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Universidade Federal do Paraná
Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes
Programa de Pós-Graduação em Design
Patricia Tiemi Lopes Fujita
Análise da apresentação gráfica do conteúdo textual da bula de medicamento
na perspectiva de leitura do paciente em contexto de uso
Curitiba
2009
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SISTEMA DE BIBLIOTECAS
COORDENAÇÃO DE PROCESSOS TÉCNICOS
Fujita, Patrícia Tiemi Lopes
Análise da apresentação gráfica do conteúdo textual da bula de
medicamento na perspectiva de leitura do paciente em contexto de uso /
Patrícia Tiemi Lopes Fujita. – Curitiba, 2009.
160f. : il. algumas color.
Inclui bibliografia
Orientadora: Profª Carla Galvão Spinillo
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Paraná, Setor de
Ciências Humanas, Letras e Artes, Programa de Pós-Graduação em
Design.
1. Medicamentos - Bulas. 2. Leitura. I. Spinillo, Carla G. II. Universidade
Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa
de Pós-Graduação em Design. III. Título.
CDD 615.1
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3
Patricia Tiemi Lopes Fujita
Análise da apresentação gráfica do conteúdo textual da bula de medicamento
na perspectiva de leitura do paciente em contexto de uso
Dissertação de mestrado apresentada ao do
Programa de Pós-Graduação em Design da
Universidade Federal do Paraná,
desenvolvido pela mestranda, Patrícia
Lopes Fujita, sob orientação da Prof. Carla
Galvão Spinillo, PhD.
Curitiba
2009
4
5
Dedicatória
Dedico esta dissertação a meus pais, Celso e Mariângela, pelo amor e apoio incondicional
ao meu trabalho e independência.
Agradecimentos
À minha querida orientadora e grande amiga,
Carla: por todo o apoio, carinho, dedicação e principalmente por sempre
acreditar no meu trabalho mesmo quando eu não acreditava.
À Capes
Pelo apoio financeiro desta pesquisa.
À minhas irmãs,
Tamye e Mayumi, por todas as risadas e momentos inesquecíveis, vocês são
essenciais a minha vida.
Aos meus amigos,
Irena: por sua sensibilidade e amizade atemporal;
Tiago: pelos momentos incomparáveis, por sempre me escutar e me
compreender;
Fernanda: pelos bafos e desabafos, e por uma amizade que cresceu aos poucos,
mas leal e duradoura;
Dani e Talita: à amizade que mesmo separada pelo espaço, o carinho
continua o mesmo;
Paulo e Felipe: pela crescente amizade e companhia em tantos jantares e almoços
que fizeram destes últimos dois anos muito mais divertidos.
6
Ao Programa de Pós-Graduação em Design – UFPR,
A todos os meus professores que contribuíram para o desenvolvimento de minha
dissertação;
Ao Gerson, obrigada pela ajuda e apoio.
À banca avaliadora:
Prof. Stephania Padovani, pelo apoio e orientações esclarecedoras dentro e fora
da sala de aula.
Prof. Maria Isabel Asperti Nardi, por toda à atenção e dedicação, principalmente
em minha banca de qualificação;
Prof. José Augusto C. Guimarães, por ter aceitado o convite para fazer parte de
minha banca de defesa.
7
Resumo
No intuito de melhorar os aspectos gráficos do conteúdo textual da bula de medicamentos
para facilitar o processo de leitura dos pacientes/usuários, este estudo aborda a estrutura e
apresentação gráfica da bula de medicamento na perspectiva de leitura do paciente/usuário
no Brasil. Com o objetivo geral de contribuir para facilitar a leitura da bula de medicamento
por pacientes/usuários, através da adequação da estrutura e apresentação gráfica do
conteúdo textual da bula de medicamentos às estratégias de leitura dos pacientes/usuários.
Com base na revisão bibliográfica desenvolvida, a metodologia adotada constou da
execução de (1) estudo analítico e de (2) estudo de caso de cunho experimental. O estudo
analítico caracterizou-se como descritivo de caráter qualitativo, e consistiu de amostra
aleatória de 20 bulas de medicamento. A partir dos resultados da análise foi possível
constatar muitos problemas de composição gráfica que comprometem seriamente a
legibilidade e o grau de hierarquia (importância) das informações nas bulas de
medicamento. O estudo de caso contemplou a identificação de dificuldades através da
observação das estratégias de leitura de seis participantes utilizando a técnica de coleta de
dados qualitativa do Protocolo Verbal. Os resultados foram discutidos em categorias
baseadas nos principais temas desenvolvidos na fundamentação teórica: estrutura e
apresentação gráfica da bula de medicamento; aspectos que influenciam a leitura
(conhecimento prévio e contexto) e estratégias de leitura. Constatou-se que deficiências na
apresentação gráfica do conteúdo textual (verificadas no estudo analítico) podem
influenciar negativamente nas estratégias de leitura da bula, particularmente pelos
participantes com pouca experiência de leitura com este tipo de documento. Com base nos
resultados de ambos os estudos foram elaboradas diretrizes e espera-se que estas possam
contribuir com a melhoria na qualidade da estrutura e apresentação gráfica do conteúdo
textual da bula de medicamento no Brasil.
Palavras chave: bula de medicamento, estratégias de leitura, conteúdo textual.
8
Abstract
In order to improve the graphic aspects of medicine inserts textual content to facilitate patient’s reading
process, this study investigated the structure and graphic presentation of the medicine insert considering
Brazilian patients’ reading perspective. With the general objective of contributing on the adequacy of the
structure and graphic presentation of the textual content in medicine inserts to the reading strategies of
patients/users in context of use, this study proposes to develop principles and guidelines about the structure
and graphic presentation of the textual content in medicine inserts adequate to patients/users reading
strategies and information needs. In order to attend the objectives of this research, the methodology adopted is
formed by, an analytical study and a study case of an experimental character. The analytical study was
conducted in order to investigate the graphic presentation of the textual content in medicine inserts. This
study, was characterized as a qualitative analysis of twenty medicines inserts. The results showed problems
in the graphic components which negatively affects the legibility and information hierarchy. The case study,
attended the identification of difficulties through the observation of six patients/users reading strategies by
means of the Verbal Protocol, a qualitative data collection technique. The results were discussed in
categories based on the main themes developed in the theoretical chapters: structure; graphic presentation;
influence reading aspects (previous knowledge and context); and reading strategies. It was found that
deficiencies on the graphic presentation of textual content (verified in the analytical study) can negatively
affect on the performance of reading strategies in medicine inserts, particularly by participants that are not
familiar with this kind of document. Finally, based on the results of both conducted studies, some guidelines
were developed and it is expected that these can contribute on the improvement of the structure and graphic
presentation quality on medicine inserts’ textual content in Brazil.
Keywords: medicine insert, reading strategies, textual content
9
Sumário
Capítulo 1 | Introdução -
p. 15
1.1 Contextualização | 15
1.2 Problema de pesquisa | 16
1.3 Objetivos | 17
1.4 Visão geral do método | 17
1.5 Justificativa e relevância para o Design da Informação | 19
1.6 Estrutura da dissertação | 21
1.6.1 Estrutura da dissertação de acordo com o problema e
os objetivos da pesquisa | 23
Capítulo 2 | O design da informação em bulas de medicamentos –
p. 25
2.1 Introdução | 25
2.2 Modalidades de apresentação de informação sobre medicamentos para o paciente | 25
2.2.1 A importância da informação no uso de medicamentos | 27
2.3 O conteúdo textual da bula de medicamento | 28
2.3.1 Classificação e análise da estrutura da bula de medicamento | 30
2.3.2 A apresentação gráfica | 35
2.3.3 Hierarquia gráfica | 39
2.4 Síntese do capítulo e perspectivas | 40
Capítulo 3 | A leitura de bulas de medicamentos –
p.42
3.1 Introdução | 42
3.2 Formas de leitura | 42
3.3 Conhecimentos envolvidos no processo de leitura | 44
3.4 O processamento de informação na atividade de leitura | 46
3.5 Fatores que influenciam o processo de leitura | 48
3.5.1 O papel do conhecimento prévio do leitor | 48
3.5.2 O contexto de leitura | 50
3.6 Estratégias de leitura | 50
3.6.1 Síntese da revisão de literatura sobre estratégias de leitura | 55
3.7 Síntese do capítulo e perspectivas | 56
10
Capítulo 4 | O contexto de uso da bula de medicamento –
p.58
4.1 Introdução | 58
4.2 O processo de aquisição e uso de medicamentos | 58
4.3 A tarefa de ‘Tomar um medicamento’ | 60
4.3.1 Demandas cognitivas da tarefa | 61
4.3.2 Aspectos influenciadores na execução da tarefa | 64
4.4 Síntese do capítulo e perspectivas | 66
Capítulo 5 | Estudo analítico –
p. 68
5.1 Introdução | 68
5.2 Amostra | 68
5.3 Instrumento e protocolo de análise | 69
5.3.1 Analisando a qualidade das variáveis gráficas da amostra | 70
5.4 Resultados do Estudo analítico de bulas de medicamento | 72
5.4.1 Nível 1: Análise dos componentes gráficos | 72
5.4.2 Nível 2: Relação entre os componentes gráficos | 74
5.4.3 Nível 3: Apresentação gráfica global | 76
5.5 Conclusão dos resultados | 77
5.6 Síntese do capítulo e perspectivas | 77
Capítulo 6 | Estratégias de leitura em bula de medicamento –
p. 78
6.1 Introdução | 78
6.2 O Protocolo Verbal para observação de estratégias de leitura de bulas de
medicamentos | 78
6.2.2 Critérios de seleção da amostra | 81
6.2.2.1 Objeto de estudo | 82
6.2.2.2 Participantes | 82
6.2.3 Procedimentos de aplicação do Protocolo Verbal nesta pesquisa | 84
6.2.4 Estratégia de análise dos dados | 85
6.2.4.1 Análise da tarefa para apresentação dos resultados | 86
6.2.5 Categorias para discussão da análise dos resultados | 87
6.3 Resultados da análise das transcrições dos relatos verbais| 89
6.3.1 Participante 1 | 89
6.3.2 Participante 2 | 93
11
6.3.3 Participante 3 | 97
6.3.4 Participante 4 | 99
6.3.5 Participante 5 | 101
6.3.6 Participante 6 | 103
6.4 Discussão dos resultados | 106
6.4.1 Exploração da estrutura textual baseada na seqüência de leitura | 106
6.4.2 Apresentação gráfica | 107
6.4.3 Fatores que influenciam o processo de leitura: conhecimento prévio e
contexto sócio-cognitivo | 110
6.4.4 Estratégias de leitura | 111
6.4.5 Discussão: Estudo analítico x Estudo de caso | 113
6.5 Conclusão | 115
6.6 Síntese do capítulo e perspectivas | 115
Capítulo 7 | Diretrizes para o design de conteúdo textual em bulas de
medicamento no Brasil –
p. 116
7.1 Introdução | 116
7.2 Síntese dos resultados que contribuíram para o desenvolvimento das diretrizes | 116
7.2.2 Apresentação gráfica e resultados do estudo analítico | 117
7.2.3 Fatores que influenciam o processo de leitura: conhecimento prévio e
contexto sócio-cognitivo | 118
7.2.4 Estratégias de leitura | 120
7.3 Diretrizes | 121
7.4 Síntese do capítulo e perspectivas | 122
Capítulo 8 | Conclusões e considerações finais –
p. 123
Referências
– p. 126
Apêndices
Apêndice 1 | Análise individual da bulas: Resultados do Estudo Analítico
Apêndice 2 | entrevista semi-estruturada
Apêndice 3 | Transcrição de relato verbal – participante 1
Apêndice 4 | Transcrição de relato verbal – participante 2
12
Apêndice 5 | Transcrição de relato verbal – participante 3
Apêndice 6 | Transcrição de relato verbal – participante 4
Apêndice 7 | Transcrição de relato verbal – participante 5
Apêndice 8 | Transcrição de relato verbal – participante 6
Apêndice 9 |Texto de Familiarização do Protocolo Verbal
13
Lista de Tabelas
Capítulo 5
Tabela 5.1: Tabela de resultados da analise das bulas de medicamento
Tabela 5.2: Resultados da análise das bulas de acordo com o modelo de Van der Waarde
(1999)
Tabela 5.3: Síntese da análise dos componentes gráficos (Nível 1)
Tabela 5.4: Síntese da análise da relação entre os componentes gráficos (Nível 2)
Tabela 5.5: Síntese da análise da apresentação gráfica global (Nível 3)
Lista de Quadros
Capítulo 1
Quadro 1.1: Plano de coleta de dados
Quadro 1.2: Relação entre o problema e os objetivos desta dissertação e seus capítulos
Capítulo 2
Quadro 2.1 : Modelo de classificação textual (Fonte: MARSHALL, 1984)
Quadro 2.2: Estrutura textual da bula de medicamento, de acordo com as normas da
ANVISA (Resolução RDC Nº 140, 2003).
Quadro 2.3: Classificação textual da bula de acordo com Van Dijk (1992) e Marshall (1984)
Capítulo 3
Quadro 3.1: Tipos de conhecimento armazenado na memória de um leitor
Quadro 3.3: Tipos de contexto que podem ocorrer na leitura de bula de medicamento
Capítulo 4
Quadro 4.1: Modelo de identificação de demanda cognitiva (Fonte: Millitello & Hutton,
1998, p. 1618-1641)
Quadro 4.2: Demanda de atividades cognitivas durante a primeira etapa Abrir a embalagem.
Quadro 4.3: Demanda de atividades cognitivas durante a segunda etapa Considerar a
informação.
Quadro 4.4: Demanda de atividades cognitivas durante a terceira etapa Tomar o medicamento.
Quadro 4.5: Demanda de atividades cognitivas durante a quarta etapa Decisão de saúde.
14
Quadro 4.6: Aspectos que influenciam a tarefa de Tomar o medicamento.
Capítulo 5
Quadro 5.1: Caracterização da amostra analisada (aleatória)
Quadro 5.2: Modelo de análise de bulas de medicamento de Van der Waarde (1999)
Quadro 5.3: Exemplo de análise de bula
Capítulo 6
Quadro 6.1: Tipos de contexto que podem ocorrer na leitura de bula de medicamento em
relação aos contextos citados por Giasson (1993)
Quadro 6.2: Notações de transcrição (Fonte: Fujita, M. & Rubi, 2007)
Quadro 6.3: Síntese dos resultados dos relatos verbais relacionados às estratégias leitura
Quadro 6.4: Resultados da análise dos relatos verbais gerados pelo Protocolo Verbal.
Capítulo 7
Quadro 7.1: Indicação de conteúdo a ser priorizado na estrutura da bula
Lista de Diagramas
Capítulo 4
Diagrama 4.1: Decomposição seqüencial da tarefa Tomar o medicamento
Capítulo 6
Diagrama 6.1: diagrama de estrutura da bula para análise de tarefa
Diagrama 6.2: exemplo de aplicação de análise da tarefa de leitura
Diagrama 6.3: análise da tarefa da seqüência de leitura do Participante 1
Diagrama 6.4: análise da tarefa da seqüência de leitura do Participante 2.
Diagrama 6.5: análise da tarefa da seqüência de leitura do Participante 3.
Diagrama 6.6: análise da tarefa da seqüência de leitura do Participante 4.
Diagrama 6.7: análise da tarefa da seqüência de leitura do Participante 5.
Diagrama 6.8: análise da tarefa da seqüência de leitura do Participante 6.
Diagrama 6.9: Síntese da seqüência de leitura dos seis participantes.
15
Lista de Figuras
Capítulo 2
Figura 2.1: Estrutura da Linguagem (Fonte: Twyman, 1982)
Figura 2.2: Apresentação visual dos principais itens da bula.
Figura 2.3: Identificação do medicamento
Figura 2.4: Informação ao paciente
Figura 2.5: Informação técnica
Figura 2.6: Dizeres legais
Figura 2.7: Exemplo de componentes verbal, pictórico e esquemático na bula de
medicamento
Figura 2.8: Exemplo de componentes verbal, pictórico, esquemático e composto na bula de
medicamento
Figura 2.9: Exemplo de componente composto na bula de medicamento
Figura 2.10: Exemplo de bula com problemas na relação de proeminência e similaridade.
Figura 2.11: Exemplo de bula com problemas na relação de proeminência e similaridade.
Capítulo 3
Figura 3.1: Modelo do Processador Humano de Informações, proposto por Card et. al.
(1983). Fonte: Card et. al. (1983, p.26), adaptado pela autora.
Capítulo 4
Figura 4.1: Processo de aquisição e uso de medicamento ajustado do diagrama de Van der
Waarde (2004, p.85; 2006, p.41).
Figura 4.2: Processo de uso do medicamento (Fonte: Van der Waarde, 2004, p.85)
Figuras 4.3 e 4.4: Perda de informação na retirada de medicamento em blisters.
Figuras 4.5 e 4.6 Blisters fracionados em hospitais
Capítulo 5
Figura 5.1: Uso excessivo de negrito e caixa alta no texto da bula de medicamento.
Figura 5.2: Texto justificado e uso excessivo de negrito.
Figura 5.3: Exemplo de bula com problemas de hierarquia na apresentação gráfica de
informações de status hierárquico distinto.
16
Figura 5.4: Exemplo de bula com problemas de hierarquia na apresentação gráfica de
informações de status hierárquico distinto.
Figura 5.5: Exemplo de bula com problemas de hierarquia na apresentação gráfica de
informações de status hierárquico distinto.
Capítulo 6
Figuras 6.1 e 6.2: Bula utilizada no estudo (frente e verso)
Figura 6.3: relatos do participante 1
Figura 6.4: relatos do participante 1
Figura 6.5: comentários do participante 2
Figura 6.6: relatos do participante 2
Figura 6.7: relatos do participante 2
Figura 6.8: relatos do participante 3
Figura 6.9: relatos do participante 4
Figura 6.10: comentários do participante 5
Figura 6.12: Comentários do participante 6.
Figura 6.13: Mapeamento da seqüência de leitura do participante 6
Figura 6.14: Mapeamento da seqüência de leitura do participante 5
Figura 6.15: Mapeamento da seqüência de leitura do participante 6
Capítulo 7
Figura 7.1: exemplo de aplicação das recomendações (a), (b), (c), (d), (e) e (f)
Figura 7.2: exemplo de aplicação sobre o uso colunas de texto alinhadas à esquerda ao
invés de justificado
17
Capítulo 1 | Introdução
1.1 Contextualização
Segundo a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária (órgão do Ministério da
Saúde) é um documento legal sanitário direcionada a pacientes e a profissionais da saúde,
que contém informações técnico-científicas e orientadoras sobre medicamentos para o seu
uso racional.
Na perspectiva de garantir a qualidade e completude do conteúdo, a ANVISA
estabelece regras em ementa não oficial (Resolução RDC Nº 140, 2003), sobre o conteúdo
das bulas de medicamentos, que em síntese consiste em: identificação do medicamento,
formas farmacêuticas, advertências, informações técnicas aos profissionais da saúde,
informações ao paciente e dizeres legais.
Apesar da preocupação com a qualidade e tipo de conteúdo informacional
veiculado em bulas de medicamentos, a legislação apresenta apenas uma recomendação em
relação à apresentação gráfica do conteúdo textual: corpo da fonte (letra) de tamanho
mínimo de 1,55mm (ANVISA). Aspectos como legibilidade, clareza nas instruções visuais
(quando empregadas) e qualidade na apresentação gráfica do conteúdo textual e estrutura
do documento são desconsiderados, apesar da relevância destes aspectos na leitura e
compreensão de uma mensagem impressa (e.g. WRIGHT, 1999; SLESS, 2004; VAN DER
WAARDE, 2004, 2006). Além destes aspectos, a bula contém diferentes tipos de
conteúdos, como advertências, tabelas, diagramas e termos específicos da área de saúde,
que as tornam um documento de considerável complexidade lingüística e gráfica para os
pacientes/usuários, particularmente para aqueles com pouca ou nenhuma experiência de
leitura deste tipo de conteúdo.
A bula de medicamento contém informações que são de interesse tanto para
profissionais da saúde como para pacientes/usuários. Porém, as necessidades
informacionais dos pacientes/usuários podem diferir dos profissionais da saúde. Segundo
Dickinson e Raynor (2003) os pacientes geralmente priorizam informações sobre um
fármaco relacionadas aos efeitos colaterais, contra-indicações, e posologia (modo de uso),
enquanto que aos profissionais da saúde interessam as informações técnicas,
farmacológicas e de composição do medicamento.
18
As pesquisas nas áreas de saúde e design sobre bulas de medicamentos geralmente
enfocam a regulamentação, contexto de uso, vieses culturais e características sociais do
documento e seus usuários, dependendo do país em que são conduzidas, como Estados
Unidos, Austrália e alguns países na Europa (e.g. VAN DER WAARDE, 2004, 2006;
SLESS, 2004; DICKINSON & RAYNOR, 2003; KESSELS, 2003; GUSTAFSSON et al,
2005, MORRIS & AIKIN, 2001, GRIME et al, 2007, WALSH & SHAW, 2000). Apesar da
relevância da contribuição destas pesquisas, elas não abrangem os aspectos legislativos,
sociais e culturais aliados ao design da informação em bulas de medicamentos no Brasil.
Portanto, pesquisas considerando a qualidade das informações e de sua representação
gráfico-tipográfica em documentos instrucionais e informacionais na área de saúde, como a
bula, são de extrema importância para países em desenvolvimento, como o Brasil, para
atender às necessidades de leitura dos pacientes/usuários. Além disso, é preciso identificar
o contexto de uso da bula de medicamento para que seja possível a elaboração de conteúdo
textual no escopo do design da informação, adequado aos pacientes/usuários.
Considerando os fatores explicitados acima, a proposta deste estudo é investigar a
apresentação gráfica do conteúdo textual de bula de medicamento no âmbito do design da
informação, considerando a perspectiva de leitura do paciente/usuário, em contexto de
uso. Assim, tornando possível identificar as dificuldades dos pacientes/usuários através da
observação de suas estratégias de leitura.
1.2 Problema de pesquisa
A partir da introdução apresentada no item anterior, definiu-se o problema de pesquisa
geral, a partir da questão de pesquisa a seguir:
“Como melhorar a estrutura e apresentação gráfica do conteúdo textual da bula de
medicamentos para facilitar o processo de leitura dos pacientes/usuários?”
Com base no problema geral, foram geradas três perguntas específicas que contribuíram
para a definição dos objetivos específicos:
1. “Quais contribuições o design da informação pode fazer para facilitar o processo de
leitura da bula de medicamento por pacientes/usuários?
19
2. “Qual é a influência do contexto de uso na leitura da bula e no uso de
medicamentos?”
3. “Como melhorar a estrutura e apresentação gráfica do conteúdo textual da bula de
medicamentos em função das dificuldades e estratégias de leitura dos
paciente/usuários?”
1.3 Objetivos
A partir do problema geral de pesquisa, o objetivo geral deste estudo é o de contribuir para
facilitar a leitura do conteúdo textual da bula de medicamento por pacientes/usuários,
adequando a estrutura e apresentação gráfica do seu conteúdo textual às estratégias de
leitura dos pacientes/usuários. No intuito de se concretizar este objetivo principal, foram
estabelecidos como objetivos específicos:
1. Aplicar aspectos teóricos e metodológicos em design da informação à análise de
conteúdo textual de bulas de medicamentos; e das estratégias de leitura do
paciente/usuário;
2. Compreender o contexto de uso da bula de medicamento pelo paciente/usuário;
3. Conhecer o padrão gráfico-informacional das bulas de medicamento no Brasil;
4. Identificar dificuldades, necessidades informacionais e caracterizar as estratégias de
leitura da bula de medicamentos pelo paciente/usuário;
5. Elaborar diretrizes para a estrutura e a apresentação gráfica do conteúdo textual em
bulas de medicamentos para facilitar sua leitura por paciente/usuário.
1.4 Visão geral do método
De acordo com o problema de pesquisa e no intuito de atender aos objetivos estabelecidos
a abordagem metodológica adotada constaram da realização: (1) um estudo analítico e de
(2) um estudo de caso.
O estudo analítico caracterizou-se como uma pesquisa descritiva de caráter
qualitativo com método de observação sistemática, e consistiu de amostra aleatória simples
de 20 bulas de medicamentos. O modelo de Van der Waarde (1999) foi utilizado para a
20
análise da apresentação gráfica do conteúdo textual da amostra (modelo analítico descrito
no item 2.4.2 do Capítulo 2). Este estudo se fez necessário para a observação de padrões
gráficos-informacionais das bulas de medicamentos no Brasil, tornando assim possível
estabelecer a amostra-tipo da bula a ser utilizada no estudo de caso.
O estudo de caso teve enfoque experimental, pois refere-se à observação e
identificação de estratégias de leitura do conteúdo textual da bula de medicamento
selecionada (objeto de estudo) na perspectiva da leitura de 6 pacientes/usuários. Esse
estudo de caso de caráter exploratório, busca proporcionar maior familiaridade com o
problema no intuito de torná-lo explícito (GIL, 1991), ou seja: identificar as possíveis
dificuldades dos pacientes/usuários durante a leitura da bula, sob uma abordagem
qualitativa em design da informação.
Foi empregado como método/técnica de coleta de dados no estudo de caso, o
protocolo verbal. Os dados foram analisados de acordo com os parâmetros estabelecidos
por Wright (1999) e a superestrutura de conteúdo da bula estabelecida pela legislação
vigente na ANVISA. O Quadro 1.1 apresenta um breve delineamento do [1] estudo
analítico e do [2] estudo de caso. Na primeira coluna são apresentados os estudos
conduzidos (analítico e de caso). Na segunda e terceira coluna são apresentados os
métodos e técnicas de coleta de dados utilizados em cada um dos estudos. A amostra do
estudo analítico e os participantes do estudo de caso são descritos na quinta e sexta
colunas.
Métodos e técnicas de
coleta de dados
Instrumentos de análise
dos dados
A
mostra Participantes
[1]
Estudo
analítico
Observação sistemática
(análise qualitativa)
Modelo de
V
an der
Waarde (1999)
20 bulas de
medicamentos
[2]
Estudo
de caso
Protocolo Verba
l
Para identificação de
dificuldades através da
observação das estratégias de
leitura
(coleta e análise qualitativa)
Parâmetros de Wright
(1999)
A
mostra-tipo:
Uma bula de
medicamento
selecionada a
partir do
estudo
analítico
6
pacientes/leitores
Estrutura da bula de
acordo com as normas da
ANVISA.
presentação gráfica
Fatores que influenciam a
leitura
Quadro 1.1: Delineamento dos estudos
21
1.5 Justificativa e relevância para o Design da Informação
Horn (1999) define o design da informação como a arte e a ciência de preparar informação
passível de ser usada com eficiência e efetividade pelos seres humanos (HORN, 1999).
Segundo o autor, o conceito de Design da Informação é bastante abrangente e seus
significados são variados. Para um esclarecimento do conceito no contexto deste trabalho,
buscaram-se algumas colocações feitas por estudiosos da área.
Redish (2000), apud Souto (2004), ao falar dos diferentes significados do Design da
Informação, o considera sobre a combinação de dois enfoques:
1. Como processo completo: envolvendo o desenvolvimento de todos os elementos
de informação. Isto requer a compreensão do que se está tentando alcançar, quem
desenvolve a atividade e como faz uso das informações.
2. Como apresentação da informação: neste sentido, engloba a elaboração do layout
de apresentação da informação; o uso da tipografia e das cores; e, entre outras
coisas, o estudo das relações entre as imagens e as palavras. Envolve a seleção de
conteúdos e a organização do modo como os usuários acessam e encontram o que
eles necessitam rapidamente.
No primeiro enfoque, o Design da Informação pode ser compreendido como
metadesign. Dervin (1999) o considera como o design do design, ou seja, design para
auxiliar as pessoas a fazerem, ou não, uso das informações e a dar sentido, ou não, as
coisas. Neste caso é possível analisar sobre a perspectiva de uso de um documento ou
dispositivo (e.g. leitura de documentos instrucionais, navegação de websites, etc.),
centrados no usuário.
No segundo, o Design da Informação engloba na perspectiva do primeiro enfoque,
a organização visual da informação e nesta se desenvolve um trabalho prático de sua
configuração visual através da comunicação por palavras, ilustrações, tabelas, gráficos,
mapas, pictogramas, etc., tanto por meios analógicos (e.g. impressos) como digitais (e.g.
eletrônicos).
De acordo com as definições apresentadas, o design de informação aplicado ao
design de instruções visuais, são amplamente utilizadas para facilitar a comunicação de
mensagens complexas referentes à montagem e/ou ao uso de produtos. As instruções
visuais desempenham um papel de importância na vida contemporânea, pois constituem
22
um sistema de informação que auxiliam sobre a execução de tarefas relacionadas a diversas
áreas como lazer, segurança, saúde e habitação; ratificando sua importância social.
Desta maneira, a satisfatória realização de uma tarefa relacionada a produtos
depende da completude das informações fornecidas no material instrucional e da qualidade
da apresentação gráfica destas, caso contrário, sérias conseqüências podem ocorrer tanto ao
usuário quanto ao produto (e.g. WRIGHT, 1999; SPINILLO, 1999, 2002). Portanto, para
fazer o uso correto de um produto, é necessário compreender as instruções e informações
apresentadas. Neste sentido, a informação deve ser produzida para que possa ser utilizada e
compreendida por diversos tipos de audiências (GREGORY, 2004).
As informações visuais exercem um papel importante no uso de medicamentos e a
compreensão do conteúdo é parte de uma eficiente comunicação entre os que provêm
cuidados a saúde e os pacientes (VAN DER WAARDE, 2004). Portanto, para fazer o uso
correto de um medicamento, é preciso ler e compreender o conteúdo apresentado na bula,
que é um documento instrucional. Neste sentido, Spinillo (2000) considera que para a
informação ser utilizada e compreendida eficazmente, esta deve ser
desenvolvida/direcionada à audiência pretendida. Neste caso, o paciente é o tipo de usuário
a ser considerado
O não suprimento das necessidades informacionais e a falta de familiaridade do
leitor com a informação podem levar à incompreensão de seu conteúdo e, portanto,
influenciar negativamente o desempenho na execução de tarefas relacionadas à um produto
(e.g. tomar um medicamento ou trocar o pneu de um carro). Dependendo do tipo de
documento, põe-se em risco a vida do usuário, como é o caso de informações na área de
saúde direcionadas a pacientes/usuários.
