filmagem, sobre tripé com nivelamento, a 15
metros de distância do centro da pista de
filmagens. A pista de filmagens contava com
grande área anterior de posicionamento do
animal de maneira alinhada, uma pista
demarcada com giz branco de 15 metros de
comprimento por um metro de largura e uma
pista posterior à área de filmagens para
desaceleração do animal. A área de
filmagem compreendia oito metros da pista
demarcada com giz, conforme o esquema
representado na Figura 3. O computador
utilizado apresentava o programa
computacional Simi Motion 3D, versão 6.0
(Simi, 2006), permitindo a captura das
imagens na resolução escolhida.
A calibração da câmera ocorreu com a
captura de imagens de uma régua de madeira
com 2,1 metros de comprimento, com dois
marcadores, distantes dois metros um do
outro. As imagens foram capturadas com a
régua posicionada no plano de filmagem na
vertical e na horizontal, sendo esta posição
perpendicular à câmera de filmagem. Após a
coleta de imagens para as calibragens, a
régua foi retirada e teve início a fase de
adaptação e a captura das imagens dos
animais.
Para iluminação foram utilizados três
holofotes de 500 watts, distribuídos
estrategicamente na área de filmagem. A
rede elétrica utilizada foi de 110 e 220
volts, fornecendo energia para os holofotes e
o computador.
A área de filmagem, assim como toda a área
de aceleração e frenagem dos animais, foram
devidamente isoladas do público por cordão
de isolamento.
3.3. Captura das imagens e repetições
Para cada filmagem os animais passavam
inicialmente no passo para adaptação previa
as condições do experimento. Em seguida, o
cavaleiro montava o animal e passava
novamente por duas vezes ao passo para
continuidade da adaptação, seguindo-se duas
passagens na marcha de adaptação e dando
inicio a capturas das imagens. Nesta etapa,
os cavaleiros foram orientados para
passarem com seus animais em velocidade
semelhante à apresentada durante os
julgamentos na pista de exposições.
Em cada filmagem foi escolhida uma
passada, posteriormente, pelo programa
Simi Motion. Sendo estas passadas, para
contabilização dos tempos de apoio e do
comprimento da passada. A passada de
escolha foi a que melhor enquadrava o
animal no plano de filmagem com a
visualização de todos os marcadores
reflexivos.
3.4. Pontos anatômicos para colocação de
marcadores reflexivos
Foram utilizados 19 pontos anatômicos,
conforme descrito por Procópio (2004),
afixados na lateral esquerda dos animais,
objetivando a quantificação das variáveis
biomecânicas, conforme a Figura 4.
Os marcadores de número 10, 11, 18 e 19,
receberam uma maior importância no
presente estudo por serem os que visavam a
quantificação dos tempos de apoio e o
contato dos cascos no solo. Os outros
marcadores, também de grande importância,
foram utilizados para a captura de imagens e
serão trabalhados em estudos futuros. A
seqüência de marcadores está listada a
seguir:
27
Figura 4: Representação dos 19 marcadores reflexivos.
Cabeça:
1) Linha imaginária entre a rima labial e a
crista facial.
2) Porção cranial da face lateral da asa do
Atlas.
Pescoço:
3) Borda cranial do terço médio do músculo
supra-espinhoso.
Membro Anterior:
4) Porção dorsal superior da espinha da
escápula.
5) Área central da articulação escápulo-
umeral.
6) Tuberosidade radial do rádio logo abaixo
da cavidade glenóidea.
7) Terço médio da articulação cárpica, rádio-
cárpica-matacarpica.
8) Terço médio da articulação metecarpo-
falangeana, membro anterior esquerdo.
9) Articulação interfalangeana proximal,
membro anterior esquerdo.
10) “Meia Lua” de marcador na face lateral
do casco, membro anterior esquerdo, em
contato com a ferradura ou solo.
11) “Meia Lua” de marcador na face medial
do casco, membro anterior direito, em
contato com a ferradura ou solo.
Membro Posterior:
12) Face cranial lateral da tuberosidade
ilíaca, tubérculo coxal.
13) Ponto de inserção do fêmur ao
acetábulo, trocânter maior.
14) Epicôndilo lateral do fêmur.
15) Terço médio na articulação társica, tíbio-
tarsica-metatarsica.
16) Terço médio da articulação metecarpo-
falangeana, membro posterior esquerdo.
17) Articulação interfalangeana proximal,
membro posterior esquerdo.
18) “Meia Lua” de marcador na face lateral
do casco, membro posterior esquerdo, em
contato com a ferradura ou solo.
28
19) “Meia Lua” de marcador na face medial
do casco, membro posterior direito, em
contato com a ferradura ou solo.
3.5. Análises das imagens
As imagens foram digitalizadas e
processadas através da utilização do
programa Simi Motion (2006) para análises
biomecânicas, no Laboratório de
Biomecânica do Centro de Excelência
Esportiva da Escola de Educação Física da
UFMG (CENESP). Os tempos de contato ou
apoio dos membros foram quantificados,
assim como a velocidade, o comprimento e a
freqüência das passadas.
Contabilizamos os momentos de contato do
casco do animal com o solo, a partir dos
contatos dos cascos com o solo, não
necessitando de apoio integral. Pois, aquele
pequeno momento de contato existe atuação
de forças físicas, este momento foi o instante
onde contabilizamos os tempos para as
descrições das seqüências das passadas.
A Tabela 2 e as Figuras 5 e 6, apresentam
um exemplo, de um animal com 153
centímetros de altura na cernelha, para o
cálculo da proporção de tempo em cada
apoio em uma passada, a representação de
seu diagrama de marcha, o comprimento da
passada e o tempo total da passada em
segundos e seu respectivo tempo da passada
ou “Frame”.
Tabela 2: Exemplo de contabilização da proporção de tempo em % para cada possibilidade de
combinação de apoio ou contato em relação ao tempo da passada total, a partir dos dados de Frame,
Tempo(s), AD, AE, PD, PE, Apoios e Tempo dos apoios (s)
Frame Tempo (s) AD AE PD PE Apoios
Tempo dos
apoios (s)
Proporção de tempo
%
0 0,000
x x BLD
0,016 3,08
4 0,016
x x x TAD
0,004 0,77
5 0,020
x x BDD
0,204 39,23
56 0,224
x MPE
0,036 6,92
65 0,260
x x BLE
0,012 2,31
68 0,272
x x x TAE
0,004 0,77
69 0,276
x x BDE
0,200 38,46
119 0,476
x MPD
0,044 8,46
130 0,520
x x BLD
0,000 0,00
Total: 0,520 100
AD: Anterior Direito; AE: Anterior Esquerdo; PD: Posterior Direito; PE: Posterior Esquerdo; TAD Tríplice Anterior Direito; TAE
Tríplice Anterior Esquerdo; BDD Bipedal Diagonal Anterior Direito; BDE Bipedal Diagonal Anterior Esquerdo; BLD
Bipedal Lateral Direito; BLE Bipedal Lateral Esquerdo; MPD Monopedal Posterior Direito; MPE Monopedal Posterior
Esquerdo.
Figura 5: Representação do diagrama de marcha do animal da Tabela 2.
BLD Bipedal Lateral Direito; TAD Tríplice Anterior Direito; BDD Bipedal Diagonal Anterior Direito; MPE Monopedal
Posterior Esquerdo; BLE Bipedal Lateral Esquerdo; TAE Tríplice Anterior Esquerdo; BDE Bipedal Diagonal Anterior
Esquerdo; MPD Monopedal Posterior Direito; BLD Bipedal Lateral Direito.
29
Adaptado de Simi Motion Projeto Campolina.
Figura 6: Exemplo de mensuração de comprimento da passada em metros, de 2,36 m e tempo da passada
com Frame de 130 e tempo total da passada de 0,520 segundos, entre dois apoios consecutivos do
membro anterior esquerdo.
Após a mensuração do comprimento e do
tempo da passada pelo programa Simi
Motion (2006), foram calculadas as
freqüências e as velocidades das passadas,
como se segue:
Tempo = tempo observado para a realização
da passada completa, em segundos;
Freqüência = freqüência da passada
calculada com 1/Tempo e apresentada como
passadas por segundo;
Velocidade = calculada como comprimento
multiplicado pela freqüência da passada e
apresentado em metros por segundo, quando
multiplicado o resultado anterior por 3,6
apresentaremos em quilômetros por hora.
Pelo exemplo do animal da Tabela 2 e das
Figuras 4 e 5, em uma de suas repetições,
obteve-se a partir de um comprimento da
passada de 2,36 metros e de um tempo da
passada de 0,52 segundos, a freqüência de
1,92 passadas por segundo e uma velocidade
de 4,54 metros por segundo ou 16,34
quilômetros por hora.
3.6. Morfometria - medidas lineares
Os animais foram mensurados por um único
árbitro e Médico Veterinário treinado e
auxiliado por um ajudante nas anotações,
nos dias 9 e 10 de setembro de 2004, em
único local no parque de exposições, com
piso plano e firme. Utilizou-se Hipômetro
30
Metálico com nível de aferição e trena
metálica de três metros. Nesta etapa, foi
realizada a marcação dos pontos anatômicos
com fita adesiva reflexiva de um centímetros
quadrado, posteriormente, realizada a
mensuração e a anotação, de acordo com a
ficha do Apêndice II.
Os pontos anatômicos pré-determinados
para a tomada de medidas de altura,
comprimento, largura e perímetro e foram os
descritos por Procópio (2004) sendo:
Medidas de altura:
Cernelha - altura na região interescapular,
distância entre as extremidades livres do 5o
ou 6o processos espinhosos das vértebras
torácicas e o solo.
Dorso - distância entre a extremidade livre
dos processos das vértebras torácicas, T12
ou T13 , e o solo.
Garupa - distância entre o ponto mais alto da
transição lombo-sacra e o solo.
Membro Anterior - distância entre o ponto
mais alto da cartilagem escapular e o solo.
Membro Posterior - distância entre a
inserção do Fêmur ao Acetábulo, trocânter
maior, e o solo.
Tórax - distância entre os processos
espinhosos das vértebras torácicas ,T12 ou
T13 , e o processo xifóide das esternébras,
compreende a profundidade torácica.
Medidas de comprimento:
Cabeça - distância entre a extremidade labial
cranial e a borda posterior do osso occipital
da cabeça.
Pescoço - distância entre a porção cranial da
face lateral da asa do atlas e a borda cranial
do terço médio do músculo supra-espinhoso.
Espádua - distância entre a porção central da
extremidade proximal da cartilagem
escapular e o centro da articulação escápulo-
umeral.
Braço - distância entre a face lateral do
tubérculo maior do úmero e a extremidade
articular livre do epicôndilo lateral do
úmero.
Dorso-Lombo - distância entre os processos
espinhosos da vértebra torácica T8 e da
vértebra lombar L6.
Garupa - distância entre a porção cranial da
face lateral da tuberosidade ilíaca, tubérculo
coxal, e a tuberosidade isquiática da pelve.
Ílio-Fêmur - distância entre a porção cranial
da face lateral da tuberosidade ilíaca,
tubérculo coxal, e a inserção do fêmur ao
acetábulo, trocânter maior.
Fêmur - distância entre a face lateral do
trocânter maior e o epicôndilo lateral do
fêmur.
Corpo - distância entre a borda cranial da
articulação escápulo-umeral e a tuberosidade
isquiática da pelve.
