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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
JEFFERSON PAIXÃO CARDOSO
ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO TRABALHO E DOR
MUSCULOESQUELÉTICA EM PROFESSORES DA REDE
MUNICIPAL DE SALVADOR-BA
FEIRA DE SANTANA-BA
2008
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JEFFERSON PAIXÃO CARDOSO
ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO TRABALHO E DOR
MUSCULOESQUELÉTICA EM PROFESSORES DA REDE
MUNICIPAL DE SALVADOR-BA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva da Universidade
Estadual de Feira de Santana, como pré-requisito
para obtenção do grau de Mestre em Saúde
Coletiva.
Área de Concentração: Epidemiologia
Orientadora: Prof.ª Dra. Tânia Maria de Araújo
Co-orientador: Prof. Dr. Nelson Fernandes Oliveira
FEIRA DE SANTANA-BA
2008
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C268 Cardoso, Jefferson Paixão
Aspectos psicossociais do trabalho e dor
musculoesquelética em professores da rede municipal de
Salvador-Bahia / Jefferson Paixão Cardoso. - Feira de Santana,
2008.
129 f.:il.
Orientadora: Tânia Maria de Araújo
Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Departamento
de Saúde, Universidade Estadual de Feira de Santana, 2008.
1. Aspectos psicossociais do trabalho. 2. Estresse
ocupacional. 3.Dor. 4. Professor. l. Araújo, Tânia Maria de.
ll.Universidade Estadual de Feira de Santana. lll.Título
CDU: 613.62
Jefferson Paixão Cardoso
Aspectos psicossociais do trabalho e dor
musculoesquelética em professores da rede municipal de
Salvador-Ba
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva da Universidade
Estadual de Feira de Santana, como pré-requisito
para obtenção do grau de Mestre em Saúde
Coletiva.
Área de Concentração: Epidemiologia
Feira de Santana - BA, ______/______/______
Banca examinadora
________________________________________________
Profª Drª. Tânia Maria de Araújo
(Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS)
________________________________________________
Prof. Dr. Lauro Antonio Porto
(Universidade Federal da Bahia - UFBA)
________________________________________________
Profª Drª. Maria Geralda Gomes Aguiar
(Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS)
Agradecimentos
Agradecido a Deus por oportunizar a escrita dessa página tão importante em minha
vida.
A minha família: meus pais Antonio e Vitória, minha Tia Jaci, minha avó Amélia,
minha “mãe-dastra” Luciene e meus irmãos Jeifferson, Michael Helder, Mauro,
Luna, Danilo e Daniel sem vocês o que seria de mim?
A Ana Cláudia Conceição da Silva pelo apoio incondicional na busca, na luta, na
perseverança e na conquista dos ideais.
A Alba Benemérita Alves Vilela pela ajuda sempre alerta, paciência e torcida.
A Maria Nice Dutra de Oliveira pelo apoio.
A Claudia Ribeiro Lopes e Valéria Argolo Rosa pelo apoio, incentivo, partilha e
sobretudo por acreditar na minha perseverança.
A Aline Rodrigues Barbosa e Jair Sindra Virtuoso Junior pelo apoio e ajuda.
Muito obrigado!!!
Aos eternos colegas da turma 2007: Ana Paula, Camila, Carolina, Elisângela,
Emanuelle, Julie Eloy, Kaio, Kleize, Maria do Carmo, Maiza, Silvania, Rita de
Cássia, Valesca e Wilza pelo convívio e troca de experiências. Saudades!
Aos meus outros colegas de mestrado Ana Claudia Lima, Camila Amorim,
Cristina Borges, Elaine, Leonor, Marcos e Saulo Vasconcelos pelo convívio e
troca de experiências. Aos colegas do Núcleo de Epidemiologia (NEPI) Kionna
Bernardes, Paloma Pinho e Juarez pelo acolhimento e ajuda.
Aos professores do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva Davi Félix,
Edna Araújo, Maria Geralda, Graciete Vieira, Marluce Assis, Maria Ângela,
Maria Conceição Costa, Nelson Oliveira, Maura Almeida, Rosely Carvalho,
Tânia Araujo e Tecia Alves pelos momentos únicos e inesquecíveis, vocês são
fontes inesgotáveis, foi um prazer ser aluno de vocês.
Ao grupo de Estudo do Professor: Professores Fernando Martins Carvalho e
Eduardo Reis. Aos colegas Isadora , Carla, Marcio e Patrícia.
A Goreth, Jorge e Siomara. Obrigado!
A Fabiana Gualberto por ter me ajudado e compreendido meu desejo de fazer
mestrado.
A minha coordenadora Lidice de Sousa e Fuad pela compreensão, pela ajuda e
paciência. Muito obrigado!!!
Aos colegas de trabalho que estiveram na torcida. Valeu!!!
Agradecimento especial a minha Orientadora
Tânia Maria de Araújo pelo acolhimento, paciência,
dedicação e sabedoria na construção dessa dissertação.
Resumo
Jefferson Paixão Cardoso
RESUMO
Nos últimos anos, as modificações ocorridas no mundo do trabalho, especialmente
na educação, têm sido marcadas pela exigência e competências que envolvem uma
série de atividades no cotidiano dos docentes contribuindo para o surgimento de
doenças e agravos à saúde, incluindo a dor musculoesquelética. O estudo objetivou
descrever a prevalência queixas de dor musculoesqueléticas (DME) segundo
aspectos sociodemográficos e do trabalho docente e avaliar a associação entre
aspectos psicossociais do trabalho e dor entre professores da rede municipal de
ensino de Salvador, Bahia. O estudo é do tipo corte transversal e foi realizado com
base em inquérito realizado com docentes da rede municipal de ensino da cidade do
Salvador em 2006. Aplicou-se questionário padronizado. Para avaliar associação
entre aspectos psicossociais do trabalho e queixas de dor considerou-se como
variável independente os aspectos psicossociais do trabalho avaliados segundo
Modelo Demanda-Controle. A variável dependente foi composta pela dor
musculoesquelética, investigada segundo a freqüência e topografia. As co-variáveis
foram os aspectos sociodemográficos (sexo, idade, nível de escolaridade, situação
conjugal e número de filhos) e características do trabalho docente (tempo de
trabalho na profissão, número de turmas, número de alunos, carga horária, trabalho
em outra escola e esforço físico). Utilizou-se a regressão logística num intuito de
realizar um ajuste simultâneo das variáveis estudadas. A análise foi feita com auxilio
do SPSS 9.0 e R. Entre os respondentes, 4.309 relataram DME, a prevalência foi de
23,7% para membros inferiores, 41,1% para membros superiores e 41,1% para
coluna. As mulheres referiram maiores prevalências para todo tipo de dor avaliado.
Professores mais velhos, com nível médio de formação, com três ou mais filhos e
quatorze ou mais anos na profissão também apresentaram maiores prevalências
nos três segmentos corporais estudados. Analisadas as características do trabalho
docente observou-se que docentes com intensa jornada de trabalho, carga horária
excessiva e trabalhavam dois ou mais turnos apresentaram maiores prevalências
para DME. O esforço físico e as condições do ambiente (calor) estiveram associadas
à ocorrência de DME. A associação entre aspectos psicossociais e DME evidenciou
que o trabalho de alta exigência e trabalho ativo associaram-se à maior prevalência
de DME, manteve mesmo após ajustamento por potenciais variáveis confundidoras.
O estudo possibilitou conhecer características importantes da atividade docente,
demonstrando situações negativas que podem repercutir na qualidade de vida e
ensino do professor. Assim, faz-se necessária a implementação de políticas que
visem a melhoria das condições de trabalho docente e busquem soluções para
redução, prevenção e monitoramento desses acometimentos.
Palavras-chave: aspectos psicossociais do trabalho; estresse ocupacional; dor,
professor.
Abstract
Jefferson Paixão Cardoso
ABSTRACT
Over the last year, the modifications that happened in the work field, especially in
Education, has been marked by the demands and competences that involves a
number of activities in the daily life of school teachers, contributing to the appearance
of diseases, including the musculoskeletal complaints. The aim of this study was to
describe the predominance of the musculoskeletal pain (DME) according to socio-
demographics and occupational factors as well as to examine the association
between work-related psychosocial factors and musculoskeletal pain amongst school
teachers in Salvador city, Brazil. The study is a cross-sectional, accomplished in
2006, based on an inquiry with teachers of the municipal schools of Salvador. It was
applied a standard questionnaire. In order to evaluate the association between
psychosocial aspects of work and complaints about pains, it considered the
psychosocial aspects of work as independent variable evaluated according to the
Model Demand-Control. The dependent variable was composed of musculoskeletal
pain, investigated according to its frequency and topography. The co-variable were
socio- demographic factors (sex, age, educational level, marital status and number of
children) plus job related factors (professional working time, number of teaching
classes, number of students, time-table, other teaching job and physical effort). The
study made use of logistic regression aiming to accomplish a simultaneous
settlement of the studied variables. The undertaken analysis was supported by the
SPSS 9.0 and R. Within the applicants, 4.309 reported DME. The prevalence was
23, 7% to lower limbs, 41, 1% to upper limbs and 41, 1% to the back. Women
referred to more prevalence for any kind of evaluated pain. Older school teachers,
second grade educational level, three or more children and fourteen or more of
professional time, also showed more prevalence within the three studied body
regions. When analyzing the teaching occupational factors it was observed that
teachers with an intense time-table, excessive amount of working hours and with two
or more shifts presented more prevalence of DME. The physical effort and
environment factors (heat) were associated to the occurrence of DME. The
association between work-related psychosocial factors and DME showed that high
demanding work and active work were associated to the more prevalence of DME.
These results were kept the same even after adjustment for potential disturbing
variables. The study enabled to get to know important characteristics of the teaching
job, showing negative situations that can reflect on the teachers’ life and teaching
quality Therefore, it is necessary the implementation of public politics aiming the
improvement of the conditions of teaching work and looking for solutions for
reduction, prevention and monitoring of these diseases.
Key words: psychosocial aspects of work; occupational stress; pain; school teacher.
Lista de abreviaturas e siglas
Jefferson Paixão Cardoso
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BA
Bahia
CNS
Conselho Nacional de Saúde
DME
Dor musculoesquelética
DRT
Delegacia Regional do Trabalho
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC
Intervalo de Confiança
JCQ
Job Content Questionnaire
OIT
Organização Internacional do Trabalho
OMS
Organização Mundial de Saúde
OPAS
Organização Pan-Americana de Saúde
R
R Foundation for Statistical Computing
ROC Receiver Operating Characteristic
RP Razão de Prevalência
SPSS Statistical Package for Social Sciences
SUS Sistema Único de Saúde
TMC Transtornos Mentais Comuns
UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana
WHO World Health Organization
Sumário
Jefferson Paixão Cardoso
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS......................................................................... 11
2 OBJETIVOS................................................................................................... 15
3 ARTIGOS ....................................................................................................... 16
3.1 Prevalência de queixas de dor musculoesquelética em professores do
ensino municipal .......................................................................................... 16
3.2 Aspectos psicossociais do trabalho e queixas de dor
musculoesqueléticas entre professores .................................................... 35
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 63
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 66
APÊNDICE
APÊNDICE A – Projeto de pesquisa ................................................................... 76
ANEXO
Anexo A – Modelo do questionário .................................................................... 126
Anexo B – Aprovação do projeto de pesquisa pelo CEP.................................. 129
Considerações Iniciais
Jefferson Paixão Cardoso
11
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O trabalho representa uma atividade consciente do ser humano; fonte
geradora de prazer, capaz de produzir e transformar o ambiente e o contexto social
a sua volta. O trabalho é também fonte de sobrevivência para o homem, é o
sustentáculo do processo de produção social. Ao mesmo tempo, pode ser gerador
de conflitos e fonte de sofrimento para o homem. Nessa diversidade de sentidos, o
homem que trabalha passa a perceber o mundo através das suas atividades
laborativas.
As diversas transformações que a sociedade vem sofrendo durante as últimas
décadas têm influenciado profundamente os modos de viver e conviver das pessoas,
os modos de produção, de definição das profissões e das relações de trabalho. O
setor educacional também sofreu mudanças ao longo desses anos, especialmente
no que se refere às funções docentes, em que o professor acaba por assumir novas
competências, sob pressão de contínuas exigências de formação e qualificação
(ZARAGOZA, 1999). O professor, além das atividades de ensino, deve acompanhar
a produção educacional e cultural dos alunos; planejar o curso, a disciplina e o
projeto pedagógico; avaliar o processo de ensino-aprendizagem; preparar aulas e
participar de atividades institucionais.
Essas novas exigências sobrecarregam o professor, o que eleva o nível de
estresse no ambiente de trabalho desse profissional, com conseqüências para sua
saúde física e mental. Os fatores psicossociais do trabalho são compreendidos
como desenvolvimento de mediação entre os aspectos referentes ao indivíduo e ao
seu ambiente laborativo. Esses fatores permitem descrever a percepção sobre a
organização do trabalho pelos trabalhadores e administradores (TOOMINGAS et al.,
1997). Esta percepção envolve muitos pontos sobre a interação (indivíduo e seu
ambiente laboral) que estão fortemente estabelecidos segundo a gestão, a divisão
de tarefas e o tipo de atividade desenvolvida. Desta forma, estudos têm evidenciado
associação entre as doenças que acometem os docentes e os aspectos
psicossociais do trabalho (GASPARINI et al., 2006; PORTO et al., 2006, ARAUJO et
al., 2005; REIS et al., 2005; DELCOR et al., 2004).
Entre os agravos à saúde que acometem o professor, a dor pode ser
considerada como um dos grandes motivos para a queda de desempenho e
Considerações Iniciais
Jefferson Paixão Cardoso
12
afastamento da atividade docente. A dor é considerada como uma experiência
sensorial e emocional desagradável que envolve mecanismos físicos, psíquicos e
culturais; uma manifestação subjetiva que varia de indivíduo para indivíduo em
freqüência, intensidade e duração (SARTI, 2001; CARVALHO, 1999). Quando o
sintoma se prolonga, torna-se um problema, motivo de redução da atividade laboral,
licenças e afastamento do trabalho, além da possibilidade de desenvolvimento de
quadros de depressão, ansiedade e nervosismo (SOARES; JABLONSKA, 2004).
A dor musculoesquelética pode estar relacionada a várias doenças que
acometem músculos, tendões, fáscias musculares, ossos, articulações e ligamentos.
Pode ser de origem traumática, inflamatória, isquêmica, tumoral e também da
sobrecarga funcional. Também depende da atividade ocupacional exercida pelo
indivíduo que poderá ser feita em posições estáticas e/ou dinâmicas; quando
associadas aos movimentos de esforço, repetição e sobrecarga podem condicionar
o aparecimento de problemas musculoesqueléticos. Quanto à localização, no corpo,
a dor pode ser classificada como: generalizada, craniofacial, cervical, ombros e
membros superiores, torácica, lombar e membros inferiores (ISSY; SAKATA, 2005).
A dor musculoesquelética configura-se como uma das principais queixas
referidas pela classe docente (DELCOR et al., 2004; SILVANY NETO et al., 2000).
No estudo de Silvany Neto et al. (2000) realizado com professores da rede particular
de ensino do município de Salvador- Bahia observou-se que 47,0% e 45,0% das
queixas de dor foram relatadas, respectivamente, para os membros inferiores e
coluna. No estudo realizado na rede privada de ensino em Vitória da Conquista
encontrou-se prevalência de 52,1% para queixas de dor em membros superiores e
51,2% nas costas (DELCOR et al., 2004). Na rede municipal de ensino desse
município foi encontrada prevalência de 67,0% nos membros superiores e 64,0% em
membros inferiores (ARAÚJO et al., 2003). A dor musculoesquelética, como
apontam as elevadas prevalências registradas nesses estudos, é um problema de
significante magnitude neste grupo ocupacional.
Características oriundas da forma como se organiza o trabalho e se
estabelecem as suas relações com os aspectos psicossociais, têm sido destacadas
como fatores associados aos processos de adoecimento. Assim, o estudo dos
aspectos psicossociais do trabalho tem sido intensificado em vários países. O
desenvolvimento de instrumento destinado a investigar simultaneamente, mais de
uma dimensão do trabalho foi proposto por Karasek (1979), no chamado Modelo
Considerações Iniciais
Jefferson Paixão Cardoso
13
Demanda-Controle (Demand-Control Model ou Job Strain Model). Este modelo foi
proposto para a abordagem simultânea de duas dimensões do trabalho: controle do
trabalhador sobre o próprio trabalho e demanda psicológica envolvida na tarefa.
Esse modelo permitiu compreender as repercussões de determinados fatores
oriundos do trabalho. O Modelo demanda-controle utiliza um instrumento para medir
os aspectos psicossociais do trabalho intitulado Job Content Questionnaire (JCQ) ou
Questionário do Conteúdo do Trabalho (KARASEK et al., 1998). Este instrumento é
utilizado para avaliar a estrutura social e psicológica da situação de trabalho.
O JCQ tem sido testado em estudos de várias categorias profissionais para
investigar a associação entre os aspectos psicossociais do trabalho e a ocorrência
de dor musculoesquelética: vendedores (SKOV et al., 1996), enfermeiras (SMITH et
al., 2004), médicos (SMITH et al., 2006), trabalhadores da indústria automobilística e
eletrônica (KJELLBERG et al., 2007), técnicos em radiologia (LORUSSO et al.,
2007), aeromoças (LEE et al., 2008), entre outros.
No Brasil, faz-se necessário realizar pesquisas para caracterizar os processos
laborais e conhecer o perfil de morbidade desses trabalhadores, podendo-se então
avaliar as possíveis associações entre os fatores ocupacionais e saúde.
Portanto, é importante que se desenvolvam estudos que envolvam estresse
ocupacional e a dor musculoesquelética numa perspectiva de conhecer com maior
profundidade as suas possíveis relações. Estudos para investigar aspectos
psicossociais do trabalho e dor musculoesquelética em professores são escassos.
As pesquisas até então realizadas com professores não abordaram a temática dor
como categoria principal de análise. Com base no conhecimento e aprofundamento
deste tema, conhecendo, portanto, as reais condições de trabalho do docente, as
repercussões sobre sua saúde e a interface com as queixas de dor
musculoesquelética, serão obtidos elementos norteadores para a efetiva ação nessa
classe de trabalhadores, em busca da promoção da saúde.
Esta dissertação está apresentada sob a forma de artigo, contendo assim,
dois artigos intitulados “Prevalência de dor musculoesquelética em professores do
ensino municipal” e “Aspectos psicossociais do trabalho e dor musculoesquelética
entre professores”. No primeiro artigo investigou-se a prevalência de queixas
músculo-esqueleticas segundo variáveis sociodemográficas, e do trabalho docente;
No segundo artigo avaliou-se a associação entre os aspectos psicossociais do
trabalho, através do modelo demanda-controle, e a dor musculoesquelética por
Considerações Iniciais
Jefferson Paixão Cardoso
14
segmento corporal estudado (membros inferiores, membros superiores e coluna). Os
resultados são oriundos de um inquérito epidemiológico realizado entre docentes da
rede municipal de ensino de Salvador nos meses de abril a maio de 2006.
No apêndice é apresentado o projeto de pesquisa e nos anexos o instrumento
de coleta de dados e parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
da Maternidade Climério de Oliveira da Universidade Federal da Bahia (UFBA),
parecer n.83/2007.
Objetivos
Jefferson Paixão Cardoso
15
2 OBJETIVOS
Descrever a prevalência de dor musculoesquelética segundo características
sociodemográficas e do trabalho docente entre professores do ensino
fundamental da rede municipal de ensino de Salvador, Bahia, Brasil.
Avaliar a associação entre aspectos psicossociais do trabalho e a ocorrência de
dor musculoesquelética, entre professores da rede municipal de ensino de
Salvador, Bahia.
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
16
3 ARTIGOS
PREVALÊNCIA DE DOR MUSCULOESQUELÉTICA EM PROFESSORES DO
ENSINO MUNICIPAL
PREVALENCE OF MUSCULOSKELETAL PAIN AMONG SCHOOL TEACHERS
Jefferson Paixão Cardoso
Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva. Universidade Estadual de Feira de
Santana (UEFS)
Isadora de Queiroz Batista Ribeiro
Mestrado em Saúde, Ambiente e Trabalho. Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Tânia Maria de Araújo
Núcleo de Epidemiologia, Departamento de Saúde, Universidade Estadual de Feira
de Santana (UEFS)
Fernando Martins Carvalho
Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina, Universidade
Federal da Bahia (UFBA)
Eduardo José Farias Borges dos Reis
Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina, Universidade
Federal da Bahia (UFBA)
Endereço para correspondência:
Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
Centro de Pós-graduação em Saúde Coletiva
Núcleo de Epidemiologia
BR 116, Km 03
CEP: 44031-460
Feira de Santana - Bahia
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
17
RESUMO
Este artigo descreve a prevalência de dor musculoesquelética (DME) segundo
variáveis sociodemográficas e ocupacionais de professores do ensino básico. Um
estudo epidemiológico de corte transversal, de caráter censitário, incluiu todos os
4.496 professores do ensino fundamental da rede municipal de ensino, cadastrados
pela Secretaria de Educação e Cultura do Município de Salvador, Bahia, Brasil. As
prevalências de dor musculoesquelética em membros inferiores (41,1%), membros
superiores (23,7%) e coluna (41,1%) foram elevadas. A prevalência global de dor
musculoesquelética relacionada a qualquer um dos três segmentos corporais foi de
55%. A dor musculoesquelética foi mais prevalente entre as mulheres, os mais
velhos, de nível educacional médio, casados, com três ou mais filhos e que
trabalhavam mais de quatorze anos como docente. Também foi observado maior
prevalência de DME entre docentes com tempo de trabalho acima que cinco anos,
que ensinavam em turma única, tinham elevado esforço físico, não tinham outra
atividade remunerada e experimentaram calor em sala de aula. Esses achados
alertam para a necessidade de adoção de políticas públicas para melhoria das
condições de trabalho do professor.
Palavras-chave: riscos ocupacionais; exposição ocupacional; saúde do trabalhador;
educação primária e secundária; dor lombar; dor nas costas.
ABSTRACT
This study aimed to describe the prevalence of musculoskeletal pain according to
socio-demographic and occupational variables within school teachers of the
elementary schools. Cross-sectional epidemiologic study, of a census character ,
included 4.496 school teachers of the municipal elementary educational system,
officially registered at the Secretary of Education and Culture of Salvador, Bahia,
Brasil. There was a high prevalence of musculoskeletal pain in the lower limbs (41,
1%), upper limbs (23,7%) and back (41,1%). The global prevalence of
musculoskeletal pain related to any of the three corporal segments was 55%. The
musculoskeletal pain was more prevalent among women, the elderly with second
grade educational level, married with three or more children, and more than fourteen
years working as a teacher. Observed also more prevalence among school teachers
with professional working time more five years, unique teaching class, high physical
effort, had not other job and excessive heat. These results warn for the necessity of
public politics for the improvement of the conditions of school teachers’ work.
Key words: occupational risks; occupational exposure; occupational health;
education/primary and secondary; low back pain; back pain.
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
18
INTRODUÇÃO
O trabalho é fundamental na vida de homens e mulheres; contudo, quando
realizado de maneira inadequada, pode transformar-se em fator prejudicial à saúde
humana. Alguns grupos de trabalhadores, por suas características ocupacionais,
tornam-se mais expostos ao surgimento de dores musculoesqueléticas relacionadas
ao trabalho (GASPARINI et al., 2005). Dentre estes grupos, destacam-se os
professores. Por vezes, o trabalho docente é exercido sob circunstâncias
desfavoráveis, sob as quais os docentes mobilizam as suas capacidades físicas,
cognitivas e afetivas para atingir os objetivos da produção escolar, gerando com isso
sobreesforço ou hipersolicitação de suas funções psicofisiológicas (ZARAGOZA,
1999). Se não há tempo para a recuperação, são desencadeados ou precipitados os
sintomas álgicos que explicariam os elevados índices de afastamento do trabalho
por agravos à saúde neste grupo de trabalhadores. Assim, o trabalho docente é uma
atividade que promove estresse, com repercussões sobre a saúde física e mental,
com impactos no desempenho profissional (REIS et al., 2006).
As transformações sociais, as reformas educacionais e os novos modelos
pedagógicos influenciaram as condições de trabalho, provocando mudanças na
profissão. Assim, o profissional docente passou da situação de trabalho estável e de
relativa segurança para uma situação de insegurança no trabalho, em conseqüência
das novas formas de trabalho, precarizadas e desregulamentadas (ZARAGOZA,
1999).
Nos últimos anos, o setor educacional sofreu mudanças que levaram à
intensificação das atividades docentes e à precarização das relações de trabalho.
Os cortes nos recursos financeiros destinados à educação são reflexos dos novos
processos de organização social na era globalizada. Frente às exigências de
mercado impostas no processo de globalização econômica, as instituições escolares
passaram a enfrentar novos obstáculos, especialmente com relação a cumprir
adequada e satisfatoriamente seus compromissos educacionais. Este processo é
gerador de intensos conflitos para os professores, que são ainda agravados pelas
exigências sociais do papel do professor: de um lado as exigências de ensino de
qualidade e de resultados positivos; mas de outro, num contexto de produção em
massa, escassez de recursos materiais e humanos. Esses movimentos, em sentido
contrário, empurram um dilema: gerar resultados positivos sem dispor de
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
19
ferramentas adequadas e necessárias para isto. Este quadro tende a gerar
desprestígio e desvalorização dos docentes, sobrecarregados pela necessidade
de cumprir as novas exigências da Educação (GOMES, 2002).
O aumento das responsabilidades e exigências sobre a classe docente é
conseqüência de um processo histórico que ocorreu rapidamente no contexto da
sociedade brasileira. Um dos reflexos dessas transformações foi o denominado “mal-
estar” docente representado por um conjunto de agravos à saúde decorrente, entre
tantos fatores, da falta de adaptação às novas exigências da profissão (
ZARAGOZA,
1999
).
Na última década, diferentes estudos descreveram os problemas de saúde
mais prevalentes entre os professores, com destaque para as desordens
musculoesqueléticas, problemas vocais e distúrbios psíquicos (SILVANY-NETO et
al., 2000; DELCOR et al., 2004; ARAÚJO et al., 2005; GASPARINI et al., 2005; REIS
et al., 2005; ARAÚJO et al., 2006; GASPARINI et al., 2006;).
