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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
DILMA SILVA DO NASCIMENTO
ESTUDO TAXONÔMICO DA FAMÍLIA ARISTOLOCHIACEAE JUSS. DO SUL DO
BRASIL
CURITIBA
2008
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DILMA SILVA DO NASCIMENTO
ESTUDO TAXONÔMICO DA FAMÍLIA ARISTOLOCHIACEAE JUSS. DO SUL DO
BRASIL
Dissertação apresentada como requisito
parcial à obtenção do grau de Mestre, pelo
Curso de Pós-Graduação em Botânica do
Setor de Ciências Biológicas da Universidade
Federal do Paraná.
Linha de Pesquisa: Taxonomia de
Fanerógamas.
Orientador:
Prof. Dr. Armando Carlos Cervi
Co-orientador:
Prof. MsC. Olavo Araújo Guimarães
CURITIBA
2008
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Dedico essa obra aos meus queridos avós:
Justina Cavallari Alves e Azarias Alves, avós maternos;
Dilma Silva do Nascimento e Thomas Ferreira do Nascimento (in
memorium), avós paternos.
AGRADECIMENTOS
Muitas foram as pessoas que me acompanharam e somaram para o sucesso dessa
obra. Porém, antes de tudo agradeço à Deus, por me mostrar o caminho da paciência,
tolerância, compreensão e aprendizagem.
Ao professor Armando Carlos Cervi, um ser especial que aos poucos conheci e o
respeitei não somente como um maravilhoso educador, mas como grande e estimado
amigo, grande conhecedor da vida e da botânica. Pela convivência e dedicação que esse
Mestre mostrou-se para comigo na minha vida pessoal e acadêmica.
Ao professor Olavo A. Guimarães, pela dedicação e auxílio no meu estudo.
Aos meus pais, grandes estimuladores de meus estudos. À minha mãe Maria do
Carmo, pela compreensão, amor, dedicação e outros milhares de feitos, que com carinho
me dedicou e ainda dedica. Ao meu grande e amado pai, Antonio Afonso, pelo incentivo em
todos os sentidos na vida e no meu estudo, pela compreensão, tolerância, amor e
dedicação. Devo tudo a vocês, meu agradecimento é infinito.
A Nelson pelo companheirismo, dedicação, amor e amizade durante o mestrado.
Agradeço as horas de incentivo e força, de alegrias e descontrações, que somaram para
meu crescimento pessoal e profissional.
Aos meus amigos do curso de Pós Graduação em Botânica: Anna Luiza Andrade,
Graciele Pavan, Renata Charvet Inckot, Ciane Costa Biu, Fernando Bittencourt, Marcelo
Reginato, Eduardo Camargo, Fábio Bosio, Mariângela, Katiane, Edinara Santos, Elton
Lehmkuhl, Ângela Silva, Marcelo Brotto e Felipe Marinero. Em especial, a Fabrício Schmitz
Meyer, Rafael Fernando da Silva Possette, Ceusnei Simão, e minhas queridas amigas Alba
Yanés Ayabaca e Manuela Dal-Forno, pelos momentos especiais e ensinamentos
compartilhados.
Aos meus amigos Cris e Tiaguinho, Isabela, Aninha, e muitos outros, que sempre
estiveram do meu lado. Em especial a Brenda Maria, pela grande amizade e por me auxiliar
na montagem das pranchas.
À secretária Beth, por sempre me auxiliar com muita dedicação. À José Augusto
Cunha, sempre dispondo de seu tempo para me auxiliar nas coletas.
Às minhas tias Agostinha, Tia Áurea, Tia Maria Gorete, em memória Tia Lucy, pelo
apoio e curiosidade sobre minhas pesquisas, amizade e alegrias.
À minha querida irmã Eliza, pelos momentos de conversas e trocas de experiências.
Ao professor Paulo Labiak pela correção e sugestões do relatório.
À professora Élide Pereira dos Santos pela correção do relatório, auxílio no trabalho,
prática de docência, amizade e ensinamentos muito válidos.
Aos curadores dos herbários pelo empréstimo ou consulta de material.
À Simone, do herbário UPCB, por me auxiliar nos scanners das pranchas.
À Eraldo Barboza, Juarez Cordeiro, Edílson (Kiko) e José Morais da Silva (Bagre) do
Museu Botânico Municipal, que desde meu estágio e monografia dos tempos da Graduação
sempre dedicaram-se para comigo. À Clarisse e Gerdt Hatschbach, pelo incentivo nos
trabalhos e amizade.
Ao CNPq pela concessão da bolsa nos últimos meses.
A todos que me ajudaram, direta ou indiretamente no percurso destes dois anos de
trabalho e dedicação.
RESUMO
O presente trabalho consiste no estudo taxonômico da família Aristolochiaceae Juss.
no Sul do Brasil. Através de coletas feitas na região mencionada e levantamentos
em herbários da região Sudeste do Brasil, foi constatada a ocorrência de 14
espécies do gênero Aristolochia L.: Aristolochia chamissonis (Klotzsch) Duch, A.
curviflora Malme, A. fimbriata Cham. & Schltdl., A. labiata Willd., A. melastoma
Manso ex Duch., A. odoratissima L., A. paulistana Hoehne, A. robertii Ahumada, A.
sessilifolia (Klotzsch) Duch., A. triangularis Cham., A. trilobata L. e A. wendeliana
Hoehne; e as espécies cultivadas: A. elegans Mast. e A. gigantea Mart. et Zucc. Em
termos de riqueza de espécies, destaca-se o Estado do Paraná (10), seguido de
Santa Catarina (9) e Rio Grande do Sul (5). A família ocorre em quase todas as
formações vegetacionais da região Sul do Brasil, presentes principalmente em
ambientes abertos. São registradas novas ocorrências: A. fimbriata para o Estado do
Paraná, e A. sessilifolia para Santa Catarina. As espécies A. curviflora, A. labiata e
A. odoratissima encontram-se ameaçadas de extinção.
Palavras-chave: Aristolochiaceae. Aristolochia. Taxonomia. Sul do Brasil.
ABSTRACT
The current work consists on a taxonomic study of Aristolochiaceae Juss., on South
of Brazil. Through samples took on mentioned region and surveys on Southeast
Brazilian herbaria, 14 species of Aristolochia sp. were found: Aristolochia
chamissonis (Klotzsch) Duch, A. curviflora Malme, A. fimbriata Cham. & Schltdl., A.
labiata Willd., A. melastoma Manso ex Duch., A. odoratissima L., A. paulistana
Hoehne, A. robertii Ahumada, A. sessilifolia (Klotzsch) Duch., A. triangularis Cham.,
A. trilobata L. and A. wendeliana Hoehne; and the cultivated species: A. elegans
Mast. and A. gigantea Mart. et Zucc. Considering the species abundance, Parana
State stands out (10), followed by Santa Catarina (9) and Rio Grande do Sul (5). The
Family occurs in almost all vegetation formations in South of Brazil, mainly present in
wide environments. New occurrencies are registered: A. fimbriata in Paraná, and A.
sessifolia in Santa Catarina.
Keywords: Aristolochiaceae. Aristolochia. Taxonomy. South of Brazil.
LISTA DAS FIGURAS
FIGURA 1 - Detalhe do cladograma com as relações filogenéticas da família
Aristolochiaceae Juss. dentro da ordem Piperales.................................19
FIGURA 2 - Clado demostrando as duas principais linhagens dentro do gênero
Aristolochia..............................................................................................23
FIGURA 3 - Mapa geológico da região Sul do Brasil.................................................28
FIGURA 4 - Mapa do clima da região Sul do Brasil...................................................30
FIGURA 5 - Mapa das Formações Vegetacionais do Sul do Brasil e legenda..........32
FIGURA 6 - A – Órgão subterrâneo de A. sessilifolia (Klotzsch) Malme; B – raiz e
caule subterrâneo de A. stuckertii Satandl...........................................38
FIGURA 7 - A – Caule suberoso de A. gigantea Mart et Zucc. , B – Pseudoestípula
de A. elegans Mast. C – Pseudoestípula de A. triangularis Cham., D
Cápsula de A. elegans..........................................................................40
FIGURA 8 - Variação foliar de A. odoratissima L.......................................................41
FIGURA 9 - Flores hipotéticas e suas estruturas...................................................... 42
FIGURA 10 - Ginostêmio fechado, prendendo insetos dípteros................................45
FIGURA 11 - Aristolochia chamissonis (Klotzsch) Duch........................................... 53
FIGURA 12 - Aristolochia chamissonis (Klotzsch) Duch. e Aristolochia curviflora
Malme (D-F)..........................................................................................54
FIGURA 13 - Aristolochia fimbriata Cham. & Schltdl. e Aristolochia elegans
Mast......................................................................................................61
FIGURA 14 - Distribuição das espécies: A. chamissonis (Klotzsch) Duch., A.
curviflora Malme, A. elegans Mast., A. fimbriata Cham. & Schltdl., A.
wendeliana Hoehne e A. robertii Ahumada..........................................62
FIGURA 15 - Aristolochia gigantea Mart et Zucc., A – Talo lignificado, B – hábito em
cerca, C – Flor, D – sementes (D.S. Nascimento 264 , UPCB)............66
FIGURA 16 - Aristolochia elegans Mast. e Aristolochia gigantea Mart et
Zucc......................................................................................................67
FIGURA 17 - Aristolochia labiata Willd.......................................................................70
FIGURA 18 - Aristolochia fimbriata Cham. & Schltdl. e Aristolochia labiata
Willd......................................................................................................71
FIGURA 19 - Aristolochia melastoma Malme e Aristolochia odoratissima
L............................................................................................................78
FIGURA 20 - Aristolochia melastoma Manso. e Aristolochia odoratissima L. ...........79
FIGURA 21 - Aristolochia paulistana Hoehne............................................................83
FIGURA 22 - Distribuição geográfica das espécies: Aristolochia gigantea Mart et
Zucc., Aristolochia labiata Willd., Aristolochia melastoma Manso,
Aristolochia odoratissima L., Aristolochia paulistana Hoehne..............84
FIGURA 23 - Aristolochia paulistana Hoehne. (A-E), A ramo (D.S. Nascimento &
E. Barbosa 265, UPCB); B ramo com flor (F.B. Mattos & P. B.
Schwartsburd 861, UPCB); C – ginostêmio (G. Hatschbach 45423,
MBM); D fruto fechado, E – sementes (G. Gatti 382, UPCB)............85
FIGURA 24 - Aristolochia sessilifolia (Klotzsch) Malme. (A-B), A – Flor com detalhe
do lábio fimbriado (K. Hagelund 15888, ICN), B – detalhe do utrículo
com ginostêmio (K. Hagelund 15888, ICN). Aristolochia robertii
Ahumada. (C-D), C – flor com detalhe do ginostêmio (A. Krapovickas
&C. L. Cristóbal 37739, ICN), B – cápsula do isótipo (Klein & Souza
8610, HBR)...........................................................................................91
FIGURA 25 - Aristolochia robertii Ahumada (A-E), A ramo com flores e variação
foliar (G. Hatschbach & E. Zardini 40983, MBM); B flor, C
ginostêmio (A. Krapovickas & C.L. Cristóbal 37739, ICN); D fruto, E
sementes (Klein & Souza 8610, HBR); Aristolochia sessilifolia
(Klotzsch) Malme. (F-J), F ramo com flor, G detalhe da flor, H
ginostêmio (K. Hagelund 15888, ICN); I fruto fechado, J sementes
(B. Rambo s. n., PACA)........................................................................92
FIGURA 26 -. Aristolochia triangularis Cham., A – talo lignificado, B – hábito, C e D
flor (D S. Nascimento 269 , UPCB). ....................................................96
FIGURA 27 - Aristolochia trilobata L., A – planta em restinga antropizada
(Florianópolis, SC), B – folha com hospedeiro (Foto: Fabrício Meyer –
Piçarras, SC), C – cápsula (Foto: Fabrício Meyer – Piçarras, SC), D
detalhe da flor com ginostêmio, E e F – flor (D. S. Nascimento 272
(UPCB), Curitiba, PR).........................................................................100
FIGURA 28 - Distribuição geográfica das espécies: Aristolochia sessilifolia (Klotzsch)
Malme., Aristolochia triangularis Cham. e Aristolochia trilobata L. ....101
FIGURA 29 - Aristolochia trilobata L. (A-D), A ramo (D.S. Nascimento 268, UPCB);
B flor (G. & M. Hatschbach & J. M. Silva 52292, UPCB); C fruto
fechado, D sementes (F.S. Meyer 429, UPCB)...............................102
FIGURA 30 - Aristolochia wendeliana Hoehne, A – flor (D. S. Nascimento 270,
UPCB), B – ginostêmio (D. S. Nascimento 263, UPCB), C – flor e
lâmina foliar (D. S. Nascimento 270, UPCB)....................................105
FIGURA 31 - Aristolochia triangularis Cham. (A-E), A ramo com flores, B flor (D
S. Nascimento 269, UPCB); C ginostêmio (); D fruto fechado, E
sementes (B. E. Irgang, L. Mentz & Z. S. V. Ceroni s. nº (ICN).
Aristolochia wendeliana Hoehne (F-I), F ramo com flores, G flor, H
ginostêmio (D. S. Nascimento 270, UPCB); I fruto fechado (W. M.
Kranz 376, FUEL)...............................................................................106
LISTA DAS TABELAS
TABELA 1 - Subdivisão do gênero Aristolochia segundo SCHMIDT (1935).............20
TABELA 2 - Classificação das Formas vegetativas entre algumas espécies de
Aristolochia no Sul do Brasil....................................................................39
TABELA 3 - Distribuição das espécies de Aristolochiaceae J. nos três estados do Sul
do Brasil: Paraná (PR), Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul
(RS).......................................................................................................130
SUMÁRIO
1 INT
RODUÇÃO
...............................................................................................
.....
14
2
REVISÃO DE LITERATUR
A
..................................................
............................
16
2.1 FAMÍLIA ARISTOLOCHIACEAE..........................................
16
2.1.1 Posição sistemática.................................................................................
......
16
2.1.2 Divisão sistemática e histórico taxonômico de Aristolochiaceae.................
..
17
2.2 O GÊNERO ARISTOLOCHIA L................................................................
........
20
2.2.1 Divisão taxonômica do gênero
Aristolochia...................................................
20
2.2.2 Histórico taxonômico do gênero Aristolochia
.................................................
22
2.2.3 Estudos com o gênero
Aristolochia...............................................................
26
3 MATERIAL E MÉTODOS
.........................................................
...........................
27
3.1 ÁREA DE ESTUDO
..........................................................................................
27
a) Informações geográfica
s....................................................................................
27
b) Clima.......................................................................................................
...........
29
c) Vegetação...............................................................................................
............
31
3.2 COLETA DE DADOS.................................................................................
.......
33
a) Pesquisa bibliográfica................................................................................
.........
33
b) Coleta de material botânico....................................................
............................
33
c) Estudos morfológicos e taxonômicos.....................................
............................
34
4
RESULTADOS E DISCUSS
ÃO
........................................................
..................
36
4.2 GÊNERO ARISTOLOCHIA L........................................................................
...
36
4.2.1 Morfologia............................................................................................
..........
36
4.2.1.1 Parte subterrânea......................................................
.................................
36
4.2.1.2 Parte aérea.............................................................
....................................
38
4.2.2 Tratamento taxonômico do gênero Aristolochia L. no Sul do Brasil
..............
46
4.2.3 Chave para as espécies do gênero Aristolochia L. para a região Sul do
Brasil............................................................................................................
...
47
4.2.4 Descrição das espécies da família Aristolochiaceae do S
ul do Brasil...........
49
1. Aristolochia chamissonis (Klotzsch) Duch
.....................................................
49
2. Aristolochia curviflora Malme.....
...................................................................
51
3. Aristolochia elegans Mast. ...............................................
............................
55
4. Aristolochia fimbriata Cham. & Schltdl. ...............................
.........................
58
5. Aristolochia gigantea Mart. et Zucc.
.............................................................
63
6. Aristolochia labiata Willd.
.............................................................................
68
7. Aristolochia melastoma Manso ex Duch.
.....................................................
72
8. Aristolochia odoratissima L.
.........................................................................
75
9. Aristolochia paulistana Hoehne.....................
................................................
80
10. Aristolochia robertii Ahumada
.....................................................................
86
11. Aristolochia sessilifolia (Klotzsch) Duch...................................................
...
88
12. Aristolochia triangularis Cham.
...................................................................
93
13. Aristolochia trilobata L. ..............................................................................
97
14. Aristolochia wendeliana Hoehne................................................................103
CONCLUSÕES
.....................................................................................................107
REFER
Ê
NCIAS
.....................................................................................................109
APÊNDICE
S
..........................................................................................................120
14
1 INTRODUÇÃO
A família Aristolochiaceae Juss. abrange espécies lianas, decumbentes ou
não, e herbáceas eretas ou prostradas. Geralmente são providas de rizomas ou
tubérculos (HOEHNE, 1942a). São conhecidas como jarrinha, papo-de-peru, cassaú
e cipó mil-homens (CAPELLARI JR., 2002). São empregadas com fins
farmacológicos e especialmente como medicinais por populações indígenas e rurais
(SCHVARTZMAN, 1975).
As folhas são alternas, pecioladas, simples, inteiras ou lobadas, pubescentes
ou glabras. Nas lianas, as pseudo-estípulas são amplexicaules, presentes ou
ausentes. As flores o axilares, solitárias ou racemosas paucifloras,
frequentemente reduzida a uma única flor; monoclamídeas, andróginas, zigomorfa.
O perigônio é gamopétalo, raro duplo (Saruma), corolíneo, tubuloso, diferenciado
em utrículo (parte basal), tubo floral expandido em lábio unilabiado ou bilabiado;
androceu e gineceu em coluna (ginostêmio). O ginostêmio apresenta-se
campanulado a estipitado, com 6 lobos estigmatíferos oblongos a triangulares. Os
frutos apresentam-se capsulares ou rosetiformes dividido em 6 cocos, com
deiscência septicida, raro indeiscente, 6-valvados, rostrado ou não. As sementes
são numerosas, achatadas e septadas.
O gênero mais representativo é Aristolochia L., com aproximadamente 500
espécies em regiões tropicais, subtropicais e temperadas do todo o mundo
(GREGORY, 1956).
A família é constituída por 4 gêneros com aproximadamente 600 espécies.
No Brasil ocorre um gênero (Aristolochia) com cerca de 80 espécies. O gênero
Euglypha foi sinonimizado para Aristolochia (GONZÁLEZ, 1997)
A família ocorre em quase todas as formações vegetacionais brasileiras,
porém possui poucas coletas. Algumas espécies apresentam risco de extinção, e
outras podem entrar nesse grupo, devido ao rápido processo do desenvolvimento
atual.
Sabe-se que a vegetação brasileira diminui a medida que crescem os
avanços tecnológicos e a massa populacional, sendo cada vez mais explorada para
suprir a demanda do consumismo. O uso desenfreado dos recursos naturais causa
15
a trágica devastação dos ecossistemas brasileiros e resulta muitas vezes em perdas
na fauna, flora, qualidade da água e solo.
É crescente o número de espécies que entram na lista de ameaçadas de
extinção e que correm tal risco, sendo estudos taxonômicos e de levantamentos das
floras fundamentais para o manejo e conservação das mesmas.
Entre os estados da região Sul do Brasil, apenas Santa Catarina apresenta
um estudo da flora e deixa de incluir alguns dados. Sendo assim, é de grande
importância o levantamento e o estudo taxonômico das espécies de
Aristolochiaceae no Sul do Brasil para ampliar o conhecimento das mesmas para a
flora brasileira e, contribuir para sua conservação.
Tendo em vista tais fatores, objetivou-se realizar um levantamento dos táxons
da família Aristolochiaceae na região Sul do Brasil.
16
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 FAMÍLIA ARISTOLOCHIACEAE JUSS.
2.1.1 Posição sistemática
A família Aristolochiaceae pertence à subclasse Magnoliidae (CRONQUIST,
1981; APGII, 2003). A posição sistemática da família, foi muito discutida e muitos
autores acreditavam que as Aristolochiaceae, ocupavam uma posição isolada dentro
do sistema de classificação. Segundo Ahumada (1967), botânicos antigos
relacionavam-na com as Dioscoriaceae devido a sua morfologia foliar, sendo mais
tarde recusada por apresentar seu embrião com dois cotilédones. Lindley (1831)
apud González (1990) estabelecia uma certa relação da família com as
Rafflesiaceae.
Wettstein (1944) agrupa a família dentro da ordem Polycarpicae, na qual
incluía as Annonaceae, Myristicaceae, Hydnoraceae, Rafflesiaceae e Lauraceae.
Muitos autores ainda sustentariam a relação das Aristolochiaceae com Annonaceae
(JOHRI & BHATNAGAR, 1955; RAVEN & AXELROD, 1975; COCUCCI, 1976, 1983;
CRONQUIST, 1981; HOU, 1981).
Rendle (1938) coloca a família na ordem Aristolochiales, na qual estariam
inclusas as famílias Rafflesiaceae e Hydnoraceae. Nickrent et al. (2002) propõe a
inclusão de Hydnoraceae em Aristolochiaceae, e comentam que um número de
características morfológicas que são potenciais sinapomorfias entre as duas
famílias. A ordem monotípica Aristolochiales, seria sustentada por vários autores
(AHUMADA, 1967; TAKHTAJAN, 1980; CRONQUIST, 1981; DAHLGREN, 1983;
GONZÁLEZ, 1990). A família chega a ser incluída na ordem Myrtales, através de
características da morfologia floral (WYATT, 1955). Hutchinson (1928) relaciona a
família Aristolochiaceae com as Nephenthaceae, e as coloca entre as Piperales e
Berberidales. No entanto, Thorne (1983) a situa dentro da subordem monotípica
Aristolochiineae, mantendo-a ainda dentro da ordem Annonales.
17
Atualmente, estudos moleculares posicionaram a família Aristolochiaceae na
ordem Piperales (APG II, 2003), sendo parte das Magnollideae, as quais incluem 3%
das remanescentes angiospermas vivas, com características mais primitivas. Deriva
diretamente das Magnoliales, mais provavelmente de um ancestral comum de
Annonaceae e Myristicaceae (TAKHTAJAN, 1980). Devido a evidências bioquímicas
e morfológicas, a família Aristolochiaceae pode apresentar semelhança aos
ancestrais das quais surgiram as monocotiledôneas (RAVEN, 2001). Para Doyle e
Endress (2000), muitas características consideradas homoplásicas atuam na
proximidade entre Piperales e as monocotidelôneas, situação a qual ainda não pode
ser explicada por meio de dados moleculares.
A ordem Piperales compreende aproximadamente 4300 espécies, com três
gêneros que possuem mais de 500 espécies cada. Esta ordem inclui as famílias
Piperaceae, Aristolochiaceae, Saururaceae, Lactoriaceae e Hydnoraceae. Dentre as
formas e hábitos representados, têm-se geófitas, ervas, suculentas, lianas,
subarbustos, árvores e epífitas. Os membros desta ordem exibem um diverso
espectro de especialização na polinização e morfologia floral, tal como em
Aristolochiaceae. Dados moleculares (WANKE et al., 2007; WANKE, GONZALEZ,
NEINHUIS, 2006) evidenciam a família dentro da ordem Piperales (Fig. 5), e o
gênero Aristolochia como grupo irmão de Piper.
