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SATISFAÇÃO DE VIDA, REDE DE RELAÇÕES, COPING E NEUROTICISMO EM
ADOLESCENTES PORTADORES E NÃO PORTADORES
DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA- HIV
Adriana Jung Serafini
Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do Grau de Doutor em Psicologia
sob a orientação da Profa. Dra. Denise Ruschel Bandeira.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto de Psicologia
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Porto Alegre, julho de 2008
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Agradecimentos
À minha orientadora, profa. Dra. Denise Ruschel Bandeira por toda orientação,
incentivo e pelas oportunidades ao longo dos seis anos em que fiz parte de seu grupo de
pesquisa, primeiro como mestranda e posteriormente como doutoranda. - Denise, não como
“mensurar” todo o aprendizado obtido contigo!
Às professoras que participaram da banca de avaliação desta pesquisa, e que
colaboraram com seu conhecimento no aperfeiçoamento do projeto, Dra. Débora Dalbosco
Dell’Aglio, Dra. Nêmora Barcellos e Dra. Tereza de Araújo.
Ao professor Jorge Sarriera pelo auxílio na estatística e co-autoria no terceiro estudo.
À toda a minha família, meus pais por sempre terem me incentivado e demonstrado a
importância do estudo ao longo de minha vida. Ao meu irmão André e minha cunhada Adriana,
pela amizade e companheirismo e ao meu amado afilhado Raphael, por me ensinar a cada dia, e
da maneira mais prazerosa possível, um pouco mais sobre desenvolvimento infantil.
Ao meu noivo Fábio pelo companheirismo, pelo apoio e pela compreensão ao longo
destes seis anos.
Ao professor Cláudio Hutz, pelo empenho e auxílio, e por criar a ponte entre a UFRGS
e a University of Montana, o que tornou possível a realização de meu Doutorado Sanduíche.
À querida amiga, professora da University of Montana, Aida Hutz e a sua família, por
terem me recebido e acolhido em terras estrangeiras, e oportunizado que meu Doutorado
Sanduíche se tornasse uma das experiências mais enriquecedoras da minha vida.
A todos os amigos e colegas do grupo de pesquisa, especialmente à Adriane Arteche,
Josiane Pawlowski, Vivian de Medeiros Lago, pela presença e apoio constante. - Adri, um
obrigado especial pelos artigos enviados diretamente de Londres e Vivian, pelo auxílio nos
abstracts!
Aos colegas da turma de mestrado, por fazerem parte de momentos importantes da
minha trajetória, especialmente à amiga Rochele Paz, pela parceria.
Às amigas de sempre e para sempre: Adri, Aline, Cris, Lu, Eliza, Anita e Carol Leal,
presentes em todos os momentos.
Às equipes do SAT do Hospital Sanatório Partenon, do CTA de Viamão e do CTA do
Ambulatório de Dermatologia Sanitária, em especial às Dras. Nêmora, Letícia e Ana Lúcia pela
disponibilidade e o apoio oferecido e pela valorização da pesquisa.
Aos pacientes dos centros de atendimento, pela disposição em participar da pesquisa e
em compartilhar com a ciência e com esta pesquisadora um pouco de suas vivências.
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Às escolas que fizeram parte desta pesquisa por abrirem suas portas, aos professores
por cederem seu tempo e sala de aula e aos alunos que, apesar do tamanho do questionário,
aceitaram participar deste estudo.
Aos bolsistas de iniciação científica Filipe Furlan, Patrícia Alves Teixeira e Alyane
Audibert Silveira pelo auxílio na coleta e na digitação do banco de dados.
Aos funcionários do Instituto de Psicologia, Margareth, Alziro e Carla, sempre
dispostos a ajudar.
À UFRGS pela possibilidade de realizar um Doutorado gratuito e ao CNPq e CAPES
pelo apoio financeiro durante a realização do Doutorado e Estágio Sanduíche.
4
“Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!”
(Mário Quintana)
5
SUMÁRIO
Lista de Tabelas
8
Lista de Figuras
9
Resumo
10
Abstract
11
Apresentação
12
Capítulo I - Introdução
14
1.1.Satisfação de Vida: Avaliação cognitiva do bem-estar subjetivo
14
1.2. Stress e Coping
17
1.2.1. Estratégias e Estilos de Coping
19
1.3. Rede de Relações: a importância do suporte social e das relações de
intimidade na adolescência
20
1.4. Eventos de Vida: Infecção pelo vírus HIV na adolescência
22
1.4.1. HIV e AIDS: Dados epidemiológicos
22
1.4.2. HIV: Aspectos psicológicos
24
Capítulo II – A influência da rede de relações, do coping e do neuroticismo sobre a
satisfação de vida de jovens estudantes
27
Resumo
28
Abstract
29
Introdução
30
Objetivos
32
Método
32
Amostra
32
Instrumentos
34
Procedimentos
35
Análise dos dados
36
Resultados
36
Discussão
43
Conclusões
49
Capítulo III – Jovens vivendo com HIV/AIDS: A influência da rede de relações,
51
6
do coping e do neuroticismo sobre a satisfação de vida
Resumo
52
Abstract
53
Introdução
54
Objetivos
56
Objetivo Geral
56
Objetivos Específicos
56
Método
56
Amostra
56
Instrumentos
59
Procedimentos
60
Análise dos dados
61
Resultados
61
Discussão
66
Conclusões
71
Capítulo IV – Satisfação de vida, rede de relações, coping e neuroticismo: Perfil
diferencial entre jovens portadores e não portadores do HIV
73
Resumo
74
Abstract
75
Introdução
76
Objetivos
78
Método
78
Amostra
78
Instrumentos
79
Procedimentos
80
Análise dos dados
82
Resultados
82
Discussão
88
Conclusões
93
Capítulo V
95
Considerações Finais
7
Referências
97
Anexos
106
Anexo A. Questionário de dados sócio-demográficos para participantes das
escolas
107
Anexo B. Escala Multidimensional de Satisfação de Vida para Adolescentes–
EMSV-A
109
Anexo C. Inventário de Rede de Relações – IRR
111
Anexo D. Inventário de Estratégias de Coping
116
Anexo E. Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Saúde
Pública do RS
118
Anexo F. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - estudantes com idade a
partir de 18 anos
119
Anexo G. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - estudantes com idade
inferior a 18 anos
120
Anexo H. Questionário de dados sócio-demográficos para os participantes
portadores do HIV
121
Anexo I. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – jovens portadores do
HIV com idade a partir de 18 anos
123
Anexo J. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - jovens portadores do HIV
com idade inferior a 18 anos
124
8
LISTA DE TABELAS
Estudo II
Tabela 1. Dados demográficos e sócio-econômicos da amostra
33
Tabela 2. Resultados da MANCOVA para os fatores da EMSV-A
37
Tabela 3. Resultados da MANCOVA para os fatores do IRR
38
Tabela 4. Categorias das situações de stress
40
Tabela 5. Resultados da MANCOVA para os fatores do Inventário de Estratégias
de Coping
41
Tabela 6. Resultados da MANCOVA para os fatores da EFN
42
Tabela 7. Resultados da análise de regressão linear multivariada
43
Estudo III
Tabela 1. Dados demográficos e sócio-econômicos dos participantes
57
Tabela 2. Dados relacionados à infecção pelo HIV
58
Tabela 3. Resultados da MANCOVA para os fatores da EMSV-A
62
Tabela 4. Resultados da MANCOVA para os fatores do IRR
63
Tabela 5. Resultados da MANOVA para os fatores do Inventário de Estratégias de
Coping
64
Tabela 6. Resultados da MANCOVA para os fatores do EFN
65
Tabela 7. Resultados da análise de regressão linear multivariada
66
Estudo IV
Tabela 1. Matriz estrutural das variáveis discriminantes da EMSV-A
83
Tabela 2. Matriz estrutural das variáveis discriminantes do IRR
85
Tabela 3. Matriz estrutural das variáveis discriminantes da EFN
86
Tabela 4. Matriz estrutural das variáveis discriminantes do Inventário de
Estratégias de Coping
87
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Modelo de Processamento de Stress e Coping
18
10
RESUMO
A presente Tese de Doutorado foi composta por um capítulo introdutório e três estudos,
todos eles empíricos apresentados em formato de artigos. Os artigos objetivaram investigar as
variáveis satisfação de vida, rede de relações, coping e neuroticismo nos grupos estudados. A
amostra do primeiro artigo foi composta por um grupo não-clínico de estudantes (n = 502) e a
do segundo, por um grupo clínico de portadores do HIV (n = 45), todos procedentes da Grande
Porto Alegre e com idades entre 14 e 23 anos. No terceiro estudo participaram os jovens do
grupo clínico e 494 jovens do grupo não-clínico. Em todos os três, os instrumentos utilizados
foram: questionário de dados sócio-demográficos, Escala Multidimensional de Satisfação de
Vida para Adolescentes EMSV-A, Inventário de Rede de Relações IRR, Inventário de
Estratégias de Coping e Escala Fatorial de Neuroticismo EFN. Para a análise dos dados dos
dois primeiros estudos foram realizadas MANCOVAS e MANOVAS e análises de regressão
múltipla e para o terceiro estudo, análises discriminantes entre os grupos para cada um dos
instrumentos. Tanto os resultados do primeiro quanto do segundo estudo indicaram que os
jovens participantes utilizaram um número variado de estratégias de coping e apresentaram um
bom vel de satisfação de vida, porém para o grupo clínico houve declínio na satisfação com
as amizades. As relações com amigos e com a figura materna mostraram-se como aspectos
importantes. Verificou-se, ainda, que o melhor preditor do nível de Satisfação de Vida Total de
ambas amostras foi o fator Depressão do EFN. No terceiro estudo foram encontradas diferenças
entre os grupos em todos os instrumentos. Evidenciou-se também uma perda do sentido vital no
grupo clínico, principalmente pelos achados da EFN. Os resultados contribuíram para o
conhecimento acerca da adolescência, assim demonstraram a necessidade de se criar
intervenções para a promoção do bem-estar de portadores e não portadores do HIV.
Palavras-chave: HIV; Satisfação de Vida; Coping; Neuroticismo; Rede de Relações
11
ABSTRACT
The present doctoral consists of an introductory chapter and three studies, all of them empirical
and presented in article format. The papers aimed to investigate the variables life satisfaction,
network of relationships, coping and neuroticism. The first study’s sample was non-clinic and
consisted of students (n = 502) and the second study’s sample was clinic, formed by HIV
patients (n = 45), all of them from metropolitan Porto Alegre. The clinic sample and 494
students from the non-clinic sample took part of the third study. The instruments used were:
questionnaire of sociodemographic data, Multidimensional Life Satisfaction Scale for
Adolescents (MLSS- A), Network of Relationships Inventory (NRI), Coping Strategies
Inventory and Neuroticism Factorial Scale. In order to analyze the data from the two first
studies it was used MANCOVAS and MANOVAS and multiple linear regression analyses.
Discriminant analyses between the clinic and non-clinic samples for each of the instruments
were developed to analyze the data from the third study. The results of the first and the second
study showed that the participants revealed a varied number of coping strategies and presented
a good level of life satisfaction, although there is a fair decrease in the satisfaction with
friendships. The relationships with friends and the maternal figure proved to have a important
influence on the youths. Moreover, it was verified that the best predictor of Total Life
Satisfaction of the sample was the factor Depression of the Neuroticism Factorial Scale. In the
third study the findings revealed differences between the groups in all of the measures. It was
also evidenced a loss of the vital sense in the clinic group, especially through the findings of the
Neuroticism Factorial Scale. The results contributed to increase the knowledge about
adolescence and showed the importance of developing intervention programs to promote well-
being in HIV carriers and non-carriers.
Keywords: HIV; Life Satisfaction; Coping; Neuroticism; Relationships Network
12
APRESENTAÇÃO
O interesse no estudo dos aspectos relacionados ao bem-estar-subjetivo, como a
satisfação de vida, tem se mostrado crescente no campo da Psicologia (Giacomoni, 2004). No
Brasil, percebe-se que nos últimos anos o número de pesquisas nesta área que levem em
consideração a população de adolescentes e jovens também tem aumentado (Albuquerque,
Noriega, Coelho, Neves, & Martins, 2006; Arteche, 2003; Arteche, & Bandeira, 2003; Silva et
al., 2007). Porém, apesar da literatura apontar que variáveis como as redes de relações e
relações de intimidade (Helsen, Volleberg, & Meeus, 2000; Yarcheski, Mahon, & Yarcheski,
2001), o neuroticismo (Diener, & Lucas, 1999; Schumutte, & Ryff, 1997) e utilização de
estratégias de coping (Aldwin, & Reverson,1987) interferem no nível de satisfação de vida,
pesquisas brasileiras que relacionem todas elas não foram encontradas. No que se refere aos
adolescentes portadores de HIV, estudos que analisem seus aspectos psicológicos em nosso
país também são raros (Bassols, 2003; Reppold, Reppold, Xavier, & Hutz, 2004).
Desse modo, a presente Tese de Doutorado busca contribuir para a aquisição de
conhecimentos na área do bem-estar subjetivo, abordando estas questões que ainda não haviam
sido contempladas. Ela é composta por um capítulo introdutório e três estudos relacionados,
todos eles empíricos, que serão apresentados em formato de artigos. A introdução inicial
procura situar o leitor em relação aos diversos conceitos teóricos que fundamentam esta
pesquisa, assim como caracterizar a epidemia de HIV/AIDS através de dados epidemiológicos
e de estudos anteriores, nacionais e internacionais, que englobem temáticas semelhantes.
Em relação aos artigos desenvolvidos, os dois primeiros tiveram como objetivo
investigar o nível de satisfação de vida de jovens e o efeito de variáveis importantes para a
satisfação de vida: as estratégias de coping, rede de relações e o nível de neuroticismo, sendo
que o primeiro refere-se a uma amostra não clínica, composta por jovens estudantes de escolas
estaduais, e o segundo a uma amostra clínica de portadores do HIV. O terceiro estudo possuiu
como meta avaliar a existência de diferenças entre jovens portadores e não portadores do HIV
em relação às variáveis satisfação de vida, rede de relações, estratégias de coping e
neuroticismo, entendendo-se a infecção por HIV como um evento de vida estressor que possui
efeito sobre o bem-estar subjetivo.
De acordo com Taquette, Ruzany, Meirelles e Ricardo (2003), por ainda não existir cura
para grande parte das doenças crônicas, avaliar questões vinculadas à qualidade de vida são
imprescindíveis, pois a partir dessa investigação é possível direcionar de modo mais eficaz
recursos e benefícios para a criação e manutenção de programas de saúde. Programas esses que
devem incorporar de uma forma integral os aspectos físicos, psicológicos e sociais das pessoas
13
que são atendidas. compreendendo o fenômeno é que se pode pensar em formas de
intervenção eficazes.
14
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1.1. Satisfação de Vida: Avaliação cognitiva do bem-estar subjetivo
Com o aparecimento da Psicologia Positiva no final da cada de 1990, surgiu também
uma necessidade dos pesquisadores e teóricos em adotar uma perspectiva mais aberta e
apreciativa do potencial do ser humano, incluindo suas motivações e capacidades. Ao contrário
do que era aceito em décadas anteriores, nessa perspectiva a função normal, considerando-se o
bem estar e a saúde do homem, não pode ser justificada apenas como a ausência da doença
(Sheldon, & King, 2001). Através dessa nova perspectiva o reconhecimento de que o bem-
estar (ou felicidade) deve incluir elementos positivos, sendo que esses elementos transcendem
aspectos como a prosperidade econômica (Diener, Suh, Lucas, & Smith, 1999).
Quando se conceitualiza bem-estar subjetivo é importante diferenciar esse construto de
um outro relacionado: a qualidade de vida. Para Neto e Araújo (2003), a qualidade de vida é
um conceito multidimensional, e entre as suas particularidades está o fato de contar com
aspectos tanto subjetivos (como a experiência do sujeito e sua visão particular de seus atributos
de vida), quanto objetivos (a avaliação da qualidade de vida de alguém realizada por um
observador externo). Conforme Lent (2004), muitos pesquisadores utilizam os termos bem-
estar e qualidade de vida de um modo indiferenciado, parecendo não haver um consenso geral
sobre a definição de qualidade de vida. Entretanto, na visão do autor, o bem-estar seria um dos
indicadores que constituem a qualidade de vida, que englobaria outros aspectos como
ajustamento e suporte social, nível de vida e o estado de saúde física.
De acordo com Diener (1996), o bem-estar subjetivo é uma área crescente da psicologia
e se refere às avaliações que as pessoas fazem de suas próprias vidas (de acordo com suas
próprias perspectivas), tanto no momento atual como de períodos ocorridos no passado (Diener,
& Lucas, 1999). Para Diener (1984), a definição de bem-estar subjetivo ou de felicidade
poderia ser agrupada em três categorias. A primeira categoria descreve o bem-estar por critérios
externos, como uma virtude ou santidade. Aqui a felicidade significa possuir alguma qualidade
desejável, não sendo apresentada como um estado subjetivo. A segunda definição foi
desenvolvida por cientistas sociais e investiga o que leva as pessoas a avaliarem suas vidas de
forma positiva. Essa categoria tem sido denominada como satisfação de vida e fundamenta-se
nas respostas dadas pelas pessoas sobre os aspectos favoráveis de suas vidas. A terceira, e
última, categoria determina que o bem-estar subjetivo caracteriza-se pela experimentação de
um número maior de afetos positivos em relação ao número de afetos negativos.
15
Para certos autores o bem-estar subjetivo não é visto como um único elemento, mas
inclui tanto um julgamento cognitivo de satisfação de vida e uma avaliação afetiva do humor e
das emoções, como suas reações a eventos vivenciados (Diener, Oishi, & Lucas, 2003). Diener,
Suh, e Oishi (1997) referem que quando uma pessoa descreve-se como possuindo um nível de
bem-estar alto, quer dizer que ela experiencia mais estados emocionais de felicidade e maior
satisfação de vida do que sentimentos negativos, como a ansiedade ou raiva.
O afeto positivo e o afeto negativo são considerados os fatores afetivos do bem-estar. Já
a satisfação de vida, o segundo fator que compõe o bem-estar subjetivo, é considerada o
elemento cognitivo. Na presente pesquisa optou-se por avaliar apenas esse elemento
constituinte do bem-estar (a satisfação de vida), que é definido como uma avaliação global que
a pessoa faz de sua própria vida. Essa avaliação é descrita por Pavot, Diener, Colvin e Sandivik
(1991) como uma comparação que as pessoas fariam das situações pelas quais atravessam ao
longo da vida de acordo com um padrão construído por elas mesmas. O padrão construído seria
um julgamento subjetivo e não algo externamente imposto (Diener, Emmons, Larsen, &
Griffin, 1985). Essa definição sugere que ao fazer uma avaliação de satisfação de vida a pessoa
examina os aspectos tangíveis de sua vida, ponderando os fatores positivos e negativos e chega,
enfim, a um julgamento da satisfação de vida global. Essa avaliação global é compreendida
como estável, pois não é completamente dependente do estado afetivo da pessoa no momento
do julgamento (Lucas, Diener, & Suh, 1996).
Além dessa avaliação global de satisfação de vida, Hueber (1991) enfatiza a
importância de um julgamento a partir de domínios específicos como, por exemplo, a família
ou amigos. Diener (1984) refere que entre importantes achados de pesquisas na área, destaca-se
o fato de que aqueles domínios que são mais diretamente relacionados à vida da pessoa
desempenham maior influência sobre o bem-estar.
Estudos demonstram que adolescentes, de uma forma geral, apresentam um nível alto de
satisfação de vida (Huebner, Drane, & Valois, 2000; Nickerson, & Nagle, 2004), apesar disso,
pesquisas indicam que certas variáveis podem influenciar o nível de bem-estar, e como
conseqüência, o nível de satisfação. Um dos achados mais consistentes no campo do bem-estar
subjetivo é que seus componentes estão moderadamente relacionados a traços de
personalidade: esses são caracterizados como preditores de felicidade. Pesquisas relacionando o
modelo de personalidade dos Cinco Grandes Fatores indicam que os traços de personalidade
que estão mais fortemente relacionados ao bem estar subjetivo são a extroversão e o
neuroticismo (Diener, & Lucas, 1999; Schumutte, & Ryff, 1997). O entendimento desses
fatores como decisivos no desenvolvimento e compreensão do bem-estar subjetivo é conhecido
como modelo do equilíbrio dinâmico. Nesse modelo cada pessoa possuiu um equilíbrio que
16
está relacionado aos seus traços predominantes de personalidade. Certos eventos de vida podem
afetar esse equilíbrio, porém essas mudanças são temporárias, que a pessoa sempre tende a
voltar a sua forma original (Headey, & Wearing, 1989).
Apesar desses achados, alguns pesquisadores fazem referência à importância exercida
pelo impacto de certos eventos de vida sobre o bem-estar (Diener, & Lucas, 1999; Mccullough,
Hueber, & Laughlin, 2000). Em função de tais influências, o bem-estar subjetivo poderia ser
considerado não apenas como um traço, mas também como estado (Feist, Bodner, Jacobs,
Miles, & Tan, 1995). Mccullough et al., (2000), em uma pesquisa com 92 adolescentes,
encontraram que os eventos de vida estavam significativamente relacionados aos relatos de
bem-estar. De acordo com os autores é extremamente importante que se de atenção às múltiplas
experiências vivenciadas pelos adolescentes para que se entenda melhor fatores como bem-
estar e resiliência. Os resultados dessa pesquisa ainda demonstraram a importância de
programas de intervenção e prevenção que tenham como objetivo o ensino de estratégias de
coping para que os adolescentes possam aprender a lidar com os fatores estressantes que
ocorrem no dia-a-dia. Giacomoni (2002) reforça essa idéia quando afirma que um componente
importante das teorias de bem-estar é a forma como as pessoas lidam com acontecimentos
estressantes (coping).
Resultados de pesquisas demonstram que outro fator que exerce influência sobre o bem-
estar de adolescentes é o suporte social de pais e amigos, sendo que a presença de tal suporte se
correlaciona negativamente com problemas emocionais (Helsen, Vollebergh, & Meeus, 2000;
Yarcheski et al., 2001). O estudo de Diener e Fujita (1995) confirma esses resultados ao
enfatizar que os recursos sociais como o suporte familiar ou a presença de amigos íntimos e
recursos pessoais como habilidades sociais, são bons preditores para o nível de satisfação de
vida, especialmente quando esses recursos apresentam-se congruentes com as metas pessoais
dos sujeitos. Fatores como confiança e comunicação entre os adolescentes e seus pais e pares
também se mostraram relacionados ao grau de satisfação experienciada (Nickerson, & Nagle,
2004).
Através da revisão teórica sobre bem-estar subjetivo e seu componente cognitivo, pode-
se observar que existem alguns fatores que exercem influência sobre o grau de satisfação que as
pessoas podem vivenciar em relação às suas vidas. Dentre esses fatores, a presente pesquisa
teve como objetivo avaliar as estratégias de coping utilizadas pelos adolescentes para lidar com
eventos estressantes; a rede de relações estabelecida por eles e o impacto de um evento de vida,
que no caso desse estudo é o diagnóstico de soropositividade. Sendo assim, a revisão teórica
desta pesquisa é aprofundada em cada um desses aspectos.
17
1.2. Stress e Coping
O conceito de coping originou-se de abordagens bastante divergentes, uma derivada da
Psicologia Animal Experimental, e a outra da Psicologia do Ego. Entretanto, ambos os modelos
foram criticados o primeiro por se mostrar muito simplista e o segundo por apresentar lacunas
(Lazarus, & Folkman, 1984).
Buscando suprir as deficiências dos modelos anteriores, novas maneiras de explicar
coping foram desenvolvidas (Band, & Weiz, 1988). Dentre elas pode-se citar o “Modelo de
Processamento de stress e Coping (também denominado Ways of Coping”), que será
utilizado na presente pesquisa. Esse modelo foi desenvolvido por Lazarus e Folkman (1984) e
define coping como os esforços cognitivos e comportamentais para lidar com demandas
externas e/ou internas específicas que são avaliadas como excedendo os esforços e recursos do
indivíduo. Diferentemente de modelos anteriores, este modelo centra-se na idéia de coping
como um processo não sendo apenas orientado por traços de personalidade e exclui da
definição comportamentos adaptativos automatizados. Quando se caracteriza coping como um
processo, o contexto psicológico e ambiental passa a adquirir um grande significado, pois este é
definido como uma resposta às demandas psicológicas e ambientais de determinadas situações
estressantes (Folkman, Lazarus, Dunkel-Schetter, De Longis, & Gruen 1986;).
Fundamentado na definição de coping proposta por Lazarus e Folkman (1984),
Beresford (1994) desenvolveu um modelo de stress, coping e ajustamento (ver Figura 1). O
ponto central desse modelo é o fato do processo de coping ter como objetivo a mediação dos
efeitos do stress sobre o bem-estar do indivíduo.
18
Estressor potencial
Avaliação primária:
O que significa esse evento?
Como ele irá afetar meu bem-estar?
Evento
estressor
Evento
irrelevante
Evento
benigno
Ameaça DesafioPrejuízo
Avaliação secundária:
O que posso fazer?
Quanto vai custar?
Qual o resultado que espero?
Estratégias de Coping
Focalizadas no Problema Focalizadas na Emoção
Resultado
Reavaliação
O stress mudou?
Estou me sentindo
melhor?
Recursos sócio-
ecológicos de Coping
Recursos pessoais de
Coping
Figura 1. Modelo de Processamento de Stress e Coping (Beresford, 1994).
Ao observar o modelo de Beresford (1994), percebe-se que este inclui dois tipos de
processos, a avaliação primária e a avaliação secundária. Através da avaliação primária a
pessoa julga quando um evento é irrelevante, benigno ou estressante. Enquanto que um evento
irrelevante não possui significado para o bem-estar pessoal, o evento benigno traz resultados
positivos. Já o evento estressor se caracteriza pela avaliação da situação como de ameaça,
desafio ou danos. A ameaça se refere a uma perda potencial; desafio a uma oportunidade de
19
crescimento, de controle ou ganho e a perda a um prejuízo ocorrido, como um dano a uma
relação de amizade, à saúde ou auto-estima. Na avaliação secundária a pessoa avalia seus
recursos de coping e se faz a pergunta: “O que posso fazer?” (Folkman et al., 1986).
1.2.1. Estratégias e Estilos de Coping
No Modelo de Processamento de Stress e Coping uma das funções da avaliação
secundária é direcionar a pessoa para a escolha e utilização de determinadas estratégias de
coping. As estratégias de coping envolvem múltiplos pensamentos e atos, sendo alguns deles
orientados para a regulação e outros para a solução de problemas (Folkman et al., 1986). Em
relação aos tipos de estratégias, Lazarus e Folkman (1984) propuseram uma classificação para
as estratégias de coping, sendo estas divididas em dois grandes grupos: as estratégias de coping
centrado na emoção e as estratégias de coping centrado no problema. O primeiro grupo se
refere àquelas estratégias que buscam minimizar os sentimentos negativos que se originam do
evento estressor, como o distanciamento, evitação, minimização, atenção seletiva, entre outras.
Elas acabam sendo remetidas ao nível somático ou afetivo. As estratégias centradas no
problema são similares às estratégias utilizadas na solução de problemas, tendo como objetivo
agir diretamente sobre o agente estressor, procurando modificá-lo. São referidas duas formas de
ação nesse tipo de coping, a externa que busca intervir diretamente para solucionar o problema
através, por exemplo, da negociação, e a interna que abrange a reestruturação cognitiva do
problema.
Contudo, essa forma de classificação foi criticada pelo fato de incluir muitos tipos de
estratégias em apenas duas categorias demasiadamente amplas (Compas, Connor-Smith,
Saltzman, Thomsen, & Wadsworth, 2001). Assim, vários estudos foram realizados buscando
revisar ou modificar as categorias em que essas estratégias eram, até então, incluídas (Aldwin,
& Revenson, 1987; Folkman et al., 1986; Folkman, & Lazarus, 1985).
Para acessar as estratégias de coping utilizadas pelos participantes na presente pesquisa
será utilizada a versão brasileira do Ways of Coping Checklist, o Inventário de Estratégias de
Coping de Folkman e Lazarus (Savóia, Santana, & Mejias, 1996). Esse inventário classifica as
estratégias através das seguintes dimensões: Confronto, Afastamento, Autocontrole, Suporte
Social, Aceitação de Responsabilidade, Fuga-esquiva, Resolução de Problemas e Reavaliação
Positiva.
Em relação à avaliação da efetividade das estratégias de coping neste estudo será
utilizada como diretriz a proposta de Aldwin e Revenson (1987) que relaciona o coping efetivo
com resultados positivos sobre aspectos relacionados à saúde física ou mental, e nesse caso
pode-se levar em conta também a satisfação de vida das pessoas.
20
Como no presente estudo são avaliadas as estratégias de coping de participantes de uma
faixa etária específica, os adolescentes, ressalta-se a importância de uma maior fundamentação
de aspectos específicos de coping na adolescência. Compas (1987) relata que no início da
infância as pessoas são confrontadas com situações potencialmente ameaçadoras e desafiadoras
que requerem ação e adaptação. Os recursos disponíveis para lidar com o stress e a maneira que
os indivíduos efetivamente o enfrentam podem ser fatores importantes que influenciam um
desenvolvimento e crescimento positivos, ou no aparecimento de problemas psicológicos e
somáticos.
Estudos demonstram que os adolescentes apresentam uma série de estratégias para se
adaptar a esses estressores, mas que variáveis como a idade, gênero, características de
personalidade, suporte social e familiar podem influenciar o coping (Williams, & De Lisi,
1999; Wills, McNamara, & Vaccaro,1996; Wilson, & Gottman, 1996). Os achados indicam que
adolescentes mais velhos relatam um número mais freqüente de uso de estratégias de coping
que lidam diretamente com problemas do que os adolescentes mais jovens. Tal questão parece
relacionada ao fato de adolescentes mais velhos possuírem um repertório maior de estratégias e
poderem lançar mão destas quando a estratégia de coping não é efetiva. Os adolescentes mais
velhos utilizam mais a “reavaliação positiva”, uma abordagem cognitiva de enfrentamento de
problemas, que foca os aspectos positivos que podem ser obtidos através do desafio enfrentado.
Assim, observa-se que as estratégias de coping utilizadas durante as diferentes fases da
adolescência tendem a variar com os avanços cognitivos e através das demandas de vida
(Williams, & De Lisi, 1999).
Estudos brasileiros com adolescentes demonstraram que a variável sexo interfere nos
tipos de estratégias de coping utilizadas para lidar com o stress. Os resultados da pesquisa de
Arteche, Bandeira e Gozalvo (2003) evidenciaram que as adolescentes do sexo feminino,
quando comparadas com os do masculino, apresentaram uma freqüência significativamente
superior de estratégias categorizadas como de apoio social e de expressão emocional. Já os
meninos apresentaram uma freqüência significativamente maior na categoria aceitação. Mesmo
não revelando diferenças significativas, a pesquisa de Dell’Aglio e Hutz (2002) realizada com
grupos de adolescentes provenientes de baixas camadas sócio-econômicas (jovens
institucionalizados e não institucionalizados), demonstrou que a estratégia mais freqüentemente
utilizada pelas meninas foi a de busca de apoio social e a dos meninos de ação agressiva.
1.3. Rede de Relações: a importância do suporte social e das relações de intimidade na
adolescência
21
A adolescência é caracterizada por ser uma fase de mudanças e transições importantes.
Ela emerge a partir do início da puberdade e é definida como a etapa de transição para a vida
adulta. Durante essa fase, o adolescente passa por transformações físicas, sexuais, cognitivas e
emocionais significativas, sendo uma de suas tarefas essenciais o estabelecimento de relações
mais próximas com seus pares e sexo oposto, como as relações de intimidade (Steinberg,
1985).
Apesar de na infância as pessoas demonstrarem um desejo de estabelecer relações
íntimas, nesta faixa etária essas relações aparecem mais como uma necessidade de aproximação
física, ou de troca de experiências como contar para os pais ou irmãos sobre o filme preferido.
Porém, é somente na adolescência que começam a aparecer formas de intimidade mais adultas,
como trocas emocionais (Buhrmester, & Furman, 1987). Conforme Steinberg (1985), na
adolescência essas relações se caracterizam pela abertura, honestidade, auto-exposição e
confiança, diferenciando-se daquelas desenvolvidas na infância. Diferentemente das amizades
infantis, na adolescência o amigo não é apenas aquele que gosta das mesmas coisas que o outro,
mas sim com o qual são desenvolvidos sentimentos como preocupação, consideração e
entendimento mútuo, de uma forma especial. De acordo com Adams, Bertt e Wilder (2001),
uma maior proximidade pode ser definida como interdependência, sendo que esta descreve o
grau de interconexão das pessoas em um relacionamento.
Sullivan (1974) que, juntamente com Erikson (1976), é um dos principais teóricos que
estudaram a importância das relações de intimidade ao longo do desenvolvimento humano,
refere que a necessidade pelo estabelecimento dessas relações inicia ainda na pré-adolescência
e é através das relações de amizade e intimidade entre os pares de mesmo sexo que o
adolescente se prepara para desenvolver relações de intimidade com pares do sexo oposto. Em
contrapartida, Erikson afirma que a formação da intimidade apenas se daria a partir do
desenvolvimento da identidade. Para esse autor a verdadeira intimidade seria uma entrega real
de si próprio, que se tornaria possível quando o indivíduo estivesse seguro de sua própria
identidade. Apesar das visões divergentes em relação ao surgimento das verdadeiras relações
de intimidade, ambos concordam que esse é um fator de extrema importância para essa fase da
vida e, conseqüentemente, para o desenvolvimento das etapas posteriores.
As pesquisas realizadas com o objetivo de investigar as relações interpessoais e de
intimidade na adolescência encontraram algumas variáveis que fazem com que essas relações
desenvolvam-se de forma diferente, como características de personalidade, gênero, idade e/ou
valores culturais e sócio econômicos (Asendorpf, & Wilpers, 1998; Furman, & Buhrmester,
1985; Horn, & Marques, 2000; Leadbeater, Kuperminc, Blatt, & Hertzog, 1999; Marques,
22
1996; McGue, Elkins, Walden, & Iacono, 2005; Uegerb, Degirmencioglu, Tolson, & Halliday-
Scher, 1995; Wong, & Csikszentmihalyi, 1994).
Outra questão importante vinculada às relações interpessoais que os adolescentes
estabelecem é o fato destas poderem ser caracterizadas como um aspecto de proteção ou de
risco para a saúde, bem-estar e satisfação de vida dos mesmos. Conforme Shulman (1993), o
acesso a relações íntimas protege os adolescentes de situações estressantes e facilita o coping
adaptativo, sendo que o fator de proteção das relações interpessoais está relacionado a
qualidades de tais relações. A pesquisa de Nickerson e Nagle (2004) demonstrou que aspectos
positivos da relação com pais e pares, como a confiança e a comunicação, correlacionaram-se
altamente com a satisfação global de vida de crianças e adolescentes. Em contraste, o
afastamento dos pais e amigos mostrou-se negativamente correlacionado com a satisfação de
vida.
Em relação aos riscos que relações interpessoais podem gerar aos adolescentes está a
influência para o consumo de tabaco (Simons-Morton, Chen, Abroms, & Haynie, 2001),
utilização de drogas (Perry, & Mandell, 1995; Wills et al., 1995) e problemas de
comportamento (Windle, 1992). O abuso de diversos tipos de substâncias, como cigarro,
cocaína e álcool, mostra-se relacionados a um baixo nível de satisfação de vida em
adolescentes (Zullig, Valois, Huebner, Oeltmann, & Drane, 2001), assim como a influência
negativa dos pares sobre os adolescentes correlaciona-se com um baixo nível de satisfação com
o domínio familiar (Nickerson, & Nagle, 2004).
São poucos os estudos sobre intimidade na adolescência desenvolvidos no Brasil (Horn,
& Marques, 2000; Marques, 1996; Marques, & Horn, 2002). De uma forma geral, os resultados
dessas pesquisas demonstram que as relações de intimidade são significativamente marcantes
durante a adolescência, sendo que as relações entre amigos da mesma idade possuem um papel
importante para o desenvolvimento da personalidade e ajustamento dos adolescentes.
Juntamente com amigos, pais e irmãos demonstraram ser as fontes mais importantes de apoio,
não havendo distinção entre eles. Apesar disso, as relações com os irmãos são classificadas
como altamente conflituosas e os pais como as pessoas que mais punem os adolescentes nessa
etapa da vida.
1.4. Eventos de Vida: Infecção pelo vírus HIV na adolescência
1.4.1. HIV e AIDS: Dados epidemiológicos
A AIDS tem sido caracterizada como uma epidemia mundial. De acordo com o
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/SIDA (ONUSIDA, 2004) ela é um
23
fenômeno único na história da humanidade pela sua rápida propagação, alcance e impacto. O
primeiro caso de AIDS diagnosticado data do ano de 1981 e, até o ano de 2004, mais de 20
milhões de pessoas já morreram em função das complicações da doença e mais de 37,8 milhões
de pessoas no mundo inteiro estão infectadas. No Brasil, foram registrados 407.211 casos de
AIDS até o ano de 2004, sendo que o Rio Grande do Sul é o terceiro estado em número
acumulado de casos notificados em todo o país (35.908 casos até o ano de 2007) (Programa
Nacional de DST e AIDS, 2007).
Além disso, a epidemia vem afetando desproporcionalmente os jovens de uma forma
geral, sendo que pessoas entre 15 e 24 anos representam a metade dos novos casos de HIV
em todo o mundo. Um número superior a 6000 jovens são infectados pelo vírus a cada dia. Tal
situação se torna ainda mais preocupante ao nos deparamos com a informação de que a geração
atual de adolescentes é a maior de toda a história (ONUSIDA, 2004). Conforme King,
Delaronde, Dinoi e Forsberg (1996), os adolescentes são um dos grupos de maior risco de
infecção do vírus HIV. No Brasil, através dos últimos dados estatísticos divulgados pelo
Boletim Epidemiológico – AIDS e DST (Programa Nacional de DST e AIDS, 2007), no ano de
2007, 10,6% das mulheres e 8,7% dos homens diagnosticados como portadores do vírus HIV
estavam na faixa dos 13 aos 24 anos de idade. Uma pesquisa realizada em três centros de
aconselhamento em HIV/AIDS da cidade de Porto Alegre (Barcellos, Fuchs, & Fuchs, 2003)
revelou que, em uma amostra de 3045 sujeitos que procuraram os serviços para realização do
teste de HIV, 365 tiveram a confirmação do diagnóstico. Desses 356 participantes
soropositivos, 6,7% possuíam idade inferior a 20 anos e 12,2% encontravam-se na faixa dos 20
aos 24 anos de idade.
Dentre os fatores responsáveis por esse aumento de jovens infectados encontra-se a
precocidade no início das relações sexuais, o aumento no número de parceiros e a
inconsistência do uso de preservativos (Taquette et al., 2003). Em uma pesquisa realizada com
adolescentes e jovens entre 14 e 22 anos, de baixo nível sócio-econômico residentes na cidade
do Rio de Janeiro, uma das razões atribuídas por eles para não se protegerem de doenças
sexualmente transmissíveis (DST) foi o fato de pouco se preocuparem com DST/AIDS, pois
não acreditam nem que possam ser contaminados, e também por não pensarem no futuro.
Revelaram existir muita informação sobre DST/AIDS, mas não buscavam tais informações.
Para esses jovens fatores como a falta de dinheiro, escola, emprego, violência nas relações, uso
abusivo de álcool e drogas e machismo, questões muito presentes em seu cotidiano,
relacionaram-se positivamente com a falta de prevenção e risco à exposição ao vírus HIV
(Taquette et al., Ricardo, 2003).
24
1.4.2. HIV: Aspectos psicológicos
Muitos estudos sobre HIV, ao abordar a população adolescente, exploram questões
importantes, como a prevenção para o contágio do vírus (Flora, & Thoresen, 1988; Oliveira,
Dias, & Silva, 2005; Ruzany, Taquette, Oliveira, Meirelles, & Ricardo, 2003) ou os fatores de
risco ou de proteção para o contágio do HIV (Pechansky, Bassols, & Diemen, 2002; Taquette et
al., 2003). Entretanto poucas são as pesquisas que enfocam os adolescentes contaminados, em
especial os seus aspectos psicológicos (Battles, & Wiener, 2002; Kelly, & Murphy, 1992;
Murphy, Moscicki, Vermund, & Muenz, 2000). Estudos realizados no Brasil são ainda mais
raros (Bassols, 2003; Reppold et al., 2004)
A literatura aborda aspectos como o luto enfrentado no momento da descoberta do
diagnóstico de HIV positivo. O período entre a infecção pelo HIV e a manifestação da AIDS
pode se estender por alguns anos, mas, mesmo com o portador do vírus estando muitas vezes
assintomático, ele pode apresentar importantes transtornos na esfera psicossocial, a partir do
momento em que fica sabendo de seu diagnóstico. A forma como o indivíduo vai encarar o
diagnóstico depende da dinâmica psíquica anteriormente existente. Porém, de uma forma geral,
as pessoas sentem o diagnóstico de infecção por HIV como um atestado de finitude e a
limitação de desejos futuros. Surgem medos relacionados ao abandono, discriminação e perdas
sociais, assim como sentimentos de culpa, raiva e pânico (Canini, Reis, Pereira, Gir, & Pelá,
2004; Leite et al., 1996)
Em relação especificamente ao adolescente, a AIDS afeta todas as esferas de sua vida.
De acordo com Wiener e Septimus (1991), a adolescência é uma fase singular, em que, entre
outras, destacam-se características como um maior narcisismo, otimismo, um grande senso de
invulnerabilidade e imortalidade. Os adolescentes estão mais propensos à pressão de seus pares
e possuem uma habilidade mais limitada para julgar a longo prazo as conseqüências de seus
comportamentos atuais. Desse modo, o diagnóstico de HIV positivo geralmente produz a
rejeição de tal informação, medo ou retraimento.
Conforme Wiener e Septimus (1991), os maiores problemas que a infecção por HIV
pode causar aos adolescentes emergem no momento de estabelecer relações fora da família. As
grandes dificuldades se encontram em situações como informar sua condição ao parceiro
sexual, a prática de sexo seguro, o medo das conclusões que seus pares podem chegar sobre
como foi infectado, culpa, sentir-se sujo ou sexualmente anormal. Apesar dessas dificuldades, o
estudo de Battles e Wiener (2002) reporta que para os adolescentes a exposição de seu
diagnóstico, de um modo geral, é relacionada com um aumento do suporte social, do senso de
competência social e uma diminuição dos problemas de comportamento. Desse modo, pensa-se
25
na importância que as redes de relações, a intimidade e o suporte social exercem sobre a vida
dos indivíduos que vivem com o vírus.
Barros (2002) reforça essa idéia ao afirmar que uma situação ansiogênica é o momento
em que o indivíduo soropositivo decide se vai compartilhar a informação de seu diagnóstico
com alguém, quem será essa pessoa e de que modo deve revelar. Por isso, a importância em
avaliar as relações da pessoa infectada como seus amigos e familiares e do espaço existente
para falar sobre seus sentimentos e angústias.
Em adolescentes infectados pelo HIV, os resultados da pesquisa de Battles e Wiener
(2002) indicaram que o quanto mais os adolescentes percebiam o suporte social, decrescia o
número de problemas de comportamento relatados pelos pais. Apesar de o suporte dado por
amigos e colegas possuir uma relação positiva com o funcionamento dos participantes
portadores de HIV, o suporte social advindo de adultos (pais e professores) demonstrou ser
uma relação mais consistente.
Percebe-se que o diagnóstico de HIV positivo durante uma fase conflitiva por si só,
gera muitas angústias na vida de um adolescente. Uma das formas de entender como os
adolescentes soropositivos lidam com os problemas oriundos de seu diagnóstico é através da
investigação das estratégias de coping utilizadas.
Meijer, Sinnema, Bijstra, Mellenbergh e Wolters (2002), em uma pesquisa com
adolescentes portadores de doenças crônicas, encontraram que as estratégias de coping que se
mostraram como determinantes importantes para um funcionamento psicossocial positivo
foram as estratégias ativas para a solução de problemas. Além disso, as estratégias de coping
que buscavam suporte social também se mostraram efetivas, mas apenas quando estavam
relacionadas a habilidades sociais. Desse modo, percebe-se uma relação entre as variáveis rede
de relações e estilos de coping que pode resultar em um aumento ou decréscimo no nível de
satisfação de vida.
Como explorado anteriormente, os achados que indicam que o bem-estar subjetivo, e
conseqüentemente a satisfação de vida, está diretamente relacionado à influência de certos
eventos na vida do adolescente, nos fazem refletir acerca do impacto que o diagnóstico de HIV
positivo pode exercer sobre o desenvolvimento desses jovens.
Drotar, Angle, Eckl e Thompson (1995) ao comparar dois grupos de adolescentes
hemofílicos, um de portadores de HIV (n = 125) e outro sem este diagnóstico (n = 125),
verificaram como uma das maiores diferenças, uma diminuição no senso de bem-estar dos
adolescentes soropositivos. Problemas como stress, depressão, ansiedade e a dificuldade em
revelar seu estado soropositivo para outras pessoas, assim como problemas relacionados ao
26
desempenho escolar também foram observados em adolescentes infectados pelo HIV (Battles,
& Wiener, 2002; Brown, Schultz , & Gragg, 1995; Wiener, & Septimus, 1991).
Além disso, um dos fatores que mais contribuem para o declínio do bem-estar dos
portadores de HIV/AIDS é a discriminação. De acordo com os achados da pesquisa de
Heckman (2003), a discriminação diminui os níveis de satisfação de vida através de seus
efeitos de restrição do suporte social. Do mesmo modo, através da diminuição do suporte social
os cuidados de saúde passam a se restringir, e assim, como conseqüência também uma
queda no nível de bem-estar geral. Essa foi uma das poucas pesquisas encontradas que avaliou
apenas o aspecto cognitivo do bem-estar subjetivo.
27
CAPÍTULO II
ESTUDO I
A influência da rede de relações, do coping e do neuroticismo sobre a satisfação de vida de
jovens estudantes
1
The influence of network of relationships, coping and neuroticism on youth student’s life
satisfaction
Adriana Jung Serafini
Denise Ruschel Bandeira
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre
1
Pesquisa realizada com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
28
Resumo
O objetivo deste estudo foi verificar o efeito das variáveis rede de relações, neuroticismo e
estratégias de coping sobre a variável satisfação de vida, em uma amostra de jovens estudantes.
Também buscou-se apresentar um perfil descritivo da amostra para as variáveis investigadas.
Participou deste estudo uma amostra composta por 502 jovens, alunos de 10 escolas da rede
estadual da cidade de Porto Alegre, com idade média de 16,6 anos (d.p. = 1,4 anos). Os
instrumentos utilizados foram um questionário de dados sócio-demográficos, a Escala
Multidimensional de Satisfação de Vida para Adolescentes EMSV-A, o Inventário de Rede
de Relações – IRR, o Inventário de Estratégias de Coping e a Escala Fatorial de Neuroticismo –
EFN. Com o objetivo de apresentar o perfil da amostra, os dados dos instrumentos foram
analisados através de MANCOVA. Para avaliar o efeito das variáveis de interesse sobre a
satisfação de vida, foi realizada uma análise de regressão múltipla. Os resultados mais
importantes indicaram que os jovens participantes apresentaram um bom nível de satisfação de
vida, tanto de uma forma global quanto por domínios, e que as relações com amigos e com a
figura materna demonstraram influência sobre os jovens. Os participantes apresentaram um
número variado de estratégias de coping. Em relação ao EFN, a amostra apresentou médias
mais altas do que a amostra padronizada do instrumento para os fatores Depressão e
Desajustamento. Relacionado a este resultado verificou-se que o fator que melhor predisse o
nível de Satisfação de Vida Total da amostra foi o fator Depressão do EFN. Além do Fator
depressão, outros fatores do EFN, fatores de suporte social do IRR e estratégias de coping de
Fuga-Esquiva e Reavaliação Positiva também predisseram, porém em menor grau, o nível de
Satisfação de Vida Total.
Palavras-chave: Jovens Satisfação de Vida; Coping; Neuroticismo; Rede de Relações
29
Abstract
The objective of this study was to verify if the variables network relationships, neuroticism and
coping strategies would affect the variable life satisfaction, in a sample of young students. It
also aimed to present a descriptive profile of the sample for each of the variables. A sample of
502 youths from 10 state schools of Porto Alegre took part in this study. The average age was
16,6 years old (s.d. = 1,4 years). The instruments used were a questionnaire of
sociodemographic data, the Multidimensional Life Satisfaction Scale for Adolescents (MLSS-
A), the Network of Relationships Inventory (NRI), the Coping Strategies Inventory and the
Neuroticism Factorial Scale. In order to present the sample’s profile, the data of the instruments
MLSS-A, NRI, Coping Strategies Inventory and the Neuroticism Factorial Scale were analyzed
through MANCOVA. To assess the effect of the interess variables on the variable life
satisfaction, a linear multiple regression was carried out. The most important results showed
that the participants revealed a good level of life satisfaction in a global way as well as in
specific domains. The relationships with friends and with the maternal figure seemed to have
influence on the youths. The participants presented a varied number of coping strategies. In
relation to the Neuroticism Scale, the sample of this study presented higher scores than the
standard sample for the factors Depression and Disadjustment. The best predictor for the level
of Total Life Satisfaction was the factor Depression of the Neuroticism Factorial Scale. Besides
the factor Depression, other factors of the Neuroticism Scale, social support factors of the NRI
and coping strategies of Escape-avoidance and Positive Reappraisal were also predictors, in a
lower degree, of the Total Life Satisfaction.
Keywords: Youth Life Satisfaction; Coping; Neuroticism; Relationships Network
30
Introdução
A satisfação de vida é considerada o elemento cognitivo que constitui o bem-estar
subjetivo. Ela é definida como uma avaliação global que a pessoa faz de sua própria vida. Essa
avaliação é descrita por Pavot, Diener, Colvin e Sandivik (1991) como uma comparação que as
pessoas fariam das situações pelas quais atravessam ao longo da vida de acordo com um padrão
construído por elas mesmas. O padrão construído seria um julgamento subjetivo e não algo
externamente imposto (Diener, Emmons, Larsen, & Griffin, 1985). A definição anteriormente
citada sugere que ao fazer uma avaliação de satisfação de vida a pessoa examina os aspectos
tangíveis de sua vida, ponderando os fatores positivos e negativos e chega, enfim, a um
julgamento da satisfação de vida global. Essa avaliação global é compreendida como estável,
pois não é completamente dependente do estado afetivo da pessoa no momento do julgamento
(Lucas, Diener, & Suh, 1996). Além dessa avaliação global de satisfação de vida, Hueber
(1991) enfatiza a importância de um julgamento a partir de domínios específicos como, por
exemplo, a família ou amigos.
A presente pesquisa se refere a uma população específica, os jovens, por isso se torna
importante abordar estudos sobre satisfação de vida nesta faixa etária. Os resultados
demonstram, de uma forma geral, que os jovens apresentam um nível alto de satisfação de vida
(Huebner, Drane, & Valois, 2000; Nickerson, & Nagle, 2004). Apesar disso, pesquisas indicam
que certas variáveis podem influenciar o nível de bem-estar, e como conseqüência, o nível de
satisfação. Entre estas variáveis estariam: traços de personalidade, eventos de vida, estratégias
de coping e a presença de uma rede de relações (Aldwin, & Revenson, 1987; Diener, & Lucas,
1999; Mccullough, Hueber, & Laughlin, 2000; Nickerson, & Nagle, 2004).
Um dos achados mais consistentes no campo do bem-estar subjetivo é que seus
componentes estão moderadamente relacionados a traços de personalidade: esses são
caracterizados como preditores de felicidade. Pesquisas relacionando o modelo de
personalidade dos Cinco Grandes Fatores indicam que os traços de personalidade que estão
mais fortemente relacionados ao bem estar subjetivo são a extroversão e o neuroticismo
(Diener, & Lucas, 1999; Schumutte, & Ryff, 1997). O entendimento desses fatores como
decisivos no desenvolvimento e compreensão do bem-estar subjetivo e seus componentes é
conhecido como modelo do equilíbrio dinâmico. Nesse modelo cada pessoa possuiu um
equilíbrio que está relacionado aos seus traços predominantes de personalidade. Certos eventos
de vida podem afetar esse equilíbrio, porém essas mudanças são temporárias, que a pessoa
sempre tende a voltar a sua forma original (Headey, & Wearing, 1989).
Apesar desses achados referentes à personalidade, alguns pesquisadores fazem
referência à importância exercida pelo impacto de certos eventos de vida sobre o bem-estar
31
(Diener, & Lucas, 1999; Mccullough et al, 2000). Em função de tais influências, o bem-estar
subjetivo poderia ser considerado não apenas como um traço, mas também como estado (Feist,
Bodner, Jacobs, Miles, & Tan, 1995). Mccullough et al., (2000), em uma pesquisa com 92
adolescentes, encontraram que os eventos de vida estavam significativamente relacionados aos
relatos de bem-estar. De acordo com os autores é fundamental que se atenção às múltiplas
experiências vivenciadas pelos adolescentes para que se entendam melhor fatores como bem-
estar e resiliência.
Quando se fala em eventos de vida, é importante que se investigue as formas como a
pessoa lida com esses eventos, ou seja, avaliar as estratégias de coping. Coping é definido por
Lazarus e Folkman (1984) como os esforços cognitivos e comportamentais para lidar com
demandas externas e/ou internas específicas que são avaliadas como excedendo os esforços e
recursos do indivíduo. A importância em se estudar as estratégias de coping está no fato de que
a efetividade destas relaciona-se com resultados positivos sobre aspectos da saúde física ou
mental das pessoas. Assim, podemos entender sua efetividade também relacionada à satisfação
de vida (Aldwin, & Revenson, 1987).
Resultados de pesquisas demonstram que outro fator que exerce influência sob o bem-
estar de adolescentes é o suporte social de pais e amigos (Helsen, Vollebergh, & Meeus, 2000;
Yarcheski, Mahon, & Yarcheski, 2001). O estudo de Diener e Fujita (1995) confirma estes
resultados ao enfatizar que recursos sociais, tais como o suporte familiar ou a presença de
amigos íntimos, e recursos pessoais tais como habilidades sociais, são bons preditores para o
nível de satisfação de vida, especialmente quando esses recursos apresentam-se congruentes
com as metas pessoais dos sujeitos. Fatores como confiança e comunicação entre os
adolescentes e seus pais e pares também se mostraram relacionados ao grau de satisfação de
vida experienciada (Nickerson, & Nagle, 2004).
No que se refere à intimidade, resultados de pesquisas brasileiras, de uma forma geral,
demonstram que as relações de intimidade são significativamente marcantes durante a
adolescência, sendo que as relações entre amigos da mesma idade possuem um papel
importante para o desenvolvimento da personalidade e ajustamento dos adolescentes.
Juntamente com amigos, pais e irmãos demonstraram ser as fontes mais importantes de apoio,
não havendo distinção entre eles (Horn, & Marques, 2000; Marques, 1996; Marques, & Horn,
2002).
32
Objetivos
Como visto na revisão teórica percebe-se que nas últimas décadas tem surgido uma
necessidade dos pesquisadores e teóricos em avaliar aspectos relacionados a elementos
positivos na avaliação do bem-estar e saúde do homem. Entretanto, pesquisas brasileiras que
avaliem conjuntamente o efeito de características de personalidade, da rede de relações e das
estratégias de coping, sobre a satisfação nesta fase da vida não foram encontradas. Desse modo,
este estudo tem como objetivo geral verificar se existe efeito das variáveis rede de relações,
personalidade e coping sobre a satisfação de vida dos adolescentes. Como objetivo específico
busca-se apresentar um perfil descritivo da amostra, investigando possíveis diferenças entre
sexos para as seguintes variáveis: satisfação de vida, relações estabelecidas pelos jovens,
estratégias de coping e características de personalidade.
Método
Amostra
Participou deste estudo uma amostra aleatória por conglomerados composta por 537
jovens alunos do ensino médio de 10 escolas da rede estadual situadas em oito bairros da
cidade de Porto Alegre. Deste total 35 questionários foram eliminados por se encontrarem
muito incompletos ou respondidos de forma incoerente, restando um número de 502
participantes. A idade dos participantes variou entre 14 e 23 anos (M = 16,6; d.p. = 1,4 anos).
Um maior percentual dos jovens (83,7%) estudava no turno diurno enquanto 16,3%
freqüentava a escola no turno noturno. As demais características demográficas e sócio-
econômicas da amostra podem ser observadas na Tabela 1.
