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INTRODUÇÃO
O gênero Dimorphandra Schott (Leguminosae, Caesalpinoideae) subdividi-se em
três subgêneros: (1) Dimorphandra com onze espécies; (2) Phaneropsia com cinco espécies
e (3) Pocillum com dez espécies e quatro subespécies. As espécies do subgênero
Dimorphandra estão distribuídas desde a região Norte da América do Sul, atingindo a região
Sudeste e o Brasil Central (Santos et al., 1977).
Dimorphandra mollis Benth. (Fig. 1), popularmente conhecida como faveiro e fava
d’anta, é uma arbórea de ampla distribuição, sendo encontrada em quase todo o cerrado do
Brasil Central (Lorenzi, 1992). A espécie ocorre nos estados do Pará, Goiás, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo (Silva, 1986) e ainda há relatos de sua
ocorrência nos estados do Maranhão, Amazonas e Piauí (http://www.ibama.gov.br). A fava
d’anta é uma espécie medicinal de alto potencial econômico devido ao fato de conter o
flavonóide rutina em suas vagens. A rutina possui várias propriedades farmacológicas, tais
como aumentar a absorção de vitamina C pelo organismo, atuar como anti-oxidante na
prevenção de radicais livres, auxiliar no controle da hipertensão arterial, aumentar a
resistência dos vasos capilares, auxiliar na prevenção de hemorróidas, dentre outras (Paula
et al., 2007). Além disso, a casca da árvore é rica em taninos, bastante utilizado para curtir
couro (Lorenzi, 1992). O mercado da rutina tende a expandir, pois a produção atual da
matéria prima só atende 60% da demanda mundial. A fava d’anta é responsável por cerca
de 50% da produção mundial de rutina, cabendo o restante à espécie chinesa Sophora
japonica (Gomes e Gomes, 2000). Estudos indicam que a espécie apresenta também
potencial para utilização na indústria alimentícia, por apresentar em suas sementes um alto
teor de galactomanano que pode ser usado como espessante, estabilizante e geleificante
em alimentos (Panegassi et al., 2000). Considerando ainda a crescente destruição do
cerrado para atividades agropecuárias, D. mollis pode estar sendo ameaçada, de maneira
que são necessários conhecimentos científicos para orientar a sua conservação e utilização
racional a fim de não comprometer a sua diversidade.
A espécie congenérica, Dimorphandra wilsonii Rizzini (Fig. 2) (faveiro de Wilson),
descrita em 1969 é uma arbórea endêmica do cerrado mineiro (Rizzini, 1969; Silva, 1986). A
espécie está em processo avançado de extinção, sendo atualmente conhecidos somente 21
indivíduos adultos, 11 destes indivíduos distribuídos em três fazendas, Tabuleiro Grande,
São Bento e Pires, localizadas em Paraopeba e Caetanópolis, dois na cidade de Pequi e
oito indivíduos recentemente encontrados na região de Lagoa Santa (Victor Giorni e
Fernando M. Fernandes, comunicação pessoal). Santos et al. (1977) citam a presença da
espécie na região de Frutal, no triângulo mineiro. Entretanto, excursão a essa região
realizada por técnicos do Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte e