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OLÍVIA GALVÃO LUCENA FERREIRA
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OLÍVIA GALVÃO LUCENA FERREIRA
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Dissertação apresentada ao Mestrado de
Enfermagem, do Centro de Ciências da
Saúde, da Universidade Federal da
Paraíba, inserido na linha de pesquisa
Políticas Públicas de Saúde como
requisito parcial para obtenção do tulo
de Mestre em Enfermagem.
ORIENTADORA: PROFª DRª ANTONIA OLIVEIRA SILVA
CO-ORIENTADORA: PROF
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SILVANA CARNEIRO MACIEL
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Aprovado em: _____/_____/_____
Banca Examinadora:
______________________________________________
Profª Drª Antonia Oliveira Silva (UFPB)
Orientadora
______________________________________________
Profª Dra. Maria Adelaide Silva Paredes Moreira (USBE)
Membro
______________________________________________
Profª Dra. Maria Emilia Romero de Miranda Henriques (UFPB)
Membro
______________________________________________
Profº Dr. José Luiz Telles
Membro
Ao meu pai, Raimundo Vicente de Lucena (in memorian).
Como é feliz o idoso que põe no
Senhor a sua confiança...
(Parafraseado da Bíblia Sagrada Salmo
40:4a)
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos primeiramente a Deus, o Senhor da criação, soberano sobre toda
a terra e us, ao qual entreguei a direção da minha vida. Obrigada Senhor por mais esta
benção que me concedeste.
A minha orientadora, Profª Drª Antonia Oliveira Silva por ter prontamente me
aceitado como orientanda, depositando sua confiança neste trabalho e pela orientação e apoio
em todas as fases desta trajetória.
A minha co-orientadora Profª Drª Silvana Carneiro Maciel, por ter me recebido com
sua paciência e dedicação para complementação deste trabalho. Você foi um presente de Deus
em minha vida.
Ao meu esposo Sérgio Henrique Ferreira, companheiro, amigo, confidente, meu porto
seguro, pelo amor, carinho, incentivo e paciência.
A minha filha Vívian Lucena Ferreira, pela inocente compreensão do tempo que não
lhe dediquei. Você é a motivação para eu realizar novas conquistas, sempre com o objetivo de
trazer o melhor para você e seu futuro.
A minha mãe Teresinha Galvão de Andrade Lucena, pela educação familiar e estímulo
a buscar as superações da vida.
Aos amigos Walberto Santos e sua esposa Sandra Pronk, por ter me ajudado nos
momentos que mais precisei, minha dívida de gratidão não tem preço.
A Ms. Roseane Christhina da Nova Sá pela oportuna contribuição.
Aos meus coordenadores e amigos Drª Rosângela Guimarães de Oliveira e And
Pinho da Rosa pelo apoio e compreensão.
Aos meus familiares, representados por: Zenaide Carvalho, Cipriano Ferreira, Rosita
Ferreira, Bruno Henrique, Edna Barbosa, Ângela Maria, Jonh Eudes, Darise Galvão, Darcildo
Galvão, Darisio Galvão, Denise Galvão, Wânia Lucena, Wilma Lucena e Walter Lucena.
Aos colegas do mestrado, representados por: Karinthea, Kristhea, Cristina Kátia,
Tatiana Ataíde, Edlene, Marlos, Franci, Cleane e Leônia.
A todos os amigos que de forma significativa, compartilharam momentos que
ultrapassaram os muros da academia. Muito obrigada aos amigos: Adalberto Souto, Claúdia
Germana, Haydêe Cassé, Alinne Marcolino, Sandra Nagauni e Andrea Carla.
A todos os profissionais da Unidade de Saúde da Família, principalmente aos agentes
comunitários de saúde.
A todos os idosos que participaram das entrevistas.
A todos que tenham interesse pela temática e que queiram refletir e mudar a forma de
encarar o envelhecimento.
RESUMO
FERREIRA, O. G. L. Representações Sociais sobre Envelhecimento Ativo: um estudo com
idosos funcionalmente independentes. 2008 79f Dissertação (Mestrado). Centro de Ciências
da Saúde, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.
Estudar o envelhecimento a partir de aspectos sócio-cognitivos, culturais, orgânicos, entre
outros, configura-se uma vertente atual por dar conta de determinantes psicossociais
envolvidos no posicionamento das pessoas frente ao idoso. Nesta perspectiva, o aporte teórico
das representações sociais é uma abordagem interessante, para se propor estratégias de
atendimento as pessoas idosas contextualizadas socialmente. Estes aspectos contribuirão para
implementação de ações que venham a proporcionar práticas profissionais mais assertivas no
atendimento aos idosos oferecidos na atenção básica em saúde. O presente estudo tem os
objetivos de avaliar funcionalmente os idosos e apreender as representações sociais associadas
ao «envelhecimento ativo» na concepção de idosos considerados funcionalmente
independentes. Trata-se de um estudo exploratório, em que se prioriza as vivências dos
idosos, para salientar dimensões simbólicas acerca do envelhecimento, utilizando-se o aporte
teórico das representações sociais em idosos identificados como funcionalmente
independentes. O cenário da pesquisa foi a Unidade de Saúde da Família Nova Conquista,
localizada na cidade de João Pessoa-PB, com a participação de cem idosos (n = 100) que
aceitaram participar do estudo, em condições físicas e mentais para responderem os
instrumentos. Inicialmente foi utilizado o instrumento de avaliação funcional, a medida de
independência funcional, como ponto de corte para definição da amostra, em que os dados
foram tratados estatisticamente. Os resultados apreendidos de uma entrevista semi-estruturada
foram submetidos ao software Alceste; Em seguida os sujeitos responderam ao Teste da
Associação Livre de Palavras com os seguintes estímulos: «Idoso», «Velho» e «Idoso ativo»,
em que os resultados foram submetidos à técnica de análise de conteúdo temática, para
constituição de um banco de dados que foi processado pelo software Tri-Deux Mots; Os
dados coletados e analisados foram interpretados subsidiados do referencial teórico adotado
para este estudo e apresentados em figuras, quadros e temas. Os resultados apreendidos com o
auxílio da MIF e da entrevista processados pelos softwares Alceste e Tri-Deux Mots
correlacionam-se entre si, possibilitando inferências acerca de representações sociais sobre o
envelhecimento ativo permeada por dimensões positivas e negativas em que o envelhecer não
associado ao termo «ativo» é ainda representado por «perdas e incapacidades». Para os idosos
envelhecer ativamente, associando-o lazer à prática de atividades físicas e a realização de
atividades domésticas, significam para os idosos, possibilidades de participarem desde que
estes, estejam inseridos em espaços que promovam o desenvolvimento do envelhecimento
saudável, bem-sucedido e ativo para idosos independentes funcionalmente.
Palavras chave: Representações Sociais; Envelhecimento; Capacidade funcional.
ABSTRACT
FERREIRA, O. G. L Social representations on Active Aging: a study of elderly functionally
independents.2008 79f Dissertation (Masters). Center for Health Sciences, University of
Paraiba, João Pessoa.
Study aging from the socio-cognitive, cultural, organics and other aspects, is an actual way of
study because of the psychosocial determinants involved in the positioning of people facing
the elderly. With this in mind, the theoretical contribution of the social representations is an
interesting approach, to propose strategies for answering the needs of the elderly socially
contextualized. These aspects will contribute to implementation of actions that will provide
more professional practices assertions in caring for the elderly offered in primary care in
health. The present study has the objectives to evaluate functionally the elderly and seize the
social representations associated with «Active Aging» in the notion of older people
considered independent. This is an exploratory study, which prioritizes the experiences of the
elderly, to emphasize on symbolic dimensions of aging, using the theoretical contribution of
social representations of the elderly socially independents. The scenario of research was the
Unit of Family Health Nova Conquista, located in João Pessoa-PB, with the participation of
one hundred elderly (n = 100) who agreed to participate in the study, in physical and mental
conditions to answer the instruments. Initially was used the functional of evaluation
instrument, the measure of functional independence, as a cutoff point for defining the sample,
where the data were treated statistically. The results seized of a semi-structured interview
were submitted to the software Alceste; Then the subjects answered to the Test of the Free
Association of Words with the following stimulus: «Elderl, «Old», «Active elderly» where
the results were submitted to the techniques of analysis of thematic content, to set up a
database that was processed by software Tri-Deux Mots; Data collected were analyzed and
interpreted supported by the theoretical framework adopted for this study and presented in
drawings, pictures and themes. The Results seized with the help of MIF and from the
interview processed by software Alceste and Tri-Deux Mots correlated with each other,
allowing inferences about social representations on the active aging permeated by positive
and negative dimensions in which the aging not associated with the word «active» is
represented by «losses and impairments» yet. For older people active aging means, enjoy
moments of leisure, practice physical activities and accomplishment of domestic activities,
means opportunities to participate as long as they are introduced in areas that promote the
development of healthy, successful and active aging for elderly functionally independent.
Key words: Social Representations; Aging; functional capacity.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1
Plano Fatorial Projeções das palavras analisadas a partir do ALCESTE...
57
Gráfico 2
Plano Fatorial de Correspondência das Representações acerca do idoso,
velho e idoso ativo elaboradas por idosos.....................................................
59
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Distribuição das classes ou categorias semânticas...................................
51
Quadro 2
Dendograma das classes estáveis.............................................................
51
Quadro 3
Distribuição das UCE’s e suas contribuições nas classes /categorias......
51
Quadro 4
Distribuição dos contextos analisados na classe 4...................................
53
Quadro 5
Distribuição dos contextos analisados na classe 2...................................
54
Quadro 6
Distribuição dos contextos analisados na classe 3...................................
55
Quadro 7
Distribuição dos contextos analisados na classe 1...................................
57
Quadro 8
Grupo de pertença....................................................................................
58
Quadro 9
Plano Fatorial (Tri_Deux mots)...............................................................
59
Quadro 10
Freqüências relativas aos estímulos indutores.........................................
61
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Caracterização da amostra de idosos.............................................................
45
Tabela 2
Pontuação média dos idosos nas dimensões da MIF em função da faixa
etária..............................................................................................................
48
Tabela 3
Distribuição das patologias relatadas pelos idosos.......................................
49
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
AAVD - Atividade Avançada da Vida Diária
ABVD Atividade Básica da Vida Diária
ACS Agente Comunitário de Saúde
AFC Análise Fatorial de Correspondência
AIVD - Atividade Instrumental da Vida Diária
ALCESTE - Análise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de Textos
AVC - Acidente Vascular Cerebral
CONASEMS - Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
CONASS - Conselho Nacional de Secretários de Saúde
F1 - Fator 1
F2 - Fator 2
FIM - Functional Independence Measure
HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MIF - Medida de Independência Funcional
OMS - Organização Mundial de Saúde
POMA - Performace Oriented Mobility Assessment
PSF - Programa de Saúde da Família
SUS - Sistema Único de Saúde
UCI - Unidades de Contexto Iniciais
UCE - Unidade de Contexto Elementar
USF - Unidade de Saúde da Família
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2.1. Aspectos Gerais Sobre o Envelhecimento ..................................................................... 21
2.2. Envelhecimento Ativo e Capacidade Funcional dos Idosos .......................................... 24
2.3. Representações Sociais no Contexto do Envelhecimento ............................................. 29
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3.1. A Pesquisa ..................................................................................................................... 40
3.2. O Cenário do Estudo...................................................................................................... 40
3.3. Os Atores da Pesquisa e as Questões Éticas .................................................................. 40
3.4 Os Dados Apreendidos e Procedimentos de Análise ...................................................... 40
3.4.1 - Instrumento de Avaliação Funcional do Idoso e Procedimento de Análise ........ 40
3.4.2 - Entrevista semi-estruturada e procedimento de análise ...................................... 41
3.4.3 - Teste da Associação Livre de Palavras e procedimento de análise..................... 42
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4.1 Os Participantes do Estudo. ............................................................................................ 45
4.2 A Capacidade Funcional dos Idosos Entrevistados ........................................................ 47
4.3 Condições de Saúde dos Idosos do Estudo ..................................................................... 49
4.4 Envelhecimento Ativo para Idosos: conteúdos/informações e posicionamentos
apreendidos a partir do ALCESTE. ...................................................................................... 50
4.5 Os Sentidos Atribuídos ao Envelhecimento: as imagens sobre idoso, velho e idoso ativo
a partir do Tri-Deux Mots ..................................................................................................... 58
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Nos últimos anos ocorreram modificações significativas nas condições
socioeconômicas e de saúde da população mundial, conseqüentemente, também, na estrutura
demográfica, acarretando um crescimento significativo da população idosa. Com isso, uma
grande preocupação com os idosos surge nas diversas áreas, pois eles representam um grupo
bastante diferenciado entre si e em relação aos demais grupos etários, despertando o interesse
de muitos estudiosos para a temática do envelhecimento. (GARRIDO; MENEZES, 2002)
O envelhecimento é uma experiência singular e individual, que começa no útero no
momento da concepção. É um fenômeno do processo da vida, assim como a infância, a
adolescência e a maturidade e é marcado por mudanças biopsicossociais específicas,
associadas à passagem do tempo. No entanto, este fenômeno varia de indivíduo para
indivíduo, podendo ser determinado geneticamente ou ser influenciado pelo estilo de vida,
pelas características do meio ambiente e pela situação nutricional de cada um. (ÁVILA;
GUERRA; MENESES, 2007)
A literatura apresenta distintos conceitos para o envelhecimento. Tais conceitos têm
considerado diferentes aspectos do desenvolvimento humano, passando pelo campo
biológico, social, psicológico e cultural. Contudo, ainda não é possível encontrar uma
definição de envelhecimento que envolva os complicados caminhos que levam o indivíduo a
envelhecer e como este processo de envelhecimento é vivenciado e representado pelos
próprios idosos e pela sociedade em geral. (UCHÔA, 2003; CARVALHO FILHO;
PAPALÉO NETTO, 2006)
Neste contexto, a Teoria das Representações Sociais, cuja contribuição tem sido
significativa à compreensão de diversos fenômenos, apresenta-se como um referencial
importante no estudo do envelhecimento. Destaca-se que a exploração das representações
sociais desta população, poderá permitir o contato com imagens e conteúdos que expressam,
de certa forma, as suas necessidades psicossociais, aspecto importante para a construção de
condutas e o planejamento de ações que promovam um envelhecimento saudável e bem
sucedido. (ÁVILA; GUERRA; MENESES, 2007)
Na sociedade atual, estudos sobre representações sociais, revelam a idéia de idoso
associado a aspectos negativos, como figura decadente, necessitado e dependente. Estas
concepções contribuíram enquanto fenômeno psicossocial, com os processos de formação de
condutas, orientações das comunicações sociais e estruturação da identidade do idoso, assim
como nas práticas sociais a ele dirigidos. O envelhecer é, portanto, marcado por diversas
experiências que são norteadas por valores, metas, crenças e formas próprias que o idoso
15
utiliza para interpretar o mundo. (ALMEIDA; CUNHA, 2003; ÁVILA; GUERRA;
MENESES, 2007)
Em face destes aspectos, tornam-se urgente uma mudança nas representações,
pensamentos e nos valores que possam propiciar o reconhecimento, entre as pessoas de modo
geral e, sobretudo, na população idosa, da eminente possibilidade de um envelhecimento ativo
e saudável. É nesta direção que se insere o presente estudo, desenvolvido na forma de
capítulos com o seguinte delineamento: Capítulo I (Construção do Objeto de Estudo) em que
se apresentam a temática de estudo, as razões que motivaram o interesse pelo objeto de
estudo, problemática e objetivos; Capítulo II (Bases Teóricas Gerais), compreende as bases
teóricas que fundamentam a pesquisa, contextualizando os aspectos gerais sobre o
envelhecimento, o envelhecimento ativo e a capacidade funcional dos idosos e as
representações sociais nos estudos sobre o envelhecimento; Capítulo III (Percurso
Metodológico) cujo propósito é descrever a metodologia empregada no estudo; Capítulo IV
(O Envelhecimento Ativo no Olhar de Idosos Funcionalmente Independentes), que apresenta
o relato do envelhecimento ativo no olhar de idosos independentes funcionalmente a partir da
exposição e discussão dos resultados da pesquisa realizada; Finalizando com as considerações
conclusivas deste estudo.
