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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
DENSIDADE DE ESTOCAGEM, NÍVEIS PROTÉICOS
E LIPÍDICOS DA DIETA NA PRODUÇÃO E
ACEITABILIDADE DO FILÉ DE JUNDIÁ
TESE DE DOUTORADO
Rafael Lazzari
Santa Maria, RS, Brasil
2008
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DENSIDADE DE ESTOCAGEM, NÍVEIS PROTÉICOS E
LIPÍDICOS DA DIETA NA PRODUÇÃO E ACEITABILIDADE
DO FILÉ DE JUNDIÁ
por
Rafael Lazzari
Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia, Área de Concentração em Produção Animal –
Nutrição de Peixes, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM,
RS), como requisito parcial para obtenção do grau de
Doutor em Zootecnia.
Orientador: Prof. Dr. João Radünz Neto
Santa Maria, RS, Brasil
2008
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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Rurais
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Tese de Doutorado
DENSIDADE DE ESTOCAGEM, NÍVEIS PROTÉICOS E LIPÍDICOS DA
DIETA NA PRODUÇÃO E ACEITABILIDADE DO FILÉ DE JUNDIÁ
elaborada por
Rafael Lazzari
como requisito parcial para obtenção do grau de
Doutor em Zootecnia
COMISSÃO EXAMINADORA:
________________________________________
João Radünz Neto, Dr. (UFSM)
(Presidente/Orientador)
________________________________________
Tatiana Emanuelli, Drª. (UFSM)
________________________________________
Irineo Zanella, Dr. (UFSM)
________________________________________
José Fernando Bibiano Melo, Dr. (UNEB)
________________________________________
Katia Padilha Barreto, Drª. (UFSM)
Santa Maria, 09 de Dezembro de 2008.
AGRADECIMENTOS
A minha namorada Cristiane Rosa Moreira, pelo apoio, carinho e
compreensão. Não tenho palavras para agradecer a sua ajuda.
Aos meus pais Nilo e Iraci e a minha irmã Fernanda Lazzari, pelo incentivo,
pela educação, pelo carinho e pelo exemplo de vida.
Ao professor, orientador e amigo João Radünz Neto, muito obrigado por
oportunizar este momento, por acreditar que a formação e o conhecimento são as
ferramentas imprescindíveis para o sucesso profissional. Sua conduta pessoal é um
exemplo a ser seguido, muito obrigado por tudo. Seus ensinamentos nunca serão
esquecidos.
A todo grupo do Laboratório de Piscicultura, em especial a Fabio, Viviani,
Cátia, Giovani, Suzete, Cristiano, Daniel, Suziane, Fernando Jonas, Maria e todos os
demais integrantes. Obrigado por todos os momentos de convivência, amizade e de
aprendizagem. Sem a ajuda de vocês certamente não conseguiria chegar até aqui.
Ao professor e amigo Diniz Fronza, obrigado pelo constante incentivo. Aos
professores Paulo Alberto Lovatto, Bernardo Baldisserotto, Irineo Zanella e José
Henrique Souza da Silva, pelos valiosos ensinamentos recebidos durante o curso.
Também a secretária do Programa, Olirta Giuliani, por todo o auxílio e paciência
durante o decorrer do curso.
A professora Tatiana Emanuelli, a Cristiane Portes Ribeiro e equipe do
NIDAL, pela organização e execução de análises dos peixes e dos filés. A equipe do
Laboratório de Bioquímica adaptativa, em especial a Alexandra Pretto e à professora
Vania Loro.
A CAPES pela concessão de bolsa de estudos, ao SEAP/MCT/FINEP/Fundo
Setorial Agronegócio/Fundo CT Hidro-Aqüicultura (processo n.3602/05) pelo auxílio
financeiro, ao CNPq pela bolsa de produtividade em pesquisa para o professor João
Radünz Neto, à FAPERGS pela bolsa de iniciação científica para as alunas Viviani
Corrêia e Suzete Rossato.
Às empresas Adisseo, Frigorífico Silva, Vitagri Nutrição Animal e ao
Laboratório de Análises Micotoxicológicas da UFSM, na pessoa do professor Carlos
Augusto Mallmann, pelo fornecimento de ingredientes e análises de dietas. Aos
amigos e colegas do CEFET Unidade de Ensino de Santo Augusto, pela amizade
e incentivo. Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram, muito obrigado.
RESUMO
Tese de Doutorado
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia
Universidade Federal de Santa Maria
DENSIDADE DE ESTOCAGEM, NÍVEIS PROTÉICOS E LIPÍDICOS DA
DIETA NA PRODUÇÃO E ACEITABILIDADE DO FILÉ DE JUNDIÁ
AUTOR: RAFAEL
LAZZARI
ORIENTADOR: JOÃO RADÜNZ NETO
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 09 de Dezembro de 2008.
Este trabalho foi conduzido para avaliar o crescimento, perfil lipídico,
metabolismo e aceitabilidade dos filés de jundiás. Para isso foram conduzidos quatro
experimentos delineados inteiramente ao acaso, onde jundiás de mesma origem
genética foram criados em sistemas com recirculação de água. No primeiro, foram
avaliados quatro densidades de estocagem (4,2, 6,4, 8,6 e 10,8 kg/m
3
) em jundiás
de ambos os sexos. Utilizou-se um total de 420 peixes (Pi=182,95 ± 2,96 g), que
foram alimentados durante 120 dias até a saciedade aparente. Verificou-se
diminuição no peso dos peixes com o aumento da densidade utilizada, com
elevação do cortisol plasmático. No segundo experimento, testou-se a influência do
sexo e do nível de proteína dietário. Em arranjo fatorial 2 X 3 (dois sexos e três
níveis protéicos: 24, 27 e 30% de PB), 270 peixes (Pi=207,02 ± 26,73 g) foram
alimentados controladamente durante 100 dias. As fêmeas apresentaram
crescimento superior, com exigência protéica menor (24% PB) que os machos (30%
PB), os quais apresentaram maior rendimento de filé. O aumento da proteína da
dieta proporcionou melhora no perfil lipídico dos filés. Foram conduzidos mais dois
experimentos separadamente avaliando a utilização do óleo de soja na dieta (0, 2, 4,
6, 8 e 10% de inclusão, alimentação até a saciedade). Os machos (234, Pi=193,32 ±
18,78 g 120 dias de experimento) alimentados com 8% de óleo apresentaram
melhor desempenho. As fêmeas (144, Pi=237,75 ± 22,35 g 80 dias de
experimento) alimentadas com 10% de óleo obtiveram maior peso final. O consumo
aparente de alimento foi maior nos machos. A maior inclusão de óleo de soja nas
dietas proporcionou diminuição na quantidade de ácidos graxos saturados e
aumento de poliinsaturados (PUFAS) nos filés dos jundiás. Não foram detectadas
diferenças pelo painel de provadores no sabor, textura e aparência dos filés de
jundiás de ambos os sexos.
Palavras-chaves: estresse, óleo de soja, proteína, qualidade, Rhamdia quelen.
ABSTRACT
Animal Science Doctorate Thesis
Post-Graduate Program in Animal Science
Federal University of Santa Maria
STOCKING DENSITY, DIET LIPID AND PROTEIN LEVELS IN
PRODUCTION AND FILLET ACEITABILITY OF JUNDIÁ
AUTHOR: RAFAEL LAZZARI
ADVISER: JOÃO RADÜNZ NETO
Date and Defense Place: Santa Maria, December, 09
tu
, 2008.
This study was conducted to evaluate growth, lipid profile, metabolism and
fillet aceitability of jundiá. For this purpose four experiments were conducted in a
completely randomly design, where jundiás of the same genetic origin were reared in
water re-use system. In the first, it was evaluated four densities (4.2, 6.4, 8.6 and
10.8 kg/m
3
) in jundiás of both sexes. It was used a total of 420 fish (IW=182.95 ±
2.96 g), that were fed for 120 days until the apparent satiation. It was verified a
weight decrease of fish with the increase of the SD used, with elevation of the
plasmatic cortisol. In the second experiment, it was tested the sex and dietary protein
level influence. In factorial arrangement 2 X 3 (two sexes and three protein levels: 24,
27 and 30% of CP), 270 fish (IW=207.02 ± 26.73 g) were fed controlled during 100
days. The females showed higher growth, with lower protein requirement (24% CP)
than that of males (30% CP). These showed higher fillet yield. The increase of the
diet protein provided improvement in the fillet lipid profile. Two additional experiments
were conducted separately to evaluate the use of soybean oil in the diet (0, 2, 4, 6, 8
e 10% of inclusion, feeding until the satiation). The males (234, IW=193.32 ± 18.78 g
120 days experiment) fed with 8% soybean oil showed better performance. The
females (144, IW=237.75 ± 22.35 g 80 days experiment) fed with 10% soybean oil
had obtained higher final weight. The feed apparent consumption was higher in
males. The higher soybean oil inclusion in the diets decreased the amount of
saturated fatty acids and increased polynsaturated fatty acids in jundiá fillets. No
differences were detected by the taste panel in the flavor, texture and appearance of
the fillets regardeless of fish sex.
Keywords: stress, soybean oil, protein, quality, Rhamdia quelen.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Formulação e composição (%) da dieta utilizada no experimento
1...........................................................................................................................
22
TABELA 2 - Valores dos parâmetros de qualidade da água analisados
durante o experimento.........................................................................................
27
TABELA 3
Comprimento total (cm), comprimento padrão (cm), conversão
alimentar aparente (CAA), coeficiente de variação do peso (%) e fator de
condição de jundiás submetidos a diferentes densidades de estocagem...........
29
TABELA 4 -
Rendimento de cortes de jundiás submetidos a diferentes
densidades de estocagem...................................................................................
32
TABELA 5 -
Composição (%) dos filés de jundiás submetidos a diferentes
densidades de estocagem...................................................................................
34
TABELA 6
Composição corporal (%) de jundiás submetidos a diferentes
densidades de estocagem...................................................................................
35
TABELA 7 -
Perfil lipídico corporal de jundiás criados em diferentes
densidades de estocagem...................................................................................
36
TABELA 8 -
Perfil lipídico dos filés de jundiás criados em diferentes
densidades..........................................................................................................
37
TABELA 9 -
Parâmetros hematológicos de jundiás em diferentes densidades
de estocagem......................................................................................................
38
TABELA 10 -
Parâmetros metabólicos do plasma de jundiás submetidos a
diferentes densidades..........................................................................................
39
TABELA 11 -
Composição das dietas experimentais (%) utilizadas no
experimento 2......................................................................................................
50
TABELA 12 -
Composição em aminoácidos essenciais (% da proteína) das
dietas experimentais............................................................................................
51
TABELA 13 -
Rendimentos de cortes e índices digestivos de jundiás
alimentados com diferentes níveis de proteína e separados por sexo................
57
TABELA 14 -
Composição centesimal dos filés e corporal de jundiás
alimentados com diferentes níveis de proteína na dieta e separados por sexo..
59
TABELA 15 -
Perfil lipídico corporal de jundiás alimentados com diferentes
níveis de proteína e separados por sexo.............................................................
60
TABELA 16 -
Perfil lipídico dos filés de jundiás alimentados com diferentes
níveis de proteína e separados por sexo.............................................................
62
TABELA 17 - Enzimas digestivas em jundiás alimentados com diferentes
níveis de proteína e separados por sexo.............................................................
64
TABELA 18 -
Parâmetros metabólicos em jundiás alimentados com diferentes
níveis de proteína e separados por sexo.............................................................
65
TABELA 19 –
Parâmetros hematológicos em jundiás alimentados com dietas
contendo diferentes níveis protéicos e separados por sexo................................
66
TABELA 20 -
Valores de volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina
corpuscular média (HCM) e concentração de hemoglobina corpuscular média
(CHCM) em jundiás alimentados com dietas contendo diferentes níveis
protéicos e separados por sexo...........................................................................
67
TABELA 21 -
Composição das dietas experimentais para os machos (%).........
84
TABELA 22 -
Composição das dietas experimentais para as fêmeas (%)......... 85
TABELA 23 -
Valores dos parâmetros de qualidade da água analisados
durante os experimentos 3 e 4............................................................................
91
TABELA 24 -
Parâmetros produtivos de machos de jundiá alimentados com
dietas contendo óleo de soja...............................................................................
93
TABELA 25 - Parâmetros produtivos de fêmeas de jundiá alimentadas com
dietas contendo óleo de soja...............................................................................
96
TABELA 26 -
Composição centesimal de filés e peixe inteiro (%) de machos
de jundiá alimentados com dietas contendo óleo de soja...................................
97
TABELA 27 -
Perfil lipídico dos filés de machos de jundiás alimentados com
óleo de soja na dieta............................................................................................
98
TABELA 28 -
Perfil lipídico corporal de machos de jundiás alimentados com
óleo de soja na dieta............................................................................................
100
TABELA 29 -
Composição centesimal do peixe inteiro e de filés (%) de
fêmeas de jundiá alimentadas com dietas contendo óleo de soja......................
101
TABELA 30 -
Perfil lipídico corporal de fêmeas de jundiás alimentadas com
dietas contendo óleo de soja...............................................................................
102
TABELA 31 -
Perfil lipídico dos filés de fêmeas de jundiá alimentadas com
diferentes níveis de óleo de soja..........................................................................
103
TABELA 32 -
Escore sensorial de teste de ordenação de acordo com a
preferência de filés de machos de jundiás alimentados com diferentes níveis
de óleo de soja....................................................................................................
104
TABELA 33 -
Escore sensorial de teste de ordenação de acordo com a
preferência de filés de fêmeas de jundiás alimentados com diferentes níveis
de óleo de soja....................................................................................................
104
TABELA 34 -
Enzimas digestivas de machos de jundiá alimentados com
dietas contendo níveis de óleo de soja................................................................
105
TABELA 35 -
Metabólitos em machos de jundiá alimentados com dietas
contendo níveis de óleo de soja..........................................................................
106
TABELA 36 -
Enzimas digestivas em fêmeas de jundiá alimentados com
dietas contendo níveis de óleo de soja................................................................
107
TABELA 37 –
Parâmetros hematológicos em machos de jundiá alimentados
com dietas contendo níveis de óleo de soja........................................................
108
TABELA 38 – Metabólitos em fêmeas de jundiá alimentados com dietas
contendo níveis de óleo de soja..........................................................................
111
TABELA 39 – Parâmetros hematológicos em fêmeas de jundiá alimentadas
com dietas contendo níveis de óleo de soja........................................................
113
TABELA 40 – Composição analisada dos ingredientes utilizados nas dietas
dos experimentos 1 e 2 (%).................................................................................
144
TABELA 41 – Composição analisada dos ingredientes utilizados nas dietas
dos experimentos 3 e 4 (%).................................................................................
145
TABELA 42 – Composição analisada em aminoácidos totais (T) e digestíveis
(D) dos ingredientes utilizados nas dietas dos experimentos 1 e 2 (%)..............
146
TABELA 43 - Composição analisada em aminoácidos totais (T) e digestíveis
(D) dos ingredientes utilizados nas dietas dos experimentos 3 e 4 (%)..............
147
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Variação da temperatura da água (ºC) durante o período
experimental........................................................................................................
27
FIGURA 2 - Peso de jundiás submetidos a diferentes densidades de
estocagem...........................................................................................................
28
FIGURA 3 – Biomassa total (g) de jundiás submetidos a diferentes
densidades de estocagem...................................................................................
29
FIGURA 4 - Consumo aparente diário dos jundiás submetidos a diferentes
densidades de estocagem...................................................................................
30
FIGURA 5 - Índice hepato-somático de jundiás criados em diferentes
densidades..........................................................................................................
31
FIGURA 6 - Índice digestivo-somático de jundiás criados em diferentes
densidades..........................................................................................................
31
FIGURA 7 – Valores ajustados de taxa de eficiência protéica em jundiás
submetidos a diferentes densidades de estocagem............................................
33
FIGURA 8 - Teores de glicose plasmática de juvenis de jundiá em diferentes
densidades de estocagem...................................................................................
40
FIGURA 9 - Valores de cortisol plasmático de jundiás submetidos a diferentes
densidades de estocagem..................................................................
40
FIGURA 10 - Peso médio individual dos jundiás separados por sexo................ 56
FIGURA 11 - Peso final de jundiás de acordo com o nível de proteína da
dieta....................................................................................................................
57
FIGURA 12 - Fator de condição de machos e fêmeas de jundiá alimentados
com diferentes níveis de proteína na dieta..........................................................
58
FIGURA 13 - Valores de quimiotripsina em jundiás alimentados com
diferentes níveis de proteína na dieta..................................................................
63
FIGURA 14 - Quantidade de plaquetas em jundiás de acordo com o sexo........ 67
FIGURA 15 - Teor de glicogênio hepático em jundiás de acordo com o sexo.... 68
FIGURA 16 – Proteína no fígado de jundiás separados por sexo.......................
68
FIGURA 17 – Quantidade de lactato no fígado de jundiás separados por sexo. 69
FIGURA 18 – Quantidade de glicose plasmática (mg/dL) em jundiás
separados por sexo.............................................................................................
70
FIGURA 19 – Quantidade de glicogênio no fígado (mg/dL) de jundiás
separados por sexo............................................................................................. 70
FIGURA 20 – Quantidade de triglicerídeos plasmáticos em jundiás
alimentados com dietas contendo diferentes níveis de proteína bruta................
71
FIGURA 21 – Valores médios de HDL em jundiás alimentados com dietas
contendo diferentes níveis de proteína bruta......................................................
71
FIGURA 22 - Peso médio ajustado ao consumo de alimento de jundiás
machos alimentados com dietas contendo óleo de soja.....................................
92
FIGURA 23 – Peso médio ajustado ao consumo de alimento de fêmeas de
jundiá alimentadas com dietas contendo óleo de soja........................................
92
FIGURA 24 - Valores de consumo diário aparente (CDA) em jundiás
alimentados com dietas contendo óleo de soja...................................................
94
FIGURA 25 – Valores de conversão alimentar aparente (CAA) em jundiás
alimentados com dietas contendo óleo de soja...................................................
95
FIGURA 26 – Biomassa total de machos e fêmeas de jundiá alimentadas com
dietas contendo óleo de soja...............................................................................
95
FIGURA 27 – Quantidade de plaquetas em machos de jundiá alimentados
com dietas contendo óleo de soja.......................................................................
109
FIGURA 28 – Valores de volume corpuscular médio (VCM) em machos de
jundiá alimentados com dietas contendo óleo de soja........................................
109
FIGURA 29 – Quantidade de proteína no fígado e rim de fêmeas de jundiá
alimentadas com dietas contendo óleo de soja...................................................
110
FIGURA 30 – Quantidade de colesterol total em jundiás alimentados com
dietas contendo óleo de soja...............................................................................
112
FIGURA 31 – Quantidade de triglicerídeos plasmáticos em jundiás
alimentados com dietas contendo óleo de soja...................................................
112
FIGURA 32 - Quantidade de hemoglobina em fêmeas de jundiá alimentadas
com dietas contendo óleo de soja.......................................................................
113
FIGURA 33 - Hematócrito de fêmeas de jundiá alimentadas com dietas
contendo óleo de soja..........................................................................................
114
LISTA DE ABREVIATURAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
AGE – ácidos graxos essenciais r
2
– coeficiente de determinação
AGS – ácidos graxos RF – rendimento de filé
AST – aspartato aminotransferase SFA – ácidos graxos saturados
ALT – alanina aminotransferase TEP – taxa de eficiência protéica
BHT – butil-hidróxi-tolueno UFA – ácidos graxos insaturados
CAA – conversão alimentar aparente VCM – volume corpuscular médio
CDA – consumo diário aparente RC – rendimento de carcaça
CHCM – concentração de hemoglobina corpuscular média
CP – comprimento padrão Pi – peso inicial
CT – comprimento total
CV – coeficiente de variação
CVP - coeficiente de variação do peso
DE – densidade de estocagem
DIC – delineamento inteiramente ao acaso
Dpr – desvio padrão residual
ED – energia digestível
EB – energia bruta
FC – fator de condição
GI – gordura intraperitoneal
IDS – índice digestivo-somático
IHS – índice hepato-somático
HCM – hemoglobina corpuscular média
HDL – lipoproteína de alta densidade
HT - hematócrito
HB – hemoglobina
LDL – lipoproteína de baixa densidade
NS – não-significativo (P>0,05)
PB – proteína bruta
P/E – relação proteína/energia
PUFA – ácidos graxos poliinsaturados
PV – peso vivo
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1 – Protocolo da determinação da matéria seca total e matéria
mineral.................................................................................................................
139
ANEXO 2 - Protocolo da determinação da proteína bruta...................................
140
ANEXO 3 - Protocolo da determinação do extrato etéreo...................................
141
ANEXO 4 - Protocolo da determinação da fibra bruta.........................................
142
ANEXO 5 – Protocolo da determinação de lipídios (carcaça)............................. 143
ANEXO 6 - Tabela 40. Composição analisada dos ingredientes utilizados nas
dietas dos experimentos 1 e 2 (%)......................................................................
144
ANEXO 7 - Tabela 41. Composição analisada dos ingredientes utilizados nas
dietas dos experimentos 3 e 4 (%)......................................................................
145
ANEXO 8 - Tabela 42. Composição analisada em aminoácidos totais (T) e
digestíveis (D) dos ingredientes utilizados nas dietas dos experimentos 1 e 2
(%).......................................................................................................................
146
ANEXO 9 - Tabela 43. Composição analisada em aminoácidos totais (T) e
digestíveis (D) dos ingredientes utilizados nas dietas dos experimentos 3 e 4
(%).......................................................................................................................
147
ANEXO 10 - Questionário de recrutamento de painelistas para painel
sensorial..............................................................................................................
148
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO GERAL....................................................................................
15
2 OBJETIVOS..................................................................................................... 17
3 PRIMEIRO CAPÍTULO: CRESCIMENTO, HEMATOLOGIA E
COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DE JUNDIÁS CRIADOS EM DIFERENTES
DENSIDADES DE ESTOCAGEM.......................................................................
18
3.1 Introdução.................................................................................................... 18
3.2 Material e métodos...................................................................................... 20
3.2.1 Instalações e animais................................................................................. 20
3.2.2 Qualidade da água..................................................................................... 21
3.2.3 Manejo alimentar........................................................................................ 22
3.2.4 Coleta de dados e variáveis estimadas...................................................... 23
3.2.5 Análises laboratoriais..................................................................................
25
3.2.6 Análises estatísticas................................................................................... 26
3.3 Resultados................................................................................................... 27
3.3.1 Qualidade da água..................................................................................... 27
3.3.2 Desempenho e carcaça..............................................................................
28
3.3.3 Composição centesimal e perfil lipídico......................................................
34
3.3.4 Hematologia e metabolismo....................................................................... 38
3.4 Discussão.....................................................................................................
41
3.5 Conclusões.................................................................................................. 46
4 SEGUNDO CAPÍTULO: CRESCIMENTO E QUALIDADE DA CARNE DO
JUNDIÁ DE ACORDO COM O SEXO E O NÍVEL DE PROTEÍNA DA DIETA..
47
4.1 Introdução.................................................................................................... 47
4.2 Material e métodos...................................................................................... 48
4.2.1 Instalações e animais................................................................................. 48
4.2.2 Qualidade da água..................................................................................... 49
4.2.3 Manejo alimentar........................................................................................ 50
4.2.4 Coleta de dados e variáveis estimadas...................................................... 52
4.2.5 Análises laboratoriais..................................................................................
53
4.2.6 Análises estatísticas................................................................................... 55
4.3 Resultados................................................................................................... 56
4.3.1 Qualidade da água..................................................................................... 56
4.3.2 Desempenho e carcaça..............................................................................
56
4.3.3 Composição centesimal e perfil lipídico......................................................
59
4.3.4 Enzimas digestivas, metabolismo e hematologia....................................... 63
4.4 Discussão.....................................................................................................
72
4.5 Conclusões.................................................................................................. 78
5 TERCEIRO CAPÍTULO: DESEMPENHO, QUALIDADE E
ACEITABILIDADE DE FILÉS DE MACHOS E FÊMEAS DE JUNDIÁ
ALIMENTADOS COM ÓLEO DE SOJA NA DIETA...........................................
79
5.1 Introdução.................................................................................................... 79
5.2 Material e métodos...................................................................................... 81
5.2.1 Instalações e animais................................................................................. 81
5.2.2 Qualidade de água..................................................................................... 82
5.2.3 Manejo alimentar........................................................................................ 83
5.2.4 Coleta de dados e variáveis estimadas...................................................... 86
5.2.5 Análises laboratoriais..................................................................................
87
5.2.6 Painel sensorial.......................................................................................... 89
5.2.7 Análises estatísticas................................................................................... 90
5.3 Resultados................................................................................................... 91
5.3.1 Qualidade da água..................................................................................... 91
5.3.2 Desempenho e carcaça..............................................................................
92
5.3.3 Composição centesimal, perfil lipídico e aceitabilidade..............................
97
5.3.4 Enzimas, metabolismo e hematologia........................................................ 105
5.4 Discussão.....................................................................................................
115
5.5 Conclusões.................................................................................................. 123
6 DISCUSSÃO GERAL.......................................................................................
124
7 CONCLUSÕES GERAIS..................................................................................
126
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 127
9 ANEXOS...........................................................................................................
139
15
1. INTRODUÇÃO GERAL
A aqüicultura brasileira cresce a uma taxa superior a 20% ao ano, muito
maior que todas as demais atividades de produção animal no Brasil (Ostrensky et
al., 2008). Nosso país é o segundo produtor de organismos aquáticos da América do
Sul, atrás somente do Chile. Em relação à criação de peixes de água doce, 67% da
produção nacional está baseada na produção de carpas, tilápias e peixes redondos
(tambaquis e pacus).
A carência de tecnologias adequadas de criação para as espécies nativas é
um fator limitante na expansão da piscicultura brasileira. Esta se caracteriza pela
importação de modelos criatórios baseados em espécies exóticas mundialmente
difundidas (carpas, catfish, salmões), o que, muitas vezes, o proporciona a
mesma resposta pelas diferentes condições de criação.
O jundiá (Rhamdia quelen) é um bagre de hábito alimentar onívoro,
encontrado desde o sul do México até a Argentina. Apresenta carne de sabor
agradável, sendo bem aceita pelos consumidores. O peso final de abate pode variar
de 350 gramas a até 1 kg com um tempo de engorda de 6 meses a 1 ano (Barcellos
et al., 2004). A produção brasileira de jundiá é de 547 toneladas, representando
0,2% do total da aqüicola nacional (Boscardin et al., 2008). Para os próximos anos,
espera-se o aumento desta quantidade.
É uma espécie que exige adequado manejo alimentar desde os primeiros
dias de vida, sendo classificado como um onívoro exigente (Radünz Neto, 2004;
Meyer & Fracalossi, 2005). Alguns estudos foram realizados sobre a nutrição desta
espécie na fase de larvicultura (Piaia & Radünz Neto, 1997; Cardoso et al., 2004;
Lazzari et al., 2004), alevinagem (Coldebella & Radünz Neto, 2002; Meyer &
Fracalossi, 2004) e recria (Lazzari et al., 2008; Pedron et al., 2008). No entanto,
existe carência de trabalhos na fase de terminação, relacionados ao manejo criatório
e qualidade do pescado.
O conhecimento da digestão, das atividades enzimáticas e metabólicas é de
fundamental importância para o planejamento de um manejo nutricional adequado
para peixes. Os lipídios e as proteínas são os principais constituintes em dietas para
peixes, com os carboidratos sendo menos expressivos (De Silva & Anderson, 1995).
Para peixes, as dietas caracterizam-se pelos altos níveis de proteína.
16
As relações deste nutriente com os lipídios e carboidratos ocasionam
mecanismos metabólicos distintos que afetam diretamente o crescimento dos
animais. Neste aspecto, a utilização de rotas gliconeogênicas é de fundamental
importância, pois o peixe pode, a partir de fontes não-glicídicas, produzir glicose
para produção de energia.
