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Já no SBT Rio Grande, que possui uma equipe reduzida e estrutura inferior, Simone
Muller e Tatiana Mocellin, produtoras do telejornal, atribuem a influência das assessorias de
imprensa em 30% de tudo o que é produzido pelo programa. No TVE em Dia o chefe de
reportagem Vitor Dalla Rosa acredita que esta influência chegue a até 40%, também sem
contar o auxílio dos assessores quando estes são procurados pelos jornalistas
27
.
Apesar dos indicadores, nenhum dos entrevistados assumiu qualquer dependência
de seus veículos em relação às assessorias de imprensa. Maria Emília Portella, editora-chefe
do TVE em Dia, com 27 anos de atuação no mercado televisivo, também nega esta
dependência por parte do programa no qual trabalha. Porém, é mais cautelosa quando fala do
telejornalismo de uma maneira geral.
A TVE e os grandes veículos têm estrutura para se manter numa
suposta ausência das assessorias de imprensa. Agora no caso da
imprensa do interior a realidade é diferente. Lá os veículos
sobrevivem por causa das assessorias de imprensa, seja de qual meio
for. Mas onde existem empresas consolidadas, os veículos nunca se
tornarão dependentes das assessorias de imprensa. Não vai existir um
momento do jornalismo brasileiro em que as assessorias vão
comandar as redações. É claro que existe um comodismo, mas que
ocorre por dois motivos. Ou é provocado por uma faixa de
profissionais que já estão desiludidos com a carreira, ou por aqueles
muito jovens, que estão chegando sem muita certeza do que estão
fazendo, que chegam ao jornalismo pelo glamour, e que se retraem
diante do trabalho
28
.
Em Porto Alegre, a profissão é mal vista quando desempenhada de maneira a
proteger ou blindar o assessorado quando há a inversão de interesses, onde a imprensa é quem
busca a fonte. É o caso de pautas esportivas que necessitam de entrevistas com os jogadores
dos clubes de futebol, um exemplo citado tanto por José Pedro Villalobos, editor-chefe do
Jornal do Almoço, quanto por Jorge Seadi, diretor de jornalismo da TVE
29
. Para Villalobos
o assessor de imprensa teria que ser em tese um facilitador, o cara
que faz o meio de campo entre a empresa, entre o órgão público,
entre a instituição e os veículos de comunicação, e muitas vezes, isto
até notadamente na questão do esporte, dos clubes de futebol, o
assessor de imprensa age quase como se fosse um RP do clube ou da
instituição. Ele age mais preocupado em defender interesses desta
instituição do que propriamente em fazer o meio de campo e agendar
uma entrevista, passar informações sobre um novo contratado do
clube ou sobre o novo diretor. Claro que isto vale também para
outras áreas, como a área política, onde as assessorias acabam
também assumindo este caráter de defesa da sua secretaria, do seu
órgão público. Eu acho um desvirtuamento, mas também sei por outro
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Nota do Autor., conforme entrevistas dos Apêndices C, E e F
28
N.A., conforme entrevista do Apêndice C
29
N.A., conforme entrevistas dos Apêndices A e D