Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
PREVALÊNCIA DA DOENÇA PERIODONTAL EM PACIENTES
PORTADORES DE CARDIOPATIA ISQUÊMICA NO HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO PROFESSOR EDGARD SANTOS
Patrícia Mascarenhas Alves
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Odontologia da Faculdade de
Odontologia, Universidade Federal da Bahia, como
requisito para obtenção do grau de Mestre em
Odontologia.
Orientador: Profa. Dra. Gisela Estela Rapp.
Co-orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Santana Passos.
Salvador
2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
DEDICATÓRIA
ads:
3
Dedico este trabalho a minha mãe Maria Cristina e ao meu pai José Augusto, que
com amor incondicional fizeram-me iniciar, persistir e concluir esta caminhada; a
minha querida avó Maria Alice, com sua força, carinho, sempre presente
incentivando-me; e ao querido Huguinho.
4
AGRADECIMENTO ESPECIAL
5
A Deus, em primeiro lugar e acima de tudo, pelo dom da vida e por mais esta etapa
vencida.
A minha orientadora, Profª Drª Gisela Estela Rapp, pela competência, determinação
e confiança na realização desse trabalho.
Ao co-orientador Profº Drº Luis Carlos Passos, pela recepção com que acolheu a
idéia, pelos ensinamentos transmitidos e confiança na realização desse trabalho.
6
AGRADECIMENTOS
7
AGRADECIMENTOS
À Faculdade de Odontologia da UFBA, instituição responsável pela minha Pós-
graduação.
À Profª Luciana Ramalho, coordenadora do Curso de Mestrado em Clínica
Odontológica.
A Dr. Álvaro Rabelo, pela abertura das portas do Ambulatório de Cardiopatia
Isquêmica do HUPES.
À Drª Lísia Rabelo e Dr. Ivan Olivas, médicos do Ambulatório de Cardiopatia
Isquêmica do HUPES, pelas informações preciosas
À CAPES, pelo auxílio financeiro.
À minha eterna amiga, irmã, e agora mestra, Rhyna Carla da Cunha Costa, pela
orientação, competência, senso crítico, disponibilidade, palavras de carinho e
incentivo nos momentos mais difíceis, para que esse trabalho tivesse êxito. Muito
obrigada!
À minha querida sobrinha Paula Carolina, pelos momentos em que requisitei sua
mãezinha. Obrigada!
Às amigas e colegas Ana Graça, Darcy, Kercya e Luciana Koser, pela união, nos
momentos de tristeza e de felicidade.
Aos colegas de Mestrado e ao grupo de Periodontia: Ana Karina Cardoso, Braúlio,
Claudia, Fúlvio Miguel, Leonardo Muniz , Leonardo Provedel, Verônica, Fátima,
Carol, Sôninha e Mírian.
Aos professores do Mestrado, que auxiliaram na aquisição e aprofundamento de
conhecimentos.
Aos Profºs André Freitas, Jean Nunes e Viviane Sarmento, pela confiança e atenção
dispensada.
À Profª Fabiana Paim, pelo seu carinho e atenção dispensada ao grupo de
Periodontia.
Ao Profº Fernando Oliveira, pela colaboração com o grupo de Periodontia.
Ao Profº Mauricio Cardial Mendes, pela realização da análise estatística deste
trabalho.
8
À Profª Mônica Celestina Oliveira, pela amizade e socorro nas horas de dificuldade.
À Profª Elisabeth Carvalho, pelo apoio e incentivo na disciplina de Periodontia I.
À Profª Márcia Pizanni, pelo apoio na disciplina de Periodontia II
Ao Profº Lúcio Damis, pelo companherismo e apoio.
A Viviane Dourado, pela amizade e influência nos caminhos da Periodontia.
A Aleide, pela sua amizade, incentivo e força transmitida.
A Ana Célia , Daniele, Márcia e Verônica, pela amizade.
A Sueli Aparecida da Paixão pela presteza e dedicação com que trata os alunos da
Pós-graduação.
A Valdete Silva Andrade, bibliotecária da Faculdade de Odontologia da UFBA.
Aos pacientes da pesquisa, pela colaboração .
À equipe do SESI, pela compreensão e ajuda.
A todos aqueles que de alguma forma se fizeram presentes durante esta importante
etapa na elaboração deste trabalho... serei eternamente grata!
9
EPÍGRAFE
10
Para atingir seu sonho, o guerreiro da luz precisa de
uma vontade firme e de uma imensa capacidade de
entrega. Embora tenha um objetivo, nem sempre o
caminho para atingi-lo é aquele que imagina. Usa a
disciplina e compaixão. Deus jamais abandona seus
filhos, mas seus desígnios são insondáveis e Ele
constrói o atalho com nossos próprios passos.
Paulo Coelho
11
SUMÁRIO
12
SUMÁRIO
Lista de abreviaturas, abreviações e símbolos
Lista de Figuras e Tabelas
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 23
1.1 Doença Cardiovascular ............................................................................. 26
1.2 Doença periodontal como um possível fator de risco paras as doenças
Cardiovasculares .......................................................................................
32
2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 45
2.1 Prevalência da Doença Periodontal .......................................................... 45
2.2 Prevalência da Doença Periodontal no Exterior ........................................ 46
2.3 Prevalência da Doença Periodontal no Brasil ........................................... 51
2.4 Prevalência da DP x DCV ........................................................................ 52
3 PROPOSIÇÃO ............................................................................................ 55
4 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 57
4.1 Material: População de Estudo .................................................................. 57
4.2 Método clínico ........................................................................................... 58
4.2.1 Informações médicas e demográficas .................................................... 58
4.2.2 Informações sobre hábitos ..................................................................... 59
4.2.3 Exame periodontal .................................................................................. 59
4.2.3.1 Calibração ........................................................................................... 59
4.2.3.2 Parâmetros clínicos periodontais ........................................................ 60
4.3 Método estatístico .................................................................................... 62
4.3.1 Análise da concordância intra-examinador ............................................ 63
4.3.2 Análise da prevalência da doença periodontal ....................................... 63
4.3.3 Análise da associação entre doença periodontal e os parâmetros
médicos, demográficos e hábitos ..........................................................
63
5 RESULTADO .............................................................................................. 65
5.1 Análise descritiva ....................................................................................... 65
5.1.1 Dados médicos e demográficos ............................................................ 65
5.1.2 Dados sobre hábitos .............................................................................. 71
5.1.3 Dados dos parâmetros clínicos periodontais ......................................... 73
13
5.2 Análise da associação ............................................................................. 74
5.2.1 Análise da associação com hábito ........................................................ 79
5.2.3 Análise da associação com parâmetros clínicos periodontais ............. 81
6 DISCUSSÃO ............................................................................................... 84
7 CONCLUSÕES ........................................................................................... 95
ABSTRACT ...................................................................................................... 97
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 99
ANEXOS .......................................................................................................... 107
ANEXO A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .............................. 108
ANEXO B – Parecer conclusivo da Comissão de Ética – FOUFBA ................. 109
ANEXO C – Ficha clínica periodontal ............................................................... 110
ANEXO D – Anamnese .................................................................................... 112
ANEXO E – Calibração .................................................................................... 114
14
LISTA DE ABREVIAÇÕES, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
15
LISTAS DE ABREVIATURAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
AAP – Academia Americana de Periodontologia
Aa Actinobacillus actinomycetemcomitans
Bf – Bacteroides forsythus
CPITN – Índice de necessidade de tratamento periodontal comunitário
C. pneumoniae Chlamydia pneumaniae
CRP – Proteína C-reativa
DCV- Doença (s) cardiovascular (es)
DIC –Doença isquêmica do coração
DP – Doença periodontal
TF - Fator tecidual
FOUFBA – Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia
HUPES – Hospital Universitário Professor Edgard Santos
HDL – Lipoproteína de alta densidade
H. pylori – heliobacter pylori
IAM – Infarto agudo do miocárdio
IG - Índice gengival
IL-1 – Interleucina 1
IL-1β – Interleucina 1 beta
IL-6 – Interleucina 6
LDL – Lipoproteina de baixa densidade
LPS – Lipopolisacarídeos
NHANES III – Thrid National Health and Nutrition Examination Survey
NIC – Nível de Inserção Clínica
16
PAAP – Proteína associada á agregação de plaquetas
PCR – Reação de cadeia da polimerase
P g - Porphyromonas gingivalis
PGE2 – Prostaglandinas E2
PS - Profundidade de Sondagem
PSR - Registro Periodontal Simplificado
Ss - Streptococcus sanguis
TNF –α – Fator de necrose tumoral alfa
17
LISTAS DE FIGURAS E TABELAS
18
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Figura 1 Possível mecanismo da inter-relação a DP e DCV ................... 35
Tabela 1 Distribuição por Gênero ............................................................. 66
Tabela 2 Distribuição por Idade ................................................................ 66
Tabela 3 Distribuição por Raça ................................................................. 67
Tabela 4 Distribuição por Estado Civil ...................................................... 67
Tabela 5 Distribuição por Edentulismo ..................................................... 68
Tabela 6 Sedentarismo ............................................................................. 68
Tabela 7 Freqüência de Dislipidemia ........................................................ 69
Tabela 8 Freqüência de Hipertensão Arterial ........................................... 69
Tabela 9 Diabetes ..................................................................................... 70
Tabela 10 Tipos de Diabetes ...................................................................... 70
Tabela 11 Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) ................................... 71
Tabela 12 Meios auxiliares de escovação .................................................. 71
Tabela 13 Freqüência de higiene bucal – Escovação ................................ 72
Tabela 14 Tabagismo ................................................................................. 72
Tabela 15 Índice de Placa (IPL) .................................................................. 73
Tabela 16 Índice Gengival (IG) ................................................................... 73
Tabela 17 Doença Periodontal ................................................................... 74
Tabela 18 Doença Periodontal de acordo com Gênero .............................. 75
Tabela 19 Doença Periodontal de acordo com Idade ................................. 75
Tabela 20 Doença Periodontal de acordo com Raça ................................. 76
Tabela 21 Doença Periodontal de acordo com Estado Civil ....................... 76
Tabela 22 Doença Periodontal de acordo com Sedentarismo ................... 77
Tabela 23 Doença Periodontal de acordo com Dislipidemia ...................... 77
Tabela 24 Doença Periodontal de acordo com Hipertensão .................... 78
Tabela 25 Doença Periodontal de acordo com Diabetes .......................... 78
Tabela 26 Doença Periodontal de acordo com ICC ................................... 79
Tabela 27 Doença Periodontal de acordo com os meios auxiliares ........... 79
Tabela 28 Doença Periodontal de acordo com escovação ........................ 80
19
Tabela 29 Doença Periodontal de acordo com Tabagismo ....................... 80
Tabela 30 Doença Periodontal de acordo com IPL .................................... 81
Tabela 31 Doença Periodontal de acordo com IG ...................................... 82
20
RESUMO
21
RESUMO
A doença periodontal (DP) é uma doença infecciosa crônica que acomete
os tecidos periodontais, sendo a maior causa de perda dentária em adultos acima de
40 anos, precedida apenas pela cárie dentária como importante problema de saúde
bucal coletiva no Brasil. Nos últimos anos vários pesquisadores encontraram
evidências ligando as doenças periodontais com um risco aumentado para
arterosclerose, independente de outros fatores de risco para doenças
cardiovascular, o que nos motivou a realizar esta pesquisa, na qual verificou-se a
prevalência da doença periodontal nos pacientes atendidos no Ambulatório de
Cardiopatia Isquêmica do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da
Universidade Federal da Bahia(HUPES). O desenho é de um estudo de corte
transversal. A amostra foi composta de 135 indivíduos (78 do sexo masculino e 57
do sexo feminino), com faixa etária de 35 até 99 anos. Os dados da pesquisa foram
obtidos por estágios: leitura de prontuário, questionário e exame periodontal. Foram
utilizados o Índice Gengival (LÖE & SILNESS, 1963), o Índice de Placa (SILNESS &
LÖE, 1964), a Profundidade de Sondagem (PS) e Perda de Inserção Clínica como
parâmetros clínicos de avaliação periodontal. A prevalência de doença periodontal
em pacientes portadores de Cardiopatia Isquêmica no HUPES foi de 55,7%. A
presença de doença periodontal entre aqueles com Insuficiência Cardíaca
Congestiva (ICC) foi 1,5 vezes maior (p< 0,001). Entre os pacientes diabéticos a
presença de doença periodontal foi 1,4 vezes maior (p=0,02). Dessa forma, os
achados deste estudo contribuem para fortalecer o conceito de que fatores
etiopatogênicos comuns podem existir entre doença periodontal e doença isquêmica
do coração.
PALAVRAS CHAVE: Doenças periodontais; doenças cardiovasculares; fatores de
riscos, Índice Gengival, Índice de Placa, prevalence, prevalência, Cardiopatia
Isquêmica, perda de Inserção Clínica.
22
INTRODUÇÃO
23
1 INTRODUÇÃO
Evidências comprovam que os assírios, no século VII a.C., foram os
primeiros a propor que manifestações bucais poderiam produzir efeitos em outros
órgãos. Assim, o estudo da relação entre a cavidade bucal com outros sistemas do
organismo não se restringe à atualidade (HERZBERG; MEEYER ,1996).
No século 18, Benjamin Rush, um médico da Pensilvânia, propunha que a
artrite, em alguns pacientes, podia ser curada com a extração de dentes
infeccionados. No século 19 e início do século 20 foi proposta a Teoria da Infecção
Focal, a qual propunha a extração de dentes hígidos para tratamento de diversas
desordens sistêmicas como artrite, apendicite e úlcera péptica. Obviamente, em
diversos casos não houve o sucesso esperado, necessitando-se embasá-la e
reformulá-la à luz de novas evidências científicas.
Na década de 80, a necessidade de observar o indivíduo como um todo,
onde um sistema pode influenciar e ser influenciado por outro, acarretou mudanças
nos preceitos da ciência e iniciou um período em que a doença periodontal passou a
ocupar lugar de provável fator de risco para outras doenças. A relação com algumas
desordens sistêmicas já havia sido proposta, como a influência de infecções
24
periodontais na bacteremia e endocardite bacteriana (TARRIO, 1994; ANDRADE et
al., 1998).
Desde então, um grande número de evidências científicas sugere que há
uma possível associação entre as infecções bucais e as doenças sistêmicas, tais
como, doenças cardiovasculares (DCV), neurovasculares, pulmonares e também
como diabetes, imunodeficiências e osteoporose (COHEN; SLAVKIN, 2002).
A doença periodontal (DP) é uma patologia de etiologia multifatorial
crônica, cujo estabelecimento acomete os tecidos de suporte do dente, ocorrendo
por ação direta de produtos bacterianos e por ação indireta em reações que levam a
destruição tecidual, mediada por células do hospedeiro e induzida pelas bactérias
presentes no ambiente subgengival. A ação bacteriana é causada principalmente
por microrganismos Gram-negativos como a Porphyromonas gingivalis (Pg),
Prevotela intermedia (Pi), Tanerella forsythensis (Tf), Actinobacillus
actinomycetemcomitans (Aa), tendo o hospedeiro um papel importante na sua
etiopatogênese, pois a doença só ocorrerá caso o equilíbrio entre o desafio
microbiano e a resposta do hospedeiro seja alterado (SOCRANSKY;HAFFAJEE,
1992; LINDHE, 1999; SCANNAPIECO et al., 1998).
DP’s, representadas pela gengivite e a periodontite, são de origem
infecciosa, sendo que sua extensão e severidade dependem da interação entre as
alterações patogênicas e a resposta do hospedeiro (LÖE et al., 1965; GENCO,
1996; ARMITAGE, 1996; SOCRANSKY; HAFFAJEE, 1992).
A gengivite se caracteriza pela inflamação do periodonto de proteção,
sem envolvimento do periodonto de inserção. Na periodontite há perda dos tecidos
de suporte dos dentes, caracterizada por destruição do tecido conjuntivo e do osso
alveolar, com formação de bolsa periodontal, que é o aprofundamento patológico do
25
sulco gengival (OFFENBACHER, 1996; BECK et al., 1993,1996; 1998; KINANE;
LOWE, 2000; ARMITAGE, 1996, 1999 e 2000).
