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LUIZ FERNANDO RAPP DE OLIVEIRA PIMENTEL
Ajuste oclusal: análise de parâmetros clínicos e oclusais visando à
obtenção da oclusão funcional ideal em eqüinos (Equus caballus)
estabulados
SÃO PAULO
2008
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LUIZ FERNANDO RAPP DE OLIVEIRA PIMENTEL
Ajuste oclusal: análise de parâmetros clínicos e oclusais visando à
obtenção da oclusão funcional ideal em eqüinos (Equus caballus)
estabulados
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica
Veterinária da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de
São Paulo para a obtenção do título de
Mestre em Medicina Veterinária
Departamento:
Cirurgia
Área de concentração:
Clínica Cirúrgica Veterinária
Orientador:
Prof. Dr. André Luis do Valle De Zoppa
São Paulo
2008
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Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO
(Biblioteca Virginie Buff D’Ápice da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)
T.2051 Pimentel, Luiz Fernando Rapp de Oliveira
FMVZ Ajuste oclusal: análise de parâmetros clínicos e oclusais visando à
obtenção da oclusão funcional ideal em eqüinos (Equus caballus)
estabulados / Luiz Fernando Rapp de Oliveira Pimentel. – São Paulo : L. F.
R. O. Pimentel, 2008.
104 f. : il.
Dissertação (mestrado) - Universidade de São Paulo. Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia. Departamento de Cirurgia, 2008.
Programa de Pós-Graduação: Clínica Cirúrgica Veterinária.
Área de concentração: Clínica Cirúrgica Veterinária.
Orientador: Prof. Dr. André Luiz do Valle De Zoppa.
.
5
1. Eqüinos. 2. Odontologia eqüina. 3. Dente. 4. Oclusão. 5. Ajuste
oclusal. I. Título.
Nome: PIMENTEL, Luiz Fernando Rapp de Oliveira
Título: Ajuste oclusal: análise de parâmetros clínicos e oclusais visando à
obtenção da oclusão funcional ideal em eqüinos (Equus caballus) estabulados
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica
Veterinária da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade
de São Paulo para a obtenção do título de
Mestre em Medicina Veterinária
Data:___/___/___
Banca Examinadora
Prof. Dr. _____________________________ Instituição:_____________________
Assinatura:___________________________Julgamento:____________________
Prof. Dr. _____________________________ Instituição:_____________________
Assinatura:___________________________Julgamento:____________________
Prof. Dr. _____________________________ Instituição:_____________________
Assinatura:___________________________Julgamento:____________________
Dedicatória
“Dedico este estudo aos médicos veterinários
amantes da odontologia eqüina”.
AGRADECIMENTOS
À Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São
Paulo pela oportunidade de realização deste estudo e aos professores por todos os
ensinamentos.
Ao Prof. Dr. André Luis do Valle De Zoppa, meu orientador, pela confiança
e ensinamentos e acima de tudo, ao ser humano que aprendi a admirar.
Aos amigos, Prof. Dr. Geraldo Eleno Silveira Alves, Prof. Dr. José Carlos
Lacerda (Juca) e Dr. Romeu Macruz, que acreditaram, incentivaram e apoiaram o
meu ingresso no programa de pós-graduação.
Aos funcionários e estagiários do Departamento de Cirurgia da FMVZ – USP
pela ajuda, atenção e companheirismo durante a pesquisa.
À Prof. Msc. Geane Pagliosa, pela atenção e carinho ao enviar sua
dissertação de mestrado na íntegra. A consulta de sua dissertação foi importante
contribuição para realização deste estudo.
À minha mãe, Sandra Mattos Ferreira Rapp, uma das pessoas mais cultas
que já conheci, pela correção e revisão gramatical deste trabalho e sobre tudo, pelo
seu apoio e carinho.
Ao meu pai, Luiz Gonzaga de Oliveira Pimentel (In memorian), que
possibilitou a minha graduação como médico veterinário. Ex-agricultor, que sempre
sonhou em ter um filho cirurgião dentista e não imaginava que teria um filho ligado
ao campo na qualidade de veterinário que busca o bem-estar dos animais através
da odontologia eqüina. Acredito que ele estaria muito orgulhoso neste momento.
Aos professores da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo,
pelo carinho com o qual me receberam naquela instituição, pela atenção e
ensinamentos. Em especial gostaria de agradecer ao Prof. Dr. João Carlos
Bombana, do departamento de Dentística, pelas valorosas orientações; e à Prof.
Dra. Miriam Turbino, do departamento de Bioestatística, pela ajuda e orientação na
confecção da análise estatística deste trabalho.
Aos funcionários da Biblioteca Virginie Buff D`Ápice da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, sempre simpáticos
e prestativos e, em especial, agradeço o suporte técnico fundamental prestado pela
bibliotecária Elza Faquim.
À Dra. Marina (ex estagiária e hoje colega de profissão) pela ajuda na
procura de artigos científicos, na formatação e configuração das tabelas em Excel.
Ao colega de profissão e grande amigo, Dr. Marco Aurélio Gallo (Marcão),
não só pelo apoio, mas pelo bom humor e risadas proporcionadas nos momentos
mais difíceis.
Ao grande amigo Carlos Joaquim Santos Silva (Carlão), que sempre soube
escutar (mesmo não entendendo nada do assunto) e me apoiar nos momentos de
incertezas.
À Valéria Abatemarco, carinhosa, sempre disponível para escutar, orientar e
muitas vezes repreender em todos os momentos.
À Vitor Garutti pela amizade e enorme colaboração na manutenção e
calibragem dos equipamentos odontológicos
Aos irmãos Silvio e Celso Filla, proprietários da Vansil Laboratório
Veterinário, pela ajuda, compreensão e disponibilização de tempo necessários para
viabilizar todas as atividades do programa de pós-graduação.
Ao casal Samir Navilli e Tércia Genovese Navilli, proprietários da Ortovet,
pela produção e cessão de alguns dos equipamentos odontológicos desenvolvidos
para realização deste estudo.
Aos proprietários e pacientes que possibilitaram a realização deste estudo.
Agradeço a todos aqueles que de alguma forma ajudaram na realização deste
trabalho. Agradeço também àqueles que talvez não trabalharam diretamente neste
estudo, mas que proporcionaram momentos importantes de convivência, e que me
fizeram perceber que a pós-graduação não é só um momento de realizações
científicas, mas também de construção pessoal.
“A dor é temporária,
pode durar um dia,
uma hora,
ou um ano,
mas em algum momento ela passa
e outra sensação toma o seu lugar.
Mas se eu desistir a dor fica para sempre”
Lance Armstrong
RESUMO
PIMENTEL, L. F. R. O. Ajuste oclusal: análise de parâmetros clínicos e oclusais
visando à obtenção da oclusão funcional ideal em eqüinos (Equus caballus)
estabulados. [Occlusal adjustment: analysis of clinical parameters and occlusal
aimed at obtaining the optimal functional occlusion in horses (Equus caballus) barn].
2008. 104 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
Este estudo teve como objetivo a análise de parâmetros para o ajuste oclusal dos
arcos dentários dos eqüinos estabulados há mais de 1 ano para obtenção de uma
oclusão funcional ideal. Foi mensurada a excursão lateral da mandíbula, nos pontos
de início de contato oclusal molar/pré-molar; o ângulo oclusal de dentes molares e
pré-molares através de cálculos trigonométricos, a prevalência da necessidade de
redução do tamanho dos dentes incisivos. De acordo com as mensurações obtidas e
avaliações realizadas foi determinado quais as mensurações acima citadas seriam
válidas, como instrumento auxiliar, no ajuste oclusal visando manter a simetria e
balanço dos arcos dentários para obtenção da oclusão funcional ideal em eqüinos.
Foram avaliados 75 eqüinos (Equus caballus) hígidos, machos e fêmeas, com idade
entre seis e 15 anos, estabulados há mais de um ano. Resultados: 9 (12%) animais
possuíam dentes incisivos com formato normal, 66 (88%) apresentavam incisivos
desalinhados de forma diagonal ou curvatura ventral. Dos 75 animais examinados,
34 (45,3%) apresentaram necessidade de redução do comprimento vertical dos
dentes incisivos. Na análise dos parâmetros a serem utilizados para o ajuste oclusal
foi observada alta significância estatística (p <0, 0001) para a necessidade de
redução do tamanho vertical dos dentes incisivos em relação à extensão da
excursão lateral da mandíbula maior que 15 mm e para prevalência de incisivos em
diagonal na presença de excursão lateral da mandíbula assimétrica. Observou-se
ainda que a necessidade de redução do tamanho vertical dos dentes incisivos em
relação ao tipo de formato, estado corpóreo e presença de distúrbios digestórios
e/ou mastigatórios, apresentou mínima significância estatística (p<0,05). Não foi
observada significância estatística (p>0,05) na prevalência da necessidade de
redução do tamanho dos incisivos em relação ao tipo de desalinhamento destes, á
extensão da abertura dos incisivos, simetria da excursão lateral da mandíbula e a
presença de dificuldades na equitação. No período de 90 a 120 dias após a
intervenção odontológica os proprietários e equitadores foram questionados quanto
á possíveis alterações nos animais com os seguintes resultados: ocorreu melhora e
facilitação da equitação em 59 (78,3%) dos pacientes; 43 (56,5%) dos pacientes
estavam mais dispostos para trabalhar ou passear; 36 (48,3%) pacientes tratados
apresentavam maior disposição para comer e melhora do apetite; 48 (65,2%)
obtiveram ganho de peso e massa muscular e 43 (56,5%) dos pacientes tratados
estavam mais tranqüilos e calmos. Conclusão: a mensuração da extensão da
excursão lateral da mandíbula no ponto de início do contato oclusal molar/pré-molar
e a presença de assimetria destas medidas são de grande valor como guia de
orientação na obtenção do equilíbrio e balanceio entre os hemiarcos molar/pré-molar
e na orientação da necessidade de alinhamento dos incisivos; desde que as
mensurações sejam realizadas nas duas hemifaces do paciente. Portanto, a
necessidade de redução dos incisivos seria uma característica individual de cada
paciente. Não foi possível validar o cálculo matemático proposto para determinar o
ângulo oclusal molar/pré-molar e usá-los como parâmetro para o ajuste oclusal em
eqüinos. As alterações comportamentais relatadas pelos usuários dos animais, que
se tornaram mais relaxados e calmos após o ajuste oclusal, sugerem que,
possivelmente, que os pacientes sofriam de processos dolorosos na região orofacial.
Palavras-chave: Eqüinos. Odontologia eqüina. Dente. Oclusão. Ajuste oclusal.
ABSTRACT
PIMENTEL, L. F. R. O. Occlusal adjustment: analysis of clinical parameters
and occlusal aimed at obtaining the optimal functional occlusion in horses
(Equus caballus) barn. [Ajuste oclusal: análise de parâmetros clínicos e oclusais
visando à obtenção da oclusão funcional ideal em eqüinos (Equus caballus)
estabulados]. 2008. 104 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) –
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2008.
The aim of this study is the analyze of the parameters for the adjustment of
occlusal dental arches of stable horses for more than 1 year to obtain an optimal
functional occlusion. It was measured the lateral excursion of the jaw, at the point
of start of occlusal contact molar / premolar; the angle of occlusal molar teeth and
premolar through trigonometric calculations, the prevalence of the need to reduce
the size of the incisor teeth. According to the measurements obtained and
assessments carried out it was determined that the measurements above would be
valid as an aid, occlusal adjustment in order to maintain symmetry and balance of
the dental arches to obtain the optimal functional occlusion in horses. We evaluated
75 horses (Equus caballus) healthy, male and female, aged between six and 15
years, stable for more than a year. Results: 9 (12%) animals had incisor teeth with
a standard, 66 (88%) showed misaligned incisors of diagonal or ventral curvature
form. Among the 75 animals examined, 34 (45.3%) needed to reduce the length of
vertical incisor teeth. In the analysis of parameters to be used for occlusal
adjustment was high statistical significant (p <0.0001) to the need to reduce the
vertical size of the incisors teeth on extending the lateral excursion of the jaw larger
than 15 mm and prevalence diagonal of incisors in the presence of lateral
excursion of the asymmetrical jaw. It was also observed that the need to reduce the
vertical size of the incisors teeth in the type of format, physical condition and the
presence of digestive disorders and / or masticator, showed minimal statistical
significance (p <0.05). No statistical significance was observed (p> 0.05) in the
prevalence of the need to reduce the size of incisors in the type of misalignment, to
extend the opening of incisors, symmetry of the tour side of the mandible and the
presence of difficulties in riding. In the period from 90 to 120 days after the dental
intervention the riders and the owners were asked about possible changes in the
animals with the following results: there was improvement and facilitation of riding
in 59 (78.3%) patients; 43 (56.5%) patients were more willing to work or walk; 36
(48.3%) patients had greater willingness to eat and improves of appetite, 48
(65.2%) had gained weight and muscle mass and 43 (56.5%) of treated patients
were more quiet and calm. Conclusion: The measurement of the length of the tour
side of the jaw at the start of occlusal contact molar / premolar and the presence of
asymmetry of these measures are of great value as a guide for guidance on
achieving balance and balancing between hemi-arches molar / pre -molar and the
guidance of the need to align the incisors, provided that the measurements are
conducted in both hemi-faces of the patient. Therefore, the need to reduce the
incisors would be a characteristic of the individual patient. We could not validate the
proposed mathematical calculation to determine the molar occlusal / premolar
angle and use it as a parameter for occlusal adjustment in horses. Behavioral
changes reported by users of animals, which have become more relaxed and calm
after adjusting occlusal suggested that, perhaps, that the patients suffered from
painful sindrome in face and oral cavity region.
Keywords: Equine. Teeth. Occlusion. Occlusal Adjustment.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Representação trigonométrica da separação dos incisivos e
ângulo molar..............................................................................45
Figura 2 - Paquímetro marca Vonder com escalas em polegadas (até 9
polegadas) e milímetros (até 150 mm) ......................................49
Figura 3 - Marcadores. Eqüino macho, 13 anos de idade, raça Brasileiro
de Hipismo sedado em estação. Delimitação dos pontos de
contato oclusal molar/pré-molar nos dentes incisivos durante a
manobra de excursão lateral da mandíbula com canetas
hidrográficas para marcação em superfícies molhadas da
marca Shapie®, modelo “Permanent Maker” ............................50
Figura 4 - Espéculo odontológico Ortovet
®
para eqüino modelo
McPherson com diferentes pratos para apoio dos dentes
incisivos .....................................................................................51
Figura 5 - Fotóforo MM Optics
®
usado para inspeção da cavidade oral ....51
Figura 6 - Espelho Odontológico. Eqüino macho, 13 anos de idade, raça
Brasileiro de Hipismo sedado em estação. Espelho
odontológico usado no exame da cavidade oral. Presença de
fratura da coroa clínica do dente 108 ........................................52
Figura 7- Odontograma de eqüino; adaptado de EASLEY (1996) por
PIMENTEL (2000) .....................................................................53
Figuras 8 A/B -
Eqüino macho, 7anos, raça Brasileiro de Hipismo; sedado em
estação. Avaliação da oclusão e formato dos dentes incisivos.
Utilização do gabarito de para dentes incisivos da marca
WORLD WIDE EQUINE
®
, modelo Bussico. Vista frontal (A) e
perfil (B).....................................................................................54
Figura 9 - Disco de corte. Eqüino, macho, 14 anos, raça Quarto de Milha;
sedado em estação: utilização do disco de corte da marca
DREMEL
®
, para redução dos dentes incisivos..........................54
Figura 10 - Peça de mão de 17 polegadas com disco diamantado para
desgaste odontológico da marca WORLD WIDE EQUINE
®
,
modelo RA-200..........................................................................55
Figura 11 - Grosas manuais com lâminas de carbide e tungstênio
ORTOVET
®
com diferentes angulações para permitir o acesso
á toda cavidade .........................................................................56
Figura 12 - Cimento de Hidróxido de Cálcio. Eqüino macho de 7 anos de
idade. Incisivos inferiores após a aplicação de cimento de
hidróxido de cálcio para evitar a hipersensibilidade
dentinária após redução de seu tamanho..................................56
Figura 13 - Ficha de Avaliação Pós-Operatória Tardia................................57
Figura 14 - Identificação do Paciente. Eqüino macho, 6 anos de idade em
estação sob sedação. Após a colocação da cabeçada
odontológica, os lábios foram separados. O numeral marcado
no incisivo central superior direito identifica o paciente; no
incisivo central superior esquerdo identifica o dia e no incisivo
médio superior esquerdo o mês da realização do estudo .........59
Figuras 15 A/B - Inserção do gabarito de Bussico entre os dentes incisivos para
determinar o seu alinhamento. Eqüino macho, 6 anos de idade
em estação sob sedação. O contato das superfícies oclusais
dos incisivos com o gabarito irá determinar o tipo de formato
destes dentes. Em A observa-se a vista frontal. Em B observa-
se a vista em perfil....................................................................60
Figuras 16A/B - Crânio de eqüino macho de 7 anos de idade. A manobra oclusal
de excursão lateral da mandíbula (ELCM) relaciona a
separação dos incisivos e o contato oclusal molar/pré-molar.
