Deve-se observar ainda que quanto maior o nível de qualificação da
profissional, menores são as oportunidades de ascensão, pois acontece um
aumento da concorrência com outras etnias e uma preterição à contratação de
mulheres negras para cargos de chefia, planejamento, direção operacional ou
funções executivas, restando para elas em maior proporção os cargos menos
ambicionados por outros grupos populacionais.
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Importante ressaltar os cargos
comumente ocupados por mulheres negras segundo dados divulgados pelo IPEA:
A situação é mais alarmante se observada a participação da mulher.
As negras representam 7,4% do quadro funcional, 5,7% da
supervisão, 3,9% da gerência, e somente 0,26% do quadro
executivo. De acordo com a pesquisa, de cerca de 1,5 mil diretores
de empresas, apenas quatro são mulheres negras.
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Como é possível verificar por meio dos dados apresentados, a discriminação
motivada por gênero e raça encontra-se disseminada em diversos campos da vida
social, limitando as condições de inserção, possibilidades de ascensão e
permanência entre brancos e negros no mercado de trabalho, reservando-se à
trabalhadora negra predominantemente as seguintes funções:
a) assalariadas não-estáveis sem carteira assinada;
b) autônomas quase assalariadas (trabalhadores autônomos que
não possuem capital e trabalham para um único cliente);
c) empregadas ocasionais;
d) empregadas domésticas assalariadas;
e) empregadas domésticas diaristas;
f) trabalhadoras sem salário.
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É importante ressaltar que mesmo encontrando dificuldades para encontrar trabalho formal as
mulheres negras tiveram uma inserção significativa no mercado de trabalho se olharmos o número de
pessoas que ingressaram no mercado de trabalho na última década, com demonstra o texto a seguir:
“De 1995 a 2006, a PEA brasileira, descontando a população residente nas áreas rurais da região
Norte, apresentou um saldo líquido de ingresso de 20,6 milhões de pessoas. Quando se considera os
grupos de cor ou raça, observa-se que, entre os brancos, este saldo líquido foi de 7,7 milhões de
pessoas, ao passo que, entre os pretos & pardos, de 12,6 milhões de pessoas. Observando aquela
evolução em números absolutos, desagregada por sexo, vê-se que as maiores responsáveis por
aquele saldo foram as mulheres, que contribuíram com 56,4% do crescimento da PEA ocupada. As
mulheres pretas & pardas, sozinhas, levaram mais 6,4 milhões de pessoas para o mercado de
trabalho. Os homens pretos & pardos responderam pelo incremento líquido de 6,3 milhões de
pessoas. Entre os homens e mulheres brancos, o acréscimo líquido, entre 1995 e 2006, foi de,
respectivamente, 2,6 e 5,1 milhões de pessoas. PAIXÃO, Marcelo, CARVARNO, Luiz M. Relatório
anual das desigualdades raciais no Brasil. Disponível em
<http://www.laeser.ie.ufrj.br/pdf/RDR%20Capítulo_8_pt.pdf>. Acesso em: 17 de novembro de 2008.
150
Lei Áurea completa 120 anos sem que se tenha muito a comemorar. Disponível em
<
http://www.ipea.gov.br/default.jsp>. Acesso em: 27 de setembro de 2008.
151
KLIKSBERG, Bernardo. Desigualdade na América latina: o debate adiado. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 2002, pp. 44-45.