A dor musculoesquelética ou sensação dolorosa é apontada em diversos
estudos com professores como um relevante problema de saúde e as doenças
decorrentes de agravos ao sistema musculoesquelético aparecem como as
principais causas de afastamento do trabalho e de doenças profissionais nessa
categoria (PORTO et al., 2004). Toda pessoa, excluindo os indivíduos com
insensibilidade congênita, sentiu dor em algum momento da vida. Porém, quando
o sintoma se prolonga, torna-se um problema, motivo de redução da atividade
laboral, licenças e afastamento do trabalho, além da possibilidade de
desenvolvimento de quadros de depressão, ansiedade e nervosismo (SOARES;
JABIONSKA, 2004). Vários fatores sociodemográficos, psicossociais, físicos e
organizacionais estão relacionados ao desencadeamento, desenvolvimento e
manutenção da dor musculoesquelética. (MALCHAIRE, et al., 2001).
Os custos médicos e sociais advindos dessa problemática têm crescido
incessantemente nos últimos anos e atingem atualmente cifras da ordem de bilhões
de dólares em vários países, representando significativo impacto na saúde e
qualidade de vida dos trabalhadores (LEÃO; SILVA, 2004). Portanto, a análise e
adequado dimensionamento do problema tem como a investigação de seus fatores
associados, são relevantes para constituir medidas que possam intervir sobre o
problema.
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
20
Este estudo tem como objetivo descrever a prevalência de dor
musculoesquelética segundo características sociodemográficas e do trabalho
docente entre professores do ensino fundamental da rede municipal de ensino de
Salvador, Bahia, Brasil.
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
21
MATERIAL E MÉTODOS
Realizou-se um estudo epidemiológico de corte transversal, de natureza
descritiva, sobre as condições de trabalho e saúde dos professores da rede
municipal de ensino de Salvador. A rede municipal de ensino abrange a educação
infantil (pré-escola), ensino fundamental I (1ª a 4ª série) e ensino fundamental II (5ª a
série). Um inquérito que incluiu todos os professores da rede municipal de
Educação de Salvador foi realizado durante o recadastramento dos professores, no
ano de 2006.
O instrumento de coleta de dados utilizado era composto por blocos de
questões correspondentes às informações sociodemográficas, destinadas a
caracterizar o professor; seu trabalho na rede municipal de Salvador; condições do
ambiente de trabalho na escola; saúde mental; saúde vocal e principais problemas
de saúde referidos pelo professor. O questionário foi entregue ao professor em
envelope lacrado e não identificado. O envelope, além do questionário, continha
também uma carta do Secretário Municipal de Educação e Cultura, solicitando a
participação do docente no inquérito e informando que o professor não deveria
identificar-se, pois a adesão à pesquisa era de caráter voluntário.
A variável dependente, freqüência de dor musculoesquelética, foi investigada
em três regiões corporais: membros inferiores: “dor nas pernas”; membros
superiores: “dor nos braços” e na coluna: “dor nas costas”. A freqüência da dor foi
medida numa escala do tipo Likert: 0=nunca; 1=raramente; 2=pouco freqüente;
3=freqüente e 4=muito freqüente. Neste estudo, foi considerada como queixa de dor
musculoesquelética, quando o professor referiu sentir a queixa álgica como
“freqüentemente” ou “muito freqüentemente”, para cada região corporal acima
mencionada.
Inicialmente foi feita análise descritiva considerando variáveis
sociodemográficas, variáveis relativas ao trabalho docente e variáveis relativas às
cargas de trabalho.
As prevalências de dor musculoesquelética foram estimadas segundo as
variáveis sociodemográficas (idade, sexo, situação conjugal, nível de escolaridade,
presença de filhos e número de filhos), características do trabalho docente (tempo
de trabalho como professor na escola, turno de trabalho, números de turmas que
ensinava, número médio de alunos por turma, carga horária e outra atividade
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
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remunerada além da docência) e cargas de trabalho (físicas: calor; e ergonômicas:
mobiliário e tamanho das salas de aula). Foram calculadas razões de prevalência e
seus respectivos intervalos de confiança a 95%. Para avaliação da medida de
significância estatística utilizou-se o teste de qui-quadrado de Pearson, adotando
α=5%. A prevalência de queixas musculoesqueléticas segundo tempo de trabalho foi
ajusta por faixa etária utilizando o método de Mantel-Haenszel.
O presente estudo seguiu as recomendações da resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde. Foi assegurado aos professores o sigilo dos dados
fornecidos, sendo as informações usadas exclusivamente para atender aos objetivos
da pesquisa. Em nenhuma situação o professor foi identificado, garantindo assim, a
confidencialidade das informações. O projeto foi aprovado pelo comitê de Ética em
Pesquisa da Maternidade Climério de Oliveira da Universidade Federal da Bahia,
parecer n.83/2007.
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23
RESULTADOS
Foram estudados 4.496 professores dos 4.697 docentes da rede municipal de
ensino do município (taxa de resposta de 95,14%). As mulheres representaram a
maioria da população estudada (92,0%); 47,9% tinham 40 anos ou mais de idade,
variando de 18 anos a 69 anos; a média de idade foi 40,0 ± 9,4 anos. O tempo de
trabalho como professor e na escola variaram, respectivamente, de 1 a 45 anos
(média de 14,4 ± 8,4 anos) e de 1 a 37 anos (média de 6,5 ± 6,3 anos). No ensino
Fundamental I estavam 68,3% dos docentes. Os professores tinham, em média,
2,1±1,7 turmas e 31,2 ± 5,8 alunos por sala de aula. Aproximadamente 14% dos
professores trabalhavam em outra escola da rede municipal de ensino e 31,9% em
escola de outra rede de ensino.
A prevalência de dor musculoesquelética (DME) foi de 41,1% para membros
inferiores, 41,1% para coluna e 23,7% para os membros superiores (Tabela 1). A
prevalência global, para DME relacionada a qualquer um dos três segmentos
corporais foi de 55%. Dos 4.309 professores que responderam às questões sobre
dor musculoesquelética, 19,7% referiram dor apenas em um dos três segmentos
corporais analisados; 19,9%, em dois segmentos; e 15,4%, nos três segmentos.
A prevalência de DME foi mais elevada entre aqueles que referiram,
conjuntamente, dor na coluna e em membros inferiores (29,8%). A concomitância de
DME em coluna e membros superiores foi referida por 18,5% e entre membros
superiores e membros inferiores 17,7% dos professores.
A prevalência de dor musculoesquelética na população estudada mostrou-se
mais elevada entre as mulheres do que entre os homens nos três segmentos
corporais (membros inferiores, membros superiores e costas/coluna). Em relação à
faixa etária, observou-se que a prevalência de DME aumentava com a idade (Tabela
2). Os professores que possuíam nível médio apresentaram maior prevalência de
dor nos membros inferiores (45,9%) do que no nível superior. Maiores prevalências
de dor nos membros superiores e coluna foram observadas entre os docentes
viúvos, separados ou divorciados. Ter mais de três filhos associou-se positivamente
à DME.
Professores que possuíam quatorze ou mais anos na profissão apresentaram
prevalências mais elevadas de DME em níveis estatisticamente significantes nos
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segmentos analisados. Quando ajustada pela idade a associação entre tempo de
trabalho e DME nos três segmentos estudados manteve-se positiva (Tabela 3).
A identificação de dor musculoesquelética nos segmentos corporais
estudados segundo variáveis do trabalho docente e cargas de trabalho é
apresentada na tabela 4. As prevalências de dor nessas regiões entre professores
que tinham maior tempo de trabalho (> 5 anos) associaram-se positivamente à dor
musculoesquelética, em nível estatisticamente significante.
Não se observou associação entre dor musculoesquelética e turno de
trabalho, número de alunos e carga horária semanal de trabalho, embora
prevalências mais elevadas tinham sido observadas entre professores que
trabalhavam mais de um turno, tinham mais de 30 alunos e com carga horária de 40
horas semanais.
Com relação ao número de turmas em que ensinava, observou-se um
resultado oposto ao esperado: as prevalências de DME em membros inferiores e
coluna diminuíram à medida que aumentou o número de turmas do professor.
Professores que trabalhavam em outra escola da rede municipal apresentaram
maior prevalência de DME, porém, somente para dor na coluna observou-se
associação estatisticamente significante. Menores prevalências de DME foram
observadas em professores que tinham outra atividade remunerada além da docente
do que entre aqueles que trabalhavam apenas na docência. As diferenças
observadas foram estatisticamente significantes.
Com relação às cargas de trabalho, muito esforço físico apresentou
associação com ocorrência de dor nos três segmentos corporais. A prevalência de
DME foi mais elevada em ambientes nos quais se observou condições
desfavoráveis para temperatura e mobiliário. Encontrou-se associação positiva para
dor nas três regiões analisadas e o trabalho em ambientes quentes.
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DISCUSSÃO
Na população estudada, predominaram as mulheres com média de idade
acima de 40 anos, com nível superior completo, casadas e com um filho. Tais
achados são semelhantes aos de outros estudos realizados com professores
(SILVANY NETO et al., 2000; DELCOR et al., 2005; REIS et al., 2005). O tempo
médio de trabalho como professor foi de 14,4 anos, relativamente maior quando
comparado com os estudos de Reis et al. (2005) e Silvany Neto et al. (2000), onde o
tempo médio foi de 10,4 e 11 anos, respectivamente. Gasparini et al. (2006), em
estudo realizado com professores da rede municipal de Belo Horizonte, encontrou
tempo médio de trabalho de 16,6 anos, superior aos achados para professores de
Salvador.
Os achados confirmam o maior percentual de docentes do sexo feminino no
setor educacional. Este quadro reflete o crescimento do setor ocorrido a partir da
segunda metade do século XX, quando houve a incorporação de muitos
trabalhadores na área da educação. A introdução das mulheres no mundo do
trabalho, como professoras e enfermeiras, foi concebida como atividade do
“cuidado” e continuidade das atividades domésticas (DELCOR et al., 2004). Dessa
forma, atualmente, a educação é um campo profissional desempenhado
predominantemente pelas mulheres. As mulheres são maioria na categoria.
Segundo pesquisa realizada pela UNESCO (2004) sobre o perfil do docente no
Brasil, 81,3% dos docentes são do sexo feminino.
Diferenças entre as condições de trabalho entre homens e mulheres têm sido
apontadas em diferentes estudos com professores, observando que as mulheres
são menos qualificadas, recebem salários mais baixos e apresentam menores
níveis de controle sobre o trabalho em relação aos homens e níveis mais elevados
de demandas (ARAÚJO et al., 2006). Também tem sido descrito que essas
características, por sua vez, estão associadas ao maior adoecimento físico e
psíquico. Mesmo as mulheres predominando nas atividades de ensino, ainda são
destinados a elas os postos de trabalho de menor qualificação, com menores
salários e baixo status social (SILVANY NETO et al., 2000; ARAÚJO et al., 2006).
A prevalência de DME foi mais elevada entre as mulheres, nos três
segmentos corporais estudados. Outros estudos têm demonstrado prevalências
menores de DME quando relacionados ao grupo das mulheres (LEUROX et al.,
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2005; SMITH et al., 2006; KJELLBERG; WADMAN, 2007). Em um estudo realizado
com moradores da província de Quebec (LEROUX et al. 2005) foi observado que
20,4% das mulheres referiram dor musculoesquelética nos membros inferiores,
22,3% nos membros superiores e 30,4% no dorso/costas. No estudo de Kjellberg e
Wadman (2007), realizado na Suécia, evidenciou-se apenas 19% das ocorrências
de dor nos membros inferiores. As diferenças sociais e econômicas entre o Brasil e
os países dos estudos citados, a forma como o trabalho é organizado, as demandas
enfrentadas pelos trabalhadores e os fatores de proteção envolvidos (ZARAGOZA,
1999; FACCHINI, 1993) contribuem para as diferenças observadas no presente
estudo.
A associação entre DME e idade maior que 40 anos, nos três segmentos
analisados têm explicação pelo fato de que o processo de desgaste do corpo é
influenciado, no ambiente de trabalho, pelo tipo de atividade desenvolvida e a
organização do trabalho (Delcor et al, 2004). Desta forma, a idade seria um fator
associado à ocorrência de dor. Reis et al. (2006) discutem que o professor com mais
experiência profissional é menos suscetível aos efeitos negativos do trabalho sobre
a saúde; por outro lado se o tempo de profissão foi marcado por restrições ao ganho
de experiência como professor, a exposição pode se associar a situações adversas
a saúde.
Os achados fortalecem a hipótese de que a exposição prolongada à atividade
docente está associada à maior ocorrência de DME. Achado que não é alterado
quando se ajustam as estimativas de associação pelo efeito da idade. Cabe
registrar, contudo, que dor musculoesquelética foi relatada por 21,6% (membros
inferiores) a 36,6% (coluna) dos professores com até 29 anos de idade. Este fato é
preocupante, pois professores mais jovens estariam experimentando o evento álgico
de forma precoce. Estudo tem demonstrado que trabalhadores mais jovens
enfrentam maiores demandas do trabalho, estando expostos a fatores de riscos,
pois assumiriam um maior número de atividades e tarefas no início da carreira (de
Zwart et al, 1997).
Neste estudo, os professores que tinham nível médio referiram mais dor
musculoesquelética em relação àqueles que possuíam ensino superior completo.