De acordo com Spinillo et al (2007), a informação na área de saúde vem adquirindo
importância entre pesquisadores em design da informação de diversos países (e.g. Austrália,
Bélgica, México, Inglaterra, Estados Unidos) nos últimos anos. Segundo a autora, muitas
pesquisas têm sido desenvolvidas sobre vários temas nesta área, como: sinalização de
hospitais e unidades de saúde, design de formulários para pacientes (e.g. prescrição
médica), design de sistemas digitais na área de saúde/informação para pacientes e
profissionais da saúde (e.g. portais de informação, bases de dados, softwares), uso e
informação de medicamentos, e sobre informação impressa em embalagens e bulas de
medicamentos destinados aos pacientes (e.g. GONÇALVES et al, 2002; LEITE &
SOARES, 2006; VAN DER WAARDE, 2004, 2006; SLESS, 2004; DICKINSON &
23
RAYNOR, 2003; KESSELS, 2003; GUSTAFSSON et al, 2005, MORRIS & AIKIN, 2001,
GRIME et al, 2007, WALSH & SHAW, 2000).
Na perspectiva das crescentes pesquisas em design da informação na área de saúde
sobre o uso e informação de medicamentos, este estudo aborda a estrutura e apresentação
gráfica da bula de medicamento na perspectiva de leitura do paciente/usuário no Brasil.
1.6 Estrutura da dissertação
Na perspectiva de atender aos objetivos e etapas definidos para esta pesquisa, estruturou-se
o sumário da dissertação, em oito capítulos. A descrição de cada um dos capítulos é
apresentada a seguir:
Capítulo 2 | O design da informação em bulas de medicamentos
Inicialmente, o segundo capítulo aborda o papel do design da informação na área de saúde
sob o enfoque da bula de medicamento, e a importância deste documento no uso de
medicamentos. São apresentados argumentos no âmbito do design da informação que
ratificam a importância da bula e sua investigação. Foram também abordados os
referenciais teóricos sobre a estrutura textual da bula de medicamento em relação à
apresentação gráfica de seu conteúdo sob as normas e legislação vigente. Quanto à
estrutura, apresentam-se as funções textuais da bula denominadas por Marshall (1984) e sua
classificação superestrutural, de acordo com Van Dijk (1992). Sobre a apresentação gráfica,
são discutidos os aspectos gráficos e deficiências de ordem gráfico-informacional do
conteúdo que podem vir a dificultar a leitura e compreensão de bulas de medicamentos.
Capítulo 3 | A leitura de bula de medicamentos
No terceiro capítulo apresenta-se uma revisão da literatura sobre a leitura e a caracterizando
o leitor de bula de medicamento. São discutidos os processos e estratégias de leitura
durante o processamento de informação textual, como base nos modelos estruturados por
Card et al. (1983) e Paivio (1986). O conhecimento prévio do leitor sobre o tema e o
contexto de leitura também são considerados neste capítulo, como fatores que influenciam
nas estratégias de leitura .
24
Capítulo 4 | Contexto de uso da bula de medicamento
Apresenta-se neste capítulo uma análise de tarefa sobre o contexto de uso e a demanda de
atividade cognitiva necessária para se executar a ‘tarefa de tomar um medicamento’. A análise foi
realizada considerando o diagrama estruturado por Van der Waarde (2004, 2006) sobre a
experiência de um paciente durante a aquisição e uso de um medicamento. A partir deste
foi elaborada a representação de tarefa com estrutura de decomposição proposta por
Moraes e Mont’Alvão (1998). Em seguida, a tarefa foi analisada em etapas através do
modelo desenvolvido por Militello e Hutton (1998) para identificar quais ações demandam
maior atividade cognitiva. Concluiu-se que a ocorrência de problemas na consideração de
informações em algumas etapas pode afetar o sucesso da tarefa e conseqüentemente
comprometerem a eficácia do tratamento e a saúde do paciente/usuário. Infere-se também
que as informações de conhecimento prévio adquirido durante todas as fases de aquisição
do medicamento podem influenciar nos interesses de leitura do paciente inserido neste
processo, e, portanto em suas estratégias de leitura.
Capítulo 5 – Estudo analítico
O capítulo 5 aborda o estudo analítico, onde são apresentadas as técnicas de coleta de
dados, parâmetros de análise e os resultados. Este estudo foi realizado no intuito de
investigar e aprofundar o conhecimento sobre a apresentação gráfica e estrutura da bula de
medicamento. A partir dos resultados da análise foi possível constatar muitos problemas de
composição gráfica que comprometem seriamente a legibilidade e o grau de hierarquia
(importância) das informações nas bulas de medicamento. Por fim, através da análise das
bulas de medicamento, foi possível conhecer melhor as formas de apresentação gráfica e
detectar deficiências. A partir da amostra, foi selecionada uma bula de medicamento
(amostra-padrão) para ser utilizada no estudo de caso.
Capítulo 6 – Estudo de caso: Protocolo Verbal aplicado à observação de estratégias de leitura em bula de
medicamento
Neste capítulo é apresentado o estudo de caso, que consta da observação e identificação de
estratégias de leitura do conteúdo textual de uma bula de medicamento (objeto de estudo)
na perspectiva da leitura do paciente/usuário em contexto de uso. Foi utilizada a técnica
qualitativa de coleta de dados do Protocolo Verbal, sendo os dados analisados através de
diagramas de análise das seqüência da tarefa de leitura. Os resultados foram discutidos a luz
de categorias baseadas nos principais temas desenvolvidos na fundamentação teórica:
25
estrutura e apresentação gráfica da bula de medicamento; aspectos que influenciam a leitura
(conhecimento prévio e contexto) e estratégias de leitura. Por fim, constatou-se que a
influência das deficiências/problemas verificadas no estudo analítico em relação à estrutura
e apresentação gráfica do conteúdo da bula de medicamento foram avaliados e
comprovados na análise e discussão dos resultados dos relatos verbais.
Capítulo 7 - Proposta de diretrizes para o design do conteúdo textual de bulas de medicamento
No sétimo capítulo, é apresentada uma proposta de diretrizes para o design do conteúdo
textual da bula de medicamento no Brasil, com base na revisão bibliográfica e nos
resultados obtidos no estudo analítico e no estudo de caso. As diretrizes foram organizadas
com base nas categorias de discussão da análise dos dados (estrutura; apresentação gráfica;
aspectos que influenciam a leitura: conhecimento prévio e contexto; e estratégias de leitura)
as quais contemplam os principais tópicos abordados nos capítulos da fundamentação
teórica.
Capítulo 8 - Considerações finais
No capítulo 8, são apresentadas as últimas ponderações acerca da fundamentação teórica e
dos resultados gerados pelos dados coletados. A partir destas considerações são relatadas as
principais contribuições para a área do design da informação e possíveis desdobramentos
desta pesquisa.
1.6.1 Estrutura da dissertação de acordo com o problema e os objetivos da pesquisa
O Quadro 1.2 a seguir apresenta a relação entre o problema e os objetivos desta dissertação
e seus capítulos de forma a explicitar a integração e coerência entre estes, a partir do
problema e objetivo gerais postos previamente. O primeiro objetivo específico encontra-se
contemplado nos capítulos 2 e 3; o segundo foi desenvolvido no capítulo 4; o terceiro foi
abordado no capítulos 5; o quarto no capítulo 6 e o quinto nos capítulos 7 e 8.
26
Problema geral: “Como melhorar a estrutura e apresentação gráfica do conteúdo textual da bula
de medicamentos para facilitar o processo de leitura dos pacientes/usuários?”
Objetivo geral: Contribuir para facilitar a leitura do conteúdo textual da bula de medicamento por
pacientes/usuários, através da adequação da estrutura e apresentação gráfica do seu conteúdo
textual às estratégias de leitura dos pacientes/usuários
Objetivo específico 1:
Estudar aspectos teóricos e metodológicos em design da informação para análise de conteúdo textual de bulas de
medicamentos; e das estratégias de leitura do paciente/usuário
Capitulo 2
O design da informação em bulas de
medicamentos
Capitulo 3
A leitura de bula de medicamentos
Objetivo específico 2
Compreender o contexto de uso da bula de medicamento pelo paciente/usuário
Capitulo 4
Contexto de uso da bula de medicamento
Objetivo específico 3
Conhecer o padrão gráfico-informacional das bulas de medicamento no Brasil
Capitulo 5
Estudo analítico
Objetivo específico 4
Identificar e caracterizar as estratégias de leitura da bula de medicamentos pelo paciente/usuário
Capitulo 6
Estratégias de leitura em bulas de medicamento (Estudo de caso: Protocolo Verbal aplicado à
observação de estratégias de leitura em bula de medicamento)
Objetivo específico 5
Elaborar diretrizes para a estrutura e a apresentação gráfica do conteúdo textual em bulas de medicamentos para
facilitar sua leitura por paciente/usuário.
Capitulo 7
Proposta de diretrizes para o design do
conteúdo textual de bulas de medicamento
Capitulo 8
Considerações finais
Quadro 1.2: Relação entre o problema e os objetivos desta dissertação e seus capítulos
27
Capítulo 2 | Design da informação em bulas de medicamento
2.1 Introdução
Neste capítulo, a bula de medicamento é abordada na perspectiva do design da informação,
apresentando inicialmente uma revisão bibliográfica sobre sua importância para a área de
saúde. Neste sentido, são discutidos alguns argumentos que ratificam a bula como um
documento essencial no uso de medicamentos e a necessidade de sua investigação.
No intuito de se investigar o conteúdo textual da bula foram apresentados
referenciais teóricos sobre a estrutura textual em relação ao seu modo de apresentação
gráfica. Sobre a estrutura, foram discutidas as funções textuais da bula denominadas por
Marshall (1984) e sua classificação superestrutural, de acordo com Van Dijk (1992). Quanto
à apresentação gráfica, são caracterizados e analisados os aspectos gráficos e deficiências de
ordem gráfico-informacional do conteúdo textual que podem dificultar a leitura das bulas
de medicamentos.
2.2 Modalidades de apresentação da informação sobre medicamentos para o
paciente
Através da comunicação ocorre a transmissão de informações, desta forma interagimos
com o mundo ao nosso redor e adquirimos experiência estabelecendo relações sociais,
lendo um jornal ou livro, ouvindo o rádio, realizando tarefas do dia a dia, etc. A informação
cumpre um papel importante neste sentido, pois, segundo Robredo (2003) esta baseia-se
no registro de conhecimentos para sua transmissão, representada através da linguagem.
A linguagem é o ponto de partida da transmissão de informação, servindo como
sua principal ferramenta, e coexistindo de várias formas. Neste sentido Twyman (1982),
distingue a linguagem através de dois canais: auditivo e visual. De acordo com a Figura 2, o
canal auditivo é veiculado de modo verbal e não-verbal; e o canal visual por meios gráficos
no modo verbal, pictórico e esquemático; e não-gráficos.
28
Figura 2.1: Estrutura da Linguagem (Fonte: Twyman, 1982).
De acordo com a Figura 2, neste modelo Twyman (1985) explica que a primeira
distinção da linguagem é feita através do Canal de comunicação. Os canais são relacionados
à comunicação recebida através da audição (auditivo) e da visão (visual). O canal visual é
dividido em gráfico e não-gráfico. Para Twyman (1985), a linguagem gráfica se define por
marcas visuais registradas pelas mãos ou por máquinas, e outras formas de linguagem visual
como gestos e expressão facial, são caracterizadas como não-gráficas . Segundo este autor, a
linguagem visual gráfica é subdividida em três categorias: verbal, pictórica e esquemática.
Neste sentido, Van der Waarde (1999), denomina verbal como todos os elementos que
podem ser pronunciados, e pictóricos como todas as marcas que podem ser interpretadas
como figura. A categoria esquemática, de acordo com Twyman (1985), inclui todas as
marcas gráficas que não são identificadas como palavras, números ou figuras.
A área de estudo da linguagem gráfica é o design da informação, e seu principal
foco é o desenvolvimento, o preparo da linguagem visual para a transmissão de informação
visual registrada tanto de forma impressa como digital. A linguagem gráfica impressa no
modo verbal em bulas de medicamentos é o foco deste estudo. O modo verbal refere-se ao
texto da bula, no qual aspectos tipográficos na composição textual (e.g. tamanho da letra,
espaçamento entre linhas) são relevantes para a configuração gráfica deste documento.
De acordo com essas considerações, o item a seguir discute a importância da
informação visual no uso de medicamentos.
29
2.2.1 A importância da informação no uso de medicamentos
A informação sobre um medicamento exerce um papel importante em seu uso e sua
compreensão é parte de uma eficiente comunicação entre os que provêm cuidados à saúde
e aos pacientes (VAN DER WAARDE, 2004). Desta forma, Van der Waarde (2006),
considera que para proporcionar informações relevantes, é essencial investigar todo o
processo de obtenção e uso de medicamentos. Neste sentido, é necessário analisar as
situações nas quais a informação é usada pelos pacientes, pois esta desempenha um papel
importante durante o processo não apenas de uso de um medicamento, mas também de
sua aquisição após a prescrição médica.
Raynor (1993) concorda que os profissionais da saúde cumprem um papel
importante no processo de obtenção da informação, devendo proporcionar aos pacientes
tanto informação oral como escrita, contribuindo desta forma, no conhecimento prévio do
medicamento por parte do paciente/leitor.
Em estudo realizado por Dickinson et al (2003), sobre os interesses do paciente,
constatou-se que estes buscam informações sobre um medicamento, tanto de forma oral
através de profissionais da saúde, como escrita em bulas de medicamentos. Segundo os
autores, geralmente as informações mais solicitadas são relacionadas aos efeitos colaterais,
contra-indicações, e posologia (DICKINSON et al, 2003).
Em levantamento realizado por Fujita, P (2006), observou-se que grande parte das
informações contidas na bula não é de interesse de pacientes, como tabelas de composição
química, dados médicos, etc. Os profissionais da saúde, por sua vez, consideram que a
prescrição médica é o documento mais relevante para os pacientes. Entretanto, vale
ponderar que a prescrição médica, apesar de objetiva e essencial ao paciente, não contém
algumas das informações necessárias ao uso de medicamentos, como: advertências, contra-
indicações e efeitos colaterais que estão presentes na bula. Portanto, a bula, juntamente
com a prescrição médica são documentos essenciais para a aquisição e uso adequado de
medicamentos, possuindo funções informacionais diferenciadas. O uso/consulta isolada
destes documentos, pode acarretar em desconhecimento e equívocos de informações
essenciais ao usuário/paciente levando até mesmo a ações indesejáveis, como a auto-
medicação, que coloca a sua saúde em risco.
Em estudo realizado por Silva et al. (2000), a bula foi apontada como a fonte de
informação mais importante sobre medicamentos após a prescrição médica. Tanto a
informação oral quanto a escrita sobre o uso de medicamentos são importantes e
30
complementares na educação do paciente. Os autores afirmam ainda que a informação oral
fornecida pelo médico é freqüentemente insuficiente, tendo em vista que, na consulta, o
paciente pode priorizar as informações recebidas sobre a doença e o diagnóstico, prestando
menor atenção às informações sobre o medicamento prescrito. Além disso, o paciente
pode não compreender a informação verbal ou esquecer parte dela após a consulta.
Portanto, a informação escrita constitui um reforço tanto do ponto de vista cognitivo
quanto de memória. Neste sentido, o conteúdo informacional da bula de medicamento
torna-se um meio efetivo de apoio e complementação às orientações orais transmitidas ao
paciente sobre o medicamento, para auxiliá-lo no processo de aquisição e uso deste
documento.
Considerando a importância das informações contidas na bula para o uso de
medicamentos, os itens a seguir abordam a relação entre a estrutura e a apresentação gráfica
de seu conteúdo informacional.
2.3 O conteúdo textual da bula de medicamento
Segundo Giasson (1993), o texto é o material preparado para ser lido, podendo ser
considerado sob três aspectos: a intenção do autor, a estrutura do texto e o conteúdo. O
autor estrutura o texto direcionando-o a um tipo de leitor, e orientando-o aos outros dois
elementos (texto e conteúdo). A estrutura diz respeito à forma como o autor organizou as
idéias no texto, e o conteúdo se refere ao modo como o autor decidiu transmiti-las, tais
como, conceitos, conhecimentos e vocabulário. Nesta perspectiva, Marshall (1984) apud
Giasson (1993), propõe um modo de classificar textos, no que diz respeito à sua estrutura
(Quadro 2.1):
Funções (intenção do autor) Forma
Seqüência Tempora
l
T
ema
A
gir sobre as emoções
T
exto narrativo (conto, narrativa, lenda,
romance...)
T
exto poético
(expressivo)
A
gir sobre o comportamento
T
exto diretivo (receitas, regras de jogo,
instruções...)
T
exto incitativo
(persuasivos)
A
gir sobre os conhecimentos
T
exto informativo (com seqüência
temporal: acontecimentos históricos)
T
exto informativo
(conhecimento)
Quadro 2.1: Modelo de classificação textual (Fonte: MARSHALL, 1984)
31
De acordo com o Quadro 2.1, Marshall (1984), relaciona a existência de seqüência
temporal (que tem a ver com a estrutura do texto) às intenções de comunicação do autor
(funções), que determinam o seu tema.
Tendo isso em vista, é possível relacionar este modelo à estrutura da bula de
medicamento: o texto se refere ao conteúdo da bula, cujo autor é o fabricante do
medicamento que estrutura o texto da bula, com a função de agir sobre o comportamento
e conhecimento do leitor (paciente), classificando-se como um texto diretivo informativo.
Com relação a esta descrição, Walker (2001) considera que o autor através da
estrutura utilizada no texto, determina as características da mensagem escrita, tanto na
linguagem utilizada como na forma de organização visual (e.g. carta formal impressa ou
informal escrita à mão); e ainda afirma que existe uma relação natural entre a organização
visual de um documento e a sua intenção de uso, por isso é preciso considerar quem irá
utilizá-lo e como será utilizado no processo de design de conteúdos textuais que, no caso
da bula, é o leitor/paciente.
Para Van Dijk (1992), o que o leitor procura durante a leitura é a informação
importante, podendo esta variar de um leitor para outro. Em vista disso, são consideradas
duas categorias de informação importantes: a informação textualmente importante
considerada pelo autor; e a informação contextualmente importante considerada pelo leitor
mediante a sua intenção de leitura.
No que se refere a bula de medicamentos, há informações direcionadas a diferentes
tipos de leitor: [a] informações de interesse de médicos e profissionais da saúde, que se
referem à composição, características químicas e farmacológicas do medicamento; e [b]
informações para o interesse do paciente direcionado, talvez, nos efeitos colaterais,
posologia, advertências e indicações terapêuticas, redigido em um texto de um único
documento que, em principio, deve ser entendido por todos os tipos de leitores. Assim,
pode se inferir que a natureza da bula de medicamento é desse modo, a de um documento
informativo dirigido a todos envolvidos em seu uso, e não de um conteúdo informacional
direcionado às necessidades informacionais do paciente como usuário final.
Quanto à informação considerada pelo autor/desenvolvedor na bula, apesar de ser
composta pelos fabricantes de medicamentos com todas as informações exigidas pela
legislação da ANVISA, parece não se vincular a uma preocupação de como será lida e
compreendida, tanto com relação à linguagem e estrutura textual utilizada como à sua
apresentação gráfica.
32
2.3.1 Classificação e análise da estrutura textual da bula de medicamento
Para se entender a estrutura textual de bulas de medicamentos, faz-se necessário uma breve
explanação sobre estrutura de textos em geral, visto que a bula é um documento escrito. A
estrutura de um texto está diretamente conectada ao seu conteúdo, podendo, portanto
variar com diferentes tipos e níveis. Neste sentido, Van Dijk (1992) denomina as diferentes
estruturas globais como superestruturas que caracterizam os tipos de texto. A superestrutura,
segundo Van Dijk (1992), é a forma de um texto e sua macroestrutura, o conteúdo. O autor
ressalta que os tipos de textos se distinguem entre si, não só por suas diferentes funções
comunicativas, mas também por suas funções sociais, sendo que possuem tipos de
construção distintos.
Para Ferreira e Dias (2005), a leitura de um texto além de ser determinada pelos
conhecimentos e experiências do leitor, é também definida por sua superestrutura. Nesta
perspectiva a superestrutura exige diferentes tipos de estratégias e determina a natureza da
relação que o leitor mantém com o texto. Desta forma, a autora valida que a posição de um
leitor frente a um texto muda de acordo com a sua superestrutura (e.g. uma lista telefônica
não é de natureza similar a que ele assume frente a um texto narrativo, por exemplo), de
modo que a superestrutura textual orienta a leitura que o leitor faz do texto (FERREIRA &
DIAS, 2005).
As superestruturas podem ser representadas por três tipos de estruturas textuais:
narrativa, argumentativa e institucional. Segundo Van Dijk (1992) a narrativa é a estrutura
mais básica, pois se caracteriza pela comunicação cotidiana (e.g. contamos a alguém o que
fizemos durante o dia ou uma viagem), sendo que as descrições das circunstâncias e objetos
ou fatos são subordinados às ações dos sujeitos da narração contados por apenas um
narrador (desta forma se diferencia um texto narrativo de um catálogo, por exemplo). A
estrutura argumentativa se baseia na seqüência hipótese-conclusão, e atua com um diálogo
persuasivo (e.g. artigo científico ou anúncio publicitário). De acordo com Van Dijk (1992)
existem estruturas textuais que não são convencionais (narrativas e/ou argumentativas),
mas institucionais porque se baseiam em regras/normas de uma determinada instituição
social. Isto se aplica a bula de medicamentos, visto que esta é dotada de uma estrutura
institucional, pois seu conteúdo é estruturado por normas estabelecidas pela ANVISA. O
Quadro 2.2 a seguir apresenta em ordem sequencial a estrutura do conteúdo da bula de
medicamento de acordo com as normas estabelecidas pela ANVISA (Resolução RDC Nº
140, 2003).
33
T
ítulos Subtítulos
[1[ Identificação do medicamento
Nome comercial ou marca do medicamento.
Formas farmacêuticas, vias de administração e
apresentações comercializadas.
Composição: Peso, volume líquido ou quantidade de
unidades, conforme o caso.
[2[ Informações ao paciente
A
ção do medicamento.
Indicações do medicamento
Riscos do medicamento (contra-
i
ndicações, advertências,
precauções e principais interações medicamentosas,
inclusive com alimentos e testes laboratoriais)
Modo de uso ou posologia
Reações adversas
Conduta em caso de superdose
Cuidados de conservação e uso
Características farmacológicas
[3] Informações Técnicas aos
profissionais da saúde
Resultados de eficácia
Indicações
Contra indicações
Modo de usar e cuidados de conservação depois de aberto
Posologia
A
dvertências
Uso em idosos, crianças e outros grupos de risco
Interações medicamentosas
Reações adversas a medicamentos
Superdose
A
rmazenagem
Número do registro na ANVISA/MS
[4] Dizeres Legais
Farmacêutico responsável e respectivo número de inscrição
no Conselho Regional de Farmácia da Unidade Federativa.
Nome completo e endereço do fabricante e do titular do
registro.
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, CNPJ.
T
elefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor da
empresa.
Quadro 2.2: Estrutura textual da bula de medicamento, de acordo com as normas da ANVISA (Resolução
RDC Nº 140, 2003).
De acordo com o Quadro 2.2, é possível observar que o conteúdo da bula é
dividido pela ANVISA em quatro itens principais, respectivamente: [1] Identificação do
medicamento, [2] Informações ao paciente, [3] Informações técnicas aos profissionais da
saúde e [4] Dizeres legais. Estes itens são apresentados visualmente em uma bula na Figura
2.2 a seguir:
34
Figura 2.2: Apresentação visual dos principais itens da bula.
O item [1] Identificação do medicamento, apresenta informações sobre nome do
medicamento, formas farmacêuticas (e.g. comprimido ou supensão) e composição química
(Figura 2.3).
Figura 2.3: [1] Identificação do medicamento
Na seqüência, o item [2] Informação ao paciente
, que segundo a ANVISA é
direcionado ao paciente, aborda conteúdos, tais como: ação do medicamento (como o
medicamento funciona), descrição das ações farmacológicas, indicações de uso, riscos do
35
medicamento, contra-indicações, advertências, precauções e principais interações
medicamentosas, modo de uso, reações adversas, conduta em caso de superdose, cuidados
de conservação e uso , e características farmacológicas (Figura 2.4).
Figura 2.4: Informação ao paciente
De acordo com a Resolução RDC Nº 140 (2003): “as informações ao paciente são
obrigatórias e devem ser escritas em linguagem acessível, o texto deve ser de fácil compreensão para o paciente
e pode ser na forma de perguntas e respostas”. Porém, estas normas não especificam a forma
como este conteúdo deve ser apresentado (e.g. se deve ser apresentado em seqüência de
itens ou redigido em um único texto).
As [3] Informações técnicas
(Figura 2.5), segundo a ANVISA são direcionadas aos
profissionais da saúde. Descrevem o medicamento com as suas propriedades
farmacológicas fundamentadas técnico-cientificamente, e devem obrigatoriamente abordar:
resultados de eficácia, indicações terapêuticas, contra indicações, modo de usar e cuidados
de conservação depois de aberto, posologia, advertências, uso em idosos, crianças e outros
grupos de risco, interações medicamentosas, reações adversas a medicamentos, superdose,
armazenagem.
36
Figura 2.5: Informação técnica
Os [4] Dizeres legais devem conter obrigatoriamente: número do registro na
ANVISA/MS; nome do Farmacêutico responsável e respectivo número de inscrição no
Conselho Regional de Farmácia da Unidade Federativa; nome completo e endereço do
fabricante e do titular do registro; Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, CNPJ; Telefone
do Serviço de Atendimento ao Consumidor da empresa (Figura 2.5). As normas também
informam para incluir, se necessário, os dizeres: "Uso restrito a hospitais"; "Venda sob
prescrição médica"; "Dispensação sob prescrição médica" (para laboratórios oficiais) e
"Proibida a venda ao comércio".
Figura 2.5: Dizeres legais
37
A descrição de cada um dos itens constitue o conteúdo da estrutura da bula de
acordo com as normas da ANVISA (Quadro 2.2), foi explicitada no intuito de caracterizar
a sua superestrutura nesta pesquisa. As funções textuais da bula denominadas por Marshall
(1984) e sua classificação superestrutural, de acordo com Van Dijk (1992), são descritas e
sintetizadas no Quadro 2.3, a seguir:
Marshall (1984) Van Dijk (1992)
documento funções (intenção do
autor)
sequência
temporal
Superestrutur
a
(estrutura textual)
macroestrutur
a
(conteúdo)
agir sobre o
comportamento e o
conhecimento
T
exto diretivo
informativo
i
nstitucional
Baseia-se em
regras/normas de
uma determinada
instituição social.
Bula instruir e informar sobre o uso do
medicamento
Regras estabelecidas pela ANVISA
(Resolução RDC Nº 140, 2003)
Quadro 2.3: Classificação textual da bula de acordo com Van Dijk (1992) e Marshall (1984)
De acordo com o modelo de Marshall (1984), o texto da bula de medicamento foi
determinado como diretivo informativo, sobre a função de agir sobre o comportamento do
leitor (instruções) e ao mesmo tempo informá-lo (e.g. advertências, contra indicações,
efeitos colaterais). Esta classificação é associada à caracterização da superestrutura (VAN
DIJK, 1992) da bula como institucional, pois o autor de sua macroestrutura (conteúdo) ao
redigi-la, deve seguir as regras estabelecidas por uma instituição social, que neste caso é a
ANVISA.
2.3.2 A apresentação gráfica
No intuito de discutir a concordância e a adequação da apresentação gráfica em bulas de
medicamento, Van der Waarde (1999), estruturou um modelo para análise da apresentação
gráfica deste tipo de documento. Segundo o autor, a concordância gráfica refere-se à
relação entre o conteúdo da informação e sua apresentação visual, enquanto que a
adequação da apresentação gráfica refere-se a o quanto a representação visual é apropriada
nas bulas. O modelo de Van der Waarde (1999), compreende três níveis de análise,
apresentados no Quadro 2.4, a seguir:
38
Nível 1 | Componentes gráficos
Verbais
Pictóricos
Esquemáticos
Composto
Nível 2 | Relação entre os componentes gráficos
Proximidade
Similaridade
Proeminência
Sequencialidade
Nível 3 | Características da apresentação gráfica
global.
Consistência
Características Físicas
Estética
Quadro 2.4: Modelo de análise de bulas de medicamento de Van der Waarde (1999)
De acordo com o Quadro 2.4, o nível 1: componentes gráficos- refere-se à
verificação da existência dos seguintes componentes gráficos da bula de medicamento,
enquanto documento instrucional/informativo:
Componentes Verbais: são todos os elementos que podem ser pronunciados
(Figura 2.6);
Componentes Pictóricos: são todas as marcas que podem ser interpretadas como
figura (Figuras 2.6 e 2.7);
Componentes Esquemáticos: são combinados com outros tipos de componentes
gráficos (verbal e pictórico), que geralmente são: marcadores, cores de fundo, linhas
de sublinhamento, etc (Figuras 2.6 e 2.7);
Componentes Composto: são uma composição de elementos gráficos que não
podem ser muito separados, mas podem ser constituídos de qualquer combinação
de componente verbal pictórico ou esquemático, por exemplo: gráficos, tabelas e
diagramas (Figuras 2.6, 2.7 e 2.8).
39
Figura 2.6: Exemplo de componentes verbal, pictórico e esquemático na bula de medicamento
Figura 2.7: Exemplo de componentes verbal, pictórico, esquemático e composto na bula de medicamento
40
Figura 2.8: Exemplo de componente composto na bula de medicamento
O nível 2: analisa as relações entre os componentes gráficos constatados, as quais
são:
Relação de Proximidade: refere-se à distância entre os componentes gráficos que
são posicionados próximos um do outro, sugerem ter uma forte relação entre os
elementos de informação;
Relação de Similaridade: é uma indicação de parentesco funcional, componentes
que parecem similares possuem um status hierárquico similar. Componentes
gráficos que aparentam ser diferentes apresentam elementos de informação com
um diferente status;
Proeminência: as diferenças entre os componentes gráficos são uma indicação da
importância no status hierárquico entre os elementos de informação, quanto maior
o contraste entre componentes gráficos, maior a diferença no status da informação;
Relação de Seqüencialidade: a seqüência dos componentes gráficos indica a
sucessão dos elementos de informação.
E o nível 3 examina a apresentação gráfica global da bula, com relação à:
Consistência: o consistente uso de componentes gráficos e relações entre
componentes de todo o encarte pode tornar a estrutura da informação mais fácil de
ser compreendida.
Características físicas: seriam as características materiais do documento, no caso:
qualidade de impressão e transparência do papel); e
Estética: relacionada à apresentação gráfica geral em aspectos estéticos.
41
2.3.3 Hierarquia gráfica
O modelo de Van der Waarde (1999), além de analisar os diferentes tipos de componentes
gráficos que compõe o conteúdo da bula, permite avaliar a hierarquia gráfica das
informações, especialmente as textuais.