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O envelhecimento é um fenômeno global que exige ações e programas em nível local,
regional, nacional e internacional. Conhecer os aspectos que envolvem o processo de
envelhecimento tem se tornado de grande relevância para implementação das Políticas
Públicas para os Idosos, no que tange aos programas e ações.
Em todo mundo a expectativa de vida tem aumentado. No Brasil, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população no país com 60 anos ou mais
corresponde a 8,6% da população total, cerca de 14 milhões (dados do Censo 2000). De
acordo com Carvalho Filho e Papaléo Netto (2006), o Brasil terá em 2025, a sexta população
de idosos do mundo, com uma proporção de aproximadamente 14% da população e em
números absolutos, cerca de 32 milhões de idosos. O incremento atual desta população vem
sendo apontado como um problema com conseqüências individuais, econômicas e sociais
ocasionando, ao longo do tempo, alterações nas políticas de atenção ao idoso e,
conseqüentemente, nas representações sociais da velhice (PEIXOTO, 2003).
Conforme Debert (2003), a velhice pode ser concebida, por um lado, como um fato
universal e natural, baseada fundamentalmente no ciclo biológico do ser humano (nascimento,
crescimento e morte) e, por outro, como um fato social e histórico que envolve as rias
formas de conceber e viver o envelhecimento. As representações sociais sobre a velhice, a
posição social dos velhos e o tratamento dado pela sociedade adquirem significados
particulares em contextos históricos, sociais e culturais distintos, diferenciados socialmente
que, somados ao crescimento do número de idosos no mundo e, de forma mais específica no
Brasil, justifica a importância de políticas públicas voltadas para esta população, assim como
estudos que possam caracterizar suas necessidades.
De acordo com o Estatuto do Idoso (Brasil, 2006), é obrigação da família, da
comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a
efetivação do direito à: vida, saúde, alimentação, educação, cultura, esporte, lazer, trabalho,
cidadania, liberdade, dignidade, respeito entre outros; dever de garantir à pessoa idosa a
proteção à vida e à saúde mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um
envelhecimento saudável e em condições de dignidade; manter a autonomia e a independência
durante o processo de envelhecimento é uma meta fundamental para indivíduos e
governantes.
Tais investimentos são importantes para promoverem um envelhecimento ativo e com
qualidade, enfatizado pela autonomia. Segundo a OMS (2005), autonomia é a habilidade de
controlar, de lidar e de tomar decisões pessoais sobre como se deve viver diariamente, de
18
acordo com suas próprias regras e preferências. a independência é a habilidade de executar
funções relacionadas à vida diária, isto é, a capacidade de viver independentemente na
comunidade com alguma ou nenhuma ajuda de outros.
Estudar o envelhecimento a partir de aspectos sócio-cognitivos, culturais, orgânicos,
entre outros, configura-se uma vertente atual por envolver determinantes psicossociais que
influenciam nos posicionamentos das pessoas frente ao idoso. Nesta perspectiva, o aporte
teórico das representações sociais constitui uma abordagem interessante, para se propor
estratégias de atendimento ao idoso contextualizado socialmente. Estes aspectos contribuirão
para implementação de ações que venham a proporcionar práticas profissionais mais
assertivas no atendimento oferecido a esta população.
Este estudo será subsidiado na Teoria das Representações Sociais de Moscovici
(1978), enquanto formas de conhecimentos práticas que funcionam como mediadoras entre
sujeito e objeto, no contexto sócio-interacional.
Neste sentido, Herzlich (2005), afirma ser a referida teoria útil na análise de diferentes
objetos/fenômenos de estudos, em particular, no campo da saúde. As representações sociais
compreendem um sistema de interpretações da realidade, constituído por processos sócio-
cognitivos com implicações nas relações dos indivíduos com o mundo, suas condutas e
comportamentos no meio social.
Conhecer como os idosos representam o envelhecimento ativo e avaliá-los, no
contexto das Unidades de Saúde da Família, possibilita dimensionar um diagnóstico
psicossocial importante no seu atendimento, em contexto singular e conhecendo as possíveis
necessidades de atenção à saúde que garantam os seus direitos como cidadão no
fortalecimento de sua inclusão na sociedade além de uma melhor qualidade de vida, como
uma vertente importante para a qualidade de vida das pessoas idosas.
A qualidade de vida aqui referida diz respeito à preconizada pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), enquanto a percepção do indivíduo, de sua posição na vida, no
contexto da cultura e do sistema de valores em que vive e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações. Conhecer representações sociais construídas pelos
idosos atendidos nas Unidades de Saúde da Família implica em um importante avanço do
ponto de vista do atendimento de necessidades que vão além das biológicas, considerando-se
as interações intra e inter-grupais dos idosos.
Assim sendo, questiona-se: Como se encontram funcionalmente os idosos? Quais as
representações sociais sobre envelhecimento ativo elaboradas por idosos funcionalmente
19
independentes atendidos nas Unidades de Saúde da Família? Quais as implicações de tais
representações sobre envelhecimento?
Para responder a estes questionamentos este estudo tem os objetivos de:
1 - Avaliar funcionalmente os idosos;
2 - Apreender as representações sociais associadas ao «envelhecimento ativo» na concepção
de idosos considerados funcionalmente independentes;
3 - Averiguar a relação de idosos funcionalmente independentes com as representações
sociais construídas sobre envelhecimento ativo.
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2.1. Aspectos Gerais Sobre o Envelhecimento
A OMS define a população idosa como aquela a partir dos 60 anos de idade. Entre
1980 e 2000, a população com 60 anos ou mais cresceu 7,3 milhões, totalizando mais de 14
milhões em 2000. Este aumento no número de idosos em nosso país precisa ser acompanhado
pela melhoria ou manutenção da saúde e da qualidade de vida, sobretudo, porque, suas
conseqüências afetam os indivíduos, a economia e a sociedade (PEIXOTO, 2003).
Este aumento do número de idosos justifica-se, de acordo com Freitas et al (2006) e
Papaléo Netto (2002), primeiramente pela diminuição da mortalidade, ocasionando um
aumento da expectativa de vida e segundo pela diminuição da fecundidade, ou seja, o número
de filhos por mulher em idade fértil.
Até o início do século passado, existiam altas taxas de natalidade que eram
compensadas com elevados índices de mortalidade. Entretanto, a partir da Revolução
Industrial, com a urbanização das cidades, melhorias nas condições sanitárias, melhorias nas
condições de higiene pessoal, desenvolvimento da medicina, assim como, melhores condições
de trabalho e moradia, foi possível observar uma elevação no nível de vida da população e
conseqüentemente, melhorias dos indicadores de saúde, proporcionando uma queda na taxa de
mortalidade, principalmente a mortalidade infantil. Associado a este evento, a queda da
fecundidade, provocada também pelo processo de industrialização e de urbanização, devido à
facilidade de acesso a educação e a saúde, a programas de planejamento familiar e a
incorporação da mulher no mercado de trabalho, levou a tendência de famílias cada vez
menores. A combinação destes dois fatores ocasionou um aumento na proporção de idosos,
ou seja, envelhecimento populacional. (CARVALHO FILHO; PAPALÉO NETTO, 2006)
Papaléo Netto (2002) conceitua envelhecimento como sendo:
[...] um processo dinâmico e progressivo, no qual modificações
morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, que determinam
perda progressiva da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio
ambiente. (p.45)
Para o referido autor ainda completa que os declínios das funções orgânicas,
manifestadas durante o envelhecimento, tendem a aumentar com o tempo, cujo ritmo de
declínio varia não de um órgão a outro, como também entre idosos de mesma idade. Tais
diferenças do processo de envelhecimento devem-se as condições desiguais de vida e de
trabalho que estiveram submetidas às pessoas idosas.
O conjunto das alterações fisiológicas e patológicas vivenciadas pelos idosos culmina
com crescente dependência, que se traduz por uma ajuda indispensável para realização de
22
atividades elementares da vida. Entretanto, a dependência não é um estado permanente, mas
um processo dinâmico, cuja evolução pode se modificar e até ser prevenida ou reduzida se
houver ambiente e assistência adequados. Justificando a implementação de programas e
práticas que promovam o envelhecimento saudável, em termos de aumento de participação e
redução de custos com cuidados. (CALDAS, 2003)
Para Motta e Aguiar (2007), os fenômenos clínicos apresentados durante o
envelhecimento são dependentes também de fatores como, situação econômica e social,
assim, o envelhecimento saudável é entendido como a interação entre saúde física e mental,
independência nas atividades de vida diária, integração social, suporte familiar e
independência econômica.
Freire Júnior e Tavares (2005), identificaram em seus estudos que os idosos percebem
a saúde, não apenas como ausência de doença, mas como bem estar físico, mental e social,
destacando o aspecto econômico, inclusive a espiritualidade e a religiosidade para manter uma
vida feliz e saudável. Ainda abordam que a satisfação dos idosos está mais relacionada à
superação das dificuldades e dos obstáculos impostos do que a ausência deles.
Assim, o conceito cronológico de envelhecimento deve ser associado ao contexto bio-
psico-social e cultural. E para que este envelhecimento seja bem sucedido, deve representar
não apenas a ausência de enfermidades, mas também a manutenção das condições de
autonomia e de funcionalidade. (BEZERRA; ESPIRITO SANTO; BATISTA FILHO, 2005)
Por estas razões se destaca a importância de políticas e modelos de promoção da saúde
que não apenas previnam os efeitos deletérios da incapacidade funcional, mas que permitam a
compreensão da morbidade pelos idosos, de modo que estes desenvolvam a oportunidade de
serem participantes no controle se sua própria saúde, buscando um envelhecimento ativo e
saudável. (VERAS et al., 2002)
Caldas (2003), afirma que atualmente é reconhecida a importância de programas de
valorização e de inserção de cuidados de longo prazo na comunidade para a população idosa,
simultaneamente aos estudos e as preocupações com custo-eficácia.
Para a OMS (2005), a velhice em si não está associada ao aumento das despesas
médicas constitui deficiências que implicam em uma saúde precária as pessoas idosas. Se as
pessoas envelhecessem com uma saúde melhor, as despesas médicas, provavelmente não
aumentariam de modo tão rápido. A preocupação com a saúde do idoso, vista em uma
perspectiva ampla, resultante de um trabalho intersetorial e transdisciplinar de promoção de
modos de vida saudável, tem sido a pauta de vários estudos e pesquisas. Para discutir o
impacto do rápido envelhecimento do planeta e propor políticas específicas para este grupo
23
etário, foi realizada a Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento, na cidade de Madri,
em Abril de 2002.
Um importante indicador de que a questão do idoso tem sido alvo das preocupações da
agenda nacional foi à promulgação em 4 de Janeiro de 1994, da Lei 8.842 que dispõe sobre a
Política Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e outras providências. De
acordo com esta Lei a Política Nacional do Idoso tem como objetivo “assegurar os direitos
sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação
efetiva na sociedade”.
O Governo Federal, em Maio de 2002, instituiu o Programa Nacional dos Direitos
Humanos que considera como público alvo todos os grupos populacionais específicos
passíveis de discriminação, entre os quais, o grupo de pessoas idosas.
Em de Outubro de 2003, é instituído o Estatuto do Idoso, através da Lei 10.741,
“destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60
(sessenta anos)”. Este Estatuto representou uma grande conquista social e um marco na
garantia de direitos, ampliando a resposta do Estado e da sociedade às necessidades desta
população, abrangendo vários aspectos, desde direitos fundamentais até o estabelecimento de
penas para os crimes mais comuns cometidos contra essas pessoas. (BRASIL, 2006)
Em 22 de Fevereiro de 2006, publicou-se a Portaria / GM 399, documento das
Diretrizes do Pacto pela Saúde, que contempla o pacto firmado entre os gestores do SUS, em
suas três dimensões: pela Vida, em Defesa dos SUS e de Gestão. Este pacto foi resultado de
intensas discussões envolvendo os técnicos e a direção das diversas áreas do Ministério da
Saúde, do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde CONASEMS e do
Conselho Nacional de Secretários de Saúde CONASS. O Pacto pela Vida é o compromisso
entre os gestores do SUS em torno de prioridades que apresentam impacto sobre a situação de
saúde da população brasileira. Dentre as prioridades está à saúde do idoso, sendo apresentadas
às diretrizes para o trabalho nessa área e as ações estratégicas. (BRASIL, 2006)
No dia 19 de Outubro de 2006 foi publicada a Portaria 2.528 que aprova a Política
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Representando um avanço na medida em que atualiza as
diretrizes propostas na Portaria nº 1.395 / GM, de 10 de Dezembro de 1999 e deixa claro para
os gestores do SUS quais as prioridades para a melhoria da qualidade da atenção à saúde da
população idosa.
Motta e Aguiar (2007) afirmam que no Brasil, do ponto de vista de normatização
legal, o envelhecimento é protegido e existem diretrizes a serem cumpridas. Entretanto, tais
diretrizes não foram completamente implementadas. No país, outro aspecto relevante refere-
24
se às pesquisas envolvendo as pessoas idosas, em geral, tem prioritariamente como foco os
idosos asilados e/ou dependentes, sendo, portanto, escassos os estudos com idosos
funcionalmente independentes.
2.2. Envelhecimento Ativo e Capacidade Funcional dos Idosos
Hoje, o Brasil atinge os mais elevados níveis de população idosa. No entanto,
conseguir viver por mais tempo nem sempre é sinônimo de viver melhor. A velhice pode está
associada ao sofrimento, aumento da dependência física, declínio funcional, isolamento
social, depressão, improdutividade, entre outros fatores que não representam significados
positivos. (VILELA; CARVALHO; ARAÚJO, 2006; ÁVILA; GUERRA; MENESES, 2007)
Porém, é possível viver mais com uma qualidade de vida melhor, através da busca do
envelhecimento com autonomia e independência, com boa saúde física e mental, enfim, com
um envelhecimento bem sucedido e ativo. (VILELA; CARVALHO, ARAÚJO, 2006)
A autonomia pode ser definida como a liberdade para agir e tomar decisões no dia-a-
dia, relacionadas à própria vida e a independência, ainda, pode ser entendida como a
capacidade de realizar atividades sem a ajuda de outra pessoa. A independência necessita de
condições motoras e cognitivas suficientes para o desempenho dessas tarefas. No entanto,
estes dois conceitos não são dependentes, haja vista que o individuo pode ser independente e
não ser autônomo, como exemplo, as demências, ou então, ele pode ser autônomo e não ser
independente, como no caso de um indivíduo com graves seqüelas de um acidente vascular
cerebral sem alterações cognitivas, dependente fisicamente, contudo, totalmente autônomo
para assumir e tomar decisões sobre sua vida. (GUIMARÃES; CUNHA, 2004)
O desenvolvimento de ações que atendam aos idosos independentes com a finalidade
de prevenir a dependência deve ser parte dos programas de promoção da saúde, a partir do
envolvimento de todos os setores da sociedade e não apenas do governo. (CALDAS, 2003)
O referido autor indica o Programa de Saúde da Família, desenvolvido nas Unidades
de Saúde da Família como uma eficiente estratégia para alcançar esse desafio, através de
medidas específicas de promoção da saúde e de prevenção e cuidados com o idoso que vive
na comunidade.