Ante-braço - distância entre a tuberosidade
radial e a tróclea do rádio.
Perna - distância entre a borda do côndilo
lateral e o maléolo lateral da tíbia.
Canela anterior (III Metacarpiano) -
distância entre as extremidades articulares
das margens articulares das epífises
proximal e distal do III metacarpiano.
Canela posterior (III Metatarsiano) -
distância entre as extremidades articulares
das margens articulares das epífises
proximal e distal III metatarsiano.
Quartela anterior - distância entre a face
lateral das epífises proximal da primeira e
segunda falange do membro anterior.
Quartela posterior - distância entre a face
lateral das epífises proximal da primeira e
segunda falange do membro posterior.
Medidas de larguras:
Peito - distância entre os tubérculos maiores
laterais dos úmeros direito e esquerdo.
Ancas - distância entre as proeminências
mais laterais das tuberosidades ilíacas,
tuberosidades coxais, direita e esquerda.
Medidas de perímetros:
Perímetro do tórax - A fita métrica foi
colocada circundando o tórax, em contato
com a extremidade livre do processo
31
espinhoso de T11 e a região do 9o espaço
intercostal.
Canela Anterior (III Metacarpiano), canela
posterior (III Metatarsiano), joelho (carpo) e
jarrete (tarso) - essas medidas foram feitas
passando-se a fita métrica no terço médio
dos respectivos segmentos.
3.7. Análises estatísticas
Os procedimentos para organização dos
arquivos, cálculos de variáveis e análises
preliminares foram realizados utilizando-se
o pacote estatístico SAS (Statistical Analisys
System, 1990). Inicialmente foram testados
os efeitos de sexo e idade sobre todas as
variáveis do andamento e morfométricas,
não tendo sido verificada significâncias
estatísticas. Em seguida foram calculadas
estatísticas descritivas, médias, desvios-
padrões, mínimo, máximo e coeficiente de
variação, para todas as variáveis. Realizou-
se teste de comparação de médias, para os
tipos de andamentos, utilizando-se como
padrão para significância p<0,05 (Sampaio,
2002; Procópio, 2004).
Realizou-se o estudo de correlações entre
todas as medidas lineares. Após a escolha de
algumas medidas lineares processaram-se
novas correlações com as observações das
variáveis do andamento, como os tipos de
apoios, as velocidades, os comprimentos, as
freqüências e os tempos das passadas.
Efetuaram-se análises de regressão linear
simples para algumas das variáveis, que
apresentaram correlações significativas ao
nível de p<0,05, p<0,01 e p<0,001.
A equação de regressão linear utilizada foi:
Y = a + bX
Onde:
. Y é a estimativa da variável analisada,
variável dependente;
. a é o coeficiente linear da regressão,
intercepto, correspondendo teoricamente ao
valor de Y quando X for igual a 0;
. b é o coeficiente de regressão da
característica X, sobre a resposta encontrada
em Y ;
. X é a variável independente da equação de
regressão.
O processo estatístico realizou-se no LADA
Laboratório de Análises de Dados na
Unidade de Processamento de Dados do
Núcleo de Genética Eqüídea do
Departamento de Zootecnia da Escola de
Veterinária da UFMG.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Análises do Andamento
4.1.1. Análises descritivas das avaliações
cinemáticas
Pelos resultados apresentados na Tabela 3
observa-se que para as 55 repetições, dos 18
animais, avaliados na marcha de
apresentação normal (velocidade de
competição com que os animais foram
julgados e premiados) não houve momentos
de apoio ou contato de quadrupedal e de
suspensão, evidenciando a ausência de
andadura ou trote para esses animais. Nota-
se, ainda, ausência da ocorrência de apoios
bipedais somente dos anteriores e dos
posteriores. Os maiores valores médios
observados foram para os apoios ou contatos
de bipedal diagonal esquerdo, com 29,99% e
bipedal diagonal direito, com 29,49%,
seguido por bipedal lateral esquerdo, com
11,01% e bipedal lateral direito, com
10,03%. Os apoios tripedais foram maiores
nos apoios anteriores esquerdo e direito,
ficando os apoios tripedais posteriores com
médias menores. Os apoios monopedais dos
membros posteriores, em média, foram
maiores que os dos anteriores e,
apresentando como resultados, médias
maiores que os tríplices apoios. Os tempos
de apoios comparados nos apoios em lateral
direita e esquerda diferem pouco, observa-se
uma maior variação entre os apoios
anteriores e posteriores.
32
33
Na Tabela 4, verifica-se a distribuição dos
valores médios em ordem decrescente, para
os apoios bipedais diagonais com 58,88%,
bipedais laterais com 21,03%, monopedais
posteriores com 12,48%, monopedais
anteriores com 6,65%, tríplices anteriores
com 0,81% e tríplices posteriores com
0,14%.
Ao avaliar as médias apresentadas na Tabela
5 verifica-se, nas 55 repetições, o valor de
0,95% de ocorrências de tríplices apoios
totais, 19,13% de monopedais e os valores
de 58,88% das possibilidades de apoios
bipedais diagonais e 21,3% de bipedais
laterais.
Tabela 4: Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de variação (CV %) da
porcentagem de tempo em apoio em cada tipo de apoio, em relação às passadas totais, das 55 repetições
na marcha de apresentação
Tríplices
anteriores
Tríplices
posteriores
Bipedais
diagonais
Bipedais
laterais
Monopedais
anteriores
Monopedais
posteriores
Média 0,81 0,14 58,88 21,03 6,65 12,48
Desvio-padrão 1,49 0,52 13,88 12,35 5,21 6,37
Mínimo 0,00 0,00 23,36 1,54 0,00 0,00
Máximo 4,93 2,82 82,00 48,18 20,61 28,47
CV % 184,00 368,00 24,00 59,00 78,00 51,00
Tabela 5: Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de variação (CV %) da
porcentagem de tempo em apoio, em relação às passadas totais, das 55 repetições na marcha de
apresentação
Tríplices
Bipedais
diagonais
Bipedais
laterais
Monopedais
Média 0,95 58,88 21,03 19,13
Desvio-padrão 1,78 13,88 12,35 10,26
Mínimo 0,00 23,36 1,54 0,00
Máximo 7,75 82,00 48,18 44,53
CV % 187,00 24,00 59,00 54,00
4.1.2. Análises descritivas das proporções
dos apoios
A Tabela 6 apresenta os resultados das
velocidades médias dos animais de 13,82
quilômetros por hora. Para esta velocidade,
as proporções médias de apoios laterais e
diagonais foram de 21,03% e 58,88%,
respectivamente, permitindo classificar a
marcha como batida. A relação
lateralização/diagonalização foi, em média,
de 0,44 e a relação
diagonalização/lateralização de 5,78,
mostrando que os animais apresentavam, na
maior parte do tempo das passadas, apoios
diagonais, mas com momentos de
dissociação que se fazem necessários para a
presença e ocorrência dos tríplices apoios.
De acordo com Procópio (2004), a
dissociação dos membros, ou seja, a falta de
simultaneidade de movimentos entre os
membros anteriores e posteriores em lateral
e em diagonal, é o determinante para a
existência dos tríplices apoios e apoios
bipedais laterais e diagonais em uma mesma
passada. Pela avaliação das relações,
evidencia-se forte diferença entre os tempos
de apoios diagonais e laterais, sendo a
proporção de diagonalização superior à de
34
lateralização. Por estes resultados, pode-se
inferir que das 55 repetições avaliadas há
existência da dissociação nos animais da
raça Campolina avaliados. Comparado aos
dados de Procópio (2004) observa-se que os
apoios laterais encontrados na raça
Campolina são próximos aos encontrados
para os animais das classes marcha picada e
intermediária. Os apoios diagonais
aproximam-se das classes marcha picada e
batida, ficando distantes da classificação de
marcha trotada e classe mangalarga
marchador encontrada pelo autor.
Tabela 6: Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de variação (CV %), da
velocidade, proporção de lateral, proporção de diagonal, lateralização/diagonalização e
diagonalização/lateralização das 55 repetições na marcha de apresentação
Velocidade
(km / h)
Proporção de
lateral
Proporção
de diagonal
Lateralização /
diagonalização
Diagonalização/
lateralização
Média 13,82 21,03 58,88 0,44 5,78
Desvio-padrão 1,62 12,35 13,88 0,40 8,02
Mínimo 11,01 1,54 23,36 0,02 0,48
Máximo 17,29 48,18 82,00 2,06 52,50
CV % 12,00 59,00 24,00 92,00 139,00
4.1.3 Análises da velocidade, do
comprimento e da freqüência das
passadas
A velocidade média das 55 repetições
avaliadas, observadas na Tabela 7, nesta
etapa foi de 13,83 quilômetros por hora, com
uma velocidade máxima de 17,29
quilômetros por hora e mínima de 11,01
quilômetros por hora. Nestas amplitudes de
velocidades os animais não perderam
contato com o solo, não apresentando
momentos de suspensão. Procópio (2004),
analisando animais da raça Mangalarga
Marchador observou que os animais acima
de 14 quilômetros por hora apresentavam
momentos de suspensão, o que não ocorreu
para os animais do presente estudo.
O comprimento da passada foi, em média,
de 2,09 metros, sendo que o comprimento
máximo foi de 2,57 metros e a menor
passada foi de 1,68 metros.
A freqüência da passada, em média, foi de
1,84 passadas por segundo, equivalente ao
tempo médio da passada de 0,55 segundos.
A maior freqüência da passada foi de 2,00
passadas por segundo, equivalente ao tempo
mínimo da passada de 0,50 segundos.
Comparados aos resultados de Procópio
(2004) verifica-se proximidade dos animais
da classe Pampa marcha intermediária para
comprimento da passada e Pampa marcha
intermediária a batida para a velocidade da
passada, a freqüência da passada aproxima
os animais Campolina aos Pampa marcha
batida.
Tabela 7: Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de variação (CV %), da
velocidade, comprimento, freqüência e tempo das passadas das 55 repetições na marcha de apresentação
Velocidade
(km/h)
Comprimento
da passada
(m)
Freqüência
da passada
(passadas/s)
Tempo
da passada
(s)
Média 13,83 2,09 1,84 0,55
Desvio-padrão 1,63 0,19 0,10 0,03
Mínimo 11,01 1,68 1,63 0,50
Máximo 17,29 2,57 2,00 0,61
CV % 12,00 9,00 5,00 5,00
35
4.1.4. Análises dos andamentos: passo
curto, médio e alongado e marcha curta,
média e alongada
Para avaliar as possibilidades de variações
encontradas nas variações do andamento,
dois animais foram analisados nas seis
possibilidades clássicas de locomoção: passo
curto, passo médio e passo alongado,
marcha curta, marcha média e marcha
alongada, conforme Procópio (2004). Foram
quantificadas as velocidades, as
porcentagens dos tempos nos diversos tipos
de apoios em relação às passadas, os
comprimentos, as freqüências e os tempos
das passadas das 24 repetições dos animais
analisados.
Os resultados das variações do andamento
em passo curto, médio e alongado,
apresentados na Tabela 8, mostraram
inicialmente a ausência das possibilidades
do apoio quadrupedal e, inexistência de
momentos de suspensão, bipedais anteriores
e posteriores e monopedais.
