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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE HISTÓRIA, DIREITO E SERVIÇO SOCIAL
ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA
A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE UBERABA
FRANCA
2008
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ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA
A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE UBERABA
Dissertação apresentada à Faculdade de História,
Direito e Serviço Social da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho, Campus de
Franca, para obtenção do tulo de Mestre em
Serviço Social. Área de Concentração: Serviço
Social Trabalho e Sociedade.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Ângela Rodrigues de
Andrade.
FRANCA
2008
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Barbosa, Zélia de Oliveira
A história do Serviço Social no munipio de Uberaba / Zélia
de Oliveira Barbosa. –Franca : UNESP, 2008
Dissertação – MestradoServiço Social – Faculdade de
História, Direito e Serviço Social – UNESP.
1.Assistentes sociais – Uberaba (MG). 2.Serviço social
História.
CDD – 361.981
ZÉLIA DE OLIVEIRA BARBOSA
A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE UBERABA
Dissertação apresentada à Faculdade de História, Direito e Servo Social da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Franca, para
obteão do tulo de Mestre em Servo Social. Área de Concentrão: Servo
Social Trabalho e Sociedade.
BANCA EXAMINADORA
Presidente: _________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Ângela Rodrigues de Andrade.
2º Examinador: ______________________________________________________
3º Examinador: ______________________________________________________
Franca (SP), _____ de ___________________________ de 2008.
Dedico este trabalho aos Assistentes Sociais
pioneiros do trabalho profissional em Uberaba.
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Professora Maria Ângela Rodrigues de Andrade,
pela contribuição, carinho e apoio durante a construção deste estudo;
Aos Professores, Padre Mário José Filho e Cirlene Ap. Hilário da S.
Oliveira, pelas contribuições dadas através do Exame Geral de Qualificação, que
foram determinantes no aprimoramento da metodologia da pesquisa de campo;
À Gigi e toda a equipe da Pós-graduação da UNESP, pela
disponibilidade e presteza no atendimento;
Aos sujeitos de minha pesquisa, pela disponibilidade, paciência e
contribuição, que foram de fundamental importância para a construção deste
trabalho;
À minha família, principalmente aos meus filhos (Marcus Vinícius e
Rodrigo), minha mãe (D. Aparecida) e o Geraldo pela compreensão e apoio durante
todo o período que dediquei a este estudo;
À tia Ge, pela acolhida em sua casa, por várias vezes, em minhas idas a
Franca;
Aos colegas de trabalho do CAISM, principalmente, ao Joel, Cecília,
Aparecida Beatriz, Hilza, Kelle e toda a equipe da Mastologia, pela tolerância às
minhas ausências, tão necessárias para a concretização deste estudo;
Por fim, às amigas, Mirna e Zenaide, pela contribuição dada na
realização da pesquisa de campo.
BARBOSA, Zélia de Oliveira. A história do Serviço Social no município de
Uberaba. 2008. 135 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) Faculdade de
História, Direito e Serviço Social, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”, Franca, 2008.
RESUMO
O presente estudo tem por finalidade conhecer a história do Serviço Social no
município de Uberaba, através das memórias dos profissionais que iniciaram o
trabalho profissional na cidade, possibilitando conhecer quem foram os primeiros
assistentes sociais do município e como foi o trabalho profissional deles. Propõe-se,
ainda conhecer o perfil dos Assistentes Sociais de Uberaba, na atualidade. Para
tanto, utilizou-se de informações colhidas dos questionários aplicados a todos os
profissionais residentes no município.
Palavras-chave: Serviço Social Uberaba. Serviço Social história. Assistentes
Sociais – Uberaba.
BARBOSA, Zélia de Oliveira. The history of Social Service in the city of Uberaba.
2008. 135 f. Dissertation (Master's Degree in Social Service) - Faculty of History, Law
and Social Service, University State Paulista "Julio de Mesquita Filho," Franca, 2008.
ABSTRACT
The study at hand has as an objective know the history of the social service in the
city of Uberaba. Through memories of the Social Workers that initiated the
professional work on the city. Therefore, it is proposed to know who were the first
assistants, where they are today and how was their professional work. Our objective
is to tell a story through the mosaics, that the speeches represent. And so, contribute
to the construction of the history of the career in the city, immortalizing the memory of
those who helped built the history told today and materialize this history, through this
study, aiding with the local congeries of the social service career in Uberaba.
Keywords: Service - Uberaba. Service - history. Social Assistants - Uberaba.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................11
PARTE 1...................................................................................................................15
CATULO 1 O SERVIÇO SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS NO CONTEXTO
SOCIAL BRASILEIRO.......................................................................15
CAPÍTULO 2 O UNIVERSO DA PESQUISA: O MUNICÍPIO DE UBERABA ..........27
2.1 Caracterização do município ...............................................................................27
2.2 Uberaba, um pouco de história. ..........................................................................32
2.3 A religião como aliada na assistência aos pobres...............................................38
2.4 A política pública de assistência social no município de Uberaba.......................44
CAPÍTULO 3 RECOMPONDO A HISTÓRIA ATRAVÉS DAS MEMÓRIAS.............45
3.1 Questões da pesquisa.........................................................................................45
3.1.1 histórico da formação profissional dos sujeitos da pesquisa............................47
3.1.2 Os pioneiros em seu exercício profissional no município de Uberaba .............59
3.1.3 As demandas para a profissão no município....................................................62
3.1.4 A organização da categoria enquanto classe...................................................67
3.1.4.1 O surgimento da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba como
resposta ao movimento organizativo da categoria ....................................................76
3.1.5 A expansão do serviço social no município......................................................84
3.1.6 Outras questões pertinentes ............................................................................86
PARTE 2 ..................................................................................................................87
A CARACTERIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE UBERABA NO ANO DE 2007 87
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................96
REFERÊNCIAS.........................................................................................................99
APÊNDICES ...........................................................................................................103
Apêndice A - Termo de Consentimento e Esclarecimento................................105
Apêndice B – Questionário...................................................................................106
ANEXOS .................................................................................................................107
Anexo A – Estatuto da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba .......108
Anexo B – Diretorias da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba.....121
Anexo C – Artigo de Jornal “Ao povo de Uberaba” (06/maio/1983)..................125
Anexo D – Documento referente aos Anais do I Encontro dos Assistentes
Sociais em Uberaba – 1990.................................................................126
Anexo E – Relação dos Profissionais que participaram do I Encontro de
Assistentes Sociais de Uberaba ........................................................127
Anexo F – Carta à população referente à Lei que regulamenta a Profissão.......128
Anexo G – Artigo de Jornal: Prática ilegal da profissão....................................129
Anexo H – Ofício da AASU à Secretária de Trabalho e Ação Social.................130
Anexo I – Carta ao Reitor da UNIUBE..................................................................131
Anexo J – Carta aos profissionais pelo Dia do Assistente Social....................132
Anexo L – Certificado de participação no Plano de Participação Popular.......133
INTRODUÇÃO
O presente estudo, de caráter qualitativo, tem por finalidade a reconstrução
da trajetória da história do Serviço Social no município de Uberaba, buscando suas
particularidades impostas e construídas no contexto histórico e econômico do
município.
Propõe contribuir com a memória do exercício profissional, para valorizar os
pioneiros e a participação destes, como protagonistas do processo histórico da
profissão no município. Nessa direção, pode-se dizer que o cenário atual da
profissão é resultante, também, das incessantes lutas por esses profissionais
pioneiros, dos quais, alguns já não se fazem mais presentes, mas que foram
importantes para a construção de projetos e sonhos que, hoje, são realidade. Por
isso, tamm, a preocupação em registrar a história, enquanto temos quem a conte
da forma mais verdadeira possível. Acreditamos também, que esse estudo, possa
oferecer elementos para outras pesquisas ou estudos direcionados para essa
temática.
Propõe, ainda, conhecer o perfil dos profissionais residentes em Uberaba no
ano de 2007, de forma a contribuir com a reflexão acerca da realidade vivida por
eles, destacando algumas particularidades resultantes da relação entre a vida
objetiva e subjetiva do sujeito coletivo, podendo ser determinante na construção de
saberes e visão de mundo, que refletem na vida profissional.
Este estudo, construído à luz da pesquisa qualitativa, mas que também, em
dado momento, quantifica, ao traçar o perfil da categoria, está dividido em duas
partes, sendo que a primeira compõe-se de três capítulos. O primeiro, apresenta a
história do Brasil, situando o surgimento e desenvolvimento do Serviço Social, de
forma a possibilitar uma melhor compreensão da trajetória histórica do Serviço
Social, no município de Uberaba. Para tanto, fez-se uma síntese dos fatos mais
relevantes na história do Brasil, considerando os aspectos econômicos e políticos
decisivos para a política social brasileira. Esse breve passeio pela história do Brasil
possibilitou identificar, no contexto, a trajetória histórica do Serviço Social, facilitando
a compreensão da realidade política e social vivida localmente, já que o município é
parte dessa conjuntura política e social brasileira.
O segundo capítulo, trata do universo da pesquisa. Apresenta-se aqui, a
história de Uberaba desde o seu surgimento, até a atualidade. Aqui, procurou-se
contar a história com certa riqueza de detalhes, de forma a deixar uma contribuição
para os pesquisadores, sobre a História de Uberaba, dada a dificuldade de se
encontrar registros acessíveis para esse estudo.
No terceiro e último capítulo da parte um, apresenta-se a pesquisa, que foi
realizada junto aos dez sujeitos, que foram identificados entre os profissionais
residentes em Uberaba, como pioneiros do exercício profissional no município.
Por último, como parte dois, encontra-se a apresentação da pesquisa que
busca conhecer a caracterização dos profissionais residentes em Uberaba na
atualidade, cujos resultados e análises são demonstrados a partir da exposição em
gráficos, mostrando os dados sobre a identificação, e sobre os principais espaços
sócio-institucionais ocupados por eles.
Como justificativa para a escolha e o interesse por este tema, podemos dizer
que tem a ver com o nosso envolvimento político em defesa da categoria,
manifesto desde o início do trabalho no município de Uberaba, no do final da cada
de 1980, mais precisamente, em meados de 1988. Embora nossa trajetória
profissional esteja vinculada ao campo da Saúde, sempre nos dedicamos,
concomitantemente, às ações e atividades em defesa da classe e fortalecimento do
projeto ético-político profissional, o que justifica nossa participação em todas as
diretorias da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba e, nas duas últimas
gestões, do Conselho Regional de Serviço Social de Minas Gerais.
A seguir, vamos apresentar os passos metodológicos da pesquisa realizada,
a qual possibilitou conhecer os pioneiros e sua história profissional, que passa a
compor a história da profissão no município de Uberaba.
Metodologia da pesquisa:
Com o objetivo de conhecer o Serviço Social no município de Uberaba e,
mais especialmente, recuperar a memória histórica do Serviço Social neste
município, construímos nossa pesquisa de campo.
MINAYO, (2003, p. 16), define metodologia como o “caminho do pensamento
e a prática exercida na abordagem da realidade. (...)”, e pesquisa comoa atividade
básica da Ciência na sua indagação e construção da realidade”.
Para melhor compreender a investigação que aqui propomos, vale lembrar
em MINAYO, que “as questões da investigação estão relacionadas a interesses e
circunstâncias socialmente condicionadas. São frutos de determinada inserção no
real, nele encontrado suas razões e seus objetivos.
Para consistência do pensamento no processo de compreensão do objeto a
ser pesquisado: A história do Serviço Social no município de Uberaba, o primeiro
passo no caminho da investigação, foi o de identificar os sujeitos de nossa pesquisa
em meio aos profissionais do município. Para tanto, decidimos por aplicar um
questionário a todos os Assistentes Sociais do município, que foram graduados até
julho de 2006, e ainda aos profissionais aposentados. Optamos pelo questionário
semi-estruturado, com questões fechadas e abertas, para atender o interesse da
pesquisa. Este foi cuidadosamente elaborado, de forma a coletar dados, suficientes
para identificar os assistentes sociais pioneiros no exercício profissional em Uberaba
e/ou os que estão há mais tempo no município, de forma a contribuir com a pesquisa
que tem como objetivo principal, a recuperação da memória do Serviço Social no
município de Uberaba. O questionário trás também campos que, informa os dados
necessários para conhecer o perfil profissional dos Assistentes Sociais da cidade de
Uberaba.
Para a aplicação dos questionários, contamos com o apoio de um profissional
Assistente Social, Mirna N. S. Souza, por tratar-se de um número maior de
profissionais, para possibilitar a aplicação do questionário de forma individualizada,
sem prejuízos à pesquisa. Esta fase da pesquisa, durou cerca de seis meses, entre
o primeiro e o último questionário aplicado. A maior dificuldade encontrada, nesta
fase, foi a de localização de endereços dos profissionais, principalmente daqueles
que não estavam no exercício profissional. Existiam, também, aqueles que já haviam
mudado de endereço, dificultando a localização. Como sugestão da própria Banca
de Qualificação, buscamos o apoio do Conselho Regional de Serviço Social
(CRESS), Região, com Sede em Belo Horizonte, Minas Gerais, para ter acesso
aos endereços dos profissionais vinculados a esse Conselho. Solicitamos portanto,
que nos fosse encaminhado uma lista, com os nomes e endereços dos Assistentes
Sociais residentes em Uberaba. Esse material demorou a chegar em nossas mãos,
pois precisou ser avaliado pelo Setor Jurídico do CRESS, para sua liberação.
Precisava-se avaliar a permissão para o repasse de tais informões. Contudo,
passados aproximadamente três meses da solicitação, recebemos o documento
(com nome e endereço residencial), o qual, para nossa frustração, não arrolava
todos os profissionais que aqui residiam. Constatamos que alguns deles,
principalmente os que migraram de cidades vizinhas, ainda mantinham, junto ao
CRESS, os endereços de origem. Apesar disso, conseguimos aplicar o questionário
a 110 profissionais. A relação informada pelo CRESS continha 116 nomes de
profissionais. Destes, 96 responderam ao questionário e 20 não responderam. Dos
vinte que o responderam, quatro se abstiveram de responder, 09 não residiam
mais na cidade e 07 não conseguimos localizar. O questionário foi aplicado a 110
profissionais, o que significa que 14 o estavam na lista do CRESS. Para locali-
los, buscamos o apoio da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba (AASU),
através do cadastro dos Associados. A AASU mantém um cadastro de quase todos
os Assistentes Sociais do Município, além de disponibilizar, num Site
1
, informações
dirigidas aos profissionais do município.
A partir dos dados colhidos pelos questionários aplicados, num total de 110,
identificamos os profissionais que participaram da história inicial do Serviço Social
no Município de Uberaba, que passaram, então, a fazer parte da construção da
segunda fase da pesquisa de campo.
Segundo Dalbério (2004, p. 177), “o método histórico busca informações no
passado para entender o presente e forjar uma nova realidade no futuro. Este
método contribuiu para a pesquisa, como técnica na busca investigativa, através de
entrevistas, ao envolvermos sujeitos que vivenciaram ou tiveram, de alguma forma,
contato com a história inicial do Serviço Social no Município de Uberaba.
Dos cento e dez Assistentes Sociais que responderam ao questionário,
identificamos dez, como pioneiros do exercício profissional no município e que
tamm se destacaram na ordem cronológica do início do exercício profissional no
município. Consultados sobre a possibilidade de participar desta pesquisa, todos
concordaram em contribuir com o nosso estudo. Optamos neste momento, pela
técnica da entrevista e, como instrumento para registro, utilizamos um gravador,
sendo, posteriormente, transcritas as falas de forma rigorosa.
1
Cf. Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba on-line.
PARTE 1
CATULO 1 O SERVIÇO SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS NO CONTEXTO
SOCIAL BRASILEIRO
Ao se propor falar sobre a história do Serviço Social, seja em qualquer ponto
do País, precisa-se conhecer suas origens no Brasil. Sem esse aporte da história,
não se tem a compreensão da totalidade e do presente. Assim, cabe aqui localizar
onde principia essa história e os fatos mais relevantes ao seu surgimento e
trajetória. Apesar da riqueza contida na história que deu origem ao Serviço Social,
serão pontuados alguns trechos e conteúdos mais relevantes que compõem a
história do Serviço Social no Brasil, considerando os aspectos políticos,
econômicos e sociais determinantes para os rumos da profissão, na atualidade.
Esta visita à história do Serviço Social brasileiro se faz necessária para melhor
situarmos o contexto do objeto a ser estudado.
Para apresentar este cenário, destacar-setambém, na história do Brasil,
as políticas sociais a partir da emergência do processo de industrialização do país,
principalmente a partir de 1930, quando do surgimento do Serviço Social no Brasil.
Destacam-se, elementos importantes que antecederam o período e foram
determinantes no curso da História, inclusive do município de Uberaba, que se
desenvolve juntamente com o Brasil, à luz de sua política econômica e social,
como se verá mais à frente.
Sobressai, como marco teórico deste percurso, o período de transição entre
o regime monárquico e a implantação da República Federativa do Brasil, em 1889,
decisivo para a seqüência da história. Contudo, tanto o primeiro presidente,
quanto seus sucessores, mantiveram os privilégios às elites dominantes, ficando o
povo sem direito a qualquer forma de participação efetiva, como propõe uma
república. A mudança de regime não se preocupou em minorar os sofrimentos das
camadas mais baixas da população. Sua fragilidade fortaleceu os problemas que
afetaram a economia do País. Mesmo com a produção farta na agricultura e os
produtos escoados no mercado externo, com o café como destaque, o país
continuava importando mais do que conseguia vender. A dívida com a Inglaterra
crescia e o governo não tinha mais recursos para investir, igualmente, no
desenvolvimento de todas as regiões do país. Passou-se a privilegiar as áreas que
mais contribuíam para as exportações. Neste sentido, a desigualdade no processo
de desenvolvimento do País apresentava-se, também, geograficamente - o que
permanece até os dias de hoje. O centro-sul foi privilegiado com os recursos
destinados a fortalecer a balança comercial. Registrou-se, na última década do
século XIX, franca decadência da economia nordestina baseada na produção de
açúcar e cacau.
Após esse período, começaram os investimentos em obras de infra-estrutura
como estradas de ferro, redes de telégrafos, entre outras.
No campo das políticas sociais, viu-se muito pouca preocupação pelos
sucessivos governos republicanos, apesar de terem sido eleitos pelo voto direto
até 1930, lembrando que mulheres e analfabetos eram excluídos do direito ao voto.
A cultura e exportação do café foram decisivas na política econômica do
país, o que levou a uma concentração em terras mais férteis e ao atraso no
processo de industrialização, produzindo um crescente número de desempregados
como forma de reduzir os salários e aumentar a exploração. Como diz Martinelli
(1997, p. 29) ao definir o capitalismo na vertente do pensamento marxista,o
capital é uma relação social e o capitalismo um determinado modo de produção,
marcado não apenas pela troca monetária, mas essencialmente pela dominação
do processo de produção pelo capital.” Assim, esse grande número de
desempregados determinantes do aparecimento de uma nova classe constituída
pelos que nada tinham, exceto a força de trabalho sem os meios de produção,
ficava à espera dos detentores do capital, que representavam apenas uma minoria
da sociedade”.
Foi neste período conturbado que surgiu o Serviço Social no Brasil, numa
sociedade urbano-industrial dos anos de 1930, numa conjuntura característica do
desenvolvimento capitalista marcada por conflitos de classe, pelo crescimento
numérico e qualitativo da classe operária urbana e pelas suas lutas sociais contra a
exploração do trabalho e pela defesa dos direitos de cidadania. O Serviço Social
surgiu com o desdobramento da Ação Social e da Ação Católica da Igreja,
monopólio na formação de agentes sociais especializados.
Iamamoto e Carvalho relatam sobre esse processo:
A implantão do Serviço Social o é [...] um processo isolado.
Relaciona-se diretamente às profundas transformações econômicas e
sociais [...]. Seu surgimento se no seio do bloco calico, que
manterá por um peodo relativamente longo um quase monopólio de
formão dos agentes sociais especializados, tanto a partir de sua
própria base social, como de sua doutrina e ideologia. O Serviço Social
o se origina do interior do bloco católico, como se desenvolve no
momento em que a igreja se mobiliza para a recuperão e defesa de
seus interesses e privilégios corporativos, e para a reafirmação de sua
influência normativa na sociedade. [...].
O Serviço Social começa a surgir como um “departamento” especializado
da Ação Social e da Ação Católica, num momento extremamente
importante para a definição do papel da Igreja dentro das novas
características que progressivamente vai assumindo a sociedade
brasileira. (IAMAMOTO, 1998, p. 213, destaque do autor).
Portanto, a Igreja Católica teve sua importância na configuração da
identidade que marca a origem do Serviço Social no Brasil, sendo responsável pelo
seu ideário inicial, seu campo de ação, pelas agências de formação dos primeiros
Assistentes Sociais.
Enquanto o Brasil vivenciava o intenso processo de urbanização e
industrialização, muitos países da Europa já se encontravam muito à frente na
industrialização. As lutas pelos direitos da classe operária aconteciam de forma
mais organizada, o que garantiu várias vitórias sobre a burguesia.
No Brasil, não havia, ainda, uma legislação trabalhista que amparasse a
classe operária, fazendo emergir constantes conflitos na luta por direitos básicos
como redução da carga horária, melhores salários e condições mais salubres no
ambiente de trabalho.
Compreender todo esse processo de lutas e mudanças requer compreender
o capitalismo em sua condição de categoria histórica, social e econômica, como
modo de produção associado a um sistema de idéias e a uma fase histórica, tendo
como elemento central o caráter comercial do capitalismo” (IAMAMOTO, 1998).
A partir dos anos de 1930, em que culmina a revolução de 1930 e a
deposição do então Presidente Washington Luís pelo Golpe de Estado, por Getúlio
Vargas iniciou um período caracterizado pelo poder centralizado no Executivo e
pelo aumento da ação intervencionista do Estado. Referente a este período,
identificamos em Silva (1995, p. 24), a citação abaixo:
O Estado Novo, então instituído, defronta-se com duas demandas: absorver
e controlar os setores urbanos emergentes e buscar nesses mesmos
setores, legitimação política. Para isso adota uma política de massa,
incorporando parte das reivindicações populares, mas controlando a
autonomia dos movimentos reivindicatórios do proletariado emergente,
através de canais institucionais, absorvendo-os na estrutura corporativista
do Estado.
Foi nesse quadro político conflituoso que surgiram as primeiras escolas de
formação profissional. O Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo (CEAS), em
1932, formou sua primeira turma e, em 1937, no Rio de Janeiro, a segunda. Todas,
inclusive suas sucessoras, foram fortemente influenciadas pela doutrina social da
Igreja Cristã, que marcou a origem do Serviço Social no militantismo católico:
O Serviço Social surge num momento em que o modo de produção
capitalista define a sociedade em que a Igreja se insere. É também um
momento em que a ideologia das classes dominantes não é mais a da
Igreja. Não é mais ela quem cria e difunde ideologia dominante. Esta passa
a ser produzida e difundida por outras instâncias da Sociedade Civil e
Política, que são monopolizadas e controladas pelos grupos e classes que
mantêm o monopólio dos meios de produção. (IAMAMOTO, 2000, p. 230).
Com o "estado de emergência" instituído, aumentaram, ainda mais, os
poderes do Presidente e de seu governo, permitindo, inclusive, invasão de casas,
prisão e expulsão do país às pessoas consideradas contrárias ao regime. Os crimes
políticos passaram a ser punidos com pena de morte. As Forças Armadas passaram
a controlar as forças públicas com a ajuda da Polícia Secreta, especializada em
práticas violentas, como torturas e assassinatos.
A Constituição Federal de 1937 foi inspirada na Constituição Polonesa. Por
isto, recebeu o apelido de Polaca. A Polônia, nessa época, vivia um regime fascista,
autoritário.
Considerando todo o período da história republicana, pode-se dizer que foi na
década de 1930 que as sucessões de crises econômicas mais desgastaram o tecido
político, ocasionando profundas mudanças das políticas econômicas e das formas
de organização do Estado.
As políticas sociais surgem no sistema capitalista monopolista como resposta às
pressões das classes operárias, como forma de reparação aos agravos provocados
pela exploração das forças produtivas e para manuteão do sistema responsável pela
concentração, cada vez maior, da renda em favor dos grupos hegemônicos. Tornava-
se, assim, necesria a manutenção da paz social, via políticas públicas. Grande parte
dessas políticas surgiram no governo de Vargas, período considerado como importante
marco na conquista dos direitos trabalhistas. Porém, com evidente processo
excludente, já que dava direito apenas aos segmentos produtivos.
Enquanto isso, com a criação das escolas, cresce o mero de Assistentes
Sociais formados, predominantemente do sexo feminino.
Em 1949, na Sessão Internacional da UCISS, o Serviço Social católico é
assim definido: “uma forma de ação social (no sentido moderno e técnico da
palavra) que, por métodos técnicos apropriados, baseados em dados
científicos, quer contribuir para a instauração ou manutenção da ordem
social cristã favorecendo a criação ou o bom funcionamento dos quadros
sociais necesrios ou úteis ao homem” (AGUIAR, 1995, p. 32, destaque do
autor).
Helena Junqueira, pioneira como assistente social e que teve grande
importância na construção da história, afirma:
A partir dos meados da década de quarenta, assumiu o Serviço Social uma
preocupação pragmatista, alienada pela metodologia trazida dos Estados
Unidos, em razão de considerável intercâmbio (bolsas de estudo e
literatura) iniciado com aquele País, como resposta a uma quase ausência
de métodos e técnicas na concepção européia do Serviço Social, que então
predominava. (JUNQUEIRA apud MARQUES, 1997, p. 73).
As décadas de 1930, 40 e 50 foram períodos básicos na implantação do
sistema industrial brasileiro. Podia-se assistir, nesse período, um crescente aumento
do processo de industrialização e um expressivo avanço do desenvolvimento
econômico, social e político. Esse contexto, sem dúvida, intensificou as relações
sociais, peculiares ao sistema social capitalista.
Nesta citação, Iamamoto identifica onde se apóia o Serviço Social, no início
da formação profissional:
O Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo (CEAS) é considerado
como manifestação original do Serviço Social no Brasil, surge com o incentivo
e sob o controle da hierarquia. Aparece como condensação da necessidade
sentida por sacerdotes da Ação Social e Ação Católica [...] Seu início oficial
sea partir do “Curso Intensivo de Formação Social para Moças” promovido
pelas Cônegas de Santo Agostinho, para o qual fora convidada Mlle. Adele
Loneaux da Escola Católica de Serviço Social de Bruxelas. Ao encerrar-se o
curso, sefeito um apelo para a organização de uma ação social visando
atender o bem-estar da sociedade. (IAMAMOTO, 1992, p. 168).
Getúlio Vargas iniciou a política de proteção social no Brasil, como política
compensatória para controlar tensões sociais, embora mantivesse um governo
extremamente repressor. Desenvolveu uma importante política social neste período,
visando atender às reivindicações da classe operária. Foi a partir desse Governo
que passou a existir o Ministério do Trabalho, criou-se a Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), com leis que assegurassem direitos trabalhistas como: Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS, férias remuneradas, fundos de pensões, etc.
Contudo, os movimentos sindicais sociais e de esquerda prosseguiram nas
lutas, pagando altos preços pelo combate às desigualdades sociais, efetivação da
democracia e conquista de políticas públicas com direitos iguais de acesso.
O Serviço Social, nesse contexto histórico, alimentava-se do Positivismo -
pensamento funcionalista identificado, historicamente, como Serviço Social
tradicional, tendo por fim ajustar ou reajustar o indivíduo ou grupos ao meio.
Até meados da década de 1950, o Serviço Social era uma atividade exercida por
especialistas, sem propósito lucrativo pessoal, reforçando o sentido da caridade:
O caráter caridoso e altruísta, desinteressado, a ação informada por um
humanismo cristão que desconhece as determinações materiais, típicos
desses meios, são elementos propícios para a germinação e o
aparecimento de vocações. Vocação de servir ao próximo e, atitude não
despida de romantismo, de despojar-se de si mesmo para servir à
humanidade, que podem ser confundidas com o sentido e conteúdo de
classe do Serviço Social. (IAMAMOTO, 2000, p. 233).
A partir da cada de 1950, iniciou-se uma inquietação por parte de alguns
profissionais, passando a profissão a reconhecer a necessidade de repensar sua
teoria, postura e métodos. A nese da reconceituação se deu com as teorias e
tentativas de práticas desenvolvimentistas. A resposta às tentativas resultou em
grande ênfase ao processo de desenvolvimento de comunidade, difundido pela ONU
e Estados Unidos.
Em 1957, o Serviço Social foi reconhecido como profissão. Porém, a
formação profissional não dava condições de desenvolver uma crítica de
consciência.
Esta época foi marcada por forte crise política, que levou à renúncia de Jânio
Quadros, em 1961. João Goulart, vice de Jânio, assumiu a presidência num clima
político delicado, ficando no poder durante o período de 1961/64. Neste período,
houve uma abertura às organizações sociais. Estudantes, organizações populares e
trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes
conservadoras que temiam uma virada do País para o socialismo. Esse receio se
justificava pelo momento histórico em que se vivia o auge da Guerra Fria. Chegou a
causar inquietação, tamm aos EUA, que se solidarizou aos brasileiros que temiam
um golpe comunista.
As escolas de Serviço Social passaram a dar ênfase ao ensino do
Desenvolvimento de Comunidade. Propunham um trabalho de ajustamento, de
integração do indivíduo ao seu meio, no qual estaria implícito um juízo sobre esse
“meio” de um todo harmônico, dando a aparência de um sistema estável.
A política desenvolvimentista provocou o empobrecimento da classe
espoliada e sem preocupação, por parte do governo, com o seu bem-estar, ficando
esta sem assistência em saúde, infra-estrutura de saneamento básico, educação,
entre outras necessidades.
Nesse amplo processo da expansão do capitalismo, o Serviço Social
desenvolveu o seu trabalho tendo como base cnica-metodológica o
desenvolvimento de comunidade incentivado pelo setor público como uma estratégia
das políticas anticíclicas para a modernização desenvolvimentista.
Assim, “o eixo teórico-prático da intervenção em organização de comunidade
consistia em melhorar o meio, as condições imediatas, enquanto, nos anos 30,
consistia em mudar o comportamento do indivíduo e da família.” (FALEIROS, 2001,
p. 15).