Para os autores, Assis, Hartz e Valla (2004), em face das demandas crescentes do
envelhecimento populacional, programas sociais e de saúde voltados tanto para a preservação
da independência, quanto da autonomia são cada vez mais requeridos e são metas
fundamentais para indivíduos e governantes, o que converge para a promoção do
envelhecimento ativo. (ASSIS; HARTZ; VALLA, 2004)
25
Para a OMS (2005, p. 13), o envelhecimento ativo é o processo de otimização das
oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade
de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. É um termo abrangente, pois ultrapassa
os cuidados com a saúde, reconhecendo outros fatores que afetam o modo como às pessoas
envelhecem. Apóia-se nos direitos humanos das pessoas mais velhas, na participação, na
assistência, na auto-realização e nos princípios da independência. Assim, um dos importantes
indicadores do envelhecimento ativo e da qualidade de vida em idosos é a capacidade
funcional.
O envelhecimento traz como uma de suas conseqüências à diminuição gradual da
capacidade funcional. As dificuldades para realizar as atividades funcionais básicas são
progressivas e aumentam com a idade.
As maiores adversidades de saúde associadas ao envelhecimento são a incapacidade e
a dependência. A incapacidade é definida como a restrição ou perda de habilidades em
conseqüência dos distúrbios do ponto de vista funcional e da atividade do indivíduo. As
principais causas de incapacidade são as alterações fisiológicas do processo de
envelhecimento, patologias e problemas associados a essa faixa etária. E a dependência
funcional é definida como a incapacidade de executar funções sem ajuda, relacionadas à vida
diária, devido a limitações físicas e cognitivas. (GUIMARÃES; CUNHA, 2004; FREITAS et
al, 2006).
Este fenômeno de perda de função, sem intervenções adequadas, acarreta limitações
que levam a perda da qualidade de vida. Os idosos que vivem em comunidade necessitam de
atenção especial à saúde para prevenção de doenças em estágios iniciais e acompanhamentos
regulares, com o intuito de retardar o processo de deterioração e de perda de capacidades
funcionais. (PAPALÉO NETTO, 2002).
As condições de saúde da população idosa podem ser determinadas por inúmeros
indicadores específicos, entre eles a presença de déficits físicos e cognitivos. Assim, o estudo
da capacidade funcional tem se tornado um componente-chave para a avaliação da saúde dos
idosos, sendo esta geralmente direcionada para análise da habilidade e de desempenho para
realizar determinadas atividades do cotidiano, estando intimamente ligada à independência
funcional e é medida através de avaliações funcionais. (COSTA; BARRETO; GIATTI, 2003;
GUIMARÃES; CUNHA, 2004)
Para os tais autores, as avaliações funcionais possibilitam identificar, analisar e
classificar as capacidades funcionais e as limitações, contribuindo para uma melhor
26
abordagem terapêutica, para a elaboração de estratégias de ação, de intervenção e de
formulação de políticas de atenção ao idoso.
Segundo Carvalho Filho e Papaléo Netto (2006), foi por volta de meados do século
passado que deu início estudos que procuravam documentar a ocorrência freqüente de
incapacidades funcionais em diferentes situações e locais de atendimento. A partir daí, várias
escalas têm sido desenvolvidas com a finalidade de medir a independência de um indivíduo
em três setores: cuidados pessoais, capacidade de cuidar da casa e mobilidade.
Segundo os mesmos autores, as avaliações funcionais têm como objetivo medir a
realização de tarefas básicas do cotidiano, que podem ser divididas em físicas, de autocuidado
ou básicas (ABVDs) e instrumentais (AIVDs).
As atividades básicas de vida diária (ABVDs) são atividades desempenhadas durante
a rotina diária. Compreende atividades fundamentais para a manutenção da independência,
tais como, vestir-se, alimentar-se, tomar banho, ter continência urinária e / ou fecal, enfim,
condições básicas das pessoas cuidarem de si próprias. (CARVALHO FILHO; PAPALÉO
NETTO, 2006; FREITAS et al, 2006).
As atividades instrumentais de vida diária (AIVDs) são atividades que fazem parte do
dia-a-dia de pessoas que vivem em uma sociedade moderna e necessitam usar os recursos
disponíveis no meio ambiente para uma vida independente e ativa na comunidade. Estão
relacionadas a tarefas mais complexas como usar telefone, preparar refeições, fazer compras,
controlar dinheiro, arrumar a casa, controlar e tomar medicamentos, usar transportes. Através
da capacidade de realizar estas atividades é possível determinar se o indivíduo pode ou não
viver sozinho. (CARVALHO FILHO; PAPALÉO NETTO, 2006; FREITAS et al, 2006).
Os referidos autores afirmam que existem as atividades avançadas da vida diária
(AAVDs) que não são fundamentais para uma vida independente, mas revelam maior
capacidade e contribuem para uma melhor saúde física e mental, e conseqüentemente melhor
qualidade de vida. Tem como exemplo, dirigir automóvel, praticar esportes, pintar, tocar
instrumento musical, participar de serviços voluntários, entre outras atividades que dependem
da vontade, do desejo, da motivação e de fatores culturais e educacionais. (CARVALHO
FILHO; PAPALÉO NETTO, 2006; FREITAS et al, 2006).
Os instrumentos de avaliação devem ter validade, confiabilidade, sensibilidade para
refletir as alterações do estado geral da função do idoso, facilidade na sua aplicação, além de
serem objetivos, práticos e úteis para auxiliar no diagnóstico da incapacidade funcional e
evolução dos doentes idosos.
27
Dentre as escalas que avaliam as ABVDs, a mais utilizada é o Índice de Katz.
Aproximadamente em 1950, Katz e colaboradores desenvolveram seis medidas das atividades
básicas da vida diária, que descrevem a capacidade de autocuidado e avaliam o grau de
dependência de pessoas idosas. São atividades relacionadas ao banho, vestuário, higiene,
transferências, continência e alimentação. Este teste pode ser pontuado através de duas
versões: a proposta de Likert e a de Guttman.
De acordo com Guimarães e Cunha (2004), a proposta de Katz e colaboradores foi
desenvolvida inicialmente para o uso em pacientes internos e posteriormente adaptado para
populações que vivem em comunidade. No entanto, este teste não contempla nenhum item
sobre deambulação.
Segundo Freitas et al (2006), no final da década de 1960, Lawton e Brody
contribuíram para avaliação funcional, através de um instrumento que ordena as funções da
mais simples para a mais complexa, composta por sete atividades. A escala de Lawton tem
como objetivo verificar a condição de independência total, parcial ou dependência funcional
para as atividades rotineiras mais complexas. Cada atividade é resultante de um conjunto de
componentes que apresentam graus variáveis para sua execução, sendo uma das escalas mais
usadas para avaliação das AIVDs.
Em 1965, foi desenvolvido o índice de Barthel para avaliar o potencial funcional e os
resultados do tratamento de reabilitação dos pacientes que sofreram acidente vascular
cerebral. Ele mede o grau de assistência exigido em atividades relacionadas aos cuidados
pessoais e mobilidade. Vários estudos têm comprovado a validade e confiabilidade em
pacientes idosos sem alterações cognitivas e com menos de 65 anos. (GUIMARÃES;
CUNHA, 2004)
Para a avaliação de equilíbrio e marcha, Mary Tinetti, em 1986, propôs um protocolo
de avaliação conhecido como POMA Performace Oriented Mobility Assessment, que é
capaz de testar as condições vestibulares e da marcha do paciente. As alterações apresentadas
neste teste têm sido consideradas como indicador de quedas em idosos na comunidade. Em
2003, esse teste foi validado no Brasil e avaliado em suas propriedades para ser utilizado na
população brasileira institucionalizada, recebendo o nome de POMA Brasil. Contudo, para
Guimarães e Cunha (2004), este teste possui itens muito fáceis, discriminando poucos os
indivíduos, devendo ser aplicado em indivíduos mais fragilizados.
O Functional Independence Measure FIM ou Medida de Independência Funcional
MIF foi desenvolvida e aplicada pela Fundação de Pesquisa da Universidade de Nova York,
tem como objetivo avaliar a independência funcional, medindo o grau de solicitação de
28
cuidados de terceiros para a realização de tarefas motoras e cognitivas. (GUIMARÃES e
CUNHA, 2004)
A MIF foi desenvolvida na década de 1980, por uma força tarefa norte-americana
organizada pela Academia Americana de Medicina Física e Reabilitação e pelo Congresso
Americano de Medicina de Reabilitação. Foi traduzido para língua portuguesa no Brasil em
2000 e nessa época foram realizados testes de reprodutividade e confiabilidade, que se
mostram em níveis bons. A sua validação foi feita por diversos trabalhos em que basicamente
envolveu a avaliação de propriedades psicométricas e a comparação com outros instrumentos
de avaliação funcional. (RIBERTO et al, 2001; 2004)
Diferentemente de outras escalas de avaliação funcional, a MIF quantifica a ajuda
necessária. Possui itens referentes ao desempenho da pessoa idosa para a realização de um
conjunto de 18 tarefas, referentes ao autocuidado, ao controle de esfíncteres, a mobilidade, a
locomoção, a comunicação e a cognição social. Os itens são classificados em uma escala de
graus de dependência de sete níveis, sendo o valor 1 correspondente à dependência total e o
valor 7 correspondente à normalidade na realização de tarefas de forma independente, assim a
pontuação total varia de 18 a 126. (BRASIL, 2006).
Os níveis de dependência funcional são classificados da seguinte forma:
(7) Independência completa As tarefas são realizadas sem ajuda técnica e em tempo
razoável.
(6) Independência modificada As atividades requerem uma ajuda técnica, adaptação, prótese
ou órtese. E são realizadas em tempo excessivo.
(5) Supervisão, estímulo ou preparo Para a realização das tarefas, é necessária a presença,
controle, sugestão, encorajamento de outra pessoa, sem contato físico. Ou ainda, é necessário
que a outra pessoa, prepare os objetos que serão utilizados ou ajude na colocação da órtese ou
prótese (ajuda técnica).
(4) Assistência mínima É necessária uma ajuda leve, sendo o contato apenas tátil, onde o
indivíduo realiza a maior parte do esforço.
(3) Assistência moderada É necessária uma ajuda moderada e um contato leve. O indivíduo
realiza um pouco mais da metade do esforço requerido para a atividade.
(2) Assistência máxima É necessária uma ajuda máxima. O indivíduo desenvolve menos da
metade do esforço requerido, mas ainda, realiza algum esforço que ajuda no desempenho da
atividade.
(1) Dependência total É necessária a ajuda total. O indivíduo realiza um esforço mínimo
para desempenhar as atividades.
29
A MIF incorpora componentes do índice de Barthel, mas é um teste mais sensível e
abrangente. Esta avaliação é ampla e pode ser utilizada em hospitais, instituições asilares,
clínicas ou mesmo na residência do indivíduo. Sendo útil em quadros clínicos de naturezas
diversas, avaliando o componente motor e cognitivo, além de ter grande aceitação
internacional (RIBERTO et al, 2001; CARVALHO, 2006)
Este instrumento foi sugerido pelo Ministério da Saúde, preconizado pela Política
Nacional de Saúde a Pessoa Idosa, elaborado com a finalidade de oferecer subsídios técnicos
específicos em relação à saúde dos idosos. (BRASIL, 2006)
Essa mesma política anteriormente citada considera a perda da capacidade funcional
como o principal problema que pode afetar o idoso, resultante da evolução de suas
enfermidades e de seu estilo de vida. (SILVESTRE; COSTA NETTO, 2003)
Neste sentido, é preciso conhecer um pouco mais sobre a maneira como os idosos
brasileiros envelhecem como atribuem significado a este período de suas vidas ou como o
integram à sua experiência. Compreender como o envelhecimento ativo é percebido e
representado proporciona um entendimento de comportamentos e sentimentos para com os
idosos, seja por parte deles próprios ou da sociedade.
2.3. Representações Sociais no Contexto do Envelhecimento
As representações sociais enquanto sistemas de interpretação da realidade organizam
as relações do indivíduo com o mundo e orientam as suas condutas e comportamentos no
meio social. Este sistema de interpretação é solidificado nas formas de comunicação social
possibilitando que os sujeitos, ao permitirem interiorizar suas experiências, práticas sociais e
os modelos de conduta adotados, construam e apropriem-se dos objetos/fenômenos
socializados (MOSCOVICI, 1978).
O referido autor, ainda salienta cinco características essenciais à formação das
representações sociais: toda representação é sempre a representação de um objeto; a mesma
possui um caráter de imagem e a propriedade de poder intercambiar o sensível e a idéia, a
percepção e o conceito; possui um caráter simbólico e significante; possui um caráter
construtivo e um caráter autônomo e criativo. Pode-se dizer, de acordo com Jodelet (2001),
que sua base está no reconhecimento de que o pensamento social está diretamente relacionado
a eventos concretos da prática social.
Nesse sentido, o senso comum, denominado por Moscovici como universo consensual,
apesar de não ter compromisso com a realidade objetiva dos fatos, de não se preocupar com a
comprovação, é capaz de justificar e orientar comportamentos de um grupo ou de uma
30
sociedade. É uma forma de conhecimento que orienta condutas e se comporta como fonte
fecunda de estudos para compreensão dos fenômenos do cotidiano. Nóbrega (2003)
argumenta que a teoria das representações sociais define os parâmetros de uma análise
científica do que se chama senso comum, atribuindo uma lógica a esse conhecimento que tem
uma organização psicológica autônoma.
O conhecimento do senso comum é, para Santos (2003), um conhecimento vulgar e
prático com o qual, no cotidiano, orientamos as nossas ações e damos sentido à vida. O
mesmo autor define este tipo de conhecimento como mistificado e mistificador e, apesar de
ser conservador, tem uma dimensão que pode ser ampliada através do diálogo com o
conhecimento científico e diz ele: o senso comum é exímio em captar a profundidade
horizontal das relações consciente entre as pessoas e entre pessoas e coisas. É retórico,
metafórico; não ensina, persuade.
De acordo com Moscovici (2003), as pessoas analisam, comentam, formulam
“filosofias” espontâneas, não oficiais, que tem um impacto decisivo em suas relações sociais,
em suas escolhas, na maneira como eles educam seus filhos, como planejam seu futuro, entre
outros. Os acontecimentos, as ciências e as ideologias apenas lhes fornecem o “alimento para
o pensamento” e acrescenta que o pensamento social deve mais à convenção e à memória do
que à razão, deve mais às estruturas tradicionais do que às estruturas intelectuais ou
perceptuais correntes.
A representação social seria, sobretudo, uma forma de conhecimento, modelando o
objeto com diversos suportes lingüísticos, de comportamentos e materiais, mas também, um
saber prático intrinsecamente relacionado à experiência social, possuindo um alto grau de
intervenção social.
Para estudar como os idosos representam o envelhecimento ativo na vertente das
representações sociais, é importante abordar as funções das representações sociais, por ser um
dos pontos importantes para o seu entendimento, no contexto da problemática em evidência.
Inicialmente, Moscovici (1978) afirma que as representações sociais caracterizadas como
fenômenos psicossociais, têm duas funções: a primeira função é a de contribuir com os
processos de formação de condutas e a segunda, de orientação das comunicações sociais;
porém Abric (2003) acrescentou mais duas funções às representações sociais: a função
identitária e a justificadora.
Para tanto, as representações sociais como um saber prático do senso comum permite
que os atores sociais adquiram conhecimentos e os integrem em um quadro assimilável e
compreensível para eles próprios, em coerência com seu funcionamento cognitivo e os valores
31
aos quais eles aderem. Desta forma, elas facilitam a comunicação social e define o quadro de
referência comum que permite as trocas sociais, a transmissão e a difusão deste saber
“ingênuo”. (SILVA; MORIYA, 2003)
As representações sociais se organizam a partir das interrelações entre as pessoas e
grupos, com objetivo prático para o convívio social e desta forma se identifica com as
experiências, história e cultura de cada grupo social. Isso é exposto nas obras de vários
estudiosos da teoria como se vê, por exemplo, em Jodelet (2001) quando faz referência ao fato
de partilhar uma mesma condição social que é acompanhada de uma relação com o mundo,
valores, modelos de vida, imposições ou desejos específicos, produzem efeitos sobre o modo
de conceber a cultura. Ao mesmo tempo em que Nóbrega (2003) diz que o pensamento social
é constituído de uma pluralidade de modos de reflexão que um indivíduo utiliza em função
dos seus objetivos e do domínio que ele possui sobre o meio ambiente onde se encontra
inserido.
Reconhecendo a importância do senso comum na vida das pessoas, na forma de como
compreendem a realidade e como se comportam, chamando-o de representações sociais. A
ciência fornece meios para sistematização de seu estudo através da teoria das representações
sociais, cuja tarefa básica, segundo Spink (1999), é explicitar elementos de sentido isolado ou
combinado em construtos representacionais; produzidos, mantidos e extintos em função de
condições sociais específicas vividas por indivíduos e grupos.
Para Vala (2002), o estudo das representações sociais considera as sociedades e as
instituições como ambientes pensante, assim como os indivíduos que as compõem. Há uma
dialética da relação entre pensamento e sociedade, onde são considerados os pensamentos dos
indivíduos e o peso deste pensamento na constituição da sociedade, assim como o contexto
social e o peso deste contexto na constituição do pensamento.
Nesta perspectiva psicossociológica Spink (1996) destaca a importância da
comunicação social na formação das representações sociais, em que se refere aos indivíduos
como pensadores ativos em resposta aos acontecimentos cotidianos de interação social, que
eles produzem e comunicam suas próprias representações e soluções específicas às questões
que eles colocam a si mesmas. Esta comunicação e mobilização das representações sociais
acontecem em todas as ocasiões e lugares onde as pessoas se encontram informalmente
(bares, ônibus, filas de banco, trabalho, escola, salas de espera, enfim, onde se desenvolve a
vida cotidiana). Desta forma, Vala (2002), refere-se à representação social como resultado de
representações partilhadas coletivamente resultantes de interações e fenômenos de
comunicacionais no interior de um grupo social, refletindo a situação desse grupo, seus
32
projetos, problemas e estratégias e suas relações com outros grupos cuja função é oferecer
programas para a comunicação e a ação a objetos que são interrogáveis para um grupo.
Reconhecendo a importância fundamental da comunicação na formação das
representações sociais, que se lembrar que tal comunicação é capaz de transmitir tanto a
cultura e tradições quanto as inovações, o que o tom do caráter dinâmico das
representações sociais, fenômeno tão marcante das sociedades modernas. Esta análise é
corroborada em (1998) que destaca tanto o papel da comunicação como também o caráter
dinâmico das representações que, ao mesmo tempo em que mantém a tradição, se transforma
com os acontecimentos e com a comunicação destes.
Na sua afirmação o mesmo autor diz que há que se considerar também a interpretação
dos meios de comunicação de massa sobre os discursos e comportamentos, que
retroalimentam as representações, contribuindo para sua manutenção ou sua transformação.
Afirmações que são ratificadas em Moscovici, (2003), ao afirmar que os meios de
comunicação de massa que aceleram as mudanças na sociedade, aumentam a necessidade de
um elo entre nossas ciências e crenças gerais, puramente abstratas e nossas atividades
concretas como indivíduos sociais.
Levando-se em consideração a importância da comunicação na construção das formas
de conhecimentos acerca do envelhecimento, é interessante salientar o pensamento de Vala
(2004) que reitera as idéias de Moscovici quando se refere que a comunicação se faz por meio
de propagação, de propaganda ou de difusão, onde se reflete tanto na formação quanto na
ativação de representações sociais, em que a propagação transmite informações que legitimam
a pertença a um grupo e alimentam representações hegemônicas, ortodoxas e fortalecem a
norma social.
Na comunicação do tipo difusão as informações são transmitidas de forma imparcial, e
a normatividade transmitida é evasiva. Na comunicação do tipo propaganda, as representações
alimentadas e ativadas são as do tipo polêmicas, são geradas do conflito intergrupal.
Em seus estudos Moscovici (1977), classifica a sociedade contemporânea em dois
universos de pensamento: os universos consensuais que correspondem ao resultado das
interações social cotidiana, onde são elaboradas as teorias do senso comum e se produz as
representações sociais e os universos reificados referentes ao conhecimento científico e
pensamento erudito. Tura e Moreira (2005) identificam as representações sociais situadas no
campo dos sistemas cognitivos usuais, como universo consensual que convive com o universo
reificado - o mundo das ciências.
33
Spink (1996) enfatiza que a tarefa básica de um estudo em representação social é
explicitar elementos de sentido isolados ou combinados em construtos representacionais;
produzidos, mantidos e extintos em função de condições sociais específicas vividas por
indivíduos e grupos.
Assim, a formação das representações sociais acontece mediante dois processos: o de
objetivação e o de ancoragem. Quanto ao processo de objetivação, este ocorre a partir de três
etapas: a primeira diz respeito à descontextualização da informação através de critérios
normativos e culturais; a na segunda ocorre à formação de um núcleo figurativo, compondo
uma estrutura que reproduz de maneira figurativa uma estrutura conceitual; e a última etapa, a
naturalização, ou seja, a transformação destas imagens em elementos da realidade. Daí, “o
processo de objetivação materializa idéias e conceitos em um núcleo figurativo ou em uma
esquematização estruturante”, faz com que se torne real um traçado conceitual, com que se
a uma imagem, uma contrapartida material, resultado que tem, em primeiro lugar,
flexibilidade cognitiva (MOSCOVICI, 1978).
Desta forma, estudar o envelhecimento ativo no âmbito das representações sociais
pode tornar real um fenômeno antes não apreendido pelo social, tendo a comunicação como o
veículo que permite essa ação, ou seja, permite a formação de representações sociais acerca
dessa, por ser neste processo que ocorre uma seleção em que o objeto social representado é
apropriado e retido por edificações afetivas, axiológicas e ideológicas.
No que diz respeito ao processo de ancoragem, Moscovici (2003) ressalta que ancorar
é classificar e dar nome a algo estranho; é comparado a um paradigma de uma categoria
pensada como apropriada de forma a permitir que o estranho seja interpretado e estabelecer
uma relação positiva ou negativa com ele.
Este processo constitui a inserção orgânica do que é estranho no pensamento
constituído, ou seja, ancora o desconhecido em representações já existentes. Consiste na
maneira pela quais as informações novas são integradas e transformadas em um conjunto de
conhecimentos socialmente estabelecidos e em redes de significações socialmente
disponíveis, para interpretar o real e, em seguida, são reincorporadas na qualidade de
categorias servindo de guia à compreensão e ação (JODELET, 1989).
Para a mesma autora, a ancoragem fixa a representação e o seu objeto numa relação
que os permite se adequarem aos valores sociais, dando-lhes coerência. Enquanto Moscovici
(1978) a concebe como um processo de domesticação da novidade sob a pressão dos valores
do grupo, transformando o objeto representado em um saber capaz de influenciar. A mesma é
34
feita na realidade social vivida, não sendo, portanto, concebida como processo cognitivo intra-
individual.
Essas considerações sobre os dois processos presentes nas representações sociais, em
particular, a ancoragem, uma vez que é neste que a representação social transforma-se em um
sistema de interpretação que possui uma função e intermédio entre o indivíduo e o seu meio,
como também, faz essa mediação entre os membros de um mesmo grupo. Este sistema de
interpretação é capaz de resolver e expressar problemas comuns, transformados em código,
em linguagem comum, e também servirá para classificar os indivíduos e os fatos, para
constituir tipos em relação aos quais os outros indivíduos e grupos se avaliam e se
classificam. Converte-se em instrumento de referência que permite a comunicação numa
mesma linguagem e, por conseqüência, a influência recíproca (JODELET, 1986).
Ainda é relevante pontuar a afirmação de Moscovici (1978) quanto às três dimensões
importantes nas representações sociais: informação ou conhecimento, imagens ou campo de
representação social e atitude ou posicionamento dos sujeitos frentes ao objeto de
representação, por ser o foco de análise que o estudo sobre o envelhecimento centrar-se-á:
uma análise processual e dimensional das representações sociais. O mesmo será favorecido ao
se considerar as formas de comunicação - difusão, propagação, propaganda que
correspondem, respectivamente, à edificação das condutas de opinião, atitudes e estereótipos,
em que cada sistema de comunicação é particular aos laços estabelecidos entre o emissor e o
receptor, à organização das mensagens e comportamentos visados.
Por conseguinte, as formas de comunicação têm por efeito a produção de
representações sociais sobre o envelhecimento, conforme a dinâmica das interações realizadas
entre os sujeitos e o objeto articulado no âmbito do pensamento social.
Garcia et al (2006) relatam que apesar do envelhecimento populacional significar uma
das principais conquistas das últimas décadas, partindo da dimensão biológica, o
envelhecimento foi associado à deterioração do corpo e, em conseqüência, tratado como uma
etapa da vida caracterizada pelo declínio e perda (perdas de papéis sociais, perda de
capacidades intelectuais e motoras).
No Brasil, conforme Veloz, Shulze e Camargo (1999), as pesquisas revelam que as
percepções das perdas, das incapacidades e das doenças são aspectos importantes das
representações da velhice. Os próprios idosos simplificam o envelhecimento representando
esse processo de maneira negativa e preconceituosa.
Apesar do envelhecimento não ser sinônimo de doença, ocorrem alterações
anatomopatológicas durante o envelhecer e, geralmente, se apresentam através de doenças
35
crônicas. Assim, o envelhecimento tem sido associado a uma prevalência de doenças crônicas,
causadoras de dependência, fragilidades, incapacidades e morte. (PACHECO; SANTOS,
2004; GARCIA et al., 2005)
Esta visão negativa e deficitária do envelhecer para o ocidente pode ser explicada,
segundo Uchôa (2003), como conseqüência de uma sociedade centrada na produção, no
rendimento, na juventude e no dinamismo. Entretanto, em sociedades não ocidentais, o
envelhecimento foi apresentado por imagens bem mais positivas, mostrando que, uma
representação do envelhecimento centrada nas idéias negativas não é universal.
Logo, o processo de envelhecimento deixa de ser visto puramente como fenômenos
naturais e biológicos, para ser visualizado também, como fenômeno profundamente
influenciado pela cultura, onde os indivíduos reagem a partir de suas referencias pessoais e
culturais.
Para Ávila, Guerra e Meneses (2007), o envelhecimento é definido pelos efeitos que a
idade teria causado ao organismo, ou seja, por todas as conseqüências desde o nascimento,
entendido como um processo a ser construído ao longo de toda a vida.
Ainda a respeito das representações, os tais autores encontraram em seus estudos
distinções entre idoso e velhice. Em uma primeira categoria, os indivíduos se reconhecem
como velhos; relatam que a velhice é um processo psicossocial, que não tem um momento
específico para iniciar e revelam que o envelhecimento se a partir do corpo. Na segunda
categoria, os indivíduos se sentem envelhecidos, mas não se consideram velhos. Os autores
ainda afirmam que nem a própria sociedade tem uma idéia concreta do que é ser idoso hoje e
que esta auto-imagem é construída a partir do olhar do outro, que reconhece ou não.
De acordo com Lopes e Park (2007), existem simultaneamente, diferentes imagens de
velhos na sociedade contemporânea. Percebe-se atualmente, imagens de velhos pobres,
doentes, solitários, assexuados e abandonados à sua sorte, e por outro lado, imagens de velhos
que procuram manter o controle sobre seus corpos e a relativa juventude, ativos e dispostos a
realizar sonhos e satisfazer desejos.
Atualmente, prioriza-se o poder do corpo físico, acelerando o crescimento dos setores
da cosmética, da cirurgia plástica, da suplementação alimentar, das dietas e dos exercícios,
enfim, um conjunto de estratégias para retardar os efeitos ou as marcas da passagem do tempo
na busca pela juventude eterna. Conseqüentemente, é possível observar idosos insatisfeitos
com seu próprio corpo, como também a idéia de que um corpo velho é um corpo feio, o que
torna a pessoa idosa alvo de desvalorização. (ÁVILA, GUERRA, MENESES, 2007)
36
No entanto, apesar do envelhecimento continuar sendo representado na forma de
perdas, as pessoas idosas têm muitas capacidades que ficam sem serem descobertas,
conseqüentemente ganhos não valorizados. (DEBERT, 1996)
Areosa (2004), em sua pesquisa, observou que, para os idosos, a velhice está muito
mais ligada à forma como os indivíduos vivenciam seu cotidiano do que a outros fatores,
como limitações físicas. Embora refiram à existência delas, a experiência desta fase
dependerá do estilo de vida que a pessoa exerceu no passado e exerce no presente.
Oliveira, Pasian e Jacquemin (2001), evidenciaram duas representações sobre o
envelhecimento. Uma considera-o como a fase de sabedoria, de maturidade e de serenidade,
enquanto a outra conceitua o envelhecimento como etapa final da vida, aquela que antecede a
morte.
Corroborando com esta afirmação acima, Herédia e Casara (2000), também associa a
velhice não apenas a perdas, mas também a ganhos, como a maturidade, a experiência, a
sabedoria, a liberdade de escolha entre outros.
Areosa (2004), em sua pesquisa, evidenciou que os idosos associaram o
envelhecimento a maturidade e a obrigação de ter cuidado com o corpo e com a saúde de
forma geral. A saúde é representada como algo relativo ao funcionamento harmônico do
corpo-mente, o que exige dos idosos a capacidade de cuidar de si, pela adoção de um estilo de
vida saudável.
As condições de saúde, especialmente as relacionadas à autônoma e mobilidade física
são associadas de forma independente a permanência na vida ativa em idades mais avançadas.
Portanto, serviços de prevenção de doenças, eliminação de fatores de riscos e adoção de
hábitos saudáveis são importantes determinantes do envelhecimento ativo e saudável.
(GIATTI; BARRETO, 2003; PACHECO; SANTOS, 2004)
Envelhecimento ativo, envelhecimento bem sucedido e qualidade de vida na velhice
têm sido conceituados de maneira semelhantes, como satisfação pela vida. (JOIA; RUIZ;
DONALISIO, 2007)
Em um trabalho desenvolvido no município de João Pessoa com a população idosa,
Santos et al (2002) evidenciou a satisfação com a vida e a qualidade de vida variando de
pouca a moderada, o que sugere a insatisfação destes idosos, possivelmente em conseqüência
da desigualdade social e da falta de acesso a um padrão de vida mais confortável.
É possível identificar uma variedade de representações e imagens acerca do
envelhecimento. Segundo Lopes e Park (2007), este fenômeno esta associado, atualmente, a
criação e a proliferação de termos menos depreciativos, utilizados para designar a velhice. Por
37
exemplo, terceira idade, melhor idade, meia idade, aposentadoria ativa, idoso ativo, entre
outros, que são incorporados ao vocabulário dos grupos sociais e carregam uma gama de
significados que influenciam a reconstrução das representações sociais acerca do velho e do
envelhecimento.
De acordo com Ávila, Guerra e Meneses (2007), hoje, a sociedade está conseguindo
construir novos significados para a condição de ser velho e é a partir do estudo das
representações sociais que poderemos contemplar a diversidade de conceitos e formas de
aceitação desses termos por parte dos entrevistados.
Percebe-se uma complexidade na compreensão de envelhecimento e de seus
significados por parte das pessoas idosas destacando assim, a relevância da análise de
representações sociais sobre aspectos do envelhecimento humano.