2.1.2 Divisão sistemática e histórico taxonômico de Aristolochiaceae
Em relação à divisão dentro das Aristolochiaceae, tem-se uma grande
variação de critérios utilizados por diferentes autores. Apesar dessa variação, os
caracteres considerados o sempre os mesmos, como a simetria da flor, forma do
fruto, sementes e aspecto geral da planta (AHUMADA, 1967).
Inicialmente, a família Aristolochiaceae foi descrita por A. L. DE JUSSIEU em
1789 (GONZÁLEZ, 1990), e incluía os gêneros Aristolochia L., Asarum L. e Cytinus
L. Em 1831, Lindley transfere Cytinus à família Rafflesiaceae e inclui em
Aristolochiaceae o gênero Trichopu, que mais tarde Klotzsch (1859) transferiria para
a família Dioscoreaceae. Endlicher em 1837 incluiu na família o gênero Thottea
Rottboele. O gênero Holostylis Duchrt. é descrito e incluído por Duchartre (1854).
18
Em 1889 e 1906, os gêneros Saruma Chodat & Hassler e Euglypha Chodat &
Hassler respectivamente, foram adicionados à família (GONZÁLEZ, 1990).
Uma primeira divisão, proposta pelos autores Duchartre (1864), Engler
(1912), Hoehne (1927), Gregory (1956), González (1990), considera três tribos:
Asarea (Asarum L. e Saruma), Apameae (Thottea) e Aristolochieae (Aristolochia L.,
Euglypha e Holostylis). Gregory (1956), por meio de estudos cariológicos e de
morfologia floral comparativa, substitui as tribos Asarea por Sarumeae e Apameae
por Bragantieae.
A segunda divisão considera duas subfamílias. Essa divisão, estabelecida por
schimidt (1935), foi usada por HOEHNE (1942a) e reconhece 7 gêneros, distribuídos
em 5 tribos e 2 subfamílias. A subfamília Asaroideae compreendendo as tribos
Sarumeae (Saruma); tribo Asareae (Asarum) e a tribo Bragantieae (Thottea, e
Apama Lam.). Pertencendo à subfamília Aristolochioideae, a tribo Euglypha
(Euglypha) e a tribo Aristolochiae (Aristolochia e Holostylis). Mais tarde, HUBER
(1985) transfere Thottea para a subfamília Aristolochioideae, sendo a transferência
suportada mais tarde através de estudos filogenéticos (WANKE; GONZÁLEZ;
NEINHUIS, 2006). Em 1981, Hou transfere o gênero Apama para Thottea.
Huber (1985) reconhece duas tribos, Isotrematinae (com Endodeca Raf. e
Isotrema Raf.), e Aristolochiinae (incluindo Aristolochia L., Einomeia Raf., Euglypha
Chodat & Hassler, Holostylis Duchartre, Howardia Klotzsch, e Pararistolochia Hutch.
& Dalziel). Howardia, nome incorretamente usado, foi designado às espécies de
Aristolochia do Leste da Índia, América do Sul e Central, pertencentes à seção
Gymnolobus subseção Hexandrae (NEINHUIS et al., 2005).
Em 1997, González realiza um estudo de análise cladística de táxons
neotropicais da família Aristolochiaceae, propondo a inclusão dos gêneros
monotípicos Euglypha e Holostylis no gênero Aristolochia.
Atualmente, quatro gêneros o reconhecidos dentro de Aristolochiaceae. Na
subfamília Asaroideae com os gêneros Saruma, monotípico e endêmico da China
Central e Asarum, com 86 espécies distribuídas em áreas temperadas da América
do Norte, Europa e Ásia, apresentando dados filogenéticos que atestam sua origem
asiática (KELLY, 1998). Dentro da subfamília Aristolochioideae, o gênero Thottea
com aproximadamente 30 espécies restritas à Ásia tropical e o gênero Aristolochia
com aproximadamente 400 espécies distribuídas em quase todas as regiões
19
tropicais e subtropicais do globo. A família apresenta uma distribuição por todo o
Brasil, sendo representada no país somente por Aristolochia (AHUMADA, 1967;
GONZÁLEZ, 1997; KELLY, 1998; WANKE et al., 2007).
FIGURA 1 Detalhe do cladograma com as relações filogenéticas da família Aristolochiaceae dentro
da ordem Piperales.
FONTE: WANKE et al. (2007).
20
2.2 O GÊNERO ARISTOLOCHIA L.
Aristolochia é o gênero que reúne o maior número de espécies da família.
Segundo González (1990), ocorre em parte da vegetação pantropical, apresentando
maior densidade na faixa tropical.
Em relação à origem, sendo uma Magnollideae, seu ancestral teria surgido há
cerca de 130 milhões de anos (Gondwana), quando os primeiros fósseis de
angiospermas apareceram (RAVEN, 2001). Baseado nisso, González (1990) apóia
a hipótese de que o gênero teria sua origem gondwanica. Para tal, levou em conta a
notável representatividade do gênero em formações vegetacionais das zonas baixas
do Neotrópico e a ocorrência de condições plesiomórficas em espécies
exclusivamente neotrópicas, como: porte robusto, ramos floríferos tírsicos, presença
de zonas de abscisão, ginostêmio hexâmero, frutos com septos perfurados e
sementes com par de alas. os estados derivados, tornam-se mais freqüentes em
espécies de zonas temperadas e subtropicais da América do Norte, e são: bito
herbáceo, ramos floríferos racemosos, zonas de abscisão ausentes, ginostêmio com
androceu hexâmero ou pentâmero e com 3-5 lóbulos estigmáticos, frutos com
septos inteiros e sementes com alas reduzidas ou ausentes.
Evidências sustentam a hipótese de que as espécies do gênero Aristolochia
de regiões temperadas, foram originadas de ancestrais tropicais (GONZÁLEZ,
1990). Segundo o mesmo autor, isso se deve ao fato de um predomínio de números
de cromossomos haplóides nas espécies tropicais e diplóides nas extratropicais, de
acordo com registros cromossômicos conhecidos (GREGORY, 1956; MOORE,
1973; LOVE, 1978, 1982; HOU, 1981).
2.2.1 Divisão taxonômica do gênero Aristolochia
Duchartre (1864) propôs 2 grupos para Aristolochia: o primeiro com as
seções Asterolytes, Siphisia e Hexodon; e o segundo com as seções Gymnolobus e
Diplolobus. Schmidt (1935), baseado em Duchartre (1854), estabelece uma
classificação (Tab. 1), na qual muitos trabalhos se basearam e ainda se baseiam
21
(AHUMADA, 1975, 1969; PFEIFER, 1966, 1960; HOENHE, 1942b; GONZÁLEZ,
1990). Em 1875, Masters estabeleceu as seções Bilabiatae, Peltiflorae e Unilabiatae
mediante as semelhanças morfológicas do perigônio das espécies brasileiras.
TABELA 1: Subdivisão do gênero Aristolochia segundo SCHMIDT (1935).
Subgênero Seção Subseção
I. Siphisia Raf. 1. Asterolites
2. Siphisia
3. Hexodon
II. Aristolochia L. 1. Diplolobus a. Euaristolochia
b. Podanthemum
2. Gymnolobulus a. Pentandrea
b. Hexandrae
III. Pararistolochia Hutch & Dalz.
FONTE: González (1999).
O subgênero Siphisia consiste em 50 espécies distribuídas na América do
Norte e Central, Ásia temperada e tropical. São em sua maioria trepadeiras volúveis
e altamente ramificadas. Com aproximadamente dez espécies Africanas e 23
Australianas, o subgênero Pararistolochia apresenta características como caulifloria
e presença de brácteas (GONZÁLEZ, 1999).
As duas seções do subgênero Aristolochia possuem o maior número de
espécies dentro do gênero. A seção Diplolobus com aproximadamente 120
espécies, tem sua distribuição na Europa, Norte e Leste da África, e Norte da
Austrália. A seção Gymnolobus apresenta em torno de 210 espécies distribuídas
essencialmente na América Central e do Sul, com as subseções Hexandrae
(ginostêmio com 6 lobos estigmáticos) e Pentandrae (ginostêmio com 5 lobos
estigmáticos). Agrupa também a maioria das aristolóquias mexicanas, sendo as da
subseção Pentandrae, nativas do México (PFEIFER, 1966; GONZÁLEZ, 1999;
SANTANA-MICHEL, 2000).
González em 1991, dentro da subseção Hexandrea (Seção Gymnolobus),
reconhece duas séries (Hexandrea e Thyrsicae) e duas subséries (Anthocaulicae e
Hexandrae) baseado na morfologia comparada de 123 espécies de Aristolochia.
22
Wanke, González e Neinhuis (2006) realizaram uma análise morfológica e
molecular filogenética dentro de Aristolochia, envolvendo os taxas infragenéricos
propostos durante a história da família. Os autores confirmam a inclusão dos
gêneros Euglypha e Holostylis (monotípicos e endêmicos da América do Sul) em
Aristolochia, e reconhecem duas principais linhagens dentro do gênero (Fig. 2).
2.2.2 Histórico taxonômico do gênero Aristolochia
O gênero Aristolochia L. foi descrito inicialmente por Tournefort (1719) e
estabelecido definitivamente por Linnaeus em 1753. Klotzsch (1859) incluiu ao
gênero, 40 espécies do Velho Mundo e distribuiu muitas espécies entre os gêneros
Endodeca, Einomeia, Howardia e Sphisia. Duchartre (1864) reconheceu 171
espécies do gênero Aristolochia.
Em 1935, Schimidt publica na segunda edição de “Die Naturlichen
Pflanzenfamilien” uma reorganização do gênero, onde nem todas as espécies são
descritas e as que o se enquadram na classificação são colocadas em categorias
incompletas (catch-alls).
Em 1985, Huber restringiu o gênero de forma similar a klotzsch (1959),
reconhecendo um grupo alternativo a Aristolochia designado pelos táxons Einomeia,
Euglypha, Holostylis, Howardia e Pararistolochia. Este último gênero foi descrito por
Hutchinson e Dalziel (1928) que ao analisar em material africano, separa algumas
espécies no gênero Pararistolochia. Esse gênero foi reduzido a subgênero por
Schmidt (1935), mas reestabelecido como gênero por Poncy (1978), devido a
características presentes como caulifloria e frutos indeiscentes. Essa decisão foi
questionada por Hou (1981) e González (1990), sendo as características descritas
em Pararistolochia, insuficientes para diferenciá-la de Aristolochia.
23
FIGURA 2 - Clado demostrando as duas principais linhagens dentro do gênero Aristolochia, utilizando
espécies de Aristolochia presentes no Velho e Novo Mundo e sua classificação em gêneros ou táxons
infragenéricos propostos anteriormente, segundo análises WANKE et al. (2007): linhagem -
Endodeca e Isotrema, 2ª linhagem - Subgêneros Pararistolochia e Aristolochia.
FONTE: WANKE et al. (2007).
Para a Flora do Peru, Macbride (1937) constata 29 espécies de Aristolochia,
baseando-se em determinações e verificações dos espécimes por O. C. Schmidt.
Hoehne, em 1925 publica uma preliminar da “Monografia das
Aristolochiáceas brasileiras”, na qual descreve seis espécies novas, entre elas
24
Aristolochia paulistana Hoehne, e duas subespécies novas. Em 1927, Hoehne
publica a monografia, na qual elabora uma chave para subfamílias e uma descrição
detalhada das Aristolochiaceae para o Brasil. O autor ainda publica a “Flora
Brasílica” para a família, totalizando 137 espécies relatadas para a Flora da América
do Sul (HOEHNE, 1942b). Paralelamente, publica as novas espécies relatadas do
estudo (HOEHNE, 1939; 1942a) e mais tarde, sobre plantas medicinais e tóxicas
(HOEHNE, 1978).
Standley (1946) descreve 14 espécies do gênero para a Flora de Guatemala.
Pereira (1959) reconhece oito espécies da família para a cidade do Rio de
Janeiro.
Na Flora do Panamá, Pfeifer (1960) relata 13 espécies. O mesmo autor em
1966 revisa as espécies de Aristolochia da América Central e do Norte, relatando 58
espécies.
Ahumada (1975) realiza o levantamento de Aristolochiaceae para a Flora
Catarinensis, na qual relata seis espécies nativas e duas cultivadas de Aristolochia
para o Estado de Santa Catarina.
Ahumada (1977) publica a parte do trabalho “Novidades sistemáticas do
gênero Aristolochia L. em Sudamerica”, na qual inclui espécies brasileiras, além de
comparar características de espécies distintas descritas por autores diferentes. Em
1979, Ahumada então na sua parte de “Novidades sistemáticas do gênero
Aristolochia L. em Sudamerica”, descreve sete novas espécies para o Brasil, Peru e
Argentina, dentre as quais duas são brasileiras.
Bazzolo e Pfeifer (1977) citam quatro espécies herbáceas de Aristolochia
para Brasil, Colômbia e Venezuela, incluindo A. curviflora Malme., espécie brasileira.
Barringer (1983) cita 13 espécies de Aristolochia para a Flora de Costa Rica
com algumas espécies que ocorrem também, no Brasil.
O gênero Aristolochia é estudado para a Itália, onde Nardi (1984) constata
dez espécies de maioria herbáceas.
Em 1990, González inclui em seu trabalho um novo tratamento de
Aristolochia subseção Hexandrae, baseado numa correlação significativa de
caracteres vegetativos e reprodutivos. Neste trabalho, o autor descreve 27 espécies
para a Flora de Colômbia.
25
Capellari Jr. (1991) realiza o estudo das espécies de Aristolochia para o
Estado de São Paulo, onde cita 16 espécies, sendo em comum as Sul brasileiras,
oito destas espécies.
Em 1995, Ortiz e Ortiz descrevem uma espécie nova de Aristolochia para
Puebla, México. Mais tarde, Santana-Michel (1996; 2000) descreve mais duas
espécies novas da subseção Pentandrea para o México.
Mendonça et al. (1998) constatam duas espécies de Aristolochia para a Flora
Vascular do Cerrado. Estas espécies diferem da flora do Distrito Federal, no qual
Cavalcanti e Ramos (2001) levanta três espécies dentro do Bioma do Cerrado.
Destas espécies, uma é encontrada no cerrado stricto sensu, uma no cerradão e a
outra em mata de Galeria não Inundável.
Em 2000, González descreve três novas espécies de Aristolochia para o
Peru, na região Central dos Andes.
Para a Flora dos estados de Goiás e Tocantins, Capellari Jr. (2001) constata
oito espécies de Aristolochia.
González (2000a) cita uma nova espécie de Aristolochia para a Bahia,
fazendo uma comparação de caracteres da espécie nova com outras semelhantes
já descritas.
Batalha e Jorge (2003) citaram apenas uma espécie de Aristolochia para a
Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais.
A partir do projeto eFloras (www.efloras.org), muitos paises têm sua flora
catalogada. No estudo realizado em Aristolochiaceae para a Flora da América do
Norte, Barringer e Whittemore (1997) constatam 12 espécies de Aristolochia.
Huang, Kelly e Gilbert (2003) publicam a flora de Aristolochiaceae para a China, na
qual inclui além de Aristolochia, os gêneros Asarum, Thottea e Saruma.
Em 2005, Acevedo-Rodriguez realiza a revisão de plantas trepadeiras em
Porto Rico, constatando seis espécies de Aristolochia, das quais três ocorrem no
Brasil.
O Brasil apresenta áreas geográficas ricas em espécies endêmicas, sendo
que o número de espécies diminui em direção à América do Norte e poucas são
capazes de sobreviver a baixas temperaturas (PFEIFER, 1966).
26
2.2.3 Estudos com o gênero Aristolochia
Em relação a outros estudos com o gênero Aristolochia, muitos são
direcionados à bioquímica (TSURUTA et al., 2002) e alguns à anatomia. Disney e
Sakai (2001) estudaram o desenvolvimento de dípteros em flores de Aristolochia.
Appezzato-Da-Glória, Capellari Jr. e Silva (1997) realizaram estudos em relação à
anatomia de algumas espécies. Encontram-se ainda trabalhos sobre sua biologia
floral, estaquia e usos medicinais (COSTA; HIME, 1982; CORRÊA; BIASI, 2003;
BELLO; VALOIS-CUESTA; GONZÁLEZ, 2006).
Muitos trabalhos que abordam o tema de Plantas Medicinais incluem algumas
espécies de Aristolochia (THOMSON, 1981; FONT QUER, 1981; HOEHNE, 1978).
Economicamente, a família Aristolochiaceae tem grande importância
terapêutica, sendo usada desde tempos remotos (2 a 3 mil anos atrás). As
propriedades medicinais das espécies de Aristolochia não se distinguem na
medicina popular (HOEHNE, 1942a; AHUMADA, 1975). Segundo Capellari Jr.
(1991) o sistema subterrâneo, o caule e as sementes podem ser utilizados na forma
de extrato, decocto (em banhos), infuso, pó, tintura, elixir, vinho e xarope.
Seu uso pode ser feito interna e externamente. Em doses moderadas, pode
ser usado como emenagogo, estomáquico, estimulante, tônico, diurético, anti-
séptico, anti-disentérico, febrífugo, sedativo (CAPELLARI Jr., 1991; HOEHNE,
1942a). Aplica-se contra sarnas, impaludismo, amenorréia, nevralgia facial ou geral,
atonia uterina e clorôse. O extrato pode vir a ter a função abortiva, sendo
antigamente usado para facilitar o parto (HOEHNE, 1942a). Externamente, usa-se
em afecções cutâneas, prurido de eczema seco e banhos contra a orquite
(CAPELLARI Jr., 1991).
Possui em sua composição bioquímica, o ácido aristolóquico, que em
grandes concentrações, mostra-se xico. Segundo Hoehne (1942a), a toxicidade é
causada por doses maiores, provocando a “embriagues aristolóquica”, sendo os
sintomas: náuseas, dejeções iterativas, pulso freqüente e farto, sono agitado e
perturbações cerebrais.
Durante um estudo feito com uma espécie de Aristolochia, Bello, Valois-
Cuesta e González (2006) constaram em etiquetas de herbários, registros de usos
relacionados com rituais, muitas vezes devido à aparência da flor.
27
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 ÁREA DE ESTUDO
a) Informações geográficas
A região Sul (Fig. 2) compreende os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, representando 6,8% do território brasileiro (LEITE & KLEIN, 1990).
Segundo Maack (1981) a área do estado do Paraná corresponde a 199.554 km², do
estado de Santa Catarina, a 94.789 km² (REITZ, 1965), e do estado do Rio Grande
do Sul, a 283.371 Km² (LINDMAN & FERRI, 1975).
A região Sul brasileira é bordejada por cadeias montanhosas ao longo de
toda a face oriental, com picos acima de 1.300 metros de altitude, diminuindo no
oeste, até numa estreita e descontínua planície, onde ocorre o rio Paraná, nas
altitudes de 100 a 300 m s.n.m. O planalto meridional brasileiro caracteriza-se pela
significativa influência na formação das bacias dos rios Paraná/Uruguai, sistema que
integram a Bacia da Prata, sendo a principal rede hidrográfica da parte meridional
do continente Sul-americano (AB´SABER, 2003).
O território Sul brasileiro está quase todo situado no interior da zona
temperada, sendo que o trópico de capricórnio passa sobre sua extremidade
setentrional, enquanto os paralelos 3 e 34º sul tangenciam as áreas mais
meridionais (NIMER, 1990). O ponto mais meridional encontra-se cerca de 6000 km
do circo polar ártico, e o ponto mais setentrional a 2.500 km da linha do Equador,
apresentando aproximadamente 1.300 km de sua face oriental, banhado pelo
Oceano Atlântico (LEITE & KLEIN, 1990).
28
FIGURA 3 - Mapa geomorfológico da região Sul do Brasil.
FONTE: IBGE (2008)
29
b) Clima
A região Sul do Brasil, diferentemente das outras regiões do país, apresenta
clima úmido, mesotérmico e temperado, normalmente sem período seco (Fig. 3). Em
relação à precipitação de chuvas, o Sul do Brasil apresenta uma distribuição
uniforme, sendo sua média em quase toda a região, variando de 1250 a 2000 mm
anualmente, diminuindo à medida que se infiltra nas terras baixas interioranas,
afastando-se das encostas do planalto meridional (NIMER, 1990).
Sua face oriental apresenta a umidade proveniente do oceano, com
temperatura amena e sem estação seca. Na região norte, apresenta clima
continental quente, com período seco. Ao oeste e sudeste o encontro com o
clima continental muito quente, de amplo período seco e com grandes amplitudes
térmicas, submetido às freqüentes correntes frias. No Sul, o clima varia de úmido
costeiro a semi-úmido continental (NIMER, 1990).
O caráter temperado do clima confere a região uma notável oscilação térmica
ao longo do ano. As dias anuais de temperatura das isotermas da zona
intertropical, apenas a de 22ºC e a de 20ºC atingem a região (LEITE, 1995). A
distribuição das isotermas anuais é típica de zonas temperadas e sua distribuição no
espaço geográfico da região Sul está estreitamente relacionada à latitude,
maritimidade e principalmente, ao relevo. A isoterma de 18ºC atinge regiões em
torno de 500 a 800 m de altura no Paraná, 300 a 500 m em Santa Catarina e 200 a
500 m no Rio Grande do Sul (NIMER, 1990).
No Sul do Brasil, a média de temperatura de cerca de 14º C limita-se às
áreas muito elevadas, sendo registrada somente nos picos da Serra do Mar (acima
de 1.300 m.s.n.m.), na região de Palmas, e nos municípios de Vacarias, Lages e
São Joaquim (acima de 1.000 m.s.n.m.). A média anual de 10º C é registrada no
morro da Igreja, em Santa Catarina, com altitude de 1808 m.s.n.m. (NIMER, 1990).
No verão, as superfícies mais elevadas do planalto mantêm a média das
máximas em 24º a 27º C. nas superfícies baixas dos vales dos rios
Paranapanema, Paraná e Uruguai (do Planalto da Campanha e na Depressão
Gaúcha) a média das máximas fica acima de 30º C (NIMER, 1990). O inverno na
região Sul torna-se mais longo e frio à medida que se afasta da linha do Equador. O
caráter típico do inverno nessas regiões ocorre em função das invasões de frentes
30
polares que trazem abundantes chuvas seguidas por massas polares, sucedidas de
forte queda de temperatura, com notáveis ocorrências de geadas, as quais são mais
marcantes sobre o planalto (LEITE, 1995).
FIGURA 4 - Mapa do clima da região Sul do Brasil.
FONTE: IBGE (2008)
31
c) Vegetação
A vegetação da região Sul apresenta uma cobertura vegetacional influenciada
pelos climas tropical e temperado. Segundo IBGE (2008), as tipologias
vegetacionais (Fig. 4) presentes na região Sul brasileira são:
Região da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial): Estende-se
pela costa atlântica desde a região de Guaraqueçaba (Paraná) até Torres
(Rio Grande do Sul). Dentro da Floresta Ombrófila têm-se quatro grupos de
formações; Aluvial (das Terras Baixas, 0-50 m), Submontana (50-600 m),
Montana (600-1100 m) e Alto Montana (ápice dos morros acima de 1100 m).