Estudos na categoria docente têm evidenciado uma relação inversa, onde o
aumento da escolaridade demonstrou aumento da ocorrência de queixas de doença
(ARAÚJO et al., 2005). Professores com menor nível de escolaridade poderiam
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experimentar condições de trabalho diferentes, pois boa parte destes docentes
estaria em processo de capacitação (cursando nível superior), o que adicionaria
novas demandas às atividades do trabalho docente.
Os professores de Salvador que possuíam três ou mais filhos relataram mais
DME do que aqueles que possuíam um ou dois filhos. Esses achados são
consistentes com os achados da literatura, onde apontam que um número maior de
filhos corresponde a maior exigência de tempo de dedicação para cuidar das
crianças; possibilidade de maior estresse psíquico; e necessidade de maior carga
horária de trabalho para aumentar a renda familiar (ARAÚJO; PINHO; ALMEIDA,
2005).
O tempo de trabalho como professor e o tempo de atividade docente na
escola em que foi entrevistado mostraram-se associados com DME, nos três
segmentos corporais investigados. As mudanças no sistema educacional brasileiro,
ocorridas nas últimas cadas, trouxeram novas exigências à categoria profissional
docente e condições de trabalho precarizadas. Essas condições desfavoráveis
podem ser fatores que influenciam a ocorrência de DME, como apontam Malchaire,
Cock e Vergracht (2001). Assim, a exposição prolongada a essas condições
desfavoráveis passa a representar fator de risco à saúde.
Dor musculoesquelética foi mais elevada em professores que tinham carga
horária de 40 horas semanais e que trabalhavam em dois ou mais turnos, embora
as diferenças observadas não tenham sido estatisticamente significantes. Tais
características sugerem a existência de intensa jornada de trabalho que poderia
contribuir para ocorrência desse evento. A sobrecarga de trabalho do professor foi
apontada em outros estudos, tanto com professores da educação infantil quanto
professores de nível superior (SILVANY-NETO et al., 2000; DELCOR et al., 2004;
ARAÚJO et al., 2005; REIS et al., 2005; CARVALHO et al., 2006; GASPARINI et al.,
2006; PORTO et al., 2006; JARDIM et al., 2007).
As DME foram mais prevalentes em professores com turmas com mais de
trinta alunos, ainda que, também para esta variável, o resultado não tenha sido
estatisticamente significante. Fica evidente que o aumento do número e turmas e
alunos acarreta, para o professor, acréscimo em suas atividades (planejamento e
correção de atividades escolares; maior atenção). A UNESCO e OIT (Organização
Internacional do Trabalho) recomendam não ultrapassar 25 alunos por turma
(SAMPAIO; MARIN, 2004). Essa situação tem influência direta na qualidade de
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ensino, levando à piora no aprendizado dos alunos e aos agravos à saúde dos
professores.
Docentes que trabalhavam em outra escola apresentaram maiores
prevalências em relação aqueles que não trabalhavam; também aqueles que
possuíam outra atividade remunerada, além do ensino tiveram prevalências
menores de DME em relação àqueles que não a tinham. Esses achados reforçam a
hipótese de que o docente está submetido a condições de trabalho que favorecem o
surgimento ou a manutenção da dor musculoesquelética. Essa situação poderia ser
favorecida pelo fato do trabalhador ter se ocupado em atividade diferente da
docente, e, estaria experimentando outra condição de trabalho diferente da atividade
como professor, podendo esta ser mais favorável. Visto assim, a associação entre
possuir outra atividade e DME foi protetora para os três grupos analisados.
O esforço físico apresentou-se como importante fator associado à DME.
Esses achados são consistentes com a pesquisa de Malchaire, Cock e Vergrocht
(2001) que destacam, entre outros fatores estudados, as cargas físicas do trabalho
como importantes fatores que contribuem para ocorrência de DME. Barros et al.
(2007) relatam que o trabalho do professor envolve uma considerável carga física,
estabelecida pela permanência do educador em posição ortostática por a95% das
atividades, com graus variados de flexão da coluna cervical. No estudo desenvolvido
por Delcor et al. (2004), dentre os esforços físicos realizados no trabalho do docente,
destacou-se o tempo que o mesmo permanecia em pé. Não a atividade
ortostática pode contribuir para ocorrência de DME. Outras situações, como carregar
material para escola ou sala de aula, instalação de equipamentos/recursos didáticos,
deslocamentos dentro da escola e fora dela podem se associar à ocorrência de
DME.
Entre as condições do ambiente de trabalho analisadas, encontrou-se
associação entre o calor e as DME nos membros inferiores, membros superiores e
coluna. Estudos têm mostrado que o desempenho de atividades e o ambiente de
trabalho correlacionam-se. Condições adversas ou desconfortáveis podem
ocasionar danos futuros à saúde dos docentes (CHEN et al., 2003; TALAIA;
RODRIGUES, 2006). A exposição excessiva à temperatura elevada pode acarretar
distúrbios como exaustão pelo calor, intermação e câimbras. A probabilidade de
desenvolver esses distúrbios aumenta em ambientes com umidade elevada e com o
esforço físico elevado (GOMES et al., 2002). Mesmo não apresentando estados
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mórbidos imediatos, a sobrecarga térmica contínua, no longo prazo, pode ter efeitos
deletérios à saúde.
Com relação às cargas ergonômicas, observou-se que o mobiliário em sala
de aula apresentou associação positiva com as DME para membros superiores e
coluna. No estudo de Araújo et al. (2005), 59,3% dos professores universitários
relataram trabalhar em posição inadequada ao corpo. A adoção de posturas
inadequadas do professor, influenciadas principalmente por ambientes com
condições inadequadas, pode contribuir para o aparecimento das DME. No estudo
de Chiu e Lam (2007), realizado com professores do ensino secundário em Hong
Kong, a postura com a cabeça flexionada foi importante fator associado a DME no
pescoço e membros superiores. A falta de cadeiras e mesas em tamanhos e
formatos adequados ao professor obriga este a desenvolver posições desfavoráveis
ao sistema musculoesquelético. A cadeira inadequada faz com que o educador
sente-se sem apoio para a coluna, com excessiva flexão de joelhos e quadris (nos
casos de cadeiras baixas), com a necessidade de fazer flexão do tronco para
escrever e ler textos que estejam sobre a mesa ou mesmo fazer a chamada dos
alunos, ficando os membros superiores ficam sem apoio (OLIVER, 1999)..
Este estudo possibilitou explorar a ocorrência de dor musculoesquelética em
três regiões corporais distintas. Os achados do estudo reforçam a hipótese de que
as características oriundas de determinada atividade laboral produzem efeitos
negativos sobre a saúde dos trabalhadores. Os professores investigados referiram
elevadas prevalências de dor musculoesquelética em membros superiores,
inferiores e coluna. Também foram analisados associação de fatores
sociodemográficos e ocupacionais para estas ocorrências. A identificação desses
fatores pode contribuir para a adoção de políticas blicas que visem à prevenção e
adoecimento e bem-estar dessa categorial profissional.
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30
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ANEXOS
TABELAS
Tabela 1 - Prevalência (%) de dor musculoesquelética em professores segundo localização
corporal. Salvador, Bahia, 2006.
Dor musculoesquelética N n %
Membros inferiores 4297 1760 41,0
Membros superiores 4237 1005 23,7
Coluna 4305 1764 41,0
Tabela 2 - Prevalência (%) de dor musculoesquelética em membros inferiores, membros
superiores e coluna, segundo variáveis sociodemográficas de professores de Salvador,
Bahia, 2006.
Membros Inferiores Membros Superiores Coluna
% RP (IC95%) % RP (IC95%) % RP (IC95%)
Sexo
Masculino
Feminino
26,7
42,1
1,00
1,57 (1,31 - 1,88)***
17,0
24,3
1,00
1,43 (1,11 - 1,83)**
29,3
41,8
1,00
1,43 (1,20 - 1,69)***
Faixa Estaria
Até 29 anos
30 a 39 anos
40 anos
36,5
40,1
43,2
1,00
1,01 (0,97 - 1,24)
1,19 (1,01 - 1,33)**
21,6
21,3
26,7
1,00
0,98 (0,82 - 1,18)
1,23 (1,04 - 1,46)*
36,6
39,6
43,1
1,00
1,08 (0,96 - 1,23)
1,18 (1,05 - 1,32)**
Escolaridade
Superior
Médio
39,3
45,9
1,00
1,15 (1,08 - 1,26)***
21,8
28,5
1,00
1,31 (1,17 - 1,46)***
39,6
44,3
1,00
1,11 (1,01 - 1,20)**
Situação Conjugal
Solteiro
Casado
Viúvo/Sep/Div
38,9
42,4
42,1
1,00
1,09 (1,01 - 1,18)*
1,09 (0,96 - 1,21)
22,3
23,9
25,8
1,00
1,07 (0,95 - 1,21)
1,16 (0,99 - 1,37)
39,1
41,3
44,1
1,00
1,06 (0,97 - 1,15)
1,13 (1,01 - 1,26)*
Ter filhos
Não
Sim
38,4
42,6
1,00
1,11 (1,03 - 1,19)**
21,3
25,1
1,00
1,17 (1,05 - 1,32)**
38,7
42,3
1,00
1,09 (1,01 - 1,18)*
Número de filhos
1 Filho
2 Filhos
3 Filhos
39,6
43,0
47,6
1,00
1,09 (0,98 - 1,20)
1,20 (1,08 - 1,34)**
22,5
25,4
29,9
1,00
1,13 (0,97 - 1,32)
1,33 (1,13 - 1,57)**
39,4
42,6
47,3
1,00
1,08 (0,97 - 1,19)
1,20 (1,07 - 1,34)**
Tempo de trabalho como
professor
14 anos
> 14 anos
37,8
45,1
1,00
1,19 (1,11 - 1,29)***
20,5
28,4
1,00
1,39 (1,24 - 1,55)***
37,8
45,2
1,00
1,19 (1,11 - 1,29)***
Razão de prevalência (RP), Intervalo de confiança (IC)
* p<0,05, ** p<0,01, *** p<0,001
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Tabela 3 - Prevalência (%) de dor musculoesquelética segundo tempo de trabalho, ajustada
por faixa etária, de professores de Salvador, Bahia, 2006.
Membros Inferiores Membros Superiores Coluna
RP (IC95%) RP (IC95%)
Tempo de trabalho
14 anos
> 14 anos
1,00
1,19 (1,09 – 1,31)
1,00
1,33 (1,16 - 1,53)
1,00
1,19 (1,08 – 1,30)
Tabela 4 - Prevalência (%) de dor musculoesquelética segundo variáveis do trabalho
docente e cargas de trabalho de professores de Salvador, Bahia, 2006.
Membros Inferiores Membros Superiores Coluna
% RP (IC95%) % RP (IC95%) % RP (IC95%)
Tempo de trabalho na
escola
5 anos
> 5 anos
41,3
45,3
1,00
1,10 (1,02 - 1,18)*
22,6
28,9
1,00
1,28 (1,14 - 1,43)***
40,6
45,6
1,00
1,12 (1,04 - 1,21)**
Turno de trabalho na
escola
1 turno
2 turnos
40,8
41,3
1,00
1,01 (0,94 - 1,09)
23,0
24,5
1,00
1,06 (0,95 - 1,19)
40,5
41,8
1,00
1,03 (0,96 - 1,11)
Número de turmas que
ensina
1 turma
2 turmas
3 turmas
43,1
39,1
37,3
1,00
0,91 (0,83 - 0,99)*
0,87 (0,77 - 0,98)*
24,6
23,5
23,7
1,00
0,96 (0,84 - 1,08)
0,96 (0,81 - 1,15)
42,2
39,2
36,9
1,00
0,93 (0,85 - 1,01)
0,83 (0,77 - 0,99)*
Número de alunos por
turma
30 alunos
> 30 alunos
39,8
42,0
1,00
1,05 (0,98 - 1,14)
22,9
24,9
1,00
1,09 (0,97 - 1,22)
40,0
41,5
1,00
1,04 (0,96 - 1,12)
Carga horária semanal
20 horas
40 horas
40,6
41,8
1,00
1,03 (0,96 - 1,11)
23,3
24,7
1,00
1,07 (0,95 - 1,12)
40,3
41,5
1,00
1,03 (0,95 - 1,11)
Trabalha em outra
escola
Não
Sim
40,5
43,2
1,00
1,07 (0,96 – 1,18)
23,2
26,3
1,00
1,13 (0,97 – 1,31)
40,2
45,1
1,00
1,12 (1,01 – 1,24)*
Outra atividade
remunerada
Não
Sim
42,0
35,4
1,00
0,84 (0,74 - 0,96)**
24,2
18,6
1,00
0,77 (0,62 - 0,95)*
41,5
36,3
1,00
0,87 (0,76 - 0,99)*
Muito Esforço físico
Não
Sim
33,8
50,2
1,00
1,45 (1,38 - 1,59)***
19,4
29,2
1,00
1,51 (1,35 - 1,68)***
35,1
48,4
1,00
1,38 (1,28 - 1,48)***
Calor
Não
Sim
33,8
42,7
1,00
1,27 (1,14 - 1,41)***
17,5
25,0
1,00
1,43 (1,21 - 1,69)***
34,8
42,5
1,00
1,22 (1,01 - 1,36)***
Mobiliário
Adequado
Inadequado
40,2
41,6
1,00
1,04 (0,96-1,12)
22,3
25,3
1,00
1,14 (1,02 - 1,27)*
39,5
43,6
1,00
1,10 (1,03 - 1,19)**
Razão de prevalência (RP), Intervalo de confiança (IC)
* p<0,05, ** p<0,01, *** p<0,001
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Jefferson Paixão Cardoso
35
ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO TRABALHO E DOR MUSCULOESQUELÉTICA
ENTRE PROFESSORES
WORK PSYCHOSOCIAL ASPECTS AND MUSCULOSKELTAL PAIN AMONG
SCHOOL TEACHERS
Jefferson Paixão Cardoso
Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Universidade Estadual de Feira de
Santana (UEFS)
Tânia Maria de Araújo
Núcleo de Epidemiologia, Departamento de Saúde, Universidade Estadual de Feira
de Santana (UEFS)
Nelson Fernandes de Oliveira
Núcleo de Epidemiologia, Departamento de Saúde, Universidade Estadual de Feira
de Santana (UEFS)
E-mail: noliveir2003@hotmail.com
Endereço para correspondência:
Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS
Centro de Pós-graduação em Saúde Coletiva
Núcleo de Epidemiologia
BR 116, Km 03
CEP: 44031-460
Feira de Santana - Bahia
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
36
Resumo
O estudo objetivou avaliar a associação entre aspectos psicossociais do trabalho e a
ocorrência de dor musculoesquelética (DME), entre professores da rede municipal
de ensino de Salvador, Bahia. O estudo baseou-se em um censo. Utilizou-se um
questionário padronizado contendo informações sobre características
sociodemográficas, trabalho docente, aspectos psicossociais do trabalho (Modelo
Demanda-Controle) e dor musculoesquelética nos membros inferiores, membros
superiores e coluna. Foi realizada análise das variáveis sociodemográficas e
trabalho docente segundo categorias do Modelo Demanda-Controle. Análise de
regressão logística multivariada foi empregada para avaliar a associação entre DME
e aspectos psicossociais do trabalho para cada um dos três segmentos corporais
analisados (membros inferiores, membros superiores e coluna). Entre os 4.967
professores elegíveis, 4.496 participaram do estudo, a maioria eram mulheres
(92,0%), tinham 40 anos ou mais de idade (47,9%) e tempo de trabalho como
professor acima de 14 anos (52,1%). Na distribuição segundo Modelo Demanda-
Controle, 25,3% dos docentes estavam no grupo de baixa exigência, 19,5% em
trabalho passivo, 29,0% em trabalho ativo e 26,2% em alta exigência. No trabalho
em alta exigência se identificou prevalência mais elevadas de DME, enquanto no
trabalho em baixa exigência estavam as mais baixas prevalências. Os aspectos
psicossociais do trabalho estavam estatisticamente associados à DME nos três
segmentos estudados. A associação manteve-se positiva, mesmo após ajuste por
potenciais confundidores. O estudo contribui para conhecimento da situação de
trabalho docente e DME, fazendo-se necessário a implementação de políticas
públicas específicas para enfrentamento desses acometimentos.