33
Tabela 1
Dados Demográficos e Sócio-Econômicos da Amostra
Variáveis n Freqüência (%)
Sexo
Feminino
272 54,2
Masculino
230 45,8
Idade
14 a 16 anos
256 51,0
17 a 19 anos
224 44,6
21 a 23 anos
22 4,4
Escolaridade
1º. EM
230 45,9
2º. EM
187 37,3
3º. EM
84 16,7
Bairros Escolas
Sarandi
107 21,3
Partenon
87 17,3
Passo D’Areia
55 11,0
Farroupilha
54 10,8
Navegantes
53 10,6
Floresta
51 10,2
Santa Cecília
51 10,2
Cristal
44 8,8
Estado Civil
Solteiro
480 95,6
Com companheiro
18 3,6
Casado
02 0,4
Classe social (Renda Média Familiar –
critérios ABEP)
A2 (R$ 4.648,00)
34 6,8
B1 (R$ 2.804,00)
89 17,7
B2(R$ 1.669,00)
166 33,1
C (R$ 927,00)
169 33,7
D(R$ 424,00)
23 4,6
Indefinida*
08 1,6
Religião
Pratica (sempre ou às vezes)
299 32,3
Não pratica
162 59,5
*Não foi possível calcular, pois o participante deixou itens em branco.
34
No que se refere às relações afetivas e sexuais, 192 participantes (38,2%) encontravam-
se namorando, enquanto 293 (58,4%) não tinham namorada(o). Um percentual de 59,0% dos
adolescentes havia tido a primeira relação sexual. A idade média da primeira relação sexual
para a amostra foi de 14,7 anos (d.p. = 1,3 anos)
Instrumentos
Foram aplicados os seguintes instrumentos (em ordem de aplicação):
-
Questionário de dados sócio-demográficos
para participantes das escolas
(Anexo A),
com questões relativas à idade, sexo, renda familiar, escolaridade, profissão, estado civil,
alguns eventos de vida, entre outras. O levantamento da classe social dos participantes foi
realizada através do Critério de Classificação Econômica Brasil da Associação Brasileira de
Empresas de Perquisa – ABEP (2003), presente neste questionário.
-A
Escala Multidimensional de Satisfação de Vida para Adolescentes– EMSV-A
(
Arteche, 2003, Arteche, & Bandeira, 2003; Anexo B) que consiste em uma adaptação da
escala de Giacomoni (2002) desenvolvida para crianças. A EMSV-A avalia satisfação de vida
através de sete fatores: Família, Escola, Self, Self Comparado, Não Violência, Amizade e
Satisfação de Vida Global. A escala é composta por 56 itens que são respondidos pelo
participante de acordo com a intensidade com que o item se relaciona com ele, tendo como
opções de repostas: (1) nem um pouco, (2) bem pouco, (3) mais ou menos, (4) bastante e (5)
muitíssimo.
-
Inventário de Rede de Relações IRR,
de Furman e Buhrmester (1992), adaptado
para o Brasil por Marques e Horn (2002; Anexo C). O inventário avalia 11 dimensões de
relacionamentos interpessoais através de 33 itens. As dimensões englobadas pelo instrumento
são Conflito, Poder Relativo, Punição, Satisfação e sete dimensões de apoio social (Companhia,
Auxílio Instrumental, Auto-Revelação, Cuidado com o Outro, Afeição, Valorização e Aliança
Confiável). Essas dimensões são classificadas com cada uma das seguintes pessoas: mãe, pai,
melhor amigo(a), namorado(a)/marido(esposa)/ companheiro(a). Há ainda um espaço
denominado “outro”, em que o jovem pode escolher alguém que ele considere importante para
classificar. As respostas são registradas em uma escala likert de cinco pontos, que indica a
qualidade de relacionamento com cada uma das pessoas citadas e variando quanto ao conteúdo,
conforme o item.
- O
Inventário de Estratégias de Coping
de Folkman e Lazarus (1985) adaptado para o
português por Savóia, Santana e Mejitas (1996) (Anexo D), que avalia estratégias de coping
através de oito fatores (Confronto, Afastamento, Autocontrole, Suporte Social, Aceitação de
Responsabilidade, Fuga-Esquiva, Resolução de Problemas e Reavaliação Positiva) compostos
35
por um total de 66 itens. Os itens são respondidos pelo participante de acordo com a
intensidade com que utilizaram cada estratégia mencionada, em determinada situação, tendo
como opções de respostas: (0) não usei esta estratégia, (1) usei um pouco, (2) usei bastante e
(3) usei em grande quantidade.
- A
Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo EFN
(Hutz, & Nunes,
2001), um instrumento que a avalia a dimensão da personalidade humana denominada
neuroticismo/estabilidade emocional (modelo dos Cinco Grandes Fatores) através do
levantamento de traços de personalidade. O teste é composto por 82 itens em quatro sub-
escalas (Escala de Vulnerabilidade, Escala de Desajustamento Psicossocial, Escala de
Ansiedade e Escala de Depressão). Os itens são registrados em uma escala likert de sete pontos,
em que 1= “completamente inadequada, a sentença não descreve nenhuma característica
minha”, 4= “neutro, mais ou menos” e 7= “perfeitamente adequada, a sentença me descreve
perfeitamente bem”.
Procedimentos
A primeira etapa para a realização da coleta de dados foi a submissão do projeto de
pesquisa ao Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Saúde Pública do RS. Após a aprovação
deste (Anexo E) foi estabelecido o contato com a Secretaria da Educação com o objetivo de
obter uma lista das escolas estaduais da rede pública de Porto Alegre. Através da listagem foi
possível realizar um sorteio das escolas participantes. Após o sorteio, foi feito o contato com as
escolas para obter o consentimento destas para a realização da pesquisa e o convite para que os
alunos participassem. Os coordenadores das escolas indicaram as turmas que participariam da
pesquisa de acordo com a disponibilidade de horários dos professores. Foi solicitado o
consentimento livre e esclarecido aos jovens com idade a partir de 18 anos (Anexo F). Para os
demais, o preenchimento do mesmo foi realizado pelos pais ou responsáveis (Anexo G).
Nos adolescentes que aceitaram participar da pesquisa foram aplicados coletivamente os
seguintes instrumentos (em ordem de aplicação): questionário de dados sócio-demográficos,
EMSV-A, IRR, EFN e o Inventário de Estratégias de Coping. Todos os instrumentos foram
entregues juntos (grampeados) para os participantes e foi dada uma breve explicação
padronizada para o preenchimento de cada um deles. Todos eles são auto-aplicáveis. Os
participantes que apresentaram dúvidas ao longo do preenchimento foram auxiliados pela
pesquisadora ou pelo auxiliar de pesquisa devidamente treinado. A aplicação dos instrumentos
nas escolas foi realizada em sala de aula, em turmas e horários cedidos pelas instituições e
levou em média uma hora e trinta minutos.
36
Análise dos dados
Para fins de análise dos dados foi utilizado o pacote estatístico SPSS versão 13.0. Na
construção do banco de dados, as variáveis referentes às respostas aos instrumentos EMSV-A,
IRR, Inventário de Estratégias de Coping e EFN, que haviam sido deixadas em branco, foram
substituídas pela média do grupo naquele item.
Inicialmente os instrumentos foram avaliados do ponto de vista psicométrico e os dados
obtidos analisados através de estatísticas descritivas, sendo apresentadas médias e desvios-
padrão das diversas medidas. Para responder ao objetivo específico, os dados dos instrumentos
citados anteriormente foram analisados através de MANCOVA, sendo incluída como variável
independente sexo. A variável idade foi utilizada como controle em função de ter sido
encontrada correlação entre ela e diversos fatores dos instrumentos utilizados. No IRR, as
análises foram realizadas com os 11 fatores do instrumento para cada uma das seguintes
pessoas: mãe, pai e melhor amigo. Foram excluídos namorado(a) / marido(esposa) /
companheiro(a) e outro, pelo fato de poucos participantes terem respondido para estas pessoas.
Por fim, para responder ao objetivo geral deste estudo, foi realizada uma análise de
regressão múltipla, para avaliar o efeito das variáveis independentes (fatores relacionados à
personalidade, estratégias de coping e rede de relações) sobre a variável dependente (fatores
relacionados à satisfação de vida).
Resultados
Escala Multidimensional de Satisfação de Vida para Adolescentes (EMSV-A)
Em relação aos seus aspectos psicométricos, a EMSV-A apresentou uma boa
consistência interna (
α
= 0,91). A Tabela 2 apresenta os resultados das análises das médias por
sexo e faixa etária para todos os fatores da escala e sua soma total.
37
Tabela 2
Resultados da MANCOVA para os Fatores da EMSV-A
Total Sexo
Fatores
(N = 502)
Feminino
(n = 272)
Masculino
(n = 230 )
F
Média (d.p.) Média (d.p.) Média (d.p.)
Família 4,05 (0,59) 4,04 (0,60) 4,05 (0,59) 0,02
Self Comparado 3,59 (0,66) 3,56 (0,65) 3,63 (0,66) 1,46
Escola 3,48 (0,66) 3,58 (0,65) 3,35
(0,65) 15,72*
Não-Violência 3,86 (0,71) 3,74
(0,72) 3,99
(0,67) 14,46*
Amizade 3,97 (0,51) 3,98 (0,51) 3,93 (0,52) 0,83
Self 4,06 (0,58) 4,06 (0,58) 4,04 (0,59) 0,08
Satisfação de vida global 3,96 (0,71) 3,91 (0,70) 4,01 (0,72) 2,24
Satisfação de vida total 3,88 (0,42) 3,87 (0,42) 3,88 (0,42) 0,13
* Diferença significativa entre médias, p< 0,01
Como as respostas da EMSV-A podem variar de 1 a 5, pode-se observar que os
adolescentes da amostra apresentaram um bom vel de satisfação de vida. Todas as médias
(para o total de jovens) situaram-se entre 3,5 e 4.
Os resultados da MANCOVA mostraram que na análise por sexo os grupos
diferenciaram-se em dois fatores, o fator Escola e o fator Não Violência. No primeiro fator o
grupo feminino apresentou uma média significativamente maior do que o grupo masculino. No
segundo, o grupo masculino apresentou uma média significativamente maior .
Inventário de Rede de Relações (IRR)
Assim como a EMSV-A, o IRR também apresentou uma boa consistência interna. O
inventário foi analisado separadamente para cada uma das pessoas classificadas: mãe (
α
=
0,87), pai (
α
= 0,93) e melhor amigo (
α
= 0,93).
Após essa etapa, foram realizadas análises de covariância que compõe o IRR para cada
um dos relacionamentos citados anteriormente, tendo como variável independente sexo. Na
Tabela 3, em função da grande quantidade de fatores, são apresentados somente os resultados
cujas médias diferenciam-se entre os sexos.
38
Tabela 3
Resultados da MANCOVA para os Fatores do IRR
Fatores Total Sexo
Feminino Masculino F
N Média (d.p) n Média (d.p) n Média (d.p.)
Revelação/Intimi
dade com Mãe
532 2,63 (1,30) 269 2,75 (1,36) 225 2,40 (1,20) 11,89*
Auxílio
Instrumental do
Pai
476 2,87 (1,19) 243 2,73 (1,18) 207 2,96 (1,19) 4,52**
Satisfação na
Relação com Pai
476 3,50 (1,26) 243 3,30 (1,21) 207 3,65 (1,29) 7,26*
Revelação/Intimi
dade com Pai
476 1,80 (0,96) 243 1,58
(0,78) 207 1,89 (0,98) 15,12*
Conflito com
Melhor Amigo
514 1,90 (0,79) 259 1,78 (0,67) 220 1,92
(0,75) 5,84*
Auxílio
Instrumental de
Amigo
499 3,17 (0,95) 259 3,32 (0,90) 220 2,98 (0,96) 15,92*
Revelação/Intimi
dade com Melhor
Amigo
499 3,51 (1,23) 259 3,86 (1,11) 220 3,18 (1,22) 35,11*
Relação de
Cuidado com
Melhor Amigo
500 3,67 (0,93) 260 3,77 (0,88) 220 3,50 (0,96) 8,416*
Afeição com
Melhor Amigo
499 3,90 (0,90) 259 4,01 (0,87) 220 3,69 (0,90) 13,84*
*Diferença significativa entre médias, p< 0,01
** Diferença significativa entre médias, p< 0,05
Através da análise dos resultados, percebe-se que as maiores diferenças entre os sexos
encontram-se nos fatores associados ao Melhor Amigo, seguido por Pai e por último Mãe.
Observa-se que as meninas parecem valorizar mais a relação com amigos do que os meninos,
39
pois se verificam diferenças significativamente mais altas nas médias delas para os fatores
Necessidade de Auxílio Instrumental do Melhor Amigo, Revelação/Intimidade com Melhor
Amigo, Relação de Cuidado com Melhor Amigo, e Afeição pelo Melhor Amigo. Além disso,
percebe-se que o fator Conflito com o Melhor Amigo apresenta média mais alta para os
meninos do que para as meninas da amostra.
As médias dos participantes do sexo masculino mostraram-se significativamente mais
altas do que as do sexo feminino nos fatores de Satisfação na Relação com o Pai e Necessidade
de Auxílio Instrumental deste. Apesar das médias terem sido baixas para ambos os gêneros, o
fator de Revelação/Intimidade com o Pai também foi significativamente mais alto para meninos
do que meninas. Percebe-se também, que enquanto para as meninas a relação com a mãe parece
exercer uma maior influência, com média significativamente mais alta no fator
Revelação/Intimidade com a Mãe, para os meninos o pai parece ser uma figura de maior
influência.
Inventário de Estratégias de Coping
O inventário de estratégias de coping apresentou uma boa consistência interna (
α
=
0,93). A primeira etapa para o preenchimento do inventário consistia em citar uma situação de
stress para a qual os participantes iriam classificar as estratégias utilizadas. As diversas
situações relatadas pelos participantes foram agrupadas em 17 categorias que são apresentadas
na Tabela 4. Essas categorias foram realizadas através de análise de conteúdo (Bardin, 1979),
reunindo-se àquelas que se mostravam semelhantes.
40
Tabela 4
Categorias das Situações de Stress
Situação N %
Problemas com
pais/familiares/amigos/parceiro(a)
160 31,87
Problemas na escola/ no trabalho 76 15,13
Problemas cotidianos 53 10,55
Brigas em geral 49 9,76
Morte dos pais/ familiares/amigos 28 5,57
Problemas de saúde próprios ou na família 29 5,77
Situação de violência/acidentes 16 3,18
Separação dos pais 12 2,39
Gravidez 08 1,59
Problemas com drogas/tráfico 05 0,99
Violência familiar 02 0,39
Preconceito 02 0,39
Ser preso 02 0,39
Prisão de familiar 01 0,19
Descobrir-se homossexual 01 0,19
Morar em albergue 01 0,19
Não consta 57 11,35
Total 502 100
Observa-se que as situações mais citadas foram aquelas relacionadas a problemas com
pais, familiares, amigos ou parceiros(as) (31,87%), problemas na escola ou no trabalho
(15,13%) e problemas cotidianos (10,55%). Em percentuais bem mais baixos foram citadas
situações mais extremas e/ou de risco como o uso de drogas/envolvimento com o tráfico de
drogas (0,99%), violência familiar (0,39%) e ser preso (0,39%).
41
Para a análise das estratégias utilizadas para lidar com a situação de stress foi realizada
uma MANCOVA incluindo-se os oito fatores do instrumento. Os resultados para todos eles são
apresentados na Tabela 5.
Tabela 5
Resultados da MANCOVA para os Fatores do Inventário de Estratégias de Coping
Sexo
Fatores Total
(N = 502)
Feminino
(n = 272)
Masculino
(n = 230)
F
(1,501)
Média (d.p.)
Média (d.p) Média (d.p.)
Confronto 1,21 (0,63) 1,22 (0,60) 1,19 (0,66) 0,32
Afastamento 1,10 (0,61) 1,04
(0,62) 1,17
(0,59) 5,12*
Autocontrole 1,26 (0,60) 1,23 (0,60) 1,30 (0,60) 1,20
Suporte Social 1,37 (0,69) 1,42 (0,68) 1,32 (0,70) 3,24
Aceitação de
Responsabilidade
1,31 (0,75) 1,27 (0,76) 1,35 (0,73) 1,24
Fuga e Esquiva 1,04 (0,61) 1,06 (0,59) 1,03 (0,64) 0,40
Resolução de Problemas 1,25 (0,68) 1,19 (0,68) 1,31 (0,68) 3,12
Reavaliação Positiva 1,34 (0,64) 1,30 (0,68) 1,37 (0,62) 1,22
* Diferença significativa entre médias, p< 0,01
Percebe-se que a estratégia mais utilizada pelo grupo de jovens da amostra foi a de
Suporte Social, com média de 1,37 (d.p.=0,69). Salienta-se que as respostas eram marcadas em
uma escala likert de 0 a 3, em que 1 significa “um pouco”. No que se refere à variável sexo,
observa-se que os jovens do sexo masculino apresentaram uma média significativamente mais
alta no fator Afastamento.
Escala Fatorial de Neuroticismo
Como nos demais instrumentos, Escala Fatorial de Neuroticismo também apresentou
uma boa consistência interna, com Alpha de Cronbach de 0,94.
A análise entre médias utilizou os quatro fatores da escala e seus resultados são
evidenciados na Tabela 6.
42
Tabela 6
Resultados da MANCOVA para os Fatores da EFN
Fatores Sexo
Feminino
(n = 272)
Masculino
(n = 230)
F
Média (d.p) Média (d.p.)
Vulnerabilidade 70,33 (23,24) 71,85 (23,57) 0,38
Ansiedade 81,22
(25,84) 73,40
(24,65) 12,81*
Desajustamento 27,19
(12,48) 32,87
(13,50) 22,42*
Depressão 46,26
(16,51) 50,27
(18,58) 6,21*
* Diferença entre médias significativa, p<0,01
Os resultados demonstram diferenças significativas entre os sexos nas médias dos
fatores Ansiedade, Desajustamento e Depressão. No fator Ansiedade as jovens do sexo
feminino apresentaram uma média significativamente mais alta, enquanto que nos demais
fatores os jovens do sexo masculino apresentaram médias mais altas.
Resultados Referentes ao Objetivo Geral da pesquisa
Para verificar se existiria efeito entre as variáveis rede de relações, personalidade e
coping sobre a satisfação de vida dos adolescentes, foi realizada uma análise de regressão linear
multivariada através do método stepwise. Utilizou-se como variáveis independentes as 11
dimensões do IRR analisadas para cada uma das seguintes pessoas: mãe, pai e melhor amigo.
Os oito fatores do Inventário de Estratégias de Coping também foram utilizados como variáveis
independentes, assim como as quatro sub-escalas da EFN. A variável dependente foi a
Satisfação de Vida Total, obtida através da média de todos os itens da EMSV-A.
A Tabela 7 apresenta os resultados da análise de regressão linear multivariada com os
fatores que predisseram a satisfação de vida dos participantes da amostra.
43
Tabela 7
Resultados da Análise de Regressão Linear Multivariada
Satisfação de Vida Total
Variáveis Independentes
β
R R
2
R
2
ajustado
Depressão -0,27 0,55 0,30 0,30
Satisfação na Relação com a Mãe 0,13 0,63 0,39 0,39
Aliança Confiável com o Melhor
Amigo
0,19
0,67 0,45 0,44
Companhia do Pai 0,14 0,69 0,48 0,47
Vulnerabilidade -0,22 0,71 0,51 0,50
Conflito com Pai -0,15 0,72 0,52 0,52
Desajustamento 0,15 0,73 0,54 0,53
Relação de Cuidado com o Melhor
Amigo
0,13
0,74
0,55
0,54
Fuga e Esquiva -0,16 0,75 0,56 0,55
Reavaliação Positiva 0,11 0,75 0,57 0,56
Companhia da Mãe 0,11 0,76 0,58 0,57
Pode-se observar que todos os fatores reunidos compreendem 57% da variância da
variável dependente. Sozinho o fator Depressão (ou seja, a ausência de características
depressivas) é responsável por 30% da variância do aumento da satisfação de vida total dos
jovens participantes da pesquisa. Além do fator Depressão, os demais fatores responsáveis pela
variância são os seguintes, listados por ordem de importância: Satisfação na Relação com a
Mãe, Aliança Confiável com o Melhor Amigo, Companhia do Pai, ausência de características
de Vulnerabilidade, ausência de Conflito com o Pai, ausência de características de
Desajustamento, Relação de Cuidado com o Melhor Amigo, não utilização da estratégia de
coping de Fuga e Esquiva, utilização da estratégia de coping de Reavaliação Positiva e
Companhia da Mãe.
44
Discussão
Para a realização desta pesquisa, partiu-se da premissa de que a satisfação de vida é uma
avaliação que as pessoas fazem de suas experiências, examinando os aspectos tangíveis,
ponderando os fatores positivos e negativos para, enfim, chegarem a um julgamento (Lucas et
al., 1996).
Além disso, também se entende satisfação de vida como uma variável dependente de
outros aspectos, como traços de personalidade (Diener, & Lucas, 1999; Schumutte, & Ryff,
1997), a presença de suporte social (Helsen et al., 2000; Yarcheski, Mahon, & Yarcheski, 2001)
que foi avaliada nesta pesquisa através das redes de relações que a pessoa possui, e a forma
como ela lida com os eventos pelos quais passa ao longo de sua vida (estratégias de coping)
(Compas, Malcarne, & Fundacaro, 1988; Endler, & Parker, 1990; Herman-Stahl, Stemmler, &
Petersen, 1994). Desse modo, ao longo deste estudo, procurou-se descrever como se
apresentaram as diferentes variáveis para a amostra e posteriormente, compreender a influência
que as variáveis independentes citadas anteriormente poderiam exercer sobre a satisfação dos
jovens participantes.
Diversas pesquisas revelam que os jovens apresentam um bom nível, ou um nível
moderadamente alto de satisfação de vida (Huebner et al., 2000; Nickerson, & Nagle, 2004).
Os resultados deste estudo corroboraram tais evidências. Detectou-se que a média de satisfação
de vida para os jovens participantes, tanto globalmente quanto em suas diferentes dimensões,
apresentou-se entre as classificações 3 e 4, demonstrando estarem entre relativamente e
bastante satisfeitos com diferentes aspectos de suas vidas.
Observaram-se, entretanto, algumas diferenças entre gêneros. Novamente, como
descrito na literatura (Huebner et al., 2000; Nickerson, & Nagle, 2004), as participantes do sexo
feminino apresentaram médias mais altas no fator Escola. Elas mostraram-se bastante
satisfeitas com as atividades escolares e outros aspectos como relação com professores e
colegas. A média de respostas dos participantes do sexo masculino os descreveu como
relativamente satisfeitos com essas questões.
Nesta pesquisa constatou-se que as médias mais baixas foram encontradas para a
dimensão Escola, no caso dos participantes do sexo masculino, e a dimensão Self-Comparado
para as participantes do sexo feminino. Este último resultado vem ao encontro com o obtido por
Arteche (2003), que encontrou uma média semelhante (M = 3,48, d.p. = 0,75) nessa dimensão
para uma amostra de adolescentes, estudantes de escolas públicas de Porto Alegre.
No que se refere às relações estabelecidas pelos jovens, neste estudo optou-se por
apresentar apenas os achados relativos às diferenças que foram significativas entre sexos. Esta
45
decisão foi tomada, pois pesquisas prévias demonstram que gênero é uma variável que exerce
importante influência no desenvolvimento de vínculos durante essa fase da vida (Uegerb,
Degirmencioglu, Tolson, & Halliday-Scher, 1995; Wong, & Csikszentmihalyi, 1994).
Os resultados demonstraram que as meninas parecem valorizar mais a relação com
amigos do que os meninos. Outras pesquisas haviam trazido resultados semelhantes,
indicando que meninas possuem um nível maior de intimidade e de afeto com seus pares e
melhores amigos (Furman, & Buhrmester, 1985; Leadbeater, Kupermine, Blatt, & Hertzog,
1999).
Nesta pesquisa, meninos apresentaram médias mais altas para o fator Conflito com o
Melhor Amigo. Por um lado, Windle (1992) revela que em geral, meninas relatam mais
acontecimentos estressantes vinculados às relações interpessoais como, por exemplo, brigas
com amigos. Por outro lado, pesquisas como as de Wong e Csikszentmihalyi (1994) trazem
indícios de que jovens do sexo masculino relacionam características de agressividade a um
maior poder de dominância, enquanto para meninas esse poder estaria relacionado à capacidade
de estabelecer vínculos.
Esses resultados fazem sentindo quando compreendemos que, provavelmente, ao avaliar
uma relação como satisfatória (como é observado nas respostas dadas pelas adolescentes em
relação a seus melhores amigos), dificilmente essa mesma relação poderia ser caracterizada
como conflituosa. Dessa forma, a satisfação na relação com amigos deve ocorrer no sentido
inverso dos conflitos com esses mesmos pares.
No que se refere à relação com os pais, pode-se perceber que os participantes do sexo
masculino apresentaram médias significativamente mais altas nos fatores Auxílio Instrumental
do Pai e Satisfação na Relação com o Pai. Com relação aos dois primeiros, as médias foram
mais próximas da classificação 4, o que significa que eles necessitam muitas vezes do auxílio
do pai para realizar determinadas tarefas e corresponde a estarem muito satisfeitos com essa
relação. Apesar destas médias terem sido mais altas para os jovens, a classificação dada pelas
jovens para os mesmos fatores variou entre 3 e 4, o que significaria necessitarem seguidamente
do auxílio paterno e estarem muito satisfeitas com na relação com ele.
Do mesmo modo, observou-se que os participantes do sexo masculino apresentaram
médias significativamente mais altas para o fator Revelação/Intimidade com o pai. Aqui
também se constata que, apesar da diferença entre médias, tanto para o sexo masculino quanto
para o feminino essas médias tendem para a classificação 2, que significa que apenas algumas
vezes os jovens sentem-se abertos a uma relação de intimidade com o pai. Percebe-se que a
mãe, para ambos os sexos, é a figura parental mais escolhida para o estabelecimento de
relações de intimidade. As médias dos jovens do sexo masculino ficaram mais próximas a uma
46
classificação 3, que significa que seguidamente estariam abertos a uma relação de intimidade
com a mãe, e as das jovens do sexo feminino mais próximas da classificação 4, ou seja, muitas
vezes estabeleceriam este tipo de relação com a mãe.
A avaliação das estratégias de coping utilizadas pelos participantes demonstra que, entre
os fatores que agrupam tais estratégias, não houve uma variação muito grande das médias.
Percebe-se que as médias variaram entre 1,04 (d.p.=0,61) para a utilização da estratégia de
fuga-esquiva e 1,37 (d.p=0,69) para a de suporte social. Deve-se levar em conta o fato do
inventário ser respondido através de uma escala likert, com alternativas de classificação de 0 a
3, em que 0 significa que a pessoa não utilizou a estratégia, 1, usou um pouco, 2, usou bastante
e 3, usou em grande quantidade. Desse modo, entende-se que as médias de todos os fatores
mostram-se mais perto de 1, ou seja, em média os participantes de ambos os sexos utilizaram
“um pouco” cada um dos grupos de estratégias de coping.
Antes de preencherem o inventário, os participantes deveriam descrever uma situação
pela qual passaram e que considerassem estressante. A partir de tal descrição deveriam
classificar em qual intensidade utilizaram as estratégias para lidar com o problema. Foi bastante
ampla a gama de situações descritas pelos jovens, tendo sido citadas tanto situações mais
corriqueiras como problemas relacionados com a escola (como tirar nota baixa, discutir com
um colega ou professor) ou trabalho e problemas com os pais, até situações mais extremas
como uso de drogas, envolvimento com tráfico de drogas ou violência familiar. Observou-se
que as situações corriqueiras relacionadas à família e à escola e trabalho foram as mais
presentes. Talvez, por essa razão as médias para a utilização de estratégias para lidar com os
problemas não tenham sido altas. Além disso, durante as aplicações, pode-se perceber que
muitos dos jovens tiveram dificuldades em lembrar de uma situação para descrever, o que pode
ter gerado um maior distanciamento entre o que foi lembrado e o que realmente foi vivido. O
fato de nenhuma estratégia ter se sobressaído em relação às outras também pode significar que
esses adolescentes contam com um leque mais variado de estratégias e que eles poderiam
lançar mão de qualquer uma delas, de acordo com o tipo de problema enfrentado.
Apesar de não terem sido encontradas diferenças significativas, constatou-se que as
jovens apresentaram a média mais alta, dentre todos os fatores, para o de Suporte Social,
enquanto os jovens apresentaram a média mais alta para o fator Aceitação de Responsabilidade.
A pesquisa de Arteche, Bandeira e Gozalvo (2003) encontrou diferenças significativas entre os
sexos para os mesmos fatores no mesmo sentido.