A hierarquia gráfica informacional refere-se a recursos gráficos utilizados na forma
tipográfica do conteúdo textual que atribuem grau de importância à informação através da
diferenciação e relação entre seus componentes, como por exemplo: negrito, caixa alta,
caixa baixa, espaço, cor, etc. Estes recursos constituem um dos fatores gráficos mais
relevantes na representação de informação textual, e no caso da bula são essenciais,
considerando que seu conteúdo é constituído por diversos tipos de informações de status
hierárquico distintos.
Twyman (1982) classifica e distingue esses recursos como características intrínsecas
e extrínsecas da linguagem gráfica verbal. As intrínsecas são as características próprias dos
caracteres, e seus aspectos particulares: itálico, negrito, tamanho e estilo. As extrínsecas são
aquelas relacionadas à configuração dos caracteres: espaço (entre palavras, entrelinhas,
parágrafos) e cor.
As características intrínsecas e extrínsecas (TWYMAN, 1982) definem as relações
de hierarquia gráfica informacional entre os componentes de um texto. Essas relações são
caracterizadas por Van der Waarde (1999) como proeminência e similaridade (Figuras 2.10
e 2.11), as quais, de acordo com estudos realizados utilizando este modelo como
ferramenta de análise (FUJITA & SPINILLO, 2006; SPINILLO et al, 2007), constituem as
maiores deficiências na apresentação gráfica do conteúdo textual em bulas de
medicamento.
Figura 2.10: Exemplo de bula com problemas na relação de proeminência e similaridade.
42
Figura 2.11: Exemplo de bula com problemas na relação de proeminência e similaridade.
2.4 Síntese do capítulo e perspectivas
Este capítulo abordou o papel do design da informação na área de saúde enfatizando a bula
de medicamento, e a importância deste documento no uso de medicamentos. Foram
também abordados os referenciais teóricos sobre a estrutura textual da bula de
medicamento relação à apresentação gráfica de seu conteúdo. Neste sentido, foram
apresentadas considerações sobre a composição gráfica da bula de medicamentos
relacionada à sua estrutura textual (de acordo com as normas da ANVISA) em relação a
seu autor (fabricante) e leitor (paciente/usuário).
Sobre a estrutura textual, apresentaram-se as funções textuais da bula denominadas
por Marshall (1984) e sua classificação superestrutural, de acordo com Van Dijk (1992). De
acordo com o modelo de Marshall (1984), o texto da bula de medicamento foi determinado
como diretivo informativo, sobre a função agir sobre o comportamento do leitor
(instruções) e ao mesmo tempo informá-lo (e.g. advertências, contra indicações, efeitos
colaterais). Esta classificação é associada à caracterização da superestrutura (VAN DIJK,
1992) da bula como institucional, pois o autor de sua macroestrutura (conteúdo) ao redigi-la,
deve seguir as regras estabelecidas por uma instituição social, que neste caso é a ANVISA.
Em relação à composição gráfica, o modelo analítico estruturado por Van der
Waarde (1999) analisa a bula de medicamento ao nível de sua forma de apresentação
43
gráfica, possibilitando identificar principalmente as relações entre os componentes verbais,
sendo possível constatar problemas de legibilidade e hierarquia da apresentação gráfica do
conteúdo textual das bulas. Quanto à hierarquia da apresentação gráfica, Twyman (1982)
denomina como características intrínsecas e extrínsecas (TWYMAN, 1982), que definem as
relações de hierarquia gráfica informacional entre os componentes de um texto. Essas
relações são observadas no estudo analítico (item 7.2, Capítulo 7) realizado utilizando o
modelo de Van der Waarde (1999) como instrumento de análise das bulas.
De acordo com as considerações apresentadas por Walker (2001) e Ferreira e Dias
(2005) sobre a existência de uma relação entre a organização visual de um documento e a
sua intenção de uso, sendo necessário considerar, neste caso, o leitor da bula, pois parte da
leitura de um texto é determinada pelos seus conhecimentos e experiências. Neste sentido,
o Capítulo 3 aborda a os processos e estratégias de leitura, caracterizando o leitor de bula
de medicamento e seu contexto.
44
Capítulo 3 | A leitura da bula de medicamentos
3.1 Introdução
Este capítulo apresenta uma revisão de literatura sobre a leitura, caracterizando o leitor da
bula de medicamento. O processamento de informação textual é abordado através do
modelo do processador humano de informações (MPHI) de Card et al (1983).
São discutidos os principais referenciais teóricos sobre o processo de leitura, e
principalmente os fatores que influenciam o leitor, tais como: o conhecimento prévio e o
contexto sócio-cognitivo. A partir disto, o conceito de estratégias de leitura é definido e
contrastado na perspectiva de diversos autores.
3.2 Formas de leitura
Segundo Ferreira & Dias (2002, 2005), no intuito de se comunicar criamos e utilizamos
variadas formas de linguagem, através das quais interagimos com o mundo ao nosso redor,
temos acesso às informações, nos expressamos, defendemos pontos de vista, partilhamos
ou construímos visões de mundo e produzimos conhecimento (FERREIRA & DIAS;
2002, 2005). E é através da leitura que captamos as variadas formas de comunicação
desenvolvidas pelo homem, sendo, nos dias de hoje, a linguagem escrita, o principal meio
de transmissão de informação (SMITH, 1989).
De acordo com Silva (2004), o ato de ler é construir significados, ou seja, a leitura é um
processo que envolve a compreensão da linguagem escrita, sendo o leitor um sujeito ativo
que interage com o texto. Segundo este autor, ao ler acionamos os conhecimentos prévios
de que dispomos, sejam sobre o mesmo assunto ou de algo que nos parece relacionado, de
modo que possamos atribuir significados às palavras, às frases e aos parágrafos que lemos.
Neste sentido, Fagundes (2001) caracteriza a leitura como uma atividade que exige do leitor
um olhar atento sobre o texto e o que for retido nesse momento, é simultaneamente
relacionado aos conhecimentos que o leitor possui armazenados na memória, definindo a
leitura como uma atividade interativa que envolve “pensamento e criatividade” em busca
da compreensão pelo texto.
45
Para Fagundes (2001), as formas de leitura que o leitor utiliza podem influenciar o
desempenho de compreensão, em relação ao texto lido. Tais formas de leitura são
classificadas por Kato (1986) como:
Leitura em voz alta: realizadas quando nos deparamos com trechos do texto de
difícil compreensão;
Leitura silenciosa: considerada como resposta - estímulo que é associada a um
significado;
Leitura subvocalizada: considera como lenta, pois obtém dupla decodificação:
letras em sons, e sons em significados, que impedem pôr rapidez à leitura.
Complementando a classificação das formas de leitura, Smith (1989) considera que
a leitura apresenta as seguintes características: [a] objetiva, [b] seletiva, [c] antecipatória e [d]
flexível; sendo justificadas por Fagundes (2001):
Objetiva: o leitor tem o objetivo de compreender o texto, e a compreensão pode
envolver tanto a apreensão do significado que o texto aborda de maneira geral,
como a identificação de seu assunto principal;
Seletiva: na busca do assunto principal o leitor ignora as informação que não lhe
interessam, saltando os trechos considerados irrelevantes para ele;
Antecipatória: o leitor baseado em seu conhecimento anterior sobre o assunto
tratado no texto antecipa o que o autor abordará nos parágrafos seguintes;
Flexível: a leitura pode ser controlada pelo leitor, tendo o poder de determinar o
momento de interromper ou de voltar em trechos já lidos.
Na área de compreensão de leitura, Giasson (1993), considera a leitura como um
processo interativo entre três variáveis: o leitor, o texto e o contexto. O leitor compreende
aquilo que ele lê, a partir de suas estruturas, que dizem respeito a seus conhecimentos
armazenados na memória; e a seus processos cognitivos e metacognitivos de leitura que
tem haver com suas estratégias, ou seja, o que ele faz durante a leitura, e quais habilidades
utilizam.
A partir destas considerações, os itens a seguir abordam o leitor considerando seu
processamento de informação, conhecimentos, estratégias de leitura em relação à leitura do
texto da bula de medicamento, e o seu contexto.
46
3.3 Conhecimentos envolvidos no processo de leitura
Segundo Giasson (1993) o leitor constitui a variável mais complexa do modelo de
compreensão, e no caso da bula de medicamento (documento), o leitor caracteriza-se pelo
paciente, o qual aborda a atividade de leitura com as estruturas cognitivas e afetivas que lhe
são próprias, e recorre a diferentes processos que o permitem compreender o texto. As
estruturas são características próprias do leitor independentes de qualquer situação, e se
distinguem em estruturas cognitivas que dizem respeito a:
Conhecimentos sobre a língua: existem quatro conhecimentos sobre a língua que
o leitor desenvolve de modo natural quando criança que o permite, levantar
hipóteses, por um lado sobre a relação entre oral e escrito e por outro sobre o
sentido do texto, os quais são: fonológicos (servem para distinguir os fonemas
característicos da sua língua), sintáticos (identificam a ordem das palavras em uma
frase), semânticos (conhecimentos do sentido das palavras e das relações entre elas)
e pragmáticos (saber quando utilizar uma fórmula, em que tom falar a uma
determinada pessoa, quando utilizar uma linguagem mais forma...)
Conhecimentos sobre o mundo: constituem um elemento crucial na
compreensão da leitura. Baseia-se na utilização de conhecimentos anteriores através
da compreensão, para gerar um novo conhecimento; sem os conhecimentos
anteriores (prévios), algo complexo como um texto é difícil de ser interpretado ou
compreendido, podendo-se dizer que, ele não tem significação.
Para Koch e Elias (2006), o processamento textual do leitor é dotado de estratégias
sociocognitivas, que mobilizam vários tipos conhecimentos armazenados na memória de
longa duração, divididos em 3 sistemas de conhecimento: lingüístico, enciclopédico e
interacional, detalhados por Koch e Elias (2006) a seguir:
Conhecimento lingüístico: abrange o conhecimento gramatical e lexical, através
dos quais, podemos compreender: a organização do material lingüístico na
superfície textual; o uso dos meios coesivos para efetuar a seqüenciação textual; e a
seleção lexical adequada ao tema ou a modelos cognitivos ativados.
47
Conhecimento enciclopédico: refere-se a conhecimentos gerais sobre o mundo,
como se fosse um banco de dados mental; conhecimentos alusivos a vivências
pessoais e eventos espacio-temporalmente situados.
Conhecimento interacional: diz respeito à formas de interação por meio da
linguagem, que engloba os conhecimentos:
o ilocucional: nos permite reconhecer os objetivos pretendidos pelo produtor
do texto, em uma dada situação interacional;
o comunicacional: relaciona-se com a quantidade de informação necessária
numa situação comunicativa concreta; seleção da variante lingüística
adequada a cada situação de interação; adequação do gênero textual à
situação comunicativa;
o metacomunicativo: permite ao autor assegurar a compreensão do texto e
conseguir a aceitação pelo parceiro dos objetivos com que é produzido;
o superestrutural: diz respeito ao conhecimento sobre os gêneros textuais, que
permitem a identificação de textos como exemplares adequados aos
diversos eventos da vida social.
De acordo com o referencial teórico apresentado sobre os conhecimentos
armazenados na memória de um leitor, é possível traçar uma relação entre Koch e Elias
(2006) e Giasson (1993), de acordo com o Quadro 3.1:
T
ipos de conhecimento armazenado na
memória de um leitor
Koch e Elias (2006) Giasson (1993)
Conhecimento
lingüístico
Conhecimento sobre a
língua
Conhecimento
enciclopédico
Conhecimento de
mundo
Conhecimento
interacional
Quadro 3.1: Tipos de conhecimento armazenado na memória de um leitor
De acordo com o Quadro 3.1, os conhecimentos lingüístico e enciclopédico citados por
Koch e Elias (2006) podem ser interpretados respectivamente da mesma forma que os
conhecimentos sobre a língua e o mundo citados por Giasson (1993), como parte dos
conhecimentos prévios armazenados na memória de um leitor. Apesar desta similaridade
entre estes autores, observa-se que Koch e Elias (2006) apresentam uma caracterização
48
mais abrangente em relação à Giasson (1993), pois caracterizam um terceiro tipo de
conhecimento, o interacional. Este tipo de conhecimento aborda as formas de interação do
leitor em relação a um texto, considerando conhecimentos específicos sobre o texto e à
situação comunicativa no momento de leitura, que influenciam o processamento de
informação textual. No caso da bula, a familiaridade do leitor com a sua superestrutura
textual estabelecida pelas normas da ANVISA, é considerado um dos conhecimentos
interacionais.
Considerando o paciente/usuário como leitor da bula de medicamento, é possível
relacionar os conhecimentos sobre o mundo ou enciclopédico, aos conhecimentos prévios que este
tipo de leitor possui sobre o uso de medicamentos e sobre a bula, adquiridos em
experiências anteriores. As informações obtidas através do processo de aquisição de um
medicamento, segundo Van der Waarde (2004, 2006) inicia-se na [a] prescrição do médico
durante uma consulta (verbal e/ou escrita), em seguida no contato com o [b] farmacêutico
(que eventualmente pode fornecer informações verbais) durante a compra do medicamento
(embalagem e bula). As informações recebidas pelo paciente/usuário neste processo,
também podem ser consideradas como obtenção de conhecimento prévio, a serem
associados aos já armazenados na memória pelo processamento de informação, durante a
leitura da bula.
3.4 O processamento de informação na atividade de leitura
Segundo Kleiman (2007), os modelos de processamento de informação textual lidam com
os aspectos cognitivos da leitura, isto é, aspectos ligados à relação entre o leitor e o texto, e
entre a linguagem escrita e compreensão, memória, inferência e pensamento. Neste sentido,
o processamento de informação será abordado sobre o foco da psicologia cognitiva, entre
dois autores: Card et al (1983) e Paivio (1986).
A psicologia cognitiva, segundo Dias (2007), se preocupa com o entendimento do
comportamento humano e seus processos mentais. Card et al (1983), propõem um modelo
teórico do processador humano de informações (MPHI) constituído de um conjunto de
memórias: Imagem Visual e Auditiva, Memória de Trabalho (MT) e Memória de Longa
Duração (MLD); e processadores: Perceptivo e Cognitivo, conforme ilustra a Figura 3.1.
49
Figura 3.1: Modelo do Processador Humano de Informações, proposto por Card et. al. (1983). Fonte: Card
et. al. (1983, p.26), adaptado pela autora.
De acordo com a Figura 3.1, as informações visuais ou auditivas são captadas pelos
órgãos humanos (input) e através do Processador Perceptivo (PP) são armazenadas como
Imagem Visual [IV] ou Imagem Auditiva [IA] na Memória de Trabalho ou de Curta
Duração (MT OU MCD). O Processador Cognitivo (PC) busca na Memória de Longa
Duração (MLD) a relação (combinação) entre as informações captadas e as já armazenadas,
se esta operação ocorrer com sucesso, o Processador Cognitivo (PC) realiza a recuperação
da informação na MLD para a Memória de Trabalho, a qual se corresponde com o
Processador Motor (PM), transformando as informações em resposta para os órgãos dos
sentidos (output).
Em outro sentido, porém ainda relacionado ao estudo da memória, Paivio (1986)
desenvolveu o “Dual Coding Theory” (DCT), que explica o processamento de informação
textual a partir da cognição incluindo a compreensão e memória para conteúdo textuais.
Sadoski (1999) ao discutir sobre o DCT, esclarece que de acordo com Paivio (1989)
o que escutamos ou vemos, é guardado em nossa memória em forma de representações
mentais. Esse tipo de representação mental é organizada em dois códigos dependendo se o
que vemos ou ouvimos, é verbal ou não-verbal. A memória é dividida em dois sistemas
separados, porém parcialmente interconectados: verbal (especializado em tratar da
linguagem) e o não-verbal (é especializado em lidar com objetos, cenas e eventos não-
verbais; também se refere a um sistema imaginário porque analisa cenas externas e gera
imagens internas).
Com base em Paivio (1989), Sadoski (1999) explica que o sentido de uma palavra
pode ser entendido interverbalmente, através de uma rede de associações lingüísticas. A
palavra abstrata como “verdade” pode ser entendida primariamente através de sua
associação com outras palavras tal como: correto, genuíno, esperançoso, não falso, etc (e.g.
SADOSKI, 1999). O sentido de uma palavra, pode também ocorrer através de sua
referência a imagens não-verbais. Por exemplo, a palavra concreta pizza evoca
representações mentais fortes, e possivelmente o gosto, cheiro e imagens tocáveis, sendo
50
possível notar que a palavra concreta pizza também tem associados verbais como:
mozzarella, peperoni, tomate, etc (e.g. SADOSKI, 1999).
Neste sentido o DCT, assume que a informação processada nos dois sistemas
(verbal e não-verbal) pode ser melhor compreendida e relembrada do que a informação
processada por apenas um dos códigos. Isto é, quando a informação é codificada
verbalmente e não-verbalmente, a informação é elaborada, resultando em um aumento de
sentido e um forte traço de memória. Uma palavra abstrata como “verdade” pode ser
entendida primariamente por associações, mas uma palavra concreta como pizza dá o
acesso a associações verbais e referência a imagens sensoriais. Portanto, pode se afirmar
que a linguagem concreta pode ser melhor compreendida, memorizada e associada aos
conhecimentos prévios do leitor, durante o processamento de conteúdos textuais.
3.5 Fatores que influenciam o processo de leitura
A atividade de leitura é um processo interativo e comunicativo entre leitor-texto-autor. Até
o momento foram discutidos nesta dissertação, o autor e o texto (Capítulo 2) e o leitor
(neste capítulo). Porém existem fatores em relação ao leitor e ao texto que influenciam
diretamente na leitura, que são: o conhecimento prévio e o contexto.
Os conhecimentos armazenados na memória de longa duração são adquiridos
através de experiências vividas pelo leitor, tanto em situações de aprendizagem como em
situações do cotidiano. Estes são caracterizados como conhecimento prévio, auxiliando o
processamento de informação textual.
O contexto, em primeira instância é relacionado à situação em que a leitura ocorre
(aspectos físicos e sociais). Contudo, alguns autores consideram que o contexto não é
somente situacional (social), mas é também pessoal, cognitivo. Este tipo de contexto é
definido como sócio-cognitivo.
3.5.1 O conhecimento prévio do leitor
Koch e Elias (2006) identificam a leitura como uma atividade de construção de sentido que
pressupõe a interação autor-texto-leitor, sendo preciso considerar nessa atividade além dos
subsídios que o texto oferece: os conhecimentos prévios do leitor.
51
Para Fujita, M. (2003), o conhecimento prévio para a compreensão em leitura
depende da memória a longo prazo, um repositório de conhecimentos com tempo e
capacidade de armazenagem permanente e ilimitado e que possui uma estrutura de
conhecimento baseada em uma rede semântica de informações que liga seu “nós” mediante
associações significativas entre conceitos, fatos, ações, etc., ali representados. A autora
esclarece que para se realizar o processo de compreensão é preciso também, que a
Memória de Longa Duração tenha os chamados esquemas ou representações generalizadas
de ambientes, situações familiares e informações, para que se faça associação com tudo
aquilo que se está vendo, ouvindo e lendo (FUJITA, M. 2003).
Neves (2006a) considera que para compreender um texto, os indivíduos ativam
todo o conhecimento prévio (relacionado ao texto) armazenado na memória de longa
duração. O conhecimento anterior facilita o processamento do texto e a compreensão, por
oferecer uma estrutura na qual o conteúdo do material lido possa ser relacionado. A
integração do conhecimento prévio com o texto que está sendo lido permite aos leitores
formar esquemas, que consistem na combinação das informações retiradas do texto com as
proposições formadas a partir de conhecimentos gerais preestabelecidos e da experiência
pessoal dos leitores.
Koch (2002), expõe que os esquemas são gerados a partir de conceitos armazenados
na memória acoplados uns aos outros através de diversos tipos de relações formando
agrupamentos como unidades recuperáveis na memória. Estes agrupamentos são
organizados por objetos complexos que vêm recebendo diversas denominações, como:
esquema (RUMELHART & ORTONY, 1977), modelo mental (WRIGHT, 1999) e modelo
episódico ou de situação (VAN DIJK & KINTSCH, 1983).
Rumelhart e Ortony (1977) entendem esquemas como conjuntos de conhecimentos
que armazenamos sobre diferentes situações, possibilitam ao leitor visualizar uma situação
a partir de variáveis associadas a ela. Tais esquemas “abrem espaço” para interpretações
variadas e criativas, uma vez que são individuais. Durante a leitura de um texto, são
ativados esquemas variados, desde conhecimento de vocabulário, conhecimento da
estrutura textual (superestrutura), do assunto, até conhecimento de mundo.
Para Wright (1999), os esquemas, são estruturas mentais geradas pelos objetivos de
leitura baseadas em expectativas e conhecimentos prévios, como se fossem “espaços em
branco” a serem preenchidos pela informação adquirida através da atividade de leitura.
Van Dijk e Kintsch (1983) caracterizam esquema como modelo episódico ou de
situação, relacionados ao processamento textual. Conforme os autores ao lermos um texto,
52
constrói-se na memória episódica (faz parte da memória de longa duração, que segundo Koch
(2002), contém informações sobre vivências pessoais, armazena episódios, ou seja, eventos
espacialmente e temporalmente situados, portanto sensíveis às variações contextuais) uma
representação textual, definida em termos de conceitos e proposições, a partir da qual se
constrói um modelo episódico ou de situação, sobre o qual o texto versa.
Em síntese, a partir desta revisão sobre os esquemas, pode se inferir que estes se
fundamentam através do conhecimento prévio que o leitor possui armazenado na memória
de longa duração, e no momento em que são ativados pela atividade de leitura, são
organizados em forma de esquemas (modelos mentais ou modelos de situação). A partir disto, os
conhecimentos são recuperados de acordo com a combinação necessária para a construção
de sentido (compreensão) durante a leitura do texto. Desta forma ratifica-se a importância
do conhecimento prévio na atividade de leitura, sendo que os esquemas somente poderão
ser construídos se o leitor possuir conhecimento anterior sobre o conteúdo do texto a ser
lido. Isto caracteriza dois tipos de leitores: o proficiente (aquele que possui conhecimento
anterior e experiência passada com o texto) e o não-proficiente (aquele que não possui
conhecimento anterior e experiência passada com o texto).
Segundo Neves (2006a), estudos têm demonstrado que indivíduos com
conhecimento anterior sobre um texto mostram mais geração de inferências, construção de
hipóteses e capacidade de julgamento da adequação e importância do conteúdo do texto,
do que leitores com mais conhecimentos (e.g. ANDERSON & PEARSON, 1984; HAAS
& FLOWER, 1988). Neste sentido, para Neves (2006), a abordagem do processamento de
informações busca a compreensão textual, conceituada como uma atividade cognitiva que
envolve percepção, memória, inferência e dedução. A compreensão do texto ocorre a partir
do conhecimento de mundo e da familiaridade com os diversos tipos de textos, requerendo
consciência semântica (sobre memória de longo prazo) e pragmática de leitores mais
proficientes.
3.5.2 O contexto de leitura
Segundo Giasson (1993), o contexto é a relação entre o texto e a situação em que a leitura
ocorre, abrangendo componentes que não fazem parte do texto e aos processos e leitura
diretamente, mas que influenciam em sua compreensão englobando todas as condições na
qual se encontra o leitor (com as suas estruturas e processos). Este, quando entra em
contato com um texto, relaciona-se em três contextos: o psicológico (intenção de leitura,
53
interesse pelo texto), o social (formas de interação ao longo da atividade entre o leitor e o
texto), e o físico (condições materiais e físicas em que se desenrolam a leitura).
Nesta pesquisa, o leitor é um paciente como leitor de bula de medicamento, e o
contexto de leitura deste documento podem ocorrer de diversas formas e variam de acordo
com a situação (com ou sem stress) e para quem o leitor lê a bula (para ele mesmo ou para
outra pessoa), os quais envolvem tanto o contexto psicológico como o social. O local de
leitura (trabalho, residência ou público) engloba o contexto físico.
A combinação dos possíveis contextos citados pela autora desta dissertação foram
relacionados aos três contextos definidos por Giasson (1993) e estruturados Quadro 3.2, a
seguir:
Leitor
T
ipos de contexto (GIASSON, 1993)
Social e Psicológico Físico Social e Psicológico
Paciente/leitor
da bula
Situação Local de leitura Para quem?
Com stress
Trabalho ou
Residência
Para ele mesmo
Para outra pessoa [idoso,
criança, pessoa analfabeta
ou semi-analfabeta]
Sem stress
Com stress
Público
Para ele mesmo
Sem stress Para outra pessoa [idoso,
criança, pessoa analfabeta
ou semi-analfabeta]
Quadro 3.2: Tipos de contexto que podem ocorrer na leitura de bula de medicamento em relação aos
contextos citados por Giasson (1993)
Apesar de Giasson, limitar os tipos de contextos que abrangem o processo de
leitura, Koch (2002) considera que as concepções de contexto variam consideravelmente
não só através do tempo, mas de um autor para o outro. Desta forma, Van Dijk (1977)
preliminarmente define contexto como conjunto de todas as propriedades da situação
social que são sistematicamente relevantes para a produção, compreensão ou
funcionamento do discurso e de suas estruturas.
Em um segundo momento Van Dijk (2001) acrescenta que o contexto não é
somente social (como a situação social de comunicação), mas é também pessoal e
cognitivo, porque cada pessoa tem sua própria interpretação da situação social em que
participa. A partir desta concepção, segundo Koch e Elias (2006), outro tipo de contexto
passou a ser levado em conta: o contexto sociocognitivo.
Para Fujita. M (2003), o contexto sociocognitivo é uma variável peculiar, pois não é
visto no sentido físico ou dimensional. Assim como Van Dijk (2001), a autora considera o
contexto como uma representação mental do leitor, que neste caso, se relaciona ao modelo
54
mental do leitor como paciente. Neste sentido Van Dijk (2001), assume que entender os
contextos como representações mentais esclarece muitos aspectos do discurso e da
comunicação, como a percepção pessoal e variável da situação por cada um dos
participantes.
Koch e Elias (2006) esclarecem que o contexto sociocognitivo reúne todos os tipos
de conhecimentos armazenados na memória de longa duração do leitor (como um ator
social): o conhecimento lingüístico, o conhecimento enciclopédico (ou de mundo), o conhecimento da
situação comunicativa, o conhecimento superestrutural (gêneros ou tipos textuais), o
conhecimento estilístico (variedades da língua e sua adequação em situações comunicativas), e o
conhecimento de outros textos que permeiam a cultura em que o leitor está inserido. Desta
forma, pode-se afirmar que o contexto sócio-cognitivo está diretamente relacionado ao
conhecimento prévio que o leitor possui armazenado em sua memória de longa duração.
Este conhecimento é ativado de acordo com o contexto em que se ocorre a leitura,
envolvendo variáveis como: o texto, situação, ambiente de leitura.
O uso dos conhecimentos do leitor durante a leitura para o processamento de
informação textual necessita de operações o desenvolvam. Estas operações são definidas
como estratégias de leitura, que são abordadas no item a seguir.
3.6 As estratégias de leitura
Segundo Fujita, M. e Cervantes (2006) os estudos cognitivos em leitura observaram que, o
processamento textual (interação leitor-texto) desenvolve-se pelo uso de estratégias. As
estratégias de leitura, ou as ações que o leitor realiza no ato de ler, têm sido definidas por
vários autores (FUJITA, M. & CERVANTES; 2006).
Para Kleiman (2007), quando falamos de estratégias de leitura, tratam-se das
operações regulares que o leitor utiliza para abordar um texto. A autora afirma que a
estratégias podem ser inferidas a partir da compreensão do texto, que por sua, vez é
inferida a partir do comportamento verbal e não verbal do leitor, isto é, como ele se
comporta frente à um texto: se sublinha, se apenas folheia sem se deter em parte alguma, se
passa os olhos rapidamente ou se relê o que lhe interessa. Neste sentido, Medeiros (1997)
citado por Fagundes (2001), classifica esse tipo de comportamento que pode ocorrer
durante a leitura como:
55
Skimming: o leitor capta a tendência geral do texto, realizando uma leitura
superficial dos títulos, subtítulos e alguns parágrafos;
Scanning
:
procura por título específico no texto;
Significado: o leitor procura obter uma visão global do texto, através de uma
leitura rápida, sem se interromper e nem retomar trechos ou parágrafos já lidos;
Estudo: se baseia em ler, reler, anotar e resumir;
Crítica: reflexão, avaliação e comparação com o que foi lido.
Kleiman (2007) classifica as estratégias de um leitor como metacognitivas e
cognitivas. Segundo a autora, as estratégias metacognitivas são operações realizadas pelo
leitor com algum objetivo em mente, conscientemente, de forma controlada e que seja
possível explicarmos a ação realizada. As estratégias cognitivas são as ações mentais
inconscientes do leitor, no sentido de não terem chegado ao nível consciente, que ele
realiza para atingir um objetivo de leitura.
Kato (1985), da mesma forma, distingue as estratégias que definem o
comportamento do leitor: as estratégias cognitivas são automáticas e subconscientes,
utilizadas durante a leitura, sem obstáculos, e as estratégias metacognitivas, são ações
conscientes do leitor frente a um problema. As estratégias cognitivas de Kato (1985) são
denominadas, por Cavalcanti (1989), estratégias automáticas, e as metacognitivas são
denominadas estratégias controladas.
Para Leffa (1996), a metacognição permite ao leitor uma compreensão de sua
própria compreensão, ou melhor, ocorre o acompanhamento e avaliação de seu processo
de compreensão durante a leitura de um texto e, além disso, a tomada de providências
quando a compreensão falha (LEFFA, 1996).
Brown (1980) define estratégia como “qualquer controle deliberado e planejado de
atividades que levam a compreensão”, sendo que critério geralmente usado para distinguir
as atividades cognitivas das metacognitivas é o do envolvimento da consciência: as
atividades cognitivas estariam abaixo do nível da consciência; as metacognitivas
envolveriam uma introspecção consciente (BROWN, 1980).
Segundo Van Dijk (1989) citado por Koch (2002), considerar que o processamento
textual é estratégico significa que “os usuários da língua realizam passos interpretativos
finalisticamente orientados, efetivos, eficientes, flexíveis, em vários níveis
simultaneamente” (VAN DIJK, 1989), processando a informação on-line. Filtramos o
conteúdo que vai entrando na memória, que foi captado na leitura, por meio da percepção
56
do sentido da visão, e construindo, desde o início, hipóteses interpretativas, através da
cognição. Se tais hipóteses não apresentarem-nos sentido, em relação ao texto subseqüente,
realizamos operações de re-interpretação ou operações de “solução de problemas”,
recorrendo aos processos metacognitivos, ou seja, às estratégias de leitura.