No matrinxã (Brycon cephalus) observou-se redução no glicogênio hepático
de acordo com o aumento da proteína da dieta (Vieira et al., 2005). Para Gadus
morhua alimentados com dieta sem amido, esta espécie pode realizar
gliconeogênese a partir de aminoácidos e trglicerídeos para manter os teores de
glicogênio (Hemre et al., 1989). O pintado (Pseudoplatystoma coruscans) apresenta,
com base nos conteúdos metabólicos observados no rim e fígado, uma
caracterização de realizar gliconeogênese (Lundstedt et al., 2004).
Diante das informações existentes para a produção do jundiá, este estudo
visa aprofundar questões relacionadas ao manejo, composição do alimento,
alterações metabólicas e reflexos na qualidade da carne. O trabalho foi composto
por quatro experimentos, que estão organizados e descritos nos próximos três
capítulos deste texto.
17
2. OBJETIVOS
- Determinar a melhor densidade de estocagem para a engorda de jundiás
em sistema de recirculação de água;
- Estabelecer níveis de óleo de soja na dieta para a engorda de machos e
fêmeas de jundiá;
- Observar a composição química de filés de jundiá e sua relação com o
alimento;
- Verificar a aceitabilidade do filé de jundiá através de painel de provadores;
- Avaliar o efeito do sexo no crescimento e na qualidade da carne;
- Detectar alterações metabólicas e enzimáticas em jundiás alimentados
com diferentes concentrações energéticas;
- Mensurar o efeito da densidade de estocagem e composição da dieta
sobre o perfil hematológico do jundiá.
18
3. PRIMEIRO CAPÍTULO
Crescimento, hematologia e composição centesimal de jundiás criados em
diferentes densidades de estocagem
3.1 Introdução
Os sistemas de produção de peixes em cativeiro são eficientes à medida
que se estabelece um manejo padronizado para cada espécie. Um fator que afeta
muito a produtividade é a quantidade de animais utilizados por unidade de área ou
volume, representada pela densidade de estocagem (DE). A não adaptação a altas
DE pode limitar a criação de uma espécie de peixe em escala comercial (Montero et
al., 1999; Molnár et al., 2004).
O potencial de crescimento de um peixe depende de fatores ambientais, da
espécie e da DE utilizada na criação, onde se espera conseguir, em menor espaço e
tempo possíveis, maior produtividade (Ouattara et al., 2003). Até as exigências
nutricionais de uma espécie diferem de acordo com as instalações de cultivo e
densidades de estocagem (Webster et al., 1992).
A melhor DE para cada espécie varia de acordo com o sistema de criação,
alimentação, potencial de crescimento da espécie e tamanho ótimo no momento da
despesca. Por isso, é muito difícil estabelecer o que é uma alta ou baixa densidade.
A DE está condicionada ao estabelecimento de uma estrutura populacional, que
resulta em interações sociais entre os indivíduos dentro da unidade de criação.
Assim, alguns peixes tornam-se dominantes, ocasionando desuniformidade do lote e
redução da eficiência alimentar (Grand & Grant, 1994).
Os mecanismos fisiológicos relacionados à DE no crescimento e utilização
do alimento pelos peixes são variados (Boujard et al., 2002). Em muitas situações,
alta DE é um fator estressante, ocasionando efeitos negativos no crescimento
(Pickering & Pottinger, 1987; Vijayan & Leatherland, 1988). Nestes casos, a glicose
sangüínea é um bom indicador de distúrbios fisiológicos, por ser a principal fonte de
energia utilizada para suportar situações metabólicas desfavoráveis (Brandão et al.,
2004). O aumento na concentração de glicose e posterior diminuição do crescimento
acontecem por que a energia é desviada para compensar uma situação de estresse
(Procarione et al., 1999). Outro indicador de estresse em peixes é o cortisol,
19
hormônio responsável por várias alterações fisiológicas, como o metabolismo
hepático e intermediário (Barcellos et al., 2000). Uma elevação do nível deste
hormônio indica uma condição de estresse.
Peixes criados em menores DE geralmente apresentam maior crescimento
individual e sobrevivência, entretanto, a produção por área é baixa (Gomes et al.,
2000). O surgimento de dominância e aumento da condição de estresse é
característico de altas DE (Cavero et al., 2003; Iguchi et al., 2003). Neste sentido,
espera-se que maiores DE apresentem grandes variações entre indivíduos, como
observado para o matrinxã (Brycon cephalus) e "black bass" (Micropterus salmoides)
(Gomes et al., 2000; Petit et al., 2001).
Para determinadas espécies de peixes, altas DE resultam em maior
sobrevivência, sem redução de crescimento, consumo e conversão alimentar
(Molnár et al., 2004). Em alguns estudos, foram demonstrados que, em maiores
densidades, os peixes são mais agressivos na busca e ingestão do alimento (Piaia &
Baldisserotto, 2000; Rowland et al., 2004). Em juvenis de “gilthead seabream”
(Sparus aurata), altas DE provocam alterações comportamentais, baixa utilização do
alimento, resultando em mortalidade e crescimento reduzido (Montero et al., 1999).
Para o tambaqui (Colossoma macropomum), menor densidade proporciona peixes
de maior tamanho e a sobrevivência não é afetada (Brandão et al., 2004). Para
jundiás criados em tanques-rede de pequeno volume, o aumento da DE proporciona
maior peso individual (Vaz et al., 2003). Segundo os autores, em baixas densidades
não ocorre competição por alimento, o que influencia na quantidade ingerida.
A piscicultura está evoluindo no sentido de intensificar e maximizar o uso da
água. Por isso, é importante realizar estudos sobre a criação e a influência da
densidade de estocagem no estresse e glicemia dos peixes nativos brasileiros. Para
o jundiá, é fundamental a determinação da melhor densidade de estocagem para
aperfeiçoar o manejo alimentar e verificar o potencial desta espécie em sistemas
intensivos de criação.
O presente estudo teve o objetivo de avaliar o crescimento, a composição
corporal, o perfil lipídico (filés e peixe inteiro) e a hematologia de jundiás em
diferentes densidades de estocagem.
20
3.2 Material e métodos
Para o estudo foi realizado um experimento com 120 dias de duração
(Janeiro a Maio de 2006), conduzido nas instalações experimentais do Laboratório
de Piscicultura da Universidade Federal de Santa Maria RS (altitude 95m,
longitude 29°43’S, latitude 53°42’W). Os peixes utilizados foram adquiridos em
piscicultura comercial (Piscicultura Tramontini, Salto do Jacuí/RS), mantidos em
tanque de terra (1000m
2
) e alimentados com dieta comercial (32% PB) antes de
serem conduzidos para as instalações experimentais.
3.2.1 Instalações e animais
Utilizou-se para a criação dos peixes um sistema com recirculação de água
composto de 12 tanques (1000 L, 850 L de volume útil) de cimento-amianto
revestidos com fibra de vidro, dispostos em 3 fileiras com 4 unidades. Cada tanque
possuía entrada e saída individual de água, onde a vazão mantida em cada um foi
de 6 L/min. O sistema possuía também termostatos para controle da temperatura,
biofiltros contendo pedra britada para filtragem biológica e sistema de retrolavagem
para eliminação de resíduos (Radünz Neto et al., 1987).
Os peixes foram acondicionados nos tanques de criação uma semana antes
do início do experimento para adaptação ao manejo diário e às instalações. Neste
manejo, foi realizada uma aplicação individual preventiva de oxitetraciclina (20 mg/kg
peso vivo), via intramuscular (Brandão, 2004). Foram utilizados no experimento 420
jundiás de ambos os sexos (peso inicial=182,95 ± 2,96 g), distribuídos em um
delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC), com 4 tratamentos e 3
repetições. Foram testadas 4 densidades de estocagem: 4,2, 6,4, 8,6 e 10,8 kg/m
3
(equivalentes a 20, 30, 40 e 50 peixes/tanque).
21
3.2.2 Qualidade da água
O controle da qualidade da água do sistema de criação foi realizado através
de limpeza dos encanamentos, sifonagem diária de resíduos, renovação diária (10%
do volume total) e monitoramento dos parâmetros físico-químicos: temperatura,
amônia total, nitrito, oxigênio dissolvido, alcalinidade total e pH. A água para todas
as análises foi coletada na entrada do primeiro filtro biológico, antes de cada
alimentação. Para medição da temperatura, utilizou-se termômetro (bulbo de
mercúrio) e para oxigênio oxímetro digital (YSI-Yellowsprings-EUA). Para as demais
análises foi utilizado kit colorimétrico (Alfakit
®
), onde: - a análise de amônia é
baseada no método Indotest, e a alcalinidade total no método de neutralização
(volumétrico), ambos descritos no manual da APHA (2005); o nitrito é analisado pelo
método da alfa-naftilamina (método proposto por Fries (1971)); e o pH pelo uso de
indicador seguindo AWWA (1970).
22
3.2.3 Manejo alimentar
A alimentação dos peixes foi realizada uma vez ao dia (10h - até a
saciedade aparente). A dieta experimental foi baseada em Lazzari et al. (2006),
conforme Tabela 1. Foi realizada a pesagem da quantidade de alimento fornecido
por unidade experimental para cálculo do consumo e demais índices produtivos.
Para o preparo da dieta experimental, os ingredientes foram moídos,
pesados e posteriormente misturados, através de amassadeira, até completa
homogeneização. Posteriormente a mistura foi umedecida, peletizada e levada a
estufa de circulação de ar forçado por 24 h a 55 ºC. Após foi acondicionada em
sacos plásticos e conservada em freezer (-18 ºC) até a utilização.
Tabela 1. Formulação e composição da dieta utilizada no experimento 1
Ingredientes Quantidade (%)
Farinha de carne e ossos bovina 23
Farelo de soja 24
Milho moído 23,99
Farelo de trigo 20
Óleo de soja 5
Sal comum 1
Fosfato bicálcico 1
Vitaminas e minerais 2
Antioxidante (BHT) 0,01
Composição analisada (%)
Umidade 5,90
Proteína Bruta 31,09
Matéria mineral 11,49
Extrato etéreo 9,42
Fibra bruta 3,80
Cálcio 2,52
Fósforo 1,57
Rancidez (reação de Kreiss) negativo
Composição da mistura vitamínica e mineral (SUPRE MAIS
®
/kg de produto): Ác. Fólico:
1200mg, Ác. Nicotínico: 24000mg, Ác. Pantotênico: 12000mg, Cobalto: 10mg, Cobre:
3000mg, Cloreto de colina: 108 g, Ferro: 50000mg, Biotina: 48 mg, Iodo: 100mg, Manganês:
20000mg, Selênio: 100mg, Vit.A: 1200000UI, Vit. B1: 4800mg, Vit. B2: 4800mg, Vit. B6:
4800mg, Vit. B12: 4800mcg, Vit. C: 48 g, Vit. D3: 200000UI, Vit. E: 12000 mg, Vit. K3:
2400mg, Zinco: 3000mg.
23
3.2.4 Coleta de dados e variáveis estimadas
Antes do início do experimento, uma amostra de 20 peixes foi separada
para análises iniciais de hematologia e composição química. A cada 60 dias, 6
peixes por tratamento foram capturados (2 por tanque), sendo 3 abatidos
(hipotermia) para a realização da análise de composição corporal (peixe inteiro
moído) e os demais para retirada de filé. Em todos os procedimentos, os peixes
passaram por jejum (24 horas) e foram previamente anestesiados com trifenóxi-
etanol (0,03%).
Foram realizadas 3 biometrias para coleta de dados de peso e comprimento,
uma inicial, na metade (60 dias) e ao término do experimento (120 dias). Utilizou-se
para este procedimento balança digital com 3 casas decimais e ictiômetro graduado.
Foram estimadas as seguintes variáveis:
Peso médio (g): medido nas biometrias, representa a média de peso
individual em cada densidade de estocagem testada.
Biomassa total (g): obtida a partir do peso médio individual dos peixes
multiplicado pelo número total de peixes em cada tanque.
Comprimento total (cm): medida que representa toda a extensão do peixe,
da cabeça ao final da cauda.
Comprimento padrão (cm): medido da cabeça até a inserção do pedúnculo
caudal.
Coeficiente de variação do peso: CVP=(desvio padrão/média peso)*100;
Fator de condição: calculado segundo a fórmula:
FC= ((Peso X 100) / (Comprimento total
3
)).
Conversão alimentar aparente: CAA= (consumo de alimento (g) / ganho em
peso (g)).
Consumo diário aparente: CDA= consumo no período (g)/{(peso final (g) +
peso inicial (g))/2}/ dias X 100.
Taxa de eficiência protéica: TEP= ganho em peso (g) / proteína ingerida (g).
Rendimento de carcaça: peso eviscerado, com brânquias, expresso em %
do peso inteiro.
Rendimento de filé: peso dos filés, expresso em % do peso inteiro.
Rendimento de couro: peso do couro, expresso em % do peso inteiro.
Gordura intraperitoneal: gordura separada das vísceras, expresso em % do
peso inteiro.
24
Índice hepato-somático: IHS= (peso fígado (g) / peso inteiro (g)) x 100.
Índice digestivo-somático: IDS= (peso trato digestório (g) / peso inteiro (g)) x
100.
25
3.2.5 Análises laboratoriais
As cinzas e umidade foram determinadas através da metodologia descrita
nas normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985). A gordura foi extraída e
quantificada pelo método de Bligh-Dyer (1959), extração com clorofórmio/metanol, a
frio. A proteína bruta foi quantificada pelo método de Kjeldahl (fator de
conversão=6,25) (AOAC, 1995).
Para determinação do perfil lipídico a gordura extraída foi metilada de acordo
com Hartman & Lago (1973) e analisada por cromatografia gasosa de alta resolução
(cromatógrafo Hewlett-Packard, modelo HP 6890, equipado com detector de
ionização de chama FID), em coluna capilar DB-23 (Agilent 60 m x 0,25 mm x
0,25 µm).
Após 60 dias e ao final do período de alimentação (120 dias), dois peixes
por tanques (6 por tratamento) foram capturados para coleta de sangue. Para este
procedimento, os peixes foram imobilizados, onde se retirou cerca de 2 mL de
sangue por peixe. As amostras foram acondicionadas em recipientes (5 mL) com
EDTA em gelo e imediatamente levados para análise. A análise do eritrograma
(contagem total de eritrócitos, hematócrito e hemoglobina) foi determinada a partir
da amostra coletada com EDTA, no contador eletrônico de células Pentra 120.
As enzimas alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase
(AST) foram determinadas por química seca, em analisador bioquímico Vitros 950
(Johnson & Johnson), pelo método enzimático. O cortisol foi analisado por um
ensaio imunométrico quimioluminescente em fase sólida de alta sensibilidade, no
equipamento Immulite 2000 (DPC).
O colesterol total foi determinado por química seca (Vitros, 1997), pelo
método enzimático similar ao proposto por Allain et al. (1974). O colesterol HDL foi
separado por precipitação de LDL e VLDL com sulfato de dextran e cloreto de
magnésio (Warnick et al., 1983). O HDL foi determinado por química seca pelo
método enzimático utilizando o mesmo reativo do colesterol total. O colesterol LDL
foi estimado pela equação de Friedewald et. al (1972). Os triglicerídeos foram
determinados por química seca, pelo método enzimático conforme descrito por
Spayd (1978).
26
3.2.6 Análises estatísticas
Os dados obtidos foram submetidos ao teste de Shapiro-Wilk para
verificação de normalidade. Os valores de glicose foram analisados por ANOVA de
Kruskall-Wallis e os de triglicerídeos foram transformados por logaritmo de base 10.
O procedimento MIXED do software SAS
®
(2001) foi aplicado para avaliar o efeito do
tempo (60 ou 120 dias) em cada variável resposta. Foram testados também os
coeficientes de correlação de Pearson (r) entre as variáveis. Para os valores de peso
e biomassa total, utilizou-se o consumo de ração como co-variável. O efeito da
densidade de estocagem em cada variável foi analisado por regressão polinomial.
As análises foram consideradas significativas quando a probabilidade (P) foi menor
que 0,05. O software SAS
®
(2001) foi utilizado para realizar as análises estatísticas e
o Sigma Plot
®
para a construção das figuras.
27
3.3 Resultados
3.3.1 Qualidade da água
Até os 80 dias de experimento, a temperatura da água do sistema de criação
manteve-se na faixa dos 22-26ºC (Figura 1). Após este período (outono no Sul do
Brasil), ocorreram oscilações, porém não afetaram o comportamento alimentar dos
peixes. Os demais parâmetros de qualidade de água estiveram em níveis
adequados para a criação da espécie (Tabela 2) e o apresentaram correlação
significativa com os resultados obtidos.
Figura 1. Variação da temperatura da água (ºC) durante o período experimental.
Tabela 2. Valores dos parâmetros de qualidade da água analisados durante
o experimento*
Parâmetro mínimo máximo média desvio
Oxigênio dissolvido (mg/L) 3,75 9,0 5,05 1,12
Amônia total (mg/L) 0,5 2,0 0,92 0,55
Nitrito (mg/L) 0,025 0,3 0,10 0,09
pH 6,0 7,0 6,72 0,29
Alcalinidade total (mg CaCO
3
/L) 20 44 31,95 6,05
*Amostras coletadas na entrada do primeiro filtro biológico.
28
3.3.2 Desempenho e carcaça
O peso individual dos peixes diminuiu de acordo com o incremento da DE
(Figura 2), nos dois períodos de avaliação (60 e 120 dias). Ao final do experimento,
os peixes da DE 4,2 kg/m
3
atingiram maior peso (315 g). Os resultados deste
trabalho evidenciam diminuição no crescimento do jundiá em densidades acima de
4,2kg/m
3
em sistema de recirculação de água. Em ambos os períodos, observaram-
se efeitos lineares decrescentes (60 dias: Y=279,48 6,40X, r
2
=0,67, P=0,001; 120
dias: Y=298,34 – 6,02X, r
2
=0,68, P=0,003).
Figura 2. Peso de jundiás submetidos a diferentes densidades de estocagem.
A elevação da DE implicou em maior biomassa total por tanque (Figura 3).
Tanto aos 60 (Y=1606,57 + 842,35X, r
2
=0,97, P=0,0001) como aos 120 dias
(Y=1560,53 + 951,29X, r
2
=0,96, P=0,0001), o efeito da DE sobre a biomassa foi
crescente e altamente significativo. Observou-se correlação negativa (-0,72,
P=0,007) entre o peso individual dos jundiás e a biomassa total. Aos 60 dias, a
conversão alimentar aparente dos peixes apresentou efeito quadrático (Y=-0,03 +
0,51X - 0,03X
2
, r
2
=0,45), onde os peixes submetidos à DE 8,6 kg/m
3
apresentaram
maior valor (Tabela 3). ao final do experimento, a CAA dos jundiás aumentou de
acordo com a DE (Y= 0,79 + 0,28X, r
2
=0,78, P=0,0001).
29
Figura 3. Biomassa total de jundiás submetidos a diferentes densidades de
estocagem.
Tabela 3. Comprimento total, comprimento padrão, conversão alimentar
aparente (CAA), coeficiente de variação do peso (CVP) e fator de
condição (FC) de jundiás submetidos a diferentes densidades de
estocagem
Densidade de estocagem (kg/m
3
)
Variáveis 4,2 6,4 8,6 10,8 dpr P
60 dias
Comprimento padrão (cm)
23,26 22,71 23,18 22,49 1,57
NS
Comprimento total (cm) 27,78 27,37 27,23 27,20 0,79
NS
CAA 1,65 1,78 2,35 1,90 0,26
*
CVP (%) 4,26 7,85 2,75 3,56 5,20
NS
FC
1
1,19 1,18 1,07 1,07 0,03
**
120 dias
Comprimento padrão (cm)
23,95 23,58 23,16 23,18 0,49
NS
Comprimento total (cm) 28,62 28,33 27,81 28,08 0,96
NS
CAA 1,69 3,08 3,30 3,72 0,32
***
CVP (%) 10,32 16,29 13,90 14,66 7,30
NS
FC
2
1,16 1,14 1,08 1,05 0,02
***
1
Y=1,28 – 0,02X, r
2
=0,68;
2
Y=1,24 – 0,01X, r
2
=0,91; *P<0,05; **P<0,01; ***P<0,0001.
30
Não ocoreu efeito da densidade de estocagem sobre os valores do
comprimento total e padrão dos jundiás (Tabela 3). Da mesma forma, o coeficiente
de variação do peso não foi afetado pelas diferentes DE testadas (P>0,05). Para o
fator de condição, verificou-se efeito linear decrescente nos dois períodos de
avaliação (60 dias P<0,01 e 120 dias P<0,0001). Não ocorreu mortalidade de
peixes durante o experimento.
O consumo aparente diário dos peixes (Figura 4) diminuiu de acordo com o
aumento da DE (60 dias: Y=2,10 0,09X, r
2
=0,93, P=0,0001; 120 dias Y=1,74
0,06X, r
2
=0,69, P=0,0008). Aos 60 dias, o consumo variou de 1,05%/dia para os
peixes da DE 10,8 kg/m
3
até 1,6 %/dia para os da DE 4,2 kg/m
3
. Observou-se
diminuição significativa dos valores de índice hepato-somático (P=0,04) ao final do
experimento em relação à amostragem dos 60 dias (Figura 5). Aos 120 dias,
verificou-se efeito quadrático (P=0,04) da DE sobre IHS, onde os peixes submetidos
a menor densidade (4,2 kg/m
3
) apresentaram menor valor (0,86).
Aos 60 dias, os valores de índice digestivo somático (Figura 6) não foram
afetados pelas DE testadas. Ao final do experimento, observou-se efeito quadrático
(P=0,02) para IDS, onde o máximo valor para esta variável foi obtido com a
densidade de 8,6 kg/m
3
.
Figura 4. Consumo aparente diário dos jundiás submetidos a diferentes densidades
de estocagem.
31
Figura 5. Índice hepato-somático de jundiás criados em diferentes densidades.
Figura 6. Índice digestivo-somático de jundiás criados em diferentes densidades.
32
Tabela 4. Rendimento de cortes (%) de jundiás submetidos a diferentes
densidades de estocagem
Densidade de estocagem (kg/m
3
)
Parâmetros 4,2 6,4 8,6 10,8 dpr P
60 dias
Rendimento de carcaça
82,26 81,68 84,57 81,43 4,59
NS
Rendimento de filé 31,91 31,61 30,53 31,92 2,71
NS
Couro 3,30 3,20 3,42 3,28 1,80
NS
Gordura intraperitoneal 1,46 3,23 3,39 2,08 1,16
*
120 dias
Rendimento de carcaça
83,84 83,28 82,92 84,46 1,76
NS
Rendimento de filé 33,37 33,77 33 34,54 1,47
NS
Couro 3,61 3,16 3,34 3,30 0,64
NS
Gordura intraperitoneal 3,92 3,30 2,57 1,88 1,68
*
NS: Não significativo (P>0,05). *P<0,05.
Não foi observado efeito da densidade sobre os valores de rendimento de
carcaça, couro e filé dos jundiás nos dois períodos de avaliação (Tabela 4). Foi
verificada correlação positiva e significativa entre os valores de rendimento de
carcaça e filé (r=0,73, P<0,0001).
Na coleta de dados aos 60 dias, observou-se maior quantidade de gordura
intraperitoneal (GI) nos peixes submetidos à DE 6,4 e 8,6 kg/m
3
(Tabela 4). Ao final
do experimento, a gordura intraperitoneal diminuiu proporcionalmente (Y=5,25 –
0,31X, r
2
=0,40, P<0,05) ao incremento da densidade de estocagem.
A taxa de eficiência protéica (TEP) apresentou alta correlação com as
densidades testadas. Assim, utilizou-se a DE como co-variável. A TEP ajustada foi
maior (P<0,05), nos dois períodos de avaliação, nos peixes submetidos a menor DE
testada (60 dias=1,13; 120 dias=1,08; Figura 7).
33
Figura 7. Valores ajustados da taxa de eficiência protéica em
jundiás submetidos a diferentes densidades de estocagem.
34
3.3.3 Composição centesimal e perfil lipídico
Aos 60 dias, a umidade dos filés (Y=69,72 + 0,51X, r
2
=0,71) aumentou de
acordo com as DE testadas, ocorrendo o inverso para os lipídios (Y=12,06 - 0,57X,
r
2
=0,76) (Tabela 5). Os teores de cinzas e proteínas, neste período, bem como a
composição total dos peixes ao final do experimento, não sofreu influência da DE.
Em relação ao peixe inteiro (Tabela 6), aos 60 dias, verificou-se aumento
linear dos teores de umidade (Y=65,65 + 0,29X, r
2
=0,40) e proteína (Y=12,99 +
0,41X, r
2
=0,61), enquanto que a gordura diminuiu (Y=19,20 - 0,79X, r
2
=0,61) de
acordo com o aumento da DE. Não ocorreu efeito significativo da DE no teor de
cinzas dos peixes. Aos 120 dias, observou-se efeito quadrático da DE (Y=25,72 -
2,68X+0,18x
2,
r
2
=0,62) sobre os teores de proteína. Os demais componentes não
foram afetados pelas diferentes DE testadas.
Tabela 5. Composição (%) dos filés de jundiás submetidos a
diferentes densidades de estocagem
Densidade de estocagem (kg/m
3
)
4,2 6,4 8,6 10,8 dpr P
Composição (%)
60 dias
Umidade 72,02 72,74 74,24 75,27 0,87
**
Cinzas 1,39 1,44 1,37 1,40 0,09
NS
Proteína 18,26 17,75 18,68 17,83 0,70
NS
Lipídios 9,06 9,35 7,04 5,63 0,87
**
120 dias
Umidade 75,29 73,57 75,38 73,68 2,83
NS
Cinzas 1,16 1,10 1,38 1,18 0,15
NS
Proteína 19,39 19,67 18,78 19,80 0,88
NS
Lipídios 6,04 8,73 6,37 7,35 2,41
NS
**P=0,01. NS: Não significativo (P>0,05).
Quanto ao perfil lipídico corporal dos jundiás (Tabela 7), observou-se maior
quantidade de ácidos graxos saturados nos peixes submetidos a menor densidade
testada (4,2 kg/m
3
). À medida que se aumentou a DE, a quantidade de AG
saturados diminuiu linearmente (P<0,05). Dos AG insaturados, o único que foi
afetado pelas DE foi o C22:5n-3, ocorrendo em maior quantidade nas duas maiores
35
densidades testadas (P<0,01). Foi verificado aumento linear na quantidade de
ácidos graxos insaturados (P<0,05) de acordo com o incremento da densidade de
estocagem. A relação n-3/n-6 e também entre os AG insaturados/saturados também
foram maiores nas DE mais altas (P<0,05). A relação n-6/n-3 foi maior na DE 6,4
kg/m
3
.
Tabela 6. Composição corporal (%) de jundiás submetidos a
diferentes densidades de estocagem
Densidade de estocagem (kg/m
3
)
Composição (%)
4,2 6,4 8,6 10,8 dpr P
60 dias
Umidade 66,95 67,37 68,26 68,79 0,96
*
Cinzas 2,49 2,63 2,83 2,64 0,26
NS
Proteína
14,72 15,88 16,10 17,67 0,88
**
Lipídios 16,76 12,76 12,56 11,05 1,37
**
120 dias
Umidade 69,30 67,60 70,55 68,80 1,94
NS
Cinzas 2,49 2,90 2,75 3,16 0,46
NS
Proteína 17,41 16,23 15,29 17,54 0,96
*
Lipídios 12,55 13,23 10,95 10,80 1,57
NS
*P<0,05; **P<0,01. NS=não significativo (P>0,05).
Não ocorreu efeito (P>0,05) da densidade de estocagem sobre o perfil
lipídico e as relações entre ácidos graxos nos filés dos jundiás (Tabela 8).
