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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE PEDRO LEOPOLDO
FUNDAÇÃO CULTURAL DR. PEDRO LEOPOLDO
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – FINANÇAS
VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS
ADMINISTRAÇÃO DE CAPITAL DE GIRO DE
CONCESSIONÁRIAS DA MARCA MERCEDES
BENZ – DAIMLERCHRYSLER:
IMPLICAÇÕES DO FUNDO DE CAPITALIZAÇÃO DE
VEÍCULOS “FUNDO ESTRELA”
Pedro Leopoldo
2006
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VICENTE EUSTÁQUIO MASCARENHAS
ADMINISTRAÇÃO DE CAPITAL DE GIRO DE
CONCESSIONÁRIAS DA MARCA MERCEDES
BENZ – DAIMLERCHRYSLER:
IMPLICAÇÕES DO FUNDO DE CAPITALIZAÇÃO DE
VEÍCULOS “FUNDO ESTRELA”
Dissertação apresentada à Fundação Cultural
Dr. Pedro Leopoldo da Faculdade de Ciências
Humanas de Pedro Leopoldo como pré-
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre Profissional em Administração – MPA.
Área de Concentração: Finanças.
Orientação: Prof. Dr. Haroldo Guimarães Brasil
Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo
Pedro Leopoldo
2006
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A meus pais,
Geralda (in memoriam), Geraldo (in memoriam),
Silvia, e minha avó Maria do Carmo(in memoriam),
por terem me educado com valores que me levaram
a buscar o crescimento pelo trabalho.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida.
Ao Professor Doutor Haroldo Guimarães Brasil, pelo estimulo, desafio e pela
forma motivadora com que me guiou para a conclusão deste trabalho.
Aos Professores Jair, Marcelo e Neuza, amigos fraternais conquistados nesta
jornada de mestrado.
A minha família pelo apoio, incentivo e compreensão pelas ausências decorrentes
do desenvolvimento deste trabalho e por ser a razão de minha felicidade.
Aos empresários Leonardo Palhares Cardoso e Orosimar Valentin Fraga
(Castelo), pelo apoio, oportunidades e amizade.
RESUMO
Este estudo objetivou pesquisar os efeitos das políticas comerciais e
financeiras das montadoras sobre a administração financeira das concessionárias
de veículos, especificamente da rede Mercedes Benz da DaimlerChrysler, com
foco nas questões de liquidez e capital de giro. As montadoras de veículos têm
papel expressivo na economia mundial, repetindo esse fenômeno na economia
brasileira. As concessionárias são o principal canal de distribuição das
montadoras, sendo grandes geradoras de empregos, com perfil de empresas de
médio porte, de capital nacional e familiares. A marca Mercedes Benz, no que
tange aos veículos comerciais (caminhões e ônibus), tem liderança histórica no
mercado brasileiro, embora atualmente com concorrência mais acirrada. Na
trajetória de aumento da concorrência no setor, os concessionários da marca, e
conforme estudos do setor as demais marcas também, estão passando por
readequação de seu perfil de atuação, que, por sua vez, passa por redução de
sua rentabilidade com o principal produto da revenda, que vem a ser os veículos
novos. A administração financeira tem nos itens de capital de giro e liquidez, estes
com forte correlação, o desafio constante de preservar o equilíbrio financeiro e a
solvência das organizações. As concessionárias, além dos itens comuns às
demais empresas, como gestão de tesouraria, crédito de clientes, estoques e
fornecedores, têm as normas implementadas pelas montadoras concedentes,
uma variável a mais a ser considerada. E as restrições inerentes aos interesses
destas não necessariamente coincidentes com a rede distribuidora. Desta forma,
utilizou-se o modelo dinâmico para estudar comparativamente os demonstrativos
contábeis das concessionárias pesquisadas, com referência à comercialização
dos veículos novos, especificamente sobre a movimentação do fundo de
capitalização denominado “Fundo Estrela”, que tem a sua movimentação
totalmente vinculada às políticas da montadora. Concluiu-se que há,
efetivamente, uma alteração significativa nos indicadores financeiros das
concessionárias, trazendo modificações na sua necessidade de capital de giro e
liquidez, em função das condições contratadas.
Palavras-chave: Administração de capital de giro. Liquidez. Modelo Dinâmico.
Concessionárias de veículos, Fundo Estrela.
ABSTRACT
This paper seeks to investigate the effects of the commercial and
financial policies of the manufacturers upon the financial management of car
dealerships, especially DaimlerChrysler’s Mercedes Benz, with emphasis on the
issues of liquidity and working capital. Vehicle manufacturers play an expressive
role in the economy worldwide, a phenomenon that is repeated in the Brazilian
economy. Dealerships, which create a large number of employment opportunities,
are the main distribution outlet for the manufacturers and are, for the most part,
mid-size family-owned concerns. The Mercedes Benz make, as far as commercial
vehicles are concerned (trucks and buses), is a perennial leader in the Brazilian
market, though it is at present faced with ever-increasing competition. In keeping
up with the sector’s competition, its dealerships are undergoing a restructuring
process, which entails a change in their business profile with a consequential
cutback in the profitability of their main product, namely brand-new vehicles.
Financial management is constantly hard pressed to preserve the financial
balance and the solvency of the organizations in terms of such closely related
items as cash flow and liquidity. Dealerships, like any other company, not only
have to control such items as treasury management as well as inventory and
supplier and customer credit, but are also bound by rules imposed by the
manufacturers, which is another variable to be taken into account. And the
restrictions inherent to the interests of the latter do not necessarily coincide with
the interests of the former. Thus, the dynamic model was used to comparatively
study the accounting statements of the dealerships investigated, in respect of the
sale of brand-new vehicles, specifically regarding the so-called “Fundo Estrela”, a
capitalization fund, which is totally pegged to the policies of the manufacturer. It
has been effectively concluded then that there is a significant alteration in the
financial indicators of the dealerships, causing changes to their working capital
and liquidity needs, on account of the conditions undertaken.
Key words: Working capital management. Liquidity. Dynamic model. Dealerships,
Fundo Estrela.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – Ciclo operacional.................................................................... 27
FIGURA 2 – Ciclo econômico...................................................................... 28
FIGURA 3 – Ciclo financeiro....................................................................... 29
FIGURA 4 – Exemplo do cálculo da quota de participação com a
utilização de valores hipotéticos............................................................
65
FIGURA 5 - Concessionária com saldo disponível no fundo na data da
emissão da nota fiscal fatura.................................................................
69
FIGURA 6 - Concessionária com saldo indisponível no fundo na data da
emissão da nota fiscal fatura.................................................................
70
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadros
QUADRO 1 - Políticas de investimento em capital de giro.............................. 30
QUADRO 2 - Tipos de estrutura e situação financeira.................................... 46
QUADRO 3 - Distribuição das concessionárias da marca Mercedes Benz
da DaimlerChrysler no Brasil...................................................................
60
Tabelas
TABELA 1 - Perfil e distribuição das concessionárias associadas no
território brasileiro.......................................................................................
20
TABELA 2 - Percentuais de remuneração da concessionária, no
faturamento de veículos comerciais para estoque.....................................
71
TABELA 3 - Percentuais de remuneração da concessionária no
faturamento da fábrica para o consumidor final.........................................
72
TABELA 4 - Demonstrativo dos saldos de Fundo Estrela das
concessionárias..........................................................................................
75
TABELA 5 - Reclassificação de contas da Concessionária 1......................... 76
TABELA 6 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 1....................... 77
TABELA 7 - Reclassificação de contas da Concessionária 2......................... 78
TABELA 8 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 2....................... 79
TABELA 9 - Reclassificação de contas da Concessionária 3......................... 80
TABELA 10 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 3..................... 81
TABELA 11 - Reclassificação de contas da Concessionária 4....................... 82
TABELA 12 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 4..................... 83
TABELA 13 - Reclassificação de contas da Concessionária 1....................... 84
TABELA 14 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 1..................... 85
TABELA 15 - Reclassificação de contas da Concessionária 2....................... 86
TABELA 16 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 2..................... 87
TABELA 17 - Reclassificação de contas da Concessionária 3....................... 88
TABELA 18 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 3..................... 89
TABELA 19 - Reclassificação de contas da Concessionária 4....................... 90
TABELA 20 - Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 4..................... 91
TABELA 21 - Fundo classificado em aplicação financeira.............................. 92
TABELA 22 - Fundo classificado no contas a receber................................... 93
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC Ativo circulante
ACF Ativo circulante financeiro
ACO Ativo circulante operacional
ANFAVEA Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
AP Ativo permanente
ARLP Ativo realizável a longo prazo
CCC Conta corrente contratual
CCG Conta corrente garantida
CCL Capital circulante líquido
CDI Certificado de depósito interbancário
CF Ciclo financeiro
CGL Capital de giro líquido
CGP Capital de giro próprio
CP Curto prazo
EBIT Lucro bruto operacional
EBITIDA
Earnings before interests, taxes, depreciation and amortization
ELP Exigível a longo prazo
EVA Valor econômico agregado
FENABRAVE Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores
FLP Financiamento de longo prazo
IBRE/FGV Instituto Brasileiro de Economia - Fundação Getúlio Vargas
ICMS Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços
IPI Imposto sobre produtos industrializados
IR Imposto de renda
IRPJ Imposto de renda de pessoa jurídica
ISEF Indicador da saúde econômico-financeiro das empresas
LP Longo prazo
MPE Micro e pequena empresa
MVA
Market value added
NCG Necessidade de capital de giro
OCT Ordem de crédito por teleprocessamento
PC Passivo circulante
PCF Passivo circulante financeiro
PCO Passivo circulante operacional
PELP Passivo exigível a longo prazo
PL Patrimônio líquido
PIB Produto interno bruto
PME Prazo médio de estocagem
PMP Prazo médio de pagamento
PMR Prazo médio de recebimento
ROI Return on investment - Rendibilidade do investimento
ROIC Retorno sobre capital investido dos novos investimentos
SINCODIV SINCODIV-MG – Sindicato de Concessionárias e Distribuidores
de Veículos de Minas Gerais
T Saldo de tesouraria
Te Tendência
TSF Termômetro da situação financeira
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 13
1.1 Questão norteadora................................................................................. 15
1.2 Objetivo principal...................................................................................... 15
1.3 Objetivos secundários.............................................................................. 15
1.4 Justificativa do estudo.............................................................................. 16
1.4.1 Relevância da administração financeira................................................ 16
1.4.2 Relevância do setor............................................................................... 18
2 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................... 24
2.1 A administração financeira e a importância do capital de giro................. 24
2.1.1 O capital de giro.................................................................................... 25
2.1.2 Ciclo operacional................................................................................... 26
2.1.3 Ciclo econômico.................................................................................... 27
2.1.4 Ciclo financeiro...................................................................................... 28
2.2 Análise dinâmica...................................................................................... 36
2.2.1 Necessidade de capital de giro (NCG).................................................. 38
2.2.2 Saldo de tesouraria (T).......................................................................... 39
2.3 Capital circulante líquido (CCL)................................................................ 42
2.4 Capital de giro próprio (CGP)................................................................... 42
2.5 Exigível a longo prazo (ELP).................................................................... 45
2.6 Termômetro da situação financeira (TSF)................................................ 46
2.7 Tipos de estruturas financeiras................................................................ 46
2.8 Efeito tesoura........................................................................................... 49
2.9 Administração do capital de giro.............................................................. 50
2.10 Aplicações do Modelo Dinâmico............................................................ 55
3 METODOLOGIA.......................................................................................... 59
4 ESTUDO DE CASO.................................................................................... 63
4.1 Especificidades das concessionárias Mercedes Benz............................. 63
4.1.1 Definição do Fundo Estrela................................................................... 63
4.1.2 Recursos que formam o Fundo Estrela................................................. 64
4.1.3 Cálculo da quota de participação de cada concessionária no Fundo
Estrela............................................................................................................
65
4.1.4 Funcionamento do Fundo Estrela......................................................... 66
4.1.5 Contas correntes................................................................................... 67
4.1.6 Administrador, remuneração e custo financeiro dos recursos do
Fundo Estrela.................................................................................................
67
4.1.7 Inadimplência no Fundo Estrela............................................................ 68
4.1.8 Fluxo do funcionamento do Fundo Estrela............................................ 68
4.1.9 Política comercial da Mercedes Benz com as concessionárias............ 71
4.2 Desenvolvimento do estudo de caso....................................................... 72
4.2.1 - Demonstrativo dos Saldos de Fundo Estrela das Concessionárias... 75
4.2.2 Concessionária 1 - demonstrações contábeis reclassificadas no
Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira........
76
4.2.3 Concessionária 2 – demonstrações contábeis reclassificadas no
Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira........
78
4.2.4 Concessionária 3 - Demonstrações contábeis reclassificadas no
Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira........
80
4.2.5 Concessionária 4 – Demonstrações contábeis reclassificadas no
Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira........
82
4.2.6 Concessionária 1 – demonstrações contábeis reclassificadas no
Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber.............
84
4.2.7 Concessionária 2 – demonstrações contábeis reclassificadas no
Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber.............
86
4.2.8 Concessionária 3 – demonstrações contábeis reclassificadas no
Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber.............
88
4.2.9 Concessionária 4 - Demonstrações contábeis reclassificadas no
Modelo Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber.............
90
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS..................................................... 94
6 CONCLUSÕES........................................................................................... 97
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 103
13
1 INTRODUÇÃO
A administração do capital de giro eficaz é um dos pilares da gestão
financeira, em função do seu impacto sobre o equilíbrio e a estabilidade das
organizações. Trata-se da adequada coordenação entre ativos e passivos
cíclicos, visando à manutenção dos níveis de liquidez, solvência e crescimento
das empresas.
O objetivo de manter o equilíbrio financeiro é garantir a continuidade
operacional e, conseqüentemente, a sobrevivência das empresas. Paralelamente,
as políticas de gestão do capital de giro têm que atender as condições gerais do
mercado financeiro no momento da realização de suas operações e as práticas
comerciais do segmento empresarial em que atua, levando em consideração a
força de negociação dos fornecedores, clientes e concorrência.
Segundo Assaf Neto e Silva (2002), o capital de giro é a parcela mais
significativa dos ativos investidos em uma empresa, pois se trata de um dos
indicadores de mais importância, que permitirá às empresas a iniciativa de
mudanças táticas e estratégicas de cunho operacional, podendo influenciar de
maneira acentuada suas ações voltadas ao mercado. Desta forma, o capital de
giro demanda um esforço de administração devido à necessidade de
acompanhamento contínuo, pois é diretamente impactado pelas decisões táticas
e operacionais da empresa, ao contrário dos investimentos permanentes ou fixos
que normalmente estão ligados às decisões estratégicas cuja freqüência é menor.
Ressalta-se a constatação de Vieira (2005) sobre a valorização dos
estudos sobre administração do capital de giro: “um dos temas que vêm
14
recebendo crescente interesse é o da administração do capital de giro, devido às
suas implicações sobre o equilíbrio e a estabilidade financeira da organização”
(VIEIRA, 2005 p. 32).
O capital de giro consiste nos recursos aplicados no ciclo operacional
da empresa visando à manutenção de determinado nível de atividade, tratando os
ativos e passivos circulantes como interdependentes.
A gestão inadequada do capital de giro normalmente implicará
problemas de liquidez, podendo chegar à insolvência.
A necessidade de capital de giro de uma empresa e a variação dessa
necessidade estão diretamente ligadas a fatores internos e externos, como:
volume de vendas, política de concessão de crédito, gestão de estoques,
sazonalidades de mercados, oscilações da economia em função de políticas
governamentais ou crises sistêmicas, etc.
Importante considerar também que as altas taxas de juros e seus
reflexos via custo do capital de giro são bastante relevantes nos resultados das
indústrias, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Economia – Fundação
Getúlio Vargas (IBRE/FGV, 2002). E a escassez de recursos de crédito a serem
disponibilizados para os setores produtivos da economia, confirmada pela baixa
relação entre as operações de crédito e o produto interno bruto (PIB) no Brasil
(GALVÃO et al., 2006), limita a capacidade das empresas de recorrerem a
recursos de terceiros.
Nesse contexto, o esforço de conhecer, controlar e dimensionar o
capital de giro torna-se muito importante para a administração financeira,
representando uma das questões de grande relevância no cenário atual.
15
1.1 Questão norteadora
A questão que se faz é se as políticas comerciais e financeiras
impostas pela montadora provocam alterações sobre situação financeira, liquidez
e a forma de administrar o capital de giro, especificamente de concessionárias
autorizadas da marca Mercedes Benz da DaimlerChrysler do Brasil.
1.2 Objetivo principal
Análise das variáveis, restrições e possibilidades de administração do
capital de giro e dimensionamento da necessidade de capital de giro das
concessionárias autorizadas de veículos comerciais da marca Mercedes
Benz da DaimlerChrysler do Brasil.
1.3 Objetivos secundários
Identificar os efeitos da política comercial e financeira adotada para a
comercialização de veículos novos sobre a situação financeira e capital de giro
das concessionárias autorizadas da marca Mercedes Benz da DaimlerChrysler
do Brasil.
Identificar os principais elementos do ciclo financeiro da concessionária.
Identificar o impacto na capacidade de pagamento das concessionárias.
16
1.4 Justificativa do estudo
1.4.1 Relevância da administração financeira
A maximização da riqueza dos acionistas é o objetivo principal da
administração financeira (BRIGHAM; HOUSTON, 1999, p.11), maximizando o
valor das empresas. Em empresas constituídas por ações negociadas no
mercado, o sucesso na maximização da riqueza é verificado na valorização da
cotação das ações. Por sua vez, os preços das ações são fortemente
influenciados pela capacidade da empresa de gerar rendimentos futuros de
acordo com os riscos assumidos.
A teoria de finanças divide a administração financeira em três áreas,
consideradas os três grandes pilares da disciplina: decisão de investimento,
decisão de financiamento e decisão de dividendos. Toda decisão tomada nessas
áreas deverá ser realizada com o objetivo de maximizar o valor para os
acionistas, que é alcançado maximizando-se o valor das ações da empresa.