Em resumo, pode se dizer que realizamos atividades cognitivas espontaneamente,
sem o total controle do processamento informacional, permitindo-nos interar e participar
em paralelo e simultaneamente com os nossos próprios conhecimentos; enquanto que a
metacognição monitora as atividades cognitivas correntes, buscando um conhecimento
sobre como conhecemos, através da compreensão sobre nossa compreensão, e a busca de
solução quando a mesma falha.
Neste sentido, Wright (1999) denomina as estratégias de leitura como habilidades
metacognitivas, pois incluem a capacidade de entender e interpretar a estrutura e conteúdo
de um documento, que são necessárias para ler instruções verbais. Neste sentido a autora
estruturou três seqüências de habilidades que são identificadas na leitura de instruções
associadas à capacidade metacognitiva: busca, compreensão e execução, a seguir:
A. Habilidades de busca
1. formular alvo da busca [objetivo]
2. compreender a estrutura do documento
3. adaptar alvo de busca à estrutura do documento
4. localizar informação considerada relevante
5. decidir se é necessário continuar a busca
B. Habilidades de compreensão
1. interpretar frases, assimilando os significados às palavras.
2. Fazer referência a pessoas, lugar e tempo, através de pronomes pessoais, advérbios de
lugar e de tempo
3. interpretar adjuntos no texto
4. integrar informação de diferentes localidades, dentro e fora do texto
5. decidir se são necessárias mais informações
6. tomar decisões sobre as ações
C. Habilidades de execução
1. formular plano de ação
57
2. lembrar do texto relacionado à 1ª parte do plano de ação
3. realizar primeira parte do plano
4. monitorar progresso como alternativa entre texto-ação até que o plano seja completado
5. checar se o objetivo desejado foi atingido
As estratégias metacognitivas de [A] busca e [B] compreensão denominadas por
Wright (1999) serão consideradas como parâmetros de análise dos dados desta pesquisa,
pois sequencializam em forma de ações as estratégias (metacognitivas) de leitura que
podem ser realizadas por indivíduos.
3.6.1 Síntese da revisão de literatura sobre estratégias de leitura
A partir desta revisão de literatura, foi estruturada uma síntese sobre a definição de
estratégias de leitura (como processos cognitivos e metacognitivos) sobre a visão de sete
teóricos em ordem cronológica decrescente, a partir da década de 80 até 2007 (Quadro 3.3).
Estratégias de leitura
A
utores Processos metacognitivos Processos cognitivos
Brown (1980) - controle deliberado e planejado que
leva a compreensão
- introspecção consciente
- ocorrem abaixo do nível da consciência
Kato (1985) -
A
ções conscientes do leitor frente a
um problema
- ações automáticas e subconscientes
- ocorrem durante a leitura sem
obstáculos.
Cavalcanti (1989) - ações controladas pelo leitor - ações automáticas realizadas pelo leitor
V
an Dijk (1989) - Passos interpretativos para atender a objetivo de leitura (estratégias)
Leffa (1996) - Permite ao leitor uma compreensão
de sua própria compreensão.
- Tomada de providencia quando a
compreensão falha.
Wright (1999) - Habilidade de leitura que levam a
compreensão
Kleiman (2007) -
A
ções mentais conscientes e
controladas
- podem ser exteriorizadas
verbalmente pelo leitor
-
A
ções mentais inconscientes
- não podem ser exteriorizadas pelo leitor
Quadro 3.3: Síntese da revisão de literatura sobre estratégias de leitura.
De acordo com o Quadro 3.3, observa-se que em síntese os processos cognitivos
são ações automáticas e inconscientes, que ocorrem sem uma interpretação aprofundada.
Entretanto, os processos metacognitivos definem-se por ações mentais conscientes e
controladas permitindo ao leitor uma avaliação de sua própria compreensão e/ou tomada
de providências (mentais) frente à dificuldades durante a leitura, de forma que podem ser
58
exteriorizadas verbalmente pelo leitor. Desta forma, reforça-se a possibilidade da
identificação de dificuldades através da observação de processos metacognitivos (estratégias
de leitura) durante a leitura de um documento, no caso desta pesquisa pelo
paciente/usuário em relação à bula de medicamento.
3.7 Síntese do capítulo e perspectivas
Considerando a importância da leitura da bula na aquisição de informações para o uso de
medicamentos, foi realizada uma discussão teórica sobre a leitura em abordagem cognitiva
do processamento humano de informações com enfoque sobre os processos cognitivos e
metacognitivos do leitor.
O leitor compreende aquilo que lê a partir de suas estruturas de conhecimento
prévio e processos de leitura que realiza mediante estratégias cognitivas e metacognitivas.
As estratégias cognitivas são automáticas e subconscientes, em que o leitor não tem
dificuldades de compreensão e atribui significado ao texto utilizando seu conhecimento
prévio sobre o assunto do texto. As metacognitivas são ações conscientes do leitor frente a
um problema durante a leitura de um texto, por isso, são mais facilmente observáveis com
técnicas introspectivas de abordagem cognitiva tal como o Protocolo Verbal que é utilizado
no desenvolvimento desta pesquisa, para observação de estratégias de leitura.
Com base na revisão de literatura apresentada sobre os esquemas, foi possível inferir
que estes se formam pelo conhecimento prévio que o leitor possui armazenado na
memória de longa duração, e no momento em que são ativados pela atividade de leitura,
são organizados em forma de esquemas (modelos mentais ou modelos de situação). A partir disto,
os conhecimentos são recuperados de acordo com a combinação necessária para a
construção de sentido (compreensão) durante a leitura do texto.
O contexto também foi considerado como uma variável que influencia a atividade de
leitura, mas não apenas sobre sua questão social (como a situação social de comunicação).
O contexto, de acordo com Van Dijk (2001) é também pessoal e cognitivo, pois cada
pessoa tem sua própria interpretação da situação social em que participa, pois carrega
consigo seus próprios conhecimentos e experiências, que serão ativados durante a leitura,
independente da situação contextual (ambiente de leitura ou situação). A partir desta
concepção, o contexto sociocognitivo é considerado como uma variável contextual, que
está diretamente relacionada aos conhecimentos prévios do leitor. No caso do contexto
59
sócio-cognitivo do paciente/usuário relacionado à bula, podem ser considerados
conhecimentos prévios adquiridos, por exemplo, através de: experiências anteriores de uso
de medicamento e/ou leitura de bulas; tratamento de doenças crônicas (e.g. diabetes) e/ou
passageiras (e.g. gripe); e/ou orientações especificas de profissionais da saude (e.g. medico,
farmacêutico).
A partir da relevância apresentada sobre o conhecimento prévio, o capítulo seguinte
irá abordar o processo de aquisição de um medicamento no intuito de situar o contexto de
uso da bula, considerando principalmente as informações orais e visuais adquiridas pelo
paciente/usuário antes de tomar um medicamento. Esta investigação foi realizada através
da análise da tarefa de Tomar um medicamento, e sobre demanda de atividade cognitiva
necessária para se executar esta tarefa corretamente.
60
Capítulo 4 | Contexto de uso da bula de medicamento
4.1 Introdução
Considerando a importância das informações orais e visuais no processo de aquisição e uso
de medicamentos, apresenta-se uma análise sobre a demanda de atividade cognitiva
necessária para se executar a tarefa de tomar um medicamento corretamente.
A análise foi realizada considerando o diagrama estruturado por Van der Waarde
(2004, 2006) sobre a experiência de um paciente durante a aquisição e uso de um
medicamento. A partir deste foi elaborada a representação de tarefa com estrutura de
decomposição proposta por Moraes e Mont’Alvão (1998) Em seguida a tarefa foi analisada
através do modelo desenvolvido por Militello e Hutton (1998) para identificar quais ações
demandam maior atividade cognitiva.
4.2 O processo de aquisição e uso de medicamentos
Segundo Van der Waarde (2006), para proporcionar informações relevantes ao
usuário/paciente referentes ao uso de medicamentos, é essencial investigar todo o processo
de obtenção e uso destes, sendo necessário observar situações onde a informação é
acessada.
A tarefa de usar um medicamento não se restringe a administrar o mesmo, mas sim
envolve etapas anteriores essenciais à tomada de decisões sobre o medicamento. O
processo de tomar um fármaco se inicia na prescrição médica (oral e/ou escrita), seguida
do contato com o farmacêutico para aquisição do medicamento. O farmacêutico
eventualmente pode fornecer informações orais adicionais no momento da aquisição do
fármaco. Este, por sua vez, apresenta informações na embalagem e na bula que o
acompanha. Por fim, o usuário/paciente deverá processar todas as informações adquiridas
através do médico/prescrição; do farmacêutico e da bula/embalagem. Neste sentido, o
usuário/paciente deverá ler, lembrar, relembrar e transformar toda a informação recebida
em ações de execução de tarefa sobre o uso e o manuseio de um dado medicamento (VAN
DER WAARDE, 2004; GUSTAFSSON et al, 2005).
61
A fim de analisar as ações dos usuários em diferentes contextos de uso de
medicamentos prescritos, Van der Waarde (2004, 2006) estruturou um diagrama que
considera cinco etapas no processo de aquisição e uso de fármacos: (1) decisão sobre a
saúde (problema); (2) consulta médica; (3) visita à farmácia; (4) tomar o medicamento; (5)
decisão sobre a saúde (resultado medicação). Apesar deste diagrama, ter sido estruturado
considerando os parâmetros legislativos e culturais da União Européia, ele pode ser
aplicado ao contexto de uso de medicamentos no Brasil, visto o caráter geral destas etapas.
Considerando que o paciente pode a partir da Etapa 1 (decisão sobre a saúde),
voltar a tomar a medicação, foi realizado ajuste na apresentação gráfica do diagrama
proposto por Van der Waarde (2004, 2006), para que o mesmo explicite o caráter cíclico do
processo. A Figura 4.1 ilustra o diagrama proposto ajustado. Vale salientar que o termo
Tomar/ministrar o medicamento é usado pelo autor tanto para identificar a tarefa, como a etapa
e sub-etapa referentes a ingerir/usar o fármaco.
Figura 4.1: Processo de aquisição e uso de medicamento ajustado do diagrama de Van der Waarde (2004,
p.85; 2006, p.41).
Na primeira etapa (1) Decisão sobre a saúde (problema) o paciente precisa inicialmente
reconhecer sintomas adversos sobre sua saúde, para tomar a decisão de ir ao médico.
Porém, segundo Van der Waarde (2004, 2006) esta decisão pode variar entre pacientes, de
acordo com suas características culturais, geográficas, idade e gênero.
Na segunda etapa (2) Consulta médica, o paciente precisa descrever detalhes pessoais,
sintomas e incômodos ao médico, que irá diagnosticar o problema de saúde; pedir exames
complementares – caso necessário - e prescrever um medicamento. Nesta etapa o paciente
deve compreender e memorizar as informações transmitidas pelo médico. Em seguida à
consulta, o paciente deverá realizar a terceira etapa (3) Visita à farmácia para adquirir o
62
medicamento e eventualmente receber também informações orais do farmacêutico, onde
mais uma vez o paciente tem de entender e memorizar explicações orais. Na quarta etapa,
(4) Tomar o medicamento; inicia-se um processo de uso do medicamento, o qual é detalhado a
seguir. Na quinta etapa Decisão sobre a saúde (resultado medicação) o paciente toma decisão
sobre suspender ou não a medicação dependendo do resultado do mesmo sobre sua saúde.
No caso de continuar com a medicação, o paciente deverá consultar o médico e repetir,
portanto, as demais etapas.
Em relação a Tomar o medicamento (quarta etapa do diagrama 1), Van der Waarde
(2004, 2006), considera quatro sub-etapas: (a) abrir a embalagem; (b) considerar a
informação da embalagem e bula; (c) tomar o medicamento e (d) parar de tomar o
medicamento (decisão a partir do resultado da medicação), conforme ilustrado na Figura
4.2 a seguir:
Figura 4.2: Processo de uso do medicamento (Fonte: Van der Waarde, 2004, p.85).
4.3 A tarefa de ‘Tomar um medicamento’
Em relação à importância da informação para a execução da tarefa de Tomar o medicamento,
como também da demanda cognitiva envolvida nesta, o diagrama proposto por Van der
Waarde carece de maior detalhamento, visto que trata de forma geral as etapas do processo.
Neste sentido, para se obter uma visualização detalhada do processo de Tomar o medicamento
foi desenvolvida uma representação de tarefa empregando-se o modelo de decomposição
seqüencial, proposto por Moraes e Mont’ Alvão (1998). Este tem como objetivo explicitar
a estrutura da tarefa, definindo as atividades e a seqüência em que ocorrem apresentadas no
Diagrama 4.1 a seguir:
63
Diagrama 4.1: Decomposição seqüencial da tarefa ‘Tomar o medicamento’
Na representação seqüencial da tarefa de Tomar o medicamento a etapa (2) Considerar a
informação, envolve o maior número de outputs: quatro origens de informação (médico,
farmacêutico, bula e embalagem) a serem observadas pelo usuário/paciente. Na etapa
seguinte, (3) Tomar o medicamento, as opções dadas (comprimido, injetável ou suspensão),
referem-se às possibilidades de apresentação do fármaco aos usuários, que são excludentes
entre si. Portanto, a consideração da informação constitui a etapa mais relevante na tomada
de decisão sobre o uso do medicamento, e que possui maior demanda cognitiva, conforme
constatado a seguir.
4.3.1 Demandas cognitivas da tarefa
Na análise da demanda de atividades cognitivas necessárias para tomar um medicamento, a
partir da tarefa descrita no Fluxograma 1, empregou-se o modelo desenvolvido por
Millitello e Hutton (1998). Este permite descrever e identificar a demanda de atividades
cognitivas durante a execução de uma tarefa, relacionada a seis categorias: conhecimento,
compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. Cada uma destas categorias são
associadas a atividades cognitivas, apresentadas no Quadro 4.1, a seguir:
64
Categoria
A
tividades cognitivas
Conhecimento
Adquirir
Identificar
Reconhecer
Definir
Nomear
Compreensão
Explicar
Descrever
Interpretar
Ilustrar
Aplicação
Aplicar
Relacionar
Usar
Resolver
Construir
Análise
Analisar
Categorizar
Comparar
Discriminar
Síntese
Criar/Inventar
Projetar
Especificar
Propor
Desenvolver
Avaliação
Validar
Argumentar
Julgar
Recomendar
Justificar
Quadro 4.1: Modelo de identificação de demanda cognitiva (Fonte: Millitello & Hutton, 1998, p. 1618-1641)
Aplicando-se estas categorias às atividades cognitivas envolvidas na tarefa de Tomar
um medicamento observa-se que na primeira etapa (Abrir a embalagem), ocorre o contato
inicial do paciente com o medicamento e com as informações visuais localizadas na
embalagem externa (caixa), na bula e na embalagem interna (e.g. blister, frasco). Nesta
etapa o paciente/usuário realiza as atividades cognitivas na categoria de conhecimento:
identificar e reconhecer o medicamento adquirido. Deficiência na apresentação gráfica das
embalagens externa e/ou interna, e na bula do medicamento (e.g. legibilidade e
leiturabilidade do texto, hierarquia da mensagem) podem levar a problemas na
compreensão das informações sobre o uso e acondicionamento do fármaco, entre outros
(Quadro 4.2).
Categoria
A
tividades cognitivas
Conhecimento
Identificar
Reconhecer
Quadro 4.2: Demanda de atividades cognitivas durante a primeira etapa Abrir a embalagem.
65
Na segunda etapa (Considerar a informação), o paciente/usuário precisa processar
todas as informações recebidas durante o processo de aquisição do medicamento. Para isso
o usuário/paciente deverá realizar as atividades cognitivas nas categorias de conhecimento
(identificar e adquirir informações); compreensão (interpretar as informações lidas);
aplicação (relacionar as informações e resolver, tomando decisões sobre as informações) e
análise (analisar e comparar as informações adquiridas), conforme Quadro 4.3.
Categorias
A
tividades cognitivas
Conhecimento
Adquirir
Identificar
Compreensão
Interpretar
A
plicação
Relacionar
Resolver
A
nálise
Analisar
Comparar
Quadro 4.3: Demanda de atividades cognitivas durante a segunda etapa Considerar a informação.
Na terceira etapa (Tomar o medicamento) o paciente deve usar o fármaco
corretamente, sendo que, dependendo da sua forma farmacêutica (e.g. comprimido,
injeção, suspensão) poderá implicar em diferentes ações de tarefa (e.g. tomar, injetar,
preparar). Portanto, nesta etapa serão consideradas todas as atividades cognitivas
necessárias na categoria de aplicação: usar e aplicar (Quadro 4.4).
Categoria
A
tividades cognitivas
A
plicação
Aplicar
Usar
Quadro 4.4: Demanda de atividades cognitivas durante a terceira etapa Tomar o medicamento.
Na quarta e última etapa (Decisão de saúde) o paciente/usuário precisa avaliar os
resultados do tratamento (e.g. se os sintomas adversos desapareceram, se houve efeitos
colaterais ou reações adversas); e decidir se/quando deve parar de tomar o medicamento
ou se necessita voltar ao médico. Nesta etapa serão, portanto, realizadas as atividades
cognitivas nas categorias de análise (analisar e comparar) e avaliação (julgar) indicadas no
Quadro 4.5.
Categoria
A
tividades cognitivas
A
nálise
Analisar
Comparar
A
valiação
Julgar
Quadro 4.5: Demanda de atividades cognitivas durante a quarta etapa Decisão de saúde.
66
4.2.2 Aspectos influenciadores na execução da tarefa
Na etapa de Consideração da informação alguns aspectos relacionados às informações recebidas
durante o processo de aquisição/uso do medicamento podem influenciar negativamente a
execução da tarefa. Estes dizem respeito às informações orais e escritas. As informações
orais referem-se às transmitidas pelo médico durante a consulta e pelo farmacêutico no
momento da compra do medicamento. As escritas referem-se à prescrição, embalagem
externa e interna do medicamento, e a bula.
Diversos estudos na literatura apontam para efeitos indesejáveis desses aspectos na
compreensão da mensagem e na realização da tarefa de Tomar um medicamento (e.g.
SPINILLO & FUJITA, 2006; SLESS & TYERS, 2004; WRIGHT, 1999); principalmente
por usuários idosos ou com baixo grau de escolaridade (FUJITA, P. 2004; SPINILLO ET
AL, 2007). O Quadro 4.6 apresenta os possíveis problemas oriundos das informações
impressas recebidas:
Informações
Possíveis problemas Envolvidos Situação Conseqüências
(a)
Prescrição
médica
- Caligrafia deficiente do medico
- Falta de clareza na redação das
informações
- Incompletude das informações
prescritas
Paciente/usuário Leitura da prescrição Incompreensão do
conteúdo/
Uso equivocado
do medicamento
Farmacêutico Dispensação do
medicamento
Dispensação
equivocada do
medicamento
(b)
Embalagem
externa
A similaridade visual entre
embalagens de medicamentos
(e.g. genéricos, de mesmo
laboratório farmacêutico)
Farmacêutico Dispensação do
medicamento
Dispensação
equivocada do
medicamento
Paciente/usuário Utilizando mais de
um medicamento no
tratamento
Uso equivocado
do medicamento
(c)
Embalagem
interna
- Perda de informação na
retirada do medicamento em
blisters, e/ou medicamentos em
blisters fracionados
Farmacêutico Dispensação do
medicamento
Dispensação
equivocada do
medicamento
Técnico de saúde Dispensação do
medicamento em
hospitais/ambulatórios
Dispensação
equivocada do
medicamento
Paciente/usuário Uso na residência Uso equivocado
do medicamento
(d)
Bula de
medicamento
- Legibilidade do texto
- Leiturabilidade do texto
- Apresentação gráfica das
informações
- Apresentação de instruções
visuais
- Transparência do papel
Paciente/usuário Uso na residência Uso equivocado
do medicamento
Quadro 4.6: Aspectos que influenciam a tarefa de Tomar o medicamento.
De acordo com o Quadro 4.6 observa-se que na (a) prescrição médica podem
ocorrer problemas em relação à caligrafia do médico, clareza na redação e completude das
67
informações prescritas. Devido a essas deficiências o paciente/usuário ou o farmacêutico
podem não compreender as informações durante leitura da prescrição, e como
conseqüência fazer o uso ou dispensação equivocada do medicamento, respectivamente.
No caso da (b) embalagem externa, a similaridade visual entre embalagens de
medicamentos (e.g. genéricos, de mesmo laboratório farmacêutico), pode acarretar na
dispensação equivocada do medicamento pelo farmacêutico. Na (c) embalagem interna,
pode ocorrer perda de informação na retirada do medicamento em blisters
1
(e.g. em
medicamentos que podem ser adquiridos sem prescrição médica) exemplificados nas
Figuras 4.3 e 4.4, e/ou medicamentos em blisters fracionados em hospitais por técnicos de
saúde (Figuras 4.5 e 4.6)
Figuras 4.3 e 4.4: Perda de informação na retirada de medicamento em blisters.
Figuras 4.5 e 46: Blisters fracionados em hospitais
Quanto à (d) bula de medicamento
, os problemas podem estar associados a: (1)
legibilidade do texto como tamanho do corpo tipográfico, espaçamento entre linhas, uso
excessivo de caixa alta e/ou negrito, tamanho das colunas e alinhamento justificado do
1
Blister: embalagem de medicamento em forma de comprimido
68
texto; (2) leiturabilidade do texto (e.g. linguagem muito técnico - médica), (3) apresentação
gráfica das informações (e.g. hierarquia tipográfica, separação das informações), (4)
apresentação de instruções visuais (e.g. legibilidade pictórica, omissão de passos), e (5)
transparência do papel. Estas deficiências podem afetar na eficácia e/ou dificultar a leitura
da bula pelos pacientes/usuários. Neste sentido, é possível afirmar que os problemas
relacionados à apresentação gráfica do conteúdo da bula podem impedir o acesso dos
pacientes/usuários, às informações, e conseqüentemente acarretar no uso equivocado do
medicamento, colocando a saúde dos pacientes/usuários em risco.
4.4 Síntese do capítulo e perspectivas
Considerando a importância das informações orais e visuais no processo de aquisição e uso
de medicamentos, apresentou-se neste capítulo a importância das informações da bula e
uma análise sobre a demanda de atividade cognitiva necessária para se executar a tarefa de
tomar um medicamento corretamente. A análise foi realizada considerando o diagrama
estruturado por Van der Waarde (2004, 2006) sobre a experiência de um paciente durante a
aquisição e uso de um medicamento. A partir deste foi elaborada a representação de tarefa
com estrutura de decomposição proposta por Moraes e Mont’Alvão (1998) Em seguida a
tarefa foi analisada através do modelo desenvolvido por Militello e Hutton (1998) para
identificar quais ações demandam maior atividade cognitiva.
A partir da decomposição da tarefa de Tomar um medicamento, foi possível analisar a
demanda de atividades cognitivas durante cada etapa da tarefa. A segunda etapa
decomposta, Considerar a informação foi identificada como a de maior demanda cognitiva,
abrangendo as categorias de conhecimento, compreensão, aplicação e análise e sete
atividades cognitivas.
Nesta etapa, a compreensão da leitura das informações na prescrição médica, na
bula e na embalagem, ocorre em interação com as informações orais memorizadas (médico
e farmacêutico) recebidas durante a aquisição do medicamento nas etapas anteriores.
Salienta-se que nesta etapa são processadas as informações essenciais para a execução do
processo de Tomar o medicamento. Neste sentido, podem se vincular as informações que o
paciente obteve durante o processo de aquisição do medicamento como conhecimento
prévio que ele adquire e que poderá influenciar os objetivos de leitura da bula.
69
Em relação aos aspectos das informações impressas que influenciam a tarefa de
Tomar um medicamento, os possíveis problemas na apresentação gráfica do conteúdo da bula
podem comprometer seriamente a eficácia e dificultar a leitura da bula pelos
pacientes/usuários. Desta forma, é possível inferir que as deficiências relacionadas à
apresentação gráfica do conteúdo da bula podem impedir o acesso dos pacientes/usuários
a informações necessárias sobre o medicamento (e.g. advertências e precauções) e afetar o
desempenho da compreensão, dificultando o alcance dos objetivos e estratégias de leitura
do paciente/usuário como leitor.
Portanto, problemas na etapa de Consideração da informação podem afetar o sucesso
da tarefa e conseqüentemente comprometerem a eficácia do tratamento e a saúde do
paciente/usuário. É possível também inferir que as informações de conhecimento prévio
adquirido durante todas as fases de aquisição do medicamento pode influenciar nos
interesses de leitura do paciente inserido neste processo, e, portanto em suas estratégias de
leitura.
No intuito de ratificar estas considerações, sobre a possível influência da
apresentação gráfica do conteúdo da bula durante sua leitura e a importância da informação
adquirida durante o processo de aquisição de um medicamento pelo paciente, os capítulos
5 e 6, a seguir, apresentam uma proposta de método de pesquisa para investigar os aspectos
gráficos da bula de medicamento e observar os processos de sua leitura por
pacientes/usuários considerando os aspectos de contexto de uso avaliados neste capítulo.
70
Capítulo 5 | Estudo analítico de bulas de medicamento
5.1 Introdução
Este capítulo aborda o estudo analítico, onde são apresentadas as técnicas de coleta,
parâmetros de análise e resultados. Este estudo foi realizado no intuito de investigar e
aprofundar o conhecimento sobre a apresentação gráfica e estrutura da bula de
medicamento. Neste sentido, justifica-se o caráter aleatório da amostra analisada, que
consistiu de bulas referentes a diferentes tipos de medicamentos (e.g. tarja vermelha,
controlados e não controlados).
5.2 Amostra
A amostra analisada (aleatória simples) constou de 20 bulas de medicamento selecionadas
de diversos laboratórios, as quais possuíam o conteúdo técnico obrigatório conforme as
normas da ANVISA (Resolução RDC Nº 140, 2003). O Quadro 5.1, apresenta a
caracterização da amostra analisada:
Caracterização da amostra analisada (aleatória)
Nome do
medicamento
Laboratório
1.Rinosoro Farmasa
2.Novalgina Sanofi-
A
ventis
3.Scaflan Schering-Plough
4.Astro Eurofarma
5.Claritin D Schering-Plough
6.Fonergin Farmasa
7.Expectuss SEM
8.Therasona
T
heraskin
9.Cefaliv
A
ché
10.Flatex Farmasa
11.Zyrtec Glaxo Wellcome
12.Clindal AZ Merck
13.Dramin B6
A
ltana
14.Floratil Merck
15.Flagass
A
ché
16.Glifage Merck
17.Drenison Biolab
18.Quinoflox Biolab
19.Stiefcortil Stiefel
20.Advantan Schering-Plough
Quadro 5.1: Caracterização da amostra analisada
71
5.3 Instrumento e protocolo de análise
Para análise das bulas coletadas, foi adotado o modelo de Van der Waarde (1999) descrito
no item 3.3 do Capítulo 3. No Quadro 5.2, apresenta-se uma síntese do modelo de análise
de bulas de medicamentos de Van der Waarde (1999):
Nível 1 | Componentes gráficos
Verbais
Pictóricos
Esquemáticos
Composto
Nível 2 | Relação entre os componentes gráficos
Proximidade
Similaridade
Proeminência
Sequencialidade
Nível 3 | Características da apresentação gráfica
global.
Consistência
Características Físicas
Estética
Quadro 5.2: Modelo de análise de bulas de medicamento de Van der Waarde (1999)
Cada bula da amostra foi analisada conforme o modelo apresentado no Quadro 5.2.
As análises (se encontram em totalidade no Apêndice 7, p.113) foram estruturadas, de
acordo com o exemplo no Quadro 5.3 a seguir (análise da Bula 2 | Novalgina):
72
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 8 a 7
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em bold
Advertências: caixa alta, normal e bold
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal e bold.
Pictórico
s
A
presenta uma seqüência pictórica de procedimento (duas figuras) de como usar o
medicamento.
E
squemático
s
Duas setas de indicação na seqüência pictórica de procedimento
Uma linha de sublinhamento sobre nome e a logomarca do medicamento
Compost
o
Diagramas sobre a composição do medicamento
Duas tabelas
Nível 2 | Relação entre os componentes gráficos
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere, mas não existe muita
separação entre os diferentes tipos de elementos de informação (menos de 0,5cm).
Similaridad
e
Ocorre uma grande similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; e entre a massa de texto e as advertências. Muitas vezes as advertências
estão representadas graficamente igual aos tópicos (caixa alta em negrito); e a massa
de texto em negrito junto as advertências.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1. nome do medicamento: maior fonte
2. tópicos: caixa alta, em negrito x advertências: caixa alta, em negrito
3. texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, em negrito.
4. texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na vertical, dividida em duas colunas, iniciado do
lado esquerdo superior.
Nível 3 | Características da apresentação gráfica global.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos não apresenta
uma boa consistência em geral. Os componentes gráficos estão muito aproximados
uns dos outros (separação entre linhas e palavras), o que causa confusão na relação
de proximidade entre os componentes gráficos. O texto em negrito, forma uma
massa de texto, relacionada a grande proximidade, forma uma poluição visual
dificultando a leitura, localização e compreensão das informações.
Características
Físicas
A
pesar de uma boa qualidade de impressão (preto e branco), ocorre um excesso de
informações pelo fato de estarem ajustadas em um espaço muito pequeno (cm),
apresenta um pouco de transparência, o que interferem na leitura.
E
stética Grande poluição visual, pela falta de espaço, dificultando a leitura.
Quadro 5.3: Exemplo de análise da Bula 2 | Novalgina
5.3.1 Analisando a qualidade das variáveis gráficas da amostra
Após a análise individual das bulas, os dados resultantes de cada uma foram organizados
em uma tabela estruturada (Tabela 5.1) a partir do modelo de Van der Waarde (1999), a
seguir:
73
Tabela 5.1: Tabela de resultados da analise das bulas de medicamento
A síntese dos resultados das análises foi estruturada mediante atribuição de valores
desenvolvidos para cada nível do modelo analítico (VAN DER WAARDE,1999). De
acordo com a Tabela 5.1, no nível 1 (Componentes gráficos) somente foi marcado com um
quadrado ( ) a existência dos Componentes Gráficos em cada bula. Nos níveis 2 e 3,
foram utilizados os valores 1 (ruim), 2 (regular) e 3 (bom) para pontuar as relações entre os
componentes gráficos e as características da apresentação gráfica global.
74
5.4 Resultados do Estudo analítico de bulas de medicamento
A Tabela 5.2 apresenta uma visão geral dos resultados tabulados de cada uma das bulas
analisadas de acordo com o modelo de Van der Waarde (1999).