Vista discretamente perfilada (A) e vista frontal (B). Molares/
em posição de máxima intercuspidação (seta vermelha);
separação dos incisivos (seta amarela).....................................61
Figura 17 - Marcações nos dentes incisivos para determinar as distâncias
obtidas durante a manobra oclusal de excursão lateral da
mandíbula. Eqüino macho, 6 anos de idade da raça Brasileiro
de Hipismo em estação sob sedação. Com a mandíbula em
posição neutra uma marca vermelha foi inserida entre os
incisivos centrais inferiores........................................................62
Figura 18 - Eqüino macho, 8 anos de idade da raça Brasileiro de Hipismo
em estação sob sedação. A marca preta inserida no incisivo
superior inferior indica o ponto de início do contato oclusal
molar/pré-molar durante a manobra oclusal de excursão lateral
da mandíbula.............................................................................63
Figura 19 - Eqüino macho, 8 anos de idade da raça Brasileiro de Hipismo
em estação sob sedação. A marca preta inserida no incisivo
superior inferior indica o ponto de início do contato oclusal
molar/pré-molar durante a manobra oclusal de excursão lateral
da mandíbula.............................................................................63
Figura 20 - Eqüino macho, 6 anos de idade da raça Brasileiro de Hipismo
em estação sob sedação. Mensuração da separação dos
incisivos no ponto de máxima intercuspidação molar/pré-molar.
Com auxílio de um paquímetro, o limite vertical foi
determinado..............................................................................64
Figura 21- Fêmea eqüina de 5 anos de idade, raça Quarto de milha,
sedada em estação. Manobra oclusal de excursão lateral da
mandíbula em posição de máxima intercuspidação de
molares/pré-molares após o ajuste oclusal; momento no qual
se verifica de presença de interferências e prematuridades
oclusais em molares e pré-molares...........................................66
Figura 22 - Eqüino macho, 12 anos de idade da raça Puro Sangue
Lusitano, sedado em estação e submetido a bloqueio
anestésico regional dos dentes incisivos. Redução do tamanho
vertical e alinhamento dos dentes incisivos inferiores ...............67
Figura 23 - Eqüino macho, 6 anos de idade da raça Brasileiro de Hipismo,
em estação sob sedação. Mensuração do limite vertical da
hemiface direita logo após a finalização do ajuste oclusal dos
arcos dentários ..........................................................................68
Figura 24 - Incisivos apresentando curvatura em diagonal. Fêmea eqüina
de 06 anos de idade da raça Brasileiro de Hipismo...................71
Figura 25 - Incisivos apresentando curvatura ventral. Fêmea eqüina de 12
anos de idade da raça Brasileiro de Hipismo ............................71
Figura 26A - Eqüino macho, 7anos, raça Brasileiro de Hipismo exame
pré-operatório; incisivos apresentando curvatura ventral ..........72
Figura 26B - Eqüino macho, 7anos, raça Brasileiro de Hipismo exame
pré-operatório; gabarito de Bussico inserido entre os incisivos
que apresentam curvatura ventral ............................................72
Figura 26C - Eqüino macho, 7anos, raça Brasileiro de Hipismo exame
pós-operatório; gabarito de Bussico inserido indica o
alinhamento dos incisivos..........................................................73
Figura 26D - Eqüino macho, 7anos, raça Brasileiro de Hipismo exame
pós-operatório; incisivos alinhados............................................73
Figura 27 - Eqüino macho, 8 anos de idade da raça Brasileiro de Hipismo
em estação sob sedação. (A) Exame da cavidade oral.
Presença de degrau em no elemento dentário 410 (seta
vermelha) e discreta ondulação nos elementos dentários 109 e
108 (setas amarelas).(B) Após desgaste seletivo para ajuste
oclusal. Para melhor visualização as PEED foram removidas. .87
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Análise do formato dos incisivos em relação à necessidade de
redução de seu comprimento vertical. A análise do formato foi
padronizada e determinada pela utilização do gabarito de
Bussico.....................................................................................74
Gráfico 2 - Incidência da necessidade de redução do comprimento vertical
de incisivos com formato normal em relação à curvatura em
diagonal. A análise do formato foi padronizada e determinada
pela utilização do gabarito de Bussico....................................75
Gráfico 3 - Incidência da necessidade de redução do comprimento vertical
de incisivos com formato normal em relação á curvatura
ventral. A análise do formato foi padronizada e determinada
pela utilização do gabarito de Bussico....................................76
Gráfico 4 - Incidência da necessidade de redução do comprimento vertical
dos incisivos de acordo com o tipo de desalinhamento. A
análise do formato foi padronizada e determinada pela
utilização do gabarito de
Bussico.....................................................................................77
Gráfico 5 - Estado de corpóreo em relação á necessidade de redução do
tamanho vertical dos incisivos..................................................78
Gráfico 6 - Estado corpóreo magro/regular versus bom/obeso em relação á
necessidade de redução do tamanho vertical dos incisivos....79
Gráfico 7 - Necessidade de redução dos incisivos de acordo com a
extensão de sua abertura na posição de máxima
intercuspidação de molares e pré–molares..............................80
Gráfico 8 - Necessidade de redução dos incisivos de acordo com a
extensão da ELCM no ponto de início de contato molar/pré-
molar.........................................................................................81
Gráfico 9 - Necessidade de redução dos incisivos de acordo com a
simetria da extensão da ELCM entre as hemifaces.................82
Gráfico 10 - Prevalência de incisivos em diagonal de acordo com a simetria
da extensão da ELCM entre as hemifaces...............................83
Gráfico 11- Necessidade de redução dos incisivos de acordo com a
incidência de dificuldades na equitação...................................84
Gráfico 12- Necessidade de redução dos incisivos em relação à incidência
de distúrbios mastigatórios e ou digestório..............................85
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Análise do formato dos incisivos em relação à necessidade de
redução de seu comprimento vertical. Resultados da Tabela de
Contingência = 3 x 2 da análise estatística de Qui-Quadrado:
Teste de Independência............................................................75
Tabela 2 - Análise da incidência da necessidade de redução do
comprimento vertical de incisivos com formato normal em
relação á curvatura em diagonal. Resultados da Tabela de
Contingência = 2 x 2 da análise estatística de Qui-Quadrado:
Teste de Independência...........................................................76
Tabela 3 - Análise da incidência da necessidade de redução do
comprimento vertical de incisivos com formato normal em
relação á curvatura ventral.Resultados da Tabela de
Contingência = 2 x 2 da análise estatística de Qui-Quadrado:
Teste de Independência...........................................................77
Tabela 4 - Análise da necessidade de redução do comprimento vertical
dos incisivos de acordo com o tipo de desalinhamento. A
análise do formato foi padronizada e determinada através do
uso do gabarito de Bussico. Resultados da tabela de
Contingência = 2 x 2 da análise estatística de Qui-Quadrado:
Teste de Independência...........................................................78
Tabela 5 - Análise do estado de carne em relação á necessidade de
redução do tamanho vertical dos incisivos. Resultados da tabela
de Contingência = 4 x 2 da análise estatística de Qui-Quadrado:
Teste de Independência..........................................................79
Tabela 6 - Análise do estado de carne magro/regular versus bom/obeso
em relação á necessidade de redução do tamanho vertical dos
incisivos. Resultados da tabela de Contingência = 2 x 2 da
análise estatística de Qui-Quadrado: Teste de
Independência........................................................................80
Tabela 7 - Análise da necessidade de redução dos incisivos de acordo
com a extensão de sua abertura na posição de máxima
intercuspidação de molares/pré-molares. Resultados da tabela
de Contingência = 2 x 2 da análise estatística de Qui-
Quadrado: Teste de Independência........................................81
Tabela 8- Análise da necessidade de redução dos incisivos de acordo
com a extensão da excursão lateral da mandíbula no início de
contato oclusal molar/pré-molar. Resultados da tabela de
Contingência = 2 x 2 da análise estatística de Qui-Quadrado:
Teste de Independência..........................................................82
Tabela 9 - Análise da necessidade de redução dos incisivos de acordo
com a simetria da extensão da ELCM. Resultados da tabela
de Contingência = 2 x 2 da análise estatística de Qui-
Quadrado: Teste de Independência........................................83
Tabela 10 - Análise da prevalência de incisivos em diagonal de acordo com
a simetria da extensão da ELCM. Resultados da tabela de
Contingência = 2 x 2 da análise estatística de Qui-Quadrado:
Teste de Independência.........................................................84
Tabela 11 - Análise da necessidade de redução dos incisivos de acordo
com a incidência de dificuldades na equitação. Resultados da
tabela de Contingência = 2 x 2 da análise estatística de Qui-
Quadrado: Teste de Independência........................................85
Tabela 12 - Análise da necessidade de redução dos incisivos em relação à
incidência de distúrbios mastigatórios e ou digestórios.
Resultados da tabela Contingência = 2 x 2 da análise
estatística de Qui-Quadrado: Teste de Independência..........86
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ATM articulação temporomandibular
DTM disfunção temporomandibular
ELCM excursão lateral da mandíbula para o contato molar
IA impacto e atrito
PEED pontas de esmalte dentário
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................24
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................25
2.1 ANATOMIA..........................................................................................................25
2.2 FISIOLOGIA DA MASTIGAÇÃO .........................................................................32
2.2.1 Hábitos alimentares .......................................................................................32
2.2.2 O ciclo mastigatório.......................................................................................32
2.3 EXAME CLÍNICO ................................................................................................35
2.3.1 Exames complementares ..............................................................................39
2.4 OCLUSÃO ..........................................................................................................41
2.4.1 Definições .......................................................................................................41
2.5 AJUSTE OCLUSAL.............................................................................................43
3 OBJETIVOS...........................................................................................................47
4 MATERIAL E MÉTODO.........................................................................................48
4.1 MATERIAL ..........................................................................................................48
4.1.1 Animais e manejo...........................................................................................48
4.1.2 Paquímetro......................................................................................................48
4.1.3 Marcadores .....................................................................................................49
4.1.4 Espéculo odontológico..................................................................................50
4.1.5 Fotóforo...........................................................................................................51
4.1.6 Espelho odontológico....................................................................................52
4.1.7 Odontograma..................................................................................................52
4.1.8 Material para ajuste oclusal...........................................................................54
4.1.9 Ficha de avaliação pós-operatória tardia.....................................................57
4.2 MÉTODO.............................................................................................................58
4.2.1 Avaliação pré-operatória ...............................................................................58
4.2.2 Sedação...........................................................................................................58
4.2.3 Avaliações e mensurações oclusais ............................................................59
4.2.4 Determinação do ângulo oclusal molar/pré-molar ......................................65
4.2.5 Ajuste oclusal dos arcos molar/pré-molar...................................................65
4.2.6 Alinhamento e redução de incisivos ............................................................67
4.2.7 Avaliação pós-operatória imediata ...............................................................68
4.2.8 Avaliação pós-operatória tardia....................................................................69
5 RESULTADOS.......................................................................................................70
6 DISCUSSÃO ..........................................................................................................88
6.1 EXCURSÃO LATERAL DA MANDÍBULA NO INÍCIO DE CONTATO OCLUSAL
MOLAR/PRÉ-MOLAR (ELCM)............................................................................88
6.2 SEPARAÇÃO DOS INCISIVOS EM POSIÇÃO DE MÁXIMA
INTERCUSPIDAÇÃO MOLAR/PRÉ-MOLAR E ÂNGULOS DE OCLUSÃO
MOLAR/PRÉ-MOLAR.........................................................................................88
6.3 NECESSIDADE DE REDUÇÃO DOS DENTES INCISIVOS...............................89
6.4 AVALIAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA TARDIA (90 A 120 DIAS APÓS O AJUSTE
OCLUSAL ...........................................................................................................91
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................94
REFERÊNCIAS......................................................................................................95
APÊNDICE...........................................................................................................101
24
1 INTRODUÇÃO
A odontologia eqüina é muito importante, porém, até recentemente, foi
uma área muito negligenciada da medicina eqüina, com muitos eqüinos sofrendo de
distúrbios odontológicos não diagnosticados (DIXON ; DACRE, 2005).
De acordo com Traub-Dargatz
1
et al. (1991) apud Dixon ; Dacre (2005),
os distúrbios odontológicos em eqüinos foram considerados a terceira doença mais
comum na medicina eqüina nos EUA.
O Brasil possui o segundo maior rebanho eqüino do mundo com
aproximadamente sete milhões de animais. Como a sanidade e funcionamento
dentários adequados são fundamentais para seu pleno desenvolvimento e
desempenho, quase todo eqüino necessita de algum tratamento odontológico
(ALVES, 2004).
Segundo Scoggins (2004) são necessários estudos controlados para
esclarecer diversas questões: Quantas correções devem ser realizadas em animais
com menos de sete anos de idade? Quais são as anormalidades passíveis de
correção, quanto desta correção deve ser realizada e quais serão seus efeitos a
longo prazo? Quando os dentes incisivos devem ser desgastados?
Considerando-se a preocupação com a saúde dental dos eqüinos, o
presente trabalho tem por objetivos: verificar o relacionamento oclusal entre arcadas,
determinar a necessidade da redução, ou não, de dentes incisivos durante o
atendimento odontológico de eqüinos estabulados há mais de 1 ano e, verificar se
estas relações estão de acordo com os dados relatados na literatura. De posse
destas mensurações, estas serão analisadas e, aquelas consideradas úteis serão
usadas como referências na prática de ajuste oclusal visando à obtenção da oclusão
funcional ideal dos arcos dentários dos eqüinos. Os efeitos sobre os animais após a
intervenção odontológica serão analisados para determinar se os parâmetros
utilizados são válidos para uso na rotina de ajuste oclusal de eqüinos.

1
TRAUB-DARGATZ, J. L.; SALMAN, M. D.; VOSS, J. L. Medical problems of horse ranked by equine
practitioners. Journal of American Veterinary Medicine Association, v.198, n. 10, p. 1745-1747,
May. 1991.
25
2 REVISÃO DE LITERATURA
Serão abordados aspectos relativos à anatomia, fisiologia da mastigação,
exame clínico da cavidade oral, oclusão e ajuste oclusal.
2.1 ANATOMIA
Os eqüinos são classificados como gnatostomatas, pois possuem mandíbula
móvel. São heterodontes, ou seja, possuem categorias de dentes de diferentes
formatos: Incisivos, Caninos, Pré-Molares e Molares (PEYER, 1968; EASLEY, 1996;
DIXON, 2005).
Os dentes dos eqüinos possuem coroas longas, de sete a dez centímetros no
sentido ápico-coronal, sendo classificados como hipsodontes. A porção visível de
um elemento dentário na cavidade oral é chamada de coroa clínica e a porção
inserida no alvéolo dentário é composta pela coroa de reserva e raízes. A dentina,
esmalte e cemento na superfície oclusal remodelam-se constantemente graças à
diferença de resistência entre os três tecidos que compõem os dentes. A erupção
contínua – elodontia – segue uma dinâmica de dois a três milímetros por ano
(LOWDER ; MUELLER, 1998; DIXON, 2002; TOIT, 2006).
Essas características (hipsodonte e elodontia) permitem que o eqüino se
alimente por até dezoito horas diárias com uma dieta composta de forragens
abrasivas à superfície dentária, devido aos seus constituintes como sílica, hemi-
celulose, celulose e lignina (DIXON, 1993; ALVES, 2004; PAGLIOSA et al, 2006).
Nos eqüinos, a largura do arco dentário superior, em qualquer ponto, é
aproximadamente 30% maior que a largura do arco dentário inferior, ou seja, são
anisiognatas (EASLEY, 1996; LOWDER; MUELLER, 1998).
Segundo Toit (2006) os eqüídeos apresentam um espaço 23% maior entre
cada hemiarco dentário maxilar em relação ao hemiarco mandibular. Os dentes
maxilares também são aproximadamente 30% mais largos que os mandibulares no
sentido médio-lateral. Devido a esta característica anatômica, quando em repouso,
26
ocorre contato oclusal de apenas um terço da superfície oclusal dos dentes
maxilares e apenas metade da superfície oclusal dos dentes mandibulares.
Quando em repouso, a justaposição entre os dentes pré-molares e molares
mandibulares e maxilares é incompleta, o que contribui para a formação de um
ângulo oclusal de 10 a 15° com o plano horizontal (EASLEY, 1996).