As decisões de investimento são de suma importância nos resultados
das empresas, afetando os riscos assumidos, a geração de resultados e o valor
das empresas. A manutenção do equilíbrio financeiro envolve a adequação da
maturidade dos passivos à capacidade de geração de caixa dos ativos. As
decisões de financiamento devem ser tomadas levando-se em conta as
características das atividades da empresa, do setor e as suas condições de
acesso ao mercado financeiro. As decisões de distribuição de lucros – a política
de dividendos – devem ser analisadas com o devido cuidado, apesar de serem
aparentemente independentes das atividades em curso, pois estariam sendo
17
distribuídos resultados de exercícios passados. Parcela significativa dos recursos
disponíveis para investimento é oriunda dos resultados anteriores. Destarte,
apesar da divisão da administração financeira em três áreas, as decisões devem
ser tomadas sempre se analisando o todo.
O processo de planejamento financeiro é uma grande fonte de
contribuição para o sucesso organizacional. O planejamento financeiro de curto
prazo tem como foco a administração do capital de giro da empresa. Segundo
Gitman (1997 p.618), “a administração financeira de curto prazo – administração
dos ativos e passivos circulantes - constitui uma das mais importantes atividades
dos administradores financeiros, à qual dedicam mais de 60% de seu tempo de
trabalho”. Desta forma, a administração do capital de giro na empresa é uma
variável estratégica, fundamental para a própria continuidade de suas atividades,
pois uma empresa pode conseguir sobreviver a alguns exercícios sociais sem
lucro, mas efetivamente “quebra” se não tiver caixa. Em outras palavras, a
rentabilidade garante a sobrevivência em longo prazo, mas a liquidez é
imprescindível a curto prazo.
O capital de giro representa os recursos demandados por uma empresa
para financiar suas necessidades operacionais, que vão desde a aquisição de
matérias-primas (mercadorias) até o recebimento pela venda do produto acabado
(SILVA, 2002, p. 35). Outra definição de capital de giro são os recursos
financeiros aplicados pela empresa na execução do ciclo operacional de seus
produtos, recursos estes que serão recuperados financeiramente ao final deste
ciclo. A estratégia de administração do capital de giro é um planejamento que
estabelece um curso de ação para lidar com ativos e passivos correntes.
18
1.4.2 Relevância do setor
O segmento automobilístico é composto de três grandes integrantes,
que são os fabricantes de autopeças, as montadoras de veículos e as
concessionárias (distribuidores varejistas de veículos). Pode-se identificar com
certa facilidade que as montadoras são o elo mais forte da cadeia, visto que são
corporações transnacionais.
As concessionárias, de acordo com os estudos conduzidos pela
Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (FENABRAVE), são
empresas de capital nacional, majoritariamente familiares e encontram-se em
pleno processo de mudança em face das exigências das montadoras de
reposicionamento para menores margens na comercialização de veículos novos,
agregação de valor em serviços e a entrada da Internet como novo canal de
distribuição de produtos e serviços.
Em estudo específico do setor, Arbix e Veiga (2000) são contundentes
ao afirmar:
As estimativas indicam que a cada ano a indústria automotiva
consome mais de um trilhão de dólares para produzir 50 milhões
de veículos no mundo todo. Suas dimensões gigantescas e o
imenso fluxo de bens e serviços necessários para mover
simultaneamente estruturas de produção e distribuição geraram
nos últimos anos uma pressão crescente sobre os padrões de
preço, com estreitamento contínuo das margens de lucro, tanto
na produção quanto na distribuição. Porém, essa diminuição da
margem de lucro só se realiza de forma assimétrica. Pela
posição-chave que sempre ocuparam e pelo novo poder que vêm
concentrando em anos recentes, as montadoras acabam agindo
como juízes na partilha dos custos e benefícios de todo o
negócio, tendendo a reter a maior parte do bônus e a descarregar
o ônus sobre os elos mais frágeis da cadeia (ARBIX; VEIGA,
2000).
19
Especificamente para a DaimlerChrysler do Brasil, a adesão ao fundo
de capitalização denominado Fundo Estrela
11
é um instituto que compõe o
processo de concessão, fazendo parte do acordo da marca com as suas
concessionárias.
As distribuidoras de veículos foram marcadas positivamente pela Lei
Renato Ferrari - Lei 6729/79, que regulamentou e normatizou a relação entre a
fábrica, que concede ao distribuidor o direito de comercialização de seus produtos
e uso da marca, e as distribuidoras, formalizando esta relação por um “contrato de
concessão”, origem da terminologia utilizada de concessionárias.
Conforme dados apresentados pela FENABRAVE, tem-se a seguinte
distribuição territorial para as concessionárias, contemplando todo o seu universo
de veículos, como automóveis, caminhões, ônibus, motocicletas, máquinas
agrícolas e implementos rodoviários.
1
FUNDO ESTRELA – Fundo de capitalização constituído com recursos das concessionárias para
garantir a aquisição de veículos novos junto à montadora.
20
TABELA 1
Perfil e distribuição das concessionárias associadas no território brasileiro
2002 2001 2000
Empregos
Concess.
por
estado
Empregos
Concess.
por
estado
Empregos
Concess.
por
estado
AC 780 13 840 14 780 13
AL 2.640 44 2.640 44 2400 40
AM 1.740 29 1.740 29 1440 24
AP 600 10 540 9 420 7
BA 12.120 202 10.860 181 10800 180
CE 5.580 93 4.980 83 4440 74
DF 3.060 51 2.760 46 2760 46
ES 5.280 88 5.040 84 4860 81
GO 8.880 148 7.860 131 7260 121
MA 3.720 62 3.720 62 3420 57
MG 30.660 511 28.800 480 28200 470
MT 6.900 115 6.540 109 6000 100
MS 5.460 91 4.920 82 4680 78
PA 4.920 82 4.560 76 3960 66
PB 3.420 57 3.120 52 2700 45
PE 8.160 136 7.620 127 7020 117
PI 2.940 49 2.760 46 2940 49
PR 20.100 335 19.260 321 19560 326
RJ 18.240 304 15.600 260 16440 274
RN 3.060 51 2.820 47 2580 43
RO 3.060 51 3.120 52 2520 42
RR 600 10 660 11 420 7
RS 26.280 438 24.480 408 24120 402
SC 18.300 305 17.640 294 17760 296
SE 2.280 38 2.220 37 1860 31
SP 73.560 1226 70.680 1178 67140 1119
TO 2.220 37 1.740 29 1380 23
TOTAL 274.560 4576 257.520 4292 247860 4131
Fonte: FENABRAVE
Ainda com base nos dados disponibilizados pela entidade de classe, as
concessionárias, de forma geral, são empresas de pequeno e médio porte, de
capital nacional e com grande pulverização nos municípios.
21
Desta forma, pelos números apresentados e como um serviço
diretamente ligado às montadoras, que são portadoras e canalizadoras de
investimentos de capital, agentes de re-ordenamento da produção global, tendo
forte influência no processo de crescimento econômico e comércio regional e
nacional, esse segmento é um setor relevante e um vasto campo de estudo.
Verifica-se, ainda, que o perfil de pequena e média empresa de capital nacional
atualmente está sendo pressionado por mudanças, seja pelo processo de
concentração no setor automotivo (fusões e participações cruzadas), seja pelos
novos canais de distribuição como a Internet. Pela redução constatada nas
margens, essas empresas encontram-se descapitalizadas, desmotivadas e
confusas no processo de transformação do setor, o que torna oportuno e
relevante para elas o tema de administração financeira, sendo que certamente
poderá ter aplicação prática junto às empresas do setor.
Essas afirmações podem ser constatadas em Arbix e Veiga (2000), de
onde se extraíram os seguintes pontos:
Revenda pelos revendedores
O sistema de distribuição no Brasil vem sendo sacudido nos
últimos anos por uma profunda mudança estrutural, que resultou
na diminuição da rentabilidade da revenda a índices inferiores a
outros segmentos da economia e da própria cadeia automotiva.
Competindo com a mesma marca
Muitos revendedores acreditam estar no interior de um circulo
vicioso. A queda de rentabilidade estaria ligada à fragmentação
da rede, o que serviria de estímulo para práticas desgastantes,
como a competição entre revendas da mesma marca. O
resultado seria um aprofundamento da descapitalização das
pequenas e médias empresas, aumentando o seu isolamento,
tornando, por sua vez, mais difícil o abatimento de custos a partir
de ganhos de escala. Ou seja, não vêem as condições para a
deflagração de novos projetos com muitas dificuldades a serem
superadas. Como quebrar esse círculo?
Sem Capital
Muitos se vêem como um departamento de vendas da
montadora, levados a engolir veículos indesejados e a comprar
peças a preços elevados, com margem de lucro insignificante.
22
Descapitalizados, sentem-se sem motivação para operar as
mudanças necessárias. Suas maiores dificuldades, dizem,
concentram-se no alto custo da manutenção de seus estoques
(peças e autos), nas áreas de ferramental, adequação do layout,
tecnologia e capital de giro (ARBIX; VEIGA, 2000, p.11-12).
O Sindicato das Concessionárias e Distribuidores de Veículos de Minas
Gerais (SINCODIV-MG) apresenta um esquema de recomendações práticas com
o seguinte título: “o que posso fazer pelo meu negócio? Ações práticas para
melhorar o resultado de minha concessionária”, onde se destaca:
Gestão financeira
Razão de sucesso ou fracasso da concessionária
Capitalizar-se a qualquer custo.
Análise diária do fluxo de caixa e dos resultados.
Tomar decisão operacional de venda/compra/despesa pelo
fluxo de caixa.
Agir imediatamente sobre os recebíveis atrasados.
Implementar as operações de F&I (financiamento e seguros)
negociando comissões com os fornecedores (www.sincodiv-
mg.com.br).
No V Encontro Estadual de Concessionárias e Distribuidores de
Veículos de Minas Gerais, realizado em 2002, foi distribuído um guia prático
chamado Concessionária Enxuta, desenvolvido pela FENABRAVE, onde há um
tópico específico sobre administração pelos fluxos de caixa e que tem como uma
de suas nove premissas de orientação: “gestão pelo caixa é o único modelo
concreto que permite a sobrevivência. Empresa que não gera caixa é ilusão”
(VERDI JR.; PERERA, 2002).
Ainda segundo a FENABRAVE, as concessionárias têm a composição
de seu faturamento distribuído em 68% com veículos novos, 23% com peças e
acessórios, 6% com veículos usados e 3% com oficina.
23
Obviamente, existem outros aspectos operacionais das
concessionárias, mercado consumidor e relacionamento com as montadoras, que
são abordados nos estudos citados, mas em todos eles a situação financeira das
revendas é destaque comum nos temas descapitalização, capital de giro ou
geração de caixa, questões estas interligadas.
Diante da relevância do tema capital de giro, da importância do setor e
das especificidades no segmento de concessionárias, a presente pesquisa,
através de um estudo de caso utilizando as demonstrações contábeis de quatro
concessionárias e aplicando o Modelo Dinâmico (Modelo Fleuriet), buscou
analisar impactos no capital de giro das concessionárias, ocorridos em função da
exigência da manutenção do fundo de veículos novos – “Fundo Estrela”.
Especificamente, o estudo de caso terá como objeto quatro
concessionárias da marca Mercedes-Benz da DaymlerChrysler – que teve larga
liderança durante décadas no segmento de veículos comerciais (caminhões e
ônibus) no Brasil e no momento se alterna com outra montadora na liderança de
mercado – e o instrumento de provimento de capital de giro para a rede nas
operações de veículos novos denominado “Fundo Estrela”, buscando mensurar
através do Modelo Dinâmico os eventuais efeitos deste sobre o capital de giro
dessas concessionárias.
Fundo Estrela é o fundo de capitalização, formado com parte da comissão
dos revendedores, destinado a manter a capacidade e a liquidez da rede de
concessionáros e a aquisição de veículos novos.
24
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A Administração financeira e a importância do capital de giro
De acordo com Braga (1991, p.1), “a administração do capital de giro
constitui um processo de planejamento e controle dos recursos financeiros
aplicados no ativo circulante das empresas”. Para Fleuriet, Kenhdy e Blane (2003,
p.12), “o capital de giro é um conceito econômico-financeiro e não uma definição
legal, constituindo uma fonte de fundos permanente utilizada para financiar a
necessidade de capital de giro da empresa”. Mehta (1978, p.11-16) apresenta três
características do capital de giro: curta duração, rápida transformação e formas
inter-relacionadas, formas de ativos e sincronização dos níveis de atividade.
Portanto, constata-se que a administração do capital de giro tem por objetivo gerir
cada uma das contas de ativo e passivo circulantes da empresa, de forma a
manter, considerando-se a visão da empresa em termos do binômio liquidez e
rentabilidade, um mínimo aceitável de capital circulante líquido, este representado
pela diferença entre ativos e passivos circulantes ou pela diferença entre ativos e
passivos não circulantes, conforme propõem Fleuriet, Kenhdy e Blane (2003).
O investimento em capital de giro é fator crítico no resultado da
empresa:
Decisões de investimento em capital de giro devem também
promover a atratividade econômica da empresa, favorecendo sua
solvência, sua continuidade e valorização. A definição da política
de investimento em capital de giro da empresa, portanto, deve
25
considerar qual a quantidade de capital de giro necessária para o
adequado funcionamento da empresa, ou seja, qual é a melhor
relação entre ativos circulantes e ativos totais, a fim de alcançar
um equilíbrio entre lucratividade e risco, que contribua
positivamente para o valor da empresa (PEREZ; FAMÁ, 2002,
p.4).
Brigham e Houston (1999, p. 561) complementam afirmando que a
política para capital de giro envolve duas perguntas básicas: qual é a quantia de
ativos correntes a ser mantida pela empresa, tanto no total como em cada conta
específica, e como os ativos correntes devem ser financiados. Quatro fatores
caracterizam a importância da administração do capital de giro: o tempo dedicado
a essa administração; o investimento em ativos circulantes; a relação entre
crescimento das vendas e os ativos circulantes; e a importância para as pequenas
empresas (WESTON; BRIGHAM, 2000, p. 264).
Os valores alocados em ativos circulantes representam um
investimento substancial em relação ao total dos ativos, devendo ser bem
gerenciado a fim de que se torne um instrumento voltado para a maximização do
valor. Estudos indicam que as empresas investem, em média, 40% dos seus
recursos em ativos circulantes (CHANG; DANDAPANI; PRAKASH, 1995, p. 106).
A gestão do capital de giro é extremamente dinâmica, demandando cuidados por
parte dos administradores financeiros.
2.1.1 O capital de giro
Define-se usualmente o capital de giro de uma empresa como os
investimentos realizados em ativos circulantes de curto prazo, onde se destacam
26
as contas de caixa, aplicações financeiras, contas a receber e estoques: “capital
de giro ou capital circulante identificam os recursos que giram (ou circulam) várias
vezes em determinado período. Ou seja, corresponde à parcela do capital
aplicada pela empresa em seu ciclo operacional” (ASSAF NETO; MARTINS,
1993, p.276).
Em abordagem mais ampla, a administração do capital de giro abrange
as contas dos ativos e passivos circulantes. Desta forma, calcula-se o “capital de
giro líquido” ou capital circulante líquido (CCL). A diferença “ativos circulantes
menos passivos circulantes” pode ser positiva ou negativa e demonstra qual é a
parcela do ativo circulante que está sendo financiada com recursos de longo
prazo e que excedem as necessidades de financiamento do ativo permanente e
do ativo realizável de longo prazo.
É mister separar o capital de giro fixo, ou permanente, do capital de giro
variável, ou sazonal. O primeiro é o volume de recursos necessários para manter
a empresa em condições normais de funcionamento. Já o segundo é aquele
necessário em função de alterações não rotineiras dos itens que compõem o
circulante.
Na decisão de investimento em capital de giro da empresa, é
importante analisar os ciclos empresariais da empresa. Para tanto, deve-se
identificar os ciclos a seguir.
27
2.1.2 Ciclo operacional
O ciclo operacional começa com a aquisição da matéria-prima para
produção, no caso de uma empresa industrial, ou com a aquisição de
mercadorias, no caso de uma empresa comercial, e termina com o recebimento
pela venda do produto final. Esse ciclo envolve as etapas produtivas e/ou
comerciais e a financeira, ou seja, engloba os ciclos econômico e financeiro. O
ciclo operacional varia em função do setor de atividade, das características,
estratégias e produtividade da própria empresa.
FIGURA 1 – Ciclo operacional.
Fonte: Matarazzo (2003, p.319).
C
O
M
P
R
A
V
E
N
D
A
R
E
C
E
B
I
M
E
N
T
O
Ciclo Operacional
PMRE PMRV
28
2.1.3 Ciclo econômico
Este ciclo considera as transações de natureza econômica. Assim, ele
inicia-se na compra das matérias-prima e/ou mercadorias e encerra-se na
realização da venda, desconsiderando quando são realizados os pagamentos e
recebimentos dessas operações.
FIGURA 2 – Ciclo econômico.
Fonte: Assaf Neto (2002, p. 21).
2.1.4 Ciclo financeiro
Compra de
Matéria-prima
Início da
Fabricação
Fim da
Fabricação
V
enda
Recebimento
da Venda
PME(Mp) PMF PMV PMC
Ciclo Operacional
PMPF
Ciclo Financeiro (Caixa)
Ciclo Econômico
29
Considera apenas as movimentações financeiras decorrentes do ciclo
econômico. Esse processo inicia-se no primeiro desembolso de caixa e encerra-
se no recebimento efetivo das vendas. O ciclo financeiro informa o intervalo de
tempo em que a empresa irá necessitar de recursos para financiar suas
atividades operacionais.
FIGURA 3 – Ciclo financeiro.
Fonte: Matarazzo (2003, p.319).
Empresas com ciclos financeiros muito curtos requerem menos
investimentos em capital de giro, enquanto empresas que possuem ciclos
financeiros mais longos, com menor rotação de seus elementos, possuem mais
necessidade de investimentos em capital de giro.
C
O
M
P
R
A
V
E
N
D
A
R
E
C
E
BI
M
E
N
T
O
V
E
N
D
A
Ciclo Operacional
Ciclo de Caixa/financeiro
P
A
G
A
M
E
N
O
C
O
M
P
R
A
PMRE PMRV
PMPC
30
Alterações que venham a produzir-se nas fases operacionais
também modificam o volume de capital necessário ao giro. Ao se
verificarem reduções nos prazos de pagamentos a fornecedores
ou acréscimos nos prazos de estocagem e cobrança, para citar
alguns exemplos, o investimento necessário em capital de giro
eleva-se, indicando maior demanda por recursos permanentes de
financiamento (ASSAF NETO; MARTINS, 1993, p.20).
