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A AGRICULTURA MODERNA ESGOTA OS RECURSOS NATURAIS
Destaques: A agricultura de hoje produz menos do que a tradicional: 3 ton/hectare
versus 15 ton/hectare de antigamente.
Quase sempre o moderno sistema de produção e distribuição de alimentos,
além de não ser mais produtivo em termos de eficiência de mão de obra, tampouco
é mais eficaz em termos de produtividade por hectare. Em muitos casos, tais como
na criação intensiva de animais, ele é mesmo destrutivo, consumindo mais alimento
do que produz.
No sul do Brasil, durante a última metade do século XX a grande floresta
subtropical do Vale do Uruguai foi completamente arrasada, deixando apenas
algumas pequenas relíquias. A floresta foi derrubada e queimada com a quase total
destruição da madeira, para abrir espaço para a monocultura de soja.
Isto não foi feito para aliviar o problema da fome nas regiões pobres do Brasil,
mas para enriquecer uma minoria com a exportação para o Mercado Comum
Europeu para alimentar gado. As plantações de soja estão entre as mais modernas
– grandes, altamente mecanizadas e com os habituais insumos químicos.
Essas plantações brasileiras não são, de maneira alguma, atrasadas quando
comparadas ao mesmo tipo de plantação nos USA. No nosso clima subtropical o
agricultor tem a vantagem suplementar de poder plantar trigo, cevada, centeio ou
aveia, mas também de fazer feno e silagem no inverno sobre o mesmo solo, mas
poucas vezes o faz.
Comparado ao que os nossos colonos faziam em solos similares, a
produtividade é baixa, raramente mais do que três toneladas de grãos (total, verão e
inverno) por hectare. O camponês, que produzia para alimentar a população local,
facilmente produzia 15 toneladas de comida por hectare, diversificando com
mandioca, batata-doce, batata inglesa, cana-de-açúcar e grãos, mais verduras, uva
e todos os tipos de frutas, feno e silagem para o gado, além de porcos e galinhas.
Mas esses camponeses não produziam PIB (produto interno bruto). O PIB só
reflete fluxo de capital e não levam em conta auto-suficiência e comércio local. A
conta do PIB interessa ao banqueiro, o governo e as grandes corporações
transnacionais, mas nada tem a ver com o bem estar das pessoas e da população.
Quando estatísticas das Nações Unidas declaram que quase a metade da
população mundial vive com menos de dois dólares por dia, isso leva às falsas
conclusões. Ninguém viveria com dois dólares por dia se tivesse que comprar sua
comida, roupa, utensílios no supermercado ou Shopping Center. No período áureo
de nossa colônia no Rio Grande do Sul, anos trinta, o colono podia não ter um tostão
no bolso, mas sempre tinha mesa farta e viviam bem.
Apesar desta realidade, a política agrícola oficial tem sempre apoiado os
grandes à custa dos camponeses. Centenas de milhares deles tiveram que desistir e
partir para as cidades, freqüentemente para as favelas, ou mais para o norte em
direção à floresta Amazônica.
Uma devastação tremenda foi feita com dinheiro do Banco Mundial no estado
de Rondônia, e os pequenos agricultores que lá foram assentados, não sabendo
como cultivar nos trópicos e sem apoio, em geral fracassam, deixando para trás
devastação, enquanto novas áreas da floresta são desmatadas.
No Brasil central, o cerrado, o equivalente sul americano da savana africana,
está hoje sendo quase totalmente destruído para dar lugar a mais plantações de