No passo curto, com velocidade média de
4,85 quilômetros por hora, as maiores
porcentagens de apoios ocorreram nas
possibilidades de apoios tríplices dos
anteriores, direito, com 16,81%, e esquerdo,
com 18,63%, seguida dos apoios tríplices
posteriores, direito, com 13,21%, e
esquerdo, com 10,86%, bipedais laterais,
esquerdo, com 11,83%, e direito, com
10,08%, e bipedais diagonais com os valores
10,48% e 8,10%, respectivamente, para
bipedal diagonal direito e bipedal diagonal
esquerdo.
No passo médio, com uma velocidade média
de 6,48 quilômetros por hora, observou-se
uma redução dos apoios tríplices e aumento
dos momentos bipedais laterais, sendo os
maiores valores, 15,60%, encontrados para o
direito e para o esquerdo 15,67%.
No passo alongado, com uma velocidade
média de 6,78 quilômetros por hora,
verificou-se maior aumento para os apoios
laterais, redução dos apoios diagonais e
ligeiro decréscimo dos momentos de
tríplices apoios.
36
37
Na Tabela 9 são apresentadas as médias dos
apoios ou contatos encontrados nos animais
em suas respectivas variações da marcha.
Observou-se, inicialmente, ausência do
momento quadrupedal, dos bipedais
anteriores e posteriores e dos momentos de
suspensão, sendo este resultado positivo,
comprovando a inexistência da andadura e
do trote nos animais da raça Campolina
avaliados.
Na marcha curta, com velocidade
média de 12,02 quilômetros por hora, houve
predominância dos apoios bipedais, diagonal
esquerdo e direito, com 30,49% e 30,31%,
respectivamente. Em seguida, os apoios
bipedais, lateral esquerdo e direito, com
14,49% e 12,60%, respectivamente. Ocorreu
redução dos tempos de tríplices apoios, na
marcha curta, com início de ocorrência dos
apoios monopedais, evidenciando, neste
momento, o aumento da velocidade. Na
marcha curta, os apoios monopedais do
membro posterior direito foram 2,93%, e
maiores do que as outras possibilidades de
monopedais.
Na marcha média, com velocidade
média de 13,68 quilômetros por hora,
observou-se aumento das possibilidades de
apoios bipedais diagonais, sendo o direito de
33,07% e o esquerdo de 32,36%, com ligeira
redução dos apoios bipedais laterais, com o
direito de 10,12% e o esquerdo de 9,89%. O
tríplice apoio foi relativamente menos
freqüente, com apenas ocorrência dos
tríplices de anterior esquerdo, com 1,68%, e
direito, com 0,56%. A freqüência dos
apoios monopedais aumentou razoavelmente
e sua maior ocorrência foi observada nos
posteriores, sendo o direito de 5,87%, e
esquerdo de 3,86%.
Na marcha alongada, com
velocidade média de 16,20 quilômetros por
hora, verificou-se redução dos apoios
bipedais diagonais, direito, com 29,14%, e
esquerdo, com 26,42%, redução dos apoios
bipedais laterais direito, com 9,98% e um
ligeiro aumento do esquerdo, com 12,56%.
Observou-se para esta velocidade pequenos
momentos de tríplices apoios, ocorrendo,
ainda, apenas o tríplice de anterior esquerdo,
com freqüência média de 0,38%. O aumento
da freqüência dos apoios monopedais foi
evidente, com redução concomitante da
freqüência dos outros apoios para esta
velocidade de 16,20 quilômetros por hora
com as maiores freqüências para os apoios
monopedais, tanto posteriores, direito, com
8,12%, quanto esquerdo, com 6,96%, nos
anteriores, direito, com 3,28% e esquerdo,
com 3,09%.
38
39
Como na Tabela 8, a Tabela 10 não se
evidencia a presença de apoios monopedais,
tanto dos anteriores quanto dos posteriores,
para as variações do passo.
Tabela 10: Média, desvio-padrão, mínimo, máximo e coeficiente de variação (CV %), das velocidades e
das porcentagens de apoios em relação à passada total das 24 repetições analisadas
Andamentos
Velocidade
(km/h)
Tríplices
posteriores
Tríplices
anteriores
Bipedais
laterais
Bipedais
diagonais
Monopedais
anteriores
Monopedais
posteriores
Passo curto
Média
4,85 24,08 35,44 21,91 18,58 0,00 0,00
Desvio-padrão
1,28 11,37 3,83 1,35 10,23 0,00 0,00
Mínimo
3,53 13,91 32,09 20,30 8,60 0,00 0,00
Máximo
6,07 37,82 39,10 23,48 30,43 0,00 0,00
CV %
26,00 47,00 11,00 6,00 55,00 0,00 0,00
Passo médio
Média
6,48 16,43 27,89 31,27 24,41 0,00 0,00
Desvio-padrão
1,23 11,66 3,17 3,10 13,66 0,00 0,00
Mínimo
5,25 5,65 24,86 27,68 11,72 0,00 0,00
Máximo
7,58 27,84 30,77 33,92 41,81 0,00 0,00
CV %
19,00 71,00 11,00 10,00 56,00 0,00 0,00
Passo alongado
Média
6,78 16,34 30,51 34,67 18,49 0,00 0,00
Desvio-padrão
0,48 8,61 2,60 2,64 7,88 0,00 0,00
Mínimo
6,35 8,68 27,85 31,95 9,54 0,00 0,00
Máximo
7,27 24,48 34,02 37,90 25,11 0,00 0,00
CV %
7,00 53,00 9,00 8,00 43,00 0,00 0,00
Marcha curta
Média
12,02 1,19 5,26 27,09 60,80 2,03 3,64
Desvio-padrão
0,65 1,62 4,66 4,73 9,35 2,38 1,98
Mínimo
11,33 0,00 0,00 21,71 51,05 0,00 1,37
Máximo
12,67 3,42 9,79 31,91 69,74 4,61 5,59
CV %
5,00 136,00 89,00 17,00 15,00 118,00 54,00
Marcha média
Média
13,68 0,00 2,24 20,01 65,44 2,59 9,73
Desvio-padrão
1,10 0,00 2,65 11,14 13,38 3,08 3,60
Mínimo
12,72 0,00 0,00 7,50 51,88 0,00 6,43
Máximo
14,66 0,00 5,19 33,08 79,29 6,07 14,07
CV %
8,00 0,00 118,00 56,00 20,00 119,00 37,00
Marcha alongada
Média
16,20 0,00 0,38 22,54 55,56 6,37 15,08
Desvio-padrão
1,53 0,00 0,76 2,64 3,80 5,31 1,71
Mínimo
14,39 0,00 0,00 18,61 50,00 1,52 13,64
Máximo
17,65 0,00 1,52 24,24 58,33 12,50 17,46
CV %
9,00 0,00 200,00 12,00 7,00 83,00 11,00
No passo curto, para a velocidade média de
4,85 quilômetros por hora, a diferença entre
os valores médios encontrados para a
freqüência dos tríplices apoios anteriores e
posteriores, 35,44% e 24,08%
respectivamente, e diferenças entre os
apoios bipedais laterais, de 21,91%, sendo
estes maiores que os apoios bipedais
diagonais de 18,58%.
Em comparação ao passo curto, no passo
médio, com velocidade média de 6,48
quilômetros por hora, notou-se ligeira
redução dos tríplices anteriores e
posteriores, com 27,89% e 16,43%,
respectivamente, e aumento da freqüência
dos apoios bipedais laterais e diagonais, de
31,27% e 24,41%, respectivamente.
40
No passo alongado, com velocidade média
de 6,78%, existiu pequeno aumento
numérico na freqüência de tríplices apoios
anteriores e posteriores, com valores
respectivos de 30,51% e 16,34%, em relação
ao passo médio. Verificou-se ligeiro
aumento da freqüência dos apoios bipedais
laterais, com 34,67% e uma pequena
redução dos apoios bipedais diagonais, com
18,49%.
Verificou-se para a marcha curta, com
velocidade média de 12,02 quilômetros por
hora, redução importante da freqüência de
momentos de tríplices anteriores e
posteriores em relação aos valores
encontrados para as outras modalidades de
andamento, com pequena redução numérica
da freqüência dos bipedais laterais, com
27,09% e aumento dos apoios bipedais
diagonais. Notou-se a ocorrência de
monopedais em todas as variações da
marcha e, para a marcha curta, ocorrência de
3,64% de monopedais posteriores e 2,03%
de monopedais anteriores.
Na marcha média, com velocidade média de
13,68 quilômetros por hora, não foram
observados tríplices apoios dos posteriores,
ocorrendo redução dos tríplices anteriores,
com 2,24%, e bipedais laterais, com 20,01%.
Houve ligeiro aumento dos bipedais
diagonais, com 65,44%, nos apoios
monopedais existe um ligeiro aumento dos
monopedais anteriores e um grande aumento
para os monopedais posteriores, em relação
a marcha curta.
Na marcha alongada, com velocidade média
de 16,20 quilômetros por hora, a freqüência
de tríplices anteriores foi pequena, com
0,38%, houve aumento, em relação a marcha
média, dos apoios bipedais laterais, com
22,54%, e redução dos bipedais diagonais,
com 55,56%. Notou-se um importante
aumento da freqüência dos apoios
monopedais posteriores, com 15,08%, e
anteriores, com 6,37%.
As observações incluídas na Tabela 11,
reiteram os achados apresentados na Tabelas
10, isto é, a redução da freqüência dos
momentos de tríplices apoios do passo para
a marcha e o aparecimento dos momentos de
apoios monopedais na marcha, indicando
que com o aumento da velocidade e a
mudança do andamento do passo para a
marcha ser importante na variação da
seqüência e freqüência dos tipos de apoios.
A Tabela 12 apresenta comparação entre as
médias, com nível de significância de para
p<0,05 (Sampaio, 2002), das velocidades,
dos tríplices, dos bipedais laterais, e
diagonais e os monopedais, de acordo com
as possíveis variações do passo e marcha.