36
Tabela 7. Perfil lipídico corporal de jundiás criados em diferentes
densidades de estocagem (% de ácidos graxos nos
lipídios totais)
Densidade de estocagem (kg/m
3
)
Ácidos graxos
4,2 6,4 8,6 10,8 dpr P
C14:0 1,48 1,54 1,45 1,30 0,11 **
C16:0 24,34
22,84
23,37
22,10
1,08 *
C18:0 8,57 8,14 7,93 8,12 0,44 NS
∑ Saturados 34,87
33,12
33,20
32,26
1,24 *
C16:1n-7c 5,69 6,40 6,30 5,61 0,78 NS
C18:1n-9c 35,47
35,53
35,75
36,48
0,79 NS
C20:1n-9 0,90 0,94 0,68 1,09 0,31 NS
∑ Mono 42,15
42,97
42,81
43,24
1,50 NS
C18:2n-6c 18,97
19,76
19,33
19,66
1,04 NS
C18:3n-3 1,34 1,32 1,35 1,61 0,27 NS
C20:4n-6 1,07 1,15 1,29 1,23 0,27 NS
C22:5n-3 0,29 0,33 0,44 0,39 0,07 **
C22:6n-3 1,29 1,32 1,55 1,57 0,20 NS
∑ PUFA 22,97
23,90
23,99
24,49
1,58 NS
∑ Insaturados
65,13
66,87
66,79
67,73
1,24 *
∑ n - 3 2,93 2,98 3,36 3,58 0,43 NS
∑ n – 6 20,04
20,91
20,63
20,90
1,24 NS
n-3/n-6 0,14 0,14 0,16 0,17 0,01 *
n-6/n-3 6,91 7,10 6,18 5,88 0,68 **
UFA/SFA 1,87 2,02 2,01 2,10 0,10 *
*=P<0,05; **=P<0,01; NS=não significativo (P>0,05).
Mono= AGS monoinsaturados; PUFA=AGS poliinsaturados;
UFA/SFA=Insaturados/saturados.
37
Tabela 8. Perfil lipídico dos filés de jundiás criados em diferentes DE
(% de ácidos graxos nos lipídios totais)
Densidade de estocagem (kg/m
3
)
Ácidos graxos
4,2 6,4 8,6 10,8 dpr P
C14:0 1,41 1,29 1,27 1,32 0,10
NS
C16:0 22,45
21,65
22,68
22,66
1,01
NS
C18:0 7,93 8,54 7,93 7,48 0,87
NS
∑ Saturados 32,13
31,55
32,02
31,88
1,28
NS
C16:1n-7c 6,25 5,14 5,42 6,30 1,13
NS
C18:1n-9c 35,24
35,84
35,45
37,01
1,42
NS
C20:1n-9 0,85 0,90 0,89 1,05 0,37
NS
∑ Mono 42,35
41,90
41,77
44,37
2,37
NS
C18:2n-6c 19,91
20,76
20,86
19,52
1,67
NS
C18:3n-3 1,30 1,34 1,33 1,35 0,07
NS
C20:4n-6 1,37 1,67 1,45 0,96 0,55
NS
C22:5n-3 0,49 0,52 0,47 0,33 0,14
NS
C22:6n-3 2,42 2,23 2,08 1,56 0,65
NS
∑ PUFA 25,51
26,54
26,20
23,74
2,52
NS
∑ Insaturados
67,86
68,44
67,98
68,11
1,28
NS
∑ n - 3 4,23 4,10 3,88 3,25 0,80
NS
∑ n – 6 21,28
22,43
22,31
20,48
1,94
NS
n-3/n-6 0,19 0,18 0,17 0,16 0,02
NS
n-6/n-3 5,13 5,72 5,90 6,32 0,84
NS
UFA/SFA 2,11 2,18 2,12 2,13 0,13
NS
NS=não significativo (P>0,05).
Mono= AGS monoinsaturados; PUFA=AGS poliinsaturados;
UFA/SFA=Insaturados/saturados.
38
3.3.4 Hematologia e metabolismo
Não ocorreu efeito da densidade de estocagem sobre os parâmetros
hematológicos testados, tanto aos 60 dias como ao final do experimento (120 dias)
(Tabela 9). Após a análise em relação ao tempo (60 ou 120 dias), verificou-se uma
diminuição significativa (P<0,05) do número de plaquetas ao final do experimento.
Tabela 9. Parâmetros hematológicos de jundiás em diferentes
densidades de estocagem
Densidade de estocagem (kg/m
3
)
4,2 6,4 8,6 10,8 dpr P
60 dias
Eritrócitos (10
6
/mm
3
)
2,40 2,33 2,73 2,89 0,60 NS
Hemoglobina (g/dL) 11,35 12,48 11,80 14,15 1,06 NS
Hematócrito (%) 35,40 38,16 40,00 40,35 6,19 NS
VCM (nm
3
) 157,15
162,20
169,60
156,75
14,27
NS
HCM (pg) 48,30 46,14 44,40 48,85 5,22 NS
CHCM (g/dL) 29,10 28,34 26,90 31,15 2,35 NS
Plaquetas 106,00
101,25
114,00
109,00
11,46
NS
120 dias
Eritrócitos (10
6
/mm
3
)
2,32 2,40 2,33 2,12 0,37 NS
Hemoglobina (g/dL) 11,02 11,45 11,57 11,50 1,06 NS
Hematócrito (%) 37,30 39,93 38,37 34,18 5,71 NS
VCM (nm
3
) 162,13
167,17
165,63
162,58
8,57 NS
HCM (pg) 47,90 47,88 49,83 48,85 2,37 NS
CHCM (g/dL) 29,57 28,68 30,05 30,30 1,29 NS
Plaquetas 78,20 74,00 76,75 80,00 4,50 NS
NS: Não significativo a um nível mínimo de 5% (P>0,05).
VCM: Volume corpuscular médio; HCM: Hemoglobina corpuscular média;
CHCM: Concentração de hemoglobina corpuscular média.
Valores iniciais: eritrócitos=2,73 (10
6
/mm
3
); hemoglobina=11,00 (g/dL);
hematócrito=41,3%; VCM=151,3 (nm
3
); HCM=40,3 (pg); CHCM= 26,6 (g/dL);
Plaquetas=104,00;
39
Não foi observado efeito da DE sobre os valores de triglicerídeos, glicose,
HDL, LDL e colesterol total (tabela 10 e figura 8). Entretanto, ocorreram diferenças
significativas (P<0,05) para todas as variáveis em relação ao tempo de coleta. Os
valores de colesterol total, HDL (P=0,0001), LDL (P=0,0001) e triglicerídeos
(P=0,008) foram significativamente maiores ao final do experimento. A glicose
plasmática foi inferior à coleta dos 60 dias. Aos 120 dias verificou-se efeito linear
decrescente (Y=45,82 – 0,41X, r
2
=0,67) nos valores de uréia de acordo com o
incremento das DE testadas (P=0,02).
Os valores de triglicerídeos dos jundiás não foram afetados pelas
densidades de estocagem testadas (P>0,05). Entretanto, ao final do experimento os
jundiás apresentaram maior concentração deste metabólito (P=0,008) em relação
aos 60 dias. Da mesma forma, os valores de HDL e LDL não foram influenciados
pelas DE testadas, porém aos 120 dias observou-se diferença altamente significativa
(P=0,0001) em relação à amostragem intermediária (60 dias).
Tabela 10. Parâmetros metabólicos do plasma de jundiás
submetidos a diferentes densidades
Densidade de estocagem (kg/m
3
)
4,2 6,4 8,6 10,8 dpr P
Uréia (mg/dL)
60 dias 39,20 31,20 40,40 44,00 1,43 NS
120 dias
1
43,75 43,50 42,75 41,00 0,72 0,02
Triglicerídeos (mg/dL)
60 dias 2,58 2,58 2,65 2,65 0,51 NS
120 dias 2,70 2,71 2,72 2,73 0,04 NS
HDL (mg/dL)
60 dias 81,00 84,00 89,00 87,00 9,22 NS
120 dias 110,0 127,25 109,50 122,0 13,55 NS
LDL (mg/dL)
60 dias 145,68 152,48 152,76 151,80 10,11 NS
120 dias 231,35 234,20 222,55 239,60 9,45 NS
1
Y=45,82 - 0,41X, r
2
=0,67. dpr= desvio padrão residual.
40
Figura 8. Teores de glicose plasmática em juvenis de jundiá
criados em diferentes densidades de estocagem.
Figura 9. Valores de cortisol plasmático de jundiás submetidos a
diferentes densidades de estocagem após 120 dias de experimento.
Os valores de cortisol plasmático dos jundiás aumentaram de acordo com o
incremento da densidade de estocagem (Figura 9). Pela equação obtida, espera-se
um aumento de 0,38 mg/dL de cortisol a cada kg/m
3
a mais na densidade de
estocagem dos jundiás.
41
3.4 Discussão
Os resultados obtidos neste estudo não foram influenciados pela qualidade
da água avaliada no sistema de criação como um todo. Em relação ao oxigênio
dissolvido da água, o mínimo recomendado para o crescimento da espécie é 5,12
mg/L (Braun et al., 2006).
Os resultados deste trabalho evidenciam diminuição no crescimento do
jundiá em densidades de estocagem acima de 4,2 kg/m
3
.
A melhor DE varia de
acordo com a espécie e o sistema de criação. Para a tilápia (Oreochromis niloticus),
os valores variam de 5,98-12,0 kg/m
3
(Watanabe et al., 1990) e 14,1 - 30,7 kg/m
3
(Cruz & Ridha, 1989). Vaz et al. (2003) observaram que o aumento da densidade
não influenciou o peso individual de jundiás criados em tanques-rede. No entanto,
esses autores avaliaram densidades inferiores as do presente estudo (2 kg/m
3
- 0,68
kg/m
3
). Rowland et al. (2004) relatam que a variação de 50 para 200 peixes/m
3
(peso médio inicial de 2,3 g) não afeta o crescimento e sobrevivência da perca
prateada (Bidyanus bidyanus). Entretanto, quando se compara o sistema de criação,
os peixes mantidos em tanque-rede crescem mais em relação aos criados em
viveiros de terra.
Quanto maior a densidade de estocagem suportada, sem perda no ganho
em peso, mais apto o peixe está para ser submetido à criação intensiva (Saoud et
al., 2008). Isto melhora a eficiência da criação pela diminuição do período de cultivo,
independente do sistema de criação adotado.
Os valores de FC observados neste trabalho são superiores aos
encontrados por Lazzari et al. (2006), que para juvenis de jundcom peso de 85 g
obtiveram FC de 0,8. No presente estudo, observou-se diminuição do fator de
condição dos jundiás de acordo com o incremento da DE.
A relação entre a quantidade de alimento consumido e o crescimento é um
fator importante na criação de peixes. Na menor DE testada neste estudo, a
conversão alimentar aparente (CAA) foi de 1,7:1, valor superior ao encontrado por
Lazzari et al. (2006) para jundiás com peso médio de 85 g (1,4:1). Para juvenis de
pintado criados a 27ºC com peso de 50 g, a CAA verificada foi de 2,5:1 (Lima &
Ribeiro, 2006). Estes autores salientam que a grande dificuldade para mensurar a
CAA está relacionada ao consumo real dos peixes no ambiente criatório. Além disso,
as variações na eficiência de retenção de nutrientes devem ser consideradas
(Boujard & Luquet, 1996).
42
Para bagres americanos como o catfish (Ictalurus punctatus), o valor de
conversão alimentar médio está entre 1,3 e 1,4:1 (Li & Lovell, 1992). Este valor de
conversão é obtido até o animal chegar com 500 gramas de peso final. Para o
catfish americano (Ictalurus punctatus), geralmente se utiliza uma dieta com 32% de
proteína bruta para a engorda em tanques de terra. Porém, se a densidade de
estocagem for aumentada, a exigência nutricional é maior (Li & Lovell, 1992). No
presente estudo, utilizou-se para os jundiás uma dieta contendo 31% de PB.
Seguindo esta tendência, poderia se esperar que com o aumento do nível de
proteína dietário para os peixes submetidos a maiores densidades (6,4, 8,6 e 10,8
kg/m
3
), o crescimento dos peixes seria maior.
Para algumas espécies de peixes, principalmente salmonídeos, o aumento
da DE resulta em diminuição da atividade alimentar, refletido em menor consumo de
ração (Baker & Ayles, 1990). Os jundiás criados nas densidades 8,6 e 10,8 kg/m
3
apresentaram consumo menor em relação aos demais. Isto pode estar relacionado
também ao comportamento da espécie. O fato da uniformidade dos peixes no
experimento não ter sido afetada pelas DE testadas sugere que não houve presença
de indivíduos dominantes nas unidades experimentais. A diminuição do consumo de
alimento em detrimento ao aumento da DE pode estar relacionada ao estresse
(Alanärä & Brännäs, 1996).
A elevação da DE pode ser um estressor para o peixe. Quando em situação
de estresse, as exigências metabólicas de mantença são maiores, levando a
redução do crescimento. Uma conseqüência muito comum nestas situações é a
utilização de rotas gliconeogênicas, ou seja, obter glicose a partir de fontes não
glicídicas. Os peixes gastam mais energia para apreensão do alimento e competição
por território, resultando em menor deposição lipídica.
A ação de um estressor crônico pode limitar o crescimento por uma maior
demanda metabólica para mantença, além de uma ação direta na ingestão,
absorção e utilização do alimento. Além disso, interações comportamentais ocorrem
principalmente em altas densidades, onde geralmente o peixe destina parte de suas
reservas para suportar uma situação desfavorável oriunda de alguma situação de
estresse (Irwin et al., 1999).
O estresse social geralmente induz agressividade nos peixes, resultando em
respostas fisiológicas e de comportamento (Volpato & Fernandes, 1994). No
presente estudo não se evidenciou diferença na uniformidade dos peixes entre as
43
densidades testadas. Entretanto, quando a DE foi elevada, o retardo no crescimento
foi evidente, atestando estresse. A grande dificuldade nestes casos é mensurar o
grau do efeito estressor e, principalmente, de adaptação dos peixes a esta condição.
Isto seria possível se os peixes submetidos as maiores DE testadas fossem
colocados em um ambiente com DE menor com idêntico manejo alimentar.
Além do crescimento, a elevação da DE resultou em diminuição do consumo
e piora na conversão alimentar para o jundiá. O efeito estressante neste caso
prejudicou o desempenho dos peixes pela alteração metabólica, onde a energia
dispendida para compensar uma situação desfavoráel é maior. A variabilidade no
crescimento dentro das unidades experimentais pode ser considerada uma
estratégia adaptativa para otimizar a sobrevivência de uma população em um
espaço restrito (Volpato & Fernandes, 1994).
No presente estudo, observou-se elevação do cortisol plasmático de acordo
com o incremento da DE, da mesma forma que ocorreu diminuição do peso dos
peixes. Entretanto, Barton & Iwama (1991) citam que é difícil determinar se a queda
do desempenho é devida a mudanças no metabolismo induzidas pela resposta ao
estresse, pois outros fatores também podem determinar diminuição no ganho em
peso, como: redução da capacidade do peixe em obter alimento, interações sociais,
efeito direto de níveis hormonais, enzimas ou outros fatores de crescimento.
O cortisol é um hormônio muito utilizado como indicador de estresse em
peixes (Wendelaar Bonga, 1997; Barcellos et al., 2000). O estresse crônico afeta o
crescimento e o metabolismo pela ação do cortisol (Van Weerd & Komen, 1998).
Este por sua vez afeta negativamente os hormônios envolvidos no anabolismo,
inibindo a ntese protéica (Pickering, 1993). Além disso, estudos em peixes
mostram efeito do cortisol sobre rotas gliconeogênicas no organismo (Vijayan et al.,
1991; 1994).
Os jundiás criados nas maiores DE apresentaram menor acúmulo de
gordura corporal. Isto vem ao encontro do demonstrado por alguns autores que
citam que as primeiras enzimas estimuladas no processo de gliconeogênese em
situações de estresse são as responsáveis pela lipólise (Vijayan et al., 1991). Assim,
aumenta a concentração de glicerol e ácidos graxos livres na corrente sangüínea, o
aporte energético das reservas corporais é mobilizado em resposta ao estresse, e o
acúmulo corporal de gordura diminui.
44
Quanto ao perfil lipídico corporal, observou-se que a elevação da densidade
até 10,8 kg/m
3
proporcionou maior quantidade de AGS insaturados, maior valor da
relação n -3 / n 6 e menor deposição de AGS saturados. Nos filés, o ocorreu
efeito da DE sobre o perfil lipídico. Um resultado que chamou a atenção foi a
ausência do AGS EPA (eicosapentanóico - 20:5n 3) nas análises. Esperava-se
que este ácido graxo estivesse presente, pois o jundiá apresenta capacidade de
elongação e desaturação, principalmente a partir dos AGS linolênico (18:3n 3) e
linoléico (18:2n – 6) (Vargas et al., 2008).
Por outro lado, a fonte lipídica utilizada na dieta dos peixes do presente
experimento (óleo de soja) apresenta maior quantidade de AGS do grupo n 6 com
pequena proporção de AGS n - 3 (NRC, 1993). Neste caso, como a quantidade de n
3 na dieta seriam menores, proporcionando uma quantidade muito reduzida de
EPA que não foi detectado nas análises. Filés de jundiás criados em sistema de
recirculação de água (sem presença de alimentos naturais) também não
apresentaram EPA na sua composição (Weber et al., 2008).
Segundo Vargas et al. (2008), a alternativa para este problema seria
adicionar uma fonte de lipídios com melhor composição, como o óleo de peixe. Das
fontes vegetais, o óleo de linhaça seria o mais recomendado. Isto mostra que a
densidade de estocagem, no caso do perfil lipídico dos filés, não alterou a
composição de AGS do jundiá.
Apesar de não ter sido observada alteração no perfil lipídico dos filés de
jundiás nas diferentes DE testadas, a quantidade de AGS poliinsaturados (PUFAS)
variou de 23 a 26% dos lipídios totais. Estes valores são muito superiores aos
verificados em filés do bagre africano (Clarias gariepinus) alimentados com dietas
práticas, que apresentaram quantidade de PUFAS entre 13 e 14% (Matter et al.,
2004).
Os valores de composição centesimal encontrados neste estudo são
similares aos encontrados em outros trabalhos com a espécie, que demonstram que,
além da densidade, a composição da dieta é fator decisivo na variação dos
nutrientes corporais (Lazzari et al., 2006).
Para o jundiá, a alteração dos índices digestivos parece estar relacionada
mais com a composição da dieta do que com alterações de manejo.
Pelos resultados obtidos neste estudo, podemos verificar que o jundiá
apresenta grande potencial de produção de carne, pelos altos índices de rendimento
45
de carcaça e filé. Os valores de rendimento de carcaça observados neste estudo
(83-84%) foram superiores aos verificados por Lazzari et al. (2006), que obtiveram
rendimento de carcaça em torno de 80-82%. Entretanto, estes autores encontraram
valores de rendimento de filé superiores aos do presente trabalho, entre 37 e 40%.
Estas diferenças devem-se a fase de desenvolvimento, pois no caso do trabalho
citado os peixes foram abatidos com menor peso (65-80 g). Fatores como tipo de
alimento, sexo e condição de criação podem afetar os valores de rendimento de
cortes (Carneiro et al. 2003).
A hematologia é uma ferramenta para detectar alterações no metabolismo e
pode ser utilizada para monitorar a saúde dos peixes (Stoskopf, 1993). Um efeito
secundário do estresse em peixes pode ser indicado pelo aumento ou diminuição
em alguns pametros bioquímicos no sangue (Yavuzcan-Yildiz & Kirkagaç-Uzbilek,
2001).
Da mesma forma que no presente estudo para o jundiá, Ranzani-Paiva et al.
(2005) observaram correlação significativa (0,76) entre a contagem de eritrócitos e o
hematócrito do cachara (Pseudoplatystoma fasciatum).
A ação de um estressor crônico pode limitar o crescimento por uma maior
demanda metabólica para mantença, além de uma ação direta na ingestão,
absorção e utilização do alimento. O estresse crônico afeta o crescimento e o
metabolismo pela ação do cortisol (Van Weerd & Komen, 1998). Este por sua vez
afeta negativamente os hormônios envolvidos no anabolismo, inibindo a síntese
protéica (Pickering, 1993). Outra conseqüência muito comum nestas situações é a
utilização de rotas gliconeogênicas, ou seja, obter glicose a partir de fontes não
glicídicas (Vijayan et al., 1994).
Estudos adicionais envolvendo aspectos de metabolismo de jundiás
submetidos a diferentes densidades deverão ser conduzidos para elucidar melhor os
mecanismos que levam o jundiá a um menor crescimento em densidades maiores.
Além disso, muitos mercados preconizam a criação dos peixes em condição
de bem-estar, sendo a hematologia uma ferramenta importante para monitorar esta
condição. Os valores observados neste estudo refletem uma condição específica de
manejo com o jundiá.
46
3.5 Conclusões
- Jundiás criados em densidade de 4,2 kg/m
3
apresentam maior peso
individual.
- O aumento da densidade de estocagem provoca estresse no jundiá.
- A proteína e os lipídios corporais o afetados pela densidade de
estocagem.
- Os parâmetros hematológicos do jundiá não são alterados em densidades
de estocagem até 10,8 kg/m
3
.
- Em maiores densidades, o jundiá realiza gliconeogênese.
47
4. SEGUNDO CAPÍTULO
Crescimento e qualidade da carne do jundiá de acordo com o sexo e o nível de
proteína da dieta
4.1 Introdução
A piscicultura é a atividade de produção animal que mais cresce no Brasil.
Isto se deve a intensificação e tecnificação dos sistemas de cultivo e a diversidade
de espécies utilizadas nas criações. O jundiá (Rhamdia quelen) é um bagre de
hábito alimentar onívoro e com grandes aptidões para a criação comercial. Em sua
dieta é necessária a inclusão de pelo menos uma fonte de origem animal, pois é um
peixe exigente quanto à qualidade da proteína dietária (Meyer & Fracalossi, 2004;
Lazzari et al., 2006). A criação do jund está baseada na produção de peixes de
ambos os sexos no mesmo espaço de cultivo. Os animais recebem alimentação com
mesma composição, resultando, na maioria das vezes, em crescimento diferenciado
entre machos e fêmeas.
A proteína é o nutriente mais caro da dieta e importante para o crescimento
e metabolismo dos peixes, pois constitui a maioria dos tecidos. Para o jundiá,
trabalhos mostram a influência do nível de proteína da dieta no crescimento deste
peixe (Meyer & Fracalossi, 2004; Salhi et al., 2004; Piedras et al., 2006). A exigência
protéica encontrada para juvenis de jundiá alimentados com dietas semipurificadas é
de 32,6 e 37,3% de proteína bruta (PB) para concentrações energéticas de 3200 e
3650 kcal/kg de energia metabolizável, respectivamente (Meyer & Fracalossi, 2004).
Quando a concentração de energia digestível da dieta é de 3400 kcal/kg, a exigência
em proteína para este peixe é de 37% (Salhi et al., 2004).
A utilização de dietas práticas em experimentos com peixes é importante
por que demonstra uma condição na qual o animal terá que digerir um alimento
similar ao encontrado nas criações a campo. São escassos os estudos sobre a
exigência protéica de jundiás em fases mais avançadas de criação (acima de 50g).
Assim, este trabalho visa observar o crescimento, composição corporal e
dos filés, metabolismo, hematologia e perfil lipídico de jundiás alimentados com
diferentes níveis de proteína na dieta e separados por sexo.
48
4.2 Material e métodos
Para este trabalho foi conduzido um experimento de alimentação com 100
dias de duração, compreendidos entre os meses de Abril e Julho de 2006. As
instalações deste experimento também estavam localizadas no Laboratório de
Piscicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria.
Os peixes utilizados no experimento são de mesma origem que os do experimento
1, com manejo de adaptação similar.
4.2.1 Instalações e animais
Este experimento foi delineado em um arranjo fatorial 3 X 2 (3 níveis de
proteína bruta - 24 27 e 30% PB; e 2 sexos), em triplicata. Utilizou-se como
instalação experimental um sistema com recirculação de água, com filtragem
biológica e sistema de aeração do tipo “Venturi”, composto por 18 tanques de
polipropileno (280 L), onde se distribuiu 15 peixes/tanque (9 tanques com machos e
9 com fêmeas). A vazão utilizada em cada tanque foi de aproximadamente 3,5
L/min. Utilizou-se ao todo 270 peixes (135 fêmeas e 135 machos, peso médio
inicial= 207,02 ± 26,73 g), que foram submetidos a um período de adaptação ao
sistema de sete dias antes do início do experimento.
49
4.2.2 Qualidade da água
Periodicamente foram aferidos os parâmetros físico-químicos da água do
sistema de criação: temperatura, amônia total, nitrito, alcalinidade, pH e oxigênio
dissolvido. A água para as análises foi coletada na entrada do primeiro filtro
biológico, antes de cada alimentação. Para medição da temperatura e oxigênio
dissolvido utilizou-se um oxímetro digital (YSI-Yellowsprings-EUA). Para as demais
análises foi utilizado kit colorimétrico (Alfakit, Florianópolis, SC). As metodologias de
análise utilizadas foram similares aos demais experimentos. Realizou-se também
limpeza dos encanamentos, sifonagem de resíduos e renovação diária de água
(10% do volume total).
50
4.2.3 Manejo alimentar
As dietas experimentais foram formuladas de acordo com Lazzari et al.
(2006), conforme Tabela 11. A composição em aminoácidos essenciais das dietas
encontra-se na Tabela 12. O alimento foi ofertado uma vez ao dia (9h). Nos
primeiros 20 e nos últimos 20 dias de experimento foi oferecida aos peixes a
quantidade referente a 1,5% do peso vivo/dia. Nos demais dias a oferta foi de 3
%PV/dia.
Para a fabricação das dietas, os ingredientes foram pesados, misturados,
através de misturador elétrico, até completa homogeneização. Posteriormente a
mistura foi umedecida, peletizada e levada a estufa de circulação de ar forçado por
24h a 53ºC. Após a secagem, a ração foi triturada, peneirada (grânulos com cinco
milímetros) e conservada em refrigerador (-4 ºC).
Tabela 11. Composição das dietas experimentais (%) utilizadas no experimento 2
Ingredientes 24 27 30
Farinha de carne e ossos bovina 16 20 24
Farelo de soja 20 22 24
Milho moído 23,99 23,99 23,99
Farelo de trigo 19 19 19
Óleo de soja 3 4 5
Sal comum 1 1 1
Inerte (areia fina) 14 7 0
Fosfato bicálcico 1 1 1
Vitaminas e minerais
1
2 2 2
Antioxidante (BHT) 0,01 0,01 0,01
Composição analisada (%)
Umidade 4,20 5,20 4,10
Proteína Bruta 24,68 27,04 30,41
Energia Digestível (kcal/kg)
2
2585 2833 2869
Energia (kcal ED) / proteína (g) 10,47 10,47 9,43
Matéria mineral 11,09 11,03 12,16
Extrato etéreo 6,21 7,59 9,04
Fibra bruta 3,80 4,14 4,41
Cálcio 1,98 2,35 2,72
Fósforo 1,25 1,52 1,67
1
Composição da mistura vitamínica e mineral (kg de produto/SUPRE MAIS
®
):
Ác. Fólico: 1200mg, Ác. Nicotínico: 24000mg, Ác. Pantotênico: 12000mg, Cobalto: 10mg; Cobre: 3000mg, Cloreto
de colina: 108 g, Ferro: 50000mg, Biotina: 48 mg, Iodo: 100mg, Manganês: 20000mg, Selênio: 100mg, Vit.A:
1200000UI, Vit. B1: 4800mg, Vit. B2: 4800mg, Vit. B6: 4800mg, Vit. B12: 4800mcg, Vit. C: 48 g, Vit. D3: 200000UI,
Vit. E: 12000 mg, Vit. K3: 2400mg, Zinco: 3000mg.