Dentre as características de personalidade acessadas através da EFN, não se observou
uma diferença significativa entre os sexos para as médias do fator Vulnerabilidade. Essas
médias ficaram dentro de percentis classificados como médio para a amostra normativa do
47
instrumento (Hutz, & Nunes, 2001). Da mesma forma, as médias obtidas para os jovens e as
jovens participantes deste estudo no fator Ansiedade enquadraram-se dentro dos percentis
médios daquela amostra. Observou-se também uma diferença significativamente mais alta
neste fator para os participantes do sexo feminino. Esse resultado é semelhante ao obtido pela
amostra normatizada do EFN, em que as mulheres apresentaram uma média de 75,65 (d.p. =
23,13) e homens, de 68,93 (d.p. = 22,55).
Os fatores Desajustamento e Depressão, por sua vez, apresentaram médias para os
jovens de ambos os sexos que poderiam ser classificadas em um percentil alto, de acordo com a
amostra normativa da escala. Em ambos os fatores, os participantes do sexo masculino
apresentaram médias mais altas do que as jovens, mesma característica encontrada na
população estudada por Hutz e Nunes (2001).
As explicações para as diferenças encontradas entre os jovens participantes desta
pesquisa e o grupo normativo podem residir no fato de que a amostra de Hutz e Nunes (2001)
conta com universitários em uma faixa mais ampla de idades, sendo que a maior parte deles
concentra-se entre as idades de 18 e 22 anos. Os participantes deste estudo são estudantes de
escolas estaduais com idades entre 14 e 23 anos, com uma média de idade de 16,6 anos (d.p. =
1,4 anos). Sendo assim, percebe-se que enquanto o grupo normativo encontra-se finalizando a
adolescência, os participantes desta pesquisa estão no auge desta fase, período este que pode ser
entendido como muito mais crítico e conflituoso, em que problemas de desajustamento e
sentimentos depressivos são mais comuns (Monteiro, & Lage, 2007).
Na análise de regressão múltipla a satisfação de vida foi considerada como a variável
dependente, e relações com pais e melhor amigo(a), estratégias de coping e traços de
personalidade como variáveis independentes. Partiu-se da hipótese de que tais variáveis
exerceriam influência sobre a satisfação de vida dos jovens participantes.
Os resultados indicaram que dos 47 fatores referentes a todos os instrumentos
considerados como variáveis independentes (incluindo-se aqui também as variáveis sexo e
idade), 11 predisseram a satisfação de vida. Os achados desta pesquisa revelaram que o fator
Depressão do EFN foi a variável que melhor predisse a satisfação de vida neste grupo. A quinta
e a sétima variável que melhor explicaram satisfação de vida foram os fatores Vulnerabilidade
e Desajustamento, que também fazem parte da escala de neuroticismo. É importante ressaltar
que para os três fatores a correlação estabelecida com a variável satisfação de vida foi negativa,
ou seja, a ausência ou diminuição de tais características contribuem para que os jovens sintam-
se mais satisfeitos com suas vidas. Esses dados nos remetem a estudos anteriores que
consideram traços de personalidade, especialmente a extroversão e o neuroticismo, como fortes
preditores da satisfação de vida (Diener, & Lucas, 1999; Schumutte, & Ryff, 1997).
48
O segundo, o quarto, o sexto e o último fator que explicaram o nível de satisfação de
vida dos jovens foram os fatores do Inventário de Rede de Relações denominados Satisfação na
Relação com a Mãe, Conflito com o Pai (no caso, ausência de conflito) e Companhia da e,
respectivamente. Questões vinculadas à relação estabelecida entre jovens e seus pares também
apareceram como importantes na predição da satisfação de vida. Os resultados demonstram que
os fatores Aliança Confiável e Relação de Cuidado com o Melhor Amigo estão,
respectivamente, em terceiro e oitavo lugar.
Pequisadores relatam que outro fator que exerce influência sobre o bem-estar de
adolescentes é o suporte social de pais e amigos, sendo que a presença de tal suporte se
correlaciona negativamente com problemas emociais (Helsen et al., 2000; Yarcheski et al.,
2001). Confiança e comunicação entre os jovens, seus pais e seus pares também se mostram
relacionados ao grau de satisfação experienciado (Nickerson, & Nagle, 2004). Na fase da
adolescência uma mudança da natureza do mundo social das pessoas, aumentando a
importância dos pares do mesmo sexo e os laços de amizade. No início dessa fase, os pares
passam a ser percebidos como companhias mais importantes do que os pais. Porém, mesmo
com a importância dada ao desenvolvimento da intimidade entre os adolescentes e seus amigos,
pesquisadores afirmam que os pais continuam sendo importantes, permanecendo como uma
fonte de apoio significativa para eles (Buhrmester, & Furman, 1987; Shulman, 1993; Steinberg,
1985). Nesta pesquisa, os resultados demonstram o que foi explicitado pelos estudos anteriores.
Apesar da amizade exercer uma papel importante nessa fase da vida, em termos de satisfação
de vida para os jovens, a relação com os pais não perde o seu grau de significado.
Por fim, percebe-se que apenas dois dos oito fatores do Inventário de Coping aparecem
como variáveis relevantes na predição da satisfação de vida dos participantes. Esses são os
fatores de Fuga-Esquiva (que conta com itens como: “fiz como se nada tivesse acontecido”) e a
Reavaliação positiva composto por itens como: “mudei ou cresci como pessoa de uma
maneira positiva”). Neste estudo, enquanto o fator de Fuga-Esquiva estabelece uma correlação
negativa com a satisfação de vida, o fator Reavaliação Positiva constitui uma correlação
positiva com a variável dependente.
Nesta pesquisa, optou-se por utilizar como diretriz de avaliação da efetividade das
estratégias de coping a proposta de Aldwin e Reverson (1987) que relaciona coping efetivo
com aspectos relacionados à saúde física e mental. Desse modo, poderíamos concluir que para
os jovens desta pesquisa o uso de estratégias de Reavaliação Positiva e o não uso de estratégias
de Fuga-Esquiva estariam relacionados a uma satisfação de vida alta. Esses resultados podem
ser comparados aos obtidos por Williams e De Lisi (1999) que relatam que as estratégias de
coping tendem a variar com os avanços cognitivos e que adolescentes mais velhos utilizariam
49
um número mais freqüente de estratégias que lidam diretamente com o problema, como a
Reavaliação Positiva. Desse modo, parece que as estratégias que lidam mais diretamente com o
problema poderiam se classificadas como mais maduras e neste estudo como mais eficazes para
a obtenção de um maior nível de satisfação de vida. Além disso, estudos anteriores também
apontam para o fato de estratégias como as de fuga-esquiva e evitação serem desadaptativas
(Compas et al., 1988; Schmidt, Dell’Aglio, & Bosa, 2007) e relacionadas a uma diminuição do
nível do bem-estar psicológico (Câmara, & Carlotto, 2007).
Conclusões
Através do presente estudo foi possível obter um perfil de uma amostra aleatória por
conglomerados de jovens estudantes do E.M. de escolas estaduais de Porto Alegre no que se
refere a satisfação de vida, relações estabelecidas com pessoas significativas (pais e melhores
amigos), estratégia de coping utilizadas para enfrentar certos eventos de vida e características
de personalidade. Os resultados obtidos demonstraram que:
- os jovens participantes apresentaram um bom nível de satisfação de vida, tanto de uma forma
global quanto por domínios;
- as relações estabelecidas com melhores amigos parecem exercer uma forte influência para os
jovens, especialmente do sexo feminino. Apesar disso a relação com figuras parentais, com
destaque para a mãe, continua sendo importante nesta fase da vida. A relação com mãe mostra-
se mais aberta para o estabelecimento de relações de intimidade;
- os participantes de uma forma geral apresentaram um leque variado de estratégias de coping
para lidar com situações estressantes;
- a amostra deste estudo apresentou médias semelhantes à amostra padronizada do EFN para os
fatores Vulnerabilidade e Ansiedade. Os fatores Depressão e Desajustamento, por sua vez,
apresentaram médias mais altas (que poderiam ser classificadas em um percentil alto de acordo
com o manual do instrumento);
- os fatores que mais influenciaram o nível de satisfação de vida da amostra foram as
características de personalidade como Depressão, Vulnerabilidade e Desajustamento, os fatores
do IRR relacionados ao suporte social (Companhia, Aliança Confiável e Relação de Cuidado)
com amigo ou figuras parentais e estratégias de coping de Fuga-Esquiva e Reavaliação
Positiva.
Os resultados desta pesquisa são importantes por contar com um grande número de
participantes e dessa forma contribuir para o conhecimento de fatores relacionados à
adolescência normal no Brasil. Como limitação do estudo salienta-se o fato dos instrumentos
contarem com muitos itens, o que pode ter sido bastante cansativo para os participantes e possa
50
ter contribuído para que alguns deles não preenchessem as escalas até o final ou com a
seriedade necessária.
Sugere-se, para a continuidade e ampliação da presente pesquisa, a realização de outros
estudos que contemplem uma faixa etária mais distribuída de adolescentes e jovens, incluindo-
se também estudantes de outros estados e instituições privadas. Estes estudos seriam
importantes para um maior conhecimento acerca do desenvolvimento de adolescentes e jovens
na realidade brasileira.
51
CAPÍTULO III
Estudo II
Jovens Vivendo com HIV/AIDS: A influência da rede de relações, do coping e do
neuroticismo sobre a satisfação de vida
2
Youth People Living with HIV/AIDS: the influence of network of relationships,
coping and neuroticism on life satisfaction
Adriana Jung Serafini
Denise Ruschel Bandeira
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre
2
Pesquisa realizada com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
52
Resumo
O presente estudo teve como objetivo verificar se as variáveis independentes rede de relações,
neuroticismo e estratégias de coping exerceriam efeito sobre a variável satisfação de vida, em
uma amostra de adolescentes soropositivos. Também buscou-se apresentar um perfil descritivo
da amostra para cada uma das variáveis investigadas. Participaram 45 jovens portadores do
vírus HIV, com média de idade de 18,7 anos (d.p. = 2,7), procedentes de três centros de
atendimento da Grande Porto Alegre. Os instrumentos utilizados foram um questionário de
dados sócio-demográficos, a Escala Multidimensional de Satisfação de Vida para Adolescentes
– EMSV-A, o Inventário de Rede de Relações IRR, o Inventário de Estratégias de Coping e a
Escala Fatorial de Neuroticismo EFN. Com o objetivo de apresentar o perfil da amostra, os
dados dos instrumentos foram analisados através de MANCOVA e MANOVA. Para avaliar
que variáveis produziriam efeitos na Satisfação de Vida, foi realizada uma análise de regressão
múltipla. Os resultados principais indicaram que de uma forma geral, o nível de satisfação de
vida dos jovens portadores do rus HIV é semelhante ao de jovens não portadores, porém
um certo declínio na satisfação com as amizades. Em relação às estratégias de coping, as
médias entre elas foram bastante semelhantes, porém algumas diferenças foram encontradas
quando o grupo foi dividido em relação à situação de stress vivenciada (relacionadas ou não ao
HIV). Níveis altos de neuroticismo foram evidenciados nos participantes, em especial no que se
refere ao fator Depressão, com diferenças entre sexos. Esse foi o fator que melhor predisse a
Satisfação de Vida Total da amostra. Outros fatores que predisseram a Satisfação de Vida Total
foram Apoio Social da Mãe e utilização de estratégias de coping de Confronto.
Palavras-chave: HIV; Satisfação de Vida; Coping; Neuroticismo; Rede de Relações
53
Abstract
The present study had the objective of verifying if the variables relationships network,
Neuroticism and coping strategies would affect the variable life satisfaction, in a sample of
HIV positive patients. It also aimed to present a descriptive profile of the sample for each of the
variables. Forty-five youth HIV carriers from three health caring centers of metropolitan Porto
Alegre, with an average age of 18,7 years old (s. d. = 2.7) took part in this study. The
instruments used were a questionnaire of sociodemographic data, the Multidimensional Life
Satisfaction Scale for Adolescents (MLSS- A), the Network of Relationships Inventory (NRI),
the Coping Strategies Inventory and the Neuroticism Factorial Scale. In order to present the
sample’s profile, the data of the instruments were analyzed through MANCOVA and
MANOVA. To assess the effect of the interess variables on the variable life satisfaction, a
linear multiple regression was carried out. The main results showed that in a global way, the
level of life satisfaction of the youth HIV carriers is similar to the one of the non-carriers,
although there is a fair decrease in the satisfaction with friendships. As far as coping strategies
are concerned, the averages between them were similar, while some differences have been
found when the group was separated in relation to the stress situation experienced. High levels
of neuroticism were evidenced in the sample, especially concerning the factor Depression,
which was the best predictor of Total Life Satisfaction of the sample. Other factors that were
predictors for Total Life Satisfaction were Mother’s Social Support and the use of
Confrontation coping strategies.
Keywords: HIV; Life Satisfaction; Coping; Neuroticism; Relationships Network
54
Introdução
A AIDS tem sido caracterizada como uma epidemia mundial. De acordo com o
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/SIDA (ONUSIDA, 2004) ela é um
fenômeno único na história da humanidade pela sua rápida propagação, alcance e impacto. Essa
epidemia vem afetando desproporcionalmente os jovens de uma forma geral, sendo que pessoas
entre 15 e 24 anos representam a metade dos novos casos de HIV em todo o mundo. Um
número superior a 6000 jovens são infectados pelo vírus a cada dia. No Brasil, através dos
últimos dados estatísticos divulgados pelo Boletim Epidemiológico AIDS e DST (Programa
Nacional de DST e AIDS, 2007), no ano de 2007, 10,6% das mulheres e 8,7% dos homens
diagnosticados como portadores do vírus HIV estavam na faixa dos 13 aos 24 anos de idade.
Dentre os fatores responsáveis por esse aumento de jovens infectados encontra-se a
precocidade no início das relações sexuais, o aumento no número de parceiros e a
inconsistência no uso de preservativos (Taquette, Ruzany, Meirelles, & Ricardo, 2003). Em
uma pesquisa realizada com adolescentes e jovens entre 14 e 22 anos, de baixo vel sócio-
econômico residentes na cidade do Rio de Janeiro fatores como a falta de dinheiro, escola,
emprego, violência nas relações, uso abusivo de álcool e drogas e machismo relacionaram-se
positivamente com a falta de prevenção e risco à exposição ao vírus HIV (Taquette et al.,
2003).
Muitos estudos sobre HIV, ao abordar a população adolescente, exploram questões
importantes, como a prevenção para o contágio do vírus (Flora, & Thoresen, 1988; Oliveira,
Dias, & Silva, 2005; Ruzany, Taquette, Oliveira, Meirelles, & Ricardo, 2003) ou os fatores de
risco ou de proteção para o contágio do HIV (Pechansky, Bassols, & Diemen, 2002; Taquette et
al., 2003). Entretanto, poucas são as pesquisas que enfocam os adolescentes contaminados, em
especial, os seus aspectos psicológicos (Battles, & Wiener, 2002; Kelly, & Murphy, 1992;
Murphy, Moscicki, Vermund, & Muenz, 2000). Estudos realizados no Brasil são ainda mais
raros (Bassols, 2003; Reppold, Reppold, Xavier, & Hutz, 2004). A presente pesquisa busca
avaliar estes aspectos psicológicos, focando-se na avaliação da satisfação de vida de jovens
portadores do vírus HIV. De Acordo com Pavot, Diener, Colvin e Sandivik (1991). A
satisfação de vida é considerada o elemento cognitivo que constitui o bem-estar subjetivo. Ela é
definida como uma avaliação global que a pessoa faz de sua própria vida. Além disso,
55
pesquisas indicam que certas variáveis podem influenciar o nível de bem-estar, e como
conseqüência, o nível de satisfação. Entre estas variáveis estariam: traços de personalidade,
eventos de vida e estratégias de coping e a presença de uma rede de suporte social e o
estabelecimento de relações de intimidade (Aldwin, & Revenson, 1987, Diener, & Lucas, 1999,
Mccullough, Hueber, & Laughlin, 2000, Nickerson, & Nagle, 2004).
As pesquisas que têm como foco os portadores de HIV revelam que a forma como o
indivíduo vai encarar o diagnóstico depende da dinâmica psíquica anteriormente existente.
Porém, de uma forma geral, as pessoas sentem o diagnóstico de infecção por HIV como um
atestado de finitude e a limitação de desejos futuros. Surgem medos relacionados ao abandono,
discriminação e perdas sociais, assim como sentimentos de culpa, raiva e pânico (Canini, Reis,
Pereira, Gir, & Pelá, 2004; Leite et al., 1996).
Estudos que avaliam o nível de bem-estar ou satisfação de vida verificaram que ocorre
uma diminuição no senso de bem-estar dos adolescentes soropositivos (Drotar, Angle, Eckl, &
Thompson, 1995). Problemas como stress, a discriminação e a conseqüente diminuição do
suporte social, depressão, ansiedade e a dificuldade em revelar seu estado soropositivo para
outras pessoas, assim como problemas relacionados ao desempenho escolar foram observados
em adolescentes infectados pelo HIV (Battles, & Wiener, 2002; Brown, Schultz, & Gragg,
1995; Heckman, 2003; Wiener, & Septimus, 1991).
Conforme Wiener e Septimus (1991), os maiores problemas que a infecção por HIV
podem causar aos adolescentes emergem no momento de estabelecer relações fora da família.
As grandes dificuldades se encontram em situações como informar sua condição ao parceiro
sexual, a prática de sexo seguro, o medo das conclusões que seus pares podem chegar sobre
como foi infectado, culpa, sentir-se sujo ou sexualmente anormal. Barros (2002) reforça essa
idéia ao afirmar que uma situação ansiogênica é o momento em que o indivíduo soropositivo
decide se vai compartilhar a informação de seu diagnóstico com alguém, quem será essa pessoa
e de que modo deve revelar. Por isso, a importância em avaliar as relações da pessoa infectada
com seus amigos e familiares e o espaço existente para falar sobre seus sentimentos e angústias.
Em adolescentes infectados pelo HIV, os resultados da pesquisa de Battles e Wiener
(2002) indicaram que o quanto mais os adolescentes percebiam o suporte social, menor era o
número de problemas de comportamento relatados pelos pais. Apesar de o suporte dado por
amigos e colegas possuir uma relação positiva com o funcionamento dos participantes
portadores de HIV, o suporte social advindo de adultos (pais e professores) demonstrou ser
uma relação mais consistente.
Percebe-se que o diagnóstico de HIV positivo durante uma fase conflitiva por si só,
gera muitas angústias na vida de um adolescente. Uma das formas de entender como os
56
adolescentes soropositivos lidam com os problemas oriundos de seu diagnóstico seria através
da investigação das estratégias de coping utilizadas. Coping é definido por Lazarus e Folkman
(1984) como os esforços cognitivos e comportamentais para lidar com demandas externas e/ou
internas específicas que são avaliadas como excedendo os esforços e recursos do indivíduo. A
importância em se estudar as estratégias de coping está no fato de que a efetividade destas
relaciona-se com resultados positivos sobre aspectos da saúde física ou mental das pessoas.
Assim, podemos entender sua efetividade também relacionada à satisfação de vida (Aldwin, &
Revenson, 1987).
Meijer, Sinnema, Bijstra, Mellenbergh e Wolters (2002), em uma pesquisa com
adolescentes portadores de doenças crônicas, encontraram que as estratégias de coping que se
mostraram como determinantes importantes para um funcionamento psicossocial positivo
foram as estratégias ativas para a solução de problemas. Além disso, as estratégias de coping
que buscavam suporte social também se mostraram efetivas, mas apenas quando estavam
relacionadas a habilidades sociais. Desse modo, percebe-se uma relação entre as variáveis
vinculadas a rede de relações (suporte social/intimidade) e estilos de coping que pode resultar
em um aumento ou decréscimo no nível de satisfação de vida.
Objetivos
Objetivo geral:
- Verificar se existe efeito das variáveis rede de relações, neuroticismo e coping sobre a
satisfação de vida dos adolescentes soropositivos.
Objetivo específico:
-Apresentar um perfil descritivo da amostra para as seguintes variáveis: satisfação de
vida, rede de relações estabelecidas pelos jovens, estratégias de coping e neuroticismo.
Método
Amostra:
Participaram deste estudo um total de 45 jovens portadores do vírus HIV, com idade
entre 14 e 23 anos (M = 18,7; d.p.= 2,7), procedentes de três centros de atendimento da Grande
Porto Alegre. Desse número total, 82,2% dos participantes se encontravam em atendimento no
Serviço de Atenção Terapêutica do Hospital Sanatório Partenon, 15,6% no Centro de Testagem
57
e Aconselhamento (CTA) de Viamão e 2,2% no CTA do Ambulatório de Dermatologia. Na
Tabela 1 são apresentados os dados demográficos e sócio-econômicos da amostra.
Tabela 1
Dados Demográficos e Sócio-Econômicos dos Participantes
Variáveis n Freqüência (%)
Sexo
Feminino
29 64,4
Masculino
16 35,6
Idade
20 a 23 anos
22 48,9
17 a 19 anos
12 26,7
14 a 16 anos
11 24,4
Escolaridade
1ª. a 4ª. EF
07 15,6
5ª. a 8ª. EF
27 60,0
1º. EM
05 11,1
2º. EM
03 6,7
3º. EM
03 6,7
Estado Civil
Solteiro
25 55,6
Com companheiro
14 31,1
Casado
03 6,7
Separado
02 4,4
Viúvo
01 2,2
Classe social (Renda Média
Familiar - critérios ABEP)
B1 (R$ 2.804,00)
02 4,4
B2(R$ 1.669,00)
04 8,9
C (R$ 927,00)
25 55,6
D(R$ 424,00)
10 22,2
58
E(R$ 207,00)
04 8,9
Religião
Pratica (sempre ou às vezes)
26 59,1
Não pratica
18 40,9
Além dos dados apresentados na Tabela 1, foram investigados fatores relacionados às
relações afetivas e sexuais dos participantes de cada grupo. Dos 28 jovens que se classificaram
como solteiros, separados ou viúvos, 20,7% estavam namorando. Um percentual alto dos
jovens (84,4%) já havia tido a primeira relação sexual. A idade média da primeira relação
sexual foi de 14,5 anos (d.p.=1,6).
Tabela 2
Dados Relacionados à Infecção pelo HIV
Variáveis n Freqüência (%)
Motivo do Contágio
Relação sexual
31 68,9
Transmissão vertical
10 22,2
Abuso sexual
02 4,4
Transfusão de sangue
01 2,2
Não sabe
01 2,2
Tempo do diagnóstico
6 anos ou mais
09 20,0
3 a 5 anos
11 24,4
1 ano a 2 anos
14 31,1
1 mês a 11 meses
10 22,2
Não sabe
01 2,2
Diagnóstico de AIDS
sim
18 40,0
não
19 42,2
Não há dados
08 17,8
Faz uso de ARV
sim
18 40,0
não
15 33,3
Usou/usa durante a gravidez
04 8,8
59
Não há dados
08 17,8
O maior percentual dos casos (79,5%) relatou que a mãe sabe do diagnóstico de
soropositividade, seguido pelos irmãos (65,9%), parceiros (50%) e outros familiares (50%).
Ainda foram citados: pai, melhor amigo, outros amigos, entre outras pessoas.
Dos 45 participantes, 30 (66,7%) relataram que após a descoberta do diagnóstico
sofreram alterações em seus hábitos de vida. Dentre as mudanças 50% dos casos se referiam a
alterações no sono (insônia ou hipersonia), 26,7% a mudanças relativas a alimentação
(inapetência ou aumento do apetite) e 20% referiram perda de peso. Mudanças vinculadas às
relações estabelecidas no meio social e com pessoas significativas também foram apontadas,
como ser vítima de preconceito (16,7%), piora nas relações com familiares (13,3%) e piora na
relação com amigos (10%).
Em relação ao uso de ARVs, entre aqueles pacientes que fizeram ou fazem uso da
medicação, 52,6% relataram ter experenciado efeitos colaterais. Dentre os efeitos, os mais
comuns foram a presença de tontura/vertigem (30% dos casos), enjôo (30% dos casos) e
cefaléia (14,3% dos casos). Além disso, 60% dos jovens da amostra relataram a presença de
doenças após terem sido diagnosticados como portadores do vírus. As doenças mais citadas por
esses jovens foram: gripes (39,3% dos casos), pneumonia (28,6% dos casos) e doenças
sexualmente transmissíveis (17,9% dos casos).
Instrumentos
Em todos os participantes foram aplicados os seguintes instrumentos (em ordem de
aplicação):
-
Questionário de dados sócio-demográficos
para os participantes portadores do HIV
(Anexo H)
,
com questões relativas à idade, sexo, renda familiar, escolaridade, profissão, estado
civil, alguns eventos de vida, questões acerca da contaminação pelo vírus, entre outras. A
classificação da classe social foi obtida através do Critério Padrão de Classificação Econômica
– Brasil (ABEP, 2003), cujas questões foram inseridas neste questionário.
-A
Escala Multidimensional de Satisfação de Vida para Adolescentes EMSV-A
de
Arteche (2003), que consiste em uma adaptação da escala de Giacomoni (2002) desenvolvida
para crianças. Ela avalia satisfação de vida através de sete fatores (Self, Self-Comparado,
Família, Escola. Não-Violência, Amizade e Global) , sendo composta por 57 itens. Esses são
respondidos pelo participante de acordo com a intensidade com que o item se relaciona com
ele, tendo como opções de repostas: (1) nem um pouco, (2) bem pouco, (3) mais ou menos, (4)
bastante e (5) muitíssimo.
60
-
Inventário de Rede de Relações IRR,
de Furman e Buhrmester (1992), adaptado
para o Brasil por Marques e Horn (2002). O inventário avalia 11 dimensões de relacionamentos
interpessoais através de 33 itens. As dimensões englobadas pelo instrumento são Conflito,
Poder Relativo, Punição, Satisfação e sete dimensões de apoio social (Companhia, Auxílio
Instrumental, Auto-Revelação, Cuidado com o Outro, Afeição, Valorização e Aliança
Confiável). Essas dimensões são classificadas com cada uma das seguintes pessoas: mãe, pai,
melhor amigo(a), namorado(a)/ marido(esposa)/ companheiro(a). ainda um espaço
denominado “outro”, em que o jovem pode escolher alguém que ele considere importante para
classificar. As respostas são registradas em uma escala likert de cinco pontos, que indica a
qualidade de relacionamento com cada uma das pessoas citadas.
- O
Inventário de Estratégias de Coping
de Folkman e Lazarus (1985) adaptado para o
português por Savóia, Santana e Mejitas (1996), que avalia estratégias de coping através de oito
fatores (Confronto, Afastamento, Autocontrole, Suporte Social, Aceitação de
Responsabilidade, Fuga-Esquiva, Resolução de Problemas e Reavaliação Positiva) compostos
por um total de 66 itens. Os itens são respondidos pelo participante de acordo com a
intensidade com que utilizaram cada estratégia mencionada, em determinada situação, tendo
como opções de respostas: (0) não usei esta estratégia, (1) usei um pouco, (2) usei bastante e
(3) usei em grande quantidade.
- A
Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo EFN
(Hutz, & Nunes,
2001), um instrumento que a avalia a dimensão da personalidade humana denominada
neuroticismo/estabilidade emocional (modelo dos Cinco Grandes Fatores) através do
levantamento de traços de personalidade. O teste é composto por 82 itens em quatro sub-
escalas (Escala de Vulnerabilidade, Escala de Desajustamento Psicossocial, Escala de
Ansiedade e Escala de Depressão). Os itens são registrados em uma escala likert de sete pontos,
em que 1 = “completamente inadequada, a sentença não descreve nenhuma característica
minha”, 4 = “neutro, mais ou menos” e 7 = “perfeitamente adequada, a sentença me descreve
perfeitamente bem”.
Procedimentos
Como etapa inicial da coleta de dados, foram realizados contatos com três diferentes
centros de atendimento da Grande Porto Alegre: o Serviço de Atenção Terapêutica SAT,
localizado no Hospital Sanatório Partenon, o CTA de Viamão e o CTA do Ambulatório de
Dermatologia de Porto Alegre. Após aprovação do projeto pelos locais de coleta e pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da Escola de Saúde Pública do RS, foram solicitadas a todos os locais as
listas de pacientes portadores do vírus HIV com idades entre 14 e 22 anos.
61
A partir da lista, os pacientes foram recrutados através de convite nos dias em que
possuíam atendimento com os profissionais dos centros, ou através de busca ativa em que, por
carta ou telefonema, era marcada uma data para a realização da entrevista. A busca ativa
somente não foi autorizada no CTA do Ambulatório de Dermatologia, pois não era prática
utilizada no centro.
Os pacientes com idades a partir de 18 anos que aceitaram participar preencheram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo I). Para os jovens com idade inferior a 18
anos que manifestaram interesse em responder à pesquisa, foi solicitado que os pais ou
responsáveis preenchessem o termo (Anexo J). Em todos os jovens do grupo clínico a coleta foi
realizada individualmente, em uma sala cedida pelo centro de atendimento. Os pacientes
podiam escolher entre responder sozinhos aos questionários ou com o auxílio da entrevistadora
(ou auxiliar de pesquisa devidamente treinado), que, em ambos os casos, permanecia junto a
eles durante todo o preenchimento. A aplicação em cada um dos participantes desse grupo
levou em média uma hora.