41
Tabela 11: Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de variação (CV %), das
velocidades e das porcentagens de apoios em relação às passadas totais das 24 repetições analisadas
Andamentos Velocidade
(km/h)
Tríplices
Bipedais
laterais
Bipedais
diagonais
Monopedais
Passo curto
Média
4,85 59,52 21,91 18,58 0,00
Desvio-padrão
1,28 11,43 1,35 10,23 0,00
Mínimo
3,53 46,09 20,30 8,60 0,00
Máximo
6,07 69,91 23,48 30,43 0,00
CV %
26,00 19,00 6,00 55,00 0,00
Passo médio
Média
6,48 44,32 31,27 24,41 0,00
Desvio-padrão
1,23 12,63 3,10 13,66 0,00
Mínimo
5,25 30,51 27,68 11,72 0,00
Máximo
7,58 58,61 33,92 41,81 0,00
CV %
19,00 28,00 10,00 56,00 0,00
Passo alongado
Média
6,78 46,85 34,67 18,49 0,00
Desvio-padrão
0,48 10,39 2,64 7,88 0,00
Mínimo
6,35 36,99 31,95 9,54 0,00
Máximo
7,27 58,51 37,90 25,11 0,00
CV %
7,00 22,00 8,00 43,00 0,00
Marcha curta
Média
12,02 6,45 27,09 60,80 5,67
Desvio-padrão
0,65 3,73 4,73 9,35 3,32
Mínimo
11,33 1,32 21,71 51,05 1,37
Máximo
12,67 9,79 31,91 69,74 9,09
CV %
5,00 58,00 17,00 15,00 59,00
Marcha média
Média
13,68 2,24 20,01 65,44 12,32
Desvio-padrão
1,10 2,65 11,14 13,38 1,59
Mínimo
12,72 0,00 7,50 51,88 10,71
Máximo
14,66 5,19 33,08 79,29 14,07
CV %
8,00 118,00 56,00 20,00 13,00
Marcha alongada
Média
16,20 0,38 22,54 55,56 21,45
Desvio-padrão
1,53 0,76 2,64 3,80 4,21
Mínimo
14,39 0,00 18,61 50,00 16,67
Máximo
17,65 1,52 24,24 58,33 26,56
CV %
9,00 200,00 12,00 7,00 20,00
Tabela 12: Comparação das médias das velocidades e das porcentagens dos tríplices, bipedais laterais,
diagonais e monopedais, para os andamentos
Andamentos Velocidade
(km/h)
Tríplices
Bipedais
laterais
Bipedais
diagonais
Monopedais
Passo curto
4,85 a 59,52 a 21,91 a 18,58 a 0,00 a
Passo médio
6,48 b 44,32 b 31,27 c 24,41 b 0,00 a
Passo alongado
6,78 b 46,85 b 34,67 c 18,49 a 0,00 a
Marcha curta
12,02 c 6,45 c 27,09 b 60,80 d 5,67 b
Marcha média
13,68 d 2,24 d 20,01 a 65,44 d 12,32 c
Marcha alongada
16,20 e 0,38 e 22,54 a 55,56 c 21,45 d
Médias seguidas por letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença estatística pelo teste t, ao nível de 5% de significância (p<0,05).
Para a velocidade verificou-se haver
diferença significativa para todas as
possibilidades de variação do andamento,
exceto entre o passo médio e alongado. A
menor velocidade média foi observada no
passo curto, com 4,85 quilômetros por hora
e a maior na marcha alongada, com 16,20
quilômetros por hora.
Na avaliação da freqüência de tríplices
apoios, verificou-se diferença entre as
variações dos de andamentos, exceto entre o
passo médio e o alongado, notou-se, ainda,
existir grande variação entre as médias
máximas, com 59,52%, e mínima, com
0,38%, e a redução da freqüência dos
tríplices apoios com o aumento da
42
velocidade dos animais, como observado por
Procópio (2004).
Na distribuição dos apoios bipedais laterais
e diagonais, observou-se maior distância
entre os valores das médias, aumento da
freqüência dos apoios laterais do passo curto
para o médio, e do passo médio para o
alongado. Do passo alongado para a marcha
curta verificou-se redução da freqüência dos
apoios bipedais laterais, assim como da
marcha média para a alongada. Entre a
marcha média e a alongada não houve
diferença entre os apoios laterais, sendo
estes estatisticamente semelhantes ao passo
curto. Na avaliação dos apoios diagonais,
notaram-se semelhanças entre o passo curto
e o alongado. Marcha curta e a marcha
média semelhantes e sendo estas diferentes
da marcha alongada.
Observou-se ausência da ocorrência dos
apoios monopedais nas três variações do
passo. Nas suas ocorrências na marcha,
nota-se diferenças entre as médias nas
variações da marcha.
4.1.5. Análises descritivas das proporções
dos apoios nos andamentos
As Tabelas 13 e 14, mostram as variações da
velocidade média para os diversos tipos de
passo e marcha, com seus respectivos
valores de proporção de apoios laterais e
diagonais, das relações
lateralização/diagonalização e
diagonalização/lateralização. A Tabela 16
apresenta a comparação de médias para
diversas variáveis, de acordo com o tipo de
andamento, para os resultados das 24
repetições analisadas para um nível de
significância de p<0,05 (Sampaio, 2002).
43
Tabela 13: Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de variação (CV %), da
velocidade, proporção de lateral, proporção de diagonal, lateralização/diagonalização e
diagonalização/lateralização das 24 repetições avaliadas
Andamentos
Velocidade
(km/h)
Proporção de
lateral
Proporção de
diagonal
Lateralização/
diagonalização
Diagonalização/
lateralização
Passo curto
Média
4,85 21,91 18,58 1,49 0,83
Desvio-padrão
1,28 1,35 10,23 0,80 0,42
Mínimo
3,53 20,30 8,60 0,77 0,40
Máximo
6,07 23,48 30,43 2,50 1,30
CV %
26,00 6,00 55,00 53,00 50,00
Passo médio
Média
6,48 31,27 24,41 1,64 0,80
Desvio-padrão
1,23 3,10 13,66 0,87 0,51
Mínimo
5,25 27,68 11,72 0,66 0,40
Máximo
7,58 33,92 41,81 2,53 1,51
CV %
19,00 10,00 56,00 53,00 64,00
Passo alongado
Média
6,78 34,67 18,49 2,15 0,52
Desvio-padrão
0,48 2,64 7,88 0,90 0,19
Mínimo
6,35 31,95 9,54 1,42 0,30
Máximo
7,27 37,90 25,11 3,35 0,71
CV %
7,00 8,00 43,00 42,00 37,00
Marcha curta
Média
12,02 27,09 60,80 0,46 2,34
Desvio-padrão
0,65 4,73 9,35 0,15 0,76
Mínimo
11,33 21,71 51,05 0,31 1,70
Máximo
12,67 31,91 69,74 0,59 3,21
CV %
5,00 17,00 15,00 31,00 32,00
Marcha média
Média
13,68 20,01 65,44 0,34 4,85
Desvio-padrão
1,10 11,14 13,38 0,24 4,08
Mínimo
12,72 7,50 51,88 0,09 1,57
Máximo
14,66 33,08 79,29 0,64 10,57
CV %
8,00 56,00 20,00 71,00 84,00
Marcha alongada
Média
16,20 22,54 55,56 0,41 2,50
Desvio-padrão
1,53 2,64 3,80 0,06 0,44
Mínimo
14,39 18,61 50,00 0,32 2,13
Máximo
17,65 24,24 58,33 0,47 3,14
CV %
9,00 12,00 7,00 16,00 18,00
Tabela 14: Comparação das médias das velocidades e da proporção de lateral, diagonal, relação
lateralização/diagonalização e diagonalização/lateralização para os andamentos
Andamentos Velocidade
(km/h)
Proporção de
lateral
Proporção de
diagonal
Lateralização/
diagonalização
Diagonalização/
lateralização
Passo curto
4,85 a 21,91 a 18,58 a 1,49 a 0,83 a
Passo médio
6,48 b 31,27 c 24,41 b 1,64 a 0,80 a
Passo alongado
6,78 b 34,67 c 18,49 a 2,15 b 0,52 b
Marcha curta
12,02 c 27,09 b 60,80 d 0,46 c 2,34 c
Marcha média
13,68 d 20,01 a 65,44 d 0,34 c 4,85 d
Marcha alongada
16,20 e 22,54 a 55,56 c 0,41 c 2,50 c
Médias seguidas por letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença estatística pelo teste t, ao nível de 5% de significância (p<0,05).
Os resultados e as considerações para a
velocidade dos tipos de andamento são
semelhantes às apresentadas na Tabela 12.
Para a proporção de lateral nota-se nos
valores médios, do passo curto mais
elevados até o passo alongado e diferença
significativa entre o passo curto e o passo
médio e alongado, sendo estes com médias
sem diferença significativa. Verificou-se
uma redução da proporção de laterais na
marcha curta, média e alongada em relação
aos passos, sendo a marcha média
semelhante a alongada. Existem
semelhanças entre a proporção de lateral
44
entre o passo curto, marcha média e
alongada, mesmo que estes apresentem
diferenças em suas velocidades médias. Na
proporção de diagonalização existem
semelhanças entre o passo curto e alongado,
sendo estes diferentes do passo médio.
Houve semelhanças entre marcha curta e
média, sendo estas diferentes da marcha
alongada.
Nas relações avaliadas, verificou-se que nas
três variações do passo existe maior
proporção de apoios laterais do que de
diagonais, tornando esta relação maior do
que 1,0. Quando o animal passa para as três
variações da marcha esta situação se inverte,
ficando os apoios diagonais mais freqüentes
e passando a relação nas variações da
marcha para valores menores do que 1,0. A
mesma situação ocorre na relação
diagonalização/lateralização, porém de
maneira inversa.
Procópio (2004), para a raça Mangalarga
Marchador, obteve valores médios de
diagonalização/lateralização no passo, de
1,05, com ligeiro predomínio de
movimentos diagonais. Na marcha, os
valores médios de 1,73, evidenciam
predomínio dos apoios diagonais. Os
animais da raça Campolina avaliados neste
estudo apresentam no passo maiores apoios
laterais e na marcha maiores apoios
diagonais, diferentemente, os animais da
raça Mangalarga Marchador avaliados por
Procópio (2004), apresentaram porcentagens
próximas entre os apoios laterais e diagonais
nos tipos de passo e apoios diagonais
superiores aos laterais nas variações da
marcha, assim como encontrado no presente
estudo.
Na raça Mangalarga Marchador houve, de
acordo com Procópio (2004) ausência de
tríplices apoios na marcha média, com
velocidade média de 14,08 quilômetros por
hora, e na marcha alongada, com velocidade
média de 16,82 quilômetros por hora. Os
animais avaliados no estudo diferiram dos
animais da Mangalarga Marchador avaliados
por Procópio (2004), indicando
morfométricas diferentes, assim como
possibilidades de capacidades musculares e
condições de flexão e extensão dos
membros, que deveram ser melhor estudadas
no futuro.
As Tabelas 15 e 16 mostram variações das
velocidades médias para os três tipos de
passo e de marcha, com suas respectivas
médias para o comprimento, a freqüência e o
tempo das passadas. A Tabela 16 apresenta a
comparação das médias destas variações de
acordo com o tipo de andamento, realizados
com os resultados das 24 repetições
analisadas para um nível de significância de
p<0,05 (Sampaio, 2002).
Pode-se notar, nas variações do passo
diferença significativa para os comprimentos
das passadas, e semelhança na freqüência e
no tempo das passadas, apesar de haver
diferença na velocidade entre o passo curto e
os passos médio e alongado. Indo, de
encontro aos relatos de Procópio (2004), que
demonstrou, o aumento da velocidade dos
animais inicialmente alongam as suas
passadas e posteriormente sua freqüência.
Para as variações da marcha, verifica-se
semelhanças entre a marcha curta e média
para o comprimento da passada, e entre as
freqüências e tempos encontrados nas
variações. Observa-se diferença entre as
velocidades da marcha e entre o
comprimento da passada na marcha curta e
média e a marcha alongada. Esta observação
demonstra que os animais em marcha
alongada apresentam um maior
comprimento da passada e necessita de
maior elasticidade dos membros para estes
resultados.
45
Tabela 15: Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de variação (CV %), da
velocidade, comprimento, freqüência e tempo das passadas para as variações dos andamentos das 24
repetições analisadas
Andamentos Velocidade
(km/h)
Comprimento
da passada
(m)
Freqüência
da passada
(passadas/s)
Tempo
da passada
(s)
Passo curto
Média
4,85 1,48 0,90 1,15
Desvio-padrão
1,28 0,08 0,20 0,25
Mínimo
3,53 1,37 0,72 0,92
Máximo
6,07 1,55 1,09 1,40
CV %
26,00 5,00 22,00 22,00
Passo médio
Média
6,48 1,65 1,10 0,94
Desvio-padrão
1,23 0,11 0,25 0,20
Mínimo
5,25 1,49 0,88 0,71
Máximo
7,58 1,75 1,41 1,13
CV %
19,00 7,00 23,00 22,00
Passo alongado
Média
6,78 1,74 1,08 0,93
Desvio-padrão
0,48 0,03 0,07 0,06
Mínimo
6,35 1,70 1,01 0,88
Máximo
7,27 1,77 1,14 0,99
CV %
7,00 2,00 6,00 6,00
Marcha curta
Média
12,02 1,95 1,72 0,58
Desvio-padrão
0,65 0,16 0,06 0,02
Mínimo
11,33 1,80 1,64 0,56
Máximo
12,67 2,14 1,77 0,61
CV %
5,00 8,00 3,00 3,00
Marcha média
Média
13,68 2,09 1,83 0,55
Desvio Padrão
1,10 0,22 0,05 0,01
Mínimo
12,72 1,88 1,79 0,53
Máximo
14,66 2,28 1,88 0,56
CV %
8,00 11,00 3,00 3,00
Marcha alongada
Média
16,20 2,33 1,93 0,52
Desvio-padrão
1,53 0,22 0,04 0,01
Mínimo
14,39 2,11 1,89 0,50
Máximo
17,65 2,53 1,98 0,53
CV %
9,00 9,00 2,00 2,00
Tabela 16: Comparação das médias das velocidades e comprimento, freqüência e tempo das passadas para
os andamentos
Andamentos Velocidade
(km/h)
Comprimento
da passada
(m)
Freqüência
da passada
(passadas/s)
Tempo
da passada
(s)
Passo curto
4,85 a 1,48 a 0,90 a 1,15 a
Passo médio
6,48 b 1,65 b 1,10 a 0,94 a
Passo alongado
6,78 b 1,74 c 1,08 a 0,93 a
Marcha curta
12,02 c 1,95 d 1,72 b 0,58 b
Marcha média
13,68 d 2,09 d 1,83 b 0,55 b
Marcha alongada
16,20 e 2,33 e 1,93 b
0,52 b
Médias seguidas por letras diferentes, na mesma coluna, indicam diferença estatística pelo teste t, ao nível de 5% de significância (p<0,05).
4.2. Morfometria - medidas lineares
A partir da tomada de medidas lineares dos
animais foram realizadas estatísticas
descritivas, apresentadas na Tabela 17, onde
constam as médias, os desvios-padrão, os
valores mínimos e máximos e coeficientes
de variação (CV %), dos 20 animais
analisados no presente estudo.
46
No registro genealógico dos animais da raça
Campolina são tomadas 15 medidas lineares,
de acordo com Berbari Neto (2005). Neste
estudo várias mensurações adicionais foram
tomadas, importantes para os estudos de
biomecânica da locomoção eqüina, como
observado por Lage (2001) e Procópio
(2004).
A média da altura da cernelha foi de 1,61
metros, superior a média encontrada em
estudos feitos por Fontes (1957) de 1,548
metros e Berbari Neto (2005), de 1,594
metros, indicando que os animais avaliados
apresentavam média próxima ao que pede o
padrão racial como ideal para os machos de
1,62 metros. Verificou-se altura da garupa
média de 1,59 metros, adequada para
cavalos de sela, em que a altura da garupa
não deve superar a altura da cernelha. No
estudo, as medidas de altura do membro
anterior e posterior, foram inéditas para a
raça Campolina e de importância para as
correlações com os resultados das análises
cinemáticas do presente estudo.
Tabela 17: Médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos e coeficientes de variação (CV %) das
medidas lineares
Tipo de medida (m) Média Desvio-padrão Mínimo Máximo CV %
Medidas de altura:
Altura da cernelha
1,61 0,05 1,53 1,75 3,00
Altura do membro anterior
1,53 0,04 1,46 1,65 3,00
Altura do dorso
1,51 0,05 1,45 1,63 3,00
Altura da garupa
1,59 0,05 1,51 1,72 3,00
Altura do membro posterior
1,31 0,05 1,18 1,44 4,00
Altura do tórax (profundidade)
0,63 0,02 0,60 0,68 3,00
Medidas de comprimento:
Comprimento da cabeça
0,60 0,03 0,56 0,68 5,00
Comprimento do pescoço
0,65 0,03 0,58 0,72 5,00
Comprimento da espádua
0,49 0,03 0,45 0,58 6,00
Comprimento do braço
0,22 0,02 0,20 0,26 9,00
Comprimento dorso-lombo
0,56 0,04 0,52 0,63 6,00
Comprimento da garupa
0,49 0,04 0,42 0,60 8,00
Comprimento ílio-fêmur
0,25 0,03 0,20 0,30 10,00
Comprimento fêmur
0,30 0,03 0,24 0,33 9,00
Comprimento do corpo
1,64 0,06 1,55 1,80 4,00
Comprimento do ante-braço
0,45 0,04 0,38 0,57 9,00
Comprimento da perna
0,50 0,05 0,33 0,56 10,00
Comprimento da canela anterior
0,20 0,02 0,17 0,22 8,00
Comprimento da canela posterior
0,25 0,02 0,21 0,30 8,00
Comprimento da quartela anterior
0,08 0,01 0,07 0,10 11,00
Comprimento da quartela posterior
0,09 0,01 0,07 0,11 10,00
Medidas de largura:
Largura do peito
0,39 0,03 0,34 0,45 8,00
Largura das ancas
0,53 0,04 0,49 0,60 7,00
Medidas de perímetro:
Perímetro torácico
1,92 0,09 1,80 2,16 4,00
Perímetro da canela anterior
0,20 0,01 0,18 0,23 6,00
Perímetro da canela posterior
0,22 0,01 0,21 0,27 6,00
Perímetro do joelho
0,32 0,02 0,28 0,36 6,00
Perímetro do jarrete
0,43 0,02 0,39 0,48 5,00
47
A altura média do dorso foi de 1,51 metros,
semelhante ao resultado encontrado por
Berbari Neto (2005), de 1,514 metros.
Notou-se pequena variação para a altura do
tórax, que também exprime a profundidade
torácica dos animais, com valor médio de
0,63 metros, próximo ao encontrado por
Berbari Neto (2005) de 0,649 metros.
Realizando-se o cálculo do vazio sub-
esternal, onde se subtrai da altura do dorso, a
altura do tórax ou profundidade, encontrou-
se o valor de 0,88 metros, evidenciando
animais mais distantes do chão do que
profundos. A relação entre profundidade
torácica e o vazio sub-esternal indicada por
Torres e Jardim (1984) para cavalos do tipo
sela, apresenta mínimo de 0,80 metros,
tendo como ideal próximo de 0,85 metros.
Calculando-se esta relação para os animais
do estudo obtém-se a relação de 0,716,
indicando animais distantes do chão e pouco
profundos.
O comprimento da cabeça médio encontrado
foi de 0,60 metros, do pescoço de 0,65
metros, da espádua de 0,49 metros, do
dorso-lombo de 0,56 metros, da garupa de
0,49 metros e do corpo de 1,64 metros, todas
as medidas próximas às relatadas por
Berbari Neto (2005). Medidas adicionais
foram tomadas sendo as de comprimento de
braço, do ílio-fêmur e do fêmur, por
apresentarem um importante papel nas
avaliações cinemáticas.
A Tabela 19, apresenta algumas medidas
comuns a outros estudos e também ao
registro genealógico da raça Campolina,
largura de peito e anca, perímetro torácico e
da canela anterior. Várias outras medidas
são inéditas na raça Campolina e
acrescentam parâmetros para as pesquisas de
cinemática da locomoção.
De uma forma geral, a morfometria dos
animais estuda mostram pequena
instabilidade, com coeficientes de variação
máximos de 11% e mínimos de 4%, o que se
deve, provavelmente, a todos os animais
mensurados serem adultos e com bons
desempenhos em exposições para o quesito
andamento, de acordo com a escolha dos
animais para as análises cinemáticas.
4.3. Correlações
4.3.1. Correlações entre as medidas
lineares
A Tabela 18, apresentada no Apêndice III, e
as Tabelas 19, 20 e 21, apresentam os
resultados das possibilidades de correlações
entre as 28 medidas lineares dos 20 animais
do estudo.
Verificou-se uma alta correlação entre as
medidas lineares de altura, pela Tabela 19.
Das 15 associações possíveis, apenas uma
o apresentou estatística significativa, da
altura do membro posterior com a altura do
tórax ou profundidade. As correlações entre
as medidas lineares de altura foram positivas
e a menor, com 0,57, da altura da cernelha
com a do tórax ou profundidade, e as
maiores, com 0,94, da altura da cernelha
com o dorso, e altura do dorso com garupa.
A correlação positiva entre altura da
cernelha e garupa, sinaliza que a escolha de
animais com maior altura na cernelha,
implicará, em animais mais altos na garupa,
constatado também por Lage (2001) e
Berbari Neto (2005).
Das 196 possibilidades de correlações entre
as medidas de altura e comprimento com as
medidas de comprimento, 57 (29,1%)
apresentaram estatística significativa, a
maior, com 0,81, da altura do dorso com o
comprimento da espádua, e as menores, com
0,45, foram, entre o comprimento da
espádua com o ílio-fêmur, e entre o
comprimento do ílio-fêmur com o do corpo.
As medidas de altura, correlacionadas as de
comprimento, pela Tabela 20,
representaram, 64,9%, das possibilidades
encontradas. Verificou-se, correlações
positivas com o comprimento da cabeça, do
pescoço, da espádua, da garupa, do ante-
48
braço, da canela anterior, da quartela
anterior e da canela posterior.
Das correlações das medidas de
comprimento entre si, encontrou-se 35,1%,
possibilidades de correlações significativas.
Sendo, positivas as correlações entre o
comprimento da cabeça com o pescoço e o
ante-braço, do pescoço com a espádua, a
garupa e a canela anterior, da espádua com a
garupa, o ílio-fêmur, a quartela anterior e a
canela posterior, do braço com a quartela
anterior e o corpo, da garupa com o ante-
braço e a canela posterior, do ílio-fêmur com
o dorso, do ante-braço com a canela
posterior, da canela anterior com a quartela
anterior, da quartela anterior com a canela
posterior e a quartela posterior, da canela
posterior com a quartela posterior e do corpo
com o dorso-lombo. Estes resultados
também foram encontrados por Berbari Neto
(2005) para o comprimento da cabeça com o
pescoço, do pescoço com o da espádua, da
garupa e do corpo.
Tabela 19: Correlações entre as medidas lineares de altura
ALTCER ALTMAN ALTDOR ALTGAR ALTPOS ALTTOR
ALTCER 1,00 0,88*** 0,94*** 0,92*** 0,78*** 0,57**
ALTMAN 1,00 0,92*** 0,90*** 0,64** 0,58**
ALTDOR 1,00 0,94*** 0,72*** 0,69***
ALTGAR 1,00 0,74*** 0,62**
ALTPOS 1,00 0,27
ALTTOR 1,00
p<0,05, ** p<0,01 e *** p<0,001 .:.ALTCER: Altura da cernelha; ALTMAN: Altura do membro anterior; ALTDOR:
Altura do dorso; ALTGAR: Altura da garupa; ALTPOS: Altura do membro posterior; ALTTOR: Altura do tórax
(profundidade).