2
Energia digestível calculada a partir de valores utilizados por TOKO et al. (2008), considerando: Lipídio=9 kcal/g,
Proteína=5 kcal/g, Carboidratos=4 kcal/g, com digestibilidades de 85, 90 e 50%, respectivamente.
51
Tabela 12. Composição em aminoácidos essenciais
(% da proteína) das dietas experimentais*
Aminoácido 24 27 30
Arginina 6,21 6,53 6,57
Fenilalanina 3,91 4,01 3,97
Histidina 2,09 2,17 2,16
Isoleucina 3,34 3,44 3,41
Leucina 6,45 6,66 6,60
Lisina 4,70 4,92 4,94
Metionina 1,34 1,40 1,40
Treonina 3,17 3,30 3,30
Triptofano 0,95 0,96 0,94
Valina 4,47 4,65 4,63
*Valores calculados a partir da análise dos ingredientes que se
encontram nos Anexos.
52
4.2.4 Coleta de dados e variáveis estimadas
Antes do início do experimento, uma amostra de 20 peixes foi separada para
as análises iniciais de hematologia e composição química. Ao final do experimento,
6 peixes por tratamento foram capturados (2 por tanque), sendo 3 abatidos
(hipotermia) para a realização da análise de composição corporal (peixe inteiro
moído) e os demais para retirada de filé. Em todos os procedimentos, os peixes
passaram por jejum (24 horas) e foram previamente anestesiados com trifenóxi-
etanol (0,03%).
Foram realizadas 2 biometrias para coleta de dados de peso e comprimento,
uma inicial e outra ao término do experimento (100 dias). Utilizou-se para este
procedimento balança digital com 3 casas decimais e ictiômetro graduado.
Foram estimadas as seguintes variáveis:
Peso médio (g): medido nas biometrias, representa a média de peso
individual em cada densidade de estocagem testada.
Comprimento total (cm): medida que representa toda a extensão do peixe,
da cabeça ao final da cauda.
Comprimento padrão (cm): medido da cabeça até a inserção do pedúnculo
caudal.
Fator de condição: calculado segundo a fórmula:
FC= ((Peso X 100) / (Comprimento total
3
)).
Rendimento de carcaça: peso eviscerado, com brânquias, expresso em %
do peso inteiro.
Rendimento de filé: peso dos filés, expresso em % do peso inteiro.
Rendimento de couro: peso do couro, expresso em % do peso inteiro.
Gordura intraperitoneal: gordura separada das vísceras, expresso em % do
peso inteiro.
Índice hepato-somático: IHS= (peso fígado (g) / peso inteiro (g)) x 100.
Índice digestivo-somático: IDS= (peso trato digestório (g) / peso inteiro (g)) x
100.
53
4.2.5 Análises laboratoriais
Após o período de alimentação (100 dias), uma amostra de 3 peixes por
tanque (9 por tratamento) foi retirada ao acaso, sendo os animais submetidos a
jejum prévio de 24 horas e posteriormente sacrificados por hipotermia.
Ao final do período de alimentação, 2 peixes por tanque (6 por tratamento)
foram capturados aleatoriamente para coleta de sangue. A retirada foi realizada por
punção na veia caudal, com seringas heparinizadas (3 mL). Após a retirada as
amostras foram acondicionadas em tubos contendo EDTA imersos em gelo e foram
imediatamente enviadas para análise.
A umidade, cinzas e proteína (método de Kjeldahl, fator de conversão=6,25)
foram determinadas seguindo as metodologias descritas na AOAC (1995). A gordura
foi extraída e quantificada pelo método de Bligh-Dyer (1959). Para determinação do
perfil lipídico a gordura extraída foi metilada de acordo com Hartman & Lago (1973)
e analisada por cromatografia gasosa (cromatógrafo Hewlett-Packard modelo HP
6890 equipado com detector de ionização de chama FID), em coluna capilar DB-
23 (Agilent – 60 m x 0,25 mm x 0,25 µm).
Foram determinados os valores de hematócrito, hemoglobina, eritrócitos,
volume corpuscular médio, hemoglobina corpuscular média, concentração de
hemoglobina corpuscular média e plaquetas. O hematócrito foi determinado por
centrifugação (microhematócrito) e a hemoglobina por espectrofotometria pelo
método de cianometahemoglobina.
No plasma foram dosados glicose (Kit Labtest), lactato (Harrower & Brown,
1972) e proteína (Bradford, 1976). Para as dosagens de glicose (Park & Johnson,
1949), lactato e amônia (Verdouw et al., 1978), os tecidos muscular e hetico
foram homogeneizados numa proporção de 50-100 mg/mL de TCA (ácido
tricloroacético) 10%, utilizando-se um homogeneizador tipo Potter-Elvejhem. Após,
foram centrifugados a 1000 g por 3 minutos e os sobrenadantes foram utilizados
para as determinações dos metabólitos. A dosagem de glicogênio no fígado e
músculo foi realizada de acordo com Bidinotto et al., (1998).
Para a análise de enzimas digestivas, o trato digestório foi retirado, sendo
posteriormente separado do estômago. Os tecidos então foram homogeneizados em
tampão (10 mM fosfato/20 mM tris - pH 7,0) durante 10 minutos (4ºC), utilizando um
homogenizador (Potter-Elvehijen). Os sobrenadantes obtidos foram utilizados nos
ensaios enzimáticos.
54
A atividade de tripsina foi determinada com α-ρ-toluenesulphonyl-L-arginine
methyl ester hydrochloride (TAME). Os extratos foram incubados por 2 minutos em
2ml de tampão Tris/CaCl
2
, em pH 8,1. A quimiotripsina foi determinada com benzoyl
tyrosine ethyl ester (BTEE). A incubação dos extratos foi realizada por 2 minutos
com tampão Tris/CaCl
2
(2ml), em pH 7,8. Para estas 2 enzimas as análises foram
realizadas em duplicata de cada peixe coletado, sendo as leituras realizadas em
espectrofotômetro (247 e 256 nm, respectivamente), seguindo o protocolo descrito
por Hummel (1959). Uma unidade de enzima foi definida como a quantidade de
enzima necessária para hidrolizar 1 µg de substrato (TAME ou BTEE) por min/mg
proteína.
A atividade de protease ácida foi determinada utilizando-se o método de
hidrólise da caseína modificado por Hidalgo et al. (1999). O ensaio foi conduzido
utilizando-se KCl 0,1 M em tampão pH 1,8. A reação enzimática consistia de 1% de
caseína em água (0,4 mL), tampão (1,6 mL) e 20 µl do homogeneizado. Em seguida
os tubos foram incubados no banho 30ºC durante 40 minutos. A reação foi
interrompida com 1 mL de TCA 15%. Após, as amostras foram centrifugadas e os
sobrenadantes foram lidos em 280 nm. A tirosina foi utilizada como padrão, sendo
uma unidade de enzima definida como a quantidade de enzima necessária para
catalizar a formação de 1µg de tirosina por 1 min por mg de proteína.
A atividade de amilase foi determinada em tampão fosfato-citrato (0,2M, pH
7,0, NaCl 0,5%) com concentração de amido de 2,5%. A reação foi interrompida com
a adição de Ba(OH)
2
(0,3 N e ZnSO
4
5%). O protocolo experimental foi modificado
de acordo com Bernfeld (1955). A determinação da hidrólise do amido foi segundo
metodologia de Park-Johnson (1949). A leitura foi realizada em 660 nm. Uma
unidade desta enzima foi definida como 1 µmol de glicose liberada do amido por
min/mg de proteína.
A maltase foi determinada também em tampão fosfato-citrato, com 5% de
concentração de maltose e 20 µl de extrato bruto. Estes foram incubados durante 60
minutos (25 ºC). A reação foi interrompida com PCA 0,6 N (0,1 mL) e adicionado 0,1
mL de KHCO
3
. As amostras foram centrifugadas a 3.000g por 5 minutos e a glicose
determinada a 500 nm, com glicose oxidase (Kit-Labtest). A proteína dos extratos
brutos para a medição da atividade enzimática foi determinada pelo método de
Lowry et al. (1951), utilizando albumina de soro bovino como padrão.
55
4.2.6 Análises estatísticas
Os dados foram submetidos ao teste de Shapiro-Wilk para verificação de
normalidade. Como não apresentaram distribuição normal, os dados de
concentração de hemoglobina corpuscular média foram submetidos à ANOVA de
Kruskall-Wallis (P<0,05). As demais variáveis foram submetidas à análise de
variância de duas vias (Two-way ANOVA), sendo que as diferenças entre os sexos
foram comparadas pelo teste "t" de Student e o efeito do nível protéico avaliado por
regressão polinomial (P<0,05). Realizaram-se também estudos de correlação de
Pearson (r) entre as variáveis estudadas. Para as análises estatísticas foi utilizado o
pacote estatístico "SAS" (2001).
56
4.3 Resultados
4.3.1 Qualidade da água
Os valores de qualidade da água verificados no experimento foram:
temperatura=20,07 ± 2,52 ºC; pH=6,95 ± 0,15; oxigênio dissolvido=5,9 ± 0,78 ppm;
amônia total=1,25 ± 0,80 ppm; nitrito=0,02 ± 0,003 ppm; alcalinidade total= 45,50 ±
11,45 mg CaCO
3
/L; dureza=54,67 ± 11,57 mg CaCO
3
/L.
4.3.2 Desempenho e carcaça
O peso dos peixes foi influenciado pelo sexo. Observou-se maior peso nas
fêmeas em relação aos machos (Figura 10). Quanto ao nível de proteína, os machos
aumentaram de peso (Y=151,69 + 3,90X, r
2
=0,57, P=0,01) de acordo com o
incremento do nível de proteína da dieta. No caso das fêmeas, não ocorreu efeito do
nível de proteína da dieta no peso (Figura 11).
Figura 10. Peso médio individual dos jundiás separados por sexo.
Coluna assinalada por * apresenta diferença significativa dos machos pelo teste “tde Student
(P<0,05).
Os valores de comprimento total e padrão dos peixes não foram afetados
pelos níveis de proteína e pelo sexo dos peixes (Tabela 13). Verificou-se neste
estudo que o nível protéico da dieta não afetou o rendimento de cortes do jundiá
(IDS, GI e IHS). As fêmeas apresentaram menor rendimento de filé e maior valor de
57
índice digestivo-somático. Para rendimento de carcaça, couro, gordura
intraperitoneal e índice hepato-somático, não se verificaram diferenças entre sexos.
Figura 11. Peso final de jundiás de acordo com o nível de proteína da dieta.
Tabela 13. Rendimentos de cortes e índices digestivos de jundiás alimentados com
diferentes níveis de proteína e separados por sexo
CT CP RC RF COU IDS GI IHS
PB (%)
24 28,42 22,49 85,52 33,28 3,65 2,77 3,90 1,40
27 28,32 22,52 85,80 33,54 3,52 2,79 4,17 1,31
30 28,60 22,75 84,05 32,98 3,48 3,23 4,52 1,65
Sexo
Macho 28,22 22,35 85,86 34,37 3,51 2,50 4,09 1,29
Fêmea 28,73 22,89 84,59 32,16 3,59 3,36 4,30 1,61
ANOVA
Sexo NS NS NS ** NS ** NS NS
PB NS NS NS NS NS NS NS NS
Sexo x PB NS NS NS NS NS NS NS NS
CV 0,90 1,42 5,36 3,97 5,68 18,51 22,42 27,05
NS: Não-significativo (P>0,05). **P<0,01.
CT= comprimento total; CP= comprimento padrão; RC=rendimento de carcaça; RF=rendimento de
filé; COU=rendimento de couro; IDS=índice digestivo somático; GI= gordura intraperitoneal;
IHS=índice hepato-somático.
58
Figura 12. Fator de condição de machos e fêmeas de jundiá alimentados
com diferentes níveis de proteína na dieta.
O fator de condição verificado nos jundiás foi menor (P<0,05) nos machos
(1,12) que nas fêmeas (1,27). A proteína da dieta influenciou significativamente o
fator de condição nos machos (Figura 12), enquanto que para as fêmeas não foi
observado esse efeito.
59
4.3.3 Composição centesimal e perfil lipídico
A composição dos filés dos jundiás não foi influenciada pelo sexo do peixe
(P>0,05, Tabela 14). A umidade dos filés apresentou aumento linear crescente em
relação ao nível de proteína da dieta (Y=61,86 + 0,41X, r
2
=0,79). A quantidade de
cinzas, gordura e proteína dos filés não foram modificadas em função do nível
protéico da dieta (P>0,05).
A umidade corporal não foi influenciada pelo sexo e pela proteína dietária.
Os peixes alimentados com a dieta contendo 30% de proteína apresentaram maior
quantidade de gordura corporal (15,75%, Tabela 14). As fêmeas apresentaram mais
proteína corporal que os machos (P<0,05). Ocorreu interação significativa entre sexo
e nível de proteína da dieta para as cinzas e para a gordura corporal (Tabela 14).
Isto mostra que a variação destes componentes, no peixe inteiro, é dependente dos
dois fatores testados no experimento.
Tabela 14. Composição centesimal dos fis e corporal (%) de jundiás
alimentados com diferentes níveis de proteína na dieta e
separados por sexo
Filé Inteiro
UM CZ GOR PRO UM CZ GOR PRO
PB (%)
24 72,55 1,22 6,50 20,47 67,81 2,85 13,68 16,46
27 73,54 1,29 7,87 19,39 67,77 3,10 13,00 18,13
30 74,79 1,34 6,08 18,47 67,15 2,88 15,75 16,99
Sexo
Macho 73,86 1,33 6,71 18,77 68,26 3,06 14,02 16,09
Fêmea 73,39 1,23 6,93 20,11 66,89 2,83 14,26 18,30
ANOVA
Sexo NS NS NS NS NS NS NS *
PB * NS NS NS NS NS * NS
Sexo x PB
NS NS NS NS NS * ** NS
CV 1,70 17,31 22,69 8,07 1,99 12,69 12,97 12,24
NS: Não-significativo (P>0,05). *P<0,05. **P<0,01.
UM = umidade; CZ = cinzas; GOR = gordura; PRO = proteína;
Umidade: Y=61,86 + 0,41X, r
2
=0,79.
Gordura: Y=-6,74 + 0,75X, r
2
=0,52.
60
O sexo e o nível de proteína na dieta influenciaram o perfil lipídico corporal e
dos filés dos jundiás (Tabelas 15 e 16). O aumento do nível de proteína da dieta
influenciou negativamente (P<0,05) a quantidade de ácidos graxos saturados
observados no peixe inteiro enquanto que para os AGS insaturados aconteceu o
inverso (Tabela 15).
Tabela 15. Perfil lipídico corporal de jundiás alimentados com diferentes
níveis de proteína e separados por sexo (% de ácidos graxos nos lipídios
totais)
PB (%) Sexo
Ácidos graxos 24 27 30 m f Efeito
C14:0 1,66 1,58 1,41 1,59 1,52 NP
C16:0
24,22 23,81 23,52 24,07
23,63 S, NP
C18:0
8,50 8,38 8,25 8,20
8,56 S
∑ saturados
35,12 34,54 34,00 34,59
34,50 NP
C16:1n-7c
5,85 5,68 5,27 5,83
5,37 S, NP, I
C18:1n-9c
34,10 34,37 34,93 34,61
34,32 NP
C20:1n-9
1,03 1,04 0,99 1,06
0,98 S
∑ Mono
41,18 41,28 41,37 41,70
40,86 S, I
C18:2n-6c
19,92 20,14 20,74 19,98
20,55 S, NP, I
C18:3n-3
1,34 1,43 1,44 1,38
1,43 S, NP, I
C20:4n-6
0,94 1,03 1,00 0,95
1,02 NS
C22:5n-3
0,31 0,33 0,29 0,28
0,34 S, NP
C22:6n-3
1,12 1,17 1,09 1,04
1,22 S
∑PUFA
23,69 24,17 24,62 23,69
24,62 S, NP, I
∑ Insaturados
64,87 65,46 66,00 65,40
65,49 NP
∑n -- 3
2,82 2,99 2,88 2,75
3,04 S, NP
∑n – 6
20,86 21,17 21,74 20,94
21,58 S, NP, I
n-3/n-6
0,13 0,14 0,13 0,13
0,14 S, NP
n-6/n-3
7,40 7,09 7,56 7,60
7,10 S, NP
UFA/SFA
1,84 1,89 1,94 1,89
1,89 NP
S=Sexo; NP=Nível de proteína; I=Interação estatística significativa (S*NP).
Mono= AGS monoinsaturados; PUFAS=AGS poliinsaturados;
UFA/SFA=AGS insaturados/saturados.
61
Os peixes alimentados com a dieta D24 apresentaram maior quantidade de
ácidos graxos saturados C14:0 e C16:0. Observou-se que os machos apresentaram
maior quantidade corporal de ácidos graxos monoinsaturados.
As fêmeas apresentaram maior quantidade de ácidos graxos poliinsaturados
(PUFAS) corporais em relação aos machos. A dieta contendo 30% de proteína bruta
proporcionou maior deposição de PUFAS corporais nos jundiás (Tabela 15). As
fêmeas apresentaram também maiores quantidades de ácidos graxos corporais dos
grupos ômega 3 (n 3) e ômega 6 (n 6). Os peixes alimentados com a dieta
contendo 27 % de PB apresentaram maiores quantidades de n – 3 e maior relação n
3/ n 6. A relação entre os ácidos graxos insaturados e saturados apresentou
correlação positiva com a proteína dietária (Tabela 15).
Nos filés dos jundiás (Tabela 16), observou-se maior quantidade de AGS
saturados nas fêmeas. Verificou-se maior quantidade do AG C16:0 nos jundiás
alimentados com a dieta contendo 24% PB.
Da mesma forma que nos AGS corporais, a quantidade de PUFAS foi maior
nos peixes alimentados com a dieta D30. A maior quantidade do ácido graxo
linolênico (C18:3 n-3) foi observada nas fêmeas e nos peixes alimentados com a
dieta contendo 27% de PB. O total de AGS insaturados foi maior nos machos
(65,68%) e nos peixes submetidos a dietas com 27% de PB (66,23%).
Não ocorreram diferenças significativas entre sexos (P>0,05) na quantidade
de AGS do grupo ômega 3 nos filés dos jundiás (Tabela 16). Entretanto, verificou-se
efeito linear crescente do nível de proteína da dieta na incorporação destes AGS nos
filés dos jundiás. Este efeito também foi observado para os AGS do grupo n 6
(ômega 6). As fêmeas apresentaram maior quantidade de n – 6 (21,97%) em relação
aos machos (21,31%).
A relação n – 3 / n – 6 foi maior nos machos (0,15), enquanto que a n – 3 / n
– 6 foi superior nas fêmeas (6,92). O nível de proteína da dieta não influenciou estas
relações.
A relação entre os ácidos graxos insaturados e saturados foi maior nos
peixes alimentados com a dieta contendo 27% de proteína bruta (1,96). Em relação
ao sexo, os machos apresentaram valor superior às fêmeas (Tabela 16).
62
Tabela 16. Perfil lipídico dos filés de jundiás alimentados com diferentes níveis
de proteína e separados por sexo (% de ácidos graxos nos lipídios
totais)
PB (%) Sexo
Acid. graxos 24 27 30 Macho Fêmea Efeito
C14:0 1,48 1,38 1,47 1,53 1,42 S
C16:0
25,29 23,17 23,88 23,93
24,21 NP
C18:0
8,40 8,53 8,49 8,17
8,55 S
∑ Saturados
35,86 33,76 34,54 34,31
34,89 S, NP
C16:1n-7c
5,75 5,20 5,24 5,85
5,21 S, NP, I
C18:1n-9c
33,66 34,99 33,06 34,14
33,64 NP, I
C20:1n-9
0,99 0,91 0,97 1,03
0,94 S
∑ Mono
40,57 41,28 39,36 41,12
39,94 S, NP, I
C18:2n-6c
19,67 20,48 21,57 20,35
20,90 NP
C18:3n-3
1,28 1,48 1,46 1,36
1,44 S, NP
C20:4n-6
1,00 0,96 1,11 0,95
1,06 S, NP
C22:5n-3
0,34 0,35 0,39 0,35
0,37 NP
C22:6n-3
1,25 1,29 1,54 1,51
1,37 S
∑PUFA
23,56 24,95 26,08 24,55
25,16 NP
∑Insaturados
64,13 66,23 65,45 65,68
65,10 S, NP
∑n - 3
2,88 3,13 3,40 3,24
3,19 NP, I
∑n – 6
20,67 21,81 22,68 21,31
21,97 S, NP
n-3/n-6
0,13 0,14 0,15 0,15
0,14 S, I
n-6/n-3
7,17 6,95 6,69 6,58
6,92 S, I
UFA/SFA
1,79 1,96 1,89 1,91
1,86 S, NP
S=Sexo; NP=Nível de proteína; I=Interação estatística significativa (S*NP).
Mono= AGS monoinsaturados; PUFAS=AGS poliinsaturados;
UFA/SFA=AGS insaturados/saturados.
63
4.3.4 Enzimas digestivas, metabolismo e hematologia
A atividade de protease ácida no estômago dos jundiás sofreu influência da
proteína dietária, onde os peixes alimentados com a dieta D30 apresentaram
maiores valores (Tabela 17).
As fêmeas apresentaram valor muito superior (P<0,0001) em relação aos
machos. Para tripsina, os peixes alimentados com 27% de PB apresentaram maior
atividade (5,08), onde os machos tiveram valores superiores às fêmeas. Não se
verificou diferenças na atividade de quimiotripsina entre sexos (P>0,05). Os jundiás
alimentados com a dieta D27 apresentaram maior atividade desta enzima (1833,66 –
Figura 13).
Figura 13. Valores de quimiotripsina em jundiás alimentados com
diferentes níveis de proteína na dieta.
As atividades das carboidrases amilase e maltase foram superiores nos
machos (P<0,0001). Para a maltase, observou-se efeito linear crescente em relação
ao aumento do nível de proteína da dieta (Y=-103,42 + 18,37X
2
, r
2
=0,48).
64
Tabela 17. Enzimas digestivas em jundiás alimentados com diferentes níveis de
proteína e separados por sexo
Amilase
(U/mg/prot)
Tripsina
(U/mg/prot)
Protease ácida
(µg tyr/min/mg/protein)
Maltase
(U/mg/prot)
PB (%)
24 0,05 4,67 10,35 335,35
27 0,04 5,08 11,18 409,08
30 0,04 4,35 13,25 488,88
Sexo
Macho 0,06 5,37 8,84 461,28
Fêmea 0,03 3,94 14,00 363,10
ANOVA
Sexo *** *** *** ***
PB NS ** *** **
Sexo x PB *** NS ** NS
CV 11,68 12,90 13,14 12,90
NS: não significativo *(P>0,05); **(P<0,01); ***(P<0,0001).
Os valores de amônia no fígado e lactato plasmático e muscular
apresentaram efeito linear crescente de acordo com o incremento de proteína na
dieta dos jundiás (Tabela 18). As fêmeas tiveram maior quantidade de lactato no
músculo (26,69) e amônia no fígado (147,53).
Os valores de glicogênio muscular apresentaram efeito quadrático (Y=-
50,36 + 3,99X – 0,07X
2
, r
2
=0,56). Pela equação obtida, estima-se que a maior
quantidade deste metabólito seria atingida com concentração na dieta de 28,5% de
proteína bruta.
Observou-se que os machos de jundiá apresentaram maiores valores
(Tabela 19) de eritrócitos, hematócrito (HT) e hemoglobina (HB) em relação às
fêmeas (P<0,01). O nível protéico da dieta e as interações com o sexo não afetaram
os valores hematológicos (Tabela 19). Foram observadas correlações significativas
entre hemoglobina e hematócrito (0,94, P<0,0001) e entre hematócrito e mero
total de eritrócitos (0,83, P<0,0001).
65
Tabela 18. Parâmetros metabólicos em jundiás alimentados com diferentes níveis de
proteína e separados por sexo
Glicogênio
músculo
1
(µmol/ g tec)
Lactato
músculo
2
(µmol/ g tec)
Amônia
fígado
3
(µg/ g tec)
Lactato
plasma
4
(µmol/ g tec)
PB (%)
24 3,89 19,34 112,5 1,12
27 4,83 24,81 137,17 1,45
30 4,47 26,79 142,1 2,11
Sexo
Macho 4,54 20,61 113,66 1,57
Fêmea 4,25 26,69 147,53 1,55
ANOVA
Sexo NS *** *** NS
PB ** *** *** ***
Sexo x PB ** ** NS **
CV 11,67 9,95 9,09 15,57
NS: não significativo *(P>0,05); **(P<0,01); ***(P<0,0001).
1
Y=-50,36 + 3,99X – 0,07X
2
, r
2
=0,56.
2
Y=-9,86 + 1,24X, r
2
=0,65.
3
Y=-2,61 + 4,93X, r
2
=0,47.
4
Y=-0,89 + 0,16X, r
2
=0,63.
Os valores de volume corpuscular médio (VCM) e de hemoglobina
corpuscular média (HCM) não apresentaram diferenças entre sexos e o sofreram
influência do nível protéico da dieta (Tabela 20). Os peixes alimentados com a dieta
contendo 27% de proteína bruta apresentaram maior valor de concentração de
hemoglobina corpuscular média.
A quantidade de plaquetas (Figura 14) foi maior nas fêmeas (P<0,01) e
também nos peixes alimentados com o maior valor de proteína dietária testada (30%
PB).
66
Tabela 19. Parâmetros hematológicos em jundiás alimentados com dietas
contendo diferentes níveis protéicos e separados por sexo
Eritrócitos
(10
6
/mm
3
)
Hemoglobina (g/dL)
Hematócrito (%)
PB (%)
24 2,43 12,25 40,13
27 2,49 12,05 38,58
30 2,36 11,31 38,09
Sexo
Macho 2,60 12,41 41,38
Fêmea 2,22 11,05 36,05
ANOVA
PB NS NS NS
Sexo ** ** **
PB x Sexo
NS NS NS
CV (%) 9,13 8,37 8,85
Médias com letras diferentes, na coluna, apresentam diferença significativa pelo teste "t".
**P<0,01. NS=não significativo (P>0,05).
67
Tabela 20. Valores de volume corpuscular médio (VCM),
hemoglobina corpuscular média (HCM) e concentração de
hemoglobina corpuscular média (CHCM) em jundiás alimentados
com dietas contendo diferentes níveis protéicos e separados por
sexo
VCM (fL) HCM (pg) CHCM (g/dL)
PB (%)
24 165,30 50,48 30,53
27 154,73 48,48 31,35
30 162,04 48,16 29,73
Sexo
Macho 159,90 47,90 29,96
Fêmea 162,15 49,74 30,70
ANOVA
PB NS NS *
Sexo NS NS NS
PB x Sexo
NS NS NS
CV (%) 7,08 6,72 3,41
*P<0,05; NS=não significativo (P>0,05).
Figura 14. Quantidade de plaquetas em jundiás de acordo com o sexo.
68
Figura 15. Teor de glicogênio no fígado de jundiás de acordo com o sexo.
Figura 16. Teor de proteína no fígado de jundiás separados por sexo.
69
Os machos de jundiá apresentaram maiores quantidades (P<0,05) de
glicogênio no fígado (Figura 15) e também de proteína (P<0,01) neste mesmo órgão
(Figura 16). O teor de lactato no fígado (Figura 17) foi maior nas fêmeas. A
quantidade de glicose plasmática foi maior nos machos (P=0,01, Figura 18).
Figura 17. Quantidade de lactato no fígado de jundiás separados por sexo.
A quantidade de glicogênio hepático foi influenciada positivamente pelo
aumento da quantidade de proteína dietária (Figura 19). Ocorreu efeito linear
positivo (Y=-218,27 + 23,35X, r
2
=0,45, P=0,004) para esta variável. A quantidade de
triglicerídeos plasmáticos foi maior (P<0,0001) nos jundiás alimentados com a dieta
contendo 30% de proteína bruta (Figura 20).