Pode-se identificar a política de investimento em capital de giro de uma
empresa analisando-se o montante de recursos aplicados em ativos correntes. As
empresas possuem diferentes alternativas de políticas. Tais políticas diferem
umas das outras pelos diferentes volumes de ativos correntes que são utilizados
para sustentar qualquer nível dado de vendas e atividade. O Quadro 1 caracteriza
as políticas de investimento em capital de giro.
QUADRO 1
Políticas de investimento em capital de giro
Políticas flexíveis Políticas restritivas
Manutenção de saldos elevados de caixa
e aplicações financeiras
Manutenção de saldos reduzidos de
caixa e nenhuma aplicação
financeira
Investimentos elevados em estoques Pequenos investimentos em
estoques
Concessão de crédito em condições
liberais, resultando em elevadas contas a
receber
Não realização de vendas a prazo;
portanto, nenhum investimento em
contas a receber.
Fonte: Souza e Menezes (1997, p.29).
Brigham e Houston (1999) identificam uma terceira política de
investimento em capital de giro, classificando-as em:
31
Política Liberal – política na qual são mantidas quantias
relativamente grandes em caixa, títulos negociáveis e estoques e
em que as vendas são estimuladas por uma política de crédito
liberal, resultando em um alto nível de contas a receber.
Política Agressiva – política na qual os volumes de caixa, títulos,
estoques e contas a receber são minimizados.
Política Moderada – política que está entre as políticas liberal e
agressiva (BRIGHAM; HOUSTON, 1999, p.562).
Toda teoria em finanças é baseada na relação direta entre risco e
retorno, ou seja, as decisões financeiras - incluindo aquelas de capital de giro -
são baseadas no binômio risco e retorno (ASSAF NETO; MARTINS, 1993, p.22).
O retorno pode ser considerado o resultado apurado em determinado período, ou
seja, receitas menos custos e despesas, ou ainda pela concepção de variação de
valor da empresa entre dois períodos considerados. Já o risco pode ser
considerado como a probabilidade de a empresa tornar-se insolvente, isto é,
incapaz de pagar suas contas nos respectivos vencimentos. Ao minimizar o
montante alocado em capital de giro, uma empresa certamente incorre em riscos
mais altos de não ter recursos para honrar seus compromissos. Por outro lado,
quando opta por manter maiores volumes de capital de giro líquido, maior é sua
segurança financeira, portanto, menor é seu risco de insolvência. Assaf Neto e
Martins (1993) ressaltam que a maior segurança conseguida por uma folga
financeira incorpora um custo de oportunidade mais elevado, pressionando
negativamente os resultados.
Por definição, os ativos permanentes (máquinas, instalações, etc.) são
os fatores que determinam a rentabilidade das empresas, pois se considera que
são eles que permitem a agregação de valor aos produtos e/ou mercadorias
vendidos. Os investimentos nesse tipo de ativo são responsáveis pelo nível de
rentabilidade que a empresa pode alcançar.
32
Quando o índice ativo circulante/ativo total aumenta, o risco e o
retorno decrescem. A lucratividade é reduzida porque os ativos
circulantes são menos rentáveis do que os ativos permanentes. O
risco diminui porque, supondo não haver alteração nos passivos
circulantes, o aumento nos ativos circulantes eleva o nível de
CCL. Ocorrendo diminuição no índice ativo circulante/ativo total,
haverá um retorno maior da empresa, já que os ativos não
circulantes geram maiores retornos do que os ativos circulantes.
O risco crescerá, pois o CCL diminui com a redução dos ativos
circulantes (SOUZA; MENEZES, 1997, p.5).
As elevações na liquidez da empresa ocorrem em detrimento do
investimento em ativos permanentes. Assim, elevações do CCL devem, via de
regra, acometer a rentabilidade, como preconiza a teoria financeira.
As políticas de capital de giro envolvem todas as atividades da
empresa. Assaf Neto (2000, p.171) identificou os seguintes custos decorrentes do
investimento em capital de giro:
Custo de oportunidade – definido pelos ganhos decorrentes da melhor
alternativa não aproveitada. Quanto maior o investimento em capital de
giro, mais alto se apresenta o seu custo de oportunidade, ou custo de
carregamento.
Custo de manutenção – de ativos circulantes, identificado, por exemplo,
nos gastos em manutenção de estoques de matérias-primas e produtos
para vendas, carteiras de valores a receber de vendas a prazo e assim por
diante.
Custo de falta – determinado pelo investimento insuficiente em capital de
giro. Por exemplo, uma empresa pode perder vendas pela falta de
estoques ou de capital para conceder crédito ao comprador.
33
Em períodos de alta inflação, como os existentes nas décadas
passadas no Brasil, deve-se considerar também como custo a inexistência de
correção monetária de alguns itens que compõem o ativo circulante.
Outro custo que deve ser considerado pelo administrador financeiro ao
estabelecer a política de investimentos em capital de giro da empresa está no fato
de que, ao financiá-lo com recursos de longo prazo, em tese estará contratando
um financiamento mais oneroso do que o financiamento com passivos circulantes,
porém, livrando-se da dependência financeira de renovação de suas dívidas de
curto prazo.
Uma empresa deve investir em capital de giro, enquanto o
retorno marginal dos ativos correntes se mantiver acima do custo
dos recursos alocados para seu financiamento. Apesar da
quantificação dessas medidas de custo e retorno nem sempre
serem operacionalmente simples, a proposição é relevante,
principalmente como uma orientação teórica para as decisões
que envolvem investimentos em capital de giro (ASSAF NETO;
MARTINS, 1993, p.13).
Algumas variáveis influenciam diretamente na definição do volume de
investimento em capital de giro. As empresas devem considerar na definição do
seu capital de giro o volume das suas vendas, a tendência das vendas
(crescimento ou diminuição de volume), o seu ciclo financeiro, a sazonalidade dos
negócios, os aspectos econômicos (crescimento, recessão, alterações de
mercado), os aspectos tecnológicos, as condições negociais, o risco e a
previsibilidade do fluxo de caixa.
Existem outros motivos que, apesar de não influenciarem diretamente a
política de capital de giro, induzem as empresas a manterem maiores volumes de
recursos com liquidez imediata. Fornecedores costumam oferecer aos seus
clientes descontos para pagamento antecipado das contas. Saldos mais altos em
34
ativos circulantes ajudam a empresa a manter uma boa classificação de crédito,
permitindo-lhe comprar mercadorias a prazo junto aos fornecedores e manter
linhas de crédito junto às instituições financeiras. Surgem as oportunidades de
negócios passíveis de aproveitamento e a ocorrência de situações não previstas,
tais como emergências e variações não previstas no mercado.
A necessidade de investimento em capital de giro e o ciclo financeiro de
uma empresa são explicitamente relacionados na equação do ciclo financeiro:
CF = PMR + PME – PMP (1)
onde:
CF = Ciclo financeiro
PMR = Prazo médio de recebimento
PME = Prazo médio de estocagem
PMP = Prazo médio de pagamento
Nesta equação, verifica-se que os administradores da empresa, caso
queiram reduzir sua necessidade de investimento em capital de giro através da
redução do ciclo financeiro, possuem ingerência direta nos prazos médios de
estocagem e produção refletidos em seu ciclo econômico. Desta forma, a partir de
um incremento nos padrões de produtividade da empresa, pode-se reduzir seu
ciclo econômico, minimizando, assim, seu ciclo financeiro, sem o envolvimento
dos agentes externos (clientes e fornecedores). Para definição da política de
investimento em capital de giro da empresa, deve-se também considerar o perfil
conjuntural e estrutural desta, suas características de negócio e suas estratégias
de investimento (BRASIL; BRASIL, 2000), ou seja:
É preciso considerar a estratégia geral de aplicação de capital;
tipo de negócio; grau de crescimento pretendido; medidas de
impacto que o nível de crescimento exigirá da área financeira,
especialmente no que diz respeito às necessidades de capital de
giro e estrutura de capital (SOUZA; MENEZES, 1997, p.30).
35
A maioria das empresas possui ciclo financeiro positivo. Ao elevarem
suas receitas, apresentam crescimento de suas necessidades de investimento em
capital de giro. Esse crescimento tem que ser acompanhado por um crescimento
do CCL ou então a empresa poderá enfrentar dificuldades financeiras. Desta
forma, é imperioso acompanhar o volume marginal de vendas e das necessidades
de capital de giro.
Algumas empresas possuem perfil operacional diferente, como, por
exemplo, os supermercados. Elas possuem ciclo financeiro negativo, ou seja, à
medida que aumentam suas vendas, também aumentam suas disponibilidades
financeiras, geradas pelo próprio crescimento operacional, aumentando as fontes
de recursos disponíveis para investimentos. Assim, não precisa realizar uma
gestão rigorosa das suas necessidades de capital de giro.
No balanço patrimonial sente-se o reflexo do ciclo financeiro e
suas modificações nos valores das chamadas contas cíclicas do
ativo e do passivo, principalmente aquelas ligadas aos clientes,
estoques, fornecedores, salários, encargos, impostos ou
quaisquer outras que guardem afinidade com a produção. O ciclo
financeiro, medido pela diferença entre os valores das contas
cíclicas do ativo e as do passivo, guarda estreita relação com o
ciclo econômico da empresa e seus registros permitem não só
fazer medida daquele, mas também constatar as modificações
ocorridas (redução ou alongamento do ciclo) (BRASIL; BRASIL,
2000, p.44).
Empresas de maior porte possuem mais poder para transferir parte de
seu ciclo financeiro para seus fornecedores, clientes ou, ainda, em caso de
multinacionais, para suas matrizes. As pequenas acabam sendo mais vulneráveis
a pressões, portanto, operam com mais riscos, devendo também adotar políticas
mais flexíveis de investimento em capital de giro.
36
Outro aspecto relevante é a falta de sincronia temporal entre o ativo
circulante e o nível de atividade da empresa. Pois, se a atividade de seus
elementos ocorresse de forma perfeitamente sincronizada, não haveria
necessidade de investir recursos em capital de giro. Por exemplo, se as
atividades de produção e vendas ocorressem de maneira mais integrada, não
haveria necessidade de investimentos em estoques de produtos acabados. Desta
forma, a falta de sincronia entre as atividades de produção, vendas e cobrança é
uma importante variável no dimensionamento dos investimentos em capital de
giro. Quanto maior a falta de sincronia, mais flexível deve ser a política de capital
de giro da empresa. Acrescentam Brigham e Houston:
Sob condições de certeza – quando as vendas, os custos, os
tempos de espera por encomendas, os períodos de pagamento,
etc. são conhecidos com certeza, todas as empresas manteriam
somente níveis mínimos de ativos circulantes. Quaisquer volumes
maiores aumentariam a necessidade de financiamento externo,
sem contrapartida nos lucros, ao passo que volumes menores
acarretariam atrasos nos pagamentos a mão-de-obra e
fornecedores, bem como vendas perdidas devido à falta de
estoques e a uma política de crédito demasiadamente restritiva
(BRIGHAM, HOUSTON; 1999. p.562).
Portanto, quanto maiores forem as incertezas interna e externa da
empresa, mais “flexível” deve ser a política adotada por ela, de forma que ela
possa operar com mais segurança em face das flutuações operacionais e de
mercado.
2.2 Análise dinâmica
37
Fleuriet, Kenhdy e Blane (2003), em seus estudos sobre gestão
financeira de empresas, descreveram um modelo de análise dinâmica da situação
financeira das organizações. Baseado em suas idéias, outros autores, como
Braga (1991), Brasil e Brasil (2000) e Silva (2002), aperfeiçoaram o modelo,
aplicando-o e divulgando-o. Ao desenvolvê-lo, Fleuriet, Kenhdy e Blane (2003)
acrescentaram ao conceito clássico de capital de giro líquido (CGL) os conceitos
de necessidade de capital de giro (NCG) e saldo de tesouraria (T). Para isso,
reclassificaram as contas do ativo e passivo conforme a realidade das empresas,
em que as contas são classificadas de acordo com o seu ciclo. Certas contas,
quando analisadas isoladamente ou em relação ao conjunto de outras,
apresentam movimentação tão lenta que, em análise de curto prazo, podem ser
consideradas permanentes ou não cíclicas. Por outro lado, outras contas estão
relacionadas com o ciclo operacional do negócio e apresentam movimento
contínuo e cíclico.
Para fazer uso do Modelo Dinâmico de análise financeira, faz-se
necessário reclassificar as contas do balanço patrimonial em contas circulantes e
não circulantes. O grupo dos ativos circulantes é composto dos ativos circulantes
operacionais (cíclicos) e ativos circulantes financeiros (erráticos). O ativo
circulante operacional é o investimento orientado para as atividades operacionais
da empresa, como compra, produção, estocagem e venda do produto, enquanto o
passivo circulante operacional é a fonte denominada passivo de funcionamento,
ou seja, contas como salários, fornecedores e impostos. O ativo circulante
financeiro representa as contas de natureza financeira, como os valores
disponíveis e as aplicações de recursos de curto prazo da organização, enquanto
o passivo circulante financeiro compreende as fontes de financiamento
38
representadas pelos empréstimos bancários, desconto de títulos e outras
operações que não estão diretamente relacionadas com o ciclo operacional da
empresa.
O grupo dos ativos não circulantes é composto dos ativos realizáveis
em longo prazo e pelos ativos permanentes, enquanto o grupo dos passivos não
circulantes é composto dos passivos exigíveis em longo prazo, pelos resultados
de exercícios futuros e pelo patrimônio líquido da empresa.
Baseado nessa reclassificação, chega-se às variáveis utilizadas na
análise dinâmica do capital de giro: NCG, T, CCL, capital de giro próprio (CGP),
financiamento de longo prazo (FLP) e termômetro da situação financeira (TSF).
2.2.1 Necessidade de capital de giro (NCG)
É o elemento fundamental para avaliar-se a situação financeira das
organizações. O seu valor revela o montante necessário de recursos para manter
o giro dos negócios. As contas que compõem a necessidade líquida de capital de
giro representam operações de curto prazo e de retornos rápidos, sendo
totalmente diferentes das que compõem o ativo permanente, pois estas resultam
de decisões de longo prazo, com perspectiva bastante lenta para a recuperação
do capital investido (SANTI FILHO; OLINQUEVITCH, 1995).
Na maioria das empresas, as saídas de caixa ocorrem antes das
entradas, impondo-se a necessidade permanente de aplicação de fundos,
evidenciada pela diferença entre o valor das contas operacionais do ativo
circulante e das contas operacionais do passivo circulante. O ativo circulante
39
operacional (ACO) é o investimento que decorre automaticamente das atividades
de compra/produção/estocagem/venda, enquanto o passivo circulante operacional
(PCO) é o financiamento, também automático, que decorre dessas atividades. O
ACO compreende os saldos das contas relacionadas com as atividades
operacionais, tais como: estoques, duplicatas a receber, despesas antecipadas,
etc. O PCO é formado pelos passivos em funcionamento, que normalmente são
de curto prazo, como: duplicatas a pagar, impostos incidentes sobre as
operações, salários, taxas, contribuições sociais, contas a pagar diversas, etc. A
diferença entre os investimentos (ACO) e financiamentos (PCO) oriundos das
atividades da empresa resulta no valor que a empresa necessita para financiar o
giro, denominada NCG, conforme a equação 2.
NCG = ACO – PCO (2)
Alterações nas políticas de compras, estocagem e crédito podem
produzir efeitos imediatos sobre o fluxo de caixa e sobre a NCG, ressaltando-se a
importância desse tipo de análise para se caracterizar o equilíbrio financeiro de
curto prazo das organizações. Quando o saldo dessa variável é positivo, a
empresa tem necessidade de financiamento para o giro, devendo encontrar fontes
adequadas para tal. Por outro lado, quando o saldo é negativo, significa que as
fontes de capital de giro são superiores às aplicações de capital de giro e a
organização não necessita de recursos para financiar suas atividades
operacionais, dispondo, inclusive, de recursos para financiar aplicações de outra
natureza. A NCG é influenciada pela natureza e pelo nível de atividades dos
negócios da empresa, sendo afetada pelas mudanças que ocorrem na economia.
A natureza dos negócios determina seu ciclo financeiro, enquanto o nível de
atividade é função das vendas.
40
2.2.2 Saldo de tesouraria (T)
Essa variável identifica o grau de utilização de recursos de terceiros de
curto prazo para financiar as necessidades de capital de giro. O saldo de
tesouraria é definido como a diferença entre o ativo circulante financeiro (ACF) e o
passivo circulante financeiro (PCF), de acordo com a equação 3.
T = ACF – PCF (3)
O ACF é de natureza errática e constitui-se de elementos
essencialmente financeiros, como caixas e bancos, aplicações financeiras, etc. O
PCF também se comporta de maneira errática e abrange os empréstimos
bancários de curto prazo, duplicatas descontadas (reclassificadas do ativo para o
passivo circulante), dividendos a pagar, imposto de renda a pagar, títulos a pagar.
De acordo com Assaf Neto e Silva (2002, p. 54), “esse grupo não denota qualquer
comportamento preestabelecido, variando mais estritamente em função da
conjuntura e do risco de maior ou menor liquidez que a empresa deseja assumir”.
Se o saldo é positivo, significa que a organização conta com uma folga
financeira, ou seja, com recursos financeiros aplicados no curto prazo; caso
contrário, significa que recursos financeiros de curto prazo estão financiando as
atividades operacionais da organização. Se o CCL é insuficiente para financiar a
NCG, o T será negativo, com o passivo errático maior do que o ativo errático.
Essa condição indica que a empresa está financiando parte de sua necessidade
de capital e/ou o ativo permanente com recursos de curto prazo, aumentando seu
risco de insolvência. Quando o T é positivo, a empresa dispõe de recursos de
41
curto prazo que poderão ser aplicados no mercado financeiro ou investidos nas
suas operações.
Contudo, Fleuriet, Kenhdy e Blane (2003, p.14) chamam a atenção para
T positivo e elevado: Um T positivo e elevado não significa necessariamente uma
condição desejável para as empresas; pelo contrário, pode significar que a
empresa não está aproveitando as oportunidades de investimento propiciadas por
sua estrutura financeira, caso em que o T “engorda” por falta de uma estratégia
dinâmica de investimentos.