49
50
Para as correlações entre as medidas de
altura, de comprimento, de perímetro e de
largura com as medidas de perímetro e de
largura. Verificou-se, pela Tabela 21, das
168 possibilidades, 27,4%, estatisticamente
significativas, sendo, 52,2%, entre as
correlações das medidas de altura com as de
perímetro e largura, e 47,8%, entre as de
comprimento, de perímetro e de largura com
as de perímetro e largura.
Evidenciou-se, que as medidas de altura
apresentam as maiores correlações com as
medidas de perímetro, e não existem
correlações entre as medidas de altura e a
largura das ancas. A altura da cernelha
apresenta correlações com as medidas de
perímetro, com exceção do perímetro da
canela posterior, e da largura das ancas,
contrapondo-se aos resultados encontrados
por Berbari Neto (2005), onde as correlações
entre altura da cernelha com largura das
ancas, são de 0,46. A correlação entre
largura de peito e largura das ancas, é
próxima a encontrada por Berbari Neto
(2005). Verificou-se, que animais maiores,
apresentam, de um modo geral, membros
com maiores perímetros de joelho ou carpo,
de canela anterior e de jarrete ou tarso,
evidenciando membros com uma boa
sustentação.
Tabela 21: Correlações entre as medidas de altura, de comprimento e de perímetro e de largura, com as
medidas de perímetro e de largura
PCAR PCAA PTAR PCAP PTOR LPEI LANC
ALTCER
0,76*** 0,66** 0,62** 0,22 0,51* 0,45* 0,25
ALTMAN
0,53* 0,58** 0,62** 0,48* 0,49* 0,37 0,41
ALTDOR
0,64** 0,55* 0,62** 0,31 0,53* 0,41 0,39
ALTGAR
0,60** 0,61** 0,63** 0,35 0,59** 0,46* 0,44
ALTPOS
0,72*** 0,39 0,59** -0,20 0,50* 0,55* 0,24
ALTTOR
0,18 0,42 0,20 0,43 0,68** 0,22 0,26
CCAB
0,23 0,24 0,13 -0,12 0,65** 0,29 0,28
CPES
0,49* 0,39 0,31 -0,28 0,37 0,42 0,43
CESP
0,51* 0,27 0,65** 0,34 0,29 0,25 0,49*
CUME
-0,06 0,59** -0,14 0,52* 0,09 0,01 0,07
CGAR
0,36 0,18 0,53* -0,21 0,46 0,54* 0,58**
CIFE
0,18 0,32 0,27 0,29 0,34 0,33 0,48*
CFEM
-0,04 -0,25 0,03 -0,03 -0,27 0,02 0,25
CRAD
0,40 0,34 0,22 0,01 0,45* 0,46* 0,34
CCAA
0,63** 0,50** 0,52* 0,15 -0,13 0,13 0,12
CQAA
0,27 0,48 0,26 0,29 0,28 0,09 0,15
CTIB
0,22 0,35 0,03 0,02 0,24 -0,13 -0,31
CCAP
0,37 0,31 0,32 0,05 0,59** 0,40 0,24
CQAP
-0,04 0,11 0,11 0,23 0,31 -0,02 0,07
CCOR
0,12 0,60** 0,15 0,54* 0,37 0,11 0,18
CDOR
-0,12 0,43 -0,15 0,38 0,24 0,07 0,17
PCAR
1,00 0,57** 0,71** -0,06 0,13 0,47* 0,07
PCAA
1,00 0,29 0,31 0,30 0,44 0,15
PTAR
1,00 0,22 0,14 0,43 0,41
PCAP
1,00 0,01 -0,02 0,28
PTOR
1,00 0,43 0,29
LPEI
1,00 0,59**
LANC
1,00
p<0,05, ** p<0,01 e *** p<0,001 .:. ALTCER: Altura da cernelha; ALTMAN: Altura do membro anterior;
ALTDOR: Altura do dorso; ALTGAR: Altura da garupa; ALTPOS: Altura do membro posterior; ALTTOR: Altura do tórax
(profundidade); CCAB: Comprimento da cabeça; CPES: Comprimento do pescoço; CESP: Comprimento da espádua; CUME:
Comprimento do braço; CGAR: Comprimento da garupa; CIFE: Comprimento ílio-fêmur; CFEM: Comprimento do fêmur; CRAD:
Comprimento do ante-braço; CCAA: Comprimento da canela anterior; CQUA: Comprimento da quartela anterior; CTIB:
comprimento da perna; CCAP: Comprimento da canela posterior; CQUP: Comprimento da quartela posterior; CCOR: Comprimento
do corpo; CDOR: Comprimento do dorso-lombo; PTOR: Perímetro torácico; PCAA: Perímetro canela anterior; PCAP: Perímetro
canela posterior; PCAR: Perímetro do joelho ou carpo; PTAR: Perímetro do jarrete ou tarso; LPEI: Largura de peito; LANC:
Largura das ancas.
51
4.3.2. Correlações entre os resultados das
análises cinemáticas e as medidas lineares
Para a formulação das correlações entre as
variáveis cinemáticas retirou-se das
avaliações, as repetições dos animais que
foram utilizados para a descrição do
comportamento dos tipos de andamentos:
passo curto, médio e alongado e marcha
curta, média e alongada, assim, como suas
medidas lineares. Portanto, para as
correlações que se seguem, foram utilizadas
as 55 repetições da marcha de apresentação
normal e as medidas lineares dos animais
correspondentes.
A partir do estudo das correlações entre
todas as medidas lineares, algumas por
serem referência na literatura, como sendo
importantes para a locomoção dos animais e
outras baseadas na elevada correlação com
medidas menos conhecidas, foram adotadas
para o estudo das correlações com as
análises cinemáticas. As medidas lineares
escolhidas foram: altura da cernelha, do
membro anterior, da garupa e do membro
posterior; e comprimento da espádua, do
ante-braço, da canela anterior, da perna, da
canela posterior e do corpo.
Dos resultados apresentados nas Tabelas 22
e 23, observou-se importantes e
inversamente proporcionais, as correlações,
com os tríplices apoios e as medidas de
altura na cernelha e do membro posterior, e
o comprimento da canela anterior, indicando
que à medida que estas medidas lineares
aumentaram houve redução da proporção
dos tríplices apoios nas passadas. Para a
porcentagem dos apoios monopedais,
verificou-se correlações positivas com a
altura do membro posterior e comprimento
da canela anterior, e correlações negativas
com o comprimento da perna. Portanto, para
a ocorrência dos momentos de tríplices
apoios e redução dos momentos de apoios
monopedais, seria necessário que os animais
tivessem um comprimento moderado destas
medidas lineares.
Tabela 22: Correlações entre as análises cinemáticas e as medidas lineares de altura
Medidas de altura
Tipos de apoios
Cernelha
Membro
anterior
Garupa
Membro
posterior
Tríplices
-0,29* -0,22 -0,19 -0,51***
Monopedais
0,20 0,08 0,15 0,42**
Bipedais diagonais
-0,34* -0,17 -0,34* -0,32*
Bipedais laterais
0,26 0,16 0,29* 0,09
* p<0,05; ** p<0,01 e *** p<0,001.
Tabela 23: Correlações entre as análises cinemáticas e as medidas lineares de comprimento
Medidas de comprimento
Tipos de apoios
Espádua Ante-braço
Canela
anterior
Perna
Canela
posterior
Corpo
Tríplices
-0,09 0,14 -0,31* 0,19 -0,14 0,16
Monopedais
0,14 -0,03 0,44*** -0,32** -0,02 -0,17
Bipedais diagonais
-0,18 -0,20 -0,51*** -0,14 0,01 -0,36**
Bipedais laterais
0,09 0,23 0,25 0,39** 0,02 0,52
* p<0,05; ** p<0,01 ; *** p<0,001.
52
Para as porcentagens dos apoios bipedais
diagonais observou-se correlações negativas
significativas com o comprimento da canela
anterior e o comprimento do corpo, e para os
apoios bipedais laterais, correlação positiva
com o comprimento da perna.
Para as correlações entre a velocidade,
comprimento, freqüência e tempo das
passadas e as medidas lineares, apresentados
na Tabela 24, em nenhuma houve
significância nos níveis estatísticos
avaliados. Portanto, não podemos
comprovar as citações de Back et al. (1995),
onde relata-se que as espáduas longas
favoreçam as amplitudes das passadas e que
as canelas curtas favorecem o equilíbrio dos
animais.
Tabela 24: Correlações entre a velocidade, comprimento, freqüência e tempo das passadas e as
medidas lineares de altura
Medidas de altura
Passadas
Cernelha
Membro
anterior
Garupa
Membro
posterior
Velocidade (km/h)
-0,02 -0,08 -0,03 0,20
Comprimento (m)
0,07 0,02 0,04 0,21
Freqüência (passadas/s)
-0,19 -0,24 -0,16 0,10
Tempo (s)
0,17 0,23 0,14 -0,13
Pela Tabela 25, verificam-se correlações
significativas e negativas entre a velocidade
e comprimento da passada, com o
comprimento da perna e o comprimento do
corpo, e ainda correlação negativa entre a
freqüência da passada e o comprimento do
corpo. Para o tempo da passada, nota-se a
correlação positiva com o comprimento do
corpo e de amplitude semelhante à
freqüência. A influência do cavaleiro e do
condicionamento físico dos animais pode
estar, de certa forma, interferindo nos
resultados, necessita-se de maiores estudos
nestes tópicos para elucidação mais precisa
destes fatos.
As correlações apresentadas na Tabela 26,
nota-se uma correlação significativa e
negativa entre a porcentagem dos tríplices
apoios com a velocidade e o comprimento
da passada. Isto indica a associação entre o
aumento da velocidade e a redução das
porcentagens dos tríplices apoios e redução
dos momentos de dissociação dos membros
durante as passadas na marcha, confirmando
as observações de Procópio (2004).
Tabela 25: Correlações entre a velocidade, comprimento, freqüência e tempo das passadas e as medidas
lineares
Medidas de comprimento
Passadas
Espádua Ante-braço
Canela
anterior
Perna
Canela
posterior
Corpo
Velocidade (km/h)
-0,06 -0,13 0,15 -0,28* 0,09 -0,58***
Comprimento (m)
0,00 -0,07 0,23 -0,30* 0,10 -0,46***
Freqüência (passadas/s)
-0,13 -0,17 -0,08 -0,09 0,01 -0,51***
Tempo (s)
0,12 0,14 0,07 0,08 -0,04 0,51***
* p<0,05; ** p<0,01 ; *** p<0,001.
53
Tabela 26: Correlações entre as tipos de apoios e a velocidade, comprimento, freqüência e tempo das
passadas
Passadas
Tipos de apoios
Velocidade
(km/h)
Comprimento
(m)
Freqüência
(passadas/s)
Tempo
(s)
Tríplices
-0,47*** -0,48*** -0,21 0,23
Monopedais
0,54*** 0,56*** 0,23 -0,25
Bipedais diagonais
0,20 0,23 0,03 -0,03
Bipedais laterais
-0,61*** -0,65*** -0,20 0,21
* p<0,05; ** p<0,01 ; *** p<0,001.