A quantidade de HDL plasmático (Figura 21) foi superior também nos peixes
alimentados com a dieta contendo 30% PB. Após aplicação de ANOVA do tipo não
paramétrica (Kruskall-Wallis), verificou-se diferença significativa na quantidade de
HDL plasmático entre os peixes alimentados com a dieta contendo 30% de PB e a
27% PB.
70
Figura 18. Quantidade de glicose plasmática em jundiás
separados por sexo.
Figura 19. Quantidade de glicogênio no fígado de jundiás
alimentados com dietas contendo diferentes níveis de proteína
bruta.
71
Figura 20. Quantidade de triglicerídeos plasmáticos em jundiás
alimentados com dietas contendo diferentes níveis de proteína
bruta.
Figura 21. Valores médios de HDL plasmático em jundiás
alimentados com dietas contendo diferentes níveis de proteína bruta.
72
4.4 Discussão
Os valores de qualidade de água observados no estudo estão em uma faixa
aceitável para o crescimento da espécie (Gomes et al., 2000). Segundo Steffens
(1997), quando o teor de oxigênio dissolvido na água está abaixo do ideal, a
digestibilidade da proteína é afetada, refletindo em diminuição do crescimento dos
peixes.
Quando a qualidade e a quantidade de alimento não são limitantes, a taxa
de crescimento é influenciada pela taxa de alimentação e pelos níveis de proteína e
energia da dieta (Hung et al., 2004). A eficiência de uma dieta para peixes é
dependente de um balanço adequado em relação às exigências específicas de cada
espécie (Campos et al., 2006).
A proteína é um nutriente importante no crescimento dos peixes,
representando a porção mais cara da dieta (Cho et al., 2005). A utilização da
proteína está relacionada com a sua concentração na dieta e também com a
disponibilidade de fontes de energia não-protéicas, principalmente lipídios e
carboidratos (Borba et al., 2003).
O fator sexo influenciou significativamente os resultados de desempenho
dos peixes. As fêmeas apresentaram desempenho superior, porém com exigência
em proteína menor que os machos. Praticamente na totalidade das criações de
jundiá, os animais o criados em um mesmo espaço de criação, com ambos os
sexos. A separação por sexo pode ser uma alternativa para otimizar o padrão de
crescimento e o produto final. Além disso, de acordo com os resultados obtidos
neste estudo, a dieta para cada sexo deve ser diferenciada.
Em relação ao desempenho dos jundiás obtido no experimento, destaca-se
a importância de se estabelecer uma dieta diferenciada, quanto á proteína, de
acordo com o sexo do peixe. Pelos resultados do experimento, a quantidade de 24%
de PB pode ser utilizada em dietas para fêmeas de jundiá enquanto que para os
machos o mínimo é de 30% PB.
Para o jundiá, são poucos os estudos relativos à concentração protéica e
energética da dieta. Os trabalhos existentes destacam exigência em proteína em
fases jovens utilizando dietas purificadas e semi-purificadas (Meyer & Fracalossi,
2004; Salhi et al., 2004).
O excesso de componentes protéicos na dieta pode aumentar a excreção de
nitrogênio no meio de cultivo. Por isso é importante formular dietas que atendam a
73
exigência em proteína, para proporcionar máximo crescimento, menor custo por kg
de peixe produzido e redução da excreção (Sá et al., 2006). O bagre americano
criado em tanque de terra não tem seu crescimento modificado com dietas contendo
28 ou 32% de proteína bruta (Li et al., 2003).
A questão da proteína da dieta é fundamental não somente pela quantidade
em si, mas, principalmente, pelo equilíbrio de aminoácidos da dieta. Para bagres,
dietas acima de 32% de PB são consideradas altas. Isto também está relacionado
com as taxas de arraçoamento, sendo que esta relação ainda não está bem
esclarecida (Li & Lovell, 1992).
Para o onívoro pacu (Piaractus mesopotamicus), a utilização de dietas com
25, 35 ou 45% de proteína bruta não altera o crescimento dos peixes (Bechara et al.,
2005). Os autores verificaram que no menor nível de proteína testado para esta
espécie (25% PB), a conversão alimentar dos peixes foi melhor. No presente estudo
com jundiás, não foi possível realizar o cálculo da conversão, mesmo com valor
oferecido de alimento fixado por dia, pois em alguns tanques observou-se sobras em
dias alternados do experimento.
A qualidade protéica relacionada à composição em aminoácidos essenciais
da dieta é fundamental no desempenho dos peixes. O que deve ser estabelecido
para o jundiá é o equilíbrio entre os aminoácidos da dieta. Comparando o perfil em
aminoácidos das dietas utilizadas no presente estudo (Tabela 12) com trabalho de
Meyer & Fracalossi (2005), a lisina e a metionina são limitantes. Para o jundiá, a
lisina é o aminoácido mais limitante, com exigência variando entre 4,5 e 5,1% do
total de proteína dietária (Montes-Girao & Fracalossi, 2006).
Existe uma grande carência de estudos sobre exigências nutricionais para o
jundiá, tanto que ao realizar a mesma comparação citada anteriormente com o
estudo de Montes-Girao & Fracalossi (2006), os aminoácidos limitantes seriam a
leucina e a histidina. Alguns dos fatores que podem interferir na discrepância de
resultados é o tamanho dos peixes e o tipo de dieta utilizada (semi-purificada ou
dieta prática). Para o bagre africano, as exigências em aminoácidos essenciais são
altas, tendo a lisina um valor de 6,53 (Abdel-Warith et al., 2001).
A maior exigência em proteína para bagres também está relacionada ao
hábito alimentar carnívoro da maioria das espécies. Mesmo sendo um peixe onívoro,
o jund necessita de um bom aporte de aminoácidos essenciais. Além disso,
conforme observado neste experimento, a presença de enzimas digestivas
74
relacionadas à digestão de proteínas (protease ácida, tripsina e quimiotripsina) é
acentuada para o jundiá, em ambos os sexos.
A melhor eficiência de utilização da proteína está também relacionada com a
concentração da dieta e a disponibilidade de fontes não-protéicas de energia,
notadamente os lipídios e carboidratos (Nankervis et al, 2000). Quando se oferece
uma dieta com menor teor protéico, o aumento da quantidade diária é necessário
para compensar a demanda aminoacídica. Exemplo deste efeito é relatado na
criação da perca prateada (Bidyanus bidyanus), onde peixes alimentados com uma
dieta contendo 24,8% de PB na proporção diária de 4% do peso vivo apresentam o
mesmo desempenho que os alimentados a 2% do PV com dieta possuindo 40,6%
de PB (Harpaz et al., 2001).
Neste aspecto o aporte energético é fundamental, pois é fator limitante no
consumo dos peixes. Para os jundiás no experimento, a fixação de uma quantidade
limitada foi determinada para avaliar a resposta de crescimento. Para as fêmeas, o
menor valor de proteína testado não afetou o desempenho dos peixes,
diferentemente dos machos.
Outro aspecto na relação entre a proteína e a energia está relacionado com
a excreção de nutrientes, um sério problema ambiental nas pisciculturas. A excreção
de nitrogênio pode ser diminuída pelo aumento de fontes não protéicas na ração
(Santinha et al., 1999).
O aumento do peso das vísceras geralmente diminui o rendimento de
carcaça (Mathis et al., 2003). Isto não foi observado nos jundiás do presente estudo,
pois as fêmeas apesar de apresentar maior IDS, não apresentaram diferenças no
rendimento de carcaça em relação aos machos.
O nível de proteína da dieta não modificou o índice hepato-somático (IHS) e
a quantidade de gordura intraperitoneal (GI) dos jundiás. O bagre africano apresenta
redução nestas variáveis quando o nível de proteína da dieta é aumentado (Matter et
al., 2004).
Apesar da grande influência do tipo de lipídios na composição em AGS dos
peixes, no presente estudo observou-se incremento na quantidade de ácidos graxos
insaturados nos filés dos jundiás alimentados com maiores níveis de proteína (27 e
30% de PB). Para o bagre americano (Ictalurus punctatus), a composição em ácidos
graxos no filé, principalmente os saturados e monoinsaturados, sofre mais influência
75
do tamanho do peixe do que da fonte protéica utilizada na dieta (Hedrick et al.,
2005).
Para o bagre africano, a elevação da proteína dietária proporciona aumento
na quantidade de ácidos graxos poliinsaturados (PUFAS) e diminuição dos AGS
saturados no filé (Matter et al., 2004). No presente estudo observou-se igual relação
para os jundiás, inclusive para a concentração de PUFAS e AGS saturados
corporais (Tabelas 15 e 16). Este efeito do nível protéico da dieta sobre o
metabolismo lipídico do jundiá pode ser atribuído a ressíntese (síntese “de novo”) de
ácidos graxos, principalmente no gado (Ng et al., 2003). Mas o nível lipídico da
dieta também interfere nesse efeito metabólico (Lim et al., 2001).
Ao contrário do efeito linear crescente observado para a protease ácida, as
enzimas proteolíticas alcalinas (tripsina e quimotripsina) não apresentaram este
efeito. Isto sugere que estas enzimas estão mais sujeitas a variação da composição
do alimento e substâncias inibitórias, principalmente presentes em fontes de origem
vegetal.
Os resultados obtidos em relação à atividade de proteases mostram
evidências que o equilíbrio de nutrientes da dieta, principalmente a relação
proteína/energia, influencia na secreção enzimática. Por isso, para uma avaliação
mais ampla, devem-se relacionar variáveis de desempenho como ganho em peso e
taxas de retenção tecidual. As enzimas amilase e maltase não apresentaram efeito
do nível de proteína na dieta. No tambaqui, estas enzimas respondem linearmente
ao aumento de amido na dieta (Corrêa et al., 2007).
Alterações na dieta e condições inadequadas de manejo podem afetar a
hematologia dos peixes (Klinger et al., 1996). Para o jundiá, alguns estudos mostram
que a hematologia desta espécie é influenciada pela composição da dieta (Camargo
et al., 2005), pelo estresse no confinamento (Barcellos et al., 2004) e por aflatoxinas
na dieta (Vieira et al., 2006).
Machos de cachara (Pseudoplatystoma fasciatum) capturados de cativeiro
apresentaram, da mesma forma que no presente estudo, maiores valores de
hematócrito, hemoglobina e eritrócitos (Ranzani-Paiva et al., 2005). Isto pode estar
associado a hormônios relacionados à reprodução, como a testosterona. Da mesma
forma, um aumento do número de eritrócitos influencia também a síntese de
hemoglobina.
76
Diferentemente do obtido no presente trabalho, jundiás alimentados com 3
níveis protéicos (30, 40 e 50% PB) apresentaram aumento linear nos valores de
eritrócitos, hematócrito e hemoglobina de acordo com o nível protéico da dieta
(Camargo et al., 2005). Segundo os autores, a proteína estimula a eritropoiese,
aumentando os teores de hemoglobina e mantendo a saúde dos peixes. Deve-se
ressaltar também que o peso dos peixes utilizados no presente trabalho é superior
aos encontrados em outros estudos. Além disso, a espécie, a idade, o sexo, a
qualidade de água e métodos de captura influenciam na variabilidade dos
parâmetros hematológicos em peixes (Camargo et al., 2006).
Pela hematologia é possível avaliar o estado de saúde dos peixes frente a
diversas alterações no processo criatório. Para machos de jundiá, Borges et al.
(2004) salientam que os valores normais de hematócrito e hemoglobina são,
respectivamente, 43% e 8,7 g/dL.
Jundiás com peso inicial de 137 g e alimentados com dietas contendo 36%
de proteína bruta apresentaram valores de 35% e 11 g/dL para HT e HB. Juvenis
desta espécie alimentados com dieta contendo 41 ppb de aflatoxinas/kg
apresentaram valores de hematócrito e hemoglobina de 13,16% e 8,2 g/dL,
respectivamente (Vieira et al., 2006). Estes valores são muito inferiores aos obtidos
no presente estudo e em outros trabalhos com o jundiá, mostrando uma condição de
anemia dos peixes.
Os valores de hematócrito (34-40%) observados por Greene & Selivonchik
(1990) em trutas alimentadas com diferentes fontes de lipídios são similares aos
observados para os jundiás no presente trabalho. Os autores salientam que
alterações nutricionais influenciam nos parâmetros hematológicos e também que os
valores observados para cada espécie de peixe devem estar dentro de uma faixa
considerada “normal”. Abaixo ou acima desta faixa, possivelmente o animal estará
em uma condição de saúde inadequada.
Corroborando com os resultados obtidos neste trabalho, juvenis de jundiá
(70-100 g) alimentados com quatro níveis de proteína na dieta (20, 27, 34 e 41% PB)
também não apresentaram variações nos parâmetros sangüíneos (Melo et al.,
2006). Para o cachara, Ranzani-Paiva et al. (2005) observaram altas correlações
(0,84 e 0,76) para as mesmas variáveis, respectivamente. Para trutas alimentadas
com diferentes fontes de lipídios, observou-se alta correlação entre hematócrito e
hemoglobina (Greene & Selivonchick, 1990).
77
Os valores de VCM verificados no presente estudo (154 - 165 fL) foram
superiores aos encontrados para jundiás alimentados com dieta contendo 34 %PB e
criados em tanque de terra (139 fL) (Tavares-Dias et al., 2002). Por outro lado, os
valores de concentração de hemoglobina corpuscular média foram similares.
As variações dos valores de parâmetros hematológicos em peixes são
grandes por que existem inúmeras causas, o que dificulta a comparação de
resultados mesmo em trabalhos com a mesma espécie. Trabalho de Tavares-Dias &
Sandrin (1998) demonstra que os valores de hematócrito e hemoglobina do sangue
heparinizado são superiores se comparados ao colhido com EDTA, em um mesmo
peixe.
Para o jundiá e outras espécies nativas brasileiras, é importante que mais
estudos sobre hematologia em diferentes condições nutricionais sejam conduzidos.
Isto por que geralmente se enfatiza exclusivamente o aspecto de ganho em peso,
sem levar em consideração o estado metabólico e de saúde dos peixes.
O aumento de glicogênio observado de acordo com a elevação da proteína
da dieta indica uma possível mobilização de nutrientes para a realização de
gliconegênese. Para o pacu, a elevação da proteína da dieta influenciou
negativamente na concentração de glicose plasmática (Bicudo et al., 2008). No
presente trabalho, não foi observado efeito da proteína sobre este metabólito.
Trabalhos com matrinxã e pacu mostram que o aumento da glicose plasmática
nestes peixes está associado à elevação da proteína da dieta (Vieira et al., 2005;
Abimorad et al., 2007).
A elevação da quantidade de amônia evidencia também um aumento na
excreção de nitrogênio. Esta maior perda provavelmente tenha ocorrido nas fêmeas
de jundiá, que com menor quantidade de proteína dietária (24%) apresentaram
mesmo desempenho comparado às outras dietas (27 e 30% PB). O aumento dos
triglicligerídeos pasmáticos indica uma possível lipogênese no jundiás.
Estudos associando níveis energéticos da dieta deverão ser conduzidos
para elucidar melhor os efeitos no metabolismo do jundiá. Percebe-se, pelos
resultados obtidos, que o jund apresenta efeito poupador de proteína (Meyer &
Fracalossi, 2004) e também realiza gliconeogênese quando a dieta não está
totalmente equilibrada.
78
4.5 Conclusões
- Fêmeas de jundiá apresentam crescimento superior aos machos na fase de
recria.
- A exigência protéica dos machos, com mesma idade, é maior que a das
fêmeas.
- A concentração de proteína da dieta afeta, além do crescimento, a
composição da carcaça e o perfil lipídico corporal e do filé de jundiás.
- O aumento de 24 para 30% de proteína bruta na dieta proporciona
aumento de ácidos graxos poliinsaturados e redução na quantidade de AGS
saturados corporais e nos filés de jundiás.
- Os níveis de proteína da dieta para o jundiá induzem a uma possível
gliconeogênese, catabolismo de aminoácidos, excreção nitrogenada e lipogênese.
- Os níveis de proteína testados produzem poucas alterações nas células
vermelhas e hemoglobina do jundiá.
79
5. TERCEIRO CAPÍTULO
Desempenho, qualidade e aceitabilidade de filés de machos e fêmeas de jundiá
alimentados com óleo de soja na dieta
5.1 Introdução
Os lipídios são as principais fontes de energia e ácidos graxos em uma dieta
para peixes, influenciando no crescimento e na excreção de compostos
nitrogenados. Os ácidos graxos essenciais (AGE) afetam a fluidez, a flexibilidade e
permeabilidade de membranas, além de serem precursores dos eicosanóides,
responsáveis pelo transporte e metabolismo do colesterol (Steffens, 1997).
Interferem diretamente na eficiência de utilização da proteína, sendo que o
adequado suprimento lipídico da dieta não ultrapassa 25% do custo total da
formulação (Martins et al., 2007).
Uma dieta deficiente em lipídios resulta no catabolismo de proteínas para a
produção de energia. Além disso, o excesso de energia pode suprimir o apetite,
reduzir o crescimento e aumentar a deposição de gordura corporal (NRC, 1993;
Webster et al., 1995).
Os óleos vegetais como o de soja, canola ou arroz, em igual nível de
inclusão, apresentam a mesma eficiência no crescimento do jundiá (Losekann et al.,
2008). Por este motivo, em virtude do óleo de soja apresentar geralmente menor
custo em relação aos demais, este foi escolhido como fonte lipídica nas dietas dos
experimentos. No Brasil, o óleo de soja é uma fonte disponível pela grande produção
do cereal no país. A diferença desta fonte para outras é a composição em ácidos
graxos essenciais.
A melhor fonte de lipídios a ser utilizada em dietas na piscicultura é o óleo de
peixe. Entretanto, devido ao seu alto custo, disponibilidade limitada e dificuldade de
conservação, esta fonte está sendo substituída por fontes de origem vegetal,
notadamente aqueles oriundos de vegetais produzidos para alimentação humana ou
animal. Podemos citar como exemplo os óleos de soja, girassol, arroz, canola,
linhaça, entre outros. Destes, o óleo de soja é que possui maior disponibilidade no
Brasil, pela grande produção existente da oleaginosa.
80
A maioria dos trabalhos existentes com Rhamdia quelen estudou as
exigências em proteína, enquanto que para lipídios testaram-se somente fontes
como óleos vegetais, óleo de fígado de bacalhau e banha suína (Melo et al., 2002;
Losekann et al., 2008).
Em face das escassas informações sobre as exigências nutricionais desta
espécie, o objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento, a composição corporal, o
perfil lipídico e a aceitabilidade de filés de machos e fêmeas de jundiá alimentadas
com diferentes níveis de óleo de soja.
81
5.2 Material e métodos
Para este trabalho foram conduzidos dois experimentos com jundiás, um
com 120 dias (somente machos, entre os meses de Novembro de 2006 e Março de
2007) e outro com 80 dias (somente fêmeas, entre os meses de Fevereiro e Maio de
2007) de duração, nas instalações do Laboratório de Piscicultura da UFSM – RS.
5.2.1 Instalações e animais
Em cada experimento, os peixes foram acondicionados em sistemas com
recirculação de água. Cada um possuía 18 tanques de polipropileno (280 litros de
volume útil), com filtragem biológica e aeração do tipo “Venturi”. No experimento dos
machos foram utilizados 234 peixes (peso inicial=193,32 ± 18,78 g 13
peixes/tanque) e das fêmeas 144 animais (peso inicial=237,75 ± 22,35 g 8
peixes/tanque).
A vazão utilizada em cada tanque foi de aproximadamente 3,5 L/min para os
machos e 2,8 L/min para as fêmeas. O período de adaptação e demais manejos
foram similares aos demais experimentos.
Foram testados, em cada experimento, 6 tratamentos (com três repetições),
correspondentes a inclusão de óleo de soja na dieta de 2, 4, 6, 8 e 10%, mais a dieta
controle (sem inclusão de óleo).
82
5.2.2 Qualidade da água
Periodicamente foram aferidos os parâmetros físico-químicos da água do
sistema de criação: temperatura, amônia total, nitrito, alcalinidade, pH e oxigênio
dissolvido. A água para as análises foi coletada na entrada do primeiro filtro
biológico, antes de cada alimentação. Para medição da temperatura e oxigênio
dissolvido utilizou-se um oxímetro digital (YSI-Yellowsprings-EUA). Para as demais
análises foi utilizado kit colorimétrico (Alfakit, Florianópolis, SC). As metodologias de
análise e manejos de limpeza e manutenção de encanamentos foram similares aos
demais experimentos.
83
5.2.3 Manejo alimentar
Os peixes foram alimentados uma vez ao dia (9 horas), até a saciedade
aparente, nos dois experimentos (machos e fêmeas). Os resíduos de fezes foram
retirados por sifonagem antes do fornecimento de alimento, pela manhã. A
formulação das dietas experimentais foi baseada nos resultados obtidos no
experimento 2 (Tabelas 21 e 22). Foi estabelecido que para os machos o teor
protéico mínimo seria de 30% de PB (a análise das dietas mostrou variação entre 32
e 33%) e para fêmeas um mínimo de 24% de PB (a análise das dietas mostrou
variação entre 25 e 26%).
84
Tabela 21. Composição das dietas experimentais (D) para os machos (%)
Ingredientes D0 D2 D4 D6 D8 D10
Farinha de carne e ossos 27 27 27 27 27 27
Farelo de soja 27 27 27 27 27 27
Milho moído 18,99
18,99
18,99
18,99
18,99
18,99
Farelo de trigo 13 13 13 13 13 13
Óleo de soja 0 2 4 6 8 10
Inerte (areia fina) 10 8 6 4 2 0
Sal comum 1 1 1 1 1 1
Fosfato bicálcico 1 1 1 1 1 1
Vitaminas e minerais
1
2 2 2 2 2 2
Antioxidante (BHT) 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
Composição analisada
Umidade 6,35 6,15 6,37 6,40 6,14 6,40
Proteína Bruta 32,86
32,78
33,11
33,65
33,51
33,22
Energia digestível (kcal/kg)
2
2728 2854 2984 2997 3166 3178
Energia (kcal ED) / proteína (g)
8,30 8,70 9,01 8,91 9,45 9,56
Matéria mineral 12,67
11,82
11,34
14,02
12,75
12,80
Extrato etéreo 6,13 8,04 9,92 10,98
13,52
14,18
Fibra bruta 2,99 3,03 2,76 2,80 2,87 3,48
Cálcio 3,24 3,03 3,01 2,87 3,09 3,05
Fósforo 1,76 1,69 1,85 1,61 1,80 1,79
1
Composição da mistura vitamínica e mineral (kg de produto/SUPRE MAIS
®
): Ác. Fólico: 1200mg,
Ác. Nicotínico: 24000mg, Ác. Pantotênico: 12000mg, Cobalto: 10mg Cobre: 3000mg, Cloreto de
colina: 108 g, Ferro: 50000mg, Biotina: 48 mg, Iodo: 100mg, Manganês: 20000mg, Selênio: 100mg,
Vit.A: 1200000UI, Vit. B1: 4800mg, Vit. B2: 4800mg, Vit. B6: 4800mg, Vit. B12: 4800mcg, Vit. C: 48
g, Vit. D3: 200000UI, Vit. E: 12000 mg, Vit. K3: 2400mg, Zinco: 3000mg.
2
Energia digestível calculada a partir de valores utilizados por TOKO et al. (2008), considerando:
Lipídio=9 kcal/g, Proteína=5 kcal/g, Carboidratos=4 kcal/g, com digestibilidades de 85, 90 e 50%,
respectivamente.
85
Tabela 22. Composição das dietas experimentais (D) para as fêmeas (%)
Ingredientes D0 D2 D4 D6 D8 D10
Farinha de carne e ossos 16 16 16 16 16 16
Farelo de soja 22 22 22 22 22 22
Milho moído 25,99
25,99
25,99
25,99
25,99
25,99
Farelo de trigo 22 22 22 22 22 22
Óleo de soja 0 2 4 6 8 10
Inerte (areia fina) 10 8 6 4 2 0
Sal comum 1 1 1 1 1 1
Fosfato bicálcico 1 1 1 1 1 1
Vitaminas e minerais
1
2 2 2 2 2 2
Antioxidante (BHT) 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
Composição analisada
Umidade 5,22 5,09 5,13 5,13 5,24 5,07
Proteína Bruta 26,28
26,31
26,99
25,36
26,23
25,52
Energia digestível (kcal/kg)
2
2491 2635 2784 2845 2974 3046
Energia (kcal ED) / proteína (g)
9,47 10,01
10,31
11,21
11,33
11,93
Matéria mineral 11,10
10,11
10,00
9,91 9,56 9,84
Extrato etéreo 4,09 6,09 8,56 10,31
12,17
13,68
Fibra bruta 3,53 3,13 3,59 3,52 3,65 3,34
Cálcio 2,27 2,30 2,15 2,25 2,02 2,22
Fósforo 1,43 1,41 1,41 1,37 1,38 1,45
1
Composição da mistura vitamínica e mineral (kg de produto/SUPRE MAIS
®
): Ác.Fólico: 1200mg, Ác.
Nicotínico: 24000mg, Ác. Pantotênico: 12000mg, Cobalto: 10mg, Cobre: 3000mg, Cloreto de colina: 108
g, Ferro: 50000mg, Biotina: 48 mg, Iodo: 100mg, Manganês: 20000mg, Selênio: 100mg, Vit.A:
1200000UI, Vit. B1: 4800mg, Vit. B2: 4800mg, Vit. B6: 4800mg, Vit. B12: 4800mcg, Vit. C: 48 g, Vit. D3:
200000UI, Vit. E: 12000 mg, Vit. K3: 2400mg, Zinco: 3000mg.
2
Energia digestível calculada a partir de valores utilizados por TOKO et al. (2008), considerando:
Lipídio=9 kcal/g, Proteína=5 kcal/g, Carboidratos=4 kcal/g, com digestibilidades de 85, 90 e 50%,
respectivamente.
86
5.2.4 Coleta de dados e variáveis estimadas
Antes do início do experimento, uma amostra de 20 peixes foi separada para
análises iniciais de hematologia e composição química. Ao final do experimento, 6
peixes por tratamento foram capturados (2 por tanque), sendo 3 abatidos
(hipotermia) para a realização da análise de composição corporal (peixe inteiro
moído) e os demais para retirada de filé. Em todos os procedimentos, os peixes
passaram por jejum (24 horas) e foram previamente anestesiados com trifenóxi-
etanol (0,03%).
Foram realizadas 2 biometrias para coleta de dados de peso e comprimento,
uma inicial e outra ao término de cada experimento. Utilizou-se para este
procedimento balança digital com 3 casas decimais e ictiômetro graduado.
Foram estimadas as seguintes variáveis:
Peso médio (g): medido nas biometrias, representa a média de peso
individual em cada densidade de estocagem testada.
Comprimento total (cm): medida que representa toda a extensão do peixe,
da cabeça ao final da cauda.
Comprimento padrão (cm): medido da cabeça até a inserção do pedúnculo
caudal.
Fator de condição: calculado segundo a fórmula:
FC= ((Peso X 100) / (Comprimento total
3
)).
Rendimento de carcaça: peso eviscerado, com brânquias, expresso em %
do peso inteiro.
Rendimento de filé: peso dos filés, expresso em % do peso inteiro.
Rendimento de couro: peso do couro, expresso em % do peso inteiro.
Gordura intraperitoneal: gordura separada das vísceras, expresso em % do
peso inteiro.
Índice hepato-somático: IHS= (peso fígado (g) / peso inteiro (g)) x 100.
Índice digestivo-somático: IDS= (peso trato digestório (g) / peso inteiro (g)) x
100.
87
5.2.5 Análises laboratoriais
A umidade, cinzas e proteína (método de Kjeldahl, fator de conversão=6,25)
foram determinadas seguindo as metodologias descritas na AOAC (1995). A gordura
foi extraída e quantificada pelo método de Bligh & Dyer (1959). Para determinação
do perfil lipídico a gordura extraída foi metilada de acordo com Hartman & Lago
(1973) e analisada por cromatografia gasosa (cromatógrafo Hewlett-Packard modelo
HP 6890 equipado com detector de ionização de chama FID), em coluna capilar
DB-23 (Agilent – 60 m x 0,25 mm x 0,25 µm).