Alternativamente, T pode ser calculado pela diferença entre o CCL e a
NCG, ou seja:
T = CGL – NCG (4)
É de suma importância o acompanhamento da evolução de T, a fim de
evitar que permaneça constantemente negativo e crescente. Caso a empresa não
consiga que o seu autofinanciamento cresça na mesma proporção do seu
crescimento da NCG, T se tornará cada vez mais negativo com o crescimento das
vendas, acarretando o que Fleuriet, Kenhdy e Blane (2003) denominaram de
efeito tesoura. O efeito tesoura ocorre quando a empresa financia a maior parte
da NCG com recursos de curto prazo.
Acrescentam Marques e Braga (1995) que o T pode sinalizar o grau de
adequação da política financeira empregada pela administração. Quando positivo,
indica disponibilidade de recursos para garantir a liquidez de curtíssimo prazo do
empreendimento. Caso seja negativo, pode evidenciar dificuldades financeiras
iminentes, em especial por ocasião da manutenção de saldos negativos
sucessivos e crescentes. O acompanhamento da evolução do T, no decorrer de
42
exercícios sociais sucessivos, bem como das causas das eventuais alterações de
tendências percebidas, representa o cerne do Modelo Fleuriet.
Segundo Santi Filho e Olinquevitch (1995),
[...] o resultado da tesouraria deve ser analisado com cautela, ou
seja, se existe folga financeira deve expressar um saldo de
aplicações financeiras ou de outros ativos com elevada liquidez e
adequada remuneração, o que não seria o mesmo para uma
tesouraria positiva, formada por elevados saldos em contas
obscuras como ‘outros créditos’, que poderiam esconder recursos
que jamais serão realizados. Da mesma forma, uma tesouraria
positiva com elevados saldos em disponibilidades também indica
gerência ineficiente dos recursos financeiros, uma vez que esses
recursos poderiam estar aplicados nos demais ativos da empresa
em busca de maior rentabilidade para o negócio (SANTI FILHO;
OLINQUEVITCH, 1995).
2.3 Capital circulante líquido (CCL)
O CCL representa uma fonte de fundos permanente da empresa com a
finalidade de financiar sua NCG. Pode ser calculado pela diferença entre o ativo
circulante (AC) e o passivo circulante (PC) ou pela diferença entre o passivo
permanente, representado pela soma do passivo exigível a longo prazo (PELP) e
o patrimônio líquido (PL), e o ativo permanente (AP), representado pela soma do
ativo realizável a longo prazo (ARLP) e o AP, ou seja:
CL = AC – PC (5)
CCL = (PELP+PL) – (ARLP+AP)
O CCL possui certa estabilidade ao longo do tempo, sofrendo
alterações quando a empresa adquire novos investimentos, que podem ser
realizados por meio de autofinanciamento, por empréstimos de longo prazo ou por
aumento do capital social em dinheiro.
43
2.4 Capital de giro próprio (CGP)
Determina o volume de recursos próprios aplicados no giro dos
negócios e depende do comportamento das contas patrimônio líquido e ativo
permanente. Entre as atividades que reduzem o capital de giro próprio, podem-se
citar os prejuízos, as aquisições de ativos, os investimentos em outros negócios,
os gastos pré-operacionais e a distribuição de lucros. E as que aumentam são os
lucros, as vendas de bens do ativo permanente, a capitalização de recursos por
parte dos sócios e as contas retificadoras de depreciação, amortização e
exaustão. Quando essa conta apresenta saldo positivo, significa que a
organização financiou a totalidade do seu ativo permanente com recursos
próprios e ainda dispõe de uma parcela desses recursos para financiar outras
aplicações; caso contrário, quando o saldo é negativo, significa que o processo de
imobilização da organização consumiu totalmente os recursos próprios e ainda
necessitou de recursos de outra natureza para completar seu financiamento.
O CGP pode ser calculado subtraindo-se do PL o ARLP e o AP:
CGP = PL – (AP+ARLP) (6)
Alternativamente, essa variável pode ser calculada pela diferença entre
o CCL e o passivo exigível a longo prazo, ou seja:
CGP = CCL – ELP (7)
O CGP está diretamente relacionado à capacidade de
autofinanciamento das empresas. É importante ressaltar a necessidade de se
manter um montante mínimo de capital de giro para garantir não somente o
desenvolvimento financeiro e técnico, como também o cumprimento de todas as
44
aplicações da empresa com recursos obtidos internamente. O capital de giro deve
ser suficiente para financiar todas as variações na estrutura patrimonial fixa. Seu
crescimento deve ser bastante para que a empresa possa realizar todos os seus
investimentos em ativos imobilizados. Somente quando o excesso de capital de
giro sobre o mínimo for insuficiente para cumprir esse objetivo é que a empresa
poderá incrementar seus recursos financeiros permanentes - a menos que haja
uma justificativa em virtude de receitas não operacionais, independentes daquelas
necessárias ao desenvolvimento da atividade principal da empresa. O capital de
giro tem como origem fundamental o autofinanciamento e suas aplicações podem
ocorrer no incremento de ativos imobilizados ou na diminuição do financiamento
básico (patrimônio líquido ou exigível em longo prazo). Em contrapartida, além do
autofinanciamento, outras fontes podem complementá-lo, como a desmobilização
do ativo imobilizado ou o aumento dos recursos permanentes.
Queiroz (1988), embora afirme ser uma importante fonte de recursos
para as empresas, alerta que nem sempre o autofinanciamento é suficiente. O
autor se posiciona de seguinte forma: no sistema aberto de mercado, a expansão
das empresas não está, no entanto, limitada, pelo menos no curto prazo, à sua
capacidade de autofinanciamento. As perspectivas de boa remuneração do
investimento atraem capitais externos dos proprietários ou de terceiros que se
agregam ao processo produtivo.
Brasil e Brasil (2000) afirmam que o autofinanciamento é a principal
fonte de crescimento do capital de giro, quando incorporado ao patrimônio líquido
da empresa. Diferenciam o autofinanciamento da capacidade de
autofinanciamento dizendo que esta última representa recursos que, em parte ou
no todo, estarão disponíveis para distribuição aos acionistas sob a forma de
45
dividendos; portanto, o autofinanciamento está diretamente ligado à política de
dividendos da empresa.
No estudo do desenvolvimento econômico de uma empresa, é
necessário conhecer as vantagens e desvantagens do processo de
autofinanciamento (GIMENES; GIMENES, 2005). O autofinanciamento é uma
fonte de capital que proporciona mais solidez na estrutura financeira da empresa,
pela maior participação de recursos próprios. Pode ser a única opção da empresa
quando sua rentabilidade é inferior ao custo disponível do capital de terceiros ou
quando seu atual nível de endividamento não permite captar um volume maior de
recursos de terceiros em função do elevado risco financeiro. O autofinanciamento
também permite a recuperação do capital de giro com menos pressão sobre a
liquidez da empresa, podendo a expansão desta ocorrer sem endividamento.
Possui a desvantagem de poder induzir a uma acumulação expressiva de
recursos, podendo produzir reação de aversão total a qualquer nível de
endividamento, fazendo com que, às vezes, a empresa perca oportunidades de
realizar bons investimentos por falta de capital.
2.5 Exigível a longo prazo (ELP)
Esta variável relaciona a conta exigível em longo prazo, cuja presença
na estrutura financeira da empresa revela a existência de fontes de recursos não
exigíveis no próximo período anual, e a conta realizável em longo prazo, que
representa os investimentos de lenta recuperação do capital.
46
A ELP identifica a presença de fontes ou aplicações de recursos de
longo prazo nas atividades da organização. Se o saldo é positivo, significa que
existem recursos de longo prazo de terceiros financiando as atividades
operacionais da organização; se o saldo é negativo, existem aplicações de longo
prazo exigindo recursos para financiá-las, recursos estes oriundos dos
proprietários, via CGP, ou de terceiros de curto prazo. Tendo em vista que o CCL
é igual ao CGP mais o ELP (MATARAZZO, 2003), chega-se à equação:
ELP = CCL – CGP (8)
2.6 Termômetro da situação financeira (TSF)
O objetivo desta variável é evidenciar o grau de participação dos
recursos de terceiros de curto prazo no financiamento das necessidades de
capital de giro da empresa. A partir dela, pode-se perceber a magnitude do saldo
negativo de tesouraria em relação às necessidades de capital de giro e,
principalmente, sua tendência ao longo do tempo, uma vez que a continuação
desse tipo de financiamento pode conduzir a uma situação de completo
desequilíbrio financeiro. Portanto, calcula-se a referida variável por meio da
divisão de T pela NCG, conforme a equação 9.
TSF = NCG / T (9)
2.7 Tipos de estruturas financeiras
47
Braga (1991) identificou seis situações possíveis da combinação do
CCL, NCG e T em um dado período. A combinação dessas variáveis determina a
estrutura financeira da empresa, como mostra o QUADRO 2.
QUADRO 2
Tipos de estrutura e situação financeira
Tipo/Item CCL NCG T Situação
I + - + Excelente
II + + + Sólida
III + + - Insatisfatória
IV - + - Péssima
V - - - Muito Ruim
VI - - + Alto risco
Fonte: Marques e Braga (1995).
Empresas que possuem estrutura do tipo I apresentam excelente
situação financeira, em razão do alto nível de liquidez praticado, pois mostram
recursos permanentes aplicados no ativo circulante e, conseqüentemente, boa
folga financeira para honrar as exigibilidades de curto prazo. Apresentam, ainda,
passivos de funcionamento maiores que os ativos circulantes operacionais e
ativos circulantes financeiros, excedendo aos passivos circulantes financeiros.
Esse tipo de configuração pode ser encontrado junto ao setor comercial. De
acordo com Braga (1991), o ciclo de produção e o prazo médio de cobrança
tornam praticamente impossível encontrar empresas industriais com esse tipo de
estrutura.
A estrutura financeira do tipo II caracteriza uma empresa com situação
financeira sólida e representa a posição mais usual encontrada no mundo real. Os
recursos de longo prazo investidos no CCL garantirão a continuidade de um T
favorável, desde que o nível de atividade operacional seja mantido. Caso esse
nível sofra modificações, podem surgir desequilíbrios.
48
A estrutura financeira do tipo III evidencia uma situação financeira
insatisfatória, uma vez que o CCL é inferior à NCG. Empresas com esse tipo de
estrutura são bastante dependentes de empréstimos bancários de curto prazo
para financiar suas operações. O aumento da vulnerabilidade financeira ocorre à
medida que cresce a diferença entre o CCL e a NCG e, conseqüentemente, é
ampliado o saldo de tesouraria.
A estrutura financeira do tipo IV revela péssima situação financeira, pois
CCL negativo sinaliza que fontes de curto prazo estão financiando investimentos
de longo prazo. Como há necessidade de capital de giro e não se conta com CCL
para seu financiamento, o passivo oneroso passa a cobrir essa insuficiência.
Conforme Braga (1991), empresas privadas com esse tipo de estrutura estariam
próximas da falência, a menos que seus acionistas pudessem fornecer algum tipo
de apoio externo. Ainda segundo o autor, essa configuração aparece com mais
freqüência em empresas estatais mal administradas, com preços e tarifas
defasados, etc.
A estrutura financeira do tipo V retrata uma situação financeira muito
ruim, pois, além de CCL negativo, a NCG também é negativa, sendo seu valor
superior ao do primeiro. De acordo com Braga (1991), a estrutura do tipo V é
menos grave do que a estrutura do tipo IV, devido ao fato de os passivos de
funcionamento excederem às necessidades de recursos para financiar os ativos
circulantes operacionais, atenuando os efeitos negativos sobre o saldo de
tesouraria.
A estrutura financeira do tipo VI revela uma situação financeira de alto
risco, pois CCL e NCG permanecem negativos, porém o valor da NCG é inferior
ao do CCL. Essa circunstância permite que o T seja positivo e pode sinalizar para
49
o fato de a empresa não estar desempenhando suas operações de maneira
adequada. Esse tipo de estrutura indica que a empresa estaria desviando sobras
de recursos de curto prazo para ativos não circulantes e mantendo saldo positivo
de tesouraria. Uma situação como esta não poderia ser mantida por muito tempo,
pois uma queda nas vendas esgotaria rapidamente a parcela excedente do PCO,
invertendo o sinal da NCG e de T (BRAGA, 1991).
2.8 Efeito tesoura
O efeito tesoura é conseqüência de um saldo de tesouraria (ST)
crescentemente negativo, vale dizer que se está operando com capital de giro
(CDG) insuficiente para financiar as necessidades de capital de giro da empresa.
Desta forma, ela tem de lançar mão de empréstimos de curto prazo em nível
elevado (BRASIL; FLEURIET, 1979, p.61).
Quando o saldo de tesouraria apresentar-se crescentemente negativo,
exercício após exercício, é forte sinal de “efeito tesoura”, mas não determinante. É
importante observar que o fato isolado de o saldo de tesouraria ser negativo não é
preocupante, mas o grave é a tendência.
A tendência (Te) é analisada pelo resultado da fórmula: Te = T / NCG.
Se o resultado dessa relação é crescentemente negativo, variando em proporção
superior à NCG, evidencia que a empresa está recorrendo, cada vez mais, a
recursos ou empréstimos bancários onerosos de curto prazo. E isto configura o
50
“efeito tesoura”. Para avaliar a tendência, é necessário utilizar, no mínimo, três
balanços patrimoniais anuais e consecutivos.
Para Brasil e Brasil (2000, p.60), o “efeito tesoura” ocorre por efeito das
seguintes condições:
crescimento das vendas nominais a taxas muito elevadas;
endividamento de perfil de retorno inadequado;
imobilização excessiva;
prejuízos;
distribuição excessiva de dividendos;
relação ΔNCG/vendas crescendo em ritmo maior que a relação
autofinanciamento/vendas.
2.9 Administração do capital de giro
O tema administração do capital de giro tem destaque nas prioridades
dos gestores financeiros, pelo seu aspecto crítico para as organizações, em
função da premência das decisões sobre excesso ou insuficiência de saldos de
tesouraria, captação de recursos, políticas de crédito, giro de estoques, nível de
vendas, controle dos riscos assumidos pela empresa e percebidos pelo mercado,
em suma, gerenciamento das origens e aplicações de recursos de curto prazo e
efeitos decorrentes dessa gestão, como crise de liquidez, inadimplência de
recebíveis, insolvência e retornos dos investimentos.
Vieira (2005) situa a administração do capital de giro no patamar das
decisões estratégicas, embora tenha papel primordial no contexto operacional
51
pela sua dinâmica, sendo um componente de forte influência no processo de
criação de valor, atividade fim da administração financeira.
Monteiro (2002) enfatiza a necessidade de harmonização dos níveis de
atividade com a geração própria de recursos, aportes de capital, linhas de crédito
e redução dos investimentos fixos, como prevenção ao “efeito tesoura”.
De acordo com Cheng e Mendes (1989), a gestão financeira consiste
em monitorar os fluxos financeiros operacionais (entradas de caixa operacionais e
saídas de caixa operacionais), cujo objetivo é rentabilizar os investimentos dos
acionistas e preservar a liquidez da empresa. Sugerem ainda que, tendo em vista
que as decisões de vários gestores têm impacto na gestão financeira, o modelo
mais adequado seria planejamento e execução financeira departamentalizados,
proporcionando a apuração de retorno de cada área das organizações, gerando o
compartilhamento da gestão financeira com o efetivo administrador financeiro.
Souza e Menezes (1997) complementam que as instituições definem as
suas estratégias empresariais e estas são desdobradas para toda a organização,
refletindo-se também no planejamento financeiro e, conseqüentemente, na
administração do capital de giro. Os indicadores gerados pela adequada
administração financeira pelas suas características são uma poderosa ferramenta
de gestão e refletem de forma clara os resultados alcançados pela organização.
De acordo com Silva (2002), é extremamente relevante a questão da
necessidade das empresas de obterem o capital de giro adequado ao nível de
atividade no qual a empresa está operando ou pretende operar, como forma de
manutenção do equilíbrio financeiro.
Tavares (2002), em pesquisa sobre empresas do setor
supermercadista, diagnostica que o elevado número de variáveis que podem
52
determinar alteração na necessidade de capital de giro, como práticas comerciais,
oscilações de mercado combinadas com as incertezas sobre a possibilidade de
captação de recursos e os prazos, acentua o envolvimento do gestor financeiro
nas estratégias e demanda mais qualificação para a tomada de decisão.
Em Martins (1999), é ressaltada a necessidade do entendimento de que
demonstrativos contábeis e demonstrativos dos fluxos financeiros não são
excludentes e sim suplementares, concorrendo para o melhor entendimento do
processo de agregação econômica e gerenciamento da liquidez, ressaltando que
o segundo é mais suscetível às variações das políticas de crédito, inadimplência e
postergação de desembolsos.
Santiago (2000) constatou, através de pesquisa, sendo respaldado pela
literatura financeira, o impacto direto de todas as ações da empresa na sua
disponibilidade imediata (caixa e bancos). Desta forma, considera oportuna a
modificação na legislação societária, que incorpora a obrigatoriedade de
publicação da demonstração do fluxo de caixa como informação complementar às
demonstrações contábeis já previstas em lei.
Frezatti (1998), ao analisar os componentes de criação de valor com a
utilização do market value added (MVA), entende que as informações contábeis
incrementadas com as projeções futuras do negócio são fundamentais para a
gestão empresarial.
Ottoboni e Pamplona (2001) advertem como fundamental para a
viabilização das micro e pequenas empresas (MPEs) a adoção da administração
financeira da empresa como ponto primordial, tendo em vista a inadequação da
contabilidade para este fim, sugerindo que esses controles financeiros tenham
horizonte de curto e longo prazo.
53
Já Cia (2000) aborda a capacidade financeira como uma das restrições
que devem ser consideradas no processo decisório empresarial, visto que uma
elevação do nível de atividades pode não somente inviabilizar esse crescimento,
como implicar insolvência, principalmente no mercado brasileiro, onde existe
contingenciamento e alta seletividade dos créditos de curto prazo.