Os apoios monopedais, considerados
indesejados para a marcha de qualidade,
apresentam correlação positiva significativa
com a velocidade e o comprimento da
passada. Para os apoios bipedais laterais
houve correlações negativas significativas
com a velocidade e o comprimento da
passada, demonstrando, novamente, a razão
da preocupação com excessos na velocidade
durante a marcha. Pois, conforme definição
do conceito de marcha, Nascimento (1999),
cita que na marcha há presença de
momentos de apoios bipedais diagonais e
laterais, intercalados por momentos de
tríplices apoios. Os animais aqui avaliados
apresentam em seu diagrama de marcha,
momentos de apoios monopedais, e redução
dos tríplices apoios conforme o aumento da
velocidade.
4.4. Equações de regressão
A partir das correlações, das Tabelas 22, 23,
24, 25 e 26, foram modulados regressões
lineares simples, para aquelas que obtiveram
significância estatística (de p<0,05, p<0,01 e
p<0,001), observadas na Tabela 27.
54
Tabela 27: Equações para regressão linear simples das características identificadas
Variável
dependente
Intercepto
Coeficiente de
regressão
Variável independente P
22,90 -16,76 Altura do membro posterior (m) p<0,01
17,16 -10,06 Altura da cernelha (m) p<0,05
8,89 -40,41 Comprimento da canela anterior (m) p<0,05
10,12 -4,39 Comprimento da passada (m) p<0,001
Tríplices
8,10 -0,52 Velocidade (km/h) p<0,001
-84,51 79,10 Altura do membro posterior (m) p<0,01
-45,09 326,61 Comprimento da canela anterior (m) p<0,001
51,10 -64,61 Comprimento da perna (m) p<0,05
-42,41 29,44 Comprimento da passada (m) p<0,001
Monopedais
-28,30 3,43 Velocidade (km/h) p<0,001
204,81 -90,59 Altura da cernelha (m) p<0,05
230,60 -108,09 Altura da garupa (m) p<0,05
165,94 -81,73 Altura do membro posterior (m) p<0,05
159,31 -510,93 Comprimento da canela anterior (m) p<0,001
Bipedais
diagonais
190,56 -80,39 Comprimento do corpo (m) p<0,01
-109,31 82,05 Altura da garupa (m) p<0,05
107,77 -41,51 Comprimento da passada (m) p<0,001
85,07 -4,63 Velocidade (km/h) p<0,001
Bipedais
laterais
-26,40 95,79 Comprimento da perna (m) p<0,01
18,29 -9,01 Comprimento da perna (m) p<0,05
Velocidade
(km/h)
38,97 -15,35 Comprimento do corpo (m) p<0,001
2,66 -1,14 Comprimento da perna (m) p<0,05
Comprimento
da passada (m)
4,48 -1,46 Comprimento do corpo (m) p<0,001
Freqüência
(passadas/s)
3,14 -0,80 Comprimento do corpo (m) p<0,001
Tempo
da passada (s)
0,15 0,24 Comprimento do corpo (m) p<0,001
Equação de regressão linear simples: Y = a + bX , onde, Y: variável dependente; a: intercepto; b: coeficiente de regressão e X:
variável independente.
Pelas equações de regressão, foram
formulados os gráficos que seguem
representados nas Figuras 7 a 15.
Pela Tabela 24 e as Figuras 7 e 8, é possível
quantificar a relação entre as medidas
lineares e os resultados das análises
cinemáticas. Quando a altura da cernelha e o
comprimento da canela anterior dos animais
aumentam, aumentando 10 centímetros na
altura da cernelha encontra-se uma redução
de aproximadamente 1% nos tríplices
apoios, e para cada um centímetro de
aumento do comprimento da canela anterior
observa-se uma redução próxima de 0,40%
na porcentagem dos tríplices apoios.
Portanto, em animais de marcha, com
incidências de momentos de tríplices apoios
nas passadas, deve-se ficar atento com a
altura destes animais na cernelha, evitando
animais com altura exagerada.
As porcentagens dos tríplices apoios nas
passadas, também são reduzidos, com o
aumento da altura do membro posterior, e
com o aumento do comprimento da passada
de acordo com as equações de regressão
encontradas para estas variáveis.
Na Figura 9, comprovam-se as sugestões
relatadas por Procópio (2004) com relação à
velocidade dos animais. Sendo a marcha
55
caracterizada por um andamento dissociado,
onde existem a incidência de tríplices,
bipedais laterais e bipedais diagonais, com a
presença da dissociação dos membros de
acordo com
Nascimento (1999), verifica-se que com o
aumento da velocidade existe uma redução
dos tríplices apoios, conseqüentemente da
dissociação dos membros, sendo que para a
manutenção dos tríplices e de um diagrama
de marcha adequado à velocidade estaria
próxima de 12 quilômetros por hora, onde
Nascimento (1999), cita que a marcha que
apresenta momentos de tríplice apoio estaria
entre 12 e 14 quilômetros por hora. Pela
Figura 9, nota-se que para um aumento de
um quilômetro por hora na velocidade,
ocorre uma redução de 0,50% nos tríplices
apoios. Nenhum animal da raça Campolina
apresentou ausência de contato com o solo,
característica da marcha. Entretanto, a partir
de 12 quilômetros por hora os animais
passaram a perder os momentos de tríplices
apoios e a aumentar os momentos de
monopedais e bipedais diagonais.
De acordo com a Tabela 27, verifica-se um
aumento da porcentagem dos apoios
monopedais quando aumenta a altura do
membro posterior, o comprimento da canela
anterior, o comprimento da passada e a
velocidade, e uma redução da porcentagem
dos apoios monopedais com o aumento o
comprimento da perna.
Pelas Figuras 10 e 11, evidencia-se o
aumento dos momentos de apoios
monopedais com o aumento da altura do
membro posterior e também com o aumento
da velocidade dos animais. Para cada
aumento de 10 centímetros na altura do
membro posterior verifica-se um aumento
próximo de 8% nos apoios monopedais, e
para cada aumento de um quilômetro por
hora na velocidade ocorre um aumento
próximo de 4% nos apoios monopedais. Os
momentos de apoios monopedais, não são
considerados nas descrições clássicas de
marcha, e foram presentes nos animais da
raça Campolina conforme observado nas
Tabelas 3, 4, 5, 9, 10 e 12. Procópio (2004),
também verificou a ocorrência dos apoios
monopedais em diferentes tipos de marcha
analisadas, sendo elas picada, intermediária,
batida, trotada e a classe Mangalarga
Marchador, observando nas variações da
batida, trotada e a classe Mangalarga
Marchador, momentos de suspensão, não
verificados aqui nos animais na raça
Campolina analisados.
Nota-se, pela Tabela 27, uma redução da
porcentagem dos apoios bipedais diagonais
com aumento da altura da cernelha, da
garupa e do membro posterior, do
comprimento da canela anterior e do corpo.
Nas observações das Figuras 12 e 13,
evidencia-se uma redução dos apoios
bipedais diagonais com o aumento da altura
da cernelha e aumento do comprimento da
canela. Para uma redução de 10% nos apoios
bipedais laterais, nota-se um aumento de 10
centímetros na altura da cernelha e de um
centímetro no comprimento da canela
anterior. Deve-se evitar na seleção dos
animais, um porte exagerado, pois
evidenciam-se pelas Figuras 7 e 8 que
aumento destas medidas reduz os tríplices
apoios, tão desejáveis para um diagrama de
marcha de boa qualidade.
Ocorre, de acordo com a Tabela 27, um
aumento da porcentagem dos apoios
bipedais laterais com um aumento da altura
da garupa e o comprimento da perna, e uma
redução dos bipedais laterais com aumento
do comprimento da passada e da velocidade.
Na Figura 14, observa-se um aumento dos
apoios bipedais laterais com o aumento da
altura da garupa, para cada aumento de 10
centímetros na altura da garupa verifica-se
um aumento próximo de 8% nos apoios
bipedais laterais. Não se sugere, a seleção de
animais para maior altura na garupa, pois
desta forma estes seriam “mensos”. Deve-se
comparar a altura da garupa à da cernelha,
56
nunca deixando que os animais sejam
maiores na garupa.
Pela equação da Tabela 27, verifica-se que a
velocidade e o comprimento das passadas,
dos animais, reduz, com o aumento do
comprimento da perna e do corpo. Desejam-
se animais com passadas amplas,
conseqüentemente com maiores
comprimentos das passadas, verifica-se pela
Figura 15, que animais com um maior
comprimento do corpo, têm passadas de
menor comprimento, o mesmo, ocorrendo
para animais com maiores comprimentos de
perna de acordo com a Tabela 27. Para cada
aumento de 10 centímetros no comprimento
do corpo nota-se uma redução próxima de
15 centímetros no comprimento das
passadas.
Na Tabela 27, verifica-se, que animais com
maior comprimento do corpo, apresentam
maior tempo das passadas. Para a freqüência
de passadas, observa-se pela Figura 16, que
animais com maior comprimento do corpo
apresentam menores freqüências em suas
passadas. Para cada aumento de 10
centímetros no comprimento do nota-se uma
redução de 0,9 passadas por segundo na
freqüência das passadas. Demonstrando, que
possivelmente estes animais apresentam
uma menor flexão e extensão dos membros.
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
1,53
1,54
1,55
1,56
1,57
1,58
1,59
1,60
1,61
1,62
1,63
1,64
1,65
1,66
1,67
1,68
1,69
Altura da cernelha, m
Tríplices, %
Figura 7: Regressão do percentual de tríplices apoios sobre altura da cernelha de animais da raça
Campolina.
57
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
0,17
0,18
0,19
0,20
0,21
Comprimento da canela anterior, m
Triplices,%
Figura 8: Regressão do percentual de tríplices apoios sobre o comprimento da canela anterior de animais
da raça Campolina.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
11,00
12,00
13,00
14,00
15,00
Velocidade, Km/h
Triplices,%
Figura 9: Regressão do percentual de tríplices apoios sobre a velocidade de animais da raça Campolina.
58
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
20,00
22,00
24,00
26,00
28,00
30,00
1,18
1,19
1,20
1,21
1,22
1,23
1,24
1,25
1,26
1,27
1,28
1,29
1,30
1,31
1,32
1,33
1,34
1,35
Altura do membro posterior, m
Monopedais, %
Figura 10: Regressão do percentual de apoios monopedais sobre a altura do membro posterior de animais
da raça Campolina.
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
20,00
22,00
24,00
26,00
28,00
30,00
32,00
34,00
11,00
12,00
13,00
14,00
15,00
16,00
17,00
18,00
Velocidade, Km/h
Monopedais, %
Figura 11: Regressão do percentual de apoios monopedais sobre a velocidade de animais da raça
Campolina.
59
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
1,53
1,55
1,57
1,59
1,61
1,63
1,65
1,67
1,69
1,71
1,73
1,75
Altura na cernelha, m
Bipedais diagonais, %
Figura 12: Regressão do percentual de apoios bipedais diagonais sobre a altura da cernelha de animais da
raça Campolina.
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
0,17
0,18
0,19
0,20
0,21
0,22
Comprimento da canela anterior, m
Bipedais diagonais, %
Figura 13: Regressão do percentual de apoios bipedais diagonais sobre o comprimento da canela anterior
de animais da raça Campolina.