Análise dos dados
Para fins de análise dos dados foi utilizado o pacote estatístico SPSS versão 13.0. Na
construção do banco de dados, as variáveis referentes às respostas aos instrumentos EMSV-A,
IRR, Inventário de Estratégias de Coping e EFN, que haviam sido deixadas em branco, foram
substituídas pela média do grupo naquele item.
Inicialmente os instrumentos foram avaliados do ponto de vista psicométrico e os dados
obtidos analisados através de estatísticas descritivas, sendo apresentadas médias e desvios-
padrão das diversas medidas. Para responder aos objetivos específicos, os dados dos
instrumentos EMSV-A, IRR e EFN foram analisados através de MANCOVA, sendo incluída
como variável independente sexo. Pelo fato da variável idade ter se correlacionado com estes
instrumentos, ela foi utilizada como controle nas análises. Como não foi encontrada diferença
entre sexos nas análises do Inventário de Estratégias de Coping, realizou-se uma MANOVA,
sendo a variável independente o tipo de situação de stress experenciado.
No IRR as análises foram realizadas com os 11 fatores do instrumento para cada uma
das seguintes pessoas: mãe, pai, melhor amigo e companheiro(a) (namorado(a) /
marido(esposa) / companheiro(a)). A opção “outro” foi excluída pelo fato de poucos
participantes terem respondido para estas pessoas e pela grande variedade de pessoas citadas.
Por fim, para responder ao objetivo geral deste estudo, foi realizada uma análise de
regressão múltipla, para avaliar o efeito das variáveis independentes sobre a variável
dependente (fatores relacionados à satisfação de vida). Nesta análise foram consideradas como
62
variáveis independentes os fatores do EFN, do Inventário de Estratégias de Coping e do IRR
que se correlacionaram com o fator de Satisfação de Vida Total.
Resultados
Escala Multidimensional de Satisfação de Vida para Adolescentes (EMSV-A)
Em relação aos seus aspectos psicométricos, a EMSV-A apresentou uma boa
consistência interna (
α
= 0,94). A Tabela 3 apresenta os resultados das análises das médias por
sexo e faixa etária para todos os fatores da escala e sua soma total. Salienta-se que foram
realizadas ANOVAS sendo as variáveis dependentes os fatores da EMSV-A e a independente
tempo de diagnóstico e, posteriormente, a presença de diagnóstico de AIDS, embora não
tenham sido encontradas diferenças significativas.
Tabela 3
Resultados da MANCOVA para os Fatores da EMSV-A
Total Sexo
Fatores
(N = 45)
Feminino
(n = 29)
Masculino
(n = 16 )
F
Média (d.p.)
Média (d.p.) Média (d.p.)
Família 4,07 (0,69) 3,95 (0,71) 4,28 (0,62) 0,60
Self Comparado 3,51 (0,77) 3,62 (0,77) 3,31 (0,74) 2,28
Escola 3,75 (0,76) 3,74 (0,77) 3,76 (0,78) 0,04
Não-Violência 3,87 (0,72) 3,83 (0,77) 3,92 (0,63) 0,00
Amizade 3,63 (0,79) 3,47 (0,79) 3,92 (0,74) 1,61
Self 3,87 (0,81) 3,63 (0,86) 4,31 (0,50) 5,05*
Satisfação de Vida Global 3,72 (0,95) 3,45 (0,99) 4,21 (0,65) 4,03*
Satisfação de Vida Total 3,77 (0,57) 3,67 (0,62) 3,97 (0,42) 1,03
* Diferença significativa entre médias, p
0,05
Através dos resultados da MANCOVA percebe-se que os jovens da amostra, de uma
forma geral, apresentaram um bom nível de satisfação de vida, pois as médias dos fatores da
EMSV-A variaram entre 3,51 e 4,07.
Observou-se algumas diferenças entre os sexos, sendo que os jovens do sexo masculino
apresentaram uma média significativamente maior nos fatores Self e Satisfação de Vida Global
do que as jovens.
63
Inventário de Rede de Relações
O IRR também apresentou uma boa consistência interna. Essa análise foi realizada
separadamente para cada uma das pessoas classificadas: mãe(
α
=0,90), pai(
α
=0,89), melhor
amigo(
α
=0,93) e companheiro(a) (
α
= 0, 89).
Também foram desenvolvidas análises de covariância para os fatores que compõem o
IRR. Elas foram realizadas individualmente para cada um dos relacionamentos citados
anteriormente, tendo como variável independente sexo. Na Tabela 4, em função da grande
quantidade de fatores, são apresentados somente os resultados cujas médias diferenciam-se
entre os sexos.
Tabela 4
Resultados da MANCOVA para os Fatores do IRR
Sexo
Fatores Feminino Masculino F
N Total (d.p.) n Média (d.p) n Média (d.p.)
Conflito com o Pai 24 2,00 (0,85) 17 1,74 (0,71) 07 2,61 (0,91) 22,36*
Satisfação na
Relação com o Pai
24 3,68 (1,21) 17 3,94 (1,09) 07 3,04 (1,35) 24,15*
Relação de Cuidado
com o Pai
24 3,31 (1,09) 17 3,41 (1,07) 07 3,09 (1,19) 4,86**
Afeição pelo Pai 24 4,23 (0,95) 17 4,37 (0,84) 07 3,90 (1,18) 4,14**
Valorização pelo
Pai
24 3,36 (1,06) 17 3,56 (1,05) 07 2,85 (0,97) 25,54*
Aliança Confiável
com o Pai
24 4,12 (1,04) 17 4,21 (0,99) 07 3,90 (1,21) 5,44**
Satisfação na
Relação com o
Melhor Amigo
38 3,65 (0,91) 25 3,37 (0,91) 13 4,20 (0,64) 11,66*
Afeição pelo
Melhor Amigo
38 3,45 (0,94) 25 3,17 (0,88) 13 4,00 (0,84) 4,87**
Punição pelo
Melhor Amigo
38 1,70 (0,61) 25 1,44 (0,36) 13 2,20 (0,68) 7,76**
*Diferença significativa entre médias, p
0,01
** Diferença significativa entre médias, p
0,05
64
Através dos resultados da MANCOVA, observou-se que os únicos fatores que
apresentaram diferença entre os sexos foram aqueles vinculados às relações estabelecidas entre
os jovens e as figuras paternas e entre os jovens e seus melhores amigos.
As participantes do sexo feminino apresentaram médias significativamente mais altas
nos fatores ligados à relação com o pai (Satisfação na Relação com o Pai, Relação de Cuidado
com o Pai, Afeição pelo Pai, Valorização pelo Pai e Aliança Confiável com o Pai), com
exceção apenas do fator Conflito com o Pai, cuja média foi mais alta para os jovens do sexo
masculino. Os participantes do sexo masculino, por sua vez, apresentaram médias
significativamente mais altas nos fatores ligados à relação com o melhor amigo (Satisfação na
Relação com o Melhor Amigo, Afeição pelo Melhor Amigo e Punição pelo Melhor Amigo).
Inventário de Estratégias de Coping
O Inventário de Estratégias de Coping apresentou uma boa consistência interna (
α
=0,90). As análises de variância foram realizadas utilizando-se os oito fatores do instrumento
como variáveis dependentes e a situação de stress como fator fixo. As situações de stress foram
classificadas dentro de duas categorias. A primeira relacionada ao HIV, que incluiu situações
como a descoberta do diagnóstico de HIV positivo, descobrir que o filho foi contaminado por
transmissão vertical ou ficar muito doente/ser internado por complicações da infecção, e a
segunda por situações diversas não relacionadas ao HIV. Os resultados para todos os fatores
são apresentados na Tabela 5.
Tabela 5
Resultados da MANOVA para os Fatores do Inventário de Estratégias de Coping
Situação de Stress
Fatores Total
(N = 45)
HIV
(n = 20)
Não HIV
(n = 25)
F
Média (d.p.)
Média (d.p.) Média (d.p.)
Reavaliação Positiva 1,53 (0,67) 1,81 (0,75) 1,30 (0,52) 7,00**
Suporte Social 1,46 (0,71) 1,62 (0,84) 1,34 (0,57) 1,73
Aceitação de
Responsabilidade
1,38 (0,79) 1,74 (0,78) 1,10 (0,70) 8,42**
Autocontrole 1,34 (0,65) 1,58 (0,74) 1,14 (0,49) 5,90*
Afastamento 1,24 (0,75) 1,43 (0,80) 1,09 (0,68) 2,35
65
Fuga e Esquiva 1,22 (0,60) 1,41 (0,62) 1,06 (0,56) 4,02*
Confronto 1,09 (0,50) 0,92 (0,49) 1,23 (0,47) 4,44*
Resolução de Problemas 1,09 (0,65) 1,24 (0,74) 0,97 (0,55) 2,04
*Diferença significativa entre médias, p
0,05
**Diferença significativa entre médias, p
0,01
Os resultados demonstram que as estratégias mais utilizadas pelos participantes foram
as classificadas no fator Reavaliação Positiva. Entretanto, as médias de todos os fatores foram
bastante semelhantes, variando entre 1,09 e 1,53. Houve diferenças significativas entre as
médias dos jovens que relataram a situação de stress relacionada ao HIV daqueles que
descreveram outras situações. Enquanto o primeiro grupo utilizou mais as estratégias de
Autocontrole, Aceitação de Responsabilidade, Fuga-Esquiva e Reavaliação Positiva, o segundo
fez mais uso das estratégias de Confronto.
Escala Fatorial de Neuroticismo
A Escala Fatorial de Neuroticismo apresentou uma boa consistência interna, com Alpha
de Cronbach de 0,95.
Os quatro fatores da escala foram utilizados na análise de covariância e seus resultados
são demonstrados na Tabela 6.
Tabela 6
Resultados da MANCOVA para os Fatores da EFN
Fatores Sexo
Feminino
(n = 29)
Masculino
(n = 16)
F
Média (d.p) Média (d.p.)
Vulnerabilidade 80,72 (25,67) 72,56 (23,06) 0,07
Ansiedade 92,82 (33,13) 85,56 (28,27) 0,01
Desajustamento 23,55 (8,26) 32,12 (16,68) 7,70*
Depressão 60,20 (28,00) 45,37 (14,22) 2,05
* Diferença significativa entre médias, p
0,01
Os resultados demonstram diferença significativa entre os sexos apenas no fator
Desajustamento. Nesse fator, os jovens do sexo masculino apresentaram uma média mais alta
do que as jovens.
66
Análise de Regressão Linear Multivariada
Como o número de sujeitos desta amostra era reduzido, para a análise optou-se por
utilizar um fator maior do IRR, o Suporte Social que é formado pelas dimensões Companhia,
Auxílio Instrumental, Revelação/Intimidade, Cuidado com o Outro, Afeição, Valorização e
Aliança Confiável, conforme indicado por Marques e Horn (2002). Foram realizadas análises
de correlação entre sexo, idade, os fatores de todas as escalas (IRR, Inventário de Estratégias de
Coping e EFN) e o fator Satisfação de Vida Total da EMSV A. Os fatores que
correlacionaram foram Idade, Vulnerabilidade (EFN), Ansiedade (EFN), Depressão (EFN),
Confronto (Coping), Fuga-Esquiva (Coping), Apoio Social da Mãe (IRR), Apoio Social do
Melhor Amigo (IRR), Satisfação com o Pai (IRR) e Satisfação com a Mãe (IRR). Como os dois
últimos fatores também avaliam satisfação, como a EMSV-A, eles não foram incluídos na
análise de regressão linear multivariada. Assim, para esta análise foram utilizadas como
variáveis independentes idade e os fatores Depressão, Ansiedade e Vulnerabilidade do EFN,
Confronto e Fuga-Esquiva do Inventário de Estratégias de Coping, e Apoio Social da Mãe e
Apoio Social do Melhor Amigo do IRR. Na Tabela 7 podem ser observados os resultados da
análise.
Tabela 7
Resultados da Análise de Regressão Linear Multivariada
Satisfação de Vida Total
Variáveis Independentes
β
R R
2
R
2
ajustado
Depressão -0,62 0,78 0,61 0,60
Apoio Social da Mãe 0,30 0,83 0,69 0,67
Confronto -0,22 0,85 0,73 0,70
Os resultados da análise de regressão linear multivariada indicam que os fatores
Depressão (EFN), Apoio Social da Mãe (IRR) e Confronto (Inventário de Estratégias de
Coping) reunidos Compreendem 70% da variância da Satisfação de Vida Total dos jovens da
amostra. Somente o fator Depressão é responsável por 60% desta variância.
Discussão
Os resultados desta pesquisa relacionados ao nível de satisfação de vida dos jovens
portadores do vírus HIV, através da EMSV-A, são semelhantes aos obtidos no estudo de
Serafini e Bandeira (2008), que investigou este mesmo fator em jovens estudantes não
67
portadores do vírus. Em ambos, os participantes apresentaram um bom vel de satisfação de
vida. Esses resultados vão de encontro com estudos que demonstram que adolescentes e/ou
jovens soropositivos tendem a ter um rebaixamento novel de bem-estar ou satisfação de vida
(Battles, & Wiener, 2002; Drotar et al., 1995). Em razão de tais achados procurou-se investigar
que aspectos poderiam estar atuando como promotores da satisfação de vida deste grupo
investigado. Assim, foram avaliadas as características das relações estabelecidas pelos jovens
portadores do HIV, as situações de stress enfrentadas por eles e as estratégias de coping
associadas e também neuroticismo. Uma análise de regressão múltipla foi realizada com o
objetivo de determinar quais variáveis foram, efetivamente, preditoras da satisfação de vida
deste grupo.
Ainda na análise dos resultados da EMSV-A, pode-se observar um nível de satisfação
de vida alta vinculado à dimensão família. Observa-se que esta dimensão obteve a média mais
alta dentre todas as dimensões para o grupo total (4,07, d.p.=0,69) e que não houve diferença
significativa entre os sexos. Essa média significa que os jovens da amostra encontravam-se
bastante satisfeitos nos aspectos de suas vidas relacionados à família. Também em relação à
influência da família sobre os jovens da amostra, através da análise de regressão ltipla,
pôde-se constatar que o fator “Apoio Social da Mãe” do IRR, foi um dos responsáveis na
predição da satisfação de vida dos jovens participantes. Esses resultados indicam que, assim
como havia sido apontado em estudos anteriores (Batles, & Wiener, 2002), o suporte social
dos pais é um componente importante para a promoção de aspectos relacionados ao bem-estar
em jovens soropositivos.
Ao mesmo tempo em que a família aparece com a média mais alta dentre as dimensões
da EMSV-A, percebe-se que as dimensões Self-Comparado (exemplo de item: “os outros
jovens são mais alegre do que eu”) e Amizade possuem as médias mais baixas (M = 3,51, d.p.
= 0,77; M = 3,63, d.p. = 0,79; respectivamente). Apesar destas médias ainda ficarem próximas
da classificação 4, que indica que os jovens estão bastante satisfeitos com estas áreas de suas
vidas, pode-se pensar que para os jovens soropositivos, certo declínio na satisfação
relacionada à amizade. Esta constatação torna-se mais clara quando comparamos este resultado
com o obtido no estudo de Serafini e Bandeira (2008) com jovens não portadores do vírus, em
que a média para este fator é a segunda mais alta (M = 3,97, d.p. = 0,51), ficando atrás apenas
do fator Família (M = 4,05, d.p. = 0,59), Já a média para o fator Self Comparado neste estudo é
semelhante a da citada pesquisa (M = 3,59, d.p. = 0,66). Wiener e Septimus (1991) referem
que dentre os maiores problemas que a infecção pelo HIV pode causar na vida dos jovens está
no momento de estabelecer relações fora da família, pelo medo das conclusões que seus pares
podem chegar sobre a forma da contaminação e pela culpa sentida. Tais questões podem estar
68
interferindo na qualidade da relação que estes jovens estabelecem com seus pares, mas mesmo
assim, na análise de regressão linear ltipla, o fator Suporte Social de Amigos não chegou a
predizer no nível de satisfação de vida deste grupo.
Além da presença de um dos fatores do IRR como variável preditora na análise de
regressão, pode-se observar algumas diferenças entre os jovens dos sexos feminino e masculino
da amostra através da MANCOVA realizada para análise de todos os fatores do instrumento.
Observou-se que as participantes do sexo feminino apresentaram médias significativamente
mais altas nos fatores ligados à relação com o pai. Os fatores que pertencem a um fator maior, o
de suporte social, foram os que mais diferenciaram este grupo, englobando Afeição pelo Pai,
Valorização pelo Pai e Aliança Confiável com o Pai. As jovens também apresentaram médias
mais altas para os fatores Satisfação na Relação com o Pai e Relação de Cuidado com o Pai. Os
jovens do sexo masculino, por sua vez, apresentaram médias mais altas para o fator Conflito
com o Pai. Eles também apresentaram médias significativamente mais altas nos fatores ligados
à relação com o melhor amigo (Satisfação na Relação com o Melhor Amigo, Afeição pelo
Melhor Amigo e Punição pelo Melhor Amigo). Isso parece demonstrar que enquanto para as
jovens o pai parece ser uma figura que oferece um suporte positivo, para os participantes do
sexo masculino as relações conflitivas com ele são mais presentes. Já as relações de amizade e
suas características tanto positivas (satisfação e afeição) quanto negativas (punição) aparecem
mais fortes para o grupo masculino. Estes resultados diferenciam-se dos obtidos com jovens
não portadores do HIV (Serafini, & Bandeira, 2008). No estudo citado, os jovens do sexo
masculino apresentaram médias mais altas vinculadas à relação com o pai, enquanto as jovens
do sexo feminino com o melhor amigo. Além do estudo de Serafini e Bandeira (2008), outros
caracterizam as relações de jovens do sexo feminino com seus amigos como mais profundas e
afetivas (Furman, & Buhrmester, 1985; Leadbeater, Kupermine, Blatt, & Hertzog, 1999).
Outros fatores que interferem no nível de bem-estar e satisfação de vida dos portadores
do HIV são os eventos estressores e as estratégias de coping utilizadas para lidar com eles
(Battles, & Wiener, 2002; Brown, Schultz, & Gragg, 1995). No que se refere às estratégias
utilizadas pelos jovens para lidar com problemas, de uma forma geral, não se observou grande
variação na média dos fatores. de-se perceber que o único fator cuja média aproximou-se da
classificação 2 foi o de Reavaliação Positiva (M = 1,53, d.p. = 0,67). Essa classificação
significa que o participante utilizou “bastante” as estratégias em questão. Para todos os demais
fatores as médias totais aproximaram-se da classificação 1 que corresponde a terem utilizado
“um pouco” as estratégias. Observou-se também que o grupo de participantes que mais fez uso
da Reavaliação Positiva foi o dos jovens que relacionaram as estratégias a uma situação
vinculada ao HIV.
69
Houve diferenças significativas entre as médias dos jovens que relataram a situação de
stress relacionada ao HIV daqueles que descreveram outras situações. Enquanto o primeiro
grupo utilizou mais as estratégias de Autocontrole, Aceitação de Responsabilidade, Fuga-
Esquiva e Reavaliação Positiva, o segundo fez mais uso das estratégias de Confronto. Apesar
da média do fator confronto ter sido a única significativamente mais alta para o grupo que não
relacionou a situação de stress ao HIV, a média mais alta de estratégias utilizadas foi para os
fatores Suporte Social e Reavaliação Positiva. É interessante observar que na análise de
regressão múltipla o único fator do Inventário de Estratégias de Coping que predisse a
satisfação de vida neste grupo foi o Confronto, sendo que a diminuição do uso destas
estratégias acarretava em um aumento da satisfação de vida. Levando-se em conta que neste
estudo foi utilizada a diretriz de avaliação da efetividade das estratégias de coping proposta por
Aldwin e Reverson (1987) que relaciona coping efetivo com aspectos relacionados à saúde
física e mental, poderíamos compreender que para os jovens desta pesquisa o uso de estratégias
de Confronto não seriam efetivas para a aquisição da satisfação de vida.
Pelo fato do grupo de jovens que relatou a situação de stress relacionada ao HIV ter
utilizado as estratégias de Confronto em uma média significativamente mais baixa do que os
demais, pode-se levantar a hipótese de que aqueles jovens possivelmente percebem a infecção
como uma situação estressante, mas que por sua vez pode ser enfrentada. Provavelmente, o fato
de conseguirem compreender que a infecção pelo vírus é um acontecimento grave, vai fazer
com que estes jovens se preocupem com sua saúde e busquem o atendimento adequado. Além
de apresentaram uma média mais baixa no fator Confronto, estes jovens apresentaram uma
média significativamente mais alta no fator Reavaliação Positiva. Apesar deste último não ter
sido uma das variáveis que predisse a satisfação de vida do grupo, a sua utilização pode ter um
caráter positivo sobre a vida destes participantes, que significa que a pessoa realizou uma
reflexão acerca da situação vivenciada e pode retirar dela algum aprendizado (exemplo de item
do fator Reavaliação Positiva: “mudei ou cresci como pessoa de uma maneira positiva”).
Percebe-se também que este mesmo grupo apresentou médias significativamente mais altas em
outros fatores de estratégias, demonstrando assim, que os jovens que associaram a situação de
stress ao HIV apresentam um repertório maior e uma maior intensidade na utilização de
estratégias de coping.
Em relação ao EFN, observou-se que as médias dos jovens desta amostra apresentaram-
se dentro de percentis considerados como médios, quando comparadas como a amostra
padronizada do instrumento (Hutz, & Nunes, 2001), apenas nos fatores Vulnerabilidade
(percentil 60) para o sexo masculino e Desajustamento (percentil 50) para o sexo feminino.
Neste último fator, inclusive, os participantes do sexo masculino apresentaram uma média
70
significativamente mais alta do que as do sexo feminino, sendo aquela classificada como um
percentil alto (percentil 70). Os jovens do sexo masculino ainda apresentaram percentis altos
para os fatores Ansiedade (percentil 75) e Depressão (percentil 65). as jovens obtiveram
percentis altos nos fatores Vulnerabilidade (percentil 65), Ansiedade (percentil 75) e muito alto
no fator Depressão (percentil 85).
De acordo com o manual do EFN (Hutz, & Nunes, 2001) resultados altos no fator
Vulnerabilidade sugerem indivíduos com características de insegurança e baixa auto-estima,
que se preocupam muito em serem aceitos pelos outros e que sofrem quando isto não ocorre. Já
o fator Desajustamento se refere a características de agressividade e hostilidade, assim como
comportamentos de risco, como os sexuais, abuso de álcool e drogas e envolvimento com jogos
de azar.
Apesar de não ter ocorrido uma diferença significativa entre os sexos no fator
Vulnerabilidade, pela interpretação dos escores médios dos grupos, poderíamos dizer que ele
está caracterizando mais o grupo de jovens do sexo feminino desta amostra do que os do sexo
masculino. os homens apresentariam mais características relacionadas ao fator
Desajustamento.
A partir destes resultados poderíamos inferir que as características de personalidade das
jovens portadoras do vírus HIV, como insegurança e necessidade em serem aceitas pelos outros
(muitas vezes o parceiro), que são evidenciadas pela média alta no fator Vulnerabilidade,
acabam as expondo ao risco da contaminação. Para os homens, por sua vez, características
como as de comportamento de risco, percebidos pela média alta no fator Desajustamento, têm
atuado como um fator de exposição à infecção. Resultados de pesquisas anteriores suportam
estas interpretações, relacionando-as especialmente a características específicas de gênero e
cultura (Taquette, Vilhena, & Campos de Paula, 2004; Vieira et al., 2004). De acordo com elas,
jovens do sexo feminino tendem a privilegiar as relações afetivas submetendo-se aos parceiros
quando estes se recusam a utilizar preservativo nas relações sexuais, até como uma forma de
afirmar sua fidelidade e confiança no parceiro, colocando em risco sua saúde. os homens,
apesar de utilizarem mais o preservativo, tendem a se colocar em mais situações perigosas
como o uso de drogas, início da atividade sexual mais precoce e com um número maior de
parceiros.
Na análise de regressão linear múltipla a variável que melhor predisse a satisfação de
vida dos participantes foi o fator depressão (a ausência de). Um resultado semelhante foi obtido
no estudo de Serafini e Bandeira (2008). Percebe-se dessa forma, que independente da presença
do rus, aspectos da personalidade que caracterizam o fator Depressão do EFN como
sentimentos de solidão, baixa expectativa quanto ao futuro e falta de objetivos na vida (Hutz, &
71
Nunes, 2001), são determinantes para um rebaixamento do nível de satisfação de vida dos
jovens em geral.
Os resultados também indicaram que os jovens soropositivos desta amostra, de ambos
os sexos, apresentaram médias altas para os Fatores Depressão e Ansiedade. Sintomas de
ansiedade e depressão já foram encontrados em estudos prévios com adolescentes soropositivos
na transição para a vida adulta (Battles, & Wiener, 2002), caracterizando essa fase como crítica
para os portadores do vírus.
É curioso o fato da amostra ao mesmo tempo apresentar médias altas para as dimensões
do EMSV-A e médias altas para o fator Depressão da EFN, sabendo-se que a dimensão
Satisfação de Vida Total correlaciona-se negativamente com esta última variável. A explicação
possível para este fato seria que as variáveis relacionadas às estratégias de coping ou de suporte
social poderiam estar atuando como moderadoras, entre o fator Depressão e a Satisfação de
Vida Total, compreendendo-se variáveis moderadoras como àquelas que afetam a direção ou
força da relação entre uma variável dependente e uma independente (Baron, & Kenny, 1986).
Ou seja, mesmo com características depressivas, jovens que possuem um bom suporte social
familiar (especialmente materno) e que conseguem lançar mão de um número variado de
estratégias adequadas para lidar com os estressores, atingem um bom nível de satisfação.
Conclusões
Dentre os resultados principais do estudo destacam-se os que se seguem:
- O nível de satisfação de vida dos jovens portadores do rus HIV é semelhante ao de jovens
não portadores, porém há um certo declínio na satisfação com as amizades. O fator relacionado
à satisfação com a família foi aquele com média mais alta para a amostra.
- As médias das estratégias de coping utilizadas foram bastante semelhantes, porém
algumas diferenças foram encontradas quando o grupo foi comparado em relação à situação de
stress vivenciada. Enquanto o grupo que vinculou as estratégias de coping ao HIV/AIDS
utilizou mais as estratégias de Autocontrole, Aceitação de Responsabilidade, Fuga-Esquiva e
Reavaliação Positiva, o grupo que não relacionou a situação a esta questão fez mais uso das
estratégias de Confronto.
- Níveis altos de neuroticismo foram evidenciados no grupo, em especial no que se
refere ao fator Depressão. Diferenças entre sexos também foram encontradas para esta variável,
sendo que participantes do sexo feminino apresentaram médias mais altas para o fator
Vulnerabilidade. No fator Desajustamento, apesar da diferença entre as médias não ter sido
signifivativa, a interpretação do escore médio demonstrou que esse fator é alto para os jovens
do sexo masculino e médio para as do sexo feminino.
72
-O fator Depressão da EFN (ausência de) foi o que melhor predisse a Satisfação de Vida
Total da amostra. Outros fatores que predisseram a Satisfação de Vida Total foram Apoio
Social da Mãe e a não utilização de estratégias de coping de Confronto.
Esta pesquisa traz como contribuição um maior apronfundamento nas questões
psicossociais, que não são tão exploradas em estudos com jovens portadores do vírus HIV.
Através dos resultados, pode-se perceber onde residem as maiores dificuldades deste grupo, e
desta forma elaborar programas de intervenção efetivos. Percebe-se a importância de se
trabalhar tanto aspectos relacionados à vulnerabilidade das jovens quanto aspectos de
desajustamento dos jovens do sexo masculino, que parecem ser fatores de risco para a infecção.
Além disso, um nível alto de características depressivas aponta para a necessidade de
intervenção, procurando auxiliar na busca de um sentido vital destes jovens. Por outro lado, as
relações familiares, especialmente com a mãe, mostram-se como um fator de proteção e dessa
forma devem ser encorajadas, assim como deve ser estimulado um maior investimento nas
relações extra-familiares.
Por fim, percebe-se que pela possibilidade de existirem variáveis moderadoras atuando
no resultado final da satisfação de vida, uma limitação do estudo é o fato deste contar com uma
amostra de 45 participantes. Esse número é pequeno para a realização de análises como a de
modelagem de equação estrutural, que são adequadas para a investigação de modelos com
variáveis moderadoras. Sugere-se a realização novas pesquisas que abarquem um número
maior de participantes e que sejam avaliadas também outras variáveis que possam compor um
modelo explicativo de satisfação de vida em jovens portadores do vírus.
