Analisando a nossa escola, constatamos que a educação está
do jeito que está por falta de boa vontade, principalmente dos
professores. Esta é minha opinião. Porque a gente analisa o
seguinte: são poucos os professores que preparam uma boa
aula, que vão atrás de alguma atividade interessante, que
motivam seus alunos. São raros os que dão aula em pé, que
vão atrás de atividades diferentes para o aluno(...) Professor,
hoje, muitas vezes senta e dali só lê, manda fazer um
questionário, uma atividade e dá uma notinha pra, como se
diz, “eu fiz alguma coisa, está aqui o meu trabalho”. (...) E
não é por aí (...) Outro dia mesmo, estava conversando com
uma professora da UFMS e ela me disse: - Olha Júlia, tem
professor que não tem nem conhecimento dos PCNS(...) Então
se a gente ler, estudar realmente, conseguiremos fazer um bom
trabalho. (...) Quando fala em um trabalho interdisciplinar, a
maioria não sabe trabalhar. Eu mesma tenho dificuldade em
desenvolver projeto na escola porque, quando se em fala
projeto, significa um todo, ou seja, todo mundo tem que
trabalhar de uma forma ou de outra, tem que estar
contribuindo. E na verdade isso não acontece. Ele acaba
sendo só da gente, não conseguimos envolver 100% dos
alunos, muitas vezes por falta de motivação de outro
professor, que não acredita naquilo, acha que não vai dar
certo. (...) O projeto não é uma coisa que terá efeito imediato,
tudo é em longo prazo (..).Então, caso todos os professores
realmente cumprissem o seu papel de professor, se
empenhassem mais, com mais vontade de trabalhar, de fazer
com que o aluno aprenda, poderíamos mudar a educação. Mas
infelizmente, na escola pública, nosso trabalho é todo
fragmentado: eu dou o que acho que está certo, o outro
também, enfim na mesma escola, em séries iguais, há
conteúdos diferentes. JÚLIA)
Notamos que a professora identifica pouca cumplicidade no trabalho
dos colegas, dificultando, portanto, o encaminhamento de um trabalho
coletivo e transformador. E, neste caso, impregna o ambiente escolar,
“levando-o ao sofrimento, ao desgaste, ao desânimo, ao descrédito quanto à
educação, à acomodação, à desconfiança, chegando mesmo à falta de
companheirismo e de engajamento em lutas políticas e até sindicais”
(VASCONCELOS, 2006, p. 25).
Para que haja esta cumplicidade, faz se necessário um marco
referencial
15
. No caso desta instituição seria o Projeto Político Pedagógico
15
Marco Referencial, segundo VASCONCELLOS (2006, p. 182), é a tomada de posição da instituição que planeja em
relação à sua identidade, visão de mundo, utopia, valores, objetivos, compromissos. Expressa o ‘rumo’, a direção que a
instituição escolheu, fundamentado em elementos teóricos da filosofia, das ciências, da fé. Implica, portanto, opção e
fundamentação.