No decorrer do estabelecimento do processo infeccioso, os
lipopolissacarídeos (LPS) e outras substâncias bacterianas ganham acesso para os
tecidos gengivais, iniciam e perpetuam a inflamação, levando à produção de altos
níveis de citocinas pró-inflamatórias (interleucina-1, interleucina-6 e Fator de
Necrose Tumoral alfa). Estas induzem a produção de metaloproteinases que
destroem a matriz do tecido conjuntivo da gengiva e ligamento periodontal e
induzem a destruição de osso alveolar (HERZBERG; MEEYER, 1996; KINANE;
LOWE, 2000; HERZBERG,2001). Entende-se, por conseguinte, que o processo
patogênico da DP é complexo e multifatorial. Numa visão simplista, microrganismos
da placa, adjacentes ao periodonto, estimulam as células do hospedeiro, as quais,
por sua vez, produzem moléculas que desempenham um papel muito importante na
regulação da resposta imuno-inflamatória.
Patógenos periodontais não são somente capazes de invadir diretamente
os tecidos periodontais, mas a perda da integridade epitelial dentro das bolsas
periodontais também cria amplas oportunidades para translocação bacteriana e para
bacteremias, as quais são marca registrada da periodontite. A bacteremia induzida
por um profissional provê a razão para uma cobertura antibiótica sistêmica profilática
nos indivíduos sob tratamento, o que previne o desenvolvimento de endocardite
bacteriana. Pacientes com placa abundante e inflamação crônica têm bacteremias
freqüentes e mais severas, em seqüência às manipulações dentárias. Em adição,
no paciente com periodontite, mesmo os procedimentos aparentemente inócuos, tais
como escovar os dentes e mascar chicletes, têm se mostrado indutores de
bacteremia (DURACK, 1995). Assim, os mecanismos que permeiam a patogênese
26
da DP conferem a plausibilidade biológica necessária para fundamentar as
evidências de que a DP pode constituir fator de risco ambiental para o
estabelecimento de quadros sistêmicos.
Os estudos (MATTILA et al., 1989,1993,1995 e 2000) realizados ao longo
dos últimos anos vêm fornecendo, coletivamente, uma visão muito diferente da que
tínhamos sobre os mecanismos que contribuem para o desenvolvimento da DP. À
medida que muitos deles foram elucidados, pelo reconhecimento do papel de
eventos imunopatológicos e inflamatórios, influenciados por fatores modificadores
locais e sistêmicos, ambientais e genéticos (SALLUM et al., 2004), o novo
paradigma sobre a susceptibilidade à DP foi estabelecido, passando-se a
considerar-se aspectos sistêmicos do indivíduo com a instalação e progressão da
DP.
1.1 DOENÇA CARDIOVASCULAR
As DCV são consideradas como a maior causa de morte em todo o
mundo, sendo responsáveis por até 50% das mortes nos países desenvolvidos,
levando a um grande aumento de estudos em busca de métodos de prevenção,
diagnóstico e tratamento adequados (CASH et al, 1990; ROSS, 1986 e 1999; BECK
et al., 1996; MEALEY, 1996 e 1999; REES,1996; KINANE; LOWE, 2000;
ARMITAGE, 2000).
Segundo dados obtidos pelo Ministério da Saúde, no Brasil a taxa de
mortalidade por doenças cardiovasculares supera as de câncer, doenças
respiratórias e causas externas (DIAS, 2003).
27
Mesmo com a escassez de números exatos, dados do DataSUS mostram
que no ano de 2001 a DCV foi responsável por cerca de 1,2 milhões de internações,
com 257.179 óbitos (SALLUM et al, 2004).
Aterosclerose (do grego athero = material pastoso mole e sclerosis =
endurecimento) consiste no fenômeno observado na obstrução das artérias de
médio e grande calibres por placas ateromatosas, as quais são compostas de
células espumosas, cristais de colesterol e proteínas plasmáticas, como fibrina e
fibrinogênio, podendo originar trombos. Esses, por sua vez, podem ocluir as artérias
localmente ou, ainda, serem embolizados, causando infartos mais distais (ROSS,
1986 e 1999; BECK et al., 1996; ARMITAGE, 2000; DIAS, 2003).
Num período pré–sintomático de aterosclerose podem surgir várias
manifestações clínicas de cardiopatia arterosclerótica, tais como angina pectoris,
infarto agudo do miocárdio (IAM), morte súbita ou insuficiência cardíaca (SONIS et
al., 1989).
Aterosclerose se inicia pela migração de monócitos circulantes para a
sua superfície do vaso, permitindo a sua diapedese para o espaço subendotelial,
onde eles adquirem capacidade fagocítica, captando o LDL (lipoproteína de baixa
intensidade), colesterol oxidado na íntima das artérias passando, então, a ser
fagocitadas por esses macrófagos do tecido. Formam–se, assim, as células
espumosas, ricas em LDL–colesterol, que levam à formação de pequenas alterações
nas paredes dos vasos, as estrias gordurosas, precursoras das placas de ateroma.
Miócitos diferenciados em fibroblastos irão produzir colágeno e elastina, que formam
a capa fibrosa da placa aterosclerótica. O crescimento da placa predispõe à ruptura
concentrada na sua margem (LAGE; RAMIRO, 2001; KINANE; LOWE, 2000,
ARMITAGE 2000).
28
A patogenia das DCV tem como eventos inflamatórios envolvidos os
processos que incluem a liberação de citocinas pró-inflamatórias (IL-1, Il-6 e TNFα)
pelos monócitos, linfócitos e células endoteliais, a expressão de moléculas de
adesão (E-selectina, P-selectina, ICAM-1 e VCAM-1), a produção aumentada de
leucócitos polimorfonucleares e plaquetas pela medula óssea. Um processo
mediado pela IL-6 também atua na elevação da síntese hepática de substâncias
como a Proteína C–reativa (PCR), cujo aumento tem sido descrito como fator de
risco para DCV, por atuar no processo da trombogênese, e o fibrinogênio, por
aumentar a viscosidade do sangue (KINANE; LOWE, 2000, ARMITAGE 2000).
São fatores de risco para doenças cardiovasculares: diabetes mellitus,
hipertensão, tabagismo (mais de 10 cigarros ao dia), elevado nível de colesterol LDL
(superior a 160mg/dl), nível baixo de colesterol lipoprotéico de alta densidade (HDL)
(inferior a 35mg/dl), gênero masculino e fatores genéticos (COOK; LIP, 1996;
GENCO et al., 1998, 2001; LEE,1998; KLOKKEVOLD, 1999).
Mattila et al. (1989) investigaram a associação de doenças virais e
bacterianas com o IAM, através de um estudo caso–controle em 40 indivíduos, do
gênero masculino, com 50 anos de idade ou menos, admitidos no Hospital Central
da Universidade de Helsinki e com diagnóstico de IAM e doença coronariana
crônica. O grupo controle constou de 41 indivíduos, do mesmo gênero, recrutados
por amostragem, a partir do registro oficial de habitantes de Helsinki. Amostras de
soro para a determinação de anticorpos virais e bacterianos foram colhidas na
chegada ao hospital e após quatro semanas, de todos os participantes, bem como
culturas bacterianas da garganta e urina. Os resultados mostraram que as infecções
virais foram igualmente distribuídas entre os grupos de estudo e, ao contrário, a
sorologia bacteriana positiva foi significativamente mais comum no grupo com IAM.
29
Destefano et al. (1993) relataram que a higiene bucal precária pode levar
à doença isquêmica do coração (DIC), porém essa afirmação ainda não foi bem
definida. Quanto maior o índice dentário (cárie, DP, lesões endodônticas e lesões
periodontais) maior associação com a cardiopatia.
Os agentes infecciosos mais relacionados com a aterosclerose são
Chlamydia pneumoniae (C. pneumoniae), citomegalovírus (CMV), o vírus da Herpes
simples ( HSV) e o Heliobacter pylori (COOK; LIP, 1996; FONG, 2000).
A primeira evidência de que a infecção poderia causar uma cardiopatia
mais grave foi vista com o citomegalovírus (CMV). A infecção por CMV é comum em
pacientes imunodeprimidos e a aterosclerose encontrada em corações de pacientes
transplantados, apresentava uma extensão maior do que a que tinham em seus
próprios corações, pois haviam sido infectados pelo vírus CMV (GENCO et al.,
1998).
Loesche (1994) relatou que o estilo de vida de certos indivíduos os
tornam propensos a ignorarem as campanhas de saúde, de uma forma geral. Seus
hábitos inadequados podem acarretar em higiene bucal precária, a qual, associada
aos efeitos biológicos do tabagismo, pode vir a exacerbar o processo de DP e
predispor à DIC (doença isquêmica do coração).
Ridker et al. (1997) avaliaram a influência da inflamação como fator de
risco para um primeiro evento tromboembólico e a sua diminuição quando da
instituição de terapia medicamentosa com o ácido acetil salicílico. Concluíram que a
concentração plasmática de PCR no tempo inicial prevê o risco de um futuro IAM.
Portanto, a redução da incidência de um primeiro evento tromboembólico associada
com o uso de ácido acetil salicílico parece estar diretamente relacionada com o nível
30
de PCR, o que respalda o emprego de agentes antiinflamatórios na prevenção de
DIC.
Kinane (1998) relatou que a DP e a DIC partilham processo patogênico e
muitos fatores de risco. As condições inflamatórias crônicas, tais como as
periodontites, podem influenciar no processo ateroclerótico. A presença de LPS e a
resposta monócito relacionada representam potentes processos que podem
interligar as duas doenças.
Existem vários outros mecanismos que podem ligar a DCV com a DP. O
primeiro é a hipótese de trombo bacteriano (PAQUETTE, 2002). A agregação
plaquetária pode ser causada por colágeno e trombina, bem como por dois
microrganismos encontrados na cavidade bucal, o Streptococcus sanguis e o P.
gingivalis. O S. sanguis causa a endocardite bacteriana subaguda. A hipótese de
trombo causado por bacteremia pode explicar porque pelo menos alguns destes
microrganismos foram encontrados nos ateromas. Por exemplo, P. gingivalis
definem o antígeno PAAP (Proteína de agregação – associação de plaquetas). O P.
gingivalis também tem fimbrias que são necessárias para a agregação de plaquetas.
A formação de microtrombos ocorre durante bacteremias e eles podem localizar-se
dentro dos ateromas (GENCO et al, 1998; DESHPANDE, 1998; ENGEBRETSON et
al, 1999; GRAVES et al, 2000).
Genco et al. (1998) realizaram um estudo com 50 ateromas, por meio da
reação em cadeia de polimerase, quando foram encontrados os seguintes
microrganismos: CMV, H. pylori, Chlamydia, P. gingivalis, Prevotella intermedia,
Tanerella forsythensis e Actinobacillus actinomycetemcomtans. Quarenta e dois por
cento dos ateromas continham ao menos um dos microrganismos periodontais.
31
Danesh et al. (1997) também encontraram a C. pneumoniae em 257 ateromas
analisados, ou seja, 52% dos casos, de um total de 497 lesões ateroscleróticas.
Seymour e Steele (1998) avaliaram a ligação entre a DIC e a saúde bucal.
Observaram que pacientes com DP têm níveis maiores de células brancas e
fibrinogênio no plasma e que este aumento pode interferir com a aterosclerose e
formação de trombos, o que pode levar a DCV; para os autores esse é um dos
mecanismos possíveis que liga as duas doenças.
Dias (2003) analisou balões retirados de angioplastia coronariana pela
reação em cadeia de polimerase, para a verificação da presença dos agentes
infecciosos C. pneumoniae, vírus do HSV, CMV, o Heliobacter pylori e dos
patógenos periodontais Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia,
Bacteroides forsythus, Actinobacillus actinomycetemcomitans e o Campylobacter
rectus. Os resultados mostraram que, de um total de 61 balões, 78,7% foram
positivos para um ou mais dos microrganismos analisados. A C. pneumoniae
respondeu por 34,4%, o vírus do HSV por 27,9%, o CMV por 13,1% e o Helicobacter
pylori por 3,3%. Os resultados foram positivos para pelo menos um patógeno
periodontal em 37,7% dos balões, encontrando-se Porphyromonas gingivalis (29%),
Campylobacter rectus (25%), Prevotella intermedia (22%), Bacteroides forsythus
(20%) e Actinobacillus actinomycetemcomitans (8%). Vinte dos 61 indivíduos
avaliados tiveram as amostras intrabucais analisadas pela mesma técnica molecular
das amostras coletadas das angioplastias. Desses pacientes, 65% obtiveram pelo
menos um patógeno periodontal nos balões e 95% obtiveram pelo menos um
patógeno nas amostras intrabucais.
32
1.2 DOENÇA PERIODONTAL COMO UM POSSÍVEL FATOR DE RISCO PARA
AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES
A relação da DP com DCV provoca um grande interesse; afinal, ambas
têm um grande impacto social e, caso a associação venha a ser definitivamente
confirmada, mecanismos simples de tratamento e manutenção da saúde bucal
poderão auxiliar, de maneira muito segura, na prevenção de tais doenças. Beck et
al. (1996) relataram que a cardiopatia é a condição mais comumente encontrada em
pacientes com periodontite e segundo Herzberg e Meyer (1996) o risco relativo para
IAM parece estar aumentado na presença de periodontite.
Beck et al. (1998,2000), em estudos de caso-controle com pacientes que
apresentavam infarto cerebral isquêmico com idade inferior a 40 anos, revelaram
que o número de pacientes com saúde bucal precária era significativamente maior
nos indivíduos do gênero masculino com DCV. Em um outro estudo conduzido com
50 pacientes portadores de DP, na faixa etária entre 25 e 50 anos, e um grupo de
controle na mesma faixa, foi revelado que os casos exibiam índices
significativamente maiores para fibrinogênio e leucócitos que os controle.
Mattila et al. (1989) também estudaram o papel das infecções bacterianas
crônicas como fator de risco para doenças coronárias. Realizaram duas séries de
estudo de caso–controle separadas, nas quais investigaram a saúde dentária de 100
pacientes com IAM admitidos no Hospital Central da Universidade de Helsinki e 102
controles saudáveis selecionados aleatoriamente na comunidade. A saúde dentária
foi avaliada por dois métodos: o Índice Dentário Total e o Índice Pantomográfico, os
quais mediram a severidade de lesões presentes nos dentes e no periodonto.
33
Verificaram que havia uma associação positiva entre saúde bucal precária e história
de IAM, já que os componentes bacterianos afetavam a integridade endotelial, o
metabolismo do plasma, das lipopropteínas e função das plaquetas. Esta
associação permaneceu válida principalmente quando avaliamos idade, classe
social, tabagismo, concentração de lipídios séricos e a presença de diabetes.
Kweider et al. (1993), avaliaram 50 pacientes com diagnóstico de
gengivite e periodontite e 50 pacientes controle com saúde periodontal, com idade
entre 25 a 50 anos. Excluíram indivíduos com doenças sistêmicas, os quais
poderiam interferir nos níveis de fibrinogênio e contagem de células brancas (CBS).
Utilizaram Índice de Placa, Índice Gengival e ICNTP. Desses indivíduos foram
colhidas amostras de sangue venoso que foram analisadas para a mensuração de
fibrinogênio e CBS. O resultado mostrou uma correlação entre a DP e os valores
elevados de fibrinogênio e contagem de CBS, ainda mesmo sem a exclusão das
variáveis existentes (idade, gênero, tabagismo, classe social), salientando que
indivíduos portadores de DP possuem um aumento significativo do nível de
fibrinogênio e CBS (LOWE, 2001), favorecendo um risco maior para doenças
coronarianas.
Destefano et al. (1993) fizeram um estudo com 9.760 pacientes para
investigar a associação entre DP e risco para doenças cardíacas. Avaliou-se o
número de dentes presentes, presença ou não de DP e Índice de Higiene Oral, bem
como a idade, fumo, escolaridade, estado civil, hipertensão arterial, colesterol total,
Índice de Massa Corporal, sedentarismo, consumo de álcool, tabagismo e diabetes.
Pacientes com periodontite tinham 25% mais risco às doenças cardíacas do que
aqueles sem DP e isto era mais agravado em pacientes com menos de 50 anos de
idade.
34
Mattila et al. (1993) realizaram um estudo com 100 indivíduos (88 homens
e 12 mulheres, com 28 a 68 anos), que foram encaminhados para angiografia das
coronárias, correlacionando a severidade da aterosclerose com presença de
infecção dentária. Os resultados revelaram haver uma associação entre infecção
dentária e ateromatose coronariana severa significativa para os homens, não
podendo determinar o mesmo para as mulheres, visto a exigüidade da amostra.
Paunio et al. (1993) investigaram na Filândia a associação entre o número
de dentes perdidos e a presença de doenças isquêmicas (angina pectoris e prévio
IAM) em 1.384 homens, com faixa etária de 45 a 64 anos. Concluíram que a
prevalência de doenças isquêmicas para aqueles indivíduos que apresentavam
menos da metade de suas unidades dentárias perdidas foi de 10%, e de 20%
naqueles indivíduos que tinham perdido pelo menos metade dos dentes,
demonstrando, dessa maneira, que o número de dentes perdidos pode ter
associação significativa com o estabelecimento da angina pectoris ou do IAM. Os
resultados indicaram que há evidências entre infecções bucais e a prevalência de
DIC.