Região da Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária): Ocorre no
primeiro e segundo planalto e no planalto meridional brasileiro, tendo
disjunções em áreas elevadas das serras do Mar e da Mantiqueira. É
representada por três grupos de formação: Montana, Alto Montana e Aluvial.
Região da Floresta Semidecídua (Floresta Tropical Subcaducifólia): Na
região Sul, ocorre predominantemente na bacia dos Rios Paraná e
Paranapanema. Possui três grupos de formação: Montana, Submontana e
Aluvial.
Região da Floresta Estacional Decidual (Floresta Tropical Caducifólia):
Ocorre descontinuamente no território brasileiro, na área subtropical do vale
do rio Uruguai, entre a floresta Ombrófila Mista do Planalto Meridional e a
Estepe. Dentro desta tipologia, encontra-se as formações Submontana e
Aluvial.
Região da Savana (Cerrado): Ocorre no Centro-Oeste do Brasil, mas suas
disjunções aparecem no Sul do Brasil, presente no planalto sedimentar da
bacia do Paraná. Dentro da savana brasileira (cerrado) tem-se várias
formações campestres (vegetação gramíneo-lenhosa baixa, pequenas
árvores isoladas, capões florestados e galerias florestais ao longo dos rios).
Região da Savana Estépica (Parque do Espinilho da barra do Rio Quarai):
Disjunção chaqueana, que ocorre na planície alagável do extremo sudoeste
do estado do Rio Grande do Sul.
Região da Estepe (Campos do Sul do Brasil): Abrange no Sul do Brasil, a
campanha Gaúcha (vegetação campestre), com disjunções em Uruguaiana
32
(RS) e nos Campos Gerais de Santa Catarina e Paraná. É representação por
três formações: Arborizada, Parque e Gramíneo-lenhosa. Apresenta as
zonas de transição Estepe/Floresta Ombrófila Mista e Estepe/Floresta
Estacional.
Áreas das Formações Pioneiras: Presente ao longo do litoral, de cursos de
água e ao redor de ntanos e lagoas, com vegetação campestre herbáceo
lenhosa ou arbórea, sendo substituídas, através da sucessão natural, por
florestas. Apresenta as áreas de influência marinha (restingas),
fluviomarinhas (manguezal e campo salino) e fluvial (comunidades aluviais).
Áreas de Tensão Ecológicas (contatos entre tipos vegetacionais): Região
que apresenta enclaves e ecótonos.
Refúgios Vegetacionais: Representados pelos refúgios montanos e
altomontanos, com estrutura arbustiva e/ou herbácea. Apresenta fisionomias
complexas, com grandes variações.
FIGURA 5 - Mapa das Formações Vegetacionais do Sul do Brasil e legenda.
FONTE: IBGE (2008)
33
3.2 COLETA DE DADOS
a) Pesquisa bibliográfica
Foram utilizados materiais como recursos bibliográficos, coleções exsicatadas
e coletas de material botânico. Para o estudo taxonômico foi realizada a revisão de
literatura sobre a família Aristolochiaceae, publicadas em obras clássicas de
Botânica Sistemática, através das Bibliotecas Eletrônicas Gallica
(http://www.gallica.fr) e Mobot Old Books (http://www.mobot.org), bem como
trabalhos específicos recentes e correlatos do objeto de estudo, publicados e/ou
divulgados em eventos científicos, pertencentes aos acervos de biblioteca nacionais
e estrangeiras públicas e particulares.
Foram consultados bancos de dados como: International Plant Names Index
INPI (http://www.inpi.org) e Missouri Botanical Garden MOBOT
(http://www.mobot.org). Para adequação de abreviaturas dos autores, foi utilizada a
obra de Brummitt e Powell (1992) e para as siglas dos Herbários, o Index
Herbariorum (http://www.nybg.com).
A classificação das espécies da família Aristolochiaceae em risco na região
Sul do Brasil, foi baseada nos critérios da IUCN União Internacional para
Conservação da Natureza (http://www.iucn.org), Mendonça e Lins (2000) e
informações compiladas ao longo do estudo. As categorias propostas para as
espécies no estudo são: Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN), Vulnerável
(VU), Quase Ameaçado (NT) e Pouco Preocupante (LC).
b) Coleta de material botânico
Foram realizadas, expedições de coleta em diferentes estações do ano para
a obtenção de dados das espécies em campo, como o ciclo biológico,
características morfológicas, floração e frutificação e ecologia.
Durante as coletas foram feitas observações como coloração da flor, altura e
tipo de vegetação, sendo que algumas flores foram conservadas em álcool 70%
para as ilustrações. As informações obtidas serviram de base para as relações com
a família em estudos, sendo que os espécimes coletados foram herborizadas de
34
acordo com as técnicas usuais, descritas por Radford et al. (1974), sendo
posteriormente identificadas, e devidamente incorporadas no herbário do
Departamento de Botânica da UFPR (UPCB) e Museu Botânico Municipal de
Curitiba (MBM). Cada espécie estudada foi representada por meio de desenho em
prancha e fotografias.
c) Estudos morfológicos e taxonômicos
Para o estudo morfológico, foram analisados materiais exsicatados e frescos,
provenientes das coletas.
No intuito de consultar as coleções exsicatadas, além da revisão e descrição
da família através de parâmetros comparativos, foram realizadas visitas e/ou
empréstimos a diversos herbários de distintas regiões fisiográficas, e internacionais
através de fotótipos.
Os herbários que foram consultados são:
B – Botanischer Garten und Botanisches Museum Berlim, Alemanha;
EFC* – Herbário da Escola de Floresta de Curitiba, PR;
FLOR* Herbário da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
SC;
FUEL – Herbário da Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR;
HBR* – Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí, SC;
HFIE – Herbário das Faculdades Integradas Espíritas, Curitiba, PR;
HUCP* Herbário da Pontifica Universidade Católica do Paraná, Curitiba,
PR;
HUPG Herbário da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa,
PR;
ICN* Herbário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
RS.
MBM* – Museu Botânico Municipal de Curitiba, PR;
P – Muséum National d´Histoire Naturelle, França, Paris;
PACA – Instituto Anchietano de Pesquisa, São Leopoldo, RS;
S – Swedish Museum of Natural Hitory, Stockholm, Suécia;
SP* – Instituto Botânico de São Paulo, São Paulo, SP;
UPCB* – Departamento de Botânica, Universidade Federal do Paraná;
35
Os herbários assinalados com asteriscos foram visitados e o sublinhado, o
está indexado.
Para a mensuração de estruturas (comprimento e largura), foi utilizado régua
milimetrada e paquímetro (folhas, pecíolos, frutos, flor) e para estruturas menores,
tira de papel milimitrado com escala de 0,5 mm (ginostêmio).
Nas descrições morfológicas, os valores das medidas são separadas por um
“x” que corresponde ao comprimento e a largura respectivamente. As abreviações
utilizadas são alt. (altura), aprox. (aproximadamente), cm (centímetros), mm
(milímetro), m (metro), compr. (comprimento), larg. (largura), diâm. (diâmetro) e n.v.
(não visto). Em relação ao material examinado, os casos em que não consta a data
de coleta ou o número de coletor são utilizadas as abreviações “s. d.” e “s.
respectivamente. No material examinado as siglas “fl.” e “fr.” são designadas para
flor e fruto, respectivamente.
Em material herborizado, para análise e ilustração da estrutura floral
(ginostêmio), é seguido o tratamento de reidratação da unidade floral pelo
aquecimento em água e análise com o auxilio de microscópio estereoscópico
binocular. As ilustrações foram feitas com grafite e posteriormente cobertas por
nanquin sobre o papel vegetal.
Os dados de floração e frutificação foram extraídos das etiquetas das
exsicatas.
Para as descrições foram utilizadas terminologias baseadas em Ferri,
Menezes e Monteiro (1981), Lawrence et al. (1977) e Stearn (1983).
Para identificação, sinonímias e etimologia foram utilizadas principalmente as
obras de Hoehne (1942a), Pfeifer (1966;1960), Ahumada (1975;1967) e González
(1990).
As descrições das espécies foram feitas baseadas em bibliografias
específicas e observações pessoais.
36
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 GÊNERO ARISTOLOCHIA L.
4.1.1 Morfologia
4.1.1.1 Parte subterrânea
As plantas do gênero Aristolochia possuem uma parte subterrânea, a qual
pode ser constituída somente por raízes, ou por caule perene e raízes distinguíveis,
ou ainda por caule e raízes fundidos em uma única estrutura subterrânea (NARDI,
1984). No primeiro caso, o caule é totalmente aéreo ou com uma pequena parte
subterrânea e as raízes geralmente fasciculadas. No segundo caso, parte do caule é
subterrâneo e possui uma raiz principal. Esse sistema apresenta ramificações
dispostas transversalmente (estolões), o que facilita o brotamento de “novas”
plantas (AHUMADA, 1967). No terceiro, o órgão subterrâneo (rootstock) tem
aspecto bulboso, servindo também de reserva (Fig. 6). Segundo Ahumada (1967),
os órgãos aéreos desaparecem após influência do frio, seca ou efeitos de
queimada, e os sistemas subterrâneos permitem a sobrevivência da planta, depois
das épocas ameaçadoras.
Segundo Hoehne (1942a), a formação de xilopódios é muito comum em
espécies campestres. As espécies silvestres desenvolvem raízes carnosas,
espessas e ricas em seiva.
A maioria das espécies apresenta uma raiz principal cilíndrica. González
(1990) afirma que algumas raízes podem apresentar espessura fusiforme de até 17
mm de diâmetro. É muito comum a formação de raízes adventícias de lignificação
filiforme e pouco numerosas que, segundo Ahumada (1967) e González (1990), se
originam a partir de nós que ao tocarem o solo se enraízam, favorecendo a
propagação vegetativa. Os rizomas quando presentes o bem desenvolvidos e
cobertos por um ritidoma rugoso mais ou menos espesso. Nas espécies lianas, o
eixo principal e os secundários se lignificam e desenvolvem um ritidoma espesso
que se separa em bandas longitudinais, ou seja, sulcado-estriados (AHUMADA,
1967).
37
Ahumada (1967) apresenta uma classificação baseada no Sistema de Braun-
Blanquet para espécies argentinas. Tal classificação apresenta formas vegetativas
da parte subterrânea que seriam adaptadas morfologicamente para as situações
desfavoráveis. Entre as espécies Sul-brasileiras, têm-se três bioformas presentes,
comum às espécies Argentinas: as Geófitas, Hemicriptófitas e Fanerófitas (Tab. 2).
TABELA 2 - CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS VEGETATIVAS ENTRE ALGUMAS ESPÉCIES DE
ARISTOLOCHIA NO SUL DO BRASIL
Forma Espécies Características e adaptações
Geóphyta
(Geófitas)
A. stuckertii Speg. Ervas pequenas de 6-35 cm de
altura, ramificadas desde a base.
Possuem raízes tuberosas de
reserva e caules hipógeos,
estoloníferos, plagióforos que
facilitam a propagação vegetativa
(Fig. 6).
Hemikryptophyta
(Hemicriptófitas)
A. fimbriata Cham. & Schltdl.
A. sessilifolia (Klotzsch) Malme
A. curviflora Malme
Ervas de 30-80 cm de altura.
Ascendentes quando jovens,
tornando-se decumbentes ou
apoiantes. Possuem sistemas
subterrâneos com raiz principal
bulbosa, ou caule hipógeo.
Phanerophyta
(Fanerófitas)
A. trilobata L.
A. triangularis Cham.
A. elegans Mast.
Lianas, com altura oscilando entre
2 a 12 m. Possuem um caule
principal delgado mais ou menos
robusto, lignificado.
FONTE: AHUMADA (1967) BASEADO NA CLASSIFICAÇÃO DE BRAUN BLANQUET.
As plantas hemicriptófitas são amplamente encontradas em vegetação de
Savana Estépica. O termo Savana Estépica foi proposto por Trochain (1957), para
designar um tipo de vegetação situado entre as áreas úmidas e subúmidas da
África, predominantemente graminosa, hemicriptofítica, entremeada por fanerófitas.
Na região Sul, ocorre na planície alagável situada no extremo sudoeste do Estado
do Rio Grande do Sul, onde se pode encontrar principalmente, a espécie A.
sessilifolia.
38
FIGURA 6 - A Órgão subterrâneo de A. sessilifolia (Klotzsch) Malme; B raiz e caule subterrâneo
de A. stuckertii Satandl.
FONTE: MODIFICADO DE AHUMADA (1967).
4.2.1.2 Parte aérea
Nas herbáceas Sul-brasileiras, o caule é ascendente e pode-se manter assim
até a fase adulta, onde tende a se alargar e, na falta de apoio, algumas tornam-se
decumbentes. Podem-se distinguir dois tipos para as espécies: A. fimbriata (Caule
napiforme fortemente espessados) e A. sessilifolia (Caule cilíndrico, alargado, pouco
espessado).
Os caules da parte aérea das espécies lianas são sempre lignificados e
apresentam uma capa suberosa (Fig. 7a). Tal característica não difere da estrutura
das raízes, sulcado-estriadas. Apresentam um eixo central, que varia o diâmetro de
acordo com a espécie e idade, e assim como nas herbáceas, às vezes os ramos
tornam-se decumbentes na falta de um suporte adequado.
Pseudo-estípulas
As pseudo-estípulas estão ausentes em todas as espécies herbáceas e entre
as lianas somente em A. chamissonis e A. melastoma.
Algumas lianas, que apresentam naturalmente as pseudo-estípulas, podem
não as apresentar nos ramos mais novos (A. triangularis, A. elegans, A. gigantea).
b
a
39
Segundo diversos autores (Ahumada, 1967; Pfeifer, 1966; Hoehne, 1942a;
González, 1990), as pseudo-estípulas são profilas de ramos axilares não
desenvolvidas, ou seja, segundo Duchartre (1864), não mais que as primeiras folhas
não desenvolvidas.
As pseudo-estípulas se apresentam solitárias ou aos pares. Segundo
Ahumada (1967), a interna é menor e muitas vezes caduca. São amplexicaules (Fig.
7b e c), sésseis ou subsésseis, orbiculares a ovaladas, apresentando a base
profundamente lobada e a margem sinuosa.
As pseudo-estípulas estão dispostas deste modo e, devido à não formação do primeiro da
gema lateral, estes profilos permanecem apoiados ao eixo; em conseqüência, o primeiro
nomofilo da gema lateral se dispõe abaxialmente em relação ao eixo do ramo, ao contrário de
outras plantas, em que o profilo de cada gema lateral se desenvolve e adquire posição adaxial
em relação ao eixo do ramo, o qual é separado pelo entrenó. (GONZÁLEZ, 1990, p. 18).
40
FIGURA 7 - A Caule suberoso de A. gigantea Mart et Zucc. , B Pseudo-estípula de A. elegans
Mast. C – Pseudo-estípula de A. triangularis Cham., D – Cápsula de A. elegans.
FONTE: O autor (2008).
Folhas
As folhas são alternas, simples, pecioladas ou subsésseis. A maioria
apresenta lâmina inteira, com exceção de A. trilobata L. e A. wendeliana Hoehne,
a
b
c
d
1 cm
0,5 cm
1 cm
41
que são 3 e 7-lobadas, respectivamente. A forma da lâmina das espécies Sul-
brasileiras varia desde cordiforme a oval-lanceolada (A. chamissonis (Klotzsch)
Duch.). A variação do formato laminar pode ser muito comum dentro de uma mesma
espécie, como as de A. odoratissima L., que pode apresentar a lâmina triangular-
lanceolada a oval-atenuada (Fig. 8). A base laminar geralmente é cordado-lobada, e
algumas vezes arredondada. Os lobos basais são divergentes ou paralelos entre si,
com a parte mediana geralmente cuneada para o pecíolo.
González (1990) afirma que a forma e tamanho distintos das folhas estão
presentes em espécies de ampla distribuição, e a alta plasticidade intra-específica
pode conduzir a descrição de vários epítetos, que resultam em muitos sinônimos.
Algumas espécies apresentam a lâmina foliar de pubescência variada, desde
pubescente (A. chamissonis (Klotzsch) Duch.) a piloso-hirsuta (A. melastoma Manso
ex Duch.). Em sua maioria, os tricomas são simples, filiformes e pluricelulares
(AHUMADA, 1967). González (2000b) comenta a existência de tricomas ramificados
em espécies andinas, distribuídas em altitude acima de 2000 m, sabendo-se que a
maioria das Aristolochia neotropicais ocorre abaixo de 1000 m. Segundo Pfeifer
(1966), a pubescência das folhas, do pecíolo e das flores e varia de acordo com a
exposição ao ambiente, solo, relação hídrica entre outros fatores. Apesar de não
apresentar um caráter taxonômico de grande importância, poucos são os trabalhos
que mostram o formato dos tricomas.
FIGURA 8 - Variação foliar de A. odoratissima L. A e B G. Hatscbach 5599 (MBM); C A. Macedo
1678 (MBM); D – A. Macedo & C. M. Macedo 5058 (MBM).
FONTE: O autor (2008)
42
Flor
As flores são axilares, solitárias e às vezes em racemos. Neste último, se
apresenta pauciflora (A. triangularis Cham.) ou apresentando brácteas sob o
pedicelo (A. melastoma Manso ex Duch.). Segundo Pfeifer (1966), os pedúnculos
bracteolados possivelmente se desenvolvem diretamente da perda de ramos
axilares, ou de flores adicionais a estes nós. O perigônio é corolíneo, sempre
tubiforme, monoclamídeo, gamopétalo e zigomorfo.
Apresenta uma coloração geralmente na cor purpúrea, muitas vezes
formando máculas ou estrias. Segundo Costa e Hime (1982), a coloração vermelho-
púrpura do perigônio é devido a pigmentos de natureza antociânica. O perigônio de
Aristolochia se divide em três partes: utrículo (parte basal), tubo floral e lábio (Fig. 9).
Internamente as flores apresentam o utrículo e o tubo floral lanosos.
FIGURA 9 - Flores hipotéticas e suas estruturas. A Utrículo; B Tubo floral; C Lábio; D
Ginostêmio; E – Ovário; F – Fímbrias.
FONTE: O autor (2008)
43
O Utrículo é inflado e apresenta em sua base uma proeminência em forma de
arilo, subcilíndrica, inteira ou raro 6-pardido (A. trilobata). Em algumas espécies, na
região da junção entre o utrículo e tubo floral podemos encontrar o syrinx (sifão),
parede transversal com uma abertura poriforme voltada para o interior do utrículo, e
o anullus presente na região da união entre o tubo e o lábio (PFEIFER, 1966).
Segundo Hoehne (1942b), essas estruturas promovem o escurecimento do interior
da flor, e evita a entrada da luz através das paredes ou pelo tubo. Segundo o
mesmo autor, a estrutura permite a entrada do inseto no utrículo, mas evita sua
saída, deixando o inseto preso no interior da flor. Interiormente, o utrículo possui
uma pubescência lanosa.
O tubo floral é infundibuliforme, curvado ou ascendente, alargando-se para os
lábios. Pode ser contínuo ao utrículo (em ângulo reto ou agudo), ou diferenciado do
mesmo. Segundo Ahumada (1967), pode apresentar tricomas cônicos voltados para
a base. Assim como o sifão, tais tricomas facilitam a entrada dos insetos para
polinização. Hoehne (1942b) comenta que os tricomas realizam movimentos
singulares. No momento em que os lobos estigmáticos estão maduros, os tricomas
encontram-se voltados para o interior da flor, permitindo o ingresso dos insetos com
pólen de outra flor e dificultando sua saída. Depois da polinização, as anteras
abrem-se liberando pólen aos insetos, que polinizaram outras flores. Neste
momento, os tricomas aderem-se às paredes ou decompõem-se, liberando a saída
dos insetos.
O lábio, caráter taxonômico importante entre as espécies Sul-brasileiras, é a
expansão superior livre do perigônio (AHUMADA, 1967). Pode ser unilabiado
(peltado ou subpeltado) ou bilabiado. Em algumas vezes, o lábio superior apresenta
um longo apêndice (A. trilobata L. e A. paulistana Hoehne) e o lábio inferior,
geralmente retuso e pouco evidente. Algumas espécies podem apresentar a
superfície interior do lábio com verrugosidades, apêndices filiformes (A. sessilifolia
(Klotzsch) Malme) e fimbrias marginais (A. fimbriata Cham. & Schltdl.).
Internamente, o lábio pode-se apresentar escabroso, pubescente ou glabro.
A coloração do perigônio pode mudar drasticamente durante o
desenvolvimento da flor (PFEIFER, 1966). A cor rpura pode-se transformar em
amarelo, áreas verdes em translúcidas e as máculas ou pontos vermelhos podem
clarear ou desaparecer. Segundo Pfeifer (1966), a coloração pode ser usada nas
descrições, porém levando em consideração apenas uma coloração aproximada,
44
que tais caracteres não garantem uma identificação exata, especialmente em
materiais secos.
O ginostêmio (Fig. 9) encontra-se na base do utrículo e pode ser estipitado ou
séssil. Possui 6 lóbulos estigmáticos, eretos, triangulares ou oblongos. As seis
anteras são longitudinais, sésseis, adnatas ao ginostêmio, lineares ou oblongas.
Dentro da família Aristolochiaceae, pode-se encontrar de 6 a 46 estames,
geralmente com presença de estaminódios (RENUKA; SWARUPANADAN, 1986).
Esse caráter, presente no gênero Thottea (Aristolochiaceae), enfatiza a proximidade
entre Aristolochiaceae com a família Hydnoraceae (COCUCCI, 1976), sendo tal
relação confirmada por estudos atuais moleculares (APG II, 2003; WANKE, 2006).
Antes da polinização, quando os lobos estigmáticos ainda estão estendidos,
as espécies Sul-brasileiras apresentam a forma estipitada a campanulada. Após a
polinização, quando os lobos se fecham até o centro do ginostêmio, sua forma se
apresenta piriforme ou ovalado (A. triangularis Cham.), caracterizando as espécies
de Aristolochia como protóginas. Segundo Hoehne (1942a), após a polinização dos
estigmas, as anteras abrem-se e fecham-se os lóbulos estigmáticos, tornando o
ginostêmio nesta forma piriforme ou ovalado. Como a polinização é realizada por
insetos, estes muitas vezes ficam presos ao ginostêmio, devido à velocidade em
que os lobos se fecham (Fig. 10). A característica protógina é presente em muitas
espécies de Angiospermas basais, sendo primeiramente polinizadas por besouros e
borboletas; abelhas e outros animais servem como vetores secundários (THIEN;
AZUMA; KAWANO, 2000). Nas Aristoloquiáceas, os insetos são geralmente
dípteros (AHUMADA, 1967). Segundo Brantjes (1980), A. melastoma é polinizada
por indivíduos das famílias Lauxanidae e Phoridae.
O perigônio de várias espécies é altamente especializado para a polinização
por insetos (NARDI, 1984). Alguns autores resumem o processo da polinização e
desenvolvimento da flor em algumas etapas (AHUMADA, 1967; PFEIFER, 1966;
HOEHNE, 1942b): 1. Botão floral; 2. Flor aberta, lobos estigmáticos desenvolvidos e
anteras imaturas, tricomas do tubo rígidos e retrorsos ao longo da entrada dos
insetos; 3. Polinização por meio dos insetos aprisionados no utrículo; 4. Anteras
deiscentes, liberando o pólen sobre os insetos, tricomas do tubo descompostos ou
aderidos à parede, liberando os insetos para nova polinização; 5. Murchamento da
flor. O ovário das espécies Sul-brasileiras é ínfero, 6-locular, muitas vezes sulcado e
retorcido. O ovário pode sofrer torção ao longo do desenvolvimento da flor. Os
45
rudimentos seminais são numerosos, anátropos e horizontais (AHUMADA, 1967;
HOEHNE, 1942b).
FIGURA 10 - Ginostêmio fechado, prendendo insetos dípteros.
FONTE: Hoehne (1942)
Fruto e semente
O fruto de Aristolochia apresenta-se como uma cápsula septicida, elipsóide a
cilíndrica e hexágona (Fig. 7d), geralmente glabra exteriormente, rugosa (A.
triangularis Cham.) ou transversalmente estriada. Pode apresentar-se rostrada em
algumas espécies (A. elegans Mast., A. gigantea Mart. et Zucc., A. trilobata L.,
A.fimbriata Cham. & Schltdl.) ou mútica (A. triangularis). A cápsula quando madura,
abre-se quase sempre em seis partes (com seis septos inteiros), unidas no ápice e
livres na base até a metade do pedicelo, dando aspecto de uma cesta.
As sementes são geralmente achatadas e às vezes planas, aladas, raro
côncavas. Nas espécies Sul-brasileiras, variam de triangular a obovadas, com a
base (afunilada) voltada para o centro da cápsula. Podem apresentar a face abaxial
verrugosa, ou lisa nas duas superfícies, e algumas com uma rafe proeminente na
superfície superior. Algumas espécies amazônicas, possuem sementes mais
grossas e levemente viscosas, que se fixam nos pêlos dos animais, facilitando a
disseminação (HOEHNE, 1942b).
46
4.2.2 Tratamento taxonômico do gênero Aristolochia L. no Sul do Brasil
Aristolochia L., Sp. Pl. 2: 960-962. 1753.
Espécie tipo: Aristolochia rotunda L. in Species Plantarum 2: 960. 1753.
Sinônimos: vide APÊNDICE 1.
Plantas lianas volúveis ou decumbentes, herbáceas eretas ou prostradas,
tuberosas. Ramos sulcados-estriados. Pseudoestípulas ausentes ou presentes,
neste caso, amplexicaules. Folhas alternas, simples, inteiras ou tripartidas;
pecioladas ou subsésseis. Flores axilares, solitárias, às vezes em racemos,
monoclamídeas. Perigônio gamopétalo, zigomorfo, dividido em utrículo, tubo floral e
lábio ou lábios. bio unilabiado ou bilabiado, peltado ou prolongado em apêndice.
Tubo infundibuliforme, curvado ou ascendente, alargando-se para os lábios. Utrículo
inflado, oval a elipsóide. Anteras 6, tetraloculares, de deiscência longitudinal,
adnatas ao ginostêmio; ginostêmio pedicelado a séssil; estipitado, oval ou
campanulado, com 6 lobos estigmáticos. Ovário ínfero, 6 carpelar. Frutos
capsulares, septígrafos; sementes triangulares a ovaladas, achatadas, com rafe ou
aladas.
Etimologia: Do grego: “aristos”= ótimo e “lochia”= parto, nascimento. Segundo
Ahumada (1975) a planta era usada como chá para facilitar o parto. Corrêa (1969)
afirma que segundo um célebre escritor romano, Cícero, o nome vem de ter sido
este vegetal empregado pela primeira vez por Aristolochio.
47
4.2.3 Chave para as espécies do gênero Aristolochia L. para a região Sul do Brasil
1. Plantas lianas
2. Plantas com pseudo-estípulas
3. Flores unilabiadas
4. Folhas deltóide-triangulares a hastiformes
5. Flor com lábio semiorbicular, 0,9-2 cm x 0,7-2 cm......12. A. triangularis
5. Flor com lábio peltado, oblongo a ovalado, 3,9-9 x 3,2-5,6
cm..................................................................................8. A. odoratissima
4. Folha com lâmina cordiforme a cordiforme-ovalada ou deltóide-cordiforme
6. Flor com lábio peltado, subovalado 27-37 x 20-27 cm.....5. A. gigantea
6. Flor com lábio peltado, ovalado, 5,2-8,3 x 3-6,6 cm..........3. A. elegans
3. Flores bilabiadas
7. Flor com lábio superior peltado, inferior oval-lanceolado.............6. A. labiata
7. Flor com lábio superior prolongado em apêndice, inferior recurvado
8. Apêndice 9-19,3 cm compr.; Folha com lâmina deltóide-triangular
..............................................................................................9. A. paulistana
8. Apêndice 15-42 cm compr.; Folha com lâmina trilobada.....13. A. trilobata
2. Plantas sem pseudo-estípulas
9. Folha com lâmina lanceolada, oval-lanceolada a oval-elíptica
10. Flor solitária, bilabiada, lábio superior oval-lanceolado, 2-2,9 cm, ápice
acuminado; inferior muito reduzido.........................................1. A. chamissonis
10. Flores em racemos, unilabiadas, lábio subpeltado, ovalado e côncavo,
1,5-3 x 1,2 cm, margem verrugosa, ápice acuminado.............7. A. melastoma
9. Folha com lâmina inteira ou fortemente lobada
11. Flor com lábio elíptico, base mais estreita, metade superior fimbriada,
ápice arredondado ou emarginado, 1,1-3 cm compr.; Folha com lâmina oval-
lanceolada....................................................................................10. A. robertii
11. Flor com lábio oblongo, ápice emarginado a agudo, 1,2-1,7 cm compr.;
Folha com lâmina 3-5 lobada, lobos irregulares....................14. A. wendeliana
48
1. Plantas herbáceas
12. Folha com lâmina reniforme ou cordiforme, peciolada 3-8,6 cm; Flor com lábio
suborbicular quase peltado, com fímbrias marginais............................4. A. fimbriata
12. Folha com lâmina suborbicular a ovalada ou oval-elíptica, subsésseis, pecíolo
canaliculado; Flor com lábio subpeltado
13. Flor com lábio reto, de margem fimbriada, tubo floral longo, 0,6–2,2 x
0,15–0,5 cm............................................................................11. A. sessilifolia
13. Flor com lábio recurvado para frente, tubo floral curto, 0,3–0,5 x 0,1–0,3
cm...............................................................................................2. A. curviflora
49
4.2.4 Descrição das espécies da família Aristolochiaceae do Sul do Brasil
1. Aristolochia chamissonis (Klotzsch) Duch., Prodr. 15(1): 462. 1864.
Fig. 11 e 12
Planta liana. Ramos cilíndricos, sulcado-estriados, pilosos ou com tricomas
isolados, entrenós 6,3-19,8 cm compr. Pseudo-estípulas ausentes. Folhas
alternas; pecioladas, pecíolo 3,4-12 cm compr., com tricomas isolados; lâmina oval-
lanceolada, raro cordiforme, 11,4-23 x 4,3-15,4 cm; face adaxial glabra, face abaxial
pubescente principalmente nas nervuras; base arredondada ou levemente cordada
com a parte mediana às vezes levemente cuneada para o pecíolo, lobos basais
arredondados e divergentes entre si; ápice agudo, às vezes obtuso; 3-5 venada.
Flor solitária, axilar; pedúnculo 5-8,5 cm compr. incluindo o ovário, pubescente;
perigônio bilabiado, levemente pubescente; externamente amarelado com estrias
vinosas; lábio superior oval-lanceolado, 2-2,9 cm compr., metade superior
acuminado, levemente retorcido; lábio inferior muito reduzido. Tubo floral
ascendente, pubescente, geniculado, às vezes encostando no utrículo, 2-4,5 x 1-1,5
cm na base, 1,3-1,9 cm larg. nos lábios. Utrículo oblongo a ovóide, 2,5-3,5 x 1,2-2
cm. Ginostêmio ssil, campanulado, 0,9-1 x 0,5-0,7 cm, lobos estigmáticos
oblongos, anteras longitudinais. Cápsula cilíndrica, glabra, lisa, 8,3-8,5 x 1,7-2,2 cm;
rostrada, rostro aprox. 0,1 cm. Sementes cordiformes, espessas, 0,55-0,6 x 0,6 cm e
aprox. 0,1 de espessura; face adaxial escura, verrugosa, face abaxial clara, com
nervura central.
Etimologia: Homenagem ao poeta e botânico alemão Adalbert von Chamisso
(1781*-1838†) que fez parte da expedição Romanzoffiana da Rússia (1815-1818) e
esteve na Ilha de Santa Catarina de 12 a 27 de dezembro de 1815 (AHUMADA,
1975).
Usos: Usada como emenagogo, estimulante, tônico, diurético, febrífugo, usado na
anemorréia, além de estimular funções digestivas. Pode atuar também como
antídoto do veneno de cobras (AHUMADA, 1975).
50
Nomes vulgares: Brasil: cipó-mil-homens, cipó-de-cobra, (HOEHNE, 1942a).
Floração e frutificação: Floresce de agosto a abril. Frutifica em novembro.
Distribuição geográfica: No Brasil: Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Espírito
Santo (AHUMADA, 1975).
Comentários: No Sul do Brasil, a espécie é encontrada somente no estado do
Paraná. Ahumada (1975) afirma que a espécie é limitada às manchas de cerrado
existentes no 2º planalto paranaense. Porém, durante análises nos herbários,
constatou-se que a espécie foi coletada também na Floresta Estacional
Semidecidual, na região noroeste do estado e na Floresta Ombrófila Densa, mais
precisamente na região de Guaraqueçaba, mostrando uma distribuição não tão
delimitada (Fig. 14). A espécie pode ser enquadrada como Quase Ameaçada (NT)
no Sul do Brasil, por apresentar poucas localidades de ocorrência, apesar de estar
situada em duas reservas protegidas, o Parque Estadual do Cerrado e Salto Morato.
O fato de haver poucas coletas pode ser devido à diminuição de seu habitat natural,
que vem sendo muito degradado, podendo tornar-se ameaçada num futuro próximo.
Esta espécie pode ser bem reconhecida, pelas suas folhas e flores, sendo
que Hoehne (1942b) afirma uma transição entre as unilabiadas e caudadas do
gênero, distinguindo-se de todas as afins. Não apresenta pseudo-estípulas,
característica que, com a presença de flor, é facilmente reconhecida.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Guaíra, Sete Quedas, 16.09.1981, fl., G.
Hatschbach 43379 (MBM); Guaraqueçaba, Salto Morato, 05.10.1990, fl., G. & M.
Hatschbach & D. Guimarães 54354 (MBM); Salto Morato, 15.11.1993, fr., G.
Hatschbach & J. M. Silva 59774 (MBM); Serra Negra, 30.11.1983, fr., G. Hatschbach
47173 (MBM); Jaguaraiaíva, Parque Estadual Cerrado, Rio Santo Antônio,
29.10.1999, fl., L. v. Linsingen 141 (MBM).
Material adicional: BRASIL. São Paulo: Itapurá, Rio Tietê, 29.09.1940, st.,
Mulforal & R. Foster s. (SP); Município de Souzas
, 27.09.1990, fl., P. L. R. de
Souza s. nº (MBM); São Paulo, Butantã, 28.08.1917, fl., F.C. Hoehne s. nº (tipo, SP)
51
2. Aristolochia curviflora Malme, Ark. för Bot. 1: 545, pl. 32, f. 5. 1904.
Fig. 11 e 12
Planta herbácea, porte pequeno, aprox. 15 cm. Caule hipógeo, 0,1-0,3 cm diâm.
Ramo sulcado-estriado, glabro, entrenós 1-2 cm compr. Pseudoestípulas
ausentes. Folhas alternas, subsésseis, pecíolo canaliculado 0,3-0,5 cm compr., com
tricomas na parte interna; lâmina suborbicular a ovalada, 1,4-2,45 x 1,3-2,1 cm; face
adaxial pubérula, face abaxial com tricomas isolados; base cordado-lobada com a
parte mediana cuneada-canaliculada para o pecíolo, lobos basais arredondados e
paralelos entre si; ápice arredondado, às vezes emarginado; 3-5 venada. Flor
solitária, axilar, pedúnculo floral 1-1,8 cm compr. incluindo o ovário, este retorcido;
perigônio unilabiado, pubescente; externamente verde-amarelado (utrículo) e
vermelho-escuro com o centro mais amarelado (lábio); lábio subpeltado, 1,7-2,2 cm
compr., recurvado para frente; ápice obtuso. Tubo floral ascendente, diferenciado do
utrículo, 0,3-0,5 x 0,1-0,3 cm. Utrículo ovóide, 0,5-0,8 x 0,3-0,6 cm. Ginostêmio
séssil, campanulado, 0,3 x 0,2 cm; lobos estimatíferos subtriangulares, anteras
lineares. Cápsula não vista.
Etimologia: Refere-se ao formato curvado das flores (AHUMADA, 1975).
Usos: Possui as mesmas propriedades medicinais que A. chamissonis.
Nome vulgar: Brasil: Jarrinha-gaúcha (AHUMADA, 1975).
Floração e frutificação: Floresce de dezembro a fevereiro.
Distribuição geográfica: Argentina (AHUMADA, 1967). No Brasil: Rio Grande do
Sul.
Comentários: No Sul do Brasil, a espécie é muito rara, sendo encontrada somente
no Rio Grande do Sul. Duas coletas foram realizadas ao momento e limitam-se a
Áreas de Tensão Ecológica de Estepe/Floresta Estacional (Fig. 14). Pode ser
enquadrada na categoria “Em perigo” (EN), que não apresenta coletas nos
52
últimos 30 anos, além destas, serem escassas. A espécie ocorre nas mesmas
formações que A. sessilifolia, a qual é muito bem coletada, demonstrando que as
poucas coletas de A. curvilfora o relacionadas à sua pouca freqüência na
natureza.
Pode ser confundida com A. sessilifolia, porém, em observações mais
precisas, diferencia-se da mesma pelo tamanho do perigônio, ausência das fímbrias
nas margens dos lábios e a forma e tamanho diminuto das lâminas. Hoehne (1942a)
afirma que a espécie pode ser uma forma atrofiada de A. sessilifolia, devido a
condições mesológicas de terrenos arenosos e muito secos.
A espécie é do mesmo porte que A. stuckerti Speg., sendo geralmente
indentificada como tal, porém, suas lâminas são mais ovaladas e levemente
pubérulas, além de apresentar as flores distintas de A. curviflora.
Segundo Hoehne (1942b), o lábio da espécie contorna o tubo, projetando-se
para frente. No presente trabalho, analisaram-se somente espécimes exsicatados, o
que impede uma análise tridimensional de algumas partes da planta. O mesmo
autor não visualizou cápsulas de A. curviflora. Já Ahumada (1975), descreve-a como
sendo elipsóide de mais ou menos 1,5 cm de compr. por 1,2 cm de larg. Com
observações do material, as sementes são obcordado-triangulares, verrugosas, de 4
mm de compr. por 3 mm de larg.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Restinga seca,
31.12.1976, fl., M. Fleig 261 (ICN); Santa Maria, in graminosis, 28.11.1953, fl.,
Pivetta 921 (PACA).
53
FIGURA 11 – Aristolochia chamissonis (Klotzsch) Duch. (A-B). Acápsula fechada (G. Hatschbach &
J. M. Silva 59774, MBM); B – flor (L. v. Linsingen 141-B, MBM); Aristolochia curviflora Malme (C-D). C
– flor (M. Fleig 261, ICN), D – detalhe do utrículo com ginostêmio (Pivetta 921, PACA).
c
a
b
d
54
FIGURA 12 – Aristolochia chamissonis (Klotzsch) Duch. (A-C), A ramo com flor (L. v. Linsingen 141-
B, MBM);B fruto fechado, C sementes (G. Hatschbach & J. M. Silva 59774, MBM); Aristolochia
curviflora Malme (D-F), D – hábito, E – flor (M. Fleig 261, ICN); F – ginostêmio (Pivetta 921, PACA).
A
B
C
D
E
F
55
3. Aristolochia elegans Mast., in: Gard. Chron., n.s., 24(610): 301, t. 64. 1885.
Fig. 13 e 16
Planta liana. Caule suberoso. Ramos sulcado-estriados, glabros, entrenós 3-17,5
cm compr. Pseudo-estípulas amplexicaules, orbiculares, base cordada, 1,3-2,7 x
1,2-2,8 cm. Folhas alternas, glabras; pecioladas, pecíolo 2,1-8 cm compr.; lâmina
deltóide-cordiforme, 3,3-10,1 x 5-12,7 cm, em geral mais largas que compridas;
base cordada-lobada com a parte mediana cuneada para o pecíolo, lobos basais
arredondados e divergentes entre si; ápice arredondado a obtuso, raro agudo; 5-
venada. Flor solitária, axilar; pedúnculo 5-13,5 cm compr. incluindo o ovário;
perigônio unilabiado, glabro; lábio peltado, ovalado, 5,2-8,3 x 3-6,6 cm, interiormente
com máculas e estrias púrpuras; base levemente cordada, ápice emarginado. Tubo
floral geniculado, fortemente curvado para cima, de ângulo agudo com o utrículo e
contínuo ao mesmo, 0,5-2,8 x 0,4-1 cm na base, 1,2-2 cm larg. no lábio;
externamente verde-amarelado. Utrículo oval-elíptico, 2,2-6,8 x 1,1-2 cm,
externamente verde-amarelado. Ginostêmio subséssil, levemente campanulado,
0,5-0,7 x 0,35 cm, lobos estigmáticos subtriangulares, anteras longitudinais,
oblongas. psula oblonga, glabra, 4-8,5 x 1,4-3,7 cm, 7 cm aberta, rostrada com
disco apical, rostro 1 cm compr. Sementes obovadas, aladas, 0,5-0,7 x 0,4-0,5 cm,
base mucronada, face adaxial e abaxial verrugosa.
Etimologia: Do latim elegans = elegante.
Usos: Muitos autores (Hoehne, 1942a; Schmidth, 1935; Ahumada, 1967) atribuem
propriedades diuréticas, estimulantes, emenagogas, febrífugas, estomáticas e
vermífugas.
Nomes vulgares: Brasil: cipó-mil-homens, papo-de-peru; milhome-de-babado;
Colômbia: corazón-de-jesus; Venezuela: flor-de-calico (GONZÁLEZ, 1990).
Floração e frutificação: Floresce de agosto a março, podendo se estender até
junho. Frutifica de outubro a fevereiro.
56
Distribuição geográfica: No Brasil: Rio de Janeiro (AHUMADA, 1975), São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (CAPELLARI, 1991). Flórida (Estados
Unidos) até Argentina (GONZÁLEZ, 1990).
Comentários: Possui grande distribuição na América, sendo em sua maioria,
cultivada na região Sul do Brasil, encontrada em cercas à beira de estradas e ruas
da cidade (Fig. 14). Porém, pode ocorrer em ambientes naturais como beira de rios.
Estudos revelaram sua ocorrência também no cerrado (MENDONÇA et al., 1998).
Segundo Ahumada (1975), a espécie é encontrada em Santa Catarina, cultivada em
Ibirama e Florianópolis. Ocorre em áreas onde grande penetração de luz
(AHUMADA, 1967) e pode ser considerada de Preocupação Menor (LC), como
demonstra sua freqüência na natureza, tanto cultivada como natural.
A espécie tem afinidade a A. gigantea, diferenciando da mesma pelo menor
tamanho das flores e folhas mais deltóides. A semelhança entre as duas espécies é
confirmada por vários autores (HOEHNE, 1942a; BARRINGER, 1983; GONZÁLEZ,
1990), apresentando em seu caule, quando velho, uma capa suberosa separada em
bandas longitudinais, semelhante à de A. gigantea. As flores de A. elegans se
assemelham às de A. odoratissima, diferenciando-se da mesma pelas folhas, frutos
e sementes (GONZÁLEZ, 1990).
Alguns autores (Pfeifer, 1966; Barringer, 1983) subordinam o binômio
Aristolochia elegans à sinonímia de A. littoralis D. Parodi. Porém diversos outros
(Hoehne, 1942a; Pereira, 1959; Ahumada, 1975; González, 1990) não a
consideram. Para González (1990) e Ahumada (1975), a descrição original de A.
littoralis se assemelha mais a A. odoratissima do que a A. elegans em caracteres
florais e foliares.
González (1990) ao examinar o isótipo de A. elegans, verificou que este está
determinado como A. ruiziana Duchartre e ao verificar a descrição original e o
fotótipo da mesma, constatou que se trata de espécies diferentes, não pelas
dimensões da folha, mas pela disposição e morfologia das flores, além do que, a
espécie A. ruiziana é própria da Floresta Amazônica.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Águas das Abóboras
, Sítio São José,
10.1997, fr., I. Medri et al. s. (UPCB); Bela Vista do Paraíso, Fazenda Horizonte,
57
20.04.1990, fr., O. C. Pavão et al. s. nº (UPCB); Curitiba, 20.01.1944, fl., C. Stelfeld
s. (MBM); Arredores de Curitiba, 15.12.1996, fl., A. C. Cervi & M. T. Coelho 6107
(MBM); Jardim Social, 20.11.2007, fl. e fr., D. S. Nascimento 269 (UPCB); Foz do
Iguaçu, Saída Sul Vila Itaipu, 07.12.1979, fl., Acildo 387 (MBM); Marechal Candido
Rondon, Bom Jardim, 10.12.1977, fl., G. Hatscbach 40566 (MBM); Pérola d'Oeste,
Rio Feliciano, 15.01.1983, fl., J. R. Pirani, O. Yano & D. P. Santos 445 (SP); Rancho
Alegre, Fazenda São José, 28.05.1999, fr., O. C. Pavão et al. s. (MBM); Santa
Mariana, 21.08.1995, fl. e fr., M. V. Tomé 493 (FUEL); Santo Antônio de Caiuá, Rio
Paranapanema, 23.06.1996, fl., G. Hatscbach 14491 (FUEL); Terra Roxa,
01.01.1997, fr., C. Kozera 303 (FUEL); Santa Catarina: Florianópolis, 13.10.1961, fl.
e fr., R. M. Klein 2721 (HBR); 19.10.1961, fl. e fr., R. Reitz & R.M. Klein 13312
(HBR); Ibirama, 07.03.1956, fl. e fr., R.M. Klein 1906 (HBR); Horto Florestal,
23.12.1953, fl., A. Gevieski 93 (HBR); Rio Grande do Sul: Pestana, 12.05.1957, fl.,
Pivetta 919 (PACA); Porto Alegre, 07.01.1959, fl. e fr., I. W. Bauer s. (ICN);
05.10.1936, fl., C. Orth s. nº (PACA).
Material adicional analisado: BRASIL. São Paulo: o Paulo, Ibirapuera,
21.07.1937, fl., M. Kuhlmann s. nº (SP); Parque do Estado, 10.03.1944, fl., W.
Hoehne s. (MBM); Cultivada no Jardim Botânico de São Paulo, 01.04.1944, fl., A.
Gehrt s. (SP); Sud Mennucci, Dist. de Bandeirantes D'Oeste, 04.08.1995, fl., M.