Após a retirada do trato digestório, este foi separado do estômago. Os
tecidos então foram homogeneizados em tampão (10 mM fosfato/20 mM tris - pH
7,0) durante 10 minutos (4 ºC), utilizando um homogenizador (Potter-Elvehijen). Os
sobrenadantes obtidos foram utilizados nos ensaios enzimáticos.
A atividade de tripsina foi realizada com α-ρ-toluenesulphonyl-L-arginine
methyl ester hydrochloride (TAME). Os extratos foram incubados por 2 minutos em 2
ml de tampão Tris/CaCl
2
, em pH 8,1. A quimiotripsina foi determinada com benzoyl
tyrosine ethyl ester (BTEE). A incubação dos extratos foi realizada por 2 minutos
com tampão Tris/CaCl
2
(2 mL), em pH 7,8. Para estas 2 enzimas as análises foram
realizadas em duplicata de cada peixe coletado, sendo as leituras realizadas em
espectrofotômetro (247 e 256 nm, respectivamente), seguindo o protocolo descrito
por Hummel (1959). Uma unidade de enzima foi definida como a quantidade de
enzima necessária para hidrolizar 1 µg de substrato (TAME ou BTEE) por min/mg
proteína.
A atividade de protease ácida foi realizada utilizando-se o método de
hidrólise da caseína modificado por Hidalgo et al. (1999). O ensaio foi conduzido
utilizando-se KCl 0,1 M em tampão pH 1,8. A reação enzimática consistia de 1% de
caseína em água (0,4 mL), tampão (1,6 mL) e 20 µl do homogeneizado. Em seguida
os tubos foram incubados no banho 30 ºC durante 40 minutos. A reação foi
interrompida com 1 mL de TCA 15%. Após, as amostras foram centrifugadas e os
sobrenadantes foram lidos em 280 nm. A tirosina foi utilizada como padrão, sendo
uma unidade de enzima definida como a quantidade de enzima necessária para
catalizar a formação de 1 µg de tirosina por 1 min por mg de proteína.
A atividade de amilase foi determinada em tampão fosfato-citrato (0,2 M, pH
7,0, NaCl 0,5%) com concentração de amido de 2,5%. A reação foi interrompida com
a adição de Ba(OH)
2
(0,3 N e ZnSO
4
5%). O protocolo experimental foi modificado
88
de acordo com Bernfeld (1955). A determinação da hidrólise do amido foi segundo
metodologia de Park-Johnson (1949). A leitura foi realizada em 660 nm. Uma
unidade desta enzima foi definida como 1 µmol de glicose liberada do amido por
min/mg de proteína.
A maltase foi determinada também em tampão fosfato-citrato, com 5% de
concentração de maltose e 20 µl de extrato bruto. Estes foram incubados durante 60
minutos (25 ºC). A reação foi interrompida com PCA 0,6 N (0,1 mL) e adicionado 0,1
mL de KHCO
3
. As amostras foram centrifugadas a 3.000 g por 5 minutos e a glicose
determinada a 500 nm, com glicose oxidase (Kit-Labtest).
A proteína dos extratos brutos foi determinada pelo método de Lowry et al.
(1951), utilizando albumina de soro bovino como padrão.
No plasma foram dosados glicose (Kit Labtest), lactato (Harrower & Brown,
1972) e proteína (Bradford, 1976). Para as dosagens de glicose (Park & Johnson,
1949), lactato (Harrower & Brown, 1972) e amônia (Verdouw et al., 1978), os tecidos
muscular e hepático foram homogeneizados numa proporção de 50-100 mg/mL de
TCA (ácido tricloroacético) 10%, utilizando-se um homogeneizador tipo Potter-
Elvejhem. Após, foram centrifugados a 1000 g por 3 minutos e os sobrenadantes
foram utilizados para as determinações dos metabólitos. A dosagem de glicogênio
no fígado e músculo foi realizada de acordo com Bidinotto et al, (1998). Para a
dosagem de proteína tecidual utilizou-se o método de Bradford (1976), com
albumina bovina como padrão. Os aminoácidos totais foram determinados de acordo
com Spies (1957) em fígado e músculo.
89
5.2.6 Painel sensorial
O painel sensorial foi composto por painelistas não treinados, selecionados
entre docentes e alunos do Centro de Ciências Rurais da UFSM, através de um
questionário para a determinação do interesse dos participantes e possíveis fatores
de exclusão como problemas alérgicos e hábito de fumar. As amostras de filés
provenientes de jundiás (fêmeas e machos, separados após cada experimento)
submetidos a dietas contendo óleo de soja em diferentes níveis, foram assadas em
forno elétrico, a 250 °C, durante 30 minutos.
As diferenças sensoriais entre as amostras foram avaliadas usando teste de
ordenação para preferência segundo ABNT-NBR 13170 (1994). Os painelistas
receberam seis amostras de filés de jundiás codificadas com números aleatórios e
foram orientados a ordenar as amostras de acordo com a sua preferência, em ordem
decrescente, em relação aos atributos de aparência, sabor e textura. Dessa forma, a
amostra preferida recebia o menor escore na avaliação. Os resultados obtidos em
cada avaliação foram submetidos ao teste de Friedman (ABNT-NBR 13170, 1994).
90
5.2.7 Análises estatísticas
Os dados obtidos foram submetidos a teste de normalidade, posteriormente
à análise de variância e regressão polinomial. Os dados obtidos nos diferentes
níveis foram comparados à dieta controle pelo teste de Dunnett (P<0,05). Quando
uma variável resposta apresentou mais de 60% de correlação com o consumo de
alimento, este foi utilizado como co-variável no modelo. Para a comparação de
médias ajustadas, utilizou-se o teste Pdiff. O software SAS
®
(2001) foi utilizado para
realizar as análises estatísticas e o Sigma Plot
®
para a construção das figuras.
91
5.3 Resultados
5.3.1 Qualidade da água
Os valores de qualidade da água observados nos experimentos (Tabela 23)
apresentaram algumas diferenças entre os sistemas de criação. No experimento dos
machos, a temperatura média da água de criação foi maior (25,88 ºC). No
experimento com fêmeas, a temperatura média obtida no sistema de criação foi de
22,4 ºC.
Os resulatados dos parâmetros de qualidade de água devem ser
considerados isoladamente para avaliação dentro de cada experimento, pois os
sistemas de recirculação, apesar do mesmo princípio de funcionamento,
apresentavam estruturas diferentes.
Tabela 23. Valores dos parâmetros de qualidade da água analisados
durante os experimentos 3 e 4*
Parâmetro Experimento machos
mínimo máximo média desvio
Temperatura (ºC) 19 30 25,88 1,90
Oxigênio dissolvido (mg/L) 3,8 5,7 4,90 0,59
Amônia total (mg/L) 0,25 1,00 0,24 0,07
Nitrito (mg/L) 0,01 0,1 0,05 0,02
pH 6,5 7,2 7,0 0,38
Alcalinidade total (mg CaCO
3
/L) 16 60 29,69 12,34
Dureza (mg CaCO
3
/L) 38 92 68,5 25,4
Experimento fêmeas
Temperatura (ºC) 19,5 25,5 22,4 1,97
Oxigênio dissolvido (mg/L) 4,3 5,4 4,74 0,43
Amônia total (mg/L) 0,25 1,5 0,42 0,11
Nitrito (mg/L) 0,05 0,3 0,13 0,04
pH 6,5 7,0 6,8 0,56
Alcalinidade total (mg CaCO
3
/L) 24 48 36,3 8,98
Dureza (mg CaCO
3
/L) 40 140 88,5 36,1
*Amostras coletadas na entrada do primeiro filtro biológico.
92
5.3.2 Desempenho e carcaça
Os valores de peso de machos e fêmeas de jundiá foram influenciados pela
adição de óleo de soja como fonte lipídica na dieta (Figuras 22 e 23).
Figura 22. Peso médio ajustado ao consumo de alimento de
jundiás machos alimentados com dietas contendo óleo de
soja.
Figura 23. Peso médio ajustado ao consumo de alimento de
fêmeas de jundiá alimentadas com dietas contendo óleo de soja.
93
No experimento com machos, os peixes alimentados com a dieta contendo
8% de óleo de soja apresentaram maior peso (295,28 g). Esse valor foi
estatisticamente superior ao peso dos peixes alimentados sem a inclusão e com 2 e
10% de óleo de soja (Figura 22), de acordo com o teste Pdiff (P<0,05).
Os três menores níveis testados para as fêmeas (0, 2, 4% de óleo de soja)
porporcionaram os menores valores de peso (teste Pdiff, P<0,05) para os peixes. O
melhor desempenho em peso (373,82 g) foi obtido nas fêmeas alimentadas com
dietas contendo 10% de óleo de soja como fonte lipídica (Figura 23).
A inclusão de óleo de soja não influenciou os valores de comprimento total e
padrão dos machos de jundiá (Tabela 24). O fator de condição apresentou efeito
linear positivo (P<0,01) pela inclusão de óleo de soja. Pela equação obtida, espera-
se um aumento de 0,004 unidades no FC dos peixes a cada 1% a mais de óleo de
soja na dieta.
Os valores de rendimento de cortes (carcaça, filé, couro), índice hepato-
somático e percentagem de gônada dos machos não foram influenciados pela
adição de óleo de soja na dieta (Tabela 24).
Tabela 24. Parâmetros produtivos de machos de jundiá alimentados
com dietas contendo óleo de soja
Óleo de soja (%)
0 2 4 6 8 10 dpr P
CT (cm) 28,51
28,28
28,79
28,53
29,02
28,52
0,46
NS
CP (cm) 23,79
23,93
24,27
24,01
24,14
23,82
0,38
NS
FC
1
1,03 1,01 1,04 1,06 1,06 1,06 0,02
*
RC (%) 85,95
84,53
85,59
84,52
85,26
85,12
1,21
NS
RF (%) 34,49
32,13
34,17
32,61
33,48
33,54
1,64
NS
RCOU (%)
3,74 3,57 3,79 3,96 3,30 3,69 0,42
NS
IHS (%) 1,06 1,33 0,97 1,05 1,09 1,06 0,21
NS
IDS (%) 2,45 2,26 1,75 1,95 1,83 2,11 0,20
*
GI (%) 1,86 1,62 2,37 2,22 3,42 3,42 0,88
*
GON (%) 4,86 5,69 4,83 5,48 4,44 4,16 1,07
NS
1
Y=1,02 + 0,004X, r
2
=0,42. *P<0,01.
CT: comprimento total; CP: comprimento padrão; FC: fator de condição; RC:
rendimento de carcaça; RF: rendimento de filé; RCOU: rendimento de couro; IHS:
índice hepato-somático; GON: percentagem de gônada.
Dpr: desvio padrão residual; NS: não-significativo (P>0,05).
94
Figura 24. Valores de consumo diário aparente (CDA) em
jundiás alimentados com dietas contendo óleo de soja.
O consumo diário aparente (CDA) de ração foi maior nos machos (Figura
24). No experimento com machos, não se observou efeito do óleo de soja no
consumo dos peixes (P>0,05). Para as fêmeas, o consumo de alimento decresceu de
acordo com a inclusão de óleo de soja (P=0,04, Y=3,11 – 0,04X, r
2
=0,44).
Os valores de conversão alimentar aparente dos jundiás (Figura 25)
diminuíram de acordo com o aumento da inclusão de óleo de soja na dieta (machos –
Y=3,26 – 0,12X, r
2
=0,52, P<0,01; fêmeas – Y=3,02 – 0,13X, r
2
=0,41, P=0,004).
A biomassa total no experimento das fêmeas (Figura 26) aumentou
linearmente de acordo com a inclusão de óleo de soja na dieta (Y=2561,75 + 79,84X,
r
2
=0,49, P=0,001). Os machos de jundiá alimentados com a dieta contendo 8% de
óleo de soja apresentaram maior desempenho.
Os valores de comprimento total, padrão e fator de condição das fêmeas não
apresentaram efeito significativo pela inclusão de óleo de soja na dieta (Tabela 25). A
sobrevivência diminuiu de acordo com o aumento da inclusão de óleo (P<0,01).
O rendimento de carcaça, nas fêmeas, foi maior nos peixes alimentados com
a inclusão de 6% de óleo de soja na dieta (88,25%). Os demais valores de
rendimento de cortes das fêmeas não apresentaram variação entre os tratamentos.
95
Figura 25. Valores de conversão alimentar aparente (CAA) em
jundiás alimentados com dietas contendo óleo de soja.
Figura 26. Biomassa total de machos e fêmeas de jund
alimentados com dietas contendo óleo de soja.
96
A inclusão de óleo de soja em dietas para fêmeas não implicou em efeito
significativo para o índice digestivo-somático (Tabela 25). Nos machos, os dados
desta variável apresentaram comportamento quadrático (Y=2,49 0,21X + 0,01X
2
,
r
2
=0,45, P<0,05, Tabela 24).
Nos machos, observou-se aumento linear (Y=1,55 + 0,19X, r
2
=0,40) da
quantidade de gordura intraperitoneal (Tabela 24).
Tabela 25. Parâmetros produtivos de fêmeas de jundiá alimentadas
com dietas contendo óleo de soja
Óleo de soja (%)
0 2 4 6 8 10 dpr P
CT (cm) 32,03
31,74
31,70
32,02
31,59
31,86
0,78
NS
CP (cm) 27,21
26,74
26,72
27,03
26,84
27,17
0,60
NS
FC 1,04 0,98 1,03 0,98 1,03 1,06 0,04
NS
SOB (%)
1
100 97,22
91,67
88,89
91,66
86,11
8,04
*
RC (%)
2
81,16
88,20
84,77
88,25
86,11
83,06
2,92
*
RF (%) 30,70
32,06
31,41
31,56
30,64
29,76
2,35
NS
RCOU (%)
3,47 3,95 4,11 4,06 4,35 3,93 0,46
NS
IHS (%) 1,29 1,66 1,53 1,38 1,15 1,35 0,33
NS
IDS (%) 2,59 2,39 2,41 2,56 1,83 2,66 0,85
NS
GI (%) 0,85 0,68 1,48 0,75 1,29 2,27 1,80
NS
GON (%) 5,68 2,75 4,25 2,02 4,66 5,60 2,78
NS
1
Y=98,94 – 1,26X, r
2
=0,34;
2
Y=82,08 + 2,11X – 0,20X
2
, r
2
=0,46. *P<0,01.
CT: comprimento total; CP: comprimento padrão; FC: fator de condição; SOB:
sobrevivência; RC: rendimento de carcaça; RF: rendimento de filé; RCOU:
rendimento de couro; IHS: índice hepato-somático; GON: percentagem de gônada.
Dpr: desvio padrão residual; NS: não-significativo (P>0,05).
97
5.3.3 Composição centesimal, perfil lipídico e aceitabilidade
A umidade nos filés dos machos foi maior (P=0,006) nos peixes alimentados
com a dieta contendo 2% de óleo de soja (Tabela 26). A quantidade de cinzas e de
lipídios no filé dos machos não foi afetada pela inclusão de óleo na dieta. A proteína
do filé apresentou efeito linear (P=0,009), com um incremento estimado de 0,23% de
proteína no filé a cada 1% de inclusão de óleo na dieta.
Tabela 26. Composição centesimal de filés e peixe inteiro (%) de machos
de jundiá alimentados com dietas contendo óleo de soja
Óleo de soja (%)
0 2 4 6 8 10
Filés dpr P
Umidade
1
77,88
79,47
77,97
76,46
75,57
74,00
1,44
0,0006
Cinzas 1,09 1,13 1,30 1,14 1,15 1,15 0,14
NS
Lipídios 4,53 3,44 4,29 5,68 6,44 4,88 1,20
NS
Proteína
2
16,73
17,27
17,11
18,46
17,79
19,49
1,17
0,009
Peixe inteiro
Umidade
3
66,66
69,55
71,83
71,07
66,41
68,28
2,03
0,02
Cinzas 3,96 2,47 3,65 3,56 2,90 2,95 0,77
NS
Lipídios
4
8,32 9,90 9,85 8,58 12,40
12,44
2,15
0,02
Proteína 17,77
18,50
17,63
19,11
18,29
17,04
1,20
NS
1
Y=78,43 + 0,12X – 0,05X
2
, r
2
=0,62;
2
Y=16,62 + 0,23X, r
2
=0,35;
3
Y=67,16 + 1,43X – 0,14X
2
, r
2
=0,38;
4
Y=8,34 + 0,38X, r
2
=0,29;
No peixe inteiro, a quantidade de cinzas e proteína não foi afetada pelas
diferentes dietas. A umidade foi maior nos machos alimentados com dietas contendo
4 e 6% de óleo de soja (71,83 e 71,07%, respectivamente). Os lipídios corporais
aumentaram linearmente com o incremento de óleo de soja na dieta dos peixes
(Y=8,34 + 0,38X, r
2
=0,29). Apesar do coeficiente de determinação do modelo para
esta variável ter apresentado um baixo valor (29%), a aplicação do teste de Dunnett
nos dados demonstrou diferença significativa (P<0,05) entre as dietas com maior
inclusão de óleo em relação à dieta controle (sem inclusão de óleo).
98
Tabela 27. Perfil lipídico dos filés de machos de jundiás alimentados com óleo de
soja na dieta (% de ácidos graxos nos lipídios totais)
Óleo de soja (%)
AG 0 2 4 6 8 10 P
C14:0 1,82 1,50 1,73 1,60 1,50 1,44 **
C16:0 25,97 25,16 26,17 24,45 23,90 23,48 ***
C18:0 10,08 9,32 8,33 8,87 9,16 8,56 *
∑Saturados
37,98 36,19 36,35 35,09 34,77 33,73 ***
C16:1n-7c 5,76 5,90 7,18 6,53 5,30 5,55 NS
C18:1n-9c 34,91 31,83 32,43 32,92 32,70 32,26 **
C20:1n-9 1,28 1,29 1,16 1,01 1,01 0,94 ***
∑Monoins 41,96 39,02 40,78 40,47 39,02 38,76 NS
C18:2n-6c 16,39 18,82 17,73 20,34 21,86 22,76 ***
C18:3n-3 1,01 1,12 1,07 1,45 1,55 1,69 ***
C20:4n-6 0,85 1,60 1,29 0,91 0,92 1,06 ***
C22:5n-3 0,43 0,79 0,59 0,48 0,53 0,49 **
C22:6n-3 1,36 2,43 2,16 1,26 1,33 1,49 **
∑PUFA 20,04 24,78 22,85 24,42 26,21 27,50 ***
∑Insat 62,01 63,80 63,64 64,90 65,23 66,26 ***
∑n - 3 2,80 4,35 3,82 3,18 3,41 3,67 **
∑n – 6 17,24 20,42 19,03 21,24 22,79 23,82 ***
n-3/n-6 0,16 0,21 0,20 0,14 0,15 0,16 ***
n-6/n-3 6,38 4,78 5,00 6,74 6,75 6,49 **
UFA/SFA 1,63 1,76 1,75 1,85 1,87 1,97 ***
*P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001.
Mono= AGS monoinsaturados; PUFAS=AGS poliinsaturados;
UFA/SFA=AGS insaturados/saturados.
Quanto ao perfil lipídico dos filés dos machos (Tabela 27), a utilização de
óleo de soja proporcionou diferenças significativas em praticamente todos os ácidos
graxos mensurados, com exceção do C16:1n-7c e da quantidade total de AGS
monoinsaturados.
A adição de óleo de soja na dieta resultou em diminuição na quantidade de
AGS saturados nos filés. A quantidade de PUFAS e o total de AGS insaturados nos
99
filés dos machos de jundiá foram maiores nos peixes alimentados com a dieta
contendo 10% de óleo de soja.
Os peixes alimentados com a dieta contendo 2% de óleo de soja
apresentaram maior quantidade de AGS do grupo n 3 nos filés. Maior quantidade
de ômega 6 e relação entre AGS insaturados e saturados foi verificada nos filés dos
machos alimentados com a dieta D10 (Tabela 27).
Os maiores valores da relação n 3 / n 6 foram obtidos nos filés dos
machos de jundiás alimentados com dietas com a inclusão de 2 e 4% de óleo de
soja (0,21 e 0,20, respectivamente). Os peixes alimentados com as dietas D6 e D8
apresentaram maiores valores da relação n 6 / n – 3 nos filés (6,74 e 6,75,
respectivamente).
O perfil lipídico corporal (Tabela 28) dos machos também mostrou influência
da adição de óleo de soja na dieta. A quantidade total de AGS saturados corporais
foi maior nos peixes alimentados com a dieta contendo 2% de óleo.
Os AGS C14:0, C16:1n-7c, C20:4n-6, C22:5n-3 e C22:6n-3 não
apresentaram diferenças entre as dietas testadas (P>0,05).
A maior quantidade de AGS corporais dos grupos ômega 3 e 6 foram
verificadas nos machos alimentados com 6% de óleo de soja na dieta. No total de
AGS insaturados, os peixes alimentados com 8% de soja, que também proporcionou
a maior relação entre os AGS insaturados e saturados (P<0,01).
A composição corporal das fêmeas (Tabela 29) não foi alterada pela
inclusão de óleo de soja da dieta (P>0,05).
A umidade nos filés das fêmeas foi maior (P=0,04) nos peixes alimentados
com a dieta contendo 6% de óleo de soja (79,31%). A quantidade de lipídios
(P=0,02) e proteína (P=0,009) nos filés apresentou comportamento quadrático.
O perfil lipídico corporal das fêmeas foi influenciado pela adição de óleo de
soja nas dietas (Tabela 30). A quantidade de AGS corporais saturados foi menor de
acordo com o aumento da inclusão de óleo de soja nas dietas.
As fêmeas alimentadas com a dieta contendo 8% de óleo de soja
apresentaram maior quantidade (P<0,0001) de PUFAS (25,52%), AGS insaturados
totais (65,64%) e AGS do grupo n – 6 (22,10%).
O maior valor da relação entre os AGS n 3 / n 6 corporais foi obtido nas
fêmeas de jundiá alimentadas com a dieta D2 (P<0,01). Os peixes alimentados com
10% de óleo de soja apresentaram o maior valor da relação n – 6 / n – 3 (P<0,01).
100
Tabela 28. Perfil lipídico corporal de machos de jundiás alimentados com óleo de
soja na dieta (% de ácidos graxos nos lipídios totais)
Óleo de soja (%)
AG 0 2 4 6 8 10 P
C14:0 1,61 1,79 1,58 1,57 1,49 1,59 NS
C16:0 23,71 24,71 22,55 23,04 22,41 22,95 **
C18:0 9,23 8,91 9,95 8,66 8,60 7,96 **
∑ Saturados
35,75 36,35 34,96 34,25 33,38 33,50 **
C16:1n-7c 5,90 6,63 4,79 5,71 5,23 6,45 NS
C18:1n-9c 35,36 34,78 33,31 32,57 34,68 34,85 **
C20:1n-9 1,28 1,12 0,96 0,97 1,03 1,05 **
∑ Monoins 42,68 42,63 39,16 39,30 41,06 42,50 **
C18:2n-6c 17,77 17,58 21,71 22,05 21,59 20,18 **
C18:3n-3 1,18 1,25 1,84 1,75 1,76 1,59 ***
C20:4n-6 0,85 0,76 0,77 0,85 0,70 0,65 NS
C22:5n-3 0,41 0,37 0,45 0,49 0,42 0,41 NS
C22:6n-3 1,22 1,01 0,98 1,23 0,96 1,00 NS
∑ PUFA 21,55 21,02 25,86 26,44 25,54 23,99 **
∑ Insat 64,24 63,65 65,03 65,74 66,61 66,49 **
∑ n – 3 2,93 2,68 3,39 3,53 3,25 3,16 **
∑ n – 6 18,63 18,34 22,47 22,91 22,30 20,83 **
n-3/n-6 0,16 0,15 0,15 0,15 0,14 0,15 NS
n-6/n-3 6,35 6,87 6,62 6,55 6,86 6,54 NS
UFA/SFA 1,79 1,75 1,86 1,92 1,99 1,98 **
*P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001.
Mono= AGS monoinsaturados; PUFAS=AGS poliinsaturados;
UFA/SFA=AGS insaturados/saturados.
101
Tabela 29. Composição centesimal do peixe inteiro e de filés (%) de
fêmeas de jundiá alimentadas com dietas contendo óleo de soja
Óleo de soja (%)
0 2 4 6 8 10
Filés dpr P
Umidade
1
75,43
76,38
77,25
79,31
76,18
74,65
1,99
0,04
Cinzas 1,08 1,18 1,20 0,94 1,11 1,15 0,10
NS
Lipídios
2
6,63 5,10 4,55 4,44 4,73 6,19 1,24
0,02
Proteína
3
20,82
20,41
19,45
16,71
20,60
20,57
1,20
0,009
Peixe inteiro
Umidade 68,55
68,60
70,75
67,67
66,06
67,71
2,45
NS
Cinzas 4,04 3,81 3,09 2,79 3,26 3,60 0,80
NS
Lipídios 11,21
12,96
10,85
12,04
16,09
14,35
3,18
NS
Proteína 17,87
17,24
17,41
18,70
18,19
17,13
1,56
NS
1
Y=75,02 + 1,23X – 0,12X
2
, r
2
=0,33;
2
Y=6,61 – 0,86X + 0,08X
2
, r
2
=0,39;
3
Y=21,28 + 1,00X – 0,09X
2
, r
2
=0,31.
A composição em ácidos graxos dos filés das fêmeas de jundiá foi alterada
pela adição de óleo de soja nas dietas (Tabela 31).
Da mesma forma que o perfil lipídico corporal, a quantidade de AGS
saturados nos filés dos peixes foi menor de acordo com o aumento da inclusão de
óleo de soja na dieta (P<0,0001). A quantidade de AGS monoinsaturados (40,87%)
foi maior nos filés dos peixes alimentados com a dieta sem inclusão de óleo de soja.
Os peixes alimentados com a dieta contendo 8% de óleo apresentaram
maior quantidade de PUFAS nos filés (30,71%, P<0,0001). Ocorreu um aumento
linear na concentração de AGS insaturados (Tabela 31) de acordo com a inclusão
de óleo de soja na dieta.
A maior quantidade de AGS do tipo ômega 3 foi obtida nos filés das fêmeas
alimentadas com a dieta D4 (P<0,01), enquanto que nos filés dos peixes
submetidos à dieta com 8% de óleo ocorreu maior deposição de AGS do grupo
ômega 6 (P<0,0001).
102
Tabela 30. Perfil lipídico corporal de fêmeas de jundiás alimentadas com dietas
contendo óleo de soja (% de ácidos graxos nos lipídios totais)
Óleo de soja (%)
AG 0 2 4 6 8 10 P
C14:0 1,53 1,73 1,53 1,68 1,50 1,34 ***
C16:0 25,07 25,57 24,51 23,79 24,05 24,08 **
C18:0 9,35 8,96 9,12 8,32 8,39 8,47 ***
∑SFA 36,78 37,82 36,23 34,91 34,35 34,38 ***
C16:1n-7c 5,25 5,41 5,28 5,84 5,39 5,28 NS
C18:1n-9c 35,56 33,20 33,80 34,11 33,76 34,49 **
C20:1n-9 1,22 1,02 1,03 0,87 0,88 0,90 ***
∑Mono 42,03 39,67 40,17 40,93 40,11 40,67 NS
C18:2n-6c 16,75 17,73 19,16 19,60 21,54 20,81 ***
C18:3n-3 1,10 1,29 1,36 1,54 1,76 1,51 ***
C20:4n-6 1,31 1,16 1,19 1,14 0,56 0,98 ***
C22:5n-3 0,52 0,55 0,55 0,55 0,48 0,47 NS
C22:6n-3 1,48 1,68 1,31 1,23 1,15 1,13 NS
∑PUFA 21,17 22,50 23,59 24,15 25,52 24,94 ***
∑INS 63,21 62,17 63,76 65,08 65,64 65,61 ***
∑n - 3 3,11 3,60 3,23 3,40 3,42 3,15 NS
∑n – 6 18,06 18,89 20,35 20,75 22,10 21,79 ***
n-3/n-6 0,17 0,19 0,15 0,16 0,15 0,14 **
n-6/n-3 5,91 5,40 6,30 6,12 6,46 7,00 **
UFA/SFA 1,72 1,64 1,76 1,86 1,91 1,90 ***
*P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001.