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3.1. A Pesquisa
Trata-se de um estudo exploratório, em que se priorizam as falas dos sujeitos, para
salientar dimensões simbólicas acerca do envelhecimento, utilizando-se o aporte teórico das
representações sociais na vertente moscoviciana.
3.2. O Cenário do Estudo
O estudo foi realizado na Unidade de Saúde da Família (USF) Nova Conquista, que é
composta por quatro equipes de Saúde da Família, localizada no bairro Alto do Mateus, na
cidade de João Pessoa-PB.
3.3. Os Atores da Pesquisa e as Questões Éticas
A amostra foi definida a partir da seleção de cem idosos funcionalmente
independentes apresentados pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) pertencentes à USF
Nova Conquista, em condições físicas e mentais para responderem os instrumentos,
confirmados a partir da utilização do instrumento de avaliação funcional, a medida de
independência funcional (MIF), como ponto de corte para constituição da amostra.
A participação dos idosos foi voluntária e atendeu a Resolução 196/1996 Ministério
da Saúde/Conselho Nacional de Saúde/ Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Brasil,
1996) e as Diretrizes e Normas que regem pesquisa envolvendo seres humanos - Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde (Brasil, 2000). Por ocasião das entrevistas os
participantes preencheram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
(Apêndice I).
3.4 Os Dados Apreendidos e Procedimentos de Análise
Instrumentos utilizados para coleta:
3.4.1 - Instrumento de Avaliação Funcional do Idoso e Procedimento de Análise
Na avaliação Funcional dos Idosos adotamos o instrumento preconizado pelo
Ministério da Saúde, a Medida de Independência Funcional (MIF), objetivando avaliar o grau
de solicitação de terceiros durante a realização de tarefas motoras de autocuidado, controle de
esfíncteres, transferência e locomoção, alem de atividades cognitivas de comunicação e
cognição social. Foi avaliado o desempenho do idoso em atividades como: alimentação;
higiene pessoal/matinal; banho; vestir-se acima da cintura; vestir-se abaixo da cintura; uso do
vaso sanitário; controle de urina; controle das fezes; transferência do leito, cadeira, cadeira de
rodas; vaso sanitário; chuveiro/banheira; locomoção/marcha; escadas; compreensão;
expressão; interação social; resolução de problemas; memória.
41
Cada item foi classificado em uma escala de graus de dependência de 7 níveis, sendo o
valor 1 correspondente à dependência total e o valor 7 correspondente à normalidade na
realização de tarefas de forma independente. (Apêndice II).
Os dados coletados a partir da Escala MIF (Brasil, 2006) e que serviram como ponto
corte para seleção da amostra, foram analisados pelo software SPSS 15.
3.4.2 - Entrevista semi-estruturada e procedimento de análise
A entrevista semi-estruturada contemplou as variáveis relacionadas a sexo; idade; grau
de escolaridade, religião, procedência, situação de moradia, com quem mora, prática de
atividade física, trabalho, situação de saúde e questões para apreender as representações
sociais. (Apêndice II)
As informações contidas nas entrevistas foram organizadas em um banco de dados
preparado especificamente para ser processado no software Alceste (Análise Lexical por
Contexto de um Conjunto de Segmentos de Texto) que se trata de um programa informático
foi criado por M. Reinert e introduzido no Brasil em 1998. Constitui um instrumento auxiliar
de análise de dados, que não deixa de considerar a qualidade do fenômeno estudado e ainda
fornece critérios provenientes do próprio material para consideração do mesmo como
indicador de um fenômeno de interesse científico. Neste estudo, o programa foi utilizado para
analisar 100 entrevistas. (REINTER, 1998)
O mesmo pode ser empregado em análise acerca da classificação hierárquica
descendente, além de permitir análise lexicográfica do material textual, oferece contextos
(classes lexicais) que são caracterizados pelo seu vocabulário e pelos segmentos de textos que
compartilham este vocabulário. O programa toma como base um único arquivo (txt) ou
Unidades de Contexto Iniciais (UCI), que serão definidas pelo pesquisador e pela natureza da
pesquisa. Um conjunto de UCIs constitui um corpus de análise. O processo de análise segue
as seguintes etapas: identificação das palavras e de suas formas reduzidas (raízes) e
constituição de um dicionário; Segmentação do material discursivo em Unidades de Contexto
Elementares (UCE’s); Delimitação de classes semânticas, seguida de sua descrição através da
quantificação das formas reduzidas e função das UCE’s, bem como das ligações estabelecidas
entre elas; Análise da associação e correlação das variáveis informadas às classes obtidas;
Análise das ligações estabelecidas entre as palavras típicas em função das classes
(dendogramas). (CAMARGO, 2005)
42
3.4.3 - Teste da Associação Livre de Palavras e procedimento de análise
Neste instrumento foram contemplas as seguintes palavras-indutoras: «Idoso», faz-me
pensar em ...; «Velho», faz-me pensar em ... «Idoso ativo», faz-me pensar em (Apêndice II).
Antes da aplicação do teste, foi realizado uma explanação do mesmo e como exemplo foi
citado algumas palavras neutras como “futebol” e “cozinha”, e perguntava-se: o que vem à
mente quando falamos a palavra futebol? Citando alguns exemplos como bola, campo,
estádio, gol, emoção, time, paixão. Seguindo o mesmo modelo para a palavra cozinha.
Os resultados apreendidos a partir do Teste da Associação Livre de Palavras
entrevistas foram organizadas em um banco de dados a partir da construção de um dicionário
de vocábulos concernente a cada estímulo indutor. Em seguida, procedeu-se uma análise de
conteúdo semântica para codificação e introdução dos dados no software Tri-Deux-Mots que
é um programa informático que realiza uma análise fatorial de correspondência, indicado para
a análise de questões abertas, fechadas ou associação de palavras.
O Tri-Deux- Mots foi criado por Philipi Cibois, em 1990 e representa graficamente as
variações semânticas na organização do campo espacial, revelando aproximações e oposições
das modalidades na construção dos fatores analisadas através da Análise Fatorial de
Correspodência (AFC).
A AFC foi criada por J. P. Benzécri, na França, nos anos 60, tem sido muito utilizada
no campo da psicologia social e das representações sociais e é um dos procedimentos
psicometricos mais frequentemente utilizados tanto na construção, quanto na reunião e
avaliação de instrumentos psicológicos, como no desenvolvimento de teorias psicológicas.
Através dela torna-se possível verificar os vínculos existentes entre os diferentes conteúdos
representacionais, correspondenetes às respostas evocadas pelos sujeitos, denominados
estatisticamente de variáveis de opinião (no caso específico desta pesquisa as três palavras
estímulo) e as variáveis fixas ou sociodemográficas relativas às características de inserção
social dos indiduos (sexo, idade, escolaridade e procedência).
A análise fatorial produz cargas fatorias as quais podem ser consideradas pesos de
regressão das variáveis mensuradas para predizer o constructo subjacente. Quanto maior valor
da carga fatorial, melhor a variável representa o fator. Outro critério para soluções fatoriais é
que os fatores devem explicar um percentagem significativa da variância total das variáveis
medidas, devendo o conjunto de fatores explicar pelo menos 50% de variância comum.
A análise do plano fatorial é feita a partir do jogo de operações reveladas pelas
respostas aos estímulos indutores a partir dos resultados da AFC, permitindo mostrar uma
estrutura mais central em relação a outros elementos do campo representacional e, portanto, a
43
expressão da organização cognitiva a respeito de um objeto representado. Na literatura
estatística sobre AFC, tomou-se como convenção que o eixo 1, ou fator 1, ocupe a posição
horizontal no gráfico e que o eixo 2, ou fator 2 se mantenha na vertical. (NÓBREGA;
FONTES; PAULA, 2005)
Os resultados apreendidos e analisados foram interpretados subsidiados do referencial
teórico adotado para este estudo, apresentados em figuras, quadros e temas.
44
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4.1 Os Participantes do Estudo.
O presente estudo contou-se com a colaboração de cem idosos com idades entre 60 e
93 anos (M = 68; DP = 7,53), atendidos pela Unidade de Saúde da Família do bairro Alto do
Mateus, na cidade de João Pessoa PB. A maioria do sexo feminino (73%), residente em casa
própria (88%), convivendo com o cônjuge e parentes próximos (75%). Quanto à escolaridade,
40% indicaram não ser alfabetizado, 48% disseram ter o ensino fundamental incompleto, 8%
o ensino médio e 4% superior, sendo 73% católicos, 24% evangélicos e 3% testemunhas de
Jeová. Uma descrição mais detalhada da amostra pode ser observada na Tabela 1.
Tabela 1: Caracterização da amostra de idosos (n=100)
Variável
Nível
%
Sexo
Masculino
27
Feminino
73
Faixa-etária
60 a 65 anos
42
66 a 70 anos
22
71 a 75 anos
18
76 a 80 anos
11
81 a 85 anos
4
86 a 93anos
3
Nível escolar
Sem escolaridade
40
Ensino Fundamental Incompleto
48
Ensino Médio Incompleto
1
Ensino Médio Completo
7
Superior
4
Procedência
Capital
14
Interior do Estado
75
Outros Estados
11
Situação de Moradia
Casa Própria
88
Alugada
6
Residente em casa de parentes
5
Outro
1
Pessoa (s) com quem mora
Sozinho
10
Com Cônjuge
15
Cônjuge e parentes próximos
33
Parentes próximos
42
Prática de atividade física
Sim
17
Não
83
Situação Ocupacional
Aposentado
91
Artesã
1
Serviços Gerais
2
Comerciante
3
Merendeira
1
Padeiro
1
Costureira
1
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
É importante comentar alguns aspectos encontrados na tabela 1, descrita
anteriormente. A prevalência do sexo feminino, também foi observada por Pacheco e Santos
(2004) em seu estudo com idosos em unidades de PSF. Estes autores relatam que, no Brasil,
muito tempo o número de mulheres idosas tem sido superior ao de homens. Este aspecto
46
pode ser explicado, segundo Davim et al (2004), por meio da mortalidade diferenciada entre
os sexos, algo bastante presente na população brasileira.
Quanto à escolaridade, evidencia-se que 40% dos idosos não são alfabetizados e 48%
disseram ter o ensino fundamental incompleto. Tal configuração parece coerente com o que
tem sido observado em outros estudos desenvolvidos com a população idosa. Pacheco e
Santos (2004), por exemplo, consideram que as dificuldades de acesso a educação eram bem
maiores décadas atrás, quando comparado com a atualidade, sobretudo para as mulheres,
acarretando, portanto, a grande incidência de idosos não alfabetizados ou com baixos níveis
de escolaridade.
Dos idosos participantes deste estudo, a maioria (88%) reside em casa própria e
convivem com o cônjuge e parentes próximos (75%). Estes dados, de acordo com Caldas
(2003), trazem aspectos positivos, a partir da compreensão de que o fato de morar só, para o
idoso, tem sido associado a um declínio na qualidade de vida, agravamento da morbidade e,
até mesmo indicador de risco de mortalidade.
Para Pacheco e Santos (2004) a convivência no domicílio de filhos casados pode estar
relacionada à situação de desemprego que enfrenta o nosso país, a partir do momento que
estes filhos adultos desempregados recorrem aos pais cujas aposentadorias garantem a
sobrevivência de toda a família.
Outro fator interessante de destacar foi a religiosidade dos idosos desta amostra. Todos
referiram possuir uma religião, sendo a religião católica mais citada com 73% dos idosos.
Segundo Freire Jr. e Tavares (2005), a religião tem um papel incontestável no enfrentamento
das mudanças ocorridas na velhice, facilitando a aceitação das perdas, sendo um dos recursos
utilizados em situações difíceis.
Segundo Andrade (2003), a espiritualidade está, por natureza, inseparavelmente,
ligada ao homem e pode ser entendida como a sensação do ser humano de estar inserido no
mundo, de fazer parte, de pertencer ou de estar ligado a algo maior do que ele próprio.
Um dado relevante para este estudo foi à participação em atividades físicas. Apesar de
a atividade física trazer benefícios para os idosos, estes enumerados de acordo com Pacheco e
Santos (2004) como a socialização, a melhoria na auto-estima, estímulo a criatividade,
combate a insônia, a promoção de um envelhecimento mais saudável e ativo, entre tantos
outros, 83% dos idosos desta investigação não pratica atividade física.
Dos poucos idosos que praticam atividade física, a caminhada, foi à atividade mais
relatada por eles. Esta atividade, considerada um movimento natural, de fácil realização, é do
tipo aeróbica, deve ser praticada regularmente, no mínimo três vezes por semana, com
47
duração de trinta minutos ou mais, de acordo com a condição física do indivíduo. Apresenta
muitos benefícios para os idosos como prevenção de doenças crônico-degenerativas e
proporciona um envelhecimento com autonomia e independência funcional. (MAZO; LOPES;
BENEDETTI, 2001)
Quanto à situação ocupacional, a aposentadoria foi referida em 91% dos idosos
entrevistados. De acordo com Rodrigues (2000), a aposentadoria pode ser definida como a
inatividade após um tempo de serviço ou como remuneração por essa inatividade. Esses dois
aspectos podem ser decisivos para a compreensão das conseqüências ocasionadas nos
indivíduos que se aposentam.
Até pouco tempo atrás, a sociedade valorizava a aposentadoria como o momento de
desfrutar o tempo livre, realizar expectativas e desejos adiados por falta de tempo livre
durante a vida ativa, enfim, como um tempo de aproveitar a vida. No entanto, os valores de
aposentadoria e as políticas sociais comprometem essas expectativas. (ÁVILA; GUERRA;
MENESES, 2007)
Segundo Graeff (2002), a aposentadoria ainda traz aspectos contraditórios, quando
analisados em relação ao tipo de trabalho realizado. Quando se trata de algo penoso,
repetitivo, a aposentadoria pode representar uma libertação do sofrimento e do desgosto.
Quando o trabalho era gratificante e enriquecedor, a cessação da atividade aparece como um
tormento e um desejo para uma liberdade de escolha relativa à época e à idade para se
aposentar.
Socialmente, ainda parece sobressair a idéia de idoso associado a uma figura
improdutiva, decadente, necessitado e, por isso, dependente e excluído, principalmente, do
universo do trabalho. Numa sociedade que prega a eficiência, a produção e a estética como
valores essenciais, a aposentadoria funciona como selo de inutilidade. O aposentado sofre
discriminação, ampliando ainda mais a representação de declínio, de disfunção social e de
referencias negativas. (CAMACHO, 2002; GARCIA et al, 2006)
4.2 A Capacidade Funcional dos Idosos Entrevistados
Como mencionado anteriormente à capacidade funcional é a manutenção da
capacidade de realizar atividades básicas de vida diária (ABVD) e atividades instrumentais de
vida diária (AIVD), necessárias e suficientes para a manutenção de uma vida independente e
autônoma. (FRANCIULLI et al, 2007). Para avaliar esta capacidade nos idosos e,
conseqüentemente, sua independência funcional, utilizou-se a Medida de Independência
Funcional (MIF), considerando as seis dimensões teóricas: AUTOCUIDADO, que se refere
48
às atividades desempenhadas para manter o bem-estar, ou seja, cuidar-se de si mesmo,
relacionadas à alimentação, higiene pessoal, banho, vestir-se e uso do vaso sanitário;
CONTROLE DE ESFÍNCTERES, que se refere ao controle de reter a urina e as fezes;
TRANSFERÊNCIAS, que se refere à capacidade do individuo se transferir do leito para
cadeira (ou cadeira de rodas), para o vaso sanitário e para o chuveiro; LOCOMOÇÃO, que se
refere ao deslocamento durante a marcha, seja em bipedestação ou na cadeira de rodas, e a
capacidade de subir e descer escadas; COMUNICAÇÃO, que se refere à compreensão e
expressão; COGNIÇÃO SOCIAL, que está relacionada à interação social, resolução de
problemas pessoais e memória.