R. Pereira et al. 1331 (SP).
58
4. Aristolochia fimbriata Cham. & Schltdl., in: Linnaea 7: 210, pl. 100, f. 2. 1832.
Fig. 13 e 18
Planta herbácea, ereta ou prostrada. Ramos sulcado-estriados, glabros, cilíndricos,
entrenós 3,7-12,5 cm compr. Pseudo-estípulas ausentes. Folhas alternas, glabras;
pecioladas, pecíolo longo, cilíndrico, 3-8,6 cm compr.; lâmina reniforme, às vezes
cordiforme, 4,5-6,3 x 5-7,5 cm; base cordado-lobada, parte mediana cuneada para o
pecíolo, lobos arredondados e paralelos entre si; ápice arredondado; 3-5 venada.
Flor solitária, axilar; pedúnculo 1,5–3,8 cm compr. incluindo o ovário recurvado;
perigônio unilabiado, glabro; lábio suborbicular, quase peltado, 0,9-2,1 x 1,4-2,4 cm,
verrugoso, margem fimbriada, fímbrias sinuosas, 0,1-0,7 cm de compr., curvadas na
metade superior, de extremidade mais escura. Tubo floral ascendente, de ângulo
reto com o utrículo e diferenciado do mesmo, 0,6-1,3 x 0,3-0,6 cm na base, 0,4-0,6
cm larg. no lábio. Utrículo globoso a ovóide, 1,2-2,4 x 0,9-1,6 cm. Ginostêmio
subséssil, campanulado, 0,4-0,5 x 0,3-0,51 cm, lobos estigmáticos triangulares;
anteras oblongas. Cápsula oblonga, glabra, 1,4-2,8 x 0,5-1,5 cm, rostrada, rostro
0,1-0,2 cm. Sementes cordiformes, espessas, algo côncavas, 0,35-0,5 x 0,38-0,4
cm, face abaxial clara, verrugosa, face abaxial escura, verrugosa, com haste central
proeminente.
Etimologia: Refere-se às fímbrias carnosas presentes nas margens do lábio
(AHUMADA, 1975).
Usos: Suas raízes servem como estimulantes diuréticos, diafóricas e antisépticas
(AHUMADA, 1967).
Nomes vulgares: Brasil: Jarrinha-de-franjas (HOEHNE, 1942a). Argentina: patito
(AHUMADA, 1975).
Floração e frutificação: Floresce e frutifica de novembro até maio.
Distribuição geográfica: Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil. No Brasil:
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (AHUMADA, 1975).
59
Comentários: A espécie ocorre nos três estados do Sul do Brasil (Fig. 14) em áreas
não protegidas, sendo considerada como Quase Ameaçada (NT), podendo tornar-
se num futuro próximo Vulnerável. É a primeira ocorrência para o estado do Paraná.
A espécie ocorre com mais freqüência no Rio Grande do Sul e apresenta
pouquíssimas coletas numa localidade no estado de Santa Catarina. Ahumada
(1975) afirma sua vasta porém inexpressiva dispersão, sendo encontrada também
nos países vizinhos.
Sua distribuição se em formações de Floresta Estacional Decidual, desde
Bolívia até o Sul do Uruguai. No Estado do Paraná, o espécime foi coletado na
região da Floresta Ombrófila Mista Alto-Montana e em Santa Catarina, os
espécimes coletados, são oriundos da região de Estepe. Segundo IBGE (2008), a
região da Floresta Estacional Decidual, tem uma dispersão descontínua no território
brasileiro, na área subtropical do vale do Uruguai, passando entre a Floresta
Ombrófila Mista do Planalto Meridional e a Estepe. Sendo A. fimbriata presente em
zonas de transição destas formações (Floresta Estacional/Floresta Ombrófila Mista,
Estepe/Floresta Estacional).
Segundo Ahumada (1967), A. fimbriata apresenta uma variação na coloração
dos feixes foliares, de acordo com o ambiente presente e fatores mesológicos.
Folhas da espécie podem apresentar o feixe foliar verde escuro, com zonas
próximas às nervuras verde-grisáceas, ou em muitas ocasiões, as folhas são
uniformemente verdes escuras. A espécie apresenta talo hipógeo napiforme coberto
por uma capa suberosa estriado-sulcada e atinge até 25 cm de comprimento. Seu
caule é ascentende até encontrar um suporte e então torna-se apoiante
(AHUMADA, 1967). Notou-se em materiais examinados provenientes da Argentina,
que as folhas são relativamente maiores que as Sul-brasileiras.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Cruz Machado, Santana, 08.01.1996, fl.e
fr., C. Kozera et al. 36 (UPCB); Santa Catarina: São Joaquim, 16.02.1954, fr., J. R.
Mattos s. (HBR); São Joaquim, 21.01.1958; fr., J. R. Mattos 5861 (HBR); Rio
Grande do Sul: Alegrete, Arroio Inhanduí, 02.1982, fl. e fr., J. R. Stehmann & M.
Sobral 844 (ICN); Cerro Largo, 09.1944, fl., E. Friderichs s.nº (PACA); 20.11.1952,
fl., B. Rambo 53069 (HBR); Lavras
, Rincão do Inferno, 18.01.1975, fl., A. Sehhem
14475 (PACA); São Borja, Banhado de São Donato, 12.05.1985, fl. e fr., J. R.
60
Stehmann & S. Bordignon s. (ICN); Vacaria, Fazenda da Ronda, 02.01.1947, fr.,
B. Rambo s.nº (PACA).
Matéria adicional analisado: ARGENTINA. Buenos Aires: Las Palmas,
30.11.1951, fl., O. Boelcke 5078 (SP). Corrientes: Santo Tomé, 08.12.1981, fl., S.
C. Tressens, R. Vanni, E. Cabral, A. Radovancich & S. Cáceres s. (ICN).
Formosa: 03.1918, fl., P. Joergensen 2340 (SP).
61
FIGURA 13 Aristolochia fimbriata Cham. & Schltdl. (A-B), A flor (Foto: Boga Ruhr Universitãt
Bochum); B cápsula fechada (J. Stehmann & M. Sobral 844, ICN); Aristolochia elegans Mast. (C-E)
C flor, D Botões florais (Bacacheri, Curitiba PR); E cápsulas abertas (D. S. Nascimento 267,
UPCB).
b
a
d
e
e
c
62
FIGURA 14 – Distribuição das espécies:
Aristolochia chamissonis
Aristolochia curviflora
Aristolochia elegans
Aristolochia fimbriata
Aristolochia wendeliana
Aristolochia robertii
63
5. Aristolochia gigantea Mart. et Zucc., Nov. Gen. Sp. Pl. 1: 75, pl. 48. 1824.
Fig. 15 e 16
Planta liana. Caule suberoso. Ramos sulcado-estriados, glabros, entrenós 4,8-9,5
cm compr. Pseudoestípulas amplexicaules, cordiforme-ovaladas, 1,2-3 x 1-2,8 cm,
base cordada, geralmente ausentes nos ramos mais novos. Folhas alternas,
glabras; pecioladas, pecíolo levemente sulcado, 3,5-9,6 cm compr.; lâmina
cordiforme a cordiforme-ovalada, 6,7-13 x 5,6-11,8 cm; base cordado-lobada, parte
mediana cuneada para o pecíolo, lobos basais arredondados e divergentes entre si;
ápice obtuso, às vezes agudo ou acuminado, raramente arredondado; 5-7 venada.
Flor solitária, axilar, pêndula; pedúnculo floral 16,6-29 cm compr. incluindo o ovário;
perigônio unilabiado, glabro; lábio peltado, subovalado, 27-37 x 20-27 cm, interior
com manchas purpúreas; base cordada, ápice arredondado-emarginado. Tubo floral
curto, ascendente, de ângulo agudo com o utrículo e contínuo ao mesmo, 2,7-4 cm x
0,6-1,5 cm na base e 1,7-2,1 cm larg. no lábio. Utrículo obovóide; base estreita onde
abriga o ginostêmio; 5,8-9 cm x 3-6,5 cm. Ginostêmio campanulado a estipitado,
1,5-1,7 x 0,7-0,9 cm larg.; lobos oblongos; anteras longitudinais, lineares. Cápsula
cilíndrica, glabra, lisa, 11-11,6 x 2-2,5 cm, rostrada com disco apical, rostro 0,6-1 cm
de compr. Sementes ovaladas ou triangulares, planas, achatadas, 0,9-1,1 x 0,7-0,8
cm, face adaxial verrugosa, face abaxial escura com nervura central.
Etimologia: Refere-se ao grande tamanho das flores.
Usos: Usada como emenagogo, estimulante, tônico, diurético, febrífugo, usado na
amenorréia, além de estimular funções digestivas. Pode atuar também como
antídoto do veneno de cobras (AHUMADA, 1975).
Nomes vulgares: No Brasil: Cipó-milhomens, papo-de-peru, papo-de-peru-grande,
cipó-mata-cobra (AHUMADA, 1975); jarrinha-monstro, mil-homens-da-grande, papo-
de-peru-da-Bahia (PENHA, 1946).
Floração e frutificação: Floresce de outubro a abril. Podendo ser encontrada
florida durante o ano todo em algumas regiões mais quentes. Frutifica de novembro
a junho.
64
Distribuição geográfica: Brasil: Minas Gerais e Bahia; cultivada nos demais
estados (AHUMADA, 1975).
Comentários: A espécie é encontrada em todo o Sul do Brasil (Fig. 22), cultivada,
sendo de Preocupação Menor (LC). Geralmente, encontrada em cercas de jardins,
servindo como ornamental, devido a suas grandes e exóticas flores, que durante
estações mais quentes, exalam odor muito característico e atraem insetos para sua
polinização. Hoehne (1942b) afirma que, a flor de A. gigantea assemelha-se com
uma manta de carne fresca em suspensão, contribuindo na atração dos insetos, e
não exalam odor em regiões mais altas. Em materiais provenientes de São Paulo,
as flores chegam a medir até 40 cm de comprimento.
Quando mais velha, apresenta o caule suberoso, sulcado-estriado, assim
como em A. elegans, assemelha-se a esta pelas folhas, da qual sem flores
dificilmente pode ser separada.
A espécie às vezes é confundida e determinada como A. cordiflora Mutis ex
Kunth. Pfeifer (1966) e Barringer (1983) consideraram como A. gigantea, o binômio
A. sylvicola Standl. Como Pfeifer (1960) determinou muitos espécimes panamenses
e colombianos de A. cordiflora como A. sylvicola, González (1990) ao examinar o
protólogo de A. sylvicola constatou que o tipo tratava-se de A. cordiflora, resultando
no conceito de que A. gigantea e A. cordiflora seriam a mesma espécie. Porém,
apesar da semelhança da morfologia floral entre as duas espécies, apresentam
algumas diferenças na morfologia das pseudo-estípulas, base foliar, disposição das
flores e área de distribuição, sendo A. cordiflora presente no Panamá, Colômbia e
provavelmente, em Costa Rica.
Segundo Barringer (1983), espécimes de A. gigantea presentes na América
Central diferem fortemente de representantes da América do Sul. O autor estudou
materiais de Costa Rica, as quais apresentam flores pequenas, pseudo-estípulas
ausentes e pubescência na superfície abaxial da lâmina foliar. Durante o estudo
feito para o Sul do Brasil, não foi encontrada nenhuma referência que comentasse
sobre tal variação. Porém, ao analisar material proveniente de Santa Catarina,
notou-se que as flores apresentavam um tamanho diminuto em relação às demais
localidades. De qualquer modo, Barringer (1983) justifica em seu trabalho que pode
65
tratar-se de dois taxons diferentes, porém afirma que tais características são
conhecidas como variação dentro de muitas espécies de Aristolochia.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Curitiba, Barreirinha, 03.03.2007, fl., D. S.
Nascimento 262 (UPCB); Bairro Ahú, 02.2002, fl., A. Dunaiski 1826 (HFIE); Centro,
04.04.1948, fl., G. Hatschbach (MBM); Horto Botânico, 05.10.1983, fl., J. C. J. 30
(HUCP); Jardim do Curso de Farmácia, 05.1958, fl., H. Moreira Filho 1218 (HUPG);
Jundiaí do Sul, Fazenda Monte Verde, 23.03.2007, fr., D. S. Nascimento & E.
Barbosa 264 (HUCP); Paranaguá, 01.01.1996, fl., V. B. de Souza 1 (HUCP); Ponta
Grossa, Bairro Uvaranas, s. d., fl., D. C. Rocha s. nº (HUPG); Tibagi, Estrada para o
Salto Rosa, Barreiro, 18.12.1996, fl., J. M. Silva, J. Cordeiro & C. B. Poliquesi, 1869
(MBM); Santa Catarina: Camboriú, 11.06.1957, fl., R. M. Klein 2213 (HBR); Rua
1001, 04.1981, fl., C. Schwarz & L. A. Portes s. (HUPG); Florianópolis,
Universidade Federal de Santa Catarina, 16.07.2007, fl., D.S. Nascimento 267
(UPCB); Ibirama, 04.02.1956, fl., R. Reitz & R.M. Klein 2556 (HBR); Rio Grande do
Sul: Pelotas, Cultivada, 1955, fl., J. C. Sacco s. (PACA); Porto Alegre, Cultivada,
1944, fl., Rambo s. (PACA); Vera Cruz, 01.02.1971, fl., M. L. Porto & P. Oliveira s.
(ICN).
Material adicional analisado: BRASIL. São Paulo: Campinas, Campo do IAC,
02.08.1955, fl., C. Pacheco s. (MBM); Campo Experimental Instituto, 07.03.1945,
fl., O. Zagatto s. (SP); Fazenda Sta. Elisa, Secção de Fumo, 04.05.1944, fl., J.
Theisen s. (SP); Fazenda Taquaral, 03.02.1939, fl., J.E.T. Mendes s. (SP);
Matão, Fazenda Cambury, 14.94.1994, fl., V. C. Souza, R. R. Rodrigues, P. L. R.
Morais 5701 (SP); Piracicaba, Horto do Depto. de Horticultura ESALQ/Usp,
20.11.1989, fl., Capellari Jr. s. nº (MBM); Piracicaba, Horto do Depto. de Horticultura
ESALQ/Usp, 31.10.1988, fl., Capellari Jr. s. nº (MBM); São Paulo, Cultivada no
Parque do Estado e Jardim Botânico do Estado, 31.03.1970, fl., L. Rodrigues 11
(SP); Butantan, 07.01.1921, fl., G. Gehrt s. (SP); Ipiranga, Cultivada no Museu
Paulista, 02.1917, fl., H. Luederwaldt s. (SP); Itaquera, 18.12.1992, fl., M.
Kirizawa 2788 (SP). Bahia: Paraguaçu, Itaête, Caminho para Fazenda Baixão Lat
13º 2´S´ Long 41º 2´W´, 13.04.2001, fl., M. L. Guedes; D. L. Santana; D. M. Loureiro
& L. J. Alves 8844 (MBM).
66
FIGURA 15 – Aristolochia gigantea Mart et Zucc., A – Talo lignificado, B – hábito em cerca, C – Flor e
D – flor e detalhe do ginostêmio (D.S. Nascimento 264 , UPCB).
3 cm
a
b
c
d
1 cm
67
FIGURA 16 Aristolochia elegans Mast. (A-C), A ramo com flor, B ginostêmio, C fruto aberto
(D.S. Nascimento 267, UPCB); Aristolochia gigantea Mart et Zucc. (D-G), D ramo, E flor, F
ginostêmio; G - sementes (D. S. Nascimento 264, UPCB); H – fruto fechado (C. Pacheco s.n., MBM).
A
B
C
D
E
F
G
H
68
6. Aristolochia labiata Willd., Mém. Soc. Imp. Natur. Moscou 2: 101-102, t. 6. 1809.
Fig. 17 e 18
Planta liana. Ramos sulcado-estriados, cilíndricos, glabros, entrenós 12-15 cm
compr. Pseudo-estípulas amplexicaules, orbiculares, margem sinuosa, 2-3,5 x 1,6-
3,8 cm. Folhas alternas; pecioladas, pecíolo sulcado, 3,8-9,4 cm compr.; lâmina
sub-orbicular, 5,5-18,5 x 5,6-22,3 cm; face adaxial glabra a levemente pubérula, face
abaxial glabra; base cordado-lobada, lobos arredondados; ápice obtuso ou
arredondado; 5-7 venada. Flor solitária, axilar; pedúnculo longo, 9-20 cm compr.
incluindo o ovário; perigônio bilabiado; lábio superior peltado, suborbicular, 5,5-13 x
5,4-18,7 cm; base estreita, 1,5-3 x 0,4-0,6 cm, ápice emarginado; lábio inferior oval-
lanceolado, 3,5-13,5 x 2-5,8 cm, interior velutino, ápice arredondado ou obtuso.
Tubo floral, 1,3-2,4 x 0,5-1,7 cm na base, 1,1-1,5 cm larg. no limbo. Utrículo
obovóide, 3,9-7,9 x 1,6-4,5 cm. Ginostêmio campanulado, séssil, 5,5 x 4 mm; lobos
estigmáticos triangulares, anteras lineares. psula cilíndrica, mútica, 9,5-12 x 2-4,5
cm. Sementes ovaladas, 0,9-1,2 x 0,7-0,9 cm; face adaxial clara com macha central
cordiforme e verrugosa, face abaxial escura com nervura central.
Etimologia: Refere-se ao formato da flor.
Usos: Possui as mesmas propriedades medicinais que A. chamissonis.
Nomes vulgares: Brasil: crista-de-galo, crista-de-peru, papo-de-peru; Argentina:
cipó-patito, raiz-de-são-domingo, câmara-açu, jericó (AHUMADA, 1975).
Floração e frutificação: Floresce e frutifica em janeiro a março.
Distribuição geográfica: Ceará, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e
Santa Catarina (AHUMADA, 1975).
Comentários: É uma espécie comum na região centro-oeste do Brasil, e muito rara
no estado de Santa Catarina (Fig. 22), apresentando coletas antigas e escassas
numa área de ocupação pequena, sendo enquadrada na categoria Em Perigo (EN)
69
no Sul do Brasil. Ahumada (1975) para a Flora Catarinensis, analizou um material
proveniente do Paraná, registrado no herbário de GH (Cambridge, Massachusetts
U.S.A.), coletado por Dusén sob o numero de 16817 e datado de 14.03.1915, sem
local de coleta. Porém, o material o foi visto, e como o possui o local de coleta,
não é possível confirmar sua presença no estado.
É encontrada nas orlas de matas, estradas ou em florestas bastante
devastadas (clareiras). Ocorre nas formações de Floresta Ombrófila Densa e
Floresta Ombrófila Mista (Serras do Leste Catarinense), regiões onde foram
coletadas os espécimes. No estudo da Flora do Distrito Federal, a espécie foi
relatada com ocorrência também no cerrado (CAVALCANTI; RAMOS, 2001).
Hoehne (1942b) cogita a possibilidade de A. labiata ser uma variedade de A.
hians Willd, porém considera fatores de dispersão geográfica, não confirmando tal
idéia. A. hians é típica da Venezuela (CAPELLARI, 2001), mas ocorre em Brasília,
possui o lábio superior pequeno e o inferior obovado. Atualmente os dois binônimos
são considerados espécies diferentes. Pfeifer (1966) considera a espécie A. galeata
Mart. & Zucc., como sinônimo de A. labiata, porém, CapellarI Jr. (1991) afirma que
A. labiata é frequentemente confundida com A. galeata, diferindo desta por
apresentar lábio inferior mais estreito e aguçado, superior mais largo que comprido e
a base do lábio superior cordada.
Material examinado: BRASIL. Santa Catarina: Luis Alves, 10.01.1956, fl., R. Reitz
& R. M. Klein 2407 (HBR); Taió, Barragem Rio Itajaí do Oeste, 07.01.1969, fl., R. M.
Klein 8203 (HBR).
Material adicional analisado: BRASIL. São Paulo: ssia dos Coqueiros,
Cachoeira Itambé, 10.11.1994, A.M.G.A. Tozzi & A. Sciamarelli 94 (SP); Diamantina,
Biriti, 31.01.1981, fl., A. M. Giulietti et al. s. (MBM); Ilha Vitória, Litoral Norte,
01.04.1965, J.C. Gomes 2685 (SP); Piracicaba, Horto Florestal de Tupi, 19.03.1985,
E.L.M. Catharino & W. Mantovani 256 (SP); São Paulo, Butantan, 30.11.1923, F. C.
Hoehne s. (SP), Estrada o Paulo-Itapetininga, G.M. Felippe 7 (SP); o
Roque, Morro do Saboó e Proximidades, 25.04.1995, L.C. Bernacci et al. 1479 (SP);
Sorocaba
, 17.04.1995, R.S. Bianchini et al. 647 (SP). Minas Gerais: Morro do Pilar,
Rio Repicão, 26.10.1974, fl., G. Hatscbach & C. Koczicki 35372 (MBM); Serro, Sapo,
70
15.02.1973, fl., G. Hatscbach & Z. Ahumada 31617 (MBM); Bahia: Camacã, Estrada
para o Povoado de Jacareci, 25.01.1971, fl., T. S. dos Santos 1411 (MBM);
Jacobina, 16.06.1939, fl., M.B. Foster s. n° (SP); Fazendinha do Boqueirão,
28.08.1990, fr., J. Hage, E. B. dos Santos, H. S. Brito, J. B. dos Santos 2278 (MBM).
FIGURA 17 Aristolochia labiata Willd., A Flor (R. M. Klein 8203, HBR); B flor (Cortesia-NParks
FloraWeb); C – sementes (J. L. Hage et al. 2278, MBM).
a
b
5 mm
3 cm
c
71
FIGURA 18 Aristolochia fimbriata Cham. & Schltdl. (A-C), A ramo com flor e fruto, B – ginostêmio,
C sementes (J. Stehmann & M. Sobral 844, ICN); Aristolochia labiata Willd. (D-F), D ramo e E
flor (R. M. Klein 8203, HBR); F ginostêmio (R. Reitz & R. M. Klein 2407, HBR).
A
B
C
D
E
F
72
7. Aristolochia melastoma Manso ex Duch., Prodr. 15(1): 460-461. 1864.
Fig. 19 e 20
Planta liana. Ramos sulcado-estriados, levemente sinuosos, pubescentes, entrenós
3,7-11,2 cm compr. Pseudo-estípulas ausentes. Folhas alternas, pecioladas,
pecíolo 0,6-2,5 cm compr., pubescente; mina lanceolada, às vezes oval-elíptica,
5,6-15,4 x 1,4-2,9 cm; face adaxial pubérula a piloso-hirsuta, face abaxial com
tricomas nas nervuras principais, raro pilosa; base cordado-lobada, incisa, lobos
basais oblongo-reniformes e paralelos entre si; ápice obtuso, agudo ou levemente
agudo; 3 venada. Flor axilar, racemosa, pauciflora, racemo 1,5-4 cm compr.,
desenvolvimento de apenas uma flor; pedúnculo hirsuto 0,35-1,2 cm compr.
incluindo o ovário; brácteas puberulentas, 0,25-0,4 x 0,12-0,2 cm; perigônio
unilabiado, pubescente, principalmente nas nervuras; lábio subpeltado, ovalado,
côncavo, 1,5-3 x 1-2 cm, margem verrugosa; base levemente recurvada, ápice
acuminado. Tubo floral geniculado, curvado para cima, de ângulo reto com o utrículo
e diferenciado do mesmo, 1,6-2,4 x 0,5-0,6 cm na base, 0,7-1 cm larg. no lábio.