Com o golpe militar, em 1964, deu-se início ao regime militar (1964-1985)
passando por cinco governos: Castelo Branco (1964-67), criou os atos institucionais;
Costa e Silva (1967-69), instituiu o AI5; Médici (1969-74), o milagre brasileiro; Geisel
(1975-79), deu início à abertura política; e, finalmente, Figueiredo (1979-85), que
encerrou a era do militarismo com a abertura política. Neste período em que o país
viveu completa repressão e perseguições políticas, o Serviço Social também se
recolheu. Além da repressão política, o País vivia, ao mesmo tempo, uma grande
crise econômica.
Nesse contexto, no interior da profissão, aconteceram encontros que deram
origem ao Documento de Araxá, que representou um dos primeiros momentos
históricos do Serviço Social Brasileiro, com finalidade principal de teorizar a sua
prática de acordo com a sua realidade. A proposta de reconceituação
2
surgiu, então,
de alguns profissionais que questionaram a natureza e operacionalização do Serviço
Social.
O movimento de reconceituação, tal como se expressou em sua tônica
dominante na América Latina, representou um marco decisivo no
desencadeamento do processo de revisão crítica do Serviço Social no
continente. O exame da primeira aproximação do Serviço Latino-Americano
à tradição marxista se impõe como um contraponto necessário à análise do
debate brasileiro contemporâneo. O propósito é tão-somente situar aquele
movimento na sua gênese, tendo em vista analise posteriormente o tipo de
2
A respeito consultar Silva, M. G. (1983); Silva, O. S. (1995).
relação com ele estabelecida pela produção brasileira do Serviço Social nos
anos de 1980.
Preliminarmente, deve ser salientado que o movimento de reconceituação
do Serviço Social – emergindo na metade dos anos de 1960 e prolongando-
se por uma década foi, na sua especificidade, um fenômeno tipicamente
latino-americano. Dominado pela contestação ao tradicionalismo
profissional, implicou um questionamento global da profissão: de seus
fundamentos ídeo-teóricos, de suas raízes sócio-políticas, da direção social
da prática profissional de seu modus operandi. (IAMAMOTO, 2001p. 205,
destaque do autor).
O Serviço Social, desde seu surgimento, desenvolveu-se dentro do
pensamento conservador, do positivismo:
A partir das novas condições econômico-políticas criadas com a ditadura
militar e sua crise. Aí reside o solo histórico, o “terreno vivo” no qual se tornou
possível e se impôs com o socialmente necessária uma renovação do Serviço
Social, abrangente e plural, expressa tanto nos campos da pesquisa e do
ensino, da organização político-coperativa dos assistentes sociais como no
mercado profissional de trabalho. (IAMAMOTO, 2001, p. 202, destaque do
autor).
Nessa visão reconceituada, a ação passou a ser inspirada na teoria crítica
marxista, numa visão transformadora em que o Serviço Social percebe o homem
inserido em todo o contexto em que se encontra, sendo ele o agente da própria
história.
O Serviço Social latino-americano é sensibilizado pelos desafios da prática
social. Sua resposta mais significativa se consubstancia na mais ampla
revisão ocorrida na trajetória dessa profissão, que tem aproximadamente
seis décadas de existência. Essa resposta é o movimento de
reconceituação. Esse se perfilou, desde o seu nascedouro, como um
movimento de denúncia – de autocrítica e de questionamentos societários –
que tinha como contraface um processo seletivo de busca da construção de
um novo Serviço Social latino-americano, saturado de historicidade, que
apostasse na criação de novas formas de sociabilidade a partir do próprio
protagonismo dos sujeitos coletivos. (IMAMOTO, 2001, p. 207, destaque do
autor).
Sobre o encontro do Serviço Social com o pensamento marxista, hoje, fonte
norteadora da prática profissional e pilar de sustentação do projeto ético político
profissional:
Embora o movimento de reconceituação tenha se gestado no bojo da
política desenvolvimentista e sido tributário de seus parâmetros teórico-
analíticos, no despontar da década de 1970 passaram a marcar presença
no cenário profissional análises propostas com nítida inspiração marxista,
abrindo uma fratura com suas próprias produções iniciais.
É que se a descoberta do marxismo pelo Serviço Social latino-americano
contribuiu decisivamente para um processo de ruptura teórica e prática com
a tradição profissional, as formas pelas quais se deu aquela aproximação
do Serviço Social com o amplo e heterogêneo universo marxista foram
também responsáveis por inúmeros equívocos e impasses de ordem
teórica, política e profissional cujas refrações até hoje se fazem presentes.
(IAMAMOTO, 2001p. 210, destaque do autor).
A crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia, até que, no dia
31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saíram às ruas e Jango
deixou o país, refugiando-se no Uruguai. Os militares tomaram o poder. Cassaram
mandatos políticos de opositores ao regime militar e tiraram a estabilidade de
funcionários públicos. Iniciou-se o longo período conhecido como Ditadura Militar -
período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Essa época
foi de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos
constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o
regime militar. Mas foi, também, um período marcado por forte mobilização popular
de lutas pela liberdade política, redemocratização e pelos direitos sociais.
Abaixo, serão pontuados, em seqüência, os governos militares e alguns fatos
relevantes que marcaram o período exercendo influência por todo o processo
histórico do país:
- Governo Castello Branco (1964-1967) - foi eleito pelo Congresso Nacional, em 15
de abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém
ao começar seu governo, assumiu uma posição autoritária. Estabeleceu eleições
indiretas para presidente, além de dissolver os partidos políticos. Vários
parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos
tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos
receberam intervenção do governo militar. Foi em seu governo que se instituiu o
funcionamento de apenas dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e
a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). O primeiro seria de oposição, mas era
controlado; o segundo, representava os militares.
O governo militar ims, em janeiro de 1967, uma nova Constituição, que
vinha confirmar e institucionalizar o regime militar e suas formas de atuação.
- Governo Costa e Silva (1967-1969) - General Arthur da Costa e Silva - seu governo
foi marcado por protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar
cresceu no país, com manifestações estudantis e greves de operários, paralisando
fábricas em protesto ao regime militar.
Formada por jovens idealistas de esquerda, a guerrilha urbana se organizou.
Assaltaram bancos e seqüestraram embaixadores para que obtivessem fundos para
o movimento de oposição armada. Em dezembro de 1968, o governo decretou o Ato
Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro ato do governo militar, pois
aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e
aumentou a repressão militar e policial.
- Governo da Junta Militar (agosto/69-outubro/1969) - por problemas de saúde, Costa
e Silva foi substituído por uma junta militar formada por três ministros do Exército,
Marinha e Aeronáutica período de extrema violência e combate às manifestações
de esquerda. O governo decretou a Lei de Segurança Nacional que permitia o exílio
e a pena de morte em casos de "guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou
subversiva".
- Governo Médici (1969-1974) - General Emílio Garrastazu Médici - seu governo foi
considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como "anos de
chumbo". A repressão à luta armada cresceu e uma severa política de censura foi
colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e
outras formas de expressão artística eram censurados. Muitos professores, políticos,
músicos, artistas e escritores foram investigados, presos, torturados ou exilados do
país.
- O Milagre Econômico (1969 a 1973) - período que se destaca na área econômica,
em que o país cresceu rapidamente. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase
12% ao ano, enquanto a inflação se aproximava dos 18%. Com investimentos
internos e empréstimos no exterior, o país avançou e estruturou sua base de infra-
estrutura. Neste período, foram gerados milhões de empregos. Foi nesta época que
se construiu a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio/Niterói. Sabe-se, porém, que
esse crescimento teve um alto custo para a sociedade brasileira, pois gerou uma
dívida externa muito elevada para os padrões econômicos do País.
- Governo Geisel (1974-1979) - General Ernesto Geisel neste governo iniciou-se
um lento processo de transição para a democracia. Foi, também, o fim do milagre
econômico. Veio a crise do petróleo e a recessão mundial, que interferiram na
economia brasileira e os créditos internacionais ficaram reduzidos. No campo
político, a oposição começou a ganhar espaço. Geisel acabou com o AI-5, restaura o
habeas-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.
- Governo Figueiredo (1979-1985) - General João Baptista Figueiredo - o processo
de redemocratização foi acelerado neste período. Com Lei da Anistia, concedeu-se o
direito de retorno, ao Brasil, dos brasileiros exilados e condenados por crimes
políticos.
Os últimos anos do governo militar foram marcados por um alto índice de inflação e
forte recessão. Com isto, a oposição ganhou espaço, surgindo novos partidos,
fortalecendo os sindicatos.
Em 1984, os brasileiros se mobilizaram e participaram do movimento das
Diretas Já. Era o fim do regime militar. Porém, Tancredo Neves, que fora eleito,
adoeceu e morreu antes de assumir o poder. Quem assumiu foi o seu vice, José
Sarney. Em 1988, foi aprovada a nova Constituição Federal do Brasil que eliminou
os rastros da ditadura militar e estabeleceu os princípios democráticos para o país.
O crescente domínio do mercado nos processos econômicos e sociais, a
partir do final da década de 1970, desencadeou novas formas de expressão da
questão social, produzindo efeitos como desemprego, aumento da pobreza e da
exclusão social, a precarização do trabalho e o desmonte de direitos sociais
construídos há mais de um século.
Os antigos mecanismos de proteção social desintegravam-se. Hoje,
predominam políticas sociais residuais, seletivas ou focalizadas na pobreza extrema
como forma de amenizar os impactos destrutivos da nova questão social.
As políticas sociais públicas são linhas ou estratégias de ação coletiva, do
estado e da sociedade de intervenção na realidade, para a concretização dos
direitos de cidadania.
A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa
dos poderes públicos e da sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à
saúde, à previdência e à assistência social, conforme o artigo194 da Constituição
Federal de 1988.
Foi ainda durante o Regime Militar que se iniciou o debate sobre o sistema de
proteção social garantido pelo Estado e o movimento da reforma sanitária ganhou
maior visibilidade. Mesmo com a presença do modelo neoliberal, a força dos
movimentos sociais conseguiu incluir direitos sociais na Constituição de 1988,
auferindo a implantação da seguridade social que, aliás, não chegou a ser um
sistema integrado, pois cada política que compõe o tripé da seguridade é organizada
por lógicas distintas, sendo a Saúde universalista; a Previdência Social, com caráter
de seguro, em que tem direitos aquele que contribui e a Assistência Social, que
se destina a quem dela necessitar, independentemente de contribuição.
A Saúde e a Assistência compõem sistemas descentralizados, com gestão
democrática e participativa, com controle social; a Previdência Social mantém uma
política centralizada. O orçamento da seguridade social é garantido pela União,
Estados, Distrito Federal e municípios e pelas contribuições sociais do empregador e
do trabalhador.
Ainda assim, não consegue cumprir o que já está garantido em lei, como é o
caso da saúde. Hoje, todas as políticas sociais buscam respaldo na Constituição
Federal de 1988 e vêm sendo construídas por seguimentos de leis e estatutos, como
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Estatuto do Idoso, Conselhos de
Diretos, etc., todos com participação do controle social. O Sistema Único de
Assistência Social (SUAS) é um bom exemplo também, com proposta de estruturar,
em todo o País, as ações de assistência social, na perspectiva da universalidade e
proteção social, tendo, como princípio, a substituição do paradigma assistencialista.
O que temos visto nessa política, como fator dificultador para sua implementação e
eficácia, é a forma como os governantes locais têm encaminhado essa política,
usurpando da população seus direitos mais básicos: o da subsistência. Se não
houver a contrapartida do município como se propõe e a composição de equipes
suficientes para a cobertura e atendimento daqueles que dela necessitam, que não
são poucos, então, não há como obter respostas positivas dessa política.
CATULO 2 O UNIVERSO DA PESQUISA: O MUNICÍPIO DE UBERABA.
2.1 Caracterização do município
MAPA 1 – Localização do Município.
Fonte: Uberaba em dados. Disponível em:
(http://www.uberaba.mg.gov.br/uberaba_em_dados_2007).
Uberaba está localizada no Triângulo Mineiro, uma das regiões mais
desenvolvidas do Estado de Minas Gerais, com clima quente, relevo formado por
planaltos, serras e chapadas. Faz fronteira com os municípios de Uberlândia,
Indianópolis, Nova Ponte, Sacramento, Conceição das Alagoas, Veríssimo, Água
Comprida, Conquista, Delta e com o Estado de São Paulo. O Município abrange 5
distritos, com área total de 4.540,51, sendo a área urbana de 256,00 km2 e a área
rural de 4.284,51 km2.
Está situada no entroncamento das rodovias BR-050 e BR-262,
consideradas de integração nacional pela ligação Norte-Sul do Ps e Leste-
Oeste (Corredor de Exportação Porto de Tubarão em Vitória/ES à região Centro
Oeste Brasileira).
Distância entre Uberaba e as principais cidades (km):
MAPA 2 – Localização do Município.
Fonte: Uberaba em dados. Disponível em:
(http://www.uberaba.mg.gov.br/uberaba_em_dados_2007).
Cidades Rodoviária Ferroviária Aérea
Belo Horizonte 481 745 353
São Paulo 487 627 480
Brasília 504 557 340
Goiânia 424 537 360
Rio de Janeiro 860 1.032 558
Vitória 1.022 1.425 800
Curitiba 839 1.205 650
Campo Grande 992 1.736 708
Cuiabá 1.151 1.319 980
QUADRO 1 – Distância entre as cidades.
Fonte: DNIT - Depto. Nacional de Infra-estrutura de Transporte
Uberaba conta com uma atuante Estação Aduaneira de Interior (EADI),
tamm conhecida como Porto Seco, que permite a realização de operações de
importação e exportação com custos mais baixos e grande agilidade no
desembaraço.
População
Crescimento Populacional
Ano Nº. Habitantes
2000 252.051
(1)
2002 261.457
*
2003 265.823
*
2004 274.988
*
2005 280.060
*
QUADRO 2 – Crescimento populacional
Fonte: IBGE – Censo 2000. (*) Estimativa IBGE
Aspectos Econômicos
Evolução do PIB de Uberaba e PIB per
capita
ano R$ PIB/hab.
1996 1.299.798.028,85 5.539,86
1997 1.493.943.581,31 6.249,45
1998 1.506.391.648,07 6.186,79
1999 1.493.022.641,13 6.021,72
2000 1.748.133.727,28 6.925,40
2002 2.927.742.000,00 11.058,17
QUADRO 3 – PIB Uberaba.
Fonte: Fundação João Pinheiro – IBGE
Índices de Infra-estrutura
- 98% das vias da cidade são pavimentadas.
- 99% das residências são abastecidas pela rede pública de água.
- 98% das residências são abastecidas pela rede de esgoto.
- 99,97% das casas urbanas ligadas á rede elétrica da CEMIG.
- 98,75% das casas rurais são ligadas á rede elétrica da CEMIG.
- 1 telefone para cada 2,5 habitantes.
- 1 veiculo para cada 2,7 habitantes.
Educação
Rede de Ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Médio e Médio
Profissional.
Quantidade Federal ¹ Estadual² Municipal ³ Particula
Escolas
02
40
34
54
Professores
81
1.340
1.534
1.320
Alunos
1.950
30.604
25.191
13.151
QUADRO 4 – Rede de ensino.
Fontes: (1) CFET e FMTM 2004. (2) 39ª Superintendência Regional de Ensino - 2004
(3) Secretaria Municipal de Educação – 2004. * Estão incluídos, além dos alunos do ensino
médio os de nível técnico e básico do CEFET.
Saúde
Em 2004, 15% da receita total do Município foi investida em saúde.
Conta com um Cirurgião Dentista para cada grupo de 323 Habitantes (em dez/04),
Fonte : CRO; um Médico para cada grupo de 333 habitantes (em março / 05), Fonte:
CRM; A mortalidade infantil, em Uberaba, é de 14,2/1000 (2004), no Brasil o Índice é
de 36,1/1000 (1998). Expectativa de vida é de 73 anos.
Escolas Profissionalizantes:
01 Centro Educacional da Juventude (CEJU); 02 Cursos Profissionalizantes
“Aprendendo e Construindo” (CPAC); 03 Fundação de Ensino Técnico Intensivo “Dr.
René Barsan” (FETI); 04 Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); 05
Serviço Social da Indústria (SESI); 06 Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(SENAC); 07 Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR); 08 Serviço Social
do Comércio (SESC); 09 Serviço Social do Transporte (SEST); Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte (SENAT).
Instituições de ensino superior
São nove escolas de ensino superior em Uberaba. Oferecem
aproximadamente, 94 cursos de graduação e 49 de pós-graduação (Lato Sensu e
Strito Sensu):
- Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM);
- Universidade de Uberaba (UNIUBE);
- Faculdade de Ciências Econômicas do Triangulo Mineiro (FCCTM);
- Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU);
- Centro de Ensino Superior de Uberaba (CESUBE);
- Centro Federal Tecnológico de Uberaba (CEFET);
- Universidade Presidente Antonio Carlos (UNIPAC);
- Faculdade Talentos Humanos (FACTHUS);
- Universidade do Paraná (UNOPAR-EAD).
Agricultura e Pecuária
Uberaba polariza uma região produtora de 3 milhões de toneladas de grãos. A
produção total de grãos do município é de 600.000 toneladas – safra 2004/2005. Em
2003, Uberaba ocupou o 1º lugar na produção de grãos no Estado de Minas Gerais
(fonte: EMATER).
Uberaba é a maior produtora de soja do Estado de Minas Gerais 104.268
hectares plantados na safra 2004/2005 produção de 312.804 toneladas
produtividade de 3.000 kg/ha/ano. Na safra 2003/2004, a área plantada foi de 99.919
ha, produção de 300.000 toneladas e produtividade de 3.000kg/ha/ano. É, também,
a maior produtora de milho do Estado de Minas Gerais 43.793 ha plantados
produção de 289.500 toneladas produtividade de 6.600 kg/ha/ano. Na safra
2003/2004, a área plantada foi de 40.147 ha, produção de 289.000 toneladas e
produtividade de 6.600 kg/ha/ano. Na safra 2003/2004, a área plantada foi de 40.147
ha, produção de 270.000 toneladas e produtividade de 6.725kg/ha/ano.
É o primeiro maior município em exportação avícola de Minas Gerais, sendo
que Uberaba tem o maior produtor (área de 1.100 hectares) e a maior produção de
cenouras do mundo (38.720 toneladas).
O parque Agro-Industrial é responsável por 30% da produção nacional de
fertilizantes e primeiro produtor de adubos fosfatados da América Latina.
A fazenda Forte, de Uberaba, um dos maiores projetos de criação
avestruzes do país, deve superar a barreira dos 12 mil filhotes em 2003,
aumentando em 50% a produção do ano anterior, que já foi recorde: 8 mil filhotes.
Possui 450 matrizes importadas da Espanha, com previsão de 600 pré-matrizes
para 2004 e 2.000 matrizes para 2006
3
.
2.2 Uberaba, um pouco de sua história:
FOTO 1 - meados de 1930 - Praça Rui Barbosa e Igreja da Matriz.
Fonte: Arquivo público municipal
FOTO 2 – Vista central da cidade em 2006.
Fonte: Uberaba em dados, disponível em www.uberaba.mg.org.br
O início do povoamento que originou a cidade se deu no século XVIII, por
tropeiros em busca de riquezas. Sua população é formada por descendentes de
portugueses, índios, africanos e, em menor quantidade, de italianos.
3
Fonte: Fazenda Pé Ferro – 2003.
Esta área, compreendida entre os rios Grande e Paranaíba, ficou sob a
jurisdição da Capitania de Goiás Capital Vila Boa, até 1816, quando passou para
Minas Gerais. O Triângulo Mineiro era uma área escassamente povoada, ao longo
da estrada que conduzia a São Paulo, como também na região de Araxá,
Desemboque e outros pequenos povoados. A região começou a ter importância
quando Bartolomeu Bueno da Silva um dos mais importantes bandeirantes a
desbravar o interior do Brasil conhecido como Velho Anhanguera
4
, descobriu o
ouro, em Goiás, em 1682. Por ser uma das metas administrativas da Coroa
Portuguesa a exploração dos minerais preciosos, os Governadores da Capitania de
São Paulo e de Minas Gerais articularam a abertura da estrada que desse acesso à
região. Esta missão ficou a cargo de Bartolomeu Bueno da Silva Filho (filho de
Anhanguera). A expedição composta por mais de 150 homens, partiu de São Paulo
em 1722, seguindo, com poucas diferenças, o trajeto original da atual BR
Anhanguera, passando pelos rios Atibaia, Comanducaia, Moji-Guaçu, Rio Grande,
Rio das Velhas, até embrenhar-se por Goiás.
Segundo consta, essa expedição passou pelas terras de Uberaba
5
, deixando
aberta a estrada que ficou conhecida como Estrada Real ou Anhanguera, a qual foi
um importante caminho para a invasão das autoridades portuguesas no período da
colonização e exploração dos minerais preciosos uma das maiores riquezas do
Brasil que foram levados para Portugal e utilizados para pagar dívidas com a
Inglaterra.
A exploração e o povoamento do Triângulo Mineiro não foram diferentes de
todo o Brasil-Colônia. Resultou em amansamento e extermínio de populações
indígenas e dos negros nos quilombos. As estradas para Goiás foram verdadeiras
arenas de batalhas entre exploradores dos sertões e os nativos.
Criou-se, em 1766, o Julgado de Nossa Senhora do Desterro do
Desemboque, sob a administração de Goiás até 1781. O local era rico em minas
auríferas e de intensa exploração. A posse desse Arraial por Goiás foi vantajosa aos
moradores, pois ficaram livres do pagamento de impostos sobre minerais, cobrados
por Minas Gerais.
O Governo de Goiás, continuando com a exploração das terras, para
dinamizar a administração dos Sertões, nomeou Antônio Eustáquio da Silva Oliveira
4
Diabo Vermelho em tupi.
5
Palavra de origem guarani, que significa “água brilhante”.
para a função de Comandante Regente dos Sertões da Farinha Podre O Triângulo
Mineiro - e, em 1811, foi nomeado curador de índios.
Várias expedições passaram pelas terras de Uberaba, como a de Major
Eustáquio, em 1810, que liderou uma Bandeira até o Rio da Prata. Outra, chefiada
por José Francisco Azevedo, alcançou a cabeceira do Ribeirão Lajeado, fundando o
Arraial da Capelinha, aproximadamente a 15 km do Rio Uberaba. Mas este local não
se desenvolveu por falta de água e terras férteis. Por conseqüência, o Regente dos
Sertões comandou outra Bandeira com trinta homens, procurando novas terras para
se estabelecer. Atingiu o Rio Uberaba e fixou-se na margem esquerda do Córrego
das Lages, onde construiu a Chácara da Boa Vista [hoje Fazenda Experimental
Empresa de Pesquisas Agropecuárias de Minas Gerais (EPAMIG)].
Major Eustáquio atraiu fazendeiros e aventureiros que passaram a produzir e
a comercializar na região utilizando as caravanas que ligavam Goiás a São Paulo.
Tempos depois, Major Eustáquio construiu sua residência na Praça Rui
Barbosa (onde, hoje, se localiza o Hotel Chaves). Grande número de pessoas,
sabendo das condições propícias de Uberaba, do prestígio e segurança que o
comandante Major Eustáquio oferecia, migraram para o novo Arraial. Eram
boiadeiros, mascates, comerciantes, criadores de gado, ferreiros e outros.
Os moradores logo ergueram uma Capela que foi benta, em 1818, pelo padre
Hermógenes Cassimiro de Araújo Brunswick, do Desemboque. Assim, foi
estabelecido o reconhecimento do povoado pela Igreja. Vemos, aqui representado, o
poder de decisão que esta instituição exercia sobre os governantes e sobre o povo.
Em março de 1820, o rei D. João VI decretou a elevação de Uberaba à condição de
Freguesia. Esse Decreto Real significou a emancipação e gerência própria em
assuntos de ordem civil, militar e religiosa para a comunidade. A partir daí, criou-se
um cartório eclesiástico que abrangia uma área com limites definidos. Com a
elevação a Freguesia, o padre passava a residir, permanentemente, na Igreja.
A coroa impunha restrições à criação de Freguesias, evitando instituir novas
paróquias, como medida de economia, já que os vigários colados recebiam salários.
Mesmo assim, muitos povoados foram elevados a Freguesia, pois, diante da
necessidade de atender à população, o bispo criava paróquias, provendo-as de
vigários encomendados, que não tinham direito a salário e se sustentavam com
contribuições de seus fregueses.
O pido desenvolvimento com que se dava a elevação de um povoado à
condição de Freguesia, era explicado pela mistura da religião –Igreja Católica – com
a vida cívica, sendo, também, um aglutinador do povoado, considerada a base da
existência social e da identidade dos homens de bem. Sem dúvida, a Igreja foi
determinante no controle da moral e dos bons costumes sobre a sociedade.
A elevação do povoado a Freguesia, em 02/03/1820, representou o
reconhecimento oficial perante o Estado e a Igreja, definindo os limites de seu
território e a abrangência do Cartório Eclesiástico. Implicava na sua ascensão,
inclusive do desenvolvimento social e o próximo passo seria a criação do Cartório
Eclesiástico. Essa organização se completaria, administrativamente, quando da
elevação a Vila e instalação da Câmara Municipal.
Uberaba foi crescendo e as terras foram ocupadas, formando-se extensas
propriedades devido ao baixo valor da terra e isenção de impostos sobre elas (bons
tempos!). Porém, em pouco tempo, reuniu-se seleta população de agricultores,
pecuaristas, comerciantes e outras profissões, o que viabilizou ao Governo
Provincial de Minas Gerais, criar o Município de Santo Antônio de Uberaba, em
1836.
Em 1840, Uberaba passou a sediar a Comarca do Rio Paraná que, mais
tarde, mudaria sua denominação para Comarca de Uberaba, disseminando a justiça
na região. A Vila de Santo Antônio de Uberaba era próspera e ascendeu à categoria
de cidade em 1856, consolidando-se como um importante centro comercial.
Em abril de 1889 - ano de transição política da destituição do regime
monárquico para se instalar a República Federativa - chega a Uberaba a Companhia
Mogiana de Estrada de Ferro, inaugurando o tráfego de passageiros e mercadorias.
O movimento comercial multiplicou-se, a população aumentou pois, com a nova
república, vieram muitos imigrantes, dentre os quais europeus, sírio-libaneses e
japoneses, que passaram a compor a população da cidade e que foram de
fundamental importância para a história de Uberaba. Os europeus foram trabalhar
nas lavouras de café os japoneses foram para o plantio de arroz e os sírio-libaneses
iniciaram suas atividades mascateando pelas fazendas e, mais tarde, abriram
diversas lojas na cidade.
Entre os imigrantes italianos, havia músicos e fabricantes de cerveja. Dentre
os colonos italianos, podemos citar algumas das famílias que, até hoje, se fazem
presentes de alguma forma em nosso município, tais como: Frateschi, Martino, Totti.
Quanto aos japoneses, além dos agricultores, havia também fotógrafos, como as
famílias Kazuo e Akira.
Com certeza, a presença desses imigrantes somou novos hábitos e novos
costumes à sociedade uberabense, influenciando-a em vários aspectos.
A riqueza econômica refletiu na estrutura urbana, surgindo requintadas
construções no estilo eclético. A cidade passou a contar, inclusive, com a iluminação
pública e particular que foi inaugurada em 30 de dezembro de 1905, pela Empresa
Ferreira, Caldeira e Cia. Essa estrutura fortaleceu o centro cultural e o centro
comercial que se transformou em importante articulador de negócios. Pelo seu
pioneirismo, Uberaba recebeu, também, o título de “Princesa do Sertão”.
No século XX, a cidade acelerou seu crescimento, inicialmente pela
agricultura e pecuária e, posteriormente, pelo comércio e indústria, atendendo às
demandas nos aspectos econômicos, culturais e de serviços essenciais à
população.
No entanto,dois fatos vieram a modificar a trajetória de crescimento e
expansão da cidade: a ampliação da Cia. Mogiana de Estrada de Ferro e a chegada
do gado zebu.
A extensão dos trilhos da Cia. Mogiana até Uberlândia e Araguari alterou as
rotas comerciais. Muitos comerciantes passaram a fazer negócios em outras
cidades. O comércio uberabense entrou em crise, deixando características
marcantes desse período.
Numa síntese, podemos visualizar a evolução histórica de transformação do
Distrito dos Índios até a denominação de Comarca de Uberaba
6
, conforme disposta
abaixo:
- 13/02/1811 – Criação do Distrito dos Índios do Santo Antônio de Uberaba;
- 02/03/1820 - Elevação a Freguesia;
- 22/02/1836 - Elevação a Vila;
- 23/03/1840 - Elevação à condição de Comarca (comarca do Rio Paraná);
- 02/05/1856 - Elevação à condição de cidade, retirando-se parte do nome anterior
para ficar apenas Uberaba;
- 12/11/1876 - Mudança da denominação da comarca do Rio Paraná para Comarca
de Uberaba.
6
Fonte: Dados extraídos da abertura do livro de PONTES (1978).
No final do século XIX e início do século XX, entre 1898 a 1915, os
fazendeiros da região, preocupados em melhorar o gado crioulo e caracu existentes,
começaram a viajar e trazer o gado zebu da Índia. O primeiro touro zebu foi
adquirido pelo Cel. Manoel Borges de Araújo. A primeira exposição de gado zebu
aconteceu em 17 de maio de 1906,na Fazenda Cassu,de propriedade do Cel.Jo
Caetano Borges.
Esses acontecimentos, somados à crise do País, provocaram uma
paralisação das atividades sócio-econômicas urbanas e o declínio no processo de
urbanização. Parte da população emigrou e muitos ficaram desempregados. Os
fazendeiros passaram a residir apenas na zona rural. A partir daí, Uberaba ficou,por
muito tempo, caracterizada por uma atividade predominantemente pastoril.
Por outro lado, um fato que também coloca a região em destaque é a
descoberta de vários fósseis nela encontrados. Essas descobertas deram origem ao
“Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price”, instalado em Peirópolis,
às margens da BR 262, no município de Uberaba, que abriga, também, o Museu dos
Dinossauros, com importante coleção de fósseis.
No que se refere à educação,foram fundadas a Faculdade de Odontologia do
Triângulo Mineiro (1948), Faculdade de Filosofia (FAFI,1949) e a Faculdade de
Medicina do Triângulo Mineiro (FMTM,1954).
Na década de 1960,iniciou-se o ciclo industrial, com destaque para o setor
petroquímico, produtor de fertilizantes e defensivos agrícolas e a usina de açúcar de
Delta. Foram instalados três distritos industriais no município. Contudo, seu
destaque ainda é como capital do zebu, onde se realiza,anualmente,a Exposição
Nacional de Gado Zebu, reunindo toda a elite criadora da raça de todos os países,
evento que mobiliza toda a cidade para receber os turistas.