Conforme Marques (2002), as decisões de investimento em ativos
observando-se o binômio risco e retorno, assim como a função de financiamento
destes, estão diretamente ligadas à habilidade e assertividade das decisões de
toda organização, sendo que estas, desde que tenham reflexo na administração
do capital de giro, produzem acréscimo ou decréscimo do valor econômico das
empresas.
Abordando o tema de administração de capital de giro, Eifert (2003)
enfatiza a prioridade da gestão sobre o capital de giro, por meio de
acompanhamento rigoroso e sistemático, tendo em vista o risco implícito de
liquidez e conseqüente possibilidade de descontinuidade da empresa por
inadimplência.
Kimura e Perera (2003), ao desenvolverem um modelo de gestão de
riscos financeiros, destacam que maior nível de liquidez e controle do
endividamento contratado são ações que poderão criar valor para a empresa,
visto que os financiadores e investidores, ao constatarem a redução do primeiro e
o aumento do segundo, passam a cobrar prêmios mais altos de risco, implicando
mais altos encargos financeiros, entre outras medidas exigidas para
monitoramento de eventual insolvência.
Corroborando a importância desses indicadores, Bezerra e Corrar
(2002), ao realizarem estudo com as demonstrações contábeis das companhias
54
de seguro visando a reduzir o critério aleatório de escolha dos índices financeiros
de mais relevância para a avaliação de empresas desse setor, concluíram a partir
da análise fatorial que entre os três índices mais significativos um seria a
alavancagem e o outro a liquidez.
Monteiro e Moreno (2003) iniciam seu estudo reafirmando a importância
dos indicadores de geração de caixa e a prevalência dos mesmos sobre as
demais informações, ressalvando que o negligenciamento das análises desse
indicador é um dos fatores que têm maior peso no perecimento das instituições. A
fácil identificação das correlações entre os resultados econômicos, conseqüências
das operações ativas e passivas, previsibilidade dos recebíveis e das obrigações
com a geração de caixa torna esse marcador indispensável no acompanhamento
gerencial das ações empresariais implementadas.
Em Braga e Marques (2001), é enfatizada a interdependência entre a
continuidade operacional e o equilíbrio financeiro, visto que somente a
rentabilidade apurada no regime de competência isoladamente não garante a
sobrevivência das empresas.
Brasil (2005) demonstra um modelo que associa os fluxos de caixa
produzidos às previsões de crescimento de vendas, objetivando o
equacionamento entre os passivos, limites mínimos de geração de caixa e o
equilíbrio financeiro determinado. Desta forma, seria possível determinar o
crescimento máximo do passivo para determinado nível de atividade decorrente
das estratégias aplicadas.
Lameira (2001) sugere que as empresas brasileiras de capital aberto,
em função da geração de caixa, rentabilidade contábil, passivos de curto prazo e
porte, apresentam nível mais alto de liquidez, sendo a relação inversa em
55
confronto com o patamar de capital de giro e Risco Brasil, ressalvando-se a
inexistência de um modelo ideal para a determinação do mesmo.
Sob a mesma ótica, Maximo, Montezano e Brasil (2004) concluem em
pesquisa que: empresas não financeiras, privadas, listadas em bolsa podem
trabalhar com nível mais baixo de liquidez, desde que tenham disponibilidade e
ingresso de créditos e investimentos - podendo promover uma blindagem de
liquidez com a geração própria de caixa; e que o setor de comércio detém mais
alto índice de liquidez para fomentar aumento de receitas a partir da expansão do
crédito.
Seidel e Kume (2003) observaram a importância do adequado
balanceamento do capital de giro, propondo a criação de uma conta de reserva de
capital específica para absorver as variações da necessidade de capital de giro.
2.10 Aplicações do Modelo Dinâmico
O Modelo Dinâmico e suas adaptações obtiveram boa penetração no
meio acadêmico, com várias e interessantes aplicações.
Um fato importante para sua divulgação foi a publicação, na Revista de
Administração de Empresas da FGV, de artigo de Marques e Braga (1995),
integrando o Modelo Fleuriet aos quocientes da análise tradicionais, utilizando
uma amostra de seis companhias industriais.
Nota-se que em estudos da década de 90 o modelo era pouco utilizado.
Como exemplo, pode-se verificar o artigo de Souza, Luporini e Souza (1996) que,
ao analisar a gestão do capital de giro do setor químico, utilizou somente os
56
indicadores tradicionais de análise. Nessa mesma linha, Souza e Menezes (1997)
ressaltaram a importância do capital de giro como uma dimensão estratégica na
condução financeira de empresas, principalmente em ambientes inflacionários.
Também Cheng e Mendes (1989) ressaltaram a importância da contabilidade por
área de responsabilidade como ferramenta de gestão financeira nas empresas.
Theiss Jr. e Wilhelm (2000) consideraram o Modelo Dinâmico mais sensível às
mudanças na situação financeira das empresas do que o modelo tradicional,
recomendando o seu uso no diagnóstico econômico-financeiro, o que aconteceu
em vários estudos posteriores.
Nos últimos anos, vários estudos estão sendo disponibilizados na
literatura acadêmica, denotando a ampla penetração do Modelo Dinâmico,
podendo-se destacar os que se seguem.
Marques (2002) avaliou o relacionamento entre o Modelo Fleuriet e o
modelo baseado no valor econômico agregado (EVA), encontrando um
relacionamento significativo entre os dois. Utilizou análise de regressão linear
múltipla, demonstrando que para o setor do comércio varejista e transportes os
resultados são convergentes, o mesmo não ocorrendo para o setor de veículos e
autopeças. Seu estudo indicou a influência do setor econômico na comparação
dos resultados, provavelmente pela incapacidade da pesquisa de identificar
outros fatores que podem influenciar na agregação de valor, além da necessidade
de capital de giro, do capital de giro e saldo de tesouraria.
Perez e Famá (2002), ao analisarem o setor siderúrgico brasileiro
utilizando o modelo dinâmico, constataram a precariedade do equilíbrio financeiro
das empresas do setor listadas em bolsa de valores (a amostra avaliada).
57
Monteiro e Moreno (2003), ao analisarem empresas varejistas
empregando o modelo dinâmico, conseguiram identificar os seis tipos de
estruturas financeiras apontados por Marques e Braga (1995).
O trabalho de Moura e Matos (2003) segue caminho diferente. Ao
criticar o uso dos dados contábeis na determinação do capital de giro das
empresas, propõe que o capital de giro seja calculado através da simulação
probabilística, acrescentando a dimensão do risco.
Jatobá e Campos (2003) ressaltaram a importância da administração do
capital de giro, advertindo sobre a elevação do risco de overtrading que a
elevação de preços ocasiona.
Santana (2004) propôs ajustes na análise dos fundos de pensão do
estado de Santa Catarina, validando a aplicabilidade do Modelo Fleuriet.
Moraes e Campos (2004) analisaram, em seu artigo, o uso da
tecnologia da informação em bancos e os efeitos da extinção da correção
monetária nos balanços por meio do Modelo Dinâmico.
Rasoto et al. (2004) analisaram o financiamento de empresas utilizando
o Modelo Dinâmico, destacando a sua capacidade de identificação da situação de
overtrade.
Há que se destacar aqui o estudo de Braga, Nossa e Marques (2004).
Valendo-se do Modelo Fleuriet e da análise de rentabilidade do Modelo Du Pont,
desenvolveram uma referência denominada indicador da saúde econômico-
financeiro das empresas (ISEF), que pretende fornecer medida que permita a
comparação de diferentes empresas. Apesar do potencial do ISEF, a utilização
desse índice de análise ainda é muito incipiente.
58
Medeiros e Rodrigues (2004) realizaram estudo avaliando os balanços
de 80 empresas listadas no Bovespa entre os anos de 1995 e 2002. Na análise,
utilizando o Modelo Fleuriet, foi encontrado que 75% das empresas apresentaram
desequilíbrio financeiro, o que seria um resultado bastante implausível para o
tamanho da amostra e período de análise. Ao calcularem o CCL da mesma
amostra, foi encontrado que 2/3 das empresas estariam em situação equilibrada,
hipótese bem mais plausível. Ampliando a avaliação, foi utilizada a análise de
regressão e correlação para avaliar se os passivos e ativos financeiros eram
erráticos, não sendo relacionados com os passivos e ativos operacionais, de
acordo com o preconizado por Fleuriet. Os autores rejeitaram estatisticamente
essa hipótese, básica para o modelo, conseqüentemente rejeitando-o.
Cardoso (2000) utilizou o Modelo Fleuriet e o Beta do Modelo CAPM
para associar o capital de giro da empresa com o grau de risco desta em relação
ao mercado, na análise em estudo de caso sobre a Siderúrgica Belgo Mineira,
tendência esta que necessita ser confirmada com ampliação da amostragem de
empresas e diversificação dos setores analisados.
A pesquisa e associação da NCG, T e CDG nas empresas, segundo
Monteiro (2002), possibilitou um diagnóstico diferencial sobre os estágios de
liquidez das empresas com a possibilidade de determinação da origem da
eventual disfunção no operacional, nas destinações da geração operacional de
caixa ou nas origens e aplicações de recursos de longo prazo.
59
3 METODOLOGIA
O objetivo específico deste capítulo é apresentar os procedimentos
metodológicos a serem desenvolvidos na pesquisa, cuja definição baseou-se na
elucidação da questão proposta e nos objetivos geral e específicos levantados
anteriormente.
Para a classificação desta pesquisa, tomou-se como base a sistemática
apresentada por Yin (1989), que o qualifica como um estudo exploratório/
explanatório.
Quanto aos fins, deve ser classificado como exploratório/ explicativo,
não sendo ele aplicável empiricamente a outras organizações, entendendo-se,
dessa forma, sua utilidade.
O desenvolvimento deste trabalho pode ser analisado em duas etapas
distintas: a primeira constituiu-se de uma pesquisa essencialmente teórica, com
revisão bibliográfica. O meio utilizado para o seu desenvolvimento foi a pesquisa
bibliográfica sobre o tema central e suas derivações. A segunda etapa apresenta
a parte empírica do estudo, desenvolvida junto às quatro conceituadas
revendedoras de veículos comerciais do estado de Minas Gerais, da marca
Mercedes Benz da DaimlerChrysler, que por questão de sigilo serão tratadas
como Concessionária 1, Concessionária 2, Concessionária 3 e Concessionária 4,
mediante análise dos demonstrativos contábeis dos anos de 2002, 2003 e 2004,
leitura de contratos, normas, circulares e manuais das concessionárias, onde a
investigação foi orientada pela técnica de estudo de caso. A amostra selecionada
representa 17% das concessionárias da marca Mercedes Benz da
60
DaimlerChrysler de Minas Gerais e 2% em âmbito nacional, conforme o QUADRO
3.
QUADRO 3
Distribuição das concessionárias da marca
Mercedes Benz da DaimlerChrysler no Brasil
Região
Número de
Concessionárias
% Participação
Sudeste
São Paulo
Minas Gerais
Rio de Janeiro
Espírito Santo
86
45
24
11
6
46,7%
24,4%
13,0%
5,9%
3,2%
Sul 51 27,7%
Nordeste 26 14,1%
Centro-Oeste 15 8,1%
Norte 6 3,2%
TOTAL 184 100%
Fonte: Anfavea 2003 – Adaptado pelo autor.
Segundo Yin (1989), “o estudo de caso é uma inquirição empírica que
investiga um fenômeno contemporâneo e o contexto não é claramente evidente e
onde múltiplas fontes de evidencias são utilizadas”.
Uma observação acerca da utilização do estudo de caso é evidenciada
por Yin (1989), que aponta a possibilidade da influência do investigador nos
resultados levantados por meio desse método de pesquisa. “Muitas vezes o
investigador de estudo de caso tem sido descuidado e tem admitido evidências
equivocadas ou enviesadas para influenciar a direção das descobertas e das
conclusões” (YIN, 1989, p.21).
Outra afirmação feita por esse autor é que:
o estudo de caso fornece uma pequena base para generalizações
científicas, já que, por estudar um ou alguns casos, não se
constitui em amostra da população e, por isso, torna-se sem
61
significado qualquer tentativa de generalizações. Além disso, o
resultado da pesquisa é caracterizado por um documento
volumoso e de difícil leitura (YIN, 1989, p.21).
Contudo, esses problemas podem ser contornados e, ao se decidir pelo
uso desse método de pesquisa, é necessário que o investigador tenha em mente
os perigos e as críticas que são normalmente feitas ao método, devendo tomar
precauções e cuidados para evitá-los ou minimizar suas conseqüências.
Cabe ressaltar o entendimento de Martins, E. (2000) sobre o método
estudo de caso:
O estudo de caso, por meio de diferentes técnicas de coleta de
dados: entrevistas, questionários, observação participante,
entrevista em profundidade, levantamento de dados secundários
etc., com o objetivo de apreender a totalidade de um fato concreto
mediante um mergulho profundo e exaustivo em um objetivo
delimitado – problema de pesquisa - possibilita a penetração na
realidade social, não conseguida plenamente pela análise e pela
avaliação quantitativa (MARTINS, G. 2000, p.36).
A metodologia específica utilizada foi o estudo de caso de empresas do
setor automotivo do estado de Minas Gerais, com base na pesquisa exploratória,
a fim de construir, de forma lógica e empírica, uma argumentação teórica capaz
de elucidar a questão central do trabalho.
Os dados pertinentes às empresas pesquisadas consistiram da base de
informações para avaliação e mensuração, mediante seu desempenho econômico
financeiro, resultado de suas negociações com a montadora.
Objetivando o levantamento dos dados necessários para o
desenvolvimento do trabalho, foi utilizada a pesquisa de campo, que é
conceituada por Lakatos (1999) como sendo:
aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura
62
uma resposta ou de uma hipótese que se queira comprovar ou,
ainda, descobrir novos fenômenos ou relações entre eles
(LAKATOS, 1999, p.85).
As fontes de evidências utilizadas no desenvolvimento da pesquisa de
campo incluem:
Pesquisas documentais Nessa etapa foram levantados e analisados os
documentos da empresa, relativos aos resultados dos anos de 2002, 2003
e 2004.
Inspeção in loco – para levantamento dos dados, foi utilizada a técnica de
entrevista direta em contato com os gerentes e dirigentes da empresa
envolvidos no processo.
Este estudo está limitado à mensuração dos efeitos do Fundo Estrela
sobre a administração do capital de giro das concessionárias-objeto, visto que o
mesmo está diretamente ligado às vendas dos veículos novos, sendo este
responsável, em média, por 68% do faturamento nesse segmento, de acordo com
a FENABRAVE.
63
4 ESTUDO DE CASO
4.1 Especificidades das concessionárias Mercedes Benz
Este subitem aborda os temas específicos sobre as políticas comerciais
e financeiras das montadoras em relação às concessionárias.
4.1.1 Definição do Fundo Estrela
O Fundo Estrela é formado pela DaimlerChrysler e sua rede de
concessionárias, com a finalidade de supri-las com capital de giro necessário para
a retirada e estoque de veículos novos até a venda ao consumidor final, sendo
que para tanto deverá contingenciar recursos para:
Pagamento dos veículos encomendados à fábrica pela concessionária,
data da emissão da nota fiscal fatura pela DaimlerChrysler.
Antecipação do pagamento integral do preço de compra do veículo, de
acordo com as normas e procedimentos que forem fixados pela
DaimlerChrysler.
Pagamento de indenização por prática de concorrência desleal, sob a
condição exclusiva de que haja solicitação por escrito de concessionária
causadora do dano, ou de seu procurador, à DaimlerChrysler.
Ao pagamento da penalidade relativa à bonificação não atribuída à
concessionária, decorrente do cancelamento da nota fiscal fatura.
64
Garantir o pagamento e a eventual amortização de importâncias devidas
pela concessionária a instituições financeiras, quantias estas decorrentes
da utilização de recursos de abertura de crédito.
4.1.2 Recursos que formam o Fundo Estrela
O fundo é formado pelas bonificações pagas pela DaimlerChrysler
sobre a retirada de veículos novos. O valor dessas bonificações é estabelecido
pela DaimlerChrysler e são de dois tipos:
Bonificação de venda de 1,5%, sendo que é creditado aproximadamente
1% na quarta-feira da semana seguinte à do faturamento do veículo. O
restante (0,5%) será creditado, apenas quando for feita a revisão de
garantia, à concessionária que executar a revisão.
Bonificação de localização de 3,5% sobre as vendas dentro da área da
concessionária com base na declaração decendial de vendas de veículos.
Essa bonificação é atribuída no dia útil seguinte ao recebimento da
declaração da concessionária e creditada na quarta-feira da segunda
semana subseqüente.
As bonificações são calculadas sobre o valor do veículo menos o
imposto sobre produtos industrializados (IPI) e o valor da revisão de garantia,
sendo seus percentuais livremente estabelecidos pela DaimlerChrysler, que
contratualmente poderá alterá-los ou suprimi-los de forma unilateral.
65
4.1.3 Cálculo da quota de participação de cada concessionária no Fundo Estrela
A base do cálculo é igual ao valor de um caminhão modelo 914, preço
de concessionária de São Paulo, sendo a quota mínima igual ao valor de dois
caminhões 914.
O valor da quota de participação da concessionária será mensalmente
determinado pela média dos veículos adquiridos junto à fábrica nos últimos cinco
meses, ajustado pela exclusão dos meses com maior e com menor número de
unidades comercializadas.
V
alor do veículo 914
base para cálculo
R$100.000,00
Mês Número de unidades
adquiridas
1 27
2 35
3 15
4 42
5 30
Média ajustada
31
Valor da quota da
concessionária
R$3.100.000,00
FIGURA 4 - Exemplo do cálculo da quota de participação com a
utilização de valores hipotéticos.
Fonte: elaborado pelo autor.
Na hipótese do saldo da conta corrente contratual (CCC) ultrapassar o
valor estabelecido para a quota da concessionária, incluído os valores utilizados,
66
o excedente será disponibilizado para sua livre utilização, conhecida como
entorna do fundo.
4.1.4 Funcionamento do Fundo Estrela
Ao faturar o veículo, a concessionária opta entre o pagamento à vista
ou a utilização da conta corrente garantida (CCG). Se optar por esta, o valor da
nota fiscal será debitado da mesma, ou seja, a concessionária paga o veículo
mediante a utilização de crédito bancário. O valor utilizado não poderá ser
superior ao saldo da conta corrente contratual.