Utrículo ovóide ou elipsóide, 0,7–1 x 0,5–0,7 cm. Ginostêmio estipitado, subséssil,
0,21-0,3 x 0,1 cm; lobos estigmáticos subtriangulares, anteras oblongas. Cápsula
oblonga a elíptica, glabra, 3,2-3,5 x 1,3-1,7 cm. Sementes ovaladas, espessas, 0,31-
0,4 x 0,28-0,3 cm por 0,1 cm de espessura; face adaxial escura, verrugosa, face
abaxial clara.
Etimologia: Segundo AHUMADA (1975) provêm do grêgo melas = preto e stoma =
boca, em referência ao tubo floral escuro.
Usos: Possui as mesmas propriedades medicinais que A. chamissonis.
Nomes vulgares: Brasil, São Paulo: jarrinha-da-beira-da-estrada, jarrinha-das-
barrancas (HOEHNE, 1942a).
Floração e frutificação: Floresce de dezembro a março. Frutifica de maio a junho.
73
Distribuição geográfica: Brasil: Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro, o
Paulo e Paraná (AHUMADA, 1975).
Comentários: No Sul do Brasil, a espécie é presente somente no estado do
Paraná, tendo sua distribuição nas regiões de Floresta Estacional Semidecidual e de
Floresta Ombrófila Mista, em áreas de vegetação secundária e antropizada (Fig.
22). Schinini e López (1997) citam a espécie A. melastoma para o Parque Nacional
Iguaçu. A espécie pode ser considerada como Pouco Preocupante (LC), sendo
presente em reservas protegidas como Parque Estadual do Cerrado, Parque Arthur
Thomas e Parque Nacional Iguaçu.
Espécie heliófila, característica de subsera, ocorrendo entre a vegetação da
orla de matas, estradas e capões (AHUMADA, 1975). Apresenta-se rasteira em solo
descampado, e volúvel em vegetação mais alta e arbustos. Segundo Capellari Jr.
(1991), ocorre em áreas sombreadas, sub-bosques de matas ciliares e de altitude e
áreas reflorestadas. Tal fato pode resultar numa variação morfológica do tamanho
das folhas e flores. Possui o ginostêmio distinto das demais espécies, sendo este,
estipitado.
Sua inflorescência é racemosa, caráter distinto da maioria das espécies Sul-
brasileiras. Em cada inflorescência, observa-se somente uma flor em antese.
Segundo Schinini e López (1997), em algumas inflorescências pode ocorrer
diferentes estados de desenvolvimento floral: botão, flor em antese e fruto em
formação.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Arapoti, Faz. Barra Mansa, 21.01.1990, fl.,
J. T. Motta 1763 (MBM); Ipiranga, Barracas, 21.03.1973, st., G. Hatschbach 31784,
(MBM); Jaguariaíva, Rio Cilada, 10.01.1973, fl., G. Hatschbach 31115 (MBM);
Jundiaí do Sul, Fazenda Monte Verde, 03.01.1999, fl., J. Carneiro 662 (MBM);
Laranjeiras do Sul, Foz do Chopin, 09.06.1968, fr., G. Hatschbach & O. Guimarães
19311 (MBM;UPCB); Londrina, Faxinal São Sebastião, 11.03.1937, fl., G. Tessman
6103 (MBM); Fazenda Figueira-Paiquerê, 28.02.2003, fl., S. R. Slusarski et al. 260
(FUEL); Mata do Iapar, 30.06.1988, fr., M. R. Pascoal et al. s. (FUEL); Terra Boa,
Rio Ligeiro, 18.05.1969, fr., G. Hatschbach 21554 (MBM); Tibagi
, Jaguatirica, Faz.
74
Monte Alegre, 19.11.1953, fl., G. Hatschbach 3021 (MBM; HBR); Parque Arthur
Thomas, 21.05.1984, fr., A. O. S. Vieira & M. I. G. Costa s. nº (FUEL).
Material adicional analisado: BRASIL. Minas Gerais: Belo Horizonte, Estação
Experimental, 13.05.1940, fl. e fr., M. Barreto 10899 (SP); Caeté, 12.02.1973, fl., G.
Hatschbach & Z. Ahumada 31473 (MBM); Caldas, 27.01.1860, fl., A. Regnell 1043
(SP); Conceição do Mato Dentro, Três Barras, 15.02.1973, fl., G. Hatschbach & Z.
Ahumada 31609 (MBM); Felisberto, Curtidor, 16.02.1973, fr., G. Hatschbach & Z.
Ahumada 31659 (MBM); Lavras, 16.07.1938, fl., E.P. Heringer s. (SP); Serro,
Próximo a Pedro Lessa, 15.02.1973, fl., G. Hatschbach 31625 (MBM). o Paulo:
Campinas, s. d., fl., C. Novaes 935 (SP); Ibiúna, Bairro do Puri, 5 km da estrada
Ibiúna-Mulundú, 17.02.1994, fl., O. Yano & M.P. Marcelli 22446 (SP); Itirapina, Área
do Pedregulho, 15.03.1993, fl., F. de Barros 2528 (SP); Jaraguá, 05.05.1907, fr.,
P.A. Usteri s. (SP); Monte Alegre do Sul, Estação experimental, 21.07.1949, fr.,
M. Kuhlmann 1806 (SP); Rio Claro, Horto Florestal ´Navano de Andrade`,
11.12.1976, fl., G. de Marinis & O. Cezar 17 (HUPG); São Paulo, Reserva Biológica,
Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, 06.03.1978, fl., S.L. Jung, E.A. Lopes & A.
Tosta 236 (SP); Instituto de Botânica, Próximo à manutenção, 07.02.2000, fl., R.S.
Bianchini, L. Rossi & I. Cordeiro 1365 (SP); Butantan, 03.1918, fl., F.C. Hoehne s.
(SP).
75
8. Aristolochia odoratissima L., Sp. Pl. (ed. 2) 2: 1362. 1763
Fig. 19 e 20
Planta liana. Ramos sulcado-estriados, pubescentes ou levemente pubescentes,
entrenós 5-12 cm compr. Pseudoestípulas amplexicaules, elíptico-cordadas, 0,8-
1,6 x 0,7-1,2 cm. Folhas alternas; pecioladas, pecíolo 1,9-3,4 cm compr.,
pubescente; lâmina triangular-lanceolada a deltóide-lanceolada ou hastiforme, 7-
13,3 x 4,5-7,9 cm; face adaxial pubérula, as vezes glabra, face abaxial pubérula;
parte mediana as vezes levemente inflada (mais larga); base cordada-lobada, lobos
basais oblongos e paralelos entre si; ápice obtuso, raro agudo; 5-7 venada. Flor
solitária, axilar; pedúnculo 5-8 cm compr. incluindo o ovário; perigônio unilabiado,
glabro externamente; lábio peltado, oblongo a ovalado, 3,9-9 x 3,2-5,6 cm; base
cordada, ápice mucronado, Tubo floral ascendente, de ângulo reto com o utrículo e
contínuo ao mesmo, 0,7-1,5 x 0,25–0,6 cm na base, 0,5-0,9 cm larg. no limbo.
Utrículo ovóideo, 1,7-2,2 x 1-1,4 cm. Ginostêmio pedicelado, campanulado a
estipidado, 0,3-0,4 x 0,1-0,4 cm; lobos triangulares, anteras longitudinais, lineares.
Cápsula não vista.
Etimologia: Do latim odor, odoratus = cheiro, odor, perfumado. Flor que apresenta
odor.
Usos: Atua como analgésica, antiofídica, em tratamentos de asma, disenteria,
pústulas, em ulcerações de ouvido GONZALEZ (1990).
Nomes vulgares: Brasil: Jarrinha-de-babado (HOEHNE, 1942b); Bolívia: capitana;
Colômbia: chivasa; Venezuela: bejuco-de-santamaría, guaco, raiz-de-mato; México:
cocoba, hierba-del-índio, k´ok´ob-ak´, tacopate; Costa Rica: flor-de-pascua;
Equador: zaragoza (GONZÁLEZ, 1990).
Floração e frutificação: Floresce e frutifica durante todo o ano.
76
Distribuição geográfica: No Brasil: Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, São Paulo e Paraná. América Central, Colômbia, Venezuela, Equador, Peru,
Bolívia e Paraguai se estendendo até a Argentina (GONZALEZ, 1990).
Comentários: Amplamente distribuída em florestas úmidas de toda região
neotrópica (BARRINGER, 1983). Segundo González (1990), desenvolve-se em
alturas que oscilam entre os 30 e 400 m. A espécie é muito rara no Sul do Brasil,
tendo sua distribuição limitada ao noroeste do Paraná (Floresta Estacional
Semidecidual), ocorrendo geralmente ao longo do rio Paraná (Fig. 22). Talvez
extinta no Sul do Brasil ou Criticamente em Perigo (CR), que o local de sua única
coleta (Loanda Porto São José), encontra-se atualmente inundado por uma
hidrelétrica (Hatschbach, informações pessoais).
Pfeifer (1966) descreve a ausência de pseudo-estípulas na espécie, sendo
que, González (1990), afirma que os profilos nesta espécie sofrem atrofiamento e
estão apoiados ao eixo do ramo, ou seja, em estado pseudo-estipuloso. Os
espécimes estudos apresentaram pseudo-estípulas menores em relação às demais
espécies do gênero. Alguns autores (Standley, 1946; Fournet, 1978) afirmavam a
existência de brácteas elíptico-cordadas em A. odoratissima, que se tratam na
verdade das pseudo-estípulas.
Apesar de a espécie apresentar grande variedade na forma laminar,
constatou-se entre o material examinado, a coleta de J. Lindeman et al., s. ,
14.07.1972, no Parque de Torres (RS), de A. odoratissima var. glaziowii (Mast.)
Hassl. O espécime apresenta as folhas oval-oblongadas, ápice acuminado e a base
profundamente cordado-incisa com os lobos paralelos entre si e projetados para
fora. Possui uma grande variedade foliar (Fig. 8). Segundo Hoehne (1942b), as
variedades presentes em A. odoratissima, talvez sejam variações do tipo, que
resultam das influências mesológicas. González (1990) sinonimiza todas as
variedades da espécie em A. odoratissima. Portanto, não foram consideradas e
descritas as variedades da espécie no presente trabalho.
A. odoratissima assemelha-se a A. elegans pelo tamanho e coloração da flor.
Difere da mesma, por apresentar o lábio mais estreito, e seus lobos estigmáticos
mais longos que a primeira.
77
Material examinado: BRASIL. Paraná: Loanda, Porto São José, 08.04.1959, fl., G.
Hatschbach 5599 (MBM; HBR).
Material adicional examinado: BRASIL. Mato Grosso: Cuiabá, Coxipó da Ponte,
03.1911, fl., F.C. Hoehne 3383 (SP). Mato Grosso do Sul: Antonio João, 3-6 Km,
15.03.1985, fl., G. Hatschbach & F. J. Zelma 49086 (MBM). Minas Gerais:
Capinópolis, Faz. Sta. Teresinha, 22.11.1971, fl., A. Macedo & C. M. Macedo 5058
(MBM); Ituiutaba, Faz. Sta. Teresinha, Margens do Rio Parnaíba, 17.02.1949, fl., A.
Macedo 1678 (MBM). COLÔMBIA. Magdalena: Savana perto de Becerril,
16.09.1943, fl., O. Haught 3679 (SP). PARAGUAI. Trinidad: Asunción, Jardim
Botânico, 01.10.1917, fl., T. Rojas 2452 (SP). VENEZUELA. Miranda: Santa Lucía,
06. 03.1943, fr., E.P. Killip & Tamayo 37020 (SP).
78
FIGURA 19 Aristolochia melastoma Malme (A-B), A flor (Foto: Mauro Peixoto); B ginostêmio (G.
Hatschbach 31115, MBM); Aristolochia odoratissima L. (C-D), C ginostêmio (G. Hatschbach 5599,
MBM); D – ginostêmio (G. Hatschbach 5599, HBR).
a
b
c
1 mm
1 mm
d
79
FIGURA 20 – Aristolochia melastoma Manso. (A-C), A ramo com flores e frutos (S.R. Slusarski et al.
260, FUEL; M.R. Pascoal et al. s. nº , FUEL); B flor aberta com ginostêmio (J. T. Motta 1763, MBM);
C – sementes (M.R. Pascoal et al. s. nº , FUEL); Aristolochia odoratissima L. (D-F), D – ramo com flor,
E – flor, F – ginostêmio (G. Hatschbach 5599, MBM).
A
B
C
D
E
F
80
9. Aristolochia paulistana Hoehne, Arch. Bot. São Paulo 1: 13, pl. 4. 1925.
Fig. 21 e 23
Planta liana. Caule suberoso. Ramos sulcado-estriados, glabros, entrenós 3,3-17,6
cm compr. Pseudoestípulas amplexicaules, sub-orbiculares, de base cordada, 1-
2,3 x 1-2,3 cm. Folhas alternas; pecioladas, pecíolo 2-6,5 cm compr., as vezes
piloso na junção com a lâmina;mina deltóide-triangular, 4,7-10,4 x 5-10,3 cm; face
adaxial glabra, face abaxial pubérula; base levemente cordada com a parte
mediana cuneada para o pecíolo, muitas vezes truncada, lobos basais
arredondados e divergentes entre si; ápice arredondado, às vezes obtuso, raro
emarginado; 3-5 venada. Flor axilar, solitária; pedúnculo floral 5,2-10,1 cm compr.;
perigônio bilabiado, glabro; lábio superior ovalado-triangular, interiormente
escabroso; base cordada; ápice prolongado em apêndice de 9-19,3 cm compr.; lábio
inferior recurvado, às vezes quase nulo. Tubo floral ascendente, de ângulo reto com
o utrículo, não diferenciado e contínuo ao mesmo, 1,5-4,4 x 1-2,4 cm na base, 1,2-
1,8 cm larg. nos lábios. Utrículo ovóide, raro globoso; base 6-partida; 2-3,9 x 1,2-2,6
cm. Ginostêmio campanulado ou piriforme, estipitado, 0,5-1,3 x 0,4-0,6 cm. Cápsula
oblonga a cilíndrica, glabra, 4-6,1 x 2-2,7 cm, rostrada, rostro 0,6-0,7 cm compr.
Sementes oval-deltoides, achatadas, 0,5-1 x 0,5-09 cm, face adaxial e face adaxial
verrugosa.
Etimologia: Em homenagem ao Estado de São Paulo, onde foi encontrado o
espécime-tipo (AHUMADA, 1975).
Usos: Utilizada como emenagogo, estimulante, tonico, diurético, febrífugo e
antiofídico (AHUMADA, 1975).
Nomes vulgares: Brasil, Paraná: cipó-mil-homens; Argentina: Jarrinha-de-rabo,
cipó-de-cobra (HOEHNE, 1942b).
Floração e frutificação: Floresce de agosto a março. A sua frutificação se dá
aproximadamente de dois a três meses após a floração.
Distribuição geográfica: Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e
Espírito Santo (AHUMADA, 1975).
81
Comentários: Presente nos estados do Paraná e de Santa Catarina, sendo no
último mais rara, apresentando somente uma coleta. Sua distribuição no Sul do
Brasil ocorre na Floresta Ombrófila Densa Montana no estado do Paraná, e Áreas
de Tensão Ecológicas sendo mais comumente encontrada em pequenas clareiras e
bordas da floresta (Fig. 22). Foi observado, que as mesmas surgem com facilidade
logo após perturbações na floresta, como em trilhas recém formadas. Observou-se
que desenvolve somente um ramo que apoia-se em árvores, alcançando alturas
superiores de qualquer outra espécie observada. Pode ser considerada como
Preocupação Menor (LC), estando presente em reservas como Reserva Natural do
Cachoeira (Antonina).
Sua flor se assemelha a A. trilobata, a qual apresenta o lábio superior com o
apêndice um tanto maior que A. paulistana. A presença do apêndice, assim como
em A. trilobata, é considerada uma homoplasia (Bello, Valois-Cuesta e González,
2006), onde a formação da cauda se trata da fusão das três sépalas que formam o
apêndice. Sem as flores, a espécie pode ser confundida a A. elegans, A. gigantea e
A. triangularis, cujas folhas são mais cartáceas.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Antonina, Área de Proteção Ambiental de
Guaraqueçaba, Reserva Natural do Cachoeira, Faisqueira, 07.10.2005, fl., F. B.
Mattos & P. B. Schwartsburd 861 (UPCB); Rio Copiuva, 30.01.1968, fl., G.
Hatschbach 18522 (UPCB, HUPG); Rio Xaxim, 22.09.1982, fl., G. Hatschbach
45423 (MBM); Campina Grande do Sul, Serra do Espia, Rod. BR-2, 02.03.1964, fl.,
G. Hatschbach 11111 (MBM); Guaraqueçaba, 29.03.2007, fl., D. S. Nascimento & E.
Barbosa 265 (UPCB); Morro Rio das Pacas, Face Noroeste e Sudeste 25º 25´ S e
48º 1 W, alt. 0-1800m, 20.01.1993, fl., J. Prado, A. Bidá & P. H. Labiak 441
(UPCB;SP); Reserva Narural Salto Morato, 25.04.1999, fr, G. Gatti 382 (UPCB);
Tagaçaba, 29.10.1971, fl, G. Hatschbach 27603 (MBM); Tagaçaba-de-Cima,
19.11.1993, fl, R. X. Lima 216 (UPCB); Guaratuba, Serra de Araraquara, Morro do
Cauvi, 30.12.1963, fl, G. Hatschbach 10869 (MBM); Morretes, Cadeado, 30.11.1966,
fl, G. Hatschbach 15315 (MBM), Rio Sagrado de Cima, 09.1968, fl, G. Hatschbach &
Koczicki 20881 (MBM); Paranaguá
, Morro Inglês, 26.11.2002, fl, O. S. Ribas, D.
82
Wasshausen & H. Lorenzi 4436 (MBM); Santa Catarina: Garuva, 23.01.1958, fl, R.
Reitz & R. M. Klein 6291 (HBR).
Material adicional examinado: BRASIL. Rio de Janeiro: Angra dos Reis, Engenho
da Serra, 19.04.1926, fl., Hoehne & Selut s. (SP). São Paulo: Biritiba Mirim,
Estação Biológica de Boracéia, 08.12.1983, fr., A. Custodio Filho 1976 (SP); Estrada
Sete Barras para S. Miguel Arcanjo, 13.02.1995, fl., H.F. Leitão Filho et al. 32820
(SP); Iguape, Estação Ecológica Juréia-Itatins, 25.06.1992, fr., D.F. Pereira et al.
184 (SP), Estação Ecológica Juréia-Itatins, caminho do Imperador, 06.03.1993, fl.,
S. Aragaki, E.A. Anunciação & C.M. Yoshioka 25 (SP), Morro das Pedras, 1922, fl.,
A.C. Brade 8253 (SP); Pariquera-Açu, E.E.I.A.C., 10.02.1995, fl., H.F. Leitão Filho et
al. 32789 (SP), Pariquera-Açu, Rodovia para Cananéia, beira de estrada, Fazenda
Esteiro do Morro, 12.01.1995, fr., L.C. Bernacci et al. 1135 (SP), Pariquera-Açú para
Cananéia, 07.02.1995, fl., H.F. Leitão Filho et al. 32738 (SP).
83
FIGURA 21 – Aristolochia paulistana Hoehne, A – habito, B – flor (Foto: Mauro Peixoto), C
sementes (G. Gatti 382, UPCB), D – ginostêmio e inseto polinizador (G. Hatschbach 45423, MBM).
1,5 cm
5 mm
a
b
c
d
84
FIGURA 22 – Distribuição geográfica das espécies:
Aristolochia gigantea
Aristolochia labiata
Aristolochia melastoma
Aristolochia odoratissima
Aristolochia paulistana
85
FIGURA 23 Aristolochia paulistana Hoehne, A ramo (D.S. Nascimento & E. Barbosa 265, UPCB);
B ramo com flor (F. B. Mattos & P. B. Schwartsburd 861, UPCB); C ginostêmio (G. Hatschbach
45423, MBM); D – fruto fechado, E – sementes (G. Gatti 382, UPCB).
A
B
C
D
E
86
10. Aristolochia robertii Ahumada, Fl. Ilus. Catarin. ARIS: 35-39, pl. 11. 1975.
Fig. 24 e 25
Planta liana. Ramos cilíndricos, sulcado-estriados, pubescente, mais densamente
nas extremidades, entrenós 2-10,9 cm compr. Pseudo-estípulas ausentes. Folhas
alternas, pecioladas; pecíolo 0,6-2,2 cm compr.; lâmina oval-lanceolada, 3,2-8,5 x 1-
4,7 cm, face adaxial pubérula ou glabra, face abaxial pubescente, às vezes com
tricomas somente nas nervuras; base cordada; lobos basais oblongos e paralelos
entre si; ápice obtuso, às vezes agudo, raro arredondado; 3-5 venada. Flor solitária,
axilar; pedúnculo pubescente, 1,8-3,1 cm compr. incluindo o ovário; perigônio
unilabiado, pubescente; lábio elíptico de base mais estreita, 1,1-3 cm compr.,
metade superior fimbriada; interiormente escabroso; base estreita, recurvada, ápice
arredondado ou emarginado. Tubo floral ascendente, de ângulo reto com o utrículo
e diferenciado do mesmo, 0,9-2,6 x 0,2-0,6 cm na base, 0,4-0,8 cm larg. no lábio.
Utrículo ovóide a oblongo, 0,4-1,7 x 0,3-1,8 cm. Ginostêmio campanulado,
pedicelado, 0,21-0,25 x 0,18 cm, lobos estigmáticos ascendentes, triangulares;
anteras lineares a oblongas. Cápsula elipsóide, glabra, 1,1-1,5 x 2,4-4,1 cm.,
rostrada, rostro 0,3-0,6 cm compr. Sementes cordiformes, 0,48-0,5 x 0,3-0,4 cm.,
superfície ventral com rafe proeminente, superfície dorsal pouco verrugosa.
Etimologia: Homenagem de Ahumada (1975) ao eminente botânico e ecólogo
Professor Dr. Roberto M. Klein (1923*-1992†).
Usos: Uso na medicina popular como antiofídica, problemas de estômago
(AHUMADA, 1975).
Nomes vulgares: Brasil, Santa Catarina: Jarrinha-de-roberto (AHUMADA, 1975).
Floração e frutificação: Floresce e frutifica de janeiro a maio.
Distribuição geográfica: No Brasil: Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Paraguai,
Uruguai e Argentina (AHUMADA, 1975).
87
Comentários: No Sul do Brasil, a espécie ocorre em Santa Catarina e Rio Grande
do Sul (Fig. 14), presente na região de Floresta Ombrófila Densa (vegetação
secundária).
Apesar de possuir coletas em Porto Alegre e São Leopoldo, e estas com mais
de 70 anos, pode-se afirmar seu endemismo para o litoral atlântico do Sul do Brasil,
afirmado por AHUMADA (1975). Em Santa Catarina, parece estar restrita a região
de Florianópolis (Rio Vermelho) e a Laguna, e no Rio Grande do Sul, ao município
de Torres, porém o último quase na divisa entre os dois estados. Por apresentar
uma freqüência tão restrita, pode ser considerada como Quase Ameaçada (NT),
que os locais de ocupação estão cada vez mais sendo degradados devido aos
avanços das grandes cidades.