Mono= AGS monoinsaturados; PUFAS=AGS poliinsaturados;
UFA/SFA=AGS insaturados/saturados.
O maior valor para a relação n 3 / n 6 nos filés das fêmeas foi onde os
peixes foram alimentados com a dieta contendo 4% de óleo de soja (Tabela 31). No
caso da relação n 6 / n – 3, verificou-se maior valor nos filés das fêmeas
alimentadas com a dieta D6 (6% de inclusão de óleo de soja).
Observou-se aumento linear crescente (P<0,0001) na relação entre AGS
insaturados e saturados.
103
Tabela 31. Perfil lipídico dos filés de fêmeas de jundiá
alimentadas com diferentes níveis de óleo de soja (% de ácidos
graxos nos lipídios totais)
Óleo de soja (%)
AGS 0 2 4 6 8 10 P
C14:0 1,55
1,38
1,48
1,42
1,25
1,40
**
C16:0 26,31
25,00
24,81
25,26
23,11
23,41
***
C18:0 8,80
9,11
8,95
8,69
8,98
8,40
*
∑SFA 37,06
35,84
35,73
35,57
33,41
33,23
***
C16:1n-7c
5,93
5,14
4,10
5,29
3,74
5,08
**
C18:1n-9c
33,94
33,56
32,17
33,34
31,41
33,73
**
C20:1n-9 0,99
0,99
0,98
1,02
0,71
0,87
**
∑Mono 40,87
39,71
37,25
39,67
35,86
39,69
***
C18:2n-6c
17,46
18,84
20,48
19,57
24,81
22,13
***
C18:3n-3 1,15
1,29
1,46
1,30
2,05
1,73
***
C20:4n-6 1,28
1,58
1,74
1,39
1,31
1,21
**
C22:5n-3 0,57
0,64
0,79
0,59
0,62
0,60
**
C22:6n-3 1,57
2,04
2,51
1,89
1,91
1,39
**
∑PUFA 22,05
24,44
27,01
24,75
30,71
27,07
***
∑INS 62,93
64,15
64,27
64,42
66,58
66,76
***
∑n - 3 3,30
4,01
4,78
3,79
4,58
3,73
**
∑n – 6 18,75
20,42
22,23
20,96
26,13
23,33
***
n-3/n-6 0,17
0,19
0,21
0,18
0,17
0,16
**
n-6/n-3 5,71
5,13
4,66
5,75
5,72
6,24
**
UFA/SFA 1,70
1,79
1,79
1,81
1,99
2,01
***
*P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001.
Mono= AGS monoinsaturados; PUFAS=AGS poliinsaturados;
UFA/SFA=AGS insaturados/saturados.
104
Tabela 32. Escore sensorial de teste de ordenação de acordo com a
preferência de filés de machos de jundiás alimentados com diferentes
níveis de óleo de soja
Óleo de soja (%)
Aparência Sabor Textura
0 87 83 90
2 79 70 71
4 73 85 79
6 81 83 83
8 78 86 80
10 85 76 80
Os resultados são referentes à análise realizada por 23 provadores. O valor crítico para 23
provadores e 6 amostras é 37, com significância de 5%, de acordo com tabela da ABNT
NBR 13170 (1994).
O teste de ordenação realizado por painel sensorial não revelou diferenças
significativas na aparência, sabor ou textura entre as amostras de filés de machos
(Tabela 32) e fêmeas de jundiá (Tabela 33), pois as diferenças entre os escores das
amostras não atingiram os valores críticos de 37 e 38, respectivamente. Cabe
ressaltar que este valor crítico foi estabelecido em função da significância nima
pré-determinada (P<0,05).
Os resultados obtidos indicam que a variação dos níveis de óleo de soja da
dieta entre 0 e 10% não afeta a qualidade sensorial dos filés de jundiás,
independente do sexo dos peixes.
Tabela 33. Escore sensorial de teste de ordenação de acordo com
a preferência de filés de fêmeas de jundiás alimentados com
diferentes níveis de óleo
Óleo de soja (%)
Aparência Sabor Textura
0
76 83 85
2
78 77 77
4
89 85 82
6
89 100 92
8
103 92 91
10
90 88 98
Os resultados são referentes à análise realizada por 25 provadores. O valor
crítico para 25 provadores e 6 amostras é 38, com significância de 5% (ABNT
NBR 13170, 1994).
105
5.3.4 Enzimas, metabolismo e hematologia
A utilização de óleo de soja em diferentes níveis afetou a atividade de
enzimas digestivas dos jundiás (machos e fêmeas).
Nos machos (Tabela 34), a razão entre tripsina e quimiotripsina e a
quantidade de proteína do estômago não mostraram variação significativa entre os
tratamentos (P>0,05).
Em relação às carboidrases mensuradas no intestino dos machos de jundiás
(Tabela 34), observou-se maior quantidade de amilase nos peixes alimentados com
dietas sem a inclusão de óleo de soja (D0). Os peixes alimentados com a dieta D8
apresentaram maior atividade de maltase (P<0,0001).
A atividade de tripsina foi maior (P<0,01) nos machos alimentados com as
dietas D4 e D10 (5,07 e 5,02, respectivamente). A menor atividade de quimiotripsina
foi verificada nos machos alimentados com 2% de óleo de soja na dieta (P<0,0001).
A atividade de protease ácida no estômago foi maior nos peixes alimentados
com a dieta D6 (32,20, P<0,0001). Os machos alimentados com esta mesma dieta
(6% de inclusão de óleo) apresentaram a menor quantidade de proteína no intestino
(0,08).
Tabela 34. Enzimas digestivas de machos de jundiá alimentados com dietas
contendo diferentes níveis de óleo de soja
Óleo de soja (%)
0 2 4 6 8 10 dpr
P
Amilase
(U/mg/prot)
0,33 0,20 0,29 0,22 0,27 0,20 0,03
***
Maltase
(U/mg/prot)
0,41 0,44 0,62 0,38 0,74 0,41 0,11
***
Tripsina
(U/mg/prot)
3,91 3,38 5,07 4,01 4,70 5,02 0,79
**
Quimiotripsina
(U/mg/prot)
(N)
2,40 1,89 2,76 2,31 2,56 2,61 0,31
***
Tripsina/quimiotripsina 1,64 1,76 1,85 1,76 1,80 1,98 0,36
NS
Protease (N) 22,50
20,98
25,75
32,20
26,10
29,58
4,95
***
**P<0,01; ***P<0,001. NS= não-significativo (P>0,05).
(N): estas variáveis foram submetidas a ANOVA não-paramétrica (Kruskall Wallis), pois não
apresentaram distribuição normal.
106
Tabela 35. Metabólitos em machos de jundiá alimentados com dietas
contendo diferentes níveis de óleo de soja
Óleo de soja (%)
0 2 4 6 8 10 dpr P
Aminoácidos totais (µg/g tec)
Fígado 46,11 46,74 47,16 50,04 39,56 52,38 7,60 NS
Músculo
15,33 13,75 15,26 14,60 16,87 16,11 2,03 *
Rim 12,36 12,44 14,80 12,40 16,13 13,49 2,28 NS
Amônia (µg/g tec)
Fígado 48,26 42,82 50,73 45,96 32,13 43,54 7,15 NS
Músculo
33,15 29,89 27,87 25,36 26,12 26,19 4,19 **
Rim 25,48 29,59 30,25 21,85 29,11 32,55 4,43 NS
Glicose (µmol/g tec)
Fígado 83,35 83,99 67,02 72,86 79,94 80,40 7,64 *
Músculo
7,75 7,39 7,40 6,59 7,16 6,88 0,80 NS
Rim 11,00 13,50 12,37 12,53 12,80 12,57 1,08 NS
Proteína (µg/g tec)
Fígado 140,12
145,04
149,95
140,12
147,50
149,95
15,82
NS
Músculo
107,18
145,43
133,49
133,24
124,88
118,88
12,87
**
Rim 132,75
121,44
135,20
126,35
125,38
132,75
13,47
NS
Glicogênio (µmol/g tec)
Fígado 184,20
195,40
271,40
234,60
245,00
231,60
33,15
**
Músculo
12,30 12,73 12,08 12,72 14,72 13,52 3,68 NS
Rim 31,20 28,53 28,80 27,46 28,53 27,46 5,11 NS
Lactato (µmol/g tec)
Fígado 9,16 7,84 8,54 10,47 10,26 13,21 1,03 ***
Músculo
38,77 29,07 44,17 35,03 38,58 37,72 6,48 NS
Rim 4,14 5,32 4,24 7,04 9,39 12,24 1,18 ***
*P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001.
Os machos alimentados com as dietas contendo 8 ou 10% de óleo de soja
apresentaram maiores valores (P<0,05) de aminoácidos totais no músculo (Tabela
35). No fígado e no rim dos peixes não ocorreu efeito significativo da inclusão de
óleo nas dietas sobre a quantidade de aminonoácidos totais, amônia e proteína.
107
A produção de amônia muscular foi significativamente maior nos machos
alimentados com a dieta sem a inclusão de óleo de soja como fonte lipídica (33,15).
No fígado, o menor valor de glicose verificado foi de 67,02 mg/dL nos peixes
alimentados com a dieta D4 e o maior valor nos machos submetidos a dieta D10
(80,4 mg/dL). No tecido muscular e nos rins não ocorreu diferença entre os
tratamentos testados (Tabela 35).
Os valores de proteína no músculo dos machos de jundiá apresentaram
tendência quadrática (Y=117,35 + 8,65X 0,95X
2
, r
2
=0,35, P<0,01), sendo que os
peixes alimentados com a dieta D2 apresentaram maior valor para este constituinte
(145,43 mg/dL).
Os teores de glicogênio muscular e renal não foram afetados pela inclusão
de óleo de soja na dieta (P>0,05, Tabela 35). No fígado, ocorreu efeito quadrático
(Y=175,7 + 23,68X – 1,76X
2
, r
2
=0,45, P=0,008).
Ocorreu efeito linear positivo (Y=7,85 + 0,40X, r
2
=0,58) sobre os valores de
lactato no fígado de machos de jundiá. No rim, a quantidade de lactato diminuiu
(Y=3,19 0,78X, r
2
=0,77) de acordo com o aumento de óleo de soja na dieta dos
peixes. No músculo, a quantidade de lactato não se alterou em função dos níveis de
óleo de soja testados (Tabela 35).
Tabela 36. Enzimas digestivas em fêmeas de jundiá alimentados com
dietas contendo diferentes níveis de óleo de soja
Óleo de soja (%)
0 2 4 6 8 10 dpr
P
Amilase
(U/mg/prot)
0,04 0,09 0,09 0,06 0,06 0,09 0,01
***
Maltase
(U/mg/prot)
0,66 0,84 1,01 0,41 0,63 0,95 0,14
***
Tripsina
(U/mg/prot)
6,17 6,36 5,75 6,21 6,59 7,29 0,86
NS
Quimiotripsina
(U/mg/prot)
3,02 3,11 2,75 3,02 3,38 3,73 0,28
***
Trip/quimiotr 2,05 2,06 2,08 2,05 1,96 1,96 0,26
NS
Protease 22,51
23,89
24,82
14,72
22,00
21,32
2,60
***
*P<0,05; **P<0,01; ***P<0,0001.
108
Não se verificou efeito (P>0,05) da utilização de óleo de soja na atividade
da enzima tripsina e a sua razão com a quimiotripsina em fêmeas de jundiá (Tabela
36).
A atividade da enzima amilase foi menor nas fêmeas alimentadas sem óleo
de soja na dieta (D0) enquanto que a maltase apresentou maior atividade nos
peixes submetidos à dieta D4.
Verificou-se maior atividade de quimiotripsina nas fêmeas alimentadas com
a dieta contendo o maior nível de óleo testado (10%). A protease ácida do
estômago das fêmeas foi significativamente menor no tratamento D6 (6% de óleo
de soja).
A utilização de óleo de soja na dieta não interferiu (P>0,05) nos valores de
hemoglobina, número de eritrócitos, hematócrito, hemoglobina corpuscular média e
concentração de hemoglobina corpuscular média no sangue dos machos de jundiá
(Tabela 37).
Tabela 37. Parâmetros hematológicos em machos de jundalimentados com
dietas contendo diferentes níveis de óleo de soja
Óleo de soja (%)
0 2 4 6 8 10 dpr P
Eritrócitos 2,64 2,62 2,46 2,76 2,70 2,76 0,27
NS
Hemoglobina (g/dL)
13,30
13,40
13,20
13,36
14,56
12,70
1,45
NS
Hematócrito (%) 38,36
41,10
37,43
40,96
41,66
37,65
4,50
NS
HCM 50,40
51,16
53,70
48,63
53,90
46,10
3,84
NS
CHCM 35,00
32,63
35,30
32,90
34,90
33,70
2,37
NS
NS: não significativo (P>0,05).
HCM: hemoglobina corpuscular média;
CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média.
A quantidade de plaquetas foi maior nos machos de jundiá alimentados com
a dieta contendo 6% de óleo de soja (Figura 27). Para esta variável, verificou-se
efeito quadrático (P=0,05).
O volume corpuscular médio dos peixes foi inferior nos machos de jundiás
alimentados com a dieta D10, diferindo significativamente dos demais tratamentos
(Figura 28).
109
Figura 27. Quantidade de plaquetas em machos de jundiá
alimentados com dietas contendo óleo de soja.
Figura 28. Valores de volume corpuscular médio (VCM) em machos de
jundiá alimentados com dietas contendo óleo de soja.
110
Figura 29. Quantidade de proteína no fígado e rim de fêmeas de
jundiá alimentadas com dietas contendo óleo de soja.
No experimento com as fêmeas de jundiá, observou-se efeito linear positivo
na quantidade de proteína (mg proteína/mg tecido) no fígado (Y=143,09 + 3,66X,
r
2
=0,56, P<0,0001) e nos rins (Y=120,15 + 4,18X, r
2
=0,45, P<0,0001), conforme
figura 29.
As fêmeas de jundiá alimentadas com a dieta D6 apresentaram maior
quantidade de aminoácidos totais no fígado enquanto que as com a D8 tiveram
mais nos rins (Tabela 38). A quantidade de amônia nestes órgãos também mostrou
efeito significativo da inclusão de óleo de soja na dieta, onde as fêmeas dos
tratamentos D4 e D10 apresentaram maiores valores no fígado e nos rins,
respectivamente.
Os valores de glicose encontrados nas fêmeas de jundiá apresentaram
efeito significativo de ordem 3 (função cúbica) tanto no fígado (Y=74,20 18,05X +
5,73X
2
– 0,38X
3
, r
2
=0,86) quanto nos rins (Y=3,52 + 1,90X – 0,42X
2
+ 0,03X
3
,
r
2
=0,61).
O glicogênio hepático das fêmeas apresentou efeito linear crescente
(Y=170,33 + 13,53X, r
2
=0,70). A quantidade de lactato no fígado (Tabela 38)
apresentou tendência quadrática (Y=6,39 + 0,26X 0,03X
2
, r
2
=0,47) e nos rins
efeito cúbico (Y=5,88 + 1,36X – 0,23X
2
+ 0,01X
3
, r
2
= 0,53).
111
Tabela 38. Metabólitos em fêmeas de jundiá alimentados com dietas
contendo níveis de óleo de soja
Óleo de soja (%)
0 2 4 6 8 10 dpr P
Aminoácidos totais (µmol/g tec)
Fígado
54,38 55,18 57,98 62,14 40,70 56,48 8,29 **
Rim 14,85 15,17 18,42 14,86 20,93 15,28 2,61 **
Amônia (µg/g tec)
Fígado
63,61 55,26 65,53 57,91 42,09 56,25 7,36 ***
Rim 32,91 39,13 38,90 28,22 37,60 42,04 4,86 **
Glicose (µmol/g tec)
Fígado
73,31 60,22 68,99 84,89 104,21
81,23 5,36 ***
Rim 3,82 4,84 7,01 5,69 4,75 7,25 0,60 ***
Glicogênio (µmol/g tec)
Fígado
177,28
189,62
241,13
237,23
253,51
329,18
27,29
**
Rim 28,59 34,05 28,63 27,05 30,14 30,49 4,79 NS
Lactato (µmol/g tec)
Fígado
6,71 6,36 6,28 7,53 5,86 5,05 0,37 ***
Rim 5,81 8,14 7,46 8,85 7,07 7,43 0,53 ***
NS: não significativo (P>0,05).
*P<0,05; **P<0,01; ***P<0,0001.
A quantidade de colesterol plasmático nas fêmeas de jundiá (Figura 30)
aumentou (P<0,05) de acordo com o incremento de óleo de soja na dieta (Y=147,11
+ 6,96X, r
2
=0,45). Nos machos, verificou-se efeito quadrático (Y=175,25 - 16,62X +
1,79X
2
, r
2
=0,38, P<0,05).
Os machos de jundiá tiveram aumento significativo na quantidade de
triglicerídeos plasmáticos (Y=167,00 + 9,3X, r
2
=0,43) com a adição de óleo de soja
como fonte lipídica (Figura 31). Nas fêmeas, os dados obtidos mostraram efeito
quadrático (Y=160,95 + 39,78X – 2,01X
2
, r
2
=0,43).
112
Figura 30. Quantidade de colesterol total no plasma de jundiás
alimentados com dietas contendo óleo de soja.
Figura 31. Quantidade de triglicerídeos plasmáticos em jundiás
alimentados com dietas contendo óleo de soja.
113
A quantidade de hemoglobina nas fêmeas (Figura 32) apresentou efeito
linear crescente (P=0,02). Pela equação calculada para esta variável, espera-se um
aumento de 0,53 g/dL de hemoglobina a cada 1% a mais de óleo de soja
adicionado na dieta.
Os valores de hematócrito das fêmeas mostraram efeito quadrático, onde
os peixes alimentados com a dieta D8 apresentaram maiores valores (Figura 33).
Figura 32. Quantidade de hemoglobina em fêmeas de jundiá
alimentadas com dietas contendo óleo de soja.
Tabela 39. Parâmetros hematológicos em fêmeas de jundiá alimentadas
com dietas contendo níveis de óleo de soja
Óleo de soja (%)
0 2 4 6 8 10 dpr P
Eritrócitos
1,49 1,43 1,73 2,15 2,26 1,69 0,49
NS
VCM 154,03
156,40
155,86
155,90
158,90
164,96
6,55
NS
HCM
1
57,20 54,53 57,06 54,10 61,76 66,43 5,19
0,02
CHCM
2
37,13 35,00 36,63 34,45 38,70 40,26 2,37
0,03
Plaquetas
23,00 25,33 27,33 24,00 21,00 22,66 5,32
NS
1
Y=57,26 – 1,42X + 0,23X
2
, r
2
=0,43.
2
Y=36,99 – 0,82X +0,11X
2
, r
2
=0,40.
114
Figura 33. Valores de hematócrito em fêmeas de jundiá
alimentadas com dietas contendo óleo de soja.
Não se verificaram efeitos da utilização de óleo de soja na dieta sobre a
contagem total de eritrócitos, o volume corpuscular médio (VCM) e a quantidade de
plaquetas no sangue das fêmeas de jundiá (Tabela 39).
Os valores de hemoglobina corpuscular dia (HCM) e a concentração de
de hemoglobina corpuscular dia (CHCM) foram maiores nas fêmeas alimentadas
com dietas contendo 10% de óleo de soja (Tabela 39).
115
5.4 Discussão
Os melhores resultados obtidos para peso nos machos (8% de óleo de soja)
e fêmeas de jundiá (10% de óleo soja) evidenciam que o aumento do nível lipídico
da dieta proporciona efeito poupador de proteína (protein sparring effect),
potencializando este nutriente para o ganho em peso dos peixes. Este efeito é muito
conhecido na nutrição de peixes, inclusive para o jundiá (Meyer & Fracalossi, 2004;
Salhi et al., 2004; Kim & Lee, 2005).
Para o surubim (Pseudoplatystoma coruscans), a adição de 12% de óleo de
soja na dieta proporciona excelente desempenho para juvenis desta espécie, com
melhora na deposição de proteína corporal (Martino et al., 2002a). Para alevinos de
carpa comum, a utilização de 13% de inclusão de óleo de soja na dieta o
compromete o desempenho dos peixes (Cho et al., 2001).
Além disso, a criação do jundiá com separação por sexo proposta neste
estudo evidencia que as exigências nutricionais deste peixe são diferenciadas. Isto
mostra que a utilização de dieta única na engorda do jundpara ambos os sexos
pode resultar em menor aproveitameto do alimento e redução no desempenho.
Na parte lipídica da dieta, está comprovado que para a maioria das espécies
de peixes em cultivo a utilização de óleos vegetais (soja, canola, arroz, linhaça) não
compromete o crescimento dos peixes, entretanto modifica a composição dos ácidos
graxos corporais (Regost et al. 2003a, b). Um incremento no nível de lipídio aumenta
a retenção de energia, potencializando a utilização da proteína para crescimento
(Kaushik & Oliva-Teles, 1985). Este efeito poupador de proteína resulta da
combinação das fontes de energia não-protéica do alimento. Para o jundiá, Meyer &
Fracalossi (2004) observaram este efeito, demonstrando que a exigência protéica de
alevinos desta espécie varia de acordo com a concentração energética da dieta.
Para o surubim, a alternância de fontes lipídicas como o óleo de soja, de
milho, de linhaça e banha suína não afeta o crescimento dos peixes (Martino et al.,
2002b). Juvenis de jundiá alimentados com 5% de inclusão de óleo de canola, de
fígado de bacalhau ou banha suína na dieta não diferem no ganho em peso (Melo et
al., 2002). Para os bagres Clarias gariepinus e Heterobranchus longifilis, a utilização
de óleos vegetais proporciona bom desempenho produtivo (Ng et al., 2003).
A partir destes resultados de pesquisa, devem-se levar em consideração,
além do desempenho, outras características no peixe que possam diferenciar a
116
utilização de uma ou outra fonte. Entre elas estão as alterações na composição
corporal, incluindo o perfil lipídico corporal e dos filés.
Uma grande demanda na nutrição do jundiá é estabelecer níveis lipídicos
adequados nas diferentes fases de criação, de forma a evitar a utilização de proteína
para fins energéticos. Em relação à quantidade de alimento oferecido, deve-se
ressaltar que a fixação de uma quantidade diária evita que o peixe tente compensar
a demanda energética quando alimentado com rações contendo baixa energia.
Neste caso, a proteína é destinada a atender esta necessidade, diminuindo a
eficiência alimentar.
A energia do alimento afeta o consumo e a deposição lipídica na carcaça
(Kaushik & Médale, 1994). Peixes alimentados com níveis mais elevados de lipídios
diminuem o consumo voluntário de ração (Brauge et al., 1994; Skalli et al., 2004).
Isto foi observado para as fêmeas de jundiá, que reduziram o consumo diário
aparente (CDA) de alimento com o aumento do óleo de soja na dieta. Ao contrário,
os machos não modificaram o consumo em função do aumento do nível energético
da dieta.
Os valores de consumo diário de alimento observados nos experimentos
com jundiás (figura 31), entre 3 e 5% do peso vivo por dia, são similares aos
encontrados para o bagre africano alimentados com dietas similares, entre 3,8 a
4,0% PV (Fagbenro & Davies, 2001).
A proteína e os lipídios são nutrientes importantes na mobilização e
formação de tecido corporal, sendo os principais responsáveis pelo crescimento e
ganho em peso nos peixes (Cyrino et al., 2000). A relação proteína/energia (P/E) em
dietas para peixes é de grande importância.
Se a relação P/E está desbalanceada, com proteína em excesso, esta é
catabolizada e usada como fonte de energia para as necessidades de mantença
antes do crescimento (NRC, 1993). Ao contrário, se houver excesso de energia, o
consumo de alimento e a proteína ingerida podem ser limitados. Na prática, uma
dieta desbalanceada ocasiona perda no resultado econômico da criação, pela
diminuição da eficiência alimentar. Para o jundiá, esta relação deverá ser estuda em
diferentes fases.
Para alevinos de jundiá, a melhor relação entre energia e proteína é de 10,2
kcal EM /g proteína (Lopes et al., 2006). Para os machos de jundiá, a relação
observada na dieta que proporcionou maior desempenho foi de 9,45 kcal ED / g
117
proteína e para as fêmeas foi de 11,94 kcal ED / g proteína. Essa diferença é
atribuída a maior idade dos peixes desse estudo e também pela dificuldade de se
estimar a energia metabolivel.
O aumento do nível lipídico melhora também a taxa de eficiência protéica e o
crescimento (Takeuchi et al., 1991; Vergara et al., 1999; Meyer & Fracalossi, 2004;
Skalli et al., 2004). No presente estudo, observou-se que para o jundiá de ambos os
sexos os maiores níveis de lipídios da dieta proporcionaram maior crescimento. Para
peixes marinhos carnívoros como o “Red drum” (Sciaenops ocellatus), a elevação
dos teores de proteína e energia da dieta proporciona efeitos positivos nas taxas de
crescimento, retenção de nutrientes e na qualidade da água (Thoman et al., 1999).
A relação dos valores de conversão alimentar aparente de peixes com o
nível energético da dieta foi demonstrada por vários autores (Hassan et al., 1995;
Jantrarotai et al. 1998; Yamamoto et al., 2000). No presente estudo os valores de
conversão alimentar dos jundiás foram reduzidos de acordo com o incremento da
quantidade de óleo de soja na dieta, para machos e fêmeas.
Existe relação inversa entre gordura visceral e o índice víscero-somático
(peso vísceras/peso corporal), principalmente em níveis elevados de lipídios da
dieta. O fígado é o órgão que mais reflete as alterações dietárias. Esta compreensão
do metabolismo energético é fundamental na avaliação do desempenho, que deve
ser avaliada pela composição do ganho (proteínas, lipídios) e não pelo ganho em
peso (Jobling et al., 1998).
Em peixes jovens, o crescimento da carcaça é superior às outras partes do
corpo, onde os órgãos internos, com exceção do lipídio visceral, tendem a aumentar
de peso em pequenas quantidades (Shearer, 1994). O órgão que pode ser alterado
via composição da dieta, é o fígado. No presente estudo, observou-se valores de
índice digestivo-somático (IHS) entre 1,2 e 1,6% para fêmeas e 1,0 a 1,3% para
machos de jundiá, sem efeito dos níveis de óleo de soja testados. Para o “turbot”
(Psetta maxima), observou-se valor de IHS de 1,8% para peixes alimentados com
dieta contendo óleo de soja (Regost et al., 2003a). Segundo estes autores, o
aumento do nível de lipídios da dieta aumenta o IHS dos peixes. Esperava-se este
resultado nos experimentos com machos e fêmeas de jundiá, o que não foi
verificado.
O excesso de gordura visceral diminui o rendimento de carcaça nos peixes.
Maiores quantidades de lipídios na ração provocam aumento no peso das vísceras,
118
diminuindo o rendimento de carcaça (Mathis et al., 2003). No presente estudo, a
gordura intraperitoneal aumentou de acordo com o aumento do óleo de soja na
dieta.
