Vieira CLZ. Relação entre doenças periodontais e aterosclerose subclínica em
indivíduos com hipercolesterolemia familiar [tese]. São Paulo: Faculdade de
Medicina, Universidade de São Paulo; 2008. 139p.
Introdução: A periodontite é uma doença inflamatória caracterizada clinicamente
pela destruição dos tecidos de suporte dental. Apresenta etiologia multifatorial, sendo
a principal causa o acúmulo de bactérias patogênicas na superfície dentária. A
periodontite tem sido associada ao avanço da aterosclerose. Os indivíduos
portadores da hipercolesterolemia familiar apresentam o desenvolvimento precoce da
doença aterosclerótica devido à exposição crônica a níveis altos de colesterol total e
LDL-colesterol. Não existem estudos que analisem a associação entre a infecção
periodontal e aterosclerose subclínica nessa população. Objetivo: Este trabalho
analisou a relação entre a aterosclerose, coronariana, carotídea e/ou aórtica, e a
doença periodontal em indivíduos com hipercolesterolemia familiar e em controles
presumidamente sem a doença. Métodos: Foram incluídos 82 indivíduos com
diagnóstico de hipercolesterolemia familiar pelo critério do U.S. MEDPED e 31
indivíduos saudáveis como grupo controle. A calcificação arterial coronariana foi
avaliada por tomografia computadorizada e a medida realizada pelo método de
Agatston. O espessamento médio-intimal carotídeo e o diâmetro da artéria carótida
comum direita foram determinados por ultrassom pulsátil tipo echotracking. A
rigidez arterial foi medida por meio da velocidade das ondas de pulso. Todos os
indivíduos responderam a um questionário estruturado e foram submetidos à
avaliação periodontal. A sondagem periodontal dos dentes foi realizada em seis
sítios por dente em cada paciente. Dados sobre inflamação gengival, presença de
placa bacteriana, profundidade de sondagem, recessão gengival e perda de inserção
clínica foram coletados. As variáveis contínuas foram comparadas pelo do teste t de
Student não pareado ou teste de Mann-Whitney. Para as variáveis categóricas, foram
aplicados os testes de qui-quadrado ou teste exato de Fisher. Resultados: Dos
indivíduos do grupo controle, 32,3% apresentam quadro de periodontite grave,
enquanto que no grupo caso, 64,1% apresentou esse quadro (p = 0,001). Nos grupos
controle e caso, 19,4% contra 43,4% apresentam respectivamente mais que 15% de
sítios com profundidade de sondagem > 4mm (p=0,02). Na análise intragrupo os
indivíduos com periodontite avançada apresentaram valores mais elevados de
espessura médio-intimal (p=0,04), velocidade de onda de pulso (p=0,04), proteína C-
reativa (p=0,02) e leucócitos séricos (p=0,04). Periodontite grave não foi associada
com calcificação arterial coronariana. Conclusões: Periodontite grave, aterosclerose
subclínica e elevados marcadores inflamatórios foram mais comumente observados
nos indivíduos com hipercolesterolemia familiar.
Descritores: doenças periodontais, hipercolesterolemia, artérias carótidas/ultra-
sonografia, tomografia computadorizada por raios X, doença das
coronárias/etiologia, fatores de risco.