Palavras-chave: dor musculoesquelética; saúde do trabalhador; professores;
aspectos psicossociais do trabalho; modelo demanda-controle.
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
37
Abstract
The aim of study was to analyze the association between work-related psychosocial
factors and musculoskeletal pain (DME) among school teachers in Salvador city,
Brazil. A cross-sectional mailed survey was designed. A self-administered
questionnaire was mailed to all the workers. The questionnaire included information
about socio-demographic factors, job factors, work-related psychosocial factors
(Demand-Control Model) and musculoskeletal pain in three regions (lower limbs,
upper limbs and back). Bivariate analysis was conducted with socio-demographic
factors and Model Demand-control Model. Multivariate logistic regression analysis
was performed for each one of three regions (lower limbs, upper limbs and back).
4.967 eligible participants among 4.496 answered the baseline questionnaire. The
majority were women (92,0 %), age equal or bigger than 40 years (47,9 %) and
professional working time above fourteen years (52,1 %). The distribution the
participants to Model Demand-control showed 25,3% of the school teachers was in
the group of low strain, 19,5 % in passive work, 29,0 % in active work and 26,2 % in
high strain. The analysis of the work-related psychosocial factors and
musculoskeletal pain showed positive and statistically significant association in three
regions. Multivariate logistic regression analysis not found significant alterations
when controlled by confounders. The study contributes to knowledge situation of
conditions of teaching work and DME, is necessary the implementation of public
politics for improvement this events.
Key words: musculoskeletal pain; occupational health; teachers; psychosocial
aspects of work; job strain model.
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
38
INTRODUÇÃO
O trabalho pode ser considerado fruto do esforço do homem para transformar
a natureza em produtos ou serviços; promove ainda o seu desenvolvimento,
preenche a sua vida e também pode ser considerado condição necessária para a
sua liberdade (RIBEIRO; LÉDA, 2004).
No ambiente de trabalho, na execução da atividade laboral, o corpo do
trabalhador sofre a influência do tipo de trabalho, da gestão, da divisão e da forma
como o trabalho está organizado (LAURELL; NORIEGA, 1989). A depender da
forma como esses elementos estão estruturados, podem surgir as doenças
ocupacionais, produzidas em uma dada configuração do ambiente laboral,
comprometendo a saúde dos trabalhadores (ARAUJO et al., 2005).
No campo da educação, ao longo dos últimos anos, ocorreram
transformações no trabalho docente, reformas educacionais e reestruturação dos
modelos pedagógicos que modificaram completamente as condições de trabalho
dos professores (GASPARINI et al., 2005). Segundo Reis et al. (2006), o trabalho
docente é uma atividade que promove estresse, com repercussões sobre a saúde
física e mental e desempenho do trabalho desse profissional.
A dor musculoesquelética ou sensação dolorosa é a principal queixa que leva
à procura de assistência de profissionais de saúde. Porém, quando o sintoma se
prolonga, torna-se um problema, motivo de redução da atividade laboral, licenças e
afastamento do trabalho, além da possibilidade de desenvolvimento de quadros de
depressão, ansiedade e nervosismo (SOARES; JABIONSKA, 2004). A dor de
origem musculoesquelética é fator direto para redução da manutenção da postura
corporal estática ou dinâmica, da qual o trabalhador faz uso no cotidiano do seu
trabalho (LIDA, 1990).
Diversos fatores podem contribuir para a ocorrência de dor
musculoesquelética. De caráter multifatorial, esses fatores incluem os aspectos
físicos (estressores físicos), mas também características psicossociais. Essas
últimas podem envolver características do trabalho e do ambiente de trabalho;
características extra-trabalho e características individuais que repercutem direta ou
indiretamente sobre o evento de interesse (MENZEL, 2007).
Desta forma, estudos sobre as relações dos aspectos psicossociais do
trabalho e a ocorrência de dor musculoesquelética têm sido fonte de diferentes
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
39
estudos em diversas categorias profissionais, sendo o modelo demanda-controle de
Karasek (1979) amplamente utilizado para avaliar tal relação (VAN DEN HEUVEL et
al., 2005; GHAFFARI et al., 2008; LEE et al., 2008). Tanto as duas dimensões do
modelo (demanda psicológica do trabalho e o controle sobre suas tarefas) como a
combinação dessas dimensões (trabalho de alta exigência, trabalho ativo, trabalho
passivo e trabalho de baixa exigência) m sido avaliadas e demonstraram
considerável influência nos padrões de ocorrências dessas queixas.
A sobrecarga de trabalho experimentada pelo docente, quando em conjunto
com os aspectos psicossociais desfavoráveis do trabalho, poderá acarretar
desenvolvimento ou agravamento do quadro álgico, o qual pode se manifestar em
segmentos corporais (musculoesqueléticos) específicos como braços, pernas e
coluna (DEVEREUX et al., 2002). Estudos que investigaram a influência dos
aspectos psicossociais para dor musculoesquelética em outros grupos ocupacionais,
encontraram associação positiva para dor nos membros superiores (DEVEREUX et
al., 2002; LEUROX et al., 2005; VAN DEN HEUVEL et al., 2005), membros inferiores
(LEUROX et al.,, 2005) e coluna (ANDERSEN et al., 2007; GHAFFARI et al., 2008).
Estudos que envolvem a dimensão dos aspectos psicossociais e dor
musculoesquelética em professores são escassos. Ainda não evidências
consistentes sobre a influência dos fatores psicossociais sobre os padrões de
ocorrência do evento álgico na categoria docente. Os estudos, contudo, apontam
que dor musculoesquelética é um problema relevante neste grupo e que podem
comprometer sua atividade laborativa e ser responsável pela redução do
desempenho ou mesmo afastamento de suas atividades de trabalho. Portanto,
avaliar os fatores associados à sua ocorrência coloca-se como de grande relevância
para compressão das condições do trabalho docente e repercussões sobre sua
saúde.
Este estudo objetivou avaliar a associação entre aspectos psicossociais do
trabalho e a ocorrência de dor musculoesquelética, entre professores da rede
municipal de ensino de Salvador, Bahia.
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
40
METODOLOGIA
Um inquérito sobre condições de trabalho e saúde foi realizado com todos os
professores da rede municipal de ensino de Salvador, de todos os tipos de vínculo
de trabalho (permanente e temporário), no ano de 2006. Este é, portanto, um estudo
de corte transversal, baseado em um censo de professores da referida rede de
ensino. Entre os 4.697 professores da rede municipal de ensino, 4.496 participaram
do inquérito (95,72%).
Instrumento de coleta
Foi utilizado um questionário padronizado respondido pelo professor na
escola em que trabalhava. O questionário incluiu doze blocos de questões com
dados sobre: Características sociodemográficas: sexo, idade, situação conjugal,
nível de escolaridade, número de filhos; Característica do trabalho: questões sobre
a atividade docente (tempo de trabalho na profissão, carga horária de trabalho
semanal, turno de trabalho, número de turmas e de alunos a que ensina, entre
outros); Características do ambiente de trabalho: investigaram-se aspectos
referentes à estrutura física do ambiente, temperatura, mobiliário e relações
interpessoais; Aspectos psicossociais do trabalho: foi utilizado o Job Content
Questionnarie JCQ, em que se investigaram as dimensões psicossociais do
trabalho; Características da saúde docente: investigou-se a situação de saúde dos
docentes (queixas auto-referidas de sintomas como nervosismo, sonolência, dor nos
braços, dor nas pernas, dor nas costas/coluna, dor na garganta, fraqueza, falta de
ar, entre outros).
Variável Independente
Neste estudo, a variável independente foi constituída pelos aspectos
psicossociais do trabalho que foram avaliados segundo o Modelo Demanda-Controle
(KARASEK, 1979), considerando o controle do professor sobre o próprio trabalho e
as demandas psicológicas envolvidas na atividade docente.
O “controle” no trabalho foi medido por dois componentes: aspectos
referentes ao uso de habilidades (Skill discretion) e autoridade decisória (Decision
authority). Este último envolve a habilidade individual para a tomada de decisões
sobre o próprio trabalho, a influência do grupo de trabalho e a influência na política
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
41
gerencial. o uso de habilidades compreende o grau pelo qual o trabalho envolve
aprendizagem de coisas novas, repetitividade, criatividade, tarefas variadas e o
desenvolvimento de habilidades especiais individuais. A “demanda psicológica” é
expressa pelas exigências psicológicas vivenciadas pelo trabalhador, que envolvem
questões relativas a realização de tarefas como pressão do tempo, nível de
concentração, interrupção, ritmo e intensidade de realização da tarefa (KARASEK,
1979).
Para avaliação dos aspectos psicossociais (controle e demanda psicológica)
foi utilizada a versão do JCQ traduzida e validada por Araújo e Karasek (2008) para
grupos ocupacionais no Brasil.
A construção dos quadrantes propostos no modelo demanda-controle foi
realizada com base nas respostas às questões dos blocos de controle sobre o
trabalho (Decision Latitude) e demanda psicológica (Psychological Demands) do Job
Content Questionnarie. Os itens de ambos os indicadores foram avaliados por
escala que variou de 1 - discordo fortemente a 4 - concordo fortemente. Procedeu-se
ao cálculo de indicadores de “Controle” e “Demanda Psicológica”, seguindo-se os
procedimentos recomendados por Karasek (1985). Em seguida, as variáveis foram
dicotomizadas em dois níveis: baixo e alto. O ponto de corte adotado foi a média de
cada variável.
Após essa etapa foram construídas as categorias de análise do modelo, com
base na combinação das variáveis controle e demanda, formando as quatro
categorias de análise: alta exigência (baixo controle/alta demanda), trabalho ativo
(alto controle/ alta demanda), baixa exigência (alto controle/baixa demanda) e
trabalho passivo (baixo controle/baixa demanda).
Os docentes expostos a uma alta demanda e baixo controle (trabalho de alta
exigência) foram considerados como grupo de maior exposição. Aqueles expostos a
baixa demanda psicológica e alto controle (baixa exigência) foram classificados
como grupo não exposto e utilizado como grupo de referência nas análises.
Variável Dependente
A variável dependente estudada foi constituída por dor musculoesquelética
auto-referida. Esta foi analisada quanto à freqüência (nunca, raramente, pouco
freqüente, freqüente e muito freqüente) e topografia (dor nas pernas, dor nas
costas/coluna e dor nos braços).
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
42
Com base na análise da freqüência com que a pessoa referiu a queixa
dolorosa, está foi dicotomizada nos casos (sentir dor: para freqüente e muito
freqüente) e não-casos (não sentir dor: nunca, raramente ou pouco freqüente) de dor
musculoesquelética. Assim, foi considerado caso quem identificou a queixa dolorosa
como “freqüente” ou “muito freqüente”.