As tarefas avaliadas durante a aplicação da MIF receberam uma classificação em uma
escala de graus de dependência de sete níveis, sendo o valor 1 correspondente a dependência
total; 2 relativo a assistência máxima; 3 equivalente a assistência moderada; 4 relacionado a
assistência nima; 5 correspondente a supervisão, estímulo ou preparo, onde é necessária a
presença, controle, sugestão ou encorajamento de outra pessoa, sem contato físico. Ou ainda,
é necessário que a outra pessoa, prepare os objetos que serão utilizados ou ajude na colocação
da órtese ou prótese; 6 correspondente a independência modificada, na qual, as atividades
requerem uma ajuda técnica, adaptação, prótese ou órtese e/ou são realizadas em tempo
excessivo; e 7 relativo a independência completa, na qual as tarefas são realizadas sem ajuda
técnica e em tempo razoável.
Para avaliar detalhadamente as diferentes dimensões da medida de independência
funcional, buscou-se calcular as pontuações médias destas dimensões para as distintas faixas
etárias dos idosos envolvidas no estudo. Como se pode observar na Tabela 2.
Tabela 2: Pontuação média dos idosos nas dimensões da MIF em função da faixa etária.
Faixa-etária
Dimensões de Independência Funcional
1
2
3
4
5
6
60 a 65
6,88
6,91
6,94
6,74
6,90
6,60
66 a 70
6,98
6,98
7,00
6,91
7,00
6,42
71 a 75
6,79
6,92
6,78
6,50
6,97
5,94
76 a 80
6,97
6,95
7,00
6,95
7,00
6,58
81 a 85
6,96
6,87
6,92
6,87
7,00
6,42
86 a 93
6,50
7,00
7,00
6,00
7,00
5,89
Nota: 1 = Autocuidado; 2 = Controle de esfincteres; 3 = Transferência; 4 = Locomoção; 5 =
Comunicação; 6 = Cognição social.
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
O cálculo das pontuações totais da MIF permitiu observar que todos os idosos
apresentaram independência funcional para a realização das atividades analisadas. Como
esperado, os idosos desta amostra apresentaram resultados que confirmam a pertinência da
49
participação dos mesmos, no presente estudo. Entretanto, ainda pode-se observar na tabela 2,
que apesar de ter idosos com faixa etária elevada, estes são independentes funcionalmente,
não necessitando, assim, de ajuda de outra pessoa para realização de suas atividades. Estando
estes classificados nos níveis 7 e 6 que correspondem a independência completa e
independência modificada respectivamente.
Ainda pode-se verificar que os idosos apresentaram menor média na dimensão 6
cognição social, o que é justificável, pois são avaliadas neste item atividades como resolução
de problemas e memória o que exige mais da esfera do funcionamento psicológico e
intelectivo. Apesar disso, é preciso reconhecer que, em termos gerais, nesta amostra todos os
idosos apresentam independência funcional. De fato, a análise das diferentes dimensões da
independência funcional corrobora a inclusão dos idosos no presente estudo. Não obstante,
parece pertinente reconhecer e identificar alguns aspectos adicionais referente às suas
condições de saúde.
4.3 Condições de Saúde dos Idosos do Estudo
Uma descrição das condições de saúde da amostra pode se observada na Tabela 3.
Tabela 3: Distribuição das patologias relatadas pelos idosos (n = 100)
Patologia
%
Alergia
1,0
Trombose venosa profunda
1,0
Diabetes
2,0
Dor na coluna
3,0
Cardiopatias
4,0
Acidente vascular encefálico
6,0
Hipertensão + outras patologias
58,0
Outras patologias relatadas
4,0
Sem relato de patologia
21,0
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa
Conforme distribuição desta tabela percebe-se que 79% dos idosos relataram ser
portador de no nimo uma patologia. De maneira geral, os participantes do estudo
apresentam doenças crônico-degenerativas não transmissíveis, o que parece consonante com
os resultados verificados em outros estudos envolvendo amostras de idosos.
Ramos (2003), por exemplo, encontrou em seus estudos que 90% dos idosos
apresentaram pelo menos uma patologia. Segundo Garcia et al (2005), as patologias mais
comuns são hipertensão arterial, diabetes, artroses, afecções respiratórias, acidente vascular
encefálico, insônia, cardiopatias diversas, infecções urinárias, deficiências visuais, entre
50
outras. E ainda acrescenta que estas patologias coexistem, chegando em média a seis
condições crônicas aos 75 anos de idade. Reforçada pela diminuição ou perda da função de
órgãos e sistemas biológicos, essas patologias podem gerar limitações e incapacidades
funcionais, tornando o idoso dependente para realizar suas atividades.
Percebe-se que a hipertensão arterial foi à patologia mais freqüente nos relatos dos
idosos a respeito da sua condição de saúde o que corrobora com Teixeira et. al. (2002), que
relatam a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) como uma doença de alta prevalência em
nosso país, atingindo cerca de 20% da população adulta jovem e 50% da população idosa e
dos casos de hipertensão, aproximadamente 90% é do tipo primário, cuja etiologia é
desconhecida. Ainda alerta que se não detectada precocemente, a hipertensão poderá
ocasionar uma série de distúrbios, levando lesões de órgãos vitais como coração, cérebro e
rins.
É interessante relatar que o item “outras patologias relatadas”, ainda na tabela 3,
refere-se à ocorrência de artrose, artrites, osteoporose, hérnia de disco, erisipela, alterações na
tireóide e problemas circulatórios.
Destaca-se, também, que 21% dos idosos não relataram ter alguma patologia durante a
entrevista. Segundo a OMS (2005), a saúde dos idosos tem sido a pauta de vários estudos e
pesquisas, ela deve ser vista numa perspectiva ampla, como resultado de um trabalho
intersetorial e interdisciplinar de promoção de modos de vida saudável.
4.4 Envelhecimento Ativo para Idosos: conteúdos/informações e posicionamentos
apreendidos a partir do ALCESTE.
O corpus analisado foi denominado envelhecimento ativo e foi formado das respostas
das entrevistas, logo, foi composto por 778 palavras diferentes. Foram descartadas pelo
programa as palavras com freqüência inferior a 3 e após a redução em suas raízes, obtiveram-
se 159 palavras analisáveis e 30 palavras instrumentais
1
. As 159 palavras analisáveis
ocorreram 2965 vezes.
Este corpus foi dividido em 172 UCEs (Unidade de Contexto Elementar corresponde
a segmentos de textos dimensionados pelo programa em função do tamanho do corpus,
respeitando a pontuação). E no que se refere ao envelhecimento ativo para os idosos, o
ALCESTE construiu quatro classes, que foram denominadas a partir do seu discurso e se
encontram dispostas no quadro a seguir.
1
São consideradas palavras instrumentais os articuladores discursivos como artigos, preposições, etc., que
embora fundamentais à organização do texto, não têm contribuição direta à construção argumentativa que se está
operando. As formas que constroem o sentido do objeto da comunicação são consideradas formas analisáveis.
51
Classes ou Categorias Semânticas
Classe 4
Situações de vida dos idosos
Classe 2
Idoso ativo e as atividades domésticas
Classe 3
Idoso ativo e a atividade física
Classe 1
Idoso ativo e o lazer
Quadro 1 Distribuição das classes ou categorias semânticas
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
Os Quadros 2 e 3 mostram o dendograma que representa o produto da Classificação
Hierárquica Descendente, ilustrando a distribuição das 172 UCE’s e as relações entre as
classes.
Classification Descendante Hiérarchique...
Dendrogramme des classes stables (à partir de B3_rcdh1) :
----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|
Cl. 1 ( 27uce) |----------+
11 |---+
Cl. 3 ( 12uce) |----------+ |
13 |--------------------------------+
Cl. 2 ( 15uce) |--------------+ |
16 |+
Cl. 4 ( 118uce) |-----------------------------------------------+
Quadro 2 Dendograma das classes estáveis
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
Esta distribuição pode ser observada no quadro a seguir.
Quadro 3 Distribuição das UCE’s e suas contribuições nas Classes/Categorias Temáticas
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
É possível observar a formação de dois eixos principais, o primeiro vai formar a classe
4, a maior delas, que se refere aos aspectos gerais relacionados a vida dos idosos, trazendo
52
pontos negativos do envelhecer. E o segundo formará as outras três classes que trazem os
aspectos relacionados ao idoso ativo e estão mais próximas uma das outras, onde
encontraremos um discurso mais voltado para características positivas do envelhecimento.
A descrição das classes será apresentada de acordo com a seqüência apresentada no
quadro 3, levando em consideração a relação entre elas.
CLASSE 4 Situações de Vida dos Idosos
A classe 4, considerada a maior delas, denominada de aspectos gerais relacionados a
vida dos idosos, é formada por 118 UCE’s (68,6%), cujos discursos relacionam-se a situação
de moradia, a religião, como também traz aspectos negativos como doenças e a não realização
de atividade física.
As palavras que mais se destacaram foram: RESIDE (Khi
2
= 107), CASA PROPRIA
(Khi
2
= 84), ATIVIDADE FÍSICA (Khi
2
= 69), CATÓLICO (Khi2 = 59), HIPERTENSÃO
ARTERIAL (Khi
2
= 42), NJUGE (Khi
2
= 36), DOENÇA (Khi
2
= 20), EVANGÉLICO
(Khi
2
= 12).
“[...] é católico, reside em casa própria com cônjuge e parentes
próximos, não pratico atividade física, não trabalho, tenho hipertensão
arterial e seqüelas de AVC [...]”.
“[...] o idoso tem doença, tem aposentadoria, tem netos, tem memória
fraca e está perto da morte [...]
É interessante destacar que nesta classe surgem palavras que não são encontradas em
outras classes, como: abusado, dependente, desprezo, dificuldade, discriminado, lembrança,
morte, passado, preconceito, saudade, teimoso e velhice. A seguir são demonstrados alguns
trechos das falas em que algumas destas palavras são evidenciadas.
“[...] o velho tem dor, é dependente, é solitário, toma remédio e está a
caminho do fim [...]”
“[...] o velho sofre preconceito [...]”
“[...] o idoso é velho, sem memória, é esquecido, não anda sozinho,
sofre muito, é desprezado [...]”
“[...] o idoso é decadência física, tem dificuldades [...]”
“[..] o idoso tem cabelos brancos, tem hipertensão arterial, é teimoso, é
sem memória, é caduco.[...]”
Esses achados corroboram com o que disseram outros autores acerca da representação
do envelhecimento estar associada a termos negativos, como exemplo, Uchôa (2003) afirmou
que esta visão deficitária do envelhecimento é conseqüência de uma sociedade que valoriza a
produção, o rendimento, a juventude e a beleza, e ainda alerta para a marginalização que uma
definição tão negativa da velhice impõe aos idosos. Uma distribuição dos contextos
analisados nesta classe pode ser visualizada no quadro 4, a seguir.
53
--------------------------
Classe n° 4 => Contexte D
--------------------------
Nombre d'u.c.e. : 118. soit : 68.60 %
Nombre de "uns" (a+r) : 2832. soit : 82.33 %
Nombre de mots analysés par uce : 16.46
num effectifs pourc. chi2 identification
1 7. 7. 100.00 3.34 abandon+
2 9. 9. 100.00 4.35 abusado
4 6. 6. 100.00 2.85 acidente
12 5. 5. 100.00 2.36 antigo
15 10. 11. 90.91 2.71 aposentadoria
16 7. 7. 100.00 3.34 artrose
19 6. 6. 100.00 2.85 atencao
21 85. 87. 97.70 69.20 atividade_fisica
28 6. 6. 100.00 2.85 cansaco
30 10. 10. 100.00 4.86 cardiopatia
31 5. 5. 100.00 2.36 carente
33 6. 6. 100.00 2.85 casa_alugada
35 89. 89. 100.00 84.40 casa_propria
37 74. 74. 100.00 59.44 catolico
38 6. 6. 100.00 2.85 cerebral
39 5. 5. 100.00 2.36 chato
42 54. 54. 100.00 36.02 conjuge
46 5. 5. 100.00 2.36 cuidado
52 10. 10. 100.00 4.86 depend+
54 10. 10. 100.00 4.86 desprez+
57 9. 9. 100.00 4.35 diabetes
58 11. 11. 100.00 5.38 dificuldade+
60 9. 9. 100.00 4.35 discrimin+
63 39. 40. 97.50 20.20 doenca+
72 8. 8. 100.00 3.84 esquecido
73 5. 5. 100.00 2.36 esquecimento
75 23. 23. 100.00 12.15 evangelico
77 13. 14. 92.86 4.16 experiencia+
80 10. 10. 100.00 4.86 familia
85 16. 17. 94.12 5.70 fisica
86 6. 6. 100.00 2.85 fisioterapia
89 7. 7. 100.00 3.34 frac+
91 7. 7. 100.00 3.34 gosta
92 60. 60. 100.00 42.17 hipertensao_arteria
93 8. 8. 100.00 3.84 idade
97 5. 5. 100.00 2.36 insonia
102 10. 10. 100.00 4.86 lembr+
104 6. 6. 100.00 2.85 memoria
107 9. 9. 100.00 4.35 morte
113 11. 11. 100.00 5.38 osteoporose
115 75. 75. 100.00 60.86 parentes
117 10. 10. 100.00 4.86 pass+
120 101. 107. 94.39 87.42 pratic+
122 10. 10. 100.00 4.86 preconceito
124 5. 5. 100.00 2.36 preocupac+
125 5. 5. 100.00 2.36 presta
127 75. 76. 98.68 57.20 proximo+
130 99. 99. 100.00 106.75 reside
132 22. 22. 100.00 11.54 respeit+
135 7. 7. 100.00 3.34 saudade
137 6. 6. 100.00 2.85 sequel+
139 17. 18. 94.44 6.23 sofre+
140 5. 5. 100.00 2.36 sofrimento
141 6. 6. 100.00 2.85 solidao
143 7. 7. 100.00 3.34 teimos+
144 5. 5. 100.00 2.36 tempo
146 110. 134. 82.09 51.21 trabalh+
151 5. 5. 100.00 2.36 valor+
152 6. 6. 100.00 2.85 vascular
153 11. 11. 100.00 5.38 velhice
154 85. 90. 94.44 58.52 velho+
206 * 35. 45. 77.78 2.38 * *Sex_1
Nombre de mots sélectionnés : 75
Nombre de mots marqués : 179 sur 189 soit 94.71%
Quadro 4 Distribuição dos contextos analisados na classe 4
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
54
CLASSE 2 Idoso Ativo e as Atividades Domésticas
A classe 2, denominada aspectos relacionados ao idoso ativo e as atividades
domésticas, detém 15 UCE’s (8,72%), traz aspectos positivos relacionados ao envelhecimento
e relaciona o idoso ativo a tarefas domésticas, como cuidados com a casa, a independência
para resolução de seus problemas e para andar sozinho, embora apresente alguns aspectos
negativos (com menor significância) relacionados ao idoso ser enxerido e “querer ser novo”.
Esta classe é definida por 29 palavras e as que mais se destacaram foram: RESOLVE
(Khi
2
= 76), TRABALHADOR (Khi
2
= 33), CUIDAD+ (Khi
2
= 18), ANDA (Khi
2
= 10).
“[...] o idoso ativo é trabalhador, toma conta da casa, resolve seus
problemas, faz compras sozinho, cuida dos netos [...]”
“[...] o idoso ativo é responsável, é inteligente, sai sozinho, é
independente, cuida da casa [...]
“[...] o idoso ativo é enxerido, é namorador, quer ser novo, anda,
passeia, é trabalhador [...]”