Loesche (1994), por meio de um trabalho de revisão de literatura sobre
DP como fator de risco para DIC, influenciado pelos resultados dos estudos de
Destefano et al.(1993) e de Kweider et al. (1993), postulou ainda que infecções
bucais tem caráter crônico no hospedeiro levando à bacteremia de baixa intensidade
e elevado número de CBS no sangue. A higiene bucal precária e a DP permitem que
proteínas de Streptococus sanguis (S.sanguis) entrem na corrente sangüínea, onde
podem causar agregação plaquetária e subseqüente patologia vascular. As CBS
indicam, também, que a DP resulta em exposição do hospedeiro a endotoxinas
35
bacterianas que afetam a integridade endotelial, metabolismo de lipoproteínas do
plasma e função de plaquetas (KAHN et al., 2000).
Figura 1 – Possível mecanismo da inter-relação a DP e DCV Loesche W.J. et al – 1994
Segundo Herzberg e Meyer (1996), o Streptococcus sanguis,
normalmente participante da microbiota bucal do hospedeiro, pode tornar-se um
patógeno oportunista diante de um quadro de desequilíbrio sistêmico, levando a
agregação plaquetária e de fibrina dentro da válvula cardíaca, causando tromboses
Higiene bucal
Precária
Hospedeiro
exposto a
endotoxinas
Doença
periodontal
Perda de
dentes
Infecção crônica de origem
hospedeiro
Bacteremia
Transitória
Contagem elevada de
CBS células brancas
Aumento de fibrinogênio
Aumento da agregação
Elevada contagem de
células brancas(CBS)
bacteremia transitória com
S SANGUIS
DOENÇA
CARDIOVASCULAR
Alteração vascular
36
coronarianas e sinais de IAM. Os mecanismos tromboembolíticos são uma
contribuição adicional da periodontite para IAM. O Actinobacillus
actinomycetemcomitans pode provocar uma extensa e severa reação inflamatória,
resultando em lise do tecido epitelial com formação de úlceras gengivais que podem
servir de passagem, para o sistema circulatório, de microrganismos comensais. É o
caso do Streptococus sanguis que, uma vez na corrente sanguínea, torna-se
patogênico oportunista, tendo papel importante como agente trombogênico
Beck et al. (1996) descreveram um modelo hipotético da associação entre
a DP e a aterosclerose, pontuando diferenças individuais na resposta do hospedeiro
à ameaça bacteriana, determinadas pelo repertório de células T e pela capacidade
secretora de células monóciticas. Os monócitos do sangue periférico dos indivíduos
que possuem o fenótipo hiperinflamatório secretaram de 3 a 10 vezes mais
quantidades de mediadores inflamatórios como a prostaglandina E2 (PGE2),
interleucina-1β, (IL-1β) e Fator de Necrose Tumoral-α, quando desafiados por LPS.
Os autores, diante desses achados, concluíram que a resposta monocítica /
linfocítica do hospedeiro à ameaça bacteriana, na presença de um fenótipo
hiperinflamatório, acentua o risco de certos indivíduos em desenvolver DP e
aterosclerose. A partir dessa teoria, realizaram um estudo de corte, com
acompanhamento por 18 anos, de 1.147 indivíduos durante o período de 1968 - 71.
Duzentos e sete componentes desenvolveram cardiopatia coronariana durante o
período de observação, 59 foram a óbito e 40 tiveram IAM. Os resultados revelaram
que os indivíduos que exibiam uma PS > 3mm em volta de todos os dentes tinham
3,6 vezes mais chances de serem portadores de cardiopatia coronariana. Os
indivíduos com perda óssea avançada, detectada no início do estudo, apresentavam
37
quase o dobro da incidência de cardiopatia coronariana fatal, do que aqueles cuja
perda óssea era mínima.
Joshipura et al. (1996) avaliaram a incidência da DIC em relação ao
número de dentes presentes e a presença da DP durante 6 anos, por meio da
elaboração, distribuição de questionários a cada 2 anos. Foram examinados 44.119
profissionais da área de saúde, gênero masculino, dos quais 58% eram cirurgiões–
dentistas, faixa etária entre 40 a 75 anos. Foi realizada a avaliação da presença ou
ausência de DP, assim como dos fatores de risco para as DIC, com relação ao
tabagismo, atividade física, hipertensão, nível de colesterol, dieta, consumo de álcool
e história familiar de doença cardiovascular. Concluiu-se que associação entre a
perda de dentes e a DIC nos participantes com história positiva de DP sugere que a
DP anterior à exodontia pode ter sido um fator de risco para o desenvolvimento de
DIC.
Segundo Loesche (1997), nos indivíduos que apresentam saúde bucal o
número de bactérias que entram na corrente sangüínea, via cavidade bucal é
pequeno e atua estimulando o sistema imunitário. Logo, numa higiene precária
ocorre um aumento de um a 10 vezes mais bactérias nas superfícies dentárias e na
placa subgengival, o que pode predispor à introdução de mais bactérias nos tecidos
e na corrente sangüínea, aumentando o número de leucócitos circulantes, iniciando-
se os eventos nas paredes dos vasos sangüíneos que resultam na formação de
ateromas.
Genco et al. (1998) relataram que estudos recentes demonstram uma
associação entre doenças da cavidade bucal, especialmente infecções periodontais,
e doenças sistêmicas, principalmente as DCV. Os autores discutem os fatores de
risco para ambas as doenças, tais como diabetes, infecções por HIV e tabagismo.
38
Estudos demonstram que a relação entre o Índice Dental, medido por cáries, DP e
lesões endodônticas, tem correlação positiva com as doenças cardíacas.
Dk (1998) relatou que os médicos têm observado que pacientes com
periodontite e com cardiopatia têm várias características em comum. Estudos
registraram que a doença do coração é a condição mais comumente encontrada em
pacientes com periodontite. Essas características, junto com o tipo de associação,
são escolaridade, (associação negativa), situação financeira (associação negativa),
idade (associação positiva), gênero (associação positiva), tabagismo (associação
positiva), consumo de álcool (associação positiva), hipertensão arterial (associação
positiva), estresse (associação positiva) e isolamento social (associação positiva).
Esses fatores de risco comuns indicam que as DP e as DCV podem dividir campo
etiológico comum. Uma análise verificou que, mesmo eliminando estes fatores, a
relação entre a doença cardíaca e higiene bucal deficiente persistia. Desta forma,
parece haver relação entre a severidade da infecção dentária e da doença
coronariana (MEALEY,1996 e 1999; KINANE; LOWE, 2000; BECK et al., 2000;
MATILLA et al., 2000; LOESCHE, 2000).
Scannapieco et al (1998) relataram que a associação entre a presença de
infecção periodontal e doenças cardiovasculares / infarto foi notada em pacientes
com doença periodontal e extenso risco em DCV fatais, mais do que em pacientes
sem DP. Infecções bucais surgiram para aumentar o risco de doenças da artéria
coronária no mesmo grau dos clássicos fatores de risco para DCV tais como idade,
tabagismo, diabetes, hipertensão e um triglicérides elevado. O resultado do estudo
de um caso-controle comparativo, cuja experiência recente de severas doenças
cardiovasculares com saúde equilibrada para idade, gênero, classe social, no qual
todos receberam avaliação clínica e radiográfica para infecções dentais (cáries,
39
doença periodontal, doença periapical e pericoronarites), sugeriu que pacientes com
história médica recente ou CVD apresentam mais infecções dentais do que com
saúde controlada.
Mattila et al. (2000) observaram o efeito da idade na relação entre
infecções dentárias e doença coronariana em um trabalho com 85 pacientes
diagnosticados com doença coronariana por exames clínicos, radiográficos
angiográfico e laboratorial (Colesterol total, HDL e triglicerídeos). Concluíram que os
indivíduos jovens que desenvolvem doença coronariana são os mesmos que
desenvolvem infecção dentária em idade precoce. Esses resultados exemplificam
como a posição de um fator de risco para uma dada doença pode mudar com
relação a idade de cada indivíduo isoladamente.
Emingil et al. (2000), em um estudo pioneiro para reportar a importância
da saúde periodontal em pacientes com diagnóstico agudo do miocárdio na
população da Turquia, avaliaram 120 pacientes, 60 com infarto agudo do miocárdio
e 60 com DCV. O grupo com infarto foi formado por 50 homens e 10 mulheres, com
média de idade de 53,8 ± 9,5 anos. O grupo com DCV foi formado por 42 homens e
18 mulheres, com média de idade de 58,5 ± 11,6 anos. Na avaliação dental foram
analisados profundidade de sondagem, presença de restaurações, perda de dente e
presença de placa; também foram coletadas amostras de sangue para analise de
colesterol total, triglicerídeos, lipoproteína de alta densidade, lipoproteína de baixa
densidade e glicemia. Observaram que a percentagem de sítios com sangramento à
sondagem, o número de sítios com PS 4mm, o número de restaurações, a
freqüência do tabagismo e os níveis de triglicerídeos no sangue foram
significativamente associados com o infarto no miocárdio agudo (p<0,05).
Concluíram que a DP pode estar associada ao infarto agudo do miocárdio.
40
Beck et al. (2000) verificaram a relação entre a percentagem de sítios com
PS 4mm e os níveis de proteína C reativa (PCR), identificando a existência de uma
relação positiva entre a PS e a presença de PCR no soro destes pacientes,
sugerindo que infecções periodontais podem contribuir para elevar esta proteína.
Concluíram que infecções periodontais podem contribuir para aterogênese e eventos
tromboembólicos por promoverem liberação acentuada de citocinas pró-
inflamatórias.
Wu et al. (2000) avaliaram 10.146 indivíduos através da análise do
colesterol e da proteína C-reativa e 4.461 na análise do fibrinogênio. Obtiveram
como resultado uma significativa associação entre os indicadores de DP com o
aumento nos níveis da proteína C-reativa e nos níveis de fibrinogênio. Concluíram
que a saúde periodontal precária está associada com níveis de colesterol total,
proteína C-reativa e fibrinogênio, justificando a ligação entre DP e DCV.
Genco et al. (2001) relataram que os efeitos das infecções periodontais
na cavidade bucal são bem conhecidos, contudo a mesma está associada com
efeitos sistêmicos no organismo humano, como a DCV. O paciente portador de DCV
apresenta uma lesão endotelial crônica e focal, seguida da formação de um ateroma
resultante do acúmulo de lipídios e uma proliferação de células. Esses lipídios,
principalmente LDL, têm um conteúdo de colesterol alto e são facilmente oxidados.
Ocorre uma interação de células endoteliais, macrófagos, linfócitos T e células do
músculo liso endotelial, em virtude da produção de citocinas, o que estimula a
proliferação do músculo liso na parede interna dos vasos, produzindo um ateroma
fibrogorduroso. Quando essa cápsula gordurosa se rompe, o interior do ateroma
fibrogorduroso fica exposto e ocorre a formação do trombo, que bloqueia a artéria,
podendo levar a uma isquemia do miocárdio e posterior infarto.
41
Herzberg (2001) propõe um papel dos agentes infecciosos na coagulação
sangüínea como um mecanismo de ligação entre a periodontite e as DCV. Este
mecanismo pode ocorrer de forma indireta através da elevação da atividade do Fator
Tecidual (Tissue Factor-TF) pelos monócitos e células endoteliais, causados pela
presença de substâncias pró-inflamatórias, lipídios oxidados, microrganismos e
produtos bacterianos, como os LPS. O TF ativa a cascata da coagulação através da
produção da trombina. A cascata da coagulação pode ser ativada também
diretamente por enzimas bacterianas, como as liberadas pelo P.gingivalis, capazes
de ativar os fatores IX e X. P. gingivalis e S sanguis demostraram capacidade de
induzir agregação plaquetária in vitro.
Oliveira (2001) realizou um estudo epidemiológico no Hospital das
Clínicas da Unicamp em 81 pacientes com cardiopatia isquêmica e avaliou se as DP
crônicas seriam possíveis indicadores de risco das síndromes isquêmicas agudas
(SAI). Concluiu que há evidencias da associação entre as duas patologias, pois ,
segundo resultados, ambas as doenças compartilham risco comuns.
Kartz et al. (2001) avaliaram associação do nível elevado de colesterol
com DCV E DP severa. Participaram do estudo 1.094 militares de Israel, com faixa
etária entre 26-53 anos. O exame incluiu as medidas de altura, de peso, pressão
sangüínea, colesterol, lipoproteína de alta densidade e lipoproteína de baixa
intensidade. A avaliação periodontal foi realizada através do CPITN o qual teve
como resultado código 4 para indivíduos com nível elevado de colesterol, levando
uma significativa associação com DCV.
Hyman et al, (2002) desenvolveram um estudo para entenderem o papel
do tabagismo na patogênese da DP e DCV. O estudo foi realizado com 5.285
pacientes, com idade de 40 anos ou mais, no qual foram encontradas uma
42
associação apenas entre perda de inserção periodontal e história de ataque do
coração em pacientes fumantes e que sofreram o ataque cardíaco na faixa etária de
25 a 50 anos. Indivíduos apresentando potentes fatores de risco para DCV podem,
então, ser mais suscetíveis aos efeitos de outros fatores de risco potenciais, como a
DP.
Genco et al. (2002) verificaram que a DP crônica leve acomete 75% dos
adultos nos EUA, sendo que o estado mais severo da doença atinge 20 a 30%
desse total. Como a DP é comum na população, pode ser responsável por uma
porção significante da associação proposta de infecção e risco para DCV. Exames
periodontais básicos apresentam plausibilidade biológica para esta associação.
Bactérias bucais foram encontradas em ateromas de carótidas e algumas podem
estar associadas com agregação de plaquetas.
Lorenzo e Lorenzo (2002) afirmaram que desde o início do século XX foi
estabelecido que lesões infecciosas situadas na cavidade bucal, principalmente a
periodontite severa, constituem fatores de risco para o desenvolvimento de
endocardite infeciosa. Estudos recentes têm sugerido que a DP severa predispõe a
patologias vasculares, como a arteriosclerose, que podem evoluir para isquemia e
IAM. Em função do aumento da vascularização e da ulceração do epitélio, bactérias
periodontopatógenas e seus produtos tóxicos, como as endotoxinas (LPS) das
Gram-negativas, podem alcançar a corrente sanguínea e instalar-se no endotélio
vascular, resultando em uma resposta inflamatória, com grande aporte de células de
defesa que liberam grandes quantidades de PGE2 e de várias citocinas, como as IL-
1, IL-6 e o TNF. Esses mediadores inflamatórios favorecem o acúmulo e a
penetração de monócitos e outros leucócitos na parede vascular, a proliferação da
musculatura lisa, a degeneração gordurosa e a coagulação intravascular, levando à
43
formação de trombos. Segundo esses mesmos autores, muitas amostras de S
Sanguis e de P.gingivalis são trombogênicas, portanto induzem ao acúmulo de
plaquetas e fibrina nas valvas cardíacas e, provavelmente, nas paredes vasculares.
É nesse contexto que devemos considerar a importância da
multifatoriedade da DP, especialmente em pacientes portadores de doenças
sistêmicas, mais especificamente em pacientes com DCV. As doenças sistêmicas,
de forma geral, parecem desempenhar um papel importante no desenvolvimento da
DP, podendo alterar sua expressão clínica (DeSTEFANO et al., 1993; MATTILA et
al., 1989, 1993; JOSHIPURA et al., 1996; BECK et al.,1996; MORRISON et al.,
1999; MEALEY, 1999).
O questionamento sobre a inversão dos papéis, ou seja, a DP interferindo
na evolução de doenças sistêmicas, tem levado alguns estudos epidemiológicos a
apontarem a DP como um possível fator de risco à saúde geral do indivíduo
(LOESCHE, 1994; BRAUNWALD, 1997; GENCO et al., 1998).
As DCV, em especial a aterosclerose e as doenças associadas à esta
como derrames, infartos e outros acidentes vasculares cerebrais, constituem a
principal causa de óbito, tanto nos Estados Unidos como também no Brasil (GENCO
et al., 1996; BRAUNWALD,1997; BECK et al., 1998; LOESCHE, 1999; FISCHER
2005).
Diante dessas evidências, esse trabalho tem como objetivo verificar a
prevalência da doença periodontal em pacientes portadores de cardiopatia
isquêmica assistidos no ambulatório do Hospital Universitário Professor Edgar
Santos da Universidade Federal da Bahia.