Tabela 5.2: Resultados da análise das bulas de acordo com o modelo de Van der Waarde (1999)
5.4.1 Nível 1: Análise dos componentes gráficos
A Tabela 5.3 apresenta a síntese dos dados relativos à análise dos componentes gráficos:
Tabela 5.3: Síntese da análise dos componentes gráficos (Nível 1)
75
De acordo com a Tabela 5.3, constatou-se que todas as bulas possuem elementos
verbais. Entretanto, a forma de apresentação gráfica destes componentes dificulta na
legibilidade da informação, tais como o uso excessivo de negrito e textos em caixa alta,
conforme representado nas Figuras 5.1 e 5.2.
Figura 5.1: Uso excessivo de negrito e caixa alta no texto da bula de medicamento (imagem aumentada duas vezes maior
que o tamanho real).
Figura 5.2: Texto justificado e uso excessivo de negrito (imagem aumentada duas vezes maior que o tamanho real).
Constatou-se baixo índice de componentes pictóricos (apenas em 6 bulas) e grande
incidência dos componentes esquemáticos e compostos. Notou-se que apenas 5 bulas
apresentam todos os componentes gráficos citados.
76
5.4.2 Nível 2: Relação entre os componentes gráficos
A Tabela 5.4, apresenta a síntese da análise da relação entre os componentes gráficos (Nível
2):
Tabela 5.4: Síntese da análise da relação entre os componentes gráficos (Nível 2)
De acordo com a Tabela 5.4, o grau de proximidade foi considerado como regular
em grande parte da amostra, pois o conteúdo informacional na maioria das bulas
apresentou elementos gráficos muito próximos entre si. A relação de similaridade foi
considerada também como grau regular, visto que muitos componentes pareciam similares,
porém não possuíam relação funcional e status hierárquico similar. As Figuras 5.3, 5.4 e 5.5
apresentam o caso dos títulos dos tópicos informativos (tais como: Informações ao
Paciente) e das advertências, que são representados na mesma forma gráfica, ou seja,
mesmo tamanho de fonte, em negrito e caixa alta.
77
Figura 5.3: Exemplo de bula com problemas de hierarquia na apresentação gráfica de informações de status hierárquico
distinto (imagem aumentada duas vezes maior que o tamanho real).
Figura 5.4: Exemplo de bula com problemas de hierarquia na apresentação gráfica de informações de status hierárquico
distinto (imagem aumentada duas vezes maior que o tamanho real).
Figura 5.5: Exemplo de bula com problemas de hierarquia na apresentação gráfica de informações de status hierárquico
distinto (imagem aumentada duas vezes maior que o tamanho real).
Esta constatação relativa ao grau de similaridade acarretou nos resultados mais
expressivos da relação de proeminência, pois mais da metade da amostra foi considerada
deficiente neste tópico (N=14 bulas). Elementos gráficos importantes, tais como
“advertências”, foram encontrados com diferente status hierárquico, não diferindo na sua
78
forma de apresentação gráfica e, conseqüentemente não causando o contraste necessário
para descriminar o status da informação.
5.4.3 Nível 3: Apresentação gráfica global
A Tabela 5.5, apresenta a síntese da avaliação a da apresentação gráfica global (Nível 3) das
bulas:
Tabela 5.5: Síntese da análise da apresentação gráfica global (Nível 3)
De acordo com a Tabela 5.5, verificou-se que a maioria apresenta consistência
regular, pois os elementos gráficos e suas relações apresentam deficiências. Em geral, a
amostra apresenta espaçamento entre as linhas e as palavras muito reduzido,
particularmente quando aplicados a texto em negrito ou em caixa alta, gerando uma massa
pesada visualmente na página (poluição visual), comprometendo assim, a legibilidade do
documento.
Quanto às características físicas, apesar de apresentarem uma boa qualidade de
impressão, o papel utilizado nas bulas causa transparência, interferindo na leitura. Por
conseqüência das constatações na consistência e nas características materiais da bula, a
análise Estética da amostra resultou em um conceito regular.
79
5.5 Conclusão dos resultados
A partir da análise qualitativa de 20 bulas de medicamento de acordo com o modelo de
Van der Waarde (1999), foi possível constatar diversos problemas relacionados à
legibilidade, pelo uso maciço de textos em negrito e/ou em caixa alta, o espaçamento entre
linhas e palavras reduzido, e a transparência do papel, ocasionando uma poluição visual que
dificulta a leitura, a localização e conseqüentemente afeta a compreensão das informações.
Foi possível também concluir que a hierarquia gráfica informacional constitui uma
deficiência nas bulas de medicamentos, verificada nas relações entre os componentes
gráficos verbais (nível 2), em proeminência e similaridade, principalmente na apresentação
das advertências e títulos principais das informações verbais. Afirma-se, portanto, carência
de contraste para diferenciação de hierarquia das informações, por exemplo: títulos,
subtítulos e/ou texto corrido apresentados com mesmo tamanho, peso e caixa da fonte,
não distinguindo a relação de grau de hierarquia entre estes.
Por fim, pode se afirmar que a partir da análise realizada foi possível constatar
muitos problemas de composição gráfica que comprometem seriamente a legibilidade e o
grau de hierarquia (importância) das informações nas bulas de medicamento.
5.6 Síntese do capítulo e perspectivas
Por meio da análise das bulas de medicamento, foi possível conhecer melhor as
formas de apresentação gráfica e detectar deficiências. A partir da amostra, foi selecionada
uma bula de medicamento (amostra-padrão) para ser utilizada no estudo de caso.
O Capítulo 6 a seguir, aborda o estudo de caso sobre a leitura de bulas através de
observação do processo de leitura da bula de medicamento por pacientes/usuários.
80
Capítulo 6 | Estratégias de leitura em bula de medicamento
6.1 Introdução
Neste capítulo é apresentado o estudo de caso sobre a leitura de uma bula (Scaflam –
Laboratório Schering & Plough) no intuito de identificar a dificuldades e necessidades de
informação dos pacientes/usuário através da observação de estratégias de leitura na
perspectiva da leitura do paciente/usuário. Os dados foram coletados por meio da técnica
qualitativa de coleta de dados do Protocolo Verbal. Os resultados foram estruturados de
acordo com categorias de análise, desenvolvidas na fundamentação teórica desta
dissertação: estrutura textual, apresentação gráfica, fatores que influenciam o processo de
leitura, estratégias de leitura.
Devido à complexidade e necessidade de detalhamento, foi necessária antes de
apresentar o estudo de caso, uma explanação sobre a técnica de coleta de dados do
Protocolo Verbal (ERICSSOM & SIMON, 1987, 1993). Esta técnica foi escolhida para o
presente estudo de caso por ser considerada mais adequada, segundo a literatura, para
observação de processos e estratégias de leitura.
6.2 O Protocolo Verbal para observação de estratégias de leitura de bulas de
medicamentos
O Protocolo Verbal ou “Think Aloud” é uma técnica qualitativa e introspectiva de coleta de
dados que consiste na verbalização dos pensamentos dos sujeitos (FUJITA, M. &
CERVANTES, 2005). Neste sentido, a introspecção, segundo Cavalcanti (1989), é um
exame de processos mentais que promove uma análise pelo sujeito de seu próprio processo
de pensamento. No caso da leitura, à medida que o sujeito a realiza, ele verbaliza como
resolve os problemas em relação ao vocabulário e a compreensão das idéias principais do
texto.
Ericsson e Simon (1987, 1993) são os precursores da metodologia de Protocolo
Verbal que passou a ser utilizado como uma técnica de coleta de dados para observação da
atividade de leitura que consiste na verbalização dos pensamentos pelo participante,
fornecendo informações de estratégias, dificuldades e procedimentos durante a leitura para
81
a realização de uma tarefa, mantendo a seqüência de informações processadas a partir da
exteriorização verbal dos processos mentais do leitor.
A análise dos relatos verbais coletados através da técnica do Protocolo Verbal
permite uma observação dos tipos de estratégias (cognitivas e metacognitivas),
procedimentos e dificuldades do leitor, a fim de identificar suas necessidades
informacionais. No âmbito do design da informação, esta técnica pode auxiliar, no
desenvolvimento de diretrizes de estrutura e hierarquia gráfica do conteúdo textual da bula
que atenda às necessidades de informação do paciente enquanto leitor da bula de
medicamento. Esta técnica permitirá também observar as estratégias de leitura do
leitor/paciente da bula de medicamento em contexto de uso. Isto fornecerá à área de
design da informação uma abordagem qualitativa do processamento de informações
durante a realização da tarefa de leitura da bula de medicamento como documento
informacional e instrucional.
O
Think Aloud
e o
Talk Aloud
Conforme Ericsson e Simon (1987), existem dois tipos de dados que são exteriorizados
pelo indivíduo, na verbalização de seus pensamentos durante a atividade de leitura,
provenientes de dois tipos de processo: o Talk aloud e o Think aloud. Para os autores, no
Talk aloud (Falar Alto), o sujeito simplesmente vocaliza espontaneamente sua fala interna,
sem análise; enquanto, no Think aloud (Pensar alto), as suas verbalizações são mais
conscientes.
Segundo Schriver (1989), o Think Aloud requer dos participantes a realização de
uma tarefa enquanto "pensam alto" durante a interação com um documento ou dispositivo.
Quando o participante tem dificuldade em compreender ou usar o documento, seus
comentários revelam a localização e a natureza da dificuldade.
Ummelen (1999) considera que a técnica do Think aloud proporciona uma descrição
focada do que as pessoas selecionam em um texto, como elas navegam de uma parte do
documento para outra [padrões de leitura] e porque realizam essas ações de determinada
maneira [aspectos motivacionais]. Neste sentindo, Schriver (1989) também concorda que a
grande vantagem do Think Aloud é que os participantes freqüentemente verbalizam como e
porque estão tendo dificuldade na leitura de um texto. A autora ainda complementa que os
dados gerados pelos protocolos verbais geralmente expõem as dificuldades dos
82
participantes durante a leitura de um documento, causadas por deficiências visuais e verbais
no texto.
Análise crítica do Protocolo Verbal
A técnica qualitativa de coleta de dados do Protocolo Verbal tem sido utilizada nos últimos
vinte anos nas áreas de Lingüística Aplicada em pesquisas sobre compreensão em segunda
língua estrangeira (FAERCH & CASPER,1987; NARDI, 1993; COHEN &
HOSENFELD, 1981; SOUZA 2002) ; leitura (CAVALCANTI, 1989); design
(SCHRIVER, 1996; CHRISTIAANS & ALMENDRA, 2008); e Ciência da Informação em
estudos sobre estratégias de leitura documentária para indexação em bibliotecas (FUJITA,
M., 2003; FUJITA, M. & CERVANTES, 2005; FAGUNDES, 2001; BOCCATO, 2005;
BORBA, 2006).
Apesar de essa técnica ser utilizada amplamente em pesquisas de várias áreas do
conhecimento, alguns autores apresentam argumentos em oposição ao Protocolo Verbal,
citados por Paschoal (1988) e Ericsson e Simon (1993): (a) relatar o processo de leitura
pode alterar e os processos de pensamento do participante e indiretamente o desempenho
da tarefa; (b) os relatos verbais podem produzir um registro incompleto dos processos
cognitivos; (c) não podem ser feitas generalizações dos dados gerados pela introspecção,
sendo que os participantes revelam experiências únicas e conhecimentos prévios individuais
(NISBETT & WILSON, 1977).
Frente às críticas geradas, Ericsson e Simon (1993) esclarecem que os relatos
verbais são gerados independentemente dos processos cognitivos que produzem o
comportamento não verbal e o desempenho. A técnica de Protocolo Verbal permite o
relato de experiências únicas dos participantes e por isso não permitem generalizações,
sendo que o problema neste caso não está propriamente no protocolo, mas nas diferenças
individuais dos participantes.
Seliger e Shohamy (1989) ressaltam que os pesquisadores devem estar conscientes
de problemas durante a execução de tarefa relacionada ao Protocolo Verbal, como: fatores
psicológicos e sociais na interação entre o pesquisador e o participante, a disposição em
cooperar, e o próprio cenário experimental; sendo que o participante pode encontrar
dificuldades de realizar duas tarefas ao mesmo tempo (neste caso, a leitura e o “pensar
alto”).
83
Apesar de ainda controvertida por muitos teóricos, o Protocolo Verbal é, segundo
Nardi (1993) apud M. Fujita Nardi e Fagundes (2003), o único instrumento de coleta no
momento disponível que possibilita observar processos do leitor durante a compreensão de
um texto. Além disso, a questão da confiabilidade dos dados provenientes de técnicas
introspectivas é um problema de outras técnicas também (FUJITA, M., NARDI &
FAGUNDES, 2003).
Schriver (1989) concorda que, pelo fato dos dados gerados pelo Think Aloud, serem
coletados simultaneamente à atividade de leitura, relacionam-se diretamente ao processo de
compreensão. Desta forma o leitor proporciona dados muito mais explícitos e completos
do que comentários após a atividade de leitura.
Ummelen (1999) considera que a grande vantagem da técnica de “pensar alto” é sua
validação “natural”: a completa liberdade dos participantes para escolher suas estratégias e
selecionar partes dos textos que consideram importantes, enquanto realizam uma atividade
de leitura ou interação com um dispositivo. A autora adverte que o ato de “pensar alto”
pode inicialmente parecer não-natural, mas este problema pode ser resolvido oferecendo
treinamento aos participantes.
Considerando as vantagens citadas sobre o Protocolo Verbal aliadas ao
questionamento sobre a validade dos dados proporcionados por técnicas introspectivas é
uma preocupação de outras abordagens, o Protocolo Verbal pode ser considerado como
uma técnica qualitativa adequada para observação de estratégias de leitura de um
documento. A análise de relatos verbais coletados através da técnica do Protocolo Verbal
permite uma observação dos tipos de estratégias (metacognitivas), procedimentos e
dificuldades do leitor, a fim de identificar suas necessidades informacionais. Neste sentido,
esta técnica pode ser aplicada ao caso de leitura da bula de medicamento por
pacientes/usuários, na perspectiva do design da informação.
6.2.2 Critérios de seleção da amostra
Apresentam-se a seguir os critérios de seleção, dos participantes e da bula de medicamento,
para observação das estratégias de leitura utilizando a técnica de coleta de dados do
Protocolo Verbal:
84
6.2.2.1 Objeto de estudo
A bula de medicamento utilizada como objeto de estudo para a atividade de leitura dos
participantes durante a aplicação do Protocolo Verbal foi selecionada a partir da amostra
coletada e analisada no Estudo analítico, amostra-padrão. A bula é referente ao
medicamento “Scaflan”, apresentada nas Figuras 6.1 e 6.2 a seguir:
Figuras 6.1 e 6.2: Bula utilizada no estudo (frente e verso)
6.2.2.2 Participantes
Os seis participantes foram selecionados a partir dos critérios:
Ser alfabetizado
Adulto(a), com idade entre 21 e 65 anos
Possuir o segundo grau completo
Não possuir familiaridade com a bula do medicamento selecionada para o estudo
85
Como critérios de exclusão, foram desconsiderados os sujeitos:
Analfabetos ou analfabeto funcional
Idosos e adolescentes
Não possuam o segundo grau completo
Possuam familiaridade com o medicamento referentes a bula a ser lida
Para constatar este perfil e selecionar os participantes, foram realizadas entrevistas
semi-estruturadas (Apêndice 2). Esta entrevista foi utilizada apenas como ferramenta para
auxiliar na seleção dos participantes de acordo com os critérios apresentados.
Participantes selecionados
Participante 1
Idade: 49 anos
Profissão: Funcionário Público Estadual – UNESP, Oficial de administração universitário.
Participante 2
Idade: 64 anos
Profissão: balconista comercial - aposentada
Participante 3
Idade: 47 anos
Profissão: Funcionário Público Estadual – UNESP, Oficial de administração universitário.
Participante 4
Idade: 37 anos
Profissão: Funcionário público federal – UFPR, técnico administrativo.
Participante 5
Idade: 29
Profissão: Professora de balé - Graduada em Educação Física
Participante 6
Idade: 29
86
Profissão: Professor – Graduado em Educação Física
6.2.3 Procedimentos de aplicação do Protocolo Verbal nesta pesquisa
Ressaltam-se os procedimentos de aplicação da técnica de coleta de dados do Protocolo
Verbal conduzidos nesta pesquisa são descritos a seguir:
Após a seleção da bula de medicamento e dos participantes, foi realizada uma
conversa informal com cada um dos participantes antes de realizarem a tarefa.
Nessa conversa, foi solicitado que realizassem a leitura bula de medicamento
naturalmente, conforme sua preferência, tendo como objetivo a identificação de
informações que ele considera necessárias para uso do medicamento. Foi explicado
a cada participante sobre os procedimentos a serem seguidos, e para um melhor
esclarecimento da tarefa a ser realizada, foi apresentado um texto de Familiarização
(NARDI, 1993) da tarefa do Protocolo Verbal [Apêndice 9]. Ressalta-se que cada
entrevista foi realizada individualmente com cada participante, sendo registradas
por meio de gravador digital.
Antes de começar a gravação, foi entregue aos sujeitos a bula de medicamento
selecionada lembrando que era preciso “Pensar Alto” [“Think Aloud”],
(ERICSSON & SIMON, 1987) durante a leitura exteriorizando seus pensamentos,
procurando esquecer a presença do pesquisador, presente apenas com o intuito de
lembrar que era preciso “Pensar Alto” e também controlar o gravador. O
participante realizou a leitura de uma bula de medicamento, sob a observação do
entrevistador.
Em seguida, terminada a atividade de leitura, quando necessário, foi realizada uma
entrevista retrospectiva, o “Talk aloud” (ERICSSON & SIMON, 1993), com o
objetivo de esclarecer alguns pontos ou dúvidas considerados pelo pesquisador.
Contexto
De acordo com a combinação dos possíveis contextos citados pela autora desta dissertação
foram relacionados aos três contextos definidos por Giasson (1993) e estruturados Quadro
6.1:
87
Leitor
T
ipos de contexto (GIASSON, 1993)
Social e Psicológico Físico Social e Psicológico
Paciente/leitor
da bula
Situação Local de leitura Para quem?
Com stress
Trabalho ou
Residência
Para ele mesmo
Para outra pessoa [idoso,
criança, pessoa analfabeta
ou semi-analfabeta]
Sem stress
Com stress
Público
Para ele mesmo
Sem stress Para outra pessoa [idoso,
criança, pessoa analfabeta
ou semi-analfabeta]
Quadro 6.1: Tipos de contexto que podem ocorrer na leitura de bula de medicamento em relação aos
contextos citados por Giasson (1993)
Com base no Quadro 6.1, o contexto de leitura avaliado neste estudo foi: o paciente
em uma situação sem stress, lendo a bula para ele mesmo no local de trabalho para ele
mesmo. Neste sentido, os locais de coleta foram no local de trabalho ou na residência dos
participantes. Para a situação de leitura foi explicado aos participantes, que deveriam ler a
bula considerando-a como referente à um medicamento prescrito pelo médico após uma
consulta.
É importante ressaltar que o local de aplicação do Protocolo Verbal dos
participantes 1, 3 e 4 ocorreu no local de trabalho e o participante 2, 5 e 6 na residência.
6.2.4 Estratégia de análise dos dados
As transcrições literais das gravações foram analisadas qualitativamente de maneira a
destacar as estratégias e dificuldades dos participantes, suas dúvidas, equívocos e
identificação de necessidades informacionais. Para melhor visualização dos processos
adotados pelos participantes, foram utilizadas notações de transcrição, adaptadas de
Cavalcanti (1989) por Nardi (1993), apresentadas a seguir (Quadro 6.2):
NOTAÇÃO SIGNIFICADO
[minúsculas] trecho do texto-base vocalizado pelo sujeito à primeira leitura, durante o protocolo
verbal.
Itálic
o
fala do sujeito mostrando sua compreensão
.... para sinalizar pausas e continuação da leitura
<- -
para indicar voltas a trechos do texto
Negrito para indicar os termos selecionados pelo sujeito
(->)
T
recho do texto-base “saltado” (ignorado) na leitura
/ auto-interrupção de um pensamento
(....) omissão de trecho não relevante da transcrição
SUBLINHADO relevância-sujeito
Negrito e
sublinhado
trechos que melhor expressam o fenômeno em descrição
Quadro 6.2: Notações de transcrição (Fonte: Fujita, M. & Rubi, 2007)
88
6.2.4.1 Sistema de análise da tarefa para apresentação dos resultados
2
Os dados foram analisados através de um diagrama de análise de tarefa desenvolvido para
avaliar a seqüência de leitura em relação ao conteúdo da bula lida pelos participantes. O
Diagrama 6.1, apresenta o diagrama padrão:
Diagrama 6.1: diagrama de estrutura da bula para análise de tarefa
De acordo com a Legenda no Diagrama 6.1, a estrutura da bula, baseada no
conteúdo informacional estabelecido pela ANVISA (Resolução RDC Nº 140, 2003), é
representada pelos itens organizados na linha horizontal. O Diagrama 6.2, representa um
exemplo de aplicação de análise da tarefa através da seqüência de leitura
Diagrama 6.2: exemplo de aplicação de análise da tarefa de leitura
2
Este sistema de análise de tarefa foi criado com base no modelo de análise desenvolvido por Spinillo e Rodrigues (2003).
89
De acordo com a descrição da Legenda no Diagrama 6.2, somente o conteúdo
lido, é representado em forma de losango e marcado com a letra referente aos tópicos. Os
itens marcados com contorno preto e azul representam o momento de ocorrência na
seqüência de leitura de dificuldades e influência de conhecimento prévio, respectivamente.
As formas em circunferência são os tópicos que fazem parte da estrutura da bula, mas que
não foram lidos.
6.2.5 Categorias para discussão da análise dos resultados
As categorias para discussão da análise dos dados gerados por cada um dos participantes
durante a aplicação do Protocolo Verbal foram selecionadas com base nos principais temas
desenvolvidos na fundamentação teórica: estrutura e apresentação gráfica da bula de
medicamento; aspectos que influenciam a leitura (conhecimento prévio e contexto) e
estratégias de leitura. Cada uma dessas categorias são apresentadas a seguir:
Exploração da estrutura textual baseada na seqüência de leitura
Os dados foram discutidos através dos diagramas de análise de tarefa desenvolvido
para avaliar a seqüência de leitura em relação ao conteúdo da bula lida pelos seis
participantes.
Apresentação Gráfica
Sobre esta perspectiva, apresentou-se uma discussão sobre influencia dos aspectos
da apresentação gráfica da bula na leitura dos participantes, baseada no referencial
teórico apresentado no Capítulo 2 (item 2.4.2).
Fatores que influenciam a leitura: conhecimento prévio e contexto
A analise dos dados sobre este ponto de vista considerou a influencia do
conhecimento prévio do leitor e do contexto durante a leitura, de acordo com o
referencial teórico discutido no item 3.5 do Capitulo 3.
Estratégias de leitura
Sobre este enfoque, os dados serão analisados de acordo com Wright (1999) que
estruturou três seqüências de estratégias identificadas na leitura de instruções e
associadas à capacidade metacognitiva: (A) busca, (B) compreensão e (C) execução,
90
sendo que apenas as duas primeiras categorias foram adotadas como parâmetros de
análise qualitativa das transcrições verbais, as quais encontram-se detalhadas a
seguir:
A. Busca
1. formular alvo da busca
2. compreender a estrutura do documento
3. adaptar alvo de busca à estrutura do documento
4. localizar informação considerada relevante
5. decidir se é necessário continuar a busca
B. Compreensão
1. interpretar frases, assimilando os significados às palavras.
2. Fazer referência a pessoas, lugar e tempo, através de pronomes pessoais,
advérbios de lugar e de tempo
3. interpretar adjuntos no texto
4. integrar informação de diferentes localidades, dentro e fora do texto
5. decidir se são necessárias mais informações
6. tomar decisões sobre as ações
A fim de identificar e analisar as possíveis dificuldades dos participantes
durante a leitura da bula, e que não são contempladas nos parâmetros de análise de
Wright (1999), foram acrescentados dois itens, por iniciativa da pesquisadora sobre
as dificuldades de leitura relacionadas à [1] linguagem e à [2] apresentação gráfica da
bula.
Os resultados foram tabulados no Quadro 6.3 elaborado pela autora, no
intuito de facilitar a organização visual e discussão dos dados coletados de cada
participante.
91
Estratégias Participantes
1 2 3 4 5 6
Busca 1. formular alvo da busca
2. compreender a estrutura do
documento
3. adaptar alvo de busca à estrutura
do documento
4. localizar informação considerada
relevante
5. decidir se é necessário continuar a
busca
Compreensão 1. interpretar frases, assimilando os
significados às palavras
2. Fazer referencia a pessoas, lugar e
tempo, através de pronomes
pessoais, advérbios de lugar e de
tempo.
3. interpretar os adjuntos no texto
4. integrar informação de diferentes
localidades, dentro e fora do texto
5. decidir se são necessárias mais
informações
6. tomar decisões sobre as ações
Dificuldades
1. Linguagem
2. Apresentação gráfica
Quadro 6.3: Síntese dos resultados dos relatos verbais relacionados às estratégias leitura
6.3 Resultados da análise das transcrições dos relatos verbais
Apresentam-se aqui os resultados organizados a partir dos aspectos de seqüência de leitura,
dificuldades e estratégias de leitura para cada um dos seis participantes do estudo de caso
que utilizou a técnica qualitativa de coleta de dados do Protocolo Verbal.
6.3.1 Participante 1
A partir do Diagrama 6.3 sobre a análise da seqüência de leitura do Participante 1, observa-
se que o conteúdo da parte da estrutura textual de maior interesse e onde ocorreram
dificuldades, encontram-se em Informações Técnicas, que se compõe de: Indicações,
Contra-indicações, Reações Adversas e Posologia. Na parte de Informações ao Paciente,
não apresentou um interesse ou valor por este conteúdo, apesar de ter lido algumas
informações.
92
Diagrama 6.3: análise da tarefa da seqüência de leitura do Participante 1
O Participante 1, iniciou a tarefa justificando que não costuma ler as informações
localizadas no início do conteúdo da bula (como a Composição, localizada nas Formas
farmacêuticas e apresentações), pois as considera complexas. Relata dificuldades em relação
à compreensão do conteúdo inicial da bula. Este comentário pode ser observado no Item 1
referente à Figura 6.3, a seguir:
93
Figura 6.3: relatos do participante 1
De acordo com a Figura 6.3, o participante antes de iniciar a leitura das (n)
Indicações, relata a importância da ‘Posologia’ para ele, pois já teve uma experiência
passada de erro na prescrição médica, em relação como ele deveria tomar o medicamento
(e.g. horário e quantidade), e que também necessita saber se o medicamento é realmente
indicado para o seu problema de saúde. Neste trecho, observa-se a influência do
conhecimento prévio do leitor (adquirido em experiência passada) na determinação dos
objetivos durante o processo de leitura do documento.
Observa-se nos comentários referentes às (n) ‘ Indicações’ e (o) Contra indicações
(Figura 6.3), que o participante declarou ter dificuldade para ler o conteúdo. No conteúdo
destes tópicos, foram constatados no estudo analítico problemas na apresentação gráfica,
causadas pelo tamanho da fonte, uso excessivo de negrito, texto justificado, pouco
94
espaçamento entrelinhas. Neste sentido, pode-se inferir que estes aspectos dificultaram a
visualização das informações, interferindo no processo de leitura do participante.
Ao iniciar a leitura da (s) Posologia, o participante comenta que o conteúdo da bula
apresentado nas ‘Informações ao paciente’ parece se repetir em termos mais técnicos, mas
não compreende porque isso acontece. Este comentário pode ser observado na Figura 6.4,
a seguir:
Figura 6.4: relatos do participante 1
Neste caso, o participante demonstra uma auto-análise do conteúdo já lido, porém
nota-se por este relato que ele não compreende totalmente o que leu.
95
6.3.2 Participante 2
Observa-se no Diagrama 6.4, que o participante inicia a leitura na [1] ‘Contra Indicação’,
justificando o interesse neste tópico, por ser alérgico a antibiótico, no caso a penicilina.
Este fato apresenta a influência do conhecimento prévio e contexto sócio-cognitivo e
representa a relevância destes fatores nos objetivos de leitura. Este comentário pode ser
observado na Figura 6.5.
Diagrama 6.4: análise da tarefa da seqüência de leitura do Participante 2.
96
Figura 6.5: comentários do participante 2
De acordo com o comentário apresentado na Figura 6.5, observa-se a influência do
conhecimento prévio do leitor e seu contexto sócio-cognitivo, sobre seus objetivos e
seqüência de leitura.
A partir da leitura do tópico (u) ‘Pacientes idosos’ o participante começa apresentar
dificuldades em relação à linguagem e à apresentação gráfica, conforme comentário
apresentado na Figura 6.6:
97
Figura 6.6: relatos do participante 2
Em seqüência, durante a leitura das [5] ‘Indicações’, o participante verbaliza
dificuldades relacionadas à linguagem
98
Figura 6.7: relatos do participante 2
A leitura é finalizada em [l] ‘Dados pré-clínicos’, no qual o participante lê apenas
metade da primeira frase deste item, mas logo percebe que desconhece o conteúdo que está
lendo. A partir deste momento, o participante declara que os termos são difíceis e devem
ser direcionados aos médicos.
99
6.3.3 Participante 3
De acordo com o Diagrama 6.5, o Participante 3 inicia a leitura em (a)‘Nome do
Laboratório/Marca’. A partir da leitura da (d)‘Composição’, iniciam as dificuldades em
relação ao tamanho da letra (ilegibilidade), e, portanto, o participante desiste de ler este
tópico. A Figura 6.8 apresenta os comentários em relação às dificuldades.
Diagrama 6.5: análise da tarefa da seqüência de leitura do Participante 3.
100
Figura 6.8: relatos do participante 3
De acordo com a Figura 6.8, o comentário apresentado no item relacionado à (h)
‘Advertências (‘Informação ao paciente’) da seqüência, revela que o participante considera
que não irá conseguir ler a bula e que seria necessário alguém para orientá-lo. Em seguida,
afirma que o único conteúdo que consegue ler são os títulos que estão apresentados em
negrito e caixa alta, e como exemplo, o participante começa a ler uma (h) ‘Advertência’ que
faz parte do conteúdo do tópico ‘Informações ao paciente’, e é apresentada graficamente
da mesma forma que os títulos principais (negrito e caixa alta). Por isso, o participante
confunde uma advertência como título, pois estão representados graficamente da mesma
forma. Como constatado no estudo analítico, ocorre um problema na relação de
proeminência entre os componentes verbais.
101
Foi possível perceber, nesta transcrição que as dificuldades causadas pela
apresentação gráfica do documento, como letras muito pequenas e pouco espaço
entrelinhas, influenciaram na estratégia de leitura do participante. Desta forma, o
participante não apresentou uma seqüência de leitura baseada em objetivos, pelo fato de
não ter conseguido ler as informações, e logo no inicio da leitura, afirmou ter se
desestimulado, pois percebeu que não iria conseguir ler tudo o que tinha interesse.
