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2.5.1 A Escola Feminina
A Escola feminina, que posteriormente passou a se chamar Escola Calota
Kemper
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, sua fundadora e diretora por várias décadas, foi uma das principais
unidades do Instituto. Em Lavras, foi essa escola que deu início às atividades do
Colégio, logo após sua transferência de Campinas. O Boletim Quinzenal do Grupo
Escolar de Lavras, editado pelo educador Firmino Costa, no dia primeiro de junho
de 1908, menciona o breve histórico desta instituição:
Foi em 15 de janeiro de 1.893 que se estabeleceu aqui um colégio
de meninas com o nome Instituto Evangélico. Funcionou ele,
durante os três primeiros meses, na chácara Dr. Jorge, assim
então denominada. Logo, pois, no mês de abril, transferiu-se o
mesmo internato para o chalé da excelentíssima dª. Bemvinda de
Pádua, instalando-se as aulas na Casa de Instrução, em que está
hoje o Grupo Escolar. Um ano depois de sua fundação, em janeiro
de 1894, passou o referido colégio a funcionar em casa própria,
situada na Praça Municipal desta cidade, onde até o presente ele
se mantém. O cargo de diretora do colégio de meninas,
pertencente ao Instituto Evangélico, tem sido sucessivamente
desempenhado pelas excelentíssimas senhoras dª. Sara
Chambers, dª. Elisa Reed, dª. Carlota Kemper, dª. Branca Dunlop,
dª. Guilhermina Gammon, dª. Margarida Youell, dª. Rute See e dª.
Genoveva Marchant.
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Sobre Carlota Kemper, Matos (2006), afirma: “Charlotte Kemper (1837-1927). Era neta de um
coronel do exército prussiano emigrado para a Virgínia, onde Charlotte nasceu em 21 de agosto
de 1837. Lotty, como era conhecida, recebeu sólida educação em seu estado natal, sendo o seu
pai diretor da Universidade da Virgínia. De temperamento um tanto introvertido, era dotada de uma
inteligência excepcional. Em 1882, aos quarenta e cinco anos de idade, enquanto lecionava no
Mary Baldwin College, viu realizar-se o sonho de ser missionária educadora. Em resposta a um
apelo do Rev. Edward Lane, decidiu vir ao Brasil com ele e sua família para substituir Nannie
Henderson, que se achava doente. Dirigiu a escola de moças e foi a superintendente de compras,
além de lecionar o que fosse preciso. Diz-se que D. Pedro II, em visita a Campinas, manifestou
grande admiração por seu raro talento. Além de ser a tesoureira da Missão Sul e dirigir a nova
escola, Charlotte gastava muito tempo em visitação e no trabalho evangelístico. Passou a ser
conhecida do pessoal da missão como "Aunt Lotty" (tia Carlota), tamanha a sua bondade e
solicitude – a "velhinha que andava depressa" sempre tinha palavras de carinho e incentivo para
cada um. Sua bondade para com os candidatos ao ministério era proverbial e foram muitos os
futuros líderes da igreja que passaram por suas mãos. Colaborou decisivamente com a escola,
cada vez mais conceituada, e com a igreja, muitas vezes em meio a perseguições.Também era
conhecida por sua versatilidade e grande cultura. Conhecia a fundo o latim, bem como o grego e o
hebraico. Como passatempo, gostava de ler os clássicos latinos, resolver problemas de
trigonometria e fazer cálculos. A história antiga e moderna era outra de suas especialidades. Foi
considerada por muitos a mulher mais culta do Brasil. Quando a falta da vista começou a impedir-
lhe de ensinar, passou a gastar grande parte do tempo em visitas. Charlotte faleceu aos 90 anos,
em 15 de maio de 1927. Sua maior contribuição foi a influência benéfica que exerceu sobre várias
gerações de jovens brasileiros.”