44
REVISÃO DE LITERATURA
45
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 PREVALÊNCIA DA DOENÇA PERIODONTAL
Epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes de estados
ou eventos relacionados à saúde em determinadas populações e aplicação deste
estudo no controle dos problemas de saúde. Esta é considerada uma ciência básica
de saúde pública. O que diferencia a prática de saúde pública da prática clínica é
que a prática de saúde pública dá ênfase à saúde de grupos populacionais,
enquanto a prática clínica se preocupa com a saúde de cada paciente
individualmente. Um periodontista pode atribuir a doença periodontal de um paciente
ao acúmulo de placa e cálculo (fatores que podem ser tratados na prática), enquanto
um profissional de saúde pública pode atribuir a alta prevalência de doença
periodontal em uma determinada população à baixa condição sócio-econômica ou à
falta de acesso a serviços de prevenção odontológica (BECK; ARBES, 2004).
Entretanto, a pesquisa epidemiológica na periodontite deve atender a
incumbência de fornecer dados sobre a prevalência de doenças periodontais em
46
populações diferentes, ou seja, a freqüência com que ocorrem bem como a
gravidade de tais condições (PAPAPANOU, 1996; PAPAPANOU; LINDHE,1999).
A prevalência é a proporção de pessoas em uma população que tem a
doença de interesse em um dado ponto ou período de tempo. A prevalência de uma
doença em um dado momento no tempo é o resultado da situação dinâmica entre a
adição de novos casos (incidência), que aumenta a prevalência e a remoção de
novos casos, seja por morte ou cura, que diminui a prevalência (BECK; ARBES,
2004).
2.2 PREVALÊNCIA DA DOENÇA PERIODONTAL NO EXTERIOR
Löe et al (1978) realizaram um estudo com duas amostras, uma com 565
estudantes e acadêmicos noruegueses e outra com 480 plantadores de chá do Sri
Lanka, com idades entre 16 e 30 anos, onde se realizou uma avaliação da presença
de placa, gengivite, cálculo, doença periodontal, perda de inserção clínica nas faces
mesial e vestibular de todos os dentes. No grupo da Noruega encontraram
excelentes condições de higiene bucal, quantidades pequenas de placa e gengivite,
sem bolsas profundas, perda de inserção média aos 30 anos < 1mm. No grupo do
Sri Lanka, higiene bucal precária, abundância de placa e cálculo, presença de perda
de inserção aos 16 anos, aumentando com a idade, perda de inserção clínica >
10mm (LINDHE,2005).
Em 1986 Baelum e colaboradores descreveram descobertas feitas em
estudos seccionais, relativa a placa dental, cálculos, gengivite, perda de inserção,
47
bolsas periodontais e perda da unidade dentária em uma população entre 30 e 69
anos de idade. Os indivíduos examinados exibiram grandes quantidades de placa e
cálculo, a ocorrência de bolsas mais profundas do que 3mm e de perda de inserção
> 6mm foi observada em menos de 10% das superfícies dentárias. Este estudo
ainda revelou que 75% das áreas de perda de inserção 7mm foram encontradas
em 31% dos indivíduos. Em um estudo semelhante realizado no Quênia os mesmos
pesquisadores (Baelum et al, 1988) analisaram uma amostra aleatória estratificada
de 1.131 indivíduos, entre 15 e 65 anos, na qual avaliaram boca completa;
mobilidade dentária, placa, cálculo, sangramento à sondagem e perda de inserção
clínica. Foram encontrados altos índices de placa (75 a 95%), cálculo (10 a 85%) e
gengivite. Entretanto, foram encontradas bolsas com profundidade 4mm em
menos de 20% das superfícies, perda de inserção clínica 1mm em 10 a 85% das
superfícies.
Yoneyama et al (1988) avaliaram a presença da doença periodontal,
perda de inserção clínica e recessão gengival, em uma amostra aleatória de 319
japoneses adultos com idades entre 20 e 79 anos. Os autores relataram que a
percentagem de sítios com bolsas profundas (> 6mm) era pequena, variando 0,2%
em indivíduos entre 30 e 39 anos e 1,2% em indivíduos entre 70 e 79 anos. A
percentagem de sítios com perda de inserção clínica > 5mm, afetou 1% das áreas
no grupo mais jovem e 12,4% das áreas no grupo dos mais idosos. Concluíram que
a doença periodontal severa foi mais prevalente e difundida entre os indivíduos
mais idosos.
Brown et al (1989) nos EUA em 1981, avaliaram a condição periodontal
em 7.078 indivíduos com idade 19 anos utilizando o Índice periodontal (IP)
(RUSSELL,1956). A severidade da doença foi estabelecida como sendo
48
periodontite moderada (profundidade de sondagem entre 4 – 6mm), periodontite
severa (profundidade de sondagem 4mm) estava presente em 36% da população
examinada. Periodontite avançada (bolsas periodontais 7mm) estava presente em
8% da população e foi encontrada em somente um ou dois dentes quando
presentes.
Brown et al. (1990) publicaram um estudo epidemiológico realizado nos
EUA em 1985-1986 com uma amostra de 15.132 indivíduos na idade de 18-64 anos.
Os parâmetros analisados foram: gengivite, recessão gengival e profundidade de
sondagem nos sítios mesial e bucal em dois quadrantes selecionados
aleatoriamente. Os resultados revelaram que a periodontite destrutiva avançada foi
comum na amostra. A gengivite foi encontrada em 44% dos indivíduos, diminuía
ligeiramente com a idade e ocorria em uma média de 2,7 sítios por indivíduo. As
bolsas periodontais de 4-6 mm foram medidas em 1,3% de todos os sítios avaliados,
ocorreram em 13,4% dos indivíduos e variou de 6% (18-24 anos) a 18% (55-64
anos), enquanto bolsas 7mm foram observadas em apenas 0,6% de todos os
indivíduos, sendo mais freqüente nos indivíduos de 55-64 anos. Perda de inserção
3mm estava presente em 44% dos indivíduos (aumentando com idade de 16% a
80%), afetando uma média de 3,4 sítios por indivíduo. Perda de inserção 5mm
ocorreu em 13% (2-35%) e 7,0 sítios por indivíduo.
Horning et al. (1990) avaliaram nos EUA uma amostra de 1984 indivíduos
atendidos em uma clínica odontológica de militares, na faixa etária de 13-84 anos
por meio da sondagem circunferencial e exame radiográfico em todos os dentes. Os
resultados obtidos foram de prevalência de gengivite de 37%, periodontite inicial
(profundidade de sondagem de 3 a 5mm) de 33%, periodontite moderada
49
(profundidade de sondagem de 5-7mm) de 14%, periodontite avançada (> 7mm) de
15% e menos de 0,1% dos indivíduos eram edêntulos.
Hugoson et al. (1992) realizaram na Suécia um estudo com duas
amostras aleatórias de 600 e 597 indivíduos com idade entre 20 e 70 anos,
examinados em 1973 e 1983, respectivamente. Foi realizado exame clínico e
radiográfico de boca completa. Com base nas descobertas clínicas e radiográficas,
os indivíduos foram classificados de acordo com a severidade da doença periodontal
em 5 grupos, onde o primeiro grupo incluía indivíduos com tecidos periodontais
quase sem doença e o quinto grupo com a doença na sua forma severa. O índice de
indivíduos edentados diminui durante o período de 10 anos de 11% para 8%. O
percentual de distribuição dos indivíduos nos cinco grupos em 1973/1983 foi: G1:
8%/23%; G2: 41%/22%; G3: 47%/41%; G4: 2%/11%; G5: 1%/2%. O aumento da
prevalência de indivíduos com a doença na sua forma severa deve-se,
aparentemente, ao aumento de indivíduos dentados nas idades avançadas.
Em 1993, Weyant e colaboradores realizaram estudos no EUA com
amostra de 650 residentes por longos períodos em clínicas de repouso, com idade
média de 72 anos. Foram realizadas sondagens nas superfícies mesial e vestibular
de todos os dentes. A amostra era composta predominantemente de homens
brancos, 42% dos indivíduos eram edentados, 60% dos indivíduos com doença
periodontal > 3mm em uma média de 5,8 áreas/pessoa; 3,7% com doença
periodontal > 6mm em < 1 área/pessoa (LINDHE 2005).
Albandar et al. (1999) realizaram um estudo nos EUA para avaliar a
prevalência da doença periodontal e a severidade em 9.689 dentados na faixa etária
entre 30 e 90 anos, de 1988 a 1994. Os resultados mostraram que a prevalência de
perda de inserção 3mm foi de 53,1%. Estimaram que aproximadamente 56,2
50
milhões de pessoas apresentam média de um terço dos dentes remanescentes
afetados com perda de inserção periodontal e a prevalência da doença aumentou
com a idade. Perda de inserção e periodontite destrutiva foram mais prevalentes em
homens do que em mulheres.
Nesse contexto, Beck e Arbes (2004) referenciaram um estudo que
avaliou o sangramento gengival em crianças de 14 a 17 anos dos Estados Unidos
da América, o que revelou uma prevalência de sangramento gengival de 61,5%,
essencialmente igual à relatada entre o grupo de 13 a 17 anos no estudo do 3º
experimento Nacional de Exame de Saúde e Nutrição (NHANES III) conduzido de
1988 a 1994. Os dois experimentos utilizaram o protocolo preconizado pelo NIDCR
(Instituto Nacional de Pesquisas Dentais e Craniofaciais), o qual consiste na
avaliação dos sítios vestibulares e mesiovestibulares dos dentes em dois quadrantes
selecionados aleatoriamente, um maxilar e um mandibular. Os resultados indicaram
uma diminuição na prevalência, de um máximo de 65% aos 14 anos para um mínimo
de 57% aos 17 anos. Na média por criança, 6% dos sítios avaliados tinham
sangramento gengival à sondagem.
Ainda os dados mais recentes sobre a prevalência da DP nos Estados
Unidos são do NHANES III (Third National Health and Nutrition Examination Survey),
do período de 1988 a 1994. A perda de inserção periodontal é extremamente
dependente do parâmetro escolhido. Para o parâmetro de perda de inserção>3mm,
a prevalência em pelo menos um sítio na boca foi de 53,1%. A prevalência de perda
de inserção aumentou constantemente com a idade, de 35,7% na faixa etária de 30
a 39 anos para 89,2% na faixa de 80 a 90 anos. De todas as unidades dentárias
analisadas, 19,6% tinham perda de inserção > 3mm e entre as pessoas com pelo
menos um sítio de perda de inserção > 3mm, uma média de 36,6% dos dentes
51
estavam afetados. Quando analisada a PS > 4mm, a prevalência foi de 23,1%, com
extensão média de 5,2% de dentes acometidos por pessoa. (BECK; ARBES, 2004).
2.3 PREVALÊNCIA DA DOENÇA PERIODONTAL NO BRASIL
O Ministério da Saúde (BRASIL) realizou em 1986 um levantamento
epidemiológico em saúde bucal, utilizando o ICNTP, constatando-se alta prevalência
da doença nas diversas faixas etárias. Trinta por cento da população entre 15 a 19
anos apresentava saúde periodontal, assim como 7% de indivíduos na faixa etária
de 50 a 59 anos. Vinte e dois por cento (35 a 44 anos) e 24% (50 a 59 anos)
apresentavam PS < 3 mm, como também 1% nas faixas entre 15 a 19 anos, 6%
entre 35 e 44 anos e 15% nos indivíduos de 55 a 59 anos apresentavam PS > 3mm.
Inferiu-se, então, que a DP constitui, na população brasileira, um problema de saúde
pública a ser considerado.
Em 2004, o projeto SB Brasil: Condições de Saúde Bucal da População
Brasileira 2002–2004, teve como objetivo geral produzir informações sobre as
condições de saúde bucal brasileira e subsidiar o planejamento – avaliação nessa
área nos diferentes níveis de gestão do SUS, contribuindo na perspectiva da
estruturação do sistema nacional de vigilância epidemiológica em saúde bucal. Um
dos objetivos específicos foi identificar, na amostra de 12,15 a 19, 35 a 44 e 65 a 74
anos, a prevalência da doença periodontal. Os aspectos da doença periodontal
foram analisados por meio das alterações gengivais (AG) e o Índice Periodontal
Comunitário (CPI). Como resultados, com relação a prevalência das alterações
52
gengivais, foram verificados sangramentos gengivais em crianças de 5 anos, durante
o exame clínico, nas diferentes macroregiões, demonstrando uma prevalência um
pouco mais elevada na região Norte (9,94%) e uma menor prevalência foi
encontrada na região centro-oeste (4,40%) sendo que o resultado geral foi de
92,48% com ausência de alterações gengivais. O Índice Periodontal Comunitário foi
considerado o maior escore de CPI por indivíduo com relação ao grupo etário. A
percentagem de pessoas sem nenhum problema periodontal nas faixas etárias de
15 a 19, 35 a 44 e 65 a 74 anos de idade foi respectivamente 46,2%, 21,9% e 7,9%.
Com relação ao sangramento o índice foi de 18,77%, 9,97% e 3,27% nas faixas
etárias de 15 a 19, 35 a 44 e 65 a 74 anos de idade, respectivamente. Quanto a
doença periodontal severa (bolsas periodontais) entre 4-5mm foi de 1,19%,7,86% e
4,45% nas faixas etárias de 15 a 19, 35 a 44 e 65 a 74 anos. Com relação a bolsas
periodontais de 6mm ou mais o índice foi de 0,15%, 2,12% e 1,85% nas faixas
etárias de 15 a 19, 35 a 44 e 65 a 74 anos. No que se refere ao índice de sextantes
excluídos, os percentuais foram 0,31%, 11,35% e 60,8% nas faixas etárias de 15 a
19, 35 a 44 e 65 a 74 anos. Observa-se um grande número de sextantes excluídos
nas faixas etárias de 35 a 44 e 65 a 74 anos. Nesta última faixa mais de 30% dos
sextantes examinados foram excluídos, ou seja, não apresentavam nenhum dente
presente ou apresentavam apenas um dente funcional, concluindo desta maneira
uma baixa prevalência da doença periodontal severa nestas faixas etárias.
2.4 PREVALÊNCIA DA DP X DCV
Nery et al. (1987) avaliaram a prevalência de doenças sistêmicas em
pacientes portadores de DP em 581 pacientes periodontais. Obtiveram informações
53
sobre o gênero, faixa etária e histórico médico. Na ficha médica foi verificada a
presença de comprometimento de vários sistemas, dentre eles: cardiovascular,
respiratório, muscular, neurológico, endócrino e imunitário. Constataram que a
prevalência da DP foi maior nos pacientes que portavam DCV em relação aos
demais grupos analisados.
Lima (2001) avaliou a condição periodontal de amostras populacionais de
portadores de doença isquêmica do coração (DIC) no Hospital de Messejana
(Fortaleza), verificando as razões das perdas dentárias e o quadro periodontal de 81
indivíduos, sendo 49 dentados parciais e 32 desdentados. Dos dentados, 37,5%
relacionaram o fato com DP e nos parcialmente dentados a DP foi verificada em
85,7%, observando-se uma alta prevalência da DP em pacientes portadores de DIC.
Bueno de Moraes et al (2004) relatou o estudo no qual foram investigadas
as condições sistêmicas e periodontais de 61 pacientes do Instituto Dante
Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, entre 40 e 75 anos de idade, portadores
de Insuficiência coronariana e com um mínimo de oito dentes. Utilizou o cruzamento
das informações constantes nos prontuários médicos com o Registro Periodontal
Simplificado (PSR). Verificou que 90% dos examinados apresentavam pelo menos
um dos conhecidos predisponentes para esse problema sistêmico e que a DP
mostrava um nível de comprometimento em aproximadamente 92% dos indivíduos,
os quais deveriam se submeter a um tratamento periodontal.
Barilli (2003) realizou um estudo com 58 pacientes cardiopatas
isquêmicos e 62 não cardiopatas, na faixa etária de 30 a 79 anos, no qual foi
investigada a prevalência e gravidade da doença periodontal, bem como de seus
fatores de risco. O resultado foi de 74,1% nas formas mais graves da doença
periodontal nos pacientes cardiopatas contra 20,2% dos não cardiopatas.
54
PROPOSIÇÃO
55
3 PROPOSIÇÃO
Avaliar a prevalência da DP em pacientes portadores de Cardiopatia
Isquêmica sob tratamento ambulatorial no Hospital Universitário Professor Edgard
Santos (HUPES), da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
56
METODOLOGIA
57
4 MATERIAIS e MÉTODOS
4.1 Material: População de Estudo
Foram investigados 145 indivíduos com diagnóstico médico de doença
isquêmica do coração (DIC) - sendo que dez indivíduos se recusaram a participar da
pesquisa - submetidos a tratamento cardiológico no Ambulatório de Cardiopatia
Isquêmica do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES), de ambos os
gêneros (masculino=78 e feminino=57), na faixas etárias entre 35 a 99 anos, no
período de outubro de 2002 a dezembro de 2003.
Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (ANEXO A).
O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética da Faculdade de
Odontologia (FOUFBA), em observância às normas descritas no seu Regimento
Interno, de acordo com a Resolução 196/96 do Ministério da Saúde (ANEXO B).
58
4.2 Método clínico.
4.2.1 Informações médicas e demográficas
As informações médicas obtidas diretamente (diabetes mellitus,
hipertensão, dislipidemia e sedentarismo) foram colhidas por meio do prontuário.
Considerou-se diabéticos os pacientes com nível de glicemia acima de
140mg/dl, segundo as orientações do corpo clínico do ambulatório.
Os pacientes foram classificados pelos médicos do ambulatório como
hipertensos quando o valor médio da pressão sistólica arterial em repouso era igual
ou superior a 140mmHg e/ou diastólica igual ou superior a 90 mmHg.
Os pacientes eram diagnosticados pelos médicos do ambulatório com
relação a dislipidemia quando o valor do colesterol total era superior ou igual a
240mg/dl.
Foram considerados sedentários indivíduos que não faziam nenhuma
atividade física extraordinária em pelo menos um dia da semana.
Para as informações médicas obtidas indiretamente, tal como a
classificação de pacientes portadores de Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC), ou
seja, a forma mais grave de DIC, foram considerados:
- Pacientes que faziam uso de Furosemida; Digoxina e Vasodilatadores
(captopril, hidralazina e nitrato);
- FE (Fração de ejeção do ventrículo esquerdo) no ecocardiograma <
50%.
59
4.2.2 Informações sobre hábitos
Os pacientes foram examinados e entrevistados pela pesquisadora,
buscando identificar o uso de meios auxiliares de escovação, freqüência de
escovação e tabagismo.
Visto ser o tabagismo fator ambiental que influencia no curso clínico, tanto
da DP quanto das DCV, foi indagado aos participantes sobre a conduta tabagista de
cada um. Para a classificação de tabagismo foram adotados critérios da ACADEMIA
AMERICANA DE CARDIOLOGIA–AHA (2001) como se encontra a seguir:
- Foram considerados tabagistas correntes os que efetivamente
fumavam e/ou os que haviam parado há menos de um ano;
- Os ex-fumantes, pacientes que deixaram de fumar em um período de
1 a 5 anos;
- Não tabagistas os que nunca fumaram.
4.2.3 Exame periodontal
4.2.3.1 Calibração
A examinadora foi calibrada examinando 20 pacientes adultos. A
mensuração do grau de reprodutibilidade intra-examinador foi realizada em dois
60
momentos distintos: o inicial e após 20 minutos do exame inicial. Analisando os
resultados observa-se que em 83,3% das comparações dos sítios mensurados,
(considerando as faces vestibular e palatina/lingual) o coeficiente Kappa foi superior
0,9, o que indica excelente calibração do examinador (SUSIN; RÖSING, 1999)
(ANEXO E).
4.2.3.2 Parâmetros clínicos periodontais
Esses dados foram anotados em ficha periodontal especialmente
elaborada para o estudo (ANEXO C).
Os Índices de Placa (IPL) e Gengival (IG), profundidade de sondagem e
nível de inserção clínica foram realizados por um mesmo examinador com a sonda
periodontal tipo Williams, modelo PCMDB, da marca Hu-Friedy (USA), espelho
clínico plano e pinça clínica.
O IPl e o IG foram registrados em quatro sítios: mesial, distal, vestibular e
lingual.
Índice de Placa (IPl) (SILNESS; LÖE,1964);
0 - sem placa na região gengival;
1 - sem placa visível a olho nu, mas visível na extremidade da sonda
periodontal após movê-la pela superfície na entrada do sulco gengival;
2 - a região é revestida por uma camada de placa fina a moderada; o
depósito é visto a olho nu;
61
3 - grande acúmulo de material mole, cuja espessura preenche o
nicho produzido pela margem gengival e superfície dentária; a região
interdental fica preenchida com partículas moles.
Índice Gengival (IG) (LÖE; SILNESS,1967)
0 - gengiva normal;
1 - leve inflamação, ligeira alteração de cor, ligeiro edema, não
apresenta sangramento à sondagem;
2 - moderada inflamação, vermelhidão, edema, sangramento à
sondagem;
3 - severa inflamação, intenso vermelhidão e edema, ulceração,
tendência a sangramento espontâneo.
Profundidade de Sondagem de bolsa/sulco (PS);
Nível de Inserção Clínica (NIC).
.
As medidas de PS e NIC foram tomadas em seis sítios por dente:
mesiovestibular, vestibular, distovestibular, mesiolingual, lingual e distolingual. Os
critérios e as medidas de PS e de NIC foram avaliados em todos os dentes.
A medida da PS bolsa/sulco foi registrada, significando a distância da
margem gengival à extensão mais apical de penetração da sonda no sulco/bolsa.
Para proceder à aferição da PS e NIC, coloca-se a sonda delicadamente
no sulco/bolsa gengival de cada face, até encontrar uma resistência tecidual mínima
à penetração. Neste momento, com a sonda colocada na posição mais paralela
62
possível ao longo eixo do dente, foi observada a marcação mais próxima da margem
gengival e esta medida foi anotada em ficha própria (ANEXO C). Quando a margem
gengival localizou-se entre duas marcas da sonda, adotou-se o valor inteiro da
marcação mais próxima. Quando a margem localizou-se a uma posição eqüidistante
de duas marcas foi considerada a maior.
O NIC foi obtido pelo somatório dos valores da PS e medidas de
recessão ou hiperplasia gengivais. No caso de uma recessão, o NIC é a soma dos
valores de PS de bolsa e da medida de recessão. No caso de uma hiperplasia
gengival é o somatório do valor positivo da PS com o valor negativo dado a
hiperplasia, ou seja, na prática representará a subtração do valor da hiperplasia
daquele atribuído à PS .
O critério clínico adotado para caracterizar a população com DP foi:
- Perda de inserção clínica 4 mm em quatro sítios ou mais
correspondente a bolsa periodontal = Presença de doença periodontal;
- Perda de inserção 4 mm em menos de quatro sítios; gengivite;
saúde = Ausência de doença periodontal;
3.2 Método estatístico
O todo estatístico consiste na análise da concordância intra-
examinador, prevalência da doença periodontal, da associação da doença
periodontal, parâmetros médicos, demográficos e de hábitos.
63
3.2.1 Análise da Concordância Intra-examinador
Para a análise da concordância entre os resultados no processo de
calibração utilizou-se a medida Kappa (medida de concordância que desconta do
cálculo anteriormente realizado a possibilidade dos resultados terem sido
coincidentes ao acaso).
3.2.2 Análise da prevalência da doença periodontal
Os dados foram coletados e digitados pela pesquisadora, criando-se um
banco de dados no Programa EpiInfo 6.0. Posteriormente, foram transportados para
o Programa Stata 6.0 para análise.
3.2.3 Análise da associação da doença periodontal, parâmetros médicos,
demográficos e de hábitos.
Foi utilizado o teste Qui-quadrado de associação e quanto ao nível
de significância estabeleceu-se o valor de 5%.
64
RESULTADO
65
5 RESULTADO
5.1 ANÁLISE DESCRITIVA
5.1.1 Dados médicos e demográficos
Na amostra de pacientes deste estudo, no que se refere a gênero,
verificou-se que a maioria foi do sexo masculino (57,8 %) contra um percentual de
42,2 % de pacientes do sexo feminino (Tabela 1).
A prevalência do gênero masculino acompanha os resultados estatísticos
da literatura, ou seja, consideravelmente superior a do gênero feminino para DCV. O
gênero também é reconhecido como determinante de risco para a DCV
(SYRJÄNEN, 1990).
66
São relatados dados de prevalência três vezes maiores para os homens
até os 50 anos, na população brasileira, em comparação com mulheres da mesma
idade.
Tabela 1 – Distribuição por Gênero
Gênero N %
Masculino
78
57,8
Feminino
57
42,2
Total
135
100
Dos 135 pacientes analisados neste estudo, observou-se que 96,3%
apresentavam idade superior a 40 anos. (Tabela 2).
Tabela 2 – Distribuição por Idade
Faixa Etária
N
%
Menos de 40 anos 5 3,7
40 - 49 22 16,3
50 - 59 42 31,1
60 -69 43 31,9
70 anos e mais 23 17,0
Total
135 100
67
A Tabela 3 apresenta os resultados para a variável raça, na qual verifica-
se que a amostra contém 28,9 % de brancos, 49,6% de negros e 21,5% de pardos.
Tabela 3 – Distribuição por Raça
Raça N %
Branca 39 28,9
Negra 67 49,6
Parda 29 21,5
Total
135 100
Os resultados relativos a estado civil revelam que, na amostra em estudo,
a maioria dos pacientes (77,8%) são casados, 11,1% estão viúvos, 7,4% são
solteiros e 3,7% estão separados, o que pode ser verificado na Tabela 4.
Tabela 4– Distribuição por Estado Civil
Estado Civil N %
Casado 105 77,8
Solteiro 10 7,4
Viúvo 15 11,1
Separado 5 3,7
Total
135 100
68
Observamos que dos 135 pacientes da amostra, 4 eram edêntulos totais
(3,0%) e 131 possuíam dentes (97,0%), conforme demonstrado na Tabela 5.
Tabela 5 - Edentulismo
Edentulismo N %
Dentado 131 97,0
Desdentado 4 3,0
Total
135 100
Na Tabela 6 estão os resultados referentes a sedentarismo. Nela
observa-se que 55% dos pacientes da amostra são sedentários e os demais 45%
realizam alguma atividade física.
Tabela 6 – Sedentarismo
Sedentarismo N %
Presente 74 54,8
Ausente 61 45,2
Total
135 100
69
Analisando os dados da Tabela 7, observamos que 87% da amostra
apresenta dislipidemia. Deve ser ressaltado que 4 indivíduos não apresentavam
estes dados informados no seu prontuário.
Tabela 7 – Freqüência de Dislipidemia
Dislipidemia N %
Presente 114 84,4
Ausente 17 12,6
Não informado 4 3,0
Total
135 100
Na Tabela 8 constam os dados da amostra referentes a hipertensão
arterial. Observa-se que 94,1 % dos pacientes analisados são hipertensos (n=127)
e os demais estão na categoria de normotensos.
Tabela 8 – Freqüência de Hipertensão Arterial
Hipertensão N %
Hipertenso 127 94,1
Normotenso 8 5,9
Total
135 100
70
Na Tabela 9 observa-se os resultados relativos à presença de diabetes na
amostra, verificando-se que 34,1% apresentavam essa doença.
Tabela 9 – Diabetes
Diabetes N %
Presente 46 34,1
Ausente 89 65,9
Total
135 100
No que se refere ao tipo de diabetes diagnosticada, observa-se na Tabela 10
que tipo 2 é o mais freqüente.
Tabela 10 – Tipos de Diabetes
Tipos de diabetes
N
%
Tipo 1 1 2,2
Tipo 2 45 97,8
Total
46 100
71
Dentre os 135 pacientes portadores de Doença Isquêmica do Coração
(DIC), observamos que 37 pacientes são também portadores de Insuficiência
Cardíaca Congestiva (ICC), o que representa 27,4% da amostra (Tabela 11).
Tabela 11 – Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC)
ICC
N
%
Presente 37 27,4
Ausente 98 72,5
Total
135 100
5.1.2 Dados sobre hábitos
Quanto à freqüência do uso de meios auxiliares, o percentual mais
elevado foi o da não utilização dos meios (83,7%), a respeito dos quais três
indivíduos não informaram . Estes dados são apresentados na Tabela 12.
Tabela 12 – Meios auxiliares de escovação
Meios
auxiliares
N
%
Usa 19 14,1
Não usa 113 83,7
Não informado 3 2,2
Total
135 100
72
Quanto à freqüência de escovações diárias, o percentual mais elevado foi
o de duas vezes ao dia (52,6%). Estes dados são apresentados na Tabela 13.
Tabela 13 – Freqüência de higiene bucal - Escovação
Número de escovação N %
1vez / dia 18 13,3
2 vezes / dia 71 52,6
3 vezes / dia 44 32,6
4 vezes / dia 2 1,5
Total
135 100
Na distribuição dos indivíduos quanto ao tabagismo, 6,7% são tabagistas,
23,7% nunca fumaram e 69,6% são ex-tabagistas, conforme os dados da Tabela 14.
Ressalte-se que o tabagismo é considerado um dos três principais fatores de risco
para a doença cardiovascular (ROSS, 1986, 1999).
Tabela 14 – Tabagismo
Tabagismo N
%
Fuma 9 6,7
Nunca fumou 32 23,7
Ex-fumante 94 69,6
Total
135 100
73
5.1.3 Dados dos parâmetros clínicos periodontais
Na amostra analisada pode-se observar que o Índice de Placa de grau
três (placa abundante) é o mais freqüente (38,2%). Os dados referentes a IPL
encontram-se na Tabela 15.
Tabela 15– Índice de Placa (IPL)
Índice de Placa
N
%
IPL 0 16 12,2
IPL 1 21 16,0
IPL 2 44 33,6
IPL 3 50 38,2
Total
131 100
Os resultados da amostra demonstram que 38,9% dos pacientes
apresentavam grau 2 de índice gengival (IG), o que corresponde à placa visível.
Verificam-se esses dados na Tabela 16.
Tabela 16 – Índice Gengival (IG)
Índice Gengival N %
IG 0 25 19,1
IG 1 30 22,9
IG 2 51 38,9
IG 3 25 19,1
Total
131 100
74
Os resultados e análises apresentados a seguir (Tabela17) são referentes
aos dados obtidos através dos parâmetros clínicos periodontais. Foram excluídos
da avaliação os indivíduos edêntulos, ou seja, a amostra teve seu n reduzido,
passando a ter 131 pacientes. Desses, 55,7% apresentaram Doença Periodontal,
conforme critérios apresentados anteriormente na metodologia.
Tabela 17 – Doença Periodontal
Doença Periodontal N %
Presente 73 55,7
Ausente 58 44,3
Total
131 100
5.2 ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO
Os resultados a seguir referem-se as prevalências da doença periodontal
na amostra analisada, levando em consideração as características da amostra
(análise estratificada).
Analisando a prevalência de doença periodontal em relação ao gênero,
verifica-se que apesar de mais freqüente em homens (prevalência de 57,7% nos
75
homens versus 52,8% nas mulheres), essa diferença não foi estatisticamente
significante (p=0,582) (Tabela 18).
Tabela 18 – Doença periodontal de acordo com Gênero
Gênero N %
Masculino 45 57,7
Feminino 28 52,8
p=0,582
Associando DP de acordo com a idade (tomamos 60 anos como idade de
corte), verificou-se uma prevalência da doença periodontal de 58,8% entre pacientes
na faixa etária de menos de 60 anos. Entretanto a diferença entre as faixas etárias
não foi estatisticamente significante (p=0,458) (Tabela19).
Tabela19 – Doença periodontal de acordo com Idade
Idade
( anos)
N %
Menos de 60
40
58,8
60 e mais anos
33
52,3
p=0,458
76
Na amostra analisada verificou-se que raça não apresenta uma
associação significante com a doença periodontal (χ
2
=0,2075 ), embora observe-se
58,6% de doença periodontal em indivíduos com raça parda (p=0,901) (Tabela 20).
Tabela 20 – Doença periodontal de acordo com Raça
Raça N %
Branca 21 56,8
Negra 35 53,9
Parda 17 58,6
p =0,901
Na amostra analisada verificou-se que o estado civil não apresenta uma associação
significante com a doença periodontal (χ
2
=2,0613), embora observe-se 71,4% de
doença periodontal em indivíduos viúvos (p=0,560) (Tabela 21).
Tabela 21 – Doença periodontal de acordo com estado civil
Estado civil N %
Casado 56 54,9
Solteiro 5 50,0
Viúvo 10 71,4
Separado 2 40,0
p =0,560
77
Nos dados da amostra com relação à associação entre DP e
sedentarismo, foi constatada uma prevalência da DP de 56,9% em indivíduos
sedentários. Utilizando o teste do Qui-quadrado de associação ao nível de 5% de
significância, comprovou-se que não existe uma associação significante do
sedentarismo com a DP (χ
2
=0,0963 e p=0,756) (Tabela 22).