Lazzari et al. (2006) observaram valores de rendimento de carcaça para o
jundiá de 77-82% e de 34-40% para rendimento de filé. Estas variações o
atribuídas à composição do alimento, sendo o volume visceral o fator de maior
influência. A fase fisiológica também afeta o rendimento de cortes do jundiá. Fêmeas
adultas desta espécie apresentam menor rendimento de carcaça em detrimento aos
machos, pela formação de ovários (Carneiro et al., 2003). O rendimento de carcaça
verificados nos jundiás em ambos os experimentos demonstrou elevados valores
(acima de 80%), o que mostra a grande capacidade de produção de carne desta
espécie.
É bem conhecido que o crescimento e a composição química dos peixes são
influenciados pela manipulação da composição da dieta e dos regimes alimentares
(Jobling et al., 1998). Ao compararmos a composição corporal de peixes da mesma
espécie deve-se considerar a influência do tamanho corporal, pois o crescimento
tecidual é diferenciado de acordo com a fase de vida (Shearer, 1994).
Nos machos, observou-se um aumento significativo dos lipídios corporais,
sem influência no filé. nas fêmeas os lipídios corporais não foram modificados
pela inclusão de níveis de óleo de soja na dieta, com deposição maior de lipídios nos
filés dos peixes alimentados com a dieta D0 (sem óleo). Para bagres, espera-se que
o aumento de lipídios dietários proporcione aumento proporcional na carcaça (Abdel-
Warith et al., 2001).
Segundo Jobling et al. (1998), peixes com maior idade e tamanho corporal
tendem a depositar mais lipídios. No presente estudo, como os peixes dos dois
experimentos possuíam a mesma idade, fica difícil estabelecer quais as verdadeiras
causas destas diferenças nos resultados obtidos. Uma das possíveis causas desse
resultado pode ser justificada pelo metabolismo e sua relação com o equilíbrio da
dieta. Entretanto, o ideal seria mensurar corretamente a partição dos nutrientes dos
peixes, o que na prática é mais difícil (Jobling et al., 1998).
O conteúdo de proteínas encontradas no jundiá varia de 12,5-14,5% em
juvenis e 17% em adultos, valores próximos aos encontrados em outros bagres
(18% no músculo) (Kubota & Emanuelli, 2004). Como ocorre em quase todas as
119
espécies de peixe, o jundiá apresenta teores de lipídios variáveis em função do tipo
de dieta, em torno de 2,5 até 5,7%.
Jundiás alimentados com 5% de óleo de canola na dieta apresentaram
13,2% de proteína corporal e 3,8% de extrato etéreo (Melo et al., 2002). Os valores
de proteína corporal dos peixes submetidos a dietas com óleo de canola
proporcionaram maior acúmulo de proteína corporal do que peixes alimentados com
óleo de fígado de bacalhau e banha suína.
Os peixes dos presentes experimentos com machos e fêmeas de jundiás
apresentaram uma variação entre 17-18% de proteína e 6-12% de lipídios. Estas
diferenças de valores podem ser atribuídas ao tamanho e idade dos peixes, além da
composição da dieta.
Altas taxas de lipídios na dieta, além da diminuição da conversão alimentar,
aumentam a quantidade de gordura no organismo, principalmente nas vísceras.
Pelas altas taxas de oxidação, o excesso de lipídios pode afetar a saúde dos peixes
e provocar odores indesejáveis ao pescado (Chaiyapechara et al., 2003). A oxidação
de lipídios é um sério problema na qualidade dos filés, evidente após alguns dias de
conservação (Watanabe et al., 1996).
Muitos óleos vegetais são considerados fontes lipídicas alternativas ao óleo
de peixe em dietas para peixes de água doce, podendo ser utilizados nas dietas sem
afetar o crescimento e a conversão alimentar (Caballero et al., 2002). Estas fontes
lipídicas geralmente são ricas em ácidos graxos poliinsaturados (PUFAS),
notadamente o linoléico (18:2n – 6) e linolênico (18:3n 3). Os peixes de água doce
podem converter estes AGE, por elongação e reações de desaturação dos
carbonos, para ácidos graxos de cadeia longa altamente insaturados, como o DHA
(docosahexaenóico - 22:6n 3), EPA (eicosapentanóico - 20:5n 3) e ARA
(araquidônico - 20:4n 6), AGS essenciais para o crescimento dos peixes (Sargent
et al., 1995).
Na maioria das vezes, o perfil lipídico tecidual dos peixes reflete a
composição dietária em ácidos graxos (Martins et al., 2007). A utilização de óleos
vegetais o compromete o crescimento dos peixes, entretanto modifica a
composição em ácidos graxos corporais (Regost et al., 2003a).
O óleo de soja apresenta grande quantidade de ácidos graxos da série
ômega 6, enquanto que óleos de peixe, considerados fontes referenciais de
composição, apresentam maiores quantidades de ômega 3. Para a tilápia, dietas
120
contendo AGS n 3 diminuem a capacidade lipogênica do fígado e gordura
corporal, reduz o catabolismo de aminoácidos e melhora a composição da carcaça
(Ribeiro et al., 2008).
O perfil lipídico (composição em ácidos graxos corporais e no filé) é
importante para avaliar a qualidade nutricional do pescado. Neste contexto, não só a
composição e a disponibilidade de AGS como o linolênico (18:3n 3) e o linoléico
(18:2n 6) são importantes, mas também seus produtos de elongação e
desaturação (Steffens, 1997).
A capacidade e os mecanismos de desaturação/elongação de precursores
como os AGS linolênico e linoléico são desconhecidos para o jundiá (Vargas et al.,
2008). Estes autores, em trabalhos com alevinos desta espécie mostram que o
jundiá apresenta alguma capacidade de desaturação e elongação, de forma a obter
AGS altamente insaturados.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o valor adequado para a
relação n 3/n 6 na dieta total deve ser igual ou superior a 0,25. Os resultados
obtidos nos filés de jundiás, observaram-se nos machos valores de 0,14 a 0,21 e
nas fêmeas de 0,16 a 0,21. Ou seja, nos tratamentos testados que obtiveram
maiores valores, com a simples ingestão deste peixe quase que completa a
necessidade diária para consumo humano.
Entretanto, deve-se ressaltar que a composição limitada em AGS do tipo
ômega 3 do óleo de soja. Uma alternativa para compensar este problema seria
adicionar alguma fonte de lipídios que contenha mais equilíbrio ou compense as
deficiências do óleo de soja. Dos óleos vegetais testados em dietas para peixes, o
que apresenta a melhor eficiência na qualidade de filés é o óleo de linhaça (Vargas
et al., 2008).
Os valores totais de AGS observados nos machos de jundiá (saturados= 34
a 37%; monoinsaturados= 38 a 40%; PUFAS=20 a 27%) o muito similares aos
valores encontrados por Matter et al. (2004) em filés de bagre africano alimentados
com dietas contendo 32% PB (saturados=37,5%; monoinsaturados=37,3%; PUFAS
=25,1%). Este nível protéico da dieta é muito próximo ao utilizado nas dietas
fornecidas aos machos de jundiá no terceiro experimento.
Para bagres, existe relação inversa entre a concentração lipídica e a
umidade da carne, principalmente em dietas com relação proteína/energia mais
121
extremas (alta energia, baixa proteína). O fígado apresenta maior teor lipídico e
deposição de glicogênio.
De nada adianta produzir peixe de maneira eficiente se a carne não for bem
aceita pelos consumidores. As propriedades sensoriais são decisivas para
determinar o interesse do consumidor e a demanda do mercado (Kubota &
Emanuelli, 2004). Pela grande diversidade de espécies de peixes, existem grandes
diferenças de composição. Em relação ao consumidor, a aceitabilidade e a
preferência pela carne de uma espécie se baseiam em 4 critérios: o odor, a textura,
a cor e o sabor (Alasalvar et al., 2001). Todos estes fatores podem ser alterados
pela via nutricional e constituem a explicação da satisfação do consumidor por
determinado produto.
Muitas vezes o sabor dos peixes selvagens (oriundos de rios e lagos
naturais) é mais aceito pelos consumidores. Esta diferença está atrelada à
composição do alimento nestes ambientes, onde ocorre abundância de fitoplâncton,
que é uma fonte riquíssima de ácidos graxos poliinsaturados (PUFAS),
proporcionando uma característica de gordura mais palatável (Steffens, 1997).
No presente estudo, não se verificou diferenças na preferência dos
consumidores em relação aos diferentes tratamentos, nos dois experimentos (para
machos e fêmeas). Estes resultados obtidos quanto à aceitabilidade podem também
estar atrelados com as limitações da metodologia empregada, por ser um painel
não-treinado.
Os métodos sensoriais, ao contrário dos não-sensoriais, proporcionam
melhor avaliação das características do pescado, pois as informações o
fidedignas do momento da análise (Alasalvar et al., 2001). Entretanto, com painel
não treinado, a subjetividade e individualidade são mais evidentes nos métodos.
Em salmonídeos, existe correlação positiva entre a composição química do
alimento e as características sensoriais (cor, sabor, odor, textura) do pescado
(Rasmussem et al., 2000). Além da composição centesimal, a composição em
aminoácidos, ácidos graxos e vitaminas afetam os atributos sensoriais do pescado
(Wagbo et al., 1993). Estes autores consideram que uma pequena variação na
composição química do pescado pode provocar grandes diferenças de preferência.
A quantidade e o tipo de lipídios empregados nas dietas é fator importante na
qualidade do pescado. A adição de óleos vegetais como o de soja não afeta as
características sensoriais dos filés de "Seabass" (Izquierdo et al., 2003). Entretanto,
122
níveis de 11% de óleo de soja podem provocar diminuição dos escores obtidos na
avaliação sensorial (Guillou et al., 1995).
Trabalhos com catfish demonstram que uma redução no lipídio dietário nos
últimos períodos de engorda (1-2 meses) pode melhorar sensivelmente a qualidade
e aceitabilidade do filé (Johnsen & Lioyd, 1992). Neste sentido, é necessário obter
mais informações sobre a aceitabilidade da carne do jundiá e sua relação com a
alimentação, sendo esta uma lacuna importante para implementar a valorização do
produto (filé).
A atividade enzimática dos jundiás foi fortemente afetada pela adição de óleo
de soja na dieta. Da mesma forma, observou-se elevação esperada de colesterol e
triglicerídeos plasmáticos de acordo com o aumento de óleo nas dietas.
Os parâmetros hematológicos foram superiores nos tratamentos com maior
inclusão de óleo na dieta. Com jundiás, são escassos os trabalhos que avaliem o
efeito da parte lipídica da dieta sobre o metabolismo. Melo et al. (2006) destaca que
o nível de proteína da dieta influencia no metabolismo do jundiá.
Para peixes, o aumento do lipídio da dieta provoca incremento dos
triglicerídeos (Regost et al., 2001). Esta relação foi observada tanto nas fêmeas
como nos machos de jundiá do presente estudo, evidenciando tamm a realização
de lipogênese. A elevação dos teores de glicose e glicogênio hepático pode indicar,
a utilização de gliconeogênese, um efeito poupador de proteína nos peixes
alimentados com maiores níveis de óleo de soja.
Deve-se ressaltar que os parâmetros de metabolismo são, antes da causa,
conseqüências das alterações de composição dietárias. Para o jundiá, em
experimentos futuros, deverão ser verificadas as exigências em ácidos graxos
essenciais na dieta nas diferentes fases de criação, de forma a potencializar a
utilização da proteína, resultando em maior crescimento e filé de maior qualidade
nutricional.
123
5.5 Conclusões
- Para machos de jundiá, recomenda-se a utilização de 8% de óleo de soja
na dieta, enquanto que para fêmeas o valor mínimo é de 10% de inclusão.
- A inclusão de até 10% de óleo de soja em dietas para machos e fêmeas
de jundiá não afeta a aceitabilidade dos filés.
- A adição de óleo de soja na dieta altera a atividade enzimática e os
parâmetros hematológicos de jundiás.
- A elevação da quantidade de óleo de soja na dieta de machos e fêmeas de
jundiá aumenta a quantidade de ácidos graxos poliinsaturados no filé.
124
6. DISCUSSÃO GERAL
Não é necessário enumerar os pontos positivos do jundiá como espécie de
peixe nativa para utilização na piscicultura brasileira. Para elaborar um consistente
pacote de produção deste peixe algumas questões devem ser mais bem estudadas.
Apesar do grande esforço na elaboração e condução de pesquisas com o jundiá, os
resultados existentes no que tange a nutrição o ainda incipientes. Destacam-se
principalmente estudos relativos às exigências nutricionais nas fases iniciais,
existindo uma demanda por trabalhos nas fases avançadas e, principalmente, em
diferentes sistemas criatórios como tanques escavados e tanques-rede.
Para o jundiá, antes mesmo de se pensar apenas na composição dos
ingredientes das dietas, deve-se estabelecer as exigências nutricionais para os
diferentes sistemas criatórios em cada fase. Pelos resultados obtidos neste estudo,
deve-se incluir o fator sexo como determinante na exigência desta espécie. O
próximo passo na nutrição do jundiá é determinar as exigências dietárias de
aminoácidos (AAE) e ácidos graxos essenciais (AGE), sendo estes componentes
extremamente limitantes para o crescimento. Exceto para o catfish americano
(Ictalurus punctatus), as informações existentes sobre as exigências nutricionais dos
outros bagres são limitadas (Wilson & Moreau, 1996).
A grande questão mundial na formulação de dietas para peixes é a
substituição da farinha e do óleo de peixe. A inclusão de fontes de origem animal
como a farinha de carne e ossos combinada com o farelo de soja vem
demonstrando ser uma boa alternativa para o jundiá (Lazzari et al., 2008). Uma
questão importante a ser pesquisada em futuros trabalhos com o jundiá é
estabelecer coeficientes de digestibilidade destas matérias-primas. A uniformidade
de composição é outro fator importante, principalmente em relação às farinhas de
origem animal.
Além das proteínas, os lipídios exercem função importante na alimentação
de peixes. O ingrediente mais utilizado mundialmente em dietas para atender as
exigências lipídicas dos peixes cultivados é o óleo de peixe, por possuir elevados
níveis de ácidos graxos essenciais, indispensáveis ao metabolismo e crescimento.
Entretanto, com a redução dos estoques pesqueiros e alto custo deste produto, têm
se buscado alternativas mais baratas e com maior disponibilidade que possam
substituir o ingrediente sem acarretar perda no desempenho dos peixes em cultivo.
125
A inclusão de fontes alternativas, notadamente as de origem vegetal (canola,
girassol, algodão), são alvos de estudos para a maioria das espécies de cultivo.
Entretanto, pelas limitações na quantidade de alguns aminoácidos essenciais, deve-
se suplementar com aminoácidos sintéticos, sendo esta outra demanda de estudos
para a espécie.
Associado com os fatores de desempenho, a relação custo/benefício dos
manejos nutricionais deve sempre ser considerada. Como critério inicial de avaliação
dos alimentos, a conversão alimentar sempre foi utilizada como fator principal.
Entretanto, a simples relação consumo/ganho em peso não é tão eficiente, pois não
se consegue diferenciar o ganho tecidual, notadamente o protéico e o lipídico.
Quando se fala em comercialização, a questão da densidade de estocagem
se torna importante. Dependendo do mercado, temos algumas variações no
tamanho ótimo para abate, que terão reflexo nas condições de criação que serão
necessárias para atingi-lo. A uniformidade do lote é outro fator importante,
principalmente em relação à padronização.
Se o mercado a ser atingido é a venda para pesque-pagues, o mais
importante é a biomassa total de peixes, e não o peso individual. Que DE deve ser
utilizada na criação do jundiá?
Pelos resultados obtidos no experimento, destaca-se que se o objetivo do
produtor é obter maior peso individual em menor tempo, recomenda-se utilizar a
menor DE testada (4,2 kg/m
3
). Se o objetivo for à venda em quantidades maiores por
área, pode-se então elevar a densidade, pois a uniformidade do lote não é afetada.
Deve-se ter claro que a modificação da densidade de criação varia em função das
condições criatórias, principalmente em relação à qualidade da água e composição
da dieta e sexo.
A validação dos resultados obtidos neste trabalho passa por uma escolha
criteriosa de ingredientes com boa qualidade para compor os alimentos e também
por peixes com bom potencial genético. Este é outro tema importantíssimo para
condução de pesquisas para a espécie. Padronizar o material genético é tão
importante quanto à qualidade do alimento e o manejo adequado de criação.
126
7. CONCLUSÕES GERAIS
- A densidade de estocagem de 4,2 kg/m
3
proporciona maior peso individual
em jundiás em sistemas de recirculação de água;
- O aumento da densidade de estocagem incrementa a quantidade de ácidos
graxos poliinsaturados em jundiás;
- Com mesma idade, as fêmeas de jundiá apresentam crescimento superior
aos machos;
- Para fêmeas de jundiá na fase de recria/engorda pode-se utilizar uma dieta
contendo 24% de PB com a inclusão de 10% de óleo de soja;
- Para machos de jundiá na fase de recria/engorda pode-se utilizar uma dieta
com 30% de PB com a inclusão de 8% de óleo de soja;
127
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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138
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fatty acid composition of silver catfish (Rhamdia quelen) fillets. Food Chemistry,
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YAVUZCAN-YILDIZ, H.; KIRKAGAÇ-UZBILEK, M. The evaluation of secondary
stress response of grass carp (Ctenopharyngodon idella, Val. 1844) after exposing to
the saline water. Fish Physiology and Biochemistry, v.25, p.287-290, 2001.
139
9. ANEXOS
ANEXO 1 - Protocolo da determinação da matéria seca total e matéria mineral
Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia
Pesagem
Quantia em torno de 2,0g de amostra em
recipiente identificado e tarado
Secagem
Levar à estufa a 105 °C até peso constante
(foi deixado por no mínimo 12 horas)
Retirado da estufa, o recipiente + amostra é colocado
diretamente em dessecador para esfriar
Realizar a pesagem do material seco
Após a realização da matéria seca total, se utiliza a
mesma amostra para a realização da análise de matéria mineral
Incineração
A amostra é levada à mufla e incinerada a 600 °C
por 3 horas
Depois de incineradas as amostras são colocadas em dessecador
para esfriar
Depois de 20 a 30 min. realiza-se a pesagem
da matéria mineral
140
ANEXO 2 - Protocolo da determinação da proteína bruta
Método de Kjeldahl (Micro) adaptado ao Laboratório de Nutrição Animal do
Departamento de Zootecnia
Pesagem
0,2 g de amostra em duplicata
e colocado nos tubos de micro-Kiejdahl
Digestão
É incluido em cada tubo 0,5 g de reagente catalisador
(7 g de sulfato de cobre CuSO
4
+ 93 g de sulfato de sódio NaSO
4
)
Adicionado 2 ml de ácido sulfúrico concentrado por tubo
Realizar a digestão por cerca de 60 min. com a temperatura em torno de
150°C, e se aumenta gradativamente até atingir 300°C. A solução quente
apresenta coloração esverdeada e após esfriar, torna-se incolor.
Depois de esfriar, adicione 10 ml de água destilada em cada tubo e
misture bem para dissolver o sal amônia formado.
Destilação
Para cada tubo, preparo de um erlenmeyer de 50 ml contendo
5 ml da solução de ácido bórico como indicador.
Colocar o tubo no aparelho destilador e adicionar 10 ml
de hidróxido de sódio. Destilar até atingir 25 ml de solução
no erlenmeyer.
Titulação
Titular o conteúdo dos erlenmeyer com ácido sulfúrico 0,1 N padronizado,
até o ponto de viragem da coloração.
141
ANEXO 3 - Protocolo da determinação do extrato etéreo
Método de Sohxlet adaptado ao Laboratório de Nutrição Animal do Departamento
de Zootecnia
Pesar cerca de 2,0 g de amostra em um quadrado de papel
de filtro comum (cerca de 10 x 10 cm, previamente tarado)
fazer um envelope para reter a amostra
Pesar os béquers de gordura secos
Colocar os envelopes de papel com as amostras nos
tubos extratores
A quantidade de éter etílico a ser utilizado é duas vezes
o volume do tubo extrator
Acoplar os béquers sob os tubos no aparelho
Ligar a circulação da água (refrigeração) e
deixar extraindo por 8 horas
Após a extração recolher o éter e levar os
bequers com gordura para a estufa
Após 2 horas esfriar os bequers e realizar a pesagem
142
ANEXO 4 - Protocolo da determinação da fibra bruta
Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia
Utilizar o resíduo desengordurado da amostra do extrato etéreo
(com o peso original da amostra antes de desengordurar)
Colocar a amostra no copo digestor
Adicionar 200ml de solução de ácido sulfúrico quente e colocar
no aquecedor pré aquecido e tampar com o condensador
Ferver por 30 minutos
Após, remover o copo e filtrar a amostra em pano de nylon
sobre um funil, lavar a amostra com água quente para remoção
total do ácido
Colocar a amostra novamente no copo digestor com 200ml
de solução de hidróxido de sódio quente e colocar no aquecedor
Ferver por 30 minutos
Após, remover o copo e filtrar a amostra em pano de nylon
como no procedimento anterior
Transferir a amostra para um cadinho e secar em estufa a
105°C até peso constante
Esfriar em dessecador, pesar e colocar no forno mufla a 600°C
por 2 horas, esfriar e pesar.
143
ANEXO 5 - Protocolo da determinação de lipídios (carcaça e filés)
Método de Bligh-Dyer adaptado ao Núcleo Integrado de Análises Laboratoriais
(NIDAL)
Pesar 2,8g de amostra e transferir para tubos plásticos
Adicionar 8ml de clorofórmio 0,02% BHT, 10ml de metanol e
4,3ml de água destilada
Homogeneizar completamente a amostra, lavando a haste do
homogeneizador com mais 6ml de metanol (total 16ml)
Colocar os tubos no agitador rotatório por 30 minutos
Adicionar exatamente 8ml de clorofórmio 0,02% BHT e 8ml de solução
de sulfato de sódio 1,5%
Tampar e agitar por mais 2 minutos
Centrifugar por 2 minutos para acelerar a separação
Retirar 10ml da camada inferior (clorofórmio+gordura) com seringa
e colocar em tubo com tampa contendo 1g de sulfato de sódio anidro
Filtrar em papel-filtro, medir 5ml e despejar em cápsula previamente pesada
Colocar a cápsula na estufa a 105°C, até evaporar o solvente.
Resfriar em dessecador e pesar
144
ANEXO 6
Tabela 40. Composição analisada dos ingredientes utilizados nas dietas dos
experimentos 1 e 2 (%)
Constituinte FCO FS FT M
Umidade - 11,26 11,85 11,19
Proteína Bruta 54,73 43,31 16,07 8,35
Matéria mineral 26,38 5,60 4,55 1,27
Extrato etéreo 9,86 1,05 2,50 3,16
Fibra bruta - 4,98 7,82 1,08
Cálcio 8,42 - - -
Fósforo 4,48 - - -
Rancidez negativo - - -
Proteína digestível 79,21 - - -
FCO: farinha de carne e ossos bovina; FS: farelo de soja; FT: farelo de trigo; M: milho em grão.
145
ANEXO 7
Tabela 41. Composição analisada dos ingredientes utilizados nas dietas dos
experimentos 3 e 4
Constituinte (%) FCO FS FT M
Umidade 4,05 12,05 11,83 12,00
Proteína Bruta 54,79 46,56 21,52 8,36
Matéria mineral 27,54 5,63 5,05 1,26
Extrato etéreo 8,68 1,2 2,10 2,97
Fibra bruta - 4,62 8,23 1,13
FCO: farinha de carne e ossos bovina; FS: farelo de soja; FT: farelo de trigo; M: milho em grão.
146
ANEXO 8
Tabela 42. Composição analisada em aminoácidos totais (T) e digestíveis (D) dos
ingredientes utilizados nas dietas dos experimentos 1 e 2 (em %)*
Aminoácido FCO FS FT M
Lisina T 2,94 2,66 0,53 0,24
Lisina D 1,94 2,4 0,45 0,21
Metionina T 0,92 0,55 0,19 0,16
Metionina D 0,7 0,47 0,16 0,15
Met + Cist T 1,51 1,22 0,57 0,33
Met + Cist D 0,93 0,97 0,45 0,29
Treonina T 1,9 1,69 0,39 0,28
Treonina D 1,33 1,38 0,29 0,23
Triptofano T 0,3 0,65 0,24 0,05
Triptofano D 0,23 0,56 0,20 0,04
Valina T 2,69 2,23 0,71 0,39
Valina D 2,01 1,78 0,57 0,33
Isoleucina T 1,62 2,06 0,48 0,26
Isoleucina D 1,27 1,81 0,41 0,23
Leucina T 3,56 3,19 0,86 0,93
Leucina D 2,82 2,72 0,72 0,89
Fenilalanina T 1,91 2,22 0,67 0,37
Fenilalanina D 1,53 1,93 0,61 0,35
Histidina T 1,15 1,18 0,22 0,23
Histidina D 0,84 1,05 0,19 0,21
Arginina T 4,23 3,14 0,71 0,39
Arginina D 3,49 2,83 0,58 0,36
*Análises realizadas através do NIRS (Near Infrared Spectrofotometry).
T: aminoácido total; D: aminoácido digestível.
FCO: farinha de carne e ossos bovina; FS: farelo de soja; FT: farelo de trigo; M: milho em grão.
147
ANEXO 9
Tabela 43. Composição analisada em aminoácidos totais (T) e digestíveis (D) dos
ingredientes utilizados nas dietas dos experimentos 3 e 4 (em %)*
Aminoácido FCO FS FT M
Lisina T 2,7 2,77 0,63 0,2
Lisina D 1,93 2,44 0,53 0,18
Metionina T 0,89 0,62 0,24 0,15
Metionina D 0,7 0,54 0,21 0,15
Met + Cist T 0,68 0,72 0,26 0,16
Met + Cist D 0,29 0,58 0,19 0,13
Treonina T 1,81 1,84 0,44 0,28
Treonina D 1,31 1,49 0,32 0,24
Triptofano T 0,34 0,68 0,25 0,05
Triptofano D 0,26 0,60 0,21 0,04
Valina T 2,55 2,32 0,69 0,34
Valina D 1,93 1,94 0,56 0,31
Isoleucina T 1,68 2,18 0,48 0,25
Isoleucina D 1,35 1,97 0,42 0,24
Leucina T 3,46 3,49 0,94 1,0
Leucina D 2,8 2,98 0,80 0,99
Fenilalanina T 1,9 2,32 0,61 0,36
Fenilalanina D 1,54 2,02 0,55 0,35
Histidina T 1,16 1,22 0,40 0,21
Histidina D 0,85 1,06 0,34 0,19
Arginina T 3,83 3,27 1,11 0,3
Arginina D 3,2 2,94 0,93 0,3
*Análises realizadas através do NIRS (Near Infrared Spectrofotometry).
T: aminoácido total; D: aminoácido digestível.
FCO: farinha de carne e ossos bovina; FS: farelo de soja; FT: farelo de trigo; M: milho em grão.
148
ANEXO 10
Questionário de recrutamento de painelistas para painel sensorial
Data:____/____/____
Nome Completo:_____________________________________________________
Telefone residencial: ( )____________ Cel.: ( )________________________
Endereço residencial: ________________________________________________
Sexo: ( ) M ( ) F Profissão:______________ Idade:_________________
Questionário:
1) Você costuma consumir peixe?
( ) Sim, diariamente.
( ) Sim, de vez em quando (com que freqüência?____________)
( ) Sim, raramente.
( ) Nunca.
2) Você gostaria de participar de uma análise sensorial de produtos a base
de carne de peixe? ( ) Sim ( ) Não
3) Você é fumante? ( ) Sim ( ) Não
4) Você tem resfriados constantes? ( ) Sim ( ) Não
5) Você tem algum tipo de alergia? ( ) Sim (Qual?__________) ( ) Não
6) Você tem doença celíaca (intolerância ao glúten)? ( )Sim ( ) Não
7) Dentre os dias em que você está na universidade, quais são os melhores
para a realização das análises?
8) Qual o melhor horário para a realização das análises?
Das________às_________.
9) Você estará na UFSM no mês de março de 2007?
( ) Sim ( ) Não
Agradecemos a atenção!!!
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