Hoje, Uberaba representa um centro comercial dinâmico, uma agricultura
produtiva, sendo o maior produtor de grãos de Minas Gerais, um parque industrial
diversificado e uma planejada estrutura urbana.
Dada à importância histórica do dia 02 de março de 1820, quando a cidade foi
elevada a Freguesia, o Município instituiu,oficialmente, a data para comemorar o seu
aniversário.
2.3 A religião como aliada na assistência aos pobres
A influência do Espiritismo na história de Uberaba
Discorreremos,aqui,sobre a presença da religião no município de Uberaba,
principalmente o espiritismo, para compreendermos um pouco mais das
particularidades do município com relação às ações de caridade que,
historicamente,estão ligadas à religiosidade, destacando-se a possível influência
exercida pela doutrina espírita de Francisco Cândido Xavier – o Chico Xavier.
Durante o século XIX,houve uma grande onda de manifestações mediúnicas
nos Estados Unidos e na Europa. Essas manifestações consistiam, principalmente,
em ruídos estranhos, pancadas em móveis e objetos que se moviam ou flutuavam
sem nenhuma causa aparente. O cientista, cético até então, Hippolyte on
Denizard Rivail que, mais tarde, adotou o pseudônimo de Allan Kardec
7
, pesquisou
por rios anos as manifestações espirituais. Entregou-se a observações
perseverantes sobre o assunto, cogitando, de atribuir-lhes a conseqüências
filosóficas. Seus estudos, pesquisas e experiências foram realizados com o auxílio
de vários médiuns da época, resultando em cinco obras fundamentais ao
entendimento da doutrina: O Livro dos Espíritos (1857), o Livro dos Médiuns (1861),
o Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O u e o Inferno (1865) e A Gênese
(1868).
O Espiritismo ganhou papel de destaque em toda a sociedade brasileira.
Hoje, são mais de doze mil centros espíritas vinculados a instituições como a
Federação Espírita Brasileira (FEB). Segundo recente reportagem publicada de
Furtado e Casteln (2007),pela Revista ISTOÉ, o mais de 30 milhões de
simpatizantes por todo o Brasil.
A Codificação Kardeciana tem por base a prática do Fora da Caridade não há
Salvação, isto é, a igualdade entre os homens perante Deus, a tolerância, a
liberdade de consciência e a benevolência mútua. Isso pode explicar o fato de a
grande parte, senão todos os centros espíritas desenvolverem obras assistenciais,
como creches, abrigos para idosos, distribuição de alimentos, cobertores, roupas, e
7
Nascido em 03 de outubro de 1804, na cidade de Lyon. Desencarnou em 31 de março de 1869, aos
65 anos, vítima de um aneurisma. Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdon (Suíça) tornou-se
um dos mais iminentes discípulos, bacharel em Letras e em Ciências. Fundou na França cursos
gratuitos de Química, Física, Anatomia, Astronomia, etc.
ainda promoverem campanhas de mobilização da comunidade para as ações de
caridade aos mais necessitados. Todas essas ações são desenvolvidas pelos
Centros Espíritas sem qualquer tributo ou dízimo por parte dos que deles participam
ou usufruem, diferentemente de outras entidades religiosas que até desenvolvem
ações assistenciais, mas, incentivam doações e contribuições ao seu líder, sob a
pena de não ganharem o perdão divino.
Consta nos documentos históricos da cidade que o espiritismo surgiu,em
Uberaba,em meados de 1865, quando Luiz Olímpio Telles de Menezes fundou o
“Grupo Familiar de Espiritismo”.
Inicialmente, as reuniões eram realizadas nos próprios lares dos
simpatizantes da Doutrina. Na época, poucos eram os que se atreviam a
confessarem-se espíritas, pois a reação católica era imediata aos que se
identificavam como tal. O movimento da Igreja Católica contra o espiritismo
percorreu a nação. Contudo, a Doutrina foi ganhando força. E, em Uberaba, o foi
diferente. Entre os pioneiros do espiritismo,em Uberaba,estão pessoas como Manuel
Felipe de Souza, o jornalista Alceu de Souza Novaes, Antônio Cesário da Silva
Oliveira, Maria Modesto Cravo, João Augusto Chaves, Emanuel Martins Chaves,
Mercedes Chaves, Odilon Fernandes, dentre outros. Em 1911,foi inaugurado o
Centro Espírita Uberabense, tendo João Augusto Chaves como precursor da
organização cuja sede ficou completamente pronta em 1918. Com isso, o ‘Professor
Chaves’, como era conhecido, sofreu várias perseguições, principalmente da
imprensa a serviço da Igreja, que exercia sua hegemonia sobre a cidade.
Além da realização dos cultos, foi constituída uma farmácia homeopática, um
ambulatório médico e dentário e o Grupo Escolar Guerra Junqueira, mantido pela
prefeitura, com funcionamento durante o dia. Em paralelo com o Centro Espírita
Uberabense,cogitava-se a abertura de um asilo para doenças nervosas e mentais, o
que gerou o surgimento,mais tarde,do Sanatório Espírita de Uberaba,fundado em
1933, tendo como diretor, desde a sua fundação, o Doutor Inácio Ferreira
(psiquiatra).
Em 1940,foi criada uma instituição em paralelo com o Centro Espírita
Uberabense, a União da Mocidade Espírita de Uberaba (UMEU), fundada por
Manuel Martins Chaves (Lilito).
Destacam-se,na história do município,vários outros nomes como o da Doutora
Amélia de Souza Novaes que,quase analfabeta, desenvolvia ações junto à
comunidade, através de leituras de obras espíritas, além de receitar e tratar as
pessoas com medicamentos homeopáticos. Foi assim que começaram a se formar
grupos de estudo para a divulgação da Doutrina Espírita no município.
Entre vários outros divulgadores da doutrina de Kardec, um que seria o
instrumento de Deus para a consolação daqueles que sofrem: Francisco ndido
Xavier.
Chico Xavier, nascido em 1910, simples, humilde, irradiando bondade, seria a
continuação de Kardec, trazendo, por meio da psicografia, ensinos complementares
à obra do mestre lionês. Sua atuação foi preponderante na propagação e evolução
mediúnica da Doutrina dos Espíritos, desenvolvendo e desdobrando-se nos mais
variados aspectos do conhecimento humano, cativando todos com sua prosa amável
e amiga, fazendo com que todos o saudassem como líder espiritual.
Mudou-se de Pedro Leopoldo para Uberaba em cinco de janeiro de 1959,
passando a compor a “Comunhão Espírita Cristã”. Não demorou muito para receber
o título de Cidadão Uberabense em junho de 1969 por sua presença constante
no campo assistencial e brilhante espírito de solidariedade humana.
Chico Xavier, médium espírita de incontestável mérito, influenciou o
Espiritismo, o em Uberaba, mas por todo o país. Conseguiu abalar a crença
dos mais céticos, fazendo-se admirado por todas as pessoas de diversas camadas
sociais.
Com sua chegada à cidade de Uberaba, as rias instituições espíritas
buscavam nele apoio e sustentação para continuarem desenvolvendo a missão do
espiritismo. E ele se fazia presente, ou freqüentando periodicamente cada
instituição, ou mandando mensagens de incentivo àqueles que trabalhavam para o
bem da humanidade. Sem qualquer vaidade e com toda a humildade que lhe era
peculiar, movimentou a cidade, dando-lhe destaque nacional. Recebia visitantes de
todos os lugares em busca de aconselhamento e de psicografias de familiares
desencarnados. Com isso, sua presença no município era cada vez mais respeitada,
passando a o mais ser questionada por outros líderes religiosos. Sua presença
deu força aos outros Centros Espíritas da cidade que também pregavam o
evangelho espírita e praticavam ações de caridade aos pobres.
Chico Xavier publicou mais de quatrocentas obras psicografadas de espíritos
diversos, sob a orientação de seu mentor espiritual Emmanuel. Sua primeira obra
psicografada foi “Parnaso de Além-túmulo”,em 1932. É importante salientar que
Chico jamais quis receber qualquer quantia pelos livros publicados.Ele realizava a
doação de seus direitos autorais a instituições beneficentes.
Pela sua admirável conduta humanitária de assistência à população e
exemplo de generosidade e modéstia, foi escolhido, por várias vezes, personalidade
do ano. Dedicou toda a sua vida para ensinar e amenizar o sofrimento do ser
humano.
No campo Assistência Social, além da sopa e alimentos que oferecia às
famílias pobres,semanalmente, promoveu diversos eventos assistenciais. Mas o que
ganhou maior dimensão foi a famosa distribuição anual que fazia à época do Natal,
para os pobres, quando mobilizava milhares de pessoas. As filas começavam a se
formar vários dias antes, tomando várias ruas da cidade. Todos recebiam presentes.
Aos adultos,entregava cestas de alimentos roupas novas, além do prato de comida.
As crianças ganhavam brinquedos, roupas novas e comida. O que garantia a
distribuição de roupas novas era o trabalho de senhoras de classe média que,
durante o ano, confeccionavam as roupas. Chico mantinha nas dependências do
Centro uma oficina de costura em que as voluntárias se alternavam durante a
semana, por todo o ano. Foram distribuídos até hoje, milhares de quilos de arroz,
cestas de alimentos, roupas, cobertores e material escolar para famílias pobres. Aos
recém-nascidos eram distribuídas centenas de enxovais por ano.
Outra ação de destaque era a manutenção de um consultório médico, onde
médicos atendiam, em média, setenta consultas por dia, garantindo, ainda, os
medicamentos gratuitamente. Em tempos em que não existia SUS e que os pobres
que não tinham vínculos com o extinto INAMPS eram excluídos dos direitos de
assistência médica e hospitalar, essa era a única via de acesso.
Chico conseguia fazer-se presente em torno de todas essas ações,
orientando, ajudando e trabalhando em favor dos mais necessitados.
Aos finais de semana, recebia diversas caravanas oriundas de outras cidades
ou do exterior, que procuravam pelo “Grupo Espírita da Prece”, cujas portas ficavam
sempre abertas. Eram pais, filhos, irmãos ou amigos desesperados, em busca de
mensagens do ente querido como consolo para continuar vivendo Chico aliviava o
sofrimento de quem por ele procurava.
Ainda na reportagem de Furtado (2007), sobre Espiritismo e os sinais de
Chico Xavier após os cinco anos de sua morte, encontramos o seguinte texto:
[...] "Chico Xavier foi a própria personificação da fome zero, não por
questões políticas ou para angariar votos, mas pelo coração”, diz
Eurípedes, 57 anos. Como ser humano, Chico estava muito além do
médium.
Cinco anos depois da morte do maior líder espírita do País, os trabalhos
sociais iniciados por ele são levados adiante em Uberaba (MG) pelos
amigos e seguidores mais próximos em vida. Como no título de uma de
suas mais famosas obras infantis, O espetáculo continua. “Antes de partir,
ele pediu para que não deixássemos as obras pararem”, conta Kátia Maria,
43 anos, criada por Chico e nos braços de quem o médium faleceu no
início da noite de 30 de junho de 2002. A refeição semanal, que começou
com uma modesta e disputada sopa e que há 13 anos virou um verdadeiro
jantar, no qual são consumidos 50 quilos de arroz, é oferecida toda a
quinta-feira no novo refeitório, ampliado e reinaugurado dois anos. Os
adultos ainda levam para casa dois litros de leite e um sanduíche de
presunto; as crianças ganham doces e um pão de rosca. A cada 15 dias,
aos bados, uma média de 500 cestas básicas, que incluem um frango e
leite, são distribuídas. Grávidas no final da gestação recebem enxoval
gratuitamente. também assistência médica e odontológica em
consultórios montados dentro do centro.
Um dos mais conhecidos centros espíritas de Uberaba é a “Comunhão
Espírita Cristã,” do qual Chico Xavier participou por vários anos. O centro
Comunhão Espírita tem um pequeno abrigo para velhos e uma distribuição de sopa
que se diferencia das outras casas por ser oferecida diariamente. A casa conta com
a doação de gêneros alimentícios entregues por caminhões. É mantida por doadores
de várias regiões do país, em especial pela Senhora Iolanda César, de São Paulo, a
qual se responsabiliza pelo natal dos pobres. tamm, um ambulatório médico
onde contribuem o Dr. Elias Barbosa (professor de Farmacologia da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro) e José da Silva Madeira (Professor Assistente de
Psiquiatria da mesma Universidade), atendendo, em média, 72 pacientes por dia.
Em Uberaba há aproximadamente 97 casas espíritas filiadas a AME.
Realizam trabalhos de divulgação da doutrina espírita e ações de assistência
espiritual e material, trabalhos voluntários, com recursos de doações, campanhas e
promoção de eventos, como festival do sorvete, galinhada, feira da pechincha e
outros.
O Catolicismo e sua contribuição no desenvolvimento de Uberaba
8
8
As informações contidas sobre a religiosidade têm respaldo nas entrevistas realizadas com Fausto
de Vito, revisor de livros e textos espíritas; com o Padre Tomaz de Aquino Prata; e o historiador
Carlos Pedroso, cujo material pode ser encontrado no Arquivo público Municipal de Uberaba.
Em meados de 1900, a Igreja era responsável por manter, em suas
dependências, o cemitério da cidade, ou seja, um cemitério eclesiástico (no
local,hoje,está localizado o Centro Cultural José Maria Barra, na Praça Frei Eugênio
centro da cidade) mais tarde,foi transferido para a Avenida da Saudade nomeado
Cemitério São João Baptista.
Cabia à Igreja a função de fazer os registros de nascimento, casamento e
óbito, exercendo esse controle por um período de mais ou menos cinqüenta anos,
quando surgiram os cartórios de registros civis. A Igreja exercia funções variadas e
diversas ações no campo da saúde, da assistência social e da educação. Com o
passar do tempo,essas funções foram se transferindo para o Estado, no âmbito das
políticas públicas.
Conforme mostra a história do município, em 1856, surge a Santa Casa
Misericórdia para abrigar pessoas doentes, indigentes, desprovidas da cobertura de
assistência médica. Mais tarde, em 1958, passou a pertencer ao Hospital Escola da
Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. Em 1905 foi inaugurado o Asilo São
Vicente de Paula, na Rua Pires de Campos. Toda a população pobre que buscava
ajuda era sustentada pelo Asilo que distribuía alimentos guardados em um grande
depósito para mantimentos. Consta também que o atual Colégio Nossa Senhora das
Dores realizava ações de assistência aos pobres, distribuindo cestas básicas.
Com o surgimento da Doutrina Espírita na cidade, as rivalidades entre os
chamados espiritualistas e os católicos foram se tornando acirradas. O Orfanato
Santo Eduardo, um internato para meninas, foi uma resposta ao surgimento do
Orfanato Espírita. O Asilo Santo Antônio, em 1920, era mantido com um grande
número de doações de adeptos católicos, com registros de até oitenta casas doadas
para a Igreja.
Em 1903, foi inaugurado o Colégio Sagrado Coração de Jesus, mantido pelos
chamados irmãos leigos de origem francesa. O projeto surgiu da idéia de dar estudo
aos mais pobres. Mas, depois, o trabalho foi direcionado à burguesia, tornando-se
um internato para meninos, filhos da elite uberabense, passando a se chamar
Colégio Marista Diocesano, o mais um internato. No Colégio Nossa Senhora das
Dores, criado em 1870, também era mantido o regime de internato. Atualmente,este
regime não permanece. Em 1920, criou-se o Externato São José, mantido pelas
freiras dominicanas, com a finalidade de atender, exclusivamente, aos mais
carentes. Foram construídas,a partir de 1960, creches nas periferias,mantidas pelas
irmãs dominicanas. Mais recentemente, fazendeiros da região também fizeram
doações de terras, o que originou a chamada Fazendinha Jerusalém que funciona
como Abrigo e casa de recuperação para dependentes químicos.
Hoje, Uberaba conta com quinze paróquias que oferecem aulas de
artesanato, computação, corte e costura, entre outras. O catolicismo, como primeira
religião da cidade de Uberaba, foi que deu início à filantropia, com total poder
hegemônico, até o início do culo XX. A Igreja imprimiu características marcantes
na formação da sociedade uberabense que até hoje se fazem presentes.
2.4 A política pública de assistência social no município de Uberaba
A Secretaria de Saúde e Assistência Social
9
do Município de Uberaba foi
criada,oficialmente,pela Prefeitura,em junho de 1982, através da lei municipal 3.298,
sob a gestão do Prefeito Silvério Cartafina Filho. Neste período, havia um único
programa que apresentava características aproximadas ao serviço de Assistência
Social: era o Conselho Municipal do Bem-Estar do Menor (COMBEM), sob a
coordenação da primeira dama do município, a senhora Terezinha de Jesus Pinto
Cartafina.
Pouco tempo depois, em dezembro de 1983, sob a gestão do Prefeito
Wagner do Nascimento, através da lei 3.458, essa Secretaria foi desmembrada em
duas secretarias distintas: a Secretaria de Assistência Social e Promoção Humana
(SASPH) e a Secretaria Municipal de Saúde.
Foi com a criação da SASPH que, pela primeira vez, o governo municipal
passou a ter entre seus assessores, um profissional do Serviço Social.
Alguns anos depois, já na gestão do Prefeito Hugo Rodrigues da Cunha, em 9
de abril de 1990, através do Decreto nº. 525, a SASPH foi extinta para ser criada a
Secretaria Municipal do Trabalho e Ação Social (SETAS), que somente foi
regulamentada em 03 de fevereiro de 1993, pela lei Municipal nº. 026, tendo uma
pedagoga como secretária.
Em conseqüência das políticas públicas garantidas pela Constituição Federal
de 1988 e dos princípios da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), em 27 de
9
Dados coletados em pesquisa realizada junto aos arquivos da Secretária de Desenvolvimento Social
(SEDS).
dezembro de 1995, realizou-se a primeira Conferência Municipal de Assistência
Social e criou-se Conselho Municipal de Assistência Social, pelo Decreto lei
5.726, visando o fortalecimento da política de Assistência Social no Município. Foi a
partir daí que, na gestão do Prefeito Luís Guaritá Neto, se deu, no período de 1993 a
1996, uma nova roupagem como política pública, com a implementação de
programas do governo federal através da descentralização e municipalização da
gestão das políticas sociais.
Entre o período de 1997 a 2000, na gestão do Prefeito Marcos Montes
Cordeiro, novamente altera-se a nomenclatura da Secretaria, passando de
Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social para Secretaria do Trabalho
Assistência Social, da Criança e do Adolescente, através da lei complementar 085,
no dia 02 de julho de 1997.
O Conselho Municipal de Assistência Social também passou por
modificações, adotando-se medidas para criar e regulamentar o Fundo Municipal de
Assistência Social, em 25 de setembro de 1997, sendo elaborado o primeiro Plano
Municipal de Assistência Social para o biênio 1997/98, que apontou e definiu as
diretrizes para as políticas sociais no Município.
A trajetória das políticas de assistência social do município de Uberaba
mostra algumas marcas da história das políticas sociais no Brasil, como por
exemplo, as mudanças de nomenclaturas, a realização da Primeira Conferência
Municipal de Assistência Social, criação do Conselho Municipal de Assistência
Social e a implementação de alguns programas, como o Sentinela, entre outros.
CATULO 3 RECOMPONDO A HISTÓRIA ATRAVÉS DAS MEMÓRIAS.
3.1 Questões da pesquisa
Na apresentação dos relatos, procuramos organizar por assunto e em
seqüência cronológica; os fatos que compõem a história. Identificamos os sujeitos
pelas iniciais dos respectivos nomes, cabendo ressaltar, aqui, que os sujeitos de
nosso estudo, foram consultados sobre a identificação de seus nomes, os quais
concordaram e assinaram documento autorizativo, considerando que são sujeitos
significativos para a reconstrução da profissão, esse fato se torna relevante e a
questão da o identificação secundária: Ana Maria Salge Recife (AMSR);Maria
Aparecida dos Santos (MAS); Maria Helena Finholdt Ângelo (MHFA); Maria José
Ferreira (MJF); Gilda Crosara da Silva (GCS); Marly Alves de Carvalho (ASC);
Ordalita Alves (AO); Maria Auxiliadora C. Oliveira (MACO); Maria Célia Lamounier
(MCL); Maria Elisa Di Poi Cruz (MEDPC).
Para que nossas indagações fossem satisfeitas, no que diz respeito à história
do Serviço Social em Uberaba, a partir dos relatos dos sujeitos indicados no
questionário aplicado, conforme explicamos, construímos um roteiro para dirigir
nossa entrevista. Tal roteiro, não tinha a pretensão de limitar as informações a
serem dadas, mas garantir que todas as questões fossem contempladas nas
entrevistas com cada sujeito. Ressaltamos que não cerceamos a fala dos
entrevistados, considerando que toda informação poderia contribuir nessa
reconstrução histórica. Portanto, as questões que compuseram o roteiro nas
entrevistas aos sujeitos foram agrupadas em seis temáticas para melhor
compreensão: a primeira, sobre o histórico da formação profissional e antecedentes
ao exercício profissional no município, em que as contribuições dos sujeitos
informaram os motivos que os levaram à escolha pelo curso de Serviço Social na
época; sobre a Instituição de sua formação, as disciplinas cursadas; professores;
bibliografias utilizadas, o tema do Trabalho de Conclusão do Curso; seu estágio
curricular; fatos marcantes do período de sua formação e,por último, como foi o
início do exercício profissional de cada um deles.
A segunda temática foi sobre os pioneiros no exercício profissional no
município de Uberaba. Aqui, perguntamos aos sujeitos sobre o que eles sabem dos
a respeito dos primeiros Assistentes Sociais em Uberaba e onde eles iniciaram o
trabalho profissional no município.
Na terceira temática, que trata das demandas para a profissão e o exercício
profissional dos Assistentes Sociais da época, perguntamos quais eram as principais
demandas para o Serviço Social na instituição, nesse início do Serviço Social no
município; o que eles acham que mudou na profissão daquele período até os dias
atuais e como eles vêem o exercício profissional hoje.
Outra temática foi sobre a organização da categoria, enquanto classe. Aqui,
foi questionado sobre quando e como se deram as primeiras iniciativas de
mobilização da categoria, quais foram os primeiros profissionais a discutirem
assuntos de interesse da classe e como eles vêem o processo de organização da
categoria, nos dias atuais.
Em seqüência, a temática sobre a expansão do serviço social no município,
com as questões sobre como foi a expansão do Serviço Social no município e quais
os campos de atuação tiveram maior demanda para o profissão.
E, para finalizar, chamamos esta última temática de outras questões
pertinentes, em que agrupamos as contribuições não contempladas pelas questões
acima, mas que são de relevância na construção da história, como por exemplo
como eles vêem a questão da religião no município no que se refere à filantropia e a
possível influência na identidade atribuída à profissão.
3.1.1 Histórico da formação profissional e antecedentes ao exercício profissional em
Uberaba
Nessa questão, pretendemos conhecer sobre o processo de formação dos
sujeitos, para melhor compreensão da identidade profissional atribuída e
reproduzida por eles em seus discursos, considerando o período de sua formação
profissional, a metodologia de ensino e possíveis fatos considerados relevantes em
sua visão, durante o seu período de formação.
O quadro 2, cujas informações foram colhidas nos questionários aplicados,
apresenta o período, a instituição e o local da formação. Isso nos permite uma
melhor visualização da origem da formação dos sujeitos, considerando que, até a
década de 1990, não havia, em Uberaba, escola de Serviço Social.
Quadro 5 - Origem da formação dos sujeitos.
O Quadro 5 revela, com exceção de um dos sujeitos, que todos tiveram sua
formação na década de setenta, sendo que cinco iniciaram o curso no ano de 1976,
graduando-se em 1979.
A escolha pelo Curso de Serviço Social:
Entre as dez Assistentes Sociais entrevistadas, a maioria foi influenciada por
amigas ou teve contato com outras Assistentes Sociais. escolhas pela simples
falta de opção ou pela oportunidade de ingresso em um curso superior. Seguem,
abaixo os relatos sobre a questão. Lembrando que seguimos a ordem disposta no
quadro 2:
O que me influenciou pela escolha do curso foi que eu tinha uma tia que era
Assistente Social e ela me estimulou a fazer o curso. (MJF).
Cursei a Faculdade de Serviço Social cumprindo determinações das Irmãs
Missionárias de São Carlos Borromeu, cuja Congregação me vinculei até
1973 (MAS).
O que me mobilizou foi exatamente que eu não sabia o que fazer [...]. [...]
meu médico me sugeriu que eu conhecesse uma assistente social, antes
disso eu tinha feito biblioteca, agronomia, medicina, enfermagem,
psicologia, e tinha ido também na faculdade conhecer e conheci a
assistente social da Super-União e na fala dela eu me identifiquei com muita
coisa e achei que era o caminho, fui prestei o vestibular e quando eu
Sujeitos Período da graduação
Instituição Cidade
1.
MJF 1963 – 1966 PUC/MG Belo Horizonte/MG
2.
MAS 1971 – 1974 FAPSS S.C.Sul/SP
3.
MCL 1972 – 1975 UFMU São Paulo/SP
4.
MAC 1975 – 1978 UNAERP Ribeirão Preto/SP
5.
MACO 1976 – 1979 UNIT Uberlândia/MG
6.
MEDPC 1976 – 1979 UNAERP Ribeirão Preto/SP
7.
Sujeitos Período da graduação
Instituição Cidade
8.
AO 1976 – 1979 ABRACEC Uberlândia/MG
9.
AMSR 1976 – 1979 ABRACEC Uberlândia/MG
10.
MHFA 1976 – 1979 ABRACEC Uberlândia/MG
11.
GCS 1977 – 1980 FMU São Paulo/MG
comecei a fazer eu vi que era realmente aquilo que eu queria fazer, não
tinha dúvida nenhuma. (MCL).
Quando eu comecei eu me lembro que eu tinha uma professora que me
influenciou muito, ela trabalhava com menores de rua em Ribeirão Preto e
ela era Assistente Social da Prefeitura, mas ela fazia serviço de
voluntariado, e foique eu comecei a me apaixonar pela profissão ao ver
e assistir as aulas dela vendo a vivência dela. (MAC).
O que me levou a escolha ao curso de serviço social, foi que eu convivi com
uma assistente social, que eu tenho uma grande admiração por ela, a
Nádia. Ela foi a minha inspiradora, e foi por isso que eu fiz, e na época eu
não tinha muito conhecimento sobre o que era Serviço Social, eu tinha
uma formação como técnica de enfermagem, a minha primeira opção de
faculdade foi de enfermagem padrão, mas depois eu acabei optando por
Serviço Social, e em momento algum eu me arrependi, me identifiquei muito
com a profissão. (MACO).
Eu fui mais sem saber o que era pra falar a verdade, eu morava em
Canápolis, cidade próxima à Uberlândia, e tinha uma colega que foi fazer o
curso, a gente estudou desde o grupo juntas, e ela me convidou pra fazer o
vestibular em Uberlândia. Fui fazer por fazer, por influência de uma amiga.
(OA).
O que me influenciou foi uma reportagem que eu assisti na televio, sobre
uma favela, mostrando a transformação provocada nos favelados através
das mudanças na habitação, mudanças no estilo de vida, e eu me
empolguei, achei que isso tinha todo a ver comigo (AMSR).
Eu morava em Uberaba e era professora na época de 1ª a 4ª série. A gente
sempre tinha vontade de fazer algum curso superior e fui levada por uma
amiga, a Ana Maria que insistiu e lá fomos nós para Uberlândia... Foi uma
aventura. [...] E eu fui muito feliz no Serviço Social gostei muito dessa
opção, me deu muita visão na vida e onde depois complementei com outros
cursos mas foi muito bom, uma base muito boa. (MHFA).
Para esclarecer sobre o relato acima, lembramos que se trata de uma
profissional que está aposentada,atualmente.
Não me lembro porque escolhi o Serviço Social. Eu defini em 1976, mas
não me vem a memória o porquê? Eu me lembro que no cursinho o
professor perguntou para cada um o que gostaria de ser, e eu falei que ia
cursar o Serviço Social porque queria ser uma Assistente Social de
verdade, me lembro de ter feito um vestibular apenas nesta faculdade,
embora já tivesse a PUC que já tinha um grande nome, eu escolhi a UFMU
porque eu morava próximo desta faculdade em São Paulo, mas claramente
eu não me lembro porque escolhi o Serviço Social. (GCS).
De certa forma, esses relatos exprimem o perfil de quem busca pelo Serviço
Social por ser esta uma profissão que oferece um campo amplo para a inserção
profissional, com uma diversidade de espaços sócio-institucionais.
Todas essas profissionais residem em Uberaba, na atualidade. O mais
interessante é que a maioria ainda está no exercício profissional. Apenas quatro
delas estão aposentadas, sendo que das quatro, uma continuou trabalhando na
área, após sua aposentadoria por tempo de serviço.
Sobre as questões que envolvem o processo de formação, houve
contribuições interessantes, mas também algumas respostas vagas, até porque
muitos dos sujeitos não se lembravam mais de detalhes sobre o curso.
Apresentamos, a seguir, alguns relatos que mostram, claramente, o período de
formação profissional dos nossos sujeitos. Lembrando que os nomes das
instituições já foram citados no quadro 2.
Sobre as instituições de ensino onde graduaram os nossos sujeitos:
O primeiro relato abaixo, é da única entrevistada graduada na década de
1960, conforme apresentamos no Quadro 5. Ela traz relatos muito interessantes
sobre o seu período de formação. Lembrando, como ela mesma cita, que foi no
período de repressão política.
Eu me ingressei na Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG) em
1963, e me formei em 1966, em Belo Horizonte. Nesta época existiam
poucas faculdades de Serviço Social no Brasil, que eu me lembre era a
nossa (PUC/MG), no estado do Rio de Janeiro, em São Paulo e Juiz de
Fora, em Minas tinha uma em Belo Horizonte e Juiz de Fora nessa
época, e a nossa turma não era uma turma grande, tinha no máximo 20 que
eu não me lembro muito bem, mas não passava disso e era uma faculdade
muito boa dava a impressão de ser assim, os professores, seguiam mais ou
menos a linha francesa, as bibliografias que s usávamos, era
primordialmente da França, a maioria das matérias, tinha coisa em
Espanhol, mas predominava o Francês, (...). (MJF).
Minha formação foi na faculdade de Serviço Social de São Caetano do Sul,
entre 1971 a 74. (MAS).
Eu tive o privilégio de estudar em umas das primeiras universidades da
faculdade de serviço social no país. Então ela tem história, os primeiros
doutores, professores com doutorado e mestrado foram meus professores
(MCL).