6.3.4 Participante 4
De acordo com o Diagrama 6.6, o Participante 4, inicia a leitura em ‘Nome do
Laboratório/Marca’, e na seqüência começa a ler as (n) ‘Indicações’. Neste tópico, lê todo
o conteúdo mas, durante a leitura, apresenta dificuldades em relação à linguagem utilizada,
ao questionar alguns termos e assume não compreendê-los. Estes comentários são
apresentados na Figura 6.9.
Diagrama 6.6: análise da tarefa da seqüência de leitura do Participante 4.
102
Figura 6.9: relatos do participante 4
Após os comentários apresentados na Figura 6.9, o participante inicia a leitura das
(o) ‘Contra-indicações’ e finaliza a leitura da bula na (s) Posologia, sem realizar nenhum
comentário específico sobre o que leu.
Foi possível observar que este participante demonstrou conhecer a estrutura da
bula, por ser mais preciso e saber onde se localizavam as informações que o interessava.
Distintamente dos outros participantes não leu nenhuma outra informação que não fizesse
parte daquilo que o interessava ler.
103
6.3.5 Participante 5
De acordo com o Diagrama 6.7, observa-se que o Participante 5 desempenhou a seqüência
de leitura de forma linear e leu quase todos os tópicos constituintes da bula, porém, não leu
todo o conteúdo de cada tópico. Em alguns, leu somente os títulos ou subtítulos, tais
como: ‘Formas farmacêuticas e apresentações’, ‘Uso adulto e pediátrico’, ‘Composição’,
‘Farmacocinética’ e ‘Pacientes idosos’. Durante a leitura das ‘Informações ao Paciente’ e
‘Indicações’, o participante apresenta um maior interesse pelo conteúdo.
Diagrama 6.7: análise da tarefa da seqüência de leitura do Participante 5.
Notou-se que o participante, freqüentemente ao iniciar a leitura de um tópico,
interrompia a leitura e a dirigia ao tópico seguinte quando percebia que o conteúdo não o
interessava ou não o compreendia imediatamente. Os tópicos da seqüência em que este
fato ocorreu foram nos subtítulos que pertenciam às ‘Informações Técnicas’: ‘Descrição’,
‘Dados pré-clínicos’, ‘Contra-indicações’, ‘Precauções e advertências’, ‘Reações adversas’,
‘Posologia’, ‘Superdosagem’. Alguns comentários realizados pelo participante referentes a
alguns desses subtítulos são apresentados na Figura 6.10 a seguir:
104
Figura 6.10: comentários do participante 5
A partir da análise do relato verbal e da seqüência de leitura apresentada no
Diagrama 6.6, pode se inferir que o Participante 5, guiou a leitura a partir dos títulos e
subtítulos (apresentados em negrito em caixa baixa e/ou alta). Neste sentido, nota-se a
importância/relevância da hierarquia gráfica do conteúdo na estrutura do documento. A
seqüência de leitura deste participante também pode ser observada através do mapeamento
estruturado na bula utilizada, na Figura 6.11 a seguir:
105
Figura 6.11: Mapeamento da seqüência de leitura do participante 5
6.3.6 Participante 6
De acordo com o Diagrama 6.8, observa-se que Participante 6 igual ao Participante 5 o
procedeu a seqüência de leitura de forma linear e leu quase todos os tópicos da bula, porém
não leu todo o conteúdo de cada tópico. No início da bula, leu somente os títulos ou
subtítulos, tais como: ‘Formas farmacêuticas e apresentações’, ‘Uso adulto e pediátrico’ e
‘Composição’. A partir da leitura das ‘Informações ao Paciente’, quando percebia que o
conteúdo não o interessava interrompia a leitura declarando seu desinteresse. Estes
comentários podem ser observados na Figura 6.12.
106
Diagrama 6.8: análise da tarefa da seqüência de leitura do Participante 6.
Figura 6.12: Comentários do participante 6.
107
Em concordância com a Figura 6.12, observa-se que a partir da leitura das
‘Indicações’ o Participante 6 manifestou interesse pelo conteúdo, e assim procedeu para os
demais tópicos lidos na seqüência de leitura em diante, dos quais: ‘Contra indicações’,
‘Precauções e advertências’, ‘Reações adversas’, ‘Posologia’ e ‘Superdosagem.
A partir da análise do relato verbal em relação à seqüência de leitura apresentada no
Diagrama 6.7, notou-se que o Participante 6 conduziu a leitura da bula baseado nos títulos
e subtítulos (apresentados em negrito em caixa baixa e/ou alta), muitas vezes evidenciando
não possuir interesse pelo conteúdo que estava lendo. Neste sentido ressalta-se a
importância/relevância da hierarquia gráfica do conteúdo na estrutura do documento. A
seqüência de leitura deste participante também pode ser observada através do mapeamento
estruturado na bula utilizada, na Figura 6.13 a seguir:
Figura 6.13: Mapeamento da seqüência de leitura do participante 6
108
6.4 Discussão dos resultados
A seguir são apresentadas as discussões sobre as análises das transcrições dos relatos
verbais. As discussões foram organizadas de acordo com as categorias: exploração da
estrutura textual baseada na seqüência de leitura, apresentação gráfica, fatores que
influenciam a leitura e estratégias de leitura.
6.4.1 Exploração da estrutura textual baseada na seqüência de leitura
O Diagrama 6.9, representa uma síntese comparativa da seqüência de leitura baseada na
estrutura da bula pelos seis participantes.
D
Diagrama 6.9: Síntese da seqüência de leitura dos seis participantes
109
Em referência ao Diagrama 6.9, observa-se que os participantes 1 e 2
desempenharam uma seqüência de leitura não seqüencial em relação aos tópicos da
estrutura, enquanto que os participantes 4, 5 e 6 apresentaram uma seqüência linear em
relação a estrutura do conteúdo da bula. Apesar do Participante 3 ter executado a leitura
também de forma linear ressalta-se que, em função do desestímulo ocorrido como
conseqüência das dificuldades em relação a apresentação gráfica do conteúdo, este não
apresentou uma seqüência de leitura baseada em seus interesses. Este fato impediu o
desempenho de suas estratégias de leitura, por não conseguir visualizar toda a estrutura da
bula.
Foi possível notar que os participantes 1, 2, 3 e 4, manifestaram dificuldades em
relação à linguagem e principalmente à apresentação gráfica. A maioria destas dificuldades
ocorreu nos subtópicos referentes às ‘Informações técnicas’, dos quais: (n) Indicações, (o)
Contra indicações e (l) Dados pré-clínicos. Porém, durante a leitura das (n) Indicações e (o)
Contra-indicações, todos os participantes relataram grande interesse nestes dois conteúdos.
Ressalta-se que as estratégias metacognitivas em relação ao conhecimento prévio e ao
contexto sócio-cognitivo, constatadas nos relatos verbais dos participantes 1 e 2, ocorreram
durante a leitura das (n) Indicações, (o) Contra-indicações e (s) Posologia.
A seqüência de leitura dos participantes 5 e 6, demonstra que ambos leram quase
todos os tópicos constituintes na estrutura da bula e não apresentaram nenhum tipo de
dificuldade. Porém nem sempre liam todo o conteúdo de cada tópico, muitas vezes liam
somente os títulos, e algumas palavras após até perceberem que o conteúdo não os
interessava.
6.4.2 Apresentação gráfica
Apesar da dificuldade em relação ao tamanho da fonte para ler a bula, os participantes 1 e
2, não demonstraram desestímulo e continuaram lendo. Porém, durante a leitura do
Participante 3, ocorreram diversas dificuldades.
De acordo com o relato verbal do participante 3, foi possível observar que as
deficiências na apresentação gráfica do conteúdo textual da bula (e.g. letras muito
pequenas, pouco espaço entrelinhas, uso excessivo de negrito), influenciaram
negativamente no seu processo de leitura (Figura 6.8). O participante relatou que as únicas
informações que conseguia ler eram os títulos, a maioria representada em negrito e em
110
caixa alta. Porém, pelo fato de existirem diferentes tipos de informação, como advertências,
títulos e/ou subtítulos, representados graficamente da mesma forma (problemas na relação
de proeminência dos componentes verbais), o participante leu uma advertência assumindo
que fosse um título.
A ilegibilidade do texto da bula, não permitiu ao participante visualizar grande parte
do conteúdo. Desta forma, pode-se dizer não apresentou uma seqüência de leitura baseada
em seus interesses, pelo fato de não ter visualizado todas as informações. Logo no inicio da
leitura, afirmou se sentir desestimulado, pois percebeu que não iria conseguir ler o
conteúdo de ‘Indicações’ e ‘Contra-indicações’ que o havia interessado, pois não conseguia
enxergá-los.
A partir da análise da transcrição do participante 3, é possível inferir que as
deficiências na apresentação gráfica do conteúdo textual da bula podem desestimular a
leitura por parte do paciente, dificultando o acesso às informações que ele necessita e
impedindo-o de criar uma estratégia de leitura eficiente.
Os participantes 5 e 6, apesar de não terem relatado dificuldades, apresentaram uma
seqüência de leitura linear em relação à estrutura da bula. Pode-se observar nas Figuras 6.14
e 6.15 que ambos guiaram a leitura através dos títulos e subtítulos, destacados em negrito
e/ou caixa alta. A partir disto e da leitura dos demais participantes é possível afirmar que os
recursos gráficos utilizados na apresentação do conteúdo informacional da bula
influenciam na leitura do paciente/usuário.
111
Figura 6.14: Mapeamento da seqüência de leitura do participante 5
Figura 6.15: Mapeamento da seqüência de leitura do participante 6
112
6.4.3 Fatores que influenciam o processo de leitura: Contexto e conhecimento
prévio
Somente os participantes 1 e 2 relataram durante o processo de leitura, a influencia de seu
contexto, ou seja baseado em suas experiências e conhecimentos prévios.
O participante 1 relatou a importância da Posologia, pois descreveu uma
experiência relacionada a um erro de prescrição médica e, assim, sempre checa a Posologia
para comparar com a indicação da prescrição médica. Este comentário é apresentado no
trecho da transcrição a seguir:
ai depois eu vou sempre na posologia...porque...já aconteceu de eu
pegar o remédio, e o médico falar pra eu tomar de um jeito, a
quantidade e a bula fala de outro, ai eu questiono o médico, eu
vou na indicação porque se eu tô com um problema de saúde, eu
quero ver se o remédio é realmente indicado pro meu problema de
saúde...”.
O participante 2 revelou logo no inicio da leitura que possui alergia à penicilina que
pode ser contida em medicamentos antibióticos para justificar a leitura das ‘Contra-
indicações’. Este relato é apresentado no trecho da transcrição a seguir:
Isso aqui é muito importante, [contra indicações:
hipersensibilidade...], isso aqui é uma coisa que eu leio porque
eu sou alérgica à antibiótico né, se tiver penicilina eu não posso
tomar, isso aqui é uma coisa que sempre leio”.
Estes relatos demonstram que os participantes 1 e 2 realizam a leitura da bula de
medicamento com objetivos pré-determinados para buscar informações específicas
relacionadas à razões pessoais [e.g. alergia] de saúde ou de experiência passada. Estes
participantes 1 e 2, comentaram que sempre lêem a bula antes de ingerir um medicamento
pela primeira vez, e que os tomam com freqüência, pois possuem doenças crônicas
(contexto sócio-cognitivo), como diabetes e hipertensão. Isto revela que estes participantes
possuem experiência de leitura e familiaridade com a estrutura do conteúdo da bula,
identificando-os como pacientes/leitores experientes de bula de medicamento. De acordo
113
com Neves (2006a), pessoas com conhecimento anterior (familiaridade) sobre um texto
mostram mais geração de inferências, construção de hipóteses e capacidade de julgamento
da adequação e importância do conteúdo do texto, do que leitores com menos
conhecimentos e familiaridade. Talvez, por isso, não apresentaram uma seqüência de leitura
linear em relação à estrutura da bula e mesmo tendo dificuldades durante a leitura em
relação à linguagem e apresentação gráfica do conteúdo que os interessavam, não deixaram
de continuar lendo. Outro fator observado foi que ambos dirigiam a leitura somente na
informação que os interessavam, e demonstraram saber aonde as informações se
encontravam.
Os demais participantes não verbalizaram nenhum tipo de informação sobre seu
contexto ou conhecimento prévio adquirido por experiência passada com a bula. Isto
ocorreu, talvez, pelo fato de que os participantes 3, 4, 5 e 6, relatarem que utilizam
medicamentos raramente e tem pouco contato com bulas. Portanto, estes participantes têm
pouca experiência e familiaridade com o conteúdo e estrutura com este documento.
A partir dos relatos dos participantes 1 e 2 pode-se inferir que o conhecimento
prévio e o contexto sócio-cognitivo sobre o conteúdo de um documento são fatores
determinantes/influenciadores dos objetivos de leitura. Porém, pelo fato destes aspectos
serem individuais de cada pessoa, torna-se difícil de construir generalizações, específicas em
relação ao tipo de informação a ser priorizada.
6.4.4 Estratégias de leitura
Neste aspecto, os dados foram analisados de acordo com os parâmetros de Wright (1999)
que estruturou três seqüências de estratégias identificadas na leitura de instruções e
associadas à capacidade metacognitiva: (A) busca, (B) compreensão e (C) execução, sendo
que apenas as duas primeiras categorias foram adotadas como parâmetros de análise
qualitativa das transcrições verbais. Foram também consideradas dificuldades relacionadas
à ‘linguagem’ e à ‘apresentação gráfica’. Os resultados desta análise podem ser observados
no Quadro 6.4, a seguir:
114
Estratégias Participantes
1 2 3 4 5 6
Busca 1. formular alvo da busca xx
2. compreender a estrutura do documento xx
3. adaptar alvo de busca à estrutura do
documento
xx
4. localizar informação considerada
relevante
xxx x x
5. decidir se é necessário continuar a busca xx
Compreensão 1. interpretar frases, assimilando os
significados às palavras
x x x x
2. Fazer referencia a pessoas, lugar e tempo,
através de pronomes pessoais, advérbios de
lugar e de tempo.
3. interpretar os adjuntos no texto
4. integrar informação de diferentes
localidades, dentro e fora do texto
xx
5. decidir se são necessárias mais
informações
6. tomar decisões sobre as ações
Dificuldades
1. Linguagem xx
2. Apresentação gráfica xxx
Quadro 6.4: Resultados da análise dos relatos verbais gerados pelo Protocolo Verbal.
De acordo com os resultados apresentados na Tabela 6.2, observa-se que os
participantes 1, 2 e 3 realizaram estratégias de busca, porém somente os dois primeiros
(experientes) apresentaram estratégias de compreensão, integrando informações lidas no
texto com seus próprios conhecimentos. Os participantes 1, 2 e 3 relataram dificuldades
em relação à apresentação gráfica do texto, e apenas os participantes 1 e 4 sobre a
linguagem.
Os participantes 1 e 2, apresentaram características semelhantes durante a atividade
de leitura, como: associação imediata do que foi lido aos conhecimentos prévios, e
elaboração da seqüência de leitura baseado nas prioridades de informação de saúde
próprias e experiências passadas; e mesmo apresentando dificuldades relacionadas à
linguagem e à apresentação gráfica do conteúdo textual, continuavam lendo a bula.
No caso do participante 3, considera-se que não apresentou uma seqüência de leitura
baseada em suas estratégias metacognitivas, em conseqüência das dificuldades causadas
pelas deficiências na apresentação gráfica do conteúdo da bula que desestimulou sua leitura.
O participante 4, demonstrou conhecer a estrutura do conteúdo da bula, pois
desempenhou a tarefa de leitura de forma objetiva e sabia onde se localizavam as
informações que leu. Distintamente dos outros participantes não leu nenhuma outra
informação que não fizesse parte daquilo que o interessava ler, mas não revelou nenhuma
estratégia de busca.
115
Os participantes 5 e 6, desempenharam um processo de leitura similar, expondo três
estratégias de busca: adaptar alvo de busca à estrutura do documento; localizar informação
considerada relevante, decidir se é necessário continuar a busca, uma estratégias de
compreensão (interpretar frases assimilando significado às palavras); e não apresentaram
nenhum tipo de dificuldade durante a leitura. Foi possível, também, observar que os
participantes 5 e 6 guiaram sua leitura pelos tópicos destacados na estrutura da bula
representados em forma de títulos e subtítulos (e.g.’INFORMAÇÃO AO PACIENTE’,
Descrição’). Diferentemente dos outros leitores, o participante 6, realizou comentários do
que lia não justificando a leitura de determinado conteúdo. Já os outros participantes
sempre realizavam comentários sobre seu ponto de vista do que foi lido.
Apesar de não ser possível fazer generalizações quanto às conclusões das análises
qualitativas dos relatos verbais, pode se inferir que todos os participantes iniciaram sua
leitura nas Informações ao Paciente, porém rapidamente paravam de ler este conteúdo,
relatando que o conteúdo não os interessava. É também importante ressaltar que o
conteúdo de maior relevância para os participantes e em que ocorreu a exposição de
estratégias de leitura se localiza nas ‘Informações técnicas’, dos quais: ‘Indicações’, ‘Contra-
indicações’ e ‘Posologia’.
6.4.5 Discussão: Estudo analítico x Estudo de caso
No estudo analítico a bula de medicamento foi investigada a partir do modelo de Van der
Waarde (1999) que avalia sua apresentação gráfica em três níveis: (1) componentes gráficos
(verbal, pictórico, esquemático e composto), (2) relação entre os componentes gráficos
(proximidade, similaridade, proeminência e seqüencialidade) e (3) apresentação gráfica
global (consistência, características físicas e estéticas). Os dados coletados no estudo de
caso utilizando a técnica de coleta de dados do Protocolo Verbal foram analisados em
relação à: estrutura, apresentação gráfica, fatores que influenciam leitura (conhecimento
prévio de contexto sócio-cognitivo) e estratégias de leitura.
No nível 1 – componentes gráficos - foram constatados problemas relacionados à
legibilidade, pelo uso maciço de textos em negrito e/ou em caixa alta, o espaçamento
reduzido entre linhas e palavras. A influência destes fatores foi observada nos relatos
verbais dos participantes 1, 2 e principalmente do participante 3.
116
Os participantes 1 e 2 durante a tarefa de leitura da bula relataram dificuldades em
relação ao tamanho da letra, mas sempre faziam um esforço para continuar lendo o
conteúdo que os interessava.
De acordo com o relato verbal do participante 3, foi possível observar que as
deficiências constatadas nos componentes gráficos (nível 1) influenciaram negativamente
no seu processo de leitura. O participante relatou que as únicas informações que conseguia
ler eram os títulos, a maioria representada em negrito e em caixa alta. Em relação aos
problemas encontrados no nível 2 - relação entre os componentes gráficos, na relação de
proeminência (diferentes tipos de informação, como advertências, títulos e/ou subtítulos,
representados graficamente da mesma forma) o participante leu uma advertência
assumindo que fosse um título.
No caso do participante 3, a ilegibilidade do texto da bula causado pelas deficiências
na apresentação gráfica não permitiu visualizar grande parte do conteúdo. O participante
relatou se sentir desestimulado e que tinha a intenção de ler algumas informações, mas que
não seria possível em função da apresentação gráfica. Neste caso, é possível inferir que as
deficiências constatadas no estudo analítico podem desestimular a leitura por parte do
leitor, dificultando o acesso às informações que ele necessita, impedindo-o de criar uma
estratégia de leitura eficiente.
Os participantes 5 e 6, apesar de não apresentarem nenhum tipo de dificuldade em
relação à apresentação gráfica do conteúdo lido, guiaram a leitura estritamente pela
seqüência dos títulos [representados em caixa alta (letra maiúscula) em negrito]
apresentando uma seqüência de leitura linear. Isto está de acordo com a relação de
similaridade (nível 2 – relação entre os componentes gráficos), na qual é uma indicação de
parentesco funcional, ou seja, componentes que parecem similares graficamente possuem
um grau de importância similar. Neste caso, todas as palavras que antecipavam uma grande
quantidade de conteúdo e representadas em caixa alta em negrito, enunciavam o início de
um novo tópico. Neste sentido, pode se inferir que os participantes 5 e 6, apresentaram
uma seqüência de leitura totalmente linear determinada pela relevância da forma de
apresentação gráfica dos títulos. Isto demonstra que a apresentação gráfica dos títulos pode
influenciar a seqüência de leitura do paciente/usuário.
117
6.5 Conclusão
A análise dos relatos verbais coletados permitiu a observação de estratégias de leitura,
procedimentos e dificuldades do leitor, identificando suas dificuldades em relação à
estrutura e apresentação gráfica e necessidades informacionais.
A influência das deficiências/problemas constatadas no estudo analítico em relação
à estrutura e apresentação gráfica do conteúdo da bula de medicamento foram avaliados e
comprovados na análise e discussão dos resultados dos relatos verbais.
Além disso, vale salientar que a técnica do Protocolo Verbal contribuiu para coleta
de dados sobre a observação de estratégias de leitura e identificação de dificuldades de
bulas de medicamentos nesta pesquisa.
6.6 Síntese do capítulo e perspectivas
Foram apresentados neste capítulo os resultados do estudo de caso que utilizou a técnica
qualitativa de coleta de dados do Protocolo Verbal para identificar as dificuldades e através
das observação de estratégias de leitura aplicada ao design da informação de bulas de
medicamento.
Com base nos resultados e discussão provenientes do estudo analítico e de caso,
foram elaboradas diretrizes para o design de conteúdo textual em bulas de medicamento no
Brasil. Estas diretrizes são apresentadas no Capítulo 7, a seguir.
118
Capítulo 7 | Diretrizes para o design de conteúdo textual em bulas de
medicamento no Brasil
7.1 Introdução
É apresentada neste capítulo uma proposta de diretrizes para o design do conteúdo
informacional da bula de medicamento no Brasil.
As diretrizes foram elaboradas de acordo com os resultados obtidos no estudo
analítico e do estudo de caso. Neste sentido, em primeiro lugar é apresentada uma síntese
dos resultados que contribuíram para a elaboração das diretrizes. Esta síntese foi
estruturada de acordo com as categorias de discussão da análise dos dados selecionadas a
partir dos principais temas desenvolvidos nos capítulos da fundamentação teórica, dos
quais: estrutura (Capítulo 2), apresentação gráfica (Capítulo 2); aspectos que influenciam a
leitura: conhecimento prévio e contexto (Capítulos 3 e 4) e estratégias de leitura (Capítulo
3).
7.2 Síntese dos resultados que contribuíram para o desenvolvimento das diretrizes
Preliminarmente, apresenta-se uma síntese dos resultados de cada uma das categorias de
discussão e análise dos resultados que contribuíram para o desenvolvimento das diretrizes.
Esta síntese encontra-se definida nos itens a seguir.
7.2.1 Estrutura
Considerando os resultados identificados em relação à estrutura do conteúdo da bula,
apresenta-se a síntese dos principais resultados que contribuíram para as diretrizes, a seguir:
Os participantes 1, 2, 3 e 4, manifestaram dificuldades em relação à linguagem e
principalmente à apresentação gráfica. A maioria destas dificuldades ocorreu nos
subtópicos da estrutura referentes às ‘Informações técnicas’, dos quais: ‘Indicações’,
‘Contra indicações’ e ‘Dados pré-clínicos’.
119
As estratégias metacognitivas em relação ao conhecimento prévio e ao contexto
sócio-cognitivo, foram identificadas nos relatos verbais dos participantes 1 e 2, e
ocorreram durante a leitura das ‘Indicações’, ‘Contra-indicações’ e ‘Posologia’.
O participante 6, demonstrou interesse em ‘Indicações’, ‘Contra-indicações’,
‘Precauções e advertências’, ‘Reações adversas’ e ‘Posologia’.
Durante a leitura das ‘Indicações’ e ‘Contra-indicações’, todos os participantes
relataram grande interesse nestes dois conteúdos.
7.2.2 Apresentação gráfica e resultados do estudo analítico
A síntese dos resultados desta categoria que foram considerados para elaboração das
diretrizes, foi organizada de acordo com os níveis de análise (componentes gráficos, relação
entre os componentes gráficos e apresentação gráfica global) do modelo de Van der
Waarde (1999), considerando os resultados de ambos os estudos (analítico e de caso):
Nível 1 - componentes gráficos: foram constatados no estudo analítico problemas
relacionados à legibilidade, pelo uso maciço de textos em negrito e/ou em caixa
alta, o espaçamento entre linhas e palavras reduzido, e a transparência do papel,
ocasionando uma poluição visual. A influência negativa destes fatores foi observada
nos relatos verbais dos participantes 1, 2 e principalmente do participante 3.
o A leitura da bula pelo participante 3 foi comprometida pelas deficiências na
apresentação gráfica. O participante relatou que as únicas informações que
conseguia ler eram os títulos, a maioria representada em negrito e em caixa
alta.
o As deficiências constatadas no estudo analítico podem desestimular a leitura
por parte do leitor, dificultando o acesso às informações que ele necessita.
Nível 2 – Relação entre os componentes gráficos: no estudo analítico verificou-se que a
hierarquia gráfica informacional constitui uma deficiência nas bulas de
medicamentos, verificada nas relações de proeminência e similaridade,
principalmente na apresentação das advertências e títulos principais das
informações verbais. Isto se refere à carência de contraste para diferenciação de
hierarquia das informações, por exemplo: títulos, subtítulos e/ou texto corrido
120
apresentados com mesmo tamanho, peso e caixa da fonte, não distinguindo a
relação de grau de hierarquia entre estes.
o Na relação de proeminência (diferentes tipos de informação, como
advertências, títulos e/ou subtítulos, representados graficamente da mesma
forma) o participante 3 leu uma advertência considerando-a como um
tópico, pois ambos eram representados graficamente da mesma forma.
o Os participantes 5 e 6 guiaram a leitura estritamente pela seqüência dos
tópicos apresentando uma seqüência de leitura linear. Este fato está de
acordo com a relação de similaridade, a qual é uma indicação de parentesco
funcional, ou seja, componentes que parecem similares graficamente
possuem um grau de importância similar. Na bula utilizada no estudo de
caso, todas as palavras isoladas que antecipavam uma grande quantidade de
conteúdo e representadas em caixa alta em negrito, enunciavam o início de
um novo tópico. Neste sentido, pode se inferir que estes participantes,
apresentaram uma seqüência de leitura determinada pela relevância da
forma de apresentação gráfica dos títulos. Portanto a forma de apresentação
gráfica dos títulos pode influenciar a seqüência de leitura do
paciente/usuário.
Nível 3 – Apresentação gráfica global: no estudo analítico verificou-se que a consistência
geral das bulas é comprometida em, pois os elementos gráficos e suas relações
apresentam deficiências. Em geral, a amostra apresenta espaçamento muito
reduzido entre as linhas e as palavras, particularmente quando aplicados a texto em
negrito ou em caixa alta, gerando uma massa pesada visualmente na página
(poluição visual), comprometendo assim, a legibilidade do documento. Quanto às
características físicas, apesar de apresentarem uma boa qualidade de impressão, o
papel utilizado nas bulas causa transparência, interferindo na leitura.
7.2.3 Fatores que influenciam a leitura: conhecimento prévio e contexto sócio-
cognitivo
A seguir são apresentados os resultados principais, que contribuíram para as diretrizes com
base no conhecimento prévio e contexto sócio-cognitivo:
121
Os participantes 1 e 2 realizam a leitura da bula de medicamento com
objetivos pré-determinados para buscar informações específicas
relacionadas à razões pessoais de saúde ou de experiência passada. Talvez,
por isso, não apresentaram uma seqüência de leitura linear em relação à
estrutura da bula e mesmo tendo dificuldades durante a leitura em relação à
linguagem e à apresentação gráfica do conteúdo que os interessava, não
deixaram de continuá-lo lendo.
Os participantes 3, 4, 5 e 6, relataram que utilizam medicamentos raramente
e tem pouco contato com bulas. Isto mostra que estes participantes têm
pouca experiência e familiaridade com o conteúdo e estrutura deste
documento, e, portanto pouco conhecimento prévio relacionado à bula.
Talvez por isso, nenhum deles verbalizou informação sobre seu contexto
ou conhecimento prévio adquirido por experiência passada com a bula.
Os participantes 1 e 2, comentaram sempre ler a bula antes de ingerir um
medicamento pela primeira vez, e que os tomam com freqüência, pois
possuem doenças crônicas (contexto sócio-cognitivo). Este fato revela que
estes participantes possuem experiência de leitura e familiaridade com a
estrutura do conteúdo da bula, e por isso dirigiam a leitura somente na
informação que os interessavam, e demonstraram saber onde se
localizavam. Portanto foram os únicos a expor conhecimentos prévios e
contexto sócio-cognitivo.
A partir dos resultados dos participantes 1 e 2, infere-se que o
conhecimento prévio e o contexto sócio-cognitivo sobre o conteúdo da
bula são fatores determinantes/influenciadores dos objetivos de leitura.
Com base nos resultados apresentados acima, foram desenvolvidas considerações que
contribuíram com as diretrizes relacionadas à organização da estrutura da bula de
medicamento. Neste sentido são citadas as possíveis razões relacionadas ao conhecimento
prévio e contexto sócio-cognitivo que podem influenciar os objetivos de leitura. Estas
convêm para justificar tipos de informações (e.g. ‘Indicações’) que devem ser incluídas
como conteúdo direcionado ao paciente/usuário na estrutura da bula. Estas razões,
relacionadas com seus respectivos conteúdos, são apresentados no Quadro 7.1, a seguir:
122
Possíveis razões relacionados ao
conhecimento prévio e contexto sócio-
cognitivo que podem influenciar os
objetivos de leitura:
Conteúdo a ser priorizado e
direcionado como
Informação ao pacientes, na
estrutura da bula:
Substâncias que não podem ser ingeridas
ou problema de saúde que pode ser
afetado pelo medicamento
Contra-indicação
Composição
Reações adversas
Experiência com modo de uso
Indicação
Posologia
Quadro 7.1: Indicação de conteúdo a ser priorizado na estrutura da bula
7.2.4 Estratégias de leitura
A síntese dos resultados quanto às estratégias de leitura foram explicitadas de acordo com
os parâmetros de Wright (1999), utilizado na avaliação dos resultados do estudo de caso.
Os parâmetros identificam as estratégias associadas à capacidade metacognitiva durante a
leitura de um documento instrucional, das quais: (A) busca, (B) compreensão. Foram
também consideradas dificuldades relacionadas à ‘linguagem’ e à ‘apresentação gráfica’.
De acordo com estes parâmetros são apresentados a seguir uma síntese dos
principais resultados que contribuíram para as diretrizes desenvolvidas em relação às
estratégias de leitura:
Os participantes 1, 2 e 3 realizaram estratégias de busca, porém somente os
dois primeiros (considerados leitores experientes) apresentaram estratégias de
compreensão, integrando informações lidas no texto com seus
conhecimentos prévios.