Quando utilizado o Fundo Estrela, o Banco emite uma OCT (ordem de
crédito por teleprocessamento) com os seguintes vencimentos:
Último dia útil do mês subseqüente para os valores utilizados na primeira
quinzena do mês.
Último dia útil da primeira quinzena do segundo mês subseqüente para os
valores utilizados na segunda quinzena do mês.
Até a liquidação da OCT, o seu valor fica bloqueado na conta corrente
contratual, isto é, não estará mais disponível até a liquidação do crédito utilizado.
A concessionária pode, ainda, optar por parcelamento em quatro parcelas iguais,
vencendo a primeira na data da liquidação integral e as demais a cada 30 dias,
acrescidas de juros de 0,05% ao dia. A seu critério e conveniência, pode liquidar
posições em aberto na conta corrente garantida, total ou parcialmente, antes do
vencimento.
67
4.1.5 Contas correntes
Todas as concessionárias são participantes do Fundo Estrela e mantêm:
CCC junto à DaimlerChrysler, aberta em nome da concessionária e
administrada pela DaimlerChrysler, conforme contrato entre a
DaimlerChrysler e a rede de concessionárias.
CCG junto ao Bradesco, que abre para cada concessionária um limite de
crédito igual à sua quota de participação na CCC.
Contratos assinados simultaneamente e com seu funcionamento vinculado.
4.1.6 Administrador, remuneração e custo financeiro dos recursos do Fundo
Estrela
Os recursos são administrados pela DaimlerChrysler, que poderá,
quando lhe convier, delegar a terceiros a operacionalização do contrato de conta
corrente. Os valores aplicados são convertidos em quotas, cujo valor é
estabelecido pelo Bradesco e rende aproximadamente 93% do certificado de
depósito interbancário (CDI). O crédito utilizado na conta corrente garantida custa
aproximadamente 100% do rendimento do CDI.
68
4.1.7 Inadimplência no Fundo Estrela
A concessionária que não liquidar as OCTs no vencimento será
considerada inadimplente, exceto nos casos onde se comprove que o veículo não
foi revendido no prazo de 45 dias, contados da sua aquisição, hipótese esta em
que a DaimlerChrysler prorroga o seu vencimento por mais 30 dias.
A concessionária considerada inadimplente perderá o direito às
bonificações decorrentes de novas retiradas de veículos, tendo um prazo
adicional para liquidação de suas obrigações de 60 dias das posições vencidas,
com o custo financeiro de 0,10% ao dia. Após 60 dias, a concessionária somente
poderá regularizar sua situação com a reposição do valor acrescido de multa de
5% e mora de 0,10% ao dia.
4.1.8 Fluxo do funcionamento do Fundo Estrela
Pode-se definir duas situações básicas de utilização do Fundo Estrela,
que serão determinadas pelo saldo da concessionária na data da emissão da nota
fiscal fatura, referente ao pedido realizado pela concessionária, ressalvando-se
que ela, a seu critério, poderá realizar os pagamentos dos veículos retirados
diretamente na montadora, em detrimento de movimentar o Fundo Estrela.
69
INICIO
PRAZO CUSTO FINANCEIRO
Concessionária
Realiza Pedido de Veiculo a
MBB
Concessionária autoriza o
bloqueio no
FUNDO ESTRELA
coloca
no Valor do Pedido pelo prazo de
p
a
g
amento
MBB Fatura Veículos nos
Prazos previstos na Politica de
Vendas no mês
45 Dias 0%
Concessionária
Vende o Veiculo
consumidor final
(a vista, CDC, Leasing, Finame)
ou
Veículo Permanece em Estoque
Autoriza débito das NFF no fundo
30 Dias CDI
Débito no Fundo transforma
em
OCTs
Pagamento integral ou
Parcelamento em 4X sendo 25%
a vista
30 Dias CDI+0,05% a.d.
Se Parcelamento Vencimento 2a.
Parcela 25%
30 Dias CDI+0,05% a.d.
Se Parcelamento Vencimento 3a.
Parcela 25%
30 Dias CDI+0,05% a.d.
Se Parcelamento Vencimento 4a.
Parcela 25%
FIGURA 5 - Concessionária com saldo disponível no fundo na data da emissão da
nota fiscal fatura.
Fonte: elaborado pelo autor.
70
INICIO
PRAZO CUSTO FINANCEIRO
Concessionária
Realiza Pedido de Veiculo a
MBB
Concessionária
coloca
Fiança Bancária em Favor da
MBB
no Valor do Pedido pelo
p
razo de
p
a
g
amento
MBB
Fatura Veículos nos
Prazos previstos na Politica de
Vendas no mês
45 Dias Fiança Bancária
Concessionária
Vende o Veiculo
consumidor final
(a vista, CDC, Leasing, Finame)
ou
Veículo Permanece em Estoque
Concessionária
no vencimento
verifica a existencia de saldo de
FUNDO ESTRELA
para quitação
dos veículos
Se tiver saldo suficiente no
FUNDO ESTRELA
autoriza débito das NFF no fundo
Se não tiver saldo suficiente no FUNDO
ESTRELA
, realiza reposição do
através de antecipação de pagamento
das OCTs a vencer
Débito no Fundo transforma em
OCTs
Autoriza débito das NFF no fundo
30 Dias CDI
Débito no Fundo transforma em
OCTs
Pagamento integral ou
Parcelamento em 4X sendo 25% a
vista
Pagamento integral ou Parcelamento em
4X sendo 25% a vista
30 Dias CDI+0,05% a.d.
Se Parcelamento Vencimento 2a.
Parcela 25%
Se Parcelamento Vencimento 2a.
Parcela 25%
30 Dias CDI+0,05% a.d.
Se Parcelamento Vencimento 3a.
Parcela 25%
Se Parcelamento Vencimento 3a.
Parcela 25%
30 Dias CDI+0,05% a.d.
Se Parcelamento Vencimento 4a.
Parcela 25%
Se Parcelamento Vencimento 4a.
Parcela 25%
FIGURA 6 - Concessionária com saldo indisponível no fundo na data da emissão
da nota fiscal fatura.
Fonte: elaborado pelo autor.
71
4.1.9 Política comercial da Mercedes Benz com as concessionárias
Mensalmente, a montadora emite circular informando a política
comercial, contemplando o faturamento da concessão e faturamento direto, com
os respectivos prazos de carência de pagamento para caminhões, chassis-
ônibus/plataformas.
O faturamento da concessão implica os veículos que serão adquiridos
pela concessionária na fábrica, para seu estoque. A concessão tem o objetivo de
aquisição na fábrica de um número de veículos determinado pela média das
vendas dos últimos cinco meses, excluindo-se o maior e o menor faturamento.
No faturamento de veículos comerciais para seu estoque (faturamento
concessão), a concessionária tem os seguintes percentuais de remuneração:
TABELA 2
Percentuais de remuneração da concessionária, no faturamento de veículos
comerciais para estoque
ITEM PERCENTUAL FORMA DE PAGAMENTO
Bonificação de venda 1,50% Crédito junto ao Fundo Estrela
Bonificação de localização 3,50% Crédito junto ao Fundo Estrela
Bonificação de objetivo 2,00% Crédito em conta bancária
TOTAL 7,00%
Fonte: elaborado pelo autor.
Importante ressaltar que a bonificação de objetivo somente é paga caso
a concessão atinja os objetivos mensais no trimestre.
O faturamento direto é a modalidade onde a aquisição é realizada
diretamente pelo consumidor final junto à montadora, com a interveniência da
concessionária, utilizada normalmente para vendas de atacado, em que as
72
garantias da operação e as necessidades com relação a saldos de fundo
excedem a capacidade financeira das concessionárias.
No faturamento realizado da fábrica para o consumidor final
(faturamento direto), a concessionária tem os seguintes percentuais de
remuneração.
TABELA 3
Percentuais de remuneração da concessionária no faturamento
da fábrica para o consumidor final
ITEM PERCENTUAL FORMA DE PAGAMENTO
Bonificação de venda 1,50% Crédito junto ao Fundo Estrela
Bonificação de localização 3,50% Crédito junto ao Fundo Estrela
TOTAL 5,00%
Fonte: Elaborado pelo autor.
4.2 Desenvolvimento do estudo de caso
O estudo de caso foi realizado com base nos demonstrativos contábeis
sintéticos de quatro concessionárias de veículos comerciais marca Mercedes
Benz do estado de Minas Gerais, empresas familiares e constituídas na forma de
sociedade limitada, com áreas de concessão distintas, que, de acordo com a
necessidade citada na metodologia, serão denominadas Concessionária 1,
Concessionária 2, Concessionária 3 e Concessionária 4.
Os valores referentes ao Fundo Estrela de cada concessionária foram
fornecidos pela área financeira de cada empresa, assim com a sua
contabilização, para realização dos ajustes necessários ao estudo empírico.
73
As informações prestadas quanto à contabilização do Fundo Estrela já
demonstram o aspecto polêmico de sua natureza, visto que nas Concessionárias
1, 2 e 3 o fundo é classificado como aplicação financeira e na Concessionária 4
como contas a receber. O procedimento em comum é o registro do valor aplicado,
tendo uma conta redutora de ativo o valor utilizado.
As práticas e fundamentos contábeis oferecem elementos para justificar
os dois procedimentos de contabilização. A classificação como aplicação
financeira é aceitável porque esse recurso efetivamente está em um fundo
administrado pelo Bradesco, tendo percentual de remuneração fixo e custo fixo
sobre o CDI, quando utilizada a conta garantida vinculada, produzindo, portanto,
receitas financeiras e despesas financeiras. Mas, também, há amparo para
classificar-se como contas a receber (clientes), visto que o principal do fundo é
constituído por receitas oriundas da atividade operacional da empresa, vinculado
ao maior cliente e fornecedor da concessionária, que é a própria montadora.
Os procedimentos utilizados foram comuns às quatro empresas, sendo:
Obtenção dos demonstrativos contábeis das empresas nos anos de 2002,
2003 e 2004.
Identificação do critério utilizado pelo responsável técnico para classificar
contabilmente o saldo positivo do Fundo Estrela.
Identificação do saldo de Fundo Estrela de cada concessionária nos
períodos analisados.
Os balanços foram reclassificados para aplicação do modelo dinâmico.
Visando a determinar os impactos do fundo na administração do capital de
giro das concessionárias pesquisadas, o saldo positivo do Fundo Estrela
74
de cada concessionária será alocado na conta de aplicações financeiras e
comparado com o mesmo valor alocado em contas a receber.
Cálculo das variáveis NCG, CDG e T, dos indicadores retorno sobre capital
investido dos novos investimentos (ROIC), return on investment (ROI), ciclo
financeiro, índice de liquidez T/AE e T/|NCG|, margem liquida e média de
earnings before interests, taxes, depreciation and amortization (EBITDA).
75
4.2.1 Demonstrativo dos saldos de Fundo Estrela das concessionárias
TABELA 4
Demonstrativo dos saldos de Fundo Estrela das concessionárias
2002 2003 2004
Concess.
Aplicado Utilizado Saldo Aplicado Utilizado Saldo Aplicado Utilizado Saldo
1 - Fundo
Estrela
1.757.984 1.572.899 185.085 2.043.024 2.083.066 4.958 1.528.014 1.040.792 487.222
2 - Fundo
Estrela
139.322 111.197 28.125 150.234 13.620 136.614 174.624 38.097 136.527
3 - Fundo
Estrela
721.272 190.571 530.701 1.500.620 1.462.221 38.399 1.769.152 1.244.144 525.008
4 - Fundo
Estrela
2.075.921 1.560.503 515.418 1.667.650 1.626.165 41.484 4.364.004 3.440.791 923.212
76
4.2.2 Concessionária 1 - demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo
Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira
TABELA 5
Reclassificação de contas da Concessionária 1
Período dez/02 dez/03 dez/04
ATIVO 19.433 33.857 33.388
Ativos erráticos financeiros de curto prazo (CP) 3.730 3.532 3.247
Disponibilidades 110 120 110
Aplicações financeiras 3.619 3.412 3.137
Ativos operacionais de CP 8.199 7.947 7.101
Contas a receber de clientes 2.101 1.645 1.600
Estoques 4.196 4.489 3.547
Outros ativos 1.902 1.813 1.954
Outros ativos de LP 5.019 5.064 6.246
Outros 415 501 643
Mútuo c/coligadas e sócios 4.604 4.564 5.603
Ativos permanentes 2.485 17.314 16.793
Imobilizado 2.485 17.314 16.793
PASSIVO + PL 19.433 33.857 33.388
Passivos erráticos financeiros de CP 1.186 1.866 378
Financiamentos 1.186 1.866 378
Passivos operacionais de CP 6.754 3.953 2.126
Fornecedores e contas a pagar 6.674 3.881 2.049
Salários e obrigações sociais 77 60 70
Outros 4 12 7
Outros passivos de LP 1.158 980 1.741
Outras 0 925 686
Mútuo c/coligadas e sócios 300 - -
Tributos parcelados 858 55 1056
Patrimônio líquido 10.335 27.058 29.143
Capital social 2.433 8.135 8.135
Lucros e prejuízos acumulados 6.869 8.485 10.500
Reserva de reavaliação 1.033 10.437 10.508
77
TABELA 6
Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 1
Exercício: dez/02 dez/03 dez/04
Receita líquida 25.469 28.722 25.140
(-) Custos operacionais (21.903) (24.616) (20.007)
Lucro bruto 3.565 4.105 5.133
(-) Despesas administrativas (1.006) (1.166) (1.552)
(-) Despesas comerciais (1.053) (1.089) (1.206)
Lucro bruto operacional (EBIT) 1.506 1.850 2.375
(-) Despesas financeiras (731) (1.039) (665)
(+) Receitas financeiras 720 977 550
Lucro após encargos financeiros 1.495 1.787 2.260
(+) Receitas não operacionais 6 7 1
Lucro antes do imposto de renda 1.501 1.795 2.261
(-) Imposto de renda e contribuição social (144) (179) (246)
Lucro líquido 1.357 1.616 2.015
(+) Depreciações 238 256 272
Resultado prov. das operações sociais 1.595 1.872 2.287
Geração Interna de Recursos 1.595 1.872 2.287
(-) Variação da NCG (2.369) (1.464)
Fluxo de caixa líquido (497) 823
Lucro bruto operacional (EBIT) 1.506 1.850 2.375
Depreciação e outros ajustes 238 256 272
EBITDA 1.744 2.106 2.647
EBIT: lucro bruto operacional
78
4.2.3 Concessionária 2 – demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo
Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira
TABELA 7
Reclassificação de contas da Concessionária 2
Período dez/02 dez/03 dez/04
ATIVO 18.054 18.629 21.409
Ativos erráticos financeiros de CP 1.817 1.813 3.102
Disponibilidades 126 134 183
Aplicações financeiras 1.691 1.678 2.919
Ativos operacionais de CP 7.339 7.357 7.643
Contas a receber de clientes 2.054 2.556 2.660
Estoques 3.207 2.717 2.311
Outros ativos 2.078 2.084 2.672
Outros ativos de LP 2.858 3.323 3.021
Outros 851 863 904
Mútuo c/ coligadas e sócios 2.007 2.460 2.118
Ativos permanentes 6.040 6.136 7.642
Imobilizado 6.010 405 439
Investimento 30 5.727 7.193
Diferido 4 9
PASSIVO + PL 18.054 18.629 21.409
Passivos erráticos financeiros de CP 1.860 1.446 284
Financiamentos 1.860 1.446 284
Passivos operacionais de CP 1.311 1.094 1.673
Fornecedores e contas a pagar 1.065 888 1.423
Salários e obrigações sociais 245 205 250
Outros passivos de LP 1.583 1.553 1.826
Outras 1.168 1.251 1.336
Mútuo c/ coligadas e sócios - - 130
Tributos parcelados 414 301 361
Patrimônio líquido 13.301 14.537 17.626
Capital social 5.288 5.288 5.288
Reserva de capital 1.208 1.208 1.208
Lucros e prejuízos acumulados 6.805 8.041 11.130
79
TABELA 8
Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 2
Exercício: dez/02 dez/03 dez/04
Receita Líquida 22.465 24.999 27.431
(-) Custos operacionais (18.047) (19.877) (21.718)
Lucro Bruto 4.418 5.122 5.713
(-) Despesas administrativas (1.072) (1.403) (1.415)
(-) Despesas comerciais (1.905) (2.051) (2.372)
Lucro bruto operacional (EBIT) 1.441 1.667 1.927
(-) Despesas financeiras (796) (836) (625)
(+) Receitas financeiras 337 567 591
Lucro após encargos financeiros 982 1.398 1.893
(-) Despesas não operacionais (7)
(+) Receitas não operacionais 42 4 0
Outros 1.412
Lucro antes do IR 1.024 1.403 3.297
(-) Imposto de renda e contribuição social (102) (167) (209)
Lucro líquido 922 1.236 3.089
(+) Depreciações 29 33 35
Resultado prov. das operações sociais 951 1.269 3.124
Geração interna de recursos 951 1.269 3.124
(-) Variação da NCG (235) 293
Fluxo de caixa líquido 1.034 3.417
Lucro bruto operacional (EBIT) 1.441 1.667 1.927
Depreciação e outros ajustes 29 33 35
EBITDA 1.470 1.700 1.962
80
4.2.4 Concessionária 3 - demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo
Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira
TABELA 9
Reclassificação de contas da Concessionária 3
Período dez/02 dez/03 dez/04
ATIVO 45.661 33.643 29.671
Ativos erráticos financeiros de CP 9.366 19.219 14.760
Disponibilidades 70 158 171
Aplicações financeiras 9.296 19.061 14.589
Ativos operacionais de CP 7.874 7.714 7.729
Contas a receber de clientes 967 739 1.175
Estoques 2.616 4.069 3.442
Outros ativos 4.291 2.907 3.112
Outros ativos de LP 28.156 6.416 6.709
Outros 1.378 3.706 3.539
Mútuo c/ coligadas e sócios 26.778 2.710 3.170
Ativos permanentes 265 294 473
Imobilizado 195 224 403
Investimento 70 70 70
PASSIVO + PL 45.661 33.643 29.671
Passivos erráticos financeiros de CP 3.604 9.539 7.689
Financiamentos 3.604 9.539 7.689
Passivos operacionais de CP 2.408 2.661 2.395
Fornecedores e contas a pagar 2.344 2.609 2.309
Salários e obrigações sociais 64 52 86
Outros passivos de LP 14.552 19.366 16.010
Outras 1.602 3.790 3.894
Mútuo c/ coligadas e sócios 12.951 15.576 11.167
Tributos parcelados 0 0 949
Patrimônio líquido 25.096 2.077 3.577
Capital social 1.000 1.000 1.000
Reserva de capital 7 7 7
Lucros e prejuízos acumulados 24.089 1.070 2.570
81
TABELA 10
Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 3
Exercício: dez/02 dez/03 dez/04
Receita líquida 13.814 17.286 20.686
(-) Custos operacionais (11.186) (13.935) (16.509)
Lucro Bruto 2.628 3.351 4.177
(-) Despesas administrativas (934) (1.110) (1.205)
(-) Despesas comerciais (827) (913) (1.101)
Lucro bruto operacional (EBIT) 867 1.327 1.871
(-) Despesas financeiras (1.204) (2.352) (2.383)
(+) Receitas financeiras 1.916 2.182 2.153
Lucro após encargos financeiros 1.579 1.157 1.642
(-) Despesas não operacionais (3)
(+) Receitas não operacionais 43 4