Eu fiz o Curso de Serviço Social na UNAERP, em Ribeirão Preto, no
período de 1975 a 78. (MAC).
Eu me formei em 79, na ABRASEC, atualmente a UNITRI, na cidade de
Uberlândia. (MACO).
Eu sou de Araraquara Estado de São Paulo, fiz serviço social lá, na
Faculdade de Serviço Social de Araraquara, que hoje já nem existe mais,
fiz o curso lá e terminei em 79. (MEDPC).
Em 76 que eu comecei o curso em Uberlândia. Eu morava em Canápolis,
cidade próxima à Uberlândia [...] (OA).
Eu e a Maria Helena fizemos o Curso na Faculdade de Serviço Social de
Uberlândia. Iniciamos o curso em 1976. (AMSR).
Fiz a faculdade de serviço social de 76 e 79 em Uberlândia. Hoje,
aposentada, acho que eu dei a minha contribuição devida. (MHFA).
Me lembro de ter feito vestibular apenas nesta faculdade, embora já tivesse
a PUC, que já tinha um grande nome, mas eu escolhi a UFMU porque eu
morava próximo desta faculdade em São Paulo e também pelo preço que
era compatível com o que eu podia pagar. (GCS).
Disciplinas cursadas:
Neste quesito algumas perguntas que os entrevistados responderam junto
a outras questões referentes aos professores e/ou bibliografias. Neste caso,a citação
foi aquela a que o entrevistado deu maior ênfase.
[...] Deve ser bem diferente de hoje, porque foi 40 e tantos anos atrás.
Nós tivemos, fundamentação do serviço social no primeiro ano, coisa bem
teórica, a origem do serviço social, a história do serviço social desde o início
da época de São Vicente de Paula, da época da assistência mesmo;
Tivemos o curso de matéria de psicologia bem completo - professora
excelente me lembro muito bem dela e das aulas dela - psicologia social,
psicologia evolutiva, desde a infância até a vida adulta; Antropologia é uma
matéria muito bonita; Sociologia; Pesquisa e Estatística e as matérias
especificas, na época era Serviço Social de Caso, Grupo e de Comunidade,
bem distintos, sendo que foi assim: Serviço Social de Caso no ano,
Grupo no e Comunidade no 4º. É interessante que as matérias que a
gente tinha nos 4 anos, era muito relacionadas o conteúdo delas ligados a
essa metodologia, então o que implicaria no serviço social de caso, serviço
social de grupo, de comunidade. Tivemos também noção de medicina
social, as doenças consideradas mais sociais, tuberculose, hanseníase,
tivemos também noção de administração, noções de direito, várias áreas,
professor de direito mesmo, filosofia, eram muitas matérias durante o curso
e professores muito bons, o que a gente não aprofundou muito foi com
administração. (MJF).
As disciplinas que cursei durante o curso todo, foram Direito e Legislação
Social, Ética Geral, Economia, Higiene e Medicina Social, Filosofia Social,
Psicologia, Psicopatologia, Teoria do Serviço Social, Pesquisa e
Comunicação, Estudos dos Problemas Brasileiros, Antropologia, Serviço
Social de Casos, Serviço Social de Grupos, Serviço Social de Comunidade,
Planejamento, Estágio, Administração do Serviço Social e ainda Política
Social e Sociologia. (MAS).
As disciplinas eram o Básico, Filosofia e Teologia, Teoria Básica de Serviço
Social, depois tinha estatística, direito, psicologia social, psicopatologia,
serviço social, serviço social de caso, serviço social de grupo, serviço social
de comunidade, [...], planejamento, administração, supervio em serviço
social, desenvolvimento em administração acho que era isso. (MCL).
[...] era Caso, Grupo e Comunidade, eu me lembro que era uma professora
de Grupo a Sueli, tinha a Neide hoje ela é Professora Doutora ela é
professora do INSS em Franca e ela dava comunidade, a Daísa dava Caso,
eu lembro dessas outras matérias tinha um professor de Ética o resto eu
não me lembro. (MAC).
Bom deixa eu tentar. [...], a gente tinha serviço social de caso, serviço social
de comunidade, era aquela fase que era tudo dividido, serviço social de
grupo, eram disciplinas e tinha um professor de cada área, tinha sociologia,
filosofia, psicologia social, direito, estatística, nós tínhamos pesquisa, eu
não lembro o nome exatamente, a parte de métodos de pesquisa, eu tenho
um histórico com as outras coisas, mas eu não lembro agora. (MEDPC).
Então, tinha serviço social de comunidade, serviço social de grupo, de caso,
pesquisa, estatística, tinha tudo isso, era bem dividido ainda. (OA).
Olha, eu não me lembro bem de todas as matérias não as básicas eram:
Caso, Grupo e Comunidade, e tinham a antropologia não era básica
não filosofia também não, Genari deu grupo, deu planejamento também é ai
tínhamos várias outras, eu não me lembro agora não, mas foram tinha a
OSPB foram várias matérias. (MHFA).
Fui uma aluna que teve muita dificuldade, não nas matérias específicas,
mas nas outras disciplinas, como sociologia, metodologia e psicologia.
(GCS).
Nos relatos acima, no que se refere às disciplinas, percebe-se de forma clara,o
currículo utilizado na formação profissional dos sujeitos. Todos fazem referência a uma
metodologia específica para cada abordagem: Caso, Grupo e Comunidade.
Os professores:
Sobre essa questão que se refere aos discursos dos professores,
percebemos que as lembranças que os sujeitos m são associadas às disciplinas.
Assim:
Lembro. Por exemplo, da psicologia era a Dona Maria Silva, da área de
serviço social tinha a Gertrudes que deu grupo, a Dona Modesta Manoela
Lopes ela era descendente de espanhóis ou era espanhola eu não sei, ela
deu Comunidade. Antropologia foi o Domingos Dantra, eu acho, que morreu
com câncer, um amor de pessoa. Administração era um professor bem
idoso eu não lembro o nome, coitadinho... Eu não lembro mais. Filosofia foi
um padre. [...] o caso desse professor de administração, eu me lembro
muito bem que um dia nós deixamos ele na sala de aula sozinho, nós não
entramos na sala porque nós não suportávamos a aula dele, sabe a
rebeldia de alunos, combinamos... E ele lá, coitadinho ficou o período inteiro
da aula assentado, sozinho, hoje eu tenho uma dó, ele era bem idoso, e era
aquela formação assim: se a gente fosse fazer prova, se não colocasse
Deus e a religião no meio ele não dava nota, tinha aquela mentalidade bem
rígida. (MJF).
Quanto aos professores, entre todos, os que se tornaram inesquecíveis,
destaca-se o Professor José Pinheiro Cortez e o Professor Nelson José
Suzano. (MAS).
[...] então, Lurdes, Miriam Veras Batista, Marta Gondinho, Maria do Carmo
Falcão, Aldaíza, inclusive alguém me pegou, mas eu tenho a tese da
Aldaíza Spozati, porque eu fiquei com uma cópia dela quando ela defendeu
a tese dela [...]. Quem mais... Erundina, foi minha professora de
planejamento [...] a Miriam, tinha a Márcia. [...] quem ficou com o meu TCC
foi a Miriam, ela que foi minha orientadora de TCC. Ela orientava na casa
dela era uma delícia. Então, eu tive esse privilégio de ter esses professores
excelentes. (MCL).
Eu me lembro que era uma professora de Grupo a Sueli, tinha a Neide hoje
ela é Professora Doutora ela é professora do INSS em Franca e ela dava
comunidade, a Daísa dava Caso, eu lembro dessas outras matérias tinha
um professor de Ética o resto eu não me lembro. (MAC).
Os professores, eu não lembro nome completo não. Tinha a Marlene que
era professora de teoria de serviço social, tinha o professor Durval que era
professor de psicologia, tinha a Lilia que era professora de serviço social de
comunidade, Maria Helena Genari professora de serviço social de grupo, e
outra a Maria Helena Oliveira, uma professora que eu gostei muito de
serviço social de caso. Tinha economia, estatística... (MACO).
[...] E meus professores que eu tinha, um em especial que era o José
Roberto que foi meu supervisor também, ele era professor de teoria de
serviço social e ele foi meu professor de estágio, de TCC inclusive.
(MEDPC).
Que eu me lembre, a Maria Helena de Oliveira, a Maria José, que eu me
lembre eram essas. (OA).
Me lembro de alguns que me marcaram mais: a Marilene Genari, o Valmir,
que dava a disciplina Serviço Social de Caso. Muito competente, suas aulas
era claras. Tinha a Conceição, que dava Planejamento. A professora de
estágio era a Zulmira. (AMSR).
Marilene Genari, acho que ela preenchia todos os buraquinhos que tinham
na faculdade, então ainda tive noticia há pouco tempo, dela ainda na
faculdade foi também uma professora muito marcante. E Zulmira que foi a
professora de planejamento e que foi também do TCC ela foi quem orientou
no TCC ela era muito severa, muito brava. (MHFA).
Eu me lembro de uma professora chamada Estela Bardavit, me lembro
também da Professora Salete, que dava psicologia e antropologia [...] foi
muito importante na minha formação, [...] e esta professora fazia uma folha
de rosto de cada aluno com uma foto, porque dizia que a avaliação era de
todo um contexto. [...] (GCS).
Bibliografia utilizada durante o processo de formação:
Quanto às bibliografias utilizadas durante o curso pelos sujeitos, percebe-se
que os autores citados o quase todos os mesmos. Porém,a mais citada foi
Balbina. Percebemos, também, que ainda nos anos da década de 1960 e 70,
utilizavam-se bibliografias importadas:
Não tenho nenhum livro não. [...] na época, eu ainda dominava bem o
espanhol, o francês, muitos textos, que nós precisávamos eu traduzi,
inúmeros textos, tanto em espanhol, quanto em francês, hoje eu não sei
mais nada, se der pra mim ler eu leio, mas traduzir não. (MJF).
As bibliografias utilizadas foram várias, destacando como básicas, foram:
Documento de Teresópolis, Terceirização do Serviço Social, o doc. De
Araxá; Serviço Social, Processos e Técnicas, de Balbina Otoni Viera e os
Suplementos de Debates Sociais (CBCISS). (MAS)
Na época nós não tínhamos muita teoria de serviço social no Brasil, então a
gente estudava muito daquela editora Argentina, [...], nós não tínhamos
autores no Brasil, tinha alguns, mas não tinha igual tem hoje, nós não
tínhamos nada era tudo buscado de fora, então eu tenho muito livro
espanhol, tanto que na época do curso a gente tinha que saber espanhol,
porque, a primeira coisa que nós tivemos que comprar foi um dicionário de
espanhol, eu tinha um dicionário pequeno porque tudo era em espanhol, os
textos eram em espanhol [...] (MCL)
Na minha época tinha livros básicos que eu nem sei se hoje tem mais, era
Caso, Grupo e Comunidade (MAC).
A bibliografia do Serviço Social de grupo era do Natálio Kisnerman, de caso
era a Balbina Otoni, de comunidade eu não me lembro, os professores
também acumulavam disciplinas, a Maria Helena Genari, por exemplo, dava
planejamento e dava mais uma disciplina. (MACO).
A gente via Paulo Freire, porque tinha psicologia da educação, a Marilda.
Não me lembro mais.(OA).
Me lembro de alguma coisa. Da Balbina, que era referência e deu muita
visão para o nosso trabalho de grupo na APAE. Me lembro do Faleiros,
Paulo Freire, da Buriola... Também que me marcou muito foi a História da
Humanidade, na área da Sociologia. (AMSR).
Olha, a bibliografia maior era ditada, eles ditavam as matérias e agente
complementava com as apostilas, tinha muita pesquisa, cada grupinho de
duas três faziam as apostilas que eram repassadas para a turma. A gente
tinha política e administração da Balbina, serviço social processo e técnicas
da Balbina também, grupo do Natálio kisnerman e as revistas do Serviço
Social e sociedade também que teve muita contribuição (...). (MHFA).
Eu lia muito Veras Batista, Balbina, Estela Bardavit, Natálio Kisnerman
(GCS).
O estágio curricular e o Trabalho de Conclusão de Curso:
Achamos que seria mais adequado agrupar essas duas questões - o Trabalho
de Conclusão de Curso (TCC) e o estágio supervisionado, pois a maioria relatou que
o trabalho foi relacionado ao campo de estágio.
Meu TCC, foi ligado ao estágio. Foi sobre Grupo. Na área de indústria, de
empresa, no SESI, atuando com industriais e familiares lá no Distrito
Industrial de Belo Horizonte. (MJF).
Meu TCC foi sobre Serviço Social Institucional sob a perspectiva da
Antropologia Cultural nos tempos atuais (anos 70). O estágio curricular de
300 horas, foi realizado no Juizado de Menores Infratores, com sede no
Largo São Francisco, São Paulo, sob a supervisão do Professor Cortez e
assessoria local. (MAS).
Olha, na época não tinha o que fazer, o TCC era ligado ao seu campo de
estágio. O objetivo do TCC era você aprender a elaborar um projeto de
pesquisa, esse era o objetivo, ainda que ele fosse fictício, tinha que saber
elaborar as etapas do projeto, então o foco foi o Combate a Deficiência
Mental no estado de São Paulo. Você pensa bem que ousadia, que
idealismo, nós pegamos e mapeamos todo o estado de São Paulo, o que
seria combate? Os aspectos preventivos desde o pré-natal, questão de
habitação, saneamento, todos os aspectos que entravam, foi muito bem
apresentado o trabalho, nós apresentamos oral só, foi a Miriam que me
orientou, ela na época trabalhava na prefeitura eu acho, ela e a Erundina. O
estágio foi na Saúde, no Hospital do Servidor Público Estadual. Na época,
estagiário era por concurso, inclusive minha entrevista foi com o
superintendente do hospital, fato marcante esse dia, o dia que houve o
incêndio no edifício, eu fiz a entrevista com o superintendente e com o
assistente social. (MCL).
Foi sobre Comunidade. não lembro o tema ao certo. Acho que sobre
Implantação de um Centro Comunitário que eles estavam tentando
implantar na época. Eu me lembro que depois virou um grande Centro, em
Ribeirão Preto. Depois esse Centro virou um grande Centro Comunitário
que tem praticamente quase de tudo acho que até saúde atende lá, ele era
bem afastado de Ribeirão Preto, um bairro excluído. (MAC).
O meu TCC foi sobre idosos. O estágio foi no Asilo Vicente de Paula em
Uberlândia gostei muito dos trabalhos, tive uma excelente supervisora
Conceição Pinheiro, uma pessoa muito dinâmica, ela me deu uma base
muito boa, nesse estágio eu aprendi a atuar como assistente social.
(MACO).
O meu TCC foi feito no local de estágio, na época eu fazia estágio na
Trônibus, uma empresa de ônibus. (MEDPC).
Foi sobre Menor Abandonado. Eu fiz estágio na creche. Então na época
tinha pouca creche ainda, não era normal ter tanta creche igual tem hoje em
dia que as mães deixam, foi em Uberlândia fui eu e mais três colegas fazer
juntas. (OA).
Meu TCC foi na área do meu estágio. Eu Fiz o estágio na APAE de
Uberaba. Na área da Deficiência Mental, com o título: A intervenção social
junto à família de deficiente mental, junto com a Maria Helena. (AMSR).
O nosso campo de estágio foi na APAE de Uberaba, nós fizemos na
APAE, porque nós conseguimos que a supervisora daqui, a Maria Célia
Lamunier, que graças a ela agente pôde fazer aqui, que se dispôs. Ela foi lá
em Uberlândia conversou com a Zulmira e foi a nossa supervisora aqui.
Excelente, nos apoiou em tudo, nos ajudou muito, e o nosso TCC foi em
torno do nosso campo de estágio que é a intervenção social junto a família
de deficiente mental e ela é que nos ajudou muito na elaboração do nosso
TCC. Nós fizemos em dupla a Ana Maria Salge e eu. (MHFA).
Fizemos o TCC voltado para o tema que uma das alunas definiu, porque ela
trabalhava na Comgaz e decidiu fazer na área de empresa e o grupo
adorou porque também não tinha outra escolha. Meu estágio era no final de
semana, como da maioria dos alunos da época, porque éramos do noturno,
era na periferia de São Paulo, onde tinha um grupo de pessoas que
trabalhavam, em Campo Limpo, eu tinha uma supervisora que eu não me
lembro o nome, foi na área de comunidade, e eu continuei nesta área com a
Jaqueline e ela dizia que era a forma do estagiário falar, que era muito
importante, isto em 1980, eu fazia aos bados a tarde e aos domingos de
manhã, sem remuneração, no último ano eu passei a integrar junto com a
supervisora Jaqueline, em Taboão da Serra, e ela que era a coordenadora,
então passei a fazer estagio remunerado. (GCS).
Os fatos marcantes no período da formação:
Nesta questão, apenas os que estão citados abaixo disseram se lembrar de
algum fato marcante. Os outros sujeitos não se recordaram de nenhum fato que
tenha marcado o período da formação.
[...] nós estudávamos num prédio na Praça da Liberdade, um prédio alto. A
nossa escola de serviço social ficava no primeiro andar, e pra cima eram as
outras faculdades, os outros cursos: psicologia, filosofia, todos os cursos
funcionavam ali, cada andar era um, e do lado funcionava a secretaria de
segurança pública, no prédio em frente, então a gente tava assistindo aula,
toda a turma,e como a nossa escola além de ser da área social, era logo
no primeiro andar, tinha o pátio logo na entrada, eles entravam logo de
primeira mão na nossa escola, jogando bomba lá dentro, a gente tava em
aula e era aquela barulheira todo mundo saia correndo, prendia
aleatoriamente as pessoas, as vezes penso que eles deviam ter alguma
denúncia de algum colega, alguma pessoa eles entravam sem avisar
sem nada, então foi uma época de muito tumulto, esse período todo de 63 a
66. Vários colegas que sumiram. O Lauro foi um que sumiu, era colega da
Joaquina, da turma da Joaquina daqui, sumiu e ninguém mais soube dele.
Ele era do diretório acadêmico, e naquela época os estudantes de maneira
geral eram muito atuantes, tinha um movimento, além da JUC que era um
movimento católico, a UNI era um movimento muito forte, era um
movimento que reunia pra valer, [...] na época de mudanças das diretrizes
de base, os alunos reuniam, eles organizavam parecer, eles mandavam
documento e eram ouvidos, então a maioria desses políticos o dessa
época, então muitos foram presos, foi uma época de muita insegurança pra
nós, a gente não tinha liberdade de reunir, porque todo grupinho que reunia
era disperso, tanto dentro da faculdade tanto na rua, então isso perdurou
até 68, 69 por aí, eu fui presa em 68, já tava formada, então foi um
movimento que marcou muito a nossa época de estudante, de faculdade.
(MJF).
Uma das coisas marcantes, nós estávamos em verdadeiro processo de
reforma universitária, foi uma época em que eu vivi, os ataques à PUC,
então eu vi aquelas agressões, aquelas bombas na PUC, porque eu estava
no dia em que foi jogada a bomba, bomba de efeito moral que a gente foi
todo mundo correndo então nós éramos universitários muito atuantes então
eu vejo uma diferença muito grande agora , porque a gente lutava, questão
de mensalidade então a gente sempre envolvia nesse movimento. (MCL).
Eu me lembro que na época que foi em 1974 até 78, e em 78 os
professores estavam meio perdidos porque era a época da reconceituação
eu lembro que eles passavam uma coisa, mas não tinha muita segurança,
porque de repente eles iam no congresso e aquilo já mudava e eles
chegavam falando outra coisa então eu me lembro que tava bem em crise.
(MAC).
O que marcou foi que a professora de serviço social Marlene foi
assassinada, ele assassinou friamente numa Praça de Uberlândia, então foi
um choque pra nós, ela era bem jovem tinha 20 e poucos anos, era do
estado de São Paulo, morava e trabalhava em Uberlândia. No mais foi tudo
tranqüilo. (MACO).
O que me marcou foi quando começamos a ir para o campo, os professores
pediam para simular entrevistas, situações, mas eu nunca simulei, eu
sempre quis fazer entrevistas reais. Lembro que a primeira eu lá na Casa
do Menino. (AMSR).
O início do exercício profissional dos sujeitos:
Essa questão permite conhecer onde os sujeitos iniciaram o exercício
profissional, qual deles teve o início em Uberaba e em que campo de atuação se
deu esse processo:
Bom eu comecei trabalhando na Legião Brasileira de Assistência aqui em
Uberaba. Isso foi em 1967. Eu formei em final de 66, e em abril de 67 eu fui
contratada pela LBA, em Belo Horizonte e vim pra cá. Eu morava aqui,
minha família era daqui. A diretora da faculdade era chefe do Serviço Social
da Legião Brasileira de Assistência e ela me conhecia, porque conhecia a
minha tia que também era assistente social, do IAPI na época, então ela
que me chamou pra trabalhar na LBA daqui. Então aqui já tinha sido Centro
Regional da LBA. Tiveram umas duas assistentes sociais trabalhando que
não eram daqui. Eu não as conheci. Quando eu formei já não tinha
assistente social aqui, mas aqui continuava sendo regional sem ter
assistente social. Então ela me convidou a assumir aqui. Então fiquei acho
que um ano, um ano e meio. Então voltei pra Belo Horizonte, continuei
trabalhando na LBA, atendia Uberaba e região, por lá e todos os núcleos
isolados que eram todas as cidades que não estavam vinculadas a
nenhuma das Regionais. (MJF).
O discurso acima mostra que,já na década de 1960,o Serviço Social existia
em Uberaba. Contudo, não podemos precisar o ano exato de início, pois, como a
própria entrevistada relata, quando ela veio para trabalhar na LBA de Uberaba por
, já haviam passado outras Assistentes Sociais, com as quais ela não teve contato.
O início do meu exercício profissional se deu na sede da ASEL, Ação Social
Estrela do Litoral, em prol da comunidade dos Caiçaras do Litoral Norte de
Ubatuba/SP. As atividades eram vinculadas à Secretaria de Ação Social
sediada na cidade de Santos/SP. (MAS).
Quando eu terminei o curso (1975), eu entrei num concurso público em São
Paulo, eu sou da clínica de São Paulo, quando eles construíram o instituto
do coração e o instituto da criança, eu era assistente social desses dois
lugares, desses dois institutos [...]. Eu lembro uma coisa interessante, no
dia que eu fui fazer o concurso tinha tanta gente que tinha uma sala de
Marias, [...] eu entrei em lugar entre os 50. Mas eu resolvi ir embora pra
Uberaba. Eu resolvi vir embora, foi quando eu cheguei no SESI centro de
atividades aqui, porque o meu pai morreu e eu não queria perder a chance
de ficar perto da minha família, eu ia voltar e ir embora. (MCL).
[...] então eu aproveitei uma residência que tinha em Catalão e fiquei 40
dias pra fazer o treinamento, mas não gostei de lá, fui assaltada fiquei sem
dinheiro, fui embora. [...]. [...] apareceu um serviço numa Clinica mas
ninguém queria porque era 2 salários e eu ganhava dez salários lá onde
eu tava, eu fui fiz a entrevista e o Diretor olhou a minha carteira e disse
que eu já estava empregada em outro lugar, e falou que eu podia ir embora
porque eu estava ganhando um salário muito alto já no meu emprego, eu
perguntei a ele se eu não havia passado na entrevista e ele disse que pelo
contrário adorou, disse que a Clínica estava precisando de alguém como
eu, com essa experiência de 40 dias que eu tive na outra clínica, o que eles
estão fazendo lá é o que nós estamos fazendo aqui, mas você vai deixar
10 salários lá pra ganhar 2 aqui? Eu disse a ele que esse trabalho pra mim
seria uma experiência muito grande na minha área e que eu não estava
questionando o salário. Ele disse que a vaga era minha. Mas me deu um
prazo de 4 dias, disse que se eu não voltasse nesse prazo ele iria chamar
outra. Quando eu cheguei no Correio eles não queriam me liberar, mas
eu falei que tinha arrumado um novo emprego e ainda tive que pagar aviso
prévio pra eles, ssem nada só com o que eu já tinha direito mesmo. E fui
pra daí 2 dias. Depois que eu estava lá 5 anos surgiu uma vaga aqui
em Uberaba no Hospital Escola a minha cunhada viu no Diário Oficial e me
falou. (MAC).
Eu comecei no Hospital Escola em 1982, e não foi difícil porque eu tinha
formação em técnico de enfermagem, então na área de saúde hospitalar.
Pra mim não foi novidade, e com isso em relação ao serviço social, em
relação ao espaço físico, a instituição não foi novidade. Agora em relação
ao serviço social foi um desafio, que nós chegamos em quatro assistentes
sociais, pra implantar o serviço social no Hospital Escola, onde as pessoas
não sabiam o que era assistente social, tinha uma visão muito distorcida,
confundia muito com o assistencialismo, que é uma característica muito
forte aqui da cidade de Uberaba, o assistencialismo. Em 1984 eu assumi a
chefia do Setor de Serviço Social e fiquei dez anos na coordenação, então
foi um trabalho que eu aprendi muito [...], me deu uma visão mais ampla da
parte administrativa, e também durante esse tempo todo eu exerci a função
de assistente social. Eu auxiliava as outras funções, porque nós
começamos com quatro assistentes sociais, éramos poucas e nem
secretária tinha, depois é que nós conseguimos uma secretária. E o Setor
foi crescendo na medida em que nós fomos mostrando serviço. (MACO).
Em 1980 foi meu primeiro trabalho como assistente social, já foi aqui em
Uberaba. Eu vim pro sanatório espírita. Vim, fiz uma entrevista antes, eles
estavam querendo contratar uma Assistente Social, eu vim até através de
uma colega, amiga minha que se formou junto comigo e que veio pra
FEPASA daqui e ela me falou dessa vaga no sanatório e eu estava
interessada em trabalhar na época, pois na época quase não tinha
Assistente Social em lugar nenhum. Assistente Social era um profissional
muito raro, como dizia o Doutor Adroaldo: tinha que ser importado. Então
era raro não tinha quase, nem na minha cidade não tinha campo, era muito
difícil ainda e eu vim pra e comecei a trabalhar, então meu primeiro
emprego foi lá, eu trabalhei lá 7 anos no Sanatório que foi o primeiro Centro
Social de lá, fui eu quem implantou o trabalho lá. (MEDPC).
Logo com seis meses que eu formei eu prestei o concurso. O meu único
serviço como Assistente Social foi aqui no INSS e estou até hoje. (OA).
Quando começou a equipe do Hospital Escola, que foi a Maria José, a
Maria Célia, a Encarnação, a Maria Auxiliadora e a Aparecida Santos, eu fui
para a APAE trabalhar e fiquei no lugar da Maria Célia (AMSR).
O início do meu exercício foi na Escola para Surdos Dulce de Oliveira, logo
que eu formei. Em Uberaba. Logo que eu formei a Maria Célia me chamou
para atuar junto com ela na Escola de Surdos e o período era muito
pequeno, apenas quatro horas semanais só, então ela começou fundando o
grupo de mães e eu dei continuidade no trabalho dela [...], o trabalho com
as mães com as professoras e incluindo os alunos e os familiares. Foi muito
bom ter continuado e ter esse apoio da Maria Célia no início, porque
quando a gente forma, agente fica tão insegura. E ela nos ajudou, me
ajudou bastante nessa área. (MHFA).
O meu primeiro emprego foi em um trabalho comunitário em uma igreja, em
São Paulo, isso era muito comum, tinham outros profissionais de outras
áreas, mas Assistente Social somente eu. Tinham psicólogos e pessoas da
própria igreja,[...] isso em 1980 e 81. Em fevereiro de 1984 que eu voltei
para Uberaba e comecei a trabalhar na área. Foi quando abriu a Secretaria
de ação social em Uberaba, eu era responsável pelo Serviço Social onde
nós levamos algum tempo para conseguir outros profissionais, era trabalho
voltado para a comunidade onde nos levantávamos a demanda da cidade.
(GCS).
3.1.2 Os pioneiros em seu exercício profissional no município de Uberaba
Sobre esta questão, procuramos conhecer o que os sujeitos sabem sobre os
primeiros Assistentes Sociais que trabalharam em Uberaba.
Para nossa surpresa, todos eles participaram do processo inicial do trabalho
profissional no município e, com exceção de uma, a ‘MJF’, que trabalhou por um
período, no final da década de 1960, os outros foram quase da mesma época, com
pequena distância temporal entre eles. Seguem, abaixo, os discursos sobre essa
temática.
Os primeiros Assistentes Sociais e onde iniciaram o trabalho profissional no
município.
A primeira assistente social de Uberaba chamava-se Joaquina Furtado que
era do SESC eu fazia serviço social em São Paulo, nas minhas férias eu
tive o primeiro contato com a Joaquina no ano de serviço social, e vim
pedir pra ela pra eu ficar no SESI nas minhas férias e no SESC, ela se
abriu, era uma pessoa espetacular, uma pessoa ótima, em todos os
aspectos como pessoa, como profissional, quando eu nas minhas férias que
eu programei pra ir, porque eu tinha vindo no final de semana e consegui
encontrar com ele e marquei, foi quando ela morreu foi por isso que eu
não cheguei a ter experiência com a Joaquina porque ela morreu logo
depois, de acidente de barco. [...] Eu resolvi vir embora pra Uberaba,
quando eu cheguei no SESI centro de atividades daqui [...] e eu o queria
perder a chance de ficar perto da minha família mas eu ia voltar e ir
embora, [...] porque eu achava que não valia a pena, o salário horrível, e eu
achei que não valia a pena. [...] Eu era solteira nessa época. [...] eu deixei e
vim pro centro de atividades. (MCL).
[...] foi a Joaquina. A Joaquina formou um ano antes de mim, em 1965. Ela
trabalhava no SESI, era professora de corte e costura do SESI, e ela
conseguiu bolsa e foi pra Belo Horizonte fazer o curso de serviço social.
Formou em 65 e voltou e assumiu no SESI aqui, como assistente social,
então ela trabalhou aqui um ano antes de mim. No SESI quando eu vim, ela
estava trabalhando no SESI e na BEMFAN, lá no Hospital Escola no
ambulatório Maria da Gloria, e eu fui embora pra Belo Horizonte e ela
continuou aqui sozinha, eu tive uma história que fui pra São Paulo e
fiquei 10 anos, trabalhando na prefeitura lá, mudei casada com 2 filhos,
[...], voltei pra Uberaba com o meu marido. Eu fui pra São Paulo em 1969 e
voltei pra em 1979. Fiquei e fiz concurso no SESI, passei, a que
quando eu voltei a Joaquina tinha falecido, ela faleceu em 1973. Foi ela
quem criou, não é que criou o SESC já existia logicamente, ela quem
implantou o novo prédio, a nova sede do SESC. [...] Ela quem ficou
responsável pela direção do SESC, passou a ser responsável e na gestão
dela, é que construiu aquele prédio do SESC, que hoje leva o nome dela,
[...] e eu me lembro bem que ela me disse: Maria José eu estou tentando
conseguir um terreno do lado daquela sede que era pequena a sede,
tinha piscina, quadra, tudo, mas era um pedaço, e ela queria conseguir
um terreno do lado e ela falou e se eu conseguir a hora que ficar pronta
toda a estrutura eu vou colocar o nome do doador no prédio, foi a última vez
que eu a vi, eu fui embora e em novembro ela faleceu afogada, colocaram o
nome dela no Centro de Atividades do SESC. (MJF).
[...], me falaram que Dulce Furtado foi a primeira assistente aqui em
Uberaba. Ela trabalhou no SESI. Hoje ela está como 90 anos, está em
Uberaba. O que me passaram dela é que ela formou em São Paulo, é
aposentada agora, e que fazia parte da equipe do SESC em Belo Horizonte
e veio em Uberaba pra implantar o serviço social.
[...] quando nós começamos no Hospital Escola, tinha poucas assistentes
sociais aqui em Uberaba, nessa época tinha a Maria Elisa no Sanatório
Espírita, tinha a Ângela no SESI, a Maria Célia na APAE, a Vanda nos
correios, o Mendes lá na FOSFERTIL, não tínhamos uma secretaria de
ação social. [...] Nessa época a Joaquina não estava aqui, ela faleceu bem
antes. E eu me lembro da Joaquina. [...], eu morava aqui, foi em 73 ou 74
assim como assistente social, mas ela faleceu foi num acidente no Rio
Grande e a gente ouvia falar dela mas do trabalho dela eu nunca ouvi falar
[...]. (MACO).
[...] O Mendes faleceu. Faleceu depois da Ângela. Não lembro que ano que
foi. Teve câncer no estômago. Ele era vizinho da Ângela e a Ângela faleceu
com câncer também, teve na mama, depois passou pro pulmão, ela faleceu
com 33 anos, deixou duas crianças, era bonita a Ângela... Uma gracinha, foi
muito triste. (MJF).
Não tenho conhecimento [...], exceto do Serviço Social Médico do Hospital
Escola da FMTM, atual UFTM. Participei da Implantação do Serviço Social
Médico vigente. Na época, em janeiro de 1982, éramos em quatro, sendo
duas vindas de Uberlândia e duas de São Paulo. (MAS).
Foi a Maria Elisa. Não logo em 1979, eu vim em agosto de 78 pra cá, mas
eu fiquei um ano e pouco desligada, cuidando dos filhos, tirei licença sem
vencimento da Prefeitura lá em São Paulo, por 2 anos pra ver se adaptava
aqui, eu sei que em 1980 eu entrei no SESI, fiz concurso no SESI e já tinha
conhecido a Ângela Beatriz, nesse concurso, ela fez o concurso junto
comigo, eu fiquei em 1º e ela 2º, a gente começou a ter contato, ela ia muito
no SESI em cima de mim, Maria José eu quero essa vaga pra mim,
brincando né? E nesse meio tempo eu fiz o concurso no Hospital Escola e
passei fui pra e ela assumiu e eu assumi o SESI. Ela ficou no meu
lugar. E quando eu estava no SESI eu comecei a entrar em contato com as
entidades, as instituições e descobri a Maria Célia na APAE, descobri a
Maria Elisa no sanatório espírita. (MJF).
A Maria Elisa, no sanatório espírita, que hoje é uma grande amiga, que nós
trabalhamos juntas, a Ângela que faleceu, eu trabalhei junto com ela
também no Hospital Escola uma excelente profissional, o Mendes, eu tive
contato com ele uma vez que ele estava acompanhando um caso de um
funcionário da FOSFERTIL, ele nos procurou como assistente social da
FOSFERTIL. (MACO).
Sobre a profissional citada acima, Dulce Furtado, conseguimos locali-la,
porém, preferimos não incluí-la entre as dez entrevistadas. Ela está, hoje, com 91
anos. Nasceu aos 25.01.1917, na cidade de Veríssimo. Graduou-se na PUCMG. Ela
não se recorda o ano da graduação. Acha que foi próximo ao ano de 1960. Dona
Dulce relata que logo que se formou foi trabalhar em São Paulo, mas que, ao sofrer
um acidente, ficou afastada, período em que veio para Uberaba, onde mora sua
família. Assim, em 1961, foi convidada a trabalhar no SESI e, em seguida, foi
solicitada a implantar o SESC em Uberaba. Poucos anos depois, sua prima
Joaquina Furtado assumiu o trabalho no SESC. Dona Dulce desempenhou grande
parte da sua trajetória profissional no Estado de São Paulo, na Secretaria de
Assistência Social. Trabalhou por dez anos em Ribeirão Preto, vindo para a região
de Igarapava para ficar mais próxima de sua mãe, quando esta adoeceu.
Aposentou-se 1982, mudando-se para Uberaba a fim de cuidar da mãe. A partir daí,
não trabalhou mais.
Eram poucos, uma que era da APAE, Maria Célia, a Vanda do Correio, na
Fepasa tinha um que o me lembro o nome, tinha um na Fosfertil que era
o Mendes, no Hospital Escola tinha a Auxiliadora, a Maria José que hoje é
aposentada, a Cida Félix que também está aposentada, no INSS tinha a
Marcília e a Marli que aposentaram e Ordalita que está ate hoje, no
Sanatório era a Maria Elisa, e então não me lembro de mais, acho que
somente estas. [...] eu fui a primeira Assistente Social do município a
montar o serviço na Assistência. Foi em fevereiro de 1984, e buscamos
ampliar o quadro, as que estavam aqui estavam trabalhando, então vieram
umas pessoas de Uberlândia, me lembro que me marcou muito que o
próprio CRESS me ligou em casa para investigar. Era uma pressão grande.
(GCS).
Para Secretaria eu acho que isso foi bom pra época, isso não tem nem
duvida, a secretaria saiu a partir desse grupinho. Desse documento foi o
inicio foi a proposta do professor Murilo, que foi negada, e nós viemos pra
reforçar essa proposta que foi aceita, então a continuidade do trabalho é
mérito de quem continuou, cada qual é da sua época, agora hoje eu não sei
como é que está, se não está precisa estar. (MJF).
Sobre a criação da Secretaria de Assistência Social, citada nos relatos acima,
vale a pena ver o Anexo D gentilmente cedido por uma das entrevistadas - um
documento datado de 06 de maio de 1983, que mostra a manifestação do grupo de
Assistentes Sociais na mídia local, instigando a população a reivindicar do Prefeito
uma secretaria específica e a acompanhar a forma de sua implantação. É possível,
tamm,neste documento, identificar alguns nomes que compunham o grupo, na
época.
Como era o trabalho deles no município:
[...] eu fui entrando e fui conversando com algumas profissionais que
estavam aqui que também eram muito poucas: era a Mercedes na
FEPASA, era a Vanda no Correio, que também logo foi embora, o Mendes
na Fosfértil e a Maria José no SESI e uma que eu conversava de vez em
quando que me procurava lá era a Eva Reis Bacoco [...] (MEDPC).
[...] foi um trabalho difícil, porque eu tinha já vivência de serviço social, mas
não tinha experiência de serviço social médico, então a única que tinha
experiência em hospital era a Auxiliadora, mas na área de enfermagem,
então em termos de ação de serviço social em hospital, nós estávamos
empatadas [...] como nós não tínhamos experiência nenhuma, nós fizemos
não sei se pode chamar de projeto, programa, um documento de
implantação de serviço, qual que era a nossa visão. Primeiro a gente
procurou conhecer, e depois escreveu, o nosso objetivo era facilitar o
atendimento médico do paciente, então tudo aquilo que era dentro da área
social estivesse bloqueando o tratamento médico do paciente, nós iríamos
atuar, partimos daí e foi um trabalho muito bonito, no que se refere a alta,
no que se refere a criança do recém nascido que os pais não queriam
assumir, no que se refere ao alcoolismo, foi um trabalho muito bonito,
tivemos resultados muito, hoje eles não atendem alta, mas nós tivemos
casos de atendimento de alta muito bonito, parece coisa boba, mas tinha
conteúdo. (MJF).
[...] isso não é uma crítica, mas comparando eu acho que como no passado,
não tínhamos quase que recurso nenhum, não podíamos contar com quase
ninguém diretamente, uma coisa organizada, tudo que precisava tinha que
ir atrás ficar quase que implorando, então o empenho do passado, me
parece que foi bem maior do que o serviço de agora, porque agora tá muito
mais fácil do assistente social trabalhar, eu trabalho aqui a noite se precisar
encaminhar um paciente, hoje tem casa de apoio, secretaria, se for paciente
com problema de saúde mental, tem a assistente lá no sanatório, então
agora tem o serviço social ele esestruturado em nível de Uberaba, então
o muitos recursos, você atende um paciente no seu local de trabalho,
temos o atendimento, temos a intervenção se precisar de dar continuidade,
você já pode encaminhá-lo, você tem uma colega de referência também pra
poder encaminhar, pra dar continuidade, e antes nós não tínhamos nada
disso, então hoje está muito cômodo, pra quem está chegando e
encontrando esse espaço já estruturado e garantido então eu não sinto que
essa mobilização no momento ela exista dessa forma. (MACO).
31.3 As demandas para a profissão no município
Nesta temática, os sujeitos relatam como eram as demandas para o Serviço
Social na instituição em que estavam inseridos e como era o exercício profissional
desses Assistentes Sociais, lembrando que o cenário da época era no início da
década de 1980, antes, portanto, da efetivação dos direitos pela Constituição
Federal de 1988. Indagamos quais eram as principais demandas para o Serviço
Social na instituição, nesse início do Serviço Social no município; o que eles acham
que mudou na profissão daquele período para os dias de hoje e como eles vêem o
exercício profissional hoje.
Nos discursos abaixo, identificamos a forte influência da metodologia da
época.
As principais demandas para o Serviço Social na instituição:
[...] as demandas?Não eram muitas não, porque eles procuravam mais o
SESI [...], então o SESI tinha muitas atividades, cursos de corte e costura,
cabeleireiro, arte culinária, de bordado, curso supletivo, tinha presinho,
escolinha, então eles procuravam essas atividades e o serviço social estava
buscando integrar nesses cursos e atender as necessidades dos alunos a
das familiares. A gente fazia reuniões com eles, fazia palestras, convidava
pessoas pra trazer palestras de acordo com o interesse deles, na área da
saúde de educação, de relacionamento familiar, essa área de
relacionamento familiar eu dava muito, depois aparecia muitos casos com
problemas, eles procuravam a gente para orientação. (MJF).
Dentro do nosso setor, a demanda era espontânea, o trabalho era muito
forte, demanda grande, as pessoas que não tinham para onde ir, passando
por Uberaba e que não tinham lugar para ficar, e foi criada uma casa
onde a gente acolhia estas pessoas, hoje o albergue, e havia grande
demanda mesmo para a assistência: falta de emprego, casa, comida. A
partir da criação dos conselhos, a população se organizou e busca maiores
informações, discutir e defender seus direitos, especialmente os sociais, e
estes conselhos estão lá onde os usuários estão, as pessoas começaram a
participar mais também a partir da LOAS em 1993. (GCS).
O número de profissionais em várias áreas e então eu acho que esse foi
um marco também muito grande pra essa visão que em outras áreas
também houve essa colaboração, e aí entrou vários profissionais novos que
recém saídos da faculdade com uma garra grande de fazer crescer nossa
cidade, que foram vindo vários outros profissionais é a Gilda que veio que
contribuiu muito na época de 84 ela já propondo na época encontros com
ela sempre pedia é sempre fazia as reuniões e convidava os profissionais
que atuava na época eu vejo isso como um crescimento também. (MHFA)
Neste discurso,a entrevistada GCS, (acima), identifica um dos marcos legais
que mudam os rumos do trabalho profissional, em busca da afirmação dos direitos
sociais. Ainda sobre esta questão, temos os relatos abaixo, que fazem alguma
referência sobre essas mudanças:
Eu vejo uma grande diferença porque na época o atendimento era
individual, a gente tava na agência e talvez pelos recursos comunitários que
era muito escassos, não havia colegas, profissionais noutras instituições,
então a maioria iam para a Previdência solicitar qualquer tipo de recurso,
principalmente recursos financeiros, cesta básica, auxílio transporte, [...] a
finalidade nem era a Previdência, era alimentação, então isso acabou. A
procura agora é mais técnica mesmo. Está bem relacionado a problemas
relacionados daqui mesmo, de processos na previdência. Mas o usuário
sempre é o mesmo. Eu acho que ouve uma valorização muito grande do
profissional, um reconhecimento, em Uberaba eu acho que deu um salto
enorme da época para agora. E um grande marco para o reconhecimento e
conhecimento do Serviço Social foi o início do BPC em 1996. (OA).
Eu acho que não mudou muita coisa não. Continua um cabresto do mesmo
jeito, muito dependente de mudanças estruturais [...] O que eu acho, é que
o usuário ta mais conscientizado dos direitos dele, a diferença é essa, mas
que a gente ainda continua batalhando, o cabresto, a estrutura, porque o
problema principal, eu acho que é a estrutura, de família, de falta de
tolerância, agora, o usuário está mais conscientizado, e conhece o que é
assistência social. (MAC).
A gente fazia o atendimento individual de tentar contornar o conflito entre
usuário e instituição; a providência de documentação pra tratamento
médico, isso bem no início mesmo, a gente tinha os programas de
atendimento geral, os atendentes nos guichês encaminhavam aqueles
casos para nós que precisava da nossa intervenção, tinha aqueles que
eram sistematicamente encaminhados que era assistência jurídica, que a
gente tinha convênio com o cartório, com advogados a gente pagava por
esses documentos, então esses eram sistematicamente encaminhados, e o
que era também na época a gente fornecia implementos profissionais que
seria uma reabilitação, por exemplo: fazer um curso de cabeleireiro, a gente
fornecia implemento profissional para as pessoas bem no início, então eu
fiquei nessa área, na agência mesmo durante 18 anos, fazendo essa
intervenção, depois eu vim para gerência em 1991 então eu coordenava
não a parte técnica, a parte administrativa, [...]. Mas durante esse tempo
todo houve muitas mudanças, projetos de divisão mesmo profissional. [...]
Os profissionais foram se aposentando. Não houve concurso mais. A gente
está propondo que volte a ter mas, não sei se é o que vai acontecer, acho
que não é pra esse ano, mas provavelmente pro ano que vem concurso pra
assistente social, porque houve uma mudança na carreira do servidor mas
eles vão ter técnico/ assistente social, pra que supra essa falta na
reabilitação e no serviço social, que atualmente no Brasils somos 650,
e o nimo seria uma em cada agência e nós temos mais de 1500
agências. (OA).
[...], eu e a Kátia fomos implantar o serviço social lá no Centro de Saúde. Eu
estava no sanatório eu fiquei nos dois esse período e depois eu saí do
sanatório e fui participar de um projeto de atendimento a pacientes
psicóticos na Clínica de Psicologia na UNIUBE lá eu fiquei por volta de uns
sete meses mais ou menos, nós fizemos essa implantação, nós tínhamos
supervio em Belo Horizonte uma equipe, de psiquiatra, psicólogo,
assistente social [...] a UNIUBE que arcava com essa supervisão, nós
montamos o projeto. [...] Foi em 1987. Porque foram sete meses que eu
fiquei, mais ou menos de março a outubro de 1987 e nesse período eu fui
especificamente para fazer parte dessa equipe e montar esse trabalho de
atendimento ao psicótico, que aqui não tinha outra pessoa pra montar o
projeto, mas eu saí então em outubro porque eu fui chamada pela FUNEPO
eu tinha feito tinha participado de um processo de seleção, não era ainda
um quadro permanente, fui classificada, passei e fui chamada, nesse
processo foi a Ângela em eu em e a Kátia em 3º lugar, a Ângela e eu
viemos pra (HE), [...] e a Kátia foi pro centro de reabilitação então eu
fiquei no estado e na FUNEPO, então durante o tempo todo que eu fiquei
no estado eu mantive o vínculo com a FUNEPO, eu não deixei e da
FUNEPO eu prestei um concurso público aqui, também passei, fui a
classificada, mas eu tive que fazer opção entre o Estado que eram 40 horas
e 30 horas lá, não existia redução de carga horária ainda, então tive que
fazer a opção [...] e eu optei por aqui e aí eu fiquei só aqui, então eu dei um
tempo, foi muito puxado esse período de dois empregos [...] era bem
puxado porque na FUNEPO 40 horas então não foi fácil. (MEDPC).
[...] já comecei a fazer as propostas de trabalho dentro da comunidade junto
com o grupo, mas eu sempre tive muita liberdade de ação, sempre tive
apoio, da direção com relação a isso, adaptações, planejamentos, eu
sempre participava de tudo, nós éramos a equipe, agora as minhas
atividades eu levava sempre pra equipe, as propostas, os projetos que eu
desenvolvia, eu desenvolvi vários projetos lá. (MEDPC).
O que mudou na profissão daquele período para os dias de hoje:
O que mudou muito foram as definições das áreas de atuação: saúde,
educação e percebo que na questão da assistência as pessoas tem seu
ponto de atuação mais claro e mais delimitado, e posterior a isso veio a
criação do curso do Serviço Social em Uberaba que fortaleceu ainda mais
estas definições. [...] Eu acredito que mudou quando houve um número
maior de Assistente Sociais na cidade, uma oferta maior de profissionais,
acho que em 1987, foi quando houve uma abertura maior do campo de
trabalho, então as pessoas foram buscando área que ainda não tinham
profissionais, mas até hoje como em asilos a gente não tem profissionais do
Serviço Social, me lembro somente de trabalho voluntário da Ana Maria
com idoso. [...] A partir da criação dos conselhos, a população se organizou
e busca maiores informações, discutir e defender seus direitos,
especialmente os sociais, e estes conselhos estão lá onde os usuários
estão, as pessoas começaram a participar mais também a partir da LOAS
em 1993. (GCS).
A sociedade de uma maneira geral mudou muito nesse período, mudaram
os clientes, mudou a demanda deles, na época com coisas até mais em
termos de assistência também, hoje em dia com o tempo, isso foi se
modificando e não com isso mas também com isso, a gente trabalhava
por exemplo lá no sanatório muito essa questão de inserção do paciente, na
comunidade, no mercado de trabalho, criamos tudo isso lá, bolsa de
emprego, encaminhávamos a pessoa pro trabalho, nós fizemos coisas que
um bom tempo o sanatório não teve como prosseguir essas coisas,
então aqui a essa mudança eu acho que associamos essa mudança da
sociedade é que muda. (MEDPC).
O que vejo de diferente nas demandas ocorridas daquela época para o
momento atual foi a abertura do Curso de Serviço Social na UNIUBE e
também a maior aceitação do Serviço Social nos órgãos públicos e privados
(MAS).
O que mudou efetivamente é que a gente tem muita mais informações para
os usuários, eles buscam muito mais os seus direitos O que mudou muito
foram as definições para as áreas de atuação: saúde, educação e percebo
que na questão da assistência as pessoas tem seu ponto de atuação mais
claro e mais delimitado, e posterior a isso veio a criação do curso do
Serviço Social em Uberaba que fortaleceu ainda mais estas definições. [...]
Eu acredito que mudou quando houve um número maior de Assistente
Sociais na cidade, uma oferta maior de profissionais. (GCS).
O que acham do exercício profissional em Uberaba hoje:
[...] penso que precisa um pouco mais comprometimento, social mesmo pra
mudar essa realidade, agora pra haver esse comprometimento é
imprescindível a união da classe, reuniões periódicas pra debater, cada um
na sua área, e no conjunto, fazer uma leitura da realidade de Uberaba, em
conjunto, porque você tem a sua leitura, outros têm a leitura deles, então
unir isso tem como categoria, no que nós podemos ajudar. Vai ter agora
uma conferência, era muito oportuno se o serviço social de todas as áreas
reunisse mediante, antes da conferência e levantar dados, porque vocês
tem base, tem dados, tem conteúdo que sai do trabalho de vocês, o que
está emperrando o trabalho de vocês [...] (MJF).
Na verdade, eu tenho contato com colegas através de curso, mas eu acho
que talvez esteja faltando experiência pra esses colegas que saem da
faculdade, tenho contato com eles através de estágio que eles fazem aqui
comigo então acredito que tenha que ter um pouco mais de prática. (OA).
Sobre o Exercício Profissional na Instituição (UFTM), houve mudanças
gradativas, com ampliação do pessoal e com a valorização da atuação no
âmbito hospitalar e Ambulatorial. (MAS).
Eu estou meio afastada hoje, mas até da época em que eu aposentei eu
acho que já que a visão da procura do cliente buscando o serviço social
então eu acho que eles já estavam com uma clareza maior do que era que
eles poderiam ta buscando, ah precisa de mais profissional nessa área,
precisava de que em cada postinho da prefeitura tivesse um porque eu
moro no bairro tal e não tenho esse profissional então eu acho que à
medida que eles viam com uma atuação ali naquele, a atuação daquele
profissional eles já viam a necessidade que fazia falta já, o profissional já
faz falta. que foi melhorando com a chegada de outros profissionais
pra outras que já foram ampliando também o ampliando. (MHFA).
A necessidade do aperfeiçoamento profissional:
Eu sempre fiz voltado pra área que eu fazia, planejamento, adolescente,
dentro da área infantil, eu acho primordial, sem dúvida nenhuma, de serviço
social especificamente eu comecei aquele de Brasília, aquele que era a
distância, comecei a fazer, achei que não tava com vontade de continuar,
parei li tudo que eu tinha que ler, mas eu não tava a fim de ficar fazendo
trabalho mais, então o que eu fiz foi esse curso que eu coloquei na área
de saúde de atendimento social eu fiz logo que eu terminei a faculdade de
administração e serviço de saúde, pra mim foi bom, me acrescentou grande
coisa, ela fez elaborações de projeto ótimas aqui pra faculdade, e na minha
área de planejamento de organização de par, agora se me perguntarem,
mestrado e doutorado, você já teve vontade? Nunca, eu queria fazer mais
alguma coisa de serviço social, até gostaria, mas não queria fazer
mestrado, eu não tenho vocação pra isso.
Participou de algum aperfeiçoamento profissional neste período:
A própria Previdência fazia os cursos de reciclagem, e uma vez no ano a
gente fazia em Belo Horizonte, e nesses cursos trabalhava dentro da
própria Previdência e então a gente reciclava, então vinha gente de fora,
professores que trazia muita coisa nova até pra dentro da própria
Previdência. (MAC).
[...] eu fiz vários cursos, sempre voltados pra área onde eu tava atuando na
época, [...], fiz a especialização em saúde pública, depois dessa fase do
sanatório eu sempre trabalhei nessa área de saúde pública, [...] fiz cursos
específicos de hanseníase, de trabalho com paciente com hanseníase os
hansenianos, a pólio-quimioterapia, eu fiz todo o processo em Belo
Horizonte, trabalhei na área voltada pra previdência, [...], sempre voltado
dentro do programa onde eu estava eu sempre busquei trabalhar e
conhecer inclusive o trabalho do profissional dentro dessa área, o assistente
social dessa área, então viajei bastante, busquei na época de saúde mental,
e eu fiquei um mês na Itália fazendo um trabalho, na época tinha sido
feito, a reforma da saúde mental na época o Doutor Franco Balgário, tive lá
no hospital onde ele iniciou esse processo de reforma sanitária então isso
me ajudou muito dentro da área da saúde. (MEDPC).
3.1.4 organização da categoria enquanto classe.
Sobre esta temática, a organização da categoria enquanto classe,
questionou-se sobre quando e como se deram as primeiras iniciativas de
mobilização da categoria; quais foram os primeiros profissionais a discutirem
assuntos de interesse da classe e como eles vêem o processo de organização da
categoria, nos dias de hoje.
Sobre a primeira questão, vimos que não havia nada estruturado, mas o
grupo conseguia atingir seus objetivos.
As primeiras iniciativas de mobilização da categoria:
Foram em encontros em restaurantes, formava-se um grupo, a gente se
encontrava, normalmente na época da comemoração do dia do assistente
social, eu sempre participei desses encontros. (MEDPC)
Foi no sentido de defender a categoria. [...] O único fato que eu me lembre
foi uma época em que podia assumir a secretaria de Assistência Social em
Uberaba uma pessoa que não era qualificada, então a categoria que era
pouca, nós nos mobilizamos pra tentar evitar isso, e nós tivemos algumas
reuniões na época com a pessoa pra tentar reverter o quadro. [...] a gente
ficava sabendo de vários fatos de pessoas que não tinham formação
profissional pra exercer o cargo, Então a gente corria atrás pra tentar
reverter esse quadro em Uberaba. Eu lembro de algumas reuniões que a
gente tinha que era assim muito gostoso, que a gente tinha reunião em
pizzaria eram umas reuniões que a gente tinha essa coisa igual eu te falei
de debater de querer secretaria, de criar associação, grupo de estudo.
(MCL).
[...] eu acompanhei pouco porque foi uma época que o hospital me
absorveu muito, que eu ficava 8 horas, eu não participei, eu participei muito
pouco dessas reuniões, mas liberava as colegas eu tava aqui na chefia
quem quisesse participar se fosse durante o dia a gente não criava
nenhuma dificuldade, facilitava até. Isso foi bem no início e houve reuniões
houve discussões e eram reuniões mesmo que acontecia até nós sentimos
a necessidade de criar uma secretaria porque na prefeitura tinha o médico
que assumia essa parte, ele tinha uma secretária então era lá que as coisas
aconteciam do jeito dele e não tinha assistente social, foi bem no
começinho foi mais ou menos em 82, quando o Wagner assumiu a
prefeitura houve uma reunião com a Isabel e várias assistentes sociais
foram eu não participei dessa reunião e foi a partir daí que criou a secretaria
nesse período da gestão dele. (MACO).
Primeiro a necessidade de você buscar uma força junto com alguém, quer
dizer a categoria, o profissional sozinho, ele não tem peso, mas a categoria
tem, nós sempre tivemos, só que nós não tínhamos gente o suficiente, nós
nos uníamos, mas era muito pouca, a partir do momento que foi
aumentando, nós fomos nos buscando... (MEDPC).
Olha, o que eu estou lembrando foi justamente dessa secretaria de serviço
social, foi o primeiro objetivo, porque não tinha assistente social na
prefeitura, segundo, não tinha um albergue, não tinha pra onde encaminhar,
e isso rebatia no cotidiano nosso, porque o hospital atraiu muitos imigrantes
doentes e depois não tinha mais pra onde encaminhar, nós aqui do hospital
não tínhamos verba pra que eles voltassem, não fazia passagem, e isso
tinha que ser da assistência, e no começo quando nós chegamos aqui, o
nosso contato tinha que ser diretamente com a empresa, então a gente
solicitava uma passagem e fazia uma troca de favor, o dia que eles levavam
um funcionário pro hospital eles queriam alguma prioridade, na consulta,
chegar e ser atendido primeiro, e aqui tudo é um processo demorado e era
complicado trabalhar assim, não tínhamos o serviço de migração rodoviária,
foi muito difícil trabalhar no começo porque rede social de apoio não tinha
nenhuma. (MACO).
[...] tinha a Maria Elisa, a Maria José, porque a Maria José tinha pique total
tinha uma cabeça diferente porque ela veio de São Paulo, mas eu não sei te
dizer quem começou, acho que foi a Maria José que começou com essas
coisas e eu com alguma coisa não sei. (MCL).
[...] eu não vejo mérito nenhum desse grupinho aqui ter sido uma mola
mestra para a coisa continuar hoje não, porque isso é do espírito da
categoria profissional, se esse grupinho aqui não tivesse reunido nessa
época, sem duvida nenhuma em 70 em 90, 92, 94 em alguma época a
categoria sentiria necessidade dessa formação, então isso aqui foi bom pra
essa época aqui. (MJF).
Primeiro a necessidade de você buscar uma força junto com alguém, quer
dizer a categoria, o profissional sozinho, ele não tem peso, mas a categoria
tem, nós sempre tivemos, só que nós não nhamos gente o suficiente, nós
nos uníamos, mas era muito pouca, a partir do momento que foi
aumentando, nós fomos nos buscando... (MEDPC).
Os principais interesses que mobilizaram as iniciativas
Era esse mesmo que eu citei, formar um grupo de estudo, se organizar,
tentamos em vários locais diferentes, no trabalho de cada um, em barzinho,
mas não foi pra frente. (GCS).
Me lembro de alguns casos, alguém até notificou e publicou, pessoas que
falavam que faziam Serviço Social, mas não eram formadas, como é ate
hoje, a figura do assistente social é muito confundida, podemos citar a
primeira dama que é Secretária do município e muitas vezes é confundida
com assistente social.
Pois é, eu me lembro de uma movimentação e lembrando mais da Dirce
é uma colega mais dinâmica muito atuante, então na época que foi pra criar
a associação, na época eu também não participei, como não dava pra eu
participar durante o dia, a noite eu evitava muito qualquer compromisso,
mas eu lembro mais da Dirce, e sempre que tinha reunião ela ia e
representava o nosso grupo, aqui no hospital nessa época nos primeiros
anos, a gente tomava muito cuidado, não dava pra todas irem participar de
algum curso, alguma atividade, então quem ia trazia a gente reunia e
repassava, pra acompanhar. (MACO).
Eu sei que nós tentamos começar aqui em 1983, tentamos, que era um dos
objetivos era formar essa associação, esse sindicato. Depois eu soube que
foi formado, não era associação, até o quanto eu sabia não era associação,
era grupo de assistentes sociais, depois que foi participando de reuniões
um Uberlândia, que formou uma representação se não me engano do
Núcleo do Conselho de Assistente Social, então eu me lembro que quando
eu me aposentei inclusive foi através desse grupo que levou a minha
carteira pra dar baixa, então, depois que formou a associação, até aí eu sei,
depois eu não tô a par de como está. (MJF).
Como eles vêem o processo de organização da categoria nos dias de hoje
Muito mais forte,está mais coeso, tem um grupo muito maior, eu tenho
participado muito pouco hoje. (MEDPC).
