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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA DE BOVINOS
NELORES TERMINADOS EM CONFINAMENTO COM DIETAS A
BASE DE CAROÇO DE ALGODÃO
QUÉZIA PEREIRA BORGES DA COSTA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia, área de concentração
em Nutrição e Produção Animal, para obtenção
do título de Mestre.
BOTUCATU - SP
Abril - 2009
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA DE BOVINOS
NELORES TERMINADOS EM CONFINAMENTO COM DIETAS A
BASE DE CAROÇO DE ALGODÃO
QUÉZIA PEREIRA BORGES DA COSTA
Médica Veterinária
ORIENTADOR: Prof. Dr. FRANCISCO
STEFANO WECHSLER
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia, área de concentração
em Nutrição e Produção Animal, para obtenção
do título de Mestre.
BOTUCATU - SP
Abril - 2009
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i
A Deus, porque dele, e por meio dele e para ele são todas as coisas.
AGRADEÇO
Aos meus pais Dorival e Zane, pelo amor e apoio.
Aos meus irmãos Dorival e Ibraim pelo incentivo.
DEDICO.
ii
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Dorival e Zane, por suas orações, seu amor, apoio, incentivo e a saudade
demonstrada com afeto.
Ao meu irmão Dorival, pelo zelo, amizade e orientação.
Ao meu irmão Ibraim, pelo incentivo, estímulo e confiança.
À minha avó Marcionilia (in memorian), pelo carinho.
Ao meu avô Gerolino (in memorian), pela alegria.
À minha avó Carmelita, pelo cuidado e presteza.
À amiga Daniella, companheira de república, pela amizade e pelo cuidado.
Ao casal Andréa e Adilson, pelo companheirismo e hospitalidade.
À família Dorival e Silvia Angella que me adotou nesse período em Botucatu.
Aos amigos da igreja Aline, Liliane, Priscila, Fernanda, Patrícia, Pedro Neto, Thiago,
Cássio e Wagner pelos momentos maravilhosos.
Aos amigos Erico e Ernani, pela disposição em ajudar.
Às amigas Renata, Daniele e Liana que mesmo a distancia sempre me animaram.
Ao Ms. Angelo Polizel, pela colaboração na realização dos exames de ultrassonografia.
Ao Prof. Dr. Francisco Stefano Weschler, pela paciência, orientação e ensinamentos.
Ao Prof. Dr. Roberto de Oliveira Roça, pelas considerações e apoio.
Ao técnico do Laboratório de Bromatologia da FMVZ/UNESP/Botucatu Renato Diniz,
pelo auxilio.
Aos funcionários da FMVZ/UNESP/Botucatu Seila Cassineli, Danilo Dias, Solange
Ferreira e José Luiz Barbosa, pela atenção e colaboração.
Aos funcionários da Fazenda Mateirinha Cassiano e Luis, pelo auxilio no período
experimental.
À Capes pela concessão da Bolsa de Mestrado e à Fapesp pelo auxilio financeiro.
A todos que colaboraram na realização deste trabalho, meus sinceros agradecimentos.
iii
SUMÁRIO
CAPITULO 1 .......................................................................................................
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................
Introdução ..........................................................................................................
Revisão de Literatura .........................................................................................
Caroço de Algodão .......................................................................................
Cana de Açúcar ......................................................................
Desempenho e Características da Carcaça ...................................................
Avaliação da Carcaça pelo Ultra-som ..........................................................
Literatura Citada ................................................................................................
CAPITULO 2 .......................................................................................................
DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA DE BOVINOS
NELORES TERMINADOS EM CONFINAMENTO COM DIETAS A BASE
DE CAROÇO DE ALGODÃO ...........................................................................
Resumo ..............................................................................................................
Abstract .............................................................................................................
Introdução ..........................................................................................................
Material e Métodos ............................................................................................
Resultados e Discussão .....................................................................................
Desempenho .................................................................................................
Carcaça .........................................................................................................
Conclusão ..........................................................................................................
Literatura Citada ................................................................................................
CAPITULO 3 .......................................................................................................
IMPLICAÇÕES ...................................................................................................
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iv
LISTA DE TABELAS
CAPITULO 2 .......................................................................................................
Tabela 1 – Proporção dos ingredientes das dietas com base na matéria seca ....
Tabela 2 – Composição bromatológica das dietas experimentais, calculada
conforme a composição dos ingredientes e proporção destes ................
Tabela 3 Análise bromatológica dos ingredientes das dietas ..........................
Tabela 4 - Médias e respectivos erros-padrões (EP) do peso inicial e final,
ganho de peso diário, consumo de matéria seca diário, ganho de peso
total e conversão alimentar .....................................................................
Tabela 5 - Médias e respectivos erros-padrões (EP) do peso e do rendimento
de carcaça quente, peso de contrafilé, área de olho-de-lombo e
espessura de gordura de cobertura do dorso e da garupa .......................
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v
LISTA DE FIGURAS
CAPITULO 2 .......................................................................................................
Figura 1 - Gráfico da espessura de gordura de cobertura do dorso (EGC) e da
garupa (P8) obtida por ultra-som em função da quantidade de caroço
de algodão ..............................................................................................
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1
CAPÍTULO 1
2
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Introdução
A importância da pecuária bovina de corte no Brasil aumenta com o crescimento
da demanda por produtos cárneos, e é notável a supremacia numérica das raças
zebuínas, em especial a Nelore, tanto no confinamento como na criação extensiva.
Dentro deste contexto, é essencial que o pecuarista busque alternativas para obter
produtividade e qualidade dos produtos.
Na busca por melhoras nos sistemas de exploração de bovinos o confinamento
aparece como uma das opções, principalmente no período de escassez de alimento, em
conseqüência da descontinuidade da produção das gramíneas tropicais, o que prejudica
a produção baseada no uso de pastagens. Além disso, o confinamento de bovinos
fornece animais com boas características de carcaça, carne de boa aparência e macia.
Mas o sucesso dessa atividade depende dos custos de produção, sendo o gasto com a
alimentação o principal deles.
Para amenizar o gasto com alimentação, pesquisadores, técnicos e produtores
sempre estão à procura de alimentos alternativos, com alta qualidade nutricional e
menor custo. Entre as diversas fontes alternativas de alimentos, o farelo e o caroço de
algodão se destacam por ser a segunda maior fonte de proteínas para a alimentação de
ruminantes, além de conter outros nutrientes sicos como lipídeos e fibras digestíveis
(TAKAHASHI et al., 2007). Contudo a redução no custo de produção se justifica
caso o caroço de algodão possa promover desempenho animal adequado.
O caroço de algodão corresponde à semente do algodão separada da fibra
(SANTOS; MOSCARDINI, 2007). É um subproduto da cultura do algodão, utilizado na
alimentação de ruminantes como suplemento às forragens e incluído na dieta para
confinamentos. Uma possível limitação do uso de altas quantidades de caroço de
algodão na dieta para bovinos é o efeito tóxico ou inibitório de ácidos graxos
poliinssaturados, abundantes nos lipídeos de origem vegetal, sobre os microrganismos
do rume (PALMQUIST, 1995).
A gordura é um nutriente importante no sistema de produção de carne, pois a
eficiência de produção, a precocidade, o acabamento da carcaça, os rendimentos de
cortes, a maciez e a suculência do produto estão relacionados à quantidade e ao local de
3
deposição de gordura (BERNDT et al., 2002). Nos ruminantes, a gordura tem grande
influência sobre o equilíbrio ruminal, reduzindo a atividade de microrganismos
celulolíticos (EZEQUIEL, 2001).
Coppock e Wilks (1991), afirmaram que o fornecimento de lipídios provenientes
de sementes oleaginosas, como o caroço de algodão, compreende uma liberação lenta
do óleo no decorrer do dia, decorrente da regurgitação e remastigação das sementes,
permitindo a ação dos microrganismos ruminais em hidrogenar as ligações duplas dos
ácidos graxos insaturados, impedindo o efeito inibidor do óleo sobre a digestibilidade da
fibra.
O caroço de algodão, como fonte energética e protéica para bovinos de corte,
precisa ser mais estudado para se conhecer melhor seus efeitos sobre o desempenho
animal e a composição de carcaça.
Revisão de Literatura
Caroço de Algodão
O caroço de algodão usado por Melo et al. (2006) obteve a seguinte composição:
92,60% de matéria seca (MS); 21,03% de proteína bruta (PB) e 21,10% de extrato
etéreo (EE). Segundo National Research Council (NRC) (1996), o caroço de algodão
possui a seguinte composição: 90,1% de MS; 23,5% de PB; 50,30% de fibra em
detergente neutro (FDN); 40,1% de fibra em detergente ácido (FDA); 12,9% de lignina;
4,2% de matéria mineral (MM) e 19,3% de EE. E Bertrand et al. (2005) utilizaram o
caroço de algodão com a seguinte composição: 92,4% de MS; 24,7% de PB; 52% de
FDN; 39,1% de FDA; 10,9% de lignina; 4% de MM e 16,9% de EE.
Na dieta de ruminantes, o caroço de algodão vem sendo amplamente, usado em
países como Estados Unidos, Israel e Canadá, por causa da sua característica ímpar de
conter alta concentração de óleo, proteína e fibras, permitindo a substituição de
alimentos volumosos em dietas com alta relação concentrado: volumoso, sem causar
danos à fermentação ruminal (DELGADO, 1994). Estima-se que 40% das fazendas de
gado de leite nos Estados Unidos fazem uso do caroço de algodão na alimentação
(BERTRAND et al., 2005).
4
Normalmente, o caroço de algodão tem substituído a parte dos cereais na fração
concentrada da dieta (WILKS et al., 1991), principalmente, em virtude de seus altos
teores de lipídios, que possibilitam elevar a densidade energética das dietas sem
diminuir os teores de fibra e proteínas (COPPOCK et al., 1987). Ele possui 36% de
casca e línter, que atuam como volumosos e 64% de óleo e farelo, que atuam como
concentrados. O línter representa cerca de 10% do peso do caroço de algodão, sendo
composto quase que completamente por celulose de alta digestibilidade (COPPOCK et
al., 1985). Segundo Clark e Armentano (1993), a efetividade da FDN do línter do caroço
de algodão é equivalente à efetividade do feno de alfafa, podendo-se inferir que é fonte
de fibra adequada para manter a porcentagem da gordura do leite.
Nos ruminantes, a gordura tem grande influência sobre o equilíbrio ruminal,
reduzindo a atividade de microrganismos celulolíticos (EZEQUIEL, 2001). O
fornecimento de altos níveis de gordura na dieta pode causar problemas de absorção de
nutrientes, pois os ácidos graxos reduzem o pH do rume e, conseqüentemente, alteram a
flora ruminal. A gordura também diminui a digestibilidade da forragem, pelo efeito
tóxico dos ácidos graxos de cadeia longa sobre as bactérias ruminais (HENDERSON,
1973), além de prejudicar a palatabilidade (JOHNSON; MCLURE, 1973).
Beam et al. (2000) destacam que o rume é um obstáculo a ser transposto pelos
ácidos graxos insaturados para que possam ser digeridos e absorvidos no intestino
delgado. O valor de energia líquida do lipídio é uma função do nível de sua ingestão e
da digestibilidade intestinal, sendo que a diminuição da biohidrogenação ruminal
aumenta a digestibilidade intestinal do lipídio (ZINN, 1988; ZINN; PLASCENCIA,
1993). Segundo Medeiros (2002) o efeito depende, também, da forma como a gordura é
oferecida: grãos de oleaginosas seriam menos inibitórios, que óleos vegetais e gordura
de origem animal, em função de o grão servir como uma proteção para a gordura
contida nele, evitando o contato de parte desta com o conteúdo ruminal.
Coppock e Wilks (1991) afirmaram que o fornecimento de lipídeos provenientes
de sementes oleaginosas ocasiona uma liberação lenta da gordura durante o decorrer do
dia, em conseqüência da ruminação das sementes. Esse fato permitiria ação dos
microorganismos ruminais em hidrogenar as ligações duplas dos ácidos graxos
insaturados, impedindo o efeito inibidor da gordura sobre a digestibilidade da fibra.
5
Cana-de-açúcar
Um dos grandes problemas enfrentado pelos pecuaristas no período de entressafra
é a escassez de forragens com a conseqüente falta de volumosos adequados em
quantidade e qualidade, afetando o sistema de produção animal (AMARAL NETO et
al., 2000). Algumas características tais como: a elevada produção de energia por
unidade de área cultivada; o cil cultivo e o baixo custo de matéria seca produzida por
unidade de área; a coincidência de sua maior disponibilidade com o período de escassez
de forragem e a manutenção do valor nutritivo por longo tempo após a maturação, tem
justificado a escolha da cana-de-açúcar como alternativa de volumoso na dieta de
bovinos no período que compreende a estação seca do ano (ANDRADE, 1995; FARIA
et al., 1998; MAGALHÃES et al., 2000; FERNANDES et al., 2001).
A composição da cana-de-açúcar obtida por Pereira et al. (2001) foi a seguinte:
27,80 % de MS; 2,5% de PB; 57,83% de FDN; 35,99 % de carboidratos não-estruturais
e 0,74% de EE. Composição semelhante foi encontrada em outro experimento: 27,84%
de MS; 2,46% de PB; 0,59% de EE; 1,97% de MM; 57,30% FDN e 38,09% de FDA
(AFERRI et al., 2005). Para Leng (1988), a cana-de-açúcar como alimento sico para
ruminantes, apresenta limitações de ordem nutricional, por causa dos baixos teores de
proteína, minerais e precursores gliconeogênicos e ao alto teor de fibra de baixa
degradação ruminal.
Como opção de volumoso, a cana-de-açúcar apresenta grande quantidade de
carboidratos solúveis, que são rapidamente fermentados no rume. Porém, a fibra que
também constitui porção considerável, apresenta baixa degradação ruminal, que
freqüentemente é atribuída ao baixo teor de proteína do alimento (CARMO et al., 2001).
Os animais que a consomem apenas suplementada com minerais e fonte de nitrogênio
não-protéico m baixo desempenho produtivo (PRESTON; LENG, 1980). Isto leva ao
emprego de suplementos que aumentem a taxa de passagem do conteúdo ruminal e
forneçam glicose e aminoácidos pós-rume para atender as exigências dos animais
(LENG, 1988).
Além do alto teor de fibra o degradável e do baixo teor de proteína bruta
(PEREIRA et al., 2001), outra característica que pode justificar o menor desempenho de
bovinos alimentados com dietas à base de cana-de-açúcar é a prevalência de grande
número de protozoários no rume, especialmente os ciliados grandes da família
6
Isotrichidae (PRESTON; LENG, 1980). Esses protozoários, além de competirem com as
bactérias por nutrientes, também as predam e o seletivamente retidos no rume, o que
provavelmente resulta em baixo fluxo de proteína microbiana do rume ao intestino
delgado e constituem um fator agravante em dietas de baixo teor protéico (LENG,
1988). A diminuição do número de protozoários nessas dietas é defendida por alguns
autores, a qual pode ser obtida pelo fornecimento de lipídios insaturados na alimentação
de ruminantes (LENG, 1988; LUDOVICO; MATTOS, 1997). A composição
bromatológica da semente de algodão e também o provável efeito tóxico de seus
lipídios insaturados sobre os protozoários tornam-na um suplemento adequado para
deitas a base de cana-de-açúcar (LENG, 1988).
Em virtude do baixo conteúdo de proteína e alta concentração de carboidratos
solúveis, Rodriguez et al. (1993) recomendaram suplementação da cana-de-açúcar com
nitrogênio não protéico. Segundo Aroeira et al. (1993), a cana-de-açúcar com uréia tem
seu uso relativamente difundido na alimentação do gado leiteiro. A substituição da
silagem de milho pela cana tratada com 1% de uréia/sulfato de amônia (9:1) na matéria
natural, na proporção de 25% de cana e 75% de silagem de milho proporcionou melhor
consumo alimentar de MS, matéria orgânica e FDN para vacas em lactação, conforme
relatados por Ribeiro et al. (2000).
Os farelos de algodão têm mostrado benefícios na suplementação de dietas à base
de cana-de-açúcar com uréia, sugerindo que o melhor desempenho dos animais obtido
com esses concentrados seja por causa do fornecimento de energia e/ou proteína, que
escapariam à digestão microbiana do rume, sendo absorvidas como glicose e
aminoácido no intestino delgado (PRESTON; LENG, 1978; AROEIRA et al., 1993).
Desempenho e Características da Carcaça
A alimentação exerce forte influência no acabamento do animal, podendo alterar a
porcentagem de gordura na carcaça e no músculo (FELÍCIO, 1997; RESTLE et al.,
1998). Quando os animais são abatidos na mesma idade, mas submetidos a diferentes
níveis de alimentação, suas carcaças sempre diferem no conteúdo de gordura
(PRESTON; WILLIS, 1974).
Para avaliar a carcaça, podemos considerar a espessura de gordura de cobertura
(EGC), que, além de ser um indicativo da composição da carcaça, também está
7
associada à qualidade, pois protege a carne contra o enrijecimento provocado pela
desidratação e pelo resfriamento (MCINTYRE, 1994). Maior área de olho-de-lombo
(AOL) e menor EGC são indicativos de maior rendimento em musculatura, de maior
proporção de cortes aproveitáveis e de menor proporção de gordura corporal na carcaça
(OLIVEIRA, 1993).
A AOL, medida pela secção transversal do músculo longissimus dorsi, entre a 12ª
e 13ª costelas e a EGC podem ser associadas às medidas de comprimento e de peso da
carcaça quente ou fria. A EGC deve ser de 5 a 7 mm, devendo o mínimo ser de 2 a 3
mm (LUCHIARI FILHO, 2000). Para a AOL o valor de 78 cm² ou acima é excelente
(OLIVEIRA, 1993).