60
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
1,51
1,53
1,55
1,57
1,59
1,61
1,63
1,65
1,67
1,69
1,71
Altura da garupa, m
Bipedais laterais, %
Figura 14: Regressão do percentual de apoios bipedais laterais sobre a altura da garupa de animais da raça
Campolina.
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
2,20
2,30
1,55
1,57
1,59
1,61
1,63
1,65
1,67
1,69
1,71
1,73
1,75
1,77
1,79
Comprimento do corpo, m
Comprimento da Passada, m
Figura 15: Regressão do comprimento das passadas sobre o comprimento do corpo de animais da raça
Campolina.
61
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
1,85
1,90
1,95
1,55
1,57
1,59
1,61
1,63
1,65
1,67
1,69
1,71
1,73
1,75
1,77
1,79
Comprimento do corpo, m
Freqüência da passada, passadas/s
Figura 16: Regressão da freqüência das passadas sobre o comprimento do corpo de animais da raça
Campolina.
5. CONCLUSÕES
. A metodologia de utilização do programa
Simi Motion, permite a quantificação dos
tempos de apoio dos membros, do
comprimento das passadas, da mensuração
da velocidade, do tempo e da freqüência das
passadas dos animais.
. Houve ausência de ocorrência de
momentos de quadrupedal, de bipedal
anterior e de bipedal posterior e de
suspensão das 55 repetições analisadas na
marcha de apresentação e das 24 repetições
avaliadas nas variações do passo e marcha.
. O passo apresentou diagrama diferente da
marcha, e da transição do passo para marcha
nota-se aumento inicial do comprimento da
passada e posterior aumento da freqüência
da passada.
. No passo, houve maior proporção de lateral
do que diagonal, maior relação de
lateralização/diagonalização, e menor
relação de diagonalização/lateralização. Na
marcha, ocorreu maior proporção de
diagoanal do que lateral, maoir relação
diaonalização/lateralização, e menor relação
lateralização/diagonalização.
. Animais com velocidade média de
apresentação de 13,83 Km/h, apresentam um
diagrama de marcha, com momentos de
bipedais diagonais e laterais, tríplices e
monopedais. O comprimento médio da
passada foi de 2,09 metros, da freqüência de
1,84 passadas pos segundo e o tempo de
0,55 segundos.
. As medidas lineares de lineares de altura
apresentam correlações positivas, entre si,
variando de moderadas a altas. As medidas
de comprimento, perímetros e largura,
apresentam menos possibilidades de
correlações quando comparadas as medidas
de altura, e variam de pequenas a altas.
62
. Existem correlações entre as análises
cinemáticas e as medidas lineares, nos
animais da raça Campolina avaliados,
indicando redução da porcentagem dos
tríplices com o aumento da altura da
cernelha, do membro posterior e do
comprimento da canela anterior, devendo-se
atentar para estas medidas, para que haja a
dissociação dos membros dos animais.
. Nota-se uma correlação significativa e
negativa entre a porcentagem dos tríplices
apoios com a velocidade e o comprimento
da passada. Indicando que o aumento da
velocidade pode estar associado à redução
das porcentagens dos tríplices apoios e
redução dos momentos de dissociação.
. O aumento da velocidade altera o diagrama
de marcha, reduzindo os tríplices apoios e os
apoios bipedais laterais, e aumentando os
apoios bipedais diagonais e os apoios
monopedais.
. Foi possível formular equações de
regressão linear simples para as análises
cinemáticas e as medidas lineares.
Indicando, redução da porcentagem dos
tríplices apoios com aumento da altura dos
animais, e com aumento da velocidade dos
animais. Aumento da porcentagem dos
apoios monopedais com aumento da altura
do membro posterior e da velocidade. Pouca
redução dos bipedais diagonais com o
aumento da altura na cernelha e o
comprimento da canela anterior. Redução da
porcentagem dos apoios bipedais laterais
com aumento da velocidade. Redução do
comprimento e da freqüência das passadas
com aumento do comprimento do corpo.
6. SUGESTÕES
. A Associação dos Criadores do Cavalo
Campolina deverá realizar trabalhos de
conscientização dos criadores, técnicos,
árbitros e apresentadores evidenciando os
efeitos negativos da altura excessiva dos
animais nos resultados da qualidade da
marcha.
. Durante os trabalhos de julgamentos dos
animais em exposições deve-se dar
importância a velocidade dos animais, pois o
excesso de velocidade poderá influir na
qualidade da marcha.
. Novas formas de mensuração poderão ser
acrescentadas ao registro genealógico, tendo
como base as pesquisas morfométricas,
havendo a necessidade de treinamento
específico, para os técnicos atuais e futuros
mensuradores.
. Deve-se atentar para a realização de
pesquisas sérias no que se refere a avaliação
dos andamentos dos eqüinos da raça
Campolina, pois somente desta maneira
poderemos formar uma base de dados
confiável para os estudos de melhoramento
genético animal.
63
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABCCC Associação Brasileira dos
Criadores do Cavalo Campolina. História da
Raça.(2004) Disponível em:
<http://www.campolina.org.br/historiadarac
a.html>.
Acesso em: 18/11/2005.
ABCCC Associação Brasileira dos
Criadores do Cavalo Campolina.
REGULAMENTO OFICIAL DAS
EXPOSIÇÕES DA RAÇA CAMPOLINA
(2006) Disponível em:
<http://www.campolina.org.br>.
Acesso em: 10/06/2006.
BACK, W.; CLAYTON, H. Equine
locomotion. London: W.B. Saunders, 2001.
384p.
BACK, W.; SHAMHARDT, H. C.
SAVELBERG, H. H. C. M. How the horses
moves: significance of graphical
representations of equine forelimb
kinematics. Equine Vet.J., v. 27, p. 39 - 45,
1995.
BARBOSA, C. G. Estudo morfométrico na
raça Mangalarga Marchador. Uma
abordagem multivariada. 1993. 76f.
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Melhoramento Genético) - Escola de
Veterinária Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, 1996.
66
Apêndice I
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DO CAVALO CAMPOLINA
PADRÃO RACIAL DO CAVALO CAMPOLINA
Aprovado pelo CDT em 09/08/93.
I - FINALIDADE - Cavalo Marchador para Sela, Serviço e Lazer
II - APARÊNCIA GERAL
Aparência nobre, altiva, linhas harmoniosas e definidas.
1) Qualidade - Constituição forte e vigorosa, estrutura com musculatura
proporcional, ossatura seca e harmoniosa, pele fina, pêlos
finos e macios.
2) Altura - Mínima aos 36 meses: Machos = 1,54 m e Fêmeas = 1,45 m
Ideal para Adulto: Machos = 1,62 m e Fêmeas = 1,56 m
3) Temperamento - Ativo e dócil
4) Pelagens - Admitidas todas as pelagens e particularidades.
III - CABEÇA
1) Forma - Trapezoidal, proporcional e harmoniosa
2) Orelhas - De textura delicada, tamanho e afastamento proporcionais às
dimensões da cabeça, paralelas, dirigidas para o alto,
móveis em torno de seu eixo, com pavilhão de abertura
mediana e terminadas em forma de ponta de lança
3) Fronte - Ampla e plana
4) Ganachas - Definidas, afastadas, com contornos ósseos, nítidos e suaves
5) Olhos e Olhais Olhos afastados, móveis e xpressivos, escuros com
pálpebras finas e flexíveis, olhais pouco profundos
6) Narinas - Amplas, flexíveis e afastadas
7) Boca - De abertura média, lábios móveis, firmes e justapostos
8) Perfil - Retilíneo na região frontal e suavemente convexilíneo até
retilíneo no chanfro
67
IV - PESCOÇO
Rodado em sua borda superior e côncavo na borda inferior,
admitindo-se nesta o retilíneo; leve, com dimensões e
musculatura proporcionais, bem ligado à cabeça, bem
direcionado, inserindo-se nos terços médio e superior do
tronco, crinas fartas e sedosas.
1) Borda Superior
2) Borda Inferior
3) Ligação
4) Inserção
5) Crineira
6) Dimensões
V - TRONCO
1) Cernelha - Longa e bem definida
2) Peito - Amplo e Musculoso
3) Costelas - Longas e arqueadas, proporcionando boa amplitude torácica
4) Tórax - Amplo e profundo
5) Dorso - De comprimento médio, reto, musculado, proporcional e
harmoniosamente ligado à cernelha e ao lombo
6) Lombo - Curto, reto, proporcional, harmoniosamente ligado à garupa,
e coberto por forte massa muscular
7) Flancos - Curtos e cheios
8) Ventre - De forma arredondada, harmonioso e pouco levantado na
parte posterior
9) Ancas - Simétricas, bem cobertas e harmoniosas
10) Garupa - De altura não superior à Cernelha, ampla, longa, proporcional,
musculada, levemente inclinada e de região sacral não saliente
11) Cauda - Inserção média, bem implantada e dirigida para baixo, crinas
fartas e sedosas
VI - MEMBROS
1) Espáduas - Longas, oblíquas, definidas, musculosas e de amplos
movimentos
2) Braços - Longos, oblíquos, musculosos e bem articulados
3) Antebraços - Longos, com direção vertical e musculosos
4) Joelhos - Largos, secos, bem articulados, e aprumados na mesma vertical dos
antebraços e canelas
5) Coxas - Musculosas
6) Pernas - Fortes, longas e musculosas
7) Jarretes - Secos, lisos, fortes e bem articulados
8) Canelas - Médias, secas, com tendões fortes, bem delineados e direção vertical
68
vistas detrás
9) Boletos - Largos, definidos e bem articulados
10) Quartelas -Médias, oblíquas, fortes e bem articuladas
11) Cascos - Arredondados, fortes, íntegros, escuros e baixos na parte de trás
VII - ANDAMENTO
Marcha natural de tríplice apoio, cômoda, elegante, regular e desenvolta
1) Comodidade
2) Estilo
3) Regularidade
4) Desenvolvimento
VIII - DESCLASSIFICAÇÕES
1) Despigmentação da pele - pseudo albina (gazo)
2) Olhos - Deficiência de Pigmentação da íris (albinidismo)
3) Temperamento - Vícios graves e transmissíveis (agressivo ou linfático)
4) Perfil - Concavilíneo ou pronunciadamente convexilíneo
5) Orelhas - Mal dirigidas (acabanadas)
6) Lábios -Relaxados (Belfo)
7) Assimetria da arcada dentária (prognatismo)
8) Pescoço - Borda inferior convexa (invertida ou de cervo)
9) Dorso e Lombo -Concavilíneo (lordose, selado)
Convexilíneo (cifose, dorso de carpa)
Desvio lateral da coluna (escoliose)
10) Garupa - Mais alta que a cernelha (menso). Tolera-se a diferença de até 2 centímetros.
11) Membros - Taras ósseas e defeitos graves de aprumos.
12) Sistema Genital - Anorquidia (ausência congênita dos testículos);
monorquidia (ausência de um testículo);
Criptorquidia (1 ou 2 testículos na cavidade abdominal);
Assimetria testicular volumétrica acentuada;
Hipo ou hipertrofia testicular uni ou bilateral;
Anomalias congênitas do sistema genital feminino.
13) Anomalias congênitas ou hereditárias.
14) Andamento - exclusivo de andadura ou o trote.
* Altura mínima para machos castrados é de 1,50 m.
69
Apêndice II
70
Apêndice III
Livros Grátis
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