Ahumada (1975) afirma sua ocorrência em solos arenosos encharcados entre
a vegetação herbácea e nas orlas de vegetação arbustiva da restinga, podendo ser
encontrada formando pequenos agrupamentos.
Suas folhas são um pouco distintas das demais espécies, semelhantes às de
A. arcuata, espécie facilmente confundida com a estudada. A diferença das duas
espécies se pelo tamanho das folhas, maiores em A. arcuata e a distribuição da
mesma restrita ao Brasil setentrional (HOEHNE, 1942a), sendo A. robertti
encontrada somente no Sul do Brasil. Capellari Jr. (1990) afirma a presença de A.
arcuata no estado do Paraná, porém até o momento não foi encontrada nenhum
exemplar dessa espécie.
Material examinado: BRASIL. Santa Catarina: Florianópolis, Praia do Pântano do
Sul, 03.04.1990, fl., F.A. Silva Filho 901 (FLOR); Rio Vermelho, 27.01.1975, fr., Z.
Ahumada & U. Eskuche 4939 (HBR); Rio Vermelho, 23.02.1970, fl. e fr., Klein &
Souza 8610 (HBR; FLOR; parátipo); Rio Vermelho, 31.03.1970, fl., R. M. Klein 8651
(HBR; FLOR); Rio Vermelho, 06.05.1970, fl., R. M. Klein 8696 (FLOR); Laguna,
12.02.1978, fl., G. Hatschbach & E. Zardini 40983 (MBM); 23.01.1982, fl. e fr., A.
Krapovickas & C. L. Cristóbal 37739 (ICN). Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Vila
Manresa, 16.01.1932, fl., B. Rambo s. (PACA); São Leopoldo, Monte das Cabras,
10.08.1934, fl., B. Rambo s. (PACA); Torres, 12.11.1954, fl., B. Rambo s.
(PACA); 19.01.1955, fl., B. Rambo 56510 (HBR).
88
11. Aristolochia sessilifolia (Klotzsch) Duch., Prodr. 15(1): 464. 1864.
Fig. 24 e 25
Planta herbácea. Caule hipógeo, 0,2-1,1 cm diâm. Ramo liso, pubescente a
levemente pubescente, entrenós 1,5-9 cm compr. Pseudo-estípulas ausentes.
Folhas alternas, subsésseis; pecíolo canaliculado com a parte mediana da lâmina;
0,1-0,5 cm compr.; lâmina oval-elíptica a ovalada; 2,5-7,8 x 1,4-5 cm; face adaxial
pubérula ou levemente pubérula, raro glabra, face abaxial pubérula a pilosa, às
vezes com tricomas nas margens; base cordado-lobada, parte mediana cuneado-
canaliculada para o pecíolo, lobos arredondados e paralelos entre si; ápice
arredondado, às vezes emarginado; 3-5 venada. Flor solitária, axilar, pedúnculo
floral 0,9-1,9 cm compr.; perigônio unilabiado, ascendente; bio reto, subpeltado,
4,7-8,1 cm compr., margem fimbriada; base recurvada, ápice arredondado a
emarginado. Tubo floral longo, ascendente, em linha reta com o utrículo
diferenciado do mesmo, 0,6-2,2 x 0,15-0,5 cm na base, 0,2-0,6 cm larg. no lábio.
Utrículo ovóide, às vezes globoso, 0,5-1,2 x 0,3-0,8 cm. Ginostêmio subséssil,
subgloboso ou campanulado, 0,2-0,39 x 0,19-0,3 cm; lobos estigmáticos oblongos;
anteras oblongas. Cápsula oblonga, glabra, estriada, 1,4-2,2 x 0,4-1,3 cm, mútica.
Sementes oval-triangulares, espessas, 0,5 x 0,4 cm, superficie verrugosa, face
abaxial com haste central proeminente.
Etimologia: Referente às folhas subsésseis (AHUMADA, 1975).
Usos: Possui as mesmas propriedades medicinais que A. chamissonis.
Nomes vulgares: Brasil: Jarrinha-do-campo, jarrinha-rasteira (AHUMADA, 1975).
Fenologia: Floresce de setembro a abril. Frutifica de dezembro a janeiro.
Distribuição geográfica: Paraguai, Argentina e Uruguai. No Brasil: Rio Grande do
Sul (AHUMADA, 1975) e Santa Catarina.
Comentários: Hoehne (1927) cita em seu trabalho, a grande variabilidade de A.
sessilifolia, tendo para tal vários sinônimos. Essa é uma espécie muito bem coletada
89
no Estado do Rio Grande do Sul, apresentando ampla distribuição em várias
formações vegetacionais do Estado, podendo ser enquadrada como Pouco
Preocupante (LC). Bastante comum na Zona da Campanha Gaúcha (região da
Estepe Gramíneo-lenhosa) até a região central do Rio Grande do Sul, ocorrendo
também na região noroeste do estado (Floresta Estacional Decidual). No presente
trabalho constatou-se uma nova ocorrência de A. sessilifolia para o Estado de Santa
Catarina. Tal coleta foi realizada na região de Campos Novos, que abrange a
formação de Estepe Gramíneo-lenhosa, presente desde a região da coleta, até o
nordeste do Rio Grande do Sul, indicando o habitat quase exclusivo da espécie.
Essa espécie não ocorre no Estado do Paraná (Fig. 28).
A. sessilifolia se assemelha a Aristolochia curviflora Malme, sendo as duas
ervas sem pseudo-estípulas, diferindo no tamanho das folhas e formato das flores
(conforme comentários A. curviflora).
Material examinado: BRASIL. Santa Catarina: Campos Novos, Rod BR - 470,
próx.à divisão com Erval do Oeste, 17.09.1994, fl., G. & M. Hatschbach & J. M. Silva
61098 (MBM); Rio Grande do Sul: 11 km de S. Borja, estrada para Santiago,
20.12.1972, fl., J.C. Lindman, A. Pott s. (ICN); Alegrete, direção ao rio Ibirú,
11.02.1990, fl., D. Falkenberg e M. Sobral 5237 (ICN); Junto ao Cerro do Tigre,
11.02.1990, fl., D. Falkenberg e M. Sobral 5185 (ICN); Arroio do Ratos, 01.02.1942,
fl., J.E. Leite 245 (SP); Fazenda Faxinal, 12.11.1983, st., K. Hagelund 14678 (ICN);
Carazinho, 03.1982, fl., R. Bueno et al. s. (ICN); Cruz Alta, 01.01.1954, fl., Pivetta
920 (PACA); Esmeralda, Est. Ecol. de Aracuri, 12.1984, fr., J. R. Stehmann 164
(ICN); Giruá, Granja Sodol, 10.1963, fl., K. Hagelund 1144 (ICN); Ijuí, 30 km de Cruz
Alta, 02.02.1971, fl., M. L. Porto e P. L. Oliveira s. nº (ICN); Lagoa Vermelha,
06.01.1978, fl., M. L. Abruzzi 364 (ICN); Pelotas, Estrada Pelotas-Porto Alegre,
10.10.1977, fl., S. Miotto 595 (ICN); Pareci, Pareci, 15.01.1946, fl., E. Ritter s.
(PACA); Passo Fundo, 09.1949, fl., M. Sacco 99 (PACA); Entre Passo Fundo e
Ronda Alta, 13.09.1977, fl., J. L. Walchter 654a (ICN); Porto Alegre, Morro do Osso,
fl., Martin Grings 118 (ICN); Teresópolis, 04.01.1949, B. Rambo 39464 (HBR); Vila
Manresa p. Porto Alegre, 16.10.1946, fl., Rambo s. (PACA); Vinhedo do Inst. B.
M., 01.1923, fl., Thomaz Martins s. (ICN); Santo Ângelo
, 27.02.1975, fl., L.
Arzivenco s. (ICN); Granja Piratini, 03.02.1970, fl., K. Hagelund 5820 (ICN); São
90
Leopoldo, 1907, fl., F. Teissen s. (PACA); Rio dos Sinos, 10.12.1948, fl., Rambo
s. (PACA); o Jerônimo, BR 290, km 65, 09.04.1979, fl., K. Hagelund 12732
(ICN); Santa Rosa, 2.11.1971, fl., J. C. Lindeman, B. E. Irgang e J. F. M. Valls s/nº
(ICN);São Vicente, Base do Cerro do Loreto, 08.02.1990, fl., D. Falkenberg e M.
Sobral 4968 (FLOR); Taquarí, 10.12.1957, fl., Camargo 2836 (PACA); Teresópolis,
s. d., fr., Rambo s. (PACA); Torres, Buntiazal, 21.02.1986, fl., K. Hagelund 15888
(ICN); Triunfo, 22.01.1964, fl. e fr., E. Pereira & G. Pabst 8525 (MBM); Tupanciretan,
06.05.1954, fl., Rambo s. (PACA); Vila Nova, 12.1951, fl., K. Hagelund 319 (ICN);
Est. Silvicultura Santa Maria, 10.01.1956, fl., O. Camargo 39 (PACA).
91
FIGURA 24 – Aristolochia sessilifolia (Klotzsch) Malme. (A-B), A – Flor com detalhe do lábio fimbriado,
B detalhe do utrículo com ginostêmio (K. Hagelund 15888, ICN). Aristolochia robertii Ahumada. (C-
D), C flor com detalhe do ginostêmio (A. Krapovickas & C. L. Cristóbal 37739, ICN), B cápsula do
isótipo (Ahumada & Eskuche 4939, HBR).
6 mm
a
b
c
d
1,5 cm
2,5 cm
92
FIGURA 25 Aristolochia robertii Ahumada (A-E), A ramo com flores e variação foliar (G.
Hatschbach & E. Zardini 40983, MBM); B flor, C ginostêmio (A. Krapovickas & C.L. Cristóbal
37739, ICN); D fruto, E sementes (Klein & Souza 8610, HBR); Aristolochia sessilifolia (Klotzsch)
Malme. (F-J), F ramo com flor, G detalhe da flor, H ginostêmio (K. Hagelund 15888, ICN); I
fruto fechado, J – sementes (B. Rambo s. n., PACA).
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
93
12. Aristolochia triangularis Cham., Linnaea 7: 209, pl. 7. 1832.
Fig. 26 e 31
Planta liana. Caule suberoso. Ramos cilíndricos, sulcado-estriados, glabros,
entrenós 3,1-15 cm compr. Pseudo-estípulas amplexicaules, suborbiculares a
reniformes, 0,9-1,5 x 0,7-1,5 cm. Folhas alternas, glabras; pecioladas, pecíolo 1,8-
4,7 cm compr., glabro; lâmina deltóide-triangular, 4,5-10,6 x 2,8-8,2 cm larg.; base
levemente cordada às vezes truncada, parte cuneada para o pecíolo, lobos basais
arredondados e divergentes entre si; ápice obtuso a subagudo; 3-7 venada. Flor
solitária, axilar, às vezes racemosa, pauciflora; pedúnculo 2-2,7 cm compr. incluindo
o ovário, bracteolado na base; perigônio unilabiado, glabro ou levemente
pubescente; lábio semiorbicular, 0,9-2 x 0,7-2 cm, interiormente com uma mancha
amarela e estrias vináceas, margem pubescente-estrigosa; base emarginada, ápice
arredondado-mucronado. Tubo floral ascendente, de ângulo reto com o utrículo,
fortemente ampliado para o lábio, 0,3-1,9 x 0,2-0,6 na base, 0,7-2 cm no bio.
Utrículo ovóide a globoso, 0,9-1,6 x 0,6-11 cm. Ginostêmio campanulado,
pedunculado, 0,3 x 0,2-0,3 cm; lobos estigmáticos triangulares; anteras oblongas.
Cápsula oblongo-elipsóide, glabra, estriada proeminente, 1,5-2,4 x 1-2,5 cm,
rostrada, rostro 0,1-0,4 cm. Sementes achatadas, oval-cordiformes, 0,5-0,6 x 0,4-0,5
cm, verrugosa, face abaxial com nervura central.
Etimologia: Referente à forma triangular da lâminar foliar (AHUMADA, 1975).
Usos: Segundo Sens (2002) em estudo etnobotânico com índios Xokleng de
Florianópolis, a espécie pode vir a servir contra postema, furúnculo e dor de barriga.
Nomes vulgares: Brasil: cipó-de-cobra, cipó-mil-homens, cipó-milhomens, jarrinha-
concha, ipé-mi, caçaú (AHUMADA, 1975).
Floração e frutificação: Floresce de agosto a abril. Frutifica agosto e setembro.
Distribuição geográfica: No Brasil: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná,
São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Minas Gerais (PEREIRA, 1959).
Paraguai, Uruguai e Argentina (AHUMADA, 1975).
94
Comentários: Encontrada na orla de florestas, margem de rios, em capoeira alta,
na vegetação de paredão rochoso, sendo muito comum em beira de estradas. Muito
bem distribuída pelo Sul do Brasil, com coleta em várias formações vegetacionais,
principalmente na Floresta Ombrófila Densa (Fig. 28).
Entre as espécies do gênero, é a mais coletada no Sul do Brasil,
apresentando uma distribuição mais ampla em relação às demais, podendo ser
enquadrada na categoria de Preocupação Menor (LC). Além disso, é a mais
utilizada na medicina popular, sendo facilmente encontrada em lojas de produtos
medicinais.
As folhas se assemelham com as da A. gigantea, sendo desta espécie mais
cordiforme. Segundo Hoehne (1942b), a estrutura e revestimento dos caules e
ramos mais adultos não diferem as duas espécies uma da outra. Sua coloração
varia muito de acordo com o local de desenvolvimento, na sombra são de um verde
mais claro e ao sol de um verde mais intenso. Sua flor assemelha-se a de A.
wendeliana Hoehne, diferindo no tamanho e formato do bio. Na falta de apoio,
torna-se rastejante.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Aquibadam, 04.08.1987, fr., Irenice &
Bernadete s/nº (UPCB); Campina Grande do Sul, Sítio do Belizário, 17.08.1996, fl,
O. S. Ribas 1487 (MBM); Praia Grande, 18.10.1959, fl, G. Hatschbach 6375 (MBM);
Campo Largo, BR 277, 12.02.1991, fl, A. Dunaiski Jr. & Jucélia 75 (UPCB); Cruzeiro
do Sul, Fazenda Odete Rotacua, 12.06.1998, fl, Hom s/nº (UPCB); Curitiba,
Abranches, 15.02.2008, fl., D. S. Nascimento 271 (UPCB); Horto Municipal de
Curitiba, s. d., fl, G. F. Paciornik 384 (UPCB); Dr. Ulisses, Cabeceiras do Ribeirão do
Tigre, 07.12.1994, fl, G. Hatschbach & J. M. Silva 641458 (UPCB); Foz do Iguaçu,
Área prioritária Itaipu, 12.12.1982, fl., Buttura 779 (MBM); Mangueirinha, Posto
indígena Mangueirinha, 30.09.1992, fr., N. R. Marquesini, I. E. Marquesini & I.
Domingos s/nº (UPCB); Nova Prata do Iguaçu, Volta Alegre, 20.12.1998, fl, E. A.
Schwarz et al. 656 (UPCB); Pinhais, Fazenda experimental do Canguiri, 16.12.2001,
fl, L. A. Biasi s/nº (UPCB); Prudentópolis, Alto da Serra da Esperança, perto de
Morungava 25º 13" 11' 51º 12'' 06', 10.04.2003, fl, R. Goldenberg & P. H. Labiak 593
(UPCB); Rio Branco do Sul
, Caverna da Caximba, 13.09.1996, fl, A. C. Svolenski &
Tiepolo 269 (MBM); Piraquara, 25.12.1947, fl., Hatschbach 823 (PACA). Santa
95
Catarina: Anitapolis, Povoado Anitapolis, 14.12.1972, fr., R.M. Klein & A. Bresolin
10596 (FLOR); Concórdia, Tamanduá, 16.09.1994, fl., G. & M. Hatschbach 61049
(FLOR); Florianópolis, Canto da Lagoa da Conceição, 28.02.1985, fr., F. A. Silva
387 (FLOR); Naufragados, 19.01.1971, fl., A. Bresolin 104 (FLOR); Saco Grande,
15.03.1967, fl., R. M. Klein & A. Bresolin 7291 (FLOR); Tapera –Ribeirão,
14.10.1969, fl., R. M. Klein & A. Bresolin 8345 (FLOR); Vidal Ramos, 18.05.1968, fr.,
R. Reitz & R. M. Klein 18120 (FLOR); Garopaba, Siriú, Dunas da areia, 13.01.1971,
fl., A. Bresolin 82 (FLOR); Rio do Sul, Matador, 13.03.1959, fl., R. Reitz & R. M.
Klein 8557 (ICN); Porto Belo, Praia de Bombinhas, 17.11.1992, fl., N. Rolin Bastos
325 (PACA). Rio Grande do Sul: Arroio dos Ratos, 08.01.1942, fl., B. Rambo s.
(PACA); Caçapava do Sul, 22.08.1981, fl., K. Hagelund 13679 (ICN); Est. Exp.
Fitotécnica de Viamão, 21.10.1985, fl., L.O. Casto s. (ICN); Gaurama, 6 km
saindo p. Erechim, 27.10.1988, fl., L. Mentz s. (ICN); Giruá, Granja Sodol,
10.03.1965, fl., K. Hagelund 3397 (ICN); Granja Sodol, 05.1965, fr., K. Hagelund
3677 (ICN); Mato Grande, 26.12.1966, fr., K. Hagelund 5003 (ICN); Marcelino
Ramos, Mata do timo Céu, 08.10.1988, fl., J. A. Jarenkow 915 (PACA); Pareci,
1944, fl., E. Hentz s. nº (PACA); Pestana, 16.03.1953, fl., Pivetta 922 (PACA);
Portela, Derrubadas, s. d., fl., B. E. Irgang, L. Mentz & Z. S. V. Ceroni s. (ICN);
Porto Alegre, 01.11.1957, fl., Camargo 2391 (PACA); Bairro Ponta Grossa,
03.12.2002, fl., G. S. Vendruscolo 99 (ICN); Morro Terezópolis, 10.1941, fl., J.E.
Leite 2484 (SP); Morro da Polícia, Bairro Glória, 1983, fl., A. R. Schultz, L. Baptista,
B. Irgang s. (ICN); Vila Manresa, 10.1944, fr., B. Rambo s. nº (PACA); Santa
Clara, 18.11.1940, fl., B. Rambo s. (PACA); Santa Cristina-Parobé, Morro do
Pinhal, 12.04.1986, fl. e fr., A. F. Assunção 32 (ICN); Santo Ângelo, Granja Piratini,
13.04.1970, fl., K. Hagelund 5873 (ICN); São Leopoldo, 15.09.1946, fl., H. Simas s.
(PACA); São Sepri, Passo dos Freire, 13.01.1977, fl., M. Fleig 460 (ICN); Taquari,
Est. Exp. Pomicultura, 08.11.1958, fl., O.R. Camargo 3224 (PACA); Vale do Sol,
Linha XV de novembro, 23.01.1993, fl., J. A. Jarenkow & D. B. Falkenberg 2278
(FLOR); Vila Nova, 12.1951, fl., K. Hagelund 320 (ICN).
96
FIGURA 26 – Aristolochia triangularis Cham., A – talo lignificado, B – hábito, C e D – flor (D S.
Nascimento 271 , UPCB).
1 cm
1 cm
b
a
c
d
97
13. Aristolochia trilobata L., Sp. Pl. 2: 960. 1753.
Fig. 27 e 29
Planta liana. Ramos cilíndricos, sulcado-estriados, glabros, entrenós 9-14,5 cm de
compr. Pseudo-estípulas amplexicaules, semi-orbiculares a cordiformes, 1,5-3,5 x
1,5-3 cm. Folhas alternas, parte superior glabra, parte inferior híspida; pecioladas,
pecíolo 2,2-9,8 cm de compr., glabro; lâmina 4,9-11,6 x 8-14,1 cm, profundamente
trilobada, às vezes levemente trilobada; lobo mediano auriculado, ápice agudo a
acuminado, algumas vezes emarginado; lobos laterais elípticos a oblongos, ápice
obtuso a arredondado; base levemente cordada, às vezes truncada, parte mediana
cuneada ou levemente cuneada para o pecíolo; face adaxial glabra, face abaxial
pubescente-velutina, às vezes densamente nas nervuras; 5-venada. Flor axilar,
solitária, raro racemosa; pedúnculo 5-10 cm de compr. incluindo o ovário; perigônio
bilabiado, glabro; lábio superior ovado-triangular, base cordada, mais ou menos 3 x
5 cm, ápice prolongado num apêndice de 15-54 cm de compr.; lábio inferior pouco
recurvado, quase nulo. Tubo floral ascendente, refracto, ângulo reto com o utrículo e
não diferenciado e contínuo ao mesmo, 2,7-4,5 x 1,4-2,5 cm nos lábios,
interiormente escabroso. Utrículo ovóide, às vezes elipsóide; base 6-partida; 2,6-5,3
x 2,1-3,1 cm. Ginostêmio campanulado, peciolado, 1-1,1 x 0,6-1 cm. Cápsula
cilíndrica, glabra, 6-7,5 x 2-2,6 cm, rostrada Sementes achatadas, deltóides, 0,9 x
0,7-0,8 cm; face adaxial levemente verrugosa, face abaxial lisa.
Etimologia: Refere-se ao formato trilobado da lâmina foliar.
Usos: Usado como astringente, emenagogo, na ausência de menstruação (pode vir
a ser abortivo), purgante, febrífugo, antiofídico e espasmos (ESTRELLA, 1994).
Nomes vulgares: Brasil: cipó-milhomens, cipó-mata-cobra, jarrinha-de-cauda,
urubu-caá, urubusinho (HOEHNE, 1942b; ESTRELLA, 1994). Equador: bejuco
amargo, bejuquillo; Peru: bejuco de estrella, canastilla, papo do Perú; Venezuela:
bejuco de Santa María (ESTRELLA, 1994).
Floração e frutificação: Floresce e frutifica de outubro a julho.
98
Distribuição geográfica: No Brasil: Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de
Janeiro, Bahia e Espírito Santo (AHUMADA, 1975). Argentina, Bolívia e Paraguai
(HOEHNE, 1927).
Comentários: Ocorre nos Estados de Paraná e Santa Catarina (Fig. 28). Segundo
AHUMADA (1975), em Santa Catarina a espécie é heliófita e seletiva xerófila, com
uma dispersão ao longo do litoral catarinense, e com seu limite de distribuição em
Garopaba. A espécie ocorre em Floresta Ombrófila Densa Montana, em orla de
mangue e região de dunas. Sua presença é siginificativa em zonas de restinga,
havendo um número relativamente considerável de coletas em tais locais, e
enquadra-se na categoria de Preocupação Menor (LC).
Alguns autores, como Pfeifer (1960) e González (1990), consideram A.
macroura Gomez como sinônimo de Aristolochia trilobata, embora que Hoehne
(1927) considera A. trilobata como uma forma xerófila de A. macroura,
caracterizando-se pelo menor desenvolvimento da base do lábio superior. No
presente trabalho, após consulta a bancos de dados, optou-se por usar o epíteto A.
trilobata, publicado em trabalhos mais recentes, como González (1990), que não
foi visto os “typi” referentes às duas espécies.