De acordo com Dixon (2005) as superfícies oclusais dos dentes pré-molares e
molares não são niveladas com o plano transverso (bucolingual) como ocorre na
maioria dos braquiodontes, mas são anguladas entre 10 e 15°(ângulo de dorso-
bucal para ventro-bucal). A angulação das superfícies oclusais é determinada pela
direção e forças da mastigação. Por exemplo, segundo o autor supracitado, numa
dieta com fornecimento de forragem à vontade, em que os cavalos têm um largo
movimento de excursão lateral da mandíbula, o ângulo será entre 10 e 15°. Por
outro lado, numa dieta rica em concentrados, com pouca disponibilidade de
forragem, ou, com desordens dentárias dolorosas, a mastigação será mais vertical e
provocará um desgaste oclusal anormal muito mais angulado, o que é nominado
como “boca em tesoura” (shear mouth) quando severo.
A superfície oclusal dos dentes dos eqüinos combina propriedades de
elasticidade e plasticidade diferentes, proporcionadas pela inter-relação dos três
tecidos dentários: o esmalte, a dentina e o cemento (TREAMINE, 1997; PAGLIOSA,
2004).
O esmalte é a substância mais resistente do organismo do eqüino. É
composto por 98% de cristais de hidroxiapatita (composição inorgânica) e 2% de
principalmente queratina (composição orgânica). Está disposto em pregas e
invaginações, formando irregularidades na superfície oclusal, o que aumenta e
facilita o atrito e a abrasão. O esmalte é mais espesso nas áreas de maior pressão
mastigatória, que correspondem à borda bucal da superfície oclusal dos dentes pré-
molares e molares maxilares e à borda lingual da superfície oclusal dos dentes pré-
molares e molares mandibulares (KILIC et al., 1997; DIXON, 1999).
A orientação das invaginações de esmalte divide a dentina oclusal em áreas
menores, protegendo-a do desgaste excessivo (DIXON, 1999).
A dentina envolve a polpa sendo o tecido dentário mais abundante. É
composta por 70% de principalmente cristais de hidroxiapatita (composição
inorgânica) e 30% por água, fibras colágenas e mucopolissacarídeos (composição
orgânica). É o único tecido ativo da superfície oclusal, sendo responsável pelas
27
atividades de reparo dentário e obliteração da polpa durante a erupção constante do
dente, depositando dentina secundária sintetizada a partir dos odontoblastos (KILIC
et al, 1997, DIXON, 1999).
A dentina do dente hipsodonte possui túbulos dentinais calcificados e outros
abertos na superfície oclusal, podendo também ter função sensitiva à semelhança
da dentina oclusal humana (KEMPSON et al., 2003).
Existe uma relação íntima entre esmalte e dentina, em que esta dissipa a
força de pressão durante a mastigação através de sua matriz mais elástica. Por
outro lado a resistência do esmalte protege a dentina contra o desgaste excessivo
(PAGLIOSA, 2004).
O cemento situa-se na periferia e no infundíbulo da superfície oclusal
secundária dos dentes pré-molares e molares, sendo um tecido vivo somente na
porção sub-gengival, onde os cementoblastos são nutridos pela vasculatura do
ligamento periodontal. Com a erupção, os cementoblastos perdem seu aporte
vascular fazendo do cemento da coroa clínica um tecido inerte. É composto por 65%
de principalmente cristais de hidroxiapatita (composição inorgânica) e por 35% de
água e fibras colágenas (composição orgânica) (DIXON, 1999). Assim como a
dentina, o cemento também protege o esmalte de possíveis fraturas (PAGLIOSA,
2004).
A polpa é um tecido gelatinoso que ocupa a cavidade central do dente e é
circundada por dentina (MUELLER, 1991). É composta por nervos mielinizados e
amielinizados, artérias, veias, ramos linfáticos, células de tecido conectivo,
substância inter-celular, odontoblastos, fibroblastos, macrófagos e fibras colágenas.
A área central da polpa contém grandes vasos sanguíneos e troncos nervosos, sua
periferia da polpa é circundada por uma área odontogênica especializada, composta
de odontoblastos, uma zona livre de células e uma zona rica em células e ainda
apresenta as seguintes funções: desenvolvimento e formação, nutrição, proteção e
defesa ou reparação (EASLEY, 1996).
O dente repousa no interior do alvéolo, o qual é composto por 3 camadas de
osso alveolar. A camada mais interna, muito compacta, é chamada de placa
cribiforme. No exame radiográfico, esta aparece como uma fina linha radioluscente;
radiograficamente é chamada de lâmina dura. A placa cribiforme é coberta pelo
ligamento periodontal e pelas fibras largas de Sharpey´s, que estão inseridas neste
aspecto do alvéolo. A camada média é composta por osso esponjoso e a camada
28
externa por osso do tipo cortical. Acredita-se que a prolongada erupção do dente
hipsodonte seja devido à contínua deposição e tração exercida pelo ligamento
periodontal. A taxa de erupção deve ser equivalente à taxa desgaste oclusal de 2 a 3
milímetros por ano (TOIT, 2006).
A contínua extrusão, o uso e o desgaste dos dentes promovem a diminuição
da coroa de reserva. A altura da coroa clínica e o comprimento das raízes
permanece praticamente o mesmo a partir da época de maturação do dente, mas a
posição do ápice da raiz migra na direção coronal enquanto a coroa de reserva
diminui. A erupção da coroa de reserva inserida no osso alveolar ocorre até a
completa extrusão da coroa. Isto possibilita que eqüinos idosos mantenham seu
aparato dental bem funcional por muito tempo (EASLEY, 1996)
Os eqüinos possuem doze dentes incisivos, sendo seis incisivos
mandibulares e seis incisivos maxilares. Os dentes incisivos têm como funções a
apreensão e corte de forragem. Cavalos confinados e que não têm acesso ao
pastoreio não usam seus dentes incisivos para cortar a forragem e isto pode tornar
esses dentes muito mais longos que o padrão normal, devido à falta de atrito
(EASLEY, 1996).
Os incisivos são dentes difiodontes. Os dentes decíduos são mais claros e
possuem um infundíbulo mais largo e superficial que o dos dentes permanentes que
erupcionam na borda lingual (EASLEY, 1996; EMILY et al., 1997). Estes dentes são
curvados convexamente em sua borda labial e uniformes na superfície oclusal, não
possuindo furca como os dentes dos carnívoros (PAGLIOSA, 2004).
O formato da superfície oclusal, o ângulo de oclusão, o infundíbulo e a estrela
dentária dos dentes incisivos são utilizados como parâmetros para estimar a idade
de eqüinos (EASLEY; 1996; EMILY et al.; 1997, PAGLIOSA, 2004).
Os dentes caninos e primeiro pré-molar (dente do lobo) são braquiodontes, ou
seja, são dentes de coroa simples. Embora ocorra variação numérica individual,
estes dentes estão localizados no diastema ou espaço inter-dental entre os incisivos
e pré-molares, quando presentes. Esses dentes não têm contato oclusal com seus
antagonistas, portanto não é necessário a erupção contínua para repor o desgaste
da coroa (EASLEY, 1996).
Os dentes caninos normalmente localizam-se no diastema de machos
adultos. Sua erupção ocorre quase sempre entre os 4,5 e 6 anos de idade, época
que corresponde ao início do pico da maturidade sexual no garanhão. Acredita-se
29
que sua função seja de defesa da manada e combate contra outros machos. Os
caninos superiores estão situados na junção entre a pré-maxila e maxila. Os caninos
inferiores são mais rostrais e próximos aos incisivos laterais que os caninos
superiores. Juntamente com os incisivos inferiores, os caninos inferiores servem de
suporte para a língua no cavalo relaxado. Os caninos são dentes braquiodontes
simples, menores que os incisivos e têm uma longa raiz curvada com a concavidade
direcionada caudalmente. Quando presente em éguas, os caninos são vestigiais,
principalmente na mandíbula (EASLEY, 2004).
Os dentes do lobo são os primeiros pré-molares vestigiais e ocorrem de
maneira inconsistente (DIXON et all, 1999; EASLEY, 2004; DIXON; DACRE, 2005;
PIMENTEL, 2007). Estes dentes do lobo podem ser ausentes ou rudimentares
(LOWDER; MUELLER, 1998).
Os dentes do lobo normalmente estão situados rostralmente aos segundos
pré-molares e não têm mais do que um ou dois centímetros de comprimento. Alguns
dentes do lobo tornam-se angulados rostralmente e migram sob a mucosa;
localizam-se por volta de três centímetros rostral ao segundo pré-molar. Como não
ocorre erupção destes dentes, esses são ditos “dentes do lobo ocultos” (EASLEY,
2004).
Os dentes pré-molares e molares têm uma natureza mais complexa que os
incisivos. Os superiores têm dois infundíbulos. Os inferiores não possuem
infundíbulo e são mais estreitos que os superiores (EMILY et al., 1997). Entretanto,
suas coroas estão posicionadas de tal maneira que suas cúspides se inter-
relacionam precisamente (EASLEY, 1996).
O eqüino adulto possui 12 dentes pré-molares e 12 dentes molares que
formam 4 fileiras de 6 dentes acomodados nos ossos da mandíbula e maxila
(EASLEY, 1996; LOWDER; MUELLER, 1998; DIXON, 2005).
Os dentes pré-molares e molares maxilares possuem cinco cavidades
pulpares e três raízes, duas pequenas laterais e uma maior medial. Os dentes pré-
molares e molares mandibulares possuem duas raízes de igual tamanho, uma
rostral e outra caudal e duas cavidades pulpares principais (EASLEY, 1996;
LOWDER; MUELLER, 1998; DIXON, 2002). Os elementos dentários de um mesmo
arco dentário têm dimensões semelhantes, formando uma fileira dentária contínua,
que trabalha como uma unidade funcional, embora os dentes pré-molares e molares
mandibulares sejam menores e mais retangulares que os dentes pré-molares e
30
molares maxilares (DIXON, 1999). Suas funções são: triturar e mastigar os
alimentos quando ocorrem os principais fenômenos físico-mecânicos da digestão. A
importância desses fenômenos é dar início ao processo digestivo na boca e criar
condições para ocorrer os demais processos digestivos subseqüentes (ALVES,
2004).
A fórmula dental dos eqüinos para dentes decíduos é: 2 X (incisivos 3/3,
caninos 0/0, pré-molares 3/3 e molares 0/0). Para dentes permanentes: 2 X
(incisivos 3/3, caninos 1/1 (machos), ou 0/0 (fêmeas), pré-molares 3/3 ou 4/4 e
molares 3/3) = 36 a 44 dentes, dependendo da presença e quantidade de dentes do
lobo e caninos (DIXON, 2005; TOIT, 2006).
Dois sistemas são usados para identificar um dente no eqüino: um sistema
anatômico e um sistema numérico. O sistema anatômico nomeia o dente de acordo
com sua função (ex: incisivos, pré-molares). O sistema numérico, conhecido como
Sistema de Triadan modificado, identifica cada dente com um número particular. O
conhecimento da época e seqüência de erupção é importante para o entendimento
dos dois sistemas (LOWDER, 1998).
No sistema anatômico, um dente é identificado com uma letra e um número
que correspondem à sua função, seu tipo (decíduo ou permanente) e sua posição. A
função é identificada pela primeira letra do nome próprio do dente: I = incisivo, C =
canino, P = pré-molar, M = molar. A capitalização da letra indica se o dente é
decíduo (letra minúscula) ou permanente (letra maiúscula). Desta forma, por
exemplo, M1 identifica o primeiro molar permanente, e p2 identifica o segundo pré-
molar decíduo (GETTY, 1981; LOWDER, 1998).
O sistema de Triadan modificado é o sistema mais usado para nomenclatura
dental dos eqüinos. Este sistema utiliza três dígitos, com a vantagem de que uma
única numeração é usada para identificar cada dente. O primeiro dígito refere-se ao
quadrante da cabeça. Para dentes permanentes o número “um” é usado para o
quadrante superior direito, “dois” para o superior esquerdo, “três” para o inferior
esquerdo e “quatro” para o inferior direito. O segundo e terceiro dígitos identificam
um dente específico. Por exemplo; o segundo pré-molar superior-direito permanente
é o 106, e o terceiro molar inferior esquerdo é o 311. Para dentes decíduos o
número “cinco” é usado para o quadrante superior direito, “seis” para o superior
esquerdo, “sete” para o inferior esquerdo e “oito” para o inferior direito. Por exemplo;
31
o número 707 identifica o terceiro pré-molar inferior esquerdo decíduo.
(EASLEY,1996; LOWDER; MUELLER, 1998; DIXON; DACRE, 2005).
De acordo com MARTIN (2002), na sexta edição do Guia de Determinação de
Idade do Cavalo (“Guide for Determining the Age of the Horse”) publicado pela
Associação Americana de Veterinários de Eqüinos (“American Association of Equine
Practitioners – AAEP”), a determinação da idade de um cavalo é normalmente
limitada ao exame dos dentes incisivos. A avaliação por meio do exame visual e
radiológico dos dentes pré-molares e molares é ocasionalmente realizada e ajuda na
estimativa da idade, especialmente em potros. Conforme o cavalo envelhece (acima
de 15 anos), os indicadores tornam-se menos precisos e a acurácia da
determinação da idade dental diminui consideravelmente. A grande variação pode
ser um resultado de variação individual e influência da raça.
De acordo com Easley (1996) e Dixon (2005) para o completo entendimento
das características morfofuncionais dos dentes do eqüino, a identificação de cada
face dentária, a documentação e a discussão, faz-se necessária a padronização de
alguns termos da topografia oral: proximal ou interproximal; faces entre os dentes de
um mesmo arco dentário. Oclusal; é a superfície de mastigação. Distal, posterior ou
caudal; face interproximal mais distante da sínfise mandibular. Mesial, anterior ou
rostral; face interproximal mais próxima da sínfise mandibular. Palatal; face voltada
para palato, no arco dentário maxilar. Lingual; face voltada para língua, no arco
dentário mandibular. Bucal; face voltada para as bochechas. Labial; face voltada
para os lábios
. Marginal; região próxima a margem gengival. Apical; região do ápice
ou raiz.
Coronal; região da coroa clínica (face exposta da coroa dentária na cavidade
oral).
32
2.2 FISIOLOGIA DA MASTIGAÇÃO
2.2.1 Hábitos Alimentares
Os eqüinos são animais de pastoreio contínuo. Em seu habitat natural, um
eqüino mastiga por um tempo que equivale até setenta e cinco por cento do dia
(DIXON, 2003).
Segundo Alves (2004) isto permite inferir que a mastigação é um ato que
motiva o prazer. Caso contrário, o eqüino evitaria esse ato, minimizando o tempo de
mastigação, como ocorre em casos de enfermidades ou restrição do seu habitat
natural.
Os eqüinos têm por hábito um pastoreio seletivo e tendem a evitar comer
forragem em locais poluídos com esterco e urina. Cavalos confinados em baias, com
livre acesso à forragem, podem exibir os mesmos hábitos alimentares e
normalmente comem de 10 a 12 horas por dia, em sessões que duram de 10 a 30
minutos. Em contraste, cavalos confinados comem alimentos concentrados ou
peletizados mais rapidamente. Estes cavalos confinados, que não têm livre acesso
ao pastoreio, não usam seus incisivos para o corte e isso pode torná-los
demasiadamente longos, devido à ausência de atrito e desgaste (EASLEY, 1996).
Gramíneas, feno e silagem são alimentos ricos em sílica e devem promover o
desgaste dentário numa taxa semelhante à taxa de erupção. No entanto, dietas ricas
em alimentos concentrados reduzem o desgaste da superfície oclusal e restringem a
amplitude da excursão da mandíbula. Como a taxa de erupção não é alterada, pode
ocorrer sobre-erupção dos dentes (RUCKER, 2004; BAKER, 2005).
2.2.2 O Ciclo Mastigatório
Segundo Okeson (2000), o sistema mastigatório é extremamente complexo.
Ele é constituído de ossos, músculos, ligamentos e dentes. Os movimentos são
regulados por um intrincado mecanismo de controle neurológico. Cada movimento é
33
coordenado para maximizar a função ao mesmo tempo que minimiza danos a
quaisquer das estruturas. Um preciso movimento da mandíbula, executado pelos
músculos, é necessário para movimentar os dentes entre si, eficientemente, durante
a função. A mecânica e a fisiologia desses movimentos são as bases para o
estímulo da função mastigatória.
Cada característica da arquitetura dental desenvolveu-se para tornar os
eqüinos capazes de detectar, apreender, mastigar e iniciar a digestão da forragem
(EASLEY,1996).
Os lábios móveis do cavalo juntam a forragem entre os incisivos superiores e
inferiores, os quais têm faces oclusais aplainadas que permitem um eficiente corte
da pastagem junto ao solo. A articulação temporomandibular (ATM) permite a
movimentação lateral da mandíbula (excursão lateral da mandíbula), o que torna os
dentes pré-molares e molares uma eficiente unidade de mastigação e trituração
(TREMAINE, 1997; BAKER, 2002).
A mastigação é baseada na repetição de um movimento cíclico, que resulta
de contrações rítmicas e controladas de um grupo de músculos associados com a
abertura e o fechamento da mandíbula e maxila (BAKER, 1999).