Trabalhando com 0, 15 e 30% de caroço de algodão na dieta de novilhos raça
Hereford, Huerta-Leidenz et al. (1991) não encontraram diferença entre ganho de peso
diário e EGC, entretanto observaram decréscimos no peso da carcaça quente e na AOL
com o aumento dos níveis de caroço na dieta. Prado et al. (1995) avaliando desempenho
de novilhos Nelore confinados com dois níveis (15 e 30% na MS) de caroço de algodão
associados à cana-de-açúcar, não observaram diferença.
Não se observou diferença para rendimento de carcaça e EGC em animais
mestiços Canchim quando alimentados com grão de soja ou caroço de algodão ambos
fornecidos em 20% do concentrado (MOLETTA, 1999).
O ganho de peso diário, rendimento da carcaça e peso da carcaça quente foram
semelhantes em bovinos, mestiço Holandês x Nelore, a pasto, suplementados tanto com
caroço de algodão quanto com farelo de soja (PAULINO et al., 2002).
A inclusão de 15,1 % de caroço de algodão na dieta de novilhos não provocou
diferença observável no ganho de peso diário, AOL, EGC, rendimento de carcaça e peso
da carcaça quente (CRANSTON et al., 2006).
Avaliação da Carcaça por Ultrassom
Com a avaliação da carcaça, estimamos a qualidade da carne e a rentabilidade na
produção de porção comestível. Para isto são aplicadas técnicas de ultra-sonografia no
animal vivo (RIBEIRO et al., 1999; SILVA, 2002), ou diretamente na carcaça com o
animal abatido, para obtenção da AOL e da EGC (BERG; BUTTERFIELD, 1976;
LUCHIARI FILHO, 2000).
8
Nos últimos anos, o uso da ultra-sonografia na avaliação de carcaça de bovinos se
intensificou, especialmente por causa da melhora dos equipamentos. O ultrassom é
valioso para o melhoramento genético animal, pela facilidade de seu manuseio, pelo
fornecimento pido da informação requerida e pela obtenção das medidas diretamente
do animal vivo e sem a necessidade de abate para determinação das características em
estudo. Os aparelhos de tempo real produzem a imagem instantaneamente, e o
movimento dos tecidos pode ser visto, por causa da natureza contínua das ondas sonoras
(RODRIGUES et al., 2004). Sainz e Araújo (2006) relatam outras vantagens desta
tecnologia, como: análise precoce dos animais sem necessidade de abatê-los e baixo
custo de avaliação individual.
O uso do ultrassom evita os erros de medida pós-abate da EGC, principalmente
em matadouros comerciais, provocados pela retirada do couro do animal abatido
(FERGUSON, 1994). Medidas de espessura de gordura, determinadas entre a 12ª e 13ª
costelas no músculo longissimus dorsi em 580 bovinos, foram realizadas por Brethour
(1992), para verificar a correspondência entre as medidas obtidas com o ultrassom e as
medidas de gordura obtidas na carcaça. Essas medidas foram 8% menores do que as
medidas reais da carcaça. Para o autor, isso ocorreu porque o tegumento comprime a
gordura subcutânea no animal vivo; a remoção do tegumento após o abate permite
expansão da camada de gordura.
Perkins et al. (1992) estimaram a EGC e a AOL mediante ultrassom 48 horas
antes do abate e logo após o abate, em quatro raças de bovinos, para avaliar o efeito das
medidas tomadas por duas pessoas. A média da EGC com ultrassom foi 9,1 mm e na
carcaça, 8,2 mm; e a média da AOL com ultrassom foi 70,7 cm
2
e na carcaça, 72,4 cm
2
.
Os autores obtiveram coeficientes de correlação para EGC de 0,86 e para AOL, de 0,79,
concluindo que as estimativas obtidas pelo ultrassom são tão precisas quanto as medidas
tomadas na carcaça após o abate. Jorge et al. (2004) encontraram 0,98 e 0,99 de
correlação em bubalinos, para medidas da AOL e da EGC.
Silva et al. (2003) ao estudar bovinos machos de diferentes grupos genéticos,
obteve correlações de 0,83 e 0,86 entre as medidas de ultrassom e na carcaça para a
AOL e EGC, respectivamente, e concluíram que as características de carcaça podem ser
avaliadas com boa acurácia nos animais vivos com o auxílio do ultrassom.
9
Literatura Citada
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15
CAPÍTULO 2
16
Desempenho e características da carcaça de bovinos Nelores terminados em
confinamento com dietas à base de caroço de algodão
RESUMO: Este trabalho foi realizado para avaliar a influência da adição de caroço de
algodão à dieta de bovinos confinados sobre o desempenho animal e características de
carcaça. Usaram-se trinta e seis bovinos Nelores, que apresentavam, ao início do
experimento, idade média de 20 meses e peso vivo médio de 333,5 kg. Os animais
foram confinados e receberam dietas com os seguintes teores de caroço: 0; 14,35%;
27,51%; e 34,09% na matéria seca da dieta. O ganho de peso diário, peso vivo final e
consumo de matéria seca diminuíram linearmente com o aumento da proporção de
caroço na dieta. Não foi observado efeito sobre o ganho de peso total ajustado ao
consumo, o que indica ausência de efeito sobre a eficiência alimentar. Os pesos da
carcaça e do contrafilé diminuíram linearmente com o aumento da proporção de caroço
na dieta. No entanto, o peso da carcaça e o peso do contrafilé, quando ajustados ao peso
vivo final, não mostraram influência da proporção de caroço, o que sugere não ter
ocorrido efeito deste na proporção de carcaça ou de contrafi nos animais. Não foi
observado efeito do teor de caroço sobre a área de olho-de-lombo. a espessura de
gordura de cobertura do dorso e da garupa diminuíram com o aumento do teor de
caroço. Este efeito persistiu ao se ajustar estas variáveis para o peso vivo final, o que
sugere um efeito direto do caroço de algodão sobre a deposição de gordura. Observou-
se uma correlação de 0,62 entre as duas medidas de gordura. A adição de caroço de
algodão à dieta de bovinos de corte não se mostrou vantajosa, já que este diminuiu o
desempenho animal e a deposição de gordura na carcaça.