Os participantes 1, 2 e 3 relataram dificuldades em relação à apresentação
gráfica e apenas os participantes 1 e 4 sobre a linguagem.
Os participantes 1 e 2, apresentaram características semelhantes durante a
atividade de leitura, como: associação imediata do que foi lido aos
conhecimentos prévios, e elaboração da seqüência de leitura baseado nas
prioridades de informação de saúde próprias e experiências passadas; e
mesmo apresentando dificuldades relacionadas à linguagem e à apresentação
gráfica do conteúdo textual, continuavam lendo a bula.
De acordo com a análise dos resultados do participante 3, constatou-se que
este não apresentou uma seqüência de leitura baseada em estratégias de
123
leitura, em conseqüência das dificuldades causadas pelas deficiências na
apresentação gráfica do conteúdo da bula desestimulando a leitura
O participante 4, demonstrou conhecer a estrutura do conteúdo da bula, pois
desempenhou a tarefa de leitura de forma objetiva e sabia onde se
localizavam as informações que leu.
Os participantes 5 e 6, desempenharam um processo de leitura similar,
expondo três estratégias de busca e não apresentaram nenhum tipo de
dificuldade durante a leitura. Foi possível, também, observar que estes
participantes guiaram sua leitura pelos tópicos destacados na estrutura da bula
representados em forma de títulos e subtítulos, enfatizando a necessidade de
contraste entre as informações com status hierárquico distinto.
O conteúdo na estrutura da bula de maior relevância para os participantes e
em que se manifestaram estratégias de leitura se localiza nas ‘Informações
técnicas’, dos quais: ‘Indicações’, ‘Contra-indicações’ e ‘Posologia’.
7.3 Diretrizes e recomendações
Com base na síntese dos resultados proporcionados nos itens anteriores e na
fundamentação teórica (Capítulos 2, 3 e 4), as diretrizes são apresentadas a seguir:
a) As ‘Indicações’, ‘Contra Indicações’ e ‘Posologia’, são conteúdos que precisam ser
priorizados na estrutura da bula. Isto pode ser concretizado, posicionando-os como
subtítulos das ‘Informações ao Paciente’, no início do conteúdo da bula.
b) Utilizar tamanho de fonte de no mínimo 2mm de altura e 2mm de largura por
caractere (e.g. Arial tamanho 9) ;
c) Evitar o uso excessivo de negrito em textos, usando-o somente para as informações
mais importantes, como tópicos ou subtópicos;
d) Evitar o uso de textos em caixa alta, utilizando-as somente para títulos ou para
enunciar informações mais importantes (e.g. ‘atenção!’ ou ‘advertência’);
e) Ser consistente na representação gráfica para cada tipo de informação que
apresentar um status hierárquico informacional distinto (e.g. tópicos, subtópicos ou
advertências);
124
f) Enfatizar o conteúdo das ‘Indicações’, ‘Contra-indicações’ e ‘Posologia’,
posicionando-os no início da estrutura do conteúdo da bula;
g) Diferenciar a apresentação gráfica dos tópicos (e.g. ‘Informações ao Paciente’),
subtópicos (e.g. ‘Indicações) e advertências, utilizando recursos gráficos como:
negrito, caixa alta e baixa e/ou elementos enfáticos (e.g. boxes, contorno, cor).
A Figura 7.1, apresenta um exemplo de aplicação das recomendações (a), (b),
(c), (d), (e) e (f), a seguir:
Figura 7.1: exemplo de aplicação das recomendações (a), (b), (c), (d), (e) e (f)
h) Posicionar informações direcionadas ao profissional da saúde, após as que
interessam aos pacientes/usuários.
i) Utilizar espaçamento entre linhas e palavras que promovam à legibilidade, de
acordo com o comprimento da linha e tamanho da fonte;
j) Utilizar as colunas de texto alinhadas à esquerda ao invés de justificado (Figura 7.2)
125
Figura 7.2: exemplo de aplicação sobre o uso colunas de texto alinhadas à esquerda ao invés de justificado
k) Utilizar gramatura (espessura) de papel para a impressão de bulas, que impossibilite
translucidez entre os dois lados (verso e recto) do documento.
7.4 Síntese do capítulo e perspectivas
De acordo com o desenvolvimento deste capítulo, pode se afirmar que a partir da
fundamentação teórica e dos resultados obtidos no estudos analítico e de caso, foi possível
analisar, constatar, e comprovar muitos problemas em relação à estrutura e apresentação
gráfica da bula. Em referência a estes resultados foram elaboradas as diretrizes apresentadas
neste capítulo e espera-se que estas possam contribuir com a melhoria na qualidade da
estrutura e apresentação gráfica do conteúdo informacional da bula de medicamento no
Brasil
Considerando-se o atendimento do quarto e último objetivo desta pesquisa:
Elaborar diretrizes para a estrutura e a apresentação gráfica do conteúdo textual em bulas de
medicamentos para facilitar a leitura dos pacientes/usuários. ’, foi apresentada neste capítulo
proposta de diretrizes para o design do conteúdo informacional da bula de medicamento
no Brasil.
As diretrizes foram elaboradas de acordo com a fundamentação teórica e dos
resultados obtidos no estudo analítico e do estudo de caso. As diretrizes foram
126
organizadas de acordo com categorias de discussão da análise dos resultados, selecionadas a
partir dos principais temas abordados nos capítulos da fundamentação teórica, dos quais:
estrutura; apresentação gráfica; aspectos que influenciam a leitura: conhecimento prévio e
contexto sócio-cognitivo; e estratégias de leitura.
O capítulo 8 a seguir aborda uma síntese do conteúdo abordado nesta dissertação e
as contribuições baseadas no objetivo geral proposto neste estudo: “Contribuir para facilitar a
leitura do conteúdo textual da bula de medicamento por pacientes/usuários, através da adequação da
estrutura e apresentação gráfica do conteúdo textual da bula de medicamentos às estratégias de leitura dos
pacientes/usuários”.
127
Capítulo 8 | Conclusões e considerações finais
A partir do problema de pesquisa “Como melhorar a estrutura apresentação gráfica do conteúdo
textual da bula de medicamentos para facilitar o processo de leitura dos paciente/usuários?”, este estudo
contemplou o objetivo geral: “Contribuir para facilitar a leitura do conteúdo textual da bula de
medicamento por pacientes/usuários, através da adequação da estrutura e apresentação gráfica do conteúdo
textual da bula de medicamentos às estratégias de leitura dos pacientes/usuários”. No intuito, de se
atingir este objetivo principal, foram apresentados cinco objetivos específicos e
desenvolvidos em seis capítulos desta dissertação.
Os objetivos específicos 1 e 2, foram concretizados no desenvolvimento dos
Capítulos 2, 3 e 4 de fundamentação teórica sobre os principais tópicos deste estudo:
design da informação em bulas de medicamento, estrutura e apresentação gráfica de
conteúdo textual de bulas, contexto e estratégias de leitura. O objetivo específico 3, foi
concluído no Capítulo 5, abordando um estudo analítico qualitativo de investigação da
apresentação gráfica de bulas de medicamento e a partir da amostra analisada selecionou-se
a bula de medicamento para ser utilizada no estudo de caso de observação das estratégias
de leitura. Para o quarto objetivo, foi realizado um estudo de caso de caráter experimental
(Capítulo 6) para identificação das dificuldades através da observação das estratégias de
leitura do leitor/paciente da bula de medicamento considerando o contexto de uso, e
utilizando da técnica qualitativa de coleta de dados do Protocolo Verbal. E por último, para
o quinto objetivo, no Capítulo 7 foram apresentadas diretrizes e recomendações para
adequação do conteúdo textual da bula de medicamento no Brasil, através dos resultados
dos estudos analítico e de caso e fundamentação teórica.
Considerações metodológicas e contribuições
Através do desenvolvimento desta pesquisa para se concretizar os objetivos de acordo com
as perguntas de pesquisa, foi possível elaborar uma abordagem qualitativa centrada no
usuário sobre o processamento de informações durante a realização da tarefa de leitura da
bula de medicamento como documento informacional e instrucional na perspectiva do
design da informação.
128
De acordo com os resultados obtidos no estudo analítico foi possível analisar,
conhecer qualitativamente o padrão gráfico-informacional e constatar deficiências em
relação à estrutura e apresentação gráfica da bula, na perspectiva do modelo estruturado
por Van der Waarde (1999).
No estudo de caso, comprovou-se que as deficiências de ordem gráfico-
informacional podem influenciar negativamente a leitura da bula. A técnica de coleta de
dados qualitativa utilizada, o Protocolo Verbal, considera-se que esta contribuiu para a
observação de estratégias de leitura e principalmente na identificação das necessidades de
leitura e das dificuldades de leitura causadas pelas deficiências na estrutura e apresentação
gráfica do conteúdo textual. Sobre o caráter qualitativo dos dados coletados, apesar de não
ser possível realizar conclusões generalizadas, obteve-se um detalhamento dos processos de
leitura (particularmente da metacognição) que permitiu um olhar profundo sobre o usuário
em questão (paciente). Por isso, espera-se que os dados das transcrições possam vir a
colaborar em outras pesquisas sobre a leitura de documentos instrucionais na perspectiva
do design da informação.
Quanto ao sistema de análise da tarefa para apresentação dos resultados para
observar e constatar a seqüência de leitura dos participantes elaborado nesta dissertação, e
os parâmetros desenvolvidos e adaptados para as categorias de análise (exploração da
estrutura textual baseada na seqüência de leitura, apresentação gráfica, conhecimento
prévio e contexto, estratégias de leitura) dos dados, apesar de terem contribuído
significantemente para avaliação das transcrições e obtenção dos resultados, considero que
estes ainda necessitam de aperfeiçoamento. Porém, espera-se que estes parâmetros de
design da informação, contribuam na análise de dados em pesquisas que utilizem o
Protocolo Verbal ou técnicas de coleta semelhantes, tanto no design como em outras áreas
de conhecimento.
Com base nestes resultados foram elaboradas diretrizes e espera-se que estas
possam contribuir com a melhoria na qualidade da estrutura e apresentação gráfica do
conteúdo informacional da bula de medicamento no Brasil
Desdobramentos futuros
Espera-se que o resultado final deste estudo venha contribuir para o design de bulas de
medicamento no Brasil e pesquisas na área design da informação em medicamentos com
129
abordagens centradas no usuário. Assim como, apontar tópicos para futuras investigações,
como: validação utilizando a técnica de Protocolo Verbal com maior número de
participantes, experimentos com diferentes bulas de medicamentos, aprofundamento dos
parâmetros de análise e aprimoramento de diretrizes, a partir de um aumento de pesquisas
na área do design da informação em bulas de medicamento.
130
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139
Apêndice 1 | Análise individual da bulas: Resultados do Estudo
Analítico
Bula 1 | Rinosoro
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 9
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em bold
Advertências: caixa alta, normal
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
A
presenta duas seqüências pictóricas de procedimento numeradas, de como usar o
medicamento.
E
squemático
s
A
presenta dois retângulos, representados por uma linha de contorno, que contem
advertências.
Compost
o
Não apresenta componente composto
Nível 2 | Relação entre os componentes gráficos
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere. No caso da maior
distancia, há uma separação de 0,5 cm, entre cada tópico diferente.
Similaridad
e
Ocorre uma certa similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; a única diferença é de que os tópicos estão em negrito e as advertências
sem negrito.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1. nome do medicamento: maior fonte
2. tópicos: caixa alta, em negrito
3. advertências: caixa alta, sem negrito
4. texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na vertical, dividida em duas colunas, iniciado do
lado esquerdo superior.
Nível 3 | Características da apresentação gráfica global.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
boa consistência em geral, pois divide bem cada tipo de informação.
Caracterí
s
ticas
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apresenta um pouco de transparência, mas
não interferem na leitura.
E
stética Boa apresentação das informações, porem poderia ser mais trabalhada.
Bula 2 | Novalgina
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 8 a 7
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em bold
Advertências: caixa alta, normal e bold
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal e bold.
Pictórico
s
A
presenta uma seqüência pictórica de procedimento (duas figuras) de como usar o
medicamento.
E
squemático
s
Duas setas de indicação na seqüência pictórica de procedimento
Uma linha de sublinhamento sobre nome e a logomarca do medicamento
Compost
o
Diagramas sobre a composição do medicamento
Duas tabelas
Nível 2 | Relação entre os componentes gráficos
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere, mas não existe muita
separação entre os diferentes tipos de elementos de informação (menos de 0,5cm).
140
Similaridad
e
Ocorre uma grande similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; e entre a massa de texto e as advertências. Muitas vezes as advertências
estão representadas graficamente igual aos tópicos (caixa alta em negrito); e a massa
de texto em negrito junto as advertências.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
5. nome do medicamento: maior fonte
6. tópicos: caixa alta, em negrito x advertências: caixa alta, em negrito
7. texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, em negrito.
8. texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na vertical, dividida em duas colunas, iniciado do
lado esquerdo superior.
Nível 3 | Características da apresentação gráfica global.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos não apresenta
uma boa consistência em geral. Os componentes gráficos estão muito aproximados
uns dos outros (separação entre linhas e palavras), o que causa confusão na relação
de proximidade entre os componentes gráficos. O texto em negrito, forma uma
massa de texto, relacionada a grande proximidade, forma uma poluição visual
dificultando a leitura, localização e compreensão das informações.
Características
Físicas
A
pesar de uma boa qualidade de impressão (preto e branco), ocorre um excesso de
informações pelo fato de estarem ajustadas em um espaço muito pequeno (cm),
apresenta um pouco de transparência, o que interferem na leitura.
E
stética Grande poluição visual, pela falta de espaço, dificultando a leitura.
Bula 3 | Scaflam
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 8 a 7
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em bold
Advertências: caixa alta, normal e bold
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal e bold.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
E
squemático
s
Não apresenta componentes esquemáticos.
Compost
o
Não apresenta componente composto.
Nível 2 | Relação entre os componentes gráficos
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere, mas não existe
separação entre os componentes gráficos e elementos de informação.
Similaridad
e
Ocorre uma grande similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; e entre a massa de texto e as advertências. Muitas vezes as advertências
estão representadas graficamente iguais aos tópicos (caixa alta em negrito); e a massa
de texto em negrito junto às advertências.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
nome do medicamento: maior fonte
tópicos: caixa alta, em negrito x advertências: caixa alta, em negrito
texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, em negrito.
texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na vertical, dividida em duas colunas, iniciado do
lado esquerdo superior.
Nível 3 | Características da apresentação gráfica global.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos não apresenta
uma boa consistência em geral. Os componentes gráficos estão muito aproximados
uns dos outros (separação entre linhas e palavras), o que causa confusão na relação
de proximidade entre os componentes gráficos. O texto tanto em negrito, forma uma
massa de texto, relacionada a grande proximidade e pequeno tamanho da fonte,
forma uma poluição visual dificultando a leitura, localização e compreensão das
informações.
Características
A
pesar de uma boa qualidade de impressão (preto e branco), ocorre um excesso de
141
Física
s
informações pelo fato de estarem ajustadas em um espaço muito pequeno (xcm),
apresenta um pouco de transparência, o que interfere na leitura.
E
stética Grande poluição visual, pela falta de espaço, dificultando a leitura e localização das
informações.
Bula 4 | Astro
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 7 a 6
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta e baixa, em bold
Advertências: caixa alta, normal
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal e bold.
Pictórico
s
A
presenta uma seqüência pictórica de procedimento numerada (1 a 8) de como usar
o medicamento.
E
squemático
s
Setas de indicação em varias etapas da seqüência pictórica de procedimento, e
sublinhamento em alguns tópicos.
Compos
t
o
- Uma tabela
- Diagramas sobre a composição do medicamento
Nível 2 | Relação entre os componentes gráficos
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere, mas não existe muita
separação entre os diferentes tipos de elementos de informação (menos de 0,5cm).
Similaridad
e
Ocorre uma similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das advertências; e
entre a massa de texto e as advertências. Muitas vezes as advertências estão
representadas graficamente iguais aos tópicos (caixa alta em negrito); e a massa de
texto em negrito junto as advertências.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1- nome do medicamento: maior fonte
2- advertências: caixa alta, normal (por abranger grande parte do espaço)
3- Advertências em caixa alta em bold
4- Tópicos em caixa alta e baixa em bold
5- Texto informativo, caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta no modo horizontal.
Nível 3 | Características da apresentação gráfica global.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos não apresenta
uma boa consistência em geral. Os componentes gráficos estão muito aproximados
uns dos outros (separação entre linhas e palavras), o que causa confusão na relação
de proximidade entre os componentes gráficos. O texto em caixa alto, apesar de se
destacar mais do que qualquer outro componente grafico, forma uma massa de texto,
e relacionada a grande proximidade, forma uma poluição visual dificultando a leitura,
localização e compreensão das informações.
Características
Físicas
A
pesar de uma boa qualidade de impressão (preto e branco), ocorre um excesso de
informações pelo fato de estarem ajustadas em um espaço muito pequeno (xcm),
apresenta um pouco de transparência, o que interferem na leitura.
E
stética Grande poluição visual, pela falta de espaço, dificultando a leitura.
Bula 5 | Claritin D
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 9 e 8
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em bold
Advertências: caixa alta e baixa, negrito
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
142
E
squemático
s
Não apresenta componentes esquemáticos.
Compost
o
Não apresenta componente composto
Nível 2 | Relação entre os componentes gráficos
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere. No caso da maior
distancia, há uma separação de 0,5 cm, entre cada tópico diferente.
Similaridad
e
Ocorre uma certa similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; ambos estão representados em negrito.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1- nome do medicamento: maior fonte
2- tópicos: caixa alta, em negrito
3- advertências: caixa alta e baixa, em negrito
4- texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na vertical, dividida em duas colunas, iniciado do
lado esquerdo superior.
Nível 3 | Características da apresentação gráfica global.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
boa consistência em geral, pois divide bem cada tipo de informação, apesar das
advertências em texto estarem em negrito que dificulta na leitura.
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apesar do tamanho da fonte ser pequeno,
apresentam um pouco de transparência, o que interfere na leitura.
E
stética Regular, diferencia bem o status hierárquico das informações.
Bula 6 | Fonergin (Farmasa)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 9
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em bold
Advertências: caixa alta, normal
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
E
squemático
s
Não apresenta componentes esquemáticos.
Compost
o
Diagramas sobre a composição do medicamento
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere. No caso da maior
distancia, há uma separação de 0,5 cm, entre cada tópico diferente.
Similaridad
e
Ocorre uma certa similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; a única diferença é de que os tópicos estão em negrito e as advertências
sem negrito.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1. nome do medicamento: maior fonte
2. tópicos: caixa alta, em negrito
3. advertências: caixa alta, sem negrito
texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, sem negrito
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na vertical, dividida em duas colunas, iniciado do
lado esquerdo superior.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
boa consistência em geral, pois divide bem cada tipo de informação.
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apresenta um pouco de transparência, mas
não interferem na leitura.
E
stética Boa apresentação das informações, porem poderia ser mais trabalhada.
143
Bula 7 | Expectuss Xarope (EMS)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 9
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em negrito.
Advertências: caixa alta, em negrito.
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
E
squemático
s
Linha de contorno delimitando margem do encarte
Compost
o
T
abela de 3 linhas e 3 colunas
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere. No caso da maior
distancia, há uma separação de 0,3 cm, entre cada tópico diferente.
Similaridad
e
Ocorre uma grande similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; ambos são representados graficamente em caixa alta e em negrito.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1. nome do medicamento: maior fonte
2. Tópicos: caixa alta, em negrito x advertências: caixa alta, em negrito
3. Texto informativo relacionado aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na horizontal
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
boa consistência em geral, pois divide bem cada tipo de informação. Apesar das
advertências e tópicos serem representadas da mesma maneira graficamente
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apresenta um pouco de transparência, mas
não interferem na leitura.
E
stética Boa forma de apresentação das informações.
Bula 8 | Therasona (Theraskin)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 9
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em negrito, fonte Lúcida Sans.
Advertências: caixa alta, em negrito, fonte Lúcida Sans.
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
E
squemático
s
Marcadores retangulares (c
i
nza) ao lado de cada tópico.
Compost
o
Diagramas sobre a composição do medicamento
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere. No caso da maior
distancia, há uma separação de 0,3 cm, entre cada tópico diferente.
Similari
d
ad
e
Ocorre uma grande similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; ambos estão representados graficamente em caixa alta e em negrito.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1. nome do medicamento: maior fonte
2. Tópicos: caixa alta, em negrito
3. advertências: caixa alta, em negrito (fonte e tamanho menor do que os
tópicos)
4. Texto informativo relacionado aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na horizontal
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
boa consistência em geral, pois divide bem cada tipo de informação. Apesar das
advertências e tópicos serem representadas da mesma maneira graficamente.
144
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apresenta um pouco de transparência, mas
não interferem na leitura.
E
stética Boa forma de apresentação das informações, com uma certa preocupação estética,
pelo uso de dois tipos de fonte diferente, porém similares.
Bula 9 | Cefaliv (Aché)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 9
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em negrito.
Advertências: caixa alta e baixa, com e sem negrito.
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
E
squemático
s
Não apresenta componentes esquemáticos.
Compost
o
Diagramas sobre a composição do medicamento
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere, mas não existe
separação entre os elementos de informação.
Similaridad
e
Ocorre uma grande similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; ambos são representados graficamente em caixa alta e em negrito.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1. nome do medicamento: maior fonte
2. Tópicos: caixa alta, em negrito x advertências: caixa alta, em negrito
3. advertências em caixa alta sem negrito
4. Advertência em caixa baixa em negrito
5. Texto informativo em caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na horizontal
Consis
t
ência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
boa consistência em geral, apesar de não existir separação entre os diferentes tópicos
de informação. Apesar das advertências e tópicos serem representadas da mesma
maneira graficamente
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apresenta um pouco de transparência, mas
não interferem na leitura.
E
stética Boa forma de apresentação das informações.
Bula 10 | Flatex (Farmasa)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 9
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em bold
Advertências: caixa alta, normal
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
E
squemático
s
Não apresenta componentes esquemáticos.
Compost
o
Não apresenta componente composto
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere. No caso da distancia,
há uma separação de 0,5 cm, entre cada tópico diferente.
Similaridad
e
Ocorre uma certa similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; a única diferença é de que os tópicos estão em negrito e as advertências
sem negrito.
145
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1. nome do medicamento: maior fonte
2. tópicos: caixa alta, em negrito
3. advertências: caixa alta, sem negrito
4. texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na vertical, dividida em duas colunas, iniciado do
lado esquerdo superior.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
boa consistência em geral, pois divide bem cada tipo de informação.
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apresenta um pouco de transparência, mas
não interferem na leitura.
E
stética Boa apresentação das informações, porem poderia ser mais trabalhada
Bula 11 | Zyrtec (Glaxo Wellcome)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Lúcida Sans, sem serifa, tamanho 9
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em bold, lúcida sans.
Advertências: caixa alta, normal
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
E
squemático
s
Linhas que sublinham o nome do laboratório, e a mesmo tempo divide as
informações.
Compost
o
Diagramas sobre a composição do medicamento
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere. No caso da maior
distancia, há uma separação de 0,5 cm, entre cada tópico diferente.
Similaridad
e
Ocorre uma certa similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; a única diferença é de que os tópicos estão em negrito e as advertências
sem negrito.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1. Nome do medicamento: maior fonte
2. Tópicos: caixa alta, em negrito.
3. Advertências: caixa alta, sem negrito.
4. Texto de advertência: caixa baixa, em negrito.
5. Texto informativo: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na horizontal.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
boa consistência em geral, pois divide bem cada tipo de informação.
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apresenta um pouco de transparência, mas
não interferem na leitura.
E
stética Boa apresentação das informações, apesar de utilizar grande parte do texto em
negrito ainda mantém uma boa leitura.
146
Bula 12 | Clindal AZ (Merck)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 7 e 6.
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em bold
Advertências: caixa alta e baixa, negrito
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
E
squemático
s
Duas formas retangulares representadas apenas pelo contorno, contendo o nome e
composição do medicamento.
Compost
o
Diagramas sobre a composição do medicamento
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere. No caso da maior
distancia, há uma separação de 0,2 cm, entre cada tópico diferente.
Similaridad
e
Ocorre uma certa similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; ambos estão representados em negrito.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1- nome do medicamento: maior fonte
2- tópicos: caixa alta, em negrito
3- advertências: caixa alta e baixa, em negrito
4- texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na vertical, dividida em duas colunas, iniciado do
lado esquerdo superior.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
consistência regular em geral, as advertências e o texto informativo estão em negrito
e tamanho muito pequeno dificultando na leitura.
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apesar do tamanho da fonte ser pequeno,
apresentam um pouco de transparência, o que interfere na leitura.
E
stética Regular, diferencia bem o status hierárquico das informações.
Bula 13 | Dramin B6 (Altana)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 9 e 8
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa baixa, em bold
Advertências: caixa alta e baixa, negrito
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal e em itálico.
Pictórico
s
Representação do medicamento
Seqüência pictórica de procedimento de como usar o remédio.
E
squemático
s
Uma linha que sublinha a logo e o nome do laboratório.
Sublinhado no texto explicativo da spp.
Compost
o
Diagramas sobre a composição do medicamento
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere, apesar de não existir
um espaçamento entre cada tópico diferente.
Similaridad
e
Ocorre uma certa similaridade entre apresentação gráfica do texto informativo e das
advertências; sendo que o primeiro esta no formato normal e o segundo em itálico.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1- nome do medicamento e da logomaca: maior fonte
2- advertências: caixa alta, em negrito
3- tópicos em caixa baixa, em negrito
4- advertências em texto: caixa baixa em itálico.
5- texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
147
S
equencialidad
e
A
seqüência das informações esta na vertical, dividida em duas colunas, iniciado do
lado esquerdo superior.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta
consistência geral regular, pois não existe uma separação entre os diferentes tipos de
informação. Os componentes pictóricos estão bem representados.
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apesar do tamanho da fonte ser pequeno,
apresentam um pouco de transparência, o que interfere na leitura.
E
stética Bem representado esteticamente.
Bula 14 | Floratil (Merck)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Lucida Sans, sem serifa, tamanho 7 e 6.
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta
Advertências: caixa alta
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
E
squemático
s
Duas formas retangulares em cinza claro, contendo o nome e composição do
medicamento.
Marcadores (traços) nas advertências.
Compost
o
Não apresenta componente composto.
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere. No caso da maior
distancia, há uma separação de 0,3 cm, entre cada tópico diferente.
Similaridad
e
Ocorre uma certa similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; ambos estão representados em caixa alta.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1- Nome do medicamento: maior fonte
2- Tópicos: caixa alta x advertências: caixa alta
3- Subtopicos: caixa baixa
4- texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na vertical, dividida em duas colunas, iniciado do
lado esquerdo superior.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
consistência geral regular, pois o grau hierarquia entre o tópico e as advertências
aparenta ser o mesmo pelo fato de estarem representados graficamente da mesma
maneira.
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apesar do tamanho da fonte ser pequeno,
apresentam um pouco de transparência, mas não interfere na leitura.
E
stética Regular, não diferencia bem o status hierárquico das informações.
148
Bula 15 | Flagass
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 8 a 9
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em negrito.
Advertências: caixa alta, em negrito e sem negrito
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
E
squemático
s
Faixa verde sobe o nome do medicamento
Fundo verde claro, com círculos em tons de verde degrade.
Marcadores circulares.
Compost
o
Diagramas de composição do medicamento.
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere, apesar de não existir
um espaçamento entre cada tópico diferente.
Similaridad
e
Ocorre uma grande similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; ambos são representados graficamente em caixa alta e em negrito.
Proem
i
nência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1. nome do medicamento: maior fonte e destacado em verde escuro
2. Tópicos: caixa alta, em negrito x advertências: caixa alta, em negrito
3. Advertências em caixa alta sem negrito.
4. Texto informativo relacionado aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na horizontal
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
consistência geral regular, pela falta de espaçamento entre os diferentes tópicos, o
fundo interfere na leitura das informações e as advertências e tópicos estão
representadas da mesma maneira graficamente o que interfere no grau de hierarquia.
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apresenta um pouco de transparência, mas
não interferem na leitura.
E
stética Regular, pois o fundo interfere na leitura das informações.
Bula 16 | Glifage (Merck)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 7 e 6.
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em bold
Advertências: caixa alta e baixa, negrito
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
E
squemático
s
Duas formas retangulares representadas apenas pelo contorno, contendo o nome e
composição do medicamento.
Compost
o
Diagramas sobre a composição do medicamento
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere. No caso da maior
distancia, há uma separação de 0,2 cm, entre cada tópico diferente.
Similaridad
e
Ocorre uma certa similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; ambos estão representados em negrito.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1 nome do medicamento: maior fonte
2 tópicos: caixa alta, em negrito
3 advertências: caixa alta e baixa, em negrito
4 texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
149
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na vertical, dividida em duas colunas, iniciado do
lado esquerdo superior.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos
i
nformativos apresenta uma
consistência regular em geral, as advertências e o texto informativo estão em negrito
e tamanho muito pequeno dificultando na leitura.
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apesar do tamanho da fonte ser pequeno,
apresentam um pouco de transparência, o que interfere na leitura.
E
stética Regular, diferencia bem o status hierárquico das informações.
Bula 17 | Drenison (Biolab)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 7 e 6.
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em bold
Advertências: caixa baixa, negrito, itálico.
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
A
presenta elementos pictóricos referentes a cada tópico e subtopico.
E
squemático
s
Linhas de sublinhamento separando o tópico do texto referente.
Compost
o
Diagramas sobre a composição do medicamento
Proximida
d
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere. A separação entre cada
tópico é grande, porem não existe separação entre os subtopicos.
Similaridad
e
Ocorre uma certa similaridade entre apresentação gráfica dos subtopicos e das
advertências; ambos estão representados em caixa baixa e em negrito.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1- nome do medicamento: maior fonte
2- tópicos: caixa alta, em negrito
3- subtopico: caixa baixa, negrito
4- advertências: caixa baixa, em negrito, itálico
5- texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na horizontal.
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
consistência geral boa, as advertências que estão em negrito apesar de chamarem a
atenção estão em representadas em tamanho muito pequeno dificultando na leitura.
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (azul escuro), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apresentam um pouco de transparência,
não interferindo na leitura.
E
stética Regular.
Diferencia bem o status hierárquico das informações.
Bula 18 | Quinoflox (Biolab)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 7 e 6.
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta, em bold
Advertências: caixa baixa, negrito, itálico.