O envelhecimento nesta classe é visto como uma fase ativa, na qual os idosos
trabalham em seus lares, nos afazeres domésticos, cuidam da casa, cozinham, fazem compras,
cuidam dos netos, ajudam os familiares, administram suas vidas. Estes achados confirmam o
que Bezerra, Espírito Santo e Batista Filho (2005) mencionaram, para que o
envelhecimento seja bem sucedido, deve representar não apenas a ausência de enfermidades,
mas também a manutenção das condições de autonomia e de funcionalidade. Uma
distribuição dos contextos analisados nesta classe pode ser visualizada no próximo quadro.
--------------------------
Classe n° 2 => Contexte B
--------------------------
Nombre d'u.c.e. : 15. soit : 8.72 %
Nombre de "uns" (a+r) : 187. soit : 5.44 %
Nombre de mots analysés par uce : 8.53
num effectifs pourc. chi2 identification
10 5. 17. 29.41 10.15 anda
22 15. 56. 26.79 34.04 ativo
36 5. 15. 33.33 12.51 cas+
48 5. 12. 41.67 17.59 cuid+
69 2. 4. 50.00 8.77 enxerido
88 1. 3. 33.33 2.32 forte
94 15. 149. 10.07 2.54 idoso+
96 3. 13. 23.08 3.64 independ+
110 1. 3. 33.33 2.32 nervos+
111 2. 6. 33.33 4.73 novo
126 7. 16. 43.75 27.19 problema+
131 7. 7. 100.00 76.37 resolve
134 2. 8. 25.00 2.79 sab+
142 6. 27. 22.22 7.33 sozinho
145 4. 5. 80.00 32.87 trabalhador
191 * 9. 70. 12.86 2.54 * *Esc_1
198 * 5. 33. 15.15 2.12 * *Ida_3
233 * 1. 3. 33.33 2.32 * *Suj_025
263 * 1. 3. 33.33 2.32 * *Suj_055
279 * 1. 3. 33.33 2.32 * *Suj_071
296 * 1. 3. 33.33 2.32 * *Suj_088
Nombre de mots sélectionnés : 29
Quadro 5 Distribuição dos contextos analisados na classe 2
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
55
CLASSE 3 Idoso Ativo e a Atividade Física
A classe 3, denominada aspectos relacionados ao idoso ativo e a atividade física é
formada por 12 UCE’s, (6,98%), cujos discursos ainda estão relacionados a aspectos positivos
do envelhecimento, no entanto, relacionam o idoso ativo a prática de atividade física, a
realização de exercícios físicos, como a caminhada e ainda relacionam a aspectos como bom,
felicidade e presenças de força e saúde.
Foram selecionadas nesta classe 15 palavras com destaque para: EXERCÍCIO (Khi
2
=
113), CAMINHADA (Khi
2
= 29), BOM (Khi
2
= 12), FORÇA (Khi
2
= 12).
[...] o idoso ativo tem saúde, é bom, faz caminhada, faz exercício e tem
felicidade [..] idoso ativo é bom, faz exercício, tem saúde, tem força, tem
agilidade [...] “[...] o idoso ativo anda de bicicleta, faz exercício, tem
trabalho, faz sexo, faz caminhada [...]
Esta classe evidenciou a realização de atividade física e está, também, associada à
saúde, o que aponta para o que diz a OMS acerca da participação de idosos em atividades
físicas leves e moderadas como ajudante no retardo dos declínios funcionais, melhorando a
saúde motora e mental. (BENEDETTI et al, 2008)
Uma distribuição dos contextos analisados nesta classe pode ser visualizada no quadro
abaixo.
--------------------------
Classe n° 3 => Contexte C
--------------------------
Nombre d'u.c.e. : 12. soit : 6.98 %
Nombre de "uns" (a+r) : 132. soit : 3.84 %
Nombre de mots analysés par uce : 7.75
num effectifs pourc. chi2 identification
6 5. 24. 20.83 8.25 alegr+
22 12. 56. 21.43 26.72 ativo
27 7. 19. 36.84 29.35 caminh+
76 9. 10. 90.00 112.76 exercicio+
82 2. 5. 40.00 8.65 felicidade
84 1. 3. 33.33 3.27 fest+
87 2. 4. 50.00 11.68 forca+
99 1. 3. 33.33 3.27 juventude
136 7. 42. 16.67 8.04 saud+
173 * 3. 8. 37.50 12.04 * bom
201 * 1. 4. 25.00 2.05 * *Ida_6
202 * 4. 26. 15.38 3.34 * *Proc_1
207 * 11. 127. 8.66 2.12 * *Sex_2
244 * 1. 3. 33.33 3.27 * *Suj_036
Nombre de mots sélectionnés : 15
Quadro 6 Distribuição dos contextos analisados na classe 3
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
56
CLASSE 1 Idoso Ativo e o Lazer
A classe 1, detém 27 UCE’s (15,7%), centra-se, também, em aspectos positivos do
envelhecimento, no entanto, correlaciona o idoso ativo a aspectos relacionados ao lazer,
trazendo o idoso como indivíduo alegre, inteligente, independente, que passeia e se diverte. O
destaque nesta classe é para a idade dos idosos que variou de 60 a 65 anos, ou seja, que estão
no início do envelhecimento.
Nesta classe foram selecionadas 20 palavras, em que se pode destacar: ALEGRIA
(Khi
2
= 46), INTELIGÊNCIA (Khi
2
= 39), PASSEIO (Khi
2
= 33), INDEPENDÊNCIA (Khi
2
= 15), ENERGIA (Khi
2
= 11), DIVERSÃO (Khi
2
= 6).
[...] o idoso ativo tem inteligência, faz atividades, tem independência, é
alegre, tem felicidade [...] o idoso ativo tem saúde, tem alegria, tem
diversão, tem energia, e tem esperança [...] o idoso ativo é alegre, vai à
festa, toma bebida, faz passeio, é simpático [...]
Nesta classe o idoso ativo é relacionado a atividades de lazer. Para Joia, Ruiz e
Donalisio (2007) a procura pelo lazer poderia estar associada à fuga da solidão. Ávila,
Guerra e Meneses (2007), relacionam esta fase da vida a um momento de desfrutar o tempo
livre, como um tempo de aproveitar a vida.
Héredia e Casara (2000) em sua pesquisa evidenciaram que as opções de lazer vão
variar de acordo com o sexo, a idade, a situação socioeconômica, a aptidão física, os aspectos
socioculturais, bem como o ambiente em que se vive. Em seus achados observaram a
preferência masculina por atividades como assistir televisão, ouvir rádio e ler, e uma
preferência feminina por atividades mais ligadas a socialização, como participar de grupos,
passear e dançar.
Benedetti et al (2008), evidenciou o domínio lazer como a preferência para o sexo
masculino e o domínio das atividades domésticas, para o sexo feminino.
Uma distribuição dos contextos analisados nesta classe pode ser visualizada no quadro
a seguir.
57
--------------------------
Classe n° 1 => Contexte A
--------------------------
Nombre d'u.c.e. : 27. soit : 15.70 %
Nombre de "uns" (a+r) : 289. soit : 8.40 %
Nombre de mots analysés par uce : 7.30
num effectifs pourc. chi2 identification
6 15. 24. 62.50 46.17 alegr+
20 9. 26. 34.62 8.28 atividade+
22 27. 56. 48.21 66.34 ativo
61 2. 3. 66.67 5.99 diversao
68 3. 4. 75.00 10.88 energia
81 14. 56. 25.00 5.43 faz+
88 2. 3. 66.67 5.99 forte
94 27. 149. 18.12 4.94 idoso+
96 7. 13. 53.85 15.47 independ+
98 9. 11. 81.82 38.82 intelig+
100 3. 5. 60.00 7.64 lazer
116 8. 10. 80.00 33.17 passe+
136 11. 42. 26.19 4.62 saud+
192 * 16. 80. 20.00 2.09 * *Esc_2
196 * 16. 73. 21.92 3.71 * *Ida_1
207 * 24. 127. 18.90 3.76 * *Sex_2
Nombre de mots sélectionnés : 20
Quadro 7 Distribuição dos contextos analisados na classe 1
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
Podo-se observar no plano fatorial exposto no gráfico 1, que as três classes que se
relacionam aos aspectos do idoso ativo (classe 2, 3 e 1), encontram-se acima do eixo 1,
trazendo aspectos positivos do envelhecer e a classe 4 traz características mais negativas do
envelhecer, estando abaixo do eixo 1.
Gráfico 1 Plano Fatorial Projeção das palavras analisadas, a partir do ALCESTE
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
58
4.5 Os Sentidos Atribuídos ao Envelhecimento: as imagens sobre idoso, velho e idoso
ativo a partir do Tri-Deux Mots
Após a construção do dicionário e agregação dos conteúdos, os dados foram lançados
no software Tri-Deux-Mots para possibilitar a redução dos dados verbais volumosos num
tempo reduzido, ou seja, a Análise Fatorial reduziu a complexidade de uma grande quantidade
de variáveis à estrutura relativamente simples consistindo por um número menor de fatores,
que são combinações lineares de variáveis observadas. Esse tipo de análise permitiu distinguir
correlações (positivas e negativas) entre os diferentes grupos de pertença, do mesmo modo
que foi possível apreender graficamente a atração entre variáveis fixas e as variáveis de
opiniões ou modalidades, que correspondem às palavras evocadas pelos sujeitos.
Após inserção no banco de dados das variáveis fixas codificadas (Quadro 8) em
números, seguem-se as variáveis de opinião ou palavras-resposta dispostas em linhas,
emitidas por cada indivíduo com relação a todos os estímulos indutores.
Grupo de Pertença
0151 sexo feminino
0152 sexo masculino
0161 procedência interior/PB
0162 procedência capital/PB
0163 procedência outros estados
0171 escolaridade analfabeto
0172 escolaridade fundamental completo e incompleto
0173 escolaridade ensino médio
0174 escolaridade superior
Quadro 8 Grupo de pertença
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
Os dados representados graficamente a seguir referem-se aos estímulos: IDOSO,
VELHO e IDOSO ATIVO. Neste direcionamento, percebeu-se que a partir dessa técnica
obteve-se um somatório igual a 1394 palavras evocadas pelos participantes, desse somatório
269 palavras são diferentes, que representam as reações dos atores sociais em relação aos
estímulos indutores. A análise dos dados coletados realizou-se através da leitura gráfica das
representações, que estão distribuídas de maneira oposta sobre dois fatores/eixos (F1 e F2),
observadas no gráfico 2:
59
Plano Fatorial
Variáveis de opinião/
Estímulos indutores
Fator 1 (F1) = vermelho, localiza-se no eixo horizontal à direita e à esquerda.
Fator 2 (F2) = azul, localiza-se no eixo vertical superior e inferior.
Fator 1 e 2 (F1 e F2) = verde, localiza-se nos dois eixos
As variáveis fixas são as que estão no gráfico na cor preta.
1 = Idoso
2 = Velho
3 = Idoso ativo
Quadro 9 Plano Fatorial (Tri-Deux Mots).
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
O espaço fatorial constituído dos fatores (F1 e F2) e delimitado pelas respostas aos três
estímulos indutores (idoso, velho e idoso ativo) revela a existência de agrupamentos
representacionais, que evidenciam as semelhanças e diferenças nos conteúdos e na estrutura
das representações dos atores sociais.
Desse modo, no primeiro fator (F1), representado pela cor vermelha, na linha
horizontal, encontra-se as representações de valor estatístico mais significativo, explicando
33,9% da variância total das respostas. Enquanto o segundo fator (F2), na linha vertical de cor
azul, representa 25,5% da variância total das respostas. Pode-se verificar que a soma das
variâncias perfaz um total de 59,4%, desse modo, pondera-se que estatisticamente os dados
são significativos, ou seja, satisfatórios para a interpretação dos resultados.
Gráfico 2 Plano Fatorial de Correspondência das Representações acerca do idoso, velho e idoso ativo,
elaboradas pelos idosos.
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
60
Observa-se no campo semântico do Eixo 1 - F1 (cor vermelha), ao centro e nas
margens direita e esquerda, as modalidades mais consensuais elaboradas pelos idosos.
Observa-se (a direita) que para os participantes do estudo do sexo feminino e de procedência
do interior/PB o IDOSO (estímulo 1) é um «bio», embora seja considerado um «caduco»,
é «dependente», «esquecido» e sofre de «insônia» e lembrando o «asilo». O VELHO
(estímulo 2) é representado como uma pessoa «carente» que sofre de «depressão» por ser
«dependente»; é considerado um indivíduo «sábio» e não vivencia «estresse». O IDOSO
ATIVO (estímulo 3) representa uma pessoa «alegre», que tem «trabalh, que pratica
«atividade física», é «bem cuidado» e tem «lembrança»
Ainda no Eixo 1, inversamente (a esquerda) encontram-se as representações dos
participantes do sexo masculino e de procedência da capital/PB que associam o IDOSO a
alguém que «não trabalha», «aposentado», tem «instabilidade», que precisa de «cuidado», de
«alimentação certa», é uma pessoa que «dorme muito», associado a uma «criança» e ao
«passado», entretanto, m «lembranças», «preocupação» e é um «andarilho». O VELHO é
considerado «abandonado», «não trabalha» e que precisa de uma «alimentação» acarretando
«preocupação». Pode-se observar que os idosos associam o IDOSO ATIVO ao «trabalho
doméstico».
No campo semântico do Eixo 2 - F2 (cor azul) observa-se, na periferia superior que os
participantes com ensino fundamental e de procedência da capital/PB associaram o estímulo
IDOSO a uma pessoa «feliz» que inspira «amor»; tem «depressão», sofre «discriminação»
precisa cuidar da «saúde», pois é «velho» e «viveu muito». VELHO é associado a «vida» que
precisam de «lazer» e «trabalho»; é considerado um «caduco» com «idade», pois «viveu
muito», com um «passado»; é uma pessoa «experiente» e inspira «amor». O estímulo IDOSO
ATIVO é associado a «religião», «sábio», «conversa», «memória boa».
No Eixo 2, na margem inferior, verifica-se que os idosos analfabetos e de procedência
de outros estados representam o IDOSO como um «ancião» que necessita de «ajuda» e sofre
«desprezo». VELHO é representado como um «doente», «inútil» por vivenciar «doença»,
sofre «discriminação», «solidão» e «desprezo»; é centrado na «lembrança», e «saudade
repleta». O estímulo IDOSO ATIVO é comparado a uma «criança», embora seja
«responsável», tem «energia», «ajuda» o próximo e é associado à própria «vida».
61
Observa-se a partir da distribuição das palavras evocadas no plano fatorial de
correspondência que os estímulos IDOSO e VELHO, foram associados a aspectos com
conotações positivas e negativas. No entanto, para o estímulo IDOSO ATIVO, embora
tenham conotações negativas existem sentidos mais positivos no olhar dos idosos
investigados.
A seguir encontram-se as freqüências das palavras mais evocadas, relativas aos
estímulos indutores (idoso, velho e idoso ativo).
Estímulo 1 - IDOSO
Estímulo 2 - VELHO
Estímulo 3 IDOSO ATIVO
Abandonado (F =30)
Chato (F = 60)
Atividade física (F = 102)
Aposentado (F =30)
Depressão (F = 39)
Alegre (F = 105)
Cuidado (F = 30)
Desrespeito (F = 42)
Bom (F = 39)
Depressão (F = 36)
Discriminação (F = 33)
Conversa (F = 54)
Desprezo (F = 51)
Doença (F = 63)
Disposição (F = 66)
Discriminado (F = 30)
Doente (F = 39)
Independência (F = 126)
Doença (F = 66)
Experiência (F = 33)
Lazer (F = 105)
Doente (F = 39)
Limitação (F = 84)
Memória boa (F = 36)
Esquecimento (F = 36)
Morte (F = 42)
Trabalha (F = 153)
Experiência (F = 39)
Não trabalha (F = 51)
Saúde (F = 90)
Inútil (F = 54)
Respeito (F = 30)
Sábio (F = 63)
Limitação (F = 90)
Triste (F = 42)
Respeito (F =33)
Velho (F =84)
Quadro 10 Freqüências relativas aos estímulos indutores.