Palavras-chaves: área de olho-de-lombo, consumo, ganho de peso, gordura
17
Performance and carcass traits of Nellore cattle finished on feedlot and fed diets
containing whole cottonseed
ABSTRACT: The purpose of this experiment was to evaluate the effect of adding
whole cottonseed to the diet of feedlot cattle on the performance and carcass traits.
Thirty six Nellore bullocks were used, with an average age of 20 months and average
initial weight of 333.5 kg. The animals were raised on feedlot and fed diets with the
following contents of whole cottonseed: 0; 14.35%; 27.51%; or 34.09% on a dry matter
basis. The daily weight gain, final weight and dry matter intake decresed lineraly as the
proportion of cottonseed increased. No effect of cottonseed on total weight gain
adjusted for intake was observed, which indicates no effect on feed efficiency. Carcass
and ribeye weights decresed linearly as cottonseed content increased. However, carcass
and ribeye weights, when adjusted for final liveweight, did not show influence of
cottonseed content, which suggests that no effect occurred on the percentage of carcass
or ribeye. No effect of cottonseed content was observed for ribeye area. In contrast,
back fat and rump fat thickness decreased as cottonseed content increased. This effect
remained when these variables were adjusted for final liveweight, which suggests a
direct effect of whole cottonseed on fat deposition. A correlation of .62 was observed
between back fat and rump fat. Adding whole cottonseed to beef cattle diets did not
prove advantageous, because it reduced animal performance and carcass fat deposition.
Key Words: fat, intake, ribeye area, weight gain
18
Introdução
O Brasil ocupa uma posição de destaque no cenário mundial do mercado da carne
bovina, porém novas alternativas devem ser buscadas para o incremento da
produtividade (Costa et al., 2007). Segundo Restle et al. (1996), os frigoríficos, em
geral, pagam melhores preços por animais de maior peso, pois obtêm maior rendimento
por animal abatido, porque este possui músculos de maior tamanho, o que é preferido
tanto pelo mercado interno como pelo externo.
A produção de ruminantes no Brasil tem como base o uso de pastagens naturais ou
cultivadas. No entanto, é conhecida a descontinuidade da produção forrageira das
gramíneas tropicais durante o ano (Andrade, 1995). Além disso, o avanço da agricultura
sobre as áreas de pastagens e a elevação do custo da terra fortalece a tendência de se
obter um maior ganho por área.
Nesse contexto, o confinamento de bovinos aparece como alternativa, pois agrega
valor ao produto final, por fornecer animais para o abate na entressafra, que apresentem
características de carcaça desejáveis, com carne de boa aparência e macia. Entretanto,
os gastos com alimentação no confinamento são altos, uma vez que os custos associados
a esse fator podem chegar a 90% dos custos operacionais totais (Signoretti et al., 2006).
Na tentativa de diminuir custos com alimentação muitos pesquisadores têm
elaborado dietas com alimentos alternativos como os resíduos agro-industriais (Butolo,
1995). Entre esses alimentos, o caroço de algodão tem-se mostrado uma excelente
opção para uso em confinamentos, pois associa o alto teor de proteína com o elevado
conteúdo de energia. Entretanto, uma das limitações ao seu uso é o seu alto teor de
gordura (Medeiros et al., 2005).
O excesso de ácidos graxos insaturados, presente no caroço de algodão, pode
causar alteração na fermentação ruminal, devida à supressão das atividades de bactérias
celulolíticas e metanogênicas (Van Soest, 1994). Dessa forma o alto teor de gordura do
caroço de algodão pode prejudicar a digestão da fibra (Henderson, 1973). Portanto, é
importante determinar qual a proporção a ser usada na dieta de bovinos de corte que não
cause problemas metabólicos e digestivos, bem como avaliar o desempenho produtivo e
a qualidade da carcaça produzida.
19
Objetivou-se avaliar a influência da adição de caroço de algodão à dieta de
bovinos Nelores terminados em confinamento sobre o desempenho animal, o
rendimento e características de carcaça.
Material e Métodos
O experimento foi realizado na Fazenda Mateirinha, situada no município de
Guiratinga/MT, a 16º 20’ 58” latitude sul, 53º 45’ 30” de longitude oeste e a uma
altitude média de 510 m. A região é caracterizada por uma estação quente e úmida
geralmente de outubro a abril, seguida de outra fria e seca, de maio a setembro. O clima
da região é classificado como AW, tropical úmido de savana, (Köppen, 1938).
Usaram-se trinta e seis bovinos Nelores, machos, o castrados, que estavam em
pastos de Brachiaria brizantha, suplementados com concentrado. Foram identificados,
vacinados e submetidos a controle sanitário contra parasitas antes do período
experimental. Tinham idade média de 20 meses e peso vivo médio de 333,5 kg no início
do confinamento, que durou 94 dias.
O confinamento foi constituído por 12 baias descobertas. Cada baia continha
cocho, bebedouro e 3 animais a ela destinados aleatoriamente. Foram sorteadas 3 baias
por tratamento. Usaram-se quatro dietas com os seguintes teores de caroço de algodão:
0; 14,35%; 27,51%; e 34,09%, em relação à matéria seca (MS) (Tabela 1).
Tabela 1. Proporção dos ingredientes das dietas com base na matéria seca
Caroço de algodão (%)
Ingredientes (%)
0 14,35 27,51 34,09
Cana-de-açúcar 50,00 50,00 50,00 50,00
Caroço de algodão 0,00 14,35 27,51 34,09
Grão de milho triturado 28,13 18,68 10,19 6,01
Farelo de soja 19,47 14,57 9,90 7,50
Uréia 1,20 1,20 1,20 1,20
Mistura mineral * 0,84 0,84 0,84 0,84
NaCl 0,36 0,36 0,36 0,36
*Composição/kg: P= 136,80 g; Ca= 205,00 g; Mg= 11,00 g; S= 21,23 g; Zn= 10,50 g; Cu= 3,75 g; Mn=
1,50 g ; Fe= 4,50 g; Co= 0,20 g; I= 0,30 g e Se= 28,82 mg.