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pic
t
órico
s
A
presenta elementos pictóricos referentes a cada tópico e subtopico.
150
E
squemático
s
Linhas de sublinhamento separando o tópico do texto referente.
Compost
o
Diagramas sobre a composição do medicamento
Tabela dividida em 5 colunas e 9 linhas
Prox
i
midad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere. A separação entre cada
tópico é grande, porem não existe separação entre os subtopicos.
Similaridad
e
Ocorre uma certa similaridade entre apresentação gráfica dos subtopicos e das
advertências; ambos estão representados em caixa baixa e em negrito.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1- nome do medicamento: maior fonte
2- tópicos: caixa alta, em negrito
3- subtopico: caixa baixa, negrito
4- advertências: caixa baixa, em negrito, itálico
5- texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na horizontal
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
consistência geral boa, as advertências que estão em negrito apesar de chamarem a
atenção estão em representadas em tamanho muito pequeno dificultando na leitura.
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (azul escuro), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apresentam um pouco de transparência,
não interferindo na leitura.
E
stética Regular.
Diferencia bem o status hierárquico das informações.
Bula 19 | Stiefcortil (Stiefel)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 8 a 9
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta e baixa, em negrito.
Advertências: caixa alta, em negrito e sem negrito
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
E
squemático
s
Faixa azul e rosa na parte superior do papel
Fundo quadriculado por linhas cor de rosa
Compost
o
Diagramas de composição do medicamento.
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere, e espaçamento entre
cada item de 0,5cm.
Similaridad
e
Ocorre uma grande similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; ambos são representados graficamente em caixa alta e em negrito.
Proe
m
inência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1. Nome do medicamento: maior fonte
2. Tópicos: caixa alta, em negrito x advertências: caixa alta, em negrito
3. Subtopicos: caixa baixa, em negrito
4. Texto informativo relacionado aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na horizontal
Consistência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
consistência geral boa, pelo bom espaçamento entre os diferentes tópicos, o fundo
não interfere na leitura das informações. O único detalhe negativo são as advertências
e tópicos estão representadas da mesma maneira graficamente o que interfere no grau
de hierarquia.
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apresenta um pouco de transparência, mas
não interferem na leitura.
E
stética Boa,um pouco carregada, mas não interfere nas informações de leitura.
151
Bula 20 | Advantan (Schering)
Nível 1 | Componentes gráficos
A
spectos/descrição
Verbai
s
Fonte: Arial, sem serifa, tamanho 7 e 6.
Modo de texto: justificado
Tópicos: caixa alta e baixa, em negrito.
Advertências: caixa alta e baixa, negrito.
Texto: caixa alta (primeira letra que inicia uma frase) e baixa, normal.
Pictórico
s
Não apresenta componentes pictóricos.
E
squemático
s
Duas linhas delimitando o nome do medicamento.
Marcadores
Compost
o
Diagramas sobre a composição do medicamento
Proximidad
e
Cada tópico está aproximado da massa de texto a qual refere. No caso da maior
distancia, há uma separação de 0,5 cm, entre cada tópico, subtopicos e advertência.
Similaridad
e
Ocorre uma certa similaridade entre apresentação gráfica dos tópicos e das
advertências; ambos estão representados em caixa alta e em negrito.
Proeminência Em ordem de status com relação a apresentação gráfica das informações:
1- nome do medicamento: maior fonte
2- tópicos: caixa alta, em negrito
3- advertências: caixa alta, em negrito
4- advertências: caixa baixa em negrito
5- subtopicos: caixa baixa em negrito
6- texto informativo relacionados aos tópicos: caixa baixa, sem negrito.
Sequencialidad
e
A
seqüência das informações esta na vertical, dividida em 3 colunas, iniciado do lado
esquerdo superior.
Con
s
istência
A
relação dos componentes gráficos entre os elementos informativos apresenta uma
consistência geral boa, apesar das advertências e tópicos serem representados
igualmente (caixa alta, em negrito)
Características
Físicas
A
presenta uma boa qualidade de impressão (preto e branco), todas as informações se
ajustam bem no tamanho do papel (xcm), apesar do tamanho da fonte ser pequeno,
apresentam um pouco de transparência, o que interfere na leitura.
E
stética Boa
Diferencia bem o status hierárquico das informações.
Apêndice 2 | Entrevista semi-estruturada
Protocolo de entrevista semi-estruturada
Participante n. _______ | Grupo _______________________________
Nome:_______________________________________________________________
Idade:________________________________________________________________
Sexo: Masculino Feminino
152
Profissão:_____________________________________________________________
Possui o segundo grau (ensino médio) completo? Sim
Não
Apêndice 3 | Transcrição de relato verbal: Participante 1
Bom, normalmente eu pego a bula e eu vou sempre naquela parte que fala da indicação do remédio, pra que
é, eu ate pulo muitas coisas no inicio aqui que é muito complicado, que eu não entendo, por exemplo,
composição, eu nem me preocupo muito com isso se o médico receitou...então eu vou normalmente na
informação ao paciente, e lendo aqui ["scaflan aqui é um medicamento a base de nimesulida, que
apresenta propriedades antiinflamatórias, analgésicas e antipiréticas...o prazo de validade
encontra-se gravado na embalagem externa, no caso de vencimento inutilize o produto,
informe o seu medico em caso de gravidez, na vigência do tratamento ou apos essas
situações"], é contra-indicado ["esse medicamento é contra indicado em crianças menores de
12 anos"]...["siga a orientação do seu medico, respeitando sempre os horários, as doses e a
duração do tratamento"], ai depois eu vou sempre na posologia...porque...já aconteceu de eu pegar o
remédio, e o médico falar pra eu tomar de um jeito, a quantidade e a bula fala de outro, ai eu questiono o
médico, eu vou na indicação porque se eu tô com um problema de saúde, eu quero ver se o remédio é
realmente indicado pro meu problema de saúde...["indicações: processos inflamatórios dolorosos
ou não dolorosos acompanhados ou não por febre. Scaflan é indicado como analgésico,
antitérmico e antiinflamatório no tratamento de processos inflamatórios dolorosos e
estados febris, infecciosos das vias aéreas superiores como sinusites, faringoamigdalites,
otites, laringotraqueites...] é uns nomes meio complicados pra ler e pra pronunciar, ["bronquites e
estado gripais, sendo utilizado também, após amigdalectomias e ou
adenoidectomias.Scaflan tem indicação em processos osteoarticulares como mialgias,
miosites, lombociatalgias e dores pós-operatórias. Em ginecologia] pós operatórios ponto [em
ginecologia é utilizado na dismenorréia] um dos problemas da bula também é o tamanho da fonte,
essas letrinha aqui é judiar da gente, é muito pequeno, ["scaflan pode ser usado em adultos para
reduzir a febre ou aliviar os sintomas relacionados à gripes e resfriados"], eu costumo ler
também a contra-indicação, bom primeiro eu vou ler a posologia, a quantidade que eu tenho que tomar...o
que eu acho interessante também na bula, eu não sei o que explica isso mas ela repete, ela tem uma forma
apresentada parece que pro paciente, depois ela repete tudo com outro texto né...parece que ela repete tudo só
153
que com outras palavras, ate não sei se são uns termos mais técnicos, se é para o medico, ainda não entendi
isso aqui não, mas a posologia["adultos ou crianças acima de 12 anos, comprimidos ou
granulados 100 miligramas, 2 vezes por dia apos as refeições"] e normalmente eu também...se o
medico passou o comprimido eu só vou ler a parte do comprimido as outras partes aqui gotas eu
pulo...superdosagem não interessa, pacientes idosos também não, embora eu to quase chegando lá...reações
adversas, isso aqui é importante [efeitos adversos reportados em testes clínicos controlados com
aproximadamente 7800 pacientes incluindo: diarréia, náusea, vomito, aumento das enzimas
hepáticas, vertigem, hipertensão, dispnéia, constipação, flatulência, gastrite, prurido,
erupção cutânea, aumento de suor e edema, ansiedade, nervoso, pesadelo, visão turva,
taquicardia, hemorragia, flutuação da pressão arterial, onda de calor, eritema, dermatite,
dissuria, hematuria, retenção urinaria, mau estar, trombocitopenia púrpura, pancitopenia,
anafilaxia, cefaléia, sonolência, encefalopatia, síndrome de r...distúrbios visuais, vertigens,
asma, bronco espasmo, dor abdominal, dispepsia, estomatite, melena, sangramento, gastrite
intestinal, perfuração e ulcera duodenal, perfuração e ulcera gástrica, hepatite, hepatite
fulminante, incluindo casos fatais, icterícia, colestasia, urticária, edema angioneurotico,
edema facial, eritema multiforme, síndrome de stevens johnson, necrose epidérmica tóxica,
falência renal, oliguria, nefrite intestinal, hipotermia]...então ai contra indicação também acho bem
importante saber ...["hipersensibilidade conhecida e a nimesulida ou qualquer ecipiente de
scaflan, histórico de reação de hipersensibilidade exemplo broncoespasmorinite, urticária e
angioedema em resposta ao acido acetilsalicidico ou em outro antiinflamatório não
esteróide, esteroidal, histórica de reações hepáticas ao produto: ulcera péptica em fase ativa,
ulcera gástrica ou duodenal"] ...eu to com dificuldade pra ler essa bula aqui as letras são muito
pequenas...["histórico de ulcerações com hemorragia gastrointestinal ou doença intestinal
inflamatória ou outra desordem hemorrágica ativa, distúrbios cerebro-vasculares ou outros
distúrbios hemorrágicos ativos, pacientes com distúrbios graves de coagulação: falência
cardíaca grave, insuficiência renal grave, insuficiência hepática...crianças de menos de 12
anos e gravidez e lactação"].. eu procurei a posologia mas eu não entendi ainda, ["comprimidos ou
granulados, 100 miligramas duas vezes por dia apos as refeições"], então em parte é o que eu
leio, não leio a bula inteira não, muito da parte que me interessa já é difícil de ler, acho que tem muita
informação desnecessária e pouco esclarecedora para o que a gente tem a necessidade de saber, acho que é
isso.
Entrevista retrospectiva
154
Entrevistadora: Eu percebi que você dá bastante importância para as contra indicações e para as reações
adversas, então essas são uma das coisas que você sempre olha?
Participante: Ah sim... a contra-indicação, as reações adversas, porque se eu tiver um mal estar depois, eu
quero saber se foi o remédio, para mim não me preocupar, que é normal o remédio ter um efeito, de repente
da alguma reação eu já sei que é o remédio e eu fico tranqüilo.
Entrevistadora: Outra coisa que eu achei bem interessante é que você falou que por mais que o medico tenha
receitado você sempre lê a bula
Participante: Ah sim
Pesquisador: E você falou que se informação da bula não estiver condizendo com aquilo que pra que ele
medicou, que você vai questionar ele?
Participante: Vou sim
Entrevistadora: Então você considera muito importante as informações da bula?
Participante: Lógico, porque é o que acompanha o produto. O médico também pode se enganar. Já aconteceu
do medico passar um remédio e falar para eu tomar em um determinado momento do dia, e eu fui ler a bula
e tava falando que eu tinha que tomar depois das refeições e não antes eu tava tomando antes, e dava
problema no estomago, porque o estomago estava vazio e o medico passou a informação errada, dai eu o
questionei e realmente tava errado.
Entrevistadora: outra coisa é que você leu bastante uma parte da bula, que era uma parte mais técnica, é de
costume você ler essa parte também?
Participante: ah....
Entrevistadora: eu percebi que você viu bastante coisa ali...
Participante: é eu tenho curiosidade também né, nas contra-indicações
Entrevistadora: me diz outra coisa, sabe esses negritos, essas coisas marcadas aqui, isso te chama atenção?
Participante: nunca parei pra...Não, não me chama atenção não, muitas vezes são tão pequenas junto com
as outras que você forçando fica tudo embaralhado, da impressão que é reflexo ate, se fosse uma fonte maior
e tivesse em negrito ai sim iria chamar a atenção.
Apêndice 4 | Transcrição de relato verbal: Participante 2
155
Deixa eu ver…[precauções, contraindicações], isso aqui é muito importante, [contra
indicações: hipersensibilidade...], isso aqui é uma coisa que eu leio porque eu sou alérgica à
antibiótico né, se tiver penicilina eu não posso tomar, isso aqui é uma coisa que sempre leio... [conhecida à
nimesulida ou a qualquer excipiente...histórico de reações de hipersensiblidade, exemplo:
broncoespasmo, rinite] olha rinite, isso daqui é uma coisa que tem que tomar cuidado...[urticária e
angioedema, em resposta ao ácido acetilsalicídico ou a outro antiinflamatório não-
esteroidal; histórico de reações...] ah hepáticas né, o fígado...úlceras...isso daqui não é tão
importante...[precauções e advertências: Os efeitos indesejáveis podem ser reduzidos com
o uso da menor dose efetiva durante o menor período possível. Pacientes tratados por um
longo período com nimesulida devem ser submetidos a exames laboratoriais.] Deixa eu ver o
que eu leio mais aqui...olha esse aqui eu gosto [Reações adversas: efeitos adversos reportados
em testes clínicos controlados, com aproximadamente 7800 pacientes...] olha, isso também é
importante [Pacientes idosos: em pacientes com mais de 65 anos, não há necessidade de
diminuição da dose normal, porém devem ser tratados com a menor dose...] isso aqui eu leio
sempre, a idade é muito importante...só que isso aqui ta difícil para enxergar...que mais...[Indicações:
Processos inflamatórios dolorosos ou não dolorosos, acompanhados ou não por febre... é
indicado como analgésico, antitérmico e antiinflamatório no tratamento de processos
inflamatórios dolorosos, estados febris e infecciosos das vias aéreas superiores como
sinusites, f...] nossa senhora que nome difícil [farin... bronquites e estados gripais]...que mais...ai
eu também gosto de ler, olha: [composição: Cada comprimido contém
100mg...componentes inativos: celulose...] ah isso daqui é a composição do remédio, eu gosto de ver
as miligramas também gosto, quer ver mais...isso daqui também [dados pré-clínicos: os dados pré-
clínicos não demonstram riscos especiais para humanos, baseados em estudos
convencionais de segurança farmacológica, toxicidade de dose...] nossa, nome de
medicamento é muito difícil de ler... “medicamento...” ixi isso daqui é para médico mesmo...deixa
eu ver o que mais eu leio, eu leio mais essas coisas aqui mesmo...é isso mesmo...eu não consigo enxergar
essas letras pequinininhas...
Apêndice 5 | Transcrição de relato verbal: Participante 3
[Scaflam, formas farmacêuticas e apresentações], isso não me interessa. [Uso adulto e
pediátrico, acima de 12 anos], isso aqui me interessa, mas essa letra ta tão pequena, [cada
156
comprimidos de Scaflam contem 100 miligramas...componentes inativos...] eu não vou
conseguir ler, eu não vou conseguir ler...ta muito pequeno...[informações ao paciente: Scaflam é um
medicamento à base de nimesulida que apresentam propriedades antiinflamatórias,
analgésicas e antipiréticas]...é eu não vou conseguir ler esse medicamento, eu teria que chamar alguém
para me orientar porque na bula eu não vou conseguir tirar as minhas duvidas, a única coisa que eu consigo
ver são os tópicos, [os medicamentos devem ser mantidos fora do alcance de
crianças]...infelizmente...o que mais me interessava eram as indicações e as contra-indicações, mas
infelizmente eu teria que encontrar alguém para me orientar, nas contra-indicações acho que tem alguma
coisa que eu consigo ler, [histórico de reações hepáticas ao produto, ulceras pépticas em fase
ativa, úlceras gástricas ou duodenal, histórico de ulceração recorrentes]...ai embaralha as
letras, infelizmente eu vou ter que procurar alguém para me orientar porque isso eu não consigo ler...eu vou
ter que retornar ao medico, eu não consigo. ai embaralha as letras, infelizmente eu vou ter que procurar
alguém para me orientar porque isso eu não consigo ler...eu vou ter que retornar ao medico, eu não consigo.
Entrevista retrospectiva:
Entrevistadora: Qual foi a primeira coisa que você procurou?
Participante: As formas farmacêuticas e apresentações mas infelizmente eu não consegui ler
Entrevistadora: E qual foi a primeira coisa que chamou atenção?
Participante: As formas farmacêuticas e apresentações, mas não consegui ler, depois eu fui para as
indicações e contra-indicações que também me interessam bastante mas infelizmente não foi possível ler
Entrevistadora: Existe mais alguma coisa que estava interessado em ler, mas não conseguiu?
Participante: Na realidade eu gostaria de ler a bula por completo, mas pelo tamanho da letra é
impossível, eu acho que qualquer pessoa com a idade que eu estou, vai ser impossível ler essa bula...o que
mais me chamou atenção foi o remédio, Scaflam, que eu não conheço.
Entrevistadora: Você conseguiu extrair alguma informação?
Participante: Nenhuma.
Entrevistadora: Você acha que o fato de não estar conseguindo ler a bula, desestimulou a leitura?
Participante: Sim, desestimula por completo, só tendo uma boa orientação do medico ou farmacêutico, ou
medico que te passou essa receita pra te esclarecer alguma coisa ou na farmácia lógico. Eu não tenho como
157
forçar para ler porque infelizmente é muito minúscula a letra
Entrevistadora: Então, se você estivesse em uma situação em você precisasse tomar o remédio, e não tivesse
ninguém para te orientar, o que você faria?
Participante: Eu não tomaria o remédio, eu não arriscaria a tomar o remédio.
Entrevistadora: Mais alguma observação?
Participante: Os laboratórios deveriam fazer uma receita com uma letra mais legível, mais legível não,
uma letra legível, porque eu acho que essa daqui, para uma pessoa acima de 45 anos já fica complicado
para ler.
Apêndice 6 | Transcrição de relato verbal: Participante 4
[Scaflam, Indicações: Processos inflamatórios dolorosos ou não dolorosos,
acompanhados ou não por febre. SCAFLAM é indicado como analgésico, antitérmico e
antiinflamatório no tratamento de processos inflamatórios dolorosos, estados febris e
infecciosos das vias aéreas superiores como sinusites, faringoamigdalites, otites], otites? Não
sei o que é otite...[laringotraqueítes, bronquites e estados gripais, sendo utilizado também após
ami...amigda...amigdalectomias e/ou adenoidectomias], nem sei o que é isso, [SCAFLAM tem
indicação em processos osteoarticulares como mialgias, miosites, lombociatalgias e dores
pós-operatórias. Em ginecologia é utilizado na disme…norréia], também não sei o que é
dismenorréia, [Scaflam pode ser usado em adultos para reduzir a febre ou aliviar os sintomas
relacionados a gripe e resfriados. Contra-indicações: Hipersensibilidade(->)...Histórico de
reações de hipersensibilidade...Histórico de reações hepáticas ao produto(->); úlcera ...(->),
disturbios cérebrovasculares, falência cardíaca (->), gravidez(->), crianças
menores...Posologia: Adultos e crianças acima de 12 anos: comprimidos ou granulados:
100mmg duas vezes ao dia após as refeições...gotas...no caso do granulado dissolver o
conteúdo de um envelope em um pouco de água...superdosagem...], é isso.
Entrevista retrospectiva
Entrevistadora: Quando você leu essa bula, você entendeu tudo o que você leu?
Participante: Entendi...tem palavras aqui, tipo doenças que eu não sei o que é, mas no geral eu entendi.
158
Entrevistadora: Em mesmo com essas palavras que você não entende, você continua lendo?
Participante: Sim, tento ler...tento entender, eu tento localizar aqui a minha doença, quero ver se eu
descubro aqui, se eu tenho febre alguma coisa...mas tem doença aqui que eu nem sei o que é, ortite, por
exemplo eu não sei do que se trata.
Apêndice 7 | Transcrição de relato verbal: Participante 5
SCAFLAM...USO ADULTO E PEDIÁTRICO, Composição, INFORMAÇÃO AO
PACIENTE: SCAFLAM é um medicamento à base de ni-me-su-li-da]...o que é isso? [que
apresenta propriedades antiinflamatórias, analgésicas e antipiréticas...comprimidos,
Suspensão e Gotas deve ser conservado em temperatura entre temperatura...] tá...[O prazo
de validade...] isso eu não quero saber porque eu já vi... [No caso de SCAFLAM Suspensão, agite
antes de usar...informa...] não, não estou grávida...isso não me interessa...[INFORMAÇÕES
TÉCNICAS...descrição...] não isso eu não entendo então eu não vou nem ler...[Dados pré-
clinicos, não demonstram riscos especiais para os humanos baseados...] tá, isso eu não quero
saber...isso eu não entendo nada [Farmacocinética...INDICAÇÕES: Processos inflamatórios
dolorosos ou não dolorosos, acompanhados ou não por febre. SCAFLAM é indicado
como analgésico, antitérmico e antiinflamatório no tratamento de processos inflamatórios
dolorosos, estados febris e infecciosos das vias aéreas], ta então é pra isso mesmo...[CONTRA-
INDICAÇÃO: hipersenbilidade conhecida à...], mas isso eu não faço nem idéia se eu tenho ou
não, mas como o médico mandou eu tomar e vou tomar...[histórico de reações...], não tenho...[Falência
cardíaca, Insuficiência renal, Insuficiência hepática, Crianças e Gravidez.
PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: Os efeitos indesejáveis podem ser reduzidos
com o uso da menor dose efetiva durante o menor período possível. Pacientes tratados por
um longo período...]...com isso (nimesulida)...[devem ser submetidos a exames...], tá...não isso eu
não quero ler porque não me interessa, eu nunca leio toda a bula, apenas o que me interessa então vamos
para REAÇÕES ADVERSAS...[Efeitos adversos reportados em testes clínicos
controlados, com aproximadamente...] tal, não...[diarréia, náusea, vômitos, aumento de
enzima hepática...Incomum: vertigem...], tá, os comuns e os incomuns...[vertigem, hipertensão,
dispnéia, constipação, flatulência, gastrite, prurido, erupção cutânea, aumento do suor e
edema...POSOLOGIA: Comprimidos ou granulados: 100mg duas vezes por dia após as
refeições...] gotas não...no granulado não, porque eu não vou tomar...[SUPERDOSAGEM:
Sintomas seguidos de superdosagem aguda são normalmente limitados à letargia,
159
sonolência, náusea, vômito e dor epigástrica, os quais são geralmente reversíveis com o
auxílio adequado.]...PACIENTES IDOSOS, eu não sou porque eu sou muito nova, e é isso, é
assim que eu leio a bula.Porque eu leio as Indicações, aí eu vi que tem haver com o que eu to sentindo. As
Contra-indicações eu dou uma olhada para saber se algumas dessas coisas vai me afetar, mas não porque eu
não tenho nada disso. Depois a Posologia, pra saber se o que o médico me receitou tem haver com a bula...e
só...dou uma olhada nas Reações Adversas, caso eu tenha alguma delas, eu volto dou uma olhada na bula,
mas assim para antes de eu tomar é basicamente isso o que eu olho.
Apêndice 8 | Transcrição de relato verbal: Participante 6
[SCAFLAN, USO ADULTO E PEDIÁTRICO, Composição]...blablablá...
[INFORMAÇÃO AO PACIENTE [SCAFLAM é um medicamento à base de...] isso não me
interessa muito [informe ao seu médico...ocorrência] também não me interessa muito [no caso de
SCAFLAM suspensão...] também não me interessa muito...[Não se aconselha ingestão conjunta
de SCAFLAM com álcool ou outros medicamentos que provoquem irritação do estômago.
Informe seu médico...Atenção diabéticos] têm açúcar...
[INFORMAÇÃO TÉCNICA, Descrição: A nimesulida é um farmáco antiinflamatório não
esteróide que pertence à classe da sulfon...] não me interessa muito [com efeitos
antiinflamatório, antipirético e analgésico. Mecanismo de ação – A nimesulida possui um
modo de ação singular, pois sua atividade antiinflamatória envolve vários mecanismos. É
um inibidor seletivo da enzima que sintetiza...] também não me interessa muito...[demonstrou
possuir outras propriedades bioquímicas que são as principais responsáveis por suas
propriedades terapêuticas. Estas incluem a inibição da fosfodiesterase...] isso também não me
interessa muito [Dados pré-clínicos: os dados pré-clinicos não demonstram riscos especiais
baseados] ufa que beleza [nos estudos convencionais de segurança farmacológica...] em coelhos!,
[aumentos leves de perda na pós-implantação e aumentos leves da incidência de dilatação
do ventrículo cerebral]...caramba hein [...foram observados...é bem absorvida quando
administrada oralmente, com uma dose única de 100mg] isso não me interessa muito...ah
INDICAÇÕES, indicações me interessa [Processos inflamatórios dolorosos ou não dolorosos,
acompanhados ou não por febre. SCAFLAM é indicado como analgésico, anti...térmico e
antiinflamatório no tratamento de processos inflamatórios dolorosos, estados febris e
infecciosos das vias aéreas superiores como sinusites, faringo..., otites, laringo...,
bronquites... tem indicação em processos osteoarticulares como mialgias, miosites] poxa
vida...[ Em ginecologia é utilizado na dismenorréia. SCAFLAM, pode ser usado em adultos
160
para reduzir a febre ou aliviar os sintomas relacionados a gripes e resfriados. CONTRA
INDICAÇÕES: Hipersensibilidade conhecida à nimesulida...Histórico de reações de
hipersensibilidade em resposta ao à acido acetilsalicílico ou a outro antiinflamatório não-
esteroidal, historico de reacões hepáticas ao produto, úlcera péptica em fase ativa, úlcera
gastrica ou duodenal, historico de ulceracoes recorrentes com hemorragia gastrintestinal ou
doença intestinal inflamatória ou outra desordem hemorrágica ativa; distúbios
cerebrovasculares ou outros distúbios hemorrágicos ativo; pacientes com distúbios graves
de coagulação; falência cardíaca grave; insuficiência hepática; crianças menores de 12 anos;
gravidez...PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: Os efeitos indesejáveis podem ser
reduzidos com o uso de menor dose efetiva durante o menor período possível. Pacientes
tratados por um longo periodo com nimesulida devem ser submetidos a exames
laboratoriais para o monitoramento de efeitos adversos. Raramente, SCAFLAM tem sido
associado com reações hepáticas sérias, incluindo raríssimos casos fatais. Pacientes que
apresentarem sintomas associados à lesão hepática durante o tratamento com nimesulida
(anorexia, náuseas, vômitos, dor abdominal, fadiga, urina escura ou icterícia) deverão
descontinuar o tratamento. Paciente deverão ser advertidos]...blablabla [Pacientes que
desenvolverem função hepática anormal deverão descotinuar o tratamento. Estes pacientes
nao deverão ser retratados com nimesulida. Dano hepático, reversível na maioria dos
casos...Administração concomitante com drogas hepaticas] eu to ligado que força o figado então,
e olha que eu to lendo bastante porque normalmente...blablabla...[administracao concomitante com
drogas hepatotóxicas] isso eu ja estou sabendo...[e abuso de álcool devem ser evitados durante
o tratamento com nimesulida, pois podem aumentar o risco de reações hepáticas. Durante
o tratamento com nimesulida, os pacientes deverão ser advertidos a evitar usar outros
analgésicos. O uso simultâneo de um diferente antiinflamatório não-esteroidal não é
recomendado. REAÇÕES ADVERSAS: Efeitos adversos reportados em testes clínicos
controlados, com aproximadamente 7800 pacientes, incluem: diarréia, náusea, vômitos,
aumento de enzimas hepáticas. Incomuns: vertigem, hipertensão, dispnéia, constipação,
flatulência, gastrite, prurido, erupação cutânea]...poxa...prurido...fedor mesmo, fica exalando né
[muito raros ... trombocitopenia...blablabla...[POSOLOGIA: Adultos e Crianças acima de 12
anos: Comprimidos ou granulados: 100mg duas vezes por dia, após as refeições. Gotas
(pacientes com 40kg ou mais): 100mg (40 gotas) a cada 12 horas. Suspensão (pacientes com
40kg ou mais): 100mg (10ml ou 2 colheres de chá) duas vezes por dia. No caso do
granulado, dissolver o conteúdo de um envelope em um pouco de água. Tanto os
comprimidos quanto o granulado devem ser ingeridos preferencialmente após as refeições.
161
Em caso de insuficiência renal moderada, não há necessidade de redução da dose. A
nimesulida não deve ser usada em caso de insuficiência renal ou insufiência hepática severa.
A dose oral diária pode ser dividida em duas ou três administrações. A duração do
tratamento não é superior a 5 dias, dependendo da indicação. SUPERDOSAGEM:
Sintomas seguidos de superdosagem aguda são normalmente limitados à letargia,
sonolência, náusea, vômito e dor epigástrica...pode ocorrer sangramento gastrintestinal], é
isso.
Apêndice 9 | Texto de Familiarização do Protocolo Verbal
Instruções aos participantes sobre a técnica do “pensar alto” ou Protocolo Verbal
3
O que vamos fazer agora é uma atividade de familiarização com a técnica de coleta de
dados que será usada em nossa pesquisa.
Tudo que você tem a fazer é ler o texto da bula de medicamento da mesma maneira
que você costuma ler a bula antes de tomar um medicamento. É muito simples e natural.
Durante toda leitura você precisa “pensar alto”. Tente imaginar você sozinho num
recinto lendo uma bula de medicamento antes de tomar um medicamento. Em situações
como essa, já não lhe ocorreu começar a falar espontaneamente em voz alta, exteriorizando
seus raciocínios, seus mecanismos mentais para conseguir compreender? Neste processo, o
indivíduo “pensa em voz alta” verbalizando espontânea e quase inconscientemente seus
pensamentos, questionamentos, suas buscas para eventuais problemas de compreensão, sua
maneira singular de extrair significado de um texto.
Um exemplo bastante claro de exteriorização do pensamento durante a realização de
uma tarefa (e que ocorre com a maioria das pessoas) é o “pensar alto” espontâneo durante
a realização de um problema matemático.
Dá prá você ter uma idéia de como funciona essa técnica? Corresponde à verbalização
de sua fala interna, seu pensamento.
Agora, a tarefa que você vai realizar é a leitura do texto que vai lhe ser apresentado...e,
por favor, lembre-se de que é preciso “pensar alto” durante toda a leitura.
Você provavelmente encontrará passagens muito claras e fáceis de compreender,
outras poderão lhe obrigar a uma “paradinha” para pensar um pouco mais... Tudo depende
do seu próprio estilo.
3
AdaptadodeNardi,1993
162
Lembre-se, que nesses momentos de parada para pensar um pouco mais ou resolver
algum problema, você deve tentar exteriorizar tudo que passar pela sua cabeça.
Se em algum momento da leitura, você achar difícil falar e pensar simultaneamente,
você poderá fornecer uma explicação de como você compreendeu uma determinada
passagem ou de como você buscou a solução para um problema de compreensão.
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