Eu acho o que pessoal, estão fazendo reunião, eu acho que vocês estão
bem envolvidas na história, tem gente nova, que terminou o curso, porque
tem que entrar gente, gente jovem, porque nós estamos afastadas. [...] eu já
estou vendo gente que eu não conhecia, e eu acho que isso é bom, tem
que colocar gente nova, porque um dia nós vamos afastar e todo mundo vai
afastar e acho que tem que continuar, não pode deixar a coisa cair, e agora
ainda tem uma coisa a mais pra proteger, cuidado com as escolas de
serviço social, eu acho que a associação tem que cuidar disso, porque se
você começa a fazer muito em série, a qualidade perde. (MCL)
Eu sinto que seja dessa forma, porque antes a coisa era bem intensa
também a realidade agora é outra, mas existe sim a gente vê que de vez
em quando ouve falar que o pessoal da prefeitura estar fazendo alguma
coisa mas é mais isolado essa mobilização única essa não existe mais ela
agora setorizou. E eu acho até que isso é mais conseqüência da evolução,
do crescimento, da expansão da profissão. (MACO).
Eu acho que evoluiu muito, pela faculdade que tem em Uberaba, pessoas
novas chegando, outras com ânimo pra trabalhar, que a gente já está
cansada, brigou muito, e já vai deixando pra essas que tão chegando
agora brigar, mas eu acho que ainda falta muito ainda, que pelo número de
profissionais que tem na cidade deveria evoluir mais ainda. (OA).
Eu sinto que seja dessa forma, porque antes a coisa era bem intensa
também a realidade agora é outra, mas existe sim a gente vê que de vez
em quando ouve falar que o pessoal da prefeitura fazendo alguma coisa,
mas é mais isolado essa mobilização única essa não existe mais ela agora
setorizou. E eu acho até que isso é mais conseqüência da evolução, do
crescimento, da expansão da profissão. (MACO).
Não mudou muito não, tirando algumas pessoas daquela época, as
pessoas continuam sendo muito poucas no envolvimento de discussões,
mesmo com a criação do curso de serviço social em Uberaba. (GCS).
Olha, issoo é uma crítica, mas comparando eu acho que como no
passado, não tínhamos quase que recurso nenhum, não podíamos contar
com quase ninguém diretamente, uma coisa organizada, tudo que precisava
tinha que ir atrás ficar quase que implorando, então o empenho do passado,
me parece que foi bem maior do que o serviço de agora, porque agora está
muito mais fácil do assistente social trabalhar, eu trabalho aqui a noite se
precisar encaminhar um paciente, hoje tem casa de apoio, secretaria, se for
paciente com problema de saúde mental, tem a assistente no sanatório,
então agora tem o serviço social ele esestruturado em nível de Uberaba,
então o muitos recursos, você atende um paciente no seu local de
trabalho, temos o atendimento, temos a intervenção se precisar de dar
continuidade, você pode encaminhá-lo, você tem uma colega de
referência também pra poder encaminhar, pra dar continuidade, e antes nós
não nhamos nada disso, então hoje está muito cômodo, pra quem tá
chegando e encontrando esse espaço estruturado e garantido então eu
não sinto que essa mobilização no momento ela exista dessa forma.
(MACO).
Os principais interesses que mobilizaram as iniciativas
Era esse mesmo que eu citei, formar um grupo de estudo, se organizar,
tentamos em vários locais diferentes, no trabalho de cada um, em barzinho,
mas não foi pra frente. (GCS).
Me lembro de alguns casos, alguém até notificou e publicou, pessoas que
falavam que faziam Serviço Social, mas não eram formadas, como é ate
hoje, a figura do assistente social é muito confundida, podemos citar a
primeira dama que é Secretária do município e muitas vezes é confundida
com assistente social.
Pois é, eu me lembro de uma movimentação e lembrando mais da Dirce
é uma colega mais dinâmica muito atuante, então na época que foi pra criar
a associação, na época eu também não participei, como não dava pra eu
participar durante o dia, a noite eu evitava muito qualquer compromisso,
mas eu lembro mais da Dirce, e sempre que tinha reunião ela ia e
representava o nosso grupo, aqui no hospital nessa época nos primeiros
anos, a gente tomava muito cuidado, não dava pra todas irem participar de
algum curso, alguma atividade, então quem ia trazia a gente reunia e
repassava, pra acompanhar. (MACO).
Eu sei que nós tentamos começar aqui em 1983 tentamos, que era um dos
objetivos era formar essa associação, esse sindicato. Depois eu soube que
foi formado, não era associação, até o quanto eu sabia não era associação,
era grupo de assistentes sociais, depois que foi participando de reuniões
um Uberlândia, que formou uma representação se não me engano do
Núcleo do Conselho de Assistente Social, então eu me lembro que quando
eu me aposentei inclusive foi através desse grupo que levou a minha
carteira pra dar baixa, então, depois que formou a associação, até aí eu sei,
depois eu não tô a par de como está. (MJF).
Os primeiros profissionais a discutirem assuntos de interesse da categoria
Não me lembro, mas eram sempre as mesmas pessoas: Mendes, Maria
Elisa, Ângela, Heloísa, Dirce, Cida Tirone, eu, não era um grupo muito
grande, e a gente discutia como ampliar esse grupo e consolidá-lo.
Posteriormente chegou a Vanda e outras pessoas também, principalmente
de Uberlândia. (GCS).
Pra te falar a verdade eu lembro da Maria José, Maria Elisa, depois a
Auxiliadora participou, acho que a Marli participou um pouco também. Eu
não lembro sou péssima pra isso. (MCL).
[...] a organização da categoria enquanto classe, mas não participei de
nenhuma atividade; portanto não me atrevo mencionar nomes dos
profissionais pioneiros desse movimento. Atualmente é de suma
importância a mobilização em prol dos interesses da classe. (MAS).
Foram em encontros em restaurantes, formava-se um grupo, a gente se
encontrava, normalmente na época da comemoração do dia do assistente
social, eu sempre participei desses encontros. (MEDPC).
O Mendes, a Ângela, a Maria Célia, eu, a Maria José, depois tinha a
Auxiliadora, a Ordalita, a Marli, a Ângela tava sempre junto, ela sempre teve
essa mobilização muito forte, o Mendes também gostava demais de buscar
companhia da gente de ta junto, discutindo, conversando, se organizando,
socializar as práticas, justamente isso que a gente buscava. (MEDPC).
[...] eu me lembro de uma movimentação, e estou lembrando mais da Dirce,
que é uma colega mais dinâmica muito atuante, então na época que foi pra
criar a associação, na época eu também não participei, [...] mas eu lembro
mais da Dirce, e sempre que tinha reunião ela ia e representava o nosso
grupo, aqui no hospital nessa época nos primeiros anos, a gente tomava
muito cuidado, não dava pra todas irem participar de algum curso, alguma
atividade, então quem ia trazia pra gente,reunia e repassava, pra
acompanhar. [...] eu acompanhei pouco porque foi uma época que o
hospital me absorveu muito, que eu ficava 8 horas, eu não participei, eu
participei muito pouco dessas reuniões, mas liberava as colegas eu tava
aqui na chefia quem quisesse participar se fosse durante o dia a gente não
criava nenhuma dificuldade, facilitava até. Isso foi bem no início e houve
reuniões houve discussões e eram reuniões mesmo que acontecia até nós
sentimos a necessidade de criar uma secretaria porque na prefeitura tinha o
médico que assumia essa parte, ele tinha uma secretária então era que
as coisas aconteciam do jeito dele e não tinha assistente social, foi bem no
começinho foi mais ou menos em 1982, quando o Wagner assumiu a
prefeitura houve uma reunião com a Isabel e várias assistentes sociais
foram eu não participei dessa reunião e foi a partir daí que criou a secretaria
nesse período da gestão dele. (MACO).
Foram esses mesmos profissionais e os mais novos, eu acho que já estava
a Heloisa, a Eleusa, a Vanda se não me engano você estava e na época
que nós estávamos no Hospital, entrou a Marli com a Ordalita no INSS.
(MJF).
[...] especificamente eu não me lembro quem começou, a gente reunia mas
era para tratar algum assunto relacionado, mas nada que tivesse, quem
chamava quem convocava. Que eu me lembre era a Gilda, que ficava mais
a frente, e teve alguns tempos que eu participava da associação. (OA).
Pra te falar a verdade, eu lembro da Maria José, Maria Elisa, depois a
Auxiliadora participou, acho que a Marli participou um pouco também. Eu
não lembro sou péssima pra isso. Eu lembro de algumas reuniões, era
muito gostoso, que a gente tinha em pizzaria. Eram umas reuniões que a
gente tinha essa coisa de debater de querer a secretaria, de criar
associação, grupo de estudo... [...] não participei de diretoria mas eu
participei muito, depois eu casei parei. (MCL)
Quando aumentou, que tinha a Maria Elisa, a Maria José, porque a Maria
José tinha pique total tinha uma cabeça diferente porque ela veio de São
Paulo, mas eu não sei te dizer quem começou, acho que foi a Maria José
que começou com essas coisas e eu com alguma coisa não sei. (MCL).
Eu lembro que eu participei de todas, depois é que eu dei uma parada,
naquela montagem da associação eu participei quase que toda, eu cheguei
até a fazer parte da diretoria, antes de formar a associação tinha reuniões,
que a gente marcava pra discutir coisas da categoria, pra defender a
categoria. (MAC).
Sim eu participei, eu me lembro até que teve, não fui eu quem organizei, eu
ajudei, participei, foi um seminário não sei, sei que foi uma participação
muito boa, que lembro que eu fiquei na mesinha lá na frente fazendo
inscrição do pessoal, mas não me lembro com sinceridade o ano que foi eu
me lembro bem do local, a frente, foi lá na ACIU na Leopoldino, foi o último
encontrão que eu participei aberto, [...] eu me lembro desse, muito bom por
sinal. (MJF).
O Mendes, a Ângela, a Maria Célia, eu, a Maria José, depois já tinha a
Auxiliadora, a Ordalita, a Marli, a Ângela tava sempre junto, ela sempre teve
essa mobilização muito forte, o Mendes também gostava demais de buscar
companhia da gente de ta junto, discutindo, conversando, se organizando,
socializar as práticas, justamente isso que a gente buscava. (MEDPC).
[...] eu me lembro de uma movimentação, e estou lembrando mais da Dirce,
que é uma colega mais dinâmica muito atuante, então na época que foi pra
criar a associação, na época eu também não participei, [...] mas eu lembro
mais da Dirce, e sempre que tinha reunião ela ia e representava o nosso
grupo, aqui no hospital nessa época nos primeiros anos, a gente tomava
muito cuidado, não dava pra todas irem participar de algum curso, alguma
atividade, então quem ia trazia pra gente,reunia e repassava, pra
acompanhar. [...]. (MACO).
Foram esses mesmos profissionais e os mais novos, eu acho que já estava
a Heloisa, a Eleusa, a Vanda se não me engano você estava e na época
que nós estávamos no Hospital Escola entrou a Marli com a Ordalita no
INSS. (MJCF).
É importante destacar no discurso acima, o momento em que a entrevistada cita a
profissional Eleusa (ver foto 3, abaixo). Eleusa foi uma das primeiras contratadas pela
Secretaria de Assistência, após sua criação. Ela chegou um ano depois no município, para
compor o quadro de profissionais da Secretaria de Assistência Social. Era da cidade de
Uberlândia. Faleceu em plena atividade profissional, no início da cada de 1990, por
insuficiência renal crônica, no pós-operatório de um transplante. A cirurgia foi realizada em
São Paulo. Este fato emocionou a cidade, pois ela era muito querida e se destacava como
profissional e como lutadora pela sobrevivência frente à doença.
II Encontro de Assistentes Sociais e a Comunidade
maio/1992
Eleusa
Márcia
FOTO 3 – 2º Encontro de Assistentes Sociais de Uberaba.
Fonte: Acervo da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba (AASU).
[...] especificamente eu não me lembro quem começou, a gente reunia mas
era para tratar algum assunto relacionado, mas nada que tivesse, quem
chamava quem convocava. Que eu me lembre era a Gilda, que ficava mais
a frente, e teve alguns tempos que eu participava da associação. (OA).
Pra te falar a verdade, eu lembro da Maria José, Maria Elisa, depois a
Auxiliadora participou, acho que a Marli participou um pouco também. Eu
não lembro sou péssima pra isso. Eu lembro de algumas reuniões, era
muito gostoso, que a gente tinha em pizzaria. Eram umas reuniões que a
gente tinha essa coisa de debater de querer a secretaria, de criar
associação, grupo de estudo... [...] não participei de diretoria mas eu
participei muito, depois eu casei parei. (MCL)
Quando aumentou, que tinha a Maria Elisa, a Maria José, porque a Maria
José tinha pique total tinha uma cabeça diferente porque ela veio de São
Paulo, mas eu não sei te dizer quem começou, acho que foi a Maria José
que começou com essas coisas e eu com alguma coisa não sei. (MCL).
Eu lembro que eu participei de todas, depois é que eu dei uma parada,
naquela montagem da associação eu participei quase que toda, eu cheguei
até a fazer parte da diretoria, antes de formar a associação tinha reuniões,
que a gente marcava pra discutir coisas da categoria, pra defender a
categoria. (MAC).
Sim eu participei, eu me lembro até que teve, não fui eu quem organizei, eu
ajudei, participei, foi um seminário não sei, sei que foi uma participação
muito boa, que lembro que eu fiquei na mesinha lá na frente fazendo
inscrição do pessoal, mas não me lembro com sinceridade o ano que foi eu
me lembro bem do local, a frente, foi lá na ACIU na Leopoldino, foi o último
encontrão que eu participei aberto, [...] eu me lembro desse, muito bom por
sinal. (MJF).
Abaixo as fotos do evento citado no discurso acima.
AASU
II Encontro de Assistentes Sociais e a Comunidade
maio/1992
Grupos de trabalho
FOTO 4 – 2º Encontro de Assistentes Sociais de Uberaba.
Fonte: Acervo da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba (AASU).
AASU
II Encontro de Assistentes Sociais e a Comunidade
maio/1992
FOTO 5 – 2º Encontro de Assistentes Sociais de Uberaba.
Fonte: Acervo da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba (AASU).
O surgimento da Associação:
Em todos os discursos, há a citação da Associação dos Assistentes Sociais de
Uberaba (AASU), como um importante marco da mobilização da categoria, selecionamos
alguns:
[...] acho que tem que existir, nós batalhamos por ela, deve ter alguma coisa
em Ata que a gente queria criar uma associação, eu acho que isso faz parte
de toda categoria tem que ter, acho que poderia ter mais empenho, como
que eu vou dizer nós tivemos algum problema com a associação agora
não tem mais pra você ver como que mudou que você não vê mais ninguém
perguntando, tem alguém atuando como assistente social? Porque antes
isso tinha, acho que isso agora mudou por causa da associação [...]. (MCL).
Para formação da associação dos assistentes sociais em que a formação
foi pelo estatuto que também foi uma oportunidade em que a gente tinha,
uma troca grande com os profissionais que participaram eu vejo isso aqui
como um marco grande para a época, a elaboração do estatuto e depois a
reformulação dele. [...] o estatuto da associação dos assistentes sociais
também vejo como um grande marco foi aprovado em assembléia geral em
15 de abril de 93 e tinha como sócios fundadores e membros da 1ª diretoria
na diretoria foram Heloisa Nunes e Luciana Martins e vários outros que
eu não me lembro na hora que compunham a diretoria que tinha (MHFA).
[...] a associação trouxe uma contribuição muito grande e as primeiras
diretorias foram muito atuantes eu não vejo muito isso nas atuais, mas as
primeiras foram muito atuantes buscaram lutaram muito para o interesses
da classe. (AMSR).
Percebe-se que nos relatos sobre a Associação, um desejo de evidenciá-la
como marco na história e de resgatar o papel que ela exerceu no passado. Acham
que hoje, ela não está atuante como foi nos primeiros anos. Na verdade, não é a
Associação que é atuante ou não, mas os seus associados. Referimos-nos à
categoria em um todo, não apenas à diretoria. Portanto, todos que defendem sua
permanência, devem assumir a sua parcela de responsabilidade, para garantir sua
existência.
Ao apropriar-se da história AASU, identifica-se os principais protagonistas,
responsáveis pelas várias conquistas da categoria no município, inclusive a busca
pela qualificação profissional, a representatividade política no município, como a
participação em conselhos, eventos e outros.
No Anexo A encontra-se o seu Estatuto, já reformulado pela terceira vez, para
atualizar-se tanto no aspecto legal, exigido às organizações sem fins lucrativos,
regulamentadas por estatutos, como para acompanhar as mudanças ocorridas no
interior da categoria, como Código de Ética e Projeto Ético Político. No Anexo B,
encontra-se os nomes dos profissionais que participaram nas gestões, na condição
de membros de diretoria e conselho fiscal.
Abaixo, o relato, de forma concisa, sobre o surgimento da Associação e as
principais ações que foram desenvolvidas através dela, desde o seu surgimento até
a atualidade. Trata-se de memórias, resultante da busca em documentos, atas,
artigos e fotos, que se mantinham conservados e arquivados pelo pesquisador,
tamm protagonista na criação da AASU e atual presidente da entidade.
3.1.4.1 O surgimento da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba como
resposta ao movimento organizativo da categoria.
Vamos incluir, aqui, a história da Associação dos Assistentes Sociais de
Uberaba, que liga a lacuna do tempo entre os primeiros Assistentes Sociais com os
da atualidade.
Destacamos que o caminho utilizado na pesquisa, para coleta dos dados
apresentados sobre a AASU foi a pesquisa documental, através de buscas em
documentos como atas e recortes de jornais, disponíveis nos arquivos da
Associação, mantidos pelo presidente.
Como vimos em sua história, Uberaba situa-se na região do Triângulo
Mineiro, mantendo-se distante cerca de 500 km de Belo Horizonte, ou seja, de onde
está sediado o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS), Região. Além da
sede conta, também, com seccionais em Juiz de Fora, na região central do Estado e
em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, aproximadamente 100 km de Uberaba.
Considerando as dificuldades decorrentes da distância e motivado pela
necessidade de agilizar informações e articular movimentos de interesse da
categoria, o grupo de Assistentes Sociais que atuava no Município de Uberaba,
pensando em minimizar as dificuldades vividas, no sentido de buscar seu
fortalecimento e agilizar a comunicação com a seccional e com a sede do Conselho,
optou por instituir uma Nucleação. No inicio da década de 90, os Assistentes Sociais
promovem encontros para estudos de interesse coletivo o que fortaleceu a idéia de
criar o Núcleo de Estudos no qual os Assistentes Sociais pudessem se reunir a fim
de estudar, partilhar experiências profissionais, fortalecer a atuação no município,
socializar informações e orientações oriundas do Conselho Regional. Chegou-se,
inclusive, a pensar na possibilidade da criação de uma subdelegacia em Uberaba.
Entretanto, quando consultado o Conselho Regional, a proposta foi rejeitada, com
justificativa de que o número de profissionais ainda era insuficiente para esse
empreendimento.
O grupo de profissionais do município, promoveu o 1º Encontro dos
Assistentes Sociais de Uberaba. Aconteceu nas dependências do Hospital Escola,
na Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, nos dias 14 e 15 de Maio do ano de
1990. A participação foi quase maciça dos profissionais do Município, sendo
registrado o significativo número de 25 (vinte e cinco) Assistentes Sociais
correspondentes a quase todos os profissionais em exercício na época, ficando
apenas alguns sem participarem, inclusive a profissional e pesquisadora, Zélia de
Oliveira Barbosa, que na ocasião encontrava-se em licença maternidade. Seu
vínculo profissional na época, era na Clínica de Psicologia Aplicada (CPA) da
UNIUBE, compondo uma equipe de profissionais, onde era oferecido um serviço
alternativo, de assistência a psicóticos Hospital Dia.
Ainda neste evento estiveram presentes e apoiando os profissionais, os
senhores Diretor Administrativo da FMTM, Camilo Rodrigues e o Vice-diretor da
FMTM, Doutor Lineu José Miziara. O evento possibilitou aos participantes,
apresentarem relatos da prática profissional nas diversas áreas de atuação no
Município, o que, certamente, enriquecera os conhecimentos dos profissionais
presentes no evento, bem como a aproximação dos profissionais, a socialização e
troca de informações, necessárias ao bom desenvolvimento das ações, nas
respectivas áreas de atuação.
Nos encontros seqüentes, foram formadas comissões com o propósito de
divulgar as ações do grupo, estudos quanto à regulamentação da profissão, criação
de instrumental técnico, arregimentação de recursos financeiros para os propósitos a
que se dispunha a questão social, promoção de eventos e outras ações de interesse
coletivo.
A idéia da criação de uma Associação começou a tomar corpo no grupo.
Começaram a se mobilizar em busca de orientações jurídicas para a formulação da
proposta de fundação de uma entidade representativa , na forma legal.
Ainda sem uma definição sobre a questão que preocupava o grupo, no
período de 02 de abril de 1991 a 28 de maio do mesmo ano, os profissionais
mobilizaram-se para a realização do 2º Encontro de Assistentes Sociais de Uberaba,
o qual teve como tema central: Assistência Social e Políticas Sociais, aberto à
participação da comunidade uberabense. O evento aconteceu em maio de 1992, no
Anfiteatro da Associação de Comércio e Indústria de Uberaba (ACIU). O Grupo de
Assistentes Sociais convidaram a Comunidade para debaterem o tema: “Assistência
Social e Políticas Sociais”. Como conferencista, foi convidada a profissional Marilza
Bertanho, Assistente Social em Uberlândia e na época representante do
CRESS/6ªR./Seccional de Uberlândia.
O Anfiteatro, com capacidade para mais de duzentas pessoas, ficou lotado,
conforme mostra a foto abaixo.
AASU
II Encontro de Assistentes Sociais e a Comunidade
maio/1992
Tema: Assistência Social e Políticas Sociais. evento com a
participação de Profissionais e sociedade civil.
AASU
FOTO 6 - 2º Encontro de Assistentes Sociais de Uberaba.
Fonte: Acervo da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba (AASU).
Após este importante evento, os profissionais retomaram a discussão sobre a
formação e formatação do Núcleo local com a necessária distribuição de cargos e
funções, a fim de garantir a funcionalidade e o desempenho do mesmo.
Finalmente, no período de 17 de setembro de 1992 a 03 de dezembro do
mesmo ano, os profissionais definiram-se pela formação da entidade representativa
da categoria profissional, denominada Associação dos Assistentes Sociais de
Uberaba, firmando-se nos propósitos de estudos das questões pertinentes à atuação
profissional, representação jurídica, promoção de eventos, apoio técnico-científico e
cultural, divulgação da profissão, promoção de cursos e outras ações.
No período compreendido entre 05 de novembro de 1992 a 18 de março de
1993, foi eleita uma comissão para elaboração do Estatuto da Associação, o qual foi
discutido, feitas as necessárias adequações e aprovado pelo grupo.
A formação e composição da primeira Diretoria ocorreu em 01 de abril do ano
1993, através da formação de chapa e eleição direta dos profissionais, oficializando
o Estatuto cuja finalidade era a de congregar os atuais e futuros profissionais em
Serviço Social, bem como valorizar e defender os interesses individuais e coletivos
da categoria residente no município.
Em 15 de abril de 1993, em Assembléia Geral Ordinária realizada na sede do
Serviço Social da Indústria (SESI), foi empossada a Diretoria (ver anexo B) e
confirmada a legalidade do Estatuto. As outras Assistentes Sociais presentes, e que
não compunham a Diretoria, receberam o título de sócias fundadoras da AASU. São
elas: Maria Auxiliadora Cipriano de Oliveira, Maria Célia Lamounier , Maria Inácio S.
Gaspar,Maria Elisa Di Poi Cruz,Maria Aparecida Tirone, Raimunda Lima Santana,
Ana Maria Salge Recife, Maria Madalena de Oliveira, Marli Ferreira de Resende
Amaral, Márcia Jerônimo, Naide Maria Silvério, Cátia Silva.
Consta, que a Associação enfrentou algumas dificuldades para a efetivação
do registro em cartório de seu estatuto, o que teria causado um período de
paralisação nas atividades. Superadas as dificuldades, foram retomadas todas as
atividades, inclusive os encontros mensais, a partir de fevereiro de 1994, com os
preparativos da comemoração do Dia do Assistente Social. Vale ressaltar que, antes
mesmo de a Associação estar constituída e reconhecida, os Assistentes Sociais já
se mobilizavam para a realização de grandes eventos.
Aconteceu outro evento, também de destaque, ocorrido nos dias 14 e 15 de
Maio de 1993, intitulado como III Encontro de Assistentes Sociais, com o Tema: O
Serviço Social em busca de Novos Rumos. Como conferencista, foi convidada a
profissional Maria Cristina Tezza, Socioterapeuta e Assistente Social da Cidade de
Curitiba/PR.
A Associação mantinha um espaço em um importante jornal local
(comunicação escrita), no qual publicava, semanalmente, um artigo sobre assuntos
da atualidade, incluindo as particularidades do Serviço Social nos espaços sócio-
ocupacionais.
Em março de 1994, o referido Jornal, divulgou nota da AASU, (ver anexo F),
alertando a população sobre pseudos profissionais que estariam atuando sem ter
cursado Serviço Social. A nota esclarecia a Comunidade sobre a Lei Regulamentar
da Profissão.
No mês de abril de 1994, prosseguindo com a campanha de defesa dos
interesses da Categoria, a Vice Presidente da AASU, Luciana Martins Rodrigues
publicou nota com destaque para a intensa fiscalização a ser desencadeada em
todo o Estado de Minas Gerais, por meio da formão de colegiados, objetivando o
impedimento da atuação destes pseudos Assistentes Sociais.
Em abril de 1994, a Associação dos Assistentes Sociais enviou dois
representantes a Belo Horizonte para participarem do Primeiro Encontro Regional de
Núcleos e Associações, promovido pelo CRESS, a fim de avaliarem a atuação
destas representações.
Outro marco importante na existência da AASU, aconteceu em outubro de
1995, é a participação da Associação dos Assistentes Sociais na organização da 1ª
Conferência Municipal de Assistência Social, (ver anexo H) culminando na
implantação da LOAS no Município. Os profissionais que participaram como
representantes da AASU neste trabalho, foram: Ana Maria Salge Recife, Dircy da
Silva, Gilda Crosara da Silva, Luciana Martins Rodrigues, Maria Helena S. P.
Liporaci, Maria Teresinha Cunha, Mariangélica Rodrigues da Cunha, Naide Maria
Silvério, Rosane Aparecida de Souza, e Zélia de Oliveira Barbosa.
O Jornal de Uberaba, datado de 11 de novembro de 1995, destaca a reflexão
assinada pela Assistente Social e Vice-Presidente da AASU Maria Cristina Araújo
de Brito Cunha – sobre o Serviço Social na Empresa, intitulada de “Progresso
industrial conduz não apenas a um novo sistema tecnológico, como à transformação
dos sistemas de relações humanas”.
Uma vez estruturada a Associação, esta organizou vários eventos de interesse da
categoria, inclusive eventos festivos e comemorativos.
Na data de 14 de maio de 1997, promoveu uma Conferência com o tema:
Relações Afetivas e Atuação Profissional, tendo como convidada Berenice Araújo
Dantas de Biagi - Assistente Social,Terapeuta de Família e Casal. A participação foi
bastante expressiva.
Entre outros eventos, destacamos:
Em 1998, a Associação toma importante iniciativa ao propor o Ciclo de
Estudos e Debates em parceria com a Secretaria do Trabalho e Assistência Social
(Setas). O Ciclo de Debates propunha a promoção de eventos mensais, se estendeu
pelo período de março/98 a novembro/98. Os encontros mensais foram organizados
com as seguintes temáticas e convidados:
Análise da Conjuntura e a Nova Perspectiva do Trabalho Social - Dra.
Raquel Sant’Ana. (UNESP);
Instituição x Profissional x Usuário – Questionamento e Reflexão - Dra.Cirlene
Aparecida Hilário S. Oliveira (UNESP);
Família Pensada, Família Vivida: Caracterização atual da unidade familiar - A.S.
Rosane Aparecida de Sousa. (FMTM/ Uberaba);
Exclusão Social - Dra. Maria do Carmo C. Brant (PUC/SP)
Planejamento Social - Prof. Josefina M.dos Reis (Uberlândia)
Alternativas do Trabalho Social na área de Saúde - Psic. Conceição Apda P.
Rezende (Brasília)
Assistência Social e Políticas Públicas - A.S. Lea Lúcia Cecílio Braga (BH)
Stress e Auto Estima Profissional - Maria Mazzarello Saraiva Nunes
Nos períodos seguintes aos das palestras, os grupos de estudos retomavam
os debates sobre o tema tratado a fim de aprofundar as questões apresentadas.
Ainda em setembro de 1998, A Associação custeou a participação de vários
representantes no I Seminário Regional de Assistentes Sociais, na Cidade de
Uberlândia.
Em seqüência a Associação promove no ano de 1999, o II Seminário de
Serviço Social ocorrido em 21 de maio daquele ano - organizado em parceria com
a Secretaria do Trabalho e Assistência Social (Setascad), Escola de Governo e
UNIUBE. Trouxe, como conferencista, o Assistente Social e escritor Vicente de
Paula Faleiros, da Universidade de Brasília (UNB).
No mesmo ano, no período de 02 e 03 de julho, foi realizado o I Seminário de
Saúde Pública do Trabalhador e Previdência Pública, quando a Associação dos
Assistentes Sociais participou da organização do evento como Debatedora em um
dos Temas, tendo sido representada pela presidenta Zélia de Oliveira Barbosa e
outros profissionais.
Em abril de 1999, realizou-se nova eleição da diretoria, em cumprimento ao
seu Estatuto, para a gestão 1999/2000.
Cumprindo com os objetivos propostos, em meados do ano de 1995, a
Associação mobilizou os profissionais através de divulgação do Curso de Terapia
Familiar e de Casal na Abordagem Sistêmica, realizado pelo docente Regis Chagas
(de Belo Horizonte). O curso foi realizado em Uberaba, aos finais de semana,
quinzenalmente, com participação expressiva da categoria.
Fazendo uso do espaço na mídia de que dispunha a Associação, a Assistente
Social Rosane A. de Sousa Martins publica, na data de 28 de Julho de 1998, um
artigo na Coluna Ponto de Vista, sob o título: “As questões sociais”.
A AASU participou, também, em parceria, de eventos realizados pela
Universidade de Uberaba, em que houve a presença de vários profissionais da área,
como Raquel Gentilli, Elizabeth Melo Rico, entre outros.