Para topografia, foi analisado, separadamente, por região corporal referida
pelo participante: membros inferiores (dor nas pernas), coluna (dor nas
costas/coluna) e membros superiores (dor nos braços).
Co-variáveis
Para avaliação de possível efeito sobre a associação principal investigada
foram analisadas as seguintes co-variáveis: sociodemográficas (sexo, idade, nível
de escolaridade, situação conjugal, número de filhos); do trabalho docente (tempo
de trabalho na profissão, tempo de trabalho na escola, turnos de trabalho na escola,
nível das turmas a que ensinava, número de turmas e de alunos a que ensinava,
carga horária semanal, trabalho em outra escola dentro e fora da rede municipal,
outra atividade remunerada e esforço físico); cargas de trabalho (mobiliário,
tamanho da sala de aula, calor); organização/ambiente do trabalho (número de
alunos, existência de local para descanso dos professores, fiscalização do professor,
desgaste na relação com os alunos e colegas, acesso à escola, uso/disponibilidade
de materiais).
Alise dos dados
Foi realizada a caracterização da população estudada segundo os aspectos
de interesse (aspectos psicossociais do trabalho e dor musculoesquelética nos
membros inferiores, membros superiores e coluna). Para avaliar a associação das
variáveis de interesse foi utilizado como medida de associação a razão de
prevalências (RP) e seus respectivos intervalos de 95% de confiança (IC) e como
medida de significância estatística foi utilizado o teste qui-quadrado de Pearson (χ
2
)
com valor de p0,05 para considerar tal medida significante.
Para avaliação do efeito simultâneo das variáveis estudas foi conduzida
análise de regressão logística onde se realizou o ajuste simultâneo das variáveis
confundidoras, permitindo, com isso predizer o comportamento da variável desfecho
na presença simultânea das co-variáveis sob estudo (HOSMER; LEMESHOW,
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
43
2000). Foi desenvolvido um modelo para cada desfecho segundo o segmento
corporal (membros inferiores, membros superiores e coluna) e ajustado segundo
variáveis sociodemográficas e do trabalho docente. Todas as variáveis
independentes foram analisadas como variáveis categóricas.
Inicialmente, foi realizada pré-seleção das variáveis para inclusão no modelo
de regressão logística. Para isso, adotou-se um valor de p menor ou igual a 0,25
(p0,25). A modificação de efeito foi analisada quanto à significância estatística dos
termos de interação pelo teste de razão de verossimilhança no nível de 20%. Assim,
procedeu-se à análise simultânea de todas as variáveis candidatas a modificação de
efeito e quando o valor do teste era abaixo do valor crítico, avaliou-se o efeito de
cada variável separadamente.
Para análise das variáveis potencialmente confundidoras foi verificada a
magnitude da variação dos coeficientes estimados da variável de exposição principal
(modelo demanda-controle). Para isso, foi comparado o modelo com todas as
preditoras em relação ao modelo com a retirada de uma preditora. A variável foi
considera confundidora quando apresentou variação superior a 10% nas categorias
de alta exigência e trabalho ativo. Verificada a presença de confundimento, o modelo
final foi ajustado pelas variáveis confundidoras.
Considerando que a prevalência de dor musculoesquelética foi elevada na
população de professores, foram estimadas as razões de prevalência (RP) e
calculados os intervalos de confiança (IC), utilizando-se o método Delta (OLIVEIRA
et al., 1997).
A área sobre a curva ROC foi utilizada para discriminação do modelo e a
análise da influência dos padrões de co-variáveis foi realizada comparando-se a
estimativa dos parâmetros obtidas pela eliminação dos padrões de co-variáveis com
a estimativa dos parâmetros obtidas mantendo-se os padrões de co-variáváveis.
Os dados foram analisados com o auxílio do programa estatístico Statistical
Package for the Social Sciences SPSS, versão 9.0 e “R”, versão 2.7.2 (R
DEVELOPMENT CORE TEAM, 2008).
Aspectos éticos
O questionário foi entregue ao professor em envelope lacrado e não
identificado durante o processo de recadastramento dos professores da rede
municipal de ensino de Salvador. O envelope, além do questionário, continha uma
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44
carta do Secretário da Educação e Cultura, com o pedido de que o professor não se
identificasse e informando que a pesquisa era de caráter voluntário. O projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Maternidade Climério de Oliveira da
Universidade Federal da Bahia, parecer n.83/2007.
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
45
RESULTADOS
Dos 4.697 professores elegíveis, 4.496 participaram do estudo (taxa de
resposta de 95,72%). Na população estudada predominaram as mulheres (92,0%);
com idade de 40 anos ou mais (47,9%) com média de idade de 40,05±9,4 anos;
casados (47,3%) e com filhos (63,7%).
O tempo de trabalho como professor variou de 1 a 45 anos, média de
14,45±8,4 anos; a maioria possuía tempo maior que quatorze anos na profissão
(52,1%). O ensino fundamental I (1ª a ries) foi a modalidade de maior
concentração de professores (68,3%). A média de turmas por professor foi 2,1±1,7
turmas com média de 31,25±5,8 alunos por sala de aula. Cerca de 14,2% dos
professores trabalhavam em outra escola da rede municipal de ensino e 31,9% em
escola de outra rede, 46,1% tinham, portanto, duplo vínculo de emprego.
Caracterização dos grupos de Demanda-controle
Para análise do Modelo Demanda-Controle (D-C) foram investigados 3.198
professores. A distribuição dos professores segundo o Modelo Demanda-Controle
(D-C) revelou que 25,3% dos docentes estavam no grupo de baixa exigência, 19,5%
em trabalho passivo, 29,0% em trabalho ativo e 26,2% no de alta exigência.
Com relação ao sexo, não se observaram diferenças expressivas na
distribuição das variáveis segundo os grupos do modelo demanda-controle. Cabe
destacar, contudo, um maior percentual de mulheres nos grupos de alta exigência e
de trabalho passivo (em ambos, o percentual de mulheres foi de 92,0%); enquanto
se observou o maior percentual, para homens, no quadrante de trabalho ativo
(10,4%). Com relação à faixa etária observou-se aumento da proporção em trabalho
passivo e baixa exigência com o aumento da idade. Nos grupos de alta exigência e
trabalho ativo os maiores percentuais para faixa etária foram entre os professores
com 30 a 39 anos, respectivamente 42,5% e 46,2% (Tabela 1).
Com relação à escolaridade, observou-se que no grupo de trabalho passivo
registrou-se o percentual mais elevado de professores do ensino médio (36,9%),
quando comparado com os percentuais dos demais grupos; enquanto no grupo de
trabalho ativo o percentual nesse nível de escolaridade foi o mais baixo, 17,6%.
Ao se compararem as distribuições dos estratos das variáveis situação
conjugal, presença e número de filhos por grupo do modelo demanda-controle,
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46
observou-se que estas eram muito similares; portanto, os grupos para estas
variáveis o diferiram significativamente. Cabe notar apenas o fato de se observar
uma maior proporção de professores solteiros (42,1%) em trabalho ativo quando
comparado com as proporções para os demais grupos do modelo; o mesmo ocorreu
para a variável ter filho (66,3% em trabalho passivo).
Segundo tempo de trabalho, no grupo de trabalho ativo, 61,9% tinham até 14
anos na docência; situação inversa foi observada em trabalho passivo que registrou
maior percentual no estrato com mais de 14 anos de trabalho (54,9%). Os
percentuais segundo tempo de trabalho foram similares para os grupos de alta e
baixa exigência.
<TABELA 1>
A tabela 2 apresenta os grupos do modelo D-C segundo variáveis do trabalho
docente. As exigências no trabalho aumentaram discretamente com o aumento das
situações de exigências do trabalho do professor. O tempo de trabalho menor que 5
anos foi mais freqüente em todos os grupos do modelo, porém, com percentual mais
expressivo em trabalho ativo (67,3%).
A distribuição do número de turnos de trabalho nos grupos do modelo
demanda-controle foi similar, com destaque para o percentual de trabalho em dois
turnos ou mais na situação de trabalho ativo, a qual concentrou 56,5% dos
professores deste quadrante.
Em todos os grupos considerados, o ensino em apenas um nível foi
amplamente predominante e em percentuais muito similares. Também para variável
“número de turmas” se observaram semelhanças nos percentuais dos estratos
considerados em cada grupo do modelo D-C. No grupo de trabalho em alta
exigência observou-se maior percentual em turmas com mais de 30 alunos (50,9%),
enquanto os grupos de baixa exigência e trabalho passivo apresentaram os menores
percentuais neste estrato (42,9%).
Os grupos do modelo demanda-controle tiveram distribuições da carga
horária muito similar; cabe registrar, contudo, que em trabalho de baixa exigência se
observou o maior percentual de professores com carga horária de 20 horas (49,7%).
Em alta exigência se observou o maior percentual de trabalho em outra
escola da rede municipal (17,5% dos professores deste grupo), enquanto em baixa
exigência e trabalho passivo o percentual de duplo vínculo foi de 12,8% e 12,7%
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Jefferson Paixão Cardoso
47
respectivamente. Entre os professores de trabalho passivo também se registrou o
menor percentual de outro vínculo fora da rede municipal (27,9%); entre os
professores em alta exigência, esse percentual foi de 33,7%.
Curiosamente, foram entre os professores de baixa exigência que se
observou o maior percentual de envolvidos em outra atividade remunerada fora da
docência (13,6%); em alta exigência o percentual foi de 9,1%. No trabalho ativo e
em alta exigência se observaram maiores percentuais de elevado esforço físico:
59,7% e 59,5%.
<TABELA 2>
Quando analisado os professores que não foram incluídos, por não-resposta
à alguma questão do JCQ nos grupos do modelo D-C, verificou-se perda de 28,87%
(1238) em relação o número de docentes investigados (4496). Desta forma, para
estas perdas, observou-se distribuição semelhante dos percentuais nas categorias
das variáveis sociodemográficas e do trabalho docente quando comparado com as
do Modelo D-C, embora diferenças tinham sido observadas, estas não mudaram o
perfil entre os grupos de respondentes do JCQ e não respondentes.
<TABELAS 3 e 4>
Ocorrências de dor musculoesquelética
As prevalências de dor musculoesquelética (DME) foram 41,1% para
membros inferiores, 41,1% para coluna e 23,7% para os membros superiores.
Observaram-se diferenças estatisticamente significantes para DME entre homens e
mulheres: membros inferiores (χ
2
=29,39; p<0,001), membros superiores (χ
2
=8,51;
p=0,004) e coluna (χ
2
=19,73; p<0,001).
A análise de associação entre controle sobre o trabalho e demanda
psicológica e dor musculoesquelética foi feita separadamente para cada um desses
indicadores e de modo combinado, por meio dos grupos do modelo demanda-
controle.
A tabela 3 apresenta a associação bruta e ajustada entre aspectos
psicossociais do trabalho e DME nos três segmentos estudados. Os resultados
evidenciaram associação positiva, estatisticamente significante, entre demanda
psicológica do trabalho e DME nos três segmentos estudados. A variação entre
baixa e alta demanda foi maior para os membros superiores (RP= 1,41). Quando
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analisado o controle sobre o trabalho, encontrou-se associação positiva e
estatisticamente significante apenas para dor nos membros superiores e coluna.
A combinação entre demanda e controle possibilitou averiguar associação
entre os grupos de trabalho ativo e alta exigência e dor musculoesquelética nos três
segmentos estudados e associação entre trabalho passivo e dor nos membros
superiores.
A magnitude da variação de DME nos membros superiores apresentou-se
expressiva quando observados os estratos de baixa exigência (16,7%) e alta
exigência (30,9%), sendo a prevalência 1,85 vezes maior no segundo grupo quando
comparado ao primeiro.
A análise de modificação de efeito o identificou interação entre as variáveis
analisadas. A regressão logística múltipla permitiu observar pequeno decréscimo
das razões de prevalência nos três segmentos quando ajustados por outras
variáveis. Mesmo após ajuste, trabalho de alta exigência e trabalho ativo mantiveram
associação positiva e significante nas três regiões corporais estudadas. Observou-se
incremento na associação entre demanda psicológica e dor músculo-equelética nos
membros superiores quando ajustados por sexo, idade, escolaridade, tempo de
trabalho, número de alunos, trabalho em outra escola e esforço físico. Quando o
controle foi avaliado separadamente houve perda da associação para DME na
coluna.
Em todos os três segmentos estudados observou-se menor prevalência de
dor musculoesquelética no grupo de baixa exigência e prevalências mais elevadas
no grupo de alta exigência, ou seja, as DME aumentaram com o aumento das
exigências para os segmentos corporais analisados.
<TABELA 5>
O valor da área sob a curva ROC (Receiver Operating Characteristic) para
cada modelo estudado demonstrou razoável discriminação entre os docentes com a
dor musculoesquelética e sem dor.
No diagnóstico dos modelos de regressão logística, a exclusão dos valores
dos padrões das co-variáveis superiores ao valor crítico 4 dos diagnósticos da
redução de χ
2
de Pearson (X
2
) não provocaram alterações significantes nos
coeficientes das variáveis dos modelos analisados.