20
As dietas foram formuladas com base nas exigências de machos não castrados em
crescimento, com ganho de peso diário de 1,1 kg/animal/dia (NRC, 1996), e
apresentavam aproximadamente 60% de MS, 14% de proteína bruta (PB) e 50% de
volumoso (Tabela 2). Foram fornecidas três vezes ao dia, permitindo-se uma sobra de
aproximadamente 5%.
Tabela 2. Composição bromatológica das dietas experimentais, calculada conforme a
composição dos ingredientes e proporção destes
Caroço de algodão (%) Componentes
(% na matéria seca)
0 14,35 27,51 34,09
Proteína bruta 14,11 14,17 14,16 14,13
Extrato etéreo 2,985 4,977 6,810 7,729
Fibra em detergente neutro 35,17 39,63 43,70 45,73
Fibra em detergente ácido 23,33 26,33 29,06 30,42
Nutrientes digestíveis totais
1
71,76 71,27 70,84 70,63
1
Estimado pela composição dos alimentos segundo Valadares Filho et al. (2006).
No início do período experimental, amostras dos ingredientes da dieta foram
colhidas, posteriormente moídas em peneira com crivo de 1 mm, para determinação do
teor de MS, PB, extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em
detergente ácido (FDA) segundo Nogueira & Souza (2005), no Laboratório de
Bromatologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade
Estadual Paulista Campus de Botucatu-SP (Tabela 3). No meio do período experimental,
outra amostra da cana-de-açúcar foi colhida para nova análise bromatológica.
Tabela 3. Análise bromatológica dos ingredientes das dietas
Amostra % MS % PB % EE % MM FDN FDA
Caroço de Algodão 92,89 22,42 19,35 3,18 44,65 29,37
Grão de Milho Triturado 89,28 8,14 6,79 1,88 10,37 5,44
Farelo de Soja 89,67 48,69 2,93 6,34 19,83 14,36
Cana de úcar 28,95 2,31 1,01 2,39 56,79 38,02
21
Uma vez ao mês, durante cinco dias consecutivos, as sobras presentes nos cochos
foram pesadas diariamente. Amostras das sobras foram colhidas para determinar o teor
de MS e o consumo desta para cada tratamento.
Durante o período experimental, foram realizadas pesagens dos animais, duas
vezes ao s, sempre após oito horas de jejum de sólidos, para monitoração do ganho
de peso diário.
A área de olho-de-lombo (AOL), bem como a espessura de gordura de cobertura
do dorso (EGC) e da garupa (P8) foram medidas por ultrassonografia nos dias 8 e 90 do
período experimental. Para medir a AOL e a EGC foram tomadas imagens entre a 12ª e
a 13ª costelas, transversalmente ao músculo longíssimo dorsal, sendo a EGC medida no
terço médio distal da AOL. Para a mensuração de P8, foram tomadas as imagens na
junção entre o músculo glúteo médio e o bíceps femoral. Todas as imagens foram
tomadas do lado direito, após limpeza da pele e aplicação de óleo vegetal como
acoplante acústico. Usou-se um aparelho PIEMEDICAL - Scanner 200, com uma sonda
linear de 18 cm e 3,5 MHz.
Aos 93 dias de confinamento, os animais foram pesados, após 8 horas de jejum de
sólidos. Dois dias depois, foram abatidos, após jejum de sólidos de 24 horas, em
frigorífico comercial, localizado em Várzea Grande-MT, a 330 km do local do
experimento, no fluxo normal de abate. A carcaça foi dividida em duas metades
longitudinais, que foram pesadas, obtendo-se o peso de carcaça quente.
De cada meia-carcaça esquerda resfriada a 7ºC por 24 horas foi retirado o
contrafilé na altura da 12ª vértebra torácica e vértebra lombar. Os contrafilés foram
embalados individualmente em sacos plásticos, identificados, congelados a -18
o
C e
acondicionados em caixas frigoríficas, permanecendo a esta temperatura por 35 dias.
Foram então pesados, ainda congelados.
O experimento obedeceu a um delineamento inteiramente casualizado com 4
tratamentos e 3 repetições, sendo a média de cada baia a unidade experimental. Para o
peso vivo, consumo, gordura de cobertura e AOL, adotou-se um modelo com medidas
repetidas: Υijκ = µ + Ti + Єij + Mκ + (TM)iκ + ijκ, onde: Υijκ é valor observado na κ-
ésima medida da j-ésima unidade experimental (baia), que recebeu o i-ésimo
tratamento; µ é a média geral; Ti é o efeito fixo do i-ésimo tratamento; Єij é o efeito
aleatório do erro experimental referente às unidades experimentais (baias); Mκ é o
22
efeito fixo da κ-ésima medida; (TM)iκ é o efeito fixo da interação entre o i-ésimo
tratamento e a κ-ésima medida, e ijκ é o efeito aleatório do erro experimental referente
às medidas. Para peso da carcaça quente e do contrafilé, o modelo adotado foi: Υijκ = µ
+ Ti + Єij. Os efeitos de tratamentos foram desdobrados mediante regressão polinomial
(peso vivo, consumo, peso da carcaça e do contrafilé e AOL) ou logarítmica (gordura de
cobertura).
Analisou-se também a correlação entre a EGC e P8, no início e fim do período
experimental. Com este fim, aplicou-se o segundo modelo acima, para cada época, e
calculou-se a correlação residual entre estas variáveis.
Para as análises estatísticas, usaram-se os programas MIXED e CORR do SAS
(2001).
Resultados e Discussão
Desempenho
A tabela 4 apresenta as características de desempenho.
Tabela 4. Médias e respectivos erros-padrões (EP) do peso inicial e final, ganho de peso
diário, consumo de matéria seca diário, ganho de peso total e conversão alimentar
Caroço de algodão (%)
Característica
0 14,35 27,51 34,09
EP P
1
Peso vivo inicial (kg) 335 331 334 334 7,38
> 0,10
Peso vivo final (kg) 462 447 442 435 7,38
< 0,05
Ganho de peso diário (kg/animal) 1,352 1,236 1,168 1,086 0,07
< 0,01
Consumo de matéria seca (kg/animal) 12,54 11,58 11,16 10,10 0,31
< 0,01
Ganho total de peso (kg/animal)
2
113,9 113,6 110,7 114,3 - > 0,10
Conversão alimentar
3
9,2 9,3 9,6 9,4 - -
1
Probabilidade de erro do tipo 1 para o efeito linear de nível de caroço.
2
Usando-se o consumo de matéria seca como covariável. Os erros-padrões são, respectivamente: 6,47;
4,08; 4,03 e 6,64.
3
Apresentada como informação suplementar; a análise estatística usada é a do ganho total de peso
ajustado para o consumo de matéria seca.
23
O ganho de peso diário, o peso vivo final e o consumo de matéria seca diário
diminuíram linearmente com o aumento da proporção de caroço de algodão na dieta.
Uma diminuição linear do consumo de MS com níveis crescentes de caroço (0;
7,5; 15 e 22,5%) foi observada por Correia et al. (2007), com estes mesmos níveis
Takahashi et al. (2007) observaram uma diminuição linear do ganho de peso e do
consumo de MS em novilhos Guzerá. Brosh et al. (1989) usaram 0, 12, 18 ou 24% de
caroço, concluíram que a inclusão deste alimento acarreta diminuição no ganho de peso
sem alterar o consumo de MS. Prado et al. (1995) avaliaram o desempenho de novilhos
Nelores confinados com dois veis de caroço (15 ou 30% da MS), associados à cana-
de-açúcar ou capim elefante, e não constataram diferença entre os tratamentos quanto ao
ganho de peso e consumo de MS. Huerta-Leidenz et al. (1991) também ao incluir 15 ou
30% de caroço na dieta não observaram diferença no ganho de peso. Aferri et al. (2005)
não observaram diferença no ganho de peso, peso vivo final e consumo de MS ao
incluir 21% de caroço na dieta de bovinos cruzados. Moletta (1999), ao avaliar animais
mestiços em confinamento alimentados com 20% de caroço, o obteve diferença para
o ganho de peso e consumo de MS em comparação a dieta baseada em grão de soja.
A diminuição de consumo observada no presente trabalho e em outros pode estar
associada ao aumento do teor de EE na dieta, que prejudica a digestão da fibra e,
conseqüentemente, aumenta o tempo de retenção ruminal (Correia et al., 2007). O
excesso de EE na dieta provoca redução no consumo e na digestão da fibra, portanto,
dietas para bovinos de corte não devem conter mais do que 5% de EE na base da MS
total (Magalhães, 2007). No presente trabalho, as dietas com 27,51 e 34,09% de caroço
ultrapassaram este limite.
A chegada de proteína metabolizável ao intestino pode também estar
comprometida, pois basicamente a maior utilização da proteína do caroço ocorre no
rume, sendo baixa a disponibilidade de sua proteína não degradada (Teixeira & Huber,
1989). Juntamente com isso, os microrganismos do rume são afetados pelo efeito tóxico
ou inibitório dos ácidos graxos poliinsaturados presente nas gorduras de origem vegetal
(Palmquist, 1995). O fornecimento de grão inteiro, como é o caso do caroço de algodão,
no qual o lipídeo fica parcialmente isolado do ambiente ruminal (Medeiros, 2002),
poderia não amenizar o efeito negativo dos ácidos graxos insaturados, pois o caroço, ao
24
ser ingerido, é triturado pela mastigação, não sendo encontradas sementes inteiras ou
pedaços de semente nas fezes ou no conteúdo ruminal (Cunha et al., 1998).
Allen (2000) afirma que o consumo de MS depende das características da fonte ou
das fontes de fibra da dieta como: tamanho de partícula, digestibilidade e taxa de
passagem para o retículo, que afetam positiva ou negativamente a ingestão de MS. O
aumento da concentração de FDN e FDA nas rações pode ocasionar diminuição da
degradabilidade ruminal da matéria orgânica e da digestibilidade desta no trato
digestivo total. Um maior acúmulo de material não digestível no rume acentua o efeito
de enchimento, provocando menor consumo de MS (Pires et al., 2008). No presente
trabalho, o caroço de algodão foi usado em substituição ao farelo de soja e grão de
milho triturado. Portanto, ao aumentar o teor de caroço na dieta, também se aumentou o
teor de FDN e FDA (Tabela 2), o que pode ter acarretado diminuição do consumo de
MS e do ganho de peso.
Não foi observado efeito sofre o ganho de peso total ajustado ao consumo de MS
como covariável. Este ganho ajustado representa a eficiência de transformação da dieta
em peso vivo, ou seja, a conversão alimentar. Prado et al. (1995) e Huerta-Leidenz et al.
(1991) não observaram efeito do caroço sobre a conversão alimentar. Aferri et al. (2005)
e Moletta (1999) não constataram diferença para conversão e a eficiência alimentar com
a adição de caroço na dieta. Brosh et al. (1989) observaram redução da eficiência
alimentar ao adicionarem 12% de caroço na dieta. Da mesma forma, Takahashi et al.
(2007) obtiveram diminuição linear da eficiência alimentar com o aumento da
proporção de caroço na dieta.
O ganho de peso total ajustado não sofreu influência da adição de caroço,
provavelmente, porque a diminuição do ganho de peso diário acompanhou o menor
consumo de MS, que deve ter sido influenciado tanto pelo valor energético da dieta
quanto pela quantidade de fibra.
25
Carcaça
A Tabela 5 apresenta as características de carcaça.
Tabela 5. Médias e respectivos erros-padrões (EP) do peso e do rendimento de carcaça
quente, peso de contrafilé, área de olho-de-lombo e espessura de gordura de cobertura
do dorso e da garupa
Característica Caroço de algodão (%)
0 14,35 27,51 34,09
EP P
1
Carcaça quente (kg/animal) 248 237 233 227 6,44
< 0,05
Contrafilé (kg/animal) 4,71 4,30 4,13 4,17 0,15
< 0,05
Rendimento médio de carcaça (%)
2
55,60 52,98 55,71 52,16 -
-
Área final de olho-de-lombo (cm
2
) 70,94 68,58 66,72 68,54 2,15
> 0,10
Gordura de cobertura do dorso (mm) 6,44 5,33 5,00 5,17 0,23
< 0,01
Gordura de cobertura da garupa (mm)
7,00 6,11 5,33 5,33 0,32
< 0,01
1
Probabilidade de erro do tipo 1 para o efeito linear de nível de caroço.