Lucro antes do IR 1.577 1.200 1.646
(-) Imposto de renda e contribuição social (166) (130) (146)
Lucro líquido 1.411 1.070 1.500
(+) Depreciações 19 21 37
Resultado prov. das operações sociais 1.430 1.091 1.537
Geração interna de recursos 1.430 1.091 1.537
(-) Variação da NCG 414 (281)
Fluxo de caixa líquido 1.505 1.256
Lucro bruto operacional (EBIT) 867 1.327 1.871
Depreciação e outros ajustes 19 21 37
EBITDA 886 1.348 1.908
82
4.2.5 Concessionária 4 – Demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo
Dinâmico com Fundo Estrela alocado em aplicação financeira
TABELA 11
Reclassificação de contas da Concessionária 4
Período dez/02 dez/03 dez/04
ATIVO 32.289 30.474 36.045
Ativos erráticos financeiros de CP 857 140 946
Disponibilidades 342 99 23
Aplicações financeiras 515 41 923
Ativos operacionais de CP 8.744 7.638 10.300
Contas a receber de clientes 2.814 2.279 3.786
Estoques 3.815 2.026 3.686
Outros ativos 2.099 3.265 2.815
Despesas antecipadas 16 68 13
Outros ativos de LP 6.616 6.696 8.813
Depósitos compulsórios/judiciais 1.472 1.604 1.626
Outros 1.360 1.516 2.986
Mútuos c/ coligadas e sócios 3.784 3.576 4.201
Ativos permanentes 16.072 16.000 15.986
Imobilizado 8.084 8.119 8.132
Investimento 7.988 7.881 7.854
PASSIVO + PL 32.289 30.477 36.044
Passivos erráticos financeiros de CP 4.439 3.582 7.613
Financiamentos 4.439 3.582 7.613
Passivos operacionais de CP 3.348 1.811 5.451
Fornecedores e contas a pagar 2.692 875 4.020
salários e obrigações sociais 478 368 635
Impostos e contribuições 30 460 496
Outros 148 108 300
Passivos financeiros de LP 753 2.706 2.236
Financiamentos 753 2.706 2.236
Outros Passivos de LP 3.178 3.709 4.276
Mútuos c/ coligadas e sócios 2.862 2.879 3.051
Ações tributárias e parcelamentos de impostos 316 830 1.225
Patrimônio líquido 20.571 18.669 16.468
Capital social 4.500 4.500 4.500
Reserva de capital 472 472 472
Lucros e prejuízos acumulados 8.561 6.659 4.458
Reserva de reavaliação 7.038 7.038 7.038
83
TABELA 12
Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 4
Exercício: dez/02 dez/03 dez/04
Receita líquida 31.428 26.860 44.876
(-) Custos operacionais (24.094) (20.248) (38.203)
Lucro Bruto 7.334 6.612 6.673
(-) Despesas administrativas (3.628) (4.248) (5.348)
(-) Despesas comerciais (2.595) (1.965) (1.465)
Lucro bruto operacional (EBIT) 1.111 399 (140)
(-) Despesas financeiras (2.152) (3.127) (2.806)
(+) Receitas financeiras 1.027 1.493 1.604
Lucro após encargos financeiros (14) (1.235) (1.342)
(-) Despesas não operacionais (165) (107) 0
(+) Receitas não operacionais 519 192 0
Outros (294) 0 0
Lucro antes do IR 46 (1.150) (1.342)
(-) Imposto de renda e contribuição social (232) 0 0
Lucro Líquido (186) (1.150) (1.342)
Resultado prov. das operações sociais (186) (1.150) (1.342)
Geração interna de recursos (186) (1.150) (1.342)
(-) Variação da NCG (431) 978
Fluxo de caixa líquido (186) (1.581) (364)
Lucro bruto operacional (EBIT) 1.111 399 (140)
Depreciação e outros ajustes 211 198 312
EBITDA 1.322 597 172
84
4.2.6 Concessionária 1 – demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo
Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber
TABELA 13
Reclassificação de contas da Concessionária 1
Período dez/02 dez/03 dez/04
ATIVO 19.433 33.857 33.388
Ativos erráticos financeiros de CP 3.545 3.527 2.760
Disponibilidades 110 120 110
Aplicações financeiras 3.434 3.407 2.650
Ativos operacionais de CP 8.384 7.952 7.588
Contas a receber de clientes 2.101 1.645 1.600
Estoques 4.196 4.489 3.547
Outros ativos 1.902 1.813 1.954
Fundo de veículos (Fundo Estrela) 185 5 487
Outros ativos de LP 5.019 5.064 6.246
Outros 415 501 643
Mútuo c/ coligadas e sócios 4.604 4.564 5.603
Ativos permanentes 2.485 17.314 16.793
Imobilizado 2.485 17.314 16.793
PASSIVO + PL 19.433 33.857 33.388
Passivos erráticos financeiros de CP 1.186 1.866 378
Financiamentos 1.186 1.866 378
Passivos operacionais de CP 6.754 3.953 2.126
Fornecedores e contas a pagar 6.674 3.881 2.049
salários e obrigações sociais 77 60 70
Outros 4 12 7
Outros passivos de LP 1.158 980 1.741
Outras 0 925 686
Mútuo c/ coligadas e sócios 300 - -
Tributos parcelados 858 55 1056
Patrimônio líquido 10.335 27.058 29.143
Capital social 2.433 8.135 8.135
Lucros e prejuízos acumulados 6.869 8.485 10.500
Reserva de reavaliação 1.033 10.437 10.508
85
TABELA 14
Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 1
Exercício: dez/02 dez/03 dez/04
Receita líquida 25.469 28.722 25.140
(-) Custos operacionais (21.903) (24.616) (20.007)
Lucro Bruto 3.565 4.105 5.133
(-) Despesas administrativas (1.006) (1.166) (1.552)
(-) Despesas comerciais (1.053) (1.089) (1.206)
Lucro bruto operacional (EBIT) 1.506 1.850 2.375
(-) Despesas financeiras (731) (1.039) (665)
(+) Receitas financeiras 720 977 550
Lucro após encargos financeiros 1.495 1.787 2.260
(+) Receitas não operacionais 6 7 1
Lucro antes do imposto de renda 1.501 1.795 2.261
(-) Imposto de renda e contribuição social (144) (179) (246)
Lucro líquido 1.357 1.616 2.015
(+) Depreciações 238 256 272
Resultado prov. das operações sociais 1.595 1.872 2.287
Geração interna de recursos 1.595 1.872 2.287
(-) Variação da NCG (2.369) (1.464)
Fluxo de caixa líquido (497) 823
Lucro bruto operacional (EBIT) 1.506 1.850 2.375
Depreciação e outros ajustes 238 256 272
EBITDA 1.744 2.106 2.647
86
4.2.7 Concessionária 2 – demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo
Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber
TABELA 15
Reclassificação de contas da Concessionária 2
Período dez/02 dez/03 dez/04
ATIVO 18.054 18.629 21.409
Ativos erráticos financeiros de CP 1.788 1.676 2.966
Disponibilidades 126 134 183
Aplicações financeiras 1.663 1.542 2.783
Ativos operacionais de CP 7.367 7.493 7.780
Contas a receber de clientes 2.054 2.556 2.660
Estoques 3.207 2.717 2.311
Outros ativos 2.078 2.084 2.672
Fundo de veículos (Fundo Estrela) 28 137 137
Outros ativos de LP 2.858 3.323 3.021
Outros 851 863 904
Mútuo c/ coligadas e sócios 2.007 2.460 2.118
Ativos permanentes 6.040 6.136 7.642
Imobilizado 6.010 405 439
Investimento 30 5.727 7.193
Diferido 4 9
PASSIVO + PL 18.054 18.629 21.409
Passivos erráticos financeiros de CP 1.860 1.446 284
Financiamentos 1.860 1.446 284
Passivos operacionais de CP 1.311 1.094 1.673
Fornecedores e contas a pagar 1.065 888 1.423
salários e obrigações sociais 245 205 250
Outros passivos de LP 1.583 1.553 1.826
Outras 1.168 1.251 1.336
Mútuo c/ coligadas e sócios - - 130
Tributos parcelados 414 301 361
Patrimônio líquido 13.301 14.537 17.626
Capital social 5.288 5.288 5.288
Reserva de capital 1.208 1.208 1.208
Lucros e prejuízos acumulados 6.805 8.041 11.130
87
TABELA 16
Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 2
Exercício: dez/02 dez/03 dez/04
Receita líquida 22.465 24.999 27.431
(-) Custos operacionais (18.047) (19.877) (21.718)
Lucro bruto 4.418 5.122 5.713
(-) Despesas administrativas (1.072) (1.403) (1.415)
(-) Despesas comerciais (1.905) (2.051) (2.372)
Lucro bruto operacional (EBIT) 1.441 1.667 1.927
(-) Despesas financeiras (796) (836) (625)
(+) Receitas financeiras 337 567 591
Lucro após encargos financeiros 982 1.398 1.893
(-) Despesas não operacionais (7)
(+) Receitas não operacionais 42 4 0
Outros 1.412
Lucro Antes do imposto de renda 1.024 1.403 3.297
(-) Imposto de renda e contribuição social (102) (167) (209)
Lucro líquido 922 1.236 3.089
(+) Depreciações 29 33 35
Resultado prov. das operações sociais 951 1.269 3.124
Geração interna de recursos 951 1.269 3.124
(-) Variação da NCG (343) 293
Fluxo de caixa líquido 926 3.417
Lucro bruto operacional (EBIT) 1.441 1.667 1.927
Depreciação e outros ajustes 29 33 35
EBITDA 1.470 1.700 1.962
88
4.2.8 Concessionária 3 – demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo
Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber
TABELA 17
Reclassificação de contas da Concessionária 3
Período dez/02 dez/03 dez/04
ATIVO 45.661 33.643 29.671
Ativos erráticos financeiros de CP 8.835 19.180 14.235
Disponibilidades 70 158 171
Aplicações financeiras 8.765 19.022 14.064
Ativos operacionais de CP 8.405 7.752 8.254
Contas a receber de clientes 967 739 1.175
Estoques 2.616 4.069 3.442
Outros ativos 4.291 2.907 3.112
Fundo de veículos (Fundo Estrela) 531 38 525
Outros ativos de LP 28.156 6.416 6.709
Outros 1.378 3.706 3.539
Mútuo c/ coligadas e sócios 26.778 2.710 3.170
Ativos permanentes 265 294 473
Imobilizado 195 224 403
Investimento 70 70 70
PASSIVO + PL 45.661 33.643 29.671
Passivos erráticos financeiros de CP 3.604 9.539 7.689
Financiamentos 3.604 9.539 7.689
Passivos operacionais de CP 2.408 2.661 2.395
Fornecedores e contas a pagar 2.344 2.609 2.309
Salários e obrigações sociais 64 52 86
Outros passivos de LP 14.552 19.366 16.010
Outras 1.602 3.790 3.894
Mútuo c/ coligadas e sócios 12.951 15.576 11.167
Tributos parcelados 0 0 949
Patrimônio líquido 25.096 2.077 3.577
Capital social 1.000 1.000 1.000
Reserva de capital 7 7 7
Lucros e prejuízos acumulados 24.089 1.070 2.570
89
TABELA 18
Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 3
Exercício: dez/02 dez/03 dez/04
Receita líquida 13.814 17.286 20.686
(-) Custos operacionais (11.186) (13.935) (16.509)
Lucro Bruto 2.628 3.351 4.177
(-) Despesas administrativas (934) (1.110) (1.205)
(-) Despesas comerciais (827) (913) (1.101)
Lucro bruto operacional (EBIT) 867 1.327 1.871
(-) Despesas financeiras (1.204) (2.352) (2.383)
(+) Receitas financeiras 1.916 2.182 2.153
Lucro após encargos financeiros 1.579 1.157 1.642
(-) Despesas não operacionais (3)
(+) Receitas não operacionais 43 4
Lucro Antes do imposto de renda 1.577 1.200 1.646
(-) Imposto de renda e contribuição social (166) (130) (146)
Lucro Líquido 1.411 1.070 1.500
(+) Depreciações 19 21 37
Resultado prov. das operações sociais 1.430 1.091 1.537
Geração interna de recursos 1.430 1.091 1.537
(-) Variação da NCG 906 (768)
Fluxo de caixa líquido 1.997 769
Lucro bruto operacional (EBIT) 867 1.327 1.871
Depreciação e outros ajustes 19 21 37
EBITDA 886 1.348 1.908
90
4.2.9 Concessionária 4 - demonstrações contábeis reclassificadas no Modelo
Dinâmico com Fundo Estrela alocado em contas a receber
TABELA 19
Reclassificação de contas da Concessionária 4
Período dez/02 dez/03 dez/04
ATIVO 32.289 30.477 36.044
Ativos erráticos financeiros de CP 342 99 23
Disponibilidades 342 99 23
Ativos operacionais de CP 9.259 7.682 11.222
Contas a receber de clientes 3.329 2.320 4.709
Estoques 3.815 2.026 3.686
Outros ativos 2.099 3.265 2.815
Despesas antecipadas 16 71 12
Outros ativos de LP 6.616 6.696 8.813
depósitos compulsórios/judiciais 1.472 1.604 1.626
Outros 1.360 1.516 2.986
mútuos c/ coligadas e sócios 3.784 3.576 4.201
Ativos permanentes 16.072 16.000 15.986
Imobilizado 8.084 8.119 8.132
Investimento 7.988 7.881 7.854
PASSIVO + PL 32.289 30.477 36.044
Passivos erráticos financeiros de CP 4.439 3.582 7.613
Financiamentos 4.439 3.582 7.613
Passivos operacionais de CP 3.348 1.811 5.451
Fornecedores e contas a pagar 2.692 875 4.020
salários e obrigações sociais 478 368 635
Impostos e contribuições 30 460 496
Outros 148 108 300
Passivos financeiros de LP 753 2.706 2.236
Financiamentos 753 2.706 2.236
Outros passivos de LP 3.178 3.709 4.276
mútuos c/ coligadas e sócios 2.862 2.879 3.051
Ações tributárias e parcelamentos de impostos 316 830 1.225
Patrimônio líquido 20.571 18.669 16.468
Capital social 4.500 4.500 4.500
Reserva de capital 472 472 472
Lucros e prejuízos acumulados 8.561 6.659 4.458
Reserva de reavaliação 7.038 7.038 7.038
91
TABELA 20
Apuração do fluxo de caixa da Concessionária 4
Exercício: dez/02 dez/03 dez/04
Receita líquida 31.428 26.860 44.876
(-) Custos operacionais (24.094) (20.248) (38.203)
Lucro bruto 7.334 6.612 6.673
(-) Despesas administrativas (3.628) (4.248) (5.348)
(-) Despesas comerciais (2.595) (1.965) (1.465)
Lucro bruto operacional (EBIT) 1.111 399 (140)
(-) Despesas financeiras (2.152) (3.127) (2.806)
(+) Receitas financeiras 1.027 1.493 1.604
Lucro após encargos financeiros (14) (1.235) (1.342)
(-) Despesas não operacionais (165) (107) 0
(+) Receitas não operacionais 519 192 0
Outros (294) 0 0
Lucro antes do imposto de renda 46 (1.150) (1.342)
(-) Imposto de renda e contribuição social (232) 0 0
Lucro Líquido (186) (1.150) (1.342)
Resultado prov. das operações sociais (186) (1.150) (1.342)
Geração interna de recursos (186) (1.150) (1.342)
(-) Variação da NCG 40 100
Fluxo de caixa líquido (186) (1.110) (1.242)
Lucro bruto operacional (EBIT) 1.111 399 (140)
Depreciação e outros ajustes 211 198 312
EBITDA 1.322 597 172
92
TABELA 21
Fundo classificado em aplicação financeira
Variáveis Concessionária 1 Concessionária 2 Concessionária 3 Concessionária 4
dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04
NCG
1.445 3.994 4.975 6.028 6.263 5.970 5.467 5.053 5.334 5.396 5.827 4.849
Capital de giro
3.988 5.660 7.845 5.985 6.630 8.788 11.228 14.733 12.406 1.814 2.388 (1.819)
Saldo de tesouraria (T)
2.544 1.666 2.870 (43) 367 2.818 5.761 9.680 7.072 (3.582) (3.442) (6.667)
Ativo econômico (AE)
7.791 25.392 26.273 13.344 14.169 14.807 19.335 (7.603) (3.494) 24.906 24.814 25.372
Exigível (E)
1.186 1.866 378 1.860 1.446 284 3.604 9.539 7.689 5.192 6.288 9.849
Ativos financeiros (AF)
3.730 3.532 3.247 1.817 1.813 3.102 9.366 19.219 14.760 857 140 946
Patrimônio líquido (PL)
10.335 27.058 29.143 13.301 13.301 13.301 25.096 2.077 3.577 20.571 18.669 16.468
Geração interna de recursos
1.595 1.872 2.287 951 1.269 3.124 1.430 1.091 1.537 (186) (1.150) (1.342)
Variação da NCG
- (2.549) (982) - (235) 293 - 414 (281) - (431) 978
Fluxo de caixa líquido
- (677) 1.305 - 1.034 3.417 - 1.505 1.256 (186) (1.581) (364)
EBIT
1.506 1.850 2.375 1.441 1.667 1.927 867 1.327 1.871 1.111 399 (140)
EBITDA
1.744 2.106 2.647 1.470 1.700 1.962 886 1.348 1.908 1.322 597 172
Indicadores Concessionária 1 Concessionária 2 Concessionária 3 Concessionária 4
Período dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04
ROIC (antes do imposto)
0,0% 11,1% 9,2% 0,00% 12,12% 13,30% 0,00% 22,63% -33,73% 0,00% 1,60% -0,56%
ROE
0,0% 8,6% 7,2% 0,00% 8,88% 19,21% 0,00% 7,88% 53,06% 0,00% -5,86% -7,64%
Ciclo financ (NCG/ROL) (dias)
1,7 4,2 5,9 8,1 7,5 6,5 11,9 8,8 7,7 5,2 6,5 3,2
Índice de liquidez (T/AE) (%)
32,6% 6,6% 10,9% -0,32% 2,59% 19,03% 29,80% -127,32% -202,38% -14,38% -13,87% -26,28%
Índice de liquidez (T/ |NCG|)%
176,1% 41,7% 57,7% -0,72% 5,87% 47,21% 105,39% 191,58% 132,58% -66,38% -59,07% -137,49%
Margem líquida (LL/ROL) (%)
5,3% 5,6% 8,0% 4,11% 4,94% 11,26% 10,21% 6,19% 7,25% -0,59% -4,28% -2,99%
MEBITDA (%)
6,8% 7,3% 10,5% 6,54% 6,80% 7,15% 6,42% 7,80% 9,23% 4,21% 2,22% 0,38%
Exigível/EBITDA
0,06 0,07 0,01 0,11 0,07 0,01 0,34 0,59 0,34 0,33 0,88 4,77
93
TABELA 22
Fundo classificado no contas a receber
Conc.1 Conc.2 Conc.3 Conc.4 Variáveis
dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04 dez/02 dez/03 dez/04
(NCG)
1.630 3.999 5.463 6.056 6.400 6.107 5.997 5.091 5.859 5.911 5.871 5.771
Capital de giro
3.988 5.660 7.845 5.985 6.630 8.788 11.228 14.733 12.406 1.814 2.388 (1.819)
T
2.358 1.661 2.383 (71) 231 2.682 5.231 9.642 6.547 (4.097) (3.483) (7.590)
Ativo econômico (AE)
7.976 25.397 26.760 13.372 14.306 14.944 19.865 (7.565) (2.969) 25.421 24.858 26.294
Exigível (E)
1.186 1.866 378 1.860 1.446 284 3.604 9.539 7.689 5.192 6.288 9.849
Ativos financeiros (AF)
3.545 3.527 2.760 1.788 1.676 2.966 8.835 19.180 14.235 342 99 23
PL
10.335 27.058 29.143 13.301 14.537 17.626 25.096 2.077 3.577 20.571 18.669 16.468
Geração interna de recursos
1.595 1.872 2.287 951 1.269 3.124 1.430 1.091 1.537 (186) (1.150) (1.342)
Variação da NCG
0 (2.369) (1.464) 0 (343) 293 0 906 (768) 0 40 100
Fluxo de caixa líquido
0 (497) 823 0 926 3.417 0 1.997 769 (186) (1.110) (1.242)
EBIT
1.506 1.850 2.375 1.441 1.667 1.927 867 1.327 1.871 1.111 399 (140)
EBITDA
1.744 2.106 2.647 1.470 1.700 1.962 886 1.348 1.908 1.322 597 172
ROIC (antes do imposto)
0,0% 11,1% 9,1% 0,00% 12,05% 13,18% 0,00% 21,58% -35,53% 0,00% 1,59% -0,55%
ROI
0,0% 8,6% 7,2% 0,00% 8,88% 19,21% 0,00% 7,88% 53,06% 0,00% -5,86% -7,64%
Ciclo financ (NCG/ROL) (dias)
1,9 4,2 6,5 8,1 7,7 6,7 13,0 8,8 8,5 5,6 6,6 3,9
Índice de liquidez (T/AE) (%)
29,6% 6,5% 8,9% -0,53% 1,61% 17,95% 26,33% -127,46% -220,48% -16,12% -14,01% -28,87%
Índice de liquidez (T/ |NCG|) (%)
144,7% 41,5% 43,6% -1,18% 3,61% 43,91% 87,22% 189,39% 111,74% -69,31% -59,33% -131,52%
Margem líquida (LL/ROL) (%)
5,3% 5,6% 8,0% 4,11% 4,94% 11,26% 10,21% 6,19% 7,25% -0,59% -4,28% -2,99%
MEBITDA (%)
6,8% 7,3% 10,5% 6,54% 6,80% 7,15% 6,42% 7,80% 9,23% 4,21% 2,22% 0,38%
Exigível/EBITDA
0,06 0,07 0,01 0,11 0,07 0,01 0,34 0,59 0,34 0,33 0,88 4,77
94
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
No que se refere à necessidade de capital de giro, a classificação do
Fundo Estrela como ativo operacional aumenta essa necessidade nos percentuais
respectivos aos anos de 2002, 2003 e 2004:
Concessionária 1 - 12,80%, 0,13% e 9,81%;
Concessionária 2 – 0,46%, 2,19% e 2,29%;
Concessionária 3 – 9,69%, 0,75% e 9,84%;
Concessionária 4 - 9,54%, 0,76% e 19,01%.
Em relação ao saldo de tesouraria, naturalmente o impacto causado
pela classificação do Fundo Estrela como ativo operacional foi negativo, como
pode ser observado nos percentuais respectivos aos anos de 2002, 2003 e 2004:
Concessionária 1: -7,31%, -0,30% e -16,97%;
Concessionária 2: -65,12%, -37,06%, -4,83%;
Concessionária 3: -9,20%, -0,39%, -7,42%;
Concessionária 4: 14,38%, -1,19%, -13,84%.
Quanto ao ativo econômico, a inclusão do Fundo Estrela como ativo
operacional traz impactos, respectivamente aos mesmos anos, da ordem de:
Concessionária 1 - 2,37%, 0,02%, 1,85%;
Concessionária 2 – 0,21%, 0,97%, 0,93%;
Concessionária 3 – 2,74%, 0,50%, 15,03%;
Concessionária 4 - 2,07%, 0,18% e 3,63%.
95
Considerando os ativos financeiros, a classificação do Fundo Estrela
como ativo operacional causa impactos negativos, respectivamente aos anos
citados, de:
Concessionária 1, -4,96%, -0,14%, e -15,00%,
Concessionária 2, -1,60%, -7,56% e –4,38%;
Concessionária 3, -5,67%, -0,20% e -3,56%;
Concessionária 4, -60,09%, -29,29% e -97,57%.
A inclusão do Fundo Estrela como ativo operacional impacta o ciclo
operacional aumentando-o, conforme se pode observar, nos anos de 2002, 2003
e 2004, respectivamente, em:
Concessionária 1: 11,76%, 0,00% e 10,17%;
Concessionária 2: 0%, 2,67% e 3,08%;
Concessionária 3; 9,24%, 0,00% e 10,39%;
Concessionária 4: 7,69%, 1,54% e 21,88%.
Analogamente, os índices de liquidez (T/AE) são afetados
negativamente com a classificação do Fundo Estrela como ativo operacional,
respectivamente aos anos de 2002, 2003 e 2004, em:
Concessionária 1: -9,20%, -1,52% e -18,44%;
Concessionária 2: -65,63%, -37,84%, -5,68%;
Concessionária 3: -11,64%, -0,11% e, -8,94%;
Concessionária 4: -12,10%, -1,01% e -9,86%.
96
Assim, também os índices de liquidez (T/NCG) são afetados
negativamente com a classificação do Fundo Estrela como ativo operacional,
respectivamente aos mesmos anos:
Concessionária 1: -17,83%, -0,48% e -24,44%;
Concessionária 2: -68,89%, -38,50% e -6,99%;
Concessionária 3: -17,24%, -1,14% e -15,72%;
Concessionáira 4: -4,41%, 0,44% e +4,34%.
Ao realizar-se a classificação do Fundo Estrela como ativo operacional,
houve também, conseqüentemente, aumento na NCG, na variação desta e no
fluxo de caixa líquido na exata proporção do saldo disponível ao final de cada
exercício para todas as concessionárias.
Os resultados de capital de giro, exigível, patrimônio liquido, lucro
operacional e EBITDA não sofreram reflexo do Fundo Estrela, assim como os
indicadores de resultados.
Importante ressalvar que, nos casos examinados, as estruturas
financeiras no modelo definido por Braga (1991) não se alteraram com as
reclassificações do Fundo Estrela, sendo que nos anos examinados (2002, 2003
e 2004) mantiveram-se - tendo as Concessionárias 1, 2 e 3 estruturas sólidas e a
Concessionária 4 estrutura financeira insatisfatória, conforme definição de
Marques e Braga (1995).
97
6 CONCLUSÕES
Após a interpretação dos índices, pode-se concluir que
inequivocamente a resposta à questão norteadora é que efetivamente as políticas
comerciais e financeiras das montadoras, especificamente no caso do Fundo
Estrela, impactam a administração financeira das concessionárias, notadamente
reduzindo os seus saldos possíveis de tesouraria, aumentando a necessidade de
capital de giro e, conseqüentemente, reduzindo sua liquidez.
Tavares (2002), ao estudar o setor supermercadista, alertava para o
elevado número de variáveis que influenciam a necessidade de capital de giro. No
caso especifico em questão, pode-se acrescentar outra de grande complexidade
para o gestor financeiro de concessionária, que é o Fundo Estrela, tendo em vista
as suas vinculações às condições comerciais da fábrica para movimentação e
utilização.
O confronto das simulações da alocação do saldo do Fundo Estrela em
aplicações financeiras e em contas a receber, alternadamente, comprova que não
se trata somente de uma questão de transferência de valores, mas evidencia uma
restrição financeira que deve ser considerada no processo de decisão
empresarial, visando a evitar-se a insolvência, constatação esta realizada por Cia
(2000).
Ao examinarem-se as normas de movimentação do Fundo Estrela,
concluiu-se que as vinculações contratadas entre as concessionárias e a
montadora aumentam a necessidade de capital de giro, visto que a própria
remuneração da revendedora, conseqüente parte significativa de sua
98
rentabilidade, fica vinculada à aquisição de produtos da fábrica para seu estoque
e posterior venda. Assim sendo, o fundo tem quota pré-determinada, os valores
utilizados são repostos, à vista ou parceladamente, tornando um ativo que tem
características de ativo financeiro em ativo operacional. Kimura e Perera (2003)
tiveram como ponto primordial no desenvolvimento de seu modelo de gestão de
risco o gerenciamento da liquidez, o que é de elevada importância na pesquisa
específica sobre o setor de seguros, realizada por Bezerra e Corrar (2002). Nos
casos analisados, o gerenciamento de liquidez tem significativas alterações,
conforme foi demonstrado ao se analisarem os índices de liquidez das
concessionárias nas simulações realizadas.
Para os financiadores, investidores e fornecedores, a forma de
funcionamento do Fundo Estrela, que constitui um credor privilegiado em
detrimento dos demais, no caso a montadora, reportando-se a Kimura e Perera
(2003), poderá significar acréscimo aos prêmios de risco e conseqüente
majoração dos encargos financeiros.
A indisponibilidade do saldo positivo do Fundo Estrela (valor de quota
de fundo – valor utilizado de fundo) para quitação de outras obrigações torna esse
ativo financeiro (ativo errático) em ativo cíclico (ativo operacional), evidenciando o
risco de descontinuidade ou crise de liquidez por inadimplência, previsto por Eifert
(2003).
O analista financeiro e até mesmo o gestor financeiro que esteja
realizando o diagnóstico de uma concessionária terão dificuldade em determinar
os indicadores de geração de caixa, indispensáveis - conforme Monteiro e Moreno
(2003) - pelo número de variáveis e condicionantes, em decorrência do fundo e
seus impactos no capital de giro da concessionária. Assim, o monitoramento em
99
separado do fluxo financeiro da área de veículos novos, conforme segregação
sugerida por Cheng e Mendes (1989), poderá ser uma decisão gerencial
necessária e eficaz.
Poderiam ser utilizados outros produtos financeiros, como compror,
vendor e conta garantida, que dariam melhor condição de gerenciamento do
capital de giro da concessionária.
O fundo aumenta o ciclo financeiro da empresa em um número de dias
aparentemente irrelevante. Mas, tendo em vista que o recebimento das verbas de
remuneração típicas da concessão, como fundo de localização e comissões, é
feito através do fundo, tem-se uma administração financeira em que a
disponibilidade dos lucros fica condicionada à queda da média de vendas. Isso
resultaria na redução da quota e, conseqüentemente, na “entorna” ou na
eventualidade de recebimento de bonificações que, somadas aos valores
aplicados no fundo, viessem a superar o valor definido da quota. Tem-se, então, a
configuração de um quadro em que a interdependência entre as operações e o
equilíbrio financeiro prevista por Braga e Marques (2001) é inequívoca, podendo
haver um grave descompasso entre a apuração de resultados por competência e
a disponibilidade financeira, comprometendo a liquidez da organização.
Para a fábrica, o fundo funciona como proteção ao overtrade da
concessionária e a uma eventual gestão financeira temerária.
A concessionária com saldo disponível em fundo no momento do
pedido de veículos na fábrica, tendo em vista a indisponibilidade dos recursos,
poderá optar por alavancar recursos, retirar os veículos com fiança, realizar a
venda e utilizar o produto desta como capital de giro por até 45 dias, incorrendo
no custo da fiança bancária. Entretanto, esta seria uma operação de
100
autofinanciamento sem a necessária geração interna de recursos, incorporada ao
patrimônio líquido, conforme descrito por Brasil e Brasil (2000). Essa operação
visa somente à geração de caixa que, na hipótese de ocorrência de uma
oscilação negativa de vendas no momento do pagamento dos veículos e/ou
reposição de fundo, aumenta de forma substancial a possibilidade de uma crise
de liquidez da concessionária. Isso estaria contrariando também Monteiro (2002),
que prevê um equilíbrio imprescindível entre nível de atividade e geração própria
de recursos, como prevenção ao efeito tesoura.
Fica claro, ao analisar-se a situação da Concessionária 4 - que tinha
elevado nível de endividamento e saldo negativo de tesouraria - que, da forma
como o fundo é operado, poderá ter efeito contrário ao pretendido, que é de
preservar capital de giro e acelerar a crise de liquidez da empresa. Nessa
situação, o aumento do ciclo operacional e a indisponibilidade de recursos
agravam as captações de recursos e aumentam as despesas financeiras. Há
também que se considerar que, conforme Brasil (2005), deve haver um patamar
mínimo de geração de caixa para suportar o endividamento da empresa e o
crescimento de faturamento, o que não ocorreu. Pode-se concluir que essa
empresa apresenta quadro de efeito tesoura, com os eventos de endividamento
de perfil de retorno inadequado e série de prejuízos como condições para
surgimento deste, de acordo com Brasil e Brasil (2000).
Para as concessionárias com saldo positivo de tesouraria, a vinculação
dos saldos positivos do Fundo Estrela, mesmo que aplicada a 93% do CDI, pode
indicar, de acordo com Monteiro (2002), uma disfunção de aplicação de recursos,
visto que a empresa pode estar sendo privada de obter melhores retornos em
101
outros investimentos, caracterizando os custos de oportunidade, manutenção e
falta identificados por Assaf Neto (2000).
Para as concessionárias com saldo negativo de tesouraria, com
existência de saldo positivo de Fundo Estrela, há um impacto nos resultados da
empresas, visto que as taxas de captação de recursos são superiores às taxas de
remuneração do Fundo Estrela. Desta forma, a concessionária é impedida de
amortizar o seu passivo oneroso, aumentando, assim, o seu custo de capital e,
provavelmente, terá uma avaliação de risco inferior à que poderia obter.
O valor disponível de fundo deveria servir de garantia a outras
operações financeiras para propiciar à revenda alavancar outras linhas de crédito,
o que certamente poderia amenizar os efeitos vinculantes do Fundo Estrela e
aumentar as opções de financiamento do aumento da necessidade de capital de
giro provocado pelo próprio fundo.
O fundo reduz a zero o risco de inadimplência das concessionárias com
a fábrica, sem que se possa identificar a contrapartida, em termos de
rentabilidade, pela eliminação do risco de crédito da montadora, cuja situação é
privilegiada.
O Fundo Estrela tem o benefício de preservar a rentabilidade mínima da
concessionária, visto que para cada venda existem as bonificações previamente
estabelecidas, embora depositadas em fundo, reservando, ainda, para a
concessionária a possibilidade de obter lucro adicional na venda a varejo em
preço acima da tabela da fábrica.
A concessionária poderá optar por trabalhar com o faturamento direto,
ou seja, sem realizar retiradas para o estoque e, conseqüentemente, reduzir ao
mínimo o saldo e utilização do Fundo Estrela, liberando recursos nele vinculados.
102
Entretanto, essa alternativa implicaria reduzir sua margem em 2%, visto que
nessa modalidade há redução das bonificações da concessionária, as metas de
aquisição da concessionária com a fábrica provavelmente não seriam cumpridas
e poderia haver dificuldades no atendimento às demandas dos clientes, visto que
o estoque da fábrica poderia não contemplar o produto solicitado naquele
momento. Desta forma, embora possível, essa estratégia é praticamente inviável,
a não ser que existam benefícios fiscais não identificados no estudo.
Por essas razões, a existência do fundo, como é atualmente
estruturado, tem como único beneficiário a fábrica, pois, para as empresas em
situação de equilíbrio financeiro, ele seria naturalmente desnecessário e para as
empresa em crise de liquidez ou acentuado crescimento de vendas ele vem
acelerar e aprofundar as suas dificuldades financeiras, reduzindo suas
alternativas de autofinanciamento.
Tendo em vista a relevância do tema e do segmento econômico,
entende-se que outras pesquisas poderiam ser realizadas comparando as
condições comerciais e financeiras das outras montadoras com sua rede de
concessionárias, produtos financeiros que poderiam ser substitutos do Fundo
Estrela e adequação contábil para classificação mais correta do Fundo Estrela.
103
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