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49
DISCUSSÃO
Limites do estudo
Antes de seguir adiante na análise dos achados obtidos é relevante
considerar algumas possíveis limitações do estudo realizado. O estudo foi realizado
em um ponto do tempo (corte transversal), proporcionando apenas uma visão
instantânea da exposição e do efeito estudado, portanto, não foi possível avaliar
temporalmente, a relação entre causa (aspectos psicossociais do trabalho) e efeito
(dor musculoesquelética).
Não foi possível também avaliar os professores afastados, que abandonaram
a profissão ou falecidos; ao considerar os docentes que exerciam a profissão, os
dados poderiam subestimar a prevalência de dor musculoesquelética, no conhecido
Efeito do trabalhador sadio. Por outro lado, devido ao baixo percentual de perdas e
recusas (4,3%) tornaram-se desprezíveis as distorções introduzidas por eventuais
diferenças entre os professores o incluídos e a população estudada. Desta forma,
minimizando possíveis vieses de seleção no estudo.
Outra limitação se refere à localização e à freqüência de dor
musculoesquelética, pois como essas duas dimensões foram auto-referidas, a
localização do evento englobou todo segmento corporal, não diferenciando
subconjuntos que poderiam elucidar, com maior precisão, o verdadeiro sítio de
ocorrência da dor. Contudo, registram-se na literatura estudos que utilizaram
instrumentos de coleta auto-referidos para investigar dor musculoesquelética
(DEVEREUX et al., 2005; LEUROUX et al., 2005; SAASTAMOINEN et al., 2008),
reforçando, assim, a pertinência e utilidade de tal procedimento, apesar de possíveis
limitações que possa introduzir na análise.
Com relação à freqüência do evento álgico, não se investigou a ocorrência
destes em períodos anteriores à coleta de dados. Mas no caso específico estudado,
exigências no trabalho, é pouco provável que tenha ocorrido causalidade reversa
(deslocamento de professores com dor musculoesquelética para o trabalho de alta
exigência).
Tanto as variáveis do modelo demanda-controle como as ocorrências de dor
musculoesquelética estiveram sujeitas aos efeitos da sazonalidade do ano letivo,
pois o maior acúmulo de tarefas docentes acontece no final do ano letivo, o que
poderia subestimar ou superestimar o efeito pesquisado a depender do período de
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50
realização da coleta de dados (GOMES, 2002). Visto assim, os professores
estudados nessa pesquisa estariam enfrentando uma menor sobrecarga de suas
atividades, pois a coleta de dados foi realizada no meio do primeiro semestre letivo
(março/abril).
Neste estudo não foi possível observar a influência das relações sociais
(suporte social) no modelo de análise proposto. O suporte social no trabalho tem
sido discutido como importante modificador de efeito da relação entre exigência no
trabalho e saúde. Assim, a ausência de suporte tem sido apontada como capaz de
intensificar a relação existente entre a alta exigência do trabalho (exposição) e
desfecho na saúde (BONGERS, 1993; LEROUX et al., 2006). O estudo de Leroux et
al. (2006) observou que o baixo suporte social aumentava a força de associação
entre as categorias do modelo demanda-controle e de sintomas de dor no ombro e
pescoço.
A proporção final de resposta do Modelo Demanda-Controle foi satisfatória;
visto que boa parte dos professores responderam todas as perguntas. A
comparação das proporções dos indivíduos incluídos e excluídos na análise do
Modelo Demanda-Controle foram semelhantes. Assim, a exclusão dos registros por
respostas incompletas, muito provavelmente, não enviesou os resultados.
Apesar das possíveis limitações do estudo descritas aqui, o estudo avaliou
um contingente expressivo de professores possibilitando investigar condições do
trabalho docente e efeitos adversos à saúde.
Aspectos psicossociais do trabalho
Não houve diferenças percentuais expressivas entre os sexos quando
analisado a distribuição desses nos grupos do modelo demanda-controle. As
diferenças encontradas entre homens e mulheres com relação a demandas
enfrentadas no trabalho têm sido observadas em estudos mais recentes. Esses
achados relatam que a sobrecarga de tarefas enfrentadas pelas mulheres no
trabalho e no ambiente familiar (sobrecarga doméstica) tem favorecido a ocorrência
de efeitos negativos à saúde dessa população específica (ARTAZCOZ et al., 2004a;
ARTAZCOZ et al., 2004b; MELCHIOR et al., 2007).
Com relação à idade, a proporção de professores com a faixa etária acima de
40 anos foi mais elevada no grupo de trabalho passivo e de baixa exigência. No
grupo de trabalho de alta exigência e trabalho ativo a maior freqüência foi observada
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51
para docentes na faixa etária intermediária. Esses achados podem ser explicados
pela estabilidade financeira do emprego que experimentam os docentes mais
velhos. As demandas do trabalho mais estressantes estariam sendo vivenciadas, em
maior proporção, por professores mais jovens visto que essas pessoas assumem
uma quantidade maior de tarefas no início da carreira docente.
Observou-se distribuição dos percentuais semelhantes nos grupos do Modelo
D-C para as variáveis ocupacionais. A maioria dos professores estavam, para as
variáveis ocupacionais estudadas, em situação de alta exigência ou trabalho ativo.
Desta forma, professores submetidos a um maior volume de tarefas intra-classes
apresentariam maiores proporções em alta exigência. Reis et al. (2006) discute que
no trabalho docente, o professor possui importante controle sobre seu trabalho em
sala de aula, mas não estaria livre das demandas produzidas pelo seu trabalho.
Contudo, cabe destacar nos docentes que tinham outra atividade remunerada
maiores proporções em trabalho passivo e baixa exigência, situação onde o
professor estaria experimentando outra condição de trabalho diferente (menores
demandas e controle sobre seu trabalho).
Associação entre aspectos psicossociais do trabalho e dor
musculoesquelética
As prevalências de dor musculoesquelética nos membros superiores e coluna
entre professores da rede municipal de ensino de Salvador foram elevadas (ambas
41,1%), apontando que quase metade dos docentes apresentou dor nos segmentos
corporais citados. Outros estudos que utilizaram instrumentos auto-referidos de
condições de saúde e trabalho em professores encontraram prevalências
semelhantes para DME (SILVANY NETO et al., 2000; ARAUJO et al., 2003;
DELCOR et al., 2004; ARAUJO et al., 2005). No estudo de Silvany Neto et al.
(2000), realizado com professores das escolas da rede particular de ensino de
Salvador, as queixas de dor mais referidas foram dor nos membros inferiores
(47,1%) e costas (45,0%). Delcor et al. (2004) encontraram prevalência de dor em
membros superiores de 52,1% em professores da rede particular de ensino de
Vitória da Conquista e Araújo et al. (2005) observaram, em professores
universitários, prevalência de 38,8% de dor na coluna.
Em outras categorias profissionais consideradas potencialmente estressantes
ou com altos níveis de estresse prevaleceram as DME na região lombar entre
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52
enfermeiros (SMITH et al., 2004), técnicos de radiologia (LORUSSO et al., 2007) e
médicos (SMITH et al., 2006). Nos membros superiores foram observadas elevadas
prevalências de DME em trabalhadores do setor administrativo (DEVEREUX et al.,
2002) e da indústria (LIPSCOMB et al., 2008).
Quando analisados os aspectos psicossociais do trabalho evidenciou-se
associação positiva com dor musculoesquelética. Professores expostos a alta
exigência no trabalho e trabalho ativo apresentaram maiores prevalências de DME
nos três segmentos estudados em relação aos trabalhadores com baixa exigência.
Quando analisados demanda e controle separadamente (alta demanda e baixo
controle) ou de modo combinado, grupos do modelo demanda-controle; tanto a
demanda do trabalho, quanto o controle exercido sobre o trabalho estavam
associados positiva e estatisticamente à dor nos membros superiores e coluna. Nos
membros inferiores houve associação somente com demanda psicológica.
O presente estudo oferece suporte ao pressuposto do modelo de Karasek
(1979), que estabelece que o trabalho sob condições de baixo controle e alta
demanda (alta exigência) é prejudicial à saúde. Assim, a associação positiva entre o
trabalho de alta exigência e DME nos membros inferiores, membros superiores e
coluna corrobora com achados de outros estudos que investigaram os aspectos
psicossociais do trabalho (utilizando o modelo demanda-controle) e dor
musculoesquelética (HOLLMANN et al., 2001; LEROUX et al., 2005; VAN DEN
HEUVEL et al., 2005; LEROUX et al., 2006; WADMAN; KJELLBERG, 2007;
SAASTAMOINEN et al., 2008). Porém, verificam-se estudos que encontraram
associação entre trabalho ativo e dor musculoesquelética (LEROUX et al., 2005;
SAASTAMOINEN et al., 2008)
O estudo possibilitou investigar diferenças expressivas para ocorrência de
DME entre as mulheres. Estes resultados podem ter sido influenciados pelo grande
número de mulheres na população estudada, situação comum na carreira docente.
Achados similares também foram encontrados em outros estudos que investigaram
a ocorrência de dor musculoesquelética em outras categorias profissionais
(LEROUX et al., 2005; SAASTAMOINEN et al., 2008).
Leroux et al. (2005) observaram, tanto para homens como mulheres, chance
maior de desenvolver DME em pessoas mais velhas que experimentaram
determinadas exigências no trabalho; também observaram que, entre os homens,
DME nos membros inferiores associaram-se positivamente à situação de alta
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exigência e entre as mulheres à situação de trabalho passivo; para os membros
superiores entre os homens observou-se associação positiva para alta exigência e
entre mulheres para o trabalho ativo e esta situação se repetiu para DME da coluna.
A inclusão do esforço físico nas investigações sobre DME tem sido
apresentada por muitos autores (VAN DEN HEUVEL et al., 2005; GRAFFARI el al.,
2008; LEE et al., 2008), sendo observada influência dessa variável no padrão de
ocorrências das DME. Bongers et al. (1993) discutem que as demandas físicas
estariam numa rede intermediária e ao mesmo tempo confundindo a associação
entre os aspectos psicossociais e as DME. Neste estudo não foi possível
caracterizar o efeito de demandas físicas mais específicas da atividade docente,
onde se investigaria situações como permanência na posição em ou sentada,
escrever no quadro, posicionamento inadequado do corpo, deslocamento segurando
peso excessivo, entre outras situações que influenciariam a ocorrência de DME.
Avaliou-se apenas um indicador global de carga física: o esforço físico. Cabe
registrar, contudo, que embora esforço físico tenha permanecido nos modelos de
análise selecionados para DME nas três regiões do corpo analisadas, mostrando ser
este um fator de risco independente para DME, este não alterou a associação entre
os aspectos psicossociais do trabalho e DME, que manteve-se positiva e
estatisticamente significante mesmo após ajuste por esforço físico.
Os estudos que investigaram a influência dos fatores físicos e psicossociais
na ocorrência das DME têm destacado o efeito potencializador promovido pela
combinação desses dois fatores (HOLLMANN et al., 2001; DEVEREUX et al., 2002).
Investigações mais apuradas sobre o efeito da demanda, controle e das cargas de
trabalhos (fatores físicos) na ocorrência de DME na população de professores
estudadas possibilitaria elucidar melhor a inter-relação entre diferentes
características do trabalho e seus efeitos sobre a saúde, especialmente no que se
refere à dor musculoesquelética.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados do estudo apontaram uma população relativamente jovem,
predominantemente feminina, com sobrecarga no trabalho (carga horária excessiva,
trabalho em mais de um turno, com mais de um vínculo de trabalho), experenciando
alta exigência do trabalho.
Os professores apresentaram prevalência elevada de DME nos membros
superiores e na coluna. A situação de alta exigência e trabalho ativo destacaram-se
como importantes preditores para ocorrência de DME nos segmentos analisados.
O estudo dos aspectos psicossociais do trabalho e associação com dor
musculoesquelética possibilitou analisar a contribuição das demandas e situações
do trabalho à análise da ocorrência do evento álgico em docentes. Dessa forma, o
estudo contribui para conhecimento de uma situação do trabalho docente pouco
conhecida. Professores enfrentando situações de trabalho desfavoráveis terão
repercussões negativas na qualidade do ensino e na qualidade de vida. Assim,
torna-se necessário a adoção de políticas e ações que busquem soluções para
redução, prevenção e monitoramento desses acometimentos.
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58
ANEXO
Tabela 1 - Caracterização da população de professores segundo Modelo Demanda-
Controle e variáveis sociodemográficas. Salvador, 2006.
Modelo Demanda-Controle
Variáveis
Alta
Exigência
Trabalho
Ativo
Trabalho
Passivo
Baixa
Exigência
n
%
n
%
n
%
n
%
Sexo
Feminino
Masculino
724
63
92,0
8,0
541
63
89,6
10,4
826
72
92,0
8,0
742
68
91,6
8,4
Faixa Estaria
Até 29 anos
30 a 39 anos
40 anos
123
330
323
15,9
42,5
41,6
117
281
210
19,3
46,2
34,5
98
298
494
11,0
33,5
55,5
131
318
367
16,0
39,0
45,0
Escolaridade
Médio
Superior
190
606
23,9
76,1
109
509
17,6
82,4
335
573
36,9
63,1
188
629
23,0
77,0
Situação Conjugal
Solteiro
Casado
Viúvo/Sep/Div
332
360
101
41,9
45,4
12,7
254
276
74
42,1
45,6
12,3
325
432
136
36,4
48,4
15,2
322
386
106
39,6
47,4
13,0
Ter filhos
Sim
Não
476
328
59,2
40,8
364
254
58,9
41,1
609
310
66,3
33,7
533
297
64,2
35,8
Número de filhos
1 Filho
2 Filhos
3 Filhos
196
181
97
41,4
38,1
20,5
160
131
71
44,2
36,2
19,6
227
234
143
37,6
38,7
23,7
240
189
101
45,2
35,7
19,1
Tempo de trabalho como
professor
14 anos
> 14 anos
435
324
57,3
42,7
358
220
61,9
38,1
378
460
45,1
54,9
439
330
57,1
42,9
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59
Tabela 2 - Caracterização da população de professores segundo Modelo Demanda-
Controle e variáveis do trabalho docente. Salvador, 2006.