A mastigação envolve as ações da mandíbula, língua e bochechas: consiste
no primeiro ato da digestão. Ela serve não somente para quebrar as partículas de
alimento em um tamanho adequado para passar pelo esôfago, mas também para
umedecer e lubrificar o alimento, ao misturá-lo com a saliva. Anormalidades dos
dentes são uma causa comum de distúrbios gastrointestinais em cavalos
(CUNNINGHAM, 2004).
Pela mastigação, os dentes proporcionam condições para ocorrer os
principais fenômenos físico-químicos da digestão, sem o quais, não seria iniciada
uma digestão adequada, como também a digestibilidade dos alimentos sólidos
ficaria dificultada. A importância desses fenômenos é dar início a um processo
digestivo na boca e criar condições para ocorrer os demais processos químicos
digestivos subseqüentes. Na boca ocorre ainda, o início dos fenômenos químicos da
digestão, principalmente pela ação enzimática da saliva sobre os carboidratos
(ALVES, 2004).
Apreensão, mastigação, salivação e deglutição são atividades fisiológicas da
cavidade oral, a primeira área do trato digestivo. A mastigação tritura o alimento,
promovendo um aumento da superfície de contato, o que facilita a ação das enzimas
34
digestivas. Da união do alimento triturado e saliva, resulta um bolo lubrificado pronto
para a deglutição. A salivação facilita a mastigação, assim como a deglutição
(MCILWRAITH, 1984).
A atividade dos dentes é primordial para a digestão das forragens; já para
concentrados, pequenas alterações dentárias não acarretam sérios problemas.
Problemas com a mastigação podem acarretar queda na performance e indigestão
que resultam em distúrbios digestórios e podem levar o animal ao óbito (ALVES,
2004).
Baker (2002) descreve o ciclo mastigatório do eqüino nas seguintes fases:
abertura, fechamento, impacto, atrito e retorno.
Pagliosa (2004) realizou uma análise mais detalhada da fase de impacto e
atrito (IA). Na fase IA, considerando-se sua localização inicial e distribuição na
superfície oclusal, bem como as diferentes intensidades de força geradas pelo
movimento mandibular durante sua ocorrência, pode-se supor que a mastigação no
eqüino tem outros efeitos sobre o alimento além da trituração. Segundo esta autora,
na fase IA ocorre um efeito de esgarçamento das fibras de forragem, ou seja, seu
rompimento ou fragmentação. O efeito de esgarçamento seria resultado da
combinação de máximo impacto de força promovida pelo deslocamento mandibular
e a abrasão gerada pela superfície cortante das pontas de esmalte.
Segundo Dixon (2005) não há um modelo padrão de mastigação. A maneira
pela qual o alimento é triturado depende da comida e do formato dos dentes molares
e pré-molares. A mastigação é baseada na repetição de um movimento cíclico,
resultante da contração rítmica controlada de todos os músculos associados com
abertura (depressão) e fechamento (elevação) da mandíbula.
Os cavalos, às vezes, podem mastigar do lado direito ou do esquerdo, mas
isso não é comprovado, mesmo quando alguns animais apresentam uma excursão
lateral da mandíbula maior de um lado do que do outro. No momento da trituração
deve haver contato entre as quatro hemi-arcos dentários; porém, observa-se que, às
vezes, só há o contato entre duas. Isso leva à conclusão de que há uma tendência
de um atrito desigual, que é resultado de uma variação na fisiologia da mastigação
(EASLEY, 1999).
O atrito no arco dentário pode ser modificado de um lugar para o outro ao
longo da vida do cavalo, por meio de doenças dentárias dolorosas, do tempo gasto
35
na mastigação, da natureza do material a ser mastigado e das características físicas
do dente, como cáries (DACRE, 2004).
Para a avaliação dos movimentos de excursão lateral da mandíbula, a cabeça
do cavalo deve estar em posição neutra, que é a posição que o animal adota quando
está mastigando (BAKER, 1998).
2.3 EXAME CLÍNICO
Lowder (2004) relata que, freqüentemente, eqüinos são encaminhados aos
veterinários com problema de perda de peso. Parasitismo e nutrição inadequada são
as primeiras causas investigadas. Após descartar tais possibilidades, diversas
doenças são consideradas, sendo que as doenças odontológicas são, geralmente,
checadas em último caso.
Segundo Easley (2005) todo eqüino é um paciente odontológico em potencial,
sendo necessário apenas realizar um bom exame odontológico e planejar os
procedimentos corretivos em cada cavalo abordado.
Como qualquer outro exame clínico, o exame para fins odontológicos deve
ser precedido por anamnese completa e exame físico geral. A cavidade oral deve
ser examinada no final (GIOSO, 2007).
O exame físico geral deve incluir a mensuração da temperatura corpórea,
freqüência respiratória e pulso; a auscultação de coração, pulmões e abdomen
(BAKER,1998; SCRUTCHFIELD, 2006).
Gioso (2007) comenta que, durante o exame físico geral, o médico veterinário
deve atentar-se para os órgãos mais sensíveis à sedação e anestesia, como rins,
fígado e sistema cardiovascular, em vista de que, na grande maioria dos casos, eles
são requeridos. Exames da função desses órgãos são fundamentais em animais
idosos ou com suspeita de lesão específica.
Segundo Alves (2004) muitos eqüinos não apresentam qualquer sinal de
afecções odontológicas até que ocorram intensas mudanças dentárias. Apesar da
perda de peso constituir um possível sinal de distúrbios dentários, é bom considerar
que é freqüente a presença de magreza apenas quando os casos tornam-se graves
36
e crônicos. Desta forma, a presença de boa condição física não é motivo para
dispensar a necessidade do exame e tratamento odontológico.
Na observação do paciente o estado corpóreo deve ser avaliado. Easley
(2005) padroniza o escore corpóreo em uma escala que varia de 1 a 9, sendo a
avaliação 1 para caquéticos e 9 para extremamente obesos. A avaliação deve ser
documentada com o objetivo de ser usada como instrumento no manejo nutricional e
odontológico do paciente.
De acordo com Lowder (2004), a probabilidade de um diagnóstico correto é
potencializada por meio da obtenção de uma anamnese detalhada. As seguintes
informações devem ser consideradas: a nutrição do paciente; a equitação
(observação do comportamento do cavalo quando está sendo montado); a perda de
peso é uma das causas mais comuns de pacientes geriátricos enviados para
exames odontológicos. O protocolo de controle parasitário deve ser verificado. É
freqüente encontrar ovos de parasitas em cavalos regularmente vermifugados. O
autor supracitado aconselha a realização de exame parasitológico das fezes do
paciente geriátrico. O histórico de atendimento odontológico deve ser considerado.
As práticas de manejo e regime alimentar devem ser questionados. Quando o
paciente é alimentado com grande quantidade de concentrado e limitada
disponibilidade de forrageiras ou não tem acesso ao pastoreio, é necessária maior
atenção para as pontas de esmaltes dentárias de molares e pré-molares, assim
como, a presença de incisivos extremamente longos (EASLEY, 1996).
A lista dos possíveis diagnósticos pode ser elaborada através da
consideração do histórico, idade, raça e sinais clínicos dos pacientes (EMILY et al.,
1997).
A condição geral e o estado de carne devem ser mensurados com o objetivo
de avaliar a dieta fornecida na rotina do exame odontológico (EASLEY, 1996).
O exame da mastigação, apesar de muito importante, não tem sido
completamente realizado pela maioria dos profissionais. A capacidade de
mastigação de ser checada pela observação visual dos movimentos mastigatórios
concomitante a audição dos sons durante a mastigação, pela palpação extra e intra-
oral, inspeção dos dentes e das fezes (ALVES, 2004; DIXON, 2005; EASLEY, 2005).
Muita atenção deve ser direcionada às fezes do paciente, para se ter uma
idéia de como o alimento tem sido processado e digerido. O exame das fezes não
37
deve revelar a presença de grãos inteiros ou partículas de forragem maiores que
aproximadamente 0,64cm de comprimento (EASLEY, 2005).
Toda a cabeça do paciente deve ser examinada através de inspeção e
palpação diretas para verificar o formato, a simetria e presença de áreas dolorosas
(EASLEY, 2005; SCRUTCHFIELD, 2006).
Os lábios e comissuras labiais podem revelar úlceras, escaras e cortes. A
apalpação da articulação temporomandibular (ATM) pode revelar sensibilidade
dolorosa (EASLEY, 1999; BAKER, 2005).
A presença de descarga nasal com odor e material de qualquer natureza
devem ser observados e os seios paranais devem ser percutidos. A evidência de
sensibilidade à palpação, relutância à manipulação e resistência podem indicar dor
gengival, desconforto miofacial ou distúrbios dos músculos mastigatórios (BAKER,
1998).
Cavalos com cabeças pequenas têm a curvatura do ramo da mandíbula mais
angulada (curva de Spee) e estão mais predispostos ao apinhamento de dentes e
rampas (EASLEY, 1996).
A estimativa da idade do paciente durante o exame oral é importante porque
muitos problemas são relacionados à idade do animal (EASLEY, 1996;
SCRUTCHFIELD, 2006).
Os sinais clínicos mais comuns de problemas na cavidade oral, dentes e
periodonto são (BAKER, 1998; ALVES, 2004; DIXON, 2005; EASLEY, 2005):
devolução da forragem parcialmente mastigada durante a mastigação; dificuldade de
mastigar ou engolir; salivação excessiva; volume na bochecha causado por acúmulo
de forragem; grandes fragmentos de forragens e grãos inteiros presentes nas fezes;
movimentos com a cabeça podendo ser sacudir, balançar ou inclinar e abaixar;
movimentos com a língua na forma de torcer ou girar; volume ou assimetria na borda
ventral da mandíbula e nos ossos da face com ou sem presença de fístula;
dificuldade respiratória por obstáculo nasal e sinusite; corrimento nasal
sanguinolento, purulento, pútrido, etc.; mastigar, morder ou reagir contra a
embocadura; resistência ao comando pela embocadura para virar ou parar; limitação
ou queda de performance; perda de peso ou dificuldade de ganho.
Posturas anormais durante a equitação como cabeça extremamente baixa,
flexão excessiva entre C2 e C3 ("encapotado"), lordose ou cifose na região lombar
podem ser conseqüentes a distúrbios de oclusão (PIMENTEL, 2006).
38
O exame oral inicia-se com a lavagem da boca com água e então observa-se
o cheiro, a consistência e o volume do material obtido (EASLEY, 2006).
Os lábios são examinados para verificar a presença de ulceração, trauma ou
neoplasias. Então, os lábios são separados para permitir a inspeção dos incisivos
nas vistas lateral e frontal para verificar a simetria, desgaste, distúrbios de oclusão,
fraturas coronárias e retenção de dentes decíduos. Os incisivos devem ser
inspecionados e palpados para verificar a presença de doença periodontal e
mobilidade (EASLEY, 1996; EMILY,1997).
Os exames de excursão lateral da mandíbula permitem estimar a eficiência da
capacidade de quebra dos alimentos durante a mastigação (ALVES, 2004).
Após a sedação e contenção do paciente em estação, a mandíbula é movida
para a esquerda e direita, e observa-se o movimento dos incisivos centrais inferiores
em relação aos superiores. Alguns estudos propõem que é possível mensurar a
porcentagem de oclusão molar do paciente baseada nessas observações (BAKER,
1998; DIXON, 2003; RUCKER, 2004; EASLEY, 2006).
Durante a manobra de oclusão supracitada, deve-se observar a presença de
resistência ou separação anormal dos incisivos e os achados devem ser registrados
em odontograma (EASLEY, 1996).
Um detalhado exame oral do eqüino só pode ser realizado após a sedação, e
por meio do uso de um espéculo odontológico. Por meio da inspeção visual,
observam-se os locais de retenção de alimento, que deve ser removido com água,
utilizando-se seringa de grande volume (300 a 450 ml). O uso de fotóforo, espelho
odontológico e um longo explorador odontológico são de grande auxílio ao exame
visual da cavidade oral (BAKER, 1998; DIXON, 2003; EASLEY, 2005).
A associação da palpação ao exame visual permite o diagnóstico de
anormalidades, principalmente na porção mais caudal da cavidade oral, em especial
dos dentes e periodonto da região molar. Após o exame oral, o médico veterinário
deve cheirar as próprias mãos para averiguar a presença de odores fétidos. A
presença destes é relacionada a infecções anaeróbias, na maioria das vezes
localizadas no periodonto e também no próprio dente (DIXON, 2005).
Os tecidos moles da cavidade oral devem ser observados com especial
atenção ao palato, língua e mucosa bucal. Os dentes devem ser avaliados quanto à
conformação, posição e número. Achados comuns nos pré-molares incluem
ganchos, rampas, dentes em erupção, retenção de capas ou pedaços destas. Na
39
transição entre molares e pré-molares pode ser observada presença de ondas,
degraus, ausência dentária, fraturas de coroa, deslocamento de coroa e
deterioração de infundíbulo. Os arcos dentários molares, em sua porção caudal,
devem ser inspecionados quanto à presença de úlceras bucais, pontas de esmalte
dentário, ganchos e dentes supra numerários (DIXON, 2005; EASLEY, 2005;
PAGLIOSA et al., 2006).
A cavidade oral deve ser palpada e as superfícies bucal, oclusal e lingual de
todos os quatro arcos dentários devem ser examinadas. As margens gengivais de
molares e pré-molares devem ser uniformes sem a presença de impactação de
comida (EASLEY, 2005).
A coroa dentária deve ter a mesma altura no aspecto mesial e distal de cada
dente. A altura da coroa deve ser maior no aspecto bucal do arco maxilar e maior no
aspecto lingual mandibular, o que acarreta num ângulo normal de 10 a 15º do arco
dentário de molares e pré-molares (DIXON, 2005; EASLEY, 2005).
Qualquer defeito em um arco dentário, normalmente resultará em um
desgaste anormal ou defeito no arco oclusal antagonista (DIXON, 2005; EASLEY,
2005; PIMENTEL, 2006).
Para fins de documentação, todos os achados devem ser anotados em um
odontograma (EASLEY,1996; LOWDER; MUELLER, 1998; DIXON; DACRE, 2005).
2.3.1 Exames Complementares
As características anatômicas da cabeça do eqüino limitam a inspeção direta
da cavidade oral, dentes e periodonto (ALVES, 2004).
De acordo com O’Brien e Biller (1998) o diagnóstico por imagem é um
importante exame complementar ao estudo clínico de paciente com suspeita de
doença dental. A doença dental obrigatoriamente deve ser considerada em cavalos
com sinais clínicos que incluem dor dental, aumento de volume focal de tecidos
moles, mandíbula e maxila; fístulas, disfagia, perda de peso crônica, descarga nasal;
dificuldades com a equitação. Estes autores sugerem que a escolha do tipo de
técnica diagnóstica depende da combinação de fatores como: os sinais clínicos e a
40
cronicidade, reposta à terapia, tipo de exame disponível e a experiência no uso de
cada uma das técnicas de diagnóstico.
Segundo Gioso (2007) os exames complementares mais requisitados são: as
radiografias intra e extra-oral e a biópsia.
O exame da cavidade oral é um componente essencial na investigação da
suspeita de qualquer doença dentária em eqüinos. A amplitude de abertura da boca
do cavalo é extremamente limitada, mesmo quando o cavalo está sedado e isto
restringe severamente a visualização das superfícies oclusais dos dentes e
estruturas caudais da cavidade oral. O uso de espelhos odontológicos pode facilitar
o procedimento, porém, uma melhor visualização e diagnóstico só são obtidos com o
uso de um endoscópio ou micro câmera. Estes aparelhos diagnósticos aumentam a
sensibilidade na detecção de doenças odontológicas como fissuras de dentina,
hipoplasia infundibular, cáries, fissuras de esmalte fraturas dentárias, bolsas
periodontais, cáries de cemento e outras enfermidades, incluindo ulceração da
mucosa gengival e lingual (TREMAINE, 2005).
O uso de câmera intraoral ou endoscópios magnificam as imagens obtidas e
facilitam a identificação e documentação de afecções, a terapia e o estudo da
anatomia intraoral do eqüino (COLLIER et al, 1998; TREMAINE, 2005; GOFF, 2006).
De acordo com Gallo (2004) o diagnóstico por imagem usado como
ferramenta de auxílio diagnóstico, prognóstico e monitoramento de problemas orais
nos eqüídeos é de suma importância tanto para o clínico de campo como para o
odontólogo. O exame radiológico é indicado para o diagnóstico de disfunções
oclusais e monitoramento pós-ajuste oclusal. Outras indicações são casos de
alterações adquiridas ou congênitas dos arcos dentários; processos infecciosos, dos
dentes, mandíbula e seios paranasais; acompanhamento do trans e pós-operatório.
No exame radiológico, as técnicas de posicionamento podem ser extra e intra-
orais. Na técnica intra-oral a imagem torna-se ainda mais detalhada e,
principalmente, individualizada, excluindo as sobreposições indesejadas com a
hemi-arcada oposta (KLUG, 2003; GALLO; PAVEZI, 2006).
Com o desenvolvimento de aparelhos de radiografias digitais portáteis é
possível obter imagens dentais radiológicas de alta qualidade imediatamente à
campo, o que possibilita a disponibilização de serviços odontológicos avançados de
uma maneira eficiente (BARATT, 2007).
41
Devido às limitações do exame radiológico convencional, tem sido
considerado o uso de técnicas alternativas de obtenção de imagens do crânio,
mandíbula e cavidade oral do eqüino. Estas incluem a cintigrafia, tomografia
computadorizada, ultra-sonografia de alta resolução e ressonância magnética.
Apesar do aumento da acessibilidade destas técnicas de obtenção de imagens
alternativas, o exame radiológico permanece como o procedimento de obtenção de
imagens mais comumente usado para investigação de distúrbios odontológicos nos
eqüinos (GIBBS, 2005).
2.4 OCLUSÃO
A primeira descrição da relação oclusal dos dentes foi feita por Angle
2
em
1899 apud Okeson (2000).
A definição de alguns termos, assim como uma breve revisão de literatura
sobre oclusão, são necessárias para o entendimento da importância da mensuração
do ângulo dos dentes molares e pré-molares para verificar a necessidade de
redução dos dentes incisivos.
2.4.1 Definições
Dorland´s (1985) definiu oclusão como a ação de fechar ou de estar fechado.
Segundo Osol (1987) oclusão é o estado do que está fechado ou cerrado. O
mesmo autor definiu ainda que oclusão é a relação entre as superfícies
mastigatórias dos dentes maxilares e as superfícies mastigatórias dos dentes
mandibulares, quando a mandíbula e a maxila estão fechadas.
Para Ferreira (1996) oclusão é o ato de "fechar para cima". Este autor relatou
que o conceito original referia-se à descrição de como se encontravam os dentes
quando em contato. Comentou ainda, que o conceito mudou de uma relação estática

2
ANGLE,E.H.Classificationofmaloclusion.DentCosmos,v.41,p.248264,1899.
42
entre os dentes para uma relação dinâmica, que também envolveria os movimentos
mastigatórios.
Baker e Easley (2005) definiram a relação oclusal como a maneira pela qual
os dentes mandibulares e maxilares tocam seus antagonistas.
A oclusão normal é definida como a relação dentária harmoniosa (ANGLE
2
,
1907 apud THOMAS; VALENÇA, 2005).
A oclusão cêntrica, em humanos, foi definida por Maciel (1998) como a
posição da mandíbula na qual a relação das superfícies oclusais opostas
proporcionam máxima intercuspidação. É uma posição determinada pelos músculos,
pelos propioceptores e pelos planos inclinados dos dentes. É considerada uma
posição de constantes mudanças e também pode ser mencionada como máxima
intercuspidação, máxima intercuspidação habitual, cêntrica adquirida etc.
Em humanos, as resultantes de força conseqüentes do contato oclusal devem
estar distribuídas de maneira equilibrada entre os dentes incisivos, pré-molares,
molares e ATM. Discretas interferências oclusais poderiam levar a desordens
funcionais, porém, isto é evitado pelo padrão neuromuscular que o sistema
mastigatório inteiro possui (SCHULLEGER, 1989).
Interferências oclusais são relações de contato oclusal que interferem com a
função ou parafunção (ASH; SCHMIDSEDER, 2007).
Essas interferências ocorrem durante os ciclos mastigatórios impedindo a
realização harmoniosa da função mastigatória, principalmente nos movimentos
laterais da mandíbula (MACIEL,1998).
Em eqüinos, interferências oclusais importantes podem desestabilizar a
harmonia oclusal. Lesões dentárias mecânicas ou dor crônica podem levar a um
desgaste anormal das superfícies oclusais devido ao uso prolongado de apenas um
lado do arco dentário para mastigar (DIXON, 2005).
Animais com acesso restrito a forragem de fibra longa, apresentam um
padrão mastigatório diferente do padrão normal, conseqüentemente o desgaste das
superfícies oclusais é anormal (EASLEY, 2005).
De acordo com Dixon (2003) a maioria das anormalidades de desgaste dos
dentes incisivos são freqüentemente associadas com a oclusão anormal dos dentes
molares e pré-molares, a qual pode levar a dificuldades na mastigação e apreensão.
43
Distúrbios de oclusão de incisivos podem afetar o desgaste normal de
molares e pré-molares. Da mesma forma, distúrbios de oclusão em molares e pré-
molares podem causar um desgaste anormal de Incisivos (RUCKER,2004).
As pontas de esmalte dentário (PEED) são uma conseqüência das mudanças
no hábito alimentar ocorridas após a domesticação. A adição de alimento
concentrado e a menor oferta de forragem diminuíram o tempo de ingestão e
estimularam movimentos mastigatórios mais verticais, promovendo alterações no
desgaste dentário (BAKER, 2002).
As PEED formam-se, respectivamente, nas bordas bucal e lingual da
superfície oclusal dos dentes pré-molares e molares maxilares e mandibulares e,
devido à anisognatia, alteram e aumentam o ângulo de oclusão dos dentes pré-
molares e molares ( PAGLIOSA et al., 2006).
Maciel (1998) define que a oclusão funcional ideal é caracterizada por uma
interação harmoniosa entre os dentes, o periodonto, as articulações temporo-
mandibulares (ATMs) e sua musculatura associada.
Para determinação da oclusão funcional ideal em eqüinos é fundamental a
realização de um exame clínico detalhado. Qualquer detalhe negligenciado pode
alterar o resultado do diagnóstico final e influenciar de maneira errônea o ajuste
oclusal por desgaste seletivo em eqüinos (PIMENTEL, 2006).
2.5 AJUSTE OCLUSAL
Ajuste oclusal é trituração seletiva das superfícies oclusais dos dentes, em um
esforço para eliminar contatos prematuros e interferências oclusais. Visa estabelecer
efetividade mastigatória ótima, relações oclusais estáveis, direcionar as principais
forças oclusais e efetivar padrões multidirecionais, para melhorar tensão muscular
anormal, tratar os problemas periodontais e articulação temporomandibular. É usado
para auxiliar na estabilização de resultados ortodônticos e em processos
restaurativos (JABLONSKI, 1992).
O desgaste seletivo é um procedimento pelo qual as superfícies oclusais dos
dentes são precisamente alteradas para melhorar os padrões de contatos dentais. A
estrutura dental é seletivamente removida até que os dentes remodelados contatem
44
de tal forma que atinjam o objetivo do tratamento. Como é irreversível e envolve a
remoção de estrutura dental, este procedimento, tem seu uso limitado. Portanto,
deve existir uma indicação correta antes que o ajuste seja considerado (OKESON,
2000).
Segundo Easley (2005), os procedimentos de correção odontológica através
do desgate dentário em eqüinos visam: aliviar o desconforto associado a injúrias de
tecidos moles causadas por PEED; melhorar a mastigação e digestão dos alimentos;
aliviar o estresse causado pelo dente que apresenta desgaste anormal; previnir o
desconforto causado pela embocadura.
Na odontologia eqüina, o procedimento mais comum é o desgaste das PEED
da margem bucal dos dentes molares e pré-molares maxilares e da margem lingual
dos dentes molares e pré-molares maxilares. Outros tipos de desgate dentário
incluem o nivelamento dos arcos dentários, a remoção de rampas, bicos, ganchos e
a restauração do ângulo normal de 10 a 15° das superfícies oclusais. O objetivo do
desgaste é manter a simetria e o balanço dos arcos dentários e permitir um
movimento mastigatório livre (SCRUTCHFIELD et al., 1996).
Em eqüinos, os objetivos do desgaste dentário são a manutenção da
simetria e balanço dos arcos dentários e permitir um livre movimento elíptico
durante a mastigação (CARMALT et al., 2003). Anormalidades de oclusão em
incisivos podem alterar a oclusão de molares e pré-molares, levando a distúrbos de
oclusão molares (RUCKER, 1996).
Nos eqüinos, quando os incisivos estão em oclusão, não há contato oclusal
entre as faces mandibulares e maxilares de molares/pré-molares (DIXON et al.,
2000).
A redução do tamanho dos dentes incisivos é indicada quando estes estão
tão longos que não permitem a oclusão de molares/pré-molares. O alinhamento
dos incisivos é indicado quando estes apresentam formatos anormais em
curvaturas ventral ou dorsal; em diagonal ou na presença de degraus que impeçam
o movimento de excursão lateral da mandíbula. (RUCKER, 1996).
Para Scrutchfield (1991) a redução do tamanho dos incisivos é um
procedimento importante para restabelecer a oclusão de molares/pré-molares. Na
presença de incisivos extremamente longos, estes dentes interfeririam na
capacidade normal de trituração e mastigação executada pelos dentes molares e
pré-molares.
45
Rucker (2004) sugere que, a mensuração da excursão lateral da mandíbula
para o contato molar (ELCM) e o uso desta medida para a determinação da média
do ângulo oclusal de molares/prémolares permitem ao odontólogo avaliar o
comprimento vertical dos incisivos em relação a oclusão molar/pré-molar. Isto
possibilitaria determinar quando a redução dos dentes incisivos é nescessária. O
ângulo de oclusão pode variar no arco dentário a partir de rostral para caudal. Este
autor adotou a mensuração de Collison de ELCM máxima de 4,5 ± 0,4cm. Este
cálculo aproxima o ângulo fechado para o ponto médio da fase de contato oclusal
molar total (máxima intercuspidação molar) em cavalos normais: (ELCM) = 1,2 (±
0,31) + 1cm = 2,2cm de excursão lateral para a posição de máxima intercuspidação
de molares/pré-molares. Este autor não mensurou o ângulo oclusal molar/pré-molar
e utilizou as mensurações obtidas no ponto de início de contato oclusal molar/pré-
molar (ELCM) e a distância de separação dos incisivos (limite vertical) para calcular
o ângulo de oclusão através do uso de função trigonométrica tang X = lado oposto
A / lado adjacente B (Figura 1):
Figura 1 - Representação trigonométrica da separação dos incisivos e ângulo molar. A linha A é
distância de separação dos incisivos. A linha B representa a posição de máxima
intercuspidação (oclusão cêntrica) molar / pré-molar (distância padrão de 1 cm) após
manobra oclusal de excursão lateral da Mandíbula. O ângulo de oclusão do arco molar é
representado pela hipotenusa do triângulo. Segundo RUCKER (2004) através do calculo
da tangente de X, pode-se obter o ângulo oclusal molar/pré-molar
Este cálculo, feito a partir de mensurações estáticas, resultaria no ângulo
composto por um ponto a partir da fase de contato oclusal total do arco Molar. O
ângulo do arco Molar é determinado pelo cálculo da tangente:
HIPOTENUSA
Linha B: lado adjacente
(padronizada em 1 cm) é a
posição de máxima
intercuspidação molar/pré-molar.
B
X:Ângulode
oclusãodo
arcomolar/
pré‐molar.
Linha A:
A altura do triângulo é a
extensão da
A
separação dos incisivos
(limite vertical).
46
tan X = lado oposto
lado adjacente
X = tan
-1
lado oposto = ângulo do arco molar / pré-molar
lado adjacente
De acordo com Rucker (2004), não há necessidade de reduzir os dentes
incisivos de um cavalo que apresente a distância de excursão lateral para contato
molar (ELCM) menor que 12 mm. Após mensurar a ELCM de 850 eqüinos entre 1 e
27 anos de idade, este autor encontrou uma variação de 5 a 30 mm, média de 12,3
mm; mediana de 12 mm e desvio padrão de ± 3,1mm. Se a distância de excursão
lateral para contato molar de um lado para o outro é maior que 2 mm, é indicado
um exame cuidadoso da superfície oclusal dos incisivos e molares/pré-molares.
Uma pequena má oclusão em um arco de molares/pré-molares pode mudar a
distância para contato molar naquele lado afetado. Qualquer incisivo que esteja 1
mm mais alto pode mudar a distância para o contato molar em 3 a 4 mm.
Carmalt (2004) mensurou através fotografias digitais os ângulos de separação
dos incisivos para determinar os ângulos de molres e pré-molares. As mensurações
foram realizadas em eqüinos sedados em estação e em decúbito sob anestesia
geral. Mesmo em cadáveres, 15 minutos após o óbito antes do estabelecimento do
rigor mortis, através da utilização de goniômetro, este autor não conseguiu validar a
teoria proposta por Rucker (2004) de mensuração do ângulo oclusal molar/pré-molar
através de cálculos trigonométricos.
47
3 OBJETIVOS
Mensurar a excursão lateral da mandíbula, nos pontos de início de contato
oclusal molar/pré-molar em eqüinos estabulados há mais de 1 ano.
Mensurar, através de cálculos trigonométricos, o ângulo oclusal de dentes
molares e pré-molares e comparar os resultados obtidos com os dados disponíveis
na literatura.
Verificar a incidência da necessidade de redução do tamanho dos dentes
incisivos.
Avaliar os efeitos sobre os pacientes, após o ajuste oclusal baseado nas
mensurações realizadas, quanto à mastigação, ganho de peso e massa muscular, à
condução e o comportamento.
Determinar se as mensurações acima citadas são válidas, como instrumento
auxiliar, no ajuste oclusal visando manter a simetria e balanço dos arcos dentários
de eqüinos para obtenção da oclusão funcional ideal dos arcos dentários dos
eqüinos.
48
4 MATERIAL E MÉTODO
4.1 MATERIAL
4.1.1 Animais e manejo.
Foram avaliados 75 eqüinos (Equus caballus) hígidos, machos e fêmeas,
com idade entre seis e 15 anos, estabulados há mais de um ano em
estabelecimentos hípicos localizados nas cidades de São Paulo (SP), Cotia (SP),
Vargem Grande (SP), Itapecerica da Serra (SP), São Bernardo do Campo (SP),
Cabreúva (SP) e Descalvado (SP).
Os eqüinos das raças Brasileiro de Hipismo, Quarto de Milha e Mangalarga
Paulista e Mangalarga Marchador são utilizados em competições esportivas de
salto, adestramento e apartação, e estão em rotina de treinamento de 5 a 6 dias
por semana.
Por se tratar de animais de diversas raças, estabulados em diferentes locais
e submetidos a regime de treinamento diferentes, não foi possível padronizar o
regime alimentar. A análise do tamanho das fibras nas fezes não foi realizada,
devido ao fato de que alguns proprietários não permitiram a coleta de material
diretamente no reto dos animais. Foram avaliados apenas os animais que tinham
acesso a ração, sal mineral para eqüinos e forrageiras de boa qualidade, em
quantidades suficientes para sua manutenção e esforço de trabalho diário.
4.1.2 Paquímetro
Para a mensuração da excursão lateral da mandíbula, início de contato
oclusal de molares e pré-molares e a extensão da separação dos incisivos (limite
vertical) foi utilizado um paquímetro (Figura 2) com escalas em polegadas (até 9
polegadas) e milímetros (até 150 mm).
49
Figura 2 - Paquímetro marca Vonder com escalas em polegadas (até 9 polegadas) e
milímetros (até 150 mm)
4.1.3 Marcadores
Foram usadas canetas hidrográficas para marcação em superfícies
molhadas da marca Shapie
®
, modelo “Permanent Maker” nas cores preta e
vermelha, a fim de determinar o início de contato oclusal de molares e pré-molares
e a extensão da separação dos incisivos (Figura 3).
50
Figura 3- Marcadores. Eqüino macho,13 anos de idade, raça Brasileiro de Hipismo sedado em
estação. Delimitação dos pontos de contato oclusal molar/pré-molar nos dentes incisivos
durante a manobra de excursão lateral da mandíbula com
canetas hidrográficas para
marcação em superfícies molhadas da marca Shapie®, modelo “Permanent Maker”
4.1.4 Espéculo Odontológico
Para obter o acesso à cavidade oral, foi usado um espéculo odontológico
(Figura 4) para eqüinos modelo McPherson (espéculo odontológico para eqüinos
Ortovet
®
).
51
Figura 4 - Espéculo odontológico Ortovet
®
para eqüinos modelo
McPherson com diferentes pratos para apoio dos dentes
incisivos
4.1.5 Fotóforo
Para visualização do interior da cavidade oral foi utilizada uma fonte de luz
elétrica com lâmpada do tipo xenon acoplada a um foco de cabeça, modelo Head
Spot, marca MM Optics
®
(Figura 5).
Figura 5 - Fotóforo MM Optics
®
usado para inspeção da cavidade oral
52
4.1.6 Espelho Odontológico
Para permitir completa visualização da cavidade oral foi utilizado um espelho
odontológico (Figura 6) com cabo expansível de até 30 cm (espelho odontológico
Alberts
®
).
Figura - 6: Espelho Odontológico. Eqüino macho,13 anos de idade, raça Brasileiro de
Hipismo sedado em estação. Espelho odontológico usado no exame da cavidade
oral. Presença de fratura da coroa clínica do dente 108
4.1.7 Odontograma
Os achados observados durante o exame clínico geral e da cavidade oral
foram registrados em um odontograma (Figura 7).
53
Figura 7 - Odontograma de eqüino; adaptado de EASLEY (1996) por PIMENTEL (2000). O
sistema de Triadan modificado foi usado para identificar cada elemento dentário
da cavidade oral dos pacientes
54
4.1.8 Material para ajuste oclusal.
Na avaliação da oclusão e do formato dos incisivos foi utilizado um gabarito
para dentes incisivos da marca WORLD WIDE EQUINE
®
, modelo Bussico como
pode ser observado nas figuras 8 A e B (JEFFREY, 2003).
A B
Figuras 8 A e 8 B - Eqüino macho, 7anos, raça Brasileiro de Hipismo; sedado em estação.
Avaliação da oclusão e formato dos dentes incisivos. Utilização do
gabarito para dentes incisivos da marca WORLD WIDE EQUINE
®
,
modelo Bussico. Vista frontal (A) e perfil (B)
Para redução do tamanho dos Incisivos foi usada uma disco de corte da
marca DREMEL
®
, acoplado a uma peça de mão de um motor de baixa rotação
(ferramenta rotativa da marca DREMEL
®
, modelo 735) (Figura 9).
Figura 9 - Disco de corte. Eqüino, macho, 14 anos, raça
Quarto de Milha; sedado em estação: utilização
do disco de corte da marca
DREMEL
®
, para
redução dos dentes incisivos
55
Para redução de interferências oclusais e aparação das PEED foi utilizada
uma peça de mão de 17 polegadas com disco diamantado para desgaste
odontológico da marca WORLD WIDE EQUINE
®
, modelo RA-200 (Figura 10).
Figura 10 - Peça de mão de 17 polegadas com disco diamantado para desgaste odontológico
da marca WORLD WIDE EQUINE
®
, modelo RA-200
O ajuste final ou nos casos em que houve necessidade de um desgaste
discreto foram usadas lâminas de carbide acopladas a grosas de mão (Lâminas e
grosas odontológicas para eqüinos ORTOVET
®
) (Figura 11).
56
Figura 11 - Grosas manuais com lâminas de carbide e tungstênio
ORTOVET
®
com diferentes angulações para permitir o
acesso á toda cavidade oral
Quando foi necessária a redução da coroa clínica nos locais de interferência
oclusal, ou, quando se fez necessária a redução do tamanho dos incisivos, os
elementos dentários desgastados foram recobertos com cimento de hidróxido de
cálcio da marca Technew, modelo Hydcal
®
(Figura 12) para evitar que a
sensibilidade dentinária determinasse a diminuição de ingestão de água.
Figura 12 - Cimento de Hidróxido de Cálcio. Eqüino macho de 7 anos
de idade. Incisivos inferiores, superfície oclusal após a
aplicação de cimento de hidróxido de cálcio para evitar a
hipersensibilidade dentinária após redução de seu tamanho
57
4.1.9 Ficha de avaliação pós-operatória tardia
Os dados relativos ao questionamento realizado com os proprietários ou
equitadores dos pacientes tratados foram anotados na ficha de avaliação pós-
operatória tardia (Figura 13):
AVALIAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA TARDIA
__________________________________________________________________
Nome N°
sexo pelagem raça
Comparado-se os períodos pré e pós-intervenção odontológica, avalie seu animal:
A- Quanto à condutibilidade:
Piorou ( ) Sem alteração( ) Melhorou( ) Melhorou muito( )
B- Quanto à disposição para trabalhar ou passear:
Piorou ( ) Sem alteração( ) Melhorou( ) Melhorou muito( )
C- Quanto à disposição para comer e apetite:
Piorou ( ) Sem alteração( ) Melhorou( ) Melhorou muito( )
D- Quanto ao ganho de peso e massa muscular:
Emagreceu ( ) Permaneceu igual ( ) Engordou ( ) Engordou muito ( )
E- Ocorreram alterações comportamentais:
Não ( ) Sim, mais calmo ( ) Sim, mais nervoso( )
Figura 13 - Ficha de Avaliação Pós-Operatória Tardia
58
4.2 MÉTODO
4.2.1 Avaliação pré-operatória
Os animais foram identificados por sexo, pelagem, raça e cada paciente
recebeu um número de identificação. O peso foi mensurado por meio de fita de
perímetro torácico para pesagem de eqüinos. Anormalidades e dificuldades quanto
à condução dos animais, mastigação, ganho de peso e estado geral foram
anotados nos prontuários de atendimento dos animais (Odontograma).
Foi utilizada a adaptação da avaliação do escore corporeo descrita por
Easley (2005) onde: magro corresponde a faixa compreendida entre 1 e 3, regular
entre 4 e 5; bom entre 6 e 7 e obeso 8 e 9.
Os animais foram submetidos ao exame clínico de rotina: auscultação
cardíaca e respiratória, estado corpóreo e de hidratação, mensuração de
temperatura retal e coloração de mucosas oral e conjuntival. Qualquer
anormalidade detectada que pudesse colocar em risco o animal durante a sedação
e o procedimento de atendimento odontológico, determinou a exclusão do eqüino
deste estudo.
Os eqüinos que apresentaram deformidades congênitas ou adquiridas nas
regiões da mandíbula e/ou maxila que afetassem os arcos dentários, ausência
dentária e fraturas de coroa clínica que alterassem o movimento de excursão
lateral da mandíbula foram excluídos deste estudo.
4.2.2 Sedação
Para a mensuração da excursão lateral da mandíbula e ajuste oclusal os
eqüinos foram sedados seguindo o protocolo citado abaixo:
1-Inicialmente foi administrado 25 mg/kg de peso vivo por via endovenosa de
Acepromazina 1% (Acepran 1%
®
). Após 15 minutos administrou-se por via
59
endovenosa 10 mcg/kg de peso vivo de Detomidina (Dormossedan
®
) (CARMALT,
2007).
2- Nos casos em que ocorreram dificuldade de realizar a manobra oclusal de
excursão lateral da mandíbula ou quando o período de sedação foi insuficiente
para a realização do ajuste oclusal por desgaste seletivo, foi administrado 0,5mg/kg
de peso vivo de Xilazina (Sedazine
®
) por via endovenosa (CARMALT, 2007).
4.2.3 Avaliações e mensurações oclusais
Para avaliação do tipo de oclusão dos incisivos e dos movimentos de
excursão lateral da mandíbula, a cabeça do cavalo foi mantida em posição neutra,
que é a posição que adotaria durante a mastigação, conforme indicação de BAKER
(1999).
Cada animal foi identificado com o número particular sobre a face labial do
dente incisivo central superior direito e, nas faces labiais dos dentes incisivo central
e médio esquerdos foi marcada a data de atendimento do paciente (figura 14).
Figura 14 - Identificação do paciente.Eqüino macho, 6 anos de idade em estação sob
sedação. Após a colocação da cabeçada odontológica, os lábios foram
separados. O numeral marcado no incisivo central superior direito identifica
o paciente; no incisivo central superior esquerdo identificao dia e no incisivo
médio superior esquerdo o mês da realização do estudo
60
O gabarito de Bussico foi colocado entre as superfícies oclusais dos dentes
incisivos para verificar o alinhamento e angulação destes dentes como se observa
nas figuras 15 A e B (JEFFREY, 2003).
A
B
Figuras 15 A e B: Inserção do gabarito de Bussico entre os dentes
incisivos para determinar o seu alinhamento.
Eqüino macho, 6 anos de idade em estação sob
sedação.O contato das superfícies oclusais dos
incisivos com o gabarito irá determinar o tipo de
formato destes dentes. Em A, observa-se a vista
frontal. Em B, observa-se a vista em perfil. Este
paciente apresentava os incisivos com curvatura
ventral
A manobra oclusal de excursão lateral da mandíbula (Figuras 16 A e 16 B)
indica a relação entre o contato oclusal dos incisivos e molares/pré-molares.
Quanto maior a distância que a mandíbula move-se lateralmente até ocorrer a
61
separação dos incisivos, menor é o contato oclusal de molares/pré-molares.
(RUCKER, 1996).
A
B
Figuras 16 A e B - Crânio de eqüino macho de 7 anos de idade. A manobra
oclusal de excursão lateral da mandíbula (ELCM) relaciona a
separação dos Incisivos e o contato oclusal molar/pré-molar. Vista
discretamente perfilada (A) e vista frontal (B). Molares/ em
posição de máxima intercuspidação (seta vermelha); separação
dos incisivos (seta amarela)
62
As mensurações para determinar a relação de contato oclusal entre incisivos
e molares/pré-molares foi realizada da seguinte forma: a cabeça do paciente foi
mantida inicialmente em posição neutra com a mandíbula em repouso e, usando
uma caneta hidrográfica vermelha, foi feita uma marca entre os incisivos inferiores.
Esta marca vermelha foi usada como referência para delimitar os pontos de contato
oclusal a serem marcados durante a manobra oclusal de excursão lateral da
mandíbula (Figura 17). A mandíbula foi puxada lateralmente até ocorrer o início do
contato molar; neste ponto, uma marca vermelha foi inserida no incisivo superior
(Figura 18). Com auxílio de um paquímetro, uma segunda marca vermelha foi
inserida 1 cm lateral a anterior (ponto de máxima intercuspidação molar/pré-molar).
Quando a mandíbula é deslocada até o ponto de máxima intercuspidação
molar/pré-molar, ocorre a separação dos dentes incisivos (figura 19).
Figura 17 - Marcações nos dentes incisivos para determinar as distâncias obtidas durante a
manobra oclusal de excursão lateral da mandíbula. Eqüino macho, 6 anos de idade
da raça Brasileiro de Hipismo em estação sob sedação.Com a mandíbula em posição
neutra uma marca vermelha foi inserida entre os incisivos centrais inferiores
63
Figura 18 - Eqüino macho, 8 anos de idade da raça Brasileiro de Hipismo em estação sob
sedação. A marca preta inserida no incisivo superior inferior indica o ponto de início
do contato oclusal molar/pré-molar durante a manobra oclusal de excursão lateral
da mandíbula
Figura 19 - Eqüino macho, 8 anos de idade da raça Brasileiro de Hipismo em estação sob sedação.
Com auxílio do paquímetro uma segunda marca vermelha foi inserida 1 cmlateral a
anterior no ponto de máxima intercuspidação molar
64
Durante a manobra oclusal de excursão lateral da mandíbula no ponto de
máxima intercuspidação molar/pré-molar, a medida da separação (limite vertical)
dos incisivos foi mensurada através do uso de um paquímetro e anotada (Figura
20). Esta manobra oclusal e suas marcações foram realizadas para o lado direito e
esquerdo em todos os animais. A manobra oclusal e as mensurações foram
repetidas por 3 vezes seguidas e as medidas foram anotadas. A média aritmética
dos valores obtidos foi utilizada no cálculo do ângulo molar (Apêndice A).
Figura 20 - Eqüino macho, 6 anos de idade da raça Brasileiro de Hipismo em estação sob sedação.
Mensuração da separação dos Incisivos no ponto de máxima intercuspidação molar/pré-molar.
Com auxílio de um paquímetro, o limite vertical foi determinado
65
4.2.4 Determinação do ângulo oclusal molar/pré-molar
De acordo com o relato científico de RUCKER (2004), o conhecimento do
ângulo de oclusão de molares e pré-molares, assim como o plano transverso ou
bucolingual, é útil para determinar a necessidade e quantidade de incisivos a serem
reduzidos.
As distâncias obtidas, em cada paciente, durante a manobra oclusal de
excursão lateral da mandíbula, para a direita e para a esquerda, foram anotadas.
Os resultados obtidos foram usados na função trigonométrica descrita por Rucker
(2004) a fim de se obter o ângulo médio de cada arco dentário de molar e pré-
molar.
4.2.5 Ajuste oclusal dos arcos molar / pré-molar
Através da manobra oclusal de excursão lateral da mandíbula, inspeção
visual e apalpação digital, pontos de prematuridades e interferências oclusais como
rampas, ganchos, bicos, ondulações e degraus foram identificados. As pontas de
esmalte dentário foram aparadas e, através de desgaste seletivo, os pontos de
prematuridades e interferências oclusais foram ajustados. Os hemiarcos de
molares/pré-molares foram posicionados em máxima intercuspidação a fim de
verificar a presença de prematuridades e interferências oclusais (Figura 21).
66
Figura 21 - Fêmea eqüina de 5 anos de idade, raça Quarto de milha,
sedada em estação. Manobra oclusal de excursão lateral da
mandíbula em posição de máxima intercuspidação de
molares/pré-molares após o ajuste oclusal; momento no qual
se verifica de presença de interferências e prematuridades
oclusais em molares e pré-molares
Após o ajuste oclusal, nova determinação da extensão da excursão lateral
da mandíbula nos pontos de início de contato e máxima intercuspidação oclusal
molar/pré-molar e do limite vertical de cada hemiarco dentário foi realizada a fim de
verificar se foi obtido o equilíbrio e balanceio entre os hemiarcos molares/pré-
molares. Na presença de assimetria de medidas entre as hemifaces a cavidade
oral foi novamente examinada e, se necessário, o ajuste oclusal foi refeito a fim de
se obter o equilíbrio e balanceio entre os hemiarcos dentários. As mensurações
foram novamente obtidas após este procedimento.
4.2.6 Alinhamento e redução de incisivos
Os seguintes aspectos foram analisados para se verificar a necessidade de
redução dos dentes incisivos: condição corpórea, habilidade mastigatória (derruba
comida da boca, alimentação lenta ou intermitente, presença de salivação
excessiva ao comer), tamanho das fibras nas fezes, extensão da excursão lateral
da mandíbula no ponto de início do contato oclusal molar/pré-molar, tamanho da
67
coroa de clínica e espaço entre os arcos dentários de molar/pré-molar após o
ajuste oclusal.
Quando se julgou necessário, os incisivos foram reduzidos e o ajuste oclusal
em grupo foi realizado (Figura 22).
Figura 22 - Eqüino macho, 12 anos de idade da raça Puro Sangue Lusitano, sedado em estação
e submetido a bloqueio anestésico regional dos dentes incisivos. Redução do tamanho vertical
e alinhamento dos dentes incisivos inferiores
A cada milímetro do tamanho vertical dos incisivos reduzido, nova
mensuração da extensão da excursão lateral da mandíbula no ponto de início de
contato oclusal molar/pré-molar foi realizada. O procedimento foi finalizado quando
a medida mensurada atingiu a distância igual ou menor que 15 mm.
Nos casos de desalinhamento como em curvaturas dorsal, ventral, ou em
diagonal, foi realizado apenas o ajuste oclusal em grupo dos incisivos. Esta
manobra não foi considerada como redução do comprimento vertical destes.
68
4.2.7 Avaliação Pós-Operatória Imediata
Logo após o ajuste oclusal seletivo de todo o arco dentário do paciente,
foram repetidas as manobras oclusais de excursão lateral da mandíbula e novas
mensurações foram realizadas. O objetivo deste novo procedimento foi avaliar a
equivalência entre as mensurações da excursão lateral da mandíbula, na
separação de incisivos na posição de máxima intercuspidação de molar/pré-molar
(limite vertical) obtidas em cada hemiface logo após o procedimento odontológico
(Figura 23).
Figura 23 - Eqüino macho, 6 anos de idade da raça Brasileiro de Hipismo, em estação sob
sedação.Mensuração do limite vertical da hemiface direita logo após a finalização do ajuste
oclusal dos arcos dentários
Quando a diferença entre as distâncias percorridas durante a excursão
lateral da mandíbula em cada hemiface foi maior que 2 mm e a separação de
incisivos na posição de máxima intercuspidação de molar/pré-molar obtidas em
cada hemiface foi maior que 1 mm, os ângulos de oclusão molar/pré-molar foram
reajustados e na persistência de interferências oclusais, estas foram eliminadas
69
através de desgaste oclusal seletivo. As manobras oclusais de excursão lateral da
mandíbula e novas mensurações foram realizadas a fim de verificar a equivalência
dos dados mensurados.
Nos casos onde se fez necessário a redução do tamanho ou alinhamento
dos incisivos, os elementos dentários desgastados foram recobertos com cimento
de hidróxido de cálcio com o intuito de evitar a presença de hipersensibilidade
dentinária e possível redução de ingestão de água no período pós-operatório.
4.2.8 Avaliação pós-operatória tardia
Os animais foram reavaliados no período entre 90 e 120 dias após os
procedimentos de correção da oclusão. Os pacientes foram novamente
identificados por nome, sexo, pelagem e raça. O grau de satisfação de proprietários
e equitadores dos animais, quanto à evolução dos animais após as correções foi
mensurado por meio de contato pessoal ou telefônico conforme questionário
inserido na ficha de avaliação pós-operatória.
70
5 RESULTADOS
Dos 75 animais selecionados para este estudo, 49 (65,3%) eram machos e
26 (34,7%) eram fêmeas.
A média de tempo de tratamento de cada paciente, incluindo o exame
clínico, sedação, mensurações e procedimento odontológico foi de 60 minutos (±
15min) .
A excursão lateral da mandíbula no ponto de início do contato oclusal
molar/pré-molar (ELCM) média foi de 11,71mm (± 4,11), mediana de 11, mínima de
4,2 mm e máxima de 22,4 mm. Para o lado direito a ELCM média foi de 12,01mm
(± 4,17) e mediana de 11 com mínima de 6 mm e máxima de 22,2 mm. Para o lado
esquerdo a ELCM média foi 11,42mm (±4,05) e mediana 11, com mínima de
4,2mm e máxima de 22,2mm.
A extensão média (± desvio padrão) de separação dos incisivos na posição
de máxima intercuspidação molar/pré-molar foi 4,73mm (±1,36) e mediana de 4,9.
A extensão média (± desvio padrão) de separação dos incisivos para a direita, em
posição de máxima intercuspidação molar/pré-molar, foi de 4,83mm (±1,46) e
mediana de 4,9. Para a esquerda a extensão média (± desvio padrão) foi de
4,63mm (±1,27) e mediana de 4,9.
Dentre os animais examinados 9 (12%) possuíam dentes incisivos com
formato normal, 66 (88%) se apresentavam desalinhados de forma diagonal (Figura
24) ou curvatura ventral (Figura 25). Dos 75 animais examinados, 34 (45,3%)
apresentaram necessidade de redução do comprimento vertical dos dentes
incisivos. Dentro do grupo de incisivos desalinhados 34 (51,5%) apresentaram
necessidade de redução de seu comprimento vertical e 32 (48,5%) necessitaram
apenas de alinhamento (Figuras 26 A, B, C e D).
71
Figura 24: Incisivos apresentando curvatura em diagonal.
Fêmea eqüina de 06 anos de idade da raça
Brasileiro de Hipismo
Figura 25: Incisivos apresentando curvatura ventral. Fêmea
eqüina de 12 anos de idade da raça Brasileiro de
Hipismo
72
Figura 26 A - Eqüino macho, 7anos, raça Brasileiro de Hipismo exame pré-operatório;
incisivos apresentando curvatura ventral
Figura 26 B - Eqüino macho, 7anos, raça Brasileiro de Hipismo exame pré-operatório;
gabarito de Bussico inserido entre os incisivos que apresentam curvatura ventral
73
Figura 26 C - Eqüino macho, 7anos, raça Brasileiro de Hipismo exame pós-operatório;
gabarito de Bussico inserido entre os arcos dentários indica o alinhamento dos
incisivos
Figura 26 D - Eqüino macho, 7anos, raça Brasileiro de Hipismo exame pós-operatório;
incisivos alinhados
74
A análise estatística da incidência da necessidade de redução do tamanho
vertical dos incisivos foi realizada de acordo com as seguintes variáveis: formato
destes, o estado corpóreo dos pacientes, a extensão de sua abertura na posição
de máxima intercuspidação molar/pré-molar, a extensão da excursão lateral da
mandíbula no ponto de início de contato oclusal molar/pré-molar e quanto sua
simetria; a presença de dificuldade na equitação e condução; presença de
distúrbios digestórios e mastigatórios. Foi realizada pelo método de comparação
aos pares utilizando o modelo estatístico de Qui-Quadrado: Teste de
Independência com diferença mínima significativa sendo (p) = <0,05 (BIOESTAT,
2005).
Quanto a necessidade de redução dos incisivos de acordo com o seu
formato foi observada mínima significância estatística (p<0,05), ao comparar-se o
formato normal com curvatura em diagonal e o formato normal com curvatura
ventral (Gráficos e tabelas 1 a 3).
Gráfico 1 – Análise do formato dos incisivos em relação à necessidade de redução de seu
comprimento vertical. A análise do formato foi padronizada e determinada através do
uso do gabarito de Bussico
NORMAL DIAGONAL VENTRAL
FORMATO DOS
INCISIVOS
75
Tabela 1 – Análise do formato dos incisivos em relação a necessidade de redução de seu
comprimento vertical. Resultados da Tabela de Contingência = 3 x 2 da análise
estastística de Qui-Quadrado: Teste de Independência
Necessidade de redução dos incisivos (n° de animais)
Formato dos incisivos Não redução Redução_______
Normal 09 0 (zero)
Diagonal 25 20
Curvatura Ventral 07 14
Resultados Lin : Col Qui-Quadrado GL (p)
Partição 1 2 : 2 5.9780 1 0.0145
Partição 2 3 : 2 5.3563 1 0.0206
Geral Tabela 11.3343 2 0.0035
_____________________________________________________________
Gráfico 2 – Incidência da necessidade de redução do comprimento vertical de incisivos com formato
normal em relação à curvatura em diagonal. A análise do formato foi padronizada e
determinada através do uso do gabarito de Bussico
NORMAL DIAGONAL
FORMATO DOS
INCISIVOS
76
Tabela 2 – Análise da incidência da necessidade de redução do comprimento vertical de incisivos
com formato normal em relação a curvatura em diagonal. Resultados da Tabela de
Contingência = 2 x 2 da análise estastística de Qui-Quadrado: Teste de Independência
Necessidade de redução (n° de animais)
Formato dos incisivos Não redução Redução________
Normal 09 0 (zero)
Diagonal 25 20
_____________________________________________________________
Resultados: Qui-Quadrado = 6.353; Graus de liberdade = 1; (p) = 0.0117
_____________________________________________________________
Gráfico 3 – Incidência da necessidade de redução do comprimento vertical de incisivos com formato
normal em relação á curvatura ventral. A análise do formato foi padronizada e
determinada através do uso do gabarito de Bussico
NORMAIS CURVATURA
VENTRAL
FORMATO DOS
INCISIVOS
77
Tabela 3 – Análise da incidência da necessidade de redução do comprimento vertical de incisivos
com formato normal em relação á curvatura ventral. Resultados da Tabela de
Contingência = 2 x 2 da análise estatística de Qui-Quadrado: Teste de Independência
Necessidade de redução dos incisivos (n° de animais)
Formato dos incisivos Não redução Redução________
Normal 09 0 (zero)
Curvatura Ventral 07 14
_____________________________________________________________
Resultados: Qui-Quadrado =11.250; Graus de liberdade =1; (p) = 0.0008
_____________________________________________________________
Quanto à necessidade de redução dos incisivos de acordo com o tipo de
desalinhamento destes não foi observada significância estatística (p>0,05)
conforme demonstram o gráfico e tabela 4.
Gráfico 4 – Incidência da necessidade de redução do comprimento vertical dos incisivos de acordo
com o tipo de desalinhamento. A análise do formato foi padronizada e determinada
através do uso do gabarito de Bussico
DIAGONAL CURVATURA
VENTRAL
FORMATO DOS
INCISIVOS
78
Tabela 4 – Análise da necessidade de redução do comprimento vertical dos incisivos de acordo com
o tipo de desalinhamento. A análise do formato foi padronizada e determinada através do
uso do gabarito de Bussico. Resultados da tabela de Contingência = 2 x 2 da análise
estastística de Qui-Quadrado: Teste de Independência
Necessidade de redução dos incisivos (n° de animais)
Formato dos incisivos Não redução Redução________________
Diagonal 25 20
Curvatura Ventral 07 14
__________________________________________________________________
Resultados: Qui-Quadrado = 2.8309; Graus de Liberdade = 1; (p)= 0.0925
__________________________________________________________________
Dos 75 animais examinados, em relação ao estado de carne, 8 (10,7%)
apresentaram-se magros, 29(38,7%) eram regulares, 36 (48%) estavam em bom
estado e 02(2,6%) estavam obesos.
Quanto à necessidade de redução dos incisivos de acordo com o tipo de
estado corpóreo apresentado pelos pacientes (Gráficos e tabelas 5 e 6), observou-
se mínima significância (p<0,05).
Gráfico 5 – Estado de corpóreo em relação a necessidade de redução do tamanho vertical dos
incisivos
MAGRO REGULAR BOM OBESO


ESTADO CORPÓREO
79
Tabela 5 – Análise do estado de carne em relação a necessidade de redução do tamanho vertical
dos incisivos. Resultados da tabela de Contingência = 4 x 2 da análise estastística de Qui-
Quadrado: Teste de Independência
Necessidade de redução dos incisivos (n° de animais)
Estado corpóreo Não redução Redução_______________
Magro 0 (zero) 08
Regular 15 14
Bom 24 12
Obeso 02 0(zero) ______
Resultados Lin : Col Qui-Quadrado GL (p)
Partição 1 2 : 2 6.7691 1 0.0093
Partição 2 3 : 2 5.0256 1 0.0250
Partição 3 4 : 2 1.7040 1 0.1918
Geral Tabela 1 3.4987 3 0.0037
Gráfico 6 – Estado corpóreo magro/regular versus bom/obeso em relação a necessidade de
redução do tamanho vertical dos incisivos
MAGRO/REGULAR BOM/OBESO
ESTADO CORPÓREO
80
Tabela 6 – Análise do estado de carne magro/regular versus bom/obeso em relação á necessidade
de redução do tamanho vertical dos incisivos. Resultados da tabela de Contingência = 2
x 2 da análise estastística de Qui-Quadrado: Teste de Independência
Necessidade de redução dos incisivos (n° de animais)
Estado de carne Não redução Redução________________
Magro/Regular 15 22
Bom/Obeso 26 12
__________________________________________________________________
Qui-Quadrado = 5.880; Graus de liberdade = 1; (p) = 0.0153
__________________________________________________________________
Considerando-se a extensão da abertura dos incisivos (limite vertical) na
posição de máxima intercuspidação de molares e pré-molares, 4 (5,3%) animais
apresentaram abertura menor que 3,8 mm (equivalente ao ângulo médio de
oclusão de 20° molar/pré-molar de acordo com os cálculos de função
trigonométrica) e 71 (94,7%) apresentaram abertura maior do que 3,8mm (maior do
que 20°).
Quanto à necessidade de redução dos incisivos de acordo a extensão da
abertura destes na posição de máxima intercuspidação molar/pré-molar, não foi
observada significância estatística (p>0,05), (Gráfico e Tabela 7).
Gráfico 7 – Necessidade de redução dos incisivos de acordo com a extensão de sua abertura na
posição de máxima intercuspidação de molares e pré – molares
ATÉ 3,8MM (20°) MAIS DE 3,8MM(>20°)
EXTENSÃO DA ABERTURA
DOS INCISIVOS
81
Tabela 7 – Análise da necessidade de redução dos incisivos de acordo com a extensão de sua
abertura na posição de máxima intercuspidação de molares/pré-molares. Resultados da
tabela de Contingência = 2 x 2 da análise estastística de Qui-Quadrado: Teste de
Independência
Necessidade de redução dos incisivos (n° de animais)
Abertura dos incisivos Não redução Redução__________
3,8mm (20°) 02 02
> 3,8mm (>20°) _________38___________33_____________
Resultados: Qui-Quadrado = 0.0189; Grau de Liberdade = 1; (p)= 0.8908
____________________________________________________________
Dentre os animais examinados 53 (70,1%) apresentaram a extensão da
excursão lateral da mandíbula no ponto de início de contato molar/pré molar
(ELCM) menor ou igual a 15 mm e 22 (29,3%) a extensão da ELCM maior do que
15 mm.
A necessidade de redução dos incisivos de acordo a extensão da ELCM foi
altamente significativa (p< 0,0001), como demonstram o gráfico e tabela 8.
Gráfico 8 – Necessidade de redução dos incisivos de acordo com a extensão da ELCM no ponto de
início de contato molar/pré-molar
 15mm > 15mm
EXCURSÃO LATERAL DA MANDÍBULA NO INÍCIO
DE CONTATO OCLUSAL MOLAR/PRÉ-MOLAR
(ELCM)
82
Tabela 8 – Análise da necessidade de redução dos incisivos de acordo com a extensão da excursão
lateral da mandíbula no início de contato oclusal molar/pré-molar. Resultados da tabela de
Contingência = 2 x 2 da análise estastística de Qui-Quadrado: Teste de Independência
Necessidade de redução dos incisivos (n° de animais)
ELCM __ Não redução Redução__________
15 mm 36 17
> 15 mm____ _________04___________ 18____________
Resultados: Qui-Quadrado= 15.546; Grau de Liberdade = 1; (p) < 0.0001
Quanto à simetria da excursão lateral da mandíbula no início de contato
oclusal molar/pré-molar (ELCM) entre as hemifaces dos arcos dentários, 46
(61,3%) apresentaram ELCM simétricas (até 2mm de diferença) e 29 (38,7%)
apresentaram ELCM assimétricas (mais de 2mm de diferença).
Não foi constatada significância estatística (p> 0,05) em relação a
necessidade de redução dos incisivos de acordo com a simetria da extensão da
ELCM entre as hemifaces dos pacientes como pode ser observado no gráfico e
tabela 9.
Gráfico 9 – Necessidade de redução dos incisivos de acordo com a simetria da extensão da ELCM
entre as hemifaces
 ELCM SIMÉTRICA ELCM ASSIMÉTRICA
EXCURSÃO LATERAL DA MANDÍBULA NO INÍCIO DE
CONTATO OCLUSAL MOLAR/PRÉ-MOLAR (ELCM)
83
Tabela 9 – Análise da necessidade de redução dos incisivos de acordo com a simetria da extensão
da ELCM
. Resultados da tabela de Contingência = 2 x 2 da análise estastística de Qui-
Quadrado: Teste de Independência
Necessidade de redução dos incisivos (n° de animais)
ELCM __ Não redução Redução__ ________
SIMÉTRICA 27 19
ASSIMÉTRICA____ ____13___________ 17_____________
Resultados: Qui-Quadrado = 1.7189; Grau de Liberdade = 1; (p) = 0.1898
____________________________________________________________
Porém, foi constada uma alta significância estatística (p<0,0001) quando foi
correlacionada a prevalência de incisivos em diagonal em relação a simetria de
ELMC conforme se verifica no gráfico e tabela 10.
Gráfico 10 – Prevalência de incisivos em diagonal de acordo com a simetria da extensão da ELCM
entre as hemifaces
DIAGONAL OUTROS FORMATOS
FORMATO DOS INCISIVOS
84
Tabela 10 – Análise da prevalência de incisivos em diagonal de acordo com a simetria da extensão
da ELCM
. Resultados da tabela de Contingência = 2 x 2 da análise estastística de Qui-
Quadrado: Teste de Independência
Necessidade de redução dos incisivos (n° de animais)
ELCM __ Diagonal Outros Formatos__ ___
ASSIMÉTRICA 33 16
SIMÉTRICA____ ____03___________ 21 _____________
Resultados: Qui-Quadrado = 15.734; Grau de Liberdade = 1; (p) = < 0.0001
____________________________________________________________
De acordo com a anamnese realizada no exame pré-cirúrgico, 37 (49,3%)
animais apresentaram algum tipo de dificuldade durante a equitação, como:
resistência para virar para um dos lados, balançar de cabeça, apoio excessivo na
embocadura, levantar a cabeça, esticar a cabeça, colocar a língua para fora,
excessiva tensão na região atlanto-occiptal e flexão anormal da região cervical em
C2/C3 (“encapotado”).
A necessidade de redução dos incisivos de acordo com a incidência de
dificuldades na equitação não apresentou significância estatística
(p> 0,05) conforme pose ser analisado no gráfico e tabela 11.
Gráfico 11 – Necessidade de redução dos incisivos de acordo com a incidência de dificuldades na
equitação
COM DIFICULDADES SEM PROBLEMAS
DIFICULDADES NA EQUITAÇÃO
85
Tabela 11 – Análise da necessidade de redução dos incisivos de acordo com a incidência de
dificuldades na equitação. Resultados da tabela de Contingência = 2 x 2 da análise
estastística de Qui-Quadrado: Teste de Independência
Necessidade de redução dos incisivos (n° de animais)
Dificuldades na Equitação Não redução Redução__________
Com Dificuldades 16 21
Sem Problemas___ ____23___________ 15_____________
Qui-Quadrado = 2.2435; Grau de Liberdade = 1; (p) = 0.1342
Na anamnese e no exame clínico foram identificados 22 (29,3%) animais
portadores de distúrbios mastigatórios e/ou digestórios como mastigação anormal,
lenta ou intermitente, queda de alimento da boca durante a mastigação, perda ou
dificuldade de ganho de peso e síndrome cólica durante os 90 dias que
antecederam o exame e intervenção. Quanto a necessidade de redução dos
incisivos de acordo com a com o histórico de distúrbios mastigatórios e/ou
digestórios observou-se mínima significância estatística (p<0,05) (Gráfico e tabela
12).
