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uma vontade, já como reitor, de realizar algum programa na universidade voltado às
questões ecológicas. Como o próprio professor afirma:
Meu envolvimento com a política ambiental e ecologia foi muito influenciado pelo
professor Amílcar Viana Martins. Trabalhamos juntos anos e anos, e tenho uma
admiração profunda por ele, sendo o mesmo responsável pelo próprio ICB e pelo
Museu de História Natural. Com isso acabei me tornando diretor do ICB e fui
convidado pelo reitor também para ser diretor do Museu de História Natural [...]
era para tomar conta da área e ver o que podia ser feito. E com isso me aproximei
do Museu da onde também observava o problema de política e de meio ambiente,
e esse envolvimento me deu uma boa base. (Entrevista realizada em 05/12/2007)
.
Até o início dos anos 70 a Prefeitura da Universidade havia se preocupado em
dotar a área do campus com as infra-estruturas “físicas” como a localização de prédios,
sistema viário, de água, luz, esgotos, telefones, passeios, etc. Inclusive durante o
processo de construção a vegetação nativa foi devastada para abrir caminhos ao novo
campus. A preocupação com a “ecologia”, publicada no Boletim Informativo da
Universidade, em 1976, limitava-se a uma visão restrita de ambiente, traduzida à
proteção de flora nativa restante e à criação de um horto e plantio de mudas no campus
Pampulha
46
. No período de 1971 a 1976 a Prefeitura da UFMG coletou dados sobre flora
e fauna do campus, que seriam trabalhados posteriormente. De acordo com o Boletim
Informativo nº130, foram identificados:
96,80 ha de mata secundária, com 20 anos de existência; 48,40 ha de
cerrado; 96,80 ha de campo e 24 ha de brejo. Foram localizadas algumas
espécies vegetais em diferentes pontos como: andiroba, angico, bálsamo,
braúna, cavipuna, cambará, candeia, canela, cangirama, cedro, ipê,
jacarandá, jatobá, jequitibá, além de vários animais, como macaco,
coelho, lagarto, inhambu, codorna, pombarola, tico-tico, entre outros.
Os “assuntos ecológicos” seriam oficialmente inseridos no reitorado do professor
Cisalpino com a criação, pela portaria 698 de 13 de setembro de 1976, de uma comissão
encarregada da execução do “Programa Ecológico do Campus da Pampulha”
47
. O
principal objetivo do programa era “transformar a cidade universitária da UFMG numa
grande área ecológica de Belo Horizonte”, assim como “integrar o homem com a
natureza no planejamento, no desenvolvimento e na manutenção da infra-estrutura física
do campus”
48
. O Programa previa a construção de um criadouro de animais silvestres,
46
O Programa também previa o plantio de 200 mudas de “pau-brasil”, com um horto construído no próprio
campus administrado por técnicos da Prefeitura de Belo Horizonte. Houve inclusive no dia 21 de setembro
de 1976 uma solenidade na universidade para inaugurar com o plantio das mudas, o “Programa Ecológico
do Campus Pampulha”.
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Constituíam a comissão, representantes da Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento (Silas
Raposo), a Prefeitura da UFMG (Camilo de Assis Fonseca), Instituto de Ciências Biológicas (Ângelo
Machado, José Rabelo de Freitas, Ney Carnevaly), Instituto de Geociências (Carlos Magno Ribeiro), Museu
de Historia Natural (Ronaldo Teixeira), Escola de Arquitetura (Múcio Guimarães) e Escola de Veterinária
(Vânia Pena). Boletim da UFMG, nº. 140, 17/09/1976.
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Sala de Imprensa. UFMG começa a implantar ”campus” ecológico nesta terça feira, dia 21. Universidade
Federal de Minas Gerais, 17/09/1976.