Modelo Demanda-Controle
Variáveis
Alta
Exigência
Trabalho
Ativo
Trabalho
Passivo
Baixa
Exigência
n
%
n
%
n
%
n
%
Tempo de trabalho na escola
5 anos
> 5 anos
458
239
65,7
34,3
352
171
67,3
32,7
383
380
50,2
49,8
418
255
62,1
37,9
Turno de trabalho na escola
1 turno
2 turnos
365
427
46,1
53,9
264
343
43,5
56,5
410
498
45,2
54,8
402
418
49,0
51,0
Nível das turmas que ensina
1 nível
2 níveis
661
38
94,6
5,4
497
37
93,1
6,9
744
47
94,1
5,9
669
51
92,9
7,1
Número de turmas que ensina
1 turma
2 turmas
3 turmas
315
255
102
46,9
37,9
15,2
231
199
81
45,2
38,9
15,9
348
342
99
44,1
43,4
12,5
327
271
117
45,7
37,9
16,4
Número de alunos por turma
30 alunos
> 30 alunos
353
366
49,1
50,9
298
259
53,5
46,5
467
351
57,1
42,9
432
325
57,1
42,9
Carga horária semanal
20 horas
40 horas
340
407
45,5
54,5
249
327
43,2
56,8
358
472
43,1
56,9
382
386
49,7
50,3
Trabalho em outra escola da rede
municipal
Sim
Não
138
650
17,5
82,5
94
510
15,6
84,4
113
780
12,7
87,3
104
706
12,8
87,2
Trabalho em outra escola fora da
rede municipal
Sim
Não
255
501
33,7
66,3
192
381
33,5
66,5
231
596
27,9
72,1
245
524
31,9
68,1
Outra atividade remunerada
Sim
Não
64
639
9,1
90,9
65
507
11,4
88,6
85
713
10,7
89,3
100
633
13,6
86,4
Muito esforço físico
Não
Sim
325
478
40,5
59,5
250
371
40,3
59,7
626
298
67,7
32,3
546
286
65,6
34,4
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
60
Tabela 3 - Caracterização da população de professores segundo observações de
respondentes e não-respondentes do Modelo Demanda-Controle e variáveis
sociodemográficas. Salvador, 2006.
Variáveis Respondentes
Não-
respondentes
n
%
n
%
Sexo
Feminino
Masculino
2833
266
91,4
8,6
1161
82
93,4
6,6
Faixa Estaria
Até 29 anos
30 a 39 anos
40 anos
469
1227
1394
15,2
39,7
45,1
137
408
667
11,3
33,7
55,0
Escolaridade
Médio
Superior
822
2317
26,2
73,8
449
809
35,7
64,3
Situação Conjugal
Solteiro
Casado
Viúvo/Sep/Div
1233
1454
417
39,7
46,8
13,5
445
594
183
36,4
48,6
15,0
Ter filhos
Sim
Não
1982
1189
62,5
37,5
850
423
66,8
33,2
Número de filhos
1 Filho
2 Filhos
3 Filhos
823
735
412
41,8
37,3
20,9
311
310
219
37,0
36,9
26,1
Tempo de trabalho como professor
14 anos
> 14 anos
1610
1334
54,7
45,3
522
625
45,5
54,5
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
61
Tabela 4 - Caracterização da população de professores segundo observações de
respondentes e não-respondentes do Modelo Demanda-Controle e variáveis do
trabalho docente. Salvador, 2006.
Variáveis Respondentes
Não-
respondentes
n
%
n
%
Tempo de trabalho na escola
5 anos
> 5 anos
1611
1045
60,7
39,3
590
471
55,6
44,4
Turno de trabalho na escola
1 turno
2 turnos
1441
1686
46,1
53,9
593
659
47,4
52,6
Nível das turmas que ensina
1 nível
2 níveis
2571
173
93,7
6,3
1008
70
93,5
6,5
Número de turmas que ensina
1 turma
2 turmas
3 turmas
1221
1067
399
45,5
39,7
14,8
473
418
163
44,9
39,7
15,5
Número de alunos por turma
30 alunos
> 30 alunos
1550
1301
54,4
45,6
516
575
47,3
52,7
Carga horária semanal
20 horas
40 horas
1329
1592
45,5
54,5
532
603
46,9
53,1
Trabalho em outra escola da
rede municipal
Sim
Não
449
2646
14,5
85,5
165
1066
13,4
86,6
Trabalho em outra escola fora
da rede municipal
Sim
Não
923
2002
31,6
68,4
374
763
32,9
67,1
Outra atividade remunerada
Sim
Não
314
2492
11,2
88,8
124
968
11,4
88,6
Muito Esforço físico
Não
Sim
1747
1433
54,9
45,1
646
451
58,9
41,1
Artigos
Jefferson Paixão Cardoso
62
Tabela 5 Prevalências, razões de prevalências e seus respectivos intervalos de confiança de dor musculoesquelética segundo
demanda psicológica, controle sobre o próprio trabalho e grupos do Modelo Demanda-Controle. Salvador, 2006.
Membros Inferiores Membros Superiores Coluna
Variáveis
P(%) RP
Bruta
(IC95%) RP
Ajustada
(IC95%) P(%) RP
Bruta
(IC95%) RP
Ajustada
(IC95%) P(%) RP
Bruta
(IC95%) RP
Ajustada
(IC95%)
Demanda Psicológica
Baixa
Alta
36,3
47,7
1,00
1,31 (1,22 - 1,42)***
1,00
1,26 (1,15 – 1,37)**
20.1
28,3
1,00
1,41 (1,25 - 1,58)***
1,00
1,42 (1,23 – 1,47)***
37,2
46,8
1,00
1,26 (1,16 - 1,36)***
1,00
1,23 (1,13 – 1,35)***
Controle
Alta
Baixo
39,0
41,7
1,00
1,07 (0,98 - 1,16)
1,00
1,03 (0,94 – 1,13)
20,3
26,3
1,00
1,31 (1,16 - 1,49)***
1,00
1,27 (1,01 – 1,47)**
37,7
42,1
1,00
1,11 (1,03 - 1,21)*
1,00
1,10 (1,00 – 1,22)*
Modelo Demanda-controle
Baixa exigência
Trabalho passivo
Trabalho ativo
Alta exigência
35,1
36,1
46,0
48,4
1,00
1,03 (0,91 - 1,17)
1,31 (1,15 - 1,49)***
1,38 (1,23 - 1,55)***
1,00
1,00 (0,87 – 1,15)
1,27 (1,11 – 1,46)***
1,29 (1,13 – 1,47)***
16,7
21,8
25,9
30,9
1,00
1,31 (1,07 - 1,59)*
1,55 (1,26 - 1,90)***
1,85 (1,54 - 2,23)***
1,00
1,26 (1,01 – 1,59)*
1,51 (1,19 – 1,92)***
1,76 (1,42 – 2,19)***
34,2
37,3
44,8
48,0
1,00
1,09 (0,96 - 1,24)
1,31 (1,15 - 1,49)***
1,40 (1,25 - 1,58)***
1,00
1,06 (0,92 – 1,23)
1,26 (1,08 – 1,47)**
1,37 (1,19 – 1,58)***
RP: Razão de prevalência, IC=Intervalo de confiança
*p<0,05 **p<0,01 ***p<0,001
Os ajustes foram feitos para as variáveis que permaneceram no modelo obtido na análise de regressão logística múltipla. Membros Inferiores: ajustado por sexo, idade,
tempo de trabalho e esforço físico. Membro Superiores: ajustado por sexo, idade, escolaridade, tempo de trabalho, número de alunos, trabalho em outra escola e esforço
físico. Coluna: ajustado por sexo, idade, número de turmas e esforço físico.
Considerações Finais
Jefferson Paixão Cardoso
63
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os artigos apresentados nesta dissertação tiveram como objetivos descrever
a prevalência de queixas de dor musculoesqueléticas entre os professores do ensino
fundamental da rede municipal de ensino de Salvador, Bahia, Brasil (artigo 1) e
avaliar a associação entre aspectos psicossociais do trabalho e a ocorrência de dor
musculoesquelética, entre professores da rede municipal de ensino de Salvador,
Bahia (artigo 2).
O estudo da prevalência das queixas de dor musculoesquelética possibilitou
investigar a ocorrência dessas queixas em três regiões corporais distintas (membros
inferiores, membros superiores e coluna), revelando prevalências elevadas nos
membros inferiores e coluna (41,0% cada).
As mulheres referiram maiores prevalências de dor em relação aos homens
nos três segmentos analisados. Outras características pessoais possibilitaram
investigar a distribuição das queixas de dor entre os docentes. Desta forma, se
observou que os professores mais velhos, com ensino médio completo referiam
maiores prevalências de dor nos três segmentos analisados. A mesma situação
averiguada para aqueles que possuíam filhos e tinham mais de quatorze anos na
profissão docente.
A distribuição da dor musculoesquelética segundo o trabalho docente
possibilitou investigar a contribuição do trabalho para a ocorrência do problema
investigado. Assim, professores que tinham uma intensa jornada de trabalho, com
carga horária semanal de 40 horas e trabalhavam dois ou mais turnos apresentaram
maiores prevalências de dor. Outras variáveis do trabalho docente estiveram
associadas às queixas de dor, entre elas o tempo de trabalho na escola, número de
alunos e turmas. Estiveram associadas à DME as variáveis esforço físico e
ambiental (calor). O estudo mais detalhado das cargas de trabalho físicas,
ergonômicas e ambientais enfrentadas pelo professor permitirá averiguar com mais
clareza os fatores associados às queixas referidas.
O estudo da distribuição da dor musculoesquelética permitiu identificar fatores
sociodemográficos e do trabalho importantes para a compreensão da atividade
docente e a dor musculoesquelética. Também possibilitou identificar fatores que
Considerações Finais
Jefferson Paixão Cardoso
64
merecem ser mais explorados para uma melhor compreensão das condições de
trabalho do professor.
Fatores individuais e do trabalho docente influenciaram expressivamente na
ocorrência das queixas de dor musculoesqueléticas. Sendo assim, as características
sexo, idade, tempo de trabalho, número de alunos, outro vínculo de trabalho e
esforço físico contribuíram para o aumento da ocorrência do evento estudado.
O estudo da associação entre os aspectos psicossociais do trabalho e a
ocorrência da dor musculoesquelética entre os professores mostrou que a exposição
ao trabalho de alta demanda e baixo controle, separadamente ou em situação
combinada (trabalho de alta exigência) contribuiu de maneira significativa para a
ocorrência das queixas de dor. O grupo de maior exposição do modelo Demanda-
Controle, caracterizado pelo trabalho de alta exigência, foi aquele que apresentou as
maiores prevalências de DME, mesmo após ajustamento por potenciais
confundidores.
Com base nos dados analisados é possível planejar medidas e ações que
visem a diminuição e mesmo a eliminação do estresse ocupacional do professor e,
conseqüentemente, redução das queixas de dor. Para tanto, são necessários
esforços conjuntos que envolvam a área da educação, demandando ações e
medidas interdisciplinares na perspectiva de identificar, conhecer e agir sobre a
problemática apresentada, procurando meios efetivos para o enfrentamento do
problema e sobre os fatores identificados como elementos contribuintes à ocorrência
das queixas de dor.
O perfil de ocorrência da dor musculoesquelética em professores e os fatores
associados à sua ocorrência fornecem elementos importantes para a tomada de
ações no campo da saúde do trabalhador. Estas podem contribuir efetivamente para
viabilizar alternativas à problemática investigada. Os efeitos deletérios do estresse
ocupacional sobre a classe docente tem impacto direto na qualidade do ensino.
Assim, a reavaliação das ações e medidas discutidas, planejadas e executadas
dentro de uma esfera intersetorial poderia contribuir para a redução desse problema,
e conseqüentemente, dos custos que este pode causar aos docentes.
Vale lembrar que a profissão docente no Brasil trouxe, em seu percurso
histórico, relações de trabalhos precarizadas, fragmentadas e inconstantes. A
atividade docente ao mesmo tempo que envolve prazer, traz uma sobrecarga de
Considerações Finais
Jefferson Paixão Cardoso
65
trabalho aumentada onde o professor “trabalha muito para poder viver dignamente”
e ainda luta para “sobreviver no trabalho”.
Trabalhos futuros sobre a atividade docente devem ser feitos a fim de
investigar as alterações do estresse ao longo do período letivo e sua relação com a
dor musculoesquelética. Isso possibilitará investigar a existência da sazonalidade e
contribuir para o esclarecimento do evento estudado.
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Jefferson Paixão Cardoso
66
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APÊNDICE
Apêndice
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ANEXO
Anexos
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Anexo A - Instrumento de Coleta
Anexos
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127
Anexos
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128
Anexos
Jefferson Paixão Cardoso
129
Anexo B - Aprovação do Projeto de Pesquisa
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