73
CAPÍTULO IV
ESTUDO III
Satisfação de vida, rede de relações, coping e neuroticismo: Perfil diferencial entre
jovens portadores e não portadores do HIV
3
Life Satisfaction, network of relationships, coping and neuroticism: Differential
profile between youth HIV carriers and non-carriers
Adriana Jung Serafini
Jorge Castellá Sarriera
Denise Ruschel Bandeira
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre
3
Pesquisa realizada com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
74
Resumo
O objetivo da presente pesquisa foi avaliar se jovens portadores e não-portadores do HIV se
diferenciariam em relação às variáveis satisfação de vida, estratégias de coping, rede de
relações e neuroticismo. Participaram deste estudo 539 jovens da Grande Porto Alegre,
separados em dois grupos, um clínico (n = 45) e o outro não-clínico (n = 494), com idades
entre 14 e 23 anos. Os participantes do grupo clínico eram procedentes de três centros de
atendimento e o grupo não-clínico foi formado por alunos de 10 escolas da rede estadual. Os
instrumentos utilizados foram um questionário de dados sócio-demográficos, a Escala
Multidimensional de Satisfação de Vida para Adolescentes EMSV-A, o Inventário de Rede
de Relações – IRR, o Inventário de Estratégias de Coping e a Escala Fatorial de Neuroticismo –
EFN. Os dados foram analisados através de estatísticas descritivas e posteriormente foram
realizadas análises discriminantes. Os resultados demonstraram que os jovens do grupo não-
clínico mostraram–se mais satisfeitos com suas relações de amizade do que os jovens do grupo
clínico. As relações com a mãe para o primeiro grupo apresentaram-se, por sua vez, mais
conflituosas. Evidenciou-se uma perda do sentido vital no grupo de jovens soropositivos,
principalmente pelos achados da EFN. Houve, ainda, diferenças no uso das estratégias de
coping entre os dois grupos, sendo que o grupo clínico utilizou mais aquelas caracterizadas por
busca de religiosidade, afastamento, fuga-esquiva e busca de ajuda profissional, enquanto o
grupo não clínico fez mais uso de estratégias de aceitação de responsabilidade. Os resultados
evidenciaram a importância no desenvolvimento de programas de intervenção que possam
resgatar os objetivos vitais para os jovens soropositivos, assim como criar uma rede de apoio
extra-familiar.
Palavras-chave: HIV; Satisfação de Vida; Coping; Neuroticismo; Rede de Relações
75
Abstract
The present research aimed to assess if youth HIV carriers and non-carriers would differentiate
in relation to the variables life satisfaction, coping strategies, relationships network and
neuroticism. A total of 539 youths from metropolitan Porto Alegre took part in this study,
separated in two groups, a clinic one (n = 45) and a non-clinic (n = 494), with ages between 14
and 23 years old. The participants from the clinic group came from three health caring centers
and the non-clinic group was formed by students of ten state schools. The instruments used
were a questionnaire of sociodemographic data, the Multidimensional Life Satisfaction Scale
for Adolescents (MLSS- A), the Network of Relationships Inventory (NRI), the Coping
Strategies Inventory and the Neuroticism Factorial Scale. The data were analyzed through
descriptive statistics and discriminant analyses. The results showed that the youths of the non-
clinic group revealed to be more satisfied with their friendships than the youths of the clinic
group. However, the relationships with the mother showed to be more conflicted for the first
group. It was evidenced a loss of the vital sense in the group of HIV positive youths, especially
through the findings of the Neuroticism Factorial Scale. There were also differences in the use
of coping strategies between the two groups. The clinic group used more strategies related to a
sense of religiosity seeking, distancing, escape-avoidance and search for professional
assistance, while the non-clinic group used more strategies of acceptance of responsibility. The
results showed the importance of developing intervention programs that can rescue the vital
objectives for the HIV positive youths, as well as can create an extra-familiar support network.
Keywords: HIV; Life Satisfaction; Coping; Neuroticism; Relationships Network
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Introdução
Os adolescentes são um dos grupos de maior risco de infecção do vírus HIV (King,
Delaronde, Dinoi, & Forsberg, 1996). Dados atuais revelam que os jovens entre 15 e 24 anos
representam a metade dos novos casos de HIV em todo o mundo. Tal situação se torna ainda
mais preocupante ao nos deparamos com a informação de que a geração atual de adolescentes é
a maior de toda a história (ONUSIDA, 2004). Um número superior a 6000 jovens são
infectados pelo vírus a cada dia. No Brasil, através dos últimos dados estatísticos divulgados
pelo Boletim Epidemiológico AIDS e DST (Programa Nacional de DST e AIDS, 2007), no
ano de 2007, 10,6% das mulheres e 8,7% dos homens diagnosticados como portadores do vírus
HIV estavam na faixa dos 13 aos 24 anos de idade.
De acordo Wiener e Septimus (1991), a AIDS afeta todas as esferas da vida de um
adolescente. Para esses autores, a adolescência é uma fase singular, em que, entre outras,
destacam-se características como um maior narcisismo, otimismo, um grande senso de
invulnerabilidade e imortalidade. Os adolescentes estão mais propensos à pressão de seus pares
e possuem uma habilidade mais limitada para julgar a longo prazo as conseqüências de seus
comportamentos atuais. Desse modo, o diagnóstico de HIV positivo geralmente produz a
rejeição de tal informação, medo ou retraimento.
Nesse sentido, receber um diagnóstico de HIV positivo e viver com HIV/AIDS torna-se
um evento impactante na vida de um jovem. Conforme alguns pesquisadores (Diener, & Lucas,
1999; Mccullough, Huebner, & Laughlin, 2000), dependendo da significância do evento
vivenciado, este pode modificar permanentemente o nível de bem-estar subjetivo do indivíduo.
Assim, entendendo-se a satisfação de vida como o elemento cognitivo do bem-estar subjetivo, e
como a avaliação que a pessoa faz de sua própria vida, levando em consideração os fatores
positivos e os negativos (Lucas, Diener, & Suh, 1996; Pavot, Diener, Colvin, & Sandivik,
1991), poderia-se dizer que ela também seria afetada pelo tipo de experiência de vida.
Além dos eventos de vida, pesquisas têm demonstrado que outras variáveis aparecem
relacionadas à satisfação de vida de jovens em geral. Entre elas estariam as estratégias de
coping utilizadas para lidar com eventos estressores, certos traços de personalidade, como o
77
neuroticismo e as redes de relações (Aldwin, & Revenson, 1987; Diener, & Lucas, 1999;
Mccullough et al., 2000; Nickerson, & Nagle, 2004).
Coping é definido por Lazarus e Folkman (1984) como os esforços cognitivos e
comportamentais para lidar com demandas externas e/ou internas específicas que são avaliadas
como excedendo os esforços e recursos do indivíduo. Assim, as pessoas lançariam mão dessas
estratégias em momentos de stress. Em relação à efetividade dessas estratégias, Aldwin e
Revenson (1987) referem que ela estaria vinculada a resultados positivos sobre aspectos da
saúde física ou mental das pessoas, ou seja, também se mostraria relacionada à satisfação de
vida.
Pesquisas com portadores do vírus demonstram que as estratégias de coping ativas
voltadas para a solução de problemas, assim como as de busca de suporte social e de
enfrentamento religioso, predizem de forma positiva aspectos relacionados ao bem-estar
subjetivo (Faria, & Seidel, 2006; Meijer, Sinnema, Bijstra, Mellenbergh, & Wolters, 2002).
Apesar dos achados referentes à importância dos eventos de vida e das estratégias utilizadas
para enfrentá-los, autores sugerem que a personalidade também pode ser considerada um fator
consistente para predizer o bem-estar subjetivo (Diener, & Lucas, 1999; Headey, & Wearing,
1989).
Pesquisas sobre bem-estar subjetivo e seus componentes têm demonstrado que traços de
personalidade apresentam-se como preditores de felicidade. O modelo de personalidade dos
Cinco Grandes Fatores tem sido o mais utilizado nestes estudos e seus resultados indicam que
os traços que estão mais fortemente relacionados ao bem estar subjetivo são a extroversão e o
neuroticismo (Diener, & Lucas, 1999; Schumutte, & Ryff, 1997). Como referido por Oliveira
(2002), dentre as características englobadas pelo neuroticismo, encontram-se a insegurança e
tendência à depressão. Estudos com pacientes soropositivos indicam que para esta população
existe um alto índice de transtornos depressivos, que por sua vez se relacionam a um
decréscimo na qualidade de vida (Castanha, Coutinho, Saldanha, & Ribeiro, 2006; Maj, 1996;
Malbergier, & Schoffel, 2001).
Outro fator que exerce influência sob o bem-estar de adolescentes é o suporte social de
pais e amigos (Helsen, Vollebergh, & Meeus, 2000; Yarcheski, Mahon, & Yarcheski, 2001).
Em relação a essa premissa, Diener e Fujita (1995) revelam que os recursos sociais como o
suporte familiar e de amigos íntimos assim como as habilidades sociais são bons preditores
para o nível de satisfação de vida. A confiança e a comunicação entre os adolescentes e seus
pais e pares também vinculam-se ao grau de satisfação de vida experienciada (Nickerson, &
Nagle, 2004).
78
Para os jovens portadores do HIV, o suporte social e as relações de intimidade também
se mostram como importantes fatores preditores do nível de satisfação de vida. Wiener e
Septimus (1991) referem que a infecção por HIV pode causar problemas aos adolescentes
especialmente para estabelecer relações fora da família, como as relações amorosas e de
amizade. Barros (2002) descreve como ansiogênico o momento em que o portador do vírus
decide se vai compartilhar a informação de seu diagnóstico com alguém, quem será essa pessoa
e de que modo deve revelar. Apesar dessas dificuldades, resultados da pesquisa de Battles e
Wiener (2002) indicaram que a revelação do diagnóstico pelos jovens soropositivos relaciona-
se, de uma forma geral, com um aumento do suporte social e um decréscimo do número de
problemas de comportamento relatados pelos pais.
Objetivos
Como observado na introdução, percebe-se que diferentes aspectos relacionam-se com
um acréscimo ou decréscimo do bem-estar subjetivo e, conseqüentemente, da satisfação de vida
das pessoas. Dentre estes aspectos estariam os eventos de vida. Partindo-se da hipótese de que a
infecção pelo HIV seria um evento potencialmente impactante na vida de um jovem, o presente
estudo objetivou avaliar se existiriam diferenças entre jovens portadores e não portadores do
HIV em relação às variáveis satisfação de vida, rede de relações, neuroticismo e estratégias de
coping.
Método
Amostra
Participaram deste estudo um total de 437 jovens de ambos os sexos, separados em dois
grupos, um clínico e o outro não-clínico. Em ambos os grupos as idades dos participantes
variaram entre 14 e 23 anos (M = 17,0; d.p. = 1,79). O grupo clínico foi composto por 45
jovens portadores do vírus HIV, com média de idade de 18,7 anos (d.p. = 2,7), procedentes de
três centros de atendimento da Grande Porto Alegre. Desse número total, 82,2% dos
participantes se encontravam em atendimento no Serviço de Atenção Terapêutica do Hospital
Sanatório Partenon, 15,6% no CTA de Viamão e 2,2% no CTA do Ambulatório de
Dermatologia. O grupo não-clinico inicialmente foi formado por uma amostra aleatória por
conglomerados composta por um número total 502 participantes. Entretanto, alguns foram
eliminados com o objetivo que os grupos ficassem mais semelhantes em relação às
características sócio-demográficas. O critério inicial para equiparação dos grupos consistiu em
retirar da amostra participantes do gupo não-clínico que pertenciam às classes A e B1. Nesta
79
primeira etapa foram eliminados 64 participantes. Posteriormente, objetivando aproximar o
percentual de sexo nos dois grupos, foram eliminados preferencialmente jovens do sexo
masculino de diversas classes sociais com idades entre 15 e 16 anos, já que o percentual deste
sexo e faixa etária era mais elevado no grupo não-clínico. Assim, o grupo não-clínico passou a
contar com 386 jovens, com média de idade de 16,8 anos (d.p. = 1,5) alunos de 10 escolas da
rede estadual situadas na cidade de Porto Alegre.
Um percentual de 59,3% dos participantes do grupo não-clínico, e 64,4% do grupo
clínico eram do sexo feminino. Em relação à escolaridade, enquanto 100% dos participantes do
grupo não-clínico freqüentavam o Ensino Médio, 55,6% dos jovens do grupo clínico tinham
escolaridade entre 7ª. série do Ensino Fundamental e 3º. ano do Ensino Médio. Não foi
investigado o percentual de jovens do grupo clínico que se encontravam estudando no
momento da realização da pesquisa.
Nos dois grupos um maior percentual de jovens (56% do grupo clínico e 44,4% do
grupo não-clínico) foi classificado como pertencentes à classe social C, cuja renda média
familiar é de aproximadamente R$ 960,36.
No que se refere ao estado civil, para ambos os grupos o percentual mais alto foi para os
participantes solteiros (95,3% do grupo não-clínico, e 55,6% do grupo clínico). Entre os
participantes do grupo não-clínico que se declararam solteiros, 40,4% encontrava-se
namorando. No grupo clínico, dos 28 jovens que se classificaram como solteiros, separados ou
viúvos, 20,7% estava namorando. Entre os grupos, observou-se que o clínico apresentou um
percentual mais alto de jovens que já haviam tido a primeira relação sexual (84,4%), em
comparação com o não-clínico (62,6%). A idade média da primeira relação sexual para foi
semelhante para ambos os grupos, 14,8 anos (d.p. = 1,4) para os jovens da amostra não-clínica
e 14,5 anos (d.p. = 1,6) para os da amostra clínica.
Os jovens também foram questionados quanto a prática de alguma religião. Para ambos
os grupos o percentual de respostas positivas foi mais alta. No grupo clínico 59,1% dos
participantes referiram que praticavam sempre ou às vezes. O mesmo tipo de resposta foi dada
por 67,1% dos participantes do grupo não-clínico.
Instrumentos
Nos dois grupos foram aplicados os seguintes instrumentos (em ordem de aplicação):
-
Questionário de dados sócio-demográficos,
com questões relativas à idade dos
participantes, sexo, escolaridade, profissão, estado civil, alguns eventos de vida, entre outras. A
classificação da classe social foi obtida através do Critério Padrão de Classificação Econômica
– Brasil (ABEP, 2003), cujas questões foram inseridas neste questionário.
80
-A
Escala Multidimensional de Satisfação de Vida para Adolescentes EMSV-A
de
Arteche (2003), que consiste em uma adaptação da escala de Giacomoni (2002) desenvolvida
para crianças. Ela avalia satisfação de vida através de sete fatores (Self, Self-Comparado,
Família, Escola. Não-Violência, Amizade e Global) , sendo composta por 57 itens. Esses são
respondidos pelo participante de acordo com a intensidade com que o item se relaciona com
ele, tendo como opções de repostas: (1) nem um pouco, (2) bem pouco, (3) mais ou menos, (4)
bastante e (5) muitíssimo.
-
Inventário de Rede de Relações IRR,
de Furman e Buhrmester (1992), adaptado
para o Brasil por Marques e Horn (2002). O inventário avalia 11 dimensões de relacionamentos
interpessoais através de 33 itens. As dimensões englobadas pelo instrumento são Conflito,
Poder Relativo, Punição, Satisfação e sete dimensões de apoio social (Companheirismo,
Auxílio Instrumental, Auto-Revelação, Cuidado com o Outro, Afeição, Valorização e Aliança
Confiável). Essas dimensões são classificadas com cada uma das seguintes pessoas: mãe, pai,
melhor amigo(a), namorado(a)/ marido(esposa)/ companheiro(a). ainda um espaço
denominado “outro”, em que o jovem pode escolher alguém que ele considere importante para
classificar. As respostas são registradas em uma escala likert de cinco pontos, que indica a
qualidade de relacionamento com cada uma das pessoas citadas.
- O
Inventário de Estratégias de Coping
de Folkman e Lazarus (1985) adaptado para o
português por Savóia, Santana e Mejitas (1996), que avalia estratégias de coping através de oito
fatores (Confronto, Afastamento, Autocontrole, Suporte Social, Aceitação de
Responsabilidade, Fuga-Esquiva, Resolução de Problemas e Reavaliação Positiva) compostos
por um total de 66 itens. Os itens são respondidos pelo participante de acordo com a
intensidade com que utilizaram cada estratégia mencionada, em determinada situação, tendo
como opções de respostas: (0) não usei esta estratégia, (1) usei um pouco, (2) usei bastante e
(3) usei em grande quantidade.
- A
Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo EFN
(Hutz, & Nunes,
2001), um instrumento que a avalia a dimensão da personalidade humana denominada
neuroticismo/estabilidade emocional (modelo dos Cinco Grandes Fatores) através do
levantamento de traços de personalidade. O teste é composto por 82 itens em quatro sub-
escalas (Escala de Vulnerabilidade, Escala de Desajustamento Psicossocial, Escala de
Ansiedade e Escala de Depressão). Os itens são registrados em uma escala likert de sete pontos,
em que 1= “completamente inadequada, a sentença não descreve nenhuma característica
minha”, 4= “neutro, mais ou menos” e 7= “perfeitamente adequada, a sentença me descreve
perfeitamente bem”.
81
Procedimentos
A primeira etapa para a realização da coleta de dados foi a submissão do projeto de
pesquisa ao Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Saúde Pública do RS. Após a aprovação
deste, foi estabelecido o contato com a Secretaria da Educação com o objetivo de obter uma
lista das escolas estaduais da rede pública de Porto Alegre. Através da listagem foi possível
realizar um sorteio das escolas participantes. Após o sorteio, foi feito o contato com as escolas
para obter o consentimento dessas para a realização da pesquisa e o convite para que os alunos
participassem. Os coordenadores das escolas indicaram as turmas que participariam da pesquisa
de acordo com a disponibilidade de horários dos professores. Foi solicitado o Consentimento
Livre e Esclarecido aos jovens com idade a partir de 18 anos. Para os demais, o preenchimento
do mesmo foi realizado pelos pais ou responsáveis.
Nos adolescentes que aceitaram participar da pesquisa foram aplicados coletivamente os
seguintes instrumentos (em ordem de aplicação): questionário de dados sócio-demográficos,
EMSV-A, IRR, EFN e o Inventário de Estratégias de Coping. Todos os instrumentos foram
entregues juntos (grampeados) para os participantes e foi dada uma breve explicação
padronizada para o preenchimento de cada um deles (sendo que todos eles são auto-aplicáveis).
Os participantes que apresentaram dúvidas ao longo do preenchimento foram auxiliados pela
pesquisadora ou auxiliar de pesquisa devidamente treinado. A aplicação dos instrumentos nas
escolas foi realizada em sala de aula, em turmas e horários cedidos pelas instituições. A
aplicação de todos os instrumentos levou em média uma hora e trinta minutos.
A segunda etapa consistiu na coleta dos dados relativos ao grupo de jovens portadores
do HIV. Para tal, foram realizados contatos com três diferentes centros de atendimento da
Grande Porto Alegre: o Serviço de atenção Terapêutica SAT, localizado no Hospital
Sanatório Partenon, o CTA de Viamão e o CTA do Ambulatório de Dermatologia de Porto
Alegre. Após aprovação do projeto, foram solicitados a todos os locais as listas de pacientes
portadores do vírus HIV com idades entre 14 e 22 anos.
A partir da lista, os pacientes foram recrutados através de convite nos dias em que
possuíam atendimento com os profissionais dos centros, ou através de busca ativa em que, por
carta ou telefonema, era marcada uma data para a realização da entrevista. A busca ativa
somente não foi autorizada no CTA do Ambulatório de Dermatologia, pois não era prática
utilizada no centro.
Os pacientes com idades a partir de 18 anos que aceitaram participar preencheram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para os jovens com idade inferior a 18 anos que
manifestaram interesse em responder a pesquisa, foi solicitado que os pais ou responsáveis
preenchessem o termo. Em todos os jovens do grupo clínico a coleta foi realizada
82
individualmente, em uma sala cedida pelo centro de atendimento. Os pacientes podiam escolher
entre responder sozinhos aos questionários ou com o auxílio da pesquisadora / auxiliar de
pesquisa que, em ambos os casos, permanecia junto a eles durante todo o preenchimento. Os
instrumentos aplicados foram os mesmos para ambos os grupos, com exceção do questionário
de dados sócio-demográficos que para o grupo clínico incluía algumas questões relativas ao
HIV. A aplicação em cada um dos participantes desse grupo levou em média uma hora.
Análise dos dados
Para fins de análise dos dados foi utilizado o pacote estatístico SPSS versão 13.0. Na
construção do banco de dados, as variáveis referentes às respostas aos instrumentos EMSV-A,
IRR, Inventário de Estratégias de Coping e EFN, que haviam sido deixadas em branco, foram
substituídas pela média do grupo naquele item.
Inicialmente os instrumentos foram avaliados do ponto de vista psicométrico e os dados
obtidos analisados através de estatísticas descritivas.
Para obter o perfil diferencial dos grupos clínico e não-clínico foram realizadas análises
discriminantes através do método Stepwise, usando como critério de seleção das variáveis a
estatística Lambda de Wilks, e computando-se os tamanhos dos grupos. Em todas as análises
utilizaram-se como variável de agrupamento jovens portadores do HIV e os não portadores. Na
primeira análise foram consideradas como variáveis independentes (preditoras) todos os itens
da EMSV-A. Na segunda, terceira e quarta análises, foram determinadas como variáveis
independentes todos os itens do IRR, do Inventário de Estratégias de Coping e da EFN,
respectivamente. Considerou-se como ponto de corte para os itens, aqueles com função
canônica discriminante acima de 0,200 e cujas análises atingiram uma correlação canônica
mínima de 0,200 (p<0,001) de correlação entre a função discriminante obtida e o grupo de
variáveis discriminantes selecionadas.
Resultados
As análises discriminantes apontaram diferenças entre os grupos clínico e não clínico
para os instrumentos EMSV-A, IRR, Inventário de Estratégias de Coping e EFN. Os resultados
para cada uma delas serão apresentados a seguir.
Escala Multidimensional de satisfação de Vida para Adolescentes – EMSV-A
Na análise da EMSV-A, a função discriminante classificou corretamente 92,3% dos
participantes do grupo total. Dos 56 itens da EMSV-A que foram utilizados como variáveis, 11
discriminaram os grupos não-clínico e clínico (Tabela 1). O valor da média centróide foi
83
utilizado para conhecer-se cada setor da função discriminante nesta análise, que para o grupo
não clínico foi de -0,17, e para o clínico, 1,49. Assim, na Tabela 1, pode-se observar que os
valores negativos referem-se aos itens que apareceram no sentido do primeiro grupo e os
positivos do segundo.
Tabela 1
Matriz Estrutural das Variáveis Discriminantes da EMSV-A
Variáveis Função
20- Eu me divirto com meus amigos (
Amizade
) -,474
05- É bom sair com meus amigos (
Amizade
) -,467
15- Eu gosto das atividades da escola (
Escola
) ,370
38- Gosto de conversar com meus amigos(a) (
Amizade
) -,313
08- Brigar resolve os problemas* (
Não-Violência
) ,292
32- Estou satisfeito com os amigos que eu tenho(a) (
Amizade
) -,291
39- Eu sou feliz (
Global
) -,265
13- Meus amigos me ajudam quando eu preciso(a) (
Amizade
) -,248
55- Eu gosto de mim do jeito que sou (
Global
) -,240
42- Meus amigos brigam muito comigo* (
Self Comparado
) ,235
25- Eu gostaria que meus amigos fossem diferentes* (
Amizade
) -,205
*Item invertido.
Os 11 itens discriminantes pertencem a cinco dos oito fatores que constituem a escala:
Amizade, Escola, Satisfação de Vida Global e Self Comparado. Percebe-se que o fator com
maior número de itens discriminantes entre os grupos foi o Amizade. Todos os cinco itens
pertencentes a esse fator que indicam satisfação nas relações de amizade apareceram no sentido
do grupo não-clínico. Observa-se que os dois itens que mais discriminaram os grupos (“eu me
divirto com meus amigos” e “é bom sair com meus amigos” pertencem a este fator.
Apenas um item do fator Self-Comparado discriminou os grupos. Esse item é “meus
amigos brigam muito comigo” e aparece na direção do grupo clínico. Deve-se considerar que
esse item foi invertido para análise dos dados, portanto seu sentido fica alterado e deve-se
compreendê-lo como: “meus amigos não brigam muito comigo”.
O item 15 do fator Escola e o item 08 do fator Não-Violência aparecem,
respectivamente, em terceiro e quinto lugar, demonstrando que os jovens do grupo clínico
84
mostram-se mais satisfeitos em relação às atividades realizadas na escola e menos favoráveis as
situações de violência (o item invertido deve ser compreendido como “brigar não resolve os
problemas”).
Por fim, em sétimo e nono lugar estão dois itens fator de Satisfação de Vida Global. Em
relação a estes itens resultados da análise discriminante demonstram que os jovens do grupo
não-clínico avaliam-se como sendo mais felizes e estando mais satisfeitos consigo mesmos do
que os do grupo clínico.
Inventário de Rede de Relações - IRR
No IRR a função discriminante classificou corretamente 89,3% dos participantes do
grupo total. Para a análise do instrumento foram considerados 99 itens (33 itens para cada uma
das seguintes pessoas: mãe, pai e melhor amigo). Desses, 22 discriminaram os grupos não-
clínico e clínico (Tabela 2). O valor da média centróide foi utilizado para conhecer-se cada
setor da função discriminante nesta análise, que para o grupo não-clínico foi 6,74, e para o
clínico, -1,19. Neste caso, na Tabela 2, pode-se observar que os valores positivos referem-se
aos itens que apareceram no sentido do primeiro grupo, não havendo itens negativos
(relacionados ao segundo grupo).
Os resultados (Tabela 2) demonstram que todos os itens com função canônica
discriminante acima de 0,200 apareceram no sentido do grupo não-clínico. O item que mais
discriminou os grupos foi “quanto você acha que seu melhor amigo realmente se importa com
você”, sendo que se mostrou no sentido dos jovens não portadores do vírus.
85
Tabela 2
Matriz Estrutural das Variáveis Discriminantes do IRR
Variável Função
18 - quanto você acha que seu melhor amigo realmente se importa com você
(Afeição)
,587
24 - quanto você e sua mãe discutem
(Conflito)
,515
13 - quanto você e sua mãe discutem ou têm desacordos
(Conflito)
,343
12 - quanto você se diverte com seu melhor amigo
(Companhia)
,296
7 - quanto você acha que seu melhor amigo gosta de você
(Afeição)
,296
8 - quanto sua mãe pune você
(Punição)
,286
16 - quanto você conta de seus sentimentos e segredos para seu melhor amigo
(Revelação/Intimidade)
,274
25 - quanto o seu melhor amigo lhe ajuda quando você tem que fazer alguma
coisa
(Auxílio Instrumental)
,260
23 - quanto seguido você e seu melhor amigo saem ou fazem coisas juntos que
são divertidas
(Companhia)
,255
24 - quanto você e seu melhor amigo discutem
(Conflito)
,250
27 - quanto você fala com seu melhor amigo coisas que você não quer que os
outros saibam
(Revelação/Intimidade)
,242
29 - quanto você acha que seu melhor amigo tem um sentimento forte de
afeição por você
(Afeição)
,240
2 - tempo que você e sua mãe ficam chateados ou brabos um com o outro
(Conflito)
,236
17 - quanto você protege seu amigo e cuida que as coisas corram bem para ele
(Cuidado com o outro)
,234
28 - você cuida do seu melhor amigo
(Cuidado com o outro)
,224
5 - rede relações:quanto você conta para seu melhor amigo suas coisas pessoais
(Revelação/Intimidade)
,223
30 - quanto seguido sua mãe lhe critica por coisas que você fez e que ela acha
que você não deveria ter feito
(Punição)
,222
20 - quanto seu melhor amigo lhe trata como se você fosse bom em muitas
coisas
(Valorização)
,222
86
Todos os itens discriminantes referiam-se às relações com a mãe ou amigo. Para o
grupo não-clínico as relações com a mãe apareceram caracterizadas como mais punitivas e
conflitivas. Ainda para este grupo, as relações de amizade, por sua vez, caracterizaram-se por
uma maior afetividade, intimidade e companheirismo. Além disso, os jovens do grupo não-
clínico demonstraram sentir-se mais valorizados pelos seus pares. Também apareceram como
discriminantes entre os grupos itens como “quanto você e seu melhor amigo discutem” e
“quanto seguido seu melhor amigo lhe critica por coisas que você fez e que ela acha que vo
não deveria ter”, sempre na direção do grupo de jovens não portadores do HIV.