A espécie apresenta também algumas duvidas em relação a Aristolochia
macrota Duch., levando a opiniões distintas de alguns pesquisadores. Pfeifer (1966)
considera A. trilobata e A. macrota como sinônimas. Ahumada (1967) e Hoehne
(1942b), consideram as duas espécies distintas, diferindo em algumas
características como a ausência de pseudo-estípulas e utrículo de tamanho menor
em A. macrota.
Assemelha-se à A. paulistana em relação à flor e sementes. No primeiro
caso, as duas são bilabiadas com lábio superior apendiculado, e no segundo as
sementes diferem na superfície, nas quais em A. paulistana, as faces apresentam-
se verrugosas.
As folhas apresentam sua face abaxial pubérula e aderem-se facilmente a
superfícies de apoio. Esse fato foi observado no momento da ilustração, em que a
planta foi colocada sobre um tecido estendido verticalmente, no qual a planta
aderiu-se facilmente.
99
Material examinado: BRASIL. Paraná: Guaratuba, Rio da Praia, 12.09.1963, fl, G.
Hatschbach 10245 (MBM); Marechal Cândido Rondon, Córrego do Rio Branco,
18.09.1981, fl, G. Hatschbach 43997 (MBM); Paranaguá, Caiobá, 07.09.1953, fl,
Ayrton de Mattos s.nº (MBM); Balneário Shangri-lá, 10.11.1972, fl, G. Hatschbach
30625 (MBM); Caiobá, 07.09.1953, fl, G. Hatschbach 958 (MBM); Ilha do Mel (Praia
da Fortaleza), 27.08.1988, fl, R. M. Britez et al. 1980 (MBM); Ilha do Mel (Praia
Grande), 19.09.1992, fl, R. M. Britez s. nº (UPCB); Pontal do Sul, 04.08.1988, fl, G.
& M. Hatschbach & J. M. Silva 52292 (UPCB); Vila Alta, Parque Nacional Ilha
Grande, s. data, fl., W. Amaral 707 (HFIE). Santa Catarina: Araquari, 29,10,1953,
fr., R. Reitz 5786 (HBR); Florianópolis, Campeche, 17.07.2007, st., D. Nascimento
268 (UPCB); Lagoinha do Leste (Pântano do Sul), 19.11.1970, fr, R. M Klein & A.
Bresolin 9273 (FLOR;HBR;MBM); Garopaba, Dunas da restinga, 21.10.1970, fl., R.
M. Klein & A. Bresolin 8822 (FLOR;HBR;ICN); Guaruva, Rod. Guaratuba Itapoá,
28.08.1988, fl, J. M. Silva 534 (UPCB;SP); Itajaí, Br 101 - trevo para Brusque,
04.09.1996, fl., D. B. Falkenberg & A. Reis 8262 (FLOR).
Material adicional examinado: BRASIL. São Paulo: Cananéia, Ilha do Cardoso,
Alrededores del Laboratório, 08.10.1980, fr., E. Forero, E.A. Lopes, M.G.L.
Wanderley & O. Yano 8618 (SP); Ilha do Cardoso, Morro do Pereirinha, 10.09.1990,
fl., F. de Barros 1873 (SP); Iguape, Estação Ecológica Juréia-Itatins, Praia da Juréia,
27.08.1993, fl., E.A. Anunciação, M.L. Del Rei Silva & E.L. Silva 335 (SP); Morro das
Pedras, 12.1922, fl., A.C. Brade 8252 (SP); Ubatuba, Núcleo Picinguaba, Estrada da
Casa da Farinha, 29.08.1994, fl., M.A. de Assis et al. 394 (SP); Trilha e Estrada da
Almada, 27.08.1994, fl., M.A. de Assis et al. 325 (SP).
100
FIGURA 27 – Aristolochia trilobata L., A – planta em restinga antropizada (Florianópolis, SC), B – folha
com hospedeiro (Foto: Fabrício Meyer Piçarras, SC), C cápsula (Foto: Fabrício Meyer Piçarras,
SC), D – detalhe da flor com ginostêmio, E e F – flor (D. S. Nascimento 272 (UPCB), Curitiba, PR).
1 cm
a
b
c
d
e
f
101
FIGURA 28 – Distribuição geográfica das espécies:
Aristolochia sessilifolia
Aristolochia triangularis
Aristolochia trilobata
102
FIGURA 29 Aristolochia trilobata L., A ramo (D.S. Nascimento 268, UPCB); B flor (G. & M.
Hatschbach & J. M. Silva 52292, UPCB); C – fruto fechado, D – sementes (F.S. Meyer 429, UPCB).
A
B
C
D
103
14. Aristolochia wendeliana Hoehne, Arq. Bot. Est. S. Paulo, n. s., v. 1, p. 45. 1939.
Fig. 30 e 31
Planta liana. Ramos sulcado-estriados, pilosos em toda a extensão, entrenós 6,3-
16,6 cm compr. Pseudo-estípulas ausentes. Folhas alternas; pecioladas, pecíolo
1,2-4 cm compr., pubescente; lâmina 3-5 lobada, lobos muitas vezes irregulares ou
assimétricos, 5-10,3 x 4,4-9,5 cm, face adaxial pubérula ou levemente pubérula,
face abaxial densamente pubescente; base lobada, lobos paralelos entre si; ápice
mediano agudo ou obtuso, raro emarginado, lobos laterais arredondados; 5-7
venada. Flor axilar, solitária; pedúnculo floral pubescente, 2-2,2 cm compr. incluindo
o ovário; perigônio unilabiado, peltilabiado; lábio oblongo, exterior pubérulo, interior
escabroso, 1,2-1,7 x 0,8-1,2 cm; ápice levemente emarginado a agudo. Tubo
ascendente, pubescente, 0,8-2 x 0,2-0,4 cm na base, 0,4-1,2 cm larg. no lábio.
Utrículo obovado a globoso, 0,6-0,8 x 0,4-0,6 cm. Ginostêmio campanulado a
ovalado, pedicelado, 0,35-0,45 x 0,25-0,28 cm, lobos triangulares, anteras oblongas.
Cápsula oblonga, glabra, 3,3-3,8 x 07-09 cm, rostrada,.rostro 0,5-0,7 cm compr.
Sementes não observadas.
Etimologia: Dedicado ao Secretário do Estado dos Negócios da Agricultura,
Indústria e Comércio do Estado de São Paulo, Dr. Mariano de Oliveira Wendel, o
qual contribuiu para as excursões botânicas de Hoehne.
Usos: Possui as mesmas propriedades medicinais de A. gigantea.
Nome vulgar: Jarrinha (HOEHNE, 1939).
Floração e frutificação: Floresce e frutifica de dezembro a março.
Distribuição geográfica: São Paulo (HOEHNE, 1942b) e Paraná.
Comentários: Trata-se de uma espécie rara, que se encontra na lista de espécies
ameaçadas de extinção de 1995 (HATSCHBACH; ZILLER, 1995). Ocorre no Estado
do Paraná, possuindo sua distribuição atual restrita as regiões de Cerro Azul, Inajá e
104
Jundiaí do Sul (Fig. 14). Nos demais locais do Paraná, encontra-se cultivada,
podendo ser atualmente considerada como Vulnerável (VU). Assim, como sua
ocorrência, muito pouco se refere na bibliografia sobre A. wendeliana, sendo
encontrado somente sua descrição (HOEHNE, 1939).
A flor se assemelha a de A. triangularis, diferindo no tamanho menor do
utrículo e formato do lábio, este mais oblongado. Segundo Hoehne que a descreveu
em 1939, poderia ficar ao lado da mesma, se não fosse A. wendeliana apresentar
geralmente as pseudo-estípulas muito pequenas. Porém, no presente estudo não foi
constatada a presença das pseudo-estípulas, e mesmo que a apresentasse não
seria um bom caráter para separá-la das demais espécies. Diferenciando-se de
todas as espécies do gênero no Sul do Brasil, é a única que apresenta suas lâminas
fortementes 5-lobadas, na qual sem a flor, pode ser confundida com as
Menispermáceas, que, segundo Hoehne (1942b), possuem nervuras que também
irradiam da base. Apresenta seu talo e lâmina foliar com uma pubescência mais
densa em relação às demais espécies do gênero.
Material examinado: BRASIL. Paraná: Cerro Azul, Boi Perdido, 04.10.1977, fl., G.
Hatschbach 40214, (MBM); Morro Grande, 03.05.1977, fl., G. Hatschbach s.nº
(MBM); cultivada no Museu Botânico Municipal de Curitiba, 14.02.2008, fl., D. S.
Nascimento 270 (UPCB); Florestal, estrada Curitiba Paranaguá, 12.1947, fl., G.
Tessmann s.nº (MBM); Inajá, 12.09.1988, fl. e fr., W. M. Kranz 376 (FUEL); Jundiaí
do Sul, Fazenda Monte Verde, cultivada, 23.03.2007, fl., D. S. Nascimento & E.
Barbosa 263 (MBM).
Material adicional examinado: BRASIL. São Paulo: Entre Botucatu e Conchas,
Sítio da Saudade, cultivado no Jardim Botânico de São Paulo, 14.06.1938, fl., F.C.
Hoehne & A. Gerdt s. (Holótipo, SP).
105
FIGURA 30 Aristolochia wendeliana Hoehne, A flor (MBM, Curitiba-PR), B ginostêmio (D. S.
Nascimento 263, UPCB), C – flor e lâmina foliar (D. S. Nascimento 270, UPCB).
1 cm
1 cm
a
b
c
1 cm
106
FIGURA 31 Aristolochia triangularis Cham. (A-E), A ramo com flores, B flor, C ginostêmio
(D.S. Nascimento 271, UPCB); D fruto fechado, E sementes (B. E. Irgang, L. Mentz & Z. S. V.
Ceroni s. nº (ICN). Aristolochia wendeliana Hoehne (F-I), F – ramo com flores, G – flor, H – ginostêmio
(D.S. Nascimento 270, UPCB); I – fruto fechado (W. M. Kranz 376, FUEL).
A
B
C
D
E
F
G
H
I
107
CONCLUSÕES
São reconhecidas para a região Sul do Brasil as espécies da família
Aristolochiaceae: Aristolochia chamissonis (Klotzsch) Duch, A. curviflora Malme, A.
elegans Mast., A. fimbriata Cham. & Schltdl., A. gigantea Mart. et Zucc., A. labiata
Willd., A. melastoma Manso ex Duch., A. odoratissima L., A. paulistana Hoehne, A.
robertii Ahumada, A. sessilifolia (Klotzsch) Duch., A. triangularis Cham., A. trilobata
L. e A. wendeliana Hoehne. Foram consideradas como cultivadas as espécies A.
elegans e A. gigantea. Como possuem uma distribuição significativa na região Sul
do Brasil, foram incluídas no estudo.
A família apresenta distribuição em quase todas as formações vegetacionais
do Sul do Brasil, sendo comum em regiões de clareira e ambientes abertos. Sua
riqueza maior é encontrada no Estado do Paraná, seguido de Santa Catarina e Rio
Grande do Sul (APÊNDICE 2).
A espécie Aristolochia albertiana Ahumada, citada por Ahumada (1975) como
possível ocorrente no Estado do Rio Grande do Sul, o foi constatada para a
região.
Nota-se que as espécies herbáceas, com exceção de A. fimbriata, ocorrem
mais densamente no Estado do Rio Grande do Sul. Possivelmente isso deve ser
ocasionado pelo tipo de vegetação presente no Estado, em que as espécies têm
mais afinidade, como na Estepe. Na Estepe (Campos do Sul do Brasil),
precisamente na Gramíneo-lenhosa, denominam gramíneas hemicriptófitas, geófitas
e fanerófitas, sendo A. sessilifolia amplamente distribuída nesta formação.
São registradas novas ocorrências das espécies: A. fimbriata para o Estado
do Paraná, e A. sessilifolia para Santa Catarina.
A espécie Aristolochia triangularis é amplamente distribuída e ocorre em
quase todas as formações vegetacionais no Sul do Brasil.
Aristolochia robertti ocorre preferencialmente nas formações de Floresta
Ombrófila Densa, mais precisamente no litoral catarinense, podendo tornar-se num
futuro próximo ameaçada de extinção.
As espécies A. curviflora, limitada às Áreas de Tensão Ecológica de
Estepe/Floresta Estacional (RS), A. labiata, limitada aos municípios Luis Alves e
108
Taió (SC) e A. odoratissima, restrita ao noroeste do Paraná (Floresta Estacional
Semidecidual), encontram-se ameaçadas de extinção no Sul do Brasil. Aristolochia
wendeliana, anteriormente enquadrada como ameaçada, encontra-se atualmente
como Vulnerável.
Sugerem-se coletas mais específicas da família, pelo fato de a mesma ser de
rara ocorrência no ambiente. Para isso, estudos mais aprofundados sobre suas
características taxonômicas são fundamentais na identificação ao campo, que
espécies estéreis podem muitas vezes não ser coletadas por serem confundidas
com outros grupos taxonômicos, não despertando interesse.
109
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120
APÊNDICES
1 SINÔNIMOS DO GÊNERO E ESPÉCIES DE ARISTOLOCHIA L.
Aristolochia L.
Ambuya Raf., Fl. Tell. 4: 98. 1836 [1838].
Cardiolochia Raf. ex Rchb., Consp. Regn. Veg. 85: 1828.
Dasyphonion Raf., First Cat. Gard. Transylv. Univ. 13. 1824.
Dictyanthes Raf., Gard. Mag. & Reg. Rural Domest. Improv. 8: 247. 1832.
Diglosselis Raf., Fl. Tellur. 4: 98. 1836 [1838].
Einomeia Raf., Med. Fl. 1: 62. 1828.
Endodeca Raf., Med. Fl. 1: 62. 1828.
Endotheca Raf., Fl. Tellur. 4: 98. 1836.
Glossula Rchb., Handb. Nat. Pfl. Syst. 173. 1837.
Guaco Liebm., Förh. Skand. Naturf. Möte. 203. 1847.
Hexaplectris Raf., Fl. Tellur. 4: 97. 1836.
Hocquartia Dumort., Comment. Bot. 30. 1822.
Howardia Klotzsch, Monatsber. Konigl. Preuss. Akad. Wiss. Berlin. 607. 1859.
Isiphia Raf., Med. Fl. 2: 232. 1830.
Isotrema Raf., Amer. Monthly Mag. & Crit. Ver. 4: 195. 1819.
Niphus Raf., Gard. Mag. & Reg. Rural Domest. Improv. 8: 247. 1832.
Pararistolochia Hutch. & Dalziel, Fl. Trop. Afr. 1: 75. 1927.
Pistolochia Raf., Fl. Tellur. 4: 98. 1838.
Plagistra Raf., Fl. Tellur. 4: 98. 1838.
Psophiza Raf., Fl. Tellur. 4: 99. 1838.
Pteriphis Raf., Fl. Tellur. 4: 99. 1838.
Siphidia Raf., Gard. Mag. & Reg. Rural Domest. Improv. 8: 247. 1832.
Tropeza Raf., Fl. Tellur. 4: 98. 1838.
A. chamissonis (Klotzsch) Duch.
Howardia chamissonis Klotzsch, Monatsber. Konigl. Preuss. Akad. Wiss. Berlin.:
615-616. 1859.
A. elegans Mast.
Aristolochia elegans var. grandiflora Hassl. ex F. González, Flora de Colombia 12:
90. 1990.
Aristolochia elegans var. hassleriana (Chodat) Hassl., Repert. Spec. Nov. Regni
Veg. 11: 177. 1912.
Aristolochia hassleriana Chodat, Bull. Herb. Boissier 7: App. 1, 61. 1899.
A. fimbriata Cham. & Schltdl.
Basiônimo: Howardia fimbriata (Cham. & Schltdl.) Klotzsch Monatsberichte der
Koniglich Preussischen Akademie der Wissenschaften zu Berlin 1859: 622, t. 2, f.
24. 1859. (Monatsber. Konigl. Preuss. Akad. Wiss. Berlin.)
121
A. gigantea Mart. et Zucc.
Aristolochia clypeata Linden & André, Ill. Hort. 17: 223, t. 40. 1870.
Aristolochia sylvicola Standl., J. Wash. Acad. Sci.15(1): 5. 1925.
Basiônimo: Howardia gigantea (Mart. & Zucc.) Klotzsch, Monatsber. Konigl. Preuss.
Akad. Wiss. Berlin.: 610, t. 2, f. 15. 1859.
Homônimo: Aristolochia gigantea Hook., Botanical Magazine 72: t. 4221. 1846.
A. labiata Willd.
Ambuya labiosa (Ker Gawl.) Raf., Flora Telluriana 4: 98. 1838.
Aristolochia brasiliensis Mart. & Zucc., Nov. Gen. Sp. Pl. 1: 77. 1824.
Aristolochia brasiliensis var. macrophylla Duch., Man. Gén. Pl. 4: 30.1862.
Aristolochia brasiliensis var. parviflora Duch., Prodr. 15(1): 471.1864.
Aristolochia galeata Mart. & Zucc. Nov. Gen. Sp. Pl.1: 76, t. 50. 1823.
Aristolochia labiosa Ker Gawl., Bot. Reg.8: t. 689. 1823.
Aristolochia ornithocephala Hook., Bot. Mag.70: t. 4120. 1844.
Aristolochia ringens Link & Otto, Icon. Pl. Select. 1: 33, t. 13. 1821.
Howardia galeata (Mart. & Zucc.) Klotzsch, Monatsber. Konigl. Preuss. Akad. Wiss.
Berlin.: 608. 1859.
A. odoratissima L.
Aristolochia aurantiaca Duch., Prodr. 15(1): 475. 1864.
Aristolochia glaziovii Mast., Fl. Bras. 4(2): 90, t. 18. 1875.
Aristolochia hassleriana var. guaranitica Chodat, Bull. Herb. Boissier, sér. 2, 3: 787.
1903.
Aristolochia macropoda Duch., Ann. Sci. Nat. Bot., sér. 4. 2: 32. 1854.
Aristolochia martiniana Standl., Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser.17(3): 238. 1937.
Aristolochia moschata Wedd. ex Duch., Prodr 15(1): 475. 1864.
Aristolochia odoratissima fo. brasiliensis Hassl., Repert. Spec. Nov. Regni Veg.11:
177. 1913.
Aristolochia odoratissima fo. paraguariensis Hassl., Repert. Spec. Nov. Regni
Veg.11: 177. 1913.
Aristolochia odoratissima var. genuina Hassl., Repert. Spec. Nov. Regni Veg.11:
176. 1913.
Aristolochia odoratissima var. glaziovii (Mast.) Hassl., Repert. Spec. Nov. Regni
Veg.11: 177. 1913.
Aristolochia odoratissima var. grandiflora Duch., Prodr.15(1): 475. 1864.
Aristolochia odoratissima var. guaranitica (Chodat) Hassl., Repert. Spec. Nov. Regni
Veg.11: 176. 1913.
Aristolochia odoratissima var. hastata Hassl., Repert. Spec. Nov. Regni Veg.11: 177.
1913.
Aristolochia odoratissima var. pandurata (Jacq.) Hoehne, Fl. Brasilica. 15(2): 47, t. 8.
1942.
Aristolochia ottonis Klotzsch ex Duch., Prodr.15(1): 476. 1864.
Aristolochia pandurata Jacq., Pl. Hort. Schoenbr. 4: 49-50, t. 497. 1804.
Aristolochia pandurata var. warscewiczii Duch., Prodr. 15(1): 476. 1864.
Aristolochia panduriformis Willd., Sp. Pl. 4: 152. 1805.
Aristolochia picta H. Karst., Auswahl Gew. Venez. 24, t. 8. 1848.
122
Aristolochia rimbachii O.C. Schmidt, Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 23: 287. 1927.
Aristolochia scandens P. Browne, Civ. Nat. Hist. Jamaica. 329. 1756.
Howardia pandurata (Jacq.) Klotzsch, Monatsber. Konigl. Preuss. Akad. Wiss.
Berlin.619. 1859.
Howardia warscewiczii Klotzsch ex Duch, Prodr. 15(1): 476. 1864.
A. sessilifolia (Klotzsch) Duch.
Basionym:
Howardia sessilifolia Klotzsch Monatsber. Konigl. Preuss. Akad. Wiss. Berlin. 1859:
616. 1859.
A. triangularis Cham.
Basionym:
Howardia triangularis (Cham.) Klotzsch, Monatsber. Konigl. Preuss. Akad. Wiss.
Berlin 1859: 620. 1859.
A. trilobata L.
Aristolochia appendiculata Vell., Fl. Flumin. 9: , t. 98. 1827.
Aristolochia caracasana Spreng., Syst. Veg. 3: 753. 1826.
Aristolochia caudata Booth ex Lindl., Edwards's Bot. Reg. t. 1453. 1831.
Aristolochia macrota Duch., Ann. Sci. Nat. Bot., sér. 4 2: 43-44. 1854.
Aristolochia macroura Gomes, Mem. Math. Phis. Acad. Real Sci. Lisboa. 2: 29-34,
pl. 4. 1803.
Aristolochia macroura var. subtrifida Duch., Prodr. 15(1): 444. 1864.
Aristolochia scandens P. Browne, Civ. Nat. Hist. Jamaica. 329. 1756.
Aristolochia surinamensis Willd., Sp. Pl. 4(1): 151-152. 1805.
Aristolochia tapetotricha Lem., Ill. Hort. 4(1): 151-152. 1805.
Aristolochia trifida Lam., Encyclopédie Méthodique, Botanique 1: 251. 1783.
Aristolochia triloba Salisb., Prodr. Stirp. Chap. Allerton 214. 1796.
Howardia macroura (Gomes) Klotzsch, Monatsber. Konigl. Preuss. Akad. Wiss.
Berlin. 1859: 617, t. 2, f. 20. 1859.
Howardia surinamensis (Willd.) Klotzsch, Sp. Pl. 4(1): 151-152. 1805.
Howardia trifida (Lam.) Klotzsch, Monatsber. Konigl. Preuss. Akad. Wiss. Berlin.
1859: 617. 1859.
Basiônimo:
Howardia trilobata (L.) Klotzsch, Monatsber. Konigl. Preuss. Akad. Wiss. Berlin.
1859: 617-618. 1859.
123
2 TABELA DA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS ESPÉCIES DE
ARISTOLOCHIACEAE
TABELA 3 - Distribuição geográfica das espécies de Aristolochiaceae J. nos três estados
do Sul do Brasil: Paraná (PR), Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS).
Espécies PR SC RS
Aristolochia chamissonis (Klotzsch) Duch. X - -
Aristolochia curviflora Malme - - X*
Aristolochia elegans Mast. X X X
Aristolochia fimbriata Cham. & Schltdl. X* X -
Aristolochia gigantea Mart. et Zucc. X X X
Aristolochia labiata Willd. - X -
Aristolochia melastoma Silva Manso ex Duch. X - -
Aristolochia odoratissima L. X* - -
Aristolochia paulistana Hoehne X X* -
Aristolochia robertii Ahumada - X -
Aristolochia sessilifolia (Klotzsch) Duch. - X* X
Aristolochia triangularis Cham. X X X
Aristolochia trilobata L. X X -
Aristolochia wendeliana Hoehne X - -
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