2
Apresentado como informação suplementar; a análise estatística usada é a do peso de carcaça ajustado
para peso vivo final.
O peso de carcaça quente (PCQ) e de contrafilé diminuíram linearmente com o
aumento da proporção de caroço de algodão na dieta, e suas equações de regressão
foram: Y
PCQ
= 247,094 - 0,576.X e Y
contrafilé
= 4,637 - 0,016.X, respectivamente. No
entanto, o peso de carcaça quente e o peso de contrafilé, ajustados a covariável peso
vivo final, não mostraram influência da proporção de caroço (P>0,05), o que sugere que
a inclusão de caroço não altera o desenvolvimento alométrico da carcaça ou do
contrafilé. O peso de carcaça quente ajustado a covariável peso vivo final representou o
rendimento da carcaça quente.
Não foi observado efeito do caroço de algodão sobre a área de olho-de-lombo
(AOL). Já a espessura de gordura de cobertura do dorso (EGC) e da garupa (P8)
diminuíram com o aumento da proporção de caroço na dieta (Figura 1). Este efeito
persistiu (P<0,05), mesmo quando se incluiu na regressão a covariável peso vivo final, o
que sugere ação negativa do caroço sobre a deposição de gordura.
26
Observou-se uma correlação de 0,62 (P<0,01) entre a P8 e a EGC. A P8 tem um
desenvolvimento mais precoce que a gordura nas costelas; além disso, esta característica
possui uma melhor acurácia e repetibilidade de mensuração quando comparada a EGC
(Costa & Yokoo, 2004).
5,00
5,50
6,00
6,50
7,00
0 5 10 15 20 25 30 35
Caroço de algoo (%)
Gordura de cobertura (mm)
EGC
P8
Y
P8
= 6,431 - 0,621.log
10
(X)
Y
EGC
= 5,908 - 0,539.log
10
(X)
Figura 1. Gráfico da espessura de gordura de cobertura do dorso (EGC) e da garupa (P8)
obtida por ultrassom em função da quantidade de caroço de algodão
Aferri et al. (2005) observaram que a inclusão de 21% de caroço na dieta de
bovinos cruzados confinados o influenciou o peso e o rendimento de carcaça, a AOL
e a EGC obtidas por ultra-som. O mesmo foi observado por Pesce (2008), em relação a
estas variáveis, como também em relação a P8. Moletta (1999) tampouco observou
efeito no rendimento de carcaça. Huerta-Leidenz et al. (1991) obtiveram redução do
peso da carcaça e da AOL, mas não houve diferenças para a EGC com a adição de 15 ou
30% de caroço.
A AOL e a EGC podem ser associadas ao peso de carcaça quente (Costa, et al.
2007). Como observado por Rodrigues et al. (2001), animais com maior AOL e menor
EGC possuem maior porção comestível da carcaça. E, segundo Luchiari Filho (2000), à
medida que aumenta a AOL, aumenta a proporção da carcaça e vice-versa. No entanto,
27
no presente trabalho, apesar de o peso de carcaça quente e de contrafilé terem diminuído
com o aumento da adição de caroço na dieta, a AOL não diminuiu.
No presente trabalho, os bovinos apresentaram medidas acima de 5 mm para a
EGC e a P8, mesmo quando diminuíram estes valores com a adição de caroço na dieta.
Portanto, os animais tinham um bom acabamento de carcaça, que a EGC deve se
situar entre 5 e 7 mm (Luchiari Filho, 2000).
McIntyre (1994) afirma que a EGC reflete a porcentagem de gordura de toda
carcaça. Segundo Page et al. (1997), em estudo com bovinos Brangus alimentados com
30% de caroço de algodão, o aumento na EGC sem aumento na AOL demonstra que a
adição de caroço aumentou a deposição de gordura. No presente trabalho, ocorreu o
contrário, que a adição de caroço diminuiu a deposição de gordura na EGC e na P8,
sem alterar a AOL. Para Berg & Butterfield (1968), a composição da carcaça referente à
proporção de músculo, gordura e osso é influenciada pela idade, peso, raça, nutrição,
entre outros fatores.
Conclusão
A adição de caroço de algodão na dieta de bovinos de corte não se mostrou
biologicamente vantajosa, que o caroço de algodão, em substituição ao farelo de soja
e ao grão de milho triturado na dieta, diminuiu o desempenho animal e a deposição de
gordura da carcaça de bovinos Nelores. Entretanto, este suplemento pode mostrar-se
economicamente vantajoso, dependendo de seu custo.
Literatura Citada
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32
CAPÍTULO 3
33
IMPLICAÇÕES
O uso do caroço de algodão na dieta de bovinos de corte confinados deve ser feito
com muito critério, pois pode diminuir o desempenho animal, que foi observada
diminuição no ganho de peso, peso vivo final e consumo de matéria seca.
Deve-se considerar que, dependendo do custo do caroço de algodão em
comparação ao do milho e da soja, pode se tornar viável o uso do caroço de algodão,
que não se observou influência sobre o ganho de peso total ajustado ao consumo de
matéria seca.
A adição de caroço de algodão na dieta de bovinos de corte confinados
provavelmente interferiu no metabolismo de deposição de gordura, ao diminuir a
espessura de gordura de cobertura, mas não ocasionou prejuízo no acabamento de
carcaça.
Observou-se que os animais que recebiam dietas com caroço, tentavam evitar o
consumo deste ingrediente.
Pôde-se observar que, ao manusear o caroço de algodão, alguns funcionários
desenvolveram problemas respiratórios e de pele, o que evidencia uma dificuldade
adicional.
Estudos sobre a adição de caroço de algodão na dieta devem ser realizados, pois a
qualidade da semente, o nível de sua inclusão na dieta, o tempo de confinamento, a
idade e raça dos animais, o volumoso e os níveis de concentrado podem interferir nos
resultados.
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