Escala Fatorial de Neuroticismo - EFN
Na análise do EFN, a função discriminante classificou corretamente 91,6% do grupo
geral. Percebe-se que dos 82 itens do instrumento, 11 discriminaram os grupos (Tabela 3). O
valor da média centróide nesta análise, foi de 1,5 para o grupo clínico e de -0,17 para o não
clínico. Um maior número de itens (10 itens) relacionou-se ao grupo clínico.
Tabela 3
Matriz Estrutural das Variáveis Discriminantes da EFN
Variável Função
16- Sinto que posso ter uma doença grave mesmo que os médicos não
encontrem nada de errado comigo (
Ansiedade
)
,542
35- Já tentei cometer suicídio (
Depressão
) ,408
20- Sou capaz de qualquer coisa para que as pessoas não me deixem
(
Vulnerabilidade
)
,346
77- Acho que minha vida é vazia e sem emoção (
Depressão
) ,316
47- Estou cansado(a) de viver (
Depressão
) ,280
58- Freqüentemente me sinto perturbado por um intenso sentimento de
culpa (
Vulnerabilidade
)
,276
18- Freqüentemente sinto que coisas muito ruins estão por acontecer
mesmo sem nenhum motivo aparente(a) (
Ansiedade
)
,255
30 - quanto seguido seu melhor amigo lhe critica por coisas que você fez e que
ela acha que você não deveria ter feito
(Punição)
,219
15 - quanto contente você se sente na relação com seu melhor amigo
(Satisfação)
,208
9 - quanto seu amigo lhe trata com admiração e respeito
(Valorização)
,207
87
67- Com freqüência, eu choro sem motivo(a) (
Ansiedade
) ,233
81- Com freqüência sinto vontade de chorar sem nenhum motivo
aparente(a) (
Ansiedade
)
,225
06- Com freqüência penso que a minha vida é ruim(a) (
Depressão
) ,212
31- Se for necessário mentir para conseguir alguma coisa minto sem
constrangimento (
Desajustamento
)
-,204
*Itens invertidos.
O item que mais discriminou os grupos foi “sinto que posso ter uma doença grave
mesmo que os médicos não encontrem nada de errado comigo” (fator ansiedade), seguido por
“Já tentei cometer suicídio” (fator depressão). Todos mostram-se no sentido dos participantes
do grupo clínico.
Além disso, mais três itens do fator depressão, três do fator ansiedade e dois itens do
fator vulnerabilidade estavam direcionados para o grupo clínico.
Inventário de Estratégias de Coping
Para o Inventário de Estratégias de Coping, 91% do grupo geral foi classificado
corretamente pela função discriminante. Dentre os 63 itens que compõe o Inventário, 10
diferenciaram os grupos, sendo que seis caracterizam o grupo clínico (Tabela 4). Nesta análise
o valor da centróide para o grupo clínico foi de 1,38, e para o grupo não clínico foi de –0,16.
Tabela 4
Matriz Estrutural das Variáveis Discriminantes do Inventário de Estratégias de Coping
Variáveis Função
43 Não deixei que os outros soubessem da verdadeira situação
(
Autocontrole
)
,380
60 Rezei (
Reavaliação Positiva
) ,325
36 Encontrei novas crenças (
Reavaliação Positiva
) ,321
41 Não deixei me impressionar, me recusava a pensar muio sobre esta
situação (
Afastamento
)
,312
48 Busquei nas experiências passadas um situação similar (
Resolução de
Problemas
)
-,251
25 Desculpei ou fiz alguma coisa para repor os danos (
Aceitação de
Responsabilidade
)
-,250
88
50 Recusei acreditar que aquilo estava acontecendo(a) (
Fuga-Esquiva
) ,223
34 Enfrentei como um grande desafio, fiz algo muito arriscado
(
Confronto
)
-,223
52 Encontrei algumas soluções diferentes para o problema (
Resolução de
Problemas
)
-,212
22 Procurei ajuda profissional (
Suporte Social
) ,205
O item que mais discriminou os grupos foi “não deixei que os outros soubessem da
verdadeira situação” (fator Autocontrole). Os quatro itens seguintes que mais discriminaram os
dois grupos foram “rezei” (fator Reavaliação Positiva), “encontrei novas crenças” (fator
Reavaliação Positiva) e “não deixei me impressionar, me recusava a pensar muito sobre esta
situação” (fator Afastamento). Todos apresentaram-se no sentido do grupo clínico.
Ainda em relação ao grupo clínico, um item do fator Fuga-Esquiva e um do fator
Suporte Social direcionaram-se para este grupo. Para esse último fator é importante ressaltar
que o item foi “procurei ajuda profissional”, e mostrou-se presente em um percentual muito
mais alto para os jovens que descreveram a situação de stress, durante o preenchimento do
inventário, relacionada ao contágio pelo HIV (75%) do que para aqueles que descreveram
outras situações (16,7%). Já os itens “busquei nas experiências passadas uma situação similar”
(fator Resolução de Problemas), “Desculpei ou fiz alguma coisa para repor os danos” (fator
Aceitação de Responsabilidade), “Enfrentei como um grande desafio, fiz algo muito arriscado”
(fator Confronto) e “Encontrei algumas soluções diferentes para o problema” (fator Resolução
de Problemas) foram mais pontuados pelo grupo não-clínico.
Discussão
O desenvolvimento deste estudo partiu da hipótese de que certos eventos de vida
possam exercer impacto sobre o bem-estar subjetivo (Diener, & Lucas, 1999; Mcullough et al.,
2000). O fato de um adolescente ou jovem crescer como portador do vírus, infectar-se, ou
descobrir o diagnóstico da infecção pelo HIV nesta fase da vida, poderia ser compreendido
como um evento significativo, levando-se em consideração as conseqüências de tal
acontecimento, tanto em relação a aspectos emocionais e sociais (como o preconceito, medo de
compartilhar a informação do diagnóstico) quanto aos aspectos relacionados à saúde física
(necessidade de utilizar medicação e os conseqüentes efeitos colaterais, acompanhamento
médico periódico, controle da dieta nutricional).
Nesta pesquisa buscou-se avaliar o impacto deste evento sobre a satisfação de vida dos
jovens participantes e também sobre aspectos relacionados, como as relações estabelecidas com
89
pessoas significativas, estratégias de coping e neuroticismo. Para isto foi realizada um análise
discriminante com o objetivo de verificar a existência de diferenças entre um grupo de jovens
portadores do HIV de outro composto por jovens não-portadores do vírus, em relação a todos
os aspectos citados anteriormente.
A análise discriminante realizada para os itens da EMSV-A demonstrou que os grupos
diferenciaram-se especialmente naqueles itens vinculados às relações de amizade. Percebe-se
que nos itens que buscavam avaliar o fator Amizade o grupo de jovens não portadores do vírus
demonstram uma maior satisfação do que os jovens soropositivos.
Um item com maior pontuação para os jovens do grupo clínico foi “meus amigos
brigam muito comigo”, que invertido traz o sentido contrário. Este resultado demonstra que o
grupo de jovens portadores do HIV parece apresentar um grau menor de conflito com seus
pares.
O mesmo padrão de respostas da EMSV-A foi observado nas respostas do IRR. A
maioria dos itens que diferenciaram os grupos neste último foram aqueles relacionados à
amizade. Para os jovens não portadores do vírus estas relações mostraram-se como formas
consistentes de apoio, caracterizadas por uma maior abertura, intimidade e companheirismo. Os
participantes do grupo não-clínico ainda sentem-se bastante valorizados pelos amigos, assim
como os percebem como uma fonte de auxílio nos momentos de dúvidas ou dificuldades.
Assim, como na EMSV-A, aqui itens relacionados às situações conflitivas e atitudes de
repreensão por parte dos amigos também diferenciaram os grupos, no sentido dos jovens não
portadores do HIV.
Estes resultados nos remetem ao estudo de Wiener e Septimus (1991) que demonstra
que dentre os maiores problemas que a infecção pelo HIV pode causar aos jovens está o
momento em que estes vão estabelecer nculos extra-familiares. De acordo com os autores, as
dificuldades destes jovens estariam relacionadas ao momento de revelar aos outros o seu
diagnóstico, e que este momento estaria permeado pelo medo das conclusões que os seus pares
poderiam chegar sobre a razão do contágio e dos julgamentos que poderiam ser feitos sobre a
sua sexualidade.
Em relação ao fato dos jovens portadores do HIV apresentarem um grau menor de
conflitos, pode ser explicado pelo fato destes apresentaram menos relações de amizade
satisfatórias, sendo que tais relações, quando existentes, se caracterizam por uma maior
intensidade e desta forma é compreensível que os conflitos também sejam menos recorrentes. O
fato das amizades do grupo não-clínico também apresentarem uma maior pontuação para o
item “quanto seu melhor amigo lhe critica por coisas que você fez, e que ele acha que você não
90
deveria ter feito”, apesar de fazer parte do fator Punição, também parece demonstrar um maior
nível de intimidade e cuidado por parte das amizades.
Outro ponto relevante encontrado na análise do IRR consistiu nos resultados referentes
às relações com a mãe. Observou-se que itens referentes aos fatores Conflito e Punição
vinculados a esta figura discriminaram os grupos. Percebe-se que os itens direcionaram-se ao
grupo não-clínico, o que demonstra que para estes participantes situações de brigas e
desacordos ocorrem de forma mais intensa. Este é um resultado esperado, já que se trata de
uma amostra composta em sua grande parte de participantes na fase da adolescência inicial e
média, e um maior nível de conflito entre pais e filhos é uma característica desta etapa da vida,
assim como a busca de um maior envolvimento com o grupo de iguais (Wagner, Falcke,
Silveira, & Mosmann, 2002). É possível que, pelo fato dos jovens soropositivos apresentarem
maiores dificuldades em estabelecer relações fora da família, suas relações familiares acabem
sendo as fontes mais seguras de apoio. Neste sentido, o afastar-se das figuras parentais para
estabelecer laços mais profundos com seus pares torna-se mais difícil para estes jovens.
Também é possível que as mães passem a apresentar uma conduta diferente com seus filhos
soropositivos, de maior cuidado e proteção, evitando as situações de confronto.
Retornando aos resultados da EMSV - A, um item vinculado ao fator Escola (item: “eu
gosto das atividades da escola”) também diferenciou os grupos, sendo que o grupo clínico
pontuou mais alto. Algumas questões podem ser levantas a partir deste resultado. A primeira é
que é possível que estes jovens, em razão das dificuldades encontradas nas relações de
amizade, possam utilizar as atividades da escola como uma fonte de satisfação. A outra questão
é que, apesar de esta não ter sido uma das questões exploradas no questionário de dados sócio-
demográficos, durante as entrevistas foi verificado que muitos dos jovens soropositivos não
estavam estudando no momento, porém muitos pretendiam retomar os estudos. Sendo assim,
estes participantes por estarem avaliando os aspectos escolares de uma perspectiva diferente
(era solicitado que eles preenchessem o questionário lembrando de sua época de estudante),
poderiam estar valorizando e idealizando mais estas atividades do que os adolescentes não
portadores do vírus, pois estes últimos eram todos estudantes. Pode-se pensar também que esta
é uma limitação do instrumento, pois foi adaptado para adolescentes, porém as questões
relacionadas à escola não se aplicam à realidade de todos os adolecentes.
Além do fato dos jovens não portadores do vírus se mostrarem mais satisfeitos em suas
relações de amizade, os resultados revelaram que eles também se avaliaram como mais felizes
e mais satisfeitos consigo mesmos, de uma forma geral, do que os jovens soropositivos. De
acordo com pesquisas prévias (Castanha et al., 2006; Crum et al., 2006; Heckman, 2003) um
dos fatores que mais contribui para a diminuição do vel de bem-estar e conseqüente
91
satisfação de vida de jovens portadores de HIV/AIDS é a restrição ao suporte social. Desse
modo, pode-se perceber que para os participantes do grupo clínico o rebaixamento do nível de
satisfação em seus vínculos de amizade parece relacionar-se com a diminuição da felicidade e
da satisfação com eles próprios.
No que se refere aos resultados da análise do EFN, o item que mais discriminou os
grupos foi “sinto que posso ter uma doença grave mesmo que os médicos não encontrem nada
de errado comigo”. Este item caracterizou o grupo de jovens soropositivos. Mesmo que o fato
de viver com HIV/AIDS atualmente não seja mais encarado como uma doença terminal e sim
como uma doença crônica, para os portadores do vírus este diagnóstico ainda é muito
estigmatizado, e encarado muitas vezes como um atestado de finitude (Canini, Reis, Pereira,
Gir, & Pelá, 2004; Leite et al., 1996). Além disso, é possível que muitos dos jovens por serem
assintomáticos (no grupo havia um percentual de 40% de casos de AIDS notificados) percebam
a infecção como um problema de saúde em potencial, mesmo que no momento atual os
médicos não detectem algum doença específica. Dessa forma, este item parece retratar
sentimentos e pensamentos acerca da vivência da infecção pelo HIV.
Apesar de o item “sinto que posso ter uma doença grave mesmo que os médicos não
encontrem nada de errado comigo” ter sido o que mais discriminou os grupos, chama a atenção
a quantidade de itens referentes ao fator depressão que diferenciaram os grupos. As diferenças
encontradas demonstram uma perda de sentimento vital do grupo de jovens portadores do HIV.
Itens semelhantes como “já tentei cometer suicídio” e “estou cansado(a) de viver” aparecem
com pontuação mais alta para estes participantes. Através de itens da escala eles também
avaliaram suas vidas como freqüentemente ruim, vazia e sem emoção. Para Castanha et al.,
(2006), existe uma alta prevalência de transtornos depressivos entre os portadores do vírus. De
acordo com Maj (1996) isso ocorre por diferentes razões, tanto psicológicas (impacto da
descoberta do diagnóstico e as questões psicossociais envolvidas como a rejeição social,
familiar e ocupacional) quanto orgânicas (progressão da doença e as dificuldades relacionadas e
alterações neuropatológicas causadas pela natureza do vírus). Neste sentido, Castanha et al.,
(2006) salientam a importância do diagnóstico e tratamento da depressão em pacientes
soropositivos, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida. Além disso, Malbergier e
Schoffel (2001) referem que a depressão contribui para a não adesão ao tratamento e o aumento
do risco de suicídio desta população.
Além dos itens relacionados à depressão, sentimentos de culpa (item “freqüentemente
me sinto perturbado por um intenso sentimento de culpa) e medo do abandono (item “sou capaz
de qualquer coisa para que os outros não me deixem”) também podem ser percebidos no grupo
clínico. Conforme Castanha et al., (2006) o preconceito vinculado ao HIV e à AIDS fazem com
92
que os portadores se sintam culpados sobre o fato irreversível de terem se infectado. Esses
sentimentos de culpa acabam sendo enfatizados através das cobranças, discriminação,
isolamento e omissão provenientes da sociedade, família e amigos. Além disso, estes
sentimentos de culpa também podem estar atuando como promotores dos aspectos depressivos.
Os comportamentos como “chorar com freqüência sem motivo” que aparecem em dois itens
direcionados a este grupo mostram-se coerentes com as demais características apresentadas
pelo grupo, como as depressivas e os sentimentos de medo e culpa.
Em relação às estratégias de coping utilizadas pelos participantes, identificou-se a
estratégia “não deixei que os outros soubessem da verdadeira situação” como aquela que mais
diferenciou os grupos, sendo que ela encontra-se na direção do grupo de jovens portadores do
HIV. Faz sentido pensar que os participantes soropositivos apresentem uma pontuação maior
para tal item quando confrontamos este resultado aos achados referentes às relações de
amizade. As características de menor abertura para as relações extra-familiares provavelmente
estão relacionadas a esta forma de enfrentar os problemas.
Faria e Seidel (2006) desenvolveram uma pesquisa com o objetivo de avaliar a
influência de estratégias de enfrentamento, incluindo estratégias religiosas, sobre o bem-estar
subjetivo de portadores do HIV. As autoras concluíram que estratégias focadas na emoção
predisseram negativamente o bem-estar dos participantes de sua amostra, enquanto estratégias
focalizadas no problema e estratégias de Enfrentamento Religioso Positivo (ex: religiosidade
como forma de amor, cuidado e força) predisseram de forma positiva. Na presente pesquisa,
observa-se que os participantes soropositivos também lançaram mão de estratégias relacionadas
à religiosidade, como “rezei” e “encontrei novas crenças”. Neste caso, as estratégias não são
previamente classificadas como positivas ou negativas, mas demonstram sua importância para
o grupo clínico, que ele fez mais uso delas do que o grupo não-clínico. Outros estudos que
avaliaram questões como religiosidade e/ou espiritualidade também mostraram que este é um
fator de promoção da saúde (Marques, 2003; Saad, Masiero, & Battistella, 2001).
Destaca-se também o fato dos participantes soropositivos terem apresentado uma
pontuação maior para as estratégias de fuga-esquiva e de afastamento que caracterizavam
comportamentos como o de buscar esquecer a situação problema, e que são relatadas como
estratégias vinculadas a uma diminuição da qualidade de vida em pacientes portadores de HIV
(Weaver et al., 2004). Apesar disso, percebe-se que estes jovens não deixaram de buscar ajuda
para lidar com o evento, o que se evidencia pelo uso da estratégia de suporte social “procurei
ajuda profissional”. Seria esperado que eles marcassem esse item, que todos os participantes
foram recrutados em centros de atendimento, o que revela que em algum momento eles
procuraram ajuda profissional. Neste estudo este foi o único item do fator suporte social que
93
diferenciou os grupos, porém é importante destacar que pesquisas demonstram que a presença
de apoio social mostra-se relacionada a um aumento de diferentes dimensões da qualidade de
vida em portadores do HIV (Brook, 1999; Seidl, Zannon, & Tróccoli, 2005). Além disso, a
qualidade do suporte social advindo da rede de profissionais que prestam atendimento aos
pacientes soropositivos mostra-se relacionada a um aumento da adesão ao tratamento
medicamentoso (Colombrini, Lopes, & Figueiredo, 2006).
para os jovens do grupo não-clínico houve uma pontuação mais alta para as
estratégias de resolução de problemas, confronto e aceitação de responsabilidade,
demonstrando que estes jovens parecem lidar de forma mais direta com seus conflitos, assim
como na compreensão da possibilidade de repor os danos ocasionados. É possível também que
as diferenças entre os grupos residam no fato do grupo clínico encarar a infecção pelo HIV
como um acontecimento cujos danos não possam ser reparados, o que poderia também gerar
uma maior desesperança e conseqüente falta de investimento na própria vida. Pode-se vincular
o fato destes jovens sentirem-se impotentes para reparar os danos com o uso de estratégias de
coping Religioso, onde essa capacidade de mudar certos aspectos de vida são de alguma forma
percebidos como somente possíveis através de algo ou alguém superior, como as estratégias de
coping Religioso do tipo Delegação, citadas por Panzini e Bandeira (2007).
Conclusões
A presente pesquisa traz contribuições na medida em que explora um conjunto de
aspectos que ainda não haviam sido contemplados em um único estudo com jovens brasileiros
portadores e não portadores do HIV. Portanto, seus achados são importantes, pois podem servir
de base para compreender melhor as questões psicossociais que permeiam o diagnóstico de
HIV/AIDS na vida de um jovem. Entretanto, o estudo apresenta algumas limitações que
residiram na dificuldade em equiparar os grupos em relação a todos os aspectos sócio-
demográficos. Observa-se, por exemplo, que a escolaridade do grupo clínico é mais baixa do
que a dos jovens do grupo não-clínico. Entretanto, esta parece ser uma característica do
primeiro grupo: o abandono mais precoce da vida escolar. Porém, a pesquisa procurou suprir
este problema igualando os grupos através do nível sócio-econômico. Apesar dessas
dificuldades, foram encontradas diferenças importantes entre os grupos clínico e não-clínico.
Os achados mais consistentes do estudo demonstram que:
- Os grupo não-clínico apresentou maior satisfação com seus nculos de amizade do
que o grupo clínico, com um nível maior de intimidade e companheirismo.
- Para o grupo não-clínico, as relações com a mãe mostram-se como mais conflitivas do
que para o grupo clínico.
94
- Vários itens do fator depressão do EFN diferenciaram os grupos, tendo o grupo clínico
apresentado maior pontuação para todos eles. Percebeu-se através da análise de tais itens uma
perda do sentido vital dos jovens soropositivos.
- Estratégias de coping com um sentido de busca de religiosidade, afastamento, fuga-
esquiva e busca de ajuda profissional diferenciaram os grupos, com maior pontuação do grupo
grupo clínico, enquanto estratégias de enfrentamento e aceitação de responsabilidade foram
mais pontuadas pelo grupo não-clínico.
Tais resultados nos fazem refletir acerca da importância em se desenvolver programas
de intervenção que possam resgatar os objetivos vitais para os jovens soropositivos, assim
como criar uma rede de apoio, especialmente extra-familiar, que possa auxiliar no
fortalecimento destes jovens. Aspectos positivos como a busca de ajuda profissional e de apoio
através da espiritualidade utilizados pelos jovens portadores do HIV devem ser encorajados,
pois se mostram importantes para o incremento de aspectos relacionados à qualidade de vida.
95
CAPÍTULO V
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa partiu do aprofundamento no estudo teórico acerca do Bem-estar
Subjetivo que fez com que houvesse um interesse maior em avaliar o impacto de eventos de
vida na adolescência que é uma fase conflitiva por si só. Assim, pensou-se em qual seria o
impacto de ser diagnosticado ou viver com HIV/AIDS nesta etapa da vida e, entre outras
questões, como se dariam as relações sociais destes jovens, já que o HIV e a AIDS aparecem
sempre permeados pelo preconceito e a discriminação. Poucos estudos foram encontrados,
especialmente em nosso país, que avaliassem aspectos psicossociais de jovens portadores do
vírus. Este fato foi bastante instigante, pois a necessidade de se estudar estes aspectos, nesta
população, torna-se evidente quando considera-se o número de jovens brasileiros infectados
nos últimos anos (Programa Nacional de DST e AIDS, 2005). Em face dos questionamentos
despertados no momento da escolha do tema a ser explorado por esta tese, e pelo fato de
poucos estudos prévios suprirem as questões levantadas, um projeto de pesquisa foi
desenvolvido, buscando avaliar satisfação de vida, rede de relações, neuroticismo e estratégias
de coping, em ambos os grupos separadamente e, posteriormente, comparando-os, que eram
variáveis que se mostravam relacionadas pela literatura (Aldwin, & Revenson, 1987, Diener, &
Lucas, 1999, Mccullough et al., 2000, Nickerson, & Nagle, 2004).
Ao longo do percurso, porém, algumas mudanças ocorreram. Dificuldades durante a
coleta dos dados se mostraram presentes, sendo que para a realização desta etapa com o grupo
clínico foi necessário praticamente o período de um ano. Apesar dos centros de atendimento
contarem com um número de pacientes cadastrados superior ao que seria necessário para a
realização desta pesquisa, o recrutamento não foi fácil, pois muitos dos pacientes não possuíam
fontes atualizadas para contato, ou não apareceram para as entrevistas marcadas. Porém, com o
auxílio e esforços de vários profissionais dos centros de atendimento e insistência desta
96
pesquisadora e auxiliares de pesquisa, esta etapa foi concluída. Além disso, a análise dos dados
sofreu modificações , incluindo-se a análise discriminante como forma de avaliar as diferenças
entre os dois grupos estudados.
Desse modo, muitos dos questionamentos foram respondidos e achados que pareciam
inesperados também emergiram. Acredita-se que os resultados desta pesquisa trouxeram
contribuições em diferentes âmbitos. O primeiro estudo, com jovens e adolescentes não
portadores do HIV, por contar com um grande número de participantes, contribuiu para o
conhecimento de fatores relacionados à adolescência normal no Brasil. Seus resultados também
revelam dados importantes sobre o que é esperado nas questões relacionadas à satisfação de
vida nesta fase, que podem servir de subsídio para que se possa pensar em intervenções mais
eficazes na escola, família ou na clínica.
O segundo estudo, por sua vez, trouxe elementos novos. Contrariando estudos
anteriores (Battles e Wiener, 2002; Drotar et al., 1995), seus resultados demonstraram que, de
uma forma geral, os jovens portadores do HIV mostram-se satisfeitos com suas vidas.
Entretanto, algumas questões foram evidenciadas, como uma menor satisfação com relações
extra-familiares e um alto nível de neuroticismo. Os resultados também mostraram que estes
aspectos interferem de forma negativa para o nível de satisfação de vida e assim devem ser
levados em consideração quando se desenvolvem programas de atendimento para esta
população.
No terceiro estudo, as diferenças encontradas entre os jovens portadores e os não
portadores demonstraram uma necessidade iminente de se desenvolver programas de
atendimento que possam resgatar os objetivos vitais para os jovens soropositivos. Além disso,
os resultados encontrados podem servir de subsídio para que sejam avaliados que elementos
servem como promotores de aspectos relacionados ao bem-estar e aqueles que se mostram
nocivos.
Porém, pode-se apontar algumas limitações encontradas nesta pesquisa como o fato do
segundo estudo contar com uma amostra de 45 participantes, que é considerada pequena para a
realização de diferentes análises que poderiam trazer mais dados sobre esta população. Além
disso, quando comparados o grupo de jovens portadores do HIV e os não-portadores, no
terceiro estudo, houve certa dificuldade em equipará-los em relação a todos os aspectos sócio-
demográficos, como a escolaridade. Entretanto, procurou-se reparar este problema igualando os
grupos através do nível sócio-econômico.
Apesar dessas dificuldades, a pesquisa cumpriu os objetivos a que se propôs, trazendo
dados relevantes para ambos os contextos: da juventude com ou sem HIV/AIDS. Destaca-se a
necessidade de que novos estudos sejam desenvolvidos, não com a meta de aumentar a
97
produção científica na área, mas para que também possam trazer dados empíricos para a
implementação de intervenções eficazes que possam atender às necessidades e promover o
bem-estar dos jovens, portadores ou não portadores do HIV.
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106
ANEXOS
107
Anexo A
Questionário de Dados Sócio-Demográficos para Participantes das Escolas
Participante no.___________________________
1) Idade_______________
2) Sexo: ( ) Feminino ( )Masculino
3) Escolaridade: Série_______________________ Grau______________________________
4) Trabalha? ( ) sim ( ) não Ocupação: __________________________________________
5) Ocupação da mãe:_______________________Ocupação do pai:_____________________
6)Posse de Itens:
Número de Itens Itens
0 1 2 3 4 ou +
Televisão em cores
Rádio
Banheiro
Automóvel
Empregada mensalista
Aspirador de pó
Máquina de lavar
Videocassete e/ou DVD
Geladeira
Freezer (aparelho independente ou parte da
geladeira duplex
7)Qual o grau de instrução do chefe da sua família:
( ) analfabeto
( ) primeiro grau incompleto. Estudou até a _____ série do 1º grau.
( ) primeiro grau completo.
( ) segundo grau incompleto. Estudou até a _____ série do 2º grau.
( ) segundo grau completo.
( ) superior incompleto.
( ) superior completo.
108
8) Tem irmãos? ( ) sim ( ) não Quantos?_____________________________________
9) Estado Civil: ( )Solteiro ( )Casado ( ) Com companheiro ( ) separado ( ) divorciado ( )
viúvo
10) Caso seja casado ou more com companheiro(a): Qual a ocupação dele(a):______________
Qual a idade do companheiro(a)/esposa/marido? ____________________________________
12) Caso seja solteiro, atualmente está namorando? ( ) sim ( ) não
Se sim, há quanto tempo?_______________________________________
13) Com que idade começou a namorar?________________
14) Seu namoro mais longo durou quanto tempo?_____________________________
15) Já teve a primeira relação sexual? ( ) sim ( ) não Com que idade?__________________
16) Tem filho(s)? ( ) sim ( ) não Quantos? ___________________________________
17) Religião:_________________ Praticante: ( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Não
18) Onde Mora: ( ) casa ( ) abrigo ( ) outros
19) Quais as pessoas que moram na tua casa?
( )mãe ( )pai ( )madrasta ( ) padrasto ( ) irmão(s) ( )avô/avó
( ) esposa/marido/companheiro(a) ( ) filho(s) ( )Outros. Quem?
20) Tem alguma doença crônica como diabetes, AIDS, ou outras? ( ) sim ( ) não
Qual doença?________________________________________________________________
21) É portador de algum vírus como o vírus da hepatite ou vírus HIV, ou outros? ( ) sim ( )
não Qual? __________________________________________________________________
22) Toma alguma medicação? ( ) sim ( )não
Qual?______________________________________________________________________
23) Já passou por alguma das situações listadas abaixo?