Gráfico 12 – Necessidade de redução dos incisivos em relação à incidência de distúrbios
mastigatórios e ou digestórios
 AUSÊNCIA PRESENÇA
DISTÚRBIOS DIGESTÓRIOS
E/OU MASTIGATÓRIOS
86
Tabela 12 – Análise da necessidade de redução dos incisivos em relação a incidência de distúrbios
mastigatórios e ou digestórios.
Resultados da tabela Contingência = 2 x 2 da análise
estastística de Qui-Quadrado: Teste de Independência
Necessidade de redução dos incisivos (n° de animais)
Distúrbios Mastigatórios
e ou Digestórios Não redução Redução__________
Ausência 33 20
Presença__ _ ___08___________ 14_____________
Qui-Quadrado= 4.208; Grau de Liberdade = 1; (p)= 0.0402
_____________________________________________________________
No período de 90 a 120 dias após a intervenção cirúrgica de ajuste oclusal
dos pacientes (Figuras 27 A/B), proprietários, utilizadores e tratadores foram
questionados sobre os animais. A avaliação pós-operatória tardia revelou que:
A - Quanto à condutibilidade: 16 (21,7%) dos animais tratados não sofreram
qualquer tipo de alteração e ocorreu melhora e facilitação da equitação em 59
(78,3%) dos pacientes.
B - Quanto à disposição para trabalhar ou passear: 32 (43,5%) dos animais
tratados não sofreram qualquer tipo de alteração e 43 (56,5%) dos pacientes
estavam mais dispostos para trabalhar ou passear.
C - Quanto à disposição para comer e apetite: 39 (51,7%) dos animais
tratados não sofreram qualquer tipo de alteração e 36 (48,3%) pacientes tratados
apresentavam maior disposição para comer e melhora do apetite.
D - Quanto ao ganho de peso e massa muscular: 27 (34,8%) dos animais
tratados não sofreram qualquer tipo de alteração e 48 (65,2%) obtiveram ganho de
peso e massa muscular. Neste último caso houve relatos de necessidade de
redução da quantidade de alimento fornecido devido ao ganho excessivo de peso
ou aumento exagerado da disposição de trabalhar.
E - Ocorreram alterações comportamentais: 32 (43,5%) dos animais tratados
não sofreram qualquer tipo de alteração comportamental e 43 (56,5%) dos
pacientes tratados estavam mais tranqüilos e calmos.
87
A
B
Figura 27 - Eqüino macho, 8 anos de idade da raça Brasileiro de Hipismo em estação sob
sedação. (A) Exame da cavidade oral. Presença de degrau em no elemento dentário 410
(seta vermelha) e discreta ondulação nos elementos dentários 109 e 108 (setas amarelas).
(B) Após desgaste seletivo para ajuste oclusal. Para melhor visualização as PEED foram
removidas
88
6 DISCUSSÃO
6.1 EXCURSÃO LATERAL DA MANDÍBULA NO INÍCIO DE CONTATO OCLUSAL
MOLAR/PRÉ-MOLAR (ELCM).
A extensão da ELCM média, no ponto inicial de contato oclusal dos dentes
molares e pré-molares, 11,71mm, foi ligeiramente inferior à citada por Rucker
(2004), porém, o desvio padrão, ± 4,1, foi maior. A mediana, 11 e a variação entre
a ELCM mínima de 4,2 mm e máxima de 22,4 mm foram inferiores àquelas citadas
pelo mesmo autor. Os eqüinos deste estudo estavam mantidos estabulados há
pelo menos 1 ano, enquanto, entre os utilizados por Rucker (2004), haviam animais
soltos a campo e estabulados. Rucker (2004) utilizou animais com idades entre 1 e
27 anos. A opção deste experimento por animais acima dos 6 anos de idade
justifica-se pelo fato de que, se animais mais jovens fossem incluídos neste estudo,
a possível presença de dentes decíduos retidos na cavidade oral poderia alterar
significativamente as mensurações da ELCM.
6.2 SEPARAÇÃO DOS INCISIVOS EM POSIÇÃO DE MÁXIMA
INTERCUSPIDAÇÃO MOLAR/PRÉ-MOLAR E ÂNGULOS DE OCLUSÃO
MOLAR/PRÉ-MOLAR
A extensão média (± desvio padrão) de separação dos incisivos em posição
de máxima intercuspidação molar/pré-molar foi 4,73 mm (±1,36) e mediana de 4,9.
A separação mínima mensurada foi de 1,5mm e a máxima foi de 9 mm. Segundo a
equação matemática descrita por Rucker (2004), o valor de 4,73mm (±1,36)
corresponderia ao ângulo médio de 24,94°. Este valor é superior aos citados por
Easley (1996) e Dixon (2005), em que as superfícies oclusais dos dentes pré-
molares e molares não são niveladas com o plano transverso (bucolingual) como
ocorre na maioria dos braquiodontes, mas são anguladas entre 10 e 15°(ângulo de
dorso-bucal para ventro-bucal). No presente estudo, utilizando a equação
89
matemática descrita por Rucker (2004), apenas 4 (5,3%) apresentariam o ângulo
médio de molares/pré-molares dentro da faixa anatômica. Carmalt (2004) tentou
validar os resultados publicados por Rucker(2002) e não obteve sucesso na
correlação entre o ângulo obtido por meio da equação matemática e o ângulo
oclusal mensurado diretamente no elemento dentário. Estes resultados confirmam
as expectativas, pois a necessidade de redução do comprimento vertical dos
incisivos em animais que apresentam separação destes dentes, superior a 3,8mm
(de acordo com os cálculos de Rucker, ângulos oclusais superiores a 18°) na
posição de máxima intercuspidação, não foi significativa (p= 0.8908)..
6.3 NECESSIDADE DE REDUÇÃO DOS DENTES INCISIVOS
Em relação à porcentagem de animais que apresentaram necessidade de
redução do comprimento vertical dos dentes incisivos a expectativa não foi
confirmada, pois, a incidência de animais que tiveram o comprimento vertical dos
incisivos foi de 45,3% (34 animais), muito superior à descrita por Rucker (2004) de
0,92%. Acredita-se que, o que contribuiu para esta maior incidência, foi a correção
e eliminação dos pontos de interferência e prematuridade oclusal de molares e pré-
molares com posterior ajuste oclusal destes visando o balanço e equilíbrio das
hemifaces dos arcos dentários. Os fatores estabulagem e faixa etária mais restrita
dos animais deste estudo também contribuiram para o aumento desta incidência.
A necessidade de redução dos dentes incisivos de acordo com o seu estado
corpóreo foi minimamente significativa (p<0,05). Foi observado que, quanto pior o
estado de carne dos animais, maior a incidência da necessidade de redução do
tamanho vertical dos dentes incisivos. Isto era esperado, pois, de acordo com Dixon
(2003), a maioria das anormalidades de desgaste dos dentes Incisivos são
freqüentemente associadas com a oclusão anormal dos dentes molares e pré-
molares, a qual pode levar a dificuldades na mastigação e apreensão. Através da
mastigação, os dentes proporcionam condições para que ocorram os principais
fenômenos físico-químicos da digestão, sem os quais não será iniciada uma
digestão adequada, como também a digestibilidade dos alimentos sólidos ficará
dificultada. Porém, como anteriormente citado, Lowder (2004) relata que,
90
freqüentemente, eqüinos são encaminhados aos veterinários com problema de
perda de peso.
A incidência da necessidade de redução dos incisivos com a ELCM maior que
15 mm é altamente significativa (p<0,001) e confirma as medidas citadas por Rucker
(2004).
A necessidade de redução dos incisivos de acordo com a assimetria da
extensão da ELCM (>2 mm) não foi significativa (p>0,05). Isto confirma a citação de
Easley (1999), onde os cavalos às vezes podem mastigar do lado direito ou do
esquerdo, mas isso não é comprovado, mesmo que alguns animais apresentem uma
maior excursão lateral da mandíbula de um lado do que do outro. No momento da
trituração deve haver contato entre as quatro hemi-arcos dentários, porém, observa-
se que, às vezes, só há o contato entre dois.
Porém, foi constada uma alta significância estatística (p<0,0001) quando foi
correlacionada a prevalência de incisivos em diagonal em relação a ELMC
asssimétrica. Nestes casos foi realizado apenas o alinhamento dos incisivos e não
a redução de seu tamanho vertical. Este fato está em concordância com a citação
anterior de Dixon (2003): a maioria das anormalidades de desgaste dos dentes
incisivos são freqüentemente associadas com a oclusão anormal dos dentes
molares e pré-molares, a qual pode levar a dificuldades na mastigação e
apreensão.
Não foi significativa (p>0,05) a necessidade de redução dos incisivos de
acordo com a incidência de dificuldades na equitação, relatada por proprietários ou
equitadores na anamnese pré-cirúrgica. Segundo Alves (2004), muitos eqüinos não
apresentam qualquer sinal de afecções odontológicas até que ocorram intensas
mudanças dentárias.
Foi minimamente significativa (p<0,05) a necessidade de redução dos
incisivos de acordo com o histórico de presença de distúrbios mastigatórios e ou
digestórios. Esta observação era esperada, pois, segundo Scrutchfield (1991) a
redução do tamanho dos incisivos é indicada quando o seu comprimento excessivo
interfere com a trituração e mastigação normal realizada pelos arcos dentários
molar/pré-molar. Além disto, o presente estudo utilizou apenas animais estabulados
e de acordo com Easley (1996), eqüinos estabulados sem acesso ao pastoreio, não
usam seus incisivos para cortar a forragem e isto pode torná-los excessivamente
longos devido a falta de atrito.
91
6.4 AVALIAÇÃO PÓS-OPERATÓRIA TARDIA (90 A 120 DIAS APÓS O AJUSTE
OCLUSAL)
Acredita-se que a melhora e facilitação da equitação em 59 (78,3% ), a maior
disposição em 43 (56,5%) dos pacientes para trabalhar e passear relatada por
proprietários e equitadores são conseqüência do ajuste oclusal minucioso e
sistemático: aparação das PEED, eliminação dos pontos de prematuridade e
interferência oclusal, equilíbrio e balanceio oclusal entre incisivos e molares/pré-
molares e entre as hemifaces destes últimos.
Easley (1996) afirma que os sinais clínicos de distúrbios odontológicos
freqüentemente não são evidentes para o proprietário, treinador ou cavaleiro até que
a enfermidade esteja bem avançada. Os sinais clínicos de distúrbios odontológicos
na maioria das vezes não são específicos e podem refletir em outros sistemas do
corpo.
Carmalt et al. (2006) realizou o ajuste oclusal em arcos dentários de 16
eqüinos de esporte. Os animais foram montados por um mesmo cavaleiro e tiveram
seus andamentos analisados por dois juízes de provas de adestramento antes e 48
horas após o ajuste oclusal. Os juízes não encontraram diferenças significativas nos
andamentos após o ajuste oclusal. Este autor questiona se os animais poderiam
estar sob efeito doloroso do trauma da recente intervenção odontológica. O presente
estudo avaliou os animais de 90 a 120 dias após o tratamento odontológico, período
suficiente para supressão de qualquer processo doloroso resultante da intervenção.
Nota-se que o trabalho realizado por Carmalt et al. (2006) considerou apenas a
opinião dos juízes. No presente estudo foi considerada a opinião dos equitadores e
proprietários que usam os animais como montaria.
No presente estudo foi observado que a incidência de casos de animais que
se tornaram mais calmos e tranqüilos, 43(56,5%), foi semelhante a dos animais que
apresentaram facilitação na condutibilidade. Possivelmente, a melhora na condução
e a mudança de comportamento sejam resultantes da eliminação da dor facial
causada pela presença de PEED e trauma resultante de pontos de prematuridade e
trauma oclusal.
Um estudo realizado por Teixeira, Luz e Teixeira (2007) em humanos, avaliou
a freqüência de maloclusões morfológicas e interferências oclusais e os sinais
92
presentes em pacientes com disfunções da articulção temporomandibulares (DTM).
Houve associação entre sinais dolorosos articulares e musculares cervical e facial
na presença de DTM. Em eqüinos, Moll e May (2002) afirmaram que, a correção de
incisivos desalinhados e longos, suprimem os sinais clínicos de DTM. Então, estes
autores concluem que um ajuste oclusal adequado poderia ser responsável pela
redução da inflamação da ATM. Baker (2002) diagnosticou casos de DTM. A
correção de anormalidades dentárias, super-erupção dentária, ganchos, rampas e o
equilíbrio e balanceamento dos arcos dentários facilitaram a recuperação e a
reabilitação.
A melhora do apetite e na disposição para comer podem ser creditadas à
eliminação de processos dolorosos como anteriormente mencionados. Diversos
autores também consideram que as PEED diminuem a trituração devido à dor
oriunda do trauma mecânico das PEED na mucosa bucal e na língua ocasionado
pelo aumento do ângulo dentário (MULLER,1991; EASLEY, 1998; RALSTON et al;
2001; DIXON et al., 2005).
Quanto ao ganho de peso e massa muscular em 48 (65,2%) dos pacientes
tratados, acredita-se que seja resultado da eliminação de processos dolorosos em
músculos faciais envolvidos na mastigação, do trauma mecânico sobre a mucosa
bucal e língua causado pelas PEED. Alguns autores tentaram dimensionar a
influência do tratamento dentário adequado na digestibilidade em eqüinos. Raslton et
al. (2001), avaliaram oito eqüinos entre entre sete e 18 anos de idade com PEED,
ganchos e não encontraram diferença na digestibilidade dos nutrientes da dieta, o
que foi atribuído à alteração dentária pouco expressiva nos eqüinos analisados.
Pagliosa et al. (2006) avaliaram a digestibilidade em 13 eqüinos estabulados com
faixa etária entre cinco e oito anos, sem histórico de alterações dentárias, porém
portadores de PEED. Estes autores verificaram um aumento na digestibilidade de
todos os constituintes da dieta, sem alteração do estado corpóreo, num período de
duas semanas após a correção das PEED.
No presente estudo, além do desgaste das PEED, foram realizados a
correção dos pontos de prematuridade e interferência oclusal e o ajuste oclusal entre
todos os elementos dentários da cavidade oral e ainda reavaliou-se os pacientes em
90 a 120 dias após o procedimento odontológico.
Carmalt et al.(2004) não observou diferenças significativas na digestibilidade
dos nutrientes da dieta, ganho de peso e melhora do estado corpóreo em 56 éguas
93
entre três e 18 anos de idade em gestação, com diversas alterações de desgaste e
oclusão dentários, estabuladas apenas no período no qual o experimento foi
realizado.
Segundo Dixon (2003), eqüinos mantidos à pasto praticam uma mastigação
com predominância do movimento de excursão lateral da mandíbula sobre os
movimentos verticais. Por outro lado, este mesmo autor afirma que, eqüinos
mantidos em cocheiras e alimentados com ração industrializada praticam uma
mastigação anormal, com predominância de movimentos verticais da mandíbula.
Este tipo de movimento não é eficiente para a trituração da fibra da forragem. Ainda,
no presente estudo, 22 (29,3%) dos pacientes examinados apresentavam histórico e
manifestações clínicas de distúrbios mastigatórios ou digestórios e 8 (10,7%) dos
animais apresentaram escore corporal magro. Isto não acompanha o critério comum
utilizado por Rasltron et al. (2001); Carmalt et al. (2004) e Pagliosa et al. (2006) que
foi a utilização de eqüinos com escore corporal adequado, sem histórico ou
manifestações clínicas de alterações dentárias.
94
7 CONCLUSÃO
Nas condições em que este estudo foi realizado e com base nos resultados
obtidos conclui-se que:
A mensuração da extensão da excursão lateral da mandíbula no ponto de
início do contato oclusal molar/pré-molar e a presença de assimetria destas medidas
de são de grande valor como guia de orientação na obtenção do equilíbrio e
balanceio entre os hemiarcos molar/pré-molar e na orientação da necessidade de
alinhamento dos incisivos; desde que as mensurações sejam realizadas nas duas
hemifaces do paciente.
Os valores de ângulo oclusal molar/pré-molar mensurados, através do uso de
funções trigonométricas, não são condizentes com os ângulos oclusais anatômicos
de molares e pré-molares relatados na literatura. Não há correlação significativa
entre este cálculo matemático e a necessidade de redução dos incisivos. Portanto,
não foi possível validar este cálculo matemático proposto para determinar o ângulo
oclusal molar/pré-molar e usá-los como parâmetro para o ajuste oclusal em eqüinos.
A necessidade de redução dos incisivos é uma característica individual de
cada paciente.
O ajuste oclusal é uma técnica que beneficia o ganho de peso, massa
muscular e a condução de animais estabulados.
As alterações comportamentais relatadas pelos usuários dos animais, que
se tornaram mais relaxados e calmos após o ajuste oclusal, sugerem que,
possivelmente, que os pacientes sofriam de processos dolorosos na região oro-
facial.
95
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