Fonte: FERREIRA, 2008.
Dados da pesquisa.
As palavras associadas aos estímulos IDOSO e VELHO apresentam semelhanças e
representam, no geral, aspectos negativos. Entretanto, em um estudo sobre idoso e velhice
realizado por Ávila, Guerra e Meneses (2007) encontraram distinções entre estas categorias,
na primeira eles se reconhecem como velhos e relatam que a velhice não tem um momento
certo para iniciar; na segunda categoria, os indivíduos se sentem envelhecidos, mas não se
consideram velho.
A palavra “velho” (Quadro 11) foi associada ao estímulo IDOSO o que pode justificar
as semelhanças nas respostas. É interessante destacar a palavra “limitação”, com a maior
freqüência para este estímulo e está relacionada à limitação funcional, como exemplo:
dificuldades para alimentação, para caminhar, para aprender, para jogar futebol, déficit de
equilíbrio, visão, e audição, fraqueza, restrições quanto a fumar, comer de tudo, viajar
sozinho, pegar peso, fazer sexo e medo de quedas.
Ao estímulo VELHO, pode-se observar que a palavra “limitação” também
apresentou maior freqüência, relacionando-se aos mesmos aspectos anteriormente citados.
62
Entretanto, faz-se relevante destacar o termo “morte” que surge como resposta a este estímulo
com freqüência igual a 42.
Para IDOSO ATIVO, observa-se uma associação significativa aos aspectos positivos
do envelhecer, destacam-se os termos “trabalha”, “independência”, “lazer”, “alegre” e
“atividade física”. Estes termos representam o idoso ativo como indivíduo independente
funcionalmente, que possui autonomia e bem-estar. Neste sentido, Joia, Ruiz e Donalisio
(2007), referem que o envelhecimento ativo, envelhecimento bem sucedido e qualidade de
vida na velhice têm sido conceituados de maneira semelhantes, como satisfação pela vida.
Alguns estudos também apontam à mudança na representação da velhice e a formação
de uma nova identidade do idoso, como uma velhice ativa, com possibilidades de realização,
reforçando a importância da autonomia e da independência, o que se opõe ao tradicional
discurso de envelhecimento passivo (ROSA et. al., 2003)
Ávila, Guerra e Meneses (2007) relatam que as imagens de tristeza, dores sem fim,
isolamento e falta de perspectivas diante do envelhecimento, aos poucos, perdem seus lugares
no imaginário coletivo. O idoso está aprendendo a importância e a necessidade de adotar
hábitos saudáveis como forma de preservar e melhorar sua vida, saúde e bem estar.
4.6 Conteúdos e Imagens: articulando os resultados
Foi possível observar que os resultados apreendidos a partir da MIF, Teste da
Associação Livre de Palavras e entrevista e submetidos à análise informática pelos softwares
do ALCESTE e do TRI DEUX MOTS correlacionam-se entre si, possibilitando inferências a
respeito das representações sociais sobre o «envelhecimento ativo» para idosos independentes
funcionalmente.
O envelhecimento ativo é representado de modo polarizado com conteúdos e imagens
negativas e positivas em que os sujeitos de posicionam frente ao envelhecimento de modo
favorável e desfavorável, refletindo suas vivências e modos distintos de olhar o
envelhecimento mais desfavorável retratando suas dificuldades cotidianas nos seus grupos de
pertenças.
De acordo com Caldas (2003), o conjunto das alterações fisiológicas e patológicas
vivenciadas pelos idosos resulta em uma crescente dependência, que se traduz por uma ajuda
indispensável para a realização de atividades elementares da vida. No entanto neste estudo foi
possível observar que os idosos participantes apresentaram-se independentes funcionalmente,
permitindo se inferir que a dependência não é vista como um estado permanente, mas um
63
processo dinâmico, cuja evolução pode se modificar e até ser prevenida ou reduzida se houver
ambiente e assistência adequados.
Tais evidencias foram evidenciadas a partir dos resultados analisados através do
Alceste, quanto do Tri Deux Mots, a representação envelhecimento, sem estar associado à
palavra ativo, foi baseada em aspectos negativos. Para Pacheco, Santos (2004) e Garcia et. al.,
(2005) o envelhecimento tem sido associado a aspectos negativos como: doenças crônicas,
dependência, fragilidades, incapacidades e morte, cuja representação pode estar sendo
influenciada pela cultura e/ou referências pessoais.
Quanto às representações sociais do envelhecimento ativo, nos dois tipos de análise,
são associadas com conteúdos positivos. Este resultado é sugestivo de que 83% dos idosos
investigados relataram não realizar atividade física, eles relacionam o idoso ativo a atividades
domésticas, ao lazer e também a atividade física, o que poderia definir um não-sedentarismo.
Mas, o que nos chama a atenção é o fato deles ligarem o envelhecimento ativo a
independência funcional, ou seja, autonomia para realizar suas atividades diárias.
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Este estudo procurou avaliar funcionalmente os idosos, apreender as representações
sociais sobre o envelhecimento ativo para idosos considerados independentes funcionalmente
e averiguar a relação destes idosos com as representações sociais construídas sobre o
envelhecimento ativo, a partir de um estudo multi-método.
Os resultados obtidos demonstram que as representações sociais sobre envelhecimento
ativo são permeadas por conteúdos positivos e negativos; no entanto, o envelhecer não
associado à palavra «ativo» ainda é representado como «perdas» e «incapacidades», o que
demonstra as dificuldades vivenciadas pelos idosos do estudo.
Para o envelhecimento ativo, são atribuídos os sentidos «lazer», prática de atividades
físicas» e a «realização de atividades domésticas», levando os idosos a pensarem acerca de
situações ao alcance de suas possibilidades, desde que estes, estejam inseridos em espaços que
promovam o desenvolvimento do envelhecimento saudável, bem-sucedido e ativo.
Manter os idosos independentes funcionalmente é o primeiro passo para se atingir uma
melhor qualidade de vida. Para tanto, é necessário, o planejamento de programas específicos
de intervenção para eliminação de fatores de riscos relacionados com a incapacidade
funcional e a elaboração de ações de promoção da saúde, prevenção de doenças, recuperação
e reabilitação que interfiram diretamente na manutenção da capacidade funcional destes
idosos. Capacidade esta, que depende também de fatores demográficos, socioeconômicos,
culturais, psicossociais, além do estilo de vida.
Para Freire Jr. e Tavares (2005), é essencial elaboração de estratégias que coloquem o
idoso como coadjuvante no processo de manutenção de sua capacidade funcional e no
processo de promoção de seu bem-estar, para que possa tornar realidade à prática de conceitos
sobre envelhecimento ativo. As políticas públicas e modelos de promoção da saúde são
fundamentais para prevenir os efeitos deletérios da incapacidade funcional e estas devem
permitir que os idosos participem no controle de sua própria saúde, buscando o
envelhecimento ativo e saudável.
Para Caldas (2003), é reconhecida a importância de políticas públicas direcionadas aos
idosos que não apenas interfiram em aspectos relacionados à saúde, mas que permitam o
combate ao preconceito, a valorização e a inserção na sociedade e estas, devem ser
comprometidas, responsáveis e empenhadas em sua implementação.
É evidente, também, a necessidade da qualificação dos profissionais voltados
especificamente para o atendimento ao idoso, assim como, a fiscalização por parte dos órgãos
representativos dos profissionais de todas as áreas.
66
Faz-se necessário, também, uma educação para a velhice nos diversos espaços, que
pode ser alcançada com a construção social de uma imagem mais positiva do envelhecimento.
Isto podeser iniciado no ambiente familiar, o suporte da família e o convívio com entes
queridos são entendidos como fatores primordiais para o desenvolvimento de um
envelhecimento saudável, podendo ser estimulado à participação na vida cotidiana. Nas
escolas, pode ser proporcionados encontros intergeracionais, através de rodas de conversas
com idosos da comunidade, favorecendo espaços de trocas, como também, inclusão de temas
sobre o processo de envelhecimento no currículo das escolas. No trabalho, devem ser
valorizadas as capacidades, habilidades profissionais e principalmente experiências adquiridas
durante o decorrer da vida, bem como deve existir uma preparação para a aposentadoria.
Envelhecer é um privilégio para aqueles que alcançam esta etapa da vida e a
valorização das experiências vivenciadas no decorrer da vida pelos idosos o torna uma
autoridade histórica na transmissão de seus erros e acertos, que podem contribuir para a
formação de uma consciência crítica sobre o presente.
Mesmo existindo as perdas durante o processo do envelhecimento, o envelhecer de
maneira ativa deve ser estimulado entre os idosos, pois ele é sinônimo de vida plena e com
qualidade. Envelhecimento ativo corresponde ao equilíbrio biopsicossocial, à integralidade do
ser que está inserido em um contexto social e ainda refere-se ao idoso que é capaz de
desenvolver suas potencialidades. Daí a importância do apoio da política, da família, da
sociedade, da rede de amigos e dos grupos de interesse comuns, todos, juntos na luta contra a
discriminação e o preconceito que gira em torno do envelhecimento na nossa cultura.
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73
APÊNDICES
74
APÊNDICE I TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO A SER
UTILIZADO NA PESQUISA INTITULADA
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Esta pesquisa é sobre
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e está sendo desenvolvida por Olívia Galvão
Lucena Ferreira, aluna do Curso de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal
da Paraíba, sob a orientação da Profª Drª Antonia Oliveira Silva.
Os objetivos do estudo são: avaliar a capacidade funcional de idosos atendidos na
unidade de saúde da família; apreender as representações sociais sobre envelhecimento ativo
para idosos considerados funcionalmente independentes e averiguar a relação de idosos
funcionalmente independentes com as representações sociais construídas sobre
envelhecimento ativo
A finalidade deste trabalho é conhecer como os idosos representam o envelhecimento
ativo e avaliá-los, no contexto das Unidades Básicas de Saúde, possibilitando dimensionar um
diagnóstico psicossocial importante no seu atendimento em saúde. Sua participação neste
estudo é estritamente voluntária. Portanto, os participantes não serão reembolsados ou
compensados financeiramente de nenhuma maneira. Então, ainda que não haja benefícios
diretos para os participantes deste estudo, você poderá certamente, ter orgulho em saber que
em virtude de sua participação, você, indiretamente, tem ajudado o progresso da ciência. Os
resultados do estudo estarão disponíveis para você ao término.
Solicitamos a sua colaboração para responder as entrevistas, como também sua
autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos da área de saúde e publicar
em revista científica. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será mantido em
sigilo. Informamos que essa pesquisa não oferece riscos, previsíveis, para a sua saúde.
75
Esclarecemos que o(a) senhor(a) não é obrigado(a) a fornecer as informações e/ou
colaborar com as atividades solicitadas pelo Pesquisador(a). Caso decida não participar do
estudo, ou resolver a qualquer momento desistir do mesmo, não sofrerá nenhum dano.
Os pesquisadores estarão a sua disposição para qualquer esclarecimento que considere
necessário em qualquer etapa da pesquisa.
Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido(a) e dou o meu
consentimento para participar da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente que
receberei uma cópia desse documento.
______________________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa
ou Responsável Legal
______________________________________
Assinatura da Testemunha
Contato com o Pesquisador (a) Responsável:
Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar para o (a)
pesquisador (a) Olivia Galvão Lucena Ferreira
Endereço: Praça Dr. Aquiles Leal, 49 Jaguaribe, João Pessoa - PB
Telefone: (83) 3221-8313 / 8888-8190
Atenciosamente,
___________________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável
76
APÊNDICE II - INSTRUMENTO DE COLETA DOS DADOS
Sexo:
Idade:
Grau de escolaridade:
Religião:
Procedência:
Situação de Moradia:
Com quem mora:
Atividade física: ( ) sim ( ) não
Tipo de atividade física:
Trabalha: ( ) sim ( ) não
Tipo de trabalho:
Situação de saúde (observação do pesquisador):
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
Teste de Associação Livre de Palavras: Diga até 5 palavras que vem a sua mente:
A palavra “Envelhecimento Ativo” o(a) faz pensar em:
______________________
______________________
______________________
______________________
______________________
Marque com um (X) a palavra mais importante.
A palavra “Idoso” faz-me pensar em:
______________________
______________________
______________________
______________________
______________________
Marque com um (X) a palavra mais importante.
77
A palavra “velho” faz-me pensar em:
______________________
______________________
______________________
______________________
______________________
Marque com um (X) a palavra mais importante.
Avaliação da Capacidade Funcional:
Capacidade Funcional (MIF)
(1) Dependência funcional
(2) Assistência máxima
(3) Assistência moderada com ajuda
(4) Assistência mínima
(5) Supervisão, estímulo ou preparo
(6) Independência modificada sem ajuda
(7) Independência completa
AUTO-CUIDADO
Alimentação
Higiene pessoal/matinal
Banho
Vestir-se acima da cintura
Vestir-se abaixo da cintura
Uso do vaso sanitário
CONTROLE DE ESFINCTERES
Controle de urina
Controle das fezes
TRANSFERÊNCIAS
Leito, cadeira, cadeira de rodas
Vaso sanitário
Chuveiro
LOCOMOÇÃO
Marcha/ cadeira de rodas
Escada
COMUNICAÇÃO
Compreensão
Expressão
COGNIÇÃO SOCIAL
Interação Social
Resolução de problemas
Memória
Total
NOTA: nenhum item deve ficar em branco, se não for possível de ser testado, marque 1.
78
ORIENTAÇÕES PARA O AVALIADOR
Os níveis de dependência funcional são classificados da seguinte forma:
(7) Independência completa As tarefas são realizadas sem ajuda técnica e em tempo
razoável.
(6) Independência modificada As atividades requerem uma ajuda técnica, adaptação,
prótese ou órtese. E são realizadas em tempo excessivo.
(5) Supervisão, estímulo ou preparo Para a realização das tarefas, é necessária a presença,
controle, sugestão, encorajamento de outra pessoa, sem contato físico. Ou ainda, é necessário
que a outra pessoa, prepare os objetos que serão utilizados ou ajude na colocação da órtese ou
prótese (ajuda técnica).
(4) Assistência mínima É necessária uma ajuda leve, sendo o contato apenas tátil, onde o
indivíduo realiza a maior parte do esforço.
(3) Assistência moderada É necessária uma ajuda moderada e um contato leve. O
indivíduo realiza um pouco mais da metade do esforço requerido para a atividade.
(2) Assistência máxima É necessária uma ajuda máxima. O indivíduo desenvolve menos da
metade do esforço requerido, mas ainda, realiza algum esforço que ajuda no desempenho da
atividade.
(1) Dependência total É necessária a ajuda total. O indivíduo realiza um esforço mínimo
para desempenhar as atividades.
Observações a serem seguidas:
- Sempre que houver preparo para a tarefa por outrem, o nível máximo de avaliação é 5.
- Se a pessoa idosa é posta em risco para testar algum dos itens, não fazê-lo e marcar 1.
- Se a pessoa idosa não faz uma tarefa, deve ser classificado como 1.
- Sempre que dois cuidadores forem necessários para a realização de uma tarefa, o nível é 1.
- Nunca deixe um item sem marcação ou com registros do tipo “não avaliado” ou “não se
aplica”.
- Para os itens Marcha/cadeira de rodas é necessário marcar qual é a forma mais habitual de
realizar a tarefa.
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