( ) ficar muito doente ( ) ser rejeitado pelos familiares
( ) sentimentos de raiva ou depressão ( ) ser rejeitado pelos amigos
( ) sofrer castigos e punições severas ( ) usar drogas.
( ) ser estuprado ( ) sentir muita vontade de morrer
( ) ficar grávida/ a namorada ficar grávida ( ) tentar se matar
( ) morte de algum amigo próximo.
( ) ser internado no hospital
( ) ser preso
( ) morte de alguém da família. Quem? _______________________________
24) O que você gostaria de ser/fazer quando for adulto(a)/no futuro?____________________
25) Você acha que vai conseguir fazer isso? ( ) sim ( ) não. Por que? __________________
109
Anexo B
Escala Multidimensional de Satisfação de Vida para Adolescentes – EMSV - A
Gostaríamos de saber o que você pensa sobre a sua vida e coisas que fazem parte dela.
Por exemplo: Como você tem se sentindo atualmente? O que você gosta de fazer?
Para cada frase escrita abaixo você deve escolher um dos números que melhor
representa o quanto você concorda com que esta frase diz sobre você.
Exemplo:
Eu gosto de ir ao parque.
(1) (2) (3) (4) (5)
nem um pouco bem pouco mais ou menos bastante muitíssimo
1.Eu me divirto com muitas coisas.
(1) (2) (3) (4) (5)
29. Eu sou uma pessoa bem humorada.
(1) (2) (3) (4) (5)
2.Os outros jovens têm mais amigos do que eu.
(1) (2) (3) (4) (5)
30.Meus amigos ganham mais presentes do que eu.
(1) (2) (3) (4) (5)
3.Gosto da minha vida.
(1) (2) (3) (4) (5)
31.Eu me divirto com as coisas que eu tenho.
(1) (2) (3) (4) (5)
4.Tenho pessoas que me ajudam.
(1) (2) (3) (4) (5)
32.Estou satisfeito com os amigos que tenho.
(1) (2) (3) (4) (5)
5.É bom sair com meus amigos.
(1) (2) (3) (4) (5)
33.Meus professores gostam de mim.
(1) (2) (3) (4) (5)
6.meus amigos passeiam mais do que eu.
(1) (2) (3) (4) (5)
34.Eu sou esperto.
(1) (2) (3) (4) (5)
7.Estou satisfeito com as coisas que tenho.
(1) (2) (3) (4) (5)
35.Os outros jovens são mais alegres do que eu.
(1) (2) (3) (4) (5)
8.Brigar resolve os problemas.
(1) (2) (3) (4) (5)
36.Gosto de brigas.
(1) (2) (3) (4) (5)
9.Eu me relaciono bem com meus colegas.
(1) (2) (3) (4) (5)
37.Eu me divirto com a minha família.
(1) (2) (3) (4) (5)
10.Eu sou alegre. 38.Gosto de conversar com meus amigos.
110
(1) (2) (3) (4) (5) (1) (2) (3) (4) (5)
11.Meus amigos são mais alegres do que eu.
(1) (2) (3) (4) (5)
39.Eu sou feliz.
(1) (2) (3) (4) (5)
12.Minha família se dá bem.
(1) (2) (3) (4) (5)
40.Eu me sinto calmo, tranqüilo.
(1) (2) (3) (4) (5)
13.Meus amigos me ajudam quando eu preciso.
(1) (2) (3) (4) (5)
41.Procuro fazer coisas que me deixam feliz.
(1) (2) (3) (4) (5)
14.Tenho tudo o que preciso.
(1) (2) (3) (4) (5)
42.Meus amigos brigam muito comigo.
(1) (2) (3) (4) (5)
15.Eu gosto das atividades da escola.
(1) (2) (3) (4) (5)
43.Eu sou divertido.
(1) (2) (3) (4) (5)
16.Eu sorrio bastante.
(1) (2) (3) (4) (5)
44.Meus pais são carinhosos comigo.
(1) (2) (3) (4) (5)
17.Preciso receber mais atenção.
(1) (2) (3) (4) (5)
45.Sempre encontro ajuda quando preciso.
(1) (2) (3) (4) (5)
18. Brigo muito com meus amigos.
(1) (2) (3) (4) (5)
46.Eu gosto de ir à escola.
(1) (2) (3) (4) (5)
19.Minha família gosta de mim.
(1) (2) (3) (4) (5)
47.Tenho facilidade para fazer amigos.
(1) (2) (3) (4) (5)
20.Eu me divirto com meus amigos.
(1) (2) (3) (4) (5)
48.Meus amigos se divertem mais do que eu.
(1) (2) (3) (4) (5)
21.Eu gosto de ajudar as pessoas.
(1) (2) (3) (4) (5)
49.Gostaria que a minha família fosse diferente.
(1) (2) (3) (4) (5)
22.Estou satisfeito com a minha vida.
(1) (2) (3) (4) (5)
50.A felicidade está dentro de mim.
(1) (2) (3) (4) (5)
23.Mantenho a calma.
(1) (2) (3) (4) (5)
51. Sou irritado.
(1) (2) (3) (4) (5)
24.Minha família me faz feliz.
(1) (2) (3) (4) (5)
52.Meus amigos gostam de mim.
(1) (2) (3) (4) (5)
25.Eu gostaria que meus amigos fossem diferentes.
(1) (2) (3) (4) (5)
53.Eu me sinto bem na minha escola.
(1) (2) (3) (4) (5)
26.Meus amigos podem fazer mais coisas do que eu.
(1) (2) (3) (4) (5)
54. Minha família me ajuda quando preciso.
(1) (2) (3) (4) (5)
27.Eu fico feliz quando a minha família se reúne.
(1) (2) (3) (4) (5)
55. Eu gosto de mim do jeito que sou.
(1) (2) (3) (4) (5)
28.Eu me divirto na escola.
(1) (2) (3) (4) (5)
56.Eu aprendo muitas coisas na escola.
(1) (2) (3) (4) (5)
111
Anexo C
Inventário de Rede de Relações – IRR
Responda cada uma das perguntas seguintes para cada uma das pessoas que você tem
uma relação de parentesco ou amizade. Por exemplo, circule um número para mãe, um número
para o pai, etc. Se você não tem um irmão ou namorado, ou qualquer outro tipo de relação,
deixe a pergunta em branco. Algumas vezes as respostas podem ser as mesmas para duas ou
mais pessoas diferentes, mas na maioria das vezes as respostas variam para pessoas diferentes.
Para cada frase escrita abaixo você deve escolher um dos números da coluna da
esquerda que melhor representa o quanto esta frase diz sobre a sua relação com cada uma das
pessoas listadas na coluna da direita.
1. Quanto tempo livre você passa com esta pessoa?
(1) pouco ou nenhum
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algum tempo
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) muito tempo
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitíssimo tempo
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) o máximo de tempo
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a). Quem?________________________
2. Quanto tempo você e esta pessoa ficam chateadas ou brabas um com o outro?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
3. Quanto esta pessoa lhe ensina a fazer coisas que você não sabe fazer?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
4. Qual o seu nível de satisfação na relação que você tem com esta pessoa?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a). Quem?________________________
112
5. Quanto você conta para essa pessoa suas coisas pessoais?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a). Quem?________________________
6. Quanto você ajuda esta pessoa a fazer coisas que ele/ela não consegue fazer sozinho(a)?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a). Quem?________________________
7. Quanto você acha que esta pessoa gosta de você?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a). Quem?________________________
8. Quanto esta pessoa pune você?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
9. Quanto esta pessoa lhe trata com admiração e respeito?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
10. Quem diz mais freqüentemente o que vocês irão fazer, você ou esta pessoa?
(1) ele/ela quase sempre
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) ele/ela seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) a mesma coisa
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) eu seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) eu quase sempre
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a). Quem?________________________
11. Quanto seguro(a) você está de que esta relação é duradoura?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a). Quem?________________________
12. Quanto você se diverte com esta pessoa?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a). Quem?________________________
13. Quanto você e esta pessoa discutem ou têm desacordos?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
113
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a). Quem?________________________
14. Quanto esta pessoa lhe ajuda a consertar coisas ou compreender situações?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a). Quem?________________________
15. Quanto contente você se sente com seu relacionamento com esta pessoa?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a). Quem?________________________
16. Quanto você conta de seus segredos e sentimentos para esta pessoa?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
17. Quanto você protege esta pessoa e cuida para que as coisas corram bem para ela?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
18. Quanto você acha que esta pessoa realmente se importa contigo?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
19. Quanto esta pessoa lhe disciplina quando você lhe desobedece?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
20. Quanto esta pessoa lhe trata como se você fosse bom/boa em muitas coisas?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) sempre
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
21. Entre você e esta pessoa, quem tem mais tendência de ser o “comandante”?
(1) ele/ela quase sempre
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) ele/ela seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) a mesma coisa
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
114
(4) eu seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) eu quase sempre
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
22. Quanto você está seguro(a) de que esta relação vai durar apesar das brigas?
(1) nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) um pouco
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3)muito seguro
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitíssimo seguro
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) totalmente seguro
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
23. Quanto seguido vocês saem ou fazem coisas junto(a)s que são divertidas?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
24. Quanto você e esta pessoa discutem?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) o máximo
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
25. Quanto esta pessoa lhe ajuda quando você tem de fazer alguma coisa?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) o máximo
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
26. Quanto a sua relação com esta pessoa é boa?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) sempre
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
27. Quanto você fala com esta pessoa coisas que você não quer que os outros saibam?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) alguma coisa
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) muitas coisas
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitíssimas coisas
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) tudo
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
28. Você cuida desta pessoa?
(1) nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) um pouco
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) muito
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitíssimo
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) sempre
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
29. Quanto você acha que esta pessoa tem um sentimento forte de afeição (amor ou carinho) por você?
(1) nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) um pouco
(1) (2) (3) (4) (5) pai
115
(3) muito
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitíssimo
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) o máximo
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
30. Quanto seguido esta pessoa lhe critica por coisas que você fez e que ela acha que você não deveria ter
feito?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) algumas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) muitas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitíssimas vezes
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) sempre
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
31. Quanto esta pessoa gosta ou aprova as coisas que você faz?
(1) pouco ou nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) alguma coisa
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) muito
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitíssimo
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) o máximo
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
32. Na sua relação com esta pessoa, quem é que controla mais o que deve ser feito?
(1) ele/ela quase sempre
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) ele/ela seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) a mesma coisa
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) eu seguidamente
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) eu quase sempre
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
33. Quanto você está seguro(a) de que esta relação vai durar por muitos anos
(1) nada
(1) (2) (3) (4) (5) mãe
(2) um pouco
(1) (2) (3) (4) (5) pai
(3) muito seguro
(1) (2) (3) (4) (5) melhor amigo(a)
(4) muitíssimo seguro
(1) (2) (3) (4) (5) namorado(a); marido(esposa)/companheiro(a)
(5) totalmente seguro
(1) (2) (3) (4) (5) Outro(a).
116
Anexo D
Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus
Gostaríamos de saber como você lida com situações de stress. O stress ocorre quando você
percebe que algum acontecimento é difícil ou lhe causa problemas, porque é maior do que você acha
que pode suportar, ameaçando seu bem-estar. Esse acontecimento pode envolver você, sua família, seus
amigos, sua escola ou trabalho, ou então outra coisa que seja importante para você.
Agora, pense em uma situação de maior stress pela qual você tenha passado ao longo de sua
vida. Por favor descreva-a em poucas palavras:
________________________________________
____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
As frases abaixo descrevem atitudes que podem ser tomadas em situações de stress. Leia cada
uma delas e indique, fazendo um círculo na categoria apropriada, o que você fez na situação estressante
que você descreveu acima, de acordo com a seguinte classificação:
(0) não usei essa estratégia
(1) usei um pouco
(2) usei bastante
(3) usei em grande quantidade
1. Me concentrei no que deveria ser feito em seguida, no próximo passo.
(0) (1) (2) (3)
2. Tentei analisar o problema para entendê-lo melhor. (0) (1) (2) (3)
3. Procurei trabalhar ou fazer alguma atividade para me distrair. (0) (1) (2) (3)
4. Deixei o tempo passar - a melhor coisa que poderia fazer era esperar, o tempo é o melhor
remédio.
(0) (1) (2) (3)
5. Procurei tirar alguma vantagem da situação. (0) (1) (2) (3)
6. Fiz alguma coisa que acreditava que não daria resultados, mas ao menos eu estava fazendo
alguma coisa.
(0) (1) (2) (3)
7. Tentei encontrar a pessoa responsável para mudar as suas idéias. (0) (1) (2) (3)
8. Conversei com outras pessoas sobre o problema procurando mais dados sobre a situação. (0) (1) (2) (3)
9. Me critiquei, me repreendi. (0) (1) (2) (3)
10. Tentei não fazer nada que fosse irreversível, procurando outras opções.
(0) (1) (2) (3)
11. Esperei que um milagre acontecesse. (0) (1) (2) (3)
12. Concordei com o fato, aceitei meu destino. (0) (1) (2) (3)
13. Fiz como se nada tivesse acontecido. (0) (1) (2) (3)
14. Procurei guardar para mim mesmo(a) os meus sentimentos
(0) (1) (2) (3)
15. Procurei encontrar o lado bom da situação. (0) (1) (2) (3)
16. Dormi mais que o normal. (0) (1) (2) (3)
17. Mostrei a raiva que sentia para as pessoas que causaram o problema. (0) (1) (2) (3)
117
18. Aceitei a simpatia e a compreensão das pessoas. (0) (1) (2) (3)
19. Disse coisas a mim mesmo(a) que me ajudassem a me sentir bem. (0) (1) (2) (3)
20. Me inspirei a fazer algo criativo. (0) (1) (2) (3)
21. Procurei esquecer a situação desagradável. (0) (1) (2) (3)
22. Procurei ajuda profissional. (0) (1) (2) (3)
23. Mudei ou cresci como pessoa de uma maneira positiva. (0) (1) (2) (3)
24. Esperei para ver o que acontecia antes de fazer alguma coisa. (0) (1) (2) (3)
25. Desculpei ou fiz alguma coisa para repor os danos. (0) (1) (2) (3)
26. Fiz um plano de ação e o segui. (0) (1) (2) (3)
27. Tirei o melhor que poderia da situação, que não era o esperado. (0) (1) (2) (3)
28. De alguma forma extravasei os meus sentimentos. (0) (1) (2) (3)
29. Compreendi que o problema foi provocado por mim. (0) (1) (2) (3)
30. Saí da experiência melhor do que eu esperava. (0) (1) (2) (3)
31. Falei com alguém que poderia fazer alguma coisa concreta sobre o problema. (0) (1) (2) (3)
32. Tentei descansar, tirar férias a fim de esquecer o problema. (0) (1) (2) (3)
33. Procurei me sentir melhor, comendo, fumando, utilizando drogas ou medicação. (0) (1) (2) (3)
34. Enfrentei como um grande desafio, fiz algo muito arriscado. (0) (1) (2) (3)
35. Procurei não fazer nada apressadamente ou seguir meu impulso. (0) (1) (2) (3)
36. Encontrei novas crenças. (0) (1) (2) (3)
37. Mantive meu orgulho não demonstrando meus sentimentos. (0) (1) (2) (3)
38. Redescobri o que é importante na vida. (0) (1) (2) (3)
39. Modifiquei aspectos da situação para que tudo desse certo no final. (0) (1) (2) (3)
40. Procurei fugir das pessoas em geral. (0) (1) (2) (3)
41. Não deixei me impressionar, me recusava a pensar muito sobre esta situação. (0) (1) (2) (3)
42. Procurei um amigo ou um parente para pedir conselhos. (0) (1) (2) (3)
43. Não deixei que os outros soubessem da verdadeira situação. (0) (1) (2) (3)
44. Minimizei a situação me recusando a preocupar-me seriamente com ela. (0) (1) (2) (3)
45. Falei com alguém sobre como estava me sentindo. (0) (1) (2) (3)
46. Recusei recuar e batalhei pelo que eu queria. (0) (1) (2) (3)
47. Descontei minha raiva em outra(s) pessoa(s). (0) (1) (2) (3)
48. Busquei nas experiências passadas uma situação similar. (0) (1) (2) (3)
49. Eu sabia o que deveria ser feito, portanto dobrei meus esforços para fazer o que fosse
necessário.
(0) (1) (2) (3)
50. Recusei acreditar que aquilo estava acontecendo. (0) (1) (2) (3)
51. Prometi a mim mesmo(a) que as coisas serão diferentes na próxima vez. (0) (1) (2) (3)
52. Encontrei algumas soluções diferentes para o problema. (0) (1) (2) (3)
53. Aceitei, nada poderia ser feito. (0) (1) (2) (3)
54. Procurei não deixar que meus sentimentos interferissem muito nas outras coisas que eu estava
fazendo
(0) (1) (2) (3)
55. Gostaria de poder mudar o que tinha acontecido ou como me senti. (0) (1) (2) (3)
56. Mudei alguma coisa em mim, me modifiquei de alguma forma. (0) (1) (2) (3)
57. Sonhava acordado(a) ou imaginava um lugar ou tempo melhores do que aqueles em que eu
estava.
(0) (1) (2) (3)
118
58. Desejei que a situação acabasse ou que de alguma forma desaparecesse. (0) (1) (2) (3)
59. Tinha fantasias de como as coisas (0) (1) (2) (3)
60. Rezei. (0) (1) (2) (3)
61. Me preparei para o pior. (0) (1) (2) (3)
62. Analisei mentalmente o que dizer e o que fazer. (0) (1) (2) (3)
63. Pensei em uma pessoa que admiro e em como ela resolveria a situação e a tomei como modelo. (0) (1) (2) (3)
64. Procurei ver as coisas sobre o ponto de vista da outra pessoa. (0) (1) (2) (3)
65. Eu disse a mim mesmo(a) “que as coisas poderiam ter sido piores”. (0) (1) (2) (3)
66. Corri ou fiz exercícios. (0) (1) (2) (3)
Anexo E
Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
da Escola de Saúde Pública do RS
119
Anexo F
120
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - estudantes com idade a partir de 18
anos
A escola _______________________________________, na qual você está cursando a
______ do ________________, estará colaborando nos próximos dias com uma pesquisa de
doutorado do Instituto de Psicologia da UFRGS, que vem sendo realizada pela psicóloga
Adriana Jung Serafini (CRP 07/10552). O objetivo da pesquisa é entender o quanto os jovens
sentem-se satisfeitos com suas vidas. Será avaliado também como as relações que os jovens
estabelecem com outras pessoas (por exemplo, familiares e amigos), e a forma como encaram
os problemas pelos quais passam, podem interferir nessa avaliação que fazem de suas vidas.
Para isso serão aplicados 5 (cinco) questionários.
A sua participação nessa pesquisa não irá trazer prejuízos para as suas atividades
escolares e você poderá desistir de fazer parte do estudo em qualquer momento. A aplicação
dos questionários ocorrerá em dia e horário que será cedido pela escola, a qual concorda com a
realização da pesquisa. O nome das pessoas que participarem desse estudo será guardado em
segredo, e os dados obtidos através dos questionários não serão divulgados. Tais dados serão
utilizados apenas para atividades científicas. Após a conclusão da pesquisa a escola receberá os
resultados de uma forma geral, não sendo expostas informações individuais dos participantes.
Desse modo, solicitamos a sua participação em nossa pesquisa. Os pesquisadores
responsáveis pelo estudo são a doutoranda Adriana Jung Serafini e a Professora Doutora
Denise Ruschel Bandeira. Outras informações ou esclarecimentos podem ser obtidos pelo
telefone 3316.5352.
Eu, _____________________________________________ concordo em participar da
pesquisa acima descrita.
Data: ______/_______/___________
Assinatura do participante: ______________________________________________
Anexo G
121
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - estudantes com idade inferior a 18
anos
A escola_______________________________________, na qual seu filho está
cursando a ______ do ________________, estará colaborando nos próximos dias com uma
pesquisa de doutorado do Instituto de Psicologia da UFRGS, que vem sendo realizada pela
psicóloga Adriana Jung Serafini (CRP 07/10552). O objetivo da pesquisa é entender o quanto
os adolescentes sentem-se satisfeitos com suas vidas. Será avaliado também como as relações
que os jovens estabelecem com outras pessoas (por exemplo, familiares e amigos) e a forma
como encaram os problemas pelos quais passam podem interferir nessa avaliação que fazem de
suas vidas. Para isso serão aplicados 5 (cinco) questionários.
A participação dos alunos nessa pesquisa não irá trazer prejuízos para as suas atividades
escolares e o aluno poderá desistir de fazer parte do estudo em qualquer momento. A aplicação
dos questionários ocorrerá em dia e horário que será cedido pela escola, a qual concorda com a
realização da pesquisa. A identidade dos adolescentes que participarem desse estudo será
guardada em segredo, e os dados obtidos através dos questionários não serão divulgados. Tais
dados serão utilizados apenas para atividades científicas. Após a conclusão da pesquisa a escola
receberá os resultados de uma forma geral, não sendo expostas informações individuais dos
participantes.
Desse modo, solicitamos a sua autorização para a participação do aluno sob sua
responsabilidade, em nossa pesquisa. Os pesquisadores responsáveis pelo estudo são a
doutoranda Adriana Jung Serafini e a Professora Doutora Denise Ruschel Bandeira. Outras
informações ou esclarecimentos podem ser obtidos pelo telefone 3316.5352.
Autorizo o aluno(a) _____________________________________________ a participar da
pesquisa acima descrita.
Data: ______/_______/___________
Assinatura do responsável:______________________________________________
Anexo H
122
Questionário de dados sócio-demográficos para os participantes portadores do HIV
Participante no.___________________________
1) Idade_______________
2) Sexo: ( ) Feminino ( )Masculino
3) Escolaridade: Série_________________________ Grau____________________________
4) Tipo de escola ( ) pública ( ) privada
5) Trabalha? ( ) sim ( ) não Ocupação: __________________________________________
6) Ocupação da mãe:____________________ Ocupação do pai:________________________
7) Posse de Itens:
Número de Itens Itens
0 1 2 3 4 ou +
Televisão em cores
Rádio
Banheiro
Automóvel
Empregada mensalista
Aspirador de pó
Máquina de lavar
Videocassete e/ou DVD
Geladeira
Freezer (aparelho independente ou parte da
geladeira duplex
8) Grau de Instrução do Chefe da Família
( ) analfabeto
( ) primeiro grau incompleto. Estudou até a _____ série do 1º grau.
( ) primeiro grau completo.
( ) segundo grau incompleto. Estudou até a _____ série do 2º grau.
( ) segundo grau completo.
( ) superior incompleto.
( ) superior completo.
9) Tem irmãos? ( ) sim ( ) não Quantos?________________________________
10) Estado Civil: ( )Solteiro ( )Casado ( ) Com companheiro ( ) separado ( ) divorciado ( )
viúvo
11) Caso seja casado ou more com companheiro(a): Qual a ocupação dele(a):______________
Qual a idade do companheiro(a)/esposa/marido? ____________________________________
12) Caso seja solteiro, atualmente está namorando? ( ) sim ( ) não
Se sim, há quanto tempo?_______________________________________
13) Com que idade começou a namorar?________________
123
14) Seu namoro mais longo durou quanto tempo?_____________________________
15) Já teve a primeira relação sexual? ( ) sim ( ) não Com que idade?__________________
16) Tem filho(s)? ( ) sim ( ) não Quantos? __________________________________
17) Religião:_________________ Praticante: ( ) Sim ( ) Às vezes ( ) Não
18) Onde Mora: ( ) casa ( ) abrigo ( ) outros
19) Quais as pessoas que moram na tua casa?
( )mãe ( )pai ( )madrasta ( ) padrasto ( ) irmão(s) ( )avô/avó ( )filho(s)
( ) esposa/marido/companheiro(a) ( )Outros. Quem? ___________________________
20) Há quanto tempo recebeu o diagnóstico de HIV positivo?__________________________
21) Motivo do contágio pelo vírus HIV: ( ) relação sexual ( )uso de seringa contaminada
( ) transfusão de sangue ( )
infectado pela mãe na gravidez ou parto ( ) outro:_________
22) Quem mais sabe do diagnóstico? ( )mãe ( )pai ( )irmã/irmão ( ) namorado(a)
( ) marido/esposa/companheiro(a) ( ) melhor amigo(a) ( ) outros amigos(as) ( )professor
( ) colegas de escola/trabalho ( )Outro(s) Quem?_______________________________
23) Toma alguma medicação? ( ) sim ( )não
Qual?______________________________________________________________________
Tem efeitos colaterais? ( ) sim ( ) não Quais?_____________________________________
24) Teve alguma doença desde que soube que tem o vírus HIV? ( ) sim ( ) Quais?__________
25) Teve alterações dos seus hábitos de vida por causa do HIV (ex: do sono, alimentação...)?
( ) sim ( ) não Quais?______________________________________________________
26) Já passou por alguma das situações listadas abaixo?
( ) ficar muito doente
( ) Sentimentos de raiva ou depressão
( ) sofrer castigos e punições severas
( ) ser estuprado
( ) morte de alguém da família. Quem? __________________________
( ) ficar grávida/ a namorada ficar grávida
( ) ser preso
( ) morte de algum amigo próximo.
( ) ser internado no hospital
( ) ser rejeitado pelos familiares por ser portador do vírus HIV
( ) ser rejeitado pelos amigos por ser portador do vírus HIV
( ) usar drogas
( ) ter uma vontade muito grande de morrer
( ) tentar se matar
27) O que você gostaria de ser/fazer quando for adulto(a)/no futuro?____________________
28) Você acha que vai conseguir fazer isso? ( ) sim ( ) não. Por que? _____________
Anexo I
124
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – jovens portadores do HIV com idade a
partir de 18 anos
Através do Curso de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento, estamos
realizando uma pesquisa com o objetivo entender o quanto os jovens portadores do vírus HIV
sentem-se satisfeitos com suas vidas. Será avaliado também como as relações que os jovens
estabelecem com outras pessoas (por exemplo, familiares e amigos) e a forma como encaram
os problemas pelos quais passam, podem interferir nessa avaliação que os jovens fazem de suas
vidas. Para isso serão aplicados 5 (cinco) questionários.
A sua participação nessa pesquisa é voluntária e você pode desistir de fazer parte do
estudo em qualquer etapa, sem nenhum prejuízo ao atendimento recebido na sua instituição de
assistência. A identidade dos jovens que participarem desse estudo será guardada em segredo, e
os dados obtidos através dos questionários não serão divulgados. Tais dados serão utilizados
apenas para atividades científicas. Após a conclusão da pesquisa a instituição de assistência
receberá os resultados de uma forma geral, não sendo expostas informações individuais dos
participantes.
Desse modo, solicitamos a sua participação em nossa pesquisa. Os pesquisadores
responsáveis pelo estudo são as psicólogas Adriana Jung Serafini e Denise Ruschel Bandeira.
Outras informações ou esclarecimentos podem ser obtidos pelo telefone 3316.5352.
Eu, _____________________________________________ concordo em participar da
pesquisa acima descrita.
Data: ______/_______/___________
Assinatura do participante: ______________________________________________
Anexo J
125
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - jovens portadores do HIV com idade
inferior a 18 anos
Através do Curso de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento, estamos
realizando uma pesquisa com o objetivo de entender o quanto os jovens portadores do vírus
HIV sentem-se satisfeitos com suas vidas. Será avaliado também como as relações que os
jovens estabelecem com outras pessoas (por exemplo, familiares e amigos) e a forma como
encaram os problemas pelos quais passam, podem interferir nessa avaliação que os jovens
fazem de suas vidas. Para isso serão aplicados 5 (cinco) questionários.
A participação do adolescente nessa pesquisa é voluntária e ele pode desistir de fazer
parte do estudo em qualquer etapa, sem nenhum prejuízo ao atendimento recebido na sua
instituição de assistência. A identidade dos adolescentes que participarem desse estudo será
guardada em segredo, e os dados obtidos através dos questionários não serão divulgados. Tais
dados serão utilizados apenas para atividades científicas. Após a conclusão da pesquisa a
instituição de assistência receberá os resultados de uma forma geral, não sendo expostas
informações individuais dos participantes.
Desse modo, solicitamos a sua autorização para a participação do adolescente sob sua
responsabilidade em nossa pesquisa. Os pesquisadores responsáveis pelo estudo são as
psicólogas Adriana Jung Serafini e Denise Ruschel Bandeira. Outras informações ou
esclarecimentos podem ser obtidos pelo telefone 3316.5352.
Autorizo _____________________________________________ a participar da pesquisa
acima descrita.
Data: ______/_______/___________
Assinatura do responsável:______________________________________________
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