Entre os dias 22 a 24 de setembro de 2000, a Associação dos Assistentes
Sociais promoveu, em parceria com o CRESS, o Curso Vivencial de Ética
Profissional em Serviço Social ministrado por Maria de Fátima Oliveira Assistente
Social – com significativa adesão dos profissionais.
Prosseguindo suas atividades, numa parceria com a Universidade de
Uberaba, em setembro de 2001, a Assistente Social, professora da PUC/SP e
autora de livros e artigos Dra. Maria Lucia Martinelli, foi convidada para desenvolver
o tema O Projeto Ético Político do Serviço Social, com a presença de alunos do
Curso de Serviço Social e de profissionais.
Destaca-se, aqui a posse de mais uma diretoria, desta vez para o exercício de
2001/2002, cuja eleição ocorrera em 14 de maio de 2000. A Diretoria foi empossada
na data de 01 de unho de 2001. (Ver no anexo B, os membros de todas as diretorias
da AASU).
Prosseguindo com a política de atualização profissional, a Associação dos
Assistentes Sociais, convidou o Psicólogo José Figueiredo para falar sobre o tema:
Vivência e Stress Profissional. O evento foi realizado na data de 24 de abril de 2002,
na sede do Centro de Atendimento Integrado de Saúde da Mulher (CAISM).
A Associação dos Assistentes Sociais criou um Boletim Informativo
desenvolvido pela diretoria, o qual tinha a finalidade de informar os associados sobre
os acontecimentos no interior da profissão. Hoje, o principal meio de comunicação
da Associação é o Site (www.aasu.com.br). Os Boletins foram catalogados e
arquivados entre a documentação da AASU.
A AASU organiza e realizou em parceria com a Faculdade de Medicina do
Triangulo Mineiro (FMTM) e Universidade de Uberaba, o IV Encontro de Assistentes
Sociais de Uberaba, com o tema: Trabalho Profissional Dilemas e Conquistas na
Contemporaneidade, cuja palestra de abertura ficou a cargo do Diretor do Curso de
Serviço Social da UNIUBE Doutor João Antonio Rodrigues. Neste encontro ocorreu
a “apresentação de Projetos e atuações nos diversos campos da área do Serviço
Social com a expressiva participação de Instituições que atendem crianças e
adolescentes no município de Uberaba e dos discentes do cursos de Serviço Social.
Neste encontro abriu-se espaço aos profissionais para exporem seus
trabalhos em pôsteres com a finalidade de dar visibilidade ao Serviço Social no
Município de Uberaba.
O ano de 2005 foi atípico do ponto de vista da eleição para composição da
diretoria no exercício 2005/2006, pois não houve eleição sistemática. A diretoria foi
composta por aclamação, em Assembléia Extraordinária realizada no mês de
setembro de 2005. Os associados, no uso de seus direitos estabelecidos no Estatuto
(anexo A), elegeram nova diretoria, visto que já estava esgotado o prazo e a
diretoria em exercício não se havia se manifestado sobre a questão.
Algumas ações desenvolvidas pelas AASU:
Em 24 de junho de 1998, a AASU convidou para um encontro com os
profissionais de Uberaba, para falar sobre o tema: Exclusão Social, a Dr.ª Maria do
Carmo Brant de Carvalho Professora Titular do Curso de pós-graduação da
PUC/SP.
Em outubro de 1998, a AASU se rejubilou com a sociedade uberabense e
cumprimenta o Reitor da Universidade de Uberaba por implantar o Curso de Serviço
(ver anexo.I).
Em maio de 1990, a AASU promoveu comemorações pelo dia do Assistente
Social, relembrando fatos importantes que marcaram o inicio das atividades dos
profissionais na Cidade de Uberaba.
Em maio de 2000 a AASU foi a público, através da imprensa escrita local,
por ocasião das comemorações do dia do Assistente Social, reafirmando a
importância da profissão na sociedade e relembrando a necessidade de habilitação
legal dos cursos de Serviço Social disponíveis em diversas faculdades.
Destaque importante para a representação dos profissionais no Conselho
Municipal de Assistência Social (CMAS), Conselho Municipal da Criança e do
Adolescente (COMDCAU), Conselho Municipal da Saúde (CMS).
A AASU participou da organização da Conferência Municipal de Assistência
Social realizada no ano de 2001, em parceria com outras instituições.
Defendeu a inserção do Assistente Social no Programa Saúde da Família,
enviando ofício tratando do tema para a Câmara de Deputados Federais através do
Deputado Paulo Delgado.
3.1.5 a expansão do serviço social no município
Nessa temática que trata da expansão do serviço social no município de
Uberaba, pedimos aos sujeitos que falassem um pouco sobre o que acham que
favoreceu a expansão do Serviço Social no município e quais os campos de trabalho
tiveram maior demanda para a profissão.
Os fatores que contribuíram para a expansão do Serviço Social no município:
Pelos relatos abaixo, teve como principais fatores de expansão do Serviço
social, o próprio desenvolvimento da sociedade, criando a partir daí maior demanda
para a profissão.
Tudo. A mudança da sociedade, a busca da sociedade por um profissional
indicado pra trabalhar com essas questões sociais e o próprio profissional
que foi chegando, foi mostrando, foi buscando, os que estavam aqui, os que
chegaram, foram buscando e favorecendo abertura de campos, e uma das
coisas que eu acho que foi muito bom, porque agente era muito solicitado
na época era pra assinar, aquela prática antiga: Ah precisa de um
assistente social pra assinar, era a vila não sei das quantas, não sei o que,
sempre tinha essa coisa, e a gente, pelo menos o pessoal aqui do hospital,
o pessoal mais ligado, que a gente conhece mais nunca aceitou isso, pelo
contrário, nós achávamos que era o nosso papel favorecer a contratação de
profissionais, mas jamais a abertura de campo, mas se aproveitar da
situação de que havia poucos profissionais, existem poucos profissionais
mas, é importante que sejam contratados, nós fomos emprestados, isso
aconteceu, de essa prática, mas assim era pelo local de trabalho,
normalmente era no serviço público, que aos poucos isso foi acabando.
(MEDPC).
A meu ver se deve aos fatores de crescimento da população e da
necessidade de criar ou ampliar os meios de prestação de serviços aos
mais carentes de recursos básicos. (MAS).
[...] fator de expansão eu vejo a própria atuação do profissional, a seriedade
dos profissionais na sua atuação, na luta do profissional as vezes até de
nem ser reconhecido direito de não saber, das outras pessoas não terem
uma vio de perto então muitas vezes o assistente social luta, mas luta
com seriedade e com vontade de crescer, então essa garra do assistente
social eu acho isso muito importante, agora deve haver algo que emperra,
como por exemplo as empresas, nós temos grandes empresas aqui em
Uberaba, não sei se tem assistente social nessas empresas. (MJF).
Os campos de maior demanda para a profissão:
Os relatos apontam como principais campos de maior demanda para a
profissão, em primeiro lugar a área da saúde, depois a Assistência, no setor público.
O setor privado também foi lembrado, através do SESI e Usina.
[...] com a chegada das outras assistentes sociais foi abrindo o leque,
porque cada uma no seu cantinho trouxe uma contribuição muito grande. A
Heloísa Nunes pereira no ambulatório de saúde mental, hoje no hospital
escola, foi um marco na saúde mental de Uberaba; a Vanda de início na
LBA, depois pra prefeitura; a Cátia, na prefeitura; a Luciana Martins na
prefeitura hoje no fórum, a Zélia que vinha da Usina, área empresarial, e
trouxe uma grande contribuição também e não contribuição, prestativa,
ajudava todo mundo, e ajuda até hoje; a Ângela Beatriz, no SESI, não a
Ângela já era antes, é a Raimunda que na década de 90 trouxe uma
contribuição grande também pra saúde; a Ana Maria já falei; a Dirce
também no Hospital Escola trouxe uma contribuição muito grande, a
Auxiliadora que foi na época, minha colega de turma também, Maria
Auxiliadora que está no Hospital Escola; a Madalena da Prefeitura, a
Mônica da Prefeitura também, todos foram chegando e foram abrindo o
leque dos campos. (MHFA).
[...] na prefeitura, são os maiores campos: a prefeitura e o hospital escola,
quando agente chegou na prefeitura não tinha ninguém e no hospital já
tinha seis. Então eu acho que tudo, hoje diversificou, hoje o serviço social
está em todas as áreas, muitas empresas, no serviço público quase em
geral. (MEDPC).
Eu acho que foi a saúde, com a descentralização da saúde que saiu da
previdência, criou o SUS então eu acho que foi na saúde com certeza, o
PSF que ainda deixa muito a desejar porque nem sempre tem assistente
social, mas foi na saúde. [...].[ o grande empregador ainda é o Estado com
certeza]. (OA).
A área pública que se expandiu bem a partir da secretaria de ação social
que criou na época começou a expandir os campos de serviço social,
começou na prefeitura o serviço público federal no fórum, aquelas
meninas do fórum é que sempre ficaram mais isoladas, eu não lembro delas
integrarem assim então houve uma expansão muito bonita e agora
ultimamente com a criação das faculdades de serviço social é fruto do
trabalho do profissional, porque se não tivesse algum fruto ou alguma
repercussão ninguém ia insistir em uma coisa incerta. Então duas
faculdades com a possibilidade de uma terceira lá na medicina, que já estão
ventilando essa possibilidade, a expansão foi muito boa. (MJF).
Os campos de atuação certamente se encontram nas Unidades de Saúde,
Educação, Lazer e Cultura, a níveis de prevenção ou de desenvolvimento.
(MAS).
3.1.6 Outras questões pertinentes.
Chamamos esta última temática de outras questões pertinentes, na qual
agrupamos as contribuições não contempladas pelas questões anteriores, mas que
são de relevância na construção da história, como por exemplo, a visão que têm
sobre a questão da religião no município no que se refere à filantropia e a possível
influência na identidade atribuída à profissão.
A questão religiosa do município, como influência na identidade da Profissão
Se a gente pega nossa historia a gente vê isso, os centros espíritas são
muito marcantes, a presença destas ações é muito forte nos bairros e
muitas vezes as pessoas vão em busca desta assistência, mas uma
assistência imediata, como sopa no final de semana, é um vínculo forte na
cidade, a religião espírita, assim como a igreja católica sempre tiveram uma
ação de assistência, [...] até hoje, depois que o Chico faleceu diminui um
pouco, mas muitos centros trabalham nesta linha, não em Uberaba, a
cesta básica de fim de ano é muito comum, e importante até, e isto tem uma
divulgação muito grande pela mídia. (GCS).
Eu acredito que não porque em todo lugar acontece isso, de outras pessoas
assumirem, como as pessoas acham que é fácil mistura assistencialismo
com serviço social, então eu acho que qualquer pessoa pode fazer o
assistencialismo, então como as pessoas o leigas em relação ao serviço
social essa confusão. Eu não acredito que Chico tenha influência não.
(OA).
A questão da religião, eu acho que isso trouxe muita gente pra cá, então a
demanda aumentou, de certa forma isso também favoreceu a abertura do
campo, quer dizer aumentou o número de profissionais também contribuiu
pra isso, agora eu acho que a demanda assistencialista, ela existe não tem
jeito mas ela existe no Brasil inteiro. (MEDPC)
PARTE 2
A CARACTERIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE UBERABA NO ANO DE 2007.
Apresentamos, aqui, como está caracterizado os Assistentes Sociais de
Uberaba, em 2007. Para conhecermos o perfil dos profissionais de Uberaba, na
atualidade, aplicamos um questionário a todos os Assistentes Sociais residentes em
Uberaba, conforme já explicamos nos passos metodológicos da pesquisa de campo.
O objetivo era o de levantar quantos profissionais existem no município, em
2007, onde exercem suas atividades, em que Instituição e em que ano se
graduaram e a faixa etária.
Para conhecer esses dados, aplicamos um questionário (ver apêndice B),
considerando o número de profissionais, pois sabíamos que seriam mais de cem.
Abaixo, apresentamos, em forma de gráficos, os dados que foram consolidados e
transformados em percentual. Para a transformação dos dados, utilizamos os
recursos do Excel. Os questionários foram aplicados no primeiro semestre de 2007,
a cento e dez profissionais residentes em Uberaba e graduados até julho de 2006.
Acreditamos ter atingido um mero bastante significativo dos profissionais
residentes no município, no período da pesquisa, considerando os dados informados
pelo CRESS que apontam 110 profissionais, já excluídos os que se mudaram,
somados aos outros 14 que localizamos através da AASU, chegamos a um número
de 124 profissionais residentes no município de Uberaba que foram graduados até
julho de 2006. Portanto, o percentual de questionários respondidos nos permitiu,
com segurança, construir o perfil dos assistentes sociais de Uberaba, conforme
segue a apresentação em gráficos.
37,27
17,27
25,45
13,64
6,36
20 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 mais de 60
Gráfico 1 – Faixa etária.
O Gráfico 1 mostra que, em 2007, o maior percentual de profissionais está na
faixa etária entre 20 a 30 anos, considerando que 48,2 % graduaram após o ano
2000, conforme mostra o Gráfico 5. Com certeza, não teríamos esse quadro o
fosse a existência do curso de Serviço Social no município.
46,4
39,1
1,8
8,2
4,5
0,0
Solteiro Casado Amasiado Divorciado Separado Viúvo
Gráfico 2 – Estado civil
Considerando que boa parte dos profissionais está na faixa etária entre 20 e
30 anos, acredita-se que a maioria seja solteira, embora seja expressivo o número
de casados, considerando, inclusive, os novos arranjos familiares, que dispensam o
matrimônio.
38,2
14,5
5,5
8,2
33,6
Católico Espírita Evangélico Sem religião Não informou
Gráfico 3 - Religião
Sobre a questão da Religião, cabe esclarecer que os primeiros questionários
que foram aplicados não continham o item religião”. Este foi agrupado aos dados
“não informou”. A predominância é pela religião católica; em seguida, a religião
espírita, dado esperado pela forte influência da religião no município, conforme
expusemos.
41,8
15,5
20,0
16,4
6,4
Uberaba Uberlândia Outras
cidades
mineiras
Estado SP Outros
Estados
Gráfico 4 – Cidade de origem
O gráfico nº. 4 demonstra que a maioria dos profissionais é residente em Uberaba. É
interessante o número de profissionais de origem do Estado de São Paulo, que
chega a ser maior do que Uberlândia, que também tem escola de Serviço Social.
0,9
12,7
16,4
21,8
48,2
Déc. 1960 Déc. 1970 Déc. 1980 Déc. 1990 Anos
2000/07
Gráfico 5 – Ano da graduação
Nesse gráfico 5 e também no gráfico 6 (abaixo), é possível visualizar o
impacto provocado pela escola de Serviço Social no município, pois a maioria
obteve graduação após o ano 2000. Segundo fonte pesquisada (MARTINS, 2006), a
primeira turma do Curso de Serviço Social da Universidade de Uberaba (UNIUBE)
teve início em janeiro de 1999, com um total de onze alunos, os quais graduaram em
dezembro de 2002. No ano de 2000, ingressaram cinco candidatos. Mas, foi a partir
do ano de 2001 que o curso começou a crescer, tendo 20 alunos matriculados.
42,7
25,5
4,5
22,7
4,5
Uberaba Uberlândia Outras
cidades
mineiras
Estado
São Paulo
Outros
Estados
Gráfico 6 – Local da graduação
Nesse Gráfico 6, acima, também podemos visualizar a clara contribuição que
o curso traz para o aumento do quadro de profissionais no município, em que
representa 42,7% dos profissionais de Uberaba, o que possibilitou, sem dúvida, uma
maior evidência à profissão.
28,2
9,1
42,7
5,5
1,8
6,4
2,7
3,6
Somente Grad. Em Ser...
Curso de Extensão
Pós-Grad./ Especializão
Pós-Grad./ Mestrado
Pós-Grad. / Doutorado
Pós-Grad./ Mestrado e...
Pós-Grad./ Doutorado ..
Mais de uma Graduação
Gráfico 7 - Titulações
Conforme o Gráfico acima, sobre as titulações dos profissionais,
considerando que a maior parte deles é de recém-formados, consideramos bastante
expressivo o número de profissionais pós-graduados. Para esclarecer melhor, pela
falta da visualização total do texto nas colunas, os dados informados que estão na
seqüência da esquerda para a direita: referem-se aos profissionais graduados
apenas em Serviço Social (28,2%); a seguinte, 9,1% os que fizeram cursos em nível
de extensão; a terceira coluna, são os que concluíram curso de especialização lato
sensu, com número significativo de 42,7%. Na quarta coluna, temos os profissionais
que concluíram o mestrado (5,5%); a coluna seguinte, retrata os que concluíram o
doutorado (1,8%). Nas duas próximas colunas, é interessante considerar esses
dados, que mostram os profissionais com mestrado e, na seqüência, doutorado, em
curso. A última coluna mostra os profissionais que, além da graduação em Serviço
Social, têm outra graduação. O que não está informado, aqui, é o que concerne
àqueles que graduaram em Serviço Social e estão freqüentando outro curso de
nível superior. Estes dados revelam a preocupação dos profissionais pela formação
continuada, cujos fatores mobilizadores seriam assunto para outra pesquisa. Mas,
podemos afirmar, sem medo, que a presença do curso de Serviço Social, no
município, exerceu grande influência para essa busca. A partir do início do processo
de estágio supervisionado nos espaços sócio-ocupacionais, pela necessidade e
exigência como parte do processo de formação, os supervisores de campo
envolvidos nesse processo de ensino e aprendizagem, se mobilizaram, numa
constante reflexão crítica do seu exercício profissional, dada a responsabilidade
deste no processo de formação profissional, buscando:
Formar profissionais habilitados teórica e metodologicamente (e, portanto,
tecnicamente) para compreender as implicações de sua prática, construí-la,
efetivá-la e recria-la no jogo das forças sociais presentes.
Se um dos parâmetros de formação alicerçada na realidade deve ser o
espaço ocupacional, este não pode ser confundido com o que é feito
predominantemente pelo assistente social no mercado de trabalho.
Compreende o âmbito no qual se situa o Serviço Social, nem sempre
coberto em todas as dimensões e possibilidades pela prática profissional.
Assim não se pode reduzir o espaço ocupacional do assistente social a
uma prática profissional rotineira, burocratizada, empiricista e tarefeira, tal
como se constata com expressividade nas instituições a qual não expressa
mais do que um saber alicerçado no senso comum e uma falta de
reconhecimento de identidade profissional do assistente social
(IAMAMOTO, 2000, p. 163, destaque do autor).
80,0
3,6
1,8
6,4
8,2
Empregado Empregado e
Aposentado
Emprego outra
área
Aposentado Desempregado
Gráfico 8 – Situação profissional
Este Gráfico 8 é bem claro sobre os dados informados que retratam a
situação dos 110 profissionais que responderam ao questionário. Sabemos que o
município ainda dispõe de mais espaços de trabalho para o Assistente Social que,
aos poucos, vão sendo conquistados. O Campo da Educação é um deles.
Considerando que o Assistente Social compõe a divisão sócio-técnica do
trabalho e vive as novas demandas postas ao mundo do trabalho, é pertinente a
contribuição de Iamamoto (2002, p. 48, destaque do autor) ao afirmar que
Possibilidades novas de trabalho se apresentam e necessitam ser
apropriadas, decifradas e desenvolvidas; se os assistentes sociais não o
fizerem, outros farão, absorvendo progressivamente espaços ocupacionais
até então a eles reservados. Aqueles que ficarem prisioneiros de uma visão
burocrática e rotineira do papel do assistente social e de seu trabalho
entenderão como ‘desprofissionalização’ ou ‘desvio de funções’, as
alterações que vêm se processando nessa profissão.
Há também de se considerar que, sendo a profissão atravessada por relações
de poder, dispõe de um caráter essencialmente político, o que não decorre apenas
das intenções pessoais do assistente social, mas dos condicionantes histórico-
sociais dos contextos em que se insere e atua. (IAMAMOTO, 2008, p. 25).
55,8
26,9
15,4
1,9
Primeiro Setor Segundo Setor Terceiro Setor Autônomo
Gráfico 9 – Vínculo profissional
Neste Gráfico 9, temos representado onde trabalham os assistentes sociais
em Uberaba. A primeira coluna representa o setor público, incluindo o Governo
Federal, Estadual e Municipal, abrangendo vários campos, como o da Assistência,
Saúde, Justiça. Na segunda coluna, está o Segundo Setor ou o Setor Privado. Neste
Setor, estão, principalmente, os profissionais ligados à docência, hospitais privados
e Empresas de Planos de Saúde. A terceira coluna apresenta as Organizações Não
Governamentais, em que predominam as instituições que prestam serviços de
Saúde e Assistência. Isso explica os meros revelados no Quadro nº, em que o
campo da Saúde se destaca.
53,6
25,5
4,5
16,4
Um vínculo Dois vínculos Três Vínculos Desemp./aposent./
outra área
Gráfico 10 – Número de vínculos empregatícios
Apresentamos, neste Gráfico 10, a situação dos profissionais com relação ao
número de vínculos empregatícios. O fato de os profissionais do município
acumularem mais de um cargo em instituições diferentes não é recente.
Principalmente nos tempos em que havia menos profissionais para atenderem à
oferta existente no mercado de trabalho local. Hoje, o cenário é diferente mas,ainda
assim, um número expressivo de profissionais que mantém mais de um vinculo
profissional, conforme mostra o Gráfico. Mais de 25% dos profissionais têm mais de
um emprego. Não é preciso ir muito longe para concluir o que mantém esses
profissionais nessa situação. Basta lembrar que o assistente social está inserido na
divisão sócio-técnica do trabalho, vivendo os reflexos da política neoliberal e da nova
reestruturação produtiva, com enorme precarização do trabalho e baixos salários.
28,9
28,1
7,9
11,4
7,9
9,6
6,1
Assistência Social
Sde
Educação
Empresa / DRH
Judiciário
Docência
Outros (Previdê...
Gráfico 11- Espaços ocupacionais
Sobre os campos de atuação, temos predominância na Assistência e na
Saúde.
Comparando os dados com o quadro abaixo, temos uma diferença nos dados
informados nos campos Assistência, Saúde e ‘Outros’ (última coluna do Gráfico 11).
Essa diferença justifica-se porque, na tabela abaixo, separou-se a Previdência de
‘Outros’; e os que estavam juntos com a Previdência, que eram instituições
assistenciais filantrópicas, na tabela abaixo, foram agregadas às áreas da Saúde ou
da Assistência, conforme o serviço prestado pela instituição.
CAMPO
ATÉ
1990 1991/95 1996/00 2001/05 2006/07
TOTAIS P/
CAMPO
%
ASSISTÊNCIA
1 6 7 13 5 32 30,5
SAÚDE
2 15 6 9 10 42 40,0
DOCÊNCIA
- - 1 5 3 9 8,6
JUDICÁRIO
- 2 - - 4 6 5,7
DRH
1 1 - 3 - 5 4,8
EDUCAÇÃO
- - - 3 3 6 5,7
EMPRESA
- - - - 4 4 3,8
PREVIDÊNCIA
1 - - - - 1 1,0
TOTAIS P/
PERÍODO
5 24 14 33 29 105
4,8 22,9 13,3 31,4 27,6 - -
Quadro 6 – Espaços ocupacionais (por período).
O Quadro 6 mostra os espaços sócio-ocupacionais em que estão inseridos
os Assistentes Sociais empregados, os quais participaram da pesquisa. Os totais
apresentados na coluna identificada como “totais por campo” referem-se ao número
de profissionais que foram absorvidos em cada área, no decorrer dos anos,
agrupados por intervalos de cinco em cinco anos. Observando os números, vemos
que o campo da Saúde foi o que mais abriu espaço aos profissionais, tendo
absorvido 40% dos profissionais empregados que participaram de nossa pesquisa.
Em segundo lugar, está a Assistência, com 30,5% dos profissionais
empregados. Percebemos uma ascensão no campo da Docência. Na Previdência,
não houve mudanças, situação esperada diante da atual política sobre essa
questão. No Judiciário, houve ascensão no período entre 2006/07, reflexo do último
concurso promovido pelo TJ/MG, que garantiu mais quatro novas vagas para
Uberaba, que tinha, em seu quadro, outras quatro. Os dados na tabela mostram
um total de seis, porque duas delas não participaram da pesquisa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo, é resultado de uma construção coletiva, visto que sem a
participação e colaboração dos sujeitos ele não seria possível.
Em nossa pesquisa, procuramos buscar em cada sujeito, a parte da sua
história que não era só a sua história, mas uma história coletiva: A dos profissionais
que deram início ao trabalho profissional em Uberaba, história esta, que seria mais
tarde, apropriada pelos seus sucessores, como é o caso agora. Neste sentido,
acreditamos ter alcançado nosso objetivo, que era o de conhecer o princípio do
trabalho profissional e quem foram os nossos precursores.
Procuramos neste estudo mostrar que “sem memória não história
10
”.
Através dos relatos do sujeito “MJF”, fomos conduzidos ao túnel do tempo,
primeiramente parando nos anos do final década de 1960, que foram ilustrados por
depoimentos que denunciam ações repressoras por parte do Estado junto ao
movimento estudantil e grupos de esquerda. Trás ainda a confirmação de que o
Serviço Social no município de Uberaba tem seu início exatamente no período de
crise para a profissão. Crise interna, de reconceituação de seus métodos, sendo
materiazado nos Documentos de Araxá e Teresópolis, e crise política, pelo forte
processo de repressão vivido no período.
Nesta ocasião, mesmo com toda a inquietação e posicionamento crítico, o
Serviço Social, ainda tinha uma ação pragmatizada, calcada no modelo tradicional,
funcionalista. O Serviço Social, nesta época, dos anos 60, havia passado pelo
processo de institucionalização da profissão, tendo como principal empregador, o
Estado, através da LBA e outras instituições como o SESI, SESC, SENAC, que
tinham uma ação dirigida aos trabalhadores e suas famílias, com objetivo de
qualificar mão de obra e diminuir os conflitos de classe.
Este período, ficou marcado também, pela política desenvolvimentista, em
que, muitos assistentes sociais foram contratados pelo Estado, para trabalhar em
Programas de Desenvolvimento de Comunidades.
Os outros sujeitos de nossa pesquisa, nos conduzem a uma viagem um
pouco mais próxima, já entrando nos anos oitenta. Entre os dez entrevistados, nove
10
Conferência proferida sobre o tema Ética e humanização: o exercício profissional na área de
saúde. 8 de março de 2007, Uberaba,MG.
tiveram sua formação profissional no final década de 1970, iniciando o trabalho
profissional em Uberaba, no início da década de 1980.
A década de 1980 vive ainda o período da ditadura militar, que se estende até
1985. Sobre a segunda metade dos anos 80, encontramos em Silva (1995, p.44):
Na segunda metade dos anos oitenta, vive-se uma conjuntura marcada
pela manifestação de sinais da falência do padrão do Estado
intervencionista e lançamento das bases de minimização do Estado,
assumido como novo padrão nos anos 90. a manifestação mais evidente
dessa crise estrutural se expressa pela profunda crise econômico-político-
social, sendo nesse contexto, cada vez mais evidentes as contradições da
proposta modernizadora do Serviço Social.
Neste período, década de 80, foi um período importante para o Serviço
Social, no contexto da formação profissional, pois se debatia a implantação das
novas diretrizes curriculares construídas em consonância ao projeto profissional da
profissão, expressos já no código de ética profissional de 1986.
Contudo, os sujeitos de nossa pesquisa não chegaram a estudar esse
currículo, pois sua implantação se deu em meados dos anos 80, até 1984, quando
eles já estavam graduados. Nos dias de hoje temos nova proposta de diretrizes
gerais para a formação em Serviço Social, formulada pela ABEPSS em 1996.
Avançamos para a década de 90, para falar sobre o perfil profissional do
assistente social no município de Uberaba, na contemporaneidade. Esta questão,
nos coloca a pensar sobre o compromisso com o projeto ético-político profissional,
em que, o Serviço Social se vê em meio à política neoliberal a partir desse período -
que defende uma política de distribuição de renda perversa, com redução dos
salários e perda dos direitos sociais - É dentro deste contexto e nos espaços
contraditórios que se efetiva seu exercício profissional, que o Serviço Social se firma
na defesa dos direitos sociais e coloca em tônica a ética da profissão, que defende
a liberdade como valor ético central e embrenha-se em toda a dimensão política,
econômica e social do país, engrossando os projetos societários que se
fundamentam na visão histórica ontológica do homem como ser prático-social,
dotado de liberdade e com o trabalho como atividade fundante, como propõe seu
Código de Ética de 1993.
As transformações societárias hoje, vêm impondo, não a emergência de
novas demandas para o Serviço Social, como também a necessidade de
redimensionar a formação profissional a partir de procedimentos investigativos que
tomem como objeto as mudanças do espaço ocupacional do Assistente Social.
Esta realidade leva o Serviço Social a procurar novos rumos, ou seja, o
Assistente Social tem que ultrapassar as tarefas terminais burocráticas, trazendo
para si maiores responsabilidades, devendo ser um profissional propositor nas suas
ações. Deve potencializar-se e criar novas propostas de intervenção que apresente
respostas concretas às demandas para a profissão na atualidade, tendo como objeto
de intervenção a questão social ou, as expressões da questão social, conforme a
concepção de Carvalho e Iamamoto, (1998, p. 77):
A questão social não é senão as expressões do processo de formação e
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da
sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do
empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social,
da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual a qual passa a
exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e represo.
Para finalizar, acrescentamos que a realização desse estudo, possibilitou
além de novos conhecimentos, uma aproximação com os sujeitos que vai além da
mera troca de informações. Possibilita conhecer mais sobre a vida de cada um e
sobretudo, estabelecer vínculos de amizade e troca experiência em situações
particularidades vivenciadas pela profissão.
No contexto desse estudo, foi possível perceber a evolução do Serviço Social
no município e a contribuição dada pelos nossos antecessores. Possibilitou também,
atualizar informações a cerca dos assistentes sociais que estão no município hoje,
podendo ser utilizado em outros estudos. Oferece também, algumas questões, que
poderá servir como estudo comparativo ou um ponto de partida para novas
pesquisas.
REFERÊNCIAS
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Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
APÊNDICES
Apêndice A - Termo de Esclarecimento e Consentimento
Você está sendo convidado a participar do estudo: Reconstrução histórica do
Serviço Social no município de Uberaba. Seu objetivo é revisitar o passado do
Serviço Social no município, buscando recuperar a história da profissão, na tentativa
de conhecer suas tendências e contribuições para a construção do projeto
profissional desde seu surgimento no município. Neste sentido, sua participação e
contribuição o de fundamental importância para nós. Nesta primeira etapa,
estaremos fazendo uma coleta de dados, através de questionário, envolvendo todos
os Assistentes Sociais do município, para mapear a situação atual da categoria no
município e identificar os pioneiros na história, que são os principais sujeitos neste
estudo. Após identificá-los, os estudos serão direcionados juntos aos mesmos,
buscando, através de seus depoimentos, a reconstrução da história, objetivo central
do nosso estudo. Além de sua valiosa colaboração com este questionário, aceitamos
toda forma de contribuição, como recortes de jornais e fotos, que possa acrescentar
e enriquecer o trabalho. Obrigada.
__________________________________
Zélia de Oliveira Barbosa
Profª. Dra. Maria Ângela R. A. de Andrade.
(Contato: 34-9972.8781 / 3076.1513 / 33123938 / zelia.barboza@terra.com.br).
Eu, ________________________________________________, li e/ou ouvi o
esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento a
que serei submetido. Eu entendi que sou livre para participar ou não, sem justificar
minha decisão. Sei que os nomes dos sujeitos pioneiros serão citados como
componentes da história da profissão no município e, no caso de eu ser um deles
estou de pleno acordo com a citação que terá único objetivo de compor a história do
Serviço Social no município. A explicação que recebi esclarece os riscos e
benefícios do estudo. Sei que não terei despesas e nem receberei dinheiro para
participar desse estudo. Eu concordo em contribuir com o estudo.
Uberaba, ____/ _____/ _______
________________________________ ________________________
Assinatura Documento de Identidade
Apêndice B – QUESTIONÁRIO
(Sugerimos a leitura completa antes de responder / se necessário, use o verso).
Nome:_______________________________________________Est. civil_______________
Data Nasc.: ___/____/_____Idade:______ Religião: __________ Naturalid.:_____________
 Formação: Período da graduação em Serviço Social: (mês/ano):
Instituição/Cidade (onde graduou): ______________________________________________
_____________Início:_______________________ Término:_________________________
Titulações e cursos relevantes: _____________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
 Cidade de Procedência
____________________________________________________
Se de outra cidade, quando e porque veio para Uberaba: ____________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
 Situação profissional atual: Desempreg.( ) Empreg( ) Apos.( ) // de
vínculos:___________
Instituições onde trabalha atualmente: Tipo de vínculo: Público( ). Privado( ). ( )Ong.
 Instituição: _______________________________________ Admissão: ____/ ____/
_____ Cargo: _____________________ Carga hor./Sem: ______________________
Área de atuação:____________________________________________________________
Setor/Programa: ____________________________________________________________
 Instituição: _______________________________________ Admissão: ____/ ____/
_____ Cargo: ______________________________________ Carga hor./Sem: ________
Área de atuação:____________________________________________________________
Setor/Programa:
_____________________________________________________________
 Instituição: _______________________________________ Admissão: ____/ ____/
_____ Cargo: ______________________________________ Carga hor./Sem: _________
Área de atuação:___________________________________________________________
Setor/Programa:____________________________________________________________
Locais onde trabalhou como Assistente Social: (Instituição / peodo / campo):
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________(pode usar o
verso).
Telefones e e-mail para contato: _______________________________________________
ANEXOS
Anexo A - Estatuto da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba
ESTATUTO SOCIAL
CAPÍTULO I
DA DENOMINAÇÃO, SEDE E FINS
Art.1º - A Associação dos Assistentes Socias de Uberaba, doravante denominada
A.A.S.U., é uma entidade civil de direito privado, sem fins econômicos, de duração
indeterminada, fundada em 15 de março de 1993, de natureza técnico-científica e
social, com sede e foro nesta cidade à Rua dos Eucaliptos, 145, Bairro Estados
Unidos, Cep. 38017-380, Uberaba, Minas Gerais.
Parágrafo Único A A.A.S.U. reger-se-á pelas disposições deste estatuto e
pelas leis vigentes no território nacional.
Parágrafo Único A A.A.S.U. não tem obrigatoriedade em defender causas
de profissionais
Art. - A.A.S.U. se administrada por uma diretoria composta por 06 (seis)
membros e conselho fiscal formado por 03 (três) membros titulares e 03 (três)
suplentes, com mandato de três anos, com direito à reeleição.
Art. 4º - No desenvolvimento de suas atividades, a Associação dos Assistentes
Sociais de Uberaba observa os princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência e não fará qualquer
discriminação de raça, cor, sexo, idade e quaisquer outras formas de discriminação,
prestando serviços gratuitos e permanentes.
Art. 5º - A Associação dos Assistentes Socias de Uberaba terá um Regimento
Interno que, aprovado pela Assembléia Geral, disciplinará o seu funcionamento, em
acordo com este Estatuto.
Art. - A fim de cumprir sua (as) finalidade (s), a associação se organizará em
tantas unidades de prestação de serviços, quantas se fizerem necessárias, as quais
se regerão pelas disposições estatutárias e/ou Regimento Interno.
Parágrafo Único: Poderá também, a associação criar unidades de prestação
de serviços para a execução de atividades visando à sua auto-sustentação,
utilizando todos os meios lícitos, aplicando seu resultado operacional integralmente
no desenvolvimento dos objetivos institucionais.
CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS
Art. 7º - A Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba, em acordo com a Lei
8662 de 07 de junho de 1993, que dispõe sobre a profissão de Assistente Social e
Resolução CFESS 273/93 de 13.03.93 que institui o Código de Ética Profissional
dos Assistentes Sociais e da outras providências, tem como objetivos:
I – Articular, coordenar e promover o conhecimento e intercâmbio profissional,
através de reuniões, debates, encontros, seminários, simpósios e participação em
congressos, com vistas ao aprimoramento profissional a nível técnico e científico;
II – Zelar pela observância da Lei que regulamenta o exercício da profissão de
Assistente Social e dos princípios firmados no Código de Ética;
III – Assessorar e prestar consultoria a órgãos da administração pública direta
e indireta, empresas privadas e outras entidades, em assuntos do âmbito do Serviço
Social e das políticas públicas afins;
IV Coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos,
pesquisas, planos, programas e projetos sociais em beneficio da comunidade e de
interesse do Serviço Social;
V - Apoiar mecanismos para formação e integração da comunidade técnica e
acadêmica, respeitando a diversidade ideológica, estimulando a troca de
informações e experiências profissionais;
VI Representar e dar visibilidade à categoria, integrando os espaços
legítimos de participação social, compondo Conselhos Municipais de Diretos em
defesa de projetos societários, de conformidade com o Projeto Ético Político
Profissional;
VII Prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria
relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos
e sociais da coletividade;
IX – Congregar a categoria profissional engajada nos diversos espaços sócio-
ocupacionais, mantendo cadastro atualizado dos associados, bem como, dos
equipamentos sociais nos quais estão inseridos.
X Desenvolver uma atuação política, em conjunto com o CFESS/CRESS,
sensibilizando as entidades públicas e privadas, sobre a importância do profissional;
Art. 8º - Os dirigentes e associados não responderão, nem mesmo subsidiariamente,
pelas obrigações contraídas pela Entidade, ressalvados os casos de comprovada
culpa no desempenho de suas funções.
Art.9º- A receita da A.A.S.U. será utilizada, única e exclusivamente, para a
consecução de suas finalidades institucionais e não será admitida a remuneração de
seus dirigentes pelo exercício de suas funções, bem como a distribuição de lucros
(sobras), dividendos, vantagens ou bonificações a qualquer dos seus associados ou
dirigentes.
CAPÍTULO III
DOS ASSOCIADOS
Art. 10 - Serão admitidos como associados às pessoas físicas graduadas e
graduandos em serviço social que tenham preenchido formulário próprio e admitidas
em Assembléia Geral, com residência e/ou trabalho neste Município, desde que se
comprometam a respeitar e cumprir as disposições deste Estatuto.
§ único - Fica vetado aos graduandos de compor cargos junto à Diretoria,
exceto na composição do Conselho Fiscal.
Art. 11º - A A.A.S.U. será constituída por número ilimitado de associados,
composta pelas seguintes categorias:
I Fundadores formada por todos os profissionais que assinaram a ata de
fundação desta associação;
II Efetivos serão admitidos como sócios efetivos, as pessoas diplomadas
ou acadêmicas em curso superior de Serviço Social, nos termos da Lei 8.662 de
07 de junho de 1993;
Art. 12º - As contribuições financeiras serão regulamentadas em
Assembléia Geral, devendo ser cumpridas por seus associados.
DOS DIREITOS E DEVERES DOS ASSOCIADOS
Art. 13º - São direitos dos associados:
a) Utilizar-se dos serviços da AASU e participar de todos os seus eventos,
obedecendo às disposições regulamentares emanadas da Diretoria;
b) Solicitar da Diretoria a convocação da Assembléia Geral, conforme as demais
disposições estatutárias, especificando o fim a que se destina em requerimento
assinado pelo menos, por 1/3 dos cios efetivos quites com seus deveres de
associado.
c) o direito de voto e de concorrer às eleições, podendo ser votados para
cargos diretivos, desde que atendam ao disposto no §2º do art. 24;
d) manter sua contribuição em dia , conforme estipulado pela Assembléia Geral.
e) Requerer da Diretoria a isenção de pagamento de contribuições, em caso de
aposentadoria ou ausência temporária por período nunca inferior a seis meses;
f) Integrar qualquer comissão, quando for convidado ou designado pela
Assembléia ou Diretoria;
g) Desligar-se da AASU, a qualquer momento, bastando encaminhar ofício à
Diretoria, sem direito à restituição de pagamentos efetuados;
h) Opinar, em qualquer assunto, nas Assembléias Gerais.
§ 1º - Todos os associados terão direitos iguais,
§ 2º - A qualidade de associado é pessoal e intransferível, não podendo transferir
quota ou fração do patrimônio constituído da AASU a associados e a herdeiros,
salvo disposição diversa do estatuto.
§ - Nenhum associado podeser impedido de exercer direito ou função que
lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma prevista no
estatuto.
Art. 14ª – São deveres dos associados:
a) Cumprir e fazer cumprir as disposições deste Estatuto, as decisões das
Assembléias Gerais e determinações da Diretoria;
b) Zelar pelo bom nome da associação;
c) Realizar ativamente bens a serviços, pagando as contribuições e taxas de
inscrição fixadas pela assembléia, na forma estabelecida pela diretoria;
d) Zelar pela manutenção e conservação do patrimônio da AASU;
e) Apresentar à secretaria da AASU, quando solicitada, a relação de tulos e
mantê-la atualizada;
f) Comunicar à secretaria da AASU as alterações de endereço.
Art. 1 Os associados não se responsabilizam pelos compromissos assumidos,
individualmente, por membros da Diretoria, em nome da AASU.
Art. 16º Os associados de quaisquer das categorias poderão ser notificados e/ou
excluídos do quadro social quando:
I – Estiver ingressado no quadro social com falsas informações;
II Infringir, caluniar ou desacatar os associados e/ou membros da diretoria
da AASU;
III – Causar dano moral ou material a associação;
IV – Não comparecer as reuniões da associação com regularidade;
V Servir-se da associação para fins políticos, ou estranhos aos seus
objetivos;
VI Ficar em débito com a tesouraria da AASU por mais de doze meses, por
não pagamento das taxas ou nensalidades, salvo o previsto na item “e” do artigo
deste estatuto.
§ - O associado eliminado por falta de pagamento, querendo voltar a se
inscrever no quadro social, fica sujeito ao pagamento de uma taxa de reingresso,
fixada pela Diretoria;
§ 2º - Da decisão do órgão que decretar a exclusão, caberá sempre direito de
defesa e recurso a assembléia geral.
CAPÍTULO IV
DOS ORGÃOS E DE SEU FUNCIONAMENTO
Art. 12 - São órgãos da AASU:
a) Assembléia Geral ;
b) Diretoria ;
c) Conselho Comunitário
Art. 13 - A Assembléia Geral, órgão máximo de deliberação da AASU, será
composta por seus associados em pleno gozo de seus direitos estatutários.
Art. 14 – Compete à Assembléia Geral:
a) compor a Diretoria e o Conselho Fiscal mediante a eleição por voto secreto
ou por aclamação quando a ocasião assim o exigir;
b) reformular o presente estatuto;
c) elaborar e aprovar o regimento interno;
d) apreciar e julgar os relatórios da Diretoria, bem como sua prestação de
contas;
e) destitular membros da diretoria;
f) excluir associado de acordo com o artigo 11;
g) julgar em grau de recurso, os requerimentos de defesa dos associados,
atingidos por penalidades impostas pela diretoria;
h) deliberar sobre a dissolução da associação;
i) decidir sobre a conveniência de alienar, transigir, hipotecar ou permutar bens
patrimoniais.
Art. 15 – A Assembléia Geral realizar-se-á ordinariamente uma vez por ano para:
a) aprovar a proposta de programação anual da associação, submetida pela
Diretoria;
b) apreciar o relatório anual da Diretoria;
c) discutir e aprovar as contar e o balanço apreciados pelo Conselho Fiscal.
Art. 16 – A Assembléia Geral realizar-se-á extraordinariamente quando convocada:
a) pela diretoria;
b) pelo conselho fiscal;
c) por requerimento de um quinto dos associados quites com as obrigações
sociais.
Art. 17 - A convocação da Assembléia Geral deverá ser feita com antecedência
mínima de cinco dias, através de edital publicado na imprensa local, ou comunicado
afixado em local público ou, por circulares ou outros meios convenientes, devendo
conter data, hora, local e pauta da reunião.
§1º - A Assembléia Geral deliberará em primeira convocação somente com
metade mais um dos associados aptos a votar e, em segunda convocação, trinta
minutos após com qualquer número de associados aptos a votar.
§2º - A Assembléia Geral convocada para fins eleitorais, alienação de bens
imóveis ou móveis ou extinção da entidade, deverá ser convocada com trinta dias de
antecedência e, deliberará conforme este estatuto, mediante voto dos associados
em dia com suas obrigações sociais filiados a pelo menos seis meses.
§3º - A diretoria poderá convocar Assembléias Gerais extraordinárias, tantas
vezes quantas forem necessárias, com uma antecedência mínima de três dias.
§4º - A diretoria deverá convocar Assembléias Gerais extraordinárias sempre
que requeridas por, pelo menos, um terço dos associados efetivos quites que
queiram tratar de assuntos especiais.
Art. 18 As Assembléias Gerais serão dirigidas pelo Presidente e o Secretário, com
posterior lavratura da ata das mesmas. A mesa poderá convocar escrutinadores
entre os presentes, quando a Assembléia for de eleição de Diretoria.
Parágrafo Único: Os diretores não poderão fazer parte da mesa, quando o
assunto colocado em discussão for recurso apresentado por associados em relação
às decisões dos diretores, sendo eleita uma equipe formada por associados para tal
função.
Art. 19 - A Diretoria da AASU órgão executivo e administrativo, será composta por 6
membros: Presidente, Vice-Presidente, e Secretários e, e Tesoureiros,
eleitos em Assembléia Geral para um mandato de três anos, permitida a reeleição.
§1º - A Diretoria da AASU poderá ser substituída, para finalização do
mandato, no todo ou em parte, mediante decisão em Assembléia Geral.
§ - Apenas farão parte da Diretoria brasileiros natos ou naturalizados há
mais de 10 (dez) anos e maiores de 18 anos ou emancipados, cujas residências
sejam situadas no município de Uberaba e ainda, tais dirigentes não poderão estar
no exercício de mandato eletivo que lhes assegure imunidade parlamentar ou função
da qual decorra foro especial.
Art. 20 - Compete à Diretoria:
a) Dirigir diretamente a AASU, de acordo com este Estatuto e Regimento
Interno – caso venha ter;
b) Pronunciar-se a respeito de propostas para associados efetivos e aspirantes;
c) Fixar a data e o local das Assembléias Gerais;
d) Executar o presente Estatuto e as deliberações das Assembléias Gerais;
e) Convocar as Assembléias Gerais ordinárias e extraordinárias;
f) Elaborar e apresentar o relatório anual de prestação de contas, ao Conselho
Fiscal e Assembléia Geral Ordinária e o Relatório de Atividades;
g) Deliberar e resolver os casos omissos no presente Estatuto “ad referendum
da Assembléia Geral;
h) Reunir, no mínimo uma vez por mês ou de acordo com a necessidade.
Poderão ser convocados nas reuniões da Diretoria, os associados, além dos
diretores e assessores, conforme necessário, para o bom andamento dos
trabalhos;
i) Administrar o patrimônio da entidade;
j) Representar a AASU em atos públicos ou internos;
k) Realizar todos atos necessários ao desenvolvimento da AASU;
l) Prestar as contas ao final de cada exercício financeiro.
m) Desenvolver e promover o intercâmbio com a comunidade e entidades afins;
n) Criar e instalar serviços e Departamentos para a realização e
desenvolvimentos das finalidades da entidade;
o) Alienar, decidir sobre aquisição e constituir ônus sobre bens móveis e
imóveis mediante autorização da Assembléia Geral;
Art 21 - Ao Presidente compete:
a) representar a AASU passiva e ativa, judicial e extrajudicialmente;
b) cumprir e fazer cumprir este Estatuto e o Regimento Interno;
c) convocar, coordenar e presidir as reuniões da diretoria;
d) assinar contratos, ajustes ou convênios de interesse da associação,
movimentar conta bancária conjunta da entidade com os demais responsáveis;
e) votar e deter o voto de desempate nas deliberações da diretoria e em
Assembléia Geral;
f) praticar todos os atos necessários à administração da entidade;
g) organizar seus serviços e Departamentos;
h) presidir as reuniões da Assembléia Geral;
i) Deliberar e resolver os casos omissos no presente Estatuto, em
concordância com os demais membros da Diretoria e se necessário da
Assembléia Geral.
Art. 22 – Compete ao Vice Presidente:
a) Substituir o Presidente em suas faltas ou impedimentos;
b) Assumir o mandato, em caso de vacância, até o seu término;
c) Prestar, de modo geral a sua colaboração ao Presidente;
d) Outras ações pertinentes ao cargo.
Art. 23 – Compete ao 1º Secretário:
a) secretariar as reuniões da Diretoria e Assembléia Geral redigindo as atas;
b) publicar as notícias das atividades da AASU;
c) outras ações pertinentes ao cargo.
Art. 24 – Compete ao 2º Secretário:
a) substituir o 1º Secretário em suas faltas ou impedimentos;
b) assumir o mandato, em caso de vacância, até o seu término;
c) prestar, de modo geral, a sua colaboração de 2º Secretário.
Art 25 – Compete ao 1º Tesoureiro:
a) administrar os interesses financeiros da AASU;
b) efetuar recebimentos, pagamentos, dar quitações e ter sob sua guarda
recursos financeiros e valores da AASU, depositando as importâncias recebidas
em banco idôneo em nome da AASU;
c) assinar em conjunto com o Presidente, quaisquer documentos que envolvam
responsabilidades financeiras da AASU;
d) manter os livros contábeis atualizados, registrando os movimentos
financeiros da AASU, e divul-los em balanço anual.
Art. 26 – Compete ao 2º Tesoureiro:
a) substituir o 1º tesoureiro em suas faltas ou impedimentos;
b) assumir o mandato, em caso de vacância, até o seu término;
c) prestar, de modo geral, a sua colaboração de 2º tesoureiro.
DO CONSELHO FISCAL
Art. 27 O Conselho Fiscal será constituído por três membros e seus respectivos
suplentes, devendo ser obrigatoriamente associado efetivo, que será eleito
juntamente com a Diretoria.
§1º - O mandato do Conselho Fiscal se coincidente com o mandato da
Diretoria;
§2º - Em caso de vacância, o mandato se assumido pelo respectivo
suplente, até o seu término.
Art. 28 – Compete ao Conselho Fiscal:
a) fiscalizar as contas da Diretoria;
b) examinar os livros de escrituração da AASU;
c) examinar o balancete semestral apresentado pelo Tesoureiro, opinando a
respeito;
d) apreciar os balanços e inventários que acompanham o relatório anual da
Diretoria;
e) opinar sobre a aquisição e alienação de bens, por parte da associação;
f) outras ações pertinentes ao cargo.
CAPÍTULO V
DAS ELEIÇÔES
Art. 29 - As eleições acontecerão regularmente, a cada 3 anos, para eleger a chapa
concorrente aos cargos da Diretoria e do Conselho Fiscal. O voto poderá ser secreto
ou por aclamação em Assembléia Geral.
I- Deverá ser observada a participação efetiva e regular da maioria
dos associados.
II- O Conselho Fiscal ou a Assembléia Geral nomeará uma
comissão que organizará e acompanhará o processo eleitoral, de forma a
garantir ao associado o direito de participar na eleição;
Art. 30 Deverá a comissão eleitoral divulgar com antecedência mínima de vinte
dias a abertura do processo eleitoral e inscrições das chapas concorrentes para os
cargos de Diretoria e Conselho Fiscal, através de edital publicado em imprensa
local, ou comunicado afixado em locais públicos, por circulares e/ou correio
eletrônico.
A inscrição das chapas deverá ser entregue até três dias antes da eleição, por
requerimento à Comissão Eleitoral, acompanhada de nominata completa e pelo
expresso consentimento de seus membros.
§2º - É vedada a participação de associados em mais de uma chapa, bem
como o voto cumulativo ou por procuração.
§3º - A diretoria será formada pela chapa que alcançar a maioria dos votos,
desde que obtido o mínimo de vinte por cento dos votos validos totalizados no
processo eleitoral.
CAPÍTULO VI
DA RECEITA E DO PATRIMÔNIO
Art. 32 - O Patrimônio e Receita da AASU será composto pelas contribuições
sociais definidas pela Assembléia Geral, pelas doações, auxílios e subvenções,
pelos bens móveis ou imóveis, pelas rendas e juros de depósitos bancários e
aplicação financeira, pelos saldos de exercícios financeiros anteriores transferidos
para a conta patrimonial, por valores advindos de suas atividades comunitárias,
bem como por aqueles decorrentes do patrocínio sob forma de apoio cultural.
Parágrafo Único - Toda receita ou despesa deverá ser aprovada pela diretoria
e nenhum membro de seu quadro diretivo, conselheiros, associados, instituidores
será remunerado, sendo-lhes vedado o recebimento de qualquer lucro, gratificação
ou vantagem.
Art.33 – Em caso de dissolução da AASU, o remanescente do seu patrimônio
líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as despesas decorrentes desse
processo, será destinado à entidade congênere de fins não econômicos,
determinado pela Assembléia Geral por maioria absoluta, à instituição municipal,
estadual ou federal de fins idênticos ou semelhantes.
Parágrafo Único - A AASU somente será extinta quando não estiver
cumprindo os objetivos deste Estatuto.
CAPÍTULO VII
DA REFORMA DO ESTATUTO E DA DISSOLUÇÃO
Art. 34 - Este estatuto poderá ser reformulado, no todo ou em parte, por deliberação
da Assembléia Geral Extraordinária, especialmente convocada para este fim, sendo
exigido o voto concorde de dois terços dos presentes à Assembléia, não podendo
esta deliberar, em primeira convocação, sem a maioria absoluta dos associados, ou
com pelo menos de um terço nas convocações seguintes.
Art. 35 - A dissolução da AASU ocorrerá segundo disposto no art. 31 deste estatuto.
CAPÍTULO VIII
DA DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 36 - Os casos omissos neste estatuto serão resolvidos pela diretoria , e
referendados pela Assembléia Geral.
Art. 37 A AASU criará uma sede própria para o seu funcionamento, tendo como
endereço provisório à Rua dos Eucaliptos, 145, Bairro Estados Unidos, Cep:- 38017-
380, nesta cidade de Uberaba, Minas Gerais.
Art. 38 - O presente estatuto foi reformulado e aprovado na Assembléia Geral de 25
de abril de 2008 e entra em vigor na data de sua inscrição no registro de pessoas
jurídicas, averbando-se a este registro todas as alterações por que passar.
Anexo B - Diretorias da Associação dos Assistentes Sociais de Uberaba:
Gestão junho/1993 / maio/1995
Presidente: Eloísa Nunes Pereira
Vice-presidente: Luciana Martins Rodrigues
Primeira secretária: Dircy da Silva
Segunda secretária:Maria Helena Finholdt Ângelo
Primeira tesoureira: Vanda Aparecida Macedo
Segunda tesoureira:Mônica Massako Yamauchi
Conselho fiscal: Maria Helena Soares Pires Liporaci
Conselho fiscal: Zélia de Oliveira Barbosa
Conselho fiscal: Marli Alves de Carvalho
Gestão junho/1995 / maio/1996
Presidente: Gilda Crosara da Silva
Vice-presidente: Maria Cristina Cunha
Primeira secretária: Teresa Cristina Silva Gomes
Segunda secretária: Ana Maria Salge Recife (SMS)
Primeiro tesoureiro: Naide Maria Silvério (HE/DRH)
Segundo tesoureiro: Silvânia Eurípida da Silva (CAPS)
Conselho fiscal: Joaquim de Freitas Pascoal Casa do Menino)
Conselho fiscal: Zélia de Oliveira Barboza (SMS)
Conselho fiscal: Ana Márcia Mendes Ferreira (Tribunal)
Gestão junho/1996 / maio/1997
Presidente: Maria Cristina A. Brito
Vice-presidente: Zélia de Oliveira Barbosa
Primeira secretária: Maria Cristina Strama
Segunda secretária: Mariangélica Rodrigues da Cunha
Primeira tesoureira: Ana Claudia Bertanha
Segunda tesoureira: Teresa Cristina Silva Gomes
Conselho fiscal: Karen Aguiar
Conselho fiscal: Joaquim de Freitas Pascoal
Conselho fiscal: Edna Maria de Souza
Gestão junho/1997 / maio/1998
Presidente: lia de Oliveira Barbosa
Vice-presidente: Mariangélica Rodrigues da Cunha
Primeira secretária: Dilce Batista Ribeiro
Segunda secretária: Karen Aguiar
Primeira tesoureira: Teresa Cristina Silva Gomes
Segunda tesoureira: Ana Claudia Bertanha
Conselho fiscal: Joaquim de Freitas Pascoal
Conselho fiscal: Maria Cristina A. Brito
Conselho fiscal: Silva Eurípida da Silva
Gestão maio/2001 – maio/2003
Presidente: Vanda Aparecida Franco Macedo
Vice-Presidente: Verena Conti
1º Secretário: Taritha Nasser Marçal
2º Séc. retalio: Neuza Batista de Vasconcelos
1º Tesoureiro: Zélia de Oliveira Barbosa
2 º Tesoureiro: Vânia Helena Guarato Bragato
Conselho Fiscal: 1º Conselheiro: (a) Karen Cardoso Aguiar
2º Conselheiro: Maria Flávia de Castro Menezes
3º Conselheiro: Mônica Massako Yamauchi
Gestão maio/2003 – set/2005
Presidente: Valquíria Alves Mariano
Vice-Presidente: Ivone Aparecida Vieira Silva
1º Secretário: Carine Mendes de Abreu
2º Secretário: Patrícia Mendes da Silva
1º Tesoureiro: Benedita Carla Izaías Alves
2 º Tesoureiro: Karem Cardoso Aguiar
1ºConselheiro: Juliana dos Santos
2º Conselheiro: Luciana Castro Alves
3º Conselheiro: Vanilda Aparecida do Vale
Gestão set/2005 – maio/2007: (posse em setembro/05).
Presidente: Wanderley César Pedrosa
Vice Presidente: Mirna Aparecida de Oliveira Jaeger
1ª Secretária: Viviane Alves de Oliveira Barboza
2ª Secretária: Mareai Carvalho Silveira
1ª Tesoureira: Maria Jus tina Silvério Silva
2ª Tesoureira: Fernanda Fátima de Oliveira
Conselheiro Fiscal: Zélia de Oliveira Barbosa
Conselheiro Fiscal: Márcia Cristina Freitas Silva
Conselheiro Fiscal: Ajanete Ferreira de Jesus
Conselheiro Fiscal: Gilda Crozara da Silva
Conselheiro Fiscal: Ivone Aparecida Vieira
Conselheiro Fiscal: Kelle Alves de Oliveira
Gestão maio/2007 – maio/2008:
“Fortalecendo a categoria- Consolidando o projeto ético-político”
Diretoria:
Presidente Zélia de Oliveira Barbosa
Vice-presidente Mariana Furtado Arantes
1ª secretária Viviane Alves de Oliveira Barboza
2ª secretária Ivone Aparecida Vieira da Silva
1º tesoureiro Ana Carolina Pontes Ros;
2º tesoureiro Kelle Alves Souza
Conselho Fiscal
Angélica Maria da Silva
Maíla Rezende Villa Luiz
Mirna Nunes da Silveira Souza
Sônia Helena Vitorino Garcez
Valdelaine Cristina Lourenço Borges Ramos
Valquíria Alves Mariano
Gestão maio/2008 – maio/2009: “Fortalecendo a categoria- Consolidando o
projeto ético-político”
Diretoria: recomposta em Assembléia Geral, por substituição de membros.
Presidente Zélia de Oliveira Barbosa
Vice-presidente Mariana Furtado Arantes
1º Secretário Maíla Rezende Vilela Luiz
2º Secretário Mirna Nunes da Silveira Souza
1º tesoureiro Cristiano Boaventura Abreu
2º Tesoureiro Zenaíde Marques Sobrinho
Conselho Fiscal
Angélica Maria da Silva
Sônia Helena Vitorino Garcez
Ana Carolina Pontes Ros
Valdelaine Cristina Lourenço Borges Ramos
Ivone Aparecida Vieira da Silva
Josiane Cristina Costa
Anexo C - Artigo de Jornal (06/maio/1983).
Anexo D – Doc. referente aos Anais do I Encontro dos Assistentes Sociais em
Uberaba – 1990.
Anexo E – Relação dos Profissionais que participaram do I Encontro de
Assistentes Sociais de Uberaba.
Anexo F – Carta à população – refere-se a Lei que regulamenta a Profissão .
Anexo G – Artigo de Jornal – refere-se a prática ilegal da profissão.
Anexo H – Ofício da AASU à Secretária de Trabalho e Ação Social, informando
os profissionais que iriam trabalhar na implantação da LOAS no município,
representando a Associação.
Anexo I – Carta ao Reitor da UNIUBE
Anexo J – Carta aos profissionais do Município, sobre o Dia do Assistente
Social: Trás um pouco da história do Serviço Social no Município.
Anexo L – Certificado de participação na construção do Plano de Participação
Popular, com objetivo de elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias para o
Município.
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