Tabela 22 – Doença periodontal de acordo com sedentarismo
Sedentarismo N %
Presente 41 56,9
Ausente 32 54,2
p=0,756
Com relação à prevalência da doença periodontal em pacientes com
dislipidemia (53,9%), observou-se que não existiu uma associação estatisticamente
significante (χ
2
=1,0125 e p=0,314) (Tabela 23).
Tabela 23– Doença periodontal de acordo com dislipidemia
Dislipidemia N %
Presente 61 53,9
Ausente 12 66,6
p =0,314
78
Analisando a prevalência da doença periodontal em pacientes com
hipertensão arterial (55,3%) e normotensos (62,5%), verificou-se que os valores não
foram estatisticamente significantes (χ
2
=0,1585 e p=0,691) (Tabela 24).
Tabela 24 – Doença periodontal de acordo com hipertensão
Hipertensão N %
Hipertenso 68 55,3
Normotenso 5 62.5
p =0,691
Neste estudo observamos uma elevada prevalência da doença
periodontal em pacientes com Diabetes (69,6%). Nossos achados revelaram uma
associação estatisticamente significante entre diabetes mellitus e doença periodontal
(p< 0,05)(χ
2
=5,5040) (Tabela 25).
Tabela 25 – Doença periodontal de acordo com diabetes
Diabetes N %
Presente 32 69,6
Ausente 41 48,2
p=0,02
79
Em relação Insuficiência cardíaca congestiva (ICC), uma forma mais
grave da doença isquêmica do coração (DIC), encontrou-se uma forte associação
entre doença periodontal e ICC, conforme mostra a Tabela 26 (p< 0,001) (χ
2
=13,4368).
Tabela 26 – Doença periodontal de acordo com ICC
ICC N %
Presente 30 81,1
Ausente 43 45,7
p < 0,001
5.2.1 Análise da associação com hábito
Na amostra, analisando a prevalência da doença periodontal em relação
aos meios auxiliares, verificou-se mais freqüente a utilização dos meios auxiliares
(66,6%), apesar deste resultado não ser estatisticamente significante (χ
2
=1,0125 e
p=0,314)(Tabela 27).
Tabela 27 – Doença periodontal de acordo com os meios auxiliares
Meios Auxiliares N %
Sim 12 66,6
Não 61 53,9
p =0,314
80
Na amostra, analisando a prevalência da doença periodontal em relação a
escovação, verificou-se as freqüências de 1 vez/dia (53,3%), 2 vezes/dia (57,1%), 3
vezes/dia (52,2%) e 4 vezes/dia (100,0%), apesar deste resultado não ser
estatisticamente significante (χ
2
= 1,8934 e p=0,595)(Tabela 28).
Tabela 28 – Doença periodontal de acordo com escovação
Número de escovação N %
1vez / dia 8 53,3
2 vezes / dia 40 57,1
3 vezes / dia 23 52,2
4 vezes / dia 2 100,0
Na amostra, analisando a prevalência da doença periodontal em relação
ao tabagismo, verificou-se que apesar de mais freqüente em fumantes e ex-
fumantes (58,4%), este resultado não foi estatisticamente significante (χ
2
= 1,2941 e
p= 0,255) (Tabela 29).
Tabela 29 – Doença periodontal de acordo com Tabagismo
Tabagismo N %
Fuma / Ex-fumante 59 58,4
Nunca fumou 14 46,7
p =0,255
81
5.2.3 Análise da associação com parâmetros clínicos periodontais
Considerando o Índice de placa nos paciente analisados, a prevalência
da DP foi de 82,0% para aqueles com grau 3 de IPL (placa abundante). Verificou-se
uma associação significante entre IPL e DP ( χ
2
=46,6950 e p < 0,001) (Tabela 30).
Tabela 30– Doença periodontal de acordo com IPL
Grau de IPL N %
0 00 0,0
1 04 19,0
2 28 63,6
3 41 82,0
p < 0,001
82
Quanto ao Índice Gengival, na amostra analisada a prevalência da DP foi
de 88,0%, considerando grau 3 (sangramento espontâneo). Como esperado, houve
uma elevada correlação (associação) entre IG e prevalência de DP (p < 0,001) (χ
2
= 45,7092).
Tabela 31 – Doença periodontal de acordo com IG
IG N %
0 04 16,0
1 08 26,7
2 39 76,5
3 22 88,0
p < 0,001
83
DISCUSSÃO
84
6 DISCUSSÃO
A elucidação dos mecanismos que compõem a etiopatogênese da DP e
da sua possível correlação com doenças sistêmicas (GENCO et al, 1998) tem
conferido os fundamentos científicos para inúmeras análises desenvolvidas em
diversas populações mundiais.
A resposta inflamatória característica da DP possui marcadores como os
mediadores inflamatórios que aumentam o processo da aterogênese
(SCANNPIECO, 1998), tornando-a mais um fator de risco ambiental para DCV
(GENCO et al., 1998), a qual é uma patologia multifatorial, com alguns dos fatores
de risco já confirmados e outros ainda por se estabelecer (KINANE; LOWE,2000).
Beck et al. (1990,1996 e 1998) relataram que a associação entre DP e
DCV pode ser devido ao padrão de resposta inflamatória subjacente às duas
entidades e que devem estar associados à predisposição genética. Esses autores
realizaram um estudo, entre 1968-1971, no qual foi mensurada a PS dos sítios
dentários no tempo inicial e dezoito anos depois, com o escopo de elucidar tal
associação. Verificaram que nos pacientes com ausência de doença sistêmica, a
DP precedeu o desenvolvimento da DIC, reforçando positivamente a possível
influência de uma patologia sobre a outra. Os dados obtidos, portanto, indicam que
quanto maior a perda de inserção, ou seja, a severidade da DP, maior a sua
85
correlação com a DIC, constatação corroborada por Beck e colaboradores (2000) e
Matilla e colaboradores em 1989.
Dentro deste contexto, o presente estudo mostra igualmente elevada
prevalência de doença periodontal em pacientes com doença isquêmica do coração,
em especial naqueles que desenvolveram Insuficiência Cardíaca Congestiva, forma
mais grave da doença.
Na presente análise, a possível influência de fatores de risco comuns às
duas patologias também foi investigada, tendo sido levantados dados relativos à
idade, gênero, tabagismo, raça, estado civil, prática de higiene bucal, sedentarismo,
presença de dislipidemias e hipertensão. Importante ressaltar que todos os
indivíduos incluídos na amostra já apresentavam diagnóstico de DIC prévio ao
experimento, característica que os tornaram elegíveis para a participação nesse
estudo, cujo objetivo principal é a avaliação da prevalência de DP em pessoas com
cardiopatia sintomática.
Assim, quando analisado o gênero, se masculino ou feminino,
encontramos uma freqüência maior do gênero masculino (57,8% do total da
amostra) com DIC. Desses, 57,7%, ou seja, mais da metade, portavam
adicionalmente DP, estando os achados, assim, coerentes com os estudos de
Syrjänen, 1990; Mattila, 1993; Paunio et al., 1993; Destefano et al., 1993;
Offenbacher et al., 1996. A DP tem sido relatada como mais prevalente ou mais
grave em homens do que em mulheres, na mesma faixa etária. Genericamente, os
homens tendem a higienizar menos a cavidade bucal e suas visitas aos consultórios
odontológicos são menos regulares (GENCO, 2002). Dados como esses ilustram o
comportamento masculino frente às questões relacionadas à saúde bucal,
especificamente a DP e, mais amplamente, aos protocolos que envolvem a
86
prevenção de DCV. Em adição, estudos que analisam o efeito hormonal,
particularmente o efeito do estrógeno na mulher, o qual constitui fator protetor contra
perda óssea periodontal, podem nos ajudar a entender um pouco, mas não de forma
definitiva, porque tem sido relatado que a DP é mais severa no homem (GENCO,
2002).
Analisando a prevalência da doença periodontal em relação a faixa etária,
verificou-se que apesar de mais freqüente na faixa menor que 60 anos (58,8%), não
foi estatisticamente significante a associação da idade com doença periodontal.
Observe-se que na amostra geral dos pacientes (n=135) com cardiopatia isquêmica,
a faixa etária que apresentou uma percentagem maior foi de 60 a 69 anos (31,9%).
Em contraposição, existem estudos que indicam ser a prevalência da DP
e DCV maior entre indivíduos na faixa etária 60 ou mais anos (GENCO et al., 2002),
sendo que para Williams (1998) está bem estabelecido que a prevalência da DP
aumenta com a idade.
Entretanto, não está claro se a doença é resultado de acúmulo de lesões
periodontais durante os anos, ou se a susceptibilidade aumentada dos idosos
desenvolve a doença. Sabe-se, ademais, que a redução na capacidade cognitiva e
na função motora do indivíduo idoso, associado à utilização de medicamentos e
também o possível impacto da existência simultânea de doenças sistêmicas,
especialmente DCV, vulnerabilizam esse grupo etário, tornando-os, por conseguinte,
mais susceptíveis às seqüelas da DP.
Quanto aos pacientes cardiopatas e portadores de DP segregados de
acordo com a raça, apesar de detectar-se maior freqüência de indivíduos da raça
parda (58,6%), este índice foi apenas ligeiramente superior ao da raça branca
87
(56,8%), não se identificando, desta forma, uma associação significante entre raça e
doença periodontal.
Esse dado se contrapõe ao estudo de Kinane e Lowe, em 2000, o qual
encontrou uma predominância da raça branca nos indivíduos portadores de DP. No
nosso estudo ocorreu uma ligeira predominância de indivíduos da etnia parda, que
pode ser atribuída à sua maior prevalência no Estado da Bahia. Muitos estudos, no
entanto, são necessários para que seja assegurado, de forma definitiva, o papel
relativo da raça e etnia, unicamente, no estabelecimento tanto da DP quanto da DIC.
Quanto à distribuição da amostra por estado civil, verifica-se que 77,8%
estão casados; entre os solteiros representam 7,4%, viúvo 11,1% e 3,7%. A
associação dos pacientes cardiopatas e doença periodontal com estado civil não
apresentou resultado significante, embora observou-se 71,4% de doença periodontal
em indivíduos viúvos e 54,9% nos casados.
Dos 135 participantes da amostra inicial, apenas 3% eram indivíduos
edêntulos. Destefano et al. (1993), Paunio et al.(1993) e Loesche (1994) relataram
que a associação de edentulismo com a DCV pode ser explicada pela presença de
DP e cáries prévias. A perda dentária pode estar indiretamente relacionada ao
aumento do risco para DCV, principalmente porque talvez demonstre a falta de
acesso aos serviços básicos de saúde, assim como o desconhecimento de medidas
preventivas que inviabilizem a instalação das duas doenças. Adicionalmente,
apresenta-se como um aspecto importante na medida em que, por meio de uma
anamnese judiciosa, os pacientes podem relatar a respeito do diagnóstico clínico
que conduziu ao edentulismo e, com isso, fornecer dados que podem vir a relacioná-
lo com a existência de DP pregressa.
88
Na amostra analisada, a associação entre doença periodontal e
sedentarismo foi de 56,9%, verificando-se que essa associação não foi
estatisticamente significante (p=0,756). O sedentarismo é tido como fator de risco
da doença isquêmica do coração, pois dentre outros benefícios a atividade física
controla o Diabetes Mellitus e a hipertensão arterial (ENGEBRETSON et al.,1999).
A dislipidemia é o fator de risco mais predominante para o
desenvolvimento da ateroclerose e de suas complicações cardiovasculares (ROSS,
1999) e os dados obtidos durante a análise do prontuário revelaram a sua ocorrência
em 84,4% dos indivíduos pertencentes a amostra geral e a sua freqüência em 53,9%
dos pacientes também portadores de DP. Todos os pacientes da nossa amostra,
por serem matriculados no ambulatório de cardiopatia isquêmica, têm sua dieta
individualizada e prescrita por um endocrinologista. Sabe-se que dieta rica em
gordura induz a elevação de LDL, o que, em conjunção com um fenótipo
hiperinflamatório e na presença de processo infeccioso, pode influenciar a resposta
dos monócitos do sangue, estimulando a secreção de citocinas inflamatórias e, de
maneira comum, exacerbar a severidade da DP e DCV (BECK et al., 1998; 2000).
A Hipertensão Arterial não esteve associada, de forma significante, à DP
(χ
2
=0,1585 e p=0,69), muito embora a sua morbidade esteja amplamente implicada
no curso clínico do Diabetes Mellitus e das patologias coronarianas (MEALEY, 1996;
1999), ambas com achados significantes e positivos para a doença periodontal no
nosso trabalho, como veremos posteriormente nessa discussão.
A maior parte das evidências clínicas epidemiológicas indicam que há
maior prevalência, maior severidade e progressão mais rápida da DP em indivíduos
portadores de Diabetes Mellitus, tipos 1 e 2 (ENGEBRETSON et al, 1999). Alguns
dos pesquisadores demonstraram que indivíduos diabéticos com pobre controle
89
glicêmico, quando comparados aos bem controlados, ao longo dos anos,
apresentaram perda de inserção clínica e perda óssea significativamente maiores.
As pesquisas referentes à relação existente entre Diabetes Mellitus e DP foram
focadas nas mudanças vasculares dos tecidos periodontais (microangiopatia
gengival), na resposta do hospedeiro, com hipofunção dos granulócitos, na redução
da produção de colágeno e aumento da atividade da colagenase gengival, na
mudança da microbiota subgengival e na concentração de glicose no fluido gengival.
Esses estudos fornecem informações básicas sobre mecanismos biológicos
importantes que ocorrem no Diabetes Mellitus e afetam de forma prejudicial a saúde
periodontal. Para Genco (1993;1996), o Diabetes Mellitus é um fator de risco
ambiental para DP e, também, para DCV (SYRJÄNEN, 1990).
Da amostra geral, 34,1% dos indivíduos participantes apresentavam
simultaneamente Diabetes Mellitus e DIC. A freqüência de doença periodontal entre
os diabéticos (69,6%) foi 1,4 vezes maior que entre os não diabéticos (48,2%),
inferindo-se, por conseguinte, existir uma associação significante entre Diabetes
Mellitus e DP (χ
2
=5,5040 e p< 0,02).
A associação epidemiológica entre DP e Diabetes Mellitus pode ser o
resultado de pelo menos duas vias patogênicas similares. A primeira via refere-se à
relação causal direta em que alterações metabólicas implicadas na hiperglicemia e
na hiperlipidemia agem sobre a patogênese de complicações do Diabetes Mellitus e
como modificadores da expressão da DP. A segunda via age, alternativamente, pela
presença de eventos patológicos (exemplo: inflamatórios, infeciosos) associados ou
combinação genética eventual, que sob condições ambientais de estresse pode
tornar o indivíduo susceptível as duas doenças (CÔRTES et al., 2005).
90
A grande maioria dos estudos com pacientes diabéticos e doença
periodontal, em especial do tipo 2, diz respeito a um grupo populacional altamente
específico, representado por índios da tribo Pima, da reserva do Rio Gila, no
Arizona. Esses indivíduos têm uma predisposição genética para manifestação
dessa alteração, apresentando prevalência extremamente elevada para Diabetes
Mellitus não-insulino-dependente, a qual afeta cerca de 50% dos indivíduos adultos
acima de 40 anos. Porém, segundo Egbert e colaboladores em 1999, os mesmos
que relataram a análise supracitada, é preciso considerar as peculiaridades
comportamentais, incluindo dieta e higiene, e sócio-econômicas desta população.
No entanto, alguns outros estudos envolvendo pacientes portadores de Diabetes
Mellitus (TAYLOR, 2001; SOSKOLNE; KLINGER, 2001; LALLA et al., 2001;
DONAHUE; WU, 2001; IACOPINO, 2001; GROSSI, 2001; LAMSTER; LALLA, 2001)
confirmaram os achados encontrados com aquele grupo especifico, ou seja, perda
de inserção significativamente maior entre indivíduos portadores de Diabetes
Mellitus do que entre indivíduos não-diabéticos, o que vem corroborar os nossos
achados relativos à associação entre Diabetes Mellitus e DP.
Dentre os 135 pacientes portadores de Doença Isquêmica do Coração
(DIC), observamos que 37 pacientes são também portadores de Insuficiência
Cardíaca Congestiva (ICC), o que representa 27,4% da amostra.
A Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) é uma condição cardíaca
crônica na qual o bombeamento do coração está falhando. Quando o coração está
deficiente, o sangue começa a se acumular nos pulmões ou no corpo. O coração
tentará compensar aumentando o índice de concentração e alongamento do
músculo para acomodar um volume maior de sangue e para contrair mais força e
ejetar mais sangue. Uma quantidade menor de sangue circula, porque quando bate
91
mais rápido, o coração tem menos tempo para encher novamente, enquanto o
esforço extra aumenta a demanda do músculo cardíaco por oxigênio. Quando esta
necessidade não é sanada, os ritmos do coração podem torna-se anormais (arritmia)
e levarem ao óbito. Os sintomas incluem cansaço anormal, fôlego curto (dispinéia),
respiração ofegante, edema nas pernas e tornozelos, micção freqüente, edema
pulmonar dentre outros.
No momento da associação de pacientes cardiopatas e doença
periodontal com Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC), encontrou-se um forte
resultado estatisticamente significante entre doença periodontal e ICC (81,1%).
Entretanto, com relação aos hábitos de higiene bucal, neste estudo
podem não refletir a realidade de cada indivíduo, associado ao fato que o
desempenho pode não produzir a eficiência planejada para a remoção do biofilme
dental e que muitos ao serem questionados sejam omissos com receio de não
estarem de acordo com os conceitos de promoção e prevenção em saúde bucal.
Analisando a prevalência da doença periodontal em relação aos meios
auxiliares, constatou-se, por meio dos questionários, uma maior freqüência do uso
de meios auxiliares (66,6%), apesar deste resultado não ser estatisticamente
significante.
A freqüência de escovação nos pacientes com cardiopatia e doença
periodontal, não foi um resultado estatisticamente significante, no qual verificou-se
uma freqüência de 1 vez /dia (53,3%), 2 vezes/dia (57,1%), 3 vezes/dia (52,2%) e 4
vezes/dia (100,0%).
Quanto ao tabagismo, evidências indicam existir uma relação entre o
hábito de fumar e as doenças periodontais (GENCO, 1996; KINANE; LOWE, 2000).
Segundo Genco (1996), que verificou a prevalência de DP entre tabagistas e não
92
tabagistas, 56% dos não adictos apresentavam saúde periodontal e 7,5% doença
periodontal grave, e entre os adictos apenas 9,2% apresentavam saúde periodontal.
No nosso estudo, dentre os 135 componentes da amostra inicial, ou seja,
portadores de DIC, 23,7% nunca fumaram, 69,6% relataram ser ex-fumantes e 6,7%
fumantes correntes. Dessa amostra investigada, 73 eram também portadores de
doença periodontal. Quando avaliada a freqüência de indivíduos fumantes/ex-
fumantes entre os pacientes cardiopatas e com DP foi obtido o valor de 58,4% e a
freqüência de indivíduos cardiopatas e portadores de DP que nunca fumaram foi de
43,3%. Este resultado não foi estatisticamente significante. Muito embora não tenha
sido contabilizado o consumo diário de cigarros pelos fumantes, assim como pelos
ex-fumantes e, em adição, o lapso de tempo desde a descontinuidade do
hábito/vício até o momento da investigação, percebe-se claramente que, de forma
muito provável, o tabagismo interferiu negativamente na saúde sistêmica dos dois
grupos, fumante e ex-fumante, haja vista a sua elevada freqüência na amostra
portadora de ambas as patologias.
Quando examinados os 73 pacientes portadores de DP, observou-se que
41 deles, ou seja, mais da metade do n amostral, apresentavam achados
correspondentes ao grau 3 do Índice de Placa (IPL), o qual significa presença de
placa abundante em 82% dos sítios dentários. Ainda, 22 integrantes da amostra
portadora de DP apresentaram Índice gengival (IG) grau 3, ou seja, 88,0% dos sítios
dentários apresentaram sangramento espontâneo. Apesar da maioria da amostra
total, ou seja, 52,6%, responderem que fazem escovação dentária 2 vezes ao dia, os
valores de IPL e IG indicam, possivelmente, a inadequação de medidas básicas de
higiene bucal ou, ainda, a impossibilidade de sua realização adequada por
inabilidade motora, comum na faixa etária acima dos 60 anos. A associação entre
93
DP e higiene bucal inadequada é sugerida por Destefano et al. (1993) e Mattila et al.
(1993). É sabido que a higiene bucal deficiente favorece ao acúmulo bacteriano e,
por conseguinte, eventos recorrentes de bacteremia e, dessa maneira, interfere na
elevação de células brancas e de fibrinogênio no plasma sangüíneo (KWEIDER et
al., 1993; SOCRANSKY; HAFFAJEE, 1992; LOWE, 2001). Além disso, acentua o
fenótipo hiperinflamatório do hospedeiro, pela intenso desafio bacteriano e
conseqüente produção de mediadores inflamatórios, tais como CRP, TNF- α, e PGE
2
(OFFENBACHER et al., 1996).
Apesar da contribuição inicial deste estudo em demonstrar alta freqüência
de doença periodontal em pacientes com doença isquêmica do coração e
freqüências ainda mais elevadas nos pacientes portadores de Insuficiência Cardíaca
Congestiva ou Diabetes Mellitus, está claro que novos estudos são necessários para
um maior esclarecimento dos possíveis imbricamentos entre doença periodontal e
doença isquêmica do coração.
94
CONCLUSÕES
95
7 CONCLUSÕES
1. A prevalência da DP em pacientes portadores de Cardiopatia Isquêmica sob
tratamento ambulatorial no Hospital Universitário Professor Edgard Santos
(HUPES), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), foi de 55,7% e de 81,1%
para pacientes portadores de Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) decorrente
de cardiopatia isquêmica;
2. A prevalência da DP foi 1,5 vezes maior nos indivíduos com ICC, quando
comparada com a prevalência obtida nos indivíduos acometidos por cardiopatia
isquêmica sem ICC;
3. Diabetes Mellitus, dentre todos os fatores de risco analisados, foi o que
apresentou maior associação com doença periodontal;
4. A taxa percentual de 81,1%, representativa da prevalência da DP em pacientes
portadores de Cardiopatia Isquêmica, no seu quadro mais grave, ou seja,
Insuficiência cardíaca congestiva (ICC), reforça as evidências da existência de
possíveis fatores etiopatogênicos comuns entre essas patologias, os quais
podem ser mediados por fenômenos inflamatórios.
96
ABSTRACT
97
ABSTRACT
Periodontal disease (PD) is a chronic infectious disease that affects
periodontal tissues and is the second major cause of dental loss in adults over 40,
preceded only by caries as an important problem of collective oral health in Brazil. In
recent years, several researchers have found evidence linking periodontal disease
with an increased risk for atherosclerosis, irrespective of other risk factors for
cardiovascular disease, thus encouraging the authors to develop this research. This
cross section study was designed to assess the prevalence of periodontal disease in
patients attended at the Ischemic Coronary Disease Outpatient Clinic of the
Professor Edgard Santos University Hospital of the Federal University of Bahia
(HUPES). The sample comprised 135 individuals (78 men and 57 women), ranging
from 35 to 99 years old. The research data were obtained in stages: medical record
reading, questionnaires answered by patients and periodontal examination. The
Gingival Index (LÖE & SILNESS, 1963), Plaque Index (SILNESS & LÖE, 1964),
Probing Depth (PD), and the Clinical Attachment Loss (CAL) were investigated as
clinical parameters for periodontal assessment. The findings showed that the
prevalence of periodontal disease in patients with ischemic cardiopathy at HUPES
was 55.7%. The presence of periodontal disease among patients with Congestive
Heart Failure (CHF) was 1.5 times higher (p< 0.001), and among diabetic patients, it
was 1.4 times higher (p= 0.02) than in patients with ischemic cardiopathy and no
diabetes. Thus, the findings of this study contribute to strengthening the evidence
indicating that there may be common etiopathogenic factors between periodontal
disease and ischemic heart disease.
KEY WORDS: Periodontal diseases, coronary heart disease, risk factors, Gingival
Index, Plaque Index, prevalence, ischemic cardiopathy, Clinical Attachment Loss.
98
REFERÊNCIAS
99
REFERÊNCIAS
ALBANDAR, J.M. et al. Destructive periodontal disease in adults 30 years of age and
older in the United States, 1988-1994. J periodontol, Chicago, v.70, n.1, p.13-29,
Jan, 1999.
AMERICAN HEART ASSOCIATION. Smoking Cessation [online]. Disponível em:
<http://www.americanheart.org/heart> and stroke A Z guide/.html. Acesso em:
08june2001
ANDRADE, E. et al. Prevenção da Endocardite Bacteriana - Novas Recomendações
da American Heart Association. Revista da APCD, v.52,n.5, p. 353-357, 1998.
ARMITAGE, G. Periodontal Diseases: Diagnosis. Ann Periodontol, v 1, p 37-215,
1996.
______. Development of a classification system for periodontal diseases and
conditions. Ann Periodontol, v 4., n 1. p.1-6, Dec, 1999
______. Periodontal infectinos and cardiovascular disease-how strong is the
association? Oral Disease, v.6, p.335-350, 2000.
BECK, J. D. et al. Prevalence and risk indicators for periodontal attachement loss in a
population of older community dwelling blacks and white. J Periodontol, Chicago,
v.61, n.8, p.521-8, Aug.1990.
BECK, J. D. et al. Periodontitis: a risk factor for coronary heart disease? Ann
Periodontol, v.3,n.1, p.127– 41, July,1998.
BECK, J. D. et al. Oral Health and Systemic Disease: Periodontitis and
Cardiovascular Disease. J Dent Educ. v.62, n.10, p.859-870,Oct,1998.
BECK,J.D. et al. Periodontal Disease and Cardiovascular Disease. J Periodontol.
v.67, n.10 p.1123-1137, Oct, 1996.
100
BECK, J. D. et al. Oral disease, cardiovascular disease and systemic inflammation.
Periodontol 2000, v.23, n. 2, p.110-20, June, 2000.
BECK, J. D.; LÖE, H. Epidemiological principles in studying periodontal diseases.
Periodontol. 2000., Copenhagen, v. 2, n. 2, p.34-45, June 1993.
BECK, J. D.; ARBES , JR. Epidemiologia das doenças Gengivais e Periodontais. In:
CARRANZA, F et al, Periodontia Clínica. 9ª ed, Rio de Janeiro: Guanabara, Cap 3,
p.67-83, 2004.
BARILLI, A. Prevalência das doenças periodontais em pacientes com doença
isquêmica coronariana aterosclerótica, em Hospital Universitário Ribeirão
Preto,2003. 132f. Tese ( Mestrado em Odontologia)- Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto.
BRAUNWALD, E. Shattuck Lecture-cardiovascular medicine at the turn of the
millenium: triumphs, concerns, and ppportunites. N Engl J Med, v.37, n.19, p.1360-
1369, Nov.,1997.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária Nacional de Programas Especiais de
Saúde. Divisão Nacional de Saúde Bucal. Levantamento epidemiológico em
saúde bucal; Brasil, zona urbana, Brasília, 1986. 137p., 1988.
______. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n.196/96
sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília, 1996.
______. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Coordenação
Nacional de Saúde. Projeto SB Brasil 2003 condições da saúde bucal da
população brasileira 2002 –2003. Brasília, 2004.
BROWN, L. J. et al. Periodontal diseases in the U.S. in 1981:prevalence, severity,
extent, and role in tooth mortality. Journal of Periodontology, Chicago, v.6000, n.7,
p.363-370, July 1989.
BROWN, L. J. et al.Evaluating periodontal status of US employed adults. Journal of
American Dental Association.Chicago,v.121, n.2, p.226-232, Aug.1990.
BUENO de MORAES, R. et al. A doença Periodontal e o seu relacionamento com as
doenças cardiovasculares.In:BRUNETTI, C. Periodontia Médica: uma abordagem
integrada. São Paulo:Senac São Paulo. 2004. p. 217-249,
CARRANZA, F. A . et al. Periodontia Clínica. 9ª ed, Rio de Janeiro: Guanabara,
2004. p.899.
CASH, J. et al. Understanding Your Patients with Cardiac Disease. J Colo Dent
Assoc. p.16-19, winter 1990.
COHEN, D.; SLAVKIN, H. “Em Doenças Periodontal e Sistêmica” em Medicina
Periodontal São Paulo: Livraria Santos, 2002, p. 1-10.
101
COOK, P. J.; LIP, G. Y.H. Inections agents and atherosclerotic vascular disease. Q J
Med, v.89, p.727-735,1996.
CORTÊS, A. et al., Relação entre doença Periodontal e o Diabetes In SOBRAPE
Sociedade Brasileira de Periodontologia, A atuação clínica baseada em
evidências científicas. São Paulo: Artes Médicas, 2005. p.335-351
DANESH, J.; COLLINS, R.; PETO, R. Chronic infections and coronary heart disease:
is there a link? Lancet, London, v.350, n.9075, p.430-436. Aug.1997.
DESTEFANO, F. et al. Dental disease and risk of coronary heart disease and
mortality. BMJ, v. 306, n.3 p.688-691, Mar, 1993.
DESHPANDE, R. G. et al. Invasion Strategies of the oral Pathogen Porphyromonas
gingivalis: Implications for Cardiovascular Disease. Invas Metas, v.18, p.57-69,
1998.
DIAS, L. Z. S. Doença periodontal como fator de risco para a doença
cardiovascular. Vitória- ES: Fundação Ceciliano Abel de Almeida. 2003.
p. 33-201.
DK, D. Cardiovascular disease and periodontal disease. J Great Houst Dental Soc.
v.70, n. 3, p.12-17,Oct, 1998.
DONAHUE; WU. Insulin Resistance and Periodontal Disease: AnEpidemiologic
Overview of Research Needs and Future Directions. Ann Periodontol. v.6, n.1, p119
124, Dec. 2001.
DURACK, D. T. Prevention of infective endocarditis. N Engl J Med., Walthan, v.5,
n.1, p.38-44, jan.1995.
EGBERT B., et al. Influências das condições sistêmicas sobre as doenças
periodontais e das doenças periodontais sobre as condições sistêmicas In: TUNES,
Urbino. RAPP, Gisela. Atualização em Periodontia e Implantodontia. São Paulo:
Artes Médicas, 1999. p.31-60.
EMINGIL, G. et al. Association between periodontal disease and acute myocardial
infaction. J Periodontol., Chicago, v.71, n.12, p.1882-1886, Dec. 2000.
ENGEBRETSON, S. P. et al. Periodontitis and systemic disease. N Y State Dent J,
v. 65, n.8, supl, p. 30-32, 1999.
FISCHER, R. Doença Periodontal e Doenças Cardiovasculares. In SOBRAPE.
Sociedade Brasileira de Periodontologia. atuação clínica baseada em evidências
científicas. São Paulo: Artes Médicas, 2005. p.285-294
FONG, I. W. Emerging Relations between infections diseases and coronary artery
disease and atherosclerosis. CMAJ, v.163, n.1, suplemento, p.49-53, ,July, 2000.
102
GENCO, R. Current View of Risk Factors for Periodontal Diseases. J Periodontol.
v.6., p.1041-1049,1996.
______. Fatores de Risco na Doença Periodontal. In: ROSE, L. A. et al. Medicina
Periodontal. São Paulo: Livraria Santos, 2002. Cap 2, p.11-33,
GENCO, R. et al. Revisão Geral dos Fatores de Risco para a doença Periodontal e
Implicações para o Diabetes e Doença Cardiovascular. In:SIMPÓSIO
INTERNACIONAL DE MEDICINA PERIODONTAL,1. Aspectos periodontais e
saúde sistêmica. Colgate-Palmolive Co., 1998. p.51-58,
GENCO, R; et al. Overview of Risk Factors for Periodontal Disease and Implications
for Diabetes and Cardiovascular Disease. Compend Contin Educ Dent,
Laweenceville, v. 22, n.2, special issue, p.3-6, Jan 2001.
GENCO, R.J.; LÖE, H. The role of systemic conditions and disorders in periodontal
disease. Periodontol 2000. v.2, p.98-116, 1993.
GRAVES, D et al. Periodontal disease: bacterial virulence factors, host response and
impact on systemic health. Curr Opin Infec Dis,v.13, p.227-232,2000.
GROSSI, et al. Treatment of Periodontal Disease and Control of Diabetes: An
Assessment of the evidence and need for future research. Ann Periodontol. v.6,
n.1, p138- 145, Dec. 2001.
HERZBERG, M. C.; MEEYER, M. W. Effects of Oral Flora on Platelets: Possible
Consequences in Cardiovascular Disease. J Periodontol, v. 67, n.10 Suppl, p.1138-
42,1996.
HERZBERG, M. C. Coagulation and thrombosis in cardiovascular disease: plausible
contributions of infectious agents. Ann Peiodontol, v.6, n.1 p.16-19, Dec, 2001.
HYMAN, J. J. et al. The role of cigarette smoking in the association between
periodontal disease and coronary heart disease. J Periodontol, Chicago, v.73, n.9,
p.988-994, Sep, 2002.
HORNING, G. M. et al. The prevalence of periodontitis in a military treatment
population.Journal of the American Dental association, Chicago, v.121, n.5,
p.616-622, Nov.1990.
HUGOSON, A . et al . Frequency distribution of individuals aged 20-70 years
according to severity of periodontal disease experience in 1973 and 1983. Journal of
Clinical Periodontology. n. 19, p. 227-232, 1992.
IACOPINO, A. Periodontitis and Diabetes Interrelationship: Role of Inflammation.
Ann Periodontol v.6, n.1, p125 - 137, Dec. 2001.
JOSHIPURA, K. J. et al. Poor oral helth and coronary heart disease. J Dent Res.,
Washington, v. 75, n.9, p. 1631-1636, Sep. 1996.
103
KAHN, S. et al. Doença Periodontal Associada à Doença Cardiovascular. Rer Bras
Odontol. Rio de Janeiro, v.57, n.2, p.102-105, mar/abr, 2000.
KATZ. J., et al. On the association between hypercholesteromia, cardiovascular
disease and severe periodontal disease. J Clin Periodontol . v.28. n.5 p.865-868,
Maymes, 2001.
KINANE, D. F. Periodontal disease contributions to cardiovascular disease: na
overview of potencial mechanisms . Ann Periodontol, Chicago, v.3,n.1, p.142-150,
July,1998.
KINANE, D. F.; LOWE, G.D. O. How periodontal disease may contribute to
cardiovascular disease. Periodontol 2000, v.23,n.2 p.121-6, June, 2000.
KLOKKEVOLD, P. Periodontal Medicine: Assessment of Risk Factors for Disease. J
Calif Dent Assoc. v. 27, p.135- 142,1999.
KWEIDER, M. et al. Dental disease, fibrinogen and white cell count, links with
myocardial infarction? Scott. Med. J., Glasgow, v.38, n.3, p.73-74, 1993.
LAGE S. G, RAMIRES J. A . F. Cardiologia no Internato – Bases Teórico–Práticas.
Atheneu, 2001. p. 352,
LALLA, E. et al., Receptor for Advance Glycation End Products, inflamation, and
Accelerated Periodontal Disease in Diabetes: Mechanisms and Insights Into
Therapeutic Modalities. Ann Periodontol. v.6, n.1, p113-118, Dec. 2001.
LAMSTER, I. B.; LALLA, E. Periodontal Disease and Diabetes Mellitus: Discussion,
Conclusions, and Recommendations. Ann Periodontol, v.6, n.1, p146-149, Dec.
2001.
LEE, T. B. Teeth and Gums a risk factor for heart disease. Harv Heart Letter .v 9, n
3, p.6-7, Nov. 1998.
LIMA, D. Análise epidemiológica da doença periodontal em pacientes
cardiopatas isquêmicos no hospital Messejana Fortaleza/Ceará, dissertação
(Mestrado) - Campinas:Universidade Camilo Castelo Branco, 2001. , 84f.
LINDHE, J. Tratado de Periodontologia Clínica. 3
a
ed , Rio de Janeiro,
Guanabara, 1999. p.713,
LÖE, H.; SILNESS, J. Periodontal disease in pregnancy I. Prevalence and severity.
Acta Odontol Scand., Oslo, v.21, n.3, p.532-551, 1963.
LÖE, H.; THEILADE, E.; JENSEN, S.B. Experimental gingivitis in man. J
Periodontol. v. 36, p.177-87, 1965.
LÖE, H. The Gingival Index, the plaque Index and the retention index systems. J
Preiodontol. v.38, p.610-6,1967.
104
LÖE, H. et al. The natural history of periodontal disease in man. Study design and
baseline data. Journal of Periodontal Research. N 13, p. 550-562, 1978.
LÖE, H. et al. Natural History of Periodontal Disease in Man: Rapid, Moderate and
No Loss of Attachment in Sri Lanka Laborers 14 to 46 years of age. J Clin
Periodontol. n.3, p.431-445,1986.
LÖE, H. et al. Prevalence, extent, severity and progression of periodontal disease.
Periodontology 2000. v.2, p.57-71, 1993.
LOESCHE, W. J. Periodontal disease as risk factor for cardiovascular disease.
Compendium Contin Educ Dent. v.15, n.8 p. 976-991,1994.
______. Association of the oral flora with important medical diseases. Curr Opin
Periodontol, London, v.4, p.21-28, Apr,1997.
______. Periodontal incection a risk factor for cardiovascular disease? Postgraduate
Medicine, v.107, n. 5, Maio, 2000.
LORENZO, J .L., LORENZO, A., Manifestações sistêmicas das doenças
periodontais: prováveis repercussões. Revista da APCD, 56,n.3, maio/Jun.,2002.
LOWE, G. The relationship Between Infection, Inflamation, and Cardiovascular
Disease: An Overview . Ann Periodontol, v.6, p.1-8, 2001.
MATTILA, K. J. et al. Association between dental health and acute myocardial
infarction. BMJ, v. 298, n.6676, p. 779-782, Mar,1989.
MATTILA, K. J et al. Dental infections and coronary atherosclerosis. Atherosc, v.
103, p. 205-11,1993.
MATTILA, K. J et al. Dental infection and Risk of New Coronary Artery Disease. Clin
Infect Dis . Chicago, v.20, p.588-92, Mar, 1995.
MATILLA, K. J. et al. Age, dental infections, and coronary disease. J Dent Res, v.79,
n.2, p.756-60,Feb. 2000.
MEALEY, L. Periodontal Implications: Medically Compromised Patients. Ann
Periodontol. v.1, p.256 –321, Nov 1996.
______. Influence of Periodontal Infections on Systemic Heath. Periodontol 2000.,
v. 21, p.197-209,1999.
MEYER, D. H. et al. Oral pathogens: from dental plaque to cardiac disease. Curr
Opin Microbiol, v.1, n.1, p.88-95, 1998.
MORRISON, H. I. et al. Periodontal disease and risk of fatal coronary heart and
cerebrovascular diseases. J. Cardiovasc Risk. v.6, n.1, p.7-11,1999.
105
NERY E. et al. Prevalence of medical problems in periodontal patients obtained from
three different populations. J Periodontol. v. 58, n.8,. p.564-8,1987.
OFFENBACHER, S. Periodontal disease: Pathogenesis. Ann Periodontol, v.1, p.
821-78, 1996.
OLIVEIRA, F. J. Associação soro-epidemiológica entre as periodontites
crônicas e as síndromes isquêmicas agudas. Campinas,2001. 78f. Mestrado
(Odontologia)- Universidade Camilo Castelo Branco, 2001.
PAPAPANOU, P. N. Periodontal Diseases: Epidemiology. Ann Periodontol,
Lansdowne (EUA): The American Academy of Periodontology. Cap 1
A
, p.1-36, 1996.
PAPAPANOU, P. N., LINDHE, J. Epidemiologia da Doença Periodontal. In: LINDHE,
J. Tratado de Periodontia Clínica e Implantodontia Oral. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan. 1999.Cap.2, p.43-65,
PAQUETE, D. The Periodontal Infection- Systemic Disease Link: A reviiw of the truth
or Myth. J Int Acad Periodontol, v. 4/3, p. 101-109, 2002.
PAUNIO, K. et al. Missing teeth and ischemic heart disease in men aged 45-64. Eur
Heart J . London, v.14, Suppl. K. p.54-56, 1993.
PASSANEZI, E. et al .Epidemiologia da Doença Periodontal. In:SOBRAPE. A
atuação clínica baseada em evidências científicas. São Paulo:Artes Médicas,
2005. p.121-138
REES, T., et al. Periodontal Management of Patients with Cardiovascular Diseases.
J Periodontol. v.67, p.627-635,1996.
RIDKER, P.M. et al. Inflamation, aspirin, and the risk of cardiovascular disease in
apparently health men. N Engl J Med, Walthan, v.336, n.14, p.973-979, Apr,1997.
ROSS, R. The pathogenesis of atherosclerosis – na update. New Engl J Med.
Massachusets, v.314, n.8, p.488, Feb. 1986.
______. Atherosclerosis – An inflamatory disease. N Engl J Med. Massachusets, v.
340, n.2, p.115-125.Jan,1999.
SALLUM, A et al. A doença periodontal e o surgimento de um novo paradigma In:
BRUNETTI, C. Periodontia Médica: uma abordagem integrada São Paulo: Senac
2004. p. 23-39,
SCANNAPIECO, F. A. et al. Position paper of the American Academy of
Periodontology: Periodontal Disease as a Potential Risk Factor for Systemic Disease.
J Periodontol, v.69, p.841-850, 1998.
SEYMOUR, R. A.; STEELE, J.G. Is there a link between periodontal disease and
coronary heart disease? Br Dent J, London, v.184, n.1, p.33-38, Jan, 1998.
106
SYRJÄNEN, J. Vascular diseases and oral infections. J Clin Periodontol,
Copenhagen, v.17, n.7, p.497-500, Aug.1990.
SILNESS, J.; LÖE, H. Periodontal disease and pregnancy II. Correlation between
oral disease and periodontal condition. Acta Odontol Scand., Oslo, v.22, n.1, p.112-
135, 1964.
SOCRANSKY, S. S.; HAFFAJEE, A. D. The bacterial etiology of destructive
periodontal disease: current concept. J Periodontol, v.63 Supl. 1, p.322-332, 1992.
SONIS, S. et al. Medicina Oral. Rio de Janeiro: Guanabara. 1989.
SOSKOLNE, W. A.; KLINGER, A. The relationship between periodontal diseases and
diabetes: Na Overview. Ann Periodontol, v.6, n.1, p.91-98, Dec. 2001.
SUSIN, C.; RÖSING, C. Praticando Odontologia Baseada em Evidências.
Canoas: editora da Ulbra, 1999.
TAYLOR, G. Bidirectional Interrelationships between Diabetes and Periodontal
diseases: An Epidemiologic Perspective. Ann Periodontol v.6, n.1, p99-112, Dec.
2001.
TARRIO, C. Com o coração na boca. Rev. APCD. v 48, n 5, set/Out ,1994.
TUNES, U. R. e RAPP, G. E. Atualização em Periodontia e Implantodontia. São
Paulo: Artes Médicas, 1999.
WEYANT, R. J., et al. Oral health status of a long-term-care, veteran population.
Community Dentistry and Oral epidemiology. N.21, p. 227-233, 1993.
WILLIAMS, R. C. Doença periodontal: o surgimento de um novo paradigma.
Aspectos periodontais e saúde sistêmica – In: Simpósio Internacional de Medicina
Periodontal, Colgate –Palmolive Co1998. . p.1-10,
WU, T et al. Examination of the relation between periodontal health status and
cardiovascular risk factors: serum total and high density lopoprotein cholesterol, C-
reactive protein, and plasma fibrinogen. Am J Epidemiol., Baltimore, v.151, n.3,
p.273-282, 2000.
YONEYAMA, T. et al. Probing depth, attachment loss and gingival recession.
Findings from a clinical examination in Ushiku, Japan. Journal of Clinical
Periodontology. N. 15, p. 581-591, 1988.
107
ANEXOS
108
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DE PARTICIPAÇÃO EM
PESQUISA - FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DA BAHIA – FOUFBA
“Prevalência da doença periodontal em pacientes portadores de cardiopatia
isquêmica no Hospital Universitário Professor Edgard Santos.”
Por meio deste eu, _____________________________________________, idade
de ___________________ anos, RG nº ____________________, morador da rua
___________________________________________________________________
na cidade de ______________________________________________________, ou
___________________________________________________________________,
responsável pelo paciente, idade de ______ anos, RG nº ____________ morador da
rua __________________________, na cidade de _____________ como (grau de
parentesco) autorizo a participação na pesquisa que será realizada pela mestranda
Patricia Mascarenhas Alves (aluna de pós-graduação da Faculdade de Odontologia
da Universidade Federal da Bahia). Estou consciente de que esta pesquisa tem
finalidade de estudos em prevenção e promoção de saúde, não representando risco
à minha integridade física e moral. A minha participação será através do exame
clínico da minha boca, terei minha privacidade totalmente preservada quando da
utilização das informações obtidas como também a garantia de receber resposta a
qualquer pergunta e esclarecimento, orientação e dúvidas acerca dos assuntos
relacionados com a pesquisa, além de em qualquer momento de retirar minha
presença como participante da pesquisa sem prejuízo do atendimento, cuidado e
tratamento pela equipe do ambulatório de cardiopatia isquêmica do Hospital
Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia.
Salvador( SSA),_________ de ______________________________de 2003
________________________________________ __________________________________
Patricia Mascarenhas Alves- Pesquisador Participante da pesquisa
109
A
NEXO B
110
ANEXO C
111
112
ANEXO D
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
MESTRADO EM CLÍNICAS ODONTOLOGICAS - PERIODONTIA
Título projeto: Prevalência da doença periodontal em pacientes portadores de
Cardiopatia Isquêmica no Hospital Universitário Professor Edgard Santos.
Mestranda: Patricia Mascarenhas Alves.
Orientadora: Profª Drª Gisela Estela Rapp.
IDENTIFICAÇÃO:
CADASTRO Nº DATA:___/___/____
NOME:______________________________________________________
ENDEREÇO:__________________________________________________
BAIRRO:_____________________CIDADE:________________________
TEL:________________DATA___________ NASCIMENTO:___/___/___
SEXO:_________________
ESTADO CIVIL:_________PESO:_______ALTURA:______COR:_____
PROFISSÃO:_________________RG:________________CPF________:_
HISTÓRIA PESSOAL E SOCIAL:
1.DIABETES: SIM [ ] 1 NÃO [ ] 2 TIPO [ ] 3 TIPO [ ] 4 – TEMPO DE
DIAGNÓSTICO:___ANOS ___________________________________.
2.HIPERTENSÃO: SIM [ ] 1 NÃO [ ] 2 TEMPO DE DIAGNÓSTICO:_____ ANOS
3.ISQUÊMIA: SIM [ ] 1 NÃO [ ] 2
6.DISLIPIDEMIAS: SIM [ ] 1 NÃO [ ] 2
7.ANEMIA: SIM [ ] 1 NÃO [ ] 2
8.HEMORRAGIA: SIM [ ] 1 NÃO [ ] 2
9.ALERGIA A ALGUM MEDICAMENTO: SIM [ ] 1 NÃO [ ] 2
QUAL?_____________________
10.SEDENTARISMO: SIM [ ] 1 NÃO [ ] 2
12.FUMA? SIM [ ] 1 NUNCA FUMOU [ ] 2 EX-FUMANTE [ ] 3
13.INGERE BEBIDA ALCOÓLICA? SIM [ ] 1 NÃO [ ]2 Nº DE DOSES/SEM:_____
113
14.USA DROGA ILÍCITA? SIM [ ]1 NÃO [ ] 2 QUAL?_________________
15. PACIENTE DENTADO [ ] 1 EDÊNTULO [ ] 2
16. FREQÜÊNCIA DE ESCOVAÇÃO: [ ] 1(uma vez) [ ] 2( duas) [ ] 3 (três) [ ] 4
(quatro)
17. MEIOS AUXILIARES DA ESCOVAÇÃO: SIM [ ]1 NÃO [ ] 2
Quais?__________________________________________________
[ ] 1 (fio dental) [ ] 2 (fio dental +bochecho) [ ] 3 (fio dental +unitufo) [ ] 4 (fio dental
+ bochecho + unitufo)
18.JÁ SUBMETEU A TRATAMENTO PERIODONTAL (GENGIVA)? SIM [ ] 1 NÃO
[ ] 2
19. USA MEDICAMENTOS? SIM [ ] 1 NÃO [ ] 2 QUAIS?______________
21. ECO [ ] 1 normal [ ] 2 anormal [ ] FE < 50
OBSERVAÇÕES:___________________________________________
114
ANEXO E
CALIBRAÇÃO
Tabela: Teste de concordância – Kappa
Comparações Kappa Significância
VNIC 11 X VNIC 12 0,958 0,00
VNIC 21 X VNIC 22 0,971 0,00
VNIC 31 X VNIC 32 0,965 0,00
VPS 11 X VPS 12 0,954 0,00
VPS 21 X VPS 22 0,974 0,00
VPS 31 X VPS 32 0,974 0,00
PNIC 11 X PNIC12 0,943 0,00
PNIC 21 X PNIC 22 - -
PNIC 31 X PNIC 32 0,931 0,00
PPS 11 X PPS 12 - -
PPS 21 X PPS 22 0,929 0,00
PPS 31 X PPS32 0,939 0,00
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo