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4 ESTUDOS SOBRE A LÍNGUA KAINGANG
Como foi dito anteriormente, a língua kaingang pertence ao tronco
lingüístico Macro-Jê. As evidências que se tem para o reconhecimento deste tronco
são menos claras das que se tem para o tronco lingüístico Tupi. A constituição deste
tronco é ainda hipotética. Algumas das línguas que compõe este tronco ainda são
faladas, como Maxacali, Boróro, Karajá, Guató, Ofayé, as quais têm sido estudadas.
Outras deixaram de ser faladas e só se tem documentos do passado, os quais são
muitas vezes precários.
As línguas do tronco Macro-Jê, conforme Rodrigues (1986) dividem-
se em doze famílias e somam trinta e cinco línguas faladas. São elas: Jê, Kamakã,
Maxacali, Krenák, Purí, Karirí, Yatê, Karajá, Ofayé, Bororó, Guató e Rikbaktsá. Estas
línguas se espalham no território brasileiro no sul do Pará, Maranhão, estado de
Goiás, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O maior
constituinte do tronco Macro-Jê é a família lingüística Jê. Esta família se subdivide
nas seguintes línguas: Timbira, Canela Ramkokamekrã, Canela Appaniekrã, Gavião,
Piokobjé, Gavião Parakatejé, Krinkati, Krahô, Krenjê, Apinajé, Kayapó, A’ukré,
Gorotire, Kararaô, Kikre-tum, Kokraimoro, Kubenkrankén, Mekrangnoti, Metuktíre,
Xicrin, Panará, Suyá, Tapayúna, Xavante, Kaingang, Xokléng. No anexo 1 consta o
mapa do tronco Macro-Jê.
A língua kaingang é uma das línguas com maior número de falantes
entre as línguas indígenas do Brasil. O povo kaingang está espalhado em muitas
regiões ao longo dos três estados do sul do Brasil e no interior de São Paulo,
totalizando mais de 29 mil falantes. Só no estado do Paraná são mais de sete mil
falantes. Como estão bem espalhados, desenvolveram vários dialetos, que diferem
apenas na pronúncia e em algumas palavras do léxico. No Paraná são reconhecidos
apenas dois dialetos: um nas regiões ao norte do Rio Iguaçu (Rio das Cobras,
Marrecas, Ivaí, Faxinal, Queimadas, Mococa, Apucaraninha, Barão de Antonina e
São Jerônimo da Serra) e outro nas regiões abaixo do Iguaçu (Mangueirinha e
Palmas).
Desde os primeiros contatos, os kaingangs foram alvo das ações
catequéticas da Igreja Católica. Os estudos da língua Kaingang tiveram seu início
pouco antes do século XIX. O primeiro lingüista a publicar um estudo do dialeto